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Curso de Pós-Graduação Lato Sensu a Distância
Fundamentos da Educação
Especial
Autor: Tânia Maria Filiu de Souza
EAD – Educação a Distância Parceria Universidade Católica Dom Bosco e Portal Educação
SUMÁRIO
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO ESPECIAL .................................... 03
1.1 Direito à diversidade .......................................................................................... 03
1.2 Diversidade na escola ...................................................................................... 05
1.3 Das necessidades educacionais básicas às necessidades educacionais
especiais ................................................................................................................ 08
UNIDADE 2 - EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL: DA SEGREGAÇÃO À
INCLUSÃO .............................................................................................................. 11
2.1 A inclusão é uma questão de direito ................................................................. 14
UNIDADE 3 - POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA .................... 17
UNIDADE 4 - POLÍTICA DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA E O TRABALHO
PEDAGÓGICO ........................................................................................................ 32
UNIDADE 5 - IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES EDUCACIONAIS
ESPECIAIS ............................................................................................................. 40
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UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO ESPECIAL
1.1 Direito à Diversidade
Essa unidade tem por finalidade discutir os conceitos básicos para a
compreensão das questões implicadas no status da educação especial em nosso
País e nas políticas, em geral.
Segundo Genro (2004, p.7), as duas últimas décadas foram marcadas por
movimentos sociais importantes, organizados por pessoas com deficiência e por
militantes dos direitos humanos que, conquistaram o reconhecimento do direito das
pessoas com deficiência à plena participação.
Essa conquista tomou forma nos instrumentos internacionais que passaram
a orientar a reformulação dos marcos legais de todos os países, inclusive do Brasil.
Um desses instrumentos é a Declaração/ Programa de Ação da Conferência Mundial
sobre Direitos Humanos de Viena (1993), que ratificou o princípio da Diversidade e
estabeleceu, ao lado do direito à igualdade, o direito à diferença: o reconhecimento
da pluralidade de sujeitos portadores de direitos e de seus direitos específicos como
parte integrante e indivisível da plataforma universal dos Direitos Humanos.
A mudança do princípio da Diversidade introduziu uma nova ética, a Ética
da Diversidade, que rompe com a ideia de um modelo de humanidade e de seres
humanos, rompendo, por extensão, com a ideia de padrões sociais e de adaptação
dos excluídos.
O Governo do Brasil, por intermédio da Educação, tem afirmado e exercido
o compromisso com um Brasil de todos e para todos na área da Educação,
fundamentado no Princípio da inclusão e na Ética da Diversidade.
À medida que a Constituição da República em seu artigo 206, inciso I, adota
como princípio a “igualdade de condições para o acesso e permanência na escola”,
compreendido como efetivação do objetivo republicano de “promover o bem de
todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas
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de discriminação”, prevê uma sociedade com escolas abertas a todos, em qualquer
etapa ou modalidade, bem como o acesso a níveis mais elevados de ensino.
Fonte: http://migre.me/41F6u
A importância de fazer do direito de todos à educação um movimento
coletivo de mudança aponta para a adoção de políticas públicas inclusivas, para a
transformação dos sistemas educacionais e das práticas sociais, que envolvem a
relação com as famílias e a comunidade.
Deste modo, a formação da identidade dos alunos depende dos processos
de socialização de ensino e aprendizagem que ocorrem de acordo com as
características físicas, cognitivas, afetivas, sexuais, culturais e étnicas dos
envolvidos nos processos educativos dos sistemas educacionais.
Segundo Dutra (2006, p.10), vivemos em uma sociedade democrática que
tem por definição a pluralidade, o convívio e a interlocução na diversidade. O direito
de participar nos espaços e processos comuns de ensino e aprendizagem realizados
pela escola está previsto na legislação, e as políticas educacionais devem estar
compatíveis com os pressupostos que orientam para o acesso pleno e condições de
equidade no sistema de ensino.
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Assim as políticas educacionais devem prever a eliminação das barreiras à
educação dos alunos com deficiência, com síndromes, com altas
habilidades/superdotação prevendo o atendimento às necessidades educacionais
especiais, promovendo a participação a partir de novas relações fundamentais para
uma socialização humanizadora.
No que se refere à escola para eliminação de barreiras, se apresenta a
educação inclusiva, que vem para pressupor novas relações pedagógicas centradas
nos modos de aprender das diferentes crianças e jovens e de relações sociais que
valorizam a diversidade em todas as atividades, espaços e formas de convivência e
trabalho.
É necessária, então, a efetivação do direito de todos à educação, o direito à
igualdade e o direito à diferença que são indissociáveis e os direitos específicos
servem para eliminar as discriminações e garantir a plena inclusão social.
1.2 Diversidade na Escola
Tradicionalmente, a escola tem sido marcada em sua organização por
critérios seletivos que têm como base a concepção homogeneizadora do ensino,
dentro dos quais alguns estudantes são rotulados. Esta concepção reflete um
modelo caracterizado pela uniformidade na abordagem educacional do currículo:
uma aula, um conteúdo curricular e uma atividade para todos na sala de aula.
O estudante que não se enquadra nesta abordagem permanece à margem
da escolarização, fracassa na escola e é levado à evasão. Muitas vezes o estudante
rotulado ou classificado por suas diferenças educacionais é excluído ou
encaminhado a especialista de áreas distintas (fonoaudiólogo, fisioterapeuta, etc.)
para receber atendimento especializado.
O não reconhecimento da diversidade como um recurso existente na escola
e o ciclo constituído pela rotulação, discriminação e exclusão do estudante, contribui
para aprofundar as desigualdades educacionais ao invés de combatê-las. A fim de
equiparar as oportunidades para todos, nos sistemas educacionais precisa-se
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promover uma reforma profunda, cuja característica central deve ser a flexibilização
do conteúdo curricular e o modo como o currículo é incorporado à atividade escolar.
Em uma escola inclusiva, a situação de “desvantagem ou deficiência” do
educando, não deve ser enfatizada. Ao invés disso, a escola deve adquirir melhor
compreensão do contexto educacional onde as dificuldades escolares se
manifestam e buscar formas para tornar o currículo mais acessível e significativo.
Somente quando o sistema educacional consegue promover um ajuste relevante
que responda de forma efetiva à diversidade da população escolar, é que a escola
estará assegurando o direito de todos a uma educação de qualidade.
Neste sentido, o reconhecimento e a abordagem da diversidade constituem
o ponto de partida para evitar que as diferenças se transformem em desigualdades e
desvantagens entre os estudantes. Isto pressupõe educar com base no respeito às
peculiaridades de cada estudante e no desenvolvimento da consciência de que as
diferenças resultam de um complexo conjunto de fatores, que abrange as
características pessoais e a origem sócio-cultural, assim como as interações
humanas.
Fonte: http://migre.me/41FJu
Esta concepção educacional com fundamento social e político atribui ao
currículo importante valor de transformação na medida em que proporciona as
mesmas oportunidades a todos os alunos(as) e, desta forma, compensa
desigualdades sociais e culturais. Algumas das ideias básicas próprias da educação
inclusiva foram referidas por Alvarez e Soler (1998), destacando-se as seguintes:
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• levar sempre em consideração o fato de que as pessoas são diferentes e
que, portanto, a escola deve ajudar cada um a desenvolver suas aptidões no
contexto comum a todos, livre de seleção e da consequente classificação de
alunos (as) em diferentes tipos de instituições especializadas;
• eliminar o espírito de competitividade, a partir do qual a visão de mundo se
restringe a uma corrida na qual apenas alguns conseguirão chegar ao final;
• oferecer oportunidades a todos para compensar as desigualdades
existentes, mas sem educar para ‘formar pessoas iguais’.
No atendimento à diversidade podem ser apontados alguns princípios, entre
os quais, destacam-se:
• personalização em lugar de padronização: reconhecer as diferenças
individuais, sociais e culturais dos alunos (as), a partir das quais é orientada a
ação educacional;
• resposta diversificada versus resposta uniforme: permite adequar os
processos de ensino-aprendizagem às diferentes situações;
• heterogeneidade versus homogeneidade: este princípio realça o valor dos
agrupamentos heterogêneos dos alunos com o objetivo de educar com base
em valores de respeito e aceitação das diferenças numa sociedade plural e
democrática.
Fonte: http://migre.me/41MNj
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1.3 Das necessidades educacionais básicas às necessidades educacionais especiais
O conceito de diversidade é inerente à educação inclusiva e evidencia que
cada educando possui uma maneira própria e específica de absorver experiências e
adquirir conhecimento, embora todas as crianças apresentem necessidades básicas
comuns de aprendizagem, as quais são expressas no histórico escolar e obedecem
às diretrizes gerais de desempenho acadêmico.
Tal concepção remete ao entendimento de que todos os alunos(as)
apresentam certas necessidades educacionais individuais que podem ocorrer em
momentos diferentes durante a escolarização. Isto quer dizer que as diferenças
individuais - aptidões, motivações, estilos de aprendizagem, interesses e
experiências de vida - são inerentes a cada ser humano e têm grande influência nos
processos de aprendizagem que são únicos para cada pessoa.
Muitas crianças que enfrentam barreiras para aprender e participar na vida
escolar são capazes de superá-las rapidamente sempre que suas necessidades são
levadas em conta e ajuda compatível é oferecida.
Fonte: http://migre.me/41Mmq
A origem das dificuldades do educando pode estar situada no âmbito das
diferenças pessoais, culturais, sociais ou linguísticas, ou, ainda, no fato da escola
não considerá-las. Segundo Blanco (2002), os diversos grupos sociais, étnicos e
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culturais dispõem de normas, valores, crenças e comportamentos distintos que, em
geral, não fazem parte da cultura das escolas.
A discrepância entre a cultura escolar e a cultura destas comunidades
provoca impacto no rendimento dos estudantes que pertencem a estes grupos
sociais e que pode se refletir no seu baixo nível de progresso educacional e, muitas
vezes, no abandono da escola. Da mesma forma, as diferenças de gênero também
incidem no processo de aprendizagem.
A este respeito, Blanco afirma que, com exceção nas áreas rurais e no meio
indígena, na América Latina não se constata desigualdade de gênero na educação,
mas há ocorrências de discriminação que se refletem nos conteúdos, nas
expectativas, nos estilos de ensino e no material didático que trata dos papéis
sociais masculinos e femininos.
