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FORMA, FUNÇÃO E ESTÉTICA Wilson Batista Mendes FUNDAMENTOS DE OCLU SAO EM ODONTOLOGIA RESTAURADORA

FUNDAMENTOS DE OCLUSAO - Amazon Web Services€¦ · mateus bertolini fernandes dos santos 334 registros oclusais wilson batista mendes • hugo henriques alvim 372 introduÇÃo 020

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FORMA, FUNÇÃO E ESTÉTICA

Wilson Batista Mendes

FUNDAMENTOS DE OCLUSAO EM ODONTOLOGIA RESTAURADORA

FISIOLOGIA DA OCLUSÃOWILSON BATISTA MENDES 072

SISTEMA MASTIGATÓRIO: CONSIDERAÇÕES CLÍNICAS

FLÁVIA ISABELA BARBOSA • WILSON BATISTA MENDES

ANTÔNIO CUSTÓDIO NETO120

ANÁLISE OCLUSALWILSON BATISTA MENDES 170

ANATOMIA DENTALFLÁVIA ISABELA BARBOSA • WILSON BATISTA MENDES 226

MOVIMENTOS MANDIBULARESWILSON BATISTA MENDES • EMÍLIO CARLOS ZANATTA

EDUARDO LEMOS DE SOUSA270

MÉTODO DE JIG PARA OBTENÇÃO DA RELAÇÃO CÊNTRICA

WILSON BATISTA MENDES • EDUARDO LEMOS DE SOUZA

RAFAEL LEONARDO XEDIEK CONSANI304

ARCO FACIALWILSON BATISTA MENDES • RAFAEL LEONARDO XEDIEK CONSANI

MATEUS BERTOLINI FERNANDES DOS SANTOS334

REGISTROS OCLUSAISWILSON BATISTA MENDES • HUGO HENRIQUES ALVIM 372

INTRODUÇÃOWILSON BATISTA MENDES020

PROPÓSITOS DA OCLUSÃO: FORMA, FUNÇÃO E ESTÉTICA

WILSON BATISTA MENDES • EMÍLIO CARLOS ZANATTA

HENRIQUE CERVEIRA NETO102

DIAGNÓSTICO E PLANO DE TRATAMENTO

WILSON BATISTA MENDES • GABRIEL CURY BATISTA MENDES

PAULO DOMINGOS RIBEIRO JÚNIOR • LUIS EDUARDO MARQUES PADOVAN150

FORMA OCLUSAL: FORMA E FUNÇÃOWILSON BATISTA MENDES • FLÁVIA ISABELA BARBOSA

EMÍLIO CARLOS ZANATTA194

FATORES DE OCLUSÃOWILSON BATISTA MENDES • RAFAEL LEONARDO XEDIEK CONSANI

EDUARDO LEMOS DE SOUZA246

MOLDAGEM E MODELOS PARA DIAGNÓSTICO: CONCEITOS

RAFAEL LEONARDO XEDIEK CONSANI • WILSON BATISTA MENDES

MÁRIO ALEXANDRE COELHO SINHORETI • HUGO HENRIQUES ALVIM286

RAFAEL LEONARDO XEDIEK CONSANI • WILSON BATISTA MENDES

MARCELO FERRAZ MESQUITA

TÉCNICA DE MODELO SECCIONADO (SPLIT CAST)320

RELAÇÕES INTERMAXILARESEDUARDO LEMOS DE SOUZA • WILSON BATISTA MENDES

JOSÉ AUGUSTO CÉSAR DISCACCIATI358

0102

0304

0506

0708

0910

1112

1314

1516

ALAVANCAS MANDIBULARESWILSON BATISTA MENDES • MARCUS VINICIUS LUCAS FERREIRA

MARCOS PINOTTI BARBOSA402

LESÕES CERVICAIS NÃO CARIOSAS

WILSON BATISTA MENDES • FLÁVIA ISABELA BARBOSA

GUSTAVO DINIZ GRECO434

OCLUSAL EM PORCELANA, CERÔMERO OU OURO?

