8
Informativo do Ministério Público do Estado do Paraná | Ano 8 | Nº 2 | Março/Abril 2009 Membros e servidores do Ministério Público do Paraná reúnem-se em Curitiba para discutir fundamentos do projeto de Gestão Estratégica, iniciativa histórica com base em metodologia científica, que norteará a atuação institucional até 2018

GEMPAR 2018 começa com alinhamento estratégico · 2018. 5. 21. · GEMPAR 2018 começa com alinhamento estratégico Membros e servidores do Ministério Público do Paraná reúnem-se

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: GEMPAR 2018 começa com alinhamento estratégico · 2018. 5. 21. · GEMPAR 2018 começa com alinhamento estratégico Membros e servidores do Ministério Público do Paraná reúnem-se

Informativo do Ministério Público do Estado do Paraná | Ano 8 | Nº 2 | Março/Abril 2009

GEMPAR 2018 começacom alinhamento estratégico

Membros e servidores do Ministério Público do Paraná reúnem-se em Curitiba para discutir fundamentos do projeto de Gestão Estratégica,iniciativa histórica com base em metodologia científica, que norteará a atuação institucional até 2018

Page 2: GEMPAR 2018 começa com alinhamento estratégico · 2018. 5. 21. · GEMPAR 2018 começa com alinhamento estratégico Membros e servidores do Ministério Público do Paraná reúnem-se

2 Março | Abril 2009

Expe

dien

te

Maria Tereza SadekEntrevista

Desde quando a senhora pesquisa diretamente o Ministério Público? Que

característica institucional destacaria como sendo própria do MP?

Tenho estudado o Ministério Público desde o início dos

anos 1990. O que me chamou muito a atenção é que, entre as

instituições do sistema de Justiça, o MP tinha uma situação de

grande destaque. O Ministério Público brasileiro, mais especifi-

camente, apresenta muitas singularidades, desde a sua posição

institucional, até o seu rol de atribuições, ou seja, o nosso MP é

muito diferenciado no conjunto de instituições com nomes se-

melhantes que existem na América Latina, na América do Norte

e também na Europa. Acredito que só o MP brasileiro tem tantas

atribuições e uma importância tão significativa, tanto política

quanto de acesso à Justiça e de realização de direitos. Sob este

ponto de vista, por abarcar tantas atribuições, nosso MP tem

uma responsabilidade muito grande. A margem de obrigações

é tão ampla quanto aquilo que lhe cabe fazer por direito e por

dever constitucional.

Qual seria o desafio para o cumprimento dessa missão institucional?

Como a missão é muito ampla, é muito difícil você ter um

Ministério Público preparado para atuar em todas as áreas. Isso

significa dizer que, certamente, o MP é obrigado, é constrangido,

a eleger prioridades. Agora, as prioridades não são definidas em

função do nada, não se elegem de uma maneira abstrata. Para

traçar prioridades, há que se conhecer a realidade – e é nesse

ponto que a ideia de planejamento e de correto diagnóstico sobre

o contexto no qual o MP está inserido se faz tão absolutamente

imprescindível e fundamental. Outra questão que pesa bastante

no Ministério Público brasileiro é a desproporção entre as atri-

buições com a estrutura da instituição. Se comparar com os MPs

que existem na América Latina, por exemplo, o que é que nós

vamos encontrar? Vamos encontrar Ministérios Públicos como o

do Panamá, com um número de integrantes três vezes maior que

o nosso em relação à população daquele país, muito embora o MP

panamenho só atue na área penal. Além disso, temos o problema

dos recursos orçamentários, que também são bastante inferiores

ao que sugeriria a necessidade de atuação do MP ou mesmo em

contraste com o Poder Judiciário, em vários estados da federação.

Isso significa dizer que é mais premente ainda, no Ministério

Público, a necessidade de se fazer um planejamento.

Nessa linha de eleger prioridades de atuação, como a senhora avalia a

questão da atividade extra-judicial?

O Poder Judiciário, todos sabemos, sofre de uma lentidão

quase que crônica. Dependendo do Estado, isso pode levar seis,

sete, oito anos – e uma solução tardia, não é uma solução. Pode,

inclusive, fazer com que os problemas se acentuem. Por isso é

tão importante para o MP a ação extra-judicial, como temos nos

termos de ajustamento de conduta: envolvem acordo, negociação,

debate entre as pessoas interessadas. Não existe a imposição de

uma solução, como ocorre quando você está no Judiciário, mas o

oposto – há uma negociação. Isso faz com que o Ministério Público

tenha uma imagem muito mais positiva junto à sociedade. Hoje,

em virtude de situações como as oferecidas pelos TACs, nós po-

demos dizer, com absoluta certeza, que o MP se fez conhecer pela

comunidade. E isso reflete um empenho da própria da Instituição,

é resultado dessa atuação menos formalista junto à população,

mais voltada, exatamente, para as necessidades sociais.

Como a questão da regionalização aparece no seu estudo sobre o

Ministério Público brasileiro?

Na maioria dos Estados brasileiros nós temos diferenças

regionais que são marcantes – não posso imaginar que a atuação

do MP na capital deva ser idêntica à feita no interior. Há variações

que são, às vezes, extremamente significativas. Temos locais em

que a questão do meio ambiente é essencial e deve ser entendida

como prioritária – em outros, a área ambiental não é problema,

mas a questão do patrimônio histórico, por exemplo. Assim, não

posso imaginar que a questão da regionalização não tenha uma

força central. Ao contrário: ela deve orientar a atuação do Minis-

tério Público. Por isso voltamos à questão da necessidade de um

diagnóstico é absolutamente central sobre o MP. Sem isso, não

há como se estabelecer prioridades, nem como definir as áreas a

serem trabalhadas com mais ênfase. Também temos que perceber

quais os reclamos da população, o que ela está exigindo, o que

quer do MP. Porque em muitas áreas ainda não temos essa ideia,

essa noção do que da comunidade, de fato, está querendo. O

Ministério Público precisa estar atento a isso.

E quanto à interação entre Primeiro e Segundo Grau? Como ela se dá

na comparação entre MP e Judiciário?

Nós temos uma diferença marcante, tanto em relação ao

Poder Judiciário, como no âmbito dos Ministérios Públicos Estaduais.

No Judiciário, creio que acabamos tendo, do ponto de vista real,

não formal, uma situação em que o Primeiro Grau vem sendo

muito desvalorizado, porque as decisões estão sujeitas a muitos

recursos, então o que acaba valendo, na prática, é o Segundo

Grau, o Terceiro Grau e o Quarto Grau. Penso que, em virtude

disso, corremos o risco da quase irrelevância do Primeiro Grau

no Judiciário. No Ministério Público, temos o oposto: o Primeiro

Grau tem uma atuação extremamente importante e significativa.

Em primeiro lugar, porque o Promotor de Justiça tem um contato

muito direto com a população: não é raro encontrar cidades em

que ele é conhecido da comunidade, participa de vários eventos

Graduada em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1969), Maria Tereza Sadek é mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP e doutora em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (1984). Atualmente, é pesquisadora senior e diretora de pesquisa do Centro Brasileiro de Estudos e Pesquisas Judiciais e professora-doutora do Departamento de Ciência Política da USP. Atua no IDESP (Instituto de Estudos Econômicos Sociais e Políticos de São Paulo) desde a sua fundação, desenvolvendo pesquisas sobre questões relacionadas às eleições, à Justiça Eleitoral, ao Poder Judiciário e ao Ministério Público. Em 2006, produziu um trabalho específico sobre o perfil do MP brasileiro para o Conselho Nacional do Ministério Público.

MP Notícias é uma publicação do Ministério Público do Estado do Paraná. Procurador-Geral de Justiça: Olympio de Sá Sotto Maior Neto. Corregedor-Geral: Edison do Rego Monteiro Rocha. Redação e fotografia: Jaqueline Conte (Jornalista responsável MTB 3535/PR) e Patrícia Ribas. Fotografias: MPDFT, Fox Digital Vídeo e Foto e Sergio Renato Sinhori. Arte-final/impressão: Via Laser Artes Gráficas Ltda. Tiragem: 1.300 exemplares.

sociais, recebe o cidadão no seu gabinete, conversa, propõe

soluções, e daí por diante. Agora, na estrutura da Instituição, a

relação Primeiro e Segundo Grau, aí sim, pode ser um problema

em alguns MPs. Isso porque a atividade de Segundo Grau tende a

ser mais burocrática – e é aí que se percebe um distanciamento,

bem como uma variação muito grande entre os Ministérios Pú-

blicos de todo país. Um exemplo claro disso se apresenta no que

se refere à escolha de Procurador-Geral de Justiça: há estados em

que um Promotor pode se candidatar – em outros, não, apenas

um Procurador. Então aí, novamente, eu digo: nós temos que

voltar a analisar caso a caso, fazer contrastes, ver em que lugar

a modificação numa variável provocou alterações que sejam mais

significativas, não apenas do ponto de vista interno, mas naquilo

que o Ministério Público tem que fazer por obrigação, sua missão

primeira, que é garantir a Justiça para a população.

Qual a importância do planejamento estratégico para o futuro do

MP?

Acredito que essa atividade é vital, diria que está extre-

mamente relacionada à sobrevivência do Ministério Público. Isso

porque o MP sofre um pouco daquilo que podemos chamar de

“conseqüências de seu próprio sucesso”. Ou seja, quanto mais

atua, de uma forma eficaz e eficiente, mais ataques recebe. Temos

uma correlação quase matemática nessa relação. Pensando nisso,

e em como o Ministério Público cresceu desde 1988, faço uma

afirmação quase dramática – talvez o futuro da instituição não

esteja no seu fortalecimento, mas o contrário: em um recuo nas suas

atribuições. Aí é absolutamente vital a questão do planejamento

estratégico. Vou dar um exemplo que me parece significativo. Nas

últimas semanas, um dos grandes ataques que se fez ao MP foi

sobre sua suposta falta de eficiência no que se refere ao controle

externo da atividade policial. Nessa atividade, que muitos dos

próprios integrantes do Ministério Público dizem acreditar que

não é a área em que sua atuação é mais positiva, talvez valesse à

pena sentar e pensar: como é que se deve responder a esse tipo

de ataque? Como é que esse trabalho vem sendo feito de fato,

como tem sido o desempenho da instituição em relação a essa

área? Porque, creio eu, esse desempenho não é absolutamente

negativo. Penso que existe uma atuação nessa seara, mas que

talvez não seja tão bem planejada – ou mesmo esse setor talvez

não esteja tendo um trabalho de comunicação externa tão bem

feito. Assim, além de planejamento, acredito que o MP deve ter

um setor de comunicação mais amparado, que possa ser mais

eficiente para a instituição. Agora, tenho por certo é que, sem

planejamento, a instituição está fadada a encontrar limites cada

vez mais poderosos, que podem fazer com que haja um recuo na

potencialidade institucional do Ministério Público.

Page 3: GEMPAR 2018 começa com alinhamento estratégico · 2018. 5. 21. · GEMPAR 2018 começa com alinhamento estratégico Membros e servidores do Ministério Público do Paraná reúnem-se

3Março | Abril 2009

Futuro InstitucionalUma multidão fervilhante de ideias e desejos,

um conjunto diversificado de experiências e de espe-

ranças, 443 mentes reunidas com um único objetivo:

discutir o futuro do Ministério Público do Paraná.

Foi assim, em uma iniciativa inédita na história da

Instituição, que membros e servidores participaram

do Encontro Estadual 2009, evento que definiu o

alinhamento estratégico do MP-PR, primeira etapa

para a implantação do projeto de gestão estratégica

denominado GEMPAR 2018. O encontro foi realizado

entre 15 e 18 de abril, no CIETEP – Centro Integrado

dos Empresários e Trabalhadores das Indústrias do

Estado do Paraná, em Curitiba.

Com base em metodologia científica própria - o

BSC (veja box) -, a comunidade interna, utilizando-se

de dinâmicas de grupo, discutiu o passado, o presente

e o futuro da Instituição, identificando pontos fortes e

fracos, oportunidades e ameaças. A partir dessa análise

histórica e de contexto, Procuradores, Promotores de

Justiça e Servidores delinearam objetivos e diretrizes

institucionais que, ao final do encontro, foram apre-

sentados e votados pelo conjunto dos participantes.

Esses indicativos serão utilizados, agora, na segunda

fase do processo, qual seja a definição da estratégia

que levará a Instituição de hoje ao patamar desejado

para 2018, com a construção do mapa estratégico

provisório do MP-PR, representação gráfica dos obje-

tivos estratégicos que nortearão a Instituição a longo

prazo. Esse mapa e os indicadores de desempenho

serão, então, apresentados à comunidade interna,

por meio de reuniões regionais, onde também serão

Encontro teve espaço para discussões institucionais e apresentação de teses

O Encontro Estadual 2009, que foi realizado em

parceria pela Procuradoria-Geral de Justiça, Fundação

Escola do Ministério Público (FEMPAR) e Associação

Paranaense do MP (APMP), foi aberto na noite de 15 de

abril, com pronunciamentos do Procurador-Geral de

Justiça, Olympio de Sá Sotto Maior Neto, do Presidente

da FEMPAR, Promotor de Justiça Maurício Kalache,

da Presidente da Associação Paranaense do Ministério

Público, Promotora de Justiça em Segundo Grau Maria

Tereza Uille Gomes, e do Subprocurador-Geral de

Justiça para Assuntos de Planejamento Institucional,

Bruno Sérgio Galatti.

Além de outras autoridades locais, como o

presidente do TJ-PR, Desembargador Carlos Augusto

Hoffmann, a solenidade contou com a presença do

presidente da Associação Nacional dos Membros do

Ministério Público, Promotor de Justiça José Carlos

Consezo, e de representantes dos Ministérios Públicos

da Paraíba, do Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul

e Rio de Janeiro.

Durante a abertura do encontro, foi apresentado

um vídeo institucional, produzido pela Assessoria

de Comunicação do MP-PR, que tratou do papel do

Ministério Público na sociedade, da importância do

debatidos as metas e os projetos vinculados aos ob-

jetivos estabelecidos.

A implantação de todo o processo no Minis-

tério Público do Paraná está sendo capitaneada pela

Subprocuradoria-Geral de Justiça para Assuntos

de Planejamento Institucional, com a orientação

da consultoria 3Gen Gestão Estratégica, empresa

responsável por projeto similar implementado pelo

Ministério Público do Rio Grande do Sul. A consulto-

ria, contratada com recursos da Fundação Escola do

Ministério Público, trabalhará durante seis meses,

após os quais o MP-PR deverá estar apto a executar

a estratégia definida, de forma independente.

planejamento nas instituições privadas e públicas,

da necessidade de sua implantação nos Ministérios

Públicos e da expectativa da comunidade interna e

externa em relação ao futuro da Instituição.

A solenidade também contou com pronun-

ciamento do sócio-diretor da consultoria 3Gen,

Roberto Campos de Lima, que apresentou as linhas

gerais do projeto de planejamento estratégico a ser

implantado no MP-PR, e com palestra do Promotor

de Justiça do Rio Grande do Sul, Jayme Weingartner.

Ele falou sobre os desafios e as perspectivas da gestão

estratégica no Ministério Público, contando a experiência

do MP-RS, que, em 2007, implantou o planejamento

estratégico com a mesma base metodológica que está

sendo utilizada pelo MP paranaense. A noite terminou

com o lançamento, pelo Procurador-Geral de Justiça,

do novo site do Ministério Público do Paraná, seguido

por coquetel de confraternização.

Nos dias 16 e 17, foram realizadas as dinâmi-

cas de grupo necessárias para o estabelecimento do

alinhamento estratégico da Instituição, com o apoio

de sete profissionais da 3Gen Gestão Estratégica. Os

“facilitadores” orientaram os participantes no relato

sobre as experiências pessoais e a história do Ministério

Público antes da Constituição de 1988, as mudanças

advindas com a Carta Magna e a atual fase em que se

encontra a Instituição; no debate dos pontos fracos e

fortes, das oportunidades e ameaças que se apresen-

tam hoje; e na discussão dos sonhos, expectativas e

prioridades para a atuação do MP-PR até 2018.

No dia 18, o cientista político Rogério Bastos

Arantes, professor da Universidade de São Paulo (USP),

fez palestra sobre os desafios para uma nova política

institucional no Ministério Público, abordando questões

como o papel e a efetividade do MP, independência

funcional e ação política da Instituição. Na seqüên-

cia, assuntos institucionais e administrativos foram

abordados pelo Procurador-Geral de Justiça, Olympio

de Sá Sotto Maior Neto, pelo Subprocurador-Geral de

Justiça para Assuntos Administrativos, José Delibe-

rador Neto, pelo Corregedor-Geral do MP-PR, Edison

do Rego Monteiro Rocha, pelo Presidente da FEMPAR,

Maurício Kalache, e pela Presidente da Associação

Paranaense do MP, Maria Tereza Uille Gomes.

À tarde, Promotores e Procuradores de Jus-

tiça apresentaram 26 teses preparatórias ao XVIII

Congresso Nacional do Ministério Público, evento

que será realizado de 25 a 28 de novembro, em

Florianópolis. Os temas abordados contemplaram

as mais variadas áreas: criança e adolescente, fa-

mília, meio ambiente, legislação penal e processual

penal, atuação extrajudicial, regularização fundiária,

planejamento estratégico, Juizados Especiais, impro-

bidade administrativa e princípios da administração

pública, direito do consumidor, políticas públicas,

direito processual civil, papel da Corregedoria-Geral

do MP, segurança pública, questão indígena, saúde

e educação, entre outras.

O que queremos para o MP em 2018?

O que é BSC? O Balanced Scorecard (BSC) é um modelo de gestão estratégica que auxilia

as organizações a medir seu progresso rumo às metas que pretende alcançar a longo prazo, a partir da

tradução e do desmembramento da visão institucional (do macro-objetivo da Instituição) em objetivos,

indicadores, metas e projetos estratégicos a serem desenvolvidos.

Page 4: GEMPAR 2018 começa com alinhamento estratégico · 2018. 5. 21. · GEMPAR 2018 começa com alinhamento estratégico Membros e servidores do Ministério Público do Paraná reúnem-se

4 Março | Abril 2009

Em palestra realizada durante a abertura do Encontro Estadual 2009, o Promotor de Justiça do Rio Grande do Sul, Jayme Weingartner, contou como foi o processo de implantação da gestão estratégica no Ministério Público gaúcho.

Weingartner relatou que a instituição já se preocupava com o planejamento estratégico desde 1999, mas que a implantação de um plano com foco na gestão estratégica, baseada na metodologia BSC, começou efetivamente em 2007. O horizonte de planejamento escolhido foi 2022, ano que marca o bicentenário da independência do Brasil. O encontro de alinhamento estratégico do chamado GEMP 2022 foi realizado em agosto de 2007 e, em abril de 2008, após muita discussão e quase 15 versões do mapa estratégico, que traz os objetivos da Instituição, é que a visão institucional, as prioridades, os indicadores e as metas definidas foram divulgados à sociedade.

No topo do mapa estratégico do MP-RS estão seis macro-objetivos com impacto social: educação de qualidade, saúde integral e melhor qualidade de vida, criminalidade e corrupção reduzidas, criança e adolescente protegidos, meio ambiente preservado, democracia e ordem jurídica garantidas. A visão do MP-RS apresentada no mapa é “ser reconhecido como instituição efetiva na transformação da realidade social e protetora dos direitos fundamentais, por meio da indução e da fiscalização de políticas públicas”.

Após um ano de efetiva execução, o plane-jamento estratégico do MP-RS está alcançando sucesso, embora enfrente as dificuldades naturais de um processo complexo como se apresenta. Até o momento, 78,26% dos objetivos foram alcançados (considerando os indicadores disponíveis e o ano de 2008), sendo que 24% deles ultrapassaram a meta estabelecida, como o que prevê a arrecadação de recursos extra-orçamentários. A meta para 2008 era captar R$ 200 mil, mas a instituição conseguiu levantar R$ 2,35 milhões, junto a órgãos como o Ministério da Justiça e o Banco Interamericano de Desenvolvimento. “Tendo bons projetos, captar re-cursos extra-orçamentários não é tão difícil quanto se imagina”, afirma.

Weingartner contou que ter uma missão complexa já determinada pela Constituição Federal, abarcando

os papéis de fiscal da lei e de indutor de políticas públicas; passar por mudanças de gestão a cada dois anos; ter a garantia da independência funcional de seus membros; e estar disperso geograficamente são alguns dos fatores que, embora sejam fundamentais para a Instituição, acabam representando desafios para a implantação da gestão estratégica.

Mesmo com esses complicadores, o MP-RS conseguiu implantar o projeto e já percebeu bene-fícios importantes, criados pela existência de uma agenda comum, com foco nas prioridades, um fórum organizado para a tomada de decisões, ações mais integradas, maior controle das ações realizadas e de seus resultados e um modelo flexível que permite revisões periódicas.

Os desafios hoje, segundo Weingartner, são a necessidade do desdobramento da estratégia, com a interiorização das metas estabelecidas; um maior envolvimento dos membros do Ministério Público de Segundo Grau; a gestão de pessoas com base na estratégia, com a criação de sistema de recompensas, alocação por competência e capacitação estratégica; o aperfeiçoamento dos sistemas de informação que permitam a disponibilização de indicadores e de dados fidedignos sobre os resultados, abarcando inclusive o efetivo impacto da atuação do MP na sociedade; e a priorização de projetos.

Na abertura do Encontro Estadual, dia 15 de abril,

o Procurador-Geral de Justiça, Olympio de Sá Sotto

Maior Neto, falou com emoção sobre a possibilidade

de ver definitivamente instituído no Paraná – por meio

de planejamento estratégico construído por todos – o

verdadeiro Ministério Público Social, conforme preco-

nizado por Roberto Lyra (“Idealizo a transformação do

Ministério Público em Ministério Social. Um Ministério

Social em ação, ação mesmo, com fins e também

meios próprios contra não só as ilegalidades mas,

principalmente, contra as injustiças. Os privilégios,

os pesos e medidas desiguais são inconstitucionais.

Assim, o Ministério Público evoluiria para assumir

a responsabilidade daquilo que é mais significativo

na ordem jurídica - a paz social pela justiça social,

tarefa máxima da democracia na atual conjuntura da

humanidade. O Ministério Público Social procurará dar

a cada um o que é seu, mas, sobretudo, acudir a quem

nada tem de seu, a quem quer, mas não pode, viver

honestamente, a quem, apesar de tudo, não prejudique

ninguém. O Procurador-Geral será mesmo geral e

tornará prática e total a expressão mais profunda de

nossa nomenclatura funcional - promotor de justiça.

Um Ministério Público Social promoverá a justiça

social, cuidará dela e não só de uma justiça pública,

estatal, oficial. A ordem jurídica seria adaptada aos

dramas contemporâneos. A primazia nos benefícios

pertenceria aos mais necessitados. A tranqüilidade de

consciência do Ministério Público depende de avanço

que ele mesmo executará”).

Reafirmando a responsabilidade não só profissional,

mas política, social e ética com o dever institucional

Procurador-Geral fala de sonho e de realizaçãode defesa do regime democrático, o Procurador-Geral

de Justiça destacou que “a marca mais significativa do

MP-PR é a opção ideológica de seus membros e servi-

dores a favor daqueles que se encontram afastados da

possibilidade do exercício dos direitos elementares da

cidadania”. “Na nossa Instituição, portanto, a gestão

estratégica se encontra absolutamente vinculada ao

alcance, pela via da erradicação da pobreza e superação

das desigualdades sociais, do mais importante objetivo

da República Federativa do Brasil, qual seja de construir

uma sociedade livre, justa e solidária”, concluiu.

Em seu discurso na abertura do encontro, o

Subprocurador-Geral de Justiça para Assuntos de

Planejamento Institucional, Bruno Sérgio Galatti,

lembrou que o evento marcou a primeira vez na

história do MP-PR em que membros e servidores

foram “convocados para plantarem juntos a semente

do planejamento”.

Destacou que, pela atuação isolada de cada

Promotor de Justiça, “em seu casulo individual de

trabalho, conforme concepção tradicional dos princípios

da independência e da unidade”, não se conseguirá

“produzir resultado diferente daquele consagrado pela

literatura mundial à bizarra figura de Dom Quixote”:

ser sempre reconhecido como um nobre idealista,

embora incapaz de perceber e alterar a realidade na

qual se insere”.

Ressaltando a necessidade do planejamento no

atual momento institucional, em que órgãos superio-

res, como o Conselho Nacional do Ministério Público,

exigem dados de desempenho com vistas ao aumento

da transparência e da eficiência, Galatti defendeu que a

Instituição assuma o que ainda lhe falta: uma “vontade

coletiva interna”, “a noção de unidade, de ação inte-

grada, de conjunto indispensável ao desempenho do

papel constitucional de magistrados da transformação

social”. “É no plano da efetivação concreta dos direitos

constitucionais que o Ministério Público contemporâ-

neo irá se reconciliar com o seu papel de agente de

transformação da realidade social”, disse.

No encerramento da etapa de alinhamento

estratégico do evento, no dia 17, o Procurador-Geral,

Olympio de Sá Sotto Maior Neto, falou ainda sobre a

importância de sonhar. Lembrou que em 1994, antes

de assumir pela primeira vez a Procuradoria-Geral de

Justiça, muitos membros do MP-PR duvidavam da

possibilidade de ver o Ministério Público informatizado,

antes mesmo da Magistratura, de ver ampliado seu

quadro de servidores, de ver implementada a dotação

orçamentária própria. Tudo parecia um sonho distante

que, no entanto, tornou-se realidade. Da mesma forma,

conclamou Procuradores, Promotores de Justiça e

Servidores a serem protagonistas do projeto de pla-

nejamento estratégico hoje em construção: “Sonhos,

acreditem neles”, disse.

Promotor de Justiça apresenta experiência do MP-RS

Page 5: GEMPAR 2018 começa com alinhamento estratégico · 2018. 5. 21. · GEMPAR 2018 começa com alinhamento estratégico Membros e servidores do Ministério Público do Paraná reúnem-se

5Março | Abril 2009

Leonir Batisti - Procurador de Justiça, coordenador estadual dos Grupos de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado“Vejo o Ministério Público com maior eficácia; principalmente eficácia interna.

Vejo que o sistema judicial também deverá ser mais eficiente, especialmente

quanto à morosidade e, no plano penal, isso se refletirá na imagem de efici-

ência do MP. Imagino, por outro lado, que as soluções extrajudiciais, em todos

os campos de atividade, tomarão maior amplitude, o que também tenderá a

demonstrar a maior eficácia da intervenção do MP”.

Carlos Alberto Hohmann Choinski - Promotor de Justiça em Cascavel“Definir metas longas está ligado à preocupação atual com este aspecto. No

caso do Paraná, isto vai depender das decisões que hoje sejam tomadas: se

permanecer atuando na rotina, tentando dar cumprimento, basicamente,

às demandas processuais, tenderá a se burocratizar, sofrendo as incursões

de perda de funções e um decréscimo de importância no cenário estatal.

Se escolher suas prioridades e definir o que pertence à espinha dorsal da

relevância institucional, de forma coordenada, permanecerá sendo res-

peitado. Nestes casos, atuará de forma pró-ativa, para dizer ao legislador

quais são as áreas que exigem aprimoramento e seguirá no alinhamento de

atendimento social. Haverá diminuição de atribuições, avanço nas técnicas

de comunicação social, abandono dos atendimentos individuais em prol das

atividades coletivas, ênfase em atuações penais tópicas: crime organizado,

lavagem de dinheiro e crimes de repercussão, melhor estrutura ligada a

serviços sociais de atendimento e internacionalização das demandas ligadas

aos direitos humanos”.

Anderson Osório Resende - Promotor de Justiça em Tomazina“Um Ministério Público mais voltado ao atendimento das demandas coletivas,

um MP melhor estruturado. Para o enfrentamento da criminalidade organiza-

da, um MP mais jovem, mais consciente de sua missão constitucional. Um MP,

enfim, que cumpre o seu papel no Estado Democrático de Direito, porque se

estruturou e se planejou para o atendimento de suas finalidades. Essa é a visão

otimista que tenho sobre o MP”.

Marcos Vinícius Pesenti - Promotor de Justiça em Assaí“Eu vejo (e espero) um Ministério Público menos atrelado ao trabalho processual,

e atuando de forma mais preventiva, evitando os conflitos e solucionando os

problemas antes que eles causem maiores danos, ao invés de ficar ´correndo

atrás do prejuízo’ ”.

José Geraldo Gonçalves - Promotor de Justiça em Curitiba“Espero que cada agente do Ministério Público seja capaz de acreditar que

cada pretensão deduzida em juízo tenha resposta do Poder Judiciária em

tempo oportuno”.

Roberta Franco Massa - Promotora Substituta designada para Medianeira“Eu vejo como sinônimo de credibilidade junto à sociedade, que cada vez mais

confia no Ministério Público como agente de transformação social”.

Guilherme Freire de Barros Teixeira - Promotor de Justiça em Curitiba“O MP, embora tenha avançado muito nos últimos anos, em especial nos aspectos

de administração, estrutura e atuação, ainda depende muito da intervenção

isolada de cada agente ministerial. Acredito que, nos próximos anos, deva ser

repensado o próprio papel da Instituição, para que tenhamos, efetivamente,

uma linha estratégica de atuação. Queremos atender ao amplo leque de atri-

buições constantes da Constituição Federal, iremos dar conta de intervir no

processo cível, investigar e dar cabo da atuação no processo penal, atuaremos

com enfoque no âmbito extrajudicial? Para não dependermos da priorização

a critério de cada Promotor ou Procurador, é imprescindível nossa verdadeira

profissionalização e a definição do rumo que a Instituição efetivamente deseja

e a sociedade espera”.

Pedro Manoel Sansana - Auditor em Ponta Grossa“Primeiramente, é importante conhecer as visões da Instituição através de

seus vários componentes, tais como Procuradores, Promotores das mais di-

versas entrâncias e servidores de todos os cargos. Vejo o Ministério Público,

em 2018, mais próximo e conhecido perante a sociedade como um todo, em

todas as classes sociais, e atuando preventivamente em áreas mais relevantes,

especialmente na defesa do patrimônio público”.

Maximiliano Ribeiro Deliberador - Promotor de Justiça em Curitiba“Penso em ver concretizada a ideia de um Ministério Público resolutivo, que

se preocupe menos com a forma e se foque em resultados; que se afaste da

dependência do Judiciário, para a solução dos conflitos”.

Jorge Alexandre Bueno Aymoré - Oficial de Promotoria em Goioerê“Acredito que em 2018 o MP estará renovado, reestruturado, e muito mais

eficiente. Claro que terá dificuldades e barreiras a vencer, mas é isso que nos

motiva a continuar a crescer!”

André Del Grossi Assumpção - Promotor de Justiça em Iretama“Vejo um Ministério forte e respeitado, com atuação firme contra o crime

organizado e a criminalidade do colarinho branco. Uma Instituição presente

nas questões sociais e promotora do bem comum mediante ações judiciais e

extrajudiciais devidamente planejadas e pensadas em vista da coletividade

dos órgãos de execução. Também vejo um Ministério Público independente,

sem amarras, sobretudo com o Poder Executivo; assim como bem estruturado

administrativamente, na medida em que se opere o necessário aumento do

orçamento institucional”.

Yone Oliveira Campos - Auxiliar administrativa lotada em Pinhais“Espero que o Ministério Público tenha sua atuação reconhecida pela sociedade.

Para isto, precisa ter mais participação junto à população, aos menos privile-

giados pelos conhecimentos de seus direitos, na área do direito constitucional,

proteção à família (alicerce, estrutura da personalidade), educação, proteção

ao menor vítima de abuso. Para tanto, necessita capacitar servidores, abrir

novos concursos para Promotores e Servidores, ampliar o quadro em área

psicossocial, etc”.

Fabio Vermeulen Carvalho Grade - Promotor de Justiça em Primeiro de Maio“Um Ministério Público administrativamente mais profissional e funcionalmente

mais eficiente, com sua estrutura reorganizada, adequada às suas necessidades

funcionais e a sua realidade orçamentária. Um Ministério Público uno e indivi-

so, menos atrelado à divisão territorial judiciária e mais parecido com aquele

concebido pelo constituinte, já há mais de 20 anos”.

Susana Broglia Feitosa de Lacerda - Promotora de Justiça em Londrina“Forte e unificado, com metas de atuação estabelecidas e cumpridas”.

EnqueteComo você vê o Ministério Público em 2018?

Page 6: GEMPAR 2018 começa com alinhamento estratégico · 2018. 5. 21. · GEMPAR 2018 começa com alinhamento estratégico Membros e servidores do Ministério Público do Paraná reúnem-se

6 Março | Abril 2009

Thadeu Augimeri de Goes Lima - Promotor de Justiça em Goioerê

“Eu vejo o Ministério Público em 2018 dando ênfase à tutela dos interesses

difusos e coletivos, especialmente desenvolvendo esforços para a implemen-

tação das políticas públicas previstas na Constituição Federal e na legislação

infraconstitucional, bem como revendo e repensando algumas atribuições

tradicionais e o modo de desempenhá-las”.

Francisco Zanicotti - Promotor de Justiça em Curitiba“Quero crer que no futuro tenhamos garantido, para todos os que, por qual-

quer motivo, estejam no Paraná, o mínimo existencial. Espero que os índices

de mortalidade infantil, pobreza e criminalidade, deixem de assombrar nosso

sono e que possamos, em 2018, sonhar novos sonhos”.

Osvaldo Luiz Simioni - Promotor de Justiça em Antonina“Vejo um Ministério Público com uma configuração voltada para o século

XXI, desvinculado da estrutura copiada do Poder Judiciário, investindo na

regionalização das suas Promotorias, para maior ganho de escala e melhor

aproveitamento dos seus recursos humanos. Vejo um Promotor de Justiça

cada vez mais valorizado pela sociedade, no incessante cumprimento de seu

mister constitucional”.

Edilberto de Campos Trovão - Procurador de Justiça“Nós não podemos prever o futuro, mas podemos imaginar como ele será. Então,

para falarmos em Planejamento Estratégico, temos que, inicialmente, imaginar

que tipo de sociedade teremos em 2018. Que tipo de problemas enfrentaremos?

Se imaginarmos um mundo tecnológico, teremos outros tipos de crime e, nestas

circunstâncias, o aperfeiçoamento dos Promotores será fundamental, aliado a

novos conhecimentos na área de informática. Se tivermos uma sociedade es-

tável, a função do Ministério Público será a de mantê-la. Se imaginarmos uma

sociedade caótica, como está se projetando, teremos que redefinir as funções

do Ministério Público. Se pudermos imaginar a sociedade do futuro, poderemos

definir, então, os objetivos e planejarmos táticas e estratégias para atingi-los.

Se acertarmos em nossas previsões, estaremos preparados. Se a realidade se

mostrar outra, que não a imaginada, teremos tempo para mudar o curso. Por

isso acho absolutamente importante este encontro”.

Divonzir José Borges - Promotor de Justiça em São José dos Pinhais

“Penso que o Ministério Público em 2018 - se realmente se implantar tudo o que

foi identificado como necessidade da Instituição, considerando as dificuldades

que temos hoje, em havendo uma mudança postural firme, em se cumprindo

o planejamento estratégico - será a instituição preferencial da coletividade.

Um Ministério Público realmente cooptado com os interesses públicos e com

a implementação das políticas públicas previstas pelo constituinte de 1988.

Um Ministério Público que tenha uma escola para a formação ideológica dos

Promotores, com vistas às atribuições específicas da Instituição”.

Josias Chromiec Júnior - Auxiliar técnico lotado no Departamento Administrativo, em Curitiba“Espero ver um Ministério Público internamente estruturado, com uma adminis-

tração técnica e eficiente, que reflita em um atendimento excelente, sinônimo

de referência ao cidadão paranaense.”

Maria Tereza Uille Gomes - Promotora de Justiça e presidente da Associação Paranaense do Ministério Público“Que em 2018 o Ministério Público do Paraná tenha evoluído no processo de

planejamento estratégico e que comprove, através do Sistema de Informações

dos e para Membros do Ministério Público (SIM-MP), ter contribuído efetivamente

para alcançar os 8 Objetivos de Desenvolvimento do Milênio da Organização

das Nações Unidas (ONU).”

Maurício Kalache - Promotor de Justiça em Maringá e presidente da Fundação Escola do Ministério Público (FEMPAR)“Vejo um Ministério Público mais resolutivo. Uma instituição que tem o

controle dos resultados de sua ação e a capacidade de responder com maior

velocidade às necessidades da população. E ainda com uma política interna

mais amadurecida.”

“Hoje, os que mais sonham ainda sonham pouco”.

Roberto Lyra (1902-1982)

O Ministério Público do Paraná lançou

no dia 7 de abril a cartilha Município que

Respeita a Criança: Manual de Orientação

aos Gestores Municipais. A publicação foi

elaborada pelo Centro de Apoio Operacional

das Promotorias da Criança e do Adolescente,

do MP-PR, com o propósito de oferecer aos

prefeitos e gestores públicos informações

completas e objetivas para que os municí-

pios atendam ao princípio constitucional da

prioridade absoluta à infância e juventude,

dando destaque à área nos orçamentos mu-

nicipais e no desenvolvimento de políticas

públicas específicas. O Procurador-Geral

de Justiça Olympio de Sá Sotto Maior Neto

conduziu a solenidade, que teve a participação de

autoridades e entidades ligadas ao setor.

“Nossa intenção com esse manual é tornar

concretos os direitos prometidos a todas as crianças

MP-PR lança manual de orientação para prefeitos sobre área da infância e juventude

e jovens pelo Estatuto da Criança e do Adolescente

e pela Constituição Federal”, disse o Procurador-

Geral. Segundo Olympio, a cartilha complementa

outras iniciativas do MP-PR já tomadas no sentido

da implementação, em todos os municípios

paranaenses, de uma rede integrada de

proteção dos direitos infanto-juvenis. A

coordenadora do CAOP da Criança e do

Adolescente, Procuradora de Justiça Miriam

de Freitas Santos, reforçou o caráter inovador

do projeto, idealizado e produzido no Cen-

tro de Apoio, pelos Promotores de Justiça

Murillo José Digiácomo e Márcio Teixeira

dos Santos. “Essa cartilha é um marco

para o Ministério Público do Paraná, que

incansavelmente, através de seus membros,

abraçou de forma permanente a causa da

infância e da juventude”, afirmou.

A publicação foi distribuída a todas

as prefeituras e Câmaras de Vereadores do Esta-

do, bem como às Promotorias de Justiça. Além

disso, está disponibilizada na internet, na página

da instituição.

Page 7: GEMPAR 2018 começa com alinhamento estratégico · 2018. 5. 21. · GEMPAR 2018 começa com alinhamento estratégico Membros e servidores do Ministério Público do Paraná reúnem-se

7Março | Abril 2009

Durante o Congresso Estadual do MP-PR foi

lançada oficialmente a nova página do Ministério

Público do Paraná na internet. Tendo como objetivo

uma proposta mais moderna e dinâmica, além de uma

“cara nova”, o site trouxe inovações como sistema de

busca (que facilitará as consultas ao material dispo-

nibilizado na página) e a possibilidade de gestão de

conteúdos facilitada, graças a recursos técnicos que

permitem que pessoas sem formação específica em

informática possam fazer inserções nos respectivos

setores – como nas páginas dos Centros de Apoio,

por exemplo.

A coordenadora do Centro de Estudos e Aper-

feiçoamento Funcional do MP-PR, Procuradora de

Justiça Samia Saad Gallotti Bonavides, esteve à frente

do projeto de elaboração e execução do novo site, que

foi desenvolvido pela Companhia de Informática do

Paraná (Celepar). “O interesse da administração supe-

rior, desde o início da gestão, foi o de dar dinamismo à

página, adequando-a à linguagem e às necessidades da

internet. Foi com isso em mente que desenvolvemos

esse trabalho”, afirma. “Nossa intenção é transformar

a página em um verdadeiro portal do Ministério Públi-

co, um canal de comunicação aberto à comunidade”,

explica a Procuradora. Ela destaca que, no site antigo,

a grande maioria dos conteúdos – perto de 90% - era

MP-PR ganha nova página na internet

Fundo Especial do MP fará investimento histórico em tecnologia e mobiliário

consultada quase que exclusivamente

pelo público interno, situação que não

será afetada com o novo site, mas que

deve passar por alguns ajustes, já que a

atual proposta de comunicação é mais

ampla. “O que já está lá será mantido,

mas ao ser migrado para a página nova

está sendo aos poucos reformulado,

para ser mais atrativo à população, que

é a grande destinatária do site novo”,

explica a Procuradora.

Samia cita como exemplo os

novos portais de órgãos como o Mi-

nistério Público Federal, que oferece,

na internet, um canal permanente de

comunicação com o cidadão. “Sabemos

que a mudança causará, de início, alguma estranheza,

mas temos certeza que todos, logo que habituados

ao novo sistema, vão perceber como estava defasado

nosso site antigo. Se não mudamos agora, a cada mês

ficamos mais distantes dessa forma diferenciada de

interação com o público que a internet oferece. É tudo

uma questão de adaptação”, afirma a Procuradora.

Ela ressalta ainda a nova possibilidade de geren-

ciamento de conteúdo do site, que dispõe de uma

ferramenta de alimentação de informações simples,

desenvolvida especialmente para atender ao público

“não informático”. “Isso dá muita liberdade e presteza

aos que alimentam o site da Instituição. Cada Centro

de Apoio, por exemplo, pode inserir seu conteúdo e

atualizá-lo continuamente, bastando treinar alguém

da própria equipe para tanto. Isso elimina a demora

resultante do acúmulo de informações novas, hoje

necessariamente geridas de forma mais burocrática,

pois cada CAOP terá recursos técnicos para publicar

seu próprio material”, diz.

Os integrantes do Conselho Diretor do Fundo

Especial do Ministério Público do Estado do Paraná

(FUEMP/PR) reuniram-se em 30 de abril para redis-

cutir o orçamento deste ano, que foi favorecido com

suplementação orçamentária advinda do retorno de

investimentos feitos com recursos do Fundo e do MP-PR.

Em uma iniciativa histórica, o Conselho deliberou pela

destinação de R$ 5,2 milhões na área de informática,

com ênfase em tecnologia de informação, ferramenta

fundamental para o aprimoramento e evolução dos

trabalhos realizados pela Instituição.

“Com a aplicação desse montante em proje-

to específico para a área de informática, o MP-PR

estrutura-se para aprimorar significativamente as

condições de trabalho a membros e servidores nos

próximos anos”, diz o Procurador-Geral de Justiça,

Olympio de Sá Sotto Maior Neto. O plano de infor-

mática foi apresentado pela Subprocuradoria-Geral

de Justiça para Assuntos Administrativos, através

do Departamento de Informática, com apoio da

Subprocuradoria-Geral de Justiça para Assuntos de

Planejamento e da Celepar.

Novo mobiliário - Além do investimento em

tecnologia, foi definido que outros R$ 2,5 milhões

do Fundo serão utilizados para suprir deficiências

de mobiliário em todas as Promotorias de Justiça do

interior. A compra dos novos móveis será feita a partir

das informações enviadas pelos próprios Promotores,

após consulta realizada pela Subprocuradoria-Geral

de Justiça para Assuntos Administrativos.

Revolução tecnológica - Conforme demonstra-

do pelo Departamento de Informática, o projeto de

re-estruturação tecnológica para a Instituição inclui

o planejamento de sistemas de informação padro-

nizados, com base de dados unificada, utilizando a

tecnologia WEB (acessível de qualquer computador

com internet). Essa base de dados única permitirá a

extração de pesquisas e relatórios diversos, de forma

simples e rápida. O sistema prevê a adoção da tecno-

logia de Gestão Eletrônica de Documentos (GED), que

permitirá a geração, indexação, guarda, recuperação

e consulta rápida e eficiente de todo conteúdo que é

produzido pela Instituição.

A questão da infra-estrutura também é desta-

que no projeto. Vai ser criada uma unidade central,

um datacenter, onde será mantida a área gerencial

e a maior parte da capacidade de armazenamento

e processamento de tecnologia do MP-PR. Será

um ambiente com alta disponibilidade, que prevê

elevado nível de segurança, guarda e recuperação

dos dados, ou seja, a partir de então, o conteúdo das

informações do Ministério Público do Paraná passam

a ser abrigadas dentro da própria Instituição. Para

a comunicação, será utilizada uma rede integrada,

provida pelo Sistema de Telecomunicações do Pa-

raná – STP, via fibra-ótica da Copel, já em fase de

instalação. Além disso, há previsão de investimentos

para a contratação e capacitação de suporte técnico

para atender às Promotorias de Justiça de forma

oportuna.

O projeto contempla ainda a questão do ambiente

de trabalho de cada Promotoria de Justiça. A idéia é

oferecer uma impressora para todos os membros e

está sendo estudada a possibilidade de disponibilizar

uma multifuncional para cada Comarca, com uso com-

partilhado onde houver mais de um Promotor, através

de terceirização (outsourcing). Esse equipamento

permite a digitalização de processos e documentos,

o que tende a proporcionar uma grande economia de

custo e tempo para a Instituição. Também será feita a

atualização dos microcomputadores para servidores

(previsão de compra de 800 máquinas), com a intenção

de reduzir os gastos com contratos de manutenção

do equipamento antigo. Ainda pensando na redução

de custos, será estudada a possibilidade de migração

gradual para software livre.

A execução do projeto se dará em duas eta-

pas, sendo a primeira referente à infra-estrutura e

a segunda ao desenvolvimento dos sistemas. Já há

autorização da Procuradoria-Geral de Justiça para o

início das licitações.

Page 8: GEMPAR 2018 começa com alinhamento estratégico · 2018. 5. 21. · GEMPAR 2018 começa com alinhamento estratégico Membros e servidores do Ministério Público do Paraná reúnem-se

Assessoria de Imprensa | Ministério Público do Estado do ParanáRua Marechal Hermes, 751 | CEP 80530-230 | Curitiba - PR

e-mails: [email protected] | [email protected]

eten

te

Por Sergio Renato Sinhori, Promotor de Justiça

Rememorandum Memorial do Ministério Público

Dias desses, ao olhar meu velho diploma de datilografia, ocorreu-me que já houve um tempo em que a pessoa que não soubesse datilografar (ainda não conhecíamos o verbo digitar) era considerada analfabeta. É como se fosse, hoje, despreparada para usar um teclado de computador. Naquela época, e até por volta dos anos 1990, as máquinas eram – pasmem! – mecânicas, em sua maioria. Não paravam quando acabava a bateria ou a energia elétrica. Também não havia impressora, pois as velhas máquinas imprimiam diretamente. E faziam cópias, caso se intercalasse entre as folhas de papel algumas de carbono.

Popularizada então a partir do início do século XX, a máquina de escrever manual cedeu espaço aos poucos para a máquina elétrica, substituída depois pela eletrônica. Foi ao fim do século que o computador com editor de texto, que poupa trabalho e recursos materiais, relegou a máquina de escrever à obsolescência.

Tributo às velhas máquinas de escrever torpedo

A velha Torpedo 100, com papel timbrado da época e a imprescindível folha de carbono

A primeira referência às máquinas antigas se encontra na patente concedida pela rainha Ana da Inglaterra ao engenheiro Henry Mills, em 1714, cujo modelo nunca foi construído. Segundo o historiador Michael Adler, a primeira máquina de escrever docu-mentada foi fabricada por um nobre italiano chamado Pellegrino Turri, em torno de 1808, que teria produzido o artefato para que uma amiga, cega, pudesse se corresponder com ele. A máquina em si já não existe, mas algumas das cartas trocadas pelos dois sim. Em 1867 chegou-se a uma versão mais adequada para fabricação em escala industrial, graças aos trabalhos de Cristopher Sholes, Carlos Glidden e Samuel Soulé – Sholes, por sinal, acreditava que a invenção fora fundamental na emancipação feminina, pois possibilitou que a mulher ingressasse no mercado de tra-balho dos escritórios. Em 1873, os inven-tores firmaram contrato com a E. Remington & Sons, fabricante de armas de Nova York, e a máquina começou a ser comercializada no ano seguinte.

Os velhos datilógrafos – que, acreditem, hoje trocam impressões em blogs na internet – afirmam que a velha máquina propiciava um manejo muito mais rápido do teclado, pois não era permitido olhar os tipos para ser aprovado em datilografia. Dizem ainda que eram exímios no uso da língua portuguesa, uma vez que não havia corretor ortográfico. E

que os escritores daquela época raciocinavam mais rápido, porque as frases eram concate-nadas mentalmente e lançadas no papel, sem muitas possibilidades de revisão.

Para o Ministério Público do Paraná, a aposentadoria da máquina de escrever manual foi um marco histórico: o ingresso da Instituição na era eletrônica. Os mais experientes relembram hoje, nostálgicos, mas orgulhosos, das árduas jornadas “batucadas” nas indefectíveis máquinas Remington Torpedo 100, as últimas remanescentes do período mecânico do MP-PR. Com elas se foram, em meados dos anos 90, a profunda sulcagem do papel suporte pela força muscular necessária à impressão de cópias, o papel carbono, o “errorex” e as arcaicas folhas de papel de seda (utilizadas para cópias, especialmente para os Promotores em estágio probatório, que nelas reproduziam os trabalhos que en-caminhavam à Corregedoria).

Às velhas e boas máquinas Torpedo 100 remanescentes no patrimônio da Instituição, reservemos um lugar de destaque em nosso Memorial – posando como símbolo de uma época inesquecível no futuro Museu do Ministério Público do Paraná.

ERRATA - Diferente do publicado no informativo MP Notícias de Janeiro/Fevereiro de 2009, o autor do texto do Memorial do MP-PR, na página 8, é o Procurador de Justiça aposentado Nilton Marcos Carias de Oliveira, e não o Procurador Rui Cavallin Pinto.

O agricultor Pedro Amilton, embora referindo-

se especificamente ao caso de Palmital, área rural de

Bocaiúva do Sul, resumiu muito bem o que a popu-

lação mais carente do município deseja. Disse ele,

no Salão Paroquial da Igreja Santo Antônio, durante

audiência do projeto Ministério Público Social: “A

gente não quer grandes coisas”. No dia 28 de abril,

o agricultor estava entre as cerca de 500 pessoas

que participaram da segunda audiência pública do

projeto, desta vez em Bocaiúva do Sul, município da

Região do Vale do Ribeira.

Na ocasião, Amilton e outras dezenas de

pessoas apresentaram seus pleitos, quase a totali-

dade referentes a direitos fundamentais ainda não

garantidos na prática. O agricultor, por exemplo,

pedia que houvesse regularização fundiária na região

onde mora, pois a falta do registro de imóvel impede

a obtenção de facilidades, como financiamentos.

Outras necessidades foram levantadas: falta de vagas

em creches, a dificuldade de inclusão das famílias

de baixa renda no programa federal Bolsa Família,

o alto valor da tarifa de ônibus que vai a Curitiba

(R$2,70), falta de saneamento básico, impossibilidade

de transporte gratuito para deficientes e acompa-

nhantes, dificuldade para estudo, atendimento de

saúde precário (sobretudo nas áreas rurais), entre

outras situações.

Participaram da audiência o Procurador-Geral

de Justiça do Paraná, Olympio de Sá Sotto Maior

Neto, o Procurador de Justiça João Zaions Junior,

Coordenador do Centro de Apoio Operacional das

Promotorias das Comunidades, o Promotor de Justiça

da Comarca de Bocaiúva do Sul, Joel Carneiro da

Silva Filho, Promotores de Justiça que atuam nas

áreas da Educação, Idoso, Portador de Deficiência,

Saúde Pública e Meio Ambiente, além da prefeita

municipal, Lucimeri de Fátima Santos Franco, de

outros representantes do Executivo e do Legislativo

local e das Secretarias de Estado da Educação e do

Trabalho, Emprego e Promoção Social.

Com o registro das demandas, o MP-PR fará a

interlocução com diversos órgãos do poder público

municipal, estadual ou federal, se for o caso, para

tentar viabilizar soluções para as situações apontadas.

“Nosso objetivo é auxiliar a população na obtenção

das políticas públicas necessárias, a fim de melhorar

a qualidade de vida nesses municípios de maior

vulnerabilidade social”, afirma o Procurador-Geral

de Justiça, Olympio de Sá Sotto Maior Neto.

O projeto Ministério Público Social foi lançado

em outubro do ano passado e pretende abranger os

127 municípios paranaenses com menor Índice de

Desenvolvimento Humano (IDH). O trabalho come-

çou pelo Vale do Ribeira, em Adrianópolis, Tunas do

Paraná e Bocaiúva do Sul, sendo a primeira audiência

realizada em 25 de novembro, em Adrianópolis. Des-

de então, já foram propostas um conjunto de ações

do Governo Estadual para atender às comunidades

quilombolas que vivem na região, bem como realizado

encontro sobre a contaminação do meio ambiente

com chumbo. Também está definido o projeto de

implantação, em Adrianópolis, de um Centro de

Economia Solidária e de um Centro de Referência

de Assistência Social (CRAS).

Bocaiúva do Sul participa do projeto Ministério Público Social