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GUIA DE ESTUDOS ACNUR (2040)

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Caroline Krohling Christ

Jefferson da Silva Oliveira

Sofia Morais Sarcinelli

DIRETORES

GUIA DEESTUDOS

ACNUR (2040)Reunião Emergencial sobre Refugiados Cl imát icos

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“O homem é parte da natureza e sua guerra

contra a natureza é inevitavelmente uma guerra

contra si mesmo... Temos pela frente um desafio

como nunca a humanidade teve, de provar

nossa maturidade e nosso domínio, não da

natureza, mas de nós mesmos.”

(Rachel Carson)1

1 ¹Bióloga, escritora, cientista e ecologista. Rachel Carson foi uma personagem importante para a

construção de uma consciência ambiental moderna que, graças aos seus artigos e livros de não-ficção ganhou notoriedade.

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SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO DA MESA DIRETORA .......................................................... 3

2 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 5

3 APRESENTAÇÃO DO ÓRGÃO SIMULADO ...................................................... 6

3.1 COMITÊ EXECUTIVO DO ACNUR ............................................................... 7

4 APRESENTAÇÃO DO TEMA .............................................................................. 8

4.1 MUDANÇAS CLIMÁTICAS .......................................................................... 17

4.1.1 Causas ................................................................................................. 18

4.1.1.1 Queima de combustíveis fósseis ........................................................ 18

4.1.1.2 Desmatamento ................................................................................... 18

4.1.1.3 Pecuária ............................................................................................. 19

4.1.2 Consequências .................................................................................... 20

4.1.2.1 África .................................................................................................. 20

4.1.2.2 América .............................................................................................. 21

4.1.2.3 Ásia .................................................................................................... 23

4.1.2.4 Europa................................................................................................ 24

4.1.2.5 Oceania .............................................................................................. 25

5 PRINCIPAIS ATORES ....................................................................................... 26

5.1 ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA ............................................................. 26

5.2 MALAUÍ ....................................................................................................... 26

5.3 MALDIVAS .................................................................................................. 27

5.4 NOVA ZELÂNDIA ........................................................................................ 27

5.5 RÚSSIA ....................................................................................................... 28

5.6 TUVALU ...................................................................................................... 28

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 30

ANEXO A — GLOSSÁRIO ................................................................................... 32

ANEXO B – TABELAS / MAPAS / FIGURAS ...................................................... 33

ANEXO C — QUADRO DE REPRESENTAÇÕES ............................................... 35

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1 APRESENTAÇÃO DA MESA DIRETORA

Carxs delegadxs, é com muita felicidade que a mesa diretora do ACNUR (2040) dá

as boas vindas aos senhores. A nossa equipe é composta por uma Diretora Geral e

dois Diretores Assistentes, sendo esses:

Caroline Krohling Christ — Diretora Geral

Saudações, senhorxs delegadxs! Eu sou a Caroline Krohling Christ, tenho dezesseis

anos e estou cursando o 2° ano do Curso Técnico em Meio Ambiente Integrado ao

Ensino Médio, no Instituto Federal do Espírito Santo, campus Vitória e serei a

Diretora Geral deste comitê.

Meu primeiro contato com a SiGI foi ano passado, através das simulações internas

do meu campus e nesse mesmo ano tive a honra de representar a delegação do

Google no comitê da SiGI OMS (2030) – Reunião Emergencial sobre Surtos de

Suicídio e Depressão Internacionais Influenciados pela Mídia, em que eu e minha

dupla, o Diretor Assistente desse comitê, Jefferson Oliveira, ganhamos menção

falada. Ainda em 2018 eu tive a oportunidade de participar do MINIONU como

delegada do Brasil no comitê AGNU (2018) – O terrorismo e o uso da mídia pelo

Estado Islâmico.

Eu me apaixonei pelo projeto no ano passado e já pensava em dirigir um comitê junto

com meus amigos. Nós nos interessamos por muitas ideias, mas optamos pelos

refugiados climáticos, decisão que foi reforçada por cursarmos Meio Ambiente e nos

importarmos com questões ambientais. Eu me encontro muito animada para os dias

do comitê e desejo a todos uma ótima simulação, na expectativa de que se

interessem pelo tema e pelo projeto, assim como eu.

Jefferson da Silva Oliveira – Diretor Assistente

Sejam muito bem vindos, senhores delegados e senhoras delegadas! Meu nome é

Jefferson da Silva Oliveira e sou um dos diretores assistentes do ACNUR - Reunião

Emergencial sobre Refugiados Climáticos. Durante o evento, estarei cursando o

segundo ano do Curso Técnico de Meio Ambiente Integrado ao Ensino Médio no

Instituto Federal do Espírito Santo, campus Vitória. O meu primeiro contato com a

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SiGI foi durante os comitês internos que eram promovidos no campus como forma de

preparação para o evento, participei da minha primeira SiGI representando o Google

na OMS (2030) - Reunião Emergencial sobre Surtos de Suicídio e Depressão

Internacionais Influenciados pela Mídia em dupla com a Caroline, Diretora Geral

deste comitê, e em seguida, estive presente no meu primeiro MINIONU, onde

representei o Brasil no CDH (2019) - La Operación Cóndor y la configuración del

poder en el Cono Sur, onde tive uma experiência bastante interessante delegando

em espanhol.

Estou com uma expectativa alta para o comitê que, por falar de questões

consequentes das nossas ações, torna-se bastante importante em termos ideia de

como podemos evitar catástrofes. Espero que o comitê ocorra da melhor forma

possível e que venhamos a nos conscientizar sobre como as pessoas são afetadas

pela falta de preparo das nações para com as mudanças climáticas

Sofia Morais Sarcinelli – Diretora Assistente

Olá, senhorxs delegadxs. Meu nome é Sofia Morais Sarcinelli e estou cursando o

segundo ano do Curso Técnico em Meio Ambiente Integrado ao Ensino Médio no

Instituto Federal do Espírito Santo, Campus Vitória. Minha experiência com a SiGI

começou em 2018, quando fui delegada na Corte Internacional de Justiça - Ucrânia

versus federação Russa. Também tive a oportunidade de participar do MINIONU no

comitê CMA (2018). Participar desses projetos abriu os meus olhos para entender

como as reuniões da ONU acontecem de verdade e eu fiquei encantada. Por isso,

fico muito feliz em ser diretora assistente desse comitê.

Sempre me vi como uma pessoa preocupada com o meio ambiente, mas com o

Curso Técnico e com o comitê sobre o Acordo de Paris, percebi que o problema é

bem maior do que eu imaginava e precisa de atenção urgentemente. Portanto fico

muito feliz e ansiosa para o nosso encontro e espero que seja um grande

aprendizado para todos, tanto em relação à questão socioambiental, quanto em

relação às questões diplomáticas que envolvem a discussão. Desejo a todos uma

ótima simulação. Bons Estudos!

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2 INTRODUÇÃO

O Guia de Estudos do ACNUR (2040) foi elaborado pela Diretora Geral e pelos dois

Diretores Assistentes, com o intuito de auxiliar os senhores delegados no preparo

para o comitê. Entretanto, é imprescindível que os senhores não baseiem os seus

estudos somente nesse Guia, mas também procurem outros materiais de apoio.

O guia é composto pela apresentação da mesa diretora, pela apresentação do órgão

e também pela apresentação do tema. Ele traz o posicionamento dos principais

atores e fomenta questões relevantes para as discussões do comitê, assim como

busca introduzir o aluno nos temas de mudanças climáticas e de fluxo migratório de

refugiados no contexto do comitê.

As informações contidas nesse guia são baseadas em pesquisas ou em dados reais

e, quando necessário, foram elaboradas pela mesa diretora a fim de contextualizar o

comitê no ano de 2040, sendo que elas devem ser consideradas como reais pelos

delegados.

