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Genocídio no Ruanda: a mão de Dante em África De uma entrevista ao primeiro repórter português a pisar território ruandês, em pleno e último genocídio do século XX, contam-se 3380 palavras de história. Passados vinte anos, Rui Araújo dá a voz a outra solução final que truncou quase um milhão de vidas Era um grupo reduzido de pessoas, incluindo câmaras e jornalistas, quase uma família. Os militares também não eram muitos. O aeroporto estava cercado, os aviões borregavam, não chegavam a aterrar. Estavam debaixo de fogo, para sair, faziam slalom entre os corpos. Foi aí que viu que os cães comem as pessoas e começam pelas pernas. Estávamos em 1994 e Rui Araújo era correspondente da RTP em Bruxelas. Vivia numa vivenda ao lado do embaixador do Burundi e nem sequer havia um muro entre as duas moradias. «Os putos brincavam juntos, o meu filho e o filho dele, bebíamos uns canecos juntos. Há um dia que o meu amigo me diz Eu acho que devias ir para Kigali, capital do Ruanda, porque vamos ter um genocídio anunciado. E eu comunico a ideia à RTP», conta o jornalista preparado para dar o primeiro gole da coca-cola petrificada em cima mesa da mesma marca. Quando recebe a proposta, a RTP fica relutante. «Não há notícias sobre isso». O jornalista lisboeta retalia: «A minha fonte é boa. É um diplomata do país vizinho, que conhece perfeitamente os problemas étnicos». «Mas não há notícias. Nem sequer é uma colónia portuguesa, não interessa a ninguém», riposta Lisboa. Depois de várias insistências, Rui Araújo

Genocídio do ruanda a mão de dante em áfrica

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Genocídio no Ruanda: a mão de Dante em África

De uma entrevista ao primeiro repórter português a

pisar território ruandês, em pleno e último genocídio do século XX, contam-se 3380 palavras de história.

Passados vinte anos, Rui Araújo dá a voz a outra solução final que truncou quase um milhão de vidas

Era um grupo reduzido de pessoas, incluindo câmaras e jornalistas, quase uma família.

Os militares também não eram muitos. O aeroporto estava cercado, os aviões borregavam,

não chegavam a aterrar. Estavam debaixo de fogo, para sair, faziam slalom entre os corpos. Foi

aí que viu que os cães comem as pessoas e começam pelas pernas.

Estávamos em 1994 e Rui Araújo era correspondente da RTP em Bruxelas. Vivia numa

vivenda ao lado do embaixador do Burundi e nem sequer havia um muro entre as duas

moradias. «Os putos brincavam juntos, o meu filho e o filho dele, bebíamos uns canecos

juntos. Há um dia que o meu amigo me diz Eu acho que devias ir para Kigali, capital do

Ruanda, porque vamos ter um genocídio anunciado. E eu comunico a ideia à RTP», conta o

jornalista preparado para dar o primeiro gole da coca-cola petrificada em cima mesa da

mesma marca.

Quando recebe a proposta, a RTP fica relutante. «Não há notícias sobre isso». O

jornalista lisboeta retalia: «A minha fonte é boa. É um diplomata do país vizinho, que conhece

perfeitamente os problemas étnicos». «Mas não há notícias. Nem sequer é uma colónia

portuguesa, não interessa a ninguém», riposta Lisboa. Depois de várias insistências, Rui Araújo

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obtém luz verde para avançar, com o pequeno constrangimento de a RTP não querer gastar

dinheiro.

«O que é que eu pensei? Vamos ver se arranjo transporte até Kigali». E arranjou um

voo militar norte-americano, de Bruxelas para Nairobi, capital do Quénia. «Ainda por cima

comi bem na viagem. Ao contrário das Forças Armadas Portuguesas, as Forças Armadas

Americanas têm uma dúzia de rações de combate diferentes, portanto até dá para escolher»,

crisma com um movimento pendular da cabeça.

Aterrou em Nairobi, já tinha um pé em África, e de borla. Agora já estava mais perto do

Ruanda, de Kigali. Saiu da placa e viu um Hércules C-130, um avião belga militar. «Para onde é

que vocês vão?» Eles iam para Kigali. O jornalista tentou a sorte. «Epá, sou eu e o meu

cameraman». Estávamos a 12 de Abril de 1994. Conseguiram a boleia e chegaram a Kigali já de

noite.

O aeroporto estava debaixo fogo, estava cercado pela Frente Patriótica do Ruanda

(FPR), constituída por militares Tutsis. A capital estava a ferro e fogo, em combate entre as

forças hutu governamentais e a guerrilha. Os aviões esborregavam, caíam morteiradas na

pista, balas tracejantes. «Chego ao aeroporto naquela noite e vejo um tipo completamente

irritado, em pânico, que me diz: «eu sou o responsável pelas evacuações, está toda a gente a

sair de Kigali, deste país, deste inferno. O que é que você vem para cá fazer?»

