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IX Mestres e Conselheiros Agentes Multiplicadores do Patrimônio Belo Horizonte/MG de 21 a 23/06/2017.
UM POUCO DE CADA
GEISSLER, HELENNE JUNGBLUT. (1); CAETANO, DIOMAR. (2); SCHONROCK, MARLENE SIEGLE. (3)
1. UDESC - Universidade do Estado de Santa Catarina. Centro de Educação Superior do Alto Vale do
Itajaí - CEAVI. Departamento de Engenharia Sanitária. Rua Dr. Getúlio Vargas, 2822 - Bela Vista - Ibirama - SC CEP: 89.140-000
E-mail : 1. [email protected] , 2. [email protected] , 3. [email protected]
RESUMO
Ibirama integra a região do Alto Vale do Itajaí no Estado de Santa Catarina. Localiza-se a uma latitude 27º03'25" Sul e a uma longitude 49º31'04" Oeste e 150 metros acima do nível médio do mar. Foi colonizada a partir do final do século XIX, mas também recebeu muito imigrantes durante o século XX. O município preserva na arquitetura, na culinária, no artesanato, no idioma, esportes, música, folclore, costumes, hábitos, dentre outros o legado dos imigrantes alemães, austríacos, italianos, poloneses, dentre outros, através de seus descendentes. A antiga colônia Hammonia, que já foi distrito de Blumenau possui uma áreas de 247,3 m² e possui cerca de dezoito mil habitantes. Situa-se encravada em vales com declividade acentuada, sendo entrecortada por rios caudalosos com corredeiras e razoável extensão de florestas nativas preservadas. Há diversas comunidades abrangendo patrimônio cultural preservado (arquitetura enxaimel), habitantes fluentes nos idiomas de seus ancestrais a exemplo de Sellin, Dalbergia, Rafael, Ribeirão das Pedras e outras. Neste contexto, pratica-se caminhadas ao ar livre na floresta (wandern), ciclismo, tirolesa, rapel, raffting, dentre outros esportes radicais. Permanecem ainda os clubes de caça e tiro amadores, clubes de bolão, corais, grupos folclóricos adulto e infantil bandas musicais.Merecem ser valorizados os conhecimentos dos habitantes e documentá-los, seja a memória, os saberes e suas diversas interfaces, o idioma e os dialetos, as canções, as receitas, fabricação dos produtos caseiros, Kuchen (bolos), geléias, conservas como Sauerkraut (chucrute), cervejarias artesanais, cultivo de uva e produção de suco e de vinho, o artesanato, os lugares, métodos construtivos, conhecimentos de restauro de edificações enxaimel, energias limpas como as rodas d´água, engenhos e moinhos, nas festas, nos pic-nics, os bailes, cultivo de trutas e outros. A ideia é de que os saberes se propaguem e se perpetuem no tempo e que sejam replicadas através das gerações e para os turistas. A proposta visa resgatar e valorizar o legado cultural através da gastronomia, da arquitetura, valorizar o idioma, esportes, música, folclore, costumes, hábitos, dentre outros aspectos. A metodologia inclui pesquisa bibliográfica, trabalhos em campo, entrevistas e reuniões com as comunidades no meio urbano e no rural, registros fotográficos das ações, registro do modo de fazer documentando os saberes tradicionais dos habitantes. Espera-se gerar materiais de divulgação e publicações, promover oficinas com crianças, adolescentes, adultos e idosos visando integrar as diversas gerações, promover a educação patrimonial e gerar multiplicadores do patrimônio.
Palavras-chave: imigrantes, legado, patrimônio cultural
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IX Mestres e Conselheiros Agentes Multiplicadores do Patrimônio Belo Horizonte/MG de 21 a 23/06/2017.
Um pouco de cada
1. Introdução
O artigo constitui uma síntese de discussões e da proposta, cuja abordagem é multi e
interdisciplinar de profissionais e visa resgatar e valorizar a memória em suas esferas
afetiva, social e cultural, e das histórias de vida das pessoas, o patrimônio imaterial e
material. A equipe inclui integrantes docente Arquiteta e Urbanista e docente de língua
alemã, além de estudante de graduação em Engenharia Sanitária, que cursa
simultaneamente a graduação de Gastronomia. A equipe envolve diversas ações e busca
parcerias para viabilizar a proposta idealizada.
A proposta é compor diversos ações de extensão já em desenvolvimento; Paisagem Cultural
do Alto Vale e Curso de Alemão básico e avançado a outros aspectos indissociáveis, que
vem sendo incluídos. O programa é composto de três ações, cadastramento de patrimônio
cultural material (casas enxaimel, dentre outros), mapeamento de patrimônio natural
(cachoeiras) e ações educacionais em escolas púbicas, envolvendo a coordenadora Profa.
Helenne (Arquiteta), dois bolsistas e voluntária (estudantes de graduação. O curso de
alemão é ministrado voluntariamente pela Profa Marlene (graduada em Letras) e já ocorre
há oito anos, tendo iniciado em 2009. Oferta-se 50 vagas anuais no curso.