Além disso, é de suma importância que os senhores compreendam a gravidade da

crise tratada nesse comitê, tanto no que tange às condições desumanas que os

refugiados estão expostos, quanto à seriedade das consequências das mudanças

climáticas e da intervenção antrópica na natureza.

Sendo assim, é fundamental que aprofundem os seus estudos com relação aos

temas, a fim de entender as causas da crise de refugiados climáticos e da realidade

dos mesmos e poderem elaborar propostas voltadas para solucionar tais problemas.

A mesa ainda fornecerá outras fontes de estudos através de postagens no blog do

comitê. Ademais, os diretores estarão à disposição para esclarecerem dúvidas e

auxiliarem os senhores.

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3 APRESENTAÇÃO DO ÓRGÃO SIMULADO

O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) é o grande

responsável pela proteção e assistência de refugiados, solicitantes de refúgio,

deslocados internos, apátridas e retornados em todo o mundo, garantindo seus

direitos e encontrando soluções para que reconstruam suas vidas.

O órgão foi criado em 1950, cinco anos após o final da Segunda Guerra Mundial. Isso

ocorreu porque ao final das guerras mundiais, muitos europeus estavam sem lar e

precisavam ser reassentados. Para tal fim, a Assembleia Geral das Nações Unidas

(AGNU) aprovou por uma resolução o surgimento do ACNUR, com inicialmente um

mandato de três anos.

Eles possuíam como base a Convenção das Nações Unidas relativa ao Estatuto dos

Refugiados de 1951, que define o termo refugiados, os direitos deles, assim como os

deveres dos Estados Contratantes da Convenção para com eles.

Posteriormente, as funções do órgão expandiram para outras regiões além da

Europa e dos afetados pela Segunda Guerra Mundial, seguindo reformas realizadas

pelo Protocolo de 19672.

Em 1995, o Alto Comissariado também se tornou responsável pela proteção e

assistência dos apátridas e somente no século XXI, em 2003, a cláusula que

ordenava a renovação do mandato a cada três anos foi abolida.

O órgão se mantém a partir de doações dos governos dos países, empresas privadas

e indivíduos. A existência da organização não retira a responsabilidade dos países de

prestar apoio aos seus indivíduos e aos deslocados, mas funciona de forma a auxiliar

os Estados, assegurando que cumpram seus deveres.

Deve-se ressaltar que as resoluções estabelecidas no ACNUR não são de caráter

obrigatório, pois é um órgão recomendatório. Ademais, as decisões são aprovadas

2 Documento assinado em Nova Iorque com o intuito de atualizar a definição do termo ―refugiado‖. Na

Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados de 1951, o termo se aplicava somente às pessoas que se tornaram refugiados em decorrência dos acontecimentos ocorridos antes de 1º de janeiro de 1951. A partir do Protocolo, a ACNUR passou a também abranger e auxiliar outras categorias de refugiados, independente da data e do local dos acontecimentos determinantes.

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pela maioria qualificada, sendo que todos os Membros possuem poderes de voto

iguais.

3.1 COMITÊ EXECUTIVO DO ACNUR

Em 1958, a Assembleia Geral da ONU requisitou a fundação de um órgão subsidiário

da própria Assembleia com o intuito de auxiliar o Alto Comissário no exercício de

suas funções, além de revisar o uso dos fundos e aprovar programas e projetos de

assistência desenvolvidos pelo Alto Comissário.

O Comitê Executivo do ACNUR (ExCom) então foi criado pelo Conselho Econômico

e Social das Nações Unidas (ECOSOC), também em 1958, e entrou em vigência em

1959. Os representantes são escolhidos pelo ECOSOC e devem ser membros da

ONU ou de uma de suas agências especializadas, em uma base geográfica ampla e

ter interesse em solucionar o quadro atual dos refugiados.

O comitê se reúne anualmente em Genebra, na Suíça, para revisar os planejamentos

e financiamentos realizados e, posteriormente, o relatório da sessão é apresentado à

Assembleia Geral e é anexado ao relatório anual do Alto Comissário.

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4 APRESENTAÇÃO DO TEMA

Consoante a Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados, também conhecida

como Convenção de 1951, os refugiados são pessoas que estão fora do seu país de

origem e não podem ou não querem a proteção do mesmo, temendo serem

perseguidas por ―motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões

políticas‖. (ACNUR, 1951)

Entretanto, muitas pessoas são forçadas a deslocarem-se não por conta desses

fatores, mas pelas consequências de alterações no clima. Tais consequências

influenciam diretamente no modo de vida e no meio de subsistência dessas pessoas,

pois como explicado pelo ACNUR (2018):

Muitas delas dependem do meio ambiente para sobreviver, particularmente durante emergências – para alimentação, abrigo, energia, fogo e calor, medicamentos, agricultura, atividades que geram renda e muito mais. O uso insustentável dos recursos naturais pode levar à degradação ambiental, com impactos duradouros nos recursos naturais e no bem-estar das comunidades deslocadas e anfitriãs. Além disso, a concorrência sobre os recursos naturais escassos, como lenha, água e pastagens, pode levar a atritos.

Conforme as mudanças climáticas avançavam, a quantidade de pessoas que

migravam por conta delas também aumentava, sendo elas conhecidas como

refugiados climáticos.

Contudo, como a Convenção de 1951 não enquadrava essas pessoas no termo de

refugiados, por muitas décadas elas não receberam proteção e assistência

internacional, sendo reconhecidas oficialmente apenas em 2028.

Já ocorriam há milhares de anos casos de migração forçada por conta das mudanças

climáticas: estudos indicam que entre seis e oito mil anos atrás a América do Sul

passou por um forte declínio populacional e, através de pesquisas, observou-se que

inúmeros sítios habitados do continente foram abandonados de forma repentina por

conta das tais variações.

Contudo, as questões ambientais não costumavam ser priorizadas ou necessárias de

preocupação. Isso se deve ao fato de como as sociedades compreendiam a natureza

e, assim, determinavam como agir sobre ela.

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Antigamente, a natureza era vista como sagrada. A relação humana com a natureza

demandava explicações, criando valores humanos para compreender o espaço e os

fenômenos naturais. Esses fenômenos, vistos como necessários para a

sobrevivência das pessoas, eram considerados graças divinas.

A partir da prática de agricultura e a dominação de técnicas humanas sobre a

natureza, começou-se o processo de sedentarização. A formação de tribos e

organização em sociedade permitiu o desenvolvimento da imagem sagrada

construída na natureza, contribuindo para a elaboração de mitos e a visão dela em

entidades.

O ser humano enxergava-se como parte integrante da natureza, algo vivo e

dinâmico. Entretanto, é possível relacionar o afastamento dele da natureza já com as

cidades gregas, pois segundo Bernardes e Naves (2004):

[...] a origem da supressão e/ou distanciamento da figura humana em relação à natureza procede quando a pólis, cidade grega, se constitui como a principal forma de agrupamento social. Na polis, o debate objetivo sobre o nomos, ou seja, as leis, passa a ser mais importante que a própria compreensão da natureza no estabelecimento das relações humanas com o espaço.

Os debates e a criação de normas e leis foram essenciais para novas interpretações

sobre o cosmo e o espaço, assim como a organização das sociedades. Com a

demarcação de fronteiras e cidades, o entendimento da realidade social provocou

explicações mais lógicas e racionais sobre a natureza, diferindo do misticismo

predominante anteriormente.

Todavia, essa visão sobre a relação entre o ser humano e a natureza mudou com o

começo da Idade Média. As divindades representadas por elementos naturais deram

lugar ao teocentrismo e monoteísmo e construiu-se a ideia de que a natureza não

mais era sagrada, porém um recurso para servir-nos.

