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  Evolução Cenozóica da Região de J undiaí (SP) - Neves (1999)  _________________________________________________________ ______________________________   _________________________________________________________  Dissertação de Me strado: IGCE/UNESP Dissertação de Mestrado elaborada  junto ao Curso de Pós-Graduação em Geociências - Área de Concentração em Geologia Regional para obtenção do título de Mestre. Mirna Aparecida Neves Orientador: Prof. Dr. Norberto Morales

Geogia Itapira

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  • Evoluo Cenozica da Regio de Jundia (SP) - Neves (1999) _______________________________________________________________________________________

    __________________________________________________________________________________________ Dissertao de Mestrado: IGCE/UNESP

    Dissertao de Mestrado elaborada junto ao Curso de Ps-Graduao em Geocincias - rea de Concentrao em Geologia Regional para obteno do ttulo de Mestre.

    Mirna Aparecida Neves

    Orientador: Prof. Dr. Norberto Morales

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    __________________________________________________________________________________________ Dissertao de Mestrado: IGCE/UNESP

    BANCA EXAMINADORA

    Prof. Dr. Norberto Morales

    Departamento de Petrologia e Metalogenia IGCE - UNESP Rio Claro (SP)

    Prof. Dr. Antnio Roberto Saad

    Departamento de Geologia Sedimentar IGCE - UNESP Rio Claro (SP)

    Prof. Dr. Maurcio da Silva Borges

    Departamento de Geologia Centro de Geocincias

    UFPA - Belm (PA)

    Rio Claro, 18 de junho de 1999.

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    Dedico este trabalho ao Sr. Je e D. Edwirges,

    que, por tanto tempo, se dedicaram a mim.

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    AGRADECIMENTOS

    Agradeo ao Conselho Nacional de Pesquisas Tecnolgicas (CNPq) pelo apoio financeiro na concesso da bolsa de estudos; Fundao de Amparo Pesquisa do Estado de So Paulo (FAPESP) pelo financiamento do projeto Neotectnica, Morfognese e Sedimentao Moderna no Estado de So Paulo e Regies Adjacentes (processo no 95/4417-3), ao qual esta pesquisa est vinculada, e ao coordenador deste projeto, Prof. Dr. Yociteru Hasui. De forma especial, agradeo ao Prof. Dr. Norberto Morales pela valiosa orientao e importantes sugestes referentes Geologia Estrutural, bem como pelo apoio indispensvel na coleta dos dados estruturais.

    Da mesma forma, agradeo ao Prof. Dr. Maurcio da Silva Borges, cujo apoio e dedicao constituram o ponto de partida para a realizao das atividades iniciais.

    Agradeo tambm ao Prof. Dr. Hans Dirk Ebert pelo convite para a realizao deste trabalho, bem como pelo interesse e apoio na elaborao do modelo digital do terreno.

    Ao Prof. Dr. Antonio Roberto Saad, pela reviso do captulo referente Litoestratigrafia.

    Ao Prof. Dr. Mario Luiz Assine, pelas importantes e indispensveis sugestes quanto anlise faciolgica e nas interpretaes paleoambientais.

    Ms. Leila Perdoncini, pelas valiosas sugestes na definio das associaes faciolgicas, pela sua grande amizade e pacincia.

    Ms. Andria Marcia Cassiano, pelo apoio durante os trabalhos de campo e pelo companheirismo e amizade dedicados ao longo de tantos anos.

    Aos gelogos Eduardo Silveira Bernardes (Duda) e Ricardo R, tambm pelo indispensvel auxlio nas atividades de campo.

    Ao Prof. Dr. Harold Fowler, pela traduo do Resumo para o ingls e por ter se disposto a ajudar nos momentos de dificuldade.

    Ao Dr. Igor Polikarpov, pelas importantes discusses sobre o mtodo cientfico e o meio acadmico. Ao eclogo Marcos de Souza Neves Cardoso, o Kvera, pela sua incontrolvel capacidade de ajudar as pessoas.

    Ao Prof. Ms. Miguel Bertolami, pelo apoio e convivncia nas fases um tanto indefinidas do incio do trabalho.

    s minhas irms Miriam e Marcia, pela ateno, interesse e amizade, imunes distncia geogrfica.

    Enfim, a todas as pessoas que conviveram comigo e compartilharam este tempo.

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    NDICE

    CAPTULO 1 1. INTRODUO....................................................................................................................................................1

    1.1. A rea estudada................................................................................................................................................2

    1.2. Problemtica....................................................................................................................................................4

    1.3. Objetivo...........................................................................................................................................................5

    CAPTULO 2 2. MATERIAIS E MTODOS.................................................................................................................................6

    2.1. Coleta de Material...........................................................................................................................................7

    2.2. Pesquisa Bibliogrfica.....................................................................................................................................9

    2.3. Fotoanlise.......................................................................................................................................................9

    2.4. Trabalhos de Campo......................................................................................................................................10

    2.5. Elaborao de Mapas.....................................................................................................................................10

    2.5.1. Mapa Geolgico....................................................................................................................................11

    2.5.2. Mapa de Alinhamentos Regionais........................................................................................................11

    2.5.3. Mapa Topogrfico e Modelo Digital do Terreno..................................................................................12

    2.5.4. Mapa de Drenagem e Derivados...........................................................................................................12

    2.5.5. Mapa de Lineamentos...........................................................................................................................13

    2.5.6. Mapa de feixes de falhas e lineamentos principais...............................................................................13

    CAPTULO 3 3. CONTEXTO GEOLGICO REGIONAL..........................................................................................................14

    3.1. Geologia Regional.........................................................................................................................................14

    3.1.1. Embasamento Pr-Cambriano..............................................................................................................14

    3.1.2. Depsitos Paleozicos..........................................................................................................................18

    3.1.3. Depsitos Tercirios.............................................................................................................................19

    3.1.4. Coberturas Coluvionares.......................................................................................................................22

    3.1.5. Depsitos Aluvionares..........................................................................................................................26

    3.1.6. Estruturas Regionais.............................................................................................................................26

    3.2. Geomorfologia Regional...............................................................................................................................28

    3.3. Contexto Neotectnico..................................................................................................................................33

    CAPTULO 4 4. DEPSITOS ALUVIAIS...................................................................................................................................38

    4.1. Processos e Produtos Deposicionais..............................................................................................................41

    4.2. Faciologia dos Depsitos...............................................................................................................................44

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    4.3. Distribuio das Fcies..................................................................................................................................47

    4.4. Reconhecimento dos Depsitos.....................................................................................................................50

    4.5. Influncia Tectnica......................................................................................................................................52

    CAPTULO 5 5. LITOESTRATIGRAFIA....................................................................................................................................56

    5.1. Depsitos Paleozicos: Grupo Itarar...........................................................................................................56

    5.2. Depsitos Tercirios......................................................................................................................................60

    5.2.1. Faciologia dos Depsitos Tercirios.....................................................................................................60

    5.2.2. Associao de fcies.............................................................................................................................66

    5.2.3. Ambiente deposicional.........................................................................................................................71

    5.3. Depsitos Coluvionares.................................................................................................................................73

    5.4. Depsitos Aluvionares...................................................................................................................................76

    CAPTULO 6 6. GEOLOGIA ESTRUTURAL.............................................................................................................................77

    6.1. O quadro macroregional................................................................................................................................77

    6.2. O quadro macroscpico.................................................................................................................................79

    6.2.1. Compartimentao Geomorfolgica.....................................................................................................79

    6.2.2. Rede de Drenagem................................................................................................................................83

    6.2.3. Lineamentos..........................................................................................................................................86

    6.2.4. Feixes de Falhas e Lineamentos...........................................................................................................89

    6.3. O quadro mesoscpico..................................................................................................................................90

    6.3.1. Fraturas.................................................................................................................................................90

    6.3.2. Falhas....................................................................................................................................................94

    6.3.3. Domnios Estruturais..........................................................................................................................101

    6.4. Integrao dos dados...................................................................................................................................108

    6.5. O Quadro Geomtrico.................................................................................................................................109

    6.6. O Quadro Dinmico....................................................................................................................................111

    CAPTULO 7 7. Concluses........................................................................................................................................................114

    7.1. Unidades Litoestratigrficas Paleozicas e Cenozicas..............................................................................114

    7.2. Controle Estrutural......................................................................................................................................115

    7.3. Evoluo Cenozica....................................................................................................................................116

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.................................................................................................118

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    NDICE DE FIGURAS

    Figura 1.1: Localizao da rea no Mapa Hipsomtrico do Estado de So Paulo (IGC) e articulao das folhas

    topogrficas...........................................................................................................................................3

    Figura 2.1: Fluxograma das atividades realizadas e produtos alcanados................................................................6

    Figura 3.1: Unidades litolgicas presentes na regio (fonte: Mapa Geolgico do Estado de So Paulo (Bistrichi et

    al. 1981)...............................................................................................................................................15

    Figura 3.2: Estruturao do embasamento pr-cambriano em blocos crustais (Haralyi & Hasui 1982,

    modificado)..........................................................................................................................................17

    Figura 3.3: Conjuntos litolgicos vinculados estruturao em blocos crustais (Hasui et al. 1989,

    modificado)..........................................................................................................................................18

    Figura 3.4: Coluna estratigrfica apresentada para a regio de Atibaia (Fulfaro et al. 1985).................................21

    Figura 3.5: Esquema de formao das linhas de pedras recobertas por material coluvionar (Bigarella et al.

