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·GEOLOGIA DA PROV1NCIA DE MACAU POR . J. CARRINGTON DA COSTA OATEDJÚ.TIOO DE GEOLOGIA NA UNIVERSIDADE DO PÔRTO OOLABORADOR DOS SERVIÇOS DE PORTUGAL A colónia portuguesa do Sul da China, embora de área relativamente restrita, não mereceu ainda qualquer estudo geo- lógico. .Na mui escassa bibliografia, em descrições sempre de carácter bastante geral, apenas se faz alusão à sua constituição de rocha granítica, aqui e além coberta ou ligada por depósitos sedimentares modernos. Por tal motivo, sempre nos seduziu a idéia de obter os indispensáveis elementos para se poder elaborar aquêle estudo. Assim, aproveitando a estadia em Macau, como professor do liceu, do antigo colega Dr. Artur Oonzalez de Medina, lhe solicitámos o envio do material necessário. Prontamente foi satisfeito o nosso pedido, tendo-nos sido remetida valiosíssima colecção petrográfica. Belo exemplo, muito para desejar que seja seguido. A prematura morte daquele saüdoso amigo, espírito cheio de nobre curiosidade e de altas qualidades de carácter e de inteligência, veio entravar os nossos desígnios; visto carecermos ainda .de vários exemplares de determinados pontos,e, ern espe- cíal, da ilha de Coloane, bem como indicações relativas às disposições, no local, dalgumas rochas. Apenas poderíamos preencher essas lacunas com poucas informações que êle por carta nos tinha comunicado, e que são sujeitas à dúvida, como é natural, pois, além de não possuir os elementos imprescin- dfveis para um exame rigoroso, não se tinha especializado-em estudos geológicos. Perdida a esperança de podermos conseguir de fonte dife- rente os materiais julgados indispensáveis, resolvidas sérias

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·GEOLOGIA DA PROV1NCIA DE MACAU

POR

. J. CARRINGTON DA COSTAOATEDJÚ.TIOO DE GEOLOGIA NA UNIVERSIDADE DO PÔRTOOOLABORADOR DOS SERVIÇOS GEOLÓGI~OS DE PORTUGAL

A colónia portuguesa do Sul da China, embora de árearelativamente restrita, não mereceu ainda qualquer estudo geo­lógico. .Na mui escassa bibliografia, em descrições sempre decarácter bastante geral, apenas se faz alusão à sua constituiçãode rocha granítica, aqui e além coberta ou ligada por depósitossedimentares modernos.

Por tal motivo, sempre nos seduziu a idéia de obter osindispensáveis elementos para se poder elaborar aquêle estudo.Assim, aproveitando a estadia em Macau, como professor doliceu, do antigo colega Dr. Artur Oonzalez de Medina, lhesolicitámos o envio do material necessário. Prontamente foisatisfeito o nosso pedido, tendo-nos sido remetida valiosíssimacolecção petrográfica. Belo exemplo, muito para desejar queseja seguido.

A prematura morte daquele saüdoso amigo, espírito cheiode nobre curiosidade e de altas qualidades de carácter e deinteligência, veio entravar os nossos desígnios; visto carecermosainda .de vários exemplares de determinados pontos,e, ern espe­cíal, da ilha de Coloane, bem como indicações relativas àsdisposições, no local, dalgumas rochas. Apenas poderíamospreencher essas lacunas com poucas informações que êle porcarta nos tinha comunicado, e que são sujeitas à dúvida, comoé natural, pois, além de não possuir os elementos imprescin­dfveis para um exame rigoroso, não se tinha especializado-emestudos geológicos.

Perdida a esperança de podermos conseguir de fonte dife­rente os materiais julgados indispensáveis, resolvidas sérias

SGP
Referência bibliográfica
Boletim da Sociedade Geológica de Portugal, Vol. III, Fasc. III, 1943.
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dificuldades de outra ordem independentes da nossa vontade (5),e atendendo à necessidade, que nos foi evidenciada pela Juntadas Missões Geográficas e de Investigações Coloniais, de efecti­varmos quanto. antes aquêle nosso propósito, resolvemos apre­sentar êste estudo preliminar, bem como o esbôço geológicodessa Provincia. Para isso, fomos colher ainda alguns dadosem vários relatórios de hidrologia e de trabalhos do pôrto.Desta sorte, nem todos os elementos de que podemos disportêm o mesmo valor, e, assim, é natural que de futuro sejanecessário fazer correcções e aditamentos, tanto mais que nãoobservámos directamente os locais.

É-nos muito agradável deixar aqui consignados os nossosmelhores agradecimentos ao ilustre Presidente daquela Junta,Eng," Bacelar Bebiano, pelas facilidades concedidas.

Do estudo das rochas eruptivas se encarregou o nossoassistente Dr. Coteio Neiva, que, como sempre, com cuidada einteligente proficiência o elaborou.

** ,*

Neste trabalho apenas trataremos dos territórios que nãoestão em litígio, ou seja da península de Macau e das ilhas daTaipa e de Coloane.

Encontra-se a nossa Província em curiosa e bem indivi­dualizada região natural, limitada em grande parte pela cordi­lheira de Nanling. Devido a isso, o relêvo que é bem acen­.tuado a Norte e a Noroeste, vai-se atenuando para Sul eSudoeste. Três grandes rios, de extensas bacias hidrográficas,a cruzam, o Tungkiang, o Peikiang e o Sikiang, sendoêsteúltimo o maior. Todos vão desaguar próximo de Cantão,onde se estabeleceu ampla planície aluvial, o que faz suporerradamente a presença de um delta (25), que tem sidodeno­minado do Tigre, na qual afloram pequenos cabeços arredon­dados, de encostas rápidas, que mais se evidenciam devido àcôr avermelhada e à nudez.

Junto à costa também emergem do seio das águas idên­ticas elevações, em grande número, originando complicada rêde

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de canais; os quais, devido a tortuosidades e a irregularidadesde secção, se vão colmatando, dando lugar à união daquelesnúcleos por terrenos, mais ou menos alagados, que geralmentesão utilizados para a cultura do arroz. De tais núcleos fazem

. parte Macau, Taipa e Coloane.A península de Macau encontra-se ligada por estreito

istmo. à ilha chinesa de Chong-San, e é constituída por aflora­mentos de rochas eruptivas, reünidos, ou em parte cobertospor sedimentos de várias origens,-e, decerto, de diversas idades.Aquêles apresentam-se em colinas que se dispõem segundoduas curvas irregulares, uma envolvendo em parte a outra,além do afloramento que, não há muito, era a ilha Verde.A primeira linha de alturas, que da direcção Noroeste-Sudestepassa à de Nordeste-Sudoeste, é formada, no troço inicial,pelas colinas de Mong-Há e de Dona-Maria, e entre as quaisse mostra a pequena elevação conhecida por Montanha Russa,para depois se continuar pelas da Guia e de São-Jerónimo.A outra, quási rectilínia, pois apenas na sua extremidade seten­trional se volve a querer ligar ao montículo onde se encontra agruta deCamões,tem as colinas de São-Miguel, de São-Paulo­-do-Monte, da Penha e da Barra. A maior altitude encontra-sea 110 metros, no alto da Guia.

Esta como ossatura da península de Macau é constituídapor várias rochas, na sua maioria da família do granito, emque predominam os tipos calco-alcalinos. O granito maiscomum é de grão médio a grosso. com feldspatos - ortoclase eoligoclase - esbranquiçados e rosados, cujos cristais, por vezesassaz desenvolvidos, lhe dão aparência porfiróide; tem duasmicas, mas a biotite, se bem que esteja em pequena proporção,é mais abundante do que a moscovite; nalguns pontos háocorrência de granadas e de horneblenda. Quando o grão' darocha se torna mais fino, esta adquire fácies aplítica, comoacontece da Ponta-da-Barra à Penha, em São-Francisco, naGuia, em Mong-Há e no seu prolongamento para o istmo, ouentão é porfiróide, e, por conter bastante biotite, de côr cinzento--azulada, como em Macau-Siac. .

Esta rocha fundamental, aqui e além com diferenciaçõespegmatítícas, é atravessada em muitos locais - especialmente

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em Mong-Há, Guia, São-]anuário e Penha - por aplitos graní­ticos de côr esbranquiçada ou rósea, que, supomos, corres­pondem às «bêtas de íeldspatos» a que se faz referência emalgumas descrições. Ainda, um pouco por tôda a parte,existem veios quartzosos, certamente de origem hidrotermal,em geral piritizados. A piritização chega mesmo a atingir tôdasas outras rochas.

Um dos factos mais importantes a registar, é a presença,em São-Francisco, não sabemos em que modo de jazida, derocha negra, acinzentada, com pequenas manchas esbranqui­çadas de calcite, resultantes da alteração da olivina, mineralêste em que é muito abundante, bem como em magnetite.Devido à caulinízação do feldspato, que se mostra em micró­litos, não é possível fazer com rigor a determinação desejada.

A primeira hipótese a apresentar é a de que se trate deesquizólito filoniano. Na verdade, não são raros os micrólitosem lamprófiros; também, muitas vezes, nêles se regista aocorrência de olivina; e, não obstante muitos autores afirmaremque, nestas rochas, em regra, a magnetite se não encontra, ou,quando muito, aparece em pequena quantidade,' a verdade éque Vogt, por exemplo, notou-a em cêrca de 20 % entre osminerais constituintes de alguns espessartitos da Grécia.

Mas, os lamprófiros, que correspondem ao cortejo desegmentação granítica, são habitualmente ricos em' biotite eem ortoclase, embora isso não aconteça nos espessartitos,entre os quais, todavia, bem difícil seria colocar a rocha deSão-Francisco. Se esta, por estudos posteriores, puder vir aser considerada como de esquizólito filoniano, é então deadmitir que esteja em relação genética com outras rochas,que não as graníticas. .

. Apesar do mau estado do feldspato, o Dr. Cotelo Neivainforma quâsi poder garantir que se trata de labradorite, peloque, e ainda atendendo à grande abundância de olivina e demagnetite, foi levado a considerar aquela rocha como basáltica.Será,' assim, um tipo extremo do oceanito, equivalente efusivodo troctolito.

É curioso não haver noticia de ter sido registada a pre­sença de outras rochas melanocráticas na península de Macau..

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Chegámos a pensar, que a designação de praia de Areia-Pretaestivesse relacionada com a sua ocorrência em outro local.Não tendo encontrado em parte alguma qualquer alusão àorigem daquele nome, recorremos à amabilidade do Dr. Antóniodo Nascimento Leitão, espírito inteligentemente observador, quebastantes anos viveu naquela nossa Província, e a quem, apro­veitando a oportunidade, desejamos aqui deixar patente o nossoreconhecimento por tôdas as valiosas informações e publicações,

. que teve a gentileza de nos enviar. Eis o que nos escreveu atal respeito: liA areia é, na verdade. -mais escura do que, porexemplo, a da praia de Cacilhas, também a Nordeste da península.A côr escura é do lôdo, que se alastra na baixa-mar, ficandodescoberto em longa extensão, e que na enchente é revolvidona areia". Não vê outro motivo que justifique o qualificativo.

O facto de ter sido encontrada aquela rocha no meio deformação granítica, e de não haver notícia de outras da mesma

.espécie em tôda a Província, não é, contudo. para causarsurprêsa, Trata-se de área bastante restrieta, comparada. porexemplo, com a Galiza, onde apenas num local, Larazo-LasCruces, Schulz reconheceu um dique basáltico, que mais tardefoi estudado por Parga-Pondal . e, no nosso Pais, também foicolhido basalto, de que existem exemplares no Instituto Supe- .rior Técnico, numa extensa área essencialmente granítica. emMassueime, no distrito da Guarda.

