18
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM VIGILÂNCIA SANITÁRIA Garantia da Qualidade na Área de Produção em Indústria de Cosméticos Hevelly Hydeko Hashimoto¹ Kleber Vânio Gomes Barros² ¹ Farmacêutica. Aluna da Pós-Graduação em Vigilância Sanitária, pela Universidade Católica de Goiás/IFAR. ² Orientador: Farmacêutico pela Universidade Federal da Paraíba e Mestre em Engenharia Química pela Unicamp-SP; [email protected] Resumo O presente trabalho foi realizado com base em uma revisão bibliográfica focada na implementação da Garantia da Qualidade na Indústria de Cosméticos na área da Produção. Para isso, foram elucidados os principais itens para elaboração de um manual prático e conciso com intuito de auxiliar no cotidiano desse setor, focando nas etapas consideradas críticas para o sucesso do produto final. Sendo assim, os objetivos primordiais foram a preparação das documentações necessárias, a prevenção e a eliminação das Contaminações Cruzadas e a determinação de requisitos para aprovação de lote. Com isso, será certificado que o produto acabado é seguro e de qualidade, ou seja, que não provocará danos à saúde e atenderá à principal necessidade que justificou seu uso. Palavras-chave: Garantia da Qualidade. Cosméticos. Indústria. Produção. Quality Assurance in Production Area in Cosmetics Industry Abstract This paper was based on a literature review focused on implementation of Quality Assurance in Cosmetics Industry in the area of production. Thus, it was elucidated the main items to prepare a manual handy and concise in order to assist with everyday in this industry, focusing on the steps considered critical to the success of the final product. Thus, the primary objectives were to prepare the necessary documentation, prevention and elimination of cross contamination and determining requirements for approval of lot. With this certificate is that the finished product is safe and of quality, ie it will not cause harm to health and meet the primary need that justified its use. Key-words: Quality Assurance. Cosmetics. Industry. Production.

Garantia Da Qualidade Na Área de Produção Em Indústria de Cosméticos

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Garantia Da Qualidade Na Área de Produção Em Indústria de Cosméticos

Citation preview

  • PONTIFCIA UNIVERSIDADE CATLICA DE GOIS

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM VIGILNCIA SANITRIA

    Garantia da Qualidade na rea de Produo em Indstria de Cosmticos

    Hevelly Hydeko Hashimoto

    Kleber Vnio Gomes Barros

    Farmacutica. Aluna da Ps-Graduao em Vigilncia Sanitria, pela Universidade Catlica de Gois/IFAR.

    Orientador: Farmacutico pela Universidade Federal da Paraba e Mestre em Engenharia Qumica pela

    Unicamp-SP; [email protected]

    Resumo O presente trabalho foi realizado com base em uma reviso bibliogrfica focada na implementao da Garantia

    da Qualidade na Indstria de Cosmticos na rea da Produo. Para isso, foram elucidados os principais itens

    para elaborao de um manual prtico e conciso com intuito de auxiliar no cotidiano desse setor, focando nas

    etapas consideradas crticas para o sucesso do produto final. Sendo assim, os objetivos primordiais foram a

    preparao das documentaes necessrias, a preveno e a eliminao das Contaminaes Cruzadas e a

    determinao de requisitos para aprovao de lote. Com isso, ser certificado que o produto acabado seguro e

    de qualidade, ou seja, que no provocar danos sade e atender principal necessidade que justificou seu uso.

    Palavras-chave: Garantia da Qualidade. Cosmticos. Indstria. Produo.

    Quality Assurance in Production Area in Cosmetics Industry

    Abstract This paper was based on a literature review focused on implementation of Quality Assurance in Cosmetics

    Industry in the area of production. Thus, it was elucidated the main items to prepare a manual handy and concise

    in order to assist with everyday in this industry, focusing on the steps considered critical to the success of the

    final product. Thus, the primary objectives were to prepare the necessary documentation, prevention and

    elimination of cross contamination and determining requirements for approval of lot. With this certificate is that

    the finished product is safe and of quality, ie it will not cause harm to health and meet the primary need that

    justified its use.

    Key-words: Quality Assurance. Cosmetics. Industry. Production.

  • 1 Introduo

    Os desenvolvimentos tcnicos e cientficos dos ltimos sculos tm permitido uma

    maior abrangncia para o atendimento das necessidades bsicas da crescente populao

    humana. A melhora da qualidade de vida e, consequentemente, da longevidade da populao,

    esto intimamente relacionadas ao cuidado com a sade, o que abrange uma boa alimentao

    e hbitos de higiene. Somando-se a isso, o aumento geral da renda da populao brasileira faz

    com que homens e mulheres dediquem mais tempo, recursos e esforos ao cuidado com a

    aparncia pessoal. Sendo assim, os cosmticos so diariamente consumidos por uma grande

    parte da populao brasileira, fato esse que levou o Brasil, no ano de 2008, a ser considerado

    o segundo maior consumidor de produtos de beleza do mundo, perdendo apenas para os

    Estados Unidos (BISPO, 2008).

    Com a ampliao e intensificao da produo e da comercializao de produtos de

    sade no mercado mundial, evidenciou-se a necessidade de tambm intensificar a ao

    reguladora por parte do Estado. Foi nesse sentido que surgiu a ao da Vigilncia Sanitria

    como um poder-dever do Estado em defesa da sade do consumidor (BRASIL, 1999a), em

    que se destaca a Lei N 6.360, de 23 de setembro de 1976. Essa Lei dispe sobre a Vigilncia

    Sanitria a que ficam sujeitos os medicamentos, as drogas, os insumos farmacuticos e

    correlatos, cosmticos, saneantes e outros produtos, e d outras providncias. (BRASIL,

    1976). Essa atribuio do Estado est prevista na Constituio da Repblica Federativa do

    Brasil de 1998, que dispem em seu Artigo 200 que compete ao Sistema nico de Sade

    (SUS) controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substncias de interesse para a sade e

    executar as aes de Vigilncia Sanitria (BRASIL, 1988).

