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FUNDAMENTOS DE GESTÃO EM SERVIÇO SOCIAL UNIASSELVI-PÓS Autoria: Flaviana Aparecida de Mello Indaial - 2021 1ª Edição

FUNDAMENTOS DE GESTÃO EM SERVIÇO SOCIAL

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Page 1: FUNDAMENTOS DE GESTÃO EM SERVIÇO SOCIAL

FUNDAMENTOS DE GESTÃO EM

SERVIÇO SOCIAL

UNIASSELVI-PÓS

Autoria: Flaviana Aparecida de Mello

Indaial - 2021

1ª Edição

Page 2: FUNDAMENTOS DE GESTÃO EM SERVIÇO SOCIAL

CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCIRodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito

Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SCFone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090

Reitor: Prof. Hermínio Kloch

Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol

Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano FistarolIlana Gunilda Gerber CavichioliJairo Martins Jóice Gadotti ConsattiMarcio KisnerNorberto SiegelJulia dos SantosAriana Monique DalriMarcelo Bucci

Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais

Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Copyright © UNIASSELVI 2021Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri

UNIASSELVI – Indaial.

Impresso por:

M527f

Mello, Flaviana Aparecida de

Fundamentos de gestão em Serviço Social. / Flaviana Aparecida de Mello – Indaial: UNIASSELVI, 2021.

137 p.; il.

ISBN 978-65-5646-313-1 ISBN Digital 978-65-5646-312-4

1. Serviço Social. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci.

CDD 360

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Sumário

APRESENTAÇÃO ............................................................................5

CAPÍTULO 1Fundamentos que Orientam as Práticas de Gestão no Serviço Social ......................................................7

CAPÍTULO 2Contextos e Desafios da Gestão do Serviço Social Participativa e Contemporânea ............................................53

CAPÍTULO 3O Planejamento Social e o Assistente Social na Gestão Social .................................................................101

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APRESENTAÇÃONo objetivo da disciplina Fundamentos de Gestão em Serviço Social,

podemos refletir a respeito de como o assunto está intrínseco na realidade cotidiana dos profissionais de Serviço Social e, por essa razão, tem relevância em ser estudado tanto no nível de graduação quanto de pós-graduação na área do Serviço Social.

O assistente social, desde que se insere nos diversos espaços sócio-ocupacional, está diametralmente ligado à gestão de serviços, programas e projetos; quer sejam das políticas públicas e/ou ações desse porte, mas que são desenvolvidas no âmbito do terceiro setor e/ou atividades da iniciativa privada.

Importante ratificarmos também que uma prática profissional não se implementa exclusivamente com um arcabouço de técnicas e táticas, por esse motivo, os profissionais devem igualmente se aportar de conhecimento científico, utilizar-se de pesquisas qualitativa, quantitativa, para conseguir aferir com mais exatidão as demandas e realidade nos sujeitos em cada território para que, assim, possa planejar e executar as ações e atividades no interior dos serviços, programas e projetos que possam fazer sentido e possam de fato ir ao encontro da realidade sociofamiliar e territorial.

É importante destacarmos que, para que essa prática de gestão cumpra com seu desígnio de transformação humana social, deve-se voltar para a totalidade social de vida dessas pessoas, considerando os aspectos sociais, políticos, familiares, econômicos, subjetivos e territoriais, compreendendo que múltiplas expressões da questão social ao qual as pessoas possam estar sendo acometidas, estão diametralmente interligada a esses aspectos.

Para isso, organizamos esta disciplina em três capítulos. No primeiro capítulo, intitulado Fundamentos que orientam as práticas de gestão no serviço social, iniciamos com estudos sobre a importância da ética enquanto elemento fundamental no processo de gestão social; também estudaremos a importância da pesquisa científica nos procedimentos que fundamentam as práticas em gestão social no serviço social e, em seguida, vamos estudar o procedimento da avaliação social de programas, projetos e serviços no âmbito da gestão social. Ao fim do capítulo, vamos refletir sobre os aspectos mais relevantes relacionados ao uso da pesquisa enquanto prática de gestão, a ética norteando e fundamentando a prática profissional e a aplicabilidade da avaliação social como uma importante

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estratégia para aferir se os objetivos delineados para cada atividade da prática, realmente cumpriu com seus desígnios.

No segundo capítulo, nominado de Contextos e desafios da gestão do serviço social participativa e contemporânea, iniciaremos os estudos a respeito dos principais modelos de gestão social que temos na literatura a respeito da gestão social, em seguida, vamos estudar a respeito do processo de formação de instâncias participativas a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, tendo como objetivo conhecer as instâncias de participação popular, a relevância de cada uma delas e como desenvolver ações para incentivar a participação da população usuária nos espaços de controle social.

No terceiro capítulo, intitulado Planejamento social e o assistente social na gestão social, abordaremos os conceitos das ferramentas de gestão: plano, projeto, programa, serviço, coordenação, direção, assessoria, consultoria, supervisão e avaliação, em seguida, vamos estudar sobre a prática do assistente social na função de gestor social, conhecer outras possibilidades de atuação profissional no universo da gestão social em serviço social, reconhecendo elementos fundamentais a respeito da prática do assistente social no campo da gestão social.

Portanto, faça anotações e registre, produza esquemas paralelos que te auxiliem a abarcar e conhecer mais a respeito da Prática de Gestão em Serviço Social.

Desejamos, bons estudos!

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CAPÍTULO 1

FUNDAMENTOS QUE ORIENTAM AS PRÁTICAS DE GESTÃO NO SERVIÇO SOCIAL

A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo, você terá os seguintes objetivos de aprendizagem:

• Instrumentalizar-se para o cotidiano de trabalho no âmbito da gestão social sempre na perspectiva da ética.

• Aprender a identifi car atividades que não condiz com a ética profi ssional para não reproduzir modelos de práticas que não corroboram com a prática em gestão do serviço social.

• Conhecer como utilizar a pesquisa e quais tipos de pesquisas são mais pertinentes em uma gestão social do serviço social.

• Aprender sobre a importância da avaliação e como utilizá-la nos procedimentos de gestão social.

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Fundamentos de Gestão em Serviço Social

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FUNDAMENTOS QUE ORIENTAM AS PRÁTICAS DE GESTÃO NO SERVIÇO SOCIALDE GESTÃO NO SERVIÇO SOCIAL

Capítulo 1

1 CONTEXTUALIZAÇÃO

Este capítulo tem como objetivo abordar os fundamentos que orientam as práticas de gestão no serviço social, iniciando com estudos a respeito da seriedade da ética enquanto aporte basilar na prática de gestão do serviço social. Destarte, presentemente temos percebido que a ética tem se tornado um assunto bastante frequente em programas de televisão, redes sociais e em diversos campos da ciência, não se reduzindo exclusivamente ao meio acadêmico.

Sendo assim, no que diz respeito ao serviço social, tem sido cada vez mais conexo esse debate ético e político, não somente como uma matéria curricular, mas especialmente enquanto guia para as práticas profi ssionais em múltiplos espaços sócio-ocupacionais em que o assistente social é contratado para realizar a sua prática profi ssional.

Estudaremos, também, sobre a importância da pesquisa científi ca nos procedimentos que fundamentam as práticas em gestão social no serviço social, considerando que, além das táticas e estratégias de prática comumente mais empregadas pelos profi ssionais, a pesquisa se estabelece como uma importante ferramenta que auxilia a ter um conhecimento mais apurado das múltiplas expressões da questão social e, assim, poder ter subsídios mais concretos da realidade para desenvolver as atividades voltadas para o público atendido.

Em seguida, vamos estudar o procedimento da avaliação social de programas, projetos e serviços no âmbito da gestão social, tendo em vista que uma boa prática de gestão se contorna com a utilização de estratégias e táticas que aprimoram a prática. Além disso, atividades que sejam verdadeiramente com o intento de se comprometer com as demandas da população, tendo em vista a transformação social e a cidadania.

Para analisar se os objetivos estão sendo alcançados na execução dessas atividades, a avaliação social cumprirá com esse papel fundamental e, quando bem desenvolvida com ética e comprometimento, desvelará a realidade concreta e fornecerá subsídios para planejar novas atividades e/ou aprimorar as ações já existentes e em execução.

Junto a isso, buscamos contribuir para que, no decorrer dos estudos, você possa analisar e criar o seu próprio mapa conceitual sobre as informações que norteiam a prática na gestão do serviço social, fazendo o exercício da relação teoria e prática. Portanto, sugere-se que você verifi que os assuntos aqui abordados e alinhe com a sua realidade profi ssional e/ou o que almeja desenvolver em sua prática, quando estiver inserido em algum espaço sócio-ocupacional. Assim,

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Fundamentos de Gestão em Serviço Social

compomos um conjunto de possibilidades de abordagem do tema proposto nesse capítulo em que corrobora com os estudos a respeito da Prática de Gestão do Serviço Social.

Fique atento e vamos juntos na busca pelo conhecimento e aprimoramento profi ssional.

Bons estudos!

2 A IMPORTÂNCIA DA ÉTICA ENQUANTO ELEMENTO FUNDAMENTAL NO PROCESSO DE GESTÃO SOCIAL

Ponderando a respeito da etimologia do termo ética, constatamos que esse vocábulo decorre do grego ethos que, na tradução para a Língua Portuguesa, ethos tem por signifi cado – costume. Assim, a Ética, enquanto procedimento, acena-se aos comportamentos em que os indivíduos seguem em diversos campos de relação e convívio em sociedade.

Mencionar informações alusivas à ética é conjeturar a respeito de verifi cados procedimentos que dirigimos, sujeitos a vivermos e nos relacionarmos de modo coletivo, tendo como responsabilidade o bem-estar das relações e vivência em sociedade, pois carecemos ter princípios e valores de convívio, de forma que contenhamos uma vida que seja honrada, sob os pontos de vista físico, material e espiritual (CORTELLA, 2021a).

Segundo Aranha e Martins (2009), ética é o ajuizamento a respeito de subsídios e princípios que embasam a vida moral. Essa ponderação nos orienta nas mais diversas direções, dependendo da percepção dos indivíduos seguida como ponto de partida.

Para a reverência da vida moral, necessitamos abarcar que ela alude a propósito de um conjunto de preceitos, códigos e normas que são alocados na sociedade para que os habitantes da cidade tomem ciência e sigam essas normas para seu desenvolvimento em sociedade.

Ainda, conforme Aranha e Martins (2009), a moral e ética, embora serem distintas, são habitualmente tratadas em conjunto, desse jeito, é fundamental avaliarmos a moral relacionada à ética.

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Capítulo 1

Para abarcarmos a moral a partir do aspecto crítico, citamos as ponderações de Barroco (2010), que nos informa que a moral tem sua constituição no desenvolvimento da sociabilidade que contrapõe à exatidão prática de asseveração de determinadas leis e obrigações.

Ainda, conforme Barroco (2010), a moral faz parte do processo de socialização dos sujeitos, reproduzindo-se por meio de culturas, tradições e hábitos, expressando valores e princípios sociais e culturais de uma determinada sociedade.

FIGURA 1 – CARACTERÍSTICAS DA MORAL E DA ÉTICA

FONTE: A autora

Ainda, conforme Barroco (2010), a ética consente a elevação aos valores humano-genérico, como fi losofi a crítica, interfere indiretamente no acontecimento e contribui para a ampliação das aptidões ético-morais. Nessa cadência, Barroco (2009) nos recomenda que a ética, na arena da perspectiva crítica e social, é para além de a idealizar enquanto ciência e orientação.

Além disso, nessa perspectiva, a ética é estimada enquanto práxis, isto é, tem a competência de abranger a condição do indivíduo a uma atitude com criticidade e refl exiva, com vistas a mudanças que se bancam imprescindíveis.

Para confi rmar essa informação, buscamos em Lukács (2007) que profere que, com essa compreensão, a ética refere-se a respeito da prática social de homens e mulheres, em suas objetivações na vida cotidiana e em suas probabilidades de vinculação com as requisições éticas conscientes da genericidade humana.

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Fundamentos de Gestão em Serviço Social

Você sabe que existem três questões basilares que podemos nos bancar com relação aos nossos métodos de trabalho profi ssional e atitudes a fi m de aferir se estão em concordância com os princípios éticos?

De acordo com o professor e fi lósofo Mário Sérgio Cortella (2021a), a ética diz respeito a um conjunto de princípios que se destinam nortear nossos procedimentos em vários segmentos da vida em sociedade, por exemplo, nas relações interpessoais e intrapessoais, nos negócios, nas relações familiares, no âmbito profi ssional, seja na execução de algum serviço, programa ou projeto e, sobretudo, no âmbito da gestão social.

Assim, Cortella (2021b) defi ne que existem três perguntas básicas que cada sujeito pode se fazer para avaliar seus procedimentos diante das circunstâncias, sendo possível, a partir dessas perguntas, indagar-se de modo a ter uma autorrefl exão e poder adotar o procedimento mais coerente e ético a ser feito:

Segue as perguntas básicas: Quero? Devo? Posso?

Para aplicarmos essas três indagações, temos que pensarmos na seguinte circunstância:

Imagine que você queira muito faltar ao seu dia de trabalho hoje, você pensa, será que devo fazer isso? Se eu fi zer, posso deixar usuários sem atendimento, sobrecarregar a colega de trabalho entre outras questões. Então diante disso, posso realmente ceder o meu querer em faltar ao trabalho?

A partir desse exemplo, podemos perceber que as três perguntas norteadoras que Cortella (2021b) difunde nos levou a uma refl exão ética de que se eu manter o meu querer a todo preço, poderei colocar em prejuízo o dia de trabalho de uma colega de equipe, também prejudicarei a vida das famílias e indivíduos que estavam aguardando para serem atendidos, podendo ocasionar outros transtornos, sobretudo com a gestão do serviço e/ou programa.

Por fi m, é importante ressaltar que nem tudo que quero, eu realmente posso; e que aquilo que eu penso que eu posso fazer, nem sempre eu devo fazer.

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Capítulo 1

Para aquecer o debate, consulte o TCC a seguir: Serviço social, ética e o compromisso profi ssional da autora Angélica Rodrigues Hoffmeister, apresentado ao Departamento de Serviço Social da Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Serviço Social.

FONTE: <https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/103463/TCC%20-%20ANG%c3%89LICA%20RODRIGUES%20HOFFMEISTER.pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 25 abr. 2021.

Converse com sua equipe de trabalho e seus colegas de turma sobre a relevância da ética profi ssional para a prática profi ssional dos assistentes sociais em seus diversos espaços ocupacionais de atuação e quais são os desafi os encontrados perante uma conduta não balizada pela ética profi ssional.

Deste modo, podemos apreender que a ética se encontra em todas as instâncias da vida cotidiana e ela nos consente conjeturar a respeito de nossos comportamentos e tomadas de decisões, seja na vida profi ssional, no ambiente sócio-ocupacional de atual profi ssional, nas relações de amizade, afetiva, familiar, com os colegas de trabalho, entre outros aspectos. Não distintamente, a partir dessa apreensão, podemos avaliar a gestão social à lucidez da ética, suas opiniões e percepções.

Para o serviço social, a ética tem um dos parâmetros para a desempenho de suas ações profi ssionais em qualquer âmbito de atuação profi ssional, a democratização da promoção, as informações por parte dos sujeitos atendidos, a emancipação humana, a autonomia, a viabilização e garantia de direitos.

De tal modo, podemos articular esses preceitos éticos com o conceito de gestão social lavrado por Gonçalves et al. (2015, p. 131), que nos dirige que a gestão social “envolve a articulação de garantia de direitos, a ampliação da noção de desenvolvimento social, o papel do Estado e a busca de um paradigma de gestão”.

Ainda, segundo Gonçalves et al. (2015), advertem que a gestão social está em processo de incremento e procurando contornos para sua organização e reforçam que, para que realmente as ações empreendidas no âmbito da gestão

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Fundamentos de Gestão em Serviço Social

Para contribuir ainda mais com o seu conhecimento, deixamos como sugestão de leitura os seguintes livros:

BARROCO, M. L. Ética e serviço social fundamentos ontológicos. São Paulo: Ed. Cortez, 2010.

RIOS, T. A. Ética e competência: questões da nossa época. São Paulo: Ed. Cortez, 1993.

social consigam concretude, é imprescindível considerar os indivíduos e grupos que são públicos prioritários das políticas sociais públicas.

Buscando embasar-se na perspectiva do princípio da equidade para se conseguir a igualdade de acolhimento a partir da totalidade social e econômica em que estão envolvidos, para que, portanto, a lógica da gestão social possa conseguir, de modo ético e político, as alterações e/ou mudanças mandatórias na condição de vida dessas pessoas e grupos.

Conforme Barroco (2009), no procedimento de gestão social, princípios éticos é salutar abarcarmos os princípios sócio-históricos da ética como uma forma de ser socialmente determinado, tendo sua genealogia no artifício de autoconstrução do ser social. Por meio desse aspecto analítico sócio-histórico, entende-se que:

O ser social surge da natureza e que suas capacidades essenciais são construídas por ele no seu processo de humanização: ele é autor e produto de si mesmo, o que indica a historicidade de sua existência, excluindo qualquer determinação que transcenda a história e o próprio homem (BARROCO, 2009, p. 20).

De acordo com Barroco (2009), podemos compreender que os sujeitos humanos, em suas afi nidades, trazem uma objetividade sócio-histórica, portanto, pode-se assegurar que o ser humano enquanto um ser social são constituições sócio-históricas que se interdeterminam em seus procedimentos de composição.

Quando avaliamos o ser humano em seu procedimento de evolução, apreendemos que a partir da ética, este irrompe com o padrão irrefl etido ofertado pela natureza e calha de andar em direção à edifi cação de si próprio, enquanto

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FUNDAMENTOS QUE ORIENTAM AS PRÁTICAS DE GESTÃO NO SERVIÇO SOCIALDE GESTÃO NO SERVIÇO SOCIAL

Capítulo 1

1 De acordo com Barroco (2010), a ética tem a capacidade de elevar a condição do sujeito a uma postura crítica, ainda, pode-se dizer que a ética tem relação com o cotidiano. A esse respeito, responda de que modo a ética pode auxiliar os homens em suas relações no cotidiano:

R.: ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2 De acordo com Aranha e Martins (2009), ética e moral, mesmo sendo distintas, são comumente estudadas em conjunto. Já na perspectiva crítica, Barroco (2010) informa que a moral faz parte do procedimento de socialização. Sobre esse assunto, responda, objetivamente, de que forma a moral se reproduz na sociedade?

R.: ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

um novo sujeito (BARROCO, 2009). Assim, os indivíduos, a partir da ocasião que passa a se socializar, desenvolve intervenções e, igualmente, processos de mediações.

Além disso, passa a ter conhecimento a respeito de si e lidar com ocorrências do cotidiano, que constitua-se nas relações afetuosas, amizades e do mesmo modo no âmbito das relações de trabalho, no incremento de suas atribuições e tarefas pertinentes a seu cargo e/ou profi ssão quer signifi que no atendimento direto à população e/ou nos processos da gestão social de serviços, programas ou ações desenvolvidas pelo terceiro setor.

É fundamental também que as atividades a serem empreendidas sejam abalizadas pela ética, dirigindo todos os métodos de planejamento, determinação e execução das atividades pertinentes aos programas, serviços e projetos desenvolvidos no âmbito da gestão social.

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Fundamentos de Gestão em Serviço Social

Destarte, podemos ponderar que quando citamos a respeito da gestão social e da sua prática profi ssional na contemporaneidade, desenvolvida por profi ssionais de Serviço Social, precisamos ter um desempenho ético que alcance romper com os padrões conservadores e tradicionais que incidiram especialmente a gestão pública durante décadas.

Nada obstante, é imprescindível refl etir eticamente que a intervenção, a partir da gestão social, agencia um desempenho interligado, articulado e democrático.

Por consequência, deve ser efi caz e que se balize nos princípios da equidade e da justiça social para acolher às demandas das distintas famílias e sujeitos de forma a contemplar a igualdade no acesso e oportunidade de serem acompanhados.

Não obstante, precisamos lembrar que, na sociedade brasileira, as totalidades sociais, econômicas e políticas da contemporaneidade originam adulterações que acabam por afetar diretamente toda a sociedade. Desse modo, as políticas públicas sociais, em muitas ocasiões, são direcionadas de um modo que coloca o Estado mais ausente das demandas da sociedade, passando a comunicar da compreensão, das disposições e da prática destas políticas.

Destarte, este debate assenta precedentes para o pensamento da intervenção além da dimensão ética, devendo ser pautado na perspectiva sociopolítica e profi ssional do Serviço Social na implementação, formulação e gestão das políticas sociais. Como assinala Iamamoto (2011, p. 79):

O assistente social é tido como profi ssional da participação, entendida como partilhamento de decisões, de poder. Pode impulsionar formas democráticas na gestão de políticas e programas, socializar informações, alargar os canais de dão voz e poder decisório à sociedade civil, permitindo ampliar sua possibilidade de ingerência na coisa pública.

Ainda, conforme Iamamoto (2011), os profi ssionais de serviço social que atuam e/ou pretendem desenvolver sua prática social no domínio da gestão social, carecem se assentar em prol de desenvolver atos e atividades que agenciem a promoção dos sujeitos e grupos que, legitimamente, são público-alvo das ações e táticas em políticas públicas sociais, que apresentem esse compromisso fi rmado cotidianamente em sua prática profi ssional na gestão para que, por meio de seu desenvolvimento ético e político, nesse âmbito, possam encontrar-se cooperando para a mudança das demandas sociais que os usuários expressam no cotidiano das políticas públicas.

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Capítulo 1

Que os profi ssionais contribuem ao socializarem informações que subsidiem a formulação/gestão de políticas e o acesso a direitos sociais; ao viabilizarem o uso de recursos legais em prol dos interesses da sociedade civil organizada; ao interferirem na gestão e avaliação daquelas políticas, ampliando o acesso a informações e indivíduos sociais para que possam lutar e interferir na alteração dos rumos da vida em sociedade (IAMAMOTO, 2011, p. 69).

Assim, asseguramos que, enquanto assistente social em desenvolvimento, sua prática no campo da gestão social é refl etir que essa prática profi ssional é demarcada pelo código de ética profi ssional da categoria. Isto é, necessita-se pautar-se nos princípios de uma gestão ética e comprometida com as demandas e interesses real da população de mandatária, oferecendo a elas, além do atendimento, as suas necessidades, que possam ser sujeitos de direitos, ou seja, dando suas opiniões, interrogando e participando dos procedimentos de decisão das ações desenvolvidas pelo poder público através das políticas públicas sociais, fortalecendo, assim, a emancipação e autonomia de cada um.

É fundamental o reconhecimento da ética nos processos da gestão como princípio para uma intervenção crítica, visto que, a prática do serviço social na gestão necessita ser direcionada para a garantia de direitos que se consolida através das políticas públicas sociais e, deste modo, elemento ativo da obrigação do Estado.

O Estado pautado na lógica do Estado mínimo não afi ança, em particular, aos grupos populacionais economicamente mais vulneráveis e/ou com renda escassa ou, até mesmo, que não possua qualquer tipo de renda, o acesso aos atendimentos disponíveis por meio dos programas e serviços de saúde, lazer, educação, cultura, moradia, assistência social e outras que não se constituem enquanto mercadorias.

Por essa razão, necessitamos reconhecer eticamente que a prática do serviço social, no campo da gestão, necessita ser de estilo crítico e interventivo perante as necessidades da população, em específi co buscando atender às demandas oriundas desses campos que se contornam como necessidade fundamental para uma vida com mínimos padrões de sobrevivência.

Nesse compasso, é básico que a gestão assevera os direitos de fato daqueles que não possuem recursos de prover as suas necessidades fundamentais e, por essa razão, recorrem ao Estado para que tenham as suas necessidades atendidas.

A prática do serviço social na gestão

necessita ser direcionada para a garantia de direitos que se consolida

através das políticas públicas sociais e, deste modo, elemento ativo

da obrigação do Estado.

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Fundamentos de Gestão em Serviço Social

Desse modo, Gonçalves et al. (2015) confi rmam que a ação do Estado é, assim, primordial para que a sociedade tenha assegurada políticas públicas na perspectiva de direitos, estes abarcados como aquisição ou concessões de poder na gestão social.

Nessa totalidade, a função do Estado, na gestão social, desponta-se cada vez mais fundamental, tendo em vista que, a partir dos anos 1980, o Governo Federal tem avivado a descentralização das políticas, em específi co as políticas sociais; descentralização esta que está relacionada à autonomia dos municípios, conforme a Constituição Federal de 1988.

Nesse compasso, a gestão das políticas sociais, de acordo com Santos (2016), constitui a gerência e direção da ação pública, este exercício de gerir e administrar necessita avalizar a ascensão da sociedade a benefícios e serviços de caráter público. Para tanto, considerar a gestão das políticas sociais sugere referenciar a gestão de ações públicas como resposta às necessidades sociais que têm a gênese na sociedade e são agrupadas e sistematizadas pelo Estado em assinaladas esferas de poder.

Portanto, faz-se indispensável analisar a gestão como fenômeno sócio-histórico, isto é, compreendê-la como expressão de uma totalidade social, observando suas probabilidades e demarcações. Em outros termos, a gestão das políticas, programas e projetos sociais não se autonomizam dos contextos históricos em que se realizam.

Outro fator preponderante é considerar que a prática de gestão em serviço social, necessita ser ininterruptamente na perspectiva do abarcamento da população, seja por meio de ações de consulta e/ou através dos mecanismos de controle social. Entretanto, deixamos evidente que a responsabilidade de implementar as políticas sociais e gerenciar a gestão em sua totalidade, necessita ser do Estado de forma crítica e contínua. Para confi rmar essa informação, Carvalho (1999, p. 25) nos orienta que:

Há uma clara percepção de que os atores sociais e sujeitos coletivos presentes na arena política são corresponsáveis na implementação de decisões e respostas às necessidades sociais. Não é que o Estado perca a centralidade na gestão do social ou deixe de ser o responsável na garantia de oferta de bens e serviços de direito dos cidadãos, o que se altera é o modo de processar esta responsabilidade.

Santos (2016) adverte que, nessa totalidade, aludido por Carvalho (1999), a descentralização, o conhecimento, o fortalecimento da sociedade civil comprimem por disposições diligenciadas, por políticas e programas ponderados por fóruns públicos não estatais, em um implemento em parceria.

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Capítulo 1

Congregado a isso, Santos (2016) adverte e chama atenção para que os gestores assistentes sociais devam desenvolver suas práticas correspondentes para atuar na gestão pública, como administradores, potencializadores na aderência do projeto democrático de sociedade e de gestão que se almeja o gestor público, precisando ter capacidade teórico-metodológica, ético-política e técnico-operacional para considerar os movimentos da economia, da política, da sociedade e de seus grupos e sujeitos.

Na década de 1990, com uma reforma de Estado localizada na crise fi nanceira, incide um ajuste do Estado em apuradas esferas do atendimento à população, isto é, este reduz seu desempenho a determinados grupos, mesmo em relação a setores de sua responsabilidade, não única, todavia, fundamental, tais como: assistência social, saúde, emprego, habitação, educação entre outros (GONÇALVES et al., 2015). Não obstante, tem o princípio de universalidade, em que o Estado precisa cumprir para que as pessoas possam ter ascensão ao usufruto dos direitos sociais, civis, políticos, culturais e econômicos.

Do mesmo modo, existe o reconhecimento de novos direitos, que nascem em cargo do movimento da sociedade, fazem-se presentes e comprimem, com mais ou menos força, o aparecimento de novas políticas e a ação do Estado. Essa atuação crítica pelos direitos se caracteriza tanto pela sua ampliação, fazendo menção aos direitos consolidados, quanto à luta pela sua universalização, aludindo para a necessidade de inclusão nesse exercício.

