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1 4 anos de Cultura Director: Dr. Luís Filipe Menezes . Revista de Julho / Dezembro 2009 . número 11/12

Gaia balanço cultura 2005/2009

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Ficha Técnica

Director: Dr. Luís Filipe Menezes

Director-Adjunto: Mário Dorminsky

Editor: Jorge Maurício Pinto

Coordenação / Revisão:Pedro Matos Trigo / Miltemas

Textos: Luís Filipe Menezes, Mário Dorminsky, Pedro Matos Trigo, J. A. Gonçalves Guimarães.

Projecto Gráfico: Nuno Reigoto / Ilustrar Ideias

Fotografia:Luís Pedrosa, Carlos Santos, Hernâni Gonçalves, Arquivo

Capa:“Marginal - V.N. de Gaia”, óleo s/tela de António Joaquim

Produção / Impressão: Miltemas

Propriedade: Gaianima, EM

Sede: Município de Vila Nova de Gaia

Email para recepção de informação: [email protected]

A opinião expressa em cada textovincula apenas o seu autor.

Índice

Editorial 03A nossa capa 04Aqui há Cultura! 05Um Passaporte para todos 07Gaia já está no mapa 08Casa Barbot 12Egg Parade 15Simpósio Internacional de Escultura 16Artistas plásticos sem limites 19Egipto faz História em Gaia 23Maravilhas da fotografia 24Festa da Cultura 26Dia Mundial do Turismo 29Red Bull 30A caminho da nova Gaia 32Capital da Cultura do Eixo Atlântico 33Gaia nos Caminhos de Santiago 41Valorização do património 45Música 49Artes de palco 57I Festival de Humor de Gaia 62Literatura 64Sétima arte 66Exposições 67Vem aí 70

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Editorial

Depois da infra-estruturação do Concelho, com a cobertura total pelo saneamento básico, marcámos pontos no que toca às políticas culturais de rentabilização dos espaços, com a organização de eventos de dimensão nacional e internacional, com a atracção de públicos próprios e de uma programação cultural cada vez mais voltada para as pessoas de todas as idades, de todos os espectros sociais, de todos os gostos artísticos e culturais. O reconhecimento deste trabalho não tardou e Gaia é, hoje, a I Capital da Cultura do Eixo Atlântico. O Pelouro da Cultura, Património e Turismo tem vindo a definir um cartaz cultural, seguindo o lema Cultura para todos.A Câmara Municipal de Gaia tem feito um esforço que vai ao encontro da construção daquilo que acreditamos ser a democratização da Cultura. Aqui, procuramos desenvolver uma gestão cultural participada pelos cidadãos e pelos agentes culturais do Concelho, fomentando a diversidade.Diversidade de conteúdos, quer ao nível formal quer ao nível estético, apoiando o nosso trabalho nos agentes culturais locais mas procurando, também, trazer a Gaia aquilo que se vai fazendo de melhor a nível nacional e internacional. O nosso objectivo é o de promover a cultura como pólo de enriquecimento pessoal dos munícipes.

Luís Filipe MenezesPresidente da Câmara de Gaia

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A NOSSA CAPA

“Marginal - V.N. de Gaia”, óleo s/tela 81x60 – 2009, é da autoria de António Joaquim, mestre cuja exposição retrospectiva de 50 anos de pintura esteve em Maio deste ano na Casa- -Museu Teixeira Lopes / Galerias Diogo de Macedo.Em anteriores edições, a revista “Casa da Cultura” apresentou na capa trabalhos do Mestre Jaime Isidoro (1924/2009) e da jovem pintora gaiense Ana Pais Oliveira.

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Estamos a chegar ao final de um mandato. Sem desprezar - bem pelo contrário - o trabalho dos meus antecessores, posso dizer que há uma mudança radical nos conceitos que existiam na Cultura em Gaia. Realizámos estudos seguros e percebemos que tipo de caminho devíamos trilhar. Foi o que fizemos: seguir as sugestões que o Gaiense nos proporcionou. Resultados? São muito, mas muito positivos.

Começámos por trabalhar junto dos mais jovens o gosto pela Cultura nas suas diferentes valências, sendo exemplos claros das acções levadas a cabo a EGG PARADE, evento visto por mais de 600 mil pessoas, ou o Salão de Literatura Infanto-Ju-venil. Garantimos a manutenção e iniciámos os processos de recuperação do património de Gaia, como foi o caso da Casa Barbot ou do Convento Corpus Christi. Reabriram-se, recupera-dos, espaços como o Cineteatro Eduardo Brazão ou o Arquivo Municipal, um dos melhores do País e, que recebeu o magnífico espólio de “O Comércio do Porto”, entre outros. Começou a dar-se vida ao interior do Centro Histórico, com a instalação do Gi-nasiano, estando em curso outros projectos de implantação no local de diversas estruturas culturais. Iniciaram-se igualmente as obras para a construção do Cais Cultural na frente de rio.

Criou-se uma Cultura Urbana sustentada sobretudo nas Artes Plásticas, na Música nos seus mais diversos géneros, no Teatro e até na Artes Performativas através de iniciativas que geraram, anualmente, mais de um milhão de espectadores. Desde o início do mandato que se criou um palco, o grande palco de Gaia, o chamado Cais de Gaia, onde se realizaram seis meses de eventos turístico-culturais continuados, levando até lá desde o folclore às feiras tradicionais, passando por concertos de rock e de música clássica. Isto, não esquecendo a realização de actividades em todas as freguesias.Enchemos Gaia de esculturas que emergiram do Simpósio re-alizado neste ano. Editámos dezenas de livros e catálogos de exposições de grandes nomes da Cultura portuguesa, com des-

AQUI HÁ CULTURA!

CRIAÇÃO DO GOSTO CULTURAL E PATRIMÓNIO

UMA GAIA URBANA

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taque para muitos que nasceram ou viveram em Gaia. Editámos mensalmente uma agenda cultural e lançámos uma revista que vem registando toda a actividade cultural que pudemos fruir durante estes últimos quatro anos.São registos que ficam deste mandato. Registos que perdurarão na memória dos Gaienses e não só.

Criámos as bases para a revitalização e para uma maior vi-sibilidade do fortíssimo Movimento Associativo de Gaia. Um trabalho que tem de ser sempre acompanhado, dadas as signi-ficativas diferenças existentes entre as cerca de cem associa-ções culturais do Concelho, apoiando-as inclusivamente a nível monetário. A Cultura não é só “feita” pela Câmara mas sim por essas colec-tividades. Estas são braços culturais do Município nas diversas freguesias.

Criámos uma imagem forte de Gaia no exterior do Concelho e até no estrangeiro. Não foi assim por acaso que o Eixo Atlân-tico, região transfronteiriça do Norte de Portugal/Galiza, nos atribuiu a responsabilidade de sermos a primeira Capital da Cultura da euro-região, evento com três meses de duração que chamou a atenção dos média portugueses e estrangeiros, parti-cularmente espanhóis, para esta Nova Gaia. No fundo, foi uma espécie de “cereja no topo do bolo” de toda uma actividade feita com lógica e sem desvios dos critérios definidos desde o nosso primeiro dia de mandato.Queremos fazer sempre mais. Muitos projectos vão ainda a meio até porque a fruição cultural não pára. E sentindo a Cultura somos felizes. Estamos contentes com o trabalho realizado… porque se sente que aqui, em Gaia, há… Cultura.

Mário DorminskyVereador da Cultura, Património e Turismo

DEFENDEMOS AS TRADIÇÕES

DEMOS A CONHECER ESTA NOVA GAIA

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O Passaporte Cultural foi um conceito inovador lançado em 2007 e cedo atraiu as atenções dos gaienses, bem como de munícipes dos restantes concelhos da Área Metropolitana e de outras regiões.O projecto nasceu para incentivar o consumo de cultura em Gaia, pois a fre-quência de eventos e equipamentos cul-turais do concelho significa aposição de carimbos cuja soma dá direito a prémios

também de cariz cultural: livros, CDs, descontos em espectáculos, etc. (na foto).Por isso, foram já entregues numerosas ofertas e os 38 mil aderentes nestes dois anos não são apenas de Gaia. Muitas solicitações vêm de longe, até porque a adesão pode ser feita via Internet ou cor-reio e é gratuita, pelo que mesmo quem só esporadicamente visita o concelho tem vantagens.

Aliás, o êxito da ideia reflecte-se também no facto de ter sido recentemente secun-dada por outros municípios e pelo Gover-no, com aplicação a diferentes sectores e faixas etárias.Mas o Passaporte Cultural não tem qual-quer limitação de idade, local de residên-cia ou preferências culturais, tendo sido mesmo alargada para fora de Gaia a cam-panha para a sua divulgação.

UM PASSAPORTE PARA TODOSA emblemática novidade que Gaia lançou há dois anos tem 38 mil aderentes e já foi “clonada” por outros municípios e pelo Governo.

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GAIA JÁ ESTÁ NO MAPA!Todos os dias deveríamos ouvir um pouco de música, ler uma boa poesia, ver um quadro bonito e, se possível, dizer algumas palavras sensatas - Goethe

O nº 0 desta Revista Casa da Cultura, publicado em Abril de 2006, anunciava como objectivo resumido das políticas culturais então em lançamento o de “co-locar Gaia no mapa”.Falava-se do mapa cultural em referência ao peso que Gaia merecia ter no panora-ma metropolitano e nacional. Peso esse que, quatro anos volvidos, é ainda maior do que o anunciado e acaba de ter como corolário a nomeação enquanto primeira Capital da Cultura do Eixo Atlântico.Os numerosos eventos cá realizados e os projectos lançados fazem já com que o concelho seja tido em conta para mui-tas instituições e também para o cidadão metropolitano e o turista. Gaia já está no mapa turístico-cultural, com os seus es-pectáculos, os seus monumentos, o seu património humano, as suas riquezas na-turais, as belezas fluvial e marítima, os espaços de cultura e de lazer.É, contudo, um trabalho em desenvolvi-mento, de mãos dadas com a Gaianima – entidade municipal gestora de nume-rosos equipamentos – e em articulação com restantes departamentos camarários, bem como com as freguesias, as colectivi-dades, as demais instituições e, acima de tudo, os gaienses.Por eles e com eles, começámos por es-tudar as suas preferências e gostos, se-guindo as indicações recolhidas. Apontá-mos à sensibilização do gosto cultural e à criação de novos públicos para a cul-tura, de que são exemplos extremamente bem sucedidos o Passaporte Cultural e a Egg Parade, ambos já com esteios fora do concelho.A propósito, a entrega de prémios rela-tivos à edição deste ano da Egg Parade foi marcada para 25 de Setembro na Casa Barbot.Depois, realiza-se o segundo leilão a 11 de Dezembro e a 18 de Dezembro tem lu-gar a cerimónia de entrega a uma Asso-ciação SOS Criança do cheque resultante da angariação de fundos com o leilão dos ovos.

Colecção de camélias no Solar dos Condes de Resende

Acervo de Aureliano Lima nas Galerias Diogo de Macedo.

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Por outro lado, levámos os gaienses e os visitantes a descobrir um riquíssimo pa-trimónio monumental, tão desconhecido logo nos concelhos limítrofes. Para isso, recuperou-se a Casa Barbot e o Convento Corpus Christi ou o Cineteatro Eduardo Brazão, abrindo-se lhes as portas a ini-ciativas de carácter regular que permitam criar hábitos de frequência.Na Casa Barbot, também Casa da Cultura, o teatro divide espaço com a música – até nos jardins – e as artes plásticas com as conferências ou lançamentos de livros.O Convento Corpus Christi, assim como o Mosteiro da Serra do Pilar, estão já com algum aproveitamento cultural, nomea-damente a nível da música e das expo-sições. E o emblemático Cineteatro Edu-ardo Brazão, em Valadares, entrou nos circuitos dos cinéfilos e dos melómanos, além de constituir só por si importante peça arquitectónica e artística.Uma referência especial merece o Solar dos Condes de Resende, que grita de Ca-nelas o nome de Eça de Queirós. E são muitos os que respondem ao chamamen-to, ampliado pela Confraria Queirosiana ali sediada.Mas a construção de há três séculos é palco de variadas iniciativas, que vão das aulas de danças de salão às conferências literárias, das aulas de pintura para ini-ciados às exposições segmentadas do es-pólio deixado pelo coleccionador Marcia-no Azuaga, assando pelas feiras de livros e objectos culturais. E sem esquecer os cursos livres sobre a História e persona-lidades de Gaia e da Área Metropolitana do Porto.Outro equipamento que vem tendo gran-de abertura ao exterior é o complexo Ca-sa-Museu Teixeira Lopes/Galerias Diogo de Macedo, que atrai cada vez mais vi-sitantes com ousadas exposições ou com tertúlias que recriam as feitas em vida por Teixeira Lopes.Mas o museu vai mesmo ter com novos ou potenciais públicos por via de um programa que tem por alvo as escolas e

Núcleo de arte africana da Colecção Azuaga.

Danças eslovacas no Gaia Folk.

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desafia a criatividade artística dos mais jovens, ao mesmo tempo que aproveita para divulgar os acervos dos mestres Tei-xeira Lopes e Diogo de Macedo.Por sua vez, o Auditório e Biblioteca Mu-nicipais entrelaçam o teatro e o cinema com os espectáculos musicais, as activi-dades literárias e as artes plásticas num frenesim inusitado. E até, no Verão, pro-curam ir ao encontro de leitores com as Bibliotecas de Praia.Mas cabe referir a grande variedade de parcerias e apoios estabelecidos ou, aci-ma de tudo, praticados por este Pelouro: com as sempre presentes colectividades, tanto para música e teatro como para a preservação e divulgação das tradições, e com as paróquias e freguesias para as ce-lebrações populares; com o agora “gaien-se” El Corte Inglés, nomadamente para a animação da Praça do Eixo Atlântico e a ocupação do Teatro d’Avenida; com o Exército e o RAS, além das autoridades religiosas e vários ministérios, para apro-veitamento de espaços no Mosteiro da Serra do Pilar; com as estruturas culturais já estabelecidas em Gaia (TEP, Ginasiano, La Marmita, TeatroDeFerro, Cale, etc.); e tantos mais igualmente importantes para colocar Gaia no mapa.Paralelamente, houve necessidade de pro-mover os projectos e iniciativas em curso, dando a conhecer o que, de outro modo, não teria quase razão de existir. Donde o lançamento da Agenda Cultural, ininter-rupta já desde Abril de 2006, assim como esta Revista Casa da Cultura que dá um panorama mais geral da vida cultural de Gaia.Mas também muito material de apoio a nível gráfico e editorial foi surgindo, des-de os cartazes de eventos aos materiais de promoção turística, incluindo colecções de postais com vistas de Gaia. Juntou-se-lhes o portal do turismo na Internet, a participação em feiras como a BTL e a Revista do Turismo. Foram igualmente publicados dezenas de

Exposição de pintura de Tiago Feijóo no Convento Corpus Christi (acima) e concerto dos Mesa no Festival United in Sound, no Cais de Gaia.

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Foram os casos do pintor Jaime Isidoro, do escritor Rentes de Carvalho e do arqui-tecto Francisco de Oliveira Ferreira, mas também do escultor Soares dos Reis, do físico Adriano de Paiva (o pioneiro mun-dial da ideia de televisão em 1878) ou do prodigioso músico da efervescente Belle Époque, Artur Napoleão.Aliás, a Revista Casa da Cultura tem vin-do, nos últimos números, a publicar na capa obras inéditas de artistas plásticos: um dos últimos trabalhos do falecido Mestre Jaime Isidoro e outros da reve-lação Ana Pais Oliveira e do consagrado António Joaquim.Muito mais do que se faz e se fez em qua-tro anos está, em jeito de balanço inevi-tável, nas páginas deste número da Revis-ta Casa da Cultura, onde muito também fica por dizer entre os grande eventos e projectos ou os pequenos grãos semeados para colheita futura. Por Gaia.

catálogos, folhetos e livros, como o dedi-cado à romaria de S. Gonçalo e S. Cristó-vão, entre outros, e foram editados diver-sos discos em resultado de novos festivais de música criados.Por outro lado, começou-se a utilizar a expressão “eventos improváveis” para designar os momentos culturais inespera-dos que, sem calendário formal, vão sur-preendendo, aqui e ali. Casos tão diversos

como o “Pôr do Som” que levou música ao jardim da Casa Barbot, performances e novo circo em ruas do Centro Histórico ou sessões nocturnas de leitura de poesia. E fica ainda a marca no lançamento dos Prémios Cidade de Gaia, a par da home-nagem (que não apenas póstuma) a gran-des personalidades ligadas ao concelho, tanto em cerimónias e actos culturais como através da divulgação nesta revista.

