G1 – Dicas de Português – Sérgio Nogueira

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G1 Dicas de Portugus Srgio Nogueira Dvidas dos leitoresby snogueira.sn FUI ou FOMOS ao jogo eu e o meu filho? Rigorosamente, FOMOS ao jogo eu e o meu filho. O sujeito (=eu e o meu filho) composto e corresponde a ns (=1 pessoa do plural). Entretanto, quando o sujeito composto aparece posposto (=depois do verbo), aceitvel que se faa o que se chama concordncia atrativa (=o verbo concorda com o ncleo do sujeito mais prximo). Isso significa que FUI ao jogo eu e o meu filho tambm aceitvel. Portanto, esto corretas as duas concordncias: PASSARO o cu e a terra ou PASSAR o cu e a terra. Leitor pergunta: Jornal de grande circulao de So Paulo publicou entrevista de exministro na qual teria dito: Quem conduziufoi o PSDB e eu. No seria fomos o PSDB e eu? Eu tambm prefiro a segunda opo: fomos ns (=o PSDB e eu). Mas isso no significa que o verbo no singular concordando somente com o PSDB esteja errado. a tal concordncia atrativa. Uso de estrangeirismos O uso de palavras estrangeiras na lngua portuguesa no assunto que possa ser tratado com tanta simplicidade como alguns imaginam. Meus leitores bem sabem que no sou um purista, do tipo que rejeita qualquer estrangeirismo. Entretanto, sou contra a invaso dos modismos e dos exageros desnecessrios. Quanto a este assunto, eu me considero um moderado. J expus o meu pensamento aqui, mas no custa repetir: 1o) Toda vez que surgir a necessidade de usarmos uma palavra ou expresso estrangeira, devemos buscar uma forma equivalente em portugus. Em vez de beach soccer, podemos usar futebol de areia. Por que dar ostart ou startar, se podemos iniciar ou comear? 2o) Se a traduo no funciona, devemos tentar o aportuguesamento: continer, estressado, futebol, blecaute, buf lgico que sempre haver casos discutveis: correio eletrnico ou e-mail, xampu ou shampoo? 3o) Caso a traduo e o aportuguesamento fracassem, s nos resta aceitar o termo estrangeiro na sua forma original: software, marketing, impeachment, rveillon Leitores desta coluna pedem espao para expor suas ideias: As companhias telefnicas mencionam na propaganda ligaes de longa distncia. Isso traduo literal do ingls. No Brasil essas ligaes so conhecidas como interurbano. Na televiso dizem que nossas operadoras esperam sua ligao quando o termo usual no Brasil telefonista. Estamos perdendo nosso idioma. Outro leitor nos escreve: Algumas pessoas tm a mania idiota e colonizada de encher suas frases e discursos de termos e expresses em ingls () Costumam se justificar

dizendo que em ingls fica mais conciso, preciso. Quando me dizem isso, peo logo para verterem para o ingls a frase Era uma vez um velhinho Em portugus so 5 palavras e 23 caracteres (inclusive os espaos). Em ingls, Once upon a time there was a little old man 10 palavras e 44 caracteres. Concordo em parte com os leitores. No h necessidade alguma de substituirmos as velhas telefonistas pelas modernosas operadoras. Tambm prefiro o tradicional interurbano, mas vamos botar um pouquinho de pimenta no assunto, para tornar a discusso mais gostosa: a expresso ligao de longa distncia no estaria sendo usada num sentido mais genrico, para englobar o DDD e o DDI? Mais leitores se manifestam: Pude constatar, em algumas pginas portuguesas na Internet, o uso de pginas domsticas em vez dehomepage, confirmando assim a xenofobia que ocorre em Portugal Foi uma surpresa ao me deparar com as tradues de nomes estrangeiros em Portugal. J pude perceber h bastante tempo, desde meus primeiros dias de Internet. () Grid de largada l Grelha de partida. O piloto Mika Hakkinen nesceu em Helsnquia, na Finlndia. E que tal a traduo de mouse para rato, referindo-se a um dos principais acessrios de qualquer PC hoje em dia? Para ns brasileiros, o problema torna-se maior quando o termo estrangeiro j est consagrado. A substituio fica muito difcil. No acredito que pginas domsticas, grelha de partida e rato venham a ser usados no Brasil. Os portugueses criticam duramente o fato de usarmos o termo bonde (de origem inglesa) para designarmos o que aqui se chama de um elctrico. No entanto, usam calmamente termos tais como tablier (do francs) para designar o painel de automvel, mable (do ingls) para designar um tipo de sof, alm das citadas impeachment, shopping center, talk show Tudo isso prova que no devemos ser radicais. Podemos valorizar a lngua portuguesa, mas sem xenofobia. Duro mesmo caminhar no calado da praia de Ipanema no Rio de Janeiro, com toda aquela beleza que Deus lhe deu, e repentinamente encontrar um tal Muscle Beach. Ser que uma musculao na praia no faria o mesmo sucesso? ShareEmailKeep unreadAdd tags Nov 16, 2011 7:35 AM

Dvidas dos leitoresby snogueira.sn OBRAS-PRIMAS ou OBRAS-PRIMA? O certo OBRAS-PRIMAS. Se a palavra composta, com hfen, constituda de um substantivo e um adjetivo (ou adjetivo + substantivo), os dois elementos vo para o plural: altas-rodas, altos-fornos, altos-relevos, amores-perfeitos, batatas-doces, boas-novas, boias-frias, cabeaschatas, cachorros-quentes, dedos-duros, guardas-civis, matrias-primas, meias-luas, meios-fios, ovelhas-negras, peles-vermelhas, puros-sangues OBRAS-PRIMAS e PROTAGONISTAS? Leitor quer saber se est correto o uso das palavras obras-primas e protagonistas? No so palavras que definem uma condio de exclusividade, ou o uso se modificou a ponto de designar as obras ou os personagens mais importantes?

Vejamos o que est registrado em nossos dicionrios: 1) Obra-prima: obra primorosa, das primeiras no seu gnero, obra capital, a melhor obra de um autor, obra mestra (Caldas Aulete); obra que das primeiras em seu gnero, a melhor obra de um autor (Michaelis). O uso est realmente modificando o sentido original da palavra, ou seja, obra-prima deixa de ser a obra maior de um autor para tornar-se sinnimo de qualquer grande obra, de obras importantes. Isso no me agrada. Prefiro respeitar a origem da palavra. Rigorosamente, cada autor s tem uma obra-prima. 2) Protagonista: pessoa que em uma pea teatral representa o principal papel (Caldas Aulete); principal personagem de uma pea dramtica (Michaelis). Originariamente, protagonista s havia um. A culpa da pluralizao dos protagonistas s pode ser das modernas telenovelas. Que uma telenovela tenha mais de um protagonista, d pra engolir. Entretanto, no esquea que protagonista principal redundante e protagonista secundrio no existe. CURIOSIDADES Carta de leitor: Recentemente escutando uma rdio, pude observar o locutor dizendo: Nossos preos soterrveis para concorrncia. Fiquei imaginando: 1. Os preos so to ruins (altos) que so terrveis para a concorrncia; 2. Os preos so terrveis para a concorrncia, de to baixos, assusta. Creio que o item 2 deva estar certo. Pelo menos, deve ser isso que o anunciante deve estar querendo passar. Mas no ficaria melhor dizer simplesmente que nossos preos so menores que o da concorrncia. bvio que a segunda interpretao a que traduz a inteno do anunciante. Quanto ambiguidade da frase, isso frequente em linguagem publicitria. E intencional. A linguagem de duplo sentido uma das maneiras mais eficazes de atrair a ateno dos clientes. A ambiguidade ruim em situaes srias. No famoso e triste episdio do Banco Marka, ouvimos algum do Banco Central afirmar: Conseguimos a melhor cotao do dlar. Resta saber, melhor para quem? Voltando s curiosidades. Outro leitor acha estranha a histria do exame mdico. O paciente faz exame para saber se o tumor maligno. Responde o mdico: Deu positivo. Infelizmente o resultado do exame no positivo para o paciente. Para ele, no uma boa resposta. No caso, positivo significa que o tumor realmente maligno. Outro leitor pergunta: comum ouvir-se a expresso aniversrio de 6 meses de uma empresa, ou aniversrio de 3 meses de namoro. O uso de aniversrio para designar outros intervalos de tempo que no o anual aceitvel? Nosso leitor internauta tem razo. Aniversrio vem do latim anniversarius e significa o que volta todos os anos, anual. Portanto, aniversrio de 6 ou 3 meses s se for no sentido metafrico. Rigorosamente uma incoerncia, a etimologia (=origem da palavra) est sendo desrespeitada. Isso me fez lembrar a sugesto de um amigo, encantado com o sucesso da ltima bienal do livro. Segundo ele, a bienal do livro deveria ocorrer todos os anos. A ideia boa, mas a primeira providncia ser a troca do nome. Bienal s de dois em dois anos. Outra curiosidade a dvida de uma leitora: Ouvi de um personagem de novela: Me inclua fora dessa. correto? Pode haver incluso na excluso?

lgico que no. Mas, provavelmente, deve ter sido usado ironicamente. Deve ter sido uma brincadeira. A fraseMe inclua fora disso j virou piada. bom no lev-la a srio. E, para terminar, a prola de um aluno: Aquele cara tem o corpo todo malhado porque toma muito asteride. Sem comentrios. DESMISTIFICAR ou DESMITIFICAR? DESMISTIFICAR = desfazer uma mistificao ou impostura. Desmoralizar-se, desmascarar-se. (Dicionrio Ilustrado da Lngua Portuguesa, elaborado por Antenor Nascentes) DESMITIFICAR = desfazer a mitificao existente acerca de pessoa ou coisa. (Dicionrio Larousse) Os dois verbos esto registrados no Vocabulrio Ortogrfico da Lngua Portuguesa, entretanto o verbo DESMITIFICAR no aparece em muitos dicionrios. A diferena prtica, no meu modo de ver, a seguinte: DESMISTIFICAR acabar com uma farsa; DESMITIFICAR deixar de ser mito. ShareEmailKeep unreadAdd tags Nov 9, 2011 7:45 AM

Dvidas dos leitoresby snogueira.sn Um ou uma telefonema? Telefonema um substantivo masculino. Devemos, portanto, dar um telefonema. As palavras terminadas em -ema, geralmente de origem grega, so masculinas: o problema, o estratagema, o trema, o telefonema Nem todas as palavras terminadas em a so femininas. No esquea que a grama a relva e que o grama refere-se massa (peso): mil gramas = um quilograma. D um telefonema para a mercearia e pea duzentos gramas de mortadela. A NVEL DE ou EM NVEL DE? Muitos leitores querem saber qual a forma correta: A nvel de ou em nvel de usurio de informtica? a famosa dvida de nada com coisa alguma. No h nveis. Ningum est se referindo ao nvel dos usurios de informtica. Dependendo do restante da frase, poderamos usar: Como usurio de informtica Quanto ao usurio de informtica Em referncia ao usurio de informtica Sendo usurio de informtica Quando houver nveis, podemos usar a forma EM NVEL: So problemas a serem resolvidos em nvel federal.

