GARAGENS DE EMPRESAS DE ÔNIBUS

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    GARAGENS DE EMPRESAS DE NIBUS: UMA PROPOSTA DEAO PREVENTIVA NA REA DE SEGURANA E SADE NOTRABALHO

    *Carlos Roberto Miranda, **Carlos Roberto Dias & ***Maria Goretti L. Amorin

    INTRODUOOs acidentes de trabalho e as doenas profissionais constituem hoje, no Brasil e na Bahia,um dos mais graves problemas de sade pblica. Segundo dados oficiais da PrevidnciaSocial (1), durante o ano de 2000 foram registrados no pas 343.996 acidentes de trabalho,sendo que 19.134 (5,56%) destes eventos foram classificados como doenas do trabalho.Na Bahia, durante o mesmo perodo, foram registrados 9.684 acidentes de trabalho, o quecorrespondeu a 2,82% do total dos acidentes ocorridos no Brasil. Destes, 1.336 (6,98%)eventos foram classificados como doenas do trabalho.Analisando a ocorrncia de acidentes de trabalho segundo o ramo de atividade, constata-se

    que 6.115 (1,78%) dos acidentes registrados no Brasil no ano de 2000 ocorreram entretrabalhadores do setor de transporte rodovirio de passageiros, sendo que 386 (2,01%)destes eventos foram classificados como doena do trabalho.Garagens de empresas de transporte coletivoUma das principais caractersticas das garagens de empresas de transporte coletivo adiversidade de atividades e de tarefas desenvolvidas num mesmo local de trabalho,objetivando a guarda e a manuteno dos veculos utilizados na operao de um sistemamunicipal de transporte coletivo. Essas atividades envolvem, alm de serviosadministrativos, os servios de armazenagem e abastecimento de combustveis, limpeza,lavagem e higienizao de veculos e de peas, manuteno mecnica e eltrica, servios desolda, chaparia e pintura, recauchutagem de pneus, servios de borracharia, movimentao,

    controle e guarda de veculos, entre outros. Em seus locais de trabalho, em funo dessadiversidade de tarefas e atividades, possvel identificar a ocorrncia dos mais variadosriscos ambientais, sejam eles qumicos, fsicos ou biolgicos. Alm destes, so evidentesainda as ocorrncias de riscos denominados ergonmicos assim como as situaes de riscosde acidentes de trabalho propriamente ditos.

    OBJETIVOSO presente trabalho teve como objetivo principal prevenir a ocorrncia de acidentes detrabalho e de doenas profissionais entre os trabalhadores das garagens das empresasintegrantes do sistema de transporte coletivo de passageiros de Salvador, Bahia. Buscou-se,ainda, desenvolver e aprimorar condutas, procedimentos e instrumentos de inspeo

    trabalhista na rea de segurana e sade no trabalho, compatveis com a especificidade deuma garagem de nibus.

    * Mdico do Trabalho. Mestre em Sade Comunitria (UFBA). Auditor Fiscal do

    Trabalho. Coordenador do portal Sade e Trabalho Online (www.saudeetrabalho.com.br)** Mdico do Trabalho. Ps-graduado em Higiene Ocupacional. Auditor Fiscal do

    Trabalho.*** Psicloga e Tcnica de Segurana do Trabalho. Auditor Fiscal do Trabalho.

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    MATERIAL E MTODODurante o ano de 2001, 3 (trs) Agentes da Inspeo do Trabalho da Delegacia Regional doTrabalho no Estado da Bahia inspecionaram e notificaram todas as 22 (vinte e duas)empresas integrantes do sistema municipal de transporte coletivo de passageiros deSalvador, Bahia.

    Na coleta de dados foi utilizado um questionrio padronizado (checklist) elaborado pelosprprios Autores e baseado nas clusulas da conveno coletiva celebrada em 1996 entre osindicato dos trabalhadores e o sindicato das empresas de transporte coletivo urbano depassageiros de So Paulo (2), conforme modelo em anexo.Em sntese, durante as inspees foi verificado o cumprimento das clusulas da convenoacima referida e das disposies previstos na legislao brasileira de segurana e sade notrabalho, as Normas Regulamentadoras (NRs) da Portaria 3214/78 (3), tais como:y Organizao, composio e funcionamento da Comisso Interna de Preveno de

