Geologia Geomorfologia e Solos Do Acre

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Material discorre sobre a geologia, geomorfologia e solos do Acre.

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Secretaria de Estado de Meio Ambiente Programa Estadual de Zoneamento EcolgicoEconmico do Acre

Livro Temtico IIRECURSOS NATURAIS I: GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E SOLOS DO ACRE ZONEAMENTO ECOLGICOECONMICO DO ACRE FASE II ESCALA 1:250.000

Rio Branco Acre 2010

Livro Temtico II

RECURSOS NATURAIS I: GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E SOLOS DO ACRE

2010 SEMA

ORGANIZAO DA PUBLICAOConceio Marques de Souza Coordenadora do Departamento de Gesto Territorial e Ambiental/SEMA Edson Alves de Arajo Assessor Tcnico de Gabinete/SEMA Magaly da Fonseca S. T. Medeiros Coordenadora do Escritrio em Braslia/SEPLAN/EAB tila de Arajo Magalhes Tcnico/SEMA

Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

Acre. Secretaria de Estado de Meio Ambiente Livro temtico II : recursos naturais I geologia, geomorfologia e solos do Acre. / Progra ma Estadual de Zoneamento ecolgicoeconmico do Acre Fase II Escala 1:250.000. Rio Branco: SEMA Acre, 2010. 104 p. 1. Resduos slidos Solos Acre (Estado). 2. Geomorfologia Acre (Estado). 3. Geo logia Acre (Estado). 4. Solos Formao Acre (Estado). I. Ttulo. II. Acre, Governo do Estado do.

CDD. 551.41098112

Bibliotecria: Vivyanne Ribeiro das Mercs Neves CRB11/600

EndereoSecretaria de Estado de Meio Ambiente SEMA Rua Benjamin Constant, 856 Centro CEP 69900160 Rio Branco Acre Brasil Fone: 55 (0xx68) 32243990 / 7129 / 8786 Fax: 55 (0xx68) 32233447 Email: [email protected]

Luiz Incio Lula da SilvaPresidente da Repblica

Carlos Minc BaumfeldMinistro do Meio Ambiente

Arnbio Marques de Almeida JniorGovernador do Estado do Acre

Carlos Csar Correia de MessiasViceGovernador

Gilberto do Carmo Lopes Siqueira Secretrio de Estado de Planejamento Eufran Ferreira do Amaral Secretrio de Estado de Meio Ambiente Clesa Brasil da Cunha Cartaxo DiretoraPresidente do Instituto de Meio Ambiente do Acre Felismar Mesquita Moreira DiretorPresidente do Instituto de Terras do Acre Carlos Ovdio Duarte da Rocha Secretrio de Estado de Floresta Nilton Luiz Cosson Mota Secretrio de Estado de Extenso Agroflorestal e Produo Familiar Mauro Jorge Ribeiro Secretrio de Estado de Agropecuria Joo Csar Dotto DiretorPresidente da Fundao de Tecnologia do Estado do Acre Roberto Barros dos Santos Procurador Geral do Estado Maria Corra da Silva Secretria de Estado de Educao Osvaldo de Souza Leal Jnior Secretrio de Estado de Sade Mncio Lima Cordeiro Secretrio de Estado de Fazenda Mrcia Regina de Sousa Pereira Secretria de Estado de Justia e Segurana Pblica Marcus Alexandre Mdice Aguiar DiretorGeral do Departamento Estadual de Estradas de Rodagem, Hidrovias e InfraEstrutura Aeroporturia

Paulo Roberto Viana de Arajo DiretorPresidente Instituto de Defesa Agropecuaria e Florestal Cassiano Figueira Marques de Oliveira Secretrio de Estado de Esporte, Turismo e Lazer Anbal Diniz Secretrio de Estado de Comunicao Eduardo Nunes Vieira Secretrio de Infraestrutura, Obras Pblicas e Habitao Petrnio Aparecido Chaves Antunes Diretor do Departamento de guas e Saneamento Laura Keiko Sakai Okamura Secretria de Estado de Desenvolvimento para Segurana Social Daniel Queiroz de Santana DiretorPresidente da Fundao de Cultura e Comunicao Elias Mansour Mncio Lima Cordeiro Secretrio de Estado de Gesto Administrativa Ilmara Rodrigues Lima DiretoraPresidente da Companhia de Habitao do Acre Carlos Alberto Ferreira de Arajo Secretrio de Estado de Articulao Institucional Irailton Lima de Souza DiretorPresidente do Instituto Estadual de Desenvolvimento de Educao Profissional Dom Moacir Grechi Fbio Vaz de Lima Secretrio de Estado de Governo Francisco da Silva Pinhanta Assessor Especial dos Povos Indgenas

Comisso EditorialPresidente: Eufran Ferreira do Amaral SEMA VicePresidente: Edson Alves de Arajo SEMA/SEAP

Luciana Mendes Cavalcante, Me. em Geologia e Geoqumica | PETROBRS Adriano Alex Santos e Rosrio, Eng Agrnomo | SEMA Reviso Tcnica

MembrosAdriano Alex do Santos e Rosrio SEMA Antnio Wilian Flores de Melo UFAC tila de Arajo Magalhes SEMA Carlos Edegard de Deus Biblioteca da Floresta Claudenir Maria Ferreira da Rocha SEMA Conceio Marques de Souza SEMA Jakeline Bezerra Pinheiro SEMA Janaina Silva de Almeida SEMA Judson Ferreira Valentim EMBRAPAAcre Jurandir Pinheiro de Oliveira Filho SEMA Magaly da Fonseca S. T. Medeiros SEPLAN/EAB Maria Aparecida de O. Azevedo Lopes SEMA Marlia Lima Guerreiro SEMA Marta Nogueiro de Azevedo SEMA Mnica Julissa De Los Rios de Leal SEMA Nilson Gomes Bardales SEMA Renata Gomes de Abreu SEMA Roberto de Alcntara Tavares SEMA Rosana Cavalcante dos Santos SEMA Sara Maria Viana Melo SEMA

FORMAO, CLASSIFICAO E DISTRIBUIO GEOGRFICA DOS SOLOS DO ACRE Jos Ribamar Torres da Silva, Dr. em Cincias do Solo | UFAC Joo Luiz Lani, Dr. em Solos e Nutrio de Plantas | UFV Paulo Emlio Ferreira da Motta, Dr. em Cincias do Solo | EMBRAPASolos Manuel Alves Ribeiro Neto, Me. em Cincias do Solo | UFAC Joo Martiniano Pereira, Me. em Solos | EmbrapaAcre Adriano Alex Santos e Rosrio, Eng Agrnomo | SEMA Reviso Tcnica

Diagramao e Arte FinalMX Design

ImpressoGrfica Imediata

RevisoresGEOLOGIA DO ESTADO DO ACRE Pedro Edson Leal Bezerra, Dr. em Geologia | UFPA Adriano Alex Santos e Rosrio, Eng Agrnomo | SEMA Reviso Tcnica GEOMORFOLOGIA DO ESTADO DO ACRE Carlos Ernesto G. R. Schaefer, Dr. em Solos e Nutrio de Plantas | UFV Jos Eduardo Bezerra da Silva, Me. Geografia | IBGE/RJ Adriano Alex Santos e Rosrio, Eng Agrnomo | SEMA Reviso Tcnica BASES GEOLGICAS E GEOMORFOLGICAS DA FORMAO E DISTRIBUIO DOS SOLOS NO ESTADO DO ACRE Paulo Guilherme Salvador Wadt, Dr. em Solos e Nutrio de Plantas | EmbrapaAcre

Apresentao GeralO Zoneamento EcolgicoEconmico (ZEE) tem como atribuio fornecer subs dios para orientar as polticas pblicas re lacionadas ao planejamento, uso e ocupao do territrio, considerando as potencialida des e limitaes do meio fsico, bitico e so cioeconmico, tendo como eixo norteador os princpios do Desenvolvimento Sustentvel. uma ferramenta essencial para a definio de estratgias compartilhadas de gesto do territrio entre governo e sociedade. No territrio acreano, a elaborao par ticipativa do ZEE envolveu estudos sobre sistemas ambientais, potencialidades e limi taes para o uso sustentvel dos recursos naturais, relaes entre a sociedade e o meio ambiente e identificao de cenrios, de modo a subsidiar a gesto do territrio no presente e no futuro, num grande pacto de construo da sustentabilidade a partir de uma economia de base florestal com foco na melhoria de qualidade de vida da populao. O Zoneamento EcolgicoEconmico do Acre Fase II Escala 1:250.000 foi elabora do a partir da contribuio de inmeros es pecialistas, em diferentes campos do conhe cimento cujos subsdios foram incorporados ao Documento Sntese. So estudos inditos, elaborados especificamente para subsidiar nas decises a serem tomadas sobre o ter ritrio do Acre. Tornar acessveis, na ntegra, os estudos temticos do ZEE o objetivo da Coleo do ZEE Fase II. O tema interessa no somente queles que estudam a realidade acreana ou amaznica, mas tambm aos que vem o zoneamento como instrumento estratgico primordial de ordenamento do espao, dos recursos e das atividades econmicas. A presente Coleo do ZEE Fase II di vidida em Livros Temticos, compostos de vrios artigos especficos que permitem a viso de temas como: Concepo filosfica e metodolgica da construo do ZEE; Geo logia, geomorfologia e Solos do Acre; A bio diversidade do Acre; Os ambientes do Acre e a Vulnerabilidade Ambiental; Situao Fundiria e Conflitos; Aspectos socioecon micos; Uso dos Recursos Naturais; Memria, Identidades e Territorialidade; As Cidades e as fronteiras; Aspectos Poltico e Institucio nal e a percepo social; A Gesto Territorial do Acre e outros temas a serem inseridos no decorrer do processo de implementao do ZEE, se mostrando uma coleo aberta para novas atualizaes e temas. Com essa iniciativa o Governo do Estado do Acre busca reafirmar seu compromisso com um futuro do Acre e da Amaznia, cons trudo por todos e pautado no conhecimen to da realidade, no planejamento das aes e na permanente ampliao dos benefcios do desenvolvimento sustentvel para toda a sociedade. a Florestania que vai alm da cidadania dos povos da floresta. o embasa mento cultural de um projeto de desenvol vimento sustentvel que deseja colaborar e ter a cooperao de parceiros para constru o da Sociedade do Sculo XXI. uma pequena contribuio de quem est vencendo uma realidade desfavorvel de conservar a floresta e criar esperana para seus povos. Muito ainda h por se fazer neste varadouro da sustentabilidade, porm o conhecimento do territrio a base para tornar realidade o sonho de viver em um mundo sustentvel.

