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1 2 COMPLIANCE Construindo um sistema de conformidade alinhado às melhores práticas de governança corporativa IBGC 2017 TÍTULO PROVISÓRIO VERSÃO EM AUDIÊNCIA PÚBLICA Nov. 2017

FUNDAMENTOS DE COMPLIANCE · 2019. 4. 27. · Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas

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    COMPLIANCE Construindo um sistema de conformidade alinhado

    às melhores práticas de governança corporativa

    IBGC 2017

    TÍTULO PROVISÓRIO VERSÃO EM AUDIÊNCIA PÚBLICA

    Nov. 2017

  • Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.

    1

    Sumário 3 4

    Apresentação ............................................................................................................................................. 2 5

    Introdução .................................................................................................................................................. 5 6

    Contexto histórico ..................................................................................................................................... 6 7

    1. A Incorporação de Aspectos Éticos à Tomada de Decisão ................................................................... 10 8

    Código de conduta .................................................................................................................................. 10 9

    Planejamento estratégico ....................................................................................................................... 11 10

    Políticas ................................................................................................................................................... 11 11

    2. Papéis dos agentes de governança ...................................................................................................... 13 12

    Conselho de administração ..................................................................................................................... 14 13

    Diretoria .................................................................................................................................................. 15 14

    Órgãos de fiscalização e controle ............................................................................................................ 18 15

    Comitê de Conduta ................................................................................................................................. 19 16

    3. Sistema de Compliance: Uma Visão Holística ...................................................................................... 21 17

    Colaboração com autoridades ................................................................................................................ 27 18

    Como o conselho de administração pode avaliar a efetividade do sistema de compliance .................. 28 19

    Considerações Finais: Uma Jornada de Amadurecimento ....................................................................... 31 20

    Referências ............................................................................................................................................... 32 21

    22

    23

  • Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.

    2

    Apresentação 24

    25

    A evolução e a rápida transformação do ambiente de negócios, marcadas por crises 26

    financeiras mundiais, como a de 2008, ameaças cibernéticas, grandes escândalos 27

    decorrentes de fraudes e corrupção e inovações disruptivas, forçaram as 28

    organizações na última década a aperfeiçoar o foco da governança. Passaram a ser 29

    contemplados públicos que vão além dos acionistas e administradores (conselheiros 30

    de administração e diretores), o que exige maior cuidado no processo de tomada de 31

    decisão e ampliação da capacidade de avaliação, fundamentação, julgamento e 32

    deliberação ética dos agentes de governança1. 33

    Nos mercados desenvolvidos e naqueles em desenvolvimento, a pressão exercida 34

    pelo governo e pela sociedade em relação aos temas de compliance (ou 35

    conformidade) se acentuou. Acordos internacionais reforçaram a cooperação entre 36

    autoridades de diferentes países no combate à corrupção, fraudes e outros atos 37

    ilícitos no meio empresarial. As legislações, regulamentações e fiscalizações – 38

    sobretudo as de alcance extraterritorial – estão cada vez mais rígidas, resultando em 39

    pesadas sanções de ordem financeira e econômica, tanto para pessoas jurídicas 40

    quanto para indivíduos. 41

    Os custos de não conformidade também estão maiores, não só pelos encargos 42

    substanciais com inquéritos e processos administrativos/judiciais, mas também pelos 43

    reflexos do envolvimento em escândalos, que expõem a imagem e a reputação das 44

    organizações, com impacto no seu valor econômico e gerando perdas para a 45

    sociedade em geral. 46

    Nesse contexto, não surpreende o interesse crescente no tema de compliance. Como 47 cidadãos, executivos, dirigentes e gestores, estamos mais atentos às relações entre 48 as organizações e entre estas e o poder público porque já não é mais aceita a 49 justificativa de que desvios de conduta ética são necessários para a sobrevivência 50 das organizações. 51

    52 Nos últimos anos, muitas iniciativas e entidades se dedicaram a abordar o compliance 53

    de diferentes pontos de vista. Destacam-se a Lei n. 12.846/2013 (“Lei 54

    Anticorrupção”), o Decreto n. 8.420/2015 (que regulamenta a Lei n. 12.846/2013), 55

    a Lei n. 13.303/2016 (“Lei das Estatais”), as diretrizes sobre o Programa de 56

    Integridade estabelecido pelo Decreto n. 8.420, elaboradas pelo Ministério da 57

    Transparência e Controladoria-Geral da União, o Instituto dos Auditores Internos 58

    (IIA), firmas de auditoria e consultoria, cursos e discussões no âmbito do Instituto 59

    Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) sobre conformidade e integridade, o 60

    1 Segundo o Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa, agentes de governança são “indivíduos e órgãos envolvidos no sistema de governança, tais como: sócios, administradores, conselheiros fiscais, auditores, conselho de

    administração, conselho fiscal etc”.

  • Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.

    3

    guia sobre compliance concorrencial do Conselho Administrativo de Defesa 61

    Econômica (Cade), entre outros. 62

    Em meio a essa tempestade de comunicação, orientações, sugestões, 63

    recomendações sobre o tema, o risco é enfatizar ferramentas, processos de 64

    blindagem e mecanismos de segurança, esquecendo o que foi, e continua sendo, o 65

    núcleo do problema: a falta do exemplo da liderança (o “tom que vem do topo”) e 66

    de uma verdadeira cultura ética nas organizações privadas e públicas, na sociedade 67

    civil, em geral, e nas relações entre todas estas partes. 68

    O Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa do IBGC,2 no item 69

    “Identidade da organização e deliberação ética”, recomenda o foco no ponto essencial 70

    – a necessidade de uma constante deliberação ética – e esclarece a hierarquia dos 71

    conceitos: ”a reflexão sobre a identidade da organização é fundamental para se 72

    desenhar o sistema de governança da organização, incluindo a elaboração de um 73

    código de conduta sobre o qual se desenvolve o sistema de conformidade 74

    (compliance)”. 75

    76

    77

    [Quadro]

    Identidade da organização

    A identidade da organização pode ser entendida como uma combinação

    entre sua razão de ser, aonde quer chegar, o que é importante para ela e a

    forma como são tomadas as decisões. Busca-se assim a prática constante

    de deliberações éticas (consciência e consistência entre o pensar, o falar e

    o agir).

    Para tanto, “as principais decisões devem ser adequadamente

    fundamentadas, registradas e passíveis de verificação pelas devidas partes

    interessadas” (Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa do

    IBGC, pg. 16).

    2 Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. Código das melhores práticas de governança corporativa. 5.ed. São Paulo, SP:

    IBGC, 2015. (Esta é a edição de referência citada em todas as ocorrências desta publicação).

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    4

    O sistema de compliance deve ser entendido, portanto, como um conjunto de 78

    processos interdependentes que contribuem para a efetividade do sistema de 79

    governança e que permeiam a organização, norteando as iniciativas e as ações dos 80

    agentes de governança no desempenho de suas funções. Em sua base, devem estar 81

    os princípios básicos da boa governança corporativa – transparência, equidade, 82

    prestação de contas (accountability) e responsabilidade corporativa3 – apoiados, por 83

    sua vez, na prática constante da deliberação ética. Em resumo: falemos de 84

    compliance sob o ponto de vista da deliberação ética, como mecanismo de 85

    cumprimento de leis, normas e regulamentos, de proteção contra eventuais desvios 86

    de conduta e de preservação e geração de valor econômico da organização. 87

    88

    3 De acordo com o Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa, os princípios básicos são:

    i) Transparência: Consiste no desejo de disponibilizar para as partes interessadas as informações que sejam de seu interesse e não apenas aquelas impostas por disposições de leis ou regulamentos. Não deve restringir-se ao

    desempenho econômico-financeiro, contemplando também os demais fatores (inclusive intangíveis) que norteiam

    a ação gerencial e que conduzem à preservação e à otimização do valor da organização;

    ii) Equidade: Caracteriza-se pelo tratamento justo e isonômico de todos os sócios e demais partes interessadas, levando em consideração seus direitos, deveres, necessidades, interesses e expectativas;

    iii) Prestação de Contas (accountability): Os agentes de governança devem prestar contas de sua atuação de modo claro, conciso, compreensível e tempestivo, assumindo integralmente as consequências de seus atos e omissões e

    atuando com diligência e responsabilidade no âmbito dos seus papéis;

    iv) Responsabilidade Corporativa: Os agentes de governança devem zelar pela viabilidade econômico-financeira das organizações, reduzir as externalidades8 negativas de seus negócios e suas operações e aumentar as positivas,

    levando em consideração, no seu modelo de negócios, os diversos capitais (financeiro, manufaturado, intelectual,

    humano, social, ambiental, reputacional etc.) no curto, médio e longo prazos.

  • Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.

    5

    Introdução 89

    90

    O Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa adota uma abordagem 91

    que ”estimula o uso consciente e efetivo dos instrumentos de governança” e ressalta 92

    a importância da ética nos negócios, considerando a evolução do ambiente 93

    empresarial e da tomada de decisão. Para promover essa efetividade, as 94

    organizações devem contar com um sistema adequado de compliance que assegure 95

    a conformidade com “princípios e valores, refletidos em políticas, procedimentos e 96

    normas internas, e com as leis e os dispositivos regulatórios a que esteja submetida”. 97

    Por sua vez, este documento tem o intuito de apresentar conceitos e práticas que 98

    permeiam o sistema de compliance das organizações, os papéis e as 99

    responsabilidades dos diversos agentes de governança, além de temas estratégicos 100

    e principais desafios nessa área, provendo uma referência para reflexão e ação. 101

    Ao avaliar um sistema de compliance corporativo, os sócios, o conselho de 102

    administração e a diretoria da organização devem ter em mente os seguintes 103

    aspectos: 104

    Tom da liderança (“o tom que vem do topo”) – Como as ações e palavras da liderança 105

    encorajam ou desencorajam a má conduta? Que ações concretas são tomadas pelo 106

    conselho de administração e pela diretoria para demonstrar os esforços de 107

    compliance da organização? Quais são os cuidados tomados na seleção dos membros 108

    da administração? Como é monitorado o comportamento da administração? 109

    Compromisso – Que ações específicas os agentes de governança realizam para 110

    demonstrar seu compromisso com o compliance, incluindo seus esforços de resposta 111

    aos desvios detectados? 112

    Supervisão – Qual é o nível de comprometimento e conhecimento do conselho de 113

    administração (ou órgão máximo de governança) sobre compliance? O conselho e/ou 114

    auditores independentes realizam sessões exclusivas ou privadas com os 115

    profissionais responsáveis pelas funções de compliance e controle? Quais tipos de 116

    informação o conselho de administração examina em seu exercício de supervisão nas 117

    áreas em que tenha sido observada má conduta ou outro problema ético? 118

    Avaliação de riscos – A organização mapeia todas as legislações e regulações às quais 119

    está sujeita? A função de compliance está integrada ao sistema de gerenciamento de 120

    riscos? 121

    Função de compliance – Como o compliance se compara com outras funções 122

    estratégicas da organização em termos de linha de subordinação, recursos e acesso 123

    aos principais decisores? Que papel a função e seu profissional responsável 124

    desempenham nas decisões estratégicas e operacionais da organização? 125

    126

    127

    128

  • Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.

    6

    [Quadro]

    Função de compliance

    O termo função deve ser entendido como área ou profissional responsável

    por gerenciar determinada atividade da organização - neste caso,

    compliance.

    129

    Estrutura – O profissional de compliance, caso existente, atua com autonomia, 130

    independência, imparcialidade, recursos materiais, financeiros e humanos 131

    necessários ao desempenho de suas atribuições? Subordina-se diretamente ao 132

    conselho de administração ou, na ausência deste, ao(s) sócio(s) da organização? 133

    Com que frequência eles se encontram? 134

    Investigação e resposta – Como a organização assegura que as investigações são 135

    padronizadas, dimensionadas, independentes, objetivas, conduzidas por profissionais 136

    devidamente capacitados e documentadas? A investigação efetuada pela organização 137

    é utilizada para identificar causas-raízes, vulnerabilidades do sistema, inclusive entre 138

    os gerentes de supervisão e diretores? Os resultados investigativos incluirão 139

    administradores e sócios? 140

    Responsabilidade – Quais as ações disciplinares realizadas pela organização em 141 resposta à falha de conduta? Elas são aplicadas de forma tempestiva? Gestores são 142 responsabilizados por más condutas eventualmente ocorridas por falha de sua 143 supervisão? Há indicadores relacionados a ações disciplinares? 144 145

    Contexto histórico 146

    Uma vastidão de eventos de natureza e origem distintas se entrelaçam e marcam a 147

    evolução do compliance com algo em comum: a violação de valores e diretrizes 148

    éticas, principalmente por parte dos responsáveis por proteger e zelar pelas 149

    organizações, ou seja, sua liderança no sentido mais amplo. 150

    Na década de 1970, nos Estados Unidos, uma série de crimes de colarinho branco 151

    envolvendo autoridades proeminentes de governos estrangeiros resultaram na 152

    promulgação da primeira e mais famosa lei anticorrupção do mundo: a Foreign 153

    Corrupt Practice Act (FCPA), de 1977. O objetivo foi coibir atos de corrupção 154

    efetuados por pessoas físicas ou jurídicas contra agentes públicos estrangeiros, além 155

    de prever dispositivos relativos a registros contábeis e sistema de controles internos. 156

    De alcance extraterritorial, a ela estão sujeitas: empresas de capital aberto ou 157

    submetidas às regras da comissão de valores mobiliários norte-americana (Securities 158

    and Exchange Commission – SEC); pessoa física ou jurídica, localizada nos EUA ou 159

    organizada segundo as leis daquele país; e pessoa física ou jurídica que cometa crime 160

    de corrupção em solo americano. 161

    Importantes convenções internacionais foram ratificadas por diversas nações, 162

    inclusive o Brasil, para obter compromisso e cooperação para que o combate à 163

  • Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.

    7

    corrupção não ficasse restrito a um ou a poucos países, destacando-se: a Convenção 164

    Interamericana contra a Corrupção (Convenção da Organização dos Estados 165

    Americanos – OEA), de 1996; a Convenção sobre o Combate da Corrupção de 166

    Funcionários Públicos Estrangeiros em Transações Comerciais Internacionais 167

    (Convenção da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – 168

    OCDE), de 1997; e a Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção (Convenção 169

    da Organização das Nações Unidas – ONU), de 2003. 170

    No Brasil, em 1994, a Lei n. 8.884/1994 que dispõe sobre a prevenção e a repressão 171

    às infrações contra a ordem econômica, teve um papel importante ao constituir o 172

    Cade como autarquia, instituir o controle de atos de concentração e ao prever 173

    instrumentos efetivos de investigação contra condutas anticoncorrenciais. A partir de 174

    então se tornou obrigatória a notificação de operações entre empresas que poderiam 175

    limitar ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência. Alterações significativas 176

    na Lei n. 8.884/1994 foram feitas no ano 2000, quando foi promulgada a Lei n. 177

    10.149, que possibilitou a realização de busca e apreensão e conferiu autoridade ao 178

    Cade para instituir um programa de leniência (ver “Colaboração com autoridades”, 179

    no capítulo 3). 180

    No âmbito de combate à lavagem de capitais oriundos de atos criminosos, a Lei n. 181

    9.613/1998 (alterada pela Lei n. 12.683/2012) dispõe sobre a lavagem ou ocultação 182

    de bens, direitos e valores, além da prevenção do uso do sistema financeiro para os 183

    ilícitos nela previstos. Essas alterações incluem as empresas no efetivo combate à 184

    corrupção, pois impõem deveres de registro e principalmente comunicação de 185

    informações a órgãos públicos de fiscalização e regulação bancária e financeira. 186

    A economia global voltou a ser fortemente abalada, em 2001, pela derrocada da 187

    empresa Enron, gigante do setor elétrico nos Estados Unidos, e outros escândalos 188

    semelhantes, que levaram o congresso norte-americano a promulgar, em 2002, a Lei 189

    Sarbanes-Oxley (SOX), um extenso normativo fundamentado nas boas práticas de 190

    governança corporativa, agrupadas nos valores de compliance legal, prestação de 191

    contas, transparência e equidade. A lei obriga diretores presidente e financeiro a se 192

    certificarem de que há processo formal adotado para monitorar a eficácia dos 193

    controles internos em relação aos relatórios financeiros e à divulgação de informações 194

    ao mercado. 195

    Em 2008, mais uma grave crise ocorrida nos Estados Unidos – conhecida como a 196

    crise do subprime – causou prejuízo bilionário ao setor bancário e imobiliário, 197

    afetando fortemente economias e populações de diversos países, inclusive o Brasil. 198

    Como reação, o congresso dos Estados Unidos aprovou mais uma complexa lei de 199

    reforma financeira, o Dodd-Frank Act, impondo mais mecanismos de controles como 200

    forma de melhorar a prestação de contas e a transparência no sistema financeiro. O 201

    objetivo foi também proteger o contribuinte americano e os consumidores das 202

    práticas abusivas cometidas por instituições financeiras. 203

    Outra legislação de destaque internacional é o UK Bribery Act, de 2011, que pune 204

    severamente com multas e imputação criminal não só atos de corrupção, mas 205

    também a falha em prevenir tais condutas. Gestores podem ser responsabilizados 206

    caso não sejam capazes de demonstrar a efetividade das medidas adotadas para 207

  • Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.