    Acidentes CIPAy Dimensionamento e funcionamento do Servio Especializado em Engenharia de

    Segurana e em Medicina do Trabalhoy

    Elaborao e divulgao do Mapa de Riscosy Elaborao e implementao do Programa de Preveno de Riscos Ambientais (PPRA)

    e do Programa de Controle Mdico de Sade Ocupacional (PCMSO)y Condies de segurana do ptio das garagens (piso, sinalizao e iluminao)y Condies sanitrias e de conforto nos locais de trabalho (instalaes sanitrias,

    vestirios e refeitrios)y Higienizao e limpeza dos locais de trabalhoy Fornecimento e efetiva utilizao dos Equipamentos de Proteo Individual - EPIsy Medidas de proteo para preveno de quedas nas atividades no teto dos veculosy Medidas de proteo nas tarefas realizadas nas valetas de servios, com o veculo

    elevado ou com o veculo com os pneus apoiados no choy Medidas de higiene e proteo nas reas de lavagem de peasy Medidas de proteo nos servios de borracharia, chaparia e pinturay Condies de armazenagem e de abastecimento de lquidos combustveis

    RESULTADOS E DISCUSSOA partir das informaes obtidas atravs da aplicao do questionrio (checklist)especfico, foi constitudo um banco de dados, utilizando o programa Epi Info 2000 Verso1.0.5. (4) Os resultados so apresentados nas tabelas 1, 2 e 3 em anexo, e explicitados aseguir:

    Comisso Interna de Preveno de Acidentes (CIPA)De acordo com os quadros da NR-5 da Portaria n 3214/78, as empresas de transporterodovirio de passageiros, regular, urbano, CNAE: 60.23.2, esto classificadas no GrupoC-24 - Transporte e esto obrigadas a constituir a CIPA a partir de um nmero total de 20(vinte) empregados no estabelecimento.No presente trabalho constatou-se que de um total de 22 empresas inspecionadas, 2 (9,1%)delas no tinham constitudo e no mantinham em funcionamento a CIPA.

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    Servio Especializado em Engenharia de Segurana e em Medicina do Trabalho(SESMT)Segundo a NR-4 da Portaria n 3214/78, as empresas de transporte rodovirio depassageiros, regular, urbano, CNAE: 60.23.2, esto classificadas como grau de risco 3 (trs)e esto obrigadas a constituir o SESMT a partir de um nmero total de 101 (cento e um)

    empregados no estabelecimento. Entretanto, durante as inspees, constatou-se que de umtotal de 22 empresas, 15 (68,2%) delas mantinham um SESMT subdimensionado,especialmente em virtude da no contratao do nmero adequado de profissionais tcnicosde segurana do trabalho.

    Mapa de RiscosA elaborao obrigatria do Mapa de Riscos foi estabelecida pela NR-5, item 5.16.a, daPortaria n 3214/78 e tem por objetivo reunir as informaes necessrias para estabelecer odiagnstico da situao de segurana e sade no trabalho na empresa. Elaborar o Mapa deRiscos atribuio dos integrantes da Comisso Interna de Preveno de Acidentes(CIPA), com a participao do maior nmero de trabalhadores. Na elaborao do mapa,busca-se conhecer o processo de trabalho, identificar os riscos existentes no local analisadoe, ao mesmo tempo, possibilitar a troca e divulgao de informaes entre os trabalhadores, bem como estimular sua participao nas atividades de preveno. O conhecimento e a percepo que os trabalhadores tm do processo de trabalho e dos riscos ambientais presentes, incluindo os dados consignados no Mapa de Riscos, devem ser considerados para fins de planejamento e execuo do PPRA. Contudo, entre as 22 empresasinspecionadas, 13 (59,1%) no tinham elaborado o Mapa de Riscos.

