79
Carolina Pessanha Loque Fungos algícolas associados à macroalgas do litoral do Paraná e Península Antártica Ouro Preto, MG 2009

Fungos algícolas associados à macroalgas do litoral do ...livros01.livrosgratis.com.br/cp102683.pdf · Ouro Preto como requisito parcial a obtenção do grau de Mestre em Ecologia

  • Upload
    hahanh

  • View
    213

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Carolina Pessanha Loque

Fungos algícolas associados à macroalgas do litoral do Paraná e Península Antártica

Ouro Preto, MG

2009

Livros Grátis

http://www.livrosgratis.com.br

Milhares de livros grátis para download.

Universidade Federal de Ouro Preto

Instituto de Ciências Exatas e Biológicas

Pós-Graduação em Ecologia de Biomas Tropicais

Fungos algícolas associados à macroalgas do litoral do Paraná e Península Antártica

Candidata: Carolina Pessanha Loque

Orientador: Dr. Luiz Henrique Rosa

Co-orientador: Dr. Carlos Augusto Rosa

Departamento de Microbiologia/ICB/UFMG

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em

Ecologia de Biomas Tropicais da Universidade Federal de

Ouro Preto como requisito parcial a obtenção do grau de

Mestre em Ecologia em Ciências Biológicas.

Ouro Preto, MG

2009

DEDICATÓRIA

A minha irmã Paula e ao meu sobrinho Rafael, exemplos de força e muita coragem.

Por mudarem minha vida com amor! Desistir jamais, foco sempre!

AGRADECIMENTOS

À Deus sempre! Presença onipotente em minha vida iluminando meus caminhos e

abrindo portas, mesmo que pareçam fechadas ao primeiro momento.

Ao Prof. Luiz Rosa, por aceitar-me como sua orientanda, desenvolvendo uma nova linha

de pesquisa para o laboratório. Seus ensinamentos ultrapassam o ambiente de trabalho,

sua dedicação a ciência o faz um grande e bom exemplo.

Ao Prof. Carlos Rosa, pela orientação e profissionalismo. Elucidando-me e norteando-me

a agir sensatamente nos momentos mais difíceis.

À Grande Família: meus pais, Catarina e Hélio, pelo amor, apoio e ajuda em tudo que

precisei; meus irmãos, Fernanda, Paula, Carla e Bruno; cunhados e cunhada; meus lindos

sobrinhos Rafael e Victor; aos meus avôs. As coisas ficam mais leves com voces por

perto. E ao Sonilton, que de onde ele estiver estará mergulhando e sorrindo para nós.

Ao meu ´Armor`, suas palavras “calma, vai dar tudo certo” sempre me acalmaram e me

deram mais força.

As colaboradoras, Adriana Medeiros pelo aprendizado, orientação, amizade e alegria de

viver. E Franciane Pellizzari pelos momentos prazerosos nas coletas no Paraná.

À turma mais doida e animada de mestrado que conheci. Camilix, Royal, Jane, Zé

Colméia, Fravinho, Chico, Léo, Defunto, Terror, Canuto, Másio e Alexandre. Hilários

momentos no nosso “Big Brother Selvagem” no Parque Itacolomi, 1ª edição.

Aos colegas e amigos do Laboratório de Microbiologia, convivência é tudo. Iara, Laura,

Jorge, Fernanda, Marcos Palitinho, Izabel, Débora, Douglas, Léo, Camila, Francisco,

Everton, Bruno e as professoras Silvana, Gabriela e Maria Célia.

Aos técnicos Marly e Luis o meu muito obrigado pela disponibilidade e boa vontade de

ambos.

Aos amigos do laboratório de Ecologia e Biotecnologia de Leveduras, da UFMG, pela

grande ajuda profissional e pessoal. Alguns já se foram e outros apenas chegando. Aline,

Bárbara, Alexandras, Anne Caroline, Camila, César, Elisa, Fátima, Fatinha, Fernanda

Badotti, Fernanda Piló, Luciana Berta, Luciana Brandão, Mariana Ferreira, Mariana

Vieira, Michelle, Mônica, Natália, Pollyanna, Priscila, Raquel, Renata, Silvana e Vivian.

Um agradecimento muito especial a Mariana Vieira, Aline, Luciana Brandão, Silvana,

Mônica e Vivian pela paciência que tiveram de me ensinar.

Aos meninos e suas ajudantes, do Curso de Dossel. Pela oportunidade de ver o mundo

sobre uma árvore de 23 metros.

Ao Rubens Modesto, sua eficiência ímpar só tem a acrescentar ao BIOMAS.

Aos profs. e colaboradores do curso de pós-graduação Ecologia de Biomas Tropicais,

especialmente prof. Sérvio Pontes.

Ao Dr. Carlos Zani, pela gentileza por utilizar a infra-estrutura e os equipamentos do

Laboratório de Química de Produtos Naturais (LQPN). Aos colegas do LQPN Tânia,

Daniela, Patrícia, Luciana, Fernanda, Suzana, Marcinha e Ezequias. Pessoas agradáveis

de conviver.

A Equipe da Escola de Mergulho Mar A Mar: Paula, Dani, Nair, Carlos, Célio, André,

Sandra e todos os instrutores, por cederem gentilmente os equipamentos de mergulho. O

apoio de voces foi de suma importância.

Ao meu padrinho, Tio Dundun, e minha madrinha, Tia Marthinha, por se preocuparem e

interessarem.

As amigas Paulinha, Thê e Lud por entenderem tamanha ausência nos encontros das

amigas.

Ao prof. Pio Colepicole Neto, um reencontro no final com uma ajuda valiosa. Quem sabe

um doutoramento?

COLABORADORES

1Profa. Dra. Franciane Pellizari 2Profa. Dra. Adriana Oliveira Morais 3Prof. Dr. Eurico Cabral de Oliveira 4Bióloga Laura Esteves Furbino

1Laboratório de Ficologia e Qualidade de Água do Mar (LAQUAMAR), Universidade

Estadual do Paraná, campus FAFIPAR. Paranaguá, Paraná.

2Laboratório de Microbiologia Ambiental, Departamento de Botânica, Universidade

Federal da Bahia, Salvador, BA.

3Laboratório de Ficologia, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo, São

Paulo, SP.

4Laboratório de Microbiologia, Departamento de Ciências Biológicas, Universidade

Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, MG, Brasil.

SUMÁRIO

Agradecimentos .......................................................................................................................... i

Sumário ..................................................................................................................................... iii

Lista de figuras .......................................................................................................................... iv

Lista de tabelas ............................................................................................................................v

Resumo .....................................................................................................................................11

Abstract .....................................................................................................................................12

Lista de abreviaturas .................................................................................................................13

1. Introdução .............................................................................................................................15

2. Revisão bibliográfica ............................................................................................................17

2.1 Biodiversidade de fungos marinhos ................................................................................17

2.2 Diversidade de macroalgas .............................................................................................18

2.3 Fungos algícolas ..............................................................................................................21

3. Objetivos ...............................................................................................................................23

3.1 Geral ................................................................................................................................23

3.1.2 Específicos ................................................................................................................23

4. Material e Métodos ...............................................................................................................24

4.1 Área de coleta .................................................................................................................24

4.1.1 Litoral do Paraná ......................................................................................................24

4.1.2 Baía do Almirantado – Antártica ............................................................................26

4.2 Coleta de macroalgas .....................................................................................................27

4.2.1 Litoral do Paraná .......................................................................................................28

4.2.2 Baía do Almirantado – Antártica .............................................................................29

4.3 Isolamento dos fungos ...................................................................................................31

4.4 Identificação dos fungos filamentosos ............................................................................31

4.4.1 Extração do DNA total .............................................................................................31

4.4.2. Obtenção de amplicons ............................................................................................32

4.5 Identificação das leveduras ............................................................................................33

4.5.1 Extração do DNA total .............................................................................................33

4.5.2 PCR com o iniciador M13 ........................................................................................34

4.5.3 Amplificação utilizando os iniciadores NL1 e NL4 .................................................34

4.6 Purificação dos amplicons ............................................................................................. 35

4.7 Reação de sequenciamento dos fungos .......................................................................... 36

4.8 Preciptação de reação de sequenciamento ......................................................................36

4.9 Análise das sequencias ................................................................................................... 37

5. Resultados e discussão ..........................................................................................................38

5.1 Testes preliminares para isolamentos de fungos associados à macroalgas ....................39

5.2 Artigo submetido ............................................................................................................41

5.3 Fungos associados às macroalgas do litoral do Paraná ...................................................59

6. Conclusão integrada ..............................................................................................................66

7. Perspectivas ...........................................................................................................................67

8. Anexos ..................................................................................................................................68

9. Referências bibliográficas ....................................................................................................71

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Pontos de coleta das macroalgas no Estado do Paraná. O símbolo (∆) mostra os

locais onde foram coletas as espécies de macroalgas. Fonte: Google Earth,

(http://earth.google.com, acessado em setembro de 2008) ......................................25

Figura 2. Mapa da Baía do Almirantado, Ilha Rei George, Antártica. O símbolo (∆)

mostra o local onde foram coletas as espécies de macroalgas (Simões et al.,

2004, com modificações). ........................................................................................27

Figura 3. Espécimes das macroalgas: (a) Monostroma sp., (b) Padina gymnospora

(Kutzing) Sonder., (c) Gayralia oxysperma (Kützing) Vinogradova ex Scagel

et al., (d) Caloglossa leprieurii (Montagne) G. Martens e (e) Bostrychia

radicans (Montagne) Montagne coletadas no litoral do estado do Paraná, Brasil ...29

Figura 4. Espécimes das macroalgas: (a) Adenocystis utricularis (Bory) Skottsberg, (b)

Desmarestia anceps Mont., (c) Palmaria decipiens (Reinsch) Ricker coletadas

na Baía do Almirantado, Ilha Rei George, Antártica ...............................................30

Figura 5. Exemplos de isolados de fungos filamentosos obtidos das espécies de

macroalgas coletadas no litoral do estado do Paraná ..................................................65

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Nível de endemismo dos táxons de macroalgas da Antártica ...................................21

Tabela 2. Número de isolados de fungos obtidos das espécies de macroalgas coletadas no

litoral do estado do Paraná. ......................................................................................62

Tabela 3. Identificação das leveduras associadas às macroalgas coletadas no litoral do

estado do Paraná. ......................................................................................................63

RESUMO

Estudos de fungos associados à macroalgas marinhas são escassos no litoral brasileiro e

Antártico. O estudo destes fungos é de grande importância devido à possibilidade da

descoberta de novas espécies e suas relações ecológicas com as macroalgas hospedeiras.

Neste trabalho foi avaliada a riqueza de espécies de fungos associados à macroalgas

presentes no litoral do estado do Paraná, Brasil e na Baía do Almirantado, Ilha Rei

George, Antártica. Para isolamento dos fungos algícolas associados foram coletadas no

litoral do Paraná as macroalgas Bostrychia radicans, Caloglossa leprieurii, Gayralia

oxysperma, Monostroma sp. e Padina gymnospora; na Antártica Adenocystis utricularis,

Desmarestia anceps e Palmaria decipiens. No total foram obtidos 454 isolados de fungos

associados às macroalgas estudadas. Destes, 379 foram obtidos das amostras do litoral do

Paraná, representados por 301 fungos filamentosos e 78 leveduras. Associados as

macroalgas da Antártica foram obtidos 75 isolados, representados por 27 fungos

filamentosos e 48 leveduras. Os isolados algícolas obtidos foram agrupados em

morfoespécies a partir de suas características fisiológicas, morfológicas ou pelo

polimorfismo genético utilizando técnicas de biologia molecular. Um representante de

cada morfoespécie foi identificado por meio de sequenciamento de regiões ITS e dos

domínios D1/D2 do rRNA gene para os fungos filamentosos e leveduras,

respectivamente. Nas macroalgas do litoral do Paraná foram identificadas as espécies de

leveduras dos gêneros Candida, Cystofilobasidium, Debaryomyces, Geotrichum,

Hanseniaspora, Hortaea, Pichia, Rhodotorula e Trichosporon. Nas macroalgas da

Antártica foram identificados os fungos pertencentes aos gêneros Geomyces,

Antarctomyces, Oidiodendron, Penicillium, Phaeosphaeria, Metschnikowia, Rhodotorula

e Cryptococcus. Os resultados deste trabalho representam o primeiro estudo de fungos

associados à macroalgas dos litorais do Paraná e da Antártica e contribui para o

conhecimento taxonômico e ecológico de fungos marinhos presentes em ambientes

polares e no litoral sul do Brasil.

ABSTRACT

There are no extensive studies concerning fungi associated with seaweeds in Brazilian

and Antarctic littoral. These studies are relevant because of the possibility of discovering

novel fungal species and their ecological relationship with seaweeds hosts. This study

evaluated the richness of fungi species associated with seaweeds at the coast of Paraná

state, Brazil, and at Admiralty Bay, at King George Island, Antarctica. In order to isolate

algicolous fungi, the seaweeds Bostrychia radicans, Caloglossa leprieurii, Gayralia

oxysperma, Monastrama sp., and Padina gymnospora were collected at Paraná coast; and

Adenocystis utricularis, Desmarestia anceps and Palmaria decipiens at Antarctic littoral.

A total of 454 fungi isolates associated with the selected seaweeds were obtained, being

379 from Paraná samples (301 filamentous fungi and 78 yeasts) and 75 from the

Antarctic ones (27 filamentous fungi and 48 yeasts). The algicolous isolates were

grouped in morphospecies according to their macroscopic and physiological

characteristics, or by genetic polimorfism using molecular biology techniques. One

isolate of each group was then selected to molecular identification by sequencing the ITS

region and D1/D2 domains of rRNA gene, for filamentous fungi and yeasts, respectively.

The taxa Candida, Cystofilobasidium, Debaryomyces, Geotrichum, Hanseniaspora,

Hortaea, Pichia, Rhodotorula, and Trichosporon were found associated with seaweeds

from Paraná; and Geomyces, Antarctomyces, Oidiodendron, Penicillium, Phaeosphaeria,

Metschnikowia, Rhodotorula, and Cryptococcus associated with Antarctic seaweeds. This

is the first study regarding fungi associated with seaweeds from Paraná and Antarctic

littoral, and our results contribute to the taxonomic and ecological knowledge about

marine fungi from Brazilian and polar ecosystems.