De acordo Gonçalves et al. (2015), a universalização e ação de focalização das necessidades para a promulgação e efetividade de direitos, podem ser complementárias e não dicotômicas, perante os conceitos delineados. Gonçalves et al. (2015) indicam que pode haver uma inconsistência em relação à última, quando ela é empregada de feitio propositado e não de forma ética com as necessidades populacionais, isto é, enquanto um recurso e/ou estratégia para a redução de investimentos governamentais que, por sua vez, em determinadas conjunturas são transferidos para as responsabilidades individuais ou familiares.

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Fundamentos de Gestão em Serviço Social

FIGURA 2 – ATRIBUTOS QUE SUBMERGEM UMA PRÁTICA EM SERVIÇO SOCIAL NA GESTÃO A PARTIR DA PERSPECTIVA CRÍTICA

FONTE: A autora

Perante o exposto, Carvalho (2014) confi rma que atuações desenvolvidas no domínio da prática de gestão do serviço social de maneira isolada, fragmentadas e pontuais não se aprimoram efi cazes e, ainda, podem contribuir para atitudes antiéticas, tendo em vista que esses atos, além de não respeitarem os processos de planejamento, não contemplam a totalidade social que envolvem os sujeitos e as famílias, assim como as necessidades do território.

Quando a gestão contempla uma ação desconsiderando as necessidades sociais, econômicas em sua totalidade, torna-se apenas uma ação sem comprometimento ético e político com a práxis, ou seja, com a mudança que se faz necessária ser empreendida através das ações oriundas das políticas sociais.

Destarte, para uma gestão atuar de maneira crítica e ética, é fundamental os gestores saberem utilizar os recursos institucionais em função dos interesses da população. Ter um conhecimento apurado na instituição e desenvolver análises institucionais que consentem apresentar a realidade institucional, objetivando alcançar os padrões de atenção na perspectiva da totalidade que envolve as necessidades e interesses da população.

Portanto, os profi ssionais assistentes sociais gestores necessitam congregar seus princípios éticos profi ssionais aos princípios éticos norteadores da sociedade como um todo, daí a relevância de se conhecer em profundidade e considerar o projeto ético político da profi ssão.

Ele, além de ser profi ssional, ou seja, que apresenta a imagem de uma dada categoria de profi ssionais, do mesmo modo, é um projeto societário, ou seja, está

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FUNDAMENTOS QUE ORIENTAM AS PRÁTICAS DE GESTÃO NO SERVIÇO SOCIALDE GESTÃO NO SERVIÇO SOCIAL

Capítulo 1

articulado com as demandas dos sujeitos e coletivos, mormente àqueles que padecem de diferentes formas de violência, opressão e múltiplas expressões da questão social, para que, assim, termos no procedimento de gestão, o desempenho de politizar e dar visibilidade aos interesses da população usuária no país de forma crítica e ética no exercício da função de gestor social (CARDOSO; FAGUNDES, 2013).

Nada obstante, Faleiros (2011) nos alerta que, na atualidade, é demandado mais de o gestor social ter uma atitude crítica perante as suas funções.

Contudo, necessita desenvolver uma refl exão à luz da ética para agir de maneira democrática, crítica e propositiva, compreendendo o momento mais correspondente para prosseguir com suas ações, além disso, a necessidade momentânea de retroceder na sua tática institucional para poder repensar suas estratégias e refazê-las.

Nesse sentido, passamos ao próximo tema, em que estudaremos sobre a relevância do emprego da pesquisa científi ca nos métodos de trabalho na gestão social, ponderando ser um instrumento junto às práticas do serviço social na gestão social.

2.1 A IMPORTÂNCIA DA PESQUISA CIENTÍFICA NOS PROCEDIMENTOS QUE FUNDAMENTA AS PRÁTICAS EM GESTÃO SOCIAL NO SERVIÇO SOCIAL

Neste subtópico, você terá o ensejo de estudar a respeito do conceito de pesquisa científi ca, as linhas teóricas usadas no âmbito das ciências sociais e humanidades, dando destaque para a abordagem teórica empregada no serviço social, abrangendo os procedimentos e os basilares autores.

Vamos apresentar as pesquisas quantitativas, qualitativas e qualiquantitativas e identifi car suas características e funções sociais, reconhecendo a acuidade da pesquisa científi ca no campo da gestão social desenvolvida através da prática no serviço social. Ponderamos este debate enquanto basal para o serviço social.

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Fundamentos de Gestão em Serviço Social

A pesquisa e sua inclusão como estudo e prática social no serviço social foi considerada principalmente a partir dos anos de 1980, quando se começa a desenvolver pesquisas, a partir da inserção da disciplina no procedimento da graduação e, do mesmo modo, com a composição de programas de pós-graduação em nível strictu sensu.

Consideramos que prática profi ssional, em específi co aludindo sobre o serviço social, não se constituirão somente com um arcabouço de técnicas operacionais, por esse motivo, precisa apreender e aportar-se do conhecimento teórico e científi co para que possa ter condições de obter análises mais coerentes perante a realidade social vivenciada pelos indivíduos.

Deste modo, faz-se indispensável desenvolver pesquisas sociais para se ter essa ciência real e, portanto, alcançar informações para elevação de transformações no campo da prática de gestão social no sentido de oferecer serviços e atendimentos que vão ao encontro das necessidades das pessoas e famílias que são públicos prioritários das políticas públicas sociais.

Destarte, gostaríamos de explicitar a respeito do conceito que revolve a pesquisa científi ca, teorias do âmbito das ciências humanas e sociais, seus métodos de pesquisa e principais autores.

Contemos por compreensão de pesquisa científi ca uma ação fundamental que desempenha a função de averiguar, constatar e, por conseguinte, seus resultados possam fornecer elementos plausíveis a respeito de uma dada realidade que se buscou conhecer cientifi camente. Os procedimentos de pesquisa alcançam uma analogia entre o conhecimento teórico e metodológico e o moderniza perante o fato de que se apresenta no desenvolvimento da pesquisa em andamento (MINAYO et al., 2010).

Conforme Severino (2007), o conhecimento no sentido que abrangemos, presentemente, passa a existir a partir da Era Moderna da sociedade e surge com o desígnio de arguir e fazer críticas, ao modo que, até então, ajuizava-se a respeito de vários aspectos e da própria humanidade, esse modo era o metafísico.

Através dele, confi ava que era plausível abarcar o cerne das difi culdades, puramente por meio da razão humana. Então, a partir do período do Renascimento e a Idade Moderna, passou-se a interrogar essa razão e chegou-se à consideração de que “só podemos conhecer de fato os fenômenos, nunca as essências” (SEVERINO, 2007, p. 110).

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Capítulo 1

Deste modo, ponderamos que toda pesquisa científi ca procede de uma conjuntura conexa a difi culdades da vida cotidiana e, igualmente, a partir das difi culdades observadas, acumula o arsenal de teorias, procedimentos e métodos para desenvolver a pesquisa e dar cumprimento a ela.

Em Demo (1993, p. 128), a pesquisa científi ca tem por conceito “[...] ser um diálogo crítico e criativo com a realidade, culminando com a elaboração própria e na capacidade de intervenção. Em tese, pesquisa é a atitude de “aprender a aprender” e, como tal, faz parte de todo o processo educativo e emancipatório”.

Toda pesquisa científi ca, no âmbito das ciências sociais e humanas, parte de uma alocução para alcançar a compreensão a respeito da realidade social e, igualmente, a partir do que se foi crível ser verifi cado, requerer transformações que amparem na emancipação e desenvolvimento da capacidade de senso crítico dos indivíduos. Enfi m, Severino (2007, p. 110) diz que “a ciência é simultaneamente um saber teórico (explica o real) e um poder prático (maneja o real pela técnica)”.

Nessa cadência, a partir da compreensão de pesquisa científi ca, temos por informação que foi na Era da Modernidade, mais exatamente a partir do século XIX, que nasceram as ciências humanas e, em sua constituição, foi desenvolvido o primário método de pesquisa no campo das ciências humanas e sociais – Positivismo. Essa corrente teórica, no princípio, tem por extensão os métodos e conceitos da matemática e da física para apresentar elucidações a respeito da realidade social vivenciada pelas pessoas e grupos.

Assim sendo, conforme Minayo et al. (2010), essa teoria tem como método, regressar-se para o desenvolvimento de pesquisa quantitativa e se adaptar fundamentar aos seguintes princípios:

a) O mundo social opera de acordo com leis causais.b) O alicerce da ciência é a observação sensorial.c) A realidade consiste em estruturas e instituições identifi cáveis “a olho nu” de um lado e crença e valores de outro. Essas duas ordens de coisas se relacionam para fornecer generalizações e regularidades.d) São reais para as Ciências Sociais positivistas os “dados visíveis e identifi cáveis”. [...] e) Os dados recolhidos da realidade empírica das estruturas e instituições são sufi cientes para explicar a realidade social (MINAYO et al., 2010, p. 22-23).

Com a evolução da sociedade e a complexidade que se exibe a vida humana, o positivismo começa a evidenciar uma certa escassez de subsídios para alcançar

Mais exatamente a partir do século XIX,

que nasceram as ciências humanas e, em sua constituição, foi desenvolvido o primário método de pesquisa no

campo das ciências humanas e sociais –

Positivismo.

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Fundamentos de Gestão em Serviço Social

o fornecimento de elementos para se ter apreensão sobre uma dada realidade. Nesse ritmo, os fi lósofos, sociólogos, entre outros, foram implementando outro processo de pesquisa, todavia, sem se abdicar totalmente das normas do Positivismo, passando a existir o Funcionalismo (SEVERINO, 2007).

O método de pesquisa no Funcionalismo se ancora no conhecimento biológico para abarcar as formas de organização cultural e social. Isto é, ressalta-se a sociedade humana pelo prisma de que essa disposição é organizada em partes e que cada uma dessas partes necessita funcionar harmonicamente para o bem-estar de todo o mecanismo da sociedade.

Afi nal, toda atividade cultural e social precisa ser funcional, ou seja, necessita ter uma alguma colocação na sociedade, esboçando seus procedimentos e explicitando suas articulações no centro da sociedade.

FIGURA 4 – PRINCIPAIS CORRENTES TEÓRICAS DO CAMPO DA PESQUISA CIENTÍFICA, NA ÁREA DAS CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS

FONTE: A autora

No que diz respeito à Fenomenologia, é uma teoria que se alude a uma experiência elementar do conhecimento. Ou seja, seu método de pesquisa busca entender os acontecimentos através de sua condição inédita de fenômenos legítimos. Severino (2007) nos afi rma que o fenômeno se desponta em sua originalidade quando a relação sujeito/objeto se “reduz” à relação dicotômica.

Apresentamos, a partir desse parágrafo, outra corrente teórica que tem relevo nas ciências humanas, o Estruturalismo, que igualmente à teoria Funcionalista, deriva da teoria Positivista. Nesse método, sua basilar hipótese é que a coletividade se confi gura a partir de múltiplos jogos de interesses, além de aversões, carências e pertencimentos, e que, juntas, essas questões confi guram o arcabouço da sociedade.

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Capítulo 1

Você sabe o que signifi ca a práxis humana no método marxista?

Vázquez (2011, p. 222) nos informa que se trata de ser “[...] a atividade propriamente humana apenas se verifi ca quando os atos dirigidos a um objeto para transformá-lo; iniciam-se com um resultado ideal, ou um fi m, e terminam com um resultado efetivo, real”.

O que o autor quer nos dizer é que, para cada atividade de práxis humana, o ser humano necessita ter um propósito, ou seja, uma fi nalidade que o guia, que o direciona a fazer aquela determinada atividade. Assim, a partir do desenvolvimento dessa atividade, consiga-se alcançar um resultado real e concreto de transformação da realidade.

FONTE: VÁZQUEZ, A. S. Filosofi a da práxis. São Paulo: Ed. Expressão popular, 2011.

Ainda, de acordo com as normas, o método Estruturalismo orienta que a estrutura da sociedade pode, em verifi cada parte dela, suportar mudanças e, por sua vez, isso pode culminar em mudanças da estrutura da sociedade em sua totalidade.

Finalmente, o Marxismo, com seu arcabouço teórico – Materialismo Histórico Dialético –, considera a historicidade dos procedimentos sociais, a condição social e econômica, além das contradições sociais que há na sociedade.

Enquanto um método de pesquisa propõe a abordagem dialética, [...] visto que aglutina a proposta de analisar os contextos históricos, as determinações socioeconômicas dos fenômenos, as relações sociais de produção e de dominação com a compreensão das representações sociais (MINAYO et al., 2010, p. 24).

No materialismo histórico e dialético, a apreensão é de que a teoria não pode ser idealizada apartadamente dos acontecimentos diários da prática profi ssional. Nesse compasso, esse método prioriza a práxis humana, ou seja, qual o legítimo sentido e fi nalidade que se almeja ao examinar e analisar apurada expressão da questão social.

Contudo, essa fi nalidade de pesquisa, a partir da práxis, só tem exata importância e sentido quando se está comprometida com a mudança social da vida das pessoas na sociedade.

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FIGURA 5 – BASILARES TEÓRICOS RESPONSÁVEIS PELAS BASAIS TEORIAS EMPREGADAS NO ÂMBITO DA PESQUISA SOCIAL

FONTE: A autora

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Capítulo 1

3 Minayo et al. (2010) informa que a pesquisa na perspectiva científi ca tem um papel importante. Qual é esse papel e sua relevância na sociedade?

R.: ____________________________________________________________________________________________________________

4 Com a evolução da sociedade moderna e das Ciências Sociais e Humanas, os pesquisadores começam a perceber que o positivismo já não estava dando conta de responder às questões inerentes à vida humana em sociedade. Eles desenvolvem outro método de pesquisa denominado de funcionalismo e, sem se abdicar totalmente dos preceitos positivistas, o funcionalismo se apropria de outra área do conhecimento. Desse modo, apresente qual é essa outra área do conhecimento em que a corrente funcionalista se apropria para desenvolver o seu método de pesquisa?

R.: ____________________________________________________________________________________________________________

Nesse compasso, iremos, a partir de então, apresentar as propriedades e funções sociais das pesquisas qualitativa, quantitativas e qualiquantitativas.

Sendo assim, a respeito das características da pesquisa qualitativa, informamos que esta vem, em seu repertório de funções, contestar questões pertinentes à realidade social, exercendo atividades de modo a exibir implicações que não carecem ser exclusivamente quantifi cados. A funcionalidade dessa pesquisa está no compasso de trabalhar com o universo dos motivos, acepções, aspirações, crenças, valores, necessidades, experiências; entre diversos assuntos de ordem mais subjetiva.

É importante ressaltarmos que, quando se iniciou as pesquisas nas ciências sociais, a partir do método positivista, a compreensão do sujeito homem era considerado como um objeto genuinamente natural; desse modo, esse método de desenvolver pesquisa não ponderava aspectos basilares da qualidade de vida e

Nada obstante, avaliamos ser conexo o conhecimento a respeito das basilares teorias com seus relativos métodos, entretanto, salientando que, no âmbito da prática do serviço social, o posicionamento teórico se desenvolve a partir do materialismo histórico dialético.

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desenvolvimento do sujeito (SEVERINO, 2007). As pesquisas de base positivistas são de ordem quantitativa, o que destoa completamente das características da pesquisa qualitativa que podemos observar anteriormente.

Destarte, de acordo com Severino (2007), queremos informar que existe uma gama de metodologias de pesquisas qualitativas que podem ser empregadas no âmbito da prática do serviço social na gestão. Para tanto, trazemos, na Tabela 1, as metodologias que se qualifi cam nesse bojo e que são correspondentes ao seu emprego no campo das ciências humanas e sociais:

TABELA 1 – PESQUISAS QUALITATIVAS

TIPOS DE PESQUISAS CLAS-SIFICADAS COMO PESQUISA

QUALITATIVA

CARACTERÍSTICAS DAS PESQUISAS

Pesquisa participante Nessa abordagem, o pesquisador se coloca em uma postura de identifi cação junto aos su-jeitos pesquisados, interagi com eles, observa suas manifestações e as registra.

Estudo de caso Esse tipo de pesquisa se concentra em estudar um caso em específi co e que venha represen-tar várias outras circunstâncias semelhantes.

Análise de conteúdo Realiza análise de informações sob o modo de discursos pronunciados em distintas lingua-gens como: gestuais, orais, escrito e imagens. Busca compreender o que está oculto nessas linguagens.

Pesquisa ação É um tipo de pesquisa que tem por fi nalidade desenvolver uma mudança na situação pesqui-sada.

Pesquisa etnográfi ca Estuda o cotidiano com suas diversas situ-ações, modos de vida, crenças, organização de um determinado grupo.

Pesquisa bibliográfi ca Apropria-se de documentos já desenvolvidos por outros pesquisadores como: artigos, teses, dissertações, livros etc.

Pesquisa documental Essa metodologia de pesquisa se apropria de documentos como: fi lmes, matérias de jornais, documentos legais entre outros para desen-volver sua análise e compreensão acerca do objeto que esteja estudando.

Pesquisa de campo Envolve estudos descritivos e analíticos da situação pesquisada, esta pesquisa ocorre no meio em que o pesquisado vive/convive e não há intervenção por parte do pesquisador.

Pesquisa exploratória É o momento em que o pesquisador realiza um levantamento apurado de informações acerca do objeto pesquisado.

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Capítulo 1

Pesquisa explicativa É um tipo de pesquisa que desenvolve regis-tros, analisa os fenômenos estudados obje-tivando entender o que foi o motivo causador desses fenômenos e essa explicação se dá tanto através de métodos quantitativos quanto o uso das outras abordagens qualitativas.

FONTE: Adaptado de Severino (2007)

Existem alguns sites acadêmicos que reúnem publicações de artigos acadêmicos de várias revistas eletrônicas acadêmicas, dentre eles, deixamos como indicação o site da Scielo: https://scielo.org/

Por fi m, a pesquisa qualitativa, para Baptista (1999), consente ao pesquisador avaliar os fenômenos analisados a partir do aspecto histórico e holístico. A autora também assevera que, sem exceção, todos os fenômenos analisados têm relevância e acuidade dos seus signifi cados até “o silêncio é considerado um dado” (BAPTISTA, 1999, p. 38).

Adentraremos com informações a respeito da pesquisa quantitativa após conhecermos a respeito da pesquisa qualitativa. Desse modo, Martinelli (1999) alude a respeito da pesquisa quantitativa, mencionando que esta se assinala pela adoção de uma tática de pesquisa desenvolvida nas ciências naturais e exatas e repousa em observações empíricas.

Esse tipo de pesquisa está conexo à teoria positivista, seu procedimento metodológico de pesquisa se aporta das técnicas que apresentam objetividade e neutralidade no procedimento do item pesquisado. Para assegurar tal informação, Baptista (1999, p. 34) assevera que “a realidade é exterior ao indivíduo e a apreensão dos fenômenos é feita de forma fragmentada”.

Nesse tipo de pesquisa, cabe ressaltar que os dados apurados são estudados como coisas completamente isoladas do meio social e/ou realidade. A coleta de dados é organizada de modo linear e acumulativo e todo o procedimento analítico se desenvolve fazendo o emprego apenas de uma lógica hipotético-dedutiva com o apoio de estatísticas.

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Podemos citar como principal metodologia de pesquisa quantitativa, a pesquisa experimental, que o próprio nome já diz ao que ela se refere, isto é, desenvolve ações experimentais com o objeto pesquisado. Martinelli (1999) alerta para o caso de que se examina com esse tipo de pesquisa no âmbito das ciências humanas, não são exclusivamente os números, entretanto, o aporte teórico que apresenta uma limitação de expandir as análises e percepções do objeto avaliado.

Nas literaturas a respeito de pesquisas na área social, é trivial constatarmos em determinados autores, como André (1991), Chizzotti (1991), Martinelli (1999) e Severino (2007) que as atinentes pesquisas não podem ser estudadas de forma fragmentada e, especialmente, como adversárias umas às outras.

De acordo com André (1991), ela se aporta dos termos quantitativos e qualitativos para abalizar as tipologias de procedimentos de pesquisa e se aporta de designações mais acertadas para originar o tipo de pesquisa, por exemplo, a experimental, que emprega procedimentos de pesquisa quantitativas e a pesquisa participante, que usa técnicas da pesquisa qualitativa.

É corriqueiro, no emprego de pesquisa qualitativas, o profi ssional pesquisador precisar recorrer à pesquisa quantitativa e seus procedimentos para abarcar empiricamente a circunstância estudada e a quantifi cá-la para avaliar melhor a ocasião estudada (MARTINELLI,1999).

Para se compreender dados relacionados ao genocídio da população jovem negra e periférica brasileira, faz-se necessário recorrer à pesquisa quantitativa para compreender as estatísticas que se registram essa quantidade de jovens que morrem e, assim, verifi car a faixa etária com mais incidência, qual a Unidade Federativa que mais apresenta índice de mortalidade entre outros.

Nesse ritmo, com esses elementos quantifi cados, o pesquisador irá ponderar articulando com métodos selecionados da pesquisa qualitativa para apreender subjetivamente os acontecimentos que estão envolvidos nessa circunstância.

Assim, podemos assegurar o emprego da pesquisa qualiquantitativa, isto é, bancando uma articulação entre a pesquisa qualitativa e quantitativa sem recusar

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Capítulo 1

uma à outra, e, acopladas, podem ser usadas adequadamente e colaborar de maneira satisfatória no assunto estudado. Portanto, Baptista (1999, p. 40) acena que:

Desse modo, o debate deixa de se caracterizar pela oposição e pela coexistência pacífi ca das abordagens, para se construir em uma atitude de compatibilidade mútua. Conclui-se que o recomendável seria uma aproximação maior com vários métodos e as suas contribuições para o campo temático que se deseja pesquisar.

Destarte, Martinelli (1999) pronuncia que necessitamos abranger essas pesquisas não como adversárias, mas como importantes metodologias de pesquisa que contribuem para uma complementaridade no âmbito da pesquisa social. Assim, a utilização de metodologias de pesquisas, quer seja quantitativa e/ou qualitativa ou as duas de modo articulado, necessita ser respeitado, mormente, a natureza e os desígnios esboçados para a pesquisa e como o pesquisador almeja desenvolver os estudos de sua análise.

Apreendendo, por fi m, que são processos de pesquisa que têm sua importância pendendo da natureza do objeto, no fato das ciências sociais e humanas, quando empregadas juntas, cooperam para uma apropriada articulação dos conceitos analisados e se completam para um bom resultado do fato examinado.

No que diz respeito à pesquisa científi ca nos processos da prática do serviço social, especifi camente na gestão, para que possibilitem a construção de conhecimento acerca de um saber com relação ao desenvolvimento de ações arroladas aos serviços, programas e projetos de políticas públicas, tem suas exigências próprias no que tange às informações que se pretende alcançar, para que, assim, a gestão consiga compreender como está o desenvolvimento das ações e se essas atividades estão condizentes com a mudança que se espera alcançar na vida da população.

A pesquisa é defi nida, segundo Barros e Lehfeld (1999, p. 30), “como uma forma de estudo de um objeto. Estudo sistemático e realizado com a fi nalidade de incorporar os estudos obtidos em expressões comunicáveis e comprovadas aos níveis do conhecimento obtido”.

Além do mais, a pesquisa pode apresentar por signifi cado, conforme Demo (1993), ser a categoria de consciência crítica e compete quanto subsídio imperativo de todo parecer para ações que visam à emancipação. Não se trata em copiar a realidade, todavia, reconstruí-la de acordo com os interesses e esperanças de quem se encontra usando-a para determinado fi m.

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A pesquisa científi ca ainda acena a propósito da competência de desenvolver conhecimento correspondente à compreensão de determinado fato e conjuntura social. Sendo assim, para corroborar com essa afi rmação, Morin (2000, p. 14) alude que “O conhecimento do conhecimento deve aparecer como necessidade primeira, que servirá de preparação para enfrentar os riscos permanentes de erro e de ilusão, que não cessam de parasitar a mente humana. Trata-se de armar cada mente no combate vital rumo à lucidez”.

Deste modo, a pesquisa se aponta como a combinação da ação de pesquisar, avaliar, compreender e conhecer os fenômenos, deixando de lado o olhar raso e superfi cial, estruturado a partir de espectros imprudentes e imediatistas (MARQUES; RAMALHO, s.d.).

Por consequência, pesquisar é procurar com espessura respostas às precisões da gestão social, de modo a se reinventar e aprimorar-se para se retornar à população com serviços, projetos que considerem concretamente suas necessidades e, desse modo, estas ações planejadas pela gestão possam considerar os resultados das pesquisas e desenvolver as estratégias de atendimento que verdadeiramente promoverá uma mudança necessária na vida das pessoas e do território em que estão inseridos.

Mais do que unifi car a teoria e a prática, ao lado do método de pesquisa em que irá empregar e/ou qual tipo de pesquisa e quais técnicas irá se ancorar, é indispensável ter uma intencionalidade a respeito do que se ambiciona examinar, além do mais, o profi ssional que desenvolve a pesquisa no campo da gestão social necessita ter ciência cercada pela realidade ininterruptamente na perspectiva da totalidade social. Deve-se observá-la atenciosamente, porque é “a partir da qual emergem possibilidades concretas de intervenção: procura um saber abrangente e crítico para construir um saber-fazer também crítico e abrangente” (BAPTISTA 2006, p. 71).

No Brasil, Silva (2012) nos indica que o desenvolvimento de pesquisas no campo da gestão, especialmente pertinente a análises de programas sociais, desenvolveu-se, mais exatamente, a partir da década de 1980, época que delimita um período histórico da luta contra o Regime Ditatorial Militar, que tinha se instalado no Estado brasileiro na década de 1960, mais precisamente no ano de 1964.

Desse modo, desde então tem sido empregado pesquisas na gestão de programas sociais, porém, aprimorando-se, tanto que, na contemporaneidade, o que recomendamos para ser empregada nesse contexto de gestão é mais crível o uso da pesquisa qualitativa e se utilizando de metodologias que possam abranger

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Capítulo 1

os indivíduos para constituição de informações mais verdadeiras perante a realidade. Precisamos ressaltar também que, quando se volta às avaliações, cuidar atentamente para o viés avaliativo que a pesquisa deve assumir. A respeito desse aspecto:

Contrapõe-se à objetividade da ciência positiva, mas requer esforço de objetivação na relação do avaliador com a realidade social e com os sujeitos que participam do processo de avaliação; fundamenta-se em valores e no conhecimento da realidade; valoriza a análise crítica da política ou programa social; busca compreender os princípios e fundamentos teórico conceituais que orientam a política ou programa avaliado; considera os interesses e procura envolver os diferentes sujeitos no processo da política ou programa; fundamenta-se em valores e concepções sobre a realidade social, partilhados pelos sujeitos da avaliação; contrapõe-se à ideia de neutralidade, não percorrendo um caminho único, e considera os resultados da avaliação como uma versão parcial da realidade, posto ser as realidades historicamente construídas e dotadas de um caráter relativo e temporal; considera a política ou programa como decorrência de vários fatores: ação de sujeitos, especifi cidades das conjunturas, condições fi nanceiras, materiais e elementos culturais envolvidos; situa a política social na relação com o Estado e a sociedade; considera que toda avaliação é desenvolvida num contexto de sujeitos e interesses; nunca é consensual ou defi nitiva. [...] (SILVA, 2012, p. 224).

Ressaltamos que o conhecimento necessita ser assentado a ofício das lutas sociais dos grupos estimados mais subalternos e vulneráveis das sociedades. Outro assunto relevante a ser tratado é o emprego da devolução do conhecimento adquirido para os usuários, para que possam saber qual foi o resultado de toda a pesquisa e avaliação desenvolvida com eles e o que esse resultado apresentará posteriormente àquele determinado grupo e/ou território; desse modo, asseveramos ser proeminente essa prática no uso da pesquisa científi ca com vistas à avaliação no âmbito da gestão social (SILVA, 2012).