    Programa de Preveno de Riscos Ambientais (PPRA)De acordo com a NR-9 da Portaria 3214/78, todas as empresas, independente do nmero deempregados ou do grau de risco de suas atividades, esto obrigadas a elaborar eimplementar o PPRA, que tem como objetivo a preveno e o controle da exposioocupacional aos riscos ambientais, isto , a preveno e o controle dos riscos qumicos,fsicos e biolgicos presentes nos locais de trabalho. Um aspecto fundamental aobrigatoriedade do empregador reconhecer os riscos ambientais presentes nos diversoslocais de trabalho da empresa e assumir prazos para solucionar as questes relativas a essesriscos. Como o programa permanente, cabe ao empregador formalizar um cronogramaanual, com estabelecimento das aes a serem executadas e as metas a serem alcanadasneste perodo. Uma avaliao global do PPRA deve ser efetuada, sempre que necessrio e pelo menos uma vez ao ano, para a avaliao do seu desenvolvimento e realizao dosajustes necessrios e estabelecimento de novas metas e prioridades.No presente trabalho, constatou-s e que das 22 empresas inspecionadas, 21 (95,5%) tinhamelaborado o PPRA. Entretanto, todas as empresas (100,0%) deixaram de implementarintegralmente o programa assim como no providenciaram sua avaliao no mnimoanualmente.

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    Programa de Controle Mdico de Sade Ocupacional PCMSO)O PCMSO, cuja obrigatoriedade foi estabelecida pela NR-7 da Portaria 3214/78, um programa mdico que deve ter carter de preveno, rastreamento e diagnstico precocedos agravos sade relacionados ao trabalho.Todas as empresas, independente do nmerode empregados ou do grau de risco de sua atividade, esto obrigadas a elaborar e

    implementar o PCMSO, que deve ser planejado e implantado com base nos riscos sadedos trabalhadores, especialmente os riscos identificados nas avaliaes previstas noPrograma de Preveno de Riscos Ambientais (PPRA).A norma estabelece, ainda, que oprograma dever obedecer a um planejamento em que estejam previstas as aes de sade aserem executadas durante o ano, devendo estas ser objeto de relatrio anual. O relatrioanual dever discriminar, por setores da empresa, o nmero e a natureza dos examesmdicos, incluindo avaliaes clnicas e exames complementares, estatsticas de resultadosconsiderados anormais, assim como o planejamento para o ano seguinte. Das 22 empresasinspecionadas, 21 (95,5%) tinham elaborado o referido programa. Das empresas que tinhamelaborado o PCMSO, 16 (76,2%) implementaram integralmente o programa. Contudo,nenhuma das empresas tinha providenciado uma avaliao anual do PCMSO.

    Condies de segurana do ptio das garagensTomando como base a conveno coletiva celebrada em 1996 entre o sindicato dostrabalhadores e o sindicato das empresas de transporte coletivo urbano de passageiros deSo Paulo (2), o solo do piso dos ptios deve ser compactado em toda a sua extenso erecoberto por camada de cascalho. As garagens devem garantir as condies mnimas desegurana dos pisos dos ptios, evitando a gerao de p ou a formao de barro ou poasdgua. Os pisos devem ter uma boa drenagem superficial para escoar as guas pluviais eno podem apresentar salincias nem depresses que prejudiquem a circulao de pessoasou de veculos. Os ptios de garagens devem ser dotados de iluminamento geral, com nvelde aclareamento mnimo de 20 (vinte) Lux. Alm disso, as garagens devem garantir aintegridade fsica dos trabalhadores atravs de delimitao e sinalizao, com faixas oucorrentes, das reas utilizadas por pessoas ou por veculos.No presente trabalho constatou-se que de um total de 22 empresas, 9 (40,9%) apresentaramalgum tipo de irregularidade no piso de sua garagem. Em 20 (90,9%) delas no foiverificada qualquer tipo de delimitao e/ou sinalizao das reas de circulao de pessoasou de veculos. Entretanto, todas as empresas inspecionadas garantiam condies mnimasde iluminamento dos ptios.

    Condies sanitrias e de conforto nos locais de trabalhoAs condies sanitrias e de conforto nos locais de trabalho foram estabelecidas pela NR-24 da Portaria 3214/78. As empresas devem manter instalaes sanitrias, separadas porsexo, sendo que as reas destinadas aos sanitrios devem atender s dimenses mnimasessenciais, considerando-se satisfatria a metragem de 1,00m (um metro quadrado), paracada sanitrio, por 20 (vinte) trabalhadores em atividade. As instalaes sanitrias devemser submetidas a processo permanente de higienizao. Quanto aos vestirios, existe aobrigatoriedade da empresa de manter local apropriado dotado de armrios individuais,observada a separao de sexos. A rea do vestirio deve ser dimensionada em funo deum mnimo de 1,50m (um metro quadrado e cinqenta centmetros) para 1 (um)

