16
2013.10.18 • edição especial FUNDADO EM 2006. DIRECTOR: CARLOS PINTO // ANO: 8 // N: 337 0,70 IVA INCLUÍDO PUB PORTEFÓLIO > COMO ERA A FEIRA DE CASTRO ANTIGAMENTE? CAMPO BRANCO PRODUÇÃO DE CEREAIS DIMINUI EM 2013-2014 AGRICULTURA. >p10 MÁRIO TOMÉ QUER CASTRENSE A LUTAR PELO TÍTULO FUTEBOL. >p11 FEIRA DE CASTRO Encanto e tradição CASTRO VERDE > Há séculos que a tradição se cumpre! Ao terceiro fim-de-semana de Outubro as ruas de Castro Verde são “inundadas” por um mar de gente, num sobe e desce até ao largo de terra batida guiado pelo burburinho da feira. Um cenário para ver e sentir a partir desta sexta-feira, 18 de Outubro, e que se vai prolongar até ao final de domingo. pub. > ORNITOLOGIA Pássaros dão origem a novo clube O sonho comanda a vida e em Castro Verde um grupo de criadores de pássaros teve “asas para voar” até ao seu grande ob- jectivo. Assim nasceu, a 15 de Março deste ano, o Clube Ornitológico de Castro Verde (COCV), instituição que pretende divul- gar e promover a paixão pelo mundo dos passarinhos. “O COCV foi criado por ser um sonho de alguns criadores e hoje é um clube legalizado e inscrito na Federação Ornitoló- gica Portuguesa”, conta ao “CA” o presidente da nova associação de Cas- tro Verde, José Manuel Anjos. >p06 > LAZER Roteiro das tabernas de Castro Houve tempos em que as tabernas eram às dezenas em Castro Verde! Era lá que de- pois de uma jorna de trabalho os homens da terra se juntavam ao fim do dia, para be- ber um copo adoçado pelo naco de touci- nho moldado pela faca petisqueira, cantar uma moda ou “afogar” as mágoas. Nesta edição especial, o “CA” oferece-lhe um ro- teiro pelas tabernas da vila. >p08 EXTRA

FUTEBOL. p11 AGRICULTURA. MÁRIO TOMÉ CAMPO … · teve “asas para voar” até ao seu grande ob- ... intensificado pelo ambiente de fei-ra”, realça fonte da Câmara de Castro

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: FUTEBOL. p11 AGRICULTURA. MÁRIO TOMÉ CAMPO … · teve “asas para voar” até ao seu grande ob- ... intensificado pelo ambiente de fei-ra”, realça fonte da Câmara de Castro

2013.10.18 • edição especialFUNDADO EM 2006. DIRECTOR: cArlOs piNTO // ANO: 8 // N: 337

€0,70IVA Incluído

PUB

Portefólio > como era a feira de castro antigamente?

CAMPO BRANCOPRODUÇÃO DE CEREAIS DIMINUI EM 2013-2014

AGRICULTURA. >p10

MÁRIO TOMÉQUER CASTRENSE A LUTAR PELO TÍTULO

FUTEBOL. >p11

FEIRA DE CASTROEncanto e tradição

CASTRO VERDE > Há séculos que a tradição se cumpre! ao terceiro fim-de-semana de outubro as ruas de castro Verde são “inundadas” por um mar de gente, num sobe e desce até ao largo de terra batida guiado pelo burburinho da feira. Um cenário para ver e sentir a

partir desta sexta-feira, 18 de outubro, e que se vai prolongar até ao final de domingo.

pub.

> ORnITOLOGIA

Pássaros dão origem a novo clube O sonho comanda a vida e em Castro Verde um grupo de criadores de pássaros teve “asas para voar” até ao seu grande ob-jectivo. Assim nasceu, a 15 de Março deste ano, o Clube Ornitológico de Castro Verde (COCV), instituição que pretende divul-gar e promover a paixão pelo mundo dos passarinhos. “O COCV foi criado por ser um sonho de alguns criadores e hoje é um clube legalizado e inscrito na Federação Ornitoló-gica Portuguesa”, conta ao “CA” o presidente da nova associação de Cas-tro Verde, José Manuel Anjos. >p06

> LAzER

Roteiro das tabernas de Castro Houve tempos em que as tabernas eram às dezenas em Castro Verde! Era lá que de-pois de uma jorna de trabalho os homens da terra se juntavam ao fim do dia, para be-ber um copo adoçado pelo naco de touci-nho moldado pela faca petisqueira, cantar uma moda ou “afogar” as mágoas. Nesta edição especial, o “CA” oferece-lhe um ro-teiro pelas tabernas da vila. >p08

eXtrA

Page 2: FUTEBOL. p11 AGRICULTURA. MÁRIO TOMÉ CAMPO … · teve “asas para voar” até ao seu grande ob- ... intensificado pelo ambiente de fei-ra”, realça fonte da Câmara de Castro

TRadição

2 2013.10.18

FEiRa DE CASTRO

> Castro Verde

Quem vier até à Feira de Castro no sábado, 19, pode aproveitar a noite para assistir ao concerto dos bejenses Virgem Suta, que sobem ao palco do

cine-teatro pelas 21h30. Com dois álbuns de originais na carreira, a banda é liderada por Jorge Benvinda (voz) e Nuno Figueiredo (guitarra).

BEJENSES VIRGEM SUTA AO VIVO NO CINE-TEATRO NA NOITE DE SÁBADO, 19 DE OUTUBRO

> fEIRA. Ao longo de três dias as ruas de Castro Verde vão encher-se de gente, atra-ída pelo burburinho da feira. Três dias de festa onde tam-bém não faltarão a música tradicional, o cante ao baldão e uma mostra de aves.

Há séculos que a tradição se cumpre! Ao terceiro fim-de-semana de Outubro as ruas de Castro Verde são “inundadas” por um mar de gente, num sobe e desce até ao lar-go de terra batida guiado pelo bur-burinho da feira, onde os pregões dos ciganos se confundem com a música estridente dos carrinhos do choque e com as cantilenas dos vendedores de “banha-da-cobra”. Um cenário que se repete a partir desta sexta-feira, 18 de Outubro, e que se vai prolongar até ao final de domingo, 20.

“São rostos e vivências que se cruzam num misto de experiências, convívio e encontro, entre familiares e amigos, comerciantes e fregueses, intensificado pelo ambiente de fei-ra”, realça fonte da Câmara de Castro Verde, que para estes dias de alegria e tradição agendou diversas iniciati-vas de cariz cultural, no sentido de valorizar ainda mais o certame.

Entre sexta-feira e domingo as ruas de Castro Verde vão ser “inundadas” por um mar de gente vinda de todo o sul do país. DR

Alegria e tradição> CasTRo VERdE RECEbE FEiRa TRadiCional EsTE Fim-dE-sEmana, 18 a 20 dE ouTubRo

MUITA MúSICAA música é um dos destaques na programação preparada pela au-tarquia, sendo que esta sexta-feira, 18, o cine-teatro municipal recebe a partir das 21h30 um espectáculo evocativo da Feira de Castro, com as actuações de “As Camponesas” de Castro Verde e dos grupos “Foles do Sul” (composto pelos acordeonistas João Frade e João Guerreiro) e “Can-tigas do Baú”.

No sábado, 19, a música volta a estar em plano de destaque, a co-meçar pela arruada que as bandas filarmónicas de Castro Verde e Villa-blanca (Espanha) vão realizar entre a Praça da República e as ruas da feira (às 11h00 e 14h00).

De tarde, a partir das 15h00, a Praça da República recebe a actu-ação dos algarvios do Rancho Fol-clórico da Casa do Povo do Azinhal, enquanto que às 16h00 arranca mais

uma edição do tradicional encontro “Planície a Cantar”. A iniciativa vai decorrer entre a rua D. Afonso I e a Praça da Liberdade, contando com as participações dos grupos corais “As Ceifeiras” de Entradas, “Ausen-tes do Alentejo” de Palmela, “Os Ganhões” de Castro Verde, “Rosi-nhas” de Santa Clara do Louredo, “As Vozes” de Casével, “Unidos do Lavradio”, “Andorinhas do Rosário”, “COOP de Grândola”, “Os Campone-

ses de Pias” e “Amigos do Alentejo” do Feijó.

Mais à noite, o Fórum Municipal recebe, pelas 21h00, o 23º Encontro de Tocadores de Viola Campaniça e Cantadores de Despique e Baldão, organizado pela Cortiçol e que este ano vai homenagear o cantador Jo-aquim José Francisco. E meia hora depois, às 21h30, arranca no cine-teatro municipal o concerto com os bejenses Virgem Suta.

Ao terceiro fim-de-semana de Outubro as ruas de Castro Verde são ‘inunda-das’ por um mar de gente, num sobe e desce até ao largo de terra batida guiado pelo burburinho da feira.

” Além das compras que podem fazer e dos espectáculos a que po-dem assistir, os visitantes da Feira de Castro também poderão ver a quarta edição da Mostra de Aves de Castro Verde, que vai estar patente no pa-vilhão de mostras do Largo da Feira durante os dias de sábado e domin-go, 19 e 20.

A iniciativa é promovida pelo re-cém-criado Clube Ornitológico local [ver texto na páginas 6 e 7] e conta com o apoio da Câmara Municipal, dando a ver dezenas de aves das

Mostra de aves e concurso canino> iniCiaTiVas paRalElas duRanTE a FEiRa

CoNCErToCINE-TEATRO RECEBE ESpECTÁCUlO EVOCATIVO

A Feira de Castro 2013 “abre” com o espectáculo evocativo do evento, que se realiza na noite de sexta-feira, 18 de outubro, a partir das 21h30 no cine-teatro municipal. As entradas são gratuitas em palco vão estar “As Camponesas” de Castro Verde, assim como os grupos “Foles do Sul”, formado pelos acordeonistas João Frade e João Guerreiro, e os bejenses “Cantigas do Baú”, com as suas modas tradicionais “re-inventadas” .

