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FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS CURSO INTENSIVO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA -CIPAD MOZART CHAMMAS DO NASCIMENTO A EDUCAÇÃO FISCAL E O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO : AÇÕES PARA A PROMOÇÃO DA CIDADANIA RIO DE JANEIRO 2007

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS CURSO INTENSIVO DE PÓS-GRADUAÇÃO ... - Educação fiscal... · Pós-Graduação em Administração Pública foi aceito como requisito parcial para a

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FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS CURSO INTENSIVO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

PÚBLICA -CIPAD

MOZART CHAMMAS DO NASCIMENTO

A EDUCAÇÃO FISCAL E O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO : AÇÕES PARA A PROMOÇÃO DA CIDADANIA

RIO DE JANEIRO

2007

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS CURSO INTENSIVO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

PÚBLICA- CIPAD

MOZART CHAMMAS DO NASCIMENTO

A EDUCAÇÃO FISCAL E O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: AÇÕES PARA A PROMOÇÃO DA CIDADANIA

Trabalho de Final de Curso apresentado à Escola Brasileira de Administração Pública do Rio de Janeiro da Fundação Getúlio Vargas. Campo de conhecimento: Administração Pública Orientadora: Professora Vera Corrêa

RIO DE JANEIRO

2007

N244 Nascimento, Mozart Chammas do.

A educação fiscal e o Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro: ações para a promoção da cidadania. / Mozart Chammas do Nascimento. 2007.

70 f. ; 30 cm.

Trabalho de Conclusão de Curso (Curso inten-

sivo de Pós-Graduação em Administração Pública -

CIPAD)—Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro,

2007.

Bibliografia: f. 63-66.

1. Educação Fiscal. 2. Cidadania. 3.

Tribunal

de Contas - Rio de Janeiro(Estado). I.

Título.

CDD 370.115

À Beatriz, minha amada mulher, e aos nossos Helena e Leonardo, pelos momentos furtados, pela compreensão e incentivo no desenvolvimento do presente trabalho.

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS PROGRAMA FGV MANAGEMENT Curso Intensivo de Pós-Graduação em Administração Pública

O Trabalho de Conclusão de Curso “Educação Fiscal e o Tribunal de Contas do

Estado do Rio de Janeiro: Ações para a Promoção da Cidadania”, elaborado por Mozart

Chammas do Nascimento e aprovado pela Coordenação Acadêmica do Curso Intensivo de

Pós-Graduação em Administração Pública foi aceito como requisito parcial para a obtenção

do certificado do curso de pós-graduação, do Programa FGV Management .

Rio de Janeiro, de agosto de 2007.

_______________________________________________________ Prof. Armando dos Santos Cunha

Coordenador Acadêmico

DECLARAÇÃO

Grupo de Educação Fiscal do Estado do Rio de Janeiro- GEFE- RJ, representada neste

documento pela Srª. Valeria Carvalho Ferrari da Silva, servidora da Secretaria de Estado de

Fazenda, autoriza a divulgação de informações e dados coletados na sua organização, na

elaboração do trabalho de Conclusão de Curso, intitulado: A educação fiscal e o Tribunal de

Contas do Estado do Rio de Janeiro: ações para a promoção da cidadania, realizado pelo

aluno Mozart Chammas do Nascimento, do Curso Intensivo de Pós-Graduação em

Administração Pública, do Programa FGV Management, com objetivos de publicação e/ou

divulgação em veículos acadêmicos.

Rio de Janeiro,10 de agosto de 2007 _____________________________________________________ Valeria Carvalho Ferrari da Silva Representante da Secretaria de Estado de Fazenda Grupo de Educação Fiscal do Estado do Rio de Janeiro- GEFE-RJ

DECLARAÇÃO

A Escola de Contas e Gestão do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro - ECG/TCE-

RJ, representada neste documento pelo Sr.

__________________________________________________________,

cargo ______________________________________ autoriza a divulgação de informações e

dados coletados na sua organização, na elaboração do trabalho de Conclusão de Curso,

intitulado: A educação fiscal e o Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro: ações para

a promoção da cidadania, realizado pelo aluno Mozart Chammas do Nascimento, do Curso

Intensivo de Pós-Graduação em Administração Pública, do Programa FGV Management, com

objetivos de publicação e/ou divulgação em veículos acadêmicos.

Rio de janeiro,______/_____/_________ _____________________________________ assinatura _____________________________________ cargo Escola de Contas e Gestão do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro - ECG/TCE

Termo de Autenticidade

O aluno Mozart Chammas do Nascimento, abaixo assinado, do Curso Intensivo de Pós-

Graduação em Administração Pública, do Programa FGV Management, realizado no período

de 07 de outubro de 2005 a 14 de junho de 2007, declara que o conteúdo do trabalho de

conclusão de Curso intitulado: A Educação Fiscal e o Tribunal de Contas do Estado do Rio

de Janeiro: ações para a promoção da cidadania, é autêntico, original e de sua autoria

exclusiva.

Rio de Janeiro, 09 de agosto de 2007 _____________________________________ Mozart Chammas do Nascimento

ABREVIATURAS E SIGLAS

BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento CCA - Coordenadoria de Capacitação CGU - Controladoria Geral da União COE - Coordenadoria de Estudos e Pesquisas CONFAZ – Conselho Nacional de Política Fazendária EAD – Educação à distância ECG - Escola de Contas e Gestão ESAF - Escola de Administração Fazendária ENEM -Exame Nacional de Ensino Médio FNCP - Fórum Nacional Contra Pirataria GEF - Grupo de Educação Fiscal GEFE - Grupo de Educação Fiscal dos Estados GEFF - Grupo de Educação Fiscal da Secretaria da Receita Federal GEREF - Gerência de Educação Fiscal GET – Grupo de Educação Tributária ISE - Instituto Serzedello Corrêa LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional MOBRAL - Movimento Brasileiro de Alfabetização OAB - Ordem dos Advogados do Brasil PCN - Parâmetros Curriculares Nacionais PNAFE – Programa Nacional de Apoio à Modernização da Administração Fiscal dos Estados

Brasileiros PNAFM - Programa Nacional de Apoio à Modernização da Administração Fiscal dos

Municípios Brasileiros PNEF - Programa Nacional de Educação Fiscal SEE - Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro SEFAZ – Secretaria de Estado de Fazenda TCE- - Tribunal de Contas do Estado TCU - Tribunal de Contas da União

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 - O PROBLEMA ........................................................................................................10

1.1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................10 1.2 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ............................................................................................12 1.3 RELEVÂNCIA DO ESTUDO...............................................................................................12

CAPÍTULO 2 - ANÁLISE CRÍTICA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL...........................................14

2.1 BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL.......................................................14 2.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS OBJETIVOS DO SISTEMA

EDUCACIONAL BRASILEIRO ........................................................................................21

CAPÍTULO 3- IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO NA FORMAÇÃO DOS INDIVÍDUOS ...........................................................................................................23

3.1 IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO NA DEMOCRACIA..................................................23

3.2 OUTROS ASPECTOS CONCERNENTES À EDUCAÇÃO PARA A CIDADANIA .........................................................................................................................25

CAPÍTULO 4 - EDUCAÇÃO FISCAL..............................................................................................29

4.1 O CONFLITO ENTRE O ESTADO E O CIDADÃO.........................................................29 4.2 O PROGRAMA DE EDUCAÇÃO FISCAL BRASILEIRO..............................................31 4.3 O PROGRAMA DE EDUCAÇÃO FISCAL NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ......36

CAPÍTULO 5 - O PAPEL DO TRIBUNAL DE CONTAS..............................................................42

5.1 HISTÓRIA E ATRIBUIÇÕES .............................................................................................42 5.2 A ESCOLA DE CONTAS E GESTÃO DO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO

RIO DE JANEIRO ...............................................................................................................44

CAPÍTULO 6 - METODOLOGIA.....................................................................................................48

6.1 TIPO DE PESQUISA.............................................................................................................48 6.2 UNIVERSO DA PESQUISA DE CAMPO...........................................................................49 6.3 COLETA DE DADOS............................................................................................................50 6.4 ANÁLISE DE DADOS...........................................................................................................51 6.5 LIMITAÇÕES DO MÉTODO..............................................................................................52

CAPÍTULO 7 - RESULTADOS DA PESQUISA..............................................................................53

7.1 RESPOSTAS OBTIDAS JUNTO AO GEFE-RJ ................................................................53 7.2 RESPOSTAS OBTIDAS JUNTO À ESCOLA DE CONTAS............................................56

CAPÍTULO 8 - CONCLUSÃO...........................................................................................................58

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...........................................................................................62

10 BIBLIOGRAFIA............................................................................................................................65

APÊNDICE

10

CAPÍTULO 1

O PROBLEMA

No presente capítulo apresentamos o problema que motivou a pesquisa, os objetivos, a

delimitação e a relevância do estudo.

1.1 INTRODUÇÃO

Assistimos estupefatos, diariamente, notícias que nos chegam pelos meios de comunicação,

dando conta do mau uso dos recursos públicos. Ademais, nos últimos tempos, parece ter se

intensificado o desvio de dinheiro público, financiamento de campanhas eleitorais com

recursos de origem duvidosa, corrupção, fraudes e sonegação fiscal.

A questão da educação fiscal destaca-se no cenário social e político da atualidade, por dizer

respeito a ações promovidas por diversas entidades no sentido de fazer com que a sociedade

possa construir valores, conhecimentos e iniciativas com fulcro no planejamento, na gestão e

no controle dos recursos públicos, visando uma melhor qualidade de vida para todos.

11

Dotados de informações consistentes de como funciona a engrenagem da administração da

coisa pública, o cidadão, maior beneficiário de uma boa gestão dos recursos públicos, passará

a não somente cobrar dos governantes, de maneira mais lúcida, uma atuação eficiente da

máquina administrativa, mas também poderá participar, mais diretamente, das decisões que

possam, de alguma forma, afetar a vida de sua cidade e, como conseqüência, de sua família.

Isso é o que podemos chamar, no nível mais elevado de cidadania, de gestão social que,

segundo Tenório (2004, p. 11),

[...] se aproxima, portanto, de um processo no qual a hegemonia das ações possui caráter intersubjetivo. Isto é, no qual os interessados na decisão, na ação de interesse público, são participantes do processo decisório. A gestão social é uma ação que busca o entendimento negociado e não o resultado, o que é típico do mundo empresarial privado. Na gestão social todos os envolvidos têm direito à fala. Deve ser uma prática gerencial à qual, na relação sociedade-Estado, seja incorporada a participação da cidadania desde o momento da identificação do problema à implementação de sua solução.

Na visão do citado autor, ser cidadão não é ser reconhecido, tão-somente, pelo dever de votar,

mas como indivíduo com direito a adquirir direito (TENÓRIO, 2004).

A Educação Fiscal é, portanto, um verdadeiro “fermento” para a atuação direta da sociedade

na busca da justiça social e das melhorias das condições de vida de milhões de pessoas. Ela

representa, se analisada de maneira mais profunda, o caminho mais efetivo ao exercício pleno

da cidadania e o instrumento mais precioso à consolidação da democracia no Brasil e do pleno

exercício de direitos exigíveis em benefício da pessoa humana e da coletividade.

A questão norteadora abordada pelo presente estudo é:

- Quais as ações que o Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) poderá

exercer visando à promoção e à institucionalização da educação fiscal, para o pleno exercício

de cidadania?

12

1.2 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO A abrangência do presente estudo se limitou a ações que poderão vir a ser desenvolvidas pelo

TCE-RJ, em complemento ao Programa Nacional de Educação Fiscal (PNEF), que vem

sendo executado pelo Grupo de Educação Fiscal do Estado do Rio de Janeiro (GEFE-RJ),

tendo como objetivo principal fornecer à sociedade instrumentos efetivos para o pleno

exercício da cidadania.

1.3 RELEVÂNCIA DO ESTUDO

A relevância da questão da participação do TCE-RJ na promoção e institucionalização da

educação fiscal ganha contornos bem nítidos quando se vislumbra o cenário caótico da

atualidade, analisando a disparidade entre o montante de recursos arrecadados, o que se gasta

nos diversos entes públicos do país e o que efetivamente é aplicado em benefício da

população. Podemos considerá-la, também, um avanço na luta contra a sonegação e pela

efetivação da justiça fiscal e social.

Não se pode questionar a proeminência do tema, haja vista a importância da participação dos

indivíduos (a co-responsabilidade), objetivando a busca de soluções para problemas que

atingem a sociedade brasileira.

