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GEOGRAFIA BÍBLICA CONCEITUAÇÃO Geografia Bíblica é a parte da geografia geral que tem por objetivo o conhecimento das diferentes áreas da superfície da terra relacionada com a Bíblia. Segundo a etimologia da palavra “” terra, “” descrever. A geografia limitou-se, de fato, durante séculos, a descrever a terra. A partir do séc. XIX assumiu um caráter científico. IMPORTÂNCIA A importância do estudo da Geografia Bíblica está no auxílio que ele nos oferece na apreciação, compreensão e interpretação dos fatos bíblicos, pois se trata do cenário terreno e humano da revelação divina. É o painel bíblico em que o reino de Deus na terra teve o seu início, desenvolvimento e onde experimentou seus triunfos. FONTES A fonte principal do estudo da Geografia Bíblica está na própria Bíblia, considerando ser ela que nos fornece nomes de lugares, de acidentes físicos, de povos e de circunstâncias e acontecimentos com eles relacionados. Outra fonte é a História, tanto a sagrada como a secular. E a terceira é a Arqueologia. A GEOGRAFIA DO MUNDO ANTIGO O mundo antigo, ou mundo bíblico, expressões praticamente sinônimas, compreende todos os povos antigos e regiões mencionados na Bíblia. LIMITES Pode-se delimitar a área do mundo antigo da seguinte maneira: Norte - Uma linha reta que começa na Espanha, passa pelo norte da Itália e Mar Negro e vai até o Mar Cáspio. Leste - Uma linha reta que parte do Mar Cáspio e passando pelo Golfo Pérsico, vai até o Mar Arábico. 1

GEOGRAFIA BÍBLICA

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GEOGRAFIA BÍBLICA

CONCEITUAÇÃO

Geografia Bíblica é a parte da geografia geral que tem por objetivo o conhecimento das diferentes áreas da superfície da terra relacionada com a Bíblia. Segundo a etimologia da palavra “” terra, “” descrever. A geografia limitou-se, de fato, durante séculos, a descrever a terra. A partir do séc. XIX assumiu um caráter científico.

IMPORTÂNCIA

A importância do estudo da Geografia Bíblica está no auxílio que ele nos oferece na apreciação, compreensão e interpretação dos fatos bíblicos, pois se trata do cenário terreno e humano da revelação divina. É o painel bíblico em que o reino de Deus na terra teve o seu início, desenvolvimento e onde experimentou seus triunfos.

FONTES

A fonte principal do estudo da Geografia Bíblica está na própria Bíblia, considerando ser ela que nos fornece nomes de lugares, de acidentes físicos, de povos e de circunstâncias e acontecimentos com eles relacionados. Outra fonte é a História, tanto a sagrada como a secular. E a terceira é a Arqueologia.

A GEOGRAFIA DO MUNDO ANTIGO

O mundo antigo, ou mundo bíblico, expressões praticamente sinônimas, compreende todos os povos antigos e regiões mencionados na Bíblia.

LIMITES

Pode-se delimitar a área do mundo antigo da seguinte maneira: Norte - Uma linha reta que começa na Espanha, passa pelo norte da

Itália e Mar Negro e vai até o Mar Cáspio. Leste - Uma linha reta que parte do Mar Cáspio e passando pelo Golfo

Pérsico, vai até o Mar Arábico. Sul - Uma linha reta que passando do Mar Arábico, vai na direção

oeste, passando pela Etiópia e terminando no deserto da Líbia, no continente africano.

Oeste - Uma linha reta que parte do sul do deserto da Líbia e termina na Espanha, abrangendo o Egito e as regiões do norte da África. Em termos mais específicos, diríamos que a referida área fica situada

entre longitude 5º oeste e 55º leste, e entre 10º e 45º latitude norte.

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EXTENSÃO

São as seguintes as regiões do mundo antigo: Mesopotâmia - Literalmente “entre rios”, é a vasta região do oeste

asiático margeada pelos rios Tigre e Eufrates, que cercam esse misterioso território, se estende desde os montes da Armênia, ao norte, até o Golfo Pérsico, ao sul, de cerca de um milhão e meio de quilômetros quadrados. É a terra dos primeiros dias da história bíblica e o berço da humanidade (Gn. 2.10 - 14). A parte norte dessa região é conhecida como Assíria e a parte sul como Babilônia ou Caldéia, habitada por vários povos em diferentes épocas: Sumérios, acádios, amorreus e semitas. A história de Israel começa no Crescente Fértil. O Crescente Fértil é um insignificante retângulo localizado na Ásia Ocidental. Encerrando uma área de 2.184.000km, representa apenas a 234ª parte da superfície da terra. Essa região estende-se em forma semicircular entre o Golfo Pérsico e o Sul da Palestina. Todos queriam apossar-se dessa fertilíssima terra. No Crescente Fértil floresceram duas grandes civilizações: ao norte, a Assíria; ao sul, a Babilônia ou Caldéia. Hoje a região é ocupada pelo Iraque e parte da Turquia. Subdivisões da Mesopotâmia .

Assíria - Região de planalto montanhoso em quase toda a área, recebeu seu nome de Assur, filho de Sem e neto de Noé(Gn.10.11). A mais antiga cidade e capital foi Assur, em torno da qual se deu o desenvolvimento do país. Os primitivos habitantes da Assíria mesclados com os acádios e semitas, formaram o povo assírio. A cidade mais célebre da região, e desde 885 a.C. capital da mesma, foi Nínive, à margem oriental do terço superior do Rio Tigre.

Babilônia ou Caldéia - Conhecida também pelos nomes antigos de Sumer, Acade, terra de Sine ou de Sinear, é região baixa e alagadiça, extremamente fértil devido ao lodo depositado pelos rios Tigre e Eufrates, especialmente na parte sul, e também devido à irrigação artificial produzida por um sistema de canais. Várias cidades prósperas estabeleceram-se na região: Ur, Eridu, Obeide, Larsa, Fara, Ereque, Nipur e outras, merecendo menção especial a Babilônia, edificada por Nimrode - filho de Cusi, neto de Cão e bisneto de Noé - e que se tornou em capital do famoso Império Babilônico, situada no noroeste do país e atravessada pelo Rio Eufrates. Nessa região, Judá ficou exilado por 70 anos e nela exerceram seu ministério os profetas Daniel e Ezequiel.

Arábia - Esta é uma região de imensos desertos que se estende desde a foz do Rio Nilo até o Golfo Pérsico no sentido oeste-leste, e desde a Síria até o Golfo Arábico no sentido norte-sul, também chamada Arábia Pétrea - incluindo-se nela a península do Sinai e Edom - que os israelitas peregrinaram 40 anos. “Partes do Oriente” (Gn. 25.6), é como os hebreus chamavam a Arábia. Os seus habitantes primitivos foram os amalequitas, os idumeus (ou edomitas), os ismaelitas, os midianitas, os amonitas e os cenitas, alguns eram nômades e outros

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seminômades. No extremo sul da Arábia provavelmente ficava a lendária terra de Ofir, célebre pelo seu ouro. No meio do caminho entre o Golfo de Ácaba e o Mar Morto, ficava a cidade mais importante de toda Arábia - Selá ou Petra, próximo ao Monte Hor.

Pérsia - Primitivamente a região era pequena, situada a nordeste do Golfo Pérsico, a sudeste da Babilônia e Elão, ao sul da Média, tendo a leste a Carmânia, desconhecida nos relatos bíblicos. O Império Persa chegou a abranger a Ásia Ocidental, Grécia e Egito. Sua capital mais antiga era Persagada, ou Pasárgada, depois Persépolis, e até Susã, antiga capital de Elão. Hoje a região é ocupada pelo Irã.

Elão (ou Elam) - País mais antigo o qual os gregos denominavam Suziânia, limitando-se ao sul com o Golfo Pérsico; a oeste com o Rio Tigre (Babilônia e Assíria); ao norte com a Média e a leste com a Pérsia. Sua capital era Susã que foi fundada cerca de 4000 aC. Chegou a pertencer a impérios vizinhos como Assíria, Babilônia e Pérsia. É uma região montanhosa e relativamente fértil. Hoje é província do Irã.

Média - Esta região ficava ao norte do Elão, a leste da Assíria, ao sul do Mar Cáspio e parte da Armênia, e a oeste da Pártia, que hoje é a moderna província persa de Khorasan e que ao tempo do Império Romano marcava o limite oriental do mesmo. Grande parte da Média é uma vasta planície com cerca de 1000 metros de altitude coberta de ricas pastagens. Os medos era um povo tribal, sem governo, sem exército, sem vida organizada. A princípio a Média esteve sujeita à Assíria, porém mais tarde aliada à Babilônia saiu de debaixo do jugo da Assíria. Pérsia Absorveu a Média, e tornou-se um grande império (o Império Medo-Pérsa).

Armênia ou Arará - Esta região abrange extensas e altas serras ao norte da Média, Assíria e Síria, tendo a Ásia Menor e o Mar Negro a oeste, o Mar Cáspio a leste, e ao norte as montanhas do Cáucaso. Nesta região encontra-se as cabeceiras dos rios Tigre e Eufrates, a provável área do Éden e o Monte Arará.

Síria ou Arã - Localiza-se a sudoeste da Armênia, a leste da Ásia Menor e do Mediterrâneo, ao norte da Palestina e a oeste da Assíria e parte da Arábia, cortada na direção norte-sul pela cordilheira do Líbano, paralela à costa do Mediterrâneo, que apresenta duas divisões: Líbano - a mais ocidental, a Ante-Líbano – a oriental, em cujo extremo sul fica o célebre Monte Hermon. Os rios mais importantes da região são: Orontes e Leontes. Grande parte da região é uma planície exuberante de fertilidade. Parece que Harã, centro comercial e militar que ficava no distrito de Padã-Arã pertencia ao noroeste da Mesopotâmia, vindo mais tarde incorporar-se à Síria. Damasco é capital da Síria até hoje, sendo a mais antiga cidade viva da terra.

Fenícia - Esta região era uma nesga de terra entre o Mediterrâneo, a oeste, a cordilheira do Líbano, ou Síria, a leste, Palestina ao Sul e Síria, também ao norte, até a pequena ilha da Arada onde ficava a cidade de Arvade, medindo 25 km de largura por 250 de comprimento. As suas cidades principais são Tiro e Sidom.

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Palestina ou Canaã - É região banhada pelo Mediterrâneo a oeste, tendo ao norte a Fenícia e a Síria, e a leste e sul a Arábia, sendo que ao sul também fica parte do Egito.

Egito - Depois da Palestina, é a terra que mais se salienta na Bíblia, do ponto de vista histórico e religioso. A sua posição geográfica é no nordeste africano; rendo ao norte o Mar Mediterrâneo, a leste partes da Palestina e Arábia - esta separada pelo Mar Vermelho - ao sul, a Etiópia (hoje Sudão), e a oeste a Líbia, com o seu imenso deserto conhecido pelo nome de Saara. É uma vasta região deserta vivificada pelo rio d’água que corre na direção sul-norte, que é o Rio Nilo. Seu nome antigo era Mizraim, ou Misr, deriva do filho de Cham, ou Cão, filho de Noé, que para lá se dirigiu depois do dilúvio. Seu nome poético é Rahabe. Mênfis, Tebas, Alexandria e Cairo são as cidades principais do Egito. O Egito atual tem um formato de um quadrado. De sua área, de quase um milhão de quilômetros quadrados, 96% são compostos de terras áridas. Sua população é de cerca de 45 milhões de habitantes.