> Em dEsTaQuE

mais variadas espécies.Além das aves, também os cães

vão estar em destaque na Feira de Castro 2013, com a realização, no sá-bado, a partir das 11h00, da primeira edição da Exposição Canina de Ra-ças Portuguesas. A mostra vai estar patente no parque infantil, sendo or-ganizada pela autarquia e pelo Clu-be Português de Canicultura (CPC).

De tarde, às 15h00, o mesmo local recebe o primeiro Concurso Canino de Castro Verde, destinado apenas a cães registados no CPC.

Cães de raças portugueses vão estar em exposição. DR

ENCoNTro ANuAlGRUpOS CORAIS NATARDE DE SÁBADO

A tarde de sábado, 19, vai ser anima-da pelo encontro “Planície a Cantar”. A iniciativa vai decorrer a partir das 16h00, contando com as participações dos grupos “As Ceifeiras” de Entradas, “Ausentes do Alentejo” de Palmela, “os Ganhões” de Castro Verde, “rosinhas” de Santa Clara do louredo, “As Vozes” de Casével, “unidos do lavradio”, “Andorinhas do rosário”, “CooP de Grândola”, “os Camponeses de Pias” e “Amigos do Alentejo” do Feijó.

Page 3: FUTEBOL. p11 AGRICULTURA. MÁRIO TOMÉ CAMPO … · teve “asas para voar” até ao seu grande ob- ... intensificado pelo ambiente de fei-ra”, realça fonte da Câmara de Castro

2013.10.18 3FEIRA DE CASTROTRADIÇÃO

> A FEIRA DE CAsTRO vIsTA pOR DOIs CAsTREnsEs COm 42 AnOs DE DIFEREnÇA

“A feira era tudo o que tínhamos”

Com a entrada no mês de Outubro, os dias ganhavam um novo encanto em Castro Verde. A feira estava a chegar e os castrenses prepa-ravam-se com esmero e afinco para a grande festa. “A esta hora estavam as ruas todas em caiação! E já havia movimento de feira”, re-corda ao “CA” Maria Alexandrina Baião, de 73 anos.

A produtora das afamadas queijadas de Castro Verde sempre foi uma apaixonada pela feira de Castro. Não pelo evento em si, mas por toda a envolvência e agitação que este trazia às ruas e às gentes da vila (e não só).

“As ruas enchiam-se de gente, nem faz ideia do que isto era. Era um movimento louco! Vi-nha pessoal vender mantas e outras coisas. E a terra tomava um grande movimento antes da feira. Eram os ciganos, os vendedores de gado, todos vinham parar à feira de Castro”, lembra Maria Alexandrina, que tem como principal memória do certame a chegada dos feirantes. “Chegavam em burros ou em carrinhas e fica-vam em casas aqui em Castro Verde, onde lhes davam quartel”, diz.

Os ciganos são a outra grande recordação que Maria Alexandrina guarda da Feira de Castro. “Ia sempre ver os bailes deles, era uma coisa linda de se ver. E quando estávamos na praça [mercado] junto à igreja tínhamos de ar-

> mAriA AlexAndrinA. O corrupio de gente, a chegada dos ciganos e a caiação das ruas são memórias que Maria Alexandrina Baião, de 73 anos, continua a guar-dar da Feira de Castro.

O movimento “louco” da Feira de Castro é a maior memória que Maria Alexandrina Baião tem do evento. DR

ranjar descanso para ver as ciganas passarem, tão bonitas e tão lindas… Uma feira sem ciga-nos não era feira! E havia sempre casamentos de ciganos na feira. Ainda fui assistir a alguns”, conta.

Nos seus tempos de menina e moça, a Feira de Castro era também para Maria Alexandri-na sinónimo de circo, do Poço da Morte e do bacalhau frito que logo comia. “Dávamos-lhe mais valor porque também não tínhamos mais nada. A feira era tudo o que tínhamos”, diz, ten-tando justificar o menor interesse que, na sua opinião, os mais novos sentem pela feira.

Os tempos mudam e aos 73 anos Maria Alexandrina já só vai à feira uma vez, quase sempre na noite de sábado e na companhia do marido. Fá-lo para deitar o olho às novidades, mas raramente regressa a casa “enfeirada”.

“As coisas estão ao mesmo preço que no dia-a-dia, prefiro comprar no comércio da terra. Mas se houver alguma coisa que me convenha, compro. Olhe, este ano quero ver se compro uns vasinhos de barro, que não gosto de vasos de plástico”, confessa entre duas gar-galhadas.

“É mais um natal em Castro Verde”

Terminadas as férias do Verão e entrado no Outono, os dias eram de grande desas-sossego para o então pequeno Bruno Mes-tre. Tudo por culpa da Feira de Castro e da desejada adrenalina “trazida” à vila pelos carrinhos-de-choque.

“Os carrinhos-de-choque eram a lou-cura da feira. Por isso, era sempre um fim-de-semana que eu desejava muito e a ansiedade era grande”, recorda o agora empresário ligado ao ramo da restauração, que aos 31 anos continua a sentir o secular evento com uma grande dose de paixão. E garante não ser o único entre as gentes da terra!

“A feira é mais um Natal em Castro Ver-de, porque é uma data em que todos os castrenses voltam a casa obrigatoriamen-te. Dada a minha actividade profissional, apercebo-me quando é que as pessoas que estão fora regressam a Castro Verde. E sinto que há outras datas importantes, até reli-giosas, como a Páscoa, em que há pessoas que não vêm. Mas depois à Feira de Castro vêm sempre”, argumenta.

Como bom castrense que é, Bruno Mes-tre não dispensa a tradicional visita à feira, parando de banca em banca para ver o que há à venda. “Embora esteja a trabalhar nes-ses dias, vou sempre dar um passeio pela feira. Faço questão disso e castanhas assa-das nunca deixo de comprar. E depois os frutos secos ou um churro”, conta.

Mas o que faz o jovem empresário gos-tar mesmo de ir à feira é a possibilidade de colocar “a conversa em dia” e rever os ros-tos ausentes da vila há 365 dias. “O fim-de-semana da feira é uma referência e nessa altura encontramos toda a gente, mesmo aqueles que estão no estrangeiro. A feira é o ponto de encontro para as pessoas que não se vêm há muito tempo e isso é que mais me atrai”, diz.

Tudo isto leva Bruno Mestre a vaticinar

> bruno mestre. Quando era pequeno, os carrinhos-de-choque eram a sua predilecção. Hoje a Feira de Castro é para Bruno Mestre, de 31 anos, sinóni-mo de alegria… e (re)encontros.

um longo futuro a um certame que já tem vários séculos de existência. Ainda por cima, diz, até São Pedro já parece gostar mais da feira.

“Há uns anos a imagem que tinha da Feira de Castro eram os dias de chuva e mesmo assim havia milhares de pessoas na rua, porque ninguém deixava de vir à feira por isso. Mas desde há uns anos a esta parte que o São Pedro tem dado as ‘boas vindas’ à feira e recebe-a sempre com dias de sol e até calor. É bom o tempo estar as-sim e acho que temos feira para durar por muitos anos”, conclui.

mAriA AlexAndrinA bAiãoPasteleira

A terra tomava um gran-de movimento antes da feira. Eram os ciganos, os vendedores de gado, todos vinham parar à feira.

bruno mestreEmpresário

Os carrinhos-de-choque eram a loucura da feira. Por isso, era sempre um fim-de-semana que eu desejava muito.

Feira de Castro era (e é) um momento aguardado com ansiedade por Bruno Mestre. DR

Page 4: FUTEBOL. p11 AGRICULTURA. MÁRIO TOMÉ CAMPO … · teve “asas para voar” até ao seu grande ob- ... intensificado pelo ambiente de fei-ra”, realça fonte da Câmara de Castro

FEIRA DE CASTRO4 2013.10.18

TRADIÇÃO

A feira de antigamente> portefólio. Há séculos que a Feira de Castro marca o calen-dários das gentes campaniças. O “CA” foi ao arquivo de José Fran-cisco Colaço Guerreiro e da extin-ta Associação “Castra Castrorum” e nestas duas páginas dá-lhe a conhecer (ou a relembrar) como era a feira nos anos 70 e 80.

2

43

1

Colocado num ponto “estratégico”, este pastor observa atentamente as movimentações dos negociantes de gado.

1

Inocentes e irreverentes, os pequenos ciganitos espalhavam uma alegria caótica pelas ruas desalinhadas da Feira de Castro.

2

A Feira de Castro era aguardada ao longo de todo o ano pelas gentes da região para comprar os utensílios necessários à vida agrícola.

3

O comércio de animais sempre foi um dos atractivos da Feira de Castro, certame onde se faziam grandes negócios!

4

Page 5: FUTEBOL. p11 AGRICULTURA. MÁRIO TOMÉ CAMPO … · teve “asas para voar” até ao seu grande ob- ... intensificado pelo ambiente de fei-ra”, realça fonte da Câmara de Castro

52013.10.18 FEIRA DE CASTROTRADIÇÃO

A feira de antigamente5

6

8Dois pequenos ciganos sentados no dorso de uma mula “estudam” o sobe-e-desce da Feira de Castro em 1982.

5

É sempre assim ao terceiro fim-de-semana de Outubro: o Largo da Feira enche-se de cor e, sobretudo, de pessoas. Fotografia de 1979.

6

Uma cigana em pé e a amamentar o filho recém-nascido – uma imagem a que todos os visitantes da Feira de Castro já se acostumaram!

7

pub.

7

Dia de feira era (e é) sinónimo de enchente em Castro Verde. Vinha gente de todo o sul do país e havia carreiras especiais só para esta data.

