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Fundamentos da Graça (Módulo gratuito)
Por Eliezer Oliveira e Jessica Steffen
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Introdução
Esse módulo foi projetado para ajudar e auxiliar nossos
irmãos em seu crescimento no conhecimento do
Evangelho. O curso universidade da graça foi projetado
com esse objetivo.
Esse módulo é um modulo totalmente gratuito, e os
materiais aqui divulgados também são.
O Curso universidade da graça possui Três Módulos:
A Doutrina da Justificação pela fé;
A Doutrina da Santificação pela fé;
União e Identidade em Cristo.
Cada módulo possui 5 a 6 vídeos de 15 a 20 minutos. Cada
módulo também possui uma apostila particular de estudo
onde os alunos poderão acompanhar as aulas.
Projetamos esse módulo gratuito como um módulo
menor, mas explicativo e objetivo, com o intuito de auxiliar
nossos irmãos no conhecimento de Cristo e apresentar o
Curso Universidade da Graça.
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Nesse módulo iremos aprender algumas verdades sobre a
Graça. São 5 vídeo-aulas curtas e diretas. Além disso,
também iremos disponibilizar uma apostila com os
matérias das aulas, e um
Esperamos que cada aluno, no final de cada aula e de cada
leitura, possa ter a alegria e o regozijo de mergulhar nas
riquezas do Evangelho.
- Eliezer Oliveira e Jessica Steffen
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Sumário
1. O que não é Graça ........................................ 5
2. O que é a Graça ............................................ 9
3. Graça exagerada? ....................................... 11
4. Graça e Lei .................................................. 13
5. Vivendo na Graça ........................................ 16
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1. O que não é Graça
A graça é um dos termos mais falados no meio cristão.
Ironicamente um dos menos entendidos. O que seria a
famosa “graça” tão pronunciada pelos cristãos? Existem
muitas definições erradas e distorcidas sobre a graça. Antes
de aprendemos e mergulharmos no verdadeiro significado
da graça, gostaríamos de apresentar e refutar essas
definições erradas.
Com certeza você já ouviu ou falar isso:
“Deus me deu graça”
“Graças a Deus”
“Recebi de Graça”
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Nós usamos todas essas expressões em nosso dia-a-dia,
mas nem percebemos que elas alteram o verdadeiro
significado de graça.
A maioria de nós cresceu em igrejas que apresentavam a
graça como algo que Deus dá, um “presente”, uma
“benção”, uma espécie de doação.
Esse conceito remonta ao Catolicismo Romano que
defendia que a graça era um “poder” que capacitava o
homem para realizar boas obras.
No livro Nada Além do Sangue eu escrevo o seguinte:
(O catolicismo Romano) descreveu a graça como um
elemento, uma energia pela qual somos divinizados e
capacitados a realizar a mecânica da santidade prática. A
graça, segundo esse grupo, é adquirida por meio de
sacramentos e torna o receptor capaz de agir em santidade.
(Nada Além do Sangue – Capítulo 3 – Eliezer Oliveira)
Ou seja, o Catolicismo Romano defendeu que graça era
uma “coisa” que Deus infundia no homem para que ele
realizasse boas obras. O protestantismo e todas as
vertentes cristãs acabaram, de certa forma, bebendo da
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fonte Católica ao defenderem que a Graça é uma “benção”
que Deus nós dá para que sejamos salvos.
Esse conceito comete um erro crasso: separa graça da
Pessoa de Jesus Cristo.
Quando a Igreja separa a Graça de Jesus, torna a graça uma
espécie de mercadoria ou mais uma das “qualidades de
Deus”.
O apostolo João escreveu o seguinte em João 1:16-17:
E todos nós recebemos também da sua plenitude, e graça
sobre graça. Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a
verdade vieram por Jesus Cristo.
João 1:16,17
A plenitude que recebemos é de Jesus, e essa plenitude, de
acordo com João, é “graça sobre graça”.
Quando o João apresentou Jesus, apresentou junto com ele
a graça. E se olharmos de outro ângulo, perceberemos que
quando João apresenta a Graça, ele apresenta Jesus junto
com ela.
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João apresentou a graça e Jesus da mesma forma e em
unidade. Ou seja, não devemos separar aquilo que está
unido. Cristo e a graça estão totalmente unidos.
João descreveu a graça em termos de Cristo, e é isso que
devemos fazer.
Deste modo, todas essas definições sobre a graça estão
erradas, pois separam a graça da pessoa de Cristo,
tornando a graça algo mecânico, uma coisa impessoal.
Agora precisamos entender o que verdadeiramente é a
graça.
