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Gestão, Ciência e Inovação Edição Nº 0 Dezembro 2006 Dossier Regulação Profissional em Saúde Pelo Coordenador do Forum das Tecnologias da Saúde Entrevista Francisco George Depoimento Suzete Cardoso Opinião Onde param as tecnologias da saúde

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Gestão, Ciência e Inovação

Edição Nº 0Dezembro 2006

Dossier Regulação Profissional em SaúdePelo Coordenador do Forum das Tecnologias da Saúde

EntrevistaFrancisco George

DepoimentoSuzete Cardoso

OpiniãoOnde paramas tecnologiasda saúde

Carta da Directora 2

EditorialTecnologias da Saúde - uma perspectiva multidisciplinar 3

EntrevistaNão há profissões dispensáveis 5

DossierA Regulação Profissional em Saúde 9O actual coordenador do Fórum das Tecnologias da Saúde, João José Joaquim, fala-nos sobre a premente necessidade da auto-regulação das profissões.

DepoimentoUm percurso profissional para além das Tecnologias da Saúde 11Suzete Cardoso, traça a perspectiva sobre o seu percurso profissional iniciado numa das dezoito profissões da área das Tecnologias da Saúde.

OpiniãoOnde param as Tecnologias da Saúde? 14A actual conjuntura das Tecnologias da Saúde é referida por Graciano Paulo, perspectivando uma visão futura

Ciência e TecnologiaNovos Clientes, Novos Mercados 17Com a segunda maior aquisição na história da Siemens AG, a Siemens Medical Solutions tornou-se a primeira empresa de diagnóstico com uma abordagem holística ao sector dos cuidados de saúde

Normas de Publicação e ficha de assinatura da revista 20

Investigação e Ensino: 22Nanotecnologia e o Admirável Mundo Novo dos Biochips Uma das abordagens à nanotecnologia é utilizada em microelectrónica para produzir chips e mais recentemente para produzir testes clínicos em miniatura.

Estudo da exposição ocupacional a poluentes nos parques de estacionamento subterrâneos da Grande Lisboa. 27Este artigo aborda as consequências da produção de gases poluentesresultantes da combustão incompleta dos automóveis nos parques deestacionamento subterrâneos.

Estatutos da Sptecnosaúde - Sociedade Portuguesa de Tecnologias da Saúde e Ficha de Inscrição 34

Agenda / Notícias 40

SumárioSumárioFicha Técnica

DirectoraAna Maria Escoval

Propriedade e EdiçãoSPtecosaúde

Largo de D. Estefânia CP 104, 6A 1000-126 Lisboa

e-mail: [email protected]

Coordenação EditorialAna BeatoCéu Leitão

Cristina AlmeidaMaria Margarida Ribeiro

Conselho EditorialAna Paula Martins, Ana Mendes,

António Abrantes, António Videira,Conceição Bettencourt, Cristina Vicente,

Elisa Caria, Fernando Ribeiro, Gilda Maia, Graciano Paulo, Ilda Poças,João José Joaquim, João Carlos Morgado,José Alípio, Jorge Conde, Jorge Libânio,Jorge Manuel Pereira, Maria João Cura,

Mariano Maria, Margarida Parracho,Nuno Pinto, Odete Santos, Olavo Santos,

Paula Lopes, Renato Abreu, SuzeteCardoso, Teresa Amaral, Sílvia Silva,

Conselho CientíficoAlmeida Dias

Conceição AbreuConstantino Sakellarides

Cristina PrudêncioDaniel Ferro

Eduardo Brazete CruzErmelinda Carrachás

Gabriela ColaçoGracinda de Sousa

João PereiraLúcia CostaLuís Nunes

Manuel CorreiaManuela Ferreira

Paulo MoreiraSandra Costa

Colaboraram nesta EdiçãoFilipe Luig Ribeiro

Graciano PauloJoão José Joaquim

Nelson Gonçalves et al.Suzete Cardoso

Produção GráficaRua Mariana Vilar, Bloco A, Escritório 1 A

Parque Colombo1600 – 537 Lisboa

Depósito Legal nº. 251305/06

ISSN 1646 – 6322

Registo ERCS (ICS)Exclusão de registo prevista no art.º 12,alínea a, do DR nº 8/99, de 9 de Junho

Tiragem 1500 Exemplares

PeriodicidadeTrimestral

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Carta

AnaEscoval

Coordenadora da Comissão para aContratualização em Saúde, no

Gabinete do Secretário de Estado;Professora Auxiliar Convidada e

Coordenadora do Grupo deDisciplinas de Políticas e

Administração de Saúde, na EscolaNacional de Saúde Pública e

Coordenadora do GabineteHOPE/Portugal.

As profissões das Tecnologias da Saúde assumem um papel importan-tíssimo no sistema de saúde e caracterizam-se por um elevado nível deespecialização. A dimensão profissional não deve, no entanto, restrin-gir-se apenas a um conjunto de conhecimentos teóricos e competênciastécnicas e práticas específicas do exercício destas profissões.

Carta da Directora

Caros leitores

No contexto global de uma organização, cujo funcionamento se manifesta numamultiplicidade de aspectos, é necessária uma atitude de aprendizagem contínuapor parte dos profissionais e esta tem de alicerçar-se num domínio vasto desaberes para além dos conteúdos específicos de cada profissão.