    Em seguida, no ano de 1999, por meio da Lei 9.782, foi definido o Sistema

    Nacional de Vigilncia Sanitria e criada a Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria

    (ANVISA). Esta uma autarquia sob regime especial, vinculada ao Ministrio da Sade, com

    sede no Distrito Federal e com atuao em mbito nacional. Tem como finalidade

    institucional, prevista em seu 6, a de promover a proteo da sade da populao, por

    meio do controle sanitrio da produo, da comercializao, dos ambientes, dos processos,

    dos insumos e das tecnologias relacionados aos produtos sujeitos Vigilncia Sanitria. Essa

    Lei define os referidos produtos em seu Art. 8 1, que por suas caractersticas envolvem

    riscos sade da populao, e, dentre os citados, tem-se os cosmticos (BRASIL, 1999a).

  • Porm, a definio correta e completa de cosmticos, bem como de produtos de

    higiene pessoal e perfumes, encontra-se na Resoluo da Diretoria Colegiada- RDC N 211 de

    14 de julho de 2005, que assim discorre (BRASIL, 2005, p.4):

    Preparaes constitudas por substncias naturais ou sintticas, de uso externo nas

    diversas partes do corpo humano, pele, sistema capilar, unhas, lbios, rgos

    genitais externos, dentes e membranas mucosas da cavidade oral, com o objetivo

    exclusivo ou principal de limp-los, perfum-los, alterar sua aparncia e/ou corrigir

    odores corporais e/ou proteg-los ou mant-los em bom estado.

    Assim, a ANVISA responsvel pela autorizao de comercializao de artigos de

    higiene pessoal, cosmticos e perfumes, mediante a concesso de Registro ou Notificao.

    Alm disso, tambm fiscaliza e estabelece normas para as empresas fabricantes, verificando o

    processo de produo, as tcnicas e os mtodos empregados at o consumo final (BRASIL,

    1976). Em contrapartida, a Resoluo RDC N 211 juntamente com a Cmara Tcnica de

    Cosmticos da ANVISA (CATEC/ANVISA) so quem controlam a comercializao e a

    produo de Cosmticos no Brasil (BRASIL, 2005).

    Foi no sentido de garantir a segurana e qualidade desses produtos que, em 31 de

    Outubro de 2006, a Gerncia Geral de Inspeo e Controle de Medicamentos e Produtos-

    GGIMP da ANVISA elaborou Guias Relacionados Garantia de Qualidade com o objetivo

    de orientar o Setor Regulado sobre o cumprimento das Boas Prticas de Fabricao-BPF, bem

    como todos os inspetores do Setor Oficial quanto verificao do cumprimento das mesmas.

    No entanto, os referidos Guias no so Regulamentos, sendo assim, cada empresa avaliar a

    adequao do contedo dos mesmos com a aplicabilidade no seu dia a dia, por sua conta e

    risco (BRASIL, 2006a).

    Alm disso, com intuito de tornar disponveis as informaes relacionadas ao

    desenvolvimento do setor de Garantia da Qualidade em uma Indstria Cosmtica, foram

    elaboradas normas e diretrizes pela ANVISA que norteiam a implementao, a manuteno e

    a inspeo de todas as fases que englobam a produo de cosmticos por meio de aes

    sistemticas e precisas que asseguram que determinado produto (ou servio) satisfaa as

    exigncias quanto a sua qualidade. De forma paralela, uma vez que no existe ainda uma

    legislao especfica para Cosmticos, se deu a elaborao da Resoluo RDC N. 17, de 16

    de Abril de 2010 que dispe sobre as Boas Prticas de Fabricao (BPF) de Medicamentos, e

    formaliza a internalizao da Resoluo GMC n 15/09 que dispunha sobre Boas Prticas de

    Fabricao de Produtos Farmacuticos e Mecanismo de Implementao no mbito do

    MERCOSUL, estabelecendo, assim, a adoo do Relatrio n 37 da OMS (WHO Technical

    Report Series 908), publicado no ano 2003 (BRASIL, 2010).

  • No que concerne aos aspectos administrativos, tem-se que para o funcionamento

    das empresas que pretendem exercer atividades de extrair, produzir, fabricar, transformar,

    sintetizar, embalar, reembalar, importar, exportar, armazenar, expedir e distribuir produtos de

    higiene, cosmticos e perfumes, produtos estes constantes na Lei N 6.360/76 e Decreto N

    79.094/77 que em suma dispem sobre a Vigilncia Sanitria a que ficam sujeitos esses

    proustos; devem, segundo a Lei N 9.782/99 e Decreto N 3.029/99 que definem e

    regulamentam, respectivamente, o Sistema Nacional de Vigilncia Sanitria, adquirir a

    Autorizao da ANVISA e devem possuir uma Autorizao de Funcionamento de Empresa-

    AFE (BRASIL, 2006a).

    Alm disso, para cada categoria, seja fabricante local, importador, transportador ou

    distribuidora, existem exigncias especiais, cujos documentos a serem submetidos esto

    listados na Resoluo RDC N 183 de 5 de outubro de 2006. Exige-se, tambm, uma

    Alterao da Licena de Operao sempre que haja uma mudana no nome registrado, na

    localizao das instalaes de fabricao ou de armazenamento, no responsvel tcnico ou do

    representante legal ou por incorporao da companhia (BRASIL, 2006b).

