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Freguesia de Real: História e Património Paulo Jorge de Sousa Lemos e Pedro Pina Nóbrega www.real-pct.net Paulo Jorge de Sousa Lemos Pedro Pina Nóbrega Freguesia de Real História e Património 4ª Versão Abril 2009

FReguesia de Real: História e Património

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Trabalho monográfico sobre a História e o Património da Freguesia de Real, Penalva do Castelo.

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Freguesia de Real: História e Património Paulo Jorge de Sousa Lemos e Pedro Pina Nóbrega

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Paulo Jorge de Sousa Lemos

Pedro Pina Nóbrega

Freguesia de Real

História e Património

4ª Versão Abril 2009

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Ideia: Paulo Jorge de Sousa Lemos e Pedro Pina Nóbrega

Textos: Pedro Pina Nóbrega

Fotografias de Liberto Carvalho e Pedro Pina Nóbrega.

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14 de Abril de 2009

4ª Versão

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3

A História de uma freguesia faz parte da sua própria

identidade, sendo o património cultural a materialização dessa

identidade que urge preservar e divulgar.

Até ao momento são poucos os estudos elaborados que

tratam a história e o património da nossa freguesia, aliás, apenas

existem trabalhos académicos, alguns deles ainda inéditos. Mais

recentemente, no Verão de 2006, a extinta Direcção Geral dos

Edifícios e Monumentos Nacionais procedeu à inventariação do

património arquitectónico da freguesia, que hoje pode ser consultado

na Internet. Há ainda a registar o trabalho de divulgação sobre as

freguesias de Portugal elaborado pelo Gabinete de Projecção e

Divulgação das Culturas de Portugal e que contou com a colaboração

da Junta de Freguesia.

Eis o panorama dos estudos sobre a nossa freguesia.

Neste contexto decidimos elaborar um pequeno estudo sobre

a nossa freguesia. Não se trata de um trabalho exaustivo, mas um

apanhado de elementos recolhidos e tratados com paixão ao longo

dos nossos tempos livres.

A edição deste trabalho foi proposto à Junta de Freguesia de

Real, que deliberou não proceder à sua edição, mas apenas financiar

parte dos custos com a sua edição.

Como propusemos no início este trabalho seria para oferecer

à Junta de Freguesia para o editar, e caso não o quisesse seria criado

um sítio na Internet onde a informação seria dada a conhecer.

Pois bem, o sítio foi criado e está disponível em

http://www.real-pct.net. Aqui disponibilizamos todos os conteúdos

deste livro e serão disponibilizadas as respectivas actualizações.

Tratando-se de um texto elaborado para um público alargado,

nele foi utilizada uma linguagem simples, onde os termos mais

complexos são explicitados no corpo de texto ou em notas de rodapé.

Queremos aqui expressar o nosso Bem-Haja a diversas

pessoas que nos ajudaram na elaboração deste trabalho:

Dr. João Manuel Ferreira Fonseca a concluir o seu mestrado

em História Medieval pela leitura e transcrição e cedência de vários

documentos.

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Dr. Marco Mendes, Dr.ª Ana Penisga, Dr. Nuno Santos pelo

apoio na interpretação da gravura que apareceu na Ribeira.

Ao Sr.s Paulo Martins e José Carlos Martins pelas informações

sobre as Alminhas da Roda e os cruciformes, respectivamente.

Ao Liberto Carvalho pela disponibilidade para fotografar alguns

dos elementos patrimoniais e pelas informações sobre as sepulturas

escavadas na rocha.

Aos funcionários do Arquivo Histórico das Obras Públicas, do

Arquivo Distrital de Viseu, do Arquivo Nacional da Torre do Tombo

por todo o apoio prestado na pesquisa e consulta de documentação.

Como dizia o grande etnólogo e arqueólogo Leite de

Vasconcellos,

“O homem que conhece a história do seu torrão natal afeiçoa-se

mais a este porque em cada momento evoca uma recordação: ora

é de sentimentos que se compõe uma grande parte da nossa vida.”

Real, 14 Abril 2009

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Índice

Enquadramento Geográfico ............................................................ 9

A ocupação humana até à Idade Média ..................................................................... 10

Domínio islâmico (séc. VIII a X) .................................................................................. 11

Após a “reconquista” cristã (XI-XIV) ........................................................................ 12

O primeiro censo do Reino ......................................................................................... 15

A Acção da Inquisição .................................................................................................... 16

A primeira descrição da freguesia............................................................................... 17

Reforma Administrativa do séc. XIX ......................................................................... 19

Sepulturas escavadas na rocha ..................................................................................... 23

Cruciformes e gravuras rupestres .............................................................................. 25

Igreja Paroquial ................................................................................................................ 27

Capela da Ribeira ............................................................................................................ 33

Capela de S. Marcos ou de N.ª Sr.ª de Monteserrate ........................................... 36

Quinta da Aveleira .......................................................................................................... 38

Alminhas e Nichos .......................................................................................................... 41

Cruzeiros ........................................................................................................................... 44

Ordenação Heráldica ..................................................................................................... 47

Referências Bibliográficas .............................................................. 51

Fontes Documentais ...................................................................... 53

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Fig. 1: Limites administrativos da freguesia de Real

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9

Enquadramento Geográfico

Administrativamente pertence ao concelho de Penalva do

Castelo, distrito de Viseu, NUT II de Dão Lafões. Confina a

Norte e Este com a freguesia de Castelo de Penalva, a Sul com

as freguesias de Freixiosa e de Quintela de Azurara, do concelho

de Mangualde e a Oeste com a freguesia de Germil e a dita de

Quintela de Azurara.

Eclesiasticamente pertence ao arciprestado de Penalva do

Castelo, zona pastoral do Alto Dão e diocese de Viseu.

A sua área estende-se por 4,7 Km2 e é marcada pelo vale

do rio Ludares a Sul e pela Serra de Vila Mendo, mais conhecida

por Serra de Real, a Norte.

A altitude média da freguesia é de 475 metros acima do

nível do mar, sendo os pontos mais baixos na Lameira, Ribeira,

junto do Rio Lodares, com 440 metros acima do nível do mar, e

o ponto mais alto junto ao alto da Serra de Real com 690

metros. A aldeia da Ribeira está a uma cota de cerca 450 metros,

estando a sede de freguesia um pouco mais elevada, a 530

metros.

O estrato geológico da freguesia divide-se entre os xistos

e os granitos. A Nordeste e Este da aldeia de Real predominam

os xistos biotitico-moscoviticos e metagrauvaques com

intercalações de quartzitos finos e alguns filões de aplito-

pegmatito. A restante área da freguesia é marcada pela existência

de granitos porfiroides de grão grosseiro. Nalgumas zonas

encontra-se feldspato que foi outrora explorado.

No vale do Ludares encontramos os aluviões e depósitos

de fundo de vale formados durante o Holocénico.

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10

A ocupação humana até à Idade Média

A presença humana mais antiga do nosso concelho data do

Neolítico final (3000 a.C. – 3500 a.C.). Desta época ainda se conserva

a Anta do Penedo do Com, em Esmolfe, que tem associado um abrigo

na rocha.

No concelho conservam-se, igualmente, vestígios da ocupação

na Idade do Bronze Final e Ferro (1400 – 200 a.C.), como sejam o

Castro da Paramuna, em Esmolfe, e o Castelo de Penalva, este último

com ocupação comprovada até à Idade Média.

Do período romano (séc.s I/IV d.C.) proliferam no nosso

concelho diversos sítios de habitate e epígrafes1 achadas isoladamente,

sendo o sítio mais importante a Murqueira, que se localizava entre a

vila de Penalva do Castelo e Fundo de Vila, hoje ocupada em parte

pelo recinto da feira semanal. Aqui se localizaria um vicus, pequeno

1 Inscrições em pedras feitas durante o domínio romano, dedicadas aos mortos ou aos deuses.

aglomerado habitacional que poderíamos comparar às nossas pequenas

vilas actuais.

Desconhecemos até ao momento qualquer vestígio que

comprove a ocupação humana na nossa freguesia antes da Idade Média

(séc. XI/XII). No entanto, a localização da nossa freguesia conjugada

com os solos férteis do vale do Ludares leva-nos a pensar que durante

o domínio romano (séc. I a IV d.C.) se tenham aqui fixado populações,

cujos vestígios não foram ainda detectados.

De notar que o rio Ludares, surge no foral de Zurara (1109-

1112), com o nome de Ryal. Ora, é mais comum que os rios tomem o

nome de povoações do que o contrário. Assim, cremos que nesta data

já existiria um povoamento em Real e que o mesmo pudesse já existir

durante o domínio romano. Pois, é frequente na nossa região o

povoamento se prolongar desde este período até à Idade Média,

verificando-se a existência de materiais romanos associados a vestígios

medievais, veja-se o exemplo da vizinha freguesia de Quintela de

Azurara.

Até aparecerem vestígios concretos da ocupação romana,

como sejam fragmentos de telha grossa (tegulae), fragmentos de

cerâmica comum ou até de inscrições em pedras (epígrafes) as nossas

dúvidas persistirão.

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11

Domínio islâmico (séc. VIII a X)

Se a primeira metade do primeiro milénio depois de Cristo foi

marcada pela instalação dos romanos na Península Ibérica, a segunda

metade foi-o, por sua vez, pela conquista islâmica2, que se iniciou em

711.

Sabemos que os árabes dominaram as fortificações de Castelo

de Penalva e de Travanca de Tavares, reconquistados por Fernando

Magno cerca de 1058, no entanto, e mais uma vez, a falta de vestígios e

de documentos não nos permite afirmar que os árabes se tenham

instalado na nossa freguesia.

Provavelmente, aqui continuaram a viver cristãos, mesmo que

sob a jurisdição dos islâmicos, instalados em Castelo de Penalva, pois

este povo invasor escolhia locais estratégicos para se instalar, sendo,

2 Mouros, árabes, muçulmanos. São vários os adjectivos usados para designar os vários povos islâmicos que invadiram a península ibérica. Como todos professavam o islão, preferimos utilizar este adjectivo.

por isso, o seu povoamento em menor escala do que no Sul de

Portugal.

Fig. 2: Lado Oeste do morro onde se implantou o Castelo de

Penalva.

Em Castelo de Penalva os vestígios arqueológicos comprovam

a presença do povo islâmico. Nas ruínas deste castelo foi encontrado

um cabo de faca em osso semelhante a outros encontrados em

Mértola e datáveis do séc. XII-XIII, altura em esta cidade ainda era

dominada pelos islâmicos.

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12

Após a “reconquista” cristã (XI-XIV)

Entre 1055, data da conquista do castelo de Seia, e 1068, data

da conquista do Castelo de Coimbra, Fernando Magno fixa a linha de

fronteira no rio Mondego.

Começará agora o repovoamento de toda a região de Viseu

pelos Cristãos, através de presúrias3, da concessão de forais4 a várias

terras e de propriedades a nobres e ordens religiosas.

Como já referimos, a mais antiga referência documental onde

surge o topónimo Real é no foral de Zurara (1109-1112), parte do

actual concelho de Mangualde. Neste documento surge como nome

do Rio Ludares que fazia fronteira, grosso modo, entre as terras de

Zurara e de Penalva.

3 Título especial a que eram concedidas aos nobres certas terras por eles conquistadas aos infiéis, durante a reconquista cristã e a formação territorial de Portugal. 4 Documento emanado do monarca, pelo qual se constituía o concelho, se regulava a sua administração, e se indicavam os seus limites e privilégios.

Sendo o rio Ludares a fronteira, terá a Ribeira nesta altura

pertencido ao concelho de Zurara? Não cremos. Os limites que

constam do foral são muito genéricos e nas Inquirições de 1258 surge

a Ribeira em terras de Penalva, sem qualquer referência às terras de

Zurara. Por outro lado, nada garante que a Ribeira nesta época se

localizasse na margem esquerda do Rio Ludares. Poderia localizar-se na

margem direita na zona dos Moinhos junto à actual ponte, sendo

assim, o rio Ludares a efectiva fronteira entre as Terras de Zurara e de

Penalva.

