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3 Bahia Agríc., v.8, n. 2, nov. 2008 Agrossíntese Frutas da Bahia: desempenho e perspectivas José Mário Carvalhal de Oliveira* Ana Paula Alcantara dos Anjos** Com uma superfície cultivada de aproximadamente 350 mil hectares, dos quais 109 mil são irrigados, a fruticultura baiana representa 10% de toda a produ- ção brasileira de frutas, contribuindo em 2008, com R$ 2,56 bilhões no Valor Bruto da Produção (VBP) agrícola estadual. Com estes números, a fruticultura, atividade que proporciona uma margem de lucro de 20% a 40% do rendimento bruto ob- tido oferece uma contribuição marcante para o desempenho da economia baiana. A Bahia se destaca como segundo produtor nacional de frutas frescas, ocu- pando também a segunda posição no ranking nacional dos estados exportado- res. Em 2008, a produção baiana foi supe- rior a 6,4 milhões de toneladas, das quais mais de 124 mil toneladas foram expor- tadas, gerando uma receita de US$ 98,5 milhões (jan/out, 2008) (Gráfico 1). Dentre as principais frutas produzidas no Estado, merece destaque a banana com 1,40 milhão de toneladas, manga com 1,11 milhão de toneladas, citros com 1,02 milhão de toneladas, mamão com 954 mil toneladas, coco com 629 mil toneladas e uva com 120 mil toneladas. Embora venha ampliando sua parti- cipação desde 1990, quando foi iniciada a produção irrigada no Vale do São Fran- cisco, a fruticultura representa 6% das ex- portações do agronegócio baiano. Desse percentual, 92% são transportadas por via marítima, 7% transportadas por via aérea e apenas 1% por via terrestre. *Engenheiro Agrônomo, Pós-graduado em Economia Baiana, Especialista em Políticas Públicas, Fiscal Estadual Agropecuário da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia – ADAB, Salvador-BA; e-mail: [email protected] **Economista, Técnica da Superintendência de Política do Agronegócio da SEAGRI; Salvador-BA; e-mail: [email protected] - O autor agradece aos técnicos da ADAB, Socióloga Julia Salomão e da Engª Agrônoma Rita de Cássia Oliveira pela colaboração e atenção na revisão dos dados. Os erros e eventuais omissões são, no entanto, de inteira responsabilidade do autor. Foto: Silvio Ávila - Editora Gazeta Santa Cruz

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3Bahia Agríc., v.8, n. 2, nov. 2008

Agrossíntese

Frutas da Bahia:desempenho e perspectivas

José Mário Carvalhal de Oliveira*Ana Paula Alcantara dos Anjos**

Com uma superfície cultivada de aproximadamente 350 mil hectares, dos quais 109 mil são irrigados, a fruticultura baiana representa 10% de toda a produ-ção brasileira de frutas, contribuindo em 2008, com R$ 2,56 bilhões no Valor Bruto da Produção (VBP) agrícola estadual. Com estes números, a fruticultura, atividade que proporciona uma margem de lucro de 20% a 40% do rendimento bruto ob-tido oferece uma contribuição marcante para o desempenho da economia baiana.

A Bahia se destaca como segundo produtor nacional de frutas frescas, ocu-pando também a segunda posição no ranking nacional dos estados exportado-res. Em 2008, a produção baiana foi supe-rior a 6,4 milhões de toneladas, das quais mais de 124 mil toneladas foram expor-tadas, gerando uma receita de US$ 98,5 milhões (jan/out, 2008) (Gráfi co 1).

Dentre as principais frutas produzidas no Estado, merece destaque a banana com 1,40 milhão de toneladas, manga

com 1,11 milhão de toneladas, citros com 1,02 milhão de toneladas, mamão com 954 mil toneladas, coco com 629 mil toneladas e uva com 120 mil toneladas.

Embora venha ampliando sua parti-cipação desde 1990, quando foi iniciada a produção irrigada no Vale do São Fran-cisco, a fruticultura representa 6% das ex-portações do agronegócio baiano. Desse percentual, 92% são transportadas por via marítima, 7% transportadas por via aérea e apenas 1% por via terrestre.

