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DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS NA INDÚSTRIA DE COSMÉTICOS MINEIRA: ESTUDO DE CASO Adriano Martins de Sousa (UFOP) [email protected] Marllon Thúlio Dias (UFOP) [email protected] Fabiana Braga Ribeiro (UFOP) [email protected] A crescente valorização da estética corporal aliada aos avanços tecnológicos alcançados pelo setor de cosméticos promoveu entre seus clientes uma busca contínua por produtos que representem qualidade e inovação. Por essa razão, as empresas que atuam nesse ramo estão sempre aprimorando seus produtos. Neste contexto, faz-se necessário um investimento considerável no processo de desenvolvimento de produtos (PDP), que assume importância estratégica para as organizações deste ramo. Por outro lado, as diversas empresas de pequeno e médio porte do ramo que tem surgido ao longo das últimas décadas, não dispõem de vultuosos recursos financeiros para o PDP. O objetivo da pesquisa é analisar o processo de PDP de três empresas de médio porte do ramo de cosméticos, e, por conseguinte, identificar os méritos e falhas nestes processos. Palavras-chaves: PDP, Desenvolvimento de Produtos, Projeto de Produto XXX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: competitividade das empresas, condições de trabalho, meio ambiente. São Carlos, SP, Brasil, 12 a15 de outubro de 2010.

DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS NA INDÚSTRIA DE …abepro.org.br/biblioteca/enegep2010_TN_STO_113_739_17192.pdf · diversificadas ou especializadas nos segmentos de perfumaria e cosméticos,

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DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS

NA INDÚSTRIA DE COSMÉTICOS

MINEIRA: ESTUDO DE CASO

Adriano Martins de Sousa (UFOP)

[email protected]

Marllon Thúlio Dias (UFOP)

[email protected]

Fabiana Braga Ribeiro (UFOP)

[email protected]

A crescente valorização da estética corporal aliada aos avanços

tecnológicos alcançados pelo setor de cosméticos promoveu entre seus

clientes uma busca contínua por produtos que representem qualidade e

inovação. Por essa razão, as empresas que atuam nesse ramo estão

sempre aprimorando seus produtos. Neste contexto, faz-se necessário

um investimento considerável no processo de desenvolvimento de

produtos (PDP), que assume importância estratégica para as

organizações deste ramo. Por outro lado, as diversas empresas de

pequeno e médio porte do ramo que tem surgido ao longo das últimas

décadas, não dispõem de vultuosos recursos financeiros para o PDP.

O objetivo da pesquisa é analisar o processo de PDP de três empresas

de médio porte do ramo de cosméticos, e, por conseguinte, identificar

os méritos e falhas nestes processos.

Palavras-chaves: PDP, Desenvolvimento de Produtos, Projeto de

Produto

XXX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: competitividade das empresas, condições de trabalho, meio ambiente.

São Carlos, SP, Brasil, 12 a15 de outubro de 2010.

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1. Introdução

1.1 A Indústria de Cosméticos

Segundo a ABIHPEC (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria, e

Cosméticos), a indústria de cosméticos obteve um faturamento líquido de 24,9 bilhões de

reais no ano de 2009. Este faturamento, no ano de 1996, girava em torno de 4,9 bilhões. Isso

representa um crescimento de mais de 400% em 14 anos. Estes dados corroboram com a

afirmação de que o setor em questão é de grande destaque para a indústria brasileira.

Garcia e Furtado (2002) afirmam que esta é uma área caracterizada pela necessidade contínua

de pesquisas de novos insumos e introdução de inovações em suas linhas de produtos.

Segundo Avelar et al (2005), há um contraste entre grandes empresas internacionais,

diversificadas ou especializadas nos segmentos de perfumaria e cosméticos, e um grande

número de pequenas e médias empresas deste ramo de atividade. Estes mesmos autores

defendem que, apesar de existir grandes empresas atuando no setor, as pequenas empresas, de

capital nacional, também realizam atividades de desenvolvimento de produtos a fim de

expandir seu market share tanto no Brasil quanto internacionalmente. O grande percalço, no

entanto, é que “pequenas e médias empresas muitas vezes não dispõem do capital necessário

para a realização de investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) ou de uma situação

econômico-financeira que permita assumir os riscos inerentes ao desenvolvimento de novos

produtos.” (AVELAR et al, 2005)

Este trabalho, então, torna-se relevante em função destas características deste mercado no

Brasil. Averiguar qual a preocupação das três empresas pesquisadas e como se dá o

desenvolvimento de produtos nestas empresas é o ponto principal dessa pesquisa.

2. Revisão Bibliográfica

2.1 O Processo de Desenvolvimento de Produtos (PDP)

Slack et al (2002) afirmam que é por meio do processo de desenvolver novos produtos que

podem surgir produtos com maior competitividade, com menor tempo de desenvolvimento e,

a partir destes, atender a constante evolução do mercado.