Reforça a importância do assunto a Portaria Interministerial nº 413, de 31 de dezembro de

2002, que implementou o Programa Nacional de Educação Fiscal (PNEF) com o objetivo de

promover e institucionalizar a Educação Fiscal para o pleno exercício da cidadania,

sensibilizar o cidadão para a função socioeconômica do tributo, levar conhecimento ao

cidadão sobre administração pública e criar condições para uma relação harmoniosa entre o

Estado e o cidadão.

13

A implementação e a execução do PNEF é de responsabilidade de diversos órgãos, federais,

estaduais e municipais, quais sejam:

I – Ministério da Educação;

II – Escola de Administração Fazendária (ESAF);

III – Secretaria da Receita Federal;

IV – Secretaria do Tesouro Nacional;

V – Secretaria de Fazenda de cada Estado e do Distrito Federal;

VI – Secretaria de Educação de cada Estado e do Distrito Federal.

Ressalte-se que, dentre as competências dos citados órgãos, encontra-se a de realizar parcerias

de interesse do Programa.

Note-se o fato do tema estar intimamente relacionado às atividades dos Tribunais de Contas,

órgãos auxiliares do Poder Legislativo, que, além de fiscalizarem as contas dos

administradores públicos, possuem um importante papel educador na sociedade,

principalmente através de suas Escolas de Contas, como é o caso, por exemplo, do Estado do

Rio de Janeiro.

A atuação desses órgãos como educadores fiscais no Brasil ainda é muito tímida

(praticamente não se têm notícias de ações relacionadas ao tema), carecendo, portanto, de

iniciativas em sua participação nessa importante missão de disseminar conhecimentos à

sociedade, afetos à administração pública e à cidadania.

Através da recém-criada Escola de Contas e Gestão (ECG/TCE-RJ), e do seu quadro técnico

de excelência, o TCE-RJ poderá contribuir para a Educação Fiscal da Sociedade, atuando com

toda a sua experiência, em parceria com outros órgãos e entidades da Sociedade Civil e do

Poder Público, especialmente o GEFE-RJ.

Este capítulo apresentou o problema, a delimitação e a relevância do presente estudo.

14

CAPÍTULO 2

ANÁLISE CRÍTICA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL

Neste capítulo, aborda-se inicialmente a implantação do sistema educacional no Brasil, desde

as escolas jesuíticas até os dias de hoje. Procura-se analisar o processo educacional como um

todo, sem se limitar à simples citação cronológica de leis, datas, e notícias de fundações de

escolas/universidades, distantes da compreensão dos fatos, analisando a dependência da

filosofia educacional em relação ao Estado e o papel da educação tradicional na manutenção

do status quo. Através dessa análise, é possível perceber a necessidade de mudanças

importantes na educação brasileira, para que de fato se construa uma sociedade

verdadeiramente cidadã, participante e transformadora.

Por uma questão didática, até o ano de 1937, utilizamos os estudos de Célio da Cunha (1970)

e Belo (2001). A obra de Anísio Teixeira (1968) fornece uma visão sistêmica da educação no

período do Estado Novo até 1962. A compreensão do período pós-1964 foi subsidiada por

Bello (2001).

15

2.1 BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL

Período jesuítico

Período contado a partir da fundação das primeiras escolas pelos jesuítas, com doações de

terras e dotações reais, em 1549, até que estes foram expulsos em 1759, em virtude do decreto

do Marquês de Pombal, primeiro-ministro de Portugal (CUNHA,C.,1970; BELLO, 2001).

O trabalho missionário confundia-se com o esforço colonizador (CARVALHO, 2001). Os

jesuítas propagaram a moral, os costumes e a religiosidade européia, além de introduzir

métodos pedagógicos: todas as escolas jesuítas eram regidas pelo Ratio Studiorum, de Inácio

de Loiola.

Este plano de estudos compreendia três cursos: de Humanidades (Gramática Superior,

Gramática Média, Gramática Inferior, Humanidades e Retórica), de Filosofia (Lógica e

Introdução às Ciências, Cosmologia, Psicologia, Física, Metafísica, Filosofia Moral,

Matemática) e o curso de Teologia, para formação de sacerdotes (CUNHA, C., 1970).

Período pombalino

Período delimitado do ano de 1759 até a chegada da família real portuguesa, em 1808. No

momento da expulsão, após 210 anos no Brasil, os jesuítas tinham 17 colégios, 25 residências,

36 missões e seminários, seminários menores e escolas de ler e escrever (CUNHA, C., 1970).

O modelo educacional já implantado e consolidado sofreu uma grande e caótica ruptura

(CUNHA, C., 1970; BELLO, 2001).

O Alvará de Pombal estabeleceu as aulas régias de Latim, Grego e Retórica e a Diretoria de

Estudos, a qual só passou a funcionar após o seu afastamento. Cada aula régia era autônoma e

isolada. Os professores, nomeados por indicação ou concordância de bispos, geralmente eram

despreparados ou improvisados, além de mal remunerados. Conseqüentemente, no princípio

do século XIX, o sistema jesuítico foi arruinado e a educação brasileira estava reduzida a

praticamente nada (BELLO, 2001).

16

Período Joanino (1808 – 1821)

Em 1808, com a chegada da Família Real, surgiram escolas de comércio. D. João VI abriu a

Academia de Marinha, Escola de Educação, curso de Direito, de Cirurgia, e, posteriormente,

de Medicina, de Agricultura, de Desenho, criou a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios

(futura Real Academia de Pintura, Escultura e Arquitetura Civil, e posteriormente, a

Academia das Artes). Instituiu a Biblioteca Real, o Jardim Botânico e a Imprensa Régia

(CUNHA, C., 1970).

Formavam-se profissionais e não eruditos, visando prover necessidades imediatas e práticas

da Corte recém-chegada (CUNHA, C., 1970).

Brasil Independente (Período Imperial)

Em 1823, na tentativa de se sanar a escassez de professores, institui-se o Método Lancaster,

ou do "ensino mútuo" - para cada escola, um professor - onde um aluno treinado (decurião)

ensina um grupo de dez alunos (decúria) sob a rígida vigilância de um inspetor. Este método

vigorou por mais de vinte anos, sem produzir os resultados esperados (CUNHA, C., 1970).

O Brasil contava com uma população de 10 milhões de habitantes e apenas 150.000 alunos

matriculados em escolas primárias. O índice de analfabetismo era de 66,4% (CUNHA, C.,

1970). A sociedade, apesar da Independência, permanecia agrícola e patriarcal em sua

essência.

Cunha (1970) conclui, citando Fernando de Azevedo, sobre o contraste entre a impressionante

massa de decretos e projetos de lei no tempo do Império e pequenez das realizações:

praticamente nada se fez de concreto pela educação brasileira.

17

DATA LEGISLAÇÃO 1.1.1.1.1 OBJETIVO FONTE

1824 Art. 179, XXXII da Constituição

Instrução primária gratuita para todos os cidadãos (não obrigatória).

Nunes, 2006

1834 art. 10, item 2 do Ato Adicional à Constituição

Ensino primário e secundário passaria a ser responsabilidade das províncias, permanecendo a educação superior a cargo da Administração Nacional.

1854 Decreto 1331 Reforma os ensinos primário e secundário, exigindo professores credenciados e a volta da fiscalização oficial.

Cunha, C., 1970

Quadro 1: Educação no período Imperial Fonte: CUNHA, C., 1970. NUNES, 2006.

Pertencem a este período: a criação de cursos de Direito (Olinda e São Paulo), do Ensino

Normal (Niterói, Bahia, Ceará e São Paulo), e do Colégio Pedro II, (CUNHA, C.,1970).

República (1889 em diante)

O ensino continuava livresco, em desconexão com a realidade sócio-econômica da época

(CUNHA, C., 1970, p.958).

DATA FATOS IMPORTANTES 1.1.1.1.2 CARACTERÍSTICAS FONTE

1892 Extinção do Ministério da Instrução, criado em 1890.

Educação passa a ser uma diretoria do Ministério da Justiça e Negócios Interiores.

Cunha, C., 1970

1890-92

Reforma de Benjamin Constant Acrescentou matérias científicas às tradicionais (ensino enciclopédico).

Belo, 2001

1911

Reforma Rivadávia Correa (revogada em 1915).

Estabeleceu o ensino livre, sem interferência do Estado no setor educacional.

Cunha, C., 1970

1930 Criação do Ministério da Educação e Saúde Pública. -

1931 “Reforma Francisco Campos" Organizou o ensino secundário e as universidades brasileiras ainda inexistentes.

1934 Constituição Dispõe, pela primeira vez, que a educação é direito de todos, devendo ser ministrada pela família e pelos Poderes Públicos.

Belo, 2001

Quadro 2: Educação no início do período Republicano Fonte: CUNHA, C.,1970. BELLO, 2001.

A Revolução de 30 caracteriza a entrada do Brasil no modo capitalista de produção. A nova

realidade brasileira passou a exigir uma mão-de-obra especializada e para tal era preciso

investir na educação. É criada a Universidade de São Paulo e a Universidade do Distrito

Federal, no atual município do Rio de Janeiro (BELLO, 2001).

18

Período do Estado Novo (1937 - 1945)

Este período encontra-se perfeitamente caracterizado na obra de Anísio Teixeira (1963), da

qual faremos um breve resumo.

Para Teixeira, o sistema escolar reflete a estrutura da sociedade. Até a Primeira Guerra

Mundial, a sociedade brasileira se constituía fundamentalmente da elite, de uma nascente

classe média, sem maior prestígio ou valia social, e das massas iletradas, que formavam a

grande força de trabalho e produção agrícola.

A elite usufruía de escolas secundárias, geralmente privadas, preparatórias para o sistema de

escolas superiores, predominantemente públicas, que visavam à formação dos quadros de

governo e das profissões liberais. Para a classe média, sem força política, era dirigido um

sistema de escolas primárias, escolas normais e vocacionais.

Após a Segunda Guerra Mundial, o surto industrial no Brasil alterou a estrutura da sociedade

brasileira. Ocorre a reforma Washington Luís do ensino primário. O Estado de S. Paulo inicia

um movimento de democratização do ensino primário, reduzindo o tempo de escolaridade

para três anos na zona rural e quatro anos na zona urbana. Rompeu-se desta forma, o dualismo

educacional de educação para a elite e educação para a classe média, originando um terceiro

sistema escolar, para o povo, de classes primárias de quatro e três séries. Inicia-se, então, o

processo de deterioração da escola primária, agora nem sequer dirigida à classe média,

deterioração que iria, depois, atingir as escolas de nível médio, normais e vocacionais.

Frente a esse sistema inadequado à reestruturação social em marcha, a revolução de trinta

inicia a reforma do ensino secundário preparatório e do ensino superior, em linhas acadêmicas

e intelectualistas, buscando uma recuperação das elites pela ênfase em sua concepção

humanística e pelo princípio da organização universitária.

No Distrito Federal, durante a década de vinte/início da década de trinta, iniciam-se reformas

locais de ensino mais sensíveis aos movimentos de mudança da estrutura da sociedade

brasileira. Estas reformas visam recuperar a escola primária, para que se torne a base do

sistema escolar, iniciam a integração das escolas de nível médio, com a equivalência da

formação vocacional acadêmica, estabelecem a formação do magistério primário como nível

superior e instituem uma universidade direcionada à pesquisa e à formação do quadro do

magistério secundário e superior, aberta a todos os egressos da escola média.

19

Durante o período de 1937 até 1946 (Estado Novo), o sistema primário permaneceu com três

séries na zona rural e quatro séries na zona urbana; reduziu-se a formação do magistério

primário ao nível de um curso de regente, de nível primário, no sistema anterior à década de

20; o curso normal regrediu ao nível secundário, com a destruição prática dos Institutos de

Educação, que se encaminhavam para atingir o nível superior. O curso ginasial federal foi

introduzido nessas escolas normais, que foram delegadas aos Estados e Municípios.

A escola primária e escola normal foram assim reduzidas a instituições isoladas. O ensino

médio conservou as suas diversas divisões estanques entre si, com objetivos distintos. A

escola secundária, com o currículo enciclopédico, levaria ao nível superior; a escola

comercial, às atividades comerciais de nível médio; a escola técnico-industrial, mistura de

escola artesanal e escola técnica, às atividades do trabalho qualificado industrial; as escolas

agrícolas médias, às atividades de agricultura avançada (inexistentes); e as escolas normais

híbridas, com um curso ginasial federal e um curso de colégio estadual, ao magistério

primário.

No ensino superior, criou a Universidade simplesmente agregando as escolas, mantendo sua

organização e administração praticamente independente.

O sistema de ensino médio e superior foi aberto à iniciativa particular, proliferando sem

controle.