Etiópia - região do oriente africano freqüentemente citada nas Escrituras, compreendendo a área do alto Nilo, Sudão e Abissínia. Seus limites são: Egito, ao norte; Mar Vermelho ou Arábia, a leste; Líbia, a oeste; e partes orientais da África, ao sul. Em língua hebraica a região era conhecida pelo nome de terra de Cush, no antigo egípcio Kas ou Kesh e em etíope Kish. Era habitada pelos descendentes de Cusi, filho de Cão e neto de Noé.

Líbia - É uma extensa região do norte da África, quase totalmente deserta, na costa do Mediterrâneo, a oeste do Egito, com limites ocidentais muito vagos. Seus habitantes são descendentes de Put, filho de Cão, ou Lubim. Ao tempo dos romanos a província era dividida em Líbia Marmárica (parte oriental) e Líbia Cirenaica (parte ocidental), sendo Cirene a Capital.

Ásia Menor - É a enorme península do extremo ocidental do continente asiático, banhada ao norte pelo Mar Negro, a oeste pelo Mar Egeu e ao sul pelo Mediterrâneo. A leste limita-se com a Armênia, extremo norte da Mesopotâmia e Síria. A região é um planalto elevado e pedregoso, rodeada de cadeias de montanhas que correm pela orla marítima e semeada de inúmero lagos de água doce e salgada. Há poucos rios de volume considerável, senão o Cidno, em cujas margens ficava a cidade de Tarso. As províncias ou distritos em que os romanos dividiram a região eram as seguintes: Ao norte - Ponto, Paflagônia e Bitínia; a oeste - Mísia, Lídia e Cária; ao sul - Lícia, Panfília, Cilícia (cidade principal era Tarso); no centro e a leste - Frígia, Galácia, Pisídia, Licaônia e Capadócia.

Grécia ou Hélade - É a península do sudeste europeu banhada a leste pelo Mar Egeu, ao sul pelo Mediterrâneo e a oeste pelo Mar Jônico. Ao norte ficava a Macedônia. A Grécia Antiga era conhecida como Acaia, que é a parte sul da península, e a região de Atenas, a sudeste, conhecia-se como a Ática. A Grécia é toda recortada pelo mar, cercada por muitas ilhas e ilhotas, coberta de montanhas, quase sem planícies e sem rios. Os gregos também chamados de helenos são descendentes de

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Javã, neto de Noé, que foi pai dos jônios. Foi um dos grandes impérios do mundo.

Macedônia - País que fica ao norte da Grécia cuja história antes de 560 a.C. pouco se conhece, mas que sob o domínio de Filipe, o macedônio, e de seu filho Alexandre, o Grande, tornou-se potência mundial do seu tempo (360 a 323 a.C.). Limitava-se ao sul com a Grécia, a leste com o Mar Egeu e com a Trácia, ao norte com os Montes Balcânicos e a oeste com partes de Trácia e Ilíaco. Macedônia era uma vasta planície fértil envolvida por altas montanhas. Após a morte de Alexandre, o Grande, os seus quiseram generais assegurar o império para o infante, seu filho, sob a regência da imperatriz viúva e de seu irmão. Em breve surgiram dissensões entre os generais. Todos os membros da família de Alexandre foram afastados do poder; o número dos generais foi reduzido para quatro; estes assumiram o título de reis, e fundaram realezas: Ptolomeu, no Egito; Seleuco, na Síria; Antípater, na Macedônia, e Filetero, na Ásia Menor. Em 142 a.C. tornou-se província do Império Romano.

Ilírico ou Ilíria - Esta região ficava a oeste da Macedônia, noroeste da Grécia e leste do Mar Adriático, que separa da Itália, e ao sul da Panônia, incluindo-se nela a Dalmácia. Pouco se sabe da história desta região e seus habitantes. Hoje esta região compreende a Albânia e Iugoslávia.

Itália - Esta é outra península do sul da Europa, no Mediterrâneo, tendo ao norte a cadeia dos Montes Alpes, a leste o Mar Adriático e a oeste o Mar Tirreno. É uma região montanhosa, entremeada de vales férteis com rios abundantes, dos quais o principal e o Tibre em cujas margens fica a cidade de Roma, sua capital, e antiga capital do Império Romano, fundada em 753 aC. Em 190 a.C. os exércitos romanos invadiram a Síria, na Ásia Menor, e paulatinamente foram submetendo outras regiões. Assim, em 63 a.C. a Palestina tornou-se tributária do Império Romano, sendo governada, sucessivamente, por reis, governadores e procuradores. Não se sabe quem teria levado o evangelho à Itália. Nos tempos de sua maior extensão o Império Romano media 3000 milhas de este a oeste, e 2000 de norte a sul, com uma população de 120.000.000 de habitantes.

Espanha - Esta região fica no extremo ocidental do mundo antigo, fazendo parte da chamada Península Ibérica, no sudoeste da Europa, banhada ao sul pelo Mar Mediterrâneo e ao norte pelo Oceano Atlântico. Segundo alguns estudiosos, Társis, ficava ao sul da Espanha, perto da Atual Gibraltar.

Ilhas de Gentios ou Ilhas do Mar - É designação aplicada na Bíblia às ilhas do Mediterrâneo e Mar Egeu, das quais as principais são: Creta, Chipre, Rodes, Patmos, Mitilene, Samotrácia e talvez Malta e Silícia, bem como de regiões mais remotas, pouco conhecidas aos tempos bíblicos.

MONTANHAS

As cinco mais importantes são as seguintes:

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Arará - Fica no sudeste da Armênia e é celebre pelo encalhe da Arca de Noé. Tem cerca de 5.000m de altitude.

Sinai ou Horebe - Localizado no extremo sudoeste da Ásia, na Península do Sinai, que tem forma triangular e que é banhada por dois braços do Mar Vermelho chamados Golfo de Suez e Golfo de Ácaba, ficando este do lado oriental da Península e aquele do lado ocidental. É na região sul da península que se localiza o Monte Sinai, com 2.500m da altitude. Hoje é conhecido pelo nome de Jebel-Musa, que significa “monte de Moisés”.

Líbanos - A cordilheira dos Montes Líbanos, que corre paralelamente à costa oriental do Mediterrâneo, fica na parte ocidental da Síria, ao norte da Palestina, e apresenta-se em duas divisões: Líbano (a oeste) e Anti-Líbano (leste). Esta divisão vem do tempo da dominação grega e persiste até hoje. A altitude de ambas as cadeias varia entre 1900 e 3300m. Sua extensão N=>S é de cerca de 180 km e O=>L varia entre 20 e 30 km. Há um vale que divide a cadeia de montes que ao sul é chamado de Vale do Leontes, mais ao norte é conhecido como Vale de Mispá e do centro para o norte tem o nome de Vale do Orontes. Era famoso pela sua fertilidade.

Hermom - Este monte fica no extremo sul da cadeia dos Montes Anti-Líbanos, no limite sul da Síria e extremo norte da Palestina, também conhecida como Monte Sirion e Monte Senir. Este monte, com pouco mais de 3000m, se reveste de uma imponência majestosa, podendo ser avistado de muitas partes da Palestina, Síria, Arábia, Fenícia e Mediterrâneo. Durante o inverno, é coberto de neve até cerca de 1500m, quando chega o verão, a neve vai derretendo, formando riachos que descem pelas encostas e regam as partes inferiores do monte e os vales. Atualmente seu nome é Jebel-esh-Sheik, “o monte chefe”.

Seir - Na realidade Seir não é um monte isolado e sim uma serra montanhosa que corre na direção N=>S na região de Edom, na Arábia Ocidental, entre o sul do Mar Morto e o extremo norte do Golfo de Ácaba, cuja altitude varia entre 300 e 2000m.

RIOS

Na vasta área do Mundo Antigo podemos considerar quatro rios importantes:

Nilo - De cerca de 6500 km de comprimento, o Nilo é o primeiro rio do continente africano e o segundo do mundo, tendo suas nascentes na região dos grandes lagos da África Equatorial, por onde se estendem os seus dois braços chamados Nilo Branco e Nilo Azul e seus afluentes. O trasbordamento do Nilo nas regiões áridas do Egito e conseqüente abundância das colheitas, na região do Delta, era considerado pelos egípcios, obra dos deuses

Tigre ou Hidéquel - Este é o rio que, nascendo nas montanhas da Armênia, corre na direção sudeste banhando o lado oriental da Mesopotâmia até juntar-se com o Rio Eufrates cerca de 160 km antes do Golfo Pérsico, e o seu percurso varia entre 1780 e 2300 km. Em sua margem esquerda ficam as ruínas de Nínive, na margem direita fica a cidade de Bagdá.

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Eufrates - “o Grande Rio”. As suas nascentes acham-se no maciço montanhoso na Armênia. O curso total deste rio varia entre 2880 e 3300 km. Todos os anos os rios depositam uma faixa de terra no fundo do Golfo Pérsico fazendo-o recuar. Hoje, cerca de 160 km ao norte do referido golfo junta-se com o Tigre e daí em diante é chamado Shat-el-Arab.

Jordão - Este é o rio da Terra Santa, inúmeras vezes referido nas Escrituras. É formado por várias nascentes nas encostas noroeste e oeste do Monte Hermom, sendo as quatro principais a Bareighit, a de Hasbani, Ledã e Banias, e corre na direção N=>S. No seu percurso total de cerca de 340 km pelo leito sinuoso atravessa dois lagos, o de Meron (hoje Hulé) e o da Galiléia, desaguando no Mar Morto. A peculiaridade do Jordão é que este é o único rio do mundo cujo leito é inferior ao nível do mar. A depressão começa desde três quilômetros ao sul das águas de Meron e continua cada vez mais acentuada até chegar a 426 m no Mar Morto, cuja profundidade chega a 400 m. Portanto, trata-se de uma depressão de 826 m, sendo a mais profunda do globo terrestre.

DESERTOS

A idéia de deserto entre os judeus abrangia três aspectos distintos, a saber: Yeshimon - deserto absoluto, onde não há possibilidade de sobrevivência animal ou vegetal; Heraboth - lugar devastado, desértico, em conseqüência de destruição. É o caso de cidades destruídas pela guerra; Midbar ou Arabah - deserto com certas possibilidades de vida animal e vegetal que, na época chuvosa do ano, transformava-se em campo viçoso procurado pelos pastores para pastagem de seus rebanhos.

O Grupo do Oeste: Shur (Êx. 15.2), que alguns identificam como o de Etam (Êx.

13.20), estende-se pelo noroeste da península do Sinai, ao largo da fronteira nordeste do Egito e costa oriental do Mar Vermelho (Golfo de Suez) à altura do seu terço superior.

Sin - que é o prolongamento do anterior na direção sul da costa oriental do mesmo mar, abrangendo o terço médio da mesma.

Sinai - que abrange toda a parte sul da península, incluindo o Monte Sinai, bem como a parte oriental da mesma até o fundo do Golfo de Ácaba.

Parã - que cobre todo o centro da península, deslocando-se um pouco para nordeste da mesma.