COMO, QUANDO E POR QUEWILSON BATISTA MENDES • RAFAEL LEONARDO XEDIEK CONSANI 466

DISPOSITIVOS INTEROCLUSAIS - PLACA MIORELAXANTE: DOS PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS À INSTALAÇÃO CLÍNICA

GUSTAVO DINIZ GRECO • WALKYRIA CAMISASSA DINIZ LEITE GRECO

EDSON PAES HORTA JÚNIOR496

OCLUSÃO EM IMPLANTODONTIAGABRIEL CURY BATISTA MENDES • FRANCINE BALDIN ABLE 522

ZIRCÔNIA EM IMPLANTODONTIAWILSON BATISTA MENDES • GIOVANI GAMBOGI PARREIRA

LEANDRO MEDEIROS SANTOS • LUIS EDUARDO MARQUES PADOVAN578

GUSTAVO DINIZ GRECO • JACQUES DE MORAIS TEIXEIRA FILHO

EDSON PAES HORTA JÚNIOR600

DISFUNÇÕES TEMPOROMANDIBULARES

GUSTAVO GOMES DE OLIVEIRA • JÚLIO CELSO MELO DE SÁ

TASSIANA CANÇADO MELO SÁ640

ARTICULADORESRAFAEL LEONARDO XEDIEK CONSANI • WILSON BATISTA MENDES

MATEUS BERTOLINI FERNANDES DOS SANTOS380

BIOMECÂNICA DOS DENTES ANTERIORES

MARCUS VINICIUS LUCAS FERREIRA • MARCOS DIAS LANZA

MARCOS PINOTTI BARBOSA424

NOÇÕES DE PERIODONTIA RELACIONADAS A ESTÉTICA

LÍVIO DE BARROS SILVEIRA • GERDAL ROBERTO DE SOUSA448

A RESTAURAÇÃO ALTAWILSON BATISTA MENDES • RAFAEL LEONARDO XEDIEK CONSANI

GABRIEL CURY BATISTA MENDES484

OCLUSÃO EM PRÓTESE TOTALRAFAEL LEONARDO XEDIEK CONSANI • MARCELO FERRAZ MESQUITA

MATEUS BERTOLINI FERNANDES DOS SANTOS512

ASPECTOS MULTIDISCIPLINARES DA OCLUSÃO

WILSON BATISTA MENDES • GABRIEL CURY BATISTA MENDES540

FRANCISCO DE ASSIS MOLLO JR • LUIZ ANTÔNIO BORELLI BARROS

MARCELO ANTONIALLI DEL'ACQUA • ÉRICA DORIGATTI DE AVILA

SABRINA MARIA CASTANHARO

590

BRUXISMOALFREDO JÚLIO FERNANDES NETO • CARLOS JOSÉ SOARES

LOURENÇO CORRER SOBRINHO • LUÍS HENRIQUE ARAÚJO RAPOSO

PAULO CÉZAR SIMAMOTO JÚNIOR

616

1718

1920

2122

2324

2526

2728

2930

3132

MOLDAGENS PARA PRÓTESES IMPLANTOSSUPORTADAS:CONSIDERAÇÕES BASEADAS EM EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS PROCEDIMENTOS DE ADAPTAÇÃO E

AJUSTES DE PRÓTESES UNITÁRIAS LIVRES DE METAL ANTES DOS PROCESSOS

DE CIMENTAÇÃO EM BOCA

SUMARIO

ESTÉTICA

INTRODUÇÃO

WILSON BATISTA MENDESWILSON BATISTA MENDES

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

Ao descrever e discutir os inúmeros tópicos so-

bre oclusão procuramos evitar a apresentação

de conceitos pessoais e ideológicos. Mesmo

assim, podem ser consideradas as manifesta-

ções e apreciações da prática diária nos con-

sultórios odontológicos.

