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Gerador Eléctrico de Magnetos Permanentes de Baixa Velocidade Pedro Alexandre Torres Freitas Dissertação para obtenção de Grau de Mestre em Engenharia Electrotécnica e de Computadores Orientadores: Prof. Célia Maria Santos Cardoso de Jesus Prof. Joaquim António Fraga Gonçalves Dente Júri Presidente: Prof. Maria Eduarda de Sampaio Pinto de Almeida Pedro Orientador: Prof. Célia Maria Santos Cardoso de Jesus Vogal: Prof. Gil Domingos Marques Abril 2014

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Gerador Eléctrico de Magnetos Permanentes de Baixa Velocidade

Pedro Alexandre Torres Freitas

Dissertação para obtenção de Grau de Mestre em

Engenharia Electrotécnica e de Computadores

Orientadores: Prof. Célia Maria Santos Cardoso de Jesus

Prof. Joaquim António Fraga Gonçalves Dente

Júri

Presidente: Prof. Maria Eduarda de Sampaio Pinto de Almeida Pedro

Orientador: Prof. Célia Maria Santos Cardoso de Jesus Vogal: Prof. Gil Domingos Marques

Abril 2014

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I

Agradecimentos

Esta dissertação representa o finalizar de uma etapa de grande importância na minha vida, que

exigiu grande esforço e dedicação. A sua realização não seria possível sem a contribuição, directa e

indirecta, de diversas pessoas, às quais pretendo deixar os meus sinceros agradecimentos.

Quero agradecer a todos que me ajudaram, de alguma forma, a conseguir realizar esta Dissertação

de Mestrado.

Ao Professor António Dente pela forma sábia estimulante como orientou o meu trabalho, dando o

seu conhecimento, feito as correcções necessárias e proporcionando uma grande liberdade de acção.

À Professora Célia de Jesus, agradeço a sua disponibilidade e ajuda no encaminhamento na

realização desta dissertação.

Ao Engenheiro Paulo Aguiar pela disponibilidade e ajuda na realização da maquete e, por todo o

conhecimento transmitido.

Ao Engenheiro Francisco Freitas, meu pai, pela ajuda fundamental na elaboração das soluções

mecânicas apresentadas nesta dissertação.

Ao meu colega Nuno Fontes, pela sua cooperação e análise dos estudos feitos nesta dissertação.

A todos os meus colegas e amigos pela amizade, motivação e pelos bons momentos que me

proporcionaram ao longo deste percurso.

Por fim, gostaria de prestar um especial agradecimento à minha mãe e restante família por todo o

apoio e incentivo prestados ao longo deste percurso.

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II

Resumo

A elevada eficiência volumétrica dos materiais magnéticos permanentes de terras raras disponíveis

nos dias de hoje a custos acessíveis, possibilita a exploração de novas configurações/topologias de

máquinas eléctricas e a concretização de factores de escala impraticáveis nos sistemas de excitação.

Por norma obtidos através de densidades de correntes, favorecendo a redução das dimensões e peso

totais da máquina.

Esta dissertação tem como principal objectivo realizar um estudo com o propósito de contribuir para

o projecto de uma máquina de fluxo transversal de magnetos permanentes, onde no decorrer desse

estudo é apresentada uma possível topologia da mesma. Estas máquinas parecem estar

particularmente bem adaptadas ao funcionamento a baixas velocidades, características dos sistemas

de produção de energia a partir de fontes renováveis. Tentei, partindo de estudos anteriores,

completando-os e corrigindo alguns pontos e aspectos importantes para a sua possível

implementação.

Ao longo da dissertação, construi uma maquete de forma a entender-se a configuração mecânica da

mesma.

Palavras-Chave: gerador de magnetos permanentes, gerador de fluxo transversal, magnetos

permanentes

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III

Abstract

The high volumetric efficiency of rare earth permanent magnetic materials, available today at

affordable costs, thus enabling the exploration of new configurations/topologies of electrical

machines and the achievement of scale factors impractical with excitation systems. Permanent

magnet excitation allows a significant decrease of the pole pitch and an increase in efficiency.

This paper aims to conduct a study with the objective of contributing to the design of a machine

cross flow of permanent magnets, which in the course of this study will be present a possible

topology. These machines seem to be particularly well adapted to operation at low speeds,

characteristics of systems of energy production from renewable sources. I will try, from previous

studies, completing them and correcting some points and important aspects for a possible

implementation.

I was also constructed a model in order to understand the mechanical configuration of the topology

machine.

Keywords: permanent magnet generator, cross-flow generator, permanent magnets

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IV

Lista de Símbolos

Área da secção da perna da peça polar;

Área da janela de cobre;

Área dissipativa de calor;

Campo de indução magnética;

Valor de pico do campo de indução magnética;

Campo de indução magnético máximo;

Campo de indução permanente;

Coeficiente de perdas por Histerese;

Coeficiente de perdas por correntes de Foucault;

Comprimento do magneto permanente;

Comprimento do magneto permanente;

Largura da perna da peça polar;

Campo eléctrico;

Força magneto motriz;

Força magneto motriz equivalente;

Frequência eléctrica;

Comprimento do entreferro;

Campo magnético coercivo;

Campo magnético;

Campo magnético no centro do magneto;

Altura do magneto permanente;

Corrente eléctrica;

Densidade de corrente eléctrica;

Densidade de corrente máxima;

Coeficiente de atrito do rolamento exterior;

Coeficiente de atrito do rolamento interior;

Coeficiente de atrito do rolamento angular;

Coeficiente de transferência de calor;

Factor de ocupação do condutor de cobre;

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V

Indutância própria da bobine;

Indutância própria da bobine do magneto;

Indutância mútua;

Espaçamento entre magnetos;

Comprimento do arco de fuga magnética (magneto alinhado);

Comprimento do arco de fuga magnética (magneto desalinhado);

Largura do magneto permanente;

Massa do rotor;

Massa do estator interior;

Massa do estator exterior;

Número de rotações por minuto do rotor;

Número de espiras;

Perdas totais do gerador eléctrico;

Perdas de origem mecânicas;

Perdas no ferro;

Perdas por efeito de Joule;

Perdas devida à ventilação do gerador;

Perdas por fricção;

Perdas no rolamento exterior;

Perdas no rolamento interior;

Perdas no rolamento angular;

Caudal de ar deslocado;

Relutância do entreferro entre o magneto e a peça polar;

Relutância do entreferro entre as duas peças polares;

Relutância do magneto permanente;

Relutância associada ao magneto permanente (magneto alinhado);

Relutância associada ao magneto permanente (magneto desalinhado);

Relutância equivalente;

Relutância composta por várias relutâncias em paralelo e em série;

Relutância total;

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VI

Relutância magnética de fugas;

Resistência eléctrica;

Raio do rotor;

Potência aparente;

Temperatura de Curie;

Velocidade periférica do ventilador;

Volume de cobre;

Deslocação do magneto permanente fase à origem;

Permeabilidade magnética do ar;

Permeabilidade magnética do magneto;

Permeabilidade magnética;

Transferência de calor;

Fluxo magnético numa das pernas (1);

Fluxo magnético numa das pernas (2);

Fluxo magnético na perna onde se encontra o magneto;

Fluxo ligado;

Fluxo ligado na bobine;

Fluxo ligado na bobine do magneto;

Condutividade eléctrica do cobre;

Velocidade angular;

Diferença de temperatura;

Força electromotriz;

Força electromotriz total;

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VII

Lista de figuras

FIGURA 1.1: REPRESENTAÇÃO DOS TIPOS DE ORIENTAÇÃO DO FLUXO MAGNÉTICO: A) FLUXO MAGNÉTICO LONGITUDINAL; B) FLUXO

MAGNÉTICO TRANSVERSAL [2]. .............................................................................................................................. 4

FIGURA 2.1: EXEMPLO DE MÁQUINA SÍNCRONA. ................................................................................................................ 4

FIGURA 2.2: EXEMPLO DE MÁQUINA ASSÍNCRONA. ............................................................................................................. 5

FIGURA 2.3: EXEMPLO DE MÁQUINA ELÉCTRICA DE MAGNETOS PERMANENTES. ....................................................................... 6

FIGURA 2.4: EXEMPLO DE MÁQUINA COM CONCENTRAÇÃO DE FLUXO MAGNÉTICO DE DUBOIS [2]. ............................................. 7

FIGURA 2.5: EXEMPLO DE MÁQUINA PROPOSTA POR BLISSENBACH E VIOREL EM 2003, E POR SVECHKARENKO EM 2009 [4]. .......... 7

FIGURA 2.6: EXEMPLO DE MÁQUINA COM FLUXO MAGNÉTICO COMUTADO POR JIANHU (2009): (A) REPRESENTAÇÃO PARCIAL DA

MÁQUINA, ONDE SE PODE VER UM PAR DE PÓLOS; (B) PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DO FLUXO MAGNÉTICO COMUTADO [5]. 8

FIGURA 2.7: EXEMPLOS DE MÁQUINAS DE FLUXO AXIAL [6]: A) MÁQUINA AXIAL COM UM ESTATOR; B) MÁQUINA AXIAL COM DUPLO

ESTATOR. ........................................................................................................................................................... 9

FIGURA 2.8: TOPOLOGIA DE MÁQUINA TFPM [1]. ............................................................................................................ 9

FIGURA 2.9: DETALHE SOBRE O CIRCUITO MAGNÉTICO. ..................................................................................................... 10

FIGURA 2.1: GERADOR TRIFÁSICO DE MAGNETOS PERMANENTES DE BAIXA VELOCIDADE, VISTA EM PERSPECTIVA. ......................... 11

FIGURA 2.2: DA ESQUERDA PARA A DIREITA: ESTATOR INTERIOR, ROTOR E ESTATOR EXTERIOR. ................................................ 11

FIGURA 2.3: ESTATOR EXTERIOR DA MÁQUINA. ............................................................................................................... 12

FIGURA 2.4: SAPATAS DE SUPORTE DA MÁQUINA: A) SAPATA INTEGRADA NA JANTE DO ESTATOR EXTERIOR; B) SAPATA INDEPENDENTE

DO ESTATOR EXTERIOR. ....................................................................................................................................... 12

FIGURA 2.5: SAPATA INTEGRADA NA JANTE: A) PORMENOR DO ENTALHE DE BLOQUEIO DO VEIO DO ESTATOR INTERIOR; B) PORMENOR

DO ENTALHE DE FIXAÇÃO DO SUPORTE DA PEÇA POLAR. ............................................................................................. 13

FIGURA 2.6: A) PORMENOR DO SUPORTE COM A PEÇA POLAR MONTADA; B) PORMENOR DO FURO NA EXTREMIDADE DO SUPORTE. . 13

FIGURA 2.7: IMAGEM ONDE SE PODE VER O ESTATOR EXTERIOR FECHADO. ............................................................................ 14

FIGURA 2.8: JANTE DO ESTATOR EXTERIOR: A) PORMENOR DA ZONA DE APERTO DA JANTE AO SUPORTE DA PEÇA POLAR; B) PORMENOR

DO BATENTE DO ROLAMENTO. .............................................................................................................................. 14

FIGURA 2.9: PORMENOR DA LOCALIZAÇÃO DO ESTATOR INTERIOR DENTRO DO ESTATOR EXTERIOR. ............................................ 15

FIGURA 2.10: ESTATOR INTERIOR SEM OS ENROLAMENTOS DE COBRE. ................................................................................. 15

FIGURA 2.11: JANTE DO ESTATOR INTERIOR. ................................................................................................................... 16

FIGURA 2.12: VEIO ESTATOR INTERIOR: A) PORMENOR PASSAGEM DE CABOS; B) PORMENOR ENTALHE DE BLOQUEIO DO ESTATOR

INTERIOR; C) PORMENOR DE ENTALHE BLOQUEIO DA PORCA DE ROLAMENTO. ................................................................ 16

FIGURA 2.13: A) VISTA DO ROTOR DE FRENTE; B) VISTA DO ROTOR POR TRÁS. ........................................................................ 17

FIGURA 2.14: JANTE DO ROTOR. ................................................................................................................................... 17

FIGURA 2.15: ESTATOR INTERIOR DENTRO DO ROTOR. ...................................................................................................... 18

FIGURA 2.16: PORMENOR DA FIXAÇÃO DE UMA DAS JANTES ATRAVÉS DE PARAFUSOS. ............................................................ 18

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VIII

FIGURA 2.17: APROXIMAÇÃO DOS APOIOS DA MÁQUINA. .................................................................................................. 19

FIGURA 2.18: PARTE A REFERENTE À FIGURA 2.17: A) PORMENOR DE FIXAÇÃO DO ROLAMENTO RADIAL INTERIOR. ...................... 20

FIGURA 2.19: CHUMACEIRA DO ROLAMENTO EXTERIOR EM VISTA EXPLODIDA. ....................................................................... 21

FIGURA 2.20: A) ANEL DE APERTO DO ROLAMENTO; B) FREIO. ........................................................................................... 21

FIGURA 2.21: PARTE B REFERENTE À FIGURA 2.17: A) PORMENOR DE BLOQUEIO DO VEIO DO ESTATOR INTERIOR. ........................ 22

FIGURA 2.22: A) CHUMACEIRA DE ROLAMENTO DE CONTACTO ANGULAR. ............................................................................. 22

FIGURA 2.23: DIAGRAMA DA CONVERSÃO DE ENERGIA. .................................................................................................... 23

FIGURA 2.24: VISTA DOS ROLAMENTOS ONDE EXISTE DISSIPAÇÃO DE ENERGIA POR FRICÇÃO. .................................................... 24

FIGURA 3.1: DESMAGNETIZAÇÃO E RECTA IDEAL DO MAGNETO SELECCIONADO [10]. .............................................................. 29

FIGURA 3.2: GEOMETRIA DO CIRCUITO MAGNÉTICO USADO NO ESTUDO MAGNÉTICO, PROFUNDIDADE CONSIDERADA É DE ”D”. ...... 30

FIGURA 3.3: REPRESENTAÇÃO DA GEOMETRIA CONSIDERADA NO ESTUDO MAGNÉTICO. ........................................................... 31

FIGURA 3.4: CIRCUITO MAGNÉTICO EQUIVALENTE. .......................................................................................................... 31

FIGURA 3.5: SITUAÇÃO EM QUE O MAGNETO SE ENCONTRA PERFEITAMENTE ALINHADO. ......................................................... 32

FIGURA 3.6: SITUAÇÃO EM QUE O MAGNETO SE ENCONTRA PARCIALMENTE DESALINHADO. ...................................................... 33

FIGURA 3.7: CIRCUITO MAGNÉTICO DA TOTALIDADE DO SISTEMA PROPOSTO. ........................................................................ 34

FIGURA 3.8: CIRCUITO MAGNÉTICO EQUIVALENTE DA FIGURA 4.6 DEPOIS DE APLICADO O TEOREMA DE THEVENIN........................ 35

FIGURA 3.9: CIRCUITO DA FIGURA 4.6 SIMPLIFICADO ........................................................................................................ 35

FIGURA 3.10: VARIAÇÃO DO FLUXO LIGADO EM FUNÇÃO DA POSIÇÃO DO MAGNETO. .............................................................. 37

FIGURA 3.13.A: GEOMETRIA DO CIRCUITO MAGNÉTICO ESTUDADO. .................................................................................... 38

FIGURA 3.13.B: TOPOLOGIA DOS MAGNETOS USADOS PARA FORMAR UM PÓLO DA MÁQUINA. ................................................. 38

FIGURA 3.11: CIRCUITO MAGNÉTICO USADO NO FEMM PARA O ESTUDO DO FLUXO MAGNÉTICO, COM PROFUNDIDADE DE 275MM.

