8
1 As Diretrizes Clínicas na Saúde Suplementar, iniciativa conjunta Associação Médica Brasileira e Agência Nacional de Saúde Suplementar, tem por objetivo conciliar informações da área médica a fim de padronizar condutas que auxiliem o raciocínio e a tomada de decisão do médico. As informações contidas neste projeto devem ser submetidas à avaliação e à crítica do médico, responsável pela conduta a ser seguida, frente à realidade e ao estado clínico de cada paciente. Autoria: Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia Elaboração Final: 31 de janeiro de 2011 Participantes: Guerra MTE, Schwartsmann CR

Fraturas Fechadas Traumaticas Articulares Não Coronais Supracondilianas Do Úmero Do Adulto

Embed Size (px)

DESCRIPTION

AMB

Citation preview

  • 1As Diretrizes Clnicas na Sade Suplementar, iniciativa conjunta

    Associao Mdica Brasileira e Agncia Nacional de Sade Suplementar, tem por

    objetivo conciliar informaes da rea mdica a fim de padronizar condutas que

    auxiliem o raciocnio e a tomada de deciso do mdico. As informaes contidas

    neste projeto devem ser submetidas avaliao e crtica do mdico, responsvel

    pela conduta a ser seguida, frente realidade e ao estado clnico de cada paciente.

    Autoria: Sociedade Brasileira de Ortopedia eTraumatologia

    Elaborao Final: 31 de janeiro de 2011

    Participantes: Guerra MTE, Schwartsmann CR

  • 2 Fraturas Fechadas Traumticas Articulares No-Coronais Supracondilianas do mero do Adulto

    DESCRIO DO MTODO DE COLETA DE EVIDNCIA:Realizada pesquisa na base MEDLINE, pela interface MeSH (Medical Subject Heading).Os descritores utilizados foram: (((humeral fractures[MeSH Terms] OR (humeral[AllFields] AND fractures[All Fields]) OR humeral fractures[All Fields]) AND Distal[Title])AND ((English[lang] OR Spanish[lang]) AND (adult[MeSH Terms:noexp] OR middleaged[MeSH Terms]))) AND (incidence[MeSH:noexp] OR mortality[MeSH Terms] ORfollow up studies[MeSH:noexp] OR prognos*[Text Word] OR predict*[Text Word] ORcourse*[Text Word]) AND ((English[lang] OR Spanish[lang]) AND (adult[MeSH:noexp]OR middle age[MeSH]))). Na realizao das pesquisas referentes a cada perguntaforam selecionados limitadores especficos.

    GRAU DE RECOMENDAO E FORA DE EVIDNCIA:A: Estudos experimentais ou observacionais de melhor consistncia.B: Estudos experimentais ou observacionais de menor consistncia.C: Relatos de casos (estudos no controlados).D: Opinio desprovida de avaliao crtica, baseada em consensos, estudos fisiolgicos

    ou modelos animais.

    OBJETIVO:Estabelecer orientao, com aplicabilidade para a realidade brasileira, em pontoscontroversos relacionados fratura supracondiliana articular no-coronal fechadado mero do adulto.

    CONFLITO DE INTERESSE:Os conflitos de interesse declarados pelos participantes desta diretriz esto detalhadosna pgina 5.

  • 3Fraturas Fechadas Traumticas Articulares No-Coronais Supracondilianas do mero do Adulto

    INTRODUO

    As fraturas supracondilianas do mero do adulto esto entreos maiores desafios teraputicos do trauma ortopdico. Assim comoas demais fraturas metafisoepifisrias, as fraturas supracondilianasdo mero demandam tcnicas precisas, com protocolos estritos,para que tenhamos diminuio do nmero de complicaesrestritoras de funo, muito frequentes neste tipo de leso.

    Os interesses envolvidos nessas leses esto conectados a umbom sistema de classificao das fraturas, aos tipos de tratamentosque podem ser utilizados e maneira como esses pacientes devemser manejados no ps-operatrio.

    Nossa pesquisa restringiu o foco em fraturas supracondilianastraumticas fechadas no adulto com traos articulares e que nosejam definidas pelo plano coronal. Essa restrio deve-se mais aotipo de perguntas que vamos responder do que importncia maiorou menor desta ou daquela leso.

