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“O compromisso do governo é incluir socialmente a população, especialmente os mais carentes” Leia entrevista do ministro da Saúde, Humberto Costa, nas páginas 10 - 11
“O compromisso do governo é incluir socialmente a população, especialmente os mais carentes”
Janeiro / 2004 - Nº 1
Respostas aos anseios da população
Promover a inclusão social por meio de ações de saneamento ambientale de ações de atenção integral à saúde dos povos indígenas, com excelência na gestão e em consonância com o Sistema Único de Saúde.
M i s s ã o
100 anos de saúde pública
Entrevista - Ministro Humberto Costa
12ª CNS
Entrevista - Presidente do Conasems
Saneamento
Saúde indígena
Jogos indígenas
Artigo - Carlos Terena
Luta das mulheres indígenas
Perfil - Irmã Auristela
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Í N D I C E
Respostas aos anseios da população
EDITORIAL
Estamos iniciando mais um ano de gestão à frente da Fundação Nacional
de Saúde (Funasa). Com muita alegria podemos comemorar avanços.
Temos consciência de que poderíamos ter realizado mais e melhor.
Esta certeza, entretanto, em vez de nos paralisar, nos impele a redobrar
nossos esforços na busca da excelência em nossa missão institucional.
Temos por dever promover a inclusão social por meio de ações
de saneamento ambiental e de ações de atenção
integral à saúde dos povos indígenas,
em consonância com o Sistema Único de Saúde.
É a partir desta missão que procuramos, por meio
de nossas tarefas diárias, dar respostas aos anseios de ampla parcela
da sociedade que depende da execução de nosso trabalho.
O Brasil comemora 100 anos de saúde pública. É uma honra podermos
afirmar que a história da Funasa, com seu glorioso passado, está intimamente
ligada ao desenrolar dessa saga majestosa, que tantas conquistas trouxe
ao povo brasileiro. Esta história começou a ser contada cronologicamente
com a Reforma Oswaldo Cruz, que em 1904 institui o Serviço de Profilaxia
da Febre Amarela. E seu coroamento se deu no final do ano passado
com a realização da 12ª Conferência Nacional de Saúde.
A 12ª Conferência Nacional de Saúde, ocorrida em Brasília entre os dias
7 e 11 de dezembro, reafirmou nossa missão institucional.
O documento final da conferência atribuiu ao Ministério da Saúde, por
intermédio da Funasa, a responsabilidade pelas ações e serviços de saúde
voltadas para as comunidades indígenas e destacou o saneamento como
um dos principais instrumentos para a promoção de saúde pública no país.
O primeiro número da publicação FUNASA EM REVISTA registra parte
das atividades realizadas pela Funasa no ano de 2003.
Conseguimos dar um salto de qualidade nas questões relativas
ao saneamento ambiental e estamos iniciando o ano com o firme propósito
de implantar em todos os distritos sanitários o novo modelo de gestão
para a saúde dos povos indígenas.
Que 2004 seja um ano de grandes realizações
para todos nós.
Boa leitura!
Valdi Camarcio Bezerra
Presidente da Funasa
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Uma história de desaf
No espetacular salto de qualidade de nossa saúde ao longo deste período secular registramos a mobilização social como a principal indutora dos avanços no setor. Em 1904, tornou-se histó-rica a Revolta da Vacina e, quase 100 anos depois, a sociedade escolhe mais de cinco mil delegados para definir os novos desti-nos da saúde brasileira no evento da 12ª Conferên-cia Nacional de Saúde. Um outro destaque é a instituição, pela Constituição de 1988, do Sistema Único de Saúde (SUS), sonho iniciado e acalentado por milhares de brasileiros nos anos de 1970 com o movimento da Reforma Sanitária e deliberado pela 8ª Confe-rência Nacional de Saúde, em 1986.A excelência e eficiência da saúde pública brasileira, hoje reconhecida mun-dialmente como a mais eficaz da América Latina, revela-se ainda mais vito-riosa quando se leva em consideração a imensidão continental de nosso país. Para que hoje sejam consi-deradas controladas e até erradicadas algumas doen-ças infecto-contagiosas,
A saúde pública brasileira completa
100 anos em 2004.
Uma história centenária repleta
de desafios e vitórias, que teve início
em janeiro de 1904, com a instituição
da Reforma Oswaldo Cruz.
A referida reforma criou o Serviço de Profilaxia
da Febre Amarela e a Inspetoria de Isolamento
e Desinfecção, que tinha como responsabilidade
o combate à malária e à peste na cidade
do Rio de Janeiro.
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a obrigatoriedade da vacinação antivariólica. O projeto continha várias cláusulas consideradas pela população da cidade como draconianas. Entre elas, pesadas multas e punições
a quem se recusasse a cumprir o determinado em lei.Ficou definido, por exem-plo, a obrigatoriedade da vacinação antes dos seis meses de idade e para todos os militares. Era exigida a revacinação de sete em sete anos e a apresentação de atestado de imunização aos candidatos a quaisquer cargos ou funções públicas.
muito investimento, esforço e dedicação foram necessários. São vários os heróis conheci-dos e inúmeros os anônimos desta odisséia brasileira que transformou os velhos cen-tros urbanos e reforçou a integração nacional ao levar saúde aos mais longínqüos vilarejos. Em diversas circunstâncias, coube aos heróicos agentes de saúde a tarefa de realizar até o reconhecimento geográfico em áreas de difícil acesso.
Revolta da Vacina Algumas dessas sagas são dignas de registro, como é o caso da Revolta da Vacina de 1904. Naquele ano, uma epidemia de varíola assolou a cidade do Rio de Janeiro, então capital da República. Em apenas cinco meses, 1.800 pessoas foram internadas no Hospital São Sebastião. Diante da gravidade apre-sentada, o governo federal decidiu intervir na situação. Embora houvesse lei ante-rior prevendo a imunização compulsória das crianças contra a doença, ela nunca havia sido cumprida. Foi então necessário que o governo enviasse ao Congresso Nacional pro-jeto reinstaurando
E também para quem quisesse casar, viajar ou matricular-se em escola. A polícia sanitária tinha poderes para obrigar a todos os moradores de uma determinada área de foco
a se imunizarem. Os que porventura se recusassem eram submetidos à observa-ção médica em local apro-priado, pagando as despesas de estadia. Estarrecida, a população rebelou-se contra as medidas e nasceu uma violenta oposição a Oswaldo Cruz, reunindo jornalistas, parlamentares e associações de trabalha-dores. Foi inclusive criada a Liga Contra a Vacinação
Grupo de servidores em frente ao prédio do Sesp, em Belém do Pará (1943)
ios, vitórias e mobilização social
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Obrigatória. Todo o episódio teve duração de seis meses. No dia 13 de novembro de 1904, estourou a revolta propriamente dita, colocando
em lados opostos população e governo. Foram registrados cho-
ques com a polícia, greves, barricadas, quebra-quebra, tiroteios. No dia seguinte, até mesmo a Escola Militar da Praia Vermelha aderiu à rebelião, com intensa troca de tiros. Após três dias de guerra urbana, o governo se viu obrigado a decretar estado de sítio. O levante foi con-trolado, mas o governo suspendeu a obrigatorie-dade da vacina. A saúde pública no Brasil é pon-tuada por eventos impor-tantes, que mudaram o eixo da história. É o caso da instituição do Sistema Único de Saúde (SUS). Sistema Único de Saúde O SUS foi criado com o propósito de reduzir a desigualdade na assistência à saúde prestada à popula-ção. O objetivo era univer-salizar o acesso, tornando obrigatório o atendimento público e gratuito a qualquer pessoa. Antes da vigência do SUS, o atendimento era garantido apenas aos trabalhadores com Carteira de Trabalho, assim mesmo
de forma precária. O restante da população ou pagava a conta do médico e da internação hospitalar, quando era o caso, ou era atendido pelas santas casas de mise-ricórdia ou por postos de saúde municipais, estaduais e hospitais universitários.A partir do início da década de 70, profissio-nais de saúde, lideranças
políticas, sindicais e popula-res iniciam no Brasil um movimento em defesa da saúde pública, que recebeu o nome de Movimento pela Reforma Sanitária Brasileira. A proposta do movimento era a de reformular o sistema de saúde para torná-lo mais eficaz e disponível à população em geral. Dessa forma, o SUS, que
Saga do malaeiro Antônio Serafim
A história dos 100 anos da saúde pública brasileira é feita com histórias
como a de Antônio Serafim da Silva, um malaeiro de Rondônia que,
nos idos de abril de 1962, ingressou jovem no serviço público como fun-
cionário da Campanha de Erradicação da Malária (CEM), órgão responsável
pelo combate, controle e erradicação da Malária no Brasil, a partir de 1958.