8

Page 6: FUTEBOL. p11 AGRICULTURA. MÁRIO TOMÉ CAMPO … · teve “asas para voar” até ao seu grande ob- ... intensificado pelo ambiente de fei-ra”, realça fonte da Câmara de Castro

FEIRA DE CASTRO6 2013.10.18

TRADIÇÃO

> associativismo. Um sonho antigo levou um grupo de criadores de pássaros de Castro Verde a criar um clube ornitológico. Na Feira de Castro vão estar presentes com mais uma edição da Mostra de Aves.

Paixão pelos passarinhos

O sonho comanda a vida e em Castro Verde um grupo de criadores de pássaros teve “asas para voar” até ao seu grande objectivo. Assim nasceu, a 15 de Março deste ano, o Clube Or-nitológico de Castro Verde (COCV), instituição que pretende divulgar e promover a paixão pelo mundo dos passarinhos.

“O COCV foi criado por ser um sonho de alguns criadores, mas também devido a um episódio que se passou há cerca de um ano com o clube onde a maioria dos criadores de Castro Verde era sócio. Isso levou-nos a pensar em criar um clube ornitológico e hoje o COCV é um clube legalizado e inscrito na Federação ”

josé manuel anjosPresidente do Clube Ornitológico de Castro Verde

Há que incentivar os jovens a olhar para os passarinhos que nos ro-deiam, quer na vida sel-vagem quer em cativeiro, de um modo diferente.

Ornitológica Portuguesa”, conta ao “CA” o pre-sidente da nova associação de Castro Verde.

De acordo com José Manuel Anjos, de 54 anos, o COCV começou com apenas 16 asso-ciados, mas em apenas sete meses esse núme-ro duplicou. “Trata-se de um número bastante aceitável, se tivermos em linha de conta a den-sidade populacional de Castro Verde”, adianta este responsável, garantindo que nas últimas semanas “foram entregues cerca de 10 pro-postas a futuros sócios/ criadores, assim como a sócios juvenis”. “É nossa pretensão passar a mensagem aos jovens da nossa terra e fazer novos criadores”, justifica José Manuel Anjos.

muitos PlanosAo longo dos sete meses que leva de existên-cia, o Clube Ornitológico de Castro Verde ainda não teve grandes oportunidades para desen-volver actividades. “No entanto, estivemos pre-sentes nas Festas da Vila, para dar a conhecer aos castrenses e aos visitantes que já existe um clube ornitológico”, adianta José Manuel

> A xxxxxxxxxx> ClubE ORnITOlógICO DE CAsTRO VERDE nAsCEu A 15 DE MARÇO DE 2013

Clube Ornitológico de Castro Verde vai estar na feira com uma Mostra de Aves. E até final do ano vai promover uma iniciativa idêntica no Agrupamento de Escolas local. DR

Anjos, destacando igualmente a presença do clube na Feira de Castro, este fim-de-semana, com a quarta edição da Mostra de Aves [ver en-trevista ao lado].

Mas a ambição dos associados do COCV não se fica pela presença nestes dois eventos anuais. Nesse sentido, no final de Novembro (ou em Dezembro) a associação vai promover uma exposição no Agrupamento de Escolas de Castro Verde, com o objectivo de “passar a mensagem” aos mais jovens. “Há que incenti-var os jovens a olhar para os passarinhos que nos rodeiam, quer na vida selvagem quer em cativeiro, de um modo diferente”, justifica José Manuel Anjos.

Depois, já em 2014, e além das presenças nas Festas da Vila e na feira, o clube tem agen-dado um Fórum sobre Ornitologia no dia do aniversário, que contará com a presença de diversos especialistas.

“E no início de Dezembro vamos levar a cabo o sonho de todos nós, criadores de aves, que é uma exposição com concurso. Ou seja,

Page 7: FUTEBOL. p11 AGRICULTURA. MÁRIO TOMÉ CAMPO … · teve “asas para voar” até ao seu grande ob- ... intensificado pelo ambiente de fei-ra”, realça fonte da Câmara de Castro

72013.10.18 FEIRA DE CASTROTRADIÇÃO

Paixão pelos passarinhos

”os nossos passarinhos vão ser avaliados e jul-gados por um conjunto de juízes, que nos dirão a qualidade das nossas aves”, afiança o presidente do COCV, garantindo que a exposi-ção “será aberta a todos os clubes do Alentejo e Algarve”. “Mas se houver um clube do Norte que queira participar, é com muita honra e or-gulho que o receberemos”, acrescenta.

O responsável pelo COCV espera que através de todas estas iniciativas o clube continue a crescer, a consolidar a sua posição no mundo da ornitologia em Portugal e a criar as bases para a “aspiração das aspira-ções”: organizar em Castro Verde o campeonato na-cional da modalidade. “Se isso acontecesse, seria o reconhecimento do nos-so bom trabalho. Espero que um dia este meu so-nho se concretize”, con-clui José Manuel Anjos.

JOsé mAnuEl AnJOsIdade: 54 anosCaRGo: PResIdente do Clube oRnItolóGICo de C. veRde

O COCV vai estar presente na Feira de Castro com mais uma edição da Mostra de Aves. Qual a importância do evento? A Feira de Castro, para nós criadores, é o culminar do trabalho desenvolvido ao longo do ano e queremos que as nossas aves sejam apreciadas pelos inúmeros visitan-tes. Mas também pelos criadores da nossa região e do Algarve, que nos visitam no sentido de avaliarem e adquirirem alguns exemplares.

Haverá alguma novidade este ano re-lativamente às edições anteriores? Este ano a mostra é totalmente da responsabili-dade do COCV e é o ano em que duas raças de canários sobressaem de todas as outras pelo número elevado de aves. Falo do “Mo-saico Vermelho” e do “Arlequim Português”, o único canário oficialmente português e reconhecido pelo Comité Ornitológico Mundial desde Fevereiro de 2010.

Quantas aves vão estar em expo-sição? O número de aves da mostra este ano ronda os 250 exemplares. Quero desde já agradecer à Associação Ornitológica de Aljustrel por nos ter cedido, a título de empréstimo, cerca de 200 gaiolas para podermos realizar esta iniciativa.

Quando surgiu a sua paixão pelas aves? Já vem dos tempos de criança! Em casa dos meus pais havia sempre um passarinho, principalmente canários. E anos volvidos, em minha casa, sempre houve aves, apesar da minha vida profis-sional às vezes impor-me alguns períodos afastado. Mas a minha esposa e o meu filho ficavam com a tarefa de tratar e cuidar dos passarinhos, que foram das mais variadas raças, desde canários, rouxinóis do Japão, rosicolores e, por fim, um “ring neck” – o

Xico – que ainda hoje faz parte da família. Mas nes-

se período da minha vida não houve a possibilida-de de criar canários com o sentido de prepará-los para exposição. Era mais pela paixão e para poder

oferecê-los aos amigos. Só a partir de 2005 se

reuniu um conjunto de situações sócio-profissionais que me permitiram dar largas à paixão de tantos anos, que é criar canários de um modo um pouco mais “profis-sional”.

“Mostra na feira é culMinar de uM ano de trabalho”

> InIcIATIvA DA cORTIÇOl nA nOITE DE sábADO, 19 DE OuTubRO

Cantar ao baldão e ouvir a campaniça

Em tempo de feira, Castro Verde vai cumprir a tradição de celebrar o can-te a despique e baldão e o toque da viola campaniça. Tudo pela mão da Cortiçol – Cooperativa de Informação e Cultura, de Castro Verde, que na noite deste sábado, 19, promove a 23ª edição do Encontro de Cantadores de Despique e Baldão e Toca-dores de Viola Campaniça.

Som típico da viola campaniça vai acompanhar o cante a despique e baldão em Castro Verde. dR

A iniciativa vai decorrer a partir das 21h00 no Fórum Municipal de Castro Ver-de, onde será disposta uma mesa corri-da onde não faltará vinho tinto e branco, aguardente de medronho e outros petiscos bem alentejanos.

“É nesse ambiente que os cantadores vão cantar e pedir ‘meças’ uns aos outros, recriando os antigos serões onde os ho-mens e algumas mulheres deitavam para trás das costas, através de rimas populares e palavras de improviso, as agruras do dia-a-dia”, adianta ao “CA” fonte da cooperati-va, lembrando que durante o encontro vai ser homenageado o cantador Joaquim José Francisco, residente em Beja e conhecido como “Sobreiral”.

> trAdiçãO. O cantador Joaquim José Francisco vai ser homenagea-do numa noite em que o cante a des-pique e baldão será acompanhado pelo toque da viola campaniça.

José Manuel Anjos, nascido em Castro Verde há 54 anos, é criador de pássaros desde criança. DR

Entre bancas de roupa e sapatos, na Feira de Castro também se vai ver “passar a banda”. Tudo acontece no sábado, dia 19 de Outubro, às 11 da manhã e depois às 14h00, quando a banda filarmónica da Sociedade 1º de Janei-ro (de Castro Verde) e a Banda Municipal de Villablanca (de Espanha) desfilarem pelas ruas do certame. A iniciativa tem início na Praça da República e vai depois passar por várias das artérias da vila onde decorre a fei-ra. Esta arruada é promovida pela Câmara de Castro Verde em parceria com a Sociedade Fi-larmónica 1º de Janeiro.

Bandas fazem arruada na feira

> músIcA

A Praça da República, em Castro Verde, recebe no sábado, 19 de Outubro, de tarde a actuação dos algarvios do Rancho Folcló-rico da Casa do Povo do Azinhal. A iniciati-va é promovida pela autarquia local e está agendada para as 15h00. Além do rancho folclórico, a Casa do Povo do Azinhal, no concelho de Castro Marim, acolhe igual-mente a Escola de Acordeão e a sua grande prioridade é a promoção dos usos e costu-mes daquela população.