    Devido a necessidade da adequao documental e sanitria exposta acima, esse

    trabalho tem o intuito de apontar os principais tpicos que devem ser abordados para a

    elaborao do manual de Garantia da Qualidade que possa atender s necessidades do setor de

    Produo na Indstria de Cosmticos, e sanar eventuais dvidas quanto ao procedimento

    correto em cada situao, para reduzir, eliminar e, o mais importante, prevenir falhas na

    qualidade.

    2 Metodologia

    Para a elaborao deste trabalho foi realizada uma reviso bibliogrfica cujas

    principais fontes de pesquisa foram as informaes relacionadas implementao da Garantia

    da Qualidade enunciadas nas Portarias do Ministrio da Sade - MS e nas RDCs da

    ANVISA, bem como nas Leis conexas que englobam as Boas Prticas de Fabricao de

    Cosmticos e o sistema de Vigilncia Sanitria a que esto submetidos. De forma secundria,

    foram realizadas pesquisas em livros, artigos cientficos da rea Farmacutica e materiais

    idneos de diversas indstrias farmacuticas publicados em base eletrnica.

  • 3 Discusso 3.1 Garantia de Qualidade Na Indstria Farmacutica, gesto da qualidade funo da administrao superior

    que tem como funo determinar e implementar a "poltica de qualidade", ou seja, as

    intenes e diretrizes gerais da organizao em relao qualidade. Com isso, so definidos

    seus elementos bsicos que devero ser documentados e ter sua efetividade monitorada. Como

    exemplo, tem-se como pontos principais: uma infra-estrutura apropriada ou "sistema de

    qualidade", englobando estrutura, procedimentos, processos e recursos organizacionais, e a

    definio das aes sistemticas necessrias para garantir que um produto (ou servio) ir

    satisfazer os requisitos de qualidade. A totalidade dessas aes chamado de garantia de

    qualidade (BRASIL, 2010).

    Os conceitos de garantia da qualidade, BPF e controle de qualidade so

    interrelacionados com a gesto da qualidade. A Garantia de Qualidade, aplicada ao presente

    estudo, engloba todas as providncias que garantem a produo de cosmticos dentro dos

    padres de qualidade exigidos e determina todos os assuntos que individualmente ou

    coletivamente possam influenciar a qualidade de um produto. Dessa forma, a Garantia da

    Qualidade incorpora a BPF (BRANDO, 2009; BRASIL, 2010).

    Assim, a RDC N 17/2010, em seu Art. 11, determina que o sistema de garantia da

    qualidade apropriado fabricao de medicamentos deve assegurar que (BRASIL, 2010, p.9):

    I - os medicamentos sejam planejados e desenvolvidos de forma que sejam

    consideradas as exigncias de BPF e outros requisitos, tais como os de boas

    prticas de laboratrio (BPL) e boas prticas clnicas (BPC);

    II - as operaes de produo e controle sejam claramente especificadas em

    documento formalmente aprovado e as exigncias de BPF cumpridas;

    III - as responsabilidades de gesto sejam claramente especificadas nas descries

    dos cargos;

    IV - sejam tomadas providncias para a fabricao, distribuio e uso correto de

    matrias-primas e materiais de embalagem;

    V - sejam realizados todos os controles necessrios nas matrias-primas, produtos

    intermedirios e produtos a granel, bem como outros controles em processo,

    calibraes e validaes;

    VI - o produto terminado seja corretamente processado e conferido em

    consonncia com os procedimentos definidos;

    VII - os medicamentos no sejam comercializados ou distribudos antes que os

    responsveis tenham se certificado de que cada lote de produo tenha sido

    produzido e controlado de acordo com os requisitos do registro e quaisquer

    outras normas relevantes produo, ao controle e liberao de

    medicamentos;

  • VIII - sejam fornecidas instrues e tomadas as providncias necessrias para

    garantir que os medicamentos sejam armazenados pelo fabricante, distribudos

    e subseqentemente manuseados, de forma que a qualidade seja mantida por

    todo o prazo de validade;

    IX - haja um procedimento de auto-inspeo e/ ou auditoria interna de qualidade

    que avalie regularmente a efetividade e aplicabilidade do sistema de garantia

    da qualidade;

    X - os desvios sejam relatados, investigados e registrados;

    XI - haja um sistema de controle de mudanas; e

    XII - sejam conduzidas avaliaes regulares da qualidade de medicamentos, com

    o objetivo de verificar a consistncia do processo e assegurar sua melhoria

    contnua.

    A fim de reduzir, eliminar e, o mais importante, prevenir alguma falha na qualidade

    do produto, um conjunto completo de atividades deve ser seguido, principalmente, pelo

    Departamento de Produo e, em carter complementar, pelos demais departamentos ligados

    a este de forma direta ou indireta, englobando todas as atividades da indstria (BRASIL,

    1997).

    Dessa forma, um sistema apropriado da Garantia da Qualidade adaptado

    fabricao de Cosmticos deve assegurar, de forma geral, que sejam realizados,

    principalmente (BRANDO, 2009):

    Antes da Produo Na Produo Aps a Produo

    Classificao dos

    fornecedores de materiais

    Elaborao e desenvolvimento

    de Cosmticos segundo as BPF

    Controle na liberao de lotes

    para anlise

    Controle das matrias primas Controle da Contaminao

    cruzada

    Controle na liberao de lotes

    para venda

    Controle em

    processo, calibraes e

    validaes

    Especificao das operaes

    realizadas por escrito segundo as

    BPF

    Providncias para garantir que a

    qualidade seja mantida por

    todo prazo de validade

    Controle no tratamento de

    gua e ar

    Processamento e conferncia de

    produto acabado

    Implementao de um sistema

    de rastreamento dos produtos

    com desvio de qualidade

    Fonte: BRANDO, 2009.

