G-Engels Danação Dialética II

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    g-Engels-danao-da-dialtica no ED parte I I 10-8-15--prd

    9 de agosto de 2015 | Edio do diaMARXISMO ENGELS

    danao da dialtica pelas mos

    dos detratores de Engels

    (Parte II)Gilson Dantas/Braslia

    Continuando a argumentao da nota anterior, aqui se faz necessrioreiterar o conceito de unidade diferenciada, que Trotski citado por Rees,1998 - utiliza constantemente para distinguir o enfoque materialista dialtico do

    reducionista e determinista. Trotski utiliza aquela ideia (da unidadediferenciada) na sua anlise das cincias. Ele argumenta que a psicologiarepousa na fisiologia que por sua vez repousa na qumica e assim por diante. Masa qumica no substituto para a fisiologia. Na verdade, a qumica tem suas

    prprias chaves que devem ser estudadas separadamente utilizando umaabordagem especial, uma tcnica de pesquisa especial, hipteses especiais emtodos tambm. E cada cincia repousa sobre as leis de outras cinciasapenas na assim chamada ltima instncia. Esta compreenso previne Trotskide aplicar simplesmente leis naturais sociedade.Trotski adverte que seria um erro fundamental qualquer tentativa detransplantar para a sociedade humana os mtodos e avanos da qumica ou dafisiologia, violando as fronteiras entre as cincias. verdade, argumenta ele, quea sociedade humana est cercada por todos os lados por processos qumicos. Noentanto, a vida pblica nem um processo qumico e nem fisiolgico, mas um

    processo social formatado por suas prprias leis (REES, 1998 grifo do autor).Na sua obra A dialtica da natureza Engels jamais ultrapassa esse mtodo

    de anlise ou essa perspectiva terica. Ele toma a natureza como uma totalidade,dotada de leis e contradies internas e a matria (entendida como inseparvel daenergia) em processo de auto-desenvolvimento interior, seja no processo que deuorigem ao prprio surgimento dos humanos, como antes, de toda forma animal.O mundo humano e o da natureza estruturam-se, entrelaados, sob a dinmica

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    relao de uma unidade dos opostos, para usar o termo dialtico. Nesta relao,natureza e humanidade so unidos mas no idnticos. E ser a relao entre estesque ir formatar o desenvolvimento de cada um (REES, 1994).

    Deste processo emergem as comunidades humanas as quais, mesmooriginadas da natureza e do mundo animal, mas da em diante, a partir dacrescente diferenciao sua em relao natureza atravs do trabalho,estruturam-se segundo outras formas dialticas de funcionamento, onde, comofoi citado, tem papel prprio e decisivo, a vontade, a conscincia ou asubjetividade (refratada, politicamente, pela luta de classes, pela conscincia).

    O argumento de Rees (1998) d conta desse ponto de vista: Se a naturezaforma uma totalidade, e assim, exceto se no somos completamentematerialistas e acreditemos no sobrenatural, e se esta totalidade se desenvolve,como a teoria da evoluo indica, ento somos ou no obrigados a imaginar esteauto-desenvolvimento como movido por contradio interna? Este vem a serexatamente o ponto em que se situa o ncleo terico do argumento em Dialticada natureza. E exatamente ao ter que confrontar, precisamente, esse tipo de

    problema, que alguns cientistas se sentem encorajados a desenvolver umaconcepo de mudana, materialista, influenciada pelo marxismo. Outros, nosentido oposto, tentando defender uma viso mais tradicional do mtodocientifico, frequentemente podem ser surpreendidos cortejando explicaes semi-msticas sobre a causa original.

    No se trata de uma negao da dialticasegue argumentando Rees - o fato deque encontremos diferentes formas de dialtica em diferentes aspectos darealidade mas na verdade a confirmao da utilidade dessa abordagem e a

    prova contra as acusaes de que o marxismo uma forma de reducionismo.Engels deu bastante ateno s cincias naturais, tratando de destacar a

    presena da dialtica na natureza. O que no de menor importncia. O enormedesenvolvimento das cincias naturais que Engels presenciou e interpretou comoconfirmao da dialtica faz com que seu entusiasmo por estend-la a estescampos no seja injustificado (DAZ, 2002). Esta preocupao de Engels nadatem a ver, portanto, com as acusaes que os desavisados atiram contra Engels:de que ele abandonaria o terreno da revoluo com sua dialtica da natureza oude que adotava algum tipo de pensamento objetivista ou proto-stalinista (nosentido de mecanicista); ao contrrio, argumenta Negt (1985): A dialtica danatureza de Engels um elemento da sua teoria da revoluo; quer contribuir

    para que os proletrios se libertem de sua dependncia inconsciente de ideiasnaturalistas e metafsicas, para que eles comecem a pensar dialeticamente;

    procura superar a acidentalidade e a fragmentariedade da conscincia. Nostalinismo, ao contrrio, esse elemento emancipador se perverte num objetivismoque demonstra exatamente a impotncia dos sujeitos. De fato, no possvelabordar o conjunto da problemtica da dialtica da natureza de Engelsindependentemente de uma teoria do desenvolvimento revolucionrio; no

    possvel abord-la sem uma avaliao global que exclui a neutralidade. Sexigncias escolsticas podem se satisfazer com a controvrsia que j vem

    durando quase um sculo em torno da questo de se existe ou no uma dialticada natureza.