O malaeiro Serafim é o retrato acabado dos que, por
amor à profissão, se embrearam por esse Brasil afora
levando saúde e esperança aos mais distantes rincões
do Brasil. Os 34 anos dedicados à causa da saúde
renderam muitas histórias, que Serafim decidiu dividir
com o restante dos brasileiros no livro “Rondônia,
A Malária e o Malaeiro”.
No prefácio de seu livro, ele já pinta o quadro das
dificuldades vividas por ele e aqueles pioneiros, que,
na qualidade de borrifadores, percorreram quase todos
os caminhos terrestres e fluviais do nosso imenso
país. Mas, apesar de todos os contras, ele declara na
apresentação de seu livro: “É tomando por base a minha vida profissional e
de meus companheiros de trabalho que será narrada a história desse humilde
brasileiro que nunca escolheu dia ou hora, estado psicológico ou condição
científica para desenvolver suas tarefas e cumprir bem cada missão que lhe
era confiada.”
Para contar a história vivida e revivida ao longo de anos de dedicação, Antônio
Serafim não precisou criar personagens, imaginar situações, inventar causos.
As pessoas da sua narrativa, como ele mesmo diz, não têm nomes fictícios
e seus atos estão calcados na dura rotina dos servidores da saúde
do século passado. “Tudo foi baseado na realidade e em fatos
verdadeiros já ocorridos.”
Entretanto, mais do que o relato de fatos e histórias de um malaeiro de Rondô-
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os constituintes de 1988 transformaram em lei, nasce com a força da mobilização social.Em seu artigo 198,
a Constituição Federal, ao definir o Sistema Único de Saúde, diz que: “As ações e serviços públicos
de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e consti-tuem um sistema único, organizado de acordo
nia, o livro de Serafim é uma saborosa
viagem por parte da história da saúde
pública brasileira, narrada com ricos
detalhes regionais.
O relato de Serafim é, na verdade,
representativo da saga dos milhares
de agentes da Sucam e do Sesp,
que, como ele, seguiram na linha
de frente, enfrentando com coragem
e determinação toda sorte de
infortúnios, sem qualquer esmore-
cimento. O capítulo onde ele conta
a Árdua Missão na BR-364 é um
exemplo dessa coragem.
Na BR - 364
“No início do mês de setembro de
1965, logo após a conclusão dos
trabalhos no Rio Madeira, quando
ainda estava justamente com o servidor
Nivaldo concluindo a organização
dos papéis para entrega ao setor
competente, chamaram-me à chefia
da Instituição. Após alguns arrodeios
e desnecessários ou demagógicos
elogios, fui convidado a assumir
os trabalhos de Reconhecimento
Geográfico e Borrifação da BR-364.
Porém, sabendo das dificuldades e
sofrimentos de todos aqueles que por
ali transitavam, senti muita vontade de
recusar a oferta. Contudo, eu sabia
também que aquele convite não
passava de pura formalidade, pois
a ordem, seca e indiscutível, estava
literalmente expressa nos olhos e
atitudes do chefe.
A razão do convite passava pela
necessidade de se executar de fato
o trabalho na BR, em todo trecho
que pertencia e ainda pertence a
Rondônia, pois, desde o ano anterior
que para ali eram mandadas equipes,
que todavia, não conseguiam passar
dos 200 quilômetros, quando todo
o itinerário detinha uma extensão
aproximada de 750 quilômetros,
contando a partir de Porto Velho
até os limites com o Estado do Mato
Grosso.
“Contudo, o fato de haver aceito a missão
sem qualquer tipo de questionamento
nos foi dado o direito de escolher os
componentes da equipe e o meio de
transporte a ser utilizado na viagem.
Assim, considerando a existência
de muitas balsas, através das quais
os veículos cruzavam os rios; uma
enorme quantidade de pinguelas
(ponte construída com madeira
roliça); cinturas finas; atoleiros e
areiões, a rodovia apresentava toda
série de dificuldades para quem
nela transitava. Se considerássemos
também nosso poder aquisitivo,
que não era dos melhores, ainda
corríamos o risco de passar
necessidade, sem contar com o
perigo dos ataques indígenas no
trecho de Pimenta Bueno a Vilhena,
bem como contrair malária, cuja
incidência era bastante elevada em
algumas áreas. Portanto, para que
a missão produzisse os resultados
que há muito se esperava, seriam
necessários a participação de pessoas
dispostas a enfrentar qualquer tipo
de situação em busca do objetivo
e de um veículo essencialmente
confiável.
Dessa forma, baseado na
caracterização da área como
penosa, periculosa e insalubre,
foram escolhidos os servidores
Clidoval Barbosa Pereira
(considerado pau pra toda obra),
o qual seria o segundo homem
da equipe e o hábil mecânico e
motorista Sebastião Amaro Pinto.
Levando-se em conta a força,
resistência e a tração nas quatro
rodas, foi escolhido, como
meio de transporte, um Jepp
Willys, ano 64, de fabricação
americana que, apesar do pouco
espaço, nos proporcionava
certa garantia de não
ficar na estrada.
Só para se ter uma idéia das
condições da estrada, a Pick-
up designada para fazer o
abastecimento necessitou de 12
dias para ir a Vila de Rondônia e
voltar a Porto Velho.”
com as seguintes diretrizes:I – descentralização, com direção única em cada esfera de governo;II – atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;III – participação da comunidade.
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1904
É instituída a Reforma
Oswaldo Cruz, que criou o Serviço de Profilaxia
da Febre Amarela e a Inspetoria de Isolamento e Desinfecção, com responsabilidade de combate à malária e à peste no Rio de Janeiro. Tornou-se obrigatória em todo o país a vacinação e a revacinação contra a varíola.
1909 Carlos Chagas descobre a doença, provocada pelo Tripanossoma cruzi, que então passou a se chamar doença de Chagas. O primeiro caso identificado foi o da menina Berenice, de dois anos, moradora de Lassance/MG, local onde o pesquisador se instalou para combater a malária entre os trabalhadores da Estrada de Ferro Central do Brasil.
1913 Morre Oswaldo Cruz, em decorrência de uma crise de insuficiência renal, aos 44 anos de idade.
1942 O Ministério da Educação e Saúde criou o Serviço Especial de Saúde Pública (Sesp) em cooperação com o Institute of Interamerican Affair, do governo americano.
Cron
olog
ia1942 Foi assinado convênio básico que estabelecia o desen-volvimento de atividades de saneamento, profilaxia da malária e assistência médico-sanitária às populações da Amazônia, onde se extraía a borracha necessária ao esforço de guerra. Em 31 de julho, o Instituto Evandro Chagas, criado em 1936 sob a denomi-nação de Instituto de Patologia Experimental do Norte, passou a integrar o Sesp, na condição de laboratório central.
1942 Realizada a 1ª Conferência Nacional de Saúde.
1948 Instalado o Centro de Estudos do Instituto Oswaldo Cruz, em Bambuí/MG, que desenvolveu os primeiros estudos para controle da doença de Chagas.
1948 Criado o primeiro Conselho de Saúde, considerado o marco inicial da saúde pública moderna. A partir deste ano, a saúde do povo foi integralmente reconhecida como importante função administrativa de governo.
1953 Criado o Ministério da Saúde. Tornou-se obrigatória a iodação do sal de cozinha destinado ao consumo alimentar nas regiões bocígenas do país.
1960 O Sesp se transforma em Fundação Serviço Especial de Saúde Pública (Fsesp), vinculada ao Ministério da Saúde.
1961 Início da produção no Brasil da vacina liofilizada contra a varíola, em substituição à tradicional, em forma de linfa, pouco estável. Realização das primeiras campanhas com a vacina oral contra a poliomielite, com projetos experimentais em Petrópolis (RJ) e Santo André (SP), e introdução da técnica de diagnóstico laboratorial da poliomielite no Instituto Oswaldo Cruz.
1965 Criada a Campanha de Erradicação da Malária e, um ano depois, a Campanha de Erradicação da Varíola, subordinadas diretamente ao Ministério da Saúde, por meio da Fundação Sesp.