Atingir o nível adequado para este mix de saberes, requer uma buscadiversificada de fontes de conhecimento e de informação e uma selecçãocriteriosa de conteúdos cuja acessibilidade, por vezes se torna difícil,constituindo-se como um conjunto de obstáculos ao desenvolvimento do Know-how destes profissionais.

Na expectativa de encontrar soluções viáveis que façam face à situaçãoimperante, surge a revista Tecnologias da Saúde – Gestão, Ciência e Inovação.Estes três pressupostos Gestão, Ciência e Inovação no âmbito das Tecnologias daSaúde são realidades que não podem nem devem ser tratados separadamente,muito pelo contrário, deverão ser estudados e aprofundados pelos profissionais epor todos quantos se interessam pelo sector.

Para o sucesso deste projecto, a vossa colaboração é para além de bem vinda,imprescindível.

A Directora

Editorial

As tecnologias da saúde são um território de saber e prática impres-cindível nas organizações de saúde, com profissionais especializadosque se regem por princípios e práticas multidisciplinares, tendo comopilares o exercício da participação responsável e a construção de umaautonomia que visa avaliar, de forma sistemática, a prestação de cui-dados de saúde centrados nas necessidades do cidadão.

Tecnologias da SaúdeUma perspectivamultidisciplinar

Profª.

Ana Escoval

Estas profissões englobam um conjunto de 18 diferentes áreas com formação de nível superiorque têm atingido, ao longo dos anos, uma expugnação progressiva de que são prova um ensinoqualificado e uma identidade profissional própria que demanda da necessidade, cada vez maispremente, de normas reguladoras do exercício profissional tal como é afirmado por João JoséJoaquim neste número.

Prestando homenagem ao trabalho desenvolvido e metas já alcançadas por todos os parceirossociais, nomeadamente as entidades corporativas, importa agora ter, da situação, uma visão cla-ra, sensata e proporcional à dimensão dos problemas. Ao reflectir nas ameaças e oportunidades,aclara-se a necessidade que urge em reforçar e prolongar as várias iniciativas de valorização des-tes profissionais de saúde, cujos outcomes apontam para a valorização da autonomia, prestígioe identidade.

Como refere Graciano nesta edição, um dos problemas mais assustadores que se instalou no con-texto destas profissões é o caos gerado pelo aparecimento das numerosas escolas e cursos que seespalham por todo o país, de forma completamente anárquica.

Estamos num momento de viragem em que se torna necessária uma reestruturação das fontesde informação, reforçando os veículos transmissores, quer de valores, quer de uma abordagemmais científica, prática e experimental do conhecimento.

A capacidade de responder na altura certa, de forma inovadora, a estímulos diferenciados e so-licitações de mercado que vão das áreas científicas e da gestão às áreas tecnológicas e à Saúdeassume, neste momento, um papel imperativo.

Numa sociedade com uma diversidade cada vez maior, é fundamental formar, informar e darvoz aos Profissionais das Tecnologias da Saúde, capazes de potenciar esta diversidade de umaforma útil e construtiva em todas as dimensões do sector da Saúde.

Surge assim a publicação desta revista na área das Tecnologias da Saúde, como resultado do tra-balho de um grupo de Técnicos de Diagnóstico e Terapêutica independentes, investindo no pro-pósito principal de dar resposta ao preenchimento de uma lacuna de formação e informação exis-tente neste sector.

Conscientes de uma envolvente em transição acelerada para um novo paradigma de interacçãoindividual e colectiva, sob o impulso da revolução do conhecimento, da informação e da inova-ção, entendeu-se dar eco nas diferentes rubricas, não só ao trabalho desenvolvido por este gru-po de profissionais como ao de todos os outros actores que venham a contribuir para o enri-quecimento do corpo de conhecimentos que pretendemos divulgar.

