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FUNDAÇÃO INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISAS EM CONTABILIDADE, ECONOMIA E FINANÇAS - FUCAPE Faculdade de Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis de Divinópolis - FACED 3º. Prêmio Prof. Eliseu Martins ANTÔNIO NUNES PEREIRA COMITÊS DE AUDITORIA EM BANCOS BRASILEIROS: uma abordagem exploratória e introdutória Divinópolis – MG 2005

FUNDAÇÃO INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISAS … · AICPA Instituto Norte-Americano de Contadores Públicos Certificados (sigla em inglês para American Institute of Certified Public

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FUNDAÇÃO INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISAS EM CONTABILIDADE, ECONOMIA E FINANÇAS - FUCAPE Faculdade de Ciências Econômicas, Administrativas

e Contábeis de Divinópolis - FACED 3º. Prêmio Prof. Eliseu Martins

ANTÔNIO NUNES PEREIRA

COMITÊS DE AUDITORIA EM BANCOS BRASILEIROS: uma abordagem exploratória e introdutória

Divinópolis – MG 2005

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ANTÔNIO NUNES PEREIRA

COMITÊS DE AUDITORIA EM BANCOS BRASILEIROS: uma abordagem exploratória e introdutória

Monografia apresentada ao Prêmio Prof. Eliseu Martins da Fundação Instituto Capixaba de Pesquisas em Contabilidade, Economia e Finanças (FUCAPE) conforme Regulamento.

DIVINÓPOLIS-MG 2005

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Certeza, certeza, ninguém

nunca a tem.

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AGRADECIMENTOS

Agradecimentos aos Familiares, Professores, Escritores e Colegas de toda vida.

Sem essas experiências, palavras, linhas e observações, não seria possível esse

trabalho.

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RESUMO

O estudo bibliográfico e exploratório abordou os conceitos e práticas do Comitê de Auditoria no Brasil com foco nos 4 (quatro) maiores Bancos, no ano de 2004. A pesquisa é considerada importante para a comunidade brasileira e internacional formada por técnicos, acadêmicos, executivos, empresários potencialmente afetados pelos movimentos atuais de governança corporativa. A primeira suposição do estudo defende que o escopo do Comitê de Auditoria seja delimitado pelo relacionamento entre o Conselho de Administração e o Auditor Externo. A segunda suposição defende que os bancos nacionais tenham configurações idênticas por estarem sob a mesma regulação supostamente rígida do Banco Central do Brasil. O trabalho utilizou fontes bibliográficas e virtuais para satisfazer os objetivos da pesquisa. O resultado do estudo possibilitou obter evidências de que o Comitê de Auditoria possui, aparentemente, escopo mais amplo que o da primeira suposição por atender outros grupos socioeconômicos interessados na empresa, além de ser uma prática que admite variabilidade em seu funcionamento e organização. Palavras-chave: Comitê de Auditoria, regulação bancária prudencial, Banco Central do Brasil, governança corporativa.

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ABSTRACT

This exploratory and bibliographical study aims to the functional administrative configurations and concepts of the new practice of the audit committee with focus in the 4 (four) larger Brazilian banks in the year of 2004. The audit committee research is important for: accountants, students, teachers, executives, businessmen and other curious and interested people who need to study and understand the pratices of corporate governance in Brazilian companies. The study has two suppositions. The first defends the scope of the audit committee is defined by the relationship between the administrative board and the external auditor. The second supposition expresses the vision that the Brazilian banks have identical configurations because the Central Bank of Brazil’s rules. The study used bibliographical, documental and virtual data to satisfy the problems and to evaluate the suppositions. After the study is possible to show evidences the audit committee owns, apparently, the wider scope to the of the first supposition for attending other socioeconomic groups interested in the company, in addition the audit committee pratice in the 4 (four) Brazilian selected banks has variability in it operation and organization. Key-words: audit committee, prudential supervision, Central ank of the Brazil, corporate governance.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - O Ano do Comitê de Auditoria no Brasil (2004)............................................ .................9

Quadro 2 - Onde Está o Verbete Comitê de Auditoria? .................................................. ...............14

Quadro 3 - O Verbete Comitê de Auditoria na Literatura Não-Nacional......................... ...............19

Quadro 4 - Análise Comparativa – Número de Membros do Comitê de Auditoria......... ...............29

Quadro 5 - Análise Comparativa – Presença de Especialista no Comitê de Auditoria ...............30

Quadro 6 - Análise Comparativa – Critério de Nomeação dos Membros para o Comitê de Auditoria ..................................................................................................

...............31

Quadro 7 - Atribuições dos Comitês de Auditoria nos 4 (quatro) Maiores Bancos Brasileiros ...................................................................................................

...............42

Quadro 8 - Algumas Diferenças nos Comitês de Auditoria em Bancos Brasileiros ...............43

Quadro 9 - Tabulação Primária para Futuras Pesquisas sobre Comitê de Auditoria em Bancos Brasileiros .......................................................................................

...............45

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LISTAS DE SIGLAS

AICPA Instituto Norte-Americano de Contadores Públicos Certificados (sigla em inglês para

American Institute of Certified Public Accountants)

Audibra Instituto de Auditores Internos do Brasil

BACEN Banco Central do Brasil

Bovespa Bolsa de Valores de São Paulo

Coso Comissão de Organizações Patrocinadoras (sigla em inglês de Committee of

Sponsoring Organizations), formada pelo AICPA, IIA e FEI , da Comissão Nacional

sobre Elaboração e Apresentação de Relatórios Financeiros (Comissão Treadway) }

– [National Commission on Fraudulent Financial Reporting (Treadway Commission) ]

Corecon-ES Conselho Regional de Economia do Estado do Espírito Santo

CRC-ES Conselho Regional de Contabilidade do Estado do Espírito Santo

CFC Conselho Federal de Contabilidade

CST Companhia Siderúrgica de Tubarão

CVM Comissão de Valores Mobiliários

CVRD Companhia Vale do Rio Doce

FINDES Federação das Indústrias do Espírito Santo

FEI Instituto dos Executivos Financeiros (sigla em inglês de Financial Executives

Institute)

FUCAPE Fundação Instituto Capixaba de Pesquisas em Contabilidade, Economia e Finanças

IBGC Instituto Brasileiro de Governança Corporativa

IIA Instituto de Auditores Internos (sigla em inglês de Institute of Internal Auditors)

NMD Não mencionado diretamente nos estatutos dos Bancos selecionados.

NYSE Bolsa de Valores de Nova Iorque (sigla em inglês de New York Stock Exchange)

OA Omitido pelo autor

RBC Revista Brasileira de Contabilidade

SEC Comissão de Valores Norte-Americana (sigla em inglês de Securities and Exchange

Commission)

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SUMÁRIO

1INTRODUÇÃO ..........................................................................................................9

1.1 PRECEDENTES E DUPLA-INDAGAÇÃO.............................................................9

1.2 DUPLA-SUPOSIÇÃO...........................................................................................12

1.3 CAMINHO METODOLÓGICO..............................................................................12

2 DESENVOLVIMENTO.............................................................................................14

2.1 CONCEITOS DE COMITÊ DE AUDITORIA: VISÕES EXPLORATÓRIAS..........14

2.1.1 Caça ao Verbete Comitê de Auditoria no Brasil................................................14

2.1.2 Conceito de Comitê de Auditoria – Do Mundo ao IBGC...................................17

2.2 SUPERVISÃO BANCÁRIA RESPONSÁVEL E O COMITÊ DE AUDITORIA......22

2.3 COMITÊ DE AUDITORIA EM AÇÃO NOS MAIORES BANCOS

BRASILEIROS.....................................................................................................28

2.3.1 Um Comitê de Auditoria tem Quantos Membros? ...........................................29

2.3.2 Há Membro Especialista em Contabilidade, Auditoria ou Finanças?...............30

2.3.3 Como São Escolhidos os Membros do Comitê de Auditoria?..........................30

2.4 BREVE SÍNTESE DAS INFORMAÇÕES CONCEITUAIS E DOCUMENTAIS ...31

3 CONCLUSÃO..........................................................................................................33

3.1 ASPECTOS CONCLUSIVOS...............................................................................33

3.2 SUGESTÃO E DISCUSSÕES PARA FUTURAS PESQUISAS...........................34

REFERÊNCIAS E FONTES CONSULTADAS....................................................37

APÊNDICES...............................................................................................................41

APÊNDICE A – AS ATRIBUIÇÕES DO COMITÊ DE AUDITORIA NOS

BANCOS BRASILEIROS? ..................................................................................41

APÊNDICE B – VARIABILIDADE NOS COMITÊS DE AUDITORIA EM BANCOS

BRASILEIROS......................................................................................................43

APÊNDICE C – HISTÓRICO DE INICIATIVAS RECENTES DE GOVERNANÇA

CORPORATIVA E COMITÊ DE AUDITORIA.......................................................44

APÊNDICE D – LEVANTAMENTO DE COMITÊS DE AUDITORIA NOS BANCOS

BRASILEIROS......................................................................................................45

ANEXOS.....................................................................................................................46

ANEXO A – RESOLUÇÃO 3.081 DE 29 DE MARÇO DE 2003 DO BACEN .......46

ANEXO B – O COMITÊ DE AUDITORIA DA CIA. VALE DO RIO DOCE.............49

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1 INTRODUÇÃO

1.1 PRECEDENTES E DUPLA-INDAGAÇÃO

A Auditoria e a gestão empresarial são atividades potencialmente

impactadas pelo surgimento dos Comitês de Auditoria no Brasil. Entretanto,

apesar dessa perspectiva recente, o tema Comitê de Auditoria não se encontra

muito explorado pela comunidade acadêmico-profissional. A existência de

literatura escassa e fragmentada, confirmada pelos contatos diários com

profissionais e acadêmicos, propicia configurar um baixo interesse pelo tema

de central interesse dos maiores bancos que representam bem as maiores

empresas brasileiras. Basta apreciar o seguinte:

Grupo Receita em R$ Bilhões (reais de 2003)

Possui Comitê de Auditoria (Sim/Não)

Ano de Implantação do Comitê de Auditoria

Bradesco 48,0 Sim 2004 Banco do Brasil 46,7 Sim 2004

Caixa 32,5 Sim 2004 Itaú 28,0 Sim 2004

Quadro 1: 2004: O Ano do Comitê de Auditoria nos Bancos Brasileiros (2004) Fonte: Adaptado do encarte Valor Grandes Grupos. 200 maiores (VALOR ECONÔMICO, 2005).