1970 O Ministério da Saúde cria a Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (Sucam), subordinada à Secretaria de Saúde Pública. Instituída a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), congregando inicialmente o então Instituto Oswaldo Cruz, a Fundação de Recursos Humanos para a Saúde (posteriormente Escola Nacional de Saúde Pública - Ensp) e o Instituto Fernandes Figueira.
1971 Instituído o Plano Nacional de Controle da Poliomielite, importante marco para as atividades de vacinação no país. Criada a Central de Medicamentos (Ceme). Começa a distribuição de medicamentos essenciais, inclusive produtos imunobiológicos.
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1973 O Brasil recebe o Certificado Internacional da Erradicação da Varíola. Instituído o Programa Nacional de Imunizações.
1974 Delegada à Fundação Sesp a coordenação dos progra-mas nacionais de imunizações e vigilância epidemiológica. Um ano depois, foi aprovado o Estatuto da Fsesp, que vigorou até 1991.
1977 Foram registrados os últimos casos de varíola no mundo. Definidas as vacinas obrigatórias para menores de um ano de idade em todo o território nacional. Um ano depois, os percentuais de cobertura vacinal foram ampliados de 20% para 40%, em média.
1986 Aprovado o Plano de Ação para a Erradicação da Poliomielite no Brasil. Criado o personagem símbolo da erradicação da doença, o Zé Gotinha.
1986 Realizada a 8ª Conferência Nacional de Saúde, marco para as bases da criação do Sistema Único de Saúde (SUS).
1988 A Constituição Federal decreta: ”A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco da doença e de outros agravos e ao acesso universal igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. Foi definido, ainda na Carta Magna, que as ações e serviços públicos de saúde passariam a integrar uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único. Foram estabelecidas as competências e atribuições do Sistema Único de Saúde (SUS).
1990 Transferida as atribuições da Sucam para a Fsesp, que passou a denominar-se Fundação Nacional de Saúde (FNS). Foram regulamentados por lei específica os objetivos, competências, atribuições, planejamento e orçamento do SUS. No mesmo ano, foi ampliada a cobertura de vacinação para índices em torno de 90%.
1991 A Fsesp passou a ser encarregada pela coordenação dos projetos destinados à promo-ção, proteção e recuperação da saúde do índio.
1999 Criado o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena. A Funasa assume, no lugar da Fundação Nacional do Índio (Funai), a responsabilidade pelas ações da saúde indígena. Foram criados, no mesmo ano, os Distritos Sanitários Especiais Indígenas (Dseis). As atividades de vigilância epidemiológica de dengue, febre amarela, malária, leishmaniose, esquitossomose, Chagas e outras, executadas pelo Departamento de Operações (Deope), passaram a integrar o Centro Nacional de Epidemiologia (Cenepi).
2002 Aprovados os critérios e procedimentos para aplicação de recursos financeiros destinados a saneamento, saúde indígena, vigilância ambiental e educação em saúde. Aprovados também o Manual de Procedimentos de Segurança em Controle de Vetores e a estrutura organizacional do projeto Vigisus. Instituídos o Programa Nacional de Prevenção e Controle de Malária e o Subsistema Nacional de Vigilância das Doenças e Agravos Não Transmissíveis.
2003 Realizada a 12ª Conferência Nacional de Saúde.
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Qual a mudança, neste governo, na aplicação dos recursos
para as áreas de saneamento e saúde indígena?
Neste governo, estamos valorizando significativamente a Atenção ao Saneamento Básico e Ambiental e à Saúde indígena. O presidente
Luiz Inácio Lula da Silva instituiu um grupo interministerial para elaboração de programas de saneamento, sendo a Funasa uma das instituições responsáveis pela implementação dos programas na área de saúde.Na área de saúde indígena, conseguimos mais recursos do orçamento federal. Com isso, vamos reduzir drasticamente as doenças associadas à desnutrição nas áreas indígenas, pois incluímos as populações indígenas no Programa Bolsa-Alimentação e articulamos alter-nativas auto-sustentáveis com o Programa Fome Zero.
Qual a atuação prática desse grupo interministerial?
Por meio de decreto de 4 de setembro de 2003, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva instituiu o grupo de trabalho interministerial, com a finalidade de realizar estudos e elaborar propostas para promover a integração das ações de saneamento ambiental no âmbito do governo federal.
Quem integra esse grupo interministerial e quais são as propostas preliminares que serão
implementadas pelo Ministério da Saúde?
A Fundação Nacional de Saúde integra o grupo interministerial, que é coordenado pelo Ministério das Cidades. Compõem também o grupo representantes da Casa Civil da Presidência da República, do Ministério da Fazenda, dos Ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, do Planejamento, Integração Nacional, do Meio Ambiente, do Turismo, da Caixa Econômica Federal e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.Foram realizados encontros e discutidos os programas do Plano Plurianual, quando a Funasa apresentou os critérios de eligibilidade e programas de prioridade dos municípios. Além disso, decidiu-se colocar quatro grandes programas em pauta para discussão: saneamento ambiental urbano, saneamento ambiental rural, resíduos sólidos e drenagem.
Entrevista : Ministro da Saúde, Humberto CostaEntrevista : Ministro da Saúde, Humberto Costa
Incluir socialmente a população que, durante anos, tem sido desprestigiada e carente de investimentos na área de saúde. Este é um dos principais compromissos do governo federal para oferecer mais qualidade de vida aos brasileiros, garante o ministro da Saúde, Humberto Costa. Neste contexto, segundo ele, a Funasa ocupa posição de destaque por acumular, ao longo do tempo, uma experiência quase centenária nas ações de saneamento básico. ‘‘É uma instituição muito importante no universo da saúde pública brasileira”. O ministro lembrou a grandeza histórica dos 100 anos que a saúde pública brasileira está completando este ano.
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Qual será o montante de recursos destinados no orçamento federal para as áreas de saneamento
e saúde indígena para o próximo ano?
Na área de saneamento, a previsão do orçamento para 2004 é de R$ 700 milhões. Para saúde indígena, a previsão é de R$ 194,5 milhões, 58% superior ao orçamento anterior, além de programas do Banco Mundial, que aumentamos de R$ 8 milhões para R$ 25 milhões.
Como serão aplicados os recursos na área de saneamento e saúde indígena nos próximos três anos?
Prioritariamente nas áreas de interesse social, como localidades urbanas e rurais com até 30 mil habitantes, áreas ribeirinhas, de reservas extrativistas, quilombos e assentamentos de reforma agrária.
Qual o principal problema enfrentado pelo MS na área de saneamento no Brasil?
A falta de uma política nacional de saneamento sempre foi um dos principais problemas enfrentados nesta área. Os recursos eram aplicados de uma forma desarticulada, o que favorecia a superposição de ações. Isso contribuiu muito para que os investimentos não fossem suficientes para elevar as taxas de cobertura de saneamento e diminuir as diferenças regionais. Mas agora esse quadro começa a mudar com a criação do grupo interministerial.
Qual a importância da Funasa na sedimentação do Sistema Único de Saúde?
A Funasa tem-se destacado pela sua experiência quase centenária nas ações de promoção da saúde por meio de ações de saneamento básico e ambiental. É uma instituição muito importante no universo da saúde pública brasileira, que deve ser dignificada e respeitada. Agora, com as ações na área de saúde indígena, o atendimento integral aos povos indígenas, quando não é possível ser feito nas próprias comunidades, é feito pela rede credenciada do SUS, respeitando a especificidade de atendimento a essa população.
Como o Sr. vê a nova atuação da Funasa nas áreas de interesse social como quilombos, reservas extrativistas, assentamentos de reforma agrária e populações ribeirinhas para o fim da exclusão social?
É fundamental e muito importante o trabalho desenvolvido pela Funasa nessas áreas, pois, além de realizar melhorias sanitárias, a Fundação
desenvolve projetos de educação em saúde em parceria com associações comunitárias, distribuindo equipamentos, como filtros de água para evitar doenças de veiculação hídrica. Nestas áreas, a Funasa está realizando um levantamento das necessidades da população local, em parceria com a Fundação Palmares e o Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Como o governo federal espera melhorar
a qualidade de vida da população brasileira
e dos povos indígenas nas áreas
de saneamento e saúde indígena?
É um compromisso deste governo incluir socialmente toda a população que, durante anos, tem sido desprestigiada e carente de investimentos maciços na área de saúde, incluindo prevenção e promoção da saúde por meio de ações de saneamento básico.