A expresso a nvel de no passa de um modismo lingustico, totalmente desnecessrio, principalmente por ser usado em situaes em que no h nveis: O problema s ser resolvido a nvel de reunio (basta: s ser resolvido em reunio); O projeto ainda est a nvel de discusso (basta: ainda est sendo discutido ou em fase de discusso). NO-CONFORMIDADE ou NO CONFORMIDADE? Embora alguns autores contestem a tendncia de usarmos o advrbio no no papel de prefixo, no podemos fechar os olhos realidade. Antes do novo acordo ortogrfico, a tendncia era seguir as seguintes regras: 1) Quando o no funciona como autntico prefixo, equivalente a in-, liga-se ao substantivo mediante hfen. Portanto: o no-conformismo, o no-comparecimento, a no-interveno, o no-pagamento, a no-quitao, a no-flexo. 2) Quando, porm, o no antecede adjetivo no h hfen. Portanto: no descartvel, no durvel, no flexionado, no resolvido Assim sendo, o correto era NO-CONFORMIDADE com hfen, pois conformidade substantivo. Essa polmica toda acabou. O novo acordo ortogrfico decretou o fim do hfen com o elemento no, seja advrbio de negao ou fazendo papel de prefixo. Devemos escrever sem hfen: organizao no governamental, tratado de no agresso, diante do no pagamento, o relatrio apresentou muitas no conformidades DISPONIBILIZAR? Afinal, disponibilizar virou verbo, ou no? Ou trata-se de mais um modismo que com o tempo acaba incorporando-se lngua, sem lembrarmos mais da origem? A dvida se devia ao fato de, embora muito usado, principalmente no meio empresarial, no haver registro do tal verbo em nossos dicionrios. No aparecia nem Vocabulrio Ortogrfico da Lngua Portuguesa, publicado pela Academia Brasileira de Letras em 1998. O problema acabou. As novas edies de nossos dicionrios e a ltima edio do VOLP registram finalmente o verbo DISPONIBILIZAR (= tornar disponvel). MELHOR ou MAIS BEM? Leitora pergunta: O certo no usar, antes de particpio, mais bem e mais mal em vez de melhor e pior ? Este caso polmico. Para alguns autores, o certo melhor distribudos; outros afirmam que o certo mais bem distribudos; e h ainda os que dizem que um caso facultativo. Costumo no reduzir o caso a uma discusso de certo ou errado. Para agilizar o nosso trabalho, simplificamos o fato: diante de qualquer particpio, devemos usar mais bem ou mais mal. Como ningum diria que Ronaldinho o jogador brasileiro melhor pago ou que o trabalho foi pior feito, preferimos usar mais bem e mais mal diante de qualquer

particpio: Ronaldinho o jogador brasileiro mais bem pago, O trabalho foi mais mal feito, Ele est mais bem preparado, O corredor mais bem colocado Assim sendo, a nossa leitora tem razo em sua crtica. Devamos ter escrito: Negcios sero mais bemdistribudos. ShareEmailAdd tags Nov 2, 2011 7:49 AM

Dvidas dos leitoresby snogueira.sn O inferno ou SO os outros? Rigorosamente, seria um caso facultativo: Tudo flores ou Tudo so flores. A realidade, porm, tem nos ensinado que a preferncia pelo plural incontestvel. Entre o singular e o plural, o verbo ser concorda no plural: O inferno so os outros. O resultado da pesquisa so nmeros assustadores. A prioridade do governo so os pobres. O maior problema do Rio de Janeiro so as chuvas. Estes dados so parte de um relatrio confidencial. Solicitamos um talo ou caderno de cheques? No Brasil, usamos talo de cheques. Talo de cheque pode ser tambm o cheque solitrio, e no necessariamente o talonrio. Um milho de reais foi gasto ou foram gastos? As duas formas so aceitveis. Prefiro a concordncia com o especificador: Um milho de reais foram gastos neste investimento. Um milho de vacinas foram retiradas do mercado. Um milho de mulheres esto grvidas. Autocuidado ou auto-cuidado? Segundo o novo acordo ortogrfico, com o prefixo auto, s devemos usar hfen se a palavra seguinte comear por h ou por vogal igual: auto-hipnose, auto-observao Com as demais letras, devemos escrever sem hfen ou, como se diz popularmente, tudo junto. Com as consoantes r e s, deveremos dobrar o r e o s: autorretrato, autosservio Com as outras vogais, no haver mais hfen: autoajuda, autoestima, autoanlise, autoatendimento Se a palavra seguinte comear com qualquer outra letra, devemos escrever sem hfen, como sempre foi: autobiografia, autocontrole, autocrtica, autodeterminao, autogesto, automedicao, automutilao, autopromoo

Segundo a regra, deveramos escrever autocuidado. O problema que no h registro da palavra no Vocabulrio Ortogrfico da Lngua Portuguesa. Dia a dia ou dia-a-dia? Antes do novo acordo ortogrfico, a regra era a seguinte: a) Devamos escrever sem hfen quando dia a dia significa diariamente (=expresso adverbial): Sua fama cresce dia a dia. b) Devamos escrever com hfen quando a expresso dia-a-dia aparece substantivada (=cotidiano): Os atletas falam do dia-a-dia na semana decisiva. Segundo o novo acordo, palavras compostas que apresentem elementos de conexo s tero hfen se forem nomes ligados zoologia ou botnica: joo-de-barro, copode-leite Os demais compostos no tero hfen: dona de casa, fim de semana, lua de mel, p de moleque, cara de pau, p de cabra, passo a passo, disse me disse, sobe e desce Assim sendo, DIA A DIA no ter mais hfen quando usado como substantivo, com o sentido de cotidiano: Isso tudo faz parte do dia a dia do carioca. O uso do pronome LHE Leitor nos escreve: Como nordestino uso muitas vezes o pronome lhe. Pergunto: quando us-lo? O pronome lhe, como complemento verbal, substitui os objetos indiretos: Eu no lhe obedeo. Eu devo dizer-lhe a verdade. Eu lhe entreguei os documentos. Quem decide se o objeto direto ou indireto o verbo. Em caso de dvida, v ao dicionrio. L voc vai encontrar a regncia do verbo (=se pede preposio ou no). Quem obedece obedece a algum. Obedecer um verbo transitivo indireto, por isso eu no lhe obedeo. A forma eu lhe amo deve ser evitada na lngua padro, porque o verbo amar transitivo direto. Pede objeto direto, por isso no poderamos usar o pronome lhe. ShareEmailAdd tags Oct 26, 2011 8:44 AM

Dvidas dos leitoresby snogueira.sn DOMICLIO ou A DOMICLIO? Segundo o poeta Ferreira Gullar, a crase no foi feita para humilhar ningum. Concordo. Humilhar no humilha, mas d uma enorme dor de cabea. Quando o assunto crase, briga na certa. As questes polmicas so muitas. A pergunta campe domiclio ou a domiclio?

Quanto ao uso do acento grave indicativo da crase, no h discusso. um caso de crase impossvel, por uma razo muito simples: domiclio um substantivo masculino. importante lembrar que, antes de substantivos masculinos, impossvel haver crase, porque, se houvesse artigo definido, seria o artigo o. No esquea que para ocorrer a crase, precisamos da preposio a + artigo definido feminino a. Assim sendo, no perca tempo: a servio, a p, a lcool, a jato, a tiros, a 100 metros, a prazo A controvrsia que existe quanto famosa expresso entrega a domiclio no a crase. O que se discute a preposio. Se toda entrega se faz em algum lugar, por que devemos fazer a entrega a domiclio? Se fazemos qualquer entrega em casa, no escritrio, no quarto do hotel, devemos tambm fazer a entrega em domiclio. Alguns autores alegam que a expresso entrega a domiclio j est consagrada pelo uso. Posso at concordar com o fato de ela ser muito usada, mas discordo daqueles que afirmam que ningum usa entrega em domiclio. Para provar isso, tenho dois bons exemplos. Basta observar o que est escrito nas novas caminhonetes de uma grande rede de supermercados no Rio de Janeiro ou ento na propaganda de outro enorme supermercado na Barra da Tijuca, onde se l em letras garrafais: ENTREGAS EM DOMICLIO. Embora a forma entrega a domiclio seja aceitvel, prefiro que usemos entrega em domiclio e sugiro que esse tipo de dvida no seja questo de provas e concursos. CAJU x GRAJA? Embora alguns insistam, caju, Bangu, urubu, bauru e Pacaembu no tem acento agudo. Regra 1 S acentuamos as palavras oxtonas (=slaba tnica na ltima slaba) terminadas em a, e e o, seguidas ou no de s: a(s) = caj, Paran, atrs, alis e(s) = jacar, voc, atravs, portugus o(s) = palet, av, aps, comps No se acentuam as oxtonas terminadas em i ou u: i(s) = aqui, Parati, eu dividi, anis u(s) = caju, bauru, urubu, Bangu, Pacaembu, Nova Iguau Regra 2 Acentuam-se as vogais i e u tnicas, formando hiato com a vogal anterior e formando slaba sozinhas ou com s: Gra-ja-, ba-, I-ta-, I-ca-ra-, eu sa-, eu in-flu-, eu a-tra-, pa-s A diferena, portanto, o hiato: CA-JU, mas GRA-JA-; I-CA-TU, mas I-TA- importante lembrar que o novo acordo ortogrfico aboliu o acento agudo somente nas palavras em que as vogais i e u tnicas formam hiato com um ditongo decrescente: feira > feiura (fei-u-ra); baica > baiuca (bai-u-ca); Bocaiva > Bocaiuva (bo-cai-u-va). QUE NEM?

Leitora nos escreve: Li num anncio: Se voc estivertome cuidado para no sair gritando, pulando e comemorando que nem um louco. Que nem est correto? um advrbio de modo? Que nem = como? Vamos por partes. 1o) A expresso que nem caracterstica da linguagem coloquial brasileira. Deveria, portanto, ser evitada em textos mais formais. 2o) O caso no deve ser reduzido discusso de certo ou errado. 3o) A expresso que nem equivalente a conjuno comparativa como. No se classifica, portanto, como advrbio de modo. Poderia ser classificada como uma conjuno subordinativa comparativa. MINIMIZAR = reduzir ao mximo ou ao mnimo? Eu prefiro a lgica: em vez de reduzir ao mximo, reduzir ao mnimo. Muitos leitores me escreveram com valiosas observaes. No houve propriamente uma discordncia quanto minha preferncia, mas sim uma sugesto. Em vez de reduzir ao mximo, seria correto tambm: reduzir o mximo. A explicao a seguinte: se o governo quer reduzir suas despesas ao mnimo, deve reduzir o mximo possvel. Observe outro exemplo: Ela reduziu o volume do rdio ao mnimo. Ela reduziu o volume do rdio o mximo possvel. Os leitores mais uma vez tm razo. ShareEmailAdd tags Oct 19, 2011 8:00 AM

Dvidas dos leitoresby snogueira.sn A volta da polmica crase O leitor assduo desta coluna j deve ter percebido a paixo deste professor por temas polmicos. Eu realmente adoro enfrentar assuntos que provocam discusso. Para mim, um meio de aprendizado e consequente crescimento. E nesse aspecto no poderia faltar a crase. Depois de muito sofrer, o brasileiro consegue finalmente entender o uso do acento indicativo da crase: fuso de duas vogais iguais (preposio a + outro a). O caso mais frequente de crase a contrao da preposio a com o artigo definido feminino a(s). A, quando o brasileiro acha que sabe tudo de crase, ele se depara com alguns probleminhas. O certo a vista ou vista, a distncia ou distncia? O grande mestre Napoleo Mendes de Almeida em suas Questes Vernculas dizia no haver crase. Segundo ele, no h artigo definido. Em a vista, a prova da ausncia do artigo est no correspondente masculino a prazo. No caso de a distncia, a ausncia do artigo definido se deve ideia de distncia indeterminada. Se fosse uma distncia definida, haveria crase: Estamos distncia de cinco metros.

Por outro lado, existem autores que defendem a crase. Entre eles, est o mestre Adriano da Gama Kury que, no seu livro Ortografia, Pontuao, Crase, afirma: Desde tempos antigos da nossa lngua se vm usando com acento no a (ou com dois aa, quando ainda no era generalizado o uso dos acentos) numerosas locues adverbiais e prepositivas formadas de substantivos femininos, tais como custa de, espada, farta, fome, fora, pressa, toa, vela, s avessas, s cegas, s claras, s pressas, s vezes e tantas mais. () Alm disso, cumpre levar em conta estes dois fatores que aconselham a utilizao do acento no a nas locues com nomes femininos: 1o) o uso tradicional do acento pelos melhores escritores da nossa lngua; 2o) a pronncia aberta do a, em Portugal, nessas locues, tal como qualquer a resultante de crase diferente do timbre fechado do a pronome, artigo ou preposio. () De quanto se exps acima, deve-se recomendar o uso do acento no a em locues como as seguintes (adverbiais, prepositivas, conjuntivas): bea, deriva, distncia, mo, medida que, moda de, procura de, proporo que, revelia, toda, vista Se os grandes mestres divergem, o que me resta assumir uma posio que pode perfeitamente mudar, pois estou aberto a novas informaes e a fortes argumentos. No meio jornalstico, no posso responder tanto faz. De nada adianta afirmar que fulano diz sim e que cicrano diz no. inaceitvel usarmos vista na primeira pgina e a vista na pgina 3. Somos criticados quando escrevemosensino distncia no ttulo e a distncia no corpo da matria. Necessitamos de uma uniformidade de pensamento, de um padro, mesmo que isso no agrade a todos. Em razo disso, com o intuito de simplificar e de facilitar o nosso trabalho, adotamos a crase, ou seja, sugerimos o uso do acento grave para todos os adjuntos adverbiais femininos: vista (de modo), distncia (de lugar), s vezes (de tempo), mo (de instrumento) Isso no significa que somos os donos da verdade e que esto errados todos aqueles que defendem o uso de a vista e a distncia. O tema polmico, existem opinies divergentes e no podemos reduzir a questo a uma simples discusso de certo ou errado. Hoje eu penso assim, amanh MAU ou MAL? Leitor critica manchete jornalstica: Sade em mal estado. O leitor tem razo. Estamos escrevendo muito mal. Quem est em mau estado o nosso texto. No esquea: MAU o contrrio de BOM; MAL o contrrio de BEM. Se voc no escreve bem, porque escreve mal; se a Sade no est em bom estado, porque est em mauestado. DA ONDE ou DE ONDE? Leitora escreve: Outra coisa que me irrita ouvir algum perguntar: Voc da onde?