Editorial

A Coordenação Editorial da Revista Tecnologias da Saúde - Gestão,Ciência e Inovação em conjunto com a SPTecnoSaúde, enquantoentidade editora, assume o compromisso de respeitar os princípiosdeontológicos da Imprensa, e desde logo o de manter a qualidadedos conteúdos publicados nas áreas temáticas de cada edição.A revista apresentará 8 secções estruturantes fixas e 4 ou mais sec-ções móveis de acordo com os artigos aceites para publicação.Das secções fixas destacam-se: Editorial - Secção da responsabilidade da Directora da publicação Dossier - Artigo de opinião ou reflexão crítica, de interesse actual eno âmbito da temática abrangida pela publicação.Entrevista - Rubrica destinada a uma individualidade de referên-cia sobre um tema transversal ao âmbito da publicação.Ciência e Tecnologia - Artigos de Informação ou divulgação sobreinovação científica, nas tecnologias da Saúde (da responsabilidadeda área tecnológica, industria de equipamentos e consumíveis clíni-cos ou eventualmente de alguma entidade ligada à sua intervenção)Saúde Global - Exemplos internacionais que se considerem inte-ressantes para levar ao conhecimento da população alvo.Investigação e Ensino - Inclui artigos científicos, tais como resu-mos de teses de mestrado e doutoramento, que sejam enviados porautores devidamente identificados. Também neste item os temas re-lacionados com o ensino das Tecnologias da Saúde e da Gestão te-rão o seu lugar privilegiado.Agenda / Notícias - Pretende dar a conhecer aos leitores informa-ções sobre anúncios, eventos, sites, artigos ou publicações recomen-dadas pelo conselho editorial.Quanto às secções móveis elas incluem a qualidade pois é hoje acei-te mundialmente que a Qualidade e a Excelência são desafios ina-diáveis que se colocam às organizações como forma de responder àscrescentes solicitações de que são alvo, num ambiente de mudançaconstante, e de exigência crescente por parte de todos os parceiros. Qualidade para melhor servir o cidadão/cliente/utente. Qualidadepara melhor apoiar a economia e as organizações. Qualidade parapromover a mobilização de energias e a motivação dos agentes doEstado. Qualidade para gerar competitividade. Qualidade que pro-clame uma gestão por objectivos e a necessidade de apresentar re-sultados. Qualidade que exige avaliação – dos colaboradores, dos di-rigentes e dos serviços. Qualidade que postula uma novaorganização, uma efectiva capacidade de liderança e uma aposta naformação e na qualificação do capital humano, na busca do mérito,da exigência e da excelência.Mas muito mais do que disseminar conceitos, o sector Qualidadedesta publicação pretende criar um ambiente de troca de experiên-cias, de saberes e de opinião, através do contributo dos nossos leito-res, seja em forma de artigo, de depoimento ou outro, que ilustrarásem dúvida, este contexto de permanente actualização.Percorrido este tema deambularemos pela Economia da Saúde jáque o estudo da Economia da Saúde e da Gestão na Saúde se jus-tifica por duas razões. A primeira é que o sector da saúde tem vin-do a crescer de importância atingindo hoje, em muitos países de-senvolvidos, uma dimensão na ordem dos 10% do PIB. Embora esta

seja uma dimensão medida pelas despesas, cujos indicadores não são100% fiáveis, não nos podemos esquecer que a dimensão em termosde produto final é igualmente grande. A segunda razão é que hoje,o sector da saúde, é um dos maiores empregadores nas economiasmodernas.As problemáticas abordadas no campo da análise económica dos sis-temas de saúde pretendem suscitar interesse por parte de todos osTécnicos de diagnóstico e terapêutica, outros profissionais do sectorda saúde, académicos, sociedade em geral e ainda responsáveis pe-lo desenvolvimento, articulação e implementação das políticas emsaúde. Esta secção, será um espaço dedicado à publicação de artigos ao de-bate, aos comentários, reflexões e discussão desta temática tão impor-tante para todos estes actores. Deixa-se, por isso, aqui o convite ao en-vio de trabalhos nesta área, que visem contribuir e melhorar odesempenho das unidades de cuidados de saúde sendo que o seu ob-jectivo é que estas sejam capazes de criar valor para os Utentes e so-ciedade em geral e desenvolvam ferramentas e aplicações que tornemmais equitativa a distribuição de recursos na área da saúde. Especifi-camente, o propósito final é o de aumentar a eficácia, eficiência e efec-tividade, utilizando os instrumentos da Economia da Saúde.O marketing é um instrumento de gestão que num primeiro impac-to com o conceito nos remete para representações relacionadas como âmbito comercial. No entanto, uma análise mais precisa sugere-nos que a necessidade de apresentar produtos e serviços, informar,persuadir a alterar comportamentos e atitudes visando a adopção dehábitos de vida segura e saudável são outras áreas da actividade so-cial, nas quais o marketing assume papel relevante. A revista “Tecnologias da Saúde – Gestão, Ciência e Inovação”considera ser de todo o interesse dedicar uma secção ao marketingem saúde, cujo objectivo é apresentar e receber dos leitores pistas dereflexão sobre a importância da comunicação e do marketing sociale organizacional na área da saúde. Neste espaço podem ser tratadostemas abrangentes como programas de intervenção social, informa-ção, esclarecimento, apresentação e indicações dos serviços/produ-tos/cuidados de saúde, ou outros considerados pertinentes. Conta-mos com a contribuição dos leitores quer seja sob a forma de artigos,depoimentos, sugestões ou opiniões, a qual, estamos certos, enri-quecerá este espaço editorial. Por último uma secção dedicada ao Direito e questões jurídicas im-plicadas na área da saúde, que pretende ser um espaço de divulga-ção dos códigos e normas aplicáveis à saúde e aos profissionais deSaúde ao tratar e aprofundar os assuntos mais emergentes nesteâmbito.Contamos consigo para fazer deste um espaço dinâmico e esclare-cedor. Convidamo-lo a “entrar”, ler e fazer a sua própria análise.Aguardamos as suas reflexões e sugestões. Entendemos que a gran-deza de espírito é o oxigénio do comportamento e “se não podemosrealizar grandes coisas, podemos pelo menos tentar fazer pequenascoisas com grandeza”. O resultado? Esse será determinado pelo mo-do como cada um acolher a realização deste projecto.

A Coordenação Editorial ■

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Editorial

A revista Tecnologias da Saúde, Gestão Ciência e Inovação, falou como Dr. Francisco George, médico, especialista em saúde pública,acerca de alguns aspectos actuais do sector da Saúde que preocupamos Técnicos de Diagnóstico e Terapêutica e os cidadãos em geral. ODirector-Geral da Saúde deixa a mensagem que na Saúde acontenção orçamental não é necessariamente sinónimo de menosqualidade e realça a necessidade de um maior rigor em termos degestão. Quanto aos Técnicos de Diagnóstico e Terapêutica, tal comoem relação aos outros profissionais, recomenda o desenvolvimentode um exercício profissional inserido numa visão programática.