LISTA DE ABREVEATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

ANS: Ágar nutriente “standard”

AMM: Água artificial do mar

BDA: Ágar dextrose batata

BLAST: Basic Local Alignment Serch Tool

CTAB: Brometo de cetil trimetilamonio

DNA: Ácido desoxirribonucléico

dNTP: Desoxirribonucleotídeos fosfatados

EDTA: Ácido etilenodiamino tetra-acético

EACF: Estação Antártica Brasileira Comandante Ferraz

g: Gramas

g/L: Gramas por litros

GPY: Ágar glicose-peptona e extrato de levedura

h: Hora

H2O: Água

H3BO3: Ácido bórico

HCl: Ácido clorídrico

ITS: Região transcrita interna

K: Potássio

KBr: Brometo de potássio

KCl: Cloreto de potássio

KH²PO4: Monopotássio fosfatase

LBEM: Laboratório de Biodiversidade e Evolução Molecular

M: Molar

MgCl2: Cloreto de magnésio

MgSO4: Sulfato de magnésio

min: Minuto

mL: Mililitro

mm: Milímetro

mM: Milimolar

mol/L: Mol por litro

µL: Microlitro

NaCl: Cloreto de sódio

Na2SO4: Sulfato de sódio

NaHCO3: Bicarbonato

NCBI: National Center For Biothecnology

ND: NanoDrop

ng: Nanograma

nm: Nanômetro

PEG: Polietilenoglicol

PCR: Reação em cadeia da polimerase

pH: Potencial hidrogeniônico

p/v: Peso por volume

pmol: Pico mol

RNA: Ácido ribonucléico

r.p.m.: Rotações por minuto

S: Sul

SDS: Dodecil sulfato de sódio

SrCl2: Cloreto de estrôncio

TBE: Tris borato

Tris: trishidroximetilaminometano

U: Unidade

ups: Unidade prática de salina

UFMG: Universidade Federal de Minas Gerais

UFOP: Universidade Federal de Ouro Preto

V: Volts

W: oeste

X: Vezes

- : Negativo

%: Por cento

° C: Graus Celsius

1. INTRODUÇÃO

Os ecossistemas marinhos compreendem aproximadamente ¾ da superfície da

terra e são considerados fontes de elevada riqueza microbiana (Konig & Wright, 1999). A

microbiota marinha pode ser encontrada na coluna d’água, crescendo em superfícies

como epibiôntes, internamente em diferentes seres vivos como endobiôntes ou simbiontes

de vida livre exercendo um importante papel nos ciclos biogeoquímicos nos oceanos

(Hawksworth, 1991). Fungos presentes nos ecossistemas marinhos são encontrados

associados a diferentes organismos macroscópicos tais como: poríferos, peixes, cnidários,

tunicados e macroalgas. Entretanto este grupo microbiano ainda é relativamente pouco

estudado quanto a suas funções ecológicas, origem evolutiva e como fontes de

metabólitos úteis à medicina, agricultura e indústria (Osterhage et al., 2002; Klemke et

al., 2004). Fungos marinhos são separados em espécies obrigatórias ou facultativas, as

primeiras restritas ao ambiente marinho e as segundas também ocorrendo em ambientes

continentais (Kohlmeyer, 1974).

As macroalgas são organismos bênticos efêmeros ou perenes, as quais

permanecem quase todo o seu ciclo de vida fixas a um substrato sólido, consolidado ou

não, principalmente em rochas ou corais mortos. Desta forma, as áreas com maior

riqueza de espécies de macroalgas são os costões e fundos rochosos e áreas de recifes.

Algumas espécies estão adaptadas para resistir longos períodos de emersão e se tornam

conspícuas nos períodos de marés baixas, formando bandas distintas de diferente

composição florística. Outras macroalgas, por sua vez, não suportam exposição ao ar e

vivem permanentemente submersas, algumas atingindo profundidades superiores a 100

metros em regiões onde a água tem grande transparência

(http://www.ib.usp.br/algaemaris/Algaemaris.php).

Os fungos algícolas são caracterizados por viverem em associação com espécies

de macroalgas marinhas e apresentam grande importância por participarem de forma

efetiva na ciclagem de matéria orgânica nos oceanos. A maioria dos fungos marinhos

associados à macroalgas pertence ao filo Ascomycota e seus anamorfos e vivem de

forma assintomática nestes organismos. O pouco conhecimento da diversidade exibida

por estes fungos os torna organismos especialmente interessantes como fontes de

diversidade biológica, funções ecológicas e origem evolutiva. Os estudos sobre fungos

associados à macroalgas são inéditos no Atlântico Sul e Península Antártica, os quais

acarretam lacunas nas áreas da taxonomia, diversidade, ecologia, fisiologia e

biotecnologia. Muitas espécies de macroalgas do Atlântico Sul e Antártica são

endêmicas ou adaptadas a estas regiões e podem constituir uma fonte atrativa de novas

espécies de fungos para ciência. A abordagem taxonômica e ecológica dos fungos

associados às macroalgas, ou seja, suas inter-relações bióticas são relevantes por definir

os limites de desenvolvimento dos organismos. Por esta razão, um estudo comparativo

sobre riqueza de espécies entre estas populações do Atlântico Sul e Antártica pode

fornecer informações no nível taxonômico, distribuição biogeográfica, especiação e uso

biotecnológico destes microrganismos.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Biodiversidade de fungos marinhos

Os fungos marinhos representam um grupo taxonômico com aproximadamente

1.500 espécies descritas com distribuição pantropical e pantemperada (Hyde & Frohlich,

1998). Estes fungos são os principais organismos decompositores nos oceanos e

apresentam uma significativa habilidade em degradar compostos lignocelulósicos e

animais de diferentes espécies, após sua morte, tais como poríferos, cnidários,

equinodermas, peixes, entre outros. Além disso, estes fungos são conhecidos como

importantes patógenos de plantas e animais; e poucas espécies são conhecidas como

simbiontes (Hyde & Frohlich, 1998). A maioria dos fungos marinhos, incluindo 43

gêneros e 133 espécies, faz parte do filo Ascomycota (Halosphaeriales) e seu anamorfos

(Jones, 1995; Hyde, 2002).

De acordo com Fenical (1997), em 1849 foi descrito e relatada para ciência

Phaeosphaeria typharus, citada como o primeiro fungo marinho facultativo; e em 1869 a

espécie Halotthia posidoniae conhecida como o primeiro fungo marinho obrigatório. O

estudo de fungos marinhos teve um início discreto no final de 1930 e, de acordo com

(Moss & Ross, 1987), os primeiros trabalhos foram publicados pelos pesquisadores

Höhnk & Sparrow e Barghoorn & Linder. A definição mais aceita para fungos marinhos

é a descrita por Kohlmeyer & Kohlmeyer (1979), os quais os dividem em dois grandes

grupos. O primeiro definido como obrigatórios são representados por fungos que crescem

e esporulam exclusivamente em habitats marinhos ou estuarinos; e segundo, chamado de

facultativos são representados por fungos que vem de águas continentais e ambientes

terrestres, os quais crescem e, possivelmente, esporulam em ambiente marinhos. Os

fungos marinhos, dentre os diversos microrganismos presentes nesse complexo e imenso

conjunto de ecossistemas, representam uma fonte valiosa e pouco estudada de novas

espécies para ciência e modelos para estudos ecológicos e evolutivos. Estes fungos são

encontrados associados a diferentes organismos tais como: poríferos, peixes, cnidários,

tunicados e macroalgas.

Muitas das interações ecológicas entre microrganismos e macroalgas são

desconhecidas e podem representar importantes fatores para conservação e exploração

biotecnológica dos ambientes marinhos (Hawksworth, 1991). Além disso, existem poucas

informações sobre o papel dos fungos nos ecossistemas marinhos e detalhes da

distribuição e ocorrência de fungos algícolas são incompletas (Kohlmeyer & Kohlmeyer,

1979; Kohlmeyer & Volkmann-Kohlmeyer, 2003).

2.2 Diversidade de macroalgas

As macroalgas são organismos bênticos efêmeros ou perenes que passam a maior

arte do seu ciclo vital fixos a um substrato sólido, consolidado ou não. Desta forma, as

áreas com maior diversidade específica de macroalgas são os costões, áreas de fundos

rochosos e/ou de recifes de corais (Széchy et al., 2000). Algumas espécies estão

adaptadas para resistir longos períodos de emersão e se tornam conspícuas nos períodos

de marés baixas, formando zonas intermareais de distinta composição florística. Outras

macroalgas, por sua vez, não suportam exposição ao ar e vivem permanentemente

submersas, as quais são chamadas de espécies de infralitoral e podem atingir

profundidades superiores a 100 metros em regiões onde a zona eufótica, como é o caso

do Oceano Atlântico Sul e áreas em torno da Antártica (Clarke, 2003).

Macroalgas representam uma parte altamente produtiva do ecossistema marinho e

são essenciais para ciclagem de nutrientes e estruturação dos habitats para várias espécies

de micro e macrorganismos (Zuccaro et al., 2008). A comunidade de seres vivos

presentes neste sistema representa importantes modelos para investigações de interações

ecológicas nos ambientes naturais.

A extensão da costa brasileira é de aproximadamente 8.5 km

(http://www.mma.gov.br, acessado em agosto de 2009) e neste ambiente marinho as

macroalgas constituem um dos grupos de maior diversidade dentre os organismos

fotossintetizantes. Do total de 32 mil espécies conhecidas em termos mundiais, pelo

menos 820 táxons são relatados na costa brasileira. Neste contexto, as macroalgas

representam uma fonte natural estratégica para estudos taxonômicos, ecológicos,

evolutivos e biotecnológicos.

As espécies de macroalgas marinhas que ocorrem na costa brasileira estão sendo

catalogadas e publicadas no site http://www.ib.usp.br/algaemaris/Algaemaris.php.

Atualmente a lista inclui 643 táxons infragenéricos, sendo 388, Rhodophyta, 88

Phaeophycea e 167 Chlorophyta. O estado que apresenta maior riqueza em táxons

infragenéricos conhecidos é Rio de Janeiro com 465, seguido por São Paulo com 372,

Espírito Santo com 302 e Ceará com 250. Entretanto, estes números podem alteram-se à

medida que novos trabalhos sejam executados

(http://www.mma.gov.br/estruturas/sbf_chm_rbbio/_arquivos/plantas_marinhas.pdf,

acessado em agosto de 2009). A diversidade de macroalgas do Sul do Brasil, em especial,

é distinta das outras regiões do Brasil, pois esta região trata-se de um ecótono entre a

zona tropical e a temperada. Estes ecossistemas costeiros do Sul do Brasil não

apresentam necessariamente grandes diversidades de macroalgas, mas por outro lado

detém alta biomassa de algumas delas, que inclui espécies de interesse comercial usadas

na indústria de ficocolóides, indústria cosmética ou diretamente no segmento alimentício

(Pellizzari et al., 2006).

Isolada dos demais continentes por correntes oceanográficas e pela distância, a

Antártica é um ambiente que se caracteriza por extremos de clima, habitats e

biogeografia. Nos ecossistemas antárticos podem ocorrer grandes variações de

temperatura e salinidade, dessecação, escassez de nutrientes, alta incidência de radiação

ultra-violeta alternada com longos períodos de ausência de luz, mudanças climáticas

acentuadas e descontínuas, além dos ciclos de congelamento e degelo, que influenciam a

distribuição das massas de água no Oceano Austral e geram alterações locais no clima

(Clarke, 2003; Vincent, 2000; Wynn-Williams, 1996).

Estudos sobre a biodiversidade de macroalgas na Antártica são limitados pela

falta de informações taxonômicas e de distribuição geográfica consistente (Clayton,

1994). Devido às condições extremas, a dificuldade de acesso e coleta, muitas espécies

de macroalgas da Antártica permanecem desconhecidas. Estes fatores são responsáveis

pela ausência de uma estimativa precisa da diversidade de macroalgas da região. De

acordo com Wiencke & Clayton (2002), em 1964 Skottsberg estimou a existência de 96

espécies de macroalgas, das quais 16 táxons seriam de Chlorophyta, 19 Phaeophyceae e

61 Rhodophyta. Entretanto, ainda de acordo com estes autores, novos estudos

determinaram a existência de 120 a 130 espécies presentes na Antártica, as quais podem

representar um promissor reservatório de espécies de microrganismos associados.

A flora ficológica presente na Antártica apresenta baixa riqueza de espécies em

comparação com a flora de regiões temperadas e tropicais (Wiencke & Clayton, 2002).

Entretanto a flora marinha Antártica é caracterizada por um alto grau de endemismo

(Clayton, 1994). Phaeophyceae e Rhodophyta apresentam o maior número de espécies

endêmicas, seguido por Chlorophyta (Tabela 1). Além disso, as ordens Desmarestiales,

Ceramiales e Gigartinales apresentam uma alta proporção de espécies endêmicas

(Wiencke & Clayton, 2002), e Palmaria decipiens (Reinsch) RW Ricker representa a

alga mais abundante desta região (Oliveira et al., 2009). Cerca de 90% das espécies de

macroalgas se encontram na região oeste da Antártica, incluindo a Península Antártica,

Ilhas Schetland do Sul e Ilhas Orkey do Sul. Entretanto, a riqueza de espécies diminui

drasticamente no sentido leste e em elevadas altitudes (Wiencke & Clayton, 2002;

Wiencke et al., 2007).

Tabela 1. Nível de endemismo dos táxons de macroalgas da Antártica.

Táxons N° de espécies N° de espécies endêmicas % de endemismo

Rhodophyta 75 24 32

Phaeophyceae 27 12 44

Chlorophyta 17 3 18

Total 119 39 33

Fonte: Wiencke & Clayton (2002).

2.3 Fungos algícolas

Os principais estudos sobre fungos marinhos foram realizados durante as últimas

cinco décadas se concentraram em sua maioria em fungos lignícolas e raramente em

algícolas (Kohlmeyer & Volkmann-Kohlmeyer, 1991). Entre as 465 espécies de fungos

filamentosos marinhos conhecidos, somente 79 foram descritos como algícolas, os quais

exercem, principalmente, relações parasíticas e simbiônticas (Kohlmeyer & Volkmann-

Kohlmeyer, 2003). Os primeiros estudos de fungos associados com macroalgas foram

realizados por Sutherland (1915a,b,c; 1916a,b). Desde então, a evolução tecnológica,

principalmente na melhora da microscopia, permitiu a identificação e determinação

taxonômica de muitos fungos algícolas. A maioria destes fungos pertence ao grupo dos

Ascomycota e seus anamorfos (Kohlmeyer & Volkmann-Kohlmeyer, 1991) e apesar do

seu relevante papel nos ecossistemas litorâneos, o Brasil e Antártica ainda não possuem

uma micota suficientemente estudada. Muitas espécies ainda não foram identificadas, as

quais poderiam ser utilizadas como fonte de diferentes estudos taxonômicos, ecológicos,

evolutivos e biotecnológicos. A maioria dos fungos associados à macroalgas são

organismos sapróbios e sua principal função no meio ambiente é decompor a matéria

orgânica, disponibilizando principalmente carbono e hidrogênio que são assimilados por

outros organismos da cadeia trófica.