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    trabalhador. J, em relao s condies de conforto para as refeies, a norma estabeleceque deve ser assegurado aos trabalhadores condies suficientes em local que atenda aosrequisitos de limpeza, arejamento, iluminao e fornecimento de gua potvel.Das 22 empresas inspecionadas, 13 (59,1%) apresentaram algum tipo de irregularidaderelacionada com as instalaes sanitrias e com os vestirios, especialmente o nmero

    insuficiente de aparelhos sanitrios ou de armrios individuais e a inadequada higienizao.Em 7 (31,8%) delas foi verificado algum tipo de irregularidade nos refeitrios. Em relaos condies gerais de limpeza dos diversos locais de trabalho de uma garagem, em 20(90,9%) empresas essas condies eram adequadas e suficientes.

    Apoio de veculosNas atividades realizadas no veculo com os pneus apoiados no cho devem ser utilizadoscalos de metal ou madeira, no formato triangular (cunha) garantindo segurana contradeslizamento, de modo a impedir o deslocamento dos pneus. J, para a realizao dequalquer atividade onde haja necessidade de elevao do veculo, devem ser utilizadoscavaletes de ferro ou ao (preguias), com base de sustentao em quatro pontos ecantoneiras de encaixe que impeam o deslizamento do veculo (2).Das 22 empresas inspecionadas, em 9 (40,9%) no eram utilizados os calos nos veculoscom os pneus apoiados no cho e em 5 (22,7%) foi verificado a inexistncia deequipamentos tipo preguias recomendadas para a realizao de atividades com osveculos elevados acima do nvel do solo.

    Atividades nas laterais e/ou no teto dos veculosPara a preveno de quedas nas atividades nas laterais e no teto dos veculos, recomenda-sea utilizao de bancadas e/ou escadas dotadas de guarda-corpo e rodap. Alm disso, nostrabalhos realizados no teto dos veculos deve ser utilizado cinto de segurana tipo para-quedista preso em trilhos ou cabos de ao fixos ao teto do galpo (2).Das 22 empresas inspecionadas, em 17 (77,3%) no eram utilizados bancadas ou escadasdotadas de guarda-corpo para acessar as laterais ou o teto dos veculos. Em 21 (95,5%) nofoi verificado o fornecimento de cinto de segurana para os trabalhos no teto dos veculos.

    Valetas de serviosToda garagem deve possuir um nmero mnimo de 1 (uma) valeta para cada 130 (cento etrinta) veculos em operao. As valetas devem ter dimenses mnimas de 1,10 a 1,40metro de profundidade e 0,80 a 1,10 metro de largura, paredes laterais revestidas dematerial impermevel, piso de chapa de metal vazado com drenagem adequada, iluminaoartificial nas paredes laterais e acesso atravs de escadas ou rampas. Alm disso, as valetasdevem possuir guia para pneus instalada junto s paredes verticais, de modo a se evitar oacidente. Quando no estiverem sendo utilizadas, as valetas devem permanecer isoladasatravs de correntes, faixas, grades, cones ou outros dispositivos de isolamento e/ousinalizao, de modo a se evitar os acidentes do tipo queda (2).Entre as 22 empresas inspecionadas, em 15 (68,2%) foi verificado algum tipo deirregularidade relacionada com a valeta de servios, especialmente a falta de guia parapneus e o no isolamento das valetas quando no esto sendo utilizadas.

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    reas de lavagem de peasO setor de lavagem de peas deve possuir p-direito de no mnimo 2 (dois) metros,iluminao e circulao de ar adequadas, paredes revestidas com material lavvel, piso emchapa de metal vazado, mureta ou bancada de cerca de 1 (um) metro revestida de azulejo,tanque para imerso de peas dotado de tampa, sistema de escoamento de guas servidas e

    compressor em rea isolada e protegido do lado de fora da rea de lavagem (2).Entre as 22 empresas inspecionadas, em 13 (59,1%) foi verificado algum tipo deirregularidade relacionada com o setor de lavagem de peas.