Não há profissões dispensáveis

FranciscoGeorge

Membro da OMS entre 1980/1991

Membro do Conselho Geral do Instituto deHigiene e Medicina Tropical

Desde 2004 membro Conselho deAdministração do Centro Europeu de

Prevenção e Controlo de Doenças(Estocolmo)

Nomeado Director Geral da Saúde em 2005

T.S. – A mensagem sobre a reforma estrutural que está a ocorrer no Ministério daSaúde, veiculada pela Comunicação Social e pelos responsáveis da Saúde, coloca oenfoque na satisfação do cidadão, no controlo efectivo dos custos e melhoria daqualidade do serviço. Concordamos que se verificam já algumas melhoriasnomeadamente ao nível da informação ao cidadão e alargamento do horário dealguns serviços. Somos, no entanto, confrontados com a seguinte preocupação: emque medida a tónica na redução dos custos poderá constituir um obstáculo àmelhoria da qualidade dos serviços prestados aos utentes?

F.G. – As duas medidas não são necessariamente incompatíveis, é preciso gastar masgastar bem, o que é absolutamente imperioso. Importante é não gastar mal e aqualidade que se pretende sempre melhorar pode ser amiga da gestão, de forma quenão vejo aí uma contradição. É preciso gerir o orçamento e geri-lo bem em funçãodas necessidades na perspectiva de ter um acesso equitativo e das questões que hojeconstituem uma preocupação em assegurar mais equidade e menos desigualdades doacesso aos cuidados. Tudo isto deve ser e tem de ser compatível com as questõesorçamentais. Isto é, a contenção orçamental não é necessariamente sinónimo demenos qualidade. A ideia é melhor rigor em termos de gestão.

T.S. – E a avaliação?

F.G. – A avaliação faz parte do rigor da gestão.

T.S. – Falando da promoção da saúde, ela é encarada como um custo/despesa, sendoa palavra de ordem – contenção e emagrecimento de custos. Contudo, a Saúde ao serperspectivada como um investimento, segundo a opinião dos especialistas, promoveo desenvolvimento económico, o bem-estar social, ou seja, é a promoção da saúdeque contribuirá para o desenvolvimento sustentável do país. Gostaríamos quecomentasse.

F.G. – Repare, no que respeita à promoção da saúde, os resultados dos investimentosda promoção da saúde não são visíveis no ano orçamental em causa, e isso constituium problema. Se nós, por hipótese, tivéssemos orçamentos não anuais, vamos supor

Entrevista

orçamentos de três anos, os investimentos da promoção dasaúde e a tónica dos aspectos da prevenção seriam maisvisíveis no ano do que no período económico a que dizemrespeito, agora isso é um aspecto importante a ter em conta.Os investimentos no contexto da promoção da saúde sãosempre visíveis a um período mais dilatado.

Quanto às questões ligadas à promoção de estilos de vidasaudáveis e nomeadamente aos trabalhos que visam reduzira tendência crescente por exemplo da diabetes ou a lutacontra a obesidade, está agora em fase de concepçãoadiantada o desenvolvimento de um trabalho no contexto deuma plataforma para o combate a esses problemas.

T.S. – Pelo facto dessas medidas não terem efeitosimediatos, obscurecendo a visibilidade de quem as aplica,poderão ser desmerecidas em relação a outras menosprioritárias?

F.G. – Não, aqui o problema é apenas a questão do ano or-çamental. Vou falar de exemplos concretos: as alterações docomportamento, as modificações dos hábitos, os serviços emrestaurantes, a questão do equilíbrio alimentar, a promoçãodo exercício físico, a melhor educação na perspectiva da saú-de de todos os cidadãos e das famílias, são necessariamenteprocessos longos de ordem educacional e cultural porque al-teram hábitos instalados em muitas famílias. Essas iniciati-

vas que visam alterar comportamentos, esses hábitos e as-pectos muito culturais levam muito tempo. Levam tempo aserem adoptados e depois há ainda um outro tempo de lei-tura no que respeita ao impacto produzido pelas suas altera-ções.

Nós vamos conseguir diminuir a tendência crescente dadiabetes tipo II, que neste momento é aquela que tem umacaracterística muito familiar, hereditária e afecta cerca de500.000 portugueses. Se não actuarmos agora, vamos terdentro de poucos anos uma geração (mais de 700.000portugueses) com esse problema, o qual, por sua vez temoutras implicações nomeadamente os problemas vascularesque como sabemos são neste momento a principal causa demortalidade.