Com o objetivo de contribuir ainda mais com a ampliação do conhecimento sobre a relevância da pesquisa científi ca no campo da gestão, colaborando com os profi ssionais no desenvolvimento de sua prática ao analisar as demandas reais dos usuários para pensar e planejar ações comprometidas com a transformação social, deixamos, aqui, duas indicações de leitura:

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Fundamentos de Gestão em Serviço Social

CARVALHO, M. do C. B. Gestão social e trabalho social: desafi os e percursos metodológicos. São Paulo: Cortez Editora, 2014.

SILVA, M. O. S. Construindo uma proposta metodológica participativa para desenvolvimento da pesquisa avaliativa: uma contribuição da teoria crítica para a prática do Serviço Social. Revista Textos & Contextos, Porto Alegre, v. 11, n. 2, p. 222-233, 2012.

Portanto, o desempenho político da avaliação de programas sociais é a linha condutora que dirige a equipe de profi ssionais que adotam a função de avaliadores quando empregam a pesquisa científi ca enquanto ferramenta para auxiliar a prática na gestão. Por consequência, a esses profi ssionais, Silva (2012) informa que compete desenvolver uma metodologia de pesquisa participativa para pensar e realizar a investigação social, logo, a prática avaliativa.

Por conclusão, os profi ssionais no ato do desenvolvimento de sua prática em serviço social na gestão, devem se comprometer com o desenvolvimento da pesquisa científi ca enquanto constituição da informação, bem como tecer refl exões críticas da realidade que abarca a vida dos sujeitos. Igualmente, a respeito dos serviços, programas e projetos sociais, analisando o que é possível aprimorar e/ou implantar para corroborar com as demandas reais da população.

Finalmente, inserido nos espaços sócio-ocupacionais, desenvolvendo sua prática enquanto assistente social na gestão, permita-se agregar, em seu fazer profi ssional, a pesquisa com suas metodologias e técnicas para analisar o desenvolvimento das ações dos projetos, programas e serviços em execução. Nesse compasso, seguimos para o próximo subtítulo, em que abordamos sobre o procedimento da avaliação social de programas, projetos e serviços no domínio da prática de gestão do serviço social.

2.2 O PROCEDIMENTO DA AVALIAÇÃO SOCIAL DE PROGRAMAS, PROJETOS E SERVIÇOS NO ÂMBITO DA GESTÃO SOCIAL

Para compreendermos a respeito da relevância da sistematização de avaliação social na prática do serviço social no campo da gestão social, é

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FUNDAMENTOS QUE ORIENTAM AS PRÁTICAS DE GESTÃO NO SERVIÇO SOCIALDE GESTÃO NO SERVIÇO SOCIAL

Capítulo 1

importante apreendermos de onde ela se deriva, ou seja, trata-se de um procedimento ancorado no campo da pesquisa e se dirige especifi camente para avaliar os processos sociais e como resultados apresentar possibilidades de intervenções e/ou aprimoramento das ações desenvolvidas.

Assim, com relação ao conceito defi nido por pesquisa avaliativa, podemos entendê-la enquanto aplicação ordenada de metodologias procedentes das ciências sociais para impetrar análises a respeito dos programas, serviços e/ou projetos de intervenção social.

Considerando as bases teóricas, o método operacional e a sua implementação e, consequentemente, sua execução, devendo fazer interconexão com a totalidade no qual os compõem.

Segundo Minayo (2005), que tem relevante contribuição na área de pesquisa avaliativa e qualitativa, ela tem por conceito de avaliação, enquanto conjunto de ações técnico-científi cas e operacionais, que procuram conferir valor de efi ciência, efi cácia e efetividade a procedimentos de intervenção em sua implantação, implementação e resultados.

De acordo com Gomes (2010), na análise, o propósito é ir além do que está descrito, fazendo uma decomposição dos dados e buscando as relações entre o que foi planejado e o que de fato foi executado.

A avaliação social, enquanto um procedimento, tem como escopo avaliar as atividades desenvolvidas no campo da gestão social de programas, projetos e serviços pertencentes à esfera governamental quanto aqueles que são elaborados e desenvolvidos enquanto estratégias do 3º setor.

Nesse sentido, consideramos que a avaliação enquanto estratégia possui ampla relevância no centro da prática do serviço social na gestão social, porque tem por desígnios, consignação de subsídios para avaliar e apresentar resultados que servirão de base para melhor aprimoramento e/ou planejamento para implantação de novas ações em prol da população usuária.

A avaliação ainda se compromete com o desenvolvimento e o aprimoramento de estratégias de intervenção no caso, ou seja, ela precisa ser adequada para indicar algo à referência da política que está sendo analisada. Sendo desenvolvida de forma crítica, corrobora com o empoderamento, elevação social e incremento institucional.

Assim, com relação ao conceito defi nido

por pesquisa avaliativa, podemos entendê-la enquanto aplicação ordenada

de metodologias procedentes das

ciências sociais para impetrar análises

a respeito dos programas, serviços

e/ou projetos de intervenção social.

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Fundamentos de Gestão em Serviço Social

Se você quiser conhecer mais sobre avaliação social e como desenvolvê-la no âmbito da prática do serviço social na gestão, indicamos a leitura do livro Avaliação de políticas e programas sociais: teoria e prática.

FONTE: SILVA, M. O. da S. e. Avaliação de políticas e programas sociais: teoria e prática. (Orgs.). São Paulo. Ed. Veras. 2001.

Ela ainda auxilia para a sedimentação dos processos de gestão pautado na democratização da atividade pública, bem como para o atendimento condizente com a realidade de grupos socialmente excluídos, para a prática institucional e fortalecimento das instituições.

De acordo com Arreaza e Moraes (2010), os aspectos dos díspares atores enredados no programa Serviço ou Projeto, as táticas de pesquisa avaliativa podem desdobrar-se na análise estratégica de implantação, de desempenho e dos efeitos das ações. O profi ssional que realizar a pesquisa avaliativa necessita concluir o seu trabalho, ancorando-se nas informações que foi crível ser angariado e que será empregado no andamento da análise e tabulação das informações.

Deve articular todas elas com os desígnios e fi nalidades que foram delineados no momento do planejamento dos respectivos serviços, programas e projetos avaliados para que possa, frente aos resultados alcançados de toda a avaliação desenvolvida, alcançar a tomada de decisão para uma reconfi guração das ações, aperfeiçoamento, continuação, ampliação das ações entre vários outros aspectos que a equipe de responsável pelas análises possam defi nir.

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Capítulo 1

5 A avaliação, como técnica e estratégia investigativa, é considerada como um processo sistemático para verifi car se os serviços, programas e projetos estão sendo desenvolvidos conforme foram planejados. Sendo assim, essa técnica tem um objetivo específi co delimitado. Qual objetivo corresponde a essa técnica investigativa da avaliação?

R.: ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

6 Cada avaliação desenvolvida deve ser permeada por três elementos fundamentais que se manifestam com distintas magnitudes. Sendo assim, descreva quais são esses três elementos basilares que devem compor a avaliação no momento de seu desenvolvimento:

R.: ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

FIGURA 6 – PESQUISA AVALIATIVA

FONTE: A autora

Ainda, para Arreaza e Moraes (2010), o campo da avaliação acolhe uma variedade de possibilidades de recortes da realidade, bem como modos de defi nir tipos de abordagens e extensões para as práticas avaliativas que conjeturam, em apurado coefi ciente, as escolhas teóricas e pontos de vista dos múltiplos atores.

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Todavia, necessitamos lembrar que, segundo Muller e Surel (1998 apud BOSCHETTI, 2009), o procedimento de pesquisa para averiguar o desenvolvimento de atos de programas, serviços e projetos sociais não se iniciou como pesquisa avaliativa de modo crítico e analítico abrangendo a totalidade, mas com incremento de um potente arsenal de metodologias e procedimentos de avaliação, insurge, nos Estados Unidos na década de 1960, como um experimento de acomodar técnicas operacionais de aferição das ações previstas nos programas, projetos das políticas públicas sociais, com o desígnio de oferecer elementos de averiguação idênticos a um receituário como algo simplesmente funcional e tecnicista sem nenhum parâmetro crítico e social.

Gomes (2001, p. 19) confi rma com esse conhecimento que esse tipo de método funcionalista de avaliação:

Privilegia basicamente a análise e mensuração dos objetivos previstos. inscreve-se na mais pura tradição tecnocrática, sempre em busca de modelos de intervenção na realidade’ nesse primeiro momento, essas propostas de avaliação se caracterizavam por uma preocupação, excessiva com os instrumentais técnicos e metodológicos desconsiderando os aspectos políticos envolvidos na questão.

Essas técnicas de verifi cação foram constituídas para afi rmar o quanto os governos políticos eram capazes e excelentes no todo de uma economia de mercado. Ainda, segundo Gomes (2001), esse tipo de método de avaliação para programas e políticas sociais descrito anteriormente, desconhece por inteiro a realidade social vivenciada pelos indivíduos e grupos mais vulneráveis e se destina a acatar interesses e expectativas dos grupos pertencentes a elite fi nanceira, econômica e política de cada país.

Ponderamos ainda que essa tipologia de aferição, com a fi nalidade de avaliação, desconsidera a questão política que está conectada à ação, contribuindo para a permanência dos problemas sociais já existentes, o que colabora para a ampliação da exclusão e, por conseguinte, gera a desigualdade social, uma vez que, não agencia avaliações que de fato irão se comprometer com as transformações que são imprescindíveis (GOMES, 2001).

Nesse compasso, de acordo com Boschetti (2009), a utilização de um contíguo de processos e técnicas avaliativas, com anuência de criticidade em respeito ao preceito e função do Estado e das políticas sociais no enfrentamento das desigualdades sociais, levou a um amplo número de produções teóricas sobre a avaliação, com ênfase muito mais na aferição e desempenho das intervenções técnicas e apáticas do Estado, do que interessadas de fato em despontar suas funções na produção e reprodução das desigualdades sociais.

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Capítulo 1

Na abordagem metodológica da pesquisa avaliativa, ininterruptamente relevante, os profi ssionais compreenderam que ela se dedica a determinados assuntos basilares e que solicita atenção destes:

• aferir a efetividade da intervenção das ações desenvolvidas junto aos indivíduos e grupos usuários das políticas, projetos e serviços sociais;

Desse modo, podemos apreender que os estudos de caráter mais operacional e tecnicista se fi xam puramente em categorizar o estilo pelo qual precisa ser desenvolvido a avaliação de políticas e programas sociais. Isto é, conforme seu desígnio e aferindo as decorrências exclusivamente enquanto uma atividade efetiva, efi caz e/ou efi ciente, desconsiderando o conjunto que submerge as conjunturas em que são envolvidas as pessoas e grupos atendidos nas ações oriundas de projetos, serviços e/ou programas sociais.

Sob o ponto de vista metodológico, essas abordagens teóricas mais tradicionais adotam um procedimento em sequências que abordam as políticas sociais como um conjunto meramente de atividades que têm início, meio e fi m. Não consideram como procedimento de planejamento, formulação, implemento e materialização de ações que visam viabilizar direitos e serviços sociais constantes e universais (BOSCHETTI, 2009).

Ainda, segundo Boschetti (2009), existe um contraponto nessa questão, ela descreve o avanço no campo dos métodos de pesquisa em que tem sido cada vez mais buscado adotar análises na perspectiva crítica social. Com relação à avaliação, na perspectiva crítica social, concentram outros dispositivos, como o planejamento, comunicação, direção, controle, organização entre outros.

São destinados para o desenvolvimento e aprimoramento das questões intrínsecas aos serviços e programas, desenvolvendo o comprometimento com os sujeitos atendidos que são os mais importantes nessas ações (ARREAZA; MORAES, 2010).

Nada obstante, explicita que mesmo tendo surgido pesquisas avaliativas com a perspectiva de analise a partir da totalidade vivenciada pelos sujeitos, ainda prosseguem apreciações basicamente tecnicista e gerencialista.

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• tem dois tipos de foco: quantitativo – que se acena ao levantamento dos elementos anotados; qualitativo – que se alude a sistematizar a experiencia vivenciada tanto pelas pessoas quanto pelos profi ssionais envolvidos;

• conferir as evidências por meio de associações ou o que pode •ter de aportes para próximas fases da intervenção;

• estabelecimento de um método avaliativo que afi ance o alcance de indivíduos externos à equipe e na gestão dos programas ou serviços, através do agrupamento de outros grupos de empenho como: população prioritária das ações, comunidades e gestores de outros serviços.

No compasso dessa importante refl exão sobre as avaliações, Gomes (2001), de forma crítica, coopera com esse debate asseverando que um método avaliativo na perspectiva crítica necessita ir além das fronteiras das atividades executadas pelos programas, serviços e/ou projetos. Ainda, Segundo Gomes (2001), é indispensável que se considere nessa avaliação os assuntos de ordem estrutural e da circunstância vivenciada por toda a sociedade.

Toda a atividade devidamente planejada que se consubstancia por meio de projeto, programa ou serviço, precisa dessa atuação com vistas a acompanhar, controlar e avaliar, com vistas a avalizar que os desígnios constituídos possam ser obtidos. Dessa forma, avaliamos que o controle está pertinente com o estilo pela qual os objetivos precisam ser alcançados através da prontidão dos sujeitos que compõem a gestão social nas instituições públicas, privadas e/ou do terceiro setor.

Portanto, advertimos igualmente a seriedade e relevância da participação popular e das instâncias de controle social desempenhando suas atividades e contribuindo para avaliação social crítica das ações. Não obstante, necessitam ser ininterruptamente estimados como forma de aproximação às necessidades reais dos sujeitos e comunidades para desenvolver intervenções a respeito dos problemas sociais que abordam os usuários atendidos nos programas, projetos e serviços.

Diante ao exposto, podemos considerar a relevância da análise social crítica entendendo que o processo de avaliação do qual ela deriva, necessita se colocar na apreensão da acepção do cargo do Estado e das classes sociais na composição dos direitos e da soberania popular. A partir disso, os procedimentos de avaliações das atividades empreendidas nos programas, serviços e projetos

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Capítulo 1

sociais acerca de superar aspectos dependentes, habitualmente utilizados para esclarecer suas colocações e/ou implicações (BOSCHETTI, 2009).

Segundo Mishra (1975), a tradição marxista que viabiliza análises social crítica, mormente a partir dos anos de 1970, oferece estudos a respeito do começo e desenvolvimento das políticas sociais, com o aspecto de demonstrar suas aquisições e perspectivas na produção do bem-estar social nas sociedades capitalistas emergentes e remotas.

Conforme Boschetti (2009), a verifi cação sob a abordagem do método dialético proposto por Karl Marx trata, justamente, em colocar e abarcar os fenômenos sociais em seu complexo e contraditório procedimento de produção e reprodução, verifi cados por distintas circunstâncias sociais.

Assim sendo, admitimos que o princípio metodológico da verifi cação dialética da realidade social é o ponto de vista da totalidade concreta que, antes de tudo, estabelece-se como cada fenômeno pode ser compreendido, isto é, como um evento na totalidade da sociedade. De acordo com Sweezy (1983), um fenômeno social é um fato histórico uma vez que é examinado como um evento advindo dentro de um contexto e exerce uma colocação dupla:

• Defi nir a si mesmo e deliberar o todo, ser ao mesmo tempo produtor e produto.

• Conquistar o próprio sentido e no mesmo compasso, estima sentido a algo mais.

Os acontecimentos a que aludimos, segundo Sweezi (1983), expressam uma informação da realidade sólida e, por sua vez, se são abarcados como fatos de uma totalidade dialética. Isto é, o que se determina e/ou são determinantes dessa totalidade, de forma que não podem ser alcançados enquanto fatos isolados.

Por conseguinte, conforme Boschetti (2009), necessita-se avaliar a múltipla causalidade dos eventos, as vinculações internas e as relações entre as várias dimensões. Do ponto de vista histórico, é fundamental situar o aparecimento da política social e suas táticas, relacionando-se com as múltiplas expressões da questão social que causaram sua origem e que, dialeticamente, padecem das consequências de um Estado neoliberal.

Nesse compasso, deve buscar relacionar as políticas sociais com as determinações econômicas que, em cada momento histórico, adjudicam um caráter peculiar, admitindo, da mesma forma, conferindo um caráter histórico-estrutural. Assim, na Constituição Federal de 1988, compreendemos que se constituíram diretrizes relacionadas à descentralização político e administrativa

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Fundamentos de Gestão em Serviço Social

Nessa direção, a gestão social, avaliação social e controle social podem ter uma estima a diversos fatores. A seguir, analisamos quais são esses fatores, segundo Boschetti (2009):

Relação entre estado e organizações não governamentais: tem se contornado reiterada e, em determinados municípios, algo trivial que é a participação de organizações da sociedade civil (OSCs) na defesa de direitos humanos, civis e sociais e na execução de programas e projetos. Nesse ritmo, é basal avaliar-se e abranger a relação que se estabelece entre os órgãos públicos e as sociedades civis (OSCs) que atuam na prática da política e/ou programa avaliado.

Participação e controle social democrático: busca avaliar os mecanismos de controle que a sociedade possui para acompanhar e procurar a promoção e concretização do exercício da cidadania. Esse identifi cador recomenda discutir a performance e as imputações dos movimentos sociais e dos conselhos de direitos.

Relação entre as esferas governamentais: a fundamental diligência é compreender os cargos admitidos em cada uma das esferas de governo seja: Federal, Estadual, Municipal e do Distrito Federal. No aspecto de identifi car se tem autonomia nas instâncias, se existe acepção de atribuições, se acata e fortalece a descentralização político administrativa na formulação e cumprimento da política e/ou programa social avaliado. Enfi m, tem por fi nalidade analisar a quem incumbe a defi nição de normas e diretrizes, a quem é encarregado a responsabilidade de fi nanciamento e se advém complemento no bom emprego dos recursos ou se há sobrecarga de determinada instância.

com autonomia das esferas governamentais e participação popular no controle social das ações governamentais, enquanto fundamento para estruturação das afi nidades entre os poderes públicos das três instâncias e entre a sociedade civil na implementação e execução de ações referente às políticas sociais.

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Capítulo 1

A utilização da prática de avaliação social no assunto em que estamos explanando, está associada ao desenvolvimento do método de avaliações e análises críticas que os profi ssionais, sobretudo do serviço social, devem empreender para analisar, ressaltar e regular algo que esteja em execução no campo das atividades ante vistas em serviços, programas e/ou projetos sociais.

Assim, ressaltamos que a avaliação como técnica e tática investigativa é considerada, enquanto método sistemático, para verifi car se serviços, programas e projetos estão sendo executados conforme o que foram planejados e tem um desígnio característico abalizado que é de produzir resultados concretos que possam balizar as decisões a serem tomadas pelos responsáveis envolvidos.

Gomes (2001) corrobora informando que a avaliação a ser empreendida. no domínio das políticas sociais. necessita ser na perspectiva cidadã, ou seja, precisam envolver a sociedade civil no desenvolvimento de sua execução, por fi m, a população é a basilar de mandatária das ações adimplidas. Dessa forma ainda segundo a autora acima, ela destaca que:

Os objetivos da avaliação não podem se restringir apenas a oferecer subsídios à atuação do estado, já que ele não é o único executor de políticas sociais. os problemas, detectados não podem ser resolvidos somente pela via do estado: implicam também a participação da sociedade civil. A missão da avaliação no campo social, nesse contexto, seria a de realimentar ações buscando aferir resultados e impactos na alteração da qualidade de vida da população benefi ciária (GOMES, 2001, p. 27).

Assim, toda avaliação a ser desenvolvida precisa corresponder a alguns elementos básicos para um bom desenvolvimento, são eles:

• medição que serve para regular as variações e críveis mudanças; • descrição representa o objeto da ação e julgamento que explicita que

os processos de avaliação podem produzir a importância da ação desenvolvida.

Nesse ritmo, o tipo de avaliação que se executa, no âmbito das atividades executadas através de serviços, programas e projetos de atendimento à população dentro das várias políticas públicas sociais e/ou ações de iniciativa própria, é caracterizada como avaliação formal. Considera-se formal pelo fato de que esse tipo de avaliação necessita ser baseada em procedimentos científi cos de coleta e análise de informação sobre o que foi planejado e está em execução e, ainda, processar os efeitos dessa análise de dados e aferir os impactos que as atividades em andamento desses programas e serviços acarretaram a vida dos indivíduos e famílias atendidas por essas táticas das políticas públicas sociais.

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Logo, não cabe fazer avaliações que sejam pautadas em senso comum, critérios meramente particulares de cada profi ssional e/ou gestor, pois, assim, desmerece o rigor científi co e fortalece as informalidades.

A avaliação de uma determinada ação, acoplada a programas, projetos e serviços antevistos nas políticas sociais, sugere inseri-la na totalidade e dinamicidade do fato. Sendo assim, mais que aceitar e ter conhecimentos a respeito dos tipos e procedimentos de avaliação, é fundamental aos profi ssionais no desenvolvimento de sua prática, reconhecer que as políticas sociais com suas táticas contêm um cargo imperativo na consolidação do Estado democrático de direito.

Assim, para desempenhar sua prática profi ssional nesse âmbito, necessita ter o compromisso com a universalização e concretização de direitos. Além disso, todo o tipo de avaliação a ser empreendida necessita se sobrepor ao tecnicismo e ao emprego de instrumentais sem refl exão e criticidade, assim, rompendo com esse praticismo, cabe ao profi ssional se assentar no campo da identifi cação da compreensão de Estado e das políticas sociais que ocasiona o resultado (BOSCHETTI, 2009).

Para Baptista (2013), os critérios mais clássicos empregados na avaliação de projetos, serviços e programas sociais são relacionados aos consequentes aspectos avaliativos:

• o critério da efi ciência que apresenta se a ação planejada conseguiu otimizar recursos, se alcançou padrões de qualidade e se apresentou capacidade total em atender as demandas dos usuários;

• a avaliação da efi cácia é analisada por meio de observações dos objetivos e metas propostas no planejamento;

• por fi m, a avaliação da efetividade refere-se ao estudo do que fora planejado.

Esses critérios têm por fi nalidade assessorar os profi ssionais responsáveis pela avaliação e examinar se a atividade executada conseguiu ofertar uma modifi cação imprescindível na vida dos indivíduos atendidos pelas atividades.

Conforme Baptista (2013), a avaliação, seguindo os respectivos critérios supracitados, aporta-se de elementos secundários, registros, pesquisas etc. Como modo de conseguir subsídios a mais para se ter uma avaliação na totalidade. Ou seja, avaliar como era antes da intervenção e o que de fato pode ser alterado e/ou transformado a partir da ação executada.

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Capítulo 1

1 Natureza e tipologia dos direitos e benefícios previstos e/ou praticados

Descrever a natureza da política e/ou programa constitui contemplar e fazer referência as suas propriedades e propriedades inerentes, de modo a apontar a tendência evolutiva, bem como sua probabilidade de contrapor à verifi cada situação social e contribuir para atenuar as disparidades sociais que geram as múltiplas expressões da questão social.

2 Abrangência

A identifi cação da abrangência contribui para manifestar o alcance da política pública por meio de seus concernentes serviços, ações, programas e projetos avaliado. O basilar elemento que compõe esse identifi cador é o número de indivíduos e/ou famílias acompanhadas, contudo, este, exibindo-se solitariamente, não revela, necessariamente, o que se precisa ser revelado.

3 Critérios de ascensão e permanência: os critérios de acesso e permanência dos cidadãos em alguma política e/ou programa social

São reveladores da fi nalidade e competência de inclusão e/ou exclusão da promoção a alguma atividade. Quanto mais rígidos e cingidos forem os critérios de promoção e permanência, mais seletivas o parecer da política pública aproxima-se a ser. De tal forma, é fundamental agregar os critérios de promoção às condicionalidades para continuação das pessoas no atendimento/

Portanto, pressupõe conhecer e explicitar sua dimensão, signifi cado, abrangência, funções, efeitos, por fi m, todos os dados que conferem forma e signifi cação às políticas sociais (BOSCHETTI, 2009).

Para saber mais a respeito de como desenvolver avaliação social no âmbito da gestão social de atividades desenvolvidas através de programas e serviços das políticas sociais, Boschetti (2009) desenvolveu determinados indicadores e opiniões basilares que auxiliam as avaliações nesse campo. A seguir, veremos cada um desses respectivos indicadores com seus conceitos fundamentais conferidos.

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acompanhamento desenvolvido pelas atividades referente às políticas sociais.

4 Formas e mecanismo de articulação com outras políticas sociais

Aferindo que cada política pública social com suas concernentes ações se propõe a atender circunstâncias sociais, como educação, renda, saneamento básico, saúde, cultura, habitação, previdência social, assistência social, transporte, trabalho etc., é basilar apreender se existe a intersetorialidade entre as políticas analisadas e as demais, o que permite alcançar uma avaliação mais ampla sobre as possibilidades de o conjunto das políticas sociais assegurar a satisfação das necessidades basilares dos sujeitos e famílias acompanhadas.

FONTE: Adaptado de BOSCHETTI, I. Avaliação de políticas, programas e projetos sociais. In: CFESS/ABEPSS (Org.). Serviço social: direitos sociais e competências profi ssionais. Brasília: CFESS/ABEPSS, 2009.

Desse modo, serviços, programas e projetos, todos devem ter como intencionalidade oferecer atividades que benefi ciem expressivamente a vida dos indivíduos e grupos. Cada qual tem desígnios e fi nalidades, metas, princípios, diretrizes, meios, objetivos, controle e monitoramento, considerando que devem ser comprometidos em suscitar autonomia, emancipação e protagonismo social de cada sujeito atendido.

Destarte, consideramos que, para que de fato desempenhem seus papéis perante as necessidades e emergências da população, é basilar que a avaliação a ser utilizada na prática do serviço social na gestão, estabeleça-se de modo crítico e dialético e com o compromisso de conseguir apontar a realidade e agenciar meios de ações com vistas à transformação necessária na vida dos indivíduos atendidos no campo dessas estratégias, sejam elas oriundas das políticas sociais e/ou demais táticas desenvolvidas por outros setores da sociedade.

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Capítulo 1

4 ALGUMAS CONSIDERAÇÕESNeste capítulo, procuramos explicitar a respeito de conhecimentos que são de

suma importância para o desenvolvimento da prática do serviço social no âmbito da gestão social, dialogando sobre importantes refl exões a partir das orientações ética para conhecer instrumentos fundamentais ao desenvolvimento de uma prática na gestão de forma ética, coerente, instrumentalizada e fundamentada teoricamente e metodologicamente.

Como aluno, você foi orientado a se instrumentalizar para a prática do serviço social no campo da gestão social e, no aspecto da ética profi ssional, ainda pôde estudar a respeito de atividades que não se articulam com a ética profi ssional no serviço social, compreendendo que não se pode reproduzir padrões de práticas que não cooperam com a prática do serviço social. Você também foi orientado a respeito da importância dos procedimentos científi cos e metodológicos que temos a partir do emprego da pesquisa e teve acesso aos tipos de pesquisas que são mais relacionadas no campo da gestão social e, ainda, foi orientado a respeito da relevância da avaliação social e como utilizá-la nos procedimentos de gestão social.

Procuramos explicitar que uma prática profi ssional, no âmbito do serviço social, não se desenvolve exclusivamente com um conjunto de técnicas operacionais, mas sobre a relevância de cada profi ssional se aportar do conhecimento teórico e científi co para que de fato possa existir compreensão da realidade social vivenciada pelos indivíduos para que, assim, possa obter subsídios para promoção de mudanças no âmbito da gestão no sentido de oferecer atividades estratégicas que vão ao encontro das necessidades dos sujeitos em atendimento.

Confi rmamos a importância desse estudo para o Serviço Social, uma vez que, os assistentes sociais executam sua intervenção profi ssional em serviços, programas e projetos sociais e, por essa razão, é proeminente compreender os processos e métodos que abarcam esse campo sócio-ocupacional de desempenho profi ssional.

