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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ ENGENHARIA ELÉTRICA COM ÊNFASE EM TELECOMUNICAÇÕES ALEX JOÃO BARBOSA DA SILVA CESAR NOBREGA RODRIGUES RENAN SILVA SANTOS UM ESTUDO DE CASO PARA A APLICAÇÃO DE ENLACES FSO EM BACKHAULS DE TELEFONIA CELULAR RIO DE JANEIRO 2010

FSO em Backhauls de Telefonia Celular

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UM ESTUDO DE CASO PARA A APLICAÇÃO DE ENLACES FSO EM BACKHAULS DE TELEFONIA CELULAR.A case study analyzing the implementation of an FSO link in a carrier backhaul in Rio de Janeiro - Brazil.

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

ENGENHARIA ELÉTRICA COM ÊNFASE EM TELECOMUNICAÇÕES

ALEX JOÃO BARBOSA DA SILVA

CESAR NOBREGA RODRIGUES

RENAN SILVA SANTOS

UM ESTUDO DE CASO PARA A APLICAÇÃO DE ENLACES FSO EM BACKHAULS

DE TELEFONIA CELULAR

RIO DE JANEIRO

2010

Page 2: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

ALEX JOÃO BARBOSA DA SILVA

CESAR NOBREGA RODRIGUES

RENAN SILVA SANTOS

UM ESTUDO DE CASO PARA A APLICAÇÃO DE ENLACES FSO EM BACKHAULS

DE TELEFONIA CELULAR

Trabalho apresentado à Universidade Estácio

de Sá como requisito parcial para obtenção do

grau de Engenheiro Eletricista com Ênfase em

Telecomunicações.

Orientador: Prof. Dr. José Brant de Campos

RIO DE JANEIRO

2010

Page 3: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

S586e

Silva, Alex João Barbosa da Um estudo de caso para a aplicação de enlaces FSO em Backhauls de telefonia

celular. / Alex João Barbosa da Silva, Cesar Nobrega Rodrigues, Renan Silva

Santos. - Rio de Janeiro, 2010.

79 f.

Monografia (Graduação em Engenharia Elétrica) – Universidade Estácio de Sá,

2010.

1. Óptica, espaço livre. 2. Backhauls. 3. Telefonia celular. I. Rodrigues, Cesar

Nobrega. II. Santos, Renan Silva. III. Título.

CDD 621.3

Page 4: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

ALEX JOÃO BARBOSA DA SILVA

CESAR NOBREGA RODRIGUES

RENAN SILVA SANTOS

UM ESTUDO DE CASO PARA A APLICAÇÃO DE ENLACES FSO EM BACKHAULS

DE TELEFONIA CELULAR

Trabalho apresentado à Universidade Estácio

de Sá como requisito parcial para obtenção do

grau de Engenheiro Eletricista com Ênfase em

Telecomunicações.

Aprovado em 04 de dezembro de 2010

BANCA EXAMINADORA

Page 5: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

Aos meus pais, João e Elúzia pelo exemplo de vida e pela educação a mim

transmitida. À Elâine, minha querida irmã, que sempre me apoiou em todos os momentos.

Aos meus colegas de trabalho pela experiência transmitida proporcionando o meu

crescimento profissional e pessoal. Ao amigo Jorge Barrozo pelo espírito de liderança, pelos

conselhos e motivação que nortearam meu amadurecimento. Aos amigos que me deram

suporte, principalmente nas horas mais estressantes. Finalmente, aos amigos Cesar e Renan

cuja dedicação produziu frutos muito além deste trabalho, e cujo companheirismo segue como

principal resultado do trabalho em grupo e do balanceamento das tarefas e de tantas reuniões

realizadas para tomada de decisão em conjunto.

Alex João Barbosa da Silva

Agradeço especialmente ao meu pai, Mauro Cesar Rodrigues, que me forneceu

suporte emocional e financeiro, sempre me incentivando a prosseguir com os estudos. Sem ele

não teria atingido o objetivo de me tornar Engenheiro. À minha mãe Márcia Rodrigues, que

neste momento não possuo palavras para agradecer aos olhares e conselhos que me guiaram

durante minha vida. Aos professores que passaram ao longo da minha vida ajudando em

minha formação pessoal e profissional. E aos meus amigos de faculdade Alex e Renan, que

encararam este desafio junto comigo.

Cesar Nobrega Rodrigues

Aos meus pais, Aída e Reginaldo pelo apoio em todos esses anos. Ao amigo Fábio

Alves da Silva, pelo incondicional e indispensável apoio psicológico e emocional, em todos

os momentos. À Dayanni, cujo sorriso e o jeito otimista de olhar o mundo por inúmeras vezes

me impediram de desistir deste e de tantos outros sonhos. Aos colegas de faculdade, ou

melhor, amigos, Alex e Cesar, por contribuírem, cada um a seu modo, para que este trabalho

fosse o melhor possível, pela paciência com os meus inúmeros surtos de estresse neste ano de

intenso trabalho conjunto e por tornarem este árduo trabalho mais agradável e por todos os

momentos que se tornarão boas lembranças para toda a vida.

Renan Silva Santos

Page 6: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

AGRADECIMENTOS

Agradecemos a Deus, primeiramente, sem o qual não estaríamos aqui neste momento.

Aos nossos familiares e amigos, que nos apoiaram nessa e em tantas outras jornadas.

À Bessie e ao André Marzulo por gentilmente colaborarem com a realização deste

trabalho.

Ao professor Ivan pela descontração e incentivo à elaboração do projeto.

Ao professor Ricardo pelos conhecimentos transmitidos, com didática capaz de

transformar a complexidade de determinados assuntos e facilitar a assimilação dos mesmos.

Ao Paulo Maurício e à Suellen Cardoso, funcionários da Biblioteca, pela paciência

com as nossas reuniões até altas horas.

Ao Kylderi, pelo apoio logístico aos membros do grupo.

Ao nosso orientador, Prof. Dr. José Brant, pela paciência, motivação e dedicação na

orientação deste trabalho.

Aos demais mestres pelos conhecimentos transmitidos ao longo do curso.

Page 7: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

"O homem não foi feito para ver a luz, mas

para ver apenas as coisas iluminadas pela luz."

(Goethe)

"À luz certa, no momento exato, tudo é

extraordinário." (Aaron Rose)

"Existem dois modos de se propagar a luz: ser

a vela, ou ser o espelho que a reflete." (Edith

Wharton)

Page 8: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

RESUMO

A tecnologia de transmissão óptica no espaço livre (FSO – Free Space Optics) surge

como alternativa para a ampliação da capacidade de transmissão de backhauls de telefonia

celular, dada a crescente demanda por maiores taxas de dados em função, principalmente, da

popularização do acesso à internet através de terminais móveis. Este trabalho apresenta as

vantagens e limitações desta tecnologia, os fatos que marcaram sua evolução ao longo da

história, os principais modelos pertinentes à propagação do sinal óptico na atmosfera, além

das características dos equipamentos e um estudo de caso analisando a implantação de um

enlace FSO no backhaul de uma operadora na cidade do Rio de Janeiro. O estudo de caso

trata, em especial, da aplicação dos modelos pertinentes a esta tecnologia através de um

projeto criterioso para o dimensionamento do enlace, obtendo a redução de custos quando

comparada à tecnologia de transmissão via rádio para a mesma taxa de dados e do tempo de

instalação quando comparada à instalação de fibras ópticas, mostrando a viabilidade de sua

aplicação.

Palavras-chave: Óptica no espaço livre. Backhaul. Telefonia celular.

Page 9: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

ABSTRACT

The technology of optical transmission in free space (FSO - Free Space Optics)

appears as an alternative to expand the transmission capacity of mobile backhaul, given the

increasing demand for higher data rates mainly due to a more widespread access to Internet

through mobile terminals. This work presents the advantages and limitations of this

technology, key events that marked its evolution throughout history, the main models relevant

to the propagation of optical signal in the atmosphere, besides the characteristics of equipment

and a case study analyzing the implementation of an FSO link in a carrier backhaul in Rio de

Janeiro. The case study deals particularly with the application of models pertinent to this

technology through a careful design for the dimensioning of the link, obtaining reduction of

the costs when compared to the technology of radio transmission for the same data rate and of

the installation time when compared to the installation of fiber optics, showing its application

feasibility.

Keywords: Free space optics. Backhaul. Cellular telephony.

Page 10: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1.1: Sistema de Chappe instalado em pontos altos e mecanismo desenvolvido por ele.

.................................................................................................................................................. 21

Figura 1.2: Telégrafo óptico de Mangin. .................................................................................. 22

Figura 1.3: Heliógrafo inglês .................................................................................................... 22

Figura 1.4: Representação esquemática do fotofone inventado por Graham Bell. .................. 23

Figura 1.5: Em 1999, os engenheiros retomaram a idéia do Fotofone. .................................... 24

Figura 1.6: Lichtsprechgerät 80. ............................................................................................... 24

Figura 2.1: Enlaces FSO interligando um backhaul de telefonia celular ................................. 28

Figura 2.2: Atenuação geométrica ............................................................................................ 30

Figura 2.3: Janelas atmosféricas. .............................................................................................. 32

Figura 2.4: Diagramas de espalhamento: (a) Rayleigh, (b) Mie e (c) Não-seletivo. ................ 33

Figura 2.5: Visibilidade em função da precipitação ................................................................. 36

Figura 2.6: Efeito da turbulência atmosférica em um enlace FSO ........................................... 38

Figura 2.7: Medida da variação do parâmetro estrutural do índice de refração na cidade do Rio

de Janeiro no dia 16 de fevereiro de 2003. ............................................................................... 40

Figura 2.8: Atenuação causada pela cintilação em função do comprimento do enlace para os

comprimentos de onda de 785 nm, 850 nm e 1550 nm. ........................................................... 42

Figura 2.9: Exemplo da penetração e absorção de diferentes comprimentos de onda pelas

estruturas do globo ocular......................................................................................................... 45

Figura 3.1: Detalhamento de um transceptor óptico FSO de laser único. ................................ 51

Figura 3.2: Largura espectral da luz emitida por um LED ....................................................... 53

Figura 3.3: Gráfico corrente de entrada versus potência óptica de saída de dispositivos laseres

.................................................................................................................................................. 53

Figura 3.4: Curva de sensibilidade típica de fotodetectores feitos de material semicondutor. 56

Figura 3.5: (a) Junção P-N polarizada reversamente. (b) Corrente de drift e de difusão

ocorrida devido à incidência de luz. ......................................................................................... 57

Figura 3.6: Diodo PIN. ............................................................................................................. 58

Figura 3.7: Circuito equivalente de um foto-transistor. ........................................................... 59

Figura 3.8: Fotodiodo APD. ..................................................................................................... 59

Figura 3.9: Funcionamento de um filtro óptico espacial. ......................................................... 61

Figura 3.10: Esquema que permite movimento vertical, horizontal e rotacional. .................... 62

Page 11: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

Figura 3.11: Steering mirror utilizado em sistemas FSO. ........................................................ 63

Figura 3.12: Detector de Quadrante disposto na forma de uma matriz 2x2. ............................ 63

Figura 3.13: (a) Esquema dos Chips CCD; (b) Respectivos diodos sensíveis a luz................. 64

Figura 3.14: Incidência de um raio de luz em uma interface ar-vidro...................................... 65

Figura 4.1: Imagem da localização das estações no cenário proposto para o estudo de caso .. 67

Figura 4.2: À esquerda, SONAbeam™ 1250-M. À direita, OptiX RTN 950 da Huawei. ....... 68

Figura 4.3: Atenuação geométrica para o enlace proposto ....................................................... 71

Figura 4.4: Distribuição de probabilidade de visibilidade para a cidade do Rio de Janeiro .... 75

Page 12: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1: Código internacional de visibilidade para as condições do tempo e precipitação. 37

Tabela 2.2: Efeitos da exposição a laseres em diferentes comprimentos de onda ................... 46

Tabela 2.3: Categorias de dispositivos de emissão laser de acordo com a norma EM 60825-1

.................................................................................................................................................. 47

Tabela 2.4: Classes de exposição x AEL .................................................................................. 48

Tabela 2.5: Exemplo de valores de MPE (W.m-2

) para o olho de acordo com a duração da

exposição e comprimento de onda ........................................................................................... 48

Tabela 3.1: Comparativo entre equipamentos FSO. ................................................................. 66

Tabela 4.1: Parâmetros do equipamento SONAbeam 1250M. ................................................ 70

Tabela 4.2: Atenuação atmosférica para o cenário proposto, em diferentes condições

climáticas .................................................................................................................................. 71

Tabela 4.3: Parâmetros para cálculo de enlace FSO ................................................................ 73

Tabela 4.4: Resultado dos cálculos de viabilidade, de acordo com as condições climáticas. .. 74

Tabela 4.5: Comparativo entre as soluções FSO e rádio .......................................................... 76

