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GERENCIAMENTO DO TEMPO (PRAZO) Este tema, que na metodologia do P.M.I é só mais uma “área de conhecimento”, para muitos ainda é considerada, junto com o gerenciamento do custo, o próprio Gerenciamento da parada, a única coisa a ser feita para planejar uma PARADA. Como já vimos e veremos ao longo do livro do autor, se quisermos o Sucesso em Paradas, tempo que abandonar esta idéia reducionista. De acordo com o PMBOK, o Gerenciamento do tempo é um conjunto de processos exigidos para assegurar que o projeto será implantado no tempo previsto. Para iniciar o Gerenciamento do Tempo é necessário que se tenha realizado à contento a definição do escopo. Por isso enfatizamos tanto esta questão. Escopos mal definidos levam a retrabalhos de planejamento, aumentos de custo e aumentos de prazo. Bem, mas este capítulo é sobre prazo. Em todo início dos cursos que ministro anualmente sobre os temas deste livro, costumo repetir o que um instrutor de origem norte-americana falou em um excelente curso do qual participei como aluno: “Este não é um curso para formar “Pilotos de MS Project”. Vale também para este livro. O problema o qual tanto o instrutor citado como eu queremos pontuar é que muitos técnicos e engenheiros aprendem a manejar o MS Project e pronto: já intitulam-se respectivamente Técnicos e Engenheiros de Planejamento. Não é bem assim. Como estamos vendo neste livro, utilizar o MS Project é apenas uma das ferramentas da área de conhecimento “TEMPO”, que por sua vez é uma das 9 (nove) áreas de conhecimento para Gerenciar uma parada. Assim, precisamos entender o que está “por detrás” dos softwares, para podermos realizar o planejamento e principalmente adotarmos as melhores práticas e dar a melhores respostas aos problemas que se apresentam. Desta forma, vamos explicar do início, com bastante calma e atenção, como se tivéssemos que aprender a andar para depois comer e para depois correr mais ainda e bater os recordes.

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GERENCIAMENTO DO TEMPO (PRAZO)

Este tema, que na metodologia do P.M.I é só mais uma “área de conhecimento”, para muitos ainda é considerada, junto com o gerenciamento do custo, o próprio Gerenciamento da parada, a única coisa a ser feita para planejar uma PARADA. Como já vimos e veremos ao longo do livro do autor, se quisermos o Sucesso em Paradas, tempo que abandonar esta idéia reducionista.

De acordo com o PMBOK, o Gerenciamento do tempo é um conjunto de processos exigidos para assegurar que o projeto será implantado no tempo previsto.

Para iniciar o Gerenciamento do Tempo é necessário que se tenha realizado à contento a definição do escopo. Por isso enfatizamos tanto esta questão. Escopos mal definidos levam a retrabalhos de planejamento, aumentos de custo e aumentos de prazo.

Bem, mas este capítulo é sobre prazo. Em todo início dos cursos que ministro anualmente sobre os temas deste livro, costumo repetir o que um instrutor de origem norte-americana falou em um excelente curso do qual participei como aluno: “Este não é um curso para formar “Pilotos de MS Project”. Vale também para este livro. O problema o qual tanto o instrutor citado como eu queremos pontuar é que muitos técnicos e engenheiros aprendem a manejar o MS Project e pronto: já intitulam-se respectivamente Técnicos e Engenheiros de Planejamento. Não é bem assim. Como estamos vendo neste livro, utilizar o MS Project é apenas uma das ferramentas da área de conhecimento “TEMPO”, que por sua vez é uma das 9 (nove) áreas de conhecimento para Gerenciar uma parada.

Assim, precisamos entender o que está “por detrás” dos softwares, para podermos realizar o planejamento e principalmente adotarmos as melhores práticas e dar a melhores respostas aos problemas que se apresentam.

Desta forma, vamos explicar do início, com bastante calma e atenção, como se tivéssemos que aprender a andar para depois comer e para depois correr mais ainda e bater os recordes.

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PERT – CPM

Existem duas definições clássicas para o que seja “PERT – CPM”

Vamos descrever as duas:

Definição 1 - É o conjunto de processos e técnicas para planejamento, programação e acompanhamento de um empreendimento, operação ou projeto, tendo como característica fundamental a indicação, dentre as várias seqüências operacionais, aquela que possui duração máxima, além de permitir a indicação de graus de prioridade relativos, demonstrando distribuição de recursos e interdependência entre as várias ações necessárias ao desenvolvimento do projeto.

Definição 2 - Técnica de representação do plano de execução de um projeto ou empreendimento, por meio de um diagrama, que mostra as inter-relações entre as diversas tarefas, além de informações relativas ao prazo e recursos de cada tarefa.

As iniciais, P.E.R.T e C.P.M são advindas da criação de cada uma, pois tiveram desenvolvimentos distintos, como podemos ver abaixo:

• PERT (Program Evaluation and Review Technique)

o Desenvolvido pela Marinha Americana, por ocasião do Projeto Polaris (submarino nuclear), caracteriza-se por utilizar o tempo probabilístico.

o t = (o + 4mp + p)/6, onde “o” é o tempo mais otimista, “mp” é o tempo mais provável, e “p” é o tempo mais pessimista. Corresponde à mediana da distribuição de tempos.

• CPM (Critical Path Method)

o Desenvolvido pela Rand Corporation, utiliza o tempo determinístico m, que corresponde à moda (valor que mais se repete) da distribuição probabilística de tempos.

As duas técnicas têm como produto final um diagrama, que mostra o encadeamento das tarefas com suas dependências, a sua duração e o caminho crítico que vai determinar a duração da parada.

A diferença marcante das duas é que o PERT propõe que se utilize uma fórmula para calcular o tempo estimado enquanto o CPM propõe que use a “moda”, que é o tempo mais provável.

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Ao final deste capítulo desenvolveremos mais esta questão das estimativas, já entrando na análise estatística.

No momento, vamos nos concentrar, como falei anteriormente, no aprendizado básico da construção do diagrama PERT-CPM.

Vamos observar a figura 10 abaixo, onde se representa um “projeto” bem simples, o qual todos nós conhecemos:

Figura 10: Exemplo simples de representação do PERT-CPM – modelo ADM

Neste exemplo nota-se claramente que, se o João atrasar qualquer de suas tarefas, o “projeto” atrasará. O conjunto de tarefas executadas por ele então é chamado de “Caminho crítico”. Se tivermos “n” conjuntos de tarefas, aquele conjunto de tarefas encadeadas, dependentes umas das outras, que for o mais longo entre os diversos conjuntos de tarefas será o caminho crítico. Um atraso neste caminho levará ao atraso do projeto.

Por outro lado, as atividades realizadas pela Maria têm folga. De fato, analisando o diagrama, a tarefa “retirar o estepe”, por exemplo, pode teoricamente começar 6 minutos após o início da 1º tarefa do João que ainda assim não haverá atraso no projeto. Aí estão os conceitos de “data mais tarde” e “data mais cedo”. A data mais cedo é a Maria começar o trabalho junto com o João e a data mais tarde é começar 6 minutos depois da “hora zero”.

Notamos também na figura 10, que as tarefas são representadas por flechas e os “nós” representam momentos dentro do projeto. Essa forma de representação é chamada “modelo americano” ou “ADM” (Arrow Diagram

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Method), e é o mais utilizado para o ensino didático. Como os “pilotos de MS-Project” nunca aprenderam o planejamento real, provavelmente não conhecem esta forma de representação.

O mesmo conjunto de atividades pode ser representado pela figura 11 abaixo.

Figura 11: Exemplo simples de representação do PERT-CPM – modelo PDM

Nesta última forma de representação, os “nós” são retângulos que representam as tarefas. Em cada retângulo é possível colocar a descrição da tarefa, quem vai executar a tarefa e o tempo da tarefa. As flechas, neste caso, representam as dependências, isto é, João só pode retirar a roda depois de retirar os parafusos, por exemplo. Além disso, cada flecha representa um momento determinado do projeto.

Essa forma de representação é chamado “modelo Francês”, ou PDM (Precedence Diagram Method) é o mais utilizado para entender o projeto depois do diagramo completado; e também utilizado para acompanhar o andamento e analisar o planejamento. Como também é a forma que os programas de computador (MS Project, Primavera, etc) representam o PER-CPM, é o mais conhecido (em alguns casos, único) atualmente.

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APRENDENDO O PERT-CPM

Vamos iniciar nosso aprendizado pelo diagrama de flechas; como eu disse anteriormente, mais didático.

Imaginemos um projeto ainda bastante simples, o de pintar uma porta e consertar a fechadura. O primeiro passo é listar as atividades indispensáveis à sua realização sem esquecer-se de nenhum detalhe, conforme figura 12 abaixo.

IDENTIFICAÇÃO

T A R E F A

A

B

C

D

E

F

G

H I J

K

L

M

Remover a porta

Retirar a fechadura Lixar a porta Consertar a fechadura Comprar lixa e tinta Dar a 1a demão Lavar o pincel Cura da tinta Dar a 2a demão Lavar o pincel Cura da tinta Colocar a fechadura Recolocar a porta

Figura 12: Lista de atividades para pintar uma porta e consertar fechadura

A preparação da lista de atividades pode ser realizada tanto pelo planejador (se tiver experiência nesse tipo de trabalho), ou por um especialista no tipo de trabalho. O importante é não esquecer-se de nenhum detalhe importante que compõe o projeto.

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QUADRO DE DEPENDÊNCIA

Este quadro deve determinar quais as atividades que dependem da realização de outras.

No caso em questão, ficamos conforme a figura 13 abaixo:

ATIVIDADE

DEPENDÊNCIAS

A

B

C

D

E

F

G

H I J

K

L

M

A

B – E

B –

C

F

F

G – H I I

K – D L

Figura 13: Quadro de Dependências entre as tarefas do projeto

Esta fase é crítica, se as dependências não representarem a realidade, todo o resultado será prejudicado.

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DIAGRAMAÇÃO

A Diagramação é a representação em forma gráfica do quadro de dependências. Para a sua montagem devemos obedecer as seguintes regras básicas:

a) Entre dois eventos quaisquer, não pode haver mais que uma tarefa, tendo como extremidade os dois eventos (não podem existir duas tarefas diferentes unindo os mesmos nós).

A A F B Tarefa Fantasma Figura 14: Um dos casos em que se utiliza “tarefa fantasma” A tarefa fantasma, como o nome sugere, é uma tarefa inexistente, que não tem nenhum tempo a ela associado.

b) Sejam 4 tarefas A, B, C, D. A tarefa D depende de A e B e a tarefa C de B. Se representarmos por:

A C B D Figura 15: Representação errônea de um conjunto de tarefas.

incorreremos em erro, pois neste esquema a tarefa C está dependendo de A e B.

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A D F B C Figura 16: Representação adequada com a utilização de tarefa fantasma Criando a “tarefa fantasma” F, D realmente depende de A e B, mas C só depende de B.

c) Toda tarefa deve obrigatoriamente iniciar e terminar em nós. No caso em que se tem uma tarefa A de modo que a partir da execução de uma parte da mesma, se possa iniciar outra, B deve-se subdividir A em A1 e A2. A B A1 A2 B Figura 17: Representação de tarefas com dependência parcial

Quando só se pode iniciar uma tarefa C a partir de uma certa data, estabelece-se esta sujeição por meio de tarefas fantasmas.

A B F2 F1 C Figura 18: Tarefas fantasmas para representar tarefa com data determinada

Voltemos agora ao exemplo da porta e montemos o seu diagrama, com base na tabela da figura 13 (dependências):

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B D L 2 3 10 11 A K M E C F G I J 1 4 5 6 8 9 12 H 7 Figura 18: Diagrama PERT-CPM para o projeto de pintar porta e consertar fechadura PROGRAMAÇÃO – EXEMPLO PRÁTICO

Montado o diagrama, torna-se necessário calcular o tempo em que o projeto possa ser realizado.

Esta duração será a mesma dos tempos de execução somados sobre o caminho entre o primeiro e último nó (evento), que tenha maior valor (caminho crítico)

É necessário primeiramente determinar a duração de cada tarefa, a qual pode ser expressa em qualquer unidade de tempo. O importante é que a unidade escolhida seja a mesma em todo o projeto.

Na lista de atividades do projeto de pintura da porta, vamos incluir mais uma coluna representando em horas a duração de cada atividade.

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IDENTIFICAÇÃO

T A R E F A

DURAÇÃO (H)

A

B

C

D

E

F

G

H I J

K L

M

Remover a porta

Retirar a fechadura Lixar a porta Consertar a fechadura Comprar lixa e tinta Dar a 1a demão Lavar o pincel Cura da tinta Dar a 2a demão Lavar o pincel Cura da tinta Colocar a fechadura Recolocar a porta

0,25

0,25

1,00

2,00

2,00

0,75

0,25

10,00

0,75

0,25

10,00

0,50

0,50

Figura 19: Lista de tarefas com os tempos estimados Colocando-se as durações no diagrama temos: 0,25 2,0 0,5 B D L 2 3 10 11 0,25 10,0 0,5 A K M 2,0 1,0 0,75 0,25 0,75 0,25 E C F G I J 1 4 5 6 8 9 12 10,0 H 7 Figura 20: Diagrama PERT-CPM carregado com os tempos de execução

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DATA MAIS CEDO

É o menor tempo no qual é possível a ocorrência do evento, ou seja, o menor tempo em que se pode concluir todas as atividades que concorrem para o determinado evento.

Quando várias tarefas chegam a um mesmo nó, para se determinar a data mais cedo, escolhe-se aquela de maior valor. A data mais cedo do último evento de um projeto representa o menor tempo no qual ele poderá verificar-se : 0,25 2,0 0,5 0,25 B 0,5 D 24,5 L 25,0 2 3 10 11 0,25 10,0 0,5 A 0 K M 2,0 1,0 0,75 3,75 0,25 0,75 0,25 0 E 2,0 C 3,0 F G 13,75 I 14,5 J 25,5 1 4 5 6 8 9 12 10,0 H 0

13,75 7 Figura 21: Calculo das “datas mais cedo” DATA MAIS TARDE

É o último momento em que pode ocorrer um evento sem que ocorra atraso no projeto.

O cálculo data mais tarde é feito do evento fim para o evento início. Se o projeto tem uma data de conclusão pré-fixada, a data mais tarde do evento fim é a data pré-fixada. Caso não haja data pré-fixada a data mais tarde do evento fim é coincidente com a sua data mais cedo.

Quando mais de uma atividade “sai” de um evento, a data mais tarde é a de menor valor. 0,25/1,75 0,25 0,5/2,0 2,0 24,5/24,5 0,5 25/25 2 B 3 D 10 L 11 0,25 0 10,0 0,5 A K M 0/0 2,0 2,0/2,0 1,0 3,0/3,0 0,75 3,75/3,75 0,25 13,75/13,75 0,75 14,5/14,5 0,25 25,5/25,5 1 E 4 C 5 F 6 G 8 I 9 J 12 10,0 0 H 13,75/13,75 7 Figura 22: Diagrama carregado com as “datas mais cedo e “” datas mais tarde”

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FOLGA DOS EVENTOS

A diferença entre os valores da data mais tarde e a data mais cedo de um evento é a sua folga.

Dentro da folga é que um evento pode ser atingido sem que a duração do projeto seja modificada.

No nosso exemplo temos folga nos eventos 2 e 3. CAMINHO CRÍTICO

Caminho crítico é aquele de maior duração. Se não houver data pré-fixada de término do projeto, o caminho crítico é

aquele no qual as atividades não têm folga, ou seja, qualquer atraso em uma das suas atividades, provocará atraso do projeto.

É o caminho formado por eventos com folga nula e a diferença de suas datas coincide com a duração da tarefa que os une, ou seja, é o caminho formado pelos eventos cuja data mais cedo é igual à data mais tarde. NIVELAMENTO DE RECURSOS

Podemos diminuir o custo total de um projeto, mantendo a sua duração total, através da relocação, dentro da folga total, das atividades não críticas, visando o aproveitamento da mão-de-obra ou outros recursos.

Exemplo : Verificar a quantidade mínima de recursos (X e Y) necessária para execução do projeto com o diagrama PERT da figura 23, no mínimo tempo.

Figura 23: Diagrama carregado com os recursos

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RECURSO X (nas datas mais cedo) 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

B X

C X X X

E X X

G X X X

TOTAL 2 3 1 - - - 1 1 1 Figura 24: Distribuição do recurso “X” pelas tarefas ao longo do tempo (mais cedo) RECURSO Y (nas datas mais cedo) 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

A Y

D Y Y Y Y

F Y Y Y

TOTAL 1 - 1 2 2 1 1 - - -

Figura 25: Distribuição do recurso “Y” pelas tarefas ao longo do tempo (mais cedo) Como podemos ver, se executarmos todas as tarefas no “mais cedo” a quantidade de recursos necessários são : X = 3 e Y = 2. As tarefas A, B, E, F por terem folgas podem ser relocadas para uma data na quais os recursos alocados para o caminho crítico sejam mínimos.

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RECURSO X 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

B

C X X X

E

G X X X

Figura 26: Distribuição do recurso “X” pelo caminho crítico Colocadas as atividades do caminho crítico, que utilizam o recurso “X” (C e G), verificamos se as tarefas B e E podem ser relocadas para uma data entre 6 e 14. As atividades B e E podem ser executadas até a data 14 portanto é viável a relocação. RECURSO X 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

B X

C X X X

E X X

G X X X 1 1 1 1 1 1 - 1 1 1

Figura 27: Distribuição do recurso “X” após nivelamento Do mesmo modo temos o RECURSO Y

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0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

A Y

D Y Y Y Y

F Y Y Y 1 - - 1 1 1 1 1 1 1

Figura 28: Distribuição do recurso “Y” após nivelamento

Sendo necessário apenas um recurso X e um recurso Y.

Note que, no caso real prático, o nivelamento de recursos não é tão

simples assim, visto que temos milhares de tarefas. Se considerarmos recursos infinitos, sem nivelamento nenhum, o projeto tende a ficar inviável. Por outro lado, forçar o máximo nivelamento de recursos trás um prazo geralmente incompatível com as nossas necessidades.

Mais uma vez, a resposta está no equilíbrio. Com o tempo, o planejador experiente vai encontrar esse ponto de equilíbrio, colocando um número de pessoas compatível com o local do projeto, com o seu tamanho e com as necessidades. Isto é feito, nos programas de computador, restringindo-se os recursos a um valor que se julgue adequado. CRONOGRAMA DE BARRAS

Para facilidade de leitura no acompanhamento e controle de um projeto, após o nivelamento, o diagrama normalmente é colocado em forma de diagrama de barras.

No exemplo do nivelamento, teríamos os seguintes cronogramas:

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No “MAIS CEDO”

ATIVIDADE

2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

Y A X

B X

C Y

D X

E Y

F X

G

Figura 29: Diagrama de barras – datas mais cedo Obs. : ( ----) pontilhado = folga. Após o nivelamento

ATIVIDADE

2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

Y A X

B X

C Y

D X

E Y

F X

G

Figura 30: Diagrama de barras, após nivelamento

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O diagrama de barras deve indicar para cada atividade sua descrição, a numeração dos eventos, os recursos necessários e sua duração.

Como vemos, o diagrama de barras, ou diagrama de Gantt é resultado de um elaborado conjunto de estudo de precedência, caminho crítico e nivelamento de recursos.

Para os “pilotos de MS Project”, esse diagrama é o próprio planejamento. Não é, como estamos mostrando.

Quando temos milhares de tarefas, caso de uma grande parada, é impossível acompanhar o projeto apenas por um diagrama de barras, como poderia sugerir o uso dos os programas informatizados.

É sempre necessário ter uma tabela de precedências, um diagrama PERT-CPM, um nivelamento, um diagrama de barras (se quisermos) e ainda uma curva de avanço ou “curva S” como veremos mais à frente.

O acompanhamento de uma parada, com o uso do diagrama de barras sozinho, sem o PERT-CPM e sem curva de avanço, só funciona em projetos pequenos, que tenha apenas algumas dezenas de tarefas.

REFINANDO AS TÉCNICAS

Estimativas e contingências

Nos exemplos vistos acima, tudo se passa como se os tempos estimados para as tarefas fossem únicos, imutáveis e o previsto sempre igual ao realizado. Na verdade, não é isso que ocorre, como os leitores experientes sabem. Mesmo sem ter estudado a teoria que nos fornece o P.M.I, já sabemos que cada tempo fornecido está associado a uma probabilidade que seja realizado neste período. De fato, um mesmo trabalho pode ser realizado em “n” tempos diferentes, como pode ser visto na figura 31.

Figura 31: Função densidade de probabilidade de uma estimativa de tempo

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A curva da figura 31 acima mostra que geralmente temos um valor de tempo que se repetiria mais vezes se executássemos aquela tarefa muitas vezes. Esse valor é chamado estatisticamente como a moda da distribuição; intuitivamente é o tempo que normalmente as pessoas colocam como sendo o estimado. Na verdade, coloca-se um pouco mais, por medida de segurança. Será isto correto?

A teoria diz que não. A prática também parece mostrar que este não é o melhor caminho.

De fato, a prática de se colocar todas as atividades com uma folga, leva a que todos já pensem ser este o tempo mais provável e trabalham no ritmo e nas condições de contorno suficientes apenas para cumpri-lo (quando cumprem).

O que tem dado resultado, e é respaldado pela “Teoria da Corrente Crítica”, baseada na obra do físico israelense Eliyahu Goldratt de 1998, é estimar os tempos de acordo com os valores mais prováveis e colocar todas as reservas de contingência em um mesmo “pacote”. Assim, trabalhamos com 2 prazos: o primeiro, que podemos chamar de prazo desafio é o sem reserva de contingências, aquele que a equipe e fornecedores vão buscar e vão entender como seu “dever”. O segundo, que contém o pulmão com a reserva de contingência, é o que vai ser fornecido ao cliente, aos acionistas, à comunidade. Tem funcionado.

Quando todos os riscos são agregados, há uma redução do risco total. Isto tanto pode ser demonstrado teoricamente pelo teorema do limite central, como pode ser verificado no dia a dia de qualquer um de nós. Se já fornecemos a estimativa com o risco “embutido”, a tendência é ocuparmos todo o valor fornecido, sem sabermos inclusive, quanto do pulmão já consumimos à cada instante da Parada. Isto pode ser visto mais claramente na figura 32.

Atividades com reserva de contingência em cada atividade

Atividade 1 Atividade 2 Atividade 3

Atividades com reserva de contingência ao nível de projeto

Atividade 1 Atividade 2 Atividade 3 Pulmão

Pulmão reduzido como resultado da agregação das reservas Atividade1 Atividade 1 Atividade 1 Pulmão

Figura 32: Ilustração da utilização de uma contingência única

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Como vimos no início deste capítulo, uma característica do CPM (Critical Path Method), é utilizar nas estimativas a moda da distribuição dos tempos, o que vimos fazendo até aqui.

Existe, porém outro método de estimar os tempos da tarefa, que corresponde ao que preconiza o PERT (Program Evaluation And Review Technique) e também a teoria do P.M.I. Trata-se de estimar o tempo por funções estatísticas. Assim, se a função distribuição do tempo (similar à da figura 31) for uma função de Weibull, o tempo seria:

t = (O+4mp+p)/6 (formula 1) Onde O = tempo mais otimista mp = tempo mais provável P = tempo mais provável Se, por outro lado, simplificamos para que a função seja “triangular”, o

cálculo do tempo seria: t = O + mp + p/3 Como veremos no capítulo “Gerenciamento de Riscos”, particularmente

na questão de análise quantitativa de riscos, as distribuições de Weibull exigem um programa de computador especifico (o mais comum chama-se “Crystal Ball”) e a distribuição triangular permite que se façam os cálculos com uma calculadora de mão.

A verdade é que eu não tenho visto, em paradas de manutenção, o uso de ferramentas estatísticas para calculo dos tempos e probabilidades a eles associados.

Para o sucesso das paradas no futuro, me parece que um bom caminho é o de não se fixar em uma única estimativa de tempos. Eu pediria para 3 (três) pessoas experientes estimarem os tempos, informando o prazo pessimista, o mais provável e o otimista sem “gordura”. Teríamos muito provavelmente 3 tempos diferentes para cada uma das situações; eu faria a média dos 3 “pessimistas”; a média dos menores tempos de “otimistas” e o a média dos intermediários e o chamaria de “mais provável”. Aplicando-se as técnicas que serão descritas no capítulo de Gerenciamento dos Riscos, eu descobriria qual seria o prazo com 80% de probabilidade de ser cumprido. Esse seria o prazo “desafio”. Calcularia o prazo com 85% ou 90% de probabilidade de ser cumprido. Esse seria o prazo a ser divulgado para acionistas e clientes. Obviamente, essas probabilidades são para um perfil assim como o meu. Cada organização pode estabelecer quais as probabilidades que escolherão. Apenas registro que estimativa com 100% de probabilidade de ser executado, conduz a prazos enormes, não compatíveis com as necessidades das Emprêsas. Por isso, ninguém pratica isso.

O mesmo raciocínio do parágrafo anterior serve para a estimativa de custos.

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Softwares de planejamento

Não vamos aqui neste livro entrar nos detalhes de utilização dos

softwares. Existem manuais e até um livro de um ex-colega, Rodolfo Stonner, intitulado “Ferramentas de Planejamento”, que dedica um capitulo inteiro ao ensino do uso do MS Project; é bastante didático e certamente através dele o leitor conseguirá navegar com certa facilidade no programa.

Vamos apenas registrar que existem dois programas de larga utilização em projetos de modo geral, e Paradas em particular: O MS Project e o Primavera (Sure Track). É interessante notar que no exterior, particularmente nos E.U.A. o Primavera é bem mais utilizado do que aqui no Brasil, onde praticamente só se utiliza o MS Project para Paradas.

Há aproximadamente 3 anos atrás, o P.M.I. fez uma pesquisa no mundo todo, com seus associados, para indicarem qual o software que utilizavam no planejamento de seus projetos. Deu a seguinte estatística:

MS Project: 75 % Primavera: 20 % Outros: 5% Entre os “outros”, certamente existem softwares desenvolvidos pelas

próprias empresas (proprietárias e projetistas). Encerrando os comentários sobre os programas, abaixo as características

mais importantes dos dois mais utilizados, do ponto de vista do cliente (nós mesmos).

a) M.S. Project

Software da Microsystem, Amigável; ambiente windows, Alguma dificuldade de nivelamento, Está sempre atualizado, Saída do diagrama Pert necessita de ajuste manual

b) Primavera

Diagrama Pert muito bem apresentado, Fornece curva “S”, Suporta qualquer tipo de empreendimento, Menos acessível no Brasil Aparentemente maior dificuldade de manutenção no Brasil

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Análise e diminuição (“stressamento”) de prazos

Como vimos no capítulo do escopo, vemos a necessidade de um “olhar externo” examinar o caminho crítico, visando diminuir o tempo pela retirada de eventuais serviços supérfluos e/ou propor uma forma diferente de realizar os serviços. Nesta fase também deve ser realizada as possibilidades de “Crash” ou “Fast-Tracking” (ambas expressões do P.M.I.).

O “Crash”, que pode ser traduzido livremente como “compressão” consiste em alocar mais recursos e fazer mais horas extras em uma determinada tarefa, para diminuir seu tempo intrínseco.

Já o “Fast-Tracking” consiste em executar tarefas que seriam realizadas em série em paralelo. Exemplificando, podemos eventualmente correr o risco de começar o isolamento térmico de uma linha mesmo não tendo o resultado de todas as radiografias de solda prontas. É um risco, cuja decisão deve ser do Coordenador Geral da Parada.

O fato é que as duas técnicas acima descritas levam a um aumento dos custos e também tem resultado incerto. Porém, algumas vezes, não resta outra alternativa para obtermos bons prazos.

Como tanto enfatizei no capítulo “Gerenciamento do Escopo”, o melhor mesmo é minimizar a quantidade de trabalhos, planejá-los com a antecedência necessária e realizá-los com garra e determinação.

Controle do Prazo – curva “S”

A melhor forma que conheço para verificar o andamento do prazo da parada é a curva de avanço ou a curva “S”, que deve ser feita em cada frente da parada, para o serviço global, para o caminho crítico e até para os subcríticos, se estes forem próximos do crítico.

Infelizmente, muitos colegas que intitulam-se “Técnicos de Planejamento”, não tem a noção exata de como acompanhar o avanço pela curva “S”.

Vamos entender principalmente como fazer o acompanhamento, primeiro com um exemplo bem simples, correspondente às tarefas abaixo relacionadas, que têm como escopo final 20m² de parede construídas, rebocadas e pintadas, através da leitura da tabela da figura 33:

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1º dia Fazer limpeza e escavação = 20 Hxh

2º dia Assentar 10m² de tijolos = 20 Hxh

3º dia Assentar 10m² de tijolos Rebocar 10 m² de parede

= 20 Hxh = 10 Hxh

4º dia Rebocar 10m² de parede Pintar 20 m² de parede

= 10 Hxh = 10 Hxh

5º dia Limpeza geral = 10 Hxh Figura 33: Exemplo simples de uma relação de tarefas para curva “S” Portanto os pesos são: Limpar e escavar 20 20% 100 Assentar 40 40% 100 Rebocar 20 20% 100 Pintar 10 10% 100 Limpar 10 10% 100 Realização 1º dia – Limpou, escavou e assentou 4m² de tijolos 2º dia – Assentou 16m² de tijolos e rebocou 10m² 3º dia – Rebocou 10m² e pintou 20m² 4º dia – Limpou tudo Calculo das Realizações 100% = 100 Hxh 1º dia = 0,20 + 0,40 x 0,20 = 0,28 2º dia = 0,40 x 0,8 + 0,20 x 0,5 = 0,32 + 0,10 = 0,42 3º dia = 0,20 x 0,5 + 0,10 = 0,10 + 0,10 = 0,20 4º dia = Limpou tudo = 0,10

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Teremos então a seguinte tabela para traçar as curvas “S”:

Previsto Realizado1° DIA 20% 28%2° DIA 40% 70%3° DIA 70% 90%4° DIA 90% 100%5° DIA 100% 100% Figura 34: Tabela para se traçar as curvas previsto x realizado Ficaremos com a seguinte curva “S” – previsto x realizado:

Figura 35: Exemplo de curva “S” –previsto x realizado – empreendimento simples

Verificamos que, para traçar a curva planejada, temos que nos basear

integralmente nos Homens.hora (Hxh) estimados. Já para lançarmos a curva realizada, não podemos nos guiar pelos Hxh utilizados, e sim por coisas concretas, como eventos especificos e medidas de áreas cujos serviços foram efetivamente realizados. Isto porque, uma vez planejado o serviço, o que conta agora é realizá-lo. Por exemplo, se estimamos 2 homens trabalhando 10 horas para terminar uma determinada tarefa (20 Hxh) e precisarmos na prática de 3 homens trabalhando as mesmas 10 horas (30 Hxh), não podemos utilizar o Hxh como base para realização, pois teríamos nesse caso 30/20 x 100 = 150% de realização, o que é impossível. Podemos realizar no máximo 100% de cada serviço planejado!

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Vão existir atividades que não envolvem homens trabalhando, mas que são importantes e devem fazer parte da curva “S”. É o caso de tempo de espera para cura de refratário, ou chegada de um equipamento importante. Como proceder neste caso? Minha sugestão é, já que sabemos o tempo previsto para esses eventos, é alocar um numero fictício de homens, compatíveis com a importância da tarefa, ou com o número de homens utilizados na tarefa imediatamente posterior, e no planejado, alocar os Hxh resultantes do processo que descrevi (horas decorridas x homens fictícios). Já na curva de realização, uma vez pronta à tarefa, aloca-se exatamente o percentual previsto.

Para um entendimento ainda melhor do acompanhamento, vamos examinar o que ocorreu e o percentual de avanço do 2º dia no exemplo simples da curva da figura 35.

Nesse dia, assentou 16m² de tijolos de um total de 20m² previstos e rebocou 10m² de um total de 20m² previstos.

Os 16m² de tijolos correspondem a 16/20 = 0,8 do total, cujo peso previsto era de 40Hxh em 100 Hxh, ou 0,40. O avanço relativo a este item é, portanto, 0,80 x 0,40 = 0,32.

Já os 10m² de reboco correspondem a 10/20 = 0,5 do total, cujo peso previsto era de 20 Hxh em 100 Hxh, ou 0,20. O avanço relativo a este item é, portanto 0,50 x 0,20 = 0,10.

O avanço no 2º dia foi, portanto 0,32 + 0,10 = 0,42 ou 42%. Somados aos 0,28 ou 28% do 1º dia, temos então um acumulado no 2º dia de 0,28 + 0,42 = 0,70 ou 70%. É o que mostra o gráfico acima.

Importante lembrar que, em uma parada de manutenção, o número de tarefas é muito, muito maior. Temos então que fazer uma planilha no excel, que calcule e some os avanços de todas as tarefas, avanços esses sempre de forma proporcional ao total do projeto. Mas a filosofia é idêntica ao que foi mostrado aqui.

A curva recebe a denominação de curva “S” porque a tendência é que tanto nos dias iniciais como nos dias finais o avanço ser menor do que nos dias intermediários. No inicio, tem muito aquecimento e dificuldades. Já no final, os acabamentos costumam ser mais demorados que as montagens. Assim, com menor avanço no inicio e no final, as curvas acabam ficando com o aspecto de um “S”.

Para o controle do prazo é indispensável que as tarefas previstas em cada dia sejam realizadas ou até mesmo adiantadas. Este controle deve ser “sob pressão” e intenso. Tenho noticias que, na Europa e nos E.U.A, realizar os serviços previstos é condição de emprego para os indivíduos; para as Empresas, condição de continuarem a ser contratadas.

Marcos comemorativos ou “milestones”

Este recurso é utilizado parcialmente nas paradas no Brasil. Sucesso em Paradas no futuro deverão tornar obrigatório o seu uso integral.

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Trata-se de eleger “marcos comemorativos”, que todos possam ver, com datas pré-estabelecidas da ocorrência. Na data, uma vez pronto o fato pré-eleito como “Marco” na data correta, faz-se uma pequena celebração, mesmo que seja um simples comunicado agradecendo às pessoas e registrando os fatos.

Por exemplo, na construção de uma casa, os marcos comemorativos poderiam ser:

- Fundações totalmente prontas - Paredes totalmente levantadas - Laje pronta - Telhado e janelas colocadas - Acabamento

Se a cada um dos eventos acima, associamos uma data, teríamos o

seguinte “cronograma de marcos”, conforme figura 36 abaixo:

Figura 36: Exemplo de cronograma de marcos para um projeto simples

Cada um, em sua parada, pode eleger os marcos mais significativos:

Chegada de um equipamento, término de soldagem, uma grande movimentação de carga; enfim escolham coisas importantes e que todos possam ver e perceber o avanço.

Prazos diferenciados

Quando assumi a Coordenação de Paradas da Refinaria, percebi que nas paradas anteriores, muitas vezes os serviços da frente “caminho crítico” não atrasava e mesmo assim as paradas atrasavam. A razão mais forte é que todas as frentes, crítica, sub-crítica e não críticas, tinham a mesma data para terminar.

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Intuitivamente resolvi, em conjunto com os colegas, colocar prazos diferenciados, menores para os caminhos não críticos, mesmo que isto resultasse em algum custo adicional. Os sucessos das 4 paradas relatadas no primeiro capítulo mostram que esta foi uma decisão acertada. A figura 37 mostra a diferenciação dos prazos das diversas frentes de trabalho, sendo as de linha continua mais extensa as 2 frentes consideradas críticas.

Figura 37: Exemplo de frentes de uma parada terminando em datas distintas

Posteriormente, ao estudar análise quantitativa de riscos, é que fiquei

sabendo que nossa decisão tinha uma base teórica muito forte. Aprendi que a todo prazo está associado uma probabilidade de que seja realizado até aquele valor estimado. Uma probabilidade considerada bastante boa é de 90%.

Pois bem, se tivermos 5 frentes em paralelo, todas terminando na mesma data com 90% de probabilidade cada uma, pela teoria das probabilidades teremos que a probabilidade de que todas as frentes terminem no prazo é de:

P = P1xP2xP3xP4xP5

P = 0,9 x 0,9 x 0,9 x 0,9 x 0,9 P = 0,59 ou 59%!

Era mais difícil mesmo cumprir o prazo da Parada, não é mesmo?