Sumrio

Captulo 1. Geologia do Estado do Acre ..................................................................... 14 1. Introduo .................................................................................................................. 14 2. Descrio Metodolgica ........................................................................................... 14 2. 1. Material Utilizado ...................................................................................... 14 2. 2. Estudos Preliminares.................................................................................. 15 2. 3. 2.3 Estudo Temtico ................................................................................. 15 3. Geologia do Acre ....................................................................................................... 15 4. A Geologia nas Regionais do Acre ........................................................................... 23 5. Potencialidades de Uso e Aplicao ........................................................................ 29 6. Neotectnica no Acre ............................................................................................... 32 Captulo 2. Geomorfologia do Estado do Acre ............................................................ 36 7. Introduo .................................................................................................................. 36 8. Descrio Metodolgica ........................................................................................... 36 8. 1. Material Utilizado ...................................................................................... 36 8. 2. Estudos Preliminares.................................................................................. 37 8. 3. Estudo Temtico ........................................................................................ 37 8. 4. FundamentaoTerica ............................................................................ 37 9. Geomorfologia da rea ............................................................................................ 38 10. A Geomorfologia nas Regionais do Acre.............................................................. 43 Captulo 3. Bases Geolgicas e Geomorfolgicas da Formao e Distribuio dos Solos no Estado do Acre ....................................................................................... 48 11. Introduo ................................................................................................................ 48 12. O Papel da Geotectnica do Acre na Formao dos Solos .............................. 49 13. O Papel da Geotectnica do Acre na Formao dos Solos .............................. 60 Captulo 4. Formao, Classificao e Distribuio Geogrfica dos Solos do Acre ......... 68 14. Gnese dos Solos do Acre ...................................................................................... 68 15. Principais Classes de Solos ...................................................................................... 69 Referncia ................................................................................................................ 96 Bibliografia............................................................................................................. 106

Lista de Figuras

Figura 01.

Localizao da Bacia do Acre no contexto geotectnico amaznico. (1) a Formao Solimes, b sedimentos tercirios; (2) Formao I; (3) Formao Alter do Cho; (4) coberturas proterozicas; (5) rochas paleozicas; (6) coberturas do Quaternrio. Fonte: Adaptado de Bezerra, 2003. ....................................................................... 16

Figura 02. Figura 08. Figura 09. Figura 10. Figura 11. Figura 12. Figura 13. Figura 14. Figura 15. Figura 16. Figura 17.

Mapa geolgico do Estado do Acre com unidades litoestratigrficas aflorantes (o Sienito Repblica, a Formao Formosa e o Complexo Jamari no so visualizados nessa escala). Fonte: ZEE/Acre ........................................... 19 Figura 8. Padro mendrico tpico da plancie amaznica, ao longo do Rio Juru, oeste do Acre. Na parte supe rior da figura, a cidade de Cruzeiro do Sul. Fonte: Google Earth, 1999. .................................................................. 38 Relevo colinoso de dissecao convexa de baixa amplitude nas imediaes de Rio Branco. ............................... 40 Relevo colinoso de mdia amplitude com dissecao aguada e convexa localizado na BR364, no trecho entre Feij e Tarauac ................................................................................................................................................................. 41 Relevo caracterstico da Depresso Marginal Serra do Divisor. Ao fundo da figura notase relevos do Planalto Residual da Serra do Divisor. ........................................................................................................................................... 42 Superfcie Tabular de Cruzeiro do Sul em contato com o rio Juru. Sede do Municpio de Rodrigues Alves. ... 42 Ponto de insero do Rio Moa na serra homnima. ................................................................................................... 43 Localizao da Bacia do Acre (hachuras) no contexto geolgico da Amaznia. Fonte: Modificado de Cavalcan te, 2006. .............................................................................................................................................................................. 49 Vista area do ponto de insero do rio Moa, seguindo as falhas, em rea de domnio montanhoso no extremo oeste do Estado do Acre. Fonte: Eufran Ferreira do Amaral...................................................................................... 50 Contexto geotectnico do Acre na Bacia Amaznica. Fonte: Modificado de Cavalcante, 2006. ........................ 51 Evoluo da paisagem da regio da bacia do Acre. As feies de paisagem so indicadas pelas fases em seqn cia. A Fase 4 mostra o Oceano Pacfico, no extremo oeste, a Cordilheira dos Andes, ao centro e a paisagem que predomina no sudeste acreano. No extremo leste podese observar os primeiros dobramentos, que correspon dem a Serra do Divisor, no Estado do Acre. ................................................................................................................. 53

Figura 18. Figura 19. Figura 20. Figura 21. Figura 22. Figura 23. Figura 24. Figura 25. Figura 26. Figura 27.

Contexto geotectnico do Acre na Bacia Amaznica. Fonte: Modificado de Cavalcante, 2006. ........................ 53 Reconstruo do lago Amazonas. Fonte: Baseado nas informaes de Frailey, et al. (1988) e em um Modelo Digital de Elevao Hidrologicamente Corrigido do projeto SIVAM (SIF/SIVAM, 2003)......................................... 54 Gipisita (1,2 metros de profunfidade) localizada aps o rio Caet no Municpio de Sena Madureira s margens da BR364. Fonte: Eufran Ferreira do Amaral. ............................................................................................................. 55 Distribuio da zona sismogncia de Cruzeiro do Sul, com os limites do Estado do Acre (linha preta) e identifi cao dos epicentros (crculos vermelhos). Fonte: Adaptado de IBGE, 2006. ........................................................ 60 Paisagem atual da bacia do Acre com a cordilheira dos Andes a oeste. Fonte: Imagem de satlite Landsat, 2002. .................................................................................................................................................................................... 61 Compartimentao geotectnica do Estado do Acre baseada nas evidencias atuais e sua distribuio em rela o cobertura pedolgica. ............................................................................................................................................ 62 Modelo proposto de compartimentos neotectnicos e pedolgicos da bacia do Acre nos limites do Estado do Acre. ..................................................................................................................................................................................... 63 Corte altimtrico da Serra do Divisor ao municpio de Acrelndia no Estado do Acre, indicando os blocos pe dolgicos e neotectnicos................................................................................................................................................ 65 Mapa de solos em nvel de ordem do Estado do Acre. ............................................................................................... 71 Perfil modal de Argissolos no estado do Acre. (A) Prisma pedolgico, em escala e com a indicao dos horizon tes. (B) Padro fisiogrfico na imagem de satlite LANDSAT TM 5. (C) Paisagem de ocorrncia. (D) Localizao no estado do Acre. ............................................................................................................................................................ 73

Figura 28.

Perfil modal de Cambissolo no Estado do Acre. (A) Prisma pedolgico, em escala e com a indicao dos horizon tes. (B) Padro fisiogrfico na imagem de satlite LANDSAT TM 5. (C) Paisagem de ocorrncia. (D) Localizao no Estado do Acre. ............................................................................................................................................................ 78

Figura 29.

Perfil modal de Plintossolo no Estado do Acre. (A) Prisma pedolgico, em escala e com a indicao dos horizon tes. (B) Padro fisiogrfico na imagem de satlite LANDSAT TM 5. (C) Paisagem de ocorrncia. (D) Localizao no Estado do Acre. ............................................................................................................................................................ 80

Figura 30.

Perfil modal de Latossolo no Estado do Acre. (A) Prisma pedolgico, em escala e com a indicao dos horizon tes. (B) Padro fisiogrfico na imagem de satlite LANDSAT TM 5. (C) Paisagem de ocorrncia. (D) Localizao no Estado do Acre. ............................................................................................................................................................ 81

Figura 31.

Perfil modal de Luvissolo no Estado do Acre. (A) Prisma pedolgico, em escala e com a indicao dos horizontes. (B) Padro fisiogrfico na imagem de satlite LANDSAT TM 5. (C) Paisagem de ocorrncia. (D) Localizao no Estado do Acre. .................................................................................................................................................................. 84

Figura 32.

Perfil modal de Gleissolo no Estado do Acre. (A) Prisma pedolgico, em escala e com a indicao dos horizontes. (B) Padro fisiogrfico na imagem de satlite LANDSAT TM 5. (C) Paisagem de ocorrncia. (D) Localizao no Estado do Acre. .................................................................................................................................................................. 87

Figura 33.

Perfil modal de Neossolo Flvico no Estado do Acre. (A) Prisma pedolgico, em escala e com a indicao dos horizontes. (B) Padro fisiogrfico na imagem de satlite LANDSAT TM 5. (C) Paisagem de ocorrncia. (D) Lo calizao no Estado do Acre............................................................................................................................................ 90

Figura 34.

Perfil modal de Vertissolo no Estado do Acre. (A) Prisma pedolgico, em escala e com a indicao dos horizon tes. (B) Padro fisiogrfico na imagem de satlite LANDSAT TM 5. (C) Paisagem de ocorrncia. (D) Localizao no Estado do Acre. ............................................................................................................................................................ 92

Lista de Tabelas

Tabela 01. Tabela 02. Tabela 03.

rea ocupada pelas diferentes formaes geolgicas nas regionais do Estado do Acre. *rea em Km ** no ocorre .................................................................................................................................................................................. 24 rea ocupada pelas diferentes unidades geomorfolgicas nas regionais do estado do Acre. rea aproximada em Km ** no ocorre ............................................................................................................................................................ 44 Expresso geogrfica e distribuio relativa de classes de solos no nvel de subordem no Estado do Acre, de acordo com o mapa de solos na escala de 1:250.000 do ZEE Fase II. Fonte: ACRE, 2006. * Desconsiderando a rea referente gua. Fonte: Amaral et al. (2006) ..................................................................................................... 70

Tabela 04.

Expresso geogrfica e distribuio relativa de classes de solos no nvel de ordem no Estado do Acre, de acordo com o mapa de solos na escala de 1:250.000 do ZEE Fase II. Fonte: ACRE, 2006. * Desconsiderando a rea referente gua. Fonte: Amaral et al. (2006) .............................................................................................................. 71

Tabela 05.

Atributos fsicos e qumicos de horizontes superficiais e subsuperficiais de Argissolos Amarelos (PA) e ArgissolosVermelhoAmarelos (PVA), do Estado do Acre. Fontes: Gama (1986); Martins (1993); Silva (1999); Arajo (2000); Amaral (2003); Melo (2003) & Bardales (2005). Obs.: Os valores estatsticos foram retirados a partir de vrios perfis estudados pelos autores acima citados. ................................................................................. 75

Tabela 06.

Atributos fsicos e qumicos de horizontes superficiais e subsuperficiais de Cambissolos do Estado do Acre. Fon tes: Gama (1986); Martins (1993); Silva (1999); Arajo (2000); Amaral (2003); Melo (2003) & Bardales (2005). Obs.: Os valores estatsticos foram retirados a partir de vrios perfis estudados pelos autores acima citados. ... 77

Tabela 07.

Atributos fsicos e qumicos de horizontes superficiais e subsuperficiais de Plintossolos do Estado do Acre. Fon tes: Gama (1986); Martins (1993); Silva (1999); Arajo (2000); Amaral (2003); Melo (2003) & Bardales (2005). Obs.: Os valores estatsticos foram retirados a partir de vrios perfis estudados pelos autores acima citados. ... 80

Tabela 08.

Atributos fsicos e qumicos dos horizontes superficiais e subsuperficiais de Latossolos do Estado do Acre. Fon tes: Gama (1986); Martins (1993); Silva (1999); Arajo (2000); Amaral (2003); Melo (2003) & Bardales (2005).