*Engenheiro Agrônomo, Pós-graduado em Economia Baiana, Especialista em Políticas Públicas, Fiscal Estadual Agropecuário da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia – ADAB, Salvador-BA; e-mail: [email protected]**Economista, Técnica da Superintendência de Política do Agronegócio da SEAGRI; Salvador-BA; e-mail: [email protected] O autor agradece aos técnicos da ADAB, Socióloga Julia Salomão e da Engª Agrônoma Rita de Cássia Oliveira pela colaboração e atenção na revisão dos dados. Os erros e eventuais omissões são, no entanto, de inteira responsabilidade do autor.

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Em decorrência da grande diversi-dade climática, a Bahia produz frutas em períodos diferentes dos principais mer-cados consumidores, fundamental van-tagem competitiva do segmento. Além da produção de frutas tropicais, o clima propiciado pela altitude da Chapada Dia-mantina tem permitido o cultivo de fru-tas como ameixa, morango e maçã, que são típicas de regiões temperadas, diver-sifi cando a produção frutícola do Estado.

As frutas baianas chegam para mais de 40 países, sendo que os principais mercadoscompradores são Países Baixos (Holanda) (38,5%), EUA (23,1%), Reino Unido (13%), seguido de Portugal (6,6%) e Bélgica (4%) (Gráfi co 2).

No Estado, a fruticultura é considera-da como uma das atividades agropecuá-ria que mais emprega, envolvendo cerca de um milhão de pessoas, demandando mão-de-obra intensiva e qualifi cada, gerando oportunidades de ocupação, a depender da lavoura, de dois a cinco tra-balhadores por hectare cultivado.

UVA

Principal produto de exportação da fruticultura baiana, contribuindo com R$ 232,6 milhões no VBP agrícola do Estado, foram embarcadas em 2008, mais de 23,6 mil toneladas, o que correspondeu a U$$ 51,6 milhões (FOB).

Por possuir um maior valor agregado e gozar de maior aceitação no mercado externo, as variedades sem sementes vêm impulsionando as exportações baia-nas de uva, concorrendo ainda mais para a consolidação do maior pólo frutícola do país. De toda a produção de uvas do Vale do São Francisco, mais de 50% são de variedades sem sementes. Na Bahia, o plantio de uvas sem sementes já ul-trapassa os 300 hectares e tem mercado certo na Europa e no Japão.

No Estado, a área plantada com uva é superior a 4 mil hectares, apresentando um crescimento de 81,6% nos últimos oito anos. A produção de uva já ultra-passa a marca das 120,6 mil toneladas, tendo Juazeiro como principal produtor, seguido dos municípios de Casa Nova e Curaçá (Gráfi co 3).

Gráfi co 1Evolução da Produção de Frutas. Bahia, 2000 - 2008*

Gráfi co 2Principais países importadores das frutas e preparações - Bahia, 2008*

Fonte: IBGE/PAM – Produção Agrícola Municipal / * Dados sujeitos à retifi cação: LSPA Out/08.

Fonte: MDIC/Aliceweb - Elaboração: SEAGRI/SPA - * Dados Jan/Out-08

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Gráfi co 3Evolução da produção de uva - Bahia, 2000-2008*

Gráfi co 4Preços médios mensais da uva Itália (Praça Juazeiro – R$/cx. 6kg) - Bahia, 2007/2008*

Fonte: IBGE/PAM – Produção Agrícola Municipal / Elaboração: SEAGRI/SPA / * Dados sujeitos à retifi cação: LSPA Out/08.

Fonte: SEAGRI/SPA / *Dados Jan a Out.-08

Além da produção da uva de mesa e de uva sem sementes, a região de Ju-azeiro cultiva uvas para produção de vi-nho. O município de Casa Nova possui instalada uma das principais vinícolas do país, onde são produzidos vinhos de alta qualidade, concorrendo com os vinhos produzidos nas diferentes zonas produ-toras do mundo.