Da mesma forma, existem alunos que, para ter acesso à escola e alcançar
bom desempenho em sua aprendizagem precisam de medidas e recursos diferentes
daqueles usualmente oferecidos pela escola à maioria. Trata-se, no caso, dos
alunos(as) que apresentam necessidades educacionais especiais, sejam estas
transitórias ou permanentes.
O conceito de necessidades educacionais especiais teve origem no
“Relatório Warnock” (Grã-Bretanha, 1979), o qual afirma que nenhuma criança deve
ser considerada ineducável, e que a finalidade da educação é a mesma para todos,
por ser um bem a que todos têm o mesmo direito. A meta da educação é propiciar
uma formação que assegure a qualquer pessoa dirigir sua própria vida e a ter
acesso ao mercado de trabalho; encontramos crianças que apresentam “diferentes
obstáculos em sua caminhada na direção deste objetivo e que para alguns,
inclusive, os obstáculos são tão grandes que a distância a percorrer será enorme.
Neles, porém, qualquer progresso é significativo”.
Especificamente com relação às dificuldades de aprendizagem, o relatório
Warnock ressalta que
[...] afirmar ter um aluno(a) com necessidades educacionais especiais é dizer que [o aluno(a)] tem maior dificuldade para aprender do que a maioria das crianças de sua idade, ou, ainda, que [o aluno(a)] tem uma deficiência que torna difícil a utilização das facilidades que a escola proporciona normalmente.
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UNIDADE 2 - EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL: DA SEGREGAÇÃO À INCLUSÃO
A Educação Especial se organizou tradicionalmente como atendimento
educacional especializado substitutivo ao ensino comum, evidenciando diferentes
compreensões, terminologias e modalidades que levaram à criação de instituições
especializadas, como Pestalozzi, Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais
(APAE), dentre outras.
Em 1967, a Sociedade Pestalozzi do Brasil, criada em 1945, já contava com
16 instituições por todo o país. Criada em 1954, a Associação de Pais e Amigos dos
Excepcionais (APAE) já contava também com 16 instituições em 1962. Nessa
época, foi criada a Federação Nacional das APAES (FENAPAES) que, em 1963,
realizou seu primeiro congresso (MENDES, 1995, p.35-49).
Nesta época, houve uma expansão de instituições privadas de caráter
filantrópico sem fins lucrativos, isentando assim o governo da obrigatoriedade de
oferecer atendimento aos deficientes na rede pública de ensino. Esta forma de
organização esteve fundamentada no conceito de normalidade/anormalidade.
Em 1961, o atendimento às pessoas com deficiência, passa a ser
fundamentado pelas disposições da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
– LDBEN, Lei nº 4.024/1961, que aponta os direitos dos “excepcionais” à educação,
preferencialmente dentro do sistema geral de ensino.
A Lei nº 5.692/1971, que altera a LDBEN de 1961, ao definir “tratamento
especial” para os alunos com deficiências físicas e mentais, não promove a
organização de um sistema de ensino capaz de atender às necessidades
educacionais especiais, reforçando o encaminhamento dos alunos para as classes e
escolas especiais.
Em 1973, o MEC cria o Centro Nacional de Educação Especial – CENESP,
responsável pela gerência da educação especial no Brasil, partindo de um
pressuposto integracionista, impulsionou ações educacionais voltadas às pessoas
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com deficiências e às pessoas com superdotação, mas ainda configuradas por
campanhas assistenciais e iniciativas isoladas do Estado.
Nesse período, não se efetiva uma política pública de acesso universal à
educação permanecendo a concepção de “políticas especiais” para tratar da
educação de alunos com deficiência.
A prática da integração social no cenário mundial teve seu maior impulso a
partir dos anos 80, reflexo dos movimentos de luta pelos direitos dos deficientes. No
Brasil, essa década representou também um tempo marcado por muitas lutas sociais
empreendidas pela população marginalizada.
As mudanças sociais, ainda que mais nas intenções do que nas ações,
foram se manifestando em diversos setores e contextos e, sem dúvida, o
envolvimento legal nestas mudanças foi de fundamental importância.
Nesse sentido, a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 208,
estabelece a integração escolar enquanto preceito constitucional, preconizando o
atendimento aos indivíduos que apresentam deficiência, preferencialmente na rede
regular de ensino.
Fonte: http://migre.me/42Q5T
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Podemos assim dizer que ficou assegurado pela Constituição Brasileira
(1988) o direito de todos à educação, garantindo, assim, o atendimento educacional
de pessoas que apresentam necessidades educacionais especiais.
A Constituição Federal de 1988 traz como um dos seus objetivos
fundamentais “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo,
idade, cor” (Art.3°, inciso IV) e no Art. 205, define a educação como um direito de
todos. No Art. 206, inciso I, estabelece a “igualdade de condições de acesso e
permanência na escola”, como um dos princípios para o ensino e garante, como
dever do Estado, a oferta do atendimento educacional especializado,
preferencialmente na rede regular de ensino (Art. 208).
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei nº 8.069/90, no artigo
55, reforça os dispositivos legais, supracitados ao determinar que “os pais ou
responsáveis têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de
ensino”.
Também nesta década ocorrem a Declaração Mundial de Educação para
todos (1990) e a Declaração de Salamanca (1994), que passam a influenciar a
formulação das políticas públicas da educação inclusiva.
Em 1994, é publicada a Política Nacional de Educação Especial, orientando
o processo de “integração instrucional” que condiciona o acesso às classes comuns
do ensino regular àqueles que “(...) possuem condições de acompanhar e
desenvolver atividades curriculares programadas do ensino comum, no mesmo ritmo
que os alunos ditos normais”.
Fonte: http://migre.me/41NZt
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A Política Nacional de Educação Especial de 1994 reafirma os pressupostos
construídos a partir de padrões homogêneos da aprendizagem. A Política não
provoca uma reformulação das práticas educacionais de maneira que fossem
valorizados os diferentes potenciais de aprendizagem no ensino comum. Assim, a
responsabilidade da educação desses alunos continuou no âmbito da Educação
Especial.
A LDB nº 9394/96, no artigo 59, preconiza que os sistemas de ensino
assegurem aos alunos currículo, métodos, recursos e organização específicos para
atender às suas necessidades, assegura a terminalidade e aceleração de estudos
aos superdotados.
Em 1999, o Decreto nº 3.298, regulamenta a Lei nº 7.853/1989, dispõe
sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência,
define a educação especial como uma modalidade transversal a todos os níveis e
modalidades de ensino, enfatizando a atuação complementar da educação especial
ao ensino regular.
Em 2001, a Resolução do CNE/CEB nº 02/2001, estabelece as Diretrizes
Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, determinando que
os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizarem-se para o atendimento aos educandos com Necessidades Educativas Especiais(NEE), assegurando condições necessárias para uma educação de qualidade para todos. (MEC/SEESP, 2001).
Nesta perspectiva a Câmara de Educação Básica acolhe a inclusão e institui
Diretrizes Nacionais para a educação Especial na Educação Básica, nos Capítulos I,
II e III do Título V e nos artigos 58 a 60 da lei 9.394, de dezembro de 1996 e com
Parecer CNE/CEB 17/2001 homologada em 2001, estabelecendo:
Art. 1° A presente resolução institui as Diretrizes Nacionais para a educação de alunos que apresentam necessidades educacionais especiais, na Educação Básica, em todas as suas etapas e modalidades.
Parágrafo único. O atendimento escolar desses alunos terá início na educação infantil, nas creches e pré-escolas, assegurando-lhes os serviços de educação especial sempre que se evidencie, mediante avaliação e interação com a família e a comunidade, a necessidade de atendimento educacional especializado.
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Art. 2° Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos.
Art. 3° Por educação especial, modalidades de educação escolar, entende-se um processo educacional definido por uma proposta pedagógica que assegure recursos e serviços educacionais especiais, organizados institucionalmente para apoiar, complementar, suplementar e, em alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação escolar e promover o desenvolvimento das potencialidades dos educandos que apresentam necessidades educacionais especiais, em todas as etapas e modalidades educacionais especiais, em todas as etapas e modalidades da educação básica.
Em 07 de janeiro de 2008 o MEC, através da Secretária de Educação
Especial apresenta a Política Nacional de Educação Especial na perspectiva
Inclusiva. A Política define a clientela da educação especial e reafirma a inclusão na
Educação.
2.1 A inclusão é uma questão de direito
A educação inclusiva aspira a fazer efetivo o direito à educação, à igualdade
de oportunidades e de participação. O direito de todas as crianças à educação
encontra- se consagrado na Declaração dos Direitos Humanos e reiterado nas
políticas educacionais dos países; porém, ainda existem milhões de crianças e
adultos que mesmo construindo escolas Inclusivas não têm acesso à educação ou
recebem uma de menor qualidade. O conjunto de meninos e meninas com
deficiência constitui um grupo importante para o qual esse direito tem que ser
garantido em termos efetivos.
O direito a participar implica que todos os meninos e meninas tenham direito
a ser assistidos nas escolas de sua comunidade, participando nas atividades com
todos os seus companheiros e no currículo comum tanto quanto seja possível.
Todos os meninos e meninas têm direito a educar-se em um contexto comum, que
assegure sua futura integração e participação na sociedade.
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O direito à educação não significa somente acesso a ela, mas também, que
essa seja de qualidade e garanta que os alunos aprendam. O direito à educação é
também o direito a aprender e a desenvolver-se plenamente como pessoa. Para que
isso seja possível é fundamental assegurar a igualdade de oportunidades,
proporcionando a cada um, o que necessita, em função de suas características e
necessidades individuais.
Desta forma, o direito à própria identidade significa assegurar a
individualidade de cada sujeito na sociedade, respeitando a cada pessoa pelo que é,
e reconhecendo sua liberdade e autonomia. A escola não somente é um espaço
fundamental para a transmissão da cultura e a socialização, como também para a
construção da identidade pessoal.
Exercício 1 1. Vivemos em uma sociedade democrática que tem por princípio a pluralidade, o convívio e a interlocução na diversidade. De acordo com esta afirmação, é correto dizer que: a) Participar dos espaços e processos comuns de ensino e aprendizagem realizados pela escola está previsto na legislação, e as políticas educacionais devem estar compatíveis com esses pressupostos que orientam para o acesso pleno e condições de equidade no sistema de ensino. b) Participar do ensino realizado na escola está previsto na legislação, e as políticas educacionais devem estar compatíveis com esses pressupostos que orientam para o acesso pleno e condições de equidade no sistema de ensino. c) Participar do projeto político pedagógico da escola. d) Participar do ensino realizado pela escola está previsto nas políticas educacionais. 2. Segundo Blanco (2002), a origem das dificuldades do educando pode estar situada: a) No âmbito das deferências pessoais, sociais e/ ou linguísticas. b) Nos diversos grupos sociais, étnicos e culturais que dispõem de normas, valores, crenças e comportamentos distintos que, em geral, não fazem parte da cultura das escolas. c) Nas crenças e comportamentos distintos que, em geral, não fazem parte da cultura das escolas.