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Fundamentos de Gestão em Serviço Social

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CAPÍTULO 2

CONTEXTOS E DESAFIOS DA GESTÃO DO SERVIÇO SOCIAL PARTICIPATIVA E CONTEMPORÂNEA

A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo, você terá os seguintes objetivos de aprendizagem:

• Apreender a respeito dos modelos de gestão social.• Identifi car quais modelos são possíveis de serem implementados e implantados

em uma gestão social do serviço social.• Conhecer as instâncias de participação popular, a relevância de cada uma

delas e como desenvolver ações para incentivar a participação da população.

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Capítulo 2

1 CONTEXTUALIZAÇÃOEste capítulo tem como objetivo abordar informações pertinentes à gestão

social a partir da defi nição de seu conceito, refl etindo que, para ser considerada gestão social, deve ser ancorada e fundamentada na concepção do Estado democrático de direito e, assim sendo, deve assumir o compromisso em promover ações que fortaleçam a cidadania de todas as pessoas.

Estudaremos sobre a relação da gestão social com os preceitos demarcados na Constituição Federal (1988) para o desenvolvimento de ações, serviços, programas e/ou projetos de atenção às demandas da população.

Em seguida, vamos estudar os principais autores que discutem o tema, apresentando suas defi nições, aprenderemos também sobre os modelos de gestão que têm sido empregues no âmbito da gestão social, identifi cando cada um deles e seus principais desígnios e especifi cidades.

Por conseguinte, estudaremos a respeito do processo de formação de instâncias participativas a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, compreendendo a importância das instâncias participativas para o desenvolvimento e fortalecimento do controle social.

Por fi m, você conhecerá o conceito de controle social no âmbito das políticas públicas sociais e aprenderá quais são os principais mecanismos do controle social que envolve a participação direta da população no que diz respeito a opiniões sobre o andamento das ações por parte do poder público, consulta que o Estado pode fazer mediante a um tema polêmico, além de saber como funciona o conselho de direitos das diversas políticas públicas sociais.

Fique atento e vamos, juntos, na busca pelo conhecimento e aprimoramento profi ssional. Bons estudos!

2 MODELOS DE GESTÃO SOCIALAntes de estudarmos os modelos de gestão social em si, faremos várias

refl exões, por exemplo, a importância da gestão social na prática do serviço social, aspectos relacionados à constituição do Estado, a relevância do controle social a partir dos conselhos de direitos, entre outros aspectos que fazem parte da temática da gestão social de forma macro, para, posteriormente, apresentarmos e conceituarmos os referidos modelos de gestão aplicados na gestão social.

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A prática da gestão social identifi ca-se, especialmente, com a prática desenvolvida no campo das políticas públicas sociais. Consideramos que a gestão social tem uma relação direta com atos de governo, compete, deste modo, à natureza do estado enquanto ambiente institucional (FRANÇA FILHO, 2012).

Na perspectiva da prática do serviço social, geralmente, a gestão social se encontra identifi cada com contextos concernentes, por exemplo, à política de assistência social, saúde, habitação entre outras políticas que são de atenção direta à população.

A gestão social se estabelece na compreensão de um Estado Social de Direito e, assim, comprometido com a cidadania de todos os cidadãos de uma nação. Baseia-se em princípios constitucionais previstos na Carta Magna de 1988, que dão contorno e conteúdo às políticas, programas e aos serviços estabelecidos nas políticas públicas sociais.

Admite que o Estado tem o papel de ser o comando regulador dos atos públicos. Rotineiramente, o conceito de gestão social pública é sobreposto tanto à gestão social de empreendimentos, realizados por parte do Estado, quanto àquelas provenientes da sociedade civil organizada e por ações desenvolvidas por movimentos sociais de qualidade pública não estatal.

Esse debate nos leva a pensar a respeito do social enquanto uma categoria teórica, que, além disso, faz parte de uma tradição clássica no pensamento das ciências sociais, segundo a própria seriedade do conhecimento sobre o signifi cado de socius nos primórdios do pensamento sociológico. Neste compasso, apreender a problemática da gestão social atualmente, sugere, em certo alcance, refazer-se e modernizar a signifi cação da ideia de socius (FRANÇA FILHO, 2012).

Destarte, o autor França Filho (2012), de forma bem concisa, leva-nos a refl etir o social como aquilo que não é o econômico, mas o inclui. Neste tipo de compreensão, implica averiguar a respeito do lugar do econômico nesta nova confi guração de deliberar, atuar, refl etir, intervir e fazer a gestão social.

Deste modo, aquilo que não é econômico, França Filho (2012) diz que é político, é cultural, é ambiental, isto é, nesta arena da gestão social, permanecemos trabalhando com assuntos ligados à gestão educacional, de saúde, ambiental, à gestão da cultura, às formas de organização política etc., e que, no fi nal das contas, semelha ressignifi car uma discussão sobre direitos ou luta por direitos na contemporaneidade.

Implica salientar que a gestão social submerge mobilização de recursos econômicos, não obstante, o conhecimento do que é o econômico na gestão

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Capítulo 2

social semelha redefi nir-se, uma vez que, os meios e formas de mobilização de recursos, isto é, de fazer economia na gestão social, podem modifi car muito expressivamente, conforme modalidades e confi gurações bem assinaladas entre as próprias relações de mercado e as diferentes formas de redistribuição e de mutualização de soluções alicerçado em princípios de solidariedade.

De outro forma, podemos dizer que a gestão social se articula com a economia ao passo em que a problemática da gestão das demandas sociais, atualmente, por meio da própria sociedade, conjectura, em ampla parte das circunstâncias, ocupar-se com a mobilização de recursos econômicos e desenvolver ações com distintas lógicas de organização da atividade econômica.

França Filho (2012) ressalta que este é o sentido de uma economia mais substantiva, segundo determinada tradição da antropologia econômica, em que o econômico se determina como um caminho para a concretização de fi ns não parcimoniosos, diversamente de uma compreensão da atividade econômica enquanto um fi m em si mesma, tal como ela acontece no espaço do mercado.

Por considerações, França Filho (2012) salienta a necessidade constante de inovação tácita nas práticas de gestão social. Isto se a problemática da gestão social conjectura uma confi guração de gestão a partir da própria sociedade, empregando mecanismos de auto-organização, a inovação consiste nos procedimentos de transferência de poder que ela gera, numa outra abordagem da condição humana, trabalho, entre outros.

De tal modo, o campo da gestão social, enquanto prática do serviço social, exibe-se favorável à manifestação de outras racionalidades justaposta à gestão de organizações. Neste compasso, a natureza especial da gestão social que França Filho (2012) discorre, assinala, no campo da formação, algo corriqueiro ao que ocorre em diferentes áreas profi ssionais, ou seja, o indispensável aprendizado de desenvolturas para lidar com múltiplas e díspares exigências, principalmente quando se trata de demandas que evolve as necessidades sociais das pessoas.

É como se as antigas exigências do chamado trabalho social, no sentido mais tradicional do termo, aumentassem signifi cativamente em complexidade. Aqui, fomos mais enfáticos em uma dessas exigências, que é precisamente o modo de lidar com o econômico.

São precisamente essas novas exigências que aludimos anteriormente, que reafi rmam o necessário aprofundamento do diálogo aqui proposto, que não pode, muito naturalmente, resumir-se à gestão, à administração pública e ao serviço social, mas incluir muitos outros campos do conhecimento e áreas profi ssionais.

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2.1 AS POLÍTICAS PÚBLICAS E O ESTADO

De acordo com Carvalho (2012), as políticas sociais operam como fi ltros redistributivos de proteção social e desenvolvimento da população de uma dada nação. É na confi guração e teor das políticas públicas sociais que se retornam as máximas esperanças por diminuição das desigualdades, enfrentamento aos índices de pobreza e oportunidade concreta de inclusão social de ampla parte da população.

Foi no último centenário que as necessidades dos sujeitos e famílias se constituíram reconhecidas como fi dedignas, estabelecendo-se em forma de direitos e exibindo-se como alicerce da política pública social.

Nada obstante, a cidadania de todos os cidadãos, enquanto aquisição civilizatória, conserva-se na pauta das lutas políticas, é que as disparidades sociais não foram erradicadas e permanecem sendo a expressão mais visível do constante confl ito e presença dos depostos de direitos. Tem defi nição abarcante não se diminuindo exclusivamente à gerência técnico-administrativa de serviços e programas sociais.

Acena-se essencialmente à governança das políticas e programas sociais públicos, interferem na qualidade de bem-estar oferecida pelo Estado, na cultura política carregada no fazer social, nas prioridades inscritas na agenda política, nos métodos de tomada de decisão e implantação de políticas e programas sociais e nos procedimentos de aderência dos sujeitos sociais implicados (CARVALHO, 2012).

Nesse compasso, é possível, aqui, retomar algumas referências com relação às políticas sociais. Verifi camos brevemente que, no pós-guerra, tivemos o surgimento do welfare state – Estado de bem-estar social, implantado nos países capitalistas desenvolvidos, cujo papel do Estado era claramente o de regulador e executor do direto dos serviços sociais básicos de direito dos cidadãos. A gestão da política pública foi concebida de forma centralizada e setorializada.

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Capítulo 2

De acordo com a teoria liberalista na ótica da economia, o Estado deve funcionar em tamanho reduzido e deixar o mercado se autorregular, isto é, sem a interferência do Estado na economia e nas negociações de compra e venda. Ademais, o Estado mínimo ainda enfatiza que, com relação à demanda social, o governo deve se responsabilizar apenas com saúde, educação e segurança.

Para saber mais a esse respeito, acesse o link: https://www.dicionariofi nanceiro.com/estado-minimo/.

Welfare state – estado de bem-estar social: segundo Gomes (2006, p. 203), Estado de bem-estar social: “conjunto de benefícios sociais de alcance universal promovidos pelo Estado [...] que signifi cam segurança aos indivíduos para manterem um mínimo de base material e níveis de padrão de vida”.

FONTE: GOMES, F. G. Confl ito social e welfare state: estado e desenvolvimento social no Brasil. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 40, n. 2, p. 201-234, 2006.

Nas últimas décadas, o Estado, enquanto governo, vem adotando a lógica do Estado mínimo, adotando o receituário neoliberal, as constrições econômicas, ajustamentos fi scais, devido à globalização da economia e toda uma pressão das agências multilaterais. Nesse sentido, podemos perceber, cada vez mais, o Estado não assumindo verdadeiramente o que lhe compete e transferindo sua responsabilidade em implantar, gerenciar e executar ações de políticas sociais para a sociedade civil organizada.

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Nesse compasso, o neoliberalismo se constituiu e oportunizou alicerces para um novo padrão infl uenciando não somente à política econômica, mas à social. Foram ocasiões de receitas neoliberais com destaque numa agenda que não priorizava as políticas públicas, como a universalização do acesso à saúde, à habitação, à educação entre outros. Entretanto, na perspectiva neoliberal, o trabalho se voltava para a focalização e seleção dos pobres e de determinadas minorias, como prioridades na proteção social (CARVALHO, 2012).

Cabe destacar que o Consenso de Washington se bancou enquanto uma referência a nível universal dos frutos neoliberais. Entretanto, os ares neoliberais na adequação da política social não se ampararam em virtude das próprias crises e coações brotadas no cerne de uma sociedade mais consciente de seus direitos, bem como do regime democrata instalado nos países que se legitimam enquanto Estado democrático de direito.

Os eventos nos quais sociedade e Estado estão imergidos, os avanços acelerados e continuados da ciência e da tecnologia, os procedimentos de globalização que nos atingem e a máxima interdependência de outros países, o triunfo e quiçá a consternação de um capitalismo planetário, a onda neoliberal que contaminaram a própria política social e econômica, as devotadas compressões e ajustamentos econômicos, as alterações radicais de percepção e produção da riqueza e do trabalho, a assombradora disparidade e expansão da pobreza, sem imprecisão infl uenciaram uma nova geração de políticas públicas sociais (CARVALHO, 2012).

Ainda, segundo Carvalho (2012), todos estes episódios que se estabelecem de contorno interdependente nos induzem a acreditar em um pós-welfare state e na presença de um Estado aquém, executor de políticas públicas sociais, no entanto, indutor, articulador e agregador. Ou seja, um Estado coordenador.

De acordo com Carvalho (2012), há um claro movimento e, sem dúvida, importante retomada da força do Estado como intelligentia do fazer público sem, apesar disso, tomar o cumprimento direto das ações relacionadas aos serviços públicos oriundos das políticas públicas sociais.

Isto é, uma visão preferencial para os grupos que se encontram em circunstância de pobreza, vivendo na vulnerabilidade social e/ou, até mesmo, em risco social/pessoal. Assegura-se, deste modo, uma política de proteção social – e, nela, a assistência social tem prioridade incondicional. Composta por um contíguo de transferências e prestações não contributivas assinaladas das prestações consecutivas dos serviços sociais fundamentais.

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Capítulo 2

FIGURA 1– GESTÃO SOCIAL NA AMPLIAÇÃO DOS DIREITOS

FONTE: A autora

Destarte, é importante sinalizarmos que existe um processo descentralizador e municipalizador em percurso com atributos democráticos e com apreço e asseveração da relevância da participação popular. Isto passou a ocorrer após a promulgação da Constituição Federal de 1988, que alude a respeito da gestão pública e social ser desenvolvida de forma partilhada e democrática, acondicionando a concepção e comparecimento de conselhos de direitos paritários para tomada de decisão e controle da execução das políticas públicas sociais.

De acordo Gonçalves, Kauchakje e Moreira (2015), a universalização e ação de focalização das necessidades para a promulgação e efetividade de direitos, podem ser complementárias e não dicotômicas, perante os conceitos delineados. Gonçalves, Kauchakje e Moreira (2015) só indicam que pode haver uma inconsistência em relação à última, quando ela é empregada de aspecto intencional e não de forma ética para com as precisões populacionais, ou seja, enquanto um recurso e/ou estratégia para a redução de investimentos governamentais que, por sua vez, em determinadas conjunturas são transferidos para as responsabilidades individuais ou familiares.

No entanto, cabe destacar que, por um lado, praticamos uma descentralização truncada com claras difi culdades de reconhecimento e fortalecimento do pacto federativo brasileiro. De outro lado, os conselhos municipais, estaduais e nacionais, no geral, não assumem sua função mais nobre de zelar pelo bem público, pela redistribuição equitativa das oportunidades da política pública, muitos conselhos renovam a postura corporativista.

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Segundo Carvalho (2012), parcerias de cunho público-privado surgiram a partir da década de 1990, e tem se fi xado cada vez mais com a chegada do novo século, despontou com o objetivo de fi car no novo arranjo implementador e operador dos serviços da política pública. Existe, nesta ocasião, especialmente na arena das políticas públicas básicas, abissais aversões, visto que, consideram que o Estado deve assumir sempre o lugar de executor e não transferir para o setor privado e/ou terceiro setor.

Contudo, embora se admita a corresponsabilidade da sociedade civil nos negócios públicos, embora tenha havido um desenvolvimento exponencial do terceiro setor no país, a questão das parcerias público privadas no âmbito da gestão social conserva-se polêmica.

É importante considerarmos que é notório um certo não investimento social nas instituições que oferecem os serviços públicos sistematizados nas políticas públicas sociais, por isso que ampla parte dos profi ssionais, principalmente do serviço social, defendem o Estado não somente enquanto desenvolvedor de políticas públicas, mas como gestor e executor.

Nesse compasso, o desinvestimento se banca no insufi cientíssimo recurso fi nanceiro disponibilizado para o alargamento e custeamento das ações com qualidade dos serviços. Este é quem sabe o maior risco:

• de ausência de efetividade da política social; • de carência de novidade substantiva; • precipitação de ressurgimento e fortalecimento de uma cultura política

calcada no neopopulismo (CARVALHO, 2012).

Quando falamos a respeito do Estado e de sua responsabilidade com relação ao desenvolvimento e implementação para aplicação das ações das políticas públicas sociais direcionadas aos cidadãos, é importante considerarmos que se estabelece uma nova disposição na gestão pública social.

São novos os valores sociopolíticos que comprimem gestores sociais públicos a inovar e planejar as ações da política e programas sociais. Vejamos no quadro a seguir:

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Capítulo 2

QUADRO 1 – PRESSUPOSTOS PARA SE INOVAR O PLANEJAMENTO E GESTÃO DAS POLÍTICAS SOCIAIS

Uma arquitetura fundamentada na lógica da cidadania que promova ações inte-gradoras em torno do cidadão e do território como eixos de um desenvolvimento sustentável.Quer-se foco no território e em suas populações como portadoras de identidades, saberes, experiências e projetos de futuro que precisam ser reconhecidos no fazer dos serviços. Os cidadãos querem dos serviços públicos abertura para sua participação.Políticas e programas desenhados pelo prisma da intersetorialidade, reduzindo a ênfase nos tradicionais recortes setoriais e especializações estanques.Quer-se romper com a ênfase nas vulnerabilidades e carências da população, apostando-se ao contrário no reconhecimento e destaque em suas potenciali-dades e fortalezas.Quer-se novas relações entre Estado e sociedade civil para recuperar a confi -ança social perdida.O cidadão já não quer ser reconhecido como um somatório de necessidades e direitos; deseja atenções integrais (integralizadas).

FONTE: A autora

Uma das imputações intrínsecas ao desempenho do Estado é desenvolver a certeza social pública. Os agentes dos serviços públicos têm uma imputação altiva que é a de suscitar confi ança social pública.

Entretanto, quando a confi ança social está confusa, o serviço submerge ao mesmo tempo em seu predicado básico que é o de classifi car a cidadania, acionando inclusão e atenção emancipadora. A confi ança é a própria energia, o próprio ânimo ou o trampolim que nos impulsiona mais adiante (TEIXEIRA, 2007).

O novo estilo de ajuizar a respeito da gestão da política social, de um lado, derruba as fronteiras da setorialização das políticas sociais, de outro lado, robustece uma nova disposição, a de programas em rede que acrescentam múltiplos serviços, projetos, sujeitos e organizações no campo do território (CARVALHO, 2012).

Destarte, não mais ações isoladas, isto é, buscam atuar em forma de rede intersetorial e integrada, com ações que possam estar bem próximas da população, objetivando, assim, apresentar ações que façam sentido diante das necessidades dos usuários.

Por essa razão, os serviços e projetos na linha de frente do atendimento auferem uma margem basilar de autonomia para apresentar retornos mais assertivos, fl exíveis e ajustados, no que diz respeito ao direito de cada cidadão e da sustentabilidade do território a que estão inseridos.

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A Constituição Federal de 1988 e as variadas leis que foram sancionadas após a referida Constituição, colocaram novas diretrizes para a gestão pública, a citar:

• descentralização; • municipalização; • autonomia dos serviços; • participação deliberativa da sociedade.

Todas essas diretrizes são fundamentais para o desenvolvimento da gestão e da execução das ações voltadas para a população e, nesse bojo, podemos mencionar sobre a intersetorialidade, bem como o princípio de partilhar ações com organizações da sociedade civil, que são um resultado das questões alocadas ao Estado na gestão social pública.

Intersetorialidade – corresponde ao trabalho que é desenvolvido a partir de várias equipes profi ssionais que trabalham em equipes nas diversas políticas públicas sociais visando à metodologia de trabalhar de forma integrada a partir de sua setorialidade.

Neste mesmo compasso, Carvalho (2012) informa a respeito do reconhecimento do território e, por conseguinte, a territorialização das atividades em execução da política pública como artefato agrupado aos nexos de intervenção. Refl etir sobre as várias políticas públicas sociais como interdependentes determinam um novo acondicionamento institucional e organizacional quebrando com o paradigma do aspecto unidimensional.

Por conseguinte, no lugar de uma inteligência que aparta o complexo do mundo em porções separadas, necessitamos de um aspecto que associe, estabeleça e totalize. Só de tal modo conteremos como valer-se de modo integral as inúmeras probabilidades de apreensão e ponderação propiciadas pelo desenvolvimento universal dos conhecimentos (NOGUEIRA, 1998).

Destarte, a gestão da política pública é apontada a produzir sistemas abertos de coordenação e dirigir atividades articuladas em redes multinstitucionais e intersetoriais com vistas a movimentar pretensões, induzir, compactuar e fazer calhar métodos e atos de máxima densidão e máxima força na vida de cada

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Capítulo 2

sujeito. É particularmente no plano municipal que a conjugação, tendência e conexão das políticas e programas setoriais atribuem nova arquitetura institucional e organizacional (CARVALHO,2012).

Em resumo, a ação pública anda, como asseveram Carneiro e Costa (2004), sob uma tripla compressão de transformação, são elas:

FIGURA 2 – POSSIBILIDADES DE TRANSFORMAÇÃO DAS ATIVIDADES ORIUNDAS DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

FONTE: A autora

Quando mencionamos a respeito da transição em direção às políticas transversais, consideramos que são apropriadas de unifi car a complexidade, já com relação às políticas participativas, ponderamos que estas são adequadas para adotarem os procedimentos de subjetivação em andamento, por fi m, quando nos referimos às políticas de inclusão, avaliamos que são apropriadas de agenciar inovações lógicas de coerência e redistribuição.

Assim, a agenda da inclusão se transforma, de tal modo, em uma peça-chave do Estado de bem-estar do século XXI.

Segundo Carvalho (2012), as políticas públicas estão sujeitas, atualmente, de solutos de acordo com a democracia que devem ser compartilhados entre Estado e toda a população. Deste modo, governança e governabilidade social calharam a depender, cada vez mais, da participação dos diversos sujeitos no que diz respeito às ações das políticas sociais:

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Caro aluno, para contribuir ainda mais com o seu conhecimento, deixamos como sugestão de leitura os seguintes livros:

OLIVEIRA, T. N. de (Org.). Política social e gestão de serviços sociais 2. Ponta Grossa: Atena Editora. 2020. Disponível em:https://www.finersistemas.com/atenaeditora/index.php/admin/api/ebookPDF/3057. Acesso em: 21 abr. 2021.

O presente livro versa sobre aspectos relacionados à política social e gestão de serviços sociais, que evidenciou o processo de trabalho do assistente social.

FIGURA – LIVRO POLÍTICA SOCIAL E GESTÃO SE SERVIÇOS SOCIAIS 2

• o Estado, a sociedade civil; • a comunidade; • o próprio público-alvo da ação pública.

No campo da gestão social política pública, estão presentes, interatuando em contorno ora confl ituoso, ora cooperativo, o Estado, a sociedade civil organizada, movimentos sociais, grupos de minorias, iniciativa privada, mercado, comunidades e cidadãos que vivem e reagem às intermediações dos partidos políticos. Nesta nova totalidade, o Estado tem desempenho essencial na regulação e fi ança da prestação dos serviços de direito dos cidadãos.

FONTE: <https://www.fi nersistemas.com/atenaeditora/index.php/admin/api/ebookImagem/3057>. Acesso em: 21 abr. 2021.

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Capítulo 2

REZENDE, I.; CAVALCANTI, L. F. (Orgs.). Serviço social e políticas sociais. Rio de Janeiro: UFRJ, 2006.

O presente livro traça uma série de continuidade entre as condições de manifestação do serviço social no século XIX com a determinação do objeto da profi ssão e o espaço de atuação do assistente social na contemporaneidade na área das políticas sociais. Como principais políticas públicas sociais, esse livro destaca as políticas de previdência à saúde, assistência à infância e adolescência, educação, trabalho e renda e terceira idade.

FIGURA – LIVRO SERVIÇO SOCIAL E POLÍTICAS SOCIAIS

FONTE: <https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/I/41dLMTN0vmL._SX356_BO1,204,203,200_.jpg>. Acesso em: 21 abr. 2021.

TENÓRIO, F.G. (Org.). Gestão social metodologia, casos e práticas. 5. ed. Editora. Rio de Janeiro: FGV, 2007.

O referido livro se contorna como um relevante material para os gestores sociais e profi ssionais que possuem interesses em se especializarem e atuarem com a população demandatária de serviços sociais, tanto nos programas governamentais como aqueles que são fomentados por organizações do terceiro setor.

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FIGURA – LIVRO GESTÃO SOCIAL: METODOLOGIA, CASOS E PRÁTICAS

FONTE: <https://m.media-amazon.com/images/I/41C4A1DrT3L.jpg>. Acesso em: 21 abr. 2021.

Por fi m, não podemos deixar de considerar que, da igualdade para a equidade no welfare state, as trincas nesse método estão abertas para todos os profi ssionais da área de gestão social. Não se conseguiu avalizar de forma efi caz a igualdade de oportunidades, não considera em sua universalidade substâncias socialmente expressivas, pois a demanda da sociedade, pautada no sistema capitalista, não alcança essa universalidade devido aos interesses antagônicos que a movem.

Contudo, Carvalho (2012) assevera que temos como possibilidade presente o paradigma de equidade que se pode ofertar distintas oportunidades para garantir o direito de todos os cidadãos em acessarem o que lhes são assegurados através de leis.

Quando aludimos a respeito da gestão social em uma totalidade, não podemos deixar de mencionar a respeito da vigilância social. De tal modo, os sistemas de informação são imprescindíveis como vigilância social, imagens e monitoramento ininterrupto da realidade.

Cabe destacar que os sistemas de informação trabalham como guia imperativo na gestão social. Os dados antecedem, cunhando memória e identidade. Imediatamente, fazem parte da agenda política, produz subsídios

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Capítulo 2

ordenados e seguros, monitora e afere a execução das políticas e programas sociais públicos, pratica a transparência e a prestação de contas da atividade pública.

Os subsídios alusivos à política social encontram-se consubstanciados em diferentes bancos de informações, ininterruptamente realimentados por censos, pesquisas e cadastros. Esses elementos auferiram, na última década, continuação, visibilidade e importância pública.

Este é, sem dúvida, um grande avanço. Outro grande avanço é o de possuirmos, atualmente, a probabilidade de avaliarmos e conferirmos longitudinalmente, na linha do tempo, a melhora da execução da política social no Estado brasileiro.

Nada obstante, os subsídios e indicadores sociais assentam e delineiam os défi cits e as vulnerabilidades sociais que punem os cidadãos. De determinado modo, toda a vigilância social que vem sendo bancada no âmbito da gestão social auxilia os governos municipais no procedimento de descentralização.

Assim sendo, o município adota a função fundamental na prática de oferta dos serviços sociais públicos básicos de direito dos cidadãos, como aqueles que são relacionados à educação, à assistência social, à habitação, à saúde entre outras políticas sociais.

A aposta e apoio aos procedimentos de descentralização e municipalização estão aportados nos conceitos de democratização dos interesses públicos, concordata com a maior equidade na promoção e utilização dos serviços provindos das políticas públicas e participação proativa da sociedade civil, arranjando, portanto, um novo acordo e condições de governabilidade (CARVALHO, 2012).

Entretanto, é importante não apreender a municipalização no Estado brasileiro como um avanço prontamente estabilizado. Isto porque a disparidade de municípios em nosso solo que tem dimensões continentais, as diferenças regionais, a defi ciência de aptidões locais, a presença também arraigada de oligarquias, favoritismos e coronelismo são algumas extensões de desafi os e sujeições para um processo de municipalização assertiva.

Determinados diagnósticos sugerem a existência de municípios inviáveis que dependem totalmente de transferências estaduais e federais para sobreviverem, de toda forma, Farah (2000) informa que a descentralização, municipalização e a participação são entendidas como elementos basilares de reorientação substantiva das políticas sociais.

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2.2 CONCEITOS DE GESTÃO SOCIALPara Kauchakje (2007, p. 27), a gestão social defi ne-se enquanto "gestão

de ações sociais públicas para o atendimento de necessidades e demandas dos cidadãos, no sentido de garantir os seus direitos por meio de políticas, programas, projetos e serviços sociais". Ainda, segundo a mesma autora, a asseveração de direitos se materializa através de políticas públicas sociais que são instrumentos de desempenho governamental a constituírem os planejamentos e serem implementadas e, no mesmo compasso, serem implantadas por meio de serviços, ações, projetos, programas que vá ao encontro dos interesses da população.