A ideia central é envolver as diversas facetas do Patrimônio Cultural Material e Imaterial
buscando fortalecer iniciativas na preservação do Patrimônio arquitetônico, na culinária, no
artesanato, no idioma, esportes, música, folclore, costumes, hábitos, dentre outros, que
constituem o legado dos imigrantes alemães, perpetuando-o através de seus descendentes.
Para tanto, utiliza como estratégias envolver a população de diversas faixas etárias,
crianças, jovens, adultos e idosos e interligar ações para fornecer mais visibilidade ao
Patrimônio, conscientizar os atores sociais acerca dos bens imateriais e materiais. Visa
resgatar e valorizar tais bens e despertar a população como replicadora dos processos.
2. Referencial Teórico
Para IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (2017) consiste em bens
culturais e referem-se a práticas e domínios da vida social, cuja manifestação abrange
saberes, ofícios e modos de fazer; celebrações; formas de expressão cênicas, plásticas,
musicais ou lúdicas; lugares (mercados, feiras e santuários onde ocorram práticas culturais
da coletividade). Os artigos 215 e 216 da Constituição Federal de 1988 ampliaram a noção
de patrimônio cultural ao reconhecerem bens culturais materiais e imateriais.
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2.1 Patrimônio Imaterial
Transmite-se o patrimônio imaterial de geração a geração e recria-se o mesmo recriado
através das comunidades e ambiente, de interação e da história. Gera-se e enfatiza-se o
sentimento de identidade e continuidade, possibilitando fomentar o respeito à diversidade
cultural e à criatividade humana, (IPHAN, 2017).
Ao mesmo tempo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura (UNESCO) conceitua patrimônio imaterial "as práticas, representações, expressões,
conhecimentos e técnicas – com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que
lhes são associados - que as comunidades, os grupos e, em alguns casos os indivíduos,
reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural."
As ações do IPHAN neste contexto incluem meios para reconhecer, registrar e preservar
bens culturais Imateriais, inclusive a nível lingüístico e identidade de grupos.
2.2 Patrimônio Material
O IPHAN (2017) protege o conjunto de bens culturais conforme natureza, quatro Livros do
Tombo: arqueológico, paisagístico e etnográfico; histórico; belas artes; e artes aplicadas. Os
supracitados artigos 215 e 216 da Constituição Federal de 1988 expandiram a noção de
patrimônio cultural, reconhecendo bens culturais materiais e imateriais e contemplou outras
formas de preservação a exemplo do Registro e do Inventário, além do Tombamento, vide
Decreto-Lei nº. 25, de 30 de novembro de 1937, adequado para proteger de edificações,
paisagens e conjuntos históricos urbanos.
Os bens tombados materiais consistem em um leque de variedades de imóveis, cidades
históricas, sítios arqueológicos e paisagísticos e bens individuais; ou móveis, como coleções
a exemplo das arqueológicas, acervos museológicos, documentais, bibliográficos,
arquivísticos, videográficos, fotográficos e cinematográficos.
3. Método
A metodologia inclui pesquisa bibliográfica, cartográfica e em documentos, trabalhos em
campo, levantamentos de medição, levantamentos para fins registrais e inventariais,
entrevistas e reuniões com as comunidades no meio urbano e no rural, registros fotográficos
e através de videos das ações, registro das memórias e do modo de fazer documentando os
saberes tradicionais dos habitantes, sejam eles imigrantes ou descendentes.
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O curso de "Comunicando-se em alemão", que ocorre desde 2009 consiste em ensinar o
idioma alemão em nível básico e nível intermediário A2 - B1. Estes cursos tem sido
ministrado pela Profa. Marlene e coordenados pela Profa. Helenne, que busca unir diversas
ações para resgatar e valorizar a cultura dos imigrantes desde 2014.
O ponto de partida para o planejamento do ensino é o levantamento das necessidades dos
alunos, seguidos de definição de objetivos, seleção e organização dos conteúdos, seleção
de procedimentos metodológicos e processos de avaliação da aprendizagem e do ensino.
No nível Inicial ocorre a alfabetização na língua alemã, possibilitando em nível básico a ler,
ouvir, entender e melhorar a comunicação. Na fase intermediária do curso foca-se no ensino
comunicativo, e o material didático é dividido em lições que trabalham todas as habilidades:
HÖREN-SPRECHEN-LESEN-VERSTEHEN-SCHREIBEN,nos moldes dos formatos das
questões do exame mencionado acima. O papel do professor neste processo é ser
MEDIADOR, como enfatizou Vygostsky: ' sujeito é interativo, pois adquire conhecimentos
com base nas relaçoes INTER e INTRApessoais de troca com o meio, por intermédio de um
processo chamado mediação.' o professor é aquele que defende mais experiência, intervém
e media a relação do aluno com saberes socialmente construídos.
O curso atual é uma ampliação da proposta inicial, sendo dirigida a viagens ao exterior,
composto de sete unidades que revisam estruturas e vocabulário básico para programar
uma viagem ao exterior, fazer sugestões de roteiros, planos de viagem, pedir informações
sobre localização de pontos turísticos, hospedagem, ler horários de trens, folhetos de
agências de viagem, verificar conexões de trens. Visa fornecer condições para pedir e
entender informações sobre o tempo, turísticas, preenchimento de formulários em
aeroportos e hotéis, escrever SMS simples, conseguir expressar-se sobre estado de saúde,
em emergências, preferências e resumir viagem a colegas, cantar músicas.
