Editorial

Boletim Epidemiológico

FMT-HVD

A Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD) vem dando, ao longo de 41 anos de sua trajetória, uma importante contribuição para a saúde pública, na área de Doenças Tropicais, Infecciosas, Parasitárias e Dermatológicas. O trabalho desenvolvido pela Instituição na Assistência, Pesquisa e Ensino faz dela uma referência regional, nacional e internacional em sua área de atuação. Em média, 27 mil usuários utilizam mensalmente os serviços ambulatoriais e hospitalares da Instituição. Aqui, são recebidos por um corpo clínico e equipe multidisciplinar de suporte altamente especializados que, por tradição, oferecem um modelo de atendimento humanizado.Da mesma forma, a FMT-HVD conquistou notória respeitabilidade junto à comunidade científica, resultado do trabalho árduo de seus pesquisadores, sempre empenhados em aprofundar o conhecimento e, a partir dele, contribuir para o desenvolvimento de novos medicamentos, novos métodos e tecnologias de diagnóstico, que possam impactar positivamente no enfrentamento de doenças como a malária, a dengue, a leishmaniose, as hepatites e, mais recentemente, a tuberculose e a Aids. Por sua expertise, a fundação tem se mantido na linha de frente, junto com outras instituições nacionais e internacionais de renome, das pesquisas que norteiam decisões do Ministério da Saúde para o enfrentamento dessas doenças.Na mesma linha, a instituição cumpre seu

papel de contribuir de maneira decisiva para a formação de recursos humanos de alta especialidade na área da Saúde com ênfase nas Doenças Tropicais e Infectoparasitárias, num trabalho quer abrange desde a iniciação científica (para acadêmicos) até a pós-graduação, incluindo os cursos de Mestrado, Doutorado e Residência Médica. Pelo Programa de Iniciação Científica (PAIC), executado em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), já passaram 590 acadêmicos, oriundos de instituições de ensino públicas e particulares. O Programa de Residência Médica, implantado em 1983, já formou 80 profissionais, abrangendo as especialidades de Infectologia, Dermatologia, Medicina Tropical, Pediatria e Hepatologia. No ano passado, acrescentou a este portfólio o Programa de Residência Multiprofissional Integrado, que inclui as especialidades de Fisioterapia, Psicologia, Bioquímica, Enfermagem e Farmácia. Entre mestres e doutores, a FMT-HVD já pós-graduou 157 profissionais.Nesta primeira edição eletrônica do Boletim Epidemiológico FMT-HVD, que passa a ser disponibilizado, inicialmente, em periodicidade semestral, os visitantes desta página poderão acompanhar os indicadores (número de casos e de óbitos) relacionados às principais doenças e agravos notificados pela instituição, bem como conferir informações relacionadas às áreas de Assistência e da Pesquisa. Esperamos, com mais esta janela de difusão de informações, estarmos contribuindo para o fortalecimento das políticas de saúde pública no nosso Estado e no País, papel que a Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD) sempre exerceu com enorme empenho e competência.

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ANO I - N° 01Janeiro a junho - 2015

Dra. Maria das Graças Costa AlecrimDiretora-presidente da FMT-HVD

Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado

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Principais doenças e agravos notificados - Epidemiologia - 2015

Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado

Casos Óbitos Casos Óbitos Casos Óbitos Casos Óbitos Casos Óbitos Casos Óbitos Casos Óbitos

Acidente ocupacional por material biológico 87 0 68 0 103 0 113 0 106 0 72 0 549 0