Com essa dissociação entre o homem e a natureza e o avanço científico tecnológico,

a Revolução Industrial reiterou o pensamento de que a natureza é um bem

inesgotável à disposição humana e ao crescimento industrial.

Em meados do século XVIII, durante a Revolução Industrial, foi desenvolvida a

máquina a vapor, que transformaria de vez os meios de produção. Porém, o que não

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se esperava era que a queima desses combustíveis fósseis teria efeito praticamente

imediato no clima mundial.

Somos bombardeados com 1,5 x 1018 kWh de energia anualmente por essa grande

estrela que chamamos de Sol e, ainda assim, sozinha não é o suficiente para

aquecer a superfície da Terra de modo que seja habitável. De toda a radiação solar

que chega à Terra, 30% não atravessa a atmosfera e é refletida de volta para o

espaço. Dos 70% restante, parte é absorvida pela superfície terrestre e pelos

oceanos, e parte é refletida em forma de infravermelho em direção ao espaço.

Entretanto, nem toda essa radiação volta para o espaço, mas grande parte é refletida

pela atmosfera novamente para a superfície terrestre. Isso acontece porque em

nossa atmosfera estão presentes os chamados ―gases de efeito estufa‖ (GEE), sendo

alguns dos principais: metano (CH4), dióxido de carbono (CO2) e óxido nitroso

(N2O). Tais gases são opacos à radiação terrestre e atuam bloqueando parte dessa

radiação infravermelha refletida pela Terra, de forma que o calor não volte para o

espaço e seja absorvido pela natureza terrestre.

Esse fenômeno foi chamado de ―Efeito Estufa‖ devido à similaridade ao

funcionamento de uma estufa de vidro, que possibilita que a luz solar entre, porém

bloqueia parte da radiação refletida pelo solo, mantendo o ambiente mais aquecido e

propício para a plantação. É um processo essencial para a existência de vida na

Terra, mantendo a temperatura média global em cerca de 14°C . Sem tal efeito, a

temperatura média da Terra seria de aproximadamente -18ºC.

O Efeito Estufa permanecia um processo natural e orgânico, até que, a partir da

Revolução Industrial, a principal fonte de energia em âmbito mundial se tornou o

carvão mineral. Ao longo do tempo, não só o carvão, mas também o petróleo e o gás

natural se tornaram grandes fontes de investimento por todo o mundo. Durante a

queima desses combustíveis, ocorre a liberação de CO2, o principal gás estufa.

Com o crescimento do agronegócio, o aumento de áreas desmatadas e a utilização

desenfreada de combustíveis fósseis desde a Revolução Industrial, o ser humano

passou a modificar drasticamente a composição da atmosfera terrestre, e, por ações

antrópicas, o Efeito Estufa passou a se intensificar cada vez mais, aumentando a

média de temperatura global.

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Ele foi descoberto em 1896 pelo cientista sueco Svante Arrhenius, que através de

cálculos químicos, foi o primeiro a prever que a emissão antrópica de dióxido de

carbono seria grande o suficiente para causar um aquecimento em âmbito global. Ao

longo do tempo, mais estudos sobre o tema apareciam no meio científico, porém, os

cientistas ambientais e do clima não possuíam poder político, de forma que mesmo a

primeira conferência ambiental mundial, a Conferência de Estocolmo, aconteceu

somente em 1972 e ainda não abordou as mudanças climáticas em seus debates.

A Primeira Conferência Mundial do Clima aconteceu em 1979, em Genebra. Ela foi

convocada pela Organização Meteorológica Mundial e reuniu 350 especialistas de 53

países e 24 organizações internacionais. No final de duas semanas de discussão,

confirmou-se a significância de longo prazo dos níveis de CO2 na atmosfera para o

clima global.

Fez um apelo às nações pedindo urgentemente: (a) Aproveitamento pleno do conhecimento presente do homem sobre o clima; (b) Dar passos para evoluir significativamente esse conhecimento e (c) Prever e prevenir potenciais mudanças antrópicas no clima que possam ser adversas para o bem-estar da humanidade.

3 (WWC-1)

Em 1990, o relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas

(IPCC) ressaltou que a temperatura mundial já aumentava e a projeção era de um

aumento de cerca 0,15ºC e 0,3ºC para a próxima década.

Em 1992, ocorreu a Eco-92 (Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente

e Desenvolvimento), que agrupou chefes de Estado de 172 países, no Rio de

Janeiro, Brasil, para discutir a ideia do desenvolvimento sustentável. Nesse cenário

foi elaborada a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima

(UNFCCC), que foi uma alternativa para que as recomendações agora se tornassem

compromissos e obrigações de cada Estado, além de que os membros devem se

reunir anualmente nas denominadas Conferências das Partes (COP). Quase todos

os países do mundo assinaram.

3 Tradução livre da mesa diretora, no original: ―(a) To take full advantage of man's present knowledge

of climate; (b) To take steps to improve significantly that knowledge; (c) To foresee and to prevent

potential man-made changes in climate that might be adverse to the well-being of humanity.‖

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Os países membros foram divididos em 3: Anexos 1 e 2; e Não-Anexo 1. Faziam

parte do Anexo 1 os 43 países mais industrializados responsáveis históricos pela

emissão de gases estufa; no Anexo 2, estavam 24 países também presentes no

Anexo 1, mas que devem prover auxílio financeiro aos países em desenvolvimento

para que estes possam implementar as medidas estabelecidas. Já no Não-Anexo 1,

estão os países em desenvolvimento. Já se discutia sobre o aumento do nível dos

oceanos e os impactos das mudanças climáticas em países vulneráveis. O Artigo 6

da Convenção enfatiza a importância do auxílio das partes em tais áreas, com

medidas responsivas específicas, principalmente em pequenos países insulares e

com áreas costeiras baixas.

Na implementação dos comprometimentos nesse Artigo, as partes

devem considerar totalmente quais ações são necessárias na

Convenção, (...) para suprir as necessidades específicas e

preocupações ao desenvolver países membros ascendendo dos

efeitos adversos da mudança climática e/ou o impacto da

implementação de medidas responsivas, especialmente em: (a)

Países insulares pequenos; (b) Países com baixas áreas costeiras;

(...)4 (UNFCCC, 1992)

À medida que as discussões aumentavam, as preocupações ambientais dos Estados

também progrediam. Entretanto, os países que mantinham uma política mais

sustentável e voltada para a conservação ambiental não eram os mesmos que mais

poluíam o planeta.

Em 1997, O Protocolo de Quioto veio de forma a fazer com que os países

desenvolvidos e industrializados reduzissem em 5% as emissões dos gases do efeito

estufa, alegando a responsabilidade dos mesmos sobre as mudanças climáticas,

porém, o protocolo, que só vigorou no ano de 2005, teve como empecilho a posição

dos Estados Unidos. O país, considerado maior emissor de gases estufa da época,

não ratificou o acordo sob a justificativa de que as mudanças que deveriam ser feitas

4 Tradução livre da mesa diretora, no original, ―The implementation of the commitments in this Article,

the Parties shall give full consideration to what actions are necessary under the Convention, (...) to

meet the specific needs and concerns of developing country Parties arising from the adverse effects of

climate change and/or the impact of the implementation of response measures, especially on: (a) Small

island countries; (b) Countries with low-lying coastal areas; (...)‖

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no país prejudicariam o seu crescimento econômico. O protocolo não obteve o

sucesso esperado, pois as emissões de gases do efeito estufa aumentaram cerca de

2,3% de 2000 a 2005 e 16,2% entre 2005 e 2012.