Folclore para ver no sábado

> músIcA

Page 8: FUTEBOL. p11 AGRICULTURA. MÁRIO TOMÉ CAMPO … · teve “asas para voar” até ao seu grande ob- ... intensificado pelo ambiente de fei-ra”, realça fonte da Câmara de Castro

FEIRA DE CASTRO8 2013.10.18

TRADIÇÃO

Entre copos, petiscos e uma moda!> ROtEiRO. Houve tempos em que eram às dezenas em Castro Verde! Era lá que depois de uma jorna de trabalho os homens da terra se juntavam ao fim do dia, para beber um copo adoçado pelo naco de toucinho moldado pela faca petisqueira, cantar uma moda ou “afogar” as mágoas. Os anos passaram e hoje restam apenas três tabernas típicas de portas abertas na vila, mais umas quantas espalhadas pelas restantes localidades do concelho. Nestes dias de Feira de Castro, o “CA” coloca-lhe nas mãos este peque-no roteiro, para que percorra as ruas hitóricas de Castro Verde e cruze as portas destes verdeiros “tem-plos” de tradição, solidariedade e confraternização, onde a conversa se bebe em copos de vinho.

Já se passaram mais de 30 anos desde o dia em que João Constantino (conhecido por João Rosa) decidiu seguir as pisadas do pai. “Ele também tinha uma taberna e eu fiz igual. Gostava disto e fiz”, diz o próprio atrás do balcão da Taberna das Cangas, nome “formal” da casa que todos conhecem pelo nome do proprietário. De portas abertas to-dos os dias (salvo raras excepções), a Taberna do João Rosa é um ponto de encontro por excelência, seja para provar o vinho das re-dondezas ou para cantar uma moda. E quem quiser, também pode encomendar um bom cozido de grãos, um ensopado de borrego ou uma lebre com feijão branco. “Faço o que me pedirem”, garante João Rosa.

TAbERnA DO jOÃO ROsA

ESPECiALiDADESCozidos de grão ou feijão, ensopados de borrego, lebre com feijão branco (tudo por encomenda)

HORÁRiOTodos os dias, das 9h00 às 23h00

MORADARua das Cangas, 23 – Castro Verde

CONtACtOS286 322 611 – 962 990 109

1

OUTRAs TAbERnAs nO COnCELHO DE CAsTRO VERDE

AlmEiRim tABERNA DO PASSARiNHOA Taberna do Passarinho é ponto de encontro obri-gatório para as gentes de Almeirim. Para petiscar tem de encomendar. Encerra às quartas-feiras.

ENTRADAS tABERNA DO PEDRO FEiOSituada na Rua de Beja, a Taberna do Pedro Feio abre portas bem cedo (7h00) para servir um copo, que acompanha o petisco (trazido de casa).

ESTAÇÃO DE OURiQUE tABERNA A LOCOMOtiVAParedes-meias com a estação ferroviária, a Taberna locomotiva está aberta todos os dias, servindo copos entre as sete da manhã e as 23h00.

tABERNA DA “ti” MARiANACantadora e conversadora, “Ti” mariana tem a sua taberna de portas abertas no centro da Estação de Ourique. lebre com feijão é a especialidade da casa!

SANTA BáRBARA DE PADRõES tABERNA DO FRANCiSCO AFONSOAberta todos os dias, a Taberna do Francisco Afonso é o local predilecto para as gentes de Santa Báraba-ra de Padrões beberem um copo e conversar.

ViSEUS tABERNA CASA DOS AMiGOSO seu nome diz tudo: esta taberna na pequena aldeia dos Viseus é uma verdadeira casa para os amigos beberem um copo, petiscar e até cantar a moda!

Page 9: FUTEBOL. p11 AGRICULTURA. MÁRIO TOMÉ CAMPO … · teve “asas para voar” até ao seu grande ob- ... intensificado pelo ambiente de fei-ra”, realça fonte da Câmara de Castro

92013.10.18 FEIRA DE CASTROTRADIÇÃO

1

CAsA DE pAsTO zé sImõEs

ESPECIALIDADESCarapaus fritos, moelas, cachola frita, grão com cabeça de porco, caldeirada (por encomenda)

HORÁRIODe terça-feira a domingo, das 9h00 às 23h00

MORADARua Sacadura Cabral, 1 – Castro Verde

CONTACTOS966 533 810

2 A antiga Taberna do “Ti” Virgílio é hoje a Casa de Pasto Zé Simões. “Nasci dentro disto [risos]! Esta oportunidade apareceu por acaso, gostei e aqui estou há mais de um ano”, recorda José Simões, que gere a taberna ao lado da mulher, Maria de Fátima, desde Abril de 2012. De portas abertas de terça a domingo, esta casa de pasto destaca-se pela sua variada oferta diária de petiscos, entre os quais os carapaus fritos, a cachola frita ou, quando o tempo arrefece, o grão com cabeça de porco. “Para petiscar há sempre qualquer coisa”, garante José Simões, que também prepara refeições por encomenda, com destaque para os cozidos, ensopados ou uma boa caldeirada!

TAbERnA DO jOÃO DAs CAbEÇAs

ESPECIALIDADESCabeças de borrego e queixadas de porco assadas no forno

HORÁRIODe terça-feira a domingo, das 10h00 às 23h00

MORADARua da Aclamação, 60 – Castro Verde

CONTACTOS286 322 317

3 Em Castro Verde e arredores não há quem não conheça as cabeças de borrego assadas no forno de lenha servidas na Taberna do João das Cabeças. Espaço centenário onde o passado ainda está presente na decoração, a taberna é gerida desde 1981 por João da Encarnação Mestre (que à custa da especia-lidade da casa ganhou uma nova alcunha) e o negócio não tem parado de crescer. “Tudo isto tem aumentado muito. Antes vendiam-se cabeças durante seis meses. Agora temos este petisco o ano inteiro”, diz João das Cabe-ças. Em tempo de Feira de Castro, a Taberna do João das Cabeças é ponto de passagem obrigatório. Para um copinho, uma cabeça... e uma moda!

2

3

Page 10: FUTEBOL. p11 AGRICULTURA. MÁRIO TOMÉ CAMPO … · teve “asas para voar” até ao seu grande ob- ... intensificado pelo ambiente de fei-ra”, realça fonte da Câmara de Castro

FEIRA DE CASTRO10 2013.10.18

TRADIÇÃO

> AgRIculTOREs vIvEm DIAs cOmplIcADOs DEpOIs DA úlTImA cAmpAnhA

Produção de cereais cai no Campo Branco

A área semeada com cereais para grão na zona do Campo Branco vai reduzir bastante durante a campa-nha de Outono-Inverno. A garantia parte do presidente da Associação de Agricultores do Campo Branco (AACB), numa altura em que a maio-ria dos lavradores já anda a lançar a semente à terra.

“Muitos agricultores só estão a fa-zer sementeiras de Outono-Inverno para forragens e fenos e para cum-primento de medidas agro-ambien-tais. Portanto, vai haver uma quebra acentuada da área semeada para ce-reais de grão” nesta zona, adianta ao “CA” José da Luz Pereira.

De acordo com este responsável, “a corda está a apertar muito” para o lado dos agricultores do Campo Branco, que ainda recuperam dos elevados prejuízos causados pelas últimas duas campanhas, marcadas pela ausência de chuva… e pelo ex-cesso de água.

“Vínhamos de um período de seca e de um momento para o outro passámos para uma situação de en-charcamento. E no Campo Branco, sempre que chove muito, as coisas ficam bastante complicadas. Porque isso obriga a uma alimentação mais cara na pecuária. E quem produziu cereais para o Verão teve de gastar muito mais dinheiro” que o habitual, justifica José da Luz Pereira.

Além do mais, continua o presi-dente da AACB, muitos dos lavrado-res que produziram mais cereais do que aquele que necessitavam para consumo próprio sentiram “uma grande dificuldade no escoamento” e comercialização da sua produção.

“Quem não tem consumo pró-prio ou consumo suficiente para os cereais que produziu, está neste mo-mento com grandes problemas, de-vido ao comércio internacional, que coloca no nosso país produtos mui-to mais baratos durante esta cam-

> AgriCulturA. Pre-sidente da Associação de Agricultores do Campo Branco está expectante relativamente à aplicação da nova Política Agrícola Comum em Portugal.

Chuva e seca afectaram as últimas duas campanhas agrícolas de cereais na zona do Campo Branco. José tomé máximo | Arquivo

josé dA luz PereirAPresidente da AA Campo Branco

Estamos numa zona em que as medidas agro-ambientais têm de ser encaradas como a grande tábua de salvação para a agricultura.

Fundada em 1989 em Castro Verde, a Associação de Agricultores do Campo Branco está há 24 anos ao serviço da agricultura e da pecuária extensiva na região. O desenvolvimento rural e a defesa do ambiente e das paisagens do Campo Branco também são sua prioridade.

> Associação fundada em 1989

panha do que estamos a produzir. Portanto, há muito cereal em arma-zém, o que vai levar muitos agricul-tores a reduzirem substancialmente a sua produção nesta campanha que começou agora”, argumenta José da Luz Pereira.

À esPerA dA PACTodos estes constrangimentos cau-sados pelos mercados e pelo clima levam o presidente da AACB a afir-mar, sem rodeios, que a agricultura nesta zona do Baixo Alentejo depen-de, em grande parte, dos apoios recebidos ao abrigo das medidas agro-ambientais.

“Estamos numa zona em que as medidas agro-ambientais têm de ser encaradas como a grande tábua de salvação para a agricultura. Sem essas medidas, não há hipótese! Para se conseguir fazer este sistema ex-tensivo e pecuária tem de haver uma ajuda. E isso tem de ser através das medidas agro-ambientais”, afiança José da Luz Pereira.