É instigante notar que os 4 (quatro) maiores grupos financeiros brasileiros,

com base no seu faturamento, implantaram seu Comitê de Auditoria em 2004.

Possivelmente essa prática de gestão e controle estaria relacionada à importância

social reforçada que os sistemas de controle e governança possuem na atualidade.

A auto-regulação contábil e do mercado de capitais foram colocadas em xeque ante

a falências, fraudes e potenciais crises sistêmicas. O Brasil, na autoridade do Banco

Central, pode ter adotado a prática do Comitê de Auditoria por seus benefícios

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intrínsecos. Mas até que ponto uma norma padroniza a prática de gestão de

Auditoria em uma corporação financeira?

Delimitar o presente estudo às maiores empresas brasileiras líderes de

mercados, pode sugerir um foco por serem prováveis paradigmas de gestão, mas

não é só. Grandes corporações concentram recursos físicos, humanos, financeiros

etc. Essa situação potencializa impactos maiores tanto negativos (riscos sistêmicos),

quanto positivos (ciclos virtuosos de crescimento econômico). De uma outra forma, é

defensável que uma grande corporação intensiva em capital seja também intensiva

em controles pelo interesse socioeconômico inerente. Por que não estudá-las

prioritariamente?

Gitman (1997, p. 7) apresenta informações, focadas no mercado norte-americano, que possibilitam abstrair os impactos socioeconômicos das grandes empresas:

Embora apenas 15% das empresas sejam sociedades anônimas, esta é a forma dominante de organização empresarial. Responde por aproximadamente 90% das receitas e 80% dos lucros líquidos. Uma vez que as sociedades anônimas empregam milhões de pessoas e possuem milhares de acionistas, suas atividades afetam a vida de todos.

A perspectiva desse autor, guardadas as devidas proporções econômicas e adaptações sócio-culturais, pode ser replicada, em parte, para o Brasil que aflora como uma das economias líderes do bloco continental americano. Logo, baseado nesses primeiros indícios de implantação de Comitês de Auditoria nas maiores empresas financeiras brasileiras, pode ter chegado um período de relevância para a governança, controles e responsabilidade social corporativa. Um período caracterizado por maior aproximação, em regra, dos povos parece ser oportuno para profissionais de controle e executivos brasileiros debaterem essa recém-chegada instituição corporativa com potenciais impactos nas suas atividades diárias.

Cabe, então, indagar:

1. Mas o que seria um Comitê de Auditoria?

2. O Comitê de Auditoria é rigorosamente igual nos Bancos

Brasileiros?

Satisfazer e discutir essa dupla-indagação é o objetivo desta pesquisa que

explora os conceitos de Comitê de Auditoria, tema delimitado pelas instituições

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financeiras do Brasil, nos anos 2004-2005. Adicionalmente, o estudo procura

estimular e contribuir para o debate profissional e acadêmico sobre as práticas de

governança corporativa que são potencialmente impactantes no trabalho diário dos

profissionais financeiros e de controle.

Nesse ponto, cabe antecipar um potencial desinteresse de profissionais que

não labutam em bancos ou grandes empresas. É preciso registrar que há uma

perspectiva de que o mercado de capitais cresça juntamente com a economia e

possa além de atrair maior quantidade de investidores, induzir empreendimentos de

maior porte. É convicção de que grupos familiares estejam interessados em

conhecer as práticas internacionais de controle para atuar num mercado brasileiro

não-fechado. A experiência brasileira do cooperativismo rural e creditício também

reforça a necessidade de controle: a maior quantidade de transações econômico-

financeiras, inexoravelmente, é um convite social para um profissional atualizado e

candidato a conselheiro das atuais grandes empresas e das futuras que certamente

virão.

Dúvidas? Basta visitar a passagem da Resolução 3.081, de 29/3/2003, que,

prudentemente, segue linha de boas práticas internacionais:

Art. 11 (...) § 2º. Pelo menos um dos integrantes do Comitê de Auditoria deve possuir comprovados conhecimentos nas áreas de contabilidade e auditoria que o qualifiquem para a função.

1.2 DUPLA-SUPOSIÇÃO

De forma breve, o estudo supõe que o Comitê de Auditoria seja um grupo de

conselheiros encarregados do relacionamento com o auditor externo (suposição 1).

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Adicionalmente, supõe-se que os Comitês de Auditoria nas empresas

selecionadas sejam, rigorosamente, iguais, vez que essa prática é regulada pelo

Banco Central do Brasil (suposição 2).

1.3. CAMINHO METODOLÓGICO

O estudo priorizou fontes bibliográficas de controle, finanças e gestão

disponíveis no Brasil. Esse caminho pareceu adequado, avaliada a intensificação da

dinâmica da pesquisa contábil acadêmico-profissional no Brasil. Contudo, outras

fontes são utilizadas complementarmente: documentos virtuais, periódicos etc.

Este trabalho exploratório pode ser caracterizado de cunho bibliográfico e

descritivo. Instrumentos documentais são utilizados apenas para avaliar

qualitativamente1 os problemas e as suposições.

A seleção das fontes, o escopo do trabalho e o decurso do tempo são fatores

restritivos para a utilização do estudo para algumas situações. Assim, a pesquisa e

seus resultados devem ser adaptados para utilização criteriosa para situações fora

do escopo do trabalho que focou os comitês de auditoria em bancos brasileiros, ano

de 20042.

1 Assim, as amostras utilizadas são intencionais e procuram ser visões primeiras da prática de Comitê de Auditoria, sem aspiração às generalizações definitivas, seja para as instituições financeiras, seja para outros contextos. 2 É possível inferir que outras empresas não-financeiras, a exemplo da Companhia Siderurgia de Tubarão e da Companhia Vale do Rio Doce, tenham interesse na avaliação da experiência de Comitê de Auditoria colhida dos Bancos brasileiros. As grandes empresas, S/A ou não, podem viver dilemas assemelhados de governança pela relevância dos mercados de crédito, consumo e de capitais.

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2. DESENVOLVIMENTO

2.1. CONCEITOS DE COMITÊ DE AUDITORIA: VISÕES EXPLORATÓRIAS

2.1.1 Caça ao Verbete Comitê de Auditoria no Brasil

Um primeiro passo para satisfazer os objetivos do estudo de um tema pouco

debatido é buscá-lo em dicionários especializados. Ao procurar o verbete Comitê de

Auditoria, não foi possível encontrá-lo em publicações-referência no Brasil, conforme

sugere o Quadro 2, a seguir:

Índice Literatura-Referência (ordenada por ano)

Possui verbete (Sim/Não)

1 Altmann (1974) Não 2 Sá e Sá (1995) Não 3 Pinho (1997) Não 4 Iudícibus e Marion (2001) Não 5 Sandroni (2001) Não 6 Sandroni (1999) e Sandroni (1994) Não

Quadro 2: Onde está o Verbete Comitê de Auditoria no Brasil?

O fato de ter dificuldade em identificar o verbete “Comitê de Auditoria” em

obras-referência pode sinalizar que essa prática, técnica ou comissão poderia não

ser tão prestigiada nas empresas e nas pesquisas acadêmicas. Cabe antecipar

quaisquer críticas ao material selecionado. Essas críticas seriam enfraquecidas

diante da contribuição dos autores e farta indicação por outras obras: Sá e Sá (1995)

e Iudícibus e Marion (2001) são destacadas por Marion (1998, p. 46); Sá e Sá (1995)

e Pinho (1998) são indicadas por Severino (2002, p. 292) e, por fim, Hartness (1999,

p. 144-146) sugere as obras de Altamn (1974), Pinho (1997) e Sandroni (2001),

Sandroni (1999) e Sandroni (1994). Mesmo o autor Paulo Sandroni com produção

em economia, administração e finanças, não apresentou o verbete. Fato curioso,

sobretudo, foi Pinho (1997) possuir o verbete audit committee, em inglês, mas não

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apresentar o termo Comitê de Auditoria em português. Os dicionários e maiores

empresas brasileiras estariam precisando de uma pequena atualização (upgrade) de

governança e controles no que tange ao verbete “Comitê de Auditoria”? Talvez, sim,

seja pela dimensão que o tema possa ganhar nos próximos anos e pela própria

relevância continuada das obras-referência.

Focando os desenvolvimentos nacionais sobre o tema é preciso registrar

exceções. Verdadeiros achados de auditoria são os documentos do Instituto dos

Auditores Internos do Brasil - Audibra (1992) e Franco (1998).