No século XIII os reis desenvolverem um plano de repressão

contra as usurpações dos senhores das terras. O sistema das

confirmações5 de D. Afonso II foi acompanhado e seguido de

sucessivas inquirições6, que duraram até aos finais do séc. XIV,

alcançando o auge com D. Dinis. As inquirições régias serviram para a

administração central ter um cadastro rigoroso de grande parte do

País. Assim, o rei estabelecia com firmeza a sua autoridade, impedindo

abusos e periodicamente interferindo a bem de uma justiça

centralizada e de um sistema financeiro planificado.

5 Aprovação por D. Afonso II de privilégios atribuídos pelos reis anteriores. 6 Inquéritos sobre a posse da terra e direitos de apresentação dos párocos na igreja paroquiais.

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13

Em 1258, altura em que D. Afonso III ordenou a elaboração de

Inquirições, a actual freguesia de Real era a terceira mais populosa com

cerca de 6 fogos e 30 habitantes7.

Existiam em Real três propriedades de vilãos8 e na Ribeira uma

propriedade, por outro lado, são referidos oito indivíduos de Real e

quatro da Ribeira.

Uma das propriedades pertencia aos filhos de Soeiro Amarelo

e ao Mosteiro de Maceira Dão, por testamento. Tratava-se de uma

fogueira9 e dela não pagavam nenhum foro ao Rei. Esta propriedade

ficou isenta de pagar foro10 ao rei através de uma estratégia comum à

época, o amádigo. O amádigo consistia na entrega de um filho segundo

de um nobre a uma ama para esta o criar. Muitas vezes eram os

agricultores que pediam para criar filhos de fidalgos para que as suas

terras ficassem isentas de encargos e sobre a protecção do Senhor.

Era uma forma de os pequenos agricultores sobreviverem aos pesados

encargos e de os Fidalgos irem aumentando as suas propriedades e

influência. Assim aconteceu com um filho de Soeiro Amarelo que foi

entregue, no reinado de D. Sancho II, a Maria do Salvador, da Ribeira,

para ser criado, ficando o Soeiro Amarelo com a parte que pertencia a 7 Dados fornecidos pelo Dr. João Manuel Fonseca que se encontra a elaborar a sua dissertação de Mestrado em História Medieval sobre o Alto Dão. 8 Pessoas que não eram nobres. 9 Casa de habitação. Corresponde aos actuais fogos. 10 Renda paga em dinheiro ou em géneros.

Maria do Salvador e comprando a outra parte da fogueira que tinha

sido de Pedro Pincoo.

Outra propriedade era uma herdade11 em Real, foreira ao Rei,

comprada por Martinho Gonçalves, cavaleiro, no reinado de D. Sancho

II e que pertencia à fogueira que tinha sido de Gentilia. Esta

propriedade tinha sido “confiscada” para o Rei pelo seu porteiro, o

oficial da administração financeira e judiciária da época, sendo entregue

a Estêvão Pires de Tavares que recebia dela ração de pão, ou seja a

renda paga em cereal. Este Estêvão Pires era o Senhor das Terras de

Tavares12.

Existia ainda um casal13 que tinha sido de Maria Garcia que o

deixou em testamento à Igreja de Castelo de Penalva, cujo pároco o

deu depois a Fernando Remondes, escudeiro.

11 Uma herdade na idade média não tinha o mesmo significado que tem hoje. Herdade era o conjunto de bens que se herdavam, podiam ser parcelas de terreno pegadas e contínuas, ou parcelas de terreno dispersas. 12 Corresponde grosso modo às actuais freguesias de Chãs de Tavares, Travanca de Tavares, Várzea de Tavares, S. João da Fresta e Abrunhosa-a-Velha. 13 Um casal era uma exploração agrícola familiar. Era constituída por terrenos aptos para a agricultura e pomares e por terrenos incultos, ou apenas pelos primeiros; assim como, pela morada do camponês e por vários anexos para o gado e para a arrecadação dos produtos e alfaias agrícolas.

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14

Localidade Habitantes/Naturais Propriedades

Real

• Bertolomeus

• D. Andre

• Donnus Stephanus

• F. Petri

• Johannes Gunsalvi

• Johannes Gunsalvi

• Martinus Gunsalvi

• Martinus Vicencii

• Petrus Alvariz

• Uma fogueira que foi de Gentiilia e

da qual Martinus Gunsalvi comprou

uma herdade, no reinado de D.

Sancho II.

• Um casal foreiro ao Rei, testado

por Maria Garsea à igreja de

Castelo de Penalva, o qual foi dado

pelo prelado a Fernandus Remondus.

• Uma herdade foreira ao Rei que

Remondus Gunsalvi recebeu de

Fernandus Petri e Maria Petri, no

reinado de D. Sancho II.

Actualmente pertence a Garsea

Rendi e F. Remondi, seus filhos.

Ribeira

• Donnus Alfonsus

• F. Petri

• Suierius Gunsalvi

• Suierius Pelagii

• Soeiro Amarelo teve, por parte de

Maria Salvador, e por compra, uma

herdade foreira ao Rei, da fogueira

que foi de Petrus Pincoo; e que os

filhos de Soeiro Amarelo e o

Mosteiro de Maceira Dão, por

testamento, tinham e nenhum foro

faziam ao Rei.

Quadro 1: Habitantes/Naturais e Propriedades da freguesia

mencionadas nas Inquirições de 1258

No século XV, a 20 de Agosto de 1433, o Cabido da Sé de

Viseu recebeu um casal e moinhos por doação de Fernando Anes e sua

mulher Branca Afonso. Fizeram a doação por os pais de Fernando

Anes terem tido obrigações para com o Cabido e assim desobrigarem

as suas almas.

O Cabido tomou posse destas propriedades a 1 de Setembro

seguinte, data em que foram declaradas as propriedades pelo

respectivo caseiro. Pela descrição do caseiro podemos localizar as

diversas propriedades junto ao rio Ludares, perto da ponte da Baralha,

que já é referida nestes documentos (docs. 2, 3, 4, do apêndice

documental).

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15

O primeiro censo do Reino

Em 1527 realiza-se o primeiro censo da população de Portugal,

denominado “Cadastro da População do Reino”.

Segundo este Cadastro o concelho de Penalva, ainda, tinha

duas sedes: a do Castelo onde estava a Igreja e um Paço do Concelho

onde se faziam as audiências e a de Castendo14 onde estava outro Paço

do Concelho e se faziam as audiências de permeio.

A freguesia de Real era a 7ª mais populosa. No lugar da Ribeira

viviam 7 moradores e em Real 33, o que perfazia um total de 40

moradores.

Das sedes de freguesia, a aldeia de Real era a terceira mais

populosa a par das Antas, só ultrapassadas por Esmolfe, com 40

moradores, e Sezures, com 51 moradores.

14 Castendo passou a denominar-se Penalva do Castelo desde 7 de Agosto de 1957.

Real tinha mais moradores que Castendo, apenas com 29

moradores, e a Ribeira mais moradores que Castelo de Penalva, que

apenas tinha 5.

O termo moradores corresponde aos chefes de família e não a

habitantes.

27

32

32

36

38

49

53

57

97

113

138

40

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140

Trancozelos

Germil

Mareco

Vila Cova do Covelo

Lusinde

Real

Antas

Esmolfe

Sezures

Ínsua

Pindo

Castelo de Penalva

Fig. 3: População do concelho de Penalva do Castelo em 152015.

15 A actual freguesia da Matela não existia e as aldeias que a compõem actualmente não são referidas no Cadastro.

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16

A Acção da Inquisição

Em 1536 é instituída definitivamente pelo Papa Paulo III a

Inquisição em Portugal, que teve a sua primeira sede em Évora, onde

estava a Corte, transferindo-se depois para Lisboa. Ao longo dos anos

foram criados Tribunais em diversas cidades do Reino para uma

melhor acção inquisitorial. O de Coimbra, cuja área de jurisdição

abrangia a freguesia de Real, foi criado em 1541, tendo sido extinto

seis anos mais tarde para ser depois restaurado em 1565. A Inquisição

só viria a ser extinta formalmente em Portugal em 1821.

No Arquivo Nacional da Torre do Tombo conservam-se

inúmeros processos instruídos pelo Tribunal da Inquisição de Coimbra.

Da nossa freguesia foram julgados pela Inquisição quatro indivíduos em

1719 e 1725.

O primeiro a ser apresentado em 17 de Abril de 1719 foi

António de Matos, pároco de Real, filho de António de Matos e Maria

da Costa. Foi preso a 02 de Maio do mesmo ano, acusado de

molinosismo16, não se sabendo quando foi proferida a sentença.

Foram-lhe passados termos de segredo17 em 17 de Junho seguinte e de

ida e penitências18 a 22 do mesmo mês. Na capa do processo há

informações de que mais tarde teve o degredo comutado para o

bispado de Elvas, mas continuaria a não poder entrar no bispado de

Viseu (03-12-1725).

O outro processo diz respeito a duas irmãs, Branca e Maria da

Costa, filhas de António da Costa e Eufémia Rodrigues e ambas

solteiras. Foram presas a 4 de Maio de 1720, também acusadas de

molinosismo, e foi-lhes lida a sentença e presentes a Auto de Fé19, que

se realizou no Terreiro de S. Miguel, em Coimbra, a 7 de Julho do

mesmo ano, sendo inquisidor-geral o cardeal D. Nuno da Cunha de

Ataíde e Melo, e pregador o Pe. Dr. Francisco de Torres. No dia

seguinte foi-lhes passado termo de soltura e segredo e no dia 18 do

mesmo mês termo de ida e penitência.

16 Doutrina que defendia a não resistência às tentações, condenando a mortificação e o arrependimento. 17 Compromisso por parte dos réus de que nada revelariam do que se tinha passado desde que tinham sido presos até à data de soltura. 18 Documento que estipulava a saída do réu e as penas que tinha de cumprir. 19 Cerimónia na qual se fazia a demonstração pública da Fé, se apresentavam como exemplo as pessoas que, tendo andado transviadas dos verdadeiros caminhos da Fé, se haviam convertido, publicamente renunciavam os seus erros e, solenemente, eram readmitidas no seio da Igreja.

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17

A primeira descrição da freguesia

Em 1758 o Pe. Luiz Cardoso levou a cabo, com o apoio régio e

da Real Academia da História, a elaboração de um Dicionário

Geográfico. Para tal enviou a todos os párocos um extenso

questionário sobre as povoações, rios e serras. As respostas dos

párocos encontram-se hoje na Torre do Tombo compiladas no fundo

chamado Dicionário Geográfico, mais conhecido por Memórias Paroquiais.

Trata-se da mais antiga descrição da freguesia que se conhece.

Nesta data a freguesia pertencia ao arciprestado de Penaverde,

estando integrada no concelho de Penalva de que era donatário20 o

Marquês de Penalva.

O Pe. João do Amaral, cura da paróquia de Real, informava que

Real tinha 66 fogos e 162 pessoas, e a Ribeira 22 fogos e 54 pessoas,

perfazendo um total de 88 fogos e 216 pessoas.

20 Donatário era o administrador do concelho em nome do Rei, recebendo por isso as rendas que caberiam ao Rei.

Real era a terceira freguesia com menos população logo

seguida por Mareco (70 fogos e 180 pessoas) e por Germil (50 fogos e

150 pessoas).

65

150

180

224

280

280

368

371

570

700

1180

1194

50

70

88

311

391

255

188

117

107

96

92

216

0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200

Germil

Mareco

Real

Trancozelos

Lusinde

Vila Cova do Covelo

Esmolfe

Sezures

Antas

Ínsua

Castelo de Penalva

Pindo

Fogos Pessoas Fig. 4: Fogos e População do concelho em 175821

21 O número de pessoas de Castelo de Penalva corresponde a pessoas com sacramento; O número de pessoas de Vila Cova do Covelo foi calculado pela multiplicação do número de fogos pelo número médio de moradores por fogo no concelho, ou seja por 3.

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18

As freguesias mais populosas eram Pindo com 311 fogos e

1194 pessoas, Castelo de Penalva 391 fogos e 1180 pessoas de

sacramento e Ínsua com 255 fogos e 700 pessoas.