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d) No âmbito das deferências pessoais, culturais, sociais ou linguísticas, ou, ainda, no fato de a escola não considerá-las. 3. A prática da integração social no cenário mundial teve seu maior impulso a partir dos anos 80, reflexo dos movimentos de luta pelos direitos dos deficientes. No Brasil, essa década representou também um tempo marcado por muitas lutas sociais empreendidas pela população marginalizada. Nesse sentido, a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 208, estabelece: a) A integração enquanto preceito constitucional, preconizando o indivíduo que apresenta deficiência. b) A integração escolar enquanto preceito constitucional, preconizando o atendimento, preferencialmente na rede regular de ensino. c) A integração escolar enquanto preceito constitucional, preconizando o atendimento aos indivíduos que apresentam deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino. d) A integração escolar enquanto preceito constitucional, preconizando a deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino. 4. Em 2001, a Resolução do CNE/CEB nº 02/2001, que estabelece as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, determina: a) Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizarem-se para o atendimento aos educandos com NEE, assegurando condições necessárias para uma educação de qualidade para todos. (MEC/SEESP, 2001). b) Os sistemas de ensino não devem matricular todos os alunos, cabendo às instituições especializadas como APAE e Pestalozi, organizarem-se para o atendimento aos educandos com NEE, assegurando condições necessárias para uma educação de qualidade para todos. (MEC/SEESP, 2001). c) Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às famílias organizarem-se para o atendimento aos educandos com NEE, assegurando condições necessárias para uma educação de qualidade para todos. (MEC/SEESP, 2001). d) Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo ao MEC. organizar-se para o atendimento aos educandos com NEE, assegurando condições necessárias para uma educação de qualidade para todos. (MEC/SEESP, 2001).
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UNIDADE 3 - POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA
A presente unidade apresenta o processo de implantação da Educação
Inclusiva no Brasil, analisando o papel da Educação Especial no âmbito das
políticas.
A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva visa a “uma ação política, social, cultural e pedagógica” (MEC/SEESP,
2007). Percebe-se, dessa forma, a ampliação e efetivação da escola como um
espaço que conjuga igualdade e diferença como valores indissociáveis.
Fonte: http://migre.me/42Qd8
Para a efetivação de uma política inclusiva é necessário entender a
Educação Especial como um campo do conhecimento e modalidade transversal de
ensino que perpassa todos os níveis e modalidades, assumindo espaço central nos
debates sobre o papel da escola na superação da lógica da exclusão.
A Política Nacional da Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva, discutida em âmbito nacional, estabelece o Atendimento Educacional
Especializado a alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e
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altas habilidades/superdotação, oferecendo complementação ou suplementação não
substitutiva à escolarização, como parte da prática educacional, ou seja,
organizando recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem barreiras, possibilitando o acesso ao currículo, à comunicação, aos aspectos físicos, atendendo as necessidades de cada aluno, promovendo a sua formação integral com vistas à autonomia, independência e emancipação (MEC/SEESP, 2007).
Este documento, da Secretaria de Educação Especial (MEC/SEESP),
denominado Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva (2008), foi elaborado por um grupo de trabalho nomeado pela Portaria nº
948/2007 e entregue ao ministro da educação em 07 de janeiro de 2008.
Esta comissão foi composta por profissionais da Secretaria de Educação
Especial/MEC e por colaboradores (pesquisadores na área da educação) que juntos
discutiram e construíram as novas diretrizes que subsidiarão as práticas
educacionais nas escolas de nosso País. Esse documento se subdivide em
capítulos.
O primeiro capítulo se refere à apresentação, fazendo uma breve descrição
do paradigma inclusivo e sua fundamentação, justificando que a educação nos dias
atuais se baseia na perspectiva da qualidade do ensino e acesso para todos,
indistintamente. Nessa perspectiva é realizada uma breve descrição da necessidade
do documento, justificando que a Política Nacional de Educação Especial na
Perspectiva da Educação Inclusiva acompanha os avanços do conhecimento e das
lutas sociais, visando constituir políticas públicas promotoras de uma educação de
qualidade para todos os alunos. (MEC, 2008).
Segundo Bayer (2005), nunca houve, na história da educação, uma escola
para todos, uma vez que a instrução era privilégio para os filhos dos “poderosos”.
Na Antiguidade, apenas sujeitos “ricos” usufruíam da educação escolar. Na Idade
Média apenas alunos de mosteiros e filhos de nobres tinham direito à educação
formal. As camadas populares, nessa época, em sua maioria artesões, eram
analfabetas.
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Foi no período iluminista que a educação tornou-se instrumento de ascensão
social apenas para burgueses. Uma vez que o acesso à educação garantiria
submissão das massas populares às mãos de uma minoria que emergia ao poder, a
burguesia. Mesmo havendo lei na Europa que garantia a obrigatoriedade do ensino
também às massas populares que poderiam ingressar na vida escolar, esse tipo de
ensino às massas se caracterizava como mínimo, em termos de qualidade e, aos
filhos de burgueses a formação era técnica voltada ao comércio e educação superior
era reservada apenas à elite social (BEYER, 2005).
Nesse contexto, de uma educação que privilegiava as elites, pode-se
constatar que nunca houve uma escola aberta a todos. Uma vez que as escolas
sempre se serviram de algum tipo de seleção. Nessa escola “seletiva” também não
houve espaço para sujeitos que possuíssem algum tipo de deficiência.
O sujeito que possuía alguma deficiência não tinha o direito de aparecer em
público, muito menos de frequentar a escola. Assim, não havia espaço para sujeitos
que fugiam dos padrões de normalidade da sociedade, sendo qualificados como
“não educáveis” e sem “prontidão para a escola”. Esses sujeitos acabavam
enclausurados em suas residências ou em instituições especiais.
Fonte: http://migre.me/43QZE
Com a criação das escolas especiais para sujeitos que apresentavam algum
tipo de deficiência, tiveram acesso ao ensino. Desta maneira, a escola especial não
pode ser considerada como segregadora, ela surgiu uma vez que o sistema escolar
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não era “capaz e não estava disposta” a se encarregar da educação dos “não
aprendem”.
Segundo Beyer (2005), a educação especial esteve guiada por dois campos
paradigmáticos, um que predomina sob pensamento médico (clínico–terapêutico) e
outro que afirma resgate do pedagógico com concepção da educação inclusiva.
Sob isso, se apresenta a perspectiva sócio-histórica que surge o paradigma
da educação inclusiva, que supera a integração e compreende ser imprescindível o
acesso aos bens culturais por todos os sujeitos indistintamente. Desse modo, como
a escola é local onde se institucionaliza o saber, caberia a esses indivíduos
frequentarem, porque não, o ensino regular.
O segundo capítulo do documento nos relata os Marcos Históricos e
Normativos, descrevendo a visão de educação que delimitava a escolarização como
privilégio de um grupo, uma exclusão que foi legitimada nas políticas e práticas
educacionais reprodutoras da ordem social. A partir do processo de democratização
da educação se evidencia o paradoxo inclusão/exclusão, quando os sistemas de
ensino universalizam o acesso, mas continuam excluindo indivíduos e grupos
considerados fora dos padrões homogeneizadores da escola. Assim, sob diversas
formas, a exclusão tem apresentado características comuns nos processos de
segregação e integração que pressupõem a seleção, naturalizando o fracasso
escolar.
Nesta perspectiva, a partir da visão dos direitos humanos e do conceito de
cidadania fundamentado no reconhecimento das diferenças e na participação dos
sujeitos, decorre uma identificação dos mecanismos e processos de hierarquização
que operam na regulação e produção das desigualdades. Essa problematização
explicita os processos normativos de distinção dos alunos em razão de
características intelectuais, físicas, culturais, sociais e linguísticas, entre outras,
estruturantes do modelo tradicional de educação escolar.
A organização tradicional da educação especial como atendimento
educacional especializado substitutivo do ensino comum, evidenciou diferentes
compreensões, terminologias e modalidades que levaram à criação de instituições
especializadas, escolas especiais e classes especiais. Essa organização,
fundamentada no conceito de normalidade/anormalidade, determina formas de
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atendimento clínico terapêutico fortemente ancorado nos testes psicométricos que
definem, por meio de diagnósticos, as práticas escolares para os alunos com
deficiência.
A Constituição Federal de 1988 (Art. 3º, inciso IV) traz, como um dos seus
objetivos fundamentais, “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”.
Somente em 2007 o MEC lança o “Plano de Desenvolvimento da Educação:
razões, princípios e programas”, compreendendo que a educação especial deve
seguir a transversalidade, isto é, perpassar todos os níveis de ensino básico,
confirmando assim o paradigma inclusivo, pois é a partir dessa concepção que a
educação especial seria repensada como fundamento de toda a escola.
No terceiro capítulo da política é abordado o diagnóstico da educação
especial e sua descrição de como estão sendo realizadas as ações de
implementação da inclusão escolar.
Este capítulo analisa o Censo Escolar/MEC/INEP, realizado anualmente em
todas as escolas de educação básica e que acompanha, na educação especial,
indicadores de acesso à educação básica, matrícula na rede pública, inclusão nas
classes comuns, oferta do atendimento educacional especializado, acessibilidade
nos prédios escolares e o número de municípios e de escolas com matrícula de
alunos com necessidades educacionais especiais.
A partir de 2004, com a atualização dos conceitos e terminologias, são
efetivadas mudanças no Censo Escolar, que passa a coletar dados sobre a série ou
ciclo escolar dos alunos atendidos pela educação especial, possibilitando, de posse
destas informações que registram a progressão escolar, criar novos indicadores
acerca da qualidade da educação.