Page 13: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

3G - 3rd Generation

4G - 4th Generation

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

AEL - Accessible Emission Limits

APD - Avalanche Photodiode

CCD - Charge Coupled Device

DFB - Distributed Feedback Laser

DSL - Digital Subscriber Line

EPI - Equipamento de Proteção Individual

ESCOM - Enterprise Systems Connection

FSO - Free Space Optics

GSM - Global System Mobile

HDTV - High Definition Television

IEC - International Eletrotecnical Commission

IP - Internet Protocol

IP66 - Ingress Protection Classification 66

IR-A - Infrared A

IR-B - Infrared B

LASER - Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation

LD - Laser Diode

LED - Light Emission Diode

MPE - Maximum Permissible Exposure

MTBF - Mean Time Between Failures

NEMA-4 - National Electrical Manufacturers Association Type 4

NOHD - Nominal Ocular Hazard Distance

Page 14: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

OC-3 - Optical Carrier 3

OC-12 - Optical Carrier 12

PLC - Power Line Communications

QoS - Quality of Service

ROI - Return Over Investment

SC - Subscriber Connector, Square Connector ou Standard Connector

STM-1 - Synchronous Transport Module Level 1

STM-4 - Synchronous Transport Module Level 4

UMTS - Universal Mobile Telecommunication System

UWB - Ultra Wide Band

VCSEL - Vertical Cavity Surface Emitting Laser

WDM - Wavelength Division Multiplex

Wi-Fi - Wireless Fidelity

WiMax - Worldwide Interoperability for Microwave Access

Page 15: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

SUMÁRIO

OBJETIVO ............................................................................................................... 16

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 17

1.1 ALGUMAS DEFINIÇÕES ........................................................................................ 19

1.1.1 Telecomunicação ...................................................................................................... 19

1.1.2 Transmissão óptica ................................................................................................... 19

1.1.3 As ondas de rádio ou hertzianas ............................................................................. 19

1.1.4 Backbone ................................................................................................................... 20

1.1.5 Backhaul .................................................................................................................... 20

1.2 HISTÓRIA DAS TELECOMUNICAÇÕES ÓPTICAS ............................................ 20

1.3 FIBRA ÓPTICA x FSO ............................................................................................. 25

1.4 VANTAGENS E DESVANTAGENS ....................................................................... 26

2 FUNDAMENTOS TEÓRICOS .............................................................................. 28

2.1 ÓPTICA NO ESPAÇO LIVRE .................................................................................. 28

2.2 EFEITOS DA PROPAGAÇÃO DE LUZ NA ATMOSFERA .................................. 28

2.2.1 Atenuação geométrica .............................................................................................. 29

2.2.2 Atenuação atmosférica ............................................................................................. 30

2.2.2.1 Absorções ................................................................................................................... 32

2.2.2.2 Espalhamentos ............................................................................................................ 33

2.2.2.3 Modelo simplificado................................................................................................... 34

2.2.3 Atenuação por chuvas .............................................................................................. 36

2.2.4 Turbulência atmosférica .......................................................................................... 38

2.2.5 Cintilação .................................................................................................................. 39

2.3 ALINHAMENTO DO FEIXE ................................................................................... 43

2.4 BALANÇO DE POTÊNCIA...................................................................................... 43

2.5 SEGURANÇA DOS OLHOS EM ENLACES FSO .................................................. 44

Page 16: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

2.5.1 Efeitos da exposição.................................................................................................. 45

2.5.2 Categorias.................................................................................................................. 46

2.5.3 Accessible Emission Limits (AEL) .......................................................................... 47

2.5.4 Maximum Permissible Exposures (MPE) .............................................................. 48

2.5.5 Nominal Ocular Hazard Distance (NOHD) ........................................................... 49

2.6 SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO EM ENLACES FSO ...................................... 49

3 CARACTERÍSTICAS DOS EQUIPAMENTOS FSO ......................................... 51

3.1 TRANSMISSORES ................................................................................................... 52

3.1.1 Light Emitting Diodes (LED) .................................................................................. 52

3.1.2 Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation (LASER) ................. 53

3.1.3 Múltiplas fontes de transmissão .............................................................................. 54

3.2 RECEPTORES ........................................................................................................... 54

3.2.1 Características básicas dos fotodetectores ............................................................. 55

3.2.2 Fotodiodo ................................................................................................................... 57

3.2.3 Diodo PIN .................................................................................................................. 58

3.2.4 Fototransistor............................................................................................................ 58

3.2.5 Fotodiodo avalanche (APD) ..................................................................................... 59

3.2.6 Filtros ópticos ............................................................................................................ 60

3.2.6.1 Filtros de absorção...................................................................................................... 60

3.2.6.2 Filtros dicróicos .......................................................................................................... 61

3.2.6.3 Filtros de interferência................................................................................................ 61

3.2.6.4 Filtros espaciais .......................................................................................................... 61

3.2.7 Auto alinhamento ..................................................................................................... 62

3.2.7.1 Gimbal ........................................................................................................................ 62

3.2.7.2 Steering mirror ........................................................................................................... 63

3.2.7.3 Detector de quadrante ................................................................................................. 63

3.2.7.4 CCD ............................................................................................................................ 63

Page 17: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

3.3 PERDAS ÓPTICAS ................................................................................................... 64

3.4 COMPARATIVO DE ALGUNS EQUIPAMENTOS FSO DISPONÍVEIS

COMERCIALMENTE ............................................................................................... 65

4 ESTUDO DE CASO ................................................................................................. 67

4.1 CENÁRIO .................................................................................................................. 67

4.2 CONDIÇÕES AMBIENTAIS E DEFINIÇÃO DO CENÁRIO ................................ 68

4.3 CÁLCULOS DE VIABILIDADE TÉCNICA ........................................................... 70

4.3.1 Atenuação atmosférica ............................................................................................. 70

4.3.2 Atenuação geométrica .............................................................................................. 71

4.3.3 Atenuação por cintilação ......................................................................................... 72

4.3.4 Perdas ópticas ........................................................................................................... 73

4.3.5 Atenuação por desalinhamento ............................................................................... 73

4.3.6 Balanço de potência .................................................................................................. 73

4.4 DISPONIBILIDADE ................................................................................................. 74

4.5 CUSTO-BENEFÍCIO ................................................................................................. 76

5 CONCLUSÃO .......................................................................................................... 77

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 78

Page 18: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

16

OBJETIVO GERAL

O objetivo deste trabalho é apresentar um estudo de caso onde será desenvolvida uma

análise preditiva para a aplicação da tecnologia de transmissão óptica no espaço livre (FSO –

Free Space Optics) na interligação de estações em backhauls de telefonia celular de forma a

prover aumento da capacidade (throughput).

Este estudo foi motivado pela demanda crescente por maiores taxas de transmissão de

dados (throughput) que vem ocorrendo, principalmente pela popularização do acesso à

internet através de terminais móveis, e pela evolução dos padrões e tecnologias das redes de

telefonia celular.

Não se enquadra no escopo deste trabalho quantificar os ganhos financeiros relativos

ao uso da tecnologia FSO no cenário proposto, em especial no que diz respeito ao retorno de

investimento (ROI).

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Apresentar a tecnologia FSO, seus conceitos básicos, usos, benefícios e limitações;

Apresentar alguns equipamentos FSO, dos principais fabricantes existentes no

mercado, de forma comparativa;

Apresentar um estudo de caso mostrando a aplicação de enlaces FSO em backhauls de

telefonia celular para ampliação da capacidade (throughput) desses enlaces.

Page 19: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

17

1 INTRODUÇÃO

Free Space Optics (FSO) é uma tecnologia de comunicação óptica através do espaço

livre. Possui fundamentos similiares aos da comunicação por fibra óptica, exceto pelo meio

de transmissão, que é a atmosfera.

Métodos de comunicação empregando meios de transmissão óptica, ainda que em uma

forma muito primitiva, existem há milênios. As telecomunicações só começaram no final do

século XVIII com o aparecimento do telégrafo óptico de Claude Chappe, e inicialmente, eram

exclusivamente óticas. Por cinquenta anos, a ótica sem fio possibilitou a comunicação de

indivíduos por longas distâncias. No entanto, a quantidade de informação transmitida deste

modo e a qualidade do serviço (QoS) mantiveram-se baixas, devido à falta de

reprodutibilidade e confiabilidade de ambos os transmissores e receptores; dos homens e

materiais; e da natureza mutável da atmosfera como meio de transmissão.

Com o desenvolvimento do telégrafo elétrico de Morse, a eletricidade (cargas elétricas

deslocando-se através de cobre) rapidamente substituiu a óptica (fótons deslocando-se através

do ar). Informações puderam ser transferidas ao longo de linhas de cobre em taxas de dados

relativamente altas.

No entanto, a invenção do laser em 1960 abriu o caminho para outra solução, na

forma de telecomunicações óticas baseadas em fibras ópticas, oferecendo capacidade de linha

quase ilimitada. O desenvolvimento quase simultâneo em 1970-1971 de fibras ópticas com

baixa atenuação, e laseres de semicondutores que emitem em modo contínuo em temperatura

ambiente, levou à explosão das telecomunicações ópticas guiadas. Fibras de vidro podem

transmitir dados a taxas elevadas em distâncias de centenas de quilômetros. Óptica guiada,

sem dúvida, atualmente domina os campos de transmissão submarina, transmissões de longa

distância e transmissões interurbanas, tornando-se parte integrante e indispensável da

Supervia do Sistema de Informação.

Porém, um interesse renovado na transmissão digital de sinais por feixe de laser na

atmosfera tem aparecido. Em um momento em que as ligações entre os sites se multiplicam,

com um aumento crescente do volume de informação a ser transmitida, links ópticos

atmosféricos representam um modo de transmissão sem fio com altas taxas de fluxo (da

ordem de Gbps) em curtas e médias distâncias (de alguns decametros a poucos quilômetros).

Outro motivo para o atual interesse visto em sistemas que fazem uso de óptica sem fio

é que, com a popularização da internet, novos serviços surgiram como vídeo streaming, jogos

Page 20: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

18

online e outras aplicações multimídia que requerem taxas de transmissão cada vez mais

elevadas.

Para o atendimento ao usuário final, normalmente com enlaces de distancias curtas,

isto é, para o famoso "último quilômetro" ou "última milha" como elas são conhecidas no

mundo das telecomunicações, várias técnicas diferentes, tanto com fio quanto sem fio, estão

competindo atualmente: eletricidade com fio de cobre (xDSL, PLC, etc.); fibra óptica (vidro

ou polímero), rádio (GSM, UMTS, Wi-Fi, WiMax, UWB, etc.) e óptica sem fio (FSO). Cada

uma dessas técnicas apresenta vantagens e desvantagens em termos de fluxos, distâncias de

transporte, custos e qualidade de serviço.

Quando comparada a estas diversas técnicas, a óptica no espaço livre torna-se

interessante por diversas razões. Algumas destas razões são de natureza legal: por exemplo, a

exploração destas ligações, em contraste com links de rádio, não necessita de qualquer

autorização de freqüência ou qualquer licença específica. Existem também razões

econômicas, uma vez que a implantação de uma ligação sem fios é mais fácil, mais rápida e

menos cara para uma Operadora que a engenharia demandada para a instalação de cabos

ópticos. Finalmente, a óptica apresenta vantagens significativas em relação ao rádio (mesmo

ondas milimétricas) na corrida para alcançar os fluxos de alguns Gbps. A disponibilidade de

componentes (recepção e laseres modulados, etc.), que são amplamente utilizados em

tecnologias de telecomunicações com base em fibras ópticas, contribui ainda mais para

reduzir os custos dos equipamentos.

Hoje, o mercado mundial para a transmissão sem fio de dados numéricos é baseado

principalmente em tecnologias Hertzianas. No entanto, essas tecnologias apresentam algumas

limitações. Em particular, devido à sua largura espectral limitada, é improvável que elas

sozinhas serão capazes de satisfazer as crescentes exigências dos fluxos de dados.

Vale lembrar, porém, que no estágio de desenvolvimento em que se encontram, as

comunicações ópticas sem fio ainda estão limitadas a aplicações de curta distancia e com

requisitos de disponibilidade não tão críticos. E como em todo enlace de telecomunicações,

um projeto criterioso se faz necessário para que haja uma implantação bem sucedida, tanto do

ponto de vista técnico quanto econômico.

Page 21: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

19

1.1 ALGUMAS DEFINIÇÕES

1.1.1 Telecomunicação

A definição da palavra “telecomunicação”, adotada durante a Conferência

Internacional de Radiotelégrafos (International Radiotelegraphic Conference) de 1947

realizada em Atlantic City (E.U.A.) é: "qualquer transmissão, emissão ou recepção de

símbolos, sinais, escritos, imagens, sons ou informações de qualquer natureza, por fios,

radioelectricidade, óptica ou outros sistemas eletromagnéticos."

Os meios de transmissão devem ser do tipo eletromagnético, o que permite um

amplo escopo de aplicação, uma vez que, como Maxwell mostrou, ondas eletromagnéticas

incluem eletricidade e óptica.

1.1.2 Transmissão óptica

Trata-se de qualquer transmissão, emissão ou recepção de sinais visuais e sinais

ópticos.

1.1.3 As ondas de rádio ou hertzianas

Estas são ondas electromagnéticas de frequência inferior a 300 GHz, que são

propagadas no espaço sem guia artificial (em óptica, as freqüências são significativamente

mais altas: centenas de THz).

Page 22: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

20

1.1.4 Backbone

É a espinha dorsal de um sistema e comunicação, interligando os principais pontos

de cada rede entre si.

1.1.5 Backhaul

É a porção de uma rede de telecomunicações responsável por fazer a ligação entre o

núcleo da rede, ou backbone, e as subredes periféricas.

1.2 HISTÓRIA DAS TELECOMUNICAÇÕES ÓPTICAS

No início, a necessidade de se comunicar à distância foi uma reação natural para a

vida em comunidade. Tochas acesas no topo de montanhas, torres de observação nos pontos

mais altos, pipas com “lâmpadas” e sinais de fumaça, foram utilizados por Romanos,

Chineses e Americanos, basicamente para transmitir informações rudimentares de natureza

essencialmente militar de forma rápida. Navegantes utilizaram sinais com os braços e

semáforos.

Esses processos de comunicação, embora muito primitivos, faziam uso de meios

ópticos de transmissão. A velocidade de transmissão era adequada, mas pouca informação era

contida em cada mensagem, pois as várias configurações possíveis das fontes luz eram muito

limitadas.