A média de moradores do concelho por fogo era de 3, na

nossa freguesia a média era apenas de 2,5 pessoas.

Em Real existia a Irmandade das Almas agregada ao Santíssimo

Sacramento, que estava erecta na Igreja Paroquial. Na Ribeira havia a

capela de N.ª Sr.ª da Ouvida, que pertencia aos moradores.

O pároco era apresentado pelo abade do Castelo de Penalva,

que lhe pagava a renda de seis mil reis.

Refere o mesmo pároco que na freguesia se cultivava

principalmente milho, mas também, centeio, trigo, cevada, vinha,

oliveiras, castanheiros e árvores de fruto. Tinha vários moinhos e um

lagar de azeite, alguns moinhos, senão todos, e o lagar de azeite

situavam-se junto do rio Ludares.

Servia-se do correio da cidade da Guarda que passava por

Quintela a caminho de Viseu.

O pároco refere duas serras, a de São Domingos22 e a do Fial,

que em algumas partes eram cultivadas, sendo o fruto mais abundante

22 Actualmente denominada de Vila Mendo na Carta Militar de Portugal, e mais conhecida na nossa freguesia como Serra de Real.

o centeio. Havia nelas também criação de gado que recolhia ao povo e

caça de coelhos e perdizes.

Sobre o Rio Ludares diz que nascia em Furtado23, no actual

concelho de Fornos de Algodres, e que criava ruivacos e bordalos em

pouca abundância que só se pescavam entre Abril e Junho. Nas suas

margens apenas se cultivava milho e algum trigo por estas serem

pouco fertilizadas com as águas do rio; tinham alguns amieiros e

salgueiros. Na nossa freguesia existiam duas pontes de pau, a da

Baralha24 e uma na Ribeira.

23 O rio Ludares passa na freguesia de Furtado, onde é conhecido por Ribeira de S. Domingos, mas nasce um pouco mais a montante na zona de Alagoas, já na freguesia de Cortiçô. 24 Substituída em 1866 pela actual de pedra.

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Reforma Administrativa do séc. XIX

A partir de 1832 é iniciada a reforma da divisão administrativa

do reino, com a extinção, fusão e criação de concelhos e freguesias.

Esta situação irá arrastar-se por dezenas de anos, durante os quais são

feitos vários inquéritos e consultas aos concelhos e freguesias sobre

propostas de alterações a fazer.

Apenas conhecemos uma proposta de alteração relacionada

com a nossa freguesia. Elaborada pelo administrador do concelho de

Mangualde em 1837, era do teor seguinte:

Ribeirinha, aldeia de 25 fogos, pertencente à freg.ª de Real, conc.º de Penalva do Castelo, a 5/4 de legua ao N.E. de Mang.de, está situada dentro do limite natural deste conc.º na margem esquerda do rio Lamegal: pede a razão e justiça que seja incorporada neste conc.º de Mangualde, reunindo-se à freguesia de Quintela, donde dista meio quarto de légua, visto estar dentro do limite deste concelho, que é o rio Lamegal.25

25 AHOP, Comissão de Estatística e Cadastro do Reino, n.º 6.

De facto, do actual concelho de Penalva do Castelo, apenas a

Ribeira e Sandiães, esta da freguesia de Castelo de Penalva, ficam

situadas na margem esquerda do rio Ludares.

Curiosamente, o mesmo administrador não pede a inclusão da

aldeia de Sandiães na freguesia de Chãs de Tavares ou Travanca de

Tavares.

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Sepulturas escavadas na rocha

Um pouco por todo o concelho existem estes monumentos

que são popularmente denominados de campas, campas dos mouros,

túmulos entre outras denominações.

Algumas sepulturas apresentam a demarcação da cabeça e dos

ombros, outras também dos pés, e por isso são chamadas de

antropomórficas, outras mais simples são rectangulares ou ovaladas.

A maioria destas sepulturas surge-nos isoladas, sendo em

menor número as que se encontram aos pares ou em grupos de três.

As necrópoles, onde o número de sepulturas é elevado, são escassas,

estando relacionadas com templos de fundação medieval, é o caso de

Pindo e de Castelo de Penalva.

Estes túmulos eram escavados na rocha e posteriormente

cobertos por tampa de pedra ou por terra. A cabeceira da sepultura

era normalmente orientada a Oeste. Uma das explicações apontada

para esta orientação é a crença cristã de que Deus apareceria a

Oriente no dia do Juízo Final.

Na nossa freguesia as sepulturas de que temos conhecimento

deverão datar dos séc.’s XI/XIII.

S. Marcos

Fig. 5: Sepultura ao S. Marcos

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24

Sepultura antropomórfica de cabeceira rectangular que se

encontra num pequeno afloramento granítico nas traseiras da capela

de S. Marcos. Está orientada a Noroeste.

Quinta da Aveleira

Na Quinta da Aveleira existem soterradas duas sepulturas

escavadas na rocha de forma antropomórfica.

Nogueira

Existe referência a duas sepulturas na Nogueira que pertenceu

ao Tio Amadeu dos Quintais (Carvalho, 1995).

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Cruciformes e gravuras rupestres

Sacralização, protecção mágica, cristianização, são as diversas vertentes que a marcação de cruciformes em espaços tão diferentes como fontes, fortificações, fornos de pão, moinhos, monólitos significativos na paisagem, telhados de habitações, ombreiras de porta e janela ou tão só a massa do pão quando se deixa a levedar (...) são os diferentes e possíveis significados de que a marcação de um cruciforme pode revestir.

(Balesteros, 2006, p. 17)

Estão identificadas na nossa freguesia algumas pedras que

apresentam gravadas diversas figuras, cujo significado não está

claramente explícito.

Algumas destas figuras em forma de cruz, os cruciformes, são

comuns na nossa região e são normalmente atribuídos aos cristãos-

novos, ou seja a judeus convertidos, que as usavam para manifestar a

sua nova fé.

Na parede da futura Casa de Apoio Social, que dá para a Tv.

João Castilho, encontram-se duas pedras com gravuras. Estas pedras

encontravam-se numa parede da casa que foi demolida para se

proceder a esta nova construção.

Fig.s 6, 7, 8 e 9: Pedras onde estão gravados cruciformes e

respectivos desenhos

A abreviatura IHS não constitui qualquer dúvida de

interpretação, visto tratar-se de uma abreviatura cristã que ainda hoje

se usa e que corresponde às três primeiras letras de “Jesus” em grego.

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O símbolo que levanta mais dúvidas é a forma triangular ou de

meia-lua encimada por uma cruz. Há autores que defendem que o

triângulo representa o monte Horeb onde Moisés recebeu as tábuas

da Lei. Cremos que poderá significar, igualmente, o Calvário onde

Jesus foi crucificado e não estar apenas relacionado com a presença de

cristãos-novos. Ainda no século passado se desenhava estes símbolos

nas cangas dos bois, nas portas das adegas e lojas.

Numa casa na R. Cónego Jaime, n.º 9, encontra-se uma pedra

que tem gravada uma cruz sobre um meio circulo. Sobre a cruz uma

meia elipse raiada e por baixo dois “olhos”.

Fig.s 10 e 11: Gravura e respectivo desenho

Recentemente, durante as obras para o novo fontenário e

lavadouro da Ribeira, foi identificada na parede lateral da casa n.º 2 da

R. da Calçada uma pedra com uma gravura.

Como nos informaram, a quando da construção desta casa foi

dado valor a esta pedra e por isso foi incorporada na parede com a

face gravada voltada para o exterior.

Fig.s 12 e 13: Pedra gravada e respectivo desenho

Interpretamos esta gravura de quatro formas distintas: um

carro de bois, um orante (figura humana com os braços erguidos em

oração), um candelabro ou um cruciforme, dependendo da posição

original que se desconhece.

Em Penamacor foi identificada uma gravura semelhante na

posição de cruciforme.

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Igreja Paroquial

A fundação da paróquia de Real deverá datar do séc. XV ou

XVI altura em que a população do país cresceu e forçosamente teve

que haver uma reorganização das paróquias. Antes pertencia à

paróquia de S. Pedro de Castelo de Penalva, à qual ficou anexa depois

da sua criação.

Em 1675 a paróquia de Real pertencia ao arciprestado de

Penaverde e surge descrita na relação que o bispo D. João de Melo

remeteu a Roma da seguinte forma:

Igreja do Real, invocação de S. Paulo, curado anual, filial da Igreja do Castelo. Tem sacrário, dois colaterais, invocações de Nossa Senhora e de S. Sebastião. Pessoas maiores duzentas e setenta, menores quarenta, Ermida uma. Estava falta de ornamentos de que se mandou prover em Visitação.26

26 Cf. Alves, 1998.

Em 1699 é elaborado novo relatório por ocasião da visita ad

limina de D. Jerónimo Soares. Continuava a pertencer ao arciprestado

de Penaverde e foi assim descrita:

Igreja do Real, invocação de São Paulo, curado annual, filial da igreja do Castello, tem sacrário. Pessoas maiores 220, menores 40.

Em 1758 a igreja paroquial tinha o altar-mor, dedicado a S.

Paulo, e dois colaterais, um dedicado a N.ª Sr.ª do Rosário e outro a S.

Sebastião. Ainda hoje se conservam na Igreja, não nos altares colaterais

mas em duas peanhas, uma imagem de S. Sebastião e outra de N.ª Sr.ª

do Rosário.

Em 1856 o Pe. Francisco Pina erigiu em acto de gratidão um

altar em honra de N.ª Sr.ª da Conceição, que se encontra na parede

lateral esquerda.

Em 1866, em cumprimento de uma portaria régia, foram-lhe

arrolados os seguintes bens:

• 2 casas de forno em muito mau estado, avaliadas em 24 mil

reis;

• 1 rossio, chamado da Senhora, no sitio da Pé Redonda,

que andava arrendado por 8 alqueires de centeio, avaliado

em 48 mil reis;

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• 1 belga, ao Vale das Peras, que estava arrendada por 7

alqueires de centeio ou milho, e foi avaliada em 33 600

reis;

• 21 oliveiras, a maioria insignificantes, que foram avaliadas

em 20 mil reis:

� 4 no adro da Igreja;

� 3 nos Castinçais;

� 1 no chão de Manuel Maia, de Esmolfe;

� 1 no chão de Maria Bernarda;

� 1 no caminho do Calvário;

� 1 na tapada de António Homem, de Linhares;

� 1 no Lameiro das Figueiras, da orfã de António de

Albuquerque;

� 1 no Lagedo em terras de José Maria de Pina;

� 1 no caminho que vai para o fundo do povo, onde

chamam João Gomes;

� 3 onde chamam ao Altoeiro, terras de herança de [...]

de Carvalho;

� 1 onde chamam ao Altoeiro, terras de José Ventura;

� 2 na Quinta das Casas, herança de António de

Carvalho

Com a implementação do regime republicano em 1910 foi

publicada a Lei de Separação do Estado e Igreja, que estipulava o

arrolamento dos bens das paróquias. Os bens da nossa igreja paroquial

foram inventariados a 31 de Julho de 1912.

À data existiam as imagens de N.ª Sr.ª da Conceição, S. Paulo,

Santa Ana, Menino Jesus e S. Sebastião, bem como dois cálices de prata

e respectivas patenas, e um cálice de prata que servia de custódia.

A N.ª Sr.ª da Conceição possuía um manto azul de seda, um

colar de ouro e uma coroa de prata.

O S. Sebastião, ainda deveria estar no altar lateral, pois não é

referida a imagem do Sagrado Coração de Jesus, e tinha um nicho

móvel, assim como um resplendor de prata.

À N.ª Sr.ª do Rosário pertencia uma medalha de abrir, um fio

de contas e um par de arrecadas tudo em ouro, que lhe deveriam ter

sido ofertados por devotos.

Nas laterais do Sacrário estavam duas pequenas imagens, uma

de S. Paulo e outra de S. Pedro.

Na sequência da Concordata entre a Santa Sé e o Estado

Português de 1940, foi requerido o arrolamento dos bens do Benefício

Paroquial. Foram assim arrolados a igreja paroquial com o seu torreão,

sino e adro, a confrontar do Nascente com Maria Henriques, Norte

estrada, Sul José Maria do Amaral Pereira e poente António Peralta

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Simões; e dezoito oliveiras situadas em diversos lugares de Real

conhecidas por oliveiras do Santíssimo. Estes bens foram entregues

pelo Estado à Fábrica da Igreja em 11 de Fevereiro de 1944.

Em 1991 foram restaurados os altares e os caixotões do altar-

mor pela firma Domingos C. de Carvalho, pelo valor de dois mil

contos. Nesta data foram retiradas as imagens que estavam nas laterais

do altar-mor em frente das pinturas e colocadas em peanhas

compradas para o efeito.

A fachada principal está voltada a Oeste, com embasamento

saliente, rematada em empena contracurvada e recortada, pontuada

por fragmentos de cornija, tendo cruz latina trifoliada no vértice, sobre

plinto galbado. É rasgada por portal em arco abatido, com fecho

saliente, encimado por janelão em arco abatido, com moldura de

cantaria saliente e com vitral decorado por símbolos eucarísticos

(cálice e hóstia).

No lado direito, a torre sineira de dois registos definidos por

cornija, o inferior cego e o superior com quatro sineiras de volta

perfeita, uma em cada face, surgindo sino apenas na face Oeste. A face

Sul possui pequena janela rectilínea no registo inferior e a Este porta

de verga recta, com acesso por escalinata de cantaria, com guarda-

corpo metálico.

Fig. 14: Igreja Paroquial

Fachada lateral esquerda virada a Norte, cega, sendo marcada

pelo corpo da sacristia, rasgado por porta de verga recta e moldura de

cantaria saliente, protegido por porta de uma folha de madeira

almofadada, situada na face Oeste.

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Fachada lateral direita virada a Sul, com porta travessa de verga

recta, encimada por óculo circular, com rosácea, uma janela rectilínea,

protegida por grades, surgindo uma segunda no corpo da capela-mor,

em capialço.

Fachada posterior em empena cega, tendo, no corpo da

sacristia, uma janela rectilínea gradeada.

Interior com paredes rebocadas e pintadas de branco, com

pavimento em madeira e corredor central em granito, excepto no sub-

coro, em cimento. O portal axial está protegido por guarda-vento de

madeira e vidro. Coro-alto com guarda de madeira.

No lado do Evangelho, púlpito quadrangular, com guarda

vazada de madeira e nicho de grandes dimensões, com porta em vidro

e moldura em madeira, constituindo uma capela dedicada a Nossa

Senhora da Conceição, onde surge uma placa com a seguinte inscrição:

"P. FRANCISCUS N / APINAINSIGNUM / GRATIO HOC SUIS /

EREXIT EXPENSIS = A = 18L6" (Padre Francisco N. A. Pina em acção

de graças erigiu isto a expensas suas. Ano de 1856).

No lado da Epístola, arrecadação na base da torre e, junto a

esta, a antiga pia baptismal.

Fig. 15: Altar de N.ª Sr.ª da Conceição

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Arco cruzeiro de volta perfeita, em cantaria, flanqueado por

retábulos colaterais em talha dourada, dedicados ao Sagrado Coração

de Jesus e a Nossa Senhora de Fátima.

Capela-mor com paredes rebocadas e pintadas de branco,

percorridas por silhares de azulejo de padrão monocromo, azul sobre

fundo branco, formando silhar, com pavimento em lajeado de granito e

cobertura em falsa abóbada de berço de madeira, formando caixotões,

pintados com imagens de santos, identificados por legendas.

Retábulo-mor de talha dourada e pintada de verde e vermelho,

de planta recta e três eixos definidos por quatro colunas coríntias,

surgindo elementos fitomórficos nas estrias e tendo o terço inferior

decorado por acantos, assentes em bases paralelepipédicas, duas de

cada lado, e encimadas por friso de acantos e cornija, flanquedo por

apainelados de volumosos acantos, que se prolongam em três

arquivoltas, a interna torsa, e ornada por elementos vegetais,

constituindo o remate. Ao centro, tribuna em arco de volta perfeita,

com a boca rendilhada, interior com cobertura em caixotões de

madeira pintada de azul e o fundo pintado com elementos

fitomórficos; possui trono expositivo de dois degraus, na base do qual

se situa o sacrário, parcialmente embutido, com colunas torsas nos

ângulos, que enquadram pequenos nichos nas ilhargas, sendo a porta

ornada por um Cristo Redentor, rematada por frontão triangular. Os

eixos laterais possuem apainelados rectangulares, pintados com São

Pedro no lado do Evangelho e Santo António no oposto.

Fig. 16: Retábulo do altar-mor

Igreja muito alterada ao longo do tempo, de provável fundação

maneirista, de que restarão a janela da capela-mor e a porta travessa,

tendo sido a fachada principal modificada no final da centúria de

setecentos, com a introdução de empena recortada e interrompida

por fragmentos de cornija, e dos vãos em arco abatido. A torre pode

ser antiga, mas as sineiras datam, certamente do séc. XIX. A fachada

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principal é falanqueada por cunhais apilastrados, encimados por

pináculos piramidais. Sobre a porta travessa, foi rasgado um óculo

circular, com rosácea metálica, certamente do séc. XIX. No interior,

destaca-se a cobertura em caixotões, com temática hagiográfica e o

retábulo-mor, de estrutura do barroco nacional, mas com elementos

típicos do joanino, revelando-se um exemplar de transição, visível nas

colunas, nas bases das mesmas e no volume dos acantos.

A rodear o arco cruzeiro encontramos os dois altares

colaterais, cujos retábulos são de talha dourada com elementos

vegetalistas e aves de fénix. No do lado direito está a imagem de N.ª

Sr.ª de Fátima e no do lado esquerdo a imagem do Sagrado Coração

de Jesus. A imagem de N.ª Sr.ª de Fátima foi oferecida por D. Clotilde

da Fonseca, tendo se efectuado a entronização da imagem a 5 de

Agosto de 1928, proferindo uma alocução João Maria Domingos, aluno

de teologia.

Do lado direito da capela-mor encontra-se a Sacristia, à qual

também se tem acesso pelo exterior.

A festa anual do padroeiro é celebrada a 25 de Janeiro, dia em

que a Igreja Católica celebra a Conversão de S. Paulo.

Nesta igreja encontra-se erecta a Irmandade das Almas que já

em 1758 é referida pelo pároco.

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Capela da Ribeira

Desconhecemos a data de fundação de uma capela na Ribeira,

a referência mais antiga é de 1758, data da Memória Paroquial já

referida. Nesta data a invocação da capela era de N.ª Sr.ª da Ouvida e a

responsabilidade pelo culto e conservação pertencia aos moradores.

Não sabemos quando passou a ser designada por capela de St.ª Luzia,

mas pelo menos há mais de 70 anos.

A 16 de Janeiro de 1946, quando foi arrolada no seguimento

da Concordata já referida, foi designada de Capela de St.ª Luzia. Nesta

data foram arrolados os seguintes pertences:

• A capela com seu sino e adro onde estavam três oliveiras;

• Paramento completo branco e vermelho;

• Cálice de metal dourado;

• Campainha em cobre;

• Duas oliveiras no baldio da Lameira;

• Uma oliveira no caminho da fonte27

Todos estes bens foram devolvidos à Fábrica da Igreja em 11

de Fevereiro de 1944.

Fig. 17: Fachada da antiga capela

A antiga Capela era de planta longitudinal simples, de massa

horizontal e cobertura em telhado de duas águas. Fachadas rebocadas

e pintadas de branco, percorridas por faixa pintada de cinza, rematadas

em beirada.

Fachada principal voltada a Oeste, em empena com cruz latina

no vértice, surgindo, sobre o cunhal direito, sineira de cantaria, em 27 Hoje R. do Penedrão, junto da antiga “fonte de cima”.

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arco de volta perfeita e rematada por cruz. Era rasgada por portal de

verga recta, com moldura simples de cantaria, flanqueada por dois

postigos, com grades internas em ferro.

Fachada lateral esquerda virada a Norte, cega, sendo a oposta

rasgada por porta travessa de verga recta e moldura simples, e por

janela rectilínea a iluminar a zona do altar-mor. Fachada posterior em

empena com cruz no vértice, cega.

Interior com paredes rebocadas e pintadas de branco, com

pavimentos em cimento e cobertura interior em falsa abóbada de

berço de madeira.

Na parede testeira, retábulo-mor de talha pintada de bege,

branco e dourado, de planta recta e um eixo definido por duas colunas

jónicas, assentes em plintos paralelepipédicos, com as faces pintadas,

ostentando elementos geométricos, que suportavam fragmentos de

friso e cornija, encimados por urnas floridas. Ao centro, nicho de perfil

contracurvado, com o fundo pintado de azul e contendo mísula,

flanqueado por dois painéis pintados, na base dos quais surgem mísulas

onde estavam as imagens, protegidas por baldaquinos; a predela está

pintada por dois santos em meio-corpo. Remate em espaldar curvo,

com albarrada pintada e altar paralelepipédico, pintado de bege, com

moldura dourada.

Fig. 18: Retábulo da antiga capela da Ribeira

No interior existia um ex-voto de Nossa Senhora da Ouvida,

primitivo orago da Capela, em forma de quadro que se encontrava

pendurado numa das paredes. Este quadro narrava a graça recebida

por um devoto. No retábulo existia, igualmente, uma imagem de um

Menino Jesus.

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No local da antiga capela foi erigido um pequeno monumento

com uma maquineta onde foi colocada a antiga imagem de Santa Luzia.

No final do séc. XX, a 6 de Fevereiro de 1999, devido à

exiguidade e ao estado de degradação do edifício, decidiu-se a

construção de uma nova capela no cimo da aldeia. Faziam parte da

Comissão da Capela os Sr.s José Carlos Almeida, Inácio Saraiva

Bernardo e Augusto Almeida. Foi benzida a 22 de Agosto de 2001, por

D. António Monteiro, bispo de Viseu, sendo pároco o Pe. Delfim Dias

Cardoso, e fazendo parte da Comissão da Capela os Sr.s Joaquim

Domingos Salvador, António Silva Ferreira, João Fonseca e Rui

Salvador.

Na nova capela foi incorporada, apenas, a antiga cruz de

granito do remate da fachada e a imagem de N.ª Sr.ª dos Remédios.

Em 2008 foi adquirido um relógio, colocado na fachada, com

mecanismo mecânico ligado a altifalantes.

No interior simples encontram-se em peanhas as imagens de

N.ª Sr.ª de Fátima, S. José, N.ª Sr.ª dos Remédios e de St.ª Luzia. Não

tem retábulo, possuindo apenas um moderno sacrário raiado.

A sacristia encontra-se no tardoz da capela.

Celebra-se festa anual em honra de N.ª Srª dos Remédios no

1º Domingo de Agosto e em honra de St.ª Luzia, a 13 de Dezembro.

Fig. 19: Nova Capela da Ribeira

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Capela de S. Marcos ou de N.ª Sr.ª de Monteserrate

Fig. 20: Fachada da Capela de S. Marcos

Esta capela foi construída em 1881 por José Oliveira,

continuando na posse da família que anualmente promove a festa no

dia de S. Marcos.

Fachada principal em empena, constituída por silhares de

menores dimensões e mais irregulares, com friso truncado no vértice

para receber cruz latina com hastes florenciadas, assentes em plinto

parcialmente curvo; é rasgada por portal de verga recta e moldura

saliente, em cantaria, protegido por porta de madeira de duas folhas

almofadadas, estando encimado por lápide irregular com inscrição:

"CAPELA DE JOZE R.O. 1881". O portal é flanqueado por dois

pequenos postigos rectilíneos, com grade ao centro.

As fachadas laterais são semelhantes com pequena fresta

gradeada e com vidro simples, a iluminarem a zona do altar-mor.

Fachada posterior cega, rematada em empena com friso pintado de

branco. Interior com paredes em alvenaria de granito aparente, com as

juntas preenchidas a cimento, com tecto de madeira em masseira,

formando apainelados simples, com florões dourados nos ângulos, com

pavimento em calçada irregular, formando elementos geométricos.