Alguns estudos ecológicos e taxonômicos têm demonstrado a existência de

espécies de fungos algícolas inéditas associados às macroalgas dos gêneros Fucus,

Chondrus, Laminaria, Sargassum, Dilsea, Ceramium, Saccorhiza, Ascophyllum,

Cladophora, Halymenia, Halarachnion, Plumaria, Ceratiodictyon, Hypnea,

Enteromorpha, Ulva, Porphyra e Egregia (Kohlmeyer & Volkmann-Kohlmeyer, 1991,

Stanley, 1992, Schulz et al., 2002; Lee at al., 2003; Zuccaro & Mitchell, 2005; Zuccaro

et al., 2008). Nestes estudos, os principais gêneros de fungos encontrados foram

Acremonium, Arthrinium, Alternaria, Aspergillus, Cladosporium, Fusarium,

Penicillium, Phoma e Trichoderma, os quais também são comumente encontrados nos

ambientes continentais associados a plantas, matéria orgânica em decomposição e

diferentes tipos de solo (Jones & Byrne, 1976; Kohlmeyer & Kohlmeyer, 1979; Stanley

1992; Kohlmeyer & Volkmann-Kohlmeyer 2003; Zuccaro et al., 2008). Por outro lado,

espécies dos gêneros Spathulospora, Chadefaudia, Haloguignardia, Retrostium,

Histopidicarpomyces e Pontogenia foram encontrados apenas em associação com

macroalgas (Zuccaro et al., 2003; Zuccaro & Mitchell, 2005). Algumas espécies de

fungos tais como Mycophycias ascophylli e Sigmoidea marina apresentam uma

associação mutualística específica e crescem associadas apenas com sua alga hospedeira

(Kohlmeyer et al., 1998; Zuccaro et al., 2008), demonstrando alto grau de

especificidade. A partir de estudos de taxonomia molecular, Zuccaro et al. (2008)

encontraram diferentes espécies de fungos associados com macroalga Fucus serratus

tais como Sigmoidea marina, Acremonium fuci, Cladosporium spp., Dendryphiella

salina e Fusarium spp. De acordo com Hawksworth (2004) existem cerca de 100 mil

espécies de fungos descritos mundialmente e, dentre estes, somente 79 (0,08%) são

fungos algícolas (Zuccaro & Mitchell, 2005). Desta forma, os fungos algícolas podem

ser considerados microrganismos alvos, importantes como fontes de diversidade

biológica (Klemke et al., 2004). A falta de estudos taxonômicos e ecológicos de fungos

presentes em ecossistemas marinhos no litoral brasileiro e no continente Antártico nos

conduz a sugerir que as macroalgas podem constituir uma fonte promissora de riqueza

micológica marinha.

3. OBJETIVOS

3.1 Geral

Contribuir para o conhecimento da riqueza de espécies e distribuição geográfica

de fungos associados às macroalgas marinhas presentes no litoral do estado do Paraná,

Brasil, e na Antártica.

3.1.2 Específicos

1. Coletar e isolar fungos associados à macroalgas do litoral do Paraná e Antártica;

2. Incluir todos os fungos isolados obtidos em uma Coleção de Culturas credenciada;

3. Agrupar em morfoespécies todos os isolados obtidos por meio de processos

fisiológicos, morfológicos e moleculares;

4. Identificar todos os fungos em nível específico por meio de técnicas fisiológicas,

morfológicas e moleculares;

5. Identificar e depositar em herbário de referência as macroalgas hospedeiras dos

fungos algícolas;

6. Ampliar as informações sobre a distribuição geográfica das espécies identificadas;

7. Caracterizar possíveis espécies novas de fungos marinhos associados às

macroalgas.

4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Áreas de estudo

4.1.1 Litoral do Paraná

Várias áreas de preservação do Brasil abrigam uma das mais ricas biodiversidades

do planeta. O acesso a estas áreas será feito respeitando-se as legislações Estaduais e

Federais de acesso à biodiversidade. Para as coletas foram aprovadas as devidas licenças

junto ao Ministério do Meio Ambiente e Marinha do Brasil.

O litoral do estado do Paraná possui somente 92 km de costa, sendo o segundo

menor litoral brasileiro. Porém, apresenta aproximadamente 400 km de embaiamentos

pertencente ao Complexo Estuarino de Paranaguá e a Baía de Guaiatuba. O complexo

apresenta uma grande diversidade de habitats, desde extensas planícies de marés, como

manguezais, marismas, canais de marés, praias arenosas e costões rochosos. O interior do

sistema é margeado por marismas e manguezais, enquanto parte mais externa é composta

por praias arenosas e alguns costões rochosos. As margens da baía são colonizadas por

florestas de mangue compostas por Laguncularia racemosa, Avicennia schauerianna e

Rhizophora mangle, alternadas por bancos de Spartina alterniflora, alguns costões

rochosos naturais e outros substratos consolidados introduzidos. O clima da região é

pluvial temperado úmido, com chuvas em todos os meses do ano. Os gradientes de

salinidade variam de 12 à 29 ups no verão (estação chuvosa) e de 20 à 34 ups no inverno

(estação seca), máximos de até 36 ups ocorrem na entrada dos canais de acesso, e valores

próximos a zero ocorrem nos setores mais internos do estuário principalmente em

períodos de maior pluviosidade. A temperatura da água varia pouco, tanto no plano

vertical como horizontal. No entanto a variação sazonal é grande, com valores mínimos

entre 17 e 20ºC de junho a setembro e, máximos entre 28 e31ºC, de dezembro (Lana et

al., 2001).

As coletas de macroalgas no estado do Paraná foram realizadas em julho de 2008

nas cidades de Antonina (25° 25' 09''S - 48° 42'54'' W), Guaratuba (25º56´S - 48º35´W),

povoado de Maciel em Matinhos (25° 33' 21''S, 48° 25’ 40'' W) e Ilha do Mel (25º29'29"S

- 48°17’17"W). (Figura 1). No setor mais interno do Complexo Estuarino de Paranaguá,

situa-se a Baía de Antonina. No mais externo, a Baía de Paranaguá onde se localiza o

povoado de Maciel. A Ilha do Mel situa-se próximo ao Canal da Galheta, um dos canais

que conectam a Baía de Paranaguá com o mar aberto. Enquanto Guaratuba pertence à

baía de mesmo nome.

Figura 1. Pontos de coleta das macroalgas no Estado do Paraná. O símbolo (∆) mostra os

locais onde foram coletas as espécies de macroalgas. Fonte: Google Earth

(http://earth.google.com, acessado em setembro de 2008).

4.1.2 Baía do Almirantado – Antártica

O último continente a ser conquistado pelo homem a Antártica,

compreende as terras localizadas abaixo do paralelo 60°. A Baía do Almirantado

(62°09’S, 58°28’W) está localizada ao Arquipélago Shetland do Sul, sendo a maior baía

da Ilha Rei George, com uma área aproximadamente de 131 km2. O clima é determinado

pela passagem de sucessivos sistemas ciclônicos, transportando o ar aquecido e úmido,

fortes ventos e grande volume de precipitação, considerado clima oceânico gelado e

úmido, com médias mensais excedendo 0°C, principalmente nos meses de inverno.

Precipitações de 35-50 cm anuais, com chuvas no verão austral (Rakusa-Suszczewski

1980).

Para as coletas no ecossistema Antártico foram aprovadas as devidas licenças

junto ao Ministério do Meio Ambiente e Marinha do Brasil. Na Antártica as macroalgas

foram coletadas entre dezembro de 2007 e janeiro de 2008 na Baía do Almirantado,

onde se encontra a Estação Antártica Brasileira Comandante Ferraz (EACF) (Figura 2).

Figura 2. Mapa da Baía do Almirantado, Ilha Rei George, Antártica. O símbolo (∆)

mostra o local onde foram coletas as espécies de macroalgas (Simões et al., 2004, com

modificações).

4.2 Coleta das macroalgas

As amostras coletadas correspondem às macroalgas marinhas bentônicas fixas

aos substratos rochosos e arenosos localizados na região entre marés e coletadas durante

o período de maré baixa e diretamente no mar, e também em ambientes estuarinos. O

número amostral variou de 10 a 60 para as diferentes macroalgas e foi determinado de

acordo com as respectivas disponibilidades nos pontos de coleta. As macroalgas foram

coletadas de maneira arbitrária, priorizando exemplares saudáveis sem sinais de

senescência ou doenças. Após a coleta foi retirado o excesso de água e o material

acondicionado em sacos de polietileno. No laboratório, as amostras foram separadas, por

inspeção a olho nu ou sob microscópio estereoscópico, com o intuito de separar os

espécimes de maior interesse e retirar organismos epifíticos.

4.2.1. Litoral do Paraná

Foram coletas as espécies de macroalgas: Bostrychia radicans (Montagne)

Montagne e Caloglossa leprieurii (Montagne) G. Martens (Rhodophyta); Gayralia

oxysperma (Kützing) Vinogradova ex Scagel et al. e Monostroma sp. (Chlorophyta); e

Padina gymnospora (Kutzing) Sonder. (Phaeophyceae, Ochrophyta). Vinte amostras de

Monostroma sp. foram coletadas em Guaratuba, Ilha do Mel e Maciel (n amostral total 60

exemplares). Para a macroalga P. gymnospora (30 exemplares) foram coletadas somente

na Ilha do Mel. Em Antonina foram coletadas B. radicans, C. leprieurii, G. oxysperma,

com n amostral de 10, 16 e 20, respectivamente. Os exemplares foram devidamente

identificados, preservados e depositados no Herbário Maria Eneyda P. Kauffman Fidalgo,

Instituto de Botânica (SP).

Figura 3. Espécimes das macroalgas: (a) Monostroma sp., (b) Padina gymnospora

(Kutzing) Sonder., (c) Gayralia oxysperma (Kützing) Vinogradova ex Scagel et al., (d)

Caloglossa leprieurii (Montagne) G. Martens e (e) Bostrychia radicans (Montagne)

Montagne coletadas no litoral do estado do Paraná, Brasil.

4.2.2. Baía do Almirantado - Antártica

No continente Antártico foi coletado talos de 20 exemplares de cada uma das

macroalgas, Adenocystis utricularis (Bory) Skottsberg, Desmarestia anceps Montagne

(Ochrophyta) e Palmaria decipiens (Reinsch) R.W. Ricker (Rhodophyceae) (Figura 4).

As três espécies foram coletadas em costões rochosos na Baía do Almirantado. Os

exemplares foram coletados durante o verão Antártico nos meses de janeiro, fevereiro e

dezembro de 2008 e janeiro de 2009.

Figura 4. Espécimes das macroalgas: (a) Adenocystis utricularis (Bory) Skottsberg, (b)

Desmarestia anceps Mont., e (c) Palmaria decipiens (Reinsch) Ricker. (A barra

representa a escala real).

4.3 Isolamento dos fungos

Os fragmentos dos talos das macroalgas coletadas foram lavados por 2 min com

água do mar esterilizadas, por três vezes. Após a lavagem, os fragmentos foram

transferidos para placas de Petri contendo os meios de isolamento YM (glicose 1g,

extrato de malte 0,3 g, peptona 0,5 g e ágar 20 g em 100 mL de água) e Ágar Batata

Dextrosado – BDA (Himedia), ambos solubilizados em Água Artificial do Mar – AAM,

com pH 8; e suplementados com 100 μg/mL Cloranfenicol (Sigma). As placas foram

incubadas a 15 e 28ºC, para os fungos da Antártica e Paraná, respectivamente, por um

período de até 60 dias, e os isolados transferidos para novas placas de Petri contendo o

meio de isolamento. A água do mar artificial contém os seguintes sais (g/L): KBr (0,10),

NaCl (23,48), MgCl2 6H2O (10,61), CaCl2 6H2O (1,47), KCl (0,66), SrCl2 6 H2O (0,04),

Na2SO4 (3,92), NaHCO3 (0,19), H3BO3 (0,03) (Höller et al., 1999).

Todos os isolados fúngicos obtidos foram armazenados em glicerol 30% a -80°C

e mantidas por repiques sucessivos no meio de isolamento a 4ºC para estudo. Os isolados

obtidos durante o estudo foram depositados na Coleção de Microrganismos e Células do

Departamento de Microbiologia da Universidade Federal de Minas Gerais.

4.4 Identificação dos fungos filamentosos

4.4.1 Extração do DNA total

A extração do DNA total foi realizada de acordo com Rosa et al. (2009). Os

fungos filamentosos foram crescidos por sete dias em ágar Sabouraud. Fragmentos de

micélio foram colocados em tubo de 1,5 mL acrescidos de 400 µL de tampão de lise

(Tris-HCl - trishidroximetilaminometano 0,05 M; EDTA - ácido etilenodiamino tetra-

acético 0,005 M; NaCl 0,1 M e SDS – sódio dodecil sulfato 1%) e deixado a – 20ºC por

aproximadamente 10 min. O micélio foi triturado com o auxílio de um pistilo e

acrescidos 5 µL de Proteinase K (50µg/mL). Após homogeneização, o tubo foi colocado

por 30 min. a 60ºC em banho-maria. Após essa etapa, foram adicionados 162 µL de

CTAB (Tris 2 M; NaCl 8,2%; EDTA 2 M e CTAB 0,2%), seguido de homogeneização e

incubação por 10 min a 65ºC. Em seguida, foram acrescentados 570 µL da mistura

clorofórmio/álcool isoamílico (24:1). Após homogeneização, o tubo foi incubado por 30

min em gelo. Em seguida, o conteúdo foi centrifugado a 13.200 r.p.m. por 10 min e o

líquido sobrenadante transferido para um novo tubo de 1,5 mL, e acrescentado 10% do

volume da solução de acetato de sódio 3 M. O tubo foi vertido para homogeneização,

incubado a 0ºC por 30 min e centrifugado a 13.200 r.p.m. por 10 min. O sobrenadante foi

transferido para um novo tubo, onde foi adicionado 50% do volume de isopropanol e

centrifugado a 13.200 r.p.m. por 5 min. O sobrenadante foi desprezado por inversão. A

seguir, foram adicionados 200 µL de etanol (Merck) 70% p/v a 4ºC e a suspensão foi

gentilmente homogeneizada. Após este procedimento, a amostra foi centrifugada a

13.200 r.p.m. por 5 min e o sobrenadante desprezado por inversão, seguido por

homogeneização com etanol 70% p/v. A amostra foi seca por aproximadamente 15 min;

100µL de Tris-EDTA (Tris-HCl 0,01 M e EDTA 0,001 M) foram adicionados e a mesma

incubada a 65ºC por 60 min para hidratação do DNA. As amostras foram armazenadas

em freezer a –20ºC.

4.4.2 Obtenção dos amplicons

Os iniciadores ITS1 (TCCGTAGGTGAACCTGCGG) e ITS4

(TCCTCCGCTTATTGATATGC) foram utilizados para amplificação da região ITS do

rDNA, conforme descrito por White et al. (1990). A Reação em Cadeia da Polimerase

(PCR) foi realizada em um volume final de 50µL contendo 2 μL de DNA, 1 μL de cada

iniciador ITS1 e ITS4 10 μmol-1 (MWG Biotech), 5 μL de tampão de PCR 5X

(Fermentas), 2 μL de MgCl2 25 mM, 2 μL de dNTP 10 mM, 0,3 μL de Taq DNA

polimerase 5U (Fermentas) e o volume final completado com água destilada estéril. As

reações de PCR foram realizadas utilizando o termociclador PCR Express (Thermo

Hybaid). O programa consistiu de uma desnaturação inicial a 94ºC por 5 min, seguido por

35 ciclos de 1 min de desnaturação a 94ºC, 1 min de anelamento a 55ºC e 1 min de

extensão a 72ºC, e uma extensão final por 5 min a 72ºC. Os produtos de PCR foram

analisados por eletroforese em gel de agarose 1%, em tampão TBE 0,5 X, eluídos durante

aproximadamente 1 hora a 120 V. Os géis foram corados com solução de brometo de

etídio, visualizados sob luz ultravioleta e fotografados pelo sistema de foto-documentação

de gel (Vilber Lourmat, France).

