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FUNDAÇÃO SUL MINEIRA DE ENSINO

FACULDADE DE DIREITO DO SUL DE MINAS

DANOS MORAIS

Seminário da disciplina

Direito Civil II, sob

orientação do prof. Ms.

Adilson Ralf Santos.

Turma 2 D

Hedy Lamar Guimarães

Lucas A. Medeiros Diniz

Plínio Braga.

Pouso Alegre

Setembro de 2008

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem por objetivo tratar do tema Danos Morais,

importante instituto jurídico relativo à responsabilidade civil. Serão

tratados os seguintes tópicos:

Conceito;

Dano moral puro;

Evolução (doutrinária e jurisprudencial) e

Dano estético.

Conduziremos nossa abordagem com apreciação crítica que o tema

merece, sem perder de vista a indenização e os direitos da personalidade,

inerentes ao tema ora estudado e, ao final de nossa exposição,

procuraremos responder à seguinte questão:

Estamos presenciando um demanda excessiva de ações por danos

morais na justiça brasileira. Deve o Poder Judiciário ser mais

criterioso em suas decisões quanto às indenizações relativas ao dano

moral, sob pena de fazer delas uma indústria?

Passemos, pois ao desenvolvimento de nosso tema.

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1 - CONCEITO

DANO palavra derivada do latim damnum, indica mal ou ofensa in

casu à moral, que vem a ser um conjunto de regras de conduta da pessoa.

Dano moral é o que atinge os direitos da personalidade. Venosa nos

ensina que dano moral é ”o prejuízo que afeta o ânimo psíquico, moral e

intelectual da vítima. Sua atuação é dentro dos direitos da personalidade.

Nesse campo o prejuízo transita pelo imponderável, daí por que aumentam

as dificuldades de estabelecer a justa recompensa pelo dano. Em muitas

situações, cuida-se de indenizar o inefável. Não é também qualquer

dissabor comezinho da vida que pode acarretar a indenização.”1

O dano moral é ato lesivo extrapatrimonial (não patrimonial) sofrido

por pessoa física e também por pessoa jurídica atingindo os direitos da

personalidade. É muito oportuno e importante destacar que os direitos da

personalidade estão amparados pela Constituição Federal de 1988 em seu

artigo 5º, incisos V e X, (ver abaixo). A doutrina tem reconhecido a força

normativa da Carta Magna da matéria em questão.

São direitos da personalidade: a saúde, a vida, a integridade física e

mental, a intimidade, a vida privada, o nome, a reputação, a honra e a

imagem, sendo portanto, direitos subjetivos das pessoas. A pessoa jurídica,

por sua vez, também pode sofrer dano moral (Súmula 227 do STJ) e ser

indenizada quando afetados seu nome, crédito e sua reputação empresarial.

Caracteriza-se o dano moral quando tais direitos são afetados, isto é, ocorre

o prejuízo ou a lesão ao interesse da vítima.

O dano moral não é exatamente a dor, o sofrimento, a angústia ou o

constrangimento em si, mas é o prejuízo, a ofensa ou a lesão que afeta os

direitos da personalidade (que é bem jurídico da maior importância) e, que

1 Venosa, Sílvio de Salvo. Direito Civil: responsabilidade civil/ vol 4 – 8 ed. – São

Paulo: Atlas, 2008. p. 41

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por isso, deve ser reparado, satisfazendo a ordem moral, que não ressarci o

prejuízo, a lesão e os abalos muitas vezes irreversíveis, mas representa a

consagração e o reconhecimento pelo direito, do valor e da importância

desse bem, que se deve proteger.

O dano moral ganhou foro de constitucionalidade, através da Carta

Magna no art. 5º incisos V e X , bem como amparo legal no art. 186 do

CC /2002 (transcrito no item artigos e súmulas).

Dano Moral Direto e Indireto

Maria Helena Diniz nos ensina que “o dano moral direto consiste na

lesão a um interesse que visa a satisfação ou gozo de um bem

extrapatrimonial contido nos direitos da personalidade (como a vida, a

integridade corporal e psíquica, a liberdade, a honra, o decoro, a

intimidade, os sentimentos afetivos, a própria imagem) ou os atributos da

pessoa (como o nome, a capacidade, o estado de família). Abrange, ainda, a

lesão à dignidade de pessoa humana (CF/88, art 1º, III).

O dano moral indireto consiste na lesão a um interesse tendente à

satisfação ou gozo de bens jurídicos patrimoniais, que produz um

menoscabo a um bem extrapatrimonial, ou melhor, é aquele que provoca

prejuízo a qualquer interesse não patrimonial, devido a uma lesão a um

bem patrimonial da vítima. Deriva, portanto, do fato lesivo a um interesse

patrimonial. Por exemplo: perda de coisa com valor afetivo, ou seja, um

anel de noivado.”2

A prova do dano moral – sua dificuldade.