Com relação à uva de mesa, a varie-dade Itália foi comercializada no merca-do atacadista, CEASA/Juazeiro a um pre-ço médio de R$ 14,58, atingindo a maior cotação no mês de agosto, quando foi comercializada a R$ 16,36 a caixa de seis quilos (Gráfi co 4).

MANGA

Com uma área cultivada superior a 31,2 mil hectares, dos quais 26,2 mil irri-gados, a Bahia é o principal estado pro-dutor e exportador de manga do país, tendo produzido em 2008, mais de 1,11 milhão de toneladas dessa fruta, o que corresponde a mais de 51% da safra na-cional (Gráfi co 5). Nos últimos oito anos a área plantada com essa fruta apresentou uma variação de 136%, saindo de 13 mil hectares no ano 2000, para mais de 31 mil ha, em 2008.

O valor da produção da manga ul-trapassou em 2008, os R$ 583 milhões de reais. Os municípios de Juazeiro e de Livramento de Nossa Senhora contri-buem com mais de 65% da área colhida, da produção e do valor da produção. O valor social dessa lavoura é de grande im-portância, pois emprega um contingen-te expressivo de mão-de-obra, estimada em pouco mais de 104 mil pessoas.

Em que pese à expansão da área cul-tivada com manga no Estado, o crescente número de países que disputam o mer-cado mundial dessa fruta deve limitar a expansão dos embarques internacionais, com refl exo direto nos preços. Em 2008, foram exportadas 56,1 mil de toneladas de manga, crescimento de 20% em rela-ção ao ano anterior, o que proporcionou uma receita de U$$ 51,8 milhões, um au-mento de 46%, quando comparado com 2007. Fo

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A manga Tommy Atkins, no merca-do atacadista de Juazeiro, alcançou sua maior cotação no mês de setembro, quando foi comercializada por R$ 0,86 o quilo. Em Livramento de Nossa Senhora, segundo município produtor do Estado, a manga Tommy Atkins atingiu sua maior cotação em abril, R$ 6,30 e a Haden no mês de julho a R$ 9,75 a caixa com 6,5kg.(Gráfi co 6).

MAMÃO

O mamão tem no Brasil o maior pro-dutor mundial e terceiro maior exporta-dor, depois de México e Malásia. A região Nordeste é responsável por 73,1% da área plantada nacional, com 29 mil hectares e colheita anual de 1,14 milhão de tonela-das. Os principais estados produtores são Bahia, Espírito Santo, Paraíba, Ceará, Pará e Rio Grande do Norte.

A Bahia é o primeiro produtor nacio-nal do fruto, atingindo 954.439 toneladas em 2008, com destaque para a região Extremo Sul, cuja mais importante ex-ploração frutícola é o mamão (Havaí e Formosa) com área plantada de 12.703 ha, o que corresponde a 78,37% da área cultivada com mamão no Estado (Gráfi co 7). O faturamento da cultura foi de R$ 312,3 milhões em 2008, 20,92% superior em relação ao VBP de 2007.

O crescimento nas exportações, sobretudo para os Estados Unidos, foi o principal fator que motivou a expan-são da cultura do mamão no estado. Durante muito tempo, os Estados Uni-dos, maior consumidor mundial dessa fruta impuseram barreiras ao produto brasileiro, temendo a praga chamada moscas-das-frutas. O acesso ao mercado norte-americano é resultado do Sistems Aproach implantado pela Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB), em parceria com a Embrapa Mandioca e Fruticultura, a Universidade de São Paulo (USP) e produtores rurais, o que garante a qualidade sanitária do mamão produzido no Estado.

De um ano para o outro, o cresci-mento das exportações do mamão baia-no cresceram 3,5%, chegando em 2008,

Gráfi co 5Evolução da produção de manga - Bahia, 2000-2008*

Gráfi co 6Preços médios mensais da manga Tommy (praça Juazeiro – R$/kg) - Bahia, 2007-2008*

Fonte: IBGE/PAM – Produção Agrícola Municipal - Elaboração: SEAGRI/SPA - * Dados sujeitos à retifi cação: LSPA Out/08.