4.5 Identificação das leveduras

As leveduras foram identificadas segundo procedimento padrão (Yarrow, 1998) e

chaves taxonômicas presentes em Kurtzman & Fell (1998). Os isolados cujas

identificações não puderem ser resolvidas com base na metodologia convencional foram

submetidos à análise molecular por meio da Reação em Cadeia da Polimerase (PCR)

utilizando-se o iniciador M13 (5’-GAGGGTGGCGGTTCT-3’) (Libkind et al., 2003).

Com base no perfil eletroforético dos produtos amplificados por PCR com o iniciador

M13, dentre os isolados que apresentaram um mesmo padrão de bandas, um foi

selecionado para sequenciamento dos domínios D1/D2 da subunidade maior do DNA

ribossomal utilizando os iniciadores NL1 (5’- GCATATCAATAAGCGGAGGAAAAG-

3’) e NL4 (5’-GGTCCGTGTTTCAAGACGG-3’).

4.5.1 Extração do DNA total

Para extração do DNA total, os isolados de leveduras foram crescidos em ágar

Sabouraud por 24 horas a 15°C, para as leveduras provenientes das macroalgas da

Antártica e 30°C para as do Paraná. Após crescimento, as colônias de leveduras do

Paraná, foram ressuspendidas em 100 μL de água deionizada estéril, congeladas em

nitrogênio líquido por um min e, em seguida, colocadas em água fervente por 10 min (De

Barros Lopes et al., 1996; 1998). Para as leveduras da Antártica, as colônias foram

transferidas a um tubo de 1,5 mL e junto a elas foram adicionados 100 μL de tampão de

lise (Tris-HCl - trishidroximetilaminometano 0,05 M; EDTA - ácido etilenodiamino tetra-

acético 0,005 M; NaCl 0,1 M e SDS – sódio dodecil sulfato 1%), em seguida 100 μL de

PCI (fenol, cloroformórmico, álcool isoamílico), nas concentrações de 25:24:1. O tubo

foi agitado em vórtex de 3 a 4 min. Após isto, o conteúdo foi centrifugado a 13.200 r.p.m.

durante 5 min. O liquido sobrenadante foi transferido para um novo tubo de 1,5 mL e

adicionados 100 μL de etanol 96% (Merck) resfriado a 4°C. O tubo fechado foi vertido

por 20 vezes a fim de homogeinizar a solução, e novamente centrifugado a 13.200 r.p.m.

por 2 min. O sobrenadante foi desprezado por inversão e a amostra foi seca até a

evaporação total do etanol e ressuspendida em 100 μL de TE (Tris-HCL -

trishidroximetilaminometano 10 mM; EDTA 1mM). Todas as amostras foram

armazenadas em freezer a –20ºC.

4.5.2 PCR com o iniciador M13

Para confirmação da identificação fisiológica das leveduras, os isolados foram

submetidos à análise molecular, por meio da PCR utilizando o iniciador M13 (5’-

GAGGGTGGCGGTTCT-3’) (Libkind et al., 2003). Cada ensaio de PCR foi realizado em

25 µL de uma mistura contendo: 5,0 μL de DNA, 2,0 μL do iniciador M13 10 μmol-1

(MWG Biotech), 2,5 μL de tampão de PCR 5X (Fermentas), 1,5 μL de MgCl2 25 mM,

1,0 μL de dNTP 10 mM, 0,2 μL de Taq DNA polimerase 5U (Fermentas) e o volume

final completado com água destilada estéril. As reações de PCR foram realizadas

utilizando o termociclador PCR Express (Thermo Hybaid) sob as seguintes condições:

desnaturação inicial a 94ºC por 2 min, seguida por 40 ciclos de: desnaturação a 93ºC por

45 segundos, anelamento a 50ºC por 1 min e extensão a 72ºC por 1 min, seguida por

extensão final a 72ºC por 6 min. Os produtos de PCR foram analisados por eletroforese

em gel de agarose 1%, em tampão TBE 0,5 X, eluídos durante aproximadamente 1 hora a

120 V. Os géis foram corados com solução de brometo de etídio, visualizados sob luz

ultravioleta e fotografados pelo sistema de foto-documentação de gel (Vilber Lourmat,

France).

4.5.3 Amplificação utilizando os iniciadores NL1 e NL4

Dentre as leveduras que apresentarem perfis moleculares distintos, um isolado foi

selecionado para o sequenciamento da região D1/D2 da subunidade maior do rDNA

utilizando os iniciadores NL1 (5’- GCATATCAATAAGCGGAGGAAAAG-3’) e NL4

(5’-GGTCCGTGTTTCAAGACGG-3’) segundo Lachance et al. (1999). A reação de

PCR foi realizada em um volume final de 50 µL contendo: 2,0 μL de DNA, 1,0 μL de

cada iniciador NL1 e NL4 10 μmol-1 (MWG Biotech), 5,0 μL de tampão de PCR 5X

(Fermentas), 2,0 μL de MgCl2 25 mM, 2,0 μL de dNTP 10mM, 0,2 μL de Taq DNA

polimerase 5U (Fermentas) e o volume final completado com água destilada estéril. As

reações de PCR foram realizadas utilizando o termociclador PCR Express (Thermo

Hybaid) sob as seguintes condições: desnaturação inicial a 95ºC por 2 min, seguida por

35 ciclos de: desnaturação a 95ºC por 15 segundos, anelamento a 54ºC por 25 segundos e

extensão a 72ºC por 20 segundos, seguida por extensão final a 72ºC por 10 min. Os

produtos de PCR foram analisados por eletroforese em gel de agarose 1%, em tampão

TBE 0,5X, eluídos durante aproximadamente 1 hora a 120 V. Os géis foram corados com

solução de brometo de etídio, visualizados sob luz ultravioleta e fotografados em um

sistema de foto-documentação de gel (Vilber Lourmat, France).

4.6 Purificação dos amplicons

Os amplicons gerados pela reação de PCR foram purificados utilizando-se

Polietilenoglicol (PEG). Ao produto de PCR foi adicionado igual volume de uma solução

de Polietilenoglicol 20% em NaCl 2,5 M, que foi mantido em banho-maria à 37ºC por 15

min. O tubo foi centrifugado a 13.500 r.p.m. por 15 min e o sobrenadante retirado e

descartado. A seguir, foram adicionados 125 µL de etanol 70-80% resfriado a 4ºC, o tubo

foi centrifugado a 13.500 r.p.m. por 2 min e o etanol retirado. Este passo foi repetido

mais uma vez e a amostra novamente centrifugada a 13.200 r.p.m. por um segundo (spin

down). O tubo foi deixado à temperatura ambiente para evaporação de todo o excesso de

etanol. Foram adicionados 10 µL de água deionizada estéril e o conteúdo do tubo foi

homogeneizado em vórtex por 15 segundos. Em seguida, o tubo foi incubado em banho-

maria a 37ºC por 40 min. O produto obtido foi dosado em NanoDrop, ND 1000,

(NanoDrop Thecnologies) para ser utilizado nas reações de sequenciamento.

4.7 Reações de sequenciamento dos fungos

O sequenciamento foi realizado utilizando-se o Kit DYEnamicTM (Amersham

Biosciences, USA) em combinação com o sistema de sequenciamento automatizado

MegaBACETM 1000, no Laboratório de Biodiversidade e Evolução Molecular (LBEM –

UFMG). Para as reações de sequenciamento foram utilizados 100-150 ng do DNA

purificado e os reagentes presentes no Kit DYEnamicTM (Amersham Biosciences,

USA). A reação de PCR foi realizada em um volume final de 10 µL contendo 4 µL do

pré-mix (presente no kit de sequenciamento) e 1 µL do iniciador (5 μmol-1),

completando-se o volume final com água deionizada estéril. O programa consistiu de 36

ciclos de uma desnaturação inicial a 95ºC por 25 min, seguido por 15 segundos de

anelamento a 50ºC e 3 min de extensão a 60ºC. Após término da ciclagem, os produtos da

reação foram transferidos para uma placa de sequenciamento de 96 poços para serem

precipitados.

4.8 Precipitação da reação de sequenciamento

Para precipitação dos componentes das reações de sequenciamento, 1 µL de

acetato de amônio 7,5 M foi adicionado em cada poço da placa de 96 poços. A solução de

acetato de amônio foi dispensada na parede lateral dos poços e a placa levemente batida

sobre a bancada para que as gotas do acetato de amônio se misturassem à reação. Em

seguida, foram adicionados 28 µL de etanol absoluto (Merck). A placa foi submetida à

agitação em vórtex e incubada por 20 min à temperatura ambiente, protegida da luz. Após

período de incubação, a placa foi centrifugada por 45 min a 4000 r.p.m. O sobrenadante

foi descartado virando-se a placa sobre um papel absorvente. Em seguida, foram

adicionados 150 µL de etanol 70% (Merck). A placa foi novamente centrifugada por 15

min a 4000 r.p.m. e o sobrenadante então descartado. Para remoção do excesso de etanol,

a placa foi invertida sobre um papel absorvente, e submetida a um pulso em centrífuga a

900 r.p.m. durante 1 segundo. Em seguida, a placa foi mantida em repouso durante 20-40

min, protegida da luz, para evaporação do etanol.

O DNA das amostras precipitado em cada poço da placa foi então ressuspendido

em 10 µL de Loading buffer (presente no kit de sequenciamento). A placa foi submetida à

agitação em vórtex por 2 min, pulsada em centrífuga por 1 segundo a 900 r.p.m. e

armazenada a 4ºC, protegida da luz, até injeção das amostras no sistema automatizado

MegaBACETM 1000.

4.9 Análise das sequências

As sequências de DNA foram analisadas utilizando-se o programa BLASTn

(Basic Local Alignment Serch Tool - versão 2.215 do BLAST 2.0) disponível no portal

NCBI (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/blast/) desenvolvido pelo National Center For

Biothecnology.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados e discussão referentes aos objetivos da dissertação foram divididos em três

partes e apresentados da seguinte forma:

5.1. Testes preliminares para a escolha da metodologia para isolamento de fungos

associados à macroalgas;

5.2. O artigo: Fungal community associated with seaweeds from Antarctica,

submetido à Revista Polar Biology (julho de 2009);

5.3. Resultados parciais obtidos do isolamento de fungos das macroalgas coletadas no

litoral do estado do Paraná.

Além disso, é apresentada uma conclusão integrada dos resultados obtidos,

perspectivas e a produção científica gerada ao longo das atividades do curso de Pós-

graduação em Ecologia de Biomas Tropicais.

5.1. Testes preliminares para isolamento de fungos associados à

macroalgas

O cultivo de fungos marinhos requer cuidados especiais, pois simular as

condições nutricionais oferecidas nos oceanos não é uma tarefa fácil e representa um dos

principais fatores limitantes para estudo de microrganismos marinhos. Desta forma, testes

preliminares foram realizados para a escolha do meio de cultura apropriado para

isolamentos dos fungos algícolas neste trabalho. Cinco meios de cultura foram

selecionados para os testes de acordo com Osterhage (2001):

Meio I – ÁGAR ALGA: Alga macerada 20 g/L, Ágar bacteriológico 20 g/L em 1000 mL

de água artificial do mar, suplementado com 200 mg/L de Cloranfenicol (Sigma/EUA)

para evitar o crescimento bactérias contaminantes.

Meio II - ÁGAR NUTRIENTE STANDARD (ANS): KH²PO4 1 g/L, KNO3 1 g/L,

MgSO4 x 7H2O 0,5 g/L, KCl 0,5 g/L, Glicose 0,2 g/L, Sacarose 0,2 g/L, Ágar

bacteriológico 20 g/L em 1000 mL de AAM, suplementado com 200 mg/L de

Cloranfenicol.

Meio III - ÁGAR GLICOSE-PEPTONA E EXTRATO DE LEVEDURA (GPY):

Glicose 1 g/L, Peptona de soja 0,5 g/L, Extrato de Levedura 0,1 g/L, Ágar bacteriológico

20 g/L em 800 mL/L de AAM, suplementado com Cloranfenicol 200 mg/L.

Meio IV - ÁGAR BATATA DEXTROSADO (BDA/Difco) 39 g de BDA em 1 L de

AAM, suplementado com Cloranfenicol 200 mg/L.

Meio V – YM: Glicose 1 g, Extrato de malte 0,3 g, Peptona 0,5g e Ágar bacteriológico

20 g em 100 mL de AAM, suplementado por Cloranfenicol 200 mg/L.

Água Artificial do Mar (AAM) - contém os seguintes sais (g/L): KBr (0,10), NaCl

(23,48), MgCl2 6H2O (10,61), CaCl2 6H2O (1,47), KCl (0,66), SrCl2 6H2O (0,04),

Na2SO4 (3,92), NaHCO3 (0,19), H3BO3 (0,03) (Höller et al., 1999).

Para realização dos testes, 25 amostras da macroalga Padina sp. foram coletadas

em Parati, litoral do Rio de Janeiro em outubro de 2007. Três fragmentos de cada

exemplar foram lavados três vezes com água destilada esterilizada e inoculados em

placas de Petri contendo os respectivos meios testes citados acima. No total foram

utilizadas 25 placas de Petri para cada meio de cultura teste. As placas foram incubadas a

temperatura ambiente por um período de até 15 dias. A taxa de sucesso de cada meio foi

determinada pelo número de placas colonizadas por fungos em cada meio de cultura

teste.

Os meios V (YM) e IV (BDA) apresentaram os melhores resultados em termos de

presença de colônias de fungos. Das 25 placas testadas, 16 contendo o meio V

apresentaram crescimento de fungos, representando 64% de sucesso. O segundo melhor

resultado foi conseguido com meio IV com crescimento de fungos em 15 placas (60% de

sucesso). Os meios II e III apresentaram cinco (20%) e oito (32%) placas com

crescimento de fungos respectivamente. Por outro lado no Meio I não houve crescimento

fúngico.

Desta forma, a partir dos resultados encontrados foi estabelecido que os meios de

cultura IV e V seriam utilizados para isolamento dos fungos algícolas. Estes dois meios

de cultura foram utilizados para coletas e isolamento dos fungos associados às

macroalgas da Antártica e do litoral do estado do Paraná.

5.2. ARTIGO SUBMETIDO

Fungal community associated with seaweeds from Antarctica

Carolina P. Loque1, Adriana O. Medeiros2, Franciane Pellizzari3, Eurico C. Oliveira4,

Carlos A. Rosa5 and Luiz H. Rosa1

1Laboratório de Microbiologia, Departamento de Ciências Biológicas, Instituto de

Ciências Exatas e Biológicas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, MG,

Brazil. 2Laboratório de Microbiologia Ambiental, Departamento de Botânica, Universidade

Federal da Bahia, Salvador, BA, Brazil. 3Laboratório de Ficologia e Qualidade de Água do Mar (LAQUAMAR), Universidade

Estadual do Paraná, campus FAFIPAR. Paranaguá, Paraná, Brazil. 4Laboratório de Ficologia, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo, São

Paulo, Brazil. 5Departamento de Microbiologia, Instituto de Ciências Biológicas, C. P. 486,

Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil.