No que diz respeito ao conceito de gestão social, Fischer (2002 p. 27) caracteriza com a seguinte confi guração:

Um processo de mediação que articula múltiplos níveis de poder individual e social. Sendo um processo social e envolvendo negociação de signifi cados sobre o que deve ser feito, por que e para quem, a gestão não é uma função exercida apenas por um gestor, mas por um coletivo que pode atuar em grau maior ou menor de simetria/assimetria e delegação, o que traz uma carga potencial de confl ito de interesse entre atores envolvidos e entre escalas de poder.

Segundo Maia (2005, p. 2), sua apreensão conceitual a respeito do que se confi gura gestão social é defi nida como: “construção social e histórica, constitutiva da tensão entre os projetos societários de desenvolvimento em disputa no contexto atual”.

É salutar indicarmos que a gestão social não é alguma coisa inerte, isto é, de imediato assemelhar-se a ser alguma coisa abstrata, entretanto, quando consideramos os métodos intrínsecos a ela, no aspecto ético, podemos analisar que as atuações provenientes dela são reais, pois são geridas, refl etidas, discorridas e adimplidas por indivíduos, procurando regular-se em um procedimento racional de concordância.

Esses indivíduos hão de ter a competência de modifi car, decompor as circunstâncias postas e ter a ciência de se arrolar do melhor jeito, procurando um balanceamento entre as obrigações institucionais e, principalmente, as necessidades sociais e humanas da população que está sujeito às atividades planejadas e geridas pelos técnicos que compõem a gestão social.

Assim sendo, Tenório (1998, p. 126) contribuí com o debate apresentando sua relevância de estudos com relação à gestão social:

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CONTEXTOS E DESAFIOS DA GESTÃO DO SERVIÇO SOCIAL PARTICIPATIVA E CONTEMPORÂNEASOCIAL PARTICIPATIVA E CONTEMPORÂNEA

Capítulo 2

Gestão social contrapõe-se à gestão estratégica à medida que tenta substituir a gestão tecno burocrática (combinação de competência técnica com atribuição hierárquica), monológica, por um gerenciamento mais participativo, dialógico, no qual o processo decisório é exercido por meio de diferentes sujeitos sociais. E uma ação dialógica desenvolve-se segundo os pressupostos do agir comunicativo. [...] No processo de gestão social, acorde com o agir comunicativo – dialógico, a verdade só existe se todos os participantes da ação social admitem sua validade, isto é, verdade é a promessa de consenso racional ou, a verdade não é uma relação entre o indivíduo e a sua percepção do mundo, mas sim um acordo alcançado por meio da discussão crítica, da apreciação intersubjetiva.

Destarte, necessitamos abarcar que a gestão social, no Estado brasileiro, desenvolve-se de modo muito atual, uma vez que, ao ponderarmos as duas visões exibidas e todo o contexto narrado ao longo deste tópico, apreendemos que essa gestão se desenvolveu no Brasil tão somente a partir da materialização dos direitos sociais e fundamentais por meio da publicação da Carta Magna de 1988 e, ainda, de tal modo, não se expandiu e/ou se materializou a partir da totalidade, pois essa arena das questões sociais ainda é avaliada à margem das prioridades das atuações governamentais.

Adentramos esse parágrafo apresentando o que Carvalho (1999) traz com relação à gestão social. Ela informa que esta se acena à gestão de ações sociais públicas e acrescenta que a gestão pública, em especial do Estado, tem adotado alguns modelos para a gestão social. Tais modelos contêm características similares entre si e podemos assegurar que pode haver uma complementariedade também.

Esses tipos de modelos que vêm se constituindo, abarcado pela esfera governamental, determinados deles tem procurado uma máxima aproximação com a população de forma geral, privilegiando sua sabedoria, apreciação, moderando-se nas expressões de gestão de modo ético e, claro, de suas atuações perante a sociedade.

Além disso, faz-se imprescindível esses modelos, visto que, refl etindo sobre os avanços da sociedade e, da mesma forma, a necessidade de avançarmos nos procedimentos da forma de se fazer a gestão social na contemporaneidade, consideramos que esses modelos de gestão social podem assessorar nos processos da gestão social a fi m de conseguir os coefi cientes de transformação necessária na vida dos indivíduos e em seus relativos territórios.

Vejamos os principais modelos de gestão e seus respectivos conceitos empregados na gestão social a partir de Carvalho (2014).

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Para uma gestão participativa, a constituição brasileira e as leis orgânicas que asseguram e regulamentam a oferta e condução das políticas públicas prescrevem uma gestão compartilhada. Elege o Estado local como principal responsável na condução da política pública municipal e defi ne conselhos com participação paritária da sociedade civil na decisão e controle sobre as ações da política.

Ainda, Carvalho (2014) reforça que a construção da política determina a participação tanto da sociedade civil e população usuária como representantes do Estado, visto que se não for sistematizada dessa forma, a própria política pública em questão se enfraquece e perde sua legalidade.

Já a gestão do conhecimento visa fortalecer a dimensão da avaliação e monitoramento ininterruptos da realidade e dos resultados das políticas públicas sociais. No entanto, é importante considerar que a autora alerta de que não basta apenas ter dados quantifi cados, é necessário trabalhar de forma qualitativa, visto que, analisando e monitorando apenas com indicadores quantitativo, estes acabam desconsiderando o sentido público das políticas sociais.

É fundamental, também, que se publique e compartilhe as informações do que ocorre no âmbito da gestão, para que as pessoas possam ter noção do que está sendo feito, recursos fi nanceiros que estão sendo utilizados e de que forma, pois, assim, fornecerá visibilidade e responsabilidade com os gastos públicos.

No que diz respeito à gestão territorializada, é importante considerarmos que a antiga estrutura da administração pública, com muitas secretarias e departamentos, faz com que o Estado se torne mais obsoleto e menos efi caz no que tange às urgências em se resolver demandas da população e da sociedade de um modo geral.

Por essa razão, faz-se necessário adotar a lógica do trabalho territorializada, pois, de acordo com Carvalho (2014), tal perspectiva permite organizar a oferta de variadas ações em função das condições distintas dos territórios e das respectivas famílias e indivíduos que o habitam, isto é, buscando estar mais próximo da realidade vivenciada e, assim, fortalecendo o princípio da equidade das ações empreendidas pela gestão e, por conseguinte, consentindo oportunidade de acesso.

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Capítulo 2

De acordo com Serrano (2005, p. 75), território é um grande aglutinador de força, riqueza, capital, população, recursos materiais, sociais e culturais. Aí estão oportunidades e restrições, a memória, história, a geografi a e os recursos. Entendido como lugar da pessoa, opera como um contexto em que se expressam as diversas alavancas do desenvolvimento em forma integral e sistêmica, impulsionadas por traços comuns de identidade e experiência compartilhada.

Por fi m, consideramos e concordamos com Carvalho (2014) que é no território que as políticas públicas podem se reinventar e, com isso, também fazer uma nova forma de gestão, pois é lá que se expressa as identidades de cada pessoa, as experiências de vida, os saberes e suas demandas e, ainda, fortalece toda a população de cada território, podendo potencializar esses cidadãos no desenvolvimento da comunidade como um todo.

Com relação à gestão de ações públicas integrais e integradas, Carvalho (2014) requer que seja feito uma intervenção a partir de uma prática transversal, no compasso de que se façam presentes as diversas políticas ligadas, por exemplo, à assistência social, à saúde, ao meio ambiente, à habitação, à educação entre outras.

É muito importante considerar, na contemporaneidade, que essas políticas públicas se desenvolvam interdependentes, contudo, que estabeleçam as mediações estratégicas entre a especifi cidade do caráter setorial e a complementaridade.

Além disso, que essas políticas públicas consigam realizar a intervenção prevendo a articulação dos setores públicos com os setores privados nos vários territórios, buscando desenvolver projetos integrais em rede.

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FIGURA 3 – ESQUEMA MENTAL DOS PRINCIPAIS MODELOS DE GESTÃO DE ACORDO COM CARVALHO (2014)

FONTE: A autora

Destarte, o mundo globalizado em que convivemos com novas e remotas demandas sociais, com adensamento da exclusão social e, no mesmo compasso, com défi cits notórios para dar conta destas mesmas demandas, estabelece uma nova concordata social entre Estado e Sociedade Civil.

A descentralização de poder, soluções, imputações e aptidões decompõem o procedimento decisório. Reivindica do governo central o desempenho de asseverar a unidade e a colaboração sistêmica intergovernamental na condução da política social.

Segundo Castel (1998), considera Estado rede para apregoar as novas confi gurações articuladas de gestão. Assim, a gestão intersetorial será adequada para associar e (re)totalizar a política social pública.

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Capítulo 2

Você sabe que os assistentes sociais têm capacidade para agirem não exclusivamente no domínio do implemento de programas, serviços e projetos sociais, no entanto, ainda no campo da gestão social e planejamento das políticas sociais?

Esses profi ssionais podem se aperfeiçoar e procurar explorar este espaço ocupacional de atuação profi ssional, que tem requisitado cada vez mais profi ssionais formados em serviço social, visto o reconhecimento de suas competências técnico-operativa, teórica-metodológica e seu conhecimento a respeito das políticas sociais.

Para acalorar o debate, consulte o artigo A atuação do assistente social na gestão municipal da política de assistência social: desafi os e possibilidades. Disponível em: http://cress-sc.org.br/wp-content/uploads/2014/03/A-atua%C3%A7%C3%A3o-do-Assistente-Social-na-Gest%C3%A3o-Municipal-da-Pol%C3%ADtica-P%C3%BAblica-de-AS.pdf.

Dialogue com a equipe de trabalho em que você está inserido e/ou com seus colegas de pós-graduação a respeito da compreensão que cada qual possa alcançar com relação a esse espaço sócio-

É imprescindível refl etir a respeito das distintas políticas públicas como interdependentes. Por fi m, a gestão pública municipal necessita comprometer-se com as fi nalidades máximas de desenvolvimento social em cada território.

Nesse compasso, as secretarias municipais e outras áreas governamentais distintas precisam se submeter a um planejamento estratégico que estabelece abdicar-se do aspecto isolacionista e setorial da gestão clássica/tradicional. Igualmente, os conselhos setoriais necessitam perder a resistência que ainda é persistente do corporativismo e adotar a concordata de compartilhar disposições articuladas com a visão absoluta das demandas de cada munícipe (CARVALHO, 2012).

Assim, é conciso refl etir a respeito dos municípios enquanto uma totalidade formada com seus distintos territórios e de seus habitantes que trazem, além de suas demandas, suas identidades, histórias, relações necessidades e demandas, trazem conhecimento humano e social e possuem metas, sonhos, desejos e projetos de vida.

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ocupacional de atuação, assim como da relevância de cada profi ssional compreender a totalidade que envolve as políticas públicas sociais.

Além disso, debatam o que vocês compreendem por desafi os na política de assistência social e o que avaliam ser proeminente a ser colocado em prática para melhorar os mecanismos do desenvolvimento desta política.

Por conseguinte, é relevante considerarmos sobre o plano diretor da municipalidade e suas prioridades, que necessitam conjeturar a riqueza de detalhes contidos nestas identidades, demandas e projetos citados anteriormente. É indispensável adotar uma gestão social articulada entre serviços no microterritório, o que, por sua vez, assegura máxima autonomia de gestão aos programas e serviços de atendimento aos cidadãos como as unidades básicas de saúde, escolas, CRAS dentre outros serviços.

Não obstante, essa autonomia sugere o reconhecimento e articulação em rede dos serviços nos microterritórios, com a fi nalidade de que eles não caminhem de modo isolado, entretanto, asseverem um fl uxo constante de relações entre eles, assim como a informação e participação ativa dos usuários e da comunidade em geral.

Assim, consideramos que a combinação de autonomia e inserção dos serviços nessa lógica de rede dentro dos territórios, requer uma ágil e adequada movimentação de informações a respeito da cidade real, suas demandas e oportunidades que transitam na arena pública.

Confi a-se que a gestão social possa ter controles menos burocráticos e mais regressados a aferir efi cácia no consumo, e efi ciência e efetividade nos efeitos dessa gestão. Os cidadãos, especialmente os usuários dos serviços, ações e programas oriundos das políticas sociais, necessitam apreciar sua dinâmica, performance e resultados, precisam ter oportunidade efetiva de participar dos processos de tomada de decisões destas ações e serem agentes de monitoramento e avaliação dos resultados atribuídos às ações destas referidas políticas sociais.

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Capítulo 2

1 Conforme os estudos de Carvalho (2014), existem determinados modelos de gestão que vêm se constituindo e agrupando-se à gestão social. Entre eles, existem um método que privilegia a participação popular. Qual seria esse tipo de gestão?

R.: ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2 A gestão social está diretamente ligada a ações empreendidas a pessoas e grupos que apresentam demandas relacionadas a direitos sociais, por exemplo, à educação, à habitação, à assistência social, à saúde, entre outros. Desse modo, apresente qual é o conceito de gestão social defi nido pela autora Carvalho (2014) para a gestão social?

R.: ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

De acordo com Carvalho (2012), ações sociais isoladas e pontuais não são mais efi cazes e, por isso mesmo, outros termos introduziram-se em nosso vocabulário de ação e gestão pública: articulação, parceria e complementaridade. O novo desenho de gestão envolve parcerias e redes, envolve ações articuladas, intersetoriais, fl exíveis, mobilizando atores sociais governamentais da sociedade civil e iniciativa privada. Envolve comandos horizontais perspectivados pela busca da efi ciência, efi cácia e efetividade. Envolve democratização da coisa pública. A articulação/combinação de ações entre programas, intersetorial, intergovernamental e entre agentes sociais, permite potencializar o desempenho da política pública: arranca cada ação do seu isolamento e assegura uma intervenção agregadora, totalizante e includente.

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Para corroborar ainda mais com o nosso debate, Santos (2016) menciona que a gestão social das políticas sociais estabelece a gerência e direção da atuação pública, este treino de conduzir e governar precisa afi ançar o acesso da sociedade aos benefícios e serviços de predicados público. Para tanto, ponderar a respeito da gestão das políticas sociais recomenda referenciar a gestão de atuações públicas, como retorno às demandas sociais que têm a sua origem na sociedade e são conectadas e sistematizadas pelo Estado em distintas esferas de poder.

Assim, faz-se imperativo considerar a gestão social como fenômeno sócio-histórico, ou seja, abarcar como procedimento de uma totalidade, notando suas possibilidades e contornos. Em distintos termos, a gestão das políticas sociais não se autonomiza dos conjuntos históricos em que se atingem.

Outro fator principal é avaliar que a prática de gestão social, em serviço social, deve ser continuamente no aspecto do abarcamento da população consistir por meio de ações de consulta e/ou através dos mecanismos de controle social. Todavia, deixamos manifesto que a responsabilidade de implementar as políticas sociais e gerir a gestão em sua totalidade, precisa ser do Estado de forma ininterrupta e crítica.

Para aprovar esse conhecimento, Carvalho (1999 p. 25) nos dirige para a seguinte compreensão:

Há uma clara percepção de que os atores sociais e sujeitos coletivos presentes na arena política são corresponsáveis na implementação de decisões e respostas às necessidades sociais. Não é que o Estado perca a centralidade na gestão do social, ou deixe de ser o responsável na garantia de oferta de bens e serviços de direito dos cidadãos; o que se altera é o modo de processar esta responsabilidade.

Conforme Santos (2016), ela recomenda que, nessa totalidade, mencionado anteriormente por Carvalho (1999), a descentralização, o conhecimento, o fortalecimento da sociedade civil comprimem por instalações pleiteadas, por políticas e programas refl etidas através de fóruns públicos não estatais, em um implemento em parceria.

Coligado a isso, Santos (2016) ainda faz um alerta para que os gestores assistentes sociais careçam desenvolver suas práticas adequadas para agir na gestão pública como administradores na adesão do projeto democrático de sociedade e de gestão que se ambiciona o gestor público. Destarte, necessitando ter competência teórico-metodológica, ético-política e técnico-operacional em tão

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Capítulo 2

alto grau para analisar os movimentos da economia, da política, da sociedade e de seus grupos e indivíduos.

Para sumarizarmos, consideramos que, no mesmo compasso, deve existir o reconhecimento de novos direitos que passam a existir em cargo do movimento da sociedade, bancam-se presentes e comprimem, com mais ou menos intensidade, o advento de novas políticas e a ação do Estado. Essa ação crítica, pelos direitos, assinala-se tanto pela sua ampliação, fazendo menção aos direitos fi rmados, quanto à luta pela sua universalização, acenando para a necessidade de inclusão social.

No próximo subtópico, estudaremos e conheceremos a respeito do processo de formação das instituições de controle social que fortalecem a participação popular e as deliberações de forma democrática, a partir da Constituição Cidadã de 1988.

3 O PROCESSO DE FORMAÇÃO DE INSTÂNCIAS PARTICIPATIVAS A PARTIR DA PROMULGAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

O Estado brasileiro adveio de um momento político que durou cerca de 21 anos, sendo considerado um extenso momento do governo autocrático diligenciado pelas forças armadas militares, assinalado pelo alijamento dos direitos civis, sociais políticos e, além da censura, a arte e a cultura, restrição da liberdade, encalços a quem constituísse desfavorável aos ditames desse governo, além de condenações a prisões e assassinatos.

Durante esse era, a participação popular através de manifestações em ruas e praças públicas, organizações de grupos populares, movimentos sociais e sindicais, constituíam-se arduamente compelidos, não se continha o direito de reivindicar por melhor qualidade de vida, muito menos lutar por políticas públicas sociais que pudessem atender às demandas de toda a população, uma vez que, os direitos civis, políticos e sociais foram extirpados por esse regime governamental.

Entrando na década de 1980 com o amortecimento do Regime Militar, a população brasileira, articulada por meio de sindicatos, entidades de classes profi ssionais, movimentos sociais etc., passam a reivindicar o término desse governo militar e, por consequência, o retorno das práticas democráticas, a

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precisão de uma nova Constituição Federal, bem como o direito da população se manifestar livremente e solicitar do Estado políticas sociais universais.

Portanto, no ano de 1985, ofi cialmente termina o governo militar. O movimento nas ruas em prol de uma nova Constituição Federal se energiza com amplo relevo para a participação popular nesse procedimento.

No Estado brasileiro, foi garantido a participação da sociedade civil, discutindo e decidindo contextos pertinentes ao desenvolvimento das ações previstas nas políticas públicas sociais com representantes governamentais a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988.

Assim, com a anunciação da nova Constituição Federal e em seu texto constitucional, avalizou a participação popular no controle social das políticas públicas sociais, além de expressar melhorias nas estruturas de participação relacionados às tomadas de decisões nos âmbitos governamentais Municipais, Estadual e Federal, de caráter especial pela participação direta, constitua-se por ação popular ou plebiscito (SALDANHA; MACHADO; LISZBINSKI, 2017).

Sobre esse aspecto da participação popular, Gomez (s.d.) alega que a partir da Constituição Federal (1988), o Brasil é estimado enquanto uma democracia participativa, isto é, o Estado brasileiro, para seguir verifi cadas determinações, precisa ter implementado e implantado, mecanismos de consulta e participação popular, para que, em seguida, a opinião apresentada por parte da sociedade, o Estado venha reconhecer as ações que se pretende empreender.

Plebiscito – Aludi a uma ação em que o Estado consulta a população a fi m de saber o posicionamento da população com relação a alguma ação que o Estado pretende desenvolver. Por exemplo, consultar a população sobre a forma de governo que desejam para o seu país, parlamentarismo, monarquia ou presidencialismo.

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Capítulo 2

A composição dos conselhos de direitos pertinentes às políticas públicas sociais, no que pulsa a participação de indivíduos na função de conselheiros, é bancada da seguinte confi guração: o poder público nomeia seus representantes e a sociedade civil indica por meio de processo eleitoral.

Desse modo, esse processo eleitoral é de encargo do poder público preparar; assim, os representantes da sociedade civil se candidatam à colocação e é organizado dia, hora e local em que acontecerá o voto. Serão selecionados os mais votados para poder compor o quórum de conselheiros.

Vale ressaltar que esses conselheiros têm, geralmente, o mandato de dois anos e, assim, torna-se a ter novas indicações de representante do poder público e eleição para representantes da sociedade civil. Por fi m, cabe ressaltar que essa sistematização equivale para os três níveis de governo: Municipal, Estadual e Nacional.

Em analogia ao conceito de participação popular nesse método de controle social, apresentamos a apreensão de Saldanha, Machado e Liszbinski (2017, p. 33):

Entende-se como participação a interlocução da sociedade com o Estado por meio da ocupação dos espaços destinados a esse fi m, sendo que o controle social surge desta participação. Dessa forma, o Estado brasileiro institucionalizou espaços de participação para que a sociedade – de forma organizada – exerça seu direito.

Esses ambientes de participação são de encargo do Estado institucionalizar e afi ançar a participação da população ao lado dos representantes governamentais para deliberarem os incrementos frente as várias políticas públicas sociais. Podemos citar como exemplo alguns espaços de participação popular: Conselhos Municipais, Estaduais e Nacional de Políticas Públicas, Ministério Público, Tribunal de Contas, entre outros.

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No que diz respeito à participação popular no âmbito dos conselhos de políticas públicas desenvolvendo o controle social, é percebível que, mesmo a Carta Maior de 1988 ter afi ançando o direito da participação popular nos centros de decisões, entre outros, entende-se que existe fatores que prevalecem gerando limitações e difi cultando a participação popular.

Segundo Kleba et al. (2007), tais difi culdades decorrem das confi gurações clássicas e habituais de idealizar e operacionalizar a intervenção na arena das políticas públicas que, por conseguinte, atentam à desarticulação interinstitucional e à ausência de integralidade na atenção ao conjunto de direitos sociais e fundamentais.

Esses fatores se contornam desafi adores, uma vez que, para o incremento de uma política pública social ser de contorno com vistas a afi ançar as necessidades de toda a população e conseguir ser clara em todas as suas atividades, torna-se indispensável o protagonismo popular realizando o questionamento, deliberando e resolvendo junto aos representantes da esfera pública dentro desses espaços legítimos de controle social.

FIGURA 4 – A RELEVÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO POPULAR X FORTALECIMENTO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

FONTE: A autora

A fi gura confi rma que, com a participação popular de forma ativa nos controles sociais das políticas públicas nos três patamares de governo, é possível se alcançar políticas públicas que de fato agenciem o acesso aos direitos inerentes à população.

Deste modo, apreendemos que, para que se extrapole esses desafi os da participação popular agindo no controle social das políticas públicas, é acentuado

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Capítulo 2

que a população apreenda a respeito da relevância de sua função nesses núcleos de controle e decisão e se fortaleçam por meio de movimentos sociais, comunitários para determinar os poderes públicos seu direito à participação de modo protagonista no fortalecimento do implemento das políticas públicas sociais.

FIGURA 5 – MECANISMOS DE PARTICIPAÇÃO POPULAR EM QUE REQUER A PARTICIPAÇÃO DA POPULAÇÃO

FONTE: A autora

Perante os mecanismos consolidados de participação popular nas decisões a serem adotadas por parte da esfera governamental, podemos asseverar que, dentre elas, o controle social é uma das instâncias de participação e deliberação que possui ações sistematizadas de modo consecutivo, visto que, não acontece exclusivamente por meio de consultas sobre um verifi cado contexto, como é o caso dos mecanismos plebiscito e referendo.

O controle social desenvolvido por modelo, por meio dos conselhos de direitos, tem por encargo acompanhar, fi scalizar, determinar e colaborar na formulação e ampliação das ações atinentes às políticas públicas sociais direcionadas a garantias de direitos.

Dessarte, consideramos que o controle social se contorna fundamental em qualquer gestão que assuma o viés democrático e, para que de fato adjudique esse status, a organização do pleno de reuniões oriundas de conselhos do controle social, necessita ser disposta com composição paritária, ou seja, a mesma quantidade de representantes públicos precisa ter, além disso, a sociedade civil.

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Você sabe como é a organização do controle social nos conselhos de direitos pertinentes às políticas públicas sociais?

Conselhos de direito de qualquer política pública social se organiza a partir da participação da população, deve-se ter representação de usuário da política pública e representante do poder público.

Essa composição necessita ser de ordem paritária, por exemplo, se tem 12 vagas para ser conselheiro, devem ser seis vagas a constituírem tomadas por representante do poder público e seis vagas a constituírem combinadas pela sociedade civil com o público usuário.

Cabe lembrar que essa organização dos conselhos se desenvolve nos três níveis de governo – Municipal, Estadual e Nacional.

Importa ainda salientar que a cada dois anos é eleito um novo corpo de conselheiros, sendo os representantes de governo indicados pelo próprio poder público e os representantes da sociedade civil deve se inscrever no próprio conselho que, por sua vez, organiza o pleito eleitoral para que possam passar pelo crivo de eleição, sendo que, os representantes mais bem votado, ocuparão as vagas destinadas para a sociedade civil.

FONTE: GOMEZ, C. M. Organização do controle social: avanços e entraves. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública da FIOCRUZ, [S.d.].

Logo, podemos assegurar que os conselhos de direitos incidem em um importante espaço corroborado de participação popular. Sua fundamental fi nalidade se materializa por meio de adoção de atividades que se dirigem para defender a transparência das informações governamentais por parte de seus representantes, além de contribuir com o fortalecimento do exercício da cidadania e a participação da população nos processos de decisões.

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Capítulo 2

3 A participação da população nos núcleos de decisão das políticas públicas acontece desempenhando o controle social ao lado dos representantes governamentais. Dessa forma, exponha coerentemente o documento jurídico que garante essa participação popular no controle social das políticas públicas.

R.: ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4 A respeito da participação popular, com vistas à efetivação dos preceitos e objetivos do controle social, apresente qual sua principal característica para demarcar suas atividades em pleno desenvolvimento?

R.: ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

É importante destacarmos que o controle social das políticas públicas se desenvolve através de algumas ferramentas em que permite essa função se consolidar no domínio das políticas públicas sociais, além do conselho de direitos, temos outras ferramentas que estão delineadas a seguir, vejamos:

• Audiência pública – Atividade que se conduz a pressionar o Estado para responder às questões intrínsecas às necessidades fundamentais da população. Ela se estabelece a partir da manifestação e organização popular.

• Lei de responsabilidade fi scal – Dirige o Estado a agenciar maior legalidade e transparência de suas ações governamentais, especialmente aquelas relacionadas às fi nanças.

• Orçamento participativo – Deve ser debatido com a população qual deve ser a atuação, obra que a extensa maioria almeja ser empreendida em seu bairro, por exemplo. Assim, posteriormente à deliberação, o governo necessitará abarcar, em seu orçamento para o próximo ano, recursos a ser proposto a essa ação deliberada em conjunto com a população.

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Portanto, reafi rmamos que o controle social se assenta como importante, uma vez que, tem por desígnio, contrapor atitudes arbitrativas, autocráticas e benévolas em afi nidade às deliberações a serem determinadas no domínio das políticas públicas sociais. Necessitando, assim, seus componentes estabelecidos para desenvolver o controle social, admitirem uma atitude contrária ao modo histórico tradicional que prevaleceu durante muitos anos na gestão pública governamental no Estado brasileiro.

No fato específi co do controle social efetivado por meio dos conselhos de direito das diversas políticas públicas, eles constituem distintas competências a serem exercidas por seus componentes conselheiros, mencionamos, a seguir, algumas delas:

• organizar o regimento interno contendo as normas de funcionamento; • avaliar institutos da sociedade civil organizada que procuram certifi cação

como entidade assistencial; • estabelecer novas políticas públicas e propor novas ações e/ou

aperfeiçoamento das políticas públicas prontamente existentes; • fi scalizar os gastos do poder público dentro da área em que o conselho

opera; • constituir as conferências pertinente à política pública que representa; • aprova a sugestão de orçamento anual proposto pelo poder público;

entre outras ações.