...................................................................................................................................................................... 39

FIGURA 3.12: PORMENOR DE APROXIMAÇÃO DOS MAGNETOS UTILIZADOS NO CIRCUITO MAGNÉTICO. ....................................... 40

FIGURA 3.14: POSIÇÃO DA SECÇÃO NA PERNA. ................................................................................................................ 40

FIGURA 3.15: POSIÇÃO DA SECÇÃO NA PERNA PARA OBTER OS VALORES DE REFERÊNCIA. ......................................................... 41

FIGURA 3.16: GRÁFICO DA VARIAÇÃO DO FLUXO MAGNÉTICO PARA DIFERENTES ENTREFERROS. ................................................ 41

FIGURA 3.7: APROXIMAÇÃO DOS MAGNETOS UTILIZADOS NO CIRCUITO MAGNÉTICO. .............................................................. 42

FIGURA 3.18: GRÁFICO DA VARIAÇÃO DO FLUXO MAGNÉTICO PARA DIFERENTES ALTURAS DO MAGNETO. .................................... 42

FIGURA 3.19: EXEMPLO DE FUGAS MAGNÉTICAS DEVIDO AO AUMENTO DA ALTURA DOS MAGNETOS “HM”. ................................ 43

FIGURA 3.20: APROXIMAÇÃO DOS MAGNETOS UTILIZADOS NO CIRCUITO MAGNÉTICO. ............................................................ 43

FIGURA 3.21: GRÁFICO DA VARIAÇÃO DO FLUXO MAGNÉTICO PARA DIFERENTES DISTÂNCIAS ENTRE MAGNETOS. .......................... 44

FIGURA 3.22: GRÁFICO DO FLUXO MAGNÉTICO CRIADO QUANDO TEMOS L=5MM. ................................................................. 44

FIGURA 3.23: GRÁFICO DO FLUXO MAGNÉTICO CRIADO QUANDO TEMOS L=2,5MM. .............................................................. 45

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IX

FIGURA 3.24: GRÁFICO DO FLUXO MAGNÉTICO CRIADO QUANDO TEMOS L=0MM. ................................................................. 45

FIGURA 3.25: CIRCUITO MAGNÉTICO USADO NO FEMM PARA O ESTUDO DO FLUXO MAGNÉTICO.............................................. 46

FIGURA 3.26: GEOMETRIA CARACTERÍSTICA DAS PEÇAS POLARES USADAS NA MAIOR PARTE DAS MÁQUINAS ELÉCTRICAS. ............... 46

FIGURA 3.27: VISTA APROXIMADA DE UMA DAS EXTREMIDADES NUMA PERNA DA PEÇA POLAR. ................................................ 47

FIGURA 3.28: A VERMELHO TEMOS A RECTA COLOCADA A MEIA ALTURA NA PERNA POR FORMA A ACHAR OS VALORES. .................. 47

FIGURA 3.29: GRÁFICO DO VALOR MÉDIO DO CAMPO MAGNÉTICO NORMAL À SUPERFÍCIE CONSIDERADA. ................................... 48

FIGURA 3.30: GRÁFICO DO FLUXO MAGNÉTICO NO CIRCUITO. ........................................................................................... 48

FIGURA 3.32: VARIAÇÃO DA MASSA DE UMA PEÇA POLAR. ................................................................................................. 49

FIGURA 3.33: EXEMPLO DE UMA PEÇA CONDUTORA LAMINADA EM PARALELO COM O CAMPO MAGNÉTICO. ................................ 50

FIGURA 4.1: CORTE TRANSVERSAL DO ESTATOR EXTERIOR. ................................................................................................. 51

FIGURA 4.2: JANELA DE COBRE DE UMA FASE DA MÁQUINA. ............................................................................................... 52

FIGURA 4.3: PROFUNDIDADE DE PENETRAÇÃO “Δ” NUM CONDUTOR ELÉCTRICO. .................................................................... 54

FIGURA 4.4: GRÁFICO DA EVOLUÇÃO DA PROFUNDIDADE DE PENETRAÇÃO COM A FREQUÊNCIA. ................................................ 54

FIGURA 4.5: SECÇÃO DE CONDUTORES TESTADOS NO COMSOL. ........................................................................................ 55

FIGURA 4.6: VARIAÇÃO DA DENSIDADE DE CORRENTE PARA A FREQUÊNCIA DE 11HZ............................................................... 55

FIGURA 4.7: VARIAÇÃO DA DENSIDADE DE CORRENTE PARA A FREQUÊNCIA DE 0.01HZ............................................................ 56

FIGURA 4.8: CONDUTOR DE CORRENTE DE UMA DAS FASES DA MÁQUINA.............................................................................. 56

FIGURA 4.9: VARIAÇÃO DA DENSIDADE DE CORRENTE EM RAIOS DE CURVATURA RELATIVAMENTE PEQUENOS. .............................. 57

FIGURA 4.10: VARIAÇÃO DA DENSIDADE DE CORRENTE EM RAIOS DE CURVATURA RELATIVAMENTE GRANDES. .............................. 57

FIGURA 4.11: EXEMPLO DE ENROLAMENTO TIPO ROEBEL [12]. .......................................................................................... 58

FIGURA 4.12: EXEMPLO DE ENROLAMENTO TIPO LITZ. ...................................................................................................... 58

FIGURA 4.13: ENROLAMENTO ESTATÓRICO DE UMA FASE DA MÁQUINA ............................................................................... 59

FIGURA 4.14: CORTE TRANSVERSAL DO ENROLAMENTO DE COBRE. ...................................................................................... 60

TABELA 3: CARACTERÍSTICAS DE TEMPERATURA DAS DIFERENTES CLASSES DE ISOLAMENTO ELÉCTRICO. ....................................... 60

FIGURA 4.15: CONDUÇÃO DE CALOR ATRAVÉS DE UM SÓLIDO. ........................................................................................... 61

FIGURA 4.16: CORTE TRANSVERSAL DE 3 ESPIRAS. ........................................................................................................... 63

FIGURA 4.17: CORTE TRANSVERSAL DE 3 ESPIRAS “CURTO-CIRCUITADAS”. ............................................................................ 63

FIGURA 4.18: VARIAÇÃO DA TEMPERATURA SEM O EFEITO DA CONTINUIDADE. ...................................................................... 64

FIGURA 4.19: VARIAÇÃO DA TEMPERATURA COM EFEITO DA CONTINUIDADE. ........................................................................ 64

FIGURA 4.20: JANELA DE COBRE PREENCHIDA POR UMA ÚNICA ESPIRA. ................................................................................ 65

FIGURA 4.21: JANELA DE COBRE PREENCHIDA POR NOVE ESPIRAS. ....................................................................................... 65

FIGURA 4.22: JANELA DE COBRE PREENCHIDA POR 16 ESPIRAS. .......................................................................................... 65

FIGURA 4.23: JANELA DE COBRE PREENCHIDA POR 25 ESPIRAS. .......................................................................................... 66

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X

FIGURA 4.24: GRÁFICO DA DENSIDADE DE PERDAS (OS VALORES DO EIXO DO Y’S DEVEM SER MULTIPLICADOS POR 100). ............... 66

FIGURA 4.25: GRÁFICO DO VALOR DE CORRENTE NO CONDUTOR (OS VALORES DO EIXO DO Y’S DEVEM SER MULTIPLICADOS POR 100).

...................................................................................................................................................................... 67

FIGURA 4.26: COMPARAÇÃO ENTRE A CORRENTE E O VOLUME ÚTIL DE COBRE (OS VALORES DO EIXO DO Y’S DEVEM SER

MULTIPLICADOS POR 100). ................................................................................................................................. 67

FIGURA 4.27: OCUPAÇÃO DA JANELA DIPONIVEL DE COBRE POR DUAS ESPIRAS. ..................................................................... 68

FIGURA 4.28: ESTUDO CONVECTIVO DA GEOMETRIA APRESENTADA NA FIGURA 4.27. ............................................................. 68

FIGURA 4.29: ESTUDO CONVECTIVO DA GEOMETRIA APRESENTADA NA FIGURA 4.27, EM QUE O FLUÍDO TEM O DOBRO DA VELOCIDADE

QUE O ESTUDO DA FIGURA 4.28. .......................................................................................................................... 69

FIGURA 4.30: GRÁFICO REFERENTE À VARIAÇÃO DA DENSIDADE DE PERDAS (VALORES DO EIXO DO Y’S DEVEM SER MULTIPLICADOS POR

100). ............................................................................................................................................................. 69

FIGURA 4.31: GRÁFICO REFERENTE À VARIAÇÃO DA DENSIDADE DE CORRENTE (VALORES DO EIXO DO Y’S DEVEM SER MULTIPLICADOS

POR 100). ....................................................................................................................................................... 70

FIGURA 6.1: MÁQUINA DE PROTOTIPAGEM RÁPIDA. ......................................................................................................... 73

FIGURA 6.2: VISTA DA CAMARA DE PROTOTIPAGEM. ......................................................................................................... 73

FIGURA 6.3: MATERIAL USADO NA FIXAÇÃO DAS VÁRIAS PEÇAS. .......................................................................................... 74

FIGURA 6.4: MONTAGEM DO ESTATOR INTERIOR. ............................................................................................................ 74

FIGURA 6.5: ESTATOR INTERIOR COMPLETAMENTE MONTADO. ........................................................................................... 75

FIGURA 6.6: ROTOR DA MÁQUINA COMPLETAMENTE MONTADO. ........................................................................................ 75

FIGURA 6.7: PEÇAS POLARES DO ESTATOR EXTERIOR. ........................................................................................................ 76

FIGURA 6.8: ESTATOR EXTERIOR PARCIALMENTE MONTADO, JÁ COM OS ENROLAMENTOS ESTATÓRICOS MONTADOS. .................... 76

FIGURA 6.9: ESTATOR EXTERIOR, INTERIOR E ROTOR PRONTOS A SEREM MONTADOS, PARA FORMAREM O GERADOR FINAL. ............ 77

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XI

Índice

Capítulo 1 ......................................................................................................................... 1

1.1 Motivação ................................................................................................................................ 1

1.2 Trabalhos anteriores ............................................................................................................... 1

1.3 Resumo do trabalho realizado ................................................................................................ 2

1.4 Organização da dissertação ..................................................................................................... 2

1.5 Geradores electromecânicos................................................................................................... 3

1.5.1 Orientação do fluxo magnético no núcleo estatórico ....................................................................... 3

1.5.2 Geradores convencionais .................................................................................................................. 4

1.5.2.1 Máquina síncrona ..................................................................................................................... 4

1.5.2.2 Máquina assíncrona ................................................................................................................. 5

1.5.2.3 Manutenção em máquinas eléctricas convencionais ............................................................... 5

1.5.3 Máquina de fluxo transversal de magnetos permanentes (TFPM) ................................................... 6

1.5.4 Máquina de fluxo axial de magnetos permanentes (AFPM) ............................................................. 8

1.5.5 Topologia seleccionada ..................................................................................................................... 9

Capítulo 2 ....................................................................................................................... 11

2.1 Apresentação da Topologia do gerador e Estudo mecânico ................................................. 11

2.2 Apresentação da topologia da máquina eléctrica ................................................................. 11

2.2.1 Topologia estator exterior ............................................................................................................... 12

2.2.2 Topologia estator interior ............................................................................................................... 15

2.2.3 Topologia do rotor .......................................................................................................................... 17

2.2.4 Configuração dos apoios dos vários componentes do alternador .................................................. 19

2.3 Perdas Mecânicas .................................................................................................................. 23

2.3.1 Perdas mecânicas ............................................................................................................................ 24

Capítulo 3 ....................................................................................................................... 26

3.1 Circuito Magnético ................................................................................................................ 26

3.2 Magnetos permanentes ........................................................................................................ 26

3.1.1 Magnetos do tipo metálico. ............................................................................................................ 27

3.1.2 Magnetos do tipo Ferrite ................................................................................................................ 28

3.1.3 Magnetos do tipo Terras Raras. ...................................................................................................... 28

3.3 Selecção do magneto permanente ....................................................................................... 28

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XII

3.4 Análise aproximada do circuito magnético ........................................................................... 30

3.5 Determinação das fugas magnéticas ..................................................................................... 37

3.4.1. Geometria do circuito magnético ............................................................................................... 38

3.4.2. Variação do entreferro. .............................................................................................................. 39

3.4.3. Variação da altura dos magnetos ............................................................................................... 42

3.4.4. Variação da distância entre magnetos........................................................................................ 43

3.4.5. Variação da largura das pernas das peças polares ..................................................................... 45

3.6 Perdas no Ferro ..................................................................................................................... 49

3.5.1 Perdas por histerese........................................................................................................................ 49

3.5.2 Perdas por corrente de Foucault ..................................................................................................... 49

Capítulo 4 ....................................................................................................................... 51

4.1 Perdas por Efeito de Joule ..................................................................................................... 51

4.2 Influência do efeito pelicular no seccionamento dos condutores ........................................ 53

4.3 Estudo térmico ...................................................................................................................... 59

4.3.1 Isolamento eléctrico ........................................................................................................................ 60

4.3.2 Condução ........................................................................................................................................ 61

4.3.3 Convecção ....................................................................................................................................... 62

4.3.3.1 Convecção natural .................................................................................................................. 62

4.3.3.2 Convecção forçada ................................................................................................................. 62

4.3.4 Radiação .......................................................................................................................................... 62

4.3.5 Efeito da continuidade do enrolamento ......................................................................................... 62

4.3.6 Influência do número de espiras no valor da corrente ................................................................... 64

4.3.7 Influência da convecção no valor da corrente ................................................................................ 68

4.4 Perdas devido à ventilação .................................................................................................... 70

Capítulo 5 ....................................................................................................................... 71

5.1. Estimativa de potência .......................................................................................................... 71

Capítulo 6 ....................................................................................................................... 73

6.1 Construção da máquina ........................................................................................................ 73

Capítulo 7 ....................................................................................................................... 78

7.1 Conclusões ............................................................................................................................. 78

7.2 Trabalhos futuros .................................................................................................................. 79

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XIII

Capítulo 8 ....................................................................................................................... 80

8.1 Bibliogafia .............................................................................................................................. 80

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1

Capítulo 1

1.1 Motivação

Como estudante e finalista do Mestrado Integrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores

foi-me dado a escolher, de entre várias áreas de estudo existentes no Departamento de Engenharia

Electrotécnica, um tema para investigar e desenvolver como dissertação de mestrado. O tema que

escolhi desde cedo despertou o meu interesse, pois torna-se cada vez mais importante o

desenvolvimento de geradores de magnetos permanentes de fluxo transverso, originando novos

equipamentos que maximizam a recolha de energia disponível nas fontes renováveis (energia das

ondas e eólica). Assim, de entre os temas disponíveis para a realização da dissertação, na área de

Energia, o tema que escolhi pareceu-me o mais adequado por versar um tema actual e também por

ser um complemento de espectro largo à minha formação, visto que além de incidir sobre temas de

electromagnetismo e produção de energia, também engloba áreas como a Mecânica e a

Termodinâmica.

1.2 Trabalhos anteriores

O estudo que realizei tem como base trabalhos já realizados por colegas ao longo dos anos no

departamento de energia, no Instituto Superior Técnico. De seguida citarei alguns dos trabalhos que

usei como base na realização do meu trabalho.

Além de outros trabalhos preliminares citam-se os mais recentes como na dissertação, Protótipo de

um Gerador Linear para aproveitamento de Energia das Ondas num Sistema AWS, onde se estudou e

construiu um protótipo de um gerador linear de fluxo transverso para aproveitamento de energia

das ondas num sistema AWS. Nesta dissertação realizou estudos teóricos do funcionamento da

máquina, onde obteve resultados do funcionamento da máquina em vazio, à plena carga e com

ponte de rectificação [8]. O protótipo, desenvolvido durante a dissertação atras apresentada,

demonstrou problemas ao nível das forças electromagnéticas desenvolvidas pela máquina quando

esta entrava em funcionamento, para atenuar este problema foi realizada a dissertação, Protótipo de

um Gerador Linear para aproveitamento de Energia das Ondas [9], que modelou e construiu um

protótipo trifásico da mesma topologia usada na primeira dissertação apresentada.

No seguimento das dissertações apresentadas no parágrafo anterior, aparece a dissertação: Gerador

Eólico Polifásico de Fluxo Transverso com Magnetos Permanentes, onde foi proposto a um meu

colega que convertesse o gerador linear, atrás mencionado, num gerador rotativo. Esta configuração

torna possível a utilização deste tipo de topologia em aerogeradores [1], “fechar” um gerador linear

tornando-o rotativo, não é simples, pois é necessário estudar e desenvolver soluções mecânicas que

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2

possibilitem esta configuração, bem como estudar as suas características electromagnéticas de

forma a optimizar esta nova configuração.

1.3 Resumo do trabalho realizado

Esta dissertação tem como principal objectivo continuar o trabalho realizado por outros colegas

sobre o estudo de máquinas eléctricas de fluxo magnético transversal. Esta topologia de máquina

tem como principal característica o aproveitamento directo e eficiente de energia cinética de baixas

velocidades.

Com esta dissertação procurei contribuir para um melhor conhecimento do gerador rotativo de fluxo

transverso, através da implementação de metodologias suportadas em modelos de elementos

finitos. Na modelação por elementos finitos foi utilizado o programa FEMM (no estudo magnético), o

programa COMSOL (no estudo térmico) e, para o tratamento de dados foi utilizado o MATLAB. Para a

análise de aspectos construtivos e estudo mecânico foi utilizado o programa SOLIDWORKS.

1.4 Organização da dissertação

Esta dissertação encontra-se dividida em seis capítulos. O primeiro capítulo trata a introdução ao

tema e à dissertação apresentada e o último capítulo à conclusão do trabalho. Do segundo ao 5

capítulo é apresentado todo o trabalho de desenvolvimento sobre o tema da dissertação.

No primeiro capítulo apresenta-se o tema da dissertação, as motivações que levaram à sua escolha, é

feita uma pequena descrição da mesma e indicando-se a sua estrutura, bem como, é feita uma

descrição do estado de desenvolvimento da topologia de magnetos permanentes de fluxo

transverso.

No segundo capítulo tenta-se resolver problemas, encontrados em dissertações anteriores [1], ao

nível mecânico. Neste capítulo é apresentada uma possível configuração de um gerador de fluxo

transverso, onde são apresentadas soluções de montagem e de apoios mecânicos. Neste capítulo é

apresentada uma possível configuração de um gerador de fluxo transverso, onde são apresentadas

soluções de montagem e de apoios mecânicos.

As fugas magnéticas e o campo de indução magnética são característicos fundamentais que

determinam o funcionamento de qualquer máquina eléctrica. No terceiro capítulo é também

apresentado uma descrição dos vários tipos de magnetos permanentes existentes no mercado.

No quarto capítulo é realizado o estudo eléctrico, onde se evidência as limitações do mesmo ao nível

térmico e, é também apresentado o estudo do efeito pelicular na topologia considerada.

No quinto capítulo apresenta-se uma estimativa de potência da máquina estudada.

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3

No capítulo seis é explicada a forma e os materiais usados na construção maquete do gerador de

magnetos permanentes de fluxo transverso.

No sétimo capítulo são apresentadas as conclusões do trabalho e são dadas algumas ideias para

trabalhos futuros.

1.5 Geradores electromecânicos

Um gerador eléctrico é uma máquina que permite transformar energia mecânica em energia

eléctrica. A energia mecânica é captada por uma turbina, directamente da fonte de energia,

transmitindo essa energia até ao gerador eléctrico. Existem vários tipos de turbinas, cada uma delas

adaptada à origem e tipo de energia que se pretende transformar.

Ao usar-se como referência a energia eólica é possível verificar-se que a máquina mais usado como

gerador neste tipo de energia é o gerador de indução duplamente alimentado. Como alternativa ao

gerador duplamente alimentado, aparece o gerador síncrono, convencional ou de magnetos

permanentes, com ou sem caixa multiplicadora de velocidades, este último caso corresponde a outra

alternativa nos sistemas de conversão de energia eólica: sistemas com accionamento directo.

As máquinas síncronas de magnetos permanentes, comparativamente ao gerador de indução

duplamente alimentado e, mesmo, em relação à máquina síncrona convencional, apresentam um

rendimento eléctrico superior. Esta diferença de rendimentos prende-se com o facto da máquina

síncrona de magnetos permanentes eliminar as perdas de Joule que ocorrem no circuito eléctrico de

excitação do rotor. Esta máquina permite também uma maior fiabilidade e menor manutenção ao

eliminar o sistema de excitação (anéis colectores e escovas).

Uma desvantagem da máquina síncrona de magnetos permanentes é o facto de todo o

processamento de potência eléctrica ser feita através do conversor electrónico, aumentando as

perdas no mesmo.

Neste trabalho irá ser estudado um gerador eléctrico rotativo, para a conversão de energia mecânica

de baixa velocidade, como por exemplo em fontes de energia eólica offshore. É então importante

analisar as várias topologias existentes para geradores rotativos.

1.5.1 Orientação do fluxo magnético no núcleo estatórico

O que caracteriza o tipo de orientação do fluxo magnético no núcleo de ferro da peça estatórica é a

direcção da distribuição da densidade de fluxo magnético comparativamente com a direcção de

rotação do rotor. Assim, quando a distribuição da densidade de fluxo magnético no estator é paralelo

à direcção de movimento do rotor, estamos perante um fluxo de orientação longitudinal. Por outro

lado, se o fluxo magnético tiver uma orientação perpendicular com a direcção de rotação do rotor,

estamos perante um fluxo magnético transversal.

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4

Figura 1.1: Representação dos tipos de orientação do fluxo magnético: a) Fluxo magnético longitudinal; b) Fluxo magnético transversal [2].

1.5.2 Geradores convencionais

1.5.2.1 Máquina síncrona

A máquina síncrona convencional é largamente utilizada em várias aplicações. Esta máquina é

utilizada sobretudo como gerador em centrais termoeléctricas e hidroeléctricas. A designação de

síncrona deve-se ao facto de a máquina funcionar à velocidade de rotação constante, definida pela

frequência da rede à qual está ligada.

Figura 2.1: Exemplo de máquina síncrona.

Os alternadores e motores síncronos são constituídos pelo rotor e pelo estator (figura. 2.1). No rotor

está montado o enrolamento indutor que é percorrido por uma corrente contínua e tem como

função criar um campo magnético intenso. No estator estão montados os enrolamentos induzidos

nos quais se efectua a conversão electromecânica de energia. As correntes e tensões, em regime

permanente, são alternadas no estator e contínuas no rotor.

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5

A ligação eléctrica entre a parte móvel, o rotor, e o exterior pode fazer-se através de vários processos

sendo um dos mais vulgares, a utilização de anéis colectores e escovas de grafite fixas. Esta

configuração exige, do sistema de excitação, uma manutenção regular devido ao desgaste dos anéis

e das escovas. Como alternativa a este método de excitação, o enrolamento do rotor pode ser

substituído por magnetos permanentes. Esta alternativa pode traduzir-se numa redução do tamanho

da máquina eliminando pontos de falha que requerem atenção, contudo a utilização de magnetos

permanentes para o sistema de excitação tem um custo mais elevado numa fase inicial e ficando-se

sem a possibilidade de regular a tensão de saída [3].

1.5.2.2 Máquina assíncrona

A máquina assíncrona, ou de indução, é uma máquina que funciona sem necessitar de uma fonte de

corrente para o enrolamento de campo. As correntes no rotor são induzidas electromagneticamente,

a partir da corrente que circula no enrolamento do induzido.

Figura 2.2: Exemplo de máquina assíncrona.

Este comportamento pode ser alcançado utilizando enrolamentos normais, ou seja, um rotor

bobinado, ou utilizando uma estrutura bastante mais simples, de barras paralelas ao veio, feitas em

metal condutor ligadas com anéis nas extremidades conhecida como gaiola de esquilo.

As máquinas assíncronas são muito usadas como motores eléctricos, quando usadas como gerador

apresentam, comparativamente, um rendimento mais fraco, principalmente em baixas velocidades.

1.5.2.3 Manutenção em máquinas eléctricas convencionais

Ao utilizar-se máquinas convencionais na produção de energia eléctrica deve-se ter em atenção o

local onde estas máquinas são instaladas, principalmente no que se refere às condições ambientais.

Por questões de manutibilidade deve-se adequar a topologia da máquina ao tipo de fonte de energia

(principalmente energia eólica onshore e offshore). Devido às condições adversas a que estes tipos

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6

de geradores estão sujeitos, estes requerem características especiais de construção de forma a

minimizar a taxa de avarias, prolongando a vida útil da máquina.

Em muitos casos um aerogerador avaria devido a falhas mecânicas ao nível da sua caixa

multiplicadora de velocidade ou devido a avarias no próprio gerador eléctrico, como por exemplo, ao

nível do sistema de excitação por desgaste das escovas e anéis colectores, no caso das escovas obriga

a paragem da máquina periodicamente (diminuição do número de horas de funcionamento). De

forma a diminuir os tempos de indisponibilidade das máquinas é necessário explorar soluções que

facilitem a manutenção e substituição de peças, e minimizar os componentes sujeitos a maior

desgaste diminuindo assim os focos de falhas (caixa multiplicadora de velocidade, sistema de

excitação).

O uso de geradores com magnetos permanentes, elimina não só o uso de sistema de excitação como

possibilita também a remoção das caixas multiplicadoras devido ao elevado número de pares de

pólos que este tipo de geradores possibilita. O uso de partes modulares facilita a manutenção de

peças avariadas, permitindo a redução do custo de manutenção e evitando a substituição de toda a

máquina. Nesta dissertação é proposto um estudo de uma máquina de magnetos permanentes de

fluxo transverso com características que reduzem a sua manutibilidade diminuindo assim fontes de

avarias.

1.5.3 Máquina de fluxo transversal de magnetos permanentes (TFPM)

Existem vários conceitos de máquinas eléctricas. Neste subcapítulo será feita apenas uma análise a

máquinas de magnetos permanentes de fluxo transverso escolhida para a realização desta

dissertação, de forma a perceber-se melhor os seus princípios de funcionamento. Nas figuras

seguintes apresentam-se alguns exemplos de configuração deste tipo de máquinas.

Figura 2.3: Exemplo de máquina eléctrica de magnetos permanentes [2].

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7

A máquina apresentada na figura 2.3, é uma máquina de magnetos permanentes de fluxo

transversal, a sua configuração transversal é caracterizada por possuir um enrolamento estatórico

anelar ao longo do perímetro da máquina. É possível obter uma máquina de N-fases através da

utilização de vários módulos, um por cada fase, dispostas ao longo do eixo da máquina.

A máquina apresentada de seguida (figura 2.4), é como a anterior, uma máquina de fluxo transversal

de magnetos permanentes, com entreferro, estator externo e rotor ranhurado no qual são dispostos

os magnetos numa distribuição que favorece a concentração do fluxo magnético, a cinzento-escuro

temos o enrolamento estatórico anelar ao longo do perímetro da máquina.

Figura 2.4: Exemplo de máquina com concentração de fluxo magnético de Dubois [2].

A máquina apresentada na figura 2.5, é uma máquina onde os magnetos são dispostos na superfície

do rotor, e os núcleos de ferro estão montados no estator por forma a existir um retorno do fluxo

magnético em forma de “i”.

Figura 2.5: Exemplo de máquina proposta por Blissenbach e Viorel em 2003, e por Svechkarenko em 2009 [4].

A máquina apresentada na figura 2.6 é um trabalho desenvolvido por Jianhu, em 2009. Trata-se de

uma máquina de fluxo magnético transverso onde os magnetos permanentes e os enrolamentos

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8

estatóricos se encontram montados no estator, o rotor por seu lado tem montado nele as peças

polares que fecham o circuito magnético. A correcta disposição das peças de ferro montadas no

rotor permite que com o movimento do rotor o fluxo magnético se vá alternando originando uma

tensão eléctrica aos terminais do enrolamento estatórico.

Figura 2.6: Exemplo de máquina com fluxo magnético comutado por Jianhu (2009): (a) Representação parcial da máquina, onde se pode ver um par de pólos; (b) princípio de funcionamento do fluxo magnético comutado [5].

As máquinas de magnetos permanentes de fluxo transverso têm como uma possível vantagem o

facto das dimensões do circuito magneto (núcleo de ferro) serem independentes do circuito eléctrico

(enrolamento estatórico), isto permite que o espaço disponível para o circuito eléctrico seja

independente do passo polar implementado na construção da máquina. Esta característica permite a

utilização de passos polares reduzidos e elevadas densidades de corrente. Segundo o que concluiu

Maxime Dubois no seu trabalho de doutoramento [2], que a densidade de corrente de uma máquina

de magnetos permanentes de fluxo transversal, pode atingir valores até dez vezes superiores que a

densidade de corrente numa máquina de fluxo longitudinal.

Outra vantagem importante deste tipo de máquinas, é a redução das perdas por efeito de Joule nos

enrolamentos, comparativamente a máquinas de fluxo longitudinal, uma vez que o volume de cobre

nesta máquina é menor comparativamente com as máquinas convencionais atrás apresentadas.

1.5.4 Máquina de fluxo axial de magnetos permanentes (AFPM)

Este tipo de topologia é uma alternativa possível aos geradores de fluxo radial, anteriormente

apresentados, em aplicações de baixa velocidade. A sua topologia permite acomodar uma elevada

quantidade de pólos.

A sua forma achatada, construção compacta e elevada densidade de potência torna a máquina AFPM

numa importante alternativa às topologias convencionais de fluxo radial.

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9

Figura 2.7: Exemplos de máquinas de fluxo axial [6]: a) máquina axial com um estator; b) máquina axial com duplo estator.

Este tipo de topologia permite criar diversas subtopologias, que podem ser criadas com um

entreferro ou múltiplos e com ou sem cavas no estator. É frequente desenhar máquinas sem cavas

para geradores de baixa potência, onde os magnetos permanentes são dispostos na superfície

rotórica. Um importante constrangimento deste tipo de máquinas é que à medida que a potência

dela aumenta, a superfície de contacto entre o rotor e o veio torna-se cada vez mais pequena, esta

característica resulta em avarias frequentes neste tipo de máquinas. Além do constrangimento atrás

apresentado, a bobinagem do estator em geradores polifásicos é pouco conveniente.

1.5.5 Topologia seleccionada

A topologia abordada ao longo desta dissertação foi a máquina de fluxo transversal de magnetos

permanentes (TFPM). Esta escolha foi feita devido ao facto de existirem já trabalhos anteriores em

torno desta topologia que precisavam de ser complementados (figura 2.8).

Figura 2.8: Topologia de Máquina TFPM [1].

a) b)

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10

Como se pode ver na figura 2.8, esta máquina possui dois estatores e um rotor. O rotor da máquina é

construído de forma a assegurar que cada magneto origina um fluxo magnético na peça polar do

estator interior e exterior.

Figura 2.9: Detalhe sobre o circuito magnético.

Os magnetos permanentes (paralelepípedos a vermelho e azul) representados na figura 2.9, estão

orientados perpendicularmente à direcção do movimento rotórico, onde as setas nos

paralelepípedos representam orientação magnéticas norte-sul e sul-norte conforme o caso.

A orientação transversal do fluxo magnético no núcleo do estator, apresentado no ponto 1.5.3 atrás

mencionado, é esperada que a corrente eléctrica de carga numa máquina com esta topologia, possa

ser até mais dez vezes superior a uma máquina com um fluxo no núcleo do estator longitudinal, tal

como já mencionado atrás. Esta topologia, TFPM, permite também que o enrolamento estatórico

mais simples. Na orientação longitudinal o espaço disponível para os condutores depende

directamente do dente do estator que por sua vez influência de forma directa o passo polar dos

magnetos e limita assim o número de pares de pólos da máquina. Pode-se concluir que uma máquina

com fluxo longitudinal (máquinas convencionais) tem como inconvenientes a limitação do número de

pares de pólos, a dificuldade no enrolamento dos condutores estatóricos e poderá ter menor

capacidade de aquecimentos devido ao facto dos condutores estarem introduzido dentro de cavas

no estator.

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11

Capítulo 2

2.1 Apresentação da Topologia do gerador e Estudo mecânico

O estudo mecânico desenvolvido ao longo deste capítulo procurou resolver problemas e

complementar soluções de outros referenciadas em trabalhos anteriores [8][9]. O gerador que se vai

analisar foi também analisado em trabalhos anteriores e é caracterizado pela existência de um

estator duplo. No entanto, não foram convenientemente analisados e resolvidos problemas ao nível

dos apoios mecânicos, não tinham em atenção passagem de cabos eléctricos e também não tomava

em conta princípios de montagem/desmontagem, para fins de manutenção.

2.2 Apresentação da topologia da máquina eléctrica

Neste capítulo vai-se explicar a geometria considerada para cada peça, do ponto de vista mecânico e

eléctrico. De forma a facilitar a compreensão e explicação da geometria considerada para a máquina

eléctrica, pintou-se de cores diferentes as peças chave da máquina e esta foi dividida em três

componentes fundamentais: estator interior, rotor e estator exterior (figura 2.1).

Figura 2.1: Gerador trifásico de magnetos permanentes de baixa velocidade, vista em perspectiva.

Figura 2.2: Da esquerda para a direita: Estator interior, Rotor e Estator exterior.

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Devido ao facto da topologia estudada neste trabalho possuir mais que um estator, houve a

necessidade de estudar e desenvolver soluções mecânicas e eléctricas para que esta topologia seja

possível de se concretizar. Realizou-se este estudo com recurso ao programa Solidworks, programa

de construção e simulação 3D.

É de realçar que a solução proposta de seguida não é a única possível e deve ser entendida como

exploratória. A construção de um protótipo pode acrescentar novos desafios e ou dificuldades à

implementação da topologia considerada.

2.2.1 Topologia estator exterior

Neste ponto será dada uma explicação de todos os componentes que formam o estator exterior.

Figura 2.3: Estator Exterior da máquina.

Para o suporte da máquina eléctrica usa-se sapatas, como as que são apresentadas na figura 2.4. As

sapatas devem ser suficientemente robustas para suportar o peso da máquina e aguentar esforços

resultantes de regimes transitórios.

Figura 2.4: Sapatas de suporte da máquina: a) sapata integrada na jante do estator exterior; b) sapata independente do estator exterior.

a) b)

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13

Na figura 2.5 pode-se ver em pormenor, a zona de fixação dos suportes onde são montadas as peças

polares com formato de “E”(figura 2.5.b) e forma como é bloqueado o veio do estator interior (figura

2.5.b). É importante realçar que deve ser acautelada a correcta imobilização do estator interior face

ao movimento do rotor e dos esforçoes electromagnéticos aque fica sujeito.

Figura 2.5: Sapata integrada na jante: a) pormenor do entalhe de bloqueio do veio do estator interior; b) pormenor do entalhe de fixação do suporte da peça polar.

A fixação do suporte da peça polar pode ser realizada através da colagem das mesmas, ou por

soldagem dos suportes nos entalhes (figura 2.5.b).

O suporte da peça polar permite-nos criar espaço para a colocação, no interior do estator exterior do

rotor e estator interior. Uma das extremidades do suporte deve ser furada, para que seja possível o

acesso ao interior do estator exterior.

Figura 2.6: a) Pormenor do suporte com a peça polar montada; b) pormenor do furo na extremidade do suporte.

a)

b)

a)

b)

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14

De salientar que a peça polar em forma de “E” deve acompanhar a curvatura exterior do rotor, por

forma a garantir sempre o mesmo valor de entreferro em todo o largura da peça polar.

Figura 2.7: Imagem onde se pode ver o estator exterior fechado.

Para permitir o fácil acesso aos componentes do estator exterior e por forma a conseguir-se

introduzir e extrair o rotor e o estator interior, é utilizada uma jante (figura 2.8) que é apertada aos

suportes das peças polares.

Figura 2.8: Jante do estator exterior: a) pormenor da zona de aperto da jante ao suporte da peça polar; b) pormenor do batente do rolamento.

a)

b)

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15

A classe e dimensão dos parafusos usados na fixação da jante devem ser devidamente estudados

para que estes não quebrem durante o funcionamento da máquina. Mais à frente neste capítulo será

explicado a utilização do batente (figura 2.8.b)

2.2.2 Topologia estator interior

O estator interior, figura 2.9, é como o nome indica um componente estático, que devido à topologia

da máquina estudada, se encontra montada dentro do rotor e este por sua vez está montado dentro

do estator exterior.

Figura 2.9: Pormenor da localização do estator interior dentro do estator exterior.

Os toroides a castanho visiveis no pormenor da figura 2.9, representam os enrolamentos de cobre.

Depois de se retirar os enrolamentos estatóricos obtem-se a seguinte figura.

Figura 2.10: Estator interior sem os enrolamentos de cobre.

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O estator interior é composto por duas jantes iguais (figura 2.11), as jantes são soldadas ao veio do

estator interior (figura 2.12). Os entalhes rectângulares ao longo do perimetro da jantes servem para

fixar as peças polares. Os entalhes, com forma semelhante a um triângulo, têm como principal

objectivo poupar no peso total da máquina.

Figura 2.11: Jante do estator interior.

Figura 2.12: Veio estator interior: a) pormenor passagem de cabos; b) pormenor entalhe de bloqueio do estator interior; c) pormenor de entalhe bloqueio da porca de rolamento.

Na figura 2.12 pormenor a), a passagem de cabos é importante para conseguirmos passar os cabos

eléctricos dos enrolamentos do estator interior. O entalhe, pormenor b, bloqueia o veio do estator

interior em conjugação com a chave mostrada na figura 2.5.a. O entalhe, pormenor c, serve para

bloquear a porca de aperto do rolamento através de um freio, este conjunto será mostrado mais

adiante neste capítulo. É importante realçar que as peças estatóricas do estator interior e exterior

a)

b)

c)

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não são totalmente iguais. As peças polares usadas no estator exterior têm as extremidades das

pernas côncavas, enquanto que no caso do estator interior as mesmas extremidades são convexas.

2.2.3 Topologia do rotor

O rotor é a peça da máquina que tem movimento proporcionado por uma fonte de energia

mecânica. Torna-se então importante garantir que o rotor se encontra devidamente apoiado e

equilibrado, para que seja possível o correcto funcionamento da máquina.

Figura 2.13: a) vista do rotor de frente; b) vista do rotor por trás.

A jante rotórica, figura 2.14, deve ter um entalhe ao longo do perimetro da mesma, para que

aumente a área de fixação da superficie cilindrica que aloja os magnetos. Os estalhes com forma

triângular tem como objectivo diminuir o peso da peça, criando também locais por onde pode

circular o ar para arrefecimento do estator interior.

Figura 2.14: Jante do rotor.

a) b)

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18

Uma das jantes deve ser fixa através de parafusos (figura 2.16), enquanto que a outra pode ser

soldada ou colada permanentemente à superficie cilindrica onde estão alojados os magnetos. A jante

fixa por parafusos permite o acesso ao interior do rotor, para que seja possivel introduzir e retirar o

estator interior (figura 2.15).

Figura 2.15: Estator interior dentro do rotor.

Figura 2.16: Pormenor da fixação de uma das jantes através de parafusos.

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2.2.4 Configuração dos apoios dos vários componentes do alternador

Dada a complexidade da máquina estudada, teve-se que arranjar uma solução viável para o seu

funcionamento. A figura que se segue (figura 2.17) é um corte transversal da máquina eléctrica, onde

é possível visualizar com mais detalhe os apoios idealizados para a máquina estudada.

Figura 2.17: Aproximação dos apoios da máquina.

De forma a facilitar a compreensão de como são feitos os apoios do rotor, estator interior e estator

exterior, divide-se os apoios em duas partes (parte A e B da figura 2.17).

Os dois estatores estão presos entre si, através do entalhe (figura 2.12 pormenor b) criado no veio do

estator interior que é bloqueado na sapata de suporte do estator exterior (figura 2.5 pormenor a).

Podemos ver na figura 2.17, parte B, o veio do estator interior bloqueado na sapata do estator

exterior.

A

B

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20

Figura 2.18: Parte A referente à figura 2.17: a) pormenor de fixação do rolamento radial interior.

O apoio do veio oco do rotor, responsável pela transmissão de potência mecânica originária da fonte

de energia, é feito sobre a sapata de suporte da máquina através de um par de rolamentos radiais. O

rolamento radial interior, identificado na figura 2.18, é responsável pelo apoio do veio do estator

interior dentro do veio oco do rotor. O rolamento radial exterior faz o apoio do veio oco do rotor e

veio do estator interior na sapata de suporte da máquina.

Os rolamentos radiais de dupla carreira, como os atrás apresentados, têm uma capacidade de carga

radial superior à dos de uma carreira de esferas e uma reduzida capacidade de carga axial.

A imobilização do rolamento radial exterior é feita recorrendo-se a uma chumaceira (figura 2.19)

apertada na sapata de suporte da máquina.

Chumaceira

Veio rotor oco

Freio Anel de aperto

do rolamento

Tampa chumaceira

Veio estator

interior

Rolamento

radial

interior

Rolamento

radial exterior

Sapata

Jante estator exterior

a)

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21

Figura 2.19: Chumaceira do rolamento exterior em vista explodida.

O rolamento radial interior é imobilizado no local pretendido, recorrendo a um anel de aperto

roscado (figura 2.20.a). Para evitar o desaperto do anel, utiliza-se um freio em chapa (figura 2.20.b).

Figura 2.20: a) Anel de aperto do rolamento; b) Freio.

No pormenor a), da figura 2.20, pode-se ver como é feita a imobilização do veio do estator interior

na sapata com a jante integrada do estator exterior.

a)

b)

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22

Figura 2.21: Parte B referente à figura 2.17: a) pormenor de bloqueio do veio do estator interior.

O rolamento usado para imobilizar o veio do estator interior face ao rotor móvel, é um rolamento de

contacto angular. Usa-se este tipo de rolamento para evitar movimentos axiais dos veios, devido à

impulsão originada pela turbina responsável pela captação da energia mecânica da fonte.

Os rolamentos de contacto angular são assim designados porque a normal à área de contacto faz um

determinado ângulo com o plano da face do rolamento. Este tipo de rolamento suporta elevadas

cargas axiais apenas num sentido e apresenta uma boa capacidade de carga radial.

O rolamento angular encontra-se dentro da chumaceira (figura 2.22), a chumaceira é soldada à jante

do rotor movendo-se com ele (figura 2.13.b).

Figura 2.22: a) Chumaceira de rolamento de contacto angular.

Chumaceira

Rolamento de contacto

angular

Veio estator

interior

a)

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23

É importante salientar que o estudo realizado para solução mecânica depende de vários factores,

onde o mais importante é o dimensionamento da máquina em termos de potência eléctrica.

Havendo a necessidade de projectar tanto os elementos de transferência de binário, como seja o

rotor e os seus vários apoios mecânicos.

Neste estudo todas as dimensões são somente indicativas da solução mecânica,existindo no caso dos

apoios várias soluções para além da indicada, que passa pela utilização de rolamentos. Para

potências superiores pode haver a necessidade de substituir os apoios com rolamentos por outro

tipo de apoio.

2.3 Perdas Mecânicas

É extremamente importante quantificar e qualificar-se as perdas decorrentes do funcionamento de

qualquer tipo de máquina. As perdas totais na máquina eléctrica em estudo, equação 2.1, dividem-se

em perdas mecânicas, perdas no ferro dos estatores e no rotor, perdas por efeito de Joule nos

condutores eléctricos e perdas devido à ventilação.

Figura 2.23: Diagrama da conversão de energia.

De seguida serão apresentadas as perdas referentes à componente mecânica da topologia em

estudo de magnetos permanentes. As perdas no ferro e por efeito de Joule serão explicados no

capítulo 3 e 4, respectivamente.

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24

2.3.1 Perdas mecânicas

Todos os equipamentos mecânicos têm perdas por atrito devido ao deslizamento entre superfícies.

As perdas por atrito aparecem devido à interacção entre superfícies estáticas e em movimento. Estas

perdas localizadas ao nível dos rolamentos diminuem a potência mecânica que é transformada no

alternador em potência eléctrica.

As perdas por fricção que ocorrem nos rolamentos, responsáveis pelos apoios radiais e axiais no

alternador, é designada por, “ ”:

Figura 2.24: Vista dos rolamentos onde existe dissipação de energia por fricção.

Potência dissipada no rolamento exterior, responsável por suporte de parte do peso do rotor e

estator interior:

Potência dissipada no rolamento interior, responsável pelo suporte de parte do peso do estator

interior:

E por fim a potência dissipada no rolamento de contacto angular, responsável pelo suporte de parte

do peso do estator interior:

Rolamento de contacto

angular

Rolamento exterior

Rolamento interior

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As perdas totais devida à fricção é igual a:

[ ( ) ]

Onde “ ”, “ ” e “ ” são constantes de fricção nos rolamentos exterior, angular e

interior respectivamente, “ ”, “ ” e “ ” são os valores do peso do rotor

[kg], estator exterior e estator interior respectivamente. O número de rotações por minuto do rotor

[r.p.m.] é dado pela variável “n”.

Da análise da equação 2.7, conclui-se que a máquina deve usar o menor número de rolamentos e

deve ser o mais leve possível, por forma a diminuir as perdas mecânicas originadas pela fricção nos

rolamentos. Deve ser estudada a melhor solução em termos de lubrificação, que separe a superfície

estática da móvel, por forma a reduzir o atrito e por consequência a erosão.

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26

Capítulo 3

3.1 Circuito Magnético

A topologia de magnetos permanentes de fluxo transverso, atrás apresentada, possui diferenças ao

nível da configuração do seu circuito magnético (comparativamente às máquinas convencionais atrás

apresentadas), o que leva a que estes circuitos tenham diferentes propriedades magnéticas e

eléctricas que definem parâmetros como a sua potência e frequência eléctrica. Um dos parâmetros

importantes nesta máquina é as suas grandes fugas magnéticas, devido ao comprimento do

entreferro, altura dos magnetos permanentes usados, espaçamento entre magnetos, comprimento

total do magneto e a largura da peça polar que forma o circuito magnético. A presença de fugas no

circuito magnético é o factor mais importante e limitativo da geometria do circuito magnético,

indicando-nos assim a viabilidade da máquina.

Para além do estudo das fugas magnéticas acima descritas, será também apresentado neste capítulo

uma breve explicação dos tipos de magnetos permanentes existentes.

3.2 Magnetos permanentes

A partir da década de 80, verificou-se uma evolução significativa na qualidade e eficácia dos

magnetos produzidos industrialmente. O grande interesse nos magnetos permanentes prende-se

com o facto de eles poderem gerar um fluxo magnético, num circuito magnético, sem a existência de

dissipação de energia eléctrica no circuito de excitação. A inexistência do circuito de excitação origina

uma redução principalmente de perdas por efeito de Joule, aumentando assim o rendimento da

máquina. Isto permite também à máquina de magnetos permanentes, comparativamente com as

máquinas que usam sistema de excitação, uma redução no peso total da máquina e menor

tempo/custo de manutenção.

Os Magnetos Permanentes apresentam algumas vantagens e desvantagens:

Vantagens:

Máquinas mais compactas;

Melhores rendimentos a nível energético.

Desvantagens:

Maior custo inicial na construção da máquina, principalmente se for usado magnetos do tipo

Terra-Rara (Nd2Fe14B, nomenclatura química para Neodymium de Ferro Boro);

Risco de desmagnetização irreversível, provocado por exemplo por altas temperaturas

(Temperatura de Curie);

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Impossibilidade de controlo do fluxo magnético originado pelos ímanes.

A Temperatura de Curie é a temperatura a partir da qual um material ferromagnético perde a sua

propriedade magnetizante. Esta desmagnetização ocorre quando existe um desarranjo na

organização dos pólos magnéticos do material, perdendo assim as suas propriedades magnéticas.

Cada material ferromagnético tem a sua própria temperatura de Curie.

Magneto Br (T) Hci (kA/m) BHmáx

(kJ/m3) TCurie (°C)

Nd2Fe14B

(sintered) 1,0 - 1,4 750 - 2000 200 - 440 310 – 400

Nd2Fe14B

(bonded) 0,6 – 0,7 600 - 1200 60 - 100 310 – 400

SmCo5

(sintered) 0,8 – 1,1 600 - 2000 120 - 200 720

Sm(Co, Fe, Cu,

Zr)7 (sintered) 0,9 – 1,15 450 - 1300 150 - 240 800

Alnico

(sintered) 0,6 – 1,4 275 10 - 88 700 – 860

Sr-ferrite

(sintered) 0,2 – 0,4 100 - 300 10 - 40 450

Tabela 3.1: Propriedades magnéticas de alguns t ipos de ímanes.

3.1.1 Magnetos do tipo metálico.

Existe uma vasta gama de magnetos do tipo metálico, entre os quais os Alnico (liga metálica

composta por Alumínio “Al”, Níquel “Ni” e Cobalto “Co”) que pode ser usado em máquinas eléctricas.

Apesar do Alnico possuir uma indução permanente “Br” relativamente elevada, este composto

apresenta uma contrariedade que impossibilita a sua utilização na construção de máquinas

eléctricas, que é a de possuir um baixo campo coercivo “Hc”.

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3.1.2 Magnetos do tipo Ferrite

Este tipo de magnetos são os mais baratos economicamente comparativamente com qualquer outro.

Apresentam baixa indução permanente e alto campo coercivo o que diminui o risco de

desmagnetização do magneto. Estes tipos de magnetos são frágeis quando submetidos a forças de

tracção, havendo a necessidade de alguma cautela na utilização deste material na construção dos

pólos. A temperatura de Curie dos magnetos de Ferrite é mais baixo, que a dos Alnico e a sua

indução de campo magnético diminui com o aumento da temperatura.

3.1.3 Magnetos do tipo Terras Raras.

Este tipo de magnetos são os que apresentam melhor comportamento, campo coercivo (Hc) é

superior aos das ferrites e à dos Alnico. Temos assim um grande ciclo de histerese, apresentando

uma elevada energia magnética. Como podemos verificar no resumo das características

apresentadas atrás os magnetos do tipo Terras Raras, são os mais indicados na construção de

máquinas eléctricas.

Os magnetos de Terras Raras mais relevantes são:

Samário de Cobalto (SmCo) – os magnetos (SmCo) são os mais caros. Possuem um campo

coercivo (Hc) e indução permanente (Br) elevados. Apresentam uma variação das propriedades

magnéticas baixas. Caso não fosse o seu custo elevado, estes ímanes seriam os mais utilizados na

construção de máquinas eléctricas.

Neodímio de Ferro - Boro (NdFeB) – estes magnetos comparativamente com os (SmCo) são

menos dispendiosos. Apresentando também uma elevada indução permanente (Br) e campo

coercivo (Hc) equivalente ao (SmCo). A grande desvantagem deste material é apresentar uma

baixa temperatura de Curie e é facilmente oxidável.

3.3 Selecção do magneto permanente

O magneto permanente seleccionado para o dimensionamento da máquina em estudo foi o

Neodímio-Ferro-Boro (NdFeB), devido às suas características magnéticas.

As características magnéticas consideradas para o magneto seleccionado, são as seguintes:

Características Valor

BR 1,4 [T]

μm 1,95

Hc 795 [kA/m]

Tabela 3.2: Características do magneto permanente (NdFeB)[1].

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Por forma a diminuir a quantidade de material magnético utilizado, o ponto de funcionamento do

gerador deverá aproximar-se do ponto de densidade de energia máxima do magneto permanente,

de forma a retirar-se o máximo valor de . Na figura seguinte apresenta-se a curva

característica de desmagnetização do magneto e a recta de carga ideal (figura 3.1).

Figura 3.1: Desmagnetização e recta ideal do magneto seleccionado [10].

Por forma a simplificar o cálculo do produto energético máximo ( ) , considera-se uma curva

ideal aproximada da curva de desmagnetização real do magneto (figura 3.1).

Da equação da curva ideal:

Obtemos o valor de “ ”, nas condições ideais de funcionamento:

Considerando a característica de desmagnetização aproximadamente linear, verifica-se que o ponto

onde o produto energético é máximo para

e

.

O ponto de energia máxima tem assim o seguinte valor: ( ) ( )

A recta de carga ideal toma um declive:

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30

3.4 Análise aproximada do circuito magnético

Considera-se o sistema apresentado da figura 3.2, a peça fixa em formato de “E” designada como

estator exterior, os três cubos presentes são peças móveis (rotor) e por fim, a peça com formato de

“E”, designada como estator interior.

O cubo a vermelho na figura 3.2 representa o magneto permanente (Neodímio de Ferro Boro

“Nd2Fe14B”). No estudo magnético da geometria apresentada na figura 3.2, considera-se a utilização

de ferro “puro” nas peças a cinzento e amarelo (permeabilidade magnética é considerada infinita,

µ=∞) e as peças a laranja (permeabilidade magnética próxima à do ar, µ=1).

Figura 3.2: Geometria do circuito magnético usado no estudo magnético, profundidade considerada é de ”d”.

O estudo do circuito magnético conduzido neste trabalho tem como base trabalhos feitos

anteriormente [1][8][9]. O magneto permanente utilizado tem geometria cubica de dimensão “d”

milímetros, os outros dois cubos presentes na figura 3.2 tem também uma geometria cubica com as

mesmas dimensões do magneto. As peças fixas do estator interior e exterior têm uma profundidade

de “d” milímetros. Na caracterização do magneto permanente recorre-se a uma representação

simplificada expressa pela equação 3.5.

( )

Por forma a facilitar o estudo magnético das relutâncias de fuga, considerou-se apenas troço do

circuito magnético composto pelo dente, mais a esquerda da figura 3.2 e um magneto que se desloca

na horizontal (peça a vermelho) como podemos ver na figura 3.3.

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Figura 3.3: Representação da geometria considerada no estudo magnético.

Como referido anteriormente considera-se que o ferro tem permeabilidade infinita e, portanto, a

queda de tensão magnética nas peças de ferro é nula.

O sistema magnético apresentado na figura 3.3 pode ser representado pelo circuito equivalente

simplificado da figura 3.4, onde o magneto responsável pela força magneto motriz (Fmm) e as

relutâncias do magneto e dos entreferros estão assinalados.

Figura 3.4: Circuito Magnético equivalente.

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Considerando a geometria e as dimensões em jogo chega-se às equações das relutâncias

magnéticas de seguida apresentadas:

Relutância do entreferro, espaço preenchido por ar, entre o magneto e as peças polares;

( | |)

Variação na posição do magneto relativamente às peças polares, que se encontram estáticas;

| |

Relutância do entreferro, espaço preenchido por ar, entre as duas peças polares estáticas;

| |

Relutância do magneto permanente.

( | |)

Devido à dispersão do campo magnético é obrigatório contabilizar-se a relutância de fugas (equação

3.10 e 3.13). As linhas de campo magnético que não se fecham pelas peças polares de ferro mas sim

dentro e em redor do magneto devem ser tomadas em conta. Esta relutância de fuga é composta por

dois termos em paralelo, um deve-se ao facto do magneto se encontrar perfeitamente alinhado com

as peças polares (equação 3.11 e figura 3.8) e a outra situação é quando temos o magneto

parcialmente desalinhado com as peças polares (equação 3.12 e figura 3.6).

||

Figura 3.5: Situação em que o magneto se encontra perfeitamente alinhado.

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| |

Figura 3.6: Situação em que o magneto se encontra parcialmente desalinhado.

(| | )

Todas as relutâncias são calculadas com base na sua secção em cada troço e no seu comprimento.

Para o comprimento de cada troço considera-se o comprimento da linha média e no cálculo das

secções admite-se em cada ramo do circuito qua as secções no ferro e no ar têm o mesmo valor.

Na figura 3.7, pode-se agora ver o circuito magnético na sua totalidade. Onde a relutância “Ra” é a

relutância do material paramagnético usado na construção do rotor, que evita a ocorrência de curto-

circuito entre os pólos da máquina.

Onde o valor da permeabilidade magnética, “ a”, é aproximadamente igual ao do ar “ 0”.

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Rg

Rg

Rg

Rg Rg

Rg

RaRa

Rm(x)

Fmm

Re(x)

Rf(x)

Fmm

Figura 3.7: Circuito magnético da totalidade do sistema proposto.

O estudo do campo magnético do sistema proposto é um passo fundamental para a caracterização

do mesmo. Este estudo irá depender da geometria do sistema e das características magnéticas dos

materiais usados. Recorrendo-se à lei de Ampére (equação 3.15):

Da lei de Ampére, atrás referida, obtemos a força magneto motriz (equação 3.16):

∬ ∑

Levando em conta as condições atrás referidas e as características do sistema em estudo chega-se

ao seguinte sistema de equações (3.17):

{

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De forma a facilitar a análise do sistema em estudo recorreu-se ao equivalente de Thevenin. Obtém-

se assim o seguinte esquema (figura 3.8), que nos permite calcular a força magneto motriz

equivalente ( ).

Rg

Rg

Rg Rg

Rg Rg

Ra Ra Re(x)Req

ΦmΦ1Φ2

fmmeq

Figura 3.8: Circuito magnético equivalente da figura 4.6 depois de aplicado o teorema de Thevenin.

Onde a relutância equivalente “Req” é:

||

( | |) ( )

Depois de várias simplificações obtêm-se o esquema seguinte, figura 3.9.

Rg

Rg

ReqRz

fmmeq

Figura 3.9: Circuito da figura 4.6 simplificado

Onde “Rz” é a associação de várias relutâncias em série e em paralelo:

Conseguimos agora chegar a relutância magnética total (equação 3.20), mostrada de seguida:

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A força magneto motriz equivalente (fmmeq) é dada pela expressão:

{ (

| |

)

A função que descreve a posição do magneto permanente face aos dentes das peças dos dois

estatores é a seguinte:

( ) | |

Por forma a calcular-se o fluxo magnético ligado (Ψ) simula-se no estator uma bobine fictícia de

corrente ie e substitui-se o magneto permanente do rotor por uma bobine, de uma espira ( )

com uma corrente de im.

Chegamos assim à da força magneto motriz da equação:

Onde a força magneto motriz equivalente é dado por:

( | |

)

Calcula-se o fluxo magnético no pólo de seguida:

O fluxo ligado calcula-se segundo a seguinte expressão:

O fluxo ligado que atravessa a bobine posicionada na perna da peça do estator é dado pela seguinte

equação (3.28):

( | |

)

O fluxo ligado que atravessa a bobine fictícia que caracteriza o magneto permanente é dado pela

seguinte equação (3.29):

(

| |

)

Através das equações 3.28 e 3.29 consegue-se agora definir a indutância própria da bobine instalada

na peça polar (equação 3.30), a indutância própria da bobine do magneto permanente (equação 3.31)

e a indutância mútua (equação 3.32) entre as duas bobines atrás referidas.

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( )

( )

Figura 3.10: Variação do fluxo ligado em função da posição do magneto.

Na figura 3.10 podemos ver o andamento do fluxo ligado, recta a vermelho representa o fluxo nas

pernas que não estão alinhadas com o magneto e a azul o fluxo ligado na perna alinhada com o

magneto (ver figura 3.7). Considerou-se a não existência de fugas magnéticas na realização deste

gráfico, se considerar-se as fugas magnéticas o fluxo ligado nas duas pernas que não estão alinhadas

com o magneto seria menos de metade do valor do fluxo principal.

3.5 Determinação das fugas magnéticas

A determinação das fugas magnéticas realiza-se através de simulações no software FEMM [1],

programa de elementos finitos. Define-se β (equação 3.33) como o parâmetro de fugas magnéticas,

onde β é o quociente entre o fluxo magnético que atravessa a secção superficial de uma das pernas

da peça polar (φp) a meia altura e o fluxo que atravessa o magneto (βm).

Este parâmetro de fugas “β” indica a percentagem de fluxo magnético, que tem origem no magneto

permanente, que atravessa a peça polar do estator.

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Assim quanto maior for o parâmetro β menor serão as fugas no circuito magnético.

3.4.1. Geometria do circuito magnético

A geometria do circuito magnético usada nos estudos magnéticos utilizando o FEMM, é a que se

pode ver na figura 3.13.a.

Figura 3.13.a: Geometria do circuito magnético estudado.

As características assumidas no estudo magnético do circuito analisado pelo pograma de elementos

finitos foram as seguintes: para o magneto, figura 3.13.b, utilizou-se o neodímio de ferro boro

(NdFeB 52 MGOe). O material das peças polares é de ferro “puro”, que conta com uma

permeabilidade magnética ( ).

Figura 3.13.b: Topologia dos magnetos usados para formar um pólo da máquina.

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As dimensões de cada um dos magnetos são, 50 milímetros de comprimentos “cm”, 25 de largura

“lm” e 10 milímetros de altura “hm”.

Esta estrutura, figura 3.13.b, tem esta configuração pois vai de encontro alguns estudos realizados

anteriormente no departamento que indicam ser a melhor escolha ao nível magnético e também

devido ao facto d as dimensões usadas nos magnetos são mais comummente encontradas no

mercado.

Os materiais atrás descritos são os materiais pré-existentes do pograma de elementos finitos

(FEMM).

3.4.2. Variação do entreferro.

Realizou-se este estudo fazendo variar a altura do entreferro,” g”, distância entre o magneto e a peça

polar. Neste estudo utilizou-se um pograma de elementos finitos, FEMM. O circuito magnético

utilizado para realizar este estudo, figura 3.11, é composto por duas peças polares, uma fixa no

estator exterior e outra no estator interior. Numa das pernas da peça polar e alinhados com esta,

encontram-se cinco magnetos orientados na mesma direcção.

Figura 3.11: Circuito magnético usado no FEMM para o estudo do fluxo magnético, com profundidade de 275mm.

Pormenor a)

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40

Figura 3.12: Pormenor de aproximação dos magnetos utilizados no circuito magnético.

É importante salientar que todos os cinco magnetos que compõem o pólo, têm o mesmo valor “g” de

entreferro.

Com as características do circuito magnético definidas procedeu-se à variação do entreferro (g) por

forma a registar a sua influência sobre o fluxo magnético que atravessa a superfície definida pela

recta a vermelho, colocada a meia altura na perna da peça polar (figura 3.14).

Figura 3.14: Posição da secção na perna.

Os valores de referência do fluxo magnético e do campo magnético, no centro dos cinco magnetos

(figura 3.15), são de 0,014456 [Wb] e de 0,58183 [T] respectivamente. Isto para um espaçamento

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41

entre os magnetos, “l”, de 5 milímetros, um valor de entreferro, “g”, de 3 milímetros e altura dos

magnetos,”hm”, de 10 milímetros.

Figura 3.15: Posição da secção na perna para obter os valores de referência.

Com os valores de referência definidos no parágrafo anterior, obtém-se o gráfico da variação do

fluxo magnético presente na figura 3.16. Onde o campo magnético “B”, no interior dos magnetos

(figura 3.15) tem um valor de , como valor de referência.

Figura 3.16: Gráfico da variação do fluxo magnético para diferentes entreferros.

Depois de obter os resultados, do fluxo magnético para alguns valores diferentes de “g”, constata-se

que quanto menor for o entreferro maior será o fluxo magnético que atravessa a superfície fictícia

colocada a meia altura na perna da peça polar (figura 3.14). A única limitação que se tem ao nível do

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entreferro é no âmbito mecânico devido à liberdade que pode ocorrer nos apoios radiais do rotor.

Daqui em diante o valor do entreferro “g” será de 3 milímetros.

3.4.3. Variação da altura dos magnetos

Neste ponto fez-se variar altura dos magnetos permanentes (figura 3.17), “hm”, registando-se a

influência desta variação no valor do fluxo magnético calculado a meia altura numa das pernas da

peça polar, tal como se realizou no estudo do ponto 3.5.1 (figura 3.14). Realizou-se este estudo para

um valor fixo de entreferro (g=3mm) e um valor fixo do espaçamento entre magnetos (l=5mm).

Figura 3.7: Aproximação dos magnetos utilizados no circuito magnético.

Figura 3.18: Gráfico da variação do fluxo magnético para diferentes alturas do magneto.

Analisando o gráfico anterior, pode-se concluir que o aumento para o dobro da altura do magneto

não corresponde à mesma variação no fluxo magnético na peça polar, ou seja, aumentado em 100%

a altura do magneto, face ao valor de referência (hm=10mm), corresponde a um aumento de

“apenas” 18% no fluxo magnético.

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43

De notar, que o aumento da altura dos magnetos corresponde a um aumento do entreferro nas

outras duas pernas da peça polar:

[ ]

O aumento do entreferro nas outras duas pernas faz aumentar as fugas de fluxo no circuito

magnético, ver figura 3.19.

Figura 3.19: Exemplo de fugas magnéticas devido ao aumento da altura dos magnetos “hm”.

3.4.4. Variação da distância entre magnetos

De seguida realizou-se o estudo da influência que a distância entre os magnetos (figura 3.20), “l”, que

estes introduzem no valor do fluxo magnético calculado a meia altura na perna da peça polar, tal e

qual ao estudo anterior (figura 3.14). Realizou-se este estudo para um valor fixo de entreferro, de

g=3mm.

Figura 3.20: Aproximação dos magnetos utilizados no circuito magnético.

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44

Figura 3.21: Gráfico da variação do fluxo magnético para diferentes distâncias entre magnetos.

Como se pode verificar a partir do gráfico da figura 3.21, o fluxo magnético a meia altura na perna

polar diminui com o aumento da distância entre magnetos. Isto acontece devido ao facto de quanto

maior for a distância entre os magnetos, maior será o número de linhas de campo magnético que se

fecham nos magnetos, não contribuindo para o fluxo quantificado no centro da perna polar.

Figura 3.22: Gráfico do fluxo magnético criado quando temos l=5mm.

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45

Figura 3.23: Gráfico do fluxo magnético criado quando temos l=2,5mm.

Figura 3.24: Gráfico do fluxo magnético criado quando temos l=0mm.

Nas figuras 3.22, 3.23 e 3.24, pode-se evidenciar o fenómeno explicado no parágrafo anterior, as

linhas de campo magnético que se fecham nos próprios magnéticos vão-se reduzindo com o

encurtamento da distância entre magnetos. Assim preferencialmente o pólo deve ser executado com

uma peça única e a sua divisão em peças mais pequenas deve depender apenas da facilidade de

execução e montagem.

3.4.5. Variação da largura das pernas das peças polares

Neste estudo procedeu-se à variação da largura das “pernas” da peça polar, “dp”, (figura 3.25), onde

a questão principal é verificar se pode ser reduzida a quantidade de ferro, uma vez que os valores do

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campo magnético “B” ainda estão longe dos níveis de saturação. Este estudo realizou-se para um

valor de entreferro, “g”, de 3 milímetros e para um valor de espaçamentos entre magnetos, “l”, de 5

milímetros.

dp dpdp

dpdp dp

dp dp

dp dp

Figura 3.25: Circuito magnético usado no FEMM para o estudo do fluxo magnético.

Ao fazer variar o valor de “dp” tem-se que ter em atenção que deve-se acautelar que se “apanha” o

máximo de linhas de campo magnético, para que estas contribuam para um fluxo magnético máximo

a meia altura da perna. Tendo este objectivo em mente, chega-se a um formato estilizado das peças

polares constituintes dos estatores de máquinas eléctricas (figura 3.26).

dp dpdp

dpdp dp

dp dp

dp dp

Figura 3.26: Geometria característica das peças polares usadas na maior parte das máquinas eléctricas.

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47

Figura 3.27: Vista aproximada de uma das extremidades numa perna da peça polar.

É importante realçar que os ângulos 45 graus, que formam o triângulo na extremidade das três

pernas da peça polar, mantêm-se inalterados quaisquer que sejam os valores de largura da perna da

peça polar, “dp”, é importante referir que esta configuração pode não ser a melhor solução.

Da variação da largura das pernas, “dp”, resultaram os seguintes gráficos (figura 3.29 e 3.30). Este

gráfico foi obtido a uma altura média na “perna” da peça polar (figura 3.28).

Figura 3.28: A vermelho temos a recta colocada a meia altura na perna por forma a achar os valores.

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Figura 3.29: Gráfico do valor médio do campo magnético normal à superfície considerada.

Figura 3.30: Gráfico do Fluxo Magnético no circuito.

O ponto ideal de funcionamento é no valor de dp=275mm, o que corresponde a um valor máximo de

fluxo magnético na peça polar, φ = 0.013597 [Wb]. Com isto podemos poupar no ferro do circuito

magnético, e assim obtermos uma máquina mais leve e com mais espaço para os enrolamentos

estatóricos das três fases.

A variação abrupta que ocorre no intervalo, dp=[10, 75], no gráfico (da figura 3.30) deve-se ao facto

de existir muitas fugas de linhas de campo magnético. Existe assim uma diminuição considerável do

fluxo contabilizado a meia altura na perna da peça polar.

Para o intervalo de largura da perna, dp=75 milímetros, obtemos uma perda de cerca de 25% do

fluxo magnético que atravessa a superfície fictícia, a meia altura na perna da peça polar

comparativamente com a largura dp=275 milímetros. Em contrapartida obtêm-se uma diminuição de

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cerca de 58% na massa total da peça polar (figura 3.32) e no volume total, para a largura da perna da

peça polar de dp=75 milímetros, zona a partir da qual o ferro inicia a saturação.

Figura 3.32: Variação da massa de uma peça polar.

A diminuição no volume nas peças polares é importante pois permite-nos acomodar mais espiras de

cobre em cada uma das três pernas da peça polar.

3.6 Perdas no Ferro

As perdas no ferro, observadas no circuito magnético, devem-se principalmente a dois fenómenos:

correntes de Foucault e Histerese.

3.5.1 Perdas por histerese

As perdas pelo fenómeno de histerese, ”Ph”, reflectem a energia que é consumida para inverter a

magnetização de um material. São perdas associadas as características das substâncias

ferromagnéticas que apresentam um atraso entre a intensidade do campo magnético e o campo de

indução magnética.

Onde “ch” é o coeficiente das perdas por histerese, “ ” é a frequência eléctrica em [Hz], “ ” é o

valor de pico da função sinusoidal do campo magnético indutivo [T].

3.5.2 Perdas por corrente de Foucault

As correntes de Foucault, aparecem sempre que um corpo metálico condutor fica sujeito a um fluxo

magnético variável. Este tipo de correntes origina perdas de energia na forma de calor.

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50

Uma forma de diminuir as correntes de Foucault, passa pela utilização de peças laminadas de baixa

espessura (lâminas empilhadas), e não por uma única peça polar estatórica em ferro forjado, como

podemos ver na figura 3.33. A corrente em cada uma das peças laminadas é consideravelmente

menor do que a corrente numa peça sólida, isto porque, a resistência do conjunto das peças

laminadas é maior que no caso da peça não laminada.

Figura 3.33: Exemplo de uma peça condutora laminada em paralelo com o campo magnético.

As perdas devidas a correntes de Foucault são dadas pela seguinte fórmula:

∫ (

)

O valor, “ ”, é o coeficiente de perdas por corrente de Foucault.

A soma total das correntes de cada uma das peças laminadas, é menor do que as correntes de

Foucault numa peça compacta. Por forma a diminuir as correntes de Foucault, para além da

laminagem das peças condutoras, estas devem ser isoladas entre si por folhas de papel, ou revestir

cada uma das lâminas com uma camada de verniz isolador. Para além das medidas descritas

anteriormente, os núcleos de chapas de ferro laminadas devem ter um alto valor resistivo.

As perdas no ferro tomam então a seguinte equação:

É importante referir que as frequências de funcionamento são baixas, pelo que estas perdas não

devem ter a importância que se verificam em geradores de utilização a 50Hz.

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51

Capítulo 4

4.1 Perdas por Efeito de Joule

Levando em conta o estudo realizado no capítulo 4, onde chegou-se a um valor para a área de secção

das pernas peça polar que maximiza o valor do campo magnético, “BM”, obtêm-se a equação da força

electromotriz “ε”, por espira é:

Admitindo que o fluxo que atravessa o estator é sinusoidal, a derivada pode ser expressa no domínio

da frequência.

A corrente eléctrica máxima admissível pelo circuito eléctrico, depende da área da “janela” que pode

ser ocupada com o cobre do condutor,”ACu”, onde o valor “KCu” é o factor de ocupação do cobre

nessa área definida pela “janela”.

Onde “Jmáx.” é o valor máximo de densidade de corrente admissível no condutor.

Onde a distância entre as pernas da peça polar com formato de “E” é ”cpp”, e a altura de cada uma

das pernas é de “hpp” (figura 4.1). Na figura 4.1 os rectângulos a cor-de-rosa, representam os

condutores eléctricos e a preto a peça polar com forma de “E”.

Figura 4.1: Corte transversal do estator exterior.

hpp cpp

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A densidade de corrente “J” que atravessa os condutores, normalmente de cobre, faz variar a

temperatura dos mesmos. Para determinar a expressão que relaciona a variação da temperatura

com a densidade de corrente, geometria e topologia do estator, terá que se determinar o volume de

cobre usado na máquina por cada uma das suas fases eléctricas e a perdas por efeito de Joule em

cada uma das fases (equação 4.6).

No cálculo das perdas, “ ”, é necessário considerar o volume total do condutor usado em cada fase

da máquina (equação 4.7).

Onde o “r” é o comprimento médio da espira.

Pode-se agora reescrever a equação das perdas numa fase eléctrica, da seguinte forma:

A energia na forma de calor transferida nas paredes do condutor é dada pela seguinte equação:

Onde “Adip” é o valor da área dissipativa de calor das paredes do condutor (área definida pelas

paredes marcadas a verde, desprezando-se as outras superfícies por estas possuírem fraca

capacidade convectiva), como mostra a figura que se segue:

Figura 4.2: Janela de cobre de uma fase da máquina.

hpp

cpp

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A área de dissipação do calor é um valor aproximado dado por:

( )

Pode-se agora relacionar a equação 3.9 com a 3.10:

Obtêm-se assim a variação de calor permitida no condutor:

Com a equação 4.13 é agora possível chegar-se à equação da densidade máxima de corrente que

pode circular no condutor de cada fase da máquina:

A potência extraída deste circuito eléctrico pode-se determinar pela seguinte expressão:

A equação anterior evidencia a importância do estudo da componente térmica do enrolamento

estatórico em máquinas eléctricas, uma vez que o valor máximo da densidade de corrente influencia

a potência nos terminais da máquina.

O projecto térmico do enrolamento deve maximizar o valor:

Ao longo dos subcapítulos que se seguem tentou-se mostrar formas de maximizar o valor de “γ”.

4.2 Influência do efeito pelicular no seccionamento dos condutores

Embora as frequências de funcionamento da topologia da máquina considerada, sejam bastante

baixas, é importante admitir-se que é possível a existência de harmónicas associadas ao

funcionamento dos conversores até 50 Hz.

Ao estudar-se o efeito pelicular é importante analisar-se o valor da profundidade de penetração:

O Efeito pelicular é um fenómeno caracterizado pela ocorrência de repulsão entre linhas de

corrente electromagnética, criando a tendência desta linhas fluírem na superfície do condutor

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eléctrico. Este efeito é proporcional à frequência e depende das características magnéticas do

condutor. Na figura que se segue, pode-se visualizar a zona onde se concentram grande parte da

corrente eléctrica num condutor (figura 4.3),este efeito agrava-se com o aumento da frequência da

corrente, diminuindo a área da secção utlizada pela corrente no condutor.

Figura 4.3: Profundidade de penetração “δ” num condutor eléctrico.

No gráfico da figura 4.4, pode-se visualizar a variação da profundidade de penetração, ”δ”, no

condutor de cobre em função da frequência.

Figura 3.4: Gráfico da evolução da profundidade de penetração com a frequência.

Na análise realizada à profundidade de penetração quando a janela de cobre é dividida em várias

espiras, como mostra a figura 4.3, é possível visualizar que a corrente circula maioritariamente na

periferia do conjunto das espiras (figura 4.5). Da comparação entre as figuras 4.6 e 4.7, é possível

verificar que ao diminui-se a frequência da corrente que circula nos condutores, a corrente distribui-

se de forma mais uniforme por estes.

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Figura 4.5: Secção de condutores testados no COMSOL.

Os gráficos se seguem, figuras 4.25 e 4.26, correspondem à densidade de corrente nos condutores na

recta a vermelho.

Figura 4.6: Variação da densidade de corrente para a frequência de 11Hz.

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Figura 4.7: Variação da densidade de corrente para a frequência de 0.01Hz

No ensaio que se segue, tenta-se perceber o efeito do raio de curvatura do condutor “r”, figura 4.8,

na densidade de corrente que lhe pode ser aplicada. Este ensaio é feito para diferentes raios de

curvatura a diferentes frequências (figuras 4.9 e 4.10).

Figura 4.8: Condutor de corrente de uma das fases da máquina.

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Figura 4.9: Variação da densidade de corrente em raios de curvatura relativamente pequenos.

Figura 4.10: Variação da densidade de corrente em raios de curvatura relativamente grandes.

Através da analise das figuras 4.9 e 4.10, é possivel concluir-se que para raios de curvatura

relativamente pequenos existe uma variação perfeitamente visivel da evoluçao da densidade de

corrente (figura 4.9). Da figura 4.10 pode-se conclui que quando maior for o raio de curvatura do

condutor menor será o efeito pelicular induzido no próprio condutor. A densidade é no entanto

baste menor comparativamento com os valores da figura 4.9, devido à resistência electrica do

condutor ser bastante superior.

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Uma forma de assegurar uma melhor distribuição de corrente nos condutores colocados no espaço

definido pela janela de cobre atrás explicada, consegue-se com o recurso a formas de enrolamento

estatórico diferentes como por exemplo o enrolamento tipo Roebel (figura 4.11) ou de Litz (figura

4.12)[12].

Figura 4.11: Exemplo de enrolamento tipo Roebel [12].

Figura 4.12: Exemplo de enrolamento tipo Litz.

Com estes tipos de enrolamentos assegura-se que as impedâncias dos vários condutores em

paralelo, que formam um enrolamento estatórico de uma fase, são semelhantes entre si.

A atenuação do efeito pelicular leva como já indicado ao seccionamento da janela de cobre,

disponível para os condutores eléctricos. Será importante de seguida perceber a influência que o

seccionamento da janela tem sobre a densidade de corrente que cada condutor dessa janela pode

“acomodar”.

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4.3 Estudo térmico

A transmissão de energia térmica sobe a forma de calor faz-se por condução, convecção e radiação.

Ao estudar-se estes fenómenos terá que se considerar o meio de propagação do calor, em meios

gasosos ou sólidos e a interacção entre eles, recorrendo-se às suas propriedades físicas e químicas

[11].

O estudo térmico da topologia da máquina eléctrica considerada é realizado com ajuda do programa

Comsol Multiphysics. Serão analisados nos subcapítulos seguintes a influência que vários factores

têm sobre a temperatura da máquina.

As baixas velocidades características deste tipo de máquina, implica que o valor da tensão eléctrica

seja baixa, sendo necessário por isso elevar-se a corrente nominal da mesma.

Com o valor da corrente elevada, o volume de cobre aumenta, o que obriga à criação de espaço de

forma a proporcionar o melhor alojamento e distribuição dos enrolamentos (figura 4.13), tendo em

consideração a dissipação de calor devido ao efeito de Joule.

Figura 4.13: Enrolamento estatórico de uma fase da máquina

O estudo térmico realizado ao longo deste capítulo tem como base o enrolamento de uma fase

(figura 4.13), como se pode ver na figura 4.14 o seu corte transversal, que representa metade do seu

comprimento total.

Na figura 4.14 as dimensões têm os seguintes valores: “hpp” igual a 375 milímetros, “cpp” de 240

milímetros e “dF” igual a 2 milímetros (“dF” corresponde ao valor de espessura do isolamento

eléctrico).

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Figura 4.14: Corte transversal do enrolamento de cobre.

4.3.1 Isolamento eléctrico

Na operação de uma máquina eléctrica deve-se ter em conta os valores de temperatura de

funcionamento da mesma, de forma a evitar a degradação precoce do isolamento por temperatura

elevada, o que pode levar à ocorrência de curto-circuito entre espiras.

Na tabela seguinte apresenta-se as temperaturas máximas de operação de diferentes classes de

isolamento:

Classe de Isoladores Temperatura Máxima de

funcionamento [°C]

Aumento de

temperatura permitida à

carga nominal [°C]

A 105 60

B 130 80

F 155 105

H 180 125

Tabela 3: Características de temperatura das diferentes classes de isolamento eléctrico.

A temperatura máxima permitida “Tmáx” na máquina tem como base: a temperatura ambiente “Tf”, o

aumento permitido à carga nominal “ Tcn” e a temperatura prevista para o “ponto quente” no

condutor “Tpq”, dando origem à seguinte equação:

dF

dF

cpp

hpp

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Exemplo de temperatura máxima tolerada para a classe F de isolamento:

Em geral uma máquina eléctrica não deve funcionar acima do valor de temperatura máxima. A cada

10°C acima do valor máximo, a vida útil da máquina reduz-se para metade. Torna-se por isso

importante, dar atenção à classe de isolamento que está relacionada directamente a vida útil da

máquina eléctrica.

A classe de isolamento mais usual em máquinas eléctricas que funcionam a 50 Hz é a classe F,

considerando-se esta classe ao longo do estudo realizado neste capítulo.

4.3.2 Condução

A condução dá-se por transferência de calor nas fronteiras de um sistema, ou através do próprio

sistema, devido a uma diferença de temperaturas, da região mais quente para a mais fria.

Figura 4.15: Condução de calor através de um sólido.

Alguns sólidos conduzem o calor mais rapidamente que outros, para medirmos esta característica

temos “ ”, conhecido por condutividade térmica. O “Adip” representa a área de superfície do

condutor através da qual é transferido o calor. A distância através da qual o fluxo de calor é

transmitido é de “Δx”.

Δx

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62

4.3.3 Convecção

4.3.3.1 Convecção natural

Na transferência de calor por convecção há deslocação de um meio material (ar ou outro fluído),

devido a diferenças de temperatura. O calor é transportado por correntes de convecção de um ponto

para o outro no mesmo meio material. Quando a temperatura do fluido é mais elevada torna-se

menos denso, arrastando assim a massa do fluido das zonas mais quentes para as mais frias

(correntes de convecção ascendentes).

( )

Onde “Tw” é a temperatura da superfície em contacto com o fluido, “Tf” é a temperatura média do

fluido, “Adip” é a área da superfície, e “Kh” é o coeficiente de transferência de calor por convecção em

W/m2.°C.

4.3.3.2 Convecção forçada

Na convecção forçada o fluxo de fluido aumenta de velocidade através de uma fonte externa que

eleva a pressão do fluido acima da pressão atmosférica. Alguns exemplos de equipamentos que

aumentam fluxo dos fluidos: ventoinhas, bombas e o próprio vento (no caso do fluido ser o ar).

( )

A diferença para a convecção natural é expressa no valor de “Kh.f”.

4.3.4 Radiação

Esta forma de propagação do calor não é mais do que a transmissão de energia por ondas

electromagnéticas. A emissão de ondas, devido às oscilações de cargas eléctricas num dado corpo,

vai depender, naturalmente, da temperatura desse corpo.

(

)

Onde “ε” é a emissividade do corpo que emite a radiação.

4.3.5 Efeito da continuidade do enrolamento

O efeito de continuidade do cobre deve-se ter em conta, quando se faz o estudo da influência do

número de espiras usadas em cada enrolamento. A continuidade térmica é assegurada fazendo-se

um “curto-circuito” entre as diferentes secções das espiras. Esta questão só é relevante assinalar

porque se está a trabalhar com modelos de simulação a duas dimensões, para um estudo mais

completo seria necessário um estudo em 3D.

Para visualizar-se o efeito da continuidade térmica entre espiras, dividiu-se a janela do cobre com

área (definida por “ACu”) em três espiras isoladas entre si por uma camada de isolamento. A figura

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4.16, representa três espiras sem continuidade térmica entre si, onde é perfeitamente visível que a

espira do centro é a que limita a densidade de corrente nos condutores. No caso da figura 4.17, em

que temos curto-circuito térmico, há uma maior homogeneização das temperaturas nas três espiras,

notando-se porém, que a espira central apresenta maior temperatura que as outras duas.

Figura 4.16: Corte transversal de 3 espiras.

Figura 4.17: Corte transversal de 3 espiras “curto-circuitadas”.

Nos gráficos (figuras 4.18 e 4.19) pode-se visualizar com maior detalhe o efeito de continuidade

térmica no cobre. Onde o valor da densidade de corrente de referência é de 17000 W/m3.

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Figura 4.18: Variação da temperatura sem o efeito da continuidade.

Figura 4.19: Variação da temperatura com efeito da continuidade.

Pela análise dos gráficos, conclui-se que o fenómeno de continuidade térmica torna-se cada vez mais

importante com o aumento do número de espiras consideradas no estudo térmico, todavia não se

irá considerar o efeito da continuidade nos próximos estudos.

4.3.6 Influência do número de espiras no valor da corrente

Neste ponto será anilizado a influência do número de espiras sobre a corrente que circula em cada

uma delas. Nas figuras que se seguem (figuras 4.20 à 4.23), variou-se o número de espiras de forma a

verificar-se a sua influência no valor de corrente no condutor, verificando-se que a corrente é

limitada pelas espiras internas (figuras 4.21, 4.22 e 4.23), nomeadamente pela espira que apresenta

piores condições de dissipação de calor. Esta espira limita o valor máximo de corrente em cada

espira, ficando assim salvaguardada a integridade do isolamento eléctrico.

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Figura 4.20: Janela de cobre preenchida por uma única espira.

Figura 4.21: Janela de cobre preenchida por nove espiras.

Figura 4.22: Janela de cobre preenchida por 16 espiras.

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Figura 4.23: Janela de cobre preenchida por 25 espiras.

O gráfico referente a variação do valor da densidade de perdas, figura 4.24, tem como valor de

referência, para a densidade de perdas numa espira que ocupa a janela de cobre por inteiro, um

valor de (este valor tem como referência a profundidade dos condutores de um

metro).

Figura 4.24: Gráfico da densidade de perdas (os valores do eixo do y’s devem ser multiplicados por 100).

O gráfico, figura 4.25, representa a variação do valor da corrente, tendo como referência, a corrente

numa espira que ocupa a janela de cobre por inteiro, com valor (este valor tem

como referência a profundidade dos condutores de um metro).

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Figura 4.25: Gráfico do valor de corrente no condutor (os valores do eixo do y’s devem ser multiplicados por 100).

Como se pode concluir a partir da análise dos gráficos (figuras 4.24 e 4.25), o aumento do número de

espiras faz diminuir o valor de corrente, “I”, por condutor. Esta diminuição deve-se ao facto do

aumento da corrente no condutor estar dependente da temperatura máxima suportada pelo

isolamento eléctrico.

O gráfico que se segue compara a evolução do valor da corrente em cada espira, com o volume de

cobre útil que ocupa a “janela” disponível para cada fase.

Figura 4.26: Comparação entre a corrente e o volume útil de cobre (os valores do eixo do y’s devem ser multiplicados por 100).

Da análise do gráfico anterior pode-se concluir que uma pequena diminuição do volume de cobre

leva a uma grande variação no valor de corrente que nele circula.

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68

4.3.7 Influência da convecção no valor da corrente

De forma a conseguir-se aumentar o valor da corrente nas espiras, procede-se ao espaçamento entre

elas (figura 4.27). Este espaçamento permite, criar canais de ventilação que através de um fluido

gasoso (ar), retiram o calor da superfície dos condutores (convecção natural ou forçada) e também

contribui para a transmissão de calor por radiação para o meio (mais frio) que envolve o corpo

quente.

Figura 4.27: Ocupação da janela diponivel de cobre por duas espiras.

Neste estudo observa-se a influência da convecção forçada sobre o valor da corrente que circula nas

espiras de cada fase. As duas figuras que se seguem (figura 4.28 e 4.29), têm fluxo de ar forçado com

diferentes velocidades de escoamento, como se pode visualizar nas figuras 4.28 e 4.29.

Figura 4.28: Estudo convectivo da geometria apresentada na figura 4.27.

cpp

hpp

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69

Figura 4.29: Estudo convectivo da geometria apresentada na figura 4.27, em que o fluído tem o dobro da velocidade que o estudo da figura 4.28.

O gráfico referente à variação do valor da densidade de perdas, figura 4.30, tem como valor de

referência, para a densidade de perdas em cada uma das espiras na janela de cobre, um valor de

(este valor tem como referência uma profundidade dos condutores de um metro).

Figura 4.30: Gráfico referente à variação da densidade de perdas (valores do eixo do y’s devem ser multiplicados por 100).

O gráfico referente a variação do valor da corrente, figura 4.31, tem como valor de referência, para a

corrente numa das espiras que ocupam a janela de cobre por inteiro, um valor de

(este valor tem como referência uma profundidade dos condutores de um metro).

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70

Figura 4.31: Gráfico referente à variação da densidade de corrente (valores do eixo do y’s devem ser multiplicados por 100).

Pode-se concluir, que a dimensão e o número de canais limitam a configuração e o espaço disponível

para os enrolamentos, influenciando os atravancamentos gerais da máquina, no entanto os mesmos

canais permitem um aumento de corrente nos condutores. É importante considerar todas estas

variáveis de forma a maximizar a potência nominal e rendimento da máquina.

4.4 Perdas devido à ventilação

Na ventilação forçada são introduzidas perdas devido à utilização de sistemas de ventilação

acoplados (conjunto de alhetas) ao rotor da máquina, estas perdas são descritas pela equação que se

segue:

Onde “q” é o caudal de ar deslocado, ” Vv “ é a velocidade periférica do rotor e para “kv” assume-se o

valor de 1,1 quando o caudal é expresso em [m3/s] e a velocidade em [m/s]. Como o volume de fluido

deslocado é proporcional à velocidade, estas perdas variam com o cubo desta grandeza, provocando

um aumento do binário com o quadrado da velocidade [7].

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71

Capítulo 5

5.1. Estimativa de potência

Depois dos estudos realizados nos capítulos 2,3 e 4 é agora possível fazer-se uma estimativa

aproximada do valor de potência disponível aos terminais do gerador.

O 1º passo passa por se calcular a força electromotriz (equação 4.2), gerada aos terminais de uma

única espira:

( )

Considerando-se o raio do rotor de 5 metros, obtemos o número de pares de pólos (equação 2.9)

para um comprimento de 275 milímetros, para cada pólo que este pode alojar:

Supondo que a evolução do fluxo com a posição do rotor são sinusoidais, o valor cíclico do fluxo em

cada fase terá um valor máximo igual a:

Onde o fluxo magnético “𝞍m”, é o valor do fluxo na perna polar alinhada com o magneto e, “𝞍1” e

“𝞍2” é o fluxo magnético nas restantes duas pernas. Considera-se que os valores dos fluxos “𝞍1” e

“𝞍2” são de 50% do fluxo na perna alinhada como magneto,”𝞍m”, situação longe da realidade devido

à existência de fugas magnéticas no circuito.

O 2º passo passa pelo cálculo da corrente para a área de cobre disponível:

Considerando-se que a temperatura ambiente de funcionamento da máquina é de 45°C, obtemos

uma variação de temperatura, “ΔT”, de 110°C. Para a condutividade térmica “Kh”, temos a

contribuição de 8 W/m2 °C inerente à convecção e 6 W/m2 °C da radiação.

Assume-se para coeficiente “kCu” o valor de 0,7 correspondente à percentagem de ocupação da

janela face ao cobre do condutor. Este valor numa primeira análise pode considerar-se optimista já

que se pressupõe que os materiais usados no isolamento entre espiras, e a metodologia de

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empilhamento das mesmas são optimizados para ambos os casos. A largura da janela de cobre é

dada por “cpp”.

Devido ao facto que temos dois estatores, tem que se multiplicar por dois o valor da corrente.

( )

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Capítulo 6

6.1 Construção da máquina

Em paralelo com a realização da dissertação, foi construída uma maquete da máquina de magnetos

permanentes de fluxo transverso. A maquete foi construída a partir do projecto realizada em

Solidworks (apresentado no 2º capítulo), foi transposto para fabrico através de uma máquina de

prototipagem rápida (figura 6.1). Nesta máquina procedeu-se ao fabrico dos vários componentes do

modelo, utilizando material de polímero à base de poliamida. Na montagem dos componentes houve

o cuidado de montar separadamente cada um dos elementos, como sejam: estator interior, estator

exterior e rotor.

Figura 6.1: Máquina de prototipagem rápida.

Figura 6.2: Vista da camara de prototipagem.

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Para a fixação dos vários componentes, que constituiem a maquete, houve a necessidade de se

utilizar alguns materiais: tapa poros para possibilitar a selagem da estrutura de políamida de forma a

possibilitar a colagem das peças entre sí, através de super cola.

Figura 6.3: Material usado na fixação das várias peças.

Em primeiro lugar, procedeu-se à montagem do estator interior como se pode visualizar na

sequência das figuras 6.4 e 6.5.

Figura 6.4: Montagem do Estator interior.

Peça polar Enrolamento

estatórico

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Figura 6.5: Estator interior completamente montado.

Numa segunda fase procedeu-se à montagem do rotor da máquina. Houve a necessidade de se

identificar a sequência de magnetos como mostra a figura 6.6, onde os quadrados vermelhos

representam uma orientação magnética, Norte-Sul e os quadrados azuis uma orientação Sul-Norte.

Figura 6.6: Rotor da máquina completamente montado.

Chumaceira do rolamento

de contacto angular

Veio rotor oco

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Depois se fazer a montagem do rotor procedeu-se a montagem do estator exterior.

Figura 6.7: Peças polares do estator exterior.

Figura 6.8: Estator exterior parcialmente montado, já com os enrolamentos estatóricos montados.

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Depois de montar-se o três elementos pincipais da máquina, procedeu-se à montagem final destes

três elementos, figura 6.9.

Figura 6.9: Estator exterior, interior e rotor prontos a serem montados, para formarem o gerador final.

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Capítulo 7

7.1 Conclusões

Nesta dissertação foi estudado e analisado um gerador de magnetos permanentes com fluxo

transverso de baixa velocidade, adequado, por exemplo, à exploração de energia eólica offshore.

Actualmente, são frequentemente utilizadas caixas multiplicadoras de velocidade nos geradores. A

utilização de caixas de velocidade revela ser um ponto extra de falha nos geradores que a utilizam. O

aparecimento de novos magnetos permanentes no mercado, menos dispendiosos e magneticamente

mais fortes, permite o desenvolvimento de novas topologias de máquinas eléctricas. De entre todas

as topologias existentes, foi seleccionada uma para o estudo, devido às suas características serem

bastante favoráveis ao aproveitamento de energia mecânica de baixa velocidade. Outra razão para

escolher a topologia de magnetos permanentes de fluxo transverso de baixa velocidade, foi a de dar

continuidade aos estudos realizados noutras dissertações sobre o mesmo tema.

No capítulo um para além das motivações e do resumo do trabalho realizado, foi feita uma

explicação da topologia considerada no estudo e apresentado um estado da tecnologia até ao

momento.

No capítulo dois foi realizado o estudo mecânico da topologia escolhida, onde se tentou resolver

problemas encontrados noutras dissertações. Achou-se uma possível solução para os apoios

mecânicos, bem como, tentou-se criar todo o processo de montagem e desmontagem das várias

peças que formam o gerador com o objectivo de criar uma topologia atendendo às boas práticas de

manutibilidade para este tipo de equipamento. Explica-se também onde ocorrem as perdas do tipo

mecânicas, fonte de dissipação de energia.

No Capítulo três estudou-se as características electromagnéticas da topologia escolhida. Neste

capítulo conclui-se que as fugas magnéticas são determinantes para se encontrar a melhor geometria

dos magnetos, no caso estudou-se a associação de vários magnetos que formam um pólo,

analisando-se factores como distância entre magnetos, altura, comprimento do entreferro e largura

da perna da peça polar. Verificou-se também, que a geometria do circuito magnético influência o

volume total de cobre que pode ser utilizado, havendo a necessidade de optimizar a utilização do

ferro do mesmo.

No quarto capítulo estudou-se a densidade de corrente na máquina, verificou-se que os parâmetros

que a influenciam são a variação máxima de temperatura suportada pelo isolamento das espiras e,

pela geometria da janela de cobre. Quanto maior for a variação de temperatura suportada pelo

isolamento, maior será o valor da densidade de corrente no condutor. Estudaram-se formas de se

conseguir aumentar o valor da densidade de corrente sem aumentar a variação da temperatura da

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máquina, recorrendo-se por exemplo a canais de ventilação forçada. Neste capítulo estudou-se

também, o efeito de seccionamento do condutor por forma a reduzir o efeito pelicular.

No capítulo seis, realizou-se uma estimativa de potência aos terminais do gerador, com a ajuda dos

estudos realizados ao longo dos capítulos dois, três e quatro.

Na parte final deste trabalho foi construída uma maquete da máquina estudada de forma a

compreender-se melhor a sua configuração.

Dos estudos parcelares que realizei, nos vários capítulos, percebi a importância das várias áreas de

conhecimento, que estão e jogo neste tipo de projecto.

7.2 Trabalhos futuros

No futuro será importante validar principalmente os aspectos mecânicos tendo em conta que esta

dissertação já os abordou e avançou alguns passos no que diz respeito a esta especialidade. Com

vista ao avanço/desenvolvimento de um protótipo para produção de energia eléctrica, deverão os

projectos seguintes evoluir no sentido da obtenção de máquinas eléctricas com esta tecnologia de

forma viável para produção de energia eléctrica de forma competitiva com outras tecnologias

actualmente no mercado.

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Capítulo 8

8.1 Bibliogafia

[1] Fernandes, João: Gerador Eólico Polifásico de Fluxo Transverso com Magnetos Permanentes.

Dissertação (Mestrado), Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa, Novembro 2011.

[2] Dubois, Maxime: Optimized Permanent Magnet Generator Topologies for Direct-Drive Wind

Turbines. Dissertação (Doutoramento), Delf University and Éocycle TechnologiesInc., 2004.

[3] A. E. Fitzgerald; C. Kingsley; S. D. Umans: Electric Machinery. 6ª Edição, McGraw-Hill.

[4] Blissenbach, R.; Viorel, I-A.: On the Single-Sided Transverse Flux Machine Design. Electric Power

Components and Systems, Taylor & Francis,Inc. Vol. 31. Pp. 109-128.

[5] Jianhu, Yan: Magnetic Field Analysisof a Novel Flux Switching Transverse Flux Permanet Magnet

Wind Generator with 3-D FEM. In Internacional Conference on Power Electronics and Drive Systems

(PEDS 2009). Taipei, Taiwan, 2-5 Novembro 2009.

[6] AXCO Motors, “Axial Flux Techonology”, hppt://www.axcomotors.com/axial-flux_technology.html

[7] Dente, António: Aspectos Térmicos dos Sistemas Electromecânicos. DEEC, Energia, Instituto

Superior Técnico, 2008.

[8] Beirão, Gonçalo: Protótipo de um Gerador Linear par Aproveitamento de Energia das Ondas num

Sistema AWS. Dissertação (Mestrado), Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa, Maio 2009.

[9] Alfredo,Eder M.: Protótipo de um Gerador Linear Trifásico para Aproveitamento da Energia das

Ondas. Dissertação (Mestrado), Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa, Outubro 2010.

[10] Silva Ferreira, Ângela P. B.: Projecto de uma Máquina de Ímanes Permanentes de Fluxo Axial

Orientado para os Sistemas de Conversão de Energia Eólica. Dissertação (Doutoramento) FEUP,

Setembro 2011.

[11] Rolle, Kurt C.: Thermodynamics and Heat Power. 4ª Edição, Merril.