Entrevista : Ministro da Saúde, Humberto CostaEntrevista : Ministro da Saúde, Humberto Costa
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Eixos temáticosA 12ª Conferência Nacional de Saúde definiu dez eixos temáticos que apontaram as diretrizes, as lacunas e os desafios a serem enfrentados na consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS) e da reforma sanitária no país. Com o tema Saúde, um Direito de Todos e Dever do Estado
Consolidada a missão da Funasa
Conferência Nacio nal de Saúde12ª- a Saúde que temos, o SUS que queremos, a 12ª Conferência reuniu representantes do setor de saúde de todo o país que participaram daquele que é considerado o foro político de maior relevância para as defini-ções que conduzirão o SUS nos próximos quatro anos. O debate foi encaminhado a partir dos seguintes eixos temáticos:
Direito à saúdeForam debatidos os obstáculos que possam impedir a garantia, em sua totalidade, deste que é um direito constitucional. O principal desafio para o Estado é a promoção da eqüidade na atenção à saúde para que se reduzam as desigualda-des regionais e amplie a oferta de ações
A 12ª Conferência Nacional de Saúde consolidou a missão da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) de inclusão social por meio de ações nas áreas de saúde indígena e saneamento básico e ambiental. O documento extraído no evento atribui
ao Ministério da Saúde a responsabilidade pelas ações e serviços de saúde voltadas para as comunidades indígenas
e destaca o saneamento como um dos principais instrumentos para promoção de saúde pública no país.
Ficou deliberado que as ações de saúde indígena devem ser coordenadas de acordo com a política
do Sistema Único de Saúde (SUS) e articuladas com os órgãos responsáveis pela política indigenista do país, garantindo assim atenção à saúde de qualidade, específica e diferenciada de acordo com a realidade de cada comunidade indígena. Em agosto de 1999, o Ministério da Saúde outorgou à Funasa
a responsabilidade de gerir o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena, articulado ao SUS. Institui-se também a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas, preconizada na Constituição Federal e nas Leis Orgânicas de Saúde.
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de saúde aos grupos populacionais mais vulneráveis. Entre as diretrizes definidas está a que assegura políticas sociais amplas, garantindo acesso ao emprego, moradia, segurança, cultura e vida saudável, articulando-as por meio de projetos intersetoriais ao SUS.
Seguridade social e a saúdeSão os princípios básicos da universalidade, eqüidade e integralidade que orientam a construção do novo modelo de atenção à saúde.
Social como responsa-bilidade do Estado e da sociedade. Um outro ponto impor-tante é o fortalecimento da rede de proteção social e a consolidação do SUS como integrante do Sistema de Seguridade Social.
Intersetorialidade das ações de saúdeEntre as diretrizes definidas para atingir a integração das ações de saúde, está a criação e implementação de uma agenda intersetorial de governo para a saúde, além do fortalecimento
permanentes de avaliação do desempenho dos sistemas em todos os níveis. Organização da atenção à saúdeUma das formas de atingir este objetivo é construir uma nova relação com os municípios por meio de pactos entre as esferas de governo, no que diz respeito a prioridades, metas, caráter indutor de repasses financeiros e definição de responsabilidades. A ampliação do acesso da população aos serviços de saúde, em todos os seus níveis de complexidade, com o fortalecimento da rede pública, exige mudanças essenciais neste modelo. O desenvolvimento de políticas específicas direcionadas a grupos vulneráveis, sempre buscando o princípio da eqüidade, foi listado como uma das prioridades para o sistema.
Gestão participativaFicou definida como uma das prioridades a construção de um pacto entre gestores e conselhos de saúde nas três esferas de governo para o desenvolvimento das ações
da gestão democrática do SUS com co-responsa-bilidade de vários setores sociais e econômicos.
As três esferas de governo e a construção do SUSUma das metas traçadas para que as ações sejam bem articuladas e garantam o fortalecimento do SUS é a instituição de processos
Conferência Nacio nal de SaúdeUma das formas de garantir estes princípios é fortalecer o sistema de Seguridade
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Pacto pela saúdeviabilizados com um modelo de financiamento forte, que garanta o compromisso dos gestores com a manutenção de fontes estáveis; flexível, para oferecer agilidade no uso dos recursos; e transparente, garantindo o controle social sobre todas as etapas do processo de planejamento, execução, acompanhamento e avaliação do sistema.
Informação, educação e comunicaçãoA comunicação, a educação e a informação são componentes essenciais para se alcançar a eqüidade, a qualidade e a humanização dos serviços de saúde e para fortalecer o controle social no âmbito do SUS. A criação da Rede Pública e Nacional de Comunicação foi proposta como forma de materializar uma política de comunicação ampla, plural, horizontal e descentralizada.
O presidente do Conselho
Nacional de Secretários
Municipais de Saúde
(Conasems), Luiz Odorico
Monteiro de Andrade,
secretário de Sobral (CE),
considera fundamental
a atuação da Funasa para
a consolidação da saúde da
população, por meio
de ações de engenharia
de saúde pública, levando,
prioritariamente aos
municípios com até 30 mil
habitantes, soluções
sanitárias para a promoção
da saúde da população.
Em entrevista
à FUNASA em Revista,
logo após o encerramento
da 12ª Conferência
Nacional de Saúde,
Luiz Odorico comemorou a
integração das ações
de saneamento desenvol-
vidas pela Funasa ao SUS,
como uma das mais
importantes decisões
da 12ª CNS.
e fortalecimento do controle social.
O Trabalho na saúdeOs trabalhadores de saúde são autores fundamentais na implementação do SUS. Para fortalecer a área de recursos humanos, foram colocadas, entre as prioridades, a implementação de uma política de desprecarização do trabalho em saúde e de mesas nacional, estadual ou municipal permanentes de negociações do SUS ligados aos respectivos Conselhos de Saúde.
Ciência e tecnologia e a saúdeÉ preciso continuar incentivando as pesquisas científicas, tecnológicas e a inovação no setor de saúde, visando aumentar a eqüidade no cuidado à saúde da população.
O financiamento do SUSOs processos de descentralização e universalização do SUS só serão
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Saneamento básico é uma ação de saúde?
Sim. Inclusive há pesquisadores que defendem que a contribuição da engenharia sanitária para o aumento da expectativa de vida da população pode ser mais importante que as ações de medicina. As melhorias sanitárias e urbanas ajudam a melhorar a saúde da população. No Brasil, esta questão ganhou importância não só no discurso como na própria legislação. A Lei Orgânica da Saúde e a Constitui-ção Federal destacam a importância das políticas públicas, econômicas e urbanas para a promoção de saúde da população. Com a criação do Sis-tema Único de Saúde (SUS), saúde deixa de ser considerada ausência de doenças para se configurar como o conjunto de políticas públicas, econômicas, sociais e urbanas em benefício do cidadão. É neste contexto que o saneamento passa a ser considerado como
Entrevista com Luiz Odorico Monteiro de Andrade,presidente do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde
(Conasems)
um dos instrumentos de promoção de saúde pública.
A 12ª Conferência consolidou a integração ao SUS das ações de saneamento. Qual sua análise sobre essa decisão?
Essa é uma questão natural. Um dos pontos de destaque da conferência foi a intersetorialidade. É a primeira vez na história que esse tema foi abordado como determinante nas condições de saúde da população. O saneamento foi um dos temas centrais do debate. Fica, agora, a grande tarefa, o grande desafio para que as políticas públicas promovam a universa-lização deste serviço, construindo sua interface com as políticas intersetoriais.
Qual a importância da Funasa nesse contexto?
No país, quatro mil municípios têm menos de trinta mil habitantes. A Funasa tem um papel fundamental para apoiar as políticas de sanea-
mento nos municípios de pequeno porte. Pelo conhecimento e experiência que adquiriu ao longo da história na área de engenharia sanitária, a Funasa passa a ter um papel histórico neste contexto de inte-gração do SUS. O governo e o Ministério da Saúde estão dando a importância devida à Fundação. Nós aprovamos a criação da SVS (Secretaria de Vigilância em Saúde) e o fortalecimento da Funasa nas áreas de saúde indígena e saneamento.
Que passos que preci-sam ser dados para que a saúde brasileira tenha um salto de qualidade?
Se o país conseguir aplicar o SUS seguindo o que a Lei Orgânica da Saúde e a Constitui-ção Federal preconizam, a saúde terá um salto de qualidade. O que defendemos é um grande pacto nacional pela saúde, que envolva prefeitos, governadores e o presidente da República. Este pacto políticofaz-se necessário para que os objetivos do SUS sejam atingidos.