Enquanto as discussões para frear o aquecimento global e as consequências desse

efeito, continuavam, o planeta vivia uma das mais ferozes crises humanitárias. Os

refugiados haviam chegado ao maior número desde a Segunda Guerra Mundial e

fugiam de seus países originários principalmente por questões étnicas, sociais e

pelas guerras. Os refugiados climáticos, apesar de ainda não serem reconhecidos,

começavam a ganhar seus primeiros adeptos. Principalmente nas ilhas do pacífico,

onde estavam sendo ameaçados constantemente pelo aumento do nível do mar.

Devido à falta de uma jurisdição internacional de auxílio ao refugiado proveniente das

mudanças climáticas — refugiado climático — a Suíça e a Noruega encabeçaram

uma iniciativa, chamada de Nansen. A iniciativa Nansen, lançada no final de 2012, foi

um processo de consulta mundial, com ênfase ao reforço de medidas preventivas a

serem adotadas nos países de origem e ao planejamento da relocação das pessoas

em situação de risco devido aos efeitos das mudanças climáticas. Não obtinha

caráter mandatório, apenas a elaboração de uma simples agenda de amparo ao

deslocado. O fato do refugiado climático ainda não ser reconhecido na época

implicou na não utilização do termo nas funções da iniciativa, que foi o gatilho inicial

da regulamentação do mesmo.

Em 2015, pela primeira vez, a COP-21 conseguiu firmar um acordo entre todos os

países presentes, que ficou conhecido como o Acordo de Paris. Nele, era

estabelecido aos países que o planeta não poderia ter um aumento maior que 2ºC e

envidar esforços para não passar de 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais. No

entanto, a ACNUR foi bastante crítica em relação aos textos aprovados pelo acordo,

que não incluíam de forma abrangente e nem promissora, como a Iniciativa Nansen,

a situação das pessoas deslocadas devido às mudanças climáticas.

No ano seguinte, em 2016, foi feita uma conferência do ACNUR que resultou na

Declaração de Nova York para Refugiados e Migrantes, onde assegurava aos

mesmos melhores direitos e condições de vida e cobrava dos países medidas que

auxiliavam e preveniam o aumento dos fluxos migratórios.

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Enquanto em âmbito internacional o termo ―refugiado climático‖ não era oficialmente

reconhecido, o número de deslocados forçados apenas aumentava. Tanto que no

final do ano de 2018 a ONU reconheceu, pela primeira vez, que estávamos a um

passo de uma crise iminente de refugiados climáticos. Diversos relatórios diziam que

se o nosso estilo de vida não se alterasse, o planeta não suportaria a exploração

intensa e sucumbiria a inúmeros problemas tanto ambientais, como o aumento da

temperatura média e, consequentemente, a elevação do nível do mar, quanto

humanitários, como a própria crise de refugiados que viria a acontecer.

O número de refugiados climáticos chegava à 20 milhões de pessoas enquanto a

jurisdição internacional pedia a introdução de um novo termo à Convenção de

Genebra. Visto isso a Nova Zelândia, em 2020, tornou-se o primeiro país a

reconhecer oficialmente os refugiados climáticos, incentivando as outras nações que

fizessem o mesmo, principalmente, as mais ricas e industrializadas devido a sua

infraestrutura ser mais sofisticada.

Ao passar dos anos as consequências das mudanças no clima tornavam-se mais

evidentes. Em meados de 2022, os refugiados climáticos começaram a ganhar

notoriedade pelo mundo, bastante impulsionada pelos países insulares como as

Maldivas e Tuvalu que traziam discursos mais intensos aos comitês realizados.

Diziam que as consequências que os países discutiam, principalmente os

desenvolvidos, já eram sentidos nas nações insulares e em diversos países africanos

e os da América Central.

As pressões continuavam com o passar dos anos, o mar já começava a engolir

partes das ilhas, furacões tornavam-se mais intensos e a agricultura de subsistência

era bastante prejudicada pelo regime pluvial anormal. Órgãos, como o ACNUR, e

iniciativas, como a Iniciativa Nansen, reiteraram um reconhecimento oficial e,

consequentemente, uma nova legislação, por parte dos países sobre as pessoas

deslocadas forçadamente pelas mudanças climáticas, para assim, terem direitos

prescritos por convenções e conseguirem se regularizar de maneira simplificada.

Depois de anos de pressão a categoria nova para enquadrar os refugiados climáticos

na Convenção de Genebra finalmente foi reconhecida, assinada por quase todas as

delegações que compunham o ACNUR no ano de 2028. Realizada na capital da

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Nova Zelândia, a Convenção de Wellington, assim chamada, trazia uma revolução na

maneira de categorizar os refugiados sendo bastante comemorada pelos órgãos e

iniciativas imersas nesses assuntos.

O Alto Comissariado, após a introdução da nova categoria de refugiados, promoveu

reuniões sobre os mesmos no âmbito dos continentes, denominadas Conferências

Regionais Acerca dos Refugiados Climáticos (CRRC). Além disso, COPs e

conferências do PNUMA foram realizadas para discutir as mudanças climáticas,

como lidar com os seus efeitos e mitigá-los.

Pouco tempo depois, em 2031, realizou-se a Nova Iorque + 15, uma Conferência 15

anos após ser feita a Declaração de Nova Iorque para Refugiados e Migrantes,

objetivando reafirmar seus compromissos, avaliar os resultados e criar métodos de

proteção especialmente para os refugiados climáticos.

Em 2032, o IPCC publicou um novo relatório, prevendo que o aquecimento global

chegaria até 1,8ºC em 2040. Apesar de muitos contestarem as pesquisas, afirmando

que eram muito conservadoras, os resultados foram o suficiente para alarmar a

comunidade internacional.

Entretanto, a falta de comprometimento de muitos países contribuiu para que as

mudanças climáticas continuassem avançando e o número de pessoas afetadas

aumentasse.

O fluxo migratório tornou-se cada vez mais expressivo. Muitas pessoas deslocaram

internamente ou procuraram refúgio em outros países do seu próprio continente.

Entretanto, poucos desses países apresentavam estrutura e planejamento para

acolherem esses refugiados, como aconteceu principalmente no continente africano.

Enquanto isso, as pessoas que migravam para outros continentes começaram a ser

mal vistas pelos habitantes desses. Todos os países sentiam as consequências das

mudanças climáticas, de modo que se tornou mais difícil para as nações

implementarem políticas de acolhimento dos refugiados.

Esses refugiados passaram a ser sinônimo de despesa e preocupação extra, tanto

para as populações quanto para os governos dos lugares mais procurados pelos

migrantes. Esse quadro provocou o aumento da xenofobia, principalmente na

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Europa, de modo que muitos partidos conservadores contrários à aceitação dos

refugiados começaram a ganhar mais força política, o que foi refletido nas eleições

de muitos países entre 2034 e 2036.

Sendo assim, o número de asilos concedidos foi muito desproporcional ao de

pedidos. A migração irregular também cresceu e, pela diminuição da ajuda dos

Estados, o trânsito de refugiados e as travessias marítimas tornaram-se mais

perigosas.

Governos europeus com políticas de portas abertas também sofreram pressão

popular e externa para reduzir a entrada de refugiados e imigrantes, no geral. O

maior exemplo foi o da Alemanha, a nação da Europa que mais recebe refugiados e

que já sentia esse descontentamento. Esperava-se que essas nações mudassem a

sua postura, porém isso não ocorreu.

Muitos refugiados, que não possuíam condições de voltarem a sua região de origem

ou deslocarem-se para outras, mesmo não sendo atendidos ou não recebendo os

asilos requisitados dos países, permaneceram neles na ilegalidade. Isso apenas

contribuiu para uma menor qualidade de vida dessas pessoas, além de aumentar a

aversão dos habitantes locais, que culpavam os refugiados pelo aumento da

criminalidade, violência e prostituição. Além disso, eles constantemente eram vítimas

de preconceito e violência física, moral e psicológica.