Segundo Rozenfeld et al (2006), “desenvolver produtos consiste em um conjunto de

atividades por meio das quais busca-se, a partir das necessidades do mercado e das

possibilidades e restrições tecnológicas, e considerando as estratégias competitivas e de

produto da empresa, chegar às especificações de projeto de um produto e de seu processo de

produção, para que a manufatura seja capaz de produzi-lo.”

Silva (2001) apud Quitella et al (2006) lembra que o PDP somente será fonte de

competitividade caso este seja eficiente e eficaz, sendo necessário a “utilização de

metodologias e técnicas capazes de proporcionar tais atributos”.

Cada vez mais se faz necessária uma maior abrangência do processo de desenvolvimento de

produtos (PDP) nas organizações. A boa gestão deste processo, considerado um fluxo de

informações e atividades, poderá evidenciar graves problemas, em geral, imperceptíveis.

Algumas empresas possuem uma idéia errônea de que o PDP limita-se às atividades pré-

produção. Contudo, o processo possui um escopo mais abrangente. Rozenfeld et al (2006)

destacam, por exemplo, que o “desenvolvimento de produto também envolve as atividades de

acompanhamento do produto após o lançamento para, assim, serem realizadas as eventuais

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mudanças necessárias nessas especificações, planejada a descontinuidade do produto no

mercado e incorporadas, no processo de desenvolvimento, as lições aprendidas ao longo do

ciclo de vida do produto”. Ademais, além da criação de novos produtos, também faz parte do

espoco para o PDP a melhoria da qualidade de produtos já existentes. Estas são algumas das

questões que estão intrinsecamente ligadas à competitividade de qualquer organização.

Rozenfeld et al (2006) afirmam que o processo situa-se na interface entre a empresa e o

mercado, sendo de sua responsabilidade identificar as necessidades de mercado e propor

soluções. Logo, seu escopo encontra-se além do âmbito da empresa.

2.2 A Gestão do PDP

Rozenfeld et al (2006) lembra que é necessário planejar, executar, controlar e melhorar as

atividades em busca de melhores resultados de desempenho e aprendizagem. Uma gestão

eficiente tende a tornar menos críticas as incertezas do PDP.

Qualquer processo é composto por três etapas básicas, como ilustrado na figura 1. Na

primeira etapa, as entradas do processo correspondem a todos os insumos necessários para a

condução das atividades no processo. A segunda etapa corresponde às atividades do processo

em si. Já a terceira etapa é o resultado desse processo após as atividades.

A gestão do PDP deve fazer com que o processo amadureça, tornando-se mais eficiente com o

passar do tempo. Quitella et al (2006), quando diz que é necessário identificar o grau de

maturidade do PDP no que diz respeito à sua capacidade de ser definido, utilizado,

gerenciado, repetido, e que os resultados destes processos sejam previsíveis e possam ser

continuamente melhorados. Será o grau de maturidade do PDP que indicará se a empresa

aplica ou não as melhores práticas, segundo Rozenfeld et al (2006). Quitella et al (2006)

defini grau de maturidade como “um estágio evolutivo bem definido em direção à melhoria de

processo, em que cada nível de maturidade fornece uma camada de fundamentos para a

melhoria contínua do processo, provendo a forma de predizer a performance futura da

organização em uma disciplina (ou conjunto de disciplinas)”.

Existe uma “necessidade de integração de informações e decisões de muitas áreas da empresa,

já que o novo produto será desenvolvido, produzido, vendido e controlado envolvendo e

sendo envolvido por todos os setores” (ROZENFELD et al, 2006). Estes mesmos autores

defendem que a participação de diferentes áreas pode antecipar problemas e soluções, além de

reduzir o tempo de lançamento do produto.

Atividades complexas conduzem a um processo complexo. Quanto mais complexo, mais

eficiente deve ser a gestão sobre o mesmo. Para Rozenfeld et al (2006) o segredo de

Entrada(s) Processo Saída(s)

Figura 1 – Representação genérica de um processo. Adaptado de PMI (2004)

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desenvolver produtos é reduzir as incertezas. Essas podem ser minimizadas por meio da

qualidade das informações e da constante observação do mercado para possíveis mudanças.

A estrutura organizacional pode influir na melhor forma para que as informações necessárias

sejam repassadas com qualidade, reduzindo as incertezas inerentes ao processo. Isso ocorre,

principalmente, quando há um bom envolvimento entre pessoas e o PDP. Oliveira et al (2006)

destacam que no âmbito organizacional, o PDP requer tanto o envolvimento de todos os

grupos e uma capacidade apropriada quanto à integração de todos os esforços.