No início da década de 90, uma literatura acadêmico-profissional do Instituto

de Auditores Internos do Brasil (AUDIBRA) apresentava elementos muito tênues dos

antecessores dos atuais Comitês de Auditoria:

Modernamente tem crescido nas empresas adoção de Comitê de Auditoria, destinado a operar como um corpo deliberativo no tocante ao planejamento e atuação da Auditoria interna, e consultivo, no tocante à busca de qualidade, atuação e fluxo de comunicação entre a Auditoria interna e a alta administração da empresa. (AUDIBRA, 1992, p. 82)

Verifica-se um foco interno desse “antecessor de Comitê de Auditoria”

apresentado. Posteriormente, será possível verificar que o Comitê de Auditoria

atual possui responsabilidades diversas que ultrapassam o escopo do modelo

Audibra criado há, aproximadamente, treze anos. Assim, tomar como definitiva

a pioneira conceituação do Audibra, apesar de louvável, encerraria o debate

em tempo impróprio, além de oferecer à comunidade acadêmico-profissional e

às empresas uma informação razoavelmente incompleta e desatualizada.

Outra evidência importante é o conjunto de notas do saudoso Prof. Hilário

Franco, contador e economista, resgatáveis no artigo (re)visitado: “Ecos do XV

Congresso Mundial de Contadores da Revista Brasileira de Contabilidade de 1998".

Ainda que os dicionários não registrassem uma definição, o Prof. Franco trazia o

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tema ao conhecimento dos apreciadores das páginas técnico-científicas contábeis

do Brasil3. Sem dúvida, a Revista Brasileira de Contabilidade (RBC) imprimia visões

breves, mas fundamentais para a compreensão dos dilemas desse Comitê pelo

mundo:

Foram destacados os seguintes temas para a discussão: (...) O Comitê de Auditoria: como será ele composto? Como se pode assegurar que ele é eficiente em relação ao controle interno e às demonstrações contábeis? (FRANCO, 1998, p. 53).

A leitura continuada desse artigo, rico em detalhes, fornecia uma visão

distante, mas relevante quanto à importância do Comitê objeto do estudo. O

Canadá, por exemplo, só permitia que o Comitê de Auditoria fosse composto de

diretores externos não administradores, Franco (1998, p. 54). O representante

francês informou que 52% das companhias daquele país tinham seus Comitês

presididos por diretores externos. No Japão, o debate estava apenas começando,

Franco (1998, p. 63). De uma forma geral, entretanto, era consenso que a

independência dos auditores e o maior contato entre a Auditoria independente e

diretores, via Comitê de Auditoria, seria um caminho certo para uma primeira idéia

do funcionamento e eficácia desses verdadeiros “Aliados na Proteção dos Interesses

dos Acionistas”, nas palavras do Prof. Franco, ao elaborar as notas sobre o ativismo

norte-americano patrocinado pelo Contador Geral da Comissão de Valores

Mobiliárias Norte-Americana, Securities Exchange Commission (sigla em inglês,

SEC).

2.1.2 Conceitos de Comitê de Auditoria – Do Mundo ao IBGC

3 A despeito do abreviado comentário, registra-se o convite para uma visita do leitor às notas-referência e atuais.

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O desenvolvimento do mercado de capitais norte-americano e a sua conexão

com outras praças mundiais podem configurar uma necessária leitura do

aparecimento do Comitê de Auditoria naquele mercado. Ainda que o foco do

presente trabalho seja a prática nacional dos referidos Comitês, uma breve visita à

bibliografia estrangeira pode ser providencial pela possível influência norte-

americana nas práticas voluntárias e regulatórias de governança do Brasil.

A implantação de Comitês de Auditoria é uma prática, atualmente, obrigatória,

conforme o artigo 301 da Lei Societária norte-americana Sarbanes-Oxley de 20024,

mas há evidências de que a prática foi, inicialmente, voluntária nas empresas

negociadas em Bolsa nos Estados Unidos, Ricchiute (2005, p. 741-742). Os

informativos SEC Accounting Series Reliese n. 19 de 1940, AICPA’s 1967 Statement

on Audit Committees of Board of Directors e SEC’s 1972 Accounting Series Reliese

n. 123 “Standing Audit Committees Composed of Outside Directors5” exemplificam

que a discussão dessa prática voluntária recebia apoio e estímulo de entidades

regulatórias e profissionais.

Em 1978, a Bolsa de Valores de Nova Iorque (New York Stock Exchange -

NYSE) obrigou a implantação do Comitê de Auditoria em todas as companhias

listadas. A NYSE imprimiu uma fase de obrigatoriedade que conviveu com

importantes iniciativas de outros grupos sociais interessados na empresa, a exemplo

do Blue Ribbon Committee on Audit Committees, the SEC’s Rules on Audit

Committees até o reforço cabalístico da Lei Societária Sarbanes-Oxley de 2002.

Mas a Era Regulatória do Comitê de Auditoria pode ter chegado a outros

mercados. Exemplos: Europa Continental Francesa, Barbier (1998, p-77-80);

4 Não serão feitos comentários sobre a legislação norte-americana pelo escopo do trabalho. 5 O trabalho não irá comentar diretamente os documentos citados por estar focado na prática nacional. Futuras pesquisas poderão abordar uma análise direta sobre os documentos citados.

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Canadá, desde o fim da década de 60, Franco (1998, p. 54) e, finalmente, o

mercado financeiro brasileiro, elemento do presente trabalho.

De uma forma mais ampla, o Comitê de Auditoria pode estar se disseminando

aceleradamente no mundo. A própria Comunidade Européia pode estar

recepcionando a referida prática em seu arcabouço regulatório. Hayes, Dassen,

Schilder e Wallage (2005, p. 612) comentam:

A nova proposta de Diretiva Européia para Auditoria obriga que companhias auditadas deverão implantar um Comitê de Auditoria com membros independentes, esses supervisionarão o processo de Auditoria, comunicando-se diretamente com o auditor sem a interferência da gestão6 (tradução livre).

É possível verificar que a implantação de Comitês de Auditoria pode ser uma

realidade nos mercados mundiais por regras e práticas voluntárias. Um reforço para

a prática é a atenção por parte dos reguladores de países como França, Canadá,

Estados Unidos e do próprio Brasil na figura do BACEN. Nesse aspecto, o modelo

do presente estudo, forjado das instituições financeiras, parece ser um bom

elemento para caracterizar as tendências nacionais sobre os referidos Comitês.

Agora, vale a pena visitar os dicionários, mas de outros países. Dicionários de

outros países trouxeram o verbete Comitê de Auditoria? O pioneirismo norte-

americano e a dificuldade de acesso a dicionários de outras praças sugerem um

foco. Assim mesmo a inclusão do verbete “audit committee” não foi generalizada no

momento de prática voluntária pela literatura norte-americana disponível. O quadro 3

explicita uma esperada maturidade e eficácia dessa prática naquele país.7

6 “The new proposed EU Directive on Statutory Audits requires that audited companies will have to set up an audit committee, with independent members, which would oversee the audit process, communicating directly with the auditor without going through managements.” 7 Pelo menos no que depender dos dicionários. Analisar nota de Franco (1998, p. 68) na página 27 dessa monografia. Parece que persiste a sobra da essência sobre a forma.

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Índice Autores-Referência (ordenadas por ano) Possui verbete

(Sim/Não)

1 Kohler (1974) Não 2 Davidson, Schindler, Stickey e Weil (1974, p.

9) Sim

3 Kohler (1983, p. 46) Sim 4 Estes (1985, p. 12) Sim 5 Brahan (1997, p. 21) Sim

Quadro 3: O Verbete Comitê de Auditoria em Literatura Não-Nacional Fonte: O autor.

As definições norte-americanas podem ajudar a esclarecer o termo Comitê de

Auditoria, ainda que apresentem algumas sutilezas em relação ao modelo mais

comum no Brasil.

As três primeiras definições focam o interesse do acionista

(shareholder/stockholder): “Um Comitê de diretores de uma corporação que é

formado geralmente por diretores externos que nomeiam indicam os auditores

independentes e discutem o trabalho de Auditoria8”, (tradução livre), Schindler,

Stickey e Weil (1974, p. 9); “Um subComitê do corpo de diretores de uma companhia

que atua no foco de suas atividades de Auditoria, (tradução livre)9”, Kohler (1983, p.

46); “Um Comitê de diretores que seleciona ou participa na seleção de auditores

externos (tradução livre)”10 Estes (1985, p. 12). A perspectiva de Brahan (1997, p.

21) segue linha de atendimento aos interesses do acionista:

Um grupo indicado pelo conselho de administração para escolher o auditor independente e servir de ligação entre o auditor independente e o conselho de administração e para tratar de situações relacionadas a procedimentos de Auditoria e diferenças de posicionamentos entre auditor e gerência (tradução livre)11.

8 A committee of the board of directors of a corporation usually consisting of outside directors who nominate the independent auditors and discuss the auditors’ work with them. 9 A subcommittee of a corporation’s board of directors which serves as the focus of its audit activities. 10 A board of directors’ committee that selects or participates in selection of a company’s outside auditors. 11 A group appointed by a board of directors to select an external auditor and to serve as liaison between the auditor selected and the board, handling such problems as audit procedures and differences of opinion between the auditor and management.

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19

Em continuidade, a definição de Brahan (1997) sinaliza que o Comitê de

Auditoria não somente participa da escolha dos auditores externos, mas age em

eventuais visões divergentes do auditor independente e gestores. Assim, a função

de árbitro de dilemas e divergências entre a gestão e a política contábil-corporativa

emerge. Essa visão é interessante por destacar a gerência também como público de

interesse dos serviços do Comitê estudado.

Moeller e Witt (1999, p. 6-1) atualizam e ampliam as visões anteriores:

O Comitê de Auditoria é um de vários Comitês de gestão estabelecidos pelo conselho de administração para atender algumas de suas mais variadas responsabilidades. (...) Ele consiste somente de conselheiros externos – aspecto que garante maior independência da administração da empresa – e pode ser composto de um grupo especialmente qualificado de conselheiros independentes que compreendem, monitoram, coordenam, e interpretam o controle interno e as atividades financeiras relacionadas com o conselho como um todo (tradução livre)12.

