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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA CAMPUS DE JI-PARANÁ DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AMBIENTAL ROSEMERE GONÇALVES DOS SANTOS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS EM ÁREA DE ASSENTAMENTO RURAL: Estudo de caso Assentamento Chico Mendes I e II Ji-Paraná 2017

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA · 2020. 1. 28. · Foi muito bom ter convivido com todos. À todos os moradores do Assentamento Chico Mendes que sempre foram minha família,

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA

CAMPUS DE JI-PARANÁ

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

ROSEMERE GONÇALVES DOS SANTOS

IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS EM ÁREA DE ASSENTAMENTO RURAL:

Estudo de caso Assentamento Chico Mendes I e II

Ji-Paraná

2017

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ROSEMERE GONÇALVES DOS SANTOS

IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS EM ÁREA DE ASSENTAMENTO RURAL:

Estudo de caso Assentamento Chico Mendes I e II

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

Departamento de engenharia Ambiental, Fundação

Universidade Federal de Rondônia, Campus de Ji-

Paraná, como parte dos requisitos para obtenção do título

de Bacharel em Engenharia Ambiental.

Orientador: Prof. Doutor João Gilberto de Souza Ribeiro

Ji-Paraná

2017

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Dedico este trabalho em memória de Luzia Fogues Gomes, por ter

sempre acreditado no poder da educação e de Gerson Flôres do

Nascimento por ter dedicado sua vida na formação de grandes

profissionais.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, pela dádiva da vida.

À minha família, em especial meus pais Lúcia Gonçalves e Jurandir Pereira, meus

irmãos e amigos incondicionais Tiago Gonçalves e Dhiego Gonçalves. Minhas tias Ivaneide,

Ivanilda e Ivonete e Leonor por todo o carinho e minhas queridas Marias, avós e mães em todo

o momento.

Agradeço ao meu orientador João Gilberto, por toda a ajuda e serenidade ao me

ensinar, mostrar o caminho a ser seguido ao longo da elaboração do trabalho e aos membros da

banca professora Nara e Francisco de Assis pelas dicas e contribuições ao trabalho.

À Nelci Cerino por estar em todas as horas, apoiar na elaboração deste trabalho e por

ser uma segunda mãe em todos os momentos.

Agradeço as amigas, Leidilene Martins, Lígia Paula, Patrícia e Rosália por estarem em

cada etapa da minha história, pelos incentivos e por acreditarem em mim quando as esperanças

se foram.

À querida Natália Orlando, pelas gargalhadas, apoio e por ser uma mão amiga em

todos os momentos.

À todos os professores, que influenciaram e deixaram uma marca na minha história

como pessoa e futura profissional, em especial ao professor Jefferson Alberto por toda a

paciência e ajuda em momentos de incertezas e dificuldades.

Enfim a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha história na

Universidade, Reginaldo, Guilherme, Rosangela, Naara, Natália, Jussara, Aurelino..

Foi muito bom ter convivido com todos.

À todos os moradores do Assentamento Chico Mendes que sempre foram minha

família, apesar de todas as dificuldades.

E a todos os professores e servidores da Universidade Federal de Rondônia, pelo papel

que desempenham na busca de criar não apenas excelentes profissionais, mas sim excelentes

seres humanos!

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“Os alimentos jogados no lixo são alimentos

roubados da mesa do pobre, de quem tem fome.

A ecologia humana e a ecologia ambiental são

inseparáveis”

( PAPA FRANCISCO I).

“Precisamos dar sentidos a nossas

construções. E, quando o amor ao dinheiro e ao

sucesso nos estiver deixados cegos, saibamos

fazer pausas para olhar os lírios do campo e as

aves do céu.”

( Érico Veríssimo).

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RESUMO

A criação de Assentamentos rurais tem, contribuído de forma significativa para as alterações

socioambientais na Amazônia brasileira. A antropização, consequência dessa ocupação sem

planejamento, tem gerado grandes transtornos nessas áreas principalmente devido ao mau uso

do solo e o desmatamento. Pelo viés social a falta de investimentos em educação, saúde,

saneamento e apoio técnico, tem contribuído para impactos na saúde e influenciado na

permanência desses sujeitos no campo contribuído para a evasão. Em vista disso, este trabalho

teve como objetivo o diagnóstico dos impactos socioambientais em um Assentamento Rural da

Amazônia. O trabalho foi realizado no interior dos Assentamentos Chico Mendes I e II. Para

alcançar o objetivo foi aplicado um questionário à população residente na área a fim de entender

a realidade por meio dos fatores sociais envolvidos. Foi realizada uma avaliação espaço

temporal por meio de imagens de satélites trabalhadas num Sistema de Informação Geográfica

com a finalidade de analisar as principais mudanças decorrentes do processo de uso e ocupação.

Foi realizado também um levantamento de campo para registro fotográfico da região e

validação do produto do mapa de uso e cobertura. Os impactos socioambientais observados é o

desmatamento, uso inadequado do solo, falta de proteção das Áreas de Preservação Permanente,

além da precariedade nos serviços de educação e saneamento. A confecção deste trabalho

permitiu evidenciar as dinâmicas socioambientais da área de estudo, proporcionando subsídios

para a criação de alternativas que sejam ambientalmente sustentáveis e de políticas públicas

que viabilizem a garantia da qualidade ambiental e de vida para essas comunidades.

Palavras-chave: Reforma agrária, impacto socioambiental, geoprocessamento, percepção.

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ABSTRACT

The creation of rural settlements has contributed significantly to the socioenvironmental

changes in the Brazilian Amazon. Anthropization, consequence of this unplanned occupation,

has generated major disturbances in these areas mainly due to poor land use and deforestation.

Due to the social bias, the lack of investments in education, health, sanitation and technical

support has contributed to health impacts and influenced the permanence of these subjects in

the field contributed to avoidance. In view of this, this work aimed to diagnose the socio-

environmental impacts of a Rural Settlement in the Amazon. The work carried out inside the

settlements Chico Mendes I and II. To reach the objective, a questionnaire applied to the

resident population in the area in order to understand reality through the social factors involved.

A temporal space evaluation carried out using satellite images worked on a Geographic

Information System with the purpose of analyzing the main changes resulting from the use and

occupation process. A field survey also carried out for photographic registration of the region

and validation of the product of the map of use and coverage. The socio-environmental impacts

observed are deforestation, inadequate land use, lack of protection of Permanent Preservation

Areas, and precariousness in education and sanitation services. The preparation of this work

allowed to evidence of the socioenvironmental dynamics of the study area, providing subsidies

for the creation of alternatives that are environmentally sustainable and public policies that

enable the environmental and life quality guarantee for these communities.

Keywords: Agrarian reform, socio-environmental impact, geoprocessing, perception.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1– Acampamento que originou o Assentamento Chico Mendes I e II ano de

1995...........................................................................................................................................22

Figura 2- Local de reuniões, escola e culto religiosos do acampamento, ano de

1995...........................................................................................................................................23

Figura 3- Localização da área de estudo...................................................................................39

Figura 4- Questionário sobre a percepção da população...........................................................41

Figura 5 - Etapas seguidas para a elaboração do mapa de uso e cobertura da terra....................46

Figura 6 - Procedência das famílias..........................................................................................50

Figura 7- Nível de escolaridade dos entrevistados....................................................................51

Figura 8- Indivíduos matriculados............................................................................................52

Figura 9-Principais atividades desenvolvidas nas propriedades...............................................52

Figura 10 -Atividades desenvolvidas nas propriedades. Pecuária (A), plantações de inhame(B),

feijão (C) e mandioca (D)..........................................................................................................53

Figura 11- Fonte de renda da população entrevistada..............................................................54

Figura 12- Locais de atendimento de saúde dos assentados.....................................................55

Figura 13- Doenças de veiculação hídrica que os entrevistados já apresentaram......................56

Figura 14- Principais doenças que se relacionam com a água que a população já

apresentou.................................................................................................................................57

Figura 15- Fonte de água usada para abastecimento da população............................................58

Figura 16- Sistema alternativo de abastecimento. Poço semi-artesiano (A), Reservatório (B) e

painel (C)...................................................................................................................................58

Figura 17- Tratamento de água.................................................................................................59

Figura 18- Destino dos resíduos sólidos produzidos.................................................................60

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Figura 19- Porcentagem de entrevistados que fazem uso de agrotóxicos..................................61

Figura 20- Destino final das embalagens vazias de agrotóxicos...............................................62

Figura 21- Fossa negra..............................................................................................................62

Figura 22- Destino final do esgoto doméstico...........................................................................63

Figura 23- Corpo Hídrico (Rio Muqui).....................................................................................64

Figura 24- Nascentes e rios nas propriedades...........................................................................64

Figura 25- Reserva Florestal nas propriedades.........................................................................65

Figura 26- Mapa de uso e cobertura da terra – Assentamento Chico Mendes ano de

1995...........................................................................................................................................70

Figura 27- Mapa de uso e cobertura da terra – Assentamento Chico Mendes ano de

2005...........................................................................................................................................71

Figura 28 - Área desmatada sendo queimada no assentamento...............................................72

Figura 29- Mapa de uso e cobertura da terra – Assentamento Chico Mendes ano de 2015....73

Figura 30 - Mapa de uso e cobertura da terra nos anos 1995, 2005 e 2015................................74

Figura 31- Nascente convertida em bebedouro para rebanho bovino........................................75

Figura 32– Mapa de APP’s de curso d’ água e nascentes no interior da área do Assentamento

Chico Mendes nos anos 1995,2005 e 2015................................................................................76

Figura 33- APP desflorestada (A) e presença de rebanho no leito do rio (B)............................77

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Informações referentes as imagens orbitais utilizadas no trabalho..........................45

Tabela 2- Há quanto tempo reside no local?............................................................................66

Tabela 3- O que você percebe de mudanças no local?............................................................67

Tabela 4- Você considera o local conservado ambientalmente?.............................................67

Tabela 5- Principais dificuldades enfrentadas no local?..........................................................68

Tabela 6- O que precisa ser melhorado?..................................................................................69

Tabela 7- Resultados estatísticos para uso e cobertura da terra na área de estudo no ano de

1995...........................................................................................................................................69

Tabela 8- Resultados estatísticos para uso e cobertura da terra na área de estudo no ano de

2005...........................................................................................................................................71

Tabela 9- Resultados estatísticos para uso e cobertura da terra na área de estudo no ano de

2015...........................................................................................................................................73

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LISTA DE SIGLAS

APP - Área de Preservação Permanente

CEBERS - China-Brazil Earth Resources Satellite

CF - Constituição da Republica Federativa do Brasil

CONAMA - Conselho Nacional de Meio Ambiente

CPRM - Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais

EJA - Educação de Jovens e Adultos

EMPRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

FUNASA - Fundação Nacional de Saúde

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INCA- Instituto Nacional de Câncer

INCRA - Instituto Nacional de colonização e Reforma Agrária

INPE - Instituto Nacional de Pesquisa Espacial

IPAM - Instituto de Pesquisas Ambientais da Amazônia

LANDSAT- Land Remote Sensing Satellite

LIRAa - Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti

MMA - Ministerio do Meio Ambiente

MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem terra

NASA - Agência Espacial Americana

OMS - Organização Mundial de Saúde

PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

PNERA - Pesquisa Nacional de Educação na Reforma Agrária

PRONERA- Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária

SERE - Sensoriamento Remoto

SIG - Sistema de Informações Georreferenciadas

SNIS - Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento

SPRING -.Sistema de Processamento de Informações Georreferenciadas

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.......................................................................................................................16

1 REFERENCIAL TEÓRICO...............................................................................................19

1.1 REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL..............................................................................19

1.2 O ASSENTAMENTO CHICO MENDES......................................................................21

1.3 PRINCIPAIS TRANSFORMAÇÕES AMBIENTAIS NOS ASSENTAMENTOS.....24

1.4 IMPACTO AMBIENTAL X IMPACTO SOCIOAMBIENTAL..................................26

1.5 ASPECTOS LEGAIS AMBIENTAIS.............................................................................27

1.5.1 Reserva Legal..............................................................................................................28

1.5.2 Área de Preservação Permanente..............................................................................29

1.6 A EDUCAÇÃO NO CAMPO...........................................................................................30

1.7 SANEAMENTO BÁSICO................................................................................................31

1.7.1 Abastecimento de água................................................................................................32

1.7.2 Esgoto doméstico.........................................................................................................33

1.7.3 Resíduos Sólidos..........................................................................................................34

1.8 SAÚDE NOS ASSENTAMENTOS.................................................................................35

1.9 USO DO SENSORIAMENTO REMOTO E GEOPROCESSAMENTO NOS

ESTUDOS AMBIENTAIS...............................................................................................36

2 MATERIAL E MÉTODOS..............................................................................................38

2.1 ÁREA DE ESTUDO..........................................................................................................38

2.2 COLETA DE DADOS: QUESTIONÁRIO.....................................................................39

2.3 LEVANTAMENTO DE CAMPO....................................................................................45

2.4 CARACTERIZAÇÃO DO USO E OCUPAÇÃO DA TERRA......................................45

2.4.1 Processamento das imagens...........................................................................................46

2.5 DELIMITAÇÃO DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE.....................48

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................................49

3.1 DESCRIÇÃO DOS IMPACTOS SOCIAMBIENTAIS ATRAVÉS DA PERCEPÇÃO

DOS MORADORES...............................................................................................................49

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3.1.1 Perfil socioeconômico..................................................................................................49

3.1.2 Informações sobre a saúde.........................................................................................54

3.1.3 Informações sobre Saneamento Básico.....................................................................57

3.1.4 Informações sobre o meio ambiente..........................................................................63

3.2 Percepção...........................................................................................................................65

3.3 USO E COBERTURA DA TERRA................................................................................69

3.3.1 Análises quantitativa e qualitativa............................................................................69

3.4 ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE (APP’s).............................................74

3.5 SUGESTÕES PARA MINIMIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS IMPACTOS.................77

CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................79

REFERÊNCIAS......................................................................................................................80

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INTRODUÇÃO

Os assentamentos fazem parte da realidade Amazônica desde a década de 1970, sendo

criados nesse período como um mecanismo de colonização da região norte do país, na

atualidade ocorreu um aumento expressivo na quantidade de novos projetos de assentamentos

criados na Amazônia Legal, somente o estado de Rondônia de acordo com Instituto Nacional

de Colonização e Reforma Agrária possuía até o ano de 2016 195 projetos de assentamento. Os

primeiros assentamentos desenvolvidos tinham como marca principal, a estimulação a

colonização do território, com ofertas de crédito e benefícios diversos para quem ocupasse e

incrementasse a propriedade. Enquanto, os modelos vivenciados no início do século e que

vigoram até hoje, refere-se a uma política de deslocamento populacional, além da regularização

fundiária, com objetivo de cessar as injustiças sociais.