Embora a pré-história das telecomunicações se estenda ao longo de milênios, a

história das telecomunicações realmente só começa no final do século XVIII com

o surgimento, na França, do telégrafo óptico de Claude Chappe (Figura 1.1).

O telégrafo de Chappe consistia de um sistema de braços articulados instalados no

em torres ou campanários, em que uma mensagem era transmitida através da posição dos

braços.

Page 23: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

21

Figura 1.1: À esquerda, sistema de Chappe instalado em pontos altos: torres ou campanários; à direita,

mecanismo desenvolvido por Chappe: três braços articulados. O braço principal AB, horizontal, possui

aproximadamente 4 metros de comprimento e dois braços pequenos chamados asas, AC e BC, que possuem

aproximadamente 1 metro de comprimento. O mecanismo de controle está sob o telhado da torre ou campanário

onde o mastro DD’ está fixado. Os braços móveis são cortados em forma de persianas, o que dá as propriedades

de grande leveza e resistência ao vento. Os braços móveis são pintados de preto para garantir uma boa

visibilidade contra o fundo do céu.

O sistema desenvolvido por Chappe foi bastante utilizado, porém, com o

desenvolvimento do telégrafo elétrico por Morse, se tornou obsoleto. No entanto, Lesuerre

desenvolveu um novo telégrafo óptico, que graças ao uso de telescópios alcançava grandes

distancias, utilizando flashes de luz solar ou lâmpadas de óleo para produzir os caracteres do

código. Uma versão melhorada deste telégrafo óptico foi desenvolvida por Mangin (

Figura 1.2).

Outro avanço na área foi o heliógrafo ou telégrafo solar, composto por um sistema

óptico de telecomunicações portátil. Este utiliza o reflexo de raios solares com um espelho

direcional. Os raios refletidos são direcionados para a estação de recepção conforme Figura

1.3.

Page 24: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

22

Figura 1.2: Telégrafo óptico de Mangin. À esquerda, a fonte luminosa é uma lâmpada a óleo e o obturador A é

usado para ordenar a emissão do sinal de luz (pontos e traços do telégrafo Morse), o telescópio EE’ é paralelo ao

eixo das lentes e usado para ver os sinais da estação transmissora; à direita, o telégrafo é iluminado pela luz solar

durante o dia, o dois espelhos planos M e M’ são inclinados de acordo com a posição do sol para direcionar o

feixe de luz refratado no aparelho e através de um conjunto de lentes, ter na saída um feixe de luz como no caso

anterior

Figura 1.3: À esquerda, o heliógrafo inglês: quando se quer transmitir sinais, um direciona o espelho M cujos

raios refletidos cruzarão o cartão de teste D; este sistema não funciona se o sol estiver alto no horizonte; à direita,

heliógrafo com espelho duplo. O uso de um segundo espelho permite a coleta dos raios solares, ilmuninando o

primeiro, com um ângulo muito aberto e refletindo sobre o espelho principal. Este sistema de espelho duplo

permite seu uso em uma faixa de horário muito mais ampla do que o sistema anterior

Em 1880, quatro anos depois de ter inventado o telefone, Alexander Graham Bell

realizou sua primeira comunicação óptica sem fio na qual os raios do sol substituíram o fio

elétrico:

"Eu ouvi os raios de sol a rir, a tossir e a cantar", ele escreveu a seu pai, depois da

primeira demonstração do funcionamento deste aparelho, que seria nomeado de "Photophone"

(Fotofone). Foi uma transmissão em espaço livre por uma distância de aproximadamente 200

metros, usando a luz do sol como portadora e mostrando pela primeira vez, desta forma, o

princípio básico das comunicações ópticas modernas onde a fibra óptica substitui o ar como

meio de transmissão de luz.

Page 25: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

23

Figura 1.4: Representação esquemática do fotofone inventado por Graham Bell; a

luz solar é modulada por uma membrana vibratória e é transmitida no espaço livre por cerca de 200 metros, e

então, entregue por uma célula de selênio ligada a fones de ouvido

O princípio básico do fotofone está esquematizado na Figura 1.4. A luz do sol é

focada em uma membrana reflexiva flexível. O usuário fala para esta membrana. A palavra

falada é transmitida no ar através da modulação dos raios do sol refletidos. Esta luz refletida

modulada, após seu deslocamento no ar, é recolhida por um refletor parabólico e focada em

uma célula de selênio fotocondutora conectada a uma pilha e a fones de ouvido.

Graham Bell considerou que esta invenção, de patente depositada em 03 de junho de

1880, era a sua maior invenção, muito mais significativa do que o telefone. E no entanto o

telefone suplantou o fotofone. As distâncias de transmissão eram muito pequenas e o sol não

emite seus raios exatamente da mesma maneira, 24 horas por dia, 365 dias por ano.

No entanto, quase 120 anos depois, os engenheiros retomaram a idéia do photophone

e utilizaram os links ópticos no espaço livre para as transmissões sem fio para uso comercial

com alta taxa de dados, como sugerido pela Figura 1.5. A luz solar, definitivamente muito

variável, não poderia ser usada, mas feixes de luz perfeitamente controláveis foram usados em

seu lugar, graças ao desenvolvimento dos componentes para as telecomunicações óticas em

fibras ópticas. Estes feixes de fótons são fornecidos por laseres cujas características são

conhecidas com exatidão (comprimento de onda, o número de fótons emitidos, tempo ou

seqüências de emissão); estes são coletados pelos detectores extremamente sensíveis e

reprodutíveis. O meio de transmissão permanece o ar e pode ser variável (por exemplo,

devido a mudanças no clima, vegetação, ambiente industrial), mas a óptica e a eletrônica

modernas podem mitigar o grau de não homogeneidade. Este problema da não

reprodutibilidade do meio de transmissão é o mesmo encontrado pelas comunicações em

radioelectricidade como a radiodifusão. Isto pode ser resolvido através do uso de eletrônica

adequada nos receptores.

Page 26: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

24

Figura 1.5: Em 1880, Graham Bell transmitiu a sua voz por mais de 600 pés (200m),

através do ar e utilizando os raios refletidos do sol. Em 1999, os engenheiros retomaram a idéia do Fotofone.

Carl Zeiss Jena desenvolveu o Lichtsprechgerät 80 (tradução livre: dispositivo de luz

falante) que o exército alemão usou em suas unidades de defesa antiaérea durante a Segunda

Guerra Mundial.

Na década de 60, com a invenção e o desenvolvimento dos primeiros laseres de rubi,

os sistemas FSO, uma das primeiras aplicações para o laser, passaram a ser desenvolvidos

para comunicações militares, devido principalmente à segurança oferecida à transmissão, e à

rapidez de instalação oferecida pela tecnologia. Também se iniciou, nesta época, o

desenvolvimento de pesquisas para o uso de FSO em comunicações aeroespaciais entre as

estações terrestres e satélites e entre satélites.

Muitas restrições tecnológicas impossibilitaram o sucesso comercial da tecnologia

FSO nos anos 60, entre elas o baixo alcance, a baixa capacidade, problemas com alinhamento

e a vulnerabilidade às condições ambientais.

Figura 1.6: Lichtsprechgerät 80. À esquerda, unidade óptica; à direita, Lichtsprechgerät 80 em uso.

Page 27: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

25

Em junho de 1968 foi publicado na Alemanha, na revista Nachrichtentechnik o

primeiro artigo sobre FSO entitulado "Information transmission by light beams through the

atmosphere" (Transmissão de informações por feixes de luz através da atmosfera), escrito

pelo Dr. Erhard Kube.

Com o avanço e a diminuição dos custos dos componentes ópticos, os protótipos FSO

para uso comercial foram desenvolvidos.

Enquanto a comunicação por fibra óptica ganhou aceitação na indústria de

telecomunicações, a comunicação por FSO ainda é relativamente nova. FSO proporciona

capacidade de transmissão com banda semelhante à fibra óptica, utilizando transmissores e

receptores ópticos similares.

1.3 FIBRA ÓPTICA X FSO

A fibra óptica e o FSO possuem larguras de bandas similares, logo é interessante

compararmos o funcionamento dos dois tipos de sistemas.

As fibras ópticas são compostas de vidro ou polímero com diâmetros extremamente

finos (diâmetros menores que 70 m) utilizados para transmitir informação por meio de sinais

luminosos. As fibras ópticas possuem duas regiões principais: o núcleo, que é por onde

trafega o sinal óptico e a casca, parte mais externa e que dá alguma proteção ao núcleo. O

núcleo possui sempre um índice de refração mais elevado que a casca proporcionando a

condição de reflexão interna total da luz quando injetada na fibra com um ângulo menor que

seu ângulo crítico. Portanto, a luz se refletirá na interface entre o núcleo e a casca da fibra até

a detecção na outra extremidade.

Existem diversos tipos de fibras ópticas: monomodo, multimodo, fibras ópticas

especiais para uso em sistemas com multiplexação por divisão de comprimento de onda

(WDM).

A fibra óptica, sendo um meio confinado é mais previsível do que o espaço livre que,

por ser um meio não-confinado está sujeito a vários outros tipos de adversidades.

Devido a esta imprevisibilidade, é mais difícil controlar e prever o comportamento da

transmissão óptica através do ar, fato este que afeta a disponibilidade e a capacidade do

enlace. As redes ópticas sem fio devem ser projetadas para suportar mudanças na atmosfera

que afetem o desempenho do sistema. Apesar destes contratempos, enlaces FSO são mais

Page 28: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

26

baratos e demandam menos tempo para serem instalados, devido ao fato de não necessitarem

de obras de engenharia civil.

Componentes utilizados por equipamentos de transmissão através de fibras ópticas são

empregados nos transmissores e receptores de FSO, dado que as janelas de transmissão da

fibra óptica coincidem com algumas das janelas da atmosfera nos comprimentos de onda

utilizados. A diferença é que as fibras são meios confinados e o FSO propaga-se livremente

na atmosfera.

1.4 VANTAGENS E DESVANTAGENS

Abaixo são mostradas as principais vantagens e desvantagens desta tecnologia:

Vantagens:

Menor custo e tempo de instalação;

Não há necessidade de aquisição de licenças para uso do espectro eletromagnético

ou execução de obras em vias públicas;

Largura de banda similar à das fibras ópticas e maior que a de enlaces rádio

típicos;

Virtualmente imune às interferências externas, além de também não interferir em

outros sistemas.

Desvantagens:

Susceptível a variações atmosféricas;

Necessita de um alinhamento preciso;

Potência limitada, devido às normas de segurança.

Como o ângulo de abertura do feixe é muito pequeno, a comunicação entre dois

pontos torna-se menos susceptível à interceptação indesejada e, consequentemente, mais

segura. Para que o sinal possa ser interceptado, um receptor deverá ser colocado no caminho

do feixe transmitido. Por outro lado, a dificuldade de alinhamento e as perdas por

desalinhamento devido às instabilidades mecânicas são maiores.

As principais desvantagens encontradas neste tipo de sistema são relacionadas com a

propagação óptica através da atmosfera. Os comprimentos de onda são comparáveis, em

Page 29: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

27

tamanho, com as partículas e moléculas suspensas na atmosfera, fazendo com que a energia

do laser seja absorvida ou espalhada.

Os comprimentos de onda mais utilizados são de 785, 850 e 1550 nm, graças à

disponibilidade de componentes que já são utilizados nos equipamentos de transmissão

através de fibras ópticas, o que contribui para o barateamento dos equipamentos FSO.

Page 30: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

28

2 FUNDAMENTOS TEÓRICOS

2.1 ÓPTICA NO ESPAÇO LIVRE

FSO é uma tecnologia de transmissão óptica que utiliza feixes de luz que se propagam

através da atmosfera e que oferece altas taxas de transmissão de dados.

A Figura 2.1 ilustra um sistema FSO.

Figura 2.1: Enlaces FSO interligando um backhaul de telefonia celular

2.2 EFEITOS DA PROPAGAÇÃO DE LUZ NA ATMOSFERA

Diferentemente dos sistemas a fibra, o meio de transmissão do sistema FSO, a

atmosfera, apresenta características que podem sofrer grandes variações dependendo do local

de instalação dos transceptores, bem como no decorrer do tempo. Esse caráter variante do

Page 31: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

29

meio de transmissão torna mais complexa a estimação das perdas impostas ao sinal óptico.

Portanto, para se obter boas estimativas para a perda de potência do sinal gerada pelo canal

devem ser considerados os modelos para cada um dos principais fenômenos envolvidos na

propagação do feixe óptico na atmosfera no local de instalação. Os dois principais fenômenos

são a absorção e o espalhamento causados pelas moléculas e partículas encontradas em

suspensão na atmosfera. Outro fenômeno relevante é a cintilação, causada pela turbulência

atmosférica. Nas seções a seguir, estes fenômenos serão detalhados e os modelos matemáticos

pertinentes à estimação das perdas devido a cada um serão mostrados.

2.2.1 Atenuação geométrica

Os laseres utilizados em transceptores FSO possuem baixos valores de divergência

angular, porém, não é possível obtermos um feixe perfeitamente colimado, e mesmo que este

ainda fosse obtido, a divergência do feixe seria gerada devido ao efeito da difração. A

divergência do feixe faz com que a área da seção reta do feixe aumente continuamente com a

distância propagada, em função do ângulo de divergência. Portanto, em enlaces relativamente

longos, o diâmetro do feixe de laser na posição do receptor é muito maior que o diâmetro

efetivo do receptor fazendo com que apenas uma parcela da energia do feixe seja captada pelo

receptor.