    1994.....................................................................................................................................................24

    Figura 3.6: Representao da interface entre o saprlito e o material superficial no Malawi (frica) (McFarlane

    & Pollard in Thomas 1994).................................................................................................................25

    Figura 3.7: Unidades geomorfolgicas presentes na rea (fonte: Mapa Geomorfolgico do Estado de So Paulo

    (Ponano et al. 1981)...........................................................................................................................28

    Figura 3.8: Formao das serras litorneas e deformao da Superfcie do Japi (Almeida 1976).........................32

    Figura 4.1: Ilustraes esquemticas de sistemas de leques aluviais e leques deltaicos refletindo diferenas

    climticas e interaes com outros sistemas deposicionais (Galloway & Hobday

    1983)....................................................................................................................................................39

    Figura 4.2: Exemplos de leque aluvial dominado por correntes e de leque semi-rido (Hooke 1967 in Collinson

    1986)....................................................................................................................................................40

    Figura 4.3: Bloco-diagramas mostando leques aluviais tributrios a um rio braided e leques aluviais

    transicionando para braidplain (Rust & Koster 1984)........................................................................41

    Figura 4.4: Esquema mostrando as relaes entre o ponto de interseco e o lobo deposicional (Hooke

    1967)....................................................................................................................................................43

    Figura 4.5: Esquema de um lobo deposicional residual (Hooke 1967)..................................................................44

    Figura 4.6: Quatro fcies conglomerticas reconhecidas em depsitos de leque aluvial do Old Red Sandstone,

    Esccia (Bluck 1967 in Collinson 1986).............................................................................................46

    Figura 4.7: Depsito formado por corrente canalizada intercalado em depsito de fluxo gravitacional

    (Blissenbach 1954 in Serra 1985)........................................................................................................47

    Figura 4.8: Distribuio de fcies no leque dominado por correntes Van Horn Sandstone (Texas, EUA)

    (McGowen & Groat 1971 in Collinson 1986).....................................................................................48

    Figura 4.9: Distribuio das fcies em um depsito de leque aluvial (Spearing 1974 in Suguio

    1979)....................................................................................................................................................49

    Figura 4.10: Seo longitudinal esquemtica de um leque aluvial mostrando variao de fcies proximais a

    distais (Rust & Koster 1984)...............................................................................................................49

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    Figura 4.11: Sucesses de leques aluviais sujeitos a rejuvenescimento tectnico peridico (Heward 1978 in Rust

    & Koster 1984)....................................................................................................................................50

    Figura 4.12: Deposio de leques aluviais controlada por falha normal ativa (East Greenland) (Collinson 1972 in

    Collinson 1986)...................................................................................................................................52

    Figura 4.13: Distribuio de cunhas conglomerticas associadas a falhas normais lstricas sucessivas (Outer

    Hebrides) (Steel & Wilson 1975 in Collinson 1986)..........................................................................53

    Figura 4.14: Padres de preenchimento de bacias aluviais (Miall 1981)................................................................54

    Figura 4.15: Ambientes tectnicos de bacias aluviais e de outras fcies sedimentares (Miall 1981).....................55

    Figura 5.1: Distribuio dos depsitos sedimentares..............................................................................................57

    Figura 5.2: Modelo Digital do Terreno com a distribuio dos depsitos sedimentares........................................57

    Figura 5.3: Arranjo vertical e lateral das associaes faciolgicas.........................................................................67

    Figura 5.4: Modelo de preenchimento de bacia aluvial (modificado de Miall 1981).............................................73

    Figura 6.1: Mapa de alinhamentos regionais produzido a partir da imagem de radar em escala

    1:250.000.............................................................................................................................................78

    Figura 6.2: Mapa topogrfico..................................................................................................................................82

    Figura 6.3 (a): Diviso da rea em compartimentos geomorfolgicos...................................................................82

    Figura 6.3 (b): Bloco-diagrama mostrando as formas de relevo nos compartimentos geomorfolgicos...............83

    Figura 6.4: Mapa da rede de drenagem...................................................................................................................84

    Figura 6.5: Lineamentos de drenagem....................................................................................................................85

    Figura 6.6: Canais de primeira ordem.....................................................................................................................85

    Figura 6.7: Mapa de lineamentos............................................................................................................................86

    Figura 6.8: Mapa de lineamentos NE-SW..............................................................................................................87

    Figura 6.9: Mapa de lineamentos NW-SE .............................................................................................................87

    Figura 6.10: Mapa de lineamentos E-W .................................................................................................................88

    Figura 6.11: Mapa de lineamentos N-S...................................................................................................................88

    Figura 6.12: Feixes de falhas e lineamentos principais...........................................................................................89

    Figura 6.13: Projeo estereogrfica dos polos das fraturas medidas em toda a rea.............................................90

    Figura 6.14: Projeo estereogrfica dos polos das fraturas que afetam o embasamento cristalino.......................92

    Figura 6.15: Projeo estereogrfica dos polos das fraturas no Grupo Itarar........................................................92

    Figura 6.16: Projeo estereogrfica dos polos das fraturas que afetam os sedimentos cenozicos......................93

    Figura 6.17: Projeo estereogrfica dos polos das fraturas que afetam os sedimentos tercirios.........................93

    Figura 6.18: Projeo estereogrfica dos polos das fraturas que afetam as coberturas coluvionares.....................94

    Figura 6.19: Projeo estereogrfica de todas as falhas encontradas na rea.........................................................94

    Figura 6.20: Projeo estereogrfica dos polos das falhas normais que afetam o embasamento...........................95

    Figura 6.21: Projeo estereogrfica dos polos das falhas inversas que afetam o embasamento...........................96

    Figura 6.22: Projeo estereogrfica dos polos das falhas transcorrentes que afetam o embasamento..................96

    Figura 6.23: Projeo estereogrfica das falhas normais que afetam o Grupo Itarar............................................98

    Figura 6.24: Projeo estereogrfica das falhas normais nos sedimentos tercirios...............................................99

    Figura 6.25: Projeo estereogrfica das falhas que afetam as coberturas coluvionares........................................99

    Figura 6.26: Domnios estruturais definidos para a rea.......................................................................................101

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    Figura 6.27: Projeo estereogrfica das falhas no domnio 1..............................................................................102

    Figura 6.28: Perfil mostrando basculamento de blocos........................................................................................103

    Figura 6.29: Projeo estereogrfica das falhas no domnio 2..............................................................................104

    Figura 6.30: Projeo estereogrfica das falhas no domnio 3..............................................................................106

    Figura 6.31: Projeo estereogrfica das falhas no domnio 4..............................................................................107

    Figura 6.32: Controle estrutural dos depsitos sedimentares................................................................................109

    Figura 6.33: Quadro geomtrico esquemtico......................................................................................................110

    Figura 6.34: Posicionamento do tensor 1 nos domnios estruturais pelo mtodo dos diedros retos..................112 Figura 7.1: Modelo digital do terreno mostrando o controle estrutural sobre a morfologia da rea.....................116

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    NDICE DE FOTOS

    Foto 5.1 (a): Ritmito do Grupo Itarar mostrando dobras convolutas (ponto 120)................................................59

    (b): Contato erosivo entre o Grupo Itarar e o embasamento pr-cambriano (ponto 161)......................59

    (c): Contato por falha entre o Grupo Itarar e o embasamento pr-cambriano (ponto 161)....................59

    Foto 5.2 (a): Fcies Gmm: conglomerado suportado por matriz, macio (ponto 137)...........................................64

    (b): Fcies Gcm: conglomerado suportado por clastos, macio (ponto 198)...........................................64

    (c): Fcies Gh: conglomerado suportado por clastos com estratificao incipiente e imbricao (ponto

    74).....................................................................................................................................................64

    (d): Fcies Gt: conglomerado suportado por clastos com estratificao cruzada acanalada (ponto

    9).......................................................................................................................................................65

    (e): Fcies Sh: arenito muito fino a mdio com estratificao plano-paralela (ponto 47).......................65

    (f): Fcies St: arenito fino a muito grosso, at conglomertico, com estratificao cruzada acanalada

    (ponto 9)...........................................................................................................................................65

    Foto 5.3 (a): Associao de fcies I (ponto 76).......................................................................................................70