2.3 Estratégia e Desenvolvimento de Produtos

Slack et al (2002) definem estratégia como o padrão global de decisões e ações de forma a

posicionar a organização em um ambiente favorável para atingir seus objetivo de longo prazo.

Por essa perspectiva, uma organização precisa antes situar-se no ambiente para então definir

sua estratégia. A idéia de Porter (1980) apud Oliveira et al (2006) vem de encontro a este

pensamento, onde uma estratégia tem por finalidade alcançar uma posição na qual a

companhia possa combater forças competitivas, a saber: relações com fornecedores, relações

com clientes, novos entrantes, produtos substitutos e rivalidades entre firmas estabelecidas.

Segundo Rozenfeld et al (2006), o processo de planejamento estratégico é um processo

gerencial. Visto por essa ótica, não agrega valor ao cliente. Contudo, é a partir dele que o

PDP, assim como outros processos de negócio na organização, obtém informações que

servem de orientação para a condução de suas atividades.

Para Clark e Wheelwright (1993) apud Toledo et al (2008), o bom desempenho no PDP é

obtido, em grande parte, por uma estratégia de desenvolvimento de longo prazo e por uma

gestão eficiente e eficaz desse processo. Assim, os projetos de produto devem estar alinhados

à estratégia da empresa. Em termos de desenvolvimento de produtos, Baxter (2000) destaca

quatro estratégias distintas, a saber:

Estratégia ofensiva: O PDP deve estar sempre à frente de seus concorrentes e, para isso, a

organização deve investir pesadamente para introduzir inovações radicais e incrementais

em seus produtos. É considerada uma estratégia pró-ativa e o retorno sobre os

investimentos feitos em PDP geralmente são alcançados no longo prazo.

Estratégia defensiva: As organizações optam por seguir as empresas que mais investem no

PDP, e lançam novos produtos após seus concorrentes. A adoção dessa estratégia faz com

que a organização tenha que absorver de maneira rápida as inovações lançadas pelos

concorrentes e introduzir melhorias nestes produtos. Apesar de haver menor risco com tal

estratégia, também a lucratividade é reduzida.

Estratégia tradicional: Demanda baixa, linha de produtos estáticos e mercados estáveis são

alguns dos pontos que caracterizam essa estratégia. As inovações são pequenas e

normalmente limitam-se às alterações em partes do produto, para alcançar uma redução de

custo, e facilitar ou aumentar a confiabilidade do processo de fabricação.

Estratégia dependente: Uma unidade da empresa não tem autonomia suficiente para lançar

novos produtos. Normalmente são empresas subsidiárias ou que trabalham sob encomenda.

As inovações geralmente se concentram em melhorias de processos.

Além da estratégia, também os indicadores de desempenho devem ser coerentes com as

diretrizes da empresa, para saber se o processo é conduzido no caminho correto. Os

indicadores de desempenho podem ser vários, desde financeiros a não-financeiros. Rozenfeld

et al (2006) ressalta que existem indicadores ligados ao desempenho do produto, que servem

como uma avaliação indireta do PDP que o gerou, bem como indicadores que avaliam os

5

projetos de desenvolvimento em si. Este segundo grupo de indicadores é relacionado com

quatro dimensões, a saber:

Sucesso financeiro: lucros, metas e crescimento de vendas, market-share, etc.

Sucesso operacional: custos e tempos de desenvolvimento, diretrizes de qualidade

atingidas, produtividade, etc.

Sucesso em qualidade: grau de aceitação pelo mercado, satisfação do cliente, tempo de

permanência no mercado, etc.

Sucesso perceptivo: avaliações feitas pela equipe de PDP, aprendizagem, etc.

Uma organização não conseguirá avaliar habilmente a qualidade do PDP caso não exista

nenhuma medida de desempenho associada. Somente assim poder-se-á focar nas etapas mais

críticas do processo de desenvolvimento. Eficiência e eficácia devem estar atreladas com o

PDP. Medir para melhorar é um dos requisitos necessários para alcançar o que se deseja.

2.4 Projetos de Produto

Um projeto é um empreendimento que possui início, meio e fim bem definidos e cujo produto

é único (PMI, 2004). Uma empresa pode trabalhar com mais de um projeto de

desenvolvimento de produto paralelamente. Um portfólio bem gerenciado é importante para

as organizações, principalmente aquelas que possuem uma estratégia ofensiva (BAXTER,

2000). Quanto mais projetos a empresa executar simultaneamente, mais complexo será o

gerenciamento destes, sobretudo no que se refere aos tempos de execução (PMI, 2004).

Segundo Toledo et al (2006), “os mercados amadurecem e os clientes se tornam mais

exigentes e sofisticados, a gestão e a priorização de projetos de desenvolvimento de novos

produtos é uma tarefa crítica para o sucesso competitivo.” Assim, a seleção de projetos de

produtos é uma atividade determinante, do ponto de vista estratégico. De acordo com a

estratégia da organização, alguns projetos podem pecar pelo excesso ou falta de inovação.