No meio do caos, naquele aeroporto onde estavam a evacuar crianças feridas, algumas

sem pernas, levadas ao colo, há uma imagem que salta à vista do português. «Vejo um tipo

completamente zen, sentado no chão a ler um livro à luz de um cubo para aquecer rações. Fui

ter com ele e perguntei-lhe epa você parece-me um tipo calminho, posso deixar-lhe aqui o meu

material? »

Com o material confiado ao tipo calminho, Rui Araújo e o camareman saíram para

recolher imagens. «Nessa noite já nem cubos para aquecer rações havia. O aeroporto estava

ocupado pelas forças belgas e pelas forças francesas e estava completamente destruído»,

recorda e puxa de um cigarro. Na mesma noite pediu a um militar belga para dar uma volta

com ele no aeroporto, queria perceber qual era o ponto da situação. As Nações Unidas

também lá estavam. «Curiosamente, quando passavam os camiões com tropas das Nações

Unidas, parava o tiroteio. Quando avançavam os franceses ou os belgas era berlaitada a dar

com pau».

Rui Araújo pôde verificar que, nos primeiros dias do genocídio, havia 21 jornalistas

estrangeiros em território ruandês. Apenas duas televisões, a portuguesa (RTP) e a belga.

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Horas depois, o Coronel belga dirige-se aos jornalistas. «Só tenho 12 lugares para amanhã de

manhã. É a última coluna, vamos buscar os padres ao interior». Porquê os padres? Eram

Europeus.

Em função da etnia, toda a gente matou no Ruanda. «Atiravam granadas defensivas

para dentro de igrejas cheias de mulheres e de crianças, cortavam bebés – atiravam bebés ao

ar e cortavam-nos à catanada», acende o cigarro. «Cheguei a pedir uma arma para matar.

Porque aí já não era jornalista, era homem. E decepar bebés, crianças, à catanada, eu acho

que… não dá»

A manhã seguinte tinha chegado. Só havia 12 lugares, era a última coluna e toda a

gente queria ir. Optaram por fazer um sorteio com palhinhas. «Eu nem no Euromilhões

consigo fazer um número quanto mais numa lotaria daquelas, num cenário de guerra.

Conclusão: o meu nome nunca saiu. Mas eu também não estava a espera que saísse. Não

tenho sorte».

Mas saiu o nome de um colega, jornalista do El País, Alfonso Armada. «Aí os belgas

foram obrigados a abrir o jogo». Como Alfonso não era Belga, não podia ir. «Era uma operação

belga, com tropas belgas, para a imprensa belga». O português, na altura, indignou-se.

«Porreiro pá, operação belga, tropas belgas, jornalismo com passaporte. Portanto, os senhores

foram obrigados a revelar que isto era uma fraude. Conclusão: eles acabaram por sair na

manhã seguinte. Eu, o Alfonso e mais alguns ficámos apeados». Os jornalistas não tinham

comunicações para o exterior, havia o satélite, só. «E era da televisão belga. Eu não tinha

satélite, a televisão belga, que era a única que lá estava, não me facultou o satélite».

Só conseguiu meter imagens «cá para fora» quando se veio embora. Em televisão, ou

há imagem ou não há reportagem. Já que não havia reportagem, já que não tinha jantado,- «e

também não era grave» -, o português aproveitou para dormir umas horas. Deitou-se no

chão,- «também não estava frio» -, e dormiu.

Eram umas cincou ou seis da manhã, hora que o sol começa a dar de si, quando Rui

Araújo sentiu uns abanões. «Pá, isto é uma guerra, tiroteios. Consegues dormir?». Era o

cameraman. «Claro», responde-lhe o jornalista num tom definhado. Lá se levantou e cedeu ao

pedido do belga. Inventou um vivo: «O aeroporto está cercado os tipos que estão atrás de nós,

são da guerrilha. Vocês estão a vê-los lá atrás. Na cidade há tiroteio, a ver quem é que

consegue ocupar a cidade e controlá-la, etc…».

De repente, quando acaba o vivo ainda meio adormecido, - «e sem beber café, que é

um drama» -, vê uns militares que estão a preparar uma nova coluna com carros e pick ups e

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carrinhas. Nem hesitou. «Epá! eu sou da televisão e estou a apeado. Preciso de uma

reportagem. Deêm-me boleia».

«Você não tem medo de morrer?», perguntaram-lhe. «Eu tenho, mas preciso de uma

reportagem». Estava com azar outra vez, não havia lugar em carro algum para ele. «Epá! que

não lhe falte nada. Estamos num aeroporto, as pessoas fugiram e deixaram cá os carros todos.