    (b): Associao de fcies III (ponto 117).................................................................................................70

    Foto 5.4 (a): Cobertura coluvionar composta por linha de pedras basal recoberta por material areno-argiloso com

    grnulos de quartzo angulosos organizados em nveis descontnuos e sub-paralelos (ponto

    12).....................................................................................................................................................75

    (b): Fragmento de rocha bsica em meio a material coluvionar sobrepostos a nvel de fragmentos de

    gnaisse e de quartzo angulosos (ponto 36).......................................................................................75

    (c): Linha de pedras composta por fragmentos de quartzo e seixos de quartzito do depsitos tercirios

    (ponto 35).........................................................................................................................................75

    (d): Linha de pedras formada por fragmentos de crosta latertica envolvendo um seixo de quartzito

    subarredondado dos depsitos tercirios (ponto 35-A)....................................................................75

    (e): Cobertura coluvionar com nvel de grnulos em granodecrescncia ascendente (ponto

    123)...................................................................................................................................................75

    Foto 6.1 (a): Folhelhos do Grupo Itarar mostrando intenso fraturamento (ponto 128).........................................91

    (b): Fratura nos depsitos tercirios preenchida por material lateritizado (ponto 1) ..............................91

    (c): Fraturas nas coberturas coluvionares (ponto 147) ............................................................................91

    Foto 6.2 (a): Zona cataclstica afetando gnaisses do embasamento cristalino (ponto 147) ...................................97

    (b): Falha normal em rochas granticas (ponto 37) .................................................................................97

    (c): Detalhe da foto anterior mostrando arranjo anastomosado dos planos de falha, formando sigmides

    que indicam movimentao normal (ponto 37) ...............................................................................97

    Foto 6.3: Estrutura em flor negativa afetando ritmitos do Grupo Itarar (ponto 120) ...........................................98

    Foto 6.4 (a): Camada de argilito dos depsitos tercirios afetada por falhas normais (ponto 3) .........................100

    (b): Falha normal afetando a linha de pedras (ponto 35-A) ..................................................................100

    (c): Falhas normais afetando linha de pedras (ponto 137) ....................................................................100

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    NDICE DE TABELAS

    Tabela 4.1: Classificao de fcies (Miall 1978 in Miall 1996, modificado).........................................................45

    Tabela 4.2: Padres de preenchimento de bacias aluviais (Miall 1981).................................................................54

    Tabela 5.1: Fcies sedimentares encontradas nos depsitos tercirios da rea de Jundia (codificao de Miall

    1996, modificada)................................................................................................................................61

    ANEXOS

    Anexo 1: Mapa Geolgico

    Anexo 2: Mapa de pontos

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    ABSTRACT

    The existing relations between sedimentary deposits of the Jundia (SP) region and the

    role of faults and fractures in their formation, deformation and preservation are examined,

    with the aim to investigate the Cenozoic events which occurred in the region.

    The applied methodology includes cartographic information for examining terrain

    morphology accompanied to interpretation of aerial photographs and satellite imagery;

    lithostratigraphic data for interpreting paleoenvironments and structural data for interpreting

    the structural control of sedimentary deposits, and tensor calculations.

    The Precambrian basement of the area is composed of gneisses with variable degrees

    of migmatization as well as interlayers of quartzites, schists, amphibolites, gondites and

    metaultrabasics rocks included in the Amparo (or Itapira) Complex and, in a more restricted

    form, phyllites belonging to the So Roque Group. Granitic rocks are very common in the

    region, predominating the intrusions of the Itu Complex.

    Paleozoic deposits cover the basement, which are correlated with the Itarar Group,

    constituted by diamictites, shales, rhythmites, mudstones and siltstones. These rocks form

    isolated bodies embedded in to the crystalline basement by normal faults.

    Tertiary deposits, comprised of diamictites, conglomerates, sandstones and mudstones

    also occur in the form of isolated relicts, preserved by the presence of levels of basal

    conglomerates, more erosion resistant, or due to faulting which produced tilting and

    subsidence of the blocks. Nine sedimentary facies are defined forming associations that

    suggest the existence of an ancient system of alluvial fans deriving from the Japi Range,

    under semi-arid climate.

    The colluvionary deposits comprise a covering formed by unconsolidated material,

    and consist of basal stone lines recovered by sandy and clayish sediments with disperse quartz

    millimetric angular grains. These are well distributed through the area and the structural

    control in the form of bodies is remarkable.

    Alluvionary deposits also are present which are formed of gravels, sands and clays,

    deposited along the principal drainages of the Jundia River Basin.

    These units are distributed along a topographically lowered zone, delimited by higher

    topographies corresponding to the Japi Range, Jardim Range (and associated elevations),

    Cristais Range and to the Itu Granite Massif. These higher elevations are associated to fault

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    escarpments striking predominantly NW-SE and subordinately NNE-SSW to NE-SW and E-

    W.

    These faults and the associated fractures also control the installation of the drainage

    system, which is more predominantly oriented E-W and N-S than NE-SW and NW-SE.

    These results suggest a scenario where the development of normal NE-SW faults

    occasioned the subsidence and preservation of blocks of Paleozoic rocks into the crystalline

    basement, under a distensive NW-SE regime present in the opening of the Atlantic Ocean.

    After the opening and during the plate drifting towards West, a transcurrent dextral

    binary is implanted with an horizontal 1 NW-SE, and a vertical 2 and an horizontal 3 NE-SW. This stress regime stimulates the development and/or reactivation of the normal NW-SE

    faults, transcurrent E-W faults and NE-SW reverse faults.

    The unevenness formed between the central collapsed block and the elevations of the

    Japi Range triggers the development of a system of alluvial fans giving rise to the Tertiary

    deposits. With faulting progression and the continuous uplifting of the area, the sedimentary

    sequences was eroded and are now preserved only in some isolated remains over the tilted and

    buried blocks by normal faults. Concomitantly, the formation of the colluvionary covers

    originating from the erosion of these and other lithotypes present occurs.

    All units are being actually eroded and sediments are deposited in the flood plains of

    the principal drainages. Its accumulation is induced through the presence of a

    lithological/structural barrier represented by the Itu Granite Massif, whose faces are the

    consequence of the previously mentioned faulting.

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    RESUMO

    Neste trabalho apresentado um estudo das relaes existentes entre a ocorrncia de

    depsitos sedimentares nos arredores de Jundia (SP) e o papel das falhas e fraturas na sua

    formao, deformao e preservao, objetivando a investigao de alguns eventos sucedidos

    na evoluo cenozica da regio.

    Os mtodos utilizados envolvem a extrao de informaes de bases cartogrficas, de

    fotografias areas e imagem de satlite; a obteno de informaes litoestratigrficas para

    interpretaes paleoambientais e a coleta de dados estruturais para o estudo do controle

    estrutural sobre os depsitos sedimentares, sobre a morfologia do terreno e para o clculo de

    tensores.

    O embasamento pr-cambriano composto basicamente por gnaisses com grau

    varivel de migmatizao e intercalaes de quartzitos, xistos, anfibolitos, gonditos e

    metaultrabasitos includos no Complexo Amparo ou Itapira e, de forma mais restrita, filitos

    pertencentes ao Grupo So Roque. Intruses granitides so bastante comuns na regio,

    predominando, na rea, o Complexo Granitide Itu.

    Recobrindo o embasamento, aparecem depsitos paleozicos correlacionados com o

    Grupo Itarar, constitudos por diamictitos, folhelhos, ritmitos, argilitos e siltitos. Estas rochas

    formam corpos isolados, embutidos no embasamento cristalino por falhas normais.

    Depsitos tercirios, compostos por diamictitos, conglomerados, arenitos e argilitos

    tambm ocorrem sob a forma de corpos isolados, preservados pela presena de nveis

    conglomerticos basais, mais resistentes eroso, ou devido a falhamentos que ocasionaram

    abatimento e basculamento de blocos. So definidas nove fcies sedimentares formando

    associaes que sugerem a existncia de um antigo sistema de leques aluviais, sob clima

    semi-rido, com rea fonte na Serra do Japi.

    Os depsitos coluvionares compem uma cobertura formada por material

    inconsolidado, constitudo por uma linha de pedras basal recoberta por sedimentos areno-

    argilosos com grnulos de quartzo milimtricos e angulosos dispersos. So amplamente

    distribudos pela rea e o controle estrutural na forma dos corpos marcante.

    Ocorrem tambm depsitos aluvionares formados por cascalhos, areias e argilas,

    depositados ao longo das drenagens principais da bacia do rio Jundia.

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    Estas unidades se distribuem ao longo de uma zona topograficamente rebaixada,

    limitada pelos altos topogrficos correspondentes Serra do Japi, Serra do Jardim (e

    elevaes associadas), Serra dos Cristais e o Macio Grantico Itu. Estes altos se associam a

    escarpas de falhas com direo predominantemente NW-SE e subordinadamente NNE-SSW a

    NE-SW e E-W.