Uma realidade que leva este responsável a aguardar com muita

expectativa e bastante apreensão a aplicação no terreno da nova Políti-ca Agrícola Comum (PAC), que vai vigorar entre os anos de 2014 e 2020.

“As grandes linhas estão apro-vadas por Bruxelas, mas vamos ter, pela primeira vez, uma parte em que a aplicação no terreno dessas medi-das vai ser decidida pelos governos. E nós estamos muito na expectativa de ver o que isso dá”, explica José da Luz Pereira, lembrando que a nova PAC, “neste momento, está a orien-tar-se muito para o apoio agrícola para as zonas regadas”.

“Por isso estamos na expectati-va sobre o que vai ser feito e qual a orientação que vai ser dada para as zonas de extensivo e sequeiro, que é a grande parte do país e engloba o Campo Branco. E estou muito pre-ocupado porque os grandes lobbies do regadio e do leite estão em acção e são muito poderosos”, acrescenta o presidente da AACB, que teme que a agricultura de extensivo e sequeiro não venha a ter “as ajudas necessá-rias para sobreviver num momento crucial”.

Durante anos a fio a Feira de Castro era conhecida pela sua forte componente de comerciali-zação de gado. “Era das feiras do Alentejo onde havia maior tran-sacção comercial de pecuária, no-meadamente gado suíno e ovino. E tinha uma grande corredoura de animais muares e cavalares”, recorda o presidente da Associa-ção de Agricultores do Campo Branco, para quem será difícil ao certame voltar a assumir esse papel. “Devido às dificuldades de movimentação de animais, as feiras de hoje limitam-se a mos-tras ou exposições pecuárias. Por isso é difícil retomar esse lado co-mercial em termos pecuários na feira”, afirma ao “CA” José da Luz Pereira.

“é difícil a feira voltar a ter gado”

Page 11: FUTEBOL. p11 AGRICULTURA. MÁRIO TOMÉ CAMPO … · teve “asas para voar” até ao seu grande ob- ... intensificado pelo ambiente de fei-ra”, realça fonte da Câmara de Castro

112013.10.18 FEIRA DE CASTROTRADIÇÃO

Fundado a 1 de Abril de 1951, o FC Castrense é um dos clubes mais ecléticos do Alentejo, juntando ao futebol (masculino e feminino) a prática de atletismo, hóquei em patins, patinagem artística e jiujitsu. Ao todo, são mais de 250 atletas.

> FC Castrense é clube eclético

CARLOS PINTO TExTO

A derrota com o Mineiro Aljustrelense (0-2) na última jornada, dia 13 de Outubro, foi uma “ma-chadada” nas aspirações do FC Castrense para esta época? Não, foi apenas um jogo de futebol em que o Mineiro foi mais forte. Foi uma equipa mais compacta, mais organizada e foi um justo vencedor. Mas é apenas um jogo entre as 26 jornadas que o campeonato tem. Portanto, há que seguir com aqui-lo que é o nosso planeamento anual e não é um jogo que vai alterar aquilo que são os nossos objectivos.

Ou seja, o desânimo não se apoderou do gru-po depois desta derrota? Não, longe disso. O grupo tem a responsabilidade de saber e acreditar naquilo que é o nosso trabalho. E mal de nós se ao primei-ro resultado negativo colocássemos em causa aqui-lo que é um trabalho de base que está feito desde há dois meses e que está a ser construído. Não faria sentido e não era conivente com aquilo que é o perfil deste grupo de trabalho.

Mas depois do jogo com o Mineiro Aljustrelen-se não ficou com a sensação de serem necessá-rias algumas rectificações na equipa do FC Cas-trense? Não… Repito o que já disse: foi apenas um jogo em que o adversário foi mais forte e ganhou de forma justa. E nós temos de internamente analisar a partida, veremos onde não estivemos tão bem e no futuro tentaremos inverter este tipo de resultado.

A “procissão ainda vai no adro”, mas assume desde já que o FC Castrense é candidato ao títu-lo e à subida de divisão? É verdade! O FC Castren-se quando está no campeonato distrital não discute objectivos, pois o objectivo é ser campeão distrital. Isso não invalida que tenhamos de ter condições para isso e que tenhamos de trabalhar muito. Esses dois pressupostos são fundamentais e nós temo-los! Por-tanto, somos candidatos ao título num campeonato diferente daquele que é habitual no plano distrital…

Como assim? Há equipas fortíssimas, com ou-tro tipo de abordagens à competição, apostando em jogadores que vêm de fora, os chamados “profissio-nais”, ainda que amadores. Há duas ou três equipas que têm jogadores assim, mas nós não. São equipas para nós difíceis, mas isso não deixa nos colocar no patamar de candidatos ao título.

E por que razão o FC Castrense não optou por

MáRIO jOsé sAnTOs TOMéTREINADOR DA EQUIPA PRINCIPAL DO FC CASTRENSE

IDADE: 36 ANOSNATURALIDADE: MéRTOLA

> EnTREVIsTA MÁRIO TOMÉSem rodeios, o treinador do FC Castrense, Mário Tomé, garante que a equipa é candidata assumida à conquista do campeonato distrital da 1ª divisão, no sentido de garantir o lugar que deve ter no futebol nacional.

“Lugar do FC Castrense é numa competição nacional”

essa via de ter jogadores de fora, sendo que tem condições financeiras – e não só – para isso? É a dinâmica da estrutura e eu não posso falar muito sobre isso. É uma decisão do topo, da direcção do FC Castrense, que respeito e com a qual me identifico. Acho que uma competição distrital não justifica esse investimento. Nós temos um grupo de trabalho e no distrito existe um lote de jogadores que também po-dem ser candidatos ao título e têm capacidade para ser campeões.

Há quem diga que pela sua estrutura, o lugar do FC Castrense é nos campeonatos nacionais. Concorda? Concordo! Olhando para estrutura di-rectiva, para a estrutura física e para tudo o que são as condições do clube, o FC Castrense é de competição nacional e não distrital. A reformulação dos quadros competi-tivos [nacionais do futebol não-profis-sional] levou a isto e não afectou só o FC Castrense. Há que saber gerir isto e tentar trabalhar muito para chegar a esse patamar onde o clube real-mente deveria estar.

Para tal terão de ser campeões. Espera que este “Distritalão” seja competitivo até à última jorna-da na luta pelo título? Parece-me que sim. Há um lote de três ou qua-tro equipas fortes e que vão dar luta umas às outras até final. São equipas com recursos muito altos, com grande qualidade e penso que o campeonato se decidirá nos últimos jogos, nas últimas jornadas.

MáriO tOMéTreinador do FC Castrense

O FC Castrense quando está no campeonato dis-trital não discute objectivos, pois o objectivo é ser cam-peão distrital.

O FC Castrense tem vin-do a apostar fortemente na formação. Deve ser essa a via a seguir? Essa é sempre uma questão pertinente e muito mais complexa. Por exemplo, este ano não há campeonato distrital de

juniores e isso diz muito do que é a formação no dis-

trito de Beja. Para mim vai ser difícil este ano apostar em juniores,

uma vez que eles não estão a competir.

Mas a equipa B, criada para absorver esses

jogadores, não facilita isso? Facilita,

mas é um projecto novo e com uma di-

nâmica diferente. Uma equipa de juniores é o

que faria mais sentido, pois é o processo natural

de formação.

independentemente disso, está atento aos

novos valores que vão surgindo no

FC Castrense? Com certeza e no actual plantel principal temos a trabalhar três jogadores que saíram

da formação. Além disso, temos uma equipa de juvenis fortíssima, muito

bem organizada e orien-tada e que dará frutos, pois estão lá miúdos com

qualidade.

“CampeOnatO de juniOres Faz Falta”

Page 12: FUTEBOL. p11 AGRICULTURA. MÁRIO TOMÉ CAMPO … · teve “asas para voar” até ao seu grande ob- ... intensificado pelo ambiente de fei-ra”, realça fonte da Câmara de Castro

FEIRA DE CASTRO12 2013.10.18

TRADIÇÃO

> DEnúncIA DO SInDIcATO DOS TRAbAlhADORES DOS ImpOSTOS

Finanças de Castro em risco de fechar

Castro Verde é um dos concelhos do distri-to de Beja pode vir a ficar sem o seu serviço local de Finanças! A denúncia parte do Sin-dicato dos Trabalhadores dos Impostos (STI), que garante ter informações da intenção do Governo avançar em breve com a fusão e en-cerramento de serviços e direcções de Finan-ças em todo o país.

De acordo com os responsáveis pelo STI, no melhor dos cenários o distrito de Beja fi-cará apenas com quatro dos actuais 14 ser-viços de Finanças (Beja, Moura, Castro Verde e Odemira). Mas a confirmarem-se as piores expectativas, a região pode ver a sua rede de serviços tributários reduzida somente a Beja e Odemira.

Para o presidente da Câmara de Castro Verde, o “sistemático” fecho de serviços pú-blicos “corresponde a uma vontade clara de matar o interior do país e não de redução das despesas e de equilíbrio das finanças públi-cas”.

Além do mais, continua Francisco Duarte em declarações à Agência Lusa, o fecho de serviços de Finanças vai prejudicar “ainda mais quem vive no interior do país”.

“E não venham dizer que a Internet resol-ve tudo, porque não é verdade, sobretudo em regiões do interior, como o Alentejo, onde há muitos extractos da população sem acesso à Internet e que não está familiarizada com as

Se se confirmar a informação do Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos, Castro Verde pode ficar sem o seu serviço de Finanças. DR

> medida. Ministério das Fi-nanças pretende encerrar 10 ou 12 dos 14 serviços de Finanças do distrito de Beja. Serviço de Castro Verde está na lista dos que podem vir a encerrar.

FranCisCo duartePresidente da CM Castro Verde

[O fecho de serviços de Finanças] vai prejudicar ainda mais quem vive no interior do país.

pub.

