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espaço Pesquisas científicas foram fundamentais na conquista do ambiente extraterreno; agora, foco passa a ser também a utilização da microgravidade para descobertas em áreas como biologia e agricultura Fabrício Mazocco The Boeing Company Previsão é que os primeiros equipamentos de produção brasileira sejam enviados para a Estação Espacial Internacional (ISS) em 2005. Na imagem, simulação de como será a Estação A ciência invade o 17 Fronteiras jan|abr|2002 A ciência invade o

Fronteiras 17 A ciência invade o espaço - univerciencia.ufscar.br · disputa política e de poder. No período da Guerra Fria, a con-quista do espaço por meio de explorações

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espaçoPesquisas científicas foram fundamentais na conquista do ambiente

extraterreno; agora, foco passa a ser também a utilização damicrogravidade para descobertas em áreas como biologia e agricultura

Fabrício Mazocco

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Previsão é que os primeiros equipamentos de produção brasileira sejam enviados para a EstaçãoEspacial Internacional (ISS) em 2005. Na imagem, simulação de como será a Estação

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Infinito. Misterioso. Lugar deninguém. Inúmeros são ostermos utilizados em relação àextensão onde existe o sistemasolar, as estrelas, as galáxias: oespaço. Residência de sonhos esegredos que o homem, desdeseus primeiros passos, tentadecifrar e dominar; a cada novadescoberta do reino chamadoUniverso, mais mistérios efascínios ocultam uma porçãoainda desconhecida.

O que era inacessível durantemuitos séculos aos poucos foisendo desvendado e trans-formado, na segunda metade doséculo passado, em alvo dedisputa política e de poder. Noperíodo da Guerra Fria, a con-quista do espaço por meio deexplorações com foguetes, saté-lites e sondas era mais uma dasvariáveis no conflito entre osEstados Unidos e a ex-UniãoSoviética. Por alguns anos, ape-nas esses dois países dispunhamde tecnologia suficiente parapor em prática a chamada EraEspacial, iniciada em 4 de outu-bro de 1957 com o lançamentodo primeiro satélite artificial, oSputnik 1, fabricado pela URSS.Em proporções menores, outrasnações passaram a desenvolver,a partir da década de 60, estudosespaciais, entre elas Alemanha,Japão, Grã-Bretanha, França,Itália, Canadá, China e Índia. Ointeresse do Brasil na exploraçãodo espaço começou em 1961,com a criação da CNAE (Comis-são Nacional de Atividades

Espaciais), precursora do atualInstituto Nacional de PesquisasEspaciais (Inpe).

Elemento fundamental du-rante toda essa história, a ciência,depois de ajudar a construir aconquista do espaço, agora outiliza para novas descobertas,seja na biologia, na agricultura,na bioengenharia, na farma-cologia ou no desenvolvimentode novos materiais, entre outros.

Microgravidade

A principal razão para a utili-zação desse laboratório gigan-tesco é o ambiente de microgra-vidade, que possibilita algumasexperiências em condições maisfavoráveis que na Terra. “Osexperimentos realizados em umambiente de microgravidadepossibilitam melhor entendi-mento e posterior aperfei-çoamento, em solo, de processose procedimentos físicos, químicose biológicos”, explica MúcioRoberto Dias, presidente daAgência Espacial Brasileira (AEB),órgão ligado ao Ministério daCiência e Tecnologia eresponsável pelo desenvol-vimento de programas espaciais.Otávio Luiz Bogossian, pesqui-sador do Inpe, acrescenta que “oespaço é o lugar apropriado paraa descoberta de processos emétodos novos”. “A intenção douso do espaço para pesquisascientíficas é descobrir porquecertos resultados não ocorrem naTerra. O objetivo não é a utilizaçãopara a fabricação de produtos”,esclarece Bogossian.

Além do ambiente de micro-gravidade, outras condiçõespossíveis somente a uma alti-tude de 400 km do solo, comoimponderabilidade, alto vácuo,extremos de temperatura eenergia solar não filtrada pelaatmosfera, contribuem para omelhor aproveitamento dosexperimentos científicos.

O uso do espaço para pes-quisas não está começando ago-ra. O Brasil já realizou algunsexperimentos em cooperaçãocom agências espaciais deoutros países, principalmentecom a americana National Aero-nautics and Space Administra-tion (Nasa). Entre as instituiçõesque participaram estão o Labo-ratório de Cristalografia deProteínas e Biologia Estrutural(Universidade de São Paulo –USP, campus de São Carlos), aUniversidade Estadual Paulista(Unesp – campi de São José doRio Preto e Botucatu), o InstitutoOswaldo Cruz, o LaboratórioNacional de Luz Síncroton e aUniversidade de Brasília (UnB).