Pacto pela saúde
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Saneamento básico é considerado uma
das melhores e mais eficazes soluções
para a promoção da saúde no Brasil.
Financeiramente, o investimento é relativamente
baixo e o retorno é garantido.
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS)
indicam que, em um período de dez anos,
R$ 4 são economizados em cada R$ 1 aplicado
em obras de saneamento. A rede pública de saúde
também ganha com investimento neste
tipo de obra.
Dados do Sistema de Informações Hospitalares
(SIH), do Sistema Único de Saúde (SUS), mostram
que, na última década, cerca de 700 mil
internações hospitalares ao ano foram causadas por
doenças relacionadas à falta ou inadequação
de saneamento.
Saneamento básico é considerado uma
das melhores e mais eficazes soluções
para a promoção da saúde no Brasil.
Financeiramente, o investimento é relativamente
baixo e o retorno é garantido.
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS)
indicam que, em um período de dez anos,
R$ 4 são economizados em cada R$ 1 aplicado
em obras de saneamento. A rede pública de saúde
também ganha com investimento neste
tipo de obra.
Dados do Sistema de Informações Hospitalares
(SIH), do Sistema Único de Saúde (SUS), mostram
que, na última década, cerca de 700 mil
internações hospitalares ao ano foram causadas por
doenças relacionadas à falta ou inadequação
de saneamento.
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Nordeste é o que mais sofre As regiões Nordeste, com 45% das internações, a Sudeste, com 20%, e a Norte (15%) são as que acumulam o maior índice de problemas de saúde relacionados à falta de saneamento. Não é surpresa, portanto, que o Norte e o Nordeste apresentem o pior quadro de atendimento no que diz respeito à cobertura com rede de distribuição de água. Nestas áreas o serviço atende a 48% e 66,4% dos domicílios, respectivamente. São cerca de 25 milhões de pessoas que se utilizam de poços ou nascentes na propriedade e outras formas de abastecimentoprecárias para o suprimento de água para consumo humano. No Sudeste, o grande número de pessoas com problemas de saúde relacionados à falta deste serviço se deve ao fato de a região ser a de maior densidade populacional. Mesmo em números não proporcionais, o dado populacional oferece uma visão ainda mais clara da dimensão do problema nas regiões Norte e Nordeste, as menos povoadas. A Região Norte responde somente por 6,3% do total da população brasileira.
Dejetos a céu abertoO quadro não se altera muito quando comparados os números de outros serviços de saneamento, como esgota-mento sanitário e saneamento domiciliar. De acordo com dados do Censo 2000, somente 47,2% dos domicílios brasileiros são atendidos com rede coletora de esgoto. Outros 15% dispõem de fossa séptica e 37,8% não contam com qualquer solução adequada para o destino de dejetos, lançando esgoto e água servida no solo, vias públicas, cursos d’água e outros escoadouros. O quadro é considerado extremamente precário, e a pior situação encontra-se na Região Norte, onde a cobertura é de 9,6%.
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Quanto ao tratamento de esgoto, dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB) mostram que somente 35,3 % do esgoto coletado por rede coletiva recebem algum tipo de tratatamento, e que cerca de 15 % do esgoto gerado no país não são tratados por meio de sistema coletivo de tratamento. Para reverter este pano-rama, o governo federal pretende investir pesado em obras relacionadas ao setor. A Fundação Nacional de Saúde (Funasa), por exemplo, vai estabelecer convênios, até o fim de 2004, no valor de mais de R$ 156 milhões. As parcerias com as prefeituras vão atender a 650 municípios de todas
as regiões do país com a construção de redes de abastecimento de água, rede coletora de esgoto, melhorias habitacionais, drena-gem e tratamento de resíduos sólidos. De todo o recursodestinado a essas ações, R$ 100 milhões, ou 64,2 % do total, estão previstos para obras nas regiões Norte e Nordeste.Com esta verba, a Funasa também vai realizar ações de melhorias sanitárias domiciliares, o que significa a construção de banheiros na proximidade das
residências. Atualmente, 7,5 milhões de domicílios não possuem sequer um banheiro ou sanitário.
Sane
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Esgotamento sanitário Educação
O objetivo da Funasa é o de propiciar às popula-ções acesso aos serviços de saúde, melhorar a qualidade de vida, reduzir a mortali-dade infantil e, principal-mente, promover a inclusão social de populações desassistidas. Paralelamente à execução das melhorias, a Funasa inicia o trabalho de educação em saúde, visando estimular a participa-ção popular desde o plane-jamento da obra até a sua utilização pela comunidade. A atividade é feita em con-cordância com as neces-sidades da população, capacitando-a para usar adequadamente os serviços de saneamento e as melho-rias sanitárias domiciliares, além da preservação das benfeitorias e serviços implantados. Todo o processo educativo respeita a identidade sócio-cultural-financeira da área e busca, ainda, forta-lecer as formas de organiza-ção comunitária por meio da mobilização social.
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Áreas especiais
Saneamento e saúde para todo o Brasil. Esta é a meta do governo federal, que consolidou a política de saúde e saneamento ambiental no campo, que passa a ser de responsabilidade da Funasa.A Funasa leva todo o seu conhecimento e experiência
para implantar sistemas de abastecimento de água, esgotamento sanitário e melhorias sanitárias domiciliares em áreas especiais e de interesse social, como vilas, povoados, comunidades ribeirinhas e litorâneas, localidades de reflorestamento e de carvoaria, assentamentos rurais e quilombos. Os principais projetos de
saneamento básico beneficiarão as áreas remanescentes de Quilombos, Reservas Extrativistas e Assentamentos de Reforma Agrária, com investimentos de R$ 362,2 milhões, previstos no Plano Plurianual (PPA) 2004-2007.
Comunidades Quilombolas
Experiência piloto na comunidade Kalunga, no norte de Goiás, dá à Funasa respaldo para levar saneamento básico às outras comunidades remanescentes de quilombos. As próximas comunidades a serem atendidas serão Restinga Seca, no Rio Grande do Sul; Caiana dos Crioulos, na Paraíba; Castainho, em Pernambuco; Campinho da Independência, no Estado do Rio; Bom Jardim e Murumurutuba, no Pará. Além do orçamento do Plano Plurianual (PPA), a Funasa, por intermédio do Projeto Vigisus com recursos do Banco Mundial (Bird), investirá mais R$ 8,45 milhões em três anos, como contrapartida, para implementar as ações de sanea-mento nas comunidades remanescentes de quilombos. Todas as ações nos quilombos serão feitas com o apoio e parceria da Fundação Cultural Palmares (FCP), do Ministério da Cultura, e devem beneficiar 3.760 famílias.
Reservas Extrativistas
Para estender a outros pontos do país as experiências pontuais nas reservas extrativistas Chico Mendes e Alto Juruá, no Acre, a Funasa estuda projetos para as reservas de Rondônia e Amapá. Todo o trabalho está sendo realizado em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), governos municipais e estaduais e associa-ções extrativistas. O projeto prevê, ainda, obras de saneamento para controle da malária, manejo ambiental e drenagem nas localidades que necessitem destas melhorias, principalmente das áreas endêmicas.
Para atender às novas demandas sociais do governo, e em parceria com o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), a Pastoral da Terra e a Confederação Nacional de Trabalhadores na Agricultura (Contag), o Ministério da Saúde, por intermédio da Funasa, iniciou os estudos para levar saneamento aos assentamentos rurais. A Funasa já está elaborando projetos técnicos para três assentamentos, um em Arinos (MG), com 80 famílias; outro em Viamão (RS), com 124 famílias; e, o terceiro, em Poço Redondo (SE), com 112 famílias. Para executar os projetos nos assentamentos,a Funasa assinou convênios com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrá-ria (Incra) e os municípios.
Assentamentos
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O que a Funasa
faz para garantir água
de qualidade
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As condições de saúde
de uma população estão rela-
cionadas à qualidade
da água e ao saneamento básico.
Dados da Organização Mundial
de Saúde (OMS) indicam que 80%
das doenças da infância são provocadas
por água de má qualidade.
Atualmente, cerca de 90%
da população brasileira é atendida
com água potável e 60% com redes
de esgotos. De acordo com o IBGE,
5.391 dos 5.561 municípios brasileiros
contam com uma rede de distribuição
de água.