Feira Medieval em Vilar de Andorinho (acima à esquerda), desfolhada do milho (acima à direita) e pormenores artísticos do tecto e paredes no Cineteatro Eduardo Brazão (ao lado).

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A velha Casa Barbot foi adquirida pelo Município, parcialmente recuperada e adaptada para os serviços do Pelouro da Cultura a partir de Fevereiro de 2007. Mas, desde logo, foi transformada em exemplo do que é também a aposta em termos de património, com a sua abertu-ra permanente para fruição pública, seja pelo interesse arquitectónico seja pelas múltiplas iniciativas que aqui têm lugar.

A CULTURA MORA AQUIMilhares de pessoas e dezenas de eventos passaram já pela Casa da Cultura, equipamento criado há três anos e instalado no Imóvel de Interesse Público “Casa Barbot”, onde passou a funcionar também a estrutura do Pelouro da Cultura, Património e Turismo.

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Além de uma mostra documental perma-nente sobre a própria construção, o edi-fício acolhe regularmente exposições de artes plásticas, eventos musicais, teatro, lançamento de livros, worshops e confe-rências, entre outros acontecimentos cul-turais, mas serve igualmente de sala de visitas e recepção de VIPs por parte do Município.O seu jardim, com as “grutas” e estufa,

recebe cascatas sanjoaninas, bazares de Natal, eventos relacionados com floricul-tura, música ao ar livre e, desde este Ve-rão, conta com uma grandiosa escultura de Paulo Neves, intitulada “Adão e Eva”.Fruto da nova vida, que passou a celebrar anualmente no início de Fevereiro, este conjunto patrimonial tem registado um número crescente de visitantes: dos 6.795 em 2007 passou para os 8.182 em 2008.

ANO Nº DE VISITANTES

2007 6.795

2008 8.182

2009 4.289 (só até Junho)

E, somente no primeiro semestre de 2009, contabilizava já 4.289.Tais números, que incluem centenas de crianças e jovens estudantes, deverão aumentar de forma ainda mais expres-siva quando avançar a segunda (e mais profunda) fase da recuperação. Esta, em-bora sem prazos ainda definidos já que depende em grande parte dos fundos provenientes do Programa Operacional da Cultura, deverá resultar em melhores condições para as áreas já em utilização e na recuperação da antiga “casa dos ca-seiros”, onde deverão nascer uma livraria, uma cafetaria e um Posto de Turismo.

Momento musical.

O imóvel recebe muitas crianças.

Fernando Tordo visitou a Barbot.

Teatro.

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Classificada como Imóvel de Interesse Público pelo Instituto Português do Pa-trimónio Arquitectónico em 1982, a Casa Barbot tem uma configuração que deno-ta um entendimento de Arte Nova além do plano decorativo, estendendo-se a um nível de cariz mais estrutural. Destaca-se um significativo ecletismo de todo o imó-vel, que permite aproximá-lo de um gosto francês de finais do século XIX.De facto, o todo e as partes deste edifício registam o domínio de uma arquitectura marcada por uma preocupação clara de conjugar a exigência técnica de crité-rios de solidez de inspiração neoclássica (como é o caso das colunas, dos capitéis, etc., mas agora com tratamento diferen-

te) e da modernidade no uso de materiais como o ferro e o vidro nos acabamentos, bem como a exigência formal de uma planta que procura na distribuição dos espaços interiores o critério de comodi-dade e da funcionalidade, em total con-solidação com a exigência de natureza estética que evidencia uma gramática de decoração de linhas curvas, ornamenta-ções e azulejos bem característicos do es-tilo dominante em referência.O arquitecto Ventura Terra (1866-1919), o escultor Alves de Sousa (1884-1922) e o pintor Veloso Salgado (1864-1945) marcaram seguramente a sua influência artística na profunda reconstrução e re-modelação que o imóvel (datado de 1904)

sofreu no ano de 1915-1916, sendo pro-prietário nessa data o empresário Bernar-do Pinto Abrunhosa.Posteriormente, como comprovam as plantas registadas no Arquivo Municipal de Gaia do ano de 1945, o imóvel terá sofrido outras alterações de que não há registo documental anterior, já sob a pro-priedade da D. Ermelinda Vilano Barbot. A compra do imóvel por parte da Câmara de Gaia, para sua salvaguarda e restauro, foi sinal positivo e de apreço pelo patri-mónio arquitectónico da nossa cidade, consubstanciado pela candidatura “Re-abilitação da Casa Barbot - 1ª Fase” ao Programa Operacional da Cultura, que se-ria homologada em 29 de Junho de 2007.

Pormenor da estufa.

Exposição evocativa de Soares dos Reis. Conferência.

Elementos típicos da construção na época.

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EGG PARADE JÁ É NACIONALOvos gigantes decorados artisticamente

O projecto “Egg Parade” foi lançado em 2008 e envolve comunidade escolar com os artistas plásticos numa acção que visa estimular a produção de arte e o gosto pela cultura. Chegou a milhares de pes-soas e permitiu também angariar fundos com objectivos de solidariedade social.Em cada edição, o Pelouro da Cultura for-nece cerca de 80 ovos gigantes (entre 40 e 75 cm) em cerâmica ou fibra de vidro, que se revelam sempre poucos para as so-licitações de escolas e de artistas.Depois, os ovos decorados pela comuni-dade escolar são levados a concurso, en-quanto as criações de artistas são leiloa-das e os fundos orientados apoio social.Pelo meio, todos os ovos integram uma exposição itinerante que foi já vista por largos milhares de pessoas desde a Casa Barbot ao ArrábidaShopping, ao GaiaShopping e ao Cais de Gaia: cerca de 800 mil visitantes em 2008 e 660 mil em 2009. Um sucesso, tendo em conta que, neste ano, esteve patente menos tempo e em menos locais.

Cumpriu-se assim a meta estabelecida pelo comissário do evento, o pintor e jor-nalista Agostinho Santos, de fazer da Egg Parade “a maior exposição de artes plás-ticas do ano em Gaia, tanto em qualidade como em número de visitantes”.Além disso, o convite a artistas plásticos para participarem foi desta vez alargado a nível nacional, destacando-se a aceita-ção de José Rodrigues, António Joaquim Ferreira, Sobral Centeno, Francisco La-ranjo, Paulo Neves, Emerenciano, Henri-que Silva e Joana Rego, entre muitos.Presidido pelo vereador da Cultura, Má-rio Dorminsky, o júri atribuiu neste ano o 1º Prémio ao ovo intitulado “Crise” (mo-mento da decisão na foto), da Esc. Sec. Inês de Castro - Turmas 7º A,B,C,D, L e MIMO; o 2º Prémio ao “Magic Egg”, do Colégio dos Carvalhos, núcleo do ensino básico – Departamento de Expressões e Artes com Educação Visual, Educação Tecnológica e Área de Projecto (7º, 8º, 9º); e o 3º Prémio ao “World Crisis”, do Colé-gio Nossa Senhora da Bonança.

Melhores de 2009 no Cais de Gaia.

Entrega inicial dos ovos em bruto.

Exposição de 2009 no GaiaShopping.

Leilão de 2008 no ArrábidaShopping.

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NOVAS ESCULTURAS PARA GAIAO I Simpósio Internacional de Escultura foi um espectáculo aberto ao público que viu nascer e crescer uma dezena de obras.A orla marítima de Vila Nova de Gaia está cada vez melhor e a qualidade ambiental e urbanística acaba de somar-se ao enri-quecimento artístico que o concelho vem conhecendo.Com efeito, as freguesias com frente de mar partilham agora do acervo escultó-rico pois, desde o início de Setembro, co-meçaram a ser ali instaladas seis obras de outros tantos artistas plásticos.Os trabalhos fazem parte do património que resultou do I Simpósio Internacional de Escultura em Pedra, realizado no iní-cio do Verão no Parque da Lavandeira e comissariado pelo também escultor Paulo Neves.Um dos participantes foi Isaque Pinheiro, cuja obra foi a primeira a ser deslocada para junto do mar e embeleza já a Aveni-da da Liberdade, em S. Félix da Marinha.Seguiram-se os trabalhos de Paulo Neves junto à praia Francemar em Gulpilhares, de Vítor Ribeiro no Parque Infantil da Madalena, de Volker Schnütgen em Va-ladares, de Pedro Fazenda em Lavadores/Canidelo e de Rui Matos em Arcozelo.O Simpósio resultou ainda em mais cin-co trabalhos. O primeiro, intitulado “Adão e Eva” (na foto principal desta página), é também da autoria de Paulo Neves e foi instalado no jardim da Casa Barbot,

contribuindo assim para a valorização do conjunto patrimonial.Outras três obras - da autoria de Álvaro de la Vega, Paco Pestana e Martim Velosa vão permanecer no Parque da Lavandeira, enquanto o de Carlos Barreira foi destina-do ao Parque Biológico de Gaia.O Concelho conta, deste modo, com 11 novas esculturas para fruição pública, o que, só por si, já é um excelente balanço deste Simpósio Internacional de Escultu-ra. Mas, durante o evento, os artistas tra-balharam ao vivo no Parque da Lavandei-ra e o acesso dos visitantes foi total, pelo que puderam admirar o trabalho criativo a partir de blocos de mármore de Estre-moz e o avançar de cada uma das obras.O Simpósio aumentou, assim, o acervo patrimonial de Gaia ao mesmo tempo que contribuiu para a sensibilização para as artes. De resto, o presidente da câmara, logo na abertura do simpósio, em Maio, falara perante os artistas e o público das políticas e estratégias culturais imple-mentadas no concelho. Luís Filipe Mene-zes apontou este tipo de iniciativa como “a semente do muito mais que queremos fazer e que o público virá a exigir em ter-mos de produção cultural”, salientando a importância dessa vertente na afirmação da comunidade.

Inauguração de “Adão e Eva” de Paulo Neves.

Evolução da criação das esculturas.

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Obra de Isaque Pinheiro.

Obra de Carlos Barreira.

Obra de Vítor Ribeiro.

Obra de Paulo Neves.

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Obra de Martim Velosa.

Obra de Álvaro de la Vega.

Obra de Pedro Fazenda.

Obra de Volker Schnüttgen.

Obra de Paco Pestana.Obra de Rui Matos.

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ARTISTAS SEM LIMITESForam muitos os artistas plásticos e obras que se cruzaram em Gaia ao longo de quatro anos, desde os famosos além-fronteiras aos menos divulgados, enriquecendo com esse diálogo sem limites a vivência cultural do concelho.

A pintura foi um dos sectores que mais eventos originou mas não se limitou a exposições, passando em grande medida pela descoberta de novos valores e pela homenagem a alguns já consagrados. Mas, mesmo nestes casos, a homenagem não se ficou pela cerimónia formal, susci-tando antes o debate e a reflexão através de conferências e deixando para a pos-teridade livros e catálogos de qualidade, entre tantas outras iniciativas.

Um dos nomes incontornáveis é o do Mestre Jaime Isidoro, falecido em Janeiro deste ano, a quem o Pelouro da Cultu-ra promoveu uma homenagem ainda em vida.Logo no final de 2006, foi levantado o projecto que contemplou uma exposição antológica nas Galerias Diogo de Macedo, onde se puderam ver obras nalguns casos nunca antes trazidas a público. Houve ainda a homenagem propriamente dita,

duas conferências sobre a sua obra e o seu trabalho em prol da arte contemporâ-nea (a paternidade da Bienal de Vila Nova de Cerveira e da Galeria Alvarez são ape-nas dois capítulos), o lançamento de um livro profusamente ilustrado e a inclusão do seu nome na toponímia do concelho, a par da atribuição da Medalha de Mérito do Município.Ana Pais Oliveira, uma jovem pintora gaiense, foi outro nome que acabou por

Jaime Isidoro

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dar que falar. Após uma exposição no Auditório Municipal, em 2006, a artista começou a dar nas vistas e viria a sagrar-se vencedora absoluta da VIII Bienal de Pintura do Eixo Atlântico 2008-2009, por decisão de um júri a que presidia Jaime Isidoro.Então, a par da exposição da Bienal nas Galerias Diogo de Macedo, em Janeiro de 2009, a Casa da Cultura/Casa Barbot promoveu uma exposição individual da jovem. Mas Ana Pais Oliveira centraria pouco depois as atenções na Biblioteca Municipal, ao destacar-se com a vitória concelhia no Concurso Engenho & Arte, promovido pelo Grupo Lena. E cuja final nacional viria também a ganhar, soman-do-lhe ainda vários outros prémios, de-signadamente estrangeiros.Sobejamente conhecido, e não apenas por presidir aos Artistas de Gaia, o jornalista do JN Agostinho Santos leva já mais de 20 anos de pintura. Essas duas décadas resultaram numa exposição antológica promovida em meados de 2007, intitula-da “Labirintos do Desejo” e dividida en-tre as Galerias Diogo de Macedo e a Casa Barbot. Entre os trabalhos, encontravam-se os desenhos que percorrem a obra li-terária de José Saramago e que chegaram mesmo a suscitar a visita do Prémio No-bel a Gaia. Foram ainda realizadas duas conferências sobre a obra do artista.Além da Bienal de Pintura do Eixo Atlân-tico 2008-2009, acima referida, Gaia foi também o primeiro município a receber a colecção final dos melhores trabalhos da VII edição do certame, em 2006. Também nas duas, foi galardoado Filipe Rodrigues, outro jovem artista plástico gaiense.No sector da pintura, não sendo possível referir todos os nomes que por cá pas-saram nos últimos anos, recordem-se: a exposição “80 anos, 80 obras” de Irmã Gabriela, as Galerias Diogo de Macedo em 2006, “Ramadas” de Mónica Balda-que, na Olhares – Galeria de Imagem em Novembro 2007; a homenagem aos “Quatro Vintes” (Ângelo de Sousa,

Ana Pais Oliveira Francisco Laranjo

Mónica Baldaque

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Armando Alves, Jorge Pinheiro e José Rodrigues) + Jaime Isidoro em Junho de 2008, promovida pelo TEP e a que o Pe-louro da Cultura se associou.Já em 2009, destacam-se idêntica ho-menagem a Júlio Resende; a exposição antológica “Ocidente e Oriente” do con-sagrado Francisco Laranjo; a retrospec-tiva de “50 anos de pintura” do Mestre António Joaquim; “Discursos sem histó-rias dentro…” de Jorge Pinheiro (um dos “Quatro Vintes”); e muitos outros nomes de que a revista “Casa da Cultura” tem dado notícia.Também na escultura foram promovidas exposições como a de Rui Chafes - um dos maiores escultores da actualidade e com projecção internacional – que esteve na Casa-Museu Teixeira Lopes em 2008.Houve ainda muitas outras exposições de destaque e homenagens, focando artistas no activo como Avelino Rocha, Margari-da Santos, Mário Ferreira da Silva, Paulo Neves e o galego José Grangel, sem es-quecer outro gaiense - Augusto Santo (1869-1907).A propósito de homenagens, é impossível não recordar a que foi feita postumamen-te a Francisco de Oliveira Ferreira (1884-1957), o “arquitecto de Gaia”, autor de obras como a Câmara de Gaia, a Clínica Heliântia, “A Brasileira” (Porto) e outras.Entre Dezembro de 2007 e Fevereiro de 2008, vários espaços municipais assinala-ram os 50 anos da sua morte e receberam uma sessão formal, o lançamento de um livro, conferências e uma exposição itine-rante do seu espólio, que seria mais tarde integrada no Arquivo Municipal.

António Joaquim

Jaime Isidoro e os “Quatro Vintes” Avelino Rocha

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Rui Chafes Jorge Pinheiro

Agostinho Santos

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O fascínio histórico da civilização egípcia já veio duas vezes a Gaia e bateu recordes de afluência de público.