A visão de Moeller e Witt (1999, p. 6-1) valoriza e amplia as contribuições do

Comitê de Auditoria para a companhia e para seu conselho de administração. Em

especial, é interessante observar a importância dada pelos autores em relação ao

controle interno, bem como o enfoque de independência e qualificação. Contudo,

essas visões, ainda que ampliadas, parecem canalizar os esforços e benefícios do

Comitê de Auditoria para a alta administração.

Uma perspectiva que amplia o público interessado no Comitê de Auditoria foi

emitida recentemente pelo Instituto de Governança Corporativa (IBGC), entidade

civil que desenvolve estudos e debates sobre governança no Brasil. A visão do

IBGC, registrada em seu novo código de Governança Corporativa, é a seguinte:

12 The audit committee is one of several operating committees established by the board of directors and to some extend guided by the full range of board responsibilities. (…) It consists of only outside directors – giving it independence from management – and should be composed of a specially qualified group of outside directors who understand, monitor, coordinate, and interpret the internal control and related financial activities for the entire board.

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20

Os Conselhos de Administração devem estimular a instituição do Comitê de Auditoria para analisar as demonstrações financeiras, promover a supervisão e a responsabilização da área financeira, garantir que a Diretoria desenvolva controles internos confiáveis, que a Auditoria interna desempenhe a contento o seu papel e que os auditores independentes avaliem, por meio de sua própria revisão, as práticas da Diretoria e da Auditoria interna. O Comitê deve ainda zelar pelo cumprimento do código de conduta da organização.

A definição do IBGC pareceu a mais ampla das supramencionadas. Ao passo

que o Comitê deva valorizar aspectos de prestação de contas (demonstração

financeira, Auditoria independente)13, ele destaca aspectos relacionados à gestão e

controles internos (supervisão e responsabilização da área financeira, controles

internos confiáveis, Auditoria interna, revisão, código de conduta). Essa perspectiva

se diferencia das demais por ressaltar o atendimento do Conselho de Administração

rumo à postura ética de relacionamento tanto com Auditoria Interna, Auditoria

Externa e, de certa forma, outros grupos de interesse nos negócios empresariais.

Assim a visão ampliada do IBGC deve ser tomada como relevante por contemplar

um leque maior de motivadores para a instalação dos Comitês de Auditoria.

Após visitar algumas definições da literatura, é possível avalizar que o papel

do Comitê de Auditoria ampliou-se rumo à independência técnica e aos interesses

sociais. É possível que o Comitê de Auditoria possa ser um elemento-chave de

promoção de comportamento empresarial responsável e transparente futuramente.

A própria utilização de conselheiros externos e versados em governança,

controles e finanças (expertise) pode ser uma evidência de que foi necessária uma

contribuição mais técnica, independente e sensível aos interesses de outros agentes

sociais interessados (stakeholders) na continuidade empresarial.

Analisadas e identificadas as diversas versões evolutivas do Comitê de

Auditoria, ele pode ser definido, sinteticamente, como: “Grupo independente e

13 Elementos de accountability.

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21

qualificado, preferencialmente externo à companhia, que contribui para a gestão da

companhia no acompanhamento e avaliação das práticas de gestão, padrões de

conduta, informes financeiros e controles internos.” Essa visão não é definitiva, mas

representa uma visão sintética e inspirada nas anteriores que ajudará na evolução

da pesquisa.

Assim, o Comitê de Auditoria pode ser considerado um instrumento

empresarial de controle ético, visualizado como envolvimento com as expectativas

da sociedade interessada (stakeholders), complementar à perspectiva do acionista.

2.2 SUPERVISÃO BANCÁRIA RESPONSÁVEL E O COMITÊ DE AUDITORIA

A análise de um modelo ou teoria de regulação depende de uma breve leitura

econômica. Sem alongar nos detalhes das escolas econômicas, o trabalho

apresenta uma passagem que será muito importante para avaliar as perspectivas de

que exista um momento de reanálise dos processos e mecanismos de regulação

financeira e do mercado de capitais.

Em 18 de fevereiro de 2005, Andrade (2005, p. 14-15) apresentou uma

entrevista com Willianson, um dos economistas idealizadores do Consenso de

Washington, que discutia o vínculo mercado-normatização. Uma leitura da

passagem é muito interessante para este estudo. O recorte sintetiza debates

econômicos de várias gerações. Um verdadeiro diálogo entre o paradigma de livre

mercado (reduzida regulação pública), premissa do Consenso, diante das visões de

convergência da importância social da regulação pública e a gestão empresarial,

defendidas pelos economias Fukuyama e Stiglitz. Assim, vale apreciar uma releitura

conceitual de uma das autoridades econômicas do pós-guerra:

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22

“Valor. O consenso de Washington foi elaborado sob a ideologia do ‘fim da história’, em que o mercado tinha função preponderante na economia. Mas segundo avaliação recente de Francis Fukuyama, que cunhou aquele termo (...), a fraqueza do Estado, depois do 11 de setembro de 2001, constitui-se um enorme desafio estratégico. Ele propõe que o Estado seja fortalecido. O sr. segue essa trilha. Williamson: Concordo com Fukuyama. Nós dois pensamos na grande evolução da estratégia econômica. (...) Williamsom: Stiglitz atacou uma posição hipotética prevista no Consenso, para mostrar que pensava diferente. Seria mais valioso se tivesse feito suas críticas discutindo-as conosco. Em vários aspectos, Stiglitz, de fato estava correto. Um deles era o de associar a liberalização financeira a um sistema de regulação. Eu deveria ter pontuado esse item inicialmente. Mas fazer disso uma grade batalha ideológica não colaborou para a formulação de um pensamento novo e saudável.

Se um dos maiores influenciadores da escola positiva e seus possíveis

seguidores estavam revisando suas visões quanto à regulação nas empresas, nos

Bancos e nos governos, os indícios de mudança não tardariam a se fortalecer.

Um pouco antes da reportagem acima, o Banco Central do Brasil (BACEN)

editou a Resolução 3.098/2004 que procura estimular, incorporar e atualizar a

prática do Comitê de Auditoria nas maiores instituições financeiras do país. Esse

precedente regulatório pode ser interpretado como um breve registro de valorização

dos benefícios intrínsecos de transparência, equilibro e credibilidade, oferecidos,

historicamente, pelo trabalho de contadores e as ferramentas de regulação.

Possivelmente, inspirada, em experiências mercadológicas e regulatórias de

outros países, a prática de governança das instituições financeiras no Brasil

apresenta uma discussão importante no que se refere à adaptação do Comitê de

Auditoria em âmbito nacional. Esse aspecto de transformação merece uma análise

sob a ótica das práticas de supervisão do Banco Central do Brasil nos últimos anos,

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mas pode ser utilizado como um parâmetro inicial para vislumbrar as decisões

tomadas por outras empresas nacionais.14

A propósito, a quebra do Banco Barings foi algo que assustou os supervisores

em todo mundo pela magnitude que poderia tomar uma operação não-autorizada,

típica falha de governança e controles internos, Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr

(2004, p. 602-6).

O Brasil, assim como a Inglaterra e outros países, também amargou

momentos críticos, mas que emergiam visões de destaque para o Comitê de

Auditoria como instrumento de fortalecimento de governança corporativa e da

proteção aos pequenos acionistas:

A quebra de grandes Bancos brasileiros como o Nacional, o Econômico e o Bamerindus trouxe a luz os delicados problemas da relação entre os acionistas, os Conselhos de Administração e as Auditorias Externas. Da forma como atua hoje, o Banco Central não está equipado para fiscalizar e os Conselheiros de Administração não têm tempo ou preparo para examinar a fundo o trabalho dos auditores, a menos que constituam um Comitê de Auditoria (LODI, 2000, p. 37)15.

Em 1998, a Resolução 2554 do Banco Central do Brasil fortalecia a visão

de necessidade por zelo para com os controles internos das instituições

financeiras. A preocupação com o cenário macro poderia ser grande, mas a

governança e os controles internos dos Bancos começavam a delimitar o

surgimento de um senso de urgência no reforço da administração como

patrocinadora dos controles:

(...) Parágrafo 2º São de responsabilidade da diretoria da instituição: I -a implantação e a implementação de uma estrutura de controles

14 Assim, patrocinar controles e governança responsável não poderia esperar que as melhores práticas de mercado fossem adotadas voluntariamente, o risco de falência de grandes bancos para uma economia fragilizada como a brasileira poderia ter demandado ações responsáveis por parte dos supervisores em nome da sociedade, em última análise, a principal prejudicada em crises sistêmicas. 15 O estudo não incluiu, na lista compilada de Lodi (2000, p. 37), um banco nacional de porte razoável que veio a sofrer intervenção recentemente. Em bases objetivas, coexistiram a contemporaneidade do caso e a dificuldade de vincular casos fora da citação com o objeto de estudo.

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internos efetiva mediante a definição de atividades de controle para todos os níveis de negócios da instituição; (...)

Assim a Resolução 2554, de 24 de setembro de 1998, pode ter estimulado

um comportamento mais cuidadoso quanto aos controles e governança por parte

das instituições financeiras nacionais. Esse viés da regulação, possivelmente,

recebeu influências internacionais que vieram a desdobrar no Acordo da Basiléia II,

elemento-chave na atual conjuntura dos controles e supervisão dos Bancos na

atualidade16.

Voltando a 2004, uma Resolução de grande interesse para esse estudo

surgia no Brasil. A Resolução 3198 determinava, entre outras prescrições, a adoção

do Comitê de Auditoria nos seguintes termos:

Art. 10. Devem constituir órgão estatutário denominado Comitê de Auditoria as instituições referidas no art. 1º, inciso I, alínea "a", que tenham apresentado no encerramento dos dois últimos exercícios sociais: I - Patrimônio de Referência (PR) igual ou superior a R$ 1.000.000.000,00 (um bilhão de reais); ou II - administração de recursos de terceiros em montante igual ou superior a R$1.000.000.000,00 (um bilhão de reais); ou III - somatório das captações de depósitos e de administração de recursos de terceiros em montante igual ou superior a R$ 5.000.000.000,00 (cinco bilhões de reais).