    3.1.1 Documentaes Necessrias

    Em qualquer empresa, os documentos so indispensveis para se evitar erros

    provenientes da comunicao essencialmente verbal. Por isso, devem ser designados os

    funcionrios responsveis pela sua emisso, outros pelo seu efetivo uso e atualizao e outros

    pelo seu arquivamento (BRASIL, 1997). Sendo assim, os documentos devem ser redigidos,

    revisados, aprovados e distribudos somente a pessoas designadas (BRASIL, 2010).

  • Dessa maneira, a documentao determina as especificaes de todos os materiais e

    os mtodos de fabricao e controle, a fim de assegurar que todo pessoal envolvido na

    fabricao saiba decidir o que, como e quando fazer (BRASIL, 2010).

    Quanto a sua finalidade, a documentao garante que a pessoa designada saiba

    decidir acerca da liberao de determinado lote para venda, possibilita um rastreamento

    quando necessrio e assegura a disponibilidade dos dados necessrios para validao, reviso

    e anlise estatstica. Por isso, todos os documentos devem ser corretamente arquivados e

    devem estar facilmente disponveis (BRASIL, 2010).

    No caso de uma Indstria destinada fabricao de produtos farmacuticos, os

    documentos essenciais so, em suma, para a rea de produo, relacionados s seguintes

    instrues (BRASIL, 1997):

    Aferio/calibrao de equipamentos para pesagem de matrias primas;

    Inspeo de mquinas e equipamentos;

    Ordem de Produo

    Enchimento/acondicionamento em embalagem;

    Limpeza e desinfeco de mquinas antes e aps o uso.

    Diante do exposto acima, fica clara a importncia de se mencionar qualquer tipo de

    alterao que venha a ocorrer em algum procedimento documentado. Sendo assim, devem-se

    relatar os motivos, a data e o responsvel pelas dadas alteraes, seguida de sua assinatura

    (BRASIL, 1997). Alm disso, todos os registros devem ser retidos por, pelo menos, um ano

    aps o vencimento do prazo de validade do produto terminado (BRASIL, 2010).

    A documentao mais importante com relao manuteno da Garantia de

    Qualidade dos produtos , sem dvidas, a relativa s Regras de Fabricao. Estas devem ser

    precisas e detalhadas para todas as operaes, alm de conter o nmero interno ou

    identificao adotada pela empresa para localizao de determinado lote (BRASIL, 1997).

    Dessa forma, esse tema ser abordado de forma mais aprofundada nos tpicos a seguir.

    3.1.2 Ordem de Produo

    Primeiramente, deve-se ter a certeza da validao do processo para determinados

    tamanhos de lote e, a partir disso, deve-se elaborar uma ordem de produo fiel da frmula

    padro/mestre. Esse documento deve ser preenchido a tinta e sem rasuras. Caso sejam

    necessrias correes, deve-se anular a informao errada com um risco e em seguida retific-

  • la, seguida da rubrica da pessoa que alterou as informaes. Deve ser registrada a data de

    ocorrncia de cada etapa de maneira imediata ou concomitante obteno dos dados ou

    execuo das atividades, bem como seus tempos de execuo, quando este puder influenciar a

    qualidade do produto (BRASIL, 2006).

    Alm disso, essa documentao deve conter, no mnimo, as seguintes informaes

    (BRASIL, 2006, p.54-55):

    I - O nome do produto com o cdigo de referncia relativo sua especificao;

    II - Descrio da forma farmacutica, concentrao do produto e tamanho do lote;

    III - Lista de todas as matrias-primas a serem utilizadas (com suas respectivas DCB

    ou DCI); com a quantidade utilizada de cada uma, usando o nome genrico e

    referncia que so exclusivos para cada material e o(s) nmero(s) de lote de cada

    matria-prima, registro dos clculos de correo, quando necessrios, explicao das

    correes efetuadas e justificativa. Deve ser feita meno a qualquer substncia que

    possa desaparecer no decorrer do processo;

    IV - Declarao do rendimento final esperado, com os limites aceitveis, e dos

    rendimentos intermedirios, quando for o caso;

    V - Rendimentos reais obtidos;

    VI - Indicao do local de execuo das atividades e dos equipamentos a serem

    utilizados;

    VII - Os mtodos (ou referncia aos mesmos) a serem utilizados no preparo dos

    principais equipamentos, como limpeza (principalmente aps mudana de produto),

    montagem, calibrao, esterilizao e manuteno;

    VIII - Instrues detalhadas das etapas a serem seguidas na produo (verificao

    dos materiais, pesagem, pr-tratamentos, a seqncia da adio de materiais, tempos

    de mistura, temperaturas);

    IX - Instrues relativas a quaisquer controles em processo com seus limites de

    aceitao;

    X - Exigncias relativas ao acondicionamento dos produtos, inclusive sobre o

    recipiente, rotulagem e a quaisquer condies especiais de armazenamento;

    XI - Quaisquer precaues especiais a serem observadas;

    XII - Anotaes quanto a problemas especficos, com assinatura do supervisor para

    qualquer desvio;

    XIII - Referncias cruzadas a procedimentos operacionais relacionados.

    Durante o processo de fabricao, as operaes desempenhadas devem seguir com

    exatido o determinado na Ordem de Produo e respectivo procedimento operacional padro

    (POP). Este deve estar disponvel para todas as etapas de produo e deve ser regularmente

    revisto e atualizado (BRASIL, 2006; BRASIL, 2010).