Era uma vez, no Egipto. Ou melhor, fo-ram já duas vezes, e bem distintas, que a misteriosa e apaixonante civilização con-quistou Gaia.Os seus efeitos não se limitaram ao Verão de 2006 nem ao Inverno de 2008, épocas em que a Casa-Museu Teixeira Lopes e as Galerias Diogo de Macedo receberam duas das maiores e mais interessantes ex-posições de sempre.No primeiro caso, sob o título “Vida e morte no Antigo Egipto: da arte faraó-nica ao Farol de Alexandria”, tratou-se de uma exposição itinerante da colecção privada da Caixanova que contemplou Gaia tal como o Louvre e outros museus estrangeiros. O espólio de centenas de peças – ferra-mentas, objectos de culto, cerâmica, mo-edas, estatuária e uma réplica de uma das Sete Maravilhas do Mundo, o Farol de Alexandria – possibilitou uma “viagem”

de quatro milénios até um importante período da História da Humanidade, aos hábitos de vida de então, das crenças, das intrigas e da morte. Viagem essa empre-endida por cerca de 25 mil visitantes, o que obrigou mesmo a alargar o prazo de permanência da exposição.Tal êxito ajudou a que, no Inverno de 2008, fosse também aqui exibida ao pú-blico, de forma inédita, a Colecção Egíp-cia do Museu de História Natural da Fa-culdade de Ciências da Universidade do Porto, a segunda maior do País.“Os Mistérios do Além no Antigo Egipto” trouxeram também até Gaia a eminente egiptóloga espanhola Maria Luz Mangado Alonso, comissária científica do evento, e implicaram um projecto de arquitectura interior nas Galerias Diogo de Macedo. Tal deveu-se ao objectivo de valorizar cada uma das 103 peças da colecção, en-tre as quais figuravam uma máscara fu-

nerária dourada e um sarcófago.A exposição registou mais de 10 mil vi-sitantes e teve de ver também alargado o seu período de permanência, constituindo mais um assinalável marco para Gaia e a Casa-Museu.Entretanto, não podem ser esquecidas as grandes exposições permanentes com os acervos do museu, nomeadamente o es-pólio de Teixeira Lopes e a colecção de Pintura Modernista de Diogo de Macedo com obras assinadas por Abel Manta, Al-mada Negreiros, Amadeo Sousa Cardoso, António Pedro, Armando Basto, Bernar-do Marques, Carlos Botelho, Dórdio Go-mes, Eduardo Viana, Júlio Pomar, Leal da Câmara, Manuel Bentes, Mário Eloy, Mily Possoz, Sarah Affonso, Barata Feyo, Diego Rivera, Adriano Sousa Lopes, José Tagarro, Fred Kradolfer, Heitor Cramez, Alvarez, Francisco Franco, António Cruz, Joaquim Lopes e João Navarro Hogan, entre outros.

EGIPTO FAZ HISTÓRIANA CASA-MUSEU

Pequenos artefactose máscara dourada ao fundo

Máscara funerária

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ARTE FOTOGRÁFICA PROMOVE O CONCELHOA galeria Olhares recebe as melhores imagens da segunda edição do concurso Objectiva’mente Gaia.

O concurso de fotografia Objectiva’mente Gaia atinge um dos principais momentos nas comemorações do Dia Mundial do Turismo (27 de Setembro), ocasião em que são entregues os prémios aos ven-cedores e expostos os seus trabalhos na Olhares – Galeria de Imagem.Sob a temática “Gaia no século XXI”, a segunda edição teve como 1º classifica-do o trabalho “Cais de Gaia”, de Gaspar

de Jesus, autor que veria outro trabalho seu (“Canidelo”) ganhar o 4º lugar. O 2º classificado foi “Novos bares… com mais sol – Praia de Valadares”, de António Ámen, e o 3º “Cidade Elegante – Avenida da República”, de Pedro Miguel Xavier Moreira.Entre os melhores trabalhos estão ainda “Gaia tem mais andamento” de Joaquim Baldaia, “…o futuro presente” de António

Manuel de Sá Azevedo, “Metricamente Perdidos” de Dilsa Maria Martins da Con-ceição Dias, “Luz” de Marco Matos, “Via Arco-Íris IC23” de José Manuel Melim e “Prismas” de João Paulo Monteiro Pereira.Com algumas diferenças quanto a temáti-cas e método de classificação, o concurso Objectiva’mente Gaia, que tem o apoio Media Markt de Gaia, tinha sido lançado em 2008 e, logo aí, com o objectivo de

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promover a fotografia e o próprio con-celho.Na edição inaugural, a melhor fotografia e 1ª classificada no tema Suaves Contras-tes foi “No virar da maré” de Pedro Mi-guel Xavier Moreira.Sem classificação de 2º e 3º, o concurso teve então como melhor imagem no tema Gentes e Locais “(Des)Calçada Portugue-sa” de Dario Stefani, enquanto no tema Urbanos ganhava “Beco” de Gabriel Sal-vador Menezes da Silva.

UMA GALERIA QUE VALE MIL IMAGENS

A criação da Olhares – Galeria de Imagem no piso superior do Posto de Turismo da Beira Rio, há cerca de dois anos e meio, permitiu criar mais um ponto de interesse naquele equipamento e, ao mesmo tempo, promover uma arte específica.Com efeito, tem sido a fotografia o prin-cipal objecto das regulares exposições naquele espaço, em muitos casos focan-do diferentes temáticas e zonas de Gaia, da Serra do Pilar à Aguda, passando pela Afurada ou os santos populares e as ro-marias.Frequentada por turistas, dada a sua loca-lização, mas também por visitantes locais, a Olhares recebeu já numerosos autores, incluindo estrangeiros, e tem versado o mais variado leque em termos de temáti-cas para fotografia, não deixando de pri-vilegiar autores gaienses e temas que per-mitam divulgar o que Gaia tem de melhor.

BIENAL E MUSEUO lançamento do Prémio Bienal de Fo-tografia do Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular foi anunciado em Gaia, du-rante este Verão, no âmbito da “Capital da Cultura”.A primeira edição do prémio tem como tema os últimos 100 anos do “Desen-volvimento urbano das cidades” que in-tegram o Eixo Atlântico e será aberta a naturais e/ou residentes no espaço Norte-Galiza, visando estimular a criação nesta área artística.Os trabalhos inéditos serão qualificados em diferentes categorias (prémio abso-luto, jovens talentos, melhor trabalho nortenho, melhor trabalho galego) e os melhores poderão integrar uma exposi-ção itinerante pelas 34 cidades da euro-região.Além disso, esta nova iniciativa visa tam-bém impulsionar a criação de um Museu da Fotografia dedicado ao Norte e Galiza, na sequência de uma decisão formal nes-se sentido tomada em Gaia pela Comissão de Cultura do Eixo Atlântico.

1 – “Cais de Gaia” venceu a edição de 2009.2 – “No virar da maré” ganhou em 2008.3 – “Novos bares... com mais sol”, 2º em 2009.4 – “Cidade elegante”, 3º em 2009.

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A CULTURA SEMPRE EM FESTAAnimação, tradições e romarias rimam com música erudita, cinema, artes plásticas ou teatro na estratégia cultural implantada desde 2006.

Gaia já se habituou a ver manifestações culturais na rua, e não apenas pequenas iniciativas.Na Primavera de 2006, nasceu a “Cultu-ra ao Vivo – Gaia ConVida” que, durante três dias, promoveu dezenas e dezenas de eventos das mais diversas vertentes e tendo como epicentro a Beira Rio. Ali, es-sencialmente ao ar livre, artistas plásticos pintavam ao vivo, artesão trabalhavam à vista de quem passava, ranchos folcló-ricos exibiam-se, havia música ligeira e blues, jogos tradicionais, Feira de Vinil, gastronomia, multimédia, etc.. Na maioria dos casos, as iniciativas eram de acesso gratuito e conjugavam-se com muitas outras a decorrer nas restantes freguesias de Gaia e contemplando expo-sições, música, teatro, literatura e muitas outras áreas, incluindo promoção do sá-vel e da francesinha de forno.Para tal, o Pelouro da Cultura, Património e Turismo ergueu um programa com cria-ções de raiz e com actividades das muitas associações, juntas de freguesia e institui-ções diversas.Estava assim dado o mote para uma ten-dencial cooperação de todos no sentido de consolidar a oferta cultural de Gaia.O mega-programa passou a realizar-se todos os anos e evoluiu para Festa da Cultura e Festa da Primavera. Alargou a sua duração para muitos mais dias e serviu também de inspiração para outras iniciativas, como a Animação da Beira Rio durante todo o Verão e o festival Gaia Folk, para enumerar apenas algumas. In-cluiu ainda mais actividades de outros

Animação da Beira Rio

Gaia Folk também passou pela Casa Barbot.

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Feira de Artesanato de Arcozelo. Feira de produtos regionais.

Feira rural. Jogos tradicionais.

Reviver as tradições. Artistas ao vivo. ... à moda antiga.

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28freguesias. É que, a par dos subsídios atri-buídos, o município pretende ver aumen-tado o dinamismo e o poder de iniciativa a nível local, onde melhor se promovem valores que contribuem para a afirmação da comunidade.A Feira de Artesanato de Arcozelo, a

Festa da Broa de Avintes, o Festival da Cereja de Seixezelo, a Feira Medieval de Vilar de Andorinho e o Perosinho Cultu-ral são exemplos emblemáticos de inicia-tivas locais apoiadas pelo município, que se juntam a numerosas feiras rurais, de artesanato e outras.De resto, a participação na promoção das tradições faz-se igualmente com o lan-çamento de livros como o dedicado a S. Gonçalo e S. Cristóvão, que foi acompa-nhado de uma exposição fotográfica alu-siva, no Posto de Turismo. Ou com a or-ganização de Bazares de Natal e a criação do programa “Natal com Música”, que leva música a diversos locais e a associa à iluminação pública especial da quadra, tal como o envolvimento em muitas ou-tras festas populares e romarias pelas fre-guesias de todo o concelho e ao longo de todo o ano.Tudo isto para que se veja melhor o que Gaia tem para oferecer.

programas, casos dos espectáculos musi-cais dos Mesa ou Blind Zero, entre outros participantes do Festival United in Soud, ou a Festa Flower Power do Cais de Gaia.Mas veio também incentivar e estreitar a colaboração entre os diversos agentes, particularmente as colectividades e as

Feira de tradições na Beira Rio.

Uma das edições do Município.

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Operações de charme junto dos poten-ciais visitantes do concelho e iniciativas de carácter cultural e de animação em diferentes locais assinalam o Dia Mun-dial do Turismo, que se celebra a 27 de Setembro.No entanto, e como vem sendo habitual, o Pelouro da Cultura, Património e Turis-mo não limita as comemorações ao pró-prio dia e, aproveitando o facto de coin-cidir com um Domingo, preenche todo o fim-de-semana com actividades.Assim, foi preparado um programa que pretende divulgar a autenticidade cul-tural que Gaia tem para oferecer e que se orgulha de divulgar, contando com a colaboração de várias instituições e em-presas do concelho.O “Valor da diversidade e autenticidade do Turismo num Mundo globalizado” foi o tema escolhido para as actividades, que começam com recepção de boas-vindas aos turistas no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, entre as 9h e as 17h de Sábado.Depois, a partir das 11h, a zona da Beira Rio frente ao Posto de Turismo será palco de uma “Mostra de Tradições – Artesana-

to e Produtos Regionais” que se prolonga até às 19h com a participação de vários stands de artesanato, iguarias gastronó-micas e produtos típicos. E será animada com a actuação de grupos de cantares, de dança e de folclore.Além disso, também o património monu-mental é contemplado com um momento musical na Igreja de Santa Marinha, pe-las 16h, seguido de visita guiada.Ainda na tarde de Sábado, na Olhares – Galeria de Imagem, realiza-se a cerimó-nia de entrega de prémios e inauguração da exposição dos melhores trabalhos do concurso de fotografia “Objectiva’mente Gaia 2009”, subordinado ao tema “Gaia no séc. XXI”.No Domingo, Dia Mundial do Turismo, a animação prossegue na margem do Dou-ro com a continuação da “Mostra de Tra-dições”, entre as 11h e as 19h, incluindo novamente animação com jogos tradi-cionais, cavaquinhos, dança e folclore.Nesse dia, o monumento seleccionado para o momento musical e visita guiada foi o Convento Corpus Christi, situado frente ao Cais de Gaia.

DIA MUNDIAL DO TURISMO

INVASÕES FRANCESASConjugar a vertente lúdica com a sensibi-lização para a História foi um dos efeitos da recriação da Batalha do Porto (1809), realizada em Maio último.Contou com centenas de figurantes e milhares de pessoas a ver nas margens, inscrevendo-se no programa de evocação dos 200 anos das invasões francesas.O programa incluiu exposições e lança-mentos literários durante vários meses, entre outras acções.

REGATA DE RABELOSA quase ausência de vento não estragou a XXVI Regata de Barcos Rabelos que, em Junho, cumpriu a tradição anual.Com efeito, o facto de as 16 embarcações participantes navegarem lentamente deu mais tempo à imensa multidão que, da margem, admirava tão belo quanto anti-go espectáculo frente às caves do Vinho do Porto. E, no fim, brindou-se à tripula-ção do “Rio Torto II”, que venceu a prova.

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DE OLHOS POSTOS EM GAIAActividades com grande componente de espectáculo têm contribuído para levar bem longe a imagem de Gaia e cimentá-la como um atractivo para ainda mais milhares de visitantes.

Portugal Fashion, Jogos do Eixo Atlân-tico, 24 Horas de Karting de Gaia e o Mundial de Canoagem que decorre em Setembro são alguns dos grandes even-tos que parecem já ter ganho raízes no concelho. E que prestam um forte con-tributo às contínuas apostas de marke-ting que o município faz no sentido de atrair investimento e, ao mesmo tempo, turistas.

De entre essas e outras iniciativas, a Red Bull Air Race destaca-se compreensi-velmente, pela adrenalina mas também pela máquina organizativa que envolve, assim como pelos investimentos e a visi-bilidade mediática.Transmitida para dezenas de países através da televisão, a prova faz parte de um campeonato internacional e tem, por isso, larguíssimos milhares de olhos

postos nela, anualmente. Nela e, obvia-mente, em Gaia.O concelho ganha, portanto, notorieda-de e promoção de nível mundial. No ano passado, por exemplo, a corrida foi alvo de 164 horas de transmissão televisiva para os cinco continentes, além de cen-tenas de notícias em jornais, revistas e rádios.Assim aconteceu mais uma vez neste

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ano. A nível local, já duas semanas an-tes se instalam à volta de 150 das 400 pessoas directamente envolvidas na or-ganização, frequentando restaurantes, cafés, hotéis, comércio… E, nos dois dias de treinos oficiais e de prova, o público mede-se em milhares: 850 mil especta-dores em 2007; um milhão em 2008; 920 mil em 2009 (200 mil espectadores no Sábado e 720 mil no Domingo).

OBRIGADO

Parecem mesmo de brincar, estes aviões,Mas são dos verdadeiros e valem milhões.Ao voarem aos círculos e em acrobacias,Fazem com seus fumos, puras fantasias.

Voam a roncar, e vão cruzando as pontes,Que ligam as margens, com gente aos montes.São tantas as pessoas que no Porto e Gaia,Vibram de emoção; «ai que nenhum caia!»

«Mas nenhum vai cair pois são bons pilotos,Brincando em manobras, para todos os gostos»

Como cidadão do mundo, gostava de agradecer,Aos aviadores destemidos, que vão comparecer,E à «RED BULL AIR RACE» por mais este evento,Que nos dá «asas» à imaginação e encantamento!...

José Adelino da Costa Amaro(poema enviado por um leitor)

Por tudo isso se compreende que sejam muitas as cidades interessadas em cha-mar a si vários dos eventos acima re-feridos. E que o presidente Luís Filipe Menezes tenha já garantido a sua aposta em conseguir a renegociação do contra-to com a Red Bull para mais três anos, no que parece ser seguido pelo homólo-go portuense.De resto, o presidente da Câmara de Gaia

vê este espectáculo de uma perspecti-va que o integra com iniciativas como a recente “Capital da Cultura do Eixo Atlântico”, a edição anual da Portugal Fashion no Teatro d’Avenida, o Mundial de Canoagem a decorrer em Crestuma ou as 24 Horas de Karting (em Maio) como factores que podem ajudar a abrir a por-ta do mercado de 42 milhões de consu-midores espanhóis, aqui tão perto.

dzghsfgh

Diversos momentos da prova.