A matéria é objeto de profundeza doutrinária e jurisprudencial, não

encontrando unanimidade inclusive em decisões judiciais. Divergem os 2 Diniz, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro, 7º vol.- Responsabilidade Civil – 22ed.- São Paulo: Saraiva, 2008 p. 91 e 92.

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Tribunais, por exemplo, quanto à necessidade de prova pericial psicológica

comprobatória da lesão ou do prejuízo gerados pelo dano moral. Entendem

alguns doutrinadores que é dispensável tal prova por atingir a

personalidade. Segundo eles, se trata de presunção absoluta. Assim não

seria necessário à mãe comprovar a dor sentida pela morte de um filho,

pois controvertida seria uma eventual perícia psicológica, uma vez que é

tarefa de difícil mensuração. Assim também é entendimento de alguns

Tribunais, que o indeferimento da prova pericial psicológica não é

cerceamento de defesa por se tratar de prova inútil. Por outro lado, há

também entendimento por parte dos mesmos tribunais de que “no plano do

dano moral não basta o fato em si do acontecimento, mas, sim, a prova de

sua repercussão, prejudicialmente moral”.3

Reparabilidade do dano moral e a problemática de sua

indenização.

Sabemos que não é a reparação em si que sanará o prejuízo moral

(que não tem valor pecuniário) sofrido por alguém em seu direito, que é

amparado por lei. No entanto, a reparação (geralmente pecuniária) é, no

mínimo uma satisfação a ser dada para a vítima (para pelo menos amenizar

seu sofrimento), que ao buscar a tutela jurisdicional para proteger direito

seu, deverá encontrá-la na decisão judicial. A reparabilidade é

responsabilidade civil, mas também tem como função inibir a reincidência

do autor na conduta danosa.

Cabe aqui indagarmos: como e o quê reparar a vítima do dano

moral? Como devem agir os magistrados ao proferirem a sentença? Quais

critérios de julgamento devem ser adotados? Que valor pecuniário deve ser

aferido? O que pensam e o que propõem os doutrinadores? O que tem

3 7ª Câmara do TJSP, 11.11.92, JTJ 143/89: 1ª Câmara do TJSP, 20.05.1958, RT 276/367.

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decidido a jurisprudência? O dinheiro possui valor permutativo mas, pode

ele, de alguma forma, abrandar a dor?

Há de se aceitar o fato de que a indenização não pode ser exagerada

ou abusiva a ponto de gerar enriquecimento ilícito, nem tão pequena, que

não possa reparar pelo menos em parte a dor sofrida. Assim, cabem aos

magistrados decidirem de tal forma que, o valor da indenização deva ser

compatível com a possibilidade econômico-financeira do agente causador

(réu na ação) e, ao mesmo tempo, que seja justo para o lesado. É, portanto

da maior importância o livre convencimento e razoabilidade dos

magistrados quanto ao seu valor.

O quanto indenizar

Yussef Said Cahali nos ensina que “inexistentes parâmetros legais

para o arbitramento do valor da reparação do dano moral, a sua fixação se

faz mediante arbitramento, nos termos do art. 953, parágrafo único, do CC

(transcrito no item artigos e súmulas).

O mesmo autor destaca ainda “quanto à fixação do valor da

indenização do dano moral em salário mínimo, inúmeros julgados o

admitiam, considerando que:

“inexiste ilegalidade no fato de o juiz mencionar a quantidade de salários

mínimos correspondentes ao quantum arbitrado a título de indenização dos

danos morais, pois o que a lei veda é a sua utilização como fator de

correção monetária”.4

Há de se destacar que o novo Código Civil embora lacunoso quanto

aos parâmetros de indenização, determina que essa será cumprida conforme

disposto nos seus artigos 946 e 947 (transcritos no item artigos e súmulas).

4 Cahali, Yussef Said. Dano moral 3.ed. rev. ampl. e atual. Conforme o Código Civil de 2002. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005. – p 813.

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A Pessoa Jurídica e o dano moral

Grande parte da jurisprudência e doutrina admite a possibilidade de

indenização por danos morais a pessoa jurídica, no entanto, sabe-se que

aquela não tem a finalidade de reparar um dor, ou um sofrimento causado,

mas sim, indenizar possíveis danos patrimoniais decorrentes da ofensa a

sua honra, reputação e imagem.