Êste problema só poderá ficar resolvido após cuidadoexame -local e. com o estudo de exemplares em melhor estado.Por agora, porém" é de julgar como mais lógica a classificaçãoapresentada. - .

Não são conhecidos outros tipos de rochas eruptivas napenínsula de Macau.

Nesta região, onde a temperatura é relativamente elevadae há sempre bastante umidade, a deterioração das rochas faz-secom relativa facilidade. Os feldspatos dão lugar a formaçõesargilosas, tipo niontmorilonftico ou caulinítico, a biotite clori­tiza-se e ocasiona impregnações de óxidos de ferro, por suavez a pirite oxidando-se produz sulfatos básicos de ferro detonalidades verdes. Depósitos dendríticos, manganesianos, nãosão raros.

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Estas alterações motivam a individualização de blocos e aformação de areias graníticas mais ou menos grosseiras, que sevão acumulando nos pontos baixos. É esta uma das espéciesde sedimentos. Outras há de origem diferente. Assim, a con­correr para o assoreamento da região e a unir os . núcleosemergentes, acumulam-se as vasas e produtos terrígenos maisgrosseiros que os três grandes rios do Sul da China constante­mente carreiam. Da associação dêstes vários materiais, resul­taram dep6sitosargilo-arenosos de coloração diversa, vermelha,amarela, verde, etc., que, conforme as circunstâncias, ora apare­cem mais siliciosos, ora mais argilosos.

Evidencia-se que a sedimentação se deve ter dado emmeios diferentes. O meio subaquático actua essencialmentecomo redutor, enquanto que o subaéreo tem acção oxidante.Isso traduz-se, embora sem ser de modo absoluto, no facto de.,

.no primeiro caso.' os sedimentos serem acinzentados, ao passoque, no segundo, dominam côres mais vivas."

Estas rochas nunca foram estudadas, nem conseguimosobter amostras que nos permitissem fazer seguro [uízo quantoà sua composição. É natural que se encontrem verdadeiras

_ argilas mais ou menos evolucionadas, cauliníticas ou haloísí­ticas, que resultaram da alteração dos minerais aluminosos dasrochas eruptivas tão abundantes na região; mas é possíveltambém que, .ern alguns pontos, se trate de rochas plásticasmuito heterogéneas, pelitos, de grãos com 1 ou 2 tJ. de diâmetro.Muitas delas devem ter resultado da consolidação de vasas,e. Cayeux verificou que estas, com freqüência, têm pequenaquantidade dos minerais característicos das argilas, abundando,porém, os mais variados materiais, quartzo, Ieldspatos, micasdiversas, óxidos de ferro, mesmo minerais pesados.

Os sedimentos acima referidos, com possança variável,ocorrem na península um pouco por tôda a parte. como emPatane, Mong-Há, San-Kiu, Sa-Kong, Long-Tin-Chin e Tap-Siac.Constituem, de modo geral, as chamadas II várzeas ", áreas deterrenos alagadiços, onde em vários sítios se mantiverampequenas lagoas, as quais desapareceram com os aterros quepermitiram a construção dos novos bairros da cidade. Há qua­renta anos estendiam-se entre Long-Tin-Chine o rio. Mais

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recentemente, segundo' nos comunicou o Dr. Nascimento Leitão,• o que restava daquela depressão era uma pequena lagoa, aOeste-Sudoeste da Montanha Russa, seguida de uma outra,pr6ximo dela, que ainda existe -no jardim do falecido capita­lista Lu-Lin-Ioc, designadas pelo pomposo nome de lagos deMong-Hã»,

No istmo predomina~ areias. Pr6ximo do jardim da ;Flora, no sopé da colina da Guia, a 'rocha compacta, muitoprovàvelmente plutónica, s6 se encontrou a profundidades quevariamentre6m,4 e 17m,7;em Mong-Há, a sonda atingiu de12 a 17 metros um estrato de argila branca com a espessurade 5 metros, todavia, em Sakong e Sankin, não se reconheceuformação eruptiva até 22 metros. Com as sondagens no pôrtointerior verificou-se, também, que a superfície consistente eramuito irregular, pois, se em vários locais foi descoberto o gra­nito à profundidade média de 8 metros, em outros só muitodificilmente era reconhecido. Argila bem lapidificada foi notadaa 4m,2 em frente do Pagode da Barra.

Tal irregularidade permite .que a toalha hídrica, bastantesuperficial, aflore em alguns pontos, tendo dado lugar a pânta­nos, como antes referimos, sendo os terrenos baixos saturadosde umidade.

É necessário fazer referência particular a sedimentos maiscoerentes, como os grés róseo-amarelados da vertente oriental daPenha e os da Guia. Êsses, pela sua coesão e modo de jazida,devem -ser mais antigos, como veremos, e formaram-se, provà­velmente, em bacia continental, depois desmantelada.

Não há conhecimento de se terem encontrado fósseisem qualquer ponto, tanto nestas como nas anteriores rochasdetríticas.

Na maioria, as praias são de vasa i as de areia apenasocorrem nos pontos em que a agitação da água é quásí perrna­nente. E, a não ser próximo das costas, raro é os fundos apre­sentarem areia, calhaus ou rocha consistente. / Por tôda a partepredominam os materiais granulimêtricarnente muito finos.

O Eng,v Adolfo Ferreira de Loureiro (29), que cuidadosa­mente observou êstes depósitos móveis, escreveu que todos êlessão de origem continental, transportados pelos três rios reíe-

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ridos. E narra: "quando os ventos agitam as águas, semmesmo ter havido chuvas superiores que arrastem as terras, asvasas do fundo e das margens são levantadas e turvam tôda aágua em uma larguíssima área, dando-lhe uma côr mais oumenos barrenta e amarelada, que nas proximidades de Macaue no seu pôrto lhe faz perder tôda a transparência". Todavia,

. acrescenta, que "OS lôdos que formam o. leito do canal sãocompletamente estáveis e não manifestam movimento algumde escorregamento". Aquêle fen6meno de tixotropia, e êstecom~ que de rápida diagénese são próprios de tal espécie dedep6sitos.

Não há, porém, nenhum estudo com carácter petrol6gico.Apenas se fêz referência, (27) à análise de mistura de vasascaptadas no pôrto interior e na Praia Grande, nas quais se reco­nheceu grande percentagem de azoto, o que não admira vistoterem sido colhidas próximo de aberturas de colectores. Deter­minou-se: "azoto amoniacal 0,012- azoto albuminóide 0,890".Esta análise foi, como é natural, feita com objectivo diferente.

Aquêles que têm procurado saber a origem da matériaorgânica nestes sedimentos, limitaram-se, em geral, a dosear oazoto nas suas várias modalidades, mas o resultado só se tornaverdadeiramente significativo quando é também avaliado oteor em carbono, por se poder estabelecer a relação entreêle e' o azoto orgânico, valor êsse que permite tôdas as com­parações, dispensando 'o exame granulimétrico.

Desde o ponto de vista que nos interessa, seria muito neces­sário averiguar a percentagem de ferro, pois, para se conseguirinforme de valor sôbre o estado de evolução dos sedimentosvasosos é conveniente verificar a maneira como varia a rela­ção entre o ferro total, melhor 'ainda o ferro activo, e a matériaorgânica total, expressa ou não em carbono. A fracção coloidal,na maioria dos casos de matéria orgânica e de compostos deferro, de que depende a plasticidade, é que dá ao sedimentoaspecto homogéneo e continuidade, além. de lhe conferir çarácteractivo, evolutivo.

O conhecimento da percentagem de matéria orgânica é.,

ainda, para alguns de grande importância, por lhes parecer serela a representar primordial papel na sedimentação dos dep6-

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sitos vasosos; julgam que êstes apenas se formam quando aágua transporte quantidade .suficiente daquela matéria, especial­mente vegetal." Por outro lado, também tem sido admitidoque tais depósitos correspondem à íloculação, pela água domar, dos colóides trazidos pelos rios. Pensa-se, porém, nãoser êste o fenómeno dominante nos estuários. Em primeiro

·lugar, o que importa é o alto teor da matéria em suspensão naágua. Ora, essa concentração anormal resulta, quási sempre, defenómenos hidrodinâmicos, considerados por Glangeaud osdirigentes. Segundo êste autor, forma-se um "tampão vasoso»devido a turbulência de particular importância provocada pelaenchente da maré, que repele. os materiais trazidos em suspen­são quando da vasante anterior. Dêste modo, se vai tornandocrescente a acumulação de partículas, o que origina mais fácilsedimentação.

Outrossim, para o Prof. Bourcart, para Ralcévíca e paraFrancis-Boeuf, êsses depósitos dependem essencialmente domovimento das marés, embora com outro aspecto, facto que játinha sido pôsto em evidência pelo Eng," Adolfo Loureiro (29),com um método e uma minúcia dignos da maior admiração.O estudo que realizou, embora há muito, deve ter sido, pensa­mos, do maior interêsse nas obras dos portos da região.

Há grande semelhança na constituição geológica das ilhas.A. da Taipa apresenta dois núcleos fundamentais de terrenoseruptivos, a Taipa Pequena e a Taipa Grande - outrora duasilhas --' respectivamente com as altitudes de 112 e de 160 metros,em parte cobertos, unidos e circundados por sedimentos argilo­-arenosos, como na península de. Macau. Aqui e além, ainda senotam várzeas, mas não com aspecto tão acentuado de depressãocomo ali.

A rocha dominante é, também, o granito calco-alcalino, orade grão grosso a médio, ora de grão fino, esbrariquiçadoouróseo, com pouca biotite, por vezes granadífero. Os cristais deortoclase desenvolvendo-se tornam-o porfiróide.

Um pouco por tõda a parte, os maciços encontram-seatravessados pelo habitual cortejo de filões, quer de aplitosgraníticos, em que no meio da pasta finamente granulada,

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esbranquiçada ou rosada, de feldspatos e de quartzo, se desta­cam pequenas manchas negras resultantes da concentração dabiotite, quer de pegmatitos com curioso aspecto devido-à associa- .ção da côr rósea da ortoclase à côr verde da microclina. Porvezes o pegrnatito é gráfico.

Em bastantes pontos mostram-se veios hidrotermais dequartzo mineralizados pela pirite; o Dr. Medina comunicou-noster observado em alguns locais a antimonite.

A mais interessante ocorrência, a registar, é a de rochaseruptivas saturadas, Foram colhidas na parte Norte da. Taipa.Pequena. São afanítícas, de côr cinzenta-escura esverdeada,ou esverdeada-escura quando alteradas.

Novamente, aqui se põe o problema das possíveis relaçõesgenéticas de. tais rochas com as graníticas. Nenhuma indica­ção conseguimos obter quanto ao seu modo "de jazida, mastemos fortes razões para supor que a sua vinda tenha sidoanterior à do granito com que está em contacto, pois, êste, emcurioso exemplar que possuímos, parece ter metamorfizadoaquêle, que se encontra um tanto xistoso, com grão. mais fino, eenriquecido em sílica.

Essas rochas - holocristalinas, de textura porfirftica - têmfeldspato andesina-labradorite e piroxena diopside, que tanto seobserva nos fenocristais como nos micrólitos. Entre os elementosacessórios, notam-se magnetite e· apatite, mais raramente zircão,esfena ou quartzo. Devido à composição e textura foramconsideradas pelo Dr. CoteI o Neiva como andesitos normais.

É verdade que alguns odinitos podem apresentar-se deforma semelhante. Êstes, que segundo Beger correspondem afácies porfirítica de bordadura dos espessartitos, são, paraSandkühler, modificação dos malchitos, os quais, por sua vez,não corresponderão, como se pensava, a produtos de segmen­tação .aplítlca de magmas diorfticos, mas, sim,a esquizólitosbásicos de granitos.