    Assim, a RDC N 17 faz referncia s informaes que devem estar presentes nos

    registros dos lotes de produo e, de forma complementar relao supracitada, tem-se: datas e

    horrios de incio e trmino das principais etapas intermedirias de produo; nome da pessoa responsvel por

    cada etapa da produo; identificao do(s) operador(es) das diferentes etapas de produo e, quando apropriado,

    da (s) pessoa (s) que verifica (m) cada uma dessas operaes; qualquer operao ou evento relevante observado

    na produo e os principais equipamentos utilizados; e observaes sobre problemas especiais, incluindo

    detalhes como a autorizao assinada para cada alterao da frmula de fabricao ou instrues de produo

    (BRASIL. 2010).

  • 3.1.3 Produo de um lote

    Antes de comear uma nova elaborao deve ser certificado que os equipamentos

    estejam limpos (sem qualquer remanescente de processos anteriores) e em boas condies de

    operao. Assim, abaixo esto relacionados os pontos importantes que devem ser observados

    antes da produo propriamente dita, que so (BRASIL, 1997):

    a) Identificar maquinrio necessrio;

    b) Ter a Ordem de Produo e POPs em mo;

    c) Identificar o tamanho do lote;

    d) Saber interpretar o mtodo de operao: sequncias de adio, temperatura,

    velocidades de agitao, tempos, processo de transferncia.

    Primeiramente, o acesso aos locais de fabricao deve ser limitado ao pessoal

    autorizado que ir conduzir e fiscalizar a produo obedecendo aos procedimentos bem

    definidos na BPF (BRASIL, 2010). Alm disso, importante incentivar que se reportem

    irregularidades (como recipientes velhos, rachados) e incidentes de no conformidade que

    podem prejudicar a qualidade do produto, analisando os desvios de qualidade com

    acompanhamento de aes corretivas, melhoria e monitoramento (BRASIL, 1997).

    No momento da produo, todos os recipientes contendo as matrias primas e os

    locais/equipamentos utilizados, devem ser etiquetados com o nome do produto em processo

    de fabricao, sua dosagem (se necessrio) e o nmero do lote. Alm disso, ao lado dos

    equipamentos mais importantes ou mais utilizados, deve ser mantido um caderno de rota

    (log book) mencionando as operaes de uso, de manuteno, de limpeza ou reparao, com

    as datas e os nomes das pessoas que efetuaram cada operao (BRANDO, 2009).

    Alm disso, durante as operaes de produo, devem-se controlar os rendimentos

    por meio de balanos comparativos, realizando, quando necessrio, a adequao de

    quantidades para assegurar que no haja discrepncias fora dos limites aceitveis

    (BRANDO, 2009; BRASIL, 2010).

    Por isso, muitas vezes, as empresas adotam a tcnica de Controle em Processo.

    Estes so testes realizados durante a produo de cada lote com o objetivo de monitorar o

    processo continuamente (BRASIL, 2006).

    Imediatamente aps a fabricao de determinado lote, este deve ser colocado em

    quarentena, fisicamente ou administrativamente, at sua liberao pelo Controle de Qualidade

  • (CQ) (BRANDO, 2009). Ao final do processo, os resultados do CQ, tanto das etapas

    intermedirias quanto do produto acabado, devem ser anexados Ordem de Produo

    (BRASIL, 2006).

    3.1.3.1 Preveno de Contaminaes Cruzadas

    A cada etapa da produo, deve-se assegurar a proteo dos produtos contra

    contaminaes (microbianas, particuladas, cruzadas) (BRANDO, 2009). Dessa forma, as

    instalaes fsicas devem estar dispostas segundo o fluxo operacional contnuo, mantendo a

    sequncia das operaes de produo e aos nveis exigidos de limpeza. Assim, o

    posicionamento lgico e ordenado dos equipamentos e dos materiais minimiza o risco de

    mistura entre diferentes matrias primas, evitando a ocorrncia de contaminao cruzada e

    diminuindo o risco de omisso ou aplicao errnea de qualquer etapa de fabricao ou

    controle (BRASIL, 2010).

    Um dos fatores que necessita ser particularmente controlado a presena ou

    multiplicao de microorganismos que levam deteriorao do produto. O risco de

    contaminao varia de acordo com a natureza do produto (BRASIL, 1999b). Por exemplo,

    quando se compara um perfume a uma emulso, esta um meio mais apropriado para o

    desenvolvimento bacteriano do que o outro. Portanto, cada etapa produtiva deve contemplar o

    risco potencial de contaminao seguida de aes para minimiz-las (BRASIL, 1997).

    Por isso, as instalaes devem ser localizadas, projetadas, construdas, adaptadas e

    mantidas adequando-se s operaes a serem executadas. Dessa forma, deve possibilitar a

    limpeza e manuteno, evitando-se o acmulo de poeira e sujeira ou qualquer efeito adverso

    que possa afetar a qualidade dos produtos (BRASIL, 2011).

    Aumenta-se o risco de contaminao cruzada acidental quando se tm fatores

    externos como: liberao incontrolada de ps, gases, vapores, aerossis, organismos

    provenientes de matrias primas, resduos de materiais e das vestes ou pele dos operadores,

    dentre outros. Assim, devem ser tomadas providncias para o controle apropriado do ar

    (BRASIL, 2010).

    As medidas adotadas para evitar a contaminao cruzada, ainda que sejam eficazes,

    devem ser controladas periodicamente segundo os procedimentos previstos. As principais

    medidas, segundo Brando (2009) e a Resoluo RDC N 17 (BRASIL, 2010), so:

    a) Usar vestimentas protetoras na fabricao de produtos com alto risco de

    contaminao cruzada;

    b) Fazer procedimentos de limpeza e de descontaminao validados;

  • c) Produzir em reas exclusivas e fechadas;

    d) Utilizar antecmaras, diferenciais de presso e insuflamento de ar e sistemas de

    exausto;

    e) Etiquetar aparelhos/materiais mencionando o status limpo e no limpo do

    material.