Um dos principais marcos dessa época de animosidade foi com grupos neonazistas

da América do Norte, que além de incitarem discursos de ódio nas redes sociais

contra imigrantes e refugiados, sequestraram e assassinaram, em 2037, uma família

de refugiados climáticos de El Salvador que procurava refúgio nos Estados Unidos.

O grupo responsável foi julgado e preso. Entretanto, as publicações na internet dos

grupos não foram excluídas e como questionado por ONGs e mídias

internacionais, os culpados receberam uma pena mais branda do que deveriam. O

governo alegou que agiu seguindo a Constituição e contendo esses grupos,

apesar de algumas manifestações e escândalos relacionados com o tema por

parte de possíveis membros dos grupos e extremistas terem acontecido no ano

posterior.

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Ademais, os campos de refugiados se encontravam em situações precárias, com

constantes violações dos direitos humanos. O ACNUR emitiu alertas dessas

condições e insistiu para que os países colaborassem com o trabalho do órgão e

oferecessem mais ajuda, além de políticas mais inclusivas. Entretanto, muitos

governantes agiram na contramão desses pedidos, como os da Rússia, que

fechou campos de refugiados em plena crise.

Em novembro de 2039 os cientistas constataram que o aumento da temperatura

tinha chegado aos 2°C. As consequências das mudanças climáticas estavam mais

evidentes do que nunca, e até mesmo defensores de que o aquecimento global é

uma farsa reconheceram-no.

Atualmente, no ano de 2040 o número de refugiados climáticos é de cerca de 200

milhões, fato que reforça a importância de uma Conferência entre as principais

ONGs e países no que tange às mudanças climáticas para resolver esse estado

de calamidade.

4.1 MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Apesar das mudanças climáticas serem presentes na história da Terra, com

avanços e recuos glaciais, as que aconteceram no passado estão relacionadas a

pequenas variações das órbitas do planeta, de modo a mudar a quantidade de

energia solar recebida.

Entretanto, o aumento da temperatura presenciado atualmente e a sua tendência

de avançar, que culminam nas mudanças do clima, é alarmante, dado a sua

extensa dimensão. É importante ressaltar que elas, diferentemente de alterações

climáticas passadas, apresentam mais de 95% de probabilidade de serem

causadas por atividades humanas, de modo que podem acelerar muito

rapidamente.

Essas mudanças foram um dos fatores responsáveis para a crise humanitária de

refugiados e, para entendê-la melhor, é preciso compreender as causas e as

consequências das mudanças climáticas.

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4.1.1 Causas

Dentre outros motivos, as principais causas das mudanças climáticas que

podemos destacar são a queima de combustíveis fósseis, o desmatamento e a

pecuária.

4.1.1.1 Queima de combustíveis fósseis

Os combustíveis fósseis são produto de plantas e animais que sofreram o

processo de sedimentação e, sob influência de alta pressão e temperatura por

milhões de anos, tornaram-se compostos carbonizados, que atualmente são

usados no processo de combustão para gerar energia. Os três principais são:

carvão, petróleo e gás natural. Como compostos carbonizados, liberam na queima,

dióxido de carbono, que representa 40% de todos os gases estufa na atmosfera,

sendo considerado o principal.

Os combustíveis fósseis são 80% da matriz energética mundial. De acordo com o

relatório do IPCC de 2018, para que a meta de não ultrapassar o aumento de

1,5ºC na média de temperatura global fosse cumprida, era recomendado que, até

2050, o mundo reduzisse em 74% o uso de gás natural, 87% o de petróleo e 97%

o de carvão mineral. Entretanto, atualmente, em 2040, a redução foi de,

respectivamente: 7%,13% e 18%.

4.1.1.2 Desmatamento

As florestas absorvem, por ano, cerca de 2 bilhões de toneladas de CO2.

Entretanto, quando desmatadas, elas liberam gás carbônico, tornando-se

responsáveis pela emissão de cerca de 20% dos gases estufas. Assim, o

desmatamento é um dos principais motivos das mudanças climáticas, estando

intimamente relacionado ao aumento do aquecimento global e à retirada da

cobertura vegetal nas últimas décadas.

A interrupção ou redução do desmatamento nas zonas tropicais poderia conter em

até 30% as mudanças climáticas. Entretanto, um dos desafios para a erradicação

do desflorestamento é o consumo do carvão vegetal, que contribui para a retirada

da vegetação nos países onde há muita demanda do carvão.

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Não só o consumo do carvão vegetal, mas outros fatores são responsáveis pelo

desmatamento. A pastagem de gado, mineração e agricultura são um dos

principais motivos, mas também podemos citar outros, como práticas e incêndios

florestais, além da urbanização. Em países como a Malásia e a Indonésia, o

desmatamento acontece principalmente por conta da produção do óleo de palma.

4.1.1.3 Pecuária

A pecuária está elencada como uma dos motivadores do desmatamento. Ela é o

conjunto de processos técnicos usados na domesticação de animais para

obtenção de produtos com objetivos econômicos. Também é conhecida como

criação animal.

Os problemas que a pecuária traz ao clima e, consequentemente, aos refugiados

são numerosos, com um consumo exacerbado o uso dos recursos disponíveis é

extrapolado.

São necessários cerca de quinze mil litros de água para se produzir um quilo de

carne bovina, contando não só com o que foi ingerido, mas também o quanto de

água o preparo da ração do gado utilizou, por exemplo. Para efeitos de

comparação, produzir um quilo de laranja precisa de 560 litros de água.

Além de usar grande parte da água, a agropecuária também polui fontes próximas

da mesma, com excrementos do gado que são poluentes consideráveis e com

agrotóxicos utilizados nas plantações que são levados pela chuva, infiltrando no

solo ou até mesmo descartando direto na coluna d’água. Ademais, também é

desperdiçada a água no meio agrícola com irrigações mal feitas e sem

aproveitamento total desse recurso.

Cerca de 50% dos terrenos da Terra são ocupados por grandes fazendas bovinas

e 91% das áreas desmatadas na Amazônia brasileira têm como finalidade o

pastoreio ou a plantação de soja, utilizada na ração destinada à criação bovina.

Esses liberam em seu processo digestivo mais gases do efeito estufa do que

indústrias e o setor mundial de transporte. Os bovinos representam cerca de 65%

das emissões do setor pecuário e são responsáveis por 9% do gás carbônico

(CO2) liberado na atmosfera. Eles geram 65% do óxido nitroso, que tem 296 vezes

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o potencial de aquecimento global (GWP) de CO2. Também produzem 37% de

todo o metano, sendo esse 23 vezes o GWP do CO2. Além desses, liberam 4% da

amônia, que contribui significativamente para a chuva ácida.

4.1.2 Consequências

Todas as regiões do mundo percebem o agravamento das mudanças climáticas e

são afetadas por ele. Os impactos na natureza atingem diretamente o modo de

vida de muitas pessoas e, por isso, contribuirão para os deslocamentos forçados.

Apesar de cada país apresentar as suas peculiaridades, é possível perceber

semelhanças nas consequências sofridas e as reações a elas em cada continente,

que divergirão de cada um desses países por questões geográficas e

socioeconômicas.

4.1.2.1 África

A África é um continente especialmente vulnerável às mudanças climáticas. A sua

posição geográfica influencia nos impactos ambientais sentidos, sendo

intensificados pela pobreza generalizada.

As mudanças climáticas alteram o regime pluvial dos países africanos, de modo

que é possível observar tanto a redução de chuva quanto o aumento de

inundações, além do risco de algumas ilhas e regiões costeiras da África Oriental

serem inundadas ou até mesmo submergidas.

Além da questão de chuva, as secas aumentaram nas últimas décadas, assim

como furacões e tempestades oceânicas. Essas mudanças climáticas

influenciaram diretamente na agricultura e na pesca, que diminuíram

drasticamente. Isso teve um impacto negativo, pois além da agricultura ser uma

das principais atividades econômicas do continente, juntamente com e a pesca são

muito praticadas como subsistência pela população mais pobre.