Praticar odontologia sem conhecer oclusão se-

ria inconveniente, não importa se envolve um

dente ou reabilitação total da boca. Os prin-

cípios de excelência devem ser estimulados

para provocar investigação. Excelência não

significa complexidade e deve estar acompa-

0 2 0

nhada de simplicidade técnica. Assim, deve

ser considerado que todo sistema de informa-

ção necessita de constantes revisões e am-

pliações, com metodologia que possa fornecer

evidência científica.

FORMA, FUNÇÃO E ESTÉTICA "A forma deveria sim, servir à função, desde que ambas criassem beleza" Oscar Niemayer

A estética é importante em todas as fases da prá-

tica clínica. A busca de tratamentos odontológicos

e a satisfação do indivíduo têm estreita relação

com a melhora da aparência, conforto e função.

ESTÉTICADIMENSÕES DA ESTÉTICA E DA OCLUSÃOOCLUSÃO E ODONTOLOGIA RESTAURADORA

01

021

A estética tem sido considerada, principalmente

pelos pacientes, requisito fundamental no trata-

mento odontológico restaurador. Esse fato chega

ao ponto de a escolha do profissional da área,

na grande maioria dos casos, estar estritamen-

te relacionada à necessidade estética. Porém, o

fato é que não se obtém estética com adequado

prognóstico de tratamento sem o correto restabe-

lecimento da função. Portanto, consideramos im-

portantes e fundamentais os fatores que a seguir

são abordados, dentre eles, a posição, forma, ta-

manho e cor dos dentes1.

No passado, estética e função eram conside-

rados dois aspectos isolados e, muitas vezes,

antagônicos. De fato, a otimização da estética

frequentemente envolve compromisso funcional,

embora a idealização do aspecto funcional nem

sempre implique no sacrifício estético2.

0 2 2

FUNDAMENTOS DE OCLUSÃO

DEFINIÇÕES DE OCLUSÃO

O emprego geral do termo "Oclusão" abrange

as três maiores áreas da Odontologia, a saber:

1 - A ciência básica, isto é, a anatomia e fisio-

logia do sistema mastigatório; 2 - A pesquisa

clínica e animal (associada principalmente com

periodontite e mobilidade dental) e 3 - Disfun-

ção da articulação têmporomandibular e a in-

vestigação de técnicas operatórias; além da

aplicação clínica, que é o manejo da oclusão

na prática diária, importante numa simples res-

tauração oclusal como em reabilitação bucal

total sobre dentes ou suportadas por implantes

osteointegrados (Figuras 01 e 02)3.

Existem muitas maneiras de definir Oclusão (Qua-

dro 01). O dentista clínico pode estabelecer limi-

tada definição de Oclusão, referindo-se simples-

mente aos contatos oclusais estáticos ou com

definição mais complexa ao envolver o sistema

mastigatório como um todo.

01 » A,B Os rebordos marginais e ameias oclusais são algumas das áreas de importância, onde a oclusão se estabelece. A oclusão envolve muito mais que as relações de contatos oclusais da dentição, necessitando também da referência de um sistema músculoesquelético biomecânico ativo e eficaz.

A B

02 » O alinhamento curvo das coroas na direção antero-posterior (Curva de Spee) pode ser verificada quando a mandíbula é fechada e estabilizada durante o encontro dos dentes em oclusão cêntrica (posição de máxima intercuspidação). No contexto da Oclusão, em termos compreensivos e integrados, é que o clínico, o estudante e o especialista percebem na prática geral que todos os elementos da Odontologia estão interligados.

023

023

INTRODUCAO ESTETICA, OCLUSAO E RESTAURACAO

Quadro 01 » Definições de Oclusão.

ALGUMAS DEFINIÇÕES DE OCLUSÃO, DESDE 1907

Relações normais dos planos inclinados oclusais dos dentes, quando as maxilas são fechadas. Seriam as relações morfológi-cas ótimas entre os dentes maxilares e mandibulares4.

Refere-se ao ato de fechamento ou de ser fechado. Na Odontologia moderna a palavra Oclusão tem uma conotação estática, morfológica, do contato dentário; a Oclusão tem, também, uma implicação funcional que envolve os dentes e partes outras do sistema mastigatório, nas situações de envolvi-mentos vários5.