Os projetos de produto são classificados de acordo com o grau de inovação, segundo

Rozenfeld et al (2006):

Projetos radicais (breakthrough): criam produtos ou famílias de produtos inovadores para a

empresa, a partir da utilização de novas tecnologias e/ou materiais.

Projetos plataforma ou nova geração: promovem modificações significativas no projeto

existente, sem, contudo, utilizar novas tecnologias. Representam uma estrutura comum a

uma família de produtos ou uma nova geração de produtos.

Projetos incrementais ou derivados: responsáveis por pequenas modificações em relação

aos projetos já existentes.

Para Rozenfeld et al (2006), quanto maior a inovação do projeto, maiores serão as incertezas

associadas. Além disso, estima-se que 85% dos custos de clico de vida de um produto são

decorrentes das fases de projeto, enquanto o produto ainda é indefinido. Estes mesmos autores

estimam ser possível reduzir 50% no tempo de lançamento de um produto desde que os

problemas de projeto sejam identificados e resolvidos com antecedência.

Clark e Wheelwright (1993) apud Quitella et al (2006) lembram do paradoxo entre tempo,

custo e qualidade: como ter alta velocidade e baixo custo no desenvolvimento de produtos

conseguindo, no entanto, uma alta qualidade no processo em si e no produto gerado por meio

dele? O gerenciamento de projetos, sob suas diversas perspectivas, incluindo a tríade

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supracitada, apresenta-se como uma ferramenta essencial para a competitividade da

organização (PMI, 2004).

2.5 O PDP na Indústria de Cosméticos

No contexto atual, existe uma variedade de empresas de cosméticos que, a todo momento,

lançam novos produtos, seja para seguir a concorrência ou para inovar no mercado. Segundo a

ABIHPEC, 30% do faturamento destas organizações originam-se das inovações, entendidas

como produtos lançados no mercado nos últimos dois anos. Logo, seja qual for a estratégia

adotada pela empresa de cosméticos, é imperativo que haja investimentos no PDP para sua

competitividade no longo prazo.

Portanto, as empresas mais maduras, no que se refere ao PDP, provavelmente alcançarão seus

objetivos de maneira mais rápida e eficiente. Assim, o PDP apresenta-se como um dos

principais geradores de valor para este negócio, tornando a empresa mais competitiva.

Este processo assume importância estratégica nesta indústria, e requer, assim, esforços

contínuos para sua melhoria. Contudo, essa melhoria depende de investimentos em

planejamento e controle, através do uso de técnicas apropriadas como a medição dos

indicadores do processo, e outras. Em uma conjuntura de forte concorrência e aumento do

nível de exigência dos clientes, a sobrevivência das empresas de cosméticos está cada vez

mais atrelada à eficiência da gestão do PDP.

Uma das desvantagens das pequenas e médias empresas em relação às multinacionais está no

que tange às condições financeiras, que lhes exige significativo esforço financeiro para

investir no desenvolvimento de produtos. Uma alternativa pode ser a realização de parcerias,

principalmente com universidades. Empresas de vários setores já atuam dessa maneira. No

setor de auto-peças, por exemplo, 26% das empresas pesquisadas possuem parcerias em

universidades (TOLEDO et al, 2008).

3. Metodologia

Esta pesquisa delineou-se como um Estudo de Caso Múltiplo. Três empresas de médio porte

atuantes na indústria de cosméticos sediadas no estado de Minas Gerais foram tomadas como

objeto de estudo.

Para Gil (2004), o estudo de caso é um "estudo profundo e exaustivo de um ou poucos

objetos, permitindo seu amplo e detalhado conhecimento”. A opção pelo estudo de apenas três

empresas, em contraste com um mercado farto de concorrentes, se fez justamente de modo a

viabilizar uma investigação mais profunda e menos objetiva.

O objetivo da pesquisa, portanto, é a análise do PDP destas empresas, de modo a prover um

retrato preciso deste processo, do ponto de vista gerencial, dentro destas médias

representantes do setor de cosméticos. Busca-se, por conseqüência, a identificação de méritos

e falhas nestes processos, provendo em cada caso uma análise que venha a contribuir para

indústria. Este artigo é, deste modo, uma pesquisa explicativa e analítica. Sendo o foco do

trabalho amplo e as variáveis de estudo não apenas quantitativas, esta pesquisa é qualitativa,

como recomenda Gil (2004). Visa, conforme afirma Bryman (1989), antes compreender os

fatos do que mensurá-los.

A técnica do questionário foi o principal instrumento de coleta de dados, complementado por

entrevistas informais. Compuseram o questionário questões abertas e fechadas. As questões

cujas respostas não foram suficientemente claras foram elucidadas através de pequenas

entrevistas informais. Os questionários foram aplicados neste ano de 2010, a fim de que os

7

dados obtidos representassem um fenômeno atual, consonante com a definição de estudo de

caso dada por Yin (1994).