Identificação das fontes e mananciais,
captação e tratamento garantem
a qualidade da água que chega
às torneiras de 77,8% dos domicílios
do país. Geralmente, a água para
o abastecimento público é retirada
dos rios, córregos e riachos
e passa pelas Estações de Tratamento
de Água (ETA) onde recebe cloro.
A cloração serve para a remover
os microorganismos e evitar qualquer
tipo de contaminação.
A fluoretação da água de abastecimento
público é uma outra etapa do trata-
mento que é sinônimo de saúde para
a população. No município de Baixo
Guandu (ES), por exemplo, o primeiro
no país a ter flúor adicionado à água,
a medida reduziu em 64% a incidência
de cárie em crianças e adolescentes entre
seis e 14 anos. Antes do serviço
de fluoretação, que começou em 1953,
crianças de seis anos tinham, em média,
dois dentes cariados. Aos 14, chegavam
a ter 12 dentes afetados pela doença.
A aplicação de flúor na água
de uma cidade é uma operação simples
e o custo é relativamente baixo.
O investimento equivale ao preço
de um copo de água mineral.
A Fundação Nacional de Saúde (Funasa)
é responsável direta pela distribuição
e pela qualidade da água que abastece
a população do país. A instituição finan-
cia a implantação de adutoras e estação
de tratamento e dá apoio técnico aos
municípios para que eles possam gerenciar
e planejar esses serviços.
Cerca de R$ 0,75 é quanto custa
um litro cúbico de água tratada.
Com ela evita-se doenças como cólera,
hepatite A, febre tifóide e diarréia.
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Novo modelo de atenção à saúde indígena
A Funasa começa a implantar um novo modelo
de gestão da saúde em área indígena a partir
de julho de 2004, assumindo ações até então
desenvolvidas por meio de parcerias com
Organizações Não-Governamentais (ONGs),
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público
(Oscip), prefeituras e estados.
Com a mudança, implementada experimentalmente
nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (Dsei)
do Vale do Javari (AM), Maranhão e Xavante (MT),
a Funasa passa a ser, de fato, a executora da Política
de Atenção Integral à Saúde dos Povos Indígenas.
A Funasa fará desde o planejamento da atenção
à saúde até a gerência dos programas de saúde
e o comando técnico e operacional de todo
o processo, assim como efetuará a compra
de medicamentos, veículos e embarcações, contratará
os serviços de manutenção e efetivará toda a articulação
com a rede do Sistema Único de Saúde (SUS).
Desde que a Fundação passou a ser responsável pela saúde
indígena, em 1999, a execução das ações ficava a cargo
das instituições parceiras, que, a partir de julho, executarão
ações complementares, como controle social, contratação
e capacitação de recursos humanos.
A vantagem do novo modelo, que admitirá tanto parcerias
por meio de convênios ou termos de parceria, como execução
direta, é que a população indígena não sofrerá mais com
a paralisação ou a descontinuidade dos serviços de saúde, como
ocorre atualmente quando as parcerias precisam ser renovadas.
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O Conselho Distrital de Saúde Indígena é uma
instância de controle social, ou seja, o espaço para
que a comunidade contribua nas decisões mais importantes
sobre a saúde do índio. Esse conselho é responsável pela
aprovação do Plano Distrital de Saúde e pela análise
da prestação de contas. Ele é formado paritariamente pelas
comunidades indígenas, que são os usuários dos serviços
de saúde, e pelos prestadores
de serviços de saúde, Funasa,
Funai, organizações governa-
mentais e não governamentais
e trabalhadores do setor
de saúde.
Os conselheiros participam efetivamente do planejamento
das ações de saúde desde a sua fase inicial, identificando
problemas de saúde, as suas causas e elaborando propostas
de atuação.
Esse é um exercício de democracia que vem se consolidando
nos 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas.
Para garantir o exercício dos representantes indígenas
nos conselhos, a Fundação Nacional de Saúde (Funasa)
realizou uma série de oficinas de capacitação pedagógica.
O objetivo foi treinar e atualizar 130 profissionais que,
posteriormente, serão responsáveis pela formação
dos conselheiros indígenas de saúde.
Durante as oficinas foram discutidos temas como o papel
do conselheiro, a importância dos conselhos indígenas
de saúde junto à comunidade, direito indígena,
fluxo do orçamento, organização do serviço de saúde
e plano distrital. As oficinas também abordaram noções
de antropologia, leitura de mapas e as linguagens mais
adequadas para o trabalho com populações indígenas.
Até 2007 a meta da Funasa é reduzir
à metade o índice de mortalidade infantil;
em 30% a incidência da tuberculose e, em
50%, os casos de malária.
Outra ação do Departamento de Saúde
Indígena (Desai) para melhorar os índices
de saúde entre a população indígena
é a implementação de programas de combate
e prevenção de doenças sexualmente
transmissíveis (DST/Aids), de câncer
cérvico-uterino e de mama.
O Plano Estratégico do Desai prevê, ainda,
a implantação de uma política específica
de saúde mental para tratar problemas como
o alcoolismo e o suicídio.
A Fundação também pretende aumentar
a cobertura vacinal e dotar as aldeias com
abastecimento de água e melhorias sanitárias.
Com isso, a Funasa pretende manter
em queda os índices de morbimortalidade
nas populações indígenas, que têm caído
sensivelmente nos últimos anos.
Dados da Funasa mostram que no triênio
2000/2002, a taxa de mortalidade infantil caiu
de 94 para 55,7 mortos para cada grupo de mil
nascidos vivos. A incidência
de tuberculose baixou de 164,30 para 106 para
cada grupo de cem mil habitantes. Os casos
de malária baixaram de 26.838 para 11.220.
CAEM ÍNDICES DE MORBIMORTALIDADE INDÍGENA
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A Funasa foi a responsável pelo atendimento médico durante os jogos, em um posto de saúde especialmente montado na Vila Olímpica para atletas e parentes.Os profissionais de saúde fize-ram cerca de 1.400 atendimen-tos, sendo os casos mais comuns os de diarréia e infecções respiratórias, além, é claro, de contusões dos atletas.
Jogos Indígenas Parceria que deu certoEsporte é saúde.
Essa afirmação ficou comprovada na participação inédita da Funasa nos VI Jogos
dos Povos Indígenas, idealizado pelo Comitê Intertribal, realizado
pelo Ministério do Esporte e Secretaria de Esporte de Tocantins,
com apoio da Funasa e da Fundação Nacional do Índio (Funai). A sexta edição dos jogos, realizada
em Palmas - TO nos primeiros oito dias de novembro, atraiu para a Arena da Praia da
Graciosa, às margens do Rio Tocantins, 140 mil pessoas, que se
encantaram com a cultura e tradição indígenas. Responsável pela assistência integral à saúde
indígena, a Funasa montou um estande na Vila Olímpica, onde cerca
de 1.300 índios - entre atletas e seus parentes - de 47 etnias, ficaram alojados em 30 ocas. Duas etnias vieram da Guiana Francesa (Kalina) e do
Canadá. Técnicos em Educação em Saúde da Funasa atenderam a uma média de 300 pessoas
por dia, entre elas alunos e professores de escolas públicas e o público em geral. Foram
apresentados vídeos educativos na área de saúde voltados especialmente para crianças.
Os visitantes puderam, ainda, conhecer um pouco do trabalho da Funasa nas
comunidades indígenas.
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DeclaraçãoNo final dos jogos, os indígenas apresentaram ao público uma declaração, na qual expressaram o contentamento em participar do evento. “Aqui, durante o VI Jogos dos Povos Indígenas, chegamos com nossas mulheres, velhos e crianças para conhecer outros povos indígenas, mas também para demonstrar um pedaço do nosso grande universo de culturas e de espiritualidade. Aqui, na beira do Rio Tocantins, ficamos alegres por conhecer o povo que mora aqui, as autoridades, os jornalistas, os homens, as mulheres e as crianças”, dizia a carta.