Dados referentes è educação especial, no Censo Escolar/2006, registram a
evolução de 337.326 matrículas em 1998 para 700.624 em 2006, expressando um
crescimento de 107%. No que se refere à inclusão em classes comuns do ensino
regular, o crescimento é de 640%, passando de 43.923 alunos incluídos em 1998,
para 325.316 alunos incluídos em 2006, conforme demonstra o gráfico a seguir:
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Gráfico 1
Quanto à distribuição dessas matrículas nas esferas pública e privada, em
1998 registra-se 179.364 (53,2%) alunos na rede pública e 157.962 (46,8%) nas
escolas privadas, principalmente em instituições especializadas filantrópicas. Com o
desenvolvimento das ações e políticas de educação inclusiva nesse período,
evidencia-se um crescimento de 146% das matrículas nas escolas públicas, que
alcançaram 441.155 (63%) alunos em 2006, conforme demonstra o gráfico:
Gráfico 2
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Em relação à distribuição das matrículas por etapa e nível de ensino, em
2006, temos 112.988 (16%), na educação infantil, 466.155 (66,5%) no ensino
fundamental, 14.150 (2%) no ensino médio, 58.420 (8,3%) na educação de jovens e
adultos, 46.949 (6,7%) na educação profissional (básico) e 1.962 (0,28%) na
educação profissional (técnico).
Estes indicadores, apesar do crescimento de 136% das matrículas, refletem a
exclusão educacional e social, principalmente das pessoas com deficiência,
salientando a necessidade de promover a inclusão e o fortalecimento das políticas
de acessibilidade nas instituições de educação superior.
A evolução das ações da educação especial nos últimos anos se expressa no
crescimento do número de municípios com matrículas, que em 1998 registrava 2.738
municípios (49,7%) e, em 2006 alcançou 4.953 municípios (89%), ou seja, um
crescimento de 81%. Essa evolução também revela o aumento do número de
escolas com matrícula, pois em 1998 registrava apenas 6.557 escolas, chegando a
54.412 escolas em 2006, representando um crescimento de 730%. Deste total de
matrículas em 2006, 2.724 são escolas especiais, 4.325 são escolas comuns com
classe especial e 50.259 são escolas comuns com inclusão nas turmas de ensino
regular.
O indicador de acessibilidade arquitetônica em prédios escolares, em 1998,
aponta que 14% dos 6.557 estabelecimentos de ensino com matrícula de alunos
com necessidades educacionais especiais possuíam sanitários com acessibilidade.
Em 2006, das 54.412 escolas com matrículas de alunos atendidos pela educação
especial, 23,3% possuíam sanitários com acessibilidade e 16,3% registraram ter
dependências e vias adequadas (indicador não coletado em 1998).
Em relação à formação dos professores que atuam na educação especial, em
1998, 3,2% possuíam ensino fundamental; 51% possuíam ensino médio e 45,7%
ensino superior. Em 2006, dos 54.625 professores que atuam na educação especial,
0,62% registraram somente ensino fundamental, 24% registraram ensino médio e
75,2% ensino superior.
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Pode-se verificar que a partir do documento, o paradigma inclusivo
considerado na atualidade garante acesso e permanência a todos na escola por
meio da qualidade do ensino.
No capítulo IV da Política consta o objetivo da educação inclusiva, que é
assegurar a inclusão escolar de alunos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, orientando os sistemas de
ensino para garantir:
• acesso ao ensino regular, com participação, aprendizagem e continuidade
nos níveis mais elevados do ensino;
• transversalidade da modalidade de educação especial desde a educação
infantil até a educação superior; oferta do atendimento educacional
especializado;
• formação de professores para o atendimento educacional especializado e
demais profissionais da educação para a inclusão;
• participação da família e da comunidade;
• acessibilidade arquitetônica, nos transportes, nos mobiliários, nas
comunicações e informação; e
• articulação intersetorial na implementação das políticas públicas.
Desta forma, a proposta inclusiva vem de encontro aos paradigmas
vivenciados na história da educação especial em nosso país, pois percebe e rejeita
as práticas excludentes, tanto em âmbito escolar, como social. Desse modo a escola
passa a adotar técnicas e alternativas metodológicas que possibilitem ao sujeito
atendimento que respeite suas características, formas/estilos de aprendizagem. Ou
seja, a educação inclusiva “[...] avança em relação à ideia de equidade formal ao
contextualizar as circunstâncias históricas da produção da exclusão dentro e fora da
escola”. (BRASIL, 2008, p. 5).
A política destaca o público-alvo da educação especial no quinto capítulo.
Para tanto, começa com o histórico do entendimento da organização da educação
especial, como uma forma paralela à educação comum, sob a justificativa de que
seria mais apropriada para a aprendizagem dos alunos que apresentavam
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deficiência, problemas de saúde, ou qualquer inadequação com relação à estrutura
organizada pelos sistemas de ensino. Essa concepção exerceu impacto duradouro
na história da educação especial, resultando em práticas que enfatizavam os
aspectos relacionados à deficiência, em contraposição à dimensão pedagógica.
O desenvolvimento de estudos no campo da educação e a defesa dos direitos
humanos vêm modificando os conceitos, as legislações e as práticas pedagógicas e
de gestão, promovendo a reestruturação do ensino regular e especial. Em 1994,
com a Declaração de Salamanca se estabelece como princípio que as escolas do
ensino regular devem educar todos os alunos, enfrentando a situação de exclusão
escolar das crianças com deficiência, das que vivem nas ruas ou que trabalham, das
superdotadas, das que estão em desvantagem social e das que apresentam
diferenças linguísticas, étnicas ou culturais.
O conceito de necessidades educacionais especiais, que passa a ser
amplamente disseminado, a partir dessa Declaração, ressalta a interação das
características individuais dos alunos com o ambiente educacional e social,
chamando a atenção do ensino regular para o desafio de atender as diferenças.
No entanto, mesmo com essa perspectiva conceitual transformadora, as
políticas educacionais implementadas não alcançaram o objetivo de levar a escola
comum a assumir o desafio de atender as necessidades educacionais de todos os
alunos.
Na perspectiva da educação inclusiva, a educação especial passa a constituir
a proposta pedagógica da escola, definindo como seu público-alvo os alunos com
deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas
habilidades/superdotação. Nestes casos e outros, que implicam em transtornos
funcionais específicos, a educação especial atua de forma articulada com o ensino
comum, orientando para o atendimento às necessidades educacionais especiais
desses alunos.
Consideram-se alunos com deficiência aqueles que têm impedimentos em
longo prazo, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, que em interação
com diversas barreiras podem ter restringida sua participação plena e efetiva na
escola e na sociedade. Os alunos com transtornos globais do desenvolvimento são
aqueles que apresentam alterações qualitativas das interações sociais recíprocas e
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na comunicação, um repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e
repetitivo. Incluem-se nesse grupo alunos com autismo, síndromes do espectro do
autismo e psicose infantil. Alunos com altas habilidades/superdotação demonstram
potencial elevado em qualquer uma das seguintes áreas, isoladas ou combinadas:
intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes. Esses alunos também
apresentam elevada criatividade, grande envolvimento na aprendizagem e
realização de tarefas em áreas de seu interesse. Dentre os transtornos funcionais
específicos estão a dislexia, disortografia, disgrafia, discalculia, transtorno de
atenção e hiperatividade, entre outros.
As definições do público-alvo devem ser contextualizadas e não se esgotam
na mera categorização e especificações atribuídas a um quadro de deficiência,
transtornos, distúrbios e aptidões. Considera-se que as pessoas se modificam
continuamente transformando o contexto no qual se inserem. Esse dinamismo exige
uma atuação pedagógica voltada para alterar a situação de exclusão, enfatizando a
importância de ambientes heterogêneos que promovam a aprendizagem de todos os
alunos.
Em outras palavras, a escola deve prover os meios para proporcionar a esses
educandos uma aprendizagem de fato significativa. “A inclusão escolar tem início na
educação infantil, onde se desenvolvem as bases necessárias para a construção do
conhecimento e seu desenvolvimento global” (BRASIL, 2008, p. 16).
O sexto capítulo apresenta a Resolução 02, que institui as Diretrizes
Nacionais para Educação das Necessidades Educacionais Especiais (NEE). Essas
Diretrizes afirmam que na Educação Básica, é assegurado o direito de matrícula nas
escolas desde educação infantil, além de fortalecer a premissa de que as
instituições, pré-escolas e creches devem oferecer serviços de educação especial.
Portanto, se compreende o papel da educação especial não mais diretamente ligado
a um paradigma classificatório, que condiciona o indivíduo a um estigma baseado
em práticas sociais excludentes, provindas da história da educação especial, mas
sim por sua universalidade. Isto é, não é somente função da educação especial
atender aos sujeitos que possuem necessidades especiais, mas sim de toda escola.
De modo que se pense a ”educação para todos” como uma alternativa de
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cooperação em prol do objetivo comum: proporcionar acesso e permanência ao
ensino a todos os indivíduos (KASSAR, 2002).
A educação especial é uma modalidade de ensino que perpassa todos os
níveis, etapas e modalidades, realiza o atendimento educacional especializado,
disponibiliza os serviços e recursos próprios desse atendimento e orienta os alunos
e seus professores quanto à sua utilização nas turmas comuns do ensino regular.
O atendimento educacional especializado identifica, elabora e organiza
recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena
participação dos alunos, considerando as suas necessidades específicas. As
atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado diferenciam-se
daquelas realizadas na sala de aula comum, não sendo substitutivas da
escolarização. Esse atendimento complementa e/ou suplementa a formação dos
alunos com vistas à autonomia e independência na escola e fora dela.
O atendimento educacional especializado disponibiliza programas de
enriquecimento curricular, o ensino de linguagens e códigos específicos de
comunicação e sinalização, ajudas técnicas e tecnologia assistiva, dentre outros. Ao
longo de todo processo de escolarização, esse atendimento deve estar articulado
com a proposta pedagógica do ensino comum.
A inclusão escolar tem início na educação infantil, onde se desenvolvem as
bases necessárias para a construção do conhecimento e seu desenvolvimento
global. Nessa etapa, o lúdico, o acesso às formas diferenciadas de comunicação, a
riqueza de estímulos nos aspectos físicos, emocionais, cognitivos, psicomotores e
sociais e a convivência com as diferenças favorecem as relações interpessoais, o
respeito e a valorização da criança. Do nascimento aos três anos, o atendimento
educacional especializado se expressa por meio de serviços de intervenção precoce
que objetivam otimizar o processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface
com os serviços de saúde e assistência social.
Em todas as etapas e modalidades da educação básica, o atendimento
educacional especializado é organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos,
constituindo oferta obrigatória dos sistemas de ensino e deve ser realizado no turno
inverso ao da classe comum, na própria escola ou centro especializado que realize
esse serviço educacional.