Com o aquecimento de 2°C, cerca de metade da população da África está em

risco de subnutrição, além de que houve uma perda anual de 2% a 4% do PIB em

comparação às últimas décadas.

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Existe, ainda por cima, um adicional para os governos africanos não conseguirem

lidar com as mudanças climáticas: os conflitos armados. Eles impedem que os

governos foquem em soluções para a seca e desastres naturais causados pela

mudança climática, de forma que a população fique mais exposta à fome, à perda

de seus bens materiais e aos deslocamentos forçados. Além disso, eles também

interferem no serviço prestado por ONGs e agências internacionais.

Devido às consequências diretas e indiretas das mudanças climáticas, muitas

pessoas escolhem ou são forçadas a migrarem. Essas migrações ocorreram tanto

internamente nos países e continentes, quanto para outros continentes.

A África do Norte é uma região de trânsito expressivo de migrantes, apesar de

também hospedar refugiados internacionais. O fluxo migratório destina-se

principalmente para a Europa e para os países do Golfo Pérsico.

Na África Ocidental e Central, a migração inter-regional é expressiva. Ela é

causada por múltiplos fatores, mas é imprescindível citar as mudanças climáticas

como um deles, principalmente por conta das ocorrências frequentes de seca e

inundações, além do impacto negativo na agricultura e a insegurança alimentar.

Essas consequências também são sentidas na África Oriental e Austral.

4.1.2.2 América

A América é constituída por três subcontinentes, politicamente falando: América do

Norte, América Central e América do Sul. Linguisticamente falando é dividida em

dois subcontinentes: América Anglo-Saxônica e América Latina, mas são

comumente conhecidas como região desenvolvida e subdesenvolvida,

respectivamente.

Com população total de 1.126 bilhão é considerada o terceiro maior em população.

O continente é delimitado ao leste pelo oceano Atlântico, ao oeste pelo oceano

Pacífico, ao norte pelo Oceano Ártico e ao sul pelo Cabo Horn, com cerca de 900

km de distância da Antártica.

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A América Latina é o lar de, aproximadamente, 760 milhões de pessoas. Como ela

abrange uma maior parcela da população, os efeitos das mudanças climáticas

sentidas nos Estados apresentarão um impacto maior.

A desigualdade, fortemente presente na região, também é outro fator que

contribuiu para a gravidade dos problemas que são enfrentados, pois há anos os

países do subcontinente evoluíram de forma ínfima. Esses dois fatores juntos

agravaram as dificuldades sentidas na América Latina por conta das mudanças

climáticas. Dentre elas, podemos citar as secas, as mudanças do regime pluvial,

que diminuíram no nordeste desse subcontinente e tornaram-se mais violentas e

frequentes no centro-sul, a mudança do nível do mar, principalmente na América

Central, furacões, aumento da temperatura máxima média.

Muitos países, além de produzirem refugiados climáticos e sofrerem severamente

com as mudanças climáticas, também recebem uma parcela deles, como o

governo brasileiro, que acolheu os refugiados, apesar do país sentir o impacto das

mudanças.

Enquanto isso, na América Anglo-Saxônica, são registradas fortes queimadas, o

aumento na intensidade dos furacões no sul do país e as temperaturas cada vez

mais anormais.

Contudo, por ser a parte desenvolvida do continente, os países estão mais

preparados para as mudanças do clima. Assim, não produzem um número

considerável de refugiados climáticos e, mesmo que não consiga prevenir tais

catástrofes, os habitantes são acolhidos pelas instituições governamentais e, na

pior das hipóteses, eles serão considerados deslocados internos.

A região é o principal destino dos migrantes de outros países, principalmente os da

América Central. Os EUA e o Canadá são conhecidos por serem países que estão

entre as principais rotas de migração pelo mundo e quase sempre são os primeiros

na lista dos refugiados.

Entretanto, a forma com que os deslocados são tratados varia entre os dois

países, enquanto o governo canadense é mais progressista e está sempre

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disposto a acolher os expatriados, o governo norte-americano é mais rígido em

suas leis.

Apesar das controvérsias, a América desenvolvida recebe uma cota enorme de

refugiados, visto que a origem deles não é só latino-americana, mas também

africana e asiática.

4.1.2.3 Ásia

O continente asiático é o com maior número de pessoas vivendo em cidades,

sendo destas, 52% em regiões costeiras baixas. Países da parte ocidental e

central como Síria, Iraque e Afeganistão tiveram suas crises intensificadas ao

longo dos anos com as mudanças climáticas e até mesmo os países que recebem

grande parte dos refugiados como Paquistão e Turquia têm sofrido também com

consequências como chuvas torrenciais, inundações e tempestades de poeira.

Países da Ásia Meridional têm sofrido intensamente com o aumento do nível dos

oceanos e com os impactos no clima, principalmente Bangladesh, as Ilhas

Maldivas e a Índia. Mais de um milhão de pessoas em Bangladesh ainda serão

afetadas pelo aumento do nível do mar. Nas Maldivas, 80% do território fica a

somente 1 metro do nível do mar e estima-se que até o final do século o país

perca 77% de seu território.

Países como Japão e Taiwan têm adotado políticas de redução da emissão de

gases estufa nas últimas décadas, porém, apesar do grande polo de tecnologias

limpas e da implantação de novas políticas, são os que mais sofrem com o

aumento do nível oceânico, por conta de suas grandes áreas costeiras. A China,

mesmo tendo implantado novas políticas ambientais, com incentivo à energia

limpa, continua entre os maiores emissores de gases estufa do mundo.

O Sudeste Asiático é uma região extremamente vulnerável às mudanças

climáticas; além dos países terem extensas áreas costeiras, estão situados no

―Círculo de Fogo do Pacífico‖, fazendo a área excepcionalmente instável, com

grande ocorrência de abalos sísmicos, erupções de vulcões e tsunamis.

Entretanto, a grande quantidade de refugiados acaba não conseguindo melhores

condições, porque a maioria dos países vizinhos aonde tentam chegar,

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principalmente Malásia e Indonésia também estão sofrendo com inundações,

salinização de terras de plantio, chuvas torrenciais. Além do intenso fluxo causou

um aumento das taxas de violência locais, principalmente por extremistas

religiosos.

4.1.2.4 Europa

Compreendendo a península ocidental da Eurásia, a Europa tem uma população

estimada em 721 milhões de habitantes. Possui fronteiras terrestres ao leste com a

Ásia, é delimitada ao norte pelo oceano Glacial Ártico, ao sul pelo mar

mediterrâneo e a oeste pelo oceano Atlântico norte.

O continente europeu é conhecido pela sua alta qualidade de vida, por ter uma boa

infraestrutura e as políticas socioambientais serem favoráveis às pessoas e ao

meio ambiente. Por tais fatores é muito visada pelos refugiados que cruzam

milhares de quilômetros por terra e mar para chegar aos Estados da Europa em

busca de uma chance de recomeçar suas vidas.

Apesar de ser rota das migrações forçadas e ter instituições consolidadas e

eficientes, as consequências das mudanças climáticas também afetam os países

europeus com efeitos drásticos.

Graças ao aumento do nível do mar, em regiões como a dos Países Baixos, a

população encontra um problema diário com o avanço do mar sobre as cidades

destruindo construções próximas da costa e rodovias que cortam o país pelo

litoral. Há a baixa produtividade na indústria agropecuária devido às secas e ondas

de calor, que a cada ano tornam-se cada vez mais intensas e mortais e também às

intensas chuvas que provocam o aumento das cheias fluviais. Mesmo que em

algumas regiões o aumento da precipitação resulte no transbordo dos rios, as

secas nas bacias hidrográficas tornaram-se mais graves e frequentes mais ao sul

europeu.