4. Apresentação dos Dados

4.1 As Empresas

Foram analisadas três empresas mineiras de porte médio inseridas no mercado de cosméticos,

doravante referidas como Empresas X, Y e Z. Todas as empresas são relativamente jovens,

com menos de 20 anos de operações e embora muitos de seus produtos sejam para ambos os

sexos, visam prioritariamente o público feminino.

As três empresas mantêm uma linha produtiva bastante automatizada, utilizando reatores

isolados, com pouca intervenção humana. São empresas seguidoras, que adotam uma

estratégia defensiva de inovação, investindo em produtos quase sempre baseados em

compostos-chave utilizados pelas grandes empresas do setor. Seus produtos constituem,

portanto, uma inovação somente para a empresa. A distribuição dos seus cosméticos, cada vez

mais abrangente, se dá por todo o território nacional.

As análises foram realizadas com base em nove pontos pertinentes, a saber: influência do PDP

no sucesso comercial; PDP e ciclo de vida do produto; indicadores de desempenho do PDP;

envolvimento dos departamentos no PDP; orçamento do PDP; projetos tecnicamente

fracassados; projetos abandonados antes do lançamento; impactos ambientais, e; autocrítica

sobre a estrutura do PDP.

4.2 Influência do PDP no sucesso comercial

Empresa X: A Direção da empresa prioriza o desenvolvimento de produtos semelhantes às

chamadas "tendências de mercado", pois acredita que, se não o fizer, perderá gradativamente

a força da sua marca, além das oportunidades de negócio. Assim, o monitoramento das

novidades do mercado motiva o DP. Sendo o surgimento de novidades o gatilho de um

projeto, a importância do DP é salientada nas reuniões gerenciais quando se discute a criação

de um novo produto na empresa e diretamente ao Setor de DP mensalmente.

Empresa Y: Existe uma certa preocupação nessa área e, constantemente, discute-se sobre o

assunto. Essas discussões se dão em reuniões mensais, sobre quais projetos poderiam ser

executados com uma maior rapidez.

Empresa Z: O tema é relembrado nas reuniões gerenciais mensalmente. A Direção, a gerência

de marketing e o Laboratório de DP têm plena consciência deste fato, que impulsiona o

trabalho deste último, principalmente.

4.3 PDP e Ciclo de Vida do Produto

Empresa X: O PDP contempla somente os esforços pré-produção e a fase inicial do ciclo de

vida do produto, referente aos seus primeiros meses no mercado. A partir daí, alterações nos

planos de produção, distribuição, marketing, etc. são promovidas conforme o monitoramento

das vendas. A retirada de um produto do mercado começa a ser planejada somente após a

verificação sistemática da queda do volume de suas vendas.

Empresa Y: A maior preocupação com o desenvolvimento do produto se dá quando a

produção do mesmo ainda não foi iniciada. Contudo, quando o produto começa a ser

distribuído, as vendas nos primeiros meses são acompanhadas. Se nada sair previsto, nada é

alterado em sua produção.

8

Empresa Z: A empresa opta por projetos de produtos não sazonais, que tenham longo ciclo de

vida, rentáveis por período mais que suficientes para compensar os custos de DP. Não existe

previsão de retirada do produto do mercado.

4.4 Indicadores de Desempenho do PDP

Empresa X: O principal indicador de desempenho utilizado por toda a empresa é o volume de

vendas. Quando a demanda está aquém do esperado é realizada uma investigação para

identificar as causas do baixo desempenho. Também as reclamações recebidas via Serviço de

Atendimento ao Consumidor (SAC) são analisadas periodicamente a fim de promover

melhorias no processo de PDP.

Empresa Y: São realizadas pesquisas de mercado esporadicamente, através de empresas

especializadas. O principal objetivo das pesquisas é verificar se produtos estão sendo bem

aceitos pelo público final. Caso contrário, a empresa busca “corrigir os problemas para não

perder espaço no mercado que é muito competitivo”.

Empresa Z: O desempenho do Laboratório de DP e da Gerência de Produção é avaliado

segundo o tempo que os mesmos despendem nos processos de DP e preparação para a

produção, respectivamente. Atuando como seguidora de tendências (na maioria dos casos), a

Empresa Z exige agilidade no processo de desenvolvimento de tais produtos, a fim de

beneficiar-se dos momentos favoráveis no mercado. Exemplo: aumento de vendas devido a

campanhas intensas de marketing dos produtos “inspiradores”. A empresa admite ter

dificuldades para estabelecer metas de prazos, entretanto, e o desempenho não é

quantitativamente avaliado.