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    O mesmo autor, Negt, argumenta que necessrio criticar comodemasiado limitante, por exemplo, a tese do jovem Lukcsque se estende aochamado marxismo ocidental - que s validava a dialtica para o campo dascategorias histricas e que termina acusando Engels de circunscrever a dialticaao campo da natureza ou de separar natureza de histria. Negt categrico(1985): Em nenhum caso lcito atribuir ao ltimo Engels a responsabilidade

    por uma corrupo ontolgica da dialtica, tal como pretende todo o marxismoocidental, na esteira de Lukcs.

    Ao mesmo tempo, quando Engels tem clareza que a natureza adquireconscincia sobre si mesma no processo de desenvolvimento do homem,tambm tem noo de que se constroem, por essa via, uma perspectivadeterminada: Com o homem, entramos na histria. Tambm os animais tmuma histria: a de sua descendncia e desenvolvimento gradual at seu estadoatual. Mas essa histria feita para eles e, na medida em que ele eles mesmosdela participam, se realiza sem que o saibam ou queiram. Os homens, pelocontrrio, quanto mais se afastam do animal, entendido limitadamente, tanto maisfazem eles prprios sua histria (Engels, 1979, 26).

    Este mesmo autor chamar a ateno em seguida no sentido de que oresultado histrico s corresponder aos objetivos dos homens se estesassumirem, como produtores associados, o controle da produo da riqueza e a

    planificarem coletivamente. Na sociedade de classe as foras no controladasso muito mais poderosas do que as postas em movimento de acordo com o

    plano estabelecido; ou seja, na sociedade existe a possibilidade de se superaraquela ordem inconsciente ou no controlada que caracterstica da natureza.Claramente trata-se de outra dialtica, como foi argumentado antes.

    Engels prossegue (1979): E no pode ser de outra maneira, enquanto aprincipal atividade histrica do homem, aquela que o elevou da animalidade humanidade, a que constitui o fundamento material de todas as suas outrasatividadesa produo para as necessidades de sua vida, isto , hoje em dia a

    produo socialenquanto aquela atividade estiver submetida ao jogo flutuantede influncias indesejveis; de foras no controladas. Hoje se chega a produzirinfinitamente mais que em qualquer poca, diz ele, mas pergunta: Qual aconsequncia da decorrente? Crescente excesso de trabalho e crescente misriadas massas; e crises econmicas recorrentes. Aparece claramente a revoluosocial como nica via para que os humanos levantem, sua histria finalmenteconsciente.

    Nos marcos desta diferena qualitativa e dialtica entre a sociedade, com apossibilidade do sujeito revolucionrio (materialismo histrico), e a natureza,esfera da dialtica objetiva, que opera o pensamento de Engels.

    E na verdade, o marxismo, e por sua vez a crtica marxista das cincias,constituem um chamado a libertar a cincia e a sociedade das iluses ideolgicasque permeiam a sociedade baseada no poder dos poucos que no trabalham,donos dos meios de produo e seus aliados, organizados como poder de Estadocontra a classe trabalhadora.

    Nesta perspectiva e nestes marcos que Marx e Engels levaram umcombate sem quartel contra o determinismo e o mecanicismo. E defenderam a

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    existncia da histria natural com suas leis dialticas espao onde se cruzamacaso e necessidade todo o tempo, e tambm da histria humana com suas leistendenciais prprias, onde tambm acaso e necessidade se cruzam, mas onde asubjetividade e a vontade das grandes massasinconsciente na maior parte dasvezes e se efetivando atravs da luta de classestem papel central.

    Bibliografia -DAZ, Ariane, 2002. Las contingencias del determinismo marxistaAcerca de losCuadernos Filosficos de Trotsky. InLucha de Clasesn.1, noviembre 2002.ENGELS, Frederich, 1979.A dialtica da natureza, 6. Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra.NEGT, Oskar, 1985. O marxismo e a teoria da revoluo no ltimo Engels. In HOBSBAWM,Eric,Histria do marxismo: o marxismo na poca da II Internacional, vol.2, Rio de Janeiro, Ed.Paz e Terra, 2. ed, 1985, p. 125-200.REES, John, 1994. Engels marxism. InInternational Socialismn.2, winter 1994.REES, John, 1998. The algebra of revolutionThe dialectic and the classical marxist tradition.London: Routledge.