Lopes (2002) aponta as diversas vantagens da construção de Projetos de assentamento,

como democratização do acesso à terra, aumento na produção de alimentos e fortalecimento

dos mercados municipais, bem como a melhora nas relações sociais voltadas à cooperação e

solidariedade. As famílias que eram rejeitadas socialmente, por meio da reforma agrária,

adquirem a possibilidade de mudança e transformação de vida.

Contudo, apesar das vantagens notáveis, não se pode deixar de citar os diversos

problemas trazidos por tais projetos, e tanto os de outrora como os atuais tem como atributo

comum a degradação ambiental e ausência de elementos sociais. Destaca-se como principal

agente causador de perturbação ambiental em assentamentos o desmatamento. Com base em

dados do Ministério do Meio ambiente, de agosto de 2014 a julho de 2015, 26,55% do

desmatamento da Amazônia acontece em áreas de assentamento, os dados revelaram ainda que

41% desses desmatamentos foram verificados em Rondônia.

Deste modo, o crescente desmatamento e demais problemas ambientais e sociais

causados pela reforma agrária, ocorrem em virtude de como a gestão e ocupação de tais locais

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tem ocorrido ao longo da história, marcado pela exploração predatória e falta de condições de

se desenvolver na terra. Aliados ao desmatamento surgem, a degradação dos recursos hídricos,

consumo de água sem outorga, desmatamento de Áreas de Proteção Permanente e poluição da

água e do solo por insumos utilizados na agricultura (SILVA et al., 2013). Somados os mesmos

causam transtornos que modificam o meio ambiente, com graves consequências a qualidade de

vida das populações.

Os assentamentos do Brasil apresentam também vários problemas sociais, como a

precariedade em serviços de saúde, educação e saneamento básico. Na região norte do país, os

serviços de saneamento básico dos ambientes urbanos estão entre os piores, e a problemática

se intensifica ao se tratar dos ambientes rurais. Segundo a Secretaria Nacional de Saneamento

Ambiental (2008), as maiores carências estão na destinação do esgoto sanitário, onde mais

comumente são acondicionados em fossas negras, lançado em corpos da água, dispostos em

terrenos, com consequente infiltração no solo, e poluição das águas, beneficiando a

multiplicação de doenças.

Estudos do INCRA (2010) indicam que somente 13% dos assentamentos rurais da

reforma agrária no país dispõem de tratamento adequado para o esgotamento sanitário e 79%

tem acesso suficiente à água, sem mencionar a água tratada, sendo que, segundo, o Movimento

dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) (2010) somente 45% dos assentamentos rurais no

Brasil tem disponibilidade a água potável.

Percebe-se a latente necessidade de maior oferta de bens sociais, equipamentos e

serviços públicos que atendam as demandas nos campos de saúde, produção, educação, meio

ambiente, saneamento e transporte, bens fundamentais para atender as condições mínimas dos

direitos essenciais, previstos pela Constituição Federal de 1988.

Deste modo, faz-se necessário a realização de estudos que investiguem a situação

socioambiental dos assentamentos, uma vez que tais elementos são condicionantes da qualidade

de vida das populações, e qualidade ambiental dos assentamentos, do mesmo modo que são

elementos primordiais para manutenção das famílias inseridas no processo de reforma agrária

em sua propriedade.

Diante do exposto, a pesquisa foi desenvolvida no intuito de identificar por meio de

levantamento socioambiental os impactos decorrentes do uso e ocupação da terra no

Assentamento Chico Mendes I e II, no município de Presidente Médici - RO.

Assim, almejando alcançar o objetivo geral foram propostos os seguintes objetivos

específicos:

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a) Analisar o conhecimento existente a respeito da realidade da comunidade por

meio da percepção da população.

b) Realizar análise temporal da área com técnicas de geoprocessamento para

identificar os usos e cobertura da terra e seus reflexos no meio ambiente.

c) Correlatar as informações aferidas a respeito da realidade socioambiental com a

finalidade de fornecer dados que possam subsidiar a gestão da área de estudo.

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1 REFERENCIAL TEÓRICO

1.1 REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL

O problema agrário brasileiro e a desigualdade social datam desde o período de

colonização portuguesa. Desde a origem, a ocupação do país é marcada pela concentração de

terras para uma minoria, resultando em exclusão e desigualdades sociais para uma maioria

(LOPES et al., 2015). Seguindo esse padrão, cita-se a Lei de Terras de 1850, uma das primeiras

normas referente a questão agrária brasileira, que em síntese foi criada para que a classe

dominante no país possuísse o poder absoluto nas questões agrárias, impedindo assim o acesso

livre à terra por parte da população que era a maioria, além de possuir mão de obra disponível

para trabalhar nas lavouras de café (MIRALHA, 2006).

Entretanto, em referências legais, foi a Constituição Federal de 1988, que introduziu

o conceito da função social da propriedade, tornando possível a desapropriação com fins de

reforma agrária, favorecendo o surgimento dos assentamentos.

Na atualidade, devido sua herança política, o país possui elevada concentração de terra,

o que impede o processo de desenvolvimento sustentável, uma vez que elevados níveis de

concentração econômica e fundiária, tornam-se empecilho, para a promoção da justiça social,

fazendo impossível que a classe mais carente vivam a margem do processo da plena cidadania

(CARVALHO et al., 2009).

No decorrer da história moderna, muitos países implementaram programas de Reforma

Agrária. Esses programas surgiram no século XIX e tinham como função a distribuição de terra

mais igualitária, construir sociedades mais democráticas, procedendo-se de uma distribuição

mais justa de um bem de natureza, que a rigor, deveria ser de toda a população que vive naquele

território (STEDILE, 1997).

Nesse sentido, o país seguiu esse modelo, onde os principais programas de Reforma

Agrária são os Assentamentos Rurais. Caldart et al., (2012) relata que a expressão

Assentamento Rural, data da década de 60, como referência a programas agrários realizados na

América latina, que se designa a transferência e a disposição de famílias trabalhadoras rurais

que não possuem terra em uma propriedade exclusiva, que almeja a constituição de um novo

sistema produtivo em um atual contexto territorial.

No Brasil, o Assentamento Rural tem como característica fundamental cumprir uma

função social, ligado a terminologia Reforma Agrária que consiste em um programa do Estado

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que objetiva a democratização da propriedade da terra na sociedade e garantir o seu acesso,

distribuindo-a para todos que a quiserem fazer produzir e dela usufruir.

A lei 4504/64 em seu parágrafo primeiro diz.

§ 1° Considera-se Reforma Agrária o conjunto de medidas que visem promover

melhor distribuição da terra, mediante modificações no regime de sua posse e uso, a

fim de atender aos princípios de justiça social e ao aumento de produtividade.

Em suma, a reforma agrária é o conjunto de critérios usados para impulsionar a

melhor divisão da terra por alterações no regime de propriedade e usufruto, com o objetivo de

satisfazer aos princípios de justiça social, desenvolvimento rural sustentável e crescimento da

produção.

Segundo o Instituto Brasileiro de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), a

elaboração de um Projeto de Assentamento passa por 3 diferentes fases, onde a primeira é a

criação que é feita através da publicação de uma portaria, onde constam informações sobre o

imóvel, capacidade de famílias e o nome do projeto; a segunda fase é a implantação, onde é

realizada a divisão dos lotes, instalação das famílias e oferecidos os primeiros créditos rurais; a

última etapa estruturação, onde é feito investimento em infraestrutura para os assentados.

Para Leite e Ávila (2007) a reforma agrária ideal, insere-se no processo de

transformação da realidade rural como condutor, da expansão econômica, social e ambiental.

A reforma agrária tem como dever garantir: a desconcentração e democratização da condição

fundiária, a produtividade de alimentos básicos, a criação de ofício e renda, combater à fome e

à miséria, a de diversificar o comércio e os serviços no meio rural, interiorizar serviços públicos

primordiais, a reduzir o êxodo rural, além conduzir a popularização das estruturas de poder, a

de promover a cidadania e a justiça coletiva (CARVALHO et al., 2009).

Ribeiro et al., (2011), cita o que se conhece por reforma agrária ideal não alcança a

todos, já que o que existe na realidade brasileira são políticas e ações pontuais que limitam um

espaço determinado, para a divisão de terras. Para o autor, devido a esse fato o país nunca viveu

o processo pleno de reforma agrária. O Censo Agropecuário de 2010 do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que a concentração de terra é maior agora do que na

década de 20, período em que o país acabava de sair da escravidão. A grande polêmica que

surge é que no Brasil, o termo Reforma Agrária é utilizado mais como um mecanismo de

reordenamento fundiário através da política de Assentamentos Rurais que buscam evitar

tensões sociais de grupos que vivem em conflitos, do que necessariamente a um programa

integrador de justiça social, restringindo assim o caráter democrático do termo.

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1.2 O ASSENTAMENTO RURAL CHICO MENDES

Os Assentamentos Chico Mendes I e II foram criados, dentro do espaço delimitado

pelo Estado como Amazônia Legal, uma vez, que o estado de Rondônia consiste em um dos

territórios que pertence ao ecossistema Amazônia, além de possuir zona de transição com outros

biomas. A área que compreende o assentamento foi uma área caracterizada por uma série de

problemas, como apropriação indevida de terras públicas devolutas, onde a primeira ocupação

ocorreu por madeireiros irregulares; invasão de latifundiários associados aos madeireiros que

devastavam grandes áreas da floresta e praticavam queimadas com o objetivo de realizar o

plantio de monoculturas da agricultura industrial da Amazônia, criando o ciclo vivenciado por

outros territórios da Amazônia: latifúndio, pecuária, soja, desflorestamento, queimadas, crise

ambiental, desemprego e por fim êxodo rural (FREGOLENTE, 2010).

Para Le Tourneau (2010), as áreas de Assentamento Rural se tornaram um dos

eminentes elementos da zona rural da Amazônia Legal, chegando a representar

aproximadamente 1/3 das terras utilizadas e quase 74% dos estabelecimentos rurais. Em

concordância, dados do INCRA mostram que existem uma área de cerca de 6.8186.580,14

hectares de assentamentos na Amazônia e cerca 39025 famílias assentadas (BRASIL, 2017).

Desta forma, a história da região conhecida hoje como Assentamento Chico Mendes

teve seu inicio em 24 de junho no ano 1995, com a ocupação em forma de acampamento. A

Figura 01 apresenta o acampamento que originou o Assentamento.

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. Figura - 1: Acampamento que originou o Assentamento Chico Mendes I e II.

Fonte: Arquivo pessoal Nelci Cerino (1995).

O acampamento, consiste uma forma de manifestação permanente para pressionar os

governos, a fim de que, o resultado final seja, a realização da Reforma Agrária (FERNANDES,

2012). As famílias que ocuparam a região eram em sua maioria, pessoas pobres, que não

possuíam terra, ou que viviam em situação de pobreza nos centros urbanos, eram pessoas que

imigraram das diversas regiões do estado.

O acampamento apresentava disposição específica, estava localizado próximo a

estrada, a fim de que caso houvesse enfrentamento com jagunços, as pessoas tivessem a

possibilidade de se movimentarem rapidamente. Possuía forma circular, constituído de barracos

construído de pau a pique e cobertos por folhas de coqueiros e lona. Neles habitavam as

famílias, que eram formadas por homens, mulheres, crianças e idosos. Nesse espaço, como

acontece em outros acampamentos, os sem-terra plantavam suas hortas, estabeleceram a escola,

a igreja e o lugar de reuniões. A escola utilizada pelas crianças acampadas era um barraco de

lona que funcionava como a sala de aula, onde estudavam alunos dos primeiros anos do ensino

fundamental. A Figura 2 mostra o lugar onde aconteciam tanto as reuniões, cultos religiosos,

como as aulas, tudo no mesmo ambiente.

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Figura.- 2: Local de reuniões, escola e cultos religiosos do acampamento.

Fonte: Arquivo pessoal Nelci Cerino (1995).

Conforme Fernandes (2012) ao originar um acampamento, os acampados criam

comissões e elegem seus representantes, de modo a produzir condições fundamentais para

manutenção das necessidades dos acampados, como: saúde, educação, segurança, trabalho,

entre outras. As famílias que decidiram pelo acampamento escolhem a luta e a resistência,

vivem em condições precárias de vida, convivem com ausência de água potável, falta de

alimento, falta de saneamento e com possíveis ameaças de despejos (FELICIANO, 2006).

No segundo ano de acampamento, os acampados se reuniram, desmataram

aproximadamente 110 hectares de floresta, com a finalidade de cultivarem culturas de arroz,

feijão, milho, para consumirem esses alimentos no acampamento. Trabalharam em mutirão, até

o momento que ocorreram a repartição dos lotes para as famílias acampadas, cerca de três anos

depois. A madeira da floresta desmatada, foi vendida para madeireiros ilegais e o dinheiro

arrecado foi utilizado em prol das famílias.

Nesse sentido, aos vinte e dois dias do mês de abril do ano de mil novecentos e noventa

e sete, um auto de emissão de posse, emitida pelo Dr. Oduvaldo Gomes Cordeiro marcou o

início da repartição de terras dos imóveis de nº 01/A e 02 setor leitão com área total de 2,022,

6805 hectares e lote 03/Parte com área de 2.165,7846 hectares (ha) que originaria mais tarde os

Assentamentos Chico Mendes I e II, localizados no município de Presidente Médici/RO.

A ocupação se deu principalmente em virtude do descumprimento da função social do

então imóvel, estando relacionado ao não-pagamento de tributos, a improdutividade, entre

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outros. Segundo os autos do processo, o INCRA argumentou o seguinte “O aludido imóvel não

cumprindo sua função social, sujeitando-se, pôs, transferência compulsória para o domínio da

União para os fins propostos precedentes” (Sentença 297/2000/SSSF/JF/RO). Tais terras

pertenciam ao Sr. José Milton de Andrade Rios e Etelvina Bentes Rios.