Correspondence: Luiz H. Rosa, Laboratório de Microbiologia, Universidade Federal de

Ouro Preto, Rua Diogo de Vasconcelos, 122, Ouro Preto, MG, 35.400-000, Brazil. Tel.:

+55-31-3559 1695, Fax: +55-31-3559 1633, e-mail: [email protected]

Abstract

Filamentous fungi and yeasts associated with the seaweeds Adenocystis utricularis,

Desmarestia anceps and Palmaria decipiens from Antarctica were studied. A total of 75

fungal isolates, represented by 27 filamentous fungi and 48 yeasts, were isolated from the

three seaweed species and identified by morphological, physiological, and sequence

analyses of the internal transcribed spacer region (ITS) and D1/D2 variable domains of the

large-subunit rRNA gene. The filamentous fungi obtained from seaweeds were identified as

belonging to the genera Geomyces, Antarctomyces, Oidiodendron, Penicillium, and

Phaeosphaeria. The prevalent species were the filamentous fungus Geomyces pannorum

and the yeast Metschnikowia australis. Two fungal species isolated in our study,

Antarctomyces psychrotrophicus and M. australis, are endemic to Antarctica. The

filamentous fungus Oidiodendron sp. UFMGCB 2696 and the yeast Leucosporidium sp.

UFMG-Ant 386 may represent new species. This work is the first study of fungi associated

with Antarctic seaweeds, and it is a relevant contribution to the taxonomy and ecology of

the marine fungi living in polar environments. These fungal species may have an important

role in the ecosystem and in organic matter recycling.

Key words: Algae, Antarctica, endemism, extreme environments, fungi

43

Introduction

Marine fungi colonize a wide range of organic substrata found in the ocean, such as

sponges, corals, echinoderms, vertebrates and algae. The known of fungal species diversity

from seaweeds is considered incipient; these microorganisms are of particular interest due

to their ecological symbiotic properties (Zuccaro et al. 2003). Pathogens, parasites,

saprobes and mycobionts are the predominant fungi in seaweed communities. However,

there is little data available about the ecology of these organisms (Zuccaro et al. 2008).

Algae represent the second largest source of marine fungi isolated in the sea, and almost

one-third of all known higher filamentous marine fungi are associated with these organisms

(Bugni and Ireland 2004). The majority of fungi associated with algae belong to the

Ascomycota and only few conidial fungi are known. Ecological and diversity studies have

been showed that there are interesting algicolous fungi associated mainly with seaweeds

genera Fucus, Chondrus, Laminaria, Sargassum, Dilsea, Ceramium, Saccorhiza,

Ascophyllum, Cladophora, Halymenia, Ceratiodictyon, Hypnea, Enteromorpha, Ulva,

Porphyra, and Egregia (Kohlmeyer and Volkmann-Kohlmeyer 1991, Stanley 1992,

Zuccaro and Mitchell 2005; Zuccaro et al. 2008). Members of Acremonium, Arthrinium,

Alternaria, Aspergillus, Cladosporium, Fusarium, Penicillium, Phoma, and Trichoderma

have been reported both associated to seaweeds as well as terrestrial environment such as

plants, woods, and soils (Jones and Byrne 1976, Kohlmeyer and Kohlmeyer 1979, Stanley

1992, Kohlmeyer and Volkmann-Kohlmeyer 2003, Zuccaro et al., 2008). In contrast,

species of genera Spathulospora, Chadefaudia, Haloguignardia, Retrostium,

Histopidicarpomyces, and Pontogenia are all specific to seaweeds (Zuccaro and Mitchell

2005). Fungal species such as Mycophycias ascophylli and Sigmoidea marina are mutually

associated with their algal host, and grow within or at the surface of the algal tissue

(Kohlmeyer and Volkmann-Kohlmeyer 1998, Zuccaro et al. 2008). Zuccaro et al. (2008)

have found representatives of the following five taxa as predominant fungal species

associated with brown seaweed Fucus serratus: Sigmoidea marina, Acremonium fuci,

Cladosporium spp., Dendryphiella salina and Fusarium spp.; isolates were recovered from

all thallus parts of F. serratus. According Hawksworth (2004) there are about 100,000

described fungal species in world, and only 79 (0.08%) algicolous fungi are known

44

(Zuccaro and Mitchell 2005). Seaweeds have an important role in organic matter mineral

cycling, being fundamental for the functioning of this littoral and infralittoral ecosystem,

mainly in some shallow areas of the Antarctic. Nedzarek and Rakusa-Suszczewski (2004)

suggest that seaweed beds cover ca. 30% of the bottom surface, with an estimated amount

of 74,000 tons of wet biomass around Admiralty Bay. These communities are characterized

by a high degree of endemism dominated mainly by red and brown seaweeds (Wiencke et

al. 2007). The extensive populations of seaweeds have fundamental roles as primary

producers and food for marine herbivores as well as in habitat structuring (Charpy-Roubaud

et al. 1990). However, investigations into the distribution and occurrence of marine fungi

associated with seaweeds are still scarce worldwide, and no data is available on fungal

species associated with the seaweeds of Antarctica. Thus, the aims of this study were to

isolate and identify marine fungi living in association with three common species of

seaweeds in Antarctica: Adenocystis utricularis, Desmarestia anceps, and Palmaria

decipiens.

Material and methods

Sample collections and isolation of fungi

Twenty fresh thalli of different specimens of Adenocystis utricularis (Bory) Skottsberg,

Desmarestia anceps Montagne (Ochrophyta) and Palmaria decipiens (Reinsch) R.W.

Ricker (Rhodophyceae) (Fig. 1) were collected in stretches of rocky coastline in Admiralty

Bay, King George Island, South Shetland Islands, Antarctic Peninsula (62°09’S, 58°28’W).

Admiralty Bay is the largest bay (131 km2) on King George Island, located in the South

Shetlands Archipelago, Antarctic Peninsula. Research stations of Poland, Brazil and Peru

and refuges from USA and Ecuador are located around this bay. Despite all these research

facilities, there are no studies to date concerning fungi associated with local seaweeds. The

samples were collected on a rocky coastline that becomes ice-free during the Antarctic

summer. The sampling surveys were performed during January, February and December of

2008, and January of 2009.

Discs of 8 mm in diameter were cut from each specimen and washed twice using sterile

local seawater for 2 min. The discs were incubated in Petri dishes containing potato

45

dextrose agar (PDA, Difco, USA) or yeast extract-malt agar (YMA, 1% glucose, 0.5%

peptone, 0.3% yeast extract, 0.3% malt extract, and 2% of agar) for isolation of filamentous

fungi and yeasts, respectively. Both media were prepared with Artificial Sea Water (ASW)

plus chloramphenicol at 100 µg mL-1. The composition of the ASW was as described by

Höller et al. (1999). In addition, 10 thalli of A. utricularis in young, adult and mature stages

each were collected to evaluate the presence of fungi in their inner liquid. A hundred

microlitres of this liquid were placed on PDA/ASW and YMA/ASW. All plates were

incubated up to 60 days at 18°C, and individual colonies of filamentous fungi and yeasts

were purified on PDA and Sabouraud agar (Difco, USA), respectively. Long-term

preservation of mycelial pieces (filamentous fungi) was carried out at –80°C using

cryotubes with sterile glycerol. Yeasts were preserved at - 80°C or in liquid nitrogen for

later identification. All fungal isolates used in this work were deposited in the Culture

Collection of Microorganisms and Cells of the Universidade Federal of Minas Gerais under

codes UFMGCB.

Fig 1. Thalli from Antarctic seaweeds (a) Adenocystis utricularis (Bory) Skottsberg, (b)

Desmarestia anceps Mont., and (c) Palmaria decipiens (Reinsch) Ricker collected in

Admiralty Bay at King George Island, Antarctica. Bars represent the real scale.

46

Fungi identification

The protocol for filamentous fungus DNA extraction was done according to Rosa et al.

(2009). The ITS domains of rRNA gene were amplified with the universal primers ITS1

(5´- TCCGTAGGTGAACCTGCGG-3´) and ITS4 (5´-TCCTCCGCTTATTGATATGC-

3´), as described by White et al. (1990). Amplification of the ITS region was performed as

described by Rosa et al. (2009). The yeasts were characterized using standard methods

(Yarrow 1998), and their identification was carried out using the taxonomic keys of

Kurtzman and Fell (1998). The yeast identities were confirmed by sequencing of the D1/D2

variable domains of the large-subunit rRNA gene using the primers NL1 (5’-

GCATATCAATAAGCGGAGGAAAAG-3’) and NL4 (5’-

GGTCCGTGTTTCAAGACGG-3’) as described by Lachance et al. (1999). Sequencing of

the filamentous fungi and yeasts was carried out using an ET Dynamic Terminator Kit in a

MegaBACE™ 1000/Automated 96 Capillary DNA sequencer (GE Healthcare, USA). The

sequences obtained were adjusted using the SeqMan module of the Lasergene software

suite (DNASTAR/Inc.), and a consensus sequence was obtained using the Bioedit software

(v. 7.0.5.3; Ibis Biosciences). To reach species level identification by rRNA gene

sequencing, the consensus sequence was aligned with all sequences of related species

retrieved from the GenBank database using the Fasta 2.0 program (Altuschul et al. 1997).

The consensus sequence data of the algicolous fungi isolated in this work were deposited in

GenBank under the accession numbers FJ911867 to FJ911880. Phylogenetic relationships

were estimated using the MEGA program Version 4.0 (Tamura et al. 2007). The

phylogenetic trees were constructed using the neighbour joining (NJ) algorithm with

bootstrap values calculated from 1,000 replicate runs. The Maximum Composite

Likelihood model was used to estimate evolutionary distance.

Results

From 60 algal thallus samples (20 from each species) comprising 180 algal fragments, a

total of 75 fungal isolates were obtained, of which 27 were filamentous fungi and 48 were

47

yeast isolates. Twenty-five filamentous fungi were obtained from A. utricularis and two

from D. anceps. Thirty-eight yeast isolates were obtained from A. utricularis, eight from D.

anceps and two from P. decipiens. The filamentous fungi obtained from seaweeds were

identified as belonging to the genera Geomyces Traaen, Antarctomyces Stchigel & Guarro,

Oidiodendron Robak, Penicillium Link, and Phaeosphaeria I. Miyake. Two isolates were

not identified as genus level since their ITS sequences were similar to several uncultured

and unidentified fungi. The yeast species were identified as belonging the genus

Aureobasidium Viala & G. Boyer, Cryptococcus Kütz, Leucosporidium Fell et al.,

Metschnikowia Kamenski and Rhodotorula F.C. Harrison (Table 1). From the inner water

of A. utricularis was obtained only the yeast species Metschnikowia australis (Fell & I.L.

Hunter) Mendonça-Hagler et al. with average population counts of 170, 300 and 615 CFU

mL-1 for young, adult and old thalli, respectively.

Table 1. Host seaweeds, isolate code, closest related species, maxima identities, identification, and Genbank accession number of

marine fungal species associated with Adenocystis utricularis and Desmarestia anceps, and Palmaria decipiens collected in Admiralty

Bay at King George Island, Antarctica.

Seaweeds species UFMGCBa

code

Closest related species Maxima

identities (%)

Identification Genbank

accession number

Desmarestia anceps

Mont.

2693 Geomyces pannorum (Link) Sigler &

Carmichael [DQ189229]

97 G. pannorum FJ911877

386 Leucosporidium antarcticum Fell et al.

[AF189906]

88 Leucosporidium sp. FJ911867

206 Metschnikowia australis (Fell & Hunter)

Mend.-Hagler et al. [U76526]

98 M. australis FJ911872

Adenocystis utricularis

(Bory) Skottsberg

2625 Antarctomyces psychrotrophicus Stchigel &

Guarro [AJ133431]

99 A. psychrotrophicus FJ911878

2620 G. pannorum [DQ189229] 97 G. pannorum FJ911876

2696 Oidiodendron truncatum G.L. Barron

[AF062809]

96 Oidiodendron sp. FJ911880

2606 Penicillium solitum Westling [AY373932] 98 Penicillium sp. FJ911874

2623 Phaeosphaeria herpotrichoides (De Not.) L.

Holm [AF439483]

99 P. herpotrichoides FJ911873

2608 Clathrosphaerina zalewskii [EF29222] 88 Fungal sp. FJ911875

2692 Leotiomycetes sp. [GQ153126] 89 Helotiales sp. FJ911879

320 M. australis [U76526] 100 M. australis FJ911869

49

387b M. australis [U76526] FJ911871

213 Rhodotorula mucilaginosa (A. Jörg.) F.C.

Harrison [EF585187]

99 R. mucilaginosa FJ911870

Palmaria decipiens

(Reinsch) Ricker

214 M. australis [U76526] 99 M. australis FJ917671

384 Cryptococcus carnescens (Verona & Luchetti)

M. Takash. et al. [EU194464]

99 C. carnescens FJ911868

Identification was made using BLASTn searches of the ITS1-5.8S-ITS2 and D1/D2 regions of rDNA gene for filamentous fungi and

yeasts, respectively. aCulture Collection of Microorganisms and Cells of the Universidade Federal of Minas Gerais. bM. australis

obtained from inner liquid of A. utricularis.

The predominant filamentous fungus was Geomyces pannorum (Link) Sigler &

Carmichael, where 19 isolates were isolated from A. utricularis and two from D. anceps.

These isolates showed 97 to 99% identities compared with G. pannorum (GenBank

accession number DQ189229). The isolates UFMGCB 2625 and 2720 showed only one

different nucleotide in the ITS region compared with the fungus Antarctomyces

psychrotrophicus Stchigel & Guarro (GenBank access number AM489755). The isolate

UFMGCB 2606 showed a 98% identity with Penicillium solitum Westling (GenBank

access number AY373932), and the isolate UFMGCB 2623 had a 99% identity with

Phaeospharia herpotrichoides (GenBank access number AF439483).

The isolate UFMGCB 2696 presented 96% identity with Oidiodendron truncatum G.L.

Barron (GenBank access number AF062809) and was identified as Oidiodendron sp. This

isolate showed seven nucleotides difference (1.3%) when compared to the O. truncatum

sequence (Fig. 2). Further investigations will be necessary to confirm the isolate as a new

species of Oidiodendron. The isolates UFMGCB 2608 and UFMGCB 2692 showed similar

sequence identities with different uncultured and unidentified fungal species obtained from

soil samples in different regions. The isolate UFMGCB 2692 present 89% of identity with

the Helotiales fungus Leotiomycetes sp. (GenBank access number GQ153126), and it was

identified as Helotiolales sp. However, the taxonomic information given by the ITS

sequences was insufficient to identify at genus or order level the isolate UFMGCB 2608.

Metschnikowia australis was the prevalent yeast species associated with the thalli of the

seaweeds studied during this investigation and in the inner water of A. utricularis, showing

between 99 and 100% identities in the D1/D2 regions of the large subunit of the rRNA gene

when compared to the type strain of M. australis CBS 5847 (GenBank access number

U76526).