Como parte do programa deexploração espacial, a AEB, emparceria com a Academia Bra-sileira de Ciências (ABC), o Inpe e

Principal razão para autilização do espaço éo ambiente demicrogravidade, quepossibilita experiênciasem condições maisfavoráveis que na Terra

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o Centro Técnico Aeroespacial(CTA), está desenvolvendo oProjeto Microgravidade. Entre osobjetivos está o de levar experi-mentos para o espaço por meiode foguetes de sondagem, o queservirá como “teste” para aparticipação do país no maiorprojeto espacial já realizado: a ISS(International Space Station –Estação Espacial Internacional).

ISS

Não há dúvida de que a ISS éum dos maiores projetoscientíficos internacionais járealizados, não só por suasmetas e dimensões físicas, mastambém pelos recursos queestão sendo aplicados. O espaçointerno da estação, onde serãorealizadas várias pesquisascientíficas e tecnológicas, terá1.312 m3, área quatro vezes su-perior à da estação espacialrussa Mir.

A primeira discussão para aconstrução da ISS ocorreu nosEUA, em um evento patrocinadopela Nasa, em abril de 1960. Naépoca, os americanos, deten-tores da idéia, concordaram como projeto, mas divergiram emrelação à necessidade daaplicação naquele momento. Noano seguinte, com a perspectivade viabilização do projeto Apoloe, conseqüentemente, de levar ohomem à lua, a estação foiesquecida, pois não haviarecursos disponíveis para os doisprogramas. Apesar disso, pro-jetistas continuaram a trabalhar

no projeto e decidiram que afutura estação, que adotaria oconceito modular, seria mon-tada em órbita e abastecida porum veículo semelhante a umônibus espacial, cujo projeto foiaprovado em 1972 pelopresidente Richard Nixon.Porém, a comunidade científicaamericana se opôs à estação,alegando que os recursosenvolvidos poderiam ser melhor

aplicados em outros programasde pesquisa. No final de 1983, opresidente Ronald Reaganfinalmente aprovou a constru-ção da estação espacial, queinicialmente levou o nome deFreedom. Com o fim da GuerraFria e o surgimento de algumasrestrições orçamentárias, foidecidido que o projeto seriaaberto a outros países, inclusiveà Rússia, principal adversário dos

Altitude: 350 km a 460 km da Terra

Inclinação: 51,6 graus em relação aoEquador

Observação: 85% da superfície da Terra

Massa: 450 toneladas

Medidas: 110 m de largura por 80 m de comprimento

Potência: os painéis solares permitirão a geração de aproximadamente 110 kW

Montagem: serão necessários 40 vôos espaciais americanos e de lançadores russosdo tipo Proton e Soyos

Módulos: seis módulos laboratoriais, sendo um americano, um europeu, um japonês,dois russos e um construído pelos japoneses e operado pela Nasa.

Objetivos primordiais:

• Ser uma base avançada para a exploração humana do espaço e para odesenvolvimento tecnológico

• Ser um laboratório de pesquisas de características únicas

• Ser uma plataforma comercial para pesquisa e desenvolvimento espacial

Áreas científicas abordadas:

• Pesquisa em microgravidade

• Ciências da Vida

• Ciências Espaciais

• Ciências da Terra

• Desenvolvimento de produtos espaciais

• Pesquisa em engenharia e tecnologia

Característicasda ISS

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Estados Unidos na Era Espacial.Assim, a “Liberdade” americanapassou a ser denominada Inter-national Space Station.

Ao todo, fazem parte doconsórcio 16 nações: EUA, Rússia,Japão, Canadá, Brasil e membrosda Agência Espacial Européia –ESA (Itália, Bélgica, Holanda,Dinamarca, Noruega, França,Espanha, Alemanha, Suécia, Suíçae Reino Unido). A representaçãodesses países acontece de duasformas: parceria, quando atuamsob sua própria liderança pormeio de suas respectivas agênciasespaciais, como é o caso dos EUA,da Rússia, dos membros da ESA,do Canadá e do Japão; e partici-pação, quando compartilhamdireitos e obrigações de um dosparceiros. O Brasil está na segundamodalidade, mantendo acordocom a Nasa. Mesmo atuandocomo parceiro, o país-membropode participar do programa deoutras agências, como é o caso daItália, que também mantém umacordo com a Nasa.