A irritao da leitora justificvel. A forma da onde simplesmente no existe. Sempre que houver a ideia de procedncia de algum lugar, devemos usar a forma DE ONDE. Portanto, devemos falar: Esta a cidade de onde ele veio. Quero saber de onde voc vem. ShareEmailAdd tags Oct 12, 2011 8:34 AM

Dvidas dos leitoresby snogueira.sn Eu acho que eu no vou vim no Alguns leitores desta coluna querem a minha opinio a respeito do uso do verbo ir como auxiliar na formao do futuro. Leitor reclama: sinto calafrios quando ouo ou leio coisas terrveis como o comercial de um curso de ingls em que a jovem pergunta: e voc no vai vir estudar? Outro leitor pergunta: costume no sul, principalmente entre os gachos, usar a expresso vou ir, ou ento,vinha vindo. Estas expresses esto certas? Na linguagem dos brasileiros, est cada vez mais frequente o uso do verbo ir como auxiliar do futuro: em vez deeu falarei, a maioria diz eu vou falar; em vez de ele jogar, preferem ele vai jogar; em vez de ns proporemos, fica melhor ns vamos propor. At aqui, tudo bem. Em determinadas situaes, eu tambm prefiro o uso do verbo ir como auxiliar. Na linguagem falada, por exemplo, a forma ele vai querer muito melhor que o horroroso ele querer. Entretanto, o uso excessivo do verbo ir empobrece o estilo e com alguns verbos fica no mnimo estranho. O problema maior ocorre quando o verbo ir acompanha o prprio verbo ir ou o verbo vir. a histria do eu vou ire do ridculo eu vou vir. A forma eu vou ir parece redundante. Eu irei fica melhor. E a forma eu vou vir parece absurda. melhor falar eu virei. Agora, inexplicvel o tal do eu vou vim. importante lembrar que a forma eu vou vim inaceitvel. Est totalmente errada. A forma eu vou vim simplesmente no existe. Ento, para ficar bem claro, eu vou repetir: dizer eu vou sair, ele vai viajar, ns vamos estudartudo bem; em vez de eu vou ir, diga eu irei; em vez de eu vou vir, diga eu virei; e nunca mais diga eu vou vim. MANDADO ou MANDATO? O leitor tem razo. Muitos confundem os parnimos (=palavras formalmente parecidas e com significados diferentes). a) MANDATO significa representao, delegao, poderes que os eleitores conferem aos vereadores, aos deputados, aos senadores, aos prefeitos, aos governadores e aos presidentes para os representar. Da, O mandato do Presidente da Repblica de quatro anos; Querem cassar o mandato de trs deputados federais.

b) MANDADO o ato de mandar; ordem ou despacho escrito por autoridade judicial ou administrativa. Portanto, uma ordem judicial um mandado: mandado de priso, mandado de segurana, mandado de busca e apreenso TRAGO ou TRAZIDO? Leitora quer saber: Como se usa tinha trago/trazido ou havia trago/trazido? A forma do particpio do verbo trazer TRAZIDO. O certo, portanto, dizer ele tinha trazido ou ele havia trazido. A forma trago s existe como primeira pessoa do singular do presente do indicativo do verbo trazer e do verbotragar: Eu trago os meus documentos sempre comigo e s vezes eu fumo um cigarrinho, mas no trago. Isso significa que tinha trago e havia trago so formas inaceitveis na lngua padro. Fato semelhante ocorre com o verbo chegar. O certo : ele tinha chegado ou ele havia chegado. As formas ele tinha chego e ele havia chego so inaceitveis. A forma chego, como particpio, no existe. A forma chego s existe na primeira pessoa do singular do presente do indicativo: Eu sempre chego antes da hora. Regncia do verbo PROCEDER Segundo o dicionrio Aurlio, o verbo proceder, no sentido de levar a efeito, fazer, executar, realizar, transitivo indireto. O certo, portanto, : Estamos impossibilitados de proceder ao pagamento da indenizao relativa, haja vista Eminente ou Iminente? Leitor quer saber se est correta a frase: Nessas ocasies o clima fica tenso e as brigas so eminentes. O certo : Nessas ocasies a clima fica tenso e as brigas so IMINENTES. Veja a diferena: Eminente significa ilustre, elevado, sublime: Ele um poltico eminente. Iminente o que est prestes a acontecer: A chuva iminente, H um perigo iminente de exploso. ShareEmailAdd tags Oct 5, 2011 8:56 AM

Dvidas dos leitoresby snogueira.sn Hoje dia de briga. So perguntas endereadas a esta coluna cujas respostas certamente causaro alguma polmica. 1a) A regncia do verbo DESCULPAR

Leitor afirma: No concordo com a frase : Que tal? Desculpem a falta de modstia. Aprendi: quem desculpa, desculpa algum de alguma coisa. Portanto, o certo no seria: Desculpem da falta de modstia? Alguns locutores de noticirio, sobretudo da Rede Globo, dizem: Desculpem a nossa falha. Quando o correto :Desculpem da nossa falha tcnica. O professor Luiz Antnio Sacconi, em seu livro 1000 erros de Portugus, 5 edio, tambm critica a tal frase. Segundo o mestre, a frase que os homens da televiso devem dizer, aps um problema tcnico, esta:Desculpem-nos da nossa falha. O mesmo professor, no livro No erre mais, defende mais uma vez a regncia do verbo: Tanto desculpar (absolver, relevar) quanto desculpar-se (pedir desculpas) regem de, e no por. Mais adiante afirma: Desculpar-se (perdoar) transitivo direto e indireto e rege a preposio a () Nesse mesmo sentido pode ser construdo como transitivo direto: O chefe no desculpava os erros de seus funcionrios. No h dvida de que o verbo desculpar, no sentido de perdoar, pode ser usado como transitivo direto (=sem preposio). Os nossos dicionrios comprovam isso: No sabia como desculpasse os pecados do povo (Caldas Aulete), Desculpou a inadvertncia do funcionrio. (Michaelis). O problema o uso do verbo desculpar-se, no sentido de pedir desculpas. Nesse caso, h uma certa uniformidade entre nossos autores: desculpar-se de alguma coisa. Assim sendo, em textos formais, a regncia clssica exigiria: Desculpem-me da falta de modstia e Desculpem-nos da nossa falha. Entretanto, na linguagem coloquial brasileira, no h dvida de que a regncia popular vem consagrando o verbodesculpar, tanto no sentido de perdoar quanto no de pedir desculpas, como transitivo direto (=sem preposio). No devemos, portanto, reduzir o caso a uma simples questo de certo ou errado. , portanto, mais um problema de adequao da linguagem: em textos formais, voc deve desculpar-se de alguma coisa; em textos informais, voc pode desculpar alguma coisa. Fim do 1 round. 2a) Uso do INFINITIVO PESSOAL Carta de leitor: A minha dvida sobre as seguintes construes: 1) Fama e Beleza Plstica, malhao e outros truques das celebridades para FICAR mais bonitas. 2) Os pacientes da doutora Valria, uma atrasada assumida, aguardam em mdia uma hora para SER atendidos. A dvida do nosso leitor a mesma de muita gente boa. Quanto ao uso do infinitivo, h muita divergncia entre os estudiosos. J discutimos o assunto mais de uma vez. Para alguns autores, o infinitivo nunca se flexiona; outros afirmam que um caso facultativo; e h aqueles que exigem a concordncia no plural. A minha preferncia flexionar o infinitivo em trs situaes: 1a) Quando o sujeito plural vier expresso imediatamente antes do infinitivo: Houve uma ordem para os alunos sarem. O professor mandou os alunos sarem. 2a) Quando houver perigo de ambiguidade: O professor liberou os alunos para verem o jogo. (=para que os alunos vissem o jogo, e no somente o professor) 3a) Na voz passiva ou com verbos de ligao: e outros truques das celebridades para ficarem mais bonitas. Os pacientes aguardam em mdia uma hora para serem atendidos. Fim do 2o round.

3a) Regncia do verbo INFORMAR O verbo informar transitivo direto e indireto. Voc pode informar alguma coisa (OD) a algum (OI) ou informaralgum (OD) de alguma coisa (OI). Construir a frase com dois objetos indiretos considerado erro: Venho informar aos senhores associados (OI)das novas alteraes estatutrias (OI). H duas opes corretas: 1a) Venho informar aos senhores associados (OI) as novas alteraes estatutrias (OD). ou 2a) Venho informar os senhores associados (OD) das novas alteraes estatutrias (OI). Leitor quer saber se a construo Vem inform-lo que estaria certa ou errada. Sem dvida, no a melhor construo. Prefiro: Vem informar-lhe (OI) que(OD) ou Vem inform-lo (OD) de que (OI). Na frase Vem inform-lo que, teramos dois objetos diretos. Entretanto, no posso considerar uma construo errada, pois muitos autores afirmam que o uso de preposies antes da conjuno integrante queno obrigatrio: Eu preciso (de) que voc me ajude. Eu acredito (em) que ele volte. Tenho a certeza (de) que ele voltar. Assim sendo, a frase Ele vem inform-lo (de) que a reunio ser s 10h aceitvel. Fim do 3o round e da briga. ShareEmailAdd tags Sep 28, 2011 8:38 AM

Dvidas dos leitoresby snogueira.sn MANTERIA-SE ou MANTER-SE-IA? No existe nclise (=pronome tono depois do verbo) quando o verbo est no futuro do presente do indicativo ou no futuro do pretrito. Isso significa que as formas manteria-se, tornarei-me, sentar-se, realizaria-se so inaceitveis. Quando o verbo est no futuro do indicativo, podemos usar o pronome em mesclise: manter-se-ia, tornar-me-ei, sentar-se-, realizar-se-ia. Se a nclise (=manteria-se) est errada e a mesclise (=manter-se-ia) est correta, mas ficaria inadequada num texto mais coloquial, que fazer? Basta pr o sujeito antes do verbo. Assim, poderemos usar o pronome em prclise (=antes do verbo): A presso se manteria, Eu me tornarei, Ele se sentar, A reunio se realizaria. Via de ESCAPE PRINCIPAL ou Via PRINCIPAL DE ESCAPE? Leitor quer saber qual a forma correta. No uma questo de certo ou errado. uma questo de clareza. O adjetivo principal se refere via, e no aoescape. Portanto, a melhor construo Via PRINCIPAL de escape. O mesmo ocorre em Via ALTERNATIVA de escape. No um escape alternativo, e sim uma via alternativa.