Cades ou Cades-Barnéia - pequena área ao norte do Padã e leste de Shur.

Zim - a leste do Cades. Berseba - pequeno deserto em torno da cidade de Berseba.

O Grupo Leste: Idumeu - fica a sudeste do Mar Morto Moabe - a nordeste do mesmo mar Queremote - ao norte de Moabe

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Diblat e Beser - cuja localização é desconhecida, são desertos de pouquíssima importância histórica e que são mencionados apenas acidentalmente.

CIDADES

Entende-se por cidades bíblicas aquelas que de alguma forma são relacionadas com a história, ainda que não mencionadas especificamente. Quanto ao planejamento das cidades antigas, o elemento fundamental era o muro protetor que abrigava a cidade dos ataques dos inimigos. A localização das cidades geralmente obedecia às conveniências da população. Assim, eram construídas sobre montes ou elevações onde a posição contribuía para a sua defesa; e em lugares férteis, junto de nascentes de águas. Quanto à importância, as cidades eram duplamente notáveis. Em primeiro lugar, porque constituíam o refúgio das populações rurais ou agrícolas. Estas, em tempo de guerra, abandonavam os seus campos e recolhiam-se nas cidades ao abrigo de suas muralhas. Em segundo lugar, muitas delas, tendo sido construídas em lugares estratégicos ou passagens obrigatórias que davam acesso às regiões menos defensáveis, construíam as cidadelas militares para obstar a invasão dos inimigos.

Ur - Situada ao sul de Babilônia ou Caldéia, hoje chamada Mugheir. Cidade natural do patriarca Abraão; centro industrial, agrícola e comercial de grande importância. Com a mudança do leito do Rio Eufrates e ascendência da cidade de Babilônia que ficava apenas a 25 km ao norte, foi perdendo a sua importância.

Nínive - foi uma das mais antigas cidades da Assíria. Tornou-se a capital do mundo no período áureo do império assírio. Ficava à margem oriental do Tigre superior, 50 km ao norte da confluência do Rio Zabe com aquele. Foi tomada pelos babilônios em 612 aC. Dois livros proféticos do AT têm Nínive por objetivo: Jonas e Naum.

Damasco - Localizada ao sul da Síria, no planalto oriental do Ante-Líbano. Notável por se constituir num centro estratégico para o comércio do mundo antigo, por tratar-se de um ponto de entroncamento das estradas que comunicavam Egito e Arábia com Assíria, Babilônia e Roma.

Mênfis - Os hebreus a conheciam pelo nome de Nofe (Is. 19.13). A cidade mais importante do Egito setentrional que teria sido edificada por Menes, primeiro rei do Egito mencionado na história, localizada na margem ocidental do Nilo, cerca de 20 km ao sul de Cairo, atual capital do Egito. As pirâmides egípcias mais famosas ficam perto desta cidade.

Babilônia - A antiga e bela capital do famoso Império Babilônico, notável pelos seus maravilhosos palácios, jardins suspensos, muralhas quase inexpugnáveis. Esta cidade foi edificada sobre as duas margens do Rio Eufrates, em torno do local da torre de Babel, cerca de 500 km a noroeste do Golfo Pérsico. A época do seu maior esplendor foi a do tempo de Nabucodonosor (séc. VI aC.). Foi na cidade de Babilônia que Alexandre, o Grande, terminou os seus dias em 323 aC.

Arã - Temos poucos informes desta cidade, porém sabemos que ficava na região chamada Arã-naaraim, ou Padã-arã, no planalto setentrional da

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Mesopotâmia. Tratava-se de um importante centro comercial e militar, ponto de convergência dos caminhos da Assíria, Babilônia, Ásia Menor, Egito e Síria.

Tiro - Cidade antiga e muito importante na Fenícia. Sua fundação remonta a 2750 aC. É mencionada muitas vezes nas Escrituras. Alexandre, o Grande, tomou a ilha de Tiro em 322 a.C., depois de sete meses de cerco. Foram os tírios navegantes e comerciantes famosos. Foram eles que fundaram Cartago, na África setentrional, no séc.IX aC. Hoje o nome desta cidade é Sur.

Sidom - Outra cidade importante e muito antiga da Fenícia, cerca de 30 km ao norte de Tiro, porto marítimo do Mediterrâneo. Foi por várias vezes arrasada e reconstruída. A importância desta cidade foi tão grande que os historiadores da antigüidade freqüentemente referiam-se aos sidônios como sinônimo de fenícios. Um dos reis sidônios, Etbaal, era pai de Jezabel, a terrível mulher de Acabe. Hoje seu nome é Saida.

Atenas - Este é o nome da capital da Ática, um dos estados da Grécia, fundada em 1156 a.C. e que se tornou a capital de todo o reino da Grécia, distante cerca de 9 km do Mar Pireu. Atenas era célebre como centro da ciência, da literatura e das artes do mundo antigo.

Éfeso - A cidade mais importante da costa ocidental da Ásia Menor, cuja origem remonta ao séc. XI aC., localizada na margem direita do Rio Caister, cerca de 18 km da desembocadura deste no Mar Egeu. Era o porto mais importante do Egeu e a capital da Ásia Proconsular. Seu magnífico templo consagrado à deusa Diana, que levou 220 anos para ser construído, tinha 55 m de largura por 122 m de comprimento, seu teatro com capacidade para 25 mil pessoas assentadas e seu hipódromo eram de fama mundial.

Roma - Cidade das mais antigas da Península Itálica, edificada sobre sete colinas, na margem esquerda do Rio Tibre, a 24 km da desembocadura deste no Mar Tirreno, na costa ocidental da Península. A data de sua fundação é 753 aC. Famosa por ter sido a capital política e cultural do mundo por vários séculos.

OS IMPÉRIOS MUNDIAIS

Desde a fundação do mundo, os impérios continuam a ascender e a cair. Veremos como os grandes impérios da antigüidade ascenderam e caíram. Podemos vislumbrar o apogeu e a queda destes impérios: Egito, Assíria, Babilônia, Pérsia, Grécia e Roma.

EGITO

O Egito representa uma das mais antigas civilizações humanas. Julgam alguns historiadores ter sido o Vale do Nilo o berço da humanidade. A presença do Egito nas Escrituras é muito forte.

A História do Egito - Não podemos datar, quando chegaram os primeiros colonizadores aos territórios egípcios. Sabemos, porém, que os primeiros habitantes dessa região foram nômades, que começaram a se organizar em pequenos Estados. Essas diminutas e inexpressivas

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unidades políticas conhecidas como nomos, foram se agrupando com o passar dos séculos, até formarem dois grandes reinos: o Alto Egito, no sul; e o Baixo Egito, no norte, localizados no Vale do Nilo e no Delta do Nilo respectivamente. Seus deuses eram diferentes, seus dialetos e costumes. Até a filosofia de vida era marcada por visíveis antagonismos. Houve alguns elementos de evidente influência mesopotâmica: o selo cilíndrico, a arquitetura monumental, certos motivos artísticos e, talvez, a própria idéia da escrita. Há, nessa época, progressos básicos nas artes, ofícios e ciências. Trabalhou-se a pedra, o cobre e o ouro. Havia olarias; vidragens; sistemas de irrigação. Foi-se formando o Direito, baseado nos usos e costumes tradicionais.

A Unificação do Egito - Consciente da inutilidade desses conflitos, Menés, rei do Alto Egito, conquista o Baixo Egito. Depois de algumas reformas administrativas, Menés, unificou o país, estabeleceu a primeira dinastia e tornou Tínis, a capital de seu vasto império. Este processo ocorreu por volta de 3000 a 2780 a.C. Nesta época os egípcios passaram a fazer uso da escrita e de um calendário de 365 dias. Unificado o Egito transformou-se no mais florescente e poderoso império da antigüidade. Os reis iniciaram a construção das grandes pirâmides, que lhe serviram de tumbas, por causa de disso, receberam o apelido de “Faraó”, que significa “casa grande”. No final do Antigo Império, que abrange o período de 2780 a 2400 a.C., o poder dos faraós começou a declinar. O fim dessa era de glórias é marcado por revoltas e desordens, ocasionadas pelos governadores dos nomos. O desejo de independência cresce por todo o país. Aproveitando-se desse caos generalizado, diversas tribos negróides e asiáticas invadem o país. Com a intervenção dos faraós tebanos, o Egito consegue reorganizar-se, pelo menos até a agressão hicsa.

A Invasão dos Hicsos - Apesar da segurança trazida pelos príncipes de Tebas (11ª dinastia) e pelas conquistas político-sociais do povo, o Egito começa a sofrer invasões de um bando aguerridos de pastores asiáticos. Nem o prestígio internacional dos faraós foi suficiente para tornar defensáveis as fronteiras egípcias. Esses invasores, que dominaram o Egito por 200 anos aproximadamente, iniciaram sua dominação em 1785 e foram expulsos por volta de 1580 aC. Com os hicsos devem ter entrado no Egito os hebreus.

O Novo Império - Com a expulsão dos hicsos, renasce o Grande Império Egípcio. Com Amés I, os faraós tornaram-se imperialistas e belicosos. Tutmés III conquistou a Síria e obrigou os fenícios, cananitas e assírios a pagarem-lhe tributo. A expansão egípcia esbarrou nos interesses dos poderosos hititas, senhores absolutos da Ásia Menor. Na ocasião, o célebre faraó, Ramsés II fez grandes esforços para vencê-los. Como não conseguiu seu intento, assinou com o reino hitita um tratado de paz, que vigorou por muitos anos. Foi durante o Novo Império (1580 a 1200 a.C), que os israelitas começaram a ser escravizados pelos faraós.

Decadência - Após o Novo Império, o Egito começou a sofrer sucessivas intervenções: Líbia, etíope, indo-européia, assíria, persa, grega e romana. Essa nação, cujo passado foi tão glorioso, pertenceu ao

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Império Romano, durante 400 anos; ao Império Bizantino, durante 300 anos. No séc.VII AD, fica sob a tutela dos muçulmanos. A partir de 1400 AD, torna-se possessão turca. No séc.XIX, fica sob a custódia franco-inglesa. No início deste século, torna-se protetorado inglês. Em 1922 conquista sua independência. Hoje, porém, não passa de um apagado reflexo de sua primeira glória.

ASSÍRIA

Os assírios jactavam-se de descender de Assur, filho de Sem e neto de Noé (Gn. 10.11). Assur deixou a planície de Sinear para estabelecer-se em uma cidade na orla oriental do Tigre, que passou levar seu nome. Durante muito tempo seus descendentes tiveram uma tranqüila existência. O território assírio, no princípio, era inexpressivo. Com o passar do tempo, foi se estendendo e abarcando muitas nações vizinhas, transformando-se em um grande império. No ápice de sua glória, a Assíria ocupava uma área que ia do norte da atual Bagdá até as imediações dos lagos Van e Urmia.