Em contraponto ao crescente desenvolvimento do país, o sistema escolar apresentava escolas

primárias rudimentares, de quatro e três séries, agora congestionadas em dois ou três turnos,

escolas médias privadas, sem recursos nem professores adequados, e escolas superiores

improvisadas.

20

DATA FATOS IMPORTANTES 1.1.1.1.3 CARACTERÍSTICAS FONTE

1948 Lei de Diretrizes e Bases.

Ampliação do fundo do ensino primário, "campanhas" de alfabetização, início do regime de auxílios aos Estados e às escolas particulares, e a federalização, em massa, de escolas superiores particulares.

1950 Experiências de Anísio Teixeira na Bahia.

Escola-classe e escola-parque.

Lei de Diretrizes e Bases. Primeira lei de reforma de base na estrutura legal do país.

1961 Campanha de alfabetização.

Método Paulo Freire, que alfabetizaria em 40 horas adultos analfabetos.

Conselho Federal de Educação. Substituição do Conselho Nacional de Educação e dos Conselhos Estaduais de Educação.

Teixeira, 1963

1962

Plano Nacional de Educação e o Programa Nacional de Alfabetização.

Inspirado no Método Paulo Freire. Bello, 2001

Quadro 3: Educação no Estado Novo Fonte: TEIXEIRA, 1963. BELLO, 2001.

Período do Regime Militar (1964 - 1985)

A educação no período pós-1964 refletiu o caráter antidemocrático do regime militar. As

universidades foram invadidas e professores e alunos perseguidos.

Data desta época a criação do vestibular classificatório e o Movimento Brasileiro de

Alfabetização (MOBRAL), ainda baseado no Método Paulo Freire. Após fracassar na

tentativa de acabar com o analfabetismo no Brasil, foi substituído pela Fundação Educar

(BELLO, 2001).

Em 1971, é instituída a Lei nº. 5.692, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

(LDB), tentando dar à formação educacional um cunho profissionalizante (BELLO, 2001).

Período da Abertura Política (1986 - 2003)

Neste período, podemos citar os seguintes fatos relevantes: a aprovação da nova LDB, em

1996, oito anos após o encaminhamento, e a instituição do Exame Nacional de Cursos para

avaliação das instituições (BELLO, 2001).

21

Pereira (s.d, p. 08) analisa a introdução das questões sociais nos currículos escolares

resultante da LDB, e lança uma questão fundamental que tentaremos responder na presente

pesquisa :

A partir da LDB, o Ministério da Educação elaborou uma nova estrutura para o currículo, concretizado nos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, visando à difusão dos princípios da reforma curricular e à orientação aos professores. A formação para a cidadania exige a convergência de uma série de condições que colidem com a organização tradicional das disciplinas, com as abordagens puramente descritivas e teóricas do mundo, da natureza e da sociedade e com o pressuposto contemplativo do ensino convencional. Sem dúvida, a primeira condição da formação para a cidadania consiste na introdução das questões sociais nos currículos escolares, produzindo mediações entre a escola, o aluno, o professor, a comunidade escolar e os desafios da sociedade. Contudo, como é possível introduzir as questões sociais nos currículos escolares, sem recairmos no reducionismo teórico e nas velhas abordagens contemplativas?

2.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS OBJETIVOS DO SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO Até os dias de hoje, muitas alterações foram realizadas no planejamento educacional, mas a

educação continua a ter as mesmas características impostas em todos os países do mundo: que

é mais o de manter o status quo, para aqueles que freqüentam os bancos escolares, e menos de

oferecer conhecimentos básicos, para serem aproveitados pelos estudantes em suas vidas

práticas (BELLO, 2001).

De todo o exposto, desde o ensino nas escolas jesuíticas até hoje, observa-se que as

necessidades do Estado determinam os objetivos da política educacional sobrepondo-se às

necessidades dos indivíduos. É necessário reformular o ensino de forma a permitir que o

aluno não funcione como mero receptor de conhecimentos estanques entre si e informações

enciclopédicas, mas que seja capaz de participar ativamente da sociedade.

É nesse sentido que reside a importância da inserção da educação fiscal nas escolas. Um único

aluno, informado sobre os seus direitos e deveres como cidadão, pode contribuir efetivamente,

por exemplo, pedindo nota fiscal (sabendo reconhecê-la), o que aumenta a arrecadação do

Estado e reduz a necessidade de aumento de impostos. A redução de impostos acarreta

melhoria na qualidade de vida do indivíduo que passa a contar como mais recursos para as

suas próprias necessidades. Na pior das hipóteses, aumenta-se o capital disponível para

investimentos sociais pelo Estado, ainda que não se diminuam os impostos.

22

Contudo, a Educação Fiscal não se resume a aspectos tributários, pois o seu alcance é mais

amplo, englobando várias outras questões relativos à cidadania, como será visto adiante.

23

CAPÍTULO 3

IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO NA FORMAÇÃO DOS INDIVÍDUOS

Neste capítulo, serão abordados os pensamentos de alguns autores da escola pragmática de

pedagogia a respeito de educação e democracia: como Anísio Teixeira (1934, 1967) e John

Dewey (apud SOUZA, 2004; CUNHA, M.V., 2001), um dos responsáveis pelo movimento de

renovação das idéias e das práticas pedagógicas conhecido como Escola Nova. Este último

acreditava que a democracia somente seria alcançada através da educação.

Constituirá igualmente objeto de análise o valor da introdução no sistema educacional da

visão de democracia e cidadania.

3.1 IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO NA DEMOCRACIA

De acordo com Teixeira (1934), o cidadão moderno ignora a quase totalidade dos problemas

de sua sociedade. O seu trabalho e o seu lazer o ocupam e o absorvem. Os negócios públicos

não lhe despertam interesse, sendo avaliados em razão de seus interesses, emoções ou

preconceitos, sem considerar os interesses coletivos.

Para Teixeira (1934), o público não participa de nenhuma função executiva do Estado, de

caráter ininteligível para este, dada à complexidade e à vastidão dos interesses e dos serviços

públicos. A sua função se resume a ser mero espectador dos acontecimentos. A própria

máquina administrativa esquece a sua finalidade e transforma-se em uma burocracia cujo

destino é consumir as verbas do orçamento.

24

Acrescenta Teixeira (1934), que os legisladores encontram-se de algum modo na mesma

situação do cidadão: ou seja, na situação de não entenderem nada dos negócios públicos. A

única fonte de informação que dispõem são as mensagens periódicas e gerais com que o Poder

Executivo os vêm surpreender e confundir. Como só o Poder Executivo conhece as

particularidades da máquina administrativa, ou o Poder Legislativo acata ao Executivo,

sancionando todos os seus atos, ou edita leis que não atendem ao interesse público.

Sem o conhecimento e o interesse em aprender o funcionamento das engrenagens do Estado

não há uma verdadeira democracia. Daí a necessidade de se educar a sociedade para o

exercício da cidadania.

Souza ressalta a aplicação do pragmatismo de Dewey (apud SOUZA, 2004) à educação: as

matérias escolares devem ser organizadas conforme os interesses práticos dos indivíduos,

aproximando a teoria e a prática. A teoria é um instrumento que permite a compreensão do

real e do presente.

A educação assume papel essencial no ideário deweyano. A educação é vista como poderoso instrumento a serviço da democracia, conservando determinados valores e incentivando a revisão de outros, contribuindo assim para o sucesso do projeto democrático. Não há nada que garanta a democracia, a não ser o esforço daqueles que nela acreditam, esforço que inclui o desenvolvimento de processos realmente educativos na escola (CUNHA, M. V., 2001, p. 242).

A escola representaria, desta forma, um instrumento importante na aproximação entre teoria e

prática, fornecendo ao estudante, além do aprendizado das matérias tradicionais, a

compreensão do mundo exterior e do entendimento dos problemas sociais.

A escola não pode ficar no seu estagnado destino de perpetuadora da vida social presente. Precisa transformar-se no instrumento consciente, inteligente do aperfeiçoamento social (TEIXEIRA, 1967, p. 101).

A escola deve indicar ao estudante o papel de cada esfera de governo na administração

pública de hospitais, escolas, transportes, entre outros, propiciando condições de participar

futuramente na sociedade como agente consciente e efetivo e não apenas como mera força de

trabalho.

25

A escola, como instrumento de renovação social, é ainda tão somente uma esperança. E é mister que se despenda muito esforço, se a quisermos ver transformada em realidade (TEIXEIRA ,1967, p. 102).

Quando a escola dissemina a informação ao aluno que cada indivíduo pode e deve participar

ativamente da sociedade - e de que forma é possível esta ação - contribui para uma evolução

pacífica e mais igualitária da sociedade, constante e com menor rejeição da coletividade.

Possivelmente se reduziria a quantidade de decretos e ações governamentais de “cima para

baixo”.

3.2 OUTROS ASPECTOS CONCERNENTES À EDUCAÇÃO PARA A CIDADANIA

Para facilitar a compreensão do que é cidadania, Manzini-Couvre (1995, p. 11) a define em

termos de direitos civis, políticos e sociais:

Os direitos civis dizem respeito basicamente ao direito de se dispor do próprio corpo, locomoção, segurança etc. Os direitos sociais dizem respeito ao atendimento das necessidades humanas básicas. São todos aqueles que devem repor as força de trabalho, sustentando o corpo humano – alimentação, habitação, saúde, educação etc. Os direitos políticos dizem respeito à deliberação do homem sobre sua vida, ao direito de ter livre expressão de pensamento e prática política, religiosa etc. Mas, principalmente, relacionam-se à convivência com os outros homens em organismos de representação direta (sindicatos, partidos, movimentos sociais, escolas, conselhos, associações de bairros etc.) ou indireta (pela eleição de governantes, parlamento, assembléias), resistindo a imposições dos poderes (por meio de greves, pressões, movimentos sociais). E, ainda, dizem respeito a deliberações dos outros dois direitos, os civis e os sociais – esclarece quais são esses direitos e de que modo chegar a eles.

A autora ressalta, contudo, que tais diretos estão ligados uns aos outros, de tal modo que a

relação recíproca entre eles é que vão proporcionar a efetiva realização dos direitos do

cidadão.

26

Historicamente, outros conceitos de cidadania existiram. Ensina Vieira (2002), por exemplo,

que T. H. Marshall separou a cidadania em duas composições: a dos direitos de primeira

geração – os direitos civis e políticos – e a dos direitos de segunda geração – os direitos

sociais. Conforme Vieira, na segunda metade do século XX, surgiram os direitos de terceira

geração (VIEIRA, 2002, p. 23):

Trata-se dos direitos que têm como titular não o indivíduo, mas grupos humanos como o povo, a nação, coletividades étnicas ou a própria humanidade. É o caso do direito à autodeterminação dos povos, direito ao desenvolvimento, direito à paz, direito ao meio ambiente etc. Na perspectiva dos “novos movimentos sociais”, direitos de terceira geração seriam os relativos aos interesses difusos, como direito ao meio ambiente e direito do consumidor, além dos direitos das mulheres, das crianças, das minorias étnicas, dos jovens, anciãos etc.

O citado autor afirma que atualmente já existe o conceito de direitos de quarta geração,

relacionados à bioética e à engenharia genética, visando à preservação da vida e a

regulamentação da criação de novas espécies em laboratórios.

Apesar de cidadania ter haver com os direitos, o cidadão

[...] também deve ter deveres: ser o próprio fomentador da existência dos direitos a todos, ter responsabilidade em conjunto pela coletividade, cumprir as normas e propostas elaboradas e decididas coletivamente, fazer parte do governo, direta ou indiretamente, ao votar, ao pressionar através dos movimentos sociais, ao participar de assembléias – no bairro, sindicato, partido ou escola. (Manzini-Couvre, 1995, p. 9)

Em sua obra “Práticas de Cidadania”, Jaime Pinsky (2004, p. 11) apresenta de forma sintética,

e muito interessante, o que entende ser o verdadeiro sentido de cidadania:

Cidadania, o direito a ter direitos na clássica visão de Hannah Arendt, é um conceito técnico para as ciências jurídicas. Para Alexandre de Moraes, “a cidadania representa um status do ser humano, apresentando-se, simultaneamente, como objeto e direito fundamental das pessoas”. “Cidadania [...] qualifica os participantes da vida do Estado, é atributo das pessoas integradas na sociedade estatal, atributo político decorrente do direito de participar do governo e direito de ser ouvido pela representação política”, segundo José Afonso da Silva. Em síntese, para uma visão clássica do Direito Constitucional, cidadão é o titular dos direitos políticos de votar e de ser votado.