    8

    prevenir, detectar e responder a desvios de conduta, incluindo atos de corrupção de 208

    colaboradores ou terceiros. Uma importante característica dessa lei é não fazer 209

    distinção entre corrupção de agentes públicos e privados. 210

    Em 2013, foi sancionada no Brasil a Lei n. 12.846/2013 (“Lei Anticorrupção”), que 211

    dispõe sobre a responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela 212

    prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira, que vem se 213

    consolidando como um grande marco no combate à corrupção, juntamente com o 214

    Decreto Regulamentador n. 8.420/15, que estabeleceu um programa de integridade, 215

    como um conjunto de medidas não só para prevenção de ilícitos, mas também como 216

    fatores atenuantes em um eventual processo de responsabilização. 217

    Programa de integridade

    O programa de integridade, no contexto do Decreto n. 8.420/15, faz parte

    do sistema de compliance, tendo como objetivo específico detectar e sanar

    desvios, fraudes, irregularidades e atos ilícitos praticados contra a

    administração pública (nacional e estrangeira)4.

    218

    Ainda como resultado dos escândalos revelados no país, foi promulgada, em 2016, a 219

    Lei n. 13.303, que trata do estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de 220

    economia mista e de suas subsidiárias, visando disciplinar com mais rigor as 221

    atividades econômicas do Estado, por intermédio de suas empresas públicas e de 222

    economia mista. A “Lei das Estatais”, como passou a ser chamada, estabelece 223

    mecanismos de governança para garantir maior transparência à atuação dessas 224

    instituições, impondo regras para divulgação de informações, gestão de riscos e de 225

    controles internos, entre outras questões. A lei estabelece regras também para a 226

    constituição e formação dos conselhos, reforçando a importância do compliance no 227

    Brasil. 228

    Tabela – Principais eventos que contribuíram para a evolução do compliance no 229

    mundo e também no Brasil. 230

    1929 Quebra da Bolsa de Nova York

    1934 Criação da SEC (Securities and Exchange Commission)

    1940 Código Penal Brasileiro

    1976 Criação da CVM (Comissão de Valores Mobiliários

    1977 FCPA (Foreign Corrupt Practices Act)

    4 Nesta publicação, o termo “integridade” está sendo utilizado na linha proposta por Erhard e Jensen (2012) de “honrar a palavra”.

    Diferentemente de “cumprir a palavra”, compromisso desejável, mas de difícil execução devido aos imprevistos do dia a dia,

    “honrar a palavra” significa cumprir a palavra ou, assim que você perceber que não vai cumpri-la (incluindo não cumprir na hora),

    dizer a todos que possam ser impactados por essa mudança que: (i) você não vai cumprir sua palavra; (ii) quando você vai cumprir

    sua palavra; (iii) ou que você não vai cumprir sua palavra e, nesse caso, (iv) o que você fará para lidar com o impacto sobre os

    outros devido ao não cumprimento da sua palavra (ver IBGC, Governança Corporativa e Integridade Empresarial, 2017).

  • Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.

    9

    1992 Lei nº 8.429 (Improbidade administrativa)

    1993 Fundação da Transparência Internacional

    1995 Fundação do IBGC

    1996 Convenção da OEA (Organização dos Estados Americanos)

    1997 Convenção da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico)

    1998 Lei nº 9.613 (Combate à lavagem de dinheiro)

    2000 Lançamento do Novo Mercado (B3)

    2002 Lei Sarbanes-Oxley

    2003 Convenção da ONU / Criação da CGU (Controladoria-geral da União)

    2010 Dodd-Frank Act

    2011 Lei nº 12.529 (Lei do Cade) / UK Bribery Act

    2012 Lei nº 12.683 (altera a Lei nº 9.613/98) 2013 Lei nº 12.846 (Lei Anticorrupção)

    Lei nº 12.850 (Lei da Organização Criminosa)

    2014 Operação Lava Jato

    2015 Decreto nº 8.420 (regulamenta a Lei nº 12.846)

    2016 Lei nº 13.303 (Lei das Estatais) 231

    Leis e regulamentos são, sem dúvida, essenciais para coibir atos de corrupção e 232

    condutas. A prevenção, no entanto, pode ser ainda mais eficaz como medida para 233

    reduzir os riscos de danos causados por esses eventos. Nesse sentido, é importante 234

    que a sociedade civil organizada redobre seus esforços, por meio do incentivo à 235

    adoção de mecanismos de compliance e de deliberação ética que contribuam para a 236

    melhoria da governança corporativa. 237

    Propondo-se como um instrumento de orientação para o estabelecimento de um 238

    sistema de compliance efetivo, este documento reforça a importância de as decisões 239

    serem tomadas a partir de uma verdadeira deliberação ética. 240

    241

  • Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.

    10

    1. A Incorporação de Aspectos Éticos à Tomada de Decisão 242

    243

    Ao relacionar a identidade da organização ao processo de deliberação ética, o Código 244

    das Melhores Práticas de Governança Corporativa do IBGC aborda o tema com clareza 245

    de conteúdo e significado: “uma deliberação ética é aquela que considera, em todo 246

    o processo de tomada de decisão, tanto a identidade da organização quanto os 247

    impactos das decisões sobre o conjunto de suas partes interessadas, a sociedade em 248

    geral e o meio ambiente, visando o bem comum”. 249

    A administração de uma organização exerce a deliberação ética quando as decisões 250

    cotidianas são tomadas de forma consciente e responsável, fortalecendo a 251

    governança na busca pela excelência na gestão empresarial. 252

    Todo o sistema de compliance deve ter como base sólidos conceitos de identidade 253

    empresarial que transcendem as leis, as normas e os regulamentos externos a serem 254

    naturalmente obedecidos. 255

    A construção de uma organização íntegra – coerente com sua identidade (propósito, 256

    valores e princípios) – implica atitudes e ações que demonstrem uma visão de 257

    responsabilidade corporativa que vai muito além da luta contra a corrupção. O 258

    processo deve levar em conta a dignidade das pessoas (colaboradores, clientes e a 259

    sociedade em geral), a forma de definir e implementar produtos e serviços, escolhas 260

    tecnológicas, sistemas de produção e distribuição, a interação com fornecedores, 261

    clientes e poder público, incluindo as externalidades (positivas e negativas) geradas 262

    por seus negócios e suas operações na sociedade e no meio ambiente. 263

    Ainda que a deliberação ética se baseie em escolhas individuais, alguns instrumentos 264

    formais devem balizá-las, conforme descrito a seguir. 265

    266

    Código de conduta 267

    268

    O código de conduta é expressão dos princípios éticos e valores da organização. Para 269

    tanto, deve ser discutido e elaborado com a participação mais ampla possível de seus 270

    administradores, colaboradores e representantes de partes interessadas relevantes. 271

    Não se trata de uma “lei” a ser cumprida por dever, mas sim por convicção. 272

    A ampla participação no processo de elaboração do código de conduta pode trazer 273

    maior engajamento, prevenindo o descumprimento dos seus preceitos por falta de 274

    identificação com o conteúdo ou incompreensão. 275

    O texto deve conter conteúdo essencial, no sentido de fomentar a transparência, 276

    disciplinar as relações internas e externas da organização, administrar conflitos de 277

    interesses, proteger o patrimônio físico e intelectual e consolidar as boas práticas de 278

    governança corporativa. Não se deve esperar que o código contenha detalhamentos 279

    para todas as situações possíveis, que devem estar previstas em políticas específicas, 280

  • Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.