4.5 Envolvimento dos Departamentos no PDP

Empresa X: Apenas a Direção, o Setor de DP, e o Departamento de Produção participam do

PDP.

Empresa Y: O Departamento de Produção e o Departamento de DP são os únicos envolvidos

no PDP.

Empresa Z: Estão incumbidos do PDP apenas a Direção, a Gerência de Marketing e o

Laboratório de DP. O setor de produção não participa no PDP, segundo a empresa Z, pois os

processos produtivos de novos produtos são semelhantes àqueles relativos às linhas que já

fazem parte do portfólio, ou seja, encaixam-se nas categorias “Projeto Plataforma” e “Projeto

Derivado”. Além disso, o Laboratório de DP teria conhecimento sólido dos processos

produtivos da empresa.

4.6 Orçamento do PDP

Empresa X: Os investimentos em DP são avaliados e efetivados conforme as necessidades e

oportunidades.

Empresa Y: Assim como na Empresa X, os investimentos em PDP são definidos de acordo

com a necessidade.

Empresa Z: Existe um orçamento para o Laboratório de DP, especificamente, mas não para o

PDP em si.

9

4.7 Projetos Tecnicamente Fracassados

Empresa X: Houveram alguns projetos fracassados de DP na empresa, o que é encarado com

naturalidade pela mesma, uma vez que a disponibilidade de recursos é baixa, principalmente

se comparada às grandes empresas do setor.

Empresa Y: Alguns projetos foram interrompidos ao longo dos anos de operação da empresa.

Evita-se utilizar uma mesma combinação de componentes experimentada especificamente

nestes projetos de produto no futuro, embora não exista um procedimento formal para esse

registro.

Empresa Z: Alguns projetos foram cancelados em razão da excessiva morosidade na obtenção

de resultados, ou de uma "fórmula" como a empresa se refere. Nestas ocasiões, o Laboratório

de DP apresentou justificativas técnicas plausíveis. Há registro de alguns componentes com os

quais o Laboratório de DP teve problemas no passado e que são evitados em pesquisas

futuras.

4.8 Projetos Abandonados Antes do Lançamento

Empresa X: Nenhum produto é abandonado antes do lançamento, desde que tenha sido

desenvolvido com sucesso. Somente o fracasso comercial constatado determina o abandono

de um projeto tecnicamente bem sucedido.

Empresa Y: Quando um projeto se diferencia muitos dos anteriores, normalmente ele é

abortado. A empresa não tem uma política muito inovadora para a produção de novos

produtos. Essa é a posição da gerência, a fim de reduzir os riscos comerciais. Logo,

dificilmente um projeto muito inovador se finaliza.

Empresa Z: Diversos projetos são abandonados ou suspensos, devido à identificação de

mudanças no comportamento do mercado, verificação de erros no planejamento, dificuldades

técnicas no desenvolvimento do produto ou à constatação tardia da inviabilidade técnica da

produção.

4.9 Impactos Ambientais

Empresa X: Os impactos ambientais locais decorrentes da produção de qualquer produto são

os mesmos, uma vez que o tratamento dos resíduos é padrão. Os impactos gerados em outros

elos da cadeia de suprimentos, sejam na obtenção da matéria prima ou no consumo do

produto, não são controlados pela empresa, embora a aquisição de matéria prima se dê junto a

fornecedores renomados e regularizados segundo a legislação ambiental vigente.

Empresa Y: A avaliação dos impactos ambientais é feita por uma empresa contratada e todos

os critérios analisados devem obedecer à legislação ambiental. Os procedimentos para

tratamento de resíduos são os mesmos, quaisquer que sejam os produtos.

Empresa Z: O efluente da empresa recebe um tratamento padrão. Avalia-se a composição dos

produtos a fim de verificar se há algo que possa interferir no tratamento de resíduos que já é

feito atualmente. Ainda não foi constatada tal situação. Com relação ao descarte de

embalagens, a empresa afirma investir na conscientização ambiental da população local,

através de projetos junto à comunidade. Quanto ao uso/descarte de um novo produto e a sua

embalagem, a empresa não pratica esse controle.

4.10 Autocrítica Sobre a Estrutura do PDP

Empresa X: A empresa X admite que seu PDP é limitado, tanto em sua estrutura quanto em

suas ambições, mas acredita que este fato está condicionado à estratégia competitiva adotada.

10

Pelos resultados positivos alcançados, a empresa tem perspectivas de crescimento e

amadurecimento, que tornarão propícia uma mudança de estratégia e a evolução do seu PDP.

Empresa Y: Alega que possui um processo de desenvolvimento de produtos aquém do

desejado pela administração, e que há uma preocupação com relação a essa área e sempre

busca por novas melhorias e expansões.

Empresa Z: Embora reconheça que há nesta indústria processos de DP mais estruturados, a

Empresa Z acredita que, no seu caso, a proximidade entre os atores do processo torna a

comunicação e interação das equipes simplificada na mesma proporção que a estrutura do seu

PDP.