Obs.: Os valores estatsticos foram retirados a partir de vrios perfis estudados pelos autores acima citados. ... 82 Tabela 09. Atributos fsicos e qumicos de horizontes superficiais e subsuperficiais de Luvissolos, no Estado do Acre. Fon tes: Gama (1986); Martins (1993); Silva (1999); Arajo (2000); Amaral (2003); Melo (2003) & Bardales (2005). Obs.: Os valores estatsticos foram retirados a partir de vrios perfis estudados pelos autores acima citados. ... 85 Tabela 10. Atributos fsicos e qumicos de horizontes superficiais e subsuperficiais de Gleissolos do Estado do Acre. Fontes: Gama (1986); Martins (1993); Silva (1999); Arajo (2000); Amaral (2003); Melo (2003) & Bardales (2005). Obs.: Os valores estatsticos foram retirados a partir de vrios perfis estudados pelos autores acima citados.......... 88 Tabela 11. Atributos fsicos e qumicos de horizontes superficiais e subsuperficiais de Neossolos Flvicos e Quartzarnicos do Estado do Acre. Fontes: Gama (1986); Martins (1993); Silva (1999); Arajo (2000); Amaral (2003); Melo (2003) & Bardales (2005). Obs.: Os valores estatsticos foram retirados a partir de vrios perfis estudados pelos autores acima citados. ...................................................................................................................................................... 91 Tabela 12. Atributos fsicos e qumicos de horizontes superficiais e subsuperficiais de Vertissolos Hplicos e Hidromrficos, do Estado do Acre. Fontes: Gama (1986); Martins (1993); Silva (1999); Arajo (2000); Amaral (2003); Melo (2003) & Bardales (2005). Obs.: Os valores estatsticos foram retirados a partir de vrios perfis estudados pelos autores acima citados. ...................................................................................................................................................... 93

Lista de Quadros

Quadro 01. Materiais utilizados neste trabalho. Fonte: *Inpe, 2006; **Radambrasil, 1976. ..................................................... 15 Quadro 02. Coluna Estratigrfica das unidades florantes no Estado do Acre. Fonte: IBGE, 1999............................................. 18 Quadro 03. Materiais utilizados neste trabalho. Fonte: Inpe, 2006* e Radambrasil**, 1976. ................................................... 37 Quadro 04. Coluna dos principais eventos da evoluo da paisagem das bacias dos rios Acre e Iaco..................................... 57 Quadro 05. Eras geolgicas, perodos, relao com o ano, poca, formao, litologias e principais eventos na bacia do Acre....59

ApresentaoO uso adequado dos recursos naturais de forma sustentvel no pode e nem deve ser mais um sonho efmero e passageiro. Tem que ser real em razo de se garantir a pr pria existncia da raa humana. Os recursos naturais no podem ser, na viso financista, simplesmente um dos fatores de enrique cimento e de uso infinito. Eles so, na sua maioria, finitos, vivos, interdependentes e carecem de cuidados de forma a serem utili zados com sabedoria. Nos dizeres da ordem divina referentes a Ado e Eva: preciso cuidar, amar e no destruir o que nos foi le gado e se agirmos de maneira irresponsvel seremos expulsos, como aqueles, do para so. Foi a primeira misso dada ao homem. Cuidar da Terra. Conscientes disso e desejando tornar re alidade nossos sonhos, sabemos que pre ciso AGIR, com temor e de forma sensata e sbia. Lavrar e guardar a terra. Usar de forma que atenda as nossas necessidades, mas tambm, que permanea para os outros sustentabilidade. Mas como cuidar bem e adequadamente se no conhecemos os prin cpios, as interrelaes da natureza de for ma que possamos planejar as aes adequa das? No podemos mais nos aventurar ou como dizem: atirar no escuro. No h mais tempo para erros grosseiros ou irresponsa bilidades, at porque os recursos naturais esto cada vez mais escassos e o tempo de agir se esvai apressadamente. Diante desses desafios a serem enfrenta dos para o bem da humanidade o Governo do Acre num esforo integrado, amadureci do e com todo o respeito natureza e acima de tudo com o desejo de acertar, disponibi liza a sociedade esta coleo temtica que faz parte dos produtos oriundos dos estudos do PROGRAMA ESTADUAL DE ZONEAMEN TO ECOLGICOECONMICO DO ACRE FASE II. O objetivo trazer sociedade os conhecimentos atuais a respeito do Acre para o seu melhor uso. Terra amaznica, dis tante dos grandes centros brasileiros, dife rente, com gente valente, altaneira, vibrante e disposta, a exemplo de Chico Mendes e tantos outros e com um ambiente peculiar do resto da Amaznia. Terra de solos frteis e ricos, cujos rios corriam para o oceano Pa cfico e atualmente para o Atlntico. Talvez nesta inverso, ocorrida h tantos anos a natureza nos lega um grande ensino: DA NE CESSIDADE DE PROCURAR NOVOS CAMI NHOS. Vencer cordilheiras intransponveis, entremear entre opinies diversas, povos e crticas, mas semelhana dos rios, procu rar sempre os caminhos mais baixos o da humildade. Vencendo no tempo e no espa o as barreiras aparentemente difceis ou impossveis de serem superadas. Mas, a se melhana dos rios que encontraram novos caminhos, o povo acriano talvez tenha um destino, uma grande responsabilidade, uma ddiva de mostrar para o mundo os novos caminhos de uso da natureza: de viver na floresta e com a floresta. Diante de tantos desafios talvez tambm os rios Acre, Juru, Purus e tantos outros que banham esta terra nos ensinem a ter tempo de cheia e de vazantes. Abundncia e escassez. Transportar riquezas pelas suas guas e deixar nas vazantes os seus leitos frteis para a produo de alimentos hu manidade. Nos seus leitos mendricos talvez uma grande lio: preciso tempo, pacincia para se chegar ao destino, mas nem por isto, na demora, deixar de sermos teis. Banhar com as suas guas os solos frteis e deixar as argilas nas suas barrancas. Ao mesmo tempo caminhar e deixar ser caminhado. Re ceber, s vezes, o pior do ser humano, lixo, descaso, mas no seu silncio tentar levar tudo isso adiante. Morrer silenciosamente, mas nunca deixar de tentar vencer.

11LIVRO TEMTICO II RECURSOS NATURAIS I: GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E SOLOS DO ACRE

Assim, so as palavras aqui contidas, nos seus diversos captulos, que o Governo coloca a disposio da sociedade de forma simples, de fcil compreenso tanto para especialistas como para leigos. a A Geologia que trata da origem das terras do Acre. Como foi formada? Quais so os seus constituintes? a A Geomorfologia como foram esculpi das as suas formas, seu relevo. O que eles nos indicam? a As Bases geolgicas e geomorfolgicas da formao e distribuio dos solos no Esta do do Acre como estas bases influencia ram a formao dos diferentes tipos de solos existentes?

a Os Solos a sua formao (gnese), clas sificao e sua distribuio geogrfica no Es tado do Acre e por fim. um exerccio. No , com certeza, um tra balho acabado e plenamente correto ainda que feito por especialistas. Oxal fosse. Foi o melhor de cada um. O possvel. Talvez aos leitores, a se melhana dos olhos dgua, nascentes, igaraps que na sua pequenez, mas que so a origem dos grandes rios, juntemse a ns, com as suas crti cas, sugestes e possam ao longo do tempo, aper feioar, melhorar, e assim no transcurso da vida, como partculas de um todo, possamos cuidar de forma melhor o legado que nos foi dado e chegar mos ao destino final a semelhana dos rios, a foz, belos e essenciais a vida. Joo Luiz Lani

12LIVRO TEMTICO II RECURSOS NATURAIS I: GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E SOLOS DO ACRE

Livro Temtico IIRecursos Naturais I: Geologia, Geomorfologia e Solos do Acre

CaptuloGeologia do Estado do Acre

1

Geologia do Estado do Acreb eexoo: Luciana Mendes Cavalcanxe Geloga, M.Sc.

14LIVRO TEMTICO II RECURSOS NATURAIS I: GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E SOLOS DO ACRE

Geologia do Estado do Acre

A

1. INTRODUOPAM IBGE (Sistema de Proteo da Ama znia Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica). Os aspectos gerais da geolo gia retratados no mapa geolgico e deta lhados ao longo do texto, constituem in formaes que subsidiaram a elaborao do Mapa de Gesto do ZEE/AC. O mapa ge olgico em destaque, portanto, informa a rea de ocorrncia de determinados tipos de rochas nos domnios do Estado do Acre, agrupadas em unidades litoestratigrficas ou edafoestratigrficas, e as suas relaes espaciais e cronolgicas. A partir disso, podese concluir seus ambientes de forma o e seus comportamentos mediante pro cessos fsicos naturais ou antrpicos que podem afetar sua disposio e determinar seu grau de vulnerabilidade, alm das po tencialidades em relao concentrao de bens minerais de interesse econmico.

gesto territorial consiste na ocupao racional do territrio e uso econmico e sustentvel dos recursos naturais. Portan to, o Zoneamento Ecolgico Econmico um instrumento de ordenamento territo rial para orientar o planejamento de uso e ocupao do territrio conforme os condi cionantes do meio fsico, bitico e socioe conmico (SAE, 1991). No tocante ao meio fsico, partindo de uma viso holstica em que todos os com ponentes interagem entre si e so inter dependentes, h que ser feita uma estra tificao baseada na anlise das relaes existentes entre esses principais compo nentes: rochas, relevo, solos, hidrografia, vegetao e clima para que se proceda ao diagnstico ambiental e a avaliao da vulnerabilidade e potencialidade natural de uma dada regio. nesse contexto que o estudo da geologia do Estado do Acre, enfocada em nvel regional ao longo do presente texto, se faz necessrio. O Zoneamento Ecolgico Econmico do Estado do Acre, em sua primeira fase, apresentou dados em escala 1:1.000.000. Na verso atual os resultados so compa tveis com a escala 1:250.000, o que pro porciona maior grau de detalhamento nos produtos gerados. Para o tema Geologia a tarefa foi a de compilar um leque de infor maes dispersas e gerar mapas temticos a partir do banco de dados do projeto SI

2. DESCRIO METODOLGICA2. 1. Material UtilizadoO material em formato digital utilizado durante a pesquisa pertence ao acervo do IMAC, j os em formato analgico foram consultados na EMBRAPA Amaznia Orien tal, constando de: Banco de dados grficoalfanumrico desenvolvido e alimentado pelo IBGE para o Projeto SIPAM, consistindo de mapas no formato digital de geologia com escala de

15LIVRO TEMTICO II RECURSOS NATURAIS I: GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E SOLOS DO ACRE

003/067 003/068

006/065 006/066

SC18XB SC18XD

SC19YB SC19YD

3. GEOLOGIA DO ACRE

No Estado do Acre, a unidade geotectnica mais importante a Bacia do Acre (Figura 1), que com 004/065 SC19VA SC19ZA preende, em superfcie, unidades essencialmente cenozicas. Entre SC19VB SC19ZB tanto, em sua poro mais a oeste ocorrem remanescentes mesozicos SC19VC SC19ZC e at prcambrianos. Sua histria geolgica envolve primeiramente deposio pericratnica e marginal aberta 2. 2. Estudos Preliminares no Paleozico, resultando em sedimentos continentais intercalados a sedimentos ma Os estudos preliminares envolveram a rinhos. Segundo Oliveira (1994), partindo reunio, o cadastramento e a sistematizao de anlises de feies sismoestratigrficas das informaes geolgicas obtidas atravs em sees ssmicas realizadas pela Petro de levantamentos bibliogrficos, e o prepa brs, e das principais estruturas da bacia, a ro do material bsico imagens de sensores sedimentao inicial se deu por rifteamen remotos para interpretao. to intracontinental com possveis incurses

Geologia do Estado do Acre

entrada 1:250.000, e dados alfanumricos sobre os diversos temas. 1. Arquivos vetoriais contendo a hidro grafia das cartas topogrficas do IBGE e DSG na escala 1:250.000 disponveis para a rea, e das cartas planialtimtri cas do Projeto RADAMBRASIL na mes ma escala (Quadro 1). 2. Imagens ETM do satlite LANDSAT 7, em formato digital com as configura es constantes no Quadro 1.