A empresa Somincor vai apresentar na próxima sexta-feira, 25 de Outubro, em Lisboa, um filme sobre a biodiversidade na zona da mina de Neves-Corvo, no con-celho de Castro Verde. Segundo a empresa concessionária da mina, o filme, da autoria do realizador Daniel Pinheiro, vai ser apre-sentado às 15h00, no Hotel Myriad. Um pri-meiro trailer do filme foi apresentada pela Somincor em Maio em Castro Verde, duran-te o workshop “BioMinar 2013 – A Biodiver-sidade em Neves-Corvo”.

somincor lança filme

> mInA DE nEvES-cORvO

As lucernas “ditas mineiras” vão estar em destaque em Castro Verde no início do mês de Novembro, com a realização de uma mesa-redonda que vai juntar diversos es-pecialistas nacionais e espanhóis sobre a matéria. Promovida pela Cortiçol – Coope-rativa de Informação e Cultura, proprietária do Museu da Lucerna em Castro Verde, a iniciativa conta com o apoio da autarquia local e vai decorrer nos dias 1 e 2 de Novem-bro no Fórum Municipal de Castro Verde. “As lucernas ditas mineiras e a sua origem de fabrico” é o mote da mesa-redonda, que ao longo dos dois dias vai contar com as participações de Juan Aurélio Perez Macias (da Universidade de Huelva – Espanha), Fernando Real (Fundação e Museu do Côa), Aquilino Delgado Dominguez (Museu Mi-nero de Riotinto – Espanha), Cardim Ribei-ro (Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas), Macarena Bustamante Alvarez (investigadora), Artur Martins (Museu Mu-nicipal de Aljustrel) e Manuel Maia (Museu da Lucerna de Castro Verde).

Lucernas em debate

> InIcIATIvA DA cORTIÇOl

novas tecnologias”, frisa o autarca de Castro Verde.

interior abandonadoAlém de Castro Verde, também os restantes concelhos do Campo Branco podem vir a fi-car sem o seu serviço local de Finanças. Uma situação que leva o presidente da Câmara de Aljustrel a considerar que o interior do país “está completamente ao abandono”.

“Cada vez mais há um Estado a convidar os habitantes a não pensarem na sua vida no interior do país”, diz Nelson Brito citado pela Agência Lusa, vincando que “extinção atrás de extinção de serviços públicos não é uma política correcta e contraria a coragem das pessoas que querem viver no interior”.

Nesse sentido, o autarca de Aljustrel en-tende que as pessoas que irão ficar sem um serviço local de Finanças deveriam “gozar de alguma discriminação positiva em termos de pagamento de impostos”.

Page 13: FUTEBOL. p11 AGRICULTURA. MÁRIO TOMÉ CAMPO … · teve “asas para voar” até ao seu grande ob- ... intensificado pelo ambiente de fei-ra”, realça fonte da Câmara de Castro

132013.10.18 FEIRA DE CASTROTRADIÇÃO

> SInDIcATO cOnTESTA

EPOS despede pessoal em Neves-Corvo Cerca de 130 dos trabalhadores da EPOS – Empresa Portuguesa de Obras Subterrâ-neos na mina de Neves-Corvo, localizada no concelho de Castro Verde, vão ser dis-pensados. A notícia foi avançada no início desta semana pela Rádio Castrense e já foi confirmada pelos responsáveis pelo Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira (STIM).

De acordo com o coordenador do STIM, Jacinto Anacleto, a dispensa dos trabalhadores por parte da EPOS é “ile-gal”, considerando não existirem razões que sustentem esta decisão, uma vez que a empresa continua a laborar e a ter acti-vidade em Neves-Corvo.

Nesse sentido, Jacinto Anacleto revela que o sindicato já solicitou à Autoridade das Condições do Trabalho (ACT) uma inspecção à empresa no couto mineiro da Somincor, no sentido de ser reposta a “legalidade”.

DEPutaDO DO PCP quEStiONaEntretanto, o deputado do PCP eleito por Beja pretende saber se o Governo está a par da situação dos trabalhadores da EPOS dispensados na mina de Neves-Corvo.

Em requerimento apresentado esta segunda-feira, 14, na Assembleia da República e destinado ao ministro da Economia, João Ramos quer saber se o Ministério da Economia “tem conheci-mento destes despedimentos” e “quantos trabalhadores estão envolvidos no pro-cesso de despedimento”.

O deputado do PCP eleito por Beja questiona igualmente se a ACT “está a acompanhar esta situação” e se a EPOS “recebeu incentivos financeiros para o trabalho de exploração mineira”.

“Não considera o Ministério que este modelo assente em sub-empreiteiros re-presenta piores condições laborais para os trabalhadores”, pergunta ainda João Ramos, querendo também saber, por par-te do Governo, se “as negociações para concessão da jazida de Semblana já estão concluídas” e se o Ministério da Econo-mia não entende que se a Somincor “vai receber (ou está a negociar) a concessão de mais uma jazida, não deveria cumprir contrapartidas de manutenção dos postos de trabalho”.

> E AInDA...

EmPrEENDEr Na Sala DE aula

Os alunos do quarto ano do Agrupamento de Es-colas de Castro Verde vão aprender a empreender, através de um projecto-piloto da autarquia.

pub.

atEliErS NO CONSErvatóriO

O pólo de Castro Verde do Conservatório Regio-nal do Baixo Alentejo está a promover ateliers de violino e violoncelo para jovens dos seis aos 12 anos.

ObraS Em gEralDOS E CaSévEl

As localidades de Geraldos e Casével (Castro Verde) já têm mini-circuitos de manutenção para a prática de actividade física ao ar livre.

CrÉdito AgríColA MÚtuo de Aljustrel e AlModôvAr, Crl.

Page 14: FUTEBOL. p11 AGRICULTURA. MÁRIO TOMÉ CAMPO … · teve “asas para voar” até ao seu grande ob- ... intensificado pelo ambiente de fei-ra”, realça fonte da Câmara de Castro

José Francisco Colaço Guerreiro

Cartório Notarial de Castro Verde

“Correio Alentejo” nº 337 : Única publicação :: 08.NOV.2013

EXTRACTOCertifico, para efeitos de publicação, que neste Cartório, no Livro de Escrituras Diversas n.º 72-A, de folhas 32 a 33 v.º, se encontra exarada uma escritura de Justificação, outorgada no dia vinte e quatro de setembro de dois mil e treze, na qual, JACINTO SEVERO CARRAPIÇO, C.F. n.º 134658353, natural da freguesia e concelho de Castro Ver-de, e mulher, MARIA HELENA BOTELHO HORTA, C.F. nº 134658345, natural da freguesia e concelho de Almodôvar, residentes na Rua da Liberdade, n.º 3, Monte dos Geral-dos, Castro verde, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, declaram que são donos e legítimos possuido-res, com exclusão de outrém, do prédio urbano, destina-do a habitação, sito na Rua n.º 5, no Monte dos Geraldos, freguesia e concelho de Castro Verde, com três comparti-mentos, com a superfície coberta de cinquenta metros qua-drados, confrontando do norte e poente com a Rua n.º 5, nascente com casas de Manuel Francisco Branco e do sul com casas de Joaquim Mestre, omisso na Conservatória do Registo Predial de Castro Verde e inscrito na respetiva matriz predial, sob o artigo número 673, com o valor patri-monial atual, igual ao que lhe atribuem, de trezentos e vinte e dois euros e cinquenta e três cêntimos.Que o referido prédio veio à sua posse há mais de vinte anos, em dia e mês que não podem precisar, mas no ano de mil novecentos e oitenta e dois por doação que lhes foi

feita pelos herdeiros de Emídio Romão Laurindo, residente que foi no dito Monte dos Geraldos.Que a doação foi meramente verbal, nunca formalizada por escritura pública, motivo pelo qual não dispõem do título que lhes permita efetuar o respetivo registo de aquisição na competente Conservatória do Registo Predial.Que esta posse tem sido exercida à vista de toda a gente, de uma forma pacífica e no gozo e fruição do prédio como seus verdadeiros donos, nomeadamente utilizando-o, para sua habitação, e foram eles que suportaram os encargos inerentes, designadamente os trabalhos necessários à sua reconstrução, manutenção e limpeza, bem como a respeti-va contribuição autárquica.Que esta posse em nome próprio, pacífica, contínua e pú-blica, há mais de vinte anos, conduziu à aquisição do refe-rido imóvel por usucapião, que, pela presente escritura, in-vocam, para efeitos de primeira inscrição no registo predial, dado não poderem comprovar esta forma de aquisição por mais nenhum título extrajudicial.Está conforme.Cartório Notarial de Castro Verde, aos 24 de setembro de 2013.