A oclusão dos dentes é definida como o contato das superfícies oclusais maxilares e mandibulares dos dentes naturais. Por cau-sa da natureza complexa da ATM e a musculatura facial, os den-tes podem se encontrar numa variedade de posições oclusais6.

Etimologicamente o vocábulo significa: fechar para cima ("oc": para cima; "cludere": fechar). O conceito original refere-se à ação executada aproximando anatomicamente dentes antagonistas - qualquer contato entre as superfícies oclusais e bordas incisais dos dentes maxilares e mandibulares. Funcional e biologi-camente significa envolvimento e relacionamento entre os dentes maxilares e mandibulares e entre estes e as demais estruturas do sistema estomatognático7.

Oclusão é a disciplina que estuda o relacionamento dos dentes superiores com os dentes inferiores mediante o fechamento (ou seja, a oclusão) e os demais movimentos mandibulares. A oclusão estuda ainda a inter-relação entre os contatos dentários, os demais componentes do sistema mastigatório (músculos, articulações temporman-dibulares, glândulas salivares, periodonto, ossos, etc.) e o controle exercido pelo sistema nervoso central (SNC)7.

Controvérsias, diferentes filosofias de pen-

samento a respeito de qual conceito oclusal

é mais correto, planejamento, materiais, téc-

nicas e procedimentos quando à confecção

de restaurações diretas e indiretas na boca

dos pacientes, são preocupações adicionais,

quando estamos diante de desafios para a res-

tauração estética e oclusal de nossos pacien-

tes. Se a abordagem é correta ou incorreta vai

depender de fatores individuais, sabedores de

que a oclusão é individualizada e que estamos

diante de estudos exaustivos, técnicos compe-

tentes e muita experiência clínica para domi-

nar completamente um assunto tão complexo

e envolvente.

O Cirurgião Dentista visa a reconstituir estruturas

deterioradas do sistema mastigatório, pretenden-

do, desta maneira, mediante restauração das

formas anatômicas, obter completa reabilitação

de suas funções. O sistema tem na mastigação a

função principal e específica, contribuindo desta

maneira, para o desempenho de outras duas fun-

ções: fonética e estética. Pequenas alterações

estéticas, muitas vezes, comprometem a função.

É o que ocorre quando pequenas abrasões inci-

sais promovem perda de guias importantes para

a desoclusão promovida pelos dentes anteriores.

O aparecimento destas abrasões é comum na ida-

de adulta, mas em pacientes jovens destaca-se o

desgaste da cúspide de caninos (Figura 03).

AS DIMENSÕES DA ESTÉTICA E DA OCLUSÃO

03 » A,B A borda incisal dos caninos pode apresentar a ponta da cúspide abrasionada e está diretamente relacionada com a atividade funcional desses dentes, durante os movimentos mandibulares ex-cêntricos.

A B

0 2 4

FUNDAMENTOS DE OCLUSÃO

Por inúmeras oportunidades, durante o desen-

volvimento da anamnese, nos deparamos com

as seguintes queixas principais dos pacientes:

"Eu sinto que meu sorriso está ficando menor.

Eu vejo meus dentes ficando mais curtos. Eu

quero o meu sorriso de volta". Como forma de

solucionar estes problemas, três são as etapas:

interceptar, avaliar, solucionar (Figura 04). Es-

tes três fatores são fundamentais para um cor-

reto diagnóstico e plano de tratamento, para

qualquer situação clínica encontrada. É uma

abordagem de simples entendimento e eficaz

maneira de prevenir subsequentes comprome-

timentos dentários8.

Como as outras disciplinas em Odontologia,

a ciência moderna e da tecnologia tem feito

muitos avanços radicais na terapia ortodôn-

tica. Uma vez que a especialidade que tratou

principalmente de pacientes adolescentes, a

Ortodontia agora é usada para ajudar a melho-

rar a saúde bucal e o bem-estar dos pacientes

dentados em praticamente qualquer faixa etária

(Figuras 05 e 06)9.