    Outra maneira de evitar a contaminao cruzada em todas as reas produtivas,

    inclusive na pesagem, equipar o ambiente com filtros HEPA classe 100.000. O ar filtrado

    fornecido distintamente aos mdulos, com entradas correspondentes, individuais, assim como

    os retornos, para evitar cruzamentos (BRANDO, 2005).

    Assim, quando h a necessidade de fabricao de diferentes produtos, estes no

    devem fazer parte de operaes simultneas ou consecutivas no mesmo local, a menos que

    no haja risco de mistura ou de contaminao (BRASIL, 2010). Isso muito importante

    principalmente no caso de uso de matrias primas secas ou at mesmo produtos acabados

    secos, em que devem ser tomadas precaues particulares a fim de se evitar a produo e a

    disseminao de ps (BRANDO, 2009).

    Assim, deve ser verificada periodicamente a eficcia das medidas adotadas para

    prevenir a contaminao cruzada conforme definidos em POPs. Alm disso, as reas de

    produo onde estiverem sendo processados produtos susceptveis contaminao por

    microrganismos devem ser monitoradas periodicamente segundo a tabela a seguir (BRASIL,

    2010):

  • 3.1.4 Aprovao/Liberao de lote

    A aprovao/liberao de um lote deve ser feita somente por pessoa autorizada que

    seguir fielmente o disposto em um POP claramente definido e documentado. Alm disso,

    esse procedimento deve contemplar a orientao quanto disposio de lotes reprovados

    (BRANDO, 2009; BRASIL, 2011).

    Assim, segundo o Guias Relacionados Garantia de Qualidade, elaborado pela

    GGIMP (BRASIL, 2006), antes de liberar um lote de produto acabado, a pessoa responsvel

    deve assegurar que os seguintes requerimentos foram alcanados :

    a) A produo seguiu s BPF;

    b) Qualquer desvio ou mudana planejada na produo foi autorizado pelas pessoas

    competentes e conforme procedimentos definidos;

    c) Toda documentao de Produo foi corretamente preenchida com os seguintes

    quesitos:

    o Identificao da Ordem de Produo (nome do produto, nmero de lote) e

    sua correspondncia com o lote do produto a ser liberado;

    o Registro do local de realizao de cada etapa de produo;

    o Registro de quem realizou cada etapa de produo;

    o Data e hora de incio e trmino da produo e, quando necessrio, a

    durao das etapas intermedirias;

    o Concordncia da formulao produzida com o definido na frmula padro

    (critrios qualitativos e quantitativos);

    o Condio ambiental adequada (temperatura, umidade, iluminao);

    o Comprovao de que operaes de produo foram verificadas por pessoa

    competente;

    o Registro de liberao das linhas de produo (limpeza, adequao e

    disponibilidade de equipamentos e materiais);

    o Clculo do rendimento do lote;

    o Anlise do possvel desvio de qualidade e, se for o caso, fazer avaliao do

    impacto deste na qualidade do produto;

    d) Toda documentao do CQ est corretamente preenchida e conter:

    o Os laudos analticos de CQ e de anlises de controle em processo;

  • o Os certificados de anlise emitidos devidamente assinados pelo analista e

    pela pessoa responsvel pelo CQ.

    3.2 Manuteno de equipamentos

    Todos os equipamentos que esto diretamente envolvidos na produo de

    determinado produto no devem apresentar riscos de contaminao nem danos para os

    produtos e nem para os trabalhadores (BRASIL, 1997).

    O maquinrio de produo deve ser desenhado, instalado (levando em conta o

    fluxo, tanto de pessoas quanto da produo) e mantido de acordo com seus propsitos, de

    forma a no colocar em risco a qualidade do produto. Devem ser mantidos em boas condies

    de operao, de acordo com programas pr-estabelecidos por departamentos competentes da

    empresa, ou por um contrato de manuteno, arquivando-se o registro de todas as operaes

    de manuteno. Alm disso, as mquinas devem ser limpas de acordo com processos

    definidos, que sero abordados a frente (BRASIL, 1997).

    Quanto aos equipamentos de pesagem e instrumentos de medio, estes devem

    passar por uma calibrao peridica e seu certificado arquivado (BRASIL, 1997).

    Com isso, podem-se relacionar os registros com as informaes bsicas que cada

    equipamento deve possuir (BRANDO, 2001):

    a) Nome do equipamento;

    b) Nome do fabricante;

    c) Identificao do tipo, nmero de srie e identificao individual;

    d) Condio que se encontra o equipamento (novo, usado ou recondicionado);

    e) Instruo do fabricante;

    f) Identificao dos procedimentos aplicveis (operao, manuteno e calibrao);

    g) Datas das ltimas e prximas calibraes e seus resultados e observaes.

    Para ter aceitao os equipamentos devem seguir as normas internacionais. No

    caso, aplica-se a Norma ISO 10012-1- Quality Assurance Requerimentos for Measuring

    Equipament- Part. 1: Menagemant of Measuring Equipament (BRANDO, 2001).

    No dia a dia, devem ser realizados os procedimentos para execuo das calibraes

    antes do uso e durante o servio, seguindo os protocolos elaborados pelo responsvel pelo

    laboratrio (BRANDO, 2001).