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A política compreende, na modalidade de educação de jovens e adultos e
educação profissional, as ações da educação especial que possibilita a ampliação
de oportunidades de escolarização, formação para a inserção no mundo do trabalho
e efetiva participação social.
A educação especial, em sua interface com a educação indígena, do campo e
quilombola, deve assegurar os recursos, serviços e atendimento educacional
especializado que seja certificado nos projetos pedagógicos construídos com base
nas diferenças socioculturais desses grupos.
Para a educação superior, a transversalidade da educação especial se efetiva
por meio de ações que promovam o acesso, a permanência e a participação dos
alunos. Estas ações envolvem o planejamento e a organização de recursos e
serviços para a promoção da acessibilidade arquitetônica, nas comunicações, nos
sistemas de informação, nos materiais didáticos e pedagógicos, que devem ser
disponibilizados nos processos seletivos e no desenvolvimento de todas as
atividades que envolvem o ensino, a pesquisa e a extensão.
Já na inclusão dos alunos surdos, nas escolas comuns, a educação bilíngue -
Língua Portuguesa/LIBRAS, desenvolve o ensino escolar na Língua Portuguesa e
na Língua de Sinais. Neste sentido, o ensino da Língua Portuguesa como segunda
língua na modalidade escrita para alunos surdos, os serviços de tradutor/intérprete
de Libras e Língua Portuguesa, bem como o ensino da linguagem Libras para os
demais alunos da escola. O atendimento educacional especializado é ofertado, tanto
na modalidade oral e escrita, quanto na língua de sinais. Devido à diferença
linguística, na medida do possível, o aluno surdo deve interagir com outros pares
surdos em turmas comuns na escola regular.
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Fonte: http://migre.me/41PKd
O atendimento educacional especializado é realizado mediante a atuação de
profissionais com conhecimentos específicos no ensino da Língua Brasileira de
Sinais, da Língua Portuguesa na modalidade escrita como segunda língua, do
sistema Braille, do soroban, da orientação e mobilidade, das atividades de vida
autônoma, da comunicação alternativa, do desenvolvimento dos processos mentais
superiores, dos programas de enriquecimento curricular, da adequação e produção
de materiais didáticos e pedagógicos, da utilização de recursos ópticos e não
ópticos, da tecnologia assistiva e outros.
Cabe aos sistemas de ensino, ao organizar a educação especial na
perspectiva da educação inclusiva, disponibilizar as funções de instrutor,
tradutor/intérprete de Libras e guia intérprete, bem como de monitor ou cuidador aos
alunos com necessidade de apoio nas atividades de higiene, alimentação,
locomoção, entre outras que exijam auxílio constante no cotidiano escolar.
Desse modo, a educação especial, nesse contexto, passa a se constituir
como proposta pedagógica de toda a escola, articulada com ensino comum tendo a
finalidade de orientar professores em geral, para que sejam atendidas as
necessidades específicas do educando em seu processo de desenvolvimento global
(MEC/SEESP, 2008).
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Falando em orientação e em relação à atuação do professor da educação
especial, este deve ter como base da sua formação, inicial e continuada,
conhecimentos gerais para o exercício da docência e conhecimentos específicos da
área. Essa formação possibilita a sua atuação no atendimento educacional
especializado e deve aprofundar o caráter interativo e interdisciplinar da atuação nas
salas comuns do ensino regular, nas salas de recursos, nos centros de atendimento
educacional especializado, nos núcleos de acessibilidade das instituições de
educação superior, nas classes hospitalares e nos ambientes domiciliares, para a
oferta dos serviços e recursos de educação especial.
Esta formação deve contemplar conhecimentos de gestão de sistema
educacional inclusivo, tendo em vista o desenvolvimento de projetos em parceria
com outras áreas, visando à acessibilidade arquitetônica, os atendimentos de saúde,
a promoção de ações de assistência social, trabalho e justiça.
Portanto, a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da
Educação Inclusiva (2008), retrata os paradigmas da educação especial e foca as
diretrizes que implementam a educação inclusiva na atualidade, reforçando as lutas
sociais pelo acesso, permanência e direito à qualidade no ensino. Desafio que nos
obriga a repensar a escola, sua cultura, sua política e suas práticas pedagógicas.
Exercício 2 1. A partir dos referenciais para a construção de sistemas educacionais inclusivos, a organização das escolas e classes especiais passa a ser: a) Repensada, implicando uma mudança estrutural da escola para que todos os alunos tenham suas especificidades atendidas. b) Repensada, implicando uma mudança organizacional, estrutural e cultural da escola para que todos os alunos tenham suas especificidades atendidas. c) Repensada, implicando uma mudança estrutural e cultural da escola para que todos os alunos tenham suas especificidades atendidas. d) Repensada, implicando uma mudança cultural da escola para que todos os alunos tenham suas especificidades atendidas. 2. Em 2006, a Secretaria Especial dos Direitos Humanos, o Ministério da Educação, o Ministério da Justiça e a UNESCO lançam o Plano Nacional de
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Educação em Direitos Humanos que objetiva, dentre as suas ações: a) Fomentar, no currículo da educação básica, ações afirmativas que possibilitem inclusão, acesso e permanência na educação superior. b) Fomentar, no currículo da educação básica, as temáticas relativas às pessoas com deficiência e desenvolver ações afirmativas que possibilitem inclusão, acesso e permanência na educação superior. c) Fomentar, no currículo da educação básica, as temáticas relativas às pessoas com deficiência, acesso e permanência na educação superior. d) Fomentar, no currículo da educação básica, as temáticas relativas às pessoas com deficiência e desenvolver ações afirmativas que possibilitem inclusão, acesso e permanência na educação superior. 3. Em 2006, das 54.412 escolas com matrículas de alunos atendidos pela educação especial, a situação em relação aos sanitários com acessibilidade, dependências e vias adequadas era: a) 23,8% possuíam sanitários com acessibilidade e 16,3% registraram ter dependências e vias adequadas. b) 23,3% possuíam sanitários com acessibilidade e 16,4% registraram ter dependências e vias adequadas. c) 23,2% possuíam sanitários com acessibilidade e 16,3% registraram ter dependências e vias adequadas. d) 23,3% possuíam sanitários com acessibilidade e 16,3% registraram ter dependências e vias adequadas. 4. A educação inclusiva, a educação especial passa a constituir a proposta pedagógica da escola, definindo o seu público-alvo. É correto dizer que seu público alvo se constitui de: a) Alunos com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. b) Alunos com transtornos funcionais específicos. c) Alunos com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades/superdotação e transtornos funcionais específicos. d) Alunos com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento, altas habilidades/superdotação, dificuldades de aprendizagem e alunos com hiperatividade.
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UNIDADE 4 - POLÍTICA DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA E O TRABALHO PEDAGÓGICO
Buscaremos, nesta unidade, abordar as diferentes concepções que
historicamente permeiam a construção e efetivação do Projeto Político-Pedagógico
no cotidiano escolar. Severino (1998, p. 82), afirma que “a educação só pode-se
realizar através de mediações práticas que se desenvolvem a partir de um projeto
educacional, vinculado, por sua vez, a um projeto histórico e social e que a
instituição escolar é o lugar por excelência desse projeto”.
A escola, “fazendo parte do movimento histórico-social, deve ser vista como
palco de uma dimensão da luta de classes. É nesse processo de engajamento e de
luta no interior da própria escola burguesa que o educador se educa” (VALLE, 1997,
p.90) e desenvolve seu trabalho pedagógico. Neste sentido, se afirma a escola como
uma instituição histórica e cultural que incorpora interesses ideológicos e políticos,
constituindo-se num espaço onde experiências humanas são produzidas,
contestadas e legitimadas.
Compreender o papel político da escola, a forma como ela
contraditoriamente se vincula a um determinado projeto de sociedade, é
fundamental para discutir a importância e o significado que o Projeto Político
Pedagógico assume na organização do trabalho pedagógico escolar.
Fonte: http://migre.me/42I3m
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A inclusão neste sentido está propiciando acaloradas discussões, seja de
entusiasmo e encantamento, seja de temor e desconfiança. A discussão já está
irreversivelmente instaurada na escola, estas discussões levam a uma reflexão da
comunidade escolar quanto à inclusão e que esteja contemplada no Projeto Político
Pedagógico de cada escola.
A escola tem como eixo o convívio com as diferenças e aprendizagem como
experiência relacional, participativa, que produz sentido para o aluno, pois contempla
sua subjetividade, embora construída no coletivo das salas de aula. (MANTOAN,
2005 p. 31).
Entender que a diferenciação é feita pelo próprio aluno ao aprender, e não
pelo professor, ao ensinar! Essa inversão é fundamental para que se possa ensinar
a turma toda (MANTOAN, 2005, p. 70).
Ter um processo educacional definido por uma proposta pedagógica que
assegure recursos e serviços educacionais especiais, organizados
institucionalmente para apoiar, complementar e suplementar os serviços
educacionais comuns (BRASIL, 2001, p. 69), é função da Educação Especial em
consonância com a escola.
Cabe à escola parar para refletir, analisar e planejar, para também
desenvolver a prática da avaliação continua e da promoção de ajustes de percurso,
sempre tendo como horizonte o Projeto Político Pedagógico (BRASIL, 2004, p. 14).
A Educação Especial oferta serviços de sala de recursos multifuncionais, sala
de enriquecimento curricular, atendimento em ambiente hospitalar, atendimento
domiciliar, professor auxiliar, professor intérprete, profissional de apoio, códigos
aplicáveis, atividades básicas de vida diária (AVD), Orientação e Mobilidade (OM),
Tecnologia Assistiva (TA). É importante entender que é um serviço disponível para o
alunado da Educação especial “o aluno é da escola e não da Educação Especial”.
Neste sentido a Educação Especial na perspectiva inclusiva é um processo
educacional definido por uma proposta pedagógica que assegura recursos e
serviços educacionais especiais, organizados institucionalmente para apoiar,
complementar e suplementar os serviços educacionais comuns (BRASIL, 2001, p.
69).
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Os serviços que devem nortear as adequações no processo educacional são
as experiências que a criança conseguiu fazer acontecer e a sua capacidade de
descobrir o outro e de sentir-se compreendido pelo outro vão ajudá-la a se
desenvolver (HEYMEYER, at all, 2004, p. 27).
Para que possamos assegurar as adequações no processo educacional,
temos que entender o que é deficiência, como a deficiência pode ser considerada:
• Um estado?
• Uma sequela?
• A falta dos outros?
• A falta da sociedade?
• Um problema de saúde pública?
Deficiência não é sinônimo de incapacidade. A incapacidade é a
consequência prática de um enfoque negativo de Deficiência, é relativa ao seu meio
imediato. Damos um enfoque negativo da deficiência quando a consideramos como:
• Enfermidade (doença)
• Invalidez
• Impotência
• Desvantagem
Fonte: http://migre.me/42ISL
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Não podemos considerar que uma pessoa com deficiência não possa
desenvolver uma atividade. A atividade se designa a execução de uma tarefa ou de
uma ação por parte de um indivíduo. A limitação de uma atividade diz respeito às
dificuldades que um indivíduo pode ter para a execução de uma tarefa ou uma ação.
Por isso, não podemos generalizar e discriminar. O salto da escola dos
diferentes para a escola das diferenças demanda conhecimento, determinação,
decisão. As propostas de mudança devem variar e vão depender de disposição,
discussões, estudos, levantamento de dados e iniciativas a serem compartilhadas
pelos seus membros. Sabemos que os alunos com deficiência possuem limitações,
mas o enfoque deve ser positivo, englobando: Acessibilidade; Adequação ao
trabalho; Inserção; Atividade; Capacidade; e Participação.
Neste aspecto, a inclusão do aluno com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento, altas habilidades/superdotação deve possuir o envolvimento
principal de três fatores: social, pessoal e acessibilidade. Portanto, se faz necessário
que a escola contemple em seu projeto Político Pedagógico a inclusão, assumindo
assim o papel de escola inclusiva.
Fonte: http://migre.me/43Rcm
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Sabemos que o trabalho pedagógico a ser desenvolvido por uma escola
inclusiva não se trata de um projeto isoladamente. Destacamos que todos os
membros da comunidade escolar devem apoiar, mas acima de tudo, devem se
comprometer com os objetivos propostos. Desta forma, a colaboração é o eixo
central no desenvolvimento do processo de mudança.
Fonte: http://migre.me/42JCS
O desenvolvimento cooperativo das escolas significa um conjunto de
pressupostos teóricos que compartilham opções claramente comprometidas com
certos valores ideológicos, sociais, culturais, educacionais e também determinados
métodos e estratégias para o funcionamento integrado do organizativo e do
pedagógico nas escolas. (ESCUDERO 1990, p.198 apud TORREZ GONZÁLEZ,
2002, p.214).
Nesta perspectiva de mudança, a Política Nacional de Educação Especial
na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008) apresenta o Atendimento Educacional
Especializado (AEE), um serviço da educação especial que "[...] identifica, elabora e
organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade, que eliminem as barreiras para
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a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas"
(SEESP/MEC, 2008).
O AEE complementa e/ou suplementa a formação do aluno, visando a sua
autonomia na escola e fora dela, constituindo oferta obrigatória pelos sistemas de
ensino. É realizado, de preferência, nas escolas comuns, em um espaço físico
denominado Sala de Recursos Multifuncional. Portanto, é parte integrante do projeto
político pedagógico da escola.
São atendidos, nas Salas de Recursos Multifuncionais, alunos público-alvo
da educação especial, conforme estabelecido na Política Nacional de Educação
Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva e no Decreto N.6.571/2008.
• Alunos com deficiência: aqueles [...] que têm impedimentos de longo
prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais em
interação com diversas barreiras podem obstruir sua participação plena e
efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas
(ONU, 2006).
• Alunos com transtornos globais do desenvolvimento: aqueles que
apresentam alterações qualitativas das interações sociais recíprocas e na
comunicação, um repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado
e repetitivo. Incluem-se nesse grupo alunos com autismo, síndromes do
espectro do autismo e psicose infantil. (MEC/SEESP, 2008).
• Alunos com altas habilidades/superdotação: aqueles que demonstram
potencial elevado em qualquer uma das seguintes áreas, isoladas ou
combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes,
além de apresentar grande criatividade, envolvimento na aprendizagem e
realização de tarefas em áreas de seu interesse (MEC/SEESP, 2008).
A matrícula no AEE é condicionada à matrícula no ensino regular. Esse
atendimento pode ser oferecido em Centros de Atendimento Educacional
Especializado, da rede pública ou privada, sem fins lucrativos. Tais centros, contudo,
devem estar de acordo com as orientações da Política Nacional de Educação
Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008) e com as Diretrizes
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Operacionais da Educação Especial para o Atendimento Educacional Especializado
na Educação Básica (MEC/SEESP, 2009).
Na perspectiva da educação inclusiva, o processo de reorientação de escolas
especiais e centros especializados requer a construção de uma proposta
pedagógica que institua nestes espaços, principalmente, serviços de apoio às
escolas para a organização das salas de recursos multifuncionais e para a formação
continuada dos professores do AEE.
Os conselhos de educação têm atuação primordial no credenciamento,
autorização de funcionamento e organização destes centros de AEE, zelando para
que atuem dentro do que a legislação, a Política e as Diretrizes orientam. No
entanto, a preferência pela escola comum como o local do serviço de AEE, já
definida no texto constitucional de 1988, foi reafirmada pela Política, e existem
razões para que esse atendimento ocorra na escola comum.
O motivo principal de o AEE ser realizado na própria escola do aluno está na
possibilidade de que suas necessidades educacionais específicas possam ser
atendidas e discutidas no dia a dia escolar e com todos os que atuam no ensino
regular e/ou na educação especial, aproximando esses alunos dos ambientes de
formação comum a todos. Para os pais, quando o AEE ocorre nessas
circunstâncias, propicia-lhes viver uma experiência inclusiva de desenvolvimento e
de escolarização de seus filhos, sem ter de recorrer a atendimentos exteriores à
escola.
Desta forma, para que a igualdade seja real, ela tem que ser relativa. Isto
significa que as pessoas são diferentes, têm necessidades diversas e o cumprimento
da lei exige que a elas sejam garantidas as condições apropriadas de atendimento
às peculiaridades individuais, de forma que todos possam usufruir as oportunidades
existentes. Há que se enfatizar, que tratamento diferenciado não se refere à
instituição de privilégios, e sim, à disponibilização das condições exigidas, na
garantia da igualdade.
A escola inclusiva é espaço de construção de cidadania. A família é o primeiro
espaço social da criança, no qual ela constrói referências e valores e a comunidade
é o espaço mais amplo, onde novas referências e valores se desenvolvem. A
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participação da família e da comunidade traz para a escola informações, críticas,
sugestões, solicitações, desvelando necessidades e sinalizando rumos.
Este processo ressignifica os agentes e a prática educacional, aproximando a
escola da realidade social na qual seus alunos vivem. A escola é um dos principais
espaços de convivência social do ser humano, durante as primeiras fases de seu
desenvolvimento. Ela tem papel primordial no desenvolvimento da consciência de
cidadania e de direitos, já que é na escola que a criança e o adolescente começam a
conviver num coletivo diversificado, fora do contexto familiar.
Faz-se necessário o exercício da cidadania e o conceito de cidadania em sua
plena abrangência engloba direitos políticos, civis, econômicos, culturais e sociais. A
exclusão ou limitação em qualquer uma dessas esferas fragiliza a cidadania, não
promove a justiça social e impõe situações de opressão e violência.
Exercer a cidadania é conhecer direitos e deveres no exercício da convivência
coletiva, realizar a análise crítica da realidade, reconhecer as dinâmicas sociais,
participar do debate permanente sobre causas coletivas e manifestar-se com
autonomia e liberdade respeitando seus pares.
Tais práticas se contrapõem à violência, na medida em que não admitem a
anulação de um sujeito pelo outro, mas fortalecem cada um, na defesa de uma vida
melhor para todos.
Uma proposta de educação deve sensibilizar os educandos para novas
formas de convivência baseadas na solidariedade e no respeito às diferenças,
valores essenciais na formação de cidadãos conscientes de seus direitos e deveres
e sensíveis para rejeitarem toda a forma de opressão e violência.
Fonte: http://migre.me/42Jb1
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UNIDADE 5 - IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS
A Aquisição de conhecimento sobre o acesso, permanência, garantia do
direito das necessidades especiais dos alunos por parte da comunidade escolar é
de suma importância para a tomada de decisões, acerca do que é preciso fazer
para atender às necessidades identificadas, para construir caminhos que permitam
a remoção de barreiras para a aprendizagem e para a participação de todos.
Neste sentido, tomando como referência o fato de que a criança com
deficiência pode representar grande ônus sócioafetivo familiar e pessoal e, também,
econômico para a sociedade, é importante que sejam adotadas medidas que
minimizem essa situação. Tais medidas podem incluir, entre outras, a adoção de
procedimentos de avaliação mais adequados às necessidades especiais da criança
deficiente, como a avaliação "assistida" ou "dinâmica" (CAMPIONE, 1989;
HAYWOOD, TZURIEL, 2002; LINHARES, 1995; TZURIEL, 2001), além da
orientação de pais e profissionais para implementar estratégias que promovam o
desenvolvimento infantil.
O processo de identificação e avaliação de deficiências é uma etapa
primordial (MARCHESI; MARTÍN, 1995). Essa atuação, entretanto, em certas
conjunturas, pode ser perigosa. O significado de diagnosticar é "procurar através
da" análise de sintomas e sinais, utilizando recursos técnicos, a fim de localizar as
causas e prescrever tratamentos para os respectivos quadros identificados.
O diagnóstico é considerado a base para o encaminhamento a esse tipo de
atendimento, sendo feito, segundo portaria ministerial, por órgão público
competente, que procede à avaliação das condições físicas, mentais, psicossociais
e educacionais do indivíduo, visando a estabelecer o prognóstico e a programação
terapêutica e educacional (ENUMO ; CUNHA, 2001).
Observa-se que o diagnóstico pode levar à estruturação de estigmas, que
funcionarão como um rótulo imputado aos indivíduos identificados como desviante
ou anormal, que passarão a integrar o grupo minoritário e, consequentemente,
marginalizado dos deficientes (AMARAL, 1995; GOFFMAN, 1982). Portanto, o
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diagnóstico deve ser um processo contínuo e sistemático de avaliação, cujo objetivo
é investigar interpretar, orientar e, sobretudo, prevenir a estigmatização de
indivíduos identificados por suas diferenças.
A este respeito, Luckesi (1996, p32.) distingue a verificação da
avaliação/diagnóstica da aprendizagem, na medida em que o ato de verificar pode
ser traduzido como, segundo Gadotti (1987), “ver se algo é ou não verdadeiro”. No
caso do aluno, pode ser interpretada como investigação da verdade que ele sabe
(ou não sabe) isso ou aquilo. No momento em que a investigação se torna um dado,
este se configura o objetivo examinado, ou seja, a verificação da aprendizagem
encerra-se aí, por meio de uma aferição, como medida, a nota.
Fonte: http://migre.me/42Qnm
Em relação às Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação
Básica, (Carvalho, 2005) afirma que para a identificação das necessidades
educacionais especiais dos alunos e a tomada de decisões quanto ao atendimento
necessário, a escola deve realizar, com assessoramento técnico, avaliação do aluno
no processo de ensino e de aprendizagem, contando, para tal com:
a experiência de seu corpo docente, diretores, coordenadores, orientadores e supervisores educacionais;
o setor responsável pela educação especial do respectivo sistema;
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a colaboração da família e a cooperação dos serviços de saúde, Assistência Social, Trabalho, Justiça e Esporte, bem como do Ministério Público, quando necessário. (CARVALHO, 2005).
Na fase de transição entre os procedimentos de avaliação ainda em uso pela
equipe da educação especial e a adoção, na escola, do “modelo proposto”, a equipe
de avaliadores da educação especial trabalha articulada com a coordenação
pedagógica das escolas. Na medida em que estas puderem assumir a identificação
das necessidades educacionais especiais dos alunos com a participação efetiva dos
seus professores, a equipe de avaliadores da educação especial passará a
contribuir, como assessoramento especializado.
O que é esperado, após análises e reflexões críticas é que mude o enfoque a
respeito das práticas avaliativas de modo a:
• substituir os instrumentos referidos a normas por outros que permitam
analisar as variáveis implícitas no contexto onde o aprendiz está;
• valorizar a contribuição dos professores, preparando-os para avaliar as
necessidades especiais de seus alunos em relação às demandas e aos
apoios que lhes oferece;
• utilizar o diálogo e as observações como importantes ferramentas de
trabalho;
• compartilhar a análise dos dados obtidos, relativizando-os com os
múltiplos fatores que interferem na aprendizagem;
• envolver o próprio avaliado e sua família e
• se necessário para a satisfação das necessidades educacionais do
avaliado, complementar as informações, com a participação de outros
profissionais.
O maior contingente de alunos para a avaliação diagnóstica vem do ensino
comum, geralmente porque há suspeita de alguma deficiência, de distúrbios de
aprendizagem, ou porque incomodam, pelo comportamento.
Embora possa vir dos pais, ou de outras pessoas que convivem com o aluno,
a decisão de seu encaminhamento para a avaliação, tem sido, usualmente, tomada
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pelo professor da classe comum, que busca uma assistência adicional, oferecida
pelos especialistas da educação especial.
Ysseldyke (2006, p12.) menciona 5 tipos de decisão que antecedem a
avaliação realizada pelas equipes de diagnóstico:
• encaminhamento para tratamento,
• triagem,
• classificação,
• planejamento educacional e
• análise do progresso do aluno.
Os 3 (três) primeiros tipos são os mais comuns, sendo que a análise do
progresso do aluno é, de todos, o que menos ocorre.
Encaminha-se para a avaliação em busca de tratamento para o aluno, pois
ainda se supõe que haja alguma patologia que explique suas dificuldades. Assim
sendo é nele que está o “defeito” que precisa ser conhecido e tratado. O aluno com
“defeito” fica como o responsável solitário por seu fracasso.
As decisões de triagem estão relacionadas com as de encaminhamento.
Como durante décadas a educação especial foi considerada como compensatória e
como espaço de pedagogia terapêutica, o encaminhamento para a avaliação tinha
como expectativa o tratamento em escolas ou classes especiais.
Ao serem avaliados, tem-se considerado a maneira como os sujeitos
executam as tarefas padronizadas nos testes que lhes são aplicados. Espera-se que
o avaliado forneça todas as informações que viabilizem ao avaliador compreender
seu desempenho tanto nas tarefas, quanto no seu dia a dia. Espera-se, também,
que as informações obtidas permitam decidir se é ou não é caso para classes ou
escolas especiais. Ou, na melhor das hipóteses, para as classes comuns com apoio
das salas de recursos.
Quanto às duas outras decisões - de planejamento educacional (com as
adequações necessárias) e progresso dos alunos (sob o enfoque global de seu
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desenvolvimento) são as que, hoje, devem nortear as práticas avaliativas escolares
em geral e, particularmente, na educação especial.
Conhecer, compreensivamente, as características dos avaliados irá contribuir
para que as decisões acerca do planejamento educacional incluam todas as
providências que permitam a remoção de barreiras para a aprendizagem e para a
participação. Finalmente, os dados do processo de avaliação servirão para
acompanhar os progressos dos alunos, comparando-o com ele mesmo.
Em outras palavras, avaliar para conhecer e compreender a dinâmica
existente entre todas as variáveis em que circunscrevem o aluno, objetivando a
melhoria das respostas educativas, de modo a que atendam ao compromisso de
desenvolver a cidadania de todos os educandos.
Na Resolução CNE/CEB N°2 de 11 de setembro de 2001, no Art.5,
consideram-se como educandos com necessidades especiais todos os que, durante
o processo educacional apresentarem dificuldades de aprendizagem vinculadas, ou
não, a uma causa orgânica específica; os que apresentam dificuldades de
comunicação e sinalização diferenciadas dos demais alunos e os de altas
habilidades.
.As necessidades educacionais (referentes à educação escolar) podem se
manifestar como exigências de mediação nos aspectos cognitivos, linguísticos,
afetivos, motores, psicomotores, práxicos e sociais, para o desenvolvimento de
competências e de habilidades, inclusive nas condutas adaptativas, estas mais
concernentes aos alunos com deficiências.
Segundo Perrenoud (1999 p.14), a competência traduz-se por saber e fazer,
envolvendo “diversos esquemas de percepção, pensamento, avaliação e ação que
suportam inferências, antecipações, transposições analógicas...”. Ainda com esse
autor, as habilidades fazem parte das competências.
Em relação a estas, no documento intitulado Matrizes Curriculares de
Referência para o Sistema de Avaliação de Educação Básica (SAEB, 1999) constam
inúmeras competências cognitivas agrupadas em “três níveis distintos de ações e
operações mentais que se diferenciam pela qualidade das relações estabelecidas
entre o sujeito e o objeto do conhecimento”.
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Os níveis são o básico, o operacional e o global:
• No nível básico, encontram-se as ações mentais que possibilitam a
apreensão das características e propriedades dos objetos, propiciando a
construção de conceitos. Citam-se como exemplos de competências nesse
nível: observar para levantar dados; identificar, reconhecer, indicar, apontar,
dentre diversos objetos, aquele que corresponde a uma descrição; localizar
um objeto descrevendo sua posição.
• No nível operacional, as competências traduzem-se em ações mentais
coordenadas que pressupõem o estabelecimento de relações entre os
objetos, possibilitando: classificar, organizando objetos de acordo com um
critério, incluindo classes e subclasses; seriar, organizando objetos de acordo
com suas semelhanças ou diferenças; fazer antecipações sobre o resultado
de experiências; justificar acontecimentos.
• No nível global, encontram-se ações e operações mentais mais complexas
que exigem a aplicação dos conhecimentos a situações diferentes e à
resolução de problemas inéditos. As seguintes competências, à guisa de
exemplos, inserem-se no nível global: analisar determinados objetos com
base em princípios, valores; explicar causas e efeitos de determinados fatos e
fenômenos; fazer generalizações a partir de leis ou de relações descobertas
ou estabelecidas em situações diferentes.
Hadji (2001, p.14) aponta quatro pistas para colocar a avaliação a serviço da
ação educativa. Podem ser consideradas como caminhos a serem percorridos pelas
equipes de avaliadores que trabalhem nas escolas, ainda que estejam nelas durante
alguns períodos, na impossibilidade de pertencerem a seus quadros, como seria o
ideal.
Um dos caminhos é refletir sobre os objetivos da prática avaliativa,
assumindo-se que está a serviço de ações que levem à melhoria, qualquer que seja
o sujeito ou o objeto avaliado. Neste percurso, a equipe pedagógica da escola
exerce papel destacado. Nela, o professor é o principal autor da prática pedagógica
em sala de aula porque é o que mais convive com o aluno.
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Outra pista é referente às modalidades da prática avaliativa. A criatividade, o
bom senso e a experiência do professor são altamente significativas e, muitas vezes,
seus relatórios são tão esclarecedores que se dispensam instrumentos a serem
preenchidos e, depois, examinados por outras pessoas.
As condições técnicas de avaliação é outra das pistas apresentadas por
Hadji. Relaciona-se com as demais, particularmente com as modalidades da prática
avaliativa. E, sob o enfoque técnico, o caminho a ser percorrido deve conduzir à
remoção das barreiras ainda existentes quanto ao uso de técnicas padronizadas,
normativas ou referidas a critérios.
Finalmente, um outro caminho é o da deontologia do trabalho dos
avaliadores, isto é, a preocupação com os princípios éticos que devem presidir
qualquer atividade, em especial aquelas que ‘desvendam’ situações e condições,
como é o caso da avaliação para a identificação das necessidades educacionais de
alunos, escolas e famílias.
Neste contexto, faz-se importante considerar que a avaliação nas escolas
deve ser um processo contínuo e compartilhado, reservando-se espaços constantes
para que os professores se encontrem, em relações dialógicas, para avaliar e
aprimorar suas práticas, para analisar as necessidades educacionais especiais de
alunos, trocando sugestões e buscando alternativas para o enfrentamento das
dificuldades existentes.
Exercício 3 1. A escola, “fazendo parte do movimento histórico-social, deve ser vista como palco de uma dimensão da luta de classes” (VALLE, 1997, p.90). Neste sentido a escola se afirma como: a) Uma instituição cultural que incorpora interesses ideológicos, constituindo-se num espaço onde experiências humanas são produzidas, contestadas e legitimadas. b) Uma instituição histórica e cultural que incorpora um espaço onde experiências humanas são produzidas, contestadas e legitimadas. c) Uma instituição que incorpora interesses ideológicos e políticos, constituindo-se num espaço onde experiências humanas são produzidas, contestadas e legitimadas.
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d) Uma instituição histórica e cultural que incorpora interesses ideológicos e políticos, constituindo-se num espaço onde experiências humanas são produzidas, contestadas e legitimadas.