A restauração do segmento dentário anterior tor-

na-se um procedimento muitas vezes complexo

pela exigência estética de nossos pacientes e por

dificuldades encontradas na difícil tarefa de obter

forma, textura, contornos adequados e harmonia

de cor. Os atuais sistemas adesivos, as porce-

lanas com modificações introduzidas em suas

características ópticas e estéticas permitem a

confecção de restaurações com a conservação

de tecidos sadios ao invés de coroas tradicionais,

que se constituem de procedimentos menos con-

servador de preparos de cavidades10.

Ao reconstituir dentes anteriores, existe um desa-

fio estético que é difícil e envolve uma série de si-

tuações muitas vezes dramáticas. Exigências do

paciente, fases laboratoriais e clínicas são dificul-

dades adicionais durante a confecção de um den-

te, devido à presença de dentes vizinhos naturais.

São verdadeiros desafios! Entretanto, é importante

a possibilidade de contar com dentes homólogos

vizinhos, que viabilizam, em muitos casos, a refe-

rência individual e exclusiva daquelas estruturas

que devemos reproduzir (Figuras 07 a 11).

04 » A,B Os desgastes incisais geram problemas estéticos de difícil solução e devem ser analisados com muito cuidado. Cada caso é diferente e reflete a forma, função e relacionamentos inter-proximais.

A B

025

025

INTRODUCAO ESTETICA, OCLUSAO E RESTAURACAO

05 » A-D A ausência de proteção dos dentes anteriores durante a desoclusão pode ser observada durante os movimentos de lateraridade (A). Atrição dentária nas superfícies incisais ou resinas difi-cientes na vestibular dos dentes anteriores geram necessidades funcionais e estéticas (B). Observar a abrasão (comumente encontrada nos adultos), sendo o diagnóstico feito na presença de tecido sa-dio da gengiva (C,D).

A

C

A

B

D

B

06 » A,B A busca de relações oclusais funcionais aceitáveis foi o objetivo da indicação do tratamento ortodôntico, facilitando os procedimentos restauradores indicados.

0 2 6

FUNDAMENTOS DE OCLUSÃO

07 » A,B Para a restauração de um dente anterior é necessária uma série de envolvimentos multidisciplinares: oclusão, conhecimentos de dentição natural, periodontia e técnicos compe-tentes; principalmente se os dentes vizinhos são naturais. Maior é a responsabilidade do dentista para conseguir resultados satisfatórios.

A

C

B

D

A B

08 » A-D Presença de um único dente (12) necessitando estética. A faceta de resina direta mostra alteração de cor e forma (A). Após a remoção da resina, os diastemas ficaram evidentes (B). Na fase de prova da faceta laminada não invasiva, é importante a pasta de prova (try in) para simular a cimentação (C). Aparência natural da restauração, onde pequena alteração de cor é compen-sada pela forma adequada (D).

027

INTRODUCAO ESTETICA, OCLUSAO E RESTAURACAO

09 » A-F Na fotografia pode ser visualizado que a faceta de resina direta efetua a desoclusão em detrimento do contato com o canino (A). Um dente (12) com estética deficiente, irritação gengival e a presença de todos os outros naturais é considerado desafio estético, pela dificuldade envolvida de mimetizar a forma, textura e cor (B-D). Após a remoção da resina o dente cur-to era a queixa principal da paciente (E). Faceta laminada "lente de contato" no dente 12 (F).

A CB

D

E F

0 2 8

FUNDAMENTOS DE OCLUSÃO

10 » Modelo profissional e a linha do sorriso prejudicada pela faceta laminada de resina no dente 12.

11 » Resultado estético aceitável, apesar do clareamento

029

029

INTRODUCAO ESTETICA, OCLUSAO E RESTAURACAO

nos incisivos centrais, dificultando a harmonia.

12 » Mimetismo no reino animal.

0 3 0

FUNDAMENTOS DE OCLUSÃO

13 » Para mimetizar restaurações, nossa referência são os

MIMETISMO

"O mimetismo consiste na presença, por parte de

determinados organismos denominados mímicos,

de características que os confundem com um ou-

tro grupo de organismos, chamados de modelos.