Não é a primeira nem a última vez que eu vou roubar um carro». Olhou, e encontrou uma

carrinha Wolkswagen. «Eu tinha algum afecto por aquelas carrinhas, era uma geração, eram os

anos 70.» Abriu a carrinha mas não tinha combustível. Voltou a olhar e avistou um Mitsubishi

novo. Pediu a um soldado para partir o vidro com a coronha.

Entrou para dentro do carro, fez-se a ligação. Apesar de ter ficado sem os contactos

eléctricos, o carro andava. Foi ter com os militares que o levaram na coluna que ia buscar a

Kigali dois diplomatas. «Andámos a fazer slalom entre os corpos decepados, tipos escondidos

na estrada, combatentes. Começam a cair morteiradas. E aquilo é arreliador porque nunca se

sabe onde vai cair, quando caiu já está perto. Quando chegámos ao hotel não encontrámos os

diplomatas. Tivemos de voltar por outro caminho, porque passar duas vezes num sítio onde já

tinha havido uma emboscada era… loucura», apaga o cigarro, que foi deixando morrer ao

longo das recordações.

Depois de terem tentado, em vão, recuperar os dois diplomatas, a coluna e os

jornalistas voltaram por outro caminho. «E a dado momento eu vou no meio da coluna a guiar,

- já que tinha roubado um jipe, pelo menos… -, e vejo um jovem, com uma t-shirt branca cheia

de sangue, sentado no chão encostado a uma parede, que me pede ajuda em francês. Eu parei

o carro. Os fotógrafos a quem eu tinha dado boleia fartaram-se de tirar bonecos. É que ele

ainda estava vivo, corpos decepados eram… Era o que mais havia. Vivos havia poucos». Rui

Araújo não lhe deu boleia. Não condenou o jovem há morte, ele já estava condenado. A guerra

deixa feridas mais abertas do que o próprio decesso.

«Não lhe dei boleia porque para salvar um, podiam morrer os dez ou quinze que

vinham atrás de mim, na coluna. E naquele momento não há tempo para pensar. Aqui é

porreiro. A ética, os bons princípios, a solidariedade, a humanidade. Naquele momento não há

tempo. As pessoas revelam-se. Em situações extremas toda a gente se revela. Conclusão: eu

arranquei, o tipo morreu… Tive pesadelos durante Maio de 94 até Setembro de 2013».

E agora? «Agora voltaram. Mas não há nada a fazer. E soube mais tarde que um amigo

meu, que lá esteve, também jornalista, deixou morrer um miúdo adolescente».

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Se fosse hoje, teria feito alguma coisa diferente? «Não é honesto responder porque

aqui é fácil, eu ia salvar o puto. Mas não é verdade. Lá não há tempo para pensar, aqui é fácil,

mas esta resposta não é verdadeira. O Ruanda marcou-me por ter deixado morrer um puto,

por eu ter chegado à conclusão que era mais louco do que pensava, quando peço uma arma

para matar. E matar, quer queiramos quer não, é uma decisão difícil para qualquer ser

humano. Também não valia a pena ficar lá. Não tinha câmara, não tinha imagens. O que é que

um jornalista de televisão faz num genocídio sem imagens?»

Esteve lá quanto tempo? «Só uns dias. E só uns dias por uma razão muito simples. O

meu camaraman nunca tinha estado numa guerra. Quando começavam as emboscadas e o

tiroteio ele parava de gravar. Tenho medo, nunca estive numa guerra. Eu disse-lhe: ficamos

aqui até ao fim do genocídio e vamos para o interior, que eu não vou passar a vida aqui no

aeroporto. Ah mas eu tenho passaporte belga e isto para mim é complicado. Era um playboy

em Bruxelas, macho, macho, macho. Nas guerras era um cobarde. Depois desculpou-se com o

passaporte. Ali não dá para mentir. A culpa não é dele, é de quem o mandou. Se calhar se

tivesse um passaporte português, que não era um país interessado, nós circulávamos à

vontade».

Em cenários de guerra, sente que, como jornalista, deixa de desempenhar um papel

de mero observador? «O papel de observador é o mais fácil, eu sou observador, sou jornalista,

o problema não é meu, a guerra é deles».

Mas é isso que sente? «Não. Eu sou homem antes de ser jornalista. E esse é o grande

problema. É pensar que antes de ser jornalista sou homem. Daí ter pedido a arma para matar.

Se eu visse um tipo a matar uma criança à catanada? Dava-lhe um tiro nos cornos. Não tenho

dúvidas».

Foram dias atribulados, mas Rui Araújo tem uma enorme paixão por África. «Acho que

os africanos são as pessoas mais fabulosas do mundo e as mesmas pessoas podem ser as

piores do mundo. Foi o pior sítio onde estive. Estive em muitas guerras, mas o Ruanda… No

Ruanda toda a gente sabia que ia haver um genocídio. Toda a comunidade internacional sabia.