2. 3. Estudo Temtico

O procedimento de obteno de informa es geolgicas para o estudo temtico em si compreendeu duas vertentes principais: sntese e reviso bibliogrfica e elaborao de bases cartogrficas atravs da interpreta o de produtos de sensores remotos. A sntese e a reviso bibliogrfica envol veram consultas sobre a geologia em dife rentes escalas disponveis na litera tura sobre a rea de estudo, alm dos Quadro 01. Materiais utilizados neste trabalho. Fonte: materiais cartogrficos e dos produ *Inpe, 2006; tos de sensores remotos. Os resulta **Radambrasil, 1976. dos apresentados quanto Geologia dizem respeito delimitao de uni Base xopogrfica de dades litoestratigrficas, localizao Imagens de Saxlixe acordo com o corxe de ocorrncias fossilferas e mine rbixa ponxo WRS* inxernacional na rais, alm da delineao das princi escala 1o:250.000** pais estruturas tectnicas. 001/067 004/066 SB18ZC SC19VD O ajuste das informaes geol gicas s bases cartogrficas foi fei 002/066 004/067 SB18ZD SC19XA to por meio de tcnicas de geopro cessamento utilizando o programa ARCGIS 9.0. Foram gerados mapas 002/067 005/065 SB19YC SC19XC geolgicos digitais e analgicos e posteriormente comparados. Isto se 002/068 005/066 SB19YD SC19XD deu para fins de maior confiabilidade nos produtos finais. 003/066 005/067 SC18XA SC19YA

16LIVRO TEMTICO II RECURSOS NATURAIS I: GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E SOLOS DO ACRE

Geologia do Estado do AcreFigura 01. Localizao da Bacia do Acre no contexto geotectnico amaznico. (1) a Formao Solimes, b sedimentos tercirios; (2) Formao I; (3) Formao Alter do Cho; (4) coberturas proterozicas; (5) rochas paleozicas; (6) coberturas do Quaternrio. Fonte: Adaptado de Bezerra, 2003. marinhas. Entretanto para Caputo (1973) tal possibilidade s vislumbrada para as Bacias do Solimes e do Amazonas. Aps o soerguimento do Andes, a deposio se deu em ambiente essencialmente intracontinen tal, com a presena de lagos e posteriormen te, de megaleques aluviais. O embasamento da Bacia do Acre re presentado pelo Complexo Jamari, sua unidade litoestratigrfica mais antiga que aflora nas cabeceiras do rio So Francisco (extremo oeste do Estado, na Serra do Jaqui rana), e compreende rochas gnissicas, gra nulitos, anfibolitos, quartzodioritos e xistos. Corresponde ao Complexo Xingu citado na primeira fase do ZEE, mas aqui diferencia do deste por maior complexidade litolgica, bem como por ambincia tectnica, posto que a Bacia terseia desenvolvido sobre a Faixa Mvel Rondoniana, cujo embasamen to o chamado Complexo Jamari. Em discordncia com essa unidade ocor re a Formao Formosa, cujos litotipos so resultantes de uma emerso do escudo bra sileiro, conforme Caputo (1973). Aps essa deposio houve manifestao gnea alcali na (subida de magma), causando metafor mismo de contato na Formao Formosa. Esse evento originou corpos intrusivos de pequenas dimenses (Sienito Repblica). Durante o Cretceo, houve momentos de incurses e regresses marinhas sucessi vas, resultando na deposio do Grupo Acre. De uma forma geral, houve subsidncia na

Quadro 02. Coluna Estratigrfica das unidades florantes no Estado do Acre. Fonte: IBGE, 1999.

Era

Perodo

poca

FormaoAluvies holocnicos

Caracxersxicas Lixolgicas(QHa) depsitos grosseiros a conglomerticos, representando residuais de canal, arenosos relativos a barra em pontal e pelticos relacionados a transbordamentos. (QHc) material grosso disposto no sop de montanhas em forma de leque aluvial. (QHt) depsitos de plancie fluvial, cascalhos lenticulares de fundo de canal, areias de barra em pontal e siltes e argilas de transbordamento.

Holoceno

Coluvies holocnicos Terraos holocnicos

Quaternrio

Cenozico

Areias quartzosas

(QHaq) areais inconsolidados em interflvios.

Pleistoceno

Terraos Pleistocnicos

(QPt) terraos fluvias antigos. Argilas, silte e areias, localmente com intercalaes lenticulares de argilitos e conglomerados.

Coberturas detrito laterticas

(QPdl) material argiloarenoso amarelado, caolintico, alctone e autctone.

Continua

LIVRO TEMTICO II RECURSOS NATURAIS I: GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E SOLOS DO ACRE

rea, desta feita do tipo flexural em resposta sobrecarga imposta j nesta poca pelos dobramentos andinos. O Arco de Iquitos (que separa a Bacia do Acre da Bacia do So limes) funcionava como rea fonte de se dimentos nos momentos de sedimentao clstica regressiva (momentos de sada do mar). Aps o soerguimento dos Andes (Oro genia Quchua), o Arco de Iquitos foi rebai xado e a Bacia do Acre tornouse intraconti nental ou de antepas, com rea fonte vinda do oeste. Nesse momento depositaramse os litotipos da Formao Solimes e, pro vavelmente, concomitantemente ou logo aps a deposio da Formao I que foi depositada a seguir, houve a inverso dos sistemas de drenagem para leste e formao dos rios Solimes e Amazonas. Maia et al (1977), em razo de anlises de sondagens e perfuraes, separa o material da base da ento Formao Solimes em uma outra formao, a Ramon (constituda por siltitos e arenitos de ambiente oxidante). No h registros no banco de dados do SIPAM so bre a mesma, provavelmente porque foram

descritas somente unidades que afloram em territrio acriano. Em seguida, j no Pleistoceno, alterna ramse momentos de quietude (em que se d instalao dos perfis laterticos cober turas detritolaterticas) com outros de mo vimentao tectnica. Essa nova tectnica (Neotectnica) gerou reativaes de antigas falhas, soerguendo e rebaixando blocos e sendo a responsvel pela deposio do ma terial holocnico, alm de controlar a distri buio do relevo e da drenagem atuais. Na tabela a seguir (Quadro 2) esto listadas as unidades mapeadas na escala de 1:250.000, que compreendem a coluna litoestratigr fica da rea. Em seguida apresentado o mapa geolgico do Estado do Acre (Figura 2). Em comparao s unidades relatadas em escala 1:1.000.000 (na primeira fase do ZEE), verificase uma melhor separabilidade em funo da diminuio da escala, pois as unidades do Pleistoceno eram restritas a Formao Cruzeiro do Sul e as do Holoceno, aos aluvies.

17

Geologia do Estado do Acre

Era

Perodo

poca

FormaoFormao Cruzeiro do Sul

Caracxersxicas Lixolgicas(QPcs) terraos, originados atravs de sedimentao fluvial, flviolacustre e aluvial, constitudos por arenitos finos a mdios, friveis, macios e argilosos, com intercalaes de argilitos. (TNs) sedimentos pelticos fossilferos (argilitos com intercalaes de siltitos, arenitos, calcrios e material carbonoso), de origem fluvial e flviolacustre, com estratificaes planoparalelas e cruzadas tabulares e acanaladas.

Cenozico

Tercirio

Plioceno Mioceno

Formao Solimes

Mesozico

Cretceo

18LIVRO TEMTICO II RECURSOS NATURAIS I: GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E SOLOS DO ACRE

Campaniano Turoniano Cenomaniano

Proterozico Superior

PrCambieano

PrCambieano Indiferenciado

Geologia do Estado do Acre

Maestrichtiano

*Formao Divisor

(Kd) arenitos brancos, amarelos e vermelhos, macios ou com estratificao cruzada, mdios, bem selecionados, com intercalao de siltitos.

(Kra) compese de arenitos finos, com *Formao Rio Azul intercalaes de folhelhos e nveis de calcrio (na base) e para o topo esses arenitos contm intercalaes de siltitos cinzaesverdeados. (Km) conglomerados polimticos basais encimados por arenitos finos a conglomerticos com estratificao cruzada. No topo, arenitos finos a mdios, estratificao cruzada e nveis conglomerticos.

*Formao Moa

(concluso) Coluna Estratigrfica das unidades aflorantes no Estado do Acre. Fonte: IBGE, 1999. *Grupo Acre (PS(L))r composta por quartzo traquito prfiro, ultramilonito, microsienito, sienito, traquito prfiro cataclstico, sienito prfiro, nordmarkito, quartzo traquito e traquito amigdaloidal, constituem corpos de pequenas dimenses. (PSf) quartzitos cinzaescuros, muito duros, camadas de chert cinzaclaro e esbranquiadas, metassiltitos e arenitos quartzticos. Apresenta metamorfismo de contato devido intruso de rocha sientica.

Sienito Repblica

Formao Formosa

Complexo Jamari

(PIMj) rochas de alto grau de metamorfismo na forma de gnaisses, migmatitos, granitos anatticos, granulitos, leptitos e charnockitos.

720'0"W

690'0"W

80'0"S

LegendaAluvies holocnicos Terraos holocnicos Areias quartzosas Formao Cruzeiro do Sul Terraos pleistocnicos Coberturas detrito-laterticas Formao Solimes Formao Solimes - fcies arenosa Grupo Acre -Fm.Divisor -Fm.Rio Azul -Fm.Moa110 55 0 110 Km

100'0"S

720'0"W

Figura 02. Mapa geolgico do Estado do Acre com unidades litoestratigrficas aflorantes (o Sienito Repblica, a Formao Formosa e o Complexo Jamari no so visualizados nessa escala). Fonte: ZEE/Acre

Complexo Jamari (PIMj)Esta unidade representa a associao de rochas mais antiga da regio, ocorrendo no extremo oeste do Estado do Acre. Foi desig nada por Silva et al. (1974) como Complexo Xingu. Entretanto, Isotta et al. (1978), consi derando que em Rondnia o Complexo Xin gu envolveria determinadas litologias, como xistos, quartzitos e rochas intrusivas, no encontradas no embasamento da regio, e ainda, que seria bastante difcil identifica o pura e simples de Complexo Xingu, pro puseram a denominao Complexo Jamari, a qual est sendo adotada aqui. Os principais litotipos so rochas de alto grau metamrfico na forma de gnaisses, migmatitos, granitos anatticos, anfibolitos, leptitos e charnoquitos.

Formao Formosa (PSf)A primeira citao sobre litologias desta unidade encontrase em Moura & Wander ley (1938); posteriormente Leite (1958) in troduziu a denominao Formao Formosa em referncia s rochas que sustentam a cachoeira homnima no igarap Capanaua,

na serra do Divisor. Esta unidade constitu da de quartzitos altamente metamorfizados devido intruso de rochas gneas alcalinas. Com relao idade desta unidade, vrios autores atribuem a tais litologias idade pa leozica (MOURA & WANDERLEY, 1958; LEITE, 1958; MIURA, 1972). Caputo (1973) considerou que tais rochas seriam do Pro terozico Superior, uma vez que se encon tram cortadas por rochas gneas atribudas ao Escudo Brasileiro, o que considerado neste estudo. Sienito Repblica (PS(L)r) As rochas alcalinas reunidas sob a deno minao Sienito Repblica ocorrem somen te na serra do Divisor, em exposies restri tas aos leitos dos igaraps Capanaua, ndio Coronel, Tachip, Repblica e Paran Joo Bezerra. Essas rochas encontramse cortan do as litologias da Formao Formosa, nas quais produzem transformaes devido ao metamorfismo de contato, sendo constitu das por quartzo traquito prfiro, ultramilo nito, microsienito, sienito, quartzo traquito, traquito prfiro cataclstico, sienito prfiro, nordmarkito e traquito amigdaloidal. Pode se correlacionar tal unidade com rochas granticas que ocorrem no Estado de Ron

19LIVRO TEMTICO II RECURSOS NATURAIS I: GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E SOLOS DO ACRE

Geologia do Estado do Acre

Coluvies holocnicos

dnia, o que se faz crer que essas litologias sejam do Proterozico Superior.

Grupo AcreSob essa denominao renemse as formaes Moa, Rio Azul e Divisor. Tais li tologias sustentam as serras que ocorrem a oeste do Estado do Acre (Serra do Jaquirana, Serra do Moa, Serra, do JuruMirim e Serra do Rio Branco) e esto condicionadas a uma estrutura dobrada. No flanco interno da dobra est a Formao Rio Azul, na poro central, a Formao Moa e no flanco externo e ocidental, a Formao Divisor.

da por uma seqncia de arenitos finos a mdios, ocasionalmente com disseminao ferruginosa. Na poro basal existem inter calaes de folhelhos e nveis de calcrios. Para o topo existem intercalaes de folhe lhos e siltitos. Sua idade dada com base em correlao estratigrfica, principalmente com relao Formao Moa. Os trabalhos realizados at ento a posicionam no inter valo Turoniano Campaniano, ou seja, no Cretceo Superior (BARROS et al., 1977).

20LIVRO TEMTICO II RECURSOS NATURAIS I: GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E SOLOS DO ACRE

Geologia do Estado do Acre

Formao Divisor (Kd)Sua idade baseiase na relao estrati grfica no topo do Cretceo Superior, no intervalo Maestrichtiano. Caracterizase do minantemente por um pacote de arenitos mdios bem selecionados. Ao longo da se o contm intercalaes de siltitos averme lhados, e localmente silicificados e brecha de falha. Na poro basal esses arenitos so mais friveis e porosos, chegando a exibir grandes cavernas. Para o topo so mais fer ruginosos, chegando a desenvolver crostas e concrees com at 30 cm de espessura. O ambiente de deposio admitido por Ca puto (1973) e adotado at ento flvio litorneo, sendo mais fluvial para o topo. Formao Solimes (TNs) As primeiras referncias aos sedimen tos da Formao Solimes datam do sculo XIX e encontramse nos trabalhos de Hartt

Formao Moa (Km)O ambiente deposicional admitido para esses sedimentos dominantemente conti nental (CAPUTO, 1973). Os litotipos predo minantes so arenitos, com intercalaes de camadas de argilitos e siltitos, e nveis con glomerticos. Sua idade baseiase em corre lao estratigrfica, e a maioria dos traba lhos a posiciona no intervalo Cenomaniano Coniaciano, ou seja, no Cretceo Superior. Formao Rio Azul (Kra) Moura & Wanderley (1938) chamaram ao conjunto de rochas desta unidade de S rie com folhelhos e calcrios, formalizando depois o termo Rio Azul, devido s boas ex posies nesse rio. A unidade caracteriza

Coberturas detritolaterticas neopleistocnicas (QPdl)A partir da dcada de 60, a comunidade geolgica brasileira despertou para o estu do das lateritas da Regio Amaznica devido principalmente a sua grande potencialidade mineral (Fe, Al, Au, Ti, Nb etc.). Diversos au tores como Towse & Vinson (1959), Som broek (1966), Costa (1985, 1988a e b e 1990a e b) e Costa & Arajo (1990) estuda ram as lateritas da Amaznia. Costa (1991) reconheceu dois principais eventos de late rizao durante o Cenozico: um primeiro, no EocenoOligoceno, formador das lateri tas maturas ricas em caulinita e um outro mais recente, no Pleistoceno, formador das lateritas imaturas com alto teor de ferro. A cobertura detritolatertica neopleistocni ca , portanto, similar ao segundo evento (DELARCO & MAMEDE, 1985). No Acre, dispese sobre os sedimentos da Formao Solimes, restringindose a

LIVRO TEMTICO II RECURSOS NATURAIS I: GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E SOLOS DO ACRE

(1870), Orton (1870, apud Oliveira & Leo nardos, 1943), Orton (1876) e Brown (1879), entre outros. A Formao Solimes a mais exten sa das unidades litoestratigrficas do Acre, estendendose alm fronteira para os terri trios peruano e boliviano. Encontrase, em algumas partes no lado leste, encoberta pelas coberturas detritolaterticas pleistocnicas, expondose nas reas prximas aos vales. A seqncia litolgica constituise de ar gilitos slticos cinza a esverdeados; siltitos ar gilosos, localmente com concrees e lentes calcrias, concrees gipsferas e limonticas, e nveis ou lentes com matria vegetal carbo nizada (turfa e linhito) em geral fossilferos. Intercalados ou sobrepostos aos pelitos ocorrem arenitos finos a grosseiros. Em deter minadas reas, predominam sobre os pelitos, permitindo sua individualizao. Esses litoti pos esto dispostos em seqncias cclicas, t picas de ambiente continental fluvial e flvio lacustre, com fcies de leque aluvial (SILVA et al., 1976). Maia et al. (1977), com base em seu con tedo fossilfero, estabeleceram o intervalo de idade MiocenoPlioceno. Latrubesse et al. (1994) admitiram para Formao Solimes um nico ciclo deposicional contnuo, por meio de leques gigantes, durante o Mioceno Superior e o Plioceno, idade correlacionada da fauna abundante e variada de mamferos Huayqueriense montehermosense.

Formao Cruzeiro do Sul (QPcs)Foi definida primeiramente por Boin & Bonatti como parte superior da Forma o Solimes (apud. BARROS et al., 1977), referindose aos sedimentos arenosos que se encontram sobrepostos aos terraos infe riores, localizados nas imediaes da cidade de Cruzeiro do Sul. Os autores do projeto PMACI II (PINTO et al., 1994) adotaram a denominao: Formao Cruzeiro do Sul para os sedimentos acima referidos, ratifica da no presente trabalho. Pouco estudada em suas caractersticas especficas, devido sua recente separao a partir da Formao Solimes, a Formao Cruzeiro do Sul ocorre sobreposta a feies tipo terrao, sendo sua maior exposio lo calizada ao sudoeste da cidade de Cruzeiro do Sul, na confluncia dos rios Moa e Juru. So sedimentos depositados por correntes fluviais, flviolacustre e em leques aluviais, compostos por arenitos finos, friveis, maci os, argilosos, com intercalaes de argilitos lenticulares e estratificao cruzada; sobre tudo em sua poro inferior.

21

Geologia do Estado do Acre

22LIVRO TEMTICO II RECURSOS NATURAIS I: GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E SOLOS DO ACRE

Geologia do Estado do Acreparte sudeste do Estado. Compese de sedi mentos argiloarenosos de cor amarelada, ca olinticos, parcial a totalmente pedogeneiza dos, gerados por processos alviocoluviais. Sua delimitao feita basicamente por interpretao visual de imagens de radar e de satlite (aspecto textural liso e homo gneo). Por conta disso, e em face da con temporaneidade entre a deposio dessas coberturas e a elaborao das superfcies de aplainamento, admitese para essa unidade a idade neopleistocnica.

Terraos pleistocnicos (QPt)As antigas plancies de inundao, atu almente definidas como superfcies aplai nadas e possivelmente escalonadas, as quais representam Aluvies antigos, foram individualizadas sob a designao Aluvies Indiferenciadas, por Silva et al. (1976). No presente trabalho esses depsitos foram de signados Terraos pleistocnicos. Mostram uma distribuio descontnua, representando diferentes comportamen tos dos meios deposicionais, provavelmen te ocasionados por diferentes fatores, tais como: oscilaes climticas, movimentos

eustticos, ou mesmo a ao de algum even to de carter tectnico, inclusive de bascu lamento local. No presente trabalho estes depsitos esto diferenciados dos Terraos holocnicos devido principalmente sua dissecao por drenagem de primeira e se gunda ordem e pela presena de raros me andros colmatados, os quais so mais abun dantes nos terraos holocnicos. So constitudos por argilas, siltes e areias, s vezes macios, de coloraes aver melhadas, depositados em terraos fluviais antigos e rampas terraos. Localmente en globam intercalaes lenticulares de argili tos e conglomerados. Conglomerados com seixos de material carbontico e quantida de expressiva de fauna fssil pleistocnica so encontrados na regio do Alto Juru. Nas rampas terraos incluem sedimentos colvioaluviais arenoargilosos, provavel mente depositados em condies paleo hidrolgicas distintas das atuais; relaciona das s variaes climticas.

Terraos holocnicos (QHt)Esses depsitos mostram caractersticas tpicas de depsitos de plancie fluvial, isto

, so constitudos por cascalhos lenticu lares de fundo de canal, areias quartzosas inconsolidadas de barra em pontal e siltes e argilas de transbordamento. Ocorrem ao longo das principais drenagens.

Areias quartzosas inconsolidadas (QHaq)Inicialmente includas como parte areno sa da Formao Solimes nas imediaes de Cruzeiro do Sul, Pinto et al. (1994) separa ram as areias quartzosas que ocorriam nas reas de campinas, posicionandoas na por o superior da Formao Cruzeiro do Sul. Esses sedimentos arenosos, resultantes de processos pedogenticos, constituem produto de intensa lixiviao sobre sedi mentos de poro superior da Formao Cruzeiro do Sul, tendo sua rea de exposi o delimitada pela presena das campinas. Ocorrem, portanto, em reas interfluviais com lenol fretico elevado, sendo uma for mao superficial edafoestratigrfica, cor respondendo aos Neossolos quartzarnicos. Apresenta um relevo geralmente tabular, que representa um plat residual, desen volvendo uma drenagem com vales de fun do chato e plancies de inundao amplas. Encontrase recobrindo um pacote argiloso de carter redutor (depsito de transbor damento), representativo de um ciclo mais antigo. Este apresenta um relevo mais mo vimentado, com formas de topo convexo e/ ou aguado.

4. A GEOLOGIA NAS REGIONAIS DO ACREO Estado do Acre foi divido em cinco regionais (Alto Acre, Baixo Acre, Purus, Ta rauac e Envira e Juru) que tiveram como base principal as bacias hidrogrficas, que caracterizam identidades culturais e de pro duo distintas. Na tabela 1 verificase a distribuio das formaes geolgicas em cada regional. A predominncia da Formao Soli mes no Estado do Acre notvel (cerca de 85% da rea do Estado). Sobre a mes ma desenvolveramse diversos tipos de solos, onde diversas tipologias vegetais instalaramse. O porqu dessa diversidade de ambientes diz respeito prpria gne se geolgica e geomorfolgica presentes, entretanto carecem de estudos especficos. Apesar dessas lacunas de informao, al guns direcionamentos podem ser dados.

23LIVRO TEMTICO II RECURSOS NATURAIS I: GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E SOLOS DO ACRE

Depsitos coluvionares (QHc)Dispemse no sop dos relevos do Com plexo Fisiogrfico da Serra do Divisor, com pondo os chamados leques aluviais com seu padro de drenagem distributrio bem caracterstico. So compostos por arcsios, conglomerados, grauvacas e fragmentos de rocha de m classificao.

Depsitos aluvionares (QHa)As acumulaes mais expressivas ocor rem nas plancies dos rios maiores, sobre tudo daqueles com cursos mendricos e

Geologia do Estado do Acre

sinuosos. Os sedimentos apresentam carac tersticas gerais semelhantes e constituem depsitos de canal, incluindo depsitos de barra em pontal e os depsitos residuais de canal e de transbordamento. Nos depsitos de canal, que formam praias de extenso varivel, ocorrem areias quartzosas de granulao fina a grosseira. Os depsitos de transbordamento so cons titudos por silte e argila com granulometria decrescente da base para o topo. Nas sees basais so encontradas comumente areias quartzosas fina, porcentagem varivel de argila e presena freqente de muscovita e minerais pesados. Os sedimentos slticos e argilosos sempre sucedem as areias da base, apresentandose macios ou finamente laminados. Comu mente incluem restos vegetais de troncos e folhas parcialmente carbonizados.

24Geologia do Estado do Acrearauac %7,82 3168,06 5,92 3097,56 9,69

Formaes Geolgicas %7,10 842,09 3,78 3174,92

Alxo Acre rea % rea rea % rea %

rea

Aluvies holocnicos ** 0,77 ** ** ** 157,76 0,70 264,92 0,65 ** ** ** ** ** ** ** ** ** ** ** ** ** ** 524,63 2,35 769,22 1,89 526,53 0,98 1562,37 104,98 3115,12 809,90 ** ** ** ** ** ** 92,91

1129,72

Coluvies holocnicos

**

Terraos holocnicos

123,40

Areias quartzosas

**

Formao

Cruzeiro do Sul

**

Terraos pleistocnicos 5,79 1598,81 7,17 76,53 0,18 *

**

Coberturas detritolaterticas 69,00 17,33 ** ** ** ** ** ** 0,0008 0,60 ** ** ** ** 0,002 ** ** ** ** ** ** ** ** ** ** ** 110,44 ** ** ** 4767,50 21,4 3987,11 9,82 ** ** ** ** ** ** 0,27 14380,39 64,56 32172,33 79,33

921,50

Formao Solimes

10977,50

Fm. Solimes fcies arenosa

2758,07

Formao Divisor

**

Formao Rio Azul

**

Formao Moa

**

Sienito Repblica

**

Formao Formosa

**

Tabela 01. rea ocupada pelas diferentes formaes geolgicas nas regionais do Estado do Acre. *rea em Km ** no ocorre

Complexo Jamari

**

Margem dos rios

0,14

LIVRO TEMTICO II RECURSOS NATURAIS I: GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E SOLOS DO ACRE

Baieo Acre

Purus

Juru

0,29 4,88 0,32 9,75 2,53

**

**

**

42718,68 7059,54 ** ** ** ** ** ** 55,04

79,80 13,19 ** ** ** ** ** ** 0,10

21988,02 346,17 371,90 230,09 210,70 3,65 1,09 1,82 14,63

68,81 1,08 1,16 0,72 0,65 0,011 0,003 0,005 0,045

Pelos dados acima apresentados e confor me as figuras mostradas seguir, observase que a regional com maior diversidade geol gica a do Juru e a de menor diversidade a do Tarauac. Pela histria geolgica da regio compreensvel que isto ocorra, pois a parte mais a oeste do Estado est inclu da na faixa de dobramentos da Cordilheira dos Andes. Com os dobramentos e falhas de empurro, houve uma sobrecarga litosfrica compensada por subsidncia flexural perif rica e formao das bacias de antepas, onde se insere a bacia do Acre. Com a progresso da deformao da faixa andina pores do embasamento da bacia foram soerguidas, propiciando a exposio de rochas paleozi cas e mesozicas, normalmente encobertas pela Formao Solimes. Com exceo da regional do Juru, h certa uniformidade geolgica no restante da rea. As diferenciaes ficam por conta

da ocorrncia de diferentes nveis de terra os fluviais nas regionais do Purus e Baixo Acre (terraos pleistocnicos e holocnicos) (pelas falhas e fraturas analisados nesse tra balho, acreditase que a tectnica teve um papel importante para sua diferenciao. Levando em conta dados morfomtricos obtidos pelo levantamento geomorfolgico realizado tambm nessa segunda fase do ZEE, verificase nessas regionais, um posi cionamento altimtrico condizente com di ferenciaes causadas por basculamentos pretritos); e pela presena de coberturas detritolaterticas ao leste do Estado, inse ridas nas regionais do Baixo e Alto Acre. A gnese desses depsitos em tais locais precisa ser estudada com mais detalhe, mas de qualquer modo, tratase de uma possibilidade de investimentos para essas regionais caso seja comprovada alguma potencialidade mineralgica.

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680'0"W

100'0"S

LegendaAluvies holocnicos Terraos holocnicos Terraos plaistocnicos Coberturas detrito-laterticas Formao Solimes Fm. Solimes- fcies arenosa

110'0"S

Figura 03. Mapa geolgico da regional do Alto Acre. Fonte: Acre, 2006

Geologia do Estado do Acre

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Geologia do Estado do Acre

LegendaAluvies holocnicos Terraos holocnicos Terraos plaistocnicos Coberturas detrito-laterticas Formao Solimes Fm. Solimes- fcies arenosa 690'0"W

Figura 04. Mapa geolgico da regional do Baio Acre Fonte: Acre, 2006

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LegendaAluvies holocnicos Terraos holocnicos Terraos plaistocnicos Coberturas detrito-laterticas Formao Solimes Fm. Solimes- fcies arenosa

Figura 05. Mapa geolgico da regional do Purus. Fonte: Acre, 2006

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2790'0"SLegenda

Aluvies holocnicos Terraos holocnicos Formao Solimes Formao Solimes - fcies arenosa

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Figura 06. Mapa geolgico da regional do Tarauac. Fonte: Acre, 2006

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Geologia do Estado do Acre

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2890'0"SLIVRO TEMTICO II RECURSOS NATURAIS I: GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E SOLOS DO ACRE

Geologia do Estado do Acre

80'0"S

LegendaAluvies holocnicos Coluvies holocnicos Terraos holocnicos Areias quartzosas Formao Cruzeiro do Sul Terraos pleistocnicos Formao Solimes Formao Solimes - fcies arenosa Formao Divisor Formao Rio Azul Formao Moa Sienito Repblica Formao Formosa Complexo Jamari

Figura 07. Mapa geolgico da regional do Juru. Fonte: Acre, 2006

No tocante s potencialidades de uso e aplicao a escassez de informaes sobre os materiais disponveis no Estado do Acre fator limitante. H litotipos presentes nas diversas formaes geolgicas passveis de explorao, entretanto, no h segurana de que sua explorao seja profcua e pos svel, visto que facultam estudos de campo, levantamentos e ensaios com os materiais. necessrio, portanto, que se verifique onde esto os afloramentos que podem ser explo rados, a qualidade desses materiais, qual o volume que pode ser explorado, que medi das de controle ambiental precisam ser con sideradas, etc.

Formao SolimesAs principais potencialidades no Esta do, dentro da Formao Solimes (que a principal formao geolgica em termos de rea de ocorrncia) so a gipsita e argilas. Ocorrncias de gipsita e de argilas tm sido descritas desde os primeiros trabalhos de reconhecimento geolgico na regio.

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5. POTENCIALIDADES DE USO E APLICAO

Quanto forma de ocorrncia, so conhe cidas trs variedades de gipsita: a selenita, a gipsita fibrosa (a mais freqente e economi camente importante) e o alabastro. A gipsita do Acre do tipo selenita e ocorrem predo minantemente, nos rios Purus, Chandless e Iaco, nas imediaes de Sena Madureira e Manuel Urbano, alm de ocorrncias meno res nas proximidades de Marechal Thauma turgo. Nas descries so destacadas as pe quenas espessuras de suas exposies e ini bidas iniciativas exploratrias, entretanto, cabe ser ressaltado aqui os mltiplos usos desse mineral: a gipsita consumida sob as formas bruta e beneficiada. Sob a forma bruta utilizada pelos setores cimenteiro e agrcola. Sob a forma beneficiada, denomi nada gesso, utilizada predominantemente pela indstria da construo civil na forma de prmoldados, em revestimento de pare des e como elemento de decorao arquite tnica e, subordinadamente, pelos setores ceramista, odontolgico, mdico e de adere os (joalharia). Dessa forma, por ser o Acre um local carente de matria prima, tornase til uma melhor investigao sobre a ocor rncia de gipsita e seu volume exploratrio.

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Geologia do Estado do Acre

O mesmo ocorre com as argilas. Alguns testes realizados pelo IPT (Instituto de Pes quisas Tecnolgicas) indicam boa qualidade. Pela caracterstica litolgica da Formao Solimes pode haver um volume compatvel para explorao mesmo em nvel local. En tretanto, ressaltase a necessidade de melhor avaliao desses depsitos atravs de pros peco e de definies de parmetros para controle e recuperao do meio ambiente, em funo da fonte energtica disponvel na regio e da demanda do mercado consumi dor (colaboraria em parte com a diminuio de matria vinda de outros estados).

aplicao, mas em face da disponibilidade e de sua razovel qualidade, tratase de uma boa frente de aplicao. O DERACRE, nas re gionais do Alto e Baixo Acre, utilizam outro tipo de material. Segundo o rgo, tratase de matria mais resistente, entretanto em Cruzeiro do Sul, as lateritas so utilizadas, conforme dados do IMAC.

Formao Cruzeiro do SulNessa unidade h uma grande quantida de de areias, o que possibilita sua explora o. As atividades contam com a fiscalizao do IMAC. O material retirado de excelente qualidade, alm de apresentar variedade de aplicaes em funo de variao granulo mtrica (as areais vo de muito finas a con glomerticas).

30LIVRO TEMTICO II RECURSOS NATURAIS I: GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E SOLOS DO ACRE

Geologia do Estado do Acre

Coberturas detritolaterticas pleistocnicasDesde os anos 80, com a investida go vernamental para construo de rodovias, a ateno voltouse para a necessidade de se obter material utilizado na construo civil no Acre pela ausncia de rocha dura no Es tado. Por outro lado, a descoberta das co berturas laterticas na regio e a utilizao desse material em outras regies da Amaz nia e em alguns locais do Nordeste, fez com que se desse devida ateno questo. Al guns trabalhos, como o de Azevedo (1982) e o de Costa (1985) serviram como estmulo a explorao das lateritas no Estado, alm de pesquisas especficas realizadas por empre sas construtoras de rodovias. Costa (1985) cita a j utilizao de late rita fina na capa asfltica e da grossa como base e subbase e asfalto. No se trata, ob viamente, de material excelente para tal

Terraos holocnicos e pleistocnicosEm determinados locais do Estado, as unidades de terraos apresentam grande volume de areia. Nos municpios do Baixo e Alto Acre, so amplamente exploradas e tais atividades so regularizadas e fiscalizadas pelo IMAC, ou esto em processo de regu larizao. H retirada regular de areia tam bm em Feij, Tarauac e Manoel Urbano. Mais uma vez ressaltase que toda explo rao deve ser sustentada por avaliaes preliminares onde se verificam a disponibili dade do recurso, a possibilidade de extrao, a relao custobenefcio e, principalmente, os impactos gerados no ambiente por con ta da explorao. Em Sena Madureira, por

Paleontologia Coluvies HolocnicosEm geral, os colvios so fontes impor tantes de recursos minerais. Na Amaznia, so importantes fontes de ouro e quartzo. No Acre, como se v no mapa geolgi co, h uma ocorrncia restrita desse tipo de depsito no oeste do Estado. possvel a ocorrncia de mineralizaes nessa regio em funo dos litotipos presentes (Grupo Acre) e os colvios seriam disseminadores e ao mesmo tempo concentradores desses mi nrios. Entretanto, localizase numa rea de proteo integral (Parque Nacional da Serra do Divisor), o que inviabiliza a retomada de prospeco e de possvel explorao. Desde o Radambrasil, as informaes so bre potencialidades minerais no Estado do Acre continuam precrias. Algumas investi das da CPRM foram realizadas, mas nenhu ma evidenciou um carter exploratrio fact O Estado do Acre, sem dvida, se desta ca pela presena de localidades fossilferas disseminadas, grosso modo, por todo seu territrio associadas em grande parte Formao Solimes, mas tambm a depsi tos desde o Cretceo (como dentes de tuba res encontrados na Serra do Moa) (RANCY, 2000) at o Holoceno. Tratase de stios de grande valor cien tfico e, passveis de se constituir em re as de relevante interesse cientfico ou de Proteo Ambiental. A presena de fsseis fundamental para o entendimento da his tria geolgica e paleontolgica do Estado, e isto torna imprescindvel a conscientiza o da populao local sobre a importn cia dessas ocorrncias no municpio para que se busquem formas de preservao dos locais de coleta de material fossilfero e do prprio contedo coletado. No raro

LIVRO TEMTICO II RECURSOS NATURAIS I: GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E SOLOS DO ACRE

exemplo, h retirada direta das praias no Rio Iaco sem a percepo de que a atividade promove acrscimo de movimento de mas sa, tornando as reas altamente instveis do ponto de vista geotcnico, alm de causar degradao ambiental.

vel dessas ocorrncias, o que nos leva a crer na sua inviabilidade. Entretanto, sugerese aqui, maior grau de detalhamento a fim de se conhecer a real situao dessas ocorrn cias para emitir pareceres mais confiveis.

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Geologia do Estado do Acre

fsseis so descobertos pela populao e perdidos em seguida por inadequao de acondicionamento.

6. NEOTECTNICA NO ACREDa teoria de Tectnica de Placas, sabe se que a Terra constituise de um mosaico de blocos, chamados Placas Tectnicas. Tais blocos esto em movimento, em seus limites ocorrem movimentos distensivos, compres sivos ou transformantes (uma placa desliza em sentido contrrio a adjacente). Essas mo vimentaes geram a tectnica (do grego tecktos = construo) da Terra e isso ocorre em ciclos. Ao ciclo de movimentaes mais recente chamamos de Neotectnica. As questes envolvendo os limites da Ne otectnica (ou seja, at quando podemos re cuar no tempo geolgico para considerar o prefixo neo) comearam a ser elucidadas a partir da anlise das vrias propostas dispo nveis na literatura por Pavlides (1989). Este autor concluiu que o incio do perodo neo tectnico no representa um marco estrati grfico na evoluo da Terra, mas vinculase s particularidades de cada ambiente geo tectnico. Outro aspecto importante nesse contexto que os movimentos atuais, que sempre foram considerados dentro de uma categoria independente, uma vez que no se admitia deformao da crosta no Holo ceno, passaram a integrar a Neotectnica. A principal consequncia desse entendimento que: as transgresses e regresses mari nhas, o desenvolvimento e a organizao de bacias hidrogrficas, alm da elaborao de sistemas de relevo atuais antes vinculados apenas s idias de oscilaes eustticas passaram a ser associados tambm aos mo vimentos orogenticos e epirogenticos da crosta (BEMERGUY, 1997). Segundo Hasui & Costa (1996) a Neo tectnica apresenta carter multidisciplinar que requer a utilizao de mtodos e tcni cas de investigao geolgicos, geofsicos e geoqumicos; as aplicaes so encontra das em quase todas as frentes de utilizao prtica (minerao, explorao mineral; hidrogeologia, obras de engenharia, estu

32LIVRO TEMTICO II RECURSOS NATURAIS I: GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E SOLOS DO ACRE

dos ambientais, planejamento de ocupao do espao, ecoturismo, etc) ou cientfica da informao geolgica (evoluo geolgica, evoluo da paisagem e outros). Tambm possibilita extrapolaes para deduzir mani festaes ou prever riscos naturais ou artifi ciais no meio fsico. Os aspectos gerais da Neotectnica no interior da placa Sulamericana, em parti cular no Brasil, foram abordados por Hasui (1990) e Costa et al. (1996). Desses traba lhos concluise que o incio da Neotectnica est sendo vinculado mudana do regime tectnico de carter distensivo, a que se liga a abertura do Atlntico, para um regi me transcorrente, ora em vigor, relacionado com a rotao da Placa Sulamericana para oeste, com o plo de rotao localizado a sulsudeste da Groenlndia. A poca des sa mudana de regime foi tentativamente fixada no Mioceno Superior, assim, a Neo tectnica abrangeria o Negeno (Mioceno Plioceno) /Quaternrio. A Neotectnica tem manifestaes em termos de evoluo do re levo, sedimentao e gerao de estruturas geolgicas notveis;

Geologia do Estado do Acre

Na regio amaznica, Costa et al. (1996) demonstraram que a complexa coexistncia de extensas plancies com sistemas de serras de altitudes supe riores a 2.500 m s pode ser mais bem entendida se forem considerados os elementos estruturais gerados pelos movimentos tectnicos do Cenozico, sobretudo no Negeno/Quaternrio. Tais estruturas so consideradas neo tectnicas se forem geradas ou reativa das no perodo citado. Se essas estrutu ras esto em movimentao, precisam ser levadas em conta antes de qualquer iniciativa de planejamento e ordena mento territorial, pois podem envolver riscos para as populaes. Os trends de estruturas mais importantes so os de direo NESW, NWSE e EW reativados com a instalao da faixa transcorrente do Juru. Esta direo, alis, promove reorganizaes importantes nos princi pais rios do Estado, pois geralmente deslo cam seus cursos para a esquerda em funo dessas falhas EW. Momentos de transpres so alternados com transtenso so respon sveis pela elaborao da paisagem atual. No Acre, temse uma das mais importan tes zonas sismognicas do Brasil (reas com risco de ocorrer sismos terremotos). Os sis mos representam alvios de tenso ao longo de falhas, em geral em ciclos recorrentes de cargas/descargas de tenso ou quiescncia/ manifestao de abalos, e so analisados por seus efeitos em superfcies ou registra dos em sismgrafos. O Estado carece de estudos nesse senti do. Frente aos grandes projetos de constru o civil, abertura de estradas, construo de pontes, etc., que esto sendo ou sero desenvolvidos, importante que ateno seja dispensada aos efeitos da Neotectnica na determinao de reas aptas a receber aqueles empreendimentos ou reas com pletamente inaptas. Isso diz respeito vul nerabilidade dessas reas, de que tratamos no incio do texto. imprescindvel a deli neao de falhas ativas no territrio acriano e de estruturas que imprimam fragilidade aos ambientes.

Um primeiro passo a anlise do rele vo gerado por tectnica e da drenagem. Os cursos de gua geralmente adaptamse s orientaes das estruturas geolgicas ou so afetadas por elas, resultando no desen volvimento de cachoeiras, ou barragens, ou deslocamentos dos canais dependendo do tipo de falha; j o relevo tectnico expressa um espectro de feies topogrficas que po dem ser empregadas como indicadoras de estilo, magnitude e taxa de movimentos tec tnicos, destacandose as seguintes: escar pas de falhas; paleoterraos desnivelados; deslocamento de escarpas fluviais; mudan a brusca de declividade; deslocamento de construes feitas pelo homem historica mente comprovadas; cristas, etc. Nesse momento, tais estruturas sero visualizadas no mapa geolgico a ser publi cado nesta segunda fase do ZEE, com base em anlise de drenagem e de relevo, mas cabe aqui ressaltar a iminente necessidade de aprofundar esses estudos, determinar a gnese dessas estruturas, a cronologia dos eventos que as geraram, sobretudo em re as no sudeste acriano, onde a antropizao maior.

33LIVRO TEMTICO II RECURSOS NATURAIS I: GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E SOLOS DO ACRE

Geologia do Estado do Acre

Consideraes FinaisComo explicado anteriormente, a base de dados utilizada neste trabalho foi a do SIPAM/IBGE. Entretanto alguns ajustes foram realizados, como por exemplo, a adequao da legenda geolgica para o Estado do Acre e a presena de algumas lacunas de informao que foram sana das a partir da anlise de imagens de sa tlite e de radar. Destacase o grande avano nesta se gunda fase do ZEE haja vista a ampliao da escala de trabalho de 1:1.000.000 para 1:250.000. Isso possibilita um maior poder de anlise em todos os te mas trabalhados. Os avanos no tema Geologia so notveis. Em sua primeira fase, o ZEE apresentou dez unidades lito estratigrficas contra quinze publicadas nesse momento. Principalmente no per odo de tempo mais recente importante esse detalhamento. A separao dos di versos nveis de terraos, por exemplo, pode explicar o desenvolvimento deste ou daquele tipo de solo e suas conse qncias. A separao de depsitos de colvio daqueles aluvionares proporcio na melhor entendimento dos processos erosivos neste ou naquele setor do Esta do, etc. Diante dos avanos obtidos nessa eta pa do ZEE cabe ressaltar a necessidade de um detalhamento maior das informa es geolgicas, com investimentos em trabalhos de campo e anlises laborato riais dos materiais encontrados no Esta do. No tocante a litologia (tipo de mate rial ou rocha), a necessidade primeira a de conhecer melhor nossas potencialida des de explorao de bens minerais e de terminao/quantificao de aquferos (rochas que permitem acmulo e fluxo de gua subterrnea); no que diz respei to a estruturas tectnicas, possibilidade de ampliar e direcionar investimentos de construo civil e planejamento ambien tal como um todo a determinadas reas menos vulnerveis tectonicamente, etc.

34LIVRO TEMTICO II RECURSOS NATURAIS I: GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E SOLOS DO ACRE

Geologia do Estado do Acre

Livro Temtico IIRecursos Naturais I: Geologia, Geomorfologia e Solos do Acre

CaptuloGeomorfologia do Estado do Acre

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Geomorfologia do Estado do Acreb eexoo: Luciana Mendes CavalcanxeGeloga, M.Sc.

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Geomorfologia do Estado do Acre

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7. INTRODUOquentemente, permite melhorar a acur cia na determinao de vulnerabilidades/ potencialidades do meio fsico por meio da superposio dos mapas temticos do eixo de recursos naturais.

processo de Zoneamento Ecol gico Econmico envolve, preli minarmente, estudos ambientais que examinam os efeitos da inter ferncia do homem sobre os diversos am bientes naturais, por meio de abordagens multidisciplinares. Nesse nterim, destaca se a anlise do relevo como um dos compo nentes bsicos desse tipo de pesquisa. A Geomorfologia compreende a descri o, classificao e elucidao dos proces sos de evoluo das formas de relevo, que expressam o arcabouo litoestrutural e re tratam a atuao de condies climticas pretritas e atuais. Sobre elas, desenvolvem se os tipos de solos, os quais, por sua vez, permitem a instalao das variadas co munidades vegetais. A partir desse ponto, vislumbrase o emaranhado de relaes existentes entre ambiente e ser humano, o modo como uma esfera atua sobre a outra e como so interdependentes. Dessa feita, a segunda fase do Zonea mento Ecolgico Econmico do Acre, por meio de mapeamento em escala 1:250.000, pretende apresentar a geomorfologia do Estado do Acre. Tal ao foi realizada por meio de compilao bibliogrfica e gerao de mapas temticos a partir do banco de dados ambientais do projeto SIPAM IBGE. O grande avano com relao primeira fase foi a de ampliao de classes temti cas (trs classes geomorfolgicas anterio res versus nove atuais). Esse detalhamento permite inferir sobre processos morfoge nticos de maneira mais precisa e, conse

8. DESCRIO METODOLGICA8. 1. Material UtilizadoO material em formato digital utilizado durante a pesquisa pertence ao acervo do IMAC, j os em formato analgico foram consultados na Embrapa Amaznia Oriental, constando de: Banco de dados grfico alfanumrico desenvolvido e alimentado pelo IBGE para o Projeto SIPAM (IBGE, 1999), consistindo de mapas no formato digital de geomorfo logia e cartografia, com escala de entrada 1:250.000, e dados alfanumricos sobre os diversos temas. Arquivos vetoriais contendo a hidrogra fia das cartas topogrficas do IBGE e DSG na escala 1:250.000 disponveis para a rea, e das cartas planialtimtricas do Projeto RA DAMBRASIL na mesma escala (Quadro 3). Imagens ETM do satlite LANDSAT 7, em formato digital com as configuraes cons tantes no Quadro 3. PC Dell Pentium 4 com configurao de 3.2 GHz e 2 1Gb de memria RAM. Programa ARCGIS para tratamento e gerenciamento dos dados cartogrficos em formato digital.

Figura 08. Materiais utilizados neste trabalho. Fonte: Inpe, 2006* e Radambrasil**, 1976.

Imagens de Saxlixe rbixa ponxo WRS*001/067 002/066 002/067 002/068 004/066 004/067 005/065 005/066

Base xopogrfica de acordo com o corxe inxernacional na escala 1o:250.000**SB18ZC SB18ZD SB19YC SB19YD SC19VD SC19XA SC19XC SC19XD

8. 4. FundamentaoTerica

A gerao das bases analgicas pautouse na aplicao das tc 003/066 005/067 SC18XA SC19YA nicas de fotoleitura, fotoanlise e fotointerpretao recomendadas 003/067 006/065 SC18XB SC19YB por Soares & Fiori (1976) envol vendo a interpretao de imagens 003/068 006/066 SC18XD SC19YD de radar e de satlite. igualmente relevante aplicao do conceito 004/065 SC19VA SC19ZA de sistemas de relevo (COOKE & SC19VB SC19ZB DOORNKAMP, 1978), que com preende a anlise das formas e SC19VC SC19ZC dos grupos de formas de relevo e se aproxima das bases do mapea mento de landsystem. Esse procedimento busca a subdiviso de uma regio em reas 8. 2. Estudos Preliminares que tenham em seu interior atributos fsicos Nessa fase so sistematizadas as infor comuns que so diferentes das reas adja maes geomorfolgicas obtidas atravs de centes. Internamente, os sistemas de relevo levantamentos bibliogrficos. Aqui tambm apresentam um padro recorrente de topo so reunidos e preparados os materiais b grafia, solos e vegetao. Uma breve reviso de conceitos fazse sicos (imagens de sensores remotos e ma pas planimtricos e/ou planialtimtricos), necessria a fim de introduzir o assunto tra tado adiante. O mapeamento geomorfolgi para interpretao. co permite uma ordenao dos fatos geo morfolgicos mapeados em uma taxonomia 8. 3. Estudo Temtico que os hierarquiza (IBGE, 1995). Em funo da gnese e da geometria, uma Aqui so realizadas sntese e reviso bi bliogrfica e elaborao de bases cartogr forma de relevo considerada um modelado ficas por meio de interpretao de produtos (podendo ser resultante de acumulao (A), de sensores remotos e de bases topogrfi aplanamento (P), dissecao (D) e dissolu cas. Para os dados de campo, uma vez que o (K)). Determinados tipos de modelado, a no houve aes nesse sentido, foram uti predominncia de determinados processos lizados dados secundrios (banco de dados morfogenticos e a ocorrncia de forma es superficiais diferentes de outras cons do Projeto SIPAM). A sntese e reviso bibliogrfica envol tituem a Unidade Geomorfolgica ou Mor veram consultas sobre a geomorfologia do fogrfica (classificao adotada aqui); aos Estado, alm dos materiais cartogrficos e grupamentos de unidades geomorfolgicas dos produtos de sensores remotos. Os resul que apresentam semelhanas resultantes

37LIVRO TEMTICO II RECURSOS NATURAIS I: GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E SOLOS DO ACRE

Geomorfologia do Estado do Acre

tados apresentados dizem respeito delimitao de unidades morfo grficas ou geomorfolgicas. Por meio de tcnicas de geo processamento foram elaboradas as bases cartogrficas (utilizando o programa ARCGIS 9.0). O re sultado foi comparado a mapas gerados analogicamente.

da convergncia de fatores de sua evoluo chamamas aqui de Regies Geomorfolgi cas e aos grandes conjuntos estruturais, ou conjuntos de regies geomorfolgicas, que geram arranjos regionais de relevo, guar dando entre si relao de causa, chamamos de Domnios Morfoestruturais. Na primeira fase do ZEE/AC, as unidades geomorfolgicas eram aquelas apresenta das e descritas pelo Projeto RADAM (SILVA et al., 1976; BARROS et al., 1977) Plan cie Amaznica, Depresso Rio AcreJavari e Planalto Rebaixado da Amaznia Ocidental. Com a ampliao da escala de mapeamento para 1:250.000, novas unidades forma inse ridas em funo do maior grau de detalhe (descritas a seguir).

do IacoAcre, a Depresso de Rio Branco, a Depresso do JuruIaco, a Depresso do TarauacItaqua, a Depresso Marginal a Serra do Divisor, a Superfcie Tabular de Cruzeiro do Sul e os Planaltos Residuais da Serra do Divisor (ver mapa geomorfolgico em anexo).

38LIVRO TEMTICO II RECURSOS NATURAIS I: GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E SOLOS DO ACRE

Geomorfologia do Estado do Acre

Plancie AmaznicaUnidade com altitudes variando entre 110 e 270m, situada ao longo dos principais rios. O processo de formao da plancie amaznica se d por colmatagem de sedi mentos em suspenso e construo de pla ncies e terraos orientada por ajustes tect nicos e acelerada por evoluo de meandros. Os padres de drenagem nela presentes so o mendrico (Figura 8) e o anastomosado, indicando ajuste hidrodinmico em reas rebaixadas. caracterizada por vrios nveis de terraos e as vrzeas recentes contm d iques e paleocanais, lagos de meandro e de barramento, bacias de decantao, furos, canais anastomosados e trechos de talve gues retilinizados por fatores estruturais. O contato desta unidade com as demais em geral gradual, mas com ressaltos ntidos nos contatos das plancies com as formas de dissecao mais intensas das unidades vizi

9. GEOMORFOLOGIA DA REA

Um dos objetivos do mapeamento geo morfolgico o zoneamento do relevo e o principal fator utilizado para tal a altime tria. Entretanto, h na Amaznia uma rela tiva homogeneidade altimtrica. Por conta disso, buscase uma diferenciao em ter mos morfogenticos e em termos texturais (analisando imagens de satlite e de radar). Para fins de zoneamento, a avaliao do relevo reportase, principalmente, ao seu uso, e para tanto no basta caracterizao da forma, mas tambm do grau de dissecao, o que funo basicamen te do grau de aprofunda mento das incises nos modelados e da densida de da drenagem. Este plano de infor mao, portanto, apre senta e descreve as for mas do relevo e a sua configurao superficial. O Estado do Acre mostra se dividido em nove uni dades geomorfolgicas: a Plancie Amaznica, a Figura 09. Figura 8. Padro mendrico tpico da plancie amaznica, Depresso do Endimari ao longo do Rio Juru, oeste do Acre. Na parte superior da figura, a Abun, a Depresso cidade de Cruzeiro do Sul. Fonte: Google Earth, 1999.

a Plancies e terraos fluviais. So reas planas resultantes de diferentes acumu laes fluviais, peridica ou permanen temente inundadas, comportando me andros abandonados e diques fluviais com diferentes orientaes, ligadas com ou sem ruptura de declive a pata mar mais elevado. Ocorrem nos vales com preenchimento aluvial contento material fino a grosseiro, pleistocnicos e holocnicos.

a Dissecao homognea convexa. Gera formas de relevo de topos convexos, es culpidas em variadas litologias, s vezes denotando controle estrutural, definidas por vales pouco profundos, vertentes de declividade suave, entalhadas por sulcos e canais de primeira ordem.

a Plancies fluviais. reas planas resul tantes de acumulao fluvial e sujeitas inundaes peridicas, incluindo as vrzeas atuais, podendo conter lagos de meandros, furos e diques aluviais para lelos ao leito atual do rio. Ocorrem nos vales com preenchimento aluvial.

a Dissecao homognea tabular. Gera for mas de relevo de topos tabulares, con formando feies de rampas suavemente inclinadas e lombas esculpidas em co berturas sedimentares inconsolidadas, denotando eventual controle estrutural. Alm dessas, h ainda modelado de apla amento:

a Plancies e terraos flviolacustres. rea plana resultante de processos de acumu

LIVRO TEMTICO II RECURSOS NATURAIS I: GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E SOLOS DO ACRE

a Terraos fluviais. So acumulaes flu viais de forma plana, apresentando rup tura de declive em relao ao leito do rio e s vrzeas recentes situadas em nvel inferior, entalhadas devido variao do nvel de base. Ocorrem nos vales conten do aluvies finas a grosseiras, pleistoc nicas e holocnicas.

a Depresso Do EndimariAbun. Unidade com altitude variando entre 130 e 200m, nivelada por pediplanao psterciria, posteriormente dissecada pela drenagem atual. Tratase de superfcie suavemente dissecada, com topos tabulares e algu mas reas planas. No trecho que acompa nha longitudinalmente o rio Abun ocor rem relevos um pouco mais dissecados e de topos convexos (limite leste do Esta do). Sedimentos da Formao Solimes geraram Argissolos vermelhoamarelos, como prximo a Xapuri. Observamse ainda Latossolos de diversas texturas. Seu contato com as unidades vizinhas gradual. Esta unidade caracterizase por formas de dissecao, descritas a seguir:

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Geomorfologia do Estado do Acre

nhas. J os contatos com os terraos mais antigos podem ser disfarados. A composio das formaes superfi ciais de nveis de argilas, siltes e areias muito finas a grosseiras, estratificadas, localmente intercaladas por concrees ferruginosas, e concentraes orgnicas, resultando em Neossolos flvicos, Luvis solos hipocrmicos, Gleissolos melnicos, Argissolos vermelhoamarelo e amarelo e Plintossolos hplicos. Apresentase, na rea em questo, em quatro categorias distintas de modelados (ver mapa geomorfolgico em anexo). So elas:

lao fluvial/lacustre, podendo compor tar canais anastomosados ou diques mar ginais, com ou sem ruptura de declive em relao bacia do lago e s plancies flviolacustres situadas em nvel infe rior. Ocorrem em setores sob o efeito de processos de acumulao fluvial e lac