No ano passado, em cada 100.000 portugueses, morreram26.000, ou seja, 1 em cada 4 portugueses morreu devido aproblemas cardiovasculares e isto tem uma relação directacom problemas anteriores, nomeadamente a diabetes e aobesidade. Estas doenças por sua vez estão ligadas afactores de risco, os quais uns são mais visíveis do que osoutros, refiro-me por exemplo às dislipidémias e hipertensãoarterial que muitas vezes o doente ignora que tem essesproblemas. Por outro lado há factores de risco mais visíveiscomo sedentarismo, maus hábitos alimentares e todas estasquestões estão interligadas. Portanto nós temos, de numaperspectiva de promoção da saúde, trabalhar de forma

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Entrevista

Também há outras situações onde a sua análise mostra quehá de facto dificuldades, há perdas, há retrocessos e aí épreciso corrigir. Essas análises, apontam nos dois sentidosumas vezes na perspectiva da consolidação outras, naperspectiva da correcção.

T.S. – Relativamente aos profissionais das Tecnologias daSaúde, como considera que estes profissionais poderãocontribuir activamente e positivamente na prevenção epromoção da saúde?

F.G. – Essa é uma pergunta que tem uma resposta naturale absolutamente óbvia. O papel de todas as especialidadesno âmbito destas carreiras é essencial, não há nenhumaindispensável aliás, por isso é que existem, se não nemsequer existiam.

Não há aqui profissões dispensáveis. Ninguém é dispensável,todos têm de colaborar para este objectivo geral que é amelhoria do atendimento. Têm é de perceber todos qual é oseu papel no contexto de determinado programa. Porexemplo quanto ao cancro da mama na mulher, o programapara o diagnóstico precoce, prevê actos, nomeadamente amamografia e outros exames que não são feitosdirectamente por médicos. Estes actos apoiam-se emespecialistas não médicos, não enfermeiros mas em outrasáreas das Tecnologias da Saúde que são indispensáveis,

compreensiva e integrada, não só no caso da saúde mas emarticulação com outros sectores, e depois esperar resultados.Devemos é ter sempre em conta que essas leituras não sãoimediatas.

T.S. – O problema do acesso e a dificuldade que os utentessentem, por vezes, em conseguir um serviço de saúde leva-os à procura desregrada, como por exemplo a inscrição emmúltiplas consultas da mesma especialidade, enviesando osvalores reais das listas de espera. Pensamos tratar-se de umacultura da doença. Com as medidas perspectivadas, irá serpossível a mudança de paradigma da cultura da doençapara a cultura da promoção da saúde?

F.G. – Tem de acontecer, tem de acontecer.

T.S. – A DGS apoia algumas linhas/programas deinvestigação?

F.G. – A vocação da DGS não é investigação. Com base naevidência que resulta da investigação, temos como principalvocação a elaboração de normas. Somos uma entidadenormativa, emitimos normas reguladoras e normas baseadasem evidência.

T.S. – Considerando que a avaliação das necessidades dapopulação é uma das incumbências da DGS e que aqualidade do serviço prestado depende da capacidade desatisfazer as necessidades e expectativas do cidadão/utente,de que modo estão estas necessidades a ser avaliadas? Emque estudos se baseiam?

F.G. – Esses estudos que refere, têm múltiplas origens, e háuma multiplicidade de fontes informativas que permitemanalisar a situação a cada momento. É em função dessasanálises que são adoptadas medidas ou de consolidação eaprofundamento, ou então até mesmo de correcção. Muitasvezes não são propriamente de avaliação, mas sim demonitorização no contexto do que na expressão inglesa sediz acessement .

Da análise das situações, há muitas vezes a identificação deganhos que precisam depois de ser aprofundados naperspectiva de obtenção de ainda mais ganhos.

Por exemplo isto é muito visível na área materno-infantilonde as sucessivas análises feitas por outros programas,mostram ganhos que colocaram, aliás, Portugal num pódiomediante os países mais evoluídos do mundo inteiro no querespeita a esta área. Sabemos, no entanto, que ainda épossível ganhar mais, mas aí é preciso trabalhar, e é isso quese está a fazer, nomeadamente a reorganização dasmaternidades, a concentração de meios muito especializadosetc.

Entrevista

neste caso os Técnicos de Radiologia. É esta noção deindispensabilidade que explica a sua própria existência, nãohá aqui nenhuma dúvida.

T.S. – Pretende aproveitar este espaço para deixar algumarecomendação aos Técnicos de Diagnóstico e Terapêutica,sendo estes os que representam a principal parcela dosleitores desta revista?

F.G. – O que eu recomendo é que conduzam as respectivasacções na perspectiva do exercício profissional, não deforma pontual, mas inseridas numa visão programática quevisa alcançar objectivos. Portanto o acto em si, muitas vezesde um profissional nesta área, se for observado por elepróprio como um acto pontual, não tem significado. É umpouco como a identificação do respectivo contributoindispensável para podermos assegurar a melhor saúde paraos portugueses. Sem aquele contributo não seria possívelchegar lá.

É essa a necessidade que eu vejo que é preciso de certa for-ma cultivar, porque considero que é a grande oportunidade.

Será que todos conhecem os programas onde estãotrabalhar? É nessa perspectiva. O site da DGS que é owww.dgs.pt que de resto, é de muito fácil memorização, temuma vastíssima descrição de todos estes programas e era

muito bom que no exercício de cada uma das respectivasprofissões, todos se sentissem membros desses programas.

T.S. – Com a multiplicidade de competências das profissõesdos Técnicos de diagnóstico e terapêutica, há algumprograma relevante relativamente à actividade da DGS,planeado para curto prazo e nomeadamente ao nível daprevenção e dos cuidados de Saúde Primários onde estesprofissionais estejam contemplados que o Sr. Director-Geralqueira divulgar aos nossos leitores?