Na parede testeira, o retábulo-mor, assente em sotobanco de

alvenaria de granito, ladeado por dois armários de apoio, também

sobre base de alvenaria; é de talha pintada de branco e marmoreados

fingidos, de planta recta e um eixo, definido por duas colunas de fuste

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liso e capitéis coríntios, rematadas por urnas floridas. Ao centro, nicho

de perfil contracurvado, com o fundo pintado de azul e moldura

dourada, contendo mísula; está flanqueado por duas mísulas de

madeira, encimadas por baldaquinos. A estrutura remata em cornija e

espaldar de perfil curvo, ornado por enrolamentos de acantos, uma

coroa e com um resplendor no topo.

No nicho central encontra-se a imagem de N.ª Sr.ª de

Montesserrate e nas mísulas laterais uma imagem de S. Pedro e outra

de S. Marcos. Estas duas últimas imagens são de fabrico popular

apresentando formas desproporcionadas, principalmente nas enormes

mãos. Curiosamente a imagem de S. Marcos tem vestes clericais e

como atributo o Touro, que é atributo de outro evangelista, S. Lucas,

e não o leão, próprio deste santo.

Fig. 21: Retábulo da Capela de S. Marcos

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Quinta da Aveleira

O mais antigo possuidor da Casa que conhecemos é Micaela

de Melo Coutinho, que casou com José Pinto de Almeida, sem ter tido

descendentes. Foi seu herdeiro o sobrinho-neto de seu marido José

Carlos da Silva Pinto.

José Carlos casou com Luísa de França e fixou residência em

Real. Sucedeu-lhe o filho primogénito Miguel António da Silva Pinto.

Miguel António da Silva Pinto nasceu a 22 de Abril de 1761 e

foi sua herdeira a sobrinha Ana Augusta da Cunha Brandão Castelo

Branco.

Ana Augusta foi baptizada em Real a 3 de Maio de 1786. Filha

de Maria Rita Joaquina da Silva Pinto Balsemão ou Maria Joaquina da

França e Vasconcelos, nascida em Real a 8 de Março de 1763, e aqui

casou, a 29 de Janeiro de 1784, com Manuel Ricardo Lopes de

Carvalho da Cunha Brandão Castelo-Branco, natural de Lourosa,

Oliveira do Hospital.

Ana Augusta foi baptizada a 3 de Maio de 1786 em Real e

casou com Pedro António de Castilho de Falcão de Mendonça, de

Almendra, Vila Nova de Foz Côa. Pedro António foi Fidalgo da Casa

Real, bacharel em Matemática, cadete do regimento de Cavalaria 11.

Senhor dos vínculos dos Castilhos na Vermiosa, dos Távoras, ou Casa

de Mata Lobos em Almendra. Deste casamento nasceu António

Castilho de Falcão e Mendonça que sucederia a sua mãe na Casa de

Real.

António Castilho nasceu em Mangualde a 22 de Novembro de

1819, foi fidalgo da Casa Real, Senhor do Morgado dos Castilhos, em

Vermiosa, e dos Távoras, em Almendra, onde foi, também, Senhor da

Casa do Paço. Exerceu vários cargos políticos, sendo Presidente da

Câmara de Penalva do Castelo em 1863, Procurador à Junta Geral do

Reino em 1866 e deputado em 1868 e 1870. Casou com Maria do

Patrocínio Coelho de Mendonça28 a 10 de Janeiro de 1874, de quem

tinha tido Márcia Augusta de Castilho, que assim legitimou29 e lhe

sucedeu à sua morte. Foi o primeiro titular do Viscondado de

Almendra, com o qual foi agraciado por mercê de D. Luís dada por

28 Nasceu em Real a 29-11-1842, filha de Francisco Coelho Pereira do Amaral e de Helena Maria Ribeiro da Assunção. 29 Já antes tinha sido perfilhada por alvará régio.

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carta de 9 de Dezembro de 187030. O título não foi renovado na sua

filha.

Márcia Augusta nasceu em Real a 29 de Novembro de 1842 e

casou em Lisboa a 30 de Setembro de 1871 com António Acácio

Caldeira e Pina, Senhor da Casa Real e médico, tendo fixado residência

em Arganil. Segundo consta, Márcia Augusta adoeceu gravemente e foi

prometida ao primeiro médico que a curasse, que foi António Acácio.

Para Arganil foi com ela Ana Augusta de Albuquerque e Castro, sua

amiga e de quem o pai de Márcia foi tutor durante a menoridade.

Tinha diversas propriedades em Real e nas redondezas e casou em

Arganil. Do casamento de Márcia com António Acácio nasceu, em

Almendra a 16 de Dezembro de 1879 ou 16 de Fevereiro de 1877,

Ana Augusta de Castilho Falcão e Mendonça, que viveu na Casa de

Real.

Ana Augusta casou a 22 de Abril de 1895 com Júlio Girão de

Faria de Morais Sarmento, natural de Rio de Moinhos, Sátão. Júlio Faria

foi Bacharel em Direito, deputado, governador civil de Coimbra e

Ministro da Justiça. Arreigado monárquico, integrou a Junta

Governativa do Porto, em 1919, durante a Restauração da Monarquia

do Norte, tendo sido preso pelas forças republicanas, condenado mas

gozou da amnistia de 1921. Foi 3º titular do Viscondado do Banho por

30 IANT/TT, Registo Geral de Mercês, D. Luís I, liv.23, fl.209v

Decreto de 7 de Maio de 1896. Deste casamento nasceu José Júlio

Castilho de Morais Sarmento, que sucedeu no título de Visconde de

Banho e na Casa de Rio de Moinhos; e João Castilho de Morais

Sarmento, o único da vasta descendência nascido em Real e que

sucedeu na Casa de Real.

João Castilho foi presidente da Câmara Municipal de Penalva

do Castelo, tendo casado com Maria Teresa Niel de Almeida Morais

Sarmento.

Fig. 22: Entrada da Quinta da Aveleira

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A casa, provavelmente do séc. XVIII, apresenta uma planta em

L, composta por dois corpos rectangulares, formando entre os dois

corpos um pátio interno, protegido por alto muro, rasgado por portal

de aparato, de decoração tardo-barroca.

Evolui em dois pisos e é muito simples, rasgado, na fachada

principal por vãos em arco abatido e emoldurados a cantaria, sendo,

nas demais, rectilíneos.

Encontra-se muito adulterada por amputações na fachada

lateral esquerda, que levaram ao desaparecimento dos anexos

agrícolas.

Do conjunto, distingue-se a fachada principal, marcada por

portão de aparato, de acesso ao pátio, em arco abatido e moldura

recortada, com várias volutas e concheados; o pano de muro que o

ladeia está rematado por moldura de perfil ondulado, interrompida por

volutas.

O corpo virado ao exterior, apresenta janelas em arco abatido

e molduras salientes, rematadas, inferiormente, sobre avental. Sobre o

corpo principal, surge ampla chaminé, feita, provavelmente, no início

do séc. 20, ostentando uma pedra de armas.

As armas são as dos Castilho e dos Sarmento. As armas dos

Castilho são um castelo rematado por uma flor-de-lis e ladeado por

dois galgos coleirados levantados, afrontados e presos por cadeias às

ameias do castelo. As armas dos Sarmento são treze besantes de ouro,

postos 3,3,3,3 e 1. O timbre do brasão é uma águia em chefe com um

bastão suspenso sobre o escudo.

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Alminhas e Nichos

As Alminhas! O que são? Podemos dizer que as Alminhas são a materialização plástica de uma das mais singulares, fortes e duradouras manifestações da

piedade cristã de raiz popular; a devoção às Almas do Purgatório. (Correia, 2002, p. 5)

Este culto popular tem as suas raízes na crença cristã da

existência do Purgatório. Com a definição do dogma da existência do

Purgatório no Concílio de Trento em 1563, esta devoção ganhou ainda

mais força junto do povo cristão.

A manifestação desta devoção materializou-se de diversas

formas, quer através da criação de Irmandades das Almas erectas em

Igrejas e Capelas, quer através da erecção de pequenos monumentos

como as Alminhas, quer, ainda, através da Encomendação ou

Amamentação das Almas na Quaresma, entre outras manifestações.

As Alminhas assumem diversas formas, tanto podem ser

simples blocos graníticos com uma cruz esculpida, ou um pouco mais

trabalhadas com um nicho e uma inscrição em azulejo ou com uma

caixinha de esmolas.

Cruzes no caminho Ribeira-Cemitério

Fig. 23: Cruz do antigo caminho da Ribeira para o cemitério

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Entre a Ribeira e o cemitério em Real existiam ao longo do

caminho várias cruzes onde os cortejos fúnebres paravam para se

rezar as orações. Ainda hoje se conserva duas dessas cruzes: Uma

junto ao entroncamento da estrada dos Abogões em cima de um

muro, e outra na estrada municipal, ao Carvalhal.

Fig. 24: Cruz esculpida numa estela. Ao lado uma cruz colocada na

déc. 90 do séc. XX pela Irmandade das Almas

Na década de 90 do século XX a Irmandade das Almas de Real

decidiu reconstituir o caminho dos mortórios colocando cruzes à

beira da actual estrada municipal 615 entre a Ribeira e o cemitério da

freguesia.

Alminhas ao “João Gomes”, R. Cónego Jaime

As únicas alminhas que existem dentro de uma

povoação, localizam-se ao “João Gomes”, junto da actual

sede da Junta de Freguesia.

É uma estela de remate semi-circular na parte

superior. Numa das faces tem esculpidos em baixo relevo

os contornos de uma cruz trifoliada.

Fig. 25: Alminhas ao “João Gomes”

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Alminhas ao Maninho

Num entroncamento junto ao Maninho, no

caminho que sai do cemitério para a Fontedeira

existem outras alminhas.

Estas alminhas são mais trabalhadas

apresentando uma cruz trilobada sobre um nicho,

ambos em alto relevo. Por baixo uma cartela que

talvez teria a inscrição P.N. A.M. (Pater Nostro et

Ave Maria) ou uma data.

Fig. 26: Alminhas ao Maninho

Nicho do Santo António

Na rua com o mesmo nome, encrustado numa parede está um

nicho com um dos santos mais populares de Portugal, o Santo

António. O nicho tem a forma de uma concha, muito semelhante a

outro existente em Quintela de Zurara dedicado ao mesmo santo. Na

mesma parede, ao lado, encontra-se uma lápide com a data “1726”,

que poderá estar relacionada com o nicho.

Fig. 27: Nicho de Santo António

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Cruzeiros

Os cruzeiros são elementos que atestam a crença na religião

cristã, símbolo das gentes e da maioria dos povos ocidentais, são

testemunho da fé dos portugueses.

Localizados em algumas praças, caminhos, no meio da

povoação, nos cruzamentos de caminhos, ou nos planaltos, apresentam

as mais variadas formas em distintos materiais regionais e com

diferentes tipos.

Na nossa freguesia existem dois cruzeiros, um em cada

povoação, e um terceiro, mais recente, no alto da serra, todos eles em

granito.

Cruzeiro de Real

Fig. 28: Cruzeiro de Real

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Localizado no centro da aldeia está assente em plataforma

quadrangular de dois degraus escalonados, o superior com focinho

saliente, onde assenta soco paralelepipédico, tendo na face principal,

virada a Este, uma data inscrita "D. 1766".

Sobre este, surge um plinto galbado, ornado nas faces Este e

Oeste, com uma vieira limitada por duas meias canas que formam duas

volutas na parte superior, rematado por tabuleiro saliente, onde surge

a coluna de fuste estriado, encimado por anel e capitel sub-esférico,

decorado por quatro vieiras inseridas em volutas; sobre este, surge

uma cruz latina monolítica, de hastes cilíndricas e remates fuselados.

Cruzeiro da Ribeira

Assente em plataforma quadrangular, onde surge um dado de

faces lisas, encimado por plinto galbado, onde assenta uma cruz latina.

O dado apresenta na face Norte um recorte onde estaria uma figura,

talvez, alusiva às almas do purgatório.

