Upload
wellntz
View
46
Download
4
Embed Size (px)
Citation preview
Nível: Graduação Professora Grace Ferreira Ghesti
FUNDAMENTOS DE PRODUÇÃO DE CERVEJA
MALTEAÇÃO – Complementar
UnB - Universidade de BrasíliaInstituto de Química - Laboratório de CatáliseU n i v e r s i d a d e d e B r a s í l i a - I n s t i t u t o d e Q u í m i c a
UnB - Universidade de BrasíliaInstituto de Química - Laboratório de Catálise
Produtos e
Subprodutos
da Maltaria
Produtos Principais:
- malte claro tipo Pilsen
- malte escuro tipo Munique
- maltes especiais (malte de trigo,
malte torrado, caramelo, acidificado e
ponteado)
Subprodutos:
- pó e cascas, matérias estranhas,
cevada de terceiro sortimento
(cevada refugo)
- cevada flutuante
- radículas, pó e cascas de malte
Embrião - localizado na parte dorsal da base do grão e abaixo do
envoltório
- parte vital do grão, com a germinação irá surgir uma
nova planta
- representa 3 a 4% do peso do grão, apresenta 10% de
proteínas, 25% de lipídios, 10% de sacarose, 2%
rafinose e 5% sais minerais (principalmente fósforo e
potássio)
- embrião pode ser destruído, antes do processo de
malteação, por:
- danos mecânicos durante a colheita,
recepção, armazenamento e beneficiamento da
cevada
- secagem a altas temperaturas
- desenvolvimento de microorganismos e
insetos durante a estocagem da cevada
Camada de Aleurona: Envolve o corpo farinhoso e o embrião é estimulada por ácido giberélico para a produzir as enzimas mais importantes que irão degradar o endosperma do grão em germinação constituída por células vivas, local da formação de enzimas hidrolíticas formada por proteínas, lipídios, ácidos orgânicos e sais minerais células muito resistentes, praticamente não sofrem qualquer alteração na maltaria e cervejaria são encontradas no bagaço do malte
Corpo
Farinhoso/
Endosperma/
Tecido de
Reserva
Células de Amido:
- cerne do corpo farinhoso, constitui para o embrião o
depósito de nutrientes, o qual é consumido parcialmente
durante a germinação
- o amido é armazenado na forma de grânulos, os quais
estão inseridos numa matriz protéica
- as paredes das células de amido são constituídas de
hemiceluloses, substâncias gomosas e proteínas (20%
arabinoxila, 70% -glucanas, 1 a 6% de proteínas, 2 a 4%
de gluconannan e celulose)
- espaço entre as células de amido é preenchido por
substâncias protéicas e gomosas
- o teor protéico e enzimático é maior na parte externa do
grão
- a velocidade da hidrólise enzimática (modificação do
corpo farinhoso) é mais lenta quanto maior a espessura
das membranas das células de amido
Envoltório - protege o embrião e o corpo farinhoso contra danos mecânicos, ataques
fúngicos e de insetos, desde o crescimento do grão na espiga até o final da
malteação
- representa uma barreira para a difusão de gases (CO2 e O2), água e solutos
- evita, por um lado, uma rápida absorção de água na espiga (no campo),
durante a maceração/germinação e dificulta, por outro lado, a remoção da
umidade na espiga e durante a secagem do malte verde
- restringe:
- aumento do volume do grão durante o desenvolvimento/enchimento
do grão na espiga
- aumento do volume com a absorção de umidade na maceração /
germinação
- o crescimento da acróspira durante a malteação
- é constituído:
- cascas
- importância técnica, pois são utilizadas como camada filtrante
- alojamento para microorganismos e esporos de fungos
- formadas pela casca dorsal e ventral (Figura 1.5)
- casca dorsal forma a arista e apresenta rugosidade transversal
- quantidade não deverá ser superior a 10% 1% maior quantidade
de cascas reduz em 0,5% o extrato do malte;
.
COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA CEVADA
Item Analítico Conforme Recebido [%]
Isento de Água [%]
Amplitude
Umidade 14,5 - 9 – 22
Amido 54,0 63,2 55 – 65
Demais extrato sem N2 12,0 14,0 10 – 14
Proteína 9,5 11,1 8,5 – 15
Celulose 5,0 5,9 3,5 – 7
Lipídeos 2,5 2,9 2 – 3
Sais minerais 2,5 2,9 2 – 4
Seção transversal do grão de cevada
UMIDADE
Aspectos Gerais
implicações econômicas:
- comercialização da cevada é realizada por peso (umidade + substância seca)
- maior teor de umidade maior taxa de respiração maiores perdas de
substância seca durante o armazenamento
- maior teor de umidade necessidade de secagem ou resfriamento da cevada
custo energético adicional
- em geral uma umidade < 12,0% é considerado seguro para armazenamento da
cevada por períodos prolongados
implicações qualitativas/tecnológicas:
- maior teor de umidade maior risco de deterioração qualitativa durante o
armazenamento
- maior taxa de respiração incrementa a temperatura, umidade e formação de
CO2
- menor redução na dormência maturidade de malteio tarda mais tempo
- maior proliferação de microorganismos e insetos
Teor de
Umidade
depende das condições climáticas da região de cultivo da cevada:
- Europa continental < 14,5%
- Argentina, Austrália Turquia 10 a 12%
Brasil 14 a 22% necessidade de proceder a secagem da cevada
umidade da cevada está em equilíbrio com a umidade relativa do
ar a uma determinada temperatura
CARBOIDRATOS
Aspectos Gerais - encontra-se no grão na forma insolúvel como amido, celulose,
hemicelulose e em quantidades mínimas no embrião, na
forma solúvel como açúcar (glicose, maltose)
- funções importantes:
- participam da biosíntese das proteínas
- mais importante substância energética
- componentes estruturais do grão
- precursores das substâncias corantes e aromatizantes
(melanoidinas)
AMIDO
Aspectos Gerais - amido (C6H10O5)n representa a substância de reserva em maior quantidade no
grão, é formada através de enzimas, a partir de unidades de glicose C6H12O6,
no processo da fotossíntese, durante o enchimento do grão na espiga
- fotossíntese: 6 CO2 + 12 H2O + energia C6H12O6 + 6 O2
- unidades de construção: glicose
- objetivo da formação do amido: depósito energético para o embrião que será
utilizado durante o período da germinação
- amido é armazenado nas células do endosperma sob a forma de grânulos e
estes são inseridos numa matriz protéica
Grânulos de Amido
- composição: 98% amido puro, 2% proteínas, lipídios, fibra e sais minerais
- grânulos grandes (10 a 25 m): lenticulares, representam 10% em número,
porém 90% em massa
- grânulos pequenos (1 a 5 m): esféricos, quantidade aumenta com o teor de
proteínas, apresentam mais amilose e proteína que grânulos grandes,
gelificam e açucaram com maior dificuldade
- o amido apresenta duas estruturas com grande diferença na sua construção:
amilose e amilopectina
Amilose - constituída de cadeias longas, não ramificadas, formando uma
helicóide, com 60 a 2.000 moléculas de glicose na ligação -
14
- participação sobre o amido: 17 – 24%
- produtos finais do desdobramento através da -amilase:
maltose e maltotriose
- determinação: coloração azulada com solução de iodo
- solúvel em água quente, não forma gel
Amilopectina - constituída de cadeias longas, ramificadas como um galho de
árvore, com 6.000 a 40.000 moléculas de glicose na ligação
predominante -14 e 16 (ramificação)
- participação sobre o amido: 76 – 83%
- determinação: coloração vermelho/violeta com solução de
iodo
- insolúvel em água, a temperaturas de 70o C ocorre a formação
de gel
CELULOSE
Aspectos Gerais
- localizada principalmente nas cascas como substância estrutural
- analiticamente é determinada como fibra bruta em quantidade entre 3,5 a 7%
- constituída de cadeias longas, não ramificadas, de glicose na ligação -14