    11

    tais como políticas de compras, de transações com partes relacionadas, de relações 281

    governamentais, etc. 282

    Outro fator de sucesso é a coerência de atitudes em relação ao código de conduta, 283

    que contribui para a integridade empresarial. A incoerência, sobretudo dos agentes 284

    da governança, enfraquece a cultura e a identidade da organização, fragilizando o 285

    sistema de governança. Cabe à diretoria e ao conselho de administração disseminar, 286

    incentivar e monitorar a adoção do código de conduta em todos os níveis da 287

    organização. 288

    289

    Planejamento estratégico 290

    291

    O plano estratégico, proposto pela diretoria a partir de diretrizes definidas pelo 292

    conselho de administração, deve considerar processos e ações concretas e 293

    demonstráveis que a organização utiliza para atingir os níveis de rentabilidade 294

    desejados, considerando responsabilidade social e ambiental, reduzindo impactos 295

    negativos e promovendo os positivos no âmbito social e ambiental no qual está 296

    inserida. 297

    No planejamento estratégico, bem como na tomada de decisão, deve ser considerado 298

    o processo de gestão de riscos. A administração deve trabalhar para entender o perfil 299

    de riscos da organização, que deve estar alinhado com a sua identidade, e determinar 300

    seu apetite a riscos – ou seja, o nível de risco que está disposta a aceitar. 301

    Há uma grande tendência de caracterizar o compliance como uma atividade 302

    operacional (“estar em compliance”) e não estratégica (“ser compliance”). Estar em 303

    compliance é cumprir a legislação e as políticas internas por mera obrigação ou para 304

    reduzir eventuais penalidades, caso a organização sofra uma punição. Ser compliance 305

    é o cumprimento consciente da legislação e de políticas internas – inspirada pela 306

    identidade da organização, visando sua longevidade. 307

    O desafio das organizações é atingir seus objetivos (estratégicos, econômicos, 308

    financeiros, sociais, entre outros) praticando sempre a deliberação ética. 309

    Políticas 310

    As políticas são decisões antecipadas que refletem as intenções e orientações de uma 311

    organização5. Elas apresentam um conjunto de regras que ajudam a direcionar as 312

    atividades das organizações e contribuem com o cumprimento de seus objetivos. 313

    5 ISO 9000:2015 – Definição de política

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    12

    Cabe à gestão a elaboração das políticas, e é responsabilidade do conselho aprová-314

    las e monitorar sua implementação. 315

    Algumas das principais políticas que ajudam a alinhar as práticas dos colaboradores 316

    e demais partes interessadas aos princípios éticos estabelecidos pela organização 317

    são: 318

    Alçadas 319

    A política de alçadas tem como principais objetivos identificar o processo decisório 320

    central da organização e delegar responsabilidades, entre as diversas instâncias de 321

    poder, na tomada de decisão. 322

    Remuneração e Incentivo 323

    O maior desafio de uma política de remuneração é assegurar o alinhamento entre os 324

    objetivos estratégicos da organização com as condutas e ações de seus 325

    administradores, de maneira que se alcancem os objetivos desejados. 326

    A identidade da organização será refletida na estrutura de remuneração dos 327

    administradores, a qual deve ser comunicada ao mercado de forma tão aberta e 328

    detalhada quanto possível. Ela deve indicar que os incentivos visam a assegurar, 329

    além do alcance dos resultados projetados pela organização, o alinhamento, a 330

    permanência e o comprometimento dos conselheiros, diretores e colaboradores com 331

    alto nível de desempenho, no médio e longo prazos. 332

    Comunicação 333

    Uma organização que deseja ser reconhecida pelas suas equipes, pela sociedade e 334

    pelas demais partes interessadas como íntegra, econômica, social e ambientalmente 335

    responsável deve contar com um sistema de comunicação claro, eficaz e 336

    transparente. 337

    Na política de comunicação, são definidas as características específicas na 338

    comunicação com as diversas partes interessadas e a divulgação destes conteúdos 339

    por meio de diversos veículos de comunicação. Dessa forma, ela consegue fornecer 340

    aos seus diferentes públicos-alvo condições de discernir entre campanhas de 341

    comunicação superficiais e ações concretas e coerentes com princípios e valores, 342

    ajudando a consolidar a identidade organizacional. 343

    Práticas transparentes criam sólidas bases para relações de confiança com o mercado 344

    e para consolidação da credibilidade da organização, contribuindo para seu 345

    desempenho e longevidade. Tudo isso permite afirmar que a deliberação ética, 346

    baseada em um sólido conceito de identidade, significa: 347

    atuação coerente com o código de conduta e as declarações da organização e 348

    que seja reconhecida pelo mercado, por colaboradores e partes interessadas em 349

    geral; 350

    coerência entre convicção e ação; 351

    sistemas de comunicação transparentes; e 352

    visão de longo prazo. 353

    354

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    13

    2. Papéis dos agentes de governança 355

    356

    Segundo o Código das Melhores Práticas de Governança do IBGC, agentes de 357

    governança são indivíduos e órgãos envolvidos no sistema de governança, tais como 358

    sócios, conselheiros de administração, diretores, conselheiros fiscais, auditores, entre 359

    outros. Eles são responsáveis por “assegurar que toda a organização esteja em 360

    conformidade com os seus princípios e valores, refletidos em políticas, procedimentos 361

    de controle e normas internas, e com as leis e os dispositivos regulatórios a que 362

    esteja submetida”. É a efetividade desse processo que constitui o sistema de 363

    conformidade (compliance)6. 364

    Dessa forma, o sistema de compliance não é responsabilidade exclusiva de um gestor 365

    ou área específica, mas sim de diversos agentes de governança da organização. 366

    367

    Figura 1. Compliance no Sistema de Governança 368

    369

    6 IBGC. Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa, 2015, p. 91.

    ComitêsC. Auditoria

    Sócios

    Conselho de Administração

    Diretor Presidente

    Diretores

    Auditoria Externa

    Auditoria Interna

    Conselho Fiscal

    Controles Internos

    Riscos

    Jurídico

    Compliance“Comitê” de Conduta

    Secretaria de Governança

    Foco: conduta vs Compliance

    Canal de Denúncias

    Código de Conduta

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    14

    Conselho de administração 370

    Além de decidir os rumos estratégicos do negócio, compete ao conselho de 371 administração, conforme o melhor interesse da organização, monitorar a diretoria, 372 atuando como elo entre esta e os sócios. Ele exerce o papel de guardião do sistema 373 de governança corporativa da organização, zelando por seus princípios e valores. O 374 conselho de administração deve estabelecer formas de monitorar, 375 permanentemente, se as decisões e ações empresariais (e seus resultados e impactos 376 diretos e indiretos) estão alinhadas aos seus princípios e valores. Dessa forma, em 377 relação à efetividade do sistema de compliance, algumas de suas principais 378 atribuições são: 379

    1. Na definição do sistema de compliance: 380

    zelar para que o sistema de compliance seja coerente com a identidade da 381

    organização; 382

    garantir a disseminação de padrões de conduta em todos os níveis da 383

    organização; 384

    apoiar e aprovar o sistema de compliance da organização com a definição dos 385

    papéis e responsabilidades, assegurando a necessária segregação de funções; 386

    aprovar e apoiar a implementação do código de conduta, do canal de 387

    denúncias, do comitê de conduta e das políticas relacionadas ao sistema de 388

    compliance. 389

    2. Na execução do sistema de compliance: 390

    assegurar que o mapeamento regulatório a que está submetida a organização 391

    esteja sempre atualizado; 392

    entender os principais riscos a que está submetida a organização, assegurando 393

    que estejam cobertos pelo sistema de compliance; 394

    aprovar a verificação da efetividade do sistema de compliance, que pode se 395

    dar eventualmente por processo de certificação, avaliações externas ou outras 396

    metodologias de verificação independente; 397

    indicar um comitê especial para conduzir investigações independentes, quando 398

    houver violação envolvendo a diretoria; e 399

    definir de forma exemplar sanções para eventuais violações do código de 400

    conduta, sobretudo para membros da adminsitração, cujas violações podem 401

    ter impacto não apenas na imagem mas na própria sustentabilidade da 402

    organização. 403

    404

    3. No monitoramento do sistema de compliance: 405

    monitorar o cumprimento de responsabilidades legais ou definidas por políticas 406

    internas pela organização, com destaque para o código de conduta; 407

    monitorar os resultados do canal de denúncias e as decisões do comitê de 408

    conduta; 409

    assegurar que os indicadores de avaliação do sistema de compliance sejam 410

    utilizados para melhoria contínua dos processos; 411

    avaliar se o treinamento sobre a cultura e o sistema de compliance é eficiente 412

    para conscientizar os públicos-alvo. 413

    414

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    15

    Diretoria 415

    A diretoria é responsável pelo cumprimento das estratégias, pela elaboração e 416

    implementação de todos os processos operacionais e financeiros, inclusive os 417

    relacionados ao compliance, à gestão de riscos e à comunicação com o mercado e 418

    demais partes interessadas. Cabe a ela assegurar que a organização esteja em total 419

    conformidade com os dispositivos legais e demais políticas internas a que está 420

    submetida. 421

    [Quadro]

    “A diretoria deve disseminar a cultura organizacional, reforçando seus

    valores e princípios, desdobrá-los em políticas, práticas e procedimentos

    formais e estabelecer formas de monitorar, permanentemente, se as suas

    decisões, ações e impactos estão alinhados a eles”. (IBGC, Código das

    Melhores Práticas de Governança Corporativa, 2015, p. 70.)