    Tais falhamentos, juntamente com as fraturas associadas, tambm controlam a

    instalao do sistema de drenagem, porm com o predomnio das orientaes E-W e N-S

    sobre as NE-SW e NW-SE.

    Os resultados alcanados apontam para um quadro onde o desenvolvimento de falhas

    normais NE-SW, sob o regime distensivo NW-SE presente na abertura do Oceano Atlntico,

    ocasionou o abatimento de blocos de rochas paleozicas no embasamento cristalino,

    possibilitando sua preservao.

    Com a deriva da placa Sul-Americana para oeste, h implantao de um binrio

    transcorrente dextral com 1 NW-SE horizontal, 2 vertical e 3 NE-SW horizontal. Este arranjo de tenses provoca o desenvolvimento e/ou a reativao de falhas normais NW-SE,

    falhas transcorrentes E-W e inversas NE-SW.

    O desnvel formado entre o bloco central abatido e as elevaes da Serra do Japi

    desencadeia o desenvolvimento de um sistema de leques aluviais, dando origem aos depsitos

    tercirios. Com a progresso dos falhamentos e o constante soerguimento da rea, as

    seqncias sedimentares so erodidas, ficando preservados alguns restos isolados devido ao

    abatimento e basculamento de blocos por falhas normais. Concomitantemente, ocorre a

    formao das coberturas coluvionares oriundas da eroso destes e de outros litotipos

    presentes.

    Todas as unidades esto sendo erodidas atualmente e os sedimentos so depositados

    nas plancies aluvionares das drenagens principais. A acumulao induzida pela presena de

    uma barreira litolgico/estrutural representada pelo Macio Grantico de Itu, cujas escarpas

    so conseqncia dos falhamentos acima descritos.

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    1

    CAPTULO 1

    1. INTRODUO

    A regio de Jundia tem sido alvo de interesse por parte de profissionais da rea de

    cincias naturais desde o incio do sculo. A princpio, chamou a ateno dos pesquisadores a

    presena de sedimentos de origem glacial nas proximidades da cidade de Jundia, os quais se

    tornaram fonte de matria-prima para a crescente indstria cermica da regio. Em seguida,

    foram encontrados sedimentos conglomerticos dispostos em corpos descontnuos ao longo

    das drenagens principais e nas proximidades da Serra do Japi. Estes depsitos tm sido pouco

    estudados, permanecendo vrias controvrsias quanto sua origem e idade. O embasamento

    cristalino tambm tem sido objeto de estudos, a maioria deles enfocando as reas

    imediatamente a sul, onde marca presena a Zona de Cisalhamento Itu-Jundiuvira e a leste,

    onde se encontra o Macio Grantico de Itu. A Serra do Japi outro aspecto importante da

    paisagem local, onde se mantm preservada a Superfcie do Japi, constituindo os topos mais

    elevados da rea. Outro aspecto relevante a tpica ocorrncia das chamadas linhas de

    pedras, amplamente distribudas por toda a regio.

    Nos dias de hoje, este interesse no s se manteve, mas vem aumentando e se

    diversificando em outras reas das cincias naturais devido crescente expanso urbano-

    industrial da Regio Metropolitana da Grande So Paulo. Para ressaltar a importncia dos

    estudos do meio natural desta regio, cabe salientar que, em 1984, o Poder Legislativo

    Estadual (Lei Estadual no 4.095/84) criou a APA (rea de Proteo Ambiental) de Jundia,

    visando a preservao do patrimnio paisagstico da Serra do Japi e dos importantes

    mananciais constitudos pelos rios Jundia-Mirim e Capivari.

    Para a abordagem pretendida no presente trabalho, de suma importncia o

    reconhecimento das descontinuidades do substrato rochoso no que diz respeito formao,

    deformao e preservao das seqncias deposicionais mais jovens que o recobrem. A regio

    de Jundia, com suas assinaturas sedimentares paleozicas e cenozicas, oferece a

    oportunidade de se investigar esta atuao, permitindo o entendimento da paleotectnica, da

    tectnica ressurgente e da neotectnica atuantes na evoluo geolgica regional. Os estudos

    realizados foram dirigidos ao reconhecimento de feies estruturais neotectnicas e dos

    regimes de esforos tectnicos que as geraram, bem como caracterizao da evoluo

    geomorfolgica e gerao de depsitos e coberturas sedimentares correlativas.

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    1.1. A REA ESTUDADA

    Localizao

    A rea em questo est situada a 60 quilmetros da capital paulista, entre os

    meridianos 4645 e 4708 e paralelos 2305 e 2319, abrangendo 864 km2. Nas bases

    cartogrficas do IBGE em escala 1:50.000, compreende grande parte da folha Jundia (SF-23-

    Y-C-III-1) e a poro sudeste da folha Indaiatuba (SF-23-Y-C-II-2), alm das bordas das

    folhas Cabreva (SF-23-Y-C-II-4) e Santana do Parnaba (SF-23-Y-C-III-3). Dentro destes

    limites esto situadas as cidades de Jundia, Campo Limpo Paulista, Itupeva e Louveira.

    Constitui uma zona rebaixada em relao aos altos topogrficos representados pela Serra do

    Japi e Serra dos Cristais, a sul e sudeste, pelo Macio Grantico de Itu, a oeste (prximo a

    Itupeva) e pela Serra do Jardim, a nordeste. A figura 1.1 mostra a localizao da rea e a

    articulao das folhas topogrficas, com as principais estradas que servem a regio, as cidades

    e os patamares topogrficos do terreno.

    A presena de algumas das principais rodovias do Estado de So Paulo facilita o

    acesso rea. Por outro lado, so auto-pistas com trnsito intenso e de alta velocidade, o que

    acarreta algumas dificuldades durante os trabalhos de campo. A Rodovia dos Bandeirantes

    (SP-348) e a Rodovia Anhangera (SP-330) recortam a rea no sentido SE-NW, seguindo da

    capital paulista para o interior. A Rodovia Marechal Rondon (SP-300) atravessa a rea no

    sentido NE-SW, a partir das proximidades de Jundia em direo a Itu. H ainda a Rodovia

    Engo Constncio Cintra (SP-360) que liga Jundia a Itatiba (a norte) e d acesso Rodovia

    Dom Pedro I. Outras estradas asfaltadas cortam a rea em vrios sentidos, alm das no-

    pavimentadas, quase todas em bom estado de conservao. O acesso s dificultado no

    entorno e nos altos da Serra do Japi, onde a vegetao densa, as encostas so ngremes e o

    acesso permitido apenas com autorizao da Guarda Municipal de Jundia por estar dentro

    dos limites da APA.

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    Altimetria

    500 - 600 m

    600 - 800 m

    800-1200 m

    0 10 20 30 km

    Campinas ValinhosBraganaPaulista

    Indaiatuba Jundia Atibaia

    Cabreuva Santana do Parnaba Guarulhos

    Articulao das Folhas

    Sorocaba

    Itu

    Salto

    Indaiatuba

    Elias Fausto

    Itupeva

    Itapevi

    Cabreva

    Monte Mor

    Sumar

    Campinas

    Louveira

    Itatiba

    Jundia

    VotorantimMarinque

    So RoqueBarueri

    Pirapora do Bom Jesus

    CajamarCaieiras

    Mairipor

    Francisco Morato

    VrzeaPaulista

    JarinuAtibaia

    Bom Jesusdos Perdes

    Bragana Paulista

    Morungaba

    Valinhos

    Vinhedo

    Santanado Parnaba

    NazarPaulista

    Francoda Rocha

    So Paulo

    Sa. das Cabras

    Sa. de Cocais

    Sa. d

    a Pe

    dra Vermelha

    Serra da Cantarei

    ra

    Serra

    do Japi

    Sa. da

    s Araras

    Serra

    de

    So Roq

    ue

    Sa. do Jardim

    23 00o

    47 00o

    Campo LimpoPaulista

    SP-348SP-330

    SP-30

    0

    SP-3

    60

    Figura 1.1: Localizao da rea no Mapa Hipsomtrico do Estado de So Paulo (IGC) e articulao das folhas

    topogrficas.

    Clima e Vegetao

    A regio dominada por clima mesotrmico de inverno seco, isto , tropical de

    altitude, com temperatura mdia do ms mais frio inferior a 18oC, e a do ms mais quente

    superior a 22oC. A precipitao total do ms mais seco inferior a 30 mm (Kppen 1948,

    Serv. Nac. Pesq. Agron. 1960, Andrade 1964 in Fuck 1975).

    A cobertura vegetal original era de floresta latifoliada tropical (Serv. Nac. Pesq.