Toda a gente foi alertada».

As chacinas e os massacres eram já conhecidos desde 1990. Por que é as Nações

Unidas não actuaram desde logo? «A comunidade internacional é uma expressão que não

quer dizer absolutamente nada. É uma comunidade de interesses, que vão variando em função

do momento. As Nações Unidas portaram-se miseravelmente no caso do Ruanda. Foi um

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genocídio pré-anunciado. Tal como Timor em relação a Portugal, foi uma invasão pré-

anunciada».

As autoridades de Paris e de Bruxelas foram recentemente acusadas de participarem

nos massacres que levaram à morte de mais de 800 mil pessoas. Quando lá esteve, percebeu

em que é que consistia esta participação das potências ocidentais no genocídio ruandês?

«Aquilo que eu pude constatar no território foi que as tropas francesas e tropas belgas

pareciam que estavam de costas viradas. Quando cheguei a Kigali dou, no aeroporto, com doze

capacetes azuis das Nações Unidas que foram interceptados. Começaram por lhes cortar os

tendões, - que um homem sem tendões não consegue andar nem correr -, e depois

massacraram-nos. Ainda vi os corpos deles. Toda a gente sabia que aquilo estava a dar um

banho de sangue. Havia uma rádio chamada Mil Colinas [Mille Collins, Rádio de propaganda

Hutu]) que incitava ao odio – eles são vermes, vamos matá-los», dá um gole na coca-cola que

pediu quando chegou ao bar Os Velhos do Restelo.

filme Hotel Ruanda aqui cortado – parte da rádio.

O que, de alguma forma, despoletou o genocídio foi que, no momento da aterragem

em Kigali, o avião presidencial, onde ia o presidente do Ruanda, Juvénal Habyarimana e o

presidente do Burundi, Cyprien Ntaryamira, é abatido antes de aterrar. «O problema é que

ainda hoje não se sabe quem é que abateu o raio do avião. Portanto, não havendo provas, não

há culpados. Agora que alguém abateu aquele avião, que alguém sabia que havia extremistas

naquele país, que alguém sabia que a guerrilha estava hiperactiva, que alguém teve

conhecimento da distribuição de armas, que alguém teve conhecimento que a violência estava

a aumentar…», mais um gole em seco.

A guerra fez de si um homem diferente? «Claro que fez. Ninguém passa por uma

guerra impunemente. Nem os militares nem os jornalistas. É mentira. Nem as vítimas, nem os

combatentes. Ninguém. São situações extremas, toda a gente se revela, não dá para mentir

nas situações extremas. O cobarde é cobarde, o amigo é amigo, o tipo que tem coragem é

corajoso. Não dá para mentir ali. Não se mente nas guerras».

A sua família lida bem com o facto de gostar de cobrir conflitos no estrangeiro? «Não

entendem por que é que um tipo se candidata a arriscar a pele sem ganhar mais por isso. Só

pode ser um tipo doido».

É complicado lidar consigo quando volta? «Eu acho que é complicado o tempo todo.

Acho que lá, eu estou bem. As pessoas são mais verdadeiras, as situações são mais

verdadeiras. Mas depois paga-se um preço elevado, durante muitos anos. Ainda hoje tenho

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pesadelos. Tentaram matar-me várias vezes. Mas não era o meu dia. É como andar de mota,

quando for o dia é o dia. Eu acho que todos nós temos uma estrela, não é fatalismo. Enquanto

ela for brilhando…»

Rui Araújo já tinha estado em vários conflitos. Passou por Angola, pelo Zaire, Bósnia,

Croácia, Líbia e por Timor-Leste. Mas o que acabou por descobrir no Ruanda foi o maior

inferno que já viveu até hoje. Chegou a pedir uma arma para matar porque, antes de ser

jornalista, é um homem. Deixar morrer um adolescente trai-lhe o sono e a consciência. Nunca

ninguém disse que ir para guerra era fácil, mas quando Rui Araújo deixou passar o prazo de

inscrição para a Escola Naval e se foi entregando ao jornalismo, percebeu que ser homem era

aquilo que fazia, quando mostrava ao mundo o que estava a acontecer. E tinha razão. Mesmo

que uma gota no oceano lhe decepe a alma à catanada.

A colonização belga é, muitas vezes, acusada de ter acentuado as diferenças entre as

duas etnias. Uma minoria Tutsi, que se dedicava à pastorícia, era mais delgada, uma etnia

superior em relação à maioria Hutu, agricultores, com narizes achatados e desde cedo

marginalizados. As etnias representam uma versão de África que, no caso do Ruanda, até no

bilhete de identidade tinham lugar de destaque. O genocídio terminou em Julho de 1994,

quando os rebeldes Tutsi expulsaram o exército Huto e a Milícia Interhamwe para lá das

fronteiras do país.