27

Pinsky (2004, p. 11) conceitua “povo” como “ator político”, significando “povo dotado de

poder para efetivamente participar da gestão da coisa pública” e cita o princípio da soberania

popular contido no parágrafo único do artigo 1º da Constituição Federativa do Brasil: “Todo

poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos, ou diretamente, nos

termos desta Constituição” [grifo nosso].

Mouzinho Barbosa, em sua obra “Cidadania Fiscal” (2005, p. 46) ressalta o problema de

nossa sociedade em relação ao exercício da cidadania e a necessidade de uma mudança de

paradigma para a transformação do ser social em cidadão ativo e participativo:

Hodiernamente as horas vagas dos trabalhadores são ocupadas com o consumo, deixando-se de lado o debate político, e com isso o exercício prático da cidadania fica esvaziado. Novos espaços para o cidadão não são criados, preferindo-se o shopping que anestesia os sentidos e faz com que se trabalhe apenas para comprar os, cada vez mais, inatingíveis bens que estão expostos. A discussão sobre cidadania não deve ser uma barreira ao seu exercício e muito menos uma homenagem acadêmica às qualidades da cidadania. O primeiro passo para a cidadania plena é a conscientização e a revolução interna, isto é, a interiorização que se processa em cada indivíduo, transformando o ser social em cidadão ativo e participativo.

A citada autora também destaca os meios de participação do povo, apresentados na

Constituição da República de 1988, através do princípio da soberania popular: a participação

política pelo exercício direto e a representação política que constitui o exercício indireto de

participação.

Para Tenório (2004, p. 35), em sintonia com o conceito de gestão social, a cidadania deve ser

considerada como algo ainda mais profundo:

Na relação Sociedade-Estado, a gestão social se efetiva quando os governos institucionalizam modos de elaboração de políticas públicas que não se refiram ao cidadão como “alvo”, “meta”, “cliente” de suas ações ou, quando muito, avaliadores de resultados mas sim como participantes ativos no processo de elaboração dessas políticas. Processo que deve ocorrer desde a identificação do problema, durante o planejamento de sua solução, acompanhamento da execução até a avaliação do impacto social efetivamente alcançado.

Note-se que o conceito de cidadania vinculado ao conceito de gestão social possui um sentido

extremamente importante se considerado o contexto de exclusão social em que vivemos: o de

que a atuação intensa e contínua do indivíduo na busca do bem-estar coletivo traz reflexos

positivos em seu próprio bem-estar individual. O indivíduo é parte de um sistema, e deve agir

28

num processo de interação e interdependência com todos os seus elementos, pois, alterando-o,

através da participação ativa em todo o seu funcionamento, trará reflexos indiretos em sua

própria existência. O cidadão, portanto, deve ser o principal protagonista (o principal

interessado) no funcionamento do sistema em que ele está inserido, pois ninguém melhor do

que ele conhecerá as reais necessidades de sua sociedade.

É imprescindível, portanto, o papel da educação na formação cidadã dos indivíduos. A

educação para a cidadania é necessária para que o cidadão se sinta co-responsável pelas as

ações desenvolvidas pelo Estado, bem como para fazer nascer a noção de interesse comum

(muito rara no cotidiano brasileiro), evitando-se, assim, o conflito entre o Estado e o cidadão.

É nesse cenário que se ressalta a importância da Educação Fiscal, assunto abordado no

próximo capítulo.

29

CAPÍTULO 4

EDUCAÇÃO FISCAL

Neste capítulo será analisada a relação entre o Estado e o cidadão, estabelecida a conceituação

e os objetivos da Educação Fiscal, e relatado o histórico da implementação do Programa de

Educação Fiscal no Brasil e, especificamente, no Rio de Janeiro.

4.1 O CONFLITO ENTRE O ESTADO E O CIDADÃO

Segundo Ferreira (2001, p. 174), o termo “conflito” pode ser entendido como: “desavença”,

“discórdia”, “luta”, “combate” ou “guerra”. É justamente essa a tradução atual da relação que

vem pautando o comportamento entre o Estado e o cidadão nos países em desenvolvimento.

Ainda que sem a ocorrência de conflitos armados, na maioria dos casos, a ausência de

confiança nos governos é extremamente acentuada. Trata-se, pois, de um paradoxo, já que o

surgimento do Estado teve o propósito de assegurar o bem-estar social. A descrença da

sociedade em seus governantes traz , como conseqüência óbvia, o desinteresse do povo em

colaborar com a sua atuação.

Depreendemos, assim, que a razão de tantos conflitos decorre da falta de confiança do povo

em seus governantes, em razão da malversação dos recursos públicos, em função da

corrupção, do nepotismo, da ausência de transparência nos atos dos governantes, dentre outras

práticas abomináveis, empregadas em prejuízo da sociedade e, mais especificamente, das

camadas menos favorecidas, dos pobres e excluídos socialmente.

30

Segundo Martins (2004), o tributo é uma norma de rejeição social, pois grande parte dos

gastos do Estado se destina à manutenção de políticos no poder e a sustentar burocracias que

geram dificuldades e favorecem à corrupção.

Em razão disso, podemos formular a seguinte pergunta: se o Estado gasta mal os seus

recursos e se tais recursos beneficiam tão-somente uma pequena minoria privilegiada, para

que então pagar tributos? Qual seria a sua função social?

Um dos problemas nevrálgicos na relação Estado-cidadão é a falta de interesse de quem

detêm o poder de educar o povo, esclarecendo-o sobre o funcionamento da engrenagem

estatal, das responsabilidades do Estado, de sua estrutura, bem como dos direitos inerentes ao

cidadão, a quem o governo tem o dever legal e ético de prestar contas de sua atuação de

maneira eficiente e de forma a dar total transparência em relação aos resultados alcançados (é

o que se tem chamado hodiernamente de accountability).

A compreensão da realidade por parte dos menos favorecidos socialmente é precária, por

culpa do próprio Estado, que não lhes provê de oportunidades e elementos para identificar o

contexto em que se situa, bem como não lhes oferta instrumentos para que eles possam

modificar a qualidade de vida de seu povo e de sua família. O Estado não educa o povo para a

cidadania, dotando-lhe de conhecimentos necessários e espaço apropriado para a participação

nas decisões políticas que lhes afetam a vida, direta ou indiretamente.

Portanto, a mudança dessa situação de conflito, o restabelecimento da verdadeira essência

dessa relação, passa por uma mudança ética na sociedade, em especial de sua minoria

privilegiada, detentora do poder e principal participante das decisões políticas do país que,

historicamente, aliena o povo e vem mantendo-o como refém de sua própria ignorância, por

carência substancial de educação cidadã. Esse trágico quadro traz, como conseqüência, a total

ausência de conhecimentos necessários à capacidade de reflexão do cidadão sobre a realidade

em que ele está inserido.

Essa postura antiética torna o cidadão concorrente direto do Estado, e um dos efeitos mais

visíveis dessa postura é a sonegação de tributos, a aquisição de produtos “piratas” e o pouco

caso que se dá com a coisa pública.

31

Perde-se, assim, a noção do que seria um bem público e a visão de interesse comum. O

patrimônio público é considerado pertencente ao Estado, é por isso entendido como

propriedade alheia, não do povo, mas de um Ente apartado e autônomo, que apenas almeja

cobrar tributos para fazer frente às despesas de seus interesses mesquinhos. Gera-se, assim,

uma situação de rancor e conflito, inclusive com a depredação do patrimônio coletivo e com o

descaso com a conservação dos bens públicos.

Urge, portanto, uma postura mais ética e responsável dos indivíduos de nossa sociedade,

especialmente dos homens que detêm o poder. Nesse sentido, iniciativas que fortaleçam a

democratização do conhecimento e a participação cidadã, mais do que bem vindas, devem ser

permanentes, sólidas e dignas de crédito por parte da opinião pública e dos demais

interessados no bem-estar coletivo.

4.2 O PROGRAMA DE EDUCAÇÃO FISCAL BRASILEIRO

Pereira (s.d., p. 4) sintetiza o conceito de Educação Fiscal nos seguintes termos:

[...] podemos estabelecer a seguinte definição para esta nova área temática: A educação fiscal pode ser entendida como os processos mediante os quais o indivíduo e a coletividade constroem valores, conhecimentos, atitudes, habilidades, interesse ativo e competência voltados para o planejamento, a gestão e o controle dos recursos públicos, de forma responsável, com base no exercício da cidadania e da co-responsabilidade, visando ao bem comum, à melhoria da qualidade de vida e à sustentabilidade social.

Segundo Gonçalves (2002), resumindo a evolução histórica da Educação Fiscal no Brasil, o

País experimentou algumas campanhas transitórias voltadas para educação tributária, cuja

função principal era a de convencer o cidadão da necessidade de se pagar tributos, diminuindo

sua resistência através da conscientização de sua importância para o Estado.

32

Ainda de acordo com o mesmo autor, as iniciativas foram isoladas, e partiram das Secretarias

de Fazenda dos estados e da Secretaria da Receita Federal. Porém, valeram como prática, que,

conjugada às experiências de países mais desenvolvidos, serviram para a elaboração de uma

proposta elaborada por técnicos fazendários estaduais aos Secretários de Fazenda dos estados,

membros do Conselho Nacional de Política Fazendária (CONFAZ), reunidos no mês de maio

de 1996, no Ceará. O objetivo da proposta era o da criação de um Programa Nacional que

proporcionasse à sociedade condições mínimas de cidadania.

Atendendo à sugestão proposta, o CONFAZ, em julho de 1997, aprovou a criação de um

Grupo de Educação Tributária (GET), cuja composição inicial foi de técnicos fazendários dos

estados brasileiros e, gradativamente, foi adicionada com representantes das Secretarias da

Receita Federal e educadores das Secretarias de Educação dos Estados.

O citado grupo elaborou uma proposta final envolvendo os três níveis de governo, cujo teor

voltava-se para uma educação permanente focada no aspecto fiscal - e não somente tributário

como ocorreu em programas anteriores - com ênfase na disseminação de conhecimentos

relacionados à administração pública, controle social, participação, organização, mobilização

social e no exercício da cidadania.

Do trabalho realizado nasceu o PNEF, que foi experimentalmente implantado nos Estados do

Mato Grosso, Rio Grande do Norte e Ceará em 1998 e, nos anos subseqüentes, nos demais

Estados da Federação, com exceção do Rio Grande do Sul, que por opção não aderiu ao

Programa.

O PNEF vem sendo implementado nos diversos Estados do Brasil através do Grupo de

Educação Fiscal Estadual (GEFE), de cada uma dessas unidades da Federação, cuja

composição conta com membros das Secretarias de Estado da Fazenda e da Educação e da

Secretaria da Receita Federal. Cabe a esses grupos estaduais, dentre outras atribuições

inerentes ao Programa Nacional, a elaboração de material didático, a capacitação de

disseminadores e de professores para a educação fiscal, a realização de eventos relacionados

ao tema, bem como o monitoramento dos projetos desenvolvidos e sua avaliação.

O propósito do Programa é a internalização da noção de cidadania nos indivíduos, com o

conseqüente estímulo à sua participação na vida política de sua cidade e de seu país, trazendo,

como conseqüência indireta, o bem-estar de suas famílias.

33

Como benefício maior para a sociedade, o PNEF contribuiria para um relacionamento

harmonioso entre o Estado e o cidadão, tornando este um co-responsável direto pelo destino

de seu país, por resgatar a noção de bem comum.

O papel dos professores seria fundamental para o alcance dos objetivos, pois, como um dos

principais formadores de opinião e dotados de conhecimentos mais específicos sobre a

estrutura e o funcionamento da Administração Pública, contribuiriam para que as práticas

internalizadas fossem adequadamente disseminadas.

Com esse espírito de solidariedade, o PNEF foi desmembrado em cinco módulos estratégicos:

• Módulo I: destinado ao ensino de conceitos básicos, mas importantes, relacionados à

Educação Fiscal, para crianças do ensino fundamental;

• Módulo II: voltado para adolescentes do ensino de 2º grau, foi concebido para a

transmissão de conhecimentos um pouco mais aprofundados sobre educação fiscal;

• Módulo III: tendo como interessados principais os servidores públicos, objetivando obter

importantes disseminadores no processo de conscientização social, além de transformar

as mentes daqueles que, como o próprio nome sugere, servem à sociedade para que ela

disponha de serviços públicos de excelência;

• Módulo IV: direcionado para alunos universitários, a fim de completar o ciclo de

conscientização cidadã na vida estudantil; e

• Módulo V: ofertado à sociedade em geral, a fim de fomentar a participação cidadã,

abrangendo aqueles que não voltariam para os bancos escolares, focalizando-se,

preferencialmente, nesse caso, as organizações onde esse público possa ser encontrado,

tais como: associações, sindicatos, organizações não-governamentais, dentre outros.