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São inquestionáveis os resultados do per-curso já realizado e o desenho do futuro trilho para chegar a uma Gaia que se pre-tende cada vez melhor.Os passos tem significado valorizar o que existe de bom, melhorar o que podemelhorar e criar quando é preciso. E sem-pre com o espírito de “mãos à obra” para se obter um concelho onde é bom viver, onde compensa investir e que é também agradável para visitar.Para isso, houve “revolução” na rede vi-ária e nos transportes, mas também no urbanismo, no domínio ambiental e na oferta cultural e de lazer. Mudanças essas que prosseguem ainda e que o novo PDM potenciará.Gaia prepara-se, por exemplo, para ter quatro novos parques de estacionamento no centro urbano e zona histórica, com projecto do arquitecto Alcino Soutinho. Os investimentos públicos e privados que estão a requalificar o centro histórico incluem o teleférico entre o Jardim do Morro e o Cais de Gaia, na sequência da profunda mudança que a zona ribeirinha já sofreu nos últimos anos.Frente ao rio, avança o novo Cais Cul-tural de Gaia onde existia a Real Com-panhia Velha, o Convento Corpus Christi

foi já remodelado e acelera o nascimento do Yeatman Hotel (primeiro hotel vínico do País com abertura em 2010) que, com a construção de outros, arrastará também mais lugares de estacionamento.Mas se a frente de rio já mudou muito, deverá mudar ainda mais com o prolon-gamento da marginal entre a ponte Luís I e o Areinho de Oliveira do Douro, prome-tendo contribuir para a atracção turística.Na direcção inversa, e enquanto o inves-timento de 10 milhões de euros na Mari-na de Canidelo aguarda o licenciamento da APDL, a expressão “ouro sobre azul” materializa-se na frente de mar com a valorização induzida pela conquista de 17 bandeiras azuis, um recorde entre os 43 países da Associação Bandeira Azul da Europa. E o município quer ganhar mais uma bandeira no próximo ano, fazendo assim o pleno da sua orla marítima.Aí, também a ciclovia e o passadiço ao longo das praias se tornaram exemplos para a Área Metropolitana e contam com milhares de frequentadores, muitos de fora do concelho. Inspiraram mesmo um livro do fotógrafo António Canelas, lançado em Abril deste ano, cujo título resume o que se pretende para uma vinda a Gaia: “Viagem Sublime”.

A CAMINHO DA NOVA GAIAAUTO-CARAVANAS TÊM NOVO PARQUEOs adeptos da auto-caravana têm agora novo factor de atracção em Gaia.Esses turistas passaram a dispor de um parque específico no interior do Parque Biológico Municipal, um dos dois únicos no distrito (o outro fica em Angeiras), dis-pondo de electricidade, abastecimento de água potável, instalações sanitárias, local para drenagem de águas sabonetadas, lo-cal para despejo das cassetes químicas do WC, jardim, bar, telecomunicações e vigi-lância 24 horas.

PROTOCOLO COM ALBUFEIRA

Gaia e Albufeira ficaram mais próximas em meados deste ano com a ratificação do protocolo de cooperação entre estes dois municípios que dispõem de bandeiras azuis nas suas frentes de mar.Assinado já em 2007, o acordo prevê a realização de eventos, o intercâmbio e o trabalho conjunto em domínios como o desporto, o ambiente, a formação, a co-municação e o marketing turístico.

DELEGAÇÃO CHINESAVISITA O CONCELHO

Uma delegação de Guizhou, província chinesa com 39 milhões de habitantes e produtora de vinho, foi recebida neste Ve-rão pelo presidente da Câmara de Gaia e deixou expectativas.“Estamos maravilhados com Gaia e espe-ramos que a nossa vinda cá possa atrair mais visitantes chineses. E também que os portugueses possam ir até à China”, apon-tou o presidente da delegação estrangeira.

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CULTURA É UM CAPITAL DE DESENVOLVIMENTOGaia foi neste Verão a primeira Capital da Cultura do Eixo Atlântico e fez desse o momento de arranque para uma nova época em que o investimento na Cultura se traduzirá em mais e melhores resultados.O ano de 2009 marca, incontestavelmen-te, o início de uma nova faceta de Gaia a partir dos investimentos feitos até aqui no domínio cultural, directa ou indirec-tamente. Fosse no património, nas infra-estruturas, nos estudos de tendências ou na sensibilização de novos públicos, o trabalho preparatório foi lançado nos anos mais recentes. Passou também pela

definição de políticas e metas, bem como pela sistematização do capital humano existente, desembocando no grande de-safio assumido agora, em 2009, ao inau-gurar o conceito de Capital da Cultura do Eixo Atlântico.Numa ocasião em que o presidente da Câ-mara, Luís Filipe Menezes, acumula com a presidência do próprio Eixo Atlântico

do Noroeste Peninsular e em que o ve-reador da Cultura, Património e Turismo, Mário Dorminsky, preside à Comissão de Cultura dos 34 municípios da organiza-ção, a responsabilidade é acrescida. Mas o repto foi aceite.Assim nasceu a arrojada programação “Gaia – Capital da Cultura do Eixo Atlân-tico 2009” que, de Junho a Agosto, le-

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vou a cerca de 200 mil pessoas mais de 300 eventos e manifestações artísticas da mais diversa índole. Acabou mesmo por incorporar o anteriormente anunciado Festival do Vinho do Porto, bem como os seus objectivos, incluindo a nível de pro-moção turística. Criou de raiz e absorveu também vários outros eventos de áreas tão diferentes como o teatro, exposições, dança, música, artes plásticas, literatura, tradições ou cinema. Ainda assim, devido à sua dimensão e/ou ao facto de serem actividades que terão sequência para lá do fim da Capital da Cultura, alguns são tratados noutras páginas desta revista, como o Douro Blues, Simpósio Interna-cional de Escultura, Festival Internacio-nal de Música de Gaia, Gaia Folk e outros.

TRÊS MESES INTENSOS

O espectáculo foi uma das vertentes mais óbvias em Junho, Julho e Agosto, mas toda a programação assentou em preocu-pações como a formação de novos públi-cos para a cultura, com ênfase nas ini-ciativas voltadas para o Conhecimento. Foram cruzadas as vertentes populares, tradicionais, de elite e eruditas, nas mais diversas valências da cultura, e vincadas as afinidades culturais e históricas da co-munidade transfronteiriça.A articulação entre os 34 municípios nortenhos e galegos do Eixo Atlânti-co foi, por isso, uma constante. Os seus representantes juntaram-se a numerosas outras individualidades, incluindo de S. Tomé e Príncipe (país convidado desta edição), para a cerimónia inaugural no claustro do Mosteiro da Serra do Pilar, a 4 de Junho.Luís Filipe Menezes considerou, então, a capitalidade cultural “uma peça muito importante no xadrez de um projecto co-mum ibérico” e salientou a importância de se criar “uma política de proximidade”. E Mário Dorminsky anunciou uma pro-gramação heterogénea para poder chegar a todos os públicos, com o objectivo de

Vários momentos da cerimónia de abertura no Mosteiro da Serra do Pilar.

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“potenciar o crescimento dos números de visitantes e turistas nesta região, projec-tando Gaia e as cidades do Eixo enquanto pólos culturais modernos”.E estava dada a partida para um fenó-meno que terá consequências além deste ano, não apenas pela realização bienal da Capital noutras cidades mas porque muitas das iniciativas aqui nascidas te-rão continuidade: umas no vasto espaço do Noroeste da Península Ibérica e outras sempre ancoradas em Gaia.Logo na primeira noite, um palco monta-do junto ao Mosteiro da Serra do Pilar re-cebeu a célebre banda galega Milladoiro e a conhecida fadista Mafalda Arnauth, que gravaram há alguns meses um disco conjunto. Chamado “Quinta das Lágri-mas”, o trabalho é uma edição do Eixo Atlântico e constitui como que o hino da euro-região, pois evoca o episódio histó-rico envolvendo a galega Inês de Castro e o futuro rei português D. Pedro.Ainda no primeiro dia da Capital da Cul-tura, a Praça do Eixo Atlântico e o Teatro d’Avenida, frente ao El Corte Inglés, re-ceberam animação de rua com os Mare-antes do Rio Douro e os Caretos de Laza-rim, após o que foi ali aberta ao público a Expocidades. Tratou-se de uma mostra da potencialidades turístico-culturais dos municípios do Norte e da Galiza, que decorreu durante duas semanas com es-pectáculos e animação permanente, por lá passando numerosos grupos musicais, folclóricos e culturais do Norte e da Ga-liza.A Capital da Cultura abarcaria depois tea-tro pelo TEP no Auditório Municipal e por várias companhias nos palcos das colec-tividades, incluindo os festivais Festeatro e Beijamins e ainda o espectáculo “Frag-mentos: Migalho, Mica, Miga, Migalha”, de Roberto Merino; concertos dos míticos The Animals no âmbito do festival Douro Blues; recitais e concertos do Festival In-ternacional de Musica de Gaia; animação musical e etnográfica na Beira Rio; expo-sições de artes plásticas; um novo espec-

táculo de dança para crianças a partir da história do Soldadinho de Chumbo, pelo Ginasiano; e até as tradicionais marchas sanjoaninas, protagonizadas pelas colec-tividades das freguesias de Gaia, tiveram a sua temática ligada ao Eixo Atlântico.Ainda em Junho, outra das grandes rea-lizações foi a das Primeiras Jornadas dos Arquivos Municipais das Cidades do Eixo Atlântico, um dos tais eventos que terá continuidade para além da Capital da Cultura com organização sucessiva pe-los diferentes municípios. Esta primeira edição decorreu no Arquivo Municipal Sophia de Mello Breyner, onde técnicos nortenhos e galegos debateram temas como Identidade, Memória, Património e Conhecimento.Refira-se igualmente o II Seminário da DREL/Univ.Minho, onde se analisou “A organização, os poderes e o funciona-mento dos Plenos do Concello na Galiza e das Assembleias Municipais no Norte de Portugal”.

MÚSICA E ARTE NA RUA

Os eventos desta capitalidade não se con-finaram aos espaços habituais e tiveram realização descentralizada, vindo também para a rua ao encontro de novos públicos.Assim aconteceu com o “Eixo Rap”, festi-val de música jovem que reuniu cerca de 15 bandas lusas e galegas em concertos ao ar livre e de acesso gratuito na Ala-meda do Senhor da Pedra (Gulpilhares). Mind Da Gap, Dealema e Puto Coke fo-ram apenas algumas das protagonistas de mais este evento de grande sucesso que virá a ter sequência nos próximos anos.Outra criação que deverá repetir-se é a Mostra de Artes Performativas de Gaia. Ao longo de nove dias e pelas ruas do Centro Histórico/Beira Rio, apresentou espectáculos para todas as idades e da mais diversa origem artística, contando com a participação da escola de dança Ginasiano, do Teatro De Ferro (fusão do teatro de marionetas, movimento e mul-

Concerto inaugural.

Milladoiro

Mafalda Arnauth

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timédia), da associação cultural La Mar-mita (dança-teatro e música-teatro) e da companhia de dança Kale.Igualmente para continuar nos anos se-guintes, Gaia lançou duas iniciativas da área das letras: o Salão de Literatura In-fanto-Juvenil e o Encontro Literário do Eixo Atlântico. Este último teve por tema “Literatura: a fronteira como união” e reuniu os escritores galegos Luisa Castro, Luis García Mañá, María Canosa, Xavier Queipo, Xavier Alcalá e Luis G. Tosar com os portugueses valter hugo mãe, Manuel Jorge Marmelo, Fernando Pinto do Ama-ral, João Luís Barreto Guimarães, João Paulo Sousa e Rui Costa.No caso da literatura para os mais no-vos, o evento contemplou feira do livro e maratonas de contadores de histórias na Biblioteca Municipal, na Casa Barbot e no Cais de Gaia ao longo de vários dias. Versou também a ilustração e a literatura em si, com uma exposição, mesa-redonda

Caretos do Nordeste

Stand de um dos municípios galegos.

A Expocidades teve animação constante.

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e um ateliê de pintura, contando com a participação de Xosé Cobas, João Caeta-no, José Manuel Saraiva, Emílio Remelhe, Gémeo Luís, Cristina Valadas, Luís Silva, Marc Taeger, Anabela Mimoso (foi mes-mo lançado um novo livro desta autora), Beatriz Pacheco Pereira, Gloria Sánchez, Marta Martins e Miguel Vazquez Freire, além de vários editores e livreiros.Um dos pontos altos deste salão foi a ho-menagem à consagrada escritora e poeti-sa gaiense Maria Alberta Meneres, auto-ra de muitas obras de literatura infantil e não só. A ocasião serviu também para anunciar a criação de um novo prémio literário com o seu nome.

LEGADO PARA O FUTURO

As artes plásticas constituíram outra das vertentes fortes de “Gaia, Capital da Cultura do Eixo Atlântico” e várias das iniciativas são retratadas mais adiante neste revista, cabendo ainda assim des-tacar aqui a abertura da mostra “Arte e Saber de S. Tomé e Príncipe”, que levou à Casa Barbot algum artesanato do país convidado, e a escultura do galego José Grangel, exposta no mesmo espaço.Também a Banda Desenhada teve um espaço específico, designadamente com uma exposição retrospectiva do artis-ta galego David Rubín e outra centrada n’“As Lições de Salazar”, de João Paulo Cotrim e Miguel Rocha, ambas na Biblio-teca Municipal.Por outro lado, na Beira Rio, e marcada-mente virada para os turistas e visitantes, realizou-se uma Mostra de Artesãos fo-cada nas tradições e no artesanato, não faltando igualmente produtos gastronó-micos, animação musical e folclore.De folclore e etnografia fez-se também mais uma edição do Gaia Folk com gru-pos de vários continentes, festival esse que a Capital da Cultura veio consolidar. Outro que nasceu agora mas que irá re-petir-se futuramente é o “Eixo Rock”, o qual mereceu grande apoio mediático e

Teatro d’Avenida.

Folclore no Teatro d’Avenida.

Abertura da Expocidades.

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enorme adesão do público. Este acorreu em grande quantidade à Alameda do Se-nhor da Pedra para ver diversas bandas do Norte e da Galiza, como os Cornelius, os Trabalhadores do Comércio e os X-Wife, entre outros. Com a grande maioria dos eventos a te-rem acesso livre, esta programação de três meses contribuiu para colocar Gaia defi-nitivamente no mapa cultural e estimular hábitos de consumo de cultura, quer entre os gaienses quer a nível metropolitano e de muitos milhares de potenciais visitan-tes do concelho.Trata-se, afinal, de olhar para o mercado de sete milhões de pessoas do Noroeste Peninsular e encarar este espaço como uma verdadeira região ou até como en-trada no mercado ibérico.Vista como “uma ideia brilhante” pelo presidente da CCDR-Norte, Carlos Lage, e como “um exemplo para as cidades que se seguirão” pelo secretário-geral do Eixo Atlântico, Xoan Mao, a Capital da Cul-tura representa também a assumpção de que “a cultura, como vertente fundamen-tal de desenvolvimento das comunidades, pode ser um propulsor de outras activida-des”, nas palavras de Luís Filipe Menezes.

Marchas sanjoaninas.

Jornadas dos Arquivos Municipais.

Maratona de conto de histórias na Barbot. Arte de S. Tomé e Príncipe.

Exposição de BD de David Rubín.

Um dos painéis indicativosda Capital da Cultura.

Artesã na Expocidades.

Jornadas dos Arquivos Municipais.

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Debate sobre Ilustração.

Homenagem a Maria Alberta Menéres.

Encontro Literário do Eixo Atlântico.

Música no Senhor da Pedra.

Eixo Rap.

Muito público em diferentes concertos dos festivais Eixo Rap e Eixo Rock.

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Mostra de Artes Performativas. Mostra de Artes Performativas.

Mostra de Artes Performativas.

Mostra de Artesãos e Tradições.

Mostra de Artes Performativas.

Teatro “Fragmentos: Migalho, Mica, Miga, Migalha”.

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O CULTO JACOBEU EM VILA NOVA DE GAIAJ. A. Gonçalves Guimarães*

As relações entre as duas regiões do Noroeste da Península Ibérica que formam o Eixo Atlântico são profundas e cruzam-se em origens seculares muito diversas, entre as quais não é das menores a teia de caminhos que leva a Santiago.