51

(a)

(b)

Myxotrichum cancellatum [AF062811] Oidiodendron echinulatum [AF062791] Oidiodendron cerealis [AF062788]

Oidiodendron setiferum [AF062805] Oidiodendron tenuissimum [AF307773] Myxotrichum setosum [AF062815] UFMGCB 2696

Oidiodendron truncatum [AF307775] Oidiodendron flavum [AF062792] Oidiodendron griseum [AY618676] Myxotrichum arcticum [AF062810]

Trametes versicolor [AF042324]

98

98

97

90

55

54

68

4855

0.1

UFMGCB 2608

Uncultured ascomycete [AY969487]

Fungal sp. [FJ235965]

Uncultured Pezizomycotina [DQ273336]

Epacris microphylla root associated fungus [AY268205]

Clathrosphaerina zalewskii [EF029222]

Lachnum clandestinum [U58636]

Helotiales sp. [AM924158]

Trametes versicolor [AF042324]

98

61

24

38

19

52

0.1

52

(c)

Fig. 2. Evolutionary trees showing the relationships among fungi (a) UFMGCB 2696, (b)

UFMGCB 2608, (c) UFMGCB 2692 and the next fungal sequences present in GenBank

databases. The tree was constructed based on the rRNA gene sequence of regions ITS1-

5.8S-ITS2 by using the neighbor-joining method. The numbers represent the percentage of

1,000 bootstrap replications in which a given branch appeared. The tree was rooted by

making Trametes versicolor [AF042324] as outgroup.

The other yeast isolates were identified as A. pullulans (isolated from D. anceps),

Cryptococcus carnescens (isolated from P. decipiens) and Rhodotorula mucilaginosa (both

isolated from A. utricularis). The yeast isolate UFMG-Ant 386 isolated from A. utricularis

presented a 34-nucleotide difference (6.8%) from the Antarctic yeast strain CBS 8928

(GenBank access number AY033640) and Leucosporidium antarcticum strain CBS5942

(GenBank access number AF189906). This strain forms cream-colored colonies on solid

media, and the cells are ovoidal to elongate. Fermentation is absent, and the following

carbon sources are assimilated: glucose, galactose, L-sorbose, maltose, sucrose, trehalose,

lactose, melibiose, melizitose, ethanol, glycerol, erythritol, D-mannitol, D-glucitiol and

succinate. Potassium nitrate, sodium nitrite and L-lysine are utilized as nitrogen source.

This Antarctic strain is not able to grow at temperatures below 20oC. Our molecular and

physiological results suggest that this yeast strain can represent a new species belonging to

the Leucosporidium clade.

Phialea strobilina [EF596821] Bisporella citrina [AF335454] Hyalodendriella betulae [EU040232] Rhizoscyphus ericae [AY394907]

Mycorrhizal fungal [AY394920] UFMGCB 2692

Leotiomycetes sp. [GQ153126] Ascomycota sp. [FJ039690]

Trametes versicolor [AF042324]

81

45

3638

28

18

0.1

53

Discussion

This is the first report about fungi associated with these Antarctic seaweeds. In our study,

the number of Antarctic algicolous fungi (75 isolates) was similar to those numbers found

associated with Fucus serratus L. (116 isolates), an algal species inhabiting temperate

regions (Zuccaro et al. 2003). The prevalent fungal species associated with the seaweeds

were G. pannorum (filamentous fungi) and M. australis (yeast). The genus Geomyces

belongs to Myxotrichaceae (Ascomycota) and comprises a very small proportion of the

fungal biota, with only four known species (Kirk et al. 2001), although with a widespread

distribution. G. pannorum is a keratinophilic and psychrophilic species and has a

ubiquitous distribution in the soils of Arctic and Antarctic regions (Mercantini et al. 1989).

This species is halotolerant (Poole and Price 1971) and moderately cellulolytic

(Kuthubutheen and Pugh 1979). According to Arenz et al. (2006), Geomyces spp. generally

have the ability to colonize and utilize different carbon sources. Zuccaro et al. (2008)

obtained two Geomyces isolates from fresh thalli of F. serratus from a rocky-shore site on

the northeastern side of Helgoland Island, Germany. The presence of G. pannorum

associated with seaweeds in the Antarctic suggests that this fungus could have an important

role in the decomposition and nutrient cycling of these algal species.

Fell and Hunter (1968) described the seawater yeast isolates from the Antarctic as M.

bicuspidata var. australis. Mendonça-Hagler et al. (1985), on the basis of the reduced

intervarietal fertility when crossed with M. bicuspidata var. bicuspidata and the unique

habitat in Antarctic seawater, proposed raising the variety australis to the rank of species.

This yeast species was also isolated from the stomach of the Antarctic krill Euphausia

superba (Donachie and Zdanowski 1998). Our results show that this yeast could be

widespread in the Antarctic ecosystem, and the seaweed thalli were described as a new

habitat for M. australis.

A. utricularis has a very distinct morphology, showing a vesiculous shape with small and

delicate thalli, unusual among the dominant robust and larger fronds and thalli present in

most species of Antarctic seaweeds. This species also has an inner seawater accumulation

that probably works as ballast against pullout by wave action or strong currents,

considering that the seaweeds are attached to the pebbles by a minute holdfast. The

54

occurrence of M. australis in the inner water of A. utricularis vesicle is noteworthy; the

yeast was found in high densities in water vesicles of this alga, and it is probably able to

use photosynthetic nutrients released by A. utricularis. Certainly, this is a new and

interesting habitat for a yeast species since the yeast is protected inside the alga against the

stressful conditions of the environment. The ecological association between M. australis

and A. utricularis merits further investigation.

We have found two isolates of A. psychrotrophicus. This genus is represented by only this

species, which was isolated from Antarctic soil and is related to Thelebolaceae family

(Stchigel et al. 2001). According to Arenz et al. (2006), this species appears to be endemic

to Antarctica, and our results suggest that this species is able to colonize other natural and

living substrates in the Antarctic ecosystem. The species Oidiodendron sp., Penicillium sp.,

Phaeosphaeria herpotrichoides, Rhodotorula mucilaginosa Cryptococcus carnescens

occurred in low frequencies associated with the seaweeds studied.

Species of Geomyces, Penicillium and Oidiodendron were previously found associated with

fresh thalli of F. serratus (Zuccaro et al. 2003, 2008). The marine Phaeosphaeria species

have been obtained from plants living in beach (Kohlmeyer et al. 1998), and in Antarctica,

associated with the grass D. antarctica (Rosa et al. 2009), but uncultured Phaeosphaeria

species (P. avenaria, P. nodorum, P. olivavea, and P. orae-maris) were detected in F.

serratus thalli by molecular methods (Zuccaro et al. 2008). These species are likely minor

components of the fungal communities of these three seaweed species. Fungal sp.

UFMGCB 2608 and Helotiales sp. UFMGCB 2692 may belong to common widespread

fungi, since their ITS sequences are similar to several unidentified fungi isolated from soils

in Europe and Antarctic. Otherwise, these isolates could represent identified fungal groups

that are not currently sequenced. More taxonomic and phylogenetic studies are necessary to

determine the correct identification of these fungal species. The filamentous fungus

Oidiodendron sp. 2696 and the yeast Leucosporidium sp. UFMG-Ant 386 could represent

new fungal species and could be endemic to the Antarctic ecosystems.

Our work shows that seaweeds in Antarctica are a rich source of fungi. Despite the fact that

these fungi have been isolated from living seaweed specimens, most of the fungal isolates

are probably saprobes decomposers of organic matter. These fungal species may have an

important role in the ecosystem and in organic matter recycling.

55

Acknowledgements

This study was made possible with financial and logistic support from the Brazilian

Antarctic Programme (PROANTAR). It is part of the API activity 403 "MIDIAPI

Microbial Diversity of Terrestrial and Maritime ecosystems in Antarctic Peninsula" under

the overall coordination of Dr. Vivian H. Pellizari, and contributes to the umbrella IPY

activities MERGE (Microbiological and Ecological Responses to Global Environmental

Changes in Polar Regions), CAML (Census of Antarctic Marine Life) and SCARMarBIN

(SCAR-Marine Biodiversity Information Network). The work was financially supported by

the Fundação of Amparo the Pesquisa of the Minas Gerais (FAPEMIG) and Conselho

Nacional of Desenvolvimento Científico and Tecnológico (CNPq).

References

Altuschul SF, Madden TL, Schaffer AA, Zhang JH, Zhang Z, Miller W, Lipman DJ (1997)

Gapped BLAST and PSI-BLAST: a new generation of protein database search programs.

Nucleic Acids Res 25:3389-3402

Arenz BE, Held BW, Jurgens JA, Farrell RL, Blanchette RA (2006) Fungal diversity in

soils and historic wood from the Ross Sea Region of Antarctica. Soil Biol Biochem

38:3057-3064. doi: 10.1016/j.soilbio.2006.01.016

Bugni TS, Ireland CM (2004) Marine-derived fungi: a chemically and biologically diverse

group of microorganisms. Nat Prod Rep 21:143-163. doi: 10.1039/ b301926h

Charpy-Roubaud C, Sourina A (1990) The comparative estimation of phytoplanktonic,

microphytobenthic and macrophytobenthic primary production in the oceans. Mar Microb

Food Webs 4:31-57

Donachie SP, Zdanowski MK (1998) Potential digestive function of bacteria in krill

Euphausia superba stomach. Aquat Microb Ecol 14:129-136

Fell JW, Hunter IL (1968) Isolation of heterothallic yeast strains of Metschnikowia

Kamienski and their mating reactions with Chlamydozyma Wickerham spp. Antonie van

Leeuwenhoek 34:365-376. doi: 10.1007/BF02046459

56

Hawksworth DL (2004) Fungal diversity and its implications for genetic resource

collections. Stud Mycol 50:9-18

Höller U, König GM, Wright AD (1999) Three new metabolites from marine-derived fungi

of the genera Coniothyrium and Microsphaeropsis. J Nat Prod 62:114-118. doi:

10.1021/np980341e

Jones EBG, Byrne PJ (1976) Physiology of the Higher Marine Fungi. In Jones EBG (ed)

Recent Advances in Aquatic Mycology, Wiley, New York, pp 1-51

Kirk PM, Cannon PF, David JC, Stalpers JA (2001) Ainsworth & Bisby’s Dictionary of the

Fungi. 19 Ed. CAB International, Wallingford

Kohlmeyer J, Kohlmeyer E (1979). In: Marine Mycology, Academic Press Inc., New York,

pp 54-69

Kohlmeyer J, Volkmann-Kohlmeyer B (1991) Illustrated key to the filamentous higher

marine fungi. Bot Marina 34:1-61

Kohlmeyer J, Volkmann-Kohlmeyer B, Eriksson OE (1998) Fungi on Juncus roemerianus.

11. More new ascomycetes. Can J Bot 76:467-477

Kohlmeyer J, Volkmann-Kohlmeyer (2003) Marine ascomycetes from algae and animal

hosts. Bot Marina 46:285-306

Kurtzman CP, Fell JW (1998) The yeast: a taxonomic study. 4ª ed. Elsevier Science,

Amsterdan

Kuthubutheen AJ, Pugh GJ (1979) Effects of temperature and fungicides on

Chrysosporium pannorum (Link) Hughes. Antonie Van Leeuwenhoek 45:65-79. doi:

10.1007/BF00400780

Lachance MA, Bowles JM, Starmer WT, Barker JSF (1999) Kodamaea kakaduensis and

Candida tolerans, two new ascomycetous yeasts species from Australian Hibiscus flowers.

Can J Microbiol 45:172-177. doi: 10.1139/cjm-45-2-172

Höller U, König G, Wright AD (1999) Three new metabolites from marine-derived fungi of

the genera Coniothyrium and Microsphaeropsis. J Nat Prod 62: 114-118. doi:

10.1021/np980341e

Mendonça-Hagler LC, Hagler AN, Phaff HJ, Tredick J (1985) DNA relatedness among

aquatic yeasts of the genus Metschnikowia and proposal of the species Metschnikowia

australis com. nov. Can. J. Microbiol 31:905-909. doi: 10.1139/m85-170

57

Mercantini R, Marsella R, Cervellati MC (1989) Kerationphilic fungi isolated from

Antarctic soil. Mycopathologia 106:47-52. doi: 10.1007/BF00436926

Nedzarek A, Rakusa-Suszczewski S (2004) Decomposition of macroalgae and the release

of nutrient in Admiralty Bay, King George Island, Antarctica. Polar Biosc 17: 16-35

Poole N, Price P (1971). The occurrence of Chrysosporium pannorum in soils receiving

incremental cellulose. Soil Biol Biochem 3:161-166

Rosa LH, Vaz ABM, Caligiorne RB, Campolina S, Rosa CA (2009) Endophytic fungi

associated with the Antarctic Grass Deschampsia antarctica Desv. (Poaceae). Polar Biol

32:161-167. doi: 10.1007/s00300-008-0515-z

Stanley SJ (1992) Observation on the seasonal occurrence of marine endophytic and

parasitic fungi. Can J Bot 70:2089-2096. doi: 10.1139/b92-259

Stchigel AM, Cano J, MacCormack CW (2001) Antarctomyces psychrotrophicus gen. et sp.

nov., a new ascomycete from Antarctica. Mycol Res 105:377-382. doi:

10.1017/S0953756201003379

Tamura K, Dudley J, Nei M, Kumar S (2007) MEGA4: Molecular Evolutionary Genetics

Analysis (MEGA) software version 4.0. Mol Biol Evol 24:1596-1599. doi:

10.1093/molbev/msm092

White TJ, Bruns TD, Lee SB (1989) Amplification and direct sequencing of fungal

ribosomal RNA genes for phylogenetics. In: Innis MA, Gelfand J, Sninsky J, White TJ

(eds) PCR protocols: A guide to methods and applications, Academic Press Inc., New

York, pp 315-322

Wiencke C, Clayton MN, Gomez I, Iken K, Luder UH, Amsler CB, Karsten U, Hanelt D,

Bischof K, Dunton K (2007) Life strategy, ecophysiology and ecology of seaweeds in polar

waters. Rev Environ Sci Biotechnol 6:96-126. doi: 10.1007/s11157-006-9106-z

Yarrow D (1998) Methods for the isolation, maintenance and identification of yeasts. In:

Kurtzman CP, Fell JW (eds) The Yeasts: a Taxonomic Study, Elsevier, Amsterdam, pp 77-

105

Zuccaro A, Mitchell JI (2005) Fungal communities of seaweeds. In Dighton J, White JF,

Oudemans P (eds) The fungal community, 3rd edn, CRC Press, New York, pp 533-579

Zuccaro A, Schulz B, Mitchell JI (2003) Molecular detection of ascomycetes associated

with Fucus serratus. Mycol Res 107:1451-1466. doi: 10.1017/S0953756203008657

58

Zuccaro A, Schoch CL, Spatafora JW, Kohlmeyer J, Draeger S, Mitchell JI (2008)

Detection and identification of fungi intimately associated with the brown seaweed Fucus

serratus. Appl Environ Microbiol 74:931-941. doi: 10.1128/AEM.01158-07.