    422

    De forma geral, a diretoria deve liderar pelo exemplo, reforçando o tom a ser seguido 423

    pela organização, reafirmando o compromisso com a identidade e incentivando o 424

    cumprimento das normas internas, leis e dispositivos regulatórios a que a 425

    organização está sujeita. Em conjunto com o conselho de administração, a diretoria 426

    deve passar a mensagem de que os ocupantes de cargos com alto poder de decisão 427

    cumprem as normas internas, leis e regulamentos aplicáveis. 428

    Além disso, a diretoria deve identificar os riscos a que a organização está sujeita, 429

    destinar os recursos adequados para preveni-los ou mitigá-los, avaliar a 430

    probabilidade de sua ocorrência e seu impacto, principalmente, a exposição 431

    financeira da organização, incluindo aspectos intangíveis. 432

    A diretoria deve garantir também que as medidas disciplinares apropriadas sejam 433

    aplicadas nos casos de violação do código de conduta. 434

    Áreas operacionais 435

    As áreas operacionais (comercial, operacional, apoio administrativo) 436

    lideradas pela diretoria representam a primeira linha defesa (ver item 437

    “Estrutura”, no capítulo 3) da organização contra desvios de conduta e, 438

    portanto, devem cumprir estritamente as normas internas, leis e 439

    disposições regulatórias aplicáveis. Indivíduos específicos dentro de cada 440

    área de negócio da organização são responsáveis operacionais no sistema 441

    de compliance. Os indivíduos com responsabilidade operacional devem 442

    informar periodicamente a administração sobre a eficácia do sistema de 443

    compliance e, quando necessário, comunicar problemas ao conselho ou ao 444

    comitê de conduta. 445

    446

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    16

    As áreas operacionais: 447

    - executam as atividades; 448

    - monitoram as operações e identificam mudanças nas leis e 449

    regulamentações; 450

    - assumem responsabilidades pela mitigação dos riscos de compliance; 451

    - implementam controles e propõem melhorias. 452

    Função de compliance 453

    Os avanços da regulação estimulam as organizações, sempre considerando 454

    seu porte, sua maturidade e sua disponibilidade de recursos, a organizar 455

    uma função de compliance, ou seja, um profissional ou área dedicada a 456

    assumir a gestão do sistema de compliance. Deve-se entender, porém, que 457

    as atribuições desses profissionais vão muito além de zelar pelo 458

    atendimento a leis e regulamentos. 459

    O papel do principal responsável por esta função está evoluindo 460

    rapidamente e requer, além de conhecer ferramentas tecnológicas, a 461

    capacidade de gerenciar riscos e relacionamentos com partes interessadas 462

    internas e externas, incluindo reguladores, provedores de serviços 463

    terceirizados, entre outros. São características desejáveis para esse 464

    profissional s autonomia e independência e o conhecimento técnico do 465

    tema, do negócio, das leis e da regulação do setor. 466

    É fundamental que sua atuação seja coordenada com a dos responsáveis 467

    pelas áreas de negócios, tecnologia da informação, auditoria interna e de 468

    gerenciamento de riscos, entre outras. 469

    Os profissionais de compliance devem acompanhar de perto o 470

    relacionamento de colaboradores com órgãos reguladores e avaliar 471

    possíveis medidas de mitigação de riscos, pois a organização está sujeita 472

    a autuações ou outros tipos de sanções por descumprimento de normas. 473

    A função de compliance deve ter entre suas atribuições atividades 474

    estratégicas e operacionais, considerando que muitas delas podem ser 475

    coordenadas com outras áreas. Por exemplo, o plano de treinamento e de 476

    comunicação pode ser desenvolvido em conjunto com as áreas de recursos 477

    humanos e comunicação, quando houver. 478

    479

    [Quadro]

    Visando garantir a efetividade do sistema de compliance, a função

    de compliance:

    coordena canais de denúncia;

  • Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.

    17

    discute o grau de exposição e evolução dos riscos de

    compliance;

    conscientiza a organização sobre a aderência aos

    princípios éticos, normas de conduta e obrigações

    aplicáveis, liderando o processo de disseminação da

    cultura de compliance;

    executa o monitoramento integrado das atividades de

    compliance;

    colabora na elaboração de um plano de treinamento

    para todos os colaboradores e partes interessadas;

    coordena as iniciativas de comunicação voltadas para

    disseminar o tema pela organização;

    coordena a realização de controles e testes para

    verificar a aderência às políticas e aos procedimentos da

    organização;

    colabora no processo de investigação de irregularidades,

    com amplo acesso a documentos e informações de

    diferentes áreas da organização, de acordo com a

    política aprovada pelo conselho de administração;

    sugere a aplicação de sanções previstas em políticas

    próprias; e

    assegura que as sanções determinadas sejam aplicadas.

    480

    Jurídico 481

    Monitora, divulga e sugere ações com relação a tendências regulatórias e 482

    seus possíveis impactos nas operações pelas quais são responsáveis. Deve 483

    trabalhar de forma coordenada com a função de compliance, 484

    especialmente no que se refere a investigações governamentais e 485

    processos administrativos ou judiciais relevantes, assim como no 486

    mapeamento de riscos que possam implicar consequências jurídicas e 487

    judiciais. É responsável também pela adoção de medidas mitigatórias dos 488

    riscos de compliance, como a análise e a revisão de cláusulas contratuais, 489

    incluindo dispositivos de rescisão em decorrência de violações e outras 490

    cláusulas relacionadas ao direito de auditoria em terceiros. 491

    492

    493

    494

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    18

    Órgãos de fiscalização e controle 495

    Destacam-se entre os órgãos de fiscalização e controle o comitê de auditoria, a 496

    auditoria interna, a auditoria independente e o conselho fiscal, que têm relação 497

    estreita com a função de compliance, mas ação independente, para verificar o 498

    cumprimento das normas da organização – inclusive pelos membros da diretoria e 499

    conselho de administração. Esses órgãos avaliam periodicamente se os controles 500

    estão operando de modo eficaz para mitigar os riscos internos e externos. Um bom 501

    ambiente de controles internos ajuda os gestores a modelar as atividades de 502

    transação de processos e de gestão de riscos (inclusive o risco de não conformidade). 503

    Comitê de Auditoria 504

    Trata-se de “órgão relevante de assessoramento ao CA, para auxiliá-lo no 505

    controle sobre a qualidade de demonstrações financeiras e controles 506

    internos, visando a confiabilidade e integridade das informações para 507

    proteger a organização e todos as partes interessadas”7 . Entre seus 508

    diversos papéis atribuições8 destaca-se a promoção de uma postura de 509

    conformidade, integridade, relacionando-a à identidade da organização. 510

    Auditoria interna 511

    Responsável por avaliar e realizar recomendações para aperfeiçoar os 512

    controles internos, além de normas e procedimentos estabelecidos pelos 513

    administradores. É recomendável que as organizações tenham uma função 514

    de auditoria interna própria ou terceirizada. 515

    Auditoria independente 516

    Os auditores independentes devem emitir opinião sobre as demonstrações 517

    financeiras elaboradas pela administração, refletindo se elas representam 518

    adequadamente a posição patrimonial e financeira da organização. Seu 519

    trabalho é essencial para que o conselho de administração e a diretoria 520

    assegurem a qualidade das demonstrações financeiras preparadas. 521

    Conselho Fiscal 522

    7 IBGC, Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa, 2015, p. 79 8 IBGC, Orientações sobre Comitês de Auditoria, 2017, p. 31.

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    19

    Na qualidade de agente de governança, o conselho fiscal tem a 523

    responsabilidade de verificar se a organização está em conformidade com 524

    os seus princípios e valores, refletidos em políticas, procedimentos e 525

    normas internas, e com as leis e os dispositivos regulatórios. 526

    527

    Comitê de Conduta9 528

    O comitê de conduta (também chamado de comitê de ética) é um órgão encarregado 529

    de implementação, disseminação, treinamento, revisão e atualização do código de 530

    conduta, além de ser o grande responsável pela efetividade do sistema de 531

    compliance. O comitê é subordinado ao conselho de administração ou a quem este 532

    delegar. 533

    [Quadro]

    Código de Conduta

    “O código de conduta tem por finalidade principal promover princípios éticos

    e refletir a identidade e a cultura organizacionais, fundamentado em responsabilidade, respeito, ética e considerações de ordem social e

    ambiental. A criação e o cumprimento de um código de conduta elevam o nível de

    confiança interno e externo na organização e, como resultado, o valor de

    dois de seus ativos mais importantes: sua reputação e imagem”. (IBGC,

    Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa, 2015, p. 93.)