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2.O que é a Graça
Na aula anterior entendemos que separar a graça de Cristo
levará a um entendimento distorcido dela. Ela perderá seu
caráter pessoal. O desapego da graça de Cristo e sua obra
levou a inúmeros equívocos a respeito da natureza de Deus,
da Graça.
Paulo ao falar da graça sempre elimina completamente
esse desapego. Ele destaca em Atos 15:11 que nós somos
salvos pela graça de Cristo, e em 1 Coríntios 1:4 ele afirma
que a graça foi dada em Jesus.
Deus não nos deu uma “coisa”. Através da Cruz Ele nos deu
uma Pessoa. Quando recebemos a Graça, recebemos a
Pessoa de Cristo em nosso próprio ser.
Tito 2:11 nos diz:
Porque a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os
homens.
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A graça de Deus se “manifestou”, “apareceu”. Quem
apareceu? O próprio Cristo. A manifestação é um
componente da Pessoalidade.
Igualmente, em Tito 3: 4-6, está escrito:
“Mas quando apareceu a bondade de Deus nosso Salvador
e Seu amor pela humanidade, Ele nos salvou”.
Novamente, a bondade de Deus “apareceu” e nos “salvou”.
Cristo nos salvou, Ele é a personificação da Graça de Deus.
Como destaca o Teólogo Gary Deddo, a Graça é a própria
essência de Deus. Gary afirma o seguinte:
Jesus é a graça de Deus para nós – revelando em
palavras e ações que o próprio Deus é cheio de graça.
Graça não é apenas uma das coisas que Deus acontece
de fazer de vez em quando. Graça é quem Deus é. Deus
nos dá sua graça por sua própria natureza e caráter.
(1)
Precisamos, como Igreja, entender e aceitar essa verdade
crucial. Precisamos entender que Graça a própria essência
de Deus, a Própria Pessoa de Cristo. Somente assim
11
entenderemos que o Evangelho não se trata de regras e
“coisas”, mas de algo relacional: o relacionamento e a
ligação entre duas pessoas.
3.Graça exagerada?
A crença de muitos irmãos sobre a graça é de que ela é
apenas um dos atributos de Deus. A graça é apenas uma
parcela de toda a essência do Ser de Deus. Por isso muitos
afirmam que definir Deus a partir da Graça é defini-lo de
modo reducionista, sem mostrar o quadro total de seu
caráter. Dizer que Deus é a Graça é ser simplista e tentar
resumir a excelência do caráter de Deus em apenas um de
seus atributos.
Segundo essa crença, a Graça é um dos atributos de Deus e
não devemos enfatizá-la e separá-la dos demais atributos.
Todavia, a Bíblia parece nos dar outro panorama. Ela nos diz
que a Graça está envolvida em nossa salvação, redenção,
santificação, discipulado, vida diária e tudo que envolve o
Evangelho. A Bíblia coloca uma ênfase gigantesca na Graça
de Deus e proclama que cada aspecto de nossa vida está
envolvido nela. Isto é porque cada parte da nossa vida está
envolvida em Deus, e Ele coloca o seu Ser em cada parte de
nossas vidas. Que Ser é esse? A Graça, ela é a essência do
Ser de Deus.
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Dizer que Deus é a graça não é ser “reducionista”
justamente porque a Graça não é reducionista. Ela é
completamente exuberante e perfeita, enfatizada de modo
único e sublime como Deus. A Graça é indescritível na
Bíblia. Os adjetivos para tentar defini-la são completamente
exagerados e superlativos:
• Paulo afirma em 2 Coríntios 12:9 que a Graça é
suficiente;
• Em Romanos 5:15 e 2 Coríntios 9:8 a graça é descrita
como abundante;
• Paulo também descreve “as riquezas da graça” em 2
Coríntios 9:14 e em Efésios 1:7;
• Em Tito 2:11 lemos que a graça “se manifestou”,
“apareceu” (Tito 2:11), quem se manifestou? Jesus. A
Graça é Jesus.
A Graça é super, hiper, mega, use os adjetivos que desejar
porque nenhum deles consegue descrevê-la
completamente. A infinita adequação de Deus é expressa
na Graça. A Graça é tão indescritível que só um nome
pode defini-la: Deus. Deus é tão indescritível que só um
termo pode defini-lo: Graça.
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4. Graça e Lei
Até aqui aprendemos o que a graça não é, o que ela
realmente é, e compreendemos que a graça é exagerada.
Agora precisamos entender a relação entre a Lei e a Graça.
Os críticos da mensagem da Graça dizem que nós
enfatizamos muito a graça, e acabamos negligenciando a
Lei. Eles acreditam que nós somos contra a Lei, e que desta
forma nós defendemos o pecado. É óbvio que isso está
totalmente errado.