Sumarizando, podemos apreender que existem díspares confi gurações de se desenvolver o controle social e todas elas, compreendem a participação da população assegurando a norma constitucional.

No entanto, faz-se imprescindível a precisão de que a população tenha mais ascensão a esses modos de controle social, assim como ter informação de que a participação popular é basilar na tomada de decisão de melhorias dos serviços empreendidos para a população ou, ainda, na presunção de novas políticas e/ou novos atos a serem desenvolvidas pelas políticas públicas já materializadas.

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Capítulo 2

Com o objetivo de contribuir ainda mais com a ampliação do conhecimento sobre a relevância da gestão social, bem como da atuação dos mecanismos de controle social e, assim, colaborando com os profi ssionais no desenvolvimento de sua prática ao analisar as demandas reais dos usuários para pensar e deliberar ações comprometidas com a transformação social, deixamos aqui algumas indicações de leitura:

CARVALHO, M. do C. B. Gestão social e trabalho social: desafi os e percursos metodológicos. São Paulo: Cortez Editora, 2014.

O presente livro aborda assuntos relacionados a um conjunto de refl exões e exemplos de práticas no campo das políticas públicas sociais, desde a gestão até a execução de programas, projetos e serviços.

FIGURA – LIVRO GESTÃO SOCIAL E TRABALHO SOCIAL: DESAFIOS E PERCURSOS METODOLÓGICOS

FONTE: <https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/I/41PF8oUhCWL._SX348_BO1,204,203,200_.jpg>. Acesso em: 21 abr. 2021.

PEDRINI, D. M. et al. Controle social de políticas públicas: caminhos, descobertas. Curitiba: Ed. Paulus, 2007.

O presente livro aborda discussões sobre o Brasil ser conhecido por suas instituições participativas e, a partir da Constituição de 1988, foi criada a participação da sociedade civil nas áreas da saúde, assistência social, política urbana, entre outras. Por isso, é fundamental o trabalho dos conselhos que atuam no estudo e na decisão sobre diversas áreas das políticas públicas.

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Fundamentos de Gestão em Serviço Social

FIGURA – LIVRO CONTROLE SOCIAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS

FONTE: <https://http2.mlstatic.com/D_NQ_NP_904131-MLB31705182851_082019-O.webp>. Acesso em: 21 abr. 2021.

Deste modo, asseveramos que o controle social se banca indispensável para a sustentação do Estado democrático de direitos, uma vez que, esse organismo contesta toda uma lógica de arbitrariedade e de falta de apreço em analogia ao que a população pudesse ter reivindicação e de sugestões para transformações e progressos.

Enfi m, nesse sentido, abarcamos e asseguramos a importância no serviço social nesse bojo, desenvolvendo sua intervenção profi ssional nos ambientes de desempenho profi ssional junto à população atendida para que possam ter conhecimento desse mecanismo e das modalidades de participação desse controle e, igualmente, terem a probabilidade de conseguir obter a elevação do status de cidadania e de ser ator principal perante as suas próprias necessidades e da coletividade.

4 OS DIREITOS SOCIAIS CONSOLIDADOS NO BRASIL E OS DESAFIOS NA DETERMINAÇÃO E LEGITIMAÇÃO DAS INSTÂNCIAS DE PARTICIPAÇÃO

Como compreendemos, os direitos sociais brasileiros foram determinados a partir da Constituição Federal de 1988 e encontram-se catalogados no Art. 6º,

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CONTEXTOS E DESAFIOS DA GESTÃO DO SERVIÇO SOCIAL PARTICIPATIVA E CONTEMPORÂNEASOCIAL PARTICIPATIVA E CONTEMPORÂNEA

Capítulo 2

porém, determinados direitos sociais decorrem de uma série de alterações que ocasiona danos para a grupos mais vulneráveis e para a classe trabalhadora.

Corroborando com a lógica de desestruturação dos direitos, para Garcia (2015), no Estado brasileiro, alguns direitos sociais, constitucionalmente garantidos, são constantemente violados,a autora cita como exemplo: os direitos da juventude, direito à moradia, direito ao trabalho, direito à saúde.

Temos notado modifi cações estruturais a partir de alterações nas legislações relacionadas aos direitos que, por sua vez, contrafazem diretamente à vida dos indivíduos mais vulneráveis e em risco social e pessoal. Dentre os direitos, podemos citar, ainda, os direitos trabalhistas e da previdência social, que tinham mudanças propostas que estavam em percurso durante anos e que, entre os anos de 2017 e 2019, tiveram alterações signifi cativas, afetando a vida das pessoas que dependem desses direitos.

No que diz respeito aos direitos trabalhistas, eles foram modifi cados por meio da Lei nº 13.467/2017, que acarretou inúmeras modifi cações na confi guração de sistematização desses direitos. Aferimos que essas alterações foram lesivas ao trabalhador brasileiro. Avultamos determinadas mudanças que essa lei agenciou, vejamos:

• fl exibiliza direitos pertinentes às férias, podendo ser desmembrada em até três vezes durante o ano;

• não existe mais obrigação com contribuição sindical;• é permitido o trabalho de mulheres gestantes em lugares estimados

insalubres; • os intervalos de intrajornada que, anterior à alteração, eram de, no

mínimo, uma hora para carga horária acima de seis horas; com a nova lei é de, no mínimo, 30 minutos, podendo ser negociado;

• se a companhia não outorgar esse descanso, ela pagará uma multa tão somente sobre o tempo suprimido, antes dessa mudança, a companhia era condenada a pagar a hora completa.

No que tange às alterações relacionadas ao direito relacionado à previdência social, foi modifi cado por meio da Emenda Constitucional nº 103 de 2019, que teve várias adulterações, como as regras de aposentadoria dos trabalhadores urbanos, o que acarreta um desgaste físico, psicológico nos trabalhadores, porque o tempo de trabalho acresce na nova regra.

Outro destaque que fazemos, refere-se às pensões por morte, o pagamento será de 50% do valor da aposentadoria acrescido de 10% quando há dependentes, vejamos como fi cou:

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Fundamentos de Gestão em Serviço Social

• Para um único dependente, este receberá apenas 60% da aposentadoria do falecido.

• Quando tiver dois dependentes: receberá 70% da aposentadoria do falecido.

• Três dependentes: 80% da aposentadoria do falecido.• Quatro dependentes: 90% da aposentadoria do falecido. • Quando tiver cinco ou mais dependentes, o valor a ser recebido de

pensão será integral, ou seja, 100% do valor que era a aposentadoria do falecido.

Considerando criticamente ambos direitos fi rmados para o povo brasileiro, foram arduamente modifi cados, ocasionando danos aos trabalhadores e aos seus dependentes, essas modifi cações não contrafazem exclusivamente em termos de ganhos salariais, contudo, ainda desmotiva o trabalhador, desmobiliza e deslegitima a luta dos trabalhadores em prol de melhorias, que contrafaz a vida de seus dependentes.

Diante dessa breve refl exão em relação a mudanças perpetradas no campo dos direitos, reforçamos a real necessidade de fortalecer o campo do controle social com a participação ativa da população. Para isto, faz-se necessário que se tenha investimento em conhecimento e orientação a respeito do que é o controle social, sua seriedade, bem como a forma de funcionamento, suas imputações, encargos e de que modo a população pode ter ascensão e participar.

Para corroborar com essa menção, recorremos aos autores Tatagiba e Teixeira (2016) que mencionam que esses ambientes de discussão e tomada de decisão, por exemplo, os conselhos das políticas públicas, têm se tornado um amplo desafi o, uma vez que, determinam a pauta de reunião muitas vezes sem ter ciência de fato do que estão decidindo, principalmente em analogia à participação de alguns representantes dos usuários e, ainda, alguns representantes do poder público.

Contudo, é imprescindível que essa participação seja de modo consciente para que, o controle social, especialmente o que se relaciona aos conselhos de direitos, seja contemplado de forma crític, no desempenho de suas funções deliberativas em relação aos empreendimentos das políticas públicas sociais.

Assim, com a população compreendendo a respeito dos seus direitos e sabendo sobre as formas de controle social existente, é crível contestar determinadas ações do Estado que versam sobre a desregulamentação dos direitos sociais.

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CONTEXTOS E DESAFIOS DA GESTÃO DO SERVIÇO SOCIAL PARTICIPATIVA E CONTEMPORÂNEASOCIAL PARTICIPATIVA E CONTEMPORÂNEA

Capítulo 2

Diante da relevância do assunto aqui apresentado, destacamos a relevância do trabalho dos assistentes sociais no domínio das políticas sociais no fortalecimento da participação ativa e efetiva da população usuária dos serviços e programas nos espaços de controle social. Sendo assim, descrevemos, aqui, um exemplo de prática profi ssional que foi direcionada a orientar a população a respeito dos seus direitos e incentivá-las à participação através dos mecanismos de controle social:

Em um serviço de abrigamento sigiloso para mulheres em situação de violência doméstica, foi elaborado um plano de ação de atividades socioeducativa com o objetivo de orientar as mulheres acolhidas sobre seus direitos enquanto cidadãs e, especialmente, com relação à violência doméstica em que foram expostas.

Além disso, foram organizados grupos socioeducativos com assuntos sobre os direitos reprodutivos sexuais, direito à educação, à profi ssionalização, ao emprego, além disso, foi explicado a respeito do ciclo da violência, como ele se constitui e quais os danos que ele causa na vida da mulher quando não rompe com esse processo violador, orientando a respeito da legislação brasileira exclusiva para os casos de violência doméstica e de gênero – Lei Maria da Penha – nº 11340/2006.

Também foi trabalhado a importância da participação das mulheres nos espaços de decisão das políticas sociais, foi trabalhado a participação popular de mulheres nos conselhos de direitos, destacando especialmente essa participação nos conselhos que se relacionam às necessidades das mulheres como o conselho da assistência social, conselho dos direitos das mulheres, conselho de saúde entre outros.

Por fi m, as mulheres que participaram desses grupos socioeducativos evidenciaram muito ânimo em analogia aos conhecimentos alcançados e, ainda, manifestaram empenho em participar dos conselhos de direitos para fortalecer a participação popular feminina com a fi nalidade de lutarem pela garantia de ações a serem empreendidas e aprimoradas nas diversas políticas públicas sociais para as mulheres.

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Fundamentos de Gestão em Serviço Social

Existem alguns sites de conselhos de direitos de políticas sociais, em específi co, vamos deixar alguns relacionados à esfera nacional desses conselhos. Cabe ressaltar que esses sites de conselhos de políticas públicas sociais reúnem todas as resoluções que foram deliberadas com relação ao que os representantes da sociedade civil e os representantes dos usuários e da sociedade civil averiguaram e deliberaram com relação ao desenvolvimento da referida política social. Sendo assim, a seguir, alguns sites para que possam acessar e navegar.

Conselho Nacional de Assistência social (CNAS): https://www.gov.br/cidadania/pt-br/acoes-e-programas/assistencia-social/participacao-social/conselho-nacional-de-assistencia-social.

Conselho Nacional de Saúde (CNS): http://conselho.saude.gov.br/.

Bertele, Carmadelo e Oliveira (2011) ponderam sobre a participação e funcionamento dos conselhos de direitos, acenando que, em determinadas circunstâncias, passam a ser ambientes em que os representantes da Sociedade Civil Organizada (OSCs) competem entre eles e ainda com representantes governamentais. Por decorrência, abafam a participação da população usuária.

Ainda, segundo os Bertele, Carmadelo e Oliveira (2011), esses representantes de organizações, por ocasiões, valem-se dos conselhos de direitos para acatar suas expectativas particulares, por exemplo, auferir verbas e conseguir novos convênios para execução de serviços e programas a serem terceirizados pelo poder público.

Assim, Raichelis (2011, p. 54) confi rma essa questão mencionando que “a estrutura social atravessada por antagonismos, típica do capitalismo, leva a que os sujeitos sociais tenham de se organizar na defesa dos seus interesses”.

Não obstante, as formas tradicionais de idealizar e desenvolver a intervenção no campo das políticas públicas, a desarticulação institucional e a ausência de integralidade no cuidado ao conjunto de direitos sociais, são desafi os que se consolidam no cotidiano e que corroboram para atrapalhar a participação e controle social democrático das políticas públicas sociais.

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CONTEXTOS E DESAFIOS DA GESTÃO DO SERVIÇO SOCIAL PARTICIPATIVA E CONTEMPORÂNEASOCIAL PARTICIPATIVA E CONTEMPORÂNEA

Capítulo 2

Conferimos aos representantes governamentais a responsabilidade de buscar informar as modernizações que acontecem nas leis, na tipifi cação das políticas sociais, promover reuniões e formação continuada para informar a população a respeito do seu desempenho na instância de controle social e a sua seriedade para uma gestão democrática e participativa.

Com as informações devidamente elucidadas, a população que participa desses conselhos, calham de ter propriedade e ciência a respeito do que está acontecendo em termos de novas leis, e/ou alterações na política, com isso, alcançam desempenhar sua participação no controle social de atitude crítica e consciente do seu importante papel.

Assim, tendo clareza dos fatos, possam propor, votar e deliberar projetos, programas e serviços estatais com vistas a acolher as demandas dos indivíduos e fomentar a emancipação social e humana.

Destarte, analisamos que essas ações necessitam se concretizar e elas são imprescindíveis para combater a ordem conservadora e assistencialista de se administrar as políticas públicas sociais, abarcando que o mecanismo de controle social é o basilar instrumento para se sustentar o Estado democrático de direito, com mais transparência nas tomadas de decisões.

Apreendendo ainda que esse controle se assente como um modo de não deixar que a esfera governamental regrida para ações centralizadoras e controladoras nesse domínio das políticas públicas sociais.

Diante dessa problemática, consideramos que os assistentes sociais, através do seu conhecimento, tornam-se profi ssionais imprescindíveis no que diz respeito ao processo de orientação da população a respeito dos seus direitos e da importante participação popular de forma crítica no campo do controle social nos conselhos de direitos.

Assim, de acordo com Neves, Santos e Silva (2012), o profi ssional de serviço social contribui na democratização do acesso à informação, no fortalecimento da participação da população, fornecendo subsídios basais para que os conselheiros tenham apreensão da realidade social e econômica dos sujeitos que dependem da intervenção governamental.

Destarte, para atuarem nesse campo, Iamamoto (1998, p. 144-145) informa que o assistente social precisa ser um profi ssional “culto e atento às possibilidades descortinadas pelo mundo contemporâneo, capaz de formular, avaliar e recriar propostas ao nível das políticas sociais e da organização das forças da sociedade civil".

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Você sabe que o princípio básico que inspirou a criação dos conselhos municipais foi o de entendimento, pois os mecanismos tradicionais de representação não eram mais sufi cientes para garantir o exercício da democracia e os interesses dos cidadãos.

Prevê-se, então, um conjunto de medidas, dentre as quais, a criação de conselhos, além de mecanismos de democracia direta ou participativa como referendo, plebiscito e iniciativa popular (BENEVIDES, 1998) como forma de assegurar uma maior participação da sociedade nos fóruns de decisão.

FONTE: BENEVIDES, M. V. de M. A cidadania ativa: referendo, plebiscito e iniciativa popular. 3. ed. São Paulo: Ática, 1998.

Gomez (s.d.), Tatagiba e Teixeira (2016) e Raichelis (2011) afi rmam, em seus manuscritos, que existem múltiplos desafi os na concretização do controle social, entretanto, não se pode ter uma análise fatalista de que nada dá certo e que não tem resposta, é importante que cada representante, especialmente do poder público, admita sua função de agente de política pública e procure fortalecer esses organismos de debate e controle social da política pública, para que, com isso, ainda se fortaleça a democracia em todos os coefi cientes de decisão.

Cooperam com esse debate, Duriguetto e Montaño (2010, p. 43):

[...] com a socialização da política, o Estado se amplia, incorporando novas funções, e incluindo no seu seio as lutas de classes; o Estado ampliado de seu tempo e contexto, preservando a função de coerção (sociedade política) tal como descoberta por Marx e Engels, também incorpora a esfera da sociedade civil (cuja função é o consenso).

Compete aos profi ssionais, sobretudo do âmbito da gestão, a incumbência de procurar formas para contestar todos os tipos de obstáculos, procurando sustentar o real sentido e desígnio do controle social, que é fortalecer as atuações do Estado por meio do diálogo com a população, o que se derivará em ações mais sólidas e conforme a realidade vivenciada por elas.

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Capítulo 2

5 A Constituição Federal (1988) é também conhecida como Constituição Cidadã devido ao fato de que a sua elaboração contou com a participação intensa da população brasileira, que requeria do Estado a legitimação da participação popular nos espaços de discussão e deliberação. Com relação às políticas públicas sociais, em qual espaço deliberativo que a população tem direito de participar em conjunto com representantes do Estado?

R.: ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

FIGURA 6 – CONSEQUÊNCIAS DE UM BOM DESENVOLVIMENTO DO CONTROLE SOCIAL

FONTE: A autora

No entanto, podemos apreender que existem distintos mecanismos de instância de participação popular e todos requerem a participação dos cidadãos exercendo o controle social, conforme preconiza a Carta Magna (1988).

Por fi m, por essa razão, asseveramos que, faz-se indispensável que a participação dos cidadãos seja de modo crítico e consciente de seus deveres e direitos e, desse forma, afi ançamos que seja plausível contestarmos os numerosos desafi os que ainda prosseguem em se situar no campo do desenvolvimento dos serviços, programas e projetos atinentes à gestão social das políticas sociais.

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Fundamentos de Gestão em Serviço Social

6 O assistente social que atua no âmbito do controle social desenvolve sua ação nos conselhos de direitos e desempenha sua atuação profi ssional em um campo muito importante. Sendo assim, de que forma ele desenvolve sua prática profi ssional nesse espaço sócio-ocupacional?

R.: _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Perfi lhamos a seriedade de se desenvolver formações e aprimoramento continuado com a fi nalidade de atualizar os componentes dos respectivos conselhos a respeito do funcionamento e da importância do controle social para a democracia e da extraordinária função a ser exercida pela população nesse campo de controle social.

Por fi m, nesse sentido, entendemos e concordamos também ser fundamental o papel desenvolvido pelos assistentes sociais que atuam diretamente nas esferas dos conselhos no nível municipal, estadual ou nacional, uma vez que, esse profi ssional, no exercício de suas atribuições e competências, atuando conforme seu projeto ético e político, contribuirá com estratégias de engajamento da participação da população nesse espaço.

4 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Neste capítulo, procuramos explicitar a respeito de conhecimentos que são

de suma importância para o desenvolvimento da prática do serviço social no âmbito da gestão social. Como estudante, você foi orientado a se instrumentalizar a respeito da gestão social de forma macro e aprendeu sobre os conceitos de gestão social e os principais modelos de gestão atualmente utilizados no âmbito da gestão social.

Você também foi orientado a respeito de pontos cruciais no que tange à participação popular de forma protagonista no controle social das políticas públicas. Trouxemos várias refl exões a respeito dessa participação, apontando os desafi os latentes que existe por parte do Estado na garantia dessa participação e a importância da população organizada para pleitear o que preconizado e

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CONTEXTOS E DESAFIOS DA GESTÃO DO SERVIÇO SOCIAL PARTICIPATIVA E CONTEMPORÂNEASOCIAL PARTICIPATIVA E CONTEMPORÂNEA

Capítulo 2

ratifi cado pela CF/1988, que é a participação da população deliberando junto aos representantes de Estado sobre o desenvolvimento das políticas em prol de toda a população.

Você teve conhecimento que o Brasil tem por caracteristica ser democrático participativo, desse modo, para assegurar essa particularidade, fez-se necessário ter implementado alguns mecanismos de consulta e participação popular, sendo eles: plebiscito, referendo e controle social.

Foi enfatizado o conhecimento a respeito do que é o controle social, quando ele se sistematiza na sociedade brasileira e quais são as formas de exercício desse controle social, sendo apresentadas cada uma dessas formas: audiência pública, conselhos de direitos, lei de responsabilidade fi scal e orçamento participativo.

Ponderamos também alguns pressupostos para contrapor esses desafi os latentes ao exercício do controle social, como orientações continuadas a respeito da importância do papel de cada conselheiro, suas atribuições, bem como a relevância e pertinência do controle social para a manutenção do Estado democrático de direito e o papel dos conselhos de direitos nas deliberações das políticas públicas.

Ressaltamos a relevância da atuação dos assistentes sociais no que diz respeito ao enfrentamento dos desafi os contrapostos em analogia ao desenvolvimento do controle social, abarcando que os profi ssionais do serviço social, com seu conhecimento em gestão de políticas públicas e desenvolvimento de ações socioeducativas e políticas, apoiam no sentido de orientar a população a respeito do controle social, da seriedade dele para o desenvolvimento das políticas públicas e no engajamento politizado da população no espaço de controle social.

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Fundamentos de Gestão em Serviço Social

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Capítulo 2

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CAPÍTULO 3

O PLANEJAMENTO SOCIAL E O ASSISTENTE SOCIAL NA GESTÃO SOCIAL

A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo, você terá os seguintes objetivos de aprendizagem:

• Conhecer sobre os conceitos de planejamento e ações que tangenciam o desenvolvimento da gestão social no serviço social.

• Identifi car como deve ser o desenvolvimento da prática do assistente social enquanto gestor social.

• Reconhecer os processos de gestão relativos ao desenvolvimento dessa prática nesse campo de intervenção profi ssional.

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O PLANEJAMENTO SOCIAL E O ASSISTENTE SOCIAL NA GESTÃO SOCIALASSISTENTE SOCIAL NA GESTÃO SOCIAL

Capítulo 3

1 CONTEXTUALIZAÇÃOO presente capítulo abordará informações acerca do planejamento social que

é uma respeitável competência do serviço social, bem como ele se desenvolve no âmbito da gestão social.

Deste modo, explicaremos a respeito da importância do planejamento no que tange às atuações e intervenções profi ssionais, sejam essas ações de execução de atendimento direto à população e/ou no campo da gestão social de programas, projetos e/ou serviços.

Viabilizaremos, ainda, a orientação e a informação a respeito do que é a assessoria e consultoria no serviço social e de que modo o assistente social pode atuar nesse campo. Também será nesse sentido que o presente capítulo proporcionará as defi nições e conceitos com relação a plano, programa, projeto, avaliação, serviço, coordenação e supervisão.

O estudo exibirá o reconhecimento do assistente social no cargo de gestor nos diversos espaços sócio-ocupacionais. Ainda, a respeito do conteúdo, advertimos que para um adequado profi ssional de serviço social lhe é requisitado elaborar bons planos e projetos e ter desenvoltura no exercício da atuação no campo da gestão social em sua totalidade.

Acrescentamos, ainda, que o planejamento e o uso de suas ferramentas, como plano, programa e projetos é demandado ao assistente social desenvolvê-los em sua prática.

Portanto, sugere-se que você verifi que os assuntos aqui abordados e alinhe com a sua realidade profi ssional e/ou o que almeja desenvolver em sua prática quando estiver inserido em algum espaço sócio-ocupacional. Assim, compomos um conjunto de possibilidades de abordagem do tema proposto nesse capítulo em que corrobora com os estudos a respeito da prática de gestão do serviço social.

Fiquem atentos e vamos, juntos, na busca pelo conhecimento e aprimoramento profi ssional. Bons estudos!

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2 CONCEITO DAS FERRAMENTAS DE GESTÃO COMO: PLANO, PROJETO, PROGRAMA, SERVIÇO, COORDENAÇÃO, DIREÇÃO, ASSESSORIA, CONSULTORIA, SUPERVISÃO E AVALIAÇÃO

Antes de encetarmos a explanação sobre os conceitos alusivos a cada instrumento do campo da gestão, é fundamental refl etirmos a respeito da relevância da ação do planejamento no serviço social e, na sequência, apresentaremos as principais ferramentas relacionadas ao campo do planejamento e gestão social que pode ser utilizada por profi ssionais de serviço social.

O ato de planejar pode ser compreendido como algo ativo à condição humana em suas diversas atividades a serem executadas, isto é, não se restringem tão somente ao universo da prática profi ssional. Pode-se pronunciar que os indivíduos esquematizam e projetam suas atividades desde as mais singelas até, do mesmo modo, as mais complexas.

Destarte, o planejamento no serviço social passa a existir enquanto estratégia que viabiliza o desenvolvimento e organização de toda a prática do trabalho profi ssional e que, consequentemente, promoverá o acesso por meio de serviços, programas e projetos aos direitos inerentes aos indivíduos e famílias, sobretudo aqueles mais vulneráveis.

2.1 DETERMINAÇÕES CONCEITUAIS A RESPEITO DO PLANEJAMENTO

Para a reverência da metodologia do planejamento, ancoramo-nos em Baptista (2013), que corrobora dizendo que, o procedimento de planejamento, enquanto uma atividade coerente, necessita encontrar-se envolta a determinadas fases, e elas são, por sua vez, um ato contínuo, a saber: refl exão, decisão, ação e retomada da refl exão.

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O PLANEJAMENTO SOCIAL E O ASSISTENTE SOCIAL NA GESTÃO SOCIALASSISTENTE SOCIAL NA GESTÃO SOCIAL

Capítulo 3

FIGURA 1 – REPRESENTAÇÃO DAS FASES DO PLANEJAMENTO ENQUANTO PROCEDIMENTO RACIONAL E DE SEUS ENCADEAMENTOS

FONTE: A autora

Desse modo, podemos observar, a partir da Figura 1, que o planejamento, analisado enquanto método racional, sistematiza-se através dessas etapas e se interligam. A seguir, exibiremos um abreviado conceito de cada uma dessas fases:

• Refl exão: acena a respeito do conhecimento, estudo e análise dos fatos e/ou demandas que dependem de uma ação por meio de projeto, plano ou programa.

• Decisão: faz referência à escolha de alternativas, ou seja, quais demandas serão escolhidas para futura execução de ações, defi ne-se prazos, entre outros.

• Ação: é o momento em que se executam as atividades para atender à demanda que foi escolhida.

• Retomada da refl exão: ponderação com criticidade dos processos executados e seus efeitos, com vistas ao fundamento de um novo planejamento para atos futuros.

Essas fases dirigem e determinam que os assistentes sociais, por exemplo, necessitam desenvolver uma apreciação aprofundada sobre qual é a intencionalidade que move e guia o profi ssional, bem como os procedimentos de decisão, a base ética-política e a dimensão técnica operativa que dirigirá todo o implemento das ações antevistas no planejamento.

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Fundamentos de Gestão em Serviço Social

Planejamento sem conhecimento da realidade concreta: é todo aquele tipo de planejamento que não se pondera à realidade de vida dos indivíduos, evidencia não ter sido feito um estudo da realidade do território e confi a-se que os indivíduos necessitam aceitar e participar das ações, independentes de ser alguma coisa importante para suas vidas.

Planejamento social com conhecimento da realidade concreta: é todo modo de planejar, reverenciando as especifi cidades do público que será proposto à ação e à realidade territorial. São ações que se dirigem para ir além da demanda pontual manifestada no dia a dia e, ainda, procurar ocasionar uma expressiva modifi cação na realidade dos sujeitos.

Nesse ritmo, o planejamento necessita ser compreendido pelos profi ssionais na perspectiva da dimensão política, pois versa sobre um procedimento contínuo de tomada de decisões que estão inerentes às relações de poder.

É indispensável que, além da análise e compreensão da realidade frente ao que se almeja desenvolver uma intervenção, necessita ainda apreciar a real situação de modo concreto e no mesmo compasso de maneira subjetiva.

Os profi ssionais necessitam avaliar e compreender a realidade tanto da vida das pessoas e famílias atendidas pelas estratégias das políticas públicas sociais como a realidade institucional em que os profi ssionais estão inseridos, os jogos de poderes, as alianças existentes, as incompatibilidades desses sujeitos uns com os outros, a vontade política, entre outros fatores que possam se contornar relevantes.