- não possui gosto, cheiro, insolúvel em água, não sofre qualquer transformação
durante a malteação
- importante como material filtrante na clarificação do mosto
- unidades de construção: glicose
HEMICELULOSE E SUBSTÂNCIAS GOMOSAS
Aspectos Gerais
- componente principal da parede das células de amido do corpo farinhoso, é
responsável pela rigidez destas membranas
- com a perfuração/degradação destas paredes celulares durante a germinação,
o grão se torna friável
Hemicelulose
- macromolécula sempre consorciada com proteína
- está presente nas cascas e corpo farinhoso
- mediante ação enzimática se torna solúvel em água
- conforme a localização no grão é dividida em:
- hemicelulose do endosperma – constituída em 80 a 90% de -glucanas e
10 a 20% de pentosanas (xilose, arabinose)
- hemicelulose da casca – apresenta poucas -glucanas e muitas
pentosanas
-Glucanas - constituídas de cadeias longas, ramificadas, com glicose nas ligações -
14 (70%) e -13
- as -glucanas solúveis em água causam elevação da viscosidade do mosto
Substâncias
Gomosas
- produtos do desdobramento das hemiceluloses mesma constituição,
menor peso molecular
- solúveis em água quente
- aumentam viscosidade do mosto
- são positivos para a estabilidade da espuma e melhoram o corpo da
cerveja
PROTEÍNAS
Aspectos Gerais
- participam da composição das enzimas, da matriz protéica e das
substâncias estruturais
- importantes para a tecnologia cervejeira: influenciam a malteabilidade
contribuem em larga escala para a nutrição do fermento, viscosidade, cor,
aroma, paladar, espuma, corpo e estabilidade da cerveja
- unidades de construção: aminoácidos
- existe uma relação inversa entre o amido e proteínas no grão (teor de
proteínas de 12 - 16% e 9 – 11% apresentam um teor de amido de 60 – 50%
e 65 – 61%, respectivamente)
- composição química: C, H, O, S, P e N (na cevada 16% fator de
multiplicação nitrogênio para proteína da cevada = 6,25)
Localização
- camada de aleurona – são eliminadas com o bagaço na sala de brassagem
- abaixo da camada de aleurona (proteínas de reserva) – condiciona o teor
de proteína do grão, sofre a maior decomposição durante a malteação
- corpo farinhoso – na matriz protéica e principalmente nas paredes das
células de amido quanto maior quantidade maior a dificuldade da
citólise (modificação do endosperma).
Decomposição
- proteínas de alto peso molecular (insolúveis) quando sofrem ação enzimática
são decompostos em substâncias solúveis de diferentes pesos moleculares
- produtos de decomposição de elevado peso molecular – positivo para o corpo
da cerveja e estabilidade da espuma, negativo para formação turvação na
cerveja
- produtos de decomposição de baixo peso molecular (aminoácidos) –
importantes para a nutrição do fermento e para a formação de substâncias
corantes e aromatizantes
Teor de Proteínas - valor normal: < 11,5%
- valores extremos: 7,5 a 16%
- teor de proteínas baixo: cevada cervejeira de primeira linha
- valor entre 11 a 11,5% próprio para cerveja clara tipo Lager
- valor < 11% próprio para cerveja tipo Pilsen muito clara
- valor < 9% - problemas com estabilidade da espuma, falta de corpo na
cerveja e deficiência nutricional para o fermento
- valor entre 11,5 e 12% próprio para cervejas escuras, com aroma de
malte e acentuado corpo na cerveja
- implicações de um teor de proteínas elevado na cevada:
- reduz quantidade de extrato
- necessitam malteação mais intensiva para alcançar um bom grau de
modificação do corpo farinhoso maiores perdas de processo
- fornecem mais nitrogênio solúvel maior formação de substâncias
corantes e aromatizantes durante a secagem do malte verde
incremento na cor do mosto
Seção transversal do lado dorsal do grão; ( a) grão com baixo teor protéico;
( b) grão com alto teor protéico
SUBSTÂNCIAS GRAXAS (LIPÍDIOS)
Aspectos Gerais