    1. QUE CLASSIFICAO MELHOR PREENCHE OS QUESITOS DENORMALIZAO, ORIENTAO TERAPUTICA E AVALIAOPROGNSTICA DAS FRATURAS SUPRACONDILIANAS DO MERODO ADULTO?

    A gravidade da leso altera o resultado final de seu tratamento1(B).A complexidade anatmica da extremidade distal do mero, associadas fraturas cada vez mais graves, dificulta que as classificaes baseadasem radiografias pr-operatrias sejam verdadeiramente esclarecedorasda anatomopatologia da leso, muitas vezes necessitando de tomografiacomputadorizada para melhor avaliao da leso2(B).

    2. QUAL O PAPEL DO TRATAMENTO CONSERVADOR NAS FRATURASSUPRACONDILIANAS ARTICULARES DA EXTREMIDADE DISTAL DOMERO?

    As fraturas supracondilianas articulares da extremidade distal domero, sem desvios significativos ou com o paciente sem condiesclnicas de receber tratamento cirrgico, podem ser tratadasconservadoramente. O ndice de complicaes relativas consolidao,no entanto, elevado (OR = 5,1, IC 95% = 2,79,7)3(A).

  • 4 Fraturas Fechadas Traumticas Articulares No-Coronais Supracondilianas do mero do Adulto

    3. AS RADIOGRAFIAS SIMPLES DESTAS FRATURASCONSEGUEM MOSTRAR TODA A COMPLEXIDADEDAS LESES?

    No; muitas vezes, a relao entre aimagem radiogrfica no coincide com oachado cirrgico. Devemos ter sempre emmente a necessidade de utilizarmos atomografia computadorizada para melhor en-tendimento, planejamento e visualizaoprognstica desta fratura2(B).

    4. QUAL A MANEIRA MAIS SEGURA DEAUMENTAR O ACESSO POSTERIOR: OSTEOTOMIADE OLCRANO OU TENOTOMIA DO TRCEPS?

    No h diferena significativaentre os dois mtodos, porm as fraturas acessadaspor via da osteotomia do olcrano geralmente tmmelhor evoluo (RR = 2,0; 95% IC = 0,6-6,6)4(B). As osteotomias do olcrano tipo Chevronevoluem com baixo ndice de complicaes5(B),enquanto que as osteotomias transversas doolcrano esto associadas com taxas elevadas decomplicaes6(C). Por outro lado, as osteotomiasextra-articulares do olcrano fixadas com bandade tenso clssica tm alto ndice de consolidaoe permitem manter a referncia anatmica pro-porcionada pela superfcie articular doolcrano7(C). A abordagem via reflexo do trcepscom pedculo no ancneo (TRAP) tambm temacesso amplo para todas as fraturas articulares ouno, com boa recuperao funcional8(C). Nasfraturas que no so muito cominutivas, o acessopor meio dos lados lateral e medial da cabea longado bceps pode proporcionar boa visualizao aostraos de fraturas9(C).

    5. OS RESULTADOS DO TRATAMENTO CIRRGICODESTAS FRATURAS SE MANTM AO LONGODO TEMPO?

    Os resultados do tratamento cirrgico(reduo aberta e fixao interna estvel) soeficientes10(C). A mdia de bons resultados emcurto espao de tempo varia em torno de 75%.Os resultados reavaliados com 19 anos deevoluo, em mdia, mantiveram as mesmastaxas de bons resultados11(B).

    6. QUAL A MELHOR ARQUITETURA PARA ACOLOCAO DAS PLACAS DE OSTEOSSNTESE:ORTOGONAIS OU PARALELAS?

    O melhor tratamento deste tipo de leso areduo aberta e fixao estvel dos fragmentosquando a qualidade ssea boa12(B). O uso deplacas paralelas, objetivando o mximo de fixaodistal e estabilizao proximal, obtm fixaoestvel com alto ndice de consolidao, permitindoreabilitao precoce13(B). Por outro lado, asconstrues com placas ortogonais (uma posteriore outra lateral ou medial) mantm reduesestveis, com boa evoluo das fraturas14(C).

    7. QUAL A PREVALNCIA E A CONDUTA COMRELAO NEUROPRAXIA DO NERVO ULNAR?

    A neuropraxia do nervo ulnar uma dascomplicaes mais frequentes. Porm, todas asneuropraxias se recuperaram sem tratamento emum perodo de 6 a 10 semanas de ps-operatrio3(A).