Mesmo que algumas pessoasnão vejam a ISS como o maiorpasso rumo à conquista espacial,o projeto certamente é um dosmaiores investimentos, senão omaior, já visto na história daciência. O custo estimado é deUS$ 50 bilhões, podendo chegara US$ 100 bilhões. O inves-timento total deverá ser divididoentre os parceiros nas seguintesproporções aproximadas: EUA(49,7%), Rússia (28,5%), ESA(10,5%), Japão (8,9%) e Canadá

(2,4%). O total investido por cada“sócio” corresponde à constru-ção da estação e ao direito deutilização da mesma.

Na opinião de Aydano BarretoCarleial, autor do artigo UmaBreve História da ConquistaEspacial (revista ParceriasEstratégicas, nº 7, out/1999) epesquisador do Inpe de 1970 a1996, a ISS, mesmo sendo umprojeto vultoso, não deve serconsiderado “pioneiro”, ou seja,que tenha grande significado noque se refere ao tema explo-ração espacial. Carleial afirmaque o efeito maior do projetonão está na perspectiva cientí-fica, mas sim no setor industrial(principalmente o americano).“O que o uso da estação vaigerar de benefícios para aciência? Algum benefício terá,mas o projeto não deixa de sercontroverso. Não se sabe se oresultado terá o alcance dotamanho do projeto”, declara opesquisador.

Brasil

Carleial assume posiçãosemelhante quanto à presençado Brasil na ISS. “Na minhaopinião, é uma participaçãomais política que científica.Mesmo assim, considero umprivilégio o país fazer partedesse projeto”. Múcio Dias afir-ma que o fato do Brasil serconvidado a integrar o consór-cio evidencia o reconheci-mento da capacitação tecnoló-gica brasileira na área espacial.

O convite para participar daconstrução da ISS, tendo comocontrapartida o direito à utiliza-ção, foi feito pela Nasa, emjaneiro de 1997. Em seguida,ocorreram várias negociaçõesenvolvendo, do lado brasileiro, aAEB, o Inpe e o Ministério dasRelações Exteriores e, do ladoamericano, a Nasa. O acordo foi

Brasil desenvolveráequipamentos para omódulo americano daISS; além disso,desenvolverá diversosexperimentos, comocristalização deproteínas edesenvolvimento denovos materiais

Carleial: “Participação na ISSé mais política do quecientífica. Mesmo assim,considero um privilégiofazermos parte do projeto”

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firmado em 14 de outubro domesmo ano, com a assinatura deum Implementing Arrangement(Ajuste Complementar) ao Acor-do Quadro entre Brasil e EUAsobre Cooperação nos usospacíficos do Espaço Exterior.

O acordo prevê que o Brasil seresponsabilize pela construçãode seis equipamentos de vôo,equipamentos de suporte (ma-nuseio, transporte, montagem eoutros), modelos de treinamen-to do pessoal de solo e da tri-pulação, simulação, partes so-bressalentes e software para vôoe treinamento, além da presta-ção de serviços de engenharianecessários para a operação daestação, incluindo manutenção,reparo, análises e logística.

Dentre os equipamentos de“carga útil”, cuja finalidade é darsuporte à operação de experi-mentos, estão:

• Express Pallet (Palete Expresso):equipamento externo queservirá de suporte para amontagem dos experimentos.Deverá ser capaz de operar pordez anos em órbita, além de serlançado e retornar à Terra pordiversas vezes. Cada local(adaptador) acomodará equi-pamentos de até 227 kg, sendoque cada Pallet receberá seisadaptadores;

• TEF (sigla em inglês paraInstalação para ExperimentosTecnológicos): com caracte-rísticas semelhantes ao PaleteExpresso, poderá acomodar

equipamentos com massasvariando de 50 kg a 125 kg emcada adap tador (será capaz decomportar até 26 adaptadores);

• Worf-2 (sigla em inglês paraJanela de Observação paraPesquisa – Bloco 2): equipa-mento interno para a monta-gem de equipamentos. Suafunção é acomodar cargas úteisem frente a uma janelapresente no módulo americanoda estação. Tais cargas terãocomo missão executar tarefasde observação da Terra,devendo o Worf-2 suprir-lhescontrole térmico, dados epotência.

Na categoria “veículo”, oBrasil ficará responsável portrês equipamentos: ULC (siglaem inglês para ContainerDespressurizado para Logís-tica), cuja finalidade é servircomo meio de transporte earmazenamento de cargas;CHIA (sigla em inglês paraAdaptador de Interface paraManuseio de Carga), paraconexão de cargas ao ULC; e At-tach System (Sistema de Anexa-ção), equipamento externoque permitirá a integração dosdiversos elementos de inter-face requeridos, tais como a in-terface com a treliça principalda estação e com os ULCs.