5. Análise dos Dados

A influência do processo de desenvolvimento de produtos no sucesso comercial da empresa é

conhecida, nas três empresas, pelos gerentes de todas as áreas, e é pauta das reuniões de

controle com os profissionais e setores diretamente envolvidos no DP.

Nenhuma das três empresas realiza um planejamento de longo prazo dos ciclos de vida de

seus produtos. Como empresas seguidoras, sujeitam seus próprios produtos ao planejamento

dos produtos "inspiradores" das grandes produtoras. Presume-se que tais produtos serão

sucessos comerciais por um longo período, ou, ao menos, por tempo suficiente para que haja

retorno satisfatório sobre os investimentos em DP. No caso da Empresa Z, devido à escolha

de projetos de produtos com ciclo de vida extensos, o horizonte de planejamento torna-se

muito distante para a empresa estipular com razoabilidade o tempo de retirada do produto do

mercado.

As empresas X e Y adotam medidores de desempenho do PDP relacionados ao sucesso

financeiro (volume de vendas) ou ao sucesso em qualidade (satisfação do cliente). Apenas a

empresa Z adota indicadores de desempenho que avaliam o PDP de acordo com o sucesso

operacional (tempo de desenvolvimento). Não há relatos sobre o uso de indicadores relativos

ao sucesso perceptivo. O gráfico abaixo ilustra estes fatos quantitativamente.

Gráfico 1 – Número de empresas que utilizam os indicadores. Fonte: os autores

0

1

2 Sucesso financeiro

Sucesso operacional

Sucesso em qualidade

Sucesso perceptivo

Quantidade de empresas que utiliza o indicador

11

As três empresas divergem quanto à participação de outros setores no PDP. Nas empresas X e

Z, a Direção está presente no PDP, o que não acontece na empresa Y. As empresas X e Y

envolvem o departamento de produção no PDP, mas a empresa Z acredita ser desnecessário.

Duas das empresas pesquisadas se mostraram bastante maleáveis quanto ao orçamento, e

nenhuma tem recursos financeiros definidos para o PDP.

Todas as empresas presentes no estudo se assemelham em relação às falhas no

desenvolvimento de projetos para novos produtos. Tais falham vêem de encontro com as

incertezas e riscos da inserção de novos produtos mercado. Ademais, notou-se certa

preocupação por parte das empresas pesquisadas, na tentativa de evitar que problemas em

projetos passados sejam reincidentes.

Projetos quase finalizados em duas empresas já foram eliminados de seus portfólios. Por outro

lado, uma empresa possui a estratégia de não finalizar projetos em estados avançados de

desenvolvimento, a não ser que este não alcance o desempenho comercial almejado.

Os impactos ambientais em função da produção são controlados pelas três empresas

pesquisadas. Já no que tange ao controle do descarte dos produtos, somente uma empresa

demonstra alguma iniciativa.

Apenas a empresa Y manifesta inquietação com a imaturidade do seu PDP. As demais

empresas, embora admitam discrepâncias entre o estado do seu PDP e o que seria o ideal,

acreditam que o mesmo é coerente com as estratégias, ambições e estruturas do momento.

6. Conclusão

A indústria dos cosméticos é notória e extremamente dependente do desenvolvimento de

novos produtos, visto que o público alvo típico é ávido por novidades. A plena consciência

deste fato é o mínimo que se pode esperar de empresas que vêm demonstrando uma tendência

ao crescimento e maturidade no mercado. Como esperado, as três empresas entrevistadas

compreendem a importância do DP para suas ambições comerciais.

A negligência das três empresas quanto ao planejamento do ciclo de vida de seus produtos é

alarmante. Ainda que estes produtos sejam "inspirados" em outros, produzidos por empresas

mais estruturadas e amadurecidas quanto ao DP, supor a suficiência do planejamento do ciclo

de vida realizado pelas gigantes do setor é um erro grave, já que existem grandes diferenças

estruturais, financeiras e estratégicas entre estas companhias e as empresas objeto deste

estudo. Também a identificação de produtos planejados para terem um ciclo de vida

duradouro, objetos de "inspiração", não é realizada segundo fundamentos confiáveis.

Os indicadores de desempenho das empresas X e Y, relacionados ao sucesso comercial-

financeiro do produto são incapazes de avaliar isoladamente o mérito/ demérito do PDP, visto

que este processo é apenas um entre outros tantos responsáveis pela receptividade do produto

no mercado, como os processos produtivos e logísticos, por exemplo. Deste modo, apenas a

empresa Z utiliza um indicador de sucesso operacional, o tempo de execução do PDP. Ainda

que esteja no caminho certo, a empresa Z também falha gravemente neste quesito, uma vez

que a utilização somente deste indicador é demasiadamente simplista. Outros indicadores de

desempenho seriam necessários para uma avaliação mais precisa do PDP, relacionados tanto

ao sucesso operacional quanto aos sucessos financeiro, perceptivo e em qualidade.