F.G.- Há neste momento uma fase de reestruturação dosserviços que dependem do Ministério da Saúde, àsemelhança do que se passa com outros ministérios, e só noprincípio do ano teremos este processo mais definido. ■

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Entrevista

A evolução do tecido profissional na área da saúde, nas últimas duas déca-das, provocou a necessidade, no Estado Português, de delegar competênciasem matéria de regulação das profissões, transferindo essa responsabilidadepara associações de direito público – as Ordens. Este tem sido, em Portu-gal, o caminho seguido, fruto, também, do trabalho das organizações pro-fissionais de direito privado que vão assumindo com o poder político, Mi-nistério da Saúde, Assembleia da República, com recurso inclusive aoPresidente da República, essa transferência de competências.

A regulação profissionalem Saúde

João JoséJoaquim

Presidente da Associação Portuguesa deLicenciados em Farmácia

Coordenador do Fórum das Tecnologias da Saúde

Professor da ESTeSCoimbra

Isto resulta, como se pode esperar, da evolução do próprio mercado no que diz respeitoà prestação de cuidados de saúde directos ao utente ou ao doente, dependendo do mo-delo e da perspectiva com que se enquadra o indivíduo que recorre aos cuidados de saú-de. Portugal nos últimos anos e com os últimos Ministros da Saúde, aplicando a orien-tação dos últimos governos, produziu profundas mudanças estratégicas na área dasaúde, que induzem também mudanças não só de estrutura, de modelo de gestão e demodelo de prestação, mas também de mentalidade. Esta mudança assenta, ou no míni-mo parece assentar, numa preocupação económica e de gestão. É possível fazer mais emelhor? Sem dúvida. Tudo isto foi provocando uma nova mentalidade nas gerações de novos profissionais, queem adaptação às novas regras se foram integrando no Sistema de Saúde, num modeloanti-carreira, com o que de bom e de muito mau elas têm ou tinham para os que che-garam tarde.Neste novo paradigma de prestação de cuidados de saúde, as profissões das denomina-das áreas das Tecnologias da Saúde, que na Administração Pública ainda ostentam a de-signação, organizadas sob a forma de Carreira, de “Técnicos de Diagnóstico e Terapêuti-ca”, um corpo especial da saúde, assumiram ao longo das mesmas últimas duas décadasum papel único e impar em termos de desenvolvimento e de adaptabilidade às novas re-gras. Desde logo, de desenvolvimento, pela evolução que se constatou no ensino, colo-cando Portugal, dentro do espaço europeu na vanguarda da formação destes profissionaise de adaptabilidade, porque o modelo de ensino, carregado com uma forte componenteprática, prepara de modo inequívoco para o exercício das diversas profissões.Por ser ainda um modelo bem conseguido na preparação teórica e na perspectiva comointegra o aluno no mercado de trabalho que se reflecte numa empregabilidade fora docomum, tem motivado uma procura do mercado de ensino que se tem traduzido numaoferta desse ensino completamente incoerente porque desajustada da realidade. Tambémaqui é preciso parar para pensar. Estas formações não podem ser aproveitadas para fa-zer reciclagem de recursos que foram mal geridos e mal dimensionados. É que podemosperder em cinco anos o que de bom se construiu em décadas.Assim as profissões das Tecnologias da Saúde vêem-se actualmente confrontadas com anecessidade de ser criado um mecanismo de regulação profissional, já que o hipotéticomodelo público, assumido no Decreto-Lei 320/99 de 11 de Agosto, nunca o foi efecti-vamente. É neste ponto que algumas Associações Profissionais e Sindicais têm trabalhado, no âm-bito do Fórum das Tecnologias da Saúde, no sentido de desbloquear este impasse queacima de tudo tem prejudicado os utentes ou doentes que obrigatoriamente consomem

Dossier

cuidados de saúde, nem sempre prestados com a qualificaçãoe responsabilidade exigíveis às profissões da área da saúde.Portugal não tem, ao contrário de outros países com outra cul-tura, uma população que exija ser bem tratada, pressupondoque bem tratado é todo o indivíduo que recebe cuidados desaúde prestados por profissionais de saúde – e este é um con-ceito interessante de ser debatido noutro momento – que paraalém da competência técnica e cientifica adquiridas num mo-delo de formação exigido e reconhecido pelas entidades com-petentes, pode ainda ser responsabilizado pelo seu mandato le-gal para exercer esses mesmos cuidados.É pois aqui que se chega ao ponto de viragem! O actual cami-nho das políticas de saúde exige uma nova mentalidade e novosmecanismos que concorram para um sistema que garanta e pro-mova a segurança de quem não tem outra opção, porque nãohá outra quando se está doente, senão recorrer aos cuidados desaúde. No fundo é tentar evitar que se possa comprar “gato porlebre”. É ainda crucial a questão da ética e da deontologia. Es-tas devem ser asseguradas e monitorizadas pelos pares.Poder-se-á argumentar, como foi já argumentado pelos defenso-res do sistema de regulação estatal, o tal que não existe, que “asOrdens não cumprem o seu papel”. Bom, este não pode ser o ar-gumento, quando o que está em causa é a Saúde Pública. Defi-nam-se critérios, criem-se competências e exijam-se responsabi-lidades, É assim que se funciona em democracia, ou deveria ser.O papel das Ordens em matérias como a ética e a deontologia,as normas de acesso à profissão, a adequabilidade da forma-ção à evolução da ciência e técnica bem como ao papel que osprofissionais vão tendo no sistema, e por fim mas não menosimportante a defesa do cidadão em matéria de saúde, a defe-sa do seu direito constitucionalmente consagrado. E este deveser assumido com responsabilidade, por todos sem excepção!