Contudo, os problemas enfrentados pela Europa são inferiores se comparadas aos

dos outros continentes, tanto que o registro de refugiados europeus é praticamente

nulo, porém à medida que as consequências das mudanças foram ficando cada

vez mais evidentes e catastróficas, o número de pessoas que viam a Europa como

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refúgio aumentou consideravelmente, gerando uma avalanche de pedidos de asilo

no continente.

4.1.2.5 Oceania

A Oceania é um continente do hemisfério Sul composto pela Austrália e as Ilhas do

Pacífico, divididas em Polinésia, Melanésia e Micronésia, com uma população

aproximada de 52.149.840 habitantes.

Ele é extremamente sensível às mudanças climáticas, principalmente às secas, ao

aumento do nível do mar e à invasão da água salgada. Muitas ilhas correm o risco

de desaparecem até a próxima década, em 2050 e, junto de outros fatores

socioeconômicos, geram muitos emigrantes e refugiados.

O caso acima é, além de outros lugares, o de Tuvalu e Kiribati, que sempre

reforçaram o perigo de perderem seus territórios. Já em 2015, o primeiro ministro e

o presidente, respectivamente desses países, em um Conselho de Direitos

Humanos da ONU, reiteravam que as mudanças climáticas causadas pelas

atividades humanas não afetavam apenas os ecossistemas, mas também eram

um enfraquecimento ―dos direitos à saúde, à alimentação, à água e ao

saneamento, à moradia adequada e, para as pessoas dos pequenos estados

insulares e das comunidades costeiras, até mesmo o direito à autodeterminação‖.

(NAÇÕES UNIDAS, 2015)

O destino das migrações internas no continente é principalmente a Nova Zelândia

e a Austrália. Entretanto, o primeiro tem uma política mais receptiva para

refugiados que o segundo. A Austrália, apesar do IDH alto, alega não ter

condições para uma postura mais inclusiva, visto que sofre intensamente com as

secas e as temperaturas elevadas, que se apresentam mais graves que nos anos

anteriores.

Quanto aos deslocamentos intercontinentais, a maioria dos nascidos na Oceania

desloca-se para a Europa e a América do Norte.

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5 PRINCIPAIS ATORES

5.1 ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

Os EUA abarcam uma grande parcela dos refugiados climáticos existentes hoje

em dia, apesar de sua política ser um pouco controversa. Ela passou por diversas

mudanças ao longo dos anos, marcada por uma postura conservadora e contrária

à imigração até meados da década passada, quando houve mudanças no espectro

político, em que os ideais mais progressistas e humanitários contribuíram para que

a mudança na regulamentação sobre os refugiados ficasse mais branda.

Todavia, ela é criticada por não ser suficiente para atender muitos dos pedidos

requisitados e nem auxiliar os refugiados adequadamente, principalmente porque o

país contribui muito para as mudanças climáticas, sendo o primeiro no ranking

acumulação de gases efeito estufa.

O governo alega que a repercussão das mudanças climáticas no país atrapalha o

andamento da introdução desses refugiados, visto que, o próprio país enfrenta

problemas com os deslocados internos.

Ademais, os EUA aceitaram tardiamente a introdução da categoria de ―Refugiado

Climático‖, alegando que ao criá-la, a demanda de refugiados iria aumentar de

forma exponencial, sobrecarregando o país e afetando a sua segurança nacional e

a governabilidade.

5.2 MALAUÍ

O Malauí é um país da África Oriental com um dos menores Índices de

Desenvolvimento Humano do mundo, agravando o impacto sentido das

consequências das mudanças climáticas, marcado por inundações, secas,

tempestades, ciclones, chuvas intensas, entre outros.

Ele chamou a atenção da Comunidade Internacional porque há décadas já vem

sofrendo com essas mudanças e gerando refugiados de uma maneira mais

expressiva que outros países africanos. Todavia, ele também recebe uma

quantidade significativa de pessoas deslocadas de países em conflito.

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Essa soma de fatores contribuiu para que o Estado não apresentasse estrutura

para oferecer melhores condições de vida para seus moradores e abrigar esses

refugiados, muito menos para lidar com as alterações ambientais.

5.3 MALDIVAS

A República das Maldivas é a delegação com a área costeira mais próxima ao

nível do oceano do mundo, sendo uma das mais afetadas pelo aumento da

temperatura média global, correndo o risco de perder 77% de seu território para o

avanço dos oceanos até o final do século. Portanto, tornou-se bastante influente e

participativa no cenário da discussão sobre mudanças climáticas, tendo sido a

primeira nação a assinar o Protocolo de Kyoto e foi extremamente importante no

processo de negociação da UNFCCC, além de ter se tornado o primeiro país

neutro em carbono, em 2026.

Durante o comitê assume o papel de chamar atenção dos outros países para o

caráter emergencial da discussão e enfatizar a importância da mobilização mundial

para com os refugiados, prezando pela garantia de seus direitos e bem-estar.

Assim como o presidente Mohamed Nasheed destacou em seu discurso: "Nós não

queremos deixar as Maldivas, mas nós não queremos ser refugiados vivendo em

tendas por décadas". (NAPA)

5.4 NOVA ZELÂNDIA

A Nova Zelândia é um país insular da Oceania com um dos Índices de

Desenvolvimento Humanos mais altos do mundo. Contudo, o modo de vida e a

economia do país são afetados pelas mudanças climáticas. Assim como outros

países da Oceania, ele sente o impacto de secas, mudanças, aumento da

temperatura, elevação do nível do mar e mudança na precipitação.

Ela é considerada pioneira no reconhecimento de refugiados climáticos. Em 2017,

já considerava em criar um visto para moradores de regiões do Pacífico mais

vulneráveis ao aumento do nível do mar e eventos climáticos extremos.

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Posteriormente, o visto foi aceito, atendendo, no início, 100 pedidos anualmente.

Com o passar dos anos, o número de pessoas aceitas aumentaram e as políticas

inclusivas foram aprimoradas.

5.5 RÚSSIA

A Federação Russa é o país com maior área de florestas do mundo, com um total

de 8,51 milhões de km2, que atua retirando CO2 da atmosfera e diminuindo o Efeito

Estufa. Entretanto, é dos cinco países que mais emitem gases estufa do mundo e,

ao contrário do que a maioria dos outros países procurou implantar nas últimas

décadas, não se comprometeu com o segundo período do Protocolo de Kyoto e se

recusou a ratificar o Acordo de Paris.

Tem aumentado cada vez mais a sua emissão de gases estufa, expandindo em

20% o polo industrial de carvão e de gás natural nacional desde o Acordo. A

Rússia se posicionou contra a inclusão de refugiados climáticos na categoria de

refugiados e destaca que esse tipo de discussão é usado como premissa para que

os países recebam mais refugiados, mesmo que não tenham as devidas

condições. Por esse motivo, fechou suas fronteiras para os refugiados climáticos e

reivindica que as resoluções do comitê respeitem a soberania de cada pátria.

5.6 TUVALU

Tuvalu é um país insular localizado numa das regiões mais afetadas pelas

mudanças climáticas, no interior do Oceano Pacífico. Com os efeitos atingindo-o, a

população fica bastante prejudicada, pois sofre as consequências de forma bem

severa a ponto de perderem os seus lares graças à força do mar. Tuvalu

encontrou em Conferências anuais e mundiais a sua voz para as outras nações se

atentarem ao que acontece em regiões insulares do planeta.

O pequeno país cobra das nações desenvolvidas a ajuda necessária para manter

a dignidade aos refugiados climáticos visto que evitá-los não é mais uma opção.

Acredita que a culpa está diretamente relacionada à falta de compromisso dos

maiores emissores de gases do efeito estufa e que a solução no momento é

deslocar de maneira favorável os habitantes locais.