Dos seis itens relacionados, oBrasil deverá reter a posse dedois, enquanto os outros terãoos direitos de propriedadetransferidos para a Nasa apósa entrega.

Laboratórios

A participação orçamentáriado Brasil no projeto representa0,12% do total a ser investido naISS, ou seja, US$ 120 milhões, oque lhe dará direitos de uti-lização da estação. Recen-temente, esse valor tem sidoalvo de discussão, devido aocusto dos equipamentos, quepoderá ser maior do que somaantes prevista.

O Inpe, o “braço técnico” doprojeto, está elaborando umplanejamento para o uso racio-nal dos direitos brasileiros.Otávio Luiz Bogossian, gerentedo segmento de aplicações naISS, explica que, em relação aoslaboratórios, a idéia é implantaros equipamentos necessáriospor um tempo significativo,alternando somente as amostrasdos experimentos.

O Brasil tem direito a levarpara o interior da estação (localpressurizado) 135 kg, no períodode dez anos. Dentro da “Estra-tégia de Uso” elaborada peloInpe, está previsto que cadalaboratório, com 30 kg de massa,permanecerá no espaço por trêsanos. O restante (45 kg) será

Previsão é que osprimeirosequipamentos deprodução brasileirasejam transportadosem 2005 e comecem aoperar no ano seguinte

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reservado exclusivamente paraexperimentos. No Worf-2, o paísterá direito a uso de 3% do tem-po total concedido no acordo, oque significa 110 dias, que serãodistribuídos dentro dos 10 anos.

No Express Pallet, o uso será deum ano. A intenção do Inpe éreservar o módulo externo paramúltiplos experimentos simul-tâneos (de seis a oito), tanto deobservação como de ciênciasespaciais (astrofísica, aeronomiae outras). “Na parte externa serãodesenvolvidas pesquisas deaplicação remota e, na interna,somente pesquisas aplicadas”,afirma Bogossian. O Brasiltambém terá o direito de manter

um tripulante na ISS e de realizartreinamento de astronautas naJohnson Space Center, da Nasa.

Para a escolha dos experimen-tos que farão parte do programa,um comitê, nomeado pela AEB econstituído por representantes doInpe, da ABC e do Instituto deAeronáutica e Espaço (IAE), iráfazer a seleção considerando, en-tre outros, os seguintes aspectos:real necessidade do ambiente demicrogravidade para oexperimento; tempo necessáriode permanência em órbita; emérito, pertinência e atualidadecientífica, que serão avaliados porcientistas renomados nas áreaspropostas.

Affonso Guidão Gomes,membro da ABC, explica queainda não estão definidas aspesquisas e que, no momento,toda a atenção está voltada paraos experimentos que serãotransportados no foguete desondagem brasileiro, que deveráser lançado em maio deste ano,do Centro de Lançamento deAlcântara (MA), como parte doProjeto Microgravidade. Nessamissão, os quatro experimentosjá selecionados deverão ficar noespaço durante três minutos.

A previsão é que os primeirosequipamentos de produçãobrasileira sejam transportadosem 2005 e comecem a operar no

Com o intuito de mapear e apoiar experimentos quepossam beneficiar-se do ambiente característico doespaço, o Brasil mantém o Projeto Microgravidade,desenvolvido e coordenado pela Agência EspacialBrasileira (AEB), pela Academia Brasileira de Ciências (ABC),pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e peloCentro Técnico Aeroespacial (CTA).

No projeto, está incluído o desenvolvimento deengenharia para a fabricação de foguetes lançadores desatélites e de foguetes de sondagem, para fins científicos.

O último foguete de sondagem brasileiro, o quinto dasérie VS-30, foi lançado em 6 de fevereiro de 2000, doCentro de Lançamento de Alcântara (MA), permanecendodurante 200 segundos no ambiente de microgravidade.Esse lançamento representou a etapa final da “OperaçãoLençóis Maranhenses”, fruto de uma cooperação entreBrasil e Alemanha. O vôo transportou três cargas úteis: o

Projeto MicrogravidadeProjeto Microgravidade

Dispositivo de Mistura de Líquidos em Microgravidade,desenvolvido pela Faculdade de Engenharia Industrial(FEI); doze amostras contendo planárias, paraobservação das alterações do processo regenerativodesses animais após alguns minutos no espaço; e ma-terial de campanha de marketing do correio alemão(Deutsche Post).