Recentemente, no âmbito das obras do Parque da Lameira, foi

delimitado por um círculo de pedras de média dimensão.

Fig. 29: Cruzeiro da Ribeira

Localizado fora da aldeia, na Lameira junto ao caminho que

seguia antigamente para Real.

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Cruzeiro do Alto da Serra

Apesar de este cruzeiro estar localizado na freguesia de

Castelo de Penalva, segundo a actual versão da Carta Administrativa

Oficial de Portugal, ele tem um significado especial para a freguesia de

Real. Assim, decidimos incluí-lo neste trabalho.

Está assente num afloramento granítico, consolidado com

cimento, onde assenta uma cruz latina, formada por três elementos de

cantaria, que criam as hastes da cruz, sem qualquer decoração.

A história deste cruzeiro é-nos narrada pela correspondente

de Real no jornal "O Penalvense" no n.º 109, Abr./Mai. de 1991:

Todos vêem no alto da serra um cruzeiro mas talvez poucos saibam

a sua história. Foi talvez há perto de 50 anos que lá foi colocado e custou a

módica quantia de 400$00.

José Violante, natural do Real onde viveu muitos anos sofria de

doença crónica das vias urinárias, pelo que tinha de andar sempre algaliado.

Como era caçador andava sempre por essas serras fora, um dia, esqueceu-

se da algália e teve uma crise com dores muito fortes e sentiu-se tão mal

que aflito e sem se pode arrastar, pediu a Deus que o aliviasse e o ajudasse

a voltar para casa, em sinal de agradecimento ali naquele mesmo sítio

colocaria um cruzeiro, e cumpriu a promessa. E lá está um sítio de onde se

avista uma paisagem deslumbrante.

Fig. 30: Cruzeiro do Alto da Serra

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Ordenação Heráldica

Brasão: escudo de verde, coroa real fechada de ouro, forrada de

vermelho, entre dois pinheiros de ouro, arrancados do mesmo e

frutados de prata; campanha ondada de prata e azul. Coroa mural de

prata de três torres. Listel branco, com a legenda a negro: «REAL

PENALVA do CASTELO».

Bandeira: amarela. Cordão e borlas de ouro e verde. Haste e lança

de ouro.

Selo: nos termos da lei, com a legenda: «Junta de Freguesia de Real

Penalva do Castelo».

Publicada no Diário da República, 3ª Série, N.º 223 de 26 de Setembro

de 2000.

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Fontes Documentais

TT – Torre do Tombo

Inquisição de Coimbra

Processo 1625, António de Matos

Processo 6412, Maria da Costa e Branca da Costa

Processo 7135, João de Figueiredo

Dicionário Geográfico

vol. 31, n.º 22, fls. 105-112

Registo Geral de Mercês, D.Luís I,

liv.23, fl.209v

Arquivo Histórico do Ministério das Finanças

Livros de Desamortização e Foros, Liv. 553

ADV – Arquivo Distrital de Viseu

Cabido: Documentos Avulsos

Cx. 6, n.º 2,

Governo Civil de Viseu: Associações31

Cx. 0034, n.º 32, Cx. 0300, n.º 14, Cx. 0321, n.º 28, Cx. 0459,

n.º 13, Cx. 0526, n.º 09, Cx. 0583, n.º 19, Cx. 0608, n.º 17,

Cx. 0685, n.º 16, Cx. 0775, n.º 12, Cx. 0796, n.º 08, Cx. 0826,

n.º 11, Cx. 0841, n.º 11, Cx. 0922, n.º 04, Cx. 2228, n.º 05

Cx. 2236, n.º 01, Cx. 2257, n.º 22 e 23, Cx. 2258, n.º 01

Cx. 2294, n.º 07, Cx. 2306, n.º 06

Governo Civil de Viseu: Coordenação da População

Cx. 0231, n.º 24, Cx. 2801, n.º 52

ACMF – Arquivo Contemporâneo do Ministério das Finanças

Comissão Jurisdicional dos Bens Cultuais

VIS/PDC/ARROL/009 - Real

AHOP – Arquivo Histórico das Obras Públicas

Comissão de Estatística e Cadastro do Reino, n.º 6.

BMV – Biblioteca Municipal de Viseu D. Miguel da Silva

Livro dos Tresllados da Sé de Viseu, escrito por Jerónimo Costa e Manoel

Henriques, 1703. Livro I, Documento 287, Folio 741v.º. Copia do Séc.

XVIII

31 Documentos com informações sobre a Junta de Paróquia e a Irmandade das Almas.

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1256 – Inquirição ordenada por D. Afonso III. Respostas dadas

sobre a actual freguesia de Real.

Texto original Versão livre para português

Item, dixit quod Maria Salvatoris, de

Ribeira, recepit in filium Suierium

Amarelo; et modo ipse Suierius

Amarelo habet, ex parte de ipsa

Maria Salvatoris et de conpara, in

Ribeira, unam hereditatem forariam

Regis, de fogaria que fuit de Petro

Pincoo; et modo filii de Suierio

Amarelo et monasterium de Mazeira

de testamento habent ipsam fogariam

et nullum forum faciunt Regi.

D. Johannis, de Crasto Furado, dixit

similiter.

Interrogatus de tempore, dixit:

tempore Regis Sancii, fratris istius

Regis.

Martinus Vincencii, de Rial, dixit

similiter. Johannes Petri, de Matade

de Taavares, dixit similier. Donnus

O mesmo, disse que Maria Salvatoris,

de Ribeira, recebeu como seu filho

Suierius Amarelo; e deste modo

Suierius Amarelo tem, por parte

desta Maria Salvatoris e por compra,

na Ribeira, uma herdade foreira ao

Rei, da fogueira que foi de Petrus

Pincoo; e assim os filhos de Suierius

Amarelo e o Mosteiro de Santa Maria

de Maceira Dão, por testamento, têm

esta fogueira e nenhum foro fazem ao

Rei.

D. Johannis, de Castro Furado, disse

o mesmo.

Interrogado sobre o tempo, disse: no

tempo do Rei Sancho, irmão deste

Rei.

Martinus Vincencii, de Real, disse o

mesmo. Johannes Petri, de Matados,

Sabastianus dixit similiter. D. Pelagii,

de Quinteela de Zurara, dixit

similiter. F. Pelagii, de Ribeira,

juratus, dixit similiter.

Item, dixit quod Martinus Gunsalvi,

de Rial, miles, conparavit

hereditatem forariam Regis, in Rial,

de fogaria que fuit de Gentiilia.

Interrogatus de tempore, dixit:

tempore Regis Sancii, fratris istius

Regis.

Martinus Vincencii, de Rial, juratus,

dixit similiter; et addit quod fuit ista

hereditas filiata pro ad Regem per

suum portarium, et Stephanus Petri,

de Taavares, qui tenebat terram a

Rege Sancio, filiavit ipsam

hereditatem et levavit de ea

rationem de pane. Donnus

Stephanus, de Rial, dixit similiter. D.

Andre, de Rial, dixit similiter, sed

nescit de tempore, et addit quod fuit

filiata multociens pro foraria Regis.

D. Johannis, de Crasto Furado, dixit

disse o mesmo. Donnus Sabastianus

disse o mesmo. D. Pelagii, de

Quintela de Azurara, disse o mesmo.

F. Pelagii, de Ribeira, jurado, disse o

mesmo.

O mesmo, disse que Martinus

Gunsalvi, de Real, cavaleiro, comprou

uma herdade foreira ao Rei em Real,

da fogueira que foi de Gentiilia.

Interrogado sobre o tempo, disse: no

tempo do Rei Sancho, irmão deste

Rei.

Martinus Vincencii, de Real, jurado

disse o mesmo; e acrescentou que foi

esta herdade tomada para o Rei pelo

seu porteiro, e Stephanus Petri, de

Tavares, que tem a terra pelo Rei

Sancho, tomou esta herdade e recebe

dela razão de pão. Donnus Stephanus,

de Real, disse o mesmo. D. Andre, de

Real, disse o mesmo, mas não sabe o

tempo, e acrescentou que foi tomada

como foreira do Rei. D. Johannis, de

Castro Furado, disse o mesmo.

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similiter.

De Rial. – Item, Donnus Stephanus,

de Rial, juratus, dixit quod Maria

Garsea testavit ecclesie de Penna

Alba unum casale forarium regis in

Rial.

Bertolomeus, de Rial, juratus, dixit

similiter; et addit quod prelatus

ecclesie dedit eam Fernando

Remondi, scutario. D. Andre dxit

similiter.

Johannes Dominici, de Matela de

Susãa, juratus et interrogatus, dixit

quod villa de Matela est una fogaria

foraria Regis.

Interrogatus de testamentis, dixit

quod ecclesia habet testamentos,

sicut superius est scriptum.

Sobre Real. – O mesmo, Donnus

Stephanus, de Real, jurado, disse que

Maria Garsea testou à igreja de

Penalva um casal foreiro ao Rei em

Real.

Bertolomeus, de Real, jurado, disse o

mesmo; e acrescentou que o prelado

da igreja deu-a a Fernandus Remondi,

escudeiro. D. Andre disse o mesmo.

Johanes Dominici, de Matela de Susa,

jurado e interrogado, disse que a vila

de Matela é uma fogueira foreira ao

Rei.

Interrogado sobre os testamentos,

disse que tem testamentos, como

está escrito anteriormente.

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1433, 20 de Agosto, em Casa de Fernando Annes, Viseu – Fernando Annes e

Branca Affonso, sua mulher, doam um casal e seus moinhos, em Real (Penalva do

Castelo), ao Cabido da Sé de Viseu.

BMV - Livro dos Tresllados da Sé de Viseu, escrito por Jerónimo Costa e Manoel

Henriques, 1703. Livro I, Documento 287, Folio 741v.º. Copia do Séc. XVIII

Traslado da doaçam que Fernando Annes e sua molher fizerao ao cabido no

anno de 1433.

Saibam quantos este instroemento de pura doacao virem, como no anno do

nascimento de nosso Senhor Jesus Christo, de mil quatrocentos trinta e tres

annos, vinte dias do mez de Agosto, na cidade de Vizeu, nas cazas de

Fernando Annes do Arco, morador32 na dita cidade, em prezença de mim,

Joam Lourenço, publico taballiam, por nosso senhor el-rey em essa mesma e

seos termos, e das testemunhas que ao diante sam ezcriptas, estando ahi o

dito Fernando Annes e Branca Affonso sua molher, pelas quaes foi dito que

sentindo elles, estando e considerando em como Joam Pirez do outro e Maria

Estevez sua molher moradores que foram na dita cidade já finados, padre e

madre delle, dito Fernando Annes e sogra della dita Branca Affonso, eram

obrigados a Sé da dita cidade em algumas couzas e que porem querendo elles

dezencarregar as almas dos sobreditos e as consciências delles, dito Fernando

Annes e sua molher, que porem eles faziam pura e irrevogável doacam deste

32 Digo Fernando Annes morador

dia para todo sempre antre os vivos, valledoira ao cabido da dita Se, por as

almas das sobreditas de hum cazal e moinhos e suas pertenças que elles

haviam no Real, terra de Pennalva, com todas suas entradas e sahidas e

pertenzas novas e antigas, suas entradas e sahidas e pertenzas novas e antigas

que ao dito cazal e moinhos pertencem, e de Direito pertencer devem assim

como elles haviam e milhor sao dito cabido milhor poderem haver. E que

porem queriam e outorgavam que o dito cabido por si, e por quem lhe

aproguesse tomasse e podesse tomar posse do dito cazal e moinhos e fizesse

tudo o que lhe aprouguesse, como de couza sua própria izenta do qual havia

ao dito cabido por verdadeiro senhorio. E que para isto ser mais forte e firme

e eztavel que renunciavam todolos direitos canónicos, civis, leys e

ordenaçoens, foros, façanhas, costumes, gloriaz e oppinioenz de doutores que

por outrem, em juízo nem fora delle. Outrossim diceram que queriam e

outorgavam que posto que alguma ezcriptura parecesse contra esta doacom

para haverem de obitar feitas ante nem dipoiz que nom valerem somente

esta, a qual haviam por firme e hapta para sempre. E em testemunho dizto

mandaram assim dar ezta33 doaçam ao dito cabido, que foi feita e outorgada

dia, mez e era e lugar sobredita.