Desse modo, exercitando e considerando a dimensão política do planejamento, os profi ssionais terão condições de notar se as sugestões que estão sendo planejadas poderão ser acolhidas pelos membros do alto escalão da gestão, ou seja, aqueles que tomam decisões na instituição, além disso, terão condições para dirigir difi culdades que possa haver e de tal modo, estabelecer parcerias e compartilhar as responsabilidades com a ação que está em andamento o planejamento.

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Capítulo 3

Tendo essa compreensão do planejamento como um processo político, exibimos um diagrama (Figura 2) que explana as atividades que os profi ssionais desenvolvem em todo método de planejamento, quando considera a dimensão política.

FIGURA 2 – REPRESENTAÇÃO DAS ETAPAS DO PLANEJAMENTO ENQUANTO UMA EXPRESSÃO POLÍTICA

FONTE: A autora

Após a apresentação da fi gura anterior, delineamos, de forma objetiva, o conceito de cada uma dessas etapas do planejamento a partir da sua dimensão política:

• Equacionamento – Conjunto de subsídios expressivos para adotar a decisão, além disso, essa fase oportuniza fornecer elementos fundamentais das circunstâncias, bem como as reais demandas. Por fi m, auxilia a adotar um posicionamento político e compreender o indivíduo na sua totalidade.

• Decisão – Exibe o coefi ciente de abarcamento do profi ssional planejador na atividade, envolve-se com as necessidades da população no sentido puramente estrito profi ssional, por exemplo: apresentar a sensibilidade de tomar uma decisão a partir da participação e das opiniões do público-prioritário a respeito do que necessitam para sanar suas demandas.

• Operacionalização – Acena para o detalhamento minucioso das atividades fundamentais com objetivo de concretizar o que foi decidido. Nessa ocasião, o profi ssional responsável pelo planejamento irá consubstanciar o que foi decidido a partir de algumas ferramentas do

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Fundamentos de Gestão em Serviço Social

planejamento, como: planos, programa, serviços e projetos, para que, em seguida, tudo possa ser implantado.

• Ação – A ação na dimensão política do planejamento está relacionado a ações de acompanhamento, monitoramento e avaliação das ações em execução, para assim, conexo à retomada da refl exão – racionalidade do planejamento – e, dessa forma, possa realimentar um novo circuito ou decompor o que possivelmente vier a ser indicado nesse momento para uma próxima execução.

Outro ponto basilar do procedimento de planejamento é avultá-lo também como procedimento técnico. Afi nal, o que isso signifi ca? Constitui que os profi ssionais envolvidos em processos de planejamento necessitam delimitar a ação enquanto um objeto de intervenção, isto é, qual o objeto que se almeja demarcar para alargar o planejamento e, assim, delineá-lo como projeto, programa, serviço ou plano para pôr em execução.

Nesse sentido, consideramos que o planejamento ainda consiste em sistematizar ações que tem por fi nalidade intervir de maneira satisfatória na vida de pessoas e/ou uma determinada comunidade ou grupo.

Uma ação muito bem planejada em todo seu procedimento reverenciando as fases mencionadas anteriormente, seguramente apresentará mais êxito no cumprimento da atividade e conseguirá os resultados que se aspira para se alterar uma verifi cada realidade.

Para Bertollo (2016), o planejamento, a execução e a avaliação das atividades concretizadas são atividades que estabelecem uma coerência com o que se espera da gestão social.

Assim, também é basal que o profi ssional saiba trabalhar de modo a demarcar o seu objeto de intervenção técnica. A partir disso, se o profi ssional trabalha, por exemplo, em um programa ou serviço que atende mulheres em situação de violência doméstica e almeja planejar atos para esse público, seu objeto será a condição e/ou circunstância em que essas mulheres se deparam e não as mulheres em si.

O objeto de intervenção deriva da realidade e o assistente social necessita sempre atentar-se que essa realidade não é estática, mas está em constante movimento e transformação.

Por isso, é fundamental sugerir ações que de fato vão ao encontro das fi dedignas demandas e necessidades dos indivíduos para que possam conseguir o objeto e agenciar uma alternância satisfatória na vida desses indivíduos.

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O PLANEJAMENTO SOCIAL E O ASSISTENTE SOCIAL NA GESTÃO SOCIALASSISTENTE SOCIAL NA GESTÃO SOCIAL

Capítulo 3

Prezado aluno, como forma de cooperar com o processo de ensino-aprendizagem e, dessa forma, oferecer elementos para o aprimoramento do conhecimento a respeito do assunto tratado no presente capítulo, apresentamos, como sugestão, alguns textos que são artigos acadêmicos e livros essenciais para o exercício profi ssional dos assistentes sociais.

O artigo a seguir proporciona uma avaliação a propósito de o planejamento enquanto atribuição e aptidão do assistente social, buscando evidenciar as tensões e os desafi os na operacionalização dessa técnica.

Um dos pontos básicos que se recomenda é distinguir o planejamento enquanto atuação técnica, todavia, ainda como

É necessário que o assistente social tenha um saber aprofundado a respeito do objeto que está planejando intervir e, do mesmo modo, dos sujeitos de vivenciam essas circunstâncias. É basilar, ainda, apropriar-se de leis, políticas, decretos e teóricos que versam sobre a situação objeto para ofertar coerência e embasamento ao planejamento e, desse modo, a ação a ser executada.

Por fi m, consideramos também que o modo como se apreende esses importantes conhecimentos devem ser feitos de forma a superar limites e sempre apresentar possibilidades de intervenção consistente e nunca a apreensão de conhecimento necessitará ser de contorno mecânico, irrefl etida, imediatista e assistencialista.

Baptista (2013) conceitua que o momento em que se realizou a refl exão e tomou-se a decisão pelo o que executará de ação voltada ao público escolhido, é chamado por ela de planifi cação, ou seja, ocasião em que se principia o trabalho de sistematização das ações e das metodologias imprescindíveis para a obtenção das consequências esperadas.

Essa sistematização de todo o planejamento será organizada em plano, programa ou projeto dependendo da natureza das atividades em que foi planejada.

Destarte, com base nos procedimentos já citados a respeito das dimensões que abarcam todo o processo de planejamento, já sabemos os pressupostos elementares para desenvolver um bom planejamento para uma futura ação interventiva junto aos diversos públicos atendidos.

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Fundamentos de Gestão em Serviço Social

uma ação político e ético na prática profi ssional dos assistentes sociais em qualquer espaço sócio-ocupacional em que se encontra agindo, disponível em: https://www.repositorio.ufop.br/handle/123456789/7076.

O segundo material, que está disponível a seguir, acena para um trabalho de conclusão de curso de graduação em Serviço Social pela Universidade Federal Fluminense (UFF/RJ), que tem por objetivo apresentar a forma pela qual os profi ssionais de serviço social compreendem e utilizam planejamento.

Esse material teórico parte da conjectura de que o planejamento efi caz possibilita a materialização da ruptura com as tendências assistencialistas imediatas. Apresenta, ainda, de forma resumida e suscita, os atributos de como os profi ssionais de serviço social trabalham com supervisão de estágio e empregam o planejamento enquanto instrumento de trabalho, disponível em: https://app.uff.br/riuff/bitstream/1/4676/1/TCC%20MICHELLE%20FINAL%2016.08.16%20IMPRIMIR%20-%20Formatado%20%281%29.pdf.

Indicamos, o livro da professora Myriam Veras Baptista, que é uma grande pesquisadora e professora do serviço social brasileiro e que muito cooperou com o método de planejamento social para a profi ssão do serviço social.

O livro é referência para concursos públicos no campo do serviço social, bem como um importante instrumento para orientar os vários assistentes sociais a elaborar planos, programas e projetos através de um procedimento de planejamento bem refl exivo, baseado e, por decorrência, bem implantado.

FIGURA – LIVRO PLANEJAMENTO SOCIAL: INTENCIONALIDADE E INSTRUMENTAÇÃO

FONTE: <https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/I/41Aqz18lReL._SX324_BO1,204,203,200_.jpg>. Acesso em: 23 abr. 2021.

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O PLANEJAMENTO SOCIAL E O ASSISTENTE SOCIAL NA GESTÃO SOCIALASSISTENTE SOCIAL NA GESTÃO SOCIAL

Capítulo 3

Apresentamos, por fi m, o último livro que discute, com embasamento nas teorias da administração, assuntos que auxiliarão a abarcar os subsídios e os aspectos mais basilares do planejamento no âmbito do serviço social.

A presente obra aborda assuntos como gestão social, tipos e níveis de planejamento, metodologias e o planejamento de políticas públicas. Certamente, esse livro irá auxiliá-lo a como aplicar esses conhecimentos na sua prática profi ssional enquanto assistentes sociais.

FIGURA – LIVRO PLANEJAMENTO EM SERVIÇO SOCIAL

FONTE: <https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/I/51jYBxcYx+L._SX339_BO1,204,203,200_.jpg>. Acesso em: 23 abr. 2021.

2.2 DETERMINAÇÕES CONCEITUAIS DE PLANO, PROGRAMA E PROJETO

A partir desse subtópico, delinearemos os conceitos de cada um dos instrumentos de planejamento, além de exibir os elementos que são basilares na constituição destes. Como ponto de partida, começaremos expor os conceitos de plano, em seguida, discorreremos a respeito do programa e, por último, exibiremos os conceitos que se relacionam a um projeto.

O plano delibera e descreve as ações de forma mais extensa, ou seja, pondera e indica ações conexas à estrutura organizacional como um todo dirigindo os demais coefi cientes de detalhamento das ações.

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Fundamentos de Gestão em Serviço Social

Você sabia que assistentes sociais podem ser contratados de forma autônoma para desenvolverem um planejamento social com vistas a consubstanciá-lo em um plano de ação ou em um plano estratégico de uma determinada política social?

Além de ser utilizada no cotidiano das organizações e/ou instituições para organizar as atividades profi ssionais por meio da assessoria, você pode ser requisitado para desenvolver esse tipo de trabalho, quer seja para o poder público, uma associação, organização da sociedade civil, partido político etc.

Cabe advertir que o plano precisa ser ordenado também de forma simples de modo que possa guiar os demais graus da proposta sugerida.

O plano pode ser utilizado a partir de diversos fi ns, por exemplo, para estudos setoriais, esboçar metas e ações de uma verifi cada política pública social em nível municipal, estadual e/ou federal, e a partir do plano poderão aparecer programas e/ou projetos assinalados para determinadas ações e metas descritas no plano.

Assim, o plano necessita conter os objetivos e metas das atividades bem delineadas e tendo a preocupação de otimização com os recursos da organização e/ou instituição que esteja vinculado.

Após o destaque dos componentes gerais, na sequência, apresentaremos um plano de ação que geralmente é mais específi co na prática profi ssional dos assistentes sociais para apresentarem quais ações pretendem desenvolver na instituição, focando os sujeitos e/ou famílias. Para sistematizar um planejamento a partir do instrumental plano, minimamente deve conter:

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O PLANEJAMENTO SOCIAL E O ASSISTENTE SOCIAL NA GESTÃO SOCIALASSISTENTE SOCIAL NA GESTÃO SOCIAL

Capítulo 3

Apresentação dos objetivos explicitando a importância deles para o público pri-oritário como também para a instituição que se benefi ciarão.Apresentar os aspectos da viabilidade institucional em nível técnico, político e administrativo.Expor de modo individual cada intenção de mudança que se pretende desem-penhar.Organizar um quadro demarcando um período para que cada objetivo seja exe-cutado.Recursos necessários que são imprescindíveis na execução das ações, tais como: físicos, materiais e humanos.Detalhar as fontes de cada recurso fi nanceiro que será utilizado nas ações apre-sentadas no plano.Expectativas de transformações que se esperam acontecer por meio das ações previstas no plano.Controle e avaliação das atividades.

QUADRO 1 – TÓPICOS PARA DESENVOLVER UM PLANO

FONTE: A autora

Contudo, o plano é um documento do planejamento que se apresenta de forma mais ampla, ou seja, mais geral, essa é uma das principais caraterísticas do plano. Para facilitar a sua compreensão de como desenvolver um plano, apresentamos, em seguida, como exemplo, um plano de ação que pode ser estruturado para delinear as atividades e estratégias que cada profi ssional possa planejar com relação a sua intervenção profi ssional ao longo de um ano de trabalho.

QUADRO 2 – MODELO DE ESTRUTURA DE UM PLANO DE AÇÃOAções Objetivos Recursos

necessáriosResponsável

pela inter-venção

Tempo Expectativas e/ou resultados

Controlee avaliação

Visita domiciliar Atendimento na residência tendo reais condições

de conhecer mel-hor a realidade

do indivíduo e/ou família

Humanos, materiais

Assistente social

Mensal Fortalecimento dos vínculos

familiares

Relatório de visita domi-

ciliar

Grupo socioed-ucativo

Promover infor-mações sobre

de direitos e de-veres enquanto

cidadãos

Humanos, físico e ped-

agógico

Assistente so-cial e estagiária

de serviço social

Mensal Os usuários possam obter conhecimento

de seus di-reitos e que

saibam como requerê-los.

relatório de atividade do grupo, lista

de presença, opiniões dos participantes

do grupo

FONTE: A autora

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Fundamentos de Gestão em Serviço Social

Os assistentes sociais são cada vez mais requisitados por secretarias municipais para elaborarem e desenvolverem planos de assistência social.

Podemos diligenciar que os assistentes sociais têm condições teóricas metodológicas, técnica operativa e ética política para organizar planos de assistência social com legítimas condições de exibir a realidade socioeconômica da população, suas vulnerabilidades e demandas, para que os gestores municipais contenham perceptibilidade e informação mais detalhada do modo de vida dos cidadãos e, assim, poder refl etir e desenvolver ações que vão ao encontro de atender às necessidades reais da população.

Ainda, nessa cadência, para admitir o atributo intelectual e as condições desse profi ssional agir na área de planejamento social, organizando planos de assistência social, por exemplo, o Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) confi rma que essa atividade é imputação dos assistentes sociais e cita que: “Elaborar, executar e avaliar os planos municipais, estadual e nacional de Assistência Social, buscando interlocução com as diversas áreas e políticas públicas” (CFESS, 2012, p. 11).

Destarte, ressaltamos que os planos municipais de assistência social são basilares para que o município possa descrever suas fi nalidades e desígnios frente às expressões da questão social apresentadas pela população que precisam da assistência social e, assim, poder receber os orçamentos públicos sucedidos da União e Estado para dar subsídio à execução de programas e serviços da política de assistência social.

Essa asseveração sobre o plano de assistência social pode ser encontrada na Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), Lei nº 8742/1993, Art. 30-C [...] “o que condiciona os repasses dos recursos dessa política pública a existência do Plano” (BRASIL, 1993).

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O PLANEJAMENTO SOCIAL E O ASSISTENTE SOCIAL NA GESTÃO SOCIALASSISTENTE SOCIAL NA GESTÃO SOCIAL

Capítulo 3

No que diz respeito ao conceito de programa, podemos corroborar que ele é um importante instrumento que traz um detalhamento de modo setorializada, contendo fi nalidades, princípios, diretrizes, formas de avaliação e metas.

Advertimos que o programa é essencialmente um incremento de um plano, por exemplo, um plano de alguma política pública social em determinado coefi ciente de gestão, exibe diversas metas, uma delas pode se decompor em um programa e se contornar em uma ação contínua para atender a população.

QUADRO 3 – SUBSÍDIOS ESSENCIAIS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROGRAMA

Resumo das informações a respeito da conjuntura a ser alterada com o programa – sendo sistematizada em forma de introdução, por exemplo. Modo de implantação do programa, a manutenção e acompanhamento.Recursos humanos, materiais, físicos e fi nanceiros.Objetivos gerais e específi co de acordo com a política e as diretrizes a qual o programa está vinculado.Táticas e metodologia do programa.As atividades que serão desempenhadas.

FONTE: A autora

Nada obstante, podemos assegurar que um programa é o instrumento de setorização do plano e ainda pode servir de referência para o projeto que, por sua vez, pode ser apreendido como o instrumental de máximo coefi ciente de detalhamento das ações e de menor domínio de circunscrição.

É a expressão do aprofundamento de um plano, ele seterioriza o plano. É um instrumento que tem por característica ser desenvolvido em caráter mais longínquo, necessita ser organizado por divisão e/ou setor, necessita ter metas e diretrizes.

No que se refere ao instrumento projeto, ele necessita pressupor a recomendação dos meios imprescindíveis para a sua concretização. Asseveramos que o projeto é o instrumento que mais se aproxima da prática profi ssional.

O projeto demarca o campo a ser desenvolvido uma apurada ação e determina um máximo detalhamento das suas sugestões de ação, além de conter resultados que se espera da execução da ação, formas metodológicas de se desenvolver, entre outros.

Precisa ter tempo determinado constituído para a execução das ações, além do detalhamento de como cada atividade irá ser executada, necessita especifi car os recursos humanos, materiais, fi nanceiros e físicos para o desempenho do projeto.

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Fundamentos de Gestão em Serviço Social

Ressaltamos que existem múltiplos tipos de projetos e são instrumentos utilizados em várias áreas do conhecimento, tudo estará sujeito a como ele foi pensado e qual o público que consistir em ser o demandatário da ação. Todavia, de forma geral, seja qual for o caráter e desígnio do projeto, tem um escopo com subsídios essenciais para a elaborar de projetos.

QUADRO 4 – ELEMENTOS ESSENCIAIS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

Identifi cação do projetoResumo da proposta do projeto

Justifi cativaObjetivo geral

Objetivo específi coCronograma das atividades

Referencial teóricoMetodologia

Recursos humanos, materiaisRecursos fi nanceiros

Sistema de monitoramento e controleSistema de avaliação dos resultados

FONTE: A autora

2.3 ELABORAÇÃO DO PROJETO SOCIAL

Para elaboração de um projeto social e/ou de intervenção, faz-se imprescindível, em uma primeira ocasião, abarcar o que ele tem por conceito e, por consecutivo, ao que ele menciona e, assim, marcar a importância dele, enquanto um importante instrumento do processo de planejamento que os assistentes sociais se utilizam para efetivar e garantir direitos, contribuir com críveis quebras de paradigmas, alterações sociais, econômicas, culturais, educacionais entre outros.

Um projeto social e/ou de intervenção se estabelece enquanto sugestão de atividades que são constituídas através da identifi cação de difi culdades, necessidades como, também, a identifi cação do que será prioritário de intervenção frente ao que foi plausível ser desenvolvido.

Um projeto social pode ser designado enquanto projeto de intervenção, que tem por defi nição ser uma atividade com desígnios reais a respeito de uma verifi cada realidade.

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O PLANEJAMENTO SOCIAL E O ASSISTENTE SOCIAL NA GESTÃO SOCIALASSISTENTE SOCIAL NA GESTÃO SOCIAL

Capítulo 3

Nesse sentido, um projeto de intervenção necessita determinar e guiar as atividades planejadas com vistas à resolução de situações, demandas intrínsecas à realidade de vida da população usuária das políticas públicas sociais, atentando-se para que a atividade consubstanciada no projeto possa causar modifi cação e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida da população.

O profi ssional de serviço social que anseia desenvolver condições para uma intervenção que dirija a transformações expressivas na vida dos indivíduos que serão o público destinatário do projeto, deve, fundamentalmente, procurar superar os limites do enfoque situacional para identifi car prioridades de intervenção, tomando sempre uma visão que não amortize a ação à imediaticidade.

Por fi m, confi rmamos que o êxito na elaboração de projetos, está sujeito também ao envolvimento e empenho ético e político dos assistentes sociais que desenvolvem suas ações espontaneamente ao público mais vulnerável.

2.3.1 Pressupostos para elaboração de projeto

Para o desenvolvimento de um bom projeto, carece estimar e avaliar o quão se faz indispensável que sua sugestão seja ao encontro do fato através de um método de planejamento bem delineado, com legítimas condições materiais de ser adimplido.

Ademais, ratifi camos que seja estimado na ocasião do planejamento como processo técnico, político e, além disso, dotado de racionalidade.

FIGURA 3 – ESQUEMA QUE ENFATIZA ALGUNS ELEMENTOS BASILARES NO PROCEDIMENTO DE ELABORAÇÃO DE PROJETO

FONTE: A autora

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Fundamentos de Gestão em Serviço Social

Prezado aluno, vamos apresentar um vídeo a respeito de dicas de como estruturar um cronograma para compor uma das etapas fundamentais de um projeto.

Apresentamos, aqui, alguns vídeos de canais de aprendizagem na área de projetos. Os vídeos são mais uma ferramenta no procedimento de ensino, conhecimento e aprendizagem profi ssional no que se refere aos estudos que desenvolvemos até aqui.

A dica apresentada pelo profi ssional do primeiro canal orienta a respeito da importância de se pôr prazos em seu projeto, além de apresentar todas as atividades e ações que foram desenvolvidas desde o momento da sistematização do seu projeto até as atividades que serão designadas ao público demandatário da ação.

Das três coisas que ela menciona que não podem carecer no cronograma de seu projeto, atente-se às duas primeiras dicas:

Como situar o tempo de execução e a divisão de todas as etapas do projeto. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=KxaVVKUx8WE.

Ressaltamos que, para um projeto ter consistência, é fundamental a construção de um referencial teórico embasando todo o projeto. É necessário conhecer a realidade, todavia, ainda, em mesmo grau de seriedade, apropriarem-se de informação oriunda de leis, conceitos teóricos, metodológicos dados do IBGE, sites ofi ciais entre outros que originarão a alternativa do objeto e do público para as atuações do projeto.

De acordo com Baptista (2013), destacamos outro assunto fundamental, que é com relação ao momento da implementação do projeto, nesse momento, formaliza-se preceitos e exemplos da intervenção e demais necessidades de ordem burocrática, jurídica e administrativa, para que, dessa forma, instale-se o projeto e dê início às atividades descritas.

Sumarizando, todo projeto necessita ter delineado e estruturado um sistema de controle e de avaliação que exiba quem serão os responsáveis técnicos para alcançar esse controle/monitoramento e avaliação e, da mesma forma, explicitando quais constituem os indicadores que serão empregados e que tipos de instrumentais estabelecerão todas os elementos apreendidos em cada etapa.

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O PLANEJAMENTO SOCIAL E O ASSISTENTE SOCIAL NA GESTÃO SOCIALASSISTENTE SOCIAL NA GESTÃO SOCIAL

Capítulo 3

A segunda direção que ofertamos a você fornece orientações a respeito de ferramentas destinadas a facilitar a elaboração de um quadro de cronograma. Com certeza, contribuirá ainda mais com sua performance acadêmica. Em seguida, colaborar com o seu trabalho profi ssional enquanto assistentes sociais. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=taR-m7pm7hk.

2.3.2 Passo a passo para a elaboração de projeto

Quando se está refl etindo e planejando para delinear um projeto, é basilar se fazer as seguintes inquirições:

• Para quem estou planejando para desenvolver um projeto? • O que anseio conseguir de transformações na realidade desses

públicos?• É importante ter o conhecimento aprofundado do público, dos atributos

do território em que será desenvolvido o projeto e que o projeto seja bem escrito e organizado.

Portanto, exibimos um percurso de elaboração de projeto com os elementos basilares que se necessita atentar para ser desenvolvido em cada um de seus tópicos mencionados a seguir:

• Identifi cação do projeto: nome da instituição completo, endereço, característica da instituição, nome do responsável em elaborar o projeto e dos responsáveis em executar o projeto, data de elaboração e outras informações que aferirem ser adequadas de se constar na identifi cação.

• Resumo da proposta do projeto: precisa conter informações básicas do seu projeto, é uma forma de introdução, deve ser escrito de forma clara e objetiva.

• Justifi cativa: deve acenar para a importância do objeto designado atendendo aos aspectos do âmbito social, comunitário, demandas específi cas do público, atributos do território e do serviço, além do exercício profi ssional.

• Objetivo geral: precisa ser descrito a partir de um verbo de ação. É imprescindível exibir a ideia geral do que se almeja exercer nas atividades para com o público.

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Fundamentos de Gestão em Serviço Social

• Objetivo específi co: orientamos a delimitar, no máximo, três objetivos a partir do que verdadeiramente terá condições de dar cumprimento, esse objetivo é uma espécie de decomposição do objetivo geral, e, por essa razão, necessitam estar interligados à ideia exibida no objetivo geral. Por fi m, da mesma forma que se descreve o objetivo geral, o específi co também deve ser iniciado por um verbo de ação. Exemplo: viabilizar, buscar, orientar, esclarecer, promover etc.

• Cronograma das atividades: representa-se através de um gráfi co em que se delineia todas as atividades concernentes ao projeto e cada atividade descrita necessitará ser assinalada o mês em que ela foi cumprida e/ou tem de previsão para ela ser adimplida.

• Referencial teórico: ponderando o público e a sua realidade, apresentar ideias de alguns autores que estudam a situação, assim como legislações, portarias, resoluções, políticas etc.

• Metodologia: nesse item, deverá ser descrito um passo a passo de como foi o processo de estruturação do projeto e como será o desenvolvimento da execução das atividades.

• Recursos humano: quais recursos humanos serão necessários para desenvolver o projeto. Exemplo: motorista assistente administrativo, pedagogo, psicólogo, estagiário de serviço social, gerente, assistente social, cozinheira, professor de educação física entre outros.

• Recursos materiais: todos os recursos materiais que serão necessários ao desenvolvimento das atividades. Exemplo: computador, impressora, tinta de impressora, papel sulfi te, cola, lápis, borracha, giz de cera, cadeira, mesa, sucos, bolachas, água, papel higiênico, tinta para tecido, bola de futebol etc., refl itam atenciosamente para que não exista nem desperdício e nem ausência de algum item no momento da execução, para que sua ação não seja prejudicada.

• Recursos fi nanceiros: qual orçamento fi nanceiro que o seu setor dispõe para executar o projeto e adquirir os recursos materiais.

• Sistema de monitoramento e controle: assinalar quais serão os indicadores para realizar o acompanhamento e registrá-lo.

• Sistema de avaliação dos resultados: organizar reuniões durante a execução e ao fi nal do desenvolvimento do projeto para avaliar se os objetivos e metas foram alcançados, deve-se descrever como se almeja sistematizar as avaliações e como anotar.

Para os três instrumentos de planejamento, é salutar que haja simplicidade e boa escrita na redação, organização textual, objetivos reais de ser alcançado, ter coerência e ser compatível com as necessidades do público e com as demandas institucionais.

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O PLANEJAMENTO SOCIAL E O ASSISTENTE SOCIAL NA GESTÃO SOCIALASSISTENTE SOCIAL NA GESTÃO SOCIAL

Capítulo 3

Você sabe que todo e qualquer projeto que o assistente social avalia ser pertinente desenvolver diante das demandas que se confi guram em seu cotidiano profi ssional, precisa ser cuidadosamente verifi cado os vários percursos para a elaboração e, por consequência, a execução.

No entanto, o que percebemos, no âmbito da gestão social e planejamento, como na execução, tem sido palco de algumas polêmicas, é que alguns profi ssionais se aproveitam de projetos já desenvolvidos e fazem adaptações bem pontuais e esquecem de analisar, por exemplo, se existe recurso fi nanceiro e humano para a execução do projeto.

Desse modo, considere a seguinte situação: Lívia é assistente social em um serviço que atende pessoas idosas. Ela teve por intencionalidade planejar e, por decorrência, apresentar um projeto social, com a fi nalidade de agenciar passeios culturais para os indivíduos que ela atende nesse programa. Ela constatou que é uma demanda concentrada o dia a dia desses indivíduos, a precisão de ter ascensão a espaços de cultura e lazer.