A História da Assíria - Durante muitos séculos, Nínive manteve-se inexpressiva no cenário assírio. Em 2350 a.C. Sargão transformou-a na capital dos filhos de Assur. A partir de então, a cidade tornou-se participante das glórias e derrotas da Assíria. Nínive é a própria história do Império Assírio. No Séc.XII aC., sob a poderosa influência do rei Tiglete-Pileser, realizam várias campanhas militares, visando à expansão de seu território, porém não possuíam guarnições suficientes para manter suas conquistas. Em conseqüência dos insucessos militares, sofreu grandes perdas territoriais. Duzentos anos depois, a Assíria fez novas tentativas para dominar o mundo. Salmaneser II derrotou, na batalha de Carcar, na Síria, uma coligação militar formada de sírios, fenícios e israelitas, doze anos depois voltam a se enfrentar e a Assíria vence novamente. No séc.VIII aC., a Assíria começa a estabelecer-se de fato no Ocidente. Tiglete-Pileser II estende as fronteiras de seu império até Israel. A Assíria teve o seu apogeu entre 705 a 626 aC. Período que abrange os reinados de Senaqueribe, Esar-Hadom e Assurbanipal. Em 616 aC., Nabopolassar, governador de Babilônia, declara a independência dos territórios sob sua jurisdição. Alia-se ao rei medo Ciaxares para arrasar o já minado império assírio. Este, em 614 aC., conquista e destrói totalmente Nínive.

BABILÔNIA

Babilônia é sinônimo de poder e glória. A história desse império é antiqüíssima.

A História da Babilônia - A data de sua fundação é incerta. No entanto, sua conexão com Acad e Calnesh (Gn. 10.10), leva-nos a supor tenha sido ela estabelecida por volta de 3000 aC. Babilônia foi sitiada vezes sem conta. Mas após os ataques, essa opulentíssima cidade, levantava-se com mais brilho e pujança até tornar-se, no tempo de Nabucodonosor, em uma das maravilhas do mundo. Durante séculos, Babilônia permaneceu sob a tutela assíria. Auxiliado pelos

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medos, livra-se do jugo assírio. Em 622 aC., Nabucodonosor é proclamado rei em Babilônia e tem início uma nova dinastia na Mesopotâmia. A primeira tarefa dele foi reconstruir Babilônia, destruída por Senaqueribe. A grandiosidade de Babilônia levou Nabucodonosor a esquecer-se de sua condição humana e a julgar-se o próprio Deus. O Império Babilônico, fundado por Nabopolassar, não teve uma vida bastante longa. Em menos de um século, já emitia sinais de fraqueza e degeneração. Em 538 aC., quando Belsazar participava, juntamente com seus altos oficiais e suas prostitutas, de uma desenfreada orgia, os exércitos medos-persas tomaram Babilônia. Dário, um dos mais destemidos e proeminentes generais de Ciro II, tomou Babilônia e matou o libertino Belsazar.

O IMPÉRIO PERSA

A coligação medo-persa rapidamente se transforma em um vasto reino. No tempo de Assuero a Pérsia dominava 127 províncias, da Índia à Etiópia.

A História do Império Persa - Julga-se ter a Pérsia começado a formar-se séculos após a dispersão da Torre de Babel. A nação persa é o resultado da fusão de: cassitas, elamitas, gutitas e lulubitas. Por muitos séculos, esse povo esteve envolvido em completo anonimato. A Pérsia, durante o Império Babilônico, não passava de um Estado vassalo da Média. Com o passar dos tempos os persas aumentam o seu poderio e começam desvencilhar-se dos medos. Ciro II consegue em 555 a.C., reunificar as várias tribos persas e lança-se sobre a Média, depois de três anos de batalha derrota-a. Os reinos vizinhos temerosos aliam-se contra o novo reino, Ciro II move uma guerra contra essa coligação e vence-a em seu nascedouro. Dario encarrega-se da conquista de Babilônia em 538 a.C. Inicialmente, Dario foi designado, por Ciro II, para governar Babilônia, enquanto consolidava o poderio do Império Medo-Persa. Ciro II mostrava-se tolerante com os vencidos. Procurando tratá-los com dignidade e consideração. Quando de sua morte, em 529 a.C., o Império Persa já abarcava infindáveis possessões.

O Fim do Império Persa - O Império Persa resplandecia no Oriente. Já no Ocidente a Grécia começava a desenvolver-se e a tornar mais marcante a sua presença entre as nações. Declinava e chegava o fim do imperialismo persa. A Grécia então substituiria a Pérsia no comando político daquela época. E, caberia a um intrépido macedônio pôr término à expansão medo-persa.

O IMPÉRIO GREGO

A Grécia é o berço da civilização ocidental. Dos gregos herdamos a democracia, as artes clássicas e principalmente a filosofia. Amantes da liberdade e acostumados às discussões ao ar livre, os gregos legaram-nos um inestimável tesouro - as bases de nossa civilização. Sob essa atmosfera, tão propícia ao desenvolvimento do espírito, surgiram grandes gênios: Tales, Empédocles, Pitágoras, Sócrates, Platão, Aristóteles e muitos outros.

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Alexandre Magno - Sob o comando de Alexandre Magno, esse ilustre povo conquistou o mundo influente de então e espalhou sua cultura por todas as terras. Foi ele quem destruiu o Império Persa. Nascido em 356 aC., conquistador inato e guerreiro audaz, declara sua intenção: Conquistar o mundo. À testa de um exército de 40 mil homens, marcha em direção aos persas. Com fúria sobre-humana, derrota Dario Codomano, que possuía uma descomunal guarnição de mais de 800 mil homens. Após destruir o poderio persa, prossegue conquistando terras. Alexandre, ao chegar a Babilônia, é recebido como um ente celestial. Em 323 aC., morreu repentinamente e com ele morreram também os seus sonhos de ecumenizar a humanidade. O império desse jovem monarca não resiste à sua morte. Coube a Lísimaco a Trácia e uma parte da Ásia Menor. A Cassandro, a Macedônia e a Grécia. A Seleuco, a Síria e o Oriente. E a Ptolomeu, o Egito. Uma das maiores realizações de Alexandre foi a difusão universal da cultura grega.

A História da Grécia - A Grécia antiga estava dividida em cidades-estados. Sem coesão político-administrativa, vivia em constantes alterações. Os gregos eram unidos somente por laços culturais e religiosos. O Séc. V a.C., marca o auge da Grécia. No século seguinte, os gregos tornam-se alvo das intenções hegemônicas de Felipe II da Macedônia.

Fim do Império Grego - Esfacelado e arruinado por disputas internas, chegou ao fim o glorioso Império Grego. Em seu lugar, levanta-se o Império Romano.

O IMPÉRIO ROMANO

Jamais houvera reino tão poderoso! Os romanos legaram-nos a estrutura da sociedade ocidental. Pragmáticos e administradores por excelência, deixaram-nos colossal monumento jurídico esculpido em sua experiência privada e pública.

A História do Império Romano - Enquanto Alexandre conquistava o Oriente e esmagava o Império Persa, outro império começava a despertar e a incomodar o mundo. Fundada por Rômulo e Remo, de início humilde e desprezível, Roma vai ampliando sua influência, no Séc.III aC., já é senhora de toda a Península itálica. Roma, habitada por indo-europeus, fixaram-se em seu território miscigenando-se aos etrucos, gregos gauleses, ela não pára de expandir-se. Durante a Primeira Guerra Púnica (264 - 241 a.C.), os romanos venceram os cartagineses e apossaram a Córsega e a Sardenha e derrotaram os gauleses no Vale do Pó. Diante desta demonstração de poder de Roma, quase todos os príncipes do Oriente optaram por reconhecer sua supremacia e aliar-se com a potência superior. Depois dos meados do Séc.II aC., todo o mundo teve de reconhecer a supremacia da república romana.

O Fim do Império Romano - Depois de sanguinolência e devassidão, permissividade e férrea tirania, chega ao fim o “inexpugnável” Império Romano. A imoralidade e a inebriante luxúria tiraram do povo romano sua fibra e coragem. Enquanto isso, os inimigos de Roma fortaleciam-se e preparavam-se para deitá-la por terra. Em 476 AD, os

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bárbaros invadiram Roma. Desapareceu, assim, o mais extenso e poderoso reino humano.

GEOGRAFIA DA PALESTINA

NOMES

A região que nós conhecemos pelo termo Palestina tem recebido, através dos tempos, nomes diferentes, bem como tem sofrido alterações quanto à sua extensão.

Canaã ou Terra de Canaã - É o nome mais antigo por se tratar da terra habitada pelo neto de Noé, Canaã, e sua descendência. Literalmente significa "habitantes de terras baixas", designando assim, provavelmente, a preferência dos descendentes de Canaã pelas planícies. Das muitas passagens bíblicas depreende-se que este era o nome para designar o território entre o Mediterrâneo e o Rio Jordão.

Terra dos Amorreus - É o outro nome antigo que, tanto no Antigo Testamento como nos escritos profanos, designa a mesma região territorial conhecida como Canaã, pois os amorreus são descendentes dos cananeus.

Terra dos Hebreus - Nome cuja origem uns atribuem a Eber, patriarca importante de quem descende Abraão, e outros a haber ou habiru, termo que significa "o do outro lado, ou do além", alusão à circunstância de que Abraão veio de um país situado do outro lado do Rio Eufrates (o grande divisor natural de regiões do antigo Oriente) e cujos descendentes vieram a tornar-se donos da terra.

Terra de Israel ou Terra dos Israelitas - Esta designação ocorre com freqüência no Antigo Testamento e significa terra pertencente aos descendentes de Jacó, a quem o Senhor pôs o nome e de cujos doze filhos formaram-se as doze tribos que constituíram o povo de Israel. Após o cisma, este nome aplicava-se apenas ao Reino do Norte.

Terra de Judá ou Judéia - A princípio este nome se referia somente à área que, na distribuição da terra de Canaã após a conquista, tocou por sorte à tribo de Judá. Depois da divisão do reino de Israel, nesta designação incluía-se também a área pertencente à tribo de Benjamim, assim formando o Reino de Judá. Quando o povo de Deus voltou do cativeiro babilônico e reorganizou a sua vida nacional, este nome passou a ser usado para designar todo o território compreendido na bênção de Jacó (Gn. 49.8-12) e seus habitantes foram chamados judeus.

Terra da Promessa ou Terra Prometida - É o nome dado à terra de Canaã por causa da promessa de Deus feita a Abraão, quando de sua chamada (Gn 12.1-4), e na qual Deus estabeleceria o seu servo e sua descendência.

Palestina - Este nome deriva-se do termo Filistia, ou seja, a terra habitada pelos filisteus. Na Bíblia este nome é dado a uma faixa de terra a sudoeste de Canaã, ao largo do Mar Mediterrâneo até o Egito. Posteriormente, figuras como de Plínio e Josefo passaram a chamar por este nome toda a região de Canaã. Desde os tempos do domínio romano

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até os dias que precederam a fundação do moderno Estado de Israel. Palestina era o nome mais usado.

Terra Santa - É a designação dada pelo profeta Zacarias (2.12) e pelos cristãos desde a Idade Média, por ter sido aquela terra palco das maravilhas divinas, particularmente do nascimento, ministério e sacrifício redentor do Filho de Deus em favor dos homens.

LOCALIZAÇÃO

Localizada no continente asiático, a 30º latitude norte, banhada pelo Mar Mediterrâneo em toda a extensão do sue limite ocidental, mais ou menos eqüidistante dos pontos principais do Mundo Antigo, a Palestina constituía-se num centro de gravidade para o mundo e as civilizações da antigüidade. Do ponto de vista comercial, ficava na rota obrigatória do tráfego entre o Oriente e o Ocidente, bem como entre o Norte e o Sul; e do ponto de vista político, igualmente passagem inevitável dos exércitos conquistadores das grandes potências ao sue redor.

LIMITES

A Palestina limita-se: ao norte - com a Síria e Fenícia; a leste - com partes da Síria e partes da Arábia; a oeste - com o Mar Mediterrâneo. Havendo épocas em que eles sofriam algumas modificações resultantes das conquistas ou perdas nas lutas com as nações vizinha.

SUPERFÍCIES

A superfície da Palestina variou consideravelmente no decorrer dos tempos, ora sendo mais extensa, como nos dias dos reis Davi e Salomão, quando pela conquista anexaram-se vários territórios vizinhos, ora sendo mais reduzida, quando invadida pelos reinos ao seu redor. A sua superfície era de cerca de 30 mil quilômetros quadrados, sendo o seu comprimento - em direção do norte para o sul - de aproximadamente 250 quilômetros e largura média de 120 quilômetros.

TOPOGRAFIA

De um modo geral os geógrafos modernos costumam dividir a Palestina em quatro seções longitudinais.

Planícies : Planície do Acre ou Aco - Região do extremo noroeste da costa

palestínica, ao sul da Fenícia e que se estende até o Monte Carmelo, bordejando a Baía do Acre.

Planície de Sarom - Região compreendida entre o Monte Carmelo e a cidade de Jope, alargando-se na direção das montanhas da região central à medida que avança para o sul.

Planície da Filistia ou Marítima - É a faixa de terra habitada pelos filisteus, entre Jope e Gaza, no sudoeste da Palestina, ou seja, junto da costa sul, com cerca de 75 quilômetros de comprimento por 25 de largura. As cinco cidades principais dos

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filisteus, fortemente muradas, eram: Gaza, Ecron, Azoto, Ascalom e Gate. Eram as fortalezas da planície.

Planície de Sefelá - Região situada entre a planície da Filistia e as montanhas de Judá ao oriente, cujo nível é ligeiramente mais elevado que o da planície da Filistia, semeada de colinas baixas e muito fértil.

Planície de Jesreel ou Esdraelom - também chamada Armagedom - Confluência de três vales, dos quais o central - Jesreel - é o mais importante, a planície que traz este nome é considerada a maior da Palestina e a mais formosa. Está situada entre os montes de Galiléia e os de Samaria, alargando-se para noroeste até as fraldas do Monte Carmelo e sul dos Montes Líbanos. O nome profético desta planície - Armagedom (Ap. 16.16) que significa "montanha de Magedo ou Megido" - é uma associação de fundo histórico com as sangrentas batalhas ocorridas perto da cidade de Megido, ao sul da planície, para caracterizar as futuras dores e os triunfos do povo de Deus. Existem outras planícies menores, a de Jericó, a de Dotan, a de Moabe, a de Genezaré, etc.

Vales - A Palestina é terra de muitos vales: Vale do Jordão - Este é o maior vale da Palestina; começando ao

sopé do Monte Hermom, no extremo norte, corta o país longitudinalmente até o Mar Morto, no extremo sul. Por este vale corre o célebre Rio Jordão, que lhe empresta o nome. É o vale que chega à maior profundidade de toda a face da terra, 426m abaixo do nível do Mar Mediterrâneo, numa distância de 215 quilômetros em linha reta desde Hermom até o Mar Morto.

Vale de Jesreel - Não se deve confundir este vale com a planície do mesmo nome; chamarem a planície também pelo nome de Vale de Esdraelom. O Vale de Jesreel tem o seu começo na cabeceira do ribeiro de Jalub, e termina no Vale do Jordão na altura de Bete-Seã.

Vale de Acor - Este fica entre as terras de Judá e Benjamim, ao Sul de Jericó, no qual se deu o apedrejamento e queima de Acã e toda a sua família.

Vale de Aijalon - Situa-se na região de Sefelá, a 24 quilômetros a noroeste de Jerusalém, onde se deu a célebre batalha de Josué com os amorreus. Sua extensão mede-se em dezoito quilômetros de comprimentos na direção do Mediterrâneo, por nove de largura.

Vale de Escol - A oeste de Hebron, é famoso pela sua fertilidade, especialmente a dos vinhedos. Números 13.22-27, foi deste vale que os espias levaram a Moisés um cacho de uvas tão pesado que foram necessários dois homens para transportá-lo.

Vale de Hebron ou Manre - Fica a cerca de 30 quilômetros a sudoeste de Jerusalém, no qual se levanta a célebre cidade de Hebron, em cujas cercanias fixou-se por longo tempo a família de Abraão.

Vale de Sidim - Tudo faz crer que este é o vale onde se encontra hoje o Mar Morto, especialmente a parte do sul do mesmo, provável região de Sodoma e Gomorra.

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Vale de Siquém - Situado no centro de Canaã, entre os montes Gerizim ao sul e Ebal ao norte, tem cerca de 12 quilômetros de comprimento, estendendo-se na direção noroeste da cidade de Siquém, chamada atualmente Nablus.

Vale de Basã - Não se encontra citado na Bíblia, mas encontram-se referências na literatura profana. Provavelmente trata-se do vale por onde corre o Rio Yarmuque, no nordeste da Palestina.

Vale de Moabe - É o vale mais largo dos três "wadis" que desembocam na planície de Moabe a nordeste do Mar Morto.

Planaltos - Dois são os planaltos gerais da Palestina: o Planalto Central, que é como a continuação dos Montes Líbanos, que corre pelo centro do país na direção N=>S; e o Planalto Oriental, que pode ser considerado como continuação do Ante-Líbano, correndo na mesma direção do anterior. A altitude de ambos varia entre 650 e 1.300m. Planalto Central - Subdivide-se em três seções:

Planalto de Naftali, que é a região da Galiléia ao norte Planalto de Efraim, a região de Samaria ao centro; Planalto de Judá, ao sul, entre Betel e Hebron.

Planalto Oriental - Fica ao oriente do Jordão, também se subdivide em três partes distintas: Planalto de Basã ou Aurun; desde o sul do Monte Hermom até o vale por onde corre o Rio Yarmuque. É a região mais fértil para o plantio de trigo e pastagens de gado;

Planalto de Gileade, entre Yarmuque e Hesbom, cortado pelo Jaboque; também região de grande fertilidade;

Planalto de Moabe, a leste da última parte do curso do Jordão e Mar Morto até o Rio Arnom. Esta já é a região mais rochosa entrecortada de prados de exuberantes pastagens.

Montes - É interessante notar a atitude dos hebreus para com os montes. Neles este povo via a justiça e a grandeza de Deus. Daí nota-se certo temor pelos montes. Os hebreus expressavam a superioridade, a elevação e a distância entre a criatura e o Criador. Deus geralmente falava aos líderes do povo nos montes. Isto concorreu para a formação do conceito que eles tinham de Deus como estando, em todos os sentidos, acima do homem, mas acessível a este. Podemos dividir os montes da Palestina em dois grupos gerais: Os montes palestínicos propriamente ditos e os montes transjordânicos. Montes Palestínicos Propriamente Dito :

Os Montes de Naftali - Designa todo o conjunto montanhoso do norte ocidental da Palestina, abrangendo a alta e a baixa Galiléia. Nas tradições mais recentes já se usa a expressão "região montanhosa de Naftali", da qual os quatro montes destacados aqui são os mais importantes: - Monte Hatin - Fazendo parte do pequeno conjunto chamado Cornos de Hatin, localiza-se a pequena distância a oeste do Mar da Galiléia. É de pouca altitude - cerca de 180m - tendo no lado oriental uma meseta, pouco acima do sopé, coberta de vegetação rarefeita, mas copada;

- Monte Tabor - Com 615m de altitude, localiza-se também na Galiléia, na parte nordeste da planície de Jesreel ou

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Esdraelom. No segundo século da nossa era, ilustres teólogos pensaram que a transfiguração. Posteriormente, razões fortes fizeram crer que a transfiguração teria ocorrido em alguma elevação do lado sul do Monte Hermom;

- Monte Gilboa - Este fica a sudeste da Planície de Jesreel e tem forma alongada, medindo 13 km de comprimento e 5 a 8 de largura por 543m de altitude.

- Monte Carmelo - Seu nome significa "campo fértil, jardim" - isto provavelmente devido à proverbial fertilidade que nos tempos idos cobria vastas áreas de sua cobertura. Na realidade o Carmelo é uma pequena cordilheira com cerca de 30 km de comprimento por 5 a 13 de largura que pende do Mediterrâneo para o sudeste da Palestina adentro. O ponto mais alto desta serra fica na extremidade sudeste - cerca de 575 km. Ao lado norte do monte corre o Rio Quisom, em cuja margem Elias mandou exterminar os profetas de Baal em fuga.

Montes de Efraim - É a região montanhosa que abrange principalmente a área que coube à tribo de Efraim, à meia tribo de Manassés e um pouco à de Benjamim. Os mais importantes destes montes são Ebal e Gerizim, também conhecidos como o Monte da Maldição e o Monte da Bênção: Monte Ebal - Situado ao norte de Nablus, antiga Siquém, tem uma

altitude de 300m acima do vale (1015m acima do nível do Mediterrâneo) e é árido e escarpado.

Monte Gerizim - Fica ao sul do Vale de Siquém, também árido e escarpado, com apenas 230m, acima do vale (940m do Mediterrâneo).

Montes de Judá - Todo o conjunto montanhoso que se estende ao sul dos montes de Efraim. Trata-se mais de uma série de elevações, separadas por vales formosos por onde correm riachos: Monte Sião - É um monte com cerca de 800m de altitude. É o mais

alto dos montes da cidade de Jerusalém. Monte Moriá - Fica a leste de Sião, separado deste pelo Vale de

Tiropeon. É de forma alongada e pende na direção N=>S, sendo que a parte sul, mais baixa, era chamada Ofel. Várias são as altitudes atribuídas a este monte, desde 798 até 900m. O aspecto primitivo deste monte, principalmente no sue lado ocidental, foi profundamente alterado através dos séculos pelos aterros e edificações.

Monte das Oliveiras - Este monte faz parte de uma pequena cordilheira, com cerca de três quilômetros de comprimento, que corre do norte para o sul, no lado oriental do Vale de Cedron, que o separa do Monte Moriá. A cordilheira apresenta quatro elevações distintas, sendo que a mais baixa, a que fica defronte do Monte Moriá, tem 820m de altitude acima do nível do mar, 120m acima do Vale de Cedron e cerca de 60m sobre o platô do templo no Monte Moriá.

Monte da Tentação ou da Quarentena - Fica cerca de 29 quilômetros a sudeste de Jerusalém a sudeste de Jerusalém, com

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apenas 98m acima do nível do Mediterrâneo, porém 320m acima de sua base, pois se encontra na depressão do Vale do Jordão.

Montes Transjordânicos - Estes também chamados Montes do Planalto Oriental, igualmente podem ser agrupados nas três regiões distintas em que se dividem as terras para o oriente do Jordão. Monte de Basã - Trata de um largo e fértil conjunto montanhoso

na parte norte do Planalto Oriental, limitado ao norte pelo Hermom, a leste pelo deserto da Síria e parte do deserto da Arábia, ao sul pelo Vale de Yarmuque e a oeste pelo Jordão e Mar da Galiléia. Na conquista, esta região coube à meia tribo de Manassés.

Monte de Galaade ou Gileade - É outro conjunto montanhoso, ao sul de Yarmuque, indo a parte norte do Mar Morto, dividido ao meio pelo ribeiro de Jaboque. Na parte sul há uma montanha mais elevada, à qual os árabes chamam de Jeber Jilade. Esta região coube à tribo de Gade por ocasião da conquista e foi o primeiro território conquistado pelos israelitas. No tempo do Novo Testamento, esta parte da Transjordânia era conhecida como Peréia.

Montes de Moabe - A região ocupada por moabitas ao sul da Transjordânia e ao oriente do Mar Morto é bastante montanhosa, destacando-se o conjunto mais próximo do Mar Morto, chamado "montes de Abarim", com as seguintes elevações:

Nebo ou Pisga (Dt. 34.1) - A cerca de 15 quilômetro a leste da foz do Jordão e por trás da Planície de Moabe contemplou a Terra da Promessa e onde amorreu (Dt. 34.1-6).

Peor - Este monte fica pouco a nordeste de Nebo.

HIDROGRAFIA

A hidrografia da Palestina pode ser dividida em três partes, a saber, mares, lagos e rios:

MARES:

Mar Mediterrâneo - Também conhecido na Bíblia como o Mar Grande e Mar Ocidental. Este mar banha toda a costa ocidental da Palestina. É de pouca profundidade na costa palestínica, assim impedindo a aproximação de navios, razão por que o Mediterrâneo não funcionava para Israel como caminho marítimo. O único porto do Mediterrâneo de que se valiam os israelitas era Jope, onde há um pequeno promontório com uma linha de arrecifes. Devido a esses e os bancos de areia, era de pouca procura pelos navegantes. Assim, do ponto de vista político-militar, o Mediterrâneo constituía para a Palestina uma vasta defesa natural de sua fronteira ocidental.

Mar Morto - Também conhecido pelos nomes de Mar Salgado, Mar Oriental, Mar de Ló, Mar do Arabá e Mar da Planície. Fica na foz do Rio Jordão, entre os Montes de Judá e os Montes de Moabe, na mais profunda depressão do globo. É de forma ovalada, medindo 76 quilômetros de comprimento na direção norte-sul e 17 quilômetros de

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largura, com o seu nível a 426m abaixo do nível do Mediterrâneo e com 400m de profundidade máxima que se verifica na parte norte. Na parte sudeste há um promontório ou península, chamada Lisã ou língua. As suas costas são planas no lado ocidental e bastante acidentadas e escarpadas no lado oriental. As suas águas são as mais densas da superfície da terra, com cerca de 25% de salinidade, em razão das enormes jazidas de sal no sul e da excessiva evaporação.

Mar da Galiléia - Também conhecido pelos nomes de Mar de Quinerete (Nm. 31.11), Mar de Tiberíades (Jo 21.1) e Lago de Genezaré (Lc. 5.1). Na verdade trata-se de um lago de água doce formado pelo Rio Jordão, mas, devido às suas dimensões avantajadas e temporais violentos que freqüentemente o agitam, as populações adjacentes o têm chamado de mar. É o segundo lago equilibrador das águas do Jordão, sendo o primeiro o de Merom que fica 20 quilômetros ao norte. Mede aproximadamente 24 quilômetros de comprimento por 14 de largura, tendo sue nível 225m abaixo do nível do Mediterrâneo e profundidade média de 50m. Suas águas são claras e muito piscosas. As suas margens do lado oriental são montanhosas, enquanto do lado ocidental e na direção noroeste estendem-se planícies férteis com cidades importantes, como Cafarnaum, Corazim, Magdala, Genezaré, Betsaida, Tiberíades e outras. O clima da região, especialmente ao norte, é muito agradável, propício à lavoura e pecuária. As cidades das margens do Mar da Galiléia e as próprias praias e águas deste foram palco de acontecimentos importantes do ministério terreno de Jesus.

RIOS

Os rios palestínicos são distribuídos em duas bacias hidrográficas: Bacia do Mediterrâneo e Bacia do Jordão.

Bacia do Mediterrâneo Belus - Segundo se crê, trata-se de Sior Libnate referido em Josué

19.26. Corre a sudoeste dos termos de Asser, na direção do Mediterrâneo, despejando as suas águas na Baía de Acre, pouco ao sul da cidade de Aco, É torrente que se manifesta somente na época das chuvas, permanecendo seco o sue leito por quase dois terços do ano.

Quisom - Este é o maior rio da Bacia do Mediterrâneo e o segundo da Palestina. Nascendo das pequenas correntes de Gilboa e Tabor, Montes da Galiléia, e recolhendo outras águas da Planície de Esdraelom, corre na direção noroeste ao largo do Monte Carmelo até desaguar no Mediterrâneo, na parte sul da Baía de Acre. As suas águas são impetuosas e perigosas durante o inverno, ao passo que no verão são escassas.

Caná - Outro wadi ou torrente dos meses de chuvas, que nasce perto de Siquém e, atravessando a Planície de Sarom, verte no Mediterrâneo sete quilômetros ao norte de Jope. É mencionado em Josué.

Gaás - É outro ribeiro, wadi, que atravessa a região de Sarom na direção leste-oeste e deságua no Mediterrâneo perto de Jope.

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Sorec - Nascendo nas montanhas de Judá, a sudoeste de Jerusalém, este wadi, seguindo a direção noroeste, despeja suas águas no Mediterrâneo entre Jope e Acalom, ao norte da Filistia. Os flancos suaves do vale que ele percorre, por sinal largo e fértil, são famosos pelos vinhedos de uma espécie de uva síria muito apreciada.

Besor - Este é o mais volumoso de todos os wadis que desemboca no Mediterrâneo. Nasce no sul das montanhas de Judá, passa ao largo de Berseba pelo lado sul desta cidade e lança-se no mar a uns oito quilômetros ao sul da cidade de Gaza. Seu nome moderno é wadi Sheriah.

Bacia do Jordão : Jordão - Este é o rio principal da Palestina e corre na direção

norte-sul, assim dividindo o país em duas partes distintas - Canaã propriamente dita e Transjordânia. Seu nome significa declive ou o que desce. O Jordão origina-se da confluência de quatro pequenos rios, a quilômetros ao norte do Lago de Merom, cujas cabeceiras - encontram-se nos flancos ocidental e meridional do Monte Hermom. São eles: Bareighit, o mais ocidental e cujas fontes não se alimentam das torrentes do Hermom. Hasbani, o mais longo - cerca de 40 quilômetros de extensão - e tem sua nascente na encosta ocidental do Hermom, a 520m de altitude. Ledan, o mais volumoso porque se origina de muitas fontes nas proximidades da antiga cidade de Dã, no sopé meridional do Hermom, e cujo leito pode ser considerado como começo do Vale do Jordão, por ser o braço central das nascentes do grande rio. Banias, a mais oriental das quatro nascentes do Jordão, a mais curta, de apenas 8 quilômetros, porém a mais bela, que jorra de uma imensa gruta na encosta meridional do Hermom, pouco ao norte da antiga cidade de Cesaréia de Filipe, da qual hoje resta apenas uma pequena aldeia cujo nome moderno é Banias. Costuma-se dividir o curso do Jordão em três trechos, para um estudo mais detalhado: O primeiro trecho, ou seja, a região das nascentes é o que acabamos de descrever nos seus aspectos mais setentrionais e que vai até o Lago de Merom. Depois da junção das quatro nascentes, o Jordão atravessa uma planície pantanosa numa extensão de 11 quilômetros e entra no Lago de Merom. Neste trecho a sua largura varia muito e a profundidade vai a 3 e 4m. O segundo trecho, também chamado o Jordão Superior, compreende o rio entre o Lago de Merom e o Mar da Galiléia, extensão esta de cerca de 20 quilômetros. É um trecho quase reto, com um declive de 225m, o que torna as suas águas impetuosas e provoca um enorme trabalho de erosão. O terceiro trecho, ou o Jordão Inferior, estende-se do Mar da Galiléia ao Mar Morto numa distância de 117 quilômetros em linha reta e cerca de 340 quilômetros pelo leito sinuoso do rio, tendo uma largura que varia entre 25 e 35m e 1 a 4m de profundidade. Até o tempo dos romanos não havia ponte sobre o Jordão, de modo que a travessia do mesmo era feita em certos lugares de margens mais rasas e águas menos profundas, chamados vaus. Um desses vaus ficava defronte de Jericó, outro, perto da desembocadura do Rio Jaboque; e o terceiro, nas proximidades de

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Sucote. O Rio Jordão, sob todos os pontos de vista - como geográfico, histórico, político, econômico e religioso - é o rio mais importante do mundo antigo. Está ligado à Revelação desde os dias de Abraão até os dias de Jesus.

Querite - Verdadeiramente não se trata de um rio perene, e sim de um wadi, torrente das épocas de chuvas, que desce dos montes de Efraim e desemboca no Jordão, pela margem ocidental, pouco ao norte de Jericó, depois de percorrer uma região agreste, povoada de corvos e águias.

Cedron - Também este não é um rio perene, porém nas épocas de chuvas torna-se uma torrente impetuosa. Nasce a dois quilômetros a noroeste de Jerusalém e, correndo na direção sudeste, passa ao lado leste da Cidade Santa pelo Vale de Josafá - que separa esta do Monte das Oliveiras - e prossegue rumo sudeste até o Mar Morto, numa distância de cerca de 40 quilômetros, por um leito profundo e sinuoso.

Yarmuque - Este é o principal afluente oriental do Jordão, embora não esteja mencionado na Bíblia. É formado por três braços, dos quais o mais setentrional recebe águas abundantes das vertentes orientais e meridionais do Monte Hermom e desemboca no Jordão, seis quilômetros ao sul do Mar da Galiléia.

Jaboque - É outro tributário oriental do Jordão. Nasce ao sul do Monte Gileade, corre para leste, depois para norte e noroeste, descrevendo uma verdadeira semi-elipse, até desaguar no Jordão, mais ou menos no meio do curso deste, entre o Mar da Galiléia e o Mar Morto, depois de ter percorrido cerca de 130 quilômetros.

Arnom - Nasce nas montanhas de Moabe, a leste do Mar Morto, despejando neste as suas águas. Este rio primeiramente separava os moabitas dos amorreus e depois os moabitas do território da tribo de Rúben, ficando como limite meridional permanente dos territórios israelitas da Transjordânia.

DESERTOS PALESTÍNICOS

Do ponto de vista bíblico, os desertos que nos interessam mais na área palestínica são os localizados a norte e oeste do Mar Morto, também conhecido como Deserto de Judá ou Deserto de Judéia. O uso da forma singular explica-se pela referência ao conjunto das áreas desertas a leste das montanhas de Judá até o Jordão e o Mar Morto, conjunto este que se subdivide nos seguintes desertos menores: Maon, Zife e En-gedi, que ficam entre o sul de Hebron e o Mar Morto. São particularmente relacionados com Davi durante as suas fugas. Mais ao norte destes três estendem-se outros dois desertos: Tecoa e Jeruel. E ainda mais ao norte destes desertos ficam os de Jericó, Betaven e Gabaom, já nos termos de Benjamim, entre as cidades de Betel ao norte, ribeiro de Cedron ao sul e Jordão a leste. O primeiro, como o nome indica, fica ao sul, leste e oeste da histórica cidade; o segundo, ao sul e leste de Betel; o terceiro, a leste da cidade de Gabaom (ou Gideão).

CLIMA PALESTÍNICO

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A Palestina, embora pequena em extensão, apresenta um clima muito variado. Isto se deve a cinco fatores fundamentais:

Posição Geográfica - Encontrando-se o país entre 30º e 33º latitude norte, o clima é subtropical ou temperado brando. Porém esta condição básica, em parte, é modificada por outros fatores.

Topografia Acidentada - Os altos montes, os profundos vales, especialmente o Vale Jordão, causam profundas modificações no clima com as suas correntes aéreas frias e quentes.

A Proximidade do Mediterrâneo - Este é o fornecedor de nuvens para a Palestina que os montes altos como Hermom, condensam a ponto de precipitá-las em forma de chuva.

A Proximidade dos Desertos - A leste e ao sul as correntes quentes dos desertos contribuem com a sua parcela na variedade do clima palestínico.

Os Ventos - As correntes úmidas do mar, as frias das montanhas do norte e as quentes dos desertos completam a formação do clima. Há uma corrente aérea seca e quente que vem do deserto da Arábia (leste), chamada siroco, que é tão quente e seca que, quando prevalece, queima toda a plantação. Geadas fortes e neve sobre as montanhas da Palestina são coisas comuns no inverno. Já no Vale do Jordão, na mesma época, o termômetro marca em média 25º, ao passo que no verão chega a 45º à sombra. Na orla do Mediterrâneo o clima "é mais uniforme e menos rigoroso", enquanto na região montanhosa da Galiléia, Samaria e Judéia o frio chega a demorar semanas. Esta variedade do clima oferece ao país também variedade de cultura e conseqüente riqueza.

GEOGRAFIA ECONÔMICA DA PALESTINA.

Devido à variedade do clima e do solo, a Palestina oferece também abundante variedade de produtos nos três reinos da natureza: vegetal, animal e mineral. Entretanto, sendo Israel um povo teocrático, a produção da terra estaria intimamente ligada à religião, isto é, tanto a abundância como a escassez seriam proporcionais ao estado espiritual do povo.

REINO VEGETAL

No reino vegetal os produtos mais comuns eram o trigo, a oliva e a uva. Também eram comuns: cevada, lentilha, feijão, pepino, cebola, alho, mostarda, figo, melão, tâmara e romã. Na Judéia são mais comuns os olivais e vinhedos, que prosperam mesmo em terrenos pedregosos; em Samaria, os bosques de acácias, cedro e pinheiros; na Galiléia, os cereais, embora estes sejam também comuns nos vales e planícies de outras regiões.

REINO ANIMAL

Os animais palestínicos mais importantes eram: a vaca, a ovelha, a cabra, a mula, o camelo, o jumento, o cavalo e o cão, na ordem dos domésticos que serviam tanto para o alimento como para o trabalho e

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transporte; corça, lebre, chacal, lobo, raposa, leopardo, leão, hiena, víbora, camaleão e outros na ordem dos selvagens, dos quais somente uns poucos podiam servir para o consumo; perdiz, codorniz, pombo, galinha, avestruz, cegonha, rola, pelicano, corvo e tantas outras aves; abelhas e gafanhotos de várias espécies, moscas, mosquitos, formigas etc., na ordem dos insetos; e uma abundante variedade de peixes.

REINO MINERAL

Entre os metais, o mais abundante parece ter sido a prata, depois cobre, estanho, chumbo, enxofre, betume (asfalto) e também ouro. Hoje, porém, há bastante mineração de carvão, sal-gema, potassa, enxofre, ferro, cobre etc.

GEOGRAFIA HUMANA DA PALESTINA

OS HABITANTES PRIMITIVOS DA PALESTINA

Antes da chegada de Abraão à terra então chamada Canaã, a região era ocupada por diversas tribos conhecidas sob o nome geral de cananeus. Pelo que nos informa Moisés em Gênesis 10.15-20, quase todos os povos da região da Terra da Promessa primitivamente eram da estirpe camita, pois eram descendentes do filho mais moço de Cão, chamado Canaã. As cidades desses povos eram muradas e fortificadas, cada uma tendo o sue próprio rei, exceto umas poucas que eram de natureza mais nômade. Esses reinos eram, geralmente, independentes e bastante belicosos para alcançar a supremacia. Os mais importantes deles são os seguintes:

Cananeus - No sentido mais restrito se limitava aos descendentes de Canaã, que habitavam a costa do Mediterrâneo, desde a Baía do Acre até Jope; o norte da Palestina, desde o Mediterrâneo até o Vale do Jordão; e ao longo do Vale do Jordão até o sul do Mar Morto.

Amorreus - É outro povo descendente de Canaã, filho de Cão, embora alguns historiadores, baseados em Números 15.45 e Deuteronômio 1.44, o classifiquem como cananeus. Os amorreus ocupavam ao tempo da conquista a região ao sul e leste de Jerusalém e a vasta região montanhosa a leste do Jordão, a Transjordânia. Foi o povo que ofereceu a mais tenaz oposição ao avanço dos israelitas.

Heteus - Também estes são camitas, pois descendem de Hate, filho de Canaã e neto de Cão. Hoje são conhecidos como hiteus e hititas, nos registros históricos e arqueológicos. Parece que ao tempo de Abraão era um povo que rivalizava com os cananeus e os amorreus em poder e número. As áreas por ele ocupadas, em diversas épocas de sua história, estendiam-se desde a Ásia Menor, norte da Palestina, Síria, indo até o Rio Eufrates.

Heveus - Este povo também era camita, descendia da família de Canaã, filho mais novo de Cão. Pouco se sabe de sua história. Parece que não era muito numeroso. Outra comunidade de heveus achava-se em Gibeão que escapou de ser exterminada por Josué porque usou de um estratagema para fazer um tratado de paz que de fato foi consumado.

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Jebuseus - Jebus ou Jerusalém era o único lugar onde habitava este pequeno povo, pois não é mencionada outra qualquer área ocupada por eles. Porém, ainda que pequeno, era um povo valente. Encastelado na sua cidadela de Ofel (Sião?), os jebuseus não foram completamente exterminados e continuaram a habitar entre os hebreus.

Perizeus - Este era um dos povos que habitavam a terra de Canaã e que parece evidente não ter origem camita, primeiramente, por não constar o sue nome na lista dos filhos de Cão em Gn. 10.15 - 20, e também por não ter o costume de murar as suas cidades, uma vez que a sua que a sua ocupação era a agricultura, levando um tipo de vida diferente.

Refains - Também conhecidos como anaquins e emins (Js. 11.21 e Dt. 2.10,11), também estes não parecem possuir qualquer parentesco com os cananeus. Habitavam algumas regiões de ambos os lados do Jordão e de Hebron, pertencendo a uma raça aborígine de gigantes. Ao leste do Mar da Galiléia, na região de Basã, os israelitas, ainda sob o comando de Moisés, derrotaram a Ogue, o rei de Basã

Girgazeus - Eram camitas são várias vezes mencionados na Bíblia, mas não se sabe em que parte da Palestina habitavam. Alguns admitem que tenham ocupado alguma área na margem ocidental do Jordão, ou a oeste de Jericó.

OS HABITANTES DA PALESTINA AO TEMPO DA CONQUISTA PELOS HEBREUS:

Amalequitas - Freqüentemente citados na Bíblia, sempre hostis ao povo de Deus. De origem muito incerta, embora alguns os tenham identificado como descendentes de Esaú, irmão gêmeo de Jacó, que depois de vender a sua primogenitura, seguiu rumo diferente na vida - cujo neto, Amaleque, era príncipe e habitava na região de Edom era príncipe. Durante vários séculos antes Deus usou os amalequitas como instrumentos para castigar o sue povo rebelde.

Edomitas ou Idumeus - Estes são semitas, pois são parentes dos hebreus, descendentes de Esaú, irmão de Jacó. Estabeleceram-se na montanha de Seir, ou seja, na região entre o sul de Moabe e o Mar Morto e o Golfo de Ácaba, que é um vasto maciço montanhoso de cerca de 180 km de extensão, conquistado aos aborígines horeus, onde a seu tempo floresceram cidades como Elote, Eziom-Geber, Bozra e Sela ou Petra que foi a capital. Devido à antiga inimizade os edomitas recusaram a passagem aos israelitas pelo seu território quando estes já estavam próximos a Canaã. Herodes, o Grande que governou cerca de 40 anos sobre os judeus durante o domínio romano, era idumeu.

Moabitas - Os moabitas eram descendentes de Moabe, filho de Ló. Portanto, também eram semitas. Apesar do parentesco, sempre foram inimigos declarados dos hebreus, embora algumas vezes demonstraram boa vontade para com alguns deles. Ocupavam o território a leste do Mar Morto e do Jordão até a altura do Rio Jaboque. Mas quando os hebreus chegaram a Canaã, já os amorreus os haviam obrigado a recuar até o Rio Arnom. No decorrer da história, os moabitas foram alternadamente tributários e independentes de Israel. Ao tempo dos Juízes chegaram a oprimir o povo de Deus por 18 anos, cobrando-lhes impostos. Deus honrou uma mulher moabita, Rute, escolhendo-a para

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bisavó de Davi, integrando-a a linhagem de Jesus. É o que ameniza a triste memória daquele povo.

Midianitas - Eram semitas, pois descendiam de Midiã, filho de Abraão com Quetura. Antigas listas genealógicas árabes mencionaram uma tribo por nome de Ketura, dando como seu local de habitação as proximidades da cidade de Meca. Tudo faz crer que mais tarde se expandiram para oeste e norte, pois ao tempo de Moisés parece que a terra de Midiã, para onde este fugira do Egito e onde casara (Êx. 2.15 - 22), ficava a leste do Sinai. Quando o povo de Israel chegou a Moabe, na Transjordânia, encontrou outro grupo de midianitas que se aliaram aos moabitas para resistirem ao povo de Deus. Nos dias dos Juízes eles subjugaram os israelitas por sete anos, quando Gideão, na região de Jezreel, os exterminou para sempre (Jz. 7 e 8). Parece tratar-se de um povo nômade que finalmente desapareceu.

Amonitas - Igualmente semitas descendentes de Ló (Gn. 19.38). Viviam nômades na região da Transjordânia, ao norte do Rio Arnom, entre o Jordão e o deserto arábico. Foram muito cruéis e vingativos para com o povo de Israel, atacando muitas vezes por longos anos durante os períodos dos Juízes e do Reino. Deus vingou a sua crueldade por ocasião da invasão dos babilônios. Hoje a região é habitada pelos árabes do novo estado da Jordânia, com a sua capital Amã. E o ódio deste povo contra Israel parece que não diminuiu em nada.

Sírios - A nordeste e norte da Palestina ficavam os domínios da Síria, cujas relações com o povo de Deus foram ora fraternais, ora hostis. Sabemos que os sírios que ao tempo do Reino Unido de Israel eram organizados em pequenos reinos independentes, sempre conhecidos pelo nome de sua cidade principal, eram de estirpe semita. Três destes reinos sírios limitavam-se com a Palestina e em diversas épocas guerreavam com esta: Damasco que foi mais poderoso e mais hostil para com Israel; Zobá situado a oeste de Damasco, indo até Hamate(I Sam.14.47); e Maaca a oeste de Zobá, indo até os limites da Fenícia(I Cr.19.7 - 19). Todos eles foram conquistados por Davi durante o sue reinado, porém ao fim do tempo de Salomão o reino de Damasco logrou independência, tornando-se adversário tenaz de Israel.

Fenícios - Este foi um grande povo que habitava a estreita faixa de terra ao norte da Palestina, entre os Montes Líbanos e o Mediterrâneo, desenvolvendo, pela navegação e comércio, uma vasta riqueza (Ez. 27). Este povo era camita (Gn. 10.15 - 19), embora sua língua pertencesse ao grupo semita. As duas cidades que sobressaíam em diferentes épocas eram Tiro e Sidom. As suas divindades principais eram Baal e Astarote. Entretanto as relações entre os hebreus e os fenícios sempre foram pacíficas e cordiais.

Filisteus - Este povo, cuja origem é desconhecida, ocupava uma área de terra no extremo sul da costa palestínica e era extremamente belicoso, razão por que Deus não permitiu que o seu povo por ocasião do êxodo seguisse o caminho mais curto para Canaã que passava pela terra dos filisteus (Êx. 13.17). As cinco cidades fortificadas dos filisteus representavam os cinco estados independentes, mas confederados, e cujos nomes foram Asquelom, Gaza, Gat, Azdod e Ecrom. Nunca foi possível uma paz permanente entre os filisteus e hebreus.

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Estiveram em lutas constantes durante toda a história de Israel. Depois do cativeiro de Judá, a Síria anexou a Filistia. E só depois das conquistas de Alexandre, o Grande, que destruiu Gaza, a última cidade fortificada que resistiu, é que os filisteus desapareceram para sempre como povo.

CIDADES PALESTÍNICAS

Abraão, quando chegou à terra da Palestina ou Canaã, já encontrou muitas cidades, das quais algumas são mencionadas no livro de Gênesis. Geralmente as cidades Palestínicas antigas eram construídas sobre elevações ou mesmo montes, cercadas de muros de defesa de altura e largura variadas, com portas pesadas providas de trancas seguras, com torres de vigia sobre os muros e ainda uma vala circundando por fora dos muros (Dt. 3.5; I Rs.11.24; Ne.3.1 - 15).

Jericó - Jericó, se não é a cidade mais antiga do mundo, certamente é a mais antiga de toda a Canaã. Como prova disto são apresentados os vestígios de vida humana da Idade da Pedra encontrados nas camadas mais profundas de suas ruínas. Fica localizada na parte inferior do Vale do Jordão. Jericó era uma cidade grande e bem fortificada, dominando a passagem do Jordão a sudeste da Palestina à margem do caminho de Jerusalém para a Transjordânia. Foi destruída milagrosamente (Js. 6). Uma vez reedificada, Jericó aos poucos foi retomando o sue lugar de importância e várias ocorrências ali verificadas com relação ao povo hebreu, tanto no do Antigo como no do Novo Testamento, estão registradas na Bíblia. A cidade moderna está a 1600m a sudeste da anterior.

Hebron - Situada ao sul das montanhas de Judá, a oeste do Mar Morto, a 32 km ao sul de Jerusalém, figura também entre as cidades mais antigas do mundo. Seu nome primitivo foi Kiriath-Arba (Js. 1.10). Hebron não é mencionada no Novo Testamento. Existe até hoje, com o nome de El-Khalil, habilitada em sua grande maioria por maometanos que construíram sobre a antiga cova de Macpela uma mesquita, onde é vedada a entrada aos cristãos.

Belém - Também é uma das mais antigas cidades da Palestina. Situada a 10 km ao sul de Jerusalém, na estrada que vai para Hebron, numa colina de 700m de altitude nas montanhas de Judá, uma região sobremodo fértil. Sue nome bíblico é Bethlehem-Efrata, ou Belém de Judá, para distinguir de outra cidade de igual nome existente na Planície de Esdraelom. Foi ali que se realizou o casamento de Boaz com a moabita Rute.

Jope (Jafa ou Iafa) - É outra cidade das mais antigas da Palestina e, segundo alguns escritores romanos, é até antediluviana. Nos registros egípcios o sue nome já era conhecido nos dias do faraó Tutmés III(1504 - 1450 a.C.). Situada a cerca de 60 km a noroeste de Jerusalém, na costa do Mediterrâneo, era o porto da capital israelense. Já nos dias do Novo Testamento, Jope aparece no livro de Atos com duas ocorrências do ministério do apóstolo Pedro.

Siquém - A sua história remonta a antes de 2000 a.C. Fica situada entre os Montes Ebal e Gerizim, na Samaria, bem no centro geográfico

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da Palestina, no fértil Vale de Siquém. A cidade foi destruída e reconstruída várias vezes. Hoje é chamada Neblus.

Samaria - Fundada em 921 aC., por Onri, rei de Israel e pai de Acabe, esta cidade foi uma das mais importantes e influentes na vida de Israel. Situada a 8 km a noroeste de Siquém, num monte de cerca de 100m de altitude, rodeada de muralhas, foi capital do Reino do Norte durante 200 anos.

Nazaré - Fica a 22 km do extremo sul do Mar da Galiléia, na direção oeste. A cidade não é mencionada no Antigo Testamento. Foi a cidade onde transcorreu a infância e a juventude de Jesus.

Cesaréia - Fica a 75 km a noroeste de Jerusalém, entre Jope e o Monte Carmelo, no litoral do Mediterrâneo. Foi construída por Herodes, o Grande, no local da antiga cidadela dos filisteus chamada Torre de Strato, e cognominada Cesaréia em homenagem a César Augusto. Foi a cidade mais célebre da Palestina por tratar-se de sua capital política.

Cesaréia de Filipo - O tetrarca Filipe deu este nome à antiga vila fenícia de Baal-Gade em honra a Tibério César, sue protetor. Era uma estância de veraneio para a aristocracia da época.

Tiberíades - Fica na margem ocidental do mar da Galiléia (ou Lago de Tiberíades) a 8 km da extremidade sul do referido mar. A cidade não é mencionada no Antigo Testamento e uma única vez no Novo. O nome da cidade foi dado em homenagem ao imperador romano da época, Tibério César. Depois da destruição de Jerusalém veio a ser o centro do judaísmo na Palestina

Cafarnaum - A cidade ficava na costa noroeste do Mar da Galiléia, a principal entre tantas da região, posto militar romano, e centro de recolhimento de impostos do império.

Jerusalém - "Lugar de Paz", "Habitação segura", entre as cidades mais célebres do mundo está Jerusalém. No que diz respeito à história bíblica, ela ocupa o primeiro lugar. Esta posição privilegiada de Jerusalém não está em sua extensão, nem em sua riqueza ou expressão cultural e artística, mas em sua profunda e ampla relação com a Revelação divina. Jerusalém fica situada na parte sul da cordilheira central da Palestina. Ela foi de uma forma especial, o cenário das manifestações patentes e evidentes do poder; da justiça, da sabedoria, da bondade, da misericórdia, enfim, da grandeza de Deus. Por isto as alusões proféticas e apostólicas a apresentam como o próprio símbolo do céu (Is. 52.1 – 4; Ap.21). Nomes – Durante a sua longa história – já cerca de 3.000 anos – a cidade era conhecida por vários nomes, assim como: Urasalim – Encontrado nas cartas de Tel-el-Amarna escrita por volta de 1.400 a.C., provavelmente é o nome mais antigo;

Salém – É o nome mais antigo que aparece na Bíblia, já em uso nos dias de Abraão (Gn. 14.18). Provavelmente trata-se de uma abreviação da palavra Jerusalém, cidade devotada a Shalém, antiga divindade semítica da paz e prosperidade;

Jebus – Assim era conhecida a cidade dos Jebuseus na época dos Juízes (Jz. 19.10, 11);

Jerusalém – É o nome mais comum e que permanece até o presente;

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Sião – Este era o nome de um dos montes da cidade; Cidade de Davi ou Cidade do Grande Rei – Estes nomes relacionam-se como ato heróico de Davi na tomada da fortaleza, quando então a cidade foi conquistada e feita a capital do Reino de Israel (I Rs. 8.1; II Rs. 14.20; Sl. 48.2);

Cidade de Deus ou Cidade Santa – Assim chamada por estar ali o Templo nacional; o local do culto centralizado (Sl. 46.4; Ne. 11.1);

Cidade de Judá – A capital do Reino de Judá, a cidade principal do Reino (II Cr. 25.28);

Aelia Capitolina – Foi o nome dado pelo Imperador romano Adriano, que reedificou no Séc. II d.C. Aelia em honra a Adriano, cujo primeiro nome era Aelius, e Capitolina por ter sido dedicada a Júpiter Capitolino, divindade suprema dos romanos;

El-Kuds – É o nome que os árabes deram a Jerusalém. O seu significado é “a santa”.

Localização e Topografia – Jerusalém fica situada na parte sul da cordilheira central da Palestina, ou seja, nas montanhas de Judá, na mesma latitude do extremo norte do Mar Morto, a 21 km a oeste do mesmo e a 51 km a leste do Mediterrâneo. Está edificada sobre um promontório a 800m de altitude, subdividido em uma série de montes ou elevações. A leste do promontório fica o Vale de Josafá ou Cedron que separa a cidade do Monte das Oliveiras. A oeste e ao sul fica o Vale de Hinom (Gehena, gr) que em certa época da história foi o Vale da Matança, assim chamado por causa dos sacrifícios das crianças em holocausto ao ídolo Moloque (II Rs. 23.10; Jr. 7.31 – 34) e dos fogos que ardiam constantemente, consumindo o lixo da cidade, os detritos dos holocaustos pagãos etc. Daí, por analogia, a palavra grega Gehena – que significa Vale de Hinom – veio a designar o lugar de castigo eterno dos condenados, o inferno (Mat.13.42; Mc. 9.43 – 48). Sendo que a cidade é isolada pelos lados leste, oeste e sul do conjunto de cordilheira pelos vales já mencionados resta apenas o lado norte suscetível ao crescimento, uma vez que por ele o tabuleiro continua ligado ao conjunto montanhoso. O aspecto geral da cidade ao tempo de Cristo apresentava uma configuração de um trapézio irregular que se alarga do sul para o norte, dividindo-se em cinco zonas ou bairros caracterizados pelas elevações do tabuleiro: Ofel, que fica a sudeste e onde havia uma antiga fortificação; Moná, a leste, onde estava edificado o Templo de Salomão; Bezeta, ao norte; Acra, a noroeste; e Sião, a sudoeste. Um vale interno, chamado Tiropeon, que corria mais ou menos na direção de noroeste para sudeste e sul, separava alguns desses bairros. Porém, através dos tempos, a superfície da cidade tem sofrido muitas alterações com os aterros deste vale, desaparecendo, assim, o antigo aspecto em que as elevações eram mais distintas.

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