34

Os Estados, até março de 2003, contaram com o financiamento de suas atividades pelo Banco

Interamericano de Desenvolvimento (BID), através do Programa Nacional de Apoio à

Modernização da Administração Fiscal dos Estados Brasileiros (PNAFE), bem como com

dotações próprias de seus próprios orçamentos.

Com a aprovação do Programa Nacional de Apoio à Modernização da Administração Fiscal

dos Municípios (PNAFM), os municípios brasileiros também puderam contar como recursos

do BID para a inclusão da Educação Fiscal na rede municipal de ensino.

Para Gonçalves (2002, p. 13, 14), o PNEF é, sem dúvida, um dos programas de maior

importância e sucesso em nosso País, pois ele reúne um conjunto de pontos altamente

positivos em sua concepção, implementação e resultados:

• É uma atividade concebida para ser permanente, acompanhando a criança desde o início escolar até a idade adulta, reúne os sistemas fazendário e educacional de cada Estado e já produz resultados positivos durante os últimos cinco anos de sua implementação; • Para os adultos, o Programa mantém módulos específicos destinados aos universitários, aos funcionários públicos e à sociedade em geral, fazendo com que todos possam ter acesso e participação em suas atividades; • Representa uma atitude inédita e inovadora do Estado, oferecendo condições e convidando os cidadãos a participarem mais da administração da coisa pública e a exercerem um maior controle social sobre as ações do Governo; • Além dos objetivos de fortalecer o exercício pleno da cidadania, a ação do PNEF possibilita a inserção social de uma grande parcela da população que não conhece e nem exercita plenamente seus direitos e deveres. • É impressionante a aceitação do PNEF pelos professores, alunos e todos os demais segmentos da sociedade, despertando enorme interesse em participar do Programa. • Diretores e professores das escolas onde o Programa já foi implantado, são unânimes em afirmar que o próprio comportamento das crianças tem mudado, com o entendimento de bem público, de como financiá-los e mantê-los, qual a função sócio-econômica do tributo. • Para se ter uma idéia do alcance e do vulto do PNEF, basta dizer que ele pretende atingir 36 milhões de alunos do ensino fundamental, nove milhões de estudantes de ensino médio e cinco milhões de universitários.

Em seu trabalho, Gonçalves apresenta os primeiros resultados alcançados pelo PNEF junto às

escolas de ensino fundamental e médio de todo o País, como síntese das atividades do

Programa até março de 2002, conforme informações obtidas junto à coordenação do

35

Programa. Em tal estudo, ficou demonstrado, por exemplo, que, no período examinado, em

vinte e um Estados da Federação, foi alcançado o quantitativo total de 2.560.984 alunos.

Em que pese a quantidade expressiva de alunos alcançados pelo Programa, o autor destaca os

significados e efeitos ampliados do programa, que no seu entendimento, embora não possam

ser mensurados fisicamente, “podem ser percebidos naturalmente junto ao público-alvo

envolvido” (GONÇALVES, 2002):

a) construir o Estado que queremos;

b) explorar melhor o ambiente apropriado de mudança;

c) fornecer a educação como mecanismo de transformação;

d) desenvolver a consciência crítica da sociedade;

e) compartilhar o conhecimento sobre gestão pública;

f) reforçar a noção de bem público;

g) aumentar a participação e o controle social;

h) aumentar a eficiência e transparência do Estado;

i) aumentar a responsabilidade fiscal;

j) fortalecer a ética na Administração Pública;

l) melhorar o perfil do homem público;

m) reduzir a corrupção;

n) reduzir o custo-cidadão;

o) refletir mais sobre nossas práticas sociais;

p) harmonizar a relação Estado/cidadão;

q) melhorar o cumprimento voluntário;

r) assegurar o equilíbrio fiscal no longo prazo;

s) saldar parte da enorme dívida social;

t) que não sejamos cidadãos de papel; e

u) tornar a cidadania permanente.

36

4.3 O PROGRAMA DE EDUCAÇÃO FISCAL NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

O Programa de Educação Fiscal do Estado do Rio de Janeiro (PEF/RJ) foi criado em fevereiro

de 2000, em conformidade com o PNEF. Em outubro do mesmo ano, iniciou-se o Projeto de

Educação Fiscal nas Escolas do Estado e foram desenvolvidas diversas atividades, conforme o

histórico elaborado pelo GEFE-RJ que pode ser visualizado no Quadro I, a seguir:

37

Quadro 4 – Histórico da Educação Fiscal no Rio de Janeiro. Fonte: PEREIRA, s.d.,p.5; Grupo de Educação Fiscal do Rio de Janeiro – GEFE-RJ. Nota: dados trabalhados pelo autor, retirados do site http://www.educacaofiscal.rj.gov.br/ProgEducFiscal.shtml , em 15 fev. 2007.

Mês Ano Instrumento Objetivo/integrantes

Fev. 1998

Portaria n.º 35 do Ministério da Fazenda/ Ministério da Educação.

Institui o Grupo de Educação Fiscal, de caráter nacional, formado por representantes da ESAF, Receita Federal, Secretarias de Estado de Educação e Secretarias de Estado de Fazenda.

Fev. Decreto n.º 26.023 de 25 de fevereiro de 2000.

Cria o Programa de Educação Fiscal do Estado do Rio de Janeiro (PEF/RJ), a Comissão Mista Permanente e o Grupo de Educação Fiscal do Estado do Rio de Janeiro (GEFE-RJ).

Resolução Conjunta SEE/ SEFCON n.º 43 de 02 de maio de 2000.

Dispõe sobre as atribuições da Comissão Mista Permanente, a Competência de seus Membros. Designa os Servidores que integrarão o Grupo de Trabalho do PEF/RJ.

Mai. I Encontro “Educação Fiscal chegando às Escolas- Hotel Othon.

Lançamento oficial do Programa de Educação Fiscal do Estado do Rio de Janeiro, dirigido aos coordenadores regionais da SEE.

Set./Out.

2000

Concorrência Pública para Seleção da executora do Projeto de Educação Fiscal nas Escolas.

Início das atividades da fase 1.

Lei estadual nº. 3.721 de 26 de novembro de 2001.

Autoriza a introdução de conhecimentos sobre finanças e orçamentos públicos no currículo do ensino médio e técnico das escolas públicas e privadas do Estado do Rio de Janeiro.

Nov. 2001

Seminário Avaliação da fase 1 do Projeto de Educação Fiscal nas Escolas.

Mar.

Contrato entre a Secretaria de Estado de Educação-RJ e a Universidade Cândido Mendes/ Databrasil Ensino e Pesquisa.

Realização do curso de pós-graduação lato sensu em Educação Fiscal, Gestão Social e Desenvolvimento de Projetos para profissionais da rede pública de ensino e curso de Atualização para cidadãos de 47 municípios do Rio de Janeiro - Fase 2 do Projeto de Educação Fiscal nas Escolas.

Abr. Organização dos três eixos do Programa de Educação Fiscal do Estado – RJ.

- Secretaria de Estado de Fazenda; - escolas; e - municípios.

Jun. Início do c.urso de pós-graduação .

Tema: “Educação Fiscal, Gestão Social e Desenvolvimento de

Projetos”.

Ago. Seminário Um Tributo ao Educador Cidadão.

Projeto de Educação Fiscal nas Escolas- para autoridades governamentais, cidadãos da sociedade organizada, coordenadores e alunos do curso de pós-graduação.

Set./out. Seminários A Educação Fiscal Chegando aos Municípios.

Integração das ações do PEF-RJ - Projeto de Educação Fiscal nas Escolas.

Out.

Início do curso de Atualização em Educação Fiscal em 47 municípios do estado do Rio de Janeiro.

Cerca de 3.200 alunos, em 82 turmas, tendo como professores os cursistas da pós-graduação do Projeto de Educação Fiscal nas Escolas.

Nov./ Dez.

Monitoramento do curso de Atualização e realização de pesquisa participativa.

Âmbito estadual.

Dez.

2002

Conclusão do curso de pós-graduação lato sensu.

Educação Fiscal, Gestão Social e Desenvolvimento de Projetos.

Set.

Relatório de Avaliação do PNEF, Ano-Base 2001.

Coloca o Programa de Educação Fiscal do Rio de Janeiro como uma das principais referências em Educação Fiscal do país.

Nov.

2003 Reunião integrada "Educação Fiscal no Rio de Janeiro":

Estado (SEE e SER), a 7ª Região Fiscal da Secretaria da Receita Federal e a ESAF: desenvolver ações conjuntas no âmbito da Educação Fiscal.

junho

2004

Seminário Executivo "Responsabilidade Fiscal e Responsabilidade Social - um binômio necessário".

Reúne gestores e funcionários públicos para aprofundamento do tema e debate.

- 2005 Capacitação de tutores para cursos on-line.

Formação à distância de 470 novos disseminadores em Educação Fiscal.

38

A Tabela 1 apresenta a avaliação acumulada do Programa de Educação Fiscal do Governo do

Estado do Rio de Janeiro no período 2000/2005.

Tabela 1 – Avaliação cumulativa do PEF/RJ de 2000 a 2005

Resultados Quantidade

Escolas atingidas

570

Professores capacitados

2.400

Cidadãos qualificados

2.188

Alunos instruídos

(estimativa)

120.000

Municípios alcançados

92

Fonte: Grupo de Educação Fiscal do Rio de Janeiro – GEFE-RJ. Nota: retirado do site em 15 fev. 2007.

<http://www.educacaofiscal.rj.gov.br/AvaliacaoCumulativa2000_2005.shtml>

Vale ressaltar que Governo do Estado adotou, em 2002, para o desenvolvimento de suas

atividades junto às escolas, os seguintes requisitos (PEREIRA,s.d), relacionados com os

efeitos ampliados do PNEF, mencionados na seção anterior:

a) Visão sistêmica ou holismo: diz respeito a considerar a realidade social, política e

econômica na qual os alunos estão inseridos, como base para o modelo teórico adotado e

como diretriz norteadora da ação coletiva;

b) Participação e co-responsabilidade social: tem o sentido de incentivar a participação dos

indivíduos para que eles abandonem uma concepção meramente contemplativa da realidade

social, política e econômica e tornem-se protagonistas de uma grande transformação positiva,

tornando-se co-responsáveis pelos processos de mudança;

39

c) Transversalidade: por força das mudanças, altamente positivas, promovidas pela

Constituição Federal de 1988 e a nova LDB, foi possível criar condições para a elaboração

dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), cuja essência é a ênfase na educação para a

cidadania, possibilitando a inserção de questões sociais nos currículos. Assim, a Educação

Fiscal deve ser inserida nos currículos como tema transversal, ou seja, todas as áreas e

disciplinas deverão contribuir para que o aluno desenvolva competências para que intervenha

na sua realidade, a fim de transformá-la, visando ao bem-estar social. Tal fundamento

proporcionou ao Estado do Reio de Janeiro editar a Lei n.º 3.721 de 26 de novembro de 2001,

que autorizou o Poder Executivo a introduzir conhecimentos específicos no currículo das

escolas públicas estaduais das redes pública e privada;

d) Cidadania: a cidadania está intimamente ligada à Educação Fiscal, que a desenvolve

através da disseminação de conhecimentos indispensáveis ao entendimento do contexto em

que o cidadão está inserido, levando-o à transformação de sua realidade. A razão da existência

da Educação Fiscal seria, então, a formação integral do indivíduo, com vistas ao seu exercício

pleno da cidadania, e esta formação só pode ser concretizada quando se supera a

disciplinaridade, característica da educação tradicional brasileira;

e) Criatividade: é considerada imprescindível na descoberta de atividades inovadoras e

práticas, contrárias ao simples domínio de conhecimentos teóricos e a habilidades

instrumentais. A solução dos problemas sociais passa, então, pela busca de soluções criativas,

devendo-se, assim, incentivá-las, objetivando o enfrentamento efetivo das dificuldades sociais

que não podem ser solucionadas pelas vias convencionais;

f) Diagnóstico e intervenção: a cidadania pressupõe o diagnóstico e a intervenção do

indivíduo em sua realidade, trazendo, como conseqüência, o bem-estar da coletividade. A

Educação Fiscal trabalha no preparo dos indivíduos para que ele busque continuamente o

diagnóstico preciso do problema social a ser resolvido e a sua intervenção mais adequada,

num processo de integração entre a identificação do problema e as ações a serem executadas

para solucioná-lo;

40

g) Autonomia: a autonomia é papel fundamental na Educação Fiscal, não no sentido

individualista da palavra, mas no entendimento, pelo cidadão, de que ele é possuidor de

direitos e deveres e, portanto, possui liberdade de escolhas, devendo, contudo, assumir a

responsabilidade de seus atos. A autonomia garante aos indivíduos condições de discutir com

a sociedade a solução de seus problemas coletivos, garantindo a todos sua participação

individual no processo democrático;

h) Interdisciplinaridade: para que o indivíduo busque o entendimento de sua realidade, bem

como a melhor solução para os problemas da sociedade, deverá ser dotado de conhecimentos

de diversas disciplinas (por exemplo: história, direito, economia e ciências contábeis). Daí a

Educação Fiscal voltar-se para a busca da integração de diversas áreas do conhecimento, a fim

de dar ao indivíduo elementos para que possa participar da solução dos problemas sócio-

econômicos que afetam a coletividade;

Como se depreende da análise da atuação do Governo do Estado, visando à implementação da

Educação Fiscal em seu território, um trabalho imprescindível vem sendo desenvolvido, cuja

essência é a educação constante e permanente para a construção de uma sociedade

participativa e cidadã. Portanto, não devem ser poupados esforços de todos os órgãos e

entidades do Estado para a continuidade e para o aprimoramento do PNEF. Nesse sentido, a

contribuição do TCE-RJ é de fundamental importância para o êxito do Programa.