Se bem que em Hsiang-Shan se encontrem rochas comdiopside na pasta, e labradorite-bitounite e dialage em feno­cristais, que foram classificadas como odinitos (41), o certo éque se pensa ser característica destas rochas a presença. dehorneblenda.

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Nestas formações filonianas há grande variedade de compo­sição mineralógica, embora com analogias bastante nítidas entresi, como se verificou na região de Hochwald-Steige-Andlau e nosVosgos. Aqui, o teor em ortoclase pode chegar a ser tão fraco quese é tentado, por vezes, a considerá-Ias como de microdioritosou deespessartitos,mas são de quersantitos, com mais probabi­lidade. Friedlãnde e Niggli observaram alguns lamprófiros comfenocristais de diopside numa pasta de estrutura microscópica,quási microlitica, nos quais o feldspato parece ser unicamenteplagioc1ase, mas a análise admite grande quantidade de ortocIase.Por tal, razão, julga-se provável estar a potassa em grandeparte encorporada em mica, e, portanto, a rocha. que pela suacomposição mineralógica se aproxima do espessartito, .deve ser,antes, um quersantito heteromorfo.

É para evidenciar, que o estudo petrográfico tem mostradoapresentarem as rochas de fácies lamprofírica, de modo geral,composição química em relação com a dos granitos queatra­vessam.

Pelos motivos expostos, consideramos, por agora, aquelarocha da TaIpa Pequena, que junto à Reprêsa parece estarmetamorfizada pelo granito, como andesito, e mais antigo doque aquêle.

Embora seja esta a ordem de vinda a aceitar no caso pre­sente, em virtude do metamorfismo referido, achamos con­veniente recordar - para pôr em evidência a necessidade decolhêr novos elementos - que, na Europa, se têm encontradorochas andesfticas cuja origem é possível estar associada à génesede granitos.

Filões de andesitos de íãcíes lamprofírica, de texturadolerítica ou microlitica, foram reconhecidos, com frequência,pelo Prof. Lacroix, na periferia dos maciços graníticos dos Piri­néus Centrais, e,no Ariêge, o Prof. Raguin e Durand, assi­nalaram andesito mais ou menos quartzítico passando a da­cito, no qual a biotite substitui a antíbola ou a piroxena,sendo seu parecer que esteja relacionado geneticamente com omaciço granítico, embora em vinda tardia, pela sua proximi­dade dos veios metalíferos. E, julgam ser lógico" pensarque as regiões onde se mostram os filões andesíticos, correspon-

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dam a zonas mais fracturadas e de actividade magmática maisduradoura.

Por outro lado, parece estar averiguado na península daMalaia, de modo evidente, que as-intrusões eruptivas se iniciarampor formação de esquizólitos, com a seguinte seqüência: lam­prófiro ~-+ granito horneblêndico --+ granito moscovitico (38l.

No caso da ilha da Taipa, só cuidado exame local poderásolucionar o problema.

De mais extensa área é a ilha de Coloane, de costas alcan­tiladas, com altitudes um pouco maiores, 174 metros em Coloane­-Alto e 127 metros no monte Kaho. Vários núcleos de rochaseruptivas se encontram irregularmente destribuídos, e, entreêles, depósitos sedimentares. Nos pontos. baixos, existem

. terrenos alagadiços, lodaçais, que determinam pequenas lagoastemporárias em alguns sítios, enquanto que noutros permitiramo estabelecimento de arrozais. Estas depressões, porém, nuncaestão em comunicação com o mar.

O material petrográfico põsto à nossa disposição apenasdiz respeito à região Noroeste, da vila até próximo de Coloane­-Norte, Do resto só conseguimos informações de escasso valor.

As características Iitológicas mantêm-se, predominandoainda os granitos dos vários tipos já indicados, alguns de grãobastante fino. Aqui, porém, a biotite é mais abundante, havendomesmo, em alguns pontos, encraves homeógenos ricos dêstemineral.

Há, ainda, que fazer referência a bem curiosa fácies que,por vezes, o granito apresenta, dando à primeira vista a impres­são de que se trata de outra rocha. Os grãos do quartzo e dosfeldspatos são de grandeza média em certas áreas, enquanto queem outras os do quartzo são menos volumosos, mas, o aspectomui pouco vulgar, é dado pela presença de cristais alongados eachatados, negro-esverdeados, de mica tipo meroxena, que, con­forme a orientação na superfície de fractura, se mostram oracomo manchas, ora como finos cristais alongados, entrecru­zando-se, Encontra-se em Siac-Pai-Vane, onde faz passagem aosienito. Como tem textura ainda não descrita relativamente

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a granitos, o Dr. CoteIo Neiva denominou êste ~de fáciespseudo-shonquinítica», devido a certas analogias texturais comos shonquinitos:

Os pegmatitosgraníticos não são raros.Na ilha de Coloane há filões de microgranitos potássicos,

bictíticos, que ainda não foram reconhecidos na Taipa e emMacau. A rocha, quando fresca, é acinzentada; por caulinizaçãotorna-se branca. Embora muito compacta e aparentementehomogénea, notam-se pequeninas pontuações de biotite e. porvezes, de granadas.

Andesitos diopsídicos, semelhantes aos da ilha da Taipa•. também aqui ocorrem em alguns locais.

Há, cruzando o granito. veios· que, segundo descriçõescomunicadas, devem corresponder, uns, claros, a aplitos e-aquartzo leitoso, outros, negros, a esquizólitos filonianos Iam­protíricos, O Dr. Medina íêz.: ainda, referência ao apareci­mento da pirite em muitos pontos, e informou-nos da existênciade rochas que lhe «não pareciam pertencer ao habitual cortejodum afloramento granítico», Mas, não nos chegou a enviaros exemplares respectivos.

Pensamos, por isso, que será possível colhêr na ilha deColoane material de bastante interêsse científico.

** *

Conhecida a constituição petrográfica, torna-se necessário,para. completar o estudo geológico da Província de Macau, datardevidamente as diversas formações. Só depois disso, é que aspoderemos distribuir dentro do quadro da evolução paleogeo­gráfica da Ásia oriental.

Infelizmente, não foram ali encontrados fósseis, e os depó­sitos sedimentares não revelam particularidades litológicas quepermitam, com alguma probabilidade, procurar paralelismos, a.não ser em casos muitos gerais. Nestas condições, o nosso objec­tivo apenas se atingirá se tivermos em consideração o conheci­mento geológico e tectónico respeitante às regiões circundantes,

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o que, no caso presente, oferece bastante segurança, visto terárea muito restrita a nossa Colónia. Há, portanto, que. analisara estrutura Iitológica e a paleontologia da província chinesa deKuangtung e das colónias, inglesa de Hongkong, e francesa deKouang-Tchêou-Wan..

Algumas minúcias não serão descabidas. Mesmo poderãoser bastante úteis a futuros investigadores. Em particular, asilhas' da Taipa e de Coloane estão ainda, sob êste aspecto,exploradas de modo muito deficiente, e o chamar a atenção paraas formações das vizinhas áreas, possivelmente, dará lugar a queobservadores menos especializados, ou que não consigam obtera numerosa bibliografia necessária, venham a ser solicitados aprocurar correlações e paralelismos, e, sobretudo, a dar valor aachados, que, em caso contrário, lhes pareceriam sem utilidade,

É na parte- ocidental da província de Kuangtung, que seencontra a série estratigráfica mais completa (25). A base - doArcaico - é constituída por gneisses, com grandes cristais ·defeldspato, nitidamente xistosos devido a espêssas camadas demica. Em alguns pontos, e em relação pouco clara com êstesubstrato, mostram-se xistos, quartzitos e mármores que, emdúvida, estão classificados como do Algônquico (Wutai). Con­tudo, parece indiscutível a presença dêste sistema numa - zona.orientada aproximadamente Este-Oeste a Sul da cadeia deNanling, a qual é, aqui e além, atravessada por granitos edioritos.

Formações metamorfizadas de Iácies agnotozóica, mas deidade indeterminável, são ainda conhecidas na parte oriental deKuangtung, onde .gneisses, xistos, filitos, etc., estão também pene­trados pelos granitos e, mais raramente, pelo gabro. Por sua vez,na colónia de Hongkong, a série Shamchun, com 2.000 metros depossança, contém na base grés quartzosos cinzentos muito com­pactos, quási quartzitos, a que se sobrepõem filádios cinzentosou avermelhados, e, na parte superior, quartzitos mais ou menosfilitosos, esbranquiçados, associados a argilitos.

E~ tôda a extensa região que consideramos, as outras forma­ções estão nitidamente discordantes sôbreestas, sem dúvida

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devido aos movimentos tectónicos denominados lulianianospelos geólogos que têm estudado' a China, paralelizados comos laurencianos da América-do-Norte e com os pré-terridonianosdo Noroeste da Europa. Tais actividades orogénicas deramlugar à emersão de área considerável- a velha Cataisia deOrabáu (11) - que incluia o escudo antigo Sino-Malaio. Estaparte, da Ásia, segundo fromaget (8), pertenceu sempre aobordo Sudeste do continente euroasiático ; bordo êsse comparti­mentado e ressoldado por diversas vezes, devido a' actuaçõestangenciais.

Aquela espêssa série de Shamchun, em Hongkong, quealguns aceitam como algonquiana, pode, apesar da sua meta­moríização, colocar-se, pelo menos em parte, no Paleoz6ico,visto' a idade liássica dos terrenos mais antigos que se lhesobrepõem.

. É possível que seja contemporânea da série Lungshan, munopróvãvelmente cambriana (siniana), que no Kuangtung ocidentalapresenta, com possança de mais de mil metros, grés xistososcinzentos e amarelados, alternando com filãdíos cinzento-esver­deados, quartzitos brancos e argilitos negros e variegados,

São silurianos, decerto, os calcários de Lunghuyen quea essa se sucedem, maciços, azulados, fossiliferos - com hastes decrinóides na base-que passam a dolomitos e calcários margosos,em finas camadas, e aargilitos negros. A êstes depósitos ordovi­cianos seguem-se outros gotlandianos, bem datados por nume­rosas graptolites, dos géneros Monosraptus, Diplograptus e

. Retiolites, recolhidas na' argila compacta, negra, do tôpo, que.cobre outras argilas e grés de colorações várias. '.

'É só a Ocidente que estas formações de fácies marinha seencontram, e, ai, todos os outros materiais que as cobremestão em discordância. Isto evidencia importante orogenia, acaledoniana. Convém registara formação de granitos, os quaisapenas parecem ocorrer no lado oriental da região que nosinteressa. Da mesma idade devem considerar-se aquêles, acimareferidos, intrusivos no conjunto agnotozóico.

Na maior parte da China, o Dev6nico é de inicio continen­tal, ou com fácies semelhante à dos «velhos grés vermelhos" daEuropa e da América, mas, de seguida, nova transgressão, de

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menor amplitude que a das anteriores, vinda de Ocidente,atingiu em restrita área o Kuangtung. Aqui. os depósitosclassificados devonianos - as séries de Tinghushan, MeIling eMangtsuhsia -são, em geral, grosseiramente detríticos, comconglomerados na base, depois grés e argilitos numa espessuraque chega a ultrapassar mil metros. Não estão representados emHongkong e seus arredores. ,

Com mais ou menos evidente seqüêncía regular, de estra­tificação, sucede-se o Carbónico inferior, marinho. com abun­dantes fósseis dos géneros Schellwleneüa, Chonetes, Productus,Cystophrentis, Pseudouraünia, Syringopora e Dtphvohvttum,na formação de Shikang, muito variada petrogràficamente, e,dos géneros Euomphalus, Orthoceras, Actinoceras, Fenestellá,Zaphrentis e Syringopora, no calcário .de Yinteh.