Além disso, averiguou se teria aceitabilidade, motivação das pessoas em participarem desse projeto, comunicou a todo o público que se destina essa ação e eles fi caram muito entusiasmado, do mesmo modo, comunicou ao seu gerente que, por sua vez, autorizou a execução do projeto.

Não menos importante, confi rmamos três subitens que precisam ser considerados durante a elaboração de quaisquer um dos elementos constitutivos do processo de planejamento, são eles:

• Espaço que se refere a objetos e/ou áreas delimitadas espacialmente.• Tempo que signifi ca delimitação de um período para ser implantado e,

por conseguinte, executado, determinando prazos para cada atividade a ser desenvolvida.

• Volume que indica a mensurar os resultados reais que se conseguiu alcançar.

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Fundamentos de Gestão em Serviço Social

2.4 ASSESSORIA E CONSULTORIAAssessoria e consultoria, em matéria do serviço social, fazem referência à

atribuição privativa dos assistentes sociais desenvolverem, no que se refere ao conhecimento técnico desenvolvido por esses profi ssionais.

Está atribuição está descrita no Art. 5º da Lei nº 8.662/1993, que confi rma que essa imputação faz parte das atuações profi ssionais e a assenta enquanto uma competência profi ssional no Art. 4º da mesma lei.

Todavia, mesmo que, muito embrionária a produção de teor teórico a respeito dessa atribuição, asseguramos que, nos últimos anos, temos percebido que determinados profi ssionais de serviço social têm se apropriado dessa atribuição e buscado se aprimorar e desenvolver esse trabalho de assessoria e consultoria. Sobretudo nos últimos anos em virtude de escassez de concursos públicos que, historicamente, foram os principais empregadores dessa categoria profi ssional no Estado brasileiro.

Envolve historiar que, para trabalhar com essas atividades, o profi ssional de serviço social necessita ter, com excesso, propriedade, informação e conhecimento teórico, tecnicamente a respeito do assunto que almeja desenvolver uma atividade de assessoria ou consultoria.

Os profi ssionais de serviço social podem desenvolver assessoria e consultoria, tanto a órgãos da administração pública como prefeituras, governos estaduais e federais em qualquer setor, desde que seja em assuntos relacionados ao serviço social.

Assim, ao marcar o primeiro passeio, não conseguiu efetivar a ação uma vez que não tinha dinheiro para alugar o ônibus para conduzir as pessoas ao passeio.

Diante dessa situação, converse com sua equipe de trabalho e/ou seus colegas de turma sobre a relevância de analisar todos os aspectos para o processo de planejamento e sistematização de projetos e programas para a prática profi ssional dos assistentes sociais em seus diversos espaços ocupacionais de atuação e dialoguem sobre o que fi cou faltando nessa situação apresentada.

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O PLANEJAMENTO SOCIAL E O ASSISTENTE SOCIAL NA GESTÃO SOCIALASSISTENTE SOCIAL NA GESTÃO SOCIAL

Capítulo 3

Assessoria: alude a respeito de um procedimento técnico e com caraterísticas consecutiva e com uma perspectiva de trabalho mais abarcante.

Consultoria: tem por acepção ser um trabalho mais preciso, por exemplo: o profi ssional é sondado sobre um verifi cado tema em que seja especialista e, nessa sondagem, é solicitado que ele possa dar um parecer ou uma orientação pontual a respeito do que originou aquela consulta.

Igualmente, podem desenvolver suas atividades de assessoramento e consultoria, em empresas privadas, organizações da sociedade civil e organizações sociais – 3º setor – e outras entidades, contudo em matéria inerente ao conhecimento promovido pelo serviço social.

Os assistentes sociais que atuam nesse âmbito do exercício profi ssional desenvolvem seu fazer enquanto profi ssionais liberais, ou seja, atuam de modo autônomo.

Vale ponderar que a diferença entre assessoria e consultoria é mínima, sendo que, a primeira imputação, o próprio nome confi rma, ela é voltada a um acompanhamento, o que desponta que ela requer mais tempo para seu desenvolvimento.

Conforme Matos (2006), a assessoria e consultoria em matéria de serviço social é uma atuação que necessita ser exercida por assistentes sociais que é dotado de formação e conhecimento aprofundado, tanto com relação à própria profi ssão quanto a respeito da realidade social exibida a ela para realizar uma assessoria ou uma consultoria.

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Fundamentos de Gestão em Serviço Social

Caro aluno, para contribuir ainda mais com o seu conhecimento, deixamos como sugestão de leitura o seguinte livro:

BRAVO, M. I. S.; MATOS, M. C. de. Assessoria, consultoria e serviço social. 2. ed. Ed. São Paulo: Cortez, 2014.

O presente livro tem por fi nalidade apresentar textos que são de fundamental importância para todos os que se preocupam em desenvolver seu exercício profi ssional numa perspectiva crítica e compromissada com a construção de uma sociedade mais justa, mais igualitária e realmente emancipada.

Apresenta dilemas que encontramos no cotidiano da intervenção profi ssional e, em especial, para aqueles que desejam atuar com assessoria e consultoria, no entanto, com a perspectiva crítica.

FIGURA – LIVRO ASSESSORIA, CONSULTORIA E SERVIÇO SOCIAL

FONTE: <https://m.media-amazon.com/images/I/41QN24MymyL.jpg>. Acesso em: 23 abr. 2021.

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O PLANEJAMENTO SOCIAL E O ASSISTENTE SOCIAL NA GESTÃO SOCIALASSISTENTE SOCIAL NA GESTÃO SOCIAL

Capítulo 3

• Assessoria não pode ser confundida com supervisão.• Assessoria não pode ser empreendida sem estar protegida no

que o projeto ético profi ssional preconiza.• Assessoria não deve ser confundida com a militância política e/ou

partidária que o assistente social possa ter em sua vida particular.

Por fi m, é um ato de caráter contínuo e com um prazo demarcado de médio a longo prazo para seu desenvolvimento.

Ainda, segundo Matos (2006), ele acentua ser importante percebermos que o assistente social, no desenvolvimento da assessoria, não deverá fazer qualquer tipo de intervenção, entretanto, indicar probabilidades de caminhos e estratégias a equipe em que esteja sendo desenvolvido a assessoria.

No que se refere à atividade de consultoria, ancoramo-nos no conhecimento desenvolvido por Vasconcelos (1998, p. 128) que apresenta um conceito teórico que distingue a consultoria da assessoria:

Frequentemente, para que uma equipe ou assistente social solicite um processo de consultoria, é necessário que já tenha passado, ainda que precariamente, pela elaboração de um projeto de prática, objetivando, com a consultoria, respostas para algumas questões pontuais que difi cultam seu encaminhamento.

Nada obstante, agora com os devidos conceitos apresentados e o que diferencia uma imputação da outra, seguramente você compreenderá com literalidade daqui por diante, falar e descrever a respeito dessa atribuição que nos é legitimada, contudo, entendendo que ainda é preciso progredir com mais informações a respeito dessas atribuições no cerne da academia e nas entidades da categoria como todo.

2.5 SUPERVISÃO E AVALIAÇÃOCom relação à atividade de supervisão, temos diversos pontos que podemos

ponderar a respeito do exercício profi ssional dos assistentes sociais adotando essa atividade.

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Fundamentos de Gestão em Serviço Social

Avaliação de efi ciência: refere-se absolutamente à ação que foi planejada e, em seguida, adimplida, analisa ser uma ação efi ciente quando esta alcançou um nível de menor gastos em termos de recursos fi nanceiros e que não desprendeu de muito desgaste físico, mental e de tempo para pode ser desenvolvida e, assim, alcançou efeitos aceitáveis.

Avaliação de efetividade: acena a respeito do impacto que será acarretado por parte das atividades devidamente planejada ao público e/ou seu território. Além disso, afere se de fato os desígnios descritos na fase do planejamento foram obtidos em sua totalidade no momento do cumprimento das atividades, sendo analisadas essas questões, é plausível que a ação seja analisada com obtenção de efetividade naquilo que se propôs.

Avaliação de efi cácia: corresponde ao grau de obtenção das metas e objetivos que foram antevistos no planejamento junto a essas ações.

Pode tanto desenvolver supervisões de estagiários em serviço social quanto desenvolver supervisão técnica de uma equipe de um apurado programa e/ou serviço de atendimento e acompanhamento à população, por exemplo, serviços de acolhimento institucional para crianças e adolescentes, serviços de atendimento a adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa entre outros.

Pode desenvolver, ainda, uma supervisão profi ssional para um grupo de assistentes sociais que desejam ter um acompanhamento de suas atividades profi ssionais desempenhadas em seu espaço sócio-ocupacional de trabalho.

No que se refere à avaliação de planos, programas e projetos, Baptista (2013) informa sobre três indicadores para desenvolver essa atividade técnica: avaliação de efi ciência, avaliação de efi cácia e avaliação de efetividade.

Por fi m, ressaltamos a importância de toda ação planejada ser devidamente supervisionada e/ou controlada durante seu processo de execução, pois desse modo, já está sendo feito avaliações, assim, é possível reparar possíveis desníveis e desorganizações processuais durante a execução das ações.

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O PLANEJAMENTO SOCIAL E O ASSISTENTE SOCIAL NA GESTÃO SOCIALASSISTENTE SOCIAL NA GESTÃO SOCIAL

Capítulo 3

1 De acordo com de elaboração de projeto social que apreendermos neste capítulo, é importante termos o entendimento de que, para que um projeto alcance a sua fi nalidade, precisa ser desenvolvido respeitando fases que nomeamos como ciclo. Assim, assinale a alternativa CORRETA quanto às fases que correspondem a esse ciclo:

a) ( ) Planejamento, implementação, implantação, execução e avaliação.

b) ( ) Visita domiciliar, atendimento, execução e benefícios.c) ( ) Reunião, atendimento, observação e escuta.d) ( ) Visita institucional, parecer social, relatório social e

identifi cação.e) ( ) Justifi cativa, sumário da proposta, parecer social e articulação

de rede.

2 Sabemos que um projeto social tem, por natureza, desenvolver uma intervenção diante de uma determinada expressão da questão social e possui alguns predicados, dentre eles, solicitamos que, a seguir, sinalize quais são as três características que são analisadas enquanto propósitos frente ao projeto social:

Lembre-se de que um plano, programa ou projeto, mesmo não conseguindo alcançar os três indicadores juntos, nem por esse motivo, a ação deixará de ser considerada. Conseguindo alcançar ao menos dois desses três indicadores a atividade avaliada terá um status considerado satisfatório de suas ações desenvolvidas.

Além disso, ao se avaliar criteriosamente o planejamento que fora executado, considerar essas três análises de avaliação, porque, assim, o profi ssional alcançará a totalidade dos fatos se verdadeiramente o desígnio a priori apresentado conseguiu o que se almejava quando fora delineado.

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Fundamentos de Gestão em Serviço Social

a) ( ) Propósito de permanência, propósito de estabilidade e propósito político.

b) ( ) Propósito de criação, propósito de imagem e propósito partidário.

c) ( ) Propósito partidário, propósito social e propósito de criação. d) ( ) Propósito de mudança, propósito de legitimação e propósito

de crescimento. e) ( ) Propósito institucional, propósito político e propósito de

instabilidade.

3 A PRÁTICA DO ASSISTENTE SOCIAL NA FUNÇÃO DE GESTOR SOCIAL

A respeito da prática profi ssional do assistente social, na função de gestor, é importante fazermos um abreviado resgate sobre esse assunto, pois os profi ssionais, a partir das políticas desenvolvimentista no governo do presidente Juscelino Kubitschek, contém o resíduo populista da política do presidente Getúlio Vargas.

A partir da década de 1950, o serviço social brasileiro regulava suas ações profi ssionais no tradicionalismo, ou seja, desenvolvia sua intervenção profi ssional voltada para atender às demandas exibidas pela elite burguesa e, por conseguinte, essas demandas eram organizadas em forma de ações governamentais para serem desenvolvidas com vistas ao atendimento da população.

Nessa época, as ações governamentais mais corriqueiras que as assistentes sociais planejavam e faziam gestão, eram focalizadas no atendimento à desnutrição infantil, situação de crianças e adolescentes vivendo nas ruas, insalubridade, ambiente doméstico, desenvolvimento de comunidades entre outras ações congêneres.

Contudo, com a renovação de suas bases teórico e metodológica, o serviço social se renovou e considerou a seriedade de reordenar suas ações, regularizadas na questão social e o que dela emana, que são suas expressões.

Desse modo, ponderando, na atualidade, sobre o trabalho do assistente social, atuando na prática de gestão social e utilizando do planejamento social,

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O PLANEJAMENTO SOCIAL E O ASSISTENTE SOCIAL NA GESTÃO SOCIALASSISTENTE SOCIAL NA GESTÃO SOCIAL

Capítulo 3

tanto na esfera da gestão como no campo da execução de serviço, programa ou projeto da rede direta (órgão públicos) ou rede indireta (organizações da sociedade civil).

Assim, o assistente social terá atributos e desenvolturas técnicas para cumprir no exercício de sua colocação, atividades que priorizam e advertem a seriedade de se planejar e gerenciar todas as ações voltadas ao público que necessita da intervenção das ações.

Uma prática de gestão social muito bem planejada permite, ao assistente social, analisar aspectos como: prazo necessário para desempenhar a ação que está planejando custos de ordem fi nanceira que a ação irá demandar, outros recursos como: humanos, materiais para desenvolver a ação, formas de realizar o acompanhamento da execução da atividade planejada entre outras situações.

Portanto, terá condições de refl etir sobre ações que de fato serão plausíveis de serem executáveis com vista a atender à população que depende da intervenção desse profi ssional.

É basilar que cada ato a ser planejado necessita ser devidamente acompanhado pelo gestor social responsável, ademais, necessita ser dotada de uma intencionalidade técnica do profi ssional, seja pensada de um modo que possa agenciar alterações expressivas na realidade concreta vivida pelos indivíduos que serão favorecidos pela atividade.

Pensar o trabalho profi ssional dos assistentes sociais seja em qual espaço sócio-ocupacional que venha atuar, faz-se salutar e necessário desenvolver seu trabalho, baseado pelas três dimensões que orientam o trabalho do assistente social, são elas: dimensão teórica metodológica, ética política e técnica operativa.

Pensá-las de maneira conexa e interligada, contudo, reconhecendo a particularidade de cada uma, admite entender a função de gestor social e a importância da teoria quanto perspectiva de dar subsídio à prática profi ssional na gestão, visto que, a partir da teoria, os assistentes sociais terão mais qualidades técnicas, metodológicas e argumentativas para desenvolverem suas atividades no dia a dia.

Ademais, com a teoria, permite-se ponderar a respeito da conjuntura com mais clareza, despir-se de julgamentos, neologismos, visões julgadoras e punitivas perante as várias expressões da questão social.

Por fi m, consideramos também que ela dirigirá o profi ssional de serviço social a exercer sua prática no campo da gestão social, avaliando de forma mais

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Fundamentos de Gestão em Serviço Social

qualitativa e técnica quais melhores caminhos, estratégias e/ou táticas que se empregará para desenvolver as diversas demandas do seu dia a dia profi ssional nesse âmbito de atuação.

3.1 SERVIÇO, COORDENAÇÃO E DIREÇÃO

Quando fazemos referência ao trabalho profi ssional das assistentes sociais na direção de serviços e programas e/ou coordenação, procuramos nos ancorar na Lei nº 8662/1993, que regulamenta a profi ssão.

Sendo assim, avultamos o Art. 4º que exibe enquanto competência do assistente social a desenvoltura para elaborar, implementar e executar serviços, programas tanto na esfera pública quanto privada.

Além disso, enquanto atribuição privativa, no Art. 5º da citada lei, é reconhecido essa aptidão para os assistentes sociais exercerem funções de coordenação, direção em serviços, projetos que dizem respeito ao desenvolvimento do serviço social.

O assistente social adimplindo a coordenação de algum serviço, seja ele de uma política pública social ou um serviço do âmbito da esfera privada, essencialmente, no âmbito dessa coordenação, necessitará colocar protocolos para o atendimento a ser implantado para o público demandatário, além de desenvolver instrumentais técnicos e ainda será responsável em prestar contas ao poder público das atividades em que estejam sob sua responsabilidade de coordenar, responder a demandas do sistema de justiça quando for o caso, entre diversas outras circunstâncias.

É importante que esse profi ssional, no exercício dessa função de coordenar e/ou executar a direção de um setor, além de ter extenso conhecimento a respeito do público atendido e a política que se encontra coordenando, deve ter conhecimento da Língua Portuguesa e uma boa escrita.

Deste modo, Cardoso e Prá (2012) asseveram que o coordenador de um serviço característico das políticas públicas sociais necessita analisar a dinâmica e a complexidade das questões dos usuários. Fundamentalmente, terá que estabelecer articulações com os demais planos de proteção social e com outras políticas públicas setoriais, por exemplo, assistência social, saúde, habitação, trabalho, educação, lazer, previdência social entre outras.

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O PLANEJAMENTO SOCIAL E O ASSISTENTE SOCIAL NA GESTÃO SOCIALASSISTENTE SOCIAL NA GESTÃO SOCIAL

Capítulo 3

Você conhece a professora Dra. Myrian Veras Baptista?

Você tem conhecimento a respeito das suas importantes contribuições na área de planejamento social e para o serviço social em sua totalidade?

A professora Myrian Veras era assistente social, professora, intelectual, pesquisadora e militante. Atuou em áreas como direitos humanos, infância e adolescência e se tornou uma grande referência nos estudos de planejamento e avaliação social.

Formada em Serviço Social pela PUC-SP em 1954. Mestre e Doutora em Serviço Social também pela PUC-SP, foi titular do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da mesma instituição, permanecendo enquanto docente até se aposentar. Foi uma das fundadoras da Revista Serviço Social & Sociedade.

Conforme Mioto e Lima (2009), a área que mais aproveita a mão de obra especializada de assistentes sociais é o campo das políticas sociais, que se contorna um ambiente ocupacional distinto para a intervenção profi ssional, na formulação de políticas, teoria legislativa, no planejamento, na execução e gestão das políticas sociais.

Destarte, para enfatizarmos o trabalho do assistente social, seja trabalhando em serviço tanto coordenação quanto na função de direção, por exemplo, compete avultar que o Conselho Federal de Serviço Social (CFESS), organizou um documento que robustece as áreas e atribuições profi ssionais que são exclusivas do assistente social desenvolver, dentre elas, destacamos duas atribuições privativas que vão ao encontro da discussão:

Formular e executar os programas, projetos, benefícios e serviços próprios da Assistência Social, em órgãos da Administração Pública, empresas e organizações da sociedade civil; Elaborar, executar e avaliar os planos municipais, estaduais e nacional de Assistência Social, buscando interlocução com as diversas áreas e políticas públicas, com especial destaque para as políticas de Seguridade Social [...] (CFESS, 2012, p. 11).

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Fundamentos de Gestão em Serviço Social

Um assistente social realiza seu trabalho interventivo no Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF), que é executado dentro do Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) de um município de grande porte, recebeu a incumbência da coordenadora do CRAS para que ela pudesse sistematizar um plano de ação alusivo às intervenções que almeja exercer junto às famílias do PAIF que ela acompanha.

Para isso, precisará aferir as demandas das famílias, ter informação mais verifi cada da realidade, basear-se teórica e tecnicamente para planejar e, por decorrência, sistematizar o seu

Os profi ssionais de serviço social têm por direito a participação na elaboração dos planos municipais, estaduais da política de assistência social, da organização das atividades de direção e gestão dos serviços públicos, visto que fazem parte da equipe técnica e de gestão que ordena as atividades a serem desenvolvidas nas distintas secretarias municipais.

Também é importante considerarmos a relação do serviço social na função de direção e/ou coordenação de setores que são ligados ao fundo de recursos públicos e destinados à gestão das ações das políticas públicas vejamos:

É através do orçamento e análise do PPA que os assistentes sociais podem propor políticas e programas sociais vinculados ao plano de governo, contribuindo diretamente com o enfrentamento da questão social, seja planejando, seja executando as políticas (SILVA, 2016, p. 75).

Desse modo, enfatizamos a importância dos profi ssionais alcançarem conhecimento a respeito dos valores orçamentários propostos à política pública em que operam, para que, assim, possam alcançar condições de implementarem seus planejamentos de atividades para que, de fato, obtenham condições de dar cumprimento que organizarão suas atividades na observância e conhecimento sobre o que se tem de dotação orçamentária fi nanceira.

Nada obstante, Trindade (2012) confi rma como tem se estabelecido requisições para que o profi ssional de serviço social tenha atributo e conhecimento sobre orçamento público e gestão, além de desenvoltura com planejamento. Uma vez que têm sido exigidos seu saber profi ssional, tanto na esfera pública, terceiro setor e/ou rede privada quer seja enquanto trabalhador contratado direto ou na forma de prestação de serviços enquanto profi ssional liberal.

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Capítulo 3

plano de ação com objetivo de ser avaliado por sua gestora e, sendo confi rmado, deve colocar em execução ao longo do ano em vigência.

O assistente social necessitará, ainda, ter uma linguagem aberta e coesa em sua escrita, demarcar suas atividades e traçar um objetivo para cada uma delas.

Além disso, estabelecer tempo determinado para que cada atividade possa ser executada, apresentar recursos necessários, os responsáveis por cada atividade, expectativas e/ou resultados que se espera com cada atividade e, por fi m, apresentar qual será o mecanismo de monitoramento e avaliação que ela utilizará para cada atividade executada.

FIGURA 4 – COMPONENTES IMPORTANTES PARA UMA PRÁTICA DOS ASSISTENTES SOCIAIS NA GESTÃO SOCIAL EM SUA TOTALIDADE

FONTE: A autora

O assistente social, enquanto diretor, coordenador e gestor, compete a ele desenvolver a gestão social desses verifi cados serviços, programas que estejam à frente para que as intervenções a serem desenvolvidas, de fato, possam ir ao encontro das demandas das famílias e indivíduos que precisam serem atendidos em sua totalidade.

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Fundamentos de Gestão em Serviço Social

Necessita voltar toda a sua atenção para desenvolver suas atribuições, não de forma imediatista, superfi cial e/ou burocráticas, mas necessitam ser planejadas e administradas, a partir das metas, diretrizes e objetivos, devendo, por fi m, pautar-se no projeto ético político profi ssional para que a sua gestão, verdadeiramente, vá ao encontro das demandas dos sujeitos.

É salutar também atentarmos que ao gestor não cabe análises reducionistas frente às questões sociais e/ou de cunho moralista e fatalista, alegando que é algo que está posto e que não haverá melhoras.

Igualmente, reforçamos que é necessário avaliar quais são as necessidades que provocam a vulnerabilidade e, por conseguinte, pode colocar o indivíduo e/ou família em risco. No entanto, sempre procurando probabilidades de refl etir na gestão, contornos para contrapor os problemas e sugerir ações que se dedica a irromper essas necessidades.

Por fi m, é salutar deixamos claro que, ao assistente social, no exercício da função de coordenação de um determinado serviço, assumindo cargos de direção, de gestor ou na execução, é basilar que seja evidenciado quais são suas imputações e aptidões a partir do que a própria legislação da profi ssão confere no exercício dessas colocações.

É fundamental, ainda, saber distingui-las das atividades que são atribuídas pela instituição ao profi ssional que assume esse encargo, compreendendo que algumas incumbências são de ordem administrativa e burocrática, ou seja, não são próprias à profi ssão do serviço social, mas que todo o profi ssional, sabendo discerni-las e usando sempre da ética profi ssional, conseguirá desenvolver suas atribuições conforme a Lei nº 8.662/1993, que regulamenta a profi ssão e desempenhar as atividades que são institucionais atribuídas aos cargos supracitados.

3 O assistente social, em seu fazer profi ssional, possui diversos instrumentais técnicos operativos para lhe auxiliar em seus diversos procedimentos de intervenção frente às diversas demandas que se confi guram em seu cotidiano. Assim, um desses instrumentais se refere ao projeto. Assinale qual a alternativa que apresenta coerência na informação:

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Capítulo 3

( ) É o instrumental que os assistentes sociais utilizam para emitir uma opinião técnica sobre determinado caso que estejam atendendo.

( ) É um importante instrumental, porém, não fundamental, haja vista que os assistentes sociais podem realizar intervenções em grupos sem elaborar projetos.

( ) É um instrumental que expressa as ideias mais amplas que os assistentes sociais precisam esboçar em seu cotidiano profi ssional.

( ) É um dos instrumentais mais utilizados, pois expressa as razões que justifi cam a ação que se pretende executar, além de expressar os objetivos que se pretende alcançar.

( ) É um instrumental em que o assistente social utiliza em seu cotidiano profi ssional, visto que ele é obrigado pelo gestor da instituição, a desenvolver projetos que sejam em favor da instituição.

4 O processo de avaliação deve se dar em todo o desenvolvimento da elaboração do projeto, durante a execução das ações e, por fi m, uma avaliação ao fi nal da execução de todo o projeto a fi m de analisar se de fato alcançou alguns indicadores sociais de avaliação e se atingiu os objetivos e metas delineados. Com base no exposto, assinale a alternativa CORRETA:

( ) A avaliação é um importante procedimento para verifi car tanto durante o processo de planejamento quanto durante a consubstancial do projeto, e igualmente a execução das ações, estão coerentes com a intencionalidade e objetivos propostos para essa ação.

( ) A avaliação é um fundamental procedimento de verifi cação a fi m de detectar se os profi ssionais estão realmente realizando as atividades de acordo com os determinantes da instituição em que trabalham.

( ) A avaliação é um procedimento que incide diretamente sobre a necessidade da instituição em saber como está sendo avaliada diante do público que atende.

( ) A avaliação é a mesma coisa que o procedimento metodológico do projeto, deve ser apresentada de forma que entendam como será estruturada ao longo do projeto.

( ) A avaliação é um procedimento que não se faz necessária, uma vez que o projeto foi desenvolvido a partir de um bom planejamento.

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Fundamentos de Gestão em Serviço Social

4 ALGUMAS CONSIDERAÇÕESNeste capítulo, buscamos mencionar a respeito de conhecimentos que são

de suma importância para o desenvolvimento da prática do serviço social no âmbito da gestão social, dialogando sobre os conceitos e defi nições a respeito de plano, programa e projetos.

Além das defi nições, procuramos apresentar roteiros básicos de elaboração de planos e projetos, tivemos o cuidado de ofertar exemplos para que você pudesse ter um maior entendimento e ainda poder usar essas informações, adequando-as para o exercício profi ssional.

Objetivou-se também apresentar a você, estudante, uma refl exão sobre o que é basilar aos profi ssionais aprofundarem a propósito do conhecimento da metodologia do planejamento social, bem como a importância dele para o assistente social desenvolver suas atuações, tanto no nível de executor como gestor, diretor e/ou coordenador além de ter mais informação a respeito das atribuições e competências no cerne das atividades enquanto assessoria e consultoria.

Ademais, buscamos proporcionar direções a você, discente, para que alcancem romper com o conservadorismo que circundam o trabalho do planejamento, com a fi nalidade de superá-lo, sempre reforçando a importância da orientação do projeto ético político e do arcabouço teórico metodológico e técnico operativo.

Destarte, é imperativo que o assistente social, enquanto um profi ssional planejador, executor e avaliador de planos, programas e projetos, procure esses métodos e as incorpore no seu desenvolvimento profi ssional nos assinalados espaços que se desenvolve as atribuições e competências do serviço social.

No entanto, o estudo apresentou que, com a forma de planejar socialmente e se apropriar dos instrumentos de planejamento, de acordo com as características da ação planejada e no decorrer da execução realizar a supervisão dessas atividades e, como resultado aferir pautando-se nos indicadores de avaliação que apresentamos.

Assim, consideramos que o profi ssional de serviço social terá condições fundamentais para se desenvolver nesse importante procedimento metodológico que se faz indispensável ao assistente social em qualquer atribuição e nível de atuação em que possa estar inserido.

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Capítulo 3

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