    8. A OSSIFICAO HETEROTPICA, QUANDOOCORRE, NECESSITA SER REMOVIDA?

    A ossificao heterotpica pode estarpresente em at metade dos casos evoludos15(B)e pode estar relacionada com o perodo deimobilizao ps-operatria: quanto maisprecoce for a interveno cirrgica, menor aincidncia de ossificao heterotpica16(B). A

  • 5Fraturas Fechadas Traumticas Articulares No-Coronais Supracondilianas do mero do Adulto

    ossificao heterotpica que interfere com afuno deve ser considerada entre o sexto e onono ms do trauma17(C).

    9. COMO COSTUMA SER O ARCO DE MOVIMENTOPS-OPERATRIO?

    Com o tratamento cirrgico, os resultadosfuncionais so consistentemente melhores. Noentanto, alguma perda do arco de movimento,principalmente no plano sagital, deve ser esperada18(B).

    10. QUAL A EVIDNCIA QUANTO UTILIZAODE PLACAS BLOQUEADAS PR-MOLDADASNO TRATAMENTO DA FRATURA ARTICULARDISTAL DO MERO?

    A colocao das placas bloqueadas pr-moldadas da extremidade distal do mero estem incio de uso. A utilizao destes sistemasem posio paralela (no-ortogonais) mantmboa reduo dos fragmentos articulares19(C).

    CONFLITO DE INTERESSE

    Schwartsmann CR: recebeu dosLaboratrios Novartis e Pfizer reembolso porparticipao em congressos; recebeu dosLaboratrios Boehringer, em 2006, honorriospor apresentao em conferncia; recebeu dosLaboratrios Bayer honorrios por realizaode pesquisa; membro da equipe dosLaboratrios Bayer.

  • 6 Fraturas Fechadas Traumticas Articulares No-Coronais Supracondilianas do mero do Adulto

    REFERNCIAS

    1. Caja VL, Moroni A, Vendemia V, SbatoC, Zinghi G. Surgical treatment ofbicondylar fractures of the distal humerus.Injury 1994;25:433-8.

    2. Watts AC, Morris A, Robinson CM.Fractures of the distal humeral articularsurface. J Bone Joint Surg Br 2007;89:510-5.

    3. Robinson CM, Hill RM, Jacobs N, DallG, Court-Brown CM. Adult distal humeralmetaphyseal fractures: epidemiology andresults of treatment. J Orthop Trauma2003;17:38-47.

    4. Pajarinen J, Bjrkenheim JM. Operativetreatment of type C intercondylar fracturesof the distal humerus: results after a meanfollow-up of 2 years in a series of 18patients. J Shoulder Elbow Surg 2002;11:48-52.

    5. Aslam N, Willett K. Functional outcomefollowing internal fixation of intraarticularfractures of the distal humerus (AO typeC). Acta Orthop Belg 2004;70:118-22.

    6. Gainor BJ, Moussa F, Schott T. Healingrate of transverse osteotomies of theolecranon used in reconstruction of distalhumerus fractures. J South Orthop Assoc1995;4:263-8.

    7. Gabel GT, Hanson G, Bennett JB, NoblePC, Tullos HS. Intraarticular fractures ofthe distal humerus in the adult. ClinOrthop Relat Res 1987;216:99-108.

    8. Ozer H, Solak S, Turanli S, Baltaci G,Colakoglu T, Bolukbas S. Intercondylarfractures of the distal humerus treated withthe triceps-reflecting anconeus pedicleapproach. Arch Orthop Trauma Surg2005;125:469-74.

    9. Soon JL, Chan BK, Low CO. Surgicalfixation of intra-articular fractures of thedistal humerus in adults. Injury 2004;35:44-54.

    10. Huang TL, Chiu FY, Chuang TY, Chen TH.Surgical treatment of acute displaced fracturesof adult distal humerus with reconstructionplate. Injury 2004;35:1143-8.

    11. Doornberg JN, van Duijn PJ, Linzel D,Ring DC, Zurakowski D, Marti RK, et al.Surgical treatment of intra-articularfractures of the distal part of the humerus.Functional outcome after twelve to thirtyyears. J Bone Joint Surg Am 2007;89:1524-32.

    12. Sdergrd J, Sandelin J, Bstman O.Mechanical failures of internal fixation inT and Y fractures of the distal humerus. JTrauma 1992;33:687-90.