Isso tudo me fez lembrar a loja que vendia roupas para homens de segunda mo. VERBOS O uso dos verbos sempre merece ateno especial. Hoje, temos duas observaes a fazer: 1a) O abandono do modo subjuntivo. frequente ouvirmos: Acredito que ele vai ao jogo. Eu acho que ele est de frias. Como so duas suposies, deveramos usar o modo subjuntivo: Acredito que ele v ao jogo. Eu acho que ele esteja de frias. Pior que no usar o modo subjuntivo us-lo erradamente: que esteje de frias, que ele seje convidado. No esquea que coisas do tipo esteje, teje, seje simplesmente no existem. 2a) A troca do futuro do pretrito pelo pretrito imperfeito do indicativo. Observe: Se no chovesse, eu ia ao jogo. Se fosse permitido, eu fazia o trabalho. importante lembrar que h uma correspondncia entre o pretrito imperfeito do subjuntivo (=chovesse, fosse) com o futuro do pretrito do indicativo (=iria, faria). Deveramos, portanto, dizer: Se no chovesse, eu iria ao jogo. Se fosse permitido, eu faria o trabalho. Leitora quer saber se uso do pretrito imperfeito do indicativo em vez do futuro do pretrito correto na linguagem informal. O nosso problema sempre reduzir o caso histria do certo ou errado. O que eu posso dizer que o uso do pretrito imperfeito do indicativo (=ia, fazia, devia), em substituio ao futuro do pretrito do indicativo (=iria, faria, deveria), era frequente no portugus arcaico e ainda muito usado no portugus de Portugal. Aqui no Brasil, uma caracterstica da nossa linguagem coloquial (=linguagem informal). Sugiro que evitemos em textos formais. SENO ou SE NO? Atendendo a pedidos, estamos voltando ao assunto. 1o) SE NO = se (conjuno condicional = caso) + no (advrbio de negao): Se no houver dinheiro, cancelaremos o projeto. (=Caso no haja dinheiro); Ele ser demitido, se no apresentar uma boa justificativa. (=caso no apresente uma boa justificativa). Assine o contrato hoje, se no, perderemos o prazo. (antes de vrgula = caso no assine/ caso contrrio). 2o) Usaremos SENO em trs situaes:

a) b) c)

SENO = mas sim, porm: SENO = apenas, somente: SENO = defeito, falha:

No era caso de expulso, seno de advertncia. (=mas sim de advertncia); No se ouviam seno os tambores. (=Somente os tambores eram ouvidos); No houve um seno em sua apresentao. (=No houve falha alguma, nenhum defeito). ShareEmailAdd tags Sep 21, 2011 10:38 AM

Dvidas dos leitoresby snogueira.sn O uso do ponto e vrgula O ponto e vrgula indica uma pausa maior que a vrgula. Vejamos as situaes em que o seu emprego mais frequente: 1a) para separar os membros de um perodo longo, especialmente se um deles j estiver subdividido por vrgula: Na linguagem escrita o leitor; na fala, o ouvinte. Nas sociedades annimas ou limitadas existem problemas: nestas, porque a incidncia de impostos maior; naquelas, porque as responsabilidades so gerais. 2a) para separar oraes coordenadas adversativas (=porm, contudo, entretanto) e conclusivas (=portanto, logo, por conseguinte): Ele trabalha muito; no foi, porm, promovido. (indica que a primeira pausa maior, pois separa duas oraes) Os empregados iriam todos; no havia necessidade, por conseguinte, de ficar algum no ptio. 3a) para separar os itens de uma explicao: A introduo dos computadores pode acarretar duas consequncias: uma, de natureza econmica, a reduo de custos; a outra, de implicaes sociais, a demisso de funcionrios. 4a) para separar os itens de uma enumerao: Deveremos tratar, nesta reunio, dos seguintes assuntos: a) b) c) d) cursos a serem oferecidos, no prximo ano, a nossos empregados; objetivos a serem atingidos; metodologia de ensino e recursos audiovisuais; verba necessria.

Se dirigir, no beba; se beber, no dirija. Em frente ao Hospital Pinel, no Rio de Janeiro, havia um painel luminoso da CET-Rio. L estava a seguinte mensagem: Se dirigir; no beba se beber; no dirija

Certamente o hospital no tem culpa alguma. Louco ou bbado estava quem escreveu a tal frase. No pela mensagem em si, mas pela pontuao da frase. Provavelmente algum disse para o autor: Olha, tem um ponto e vrgula a. E o letrado, por garantia, tascou logo dois. Ora, onde encontramos o ponto e vrgula bastaria a vrgula, pois se trata de uma orao subordinada adverbial condicional deslocada: Se dirigir, no beba. O ponto e vrgula seria perfeito entre as duas ideias, apontando, assim, uma pausa maior que a vrgula: Se dirigir, no beba; se beber, no dirija. essa uma das utilidades do ponto e vrgula: indicar uma pausa maior que a vrgula e no to forte quanto o ponto-final. Portanto, o autor da frase acaba de perder trs pontos na sua carteira de habilitao, por uma infrao mdia contra a gramtica. Depois que grandes escritores j confessaram que no tm segurana para usar o ponto e vrgula, no serei eu o louco que vai considerar o mau uso do ponto e vrgula uma infrao gravssima, a menos que isso prejudique os aposentados Mais ponto e vrgula Alguns leitores insistem em perguntar a respeito do ponto e vrgula da Previdncia. Afinal, est certo ou errado? Quanto ao uso do ponto e vrgula, a frase est correta. O problema a interpretao. Primeiro, vamos lembrar a tal frase que est no artigo 201 da reforma da Previdncia: assegurada a aposentadoria no regime geral de Previdncia Social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes condies: 35 anos de contribuio, se homem e 30 anos, se mulher; 65 anos de idade, se homem e 60 anos, se mulher Segundo alguns juristas, o ponto e vrgula aps a palavra mulher teria a funo de um e, tornando as exigncias cumulativas. Para outros, o ponto e vrgula teria uma ideia de excluso, ou seja, anos de contribuio ou anos de idade. As exigncias no seriam cumulativas. A interpretao de que as exigncias so cumulativas (=ideia aditiva) a mais provvel. Numa enumerao, geralmente o ponto e vrgula tem valor aditivo (=e). Entretanto, o ponto e vrgula permite outras interpretaes. Na frase Se dirigir, no beba; se beber, no dirija, o ponto e vrgula tem valor de ou. Dizer que o ponto e vrgula tem sempre o valor aditivo(=que sempre igual a e) no mnimo uma afirmativa perigosa. Na verdade, faltou clareza ao texto, o que inconcebvel na redao de uma lei. Se a inteno do autor do texto fosse realmente deixar clara a ideia de exigncias no cumulativas, deveria ter substitudo o ponto e vrgula pela conjuno alternativa ou: obedecida uma das seguintes condies: 35 anos de contribuio, se homem e 30 anos, se mulher ou 65 anos de idade, se homem e 60 anos, se mulher Se, ao contrrio, a ideia fosse de exigncias cumulativas, o autor, em nome da clareza, poderia usar o amado ponto e vrgula desde que fizesse uma nova redao: obedecidas as seguintes condies: 35 anos de contribuio e 65 anos de idade, se homem; 30 anos de contribuio e 60 anos de idade, se mulher ShareEmailAdd tags Sep 14, 2011 8:34 AM

Dvidas dos leitores

by snogueira.sn AMERICANO ou NORTE-AMERICANO? Pelo visto, h muitos leitores indignados. Todos contestam a minha preferncia por americano. Afirmei aqui: A seleo americana de basquete a dos Estados Unidos. Uma seleo norteamericana deveria incluir jogadores do Canad e do Mxico. Voc sabe por que quem nasce em Pernambuco pernambucano, e no pernambuquense. Por que quem nasce no Cear cearense, e no cearano? O que eu sei que existem vrias sufixos (-ano, -ense, -eiro, -ista, -ino) para designar o lugar de nascimento. Paulista quem nasce no estado de So Paulo, e paulistano quem nasce na cidade de So Paulo. Seria conveno? Foi o uso que consagrou? A Repblica Federativa do Brasil j foi Estados Unidos do Brasil. Quem aqui nasce sempre foi brasileiro. Nunca fomos estadunidenses. Quem nasce nos Estados Unidos da Amrica (USA=United State of America) pode ser estadunidense ou americano ou norte-americano. Isso o que dizem vrios dicionrios. O adjetivo estadunidense na prtica no funciona. As duas formas mais usadas so americano e norte-americano. Entre essas duas, prefiro americano. Para mim, norte-americano corresponde ao nosso sul-americano. Sei muito bem que americano tambm se refere Amrica inteira. Entretanto, creio que no haveria confuso: a) Se falarmos em senado americano, s pode ser o dos Estados Unidos. Ningum ficaria imaginando um senado da Amrica; b) Se falarmos em continente americano, tenho a certeza de que todos entenderiam a Amrica, e no os Estados Unidos. No entanto, quando nos referimos a um campeonato, devemos tomar certos cuidados: a) Campeonato sul-americano (=s Amrica do Sul); b) Campeonato norte-americano (=s Amrica do Norte); c) Campeonato americano (=s Estados Unidos); d) Campeonato pan-americano (=as trs Amricas). Eu entendo perfeitamente os argumentos dos meus leitores e agradeo a contribuio. importante, porm, que fique bem claro: no estou afirmando que estadunidense ou norte-americano estejam errados. uma questo de preferncia, pois no meio jornalstico comum haver uma espcie de padronizao. No quero impor coisa alguma, apenas opinar. ESCREVE-SE ou ESCREVEM-SE cartas? Leitor tem razo ao afirmar que esse tipo de erro de concordncia frequente e que, num contexto popular, seria aceitvel. Na verdade, ele critica a inadequao: o fato de uma professora ter cometido tal erro. Estamos chamando de erro porque est em desacordo com o que diz a maioria dos nossos gramticos. Quando a partcula se apassivadora, o verbo deve concordar

com o sujeito passivo: Escrevem-se cartas (=Cartas so escritas); Alugam-se apartamentos (=Apartamentos so alugados); Consertam-se sapatos e bolsas (=Sapatos e bolsas so consertados) Em textos formais e em concursos, essa a concordncia que devemos seguir. Hoje ou SO 26 de junho? Leitores querem saber qual o certo. Um deles pergunta: No caso a palavra hoje no o sujeito da orao? O verbo no deveria concordar com o sujeito no singular: Hoje 26 de junho? E na pergunta? O correto que dia hoje? Ou que dia so hoje? Na pergunta, no h discusso. Sempre devemos usar o verbo ser no singular: Que dia hoje? Quanto resposta, h polmica. Alguns autores defendem a tese de que o verbo ser deva concordar com a expresso numrica. Da mesma forma que so 16h, deveramos usar Hoje so 26 de junho. A verdade, entretanto, que poucos falam desse modo. A maioria diz que Hoje 26 de junho. O uso do verbo no singular est consagrado e muitos autores j registram tal concordncia. A explicao para a concordncia no singular seria a elipse da palavra DIA: Hoje (dia) 26 de junho. Se voc quer evitar a polmica, basta dizer que Hoje dia 26 de junho. Ano h discusso. O saldo do acidente FOI ou FORAM duas vtimas? Leitor quer saber se o verbo no deveria estar no singular para concordar com o sujeito: O saldo do acidente foi O verbo SER sempre merece cuidados especiais, pois, em algumas situaes, pode concordar com o predicativo do sujeito. No exemplo acima, o sujeito (=o saldo do acidente) est no singular, e o predicativo (=duas vtimas) est no plural. Entre o singular e o plural, o verbo ser concorda no plural: Estes dados so parte de um relatrio confidencial. O resultado da pesquisa so nmeros assustadores. Portanto, a concordncia da frase: O saldo do acidente foram duas vtimas est correta. O que mais me incomoda nessa frase a mania de tratar vtimas de acidente como saldo. Na minha opinio, um modismo de imenso mau gosto. ShareEmailAdd tags Sep 7, 2011 8:22 AM

Dvidas dos leitoresby snogueira.sn O uso do pronome CUJO Muita gente quer saber onde est o dito cujo. Caro leitor, no se assuste nem fique imaginando coisas. A verdade que recebi dezenas de mensagens querendo notcias do pronome relativo CUJO. Tenho um colega que costuma dizer que o pronome CUJO um ser semimorto. Segundo ele, s existe na lngua escrita. Todos entendem o sentido de uma frase em que aparea o pronome CUJO, mas ningum se lembra dele na hora de falar.