59

5.3. FUNGOS ASSOCIADOS ÀS MACROALGAS DO LITORAL DO PARANÁ

A partir dos talos das macroalgas Bostrychia radicans, Caloglossa leprieurii,

Gayralia oxysperma, Monostroma sp. e Padina gymnospora coletadas no litoral do Paraná

foram obtidos 379 isolados de fungos, destes 301 fungos filamentosos e 78 leveduras

(Tabela 2).

O complexo Monostroma é composto por macroalgas de talos verdes,

monostromático de importância econômica cuja taxonômica, filogenia e biodiversidade

ainda não foram bem esclarecidos (Pellizzari et al., 2007). Os gêneros Gayralia,

Monostroma e Protomonostroma, Chlorophyta, pertencem a este Complexo, que durante

décadas no Brasil foi identificado equivocadamente como Ulvaria (Pellizzari, 2005). Estas

macroalgas encontram-se em regiões temperadas e subtropicais e são consideradas

tolerantes e facilmente adaptáveis (Pellizzari, 2007). Estas clorofíceas Monostromáticas

ocorrem principalmente ao longo da zona entre-marés, com biomassa concentrada nas

regiões Sul e Sudeste da costa brasileira, concentrando-se em desembocaduras de estuários

e manguezais, podendo colonizar também áreas de costões rochosos (Oliveira, 1977).

Monostroma nitidum Wittrock apresenta alto valor nutricional, representando uma

das algas verdes mais consumidas no Japão (Critchley & Ohno, 1998). Além disso, G.

oxysperma está entre as poucas clorofíceas comestíveis apreciadas por seu sabor e valor

nutricional (Kida, 1990; Tseng, 1981; Pellizzari et al., 2007). Monostroma sp. e Gayralia

oxysperma do Paraná, apresentaram altas concentrações de cálcio, ferro e vitamina C

quando comparadas à outras espécies algais comestíveis (Cassolato et al., 2008) como é o

caso de Porphyra spp. usada na manufatura do sushi (Pellizzari et al., 2007). Além disto,

algas do Complexo Monostroma estão entre poucas clorofíceas comestíveis apreciadas por

seu valor nutricional (Acosta, 1977; Kida, 1990; Tseng, 1981).

Segundo Pellizzari (2007) Monostroma sp., encontrada no litoral do Paraná,

representa possivelmente uma nova espécie de macroalga. Aliado a isto, e ao elevado

potencial econômico para as indústrias alimentícias e de cosméticos, (Cassolato et al.,

2008; Pellizzari et al., 2008) justifica-se o estudo dos fungos associados, os quais podem

exercer interações ecológicas relevantes com esta macroalga.

60

Os mangues são conhecidos por abrigarem uma associação pouco diversificada e de

menor riqueza específica de algas. Nestes ambientes dominam espécies de algas

denominadas “Bostrychietum” encontradas principalmente sobre pneumatóforos. Dentre as

algas mais frequentes desta comunidade destacam-se Bostrychia ssp. e Caloglossa

leprieurii. Os gêneros Bostrychia e Caloglossa (Rhodophyceae) são amplamente

distribuídos nos ambientes tropicais e temperados ao redor do mundo. B. radicans é uma

das espécies mais difundidas do gênero (Zucarello & West, 2006). Habitam costões

rochosos e manguezais apresentando características peculiares para tolerância de diferentes

níveis de incidência de luz solar, salinidade, temperatura, nível de nutriente, períodos de

imersão/dessecação e intensidade do embate de ondas (De Oliveira, 2009). Sendo sua

fisiologia amplamente estudada no que se refere à tolerância de variação de salinidade e à

biogeografia (Zucarello & West, 2003; Cunha & Costa, 2002). No trabalho realizado por

King (1990) em manguezais de Nova Guiné, constatou-se a associação de macroalgas

"Bostrychia-Caloglossa". Esta também observada em trabalho realizado no Estado do

Maranhão (Caridade & Ferreira-Correa, 2007), e no presente trabalho.

De acordo com Yokoya et al. (1999), as macroalgas Bostrychia radicans e Caloglossa

spp. são típicas de regiões de mangue, têm seu desenvolvimento bastante comprometido com as

variações temporal e espacial relacionadas aos fatores ambientais, tais como, temperatura,

níveis de maré e tolerância a tempo de emersão. Segundo os autores, a variação de salinidade é

um fator determinante para a maioria das espécies. Os mesmos observaram ainda, que houve

alta na diversidade de espécies devido ao aumento de sedimentos com nutrientes de esgoto

doméstico.

Caloglossa leprieurii é amplamente difundida nos ambientes de clima tropical e

subtropical (Taylor, 1960). É especialmente abundante em ambiente estuarino (Caridade &

Ferreira-Correa, 2007, Kamiya et al., 2004), mas também pode ser encontrada em costões

rochosos, apresentando características similares aos do gênero Bostrychia (Caridade &

Ferreira-Correa, 2007).

Nos costões rochosos as comunidades algais são bastante ricas e diversificadas. As

algas pardas, Phaeophyceae, são 99% representadas por espécies marinhas. No Brasil as

algas pardas estão representadas por 88 táxons infragenéricos agrupados em 39 gêneros e

oito ordens (Horta et al., 2001). Padina gymnospora é amplamente difundida no Brasil e

61

em termos mundiais. Sendo alvo de estudos devido à sua importância ecológica e

características bioquímicas, incluindo a sua alta capacidade de acumular metais pesados,

como zinco (Salgado et al., 2005), e utilizada como bioindicador (Amando et al., 1996).

62

Tabela 2. Número de isolados de fungos obtidos das espécies de macroalgas coletadas no

litoral do estado do Paraná.

Espécie de macroalga N° de isolados

de leveduras

N° de isolados de

fungos filamentosos

N° total

de fungos

Gayralia oxyperma (Kützing) Vinogradova ex

Scagel et al.

19 123 142

Monostroma sp. 28 68 96

Bostrychia radicans (Montagne) Montagne 18 39 57

Padina gymnospora (Kutzing) Sonder. 13 24 37

Caloglossa leprieurii (Montagne) G. Martens 0 47 47

Total geral 78 301 379

Os isolados de leveduras algícolas obtidos foram agrupados em morfoespécies a

partir de suas características fisiológicas e morfológicas ou pelo polimorfismo genético

utilizando o iniciador M13. Após o agrupamento (dados não mostrados), um representante

de cada morfoespécie foi identificado por meio sequenciamento dos domínios D1/D2 do

rRNA gene. Associados as macroalgas do litoral do Paraná foram identificados as espécies

de leveduras dos gêneros Candida, Cystofilobasidium, Debaryomyces, Geotrichum,

Hanseniaspora, Hortaea, Pichia, Rhodotorula e Trichosporon (Tabela 3). Todas as

espécies encontradas são leveduras frequentemente isoladas de águas continentais e

marinhas, e/ou associadas com plantas. Nenhuma das espécies pode ser considerada como

especifica das algas estudadas, e provavelmente representam uma biota leveduriforme

transitória destas algas, sendo de fonte alóctone. Estes resultados diferem dos encontrados

por Loque et al. (2009), que encontraram uma espécie de levedura, Metschnikowia

australis, prevalentemente associada com algas do litoral da Antártica.

Os fungos filamentosos associados às espécies de macroalgas do litoral do Paraná

não puderam ser identificados até o momento (Figura 5). Entretanto, estes isolados estão

em fase de agrupamento a partir de suas características morfológicas e um representante de

cada morfoespécie será identificado por meio das técnicas de biologia molecular.

Tabela 3. Identificação das leveduras associadas às macroalgas coletadas no litoral do estado do Paraná.

Espécie de macroalga UFMGCBa Espécie mais próxima Identidade

máxima (%)

Identificação Número de

isolados

Bostrychia radicans Bos6.2 Candida parapsilosis 99 C. parapsilosis 6

Bos1.4 Debaryomyces hansenii 97 D. hansenii 1

Bos10.6 Hanseniaspora uvarum 99 H. uvarum 1

Bos1.2 Rhodotorula mucilaginosa 95 Rhodotorula sp. 2

Gayralia oxysperma Gay9A1 Candida parapsilosis 99 C. parapsilosis 10

Gay18B1 Cystofilobasidium bisporidii 98 C. bisporidii 2

Gay5A1 Pichia sp. 96 Pichia sp. 1

Gay7A1 Trichosporon multisporum 98 T. multisporum 1

Monostroma sp. G6B1 Candida parapsilosis 99 C. parapsilosis 12

Ma20b1 Debaryomyces hansenii 99 D. hansenii 1

G7b1 Geotrichum silvicola 98 G. silvicola 1

G4b1 Hanseniaspora uvarum 99 H. uvarum 1

Me6m1 Hortaea werneckii 98 H. werneckii 2

Ma14 Pichia guilliermondii 96 Pichia sp. 1

G2a1 Rhodosporidium diobovatum 97 Rhodosporidium sp. 1

Ma4b1 Rhodotorula mucilaginosa 99 R. mucilaginosa 5

Padina gymnospora Pad2a1 Rhodotorula mucilaginosa 98 R. mucilaginosa 4

Pad4.a1 Candida parapsilosis 96 Candida sp. 5

Pad28b.1 Cystofilobasidium bisporidii 95 Cystofilobasidium sp. 2

64

Identificação realizada utilizando a busca no banco de seqüência BLASTn a partir da amplificação dos domínios D1/D2 do rRNA

gene. aColeção de Culturas de Microrganismos e Células da Universidade Federal da Minas Gerais.

Figura 5. Exemplos de isolados de fungos filamentosos obtidos das espécies de macroalgas

coletadas no litoral do estado do Paraná.

66

6. CONCLUSÃO INTEGRADA

• Os resultados obtidos neste trabalho representam o primeiro estudo de fungos

associados à macroalgas do litoral do Paraná e Antártica. Tal informação contribui

para o conhecimento da riqueza de espécies e distribuição destes fungos e sua

associação com seus respectivos hospedeiros.

• A riqueza de isolados encontrada no litoral do Paraná demonstra que as macroalgas

da região constituem reservatórios promissores para o isolamento de fungos

marinhos. Esta grande diversidade de fungos encontrados pode estar relacionada às

condições ambientais onde foram coletadas as algas tais como salinidade,

temperatura, pH e disponibilidade de nutrientes.

• As macroalgas da Antártica apresentaram uma baixa riqueza de espécies; entretanto

alguns fungos encontrados constituem potenciais espécies novas e espécies

endêmicas da região.

• Os resultados obtidos demonstram que macroalgas constituem uma fonte atrativa

para obtenção de fungos marinhos, os quais podem ser utilizados como modelos

para estudos taxonômicos, ecológicos, evolutivos e aplicações biotecnológicas.

67

7. PERSPECTIVAS

Os resultados obtidos neste estudo abrem diferentes linhas de continuidade de estudos.

Dentre elas, é possível destacar:

• A descrição das possíveis novas espécies encontradas associadas às macroalgas da

Antártica.

• A realização de novas coletas para avaliar o grau de endemismo das espécies

encontradas em associação com as macroalgas da Antártica, distribuição geográfica

das espécies encontradas através de diferentes pontos amostrais da região.

• Melhorar a logística de coleta para aumentar o número de amostras das espécies de

macroalgas e utilização de índices ecológicos para estimar a diversidade de espécies

de fungos algícolas da região.

• Realizar novos levantamentos com a caracterização de fungos associados à

macroalgas presentes no Atlântico Sul até a Antártica.

• Utilizar os fungos algícolas obtidos e devidamente depositados em uma coleção de

culturas como fontes de produtos biotecnológicos; seja para obtenção de moléculas

bioativas ou na degradação de matéria orgânica e poluentes.

68

8. ANEXOS

Artigo submetido

• Loque CP, Medeiros AO, Pellizzari F, Oliveira E, Rosa CA, Rosa, LH. Fungal

community associated with seaweeds from Antarctica, submetido à Revista Polar

Biology (julho de 2009).

Resumos expandidos publicados em anais de congressos

• Loque CP, Medeiros AO, Pellizzari F, Oliveira E, Rosa CA, Rosa, LH. Marine

fungi associated to seaweeds from King George Island, Antarctic Peninsula. In: XI

Encontro Nacional de Microbiologia Ambiental, 2008, Fortaleza. XI Encontro

Nacional de Microbiologia Ambiental, 2008.

• Rosa, LH., Vaz ABM, Vieira MLA, Loque CP, Medeiros AO, Brandão LR,

Santiago IF, Gonçalves VN, Pellizari FM, Oliveira EC, Caligiorne RB, Campolina

S, Zani CL & Rosa CA. Fungos em amostras na Antártica: diversidade e aplicações

tecnológicas. In: XVI Simpósio Brasileiro Sobre Pesquisas Antárticas, 2008, São

Paulo.

Resumos publicados em anais de congressos

• Casarino JE, Loque CP, Kozovits AR, Sanches MC, Rosa LH. Parâmetros

ecofisiológicos foliares em resposta a diferenças de luminosidade dentro da copa de

Eremanthus erythropappus. In: 59 Congresso Nacional de Botânica, 2008, Natal,

RN, 2008.

Resumos publicados em anais de fórum

• Loque, CP, Casarino, JE, Santiago, IF, Kosovits, AR & Rosa, LH. “Abundância de

fungos endofíticos em diferentes estratos Eremanthus erythropappus Macleish”. IV

Fórum de Microbiologia. Promovido pelo Departamento de Microbiologia do

Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais, no dia 14

de maio de 2008.

69

• Loque, CP, Medeiros, AO, Pellizzari, FM, Oliveira, EC, Rosa, CA & Rosa, LH.,

“Diversidade de fungos associados às macroalgas presentes em ecossistema

Antártico”. IV Fórum de Microbiologia. Promovido pelo Departamento de

Microbiologia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de

Minas Gerais, no dia 14 de maio de 2008.

Resumos publicados em anais de workshop

• Loque CP, Medeiros AO, Pellizzari F, Oliveira E, Rosa CA, Rosa, LH. Marine

fungi associated to seaweeds from King George Island, Antarctic Peninsula.

Elaboração de aula e palestra

• Aula teórico-prática para a disciplina Métodos e Técnicas em Coletas de Campo,

para o curso de Ciências Biológicas Bacharelado. Com o tema “Mergulho

Científico”, realizado na UFOP no dia 5 de junho de 2009.

• Palestra para alunos da disciplina Esporte e Ecologia do Curso de Educação Física

da Faculdade Estácio de Sá, Belo Horizonte. Com o tema “Mergulho e Ecologia”.

Realizada na Mar A Mar, Escola de Mergulho no dia 30 de maio de 2009

• Aula para a disciplina Microbiologia Ambiental, CBI 251 (UFOP), para o curso de

Ciências Biológicas Bacharelado, 2° semestre de 2008. Com o tema “Fungos

associados à macroalgas”.

Participação em minicurso

• Medidas de Fotossíntese: Teoria e Prática na Fisiologia de Macroalgas, durante o II

Workshop de Novos Bioativos de Macroalgas. Manejo e Cultivo, Conservação,

Biotecnologia e Técnicas de Bioatividade. Realizado na cidade de Ilha Bela, SP,

durante os períodos de 26 a 29 de julho de 2009, com carga horária de 6 horas.