A opção do BACEN pela regulação prudencial, aparentemente, aproveitou

experiências de mercados financeiros e de capitais de outros países. Esse

procedimento pode ser defensável à luz das fragilidades socioeconômicas do Brasil

e uma suposta intenção de minimizar impactos e ocorrência de grandes quebras.

Pode ser apreendido que a supervisão está encerrando maior atenção aos

controles internos das instituições financeiras e possivelmente as estruturas de 16 Aliás, o documento: “Princípios Essenciais para a Supervisão Bancária Eficaz”, publicado pelo Comitê de Supervisão Bancária da Basiléia de 1997, pode representar uma evidência de que os Bancos centrais de todo o mundo estavam atentos aos benefícios do Comitê de Auditoria há anos: “Em alguns países, os supervisores bancários recomendam que os Bancos estabeleçam um “Comitê de Auditoria” dentro do conselho de diretores. Este Comitê tem por finalidade facilitar o efetivo desempenho, pelo conselho, de suas funções de supervisão” (BIS, 1997, p. 26).

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governança que lhe dão suporte. Alguns aspectos que já eram valorizados em

literatura de Auditoria como independência, patrocínio da administração e controles

internos recebem um reforço por parte das autoridades regulatórias nacionais,

também inspiradas no Comitê da Basiléia. Esses aspectos convergem para a

criação de Comitês de Auditoria em âmbito nacional e planetário.

Esse contexto já permite uma primeira visão de que o Comitê de Auditoria

possa ser entendido como instrumento facilitador de governança, controles e

responsabilidade social para responder a um novo contexto dos negócios

financeiros. Portanto, o Comitê de Auditoria tem ampliado sua importância nos

Bancos, ao passo que pode ser um instrumento para reforçar a cultura de

transparência, governança, gerenciamento de riscos, alocação de capital e controles

internos. Nas palavras de Fortuna (2005, p. 721):

Os Comitês de Auditoria buscam dar maior transparência sobre a situação dessas instituições. Eles ajudam a detectar erros ou práticas contábeis ilegais, tanto por parte dos Bancos como de suas Auditorias independentes. Pelas regras, os Comitês deverão ser formados por três profissionais com conhecimento na área e terão mandatos de, no máximo, cinco anos.

Vale ressaltar que a criação dos referidos Comitês, regulação, a inclusão nos

estatutos e até funcionamento, merecem ser avaliados de forma cética, pois não são

elementos suficientes para alcançar aos benefícios aspirados. Para que a nova

prática seja eficaz é defensável que exista patrocínio da administração, acionistas e

sociedade e até mudança cultural. Pode-se aprender esse aspecto nas passagens:

Infelizmente, por várias razões, as relações [Auditores e o Conselho Diretor, através do Comitê de Auditoria dos Estados Unidos] estão aquém do ideal. As comunicações entre o Auditor e o Comitê de Auditoria foram, freqüentemente – talvez usualmente – estéreis, pomposas, perfunctórias, breves, rotineiras e sem significado. (FRANCO, 1998, p. 64).

Por sua natureza, as organizações detestam os sistemas de controle. A governança ineficaz é uma parte do problema com os mecanismos de

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controles internos; raramente eles reagem na ausência de uma crise, (BERNSTEIN e DAMODARAN, 2000, p. 385). A cultura do conselho de administração é importante componente do fracasso dos quadros de conselheiros. A ênfase na polidez e na cortesia em detrimento da verdade e da franqueza nas salas do conselho tanto é um sintoma como uma causa de fracasso nos sistemas de controle, (BERNSTEIN e DAMODARAN, 2000, p. 387). (...) a Comissão Marini sugeriu que a lei de sociedades necessita de atualização, concluindo: “Parece que a legislação francesa estaria enganada em tentar impor regras inflexíveis aplicáveis a todas as companhias, (FRANCO, 1998, p. 60).

A despeito de o Governo Francês esperar que as companhias voluntariamente implementem os novos princípios de Corporate Governance, 25% das companhias, representando as SFB 120, já decidiram não seguir as mudança recomendadas pelo Relatório Viènot. Serão os legisladores capazes de aceitar, a longo prazo, duas formas diferentes de administração de companhias com ações cotadas em Bolsa? (FRANCO, 1998, p. 61).

Assim, as passagens deixam visíveis que o espectro de supervisão

prudencial, entre os extremos de auto-regulação pura e regulação inflexível, parece

mais adequado quando cultura, sistema legal e economia são variáveis evidentes.

Logo, uma supevisão prudencial, aberta a uma regulação contábil por princípios,

parece ser recomendável quando a complexidade é enorme e os impactos sociais

da má-governança relevantes. Essa perspectiva desfecha a passagem que acaba

por fortalecer a opção por uma regulação prudencial do Banco Central do Brasil,

mas não deixa de contrariar em boa parte a visão anterior à Lei Societária Sarbanes-

Oxley de Boyton, Johnson e Kell (2002, p. 51):

A cada investigação [do Congresso norte-americano], o “fantasma17” de maior regulação pública da profissão torna-se mais visível. Esse resultado,

17 Há que se pensar em expulsar os demônios que governam os extremos. Em alguns casos os extremos possuem pouca diferença e relevância ao passo que se revelam incompletos e ineficazes para tratar com a natureza humana. Das notas de Franco (1998, p. 54): “A Corporate Governance é comportamental por natureza.” o reforço é inevitável. De uma forma mais drástica: profissionais ou empresas não operam no vácuo e mesmo as condições normais de temperatura e pressão são forjadas para os sistemas mecânicos que admitem incerteza e aleatoriedade. Logo, o que se pode esperar de Contabilidade, Economia e Finanças? Os dilemas e contradições são permanentes. O que faz pensar que o presente virou passado, em algumas épocas. Mesmo a linearidade do tempo pode ser questionada em contextos econômicos. Nesse sentido, mas de uma forma comparativa: Em Economia e finanças, nada pode ser medido com a grande precisão das ciências físicas. No entanto, a medida aproximada será suficiente, desde que o método de medir continue aproximadamente o mesmo ao longo do tempo, Samuelson (1975, p. 136). Em pensamento, aceitar uma realidade de penumbra e espectro pode ser opção eficaz para algumas situações não-fantasmagóricas. As luzes

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27

entretanto, tem sido evitado, porque a profissão tem respondido prontamente, elevando o padrão de suas normas e fortalecendo seus esforços de auto-regulação.

2.3. O COMITÊ DE AUDITORIA EM AÇÃO NOS MAIORES BANCOS BRASILEIROS

O estudo, nessa seção, procura, de forma exploratória, analisar,

comparativamente, os estatutos dos quatro maiores Bancos Brasileiros, no ano de

2004. Os procedimentos procuram obter elementos mínimos para enriquecer o

debate e não possuem interesse de generalização.

O procedimento comparativo e documental procurou configurar um modelo-

síntese de Comitê de Auditoria a partir dos estatutos das instituições financeiras do

Brasil. Essa opção foi possível graças à qualidade e quantidade de informações

disponibilizadas pelos Bancos Brasileiros, uma demonstração de transparência e

compromisso com a sociedade. Nesse quesito, o Banco do Brasil, o Bradesco, a

Caixa, o Itaú e o Banco Central merecem congratulações pela iniciativa, do contrário

o estudo seria inviável.

É importante mencionar que essa seção não objetiva análise comparativa ou

forjar ranking das melhores práticas de Comitê de Auditoria no Brasil. Longe disso, o

estudo procura criar um modelo-síntese para contribuir na apreensão do tema em

bases atuais e próximas de serem “qualitativamente empíricas”.

Por fim, vale registrar que outros Bancos possuem condições regulatórias

para implantar o Comitê de Auditoria, mas não foram selecionados pelas limitações

desse estudo. São eles:

Unibanco, HSBC, Santander, Bank Boston, Real, ABN Amro, Citibank, Brascan, Safra, Sudameris, Votorantim, Pactual, BANRINSUL, Credit

estarão nas penumbras? Aparentemente o meio-termo e o julgamento por princípios parecem mais razoáveis quando avaliados esses aspectos da regulação financeira e histórico de amplo conhecimento de regulação contábil por regras, ainda que supostamente auto-regulada.

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Suisse, Alfa, Opportunity, Besc, BNDES, Banco Santos, JP Morgan, Fator, Credit Lyonnais e Sul-América, (FORTURA, p. 2005, p. 722).

A seleção dos 4 (quatro) maiores Bancos foi realizada com base no

patrimônio de referência (ranking BACEN) e receita por grupo (ranking Valor

Econômico)18.

2.3.1 Um Comitê de Auditoria tem Quantos Membros?

A partir da analise de estatutos é possível inferir que um Comitê de Auditoria

no Brasil, inspirado nos Bancos selecionados, possui, no mínimo, 3 membros.

BANCO DO BRASIL BRADESCO CAIXA ITAÚ Número de Membros 3 de 3 a 5 3 3 (mínimo)

Quadro 4: Análise Comparativa – Número de Membros do Comitê de Auditoria Fonte: Adaptado dos Estatutos Sociais dos Bancos disponíveis virtualmente. Acesso em 18 out. 2004.

A existência de um número ímpar de conselheiros é interessante para

critérios de desempate. Há, contudo, uma possível variabilidade do número de

membros, contrariando a suposição II.

2.3.2 Há Membro Especialista em Contabilidade, Auditoria ou Finanças?

Em regra, o Comitê não registra explicitamente membro especialista, analisados os estatutos. Através dos estatutos, é possível verificar que apenas uma instituição mencionou a obrigatoriedade. A existência de um especialista em matérias como: contabilidade, finanças e auditoria facilita o relacionamento do membro com os dilemas da área e tende a aumentar sua eficácia. Entretanto, é possível que as instituições financeiras possuam especialistas em seus Comitês, apenas não foi possível inferir tal situação a partir dos respectivos estatutos.

BANCO DO BRASIL BRADESCO CAIXA ITAÚ

Possui quantos especialistas em contabilidade, finanças e/ou Auditoria?

Não mencionado Não mencionado

Não mencionado 1

Quadro 5: Análise Comparativa – Presença de Especialista no Comitê de Auditoria

18 O Anexo D traz outras informações exploratórias sobre a prática do Comitê de Auditoria em Bancos Brasileiros. O foco de coleta de dados é alterado para um levantamento e em termos de amostra.

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Fonte: Adaptado dos Estatutos Sociais dos Respectivos Bancos disponíveis virtualmente. Acesso em 18 out. 2004.

É interessante notar que a regulação e o mercado ressaltaram a importância

do profissional contábil na constituição dos Comitês de Auditoria. No que se refere à

suposição II há, possivelmente, modelos diferenciados de Comitê de Auditoria no

que se refere ao número de especialistas.

2.3.3 Como São Escolhidos os Membros do Comitê de Auditoria?

Um modelo de Comitê de Auditoria no Brasil é escolhido entre os membros do

Conselho de Administração. A forma de escolha pode configurar, formalmente,

funções conflitantes de gestão e controle, uma vez que alguns Conselhos de

Administração possam ter funções conflitantes de gestão e controle. Logo, pode ser

desaconselhável que o Conselheiro de Administração, que desempenhe funções

executivas, a priori, desempenhe funções de controle (Comitê de Auditoria)19.

BANCO DO BRASIL BRADESCO CAIXA ITAÚ

Critérios de Nomeação dos Membros

Eleição na Assembléia Geral dos Acionistas

Nomeação do Conselho de Administração

Designação do Conselho de Administração entre os Vice-Presidentes

Eleição entre os membros do Conselho de Administração

Quadro 6: Análise Comparativa – Critério de Nomeação dos Membros para o Comitê de Auditoria Fonte: Adaptado dos Estatutos Sociais dos Respectivos Bancos disponíveis virtualmente. Acesso em 18 out. 2004.

Assim, o critério de nomeação dos membros possui práticas diferentes. É

possível que esse “teste” configure uma diferença contundente entre as práticas.

Essa informação falseia drasticamente, por assim dizer, a suposição II.

19 Não haveria falta de segregação de função? Uma questão para pensar e analisar criteriosamente.

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Portanto, encerrado o procedimento, as evidências permitem configurar que a

suposição II não está totalmente correta. Assim, os modelos de Comitê de Auditoria,

sob mesma regulação, comportam-se de forma diferenciada.

2.4 BREVE SÍNTESE DAS INFORMAÇÕES CONCEITUAIS E DOCUMENTAIS

Após os procedimentos bibliográficos e documentais, é possível construir um

modelo de Comitê de Auditoria e discuti-lo sob as questões centrais do trabalho.

O Comitê de Auditoria parece ser uma prática de governança corporativa

recente no país, mas recorrente nas quatro maiores instituições financeiras do Brasil.

Inspirando-se em algumas definições de autores e práticas, pode-se propor a

seguinte visão (síntese 1):

Grupo independente e qualificado, preferencialmente externo à companhia, que contribui para a gestão da companhia no acompanhamento e avaliação das práticas de gestão, padrões de conduta, informes financeiros e controles internos.

O modelo de Comitê de Auditoria no Brasil (síntese 2), inspirado nos

estatutos, pode, assim, ser caracterizado, ainda que não seja totalmente homogêneo

na amostra do estudo:

a) quantidade de membros: 3 conselheiros;

b) escolha dos membros do Comitê: dentre os membros do C.A;

c) presença de especialista: não mencionado.

Cabe destacar que o procedimento exploratório e documental das práticas de

Comitês de Auditoria no Brasil possui limitações inerentes. Documentos podem ser

entendidos como expressão formal da realidade, mas podem não representar

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quadros definitivos e exaustivos do cotidiano empresarial. Então, a pesquisa procura

ser um breve convite para que profissionais de controle, executivos e a sociedade

aprofundem na análise da eficácia dessa inovação de governança. Longe de ser

definitiva a análise procura ser ponte para novos estudos e debates com fóruns

diversificados, mas já permite algumas conclusões primeiras.

Realizada a dupla-síntese é possível desfechar o estudo.

3 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

3.1 ASPECTOS CONCLUSIVOS

Nesse ponto parece razoável reviver o problema, suposição e as

sínteses do trabalho.

Problema 1: Mas o que seria um Comitê de Auditoria?

Suposição 1: O estudo supõe que o Comitê de Auditoria seja um grupo de

Conselheiros, encarregado do relacionamento com o auditor

independente exclusivamente.

Síntese 1: Grupo independente e qualificado, preferencialmente externo à

companhia, que contribui para sua gestão no acompanhamento e

avaliação das práticas de gestão, padrões de conduta, informes

financeiros e controles internos.

Assim, avaliadas as evidências bibliográficas e documentais é factível

apreender que a função do Comitê de Auditoria é bem mais ampla que

relacionamento exclusivo com o auditor independente. Logo, a primeira suposição

revelou-se incompleta e até desatualizada.

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Problema 2: O Comitê de Auditoria é rigorosamente igual nos os Bancos

Brasileiros?

Suposição 2: Supõe-se que os Comitês de Auditoria nos Bancos selecionados sejam

rigorosamente iguais, vez que essa prática é regulada pelo Banco

Central do Brasil.

Síntese 2: O modelo de Comitê de Auditoria no Brasil, inspirado nos estatutos,

pode, assim, ser caracterizado, ainda que não seja totalmente

homogêneo na seleção do estudo:

a) quantidade de membros: 3 conselheiros;

b) escolha dos membros do Comitê: dentre os membros do C.A;

c) presença de especialista: não mencionado.

Respeitadas as limitações do estudo, foi possível defender que exista uma

variabilidade entre os selecionados Comitês de Auditoria. Se, por um lado, há uma

regulação do Banco Central do Brasil sobre o mercado financeiro, possivelmente, ela

não se apresenta inflexível, permitindo algumas variações. Logo, ainda que alguns

caracterizadores sejam assemelhados, de forma alguma os Comitês de Auditoria

estudados são totalmente iguais em sua composição e formatação. Suposição 2,

insatisfatória.

Enfim, os Comitês de Auditoria vão muito além de acompanhar os trabalhos

de Auditoria Independente e são variáveis. Portanto, a dupla-suposição revelou-se

incompleta e insatisfatória quando se analisam: evidências, análises, documentos e

compêndios do presente estudo bibliográfico e exploratório.

3.2 SUGESTÃO E DISCUSSÕES PARA FUTURAS PESQUISAS

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Algumas discussões instigantes foram abreviadas. Assim, as relações da

governança, a responsabilidade regulatória e os Comitês de Auditoria não se

encerram nessas linhas. Futuros estudos são desejáveis para analisar, criteriosa e

objetivamente, as práticas de Auditoria e Governança Internacionais em franca

intensificação no Brasil.

Assim, as seguintes questões de interesse não puderam ser tratadas neste

trabalho pelo escopo da pesquisa:

a) predominância da regulação financeira na adoção de práticas de

governança20;

b) visões de Governança Corporativa em outros países e mercados;

c) estudos de casos de implantação de Comitês de Auditoria em empresas

industriais21 e

d) percepção dos stakeholders ante a empresas que possuam e não

possuam Comitê de Auditoria.

Vários temas poderão surgir a partir dos dilemas trabalhados por este estudo.

Ainda assim, com o intuito de estimular a discussão sobre a Governança Voluntária

x a Governança Regulada vale citar a passagem de Maximiano (2004, p. 401):

Na sociedade ideal, a Regra de Ouro22 e os imperativos de Kant fossem dispensáveis. Porém essa complexa questão filosófica deve dar lugar à constatação de que os códigos de conduta compulsória, desde os Dez Mandamentos até o Código Nacional de Trânsito, são realidade e necessidade bastante práticas.

20 A propósito, o autor iniciou um levantamento durante o presente estudo junto aos 50 maiores Bancos conforme ranking de patrimônio ajustado do BACEN. As evidências preliminares indicaram nas respostas recebidas que, em 100% dos casos, a relevância do supervisor bancário é fator prioritário, conforme sugere o Apêndice D. 21 A exemplo da Companhia Vale do Rio Doce que recepcionou a prática do Comitê de Auditoria em seu estatuto, conforme Anexo B deste trabalho. 22“ tudo o que quereis que os outros vos façam, fazei-o vós a eles ou (b) não façais aos outros o que não quereis que vos façam”, (MAXIMIANO, 2004, p. 401),

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Portanto, diante da prática nacional e sensíveis catástrofes empresariais

internacionais é defensável que exista uma regulação pública para a

governança das corporações. Mas até que ponto? Regular ao extremo parece

pouco razoável. Entretanto, o supervisor bancário pode ter dificuldades de

abrir mão de aprender com a experiência alheia e atuar responsavelmente.

Em complemento, aproveitar o que há de melhor nas práticas mundiais

de regulação sugere um investimento em adaptação e flexibilidade para a

cultura e mercados brasileiros. Ainda assim, até que ponto é factível que uma

regulação financeira recepcione padrões de controles e de governança

corporativa em países de culturas distintas e empresas que adotem

voluntariamente as propagadas “boas práticas de gestão e governança”?

Não se sabe ao extremo, entretanto, o tempo e novas pesquisas e debates

entre acadêmicos, técnicos e executivos, por assim dizer, poderão ajudar a

sociedade interessada a descobrir soluções razoavelmente eficazes de prestação de

contas (accountability), transparência (disclosure), observância das normas

(compliance) e senso de justiça (fairness), e, por que não, Comitês de Auditoria em

propagação pelo mundo. Um ponto, por fim, parece evidente: o espaço parece curto

para auto-regulação ao extremo e regulações inflexíveis. O bom poderia estar entre

os extremos. Que assim o seja para o Comitê de Auditoria no Brasil, um espectro

entre os pólos, para que catástrofes sejam evitadas assim como “fantasmas” e

“demônios” da governança fraudulenta permaneçam no plano das idéias. As luzes

podem estar, ainda que por um momento provisório, nas penumbras, por assim

encerrar metaforicamente.

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APÊNDICES

Apêndice A: As Atribuições de Comitês de Auditoria nos Bancos Brasileiros

BANCO DO BRASIL BRADESCO CAIXA ITAÚ

(...) I assessorar o Conselho de Administração no que concerne ao exercício de suas funções de Auditoria interna e fiscalização; II - supervisionar as atividades e avaliar os trabalhos da Auditoria independente; e III - supervisionar as atividades do Auditor Geral e avaliar os trabalhos da Auditoria Interna. (...)

(...) a) recomendar ao Conselho de Administração a entidade a ser contratada para prestação dos serviços de Auditoria independente e a respectiva remuneração, bem como a sua substituição; b) revisar, previamente à divulgação ao Mercado, as demonstrações contábeis, inclusive notas explicativas, relatórios da administração e parecer do auditor independente; c) avaliar a efetividade das Auditorias independente e interna, inclusive quanto à verificação do cumprimento de dispositivos legais e normativos aplicáveis à Sociedade, além de regulamentos e códigos internos; d) avaliar o cumprimento, pela Diretoria da Sociedade, das recomendações feitas pelos auditores independentes ou internos, bem como recomendar ao Conselho de Administração a resolução de

BRADESCO (continuação) eventuais conflitos entre os auditores externos e a

(...) I - estabelecer as regras operacionais para seu próprio funcionamento, as quais deverão ser aprovadas pelo Conselho de Administração da CEF, II - revisar, previamente à publicação, as demonstrações contábeis semestrais, inclusive notas explicativas, relatórios da administração e parecer do auditor independente; III - avaliar a efetividade das Auditorias independente e interna, inclusive quanto à verificação do cumprimento de dispositivos legais e normativos aplicáveis à CEF, além dos regulamentos e regimentos internos; IV - avaliar o cumprimento, pela administração da CEF, das recomendações feitas pelos auditores independentes ou internos; V - estabelecer e divulgar procedimentos para recepção e tratamento de informações acerca do descumprimento de dispositivos legais, de normativos, de regulamentos e de normas internas aplicáveis à CEF, inclusive com previsão de procedimentos específicos para proteção do prestador e da confidencialidade da informação; VI - recomendar, ao Conselho Diretor e à Diretoria Executiva, correção ou aprimoramento de

CAIXA (continuação) políticas, práticas e procedimentos identificados no âmbito de suas atribuições; VII - reunir-se, no mínimo

(...) - A avaliação sobre a eficiência e confiabilidade do Sistema de Controles Internos e de Administração de Riscos implementado pela Diretoria, a apreciação da conformidade das operações e negócios da sociedade com os dispositivos legais, os regulamentos internos e a política da sociedade, a supervisão das atividades da Auditoria interna e o monitoramento da Auditoria independente serão exercidas pelo Comitê de Auditoria, a quem caberá, também, recomendar ao Conselho de Administração a escolha e a destituição dos auditores independentes. (...)

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Diretoria; e) estabelecer e divulgar procedimentos para recepção e tratamento de informações acerca do descumprimento de dispositivos legais e normativos aplicáveis à Sociedade, além de regulamentos e códigos internos, inclusive com previsão de procedimentos específicos para proteção do prestador da informação e da sua confidencialidade; f) recomendar à Diretoria da Sociedade correção ou aprimoramento de políticas, práticas e procedimentos identificados no âmbito de suas atribuições; g) reunir-se, no mínimo, trimestralmente, com a Diretoria da Sociedade e Auditorias independente e interna; h) verificar, por ocasião de suas reuniões, o cumprimento de suas recomendações e/ou esclarecimentos às suas indagações, inclusive no que se refere ao planejamento dos respectivos trabalhos de Auditoria, formalizando em Atas os conteúdos de tais encontros; i) estabelecer as regras operacionais para seu funcionamento. (...)

trimestralmente, com o Conselho Diretor, com a Auditoria Independente e com a Auditoria Interna para verificar o cumprimento de suas recomendações ou indagações, inclusive no que se refere ao planejamento dos respectivos trabalhos de Auditoria, formalizando, em atas, os conteúdos de tais encontros; VIII - reunir-se com o Conselho Fiscal e Conselho de Administração, por solicitação destes, para discutir acerca de políticas, práticas e procedimentos identificados no âmbito das suas respectivas competências; IX - comunicar ao Banco Central do Brasil e ao Conselho de Administração, na forma e nos prazos estabelecidos pelas normas específicas, a existência ou evidência de fraudes, falhas ou erros que coloquem em risco a continuidade da CEF ou a fidedignidade de suas demonstrações contábeis; X - elaborar, manter à disposição do Banco Central do Brasil e publicar ao final dos semestres findos em 30 de junho e 31 de dezembro, relatório do Comitê de Auditoria, contendo as informações exigidas pela regulamentação aplicável; XI - outras atribuições estabelecidas em seu Regimento Interno e/ou determinadas pelo Conselho Monetário Nacional e Banco Central do Brasil. (...)

Quadro 7: Atribuições dos Comitês de Auditoria nos 4 (quatro) maiores Bancos brasileiros

Fonte: Adaptado dos Estatutos Sociais dos Bancos Selecionados. Acesso em 18 out. 2004.

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APÊNDICE B: VARIABILIDADE NOS COMITÊS DE AUDITORIA EM BANCOS BRASILEIROS

BANCO DO BRASIL BRADESCO CAIXA ITAÚ

Número de Membros 3 de 3 a 5 3 3 (mínimo)

Representante(s) dos Minoritários 1 NMD NMD NMD

Critérios de Nomeação

Eleição na Assembléia Geral dos Acionistas

Nomeação do Conselho de Administração

Designação do Conselho de Administração entre os Vice-Presidentes

Eleição entre os membros do Conselho de Administração

Presidente/Líder do Comitê de Auditoria

NMD

Coordenador indicado pelo Conselho de Administração.

Vice-Presidente responsável por temas contábeis.

Indicado pelo Conselho de Administração.

Critérios de Remuneração

Limitada a 80% Média Salarial dos Diretores

Não inferior 10% da média baseada nos honorários da cada

Sem remuneração adicional (todos os membros são Vice-Presidentes).

Parâmetros de mercado e não-cumulativa a remunerações de empresas ligadas ao Grupo.

Tempo de Mandato Trienal anual NMD anual

Recondução NMD NMD NMD Máximo de 4, carência de 3 anos para retorno.

Menção de Independência dos Membros

NMD NMD NMD Sim

Especialista(s) em Contabilidade, Finanças e/ou Auditoria

NMD NMD NMD 1 (mínimo)

Quadro 8: Algumas Diferenças nos Comitês de Auditoria em Bancos Brasileiros

NMD - Não mencionado diretamente nos estatutos dos Bancos selecionados.

Fonte: Adaptado dos Estatutos Sociais dos Bancos Selecionados. Acesso em 18 out. 2004.

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APÊNDICE C. HISTÓRICO RECENTE DE INICIATIVAS DE GOVERNANÇA CORPORATIVA E

COMITÊ DE AUDITORIA

África do Sul – [1994] “The King Report” Alemanha – [1998] “Kontrag”, “Cromme Commission” [2003] Austrália – [1994], “Bridging the Expectation GAP” Brasil – [2003-2004] Banco Central do Brasil e IBGC23 Canadá – Dey: “Whore were the directors” [1994] Estados Unidos da América – Relatório Coso [1992]; Lei Sarbanes-Oxley [2002] França – [1995, 1999] Vienòt Rapport, Bouton [2002] Holanda – Peter Committee [1997], Tabaksblat [2003] OECD – [1999] “Improving competitiveness and access to capital in global market” Reino Unido – Relatório Cadburry [1992]; Hampel [1998]; Higgs [1993]

Fonte: Adaptado de Hayes, Dassen, Schilder e Wallage (2005, p. 604).

23 Inclusão do autor.

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APÊNDICE D - LEVANTAMENTO DE COMITÊS DE AUDITORIA NOS BANCOS BRASILEIROS

1. A Instituição do Senhor(a) possui Comitê de Auditoria? ( ) Não ( ) Sim 2. Em qual data as atividades do Comitê de Auditoria iniciaram na Instituição do Sr(a)? 3. Em sua opinião, quais benefícios são determinantes para a criação de Comitês de Auditoria? 4. Favor numerar em ordem crescente de prioridade os seguintes fatores que mais influenciam, em sua opinião, a decisão de implantar um Comitê de Auditoria nas instituições financeiras com operações no Brasil: ( ) Prática Consagrada Mundialmente ( ) Recomendações da Basiléia ( ) Regulação do Banco Central ( ) Outros (favor especificar) 5. Qual a origem do controle de capital da Instituição do Sr(a).? ( ) Asiática ( ) Européia ( ) Norte-Americana ( ) Nacional Privada ( ) Nacional Pública Estadual ( ) Nacional Pública Federal ( ) Outros (favor especificar) 6. Gostaria de identificar a Instituição? ( ) Não ( ) Sim 7. A Instituição permite a utilização desses dados em futuras pesquisas e apresentações técnico-acadêmicas? ( ) Não ( ) Sim População: Bancos brasileiros.