A área em questão que deu origem aos Assentamentos Chico Mendes I e II, foi

devidamente adquirida pelo INCRA e repartida aos ocupantes, o Assentamento Chico Mendes

II mais precisamente pela PORTARIA/INCRA/SR-17/RO/nº71 foi composto por 70 unidades

familiares e ocupa 1,995,1952 hectares, proporcionando a justa distribuição da terra, ao todo

aproximadamente 160 famílias foram assentadas em todas as áreas.

O nome do Assentamento homenageia Chico Mendes, e por motivos de organização

este foi dividido em 3, Chico Mendes I composto pelas agrovilas I, II e III, Chico Mendes II

composto pelas agrovilas IV, V e Relevo e Chico Mendes III, compostos pelas agrovilas VI,

VII e VIII. Os assentamentos I e II localizam-se na mesma linha. Já o Assentamento Chico

Mendes III, localiza-se na divisa entre os municípios de Presidente Médici e Alvorada D’oeste

(ROSA, 2015).

Após, a distribuição dos lotes, apesar de alguns destes possuírem áreas já desmatadas

por ser antiga fazenda, cada família assentada iniciou o processo de uso e ocupação da terra,

onde a primeira medida tomada por praticamente todos, foi o desmatamento sem planejamento,

para iniciar o plantio de culturas para subsistência. Plantavam principalmente arroz, milho,

feijão e café (ROSA, 2015). Este constitui um fenômeno comum em todos os assentamentos do

país, uma vez que, no Brasil os assentamentos possuem como principal atividade econômica a

produção de alimentos para a manutenção do mercado interno, podendo ocorrer de diversas

formas e envolver diferentes fatores de produção (ANDRADE, 2015).

1.3 PRINCIPAIS TRANSFORMAÇÕES AMBIENTAIS NOS ASSENTAMENTOS

Segundo Lira et al., (2006) o padrão em que os Projetos de Assentamento existentes

na Amazônia são criados, são causadores de perturbações ao meio ambiente rural. A maneira

em que acontece essa ocupação se torna um modelo incompatível com as características

ecológicas da região.

Foi a partir da década de 1990 que as atividades dos assentamentos começaram a ser

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identificadas como importante fator de degradação ambiental. Assim, o INCRA, com o objetivo

de diminuir os impactos ambientais provocados pela formação dos assentamentos, efetivou no

ano de 2002 o plano de gestão ambiental. Paralelo aos esforços do INCRA o Conselho Nacional

do Meio Ambiente (CONAMA) com sua Resolução nº 237/97 exigia que toda, a criação de

Assentamento Rural fosse regularizada por licenciamento ambiental, no entanto, o órgão estava

tendo dificuldade para colocar em prática esse trabalho, fazendo com que o Conselho

promulgasse a Resolução 289 que estabelecia um modelo de licenciamento reduzido para a

criação de assentamentos (LE TORNEAU, 2010).

Apesar dessas tentativas de limitar os impactos ambientais em áreas de Assentamento,

os mesmos oferecem uma série de impactos ao meio ambiente, onde a principal ameaça ao meio

natural oferecido pelos assentamentos é o desmatamento. O problema é tão usual que em 2008

o Ministério do meio Ambiente os colocou na lista dos maiores desmatadores da região

Amazônica. Estudos de Fearnsid (2005), Batistella e Moran (2005), mostram que existe um

parâmetro na produção que incentiva os agricultores a desmatar simetricamente mais a sua

propriedade do que os fazendeiros.

Associada a prática do desmatamento, despontam as queimadas com o objetivo de

expandir a fronteira agrícola. As queimadas são praticadas com o propósito de limpeza das

áreas e representa uma prática cultural frequente e de baixos custos para destruir restos de

vegetação aspirando o preparo da terra para o cultivo ou para renovação de pastagens (COSTA,

2007). Esse modelo seguido pelos assentamentos por unanimidade é realizado sem nenhum tipo

de planejamento, quer seja na derrubada da floresta, quer seja nas queimadas e preparo do solo

(PAIXÃO, 2000).

A derrubada das florestas aliada ao manejo inadequado do solo, ocasionam elevadas

perdas de matéria orgânica e desequilíbrio da estabilidade característica desse território, assim,

com a diminuição da fertilidade do solo, há redução da produção da agricultura, fazendo com

que os ganhos com o cultivo reduzam entre dois a três anos após o desflorestamento. Dessarte,

a cada ano uma nova área de floresta é derrubada e queimada pelas famílias de agricultores

desfavorecidos da Amazônia, com o propósito que ocorra a proteção desse seguimento na

produção de sobrevivência (CABRAL et al., 2013).

Na atualidade, com a redução da floresta nas áreas de Assentamento na Amazônia,

ocorre um declínio também nas áreas cultiváveis para subsistência, fazendo com o que outrora

fosse lavouras, atualmente seja substituído pelas pastagens, somados a isso a expansão da

agropecuária moderna, que insere no ambiente um número elevado de substâncias químicas,

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além de modificações no solo, sobretudo porque ocorre sem respeitar a aptidão agropecuária

do solo e suas limitações (BASAN, 2006). Paralelamente Taborda (2015) cita que a economia

do estado tem como principal fonte as atividades agropecuárias e são consideradas as novas

fronteiras do agronegócio, o que vem por intensificar esse quadro.

Nesse bioma, as consequências da deterioração são superiores quando a floresta é

trocada pelas pastagens, uma vez que o solo fica exposto ao intemperismo amazônico, que se

caracteriza por apresentar alta umidade relativa do ar e radiação solar ao longo do ano, intensa

precipitação e altas temperaturas (SCHLINWEIN et al., 2012). Com isso o solo da região acaba

se tornando mais infértil e os problemas ambientais se multiplicam.

1.4 IMPACTO AMBIENTAL x IMPACTO SOCIOAMBIENTAL

Definir o termo impacto ambiental é uma atividade complexa. A abrangência de

potenciais resultados da atividade humana no meio ambiente, pela sua magnitude, é difícil de

ser avaliada pela ciência em todas as suas consequências. Infelizmente, a humanidade precisa

intervir na natureza para sobreviver, ou seja, qualquer ação humana por menor que seja, produz

repercussões na natureza. Nesse sentido, Antunes (2007a) tenta definir o termo impacto

ambiental como o resultado que as intervenções antrópicas realizam sobre o meio ambiente.

Podendo este ser positivo ou negativo, dependendo da qualidade da intervenção desenvolvida.

Segundo o mesmo autor, o impacto ambiental em outras palavras são um abalo, uma impressão

muito grande, causada por motivos variados ao meio ambiente (ANTUNES, 2007 b).

Já Sanches (2008) aborda sobre o termo em muitas nuances, para ele toda atividade

humana que implique na supressão ou inserção de certos elementos no ambiente, assim como,

ao sobrepeso no mesmo, são características de impacto ambiental, isto é toda alteração da

qualidade ambiental, que resulta da modificação de processos naturais ou sociais provocadas

pela ação humana.

Porém, a legislação brasileira possui um termo jurídico de impacto ambiental, este é

englobado na Resolução nº 1 de 1986 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA),

que fixou o conceito normativo de impacto ambiental, sendo:

Artigo1º Impacto ambiental é qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e

biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia

resultante das atividades humanas que direta ou indiretamente, afetam:

I- a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

II- as atividades sociais e econômicas;

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III- a biota; IV- as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;

V- a qualidade dos recursos ambientais.

Outra norma de interesse sobre o conceito é a Resolução CONAMA Nº 237, de 19 de

dezembro de 1997, que em seu artigo 1º, III, estabeleceu o conceito de impacto regional, que

tem por função estabelecer os parâmetros para o licenciamento de atividades poluidoras que

tenham características que lhe são únicas, o impacto regional foi definido como:

Art. 1º , IV . É todo e qualquer impacto ambiental que afete diretamente (área de

influência do projeto), no todo ou em parte, o território de dois ou mais estados.

(CONAMA,2007).

Por outro lado, os estudos de degradação e impacto ambiental passaram a levar em

consideração o viés social, apenas a partir da década de 1980. Os impactos socioambientais

abrangem a dimensão social da delapidação dos recursos do meio ambiente e por esse

fundamento o espaço natural e os aspectos sociais devem ser estudados e investigados em

conjunto, para que ocorra uma compreensão metodológica mais profunda acerca da enormidade

das injustiças que prejudicam a dignidade das populações dos assentamentos e a integridade

dos ecossistemas dessas regiões (FERREIRA, 2011).

Coelho (2009) vai além para a autora os impactos socioambientais são consequências

de mudanças sociais e ambientais, encorajadas pelos ímpetos das associações entre ações

externas e internas à unidade espacial, ecológica, histórica ou coletivamente estabelecida,

atingidas distintamente, modificando assim os suportes das classes sociais e transformando o

espaço geográfico.

Sendo assim, para Barbosa (2009) é essencial uma maior discussão sobre as relações

entre a organização social e o equilíbrio ambiental. Nessa premissa, os impactos

socioambientais são relevantes para realizar estudos de impactos ambientais mais abrangentes

e confiáveis.

1.5 ASPECTOS LEGAIS AMBIENTAIS

O Brasil demonstra preocupação com questões ambientais desde o período

republicano, fazendo referência aos recursos naturais na Constituição de 1937 e algumas cartas

e emendas constitucionais anteriores a Constituição Federal de 1988. Essas normas jurídicas

referentes aos recursos naturais, foram produzidas, sobretudo, não com a finalidade de proteger

o ambiente, mais por razões inteiramente econômicas (TEIXEIRA,2006, p.50).

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Contudo, a maior alusão ao direito ambiental no Brasil, foi a constituição que dotou as

questões ambientais de capítulo próprio e ao longo da mesma vários outros artigos fazem

menção das obrigações do estado para com o meio ambiente. Desta forma, o Artigo 225 da

Constituição Federal, diz:

Art. 225º Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de

uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder

público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras

gerações. ( BRASIL,1988).

Com a intenção de executar, o artigo 225 da CF foi criada uma das mais relevantes e

importantes legislações pertinentes no país que trata dos Recursos naturais é a Política Nacional

do Meio Ambiente de 1998, que delibera a cerca das sanções penais e administrativas

originadas de posturas e atividades danosas ao meio ambiente e lega outras providências.

Nesse seguimento para toda e qualquer atividade existente no país que faça uso da

exploração florestal este será mantida aos termos do Código Florestal Lei 12.651 de 2012, que

dispõe sobre a proteção da vegetação nativa.

1.5.1 Reserva legal

De acordo, com o código Florestal, a Reserva Legal é definida no Art. 3º Inciso III,

como a:

Art 3º, III - A área localizada no interior de uma propriedade rural com a função de

assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural,

auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a

conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e

da flora nativa. (BRASIL, 2012).

Onde completada sua implementação se torna recurso indispensável para uso o

sustentável dos recursos naturais (MELO NETO, 2013).

A Reserva Legal é um instrumento que objetiva a proteção da biodiversidade dentro

de cada propriedade, o valor dessa área sofre variação dependendo da região e do bioma em

que o imóvel rural está inserido onde a vegetação nativa deve ser mantida, sendo a exploração

econômica, apenas autorizada, através de manejo sustentável (BRASIL, 2012).

Nesse sentido, a Reserva Legal é essencial por possuir diversas funções sociais e

ambientais. Para Moreira e Silva (2013), um dos serviços sociais oferecidos pela manutenção

da reserva consiste na oferta dos recursos por ela abrigados como, água, solo, plantas. Enquanto,

os serviços ambientais são os de regulação dos ciclos ecológicos, suporte e produção. Além dos

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serviços de escoamento da água e barreira contra a erosão.

1.5.2 Área de Preservação Permanente (APP)

O artigo 3º, II, do Novo Código Florestal, traz a definição de APP, sendo:

II - Área de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou não por

vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a

paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxogênico de fauna

e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas.

Em síntese, as APPs têm a atribuição de acondicionar locais instáveis como beiras de

rios, topos de morros e encostas, não devem ser desflorestados com intenção de não causar

erosões e deslizamentos, além de proteger nascentes, fauna, flora e biodiversidade, entre outros.

Para Machado (2011) a APP não é um favor de lei, é um ato de inteligência social e pela sua

tendência natural é de fácil adaptação as condições ambientais naturais.

Nesse sentido, para as margens de rios, a área mínima de florestas a ser mantida

depende da largura de cada um: rios de até 10 metros de largura devem ter 30 metros de mata

preservada; para rios de 10 a 50m de largura, 50m de mata; de 50 a 200m de largura, 100m de

mata; de 200 a 600m de largura, 200m de mata; e rios de mais de 600m de largura devem ter

500m de mata preservada em suas margens. As nascentes e olhos d’água, a mata mínima

preservada deve ter raio de 50 metros de largura e os manguezais devem ter toda a sua extensão

conservada (BRASIL, 2012).

Em referência as matas ciliares, Crestana (2006) delibera como se tratando de uma

formação de florestas típicas de áreas restringidas por toda a extensão de cursos de água,

nascentes e locais atacadas por inundações. Assim sendo, Ricci (2013) menciona que as matas

ciliares exercem papel essencial para o meio ambiente, pois, resguardam o solo, controlam os

regimes hidrológicos, além de manter a qualidade da água e reduzir o escoamento superficial,

tal como, atuam em todo o ciclo hidrológico.

Como pode-se perceber, as APPs não possuem apenas a função de guardar os corpos

hídricos ou a biodiversidade, não obstante, tem uma incumbência ambiental muito mais

ampliada, focalizada, em última iminência, a de proteger espaços de considerável importância

como a de manter o equilíbrio ambiental como a estabilidade geológica, a sustentação do solo

e assim garantir o bem-estar das populações humanas.