    Borracharia Nos locais de trabalho onde realizam-se atividades de borracharia, os pneus devem permanecer dispostos de modo a manter o local em boas condies de arrumao elimpeza, sendo que os compressores de ar devem ser instalados em local isolado e afastadodos trabalhadores. No levantamento de veculos recomendvel a utilizao de macacos dotipo jacar. recomendada, ainda, a utilizao de desparafusadeira de rodas dotada dedispositivo silenciador assim como de mquinas de desmonte de pneus. Nas atividades deenchimento de pneus obrigatria a utilizao de dispositivo de proteo do tipo gaiola,de modo a afastar o borracheiro das proximidades da operao de enchimento. O esmerildeve ser dotado de proteo mecnica de 180 graus na parte superior do rebolo. A guautilizada para teste de vazamento de cmara deve ser substituda no mnimo semanalmente.No local deve haver disposio dos trabalhadores culos de segurana, protetor auriculare mscara contra p. As empresas devem orientar os trabalhadores deste setor quanto aolevantamento adequado de peso (2).Entre as 22 empresas inspecionadas, em relao aos equipamentos disponveis na borracharia, 4 (18,2%) utilizavam o macaco tipo jacar, 7 (31,8%) utilizavamdesparafusadeira de rodas, 10 (45,5%) utilizavam dispositivo de proteo do tipo gaiolae 17 (77,3%) utilizavam mquina de desmonte de pneus. Em 15 (68,2%) o esmeril no eradotado de proteo mecnica adequada e em 5 (22,7%) a situao dos compressores erairregular. O treinamento sobre levantamento adequado de peso foi fornecido apenas em 3(13,6%) das empresas.

    Condies de armazenagem e de abastecimento de lquidos combustveisOs tanques de combustveis de superfcie devem ser de concreto ou ao, devendo serinstalados em reas externas, bem ventilada e longe de fontes de calor. Os tanques devemser circundados por diques, muros de proteo ou outro meio que impea o derramamentode combustvel em caso de vazamento, devem ser devidamente aterrados e dotados dedispositivos (suspiros) que liberem presses internas excessivas. A rea onde estolocalizados os tanques deve ser bem iluminada e devidamente sinalizada, alm de dispor deextintores adequados e em quantidade suficiente (2).Entre as 22 empresas inspecionadas, em 13 (59,1%) foi verificado algum tipo deirregularidade relacionada com os tanques de combustveis.

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    Equipamentos de Proteo Individual - EPIsDe acordo com a NR-6 da Portaria 3214/78, a empresa obrigada a fornecer aosempregados, gratuitamente, Equipamento de Proteo Individual (EPI) adequado ao risco,em perfeito estado de conservao e funcionamento. Considera-se EPI, todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado proteo de riscos

    suscetveis de ameaar a segurana e a sade no trabalho. No caso das garagens, oempregador deve fornecer aos trabalhadores os EPIs adequados, de acordo com o dispostono checklist em anexo.Em todas as 22 empresas inspecionadas foi verificado algum tipo de irregularidaderelacionada com o fornecimento e utilizao dos equipamentos de proteo individual,especialmente culos de proteo, protetores auditivos, protetores respiratrios e cintos desegurana.

    Resultados da ao fiscalAps inspeo preliminar, todas as empresas foram notificadas para sanar asirregularidades verificadas. Neste sentido, foram emitidos 22 Termos de Notificao (TN)que continham um total de 393 itens irregulares. Cada empresa recebeu uma notificaoque continha, em mdia, 18 itens para serem devidamente regularizados.Estudando-se as irregularidades segundo as Normas Regulamentadoras (NRs) infringidas,verificou-se que todas as empresas apresentavam irregularidades relacionadas com asnormas n 6, 8, 24 e 26. Em 20 (90,9%) a irregularidade relacionava-se NR-12, em 19(86,4%) com a NR-17, em 18 (81,8%) com a NR-4, em 16 (72,7%) com a NR-9, em 13(59,1%) com a NR-20, em 12 (54,5%) com as NRs 5 e 10, em 8 (36,4%) com a NR-23 eem 6 (27,3%) com a NR-7.