Fonte: SEAGRI/SPA - *Dados Jan a Out.-08

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Gráfi co 7Evolução da produção de mamão - Bahia, 2000-2008*

Gráfi co 8Preços médios mensais do mamão Hawaí (praça Salvador–R$/cx. 7/8 kg) - Bahia, 2007-2008*

Fonte: IBGE/PAM – Produção Agrícola Municipal - Elaboração: SEAGRI/SPA - * Dados sujeitos à retifi cação: LSPA Out/08.

Fonte: SEAGRI/SPA - * Dados Jan a Out.-08

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a U$$ 5,5 milhões (FOB), com embarques para Alemanha, Espanha e Reino Unido. As cotações do mamão Havaí, no merca-do atacadista de Salvador, mantiveram-se estável, atingindo, em 2008, seu maior valor no mês de julho, quando foi comer-cializado por R$ 10,00 a caixa de 7/8 qui-los (Gráfi co 8).

COCO-DA-BAÍA

Com uma área colhida de 83,7 mil hectares, a Bahia é o primeiro produtor nacional de Coco-da-baía, sendo respon-sável pela produção, em 2008, de 629,8 mil toneladas de frutos, contribuindo com mais de R$ 180 milhões na compo-sição do Valor Bruto da Produção – VBP agrícola estadual (Gráfi co 9).

Impulsionado por novos plantios e pelo aumento do consumo da “água de coco”, hipertônico natural, sobretudo nos estados localizados no Centro-Sul do país, a área plantada com essa fruta no Estado experimentou um crescimento, nos últimos oito anos de 6,14%. A produ-tividade média cresceu 47% no período, passando de 5.248 quilos por hectare em 2000 para 7.718 quilos por hectare em 2008.

Em 2008, foram embarcadas para o exterior, 147,2 toneladas de coco seco e 109,8 toneladas de coco verde, gerando divisas para o Estado de U$$ 37,1 mil e U$$ 26,5 mil, respectivamente.

O preço médio do coco verde no mercado atacadista de Salvador apresen-tou um comportamento estável durante grande parte do ano de 2008, exceto nos meses de janeiro e fevereiro, perío-do mais quente do ano, quando houve uma maior procura pela água dessa fruta. A demanda interna por coco seco conti-nua em expansão, vinculada à indústria de coco ralado e leite de coco. As cota-ções do coco seco no mercado atacadis-ta de Salvador, atingiram, em 2008, seu maior valor no mês de outubro, quando foi comercializado por R$ 91,19 o cento (Gráfi co 10).

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Gráfi co 9Evolução da produção de Coco-da-baía - Bahia, 2000-2008*

Gráfi co 10Preços médios mensais do coco seco (praça Salvador – R$/cento) - Bahia, 2007-2008*

Fonte: IBGE/PAM – Produção Agrícola Municipal - Elaboração: SEAGRI/SPA - *Dados sujeitos à retifi cação: LSPA Out/08.

CITROS

A Bahia é o segundo produtor na-cional de laranja, com uma produção de 1,02 milhão de toneladas, em uma área de 60,3 mil hectares. O Estado também é o segundo produtor nacional de limão, com uma colheita de 44,2 mil toneladas em 3,39 mil hectares colhidos, contribuin-do as duas culturas com R$ 188 milhões na formação do Valor Bruto da Produção agropecuária em 2008 (Gráfi co 11).

No Estado, a produção de limão, as-sim como a de laranja, é concentrada em poucos Territórios de Identidade. No cul-tivo da laranja destacam-se os municípios de Inhambupe, Itapicuru e Rio Real, com 33.000 ha, com tendência de incremento de novas áreas. Em Cruz das Almas, ou-tro grande produtor, a área plantada é de aproximadamente 2.000 hectares.

A citricultura tem um cunho social muito forte, pois emprega a cada safra um contingente de 20 mil pessoas. O cultivo do limão vem sendo realizado nos perímetros irrigados, destacando-se os municípios de Barreiras, São Desidério, Itaberaba, Prado, Caravelas e Juazeiro.