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1.6 A EDUCAÇÃO NO CAMPO

A demanda de educação no campo, passou a ser discutida no país com maior fervor, a

partir dos anos 80, com a multiplicação de ocupações de Assentamentos (SOUZA, 2008). Desta

maneira, ao passo que amplia os números de assentamentos, há um incremento no número de

crianças em idade escolar e consequentemente do analfabetismo. Conforme Souza-Esquerdo

(2013) a educação além de ser um direito constitucional, assume a função de dar uma profissão

para o jovem assentado, associando por um lado o crescimento dos conhecimentos sobre a

produção rural viabilizando diretamente uma melhoria no trabalho da família na terra, por outro

a conquista de um trabalho mais digno na cidade. Assim sendo, com o objetivo de cumprir o

direito garantido pela constituição brasileira a uma educação de qualidade, diminuir o

analfabetismo, bem como, aumentar o nível de escolarização da população de assentados, foi

criado em abril de 1998 o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA),

este programa é originado da junção dos movimentos sociais do campo e professores.

Desta forma, apesar dos investimentos em programas que buscam melhorar a educação

nos Assentamentos, a educação na zona rural ainda precisa de maiores investimentos. Segundo

dados da Pesquisa Nacional de Educação na Reforma Agrária realizada em 2011, a região norte

possui 44,0% de famílias Assentadas de todo o Brasil, contudo, possui apenas 21% de

instituições de ensino e 27% de educandos matriculados. A pesquisa revela ainda que os

maiores investimentos na educação dos Assentados foram por meio da Educação de jovens e

adultos (EJA) 47,2%, o ensino médio 33,1% e ensino superior apenas 19,7%, sendo essas

instituições de ensino em sua maioria pública. A questão da educação superior é o mais

preocupante, pois, faz com que em busca de uma graduação o jovem assentado deixe sua

propriedade e direcione-se a lugares onde esse recurso é oferecido.

É importante salientar, que além das finalidades acima citadas, a educação constitui

um dos elementos que devido à insuficiência no campo, pode levar ao êxodo e evasão dos

assentamentos. Isso é explicado devido à debilidade em que a educação no campo é tratada.

Para Fernandes (2010), até então é vasta a desigualdade social e a dificuldade de alcance aos

direitos humanos primordiais, em especial a educação, por parte da população do campo,

fazendo necessário que sejam feitas melhorias, a fim de que a função social dos Assentamentos

sejam plenamente cumpridos.

Os números mostrados revelam que a luta pelo direito à educação obteve conquistas

fundamentais nos últimos anos, quer pelo acesso universal da educação básica, seja pelo

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aumento do acesso ao ensino técnico profissional e ensino superior, quer por outros programas

complementares de bolsas e cotas entre outras iniciativas. Esses avanços, pelo viés do caráter

generalista, teriam alcançado a população infantil, jovem e adulta do campo, porém, os

resultados aqui apresentados indicam o equívoco contido nesta afirmação.

1.7 SANEAMENTO BÁSICO

Saneamento é um agrupamento de padrões aplicados para melhorar a qualidade de

vida da população, impossibilitando que fatores nocivos possam prejudicar os indivíduos no

seu bem-estar, físico, mental e social (SILVA, 2014, p.11). A ausência desse serviço pode

provocar uma série de doenças no ser humano, sendo causadas pelo uso e ingestão de água

contaminada e contato direto da pele com solo e resíduos infectados.

O saneamento básico está entre os mais importantes fatores sociais determinantes da

saúde e do desenvolvimento, sendo entendido como um conjunto de medidas socioeconômicas

com o objetivo de promover a salubridade ambiental e favorecer a promoção da saúde pública.

Consoante a Organização Mundial da Saúde (OMS) o saneamento equivale a uma

gestão de todos os aspectos do meio físico em que o homem se fixa, que atuam ou podem atuar

repercussão prejudicial, sobre seu bem-estar físico, social e mental. Logo, é um fator valoroso

para a fixação, desenvolvimento coletivo e saúde de uma população, especialmente nos

Assentamentos (SANTANA et al.,2012).

Guimarães et al., (2007) ressalta que

A oferta do saneamento associa sistemas constituídos por uma infraestrutura física e

uma estrutura pedagógica, lícita e organizacional, que alcança os consequentes

serviços: abastecimento de água para consumo das populações, com qualidade

compatível com a proteção da saúde; recolhimento tratamento e acomodação

ambientalmente correta e sanitariamente conservada de esgotos sanitários, resíduos

líquidos, industriais e agrícolas; acondicionamento, coleta, transporte e/ou destino

final dos resíduos sólidos ( GUIMARÃES et al., 2007).

Em ambientes rurais, o saneamento rural deve ser igual à qualidade do serviço ofertado

na cidade, devendo promover a qualidade ambiental e proteger a saúde da população. Desta

forma, segundo o Censo Demográfico do IBGE do ano de 2010, no Brasil cerca de 29,9 milhões

de pessoas residiam em localidades rurais, totalizando 8,1 milhões de domicílios.

Para Barreto e Khan (2006) o acesso à água tratada aliada ao destino correto do esgoto

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doméstico, asseguraria aos assentados situações mínimas de predomínio de doenças e por

consequência, um padrão mais superior de qualidade de vida.

Segundo Brito (2013), a Fundação Nacional da Saúde (FUNASA) consiste na

responsável pelo estabelecimento de ações de saneamento em áreas de assentamentos rurais,

estas ações têm como preceito promover a inclusão social desse grupo minoritário e outros,

além de beneficiar a saúde dessa população.

A Política Nacional de Saneamento Básico Lei 11.445 considera saneamento básico

como um conjunto de estruturas e instalações operacionais de abastecimento de água,

esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos e drenagem e manejo de

águas pluviais.

Nesse sentido, no trabalho optou-se por retratar a situação do abastecimento de água,

esgoto sanitário e resíduos sólidos nesses ambientes.

1.7.1 Abastecimento de água

Em se tratando do serviço de abastecimento de água, existem dois tipos de solução

para o abastecimento, a coletiva e individual. A solução coletiva aplica-se as áreas urbanas e

rurais onde se tem maior densidade populacional e a individual, normalmente em áreas rurais

com população dispersa, referindo-se exclusivamente ao domicílio (FUNASA, 2007).

De acordo com Guasparin (2001) as principais fontes individuais utilizadas são, os

mananciais superficiais como rios, córregos, lagos e represas, estes revelam uma urgência de

aferir minuciosamente todos os elementos que dizem respeito às exigências mínimas de

qualidade da água devido essas fontes estarem em maior risco de contaminação, essa condição

é influenciada pelo uso e ocupação do solo e são mais passíveis as variações sazonais. Em

contrapartida, os poços rasos e as nascentes estão mais propensos ao contágio por estar mais

próximo a superfície, sendo as águas muitas vezes degradadas pelo manejo incorreto do solo,

atividades agropecuárias, disposição indevida de resíduos e deflúvios superficiais (PILATTI,

2008; ALMEIDA et al., 2005).

Alguns elementos causadores de alterações da qualidade das águas superficiais, são os

lançamentos de esgoto domésticos e industriais sem tratamento apropriado, defluência

superficial de áreas utilizadas para agricultura e/ou pecuária e erosões causadas pela irregular

conservação das matas ciliares. Dessa maneira para consumir essa água sem causar prejuízos a

saúde e qualidade de vida, é indispensável o seu tratamento, no Brasil a portaria do Ministério

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da Saúde - MS nº 2.914/11 trata sobre os processos a gerenciamento e de vigilância da água

destinada ao consumo humano e seu padrão de potabilidade. Determina que toda água que se

remete ao consumo humano, que tenha origem de sistema e solução alternativa de

abastecimento de água, independente da forma de acesso da população, está submetida à

vigilância da qualidade da água (FERREIRA, 2013), e traz outras providências.

Assim, de acordo com a Pesquisa por amostra de domicílios (PNAD) de 2015, 65,5%,

da água consumida pela população rural possuem origem através de diferentes fontes indo

desde, poços tipos cacimbas, minas, até açudes, de acordo com a OMS, cerca de 2,4 milhões de

pessoas não tem acesso a qualquer tipo de serviço de saneamento básico e no Brasil 70% dos

habitantes da zona rural não possui abastecimento de água adequado. Nos assentamentos

espalhados pelo país 79% tem acesso satisfatório à água e de acordo com o (MST) (2010)

somente 45% dos assentamentos rurais no Brasil tem disponibilidade a água potável.

Similarmente Marion (2011) aponta que as famílias dos assentamentos não dispõem

com facilidade de acesso à água em seus lotes, optando pela abertura de poços rasos. Em muitas

situações esses poços estão inadequadamente vedados e próximos as fontes potenciais de

contaminações como fossas, criadouros de animais e lavouras, o que amplifica a possibilidade

de surgimento de doenças de veiculação hídrica.

Em concordância Amaral (2003) alude que a probabilidade de evento de surtos de

doenças de veiculação hídrica é maior no meio rural, especialmente em função da contaminação

da água em virtude aos locais que é captada.

1.7.2 Esgoto doméstico

O termo esgoto é empregado para se referir a despejos, em geral podendo estes serem

de origem industrial, doméstica, agrícola entre outros (SILVA, 2004). O esgoto doméstico que

é o mais comum na zona rural é caracterizado por ser composto por duas categorias de efluentes:

águas negras e águas cinzas (BARROS, 2013. As águas negras são os efluentes originados dos

vasos sanitários que compreende essencialmente urina, fezes, material fecal e papel higiênico

(RÊBELO, 2011). Desse modo, por conter alta carga poluidora, as águas negras carecem de

tratamento apropriado para reduzir a carga de patógenos e não abalar o ambiente e a saúde da

população.

Por outro lado, as águas cinzas são aquelas provenientes das lavagens, de roupa, louça,

tanque, do chuveiro e pias e somam o maior volume do esgoto doméstico (FIORI et al., 2006).

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Não obstante, apesar de possuir menos organismos patogênicos se comparada com a água

negra, as mesmas ainda necessitam de uma destinação correta a fim de se evitar a contaminação

da água e do solo.

Desta maneira o quadro geral em relação do tratamento de esgoto nas cidades

brasileiras são muito deprimentes, estão aquém do necessário devido sua importância para

saúde pública, apenas 55% dos municípios tem esgoto coletado e 28% dos municípios o esgoto

é tratado (IBGE, 2010). De forma análoga a região norte apresenta a maior precariedade nos

serviços de coleta e tratamento de esgoto apenas 16,42% do esgoto da região é tratado e o índice

de atendimento total é de 8,6% (SNIS, 2015).

Ao se referir ao atendimento no meio rural a situação é mais débil, 75% dos domicílios

estabelecidos na zona rural do Brasil empregam sistemas indevidos, já que a implantação e

utilização das tecnologias convencionais de coleta, transporte e tratamento de efluentes

domésticos empregados na zona urbana, são inviáveis. Esta ocorrência leva as famílias da área

rural a recorrerem às alternativas de esgotamento sanitário que lhes são acessíveis, como o uso

da fossa rudimentar, valas, disposição em rios e lagos ou diretamente no solo (FUNASA, 2012).

Do cenário negativo do esgoto rural, a dos assentamentos são ainda mais debilitados.

Dados do INCRA (2010) revelam que apenas 13% dos assentamentos da reforma agrária no

país usufruem de tratamento conveniente para o esgotamento sanitário.

1.7.3 Resíduos sólidos

A Funasa (2006) traz por definição de resíduos como sendo materiais heterogêneos

(inertes, minerais e orgânicos) que se resultam das atividades humanas e da natureza, os quais

podem ser parcialmente utilizados, gerando entre outros aspectos, proteção à saúde pública e a

economia de recursos naturais. De forma geral na zona urbana o serviço de coleta e destinação

do resíduo é mais eficiente.

O resíduo rural é formado tanto pelos restos vegetais da cultura e aparatos relacionados

à produção agrícola, como adubos químicos, defensivos e suas embalagens, dejetos animais,

produtos veterinários, quanto por resíduos semelhantes aos produzidos nas cidades, como restos

de alimentos, vidros, latas, papéis, papelões, plásticos, pilhas e baterias, lâmpadas entre outros.

Deste modo, evidencia-se que a geração dos resíduos sólidos gerados nas residências tem

crescido expressivamente em comparação o fim adequado desses elementos (SILVA et al.,

2014).

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Merece mencionar a questão dos agrotóxicos, já que o Brasil é o maior consumidor

de agrotóxico do planeta, em 2012 o país utilizou cerca de 1,05 bilhões de litros de agrotóxicos

(PIGNATI, et al., 2014). Portanto, a preocupação com o destino dessas embalagens vazias,

estas são consideradas de alto risco para a saúde e meio ambiente, uma vez que, mesmo após o

uso essas embalagens ainda possuem resíduos do produto ativo. Desta maneira, essas

embalagens podem ocasionar poluição e contaminação assim como o agrotóxico, visto que, se

depositadas sem controle no ambiente podem produzir contaminantes, altamente tóxicos e

migrar para as águas subterrâneas e superficiais e poluir o solo (CEMPRE, 2000).

O grande desafio que se enfrenta na zona rural é oferecer o destino final para esses

resíduos, dados da pesquisa PNAD, apenas 27,2% dos ambientes rurais possuem coleta direta

realizada de forma segura e dentro das normas. Na região norte se torna mais preocupante 1,8%

do lixo é coletado indiretamente, ou seja, quando o resíduo é situado em caçamba, tanque, ou

outro tipo de depósito, sendo após um período coletado por empresa de limpeza urbana; 18,4%

diretamente, quando o serviço de coleta é realizada no domicílio, por empresa de limpeza

urbana e 79,8% outro destino, incineração, disposto a céu aberto e/ou aterrados (PNAD, 2015).

Este quadro vai além da preocupação com a população, a falta de um procedimento

eficaz para descarte dos resíduos da zona rural expõe o meio ambiente a uma enxurrada de

perturbações como contaminação dos alimentos, do solo, da água prejudicando direta ou

indiretamente a saúde humana.

1.8 SAÚDE NOS ASSENTAMENTOS

A concepção estendida de saúde está expressa no artigo 196 da Constituição Federal

de 1988, que declara:

Art. 196º A saúde é direito de todos e dever do estado, garantidos mediantes políticas

sociais e econômicas que visem a redução do risco de doença e de outros agravos e

ao acesso universal igualitário as ações de e serviços para a sua promoção, proteção e

recuperação.

Nesse sentido a OMS define saúde como o estado de completo de bem-estar físico,

mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade. Nessa premissa, para ter

saúde o homem precisa de um ambiente que lhe propicie um estado de completa satisfação,

incluindo as condições de alimentação, habitação, trabalho, saneamento, recreação e prevenção

de doenças, bem como, a qualidade do meio ambiente.