O parâmetro utilizado para expressar numericamente esta perda devido a não captação

da totalidade do sinal é a Atenuação Geométrica, definida como a razão entre as áreas efetivas

do receptor e da seção reta do feixe na posição do receptor, cuja equação é dada por:

Onde:

- Área efetiva do receptor;

- Área da seção reta do feixe na posição do receptor;

e - Diâmetros efetivos do receptor e do transmissor,

respectivamente;

(2.1)

Page 32: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

30

- Ângulo de divergência do feixe e;

- Comprimento do enlace.

Na Figura 2.2, podemos observar uma ilustração do cone de divergência e dos

parâmetros utilizados no modelo de atenuação geométrica.

Figura 2.2: Atenuação geométrica

2.2.2 Atenuação atmosférica

Ondas eletromagnéticas da faixa de frequência óptica interagem com as partículas em

suspensão na atmosfera, como gotículas de água e poeira. Os principais efeitos da interação

do feixe óptico com as partículas em suspensão são a absorção e o espalhamento. Esses

fenômenos geram a redução da energia captada pelo receptor, sendo muito importante a sua

correta modelagem no projeto e análise de sistemas FSO.

Deve-se ressaltar que tanto a atenuação causada pela absorção quanto pelo

espalhamento são dependentes de características do sinal, principalmente o comprimento de

onda empregado e de características próprias das partículas, como dimensão, composição e

suas concentrações na atmosfera.

A atenuação causada no sinal, pelos fenômenos citados, durante a propagação pode ser

descrita de maneira simples através da transmitância de Beer, dada por:

Page 33: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

31

Onde:

- Comprimento do enlace (em km);

- Coeficiente de atenuação atmosférica (em km-1

);

- Transmitância;

- A potência óptica após a propagação na atmosfera por um comprimento

;

- Potência óptica inicial.

Assim, a atenuação atmosférica dependerá do comprimento do enlace e do coeficiente

de atenuação. As variações das características da atmosfera, sejam elas sazonais ou mesmo ao

longo de um dia, são muito intensas, de modo que os valores do coeficiente de atenuação

podem variar mais de duas ordens de grandeza dependendo das condições do tempo. Dessa

forma, para que seja possível um correto projeto de um enlace FSO, modelos precisos para

estimação do coeficiente de atenuação atmosférica devem ser considerados.

As partículas presentes na atmosfera podem ser divididas em dois grupos: moléculas e

aerossóis.

Moléculas são componentes dos diversos gases presentes ma atmosfera, que possuem

dimensões muito reduzidas (muito menores que o comprimento de onda da luz).

Aerossóis são partículas em suspensão na atmosfera como poeira e gotículas de água,

que possuem dimensões que variam desde valores muito menores que o comprimento

de onda óptico a valores da ordem de um milímetro.

Assim, o coeficiente de atenuação atmosférica é comumente dividido em quatro

parcelas fundamentais, cada uma contabilizando os efeitos de absorção e espalhamento dos

dois grupos de partículas presentes:

Onde:

- absorção molecular;

- absorção por aerossóis;

- espalhamento molecular;

(2.2)

(2.3)

Page 34: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

32

- espalhamento por aerossóis.

2.2.2.1 Absorções

A absorção atmosférica é um fenômeno irreversível que resulta na perda efetiva de

energia para os constituintes atmosféricos, ou seja, a energia radiante é transformada em outro

tipo de energia, geralmente energia térmica.

Gases como o O2, CO2 e o O3, além do vapor de água, causam severas atenuações em

algumas faixas de comprimento de onda do infravermelho. Essas absorções intensas limitam a

transmissão aos comprimentos de onda localizados em uma das janelas de baixa atenuação

(maior transmitância), como se pode observar na Figura 2.3.

Figura 2.3: Janelas atmosféricas.

Além disso, pode-se observar que, no interior das janelas, a variação com o

comprimento de onda é suave.

Page 35: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

33

2.2.2.2 Espalhamentos

Quando um feixe de luz se depara com uma partícula, sua energia é dispersada em

várias direções, segundo um diagrama de espalhamento, representado na Figura 2.4. As

características do diagrama, ou seja, o modo como a energia se espalha, dependem

fundamentalmente da razão entre as dimensões da partícula e o comprimento de onda da luz

do feixe.

Figura 2.4: Diagramas de espalhamento: (a) Rayleigh, (b) Mie e (c) Não-seletivo.

Costuma-se definir o tipo de espalhamento em função do parâmetro , que relaciona

as dimensões da partícula espalhadora ao comprimento de onda através da seguinte equação:

Onde:

- Raio da partícula espalhadora;

- Comprimento de onda da luz.

Para , o espalhamento é classificado como Rayleigh. Este é caracterizado por

um diagrama de espalhamento com um lobo secundário de mesma dimensão que o principal,

conforme se pode verificar na Figura 2.4 (a). Os principais causadores desse espalhamento

são as moléculas constituintes da atmosfera. Esse sendo, portanto, o caso do espalhamento

molecular.

Para , o espalhamento é classificado como Mie. O diagrama de espalhamento

também possui lobo secundário bastante pronunciado, apenas um pouco menor que o

(2.4)

Page 36: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

34

apresentado pelo espalhamento Rayleigh, Figura 2.4 (b). As partículas causadoras desse

fenômeno são, em geral, as gotículas de água em suspensão. Este espalhamento representa o

principal mecanismo de atenuação atmosférica na maior parte do tempo e normalmente é

associado à névoa ou neblina.

Para , tem-se o espalhamento não-seletivo. Este nome se deve ao fato de que

os efeitos deste tipo de espalhamento afetam diferentes comprimentos de onda da mesma

forma. Uma vez que sua modelagem pode ser feita utilizando diretamente conceitos da óptica

geométrica, este espalhamento freqüentemente é referido com espalhamento da óptica

geométrica, Figura 2.4 (c). Os principais causadores desse efeito são as gotas de água de

maiores dimensões, como as que ocorrem em chuvas.

2.2.2.3 Modelo simplificado

Conforme mostrado, as absorções são pequenas nas janelas de transmissão, de forma

que para comprimentos de onda nelas contidos a atenuação atmosférica é causada

basicamente por espalhamentos.

Dentre os espalhamentos, o não-seletivo só é relevante em condições de precipitação,

devido à pequena densidade de partículas com raio elevado em condições de tempo bom. Por

isso o espalhamento não-seletivo é comumente tratado separadamente, como será visto na

Seção 2.2.3.

Além disso, a atenuação causada devido ao espalhamento Mie é muito superior à

causada pelo espalhamento Rayleigh, de modo que a atenuação atmosférica pode ser

simplificada como causada unicamente pelo espalhamento Mie. Assim, pode-se aproximar a

equação (2.3) para:

Onde:

- coeficiente de espalhamento por aerossóis.

Uma maneira simples de obter o coeficiente de espalhamento é através da visibilidade.

A visibilidade é uma grandeza meteorológica que exprime o alcance visual de um observador

(2.5)

Page 37: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

35

através da atmosfera. Quantitativamente esse parâmetro pode ser definido como a distância

em que o contraste (que é a razão da diferença entre a intensidade luminosa de um corpo pela

intensidade luminosa do horizonte) entre um corpo negro e o horizonte cai a 0,02.

A relação entre a visibilidade e o coeficiente de espalhamento é dada pela equação de

Koschmeider:

Onde:

- Visibilidade atmosférica padrão. Essa equação é definida para luz com

comprimento de onda de 550 nm.

Para outros comprimentos de onda, a relação entre o coeficiente de espalhamento e a

visibilidade é dada pela equação:

Onde:

- Comprimento de onda da luz medido em nm

- Coeficiente empírico dado por:

Um estudo mais recente sugere outros valores para o coeficiente empírico .

Estes valores são apresentados abaixo:

O uso da visibilidade como parâmetro de projeto de enlaces FSO tem como vantagens

a simplificação dos cálculos, dado que os parâmetros atmosféricos são reduzidos a apenas um,

e a grande disponibilidade de dados, visto que a visibilidade é medida nos aeroportos.

(2.6)

(2.7)

(2.8)

(2.9)

Page 38: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

36

2.2.3 Atenuação por chuvas

As gotas de chuva apresentam dimensões elevadas, quando comparadas com os

comprimentos de onda utilizados em enlaces FSO. Por isso, a atenuação por elas gerada

enquadra-se no modelo de atenuação por espalhamento não-seletivo. O fator mais relevante

para o cálculo de atenuação é a taxa de precipitação em mm/h.

Figura 2.5: Visibilidade em função da precipitação

Existem estudos nos quais a atenuação causada por chuvas é obtida por um modelo

baseado na aproximação da teoria do espalhamento Mie. São usados parâmetros ambientais

como a taxa de precipitação, umidade e temperatura para o cálculo das concentrações de gotas

e seus raios, em vez da visibilidade.

Um modelo bastante utilizado para o cálculo do coeficiente de espalhamento por

chuvas é dado por:

Onde:

é dado em dB/km;

- Taxa de precipitação em mm/h;

(2.10)

Page 39: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

37

e - Coeficientes de ajuste que dependem das características de precipitação

da região em que se encontra o enlace.

Na indisponibilidade de dados específicos dos coeficientes de ajuste para a região,

podem ser usados valores padronizados abaixo:

A Tabela 2.1 mostra uma comparação entre as condições de tempo e as taxas de

precipitação correspondentes.

Tabela 2.1: Código internacional de visibilidade para as condições do tempo e precipitação.

Espalhamento Mie Espalhamento por Chuvas

Visibilidade Condições de tempo

Tipo de Precipitação

Precipitação (mm/h)

Nevoeiro denso 0 m

50 m

Nevoeiro grosso

200 m

Nevoeiro moderado

500 m

Nevoeiro leve

Tempestade 100 770 m

1 km

Nevoeiro fino

Chuva forte 25 1,9 km

2 km

Neblina

Chuva média 12,5 2,8 km

4 km

Neblina fina

Chuva fraca 2,5 5,9 km

10 km

Limpo

Garoa 0,25 18,1 km

20 km

Muito limpo

23 km

50 km

Na Tabela 2.1, pode-se verificar que as condições de nevoeiro, de moderado a denso,

geram reduções na visibilidade maiores que os temporais. Deve-se considerar ainda que a

duração média de um nevoeiro é muito superior à duração média de uma tempestade. Assim,

um enlace FSO com a margem adequadamente projetada para operar em condições de

nevoeiro não deverá enfrentar problemas em condições de chuva.

Page 40: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

38

2.2.4 Turbulência atmosférica

A turbulência é definida como as variações aleatórias do índice de refração da

atmosfera em decorrência de gradientes de temperatura.

Durante o dia, o sol aquece as superfícies, que irradiam calor aquecendo o ar próximo

a elas. Esse aquecimento não ocorre de maneira uniforme, fazendo com que algumas porções

de ar se aqueçam mais que outras. As porções mais aquecidas sofrem expansão, ficando com

densidade menor que o restante do ar, formando bolhas com índices de refração diferentes.

Estas diferenças de refratividade causam desvios nos feixes de luz que atravessam essa

região.

A atuação da turbulência está ilustrada no esquema da Figura 2.6.

Figura 2.6: Efeito da turbulência atmosférica em um enlace FSO

Essas bolhas de ar possuem dimensões, deslocamento e índices de refração variantes e

aleatórios, de modo que os feixes de luz que atravessam regiões com bolhas de ar quente

sofrem desvios igualmente variantes no tempo e aleatórios.

Três efeitos distintos podem ser observados em decorrência da turbulência.

O feixe pode sofrer variações de direcionamento durante a propagação. Neste caso, as

bolhas de ar de grandes dimensões funcionam com prismas, redirecionando a luz de forma

aleatória. Este fenômeno é conhecido como beam wander. Seu efeito no enlace pode ser

medido através da variância radial de potência, , no receptor, dada por:

Tela

Page 41: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

39

Onde:

- Parâmetro da estrutura do índice de refração, que será detalhado na Seção

2.2.5, em ;

- Comprimento de onda da luz em ;

- Comprimento do enlace em m.

Esse efeito é importante no projeto de sistemas de auto-alinhamento empregado nos

enlaces FSO, visto que esses sistemas são responsáveis por minimizar os efeitos do beam

wander. Assim, quando um sistema de auto-alinhamento eficiente é empregado, o beam

wander pode ser desconsiderado no dimensionamento do enlace.

Um segundo efeito é o aumento da divergência do feixe. Esse pode ser percebido pelo

aumento da seção reta do feixe além do previsto na análise da atenuação geométrica.

O terceiro efeito ocorre devido às mudanças de fase sofridas por parcelas do feixe que

percorrem comprimentos ópticos ligeiramente diferentes, devido à propagação através de

bolhas de ar quente menores que o diâmetro do feixe. Essas parcelas do feixe, ao alcançarem

o receptor geram interferências construtivas e destrutivas aleatórias. Isso causa flutuações na

intensidade de sinal recebida em torno de um valor médio. Esse fenômeno é conhecido como

cintilação.

Desses três efeitos a cintilação é a que mais afeta os enlaces FSO, de modo que será

vista com maiores detalhes na próxima seção.

2.2.5 Cintilação

As variações instantâneas da potência recebida podem ocasionar a saturação do

receptor ou a perda do sinal. Nos enlaces FSO, é comum o posicionamento do transmissor e

receptor próximos a superfícies aquecidas pelo sol, como no topo de prédios ou nas

proximidades de paredes. O feixe pode ainda ter de atravessar regiões sujeitas a intensas

variações de temperatura, como parapeitos de edifícios e janelas. Assim, o efeito da cintilação

deve ser considerado no balanço de potência do sistema.