Em 2008, as exportações de limões e limas proporcionaram uma receita de U$$ 9,6 milhões, com embarques de 10,6 mil toneladas. O principal mercado para o limão produzido no Estado é a Holanda. No âmbito interno, o limão Taiti, saca de 20 kg, comercializado na CEASA de Salva-dor, apresentou em 2008, uma curva de preços instável, mínima de R$ 6,94 e má-xima de R$ 36,76 em outubro. A laranja Pêra foi comercializada no mercado ata-cadista de Salvador em média a R$ 10,37 o cento, obtendo as maiores cotações nos meses de março e abril (Gráfi co 12).

BANANA

Considerada uma das atividades mais antigas do país, a bananicultura ga-rante emprego e renda para milhares de agricultores, exercendo, ainda, um papel fundamental na fi xação do homem no campo.

Com uma área plantada superior a 95,8 mil hectares e produção de 1,4 mi-lhão de toneladas, a Bahia ocupa o pri- Fo

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meiro lugar no ranking nacional dos pro-dutores de banana, contribuindo com R$ 534 milhões no Valor Bruto da Produção agropecuária (Gráfi co 13). Os principais pólos produtores no Estado estão no Baixo Sul e Oeste, sendo que o primeiro se destaca pela produção familiar e o se-gundo pela agricultura empresarial.

A Bahia área Livre da Sigatoka Negra, praga causada pelo fungo Mycosphaerella fi jiensis, originário da Ilhas Fiji (no Pacífi co), adota medidas de proteção que proíbe a entrada no território de frutas vindas de Amazonas, Acre, Rondônia, Amapá, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Roraima, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo, onde existem focos conhecidos da doença.

Atualmente, a Bahia já exporta ba-nana para outros estados e países do Mercosul e Europa, com amplas possi-bilidades de vender para países da Ásia, tendo exportado em 2008, mais de 13 to-neladas, o que proporcionou uma receita superior a U$$ 42 mil.

Em 2008, o preço da banana no mercado atacadista da CEASA/Salvador apresentou um comportamento estável durante todo o ano, sendo cotada, em média, a R$ 12,00 o cento (Gráfi co 14).

MAÇÃ

A maçã produzida no Estado está sendo cultivada numa área de 51 hecta-res, obtendo em 2008, uma produção de 510 toneladas, localizada no município de Ibicoara e Bonito na Chapada Diaman-tina, onde as condições climáticas são propícias ao cultivo desta fruta. O foco da produção é o mercado nordestino.

Toda a área cultivada é com a varie-dade Eva, que já vem sendo plantada em São Paulo e Minas Gerais. A varieda-de não exige tanto frio quanto a do tipo Gala e Fuji, encontradas nas áreas mais tradicionais do país, situadas, principal-mente, no Rio Grande do Sul e Santa Catarina (ANUÁRIO BRASILEIRO DE FUTI-CULTURA, 2007).

As macieiras foram introduzidas na região entre o fi nal de 2005 e início de 2006. Os primeiros frutos começaram a

Gráfi co 11Evolução da produção de citros (laranja, limão e tangerina) - Bahia, 2000-2008*

Gráfi co 12Preços médios mensais da Laranja Pêra (Praça Salvador – R$/cento) - Bahia, 2007-2008*

Fonte: IBGE/PAM – Produção Agrícola Municipal - Elaboração: SEAGRI/SPA - Dados sujeitos à retifi cação: LSPA Out/08.

Fonte: IBGE/PAM – Produção Agrícola Municipal - Elaboração: SEAGRI/SPA - Dados sujeitos à retifi cação: LSPA Out/08.

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ser colhidos no fi nal de 2007, cuja pro-dução alcançou 200 toneladas em uma área colhida de 24 hectares. A área só estará em plena carga após um período de quatro anos de plantio, quando será produzida uma média de 40 toneladas por hectare. Benefi ciada pela isenção de ICMS, a maçã baiana foi totalmente co-mercializada no Estado da Bahia, onde foi negociada a R$ 1,46 o quilo.