Isso se comprova na fala do brasileiro. Observe a si mesmo e depois me diga se no verdade. Voc falaria, por exemplo, no seu dia a dia, uma frase do tipo Estava falando com o vizinho CUJO filho foi contratado pelo Flamengo? Acredito que todos entenderiam a frase, mas que dificilmente seria usada na fala coloquial. Na verdade, a presena do pronome CUJO caracteriza o uso formal da lngua portuguesa. Praticamente s usado na linguagem escrita. O curioso, entretanto, que todos ou quase todos entenderiam a frase, ou seja, que eu estava falando com o vizinho e que o Flamengo contratou o filho desse vizinho. Vamos, ento, responder concretamente s perguntas do leitores: 1o) S podemos usar o pronome CUJO quando existe uma relao de posse entre o antecedente e o substantivo subsequente. O vizinho cujo filho significa o filho do vizinho (=o filho dele, o seu filho). 2o) Jamais usamos artigo definido entre o pronome CUJO e o substantivo subsequente. Falar vizinho cujo ofilho est errado. O pronome CUJO sempre concorda em gnero e nmero com o subsequente: vizinho CUJAFILHA, CUJOS FILHOS, CUJAS FILHAS. 3o) O pronome relativo CUJO deve vir antecedido de preposio, sempre que a regncia dos termos da 2orao exigir: Este o vizinho DE cujo filho ningum gosta. (O verbo GOSTAR transitivo indireto = GOSTAR DE alguma coisa Ningum gosta DO filho do vizinho) Este o vizinho EM cujos filhos todos confiam. (CONFIAR EM = Todos confiam NOS filhos do vizinho) Este o vizinho A cujos filhos fizemos mil elogios. (=Fizemos mil elogios AOS filhos do vizinho) Este o prefeito COM cujas ideias no concordamos. (=No concordamos COM as ideias do prefeito) Este o prefeito CONTRA cujas ideias sempre lutamos. (=Sempre lutamos CONTRA as ideias do prefeito) Voc est achando tudo muito estranho? Que o CUJO muito feio? Tudo bem, eu respeito a sua opinio. Mas no esquea: nem tudo que feio ou estranho est errado. INTERVIR ou INTERVIER? No devemos confundir o INFINITIVO dos verbos (=INTERVIR) com o FUTURO DO SUBJUNTIVO(=INTERVIER). Use o seguinte macete: Quando o verbo vier antecedido de preposies (=A, DE, PARA), use o INFINITIVO: Ele foi obrigado A INTERVIR no caso. Ele foi proibido DE INTERVIR no caso. Ele tomou esta deciso PARA INTERVIR no caso. Quando o verbo vier antecedido das conjunes (=SE ou QUANDO) ou do pronome QUEM, use o FUTURO DO SUBJUNTIVO: SE o presidente INTERVIER no caso, poder haver protestos.

QUANDO o presidente INTERVIER no caso, o problema ser solucionado. QUEM no INTERVIER no caso ser duramente criticado. Leitor aponta um erro jornalstico: O partido tem uma histrica dissidncia de 20 votos, que poder se ampliar, sobretudo na bancada de Minas Gerais, se o governador no intervir nas discusses. O leitor tem razo. O certo SE o governador no INTERVIER nas discusses. Quando eu VIR ou VER? Leitor quer saber qual a forma correta: Quando eu VIR ou VER uma amiga, falarei com ela. A presena da conjuno subordinativa temporal QUANDO indica que devemos usar o verbo VER no FUTURO DO SUBJUNTIVO. E aqui est o problema: VER INFINITIVO. O FUTURO do SUBJUNTIVO do verbo VER : Quando eu VIR, tu VIRES, ele VIR, ns VIRMOS, vs VIRDES e eles VIREM. Portanto, o certo : Quando eu VIR uma amiga, falarei com ela. Observe outros exemplos: SE vocs VIREM a verdade, ficaro surpresos. Devolverei o documento, QUANDO nos VIRMOS novamente. Dedicao A ou voc? Leitor quer saber a minha opinio a respeito da crase na frase de uma antiga propaganda: Casas XYZ. Dedicao voc e respeito ao Brasil Antes de voc, jamais haver crase, pois no h artigo definido. Eu tenho respeito a voc, e as Casas XYZ prometem dedicao a voc. ShareEmailAdd tags Aug 31, 2011 10:28 AM

Dvidas e questes etimolgicasby snogueira.sn O uso do ETC. O famoso etc abreviatura de et caetera, expresso latina que significa e outras coisas. Vamos, ento, tirar algumas dvidas: 1) Exatamente porque a expresso contm o e, NO h necessidade de usarmos a conjuno e antes do etc: Comprei um casaco, uma gravata, duas camisas e etc. Basta: um casaco, uma gravata, duas camisas etc. 2) Ainda por causa da presena do e, alguns autores condenam o uso da vrgula antes do etc: Comprei um casaco, uma gravata, duas camisas etc.

Outros, porm, entendem que o etc um elemento da numerao. Mereceria, assim, a vrgula: Comprei um casaco, uma gravata, duas camisas, etc. Estamos diante de um caso polmico. importante observar, no entanto, que, no Formulrio Ortogrfico, sempre aparece a vrgula antes do etc. Agora, voc decide. 3) No h a necessidade de usarmos RETICNCIAS aps o etc: Comprei um casaco, uma gravata, duas camisas etc Ou voc usa etc ou RETICNCIAS. Pior so os enfticos: e etc 4) ridculo usarmos o etc aps um nico elemento: A violncia urbana tem vrias causas: a fome e etc. 5) No devemos usar o etc para pessoas, pois significa e as demais coisas: Compareceram reunio o presidente, os diretores, alguns supervisores etc. Isso significaria: o presidente, os diretores, alguns supervisores e outras COISAS. De segunda ou A sexta-feira? O certo de segunda a sexta-feira. No ocorre a crase por um motivo muito simples: no h artigo definido antes de sexta-feira. Prova disso que antes de segunda-feira, usamos somente a preposio de. Se houvesse um artigo para definir o dia da semana, deveramos usar da (preposio de + artigo a). S haver crase quando definirmos os dias da semana. Por exemplo: O torneio vai da prxima segunda sexta-feira. Nesse caso, estamos definindo qual a segunda-feira e qual a sexta-feira. Entretanto, geralmente a ideia indefinida. Ento, no esquea: de segunda a quinta, de tera a sexta, de quarta a sbado, de segunda a domingo Curiosidades etimolgicas Vamos analisar aqui mais algumas curiosidades semnticas. Embora seja um assunto polmico, sempre interessante observar, por exemplo, a transformao das palavras. Antes de tudo, quero deixar claro que, na minha opinio, no se trata de uma questo do tipo est falando certo ou errado, e sim se o uso da palavra est adequado ou no. Certa vez, um colega nosso defendia o uso da palavra MEDOCRE no sentido de estar na mdia, ou seja, devido sua origem, um desempenho medocre seria um desempenho mdio, dentro da mdia. Discordo, pois a palavra MEDOCRE apresenta uma carga negativa, pejorativa. Um desempenho medocre um desempenho abaixo da mdia, fraco, ridculo.

No quero, com isso, incentivar o desrespeito etimologia, ao sentido original das palavras. Entretanto, devemos estar atentos s transformaes. Alm da significao etimolgica, h aquela do dia a dia. O sentido das palavras e expresses, muitas vezes, definido pelo uso cotidiano. Isso pode provocar ambiguidades (=duplo sentido) ou at o uso de palavras com significado oposto ao original. interessante lembrar o caso da palavra FORMIDVEL. A sua raiz latina significa medo, terror, pavor. Assim sendo, um dia formidvel seria um dia terrvel, pavoroso. Duvido que algum desse essa interpretao. Hoje, sem dvida, um dia FORMIDVEL um dia maravilhoso. Temos aqui um exemplo de palavra que perdeu o seu sentido original e hoje apresenta um significado quase oposto. Aproveitando o assunto, eu tenho cinco perguntinhas. Voc no precisa responder. Basta pensar sobre o assunto. 1) Voc est recebendo o seu SALRIO em sal? 2) A sua SECRETRIA do tipo que guarda segredos? 3) Se o estudante quem estuda, que faz um TRATANTE? 4) O seu RIVAL vive nas margens de que rio? 5) Voc j viu algum FAMIGERADO de boa fama? Quero, por fim, deixar aqui um abrao CORDIAL. Por falar nisso, voc sabia que um abrao CORDIAL um abrao DE CORAO. Vem do latim. Da o famoso saber de cor, ou seja, saber de corao, e no de cabea. Cabea, em latim, era caput, por isso DECAPITAR, CAPUZ, CAPITAL, CAPITO E bom lembrar que cardio de CARDIOLOGIA tambm significa corao, mas vem do grego. Tchau. Estou indo EMBORA. S no sei se estou indo EM BOA HORA.

ShareEmailAdd tags Aug 24, 2011 9:49 AM

Dvidas dos leitoresby snogueira.sn Reduzir ao MXIMO ou ao MNIMO? Leitor questiona frase de governador: Em todo o Estado, a ordem dos secretrios enxugar o quadro de pessoal e REDUZIR despesas de custeio ao MXIMO. Leitor achou estranho e eu tambm. mais uma daquelas expresses que se consagram no uso e que, curiosamente, todos entendem. Entretanto, eu prefiro a lgica: REDUZIR AO MNIMO. Tambm seria possvel reduzir o mximo possvel. CARIOCA ou FLUMINENSE? Leitora de Niteri quer saber por que quem nasce na cidade do Rio de Janeiro carioca e quem nasce em Niteri fluminense. H um engano na sua pergunta. Quem nasce em Niteri niteroiense. Fluminenses so todos aqueles que nascem no ESTADO do Rio de Janeiro, inclusive os cariocas. Para ficar bem claro:

CARIOCA quem nasce na CIDADE do Rio de Janeiro (antigo Estado da Guanabara); FLUMINENSE quem nasce no ESTADO do Rio de Janeiro. O adjetivo FLUMINENSE vem do latim flumens (=rio), por isso gua de rio gua FLUVIAL. SUBSDIO A pronncia /SUBSSDIO/ ou /SUBZDIO/? Quanto grafia, no h discusso: SUBSDIO (=com um s). Quanto pronncia, os nossos dicionrios e a ltima edio do VOLP (Vocabulrio Ortogrfico da Lngua Portuguesa, publicado pela Academia Brasileira de Letras) ensinam: /subSSdio/. Nosso leitor tem razo ao afirmar que atualmente comum atribuir-se o som de Z. Pode ser comum, mas eu prefiro a pronncia clssica: /subSSdio/. O mesmo se aplica a palavras como o verbo SUBSIDIAR e o substantivo SUBSIDIRIA, ou seja, devemos pronunciar /subSSidiar/ e /subSSidiria/. No caso de palavras como SUBSISTIR, SUBSISTENTE e SUBSISTNCIA, o VOLP j aceita as duas pronncias: /subSSistir/ e /subZistir/, /subSSistente/ e /subZistente/, /subSSistncia/ e /subZistncia/.

HAJA VISTA ou HAJA VISTO? Leitor quer saber se est correta a frase Estamos impossibilitados de proceder ao pagamento da indenizao relativa, HAJA VISTA a ocorrncia de queda de raio HAJA VISTA sempre HAJA VISTA, ou seja, uma forma invarivel. No se flexiona. No precisa, portanto, concordar com a palavra seguinte, como alguns pensam: haja visto o problema ocorrido. O certo HAJA VISTA o problema ocorrido. HAJA VISTO s existe como forma verbal, equivalente a TENHA VISTO: O caseiro poder testemunhar a favor do deputado, caso ele realmente haja visto (tenha visto) o encontro dos dois. Os analistas esto aqui para RESOLVER ou RESOLVEREM o problema? O uso do infinitivo dos verbos um tema muito polmico. Na minha opinio, o infinitivo deveria ser usado no plural se o sujeito estivesse expresso antes do verbo: Houve uma ordem para OS ANALISTAS RESOLVEREM o problema. Caso o sujeito, mesmo no plural, no esteja expresso antes do verbo (=sujeito oculto ou posposto), prefiro o uso do infinitivo no singular: Os analistas esto aqui / para RESOLVER o problema. (=sujeito oculto); Deixai / VIR a mim as criancinhas. (=sujeito posposto). Isso no significa que eu considere errado o uso do infinitivo no plural. A diferena se deve muito nfase que autor queira dar frase: a) se a nfase estiver na ao, deixe o verbo no singular; b) se a nfase estiver no sujeito da ao, ponha o infinitivo no PLURAL: Os analistas esto aqui para (eles) RESOLVEREM o problema. Lei de inativo vai A ou votao?