As ligações entre Gaia e Santiago de Compostela são naturalmente antigas. Essa circunstância é, em primeiro lugar, de ordem geográfica, depois eclesiástica, depois devocional e em último lugar po-demos considerar algumas questões mito-lógicas com personagens comuns.Vejamos os seus pormenores: em primei-ro lugar Gaia é um antigo julgado ma-rítimo cujo porto se abrigava no Douro. À Galiza também se chegava por mar e assim faziam os pescadores gaienses, pelo menos desde o século XIII, quando ali fa-ziam arribadas para pescarem, regressan-do depois com os barcos cheios de peixe, conforme se lê no foral afonsino de 1255.No seu território convergiam três estra-das para atravessar o Douro, a caminho do Norte português e da Galiza, por onde passavam os peregrinos: a estrada vin-da do Carregado até ao Senhor do Pa-drão (hoje Santo Ovídio), parte do antigo grande eixo viário romano entre Lisboa e Braga, que se chamou mourisca nos sé-culos XI e XII, depois estrada real, e mais recentemente estrada nacional nº 1. Na-quele lugar gaiense a estrada dividia-se em duas, seguindo uma calçada por Ma-famude até Quebrantões, onde se atraves-sava o Douro, e um outro caminho em direcção ao Alto da Bandeira (hoje Jar-dim Soares dos Reis), onde aí se bifurcava para Gaia e para Vila Nova, onde também

S. Tiago na Igreja do Convento Corpus Christi.

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em ambos os locais se atravessava o Dou-ro. Em Gaia ainda hoje existe o oratório do Senhor da Boa Passagem.Depois a estrada que do antigo porto ma-rítimo de Ovar, na parte norte da Ria de Aveiro, seguia pelo litoral até aos Quatro Caminhos e daí a Sampaio, atravessando aí o Douro. A esta estrada talvez se refira o trovador galego João Airas de Santiago (séc. XIII) nos seguintes versos: «Plo ca-minho de Sampay/Passar Minho e Douro e Gaya» (C.V. 547).Finalmente a estrada também antiga que, vinda de Viseu por Lamego, entrava em Gaia por Sandim e daí por Seixo Alvo, Lijó e Monte Grande (hoje Monte da Vir-gem) chegava igualmente ao Senhor do Padrão.Todas estas estradas, sobretudo as duas primeiras, viram passar, ao longo dos sé-culos, famosos peregrinos a Santiago de Compostela, como D. Isabel de Aragão (séc. XIII), D. Manuel I (séc. XVI), o Prín-

cipe Cosme de Médicis (1669) e outros. Contudo, nestes caminhos naturalmente jacobeus, não abundam os vestígios a Santiago, talvez por desnecessários ou por o apóstolo tornado galego ter aqui a concorrência de outras devoções anti-gas que não implicavam o pagamento do bodo anual, como adiante referiremos. Mesmo assim, junto à estrada do litoral, na igreja de Gulpilhares, guarda-se uma imagem de São Tiago, que vai em pro-cissão à capela do Senhor da Pedra na fímbria do mar, a qual tem um acentuado carácter arcaizante, não se sabendo de onde veio, pois em 1758 não se assinala na igreja paroquial e aquela outra capela ainda não tinha sido construída.Mas o caso mais singular é a existência da capela e do lugar de Santiago no Mon-te Grande, freguesia de Oliveira do Douro, junto da estrada que vinha de Viseu, e a que já nos referimos. O documento mais antigo conhecido que refere o topónimo

Brasão dos Cernaches na Igreja do Convento Corpus Christi.

Brasão dos Camelos de Miranda, igreja de Vilar do Paraíso.

Rótulo de Vinho do Porto com o apóstolo S. Tiago (colecção particular).

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é de 1117 (fontem de sanctim iacobj). Ali se construiu uma capela que, remodela-da ao longo dos tempos, chegou aos dias de hoje e onde naturalmente existe uma imagem do apóstolo. Uma outra capela desta invocação existiu em Valdamores, perto do Castelo de Gaia, onde se instalaram os frades franciscanos que em 1569 vieram fundar o convento de Santo António de Vale da Piedade. Porém, a mais importante e famosa cape-la de S. Tiago existente em Gaia localiza-se na igreja do Mosteiro de Corpus Christi e foi o panteão da família dos Cernaches cujo brasão ostenta onze vieiras com-postelanas. Oriundos de Sernache perto de Coimbra, o fundador desta família gaiense foi Álvaro Anes de Cernache, al-feres da Ala dos Namorados na Batalha de Aljubarrota e combatente de Ceuta, filho de Fernão Vieira, cujas armas já ostentavam seis vieiras e no timbre dois bordões de peregrino cruzados e encima-

dos por outra vieira. Falecido aquele 1º Senhor de Gaia-a-Grande em 1422 foi sepultado num grande sarcófago de pe-dra com estátua jacente, sob um arco de pedraria aberto no lado da Epístola da antiga igreja do mosteiro. No século XVI os seus descendentes melhoraram a ca-pela, conforme se lia numa desaparecida lápide. Porém, no século XVII, quando a congregação mandou construir a igreja actualmente existente, teve a família Cer-nache de sustentar um pleito judicial com as freiras que, não só mandaram destruir a sepultura do fundador, como preten-deram anular a existência da capela de S. Tiago. Após longa pendência, o tribu-nal deu razão aos Cernaches e o culto ao apóstolo compostelano aí continuou na sua capela, tendo sido erguido novo mau-soléu onde repousavam os restos mortais daquele cavaleiro, conforme placa de bronze aí implantada em substituição da primitiva que ainda hoje se guarda na Casa de Campo Bello.Na igreja do mosteiro também ainda hoje ali se guarda uma imagem oitocentista de S. Tiago, que substituiu uma outra mais antiga que ali existia.Para além dos Cernaches, pelo menos mais uma família gaiense exibia no seu brasão as vieiras compostelanas, a dos Camelos de Miranda de Vilar do Paraíso, com os seus domínios junto à estrada de Ovar, um escudo de prata com três vieiras azuis conforme se pode ver numa pedra de armas embutida na parede da artística capela do seu antigo solar, hoje capela-mor da igreja paroquial.

Se o nome próprio original do apostolo, Ja’aqob, significando em hebraico «calca-nhar», deu na Idade Média os nomes cris-tãos Jacobus > Jacob e Iacobus > Iago ou ainda Jácome e Jaime, os primeiros por contaminação do designativo patroními-co passaram a (fulano, filho) d’Iacobus ou d’Iago a Didacus, Diago e Diogo; noutros casos a contaminação do T de sant’Iago deu origem a Tiago. Os primeiros en-contramos facilmente em documentos medievais de Gaia, mas o segundo só aparece tardiamente na região, na Épo-ca Moderna ou mesmo Contemporânea como nome próprio. Também aparece Santiago como nome de família e, no caso que a Gaia interes-sa, em 1870 João Dias Santhiago funda a Sociedade dos Vinhos Santhiago, Ldª., estabelecendo-se na antiga Calçada das Freiras (depois Rua de Serpa Pinto) e, em 1935 na Rua Visconde das Devesas. Esta firma manteve-se em actividade até aos anos cinquenta do século passado. Mas em matéria de Vinho do Porto jacobeu, a antiga casa Ferreira criou mesmo, na pri-meira metade do século XX, uma marca denominada “Peregrino” em cujo rótulo, sob as armas da família, se pode ver o apóstolo com o hábito de frade, com a murça coberta de vieiras, de sandálias e com chapéu pendente para as costas, em-punhando o cajado de romeiro de onde pende a cabaça cheia de vinho para alen-to no seu peregrinar. Embora o referido rótulo ostente a palavra Porto, onde ali-ás a firma teve escritórios, desde sempre os armazéns para preparação, lotagem e

S. Tiago, imagem da igreja de Gulpilhares.

Contas de azeviche com o símbolo jacobeu provenientes das escavações na igreja do Bom Jesus de Gaia, Solar dos Condes de Resende.

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embarque dos seus vinhos foram em Vila Nova de Gaia. Esta avulsa devoção a S. Tiago de Com-postela numa terra que ficava no trajecto das peregrinações talvez tenha a ver com um conflito eclesiástico que durou sécu-los e que só terminou nas Cortes Consti-tucionais de 1821: referimo-nos ao paga-mento dos votos de S. Tiago, ou bodo, um imposto cobrado pela diocese do Porto a todos os lavradores que tivessem uma junta de bois. Segundo as autoridades eclesiásticas tratar-se-ia da concretização de uma promessa de Ramiro I, que assim teria invocado a protecção do apóstolo na sua luta para os mouros, a qual consisti-ria inicialmente na entrega anual de uma medida de cereal e uma medida de vinho a pagar pelas terras cristãs do seu tempo (séc. IX), ou seja, até ao Rio Douro. Os bispos compostelanos estenderam depois o tributo a toda a Hispânia, vindo o mes-mo a ser aumentado ao longo dos tem-pos. Durante toda a Idade Média e Época Moderna os lavradores gaienses vão pro-testar contra o seu pagamento, tentando pôr a justiça régia do seu lado, mas sem grande sucesso. Baseados numa bula do papa Pascoal II, diziam estar isentos do seu pagamento por ficarem a sul do Dou-ro, mas que, por devoção ao santo e na melhor das hipóteses, apenas pagariam o que constava na doação inicial e não o que vinha a ser escandalosamente exigi-do. Ameaçados de excomunhão pelas au-toridades eclesiásticas, abandonados pela justiça régia quando os reis precisavam dos favores da Igreja, assim se compreen-de que o culto do apóstolo compostelano não tivesse sido muito popular em Gaia e na Terra de Santa Maria. Mas um outro aspecto de sinal contrário, dado pela invocação do nome do após-tolo todos os anos era saudado pelos camponeses no início da maturação das uvas, por volta do dia 25 de Julho, que se fixou no provérbio «pelo São Tiago pinta o bago», como promessa de bom ano vinícola. E Gaia sempre foi, até há

cem anos atrás, terra de vinho verde de lavra própria e, até ao presente, armazém de vinhos maduros do Douro e de outras procedências.Com estas leituras contraditórias ao lon-go dos tempos é possível encontrar ain-da outras referências jacobeias em Gaia, mesmo na sua mitologia. O Ramiro I do voto de S. Tiago é o mesmo da Lenda de Gaia, mas se for Ramiro II, também esta-rá certo para outros exegetas de ambos os acontecimentos lendários. Na lenda gaiense, quando este rei, deixando ca-muflados os seus guerreiros nos barcos no rio, se atreve a ir sozinho ao Castelo de Gaia do rei mouro, vai disfarçado de peregrino compostelano para não ser re-conhecido, por ser vulgar a passagem por aqui de romeiros. Porém, seria vestido de guerreiro que acabaria por ficar na he-ráldica municipal oitocentista gaiense a soprar a sua gaita chamando os cristãos à luta contra os mouros locais, em memória daquele feito longínquo, após o qual, par-tindo para a sua Galiza depois de os ven-cer, deixou o castelo de Gaia destruído.Apesar destas contradições o que é certo é que a Arqueologia demonstrou que o culto jacobeu foi aqui uma realidade na Época Moderna: nas escavações que re-alizámos na igreja do Bom Jesus de Gaia apareceram contas de azeviche que fize-ram parte de terços com que os defuntos foram sepultados, nas quais aparecem relevadas as vieiras jacobeias, rosários esses certamente comprados por quem lá foi em peregrinação, pois a tradição local

acreditava que quem não fosse em vida a S. Tiago de Compostela lá teria de ir depois de morto, sob pena de não entrar no reino dos céus.E se nem todos iam a Compostela, ao me-nos participavam nas romarias locais aos santos protectores dos caminhos terres-tres e aquáticos, como a de S. Gonçalo a dez de Janeiro, que reúne as populações ribeirinhas em festa a S. Cristóvão e a S. Roque, as quais, ao som dos tambores, seguem o bordão de peregrino com a res-pectiva cabaça até à igreja de Mafamude, porque o caminho para S. Tiago de Com-postela é longo e precisa de boa estrada em cada jornada.

* Arqueólogo; director do Solar Condes de Resende

Capela de S. Tiago, Oliveira do Douro.

S. Tiago (imagem da Capela de Oliveira do Douro).

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VALORIZAÇÃO DO PATRIMÓNIO AO SERVIÇO DE TODOS

O investimento no património edificado foi uma aposta que já começou a ter resultados visíveis. Casa Barbot, Casa dos Ferradores, Casa da Presidência, Arquivo Municipal e Convento Corpus Christi são exemplos a que se somam vários mosteiros e outros equipamentos, que ganharam ou estão em vias de ganhar nova vida e se abrem ao público.

Convento Corpus Christi.

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O património existente em Gaia – e é vasto – tem vindo a ser posto ao serviço da população e de quem nos visita numa perspectiva dupla de fruição pública e de rentabilização do investimento, além de ser um importante de memória colectiva

para uma comunidade.Nesse sentido, foram estabelecidas prio-ridades e definida uma estratégia que, há três anos, contou com a adesão da então ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima. A governante deslocou-se a Gaia para

duas visitas de trabalho e inteirou-se de vários projectos, afirmando o seu apoio a alguns deles e à captação de fundos co-munitários para co-financiar a recupera-ção.Isabel Pires de Lima visitou a Casa Bar-bot, edifício classificado e raro exemplar de Arte Nova mas que estava muito de-gradado, o qual acabou sofrer já a pri-meira fase da remodelação necessária e foi transformado em equipamento cul-tural, recebendo também os serviços do Pelouro da Cultura, Património e Turismo (mais informação nas páginas 12 a 14).Na Serra do Pilar, a ministra afirmou-se empenhada em facilitar o acordo com a autarquia e o Ministério da Defesa, que juntamente com o da Cultura tutelam em gestão comum o Mosteiro. E o protocolo já resultou na abertura de partes do mo-numento para realizações culturais, como exposições e concertos. Foi também pal-co da cerimónia de abertura da Capital da Cultura do Eixo Atlântico, em Junho deste ano. Outro local que então mereceu a atenção ministerial foi o Convento Corpus Christi, na Beira Rio, muito degradado desde há 30 anos e fechado desde 2002, que esta-va muito afectado pelo passar do tempo e também pela responsabilidade partilha-da de três ministérios (Cultura, Justiça e Finanças). Passados mais três anos e in-vestidos quase 800 mil euros, o monu-mento – agora nas mãos da câmara - está recuperado e acessível ao público desde Junho. É de destacar a sua localização no Centro Histórico, alvo de muitas outras intervenções e recuperações pelo municí-pio, até tendo em conta que está incluida na Zona Especial de Protecção do Centro Histórico do Porto Património Mundial.Refira-se que o convento tem duas alas distintas: uma moderna que alberga os serviços da Gaiurb; outra monumental, onde se inclui a igreja outros espaços de interesse cultural e patrimonial, como o coro alto com as suas cadeiras de noguei-ra esculpida e os caixotões artísticos do

Inauguração da Casa Barbot em Fevereiro de 2007.

Visita da então ministra da Cultura à Casa Barbot.

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tecto.Fundado em 1345 por Maria Mendes Pe-tite (mãe de um dos assassinos de D. Inês de Castro), o edifício actual do convento é já do século XVII e esconde o túmulo do porta-estandarte da Ala dos Namorados na Batalha de Aljubarrota (o monumen-to está situado no Largo de Aljubarrota, frente ao Cais de Gaia). Esses e outros pormenores são suficientes para atrair o visitante, agora que foi reinaugurado e alvo também de um protocolo com a Or-dem de Malta para o seu aproveitamento e utilização.Ali bem perto, na Rua Cândido dos Reis, a Casa dos Ferradores é outro paradigma de recuperação patrimonial para uso públi-co, pois aloja agora um espaço de Inter-net para jovens e instalações da Energaia/GaiaGlobal.

Mais acima, no centro cívico e frente ao complexo Casa-Museu Teixeira Lopes/Galerias Diogo de Macedo, o antigo tri-bunal é mais uma “bandeira” desta es-tratégia: profundamente recuperado, foi convertido em Arquivo Municipal e bap-tizado com o nome de Sophia de Mello Breyner em cerimónia realizada também neste ano, na presença do filho da poeti-sa, o escritor Miguel Sousa Tavares.O arquivo guarda e tem em fase de sis-tematização o vasto acervo documental do município, grande parte do qual em consulta ou em preparação para poder ser consultado pelo público. Somou-lhe também já o espólio do extinto jornal “O Comércio do Porto”, que fechou as portas em 2005, a partir de um protocolo que confia ao município o arquivo fotográfi-co e documental dos 151 anos do jornal.

Inauguração do “novo” Cineteatro Eduardo Brazão com Carlos do Carmo.

O antigo Cineteatro Eduardo Brazão.

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espectáculo de Carlos do Carmo, após uma reconstrução quase de raiz segundo projecto do arquitecto Joaquim Massena, que representou um investimento da or-dem dos dois milhões de euros. A sala de espectáculos ostenta no tecto um painel cerâmico do pintor José Emídio e nas paredes elementos de escultura de José Rodrigues.Entretanto, e a par de diversos projectos em curso, o município garantiu a requa-lificação do Teatro Almeida e Sousa, em Avintes, datado do final do século XIX, e está a participar nas obras do Mosteiro de Pedroso, no âmbito de um acordo com a respectiva paróquia para recuperar o mo-numento do século XI.Quanto ao futuro, que continua a passar em grande medida pelo centro histórico, os investimentos continuam a beneficiar não apenas monumentos e construções mas a própria rede viária e espaços pú-blicos. Estão mesmo previstos mais dois milhões de euros para um conjunto de intervenções a iniciar em Dezembro deste ano e cuja conclusão deverá deixar Gaia pronta para o forte fluxo turístico do pró-ximo Verão.