(2.11)

Page 42: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

40

Como visto, os efeitos da turbulência nos enlaces FSO advém da variação aleatória do

índice de refração no espaço e no tempo. Dessa forma, uma boa descrição da turbulência

poderia ser obtida com o uso de uma função aleatória como, por exemplo, a que descreve a

variação do índice de refração. Contudo, a especificação de tal função aleatória é muito

complexa. Dessa forma, na prática são utilizadas características estatísticas da função

aleatória.

Dentre estas características estatísticas, a mais usada na descrição da turbulência

atmosférica é o parâmetro estrutural do índice de refração, . Este parâmetro é conveniente

devido à facilidade de medição, uma vez que podem ser utilizados, para tal, sensores de

temperatura.

Na Figura 2.7, vemos os valores de obtidos no Rio de Janeiro, no dia 16 de

fevereiro de 2003. Pode-se observar que os valores medidos durante o dia são da ordem de

100 vezes maiores que os medidos à noite. Isso era de se esperar porque a principal causa da

turbulência atmosférica são as bolhas de ar quente geradas, principalmente, nas superfícies

aquecidas pelo Sol.

Figura 2.7: Medida da variação do parâmetro estrutural do índice de refração na cidade do Rio de Janeiro no dia

16 de fevereiro de 2003.

Page 43: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

41

A classificação da turbulência atmosférica pode ser realizada com base na medida da

variância da densidade superficial de potência instantânea em escala logarítmica, parâmetro

esse conhecido como variância de Ritov, dado por:

Onde:

- Número de onda da luz em rad/m;

– Distância em metros.

Para , a turbulência é fraca, para

, a turbulência é moderada e, para

, a turbulência é forte. A equação (2.12) é válida para os regimes de turbulência fraca

e moderada. Para a turbulência forte, no entanto, experimentos têm mostrado que a cintilação

atinge um limite máximo, e portanto a equação (2.12) super-dimensiona a cintilação.

Uma vez que a variância de Ritov mede a variação da irradiância em torno da média

em escala logarítmica, pode-se escrever:

Onde:

é a irradiância média recebida

é a irradiância instantânea.

Assim, a perda devido à cintilação pode ser escrita como:

Na Figura 2.8, vê-se a atenuação causada pela cintilação para diferentes comprimentos

de onda, obtida para , que é o máximo valor de

na Figura

2.7. Pode-se observar que a cintilação impõe maiores perdas aos comprimentos de onda

menores.

(2.12)

(2.13)

(2.14)

Page 44: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

42

Figura 2.8: Atenuação causada pela cintilação em função do comprimento do enlace para os comprimentos de

onda de 785 nm, 850 nm e 1550 nm.

Existe também um modelo simplificado desenvolvido a partir de alguns estudos para o

cálculo da atenuação por cintilação que toma como parâmetros a distância do enlace e as

características construtivas do equipamento. Este modelo é apresentado abaixo:

Onde:

é a distância do enlace em km

e são definidos de acordo com o seguinte:

Para sistemas com um único laser e/ou diâmetro do receptor menor ou igual a 10 cm:

e .

Para sistemas com múltiplos laseres e/ou diâmetro do receptor maior que 10 cm:

e .

(2.15)

Page 45: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

43

2.3 ALINHAMENTO DO FEIXE

Um item importante na instalação de um enlace FSO é o alinhamento entre os

transceptores.

Mesmo pequenos desalinhamentos podem causar uma degradação significativa da

potencia recebida. Ventos e até mesmo o próprio movimento natural das estruturas onde os

transceptores são instalados podem causar esse efeito indesejável.

Uma das soluções para esse problema é a utilização de laseres com maiores ângulos de

divergência. Porém, neste caso, o desempenho do sistema é prejudicado devido ao aumento

da atenuação geométrica.

Assim, a solução mais utilizada nos sistemas FSO modernos é o uso de transceptores

com sistema de auto alinhamento (auto-tracking).

Para que se possa considerar essa variável no projeto do enlace, é usual atribuir

valores em torno de 3 dB para a perda por desalinhamento.

2.4 BALANÇO DE POTÊNCIA

Como nos enlaces FSO a transmissão ocorre em um meio não-confinado, as perdas a

serem consideradas no balanço de potência são de duas naturezas distintas: fixas e variáveis.

No primeiro grupo, estão aquelas originadas pelos componentes do sistema, como as

perdas nas lentes e espelhos do transmissor e receptor, imprecisões de alinhamento e

colimação e a atenuação geométrica. Estas perdas são determinísticas e não variam no tempo.

Assim, podem ser medidas com relativa facilidade e minimizadas com um projeto adequado

dos componentes do enlace.

O segundo grupo, das perdas variáveis, depende diretamente das características do

canal de propagação, a atmosfera. Assim, são de natureza estocástica, possuindo grandes

variações no tempo e com a posição em função das condições atmosféricas. São representadas

pelos modelos de atenuação atmosférica, atenuações por chuvas e pela turbulência.

Assim, o balanço de potência dos enlaces FSO pode ser escrito como:

Page 46: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

44

Onde:

- Potência transmitida, em dBm;

- Potência recebida, em dBm;

- Perdas do enlace, em dB;

- Margem de segurança do sistema, em dB.

O valor mínimo de é determinado em função da sensibilidade do receptor para o

comprimento de onda a ser utilizado e para a taxa de erro de bit desejada. A atenuação total

do enlace é dada por:

Onde

e representam as perdas nos componentes ópticos do transmissor e

receptor, respectivamente;

são as perdas devido ao alinhamento imperfeito;

, , e são as perdas causadas pelas atenuações

atmosférica, por chuvas, por cintilação e geométrica, respectivamente, todas

em escala logarítmica, em dB.

A margem do sistema é escolhida para contabilizar as perdas adicionais devido ao

envelhecimento dos componentes.

2.5 SEGURANÇA DOS OLHOS EM ENLACES FSO

Outro aspecto importante que deve ser considerado em sistemas FSO, já que a luz se

propaga pela atmosfera, é a segurança dos olhos, não só dos profissionais que operam o

sistema, mas também das pessoas que podem vir a ter contato ocasional com o feixe.

(2.16)

(2.17)

Page 47: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

45

No caso dos profissionais, a questão da segurança é tratada com o uso de EPI (neste

caso, óculos) e indicações no equipamento, como já ocorrem com dispositivos laser para

fibras ópticas.

Para o público em geral, esta segurança é alcançada, utilizando-se comprimentos de

onda comprovadamente menos agressivos ao olho humano, o que também se aplica,

obviamente, aos profissionais da área. Estudos mostram que estes comprimentos se situam em

torno de 1,55µm, que coincidentemente é o comprimento de onda mais utilizado nos

modernos sistemas de fibra óptica, proporcionando o menor custo e maior disponibilidade de

componentes no mercado. Dado isto, pode-se concluir que este comprimento de onda é o mais

adequado para o uso em sistemas FSO.

Figura 2.9: Exemplo da penetração e absorção de diferentes comprimentos de onda pelas estruturas do

globo ocular

A seguir são apresentados alguns parâmetros e aspectos normativos utilizados na

classificação de um laser como seguro.

2.5.1 Efeitos da exposição

A exposição humana a feixes laser pode ser nociva, tanto à pele quanto aos olhos.

Felizmente, os comprimentos de onda utilizados em comunicações ópticas não são agressivos

à pele humana nos níveis de potência utilizados, porém os olhos, por serem mais sensíveis à

luz, podem ser afetados. A

Tabela 2.2 apresenta um resumo dos efeitos causados por essa exposição.

Page 48: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

46

Os diversos laseres são classificados em categorias, dependendo dos riscos associados

à exposição humana. Basicamente, esta divisão em categorias leva em consideração três

parâmetros:

- AEL (Accessible Emission Limits), um parâmetro associado à potência de

emissão do laser.

- MPE (Maximum Permissible Exposure), um parâmetro associado à densidade de

potência óptica à qual uma pessoa pode se expor sem riscos à pele e aos olhos.

- NOHD (Nominal Ocular Hazard Distance), um parâmetro que define a distância

a partir da qual a pessoa passa a atender a especificação de MPE para determinado

comprimento de onda. Exposições em distâncias maiores que o NOHD

praticamente não apresentam riscos.

Tabela 2.2: Efeitos da exposição a laseres em diferentes comprimentos de onda

Comprimento de Onda

500 – 700 nm 700 – 1000 nm 1500 – 1800 nm

Emissão Vermelho visível Infravermelho próximo IR-A Infravermelho distante IR-B

Efeitos Cutâneos Sem efeitos significantes

Olhos Porcentagem do sinal laser absorvido e transmitido

Transmissão 90% 50% 0%

Absorção Retina: 90% Córnea: 0%

Humor vítreo: 50% Córnea: 90%

Humor aquoso: 10%

Nocividade aos olhos

(para limiares que excedem o MPE)

Retina: aquecimento, queimaduras, lesões

limitadas mas irreversíveis

Retina: aquecimento, queimaduras, lesões

limitadas mas irreversíveis Cristalino: lesões em

potencial

Córnea: potencial opacificação

Nas próximas seções, as categorias e estes parâmetros serão melhor detalhados.

2.5.2 Categorias

As categorias utilizadas para classificar os laseres quanto à segurança, são baseadas

nos parâmetros já citados anteriormente, em especial o AEL e o comprimento de onda do

laser. Abaixo, tabela com as características de cada categoria definida na norma européia EN

60825-1.

Page 49: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

47

Vale observar que há pequenas diferenças, em especial na nomenclatura de cada

categoria, quando analisamos normas diferentes, como a Européia e a Americana. Também é

válido observar que a grande maioria dos equipamentos FSO opera com laseres classe 1.

Tabela 2.3: Categorias de dispositivos de emissão laser de acordo com a norma EM 60825-1

Categoria Riscos Associados

1M

Dispositivo de baixa potência emitindo radiação em um comprimento de onda na

banda de 302.5 – 4000 nm. Dispositivo intrinsecamente sem risco devido ao

design técnico sob todas as condições de uso razoáveis previsíveis, incluindo

visão utilizando instrumentos ópticos (binóculos, microscópio, monóculo)

1

Dispositivo de baixa potência emitindo radiação em um comprimento de onda na

banda de 302.5 – 4000 nm. Dispositivo intrinsecamente sem risco devido ao

design técnico sob todas as condições de uso razoáveis previsíveis, exceto para

visão utilizando instrumentos ópticos (binóculos, microscópio, monóculo)

2M

Dispositivo de baixa potencia emitindo radiação visível na banda de 400 – 700

nm. A proteção ocular normalmente é assegurada pelos reflexos defensivos,

incluindo o reflexo palpebral (fechamento da pálpebra). O reflexo palpebral

prove uma proteção efetiva sob todas as condições de uso razoáveis

previsíveis, incluindo visão utilizando instrumentos ópticos (binóculos,

microscópio, monóculos)

2

Dispositivo de baixa potencia emitindo radiação visível na banda de 400 – 700

nm. A proteção ocular normalmente é assegurada pelos reflexos defensivos,

incluindo o reflexo palpebral (fechamento da pálpebra). O reflexo palpebral

provê uma proteção efetiva sob todas as condições de uso razoáveis

previsíveis, exceto para visão utilizando instrumentos ópticos (binóculos,

microscópio, monóculos)

3R Dispositivo de potencia média emitindo radiação na banda de 302.5 – 4000 nm.

A visão direta é potencialmente perigosa.

3B Dispositivo de potencia média emitindo radiação na banda de 302.5 – 4000 nm.

A visão direta é do feixe é sempre perigosa.

4 Dispositivo de alta potencia.

Sempre há perigo, para a pele e os olhos, e existe o risco de fogo.

2.5.3 Accessible Emission Limits (AEL)

O AEL caracteriza a potência de emissão do laser, expressa em Watts. O valor da AEL

é um dos parâmetros que nos permite enquadrar um equipamento óptico em uma das

categorias descritas anteriormente. Abaixo, uma tabela mostrando as Classes em função da

AEL.

Page 50: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

48

Tabela 2.4: Classes de exposição x AEL

Classe Comprimento de onda de 850 nm Comprimento de onda de 1550 nm

1 P < -6.6 dBm P < 0.22 mW

P < 10 dBm P < 10 mW

2 Categoria reservada para a faixa de 400 – 700 nm – mesmo AEL para a classe 1

3R -6.6 dBm < P < 3.4 dBm 0.22 mW < P < 2.2 mW

10 dBm < P < 17 dBm 10 mW < P < 50 mW

3B 3.4 dBm < P < 27 dBm 2.2 mW < P < 500 mW

17 dBm < P < 27 dBm 50 mW < P < 500mW

4 P > 27 dBm P > 500 mW

P > 27 dBm P > 500 mW

2.5.4 Maximum Permissible Exposures (MPE)

O MPE é um valor de exposição, expresso em termos de densidade de potência, que

garante a exposição segura para as pessoas. Estes valores correspondem aos limites dentro dos

quais a pele e/ou olhos podem ser expostos sem sofrer lesões. Valores específicos existem

para a pele e olhos. O valor máximo de exposição permitido é expresso em J/m2. As normas

também trabalham com os valores de iluminação, em W/m2. Estes valores são utilizados para

determinar o risco associado a uma determinada fonte laser. Estes valores não devem ser

considerados como limites precisos entre exposições seguras e perigosas, sendo apenas uma

boa estimativa. Abaixo, alguns valores do MPE para o olho, nos comprimentos de onda de

850 nm e 1550 nm.