Essa semelhança pode ocorrer principalmente

devido ao padrão de coloração, textura, forma de

corpo, comportamento e características químicas

e, deve ainda, conferir ao mímico uma vantagem

adaptativa" (Figura 12)11.

GAFANHOTO

031

INTRODUCAO ESTETICA, OCLUSAO E RESTAURACAO

Atualmente, pela própria pressão da sociedade, a estética bucal está relacionada com o mimetismo das restaurações dentais e com o padrão de bele-za regido pela intolerância a qualquer aspecto que possa estar relacionado com o desgaste físico ou com a ausência de perfeita simetria facial.

O mimetismo no campo da ciência envolve a repro-dução ou a cópia de um modelo, sendo uma refe-rência. Se nós, Cirurgiões Dentistas, pretendemos

repor uma ou mais estruturas que foram perdidas, temos que obter consenso sobre qual seria a refe-rência correta. A estrutura de referência aceita de-veria ser a mesma para todos os profissionais da Odontologia, atemporal e imutável. Estabelecida essa referência, podemos construir desenhos de pesquisa apropriados, planejar conceitos válidos e criar planos de tratamentos lógicos. Para o Cirur-gião Dentista, a estrutura dental intacta constitui a referência indiscutível (Figura 13)12.

dentes naturais vizinhos.

14 » "Graças ao jardim que a estátua pode aparecer bela, não

0 3 2

FUNDAMENTOS DE OCLUSÃO

o jardim graças à estátua"13.

Quando se refere à estética, a primeira imagem

que nos vem à mente é aquela de uma linda jo-

vem sorrindo; ou uma estátua grega (por defini-

ção – estética); ou ainda qualquer coisa ou ob-

jeto que pela sua forma excita nossos sentidos

com sensações agradáveis, associadas princi-

palmente à visão (Figuras 14 e 15).

Nem sempre algo funcional agrada do ponto de

vista estético; ou se podemos inverter a ordem do

pensamento, nem sempre achamos estético algo

que é realmente funcional. Se nos reportarmos os

anos passados, frequentemente ouvia-se dentistas

comentarem que uma extensa prótese fixa, em liga

de ouro, era “linda”; pois pela sua formação profis-

sional, associavam a função com a beleza, sem le-

var em consideração os aspectos artificiais daquele

tipo de reabilitação. Nessa procura, frequentemen-

te as pessoas são levadas a confundir identidade,

funcionalidade e personalidade com estética, pro-

curando, artificialmente, mudar algo que está fun-

cionalmente correto, por algo que seja simplesmen-

te belo. Já dizia o Barão de Itararé que, se alguém

quer muito uma coisa, achará quem faça!

033

INTRODUCAO ESTETICA, OCLUSAO E RESTAURACAO

15 » A estética dos dentes é uma das dimensões da reabilitação bucal. "As relações entre o objeto técnico e o estético não são recíprocas; é o ob-jeto técnico que tende a se tornar estético" 13.

0 3 4

FUNDAMENTOS DE OCLUSÃO

LINHAS DO SORRISO E DA FACE

Anos atrás, uma das principais companhias aéreas

dos Estados Unidos lançou uma campanha publici-

tária de milhões de dólares, destacando o sorriso.

Um dos seus slogans era: "você movimenta doze

músculos para chorar e apenas seis para sorrir".

Outra das maiores promoções da História, o botão

ou símbolo do sorriso (Smiley), podia ser encontra-

da em todos os artigos, desde cinzeiros a relógios

de pulso. Existem numerosos estudos relacionando

o sucesso e a felicidade com a capacidade de o

indivíduo apresentar uma boa aparência externa na

vida. Parte disto está obviamente refletida em um

sorriso alegre, sadio. A linha do sorriso é de extrema

importância (Figuras 16 e 17)14.