Bolonha, as Profissões e

o Mercado de EmpregoNum apontamento resumo, importa não esquecer a imple-mentação do Processo de Bolonha e o impacto que vai ter es-ta nova realidade de organização do ensino superior na em-pregabilidade.Sendo um processo que se espera vir a ter impacto nas próxi-mas décadas, importa que não se perca a oportunidade de rea-lizar uma avaliação efectiva das necessidades de formação pa-ra no mínimo assegurar os actuais níveis de qualificaçãoprofissional que o mercado de emprego tem assumido e inte-grado de forma muito satisfatória. É pois imperioso que al-guém possa, à semelhança do que se passa com as outras pro-fissões, leia-se Ordens Profissionais, assumir o papel deidentificar os referenciais de formação, que integrem não só arealidade instalada em Portugal, mas que possa assumir des-de já a realidade Europeia e assumir o papel de referência quePortugal tem na Europa. A empregabilidade hoje fala-se demodo global e Portugal deve proteger os standards de exigên-

cia e qualificação que foi capaz de construir, assumindo semcomplexos a exportação do modelo e salvaguardando as pro-fissões, os profissionais e a segurança dos utilizadores dos cui-dados. Porque o mercado é cada vez mais liberal, importa fa-zer a sua regulação.

O papel do Fórum das Tecnologias da SaúdeA auto-regulação do exercício das profissões das Tecnologiasda Saúde é, no seguimento do que foi traçado, uma necessi-dade cada vez mais actual e premente. O novo tecido profis-sional na saúde exige uma avaliação que permita a aplicaçãode medidas reguladoras do exercício prático das profissões. Aspreocupações com a regulação na área da saúde, de que éexemplo a criação da Entidade Reguladora da Saúde, mere-cem uma atenção especial em relação a estas profissões. A re-gulação vai induzir mais regulação!

A liberalização crescente do exercício profissional deve seracompanhada por medidas que permitam uma melhor moni-torização do mercado de trabalho. Sendo aqui claro, que ummecanismo de regulação profissional servirá também para adefesa da Saúde Pública.

Assim, e por se ter constatado o caos que se foi implementan-do no mercado de trabalho, oriundo da desregulação em ma-téria profissional, as organizações representativas dos profis-sionais, sentiram-se no dever de no âmbito do Fórum dasTecnologias da Saúde (FTS), reflectir e trabalhar um projectoalternativo, que limitasse essa desregulação que o mercado foiassumindo, essencialmente por critérios de índole económica.A Saúde Pública e o interesse da população exigiram que oFTS tomasse a iniciativa de apresentar uma proposta ao po-der político. Assim, foi definido após intenso debate interno,que o caminho a seguir seria o da auto-regulação, através deum mecanismo que delegasse nos profissionais o papel, até ho-je praticamente inexistente, que caberia ao Estado Português.Foi apresentada uma exposição que reforçou as necessidadespara a auto-regulação nestas profissões, assente numa funda-mentação que criou bases para a discussão com os decisorespolíticos. Importa realçar que a articulação jurídica teve comobase a identidade e a autonomia das profissões sem esquecera solidariedade e a cooperação inter-profissional. Apresentadosos argumentos, a discussão passa pela decisão do modelo deorganização que melhor defenda o interesse dos cidadãos e li-mite o impacto do exercício ilegal e inqualificado. Em matériade saúde, e a bem do interesse público, importa agora que to-dos, profissionais, decisores políticos e a população em geral,possam compreender, integrar e assumir esta fundamentação.Não podemos esquecer que para além dos custos em saúde re-sultantes desta situação, para os próprios e para o sistema, es-tas profissões, no seu conjunto, movimentam uma parte im-portante dos custos económicos da saúde. ■

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Dossier

SuzeteCardoso

Eng.ª Agrónoma

Directora Técnica do Grupo MisericórdiaSaúde/UMP

Na literatura sobre comportamento organizacional, o abandono da profissão surge comoresultado da insatisfação profissional (Bludedorn, 1982 e Paul Spector, 1997). Tambémsegundo o modelo de Price (1997), quando o nível de satisfação é baixo, o sujeito de-senvolve a intenção de abandonar a profissão ou a organização e essa intenção conduzi-lo-á à procura de nova profissão ou organização.

A Engª. Suzete Cardoso é um exemplo da situação descrita. Iniciou a sua carreira comoTécnica de Radiologia, posteriormente fez um curso de Engenharia, e uma especializaçãona área da gestão em saúde, exercendo actualmente funções de gestão no Grupo Miseri-córdias Saúde/UMP

O que a levou a fazer formação fora da área das Tecnologias da Saúde?