    534

    Este comitê deve possuir independência e autonomia, e sua composição deve 535

    contemplar membros com competências, experiências e habilidades 536

    complementares. O órgão pode contar, por exemplo, com a participação do 537

    profissional responsável por compliance e de executivos de áreas-chave da 538

    organização, entre outros. Os membros do comitê devem avaliar as situações a eles 539

    trazidas e defender os interesses da organização. 540

    Também são atribuições do comitê: 541

    converter princípios e valores escolhidos em normas sobre condutas admitidas e 542

    não admitidas; 543

    9 O IBGC entende que comitês devem ser órgãos de assessoramento ao conselho de administração formados por conselheiros. O

    comitê de conduta, porém, é um órgão executivo, podendo contar com membros da diretoria e outros níveis hierárquicos da

    organização.

  • Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.

    20

    coordenar as investigações de fraudes ou irregularidades e recomendar 544

    penalidades (que devem ser executadas pelos gestores imediatos), garantindo a 545

    equidade das sanções aplicadas. 546

    assegurar medidas para elevar o nível de confiança (interna e externa), a imagem 547

    e reputação da organização; 548

    proteger o patrimônio físico e intelectual da organização; 549

    administrar conflitos de interesses; 550

    supervisionar as atividades relacionadas ao canal de denúncias. 551

    552

    O comitê de conduta, em conjunto com a pessoa ou a área responsável pelo 553

    compliance, fica encarregado de orientar a elaboração de políticas e procedimentos 554

    relacionados ao sistema de compliance. Eles deverão ser revisados pelas áreas de 555

    negócios pertinentes conforme o assunto e, por fim, deverão ser aprovados pelo 556

    conselho de administração. 557

    558

    [Quadro]

    Reguladores

    Embora não sejam agentes de governança, os reguladores têm papel central

    na definição e na fiscalização dos padrões e procedimentos seguidos pelas

    organizações com relação aos diversos segmentos do compliance –

    anticorrupção (Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União),

    antitruste (Cade), prevenção à lavagem dinheiro (Banco Central, Conselho

    de Controle de Atividades Financeiras), proteção a investidores (Comissão

    de Valores Mobiliários). Tais padrões, definidos por regulamentos e/ou

    recomendados por manuais técnicos, orientam a organização a construir e

    aprimorar seu sistema de compliance, que deve ser orgânico e conciliar os

    diversos segmentos citados, por vezes de forma relacionada ou sobreposta.

    Os órgãos reguladores aplicam penalidades às organizações no caso de

    descumprimento da legislação, o que reforça a necessidade de as

    organizações atuarem prioritariamente na prevenção de ilícitos.

    559

    560

  • Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.

    21

    3. Sistema de Compliance: Uma Visão Holística 561

    562

    O sistema de compliance permeia todos os níveis da organização. Nesse contexto, 563

    propõe-se uma visão holística deste sistema, que contempla a integração entre a 564

    identidade da organização, os agentes de governança e os demais elementos de 565

    compliance. 566

    567

    568

    569

    Os princípios básicos de governança corporativa relacionam-se diretamente com a 570

    identidade da organização, influenciando a deliberação ética e norteando a atuação 571

    dos agentes de governança e o funcionamento do sistema de compliance. 572

    Este sistema é composto por um conjunto de elementos que atendem a três 573

    finalidades básicas: prevenir, detectar e responder. 574

    575

    576

    577

  • Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.

    22

    Elementos de compliance 578

    a) Tom da liderança (“o tom que vem do topo”) 579

    É condição indispensável e permanente para o fomento, a criação e o funcionamento 580

    de um sistema de compliance o comprometimento e o apoio da administração, com 581

    explicitação inequívoca desde a determinação, buscando fomentar uma cultura ética 582

    e uma conduta de respeito aos valores e legislação. Os administradores da 583

    organização e demais gestores, por ocuparem uma função de destaque em relação 584

    aos colaboradores, precisam dar exemplos positivos (tom da liderança). 585

    O comprometimento da administração pode ser demonstrado em ações como: 586

    manifestação verbal em ocasiões de contato com seus subordinados, em 587

    treinamentos, na emissão de relatórios empresariais, entre outros; 588

    incentivo ao envolvimento e o apoio de seus colaboradores e terceiros à 589

    implementação das várias ações do sistema de compliance; 590

    liderança pelo exemplo, com atuação ética no dia a dia; 591

    demonstração de conhecimento por meio de ações definidas no sistema de 592

    compliance. 593

    b) Avaliação de riscos 594

    É necessário promover uma avaliação contínua dos riscos aos quais a organização e 595

    seus processos estão sujeitos. A criação de controles (ou a adaptação dos existentes) 596

    será possível somente se forem conhecidos os processos e as áreas mais sensíveis. 597

    Um inventário regulatório elaborado previamente à implementação do sistema de 598

    compliance ajudará a organização a identificar suas vulnerabilidades e as áreas mais 599

    suscetíveis a desvios, fraudes e corrupção. Isso dará a ela a oportunidade de atuar 600

    de maneira preventiva e direcionada no gerenciamento de riscos. 601

    O risco de compliance se materializa quando são descumpridas leis, normas ou 602

    políticas internas, e suas consequências podem incluir perda financeira e danos à 603

    reputação, decorrentes de eventuais sanções legais ou regulatórias. É resultado de 604

    falta de uma cultura de compliance, valores éticos pouco difundidos ou não aplicados 605

    de cima para baixo, fragilidade nos controles internos, e a falta ou a ineficiência das 606

    políticas processos e procedimentos. 607

    Entre as principais fontes de riscos destacam-se: trabalhistas; tributários e 608

    previdenciários; conflitos de interesse; informações privilegiadas; gestão de 609

    terceiros; contratos; tecnologia; regulatório; fraudes. 610

    [Quadro]

    Principais riscos de compliance envolvem relacionamento da organização

    com:

    órgãos governamentais: contratos, compras, fraudes, subornos,

    sonegação fiscal, presentes e facilitações;

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    23

    clientes e fornecedores: antitruste e concorrência desleal, qualidade,

    relacionamento com terceiros e partes relacionadas, conflito de

    interesses, subornos, presentes, favores e facilitações;

    clientes finais: defesa do consumidor e qualidade dos produtos.

    empregados: leis trabalhistas, direitos, saúde e segurança do

    trabalho, assédio (moral, sexual e abuso de autoridade);

    sócios: transparência, equidade, prestação de contas, proteção e

    divulgação de informações confidenciais, proteção de ativos e

    propriedade intelectual; e

    sociedade: aspectos sociais e ambientais.

    611

    612

    c) Políticas e Procedimentos 613

    A formalização das expectativas a respeito do comportamento e da conduta dos 614

    administradores, colaboradores e demais partes interessadas deve constar em um 615

    sistema de compliance, buscando disseminar uma cultura baseada na identidade da 616

    organização. É necessário comunicar frequentemente e com clareza quais valores e 617

    princípios deverão orientar a atuação de todos, principalmente em relação a 618

    processos críticos de negócios. Em geral, tais diretrizes são reunidas em forma de 619

    um código de conduta, o qual deve inspirar todas as políticas da organização. As 620

    políticas elaboradas dependem da realidade e das características de cada 621

    organização, e alguns dos principais temas abordados são: corrupção, lavagem de 622

    dinheiro, contratação de terceiros, relacionamento com o setor público, segurança da 623

    informação, doações, conflitos de interesse, entre outros. 624

    É importante que as políticas e procedimentos recomendados e adotados pelas 625

    organizações sejam frequentemente atualizados, no sentido de capturar eventuais 626

    mudanças regulatórias relevantes para o negócio. 627

    628

    d) Estrutura 629

    O modelo das três linhas de defesa, concebido pelo IIA (Institute of Internal Auditors) 630

    propõe uma estrutura organizacional que integra e harmoniza processos e pessoas 631

    no sistema de compliance no âmbito da gestão de riscos, atribuindo 632

    responsabilidades essenciais para cada um dos atores. Os responsáveis pelas áreas 633

    de negócios constituem a primeira linha de defesa. Já as funções de compliance e de 634

    gestão de riscos corporativos formam a segunda linha de defesa, enquanto a 635

    auditoria interna, por sua função de asseguração independente, representa a terceira 636

    linha. 637

    638

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    24

    639

    Fonte: Declaração de Posicionamento do IIA: As Três Linhas de Defesa no Gerenciamento Eficaz de Riscos e Controles, 2013. 640