Já estão previstos mais dois lançamentos de foguetesde sondagem; o primeiro levará a bordo, em maio desteano, quatro experimentos, que permanecerão noambiente de microgravidade por três minutos.

O sucesso dos experimentos já realizados evidenciaque o país dispõe de engenharia espacial capaz deatender à demanda das universidades e instituições depesquisa quanto à realização de experimentos emambiente de microgravidade e, também, no que dizrespeito à participação do país na ISS.

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ano seguinte – o primeiro mó-dulo da ISS foi lançado em 20 denovembro de 1998, por meio dofoguete russo Proton. Bogossianacrescenta que a escolha daspesquisas deverá ser concluídano máximo em dois anos, pois oInpe terá de identificar osequipamentos necessários paraa realização dos experimentos eplanejar a melhor forma dealocação e tempo. “A idéia éeconomizar massa e transporte,reduzir a complexidade daengenharia e, sobretudo, fazercom que os pesquisadores nãose envolvam tanto na partetécnica, já que eles terão decuidar dos experimentos.”

Mesmo sem estarem defi-nidos os projetos, a comunidadecientífica já está se mobilizandopara o uso da estação. No anopassado, o Inpe abriu uma listade intenções voltada a univer-sidades e instituições de pesqui-sas para o uso da ISS: foramregistradas mais de 300 inten-ções. Bogossian adianta que,dentre outras áreas, deverãoparticipar experimentos de ligade materiais, de semicondutores,biológicos (plantas e seres vivos)e de cristalografia de proteínas.

Cristais

O Laboratório de Crista-lografia de Proteínas e BiologiaEstrutural da USP, campus de SãoCarlos, coordenado pelo pesqui-sador Glaucius Oliva, é uma dasinstituições citadas por Bogos-sian como provável participante

do programa. O laboratório jálevou, em cinco ocasiões (sendotrês em 97 e duas em 98),proteínas para serem crista-lizadas no espaço (a bordo doônibus espacial americano). Oobjeto de estudo foi o parasitaTrypanosoma cruzi, causador dadoença de Chagas.

A ciência busca, há tempos,identificar uma substância capazde interferir no ciclo vital do T.cruzi, impedindo que ele afete ohomem já na fase inicial dainfecção. A estratégia, idealizadapelo pesquisador holandês WimHol, é atacar as enzimasglicolíticas, que catalisam oprocesso de quebra da glicose,uma das fontes de energia doparasita. O desafio maior éencontrar drogas que blo-queiem essas enzimas semafetar as equivalentes humanas.Para procurar descobrir comoisso poderia ser feito, os pes-quisadores de São Carlos op-taram pela cristalografia de raiosX associada à modelagem mo-lecular, o que possibilita aobtenção da imagem tridimen-sional da molécula, com detalheatômico. A enzima escolhidapara o experimento foi a glice-raldeído-3-fosfato desidroge-nase (GAPDH). Depois decristalizada no espaço, asubstância, de volta à Terra,passou por técnicas de difraçãode raios-X, que possibilitaram adeterminação de sua estruturamolecular. O próximo passo,com a colaboração do Departa-

mento de Química da Univer-sidade Federal de São Carlos(UFSCar), foi detectar umaplanta na natureza cujasmoléculas se encaixem especi-ficamente na macromoléculareceptora do parasita, de formaa inutilizá-la funcionalmente. Deacordo com Oliva, a intençãoagora é retornar essa proteínaao espaço, dessa vez já com a“ligação” com o inibidor, ecristalizá-la a fim de determinaros ajustes e fazer a aplicaçãoperfeita. Daí poderá originar-seo fármaco, capaz de inibir adoença.

Mas, qual é a necessidade doambiente de microgravidadepara a cristalização das molécu-las da vida (ácidos nucleicos –DNA e RNA – e proteínas)? Oúnico processo experimentalcom resultado de alto detalhe nadeterminação da estrutura dasmoléculas de uma proteína é acristalização. Por meio desseprocedimento, as moléculas quecompõem a proteína ficamorganizadas de forma periódica,o que facilita a observação. Atécnica consiste em dissolver aproteína em uma solução de sale água dentro de um recipiente.Nesse mesmo local, em espaçoseparado, também coloca-se sal,porém em maior concentração.Vedado o recipiente, haverá umaneutralização do ambiente.Assim, a água seca e ocorre acristalização. Oliva explica que,na Terra, quando uma subs-tância é colocada em uma

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solução, ocorre o fenômeno daconvecção, ou seja, o transportede massa provocado pelascorrentes que se formam emtorno da substância que imerge.Isso significa que, quando a

cristalização é realizada na Terra,por influência da convecção, asmoléculas ficam desordenadas,o que dificulta uma visualizaçãodetalhada de sua estrutura. Noambiente de microgravidade, a

convecção não influencia noprocesso, o que faz com que asmoléculas, ao serem crista-lizadas, não se movimentem ecristalizem-se em formaordenada.