Departamentos essenciais para o PDP, como o Marketing, por exemplo, não foram citados

como participantes do processo em alguns casos. Tais ausências podem ser justificadas pelo

acúmulo de funções da diretoria em empresas de estrutura administrativa simplificada, como

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aquelas avaliadas pela pesquisa. A Direção pode ser a responsável pelas funções de tais

departamentos nestas empresas. É preciso estar atento e certificar-se deste fato, no entanto,

pois a participação efetiva dos vários departamentos no PDP é um meio de assegurar a

qualidade das informações, que por sua vez é o principal meio de amenizar as incertezas do

processo. Ainda que os departamentos não existam, os responsáveis pelas funções

normalmente atribuídas a estes devem ser ativos no PDP.

Existem duas vertentes nas empresas estudadas: orçamento fixo para o desenvolvimento de

novos produtos ou não. O orçamento fixo tem a sua vantagem em possuir investimentos

constantes, e, por conseqüência, o desenvolvimento de produtos é mantido independe de

outras situações. Já em casos em que o orçamento é variável, circunstância esta percebida em

duas das três empresas pesquisadas; existe a vantagem de se poder investir mais no

desenvolvimento de produtos quando assim for necessário e desejado pela alta administração.

Por se tratar de estratégias financeiras previamente definidas pelas organizações, não é

prudente taxá-las de certas ou erradas. Estudos mais abrangentes deveriam ser conduzidos na

tentativa de confrontar tais estratégias, para então avaliar se existe alguma mais vantajosa do

que outra frente às diretrizes de cada organização.

A incerteza é inerente ao processo de desenvolvimento de novos produtos. Todas as empresas

pesquisas já trabalharam com projetos mal sucedidos. Logo, a tentativa de diminuir a

incerteza nesse processo pode ser interpretada como uma fraqueza destas organizações, que

deve ser combatida buscando-se mais eficácia e eficiência na obtenção e gerenciamento das

informações concernentes ao PDP.

Somente uma das empresas possui registros de projetos falhos. Caso estes sejam consultados

com rigor, problemas com as mesmas características tendem a não ser reincidentes, por mais

que existam projetos distintos. Diminuir as falhas pode significar a diminuição do tempo de

desenvolvimento e a redução de recursos financeiros mal despendidos. Frente a tal situação,

os registros são vistos como uma das ferramentas essenciais a serem utilizadas para a

melhoria no processo de desenvolvimento de novos produtos.

A academia já constatou que o custo de mudança ou abandono de projetos em fases finais é

notadamente superior em comparação às mudanças ou abandonos em fases iniciais de

desenvolvimento. Logo, a análise minuciosa em todas as fases do projeto se faz necessária

que para haja redução de custos.

Já no que diz respeito à questão ambiental, existe uma legislação a ser cumprida, e caso o

controle ambiental não ocorra, certamente a empresa é obrigada a encerrar as suas atividades

até que entre novamente em conformidade com os requisitos necessários. Além disso, existe

uma tendência ao aumento da demanda dos consumidores por produtos “verdes”. Logo, é

notável que o PDP deve estar atento não somente aos aspectos mercadológicos, mas, também,

aos fatores ambientais. Isso mostra, claramente, que as diversas áreas da empresa necessitam

estar em consonância para produzir algo lucrativo e ecologicamente correto. Tal consonância

deve superar as quatro linhas da empresa e abranger, em maior ou menor grau, toda a cadeia

de suprimentos.

De fato, as formalidades e o nível de detalhamento do PDP das gigantes do setor não podem

ser esperados de empresas de estruturas administrativa/ gerencial simplificada, o que poderia

incorrer em excessiva e desnecessária burocratização do processo. Todavia, a simplificação

demasiada do PDP é de alto risco, já que este é um processo vital para as empresas do

segmento de cosméticos. O desempenho positivo do PDP destas empresas, em suas próprias

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avaliações, entretanto, carece de critérios mais precisos e confiáveis de julgamento. Tal

conjuntura classifica a estrutura do PDP destas empresas, no mínimo, como uma oportunidade

de melhoria.

Foram identificadas várias falhas e omissões no PDP de todas as empresas pesquisadas,

relacionadas, sobretudo, a problemas estruturais e gerenciais. Ainda que um elevado nível de

maturidade do PDP seja difícil de ser obtido por empresas de pequeno e médio porte, é

imperativo apontar este como o principal caminho para a auto-superação destas empresas e

alcance de um patamar superior às suas concorrentes, principalmente pelo dinamismo exigido

deste processo pelo mercado de cosméticos.

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