O curso também visa preparar os alunos para a Prova de nível A1 e nível A2 do Goethe
Institut, Test DaF - Deutsch als Fremdsprache (Teste de alemão como língua estrangeira).
Os estudantes de toda comunidade e faixas etárias contribuem ativamente com saberes,
Há inúmeras práticas no sentido de registrar e documentar o patrimônio cultural, seja ele
imaterial e material. Este artigo utilizou a abordagem de CERAN - Cia. Energética Rio das
Antas (2017) realizou um trabalho muito interessante no Estado do Rio Grande do Sul. O
Programa de Salvamento do Patrimônio Histórico gerou a produção do documentário
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“Travessias: Memórias do Rio das Antas”, acervo fotográfico, documentação de entrevistas
temáticas que ocorreram nos municípios da área de influência do Complexo Ceran.
Os levantamentos envolvendo o Patrimônio Material incluem contato com proprietários de
edificações, convidando-os a participar das ações. Procede-se a triagem e seleção de casas
e demais obras, levantamento utilizando câmera fotográfica digital, levantamentos:
medições de edificações usando trena, registros em campo com esboços e croquis a mão
livre, reconstituição de rascunhos em papel usando prancheta e instrumentos de desenho e
reconstituição de esquemas de projeto arquitetônico no meio computacional usando licença
educacional do software AutoCAD da empresa Autodesk gerando modelagem 2D e 3D,
plantas baixas, fachadas, telhado e detalhamento). Há contribuição de população, que
contribui com memória oral e pode fornecer informações e detalhes de aspectos históricos.
A participação ativa dos moradores e principalmente dos idosos nas ações tem sido vital,
pois são eles que acrescentam suas experiências e histórias de vida às iniciativas.
Os levantamentos de Patrimônio Imaterial são compostos de pesquisa documental de
receitas e contatos com a população buscando detectar quem detem o conhecimento e/ou
registro das receitas que são originais. A participação ativa das pessoas no processo é
essencial para o desenvolvimento das atividades. Enfatiza-se principalmente a importância
da contribuição dos idosos que detem os conhecimentos e a memória oral mais remotos
acerca das tradições e raízes culturais. A aproximação do público é importante para
possibilitar o acesso a informações como costumes, hábitos, dentre outros. No que se refere
à gastronomia as famílias de imigrantes e de descendentes tem contribuido compartilhando
os seus saberes repassados por seus ancestrais, mostrando e emprestando cadernos de
receitas e livros de receitas, fazendo demonstração da preparação de pratos. Os estudos
gastrônomicos geram a reconstituição de receitas e inserção da prática culinária, das
memórias ou do material em meio analógico para o meio digital.
3.1 Área de estudos
Ibirama integra a região do Alto Vale do Itajaí no Estado de Santa Catarina. Localiza-se a
uma latitude 27º03'25" Sul e a uma longitude 49º31'04" Oeste e 150 metros acima do nível
médio do mar. Foi colonizada a partir do final do século XIX, mas também recebeu muito
imigrantes durante o século XX. A antiga colônia Hammonia, já foi distrito de Blumenau
possui uma áreas de 247,3 m² e possui cerca de dezoito mil habitantes. Situa-se encravada
em vales com declividade acentuada, sendo entrecortada por rios caudalosos com
corredeiras e razoável extensão de florestas nativas preservadas. Há diversas comunidades
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abrangendo patrimônio cultural preservado (arquitetura enxaimel), habitantes fluentes nos
idiomas de seus ancestrais no rio Sellin, Dalbergia, Rafael, Ribeirão das Pedras e outras.
Neste contexto, pratica-se wandern (caminhadas ao ar livre na floresta), ciclismo, tirolesa,
rapel, raffting, dentre outros esportes radicais. Permanecem ainda os clubes de caça e tiro
amadores, clubes de bolão, corais, grupos folclóricos adulto e infantil bandas musicais.
4. Resultados preliminares
Realizou-se inicialmente síntese bibliográfica que tratam da história de Ibirama,
principalmente a partir de livro do autor Harry Wiese (2007). Paralelamente, realizaram-se
desde 2014 entrevistas com moradores e o processo de cadastro de saberes, registro da
gastronomia local e reconstituição de receitas originais e elaboração de pratos da culinária
dos imigrantes. Já haviam sendo realizados os levantamentos de medição de patrimônio
arquitetônico e reconstituição esquemática dos projetos de edificações.
4.1 Paisagem
O verde era uma tônica. Havia o pasto sempre verde associado a casa e o jardim como
complemento com valor era o visual magnífico. Paisagem, florestas e pastagens verdes
Este foi o retrato do Vale do Itajaí no século XIX na visão do médico e escritor húngaro
Alexander Lanard imigrado para a região e que durante muitos anos redigiu o livro Die Kuh
auf dem Bast (A Vaca no Pasto), Alexander Lanard apud Wiese (2007).