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• Em 4 de outubro de 1957, é lançado o primeiro satéliteartificial, o Sputnik 1, pela ex-URSS.

• O primeiro satélite americano, o Explorer 1, é lançadoem 31 de janeiro de 1958.

• A URSS chega à Lua com a sonda Luna 2, em setembrode 1959.

• Em outubro do mesmo ano, a sonda Luna 3 obtémimagens da Lua.

• Em 1960, os EUA lançam um satélite meteorológico(Tiros 1), um satélite de navegação (Transit 1B) e umsatélite de comunicações (Echo 1).

• No final de 1960, 44 satélites estão em órbita.

• Em 1961, o Brasil cria a CNAE, precursora do atualInstituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

• Em abril de 1961, a URSS noticia o vôo orbital doastronauta Yuri A. Gagarin, a bordo da Vostok 1.

• A França cria, em 1962, sua agência espacial, a CentreNational d’ Études Spatiales.

• Em 1968, a França põe em operação uma base delançamentos de foguetes na Guiana Francesa.

• Em 20 de julho de 1969, os americanos Neil Armstronge Edwin E. Aldrin Jr, a bordo da nave Apollo 11, pousamno Mare Tranquillitatis (Lua).

• De 1965 a 1971, a França lança ao espaço novepequenos satélites científicos e tecnológicos

• As primeiras missões interplanetárias são dirigidas aVênus, pelos soviéticos, em 1965. A nave Venera 3 colide

com o planeta. O primeiropouso com sucesso emVênus ocorre somente em1970, pela Venera 7.

• Também em 1965, a sondaamericana Mariner 4transmite imagens de algumas áreas de Marte.

• A China coloca em órbita seu primeiro satélite em 1970.

• A Grã-Bretanha põe em órbita, em 1971, um pequenosatélite.

• A União Soviética chega em Marte no final domesmo ano.

• O planeta Mercúrio é visitado pela sonda imageadoraamericana Mariner 10, em 1973.

• Os planetas Júpiter, Saturno, Urano e Netuno passama receber atenção, a partir do final da década de 70,pelas naves americanas das séries Pioneer e Voyager.

• Em 1983, o presidente americano Ronald Reaganassina documento que prevê a construção da estaçãoespacial, depois denominada ISS (Estação EspacialInternacional).

• Em 1993, é criada a Agência Espacial Brasileira.

• O primeiro módulo da ISS é lançado, em 20 denovembro de 1998, por meio do foguete russoProton.

• A nave Cassini-Huygens, empreendimentoconjunto Nasa/ESA, lançada em 1997, deve chegara Saturno em 2004.

Os passos da conquista espacialOs passos da conquista espacial

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O Grupo de BiologiaEstrutural, do Departamento deFísica do Instituto de Biociências,Letras e Ciências Exatas daUnesp, campus de São José doRio Preto, enviou para o espaço,em novembro de 1998, 12proteínas para serem crista-lizadas. A previsão inicial era queo ônibus espacial da Nasa, quetransportou o material, ficasse15 dias no espaço – o cresci-mento dos cristais leva de 10 a15 dias para ser concluído, o quefaz com que as moléculas cres-çam no mínimo 0,5 milímetroem cada aresta. Por problemastécnicos, o ônibus permaneceuapenas oito dias em órbita. “Nãoobtivemos o efeito ideal, mastivemos o indicativo de que, seo experimento ficasse maistempo no espaço, poderíamoster um resultado melhor”,argumenta o pesquisadorWalter Filgueira de AzevedoJúnior, responsável pelo projeto.“Não há dúvida de que o proces-so de cristalização tem maisefeito no ambiente de micro-gravidade do que em labora-tórios na Terra”, acrescenta.

Azevedo vê na ISS apossibilidade de realizar osexperimentos por completo. Eleplaneja participar do programaenviando as proteínas CDK2,CDK8, CDK9 e CDK10 (todaspodem resultar na descobertade fármacos contra váriostumores malignos; a diferençaentre elas está na sequência deaminoácidos).

No laboratório coordenadopor Oliva, atualmente sãoestudadas cerca de 70proteínas. O pesquisadorexplica que dependerá daoferta e das prioridades domomento para definir quaisserão transportadas.