Tabela 2.5: Exemplo de valores de MPE (W.m-2

) para o olho de acordo com a duração da exposição e

comprimento de onda

Tempo de exposição (s) 1 2 4 10 100 1000 10000

MPE ( em 850 nm 36 30 25 20 11 6.5 3.6

MPE ( em 1550 nm 5600 3300 1900 1000 1000 1000 1000

Podemos observar que valores menores de MPE permitem um maior tempo de

exposição segura. Também observa-se uma diferença nos valores para 850 nm em relação a

1550 nm, devido ao fato de que no primeiro, cerca de 50% da potência óptica consegue

atingir a retina, parte mais sensível do olho, enquanto que em 1550 nm, a maior parte da

potência é absorvida por outras estruturas menos sensíveis, como a córnea e o humor aquoso.

Page 51: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

49

2.5.5 Nominal Ocular Hazard Distance (NOHD)

O NOHD é a distância, a partir do eixo axial do laser, a partir da qual a irradiância

passa a ficar abaixo do valor definido no MPE, considerado para o olho humano. O valor do

NOHD pode ser calculado através da seguinte equação:

Onde:

é o diâmetro do laser emergente;

é a densidade de potencia correspondente à exposição máxima permitida

( ;

é a potencia total irradiada do laser (W);

é a divergencia do feixe (rad).

Valores negativos como resultado para o cálculo do NOHD indicam que a exposição é

segura mesmo muito próximo do laser. Vale observar que o comprimento de onda também

influencia o NOHD, de modo que, quanto maior o comprimento de onda, mais seguro é o

laser. Esta influencia é representada na equação pela variável , que depende

comprimento de onda.

Os valores e classificações aqui mostrados são baseados na norma IEC 60825, cujas

recomendações são seguidas pela ABNT.

2.6 SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO EM ENLACES FSO

A segurança da informação é outro aspecto positivo em enlaces FSO. Como a

informação é transmitida através de um feixe óptico com pequena divergência, qualquer

tentativa de interceptação do sinal acarreta na interrupção do mesmo, sendo facilmente

percebida. Este fato é um dos motivos pelo qual o FSO foi, desde os seus primeiros

desenvolvimentos, objeto de grande interesse militar.

(2.18)

Page 52: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

50

Outra vantagem desta modalidade de transmissão sem fio utilizar feixes com baixos

valores de divergência é a menor probabilidade de ocorrer interferência entre sistemas FSO

operando próximos.

Page 53: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

51

3 CARACTERÍSTICAS DOS EQUIPAMENTOS FSO

O transmissor é responsável por gerar o feixe óptico a partir de um sinal elétrico,

sendo composto por uma fonte óptica (laser ou LED) e por um conjunto de lentes. O receptor,

analogamente, é responsável por captar o sinal óptico e convertê-lo em sinais elétricos, tendo

como componentes básicos o fotodetector e o conjunto de lentes. De um modo geral,

transmissor e receptor FSO são agregados em um equipamento único. Assim, o que

encontramos no mercado são os transceptores FSO.

Basicamente, um transceptor FSO é composto de sistemas ópticos de transmissão,

recepção e um sistema de alinhamento automático, porém existem os sistemas

complementares eletrônicos e mecânicos do equipamento, conforme demonstrado na Figura

3.1.

Figura 3.1: Detalhamento de um transceptor óptico FSO de laser único.

Para melhor compreensão, as etapas de transmissão e recepção do transceptor FSO

serão explicadas, a seguir, separadamente.

Page 54: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

52

3.1 TRANSMISSORES

Quando falamos em comunicações ópticas, seja no espaço livre ou não, necessitamos

de uma fonte de luz apropriada capaz de transmitir informações. As opções mais comuns

existentes no mercado atualmente são os diodos emissores de luz (LED – Light Emitting

Diode) e laseres (Light Amplification by Stimulated Emission Radiation). Um dos parâmetros

mais importantes na escolha do dispositivo utilizado é a capacidade de ser modulado por

sinais elétricos a taxas que variam de dezenas de Mbps a dezenas de Gbps, dependendo do

material e da técnica de fabricação utilizada.

A função básica de um transmissor de um sistema de comunicações é adequar as

características do sinal contendo a informação ao meio de transmissão usado. No caso de

sistemas FSO, este é responsável por gerar o sinal óptico modulado a partir de um sinal

elétrico e conformar o feixe para a transmissão na atmosfera.

3.1.1 Light Emitting Diodes (LED)

Um LED gera luz, quando os portadores de carga se recombinam de forma espontânea

e, nesse momento, liberam energia na forma luminosa.

Os diodos emissores de luz (LED), apesar de serem de baixo custo, são utilizados em

sistemas FSO somente em distâncias relativamente pequenas, quando comparadas a distâncias

alcançadas por laseres, isso devido à baixa potência de radiação e eficiência. A maioria dos

LEDs apresenta taxas de transmissão limitadas a 155 Mbps restringindo ainda mais sua

aplicação. Os LEDs são junções semicondutoras P-N que emitem luz, quando diretamente

polarizadas.

Outras características importantes nos LEDs são: largura espectral (∆λ) a meia

potência (Figura 3.2) que varia na faixa de 20 nm a 50 nm na maioria dos casos, forma de

emissão de luz, MTBF (Mean Time Between Failure) que é em média 11 anos, temperatura

suportada sem modificação de suas características entre -67 e +125°C e tipo de

encapsulamento.

Page 55: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

53

Figura 3.2: Largura espectral da luz emitida por um LED

3.1.2 Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation (LASER)

O laser irradia luz de forma estimulada. Como os LEDs, os laseres são eletricamente

bombeados. Diferentemente do que ocorre com os LEDs, no laser, cada elétron excitado no

semicondutor não libera um fóton imediatamente. Ao invés disso, os elétrons excitados do

semicondutor se acumulam nos níveis de energia mais altos, até um momento em que a

quantidade de elétrons nesse nível é maior do que nos níveis menores, quando ocorre a

chamada inversão de população. Neste momento, todos os elétrons acumulados no nível

superior liberam sua energia simultaneamente, emitindo fótons, o que explica o aspecto

monocromático da emissão dos laseres.

Figura 3.3: Gráfico corrente de entrada versus potência óptica de saída de dispositivos laseres

Os Diodos Laseres (LDs) são dispositivos emissores de luz com capacidade de

modulação a taxas mais altas que os LEDs, na ordem de GHz. Possuem uma potência de

radiação maior, possibilitando estender o alcance e aumentar a taxa de dados que pode ser

Page 56: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

54

transmitida, ampliando as possibilidades de uso para sistemas FSO. Para exemplificar,

existem no mercado equipamentos FSO que trafegam HDTV (High Definition TV) em tempo

real. Por ser um dispositivo mais complexo, seu custo é elevado em comparação a

equipamentos que utilizam os LEDs.

São utilizados, nos sistemas FSO modernos, os VCSELs (Vertical Cavity Surface

Emitting Laser) e DFBs (Distributed Feedback laser) que têm como vantagens: consumo de

energia baixo e dissipação térmica reduzida. A escolha de laser para um sistema FSO depende

de alguns fatores:

O comprimento de onda de operação deve estar situado em uma das janelas de

transmissão atmosférica;

Ser capaz de manter suas características mesmo com variações de temperatura

consideráveis;

Ser seguro aos olhos.

3.1.3 Múltiplas fontes de transmissão

Sistemas FSO que utilizam múltiplos laseres (tipicamente três ou quatro) permitem o

aumento da densidade de potência óptica no receptor e consequentemente do alcance do

enlace. No que diz respeito à segurança dos olhos, essa abordagem permite o uso de laseres

com menor potencia, porém, a potência recebida permanece a níveis satisfatórios com a

finalidade de manter a disponibilidade do sistema.

O sistema é projetado de tal forma que o usuário não será capaz de olhar em todos os

feixes simultaneamente, nas proximidades do transmissor. A utilização de múltiplos laseres

reduz os efeitos da cintilação nos enlaces de longas distâncias, portanto, é comum sua

utilização em equipamentos para enlaces com comprimentos maiores que 1 km.

3.2 RECEPTORES

O sistema deve ser capaz de transformar a energia dos fótons absorvidos em energia

elétrica. Assim como nas fontes de luz, os dispositivos receptores utilizados são

Page 57: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

55

semicondutores que, dependendo do material e do composto envolvido na fabricação, irão

operar em uma faixa de comprimento de onda adequada. É importante ressaltar que a

eficiência de um sistema estará diretamente relacionada com a qualidade dos equipamentos de

recepção e sua sensibilidade.

3.2.1 Características básicas dos fotodetectores

A maioria dos dispositivos utilizados detecta a luz através de um mecanismo

conhecido, chamado de efeito fotoelétrico interno, e as características para um bom

desempenho dos mesmos são, além de um baixo nível de ruído, determinadas principalmente

por:

Responsividade;

Resposta espectral;

Tempo de resposta;

Corrente de escuro;

A responsividade é a relação entre a corrente gerada pelo fotodetector e a potência

óptica que incide sobre ele. A unidade de medida é o Ampere/Watt (A/W).

A resposta espectral é a sensibilidade do fotodetector em função do comprimento de

onda levando em consideração que todo o espectro esteja com uma distribuição de potência

constante. A Figura 3.4 apresenta a curva de sensibilidade típica de alguns fotodetectores:

(3.1)

Equaçã

o

Page 58: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

56

Figura 3.4: Curva de sensibilidade típica de fotodetectores feitos de material semicondutor.

O tempo de resposta é o tempo que a corrente gerada pelo fotodetector vai dos 10%

aos 90% do valor final pela incidência de um pulso de luz sobre ele. Logo, a freqüência de

corte de um fotodetector é relacionada com o tempo de resposta de acordo com:

A corrente de escuro (Id – dark current) é a corrente gerada pelo dispositivo sem estar

sobre ele incidindo luz. Essa corrente é caracterizada pela geração e recombinação de elétrons

livres e lacunas devido à variação de temperatura.

A escolha do tipo do fotodetector depende exclusivamente da aplicação, pois as

características do dispositivo têm de estar de acordo, por exemplo, com o comprimento de

onda de transmissão e outros aspectos. Os fotodetectores de silício, por exemplo, são a melhor

escolha para comprimento de onda a cerca de 850 nm, como pode ser confirmado na Figura

3.4, pois apresentam uma responsividade elevada nessa região. O diodo PIN é usado para

aplicações em curta distância, em que o transmissor pode oferecer uma potência de

transmissão satisfatória. O diodo avalanche é usado para grandes distâncias devido à

sensibilidade elevada, entretanto, necessita de uma fonte estável. Ele é mais caro que os

diodos PIN e possui corrente de escuro grande e, portanto, alto nível de ruído.

O silício (Si) tem comprimento de onda de corte em 1100 nm não podendo ser

utilizado, por exemplo, na janela de 1550 nm. Para isso utiliza-se o arseneto de gálio índio

(InGaAs) que tem uma responsividade de 0,9 A/W em 1550 nm e pode operar a taxas maiores

que 10 Gbps.

(3.2)

Equaçã

o

Page 59: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

57

O foto-transistor não é utilizado para detecção em sistemas FSO, pois responde

lentamente às variações de potência óptica, não podendo ser utilizado nas aplicações atuais.

3.2.2 Fotodiodo

Os fotodiodos são dispositivos rápidos, pequenos, sensíveis e podem transformar

energia luminosa em energia elétrica para uma gama extensa de comprimentos de onda

incidentes. São junções P-N e empregados com polarização reversa, ao contrário das fontes de

luz como os LEDs.

Ao polarizar reversamente (V) o dispositivo P-N, a barreira potencial (W) entre os

semicondutores P e N aumenta, fazendo com que nenhuma lacuna ou elétron livre consiga

atravessar a junção e não apareça corrente elétrica no circuito. A região da junção onde não se

encontra carga disponível é chamada de área de depleção e está sob forte influência de um

campo elétrico gerado pela polarização reversa (Figura 3.5).

Figura 3.5: (a) Junção P-N polarizada reversamente. (b) Corrente de drift e de difusão ocorrida devido à

incidência de luz.

Page 60: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

58

Ao incidir um fóton no dispositivo, caso sua energia seja suficiente ele é absorvido,

fazendo com que apareça um par elétron-lacuna na área de depleção criando uma carga livre.

Devido ao forte campo elétrico na junção, essas cargas são movimentadas. Com esse

movimento de carga (drift), uma corrente começa a circular no circuito. Além disso, aparecem

fora da junção pares elétrons-lacunas criando uma corrente de difusão que distorce o sinal e

que pode ser diminuída com o aumento da área de depleção.

3.2.3 Diodo PIN

O diodo PIN é um fotodiodo com uma camada larga de material semicondutor

intrínseco entre os materiais tipo p e tipo n que formam a junção. A idéia é aumentar a

distância entre o semicondutor tipo n e p para que, ao incidir um fóton, ele seja absorvido na

região intrínseca e não fora dela, diminuindo a corrente de difusão e, consequentemente,

aumentando a responsividade (Figura 3.6). Esse tipo de fotodetector é o mais utilizado em

equipamentos FSO e o comprimento de onda de corte pode ser calculado pela equação (3.2).

Figura 3.6: Diodo PIN.

3.2.4 Fototransistor

É um fotodiodo integrado a um amplificador numa mesma pastilha de silício. É um

diodo receptor de luz em que a sua corrente de saída (ifoto) alimenta a base (ib) de um

transistor amplificando o sinal. O ganho desses dispositivos pode ser de 100 a 1500 vezes e o

circuito equivalente pode ser visto abaixo na Figura 3.7:

Page 61: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

59

Figura 3.7: Circuito equivalente de um foto-transistor.

Entretanto não é utilizado para comunicação óptica, devido ao fato de não ter uma

velocidade de resposta a variação de potência suficiente para aplicações atuais. Isso ocorre

devido ao efeito Miller o qual determina que quanto maior for o ganho no dispositivo, menor

é a sua velocidade de resposta.