Aumentou, assim, a actividade transgressiva, que tomou aindamaior incremento no Pérrnico. Durante êste período deposi­tou-se, no Kuangtung ocidental. o calcário de Tsihsingyen,maciço, cinzento claro. juncado de fragmentos de corais e dehastes de crinóides; e, a Norte, o calcário de Shaokuan, comSplrlfer, Rhloidomelia, Piurnax, Streptorhynchusv Drthotetes,Productus, Camarophoria, Chonetes, Tetrapora, Pavosites eSyrineooora, na parte superior xistóide, e numerosos fusulinídeosna parte inferior maciça cinzenta escura. A esta formação segue-sea série' de Huangkang, argilo-gresosa com finas camadas carbo­nosas, a qual se estende para Este num complexo de grés eargilas betuminosas.

Foi, pois. durante o período Antracolítico que o velhoescudo Sino-Malaio, sempre emerso desde o início do Paleo­zóico, mais profundamente foi ating-ido pelas invasões marinhas.Todavia, só na periferia da província de Kuangtung, especial­mente a Norte e a Ocidente. é que se fizeram sentir as trans­gressões e regressões motivadas pelas várias fases orogénicashercinianas. ,

Posteriormente à sedimentação dos calcários com fusuliní­deos,ocorreu a fase tectónica tungconiana, acompanhada deconsideráveis erupções basálticas, mas parece que estas nãoafectaram a área que nos interessa. Com a fase suwanianaterminou o Pérmico. Não são conhecidos granitos desta idade.

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foram os vários movimentos realizados até ao início doMesoz6ico que vincaram as directrizes fundamentais do relêvoda região, as quais, de modo geral, ainda hoje mostram a direcção'Sudoeste-Nordeste, -

Durante o Triássico deu-se outra extensa investida domar. Mas essa transgressão, que só ligeiramente alcançou aárea. em estudo. foi de curta duração. No final do período,novos e importantes movimentos tectónicos, eocimerianos, deter­minaram a emersão de todo o territ6rio chinês e. o estabeleci­mento de numerosas bacias lacustres.

Tiveram grande importância no Extremç-Oriente, comofoi pôsto em evidência pelo Prof. Argand (I), os movimentospré-alpinos, nas suas fases cimerianas: e a actividade tect6nicacontinuou com crescente intensidade durante tôda a era meso­zõíca, especialmente na China meridional (39).

No Jurássico existiram floras luxuriantes que, em depósitoslímnicos, produziram formações carbonosas, de grande impor­tância económica, em muitos pontos da Ásia .. Seus testemunhosocorrem a Oeste e a Este de Kuangtung, nas séries Hsiaopínge Chinshuwo, de grés acinzentados, amarelados ou esverdeados,e argilas carbonosas com f6sseis vegetais dos géneros Clado-

. phlebis, Ctathropteris, Nilssonia, Ptilophyllum e Podozamites.Os .argilitos e quartzitos da série de Shenchuan devem ser maisantigos, perniotriássicos.

Apenas em dois locais da China o Jurássico se apresentacom tãcíes marinhai no vale de Lukiang, no lünão, e. o queprincipalmente nos interessa. na ilha de Hongkong. Assim, éconfirmado pela formação do canal de Tolo com conglome­rados quartzosos, argilitos e brecha quartzítica, a que se associabastante argila negra em que foram colhidas amonites de génerosõ ali conhecido (13). representado .por duas espécies. Hong­kongite honakoneensis ORo e Hong. anguiatoide QUENSTD••

A sua afinidade com o género Schlotheimiaconfere-Ihe aidade líãssica (4).

Esta nova tentativa de invasão marinha sôbre o escudo Sino­-Malaio parece que somente nesse ponto atingiu a área em estudo,onde ainda deixou os dep6sitos do cume de Tolo, com a pos­sança de pelo menos 250 metros, constituídos por conglome-

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rados quartzosos espêssos, que suportam quartzitos brancos eesverdeados, e grés avermelhados alternando comargilitos.

Amplafoi a regressão do final do [urássico devida aosmovimentos neocirnerianos, designados no Oriente por yensha- .nianos, na sua fase ningchiana. Os' estratos daquele sistemamostram-se, por vezes, intensamente .dobrados, nos arredoresde Cantão e no distrito de Loéhang do Kuangtung septen­trional (6).

OCretádco chinês é inteiramente continental. A superfíciedos grandes lagos jurássicos foi reduzida, mantendo-se tranqüilaa sedimentaçãocaté ao final do Valdeano. Mas, logo no inícioda idade seguinte, intenso vulcanismo apareceu; lavas riolíti­cas, dacíticas e andesíticas Êobrirarn extensas áreas, devido àsegunda fase dos movimentos yenshanianos, a khinganiana, cor­respondente à austríaca de Stille. A tão violenta extrusãoseguiram-se, em larga escala, importantes intrusões de gra­nitos, microgranitos e granodioritos.

Todos êstes factos se encontram documentados na área quenos interessa. No Kuangtung ocidental, a série de Huapiaoshih,com possança de 400 metros, contém na base felsito vermelho­-escuro, a que se sobrepõem leitos alternados de grés purpúreose argilitos em que se intercalam tufos e mantos pouco espêssosde lava contemporânea, na parte superior, que termina poraglomerados maciços e conglomerados; e, no Kuangtung orien­tal, ocorre conjunto de rochas eruptivas, compreendendo rioli­tos, microgranitos, micropegmatitos, etc ..

Ainda se não conseguiu a determinação exacta da idadedestas formações dentro do sistema cretácico. Dúvidas tam­bém se apresentam na seriação dos materiais vulcânicos e plu­tónicos da região de Hongkong; todavia, é de aceitar, comomelhor, o seguinte, que julgamos conveniente indicar com maisminúcia.

Os depósitos da baía Repulse, que descansam discordante­mente sôbre o Liássico do canal de Tolo, são constituídos porcinzas vulcânicas, aglomerados, tufos piroc1ásticos e lavas felsí­

. ticas e riolíticas. Se bem que sem grande segurança, poder­-lhes-á ser paralelizada a formação, também'piroc1ástica e riolí­tica, com argila e calcário mais ou menos metamorfizados,

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exposta na passagem de Starling e na ilha de Kato. Admitem-se,porém, como mais modernas outras rochas efusivas que seencontram em Rocky Harbour, ainda mal estudadas, com feno­cristais de quartzo e de feldspato côr de cravo; e, mais recentesainda, os conglomerados, grés tufos os e argilitos, da bafade [unk,

Alternaram, com estas manifestações vulcânicas, fenómenosintrusivos. Primeiro, constituíram-se os colos, soleiras e diquesde riolitos. e microgranitos de Tai-Mo-Shan ; depois, origina­rarn-seos granodionitos e microgranitos de Tai-Tarn, os grani­tos de Hongkong e o microgranito de Lan-Toa.

Foi posteriormente, já no final do Cretácico, que novasactividades tectónicas se produziram. Últimos arrancos dosmovimentos yenshanianos, na sua fase mincheiana, que corres­ponde à laramidiana da América-do-Norte.

Como é natural, êste período foi também de grande impor­tância metalogenética. Formaram-se, em muitos pontos daChina, minérios de estanho, cobre, zinco, antimónio, volfrâmio,'etc., mais ou menos associados ao granito.

Os geólogos chineses Vih e Yü (41) pensam que, ime­diatamente após aquêles movimentos, se deram intrusões demenor envergadura, mas de carácter básico, gabro-dioríticase lamprofíricas nos montes de Nanquim, e larnprofíricas ao longoda costa de Chequião, Fukien e Kuangtung. Estas são visíveisem Hongkong.

Ao iniciar-se a era cenozóica, a China ainda se encontravacoberta. por grandes lagos, onde se sedimentaram depósitos decerta importância em algumas regiões. Todavia, o facto de, ouserem estéreis, ou estarem ainda por estudar, dá lugar a quenão seja bem conhecida a, estratigrafia dêste grupo.

Para Sul da cadeia Tsinling, o Paleogénico parece estarrepresentado por grés mais ou menos vermelhos a que se

-àssociarn, aqui e além, conglomerados e argilas, também porvezes avermelhados, pelo que tais formações são designadaspor «Red Beds». Aparecem, em todo o Kuangtung e em Hong­kong.: discordantes sôbre os depósitos subjacentes, a não serna parte ocidental. daquela província onde têm por base a sériede Huapiaoshih. E, ali, se lhe. sobrepõe em relação pouco

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clara, a formação Tatai. ~ a única, desta região, com fósseiscenozóicos de plantas. Essa formação mostra, na parte-inferior,espêsso conglomerado cimentado por areia ferruginosa e argila,e, na superior, grés ferruginoso com leitos interestratificados deIimonite, onde foram colhidos os f6sseis referidos.

A seguir à sedimentação de alguns dos depósitos verme­lhos, movimentos de grande importância tiveram lugar.

. É designada esta fase por maoshaniana, e, tendo-se iniciadotalvez ainda no .Oligoceno, prolongou-se por boa parte doMioceno, mas, a sua intensidade, variou bastante de região pararegião. É possível que deficiente conhecimento leve a reunirvárias fases sob aquela designação, e que ela corresponda,aproximadamente, às sávica e estírica de Stille. Julga-se quetal diastrofismo, além de falhas, originou, neste territ6rio, largasdobras de fundo, elevando o continente peniplanizado - o .'que motivou notável reactividade erosiva - embora para VanBemmlen (2), o Kuangtung, estivesse, no Neogénico, encorporadoem zona orogénica de tipo geossinclinaI.

Abundantes erupções basálticas irromperam em muitospontos. As lavas espalharam-se amplamente em grande parte dazona marginal da China, nas províncias de Shantung, Kiangsu eChequião, mesmo até à ilha de Ainão. Na col6nia francesa deKouan-Tchéou-Wan, encravada na província de Kuangtung,apresenta-se o basalto no lago Surprise,no monte [acquelin- ena ilha de Tan-Hai (Can-Hai). De resto, estas manifestaçõesestenderam-se pela Indochina, e, emtôda esta vastíssima área,prolongaram-se, pelo menos para alguns locais, durante o

- Antropoz6ico (22);A. fase tect6nica final deu-se após o Vilafranquiano - San­

meniano dos geólogos chineses - mas, parece, com caráctereminentemente epirogénico, embora rejuvenescedor dos dobra-mentos (33). .

Não é suficientemente conhecida, na região em estudo,a evolução paleogeográíica durante a passagem do Cenoz6ico .ao Antropoz6ico, todavia, há a certeza - caso an teriormentetivesse havido qualquer transgressão-de que no Pleistocénicose efectivou regressão marinha de grande importância, a qualpermitiu aumentar a ligação. continental, que mais ou menos

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existiu sempre durante o Cenozóico, entre as ilhas de Java"Bornéu e Samatra e a península de Malaca. Deu-se, em grandesuperfície, a emersão da contínua plataforma de Sonda e da costaindochinesa e chinesa, evidenciando-se de novo o antigo escudoSino-Malaio.

Posterior transgressão realizou-se, segundo os geólogosholandeses, após o último período glaciar, devido ã fusão dosgelos, e o mar atingiu posição não muito diferente da actual.Os recifes-barreiras que, a Sul, se estabeleceram no bordo daplataforma, durante o período regressivo, e que depois foramaumentando em altura à maneira que se dava a lenta trans­gressão, determinam linhaque corresponde à cota de-72 metros.Temos, assim, indicação precisa dos limites atingidos (31).Pode, porém, ter havido algumas diferenças quanto à zonacosteira do Sul da China, como veremos.

** *

Conhecido o ambiente geológico dos territórios confinantesda Província de Macau, é então possível procurar determinar aidade das suas formações, para depois se tentar reconstituir asua evolução paleogeográfica.

Como os depósitos sedimentares não apresentam f6sseis, ecomo as rochas dominantes são eruptivas, é,' por elas, quecomeçaremos a fazer as nossas considerações, e, em primeirolugar, relativamente às graníticas, visto estas se encontrarem emmuito maior percentagem.

Admitem-se, na China, granitos de três idades: agnoto­zõicos, anteriores ao Siniano (série provàvelmente cambriana);paleozóicos, posteriores ao Silürico: e, mesozóicos, jurássico­-cretácicos (25). Os mais antigos s6 ocorrem nas margens doVangtze e para Norte, portanto, bastante afastados da região quenos interessa, ou são de idade duvidosa como os que atravessamo gneisse no Iünão ocidental.

Muito mais pr6ximo, porém, na Indochina, que tem fron-

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teira com o Kuangtung,êles existem, visíveis no maciço de Song- .-Chay, e nos vales dos rios Narn-Ti, Vermelho, Negro e Sang--Ma, etc., para só citar os da área limítrofe.

Naquela colónia francesa reconheceram-se, de igual modo,granitos agnotozóicos, paleozóicos e mesozóicos (9). Todavia,parece haver para alguns certa diferença, no tempo, em relaçãoaos da China. Os granitos paleozóicos dêste país são maisantigos, pois, os indochineses, é possível corresponderem aoMoscoviano final, ao passo que aquêles são ante-devonianos­Há maior dificuldade em estabelecer paralelismo quanto aosmesozóicos; se estão bem datados na grande República doExtremo-Oriente, os dali não se encontram cobertos por for­mações cuja idade seja próxima da dos terrenos atravessados,por tal razão unicamente .se pode dizer que são posteriores aoLiássico, mas, com provas irrefutáveis, como foi apresentadopor Oubler (16).

Tenhamos por agora em atenção apenas os mais antigos, osque de momento nos interessam. Nos dois países os granitospré-carnbrianos mostram-se mais ou menos laminados e esma­gados, têm outras características mineralógicas, sendo, na reali­dade, segundo parecer do Prof. Lacroix. ortogneisses (22).

Independente de quaisquer considerações que seria possívelfazer em virtude de não estar ainda resol vido o importantíssimoproblema da génese dos granitos, um facto é para registar. arocha de Macau não apresenta as características daquelas.E. nestas condições, é mais lógico supor que ela seja atribuívela qualquer das outras duas idades. l Mas a qual delas?

Para dar resposta a esta pregunta torna-se necessário passarem revista o conhecimento petrográfico do Sudeste asiático.

Na Indochina, onde se encontram melhor estudadas asrochas-eruptivas. nota-se que as plutónicas mais freqüentes, bemcaracterizadas e sem acidentes notáveis. são calco-alcalinas.mais potássicas do que sódicas, granitos monzonfticos combiotite, de grão médio a grão fino. e, em diversos locais, porfi­róides. Contudo. existem alguns tipos em que as percentagensdos dois alcalis é outra, se aproxima, ou, então, Na 2 O predo­mina nitidamente sôbre K2 O. Passam. por isso. a granitosaqueríticos, em que o feldspato médio é oligoclásico, e, depois,

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aos granodioritos, caracterizados por o feldspato médio ser.andesínico.. Parece, porém, não ter havido variações sistemáti­cas na composição, em função do tempo. Facto êste, que vemdificultar o nosso desiderato.

Por sua vez, as rochas eruptivas chinesas não estão,na maioria dos casos, ainda. devidamente estudadas desde oponto de vista petrológico moderno. Mas, o Prof. Lacroix fêzanalisar, algumas da Iarnllia do granito, de entre as quais umade Macau (23), e, baseando-se em trabalhos de outros autores,chegou à conclusão de que há grande semelhança com asdaquela colónia francesa, pois, ao lado dos granitos francamentemonzonítícos, deparam-se outros; plaueníticos, em que os doisalcalis ocorrem aproximadamente na mesma proporção, além deaquerítlcos, como ali, e, mais, tipos de passagem aos granitosalcalinos. De igual modo, julga-se não haver diferença decomposição entre os das diversas Eras.

Desta sorte, para darmos posição cronológica aos da nossacolónia, temos que, além de atender à idade dos granitos dasregiões confinantes, ter em cuidado as suas relações com asoutras rochas eruptivas. Veremos, depois, que é possível che­gar-se a conclusão lógica.

Na província de Kuangtung, como referimos, as formaçõesagnotozóicas, a Este, são atravessadas por granitos, sendo osterrenos, que aparentemente se lhes sobrepõem, devonianos. Taisgranitos, por isso, foram considerados paleozóicos. Da mesmaidade têm sido admitidos alguns que se mostram no Norte,e, até, outros julgados gneisses. Heim (19) reconheceu, defacto, um granito com cristais de ortoclase de alguns centíme­tros que em grandes massas intrusivas se apresenta, com maisevidência, a Este de Cantão, do lado Norte do caminho deferro, e em Hongkong-Kowloon. Verificou, ainda, que emPeyünshen, situada a Norte daquela cidade, e na margem meri­dional do rio das Pérolas, existe rocha, em geral biotítica, masbinária nalguns pontos, sempre antes classificada como gneissearcaico, que, sem dúvida, é mais moderna do que os quartzitospermotriássicos. Devido a isso, concluíu tratar-se antes de gra­nito, do seu tipo -fluídal-, sendo aquêle outro de tipo-maciço'"

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Pelo que, tanto o 1) -/1.- 4. 2. 3 (4) -como 02)-['.'4;2'.3 (4)-são granitos calco-alcalinos plaueníticos de tendênciaaquerítíca. E, pela sua posição relativamente a sedimentos bemdatados, são considerados por Heim como mesozóicos.

O granito denominado de tipo «maciço- -,-2) - encon­tra-se com vários aspectos, . mas domina o que tem fenocristaisde feldspato e, por vezes, d~e horneblenda.

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o granito «fluidal» -1) - apresenta abundante biotite eraramente tem moscovite, como em Peyünshen. Examinado aomicroscópio reconhece-se que a sua textura é muito semelhanteà do outro granito. Heim refere, ainda, que a mica, de facto,se mostra neste em camadas mais ou menos paralelas, mas queos seus cristais não têm sinais de rotura, alongamento ou qual­quer espécie de deformação. E, contudo, é para registar, que atextura catac1ástica e a extinção ondulante do quartzo e mesmodo feldspato, são freqüentes nos granitos de Macau.

Tanto uma como outra das referidas rochas de Cantãosão atravessadas por diques e filões de granito de grão fino,de microgranito, de veios quartzosos, e, em mais -abundânciano Norte, por intrusões Iarnprofíricas.

Aquelas rochas desagregam-se em blocos arredondados desuperfície anegrada, os quais estão espalhados em profusão atéHongkong-Kawloon. Por antigas descrições depreende-se quehavia outrora numerosos blocos semelhantes em Macau.

É facto importante, aquêles dois tipos de granitos, queigualmente se encontram na .ilha de Ainão, fazerem aí pas-sagem gradual de um ao outro.· "

Das províncias próximas de Kuangtung - Hunan e Fukien- também se conhecem granitos mesozóicos, estudados porWashington e analisados por Miss Keyes (37).

3) -' Lal-Yang-Hsien 4) - Hsíao-Ohí-Sheh(Hunan) (Fukien)

Si 0.2 .AlfJ 0 3

.Fe2 0 3

FeO .MgO.CaO .Na 20.

K 2 0 .Ti 0.2 .

.P2 0 6 .HfJ 0+.H.2 0-.MnO.

65,6314,69

1,303,011,582,973,234,562,050,19·0,550,080,08

99,92

61,0516,49·

1,01 -3,973,005,613,093,53 •

··1,67.0,140,53

0,01

100,10

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Os quais têm as normas:li) ')

SiO~ livre 20,70 13.20Or . 27,24 20.57Ab 27,25 26,20An '. . . 11,95 20,85AlfJ O 8 livre.CaSiO B 0.81 2,55MI[Si0 8 4,00 7,50FeSiO B 1,32 3,70Ma 1,86 1,39/lm 3,95 3,19Hem .Ap 0.34 0,34An % 30 44Or

0,7 0.4Plag~b 12,3 18,7

510 ainda calco-alcalinos êstes granitos. Ao de Hunan­3) - corresponde o símbolo I (II). 4.2'.3., pelo que é monzo­nftico; e, ao de Fukien - 4) - 11.4. '3.3'.. A êste,os valoresaproximados entre as 'percentagens de NafJO e KfJO dão-lhecarácter plauenítico.

Do mesmo tipo são as rochas da nossa província asiática e dacolónia inglesa vizinha:

lí) Macau S) Coloane 7) Kowloon(anal. Raoult) (anal. Neiva) (anal. Raoult)

SiO J 72.68 71,96 74.32AIJ()8 • 12.72 13.91 13,24Fe~08 0.80 0,39 0,23FeO 2.47 2.53 1,64M.l[O 0.43 0,31 0.04CaO 2,58 1,16 1,32N{J~O 3,32 3,41 3.28KJO 3,78 4,82 5.49TiO' 0,74 0,67 0.17p J0 6 0,16 0,07 0,06 .HfJO+ 0,55

}0,880,27

HfJO- 0,02 0,14MnO 0,06 Vestigios 0,08

100,31 100,11 100,28

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As normas respectivas, são:

5) 8) 7)

Si O» livre . 32,76 29,76 30,3Or 22,24 28.36 32.8Ab . 27,77 28.82· 27,77An . . 8.90 5,00 4,73AlfJOslivre 1,22cssio» . 1,28 0,7

. MgSi0 8 1,10 0.80resto» 2,77 3,04 2,9Ma . 1,16 0,70 0,23Um 1,37 1,37 0,15Hem-Ap 0,34 0,34An"!» 24 15 7Or

0,6 0,84 1Plagr.b 8 6,3 4

Trata-se de granitos calco-alcalinos. O de Macau - desfmbolo I'. (3) 4. ~. 3' - é plauenítico ; o de Coloane - mon­zonítico, I'. 4. (l) 2. 3. - apresenta-se um pouco mais potás­sico do que sódico ; e, mais potássico ainda se mostra o deKowloon, próximo de Hongkong-cujo sfmbolo é 1.'4. (1) 2. 3."'- que faz passagem a granito alcalino.

Êste último, bem como tôdas as outras rochas da mesmafamília que ocorrem na colónia inglesa, são, sem dúvida, meso­zóicos, como tivemos ocasião de ver.~... É, pois. racional aceitar que sejam da mesma idade os daProvíncia de Macau. Vejamos, porém, se as suas relações comas outras rochas vêm apoiar ou contrariar êste critério.

Procuremos datar as rochas saturadas.Tivemos já ocasião de dizer que, na Taipa Pequena, há an­

desitos diopsídicos que parece encontrarem-se metamorfizadospelo granito, sendo portanto mais antigos do que êles.

Da Indochina poucos elementos temos, embora os ande­sitos, que são relativamente raros, se mostrem ai um poucopor tôda a parte. .

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A idade dêles é muito discutida. Primeiramente: foramconsiderados contemporâneos dos chamados, pelo Prof. Jacob,"carreamentos maiores", devidos a movimentos post-retianos(21). Mais tarde, Formaget (8)atribuíu-os ao Uraliano, se bemque, como fêz notar o Prof. Lacroix (22), estejam, em algunspontos, na base dos grés vermelhos continentais. Oubler, con­tudo, é da mesma opinião daquele (16).

Na China, as coisas tomam aspecto diferente. Os maisantigos andesitos que se conhecem são, sem dúvida, mesozóicos.Assim acontece em [ehol e no Kingan meridional, onde consti­tuem a série de Hsinlungkou, do Jurássico.

De resto, como 'já tivemos ocasião de referir, deram-sedurante o Cretácico erupções de lavas andesíticas, dacíticas eriolíticas, em tôda a faixa costeira, de Xangai até à penínsulade Lei-Tschou, que defronta a ilha de Ainão, e mesmo nesta.

Somos, por isso, levados a admitir como da mesmaidade os andesitos da Taipa e de Coloane.

Falta-nos tratar da rocha de íâcíes basáltica colhida naPenínsula de Macau, no sopé da colina de São-Francisco.

Há duas hipóteses a estabelecer.Na Indochina, onde se apresentam em mantos de extensas

áreas, os basaltos são de variadas idades, que não têm podidoser determinadas, quer por falta de sedimentos fossilíferos, querdevido a intensíssima erosão que destruiu os aparelhos vulcânicose' os seus produtos de projecção. O Prof. Lacroix apenas con­seguiu indicar que,' no Sudeste da Indochina, as erupções seiniciaram já no Cenozóico, se prolongaram pelo Pleistoceno,continuando-se ainda presentemente, com carácter submarino, aolargo da costa de Anam, onde originaram a efémera ilha dasCinzas. Vulcões subaéreos só existem mais distantes, no eixoSamatra, Java, etc., que será, segundo BIondel e outros (3),geoanticlinal em formação, ainda muito jovem.

Na China,manifestações dêste tipo deram-se em duasépocas muito diferentes. A primeira, paleozóica, foi motivadapelos movimentos tungwuianos, que devem corresponder à fasesaãlica de Stille. Os basaltos cobrem, ora calcários com fusuli-

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nídeos, ora camadas carboniferas autunianas, e, por sua vez,suportam assentadas produtivas com flora de Oigantopterts,Por isso, a idade está precisamente determinada, a mesmadas formações marinhas com Lyttonia (10). Esta mais antigaactividade vulcânica, porém, só é conhecida no Iünão e emKweichow.

Em maior extensão se apresentam os basaltos modernos,ceno-antropozóicos, como vimos.

Aquêles que se encontram melhor estudados, da mesmaidade, são os da colónia francesa de Kouang-Tchéou-Wan, e,curioso, como a rocha de Macau, são muito ricos de olivina.Um exemplar do monteSurprise,estudado pelo Prof. Lacroix(22), é de basaltódolertticoB, /lI. 5. 3 (4).4 ['2.1.2.2'].

Dados menos precisos são os relativos ao território chinêspropriamente dito.

No -Kiangsu, os basaltos olivínicos dos inontes Nanking,são cenozóicos (41). Também mostram abundante olivina emagnetite os basaltos post-cretâcicos de Chequião, especial­mente o de Hanoorpa, na cordilheira de Iushan, que deve serdo Cenozóico médio; Bastante mais a Norte, os da parte centralda cordilheira de Taihang, na província de Shansi, muito provà­velmente do Oligoceno, têm, do mesmo modo, muita olivina, aqual, em grande parte, está alterada em calcite; em Kaíping, àolivina junta-se a biotite (30).

Apesar da grande afinidade, observam-se, nestes basaltos,tipos texturais muito variados, doleríticos, porííricos - seja complagíoclases, seja com olivina ou augite - e, ainda, afaníticos.

De resto, rochas básicas, ricamente olívínicas, primeira­mente designadas picritos Ieldspáticos e, depois, oceanitos, foramencontradas desde Madagáscar até ao arquipélago de Oambier eao Hawai (24).

É, pois, provável que a rocha de São-Francisco seja, demodo geral, da mesma idade, cenozóica, das similares da China

'. e da Indochina, e não antropozóica devido ao estado de des­gaste que apresenta.

Outra hipótese se pode ainda apresentar. É que, em largazona daquele primeiro país, se reconhece a existência de vindabásica, petrogràíicamente complexa, um pouco mais antiga.

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Intrusão gabro-diorítica e forma­ção de diques de lamprófiros-~ Imediatamente depois dos movimentos

de compressão. Fim do Cretácicoou princípio do Cenozõíco,

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Nas províncias de Shantung e de Kiangsu, ocorrem gabros,dioritos, dioritos quartziticos e diques de lamprófiros; êstesainda se mostram na costa de Chequião e em Hongkong. Asrochas Iam profíricas são bastante variadas: vogesitos, odinitos,carnptouitos e monchiquitos. lPoderá o suposto basalto deMacau - tipo extremo de oceanito - ser diferenciação do mesmomagma que originou aquelas formações? Nada é possível garan­tir com os poucos elementos que possuímos.

Eis a posição cronológica dessa vinda gâbrica, segundo aseriação indicada pelos geólogos Yíh e Yü (41):

Manifestações vulcânicas dacítí-cas, andesíticas ou riolíticas •-~ Do final do Cretácico inferior ao Cre­

tácico médio.Intrusões graníticas, granodioríti-

cas ou díoríticas, • • . •-~ Antes do período de compressão oro­génica. - Provàvelmente no Cretá­cico superior.

Intrusões aplíticas • • . . •-~ Talvez cenozóicas, ou seja durante afase orogénica himalaiana. Oligo­ceno médio - Plioceno,

Erupções basálticas. • • • • ---+ Depois do movimento himalaiano­Antropozóico.

Julga-se que esta sucessão está bem averiguada em Che­quião, Tsingtao e Shantung. Não a contraria, de modo geral,a disposição encontrada em Hongkong, e, agora, a de Macau.Todavia, há que fazer certas reservas.

Duas objecções fundamentais se podem apresentar a estasíntese. A primeira quanto à relação entre a tectónica e agénese das rochas; a segunda quanto à idade dos esquizõlítosfilonianos. .

Para o Prof. Lee (25) parece que as actividades magmá­ticas foram sinteetónicas, como se depreende da seguinte frase aoreferir-se ao ponto de vista daqueles autores: -Such an inter-

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pretation may, however, on1y indicate the sequence oftheconnecte processes rather than any interval of time that mighthave elapsed between the arrival of the magma and the tectonicmovernent».

Na verdade, a não ser em circunstâncias muito pouco fre­qüentes os fenómenos magmáticos estão em relação com orogé­neses. Por isso, pensa o Prof. Demay, que, havendo nestas váriasfases principais seguidas de outras tardias, o caráctersintectó­nico não implica, no sentido restrito, a simultaneidade dasdeformações tectónicas e das cristalizações. O caso da crista­lização sincinemática, ou seja quando estreitamente ligada afase orogénica determinada, parece ser excepcional. Defende-se,ainda, a opinião de que, na zona magmática profunda e, em espe­cial, um pouco mais alto, na zona de metamorfismo regional,se encontram bastantes granitos formados antes da fase orogé­nica principal, mas que, mui provàvelmente, são posteriores oucontemporâneos de fase mais antiga. Por outro lado, como asacções prosseguem, em geral, depois dos movimentos essen­ciais, realizam-se cristalizações, injecções ou impregnações post­-tectónicas, e, assim; está averiguado para a maior parte dos

.granitos intrusivos. Ora, o granito da região em estudo­sempre emersa enquanto se deu tôda aquela série de fenó­menos referidos - parece ter êste carácter.

A segunda observação a formular é, como dissemos,relativa à idade dos esquiz6litos filonianos.

Nas descrições petrográficas feitas pelos geólogos Vihe Yü, respeitantes a cada uma daquelas idades, nota-se que,para o primeiro grupo de intrusões, apenas são indicados, a parde granitos, granadioritos e dioritos quartzfticos, vários pórfi­ros ~ porfiritos, não havendo a mais pequena referência nem aaplitos nem a Iamprófiros, os quais por sua vez são considera­dos de idades diferentes nas duas outras séries. Caso estra­nho, na verdade.

. Podem, é certo, os esquizólitos corresponder às outrasduas vindas, uma básica, gábrica, e outra ácida, de caráctergranftico. l Mas, não será possível estarem alguns dêles rela­cionados com a intrusão mais antiga? Evidentemente; e parece­-nos bastante difícil fazer tal destrinça. Embora a idéia daqueles

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geólogos se não apresente bem clara, chega a ficar-se com aimpressão de que admitem uma idade para as rochas holocris­talinas bastante afastada das dos esquiz6litos. Dêsse modo, outemos de aceitar que são mais independentes do que geralmentese supõe, não resultando aquêles de diferenciação magmáticaao formarem-se as rochas de maciço, ou que, afinal, osgranitos, por exemplo, são menos antigos por não se poderadmitir tal diferença cronol6gica. O Prof. Lee não faz qualqueralusão ao facto, limitando-se a dizer que, se' está provado tersido o período de intenso vulcanismo andesito-dacito-rioIíticoanterior aos das intrusões das rochas granosas, ainda não foireconhecido que aquela seqüência de fen6menos se tenha realizadonas outras regiões do país de igual modo. Apenas é absoluta­mente certo que as últimas manifestações foram as erupçõesbasálticas.

Por todos êstes motivos, não fizemos até aqui qualquermenção especial quanto aos aplitos e lamprófiros de Coloane eaos aplítos da Península de Macau e da ilha da Taipa, pois, pen­samos que a sua génese tenha sido, de modo geral, contemporâ­nea da dos granitos que acompanham.

Resta-nos agora determinar a idade das formações sedi­mentares. Aquelas que conhecemos são, sem dúvida alguma,mais modernas do que os granitos.

Não é de admitir a hipótese do Gen." Castel Branco, citadapelo Eng," Adriáno Augusto Trigo (35), de -que sendo o esque­leto da península assim como o das ilhas que a rodeiam intei­ramente formado de rochas graníticas, é possível que aserupções que deram lugar à constituição das montanhas, quehoje existem, tanto em Macau como nas ilhas próximas, tenhamsido posteriores às formações sedimentares, havendo-se produzidoa ruptura assim como a curvatura das camadas de terreno sedi­mentar nos lugares onde não foram rôtas, sendo possível queem tais circunstâncias se estabelecesse o sifão natural pelo qualas águas dos pontos mais elevados da ilha da Lapa sejam con­duzidas em pressão à península de Macau".

Não há dúvida que houve formações sob as quais se gerou o

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granito, e é bastante provável que elas tenham sido dobradas efalhadas, mas, essas, há muito foram por completo erodidas.

O tipo- e a distribuição dos sedimentos que ali abundam- como referimos antes ao fazer a sua análise - está per­feitamente de acôrdo com o mecanismo que é de supor ostenha em grande parte originado. Trata-se, sem dúvida alguma,quanto àquêles que em maior extensão se encontram, do resul­tado de assoreamento que se efectua desde tempos muitorecuados.

A hipótese apresentada resultou de observações feitas pelopróprio General Castel Branco. Notou que as areias e argilasestãoem combinações muito variadas, ou então alternando-se, havendo,por vezes, a ocorrência de pequenos calhaus. Do exame dasamostras' obtidas com sonda, verificou inteira analogia entre adistribuição dos materiais, segundo a vertical, quer no leito dóbraço do rio de Oeste, que banha o pôrto interior, quer nasvárzeas de Mong-Há, mas que os estratos se encontram em níveisbastante diferentes, II tanto mais inferiores quanto mais se apro­ximam do talvegue do pôrto interior". Deve dizer-se que assondagens não ultrapassaram 15 metros abaixo' do' zero hidro­gráfico.

Êsse dispositivo é freqüente nos depósitos de rios e decanais. No caso presente. foi da associação de detritos terrí­genos e vasosos, e da variação de caudal dos rios, tudo conju­gado com a influência das marés, que resultaram, por vezes, aspec­tos diversos. Dá-se, todavia, a evolução normal. Devido ao seupoder absorvente e, portanto, actuação aglutinante, a vasa vai-sesedimentando ao. fixar outros materiais. Mantém-se depois odep6sito com relativa facilidade. Foi verificado por Hjulstrõrnque resiste mesmo a corrente capaz de transportar calhaus.Assim se formou o conjunto marginal que emerge, o -schorre-,em seguida invadido pela vegetação halóíila, como é bem visívelno pôrto interior do lado da ilha da Lapa.

Em direcção ao canal estende-se então a zona onde se dá,ainda, a sedimentação, na qual se vai avolumando o «slíkke»,por vezes apenas com um desnivel do «schorre- de algunsdecímetros, talude êsse cuja altura corresponde ao limite dapreiamar ordinária. O «slikke» quando de superfície convexa,

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e como no local considerado sucede, emerge na baixa mar emmuitos casos. A passagem do «slíkke » ao canal pode, porém I

fazer-se mais ou menos bruscamente e ser diferente nas duasmargens; se a transição é insensível, mostra-se, então, a super­fície do «slikke» côncava. Assim parece acontecer no pôrtointerior.

O General Castel Branco foi ainda levado a apresentar a ..sua hipótese, por ter visto "que o lençol de água existente nascamadas permeáveis do subsolo se move sôbre pressão".Admitiu, por isso, que aquêle formava sifão entre a ilha daLapa e a península de Macau.

Pois bem; ainda mesmo desde o ponto de vista hidroló­gico, não é de aceitar a sua concepção, com a importância egeneralização com que foi posta. Parece-nos muito lógicaa opinião do Eng." Trigo que, em minucioso relatório (35),diz: "afigura-se-nos mais razoável que as águas das camadassuperiores do subsolo, em que foram feitas as sondagens poraquêle engenheiro, provenham de preferência das colinas dapenínsula, o que não quer dizer que em maiores profundidadesse não encontrem outros lençóis de águas provenientes da ilhareferida ou ainda mesmo da grande ilha de Heong-San a que apenínsula se acha ligada. A existência dessas águas pro­fundas, tanto as que possam circular nas camadas permeá­veis do subsolo como as que existem nas fendas e nas cavi­dades . das rochas que formam o esqueleto da península, sópoderá ser provada por meio de sondagens a grandes profun­didades".

Julgamos muito judiciosas estas apreciações, que resulta­ram de cuidado estudo no terreno. Todos os sedimentos obser­vados que envolvem e ligam os vários afloramentos eruptivos,são evidentemente mais modernos, e devem ter tido duas origens,a desagregação, no local, de rochas preexistentes, e a acumulação,devida ao jôgo de correntes e a outros fenómenos próprios dosestuários, dos materiais carreados pelos rios. Tais depósitos são,em grande maioria, antropozóicos, e contemporâneos da últimatransgressão ou posteriores. Outros haverá de mais recuadaidade, mas, quando muito, cenozõica,

Das rochas sedimentares de que temos notícia, julgamos

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serem os grés consistentes, róseo-amarelados, da Guia e da Penhaas mais antigas. Não possuímos qualquer elemento que nospermita determinar com alguma exactidão a sua posição estrati­gráfica. Todavia, se atendermos à idade cretácica do granito, aque êste se formou sob camada de considerável possança, depoiserodida - bem como boa parte da própria rocha eruptiva­antes da deposição dos grés, não há possibilidade de êstes serematribuídos ao grupo Mesozóico, pensamos que nem mesmo aoCenozõico mais antigo. Por outro lado, não é natural que setivessem depositado após o último movimento tectónico, sobre­tudo epirogénico, do Vílafranquiano final, visto que os locais dajazida se encontrariam relativamente elevados.

Desta sorte, não parece desacêrto supor que as maioresprobabilidades são a favor de uma idade neogénica. Poderiam,contudo, ser mais ou menos sincronizados com algumas dasformações grosseiramente detríticas que nas regiões circundan­tes ocorrem, designadas por «Red Beds», e geralmente constituídaspor grés de tons com freqüência avermelhados. As do Kuang­tung são consideradas cenozóicas; mas em dúvida as da parteoriental, talvez por estar representado, nos calhaus dos conglo­merados, o basalto, e a formação ser no total muito mais gros­seiramente detrítica. As de Nanling foram colocadas no Paleo­génico.

As IIRed Beds- do território de Hongkong, pelo contrário,têm sido admitidas mais antigas, provàvelmente cretácicas,mas, tal classificação é sujeita à crítica; assentam, discordantes,nas formações jurássicas da crista de Tolo, e nos calhaus dosconglomerados apenas se apresenta, de rochas eruptivas, oriolito. Não temos, porém, exacto conhecimento da posiçãopara nos decidirmos quanto à idade.

É sabido serem as condições locais que determinam a génesede depósitos homotaxes, isto é, exactamente com a mesma fáciesmas de épocas diferentes.

Quiçâ êstes grés da península de. Macau sejam testemu­nhas do enchimento de bacias, durante o Vilafranquiano, asquais Teilhard de Chardin reconheceu em tantos pontos daÁsia Oriental (32).

Parece-nos, assim, suficientemente justificadas. as idades

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atribuídas às diversas formações, o que serviu de base para aelaboração do esboço geológico junto a êste trabalho, o qual,evidentemente, tem carácter provisório.

*

* *

Para terminar, não será descabido apresentarmos, emrápida síntese, a evolução da Província de Macau dentro dosquadros paleogeográficosdo Extremo-Oriente.

Ela faz parte dessa unidade designada por escudo Sino­-Malaio, integrada na hipotética velha Cataisia, que, desde osmais recuados tempos, tem quási sempre estado emersa.

Antes, fôra sede de activíssima e demorada sedimentaçãona Era Agnotozóica, até que, próximo do final desta, movimen­tos tectónicos de grande envergadura, denominados lulianianosna literatura geológica regional, motivaram a emersão em largaescala.

Durante a Era seguinte, a Paleozóica, o mar invadiu, oracom maior, ora com menor amplitude, esta nova área conti­nental, e resultou de tais transgressões a deposição de sedimen­tos na bordadura, especialmente a Norte e a Ocidente. Foi sóno Mesozóico, logo de início, que o mar triássico atingiu simul­tâneamente os bordos Oriental e Ocidental, em apreciável pro­fundidade. É. porém, de supor que a parte onde se acha anossa Província se manteve, durante estas duas últimas Eras,sempre emersa esujeita a contínua erosão.

Nos tempos jurássicos o mar aproximou-se bastante, poisdeixou depósitos em fÍongkong; porém. no final do período,já se encontrava muito afastado.. Iniciaram-se então os movi­mentos tectónicos de maior importância, os yenshanianos,durante os quais se produziram profundas perturbações, intenso

. vulcanismo e gigantescas intrusões de rochas plutónicas. Pri­meiro, os andesitos, e, depois, os granitos, atravessaram, digeriramou metamorfizaram os sedimentos existentes, que não deviam terentão possança relativamente grande. Essas actividades tectó­nicas vieram rejuvenescer o relêvo, mas manteve-se, de modo

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geral, a direcção dos eixos estruturais existentes. Tais fen6­menos tiveram lugar no Cretácico.

Não mais, a partir do Jurássico superior e até ao final doCenoz6ico, o solo chinês sofreu transgressões. A· acção erosivafoi contínua e dominante. Por isso ficaram a descoberto aquelasrochas eruptivas que hoje.. quási na totalidade, constituem osubsolo da província. Nada resta da antiga cobertura.

Pálido foi o reflexo das potentíssirnas actividades tect6nicasque naquela última Era convulsionaram a face da Terra, poisactuaram sôbre maciço cada vez mais rígido. Traduziram-selocalmente apenas em movimentos epirogénicos, acompanhadosde manifestações vulcânicas de que a rocha basáltica da colinade São-Francisco é a última testemunha.

A sedimentação localizada, que originou os grés da Guiaeda Penha, foi sustada, como mais provável, devido a levanta­mento, embora de pequena envergadura, no final do Vilafran­quíano.

Não há elementos suficientes para se conhecer a evo­lução realizada no .Pleístocéníco, mas é plausível que trans­gressões tivessem ocasionado a submersão de grande parte dovelho escudo Sino-Malaio, tendo, talvez, aquêles últimos movi­mentos feito perder a sua unidade, individualizando-se aregiãoSudeste da China.

Fomos levados a admitir que a última regressão pleistocé­nica afastou muito a linha de costa do que é hoje a Província deMacau. Não podemos, porém, dar aqui qualquer indicaçãorelativa à extensão do seu recuo.

Se, como vimos, par~ Sul, entre a península de Malaca eBornéu, há recifes-barreiras que são preciosas testemunhas, alinão sucede o mesmo. Além disso, é de notar que as áreas,postas de novo a descoberto, foram de diferente extensão nas'diversas direcções, pois, o mar da China meridional tem o seufundo com duas zonas bem distintas. Na de Nordeste, ou seja naparte relacionada com a nossa província ultramarina, atinge-secom mais facilidade a isobata de - 1.000 metros, ao passo que nade Sudeste há grande plataforma, que liga Samatra, Java e Bor-

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néu, com profundidade inferior. a 100 metros e que serve defundo ao chamado mar de Java. É, contudo. para lembrar quea isobata de - 200 metros se encontra a mais de 200 quilóme­tros de Macau.

Foi a seguir à glaciação vurmiana que se iniciou a últimatransgressão, a qual, provàvelmente, levou o mar bastante paraalém dos seus actuais limites. em algumas áreas.

Hoje, no arquipélago Malaio, segundo Molengraaff (31).está-se assistindo à regressão geral do mar da China, o queparece concordar com a hipótese, sustentada por Blondel (3), deque o alinhamento das várias ilhas corresponde a eixo degeoanticlinal em via de formação. Por essa razão, tal factopode motivar acção transgressiva sôbre a costa meridionalchinesa, embora, à primeira vista, o assoreamento da região emestudo pareça fazer supor o contrário. Mas êste pode apenasser devido a particular dispositivo da costa e ao jôgo dascorrentes marinhas, como está acontecendo em alguns pontos daMetrópole. Ali, a contra-corrente fria vinda do Norte passaentre a costa e a grande corrente equatorial. Não temos, porém,elementos seguros para nos pronunciarmos.

Não se tratará prõpriamente, no território macaense, docaso da nossa Provincia da Guiné, em que um -schorre», recor­tado em ilhotas, seguido de um «slikke» de vasa actual, levouFrancis-Boeuf a considerar que aquela vasa antiga teria sidodepositada durante a maior amplitude da transgressão f1andriana,depois emersa devida a fraca regressão post-f1andriana, fenóme­nos que, segundo êle, melhor serão explicados por fracos movi­mentos tectónicos do que pelo eustatismo, por serem variáveisas deslocações de um para outro ponto do litoral. Mas podemosadmitir que o «schorre», vasa arenosa de um antigo «slikke»,corresponda aos depósitos daquela mais moderna transgressão. aqual se estabilizou ou passou a pequena regressão, que, possl­velmente, dirigiu a sedimentação actual. i Continuar-se-á estaregressão nos nossos dias? i Estará a ser seguida de novomovimento transgressivo? lOu encontrámo-nos em presençade período de relativa estabilidade? Eis preguntas a que serádiffcil responder, tanto mais que, como vimos, as actuaçõespodem ser diversas segundo os locais.

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N

Áre~s de assorea­mento

Aterros

Linha do zero hi­drográfico.

r

AXTROPOZOICO

,-CENOZOICO

,-:MESOZOICO

(Cretácico)

y- Rochas da ~am[liado granito.

C( - Andesitos

4 - Areiav - VasaS - Sedimentos argilo­

'arenososconsoli­dados (em partepliocénicos?)

G - Grés~- Basaltos

LEGENDA

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por

J. Carrínglon da Cos}o1 ' 9 4 4

Esbôco geológicoda Província. de Mceou

BoI. da Soe. GeoI. de Portugal- V01. III-1944.

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lO metros e que serve de.ontudo, para lembrar quea a mais de 200 quílõme-

la que se IniCIOU a última,evou o mar bastante paraunas áreas.egundo Molengraaffdo mar da China, o queentada por Blondel (3), de.'; corresponde a eixo dePor essa razão, tal facto.ôbre a costa meridionalssoreamento da região emo. Mas êste pode apenasda costa e ao [ôgo das'endoem alguns pontos daia vinda do Norte passatoriaI. Não temos, porém,,rmos..0 territ6rio macaense, dóI que um -schorre», recor­cke» de vasa actual, levouela vasa antiga teria sidoda transgressão flandriana,io post-flandriana, Ienôrne­(plicados por fracosmovív,:ismo, por serem variáveiso do litoral. Mas podemos.;a de um antigo «slikke»,tis moderna transgressão, a .ena regressão, que, pos&i·':ual. GContinuar-se-ãestas

a ser seguida de novoontrámo-nosem presençà:Eis pregtmtas a que será:/

orno vimos, as actuações~

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Ê de supor que a península de Macau tivesse sido, já noperíodo histórico, uma ilha, segundo referências de antigaspublicações, mas não se sabe se estava ligada permanentementeà de Chong-San quando foi cedida aos portugueses, em 1557.Ê, contudo, conhecido que dezasseis anos depois os chinesesconstruíram pequena muralha, o que parece provar que as comu­nicações passaram a ser mais fáceis, talvez apenas na baixa-mar.

Pouco a pouco os materiais carreados pelos três grandesrios do Sul da China vão aumentando a área da nossa Pro­víncia. Assim, se .estão unindo núcleos dispersos, como acon­teceu com a antiga ilha Verde; para isso, também têm 0$

portugueses contribufdo com úteis atêrros.É para desejar que essas actividades simbolizem bem a

vontade firme de engrandecer. em todo o sentido, essa pequenamas valiosa parcela de Portugal.

)

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BIBLIOGRAfIA

(Apenas se cita aquela que, directamente, diz respeito ao Extremo­

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(25) LEE (J. S.) -s-Tne Geology of China. Londres, 1939.(26) LEITÃO (ANTÓNIO DO NASCIMENTO) - Problemas de Higiene Pública. Ma­

cau. 1926.,,(27) LEITÃO (A. DO N.) - Tetlurotogie et climatologie de Macao. Rap, au

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(42) A Pátria - Número especial dedicado à Exposição Industrial e Feira de

Macau. -7 de Nóvembro de 1926.

(43) Boletim da Agência Geral das Colónias (Macau), n." 53-Lisboa, 1929.

(44) Carta hidrográfica da Colónia de Macaú. Direcção das Obras dos

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(45) Geological Atlas of Bastem Asia. Geogr. Soe. Tóquio, 1929.

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RESENHAS BIBLIOGRÁFICAS

Borges (Eng. o A.) - Traços gerais da geologia da Colónia de Moçambique." " ,,-A riqueza mineira da Colónia de Moçambique.

Anuário de Moçambique ~ Centenários» - Lourenço-Marques, 1940.

Graças à amabilidade do A., torna-se possível agora fazer referência aêstes trabalhos. Não conseguimos, na devida altura, consultar o número doAnuário de Moçambique que os contém, como desejávamos. Aproveitando aoportunidade, evidenciamos quanto é para lastimar que publicações destanatureza - tanto mais que são oficiais - não sejam enviadas, pelo menos, aosestabelecimentos de ensino superior e às colectividades científicas.

Nestes dois artigos encontra-se valiosa e actualizada síntese dos conheci­mentos de geologia geral e económica da Colónia, os quais poderão, na verdade,ser considerados, em conjunto, como nota explicativa do bem elaborado BsbõçoGeológico. na escala' de 1: 5.000.000, que no mesmo ano foi distribuído pelos

. Serviços de Indústria, Minas e Geologia. São indicados, além da bibliografiamais. importante, bastantes dados estatísticos do maior interêsse,e, de grandeutilidade, algumas das possibilidades mineiras.

Deve registar-se a brilhante actividade daqueles Serviços, e o.cuidado econhecimento com que o A. sempre elabora os seus trabalhos.

CARRfNGTON

Rettnie (John V. L.) - Fauna do cretácico superior de Grudja - Boletim n.O 5dos Serviços de Indústria, Minas e Geologia - 48 páginas e 4 estampas;

, em apêndice, o original em língua inglesa - Lourenço-Marques, 1943.

Trata-se de estudo paleontológico de grande interêsse, sôbre fósseiscolhidos, em 1930, na escarpa septentrional do vale do rio Buzi, cêrca deGrudja, pelo culto e activo Chefe' dos Serviços de Indústria, Minas e Geo­logia da Colónia de Moçambique, Eng.o A. J. de Freitas.

O A., notável professor do Rnodes University College de Grahamstown,.teve bastante dificuldade, devido ao estado da maioria dos exemplares, naanálise da valiosa colecção. onde se encontravam representadas mais de vinteespécies de lamelibrânquios e de gastrópoJes.

Esta fáunula é, sem dúvida, do Cretácico superior, e semelhante àdescrita por R. B. Newton em «A Contributíon to the Paleontology of Portu­guese East Afríca » (Trans. GeoI. Soe. S. Afr., XXVI, 1924), de outras localida­des da mesma região. Apesar do seu incontestável interêsse não pode precisara idade da formação, que será, provàvelmente, campaniano-maestrichtiana.

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De entre os lamelibrânquios é para notar a presença de Norâenskjõlaia cí,naialensis, Gryphaea vestcularts, Alectryonia uttgulata, A. cf thevenint,Exogyra cí, eolumba, Yerriella [orbestana, e de uma espécie nova, Astart:defrettasi, afim de A. planissima. Os gastrépodes não puderam ser determi­nados especificamente.

CARRfNGTON

Dartevelle (Dr. E.) et Casier (E.) - Les Poíssons fossíles du Bas-Congo et desrégions voísínes. (Prêmíere Partie) - Annales du Musée do CongoBelge - 200 páginas, 60 figuras no texto e XVI estampas -Tervu­ren, 1943.

É estudada parte do material colhido pelo Dr. Dartevelle na zona litoral,o que permitiu obter valiosos resultados especialmente quanto ao baixoCongo Belga e ao nosso encrave de Cabinda.

Exposta a história da descoberta dos peixes fósseis da região considerada,e feita cuidada descrição dos jazigos,' é apresentado notabilíssimo estudosistemático. da fáunula íctíolõgica fóssil. Promete-se o estudo de outras e daflora, em futuras publicações.

A análise paleontológica, realizada com grande cuidado e proficiência,diz respeito a numerosas espécies.

Observa-se, que, nas formações cretâcícas, são abundantes os dentes deCorax e de Bncnodoniidae, ao passo que nas cenozõicas se encontram muitoselementos isolados de placas dentárias de Myiiobatidae. A representação dosteleósteos é inferior à dos elasmobrãnquios.

Deve destacar-se a parte que particularmente nos interessa, ou seja oque diz respeito à nossa Província de Angola. Em Cabinda foi colhido bastantematerial que, em parte, é estudado nesta memória, bem como algum outro,enviado ao A. pelo Eng." F. Mouta, e proveniente dos depósitos cretácicos deSão-Nicolau, no distrito de Mossâmedes. Aproveitou-se, ainda, a oportunidadepara fazer cuidada revisão de outros peixes fósseis, como os de Cabire Cavaco,em Mossâmedes, descritos por Priem, e os de Luanda que Piveteau, maisrecentemente, estudou.'

Nos jazigos de Cabinda foram encontradas bastantes espécies novas paraa Ciências, a saber: Corax yangaensis af. C. kaupi (lago Yango}; Ginglymos­toma angolense que se distingue de tôdas as espécies conhecidas pela com­pressão da coroa. e a face externa ser quási plana (arriba de Landana e Lassa­-Zao); Odontaspis {Odontaspis] speyeri af. O. hopei (Lello, Tando-Kwamba);Lamna schoutedeni, além de afinidades com L. appenâiculata, aproxima-sepela dentição de formas do género Oxyrhina (Landana}: Carcharodon strsmertforma vizinha de C. auriculatus: (Landana e Lassa-Zao); Galeocerdo may­umbensis, a que também podem ser atribuídos os dentes encontrados nas forma­ções cenozóicas de Chandane, Moçambique, figurados por F. Priem comoa. latidens (Malembe); Galeorhinus toangoensis, sem semelhança com qual-

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quer outra espécie dêste género (Landana e Lassa-Zao); o mesmo sucede coma. parvulus (Landana); Carcharinus maiembeensls aí, C. falciformis (Ma­lembe); Aprionodon lerichei af. A. frequens (Malembe); Propristis mayumben­sts prox, P. sehwetnfurthi (Malembe); P. aethioptcus idêntica a formas classi­ficadas por Strõmer como P. fajumensls (Landana): P. malembeensis af.P. ensidens (Malembe); Myliobatis Inlobaius, M. n'zadinensis eM. tnterme­âius, tôdas afins de M. dixoni (Landana): e M. suleidens aí, M. tottapteus.

Esta última espécie bem como Pristis aethiopicus, também ocorrem emAmbrizete. .

As diagnoses de muitas espécies antigas são revistas, judiciosamentecriticadas.

Como se vê por êste simples comentário, trata-se de obra de grandevulto. O seu interêsse não é apenas paleontológico ou estratigráfico, pois, todosos elementos que permitam mais profundo conhecimento geológico, serão, semdúvida, muito necessários para melhor compreensão destas formações em quese mostram tantos indícios de hidrocarbonetos naturais.

É apontada numerosa bibliografia.CARRfNGTON

Pinto Coelho (A. de Vasconcelos) -Observações sôbre os «Granitos castanhos»de Moçambique. Separata do Boletim n.OS 9-10 do Mus. de Min. eGeol. da Univ. de Lisboa. 1941/42.

As amostras que o A. estudou são de uma intrusão granítica, do socogranito-gneissico, de conlômo poligonal, com vértices em Furacungo-Casula­-Mossamba e Chíuta, São rochas .mesocratas ou mesomelanocratas, de texturagranular· grosseira ou porfiróide, essencialmente constituídas por feldspatos(ortose, microclina e alb.te-cligoclase), píroxenas (hiperstena e augite) equartzo. Trata-se de granitos piroxénicos que se aproximam dos char­noqnitos,

O A., nesta bem elaborada nota, põe a hipótese da assimilação de rochaspré-existentes pelo magma granítico para explicar a génese dos "granitoscastanhos»•

COTELO NEIVA

Bsiazkiewlcz (Marian)-Observations geólogiques dans le Mozambique mérí­dional. BuU. Soe. Geol. Fr., t, XI (s.a série), n.OS 7-8-9, 1941 (págs. 291a 294).

O presente trabalho é apenas uma nota preliminar relativa à g~ologia doN. E. de Macequece, mais particularmente, da região situada a Norte do rioRevue.

C. TEIXEIRA