Entende o professor Carlos Roberto Gonçalves que “a pessoa

jurídica, como proclama a Súmula 227 do Superior Tribunal de Justiça,

pode sofrer dano moral e, portanto, está legitimada a pleitear a sua

reparação. Malgrado não tenha direito à reparação do dano moral subjetivo,

por não possuir capacidade afetiva, poderá sofrer dano moral objetivo, por

ter atributos sujeitos a valoração extrapatrimonial da sociedade, como o

conceito e bom nome, o crédito, a probidade comercial, a boa reputação

etc.

O abalo de crédito acarreta, em regra, prejuízo material. Mas o abalo

de credibilidade pode ocasionar dano de natureza moral. Nesse caso, a

pessoa jurídica poderá propor ação de indenização de dano material e

moral”.5

2 - DANO MORAL PURO

Conceito

É o dano moral que não afeta o patrimônio mas produz reflexo na

esfera anímica e psíquica da vítima (direitos da personalidade), merecendo

indenização, inclusive encontrando amparo de força legal constitucional

(ver art. 5º, V e X, CF/88).

5 Gonçalves, Carlos Roberto. Op.cit. p. 368.

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Assim, aduz Rui Stoco: “Um indivíduo ofendido em sua honra; a

pessoa a quem os meios de comunicação imputa, equivocadamente, a

prática de um delito; o comerciante que tem títulos protestados, embora já

pagos; o cliente de uma loja cujo nome é enviado ao Serviço de Proteção

ao Crédito como mau pagador, embora tenha sido pontual; podem não

suportar um prejuízo material imediato mas, sem dúvida, foram atingidos

em sua honra, honorabilidade, personalidade, sentimento ou decoro.

Ainda que essa ofensa não possa ser convertida em prejuízo

econômico, ou não tenha reflexo financeiro imediato, preconiza-se a

indenização por dano moral”.6

A propósito, assim julgou procedente o STF:

“Dano moral puro. Restituição indevida de cheque, com a nota “ sem

fundo” a despeito de haver provisão suficiente destes. Cabimento de

indenização a título de dano moral, não sendo exigível comprovação de

reflexo patrimonial do prejuízo. Recurso extraordinário de que não se

conhece, por não estar caracterizada a negativa de vigência do art. 159 do

CC [atual art. 186] e do art. 333 do CPC, tampouco ou alegado dissídio

jurisprudencial (STF – 1ª T. – RE – Rel. Octávio Gallotti – j. 12.08.86 –

RTJ 119/433)”.7

3 - EVOLUÇÃO (DOUTRINÁRIA E JURISPRUDENCIAL)

No Direito brasileiro encontramos as primeiras referências ao

instituto dano a partir do Código Civil de 1916 (mas não exatamente de

forma explícita quanto ao dano moral) como se nota em seu art. 159, que

assim estatuía:

6 Stoco, Rui . Tratado de Responsabilidade Civil: Doutrina e Jurisprudência – 7ª edição revista, atualizada, e ampliada. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007. p. 1698-1699.7 Op. Cit. p.1699.

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“Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligencia ou imprudência, violar

direito, ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano.

A verificação da culpa e a avaliação da responsabilidade regulam-se pelo

dispositivo neste Código, arts. 1.518 a 1.532 e 1537 a 1.553”.

Da mesma forma, de maneira não explícita, previa indenizações,

tais como as previstas nos art. 1.537 (pagamento de despesas de funeral

e luto da família); art. 1.547 (injúria e calúnia); art. 1.550 (ofensa à

liberdade pessoal), dentre outros. Podemos, contudo, questionar se tal

instituto já não estava realmente inserido no antigo diploma legal, pois

assim enunciava seu artigo 76: “Para propor, ou contestar uma ação,

é necessário ter legítimo interesse econômico, ou moral”. Cabia,

portanto, aos magistrados entenderem/interpretarem se o conteúdo da

ação era indenizável por afetar também direitos subjetivos da

personalidade.

Apesar de sua importância, o dano moral somente foi reconhecido

pela Constituição Federal de 1988 no seu artigo 5°, incisos V e X

(transcritos no item artigos e súmulas), consolidando o instituto como

matéria de envergadura constitucional, resolvendo e acatando assim a

propositura doutrinaria e jurisprudencial nesse sentido, pois a atual

Carta Magna acolheu os direitos da personalidade em suas bases

principiológicas, permitindo inclusive a criação de legislação específica

como o Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078, de 11.9.1990) e o

Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069, de 13.7.1990).

Mais recentemente, o Código Civil Brasileiro de 2002, quando

estabelece as regras referentes aos ilícitos estabelece, literalmente, a

possibilidade de reparação do dano ainda que exclusivamente moral, de

acordo com a redação do art. 186 (transcrito no item artigos e súmulas).