Leitor quer saber se ocorre ou no o fenmeno da crase. A presena da preposio a indiscutvel: se a lei VAI, vai a algum lugar. A dvida se existe o artigo definido feminino a antes de VOTAO. Se a lei fosse a uma determinada VOTAO, haveria o artigo definido: A lei do inativo vai votao da Comisso XYZ. Entretanto, no sentido genrico, no h artigo definido. Isso significa que no ocorre crase: Lei de inativo vai a votao (=Lei de inativo vai PARA votao). ShareEmailAdd tags Aug 17, 2011 8:56 AM

Curiosidades etimolgicasby snogueira.sn Curiosidades etimolgicas Etimologia o estudo da origem das palavras. um assunto sempre interessante e ao mesmo tempo polmico. frequente a verso sobre a origem de uma palavra ou de uma expresso ser desmentida ou contestada. O caso mais famoso o da palavra FORR. Para alguns, corruptela da expresso inglesa for all (= para todos); para a maioria, entretanto, uma reduo de FORROBOD (= festana). Embora a primeira verso faa mais sucesso em sala de aula, a verdadeira a segunda. Alm de ser a tese que encontramos no conceituado Dicionrio do folclore brasileiro de Cmara Cascudo, o que est registrado nos dicionrios Aurlio, Michaelis, Caldas Aulete Apesar das discusses, adoro o assunto. Vamos, ento, a alguns casos curiosos. Voc sabia que alguns substantivos comuns vm de antropnimos (=nomes de pessoa): ABREUGRAFIA = mtodo inventado pelo cientista brasileiro Manuel de Abreu, para registrar fotograficamente a imagem obtida na radioscopia. usado no diagnstico da tuberculose e de outras doenas pulmonares. A palavra ABREUGRAFIA, portanto, formada por ABREU (=sobrenome do mdico) e GRAFIA (=raiz de origem grega que significa escrita, descrio). DALTONISMO = vem do sobrenome de John Dalton, qumico e fsico ingls, que descobriu o problema visual: a incapacidade de distinguir cores, principalmente o verde e o vermelho. O curioso que o prprio cientista era daltnico. Sua descoberta fruto da observao de si mesmo. SANDUCHE = vem do ingls Sandwich, mais precisamente do conde de Sandwich, nobre ingls que amava jogar e comer. Para no abandonar a mesa de jogo, o conde levava seus lanchinhos, provavelmente fatias de po intercaladas com presunto, queijo, carne PINEL = vem do sobrenome do mdico Philippe Pinel. PINEL se tornou o nome de um hospital psiquitrico no Rio de Janeiro e, hoje, sinnimo de louco, maluco, adoidado, desequilibrado mental. LARPIO = vem da assinatura de um corrupto pretor romano L.A.R. Appius (Lucius Antonius Rufus Appius), que vendia sentenas favorveis a quem pagava mais. LARPIO, portanto, vem de larapius e hoje sinnimo de ladro. JULHO = vem do latim Julius. uma homenagem ao imperador romano Caius Julius Caesar.

O assunto muito vasto e merece mais linhas. Em breve, voltarei com outras curiosidades. DVIDAS DOS LEITORES 1a) Qual o plural de AR-CONDICIONADO? Se a palavra composta, com hfen, constituda de um substantivo e um adjetivo (ou adjetivo + substantivo), os dois elementos vo para o plural: altas-rodas, altosfornos, batatas-doces, boias-frias, cabeas-chatas, guardas-noturnos, matriasprimas, ovelhas-negras, puros-sangues Assim sendo, o plural de AR-CONDICIONADO ARES-CONDICIONADOS. Se voc no gostou, tenho duas sugestes: 1a) Compre dois APARELHOS de ar-condicionado; ou 2a) Compre dois CONDICIONADORES DE AR. 2a) A cerveja desce REDONDO ou REDONDA? O assunto j foi abordado, mas diante das numerosas cartas, vamos voltar ao caso. Muitos leitores querem saber se a tal propaganda no est errada. Segundo eles, se CERVEJA uma palavra feminina, deveria ser REDONDA. O problema que REDONDA no a CERVEJA, e sim o modo como a cerveja desce. Trata-se, portanto, de uma forma adverbial. importante lembrar que os advrbios so formas invariveis, ou seja, no precisam concordar. Permanecem numa forma neutra, geralmente correspondente do masculino singular. Assim sendo, sinto decepcionar os meus leitores, mas a propaganda est correta: a cerveja desce REDONDO. o mesmo caso de A bola rola MACIO nos gramados franceses. No a bola que macia, e sim o modo como a bola rola. advrbio, por isso no concorda com a bola. Em Ela fala ALTO, ningum erraria. Duvido que algum falasse Ela fala alta. ALTO advrbio, porque o modo como ela fala. 3a) VAI FAZER ou VO FAZER? A frase errada era: Vo fazer dez anos que no lhe vejo. Eram dois erros: 1o) O verbo FAZER, quando se refere a tempo decorrido, deve ser usado sempre no singular. verbo impessoal (=sujeito inexistente). Devemos dizer FAZ dez anos e VAI FAZER dez anos; 2o) O verbo VER transitivo direto. Pede objeto direto. O pronome LHE substitui objetos indiretos. Para os objetos diretos devemos usar os pronomes: o, a, os, as. A frase certa : VAI FAZER dez anos que no O vejo (ou que no A vejo).

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Aug 10, 2011 11:24 AM

Dvidas dos leitoresby snogueira.sn 1) ABSTER ou ABSTRAIR? Vejamos o que diz o dicionrio Michaelis: ABSTER 1. Conter, deter, submeter; 2. Privar; 3. Privar-se do exerccio de um direito ou de uma funo; 4. Praticar a abstinncia; 5. No intervir, no resolver; 6. No comparecer s eleies; 7. Conter-se, renunciar. ABSTRAIR 1. Considerar um dos caracteres de um objeto separadamente; 2. Excluir, fazer abstrao de; 3. Afastar, separar; 4. Afastar-se, separar-se; 5. Abster-se. Segundo o dicionrio Michaelis, os verbos ABSTER e ABSTRAIR poderiam ser sinnimos. Basta observar a 5a acepo do verbo ABSTRAIR. Entretanto, outros dicionrios (de Antenor Nascentes, Caldas Aulete, Larousse) no apresentam essa 5a acepo. Em geral, a diferena bsica a ideia de privao do exerccio de um direito ou de uma funo (=ABSTER) e a ideia de separao, afastamento (=ABSTRAIR). Eu prprio sempre fiz essa distino. Leitor quer saber se a frase abstramo-nos de comentar a referida est correta. Segundo o dicionrio Michaelis, seria um caso no mnimo discutvel. Eu, porm, certamente preferiria: ABSTIVEMO-NOS de comentar a referida um caso de absteno (ABSTER-SE = privar-se, no intervir), e no de abstrao (ABSTRAIR-SE = separar-se, afastar-se). 2) VEMOS ou VIMOS ou VIEMOS? Leitor quer saber qual a forma correta a ser usada numa carta comercial: Em relao ao seu fax, VEMOS esclarecer ou VIMOS esclarecer? O certo : VIMOS esclarecer (= 1 pessoa plural do presente do indicativo do verbo VIR) A forma verbal VEMOS do verbo VER (=presente do indicativo): S agora ns VEMOS o quanto estvamos enganados.; A forma verbal VIMOS pode ser: a) pretrito perfeito do indicativo do verbo VER: Ontem ns VIMOS o jogo pela TV.; b) presente do indicativo do verbo VIR: Neste momento ns VIMOS esclarecer todas as suas dvidas.; A forma verbal VIEMOS do verbo VIR (=pretrito perfeito do indicativo): Ontem ns VIEMOS at aqui, mas no o encontramos. 3) ELENCAR ou LISTAR? Eu mesmo j escrevi sobre o assunto: No vejo necessidade de elencar, se podemos LISTAR, enumerar, reunir, selecionar Leitores questionam o verbo LISTAR, que, segundo eles, no est registrado na maioria dos nossos dicionrios. Eles tm razo em parte. Esqueceram-se de consultar o velho e respeitvel Caldas Aulete. L encontramos LISTAR como sinnimo alistar, fazer lista. O verbo ALISTAR lembra alistamento militar. Para fazer uma lista, prefiro o verbo LISTAR. 4) Onde est o erro na frase Isso se deve ao desconserto do mundo? No sei. Eu prefiro Isso se deve ao DESCONCERTO do mundo (=desarmonia, desarranjo, desordem), mas o problema discutvel: DESCONCERTO = Falta de concerto, desarranjo, desordem, desarmonia, discrdia; DESCONSERTO = Falta de conserto, defeito, desarranjo, desordem, desalinho

Isso significa que DESCONSERTO e DESCONCERTO podem ser considerados sinnimos. 5) Qual o problema da frase A criao de novas palavras comum em qualquer lngua? Leitor pergunta: No temos aqui um caso de redundncia? Ele tem razo. Ningum cria velhas palavras! 6) CAVALHEIRO ou CAVALEIRO? A frase em questo era: Ator ser um dos cavalheiros da corte do Rei Arthur. O ator at pode ser um verdadeiro CAVALHEIRO, mas certamente na referida pea ele ser um CAVALEIRO, ou seja, quem anda a cavalo. ShareEmailAdd tags Aug 3, 2011 9:53 AM

Dvidas dos leitoresby snogueira.sn 1) aceitvel o uso do adjetivo fatal na frase O saldo do acidente foram duas vtimas fatais? Segundo os nossos dicionrios, fatal o prescrito pelo fado, pelo destino. , portanto, o inevitvel. Pode significar tambm o que causa a morte, mortal, letal. Isso significa que fatal o acidente, e no as vtimas. O acidente que causa a morte. Portanto, foi um acidente fatal com duas vtimas. E de gosto no mnimo duvidoso a histria de considerar as duas vtimas o saldo de um acidente fatal. No devem ser parentes de quem escreveu! Mais triste ainda quando escrevem s duas vtimas ou pelo menos duas vtimas. Parece que o autor achou pouco. Quanto ao adjetivo fatal, importante ainda lembrar o uso no sentido de improrrogvel (=prazo fatal). E, por fim, a mulher fatal. Existe ou no? Claro que sim. aquela que leva o homem runa. 2) SAMBA-ENREDO ou SAMBA DE ENREDO? Tanto faz. As duas formas so aceitveis. Quanto ao plural, tambm no h problema: somente o primeiro elemento vai para o plural: sambas-enredo e sambas de enredo. Em sambas-enredo, aplicamos a regra que mandar pluralizar somente o primeiro substantivo quando o segundo substantivo exerce o papel de adjetivo: decretos-lei, bombas-relgio, homens-bomba, elementos-chave, peixes-boi, laranjas-lima, sambasenredo Nesse caso, h quem aceite a pluralizao dos dois elementos: decretos-leis, micoslees. Assim sendo, a forma sambas-enredos no estaria errada. Em sambas de enredo, aplicamos a regrinha que manda pluralizar o primeiro elemento quando houver uma preposio entre os dois elementos (com ou sem hfen): donas de casa, fins de semana, ces de guarda, ps de cabra, pores do sol, caras de pau, joes-de-barro, copos-de-leite 3) ORA ou HORA? Est correta a frase A Raquelpor HORA, s quer comemorar? O leitor tem razo. Ela poderia comemorar por hora, por minuto, por segundo Erro grosseiro. O certo : por ORA, s quer comemorar. (=por agora, neste momento) Hora com h so 60 minutos: Ele s andava a 100 quilmetros por hora.

4) Ele est DE frias ou EM frias? Tanto faz. As duas formas so aceitveis. Usufrua suas frias sem se preocupar com a preposio. S no esquea que uma palavra usada s no plural: Minhas frias, Frias felizes 5) A regncia do verbo VISAR: transitivo direto ou indireto? Sempre defendi a velha distino: a) VISAR (= assinar, rubricar ou mirar, apontar) transitivo direto: Visa o cheque e Visa o alvo; b) VISAR (= almejar, aspirar, ter como objetivo) transitivo indireto: Visa AO cargo de presidente, Visando AO impeachment. Entretanto, j faz um bom tempo que alguns jornais brasileiros no respeitam mais a distino acima. Existem gramticos e professores que defendem que o verbo VISAR sempre transitivo direto. O Dirio de Notcias comprova que o fenmeno j chegou a Portugal: no Senado americano visando O impeachment do Presidente Bill Clinton importante lembrar que o mestre Celso Cunha, na sua tradicional gramtica, j aceitava o verbo VISAR, com o sentido de almejar, aspirar, como transitivo indireto ou direto. , portanto, um caso facultativo. 6) AMERICANO ou NORTE-AMERICANO? Jornais portugueses, assim como a maioria dos brasileiros, preferem Senado AMERICANO a Senado norte-americano. O argumento seria que NORTE-AMERICANO, na verdade, no se refere aos Estados Unidos, e sim Amrica do Norte. Corresponderia ao nosso SUL-AMERICANO. A seleo americana de basquete a dos Estados Unidos. Uma seleo norteamericana deveria incluir jogadores do Canad e do Mxico. Esse argumento frgil, pois AMERICANO tambm se refere a todo o continente, Amrica. Em razo disso, h quem prefira a forma ESTADUNIDENSE, que na prtica no funciona. Quase ningum usa. A realidade, porm, que as formas AMERICANO ou NORTE-AMERICANO esto consagradas quando nos referimos aos Estados Unidos da Amrica do Norte. Lutar contra isso parece luta inglria. ShareEmailAdd tags Jul 27, 2011 8:51 AM