Participantes dos jogos:
IndígenasEstrangeiros Canadá Guiana Francesa Guiana
Indígenas BrasileirosKaiwáKarajáGuaraniTembéAwá-GuajáKanelaKrahôXerenteApinajéKayapóXikrinXavanteTerenaPataxóEnawenê-NawêPareciBakairiBororoNambikwaraCinta LargaSuruíErikbatsaTapirapéJawaéMatisGaviãoAikewaraWaiãpiWai-WaiKaripunaYawalapiti
Jogos Indígenas
Riqueza e diversidade culturalOs jogos, além de promoverem a confraterni-zação entre as nações indígenas, proporciona-ram aos visitantes a oportunidade de interagi-rem com as tradições indígenas e conhecerem um pouco da cultura e dos hábitos dos índios. Além de apresentar a diversidade e a riqueza da cultura das nações indígenas, o público teve a chance de conhecer os esportes típicos, como a corrida de tora, futebol de cabeça (xikunahity), arremesso de lança, arco e flecha e um jogo semelhante ao criquete difundido pelos ingleses, em que os índios jogam com um bastão sendo a bola um coco, peleja chamada pelos Kayapó de ronkrã.
Riqueza e diversidade cultural
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Em 2003, o Ministério
do Esporte, por intemédio a
da Secretaria Nacional
do Esporte, patrocinou,
em parceria com a
Secretaria de Esporte do
Estado de Tocantins, os VI
Jogos dos Povos Indígenas,
na Praia da Graciosa,
em Palmas -TO.
Apesar de várias
dificuldades e da
inexperiência, a Secretaria
de Tocantins aceitou o
desafio, demonstrando
garra e muita competência em
somar conosco na execução do evento, que muitos
imaginavam, no início, que se trataria de um grande
“Peladão” entre os indígenas.
A nossa confiança nas palavras do ministro Agnelo
Queiroz nos fez persistir e superar empecilhos que
nos pareciam intransponíveis... Fomos desenhando
os primeiros traços dos VI Jogos dos Povos Indígenas.
Nascia, então, na Praia da Graciosa, a Aldeia
Olímpica, com a construção de 34 ocas. Observamos
que havíamos acertado na escolha do local.
A população e a imprensa “acordaram” e presencia-
ram o surgimento de uma verdadeira Torre de Babel:
na grande aldeia em que foram faladas cerca
de 40 diferentes línguas.
Porém, todos se entendiam.
Na presença de várias autoridades, o fogo - aceso
na forma tradicional indígena - abre oficialmente
os VI Jogos dos Povos Indígenas 2003.
PENSAR Í
NDIO!
Quarenta e seis delega-
ções indígenas adentram
a arena para o desfile
de abertura. No ar,
se espalha o aroma
do urucum e jenipapo,
característico das pinturas
corporais dos atletas.
Cada povo com
suas vestes, cantos,
instrumentos musicais
típicos, indumentárias
tradicionais próprias
de uma beleza natural
sem descrição. A
partir de agora,
esse lugar passa
a ser o grande
Carlos Justino Terena é Coordenador Étnico-Cultural e Idealizador
dos Jogos Comitê Intertribal.
Carlos Terena *
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cenário para o maior
encontro cultural
desportivo indígena deste
continente. Superamos
e fizemos os jogos
acontecerem com uma
equipe aguerrida e bem
reduzida, movimentando
mais de 1.200 atletas que
cumpriram, com sucesso,
toda a programação,
sem nenhum atropelo.
A interação com o
público aconteceu
naturalmente, como
resultado de uma
empatia entre a
sociedade tocantinense
e os indígenas,
estabelecendo-se laços
de amizade e o início
de um processo pré-
educacional do fim
do preconceito e do
fortalecimento da nossa
identidade cultural.
A sociedade brasileira,
com eventos como esse,
certamente descobrirá
e conhecerá as formas tradicionais dos primeiros
brasileiros, pois é a ignorância que gera preconceitos.
Os jogos são a oportunidade que encontramos, única
do gênero no mundo, a reunir em um mesmo tempo
e lugar os povos autóctones. É imperativo e urgente
que os nossos
governantes
dêem
prioridade à
criação de
uma política
oficial voltada
para essa
questão.
Estamos
buscando
parcerias para
que possamos
melhorar
nosso desempenho e procurando
responder à altura de nossas responsabilidades. Para
tanto o trabalho oficial da Funasa chegou em bom
momento junto a nós. A cidade de Palmas nos deixa
saudades.
A chama do fogo dos VI Jogos dos Povos Indígenas
se apaga, mas nos corações indígenas ela reacende
esperanças de que uma pequena semente
foi plantada na alma de cada pessoa presente
ao evento, fazendo-os pensar índio!
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Depois de oito anos de luta, as mulheres
indígenas estão vencendo a resistência
dentro e fora das aldeias, organizaram-se,
discutiram e elaboraram uma proposta
conjunta de reivindicações.
Com o apoio da Funasa, mulheres
de várias etnias reuniram-se em Manaus,
Maceió, Bauru, Pará e Acre,
com um público médio, em cada
encontro, de 200 pessoas.
As mulheres indígenas querem
maior participação no Conselho Distrital
de Saúde; a contratação de mulheres
como Agentes Indígenas de Saúde (AIS);
mais investimento na capacitação
dos AIS, supervisão das atividades
de saúde e melhoria na gestão
dos recursos públicos.
Organizadas, as mulheres indígenas
não vão parar. Já programaram,
para 2004, mais dois encontros,
em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul,
para sedimentar suas propostas.
Atendimento infantilDirce Verón Kaiwá, a representante indígena eleita para o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, da Secretaria Especial da Mulher, acredita que as reuniões ajudam na construção de uma política mais específica de assistência às mulheres indígenas. Na opinião dela, percebe-se que a saúde dos povos indígenas está melhorando e que há disposição da Funasa para melhorar cada vez mais o atendimento às aldeias.“No meu tempo, meus irmãos sofriam com desnutrição e não tinham acompanhamento médico. Hoje, os agentes indígenas de saúde fazem o acompanhamento mensal das crianças, pesam e distribuem o pozinho de suplemento alimentar (multimistura)”, lembra. Dirce Kaiwá observa que, desde que a Funasa assumiu a assistência à saúde, os índices de natalidade nas aldeias melhoraram. Para ela, isso mostra que existe um bom programa de atendimento infantil.
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Hospital para desnutridos em MS A desnutrição é um dos maiores problemas enfrentados pelos índios das etnias Kaiwá/Guarani, de Mato Grosso do Sul. Para combatê-la mais eficazmente, a Funasaabriu, em Dourados, o Centro de Referência de Desnutridos (CRD), hospital especializado no tratamento da subnutrição entre crianças indígenas de zero a cinco anos. O CRD tem capacidade para atender a cerca
de 50 crianças, que recebem até cinco refeições por dia, além de contarem com acompanhamento médico e odontológico. A internação para recuperar crianças subnutridas pode durar
Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher Indígena
Pré-natal, parto e puerpério nas comunidades
Rastreamento de câncer cérvico-uterino e de mama
Atividades educativas em saúde da mulher, articuladas
com o movimento das mulheres indígenas
Assegurar referência na rede do SUS (laboratório,
gravidez de alto risco)
Capacitação
das equipes
multidisciplinares
Valorizar parteiras
até nove meses, dependendo da resposta do organismo do paciente ao tratamento.O número de mortes por desnutrição, por exemplo, caiu em
23,8%. Em 2001, foram 21 casos e, em 2002, apenas cinco.
Um mal crônicoA desnutrição é um problema que atinge a cerca de 30% das crianças indígenas
de zero a cinco anos. Entre
meninos e meninas não-índias, esta taxa é de 16,3%. O objetivo da Funasa, por intermédio do Departamento de Saúde Indígena (Desai), é reverter este quadro e equiparar os números de subnutrição da população indígena aos da não-indígena. O Desai ainda estabeleceu, como uma das metas do plano estratégico, eliminar a desnutrição entre os povos indígenas até 2006.
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Irmã AuristelaBisneta de alemães
e italianos, jovem e bonita, levava em sua bagagem o diploma de enfermagem e a generosidade, a corageme o ideal de fazer o bem ao próximo, aprendizado de vida sedimentado na formação religiosa que recebeu.A catarinense Irmã Auristela chegou em Roraima, depois de uma rápida permanência no interior de São Paulo, lá pelos idos de 1969, quando não existiam estradas ligando o interior à capital e microscó-pio era equipamento de luxo.Para diagnosticar os casos de malária, a freira coletava o sangue do paciente e ficava esperando um monomotor aparecer no céu. Quando o barulho do avião cortava o silêncio da mata, todos corriam e sinalizavam com um lençol para que aterrissasse.