Contudo, o mesmo artigo é omisso, deixando “de disciplinar o dano

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moral, seus princípios e conseqüências da violação dos chamados

direitos da personalidade ”8. No entanto, o destaque para os direitos da

personalidade estão consagrados em capítulo específico nos arts. 11 a 21

do mesmo diploma legal.

A jurisprudência também disciplina matérias de dano moral, dentre

as quais se destaca a Súmula 37, de 12/03/1992, do STJ, que estabelece:

“São cumuláveis as indenizações por dano material e moral oriundos do

mesmo fato”. Distinguindo assim os danos morais e materiais.

4 - DANO ESTÉTICO

Seu entendimento como dano moral

Maria Helena Diniz citando Lopes Vieira nos lembra que “o dano

estético é toda alteração morfológica do indivíduo, que, é além do aleijão,

abrange as deformidades, marcas e defeitos ainda que mínimos, e que

impliquem sobre qualquer aspecto um afeiamento da vítima, constituindo

numa simples lesão desgostante ou num permanente motivo de exposição

ao ridículo ou de complexo de inferioridade, exercendo ou não influência

sobre sua capacidade laborativa. Por exemplo: mutilações (ausência de

membros, orelhas, nariz etc.)”.9

A festejada professora ainda nos lembra também que “o dano

estético estaria compreendido no dano psíquico ou moral, de modo que, em

regra, como ensina José de Aguiar Dias, se pode ter como cumuláveis a

indenização por dano estético e a indenização por dano moral, representado

pelo sofrimento, pela vergonha, pela angústia ou sensação de inferioridade

da vítima, atingida em seus mais íntimos sentimentos”.10

8 Rei Stoco, op. Cit. p1685.9 Diniz, Maria Helena, op. Cit. p. 8010 Diniz, Maria Helena, op. cit. p. 81

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Há de se esclarecer que o dano estético e o dano moral nem sempre

acarretam cumulatividade. Partindo do pressuposto de que nem toda lesão

deforma a vítima, mas certamente afeta seu psiquismo, enquanto outras,

atingem o aspecto estético do lesado, que a supera, não deixando seqüelas

psíquicas. Em regra a lesão estética constitui dano moral que constituirá ou

não prejuízo patrimonial. Assim, pode a vítima sofrer uma deformidade

que não a incapacite para o trabalho.

O dano estético produz um prejuízo moral ao lesado, que sofre

tanto pelas dores físicas como no ânimo psíquico por ter sido atingido na

integridade ou na estética do seu corpo, ensejando assim uma reparação a

despeito da redução de sua capacidade laborativa e de seu patrimônio.

Deve ser considerado no momento do arbitramento (da reparação)

alguns aspectos da vítima, tais como: sexo, idade, profissão, condição

social do lesado etc. Por exemplo, se uma modelo famosa vier a sofrer

lesão estética que venha deformar seu corpo, certamente sofrerá grande

prejuízo material com repercussão econômica, talvez irreversível, fazendo

portanto, jus à indenização.

A questão da indenização

Não é tarefa fácil o uso de parâmetros para indenizar a vítima do

dano estético. Outrossim é sabido que é possível a cumulação por dano

estético e dano moral, e tem-se admitido em alguns casos a referida

cumulação, como por exemplo o Superior Tribunal de Justiça em decisão

de nº 105/331 de 1998, considerou que as indenizações pelos danos moral e

estético podem ser cumulados, se suas causas forem inconfundíveis e

sujeitas a apuração em separado; no entanto tal matéria é controversa tanto

na doutrina como na jurisprudência. Vide jurisprudência em anexo.

O Código Civil de 1916 tratava desta matéria em seus artigos 1.538 e

1.539 – (Parte Especial, Livro III, Título VIII, capítulo II – Da Liquidação

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das Obrigações Resultantes de Atos Ilícitos)- como lesão à saúde, ao corpo,

bem como, à deformidade física, não omitindo a questão indenizatória (ver

os referidos artigos no item artigos e súmulas).

O novo Código Civil recepcionou o instituto do dano estético na

Parte Especial – Livro I, Título IX – Responsabilidade Civil, no capítulo I -

da Indenização, artigos 949 e 950 (transcritos no item Artigo e Súmulas),

com ênfase para a indenização.

Cabem indenizações por dano estético as lesões sofridas por

acidentes de trabalho, de trânsito, intervenções cirúrgicas, etc. No tocante

às ultimas, a indenização por dano estético é uma importante arma para

coibir a imperícia e a ação irresponsável de maus profissionais.