Testemunhas que a isto forom prezentes Joao Affonso vigario e Rodrigo

Affonso conigos da dita Se e Affonso Pires, porteiro do cabido, moradores na

dita cidade e outros. E eu Joao Lourenço taballiam sobredito que a izto tudo

prezente fui e esta doacam por outorgamento dos sobreditos ezcrevi e aqui

33 Repete ezte.

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meu signal fiz que tal he [em lugar do signal publico]. Pagou vinte reis com

outra tanta nota e caminho.

E nam continha o dito instrumento mais do que fiz trasladar do proprio que

fica no Archivo dezta Cathedral pertencente a Meza Capitullar aonde em

tudo e por tudo a elle me reporto com o qual conferi e consertei ezte

treslado e comigo hum official de Justiza abaixo assignado em Vizeu aos

dias do mez de de 1703.

[assinatura Jeronimo Costa].

[assinatura Official de Justiça].

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1433, 19 de Setembro, em Real, Penalva do Castelo – Posse do casal

de Real (Penalva do Castelo) por Rodrigo Annes, cónego da Sé de Viseu

e abade da Igreja de Santiago, de Torre de Moncorvo.

BMV - Livro dos Tresllados da Sé de Viseu, escrito por Jerónimo Costa e Manoel

Henriques, 1703. Livro I, Documento 287, Folio 741v-743v. Copia do Séc.

XVIII

Trazlado do inztrumento de posse das fazendas de que se faz mençam a

doacao retro feita no mez no anno de 1433.

Saibam quantos este instrumento virem, como dezanove dias do mez de

Setembro do anno da era do nascimento de nosso Senhor Jesus Christo, de

mil quatrocentos e trinta e três annos, em Real, julgado de Pennalva, em

prezença de mim Vazco Lourenço, taballiam pelo infante Dom Henrique em a

dita terra e das teztemunhas que a diante som ezcriptas, estando hi Rodrigo

Annes, coonigo na Se de Vizeu e abbade de Santiago da Torre de Mem

Corvo. E logo pelo Rodrigo Annes foi amostrado hum inztrumento ezcripto

em pergaminho que se amostrava ser feito por Joam Lourenço, publico

taballiam por el rey na cidade de Vizeu, em a qual se mostrava ser feito em a

dita cidade nas moradas de Fernando Annes do Arco aos vinte dias do mez de

Agosto, desta sobredita era e liam em elle por teztemunhas Joam Affonso

coonigo e Rodrigo Affonso conigo, Affonso Pirez porteiro da dita Se e cabido,

moradores na dita cidade e outros em o qual inztrumento era contheudo

antre as outras couzas que Fernando Annes e Branca Affonso, sua molher,

moradores na dita cidade, faziam para doacam dezte dia para tudo sempre

antre os vivos valedoira ao cabido de Vizeu e Se da ditta cidade de um cazal e

moinhos, com todas as suas pertenças que elles haviam em Real, terra de

Pennalva, com todas suas entradas e sahidas e pertenças novas e antigas, que

ao dito cazal pertencem de direito e pertencer devem assim como o elles

haviao e milhor, se o dito cabido milhor podesse haver. E que porem queriam

e outorgavam que o dito cabido, por si e por quem a elle prouguesse,

tomasse e podesse tomar posse do dito cazal e moinhos e fizessem de tudo o

que como de sua couza própria e izenta do qual havia ao dito cabido por

verdadeiro senhorio e possuidor segundo que tudo izto e outras couzas

milhor e mais cumpridamente no dito inztrumento, a mim mostrado como

dito he. Logo o dito Rodrigo Annes por poder do dito inztrumento tomou

posse do dito cazal e um pardieiro que o dito cazal havia, no dito logo do

Real34 por pedra e terra e por vinhas do dito cazal e vides e por telha e que

por estas couzas tomava posse de todalas herdades e moinhos e arvores e

vinhas que o dito cazal havia e que negaria35 a Gonçalo Annes cazeiro do dito

cazal que elle houvesse o dito cabido por verdadeiro senhorio e que nom

respondesse nem acudisse a nenhuma outra pessoa com os frutos e foros e

rendas do dito cazal, salvo ao dito cabido ou a seo certo recado. E que de

tudo izto sobredito que pedia a mim hum inztrumento de posse que foi feito

no dito logo, dia, mez, era sobredita.

34 por pedra e telha digo 35 Será legaria?

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Teztemunhas que a isto prezentes forom: Rodrigo Annes do Real e

Gonçalo Annes do dito logo, Joam Vazques do Real, Affonso Pirez, porteiro

do dito cabido e outros. E eu, Vazco Lourenço, sobredito taballiam pelo dito

senhor Infante na dita terra, que este inztrumento ezcrevi e meu signal fiz que

tal he [em lugar do signal publico]. Pagou quinze reais com o registo.

E nam continha o dito instrumento mais do que fiz trasladar do proprio

que fica no Archivo dezta Cathedral pertencente a Meza Capitullar aonde em

tudo e por tudo a elle me reporto com o qual conferi e consertei ezte

treslado e comigo hum official de Justiza abaixo assignado em Vizeu aos

dias do mez de de 1703.

[assinatura Jeronimo Costa].

[assinatura Official de Justiça].

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1433, 19 de Setembro, em Real, Penalva do Castelo – Declaração e

demarcação dos bens do casal pertencente ao cabido da Sé de Viseu

situado em Real (Penalva do Castelo), feita por Gonçalo Annes, seu

caseiro, perante Rodrigo Annes, cónego da Sé de Viseu e abade da Igreja

de Santiago da Torre de Moncorvo.

BMV - Livro dos Tresllados da Sé de Viseu, escrito por Jerónimo Costa e Manoel

Henriques, 1703. Livro I, Documento 287, Folio 743v-. Copia do Séc. XVIII

Trazlado do inztrumento de declaraçao das fazendas atrás doadas

feitas pelo cazeiro Gonçalo Annes no mesmo anno.

Saibam quantos este inztrumento virem, como dezanove dias do mez de

Setembro, Era do nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo, de mil

quatrocentos e trinta e tres annos, em Real, do julgado de Pennalva, em

prezença de mim Vazco Lourenço, tabelliam pelo infante Dom Henrique em

a dita terra, e das testemunhas que ao diante som ezcriptas, estando hi

Rodrigo Annes conigo de Vizeu, abbade de Santiago Torre de Mem Corvo.

Logo o dito Rodrigo Annes deo juramento dos Santos Evangelhos a Gonçalo

Annes, morador no dito logo de Real, cazeiro de um cazal que hora da o

cabido da cidade de Viseu, bem e direitamente e sem nenhum mal dicia que

fosse dicesse e declarasse todalas couzas que o dito cazal ha no dito logo de

Real e seo termo, convem a saber cazas e vinhas e herdades para o dito

cabido poder haver seo direito e se as ditas herdades nom poderem alhear

nem lapidar. E o dito Gonçalo Annes por o juramento que feito havia assim

prometeo de dizer e declarar todo o que dello souber e por qualquer guiza

que fosse de todalas couzas que ao dito cazal pertencem. Item primeiramente

dice o dito Gonçalo Annes que estas eram as herdades que elle sabia que o

dito cazal havia no dito logo de Real e seo termo que se ao diante seguem.

Item huma lavoira do cham a de preiros que parte de hum cabo com Pedro

Diz e da outra parte para o rio e da outra com Joam Pirez. Item huma leira

que jaz a de pereiros de fonte para fundo dalem do rio e daquem que parte

de duas partes com Valentim de Almeida e com Maria Annes do cazal. Item

outra leira que jaz a ponte da do baralha e parte com Joam Pirez e da outra

parte com Gonçalo Rodriguez, o loiro. Item outra leira que jaz a carreira que

parte com Gonçalo Gonçalvez dos Abegoens e por caminho publico. Item

outra leira ao fojo que parte com Joam Pirez e da outra parte com herdade

que foi de Pedro Affonso clerigo e com caminho publico. Item uma leira jaz

pedraz do ribeiro que parte com herdade que foi de Martim Affonso e de

outra parte com Vasco Fernandes. Item outra leira a várzea a mouta do

espadanal que parte com Martim Pirez e da outra parte com herdade que foi

de Joam Dominguez e de Lourenço Dominguez. Item huma leira que jaz no

dito logo da várzea que parte com Pedro Diz e com o rio e da outra parte

com herdade que foi do Joam Dominguez e Lourenço Dominguez. Item outra

belga de cham ao valle de Pero Monteiro que parte com herdade com

Gonçalo Martins de Valdigem e da outra parte com Joam da Fonte. Item

outra leira as Pedras de Elvira Dominguez que parte com herdade que foi de

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Pedro Affonso clerigo. Item outra leira ao carvalhal que foi de Luiz Pirez e

parte com o dito Gonçalo Annes e da outra parte com Estevam Gonçalvez e

com Lourenço Martins. Item huma belga de lameira parte com o dito

Gonçalo Annes e com o linhar que foi de Lourenço Dominguez. Item o

lameiro da lagea com a horta que parte com eyrós de Joam Vazques. Item

huma belga de cham aos Linhares do santo que parte de duas partes com

Joam Pirez e da outra parte com Maria Lourenço. Item outra leira a lameira

da roda que parte com eyrós de João Gonçalvez e da outra por caminho

publico. Item outra leira no valle a pedra da sertaa que parte com Joam

Annes da Ribeira de todalas partes. Item outra leira a de Pedro Moiro que

parte com o dito Joam Annes e da outra com o dicto Gonçalo Annes. Item

mais duas belgas de cham ao dito logo de Pero Moiro que parte de duas

partes com o dito Gonçalo Annes. Item outra leira em riba de Pero Moiro

que parte com o dito Joam Annes e com herdade do mosteiro de Villa Nova

e vai ata porta do moinho. Item outra leira ao ribeiro do valle que parte com

Vicente Annes da Fonte e com o dito ribeiro. Item mais duas leiras ao

carvalhal da leira longa que parte com o dito Gonçalo Annes e com herdade

de Pero Diz. Item maiz hum pardieiro que jaz ao dito logo de Real que parte

com Gonçalo Martins de Valdigem e com a rua da dita aldeã. Item uma vinha

velha que jaz no ervedal que parte com Joam Pirez de duas partes e com o

caminho publico e vai inteztar em vinhas de Vasco Fernandes e de Clara

Affonso. Item outra vinha no dito lugar do ervedal que parte com Vazco Leal

e da outra parte com Rodrigo Airez. Item um bacelo ao outeiro que parte

com Gonçalo Martins de Valdigem com o caminho puvico. Item outra belga

no dito logo do ervedal que parte com Martim Pirez e da outra com Gonçalo

Rodriguez. Item mais huns moinhos que o dito cazal há a de Pedro Moiro. A

qual declaraçam e demarcacao assim feita por o dito Gonçalo Annes como

sobredito he, o dito Rodrigo Annes conigo da dita Se em nome do dito

cabido pedio assim dello ezte instrumento que foi feito no dito logo do Real,

dezanove dias do mez de Setembro, da sobre dita era.

Testemunhas que prezentes forom Gonçalo Lourenço do Real, Affonso

Pirez porteiro do dito cabido e Fernando Annes de Valdigem e o dito

Gonçalo Annes. E eu, Vazco Lourenço, sobredito taballiam, por o dito

senhor infante em o dito julgado de Pennalva que este inztrumento ezcrevi e

meu signal aqui fiz que tal he [em lugar de signal publico].

E nam continha o dito instrumento mais do que fiz trasladar do proprio que

fica no Archivo dezta Cathedral pertencente a Meza Capitullar aonde em tudo

e por tudo a elle me reporto com o qual conferi e consertei ezte treslado e

comigo hum official de Justiza abaixo assignado em Vizeu aos dias do mez de

de 1703.

[assinatura Jeronimo Costa]. [assinatura

Official de Justiça].

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1758, Maio - Memória Paroquial de Real36

IAN/TT – Dicionário Geográfico, vol. 31, n.º 22, fls. 105-112.