Desta maneira, referir-se a saúde no campo da perspectiva tanto humano quanto

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ambiental remete falar de causas sociais, riscos, agravos, atenção, promoção e vida numa

concepção precisa (CARNEIRO et al.,2012). A modernização da agricultura, caracterizado pela

inserção de vários agentes químicos, transformação na terra e na paisagem, faz com que esse

modelo, gere insegurança alimentar e contaminação ambiental, e essas ameaças condizem numa

circunstância em que surgem novas urgências, com substanciais influências na saúde,

especialmente da população do campo.

Os desfechos de diversos estudos sobre a saúde de populações rurais, evidenciam uma

maior precariedade, se comparadas a população urbana. O estado de saúde nas áreas de

Assentamentos da Reforma Agrária está entre os piores (LEITE et al.,2004). Com base no Plano

Nacional de Saúde, nas regiões rurais do Brasil estão presentes os maiores índices de

mortalidade infantil, de ocorrência de endemias, de insalubridade e de analfabetismo, indicando

uma situação de enorme pobreza resultante das limitações ao acesso aos bens e serviços que

são indispensáveis a vida (BRASIL, 2005).

Nesse sentido, o Ministério da Saúde afirma que outros aspectos como os problemas

socioeconômicos aliados à inexistência ou à ineficácia de políticas públicas de saúde e de

saneamento e a escassez de recursos que são aplicados nessas comunidades têm colaborado

para cimentar este preocupante cenário de indigências, representativo da área rural do país

(BRASIL,2013).

Assim, é necessário reconhecer que a saúde é determinada pelas condições sociais,

econômicas e ambientais em que vivem as populações, e a sua vivência será completa

incorporando políticas, que incluam ações entre diferentes setores, conhecidos como

emergentes para o efeito sobre condição de vida dessas populações, da floresta e da água.

1.9 USO SENSORIAMENTO REMOTO E GEOPROCESSAMENTO NOS ESTUDOS

AMBIENTAIS

Com o avanço das novas tecnologias, os estudos ambientais adquiriram uma

ferramenta moderna que auxilia na avaliação e identificação de impactos e perturbações ao

ambiente de maneira global, regional e local, o Sensoriamento Remoto (SERE) que tem por

definição, um conjunto de hardwares e softwares que são usados na coleta e tratamento de

informações obtidas a certas distâncias do alvo de interesse (RODRIGUES, 2005). Segundo

Sousa et al., (2005) no País, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) distribui

gratuitamente as imagens CBERS-2 e Landsat 1, 2, 3, 5 e 7. Assim, por meio das imagens

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geradas por essas ferramentas, em formato digital, existe a possibilidade, de estudar extensas

áreas, com informações altamente atualizadas, e sem a necessidade de ida a campo para realizar

coletas. Já o termo Geoprocessamento demonstra o conhecimento que utiliza técnicas

matemáticas e computacionais para tratar as informações digitais geradas pelo SERE.

Os instrumentos computacionais para geoprocessamento, denominado de Sistemas de

Informação Geográfica (SIG), assegura praticar investigações complexas, ao incorporar dados

de variadas fontes e ao criar bancos de dados georreferenciados, ainda possibilita automatizar

a produção de documentos cartográficos (CAMARA e MEDEIROS, 1996).

Desta forma, o geoprocessamento está sendo utilizado em praticamente todas as áreas

das ciências, e nos mais diversos órgãos e instituições. No Brasil, na área ambiental é uma das

ferramentas mais empregadas para monitoramento da cobertura vegetal e uso das terras, níveis

de erosão do solo, poluição da água e do ar, disposição irregular de resíduos, entres outras. Ao

mesmo tempo, essa tecnologia pode ser aplicada em análises de qualidade de habitat e

fragmentação (TEODORO, 2012).

Para Oprea et al., (2012) o monitoramento de parâmetros ambientais é relevante em

diversos domínios, como na saúde, na redução da poluição ambiental, no planejamento

ambiental e na preservação de impactos em áreas de grande interesse naturais. Nesse sentido, é

de grande importância estudos de monitoramento de qualidade ambiental utilizarem como

subsídios técnicos os instrumentos de geotecnologias, tais como o Sistema de Informações

Geográficas, pois, além da qualidade do dado gerado, ainda são ferramentas que podem ser

obtidas gratuitamente.

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2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 ÁREA DE ESTUDO

Área geral de estudo deste trabalho foi o Assentamento Rural Chico Mendes I e II,

pertencente ao município de Presidente Médici – RO. O município de Presidente Médici possui

área em torno de 1.758,465 Km² e uma população ao redor de 22557 habitantes (IBGE, 2010).

O Assentamento está inserido no bioma Amazônia, regulado pelo clima equatorial úmido, com

média climatológica da temperatura no mês mais frio excedente aos 18º C onde a precipitação

é bem superior a evapotranspiração (CPRM,2012).

Pertence à bacia hidrográfica do Rio Muqui, que consiste em um importante afluente

do Rio Machado ou Ji-Paraná. O solo da região é denominado Argissolo vermelho-amarelo o

qual predomina em quase todo o estado (CPRM, 2010).

Conforme dados da assistência social do município de Presidente Médici, o

Assentamento Chico Mendes I e II possui uma população de aproximadamente 505 habitantes

e cerca de 158 famílias (SECRETÁRIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL, 2016).

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MAPA DE LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO.

Figura - 3 : Localização da área de estudo no município de Presidente Médici.

Fonte: Elaborado pela autora.

2.2 COLETA DE DADOS : QUESTIONÁRIO

Foi realizado levantamento da percepção ambiental dos moradores da área de estudo,

para entender a realidade da população local e salientar as cruciais atividades antrópicas e seus

impactos socioambientais.

Para identificar essa percepção, foi aplicado um questionário. Marconi e Lakatos

(1991) define questionário como sendo uma ferramenta científica de coleta de dados,

caracterizado por apresentar uma série de perguntas, que devem ser respondidas sem a presença

do pesquisador. Para Gunther (2003) é um dos métodos utilizados a fim de se compreender o

comportamento humano no conceito das ciências empíricas, consiste perguntar as pessoas, o

que elas fazem, o que elas pensam. Ao mesmo tempo que o questionário é instrumento principal

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para levantamento de dados por amostragem. A utilização deste tipo de metodologia de

pesquisa possui várias vantagens como: rapidez e objetividade e o pesquisador pode garantir

que questões relevantes da pesquisa sejam abordadas.

Quanto a abordagem utilizada na pesquisa, desenvolveu-se através do método

qualitativo. De acordo com Minayo (2001), o estudo qualitativo trabalha o universo de

significado mais amplo, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que equivale a um

ambiente igualmente complexo das ligações, dos modos e das ocorrências que não podem ser

reduzidos à instrumentalização de variáveis.

O questionário (Figura 04) foi composto por 21 questões abertas e fechadas, que

procuram identificar as percepções sociais e os impactos primordiais, além da maneira que a

gestão na comunidade é conduzida.

A entrevista foi realizada nos dias 22 e 23 de maio de 2017, com a participação de 88

famílias do assentamento, abrangendo 55% de amostragem da população.

Neste sentido para atingir os objetivos foram realizadas algumas etapas em sequência

de avaliação conforme descrito no Quadro 1.

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Figura 04: Questionário sobre a percepção da população.

Fonte: Elaborado pela autora.

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Figura 04: Questionário sobre a percepeção da populaçã

Fonte: Elaborado pela autora.

Figura 04: Questionário sobre a percepção da população.

Fonte: Elaborado pela autora.

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Figura 04: Questionário sobre a percepção da população.

Fonte: Elaborado pela autora.

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PROBLEMA HIPÓTESES OBJETIVOS AÇÕES PRÁTICAS AÇÕES TEÓRICAS

A criação de

assentamentos da

reforma agrária são

causadores de

impactos

socioambientais?

O uso inadequado do solo a

modernização da agricultura, a

disposição inadequada de resíduos

sólidos e esgotos, são causadores de

impactos socioambientais sendo

assim a qualidade do ambiente

estará prejudicada.

Realizar análise

temporal da área para

identificar os usos e

cobertura da terra e seus

reflexos no meio

ambiente.

Questões sobre

saneamento básico do

local onde moram e

questões sobre o meio

ambiente, sendo elas da 9

a 16. Bem como,

investigação tempo-espaço

com o SIG.

Interpretação das respostas

com pesquisa bibliográfica

Analisar o

conhecimento existente

a respeito da realidade

da comunidade por

meio das percepções da

população.

Questões 1 à 8 e 17 à 20

Metodologia envolvendo a

temática impactos

socioambientais

A criação de Assentamentos na

região amazônica, tem como

consequência os impactos

socioambientais originados da

ocupação sem planejamento e da

ausência de subsídios que garantam

uma vida no campo mais digna.

Correlatar as

informações aferidas a

respeito da realidade

socioambiental com a

finalidade de fornecer

dados que possam

subsidiar a gestão na

área de estudo.

Fazer o diagnóstico

socioambiental e oferecer

medidas minimizadoras

para os problemas

encontrados.

Referências de projetos

metodológicos utilizados

para problemas

semelhantes.

Quadro 1- Procedimentos realizados para atingir os objetivos do trabalho.

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2.3 LEVANTAMENTO DE CAMPO

Esta etapa, também chamada de trabalho de campo, foi realizada nos dias 01, 22 de

maio, e no dia 9 de junho de 2017 integrando um dos estágios da investigação realizada. Tal

fase é necessária para validar a classificação de imagens realizadas, através da ida ao campo, o

levantamento fotográfico, objetiva dar mais veracidade a classificação realizada (SALES,

2015).

Desse modo, toda área vicinal dentro da região de estudo foi percorrida, com a

finalidade de observar e caracterizar as áreas antropizadas e principais atividades

desenvolvidas.

2.4 CARACTERIZAÇÃO DO USO E OCUPAÇÃO DA TERRA

A caracterização e análise do processo de ocupação foi realizado através de

mapeamento, uma vez que, consoante Jensen (2009) a investigação temporal gera informações

sobre como as circunstâncias variam ao longo do tempo.

A primeira etapa para a elaboração da carta imagem, foi a obtenção das imagens

digitais da área de estudo, sendo obtidas gratuitamente no sítio do Serviço Geológico dos

Estados Unidos (USGS), Global Visualization Viewer (GloVis) e imagens do INPE. Sendo

essas imagens dos satélites LANDSAT (Land Remot Sensing Satellite), este foi criado pela

Agência espacial Norte Americana, este era dicado especialmente a observação dos recursos

naturais da terra, começando o primeiro satélite a operar em 1972.

Nesse estudo, utilizaram-se imagens do LANDSAT 5, que possui sensor TM e iniciou

suas atividades em 1986, outro satélite utilizado foi o LANDASAT 8, que está disponível desde

fevereiro de 2013, o mesmo gera imagens em alta resolução (OLIVEIRA, 2016). Optou-se por

realizar as análises dos anos 1995, 2005 e 2015, realizando essa análise temporal de dez em dez

anos. Abaixo, na Tabela 01 são apresentados detalhes das imagens utilizadas no trabalho.

Tabela 1: Informações referentes às imagens orbitais utilizadas no trabalho.

SATÉLITE ORBITA PONTO SENSOR CENA DATA

LANDSAT 5 231 68 Tm 231/068 03/08/1995

LANDSAT 5 231 68 Tm 231/068 29/08/2005

LANDSAT 8 231 68 Oli 231/068 10/08/2015 Fonte: Elaborado pela autora tendo como base dados do USGS (2017).

Após a obtenção, as imagens foram trabalhadas utilizando o Software Sistema de

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Processamento de Informações georreferenciadas (SPRING), versão 5.5.0, ferramenta gratuita

disponibilizada pelo INPE.

O SPRING é um SIG criado pelo INPE em parceria com outros órgãos e possui como

finalidade o processamento de imagens, a investigação espacial, a modelagem numérica de

terreno e consultas de banco de dados espaciais (CAMARA et al.,1996).

Ao realizar o processamento de imagens no SPRING, faz-se necessário a conversão

das desses dados para um formato que seja compatível com o SIG, assim, para tal finalidade, é

utilizado uma extensão que acompanha o SPRING, o IMPIMA, onde as imagens são exportadas

no formato apropriado o SPG. Após, realizar a conversão do formato das imagens é

indispensável realizar o georreferenciamento, ou seja, definir um local no globo terrestre que

seja correspondente aquela imagem, sendo todos esses procedimentos, efetuados nesse estudo.

Seguidamente, a imagem foi recortada, com o propósito de, se trabalhar apenas com a

área de interesse de estudo o Assentamento Chico Mendes I e II, ao mesmo tempo, em que foi

utilizando as técnicas de realce para melhorar a qualidade visual da mesma.

2.4.1 Processamento das imagens

Para a elaboração dos mapas de uso e ocupação no SPRING, foram seguidas as

etapas discriminadas na Figura 5.

Figura 5: Etapas seguidas para confecção dos mapas.

Fonte: Elaborado ela autora.

Assim sendo, neste estudo, foi realizada a classificação das imagens com a finalidade

de identificar o uso e cobertura da terra. Segundo o Manual da Uso e Cobertura da Terra do

IBGE (2013) entende-se como cobertura da terra as áreas onde predominam as características

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naturais da paisagem ou áreas construídas/produzidas, enquanto o uso da terra faz referência, a

interação do homem com esses meios de cobertura, ou em, outras palavras a utilidade que se dá

a esses recursos A classificação equivale a identificar através das imagens, os diferentes alvos,

fenômenos ou padrões, de uma área, que possuem semelhanças, isto é, associação de uma

imagem a uma classe ou conjunto, como: hidrologia, florestas, culturas, cidades, etc., (SILVA,

2004).

Desse modo, o tipo de classificação escolhida foi a classificação supervisionada, nesse

tipo de classificação se utilizam técnicas de aprendizagem de máquina a fim de se extrair

informações a partir de conhecimentos anteriores do usuário. Os algoritmos utilizados tendem

a variar de acordo com a estrutura de dados que foram escolhidos (SHIBA et al. 2005). Portanto,

a ferramenta escolhida, foi o Bhattacharya que consiste em um método baseado no índice de

probabilidade das classes desejadas, constantemente trabalha com um par de classes de cada

vez, esse mecanismo necessita diretamente do treinamento supervisionado para que ocorra a

organização dos segmentos de acordo com a menor distância de Bhattacharya encontrada com

uma classe específica, agrupando-o assim à mesma (CRUZ; RIBEIRO, 2008).