Dvidas dos leitoresby snogueira.sn 1a) De 0 a 8 anos? A frase Todas as crianas de zero a oito anos devem ser vacinadas no prximo domingo contra est correta? Embora seja uma frase perfeitamente compreensvel, eu tambm acho estranha essa histria de uma criana ter zero ano. Ningum diz que uma criana de oito meses tem 8/12 (oito doze avos) ano de idade. No meu modo de ver, bastaria dizer: Todas as crianas at oito anos de idade 2a) Tradio milenar? Leitor estranhou a frase a tradio milenar da comida baiana Eu tambm. Incrvel! Eu sabia que j tivemos a festa dos 500 anos do Brasil. O surpreendente, entretanto, a minha ignorncia: no sabia que a comida baiana tem

uma tradio de mais de mil anos! Devemos tomar cuidado com os exageros. 3a) Leitor quer saber minha opinio sobre a frase Copacabana assistiu maior queima de fogos ao ar livre do mundo. Graas a Deus que foi ao ar livre! Realmente, uma queima de fogos que no seja ao ar livre vai causar alguns probleminhas! 4a) FIM ou FINAL? Leitor faz um alerta: Um novo modismo invadiu a TV e os jornais. No h mais fim de semana e sim final de semana. S discordo quanto ao novo modismo. H muito que observamos essa mania no s de final de semana mas tambm de final de jogo, final de ano, final do dia FINAL adjetivo (ope-se a INICIAL): partida final, prazo final, julgamento final, juzo final FIM substantivo (ope-se a INCIO): fim de semana, fim de jogo, fim de ano, fim do dia Substantivar um adjetivo no erro, mas que voc prefere: Isso o FIM da picada ou o final da picada? bom no confundir com a picada final. Por outro lado, no podemos esquecer o famoso FINAL FELIZ. No h quem diga fim feliz. Isso significa, portanto, que o assunto no deve ser tratado como a velha discusso do certo ou errado. questo de preferncia. 5a) AT ou NEM? Leitor questiona o uso da palavra AT na frase: AT mesmo os jornalistas credenciados no puderam entrar. AT uma partcula de INCLUSO. Na frase acima, temos uma ideia de EXCLUSO. Concordo com o leitor. Ficaria melhor: NEM mesmo os jornalistas credenciados puderam entrar. A dica a seguinte: Use AT se houver ideia de INCLUSO: AT o presidente estava l; Use NEM se houver ideia de EXCLUSO: NEM o presidente estava l. 6a) QUE SE FAAM ou FIZEREM? Na frase Permanecemos sua disposio para quaisquer esclarecimentos QUE SE FAAM ou QUE SE FIZEREM necessrios, qual a forma verbal correta? Tanto faz. As duas formas so corretas. A diferena PRESENTE (= que se faam) ou FUTURO (= que se fizerem). As duas ideias so possveis: esclarecimentos necessrios desde j (= presente) ou que venham a surgir (= futuro). Eu prefiro usar o verbo no futuro do subjuntivo. 7a) Onde est o erro na frase O cu escurece e se ouve os primeiros relmpagos ? 1o) O verbo OUVIR deveria estar no plural para concordar com o sujeito plural (=os relmpagos). A partcula SE apassivadora; 2o) No entendi esta histria de ouvir relmpagos. Tenho um leve palpite que o

autor da frase queria dizer ouvir troves ou ver relmpagos. Assim sendo: O cu escurece e se OUVEM os primeiros TROVES ou se VEEM os primeiros relmpagos. ShareEmailAdd tags Jul 20, 2011 9:01 AM

Dvidas dos leitoresby snogueira.sn 1a) Qual o feminino de O MSICO? Na ltima Aula Extra, eu repondi: O MSICO um substantivo sobrecomum, isto , pertence ao gnero masculino, mas pode designar tanto um homem quanto uma mulher. Sobrecomum um substantivo uniforme, pertencente a um nico gnero (masculino ou feminino), podendo designar os dois sexos: a criana, a pessoa, a testemunha, o apstolo, o carrasco, o indivduo Faltou dizer: Temos tambm a opo de usarmos A MUSICISTA, que um substantivo comum aos dois generos: o estudante/a estudante; o artista/a artista; o jovem/a jovem; o presidente/a presidente; o musicista/a musicista 2a) As vendas aumentaram entre 18% e 20% ou de 18% a 20%? Prefiro a segunda opo. Se as vendas aumentaram de 18% a 20%, significa que o aumento foi de 18% ou 19% ou 20% ou qualquer frao entre 18% e 20%. Nesse caso, fica claro que o aumento pode ter sido de 18% ou de 20%. Se as vendas aumentaram entre 18% e 20%, parece que o aumento foi de 19% ou qualquer frao entre 18% e 20% (=sempre mais que 18% e menos que 20%). Guardadas as devidas propores, vejamos um outro exemplo. Se um corredor chegar entre o 3 e o 5 colocado, significa que ele foi o 4 colocado. Se outro corredor deseja chegar do 3 ao 5 lugar, porque ele fica satisfeito com o 3, com o 4 ou com o 5 lugar. 3a) H crase ou no? Na frase, A previso de arrecadao igual ou superior a deste ano, est faltando o acento indicative da crase? Nossos leitores tm razo. Faltou o acento indicativo da crase: arrecadao igual ou superior deste ano. A preposio a exigncia dos adjetivos IGUAL e SUPERIOR. Tudo que igual ou superior igual ou superior a alguma coisa. O outro a um pronome demonstrativo que substitui o substantivo ARRECADAO: A previso de arrecadao igual ou superior a + a (=arrecadao) deste ano. 4a) O uso do hfen com o prefixo SUB mudou com o novo acordo ortogrfico? Com o prefixo SUB, s devemos usar o hfen quando a palavra seguinte comear por b ou r: sub-base, sub-reino. Se a palavra seguinte comear por qualquer outra letra, devemos escrever tudo junto: subententido, subemprego, suboficial, subdelegado, subchefe, subgerente, subsequente, subeditor, subitem, subsecretrio Segundo o novo acordo ortogrfico, a nica novidade o uso facultativo do hfen quando a palavra seguinte comea por H: sub-humano ou subumano, sub-heptico ou subeptico 5a) No se PODE ou PODEM fechar bibliotecas?

Leitor estranhou o ttulo de um artigo jornalstico: NO SE PODEM FECHAR BIBLIOTECAS. A concordncia est correta. um caso de voz passiva sinttica. A partcula se apassivadora. BIBLIOTECAS exerce a funo de sujeito. Como o sujeito est no plural, o verbo concorda no plural. o mesmo que dizer: BIBLIOTECAS NO PODEM SER FECHADAS. Observe outros exemplos: ALUGAM-SE apartamentos (= Apartamentos so alugados); CONSERTAM-SE bicicletas (= Bicicletas so consertadas); DEVEM-SE evitar formas rebuscadas (= Formas rebuscadas devem ser evitadas); No se FIZERAM os estudos necessrios. (= Os estudos necessrios no foram feitos). 6a) TINHA ou TERIA? Leitor no gostou da frase: Se no fosse favoravelmente, o juiz tinha indeferido. O leitor tem alguma razo. Ele acha que o correto seria o uso de TERIA (= futuro do pretrito) em vez de TINHA (= pretrito imperfeito do indicativo), para respeitar a correspondncia dos tempos verbais: pretrito imperfeito do subjuntivo (= FOSSE) com o futuro do pretrito (= TERIA). o mesmo caso de: Se no CHOVESSE, eu IRIA ao jogo. Se ainda HOUVESSE tempo, ele DEVERIA aceitar o caso. O uso do pretrito imperfeito do indicativo em lugar do futuro do pretrito do indicativo no um erro gramatical. No portugus de Portugal, isso muito frequente e aparece, inclusive, em textos clssicos. H vrios exemplos em Os Lusadas, de Lus de Cames. No Brasil, hoje em dia, isso est virando realidade. muito comum ouvirmos: Se no chovesse, eu IA ao jogo. Embora no seja erro, prefiro o uso do futuro do pretrito: Se no chovesse, eu IRIA ao jogo. ShareEmailAdd tags Jul 13, 2011 9:37 AM

Dvidas dos leitoresby snogueira.sn 1) Eu voltei A SI ou A MIM? Leitor quer saber: Pode-se dizer EU VOLTEI A SI? Para mim soa bastante errado () Evitei consultar gramticas em Portugal, porque eles tm uma maneira muito diferente de lidar com este pronome. Nosso leitor est certo. No Brasil, o pronome SI usado como reflexivo (=a si mesmo). Outro aspecto importante o fato de ser um pronome de 3 pessoa. Aqui no Brasil: Eu voltei a mim (=1 pessoa) e Ele voltou a si (=3 pessoa). Vou repetir uma historinha que eu j contei aqui. Um aluno estava de cabea baixa durante uma aula. Ao me aproximar, ele levantou a cabea e desculpou-se: Eu estou um pouco fora de si. Prontamente, eu lhe respondi: Graas a Deus, continue assim. 2) Qual a forma correta? a) b) c) Despedimo-nos ou Despedimos-nos? Elocubraes ou Elucubraes? Encapuzado ou Encapuado?

As formas corretas so: a) Despedimo-nos;

b) c)

Elucubraes; Encapuzado.

3) MAU x MAL? a) MAU o contrrio de BOM: Ele um MAU profissional (x BOM profissional) O seu MAU humor insuportvel (x BOM humor) Este o seu lado MAU (x lado BOM) b) MAL o contrrio de BEM: Ele fala muito MAL (x fala muito BEM) O texto foi MAL analisado (x BEM analisado) Ele est MAL-humorado (x BEM-humorado) Pode ser tambm: conjuno temporal (= logo que, assim que, quando): MAL saiu de casa, foi assaltado (= ASSIM QUE saiu de casa) substantivo (= doena, defeito, problema): Possui um MAL incurvel O seu MAL falar demais 4) ANEXO ou EM ANEXO? Tanto faz. As duas formas so possveis: O documento segue ANEXO ou EM ANEXO, segue o documento. Devemos tomar cuidado com a concordncia: a) A forma EM ANEXO invarivel: EM ANEXO, segue a nota fiscal b) ANEXO deve concordar com o substantivo ao qual se refere: A nota fiscal segue ANEXA Os formulrios esto ANEXOS. 5) VAI-SE RECUPERAR ou VAI SE RECUPERAR? A dvida se devemos ou no usar o hfen. Com hfen (=vai-se recuperar), temos a nclise do verbo auxiliar; sem hifen (=vai se recuperar), temos uma prclise do verbo principal. Isso significa que h uma diferena quanto pronncia: a) Com hfen, o pronome se deve ser pronunciado junto com o primeiro verbo (=vai-se), como se fosse uma nica palavra. uma pronncia tipicamente lusitana. Em Portugal, os pronomes tonos tm verdadeiramente uma pronncia fraca, por isso a preferncia pela nclise. b) Sem hfen, o pronome se pronunciado separadamente e com maior fora, como se fosse tnico (= vai si recuperar). uma pronncia tipicamente brasileira. No Brasil, os pronomes tonos tm uma pronncia mais forte, da a nossa preferncia pela prclise. Estamos, portanto, mais uma vez, diante de uma situao que no deve ser reduzida a um simples caso de certo ou errado. Se voc deseja respeitar a sintaxe clssica, lusitana, use o hfen: VAI-SE recuperar; se voc prefere uma sintaxe mais brasileira, com o abono de muitos autores e gramticos, use a prclise: Vai SE recuperar. 6) Qual o feminino de O MSICO? O MSICO um substantivo sobrecomum, isto , pertence ao gnero masculino, mas pode designar tanto um homem quanto uma mulher. Sobrecomum um substantivo uniforme, pertencente a um nico gnero (masculino ou feminino), podendo designar os dois sexos: a criana, a pessoa, a testemunha, o apstolo, o carrasco, o indivduo