Esta comunhão de esforços contribuirá para o aumento do interesse do povo em efetuar um

controle social mais eficiente, trazendo como conseqüência, por exemplo, uma maior

efetividade das políticas públicas e da criação de condições ideais para, quem sabe num futuro

próximo, possibilitar o exercício amplo de uma cidadania deliberativa, que na visão de

Tenório (2004, p. 107),

esboça-se a imagem de uma sociedade descentralizada e que se caracteriza por um espaço público que serve para apresentar, identificar e solucionar problemas sociais. Nesse tipo de cidadania a solução das questões subnacionais, por exemplo, não deve ser planejada exclusivamente pelo poder político e/ou tecnoburocrático ou atender a interesses sociais corporativos, mas compartilhar com a sociedade civil por meio de um procedimento político argumentativo no qual a cidadania delibera, decide, com os outros poderes, interesses da comunidade.

41

Este capítulo abordou as experiências brasileiras realizadas no campo da Educação Fiscal e a

sua relevância no sentido de harmonizar a relação Estado/cidadão.

42

CAPÍTULO 5

O PAPEL DO TRIBUNAL DE CONTAS

O presente capítulo tem como objetivo demonstrar a essência democrática dos Tribunais de

Contas, destaca a relevante missão do TCE-RJ e de sua Escola de Contas e Gestão no

desenvolvimento da cidadania, além de apresentar a possibilidade e importância de parcerias

com outras instituições.

5.1 HISTÓRIA E ATRIBUIÇÕES

Segundo Silva (1991, p. 627),

A tentativa de instituir Tribunal de Contas, no Brasil, por primeira vez foi idéia dos Senadores do Império, Visconde de Barbacena e José Inácio Borges, em 1826. Em 1845, novo projeto no mesmo sentido fora apresentado ao parlamento por Manoel Alves Branco. Se bem que a idéia volvesse com Pimenta Bueno, Silveira Martins, Visconde de Ouro Preto e João Alfredo, o Império não possuiu o seu Tribunal de Contas. Foi criado, logo no início da República, pelo Dec. 966-A/90, devido à iniciativa de Ruy Barbosa. Institucionalizou-se através do art. 89 da Constituição de 1891, que estatuiu: “É instituído um Tribunal de Contas para liquidar as contas da receita e despesa e verificar a sua legalidade, antes de serem prestadas ao Congresso”. Daí passou para todas as outras Constituições, que lhe reservaram cada vez mais espaço, encontrando seu ponto alto na Constituição de 1946, onde alcançaram grande prestígio, dadas a suas relevantes e independentes atribuições constantes do art. 77. A Constituição de 1967 e suas alterações posteriores diminuíram substancialmente as prerrogativas do Tribunal, mas a Constituição de 1988 o eleva possivelmente mais além do que fora sob a égide da Constituição de 1946, especialmente porque dera ao Poder Legislativo maiores atribuições. As Cortes de Contas sempre seguem as posições do Poder Legislativo. Quando este está sufocado pelo autoritarismo ou pela perda de atribuições básicas, aquelas sofrem as conseqüências em grau mais profundo.

43

Ora, o princípio da prestação de contas da administração, direta e indireta, constante do art. 34, VII, “d”, só tem eficácia de princípio do Estado democrático enquanto as demais instituições de apuração dessas contas gozarem de autonomia e prestígio para o cumprimento dessa elevada missão, do contrário tudo não passará de mero exercício de formalidades vazias de resultados práticos.

É nítido, portanto, o papel histórico das Cortes de Contas em favor da democracia, refletindo

o momento político do país. Os Tribunais de Contas são tão mais fortes quanto mais forte for

a democracia, sua autonomia e prestígio decaem com o enfraquecimento da cidadania. Daí a

imensa importância que a Constituição da República de 1988 (“Constituição Cidadã”)

conferiu a essa instituição essencialmente democrática.

Na visão de Meirelles (1995, p. 603 e 604),

A fiscalização financeira e orçamentária é conferida em termos amplos ao Congresso Nacional, mas se refere fundamentalmente à prestação de Contas de todo aquele que administra bens, valores ou dinheiros públicos. É decorrência natural da administração como atividade exercida em relação a interesses alheios. Não é, pois, a natureza do órgão ou da pessoa que a obriga a prestar contas; é a origem pública do bem administrado ou do dinheiro gerido que acarreta para o gestor o dever de comprovar seu zelo e bom emprego. [...] O controle externo visa a comprovar a probidade da Administração e a regularidade da guarda e do emprego dos bens, valores e dinheiros públicos, assim como a fiel execução do orçamento. É, por excelência, um controle político de legalidade contábil e financeira, o primeiro aspecto a cargo do Legislativo; o segundo, do Tribunal de Contas.

Vale ressaltar, como complemento, as amplas atribuições dos Tribunais de Contas a partir da

vigência da Constituição da República de 1988, que, conforme o disposto no art. 71 da Magna

Carta, engloba a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial dos

entes públicos; além de pessoas físicas ou jurídicas, públicas e privadas, que tenham recebido

recursos públicos.

É importante mencionar que

[...] o modelo federal deverá ser seguido pelos Estados-Membros, Distrito Federal e Municípios, inclusive em relação à composição e modo de investidura dos respectivos conselheiros, respeitando-se a proporcionalidade de escolha entre o Poder Executivo e o Poder Legislativo, nos mesmos moldes da Constituição da República (MORAES, 2002, p. 394).

No Estado do Rio de Janeiro, a competência e jurisdição do TCE-RJ estão previstas na Lei Complementar nº 63, de 1º de agosto de 1990, complementada pelo Regimento Interno, aprovada pela Deliberação nº 167, de 10 de dezembro de 1992.

44

5.2 A ESCOLA DE CONTAS E GESTÃO DO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

A Deliberação TCE-RJ nº. 231, de 30 de agosto de 2005, autorizada pelo art. 38 da Lei nº.

4.577, de 12 de julho de 2005, transformou o Instituto Serzedello Corrêa (ISE) na Escola de

Contas e Gestão do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro e aprovou o seu

Regimento Interno, nos termos do art. 102 da Lei Complementar nº. 63 de 1º de agosto de

1990.

A ECG/TCE-RJ, órgão autônomo vinculado à presidência do TCE-RJ, destina-se a promover

ensino e pesquisa na área de gestão pública, voltados para o desenvolvimento e a difusão de

conhecimentos, modelos e metodologias comprometidas com inovação, transparência,

responsabilização, melhoria do desempenho e do controle governamental, em consonância

com as expectativas e necessidades da sociedade.

A Escola de Contas e Gestão funciona como uma unidade orçamentária independente, com

inscrição no CNPJ e receitas próprias, decorrentes de suas atividades e das multas aplicadas

pelo Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro a seus jurisdicionados, além das

dotações orçamentárias que lhe forem atribuídas.

45

O art. 2º do Regimento Interno da ECE/TCE-RJ define as principais ações a serem

executadas, dentre as quais se destacam:

[...]

II - desenvolver programas com conteúdo básico voltado para o aprimoramento das atividades profissionais e técnicas, e para a difusão de competências comportamentais, de gestão pública e do macro-contexto, a fim de assegurar o atendimento das necessidades do TCE-RJ, bem como das esferas municipal e estadual;

III – organizar e administrar cursos de curta e média duração para a divulgação de temas específicos, cursos de aperfeiçoamento ou atualização, para transmitir conceitos, práticas operacionais, ferramentas de gestão e controle, cursos customizados para atender demandas específicas [...];

IV - promover inovação da gestão pública através da geração e disseminação do conhecimento nas diversas áreas de governo; V - atualizar, reciclar e ensinar novas tecnologias que favoreçam a excelência no exercício do controle externo;

VI – Incentivar a produção científica em matéria de interesse da administração pública, bem como realizar estudos, análises e pesquisas técnicas e científicas relacionadas aos temas de gestão pública;

[...]

VIII - promover e organizar conferências, simpósios, seminários, palestras sobre questões relacionadas com as técnicas de controle da administração pública e outros temas relevantes da gestão pública;

[...]

XII - promover disseminação do conhecimento e da prática acumulada da Instituição Tribunal de Contas;

XIII - dinamizar e integrar o trabalho cooperativo e colaborativo com outras instituições de ensino e pesquisa, visando estruturar-se como uma organização em rede;

[...]

O parágrafo único do art. 2º do Regimento Interno, inciso IV, prevê como um dos princípios

gerais, norteadores das ações da Escola de Contas e Gestão a democratização do

conhecimento.

46

O art. 10 estabelece que as ações de formação e capacitação devem observar, dentre outros,

aos seguintes princípios:

I - vinculação à missão institucional e às estratégias do Tribunal;

[...]

VII - busca da melhoria e inovação dos processos educacionais; [...]

IX - estabelecimento de parcerias, convênios e instrumentos afins.

O art. 11 autoriza o custo compartilhado com outros órgãos e entidades, públicos ou privados,

nas ações de formação e capacitação, de acordo com o previsto em instrumento próprio e nas

normas e legislação vigentes.

O art. 12 determina que na eventual impossibilidade do atendimento da ação de formação e

capacitação com recursos materiais, instrucionais ou didáticos próprios, a Escola verificará as

alternativas de realização junto a outras entidades aptas à prestação do serviço.

Por fim, o art. 20 define que podem participar dos cursos de formação e capacitação os

servidores deste Tribunal e dos órgãos e entidades jurisdicionadas e, quando autorizados pelo

Presidente, os servidores de órgãos e entidades não-jurisdicionados. Ressalte-se que segundo

o parágrafo único do citado artigo, os servidores podem ser do quadro permanente,

requisitados ou ocupantes exclusivamente de cargo em comissão.

Percebe-se, portanto, que embora o papel mais conhecido dos Tribunais de Contas seja o de

fiscalizador das contas públicas, a sua atuação na educação poderá ser tão relevante quanto a

de controle externo.

A educação tem um papel fundamental, se não o mais importante, na formação cidadã dos

indivíduos, e é justamente num contexto onde a participação cidadã se torna imprescindível

para a eficiência da administração pública, que a ECG/TCE-RJ poderá dar a sua contribuição.

Como se pode observar nos dispositivos legais mencionados, a ECG/TCE-RJ foi instituída

sob um arcabouço jurídico extremamente moderno, que lhe permite desempenhar, dentre

outras atividades, uma série de ações voltadas para a Educação Fiscal. Cabe ressaltar a

possibilidade de sua atuação em rede, seja dinamizando e integrando o trabalho cooperativo e

47

colaborativo com outras instituições de ensino e pesquisa, seja com o estabelecimento de

parcerias, convênios e instrumentos afins, ou mesmo efetuando ações de formação e

capacitação através de terceiros ou através do compartilhamento de custos com outros órgãos

e entidades, públicas ou privadas.

Este capítulo abordou o papel dos tribunais de contas para a democracia, destacando a

relevância das atribuições da ECG-RJ e da importância de sua atuação em rede com outras

instituições.

48

CAPÍTULO 6

METODOLOGIA

Considerando a natureza do problema da pesquisa e os critérios considerados mais

apropriados pelo autor, é apresentada, no presente capítulo, a metodologia de pesquisa

utilizada. São descritos o tipo de pesquisa, o universo da pesquisa de campo, a forma de coleta

e tratamento dos dados, bem como as limitações do método utilizado.