  • 3.3 Procedimento de limpeza

    Primeiramente, sempre importante manter os produtos de limpeza separados e

    claramente identificados, a fim de se evitar o contato com os cosmticos (BRASIL, 1997).

    imprescindvel manter todos os setores da fbrica, incluindo os equipamentos,

    mquinas e instrumentos, em boas condies de higiene. Em especial, por exemplo, tem-se

    que os equipamentos de envase e embalagem, utenslios, materiais de produo e recipientes

    devem ser limpos e desinfetados sempre antes e aps o uso (BRASIL, 1997). Alm disso, as

    atividades de sanitizao e higiene devem abranger o pessoal e ter como objetivo eliminar

    qualquer outro aspecto que possa constituir fonte de contaminao para o produto por meio de

    um amplo programa (BRASIL, 2010).

    Alguns requisitos que devem ser seguidos/verificados no procedimento de limpeza

    so (BRASIL, 2006):

    a) Execuo da limpeza somente por funcionrios treinados;

    b) Existncia de procedimentos de limpeza escritos, aprovados e com seus

    respectivos registros de treinamento anexados;

    c) Definio de: quanto tempo o equipamento pode permanecer sujo; por quanto

    tempo o equipamento permanece limpo; quais so os pontos crticos do

    equipamento e sua respectiva forma de limpeza; como proceder na limpeza

    manual;

    d) Uso da etiqueta de identificao explicitando o status de limpeza, com nome,

    concentrao e lote do ltimo produto utilizado no equipamento, bem como o

    prazo de validade da limpeza, nome dos funcionrios que a executaram e a

    supervisionaram.

    3.4 Auto inspeo

    A Auditoria da Qualidade, seja na empresa, em um fornecedor ou em um

    terceirista, pode ocorrer regularmente ou a pedido (BRASIL, 1997). Deve ser efetuada de

    forma independente e detalhada por pessoas especialmente designadas pela Garantia da

    Qualidade (podem ser profissionais da prpria empresa ou especialistas externos), formada

    por profissionais qualificados, especialistas em suas prprias reas de atuao e familiarizados

    com as BPF (BRASIL, 2010).

    A auto-inspeo uma forma de auditoria de qualidade, onde uma equipe da

    prpria indstria faz uma inspeo em todos os setores da empresa para verificar a

  • funcionalidade das BPFs. Realizada a auto-inspeo, deve ser elaborado um relatrio, que

    deve incluir: resultados da auto-inspeo; avaliao e concluses; e aes corretivas

    recomendadas (BRASIL, 2010). Depois, essa mesma equipe deve dar seguimento ao processo

    da fiscalizao para certificar se as aes corretivas foram seguidas ou, quando h a

    necessidade de elaborao de um novo projeto, verificar se sua correspondente execuo

    preenche os requisitos estabelecidos na legislao vigente. Todas essas aes, em especial as

    corretivas, devem constar em um relatrio especfico para tal (ABIHPEC et al., 2007).

    Dessa forma, a auto inspeo tem como objetivos (ABIHPEC et al., 2007):

    a) Identificar os pontos crticos da produo e do controle, para antecipar e

    prevenir problemas;

    b) Avaliar a organizao e os recursos existentes e utilizados para assegurar

    a qualidade dos produtos;

    c) Fiscalizar e assegurar a conformidade com o Regulamento Tcnico de

    BPF;

    d) Ajudar a detectar deficincias na implementao das BPF.

    Com um roteiro de auto-inspeo atualizado e em conformidade com as legislaes

    em vigor, os auditores internos podem avaliar com mais eficincia e frequncia o nvel de

    implantao das BPF e monitorar as aes corretivas sugeridas. Alm disso, sempre que

    solicitados formalmente pelas autoridades sanitrias, podero entregar prontamente relatrios

    atualizados (ABIHPEC et al., 2007).

    Podem-se enumerar diversos benefcios das auto-inspees, tais como (ABIHPEC

    et al., 2007):

    a) Acompanhar o cumprimento dos requisitos legais e formais;

    b) Detectar falhas;

    c) Levantar necessidades de treinamentos e infra-estrutura;

    d) Avaliar a eficcia nas aes corretivas;

    e) Diminuir reclamaes do consumidor;

    f) Aumentar a produtividade e reduzir custos derivados de erros;

    g) Promover o comprometimento e o envolvimento da direo;

    h) Motivar os funcionrios para o trabalho em equipe.

    Com base em critrios de amplitude e de objetivos, as auto-inspees podem ser

    classificadas em completa e em especfica. A primeira aquela realizada de acordo com o

  • roteiro de auto-inspeo estabelecido na Portaria 348 de 18 de Agosto de 1997, com

    periodicidade mnima anual, podendo ser entregue ao rgo de fiscalizao sanitria quando

    solicitado. Assim, esse procedimento pode incluir questionrios sobre requisitos de BPF que

    abrangem pelo menos os seguintes aspectos:

    pessoal; instalaes; manuteno de prdios e equipamentos; armazenamento de matrias-primas, materiais de embalagem, produtos intermedirios e produtos

    terminados; equipamentos; produo e controles em processo; controle de

    qualidade; documentao; sanitizao e higiene; programas de validao e

    revalidao; calibrao de instrumentos ou sistemas de medio; procedimentos de

    recolhimento; gerenciamento de reclamaes; controle de rtulos; resultados de

    auto-inspees anteriores e quaisquer medidas corretivas tomadas; sistemas

    computadorizados relevantes s Boas Prticas de Fabricao; transporte de

    medicamentos e intermedirios; e gerenciamento de resduos (BRASIL, 1997).

    J a segunda aquela realizada em reas pr-definidas da empresa, com tpicos

    especficos e periodicidade definida. Geralmente, faz-se a auto inspeo especfica em uma

    linha de produtos em situaes de: alteraes significativas nos processos e/ou procedimentos,

    reclamaes de clientes e/ou consumidores e queixas tcnicas. (ABIHPEC et al., 2007). Ou seja, as

    ocasies especiais para a realizao da inspeo engloba os casos de recolhimento de produtos

    ou de reprovaes repetidas ou antes de uma inspeo a ser realizada por uma autoridade

    sanitria (BRASIL, 2010).