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6 QUESTÕES RELEVANTES

Tendo em mente que a reunião tem caráter emergencial, é de extrema importância

que as resoluções sejam principalmente de curto prazo, com o enfoque nas

medidas necessárias para garantir os direitos básicos desses refugiados. Diante

do tema exposto, foram deliberadas algumas principais questões que serão de

extrema relevância durante o debate no decorrer do comitê:

A sua delegação gera ou recebe refugiados?

Quais medidas devem ser tomadas de modo que solucione o problema a

curto e a médio prazo?

Como ampliar e regular as vias legais de migração, a fim de transportar de

forma segura os refugiados das áreas afetadas?

Como instituir políticas para maior inclusão social dos refugiados na

sociedade?

Como garantir que os direitos dos refugiados sejam respeitados em meio à

crise?

Qual deverá ser a postura dos Estados para exercer o que está

determinado na Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados?

Quais medidas devem ser tomadas para evitar o aumento da temperatura?

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALTO COMISSARIADO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA REFUGIADOS. Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados, 28 jul 1951. Disponível em: <https://www.acnur.org/fileadmin/Documentos/portugues/BDL/Convencao_relativa_ao_Estatuto_dos_Refugiados.pdf>. Acesso em: 23 maio 2019 BERNARDES, M. B. J., NAVES, J. G. P. A relação histórica homem/natureza e sua importância no enfrentamento da questão ambiental. Geosul, Florianópolis, v. 29, n. 57, p 7-26, jan./jun. 2014 CLIMATE AND MIGRATION COALITION. Unpacking climate change and the Horn of Africa crisis. Disponível em: <http://climatemigration.org.uk/climate-change-horn-africa-crisis/>. Acesso em: 15 maio 2019 GALILEU. Conheça o plano mundial para lidar com o aquecimento global. Disponível em: <https://revistagalileu.globo.com/Revista/noticia/2016/11/conheca-o-plano-mundial-para-lidar-com-o-aquecimento-global.html>. Acesso em: 20 julho 2019 IOM (2017) 'Migration and Migrants: Regional Dimensions and Developments' in IOM (2017) World Migration Report 2018, IOM: Geneva. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Efeito Estufa e Aquecimento Global. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/informma/item/195-efeito-estufa-e-aquecimento-global.> Acesso em: 15 maio 2019 NAÇÕES UNIDAS. Desmatamento é 2ª maior causa das mudanças climáticas, revela FAO. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/desmatamento-e-2a-maior-causa-das-mudancas-climaticas-revela-fao/>. Acesso em: 4 maio 2019 NAÇÕES UNIDAS. Mudança climática ‘ameaça autodeterminação’ de ilhas do Pacífico, afirma ONU em Conselho de Direitos Humanos. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/mudanca-climatica-ameaca-auto-determinacao-de-ilhas-do-pacifico-afirma-onu-em-conselho-de-direitos-humanos/>. Acesso em: 23 maio 2019 NAÇÕES UNIDAS. Na África, maior parte da migração ocorre entre países vizinhos. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/na-africa-maior-parte-da-migracao-ocorre-entre-paises-vizinhos/>. Acesso em: 13 maio 2019 NATIONAL GEOGRAPHIC. Deforestation facts and information. Disponível em: <https://www.nationalgeographic.com/environment/global-warming/deforestation/>. Acesso em: 7 maio 2019 ONU BRASIL. Adoção do Acordo de Paris. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/acordodeparis/>. Acesso em: 23 maio 2019 SUPORTE GEOGRÁFICO. Emissão de gases de efeito estufa no país aumenta 8,9% em 2016. Disponível em:

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<https://suportegeografico77.blogspot.com/2017/10/emissao-de-gases-de-efeito-estufa-no.html>. Acesso em: 22 julho 2019 TODA MATÉRIA. Desmatamento. Disponível em: <https://www.todamateria.com.br/desmatamento/>. Acesso em: 24 maio 2019 TODA MATÉRIA. Oceania. Disponível em: <https://www.todamateria.com.br/oceania/>. Acesso em: 23 maio 2019

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ANEXO A — GLOSSÁRIO

Apátridas

Pessoas cuja nacionalidade não é reconhecida por nenhum país.

Deslocados internos

Pessoas deslocadas dentro do próprio país pelos mesmos motivos que um

refugiado.

Retornados

Pessoas que possuíam o status de refugiados e solicitantes de refúgio e que

retornaram de forma voluntária ao seu país de origem.

Solicitantes de refúgio

Pessoas que solicitam às autoridades competentes serem reconhecidos como

refugiados, mas cujos pedidos não foram definitivamente avaliados.

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ANEXO B – TABELAS / MAPAS / FIGURAS

Figura 1 – Áreas que mais sofrem com desastres climáticos ao longo do século XXI

Fonte: Pátria Paulista (2017)

Figura 2 – Aumento do nível dos oceanos entre 2008 e 2015

Fonte: Galileu (2016)

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Figura 3 – Diminuição da área da banquisa do Ártico até 2015

Fonte: Galileu (2016)

Figura 4 – Como funciona o Efeito Estufa

Fonte: Suporte Geográfico (2017)

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ANEXO C — QUADRO DE REPRESENTAÇÕES

O quadro de representações classifica cada delegação em demandas. Essas

demandas variam em uma escala de 1 a 3, em que cada unidade é representada

pelo símbolo da SiGI.

Deve-se ressaltar que a demanda indica o quanto será exigido do delegado nas

discussões, não tendo como função avaliar a capacidade do delegado, a

importância da delegação ou o seu nível de dificuldade. Essa divisão é apenas

simbólica, visando orientar as escolas e os alunos na escolha de delegações.

O comitê será composto por 70 delegações individuais.

LEGENDA:

Representações pontualmente demandadas a tomar

parte nas discussões.

Representações medianamente demandadas a

tomar parte nas discussões.

Representações frequentemente demandadas a

tomar parte nas discussões.

DELEGAÇÃO DEMANDA

AFEGANISTÃO

ÁFRICA DO SUL

ALEMANHA

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ANISTIA INTERNACIONAL

ARÁBIA SAUDITA

AUSTRÁLIA

BANGLADESH

BARBADOS

BRASIL

BUTÃO

CANADÁ

CHADE

CHILE

CHINA

CORÉIA DO SUL

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COSTA RICA

CRUZ VERMELHA

CUBA

DINAMARCA

EGITO

EL SALVADOR

EMIRADOS ÁRABES

UNIDOS

ERITREIA

ESPANHA

ETIÓPIA

EUA

FIJI

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FILIPINAS

FRANÇA

GANA

GREENPEACE

GUATEMALA

HAITI

IÊMEN

ILHAS MARSHALL

ILHAS SALOMÃO

ÍNDIA

INDONÉSIA

IRÃ

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IRLANDA

ISRAEL

ITÁLIA

JAPÃO

KIRIBATI

MADAGASCAR

MALÁSIA

MALAUÍ

MALDIVAS

MÉDICOS SEM

FRONTEIRAS

MÉXICO

MOÇAMBIQUE

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NAURU

NEPAL

NÍGER

NIGÉRIA

NORUEGA

NOVA ZELÂNDIA

O DIPLOMATA

PAÍSES BAIXOS

PAPUA NOVA GUINÉ

PAQUISTÃO

PERU

PNUMA

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QUÊNIA

REINO UNIDO

REPÚBLICA CENTRO-

AFRICANA

RÚSSIA

SERRA LEOA

SÍRIA

SOMÁLIA

SRI LANKA

SUDÃO

SUDÃO DO SUL

SUÍÇA

TAILÂNDIA

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TURQUIA

TUVALU

UGANDA

VENEZUELA

VIETNÃ

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