Amostra: 50 maiores Bancos conforme relação de patrimônio-referência do BACEN.

Quantidade de Respondentes: 4 (quatro).

QUESTÕES

RESPONDENTES 1 2 3 424 5 6 7 1 Sim 2004 OA 2,3,1,4 OA Sim Sim 2 Sim 2004 OA 3,2,1,0 OA Não Sim 3 Sim 2004 OA 3,2,1,0 OA Sim Sim 4 Sim 2004 OA 0,0,1,0 OAF Sim Sim Quadro 9: Tabulação Primária para Futuras Pesquisas sobre Comitê de Auditoria em Bancos Brasileiros OA - Omitido pelo autor. Fonte: Adaptado pelo autor a partir das contribuições dos Bancos respondentes.

24 Essas primeiras informações são evidências preliminares não-generalizáveis de que a regulação possui papel decisivo e prioritário na promoção dos Comitês de Auditoria no país: 100% dos respondentes, 4 (quatro) do total de 50 empresas selecionadas, consideram que a regulação do BACEN é fator decisivo para implantação dos Comitês de Auditoria em Bancos brasileiros. Vale registrar que os respondentes do levantamento não são necessariamente os mesmos da análise documental no corpo do trabalho.

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ANEXOS

ANEXO A: RESOLUÇÃO 3.081 DE 29 DE MARÇO DE 2003 – DO COMITÊ DE AUDITORIA25

(...)

DO COMITÊ DE AUDITORIA

Art. 10. As instituições referidas no art. 1º que apresentem Patrimônio de Referência (PR) igual ou superior a R$200.000.000,00 (duzentos milhões de reais) devem constituir órgão estatutário denominado Comitê de Auditoria. § 1º As instituições líderes responsáveis pela elaboração das demonstrações contábeis consolidadas de conglomerados financeiros que apresentem PR igual ou superior a R$ 200.000.000,00 (duzentos milhões de reais), devem constituir o Comitê de Auditoria, ainda que, individualmente, as instituições pertencentes a tais conglomerados não atinjam o valor de PR definido no caput. § 2º As instituições devem criar condições adequadas para o funcionamento do Comitê de Auditoria, o qual deve estar em pleno funcionamento até 31 de dezembro de 2003. Art. 11. O Comitê de Auditoria deve ser composto por, no mínimo, três integrantes, com mandato máximo de cinco anos. § 1º O número de integrantes, critérios de nomeação, de destituição e de remuneração, tempo de mandato e atribuições do Comitê de Auditoria devem estar expressos no estatuto ou no contrato social da instituição. § 2º Pelo menos um dos integrantes do Comitê de Auditoria deve possuir comprovados conhecimentos nas áreas de contabilidade e Auditoria que o qualifiquem para a função. § 3º O integrante do Comitê de Auditoria somente pode voltar a integrar tal órgão na mesma instituição após decorridos, no mínimo, três anos do final do seu mandato anterior. § 4º É indelegável a função de integrante do Comitê de Auditoria. § 5º O conselho fiscal da instituição pode exercer as funções do Comitê de Auditoria, desde que esteja em funcionamento permanente, observadas as disposições deste regulamento. Art. 12. Além do previsto nos arts. 2º e 4º da Resolução 3.041, de 28 de novembro de 2002, que estabelece condições para o exercício de cargos em órgãos estatutários de instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil, são condições básicas para o exercício de integrante do Comitê de Auditoria: I - não ser, ou ter sido nos últimos doze meses: a) diretor ou funcionário da instituição ou de suas ligadas; b) responsável técnico, diretor, gerente, supervisor ou qualquer outro integrante, com função de gerência, da equipe envolvida nos trabalhos de Auditoria na instituição; II - não ser cônjuge ou parente em linha reta, em linha colateral até o terceiro grau e por afinidade até o segundo grau, das pessoas referidas no inciso I;

25 Essa resolução foi atualizada até a presente data pela Resolução 3.098 de 2004 do BACEN. Entretanto, ela foi mantida por capturar boa parte do funcionamento e estrutura de um Comitê de Auditoria, merecendo as adaptações necessárias do prezado leitor.

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III - não receber qualquer outro tipo de remuneração da instituição ou de suas ligadas que não seja aquela relativa à sua função de integrante do Comitê de Auditoria ou, utilizada a prerrogativa prevista no art. 11, § 5º, relativa à sua função de membro do conselho fiscal. Art. 13. O Comitê de Auditoria deve reportar-se diretamente ao conselho de administração ou, na sua inexistência, à diretoria da instituição. Art. 14. Constituem atribuições do Comitê de Auditoria: I - estabelecer as regras operacionais para seu próprio funcionamento, as quais devem ser aprovadas pelo conselho de administração ou, na sua inexistência, pela diretoria da instituição, formalizadas por escrito e colocadas à disposição dos respectivos acionistas ou cotistas; II - recomendar, à administração da instituição, a entidade a ser contratada para prestação dos serviços de Auditoria independente, bem como a substituição do prestador desses serviços, caso considere necessário; III - revisar, previamente à publicação, as demonstrações contábeis semestrais, inclusive notas explicativas, relatórios da administração e parecer do auditor independente; IV - avaliar a efetividade das Auditorias independente e interna, inclusive quanto à verificação do cumprimento de dispositivos legais e normativos aplicáveis à instituição, além de regulamentos e códigos internos; V - avaliar o cumprimento, pela administração da instituição, das recomendações feitas pelos auditores independentes ou internos; VI - estabelecer e divulgar procedimentos para recepção e tratamento de informações acerca do descumprimento de dispositivos legais e normativos aplicáveis à instituição, além de regulamentos e códigos internos, inclusive com previsão de procedimentos específicos para proteção do prestador e da confidencialidade da informação; VII - recomendar, à diretoria da instituição, correção ou aprimoramento de políticas, práticas e procedimentos identificados no âmbito de suas atribuições; VIII - reunir-se, no mínimo trimestralmente, com a diretoria da instituição, com a Auditoria independente e com a Auditoria interna para verificar o cumprimento de suas recomendações ou indagações, inclusive no que se refere ao planejamento dos respectivos trabalhos de Auditoria, formalizando, em atas, os conteúdos de tais encontros; IX - verificar, por ocasião das reuniões previstas no inciso VIII, o cumprimento de suas recomendações pela diretoria da instituição; X - outras atribuições determinadas pelo Banco Central do Brasil. Art. 15. O Comitê de Auditoria pode, no âmbito de suas atribuições, utilizar-se do trabalho de especialistas. Parágrafo único. A utilização do trabalho de especialistas não exime o Comitê de Auditoria de suas responsabilidades. Art. 16. O Comitê de Auditoria deve elaborar, ao final dos semestres findos em 30 de junho e 31 de dezembro, documento denominado relatório do Comitê de Auditoria contendo, no mínimo, as seguintes informações: I - atividades exercidas no âmbito de suas atribuições, no período; II - avaliação da efetividade dos sistemas de controle interno da instituição, com ênfase no

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cumprimento do disposto na Resolução 2.554, de 24 de setembro de 1998, e com evidenciação das deficiências detectadas; III - descrição das recomendações apresentadas à diretoria, com evidenciação daquelas não acatadas e respectivas justificativas; IV - avaliação da efetividade das Auditorias independente e interna, inclusive quanto à verificação do cumprimento de dispositivos legais e normativos aplicáveis à instituição, além de regulamentos e códigos internos, com evidenciação das deficiências detectadas; V - avaliação da qualidade das demonstrações contábeis relativas aos respectivos períodos, com ênfase na aplicação das práticas contábeis adotadas no Brasil e no cumprimento de normas editadas pelo Banco Central do Brasil, com evidenciação das deficiências detectadas. § 1º O Comitê de Auditoria deve manter à disposição do Banco Central do Brasil e do conselho de administração da instituição o relatório do Comitê de Auditoria, pelo prazo mínimo de cinco anos de sua elaboração. § 2º O Comitê de Auditoria deve publicar, a partir de 31 de dezembro de 2003, em conjunto com as demonstrações contábeis semestrais, resumo do relatório do Comitê de Auditoria, evidenciando as principais informações contidas naquele documento.

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ANEXO B: O COMITÊ DE AUDITORIA DA CIA. VALE DO RIO DOCE

ESTATUTO SOCIAL

(...)

CAPÍTULO IV - DA ADMINISTRAÇÃO

(...)

SEÇÃO II

(...)

Subseção III - Das Atribuições

(...) Art. 15 - O Conselho de Administração, para seu assessoramento, contará, em caráter permanente, com 05 (cinco) Comitês técnicos e consultivos, a seguir denominados: Comitê de Desenvolvimento Executivo, Comitê Estratégico, Comitê Financeiro, Comitê de Auditoria, e Comitê de Governança e Ética. (...) Art. 24 - Compete ao Comitê de Auditoria: I - propor indicação ao Conselho de Administração dos auditores independentes e do responsável pela Auditoria interna da sociedade; II - emitir parecer sobre as políticas e o plano anual de Auditoria da sociedade apresentados pelo responsável pela Auditoria interna, bem como sobre a sua execução; III - acompanhar os resultados da Auditoria interna da sociedade, e identificar, priorizar, e propor ao Conselho de Administração ações a serem acompanhadas junto à Diretoria Executiva; IV - analisar o Relatório Anual de Administração, bem como as Demonstrações Financeiras da sociedade e fazer recomendação ao Conselho de Administração.

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