3.2.5 Fotodiodo avalanche (APD)

Um APD é um fotodiodo com um ganho de corrente interna, pois possui um grande

valor de polarização inversa. A Figura 3.8 mostra o esquema de um fotodetector APD:

Figura 3.8: Fotodiodo APD.

Em um APD a absorção de um fóton incidente produz um par elétron-lacuna, como

nos fotodiodos PIN. No entanto, o grande campo elétrico que existe na região de depleção faz

com que as cargas sejam rapidamente aceleradas. Este processo faz com que as cargas cedam

uma parte de sua energia a elétrons na banda de valência, promovendo-os à banda de

condução e gerando um par elétron-lacuna adicional. Este processo de criação de pares de

elétrons-lacunas adicionais é chamado de multiplicação por avalanche.

Page 62: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

60

Para que haja multiplicação por avalanche o diodo deve ser submetido a grandes

campos elétricos, assim, os APDs utilizam tensões de polarização inversa da ordem de

dezenas às centenas de volts.

A construção de um APD difere da de um PIN devido à existência de um nível

adicional do tipo P, entre a região intrínseca e a região N, como mostrado na Figura 3.8.

Os pares elétrons-lacuna são gerados na região intrínseca, no entanto, a multiplicação

por avalanche ocorre na região tipo P adicionada.

Os APDs são os fotodetectores mais utilizados nos sistemas FSO comerciais

modernos.

3.2.6 Filtros ópticos

No receptor FSO podem ser usados filtros, cujo objetivo é reduzir o ruído óptico

captado. Estes filtros permitem que apenas o comprimento de onda de interesse chegue ao

receptor, reduzindo, assim, o ruído.

Os filtros são sistemas ópticos capazes de reduzir ou até mesmo bloquear

completamente a intensidade da radiação incidente sobre eles em determinados comprimentos

de onda ou em intervalos de comprimentos de onda. Eles são utilizados para modificar a

transmissão de luz através de um sistema óptico, em uma determinada parte do espectro.

Os filtros de interferência e absorção são os dois tipos de filtro mais comuns em uso

hoje. Existem ainda os filtros dicróicos, que são utilizados para polarizar a luz. Nos

equipamentos FSO ainda são utilizados os chamados filtros espaciais. Nas seções abaixo, os

diversos tipos de filtro são apresentados.

3.2.6.1 Filtros de absorção

Funcionam através da absorção de comprimentos de onda. São geralmente

constituídos de um material gelatinoso pigmentado ou de vidro tingido. A performance

espectral destes filtros é função da quantidade de pigmento presente no gel ou vidro e da

espessura do próprio filtro.

Page 63: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

61

3.2.6.2 Filtros dicróicos

São mais precisos quando comparados com os filtros de absorção. Diversas camadas

de cobertura de filmes finos são utilizadas na fabricação dos filtros dicróicos. Tipos especiais

de filtros dicróicos são utilizados para separar os diversos comprimentos de onda em sistemas

de telecomunicações baseados em fibra óptica que utilizam técnicas WDM.

3.2.6.3 Filtros de interferência

Diferem dos de absorção, pois ao invés de absorverem os comprimentos de onda não

desejados, os filtros de interferência são projetados de modo a refletir e interferir

destrutivamente com os mesmos.

3.2.6.4 Filtros espaciais

É um tipo de filtro baseado na óptica de Fourier para filtrar um feixe de luz coerente

ou outro tipo de radiação eletromagnética. Estes filtros são comumente utilizados para filtrar a

saída de laseres devido às imperfeições, sujeira ou danos nos componentes ópticos ou às

variações na própria porção ativa do laser, que impedem que o feixe seja perfeitamente

convergente.

Para isto, utiliza-se uma lente convergente para focar o feixe, através de uma abertura

cuja dimensão depende do comprimento de onda, da distância focal da lente.

Figura 3.9: Funcionamento de um filtro óptico espacial.

Page 64: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

62

3.2.7 Auto alinhamento

Este recurso dos transceptores FSO corrige o desalinhamento causado pelo movimento

de edifícios e plataformas devido ao vento, vibração, mudanças de temperatura e outras

condições ambientais.

Pequenas variações no alinhamento podem causar um deslocamento do feixe óptico,

prejudicando o desempenho do enlace. Portanto, o uso de sistemas de alinhamento ativo

(Active Beam Tracking) torna-se necessário.

O mecanismo de auto alinhamento pode ser dividido em duas partes. A primeira parte

consiste no rastreamento do feixe pelo receptor, de modo a determinar sua localização no

espaço. A segunda consiste nos dispositivos mecânicos que movimentam as partes do

equipamento FSO, com o objetivo de manter o alinhamento de acordo com os dados obtidos

pelo rastreamento do feixe no receptor.

Os sistemas de rastreamento são compostos por detectores de quadrantes ou CCDs

para realizar a tarefa destinada ao rastreamento do feixe e os dispositivos mecânicos que

movimentam as partes são compostos de gimbal ou steering mirrors.

3.2.7.1 Gimbal

É um dispositivo mecânico em forma de anel e que pode ser montado de forma a

permitir o movimento na horizontal e na vertical. Sua desvantagem é que ele movimenta todo

o equipamento FSO, fazendo com que haja uma limitação da velocidade com que o

realinhamento pode ser realizado.

Figura 3.10: Esquema que permite movimento vertical, horizontal e rotacional.

Page 65: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

63

3.2.7.2 Steering mirror

Consiste em um espelho montado sob uma plataforma que altera sua direção através

de motores ou bobinas instalados na base. O realinhamento deste dispositivo é mais rápido

devido a sua pequena massa em relação ao equipamento FSO.

Figura 3.11: Steering mirror utilizado em sistemas FSO.

3.2.7.3 Detector de quadrante

É feito de silício, sendo capaz de cobrir a faixa visível do espectro e do infravermelho

próximo. É composto de quatro fotodetectores dispostos numa matriz 2x2 em que cada

elemento coleta a luz separadamente. Se a luz incidir bem no centro do detector de quadrante,

o sinal de saída de cada elemento da matriz será o mesmo. Movimentando a luz sob o detector

os sinais de saída serão diferentes e, comparando-os, é possível determinar a posição do feixe.

Figura 3.12: Detector de Quadrante disposto na forma de uma matriz 2x2.

3.2.7.4 CCD

O CCD (Charge Coupled Device) é um chip semicondutor. Pode-se considerar o CCD

como um painel onde estão contidos vários elementos sensíveis a luz (fotodiodos) chamados

Page 66: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

64

de pixels. Ao incidir um feixe de luz sob o painel, cada diodo fica carregado com a carga

proporcional à potência óptica incidente permitindo determinar sua posição.

Figura 3.13: (a) Esquema dos Chips CCD; (b) Respectivos diodos sensíveis a luz.

Nos sistemas FSO, o CCD é utilizado para localizar o feixe de luz e com isso acionar

os dispositivos mecânicos, quando necessário, para realinhamento. A vantagem é que são

encontrados no mercado CCDs de vários tamanhos, permitindo dispositivos com área de

detecção maior que os detectores de quadrante. Porém, a leitura nesses dispositivos é feita

através de registradores de deslocamento, fazendo com que, para se obter a posição do feixe,

seja preciso ler todos os dados contidos no chip, mesmo que o feixe óptico esteja somente

sobre uma fração do painel. Logo, quanto maior o CCD, mais lenta é a obtenção dos dados.

3.3 PERDAS ÓPTICAS

Os equipamentos FSO são constituídos de lentes tanto na transmissão para colimar o

feixe de saída, quanto na recepção para focalizar o sinal óptico num fotodetector e obter o

máximo de potência óptica. A luz sofre reflexão (Reflexão de Fresnel) ao atravessar a

interface ar-vidro e vidro-ar atenuando o sinal transmitido.

Essa reflexão depende do índice de refração do ar (n1), do índice de refração do vidro

(n2) que é utilizado na fabricação das lentes e do ângulo de incidência (θi), que é o ângulo

medido entre o raio de luz que incide na lente e a normal da superfície de incidência (Figura

3.14).

Page 67: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

65

Figura 3.14: Incidência de um raio de luz em uma interface ar-vidro.

Quando a incidência da luz se aproxima da normal (θi = 0) o coeficiente de reflexão

(R) pode ser calculado e independe da polarização.

Assim, para interface ar (n1 = 1,0) e vidro (n2 = 1,5) tem-se uma perda devido à

reflexão de 4%. Essa perda vai depender da qualidade do equipamento de cada fabricante,

pois uma pequena alteração no tipo de vidro utilizado na fabricação das lentes irá alterar

significativamente o índice de refração e, consequentemente, o coeficiente de reflexão.

3.4 COMPARATIVO DE ALGUNS EQUIPAMENTOS FSO DISPONÍVEIS

COMERCIALMENTE

A Tabela 3.1apresenta os principais parâmetros de alguns equipamentos.

(3.3)

Equaçã

o

Page 68: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

66

Tabela 3.1: Comparativo entre equipamentos FSO.

Parâmetro

Fabricante fSONA PAVDATA MRV

Modelo SONAbeam™ 1250-

M PAVLight Gigabit

TereScope 5000/G

Aplicações/Protocolos de dados:

Fast Ethernet, Gigabit Ethernet, OC-

3/STM-1, OC-12/STM-4, 1064

Mbps, 270 Mbps

Gigabit Ethernet

Gigabit Ethernet,

Escon, 622 Mbps

Performance

Taxas de transmissão: 100 – 1448 Mbps 1.5 – 1000 Mbps 100 – 1500

Mbps

Distância mínima: 400 m 700 m

Distância máxima recomendada:

3 dB/km* 5300 m 1000 m 3500 m

10 dB/km ** 2325 m 1850 m

Transmissor

Fonte de luz: LD diretamente

modulado LD VCSELs

Transmissores laser: 4 3 3

Potência de transmissão: 640 mW 18.75 dBm 70-140 mW

Comprimento de onda: 1550 nm 810 nm 830-860 nm

Divergência do feixe: 2 mrad 3 mrad 2 mrad

Receptor

Campo de visão: 2 mrad 15 ° 2 mrad

Detector: APD APD

Sensibilidade: -34 dBm -45 a -20 dBm -33 dBm

Filtros solares: Espacial: 2 Espectral: 2

Informações ambientais

Temperatura de operação: -40° a 60°C 0° C to 50° C -30˚ C a +60˚ C

Umidade: Até 90% não condensando

Até 95% não condensando

Informações mecânicas

Proteção às intempéries: À prova d'água,

classificação IP66 e NEMA-4

Classificação: IP30

Classificação: IP66

Dimensões (L*A*P em mm):

410 x 410 x 460 435 x 44 x 253 806 x 410 x

341

Peso: 20 kg 2 kg 15 kg

Informações elétricas

Alimentação AC: 85 a 260 VAC (50/60

Hz) 90 a 240 V (50/60 Hz)

100 a 240 V (50/60 Hz)

DC Opcional: -48 V; Faixa de

Operação: -40 à -57 V 24 a 60 V

(versão F13)

Consumo de Potência (max)

55 W 10 W 25 W

Segurança dos olhos

Classificação IEC 60825-1 1M 1M 1M

Page 69: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

67

4 ESTUDO DE CASO

4.1 CENÁRIO

Para apresentar este estudo de caso, fez-se necessária a definição de um cenário

adequado, que reúna as condições para a implantação de um sistema de comunicação ótica

sem fio. Sendo assim, foram escolhidos dois pontos, a serem interligados pela solução FSO de

maneira a ilustrar o uso desta tecnologia em um backhaul de telefonia celular.

O cenário escolhido está localizado na cidade do Rio de Janeiro. Dois pontos, sejam

eles: A (Teleporto) e B (São Cristóvão) conforme a Figura 4.1, distantes de 1,7 Km em visada

direta, servirão de base para este estudo.

Figura 4.1: Imagem da localização das estações no cenário proposto para o estudo de caso

Neste cenário, os pontos A (Teleporto) e B (São Cristóvão) que receberão os

transceptores FSO são interligados atualmente através de rádios OptiX RTN 950 fabricados

pela Huawei, que trafegam dados na taxa máxima de 420 Mbps. Estes equipamentos poderão

Page 70: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

68

ser utilizados para redundância do enlace caso o enlace FSO seja interrompido por alguma

obstrução física ou condições de tempo adversas.

O equipamento selecionado para a solução FSO é o SONAbeam™ 1250-M fabricado

pela fSONA Optical Wireless.

O SONAbeam™ 1250-M é capaz de trafegar dados a 1,25 Gbps, possui 4 laseres de

transmissão para redundância espacial de enlace, podendo alcançar distâncias, segundo

fabricante, de até 4800 metros. O transceptor possui interface óptica SC podendo trabalhar

com os protocolos Gigabit Ethernet: 1.25 Gbps, full duplex e OC-12/STM-4: 622 Mbps, full

duplex. Alem disso, pode trabalhar no modo transparente, em que é possível obter taxas

específicas, com o uso de outros protocolos.

Figura 4.2: À esquerda, SONAbeam™ 1250-M. À direita, OptiX RTN 950 da Huawei.

4.2 CONDIÇÕES AMBIENTAIS E DEFINIÇÃO DO CENÁRIO

Neste estudo, foram consideradas algumas premissas de forma a se verificar a

viabilidade técnica do enlace. O cenário proposto apresenta características desfavoráveis ao

enlace FSO comuns às encontradas em muitos enlaces.