O Arquivo Municipal Sophia de Mello Breyner, edifício só por si interessante de visitar, conta ainda com espaços de expo-sições temporárias (ver texto anexo).Poucos metros adiante, junto aos Paços do Concelho, a Casa da Presidência é o resultado da decisão de trocar a demoli-

ção de mais um edifício de inegável in-teresse patrimonial pela sua recuperação. E muitos outros exemplos se distribuem pelo concelho, não podendo passar sem referência o Cineteatro Eduardo Bra-zão, em Valadares. O edifício, datado de 1928, foi reinaugurado há dois com um

O acervo d’O Comércio do Porto” está à guarda do município.

Arquivo Municipal Sophia de Mello Breyner. Inaugração do Arquivo com a presença de Miguel Sousa Tavares.

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“E aqueles que foram vistos a dançar foram julgados loucos por aqueles que não podiam escutar a música”

Friedrich Nietzsche

MÚSICA, LINGUAGEM UNIVERSAL

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Da Beira Rio ao Mosteiro de Grijó, de Crestuma e Oliveira do Douro ao Senhor da Pedra, os diversos estilos musicais têm percorrido o concelho e são já uma das grandes ofertas culturais de Gaia.Impossível de citar todos os eventos e muito menos todos os artistas que por cá têm passado, algumas referências são no entanto inevitáveis pelo seu peso artístico ou por demonstrarem quão ecléctico é o panorama musical.É o caso recente de Mafalda Arnauth que abriu a Capital da Cultura do Eixo Atlân-tico com os galegos Milladoiro, e dos míticos The Animals que, no mesmo fim-de-semana de Junho, encerraram o Douro

Blues com uma apoteose ao ar livre na Serra do Pilar.O Festival Internacional de Blues de Gaia é, aliás, um dos mais importantes do con-celho e tornou-se referência com o contri-buto de nomes que, só nos últimos quatro anos, vieram de todos os continentes. De entre eles sobressaem os Dr. Feelgood, Ângela Brown, Coco Montoya, Chris Jag-ger, Shemekia Copeland, Alvin Lee e John Lee Hooker Jr., a par de vários outros es-trangeiros mas também nacionais e igual-mente de grande qualidade.Outro evento de grande importância den-tro e fora do município é o Festival Marés Vivas que o Pelouro da Juventude orga-

niza há uma década, tendo trazido inú-meros músicos de diversas tendências e nacionalidades, com predominância para os mais “in” em cada ano. Nos mais re-centes contam-se The Chemical Brothers, Da Weasel, Peter Murphy, James, Macy Gray, Scorpions, e tantos outros de pri-meira linha a que se torna impossível alu-dir na totalidade, e que fizeram de mais este festival gaiense uma referência dos calendários nacionais.Na mesma onda, nasceu em 2006 o fes-tival “Rock às Sextas”, de acesso gratuito no Cais de Gaia, e que acabou por con-templar também outros dias da semana para abarcar uma diversidade de bandas

Coco Montoya. Alvin Lee no Douro Blues 2009.

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nacionais como The Legendary Tiger Man, Expensive Soul, Fonzie, The Vicious Five, Primitive Reason, Mundo Secreto, Wraygunn, Mundo Cão e tantos mais.Entretanto, foram criados em 2009 os fes-tivais “Eixo Rock” e “Eixo Rap”, de que falamos nas páginas dedicadas à Capital da Cultura, e cujos espectáculos de acesso livre no Senhor da Pedra tiveram como cabeças-de-cartaz X-Wife, os Trabalha-dores do Comércio, Dealema e Mind Da Gap, eventos esses que poderão vir a ter regularidade anual.Os espectáculos musicais acontecem tam-bém integrados noutros eventos, como a iniciativa “Condomínio da Terra” ou a Se-mana Europeia da Mobilidade (16 a 22 de Setembro). Resultam ainda de projectos como o Festival United in Sound lançado a partir de 2008. Teve já como padrinhos os Blasted Mechanism, os Blind Zero e os Mesa, formações que deram concertos em Gaia e ajudaram a revelar novos valores musicais numa iniciativa do Pelouro da Cultura que acabou por ser “forçada” a ter dimensão nacional, dada a grande adesão.Por via disso, as dezenas de concertos das eliminatórias “descentralizaram” a música e levaram público a bares de Valadares e de Crestuma.Também no Verão do ano passado, a onda revivalista dos anos 70 chegou ao Cais de Gaia com os Ten Years After, André Indiana e Roger Hodgson/ Supertramp, concertos de acesso livre que se revela-ram tremendos sucessos com um enorme público. Associado e esse espírito, lançou-se a Feira do Vinil e noites temáticas de “discoteca ao ar livre”, com a actuação de DJs sobejamente conhecidos.Outros nomes como os Waterboys de Mike Scott, celebrizados mundialmente com “The Whole of the Moon”, estiveram no Pavilhão Municipal de Oliveira do Dou-ro para apresentar um novo trabalho em Março do ano passado. O mesmo espaço acolheu espectáculos de Emir Kusturica, Joe Cocker e outros “pesos-pesados” da cena internacional.

Al Di Meola abiu o Jazz’n Gaia 2009

The Manhattan Transfer no Teatro d’Avenida.

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LIGEIRA E ERUDITA

Não podem ser também ignorados ou-tros eventos musicais de iniciativa local, que o Pelouro da Cultura e o Município se esforçam por apoiar e promover, os quais contemplam desde o fado à música filarmónica e ou sinfónica, passando por workshops e outras acções de formação musical nas colectividades, no Conserva-tório ou na La Marmita, para citar apenas exemplos. A nível de música ligeira, foram também criados o Festival de Bandas e o Encontro

de Coros, cada qual já com três edições realizadas e ambos com o objectivo de di-vulgar os trunfos locais.Paralelamente, desenrolaram-se momen-tos musicais como o “Pôr do Som” nos jardins da Barbot, inseridos em eventos como o ciclo de tertúlias “Esculpindo a Música” na Casa-Museu, onde chegámos a poder ouvir no ano passado a violon-celista Madalena Sá e Costa (entretanto falecida) e concertos em alguns mosteiros. Tudo isso contribuindo para abrir o patri-mónio e chamar o público.Outra novidade é o “Gaia Folk”, festival

que reúne música e dança folclórica dos diferentes continentes e do qual falamos também noutras páginas.A comemoração de efemérides e outros eventos são sempre ocasião para celebrar a música, como exemplificam concertos de jazz e outros no Cais de Gaia por altura do Dia Mundial do Turismo. Ou o “Na-tal com Música” que contempla concertos em diferentes palcos, com bandas e co-ros mas também com orquestras. Trouxe até nós, entre outros, o conceituado Duo TwoPianists de Luís Magalhães e Nina Schumann, ou a banda pop/rock EZ Spe-

Concerto na Serra do Pilar.

Gal Costa com Luís Meira.

The Animals. Paulo de Carvalho na homenagem a Adriano Correia de Oliveira.

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cial que apresentou em Gaia vários temas natalícios em absoluta estreia nacional.Homenagens e tributos aos Queen ou a Adriano Correia de Oliveira e Zeca Afonso (cantado por Jacinta) foram outras ocasi-ões a salientar. E também José Cid e Rui Veloso actuaram no Cais de Gaia.Há ainda mais uma série de eventos de relevo e que são anualmente responsáveis pela apresentação de conceituados nomes nacionais e estrangeiros no concelho.O “Jazz’n Gaia” é mais um paradigma de qualidade que se impôs, alternando entre o Auditório Municipal e o Teatro

d’Avenida. Foi no “Jazz’n Gaia” que se apresentou em estreia nacional o disco de Maria João a solo, intitulado “João”, em Março de 2007, ou que o brasileiro Ivan Lins fez subir da plateia até a palco o fa-dista Carlos do Carmo. O evento já trouxe a Gaia músicos inigualáveis como Court-ney Pine, Mário Laginha, António Pinho Vargas, Al Di Meola, Gal Costa, Carlos Bica ou The Manhattan Transfer. Outra ex-libris musical é também o Festi-val Internacional de Música de Gaia. Com 16 edições já realizadas, é garantia de programações de elevada qualidade, ten-

do aproveitado efemérides para homena-gear Mozart, Lopes-Graça, Shostakovich, Edvard Gireg, Erich Korngold ou Alfred Keil.Envolvendo paróquias, Gaianima e Mu-nicípio com o Conservatório Regional de Gaia e o Maestro Mário Mateus, o FIMG leva recitais, concertos e ópera, mas tam-bém canto e formação musical, a vários mosteiros e monumentos ou outros equi-pamentos culturais.Na música erudita, refira-se igualmente o programa “Encontros no Brazão”, no Cineteatro Eduardo Brazão, espaço que

António Pinho Vargas. Roger Hodgson dos Supertramp encheu o Cais.

Ópera “Cinderela” no Auditório Municipal. Carlos Mendes no Cantautores (2007).

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recebe também o Ciclo de Jovens Músicos.Ainda nessa vertente, os “Concertos de Páscoa” envolvem também o município e o conservatório em concertos e recitais, nomeadamente de música sacra e tendo por palcos preferenciais igrejas e mostei-ros.Também os Concertos de Ano Novo e os Concertos de Reis, resultantes igualmente de diversas parcerias, cruzam formações musicais do concelho com outras vindas de fora, inclusive do estrangeiro.É entretanto de realçar a criação de novas formações dedicadas à música, como foi o caso da Filarmonia de Gaia. É mais um

contributo aos momentos inesquecíveis que vão enchen-do as memórias de quem ganha o hábito de ouvir em Gaia novidades musicais e artistas consagrados, em espectáculos iso-lados ou em grandes eventos.

FESTA DA MÚSICAJUNTA COLECTIVIDADESEM MEGA-ESPECTÁCULO

Numerosas formações corais e musicais de todo o concelho vão actuar em con-junto num grandioso espectáculo que se realiza a 3 de Outubro no Pavilhão Muni-

cipal, em Oliveira do Douro.Denominado “Festa da Música”, o evento assinala o Dia Mundial da Música (1 de Outubro) que, por calhar neste ano a um dia de semana, será celebrado em Gaia logo no Sábado seguinte.Este será um espectáculo múltiplo com a actuação sucessiva de coros, tunas e ban-das de diferentes colectividades, sendo por isso uma rara ocasião de conhecer de perto muito do que se faz por cá em ter-mos musicais.A “Festa da Música” tem acesso gratuito e vai decorrer ao longo de toda a tarde e pela noite dentro, estando até ao mo-

Wraygunn no Rock às Sextas.

Mundo Cão na Beira Rio

Carlos do Carmo com Ivan Lins.

ReViver o Vinil em 2007.

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Duo TwoPianists.

Orquestra Per Gaya.

EZ Special.

Encontro de Coros. Eduard Bach no FIMG 2008.

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COLECTIVIDADES EM MEGA-ESPECTÁCULONumerosas formações corais e musicais de todo o concelho vão actuar em con-junto num grandioso espectáculo que se realiza a 3 de Outubro no Pavilhão Muni-cipal, em Oliveira do Douro.A “Festa da Música” assinala o Dia Mun-dial da Música (1 de Outubro) que, por calhar neste ano a um dia de semana, será celebrado em Gaia logo no Sábado seguinte.Este é um espectáculo múltiplo de acesso gratuito, com a actuação sucessiva de co-ros, tunas e bandas de diferentes colecti-vidades, sendo por isso uma rara ocasião de conhecer de perto muito do que se faz por cá em termos musicais.

mento confirmadas as participações do Coro da Associação Musical de Pedroso, da Associação Cultural e Recreativa En-cantus Corus, do Orfeão da Madalena, da Tuna Musical “A Vencedora” de Vilar de Andorinho, da Tuna Orfeão de Grijó, da Associação Cultural e Musical de Avintes, da Sociedade Filarmónica de Crestuma, da Banda Musical Leverense e da Sociedade Musical 1º d’Agosto. Mas esperam-se ain-da mais presenças.

Shemekia Copeland com Chris Jagger.

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GAIA É UM IMENSO PALCO

Teatro e dança cruzam-se em Gaia com a naturalidade de quem encontra aqui um imenso palco com boca de cena a toda a volta…

As artes de palco têm pergaminhos cen-tenários em Gaia, mas continuam a evo-luir com dois grandes pilares: a dança e o teatro.O concelho orgulha-se mesmo de ser “ca-pital do teatro” por via das mais de 30 colectividades que a ele se dedicam e que o município apoia, nomeadamente na or-ganização de dezenas de festivais.Entre o chamado amador e o profissional,

a oferta de espectáculos é uma constante ao longo de todo ano, até mesmo com a renascida revista, mas não podem deixar de ser referidos eventos como o interna-cional CALE-se (apadrinhado nos últimos anos por Ruy de Carvalho e Margarida Carpinteiro) ou o Encontro de Teatro do Mérito Dramático Avintense, companhia que vai entrar no ano do seu centenário).Fest’Arte, Beijamins (para a infância e ju-

ventude), Festeatro e Encontro dos tam-bém quase centenários Plebeus Avinten-ses são outros nomes incontornáveis num panorama rico em mostras, encontros e festivais de teatro.Há ainda a ter em conta dezenas de es-pectáculos isolados e, particularmente, o trabalho desenvolvido por companhias como o TeatroArado, o TeatroDeFerro, o CALE e, obviamente, o TEP.

“3 motivos para rir” pelos Plebeus Avintenses.

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Danças orientais (Regina Nurenahar). Margarida Carpinteiro foi madrinha do CALE-se 2009.

Ruy de Carvalho actuou em Gaia e foi homenageado.

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Este último, a mais antiga companhia portuguesa, está sediado no Auditório Municipal de Gaia e completou já uma década de acolhimento pelo município, totalizando 37 estreias e 15 reposições, entre estas com destaque para “Felizmen-te Há Luar!” de Luís de Sttau Monteiro, em nono ano consecutivo, e “Os Maias – Crónica Social Romântica”, a partir do romance de Eça de Queirós, em sexto ano consecutivo.O saldo do TEP é de cerca de 1.500 repre-sentações e ainda quatro oficinas de for-mação para mais de 300 pessoas e perto de dezena e meia de exposições ligadas à temática teatral.Refira-se que o Pelouro da Cultura se tem associado com as diferentes companhias para as comemorações anuais do Dia Mundial do Teatro (27 de Março), que contemplam espectáculos, exposições, homenagens a gente do teatro e outras iniciativas.Por seu lado, a dança não é muito dife-rente em termos de diversidade de even-tos e de companhias. Há mesmo uma – a La Marmita – que faz a soma de teatro com dança clássica e dança moderna, fruto das diferentes experiências e ori-gens artísticas dos seus membros.Com válida actuação também a nível de formação, essa é uma das companhias que tem espaço no Centro Histórico e com as quais o Pelouro tem vindo a estreitar o relacionamento, com vantagens mutuas.Outro caso é o das “irmãs” profissionais Ginasiano/Kale (escola de dança/compa-nhia de dança), responsáveis por grandio-sos espectáculos no Auditório Municipal e no Cineteatro Eduardo Brazão, entre ou-tros locais, incluindo nas comemorações do Dia Mundial da Dança (29 de Abril).Transferida para o novo espaço do Edifí-cio Sacramento, também no Centro His-tórico, a companhia-escola tem atrás de si largos anos de actividade profissional e um projecto cultural e artístico que trou-xe para Gaia, ao serviço da formação e do espectáculo.

O TEP estreia a 24 de Setembro, no Au-ditório Municipal de Gaia, o espectáculo “Pares e Ímpares”, de José Luís Alonso de Santos, com encenação de Susana Sá.Comédia contemporânea de um dos mais representados autores espanhóis da actu-alidade, terá estreia absoluta em Portugal, 20 anos depois de ter sido estreada em Espanha, com encenação do autor.Neste espectáculo, assiste-se a um diver-tido jogo amoroso que corresponde à in-capacidade de viver sem traumas a nova concepção aberta do amor, que neste caso conduz os protagonistas à solidãoAntes da acção dramática, Frederico se-parou-se de Carmela, porque ela o enga-nava com o seu melhor amigo, Roberto, que, por sua vez, no início da obra se re-fugia em casa de Frederico ao descobrir que Carmela o estava a enganar agora a ele…

Roberto, após tentativas frustradas de suicídio, conhece e mantém relações se-xuais com Nines, a jovem vizinha de Fre-derico, com quem tinha planeado umas férias no Egipto. Entretanto, Frederico virá a desfrutar os prazeres amorosos de Nines, ao mesmo tempo que volta a tentar uma aproximação com Carmela. No meio de uma enorme confusão, que a veia de grande comediógrafo de Alon-so de Santos estabelece, Nines acaba por partir com um roqueiro e Carmela desin-teressa-se dos seus dois ex-maridos, dei-xando Frederico e Roberto de novo em profunda solidão.Traduzido por Norberto Barroca, o 216º espectáculo do TEP tem cenografia de Luís Baião e desenho de luz e sonoplastia de Eduardo Brandão, estando a interpre-tação a cargo de Isabel Nunes, José Dias e Rui Spranger.

“PARES E ÍMPARES”

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Ainda na dança, embora num registo marcadamente diferente, é de assinalar o fenómeno crescente das danças orientais e das danças de salão, com várias esco-las em Gaia e até com actividade regular num dos equipamentos municipais, o So-lar dos Condes de Resende.

“O Charlatão” pelo TeatroArado.

Espectáculo do Ginasiano nas comemorações do Dia Mundial da Dança.

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MOSTRA DE ARTESPERFORMATIVAS

A junção das diferentes artes de palco e outras relacionadas, nomeadamente de novo circo e performances, deu a origem no Verão a um evento que se espera ve-nha a ser realizado anualmente daqui em diante.A I Mostra de Artes Performativas de Gaia, nascida para a Capital da Cultura do Eixo Atlântico, juntou as companhias sediadas no Centro Histórico num evento de vários dias que contempla espectácu-los de sala e de rua.O improviso e a coreografia dão as mãos à linguagem corporal e à música para uma multiplicidade de espectáculos es-sencialmente nocturnos que surpreendem os visitantes da Beira Rio e os atraem para novas experiências culturais.

Dança para os mais novos pela La Marmita.

“Em casa de Madame Pathenlin” pela Associação Recreativa de Laborim.

“Quase Solo” pelo TeatroDeFerro.

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FESTIVAL DE HUMOR DISTRIBUIGARGALHADAS… DE GRAÇALevar boa disposição e gargalhadas quase ao domicílio é a aposta de um novo evento que nasceu em Gaia e que conta com alguns dos maiores humoristas nacionais.

O festival começou em Santa Marinha.

Humor na Feira de Artesanato de Arcozelo.

Rui Xará comissaria o evento.

O riso tomou conta de Gaia.

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O novo Festival de Humor de Gaia consta de uma série de sessões espalhadas pelas 24 freguesias do concelho e está a decor-rer nas noites de quinta, sexta e Sábado, entre 20 de Agosto e 26 de Setembro.De acesso à borla, este formato descen-tralizado de realização permite fazer che-gar a todo o concelho a boa disposição, fazendo de Gaia a “capital do riso” e dos gaienses uma comunidade mais alegre.Tudo começou no Cais de Gaia, em Santa Marinha, com uma dupla bem conhecida da televisão: os actores João Paulo Ro-drigues (nascido em Lisboa e radicado no Porto) e Pedro Alves (nascido em Mi-ragaia e residente em Gaia), que é como quem diz Quim Roscas & Zeca Estacio-nâncio, os protagonistas do programa te-levisivo “Tele Rural”.As suas piadas e “gags” incendiaram uma enorme assistência e, a partir daí, o riso vem contagiando o concelho com vários outros nomes de primeira linha da comé-dia nacional, sob a direcção artística do também humorista Rui Xará.Com um elenco de que fazem ainda parte Miguel 7 Estacas, Pedro Neves, João Sea-

bra, Carlos Moura, Paulo Baldaia e Hugo Sousa, o Festival de Humor está a arran-car gargalhadas em todas as freguesias de Gaia, nalguns casos com sessões simultâ-neas em diferentes locais na mesma noite. E a maior barrigada de riso está guardada para o espectáculo de encerramento, em Pedroso, com o impagável Fernando Ro-cha que promete deixar memorável o 26 de Setembro.

20 agosto | 21h30 | Santa Marinha | cais de gaiaquım Roscas & Zeca EstacionâncioApresentados por Rui Xará

21 agosto | 21h30 | Crestuma | centro náuticoRui XaráApresentado por Miguel 7 Estacas

21 agosto | 21h30 | Serzedo | JUNTA de freguesiaJoão SeabraApresentado por Pedro Neves

22 agosto | 21h30 | Lever | Quinta de PainçaisHugo SousaApresentado por Pedro Neves

27 agosto | 21h30 | S. Félix da Marinha | AV. DA LIBERDADEPedro NevesApresentado por Rui Xará

28 agosto | 21h30 | Perosinho | Escola de Música PerosinhenseMiguel 7 EstacasApresentado por Rui Xará

29 agosto | 21h30 | Valadares | Jardim em Frente à IgrejaRui XaráApresentado por Pedro Neves 3 setembro | 21h30 | Vilar do Paraíso | Parque de S. CaetanoPaulo BaldaiaApresentado por Rui Xará

4 setembro | 21h30 | Arcozelo | Feira de ArtesanatoMiguel 7 EstacasApresentado por Pedro Neves 5 setembro | 21h30 | Afurada | PRÓXIMO DA JUNTAPedro NevesApresentado por João Seabra

5 setembro | 21h30 | Canidelo | Ass. Rec. de Canidelo Hugo SousaApresentado por Rui Xará

10 setembro | 21h30 | Mafamude | Alameda do CedroRui XaráApresentado por Miguel 7

Estacas

10 setembro | 21h30 | Avintes | Plebeus AvintensesPaulo BaldaiaApresentado por Pedro Neves

11 setembro | 21h30 | Vilar de Andorinho | Tuna “A Vencedora”Pedro NevesApresentado por Paulo Baldaia

11 setembro | 21h30 | Seixezelo | Parque das CorgasMiguel 7 EstacasApresentado por Rui Xará

12 setembro | 21h30 | Canelas | Ass. Rec. de Canelas Pedro NevesApresentado por Rui Xará

17 setemro | 21h30 | Madalena | Orfeão da MadalenaPaulo BaldaiaApresentado por Rui Xará

19 setembro | 21h30 | GrijóTerreiro da VilaJoão SeabraApresentado por Rui Xará

19 setembro | 21h30 | Gulpilhares | Auditório da Junta de GulpilharesPaulo Baldaia Apresentado por Pedro Neves

24 setembro | 21h30 | Olival | Centro socialHugo SousaApresentado por Miguel 7 Estacas

24 setembro | 21h30 | Oliveira do Douro | Empr. D. Manuel MartinsRui XaráApresentado por Pedro Neves

25 setembro | 21h30 | Sermonde | Urb. AsprelaMiguel 7 EstacasApresentado por Rui Xará

25 setembro | 21h30 | Sandim | Teatro Amador de SandimJoão Seabra Apresentado por Rui Xará

26 setembro | 21h30 | Pedroso Pavilhão Hóquei Clube dos CarvalhosFernando RochaApresentado por Rui Xará

Miguel 7 Estacas acompanhado por Pedro Neves.

Quim Roscas & Zeca Estacionâncio.

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LIVROS TRAZEMNOTÁVEIS À CIDADE

Lançamentos literários, sessões de au-tógrafos e conferências sucedem-se nos equipamentos municipais e noutros.Entre as apresentações recentes estão “As férias do caracol”, de Anabela Mimoso, e “Portugal a negro – histórias de um re-pórter infiltrado”, de Agostinho Santos.Pedro Santana Lopes também veio a Gaia apresentar o livro “Clube dos Pensadores” de Joaquim Jorge e Isabel Pires de Lima veio dar uma lição sobre “Eça de Queirós e a literatura contemporânea”.No Arquivo Municipal, foi apresentado o retrato dos Vellozo da Cruz, “Três irmãos notáveis na emergência do Porto liberal”, e no Parque Biológico de Gaia a reedição da primeira tradução portuguesa de “A Origem das Espécies” de Charles Darwin.Os livros touxeram ainda a espaços gaien-ses Juca Magalhães, Beatriz Pacheco Pe-reira e Mia Couto. O escritor moçambi-cano lançou “Venenos de Deus, Remédios do Diabo” na Casa-Museu Teixeira Lopes com uma sessão concorridíssima que ter-minou com uma fila interminável para autógrafos.

GAIA CRIOU PRÉMIODE LITERATURA INFANTILA grande escritora gaiense Maria Alberta Menéres foi alvo de uma homenagem do Pelouro da Cultura, a propósito do salão de literatura infantil realizado durante a Capital da Cultura do Eixo Atlântico.Na ocasião, a autora de numerosos contos para a infância anuiu a que o seu nome ficasse associado a um novo Prémio de Literatura Infantil, a lançar brevemente.O Prémio de Literatura Infantil Maria Al-berta Menéres visa estimular a revelação de novos autores e também de ilustrado-res, pelo que estará aberto à participação de textos inéditos.Além do valor pecuniário que representa os direitos autorais, o município assumirá a publicação da obra.

OUTRAS HOMENAGENS

Este não foi a primeira homenagem pro-movida pelo Pelouro da Cultura a vultos das letras, sendo de destacar a que, há dois anos, trouxe temporariamente à sua Gaia natal José Rentes de Carvalho, há muito tempo radicado na Holanda.“Um dos escritores portugueses mais lidos e conhecidos no estrangeiro”, foi compa-

rado a “Saramago, Lobo Antunes e pou-cos mais” pelo prof. Gonçalves Guima-rães, director do Solar Condes de Resende e grande entusiasta da visita-guiada por Rentes de Carvalho ao Centro Histórico, onde nasceu.O escritor e professor universitário esteve também na Casa Barbot para uma con-ferência sobre a sua vida e obra que lhe valeram o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique e a Medalha de Ouro da Cidade de Gaia.Por outro lado, exposições, conferências e uma peça de teatro marcaram, em 2007, a homenagem a Miguel Torga por oca-sião do centenário do seu nascimento. E vários outros nomes ligados às letras têm sido honrados com iniciativas diversas, entre os quais Domingos Lima, livreiro da mítica Lello durante 56 anos.

Mia Couto.

Rentes de Carvalho.

Maria Alberta Menéres.

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SENHORA DO PILAR E GRANJAPUBLICADAS EM LIVRO“O Mosteiro de Nossa Senhora do Pilar – Para além da Serra” é o título de um livro em fase de publicação, por iniciativa do Pelouro da Cultura, Património e Turismo e do Arquivo Municipal Sophia de Mello Breyner.Trata-se de um livro/catálogo que vem apoiar e aprofundar a exposição com o mesmo nome e dedicada, obviamente, àquele Mosteiro que é um dos monumen-tos mais conhecidos de entre os muitos existentes em Gaia.

Exposição e livro surgem numa altura em que o Pelouro se encontra particularmen-te empenhado na recuperação do Mostei-ro da Serra do Pilar para fruição pública, o que se torna possível graças a um diálo-go envolvendo também os ministérios da Cultura e da Defesa e a Diocese do Porto.Tendo em conta a importância daquele monumento religioso no conjunto patri-monial da região e na sua história, o ve-reador Mário Dorminsky afirma preten-der criar um novo público “participativo,

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atento, assíduo frequentador deste tipo de espaço de arte”, e apresenta esta publi-cação como “um pequeno primeiro passo que inaugura um vasto conjunto de me-didas de difusão do Património Cultural Gaiense”.

A GRANJA DE TODOS OS TEMPOS

Entretanto, está também em preparação a reedição de “A Granja de todos os tem-pos”, uma edição da Câmara Municipal de Gaia datada de 1973 e considerada das melhores peças de análise e informação histórica sobre a Granja.Com autoria de António Paes de Sande e Castro, a obra tem como título completo “A Granja de todos os tempos – desde a Granja dos Frades de Grijó e da Granja dos Ayres até à praia da Granja dos nossos dias”, contando com introdução e anota-ções de Alfredo Ayres de Gouveia Allen.Como se vê na imagem abaixo, a sobre-capa da obra é uma imagem do Portão da Quinta do Bispo, antiga brévia dos Có-negos Regrantes de Santo Agostinho de Grijó.

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“AMÁLIA” ESTREOU NO AUDITÓRIO

VIPS DE HOLLYWOODNA CASA BARBOT

O aguardado filme biográfico da diva portuguesa do fado foi exibido no Au-ditório Municipal de Gaia, em Novembro do ano passado, numa antestreia nacio-nal que ficou como um dos marcos da Sétima Arte para o concelho.Tal deveu-se à iniciativa do Pelouro da Cultura, em colaboração com a Valentim de Carvalho Multimédia e a Gaianima, que fizeram do momento Uma ocasião mediática com a presença de Sandra Barata Belo, a protagonista que encarna Amália Rodrigues.A película, uma co-produção VC Filmes/RTP realizada por Carlos Coelho da Silva, que também veio a Gaia, é a mais cara

Os momentos mediáticos que o cinema tem proporcionado a Vila Nova de Gaia fazem-se, entre outros, por intermédio das recepções aos convidados VIP do fes-

da história do cinema português e a que maior número de cópias teve para a es-treia comercial nas salas de todo o país, o que aconteceria apenas em Dezembro seguinte.

tival Fantasporto.Por via disso, e nas recepções de boas-vindas dadas pelo executivo municipal, a Casa Barbot foi escolhida nos últimos anos como a sala de visitas.Pelo edifício, passaram já dezenas de ac-tores, realizadores, produtores, críticos e jornalistas especializados na Sétima Arte.Entre eles, destacam-se os nomes e as caras de Kelly LeBrock, a actriz que deu corpo à protagonista de “The Woman in Red”, onde contracenou com Gene Wilder; o realizador Stephen Eckelberry (“The Mirror”) e a premiada actriz Karen Black, sua mulher; o cineasta português Luís Galvão Teles; os realizadores Paul Schrader (“Adam Resurrected”) e Nicky Lianos (“Monsters & Rabbits”).

LUZES, CÂMARAE ACÇÃO EM GAIADiversos locais do concelho vêm sendo escolhidos para integrar cenários de pro-duções cinematográficas, designadamen-te nacionais.Com apoio do município, equipas de pro-dução, operadores de câmara e actores circulam por monumento, Centro Histó-rico ou orla marítima, fixando para levar ao grande ecrã algumas belezas caracte-rísticas de Gaia.Um dos exemplos de anos recentes foi “Veneno Cura”, uma produção de Paulo Branco com a realizadora Raquel Freire, ela própria radicada em Gaia.Também algumas telenovelas vieram re-colher imagens ao nosso concelho. E o apoio à produção, que serve para pro-mover Gaia, beneficiou ainda “O Auto do Cordeiro”, a primeira produção da Filmes Liberdade com autoria e realização de Pedro Nogueira.

CINEMA TEMÁTICOE PARA TODOS

O Cineteatro Eduardo Brazão e o Auditó-rio Municipal de Gaia mantêm em contí-nuo semanal a exibição de filmes a preços acessíveis, como forma de incentivar o público.Para tal, também os filmes selecciona-dos primam por serem recentes e susci-tarem ainda o interesse de novidade. Por exemplo, para Setembro e Outubro, estão programados “The Wrestler” com Mickey Rourke, “A Troca” de Clint Eatswood e “A Ressaca” de Todd Phillips, entre outros.São também interessantes os ciclos temá-ticos, que contemplaram já uma série de realizadores portugueses e outra de vários de língua portuguesa (Portugal, Brasil e Palops), prevendo-se para Outubro um ci-clo integrado na Semana da Bélgica em Portugal.

Sandra Barata Belo é “Amália”.

Paul Schrader.

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EXPOSIÇÕES

1 – FRANCISCO LARANJO foi um dos grandes nomes das artes plásticas a pas-sar por Gaia durante este ano. Entre Fe-vereiro e Abril, esteve nas Galerias Diogo de Macedo com uma mostra antológica intitulada “Ocidente e Oriente”.

2 – Inúmeros visitantes frequentam as sa-las de exposição da Biblioteca Municipal, e assim aconteceu novamente em Feve-reiro para admirarem as pinturas de MIA AMARAL.

3 – “Portugal Português” era o título da exposição de óleos de MAGGI que esteve, em Fevereiro, no Auditório Municipal de Gaia, entre os quais “Moinho” (na foto).