    4. Concluso

    De forma crescente, a Indstria Farmacutica, no geral, tem a obrigao e a

    responsabilidade de fornecer produtos que satisfaam ao consumidor tanto com relao

    qualidade e certeza dos resultados prometidos quanto, acima de tudo, segurana na

    preservao da sade do consumidor. Dessa forma, no que concerne principalmente rea de

    Cosmticos, foco deste trabalho, fica claro que o desenvolvimento e a implementao de um

    sistema de Garantia da Qualidade necessitam de um suporte documental de acordo com as

    Normas, Portarias, Leis e Resolues estabelecidas e atualizadas, bem como da cooperao e

    apoio de todos os funcionrios da empresa.

    Sendo assim, o presente artigo possibilita a insero e a manuteno do sistema de

    Garantia de Qualidade em uma empresa de Cosmtico, de forma atualizada e compatvel com

    a realidade fsica e produtiva.

    5. Referncias

  • ABIHPEC; CAPA; CIP; CUPCAT. Guia de Boas Prticas de Fabricao. In: Srie

    Qualidade Cosmticos. 2007. Disponvel em: .

    Acesso em 30 Mar. 2012.

    BISPO, Mnica. Cosmticos verdadeiramente orgnicos. Cosmetics and Toiletries, V.20,

    n.5, p.50-52, set/out, 2008.

    BRANDO, A.C.C. O sistema de gesto da qualidade e sua importncia na indstria

    farmacutica. In: Boas Prticas Farmacuticas. Desenvolvido por Joo Carlos Orquiza, 2009.

    Disponvel em: . Acesso em: 30 Mar. 2012.

    BRANDO, A.C.C. Como organizar um programa de Garantia da Qualidade e os

    aspectos mais relevantes das Boas Prticas de Fabricao (GMP) da Produo e

    Controle de Qualidade. In: Boas Prticas Farmacuticas. 2005. Disponvel em:

    .

    Acesso em: 30 Mar. 2012.

    BRANDO, A.C.C. Ensaios Para Laboratrio De Controle Da Qualidade E Controle Da

    Produo De Medicamentos. Out/2001. Disponvel Em:

    .

    Acesso em: 30 Mar. 2012.

    BRASIL. Presidncia da Repblica. Lei n 6.360, de 23 de setembro de 1976. Dispe sobre a

    Vigilncia Sanitria a que ficam sujeitos os medicamentos, as drogas, os insumos

    farmacuticos e correlatos, Cosmticos, saneantes e outros produtos, e d outras providncias.

    Dirio Oficial da Unio. Acesso em: 30 Mar. 2012.

    BRASIL. Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria. Decreto n 79.094/77. ANVISA.

    Disponvel em: . Acesso em: 30

    Mar. 2012.

    BRASIL. Constituio da Repblica Federativa do Brasil de 1988. Art.200. Dirio Oficial da

    Unio. Disponvel em: .

    Acesso em: 10 Out. 2012.

    BRASIL. Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria.Portaria n. 348, de 18 de agosto de 1997.

    ANVISA. Disponvel em: . Acesso

    em: 30 Mar. 2012.

    BRASIL. Lei 9.782 de 26 de Janeiro de 1999a. Define o Sistema Nacional de Vigilncia

    Sanitria, cria a Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria, e d outras providncias. Dirio

    Oficial da Unio. Disponvel em: .

    Acesso em: 30 Mai. 2012.

    BRASIL. Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria. Resoluo da Diretoria Colegiada RDC

    N 481, 23 de setembro de 1999b. Estabelece os Parmetros de Controle Microbiolgico para

    os Produtos de Higiene Pessoal, Cosmticos e Perfumes. Dirio Oficial da Unio,

    06.10.1999. Acesso em: 30 Mar. 2012.

  • BRASIL. Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria. RDC N 211, de 14 de julho de 2005,

    define Produtos de Higiene Pessoal, Cosmticos e Perfumes. ANVISA. Disponvel em:

    . Acesso em: 30 Mar.

    2012.

    BRASIL. Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria. Gerncia Geral de Inspeo e Controle

    de Medicamentos e Produtos- GGIMP. Guias Relacionados Garantia de Qualidade.

    ANVISA. 2006a. Disponvel em: .

    Acesso em: 30 Mar. 2012.

    BRASIL. Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria. Resoluo da Diretoria Colegiada RDC

    N 183, 5 de outubro de 2006b. Aprova o Regulamento Tcnico Autorizao de Funcionamento/Habilitao de Empresas de Produtos de Higiene Pessoal, Cosmticos e

    Perfumes, suas Alteraes e Cancelamento. ANVISA. Disponvel em: . Acesso em: 30 Mar. 2012.

    BRASIL. Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria. Resoluo RDC N. 17, de 16 de Abril

    de 2010 que dispe sobre as Boas Prticas de Fabricao de Medicamentos. ANVISA.

    Disponvel em: . Acesso em: 30 Mar. 2012.

    BRASIL. Ministrio da Sade. Portaria N 623, de 29 de Maro de 2011. Publicar a proposta

    do Projeto de Resoluo "Regulamento Tcnico MERCOSUL sobre Boas Prticas de

    Fabricao para Produtos de Higiene Pessoal, Cosmticos e Perfumes (Revogao das Res.

    GMC n 92/94 e n 66/96". ANVISA. Disponvel em:

    . Acesso em: 30

    Mar. 2012.