    Agron. 1960 in Fuck 1975). Atualmente, a vegetao predominante a do tipo capoeira rala,

    alm de mata secundria de reflorestamento (eucalipto e pinheiro do Paran) e horticultura.

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    Aspectos Ambientais

    A bacia do rio Jundia est situada em uma das regies com maiores ndices de

    crescimento demogrfico e econmico do Estado de So Paulo, apresentando alta

    concentrao industrial e urbana.

    A bacia do rio Jundia-Mirim abastece, hoje, cerca de 97% da populao da cidade de

    Jundia, sendo que 55% da bacia do rio Jundia, nos limites do municpio, constitui rea de

    proteo de mananciais (Lei Municipal no 2.405/80) (Silveira 1995). Contudo, tm sido

    registrados altos ndices de poluio no rio Jundia, antes mesmo de alcanar a sede urbana do

    municpio.

    As indstrias so as maiores responsveis pela poluio dos rios. H tambm um bom

    nmero de granjas e empresas de minerao, alm de farta produo de uvas, figos e

    morangos. Ocorre lanamento de esgotos e carreamento de resduos em suspenso com a gua

    de escoamento superficial devido atividade extrativa de mineraes de argila, alm do

    carreamento de agrotxicos e resduos de fertilizantes usados nas culturas.

    De acordo com Pinhatti (1998), para se resolver o problema de poluio na bacia ou

    pelo menos minimiz-la em nveis aceitveis, so necessrias medidas no sentido de estimular

    os municpios a tratarem seus esgotos e as indstrias a aumentarem suas taxas de remoo

    atravs de recirculao e da melhoria dos seus sistemas de tratamento.

    1.2. PROBLEMTICA

    A rea de Jundia apresenta sedimentos paleozicos correlacionveis com rochas do

    Grupo Itarar, embutidos por falhas no embasamento cristalino, e depsitos de sedimentos

    pr-atuais falhados, que tm sido correlacionados com os das bacias de So Paulo e de

    Taubat e em parte atribudos a depsitos de terraos e sedimentos aluviais modernos ligados

    evoluo do rio Jundia. A bacia do rio Jundia sofre influncia da soleira sustentada pelo

    batlito grantico de Itu, que representa um nvel de base local e induz a formao de um

    pequeno canyon na regio de Itupeva, mostrando influncia litolgica e provavelmente

    neotectnica.

    Este quadro geolgico induz a formulao de algumas questes:

    Como explicar a ocorrncia de depsitos glaciais na rea, j que o limite atual da Bacia do Paran se situa algumas dezenas de quilmetros a oeste dali?

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    Como se formaram as seqncias sedimentares cujas caractersticas permitem correlaes com as bacias continentais tercirias e por que ficaram preservados apenas alguns restos

    isolados?

    O que so as linhas de pedras e o material inconsolidado que as recobrem, encontrados generalizadamente por toda a rea?

    Qual a relao entre os processos causadores dos eventos acima e a morfologia do terreno observada hoje na regio?

    1.3. OBJETIVO

    Para responder as questes acima que se dirige o objetivo deste trabalho. Assim,

    investiga-se o papel das falhas e fraturas na formao, deformao e preservao do conjunto

    de rochas e coberturas sedimentares que ocorrem na rea.

    Tendo em vista este objetivo, foram realizadas as seguintes atividades:

    a. Mapeamento das unidades sedimentares que ocorrem ao longo da bacia do rio Jundia

    para o levantamento da distribuio das unidades paleozicas e cenozicas, incluindo as

    unidades pr-atuais e atuais;

    b. estudo do quadro geomorfolgico da regio, com vistas ao estabelecimento de unidades

    morfo-tectnicas, principalmente em funo da formao, deformao e preservao das

    unidades litoestratigrficas reconhecidas;

    c. investigao do quadro estrutural, com nfase s falhas e fraturas, sua geometria e

    cinemtica e, na medida do possvel, ao seu papel na deformao de rochas do

    embasamento e da cobertura sedimentar. Desta forma, pode-se deduzir o controle

    estrutural na formao e preservao das seqncias sedimentares e, finalmente, o

    controle no estabelecimento do padro geomorfolgico atual.

    Tais procedimentos permitem a elaborao do quadro evolutivo geolgico da rea,

    contribuindo assim para o conhecimento geolgico do Estado de So Paulo e para o escopo do

    projeto temtico Neotectnica, Morfognese e Sedimentao Moderna no Estado de So

    Paulo e Regies Adjacentes (FAPESP - processo n 95/4417-3), ao qual este trabalho est

    vinculado. Alm disso, h uma importante contribuio para o estudo do meio fsico de uma

    das regies mais densamente povoadas do pas e com perspectivas de intenso crescimento

    para as prximas dcadas.

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    CAPTULO 2

    2. MATERIAIS E MTODOS

    Os mtodos utilizados na execuo deste trabalho envolvem a preparao de material e

    a coleta de dados para descrio e anlise de feies estruturais e de formas do relevo e da

    drenagem que refletem movimentos neotectnicos. Incluem, tambm, o estudo das coberturas

    sedimentares correlativas com as etapas da evoluo neotectnica.

    O fluxograma apresentado na figura 2.1 sintetiza a seqncia metodolgica seguida no

    desenvolvimento da pesquisa, com as atividades realizadas e os respectivos produtos

    alcanados. Segue a descrio dos procedimentos envolvidos.

    Figura 2.1: Fluxograma das atividades desenvolvidas e produtos alcanados.

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    2.1. Coleta de Material

    Os materiais bsicos para a execuo do trabalho incluem folhas topogrficas,

    fotografias areas e imagem de radar. As folhas topogrficas utilizadas, produzidas pelo

    Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE) - 1971 e 1985 - em escala 1:50.000,

    pertencem ao acervo do Instituto de Geocincias e Cincias Exatas (IGCE) da UNESP,

    cmpus de Rio Claro e so listadas abaixo:

    Jundia: SF-23-Y-C-III-1;

    Indaiatuba: SF-23-Y-C-II-2;

    Cabreva: SF-23-Y-C-II-4;

    Santana do Parnaba: SF-23-Y-C-III-3;

    Alm destas, foram adquiridas bases cartogrficas em escala 1:10.000 produzidas pela

    Secretaria de Economia e Planejamento do Estado de So Paulo (Plano Cartogrfico do

    Estado de So Paulo - 1979). Estas folhas foram de grande utilidade nos trabalhos de campo,

    pois mostram as formas do relevo com maior detalhe, evidenciando mais claramente o padro

    de distribuio das coberturas mais recentes. Tais cartas so listadas a seguir.

    Fazenda Serra Azul: SF-23-Y-C-II-2-NE-F;

    Louveira: SF-23-Y-C-III-1-NO-E;

    Bairro Rio Acima: SF-23-Y-C-III-1-NO-F;

    Bairro Mato Dentro: SF-23-Y-C-III-1-NE-E;

    Bairro Pitangal: SF-23-Y-C-III-1-NE-F;

    Bairro Monte Serrat: SF-23-Y-C-II-2-SE-A;

    Itupeva: SF-23-Y-C-II-2-SE-B;

    Bairro do Poste: SF-23-Y-C-III-1-SO-A;

    Jundia I: SF-23-Y-C-III-1-SO-B;

    Jundia II: SF-23-Y-C-III-1-SE-A;

    Bairro Campo Verde: SF-23-Y-C-III-1-SE-B;

    Fazenda Pinheiro: SF-23-Y-C-II-2-SE-C;

    Bairro dos Medeiros: SF-23-Y-C-II-2-SE-D;

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    Jardim Hermida: SF-23-Y-C-III-1-SO-C;

    Jundia III: SF-23-Y-C-III-1-SO-D;

    Jundia IV: SF-23-Y-C-III-1-SE-C;

    Campo Limpo Paulista: SF-23-Y-C-III-1-SE-D;

    Chcaras do Guacuri: SF-23-Y-C-II-2-SE-E;

    Bairro do Jacar: SF-23-Y-C-II-2-SE-F;

    Bairro Hermida: SF-23-Y-C-III-1-SO-E;

    Jundia V: SF-23-Y-C-III-1-SO-F;

    Jundia VI: SF-23-Y-C-III-1-SE-E;

    Vrzea Paulista: SF-23-Y-C-III-1-SE-F;

    Bairro do Pinhal: SF-23-Y-C-II-4-NE-A;

    Bom Fim do Bom Jesus: SF-23-Y-C-II-4-NE-B;

    Terra Nova: SF-23-Y-C-III-3-NO-B;

    Bairro dos Cristais: SF-23-Y-C-III-3-NE-A;

    Serra do Japi: SF-23-Y-C-II-4-NE-C;

    Cururu: SF-23-Y-C-II-4-NE-D.

    As fotografias areas utilizadas (levantamento USAF - 1965), em escala 1:60.000,

    foram gentilmente emprestadas pela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM).