A evolução do sorriso como o conhecemos se per-

de na pré-história. O sorriso, ou levantar dos can-

tos da boca para mostrar os dentes, foi usado pela

primeira vez para defesa pessoal. Este ato expôs

os dentes, especialmente os caninos, com a visão

dos outros. A dentição natural era a única maneira

de defesa da humanidade primitiva. Mais tarde, o

sorriso foi utilizado como forma de expressão e o

piscar de olhos foi usado como um meio de comu-

nicação interpessoal entre os membros tribais15.

O sorriso agradável é uma de nossas formas es-

peciais de comunicação não-verbal e expressa a

emoção da alegria. Pode ser leve e de duração fu-

gaz ou persistente e intenso, mas um sorriso pode

transmitir muitas outras emoções. Ele expressa

alegria, embaraço, encantamento ou alegria, mas

também pode ser de inveja e orgulhoso16.

A disposição dos dentes anteriores e harmonia

com a face é fator de intervenção permanente

nos consultórios, tornando-se importante asso-

ciar elementos subjetivos e objetivos da linha do

sorriso e da face. A visualização é direta, con-

tribuindo para promover a "expressão facial",

quando o tamanho, textura e cor são associa-

dos. Isto se consegue pela tonalidade, disposi-

ção, extensão e demais particularidades e que,

infelizmente o técnico laboratorial, responsável

direto pela elaboração do trabalho muitas vezes

não tem acesso ao paciente. Por outro lado, os

dentes e processo ósseo associado fornecem

a possibilidade de apoio e deslizamento dos

grupos musculares que mediante os movimen-

tos, permitem expressões faciais de ansiedade,

medo, tristeza ou alegria.

16 » A,B Linha do sorriso alto, com ampla exposição da altura total dos dentes superiores anteriores e uma faixa de tecido gengival.

BA

035

INTRODUCAO ESTETICA, OCLUSAO E RESTAURACAO

17 » O sorriso é a expressão facial descrita por Santo Agostinho como: "o sacramento da alegria".

0 3 6

FUNDAMENTOS DE OCLUSÃO

18 » A-F Escultura prévia à aplicação da porcelana, em cera (A). Matriz de silicona (B,C). Após o glaze das duas coroas, uma metalocerâmica e outra zirocõnia. As coroas foram confeccionadas com finali-dade didática, para avaliar resultados estéticos semelhantes entre os dois sistemas (D-F). (TPD Parreira, GG)

A

C

E

B

D

F

Podemos dizer que tudo o que pode ser vis-

to ou tocado possui forma, que é identificada

pela percepção. Toda forma tem três atributos

fundamentais, que são a extensão, textura e

cor. As figuras, tanto planas como volumétri-

cas, possuem forma, pois são portadoras des-

ses três atributos. Em língua portuguesa am-

pliamos o significado da palavra forma para,

também, designar uma entidade mais com-

plexa, uma organização e, frequentemente, a

composição total de uma produção estética.

Então, uma obra de arte, uma bela produção

artesanal ou um trabalho de prótese dentária

são formas (Figura 18), por que não?17.

037

037

INTRODUCAO ESTETICA, OCLUSAO E RESTAURACAO

PROPORÇÕES FACIAIS

O conhecimento de proporções verticais faciais é

importante no planejamento da cirurgia dentofa-

cial, bem como em qualquer plano de tratamento

protético destinado a alterar a dimensão vertical

de oclusão. Os terços verticais faciais devem ser

aproximadamente iguais, embora o terço inferior

da face possa ser ligeiramente maior do que o

terço médio, particularmente nos homens. O terço

inferior da face pode ser ainda subdividido, com o

lábio superior formando o terço superior e o lábio

inferior e queixo formando os dois terços inferiores.

Uma grade facial pode ser construída utilizando as

orientações horizontal e vertical. Os olhos se situ-

am numa linha equidistante do vértice do mento. A

grade é de cinco larguras do olho e sete alturas do

mesmo (Figura 19)18.

19 » As grades artísticas descrevem o rosto com a largura que corresponde a medida de cinco olhos e a altura como a medida de sete olhos.

ISBN 978-85-60842-50-6