Acidente escorpiônico 10 0 10 0 1 0 0 0 1 0 0 0 22 0

Acidente aracnídeo 7 0 12 0 1 0 1 0 0 0 0 0 21 0

Acidente ofídico 26 0 22 0 17 0 9 0 8 0 11 0 93 0

Aids em adulto (maior de 13 anos) 89 17 60 20 52 18 36 13 31 18 21 20 289 106

Aids em criança (menor de 13 anos) 1 0 0 0 2 0 1 0 0 0 2 0 6 0

Coqueluche 2 0 5 0 2 0 0 0 3 0 0 0 12 0

Condiloma 4 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 5 0

Dengue 13 0 8 0 9 0 21 0 14 0 9 0 74 0

Dengue com sinais de alarme 0 0 0 0 1 0 2 0 0 0 0 0 3 0

Doença de Chagas 7 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 8 0

Doença meningocócica 6 2 1 0 1 0 5 0 0 0 2 0 15 2

Febre Chikungunya* 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0

Febre tifóide 0 0 2 0 2 0 1 0 0 0 1 0 6 0

Filariose não especificada 4 0 0 0 1 0 1 0 1 0 0 0 7 0

Hanseníase 3 0 3 0 2 0 3 0 1 0 3 0 15 0

Hepatite A 36 0 39 0 40 0 8 0 10 0 5 0 138 0

Hepatite B 57 2 51 3 62 4 36 4 33 6 31 4 270 23

Hepatite C 25 0 19 0 27 0 20 1 18 0 18 0 127 1

Hepatite D 11 0 7 0 17 0 2 0 4 0 3 0 44 0

Herpes genital 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 11 0 12 0

HIV em adulto (maior de 13 anos) 46 0 51 0 59 0 48 0 48 0 52 0 304 0

HIV em gestantes 8 0 6 0 8 0 4 0 5 0 5 0 36 0

Leishmaniose tegumentar americana 75 0 80 0 59 0 38 0 16 0 6 0 274 0

Leptospirose 6 0 4 0 9 0 8 0 3 0 8 0 38 0

Malária P. vivax 152 0 123 0 135 0 90 0 105 0 101 0 706 0

Malária P. falcipurum 7 0 2 0 0 0 5 0 1 0 2 0 17 0

Malária mista (P. vivax + P. falciparum ) 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0

Meningite bacteriana não especificada 0 0 5 0 2 0 0 0 0 0 0 0 7 0

Meningite não especificada 1 0 0 0 1 0 3 0 3 0 5 0 13 0

Meningite pneumocócica 1 0 0 0 1 0 3 0 0 0 1 0 6 0

Meningite por tuberculose 2 0 3 0 0 0 1 0 2 0 2 0 10 0

Meningite criptocócica 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0

Meningite viral 2 0 4 0 0 0 1 0 2 0 2 0 11 0

Sífi l is em adulto 34 0 23 0 158 0 173 0 164 0 90 0 642 0

Sífi l is congênita 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0

Síndrome corrimento cervical em mulheres 2 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0

Síndrome corrimento uretral em homens 2 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0

Tétano acidental 0 0 0 0 0 0 2 2 0 0 0 0 2 2

Tuberculose pulmonar 11 3 11 7 32 2 26 11 33 7 22 8 135 38

Tuberculose extrapulmonar 16 0 6 0 6 0 10 0 7 0 6 0 51 0

Tuberculose - pulmonar+extrapulmonar 0 0 4 0 4 0 5 0 7 0 4 0 24 0

Tuberculose coinfecção HIV 26 3 20 7 42 2 37 11 45 7 28 8 198 38

Varicela 8 0 5 0 4 0 2 0 5 0 4 0 28 0

Total 794 27 658 37 861 26 715 42 676 38 527 40 4231 210Fonte: SINAN NET Dados sujeitos a revisão.

* Casos importados.

TotalDoenças e agravos

Janeiro Fevereiro JunhoMarço Abril Maio

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A Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado, executa ações de ensino, pesquisa e assistência a saúde. A Diretoria de Assistência Médica é a responsável pela área fim que é a prestação de serviços na área assistencial, ambulatorial e hospitalar vem de há muito tempo funcionando não apenas restrita ao atendimento dos doentes, embora exista uma pressão inesgotável demandando cuidados que exigem recursos tanto humanos quanto tecnológicos para atuar no atendimento de necessidades individuais e coletivas que resultem em nível maior de bem estar social.A instituição tem se organizado de modo a fornecer um serviço de qualidade aos seus usuários, valorizando a abordagem humanizada e de segurança, com relevância a postura ética e com envolvimento dos usuários.Com a preocupação de melhorar o atendimento tanto no nível ambulatorial quanto hospitalar, a instituição está certificada nesta área pela Organização Internacional de Padronização - ISO, organizou e implantou sob a coordenação da Gestão de Qualidade o Plano Operacional Padrão - POPs, nos diversos setores e que norteiam as atividades dentro das normas técnicas criando indicadores que visam às boas práticas e também fornece parâmetros para avaliação dos diversos setores, além da calibração sistemática de equipamentos.Na gestão atual sob a direção da Dra. Maria das Graças Costa Alecrim muitos avanços podem ser elencados tanto do ponto de vista estrutural, quanto técnico e tecnológico, assim podem ser citados a reforma da U.T.I adulta, do Pronto Atendimento, Isolamento, Enfermaria Pediátrica, toda a área de apoio em Nutrição e Lavanderia e o Ambulatório, além disso, foram construídas a Enfermaria de Isolamento Respiratório que se presta para ensaios clínicos e a U.T.I. Pediátrica, foram ainda implantado o programa de

controle da sepse, o fracionamento de medicamentos, a incorporação de varias técnicas de diagnóstico, reativamos as visitas clínicas com novo formato, passamos a dispensar tratamento em hospital dia além dos pacientes com HIV/Aids aos pacientes de hepatites, leishmanioses, e que necessitam completar o ciclo de antibiótico terapia permitindo assim avaliar melhor o seguimento da doença, evitar danos na aplicação dos medicamentos, e surpreender precocemente para efeitos, disponibilizando um ambiente humanizado aos usuários. Foi implantado o programa “Melhor em Casa” em associação com a Secretária Estadual de Saúde – SUSAM/ Ministério da Saúde. No aspecto diagnóstico laboratorial temos a citar a incorporação da genotipagem do HIV e hepatites, a detecção da sensibilidade do Micobacterium tuberculosis. Quanto aos recursos humanos foram redimensionadas as necessidades de profissionais nos diversos setores principalmente na área de urgência e atendimento de intercorrências que nos permite oferecer um serviço com segurança e eficaz.