O que se procura saber dessa terra é o seguinte: venha tudo escrito em letra

legível, e sem breves

Ryspostas pertencentes ao lugar, e freguesia de Sam Paulo de Real

anexa de Sam Pedro da Vila do Castelo de Penalva, segundo a ordem

dos interrogatórios expedidos pela secretaria de estado de Sua

Magestade Fidelissima.

Em que província fica? A que bispado, comarca, termo, e freguesia pertence?

1. Fica este lugar de Real na província da Beyra Alta, e pertence ao

Bisppado e comarca da cidade de Vizeu; tem termo chamado concelho

de Penalva.

2. Se é d’el rei, ou de donatário, e quem o he ao presente?

2. Hé donatário: o qual de prezente hé, e de todo o concelho, o

Marquês de Penalva.

3. Quantos vizinhos tem, o numero das pessoas?

36 A itálico estão as questões enviadas aos párocos. Não consta da resposta do pároco de Real, incluímo-las para melhor compreensão das respostas.

3. Tem este lugar sesenta e seis fogos e cento e sesenta e duas

pessoas.

4. Se está situada em campina, vale, ou monte; e que povoações se

descobrem d’ela, e quanto dista?

4. Está situado este povo nas abas de huma serra chamada de Sam

Domingos, da parte do Sul digo da parte do Norte, os lugares que se

descobrem, da parte do sul, e poente sam Quintela, Cunha alta, e

Freixiosa, que distam meya legoa.

5. Se tem termo seu: que lugares, ou aldeias comprehende: como se

chamão: e quantos vizinhos tem?

5. Tem termo do concelho de Penalva comprehende só o lugar da

Ribeyra, tem vinte e dous vesinhos, e por todos sam: outenta e outo

vezinhos: e dusentos e desaseis pessoas de sacramento, de que se

compõem esta freguesia.

6. Se a paróquia está fora do lugar, ou d’entro d’ele? E quantos lugares, ou

aldeias tem a freguesia; e todas pelos seus nomes?

6. A paróquia está quasi mista ao mesmo lugar de Real e só tem mais o

lugar da Ribeyra.

7. Qual é o seu = orago = quantos altares tem, e de que sanctos: quantas

naves tem: se tem irmandades: quantas, e de que santos?

7. O seu orago hé o Apóstolo Sam Paulo, tem três altares, no mor

está o mesmo Apóstolo, e dois coletrais, em hum dos quais está a

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imagem de Nossa Senhora do Rozário, e em outro a imagem de Sam

Sebastiam: tem huma Irmandade das Almas agregada ao Santíssimo

Sacramento.

8. Se o pároco é cura, vigário, ou reitor, ou prior, ou abade, e de que

apresentação he, e que renda tem?

8. Tem Párocho anual aprezentado pelo Abbade do Castelo de

Penalva. Rende seis mil réis, que dá o mesmo Abbade, e o mais hé o

que os fregueses querem dar.

9. Se tem beneficiados: que renda tem: e quem as apresenta?

9. A este nada.

10. Se tem conventos, e de que religiosos, ou religiosas; e quais são os seus

padroeiros?

10. Nem a este.

11. Se tem hospital: quem administra; e que renda tem?

11. Nem a este.

12. Se tem casa da misericórdia; e qual foi a sua origem, e que renda tem?

E o que houver de notável em qualquer destas coisas?

12. Nem a este.

13. Se tem algumas ermidas, e de que sanctos; e se estão dentro ou fora do

lugar, e a quem pertencem?

13. Tem huma capela de Nossa Senhora da Ouvida, no lugar da

Ribeyra da mesma freguezia, pertencente ao mesmo lugar e

moradores, e nam acode a ela romagem alguma.

14. Se acodem a elas romagem sempre, ou em alguns dias do ano, e quais

são estes?

14. E a esta capela nam acode romagem alguma.

15. Quais são os fructos da terra, que os moradores recolhem em maior

abundância?

15. Produz a terra senteyo, milho, trigo, e sevada, vinho, e azeite, e

castanhas, e frutas, e os frutos que os moradores recolhem, em mayor

abundancia he milho.

16. Se tem juiz ordinário da câmara; ou se está sujeita ao governo das

justiças de outra terra, e qual é esta?

16. Tem doas sessões ordinarias e camera, e ouvidor de Donatario; e

o Corregedor da Comarca de Vizeu, tem neles, e no concelho, a

jurisdiçam, que elas lhes faculta.

17. Se he couto, cabeça de concelho, honra ou behetria?

17. A este nada.

18. Se ha memoria de que florescessem ou dela sahissem alguns homens

insignes por virtude, letras ou armas?

18. Nem a este.

19. Se tem feira, e em que dias, e quantos dura, e se é franca ou captiva?

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19. Nem a este.

20. Se tem correio, e em que dias da semana chega, e parte, e se o não

tem de que correio se serve, e quanto dista a terra aonde ele chega?

20. Nam tem correyo servesse do correyo da cidade da Goarda que

passa por Quintela distancia de hum quarto de legoa para a cidade de

Viseu, e torna para a Goarda.

21. Quanto dista da cidade capital do bispado; e quanto de Lisboa capital do

reino?

21. A cidade de Vizeu, capital do Bisppado dista deste logar de Real

tres legoas, e meya, e da de Lisboa capital do Reyno, dista sincoenta e

huma e meya.

22. Se tem alguns privilegios, antiguidades; ou outras coisas dignas de

memoria?

22. A este nada.

23. Se ha na terra, ou perto d’ela alguma fonte, ou lagoa celebre; e se as

suas aguas tem alguma especial virtude?

23. Nem a este.

24. Se for porto de mar, descreva-se o sítio, que tem por arte, ou por

natureza; as embarcações, que o frequentam, e que pode admitir?

24. Nem a este.

25. Se a terra for murada, diga-se a qualidade de seus muros se for praça

de armas descreva-se a fortificação; se ha n’ela ou no seu districto algum

castelo, ou torre antiga, e em que estado se acha ao presente?

25. Nem a este.

26. Se padeceu ruína no terramoto 1755, e em que: e se esta ja reparada?

26. Nem a este.

27. E tudo mais, que houver digno de memoria, de que não faça menção o

presente Interrogatório.

27. Nem a este.

Serra

2 – O que se procura saber d’essa serra é o seguinte:

1. Como se chama?

1. Tem huma da parte do Norte, que se chama de Sam Domingos, tem

de comprimento huma legoa, e de largura meya: e da parte do Sul

outra serra chamada monte do Fial.

2. Quantas leguas tem de comprimento, e quantas de largura; aonde

principia, e acaba?

2. Este tem de comprimento legoa e meya e de largura meya.

3. Os nomes dos principais braços d’ela?

3. A este nada.

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4. Que rios nascem d’entro do seu sítio; e algumas propriedades mais

notáveis d’eles: as partes para onde correm; e onde fenecem?

4. Nem a este.

5. Que vilas e lugares estão assim na serra, como ao longo d’ela?

5. Ao longo da primeyra; está o lugar de Casal das Donas, este de

Real, e ao longo da segunda chamdo monte do Fial esta o lugar de

Sandias para a parte do nascente, e para a parte do Sul o lugar da

Corvaceira.

6. Se ha no seu districto algumas fontes ou propriedades raras?

6. A este nada.

7. Se ha na serra minas de metaes, ou canteiras de pedras ou de outros

materiais de estimação?

7. Nem a este.

8. De que plantas, ou hervas medicinais he a serra povoada e se cultiva em

algumas partes; e de que genero de fructos he mais abundante?

8. Cultivamsse algumas partes, e os seus frutos da mayor abundancia

he centeyo.

9. Se ha na serra alguns mosteiros, igrejas de romajem, ou imagens

milagrosas?

9. A este nada.

10. A qualidade de seu temperamento?

10. He ordinario.

11. Se ha n’elas creações de gados, ou de outros animais, ou caça?

11 Há nelas creaçoes de gados, que se recolhem aos povos, e caça de

coelhos e perdizes.

12. Se tem alguma lagoa, ou fojos notaveis?

12. A este nada.

13. E tudo o mais, que houver digno de memoria.

13. Nem a este.

Rio

3 – O que se procura saber do rio dessa terra é o seguinte.

1. Como se chama assim o Rio, como o sítio onde nasce?

1. Por esta freguesia passa hum Rio, que nasce pobre aonde he o limite

de Furtado da vila de Algodres deste Bysppado de Viseu, distante duas

legoas.

2. Se nasce logo caudaloso, e se corre todo o ano?

2. Nasce pobre, e nam corre alguns meses.

3. Que outros rios entrão nele, e em que Sítio?

3. A este nada.

4. Se he navegavel, e de que embarcações he capás?

4. Nam he navegavel.

5. Se he de curso arrebatado, ou quieto em toda a sua distancia, ou em

alguma parte d’ela?

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5. He de curso quieto.

6. Se corre de norte a sul; se de poente a nascente: se de sul ao norte, ou se

nascente a poente?

6. Corre do nascente para o pente.

7. Se cria peixes; e de que especie são os que trás em maior abundância?

7. Cria peyxes, ruivacos, e bordalos, em pouca abundancia.

8. Se ha nele pescarias; e em que tempo do ano?

8. Nam há nela outras piscarias: e as dos ditos peyxes, hé só do mês

de Abril até o de Junho.

9. Se as pescarias são livres, ou algum senhor particular em todo o rio, ou

em alguma parte dele?

9. Sam livres.

10. Se se cultivão as suas margens; e se tem muito arvoredo de fructo, ou

silvestre?

10. As suas margens cultivadas dam pam, milho, e algum trigo, mas

pouco fertelisadas com as agoas dele. Tem algumas arvores sylvestres,

como amieyros e salgueyros.

11. Se tem alguma virtude particular as suas aguas?

11. A este nada.

12. Se conserva sempre o mesmo nome, ou o começa a ter diferente em

algumas partes; e como se chamão estas; ou se ha memoria, de que, em

outro tempo, tivesse outro nome?

12. Até aqui só nome rio, daqui para o poente chamasse, o rio de

Lodares, e entre Quintela e o lugar e freguesia de Germil, no qual se

mete no rio Dam.

13. Se morre no mar, ou em outro rio, e como se chama este, e o sítio em

que entra nele?

13. Morre no Rio Dam na freguesia de Germil.

14. Se tem alguma cachoeira, represa, levada, ou açudes, que lhe

embarassem o ser navegável?

14. A este nada.

15. Se tem pontes de cantaria, ou de pau; quantas e em que sítio?

15. Tem ponte de pao na freguesia de Sam Joam e outra tambem de

pao ao pe de Travana e tres de pao na freguesia do Castelo de Penalva,

huma chamada de Donaro [?] e outra nesta mesma freguesia tambem

de pao chamada de Baralha e outra tambem de pao no lugar da

Ribeyra, e os mays te que o dito rio, ou ribeyra tem, até que se entre

no rio Dam dara conta o padre cura de Germil.

16. Se tem moinhos, lagares de azeite, pizões, noras, ou outro algum

engenho?

16. Tem moinhos, e hum lagar de azeyte, esta freguesia.

17. Se em algum tempo, ou no presente se tirou, ou tira ouro das suas

areas?

17. A este nada.

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18. Se os povos usam livremente as suas aguas para a cultura dos campos,

ou com alguma pensão?

18. Nem a este.

19. Quantas leguas tem o rio; e as povoações por onde passa desde o seu

nascimento ate onde acaba?

19. Tem duas legoas e meya des que nasce the que morre.

20. E qualquer outra coisa notável, que não vá neste interrogatório.

20. A este nada.

Eu o padre Joam de Amaral cura actual na igreja de Sam Paulo do lugar

de Real concelho de Penalva, arciprestado de Penaverde Bispado de

Viseu por ciencia particular e informações que tomei com pessoas

fidedignas mandei escrever tudo o que acima vai lavrado em resposta

aos sobre ditos interrogatórios; em firmesa do que me asignei: Real de

Maio vinte e nove de setecentos e cincoenta e oito annos.

(Assinado:) O Cura, JOAM D’AMARAL.

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