    13. Sanchez-Sotelo J, Torchia ME, ODriscollSW. Complex distal humeral fractures:internal fixation with a principle-basedparallel-plate technique. J Bone Joint SurgAm 2007;89:961-9.

    14. Holdsworth BJ, Mossad MM. Fractures ofthe adult distal humerus. Elbow functionafter internal fixation. J Bone Joint SurgBr 1990;72:362-5.

  • 7Fraturas Fechadas Traumticas Articulares No-Coronais Supracondilianas do mero do Adulto

    15. Kundel K, Braun W, Wieberneit J, RterA. Intraarticular distal humerus fractures.Factors affecting functional outcome. ClinOrthop Relat Res 1996;332:200-8.

    16. Tyllianakis M, Panagopoulos A, Papa-dopoulos A, Kaisidis A, Zouboulis P.Functional evaluation of comminutedintra-articular fractures of the distalhumerus (AO type C). Long term resultsin twenty-six patients. Acta Orthop Belg2004;70:123-30.

    17. Ring D, Jupiter JB. Complex fractures of

    the distal humerus and their complications.J Shoulder Elbow Surg 1999;8:85-97.

    18. McKee MD, Wilson TL, Winston L,Schemitsch EH, Richards RR. Functionaloutcome following surgical treatment ofintra-articular distal humeral fracturesthrough a posterior approach. J Bone JointSurg Am 2000;82-A:1701-7.

    19. Celli A, Donini MT, Minervini C. The use ofpre-contoured plates in the treatment of C2-C3 fractures of the distal humerus: clinicalexperience. Chir Organi Mov 2008;91:57-64.

  • /ColorImageDict > /JPEG2000ColorACSImageDict > /JPEG2000ColorImageDict > /AntiAliasGrayImages false /CropGrayImages false /GrayImageMinResolution 300 /GrayImageMinResolutionPolicy /OK /DownsampleGrayImages true /GrayImageDownsampleType /Bicubic /GrayImageResolution 300 /GrayImageDepth -1 /GrayImageMinDownsampleDepth 2 /GrayImageDownsampleThreshold 1.50000 /EncodeGrayImages true /GrayImageFilter /DCTEncode /AutoFilterGrayImages true /GrayImageAutoFilterStrategy /JPEG /GrayACSImageDict > /GrayImageDict > /JPEG2000GrayACSImageDict > /JPEG2000GrayImageDict > /AntiAliasMonoImages false /CropMonoImages false /MonoImageMinResolution 1200 /MonoImageMinResolutionPolicy /OK /DownsampleMonoImages true /MonoImageDownsampleType /Bicubic /MonoImageResolution 1200 /MonoImageDepth -1 /MonoImageDownsampleThreshold 1.50000 /EncodeMonoImages true /MonoImageFilter /CCITTFaxEncode /MonoImageDict > /AllowPSXObjects false /CheckCompliance [ /None ] /PDFX1aCheck false /PDFX3Check false /PDFXCompliantPDFOnly false /PDFXNoTrimBoxError true /PDFXTrimBoxToMediaBoxOffset [ 0.00000 0.00000 0.00000 0.00000 ] /PDFXSetBleedBoxToMediaBox true /PDFXBleedBoxToTrimBoxOffset [ 0.00000 0.00000 0.00000 0.00000 ] /PDFXOutputIntentProfile () /PDFXOutputConditionIdentifier () /PDFXOutputCondition () /PDFXRegistryName () /PDFXTrapped /False

    /CreateJDFFile false /Description > /Namespace [ (Adobe) (Common) (1.0) ] /OtherNamespaces [ > /FormElements false /GenerateStructure true /IncludeBookmarks false /IncludeHyperlinks false /IncludeInteractive false /IncludeLayers false /IncludeProfiles true /MarksOffset 6 /MarksWeight 0.250000 /MultimediaHandling /UseObjectSettings /Namespace [ (Adobe) (CreativeSuite) (2.0) ] /PDFXOutputIntentProfileSelector /NA /PageMarksFile /RomanDefault /PreserveEditing true /UntaggedCMYKHandling /LeaveUntagged /UntaggedRGBHandling /LeaveUntagged /UseDocumentBleed false >> > ]>> setdistillerparams> setpagedevice