Dr. Marcus Vinitius de Farias Guerra

Assistência Médica na Fundação de Medicina Tropical DoutorHeitor Vieira Dourado: uma trajetória de experiências bem sucedidas

Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado

Nesse ano de 2015, a FMT-HVD contou com um suplemento especial da Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, em que foram apresentados dados das grandes endemias tropicais no estado do Amazonas. Cada artigo foi coordenado por um pesquisador da instituição.Sampaio et al. oferecem uma visão histórica sobre o comportamento da malária associada a ciclos de desenvolvimento econômico da região amazônica, um passo essencial no caminho para planear a eliminação da infecção por Plasmodium falciparum. Como resultado de um programa de controle muito bem sucedido, tem havido uma redução considerável do número de casos de malária falciparum, o que levou os responsáveis nacionais a discutir a sua eliminação.Guerra et al., em uma série histórica longa sobre o comportamento sazonal da leishmaniose, que incluiu pelo menos uma grande epidemia, demonstram a vulnerabilidade da população do estado do Amazonas para uma doença que também está ligada a atividades relacionadas com a utilização e exploração de o meio ambiente.Mourão et al. revisaram as infecções por arbovírus na Amazônia ocidental, a diversidade de agentes etiológicos e as vantagens da implementação de uma abordagem sindrômica nos serviços de saúde para a construção adequada de um sistema de vigilância eficiente. A avaliação de Barbosa et al. chama a atenção para a importância da transmissão autóctone da doença de Chagas na Amazônia, destacando a importância de focar a pesquisa sobre o parasito e a diversidade do vetor para uma melhor compreensão do comportamento clínico da doença na região e de transmissão de ciclos que são relevantes para a saúde humana. A revisão por Feitosa et al. aborda sistematicamente os acidentes ofídicos como um dos problemas mais negligenciados na região Amazônica. Esta avaliação demonstra a magnitude desse tipo de envenenamento tendo como pano de fundo a falta de informação, apelando para uma abordagem mais agressiva por parte das autoridades e comunidades afetadas para implementar um sistema de vigilância adequado e promover a redução do risco nas populações afetadas. Uma ampla revisão por Martins et al. sobre as doenças transmitidas pela água mostra um registro de cólera no Estado do Amazonas e

dados históricos que demonstram que a incidência de doenças como a febre tifóide e abscesso hepático amebiano diminuiram consideravelmente. Cunha et al. discutem a hanseníase no Estado do Amazonas e demonstram uma redução em sua incidência associada à descentralização da prestação de cuidados de saúde pelo programa nacional de controle.A tuberculose continua sendo um grande desafio na região, e a série histórica analisada por Garrido et al. mostra claramente uma taxa de mortalidade elevada e um fraco desempenho dos indicadores de sucesso do tratamento, que são afetados por problemas específicos enfrentados pela população indígena.Tendências e desafios de HIV/Aids no Estado do Amazonas são analisados por Oliveira et al. para revelar um cenário preocupante caracterizado pela epidemia em regiões onde as condições sócio-econômicas, a qualidade e a quantidade dos serviços de saúde, bem como o acesso aos serviços são obstáculos reais para a plena implementação das ações do programa de controle.Por fim, a série histórica analisada por Saraiva et al. mostra as mudanças no perfil etiológico da meningite nas últimas décadas, no Estado do Amazonas, evidenciando o impacto da introdução da vacina contra Haemophilus influenzae e o surgimento do sorogrupo C de Neisseria meningitidis, bem como Cryptococcus neoformans associadas ao HIV/Aids.

Dr. Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda

Expediente

Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado

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Diretora-presidenteMaria das Graças Costa Alecrim

Diretora Administrativa e FinanceiraDeuza Maria Nogueira Rosário

Diretor de Assistência MédicaMarcus Vinitius de Farias Guerra

Diretor de Ensino e PesquisaMarcus Vinícius Guimarães de Lacerda

Gerente de Epidemiologia/Coordenação TécnicaMaria das Graças Gomes Saraiva

Equipe de Elaboração do Boletim:Maria das Graças Gomes SaraivaCristianne Benevides MotaEvela da Silva MagnoRaul Diniz Souza Amorim

Identidade Visual/DiagramaçãoJean Emerson Saraiva dos Santos

Transição epidemiológica das doenças tropicais na Amazônia brasileira