O Notário(assinatura ilegível)

Joana Prior | Notária

Cartório Notarial de Serpa

“Correio Alentejo” nº 337 : Única publicação :: 18.OUT.2013

EXTRACTOCertifico para efeitos de publicação que, no dia 1 de Outubro de 2013, iniciada a folhas 27 do livro de no-tas número 37 – A, deste Cartório, foi lavrada uma es-critura de justificação, pela qual FRANCISCO JOSÉ GOMES DA COSTA ESPADA, NIF 113.256.990, solteiro, maior, natural da freguesia de Pias, concelho de Serpa, onde reside na Rua Luís de Camões, nú-mero 12, alega que é dono e legítimo possuidor, com exclusão de outrem, do direito a treze/trinta e dois avos indivisos do prédio rústico de olival, denomina-do “Cangueiro”, sito na freguesia de Brinches, con-celho de Serpa, descrito na Conservatória do Registo Predial de Serpa sob o número dois mil duzentos e trinta e três, daquela freguesia, inscrito na matriz sob o artigo 155, da secção I, com o valor patrimonial tributário correspondendo à fracção de € 5.360,79, di-reito a que atribui igual valor. Que apesar do indicado direito a treze/trinta e dois avos indivisos do citado imóvel se encontrar registado na mencionada Con-servatória a favor dos titulares inscritos Alfredo Go-mes da Costa Espada ou Alfredo da Costa Espada, casado com Maria Úrsula Carrasco Coelho, na comu-nhão geral, Brázia de Jesus Gomes da Costa Espa-da, casada com Manuel Leitão Franco, na comunhão de adquiridos, Maria da Conceição Gomes da Costa Espada, casada com José Barão Borralho Rogado, na comunhão geral, na proporção de um/dezasseis avos indivisos, para cada um, e de Maria Gomes da Costa Espada, viúva, na proporção de sete/trinta e dois avos indivisos, todos residentes em Pias, Serpa, pela apresentação três, de vinte e três de Novembro de mil novecentos e setenta e nove, desconhecendo-se atualmente o seu paradeiro, tendo os mesmos e respetivos herdeiros incertos sido previamente noti-ficados editalmente, nos termos do artigo noventa e nove, do Código do Notariado, através da notificação

já arquivada neste Cartório como documento número cento e um, no maço referente às notificações avul-sas do ano corrente, o mesmo direito predial é perten-ça do justificante.Que o direito a treze/trinta e dois avos indivisos do identificado imóvel veio à posse do justificante por o haver adquirido em dia e mês que ignora do ano de mil novecentos e oitenta e cinco, por permutas ver-bais efetuadas com os aludidos titulares inscritos, re-sidentes que foram na dita freguesia de Pias, não ten-do sido celebradas as respetivas escrituras, motivo pelo qual não é detentor de qualquer documento que legitime o seu domínio sobre o mesmo direito predial.Porém, desde aquela data de mil novecentos e oiten-ta e cinco e sem interrupção, o justificante entrou na posse do imóvel, cultivando-o e usufruindo todas as suas utilidades e suportando os respetivos impostos e encargos, tendo adquirido e mantido a sua posse sem a menor oposição de quem quer que fosse e com conhecimento de toda a gente, agindo sempre por forma correspondente ao exercício do direito de propriedade, tendo, por isso, uma posse pública, pa-cífica, contínua e de boa-fé, que dura à mais de vinte anos, pelo que o adquiriu por usucapião, não tendo, todavia, dado o modo de aquisição, documento al-gum que lhe permita fazer a prova do seu direito de propriedade.Que, desta forma, justifica a aquisição do direito a treze/trinta e dois avos indivisos do identificado imó-vel por usucapião.Está conforme o original.Cartório Notarial de Serpa, a cargo da Notária Joana Raquel Prior Neto, um de Outubro de dois mil e treze.

A Notária,(assinatura ilegível)

Joana Prior | Notária

Cartório Notarial de Serpa

“Correio Alentejo” nº 337 : Única publicação :: 18.OUT.2013

EXTRACTOCertifico para efeitos de publicação que, no dia 4 de Outubro de 2013, iniciada a folhas 34 do livro de notas números 37 – A, deste Cartório, foi lavrada uma escritura de justificação, pela qual JOSÉ MA-RIA PEREIRA, NIF 106.129.805, e mulher MARIA GERTRUDES LOURENÇO MARTINHO PEREIRA, NIF 106.129.813, casados no regime da comunhão de adquiridos, naturais, ele da freguesia de São Se-bastião dos Carros, concelho de Mértola, e ela da freguesia de São Sebastião da Pedreira, concelho de Lisboa, residentes no Largo da Liberdade, nú-mero 7, Albernoa, Beja, alegam que são donos e legítimos possuidores, com exclusão de outrem, do prédio urbano de rés-do-chão e quintal, destinado a habitação, com a superfície coberta de cento e cin-quenta e dois vírgula cinquenta e seis metros qua-drados, e descoberta de oitenta e sete vírgula vinte e nove metros quadrados, sito na Rua Dr. José Luís Saramago, número 18, da freguesia de Albernoa, concelho de Beja, inscrito na matriz sob o artigo 222, com o valor patrimonial atual de € 21.210,00, a que atribuem igual valor, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Beja.Que o identificado imóvel veio à sua posse por o ha-verem adquirido por compra verbal efetuada em dia que ignoram do mês de Abril do ano de mil novecen-tos e noventa e três, a Manuel Francisco Vaz, solteiro, maior, Jacinto António Martinho e mulher Maria Bár-bara Batista, Alfredo Martins e mulher Patrocínia Lú-cia, Bento Martins e mulher Joaquina Rosa Martins, Manuel António Martins e mulher Mariana Lampreia,

Arnaldo Martins Laranjinha e mulher Maria Augusta Lampreia Laranjinha, Flausino José Francisco e mu-lher Ana da Conceição Martins, e Manuel Joaquim, viúvo, residentes que foram na aludida freguesia de Albernoa, na qualidade de herdeiros de José Martins Laranjinha e mulher Maria Joaquina, tendo pago o ajustado preço, não tendo, todavia, sido celebrada a respetiva escritura.Que, porém, desde aquele mês de Abril do ano de mil novecentos noventa e três e sem interrupção, os justificantes entraram na posse do referido imóvel, habitando-o e usufruindo de todas as suas utilidades e suportando os repetivos impostos e encargos, ten-do adquirido e mantido a sua posse sem a menor oposição de quem quer que fosse e com conheci-mento de toda a gente, agindo sempre por forma cor-respondente ao exercício do direito de propriedade, tendo por isso uma posse pública, pacífica, contínua e de boa-fé, que dura há mais de vinte anos, pelo que o adquiriram por usucapião, não tendo, todavia, dado o modo de aquisição documento algum que lhes per-mita fazer a prova do seu direito de propriedade.Que, desta forma, justificam a aquisição do aludido imóvel por usucapião.Está conforme o original.Cartório Notarial de Serpa, a cargo da Notária Joana Raquel Prior Neto, quatro de Outubro de dois mil e treze.

A Notária(assinatura ilegível)

Joana Prior | Notária

Cartório Notarial de Serpa

“Correio Alentejo” nº 337 : Única publicação :: 18.OUT.2013

EXTRACTOCertifico para efeitos de publicação que, no dia 2 de Outubro de 2013, iniciada a folhas 30 do livro de no-tas número 37 – A, deste Cartório, foi lavrada uma escritura de justificação, pela qual Herlander Arnaldo da Conceição Santos, casado, natural da fregue-sia de Santa Maria dos Olivais, concelho de Tomar, residente na Rua Jornal o Penedo, 8, freguesia de Penedo Gordo, concelho de Beja, como representan-te, com poderes para o acto, da SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE BEJA, pessoa jurídica cano-nicamente erecta, NIPC 501.607.064, com sede na Rua D. Manuel I, número 19, em Beja, freguesia de Santiago Maior, alega que a sua representada é dona e legítima possuidora, com exclusão de outrem, do prédio rústico de olival, denominado “Magoita”, sito na freguesia de Brinches, concelho de Serpa, descrito na Conservatória do Registo Predial de Serpa sob o número dois mil seiscentos e seis, daquela fregue-sia, inscrito na matriz sob o artigo 33, da secção B, com o valor patrimonial tributário para efeitos de IMT de € 8.313,69, a que atribui igual valor. Que, apesar do citado imóvel estar registado na mencionada Con-servatória a favor de Álvaro Filipe da Silva Barradas, solteiro, maior, tendo posteriormente casado com Lucinda do Carmo Mestre, no regime da comunhão geral, residente em Serpa, pela apresentação três, de treze de Junho de mil novecentos e cinquenta e oito, falecido em oito de Dezembro de mil novecentos e sessenta e seis, desconhecendo-se os respectivos herdeiros, tendo os mesmos herdeiros incertos sido previamente notificados editalmente através da noti-ficação avulsa, nos termos do artigo noventa e nove, do Código do Notariado, já arquivada neste Cartório como documento número oitenta e seis, do maço referente às notificações avulsas do corrente ano, o mesmo é pertença da justificante.Que o referido imóvel fazia parte do património da referida Lucinda do Carmo Mestre, e veio à sua posse, no estado de viúva, em data que se ignora do ano de mil novecentos e sessenta e oito, por partilha verbal que procedeu com os demais interessados por óbito de seu referido marido Álvaro Filipe da Silva Barradas, tendo pago as respectivas tornas, partilha essa nunca reduzida a escritura pública, motivo pelo qual não era detentora de qualquer documento for-mal que legitimasse o seu domínio sobre o mesmo imóvel. Que, deste modo e desde aquela data de mil novecentos e sessenta e oito, passou a referida Lu-cinda do Carmo Mestre, a possuir o prédio rústico aci-ma identificado, no gozo pleno das utilidades por ele proporcionadas, cultivando-o e pagando os respecti-vos impostos, considerando-se e sendo considerada como sua única dona, na convicção que não lesava quaisquer direitos de outrem, tendo a sua actuação