    641

    A função de compliance deve ser dotada de autonomia, independência, 642

    imparcialidade, recursos materiais, financeiros e humanos necessários ao 643

    desempenho de suas atribuições, a depender da complexidade e do porte da 644

    organização. Sempre que possível, deve ser garantido ao compliance o acesso ao 645

    mais alto nível hierárquico da organização. 646

    647

    e) Comunicação e treinamento 648

    O investimento em comunicação é essencial para que o sistema de compliance da 649

    organização seja efetivo. As linhas gerais sobre as principais políticas de compliance 650

    definidas pela organização devem estar acessíveis a todos os interessados, ser 651

    definidas em linguagem clara e amplamente divulgadas. 652

    A divulgação pode ser feita por intermédio dos canais disponíveis na organização, 653

    como jornais internos, cartazes, e-mail e notícias na rede corporativa. Para garantir 654

    a ciência de todos sobre o código de conduta e as políticas de compliance, a 655

    organização deve, por exemplo, solicitar que os funcionários assinem documento 656

    atestando conhecimento. 657

    Além disso, a organização deve ter um plano para treinar periodicamente 658

    colaboradores, administradores e partes interessadas sobre aspectos práticos das 659

    orientações e das políticas de compliance. As regras não terão efetividade se as 660

    pessoas não souberem como e quando aplicá-las. 661

    Deve haver treinamentos específicos para as atividades mais expostas a riscos de 662

    compliance, conforme a geografia e o público-alvo. O objetivo é habilitar as pessoas 663

    a executar essas atividades de forma mais segura, incluindo situações práticas, 664

    estudos de caso e orientações sobre como resolver eventuais dilemas. 665

    A organização deve assegurar a participação de todos nos treinamentos, podendo, 666

    inclusive, torná-los obrigatórios em alguns casos. 667

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    25

    f) Monitoramento 668

    O monitoramento é essencial para garantir a efetividade e o aperfeiçoamento do 669

    sistema de compliance. Ele envolve a avaliação da adequação e do cumprimento das 670

    políticas e procedimentos instituídos, buscando a identificação e análise de desvios. 671

    A organização deve submeter suas políticas e procedimentos de compliance a um 672

    processo de avaliação independente, realizado pelo conselho de administração, pelas 673

    auditorias interna e externa e por demais órgãos de controle, a fim de assegurar que 674

    as medidas estabelecidas estejam em funcionamento e apresentando os resultados 675

    desejados. 676

    Caso sejam identificadas deficiências no sistema de compliance, os responsáveis 677

    deverão propor e implementar ações concretas para correções e melhorias 678

    necessárias para evitar a repetição dos problemas e tornar as políticas e os controles 679

    mais efetivos. 680

    681

    g) Canal de denúncia 682

    Desvios de conduta podem envolver uma violação dos valores e procedimentos da 683

    organização e alguma forma de deturpação ou negação de sua finalidade. Eles podem 684

    se manifestar de formas distintas, entre as quais podemos destacar: 685

    • abuso de poder; 686

    • priorização de investimentos necessários, em locais inadequados ou ainda de 687

    porte inadequado; 688

    • conflito de interesses; 689

    • nepotismo; 690

    • solicitação ou recebimento de propina/pagamento indevido; 691

    • uso indevido de verbas e fundos em favor de interesses privados; 692

    • uso/vazamento de informação privilegiada/restrita; 693

    uso do nome da marca em benefício próprio, causando dano de imagem ou 694

    reputação à organização; 695

    benefício a parte relacionada em prejuízo aos interesses da organização. 696

    697

    Para aumentar as chances de tomar ciência de irregularidades, um sistema de 698

    compliance bem estruturado deve contar com canais para receber denúncias. Assim 699

    como o comitê de conduta, o canal de denúncia é um complemento essencial ao 700

    código de conduta para detectar eventuais desvios, 701

    Ele precisa estar bem estruturado para receber as informações e dar a elas o 702

    tratamento adequado. É essencial que os registros tenham avaliação criteriosa e 703

    dosimetria condizente. 704

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    26

    A organização deve adotar políticas que garantam o sigilo e a confidencialidade, para 705

    proteção do denunciante de boa-fé, de forma identificada ou anônima, e impeçam 706

    ações de retaliação. 707

    O bom cumprimento dessas regras é um fator essencial para conquistar a confiança 708

    daqueles que tenham algo a reportar. 709

    Outro ponto a ser devidamente sistematizado é a reposta ao denunciante, incluindo 710

    condições de acompanhar o andamento dos trabalhos de forma transparente e 711

    responsável. 712

    h) Investigação e aplicação de medidas disciplinares 713

    A organização deve estabelecer uma política para condução de investigações internas 714

    de irregularidades. As investigações devem ser realizadas por equipe independente 715

    e habilitada, sob a liderança do comitê de conduta e, sempre que possível e 716

    necessário, com apoio de agentes externos. É importante que a apuração tenha como 717

    foco a identificação de causas-raízes e vulnerabilidades do sistema, prevendo 718

    tratamento equitativo para os investigados. 719

    É de extrema importância que a administração determine ações em resposta aos 720

    incidentes reportados, pois a falta de providências cabíveis– ou mesmo a negligência 721

    em tomar conhecimento dos fatos – caracteriza falta de comprometimento com o 722

    compliance. A mesma recomendação vale para a média gerência, que deve priorizar 723

    o atendimento a políticas e procedimentos de compliance em suas atividades. 724

    As recomendações feitas com base no resultado de investigações internas podem ser 725

    de diversas naturezas, como (i) aplicação de medidas disciplinares e/ou afastamento 726

    temporário dos indivíduos envolvidos na ocorrência; (ii) ações de aprimoramento, 727

    para evitar a reincidência do problema e ocorrência de novos incidentes; (iii) 728

    cessação completa das atividades objeto da investigação; (iv) comunicação 729

    espontânea dos fatos às autoridades; e (v) coleta de dados e informações para 730

    subsidiar uma colaboração com a administração pública. 731

    Um dos maiores testes para a governança de uma organização é como ela reage a 732

    alegações de violações por parte de algum membro da diretoria ou do conselho de 733

    administração. As melhores práticas recomendam a condução de investigações por 734

    organizações especializadas, independentes e isentas de conflito de interesses com 735

    relação aos envolvidos. 736

    [Quadro]

    Conflito de interesses

    Os conselheiros, assim como os executivos, têm dever de lealdade com a

    organização e não apenas com o sócio ou grupo de sócios que os indicaram

    ou elegeram. Há conflito de interesses quando alguém não é independente

    em relação à matéria em discussão e pode influenciar ou tomar decisões

    motivadas por interesses distintos daqueles da organização.

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    27

    737

    Membros do conselho de administração devem deliberar sobre a condução da 738

    investigação (incluindo a contratação de prestadores de serviço), independentemente 739

    de qualquer tipo de restrição apresentada por diretores conflitados no caso. 740

    As sanções são recomendadas pelo comitê de conduta e cabe a ele (ou a outro comitê 741

    designado pelo conselho de administração) verificar se a dosimetria das sanções 742

    previstas no código de conduta segue uma lógica independente do nível hierárquico 743

    dos envolvidos. Em caso específico de conflito de qualquer dos membros do comitê, 744

    deve haver uma deliberação por parte do conselho de administração a respeito do 745

    impedimento do(s) membro(s) do Comitê e, se necessário, sobre a instância 746

    responsável por definir as sanções aplicadas aos colaboradores que violaram o código 747

    de conduta. Essas práticas promovem a equidade entre as sanções aplicadas, a 748

    responsabilidade do gestor imediato por aplicá-las e a responsabilidade da função de 749

    compliance por garantir que o processo transcorra conforme previsto. 750

    751

    i) Reporte 752

    O sistema de compliance deve contar com um processo de reporte eficaz para o 753

    conselho de administração, que possibilite o monitoramento de indicadores-chave, 754

    integrando as informações oriundas tanto da primeira quanto da segunda linha de 755

    defesa. 756

    Algumas questões importantes que devem ser consideradas são: 757

    infraestrutura de tecnologia da informação que permita identificar, medir e 758

    reportar os riscos de toda a empresa; 759

    recursos necessários e periodicidade dos relatórios ; 760

    formalização de canais de comunicação interna com o conselho, comitês, 761

    diretorias e gerências; 762

    processo documentado de acompanhamento do atendimento a eventuais 763

    demandas surgidas durante os reportes; e 764

    preservação de relatórios e informações classificadas como críticas devem 765

    permanecer íntegras e disponíveis mediante pedido de reguladores. 766

    767

    Colaboração com autoridades 768

    A comunicação espontânea às autoridades competentes sobre a ocorrência de 769

    suspeitas de ato lesivo à administração pública, a atitude colaborativa por meio do 770

    fornecimento de informações e o esclarecimento de dúvidas podem beneficiar a 771

    organização com a redução de possíveis penalidades caso haja alguma 772

    responsabilização pela ocorrência de ilícito. 773

    Vale lembrar que a responsabilização da organização pela violação da Lei 774

    Anticorrupção é objetiva, isto é, não é necessário comprovar intenção de lesar a 775

    (IBGC, Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa, p. 97.)