Andreas Kinas (1997) concorda que a flora era muito exuberante. A região do Alto Vale do
Itajaí avicinava-se com as florestas, que tinham inclusive muito animais selvagens.
Wiese (2007) descreve que para os imigrantes europeus havia muito a aprender com os
silvos, cantos, pios, enfim a música da floresta. Ao mesmo tempo, verifica-se desde esta
época iniciativas para conhecer a dinâmica das águas, uso do solo, ventos,
acompanhamento das condições meteorológicas.
Oberacker (1985) apud Wiese (2007) citam que no entorno das casas, sobretudo, as alemãs
havia pomar com árvores frutíferas, horta caseira e belissimos jardins com flores. A floresta
virgem contrastava com as flores silvestres, cujas cores e perfumes eram fora do comum e,
também, pelas flores provenientes da Europa que britaram e floresceram de sementes
trazidas da Alemanha. Nas proximidades, seja na lateral ou fundos das residências haviam
estrebarias. Os imigrantes criavam gado. Aliás, esta atividade persiste até a atualidade e
alimenta o setor leiteiro, frigoríficos e curtumes, dentre outras.
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Percebe-se que houve diversas fases da tipologia habitacional dos imigrantes. Na chegada
eram recebidos no rancho dos imigrantes, que consistia em uma habitação coletiva. De fato,
era uma choupana edificada com materiais da floresta. Após árduas dificuldades os
imigrantes construiam casas mais confortáveis. Os estilos arquitetônicos variavam bastante.
Otto Wille (1994) reitera as descrições de Wiese (2007) mostrando que em 1905 havia
muitas dificuldades os imigrantes tiveram que aprender a construir, abater árvores e produzir
tábuas. Faziam a taipa com barro, palha que eram lançada em trama feita com folhas de
palmeiras, tranças de taquaras e cipós. A pintura disponível era a argila branca. Usava-se
assoalho em tábuas de madeira.
As casas dos imigrantes alemães utilizavam em geral o sistema construtivo enxaimel, mas
também alvenaria. No enxaimel as vedações podiam ser de alvenaria de tijolos sem o
reboco, ou alvenaria caiada, cobertura com tabuinhas, telhas ou chapas de zinco.
Oberacker (1985) apud Wiese (2007) por outro lado, as famílias de imigrantes cuja etnia era
italiana e suas casas possuiam características diferenciadas, em geral de madeira. Tinham
estufa de fumo e rancho para o gado. Em termos de uso o sótãos era utilizado para
dormitórios de filhos do sexo masculino, pois as famílias eram numerosas. Guardava-se
ainda objetos e móveis fora de uso.
Conforme Seyferth (2016) uma parte dos colonos assentados pela Hanseática vinha das
regiões coloniais mais antigas. Eram reimigrados de colônias mais antigas, seja do Rio
Grande do Sul. Piazza (1994, 1983) relata que também imigraram austríacos.
Wiese (2007) descreve que dentre os falantes do alemão vieram alemães, suiços, imigrados
para Ibirama vieram de regiões ao norte da Alemanha. Para Piazza (1994, 1969) os italianos
vieram do norte da Itália, em geral, das províncias do Trentino, Lombardia e Veneto. Vieram
também russos, tchecoslovacos e poloneses.
4.2 Gastronomia
De acordo com Wiese (2007) os imigrantes que chegaram a Hammonia no século XIX se
defrontaram com uma realidade diferente dos seus países de origem.
O primeiro impacto sentido em termos de gastronomia foi de que os pratos típicos não
podiam mais ser preparados como suas receitas originais. Isto se deve a diversas razões,
ou não havia disponibilidade de ingredientes, ou não tinham dinheiro para adquiri-los.
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A Kolonisations Verein von 1849, in Hamburg (Sociedade Colonizadora de 1849 de
Hamburgo) que promoveu no Estado de Santa Catarina a colonização da colônia Dona
Francisca (atual município de Joinville) e do vale do Itajaí (que anteriormente consistia em
Blumenau e diversos distritos e hoje abrange diversos municípios, dentre os quais Ibirama)
situada no norte da Alemanha, trouxe imigrantes das proximidades, de outras regiões da
Alemanha e até de outros países.
Couto, Heneault e Aguiar (2017) mostram que a gastronomia do norte da Alemanha abrange
muitos estados cuja economia há muito tempo é baseada na agropecuária e na pesca. a
costa do Mar do Norte e do Mar Báltico. O turismo é atividade relativamente recente e como
tal utiliza muito os peixes e frutos do mar no cardápio. Destacam-se pratos típicos do Norte,
como o Frinkenwender scholle (peixe da família do linguado marinado no sumo de limão e
frito) e a famosa Aalsuppe (sopa de enguia defumada).
O modo de preparação dos pratos depende da região de origem. A Aalsuppe pode ser
preparada com batatas em caldo de carne, cebolas em purê, cenoura e salsão em tiras e
filés de enguia defumada, servindo-se com folhas de manjerona na Ilha de Rügen. A mesma
sopa em Hamburgo inclui ameixas e damascos secos, vinho branco, bouquet garni,
aspargos, ervilhas e também toucinho.
Há outras receitas típicas da região como Birnen, bohnen und speck: do Estado de
Schleswig-Holstein (presunto defumado e temperado servido com ervilhas, peras com
batatas salteadas. O Frinkenwender scholle de Hamburgo (peixe marinado frito
acompanhado de bacon, cebola e batata cozida. Gefüllter kohlkopf (couve-portuguesa ou
branca recheada com carne de porco moída ou bacon cozida com temperos, servida com
molho branco, batatas cozidas e miolo da couve. Pfannfisch (omelete de pedaços de peixes
com carne branca, ou bacalhau ou salmão com servidos com cebolas douradas na manteiga
e batatas na frigideira e com picles de pepino.
Outros pratos são o Lammrücken mit kräuterkrutse (lombo de cordeiro com crosta de ervas),
o Heidschnuckenkeule in sahen (lombo de cordeiro com molho cremoso) e o Gefüllte
Heidschnuckenhaxen (pernil de cordeiro recheado) típico da Frísia no extremo norte de
Schleswig-Holstein, Schwarzsauer von Gänsenklien ganso ensopado com peras no prato,
Gänseleber im Steintopf mit Sauerkraut ganso com fígado cozido com chucrute típicos da
Pomerânia, pratos com peixes de água salgada, enguia, arenque, linguado e salmão e
frutos do mar, como ostras, camarões, lagostas e conchas diversas na região de Bremen e
Cuxhaven, Baixa-Saxônia, Kiel, Schleswig-Holstein e Hamburgo.
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Wiese (2007) mostra que o cardápio dos imigrantes nas colônias no Estado de Santa
Catarina foi suplantado quase que totalmente. O pão preparado com trigo na Europa,
passou a ser feito com fubá de milho. Alimentos tais quais ao feijão, farinha de mandioca,
carne seca a cachaça eram completamente desconhecidos para os imigrantes, mas, pelas
dificuldades passaram a ser o alimento diário para todas as refeições, almoço e jantar.
Houve reações dos imigrantes, que não adaptando-se ao cardápio brasileira conforme relata
Kinas (1997) começaram a buscar outras fontes de proteínas através da caça. A carne de
caça de vários animais foram incluídas nas aventuras na floresta, que tinha flora e fauna
muito abundantes. As caçadas incrementaram a culinária com abundância e variedade de
pratos elaborados com a carne de mamíferos e de aves, a exemplo, de macacos, pacas,
tatus, javalis, veados, antas macucos, principalmente as grandes como a jacutinga.
A colônia Hammonia possuiam indústrias de bebidas, a exemplo, da cervejaria da familia
Klemz e da cervejaria Köpsel que produzia também gasosa, havia destilarias como a
drogaria Vanselow que produzia licores e conhaques e vinho de laranja.
Dentre os imigrantes cujo idioma fosse o alemão era a bebida mais apreciada. Ao mesmo
tempo consumia-se cento e cinquenta mil garrafas de cerveja ao ano, ainda que a situação
econômica fosse difícil. Por outro lado, os imigrantes falantes do idioma italiano apreciavam
mais o vinho. No entanto, o vinho era escasso, pois não havia vinícolas próprias. A
alternativa que ocorreu foi a produção e consumo de cachaça.
Para Wiese (2007) os alimentos que atravessaram a história de Hammonia e continuram
através do tempo foram o Pfefferkuchen (bolacha com semente de anis) e o Salzgurken
(pepino em conserva), frutas desidratadas no sol sobre pano ou formas e Kuchen (cucas).
Não havia muitas árvores frutíferas no início do século XX.
À medida que os imigrantes conseguiram criar e manter pecuária leiteira, começou a
produção de queijo branco, Schmierkaehse (mistura amassada com garfo de queijo branco
com nata. O queijo branco feito com leite coalhado do qual deixou-se escorrer o soro.
Consumia-se pão com doce, mel ou melado ou geléia de frutas e o Schmierkaehse.
Utilizava-se também bastante a nata e manteiga. Tais produtos passaram a ser muito
consumidos. Persistiu o hábito de tomar café trazido da Alemanha.
As receitas típicas trazidas dos países de origem retornaram ao cardápio quando a colônia
estabilizou-se financeiramente. Tais saberes estavam registrados nos cadernos e livros de
receitas guardados em baús trazido pelos imigrantes. Em geral, os pratos típicos da
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culinária eram elaborados aos domingos. Preparava-se sopa de galinha engrossada com
arroz, batata ou ovo batido com trigo, sopa de ervilhas, Gebratene ente (marreco recheado)
ou pato recheado. Os acompanhamentos das aves assadas, seja marreco ou pato,
consistiam em repolho roxo, Apfel Püree (purê de maçã), batatas inglesas, ou aipim frito
com toucinho de porco. Utilizava-se também a batata doce.
Apreciava-se muito o Kassler (bisteca de porco defumada e fritas na manteiga com vinho
branco servidas com Sauerkraut (chucrute repolho azedo), purê de batatas e ervilhas. O
Sauerbraten, elaborado com tatu carne verde, que permanecia de molho durante dias com
cebola, pimenta, toucinho e folhas de louro e coberta com leite azedo. Após a carne é
assada em panela e servida com gnocchi.
Dentre os doces destacavam-se o Weihnachtskuchen (doces de Natal) e o Stolle.Trata-se
de um Kuchen (bolo, cuca com massa especial incrementada com amêndoas, nozes,
avelãs, castanhas, passas, frutas cristalizadas, cravo moído e noz moscada. A mistura era
moldada e assada em forno e pincelada com manteiga e coberta por glacê. Outros doces
tradicionais são doces com mel, Traubenkuchen (cucas de uvas), orelhas de gato, torta de
queijo dentre outras.
O IPHAN (2007) constata que a proporção da etnia alemã constitui o grupo mais
representativo no Estado de Santa Catarina e perfaz quase 40% dos descendentes. Os
descendentes de imigrantes italianos constituem quase 30% da população. Os
descendentes de imigrantes poloneses são quase 5% da população. O dossiê reconhece
que muitos dados podem ter sido sub-quantificados nos dados oficiais a respeito da
imigração, o que deve inevitavelmente ter implicado em erros.
Para Wiese (2007) os imigrantes de cada etnia forneceram a sua contribuição com outros
hábitos. Percebe-se que russos, tchecoslovacos e suiços estiveram muito integrados à
cultura alemã, por questões históricas européias.
Ferreira da Silva (1972) constatou que do fim do ano de 1874 em diante a imigração italiana
foi a preponderante. Muitos imigrantes aportaram. A origem dos mesmos a priori era do Tirol
austríaco, cujo idioma era italiano e alemão. Tais imigrantes chegaram motivados pelas
novas políticas governamentais brasileiras e por contratos com outros países. No entanto,
percebe-se que a imigração de italianos em um meio já fora previamente colonizado por
imigrantes alemães não ocorreu de maneira pacífica, gerando inúmeros conflitos.
O mesmo autor constata que a imigração de cidadãos italianos e tiroleses espelhou-se em
conseqüências no âmbito da arquitetura, religião, hábitos alimentares e outros aspectos da
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cultura local. Houve uma mistura enriquecida da cultura dos alemães, italianos e tiroleses.
Contata-se que houve vinda de grande quantidade de imigrantes trentinos, mas temabém de
de imigrantes provindos de Verona, Cremona, Brescia, Treviso, Lombardia e do Vêneto e de
muitas outras áreas da península itálica.
Conforme Richter (1986) houve mais afluxo de imigrantes com a criação da Sociedade
Colonizadora Hanseática e convênio com o Governo de Santa Catarina. Tal convênio criou
quatro novos distritos coloniais integrando a Colônia Hansa, dentre estas; o distrito de Itajaí-
Hercílio: o maior e mais importante, situado no município de Blumenau. O referido distrito
cuja sede era Hammonia, nos dias atuais é o município de Ibirama.
A Sociedade Colonizadora Hanseática formou-se da fusão entre Kolonisations Verein von
1849, in Hamburg (Sociedade Colonizadora de 1849 de Hamburgo) consistia num consórcio
das mais importantes companhias de navegação da Alemanha e também de importantes
casas comerciais. Tal convênio forneceu suporte para a colonização em larga escala, sendo
assinado em 28 de maio de 1895, em Florianópolis entre o Governo de Santa Catarina na
administração de Hercílio Pedro da Luz, e Carl Fabri representando os alemães.
Vieira (2008) aponta que ocorreu ainda migração interna no Brasil de imigrantes alemães e
italianos, que haviam se estabelecido em colônias em crise no estado de Santa Catarina e
dos estados do Paraná e Rio Grande do Sul, que mudaram-se para o vale do Itajaí.
Para Wiese (2007) ao contrário dos alemães os imigrantes italianos tinham outros hábitos,
por exemplo, fazer polenta com fubá de milho e a produção do vinho. Os italianos não
consumiam muito pão, ao contrário dos alemães. A polenta italiana era preparada com
queijo, linguiça e ovos. Havia também a menestra (mistura de feijão e arroz). O café da
tarde incluia bolinhos de trigo ou fubá cozido na banha e molhado no vinho, principalmente
se houvesse casamentos. Os imigrantes contribuiram muito com técnicas de conservação
dos alimentos, como as compotas, desidratação de frutas, salga e secagem de carnes ao
sol e também através de defumação. Quase todas as partes do porco eram defumadas,
gerando toucinho, costelinha, Eisbein. Costumava-se assar a carne e guardá-la na banha de
porco para conservar, manter a qualidade nutricional e o sabor.
4.3 Idioma
Wiese (2007) descreve que desde o início da colonização no século XIX, durante todo o
século XX e até os dias atuais o idioma alemão continua sendo uma língua falada, lida e
IX Mestres e Conselheiros Agentes Multiplicadores do Patrimônio Belo Horizonte/MG de 21 a 23/06/2017.
escrita. O autor citou Ursula Albersheim que mostra que numa vez que a colônia Hansa
Neues Deutschland era uma empresa alemã cujos todos os funcionários eram alemães.
Nem todos os imigrantes teutos eram agricultores na Europa. Havia famílias que vinham
com recursos financeiros para investimentos e que podiam contratar mão-de-obra luso-
brasileira. O contato com o idioma português foi advindo do contato com nativos, caboclos e
brasileiros. As conversas iniciais entre idiomas tão distintos ocorreu através da mímica, após
aprendeu-se nomes de objetos, alimentos, locais, atividades, cores, dentre outros.
Do ponto de vista lingüístico um ou dois anos de convívio entre alemães e nativos
enriqueciam o vocabulário de ambos, mas persistiam as dificuldades de comunicação e da
pronúncia. O contato dos imigrantes com os indígenas também atuou contribuindo para
incrementar a cultura. Os hábitos de caça, pesca e coleta, e o conhecimento mateiro de
substâncias e espécies animais e vegetais úteis, comestíveis, medicinais, com resistência
mecânica adequada, seja de mel silvestre, frutos nativos, tubérculos, palmito, palmeiras,
folhas, talos, flores contribuiram no estabelecimento da colônia.
O modo de falar em Hammonia contribuiu para gerar neologismo regional da fusão entre o
idioma alemão e o português. Em geral, este fenômeno ocorre quando assimila-se muito o
idioma, a cultura, usos e costumes. Isto corroborou para unificar a linguagem, seja o
imigrante mais simples até o mais culto. Estes fatos contribuiram para formar o "germanês"
ou língua teuto-catarinense, Katarinnen deutsch conforme descrevem outros estudiosos.
4.4 Música, dança, dentre outros
Para Wiese (2007) as canções folclóricas tanto dos imigrantes alemães, quanto dos italianos
tem muita relevância no vale do Itajaí. As manifestações musicais aconteciam em família ou
durante reuniões festivas. As cantorias e música amenizavem a saudade do pais de origem,
da família e amigos que permaneceram na Europa. A música mostrava a sensibilidade
artística e poética dos imigrantes.
O jornal der Hansabote de 1905 citado pelo mesmo autor revela que as cantorias eram
regadas a ponche, cachaça e alimentos. Cantava-se e tocava-se instrumentos musicais. A
trilha sonora era composta de Hino da Alemanha, Der gute Kamerade (O bom camarada),
Der Abendstern (A estrela vespertina), Frühlingsbotschaft (Mensagem da primavera),
Abendlied (Canção da noite), Der Nachtigall Antwort (A resposta do rouxinol), Sonntag
(Domingo), Wanderlied (Canção do viajante), Abschied von der Heimat (Despedida da
pátria), Nach der Heimat moecht ich wieder (Para a pátria eu gostaria de voltar), Der
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wanderer in der Sägermühle (O viajante no moinho), Soldaten Morgenlied (Canção matinal
do soldado) e outras. Muitas musicas do compositor Wolfgang Amadeus Mozart eram
tocadas, a exemplo de, Nach dem Mai e Der Landmann seinen Sohn (O filho mais velho do
camponês, Heidenröslein (Rosinha silvestre), cuja letra era de Johann Wolfgang von Goethe
e musicada por Werner.
Havia, ainda, as canções infantis às quais tinham muita importância, Gott der Allwiessende
(Deus que sabe de tudo), Weist Du wie viel Sterne stehen (Sabes quantas estrelinhas).
Cantavam, ainda, quando queimava-se a roça. No entanto a prática foi extinta, por risco de
danos aos agricultores e a fertilidade do solo.
Das canções folclóricas dos imigrantes italianos sobressaem-se, La Montanara, Hino ao
Trentino, Lá Mèrica, e outros. Os cantores e a população cantavam com muita alegria em
rodas de amizade e acompanhadas de vinho.
Houve tendência do povo cantar mesmos as canções em idioma alemão e italiano. Há os
corais,grupo folclórico Neu Bremen Volkstanzgruppe, instrumentais e vocais, mas não há
preocupação em resgatar e manter as tradições das diversas etnias de imigrantes, exceto
iniciativas do poder público municipal.
4.5 Patrimônio Natural e Cultural
No ano de 2014 iniciou-se o mapeamento de patrimônio natural, tendo como foco o
potencial cênico na paisagem, cachoeiras e edificações antigas, construídas pelos
imigrantes, principalmente edificações, que pertençam ao sistema construtivo enxaimel e
outras construções significativas e obras de engenharia como pontes de aço, instalações
que realizam o aproveitamento de energia hidráulica, como rodas d´água, moinhos e outros.
4.6 Patrimônio Arquitetônico
Está sendo realizado um inventário do patrimônio cultural material com ênfase na arquitetura
e no sistema construtivo enxaimel. Até o momento identificaram-se e realizaram-se o
levantamento fotográfico de quarenta e cinco casas enxaimel no município de Ibirama.
Paralelamente, realizou-se o levantamento de medição com trena e reconstituição do
esquema do projeto arquitetônico de seis edificações, vide Figura 01.
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Figura 01 - Fachwerkhaus bei der Universität. Casa enxaimel na Universidade
4.7 Receitas típicas
Selecionou-se uma receita representativa para a cultura Gastronômica da região muito
utilizada. Há muitas expectativas para que possa ser preservada a história, identidade e
singularidade local e regional. É vital que as novas gerações possam identificar a si mesmas
e contribuir ativamente no futuro perpetuando no tempo saberes tradicionais herdados dos
antepassados imigrantes. Se faz necessário resgatar e valorizar os saberes familiares
trazido e sua riqueza cultural intangível contribuindo para as muitas gerações a posteriori.
A receita que apresenta-se a seguir, ainda que simples, foi cuidadosamente selecionada.
Sendo assim, remete a historias de vida, cultura, saberes, herança cultural que merece ser
preservada como acervo no patrimônio cultural imaterial da nossa região.
O Käsekuchen (bolo de queijo), vide figura 02, é uma receita original da região central da
Alemanha. Aprender sobre essa receita requer uma pesquisa mais aprofundada, já que
ao longo da historia ela teve variações regionais. Explicam-se as especificidades, pois o
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local foi colonizado por imigrantes europeus, em sua maioria alemães do norte da
Alemanha. Há várias versões da receitas do bolo de queijo, vide Figura 03 e 04. A base da
receita leva ovos, farinha, açúcar, leite,nata e queijinho branco sem sal. Algumas receitas
tem adição de frutas como ameixa, framboesa, cereja, uvas passas. Estudos realizados
pela equipe mostram que o tipo de fruta utilizada parece estar ligado a região de origem do
imigrante. O Estado de Santa Catarina recebeu muitos imigrantes de várias regiões da
Alemanha, que estabeleceram-se na região do Alto Vale do Itajai e outras.
Figura 02 - Käsekuchen. Bolo de queijo, receita elaborada por Diomar Caetano.
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Figura 03 - Käsekuchen rezept. Receita de bolo de queijo
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Figura 04 - Käsekuchen rezept. Receita de bolo de queijo
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5. Resultados esperados
A ideia é de que os saberes se propaguem e se perpetuem no tempo e que sejam
replicadas através das gerações e para os turistas. Busca-se evitar o que Seyferth (2017) e
CERAN (2017) descrevem como processos de aculturação dos imigrantes e seus
descendentes, possibilitando que usos e costumes possam ter continuidade no tempo.
Busca-se resgatar e valorizar o conhecimento e a memória oral da população e dos
principais protagonistas do processo de imigração, ou seja os próprios idosos, que detem as
memórias mais remotas.
A proposta visa resgatar e valorizar o Patrimônio Cultural Material e Imaterial como um todo
o que sugere abranger "um pouco de cada" do legado cultural, valorizando o idioma, a
gastronomia, da arquitetura, esportes, música, folclore, costumes, hábitos, dentre outros
aspectos e manifestações.
Espera-se gerar materiais de divulgação e publicações, promover oficinas com crianças,
adolescentes, adultos e idosos visando integrar as diversas gerações, promover a educação
patrimonial e gerar multiplicadores do patrimônio.
Valorizar os conhecimentos dos habitantes e documentá-los, seja a memória, os saberes e
suas diversas interfaces, o idioma e os dialetos, as canções, as receitas, fabricação dos
produtos caseiros, Kuchen (bolos), geléias, conservas como Sauerkraut (chucrute),
cervejarias artesanais, cultivo de uva e produção de suco e de vinho, o artesanato, os
lugares, métodos construtivos, conhecimentos de restauro de Fachwerkhäuser (edificações
enxaimel), energias limpas como as rodas d´água, engenhos e moinhos, nas festas, nos pic-
nics, os bailes, cultivo de trutas e outros.
Atuar na divulgação em conjunto com a população para que atuem as ações tenham
continuidade no tempo e espaço. Contribuir para a que hajam multplicadores do Patrimônio.
Contribuir para a geração de renda das famílias através incremento do turismo e da
comercialização de produtos caseiros.
6. Referências Bibliográficas
CERAN. Cia. Energética Rio das Antas. Patrimônio histórico e cultural : Massas
Alimentícias, Um pouco de tudo - Receitas, Depoimento, Santos Camponeses, Legenda das
IX Mestres e Conselheiros Agentes Multiplicadores do Patrimônio Belo Horizonte/MG de 21 a 23/06/2017.
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Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental e Schleswig-Holstein juntam-se a Hamburgo para criar
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OBERACKER, Carlos H. Jr. A contribuição teuto à formação da nação brasileira. Rio de
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PIAZZA, Walter F. A Colonização de Santa Catarina. Florianópolis: Lunardelli, 1994.
______.Santa Catarina: Sua História. Florianópolis: Ed. da UFSC; Lunardelli, 1983.
RICHTER, K. A Sociedade Colonizadora Hanseática de 1897 e a colonização do interior de
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SEYFERTH, Giralda. Uma história de sucesso - A imigração alemã em Santa Catarina
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Blumenau em Cadernos. no; 05, maio, 1994.
7. Agradecimentos
A UDESC, Direção de Extensão, Professores, funcionários, verba e bolsas. A população, as
famílias Köpsel, Larsen, Schäfer, Cacilda Lunelli, Veronica Stoll, a Maki retalhos, Prefeitura.
As bolsistas que já participaram das ações Barbara de Souza Kayser, Anne Rocha e Patricia
F. de Andrade, Ariane dos Santos e aos que participam e Marcio Junior de Oliveira, Thais
Ferreira e Michelly Eduarda Baasch e outros.