- valor normal: 2,5%
- localizadas principalmente na camada de aleurona e no embrião sob a forma de
gotículas
- algumas substâncias graxas localizadas nas cascas possuem paladar
adstringente e apresentam ação antiséptica. Estes compostos dever ser
lixiviados durante o processo de maceração
- as substâncias graxas são utilizadas durante a malteação no processo de
respiração aeróbico
1.3.5 SAIS MINERAIS
Aspectos Gerais
- valor normal: 2,5 a 3,5%
- prevalecem os fosfatos de potássio os quais possuem ação tamponadora o
pH permanece constante durante a malteação e elaboração do mosto e cerveja
- elementos traço: Zn (importante para a atividade do fermento), Mn, Cu
- metais pesados (Pb, Hg): acumulados na cevada face às características do
meio ambiente p. ex. adubação excessiva, resíduos de pesticidas
SUBSTÂNCIAS FENÓLICAS
Aspectos Gerais
- valor normal: 0,1 a 0,3%
- classificação:
- polifenóis de muito baixo peso molecular
- polifenóis de baixo, médio e alto peso molecular
Polifenóis de Muito
Baixo Peso
Molecular
- alguns compostos localizados nas cascas são inibidores de germinação, como
cumarina, ácido ferúlico, vanílico
- estas substâncias podem passar para polifenóis com peso molecular elevado,
através de polimerização, condensação e oxidação
- formam pigmentos corantes que incrementam a cor da cerveja
Polifenóis de Baixo
Peso Molecular
- compostos por: antocianigenos, antocianinas, antocianidina, tanoidos
- apresentam média afinidade protéica
- antocianogenos são muito reativos e podem passar para compostos de
elevado peso molecular
- maltes ricos em tanóidos resultam em cervejas com alto teor destas
substâncias cervejas com alta estabilidade protéica
- incrementam o corpo da cerveja
- são positivos para a ressência (frescor) da cerveja
Polifenóis de Médio
Peso Molecular
- compostos por: taninos
- apresentam forte afinidade protéica
- quanto maior esta fração menor a estabilidade da espuma da cerveja
Polifenóis de Alto
Peso Molecular
- composto por: flabofenos
- apresentam fraca afinidade protéica
- com o incremento destes compostos aumenta o amargor e aroma indesejável
da cerveja
1.3.5 VITAMINAS
Aspectos Gerais - são parte constituinte das enzimas (atuam normalmente como coenzimas)
fundamental importância para os processos vitais da germinação e
fermentação
localizadas nos tecidos vivos do grão (camada de aleurona e embrião)
- durante a germinação o embrião sintetiza determinadas vitaminas (riboflavina
aumenta em 11/2 vez) malte apresenta maior quantidade de vitaminas que a
cevada
- principais vitaminas encontradas na cevada:
- B1 (tiamina) 1,2 a 7,4 mg/kg m.s.
- B2 (riboflavina) 1 a 3,7 mg/kg m.s.
- B6 (piridoxina) 3 a 4 mg/kg m.s.
- H (biotina) 0,11 a 0,17 mg/kg m. s
Aspectos Gerais- proteínas que agem como catalisadores substâncias que aumentam a
velocidade de uma reação química, sem serem consumidas durante o
processo
- para agirem, certas enzimas precisam associar-se a:
- íon inorgânico (ferro, cálcio, magnésio ou outros) co-fator
- molécula orgânica não protéica coenzima – muitas vitaminas atuam
como coenzimas
- a ligação da enzima ao seu substrato apresenta alta especificidade
- fatores que alteram a velocidade das reações enzimáticas:
- concentração do substrato – se a concentração da enzima for mantida
constante, à medida que se eleva a concentração do substrato, aumenta
velocidade da reação, até atingir uma velocidade máxima
- temperatura – a velocidade das reações químicas aumenta com a
elevação de temperatura. Acima de 35oC a 40
oC a velocidade das
reações diminuem porque é alterada a conformação espacial da enzima
- pH – cada enzima tem um pH ótimo, em que sua atividade é máxima. Em
solução mais ácida ou básica, a atividade diminui porque a enzima se
desnatura altera a conformação tridimensional da enzima