MAIS FRUTAS NA

MESA - PERSPECTIVA 2009

Num cenário de preços agrícolas ele-vados e tendência mundial de aumento do consumo de frutas, a perspectiva para a fruticultura baiana em 2009, é promis-sora, considerando o grande consumo interno, o incremento na produção de frutas, no aumento da área plantada, e na crescente demanda do mercado externo das frutas baianas nos últimos anos.

O Plano Safra 2008/2009, do Minis-tério da Agricultura, Pecuária e Abaste-cimento (MAPA) traz boas opções para o fi nanciamento, apoio à comercialização e à renda do produtor frutícola como: Crédito de Custeio e Comercialização - R$ 55 bilhões para todo o Brasil, com ex-pansão no limite de recursos por produ-tor de frutíferas de R$ 300 mil para R$ 400 mil; Investimento – aumento no volume ofertado, que passará para R$ 10 bilhões.

A fruticultura, assim como outras atividades agrícolas, está sujeita a riscos climáticos que afetam a produção e, por conseqüência, a renda do produtor. E como ferramenta de gestão desses riscos os produtores podem contar com o Pro-grama Federal de Subvenção ao Prêmio de Seguro Rural (PSR) que contemplará já em 2009, um número maior de frutíco-las como: ameixa, caqui, fi go, kiwi, maçã, nectarina, pêra, pêssego e uva com sub-venção de 60%; e abacate, abacaxi, ate-móia, banana, cacau, caju, goiaba, laranja, limão, mamão, manga, maracujá, melan-cia, melão entre outras com subvenção de 40%.

Gráfi co 13Evolução da produção da banana - Bahia, 2000-2008*

Gráfi co 14Preços médios mensais da banana Prata (praça Salvador – R$/cento) - Bahia, 2007/2008*

Fonte: IBGE/PAM – Produção Agrícola Municipal - Elaboração: SEAGRI/SPA - * Dados sujeitos à retifi cação: LSPA Out/08.

Fonte: SEAGRI/SPA - *Dados Jan a Out.-08

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Segundo o MAPA, as principais ten-dências do setor no cenário nacional são: aumento da importância da agroin-dústria no processamento de frutas; de-senvolvimento de nichos de mercado (orgânicos); aprimoramento das práticas comerciais (classifi cação, padronização, denominação de origem, rastreabilidade, certifi cação e utilização de embalagens adequadas); aumento da efi ciência dos canais de comercialização direta entre produtor e varejo.

As potencialidades do setor na Bahia são grandes, os avanços científi cos gera-dos pela pesquisa realizada pela Embra-pa Mandioca e Fruticultura, localizada em Cruz das Almas – Bahia proporciona ele-vado incremento de produtividade. Os

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produtores têm utilizado cada vez mais tecnologia e investido no plantio de no-vos pomares de frutas, ou culturas emer-gentes como ameixa, maçã, morango, açaí, cupuaçu, graviola, dentre outras.

Para atendimento aos desafi os de uma economia globalizada e competi-tiva, a Agência de Defesa Agropecuária da Bahia – ADAB vem executando ações, programas e projetos técnico-científi cos de prevenção, controle e erradicação de pragas de importância econômica e quarentenária, assegurando o fortaleci-mento da produção e do comércio agro-pecuário.

Em 2009, a ADAB intensifi cará os programas: Prevenção à Sigatoka Negra;

Fitossanitário da Cultura do Cítros; Mane-jo Integrado das Pragas das Anonáceas; Controle das Moscas-das-Frutas; Systems Aproach para a Cultura do Mamão; Fitos-sanitária para o Abacaxi, além do fortale-cimento do Programa de Fiscalização do Trânsito de Vegetais e Certifi cação Fitos-sanitária de Origem (CFO), visando preve-nir a introdução de pragas de importân-cia quarentenária para o Estado da Bahia, a exemplo do Greennig, presente em São Paulo e Minas Gerais, da Mosca-Negra-dos Citros já presentes nos estados do Amapá, Amazonas, Maranhão, Tocantins, Goiás, Pará e São Paulo e da Mosca-da-Carambola, restrita ao estado do Amapá e considerada a principal ameaça às ex-portações de frutas.