Vale mencionar que no tipo de classificação usada é necessário realizar a segmentação

da imagem selecionada para o estudo a segmentação é um processo com objetivo de reagrupar

regiões possuidoras de uma mesma propriedade. Entende-se por região um conjunto de pixels

próximos que apresentam uniformidade (INPE, 1996). Deste modo a segmentação escolhida

nesse trabalho foi por região, o crescimento de regiões é uma forma de agrupamento de dados,

na qual unicamente as regiões anexas espacialmente podem ser associadas. A princípio este

processo de segmentação rotula cada pixel como sendo uma região distinta (OLIVEIRA, 1999),

a similaridade escolhida foi 20 e tamanho da área do pixel foi 15.

Uma importante etapa do estudo através de mapas temáticos é a escolha da escala, já

que a mensuração, análise e explicação dos fenômenos dependem da escala de observação,

desta maneira, para atender os objetivos do estudo, optou-se pela escala, 1:50.000, dado que,

esse tipo de escala atende a pequenas áreas, como um grau elevado de detalhamento

(IBGE,2013).

Outra fase imprescindível em estudo de uso e cobertura, é a definição da classe de

cobertura e uso da terra, assim tomando como base o Manual da terra, as classes escolhidas

para o estudo foi:

1- Água: corpos hídricos, rios, represas, igarapés;

2- Áreas antropizadas: composto por malha viária, solo exposto e até mesmo

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vegetação secundária;

3- Floresta: estrato florestal;

4- Áreas antrópicas agrícolas: atividades agropecuárias.

Quanto a elaboração final das cartas temáticas foi realizada no Gis ArcMap® 10.4.1,

versão gratuita para estudantes, através da ESRI, onde os dados que foram processados no

Spring foram exportadas para o ArcMap®.

2.5 ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE

Para a elaboração das cartas temáticas referentes as APP’s contou-se com o auxílio do

banco de dados de hidrografia do estado de Rondônia, sendo manipulados no ArcMap®.

Também foi realizada visita a campo com o objetivo de validar os resultados encontrados pelo

programa, onde observou-se sólida correlação entre os dados processados pelo Software com

os observados na paisagem real.

As medidas das larguras do rio constituem informações essenciais para o

reconhecimento da APP, independentemente do produto das linhas de drenagem não

fornecerem medidas da largura dos rios, foi adotado a largura mínima de APP para os rios

estipulados pela lei nº 12.651 o Código Florestal que estabelece largura de 30 metros.

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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 DESCRIÇÃO DOS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS ATRAVÉS DA

PERCEPÇÃO DOS MORADORES

Os resultados das entrevistas realizadas com os moradores da comunidade rural do

Assentamento Chico Mendes I e II, são apresentadas considerando os critérios: perfil

socioeconômico; saneamento básico e meio ambiente.

3.1.1 Perfil socioeconômico

Levantar o perfil socioeconômico é relevante para caracterizar os atores sociais que

vivem e atuam diretamente na área de estudo. A análise vai explicitar os aspectos básicos da

relação de reprodução econômica e social dessa população com o ambiente físico da área.

Assim para levantar o perfil socioeconômico foram escolhidos os aspectos: grau de

escolaridade, fonte de renda, procedência, tempo de residência no assentamento.

Em se tratando da procedência das famílias, através dos resultados da pesquisa

evidenciaram que 55% das propriedades do assentamento foram adquiridas através do

programa de reforma agrária, portanto, a maior parte está no Assentamento desde o período de

acampamento. Porém, 31% adquiriram seu lote por compra, 7% e 7%, obtiveram sua

propriedade como arrendatário e outras formas, respectivamente. Esses dados mostram que

apesar do número expressivo de famílias assentadas que permanecem na terra após certo

período, grande parte das famílias ainda vendem sua propriedade e segue a média brasileira de

evasão de terras de assentamentos, sendo essa média nacional que 20 a 30%.

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Alguns estudos revelam que questões como a organização familiar, estrutural, a

produção, serviços de assistência técnica e principalmente qualidade de vida, são fatores que

influenciam, para que ocorra a evasão de terras de assentamento no país (RIBEIRO et al., 2011).

Além disso, de acordo o INCRA, é crime vender, arrendar, repassar, alugar lote que

faça parte de programas da reforma agrária (BRASIL, 2017), logo, famílias assentadas que

desapossam - se de sua propriedade por qualquer meio está cometendo transgressão.

Figura 6 - Procedência das famílias. Fonte: Elaborado pela autora.

Quanto a escolaridade dos assentados, 62% não completaram o ensino fundamental,

14% não completaram o ensino médio, 11% não estudou, 9% completaram o ensino médio e

apenas 4% possuem ensino superior (Figura 07). Os números revelam a situação precária da

educação rural do país em especial das áreas de assentamentos, sendo infelizmente uma

realidade rotineira, e pode ser justificada por uma série de fatores, tais como, falta de escolas,

que atendam efetivamente o ensino básico dos assentamentos, ou as escolas existentes são

precárias, distância dos centros educacionais, falta de incentivo e falta de tempo devido aos

trabalhos desenvolvidos no campo (BARBOSA, 2009).

Dados da PNAD 2007 revelaram que 60% da população rural não terminou ou ensino

fundamental e pior para cada 100 moradores da área rural com idade maior que 5 anos 24 não

55%31%

7%7%

Acampamento Compra Arrendamento Outros

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são alfabetizados, logo, estes dados vem confirmar o que foi encontrado com a pesquisa os

grandes índices de pessoas não alfabetizadas no campo.

A população do assentamento alvo do estudo não possui escola dentro da área que

ofereça ensino médio, nem educação de jovens e adultos, devido ao trabalho rural os jovens

cansados, não tem ânimo para pegar o transporte escolar e ir para a escola na cidade, o que

segundo os moradores são as principais causas de evasão escolar.

Figura 7- Nível de escolaridade dos entrevistados.

Fonte: Elaborado pela autora.

Quando questionados se possuem filhos estudando, 61% disseram possuir filhos

matriculados, 39% não possuem (Figura 08), dos que têm a maior parte estuda o ensino

fundamental que é a única modalidade de ensino ofertada dentro do Assentamento, os que

possuem filhos que cursam o ensino médio, relataram que os mesmos têm que se deslocar para

cidade em ônibus escolar no período noturno. A inexistência de escolas de ensino médio no

campo pode ser explicada, devido à falta de quadro técnico especializado para atender os jovens

do campo, também a falta de sala e estruturas para atender o ensino médio.

62%11%

14%

4%9%

Fundamental Incompleto Não estudou

Médio incompleto Superior

Médio completo

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Figura 8 - Indivíduos matriculados.

Fonte: Elaborado pela autora.

No que concerne as atividades desenvolvidas nas propriedades 50% dos entrevistados

revelaram que desenvolvem apenas pecuária, 21% pecuária e cultivo de lavouras, 18%

desenvolvem o cultivo de lavoura e hortaliças, 11% desenvolvem atividade de pecuária

acompanhada de piscicultura, como também pode ser visto no levantamento de campo e

discriminado na Figura 09.

Figura.09 - Principais atividades desenvolvidas nas propriedades.

Fonte: Elaborado pela autora.

Os valores apresentados mostram a transformação nas atividades desenvolvidas, o que

é uma realidade de todo estado, onde outrora as atividades desenvolvidas no campo eram

39%

61%

NÃO SIM

50%

21%

18%

11%

Pecuária Pecuária e lavoura Lavoura e horta

Pecuária e piscicultura Outras

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essencialmente agricultura de subsistência, hoje constitui em sua maioria a pecuária. Essa

mudança explica-se devido ao baixo preço dos produtos agrícolas e os altos custos dos

implementos, fazendo que, os agricultores se endividem, isso aliado a redução da fertilidade do

solo, que traz como consequência a redução nas safras (BASAN, 2006).

Devidos os custos mais reduzidos para a criação de pecuária bovina, os assentados

optam por exercer essa atividade, segundo eles pelo fato também da maior facilidade de

comercializar a carne e o leite.

A) B)

C) D)

Figura 10 - Atividades desenvolvidas nas propriedades. Pecuária (A), plantações de inhame(B), feijão

(C) e mandioca (D).

Fonte: Rosemere Gonçalves, maio de 2017.

Em se tratando das principais fontes de renda dos moradores, estes apontaram como

fundamental rendimento a venda de leite 64%, 18% são outras fontes como a aposentadoria,

11% a feira, 5% emprego na cidade, e 2% venda de peixe (Figura 11).

O dado mostra que mais da metade da população têm como renda uma única atividade

a venda de leite. Combinado a parcela que possui outras fontes e emprego na cidade são os

únicos que têm renda mensal, os demais dependem da venda dos produtos agrícolas na feira e

da época de produção dos peixes. É notável a importância da produção de leite para a economia

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do assentamento, bem como para a economia do país, uma vez que o leite é o quarto produto

mais importado do Brasil (ZOCCAL, 2015).

Os resultados encontrados evidenciam o que foi dito por Taborda (2015) há um maior

desenvolvimento da pecuária leiteira nas áreas de pequenas e médias propriedades, como fator

de agregação de renda aos agricultores familiares e tem como característica baixo nível

tecnológico e baixa produtividade.

É possível averiguar também com a pesquisa, o declínio das atividades agrícolas para

pequenos produtores. A produção de alimentos para consumo e até mesmo para a venda veem

decaindo, estes são incapazes de competirem com monopólio da monocultura, já que os

mesmos encontram dificuldades para vender seus produtos, ou até mesmo para adquirir

tecnologias que ajudam a melhorar a produção e a qualidade dos produtos, vendo como

atividade mais lucrativa, a pecuária.

Figura 11 - Fonte de renda da população entrevistada.

Fonte: Elaborado pela autora.

3.1.2 Informações sobre a saúde

Quanto aos principais locais de atendimento em saúde, segundo os assentados, 64%

utilizam como única unidade de atendimento o posto de saúde dentro da área do assentamento,

25% utilizam os serviços de saúde ofertados pelo hospital municipal, 11% fazem uso dos

atendimentos de saúde do posto e do hospital conjuntamente (Figura 12) .

64%

18%

5%11%

2%

Venda de leite Outros Emprego na cidade Feira venda de peixe

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De acordo com os entrevistados o posto de saúde implantado dentro do assentamento é

uma evolução nos serviços de atendimento em saúde, que eles têm acesso. Anterior a

implantação do posto, eles contavam apenas com os serviços dos agentes comunitários de saúde

que identificavam as doenças e orientavam a procurar atendimento nas unidades de saúde

exteriores ao assentamento e dos agentes sanitários que realizam raras visitas às propriedades.

No presente, os médicos ficam no posto de saúde a cada quinzena, no entanto, são limitadas as

funções desempenhadas por eles devido a limitação estrutural e a falta de material hospitalar.

Em um trabalho que se avaliou a qualidade da saúde em assentamento rural, Carvalho

(2013) chegou a resultados similares onde, para o autor esses postos não são capazes de realizar

o atendimento efetivo na área da saúde, além disso, o número de postos existentes são mínimos

e em péssima qualidade. Outro problema frequente é a troca de profissionais realizadas

constantemente, além das ausências de ambulâncias dentro da área para atendimento.

Através do questionário pode se verificar que o único serviço que efetivamente existe e

é satisfatório consiste o de agente de saúde, pela razão do agente ser membro da comunidade.

Figura 12 - Locais de atendimento de saúde dos assentados.

Fonte: Elaborado pela autora.

Em se tratando das doenças de veiculação hídrica, 53% indicaram que nunca

apresentaram, 30% indicaram infecção intestinal, 21% tiveram disenteria e 2% e 2%

apresentaram quadro de hepatite A e cólera (Figura 13). Os valores demonstram que metade da

64%

25%

11%

Posto de saúde Hospital municipal Hospital municipal e posto de saúde Outro

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população entrevistada apresentou alguma doença de veiculação hídrica. A principal causa para

esse número de casos de tais doenças, pode estar relacionada em maior parte com a qualidade

da água consumida, sobretudo as condições de higiene pessoal e sanitárias. Em concordância,

Amaral et al., (2003), exprime que o risco de surtos de tais doenças no meio rural é maior,

principalmente em razão, da possível contaminação da água por organismos patogênicos,

devido às fontes de água utilizadas estarem próximas as fossas e áreas ocupadas por animais.

Conforme dados da OMS as doenças de veiculação hídrica matam cerca de duas vezes mais

que o câncer.

. Figura 13 - Doenças de veiculação hídrica que os entrevistados já apresentaram

Fonte: Elaborado pela autora.

Com relação a doenças que se transmite por vetores que se relacionam com água, 53%

da população nunca apresentaram, 33% relataram terem contraído dengue e 14% já contraíram

malária (Figura 14). Esses valores mostram que a população da zona rural, também precisa ficar

atenta a criadouros de mosquitos, principalmente bebedouros de animais e limpeza do quintal,

ou seja, os mesmos cuidados tomados na zona urbana, com maior atenção já que o espaço

49%

28%

19%

2% 2%

Não apresentaram Infecção intestinal Disenteria

Cólera Hepatite A Outras

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(ambiente) é maior. Segundo informações da Organização Mundial da Saúde, 1,3 milhão de

pessoas morrem anualmente por malária. Em Rondônia, no ano de 2016, foram retratados 7769

casos de dengue segundo dados do ministério da saúde.

De acordo com o Levantamento Rápido Índice de infestação por Aedes Aegypeti

(LIRAa) que constitui uma obrigação estipulada pelo ministério da saúde de realizar o

levantamento dos índices de infestação do mosquito, no ano de 2016 o município de Presidente

Médici estava em situação de alerta, com faixa de sinalização amarela, isso quer dizer é

necessário ter uma intensa mobilização para eliminar os criadouros dos mosquitos, evitar que a

população seja acometida de doenças relacionadas com tal mosquito.

Figura 14 - Principais doenças que se relacionam com a água que a população já apresentou.