e posse sido de boa-fé, sem violência e oposição de quem quer que seja e com conhecimento de toda a gente, até à data do seu falecimento, no dia vinte e nove de Novembro de mil novecentos e setenta e quatro, no estado de viúva, a qual não deixou des-cendentes nem ascendentes vivos, tendo deixado o testamento lavrado em onze de Novembro de mil novecentos e setenta e quatro, no extinto Cartório Notarial de Serpa, cujo acervo documental se encon-tra a meu cargo, a folhas noventa e duas do livro de testamento número cinco, pelo qual nomeadamente legou o “usufruto vitalício do remanescente da sua herança”, no qual se inclui o imóvel que aqui se jus-tifica, a António Alexandrino Martins Carvalho e João Batista Carrasco, e instituiu por sua única herdeira a justificante (Santa Casa da Misericórdia de Beja), conforme escritura de habilitação lavrada hoje neste Cartório a folhas vinte e nove, deste livro de notas. Após a morte daquela Lucinda do Carmo Mestre, com o conhecimento do conteúdo do referido testamento e dando cumprimento à sua vontade da falecida ex-pressada no referido testamento, passaram aqueles António Alexandrino Martins Carvalho e João Batista Carrasco, a usufruir do prédio rústico, tirando dele os seus frutos, até à data do seu falecimento, respecti-vamente, em, cinco de Outubro de dois mil e três e vinte e sete de Novembro de dois mil e doze, agindo sempre como meros usufrutuários, na convicção de que eram apenas usufrutuários e com o conhecimen-to de toda a gente dessa sua qualidade de meros usufrutuários, e a justificante passou a comportar-se como dona da nua propriedade ou raiz do prédio que aqui se justifica, sem violência e oposição de quem quer que seja, mesmo daqueles usufrutuários, e com o conhecimento de toda a gente, considerando-se e sendo considerada como titular da nua propriedade. Após a morte daquele usufrutuário em vinte e sete de Novembro de dois mil e doze passou a aqui justifican-te, em virtude da caducidade do usufruto, a possuir o prédio rústico acima identificado, no gozo pleno das utilidades por ele proporcionadas, considerando-se e sendo considerada como sua única dona, na con-vicção que não lesava quaisquer direitos de outrem, tendo a sua actuação e posse sido de boa-fé, sem violência e oposição de quem quer que seja e com conhecimento de toda a gente, até à presente data.Que, desta forma, justifica para a sua representada a aquisição do mencionado imóvel por usucapião.Está conforme o original.Cartório Notarial de Serpa, a cargo da Notária Joana Raquel Prior Neto, dois de Outubro de dois mil e treze.

A Notária(assinatura ilegível)

publicidade

ANUNCIECORREIO ALENTEJO

286 328 417

Page 15: FUTEBOL. p11 AGRICULTURA. MÁRIO TOMÉ CAMPO … · teve “asas para voar” até ao seu grande ob- ... intensificado pelo ambiente de fei-ra”, realça fonte da Câmara de Castro

“ joão vieira pereira> “expresso.pt” 16.10.2013

“EstE é o orçamEnto anti-Função Públi-ca. [...] não ExistE uma Estratégia aPEnas a nEcEssidadE dE cortar E cortar. o EsPElho da incomPEtência dE um govEr-no, dE um vicE-PrimEiro-ministro E no limitE dE um PrimEiro-ministro.”

pedro guerreiro> “jornal de Negócios” 16.10.2013

“QuEriam um orçamEnto dE cortE dE dEsPEsa do Estado? Ei-lo. só vEio tardE. E Por vir tardE, é mais injusto. PorQuE não é uma altEr-nativa aos imPostos, é um cúmulo. o cúmulo da austEridadE.”

Mário soares> “diário de Notícias” 13.10.2013

“acho QuE EstEs sEnhorEs [do govErno] têm dE sEr julgados, dEPois dE saírEm do PodEr. mas não é Por Esta justiça, QuE não tEm gEntE.”

> Editorial

valorizar e inovarPor estes dias as artérias de Castro Verde assumem uma desordem or-

ganizada. Rua abaixo em passo vagaroso, primeiro surgem os doces e os bolinhos. Depois os atoalhados e as quinquilharias africanas, os sa-patos e as roupas “de marca”, os enchidos algarvios e os queijos alenteja-nos. Mais à frente há farturas e castanhas assadas, mais roupa e sapatos, os come e bebes e as diversões. Sem esquecer os utensílios domésticos, as ferramentas, as cestas de verga, as cadeiras de madeira, as cassetes de música pimba ou a “banha da cobra” que cura (quase) tudo.

Em tempo de feira, Castro Verde respira uma magia especial. Tudo por culpa de um evento secular, que apesar da passagem dos anos continua a representar um marco no calendário dos castrenses. E são centenas aqueles que por esta altura do ano não dispen-sam uma visita à terra onde nasceram, ao contrário do que acontece em épocas como a Páscoa ou as férias do Verão.

É esta ligação umbilical com as gentes e com a vila que faz da Feira de Castro o marco maior do concelho. Um símbolo que deve ser cada vez mais valorizado, mas sem colocar em causa a liberdade que sempre caracterizou este certame e que continua a seduzir os mais velhos. Contudo, é indispensável que os castrenses não deixem cair a sua feira num simples exercício de memória e saudade, devendo ser criados em paralelo os atractivos suficientes para cativar os mais novos. Seja com novos espectáculos de rua, com mais (e diversificada) actividade cultural ou com concursos vários que atraiam novos visitantes.

Se assim for, a Feira de Castro terá capacidade para, ano após ano, continuar a ser como sempre foi. Rebelde. Deslumbrante. Inigualável. Única. E imperdível!

É indispensável que os castrenses não deixem cair a sua feira num simples exercício de memória e saudade, devendo ser criados novos atractivos.

Jornal regional editado no distrito de BejaDirector: Carlos PintoRedacção: Manuela Pina, Marco Monteiro Cândido, José Tomé Máximo (fotografia). Paginação: Pedro Moreira. Infografia: I+G - www.imaisg.com .Colaboradores Permanentes: Napoleão Mira e Vítor Besugo. Colunistas: Alberto Matos, Ana Ademar, António Sebastião, Jorge Pulido Valente, José Filipe Murteira, Luís Dargent, Margarida Janeiro, Mário Simões, Miguel Madeira, Paulo Arsénio, Teresa Chaves e Vítor Encarnação.Projecto Gráfico: Sérgio Braga – Atelier I+GDepartamento Comercial: [email protected]ão: Empresa Gráfica Funchalense. Distribuição: Jota CBSISSN 1647-1334

Redacção, administração e publicidadeRua Campo de Ourique, 6-A – 7780-148 Castro VerdeTel. 286 328 417e-mail: [email protected]

Propriedade: JOTA CBS – Comunicação e Imagem LdaNIF 503 039 640Depósito Legal nº 240930/06. Registo ICS: 124.893. Tiragem semanal: 3.500 exemplares

Ela aí está a marcar mais um ciclo nas nossas vidas. Falo-vos da inevitável Feira de Castro,

esse incontornável marco no calendário de uma certa estirpe alentejana.

Como as aves que todos os anos voltam ao seu ninho, também uma determinada casta trans-tagana acorre anualmente no terceiro fim-de-semana de Outubro a um chamamento quase irracional, mas seguramente visceral, que marca na vida de cada um que aqui demanda o virar de uma página onde se fazem balanços do ciclo que agora se fecha e dos projectos para o outro que certamente se abrirá.

O penetrante olhar duma jovem cigana reve-la-nos a magia secular desta feira, olhos esses que se escancaram como se fossem gelosias, por onde podemos ver muitos dos nossos ancestres, predecessores deste rito de culto e de encanto.

Descemos rua abaixo como quem navega mar adentro, deixando-nos levar por imaginárias ruelas desta medina de pano feita, onde o per-fume outonal nos transporta a um tempo onde o tempo bem que podia parar.

Ele são: serrenhos que das longínquas bre-nhas do Caldeirão, Monchique ou Espinhaço de Cão, se fazem ao caminho para aqui mercarem o que a terra dá ou o que as suas hábeis mãos constroem.

Ele são: oleiros barristas de Beringel que der-ramam a sua arte em forma de objectos do nosso quotidiano.

Ele são: artistas, vigaristas, carteiristas e ou-tras especialistas versados na arte de iludir o pa-gode com malabarismos cartomantes e outras manigâncias, sendo que o importante é sacar a nota a ingénuos incautos.

Ele são: cantarristas baldoeiros que no emba-lo do som de arame da viola campaniça entoam arabescas melopeias vindas lá do fundo da alma e dos confins da planície, terra onde sonho rima com gente e medronho com aguardente.

> opinião

NapoleãoMIraescritor

O mundO na feira

descemos rua abaixo como quem navega mar adentro, deixando-nos levar por imaginá-rias ruelas desta medina de pano feita, onde o perfume outonal nos transporta a um tempo onde o tempo bem que podia parar.

152013.10.18 opinião>análise

Ele são: vetustas prostitutas que numa lógica de “serviço público” despertam a líbido de pasto-res, almocreves e outros tantos tais, para céleres e breves prazeres carnais.

Ele são: vertiginosos e corajosos pilotos que fazem com que o mundo de repente fique de pernas para o ar no número do poço da morte, ou da sorte, consoante o ângulo de espectadores e artistas.

Ele são: sapateiros almodovarenses que num pedaço de papelão desenham a forma da bota que há-de um dia pisar este chão.

Ele são: ciganos de olhos de lume que num cantado queixume expressam assim a arte cano-ra da raça calé.

Ele são: abastados e anafados lavradores que passeiam a sua abundância por entre a popula-ça e, se com o indicador e o polegar de uma das mãos afiam sistematicamente a ponta do bigo-de, a outra repousa no bolso do colete, só daí saindo para retirar o relógio de corrente com que confere o acerto do mesmo com as batidas do sino da igreja.

Ele são: barbeiros tendeiros que escanhoam barbas a fregueses que antes de se sentarem pa-recem malteses e quando este sacode o pano que lhes envolvia o pescoço dando por findo o seu trabalho, olham-se ao espelho, sorriem, parecem burgueses!

Ele são: tanta gente que até parece que todo o Alentejo deste mundo se mudou para aqui du-rante os dias de alegria que a feira representa.

Nos dias que correm, muitas destas figuras deixaram de existir, mas outras ainda por lá vão mercando os seus sonhos em forma de coisas que fazem as pessoas felizes, o que faz com que a grande feira do sul continue inexplicavelmen-te a fazer parte indissociável do calendário das nossas vidas.

Page 16: FUTEBOL. p11 AGRICULTURA. MÁRIO TOMÉ CAMPO … · teve “asas para voar” até ao seu grande ob- ... intensificado pelo ambiente de fei-ra”, realça fonte da Câmara de Castro

publicidade