    CONCLUSESAs garagens de empresas de transporte coletivo urbano caracterizam-se pela diversidade deatividades e de tarefas desenvolvidas num mesmo local de trabalho, objetivando a guarda ea manuteno dos veculos utilizados na operao de um sistema municipal de transportecoletivo. Essas atividades envolvem, alm de servios administrativos, os servios dearmazenagem e abastecimento de combustveis, limpeza, lavagem e higienizao deveculos e de peas, manuteno mecnica e eltrica, servios de solda, chaparia e pintura,recauchutagem de pneus, servios de borracharia, movimentao, controle e guarda deveculos, entre outros.Em funo dessa diversidade de tarefas e atividades, foi possvel identificar a ocorrnciados mais variados riscos ambientais, sejam eles qumicos, fsicos ou biolgicos. Almdestes, foi verificado tambm a ocorrncia de riscos ergonmicos assim como situaes deriscos de acidentes de trabalho.Utilizando-se um questionrio padronizado (checklist) foi possvel realizar um detalhadolevantamento dos riscos ocupacionais existentes nas garagens assim como evidenciar asirregularidades relacionadas com o descumprimento das Normas Regulamentadoras (NRs)de Segurana e Sade no Trabalho. A utilizao do questionrio padro possibilitou reuniras informaes necessrias para estabelecer o diagnstico da situao de segurana e sade

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    no trabalho na empresa. A partir destas informaes, as empresas foram devidamentenotificadas para sanar tais irregularidades.Diante do grande nmero e darelevncia das situaes de risco verificadas, os resultadosdo presente trabalho apontam a importncia da implementao, por parte dosempregadores, de aes e programas objetivando a preveno e o controle da exposio

    ocupacional aos riscos qumicos, fsicos, biolgicos, ergonmicos e de acidentes.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    1. BRASIL. MPAS Ministrio de Previdncia e Assistncia Social. Base de DadosHistricos do Anurio Estatstico da Previdncia Social AEPS Infologo.Braslia: MPAS, 2002. (fonte: http://200.244.136.149/infologo/inicio.htm )

    2. BRASIL. MTE Ministrio do Trabalho e Emprego. Departamento de Segurana eSade no Trabalho (DSST). Garagens de Empresas de Transporte Coletivo Urbano deSo Paulo. Srie Convenes Coletivas sobre Segurana e Sade; n.2. Braslia : MTE,DSST, 1999.

    3. BRASIL. MTE - Ministrio do Trabalho e Emprego. Secretaria de Segurana e Sadeno Trabalho (SSST). Legislao de Segurana e Sade no Trabalho. Braslia : MTE,SSST, 1999.

    4.

    USA. CDC Center for Disease Control and Prevention. Epidemiology ProgramOffice. Division of Public Health Surveillance and Informatics. Epi Info 2000 Version1.0.5. Atlanta,Georgia, USA : 2002 (fonte: www.cdc.gov/epiinfo/ei2000.htm )

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    Tabela 01 Distribuio das empresas inspecionadas segundonmero de empregados

    N de empregados N de empresas %

    201 a 400 7 31,8

    401 a 600 4 18,2

    601 a 800 6 27,3

    801 a 1.000 4 18,2

    Acima de 1.000 1 4,5

    Total 22 100,0

    y Total geral de empregados = 13.222y Mdia de empregados por empresa = 601

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    Tabela 02 Distribuio das irregularidades verificadas nas empresasinspecionadas

    Irregularidades N deempresas %

    SESMT subdimensionado 15 68,2

    CIPA - no constituio ou no funcionando 2 9,1

    Mapa de Risco - no elaborao 13 59,1

    PPRA no elaborao 1 4,5

    PPRA implementao parcial 21 95,5

    PCMSO no elaborao 1 4,5

    PCMSO implementao parcial 5 22,7Ptio da garagem

    Piso com irregularidades 9 40,9

    Sinalizao insuficiente 20 90,9Higiene e Conforto

    Sanitrios com irregularidades 13 59,1

    Vestirios com irregularidades 13 59,1

    Refeitrio com irregularidades 7 31,8

    Limpeza geral insuficiente 2 9,1Trabalho nas laterais e teto dos veculos

    Escadas/bancadas irregulares 17 77,3

    No utiliza cinto de segurana 21 95,5Apoio de veculos

    Calos irregulares 9 40,9

    Cavaletes (preguias) irregulares 5 22,7

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    Irregularidades N deempresas