ShareEmailAdd tags Jul 6, 2011 8:55 AM

Dvidas dos leitoresby snogueira.sn 1) DOIS ou DUAS milhes de pessoas? Leitor apresenta uma dvida de concordncia: Se o certo DOIS MILHES DE PESSOAS, estaria errado UMA MIL PESSOAS? A diferena a seguinte: MILHO palavra masculina. Isso significa que os artigos, os pronomes e os numerais que o antecedem devem concordar no MASCULINO: ESTES DOIS milhes de pessoas; O numeral MIL no masculino nem feminino. A concordncia deve ser feita com o substantivo: DOIS mil ALUNOS; DUAS mil ALUNAS. Observao importante: no se usa UM ou UMA antes de MIL. Basta dizer: MIL pessoas compareceram ao evento. 2) SAMBAS-CANO ou SAMBAS-CANES? tema polmico. Segundo a tradio gramatical, todo substantivo no papel de adjetivo torna-se invarivel: camisas LARANJA, blusas ROSA, casacos VINHO Em palavras compostas por dois substantivos, se o segundo exercer a funo de adjetivo, somente o primeiro elemento vai para o plural: carros-bomba, peixes-boi, laranjas-lima, caminhes-pipa, elementos-chave Entretanto, essa regra no l muito respeitada. Encontramos, por exemplo, registro de duas formas para o plural de DECRETO-LEI: decretos-lei e decretos-leis. H mais exemplos: micos-lees, cidades-satlites Embora no possa negar que a tal regra no seja muito rgida, prefiro respeit-la: SAMBAS-CANO. 3) Nenhum dos candidatos FOI ELEITO ou FORAM ELEITOS? Aqui no h polmica. O certo : Nenhum dos candidatos FOI ELEITO. O verbo deve concordar com o ncleo do sujeito (=nenhum): NENHUM foi eleito. Observe outros exemplos: UM dos presentes RESOLVER o caso. QUAL de vocs VAI fazer o trabalho? ALGUM dentre ns SER o responsvel pelo projeto. NENHUM de ns dois PDE comparecer reunio. 4) DISTNCIA ou A DISTNCIA? Carta de leitor: Aprendi e durante muitos anos ensinei que no se usa crase diante da palavra DISTNCIA quando ela indeterminada: A tropa ficou a distncia; O inimigo estava a distncia. () Como leio nos jornais, revistas, publicaes do MEC a expresso ensino distncia, fico a me perguntar se, por acaso, eu estaria errado. Meu caro leitor, a sua dvida , na verdade, a de muitos. outro caso polmico. H muito que estava para escrever a respeito desse assunto. Hoje em dia, antes de responder a certas perguntas, eu consulto a mais de dez gramticas. Quanto ao uso do acento indicativo da crase antes da palavra DISTNCIA, s h uniformidade de pensamento se a distncia estiver determinada: Ficamos distncia de dois metros do palco. Se a distncia no estiver determinada, teremos um problema a enfrentar: alguns

autores afirmam que no ocorre a crase, outros simplesmente fogem do assunto, e a maioria consultada favor da crase. Eu defendo o uso do acento da crase por se tratar de uma locuo feminina. Entra no mesmo caso de: vista, bea, toa, fora, mo, vontade, s claras, s vezes Portanto, prefiro ensino distncia. 5) A CRASE e os PRONOMES DE TRATAMENTO Leitor quer exemplos de como usar o acento indicativo da crase com os pronomes de tratamento. 1o) No h crase antes de pronomes de tratamento que podem designar tanto homem quanto mulher (VOSSA SENHORIA, VOSSA EXCELNCIA, VOSSA MAJESTADE, VOSSA SANTIDADE): Comunicamos a V.Sa que Solicitamos a V.Exa. que No ocorre a crase porque no h artigo definido feminino a antes dos pronomes de tratamento. S temos a preposio a. 2o) Na frase Venho presena de V.Exa. , o acento da crase obrigatrio, pois alm da preposio (=vir a) temos tambm o artigo definido feminino (= a presena): Venho (=a+a) presena = Venho ao encontro importante observar que a crase ocorreu antes da palavra PRESENA, e no antes do pronome de tratamento. So situaes diferentes que no podem ser confundidas e que devem ser analisadas separadamente. ShareEmailAdd tags Jun 29, 2011 9:12 AM

Dvidas dos leitoresby snogueira.sn 1) EVENTUAL ou POSSVEL? Ano aps ano, alguns polticos exageram um pouco. Os pacotes econmicos e as contas caribenhas deixaram muita gente nervosa. E a nossa lngua portuguesa acabou sendo atropelada. Primeiro foi um ex-deputado que falou a respeito de uns documentos eventualmente falsos. Ser que tais documentos de vez em quando so verdadeiros? lgico que no. Ele queria dizer que os documentos eram supostamente ou possivelmente falsos. EVENTUALMENTE no significa possivelmente ou provavelmente. Muita gente boa faz esta confuso: EVENTUAL = espordico, ocasional, o que acontece de vez em quando; POSSVEL = o que pode ser ou acontecer. Um eventual problema acontece de vez em quando; Um possvel problema algo que pode tornar-se um problema. Sensacional tambm foi o desempenho lingustico de um dos nossos ex-ministros. Primeiro ele garantiu: Tivemos que repriorizar as prioridades estabelecidas. O jogo de palavras me fez lembrar um candidato a deputado federal por So Paulo que afirmava com toda a convico do mundo: Para resolver o problema do desemprego, preciso que haja emprego. Eu fico imaginando que curso superior ele deve ter feito para ter conseguido chegar a to maravilhosa e surpreendente concluso.

Parece aquele reprter que s fala o bvio, quando o narrador lhe pede o detalhe do lance: Se a bola fosse em direo do gol, e o goleiro no defendesse, era gol C entre ns, no deve ser fcil chegar a uma concluso dessas! Mas voltemos ao nosso ex-ministro. No fim da sua fala, ele nos d uma concluso to tranquilizadora quanto original: Nenhum projeto sofrer soluo de continuidade no prximo ano. Eta chavozinho desgraado! Alm de ser velho, ultrapassado e empolado, no diz nada. Na verdade diz, mas quem entende no acredita. E por fim, a mais brilhante das declaraes: No tenho conhecimento, por exemplo, de que haja cortes no programa de mortalidade infantil. Veja a que ponto chegamos. O Brasil j tem at programa de mortalidade infantil. Est tudo programado. E o que pior: no sofrer cortes. Que tal cortar a lngua? 2) DEVEM SER e DEVE HAVER? Leitor quer saber: Voc escreveu o seguinte: Ora, DEVEM SER coisas da globalizao! A minha dvida a seguinte: o verbo auxiliar DEVEM no deveria acompanhar o principal SER? Ou seja, o pargrafo no deveria ficar assim: Ora, DEVE SER coisas da globalizao!, com o verbo auxiliar (deve) seguindo o principal (ser), concordando em nmero? Ser que o verbo auxiliar s acompanha o principal quando este for o verbo HAVER? DEVE HAVER alunos espalhados pelo ptio da escola. Este perodo est correto? Eu reproduzi boa parte da carta, para que todos possam perceber a confuso que o nosso leitor est fazendo. Como diria o Arnaldo Csar Coelho, a regra clara: Numa locuo verbal, o verbo auxiliar o responsvel pela concordncia: Eu DEVO falar, Tu DEVES falar, Ele DEVE falar, Ns DEVEMOS falar, Vs DEVEIS falar, Eles DEVEM falar. Portanto, na frase DEVEM SER coisas da globalizao, o plural est corretssimo (=concorda com COISAS). Para ficar bem claro: DEVE SER coisa de - DEVEM SER coisas de; Ele DEVE SER o campeo - Eles DEVEM SER os campees; DEVE SER uma hora da tarde - DEVEM SER treze horas. Numa locuo verbal em que o verbo principal for impessoal (HAVER no sentido de existir, por exemplo), o verbo auxiliar fica obrigatoriamente no SINGULAR (=porque no h sujeito): DEVE HAVER alunos espalhados pelo ptio da escola; DEVE HAVER algumas dvidas. 3) O verbo CONVERGIR

Leitora quer saber como se conjuga o verbo CONVERGIR. Qual a 1 pessoa do singular do presente do indicativo? Existem muitos verbos da 3 conjugao (=terminados em IR) cuja irregularidade trocar a vogal e pela vogal i na 1 pessoa do singular do presente do indicativo: aderir eu adiro; ferir eu firo; ingerir eu ingiro; inserir eu insiro; impelir eu impilo; repetir eu repito; competir eu compito; despir eu dispo; discernir eu discirno; divergir eu divirjo; divertir eu divirto; refletir eu reflito; seguir eu sigo; sentir eu sinto; mentir eu minto; servir eu sirvo; vestir eu visto Portanto, para o verbo CONVERGIR, o certo eu CONVIRJO. ShareEmailAdd tags Jun 22, 2011 8:53 AM

Dvidas dos leitoresby snogueira.sn 1) Estou a disposio ou disposio? O certo : Estou disposio. Para provar que h crase (preposio a + artigo definido feminino a), basta substituir a palavra feminina (=disposio) por uma masculina (=dispor): Estou ao dispor (ao = ). interessante lembrar que o uso do acento indicativo da crase facultativo antes dos pronomes possessivos femininos: Estou sua disposio ou a sua disposio (= ao seu dispor ou a seu dispor). 2) PARALIZAR ou PARALISAR? Leitor quer saber se est correta a frase com medo do escuro que cega pra trs, medo do claro que cega pra frente. Paralizo. O medo era tanto que a cegueira foi inevitvel. Deve ser por isso que muita gente paraliza com z. Por maior que seja o medo, toda PARALISAO se escreve com s. Se voc quiser PARALISAR, tudo bem. Mas, pelo amor de Deus, PARALISE sempre com s. 3) PERGUNTADO ou QUESTIONADO? 1o) QUESTIONAR no PERGUNTAR. Se voc quer saber alguma coisa, PERGUNTE. Quando ns QUESTIONAMOS alguma coisa, estamos pondo em dvida. Ns podemos, por exemplo, QUESTIONAR o valor de um projeto, uma prestao de contas, a contratao de um jogador de futebol interessante observar que a diferena s existe entre os verbos. Um conjunto de PERGUNTAS forma um QUESTIONRIO. que ainda no inventamos o perguntrio. 2o) S a coisa pode ser PERGUNTADA. Quem PERGUNTA PERGUNTA alguma coisa (=objeto direto) a algum (=objeto indireto). Isso significa que, na voz passiva, s a coisa poderia ser perguntada. Com muita frequncia, encontramos nos nossos bons jornais frases do tipo: PERGUNTADO a respeito do projeto, o deputado ou O delegado foi

PERGUNTADO a respeito do crime. Aqui temos duas frases em que o uso do verbo PERGUNTAR, Segundo a tradio, inapropriado: nem o deputado nem o delegado poderiam ser perguntados. A realidade linguistica, porm, nos prova o contrrio. So formas consagradas, e eu as consider caitveis na lingual padro. Em resumo: 1o) A validade do contrato foi QUESTIONADA (=posta em dvida); 2o) Foi PERGUNTADO ao deputado se ele seria o candidato a prefeito (=a coisa foi PERGUNTADA ao deputado). 4) COMUNICADO ou INFORMADO? Alguns leitores querem saber se correto dizer: A polcia j foi COMUNICADA ou O presidente no foi COMUNICADO O verbo COMUNICAR apresenta um problema igual ao do verbo PERGUNTAR: s a coisa deveria ser COMUNICADA. outro caso em que o uso consagrado vai contra a tradio. Na minha opinio, so formas perfeitamente aceitveis, mas que, em concursos, so consideradas erradas. Quem COMUNICA COMUNICA alguma coisa (=objeto direto) a algum (=objeto indireto). Isso significa que ningum deveria ser comunicado. O mais adequado, portanto, : O crime FOI COMUNICADO polcia e O incidente no FOI COMUNICADO ao presidente. Outra soluo substituir o verbo COMUNICAR pelo INFORMAR. Quem INFORMA INFORMA alguma coisa (=objeto direto) a algum (=objeto indireto) ou INFORMA algum (=objeto direto) de alguma coisa (=objeto indireto). Isso significa que temos duas opes: A polcia FOI INFORMADA do crime; O presidente no FOI INFORMADO do incidente. 5) INVEROSSMEL ou INVEROSSMIL? O certo INVEROSSMIL. Para o leitor que desconhece o significado, INVEROSSMIL o que NO tem VEROSSIMILHANA (=semelhana com a verdade): IN (=no) + VERO (=verdade) + SMIL (=similar, semelhante). 6) Leitor quer saber se a concordncia est correta na frase:O preo dos pacotes acima FORAM BASEADOS por pessoa com uma estada mnima de 7 noites. A crtica do nosso leitor perfeita. A concordncia est errada. O certo : O PREO dos pacotes FOI BASEADO 7) E a frase E vamos tamb