Na verdade, nós somos contra o mal uso da Lei, e cremos
que as virtudes cristãs são expressas sem a necessidade do
uso da Lei.
Os críticos defendem que a Lei serve para nos levar a “viver
em santidade”.
Primeiro, precisamos entender a relação de Paulo com a
Lei. Em suas cartas ele deixa claro que a Lei serviu apenas
como um “aio” para nos guiar a Cristo:
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De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos
conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos
justificados.
- Gálatas 3:24
O “aio” é um criado dedicado na educação de crianças de
famílias nobres. Seu objetivo era orientar e ensinar as
crianças. Paulo, ao dizer que a Lei nos serviu de aio até
Cristo estava dizendo que o propósito da Lei é nos mostrar
a importância e a necessidade de Cristo. A Lei é um mero
instrumento para um fim. A Lei não é um fim em si mesma,
mas um meio para um fim. Esse fim é Jesus Cristo. Porém,
de qual forma a Lei nos conduz até Cristo?
A Lei é um padrão alto e inatingível de regras e princípios.
Nenhum homem pode se enquadrar nos padrões da Lei.
Segundo Paulo, em Romanos 3:20 diz que nenhum homem
pode ser justo através da Lei, pois nenhum homem
consegue obedecê-la plenamente. Dessa forma, todos os
homens estão em um estado de depravação e desespero, e
precisam de salvação. É dessa forma que a Lei nos leva até
Cristo: mostrando o quanto o homem é miserável em si
mesmo, o quanto ele precisa de um salvador. Quando você
entende que precisa de Salvação, compreende que precisa
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de Jesus. É isso que significa dizer que a Lei é um aio até
Cristo.
Segundo, ao entender isso compreendemos que o papel da
Lei é nos levar até Cristo e nada a mais. Isso refuta a
perspectiva de que a Lei serve para nos ensinar sobre
santificação, ou como muitos dizem "a Lei serve para nos
ensinar a viver em santidade". Se a Lei serve de aio até
Cristo, esticar o uso dela para algo além - dizer que
precisamos dela para viver em santidade - é um grande
equívoco. Paulo deixou claro em 1 Coríntios 15:56 que a Lei
não produz santidade mas pecado, ele declarou que a
"força do pecado é a Lei".
Portanto, não é através da Lei que nós vivemos
corretamente. A graça é a base para toda a nossa vida. É
isso que iremos aprender na próxima aula.
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5. Vivendo na Graça
Se a Lei não serve para vivermos em Santidade, o que
serve? Cristo. A expressão da santidade em nossos
comportamentos é nada mais e nada menos do que "Cristo
em nós" (Colossenses 1:27).
Em toda a carta de Efésios Paulo mostra qual é a motivação
para seus leitores viverem vidas íntegras e piedosas. Paulo
não motiva seus leitores com "mandamentos”. Em Efésios
5:21 ele fala da "reverência a Cristo", no capítulo 4 e verso
1 ele fala da vocação dos cristãos, e no verso 20 ele diz
"aprendeste assim com Cristo" e no final, Paulo fala nossa
nova vida em Cristo.
O DR de Lacey afirma o seguinte:
"... Paulo não fundamenta seus imperativos éticos nos
estatutos do Antigo Testamento, mas no fato da
habitação do Espírito ... Paulo viu uma inadequação
em apelar para a lei no contexto da Nova Aliança." (2)
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"Paulo lida com a relação do cristão com o pecado. Ele
se recusa a discutir isso em termos de obrigação para
com a lei, preferindo basear seu caso nas novas
relações encontradas em Cristo ... Paulo se recusa a
discutir a conduta cristã em termos de obrigação de
(lei)." (3)
Então, a graça, que é Jesus, é a solução para o pecado. O
poder do pecado é a lei. Onde não há lei, não há
transgressão. A graça capacita o crente a fazer o que é
certo.
A graça de Deus capacita o crente a superar a natureza do
pecado e viver uma vida livre da prática do pecado.
Portanto, quando alguém lhe disser que pregar a graça de
Deus às pessoas fará com que elas continuem a viver em
pecado, diga não. Se as pessoas continuarem a viver em
pecado depois que você pregar uma mensagem da graça
para elas, não é porque a graça os leva a pecar, é
provavelmente porque essas pessoas não entendem a
graça de forma alguma.
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Referências:
(1) https://learn.gcs.edu/mod/page/view.php?id=424
4
(2) Carson, DA (ed.), From Sabbath to Lord's Day. De
Lacey, DR, capítulo "A Questão do Sábado /
Domingo e a Lei no Corpus Paulino." Grand Rapids:
Zondervan Pub., 1982. pág. 167.
(3) Carson, DA, Ibid., Pág. 169.