    %

    Valetas de servio

    Valetas com irregularidades 15 68,2Falta de guia para pneus 15 68,2

    Falta de isolamento quando fora de uso 19 86,4Borracharia

    Falta de treinamento sobre levantamento de pesos 19 86,4

    Sem macaco do tipo jacar 18 81,8

    Sem mquina desparafusadeira 15 68,2

    Esmeril sem proteo 15 68,2

    Sem dispositivo para enchimento de pneus (gaiola) 12 54,5

    Sem mquina de desmontar pneus 5 22,7

    Compressores com irregularidades 5 22,7

    rea de lavagem de peas com irregularidades 13 59,1

    Tanques de combustveis com irregularidades 13 59,1

    EPI no fornecimento / no utilizao 22 100,0

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    Tabela 03 Distribuio das irregularidades verificadas, segundo NormaRegulamentadora infringida

    NR infringidas N deempresas

    %

    6 8 24 - 26 22 100,0

    12 20 90,9

    17 19 86,4

    4 18 81,8

    9 16 72,7

    20 13 59,1

    5 - 10 12 54,5

    23 8 36,4

    7 6 27,3

    y Total de Notificaes = 22y Total itens notificados = 393y Mdia itens notificados por empresa = 18

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    CHECKLIST AVALIAO DE GARAGEM DE EMPRESADE TRANSPORTE COLETIVO URBANO DE PASSAGEIROS

    SALVADOR - BAHIA

    N. :___________

    _____/____/200__

    1. EMPRESA

    Razo Social:

    CNPJ: CNAE: N. EMP.: T: MU: ME:

    Endereo (Rua, n., bairro, CEP)

    2. SESMT[ ] SIM [ ] NO COMPOSIO:

    FUNCIONAMENTO:

    3. CIPA[ ] SIM [ ] NO COMPOSIO:

    FUNCIONAMENTO:

    4. MAPA DE RISCOS[ ] SIM [ ] NO

    OBS.:

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    5. PPRA[ ] SIM [ ] NO

    IMPLEMENTAO:

    AVALIAO ANUAL:

    6. PCMSO[ ] SIM [ ] NO

    IMPLEMENTAO:

    AVALIAO ANUAL:

    7. PTIO / PISO SIM NOPiso compactado?Recoberto com cascalho?Com inclinao para drenagem?H gerao de p?H formao de barro nas chuvas?H formao de poas dgua nas chuvas?O pavimento (ou torna-se) escorregadio?

    8. PTIO / ILUMINAO * (Geral = mnimo de 20 Lux)[ ] Boa [ ] Regular [ ] Inadequada

    OBS.:

    9. PTIO / SINALIZAO SIM NODelimitao de reas para veculos?

    Delimitao de reas para pessoas?(faixas amarelas/correntes/placas/cavaletes)OBS.:

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    10. INSTALAES SANITRIASSeparadas por sexo? [ ] Sim [ } No

    Higienizao: [ ] Boa [ ] Regular [ ] InadequadaMasculino Feminino

    y Nmero de vasosy Nmero de lavatriosy Nmero de chuveirosy Piso:y Paredes:y Porta:y OBS.:

    11.VESTIRIOSeparados por sexo? [ ] Sim [ } No

    Higienizao: [ ] Boa [ ] Regular [ ] Inadequada

    Masculino Femininoy rea:y Piso:y Paredes:y Porta:y Nmero de armrios simplesy Nmero de armrios duplosy OBS.:

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    12.REFEITRIO[ ] Sim [ ] No rea:

    Boa Regular InadequadaHigienizao [ ] [ ] [ ]

    Iluminao [ ] [ ] [ ]

    Ventilao [ ] [ ] [ ]

    Lavatrio: [ ] Sim [ ] No

    gua potvel [ ] Sim [ ] No Tipo:

    OBS.:

    13.HIGIENIZAO E LIMPEZA DOS LOCAIS DE TRABALHOVarrio diria? [ ] Sim [ ] No

    Lavagem? [ ] Sim [ ] No Periodicidade:

    OBS.:

    14.PREVENO DE QUEDAS NAS ATIVIDADESNO TETO DO VECULO SIM NO

    Existe escada dotada de guarda-corpo para acesso s laterais e ao teto

    dos veculos?Para o trabalho no teto dos veculos, utiliza-se cinto de segurana presoem trilhos ou cabos de ao fixos ao teto do galpo?OBS.:

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    15. APOIO DE VECULOS SIM NOSo utilizados calos de metal ou madeira para impedir o deslocamentodos pneus?Para os trabalhos com o veculo elevado acima do nvel do solo utilizam-

    se apoios tipo cavaletes de ferro ou ao, com cantoneiras que impeam odeslizamento do veculo?As valetas so dotadas de equipamentos de elevao mecnica acoplados?OBS.:

    16. LAVAGEM DE PEAS SIM NOP direito de 2,00 metros?Circulao adequada de ar?

    Paredes revestidas com material impermevel?Iluminao adequada?Piso em chapa de metal vazado?Mureta de proteo revestida de azulejo?Compressor em rea isolada e protegido do lado de fora do setor?Sistema de escoamento de guas servidas?Tanque para imerso de peas dotado de tampas?OBS.:

    17. VALETAS SIM NONmero mnimo de 1 (uma) valeta para cada 130 veculos?Dimenso de 1,10 a 1,40 m. de profundidade e 0,80 a 1,10 m. de largura?Paredes laterais revestidas de material impermevel?Piso de chapa de metal vazado?Drenagem das valetas: Natural

    MecnicaGuia para pneus junto s paredes verticais?Acesso atravs de: Escadas

    RampasOutros (Quais?)

    Existe suporte dotado de degraus para adequar a altura do funcionrio aoveculo?Iluminao: Artificial nas paredes laterais

    Suplementar mvel (cordo)As valetas, quando no esto sendo utilizadas, permanecem isoladas?

    Como? [ ] Correntes [ ] Faixas [ ] Grades [ ] Cones[ ] Fechada [ ] Outros (Quais?)

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    18. BORRACHARIA SIM NONo levantamento dos veculos, so utilizados macacos do tipo jacar?A desparafusadeira de rodas tem dispositivo silenciador?Existem mquinas de desmonte de pneus?

    So utilizados carrinhos para o transporte de pneus?Os trabalhadores do setor so orientados quanto ao levantamentoadequado de peso?Existe dispositivo para enchimento de pneus, de modo a afastar oborracheiro das proximidades da operao de enchimento?Os compressores de ar esto instalados em local isolado, de modo que ostrabalhadores no permaneam prximo dos mesmos?O esmeril dotado de proteo mecnica de 180 na parte superior dorebolo?A gua utilizada para teste de vazamento de cmaras substitudasemanalmente?

    OBS.:

    19. TANQUES DE COMBUSTVEIS SIM NO

    Os tanques de superfcie so de concreto ou ao?Os tanques esto instalados em reas externas, bem ventilada e longe defontes de calor?

    A localizao dos tanques obedece ao estabelecido na NR-20 (Tabela A)?

    A distncia entre dois tanques superior a 1,00 metro?Os tanques de superfcie so dotados de dispositivos (suspiros) queliberem presses internas excessivas, causadas pela exposio fonte decalor?

    Os tanques esto devidamente aterrados?Os tanques so circundados por diques, muros de proteo ou outro meioque impea o derramamento de combustvel em caso de vazamento?

    Existe iluminao adequada no local dos tanques?Existe sinalizao e orientao no permitindo o uso de cigarros em reasonde o combustvel esteja sendo usado, manipulado ou estocado?No local dos tanques existe extintores adequados e em quantidadesuficiente?OBS.:

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    20. EQUIPAMENTOS DE PROTEO INDIVIDUAL EPIs

    POSTO DE TRABALHO EQUIPAMENTO DE PROTEO - EPI SIM NO

    y TODOS DA OFICINA Calados dotados de biqueira de proteo* (pelo menos um par por ano)Cala e camisa ou macaco*(pelo menos dois por ano)

    y FUNILEIROculos de segurana

    Protetor auricular tipo concha

    Luvas de raspa

    y SOLDADOR Mscara ou elmo de proteo facial dotado delentes especficas para soldas

    y PINTORMscara com filtro mecnico e qumico paratintas e solventes

    culos de segurana

    Protetor auricular tipo concha

    y LETRISTAMscara com filtro mecnico e qumico paratintas e solventes

    Capa longa impermevel

    Luvas de PVC ou similar

    y LAVADORCapa longa impermevel

    Luvas de PVC ou similar

    Bota de cano longo*(pelo menos um par por ano)

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    y BORRACHEIRO

    Mscara contra p

    culos de segurana

    Protetor auricular tipo conchaLuvas de raspa

    Os EPIs possuem Certificados de Aprovao (CA)?

    Existe em estoque um nmero suficiente de EPIs para reposio imediata,quando necessria?

    21. CONCLUSES / CONDUTAS