Page 71: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

69

São elas:

- Enlace na direção leste-oeste

Neste caso, os transceptores terão a incidência direta de luz solar em determinada parte

do dia. De acordo com o fabricante do equipamento, o mesmo é capaz de filtrar a luz

solar, reduzindo o ruído incidente no detector.

- Incidência de neblina

No período matutino, há a incidência de neblina. Este efeito atmosférico causa grande

atenuação por meio principalmente do espalhamento da energia do sinal óptico, devido

à interação do feixe de luz com as gotículas de água formadoras da neblina.

- Incidência de chuva

Como em qualquer local é possível a incidência de chuvas que causam o espalhamento

e refração do sinal óptico, degradando a qualidade do sinal.

- Sólidos suspensos no ar

Como podemos observar na Figura 4.1, o feixe será propagado acima da linha do

metrô, asfaltos, imóveis etc. Neste cenário, há a presença de sólidos suspensos no ar,

que causam atenuações por espalhamento do sinal óptico propagado.

- Turbulência atmosférica

O sinal óptico será propagado por um meio, onde ocorre um aquecimento não

uniforme do ar ao longo do percurso, formando assim, porções de ar mais quentes que

outras. Deste modo, o feixe óptico percorre esta região e assim sofre desvios aleatórios

e variantes no tempo.

- Oscilação de Construções

O transceptor A (Teleporto) está localizado no alto de um edifício e o transceptor B

está localizado em uma torre na central, logo acima da copa das árvores. A oscilação

destas construções pode influenciar o alinhamento entre transmissor e receptor

degradando a qualidade do sinal óptico recebido.

Page 72: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

70

4.3 CÁLCULOS DE VIABILIDADE TÉCNICA

Nos enlaces FSO a transmissão do sinal óptico ocorre em um meio não confinado,

portanto é imprescindível uma análise das condições atmosféricas por meio de modelos

matemáticos adequados. Todos os distúrbios em potencial podem ser mitigados através de

planejamento e projeto de um enlace de forma apropriada. Os modelos de atenuação

considerados para este estudo foram:

Atenuação Atmosférica;

Atenuação Geométrica;

Atenuação por Cintilação;

Perdas Ópticas;

Atenuação por desalinhamento.

Para os cálculos de enlace, foram considerados os parâmetros do equipamento

SONAbeam 1250M, mostrados na tabela abaixo:

Tabela 4.1: Parâmetros do equipamento SONAbeam 1250M.

Parâmetro Valor

Potência do Laser 160 mW

Divergência do feixe 2 mrad

Sensibilidade do receptor -34 dBm

Diâmetro do Tx/Rx 20 cm

Comprimento de Onda 1550 nm

Perdas ópticas no Tx/Rx 0,46 dB (cada)

4.3.1 Atenuação atmosférica

A atenuação atmosférica é determinada pela interação do feixe laser com moléculas,

gotículas de água, sólidos suspensos, etc., presentes na atmosfera.

Os dados de atenuação atmosférica são apresentados na Tabela 4.2. Estes foram

calculados de acordo com os modelos matemáticos apresentados no capitulo 2, que englobam

as atenuações para diversas condições climáticas com taxas de precipitação e visibilidade

equivalentes, considerando-se a distância do enlace de 1,7 Km.

Page 73: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

71

Os valores de atenuação da Tabela 2.1 foram obtidos utilizando-se as equações (2.2),

(2.7) e os parâmetros dados na equação (2.8).

Tabela 4.2: Atenuação atmosférica para o cenário proposto, em diferentes condições climáticas

Condição Climática

Taxa de Precipitação (mm/h)

Visibilidade (Km)

Atenuação (dB/km)

Atenuação em 1,7 Km (dB)

Céu Claro 0 40 0,11 0,19

Chuva fraca / Neblina fina 10 5,9 0,96 1,63

Chuva média / Neblina 20 2,8 2,58 4,39

Chuva forte / Névoa fina 45 1,9 4,21 7,16

Tempestade / Névoa Leve 100 0,77 12,65 21,51

Nevasca / Névoa moderada 180 0,4 27,15 46,16

4.3.2 Atenuação geométrica

Todo laser possui um pequeno ângulo de divergência que faz com que a área da seção

reta do feixe aumente continuamente, fazendo com que apenas uma parcela da energia óptica

seja captada no receptor.

De acordo com ângulo de divergência de 2 mrad e o diâmetro do Tx/Rx, fornecidos

pelo fabricante, e considerando o comprimento do enlace sendo de 1,7 Km, podemos calcular

a atenuação geométrica, conforme a seguir:

Com os dados acima e utilizando a relação da tangente de um ângulo, temos:

Figura 4.3: Atenuação geométrica para o enlace proposto

Page 74: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

72

Então:

Calculando a área da seção reta do feixe laser na posição do receptor, temos:

Calculando a área da seção reta do receptor, temos:

Utilizando a fórmula da atenuação geométrica conforme a equação (2.1) temos:

Então:

Assim, a atenuação geométrica para o enlace proposto é de 25,1 dB.

4.3.3 Atenuação por cintilação

Este tipo de atenuação é determinado pela variação da potência instantânea no

receptor, devido à variação do gradiente de temperatura ao longo do percurso.

Utilizando as constantes aplicáveis ao modelo de equipamento escolhido na equação

(2.15), temos:

Para distância do enlace é de 1,7 km:

Page 75: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

73

Assim a perda por cintilação é de 4,42 dB.

4.3.4 Perdas ópticas

Este parâmetro se deve a imperfeições nas lentes e em outros elementos ópticos, seu

valor depende das características do equipamento e da qualidade das lentes. As perdas ópticas

estão estimadas em 0,46 dB em cada um dos transceptores totalizando o valor de 0,92 dB.

4.3.5 Atenuação por desalinhamento

De acordo com a literatura consultada, as perdas por desalinhamento óptico são

usualmente estimadas em 3 dB.

4.3.6 Balanço de potência

O cálculo de desempenho de um enlace em FSO é efetuado, basicamente, pela

equação (2.16) do balanço de potência.

A Tabela 4.3 apresenta os principais parâmetros utilizados para a análise:

Tabela 4.3: Parâmetros para cálculo de enlace FSO

Parâmetro Valor

Comprimento do enlace 1700 m

Diâmetro do Tx/Rx 20,32 cm

Perdas ópticas no transmissor 0,46 dB

Perdas ópticas no receptor 0,46 dB

Comprimento de Onda 1550 nm

Potência do Laser 160 mW

A potência recebida em função das diferentes condições climáticas encontra-se na

Tabela 4.4, abaixo:

Page 76: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

74

Tabela 4.4: Resultado dos cálculos de viabilidade, de acordo com as condições climáticas.

Parâmetros Céu Claro

Chuva fraca

/ Neblina

fina

Chuva média

/ Neblina

Chuva forte

/ Névoa fina

Tempestade / Névoa

Leve

Nevasca / Névoa

moderada

Potência de transmissão considerando-se1 laser (dBm)

22,04

Potência de transmissão considerando-se 4 laseres (dBm)

28,04

Sensibilidade do receptor (dBm) -34

Perdas Atmosféricas (dB) 0,187 1,632 4,386 7,157 21,505 46,155

Perda Geométrica (dB) 25,1

Perda por Cintilação (dB) 4,42

Perda Óptica (dB) 0,92

Perda por Desalinhamento (dB) 3

Potência Recebida considerando-se 1 laser (dBm)

-11,59 -13,03 -15,79 -18,56 -32,91 -57,56

Margem considerando-se 1 laser (dB)

22,41 20,97 18,21 15,44 1,09 -

Potência Recebida considerando-se 4 laseres

-5,57 -7,01 -9,77 -12,54 -26,89 -51,54

Margem considerando-se 4 laseres (dB)

28,43 27 24,23 21,46 7,11 -

De acordo com os cálculos, verificou-se a viabilidade para a maioria das condições

climáticas. Como no Rio de Janeiro a nevasca inexiste e a névoa moderada ou mais densa

(visibilidade menor ou igual a 400 m) ocorre aproximadamente durante 0,22% do tempo em

um ano (Figura 4.4), esta condição climática não se apresenta como um fator limitante para a

aplicação da tecnologia estudada, conforme será apresentado na seção 4.4.

É interessante observar que, considerando-se apenas um dos quatro laseres presentes

no equipamento, nos cálculos realizados, a potência recebida ainda encontra-se a níveis

superiores à sensibilidade do receptor, exceto para a condição citada no parágrafo anterior.

Porém, sabe-se que como o equipamento faz uso de 4 laseres, o nível de potência recebido é

até 6 dB maior, proporcionando uma margem superior ao enlace, conforme exposto na Tabela

4.4.

4.4 DISPONIBILIDADE

Devido ao fato de os parâmetros de um enlace FSO, em especial as atenuações, serem

fortemente influenciados pelas condições climáticas, é de se esperar que a disponibilidade do

Page 77: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

75

enlace seja afetada da mesma forma. De acordo com os cálculos realizados, o enlace FSO no

cenário proposto, torna-se indisponível para visibilidades menores que 766 metros.

Logo, é importante analisar a ocorrência desta condição climática no local escolhido

para o estudo, neste caso, a cidade do Rio de Janeiro. Tomando como base a Figura 4.4 da

distribuição de probabilidade de visibilidade para a cidade do Rio de Janeiro, abaixo.

Figura 4.4: Distribuição de probabilidade de visibilidade para a cidade do Rio de Janeiro

Podemos observar que a condição de indisponibilidade para o enlace proposto ocorre

durante aproximadamente 0,22% do tempo. Isto representa uma disponibilidade de 99,78% ou

um período de indisponibilidade de 19h e 16 minutos ao longo do período de um ano, para o

enlace FSO proposto.

Assim, de modo a garantir uma disponibilidade ainda maior para o sistema como um

todo, propõe-se como contingência para o enlace FSO, o uso do equipamento de rádio que já

se encontra em operação para interligação entre as estações. Apesar de não apresentar a

mesma capacidade de tráfego (throughput) do equipamento FSO, o rádio garantirá o

funcionamento ininterrupto do sistema mesmo em condições climáticas mais severas.

Considerando-se os pequenos períodos de indisponibilidade do FSO, dado que a

probabilidade desta condição se concentrar num curto espaço de tempo é mínima, esta queda

de desempenho não deve ser considerada um fator limitante ao uso do enlace FSO

contingenciado por rádio.

0.22

0.766

Page 78: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

76

4.5 CUSTO-BENEFÍCIO

Nesta seção, serão apresentadas as questões relativas à análise da solução de utilização

de um enlace FSO, quando comparado à solução via rádio em funcionamento atualmente.

Em termos financeiros, os equipamentos para o enlace rádio atualmente utilizado

custam R$ 40.000. Para se triplicar esta taxa seria necessário um investimento extra de R$

80.000. O enlace FSO fornece esta capacidade de tráfego ao custo de US$ 45.000

(aproximadamente R$ 73.000), proporcionando uma economia de R$ 7.000. Além disso, na

opção de aquisição de mais dois rádios ter-se-ia o custo relativo à instalação dos mesmos

(instalação de torre, aluguel ou aquisição de espaço, etc.). Um enlace FSO não possui tais

custos extras agregados.

O custo do sistema FSO proposto é de aproximadamente o dobro do custo do sistema

rádio utilizado atualmente. No entanto, a instalação do sistema FSO e a utilização do rádio

atualmente instalado como redundância garantem uma disponibilidade de 99,999% para o

sistema, sendo que em 99,78% do tempo (disponibilidade do FSO), o mesmo funcionaria com

throughput três vezes maior que o atual.

Apesar de o enlace rádio suprir a atual demanda de tráfego entre as duas estações, o

aumento do throughput através da implantação do enlace FSO garante a taxa de dados

necessária para atender às aplicações que surgirão nos próximos anos, com uma maior

demanda dos serviços 3G e a futura implantação da tecnologia 4G.

Abaixo, tabela com os valores relativos às duas alternativas:

Tabela 4.5: Comparativo entre as soluções FSO e rádio

Equipamento Throughput

(Mbps) Custo

Custo por Mbps

fSONA - SONAbeam™ 1250-M 1250 R$ 73.000,00 R$ 58,40

Huawei - OptiX RTN 950 420 R$ 40.000,00 R$ 95,24

De acordo com a Tabela 4.5, podemos notar que o custo por Mbps do equipamento

rádio é aproximadamente 60% maior que o do equipamento FSO. Deste modo, conclui-se que

esta é uma tecnologia que apresenta melhor custo-benefício em relação ao rádio, no referente

à taxa de transmissão de dados.

Page 79: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

77

5 CONCLUSÃO

No estudo de caso foi mostrado que a tecnologia FSO é uma alternativa viável para

auxiliar na expansão da capacidade de transmissão de backhauls de telefonia celular, desde

que implantada através de um projeto criterioso, considerando-se as condições climáticas do

local de implantação, em especial a visibilidade.

Foi observado em um comparativo simples como a solução FSO pode apresentar um

custo por Mbps 60% inferior ao da tecnologia rádio em uso atualmente no cenário

apresentado.

Outra vantagem observada se refere ao tempo de instalação consideravelmente inferior

ao demandado pela instalação de um enlace de fibra óptica.

Tendo em vista o citado anteriormente, pode-se conluir que a tecnologia FSO surge

como uma forte candidata para conter o iminente gargalo nas atuais redes de

telecomunicações, viabilizando assim a expansão de sua capacidade.

Fica como sugestão para trabalhos futuros o estudo do uso de técnicas de

multiplexação por divisão de comprimento de onda (WDM) nestes enlaces, dado que

pesquisas neste campo ao redor do mundo estão em andamento, tendo mostrado resultados

bastante promissores.

Page 80: FSO em Backhauls de Telefonia Celular

78

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