Plantas

Outro programa que tambémdemonstrou interesse em fazerparte da ISS é o Epam (Equipa-mento para Pesquisa Agrícolaem Ambiente de Microgra-vidade), desenvolvido pelaEmbrapa Instrumentação Agro-pecuária, em parceria com aBrazsat, a AEB, o Inpe e a Aca-demia de Ciências da Bulgária. Acooperação com a Brazsat visa aviabilização técnica do projetono que diz respeito à pesquisaespacial. Com a Academia deCiências da Bulgária, o contato

aconteceu pela experiência dainstituição nesse tipo deexperimento. “Organizamos essaestrutura para termos umamassa crítica no projeto”, explicaPaulo Estevão Cruvinel, quecoordenou o estudo deviabilidade do projeto. O focoprincipal do estudo é explorar oambiente de microgravidadepara pesquisas agropecuárias.

Desde que surgiram opor-tunidades para conduzirpesquisas biológicas emveículos espaciais tripulados enão-tripulados, cientistas rea-lizam estudos de crescimento edesenvolvimento de plantas noespaço. As primeiras pesquisas,feitas principalmente porpesquisadores russos a bordodo veículo espacial Soyuz, foramrestritas a um ambiente simples,em curto prazo, envolvendo ger-minação de sementes e cres-

Laboratório de Cristalografia e Biologia Estrutural da USP jálevou proteínas para serem cristalizadas no espaço

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“Benefícios da pesquisa na ISS reverterão paratoda a humanidade”

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O Brasil é o único país emdesenvolvimento a integrar oconsórcio da ISS. O que de fatorepresenta essa participação?

Engajar-se nesse megaprojeto deconstrução e operação da Estação

“Benefícios da pesquisa na ISS reverterão paratoda a humanidade”O convite feito ao Brasil para integrar a Estação Espacial Internacional “evidencia o reconhecimento da capacitaçãotecnológica brasileira na área espacial”. Essa é a opinião do presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Múcio RobertoDias. Dias, que assumiu o cargo em outubro de 2001, tem nas mãos não só a continuidade do Projeto Microgravidade, mastambém a participação do Brasil na ISS.

Na avaliação do presidente da AEB, órgão responsável pelo acordo global na estação, a participação não só reconhece acondição científica e tecnológica disponível no Brasil, como também coloca o país ao lado das maiores potências mundiais.

Sobre os recursos aplicados nesse programa (US$ 120 milhões), Dias afirma que o retorno, representado pelo avançocientífico e tecnológico, trará benefícios em áreas de interesse nacional, como por exemplo, no estudo de doenças tropicais.

Espacial Internacional (ISS), comoúnico país em desenvolvimento,evidencia o reconhecimento dacapacitação tecnológica brasileira naárea espacial.

Estamos diante de um desafio, de umagrande aventura do conhecimento. A

exploração do desconhecido semprefoi altamente motivadora, princi-palmente nesse novo ambiente, aoqual os pesquisadores brasileirosnunca tiveram acesso. Os benefícios dapesquisa na ISS reverterão, semdúvida, para toda a humanidade.

cimento de mudas. Na décadapassada, cientistas da Nasacriaram a unidade BRIC (siglaem inglês de Tubos paraPesquisas Biológicas), que con-tinua em atividade. Nesse local,são realizados experimentossobre sementes, mudas, culturade células e outros de curtaduração.

O Epam pretende apresentarcapacidades adicionais e maisdesenvolvidas que as expe-riências anteriores, principal-mente por poder dispor deuma unidade espacialtripulada, a ISS, e de umperíodo maior em órbita.Tendo por meta incentivar no-vas pesquisas na área agrícola,

Diagrama esquemático do equipamentopara pesquisas agrícolas emmicrogravidade

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tempo de permanência em órbita;mérito, pertinência e atualidadecientífica; porte e estabilidade dogrupo e da instituição proponente(sendo os experimentos de longamaturação, esta é uma garantiaimportante); e análise do suporte deengenharia apresentado para aexecução e implantação doexperimento.

Como está sendo a relaçãoentre a AEB e o Inpe para acondução do projeto?

A responsabi l idade p ela par-ticipação brasileira no programa daISS é exclusivamente da AEB. Tendoem vista o patamar de capacitaçãotecnológica atingido pelo Inpe, oinstituto recebeu delegação da AEBpara a execução dos compromissosassumidos. A efetiva produção dosequipamentos será realizada pelasindústrias, por meio de contratos aserem firmados para esse fim.