6.1 TIPO DE PESQUISA Considerou-se a taxonomia proposta por Vergara (2006), que qualifica a pesquisa em relação

a dois aspectos, quanto aos fins e quanto aos meios:

Quanto aos fins

A pesquisa apresentada, quanto aos objetivos a que se propõe, é do tipo aplicada, que,

segundo Vergara (2006, p. 47),

[...] é fundamentalmente motivada pela necessidade de resolver problemas completos, mais imediatos, ou não. Tem, portanto, finalidade prática, ao contrário da pesquisa pura, motivada basicamente pela curiosidade intelectual do pesquisador e situada sobretudo no nível da especulação.

49

Quanto aos meios

Com relação aos meios de investigação, a pesquisa deve ser considerada:

a) bibliográfica: teve como fontes de pesquisa utilizada a Constituição Federal, legislações

específicas, livros, artigos, teses, monografias e textos disponíveis em jornais, revistas

especializadas e Internet;

b) documental: já que se fez uso de documentos internos, não publicados, do GEFE-RJ e da

ECG/TCE-RJ;

c) de campo: considerando que foram entrevistados, “in loco”, representantes do GEFE-RJ e

da ECG/TCE-RJ.

6.2 UNIVERSO DA PESQUISA DE CAMPO

O universo da pesquisa de campo consistiu:

a) na representante do GEFE-RJ, servidora da Secretaria de Estado de Fazenda do Rio de

Janeiro (SER/RJ), com competência para representar o Governo do Estado no Programa de

Educação Fiscal;

b) nos integrantes das diversas coordenadorias1 da ECG/TCE-RJ, quais sejam:

� o Coordenador Geral Acadêmico: cuja competência é propor diretrizes para o Plano

Diretor e o Plano Anual de Formação e Capacitação da Escola, no que diz respeito aos cursos

de longa duração (graduação, aperfeiçoamento e pós-graduação lato sensu e stricto sensu);

� a Assessora Pedagógica: tem como função dar suporte à Direção Geral no

desenvolvimento da linha pedagógica a ser implantada na ECG-RJ, promovendo a articulação

e a integração dos órgãos que compõem a Escola e realizando, de forma integrada com as

1 As atribuições dos entrevistados da ECG/TCE-RJ foram extraídas do site institucional do TCE-RJ.

50

demais coordenadorias, ações com a finalidade de planejar, acompanhar e avaliar o processo

educacional;

� o Coordenador Geral de Capacitação: é o responsável pela definição e implantação do

Programa Anual de Formação e Capacitação da Escola de Contas e Gestão. Cabe à sua

Coordenadoria detectar as necessidades e promover a formação e a reciclagem profissional

dos servidores do TCE-RJ e dos órgãos e entidades jurisdicionadas, por meio da execução de

cursos de curta e média duração;

� a Coordenadora Geral de Estudos e Pesquisas: tem como atribuição mais relevante

estimular a produção técnico-científica em matérias de interesse amplo e específico da gestão

pública, estimulando a criação de estudos, análises e pesquisas visando à inovação de práticas

públicas.

6.3 COLETA DE DADOS

Na coleta de dados através das pesquisas bibliográficas, foram consultadas teses, dissertações,

livros, artigos e legislações disponibilizados por diversas instituições, inclusive os arquivos

eletrônicos da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e das instituições governamentais envolvidas,

tendo como objetivo principal a obtenção de dados e informações sobre: a história e a

filosofia da educação em geral e no Brasil; cidadania; democracia; tributos; educação fiscal no

Brasil e no Estado do Rio de Janeiro; e os Tribunais de Contas, a ECG/TCE-RJ e o GEFE-RJ.

51

Para a pesquisa documental, foram solicitados, em campo, documentos internos da Escola

Fazendária vinculada à Secretaria de Estado de Fazenda do Rio de Janeiro (SER-RJ), com o

propósito principal de coletar informações atualizadas sobre a atuação do órgão na área de

educação e cidadania e sobre a existência de eventuais parcerias relacionadas ao tema,

inclusive entre outras entidades e órgãos de outros estados da federação.

Foram realizadas, também, através de pesquisa de campo, entrevistas informais com os

coordenadores e representantes dos dois órgãos acima citados. Valendo ressaltar que, segundo

Vergara (2006, p.55), a “entrevista informal ou aberta é quase uma “conversa jogada fora”,

mas tem um objetivo específico: coletar os dados de que você necessita”.

A primeira entrevista informal foi feita com a representante da Secretaria de Estado de

Fazenda no GEFE-RJ, no o intuito de obter informações mais recentes sobre as ações que

vêm sendo desenvolvidas pelo citado Órgão, bem como visando coletar sugestões de como o

TCE-RJ, através da ECG/TCE-RJ, poderia colaborar, em parceria com a Secretaria de Estado

da Receita do Rio de Janeiro (SER-RJ), para a efetividade do PNEF. Após a realização da

entrevista, foi solicitado o preenchimento de um questionário (APÊNDICE), com o fito de

obter tais informações e sugestões organizadas e categorizadas por escrito.

As demais entrevistas foram realizadas em momento posterior, com os coordenadores da

ECG/TCE-RJ, e visou à obtenção de sugestões e orientações sobre os procedimentos

necessários à implementação e à viabilização das ações propostas pela representante da

Secretaria de Estado de Fazenda no GEFE-RJ.

6.4 ANÁLISE DE DADOS

O tratamento dos dados foi qualitativo, tendo como técnica empregada a análise de conteúdo

das entrevistas informais efetuadas, do questionário aplicado e dos documentos e materiais

publicados, relacionados ao tema do presente estudo.

52

6.5 LIMITAÇÕES DO MÉTODO

Além dos tópicos apresentados neste trabalho, outros temas foram identificados nos relatos

coletados, porém mostrou-se necessário selecionar aqueles com maior relação com o objetivo

deste estudo. Assim sendo, são apontadas algumas limitações, resultantes de sua abordagem

específica:

a) o presente estudo não permite generalizações das conclusões extraídas em relação aos

demais tribunais de contas brasileiros;

b) o propósito do estudo não foi investigar todas as atividades desenvolvidas pela ECG/TCE-

RJ e/ou pela Escola Fazendária do Estado. A importância deste trabalho para a Administração

Pública reside na constatação de que algo deverá ser feito para a melhoria da qualidade de

vida da sociedade e, nesse aspecto, o TCE-RJ, atuando através da recém-criada ECG/TCE-RJ,

apresenta condições para desenvolver, através de parcerias, atividades inovadoras, com vistas

ao fortalecimento do controle social, trazendo como efeito a transformação da situação em

que vivemos;

c) essa pesquisa não pretendeu elaborar qualquer tipo de análise mais profunda do PNEF, nem

analisar de maneira detalhada os efeitos obtidos nos seus vários anos de existência, restringiu-

se, portanto, a apresentar algumas avaliações quantitativas, além de identificar seus efeitos

mais amplos na sociedade;

d) por abranger os conceitos presentes na literatura dominante e também abordagens

alternativas de três diferentes temas (educação, cidadania e tribunal de contas), não foi

possível aprofundar a discussão dos conceitos específicos de cada um deles neste trabalho.

O capítulo apresentado discorreu sobre a metodologia empregada para coletar os dados

necessários à realização da presente pesquisa, bem como suas limitações, em razão da

abordagem específica empregada. Os resultados obtidos serão indicados no capítulo seguinte.

53

CAPÍTULO 7

RESULTADOS DA PESQUISA

Neste capítulo serão analisadas as respostas das entrevistas informais realizadas junto ao

GEFE-RJ e à ECG/TCE-RJ, bem como identificadas as possíveis ações a serem realizadas

pelo TCE-RJ, visando à promoção e à institucionalização da educação fiscal, para o pleno

exercício de cidadania.

7.1 RESPOSTAS OBTIDAS JUNTO AO GEFE-RJ

Na entrevista efetuada com a representante do GEFE-RJ foi informado que o PNEF, em

conformidade com as metas estabelecidas pelo Planejamento Estratégico 2004/2007, não

contempla ações específicas, mas gerais, estando trabalhando a temática e/ou desenvolvendo

projetos de Educação Fiscal os seguintes atores, capacitados ou sensibilizados: servidores

federais, estaduais e municipais; cidadãos; professores; escolas e municípios.

A entrevistada informou, ainda, que as instituições gestoras do programa vêm formando sua

rede interna de disseminadores, que atuam e atuarão em todo o estado e municípios. Relatou

também que, a partir de junho de 2006, a Educação Fiscal avançou muito institucionalmente,

mencionando as seguintes ações desenvolvidas no período:

• assinatura do Convênio nº 001, de 07/06/2006, de Cooperação Técnica e Assistência

Mútua entre as Secretarias de Estado da Receita (SER-RJ), de Educação (SEE-RJ) e a

Secretaria da Receita Federal (representada pela Superintendência Regional da 7ª Região

Fiscal), na área de educação fiscal;

54

• edição de resoluções, no âmbito da SER-RJ e da SEE-RJ, designando representantes no

GEFE-RJ e portaria, no âmbito da Receita Federal, também com suas respectivas

designações;

• formalização de parcerias com a Controladoria Geral da União (CGU), através do

Programa "Olho Vivo no Dinheiro Público"; com O Forum Nacional Contra Pirataria

(FNCP); com as prefeituras de Itaperuna, Rio das Ostras e Vassouras; e com a Ordem dos

Advogados do Brasil (OAB), através do Programa "OAB Vai à Escola";

No âmbito da SEE-RJ, a entrevistada apontou o desenvolvimento das seguintes ações:

• palestras nas Coordenadorias de Educação, para coordenadores, gerentes de ensino,

diretores de escolas e orientadores pedagógicos, nas escolas, para grupos de professores e

alunos;

• realização de Seminário de Educação Fiscal, pela Secretaria de Educação;

• eventos "Escola Cidadã Faz a Diferença";

• concursos e atividades nas escolas estaduais;

A citada representante apresentou, finalmente, como exemplo de ações conjuntas no âmbito

federal, estadual e municipal no período:

• palestras nas universidades, câmara dos vereadores, prefeituras, escolas municipais,

conselhos municipais, sociedade civil organizada;

• concurso de projetos em Educação Fiscal, "I Prêmio de Projetos", com premiação dos três

melhores trabalhos e para os dez outros projetos apresentados. A premiação foi feita com

objetos doados pela Receita Federal (material apreendido);

• reformulação do site de Educação Fiscal;

• realização de ciclo de palestras na Escola Fazendária, com apresentação do Programa e

de ferramentas de controle social, como o site "Prestando Contas ao Cidadão";

55

• realização de capacitação de 994 cidadãos, sendo 67% de professores, através do Curso a

Distância de Disseminadores de Educação Fiscal, com certificação da ESAF; e

• formação de sete tutores em EAD, para atuarem no Curso a Distância de Disseminadores

de Educação Fiscal.

A entrevistada considerou fundamental a participação do TCE-RJ, atuando através da

ECG/TCE-RJ, na efetividade do PNEF, e sugeriu as seguintes ações de colaboração:

• formalização de Convênio de Cooperação Técnica e Assistência Mútua (sem aporte

financeiro), entre o GEFE-RJ e o TCE. Deverão ser desenvolvidas ações conjuntas, no

Estado, visando à mobilização e qualificação, de forma estratégica, do servidor público,

educadores e sociedade civil organizada, para o controle social, através das duas vertentes

do PNEF, arrecadação e o gasto público;

• esforço conjunto, em conformidade com o Planejamento Estratégico do PNEF,

objetivando a implantação do Programa nos Municípios, favorecendo ao cidadão

sedimentar a idéia de que tudo que é público é de todos e que todos devem exercer seu

papel acompanhando e fiscalizando a aplicação dos recursos públicos, desde a elaboração

da proposta orçamentária até sua execução e a conseqüente prestação de contas pelo

poder público;

• destinação de vagas semestrais para servidores do TCE-RJ no Curso a Distância de

Disseminadores de Educação Fiscal, com certificação ESAF, 80 h.. Sugestão de formação

de 1 turma por semestre (25 alunos);

• inclusão de palestras e sensibilizações nas ações desenvolvidas pelo TCE-RJ;

• recomendação expressa aos municípios quanto à implantação do Programa de Educação

Fiscal, buscando todo o apoio, o empenho e o compromisso pessoal de prefeitos,

secretários municipais de fazenda e educação.

56

7.2 RESPOSTAS OBTIDAS JUNTO À ESCOLA DE CONTAS

A idéia de se estabelecer uma parceria para a Educação Fiscal foi muito bem recebida pela

ECG/TCE-RJ.

Na entrevista realizada na Coordenadoria de Estudos e Pesquisas (COE), foi informado que a

parceria proposta está alinhada com o Regimento Interno da ECG/TCE-RJ, especialmente

com o disposto nos incisos III, IV e VI do art. 2º, já mencionados na seção 5.2.