O avião levava as lâminas com sangue para serem examinadas em Boa Vista. O resultado chegava pela voz do locutor do programa “Recado para o interior”, que a irmã ouvia toda noite grudada no antigo aparelho de rádio.Durante seis anos, irmã Auristela trabalhou pratica-mente sozinha no hospital do Surumu -Leste do estado, a 210 quilômetros da capital Boa Vista. Fazia de tudo, de partos à assistência a doentes de malária. Naquela época, o hospital era a unidade de saúde mais próxima para as comunidades indígenas da região, onde hoje vivem cerca de 2.300 índios das etnias Macuxi,
Wapixana e Taurepang. Em 1990, lá foi irmã Auristela cuidar dos índios da região do Catrimani, Centro-Oeste de Roraima. E ela também aprendeu muito. É fluente em Yanomai, um dos quatro diale-
tos do povo Yanomami, e foi uma das responsáveis pela implantação dos programas de imunização e de medicina preventiva naquela área indígena.Quase quatro décadas depois, irmã Auristela Stinghen - religiosa da missão italiana Consolata - é a atual diretora da Casa de Saúde do Índio de Roraima e é o que se pode chamar de memória viva
da saúde indígena.Comandando com doçura a Casa do Índio desde 1999, a irmã confessa que a assistência à saúde indígena deu um salto de qualidade muito grande graças à formação dos Agentes Indígenas de Saúde e ao programa de imunização. “Colaborar na restituição da vida é muito gratificante”, comemora irmã Auristela.
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Irmã Auristela “ACRE - RIO BRANCO - ACTEL.: 0XX68 - 223.2040END.: AV. ANTÔNIO DA ROCHA VIANA Nº 1584 - VILA IVONETE CEP: 69.914-610
ALAGOAS - MACEIÓ - AL TEL.: 0XX82 - 241.8332END. AV. DURVAL DE GOES MONTEIRO, 6122-TABULEIRO DO MARTINS CEP: 57.080-000
AMAPÁ - MACAPÁ - APTEL. : 0XX96 - 214 - 2010 / 214-2005 END. RUA LEOPOLDO MACHADO, Nº 1.614 - CENTRO CEP: 68.902-020
AMAZONAS - MANAUS - AMTEL.: 0XX92 - 672 1131 / 1146 END. RUA OSWALDO CRUZ, S/N 3º ANDAR, BAIRRO DA GLÓRIA CEP: 69.027-000
BAHIA - SALVADOR - BATEL.: 0XX71 - 266. 2702 / 226. 1243END. RUA DO TESOURO, Nº 21/23 - 7º ANDAR AJUDA - CENTRO
CEP: 40.020-050
CEARÁ - FORTALEZA -CE TEL.: 0XX85 - 466. 6970 / 6971 / 6988 END. AV. SANTOS DUMONT, 1890 - ALDEOTA CEP: 60. 150-160
ESPÍRITO SANTO - VITÓRIA - ES TEL.E: 0XX27 - 3335. 8255 / 8123 / 8205END. RUA MOACYR STRAUCH, 85, PRAIA DO CANTO CEP: 29.055-630
GOIÁS - GOIÂNIA - GOTEL.:0XX62 - 229.4642 226.3260/3262END. RUA 82, Nº 179 - SETOR SUL
CEP: 74.083-010
MARANHÃO - SÃO LUÍS - MATEL.: 0XX98 - 214. 3316 / 3365 / 3317 END. RUA APICUM, 243 - CENTRO CEP: 65.025-070
MATO GROSSO - CUIABÁ -MTTEL.: 0XX65 - 624.3836 / 2200 / 3302END. AV: GETÚLIO VARGAS, 867 E 885 - CENTRO
CEP: 78.005-600
MATO GROSSO DO SUL - CAMPO GRANDE - MS TEL.: 0XX67 - 325. 1499 / 4304 / 4307END. RUA JORNALISTA BELIZÁRIO DE LIMA, Nº 263 VILA GLÓRIA
CEP: 79.004-270
MINAS GERAIS - BELO HORIZONTE - MGTEL.: 0XX31 3248 28 90END. RUA ESPÍRITO SANTO, Nº 500, SALA 604 - CENTRO CEP: 30.160-030
PARÁ - BELÉM -PA TEL.: 0XX91 - 222.6646END. AV. VISCONDE DE SOUZA FRANCO, 616 - REDUTO - CEP: 66.053-000
PARAÍBA - JOÃO PESSOA - PBTEL.: 0XX83 - 216. 2415END. R.PROF.GERALDO VON SHOSTEN, 285 - JAGUARIBE-CEP: 58.015-190
PARANÁ - CURITIBA - PRTEL.: 0XX41 - 322.0197END. RUA CÂNDIDO LOPES, 208, 8ª ANDAR, SALA 804 - CENTRO CEP: 80.020-060
PERNAMBUCO - RECIFE - PE TEL.: 0XX81)3427.8300 / 8301 / 8302 END. AV. CONSELHEIRO ROSA E SILVA, 1489 - AFLITOS
CEP: 52.050-020
PIAUÍ - TERESINA - PITEL.: 0XX86 - 232.3995END. AV. JOÃO XXIII, 1317 - JOCKEY CLUB CEP: 64.049-010
RIO DE JANEIRO - RIO DE JANEIRO - RJTEL.: 0XX21 - 2263.6263END. RUA COELHO E CASTRO, Nº 6, 10º ANDAR, SAÚDE - CEP: 20.081-060
RIO GRANDE DO NORTE - NATAL - RNTEL.: 0XX84 - 220. 4745 END. AV. ALEXANDRINO DE ALENCAR, Nº 1402 - TIROL CEP: 59.015-350
RIO GRANDE DO SUL- PORTO ALEGRE - RSTEL.: 0XX51 - 3224.0194END. AV. BORGES DE MEDEIROS, Nº 536, 11º ANDAR
CEP: 90.020-022
RONDÔNIA - PORTO VELHO - RO TEL.: 0XX69 - 216.6138 END. RUA FESTEJO 167 - COSTA E SILVA
CEP : 78.900-970
RORAIMA - BOA VISTA - RRTEL.: 0XX95 - 623.9643 / 9421 END. AV. CAPITÃO ENE GACÊS, Nº 1636 - S. FRANCISCO CEP: 69.304-000
SANTA CATARINA - FLORIANÓPOLIS - SCTEL.: 0XX48 - 281. 7719 / 7712 / 7776END. AV. MARINHEIRO MAX SCHRAMM, Nº 2179 - ESTREITO
CEP: 88.095-001
SÃO PAULO - SÃO PAULO - SPTEL.: 0XX11 - 3363. 3000END. RUA BENTO FREITAS, Nº 46 - VILA BUARQUE CEP: 01.220-000
SERGIPE - ARACAJU - SETEL.: 0XX79 - 259. 2383 END. AV. TANCREDO NEVES, Nº 5425 - JABOTIANA CEP: 49.080-470
TOCANTINS - PALMAS - TO TEL.: 0XX63 - 218. 3601 / 3628END. 103 SUL - CONJUNTO 02 / LOTE 1CEP: 77.163-060
COORDENAÇÕES REGIONAIS (CORE)
PRESIDENTE DA REPÚBLICA
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
MINISTRO DA SAÚDE
HUMBERTO SÉRGIO COSTA LIMA
PRESIDENTE DA FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE
VALDI CAMARCIO BEZERRA
DIRETOR-EXECUTIVO
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DIRETORA DO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE SAÚDE
PÚBLICA
KÁTIA REGINA ERN
DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE INDÍGENA
RICARDO LUÍZ CHAGAS
DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO
WILMAR ALVES MARTINS
DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE PLANEJAMENTO E DESEN-
VOLVIMENTO INSTITUCIONAL
DÉO COSTA RAMOS
AUDITOR-CHEFE
RÔMULO LINS DE ARAÚJO FILHO
PROCURADOR-CHEFE
CLÁUDIO RENATO DO CANTO FARÁG
ASSESSOR PARLAMENTAR
JORGE AUGUSTO OLIVEIRA VINHAS
ASSESSORA DE COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO EM SAÚDE
SUELENE GUSMÃO
REPORTAGEM:
NÚCLEO DE IMPRENSA:
ANA ALBUQUERQUE, ANALU FERNANDES, ANGELA ROMITO, CRISTIANE
SANTIAGO, MÁRCIA DELGADO, RODRIGO OLIVEIRA, VERÔNICA
FIGUEIREDO
FOTOGRAFIA:
ARQUIVO FUNASA:
NELSON MUCHAGATA E EDMAR CHAPERMAN,
PROJETO GRÁFICO E ARTE FINAL:
p r o f d o t e x t o @ u o l . c o m . b r