O Brasil está preparado paraparticipar do consórcio,considerando o alto investi-mento e a tecnologia que seráaplicada?

Sem dúvida, nosso país estápreparado para essa tarefa. É nossaintenção que uma indústriabrasileira seja designada comocontratante principal, e que outrasempresas nacionais tenham umapresença significativa na execuçãodesse projeto.

A “pequena” participação ésuficiente para os interessesnessa área?

O nível da participação brasileirareflete com clareza a capacitaçãotecnológica disponível até omomento. Nossa presença na ISS écompatível com as dimensões denosso programa espacial edificilmente o país poderia assumircompromissos além dos atuais.Quanto à util ização da ISS, estatambém é proporcional àspossibilidades de uso pelacomunidade científica nos anos emque a estação estiver em operação.

Alguns setores acreditam que oos recursos destinados à ISSpoderiam ser destinados apesquisas na Terra...

As múltiplas possibilidades deaplicação científica e tecnológica daISS são extremamente importantespara o país e, indubitavelmente, parao nosso programa espacial. Énecessár io ter em mente que oacesso à estação trará umaoportunidade ímpar para o avançocientífico e tecnológico em áreas denosso interesse específico, como oestudo de doenças tropicais, entreoutras.

Como está sendo conduzida apolítica interna referente àISS?

A AEB tem pautado sua atuação nosentido de consolidar a capacitaçãodo setor industrial brasileiro nosegmento espacial e, no casoespecífico da ISS, na produção localde equipamentos qualificados paraembarque em vôos tripulados. Outravia de ação relaciona-se aoengajamento efetivo da comu-nidade científica nacional na futurautilização da ISS para a execução deexperimentos científicos e tecno-lógicos.

Quais as perspectivas, emtermos de resultados, porparte da AEB?

O principal objetivo do ProjetoMicrogravidade, inserido no ProgramaNacional de Atividades Espaciais(PNAE), coordenado pela AEB, éproporcionar às universidades,institutos de pesquisa e ao setor indus-trial a oportunidade de participardessa nova modalidade de se fazerciência com um padrão de qualidadeequivalente ao dos melhores centrosinternacionais de pesquisa.

Tendo em vista a limitação detempo e espaço no uso daestação, quais as áreas e linhasde pesquisas tidas comoprioritárias? Quais são oscritérios de seleção dos gruposque deverão integrar o projeto?

Para a seleção de projetos, serãoavaliados aspectos como: realnecessidade do ambiente demicrogravidade ao experimento;

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entre os várias experimentosque podem ser feitos naestação estão: aumento deprogramas de melhoria dasafra por meio do desen-volvimento de materiaistransgênicos, a fim de obtervariedades de novas safras,combate a pragas e reduçãodo uso de fertilizantes quí-micos; e desenvolvimento douso comercial de produtosnaturais, por meio da obtençãode mais informações das rotasbioquímicas das plantas.

O cronograma para aviabilização do projeto Epamabrange quatro fases (a seremrealizadas durante um períodode quatro anos): estudo daviabilidade; consulta à rede deusuários e, paralelamente,adequação às normas da Nasa

Cruvinel: “Projeto não épontual”. Foco principal doestudo é explorar o ambientede microgravidade parapesquisas agropecuárias

Div

ulg

ação

para a participação na ISS;pré-projeto; e projeto einstalação.

A primeira fase, jáencerrada, concluiu que oprojeto é viável. A próximaetapa é organizar as redesde usuários, formadas porlideranças do setor agrícola,para definir quais são aspesquisas prioritárias, levan-do em consideração os be-nefícios para o setor.

Além disso, Cruvineladianta que há alguns pon-tos de partida necessários,como a realização de en-saios para fenômenos agrí-colas em ambiente demicrogravidade e de testesde sensores e equipa-mentos, plantas e sementes.“Não é um projeto pontual”,

define.

O orçamentoprevisto é deUS$ 6 milhões.“Agora, o empenhoserá em buscarfontes para esserecurso”, conta Cru-vinel.

Para acomodaros experimentos,deverá ser cons-truído um equi-pamento que con-tenha câmara deplantas; módulo deluz; porta deacesso à câmara;módulos para ra-ízes, cultura decélulas e transfe-

rência gênica; sistema de con-trole atmosférico da câmara;módulo de transmissão e re-cepção de dados e controle; einstrumentação avançada paramedição e controle eletrônico.

Também constam do projetoo desenvolvimento de um soft-ware operacional que per-mitirá o controle compu-tadorizado da unidade Epam eum laboratório para testessemelhantes aos que serãorealizados no espaço.