    A imagem de radar, relativa folha SF-23-Y-C (Projeto RadamBrasil - 1976) em escala

    1:250.000, pertence ao acervo do IGCE/UNESP.

    Ao mesmo tempo em que se deu o levantamento deste material, procedeu-se a coleta e

    fichamento dos trabalhos consultados durante a realizao da pesquisa bibliogrfica.

    Como complementao, convm listar tambm os materiais utilizados na digitalizao

    dos mapas, elaborao do modelo digital do terreno, construo dos estereogramas e dos

    diagramas de tensores. So eles: microcomputadores com 32 Mb de memria, mesa

    digitalizadora e os programas Autocad - R14 e R13 da Autodesk (para digitalizao), Surfer

    6.0 da Golden Software e Geo3-View (Lindenbeck & Ulmer 1995) (para construo do

    modelo), StereoNet 3.03 da Geological Software (para confeco dos estereogramas) e Trade

    (Yamamoto & Pereira Jr. 1984) (para clculo dos tensores).

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    2.2. Pesquisa Bibliogrfica

    Para se obter uma viso geral do conhecimento j existente quanto ao meio fsico

    regional, foi realizada uma pesquisa bibliogrfica a partir da leitura e sntese de informaes

    dispersas em vrios artigos, relatrios e teses que enfocam a rea e as regies adjacentes.

    Outra etapa importante da pesquisa bibliogrfica foi a busca de trabalhos sobre

    depsitos aluviais, mais especificamente leques aluviais, uma vez que os depsitos

    sedimentares observados e descritos podem ser encaixados neste tipo de ambiente.

    Como resultado destas atividades, foi elaborada a sntese bibliogrfica que compe os

    Captulos 3 e 4. Ao mesmo tempo, os mapas geolgicos j existentes foram consultados,

    visando a caracterizao do embasamento pr-cambriano.

    2.3. Fotoanlise

    A anlise das fotografias areas seguiu os critrios propostos por Soares & Fiori

    (1976), os quais consideram como parmetros descritivos a textura e a estrutura dos elementos

    da imagem fotogrfica, a anlise das formas da rede de drenagem e das formas do relevo e os

    limites de zonas homlogas.

    A extrao das informaes foi feita em trs etapas, ao longo das quais houve uma

    familiarizao com as feies e as caractersticas das diferentes unidades fotolitolgicas.

    Inicialmente, extraiu-se a rede de drenagem de forma detalhada, dando ateno a todas

    as ordens ocorrentes. O material resultante foi utilizado para elaborao do mapa de

    drenagem. Posteriormente, foram traadas as feies lineares presentes no relevo e na rede de

    drenagem, destinando-se confeco do mapa de lineamentos.

    Por ltimo, quando j havia suficiente conhecimento das caractersticas refletidas pelo

    terreno, foram separadas as zonas homlogas, que se distinguem pela repetio de elementos

    texturais e estruturais similares. O produto alcanado (mapa fotolitolgico) foi utilizado na

    elaborao do mapa geolgico.

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    10

    2.4. Trabalhos de Campo

    As etapas de campo foram intercaladas com a realizao das demais atividades. A

    primeira delas objetivou a delimitao da rea operacional de trabalho, bem como o

    reconhecimento dos tipos de depsitos presentes e sua distribuio espacial. Nas etapas

    seguintes, iniciou-se uma descrio detalhada dos afloramentos e, com o mapa fotolitolgico

    em mos, a identificao e delimitao das unidades litolgicas.

    Sempre que possvel, foi seguida uma seqncia metodolgica na descrio dos

    afloramentos. Inicialmente, o afloramento foi observado como um todo, tentando-se

    reconhecer os tipos litolgicos presentes. Depois, dando ateno s rochas do embasamento

    cristalino, foram obtidas medidas estruturais de falhas e fraturas, sempre tentando perceber se

    tais estruturas afetavam tambm a cobertura sedimentar, quando presente. Prosseguiu-se com

    a descrio do pacote sedimentar e esquematizao das feies observadas, fotografando

    sempre que necessrio.

    Nos pontos onde afloram seqncias sedimentares tercirias significativas, foram

    montadas colunas estratigrficas que posteriormente serviram para o estudo da litoestratigrafia

    e para as interpretaes paleoambientais.

    Aps a elaborao do mapa de feixes de falhas e lineamentos, foram realizadas as

    ltimas etapas de campo, programadas para a verificao da tipologia das falhas e do

    direcionamento das fraturas sobre estes feixes.

    Estes procedimentos permitiram a elaborao do mapa geolgico e o estudo da

    litoestratigrafia (Captulo 5), onde so apresentadas as anlises faciolgicas e as interpretaes

    paleoambientais dos depsitos tercirios. As medidas estruturais realizadas em campo foram

    tratadas atravs do programa Stereonet e Trade e so apresentadas no estudo da Geologia

    Estrutural (Captulo 6), para abordagem quanto s feies estruturais mesoscpicas e anlise

    do quadro cinemtico.

    2.5. Elaborao de Mapas

    Os mapas citados abaixo foram produzidos com informaes extradas das folhas

    topogrficas em escala 1:50.000 citadas acima e de mapas preexistentes (Batista et al. 1986,

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    1987; Hackspacher et al. 1989 e Galembeck 1997) e a partir da anlise das fotografias areas e

    da imagem de radar.

    2.5.1. Mapa Geolgico

    No mapa fotolitolgico, como mencionado anteriormente, foram separadas unidades

    com diferentes caractersticas texturais e estruturais. Os principais aspectos distintivos

    considerados nesta anlise referem-se s formas e orientaes do relevo e densidade da rede

    de drenagem.

    Aps as primeiras etapas de campo, constatou-se que as unidades fotolitolgicas so

    condizentes com a distribuio dos litotipos importantes para o presente estudo, ou seja, estes

    fatores esto intimamente relacionados com a distribuio dos depsitos cenozicos. Isto

    permitiu a delimitao dos corpos e, aps os devidos controles de campo, obteve-se o mapa

    geolgico apresentado no anexo 1. As unidades do Pr-Cambriano foram definidas a partir da

    compilao de mapas publicados em trabalhos anteriores (supracitados) .

    2.5.2. Mapa de Alinhamentos Regionais

    O mapa de alinhamentos regionais foi elaborado a partir da anlise visual da imagem

    de radar produzida pelo Projeto Radam Brasil (1976). A escala desta imagem (1:250.000) no

    se mostrou apropriada para o presente estudo, sendo necessria uma escala maior. Como a

    imagem de radar oferece um grau de detalhe considervel, a sua ampliao, atravs de

    fotocpias, para a escala 1:100.000, ofereceu maiores possibilidades para a visualizao das

    estruturas.

    Foi utilizada a metodologia de Liu (1987), que prope quatro fases na anlise de tais

    imagens. A primeira etapa consiste no exame superficial da imagem para se obter uma viso

    geral dos aspectos mais evidentes da rea. Na segunda etapa, deve ser feito um exame

    cuidadoso, com ou sem o auxlio de uma lupa, sob luz fluorescente com foco dirigido. As

    observaes devem ser feitas primeiro verticalmente e depois em vrios ngulos de

    inclinao, rotacionando-se a imagem em vrias posies. Uma posio bastante favorvel

    aquela em que as sombras ficam voltadas para o lado do observador, dando uma impresso de

    estereoscopia. O traado dos lineamentos pode ser feito sobre a prpria imagem ou sobre

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    papel transparente no deformvel. A terceira etapa consiste na anlise da imagem em mesa

    de luz para o traado dos lineamentos que no foram percebidos e confirmao daqueles j

    detectados. Se a rea compe mais de uma imagem, exigida uma quarta etapa para a

    compilao do mosaico, examinando cuidadosamente a juno dos lineamentos.

    Os critrios utilizados na extrao dos lineamentos so as expresses dos elementos

    topogrficos retilneos do relevo (linhas ou segmentos de escarpas, alinhamentos de cristas,

    vales, trechos de rios e lagos etc). Quando so observados segmentos de feies lineares, o

    traado dos lineamentos deve ser feito de forma compatvel com o comprimento de cada um

    deles, e no por um lineamento nico, como muitas vezes feito em mapas regionais.

    O resultado deste processo apresentado no Captulo 6 (Geologia Estrutural), sendo

    utilizado na avaliao do quadro macroregional da rea de estudo.

    2.5.3. Mapa Topogrfico e Modelo Digital do Terreno (MDT).

    Para a construo do mapa topogrfico foram utilizadas as bases cartogrficas em

    escala 1:50.000 citadas acima. As curvas de nvel foram digitalizadas com eqidistncia de 20

    metros, tambm com mesa digitalizadora, atravs do programa Autocad.

    O MDT foi construdo a partir do mapa topogrfico digitalizado. O arquivo de

    extenso dwg do Autocad foi tratado com a rotina em Autolisp vert.lsp e exportado para o

    programa Surfer, onde construiu-se um modelo simplificado. O arquivo grd do Surfer foi

    importado pelo programa Geo3-View, onde construiu-se um modelo mais sofisticado com a

    sobreposio de informaes geolgicas na superfcie tridimensional.

    Estes dados foram importantes para a visualizao da distribuio dos depsitos

    sedimentares (Captulo 5) e tambm como instrumento de anlise do quadro estrutural

    macroscpico apresentado no Captulo 6.

    2.5.4. Mapa de Drenagem e Derivados

    Para a elaborao do mapa de drenagem, foi digitalizada a rede de drenagem presente

    nas folhas topogrficas em escala 1:50.000. Para obteno de um mapa mais detalhado, foram

    extrados os canais de todas as ordens das fotografias areas (escala 1:60.000), como descrito

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    acima (primeiro produto da fotoanlise). Estes dados foram acrescentados aos das folhas

    topogrficas, atravs de mesa digitalizadora, utilizando-se o programa Autocad.

    A partir do mapa de drenagem, foram elaborados os mapas de lineamentos de

    drenagem e o de canais de primeira ordem. A construo dos diagramas de roseta para

    visualizao dos padres de direcionamento destas feies foi feita com a rotina roseta.lsp

    (Autolisp), aps a digitalizao das mesmas. Estes produtos serviram como instrumento de

    anlise das feies macroscpicas abordadas no Captulo 6 (Geologia Estrutural).

    2.5.5. Mapa de Lineamentos

    O mapa de lineamentos, segundo produto da fotoanlise, constitui o traado dos

    elementos retilneos presentes no relevo e na drenagem. O material obtido tambm foi

    digitalizado, o que permitiu a separao em layers das principais direes ocorrentes. Para

    cada uma, tambm foram montados diagramas de roseta atravs da rotina roseta.lsp. Estes

    produtos tambm so apresentados e descritos no Captulo 6, onde complementam as

    informaes referentes aos aspectos das feies estruturais macroscpicas.

    2.5.6. Mapa de feixes de falhas e lineamentos principais

    O mapa de feixes de falhas e lineamentos principais foi traado com a sobreposio

    dos mapas topogrfico, de drenagem e de lineamentos. As feies consideradas neste processo

    constituem as escarpas alinhadas do mapa topogrfico que coincidem com pontos de

    confluncia de canais do mapa de drenagem, bem como com os traos mais contnuos do

    mapa de lineamentos. Na ltima etapa de campo, as informaes desta carta foram checadas e

    o mapa foi finalizado, definindo-se os traos de falhas confirmadas e inferidas.

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    CAPTULO 3

    3. CONTEXTO GEOLGICO REGIONAL

    Neste captulo apresentada uma sntese bibliogrfica com o objetivo de reunir dados

    dispersos em vrios trabalhos anteriores na tentativa de se obter uma viso geral da geologia e

    da geomorfologia da rea estudada.

    3.1. GEOLOGIA REGIONAL

    Na regio de Jundia ocorrem litotipos pertencentes ao embasamento cristalino,

    pequenos depsitos paleozicos correlacionados com rochas do Grupo Itarar, depsitos

    tercirios distribudos em manchas isoladas correlacionveis com a Bacia de So Paulo, alm

    de coberturas coluvionares e aluvionares quaternrias. Segue a descrio suscinta destas

    unidades.

    3.1.1. Embasamento Pr-Cambriano

    O Pr-Cambriano paulista tem sido estudado desde o incio do sculo por inmeros

    pesquisadores, sendo muito extensa a bibliografia sobre o assunto. A sistematizao

    estratigrfica das unidades apresenta dificuldades de diversas ordens e foi apresentada com

    muitas modificaes em trabalhos sucessivos.

    Para a descrio e visualizao da distribuio dos litotipos pertencentes ao

    embasamento cristalino, ser utilizado o Mapa Geolgico do Estado de So Paulo em escala

    1:500.000 (Bistrichi et al. 1981 - figura 3.1). Nele, o Complexo Amparo aparece delimitado a

    sul pelas falhas de Itu, Jundiuvira e Camanducaia e a norte pela falha de Jacutinga, sendo

    recoberto a oeste pelos sedimentos da Bacia do Paran. Na rea de interesse, este complexo

    constitudo principalmente por gnaisses com biotita, hornblenda e granada com grau varivel

    de migmatizao, associados a migmatitos de estruturas diversas com intercalaes no

    individualizadas de quartzitos, xistos, anfibolitos, gonditos e metaultrabasitos (Hasui et al.

    1981). Em uma faixa adjacente ao lado norte da falha de Jundiuvira, da regio de Jundia

    estendendo-se para leste, aparece uma seqncia eminentemente xistosa com intercalaes

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    quartzticas freqentemente migmatizada e feldspatizada. Na rea da Serra do Japi, ocorrem

    quartzitos feldspticos, micceos e granatferos com intercalaes de biotita xistos.

    Figura 3.1: Unidades litolgicas presentes na regio (Fonte: Mapa Geolgico do Estado de So Paulo - Bistrichi et al. 1981). PlaGM = Complexo Amparo - biotita gnaisses, biotita-hornblenda gnaisses, granada biotita gnaisses, gnaisses migmatizados,

    migmatitos de estruturas diversas, subordinadamente biotita xistos, quartzitos, anfibolitos, gonditos e metaultrabasitos. PlaHM = Complexo Amparo - migmatitos bandados, granulitos migmatizados, migmatitos homogneos e anatexitos. PlaX = Complexo Amparo - biotita xistos, com intercalaes quartzticas. PlaQ = Complexo Amparo - quartzitos feldspticos, micceos e granatferos com intercalaes de biotita xistos e

    subordinadamente filitos e gonditos. PSsF = Grupo So Roque - filitos, quartzo filitos e filitos grafitosos em sucesses rtmicas com metassiltitos, quartzo xistos,

    micaxistos e quartzitos subordinados. PSsQ = Grupo So Roque - quartzitos feldspticos com metarcsios e metagrauvacas subordinadas. Oi = Sutes Granticas Ps-Tectnicas - Fcies Itu - corpos granticos e granodiorticos alctones. PSc = Sutes Granticas Sintectnicas - Fcies Cantareira - corpos granodiorticos e granticos autctones e alctones. PSO = Sutes Granticas Indiferenciadas - granitos e granitides polidiapricos. CPi = Formao Itarar - depsitos glaciais, compreendendo principalmente arenitos de granulao variada, imaturos,

    passando a arcsios; conglomerados, diamictitos, tilitos, siltitos, folhelhos, ritmitos e raras camadas de carvo. TQis = Coberturas Cenozicas Indiferenciadas Correlatas Formao So Paulo - sedimentos pouco consolidados incluindo

    argilas, siltes e arenitos finos argilosos com nveis de cascalho. TQir = Coberturas Cenozicas Indiferenciadas Correlatas Formao Rio Claro - arenitos finos a mdios, argilosos com

    nveis de argilitos e arenitos conglomerticos. Qa = Sedimentos Aluvionares - aluvies em geral, incluindo areias inconsolidadas de granulao varivel, argilas e

    cascalheiras fluviais subordinadamente, em depsitos de calha e/ou terraos.

    Alguns dos litotipos acima, includos no Complexo Amparo, so considerados por

    outros autores como pertencentes ao Complexo Itapira (Santoro 1985, Batista et al. 1986).

    Esta unidade definida como uma seqncia supracrustal onde se identificam para-gnaisses

    diversos, quartzitos, xistos, metarcsios e anfibolitos.

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    Hackspacher et al. (1989, 1996) tambm separam o Complexo Amparo do Complexo

    Itapira, ambos pertencentes a uma unidade do Infra-Arqueano. O primeiro seria composto por

    ortognaisses de afinidade tonaltica-throndjemtica incrustados nos metassedimentos do

    Complexo Itapira.

    O Grupo So Roque ocorre imediatamente a sul das falhas de Itu e Jundiuvira.

    composto basicamente por metassedimentos, incluindo filitos, metassiltitos, xistos e

    quartzitos (Hasui et al. 1981). Ocorrem, associados, xistos com intercalaes de calcrios

    dolomticos e rochas calcossilicatadas. Lentes alongadas de quartzitos com metarcsios e

    metagrauvacas apresentam ampla distribuio nesta unidade.

    Ocorrncias de intruses granitides so comuns por toda a regio. A Fcies Itu

    aparece como corpos granodiorticos a granticos, sendo o corpo mais expressivo pertencente

    ao Complexo Itu. Este complexo enquadrado no campo dos granitos ps-colisionais

    (Galembeck 1997), mantendo contatos tectnicos e intrusivos com as encaixantes. Situa-se no

    extremo oeste da rea de estudo, constituindo uma soleira local, montante do rio Jundia.

    Segundo Hackspacher et al (1996), o alojamento desta intruso, juntamente com o Granito

    Cachoeira (considerado uma extenso leste do Macio Itu) e outros pequenos corpos

    microgranticos, deu-se no Neoproterozico, representando o incio de uma fase de extenso

    crustal associada estruturao da futura bacia sedimentar do Paran.

    Estudos mais recentes dos terrenos pr-cambrianos, utilizando os modernos conceitos

    da Tectnica de Placas e da Geologia Estrutural juntamente com dados geofsicos

    (gravimetria e magnetometria), trouxeram grandes avanos e revises nos conhecimentos

    (Haralyi & Hasui 1982; Hasui 1990; Hasui et al. 1988, 1989, 1993).

    Neste novo contexto, com o mapa de anomalias gravimtricas (anomalias Bouguer) e

    incorporando as informaes geolgicas, foram traadas as grandes descontinuidades

    delimitando os blocos crustais (ou placas litosfricas) que compem o territrio brasileiro.

    Essa estruturao decorreu da coliso de massas continentais antigas seguindo o modelo

    Himalaiano, onde a tectnica de cavalgamento forou a elevao da crosta inferior de uma

    placa ao nvel das rochas gnissicas de mdio grau da placa adjacente. No atual nvel de

    eroso, expem-se pores da crosta inferior da placa soerguida, correspondentes aos

    cintures granulticos hoje aflorantes. As descontinuidades separando os blocos representam

    suturas de coliso.

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    No Estado de So Paulo so delimitados os blocos Braslia, Vitria e So Paulo,

    estando situada no ltimo a rea de Jundia. H ainda o Bloco Paran, que se encontra

    totalmente recoberto pelos sedimentos da Bacia do Paran, assim como toda a poro

    ocidental do Bloco So Paulo (figura 3.2).

    Figura 3.2: Estruturao do embasamento pr-cambriano em blocos crustais (Haralyi & Hasui 1982, modificado).

    Cruzando os blocos e seus limites, aparecem vrios lineamentos estruturais

    interpretados como zonas de movimentao transcorrente tardias que complicaram a estrutura

    mais antiga. Este o caso do lineamento de So Jos dos Campos, que atravessa a regio de

    Jundia e est deslocado dextralmente pelo lineamento de Socorro (direo NNW) na altura de

    Itupeva (Hasui et al. 1991).

    A sistematizao dos litotipos em termos de conjuntos litolgicos, vinculados

    estruturao acima, permite a visualizao das unidades e de sua distribuio de modo mais

    claro e lgico, simplificando a complicada terminologia proposta anteriormente (Hasui et al.

    1989) (figura 3.3). Assim, o embasamento pr-cambriano da regio estudada composto por:

    Complexos gnissico-granitides: constitudos basicamente por gnaisses derivados de rochas TTG (tonaltico-throndjemticas) com supracrustais associadas, bem como corpos

    metabsicos e metaultrabsicos que podem representar antigas vulcnicas ou intrusivas

    associadas aos metassedimentos. Correspondem, na rea, ao Complexo Amparo.

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    Seqncias de supracrustais: so constitudas por seqncias metavulcano-sedimentares associadas aos complexos gnissico-granitides, bem como por seqncias

    metassedimentares que so consideradas antigo preenchimento de bacia que sofreu

    inverso e metamorfismo de baixo grau. As primeiras correspondem ao Grupo Itapira e as

    outras ao Grupo So Roque.

    Figura 3.3: Conjuntos litolgicos vinculados estruturao em blocos crustais (Hasui et al. 1989, modificado).

    3.1.2. Depsitos Paleozicos

    A ocorrncia de pequenos corpos sedimentares de origem glacial encravados em

    rochas pr-cambrianas na poro oriental do Estado de So Paulo tem despertado o interesse

    de alguns pesquisadores, tanto no mbito acadmico quanto econmico, j que a se instalam

    os depsitos de argila (tagus) explorados pela indstria cermica e para a fabricao de

    agregados leves.

    Sedimentos considerados de origem glacial foram primeiramente encontrados nas

    cercanias de Jundia pelo gelogo Knecht e assinalados na Carta Geolgica do Estado de So

    Paulo editada pelo IGG em 1947. Almeida (1952), baseado em elementos de ordem

    geomorfolgica contesta sua origem glacial, atribuindo-lhes idade pliocnica e

    correlacionando-os com ocorrncias tercirias da regio e de outros locais do Estado. Segundo

    este autor, a Superfcie de Itagu passaria por Jundia a cerca de 600 ou 700 metros acima da

    base destes sedimentos. Este desnvel s poderia ser causado pela ao de falhas, que teriam

    embutido tratos da srie Tubaro no embasamento cristalino, antes da peneplanao da

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    19

    Serra do Japi. No tendo encontrado evidncias do falhamento, o autor descarta esta

    possibilidade.

    Martin et al. (1959) retomam o problema das argilas de Caxambu (bairro de Jundia),

    confirmando sua origem glacial e correlacionando o depsito com o Grupo Itarar. A partir

    de observaes em escavaes de poos de fazendas, vinculam as ocorrncias a um vale pr-

    glacial que teria sido escavado pelo gelo, excluindo a alternativa de atividade tectnica para

    explicar as diferenas topogrficas observadas. Em contrapartida, Almeida (1964) novamente

    cita a ocorrncia, porm agora no descarta a possibilidade da existncia de um acidente

    tectnico, a julgar pela declividade da superfcie Itagu nas imediaes.

    A caracterizao mineralgica, fsica, qumica e tecnolgica dos sedimentos argilosos

    encontrados na bacia glacial de Nova Odessa, como se tornou conhecida, efetuada por

    Fuck (1975, 1977). Assim como Martin et al. (op.cit.), considera a bacia como sendo de

    origem atectnica. Porm, ressalta a coincidncia entre o sistema de diaclasamento

    encontrado nos ritmitos e folhelhos com o das rochas pr-cambrianas, sugerindo possveis

    reativaes. O suave mergulho do acamamento sugeriria um possvel basculamento para NW,

    resultado da reativao do embasamento. As rochas so caracterizadas como diamictitos,

    folhelhos, ritmitos e siltitos formados em ambiente glacial e periglacial.

    Estes depsitos se situam, isoladamente, a leste das ltimas ocorrncias do Grupo

    Itarar na regio de Indaiatuba (figura 3.1). Porm, de acordo com Gama Jr. & Perinotto

    (1992), os sedimentos permo-carbonferos da Bacia do Paran se estendiam para leste, muito

    alm dos seus limites atuais. A ruptura do Gondwana e a subseqente abertura do Oceano

    Atlntico causaram a fragmentao da bacia original, separando corpos sedimentares at

    ento contguos. O soerguimento da margem leste do continente, com a formao da Serra do

    Mar e Serra da Mantiqueira, provocou a eroso dos sedimentos permo-carbonferos

    sobrejacentes, dando remanescente Bacia do Paran um limite erosivo em sua borda leste.

    3.1.3. Depsitos Tercirios

    Com respeito ocorrncia de pequenas manchas sedimentares ao longo das drenagens

    principais da bacia do rio Jundia, vrias controvrsias existem no que se refere sua origem e

    idade. A idade terciria geralmente atribuda com base em correlaes com outras bacias

    continentais do Sudeste do Brasil. A datao tem sido dificultada, entre outros fatores, pela

    quase total ausncia de fsseis.

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    Estes depsitos ocorrem como zonas sedimentares muito descontnuas espalhadas pela

    regio de Jundia, Atibaia, Bragana Paulista e Piracaia. Vrios trabalhos foram conduzidos

    na tentativa de correlacionar estes depsitos com os das bacias de So Paulo, Taubat e

    Curitiba.

    Descries detalhadas dos afloramentos encontrados nesta regio, incluindo anlises

    laboratoriais, so apresentadas por Penalva (1971) objetivando esta correlao. So descritos

    sedimentos de natureza essencialmente clstica, com raros restos orgnicos e leitos

    limonitizados. Sua espessura atual atinge poucos metros, podendo localmente ter alcanado

    60 metros. Este autor aponta para uma sedimentao relativamente restrita, com curto

    transporte, em ambiente sedimentar caracterizado por plancies aluviais alagadias. No

    reconhece qualquer influncia tectnica na origem dos depsitos. A causa da sedimentao

    seria uma variao climtica, cuja importncia teria sido decisiva no processo sedimentar.

    Admite idade pliocnica superior para os depsitos, no excluindo a possibilidade de serem

    mais novos.

    Hasui et al. (1976), pesquisando o condicionamento tectnico da Bacia Sedimentar de

    So Paulo, fazem referncia s numerosas ocorrncias, sempre restritas, de sedimentos

    litologicamente semelhantes e de pequena espessura (at algumas dezenas de metros) em vias

    de eroso. Estando associad