Foi explicado que dentro da ECG/TCE-RJ, a citada Coordenadoria é responsável por

estimular e incentivar a produção de novos conhecimentos, principalmente, pelos servidores

do TCE-RJ e jurisdicionados, identificando fontes e redes de especialistas e estabelecendo

metodologia para formatação de estudos, análises e pesquisas. Incentiva a troca e a inovação

de novos saberes relacionados à atividade do TCE-RJ, promovendo fóruns, seminários com

outros tribunais de contas, órgãos e entidades da administração pública e instituições de

ensino superior.

Assim, tanto no regimento da ECG/TCE-RJ como na COE, são estimuladas ações que

promovam a disseminação de conhecimentos pertinentes a uma melhor atuação de órgãos

públicos, como, por exemplo, o TCE-RJ e demais órgãos estaduais. Essas ações resultam em

serviços de maior qualidade à população.

Foi afirmado que os programas elaborados, em parceria, procuram a atualização e o

aprofundamento em temas que vão gerar melhores posturas técnicas, fortalecendo a gestão

pública, pois, ao ampliar a sua rede de relacionamentos a ECG/TCE-RJ não só propicia o

compartilhamento do conhecimento produzido pelos seus técnicos, mas favorece a troca de

experiências com jurisdicionados ou não, desenvolvendo práticas que favorecem a construção

social do conhecimento.

A criação e a manutenção de parcerias institucionais seria, portanto, fundamental para uma

instituição que quer ser reconhecida pela excelência da sua produção, e que tem como

princípios norteadores a educação continuada, o compartilhamento do conhecimento, o

“aprender a aprender” e a gestão de competências.

57

Foi ressaltada, também, a importância do resultado de ações do projeto em questão, por ter

como foco, público alvo, a sociedade civil, que deve ser a grande beneficiada de todas as

ações propostas.

Como resultado da entrevista realizada na Coordenadoria Acadêmica (COA), foram obtidas

informações sobre quais os procedimentos seriam necessários à viabilização de uma possível

parceria e à implementação das ações propostas, caso a idéia fosse aprovada pela Presidência

do TCE-RJ, sendo fornecidas, em síntese, as seguintes sugestões:

• estabelecer contatos com a contraparte, para elaborar um plano de trabalho conjunto entre

TCE-RJ e SER-RJ, para definir os objetivos do convênio e as responsabilidades das

partes. Cada ente informará os recursos (financeiros e técnicos) e infra-estrutura poderão

disponibilizar;

• com base nesse plano de trabalho, elaborar-se-á uma minuta de convênio, que poderá

contar com a colaboração da ECG/TCE-RJ, a ser apresentada ao Presidente para

aprovação e formalização;

• encaminhar minuta de convênio para aprovação do Presidente do TCE-RJ;

• uma vez autorizada pelo Presidente, essa minuta será analisada pela Procuradoria do

TCE-RJ, para que sejam feitas as considerações necessárias a fim de apresentá-la ao

Conselho de Administração do TCE-RJ e posterior formalização junto ao GEFE-RJ;

• desenvolver junto à Assessoria Pedagógica e à Coordenadoria de Capacitação (CCA),

órgão responsável pela organização de cursos de curta duração, um plano de capacitação

com objetivos definidos de acordo com o convênio;

Finalmente, após entrevistas realizadas junto à Assessoria Pedagógica e à CCA, nenhuma

objeção foi percebida relativamente à possibilidade de formulação de um plano de

capacitação, caso um futuro convênio venha a ser aprovado.

Este capítulo apresentou os resultados das pesquisas de campo realizadas junto ao GEFE-RJ e

à ECG/TCE-RJ, indicando sugestões e informações desses órgãos relacionados ao tema em

estudo.

58

CAPÍTULO 8

CONCLUSÃO

Este estudo procurou responder o problema apresentado: quais são as ações que o TCE-RJ

poderá exercer visando à promoção e à institucionalização da Educação Fiscal, para o pleno

exercício de cidadania?

Com este intuito, pesquisou-se o referencial teórico que conferisse suporte às propostas do

autor, abordando os assuntos relacionados a seguir:

a) o capítulo 2 traçou uma visão geral da história, política e objetivos do sistema educacional

brasileiro desde suas origens. Embora não diretamente relacionado ao objeto da presente

pesquisa, auxiliou no entendimento sobre a influência da educação tradicional na manutenção

da estrutura de classes existente e no acirramento das desigualdades sociais.

Através de exaustiva pesquisa bibliográfica, observou-se, de modo geral, que as necessidades

do Estado determinaram os objetivos da política educacional, acima das necessidades dos

indivíduos.

Concluiu-se, de todo o exposto, sobre a importância da reformulação do ensino, de modo a

permitir que o aluno não funcione como mero receptor de conhecimentos estanques entre si e

informações enciclopédicas, mas que seja capaz de participar ativamente da sociedade;

b) o capítulo 3 abordou o pensamento de diversos autores sobre a importância da educação na

formação dos indivíduos e da sociedade;

59

c) o capítulo 4 apresentou um breve panorama a respeito do desenvolvimento e resultados da

Educação Fiscal no Brasil, e, em especial, no Estado do Rio de Janeiro;

d) o capítulo 5 analisou o papel dos Tribunais de Contas, especialmente do TCE-RJ,

demonstrando a relevância dessas instituições para a democracia e para a formação cidadã dos

indivíduos. Identificou-se a importância e a possibilidade de parcerias com outras instituições.

Após a identificação dos Órgãos (Escola de Contas e Secretaria de Fazenda-RJ) e contato com

os responsáveis que poderiam auxiliar o autor da presente pesquisa na consecução do seu

objetivo, foram realizadas entrevistas e aplicado questionário, utilizando a metodologia

descrita no Capítulo 6.

Portanto, a partir da revisão teórica, contida nos Capítulos 1 a 5, e da utilização da

metodologia indicada no Capítulo 6, tornou-se possível responder ao problema que originou

este trabalho.

O Capítulo 7 apresentou o resultado da aproximação dos Órgãos envolvidos, que

demonstraram interesse real em colaborar, indicando propostas e sugestões exequíveis e os

procedimentos necessários.

Verificou-se a oportunidade de implementação de ações que poderão vir a ser desenvolvidas

pelo TCE-RJ, com vistas à promoção e à institucionalização da educação fiscal para o pleno

exercício de cidadania, em razão de sua longa experiência atuando em defesa da democracia e

da eficiência da Administração Pública.

Essa atuação será mais eficaz, eficiente e efetiva se trabalhada com outros setores da

sociedade, especialmente com o Governo do Estado do Rio de Janeiro, que vem

implementando seu Programa de Educação Fiscal desde 2000, com o competente

gerenciamento do GEFE-RJ.

É cristalina, portanto, a convergência de interesses entre o TCE-RJ e o GEFE-RJ no

aperfeiçoamento do controle social e da gestão fiscal visando ao interesse público, restando

aos seus representantes o estabelecimento de uma parceria para otimizar a disseminação de

conhecimentos relacionados ao tema em estudo.

60

Após analisar o conteúdo das sugestões apresentadas, o autor desta pesquisa considera

totalmente apropriadas as ações propostas, principalmente pelo fato do GEFE-RJ ser o órgão

responsável pela execução do PNEF no Estado do Rio de Janeiro, possuindo a experiência

necessária para diagnosticar as necessidades e propor as melhores ações para a efetividade do

Programa.

Note-se que, conforme atribuições apresentadas na seção 5.2., direcionada ao cumprimento da

missão institucional e estratégica do Tribunal, a ECG/TCE-RJ tem a possibilidade de colocar

a serviço da sociedade, através da rede de disseminadores do PNEF, a promoção da

disseminação do conhecimento e da prática acumulada da Instituição Tribunal de Contas.

Adicionalmente, objetivando viabilizar a implementação das ações propostas, o autor do

presente estudo entende ser indispensável a constituição de um grupo de servidores do

Tribunal de Contas para implementar e divulgar a Educação Fiscal na própria Instituição e

para servir como canal de ligação com o GEFE-RJ, coordenando e monitorando as ações do

TCE-RJ voltadas para o Programa.

Nesse sentido, além de outras iniciativas futuras que poderão vir a ser implementadas para o

fortalecimento da democracia e da cidadania, algumas ações poderão ser desenvolvidas

conforme propostas a seguir:

1. formalizar Convênio de Cooperação Técnica e Assistência Mútua (sem aporte

financeiro), entre o GEFE-RJ e o TCE-RJ. Devendo ser desenvolvidas ações conjuntas,

no Estado, visando à mobilização e qualificação, de forma estratégica, do servidor

público, educadores e sociedade civil organizada, para o controle social, através das duas

vertentes do PNEF, arrecadação e o gasto público;

2. promover em conjunto com o GEFE-RJ, e em conformidade com o Planejamento

Estratégico do PNEF, a implantação do Programa nos Municípios, favorecendo ao

cidadão sedimentar a idéia de que tudo que é público é de todos e que todos devem

exercer seu papel acompanhando e fiscalizando a aplicação dos recursos públicos, desde

a elaboração da proposta orçamentária até sua execução e a conseqüente prestação de

contas pelo poder público;

3. destinar vagas no Curso a Distância de Disseminadores de Educação Fiscal, com

certificação ESAF, para servidores do TCE-RJ;

61

4. incluir palestras e sensibilizações relativas à Educação Fiscal nas ações desenvolvidas

pelo TCE-RJ;

5. recomendar expressamente aos municípios à implantação do Programa de Educação

Fiscal, buscando todo o apoio, o empenho e o compromisso pessoal de prefeitos e

secretários municipais de fazenda e educação; e

6. constituir um grupo de servidores do Tribunal de Contas para implementar e divulgar a

Educação Fiscal na própria Instituição e para servir como canal de ligação com o GEFE-

RJ, coordenando e monitorando as ações do TCE-RJ voltadas para o Programa.

Finalmente, vale assinalar que, estimulado pelo presente estudo, o GEFE-RJ encaminhou ao

TCE-RJ, em julho de 2007, um protocolo de intenções visando à formalização de um

convênio de cooperação técnica e assistência mútua, relacionado à Educação Fiscal, em

trâmite no Tribunal de Contas para apreciação e possível aprovação.

62

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBOSA, Alice Mouzinho. Cidadania Fiscal. Rio de Janeiro: Juruá, 2005.

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66

APÊNDICE –

Questionário aplicado

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Preliminarmente, o autor desta Pesquisa gostaria de agradecer a confiança que nele foi depositada, bem como a sinceridade e a efetiva colaboração dos representantes da Escola Fazendária, vinculada à Secretaria de Estado da Receita do Rio de Janeiro. Temos absoluta certeza de que poderemos continuar contando com esta mesma colaboração através do preenchimento do presente Questionário.

É relevante informar que as respostas e sugestões apresentadas no Questionário serão

submetidas a representantes da Escola de Contas e Gestão – ECG/TCE-RJ, para que sejam analisadas e, se possível, implementadas futuramente, mediante a formalização de uma parceria.

Solicito, portanto, que sejam indicadas de forma resumida, para cada um dos módulos estratégicos a seguir indicados, quais as ações que atualmente vem sendo desenvolvidas através do Programa Estadual de Educação Fiscal do Estado do Rio de Janeiro. Em seguida, apresente sugestões, indicando quais as ações que o Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro poderia implementar através de sua Escola de Contas e Gestão – ECG/TCE-RJ, em parceria com a Secretaria de Estado da Receita do Rio de Janeiro - SER/RJ, com o objetivo de contribuir para a efetividade do Programa Nacional de Educação Fiscal. MÓDULO I - Escolas de Ensino Fundamental

A) AÇÕES QUE VEM SENDO DESENVOLVIDAS: B) AÇÕES QUE A ECG/TCE-RJ PODERIA COLABORAR:

MÓDULO II - Escolas de Ensino Médio

A) AÇÕES QUE VEM SENDO DESENVOLVIDAS: B) AÇÕES QUE A ECG/TCE-RJ PODERIA COLABORAR:

MÓDULO III - Servidores Públicos

A) AÇÕES QUE VEM SENDO DESENVOLVIDAS: B) AÇÕES QUE A ECG/TCE-RJ PODERIA COLABORAR:

MÓDULO IV - Universidades

A) AÇÕES QUE VEM SENDO DESENVOLVIDAS: B) AÇÕES QUE A ECG/TCE-RJ PODERIA COLABORAR:

MÓDULO V - Sociedade em geral

A) AÇÕES QUE VEM SENDO DESENVOLVIDAS: B) AÇÕES QUE A ECG/TCE-RJ PODERIA COLABORAR: