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ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental VI - 037 19 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 2429 GESTÃO AMBIENTAL TRANSFRONTEIRIÇA NO ÂMBITO DO MERCADO COMUM DO SUL - MERCOSUL. Mauri Cesar Barbosa Pereira (1) Engenheiro Florestal, Consultor do Projeto Estrategia Nacional para la Protección de los Recursos Naturales - ENAPRENA/GTZ da Subsecretaira de estado de recursos Naturales y Medio Ambiente do Paraguai. Consultor em Gestão Ambiental da Empresa de Saneamento de Mato Grosso do Sul - SANESUL e Coordenador das Conferências ECOSUL 92 e 96 (Mercosul e Meio Ambiente). Endereço (1) : Rua Theodoro Gbur, 254 - casa 10 - Vila tinguí - Curitiba - PR - CEP: 82600-280 - Brasil - Tel-Fax: (041) 256-3582 - e-mail:[email protected]. RESUMO A Criação do Mercado Comum do Sul - MERCOSUL, a partir de 1991 através do Tratado de assunção, com a sua efetiva conforma ção em 1995, tem possibilitado a aproximação de organismo governamentais e não governamentais dos países membros, em especial na discussão de temas ambientais comuns. Porem não tem sido suficiente para incorporar ou criar condições para a plena aproximação dos poderes locais e regionais de ambos os lados das fronteiras dos países para a solução de aspectos comuns e consensuais. Em 1992 deu-se inicio no Brasil a realização do primeiro fórum para o debate de temas ambientais transfronteiriços, com a realização da ECOSUL 92, Conferência sobre o Mercosul, Meio Ambiente e aspectos Transfronteiriços, posteriormente realizadas na Argentina, Paraguai e Uruguai, em 1993, 1994 e 1995, respectivamente e em 1996 novamente no Brasil. Estas Conferências possibilitaram aproximar temas comuns regionais, e em 1995 o Paraguai iniciou o processo de discussão para estabelecer um projeto de Gestão Ambiental Transfronteiriça a nível do Mercosul. Em 1996, o Proyecto Estrategia Nacional para la Protección de los Recursos Naturales - ENAPRENA/GTZ contratou consultoria para a elaboração do Plan de Gestión Ambiental Transfronteiriza no marco do Mercosul, compreendendo a região de fronteira do Paraguai com a Argentina e o Brasil. Nestas regiões forma selecionados três Departamentos e sete Municípios Paraguaios, uma Província e dois Municípios Argentinos, um Estado e cinco Municípios. As ações de gestão buscaram identificas nas regiões e localidades aspectos ambientais comuns e consensuais, construindo projetos bem definidos e claros que possibilitassem envolver as comunidades locais com os organismos governamentais. O Plano foi publicado pelo projeto ENAPRENA/GTZ em 1996. PALAVRAS -CHAVE : Gestão Ambiental Transfronteiriça, Gestão Ambiental no Mercosul, Mercosul, Projetos em Regiões de Fronteira.

GESTÃO AMBIENTAL TRANSFRONTEIRIÇA NO ÂMBITO DO … · Mercosul, desenvolveu o Plano de Gestão Ambiental Transfronteiriça, contratando consultoria ... Realização workshop para

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19o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 2429

GESTÃO AMBIENTAL TRANSFRONTEIRIÇA NO ÂMBITO DO MERCADO COMUM DO SUL - MERCOSUL.

Mauri Cesar Barbosa Pereira(1) Engenheiro Florestal, Consultor do Projeto Estrategia Nacional para la Protección de los Recursos Naturales - ENAPRENA/GTZ da Subsecretaira de estado de recursos Naturales y Medio Ambiente do Paraguai. Consultor em Gestão Ambiental da Empresa de Saneamento de Mato Grosso do Sul - SANESUL e Coordenador das Conferências ECOSUL 92 e 96 (Mercosul e Meio Ambiente). Endereço(1): Rua Theodoro Gbur, 254 - casa 10 - Vila tinguí - Curitiba - PR - CEP: 82600-280 - Brasil - Tel-Fax: (041) 256-3582 - e-mail:[email protected]. RESUMO A Criação do Mercado Comum do Sul - MERCOSUL, a partir de 1991 através do Tratado de assunção, com a sua efetiva conformação em 1995, tem possibilitado a aproximação de organismo governamentais e não governamentais dos países membros, em especial na discussão de temas ambientais comuns. Porem não tem sido suficiente para incorporar ou criar condições para a plena aproximação dos poderes locais e regionais de ambos os lados das fronteiras dos países para a solução de aspectos comuns e consensuais. Em 1992 deu-se inicio no Brasil a realização do primeiro fórum para o debate de temas ambientais transfronteiriços, com a realização da ECOSUL 92, Conferência sobre o Mercosul, Meio Ambiente e aspectos Transfronteiriços, posteriormente realizadas na Argentina, Paraguai e Uruguai, em 1993, 1994 e 1995, respectivamente e em 1996 novamente no Brasil. Estas Conferências possibilitaram aproximar temas comuns regionais, e em 1995 o Paraguai iniciou o processo de discussão para estabelecer um projeto de Gestão Ambiental Transfronteiriça a nível do Mercosul. Em 1996, o Proyecto Estrategia Nacional para la Protección de los Recursos Naturales - ENAPRENA/GTZ contratou consultoria para a elaboração do Plan de Gestión Ambiental Transfronteiriza no marco do Mercosul, compreendendo a região de fronteira do Paraguai com a Argentina e o Brasil. Nestas regiões forma selecionados três Departamentos e sete Municípios Paraguaios, uma Província e dois Municípios Argentinos, um Estado e cinco Municípios. As ações de gestão buscaram identificas nas regiões e localidades aspectos ambientais comuns e consensuais, construindo projetos bem definidos e claros que possibilitassem envolver as comunidades locais com os organismos governamentais. O Plano foi publicado pelo projeto ENAPRENA/GTZ em 1996. PALAVRAS-CHAVE: Gestão Ambiental Transfronteiriça, Gestão Ambiental no Mercosul, Mercosul, Projetos em Regiões de Fronteira.

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ANTECEDENTES As regiões de fronteira no Mercosul presenciam determinada ausência da efetiva integração regional entre os países, com exceção das relacionadas com aspectos da circulação de bens e mercadorias. Esta assertiva esta fundamentada que estas regiões possuem problemas atuais e potenciais comuns e que não são solucionados pelas autoridades competentes, os governos nacionais. Isto permite concluir, ou acreditar mesmo ingenuamente, que esta ausência de encaminhamento correto de soluções tenha uma parcela de vontade intencional “de interesse nacional”. Em relação aos aspectos de saneamento e meio ambiente são inacreditáveis o volume de situações de fácil solução, e que sempre o poder local aguardou ou dependem de atuação dos governos centrais, por tratar-se de temas “de interesse nacional”. Com a tomada da decisão dos Governos Estaduais integrantes do Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul - CODESUL, iniciou-se em 1991 a articulação para o debate e estabelecimento de uma agenda ambiental regional comum, definida a partir da realização da Conferência sobre o Mercosul, Meio Ambiente e aspectos Transfronteiriços - ECOSUL 92 no Paraná em março de 1992. Este evento foi pioneiro para a conformação de uma preocupação com a questão ambiental regional no Mercosul, reunindo governantes, técnicos, dirigentes empresariais, políticos instituições de cooperação técnica e financeira internacionais, com o acontecimento de encontros específicos de organismo setoriais e regionais de meio ambiente, saneamento e saúde, que resultaram no estabelecimento de planos regionais, adequadamente concebidos e conduzidos. Os organismos do CODESUL, da Comisión Regional de Comércio Exterior del Nea - Litoral - CRECENEA, resolveram instituir a ECOSUL como um fórum de realização anual com o apoio do Paraguai e do Uruguai. Posteriormente realizou-se as Conferências na Argentina, Paraguai e Uruguai em 1993, 1994 e 1995, respectivamente, e mais recentemente em Campo Grande, Brasil, em 1996, fechado o ciclo deste evento. A Subsecretaria de estado dos recursos Naturais e meio Ambiente do Paraguai -SSERNMA, promotora da ECOSUL 94, resolveu iniciar em 1995 o processo que resultasse no estabelecimento de um plano regional de meio ambiente para as regiões que seu país tem com os países membros do Mercosul. No inicio do ano de 1996, a SSERNMA através do proyecto Estrategia Nacional para la Proteccion de los Recursos Naturales- ENAPRENA/GTZ, procedeu a concretizaçào do Plano denominado “Modelo de Gestión Ambiental para el Desarrollo Sostenido em departamento y Municipalidades que hacen Frontera com los Países del Mercosur” popularmente conhecido como Plano de Gestión Ambiental Transfronteiriza. Este plano possibilitou reunir diverso organismo no âmbito Nacional, regional e Local no encaminhamento de temas de interesse, comum, aparentemente de difícil solução.

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METODOLOGIA E DESENVOLVIMENTO DOS TRABALHOS O Projeto ENAPRENA/GTZ no desejo de aprofundar o tema da descentralização das ações ambientais, adotando experimentalmente um esforço na região de fronteira com os países do Mercosul, desenvolveu o Plano de Gestão Ambiental Transfronteiriça, contratando consultoria especializada com a finalidade de:

I. Elaborar perfis ambientais das regiões selecionadas de tal forma a subsidias a tomada de decisão sobre que tipo de gestão ambiental deveria ser desenvolvida na regiões transfronteiriça.

II. Realizar uma ampla consulta aos envolvidos, através de reuniões com os organismo governamentais e não governamentais para a definição dos temas considerados prioritários para o estabelecimento da gestão ambiental

III. Desenvolver critérios, instrumentos e estratégias para a implementação da gestão ambiental transfronteiriça.

IV. Estabelecer um Plano Modelo de Gestão Ambiental Transfronteiriça para o Desenvolvimento Sustentável dos Departamentos e Municípios que fazem Fronteira com os Membros do Mercosul

As regiões selecionadas para a realização do trabalho obedeceu o critério de diferenças sociais, econômicas e ambientais, na fronteira entre o Paraguai com a Argentina e o Brasil. A seleção dos Departamento Paraguaios de Itapuá, Amabay e Alto Paraguay, foi devido a sua representatividade entre os 11 (onze) Departamentos que fazem fronteira física com os países membros do Mercosul. Os critérios de seleção das unid ade forma os seguintes:

? Existência de extensas áreas de fronteira física (seca e úmidas). ? Compreenderem um dos sistemas mais importantes do Planeta terra, o Pantanal e o

Chaco. ? Representar no Paraguai os ecossistemas das grandes regiões Ocidental e Oriental. ? Existência de obras de grande porte transfronteiriça ? Existência de cidades desenvolvidas na fronteira. ? Existência de projetos conjuntos, especialmente na proteção a biodiversidade.

O trabalho foi desenvolvido em uma primeira etapa, com a finalidade de realizar o diagnóstico ambiental do ponto de vista institucional, legal e operacional da região de fronteira entre a República do Paraguai com a República Argentina e a República Federativa do Brasil, representado pelos Departamentos de Itapuá, Amabay e Alto Paraguay e a respectiva Província de Misiones e o Estado de Mato Grosso do Sul. Nos Departamento forma selecionados dois municípios, igualmente para a Província e Estado do Mato Grosso do Sul, quatro municípios, uma vez que o mesmo faz fronteira com os Departamentos de Amabay e Alto Paraguay, totalizando 14 (quatorze) Municípios .Em função da importância da bacia hidrográfica do Rio Apa e a fronteira do Departamento de Amambay e Mato Grosso do Sul, e devido as atividades de pesca desenvolvidas nas região e na amplitude do Rio Paraguai entre a

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foz do Rio Apa e Bahia Negra foram incorporados os municípios de Bella Vista e Bela Vista (mapa 01)

Mapa 01: Regiões compreendidas para o desenvolvimento do Plano.

Para cada um dos Departamentos selecionados foi estabelecido uma região (quadro1), favorecendo a análise e a compreensão da elaboração da recomendações e o funcionamento da gestão. Assim cada região tem suas municipalidade fronteiriças, de acordo com a demonstração do seguinte quadro:

Quadro 1: Regiões e respectivas fronteiras entre os municípios. REGIÃO 1 PAÍS Paraguay Argentina DEPARTAMENTO/ PROVÍNCIA Itapuá Misiones MUNICÍPIOS Encarnación Posadas Natalio Puerto Rico REGIÃO 2 PAÍS Paraguay Brasil DEPARTAMENTO/ ESTADO Amambay Mato Grosso do Sul MUNICIPIOS Pedro Juan Caballero Ponta Porã Capitán Bado Coronel Sapucaia Bella Vista Bela Vista REGIÃO 3 PAÍS Paraguay Brasil DEPARTAMENTO/ ESTADO Alto Paraguay Mato Grosso do Sur MUNICIPIOS Fuerte Olimpo Corumbá Puerto Casado Porto Murtinho

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Para a identificação das necessidades e potencialidades, desenvolvidos e aplicados formulários de levantamento de informações, compreendendo os aspectos econômicos, sociais, ambientais, institucionais e operacionais nos níveis nacional, regional e local O levantamento das informações, em três níveis, nacional, regional e local, foi realizado com a finalidade de identificar:

1. Dados físicos, socio -econômicos e a situação dos recursos naturais, de acordo com as

alterações provocadas pela ocupação humana, nas áreas urbanas e rurais e pelo desenvolvimento das atividades produtivas e a implantação de infra-estrutura de desenvolvimento territorial.

2. A organização institucional nos três níveis: nacional, regional e Local, identificando as que

têm relação com o meio ambiente e suas respectivas unidades operacionais 3. A organização social ao nível de participação da comunidade nas questões relacionadas com

o meio ambiente e qualidade de vida 4. Os instrumentos de gestão ambiental estabelecidos e sua eficiência de aplicação. 5. Os canais de integração setorial, interinstitucional e interrregional nos níveis considerados, na

perspectiva vertical e horizontal. 6. Os programas e projetos que estão sendo desenvolvidos nas áreas de meio ambiente e afins. 7. Os aspectos ambientais existentes selecionados, com o Estado do Mato Grosso do Sul e a

Província de Misiones e os respectivos Municípios. 8. Definição dos principais problemas ambientais existentes e potenciais, que devam receber

tratamento diferenciado no estabelecimento da gestão ambiental transfronteiriça. 9. Realização workshop para apresentação e avaliação do Plano de Gestão ambiental

Transfronteiriça nos dias 23 e 24 de maio de 1996 na Cidade do Leste com todos os envolvidos direta e indiretamente na elaboração do Plano

As informações coletadas e sistematizadas subsidiaram a consulta realizada nas regiões com a participação de organizações governamentais e não governamentais, para priorização das ações locais e regionais. Na fase final dos trabalhos desenvolvidos em noventa dias, os resultados parciais foram apresentados aos envolvidos em workshop de avaliação, com o aperfeiçoamento de forma participativa no Plano e na elaboração e assinatura de Agenda para a Gestão Ambiental Transfronteiriça de compromisso para implementação dos programas, projetos e atividades propostas.

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O resultado do Plano foi publicado pelo Projeto ENAPRENA/GTZ e lançado durante a ECOSUL 96, Conferência sobre o Mercosul , Meio Ambiente e Aspectos Transfronteiriços, realizada em Campo Grande, Mato Grosso do Sul entre os dias 26 a 29 de novembro de 1996. OBJETIVO Os grande objetivos do Plano de Gestão Ambiental Tranfronteiriça são os de criar condições para:

? Possibilitar a descentralização das ações ambientais do governo central e respectivos organizações que atuam no meio ambiente para os Governos dos Departamento e Municípios com a finalidade de executar a gestão ambiental regional e municipal.

? Promover a integração regional, intersectorial e interinstitucional da regiões de fronteira

entre os países membros do Mercosul para a atuação integral em meio ambiente, exercitando através de projetos ambientais específicos

? Estabelecer mecanismos, instrumentos e estratégias ambientais para a implementação

da gestão ambiental transfronteiriça através do estabelecimento de temas prioritários e consensuais entre os envolvidos em ambos os lados da fronteira física dos países do Mercosul.

? Possibilitar o estabelecimento de um modelo de gestão ambiental transfronteiriça para

os envolvidos, que poderá se adaptados as demais regiões e servir de base para os estudos e apreciação do Subgrupo de Trabalho de Meio Ambiente - SGT 6 do Grupo Mercado Comum - GMC do Mercosul.

? Estabelecer Programas e Projetos para as regiões e cidades fronteiriças envolvidas no

Plano, que possibilite firmar acordos, protocolos e convênios nacionais e internacionais para sua implementação através de cooperação técnica e financeira

? Subsidiar o permanente avanço das discussões em fóruns sobre meio ambiente e

Mercosul, em especial na Conferência sobre o Mercosul, Meio Ambiente e aspectos Transfronteiriça - ECOSUL.

Estes objetivos visam proporcionar uma ação local e regional na região de fronteira entre os países do Mercosul, incentivando o poder local, compreendendo as organizações governamentais e não governamentais de ambos os países a tomares decisões e se organizarem para uma ação conjunta e integra para a gestão ambiental compartilhada. CONCLUSÕES A analise das informações coletadas relacionadas a gestão ambiental atual na região transfronteiriça do Mercosul, compreendendo todos os envolvidos no plano, permitiu observar que existe uma ausência da capacidade de gerência generalizada em relação a temática

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ambiental. Com exceção de algumas cidades de maior porte, a exemplo de Encarnación e Posadas, as demais trabalham em situações emergencias, sem planejamento preventivo, sobre os quais destacamos as seguintes observações:

I. Os Governos Departamentais possuem órgãos responsáveis pelo desenvolvimento de

programas e projetos ambientais, demonstrando uma disposição e esforço de seus dirigentes, entretanto sem a capacidade técnica e financeira para implementar ações operacionais no âmbito ambiental. Estes Departamentos não possuem instrumentos legais capazes de oferecer condições para a defesa e proteção dos recursos naturais. Nas regiões compreendidas pelos Departamentos, existe uma deficiência de unidades nacionais responsáveis pelos recursos naturais descentralizadas, com exceção dos Distritos Florestais do Serviço Florestal Nacional - SFN.

II. A SERNMA elaborou um primeiro projeto visando a descentralização de suas ações, o Plan

Master de Desarrollo Ambiental do departamento de Caaguazú. III. Os Municípios paraguaios não têm estruturas próprias dirigidas a atenuar ou conservar os

recursos naturais, exceto naquelas relacionadas a execução de serviços públicos, a coleta e disposição dos resíduos sólidos, assim mesmo, com deficiências. Os instrumentos legais municipais para a proteção dos recursos naturais são escassos, e quando existem, estão relacionados a vigilância sanitária.

IV. No Brasil o organismo federal de maio ambienta o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e

dos recursos Naturais Renováveis - IBAMA, possuem as Superintendências estaduais, com a finalidade de controlar e desenvolver suas ações relacionadas a flora e a fauna, em algumas situações conflituosas com os estados.

V. O Estado do Mato Grosso do Sul possui estrutura descentralizada, porém com atuação

tímida na região de fronteira, exceto no campo da pesca e caça, controlado pelo Batalhão de Polícia Florestal, com unidades no limite com o Paraguai, em Corumbá, Porto Murtinho e Bela Vista

VI. Os Municípios brasileiros relacionados ao plano, não existe estrutura administrativa e

instrumentos legais para atuação, devido a escassez de recursos técnicos e a comodidade de sempre transferir os problemas a esfera estadual. Mesmo em situações conflituosas, esta ausência de gestão foi identificada, como são os casos de Ponta Porã e Pedro Juan Caballero ou do abastecimento de água potável entre Coronel Sapucaia e Capitán Bado.

VII.O tema da pesca, objeto de um acordo binacional entre o Brasil e o Paraguai em 1994, não

foi até o presente momento instrumentalizado ou regulamentado, provocando acentuados conflitos locais e regionais na região do Rio Paraguai de limite entre os países. Este fato é mais uma demonstração da falta de vontade ou ação local nos governos nacionais que se perdem nos atos burocráticos, no âmbito da gestão ambiental transfronteiriça.

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VIII.Em relação ao transporte ilegal de madeiras, existe outro acordo entre os mesmos países, porém não tem desencadeado qualquer ação pratica e efetiva na proteção de espécies consideradas em extinção.

IX. Na Argentina, a descentralização do organismo ambiental nacional é incipiente e

desarticulada com as Províncias, exceto no âmbito dos parques nacionais. X. A Província de Misiones tem uma dedicação para com a descentralização de suas ações

ambientais. Ainda que a gestão ambiental transfronteiriça com o Paraguai seja incipiente, aproxima-se a realização de uma acordo sobre a pesca la região do lago de Yacyretá. Os Municípios da Província de Misiones envolvidos no Plano encontram-se dedicadas a estabelecer a gestão ambiental transfronteiriça, especialmente no âmbito dos recursos hídricos, devido a magnitude do lago de Yacyretá.

XI. A gestão ambiental transfronteiriça de maneira geral é incipiente ou inexistente, somente

existindo ações pontuais e emergências, sem que ocorra um planejamento regional e integração dos organismos. Isto configura um aspecto negativo no marco do Mercosul, pois não ocorre uma preocupação explicita com os poderes locais, capaz de promover a melhoria da qualidade de vida dos povos, a conservação e a recuperação dos recursos naturais. Certamente esta gestão poderá ser estabelecida a partir da configuração de programas e projetos locais, binacionais e com o envolvimento dos setores comunitários.

O Plano de gestão, foi estabelecido diante alguns marcos teóricos, considerados fundamentais para o sucesso de sua implantação, para o qual considerou-se a integração, a descentralização e a capacidade de gestão, sem os quais não será possível estabelecer qualquer processo de gestão compartilhada, capazes de estabelecer os pilares básicos para o que denominou-se modelo de gestão ambiental transfronteiriça.. Outro aspecto fundamental para a implementação da gestão ambiental transfronteiriça, foram as condicionantes básicas ou prerequisitos, pontuados como:

? Descentralização ? Vontade política ? Aspectos comuns e consensuais ? Participação da comunidade ? Capacidade técnica ? Orçamento ? Integração regional, intersetorial e interinstitucional ? Sistematização e difusão de informações

Estabelecidas as condicionantes para o Plano, foi necessário que fossem criados os instrumentos, como meios capazes de controlar e monitorar a sua implementação, a saber:

? Programas e projetos ? Legislação ambiental ? Educação ambiental

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? Unidade de gerência da gestão ambiental ? Acordos, protocolos e convênios ? Banco de dados ? Fóruns permanentes ? Indicadores de verificação

Os trabalhos desenvolvidos nas regiões, considerando as condicionantes e os instrumentos, foram identificadas as potencialidades, devidamente documentadas na publicação do projeto ENAPRENA/GTZ, resultaram na seleção inicial, dos seguintes temas para cada uma das regiões, especificadas no quadro 03: Quadro 02: Temas potenciais identificados em cada região.

REGIÃO 1 REGIÃO 2 REGIÃO 3

ENCARNACIÓN / POSADAS ? Código Ambiental

? Regulamentação da Pesca ? Impactos ambientais -

Yaceretá ? Laboratório de analise d’água

PEDRO JUAN CABALLERO / PONTA PORÃ

? Coleta seletiva e reciclagem ? Educação para o

Reflorestamento

FUERTE OLIMPO / CORUMBÁ /

PORTO MURTINHO / PUERTO CASADO

NATALIO / PUERTO RICO ? Ordenamento ambiental: ? Tratamento de resíduos

sólidos ? Contaminação - agroquímicos ? Coleta e tratamento de esgoto

CAPITÁN BADO / CORONEL SAPUCAIA

? Manejo dos solos ? Unidade de reciclagem ? Abastecimento de água

potável

? Regulamento da pesca ? Monitoramento e fiscalização

? Unidade de conservação ? Desmatamento

BELLA VISTA / BELA VISTA ? Tratamento de esgoto

? Monitoremento e fiscalização ? Manejo da bacia hidrográfica

do Rio Apa

Considerando as condicionantes e instrumentos que deverão ser aplicados para o desenvolvimento do Plano, forma estabelecidos os programas e projetos com principal instrumento estratégico para a concretização da gestão ambiental transfronteiriça em torno dos programas e projetos, os demais instrumentos de gestão deverão ser aplicados, facilitando e objetivando a execução da gestão, exercitando a descentralização, a integração e a capacidade técnica. Os temas prioritários selecionados para as regiões (quadro 2) através das reuniões, o workshop de avaliação do Plano, possibilitaram a elaboração dos 4 programas e 24 projetos estratégicos, que encontram-se descritos na seqüência e aplicados a cada região conforme o quadro 03. Programa: Manejo Sustentável e Conservação dos recursos Naturais Renováveis. Este programa tem como objetivo a proteção de ecossistemas, a recuperação de áreas degradadas e a conservação dos recursos naturais renováveis para o desenvolvimento sustentável na região transfronteiriça do Mercosul, compreendendo os seguintes projetos:

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I. Unidade de Conservação Compartilhada entre o Paraguai, Brasil e Bolívia na região de confluência entre os países (Bahia Negra / Rio Paraguai/Pantanal/Chaco).

II. Manejo e Conservação dos recursos Ictícos na região dos Alto Paraguay com Mato Grosso do Sul e na Represa de Yacyreta.

III. Conservação da Vida Silvestre na região entre o Brasil e Paraguai. IV. Conservação dos recursos Florestais a ser implementado em conformidade ao Acordo

Binacional entre o Brasil e o Paraguai na região do Departamento de Amambay e Estado de Mato Grosso do Sul.

V. Educação e Extensão Ambiental para o Florestamento e Reflorestamento a ser implementado na região do Departamento de Amambay e Mato Grosso do Sul.

VI. Manejo de Solos e Água na região de Capitán Bado e Coronel Sapucaia. VII.Gestão Ambiental na Bacia Hidrográfica do Rio Apa Programa: Saneamento e Saúde Ambiental: Este programa tem como objetivo promover o controle e monitoramento das fontes de contaminação ambiental da região transfronteiriça do Mercosul, buscando seu controle, redução e/ou eliminação, que compreende os projetos: I. Tratamento e Desatinação Final dos Resíduos sólidos em Puerto Rico e Natalio, com a

transferência de conhecimento e experiência da unidade de Puerto Rico. II. Controle da Contaminação por Agrotóxicos que ocorre na região do Departamento de

Itapuá e Província de Misiones. III. Coleta seletiva e Reciclagem dos resíduos Sólidos Urbanos em Pedro Juan Caballero e

Ponta Porã com o desenvolvimento de ações modulares com forte apelo comunitário e social.

IV. Coleta e tratamento de esgoto em Natálio e Puerto Rico. V. Estudo para o Fornecimento de Água Potável para Capitán Bado, desprovido de Sistema

de Abastecimento de Água. VI. Tratamento de Esgoto em Bella Vista VII.Tratamento e Destinação final de resíduos Sólidos Urbanos em Capitán Bado e Coronel

Sapucaia.

Programa: Ordenamento Ambiental Este programa tem como objetivo o de proporcionar o desenvolvimento de ações preventivas e corretivas através do planejamento para o uso racional dos recursos naturais, com a implementação de medidas legais e operacionais na região transfronteiriça do Mercosul, compreendendo os projetos: I. Plano de Ordenamento Territorial e A na região de Encarnación e Posadas sob a área de

influência da represa de Yacyreta. II. Formulação do Código Ambiental Compartilhado para as Cidades de Encarnación e

Posadas. III. Compatibilização das Legislações Ambientais, compreendendo as nacionais que tem

influência nos aspectos regionais objeto do Plano e aquelas existentes no Estado do Mato Grosso do Sul e Província de Misiones.

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IV. Elaboração do Perfil ambiental Local e Regional para todas as regiões do Plano, como instrumento de aperfeiçoamento da gestão ambiental;

V. Harmonização e divulgação das Normas Ambientais Legais a Nível Local. Programa: Desenvolvimento e Fortalecimento das Organizações Nacional, Regionais e Locais. Este programa que oferece suporte ao desenvolvimento dos demais, tem como objetivo desenvolver ações no âmbito das organizações governamentais e não governamentais para a gestão ambiental transfronteiriça através da criação, adaptação ou fortalecimento institucional a ser implementada em todas as regiões objeto do Plano, compreendendo os projetos: I. Desenvolvimento e Organização da Comunidade, com a criação e facilitação de

oportunidades para a organização das comunidades diretamente envolvidas nos projetos relacionadas aos programas anteriores.

II. Estruturação ou Fortalecimento de Unidades Ambientais Regionais e Locais, como meio para os Departamentos e Municípios desenvolverem a gestão ambiental transfronteiriça.

III. Unidades de Gestão Ambiental Transfronteiriça, Nacional e Regional, de tal forma a gerenciar o Plano a nível do Paraguai e demais países nas respectivas regiões, com o modelo a ser desenvolvido para cada região.

IV. Capacitação Técnica, diante o estabelecimento de uma agenda mínima que compreenda os temas dos projetos.

V. Gestão Ambiental Municipal, aplicada as características locais e suas unidades ambientais

Quadro 3: Lista de projetos nas regiões do Plano.

REGIÃO 1 REGIÀO 2 REGIÃO 3 ? Tratamento e Destinação

Final dos Resíduos Sólidos em Natalio e Puerto Rico;

? Educação e Extensão Ambiental para o Florestamento e Reflorestamento;

? Unidade de Conservação Compartilhada ;

? Manejo e Conservação dos Recursos Icticos;

? Controle da Contaminação por Agrotóxicos;

? Manejo de Solos e Água em Capitán Bado e Coronel Sapucaia;

? Conservação da Vida Silvestre ;

? Coleta e Tratamento de Esgoto em Natalio e Puerto Rico;

? Gestão Ambiental da bacia Hidrográfica do Rio Apa;

? Conservação dos Recursos Florestais;

? Plano de Ordenamento Territorial e Ambiental

? Formulação de Código Ambiental;

? Coleta Seletiva e Reciclagem dos Resíduos Sólidos em Pedro Juan Caballero e Ponta Porã;

? Compatibilização das Legislações Ambientais;

? Elaboração do Perfil Ambiental Local e Regional;

? Estudo para Fornecimento de Água Potável em Capitán Bado e Coronel Sapucaia;

? Elaboração do Perfil Ambiental Local e Regional;

? Harmonização e Divulgação de Normas Legais a Nível Local;

? Tratamento do Esgoto Bela Vista e Bella Vista;

? Harmonização e Divulgação de Normas Legais a Nível Local;

? Estruturação ou Fortalecimento de Unidades Ambientais Regionais e Locais;

? Tratamento e Destinação Final dos Resíduos Sólidos em Coronel Sapucaia e Capitán Bado;

? Desenvolvimento e Organização da Comunidade;

? Unidades de Gestão Ambiental Transfronteiriça, Nacional e Regional;

? Elaboração do Perfil Ambiental Local e Regional;

? Estruturação ou Fortalecimento de Unidades Ambientais Regionais e Locais;

? Capacitação Técnica ? Gestão Ambiental Municipal.

? Harmonização e Divulgação de Normas Legais a Nível

? Unidades de Gestão Ambiental Transfronteiriça,

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Local; Nacional e Regional ? Estruturação ou

Fortalecimento de Unidades Ambientais Regionais e Locais;

? Capacitação Técnica; ? Gestão Ambiental Municipal;

? Unidades de Gestão Ambiental Transfronteiriça, Nacional e Regional

? Capacitação Técnica; ? Gestão Ambiental Municipal;

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Mapa 02: projetos relacionados com as regiões.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Não relacionadas pelo Autor.