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    28

    administração pública, nem que as condutas apuradas resultaram em benefício 776

    concreto para a organização ou para seus administradores. Além disso, serão 777

    considerados agravantes, durante o processo administrativo de responsabilização, a 778

    continuidade dos atos lesivos e a tolerância ou ciência de pessoas da administração 779

    da organização. 780

    A colaboração e a comunicação espontânea, se efetivas, podem resultar na 781

    celebração de um acordo de leniência com as autoridades públicas. Os acordos de 782

    leniência, resumidamente, são compromissos firmados entre pessoas jurídicas e 783

    órgãos públicos com objetivo de identificar os demais envolvidos na infração, quando 784

    couber, com a obtenção célere de informações e documentos que comprovem o ilícito 785

    sob apuração, ou ainda não conhecido pelas autoridades, em troca da redução das 786

    penalidades aplicáveis. 787

    Os benefícios da assinatura do acordo podem ser bastante significativos, como 788

    isentar a organização signatária da penalidade administrativa de publicação de 789

    sentença condenatória e da penalidade judicial de proibição de receber incentivos, 790

    subsídios, subvenções, doações ou empréstimos de órgãos ou entidades públicas e 791

    de instituições financeiras públicas ou controladas pelo poder público. A celebração 792

    de acordo também pode reduzir a pena administrativa de multa pecuniária imposta 793

    pela autoridade competente. 794

    Os incentivos à cooperação e comunicação espontânea por pessoas jurídicas no que 795

    toca a atos lesivos à administração pública, como atos de corrupção ou de fraudes 796

    em contratos públicos, estão em fase inicial de maturação e há inúmeros desafios a 797

    serem superados. Além de contar com competência concorrente de diversas 798

    autoridades com poderes para ajuizar processos administrativos ou judiciais, em 799

    alguns casos, o ato questionado pode envolver simultaneamente governos locais e o 800

    governo federal; em outros, ainda, pode ter repercussão extraterritorial, alcançando 801

    outros países. Diante disso, é preciso acompanhar nos próximos anos a evolução 802

    legislativa e o resultado dos questionamentos judiciais sobre o tema, com intuito de 803

    buscar maior transparência e segurança jurídica ao relacionamento entre 804

    organizações privadas e autoridades públicas. 805

    806

    Como o conselho de administração pode avaliar a efetividade do sistema de 807

    compliance 808

    Esse é um dos principais desafios dos membros de conselhos de administração. 809

    Embora o sistema de compliance deva ser desenhado e implementado para abordar, 810

    especificamente, os riscos internos e externos inerentes às operações de cada 811

    organização, segue um guia prático (ver tabela) para contribuir com a avaliação do 812

    sistema de compliance, para o atendimento a três finalidades básicas do sistema de 813

    compliance: prevenção, detecção e resposta. 814

    815

    816

    817

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    29

    Prevenção Detecção Resposta

    Governança e Identidade da Organização

    Tom da liderança: ações concretas tomadas para demonstrar comprometimento com compliance na organização

    Relatórios de auditoria que identificam falhas ou alegações de controle relevantes, queixas ou investigações envolvendo problemas similares

    Alterações específicas feitas pela organização para mitigar o risco de que os mesmos problemas ou problemas similares ocorram

    Identidade organizacional: propósito, missão, visão e valores

    Independência e autonomia da função de compliance

    Comparação com o mercado em geral e o setor específico

    Presença no conselho de administração de membros com experiência em compliance

    Sistema de incentivos: como a organização incentiva a conformidade e o comportamento ético; e como considera as possíveis implicações de não conformidade nos incentivos e recompensas.

    Envolvimento da função de compliance no treinamento de aspectos de desvio de conduta.

    Integração da função de compliance no planejamento estratégico e respectivo processo de tomada de decisão

    Avaliação de riscos: Tecnologia e análise de dados Investigação

    Inventário regulatório

    Tecnologia adequada para monitorar o sistema de compliance (ex.: testes, treinamento, políticas, canal de denúncia etc.).

    Gerenciamento das deficiências e remediações.

    Identificação dos riscos de compliance

    Indicadores do sistema de compliance Protocolo de investigação

    Indicadores de risco de compliance Análises da “causa-raiz” e tendências. Resposta a investigações e inspeções realizadas por órgãos públicos

    Plano de respostas para não conformidades.

    Gestão de crises

    Estrutura de compliance Monitoramento e testes Reporte ao conselho

    Papéis e responsabilidades Monitoramento e rastreamentos das mudanças regulatórias

    Comunicação periódica com o conselho de administração (ex.: reuniões, relatórios, prestação de contas, etc.).

    Due diligence (incluindo background check)

    Testes transacionais, processos e controles.

    Relatório de riscos regulatórios e de compliance.

    Gestão de desempenho, incentivos e remuneração

    Gestão de compliance de terceiros e colaboradores (ex.: due diligence)

    Aplicação de medidas disciplinares Licenças

  • Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.

    30

    Canal de denúncia com abrangência interna e externa (ex.: colaboradores, terceiros, clientes, etc.).

    Avaliação periódica do sistema de compliance

    Políticas e procedimentos

    Processos para desenhar e implementar políticas e procedimentos corporativos

    Políticas e procedimentos corporativos (ex.: código de conduta)

    Políticas e procedimentos que incorporem os requerimentos de compliance

    Gerenciamento de políticas e procedimentos

    Gestão de mudanças regulatórias

    Comunicação e treinamento

    Comunicações regulares e frequentes

    Treinamentos regulares e frequentes

    Treinamentos baseados em risco

    Participação de terceiros em programas de treinamentos

    818

    819

    820

  • Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.

    31

    Considerações Finais: Uma Jornada de Amadurecimento 821

    822

    São muitos os desafios vividos pelas organizações brasileiras de todos os setores em 823

    relação a ética empresarial e compliance, no atual cenário de mudanças regulatórias 824

    frequentes, forte concorrência, inovação tecnológica e vigilância crescente. 825

    Trata-se de um processo de transformação contínuo, que exige preparo, capacidade 826

    de resposta e adaptação. O Brasil está evoluindo nessa jornada que, sem dúvida, é 827

    benéfica para todos, pois fortalece a reputação e gera e preserva valor econômico, 828

    contribuindo para a longevidade das organizações. 829

    O grande desafio é estabelecer uma cultura ética verdadeira e coerente com a 830

    identidade da organização, que esteja alinhada com seu perfil de riscos e baseada no 831

    exemplo da liderança (o chamado tom que vem do topo) 832

    É um equívoco acreditar que o compliance se faz de forma isolada, com estruturas 833

    em silos, que se apoiam em ferramentas e sistemas que buscam somente prevenir 834

    fraudes, corrupção e outras condutas indesejáveis. O tema exige uma visão holística, 835

    uma forte integração entre a estratégia corporativa e a tomada de decisão. O sucesso 836

    de um sistema de compliance requer um conjunto de processos interdependentes 837

    que se sustentam nos princípios da boa governança e os fomentam. 838

    Nessa jornada de busca e manutenção da integridade, o conselho de administração 839

    assume papel fundamental, pois é o responsável por estabelecer o tom da liderança. 840

    Os conselheiros devem se assegurar de que haja, na prática, processos formais e 841

    aderentes à identidade da organização para que as deliberações dos administradores 842

    sejam aplicadas em todos os níveis da organização. Esse esforço será tanto mais 843

    efetivo quanto mais todos os envolvidos com a governança participarem da sua 844

    construção e liderarem a disseminação de uma cultura mais ética. 845

  • Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública.

    32

    Referências 846

    847

    BRASIL. Lei 12.846/2013: Lei Anticorrupção. 2013. Disponível em: 848

    http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12846.htm>. 849

    Acesso em: 1.º set. 2016. 850

    _____. Decreto 8.420/2015: Regulamentação da Lei 12.846/13. 2015. Disponível 851

    em: . Acesso em: 12 ago. 2017. 853

    Alliance for Integrity, Prevenção à Corrupção – um Guia para Empresas. Publicado 854

    em dezembro de 2016. Disponível em: 855

    https://www.allianceforintegrity.org/wAssets/docs/publications/Own-856

    Publications/20161215_Compliance-Handbook-Brazil.pdf. Consultado em: 857

    28/07/2017. 858

    Artigo do jornal Valor Econômico: “Companhias carecem de área de Compliance”, 859

    de 26/06/2017. 860

    Artigo jornal Valor Econômico_Compliance e a responsabilidade do gestor_21-08-861

    2017 862

    Artigo revista Capital Aberto: “Respeito e Ética - nessa ordem”, de 15/07/2017. 863

    Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Guia de Ética e Compliance 864

    para Instituições e Empresas do Setor da Construção. Publicado em junho de 865

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