2. Segundo Carvalho (2005), a escola deve realizar, com assessoramento técnico, avaliação do aluno no processo de ensino e de aprendizagem, contando, para tal com: a) A experiência de seu corpo docente; o setor responsável pela educação especial do respectivo sistema; a colaboração da família e a cooperação dos serviços de saúde, bem como do Ministério Público, quando necessário. b) A experiência de seus diretores e coordenadores; o setor responsável pela educação especial; a colaboração da família e a cooperação dos serviços de saúde. c) A experiência de seu corpo docente, coordenadores e supervisores educacionais; o setor responsável pela educação especial; a colaboração da família e a cooperação dos serviços de saúde. d) A experiência do corpo docente, diretores, coordenadores, orientadores e supervisores; o setor responsável pela educação especial; a colaboração da família e dos serviços de saúde, Assistência Social, Trabalho, Justiça e Esporte, bem como do Ministério Público, quando necessário. 3. É correto dizer que os alunos com suspeita de alguma dificuldade são encaminhados para avaliação, pois ainda pressupõe-se que: a) Trata-se de uma busca de tratamento, pois se supõe que haja alguma patologia que explique suas dificuldades. b) O “defeito” está nele, que precisa ser conhecido e tratado. O aluno com “defeito” fica como o responsável solitário por seu fracasso. c) Haja alguma patologia que explique suas dificuldades. Assim sendo é nele que está o “defeito” que precisa ser conhecido e tratado. d) Trata-se da busca de tratamento para o aluno, pois se supõe que haja alguma patologia que explique suas dificuldades. Assim sendo é nele que está o “defeito” que precisa ser conhecido e tratado. 4. A Educação Especial na perspectiva inclusiva deve nortear: a) O processo educacional, sendo que são as experiências em que a criança conseguiu fazer acontecer e a sua capacidade de descobrir o outro e de sentir-se compreendida pelo outro vão ajudá-la a se desenvolver. b) As experiências em que a criança conseguiu fazer acontecer e a sua capacidade de descobrir o outro e de sentir-se compreendida pelo outro vão ajudá-la a se desenvolver. c) O processo educacional e são as experiências em que a criança conseguiu fazer acontecer e a sua capacidade de descobrir o outro e de sentir-se compreendida
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pelo outro vão ajudá-la a se desenvolver. d) As adequações no processo das instituições e são as experiências em que a criança conseguiu fazer acontecer e a sua capacidade de descobrir o outro e de sentir-se compreendida pelo outro vão ajudá-la a se desenvolver.
Estamos no final da disciplina e gostaríamos que você se informasse mais
sobre as Legislações Específicas e Documentos Internacionais que norteiam a Educação Especial. Para isso, visite o site do MEC. Onde você pode encontrar a legislação específica para Educação Especial, no endereço a seguir: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12716&Itemid=863>.
Chegamos ao fim desta disciplina e para que possamos melhor entender a
inclusão, convido você a uma reflexão sobre um debate realizado em uma escola,
com o texto: O Enfoque da Educação Inclusiva (Educar na Diversidade, 2006).
O Enfoque da Educação Inclusiva
(Educar na Diversidade, 2006)
A diretora da escola especial do município, Sra. Olívia Dolores, estimulada
pelas novas políticas de inclusão escolar do Ministério da Educação, decide
juntamente com as professoras de sua escola iniciar um projeto para incluir os
alunos(as) com necessidades educacionais especiais nas escolas regulares do
bairro. Uma das primeiras ações que decide realizar é visitar diversas escolas
para articular o processo.
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Primeiro visitam uma escola de ensino fundamental próxima. No decorrer
da primeira entrevista com a diretora da escola regular, explica a nova política da
escola especial e destaca que ‘seus alunos(as)’ são crianças com deficiência
intelectual e motora em condições de serem incluídas e cujos pais estão de
acordo com a proposta. Informa que a escola especial oferecerá apoio aos
professores e à comunidade educacional no processo de inclusão.
O diretor da escola de ensino regular estava a par de que outras
instituições de ensino de sua região estavam incluindo alunos(as) com
necessidades educacionais especiais e tinha conhecimento de experiências bem
sucedidas. Após analisar a situação com a diretora consultou os professores e
convidou D. Dolores para fazer uma exposição perante o conselho dos
professores.
Ao saber desse convite, a D. Dolores e um grupo de professoras
prepararam sua apresentação e os argumentos que usariam para defender suas
ideias. Ao dar início à reunião, o diretor da escola regular comunica aos
professores da sala de aula comum que o objetivo da reunião era refletir sobre a
possibilidade de incluir nas primeiras séries do ensino fundamental alunos(as)
com necessidades educacionais especiais oriundos da escola especial vizinha.
D. Dolores dá início à sua apresentação, assinalando que em
consequência das novas orientações do Ministério da Educação, sua escola
especial havia decidido abrir-se à inclusão, e que sua comunidade escolar estava
muito interessada em apoiá-la. Esclarece que na escola são atendidos alunos(as)
com deficiência intelectual e motora e que muitos seriam extremamente
beneficiados se continuassem seus estudos em um ambiente regular, junto com
as outras crianças da escola comum. Enfatiza que os seus alunos(as) possuem
conhecimentos e habilidades que lhes permitirão participar das atividades
curriculares com crianças de sua idade e que a oportunidade de aprender em um
entorno mais desafiante e menos protegido lhes proporcionará melhor
preparação para a vida. Ainda, comprometeu-se a ajudar a escola e todos os
professores envolvidos, ressaltando que não estarão sozinhos nessa tarefa e que
a escola especial se dispõe a colaborar em tudo o que seja necessário para a
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evolução das crianças.
Fonte: http://migre.me/42Omv
Surpresos e confusos, a princípio os professores ficam calados até que o
professor de ciências decide opinar:
“A inclusão é algo muito bonito, mas irrealista. Na verdade, seria
necessário criar uma série de condições na escola antes de concretizar esta
iniciativa. Nós os professores desta escola, não temos nenhum preparo para
trabalhar com estas crianças. Primeiro deveríamos nos capacitar, adquirir os
recursos e materiais especializados. Em nossas turmas há alunos com
dificuldades, mas nenhum deles tem problemas motores, muito menos com
deficiência intelectual. Não sabemos se são agressivos, qual será a reação dos
pais e do resto do pessoal”.
A seguir, pede a palavra a professora de inglês, que informa estar de
acordo com o colega e comenta:
“Quanto a mim, não sei o que poderia fazer com tais alunos em minha
classe; teria que eximi-los ou, simplesmente, não lhes dar nota”.
O professor de matemática, bastante aborrecido, acrescenta:
“Não sei até quando o Ministério da Educação continuará a nos pedir mais
e mais... Temos cerca de 40 alunos em cada classe e só conseguimos trabalhar
com eles. Além disto, temos nos empenhado em melhorar os resultados da
aprendizagem. Creio que a inclusão de alunos com essas dificuldades será um
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problema a mais, um risco, pois nos exigirá mais tempo. Já estamos cansados de
continuarem inventando coisas e nos dando, a cada dia, mais trabalho! Isto irá
afetar de forma negativa o rendimento dos outros alunos. Por que não
permanecem na escola especial? Creio que não serão mais bem atendidos aqui”.
Pede, então, a palavra a professora de português:
“Tenho uma sobrinha que sofre de ‘retardamento mental’ e estuda em
uma escola comum. Seu progresso tem sido impressionante; tem desenvolvido
sua autoestima, sua aprendizagem melhorou consideravelmente. Estou
convencida de que esta foi uma boa opção; minha irmã está feliz e eu também.
Entretanto, eu tampouco saberia como lidar em minha sala de aula, com alunos
que apresentem tais características. De minha parte estou disposta a recebê-los
se me derem o apoio necessário”.
“Eu também”, disseram a professora de educação física e a de artes
plásticas.
A diretora da escola especial, após ouvir pacientemente os docentes,
tenta persuadi-los, dizendo-lhes: “Existem muitos preconceitos em relação a tais
alunos; são considerados sem capacidade para aprender, alunos(as) que exigem
extremo cuidado, meios muito sofisticados e profissionais especializados,
quando, na realidade, eles precisam de professores que acreditem neles e lhes
deem a oportunidade de demonstrar que podem aprender, que podem conviver
com crianças de sua idade. Os senhores têm razão ao invocar a necessidade de
apoio. Por isso, devemos trabalhar juntos: os senhores com seu conhecimento e
experiência e nós, a partir de nossa”.
“Na verdade – disse o diretor - nós sempre temos nos caracterizado por
ser uma escola que se atreve a enfrentar novos desafios. Parece-me que esta é
uma boa oportunidade para desenvolvermos novas aptidões, para trabalhar com
os estudantes que apresentam dificuldades de aprendizagem. Isto não apenas
servirá a esses alunos (a)s, mas também a outros tantos com problemas de
aprendizagem e que, apesar dos esforços que temos feito, progridem muito
lentamente”.
“Exatamente! - intervém uma das professoras da escola especial - dar
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resposta à diversidade na sala de aula exige que os professores organizem seu
ensino de maneira distinta. E nesta busca todos ganham. Além do mais, seus
alunos(as) poderão adquirir novos valores, em termos de respeito, aprenderão a
valorizar as diferenças e a serem mais solidários”.
O diretor da escola assinala:
“Ouvi com atenção a opinião de cada uma das pessoas que se
manifestaram nesta reunião. Não há dúvida de que a integração é uma boa
causa, que beneficia a todos. Contudo, concordo em que nossa escola não está
preparada para assumir uma responsabilidade de tal envergadura.” Sugere-se
que, em vista de não terem chegado a um consenso em relação à proposta, seria
recomendável um processo de inclusão gradual, que permitisse administrar de
forma mais fácil as eventuais dificuldades que pudessem ocorrer. Deste modo,
proponho o seguinte:
• que os professores de sua escola visitem a escola especial, para
conhecer os alunos e o trabalho nela desenvolvido;
• seleção dos alunos em condições de serem incluídos nos primeiros
anos de ensino;
• criar uma sala de recurso para atendimento educacional
especializado a esses alunos(as);
• disponibilizar um docente especializado para realizar as atividades
com os estudantes;
• manter estreita relação com a escola especial para garantir o
acompanhamento sistemático do processo.
O diretor concluiu destacando as vantagens de sua proposta:
“Assim, os alunos com necessidades educacionais especiais receberiam o
ensino especializado de que necessitam e poderiam compartilhar com os demais
alunos o recreio e as atividades extracurriculares, o que seria bom para eles e os
professores teriam o apoio de que necessitam neste período...”.
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