CONCLUSÃO

No início de nosso trabalho fizemos a seguinte proposição e

indagação:

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Estamos presenciando um demanda excessiva de ações por danos

morais na justiça brasileira. Deve o Poder Judiciário ser mais criterioso em

suas decisões quanto às indenizações relativas ao dano moral, sob pena de

fazer delas uma indústria?

Entendemos que cabe aos magistrados uma decisão ponderada e

muito bem fundamentada ao analisarem as ações impetradas que versam

sobre indenização por danos morais, sob pena de fazer dessa uma indústria

perniciosa ao instituto, desmoralizando-o.

Artigos e Súmulas.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL

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Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

....... V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao

agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem. X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a

imagem das pessoas, assegurado o direito de indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.

CÓDIGO CIVI - 2002

Parte Geral - Dos Atos Ilícitos.

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imperícia, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Correspondência: art. 159, 1ª parte, CC /1916.

Parte Especial – Da Responsabilidade Civil – Da indenização.

Art. 946. Se a obrigação for indeterminada, e não houver na lei ou no contrato disposição fixando a indenização devida pelo inadimplente, apurar-se-á o valor das perdas e danos na forma que a lei processual determinar.

Art. 947. Se o devedor não puder cumprir a prestação na espécie ajustada, substituir-se-á pelo seu valor em moeda corrente.

Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido.

Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho, ou da depreciação que ele sofreu.

Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez.

Art. 953. A indenização por injúria, difamação ou calúnia consistirá na reparação do dano que delas resulte ao ofendido.

Correspondência: art. 1.547, CC /1916.

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Parágrafo único. Se o ofendido não puder provar prejuízo material, caberá ao juiz fixar, eqüitativamente, o valor da indenização, na conformidade das circunstâncias do caso.

Art. 954. A indenização por ofensa à liberdade pessoal consistirá no pagamento das perdas e danos que sobrevierem ao ofendido, e se este não puder provar prejuízo, tem aplicação o disposto no parágrafo único do artigo antecedente.

Parágrafo único. Consideram-se ofensivos da liberdade pessoal: Correspondência: art. 1551, CC /1916.

I – o cárcere privado;II – a prisão por queixa ou denúncia falsa e de má-fé;III – prisão ilegal.

CÓDIGO CIVIL – 1916

Da Liquidação das Obrigações Resultantes de Atos Ilícitos

Art. 1.538. No caso de ferimento ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até o fim da convalescença, além de lhe pagar a importância da multa no grau médio da pena criminal correspondente.

§ 1º Esta soma será duplicada, se do ferimento resultar aleijão ou deformidade.

§ 2º Se o ofendido, aleijado ou deformado, for mulher solteira ou viúva ainda capaz de casar, a indenização consistirá em dotá-la, segundo as posses do ofensor, as circunstâncias do ofendido e a gravidade do defeito.

Art. 1539. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua o valor do trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até o fim da convalescença, incluirá a importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu.

CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDORLei 8078, de 11 de setembro de 1990.

Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e

morais, individuais, coletivos e difusos.VII – o acesso aos órgãos judiciários e administrativos, com

vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais, e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção jurídica, administrativa e técnica aos necessitados.

ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

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Lei 8.069, de 13 de julho de 1.990.

Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica, moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.

SÚMULAS

Súmula 37, STJ. São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato.Súmula 227, STJ. A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.Súmula 562, STF. Na indenização de danos materiais decorrentes deato ilícito cabe a atualização de seu valor, utilizando-se, para esse fim, dentre outros critérios, dos índices de correção monetária.

BIBLIOGRAFIA

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Código Civil de 2002. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005.

DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro, 7º volume:

Responsabilidade Civil / Maria Helena Diniz. 22. ed. rev. Atual. e ampl. de

acordo com a reforma do CPC e do Projeto de Lei n. 276/2007. – São

Paulo: Saraiva, 2008.

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GONÇALVES, Carlos Roberto, 1938 – Direito Civil Brasileiro, volume

IV: responsabilidade civil /Carlos Roberto Gonçalves. 3. ed. rev. e atual. –

São Paulo: Saraiva, 2008.

STOCO, Rui. Tratado de Responsabilidade Civil: Doutrina e

Jurisprudência - Rui Stoco. 7ª edição revista, atualizada e ampliada. São

Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007.

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de Salvo Venosa. 8 ed. – São Paulo: Atlas, 2008. – (Coleção Direito Civil;

vol. 4).

Constituição da República Federativa do Brasil – 05.10.1988.

Código Civil Brasileiro – Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002.

Código Civil Brasileiro – Lei 3.071, de 01.01.1916.

Jurisprudência.............

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