4 – A Olhares – Galeria de Imagem re-cebeu, em Fevereiro e Março, a colectiva “Gaiimagem” do Núcleo de Fotografia do SBN-Sindicato dos Bancários do Norte, que deu a conhecer diferentes perspecti-vas de Gaia.

5 – Pormenores da casa e do jardim, in-cluindo a estufa, cruzam-se com as ori-gens históricas da CASA BARBOT na nova exposição permanente que ali ajuda a conhecer este imóvel classificado onde funciona o Pelouro da Cultura, Patrimó-nio e Turismo.

6 – O “Areínho” foi uma das aguarelas de ANTÓNIO SILVA incluídas na exposi-ção “Luz de Água” que esteve patente na Casa da Cultura/Casa Barbot em Feverei-ro e Março.

7 – O livro “A ORIGEM DAS ESPÉCIES” foi publicado há 150 anos por Charles Da-rwin, nascido há 200 anos. As efemérides servem de pretexto para uma exposição com o nome do livro, que está patente no Parque Biológico até Fevereiro de 2010.

8 – Com o título “I can’t be perfect”, uma série de pinturas de SARA UVA recebe-ram os frequentadores do Auditório Mu-nicipal durante o mês de Março.

9 – A doroteia IRMÃ GABRIELA é já uma artista habituada à Biblioteca Municipal, e ali esteve mais uma vez, em Março, com um conjunto de telas que teve por temáti-ca e por título “Natureza”.

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EXPOSIÇÕES

10 – Março trouxe até à Olhares – Gale-ria de Imagem “Aguda pelo mar adentro”, colecção de fotografias da autoria do bi-ólogo marinho e professor MIKE WEBER, o director da Fundação ELA – Estação Li-toral da Aguda.

11 – Largos milhares de visitantes do GaiaShopping puderam admirar, em Abril, os ovos gigantes decorados por es-tudantes e por artistas plásticos a partir do projecto lançado pelo Pelouro da Cul-tura com o nome EGG PARADE.

12 – O Solar Condes de Resende, com o apoio da Biblioteca Nacional e da Con-fraria Queirosiana, abriu em Abril nova exposição permanente, intitulada “AQUI-SIÇÕES QUEIROSIANAS” e composta por manuscritos de Eça de Queirós.

13 – Aluna do mestre Jaime Isidoro, entre outros, ANTÓNIA GOMES expôs na Casa Barbot, em Abril e Maio, algumas das suas pinturas assentes em técnica mista.

14 – “Lembrando Adriano” foi nome de exposição evocativa de ADRIANO COR-REIA DE OLIVEIRA, apropriadamente no mês de Abril, em cuja inauguração não faltou sequer um momento musical com guitarrada, no Auditório Municipal.

15 – JOSÉ SILVA foi outro artista plásti-co a expor na Biblioteca Municipal, desta vez em Abril, com um conjunto de traba-lhos de pintura intitulado “Ecos de Vida”.

16 – O reputado escultor/ceramista gaien-se MÁRIO FERREIRA DA SILVA ocupou em Abril e Maio a sala negra das Galerias Diogo de Macedo com uma instalação em cerâmica intitulada “Natureza…Morta”.

17 – O Teatro Experimental do Porto, que há uma década foi acolhido pelo nosso Município, assinalou a data em Abril e Maio com a exposição “TEP - X ANOS EM GAIA”. Obviamente, no Auditório Municipal.

18 – Artistas de renome e estudantes (fu-turos artistas?) das escolas de Gaia deram asas à imaginação e decoraram dezenas de ovos gigantes. No fim, a grandiosa ex-posição EGG PARADE mostrou-se tam-bém no Cais de Gaia.

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19 – As Galerias Diogo de Macedo rece-beram em Maio uma grandiosa exposição retrospectiva dos “50 anos de pintura” de ANTÓNIO JOAQUIM, integrando 65 óle-os, aguarelas e desenhos concebidos pelo mestre a partir de 1961.

20 – Foi, mais uma vez, no Auditório Municipal que Educadores de Infância e Professores do 1º Ciclo de Gaia realiza-ram a sua XVI EXPOSIÇÃO COLECTIVA, enriquecendo a inauguração, em Maio, com um momento musical na sala de es-pectáculo.

21 – O Pelouro da Cultura lançou, em Maio e Junho, o SIMPÓSIO INTERNACIO-NAL DE ESCULTURA EM PEDRA que pôs 10 artistas a trabalhar ao vivo no Parque da Lavandeira. E, até ao fim do Verão, as obras aí permanecem em exposição.

22 – Sob o título “Eu não durmo, respiro apenas”, a Biblioteca Municipal expôs em Junho um conjunto de trabalhos do jo-vem mas já múltiplas vezes premiado ar-tista plástico gaiense FILIPE RODRIGUES.

23 – A Casa Barbot envolveu-se em Ju-nho num projecto de educação ecológi-ca com a exposição de INSTRUMENTOS MUSICAIS concebidos a partir de mate-riais reciclados por crianças de várias es-colas de Gaia.

24 – Um dos maiores pintores contem-porâneos, JORGE PINHEIRO, membro do grupo Os Quatro Vintes, expôs nas Ga-lerias Diogo de Macedo em Junho e Ju-lho, sob o título “Discursos sem histórias dentro”.

25 – FÁTIMA CARVALHO foi outra pin-tora, também ex-aluna de Jaime Isidoro, a expor em Gaia os seus trabalhos que, sob o título “As cores da alma”, estiveram patentes ao público em Junho, no Audi-tório Municipal.

26 – A Casa-Museu Teixeira Lopes foi o cenário escolhido para a exposição de pintura em “HOMENAGEM A JÚLIO RESENDE”, dinamizada pelo TEP com o apoio da Lugar do Desenho/Fundação Jú-lio Resende, entre Junho e Agosto.

27 – A réplica de um dinossauro do Me-sozóico integra o BIORAMA, nova e gi-gantesca exposição permanente no Par-que Biológico. Floresta tropical húmida, savana africana, deserto e litoral dunar atlântico são outros biomas reproduzidos.

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NOVIDADES NA PINTURAA Casa Barbot abre as portas a uma nova exposição da pintora Ludmila, sob o título “Metamorphosis”, entre 25 de Setembro e e 31 de Outubro.As Galerias Diogo de Macedo recebem também em meados de Setembro uma mostra de artes plásticas da responsabi-lidade da Fundação ProJustitiae. A 19 de Outubro, a exposição cede lugar à pintura de Paula Neves.

MARCOS DO DOUROO Arquivo Municipal Sophia de Mello Breyner tem patente uma exposição sobre a demarcação da Região do Douro, orga-nizada por ocasião das comemorações dos 250 anos da primeira região demar-cada e regulamentada do Mundo.Patente até ao final de Outubro, é fruto de uma parceria entre o Pelouro da Cultura, Património e Turismo, o Arquivo Munici-pal e o Museu do Douro.Resultante de uma investigação realizada pelo Serviço de Museologia dos Museu do Douro, a exposição contempla cerca de 150 imagens impressas em PVC, dois marcos pombalinos vindos do Douro para Gaia expressamente para este efeito e, ainda, um documentário videográfico.

VEM AÍEXPOSIÇÕES

28 - O escultor MEIRELES DE PINHO uti-lizou os espaços da Casa Barbot e deu-lhes uma performance escultórica, de-senvolvendo os trabalhos plásticos numa dialéctica divisão da casa/espaço estético/sentido, sob o nome “Casa, Sala e Estufa” (2 de Julho a 7 de Agosto).

29 - Numerosas obras de artes plásticas, com predominância para a pintura, inte-graram nova edição da Exposição Anual Colectiva dos ARTISTAS DE GAIA que, como é habitual, esteve patente em Julho na Biblioteca Municipal.

30 - A Olhares – Galeria de Imagem exi-biu, em Julho, “Memórias reflectidas” em 25 fotos a preto e branco que foram cap-tadas e reveladas em laboratório manual por OLÍMPIA BARBOSA.

31 - A pintora chilena MARCELA LORCA trouxe ao Auditório Municipal, em Julho e Agosto, a exposição “Vengo del Sur” cheia de influências da identidade chile-na e de culturas indígenas como a Inca, Aracauana, Mapuche e Rapa Nui (Ilha da Páscoa).

32 - A Casa-Museu Teixeira Lopes pôs em “diálogo” as obras do mestre e as escul-turas de PAULO NEVES. Intitulada “expe-rienciação vs representação”, a exposição esteve patente até 6 de Setembro.

33 - O escultor galego JOSÉ GRANGEL está de volta à Casa Barbot com a suges-tão de “Encontros”, uma exposição em que revela novos trabalhos como a “Fa-mília” (na foto), até 19 de Setembro.

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Dan McAlister Blues Band . Paulo Bernardino . Vítor Lima . Sara Mendes . B Flat Blues Band . Dr. Feelgood . Big John Blues Band . Miki Nervio . The Bluesmakers . Angela Brown . The Legendary Tiger Man . Expensive Soul . Fonzie . The Vicious Five . Primitive Reason . Johnny Blues Band . Lufthansa Jazz Band . Maria João . Bernardo Sassetti Trio . Tito Pascoal Quintet . Laurent Filipe . João Afonso . Carlos Mendes . Toni Solà Quartet com Scott Hamilton . Luís Magalhães . Nina Schumann . Mundo Secreto . X-Wife . Souls of Fire . Wraygunn . OiOai . Loto . Dealema . EZ Special . Blasted Mechanism . Maria José Morais . Mesa . Blind Zero . Skeezos . In: Motion . José Cid . Manuel Araújo . Rodrigo Leão . Augusto Pacheco . Raquel Lima . Vicente Ariño Pellicer . Maria José Sousa . Luís Meireles . Jacinta . Carlos do Carmo . Coco Montoya Blues Band . Daniela Galvin Blues Band . Ray Minhinnette Band . Victor Aneiros Band . Ivan Lins . Mário Laginha Trio . Fado em Si Bemol . Courtney Pine . Sexteto de Michael Lauren . Chris Jagger’s Atcha . Nobody’s Bizness . Shemekia Copeland . Budda Power Blues . Albie Donnelly’s Super Charge . Down Home . Roger Hodgson . Ten Years After . André Indiana . Doink . Mind Da Gap . The Jills . Dapunksportif . Chemical Wire . Micro Audio Waves . Birdog . Orangotang . Come na Rua . M.A.U. . Karma Cola . Mundo Cão . António Pinho Vargas . Al Di Meola e New World Sinfonia Quartet . Joel Xavier . Gal Costa . Carlos Bica . The Manhattan Transfer . John Lee Hooker Jr. . Bukowski Trio . Little Albert Boogie Band . Diunna Greenleaf . Los Reyes del KO . The Animals . Milladoiro . Mafalda Arnauth . Cornelius . Os Trabalhadores do Comércio . The Bombazines . Kogito . Aphonnic . Puto Coke . Syzygy . Paniko en las Calles . Nelassasin . Dr. Valda . Seilaesencia . Woyza . Império Norte . Kaiko Sama vs Lcesar . Track Eterno . 040 . Drumdrama . António Mão-de –Ferro . Claudi Arimany . Tatiana Samouil . Anna Ferrer . Carlos Lama . Dalmacio González . Sofia Cabruja . Marco Schiavo . Roman Perucki . Lyudmila Shkirtil . Yuri Serov . Eduardo Rahn Jr. . Eduardo Rahn . Fernando Correia . Mário Mateus . Miguel Borges Coelho . Nuno Vieira de Almeida . Silvia Mateus . Edward Bach . Emanuel Salvador . Annie Yin . Dmitri Bashkirov . Peter Weber . Nuno Vieira de Almeida . Alberto Casaraccio . Berislav Skenderovic . Rui Pintão . Fernanda Correia . Soraia Teixeira . Alexandra Coelho . Elisa Carvalho . Pedro Lopes . Luis Mota . Miguel Jalôto . Madalena Sá e Costa . Paulo GaioLima . Sofia Lourenço . Duo Soledad . Neosieg . Projecto Atlântico . Doink . Xadows . Come na Rua . Puro Malte . Karma Cola . The Jills . Birdog . Rekless . Chemical Wire . Lescargot . Nova Arcádia . Sky . In:Motion . Raven Soul . Zebra . Sr. Acaso . Iconoclasts . Qing Qong . Skeezos . Urban Tecnic . Bandenoise . Suite . Ana Pinho . Marco Costa . Emílio Remelhe . Balbina Mendes . António Gaspar . Luís Paulo Martins . Cândido Lopes . Otília Santos . Filipe Rodrigues . Júlio Costa . Mirene . Maggi Marello . Isabel Mourão Alves . Beatriz

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Pacheco Pereira . José Silva . Helena Leão . Raúl Valverde . Filipe Andrade . José Henrique do Vale . Odete Loureiro . Fernanda Marinho . Elsa Lé . Céu Costa . António Joaquim . Sobral Centeno . Francisco Laranjo . Paulo Neves . Emerenciano . Júlia Pintão . Augusto Canedo . Margarida Leão . Henrique Silva . Antónia Gomes . Joana Rego . Ludmila . Rosa Amaral . Ana Pais Oliveira .José Manuel Saraiva . Agostinho Santos . Jorge Patrício Martins . Nazaré Alves . Catarina Machado . Rui Alberto . Ariosto Madureira . Juan Carlos Platis . Albuquerque Mendes . Inês Lousinha . António Quadros Ferreira . Isabel Monteiro . Rui Chafes . Jaime Isidoro . Tiago Feijóo . Maria Eugénia Sardoeira Pinto . Rogério de Carvalho . Jorge do Carmo . António Leite . Irmã Gabriela . Joaquim Durão . Mónica Baldaque . Paulo Teixeira Lopes . Mário Couto . Ana del Rio . Antonieta Castro . Ana Oliveira . Joana Oliveira . Jorge Rodrigues . Mónica Pereira . Pedro Rodrigues . Ana Machado Silva . Duarte Belo . João Paulo Sotto Mayor . José Manuel Rodrigues . Renato Roque . Aurora Rodrigues . Carlos Santos . Mário Ferreira da Silva . Olímpia Barbosa . Gaspar de Jesus . Major Simões Duarte . José Grangel . Rogério de CarvalhoJorge do Carmo . António Leite . Jorge Viana Basto . Augusto Santo . Sílvia Soares . Rui Cardoso . António Silva . Mia Amaral . Helena Zália . Álvaro de La Vega . Paco Pestana . Isaque Pinheiro . Volker Schnüttgen . Carlos Barreira . Pedro Fazenda . Vítor Ribeiro . Martim Velosa . Rui Matos . Adriana Carmezim . Ana Borg . António Filipe Andrade . Meireles de Pinho . José Rodrigues . Jorge Pinheiro . Ana Moutinho . Frederico Mendes . Washington Arléo . Ângelo de Sousa . Armando Alves . Jorge Pinheiro . Pereira de Sousa . Sónia Rocha . Raúl Ferreira . Avelino Rocha . Margarida Santos . Joma Sipe . Sílvia Vale . Taveira da Cruz . David Rubín . Miguel Rocha . Luís Miguel Rocha . Mia Couto . Queirós Lopes Monteiro . Albertino Bragança . Isabel Pires de Lima . Ana Macedo . Inês Botelho . José Rentes de Carvalho . Domingos de Lima . Júlio Magalhães . Isabel Magalhães . Cristóvão Aguiar . José Pacheco Pereira . Anabela Mimoso . Rosa Teixeira dos Santos . Ana Filomena Amaral . Maria José Magalhães . Ana Paula Canotilho . Elizabete Brasil . Valter Hugo Mãe . Fernando Pinto do Amaral . Manuel Jorge Marmelo . João Luís Barreto . Guimarães . Rui Costa . João Paulo Sousa . Luísa Castro . María Canosa . Luis García Mañá . Luis González Tosar . Xavier Queipo . Xavier Alcalá . Ana Paula Mata . Mário Cláudio . Mário Vieira de Carvalho . Carlos Fiolhais . José Manuel Tedim . Maria Alberta Menéres . João Paulo Cotrim . Raquel Freire . Kelly LeBrock . Karen Black . Stephen Eckelberry . Carlos Coelho da Silva . Sandra Barata Belo . Paul Schrader . Luís Galvão Teles . Ruy de Carvalho . Roberto Merino . Jorge Pinto . Ricardo Trepa . José Fidalgo . Mariana Monteiro . Miguel 7 Estacas . Pedro Neves . João Seabra . Paulo Baldaia . Hugo Sousa . Rui Xará . Fernando Rocha . João Paulo Rodrigues . Pedro Alves