Fonte: Elaborado pela autora.

3.1.3 Informações sobre Saneamento Básico

Em referência à fonte de água utilizada, os entrevistados relataram que a principal

fonte são os poços 64%, 25% utilizam mina e 11% o sistema de abastecimento (Figura 15).

O assentamento estudado possui sistema alternativo de abastecimento de água, que

consiste em poços semi-artesianos, em conjunto com reservatório (Caixa da água) e rede de

distribuição (Figura 16). No entanto, não é realizado nenhum tipo de tratamento da água, assim

apesar de existir o sistema, mais da metade da população não utilizam água ofertada pelo

sistema, mais sim água de poços rasos, construídos em suas propriedades.

53%33%

14%

Não apresentou Dengue Malária Febre amarela Outras

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Figura 15 - Fonte de água usada para abastecimento da população.

Fonte: Elaborado pela autora.

A) B)

C)

Figura 16 - Sistema alternativo de abastecimento. Poço semi-artesiano (A), Reservatório (B) e painel

(C).

Sendo assim, eles trazem como justificativa para não utilizar a água disponibilizada, que

o sistema é ineficiente e a rede apresenta muitos problemas de vazamentos, além de, segundo

os entrevistados não confiarem na qualidade da água ofertada.

No tocante ao tratamento ofertado na água utilizada, 58% da população entrevistada

64%

25%

11%

Poço Mina Sistema de abastecimento de água Rio Outro

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não realiza, 23% realiza filtração, 10% realiza cloração e 9% realiza a cloração e filtração

(Figura 17). Esses valores revelam que apesar de algumas famílias realizarem algum tipo de

tratamento de água, estes sozinhos se mostram ineficientes, o pior é que, grande parte das

famílias não realiza nenhum tipo de tratamento, o que acaba se tornando grande ameaça para a

saúde dessa população, uma vez que, isso pode ter contribuição direta ou indireta no surgimento

de doenças de veiculação hídrica (BRITO, 2013).

Figura 17 - Tratamento de água.

Fonte: Elaborado pela autora.

Para a destinação dos resíduos sólidos, 64% queimam, 25% enterra, 11% joga a céu

aberto (Figura 18). Logo estes tipos de destinação de resíduo são realizados de forma individual,

isso se explica, devido a área de estudo não possuir serviço de coleta de resíduo privada ou

pública, eles tentam de maneira indireta dar um destino para que esse resíduo não se acumule,

ainda segundo eles os resíduos orgânicos, são jogados pelo quintal. Observa-se que jogar o

resíduo a céu aberto ainda é uma prática usualmente praticada por muitas famílias da área.

Diante disso, percebe-se, que o assentamento segue o padrão brasileiro, em que o

serviço de coleta de resíduo é insuficiente ou na maioria dos casos inexistentes. No início da

década mais de 52,2% do resíduo sólido produzido na zona rural era queimado ou enterrado, o

pior, esses valores crescem a cada ano (ROCHA et al.,2012). De acordo com IBGE, praticar a

coleta e destinação dos resíduos dentro das normas existentes para zona rural e outras

comunidades são onerosas e difíceis de realizar.

58%23%

10%

9%

Não realiza Filtração Cloração

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Figura 18 - Destino dos resíduos sólidos produzidos.

Fonte: Elaborado pela autora.

Com relação ao uso dos agrotóxicos 87% responderam que utilizam agrotóxicos e 13%

não utilizam (Figura 19). Dos que utilizam na maioria dos casos não observam as normas de

segurança. O uso de agrotóxicos é responsável por diversos impactos socioambientais. Esses

resultados encontrados na pesquisa, demonstram que a população da região tem contribuído

para aumentar as estatísticas do Brasil, que atualmente é maior consumidor de agrotóxicos do

mundo e segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o brasileiro consome em

média 5 litros de agrotóxicos por ano.

Os impactos são reais e vão além da saúde do trabalhador, envolve a contaminação da

água, dos alimentos, do solo e o comprometimento da saúde da população que mora nessas

regiões (PIGNATI et al., 2014).

64%

25%

11%

Queima Enterra

Joga a céu aberto Sistema de coleta

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Figura 19 - Porcentagem de entrevistados que fazem uso de agrotóxicos. Fonte: Elaborado pela autora.

Dos que utilizam agrotóxicos, 64% das pessoas entrevistadas disseram que devolvem

as embalagens vazias, 25% queima e 11% enterra (Figura 20). Apesar da grande maioria dos

utilizadores de agrotóxicos devolverem as embalagens vazias, é grande a porcentagem dos que

dão um destino diferente as mesmas. Vale ressaltar que a Lei Federal 9.974 que dispõe a

respeito dos agrotóxicos. A referida lei diz que é responsabilidade do agricultor, do canal de

distribuição, fabricante e poder público, realizar o gerenciamento das embalagens vazias,

cabendo a destinação final ser do fabricante, após receber essas embalagens do agricultor. Mas,

como foi averiguado no trabalho, é difícil a totalidade dos produtores que utilizam insumos

agrícolas devolverem as embalagens vazias como estipula a lei, isso ocorre em muitos casos

pela falta de instrução dos agricultores, bem como, foi observado em alguns trabalhos pela falta

de recursos financeiros (OLIVEIRA et al., 2010), uma vez que, é oneroso o produtor se deslocar

até o ponto de coleta.

87%

13%

Sim Não

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Figura 20 - Destino final das embalagens vazias de agrotóxicos.

Fonte: Elaborado pela autora.

Em referência ao destino do esgoto doméstico, pode-se observar (Figura 22) que 72%

utilizam a fossa negra (Figura 21), e 28% joga a céu aberto. Merece destacar que somente o

esgoto do banheiro recebe tais destinos, sendo a água de lavagens depositada a céu aberto.

Figura 21 - Fossa negra.

Fonte: Rosemere Gonaçalves, junho de 2017.

Pesquisa PNAD realizada em 2015 comprova o que foi encontrado pelo trabalho, onde

61,7% dos domicílios rurais depositam seus dejetos em fossas rudimentares, lançam em cursos

de água ou diretamente no solo a céu aberto (PNAD, 2015).

Isso pode ser explicado devido a falta de sistema de coleta e tratamento de esgoto na

64%

25%

11%

Devolve Queima Enterra Não respondeu Outro

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comunidade, Ribeiro et al., (2015), chegou a resultados semelhantes em um trabalho realizado

em uma comunidade rural em Itapemirim Espírito Santo, sobre o destino do esgoto, onde

também não existe tratamento e nem coleta de esgoto, a comunidade utiliza em sua totalidade

como destino para o esgoto gerado, fossas negras ou lançam em córregos ou a céu aberto. Essas

fossas negras foram observadas durante a entrevista. Em concordância dados da PNAD (2015)

diz que, 45,4% da população rural da região norte utiliza como destino para seu esgoto fossas

rudimentares, 11,8% dão outros destinos, ou seja, não apresenta solução.

Para Martinetti (2009) essa precariedade dos serviços de saneamento em

assentamentos deve-se ao fato de que muitas pessoas que vivem nessas áreas não dispõem de

assistência técnica para obras de saneamento e os investimentos no setor são escassos, o que

faz com que os moradores adotem técnicas e práticas inadequadas que prejudicam sua saúde e

o meio ambiente.

Figura 22 - Destino final do esgoto doméstico.

Fonte: Elaborado pela autora.

3.1.4 Informações sobre o meio ambiente

Foi possível observar durante a aplicação do questionário, a riqueza hídrica por meio

da quantidade de córregos e rios existentes na região (Figura 23), comprovado também pelas

respostas dos moradores que utilizam em sua maioria como fonte de águas minas e poços,

confirmado novamente na Figura 24, onde 57% das propriedades possuem a presença de rios

ou nascentes, esse fenômeno pode ser justificado pelo fato da área de estudo pertencer ao bioma

Amazônia, bioma que tem como principal característica a presença de grande reserva hídrica.

72%

28%

Fossa negra Joga a céu aberto Não sabe Outro

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Contudo, foi observado que essa riqueza hídrica está sendo ameaçada pela presença da pecuária,

onde os rios e córregos estão sofrendo com o superpisoteamento do rebanho.

Figura 23 - Corpo Hídrico (Rio Muqui).

Fonte: Rosemere Gonçalves, junho de 2017.

Figura 24 - Presença de nascentes e rios nas propriedades.

Fonte: Elaborado pela autora:

Quanto a presença de reserva legal nas propriedades, 55% dos entrevistados afirmaram

possuir, 45% relataram não possuir (Figura 25), no entanto, durante a aplicação do questionário

foi observado a presença de floresta apenas em algumas propriedades. Sabe-se que a legislação

vem sendo infringida no tocante à reserva legal em quase todo país, especialmente em áreas de

assentamento (GUEDES, 2012).

57%

43%

Sim Não

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Segundo dados do Cadastro Ambiental Rural do assentamento, foi feita a declaração

de 386,5297 hectares de Área de reserva legal, esse dado demonstra a necessidade de

recuperação da floresta, já que esse valor está abaixo da necessidade do local.

Figura 25 - Reserva Florestal nas propriedades.

Fonte: Elaborado pela autora.

3.2 Percepção

A análise da percepção dos entrevistados teve como objetivo, identificar as

transformações socioeconômicas e ambientais reconhecidos pela população da área de estudo,

de forma a colaborar para propostas futuras que tencione o uso.

Para Suess et al., (2013) é de extrema importância estudar a forma em que os

moradores observam a paisagem para que se possa compreender a forma em que cada sujeito

interage com o meio ambiente, assim a percepção ambiental não é restringida a investigar o que

é a natureza, mas notar que a interação entre as pessoas e a mesma são determinantes para

grandes transformações, logo, esses sujeitos atores dessa interação, são as melhores fontes de

saberes sobre a qualidade de vida e a qualidade ambiental da região em que estão fixados.

Referente ao tempo em que a população vive no local, 68 dos que responderam o

questionário o equivalente a 77,3% reside desde o período de acampamento, 6 indivíduos

equivalente a 6,8% vivem no assentamento tempo menor que um ano, outros 6 equivalentes a

55%

45%

Sim Não

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6,8% residem no período de 6 a 10 anos e 8 entrevistados 9,1% da amostragem residem na área

a menos de 5 anos (Tabela 02). Nota-se através dos dados que a maioria da população alvo da

entrevista participou de todo o processo de reforma agrária estando no local desde o período de

ocupação, os demais são os arrendatários e compradores de lotes, que por esse motivo estão

fixados a menor tempo no local. Esses dados vem confirmar o que é mostrado no país a presença

de uso indevido das terras da reforma agrária inclusive a venda ilegal das mesmas. Os motivos

para que o uso ilegal das terras que por origem deveriam ser destinadas a reforma agrária ainda

ocorra, pode ser explicado justamente pelo assentado não encontrar as condições estruturais e

financeiras para possuir sustentabilidade econômica e se desenvolver, o assentado para

conseguir produzir se vê em um círculo vicioso envolto em dívidas com casas bancarias e casas

que comercializam produtos agropecuários, a saída para ser livre de tais dívidas é a venda da

terra.

Para Andrade (2015) uma das maneiras imprescindíveis de manter os assentados nos

assentamentos é melhorar a viabilidade de produção e comercialização de maneira

autossustentável.

Tabela 2- Há quanto tempo reside no local? CATEGORIA INDIVÍDUOS

Menos de 1 ano 6

De 1 a 5 anos 8

De 6 a 10 anos 6

De 11 a 23 anos 68 Fonte: Elaborado pela autora.

Para as mudanças constadas pelos moradores, 52,2% desses não observaram mudanças

no local, 22,7% relataram observar aumento de impactos ambientais, principalmente os

provocados pelo desmatamento, 15,9% citaram mudanças climáticas sendo elas chover menos

e aumento da temperatura, 9,2% observaram melhoria na infraestrutura (Tabela 03). É possível

notar, que parte da população residente começa a observar impactos ambientais oriundos do

uso indiscriminado e não planejado da terra, bem como suas consequências é notável também

a grande parcela da população que não perceber nenhum tipo de mudança, isso pode ser

explicado devido à insatisfação da população de como a gestão da comunidade rural vem sendo

conduzida.

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Tabela 3- O que você percebe de mudanças no local? CATEGORIA INDIVÍDUOS

Melhoria na infraestrutura 8

Aumento dos impactos ambientais 20

Mudanças climáticas 14

Não mudou 46

Total 88 Fonte: Elaborado pela autora.

Com relação a conservação ambiental 45,5% da população considera o local

ambientalmente conservado, 54,5% não considera o ambiente conservado (Tabela 04). Os

dados da entrevista, mostram que a maioria da população do assentamento, percebe impactos

ambientais na comunidade, sendo o aspecto ambiental que causa impacto mais observado por

esses sujeitos, o desmatamento o mais citado, e seguidamente com o uso sem precedentes de

agrotóxicos, que segundo eles poluem os rios e o solo. Dos que relataram que consideram o

local conservado justificou sua resposta pela presença de muitos animais silvestres. Isto mostra

que, apesar de ser possível empiricamente perceber a presença de muitos impactos ambientais,

grande parcela da população ali residente não os observa, isso pode ser explicado devido à falta

de instrução, ou seja, baixa escolaridade, eles não conseguem perceber o que venha a ser

impacto ambiental, ou ambiente conservado, devido essa ausência de consciência ambiental e

informações sobre esses termos.

Tabela 4- Você considera o local conservado ambientalmente? CATEGORIA INDIVÍDUOS

Sim 40

Não 48

Total 88 Fonte: Elaborado pela autora.

Quando questionados sobre as principais dificuldades enfrentadas, boa parte dos

moradores dizem não possuir, cerca de 25%, 20,4% relataram os problemas com infraestrutura,

13,8% a falta de assistência técnica, 11,4% dizem ser a baixa renda a maior dificuldade, outros

11,4% dizem ser a deficiência em saúde, 6,8% relataram dificuldades com a falta de

saneamento, 4,5% deficiência em educação, 4.5% o uso indiscriminado de agrotóxico, 2,2%

relataram a degradação ambiental (Tabela 05). Esses dados mostram que são diversas as

dificuldades no local, destaque para problemas em infraestrutura sendo citado as estradas

precárias e falta de energia elétrica, destaca-se também a falta de serviços de assistência técnica

para os produtores, que por esse motivo tem dificuldades para produzir alimentos na região, a

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Empresa Estadual de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), possui quadro técnico

que presta apoio a agricultura familiar, no entanto, esse montante não é suficiente para atender

todas as famílias agricultoras. Os problemas de assistência em saúde e educação dentro da área

também foram citados pelos moradores, sendo um serviço que segundo eles é precário e

ineficiente. Outros estudos demonstraram que o maior empecilho para que a população rural

tenha acesso à saúde e educação de qualidade que são direitos constitucionais, são as grandes

distâncias e falta de meio de transporte (TORRES, 2008).

Tabela 5- Principais dificuldades enfrentadas no local? CATEGORIA INDIVÍDUOS

Não tem 22

Deficiência em infraestrutura 18

Baixa renda 10

Uso indiscriminado de agrotóxico 4

Deficiência em saneamento 6

Degradação dos recursos naturais 2

Assistência técnica 12

Deficiência em saúde 10

Deficiência em educação 4

Fonte: Elaborado pela autora.

Quando questionados o que precisa ser melhorado 6,8% disseram que nada precisa

mudar, 38,6% relataram que é indispensável ocorrer uma conscientização ambiental da

população, 20,4% disseram que é necessário uma melhora na infraestrutura, principalmente as

estradas, 13,6% relataram que existe a necessidade de assistência técnica, 6,8% citaram que é

necessário mudanças nas políticas públicas, outros 6,8% disseram que deve ocorrer melhorias

na educação, 4,5% disseram que deve ocorrer melhoras na saúde, 2,5% citaram que deve

diminuir o desmatamento da área (Tabela 06).

Os dados revelam a necessidade de se realizar uma conscientização ambiental na área,

necessidade essa observada pelos próprios moradores. Essa conscientização deve ocorrer por

meio da educação ambiental, por essa considerar todas as dimensões, social, econômica,

ambiental e ética que pode levar a mudanças de valores e de comportamento.

Para Silva (2012) é fundamental uma educação ambiental com ênfase interdisciplinar

que proporcione melhor leitura da realidade e promova outra postura do cidadão frente aos

problemas socioambientais. Os moradores da área começaram a perceber que a qualidade de

vida só estará satisfatória se possuírem também, uma boa qualidade ambiental, boa qualidade

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econômica, boa qualidade estrutural, boa qualidade de saúde e educação.

Tabela 6 - O que precisa ser mudado? CATEGORIA ENTREVISTADOS

Nada 6

Melhorar infraestrutura 18

Diminuir o desmatamento 2

Melhoria nas políticas públicas 6

Melhoria na saúde 4

Melhoria e educação 6

Conscientização ambiental 34

Assistência técnica 12 Fonte: Elaborado pela autora.

3.3 USO E COBERTURA DA TERRA

3.3.1 Análises quantitativa e qualitativa

Os resultados revelaram que em 1995, primeiro ano de acampamento, a área de estudo

possuía 89,5 % de floresta e 6,2% de pastagem (Tabela 07 e Figura 26).

Tabela 7- Resultados estatísticos para uso e cobertura da terra na área de estudo no ano de 1995.

CLASSES ÁREA (ha) REPRESENTATIVIDADE

(%)

Água 48,3 1,28

Floresta 3367,9 89,5

Antropizado 90,2 2,5

Pastagem 234,5 6,2

Área não classificada 22 0,58

Total 3763 100

Fonte: Elaborado pela autora.

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Figura 26 - Mapa de uso e cobertura da terra- Assentamento Chico Mendes no ano de 1995.

Fonte: Elaborado pela autora.

Os resultados da Tabela 07, apresentam a análise do uso e cobertura da terra na área

investigada, observa-se que apesar de no ano de referência a área possuir uma extensa área de

floresta nativa 89,5%, a quantidade de área desmatada era significativa. Esse fenômeno pode

ser explicado pelo fato de área que se tornou o Assentamento Chico Mendes ser uma antiga

fazenda, portanto, tinha atividades antrópicas anterior a implantação do assentamento.

Estudos realizados pelo IPAM e publicado em 2016 revelaram que 46% dos

assentamentos na Amazônia legal já se encontram com elevado grau de desmatamento antes de

sua criação. Estes resultados evidenciam o que foi encontrado na análise temporal da área de

estudo, e expressam o contexto político e as fases da reforma agrária realizada no país, onde

existia incentivo e maior apelo para que latifúndios improdutivos fossem usados para reforma

agrária.

Assim, para o ano de 2005, dez anos após a análise anterior, o assentamento possuía

55,2% de sua área coberta por floresta, 40,9% de pastagem e 2,07 % área antropizada (Tabela

08 e figura 27). Deste modo é perceptível a mudança nos padrões de uso e cobertura da terra

no espaço temporal de dez anos.

O expressivo número de área desmatada ocorrido na região pode ser explicado pelo

fato dos modelos de assentamentos criados no país terem como objeto a promoção de moradia

e produção, dessa forma, a família que recebe essa propriedade tem o dever de explorá-lo para

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o seu sustento (YANAI et al., 2015). Esse modelo traz como efeito colateral a aceleração do

desflorestamento dentro das áreas de assentamentos colocando em perigo os serviços

ambientais fornecidos pelas florestas e a perda da biodiversidade.

Tabela 8 - Resultados estatísticos para uso e cobertura da terra na área de estudo no ano de 2005.

Fonte: Elaborado pela autora.

Figura 27 - Mapa de uso e cobertura da terra – Assentamento Chico Mendes ano de 2005.

Fonte: Elaborado pela autora.

A Tabela 9, apresenta a situação do uso e cobertura da área investigada no ano de 2015,

onde a análise apresentou uma cobertura de apenas 24% de floresta nativa, 43% de pastagem e

31% área antropizada. É perceptível também o aumento na quantidade de água que pode ser

CLASSES ÁREA (ha) PORCENTAGEM(%)

Água 49 1,30

Floresta 2077,5 55,2

Pastagem 77,85 2,07

Antropizado 1537 40,9

Área não

classificada

22 0,58

TOTAL 3763 100

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justificado e também foi observado no trabalho de campo pela presença de represas e tanques

para piscicultura.

Apesar das mudanças trazidas pelo Novo Código florestal no ano de 2015, a situação

da área desmatada é alarmante (Figura 28), os resquícios de floresta observado pertencem

principalmente a Área de Preservação Permanente, bem como também, as poucas áreas

destinadas à reserva legal é possível averiguar que a quantidade de área desmatada é

proporcional ao número de pastagem e ao solo exposto.

Fonte: Elaborado pela autora.

Em visita in loco constatou-se que as áreas desmatadas estão servindo sobretudo para

serviços agropecuários, o que vem a confirmar o que foi encontrado pelo trabalho de Santos e

Pereira (2015) afirmaram que entre os anos de 2004 a 2014 a pecuária Rondoniense teve um

crescimento de 16,7%.

Esse aumento das áreas desmatadas na região, encontra sua origem na própria política

de crédito do Incra, onde a família assentada tem incentivo financeiro para expansão das

lavouras e das diversas atividades produtivas.

O problema nesse tipo de atividade é que na maioria dos casos o desflorestamento

ocorre sem planejamento, isso vem interferir diretamente na qualidade do solo, no aumento de

áreas desmatadas e no equilíbrio ecológico da região (PAIXÃO, 2000).

Figura 28 - Área desmatada sendo queimada no assentamento.

.

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73

Tabela 9 - Resultados estatísticos para uso e cobertura da terra na área de estudo no ano de 2015.

Fonte: Elaborado pela autora.

Figura 29 - Mapa de uso e cobertura da terra – Assentamento Chico Mendes ano de 2015.

Fonte: Elaborado pela autora.

A figura 29 , mostra a evolução da cobertura e uso da terra dos anos 1995, 2005

e 2015 confrontadas, observa- se a forma em que a cobertura vegetal foi declinando ao

longo dos dez anos, ao mesmo tempo que as áreas de pastagem e as áreas antropizadas

que são regiões com solo sem plantação foram crescendo, substituindo quase toda a área

de floresta.

CLASSES ÁREA(ha) PORCENTAGEM(%)

Água 71 1,8

Floresta 897,1 24

Pastagem 1611 43

Antropizado 1165 31

Área não classificada 19 0,50

TOTAL 3763 100

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Figura 30 - Uso e cobertura da terra nos anos 1995, 2005 e 2015. Elaborado pela autora.

3.4 ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE (APP’s)

É possível observar a presença de sete nascentes dentro da área, as mesmas estão

sofrendo forte pressão com o avanço do uso e ocupação. Na pesquisa de campo foi observado

que algumas das nascentes estão ameaçadas pelo desflorestamento, bem como, estão sendo

transformadas em represas para a dessedentação de animais, conforme pode se observar na

Figura 30.

A presença de plantações e de animais constituem fortes ameaças a qualidade e

existência das nascentes o uso e ocupação e suas consequências, podem afetar irreversivelmente

o ciclo hidrológico nessa área, levando até mesmo a extinção das nascentes.

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Figura 31 - Nascente convertida em bebedouro para rebanho bovino.

Fonte: Rosemere Gonçalves, maio de 2017.

.

Uma das constatações realizadas por este trabalho é que os rios existentes na área são

afluentes do Rio Muqui e Machado.

É notável o não cumprimento da área mínima de APP determinada pelo Código

Florestal que para cursos d’ água menores que 10 metros de largura é 30 metros. O estudo

espacial mostra a ausência da mata ciliar ao longo dos rios menores, além de mata ciliar

insuficiente ao longo dos rios de maiores portes como o rio Muqui, ou até mesmo, a ausência

da mata ciliar, além de mostrar as transformações ocorridas na área principalmente nas regiões

de APP’s, como é possível ser observado na (Figura 31). No intervalo entre os anos 1995 a

2005 o desmatamento de forma geral foi mais intenso se comparado com o intervalo dos anos

2005 a 2015.

A partir da visita de campo foi averiguado, a presença de rebanho dentro da área de

APP, em várias propriedades visitadas. Conforme dados do Cadastro Ambiental da área do

assentamento, foi declarado uma área de APP de 52,7560 hectares.

A falta de mata ciliar constitui um gravíssimo problema de origem social e ambiental,

dado que as próprias atuam diretamente no impedimento do assoreamento dos corpos de água,

na erosão das encostas, mantém a qualidade da água, portanto, fica evidenciado a função das

APPs na contenção do processo de erosão e do alcance deste processo (RICCI, 2013).

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ANO 1995.

ANO 2005.

ANO 2015.

Figura 32- APP’S Anos 1995, 2005 e 2015. Elaborado pela autora

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A) B)

Figura 33 - APP desflorestada (A) e presença de rebanho na margem do rio (B).

3.5 SUGESTÕES PARA MINIMIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS IMPACTOS

Os resultados desse trabalho levantam a necessidade de medidas mitigadoras para os

impactos socioambientais encontrados.

Para a questão da destinação dos resíduos sólidos de forma a causar menor impacto

possível, sugere-se a separação dos resíduos recicláveis que podem ser separados e

posteriormente ser encaminhados para cooperativas ou associações de catadores. Enquanto o

resíduo orgânico tanto o produzido nas residências quanto os das plantações tem a possibilidade

de serem reaproveitados através de mecanismos como a compostagem.

Em relação à destinação correta dos esgotos domésticos rural, uma alternativa seria a

utilização de fossa séptica biodigestora para o esgoto do vaso sanitário. E jardim filtrante para

tratar a água da pia e do banho.

Em se tratando da água para consumo, a filtração aliada com a cloração já reduziria a

concentração de organismos patogênicos.

Sugere-se um plano de recuperação da cobertura vegetal em torno das nascentes,

primeiramente com o isolamento da área e seguido de recomposição da nascente desmatada,

considerando os fatores limitantes da vegetação. Um dos grandes desafios ao se tratar de

projetos de recuperação da vitalidade de rios é recuperar desde a origem, isto é, desde a

nascente. Atualmente devido aos intensos debates e também em virtude da abrangencia da

degradação ambiental, tem ocorrido aumento no número de projetos de recuperação de

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nascentes, um exemplo é as ações desenvolvidas pelo grupo ambientalista GARSA, atua no

município de Presidente Médici na recuperação das matas ciliares, nascentes, limpeza dos rios

e na produção de mudas nativas, específicas do bioma Amazônia (PREFEITURA MUNICIPAL

DE PRESIDENTE MÉDICI, 2017).

A educação ambiental é outra importante medida que irá informar e conscientizar a

população de quais as principais ameaças a saúde e ao meio ambiente da área em questão e o

que pode ser feito para minimizar esses efeitos.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A realização deste trabalho permitiu evidenciar as dinâmicas socioambientais da

região de estudo, contribuindo para entender as transformações que vem ocorrendo ao longo do

processo de ocupação fornecendo assim importantes subsídios para a formulação de caminhos

ambientalmente sustentáveis e de políticas públicas que viabilizem a segurança da qualidade

ambiental e de vida para a região.

Com efeito, ao observar tais aspectos nota-se que o maior distúrbio é a ocupação sem

planejamento, sendo que as perturbações ambientais mais preocupantes são o desmatamento e

a ausência de proteção das Áreas de Preservação Permanente que vem causando assoreamento

dos rios e o uso inadequado do solo.

Dos impactos socioambientais, a falta de saneamento básico é um problema recorrente

e preocupante já que muitos habitantes relataram adversidades de saúde que possuem relação

com o saneamento básico. Isto aliado a insatisfatória educação ofertada, são os problemas mais

relevantes e necessitam de medidas imediatas. Por outro lado, a evasão de terras da reforma

agrária é muito elevada. Logo, estes dados reforçam a necessidade de ações para reduzir esses

problemas, a fim de minimizar o surgimento de novos impactos socioambientais.

Levando-se em conta o que foi observado pelo trabalho, pode-se concluir que a região

alvo do estudo esta sofrendo forte influência dos processos de antropização. Como o eixo do

trabalho é análise dos impactos por uma perspectiva socioambiental, apurou-se os imensos

problemas de origem social e ambiental no assentamento. Desse modo, o estudo mostra que é

essencial a realização de estudos mais aprofundados e abrangentes objetivando a elaboração de

projetos para recuperação de áreas degradadas que considerem as características sociais,

ambientais da área em questão.

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