Participação em eventos

• II Workshop de Novos Bioativos de Macroalgas. Manejo e Cultivo, Conservação,

Biotecnologia e Técnicas de Bioatividade. Realizado na cidade de Ilha Bela, SP,

durante os períodos de 26 a 29 de julho de 2009.

70

• XI Encontro Nacional de Microbiologia Ambiental. Realizado na cidade de

Fortaleza, CE, de 04 a 07 de novembro de 2008.

• IV Fórum de Microbiologia. Promovido pelo Departamento de Microbiologia do

Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais, no dia 14

de maio de 2008. Carga horária 7 horas.

Bolsista CAPES REUNI

Discente responsável pela disciplina Métodos e Técnicas em Coletas de Campo,

para o curso de Ciências Biológicas Bacharelado, UFOP, 1°semestre 2009.

71

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Acosta, JP. 1977. Nombres vulgares y usos de las algas en el Perú. Univ. Nacional Mayor

de San Marcos, serie de divulgación, v.7, p.1-9.

Amado, GM; Karez, CS; Pfeiffer, WC; Yoneshigue-Valentin, Y. 1996. Accumulation,

effects on growth, and localization of zinc in Padina gymnospora (Dictyotales,

Phaeophyceae). Hydrobiologia, v.326-27, p.574.

Caridade, E; Ferreira-Correia, MM. 2007. Taxonomia das macroalgas dos manguezais da

baía de Turiaçu, Estado do Maranhão. Brasil. Bol do Lab de Hidrobiologia, v.20, p.39-

52.

Cassolato, J; Noseda, M; Pujol, C; Pellizzari, FM; Damonte, E; Duarte, ME. 2008.

Chemical structure and antiviral activity of the sulfated heterorhamnan isolated from

the green seaweed Gayralia oxysperma. Carbohydrate Research, v.343, p.3085 – 3095.

Clarke, A. 2003. Evolution, adaptation and diversity: global ecology in an Antarctic

context. Ant. Biol in a Global Context, p. 3-17.

Clayton, MN. 1994. Evolution of the Antarctic benthic algal flora. J Phycol, v.30, p.897–

904.

Critchley, A. & Ohno, M. 1998. Seaweed Resources of the World. JICA. Instituto Adolpho

Lutz. Métodos químicos e físicos para análise de alimentos. Normas analíticas. 3º Ed.

São Paulo, 317 p.

Cunha, SR & Costa, CSB. 2002. Gradientes de salinidade e freqüência de analagamento

como determinantes da distribuição e biomassa de macroalgas associadas a troncos de

manguezais na Baía de Babitonga, SC. Facimar, v.6, p.93-102.

De Barros Lopes, M; Soden, A; Henschke, PA; Langridge, P. 1996. PCR differentiation of

commercial yeast strains using intron splice site primers. Appl. Environ. Microbiol,

v.62, p.4514-4520.

De Oliveira, AL. 2009. Avaliação química e biológica de espécimens de Bostrychia

radicans(Rhodomelaceae). Ribeirão Preto, 88 p.

Fenical, W. 1997. Marine Biotechnol, v.15, p.39-341.

Hawksworth, DL. 2004. Fungal diversity and its implications for genetic resource

collections. Stud Mycol, v.50, p.9-18.

72

Hawksworth, DL. 1991. The fungal dimension of biodiversity: magnitude, significance,

and conservation. Mycological Research, v.95, p.641-655.

Höller, U; König, G; Wright, AD. 1999. Three new metabolites from marine-derived fungi

of the genera Coniothyrium and Microsphaeropsis. J Nat Prod, v.62, p.114-118.

Horta, PA; Amancio, E; Coimbra, CS; Oliveira, EC. 2001. Considerações sobre a

distribuição e origem da flora de macroalgas marinhas brasileiras. Hoehnea, v.328,

p.243-265.

Hyde, KD & Frohlich, J. 1998. Fungi from palms XXXVII. The genus Astrosphaeriella,

including ten new species. Sydowia, v.50, p.81-132.

Hyde, KD, 2002. Fungi in marine environments. Fungal Diversity Press, Hong Kong, 397p.

Jones, EBG. 1995. Ultrastructure and taxonomy of the aquatic ascomycetous order Halos-

phaeriales. Can. J. Bot, v.73, p.801.

Jones, EBG; Byrne, PJ. 1976. Physiology of the Higher Marine Fungi. Recent Advances in

Aquatic Mycology, Wiley, New York, p.51.

Kamiya, M; Zuccarello, GC; West, JA. 2004. Phylogeography of Caloglossa leprieurii and

related species (Delesseriaceae, Rhodophyta) based on the rbcL gene sequences. The

Japa J of Phyc, v.52 , p.147-15.

Kida, W. 1990. Culture of seaweeds Monostroma. Mar. Behav. Physiol, v.16, p.109-131.

King, RJ. 1990. Macroalgae associated with the mangrove vegetation of Papua New

Guinea. Bot.Marina, v.33, p.55-62.

Klemke, C; Kehraus, S; Wright, AD; Konig, GM. 2004. New secondary metabolites from

the marine endophytic fungus Apiospora montagnei. J of Nat Prod v. 67, p.1058-1063.

Kohlmeyer, J & Kohlmeyer, E. 1979. Marine mycology. The higher fungi. Acad Press,

New York, p. 690.

Kohlmeyer, J & Volkmann-Kohlmeyer, B. 1991. Illustrated key to the filamentous higher

marine fungi. Bot Marina, v.34, p.1-61.

Kohlmeyer, J & Volkmann-Kohlmeyer. 2003. Marine ascomycetes from algae and animal

hosts. Bot. Marina, v.46, p.285-306.

Kohlmeyer, J. 1974. Higher fungi as parasites and symbionts of algae. Veröff. Inst.

Meeresforsch. Bremenh, v.5, p.339-356.

73

Kohlmeyer, J; Volkmann-Kohlmeyer, B; Eriksson, OE. 1998. Fungi on Juncus

roemerianus. More new ascomycetes. Can J Bot, v.76, p.467-477.

Konig, GM & Wright, AD. 1999. Trends in marine biotechnology. In: Drug Discovery

from Nature. Berlin, p.180-187.

Kurtzman, CP; Fell, JW. 1998. The yeast: a taxonomic study. Elsevier Science, Amsterdan

ed4.

Lachance, MA; Bowles, JM; Starmer, WT; Barker, JSF.1999. Kodamaea kakaduensis and

Candida tolerans, two new ascomycetous yeasts species from Australian Hibiscus

flowers. Can J Microbiol, v.45, p.172-177.

Lana, PC; Marone, E; Lopes, RM; Machado, EC. 2001. The Subtropical Estuarine

Complex of Paranaguá Bay, Brazil. Coastal Marine Ecossystems of Latin América,

v.144, p.131-145.

Lee, SM; Li, XF; Jiang, H; Cheng, JG; Seong, S; Choi, HD. 2003. Terreusione, a novel

UV-A protecting dipyrroloquinone from the marine algicolous fungus Aspergillus

terreus. Tetrahedron Letters, v. 44, p.707-710.

Libkind, D; Brizzio, S; Ruffini, A; Gadanho, M; Broock, M; Sampaio, JP. 2003. Molecular

characterization of carotenogenic yeast from aquatic environments in Patagonia,

Argentina. Antonie van Leewenhoek, v.84, p.313-322.

Loque, CP, Medeiros, AO, Pellizzari, F, Oliveira, EC, Rosa, CA, Rosa, LH. 2009. Fungal

community associated with seaweeds from Antarctica. Rev Polar Biology (Artigo

submetido).

Moss, ST & Ross, IK. 1987. Marine Mycology. The Biology of Marine Fungi. Science,

v.237, p. 543-544.

Oliveira, EC. 1977. Algas marinhas bentônicas do Brasil. Tese de livre docência. São

Paulo.

Oliveira, EC; Absher, TM; Pellizzari, FM; Oliveira, MC. 2009. The seaweed flora of

Admiralty Bay, King George Island, Antarctic. Polar Biol, v.663, p.1-9.

Osterhage, C. 2001. Isolation, structure deterination and biological activity assessment of

secondary metabolites from marine-derived Fungi, 185 p.

Osterhage, C; Konig, GM; Holler, U; Wright, AD. 2002. Rare sesquiterpenes from the

algicolous fungus Drechslera dematioidea. J of Nat Prod, v.65, p.306-313.

74

Pellizzari, FM. 2005. Desenvolvimento das bases biológicas e de técnicas para o cultivo de

algas verdes de talo monostromático (Chlorophyta) no litoral do Paraná, Sul do Brasil.

Tese apresentada ao Instituto de Biociências da universidade de São Paulo, 202 p.

Pellizzari, FM. 2007. Cultivo de clorofíceas monostromáticas comestíveis no Sul do Brasil:

descrição, biologia molecular da(s) espécie(s), estudo de potencial de mercado,

recrutamento e crescimento em diferentes sistemas, 70p.

Pellizzari, FM; Oliveira, E; Yokoya, N. 2008. Life-history, thallus ontogeny, and the effects

of temperature, irradiance and salinity on the growth of the edible green seaweed

Gayralia oxysperma anda Monostroma sp. (Chlorophyta) from Southern Brazil. J of

Applied Phyc, v.20, p.75-82.

Pellizzari, FM; Oliveira, EC; Yokoya, NS. 2006. Coverage and recruitment of the edible

Green macroalga sp. (Monostromataceae) in Paranaguá Bay, Southern Brazil. J of

Coastal Res, Itajaí, SC, Brazil, p.157 – 159.

Pellizzari, FM; Yokoya, N; Oliveira, EC. 2007. Cultivation of the edible green

monostromatic seaweeds (Chlorophyta) in southern Brazil. J of Applied Phyc, v.19,

p.63-69.

Rakusa-Suszczewski, S. 1980. Environmental conditions and the functioning of Admiralty

Bay (South Shetland Islands) as a part of the near shore Antarctic ecosystem. Pol Polar

Res, v.1, p.11–27.

Rosa LH, Vaz ABM, Caligiorne RB, Campolina S, Rosa CA. 2009. Endophytic funig

associated with the Antarctic Grass Deschampsia antarctica Desv. (Poaceae). Polar

Biol, v.32, p.161-167.

Salgado, LT; Andrade, LR; Amado Filho, GM. 2005. Localization of specific

monosaccharides in cells of the brown alga Padina gymnospora and the relation to

heavy-metal accumulation. Protoplasma, v.255, p.123-128.

Schulz, B; Boyle, C; Draeger, S; Römmert, A; Kroun, K. 2002. Endophytic fungi: a source

of novel biologically active secondary metabolites. Mycol Res, v.106, p.996-1004.

Simões, JC; Arigony-Neto, J; Bremer, UF. 2004. O uso de mapas antárticos em

publicações. Pesqui Antart Bras, v.4, p.191–197.

Stanley, SJ. 1992. Observation on the seasonal occurrence of marine endophytic and

parasitic fungi. Can J Bot, v.70, p. 89-96.

75

Sutherland, GK. 1915a: New marine fungi on Pelvetia. New Phytol, v.14, p.33-42.

Sutherland, GK. 1915b: Additional notes on marine Pyrenomycetcs. New Phytol, v.14,

p.83-193.

Sutherland, GK. 1915c: New marine Pyrenomycetes. Trans. Brit. Mycol. Soc, v.5, p.147-

55.

Sutherland, GK. 1916a: Marine Fungi Impcrfccti. New Phytol, v.15, p.35-48.

Sutherland, GK. 1916b: Additional notes on marine Pyrenomycetes. Trans. Brit. Mycol.

Soc, v.5, p.257-263.

Széchy, MTM; Paula, EJ. 2000. Macroalgas associadas a bancos de Sargassum C. Agardh

(Phaeophyta-Fucales) do litoral dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, Brasil.

Hoehnea, v. 27, p.235-257.

Tamura, K; Dudley, J; Nei, M; Kumar, S. 2007. MEGA4: Molecular Evolutionary Genetics

Analysis (MEGA) software version 4.0. Mol Biol Evol, v.24, p.1596-1599.

Taylor, WR. 1960. Marine algae of the eastern tropical and subtropical coasts of the

Americas. Ann Arbor: The University of Michigan Press, 870p.

Tseng, CK. 1981. Commercial cultivation. The Biology of seaweeds. Blackwell Scientific

Publ. Oxford, p.680-725.

Vincent, WF. 2000. Evolutionary origins of Antarctic microbiota: invasion, selection and

endemism. Antarctic Science. Cambridge Univ Press v.12, p.374-385.

White, TJ; Bruns, TD; Lee, SB. 1990 Amplification and direct sequencing of fungal

ribosomal RNA genes for phylogenetics. PCR protocols: A guide to methods and

applications, Acad Press Inc., New York, p. 315-22.

Wiencke, C & Clayton, MN. 2002. Antarctic seaweeds. Wa¨gele JW (ed) Synop of the

Antarctic Benthos. ARG Gantner, Ruggell.

Wiencke, C; Clayton, MN; Gomez, I; Iken, K; Luder, UH; Amsler, CB. 2007. Life strategy,

ecophysiology and ecology of seaweeds in polar waters. Rev Environ Sci Biotechnol,

v.6, p.96-126.

Wynn-Williams, DD. 1996. Response of pioneer soil microalgal colonists to environmental

change in Antarctica. Microb. Ecol v.31, p.177-188.

Yarrow, D. 1998. Methods for the isolation, maintenance and identification of yeasts. The

Yeasts: a Taxonomic Study, Elsevier, Amsterdam, p 77-105.

76

Yokoya, NS; Plastino, EM; Braga MRA, Fujii, MT, Cordeiro-Marino, M. 1999. Temporal

and spatial variations in the structure of macroalgal communities associated with

mangrove trees of Ilha do Cardoso, São Paulo state, Brazil. Rev Bras de Bot, v.22,

p.195-204.

Zuccarello, GC & West, JA. 2003. Multiple cryptic species: molecular diversity and

reproductive isolation in the Bostrychia radicans/Bostrychia moritziana

complex(Rhodomelaceae, Rhodophyta) with focus on north american isolates. J of

Phyco, v.39, p.948-959.

Zuccarello, GC & West, JA. 2006. Molecular phylogeny of the subfamily Bostrychioideae

(Ceramiales, Rhodophyta):subsuming Stictosiphonia and highlighting polyphyly in

species of Bostrychia. Phyc, v.45, p.24-36.

Zuccaro, A & Mitchell, JI. 2005. Fungal communities of seaweeds. The fungal community,

CRC Press, New York, p. 533-579.

Zuccaro, A; Schoch, CL; Spatafora, JW; Kohlmeyer, J; Draeger, S. 2008. Detection and

identification of fungi intimately associated with the brown seaweed Fucus serratus.

Appl Environ Microbiol, v.74, p.931-941.

Zuccaro, A; Schoch, CL; Spatafora, JW; Kohlmeyer, J; Draeger, S; Mitchell, JI. 2008.

Detection and identification of fungi intimately associated with the brown seaweed

Fucus serratus. Appl Environ Microbiol, v.74, p. 931-941.

Zuccaro, A; Schulz, B; Mitchell, JI. 2003. Molecular detection of ascomycetes associated

with Fucus serratus. Mycol Res, v.107, p.1451-1466.

Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )

Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo