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GÊNEROS NO JORNALISMO Profa. Patricia Kay 1 José Marques de Melo 2 classifica e agrupa os gêneros jornalísticos em duas categorias: Informativa e Opinativa: Para essa classificação parte dos seguintes pressupostos: 1 o ) Quanto a prática social do jornalismo: (...) é importante resgatar, na gênese do jornalismo, a dupla articulação que preside a sintonização da instituição jornalística com o seu público e a sociedade. Em outras palavras, cabe perguntar: o que faz com que o jornalismo se configure como um processo social, autônomo, contínuo, permanente? É justamente a necessidade que tem os cidadãos de recorrer a uma mediação para apreender uma realidade que se tornou muito ampla para ser captada pelos mecanismos da sensorialidade individual. Justifica-se a manutenção de instituições que façam saber aos interessados o que está acontecendo e possam também dizer o que pensam dos fatos que ocorrem. O jornalismo articula-se, portanto, em função de dois núcleos de interesse: a informação (saber o que passa) e a opinião (saber o que se pensa sobre o que passa) 3 . 2 o ) Quanto ao relato jornalístico: (...) identificamos duas vertentes: a reprodução do real e a leitura do real. Reproduzir o real significa descrevê-lo jornalisticamente a partir de dois parâmetros: o atual e o novo. Ler o real significa identificar o valor do atual e do novo na conjuntura que nutre e transforma os processos jornalísticos. Num caso, temos a observação da realidade e a descrição daquilo que é apreensível à instituição jornalística. Noutro caso, temos a análise da realidade e a sua 1 Texto produzido para a disciplina Gêneros Jornalísticos ministrada para as turmas do 3 o período do curso de Jornalismo da UNINOVE. 2 Em seu livro Jornalismo opinativo: gêneros opinativos no jornalismo brasileiro. 3 a edição revista e ampliada. São Paulo: Editora Mantiqueira, 2003. 3 Idem p. 63. 1

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Em seu livro Jornalismo opinativo: gêneros opinativos no jornalismo brasileiro. 3 a edição revista e ampliada. São Paulo: Editora Mantiqueira, 2003. Para essa classificação parte dos seguintes pressupostos: 1 o ) Quanto a prática social do jornalismo: 2 o ) Quanto ao relato jornalístico: Idem p. 62-64. Idem p. 63. 1 1 2 3 4

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GÊNEROS NO JORNALISMO

Profa. Patricia Kay1

José Marques de Melo2 classifica e agrupa os gêneros jornalísticos em duas

categorias: Informativa e Opinativa:

Para essa classificação parte dos seguintes pressupostos:

1o) Quanto a prática social do jornalismo:

(...) é importante resgatar, na gênese do jornalismo, a dupla articulação que preside a sintonização da instituição jornalística com o seu público e a sociedade. Em outras palavras, cabe perguntar: o que faz com que o jornalismo se configure como um processo social, autônomo, contínuo, permanente? É justamente a necessidade que tem os cidadãos de recorrer a uma mediação para apreender uma realidade que se tornou muito ampla para ser captada pelos mecanismos da sensorialidade individual. Justifica-se a manutenção de instituições que façam saber aos interessados o que está acontecendo e possam também dizer o que pensam dos fatos que ocorrem.O jornalismo articula-se, portanto, em função de dois núcleos de interesse: a informação (saber o que passa) e a opinião (saber o que se pensa sobre o que passa)3.

2o) Quanto ao relato jornalístico:

(...) identificamos duas vertentes: a reprodução do real e a leitura do real. Reproduzir o real significa descrevê-lo jornalisticamente a partir de dois parâmetros: o atual e o novo. Ler o real significa identificar o valor do atual e do novo na conjuntura que nutre e transforma os processos jornalísticos. Num caso, temos a observação da realidade e a descrição daquilo que é apreensível à instituição jornalística. Noutro caso, temos a análise da realidade e a sua avaliação possível dentro dos padrões que dão fisionomia à instituição jornalística.(...)Daí o relato jornalístico haver assumido duas modalidades: a descrição e a versão dos fatos. Esse relato só adquire sentido no confronto com o destinatário: é aí que reside a autonomia do processo jornalístico – na liberdade que tem o receptor de escolher o que quer saber e através de que meios vai concretizá-lo. Completa-se o fluxo da determinação ideológica: o leitor/receptor também dispõe de mecanismos para captar o sentido que orienta a ordenação das mensagens jornalísticas. É por não, ter a ingenuidade de admitir o contrário que as instituições jornalísticas, como condição da própria sobrevivência social, necessitam estabelecer as fronteiras entre a descrição e a avaliação do real4.

1 Texto produzido para a disciplina Gêneros Jornalísticos ministrada para as turmas do 3o período do curso de Jornalismo da UNINOVE.2 Em seu livro Jornalismo opinativo: gêneros opinativos no jornalismo brasileiro. 3a edição revista e ampliada. São Paulo: Editora Mantiqueira, 2003.3 Idem p. 63.4 Idem p. 62-64.

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3o) Quanto ao agrupamento dos gêneros jornalísticos em categorias:

Tomamos em consideração a articulação que existe do ponto de vista processual entre os acontecimentos (real), sua expressão jornalística (relato) e a apreensão pela coletividade (leitura). É por isso que visualizamos diferenças entre a natureza dos gêneros que se incluem na categoria informativa e dos que compõe a categoria opinativa. Os gêneros que correspondem ao universo da informação se estruturam a partir de um referencial exterior à instituição jornalística: sua expressão depende diretamente da eclosão e evolução dos acontecimentos e da relação que os mediadores profissionais (jornalistas) estabelecem em relação aos seus protagonistas (personalidades ou organizações). Já no caso dos gêneros que se agrupam na área da opinião, a estrutura da mensagem é co-determinada por variáveis controladas pela instituição jornalística e que assumem duas feições: autoria (quem emite a opinião) e a angulagem (perspectiva temporal ou espacial que dá sentido à opinião)5.

A partir desses pressupostos, José Marques de Melo propõe a seguinte

classificação dos gêneros jornalísticos na categoria Informativa, conforme quadro

abaixo.

JORNALISMO INFORMATIVO

GÊNEROS CARACTERÍSTICAS

Nota corresponde ao relato de acontecimentos que estão em processo de configurações e por isso é mais freqüente no rádio e na televisão6

Notícia é o relato integral de um fato que já eclodiu no organismo social7

Reportagem é o relato ampliado de um acontecimento que já repercutiu no organismo social e produziu alterações que são percebidas pela instituição jornalística8

Entrevista é um relato que privilegia um ou mais protagonistas do acontecer, possibilitando-lhes um contato direto com a coletividade9

5 Idem p. 64 e 65.6 Idem p. 65.7 Idem p. 65 e 66.8 Idem p. 66.9 Idem p. 66.

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