A decisão de ir fazer Engenharia está associada a um projecto de família que acaboupor não ter o desenvolvimento previsto. Mais tarde, no âmbito das minhas funções,comecei a sentir que, para poder contribuir para um melhor funcionamento do Ser-viço onde trabalhava, precisava de dominar alguns instrumentos e de adquirir maisconhecimento na área da gestão. Frequentei, então, vários cursos de formação, al-guns organizados pelo Centro de Formação do Hospital em colaboração com a Es-cola Nacional de Saúde Pública, que me foram muitos úteis na prática e que cria-ram em mim o gosto e a curiosidade por estas matérias. Mais tarde, decidiinscrever-me no Mestrado em Gestão de Serviços de Saúde, no ISCTE, onde apren-di imenso e onde conheci pessoas extraordinárias, que muito admiro e que me in-fluenciaram muito positivamente. Foi um curso muito exigente, mas muito estimu-lante e enriquecedor em todos os aspectos. Depois continuei a ler, a estudar, apesquisar...

Durante o período que exerceu Radiologia quais os aspectos da profissão quemais a satisfizeram?

Sem dúvida nenhuma, em primeiro lugar o contacto com o doente. As relações de tra-balho com os outros membros de algumas das equipas em que estive inserida foram tam-bém muito gratificantes ...

Depoimento

As profissões das Tecnologias da Saúde assumem um papel importante nosprocessos de diagnóstico, pré-diagnóstico e investigação e requerem umaformação complexa e especializada. Dada a especificidade da formaçãonão seria de esperar elevadas percentagens de abandono, no entanto, estegrupo profissional apresenta em algumas das suas áreas elevadas taxas deabandono, na de Neurofisiologia, por exemplo, foi identificado uma taxade abandono de 22%, o que evidencia que estas profissões não conseguempreencher as necessidades de realização de muitos dos seus elementos. Talfacto leva-os a procurar formação noutras áreas mais de acordo com os in-teresses e necessidades de realização, autonomia e reconhecimento social.

Um percurso profissionalpara além das Tecnologias da Saúde

Após quanto tempo de exercício, ocorreu a intenção deabandonar a profissão?

Eu não abandonei a profissão, até porque continuo vinculadaenquanto tal ao meu Hospital ... A minha primeira experiênciana área da gestão intermédia teve lugar cerca de 20 anos de-pois de acabar o curso de Radiologia. Foram muitos anos deexercício... Acredite que não foi uma decisão nada fácil! Co-mecei por pedir uma licença sem vencimento por um ano, de-pois fui requisitada e nomeda em comissão de serviço,...

Considerando os aspectos económico, autonomia, rela-ções de trabalhos e suporte social, realização pessoal eprofissional, condições de trabalho, satus e prestígio, qualou quais foram determinantes para a sua decisão?

Dada a complexidade da motivação humana, penso que todosos aspectos que referiu tiveram, em maior ou menor grau, al-guma influência. Mas penso, sobretudo, que não seria conse-quente da minha parte investir tanto tempo e dinheiro em for-mação para depois, quando surgiu uma oportunidade, nãoaplicar o conhecimento e as mais valias resultantes dessa for-mação. Bem sei que há pessoas com percursos semelhantes aomeu a quem nunca foi dada uma oportunidade, mas isso é ou-tra questão, cuja discussão, embora importantíssima, não seenquadra na pergunta que me colocou.

A formação na área das Tecnologias da Saúde contribuiude algum modo para o seu desempenho de funções naárea da gestão?

Certamente que sim. As escolas de tecnologias da saúde, cons-cientes da crescente necessidade que os profissionais de saúdena sua generalidade têm de perceber a organização e de domi-nar alguns instrumentos de gestão, fizeram evoluir os seus pla-nos de estudos, nomeadamente no sentido da aquisição de co-

nhecimentos nesta área. Para além disso, as associações profis-sionais e sindicais têm vindo também a desenvolver um traba-lho complementar importantíssimo no âmbito da diversificaçãoe enriquecimento de capacidades e competências, desenvolven-do formação pós-graduada na área da gestão. Alguns profis-sionais têm também procurado fazer pós-graduações, mestra-dos e doutoramentos nas Escolas de Tecnologia ou noutrasescolas, como é o caso da ENSP, ISCTE, etc.

Considera que o facto de ter exercido radiologia durantetantos anos constituíu uma dificuldade ou, ao contrário,tornou mais fácil o desempenho de funções na área dagestão, nomeadamente no âmbito hospitalar?

Penso que no âmbito profissional, tal como na vida em geral, ariqueza está na diversidade de experiências. No meu caso parti-cular, considero que todas as experiências profissionais foramválidas e contribuíram de diferentes formas para o meu desen-volvimento tanto pessoal como profissional. O facto de ter tra-balhado tantos anos como Técnica de Radiologia tem-se consti-tuído como uma mais valia pois, fruto dessa experiência,conheço bastante bem o ambiente hospitalar, os seus actores eos seus mecanismos de funcionamento. Isto não quer dizer quenão tenha que estar atenta no sentido de identificar diferenças,variações, particularidades… sobretudo, tem que haver umexercício permanente de libertação de ideias preconcebidas, poiseste é o risco deste conhecimento prévio. Acredito, no entanto,que quanto mais diversificado fôr o leque de saberes e expe-riências da equipa de gestão, mais criativa, dinâmica e produti-va ela é.

Que alterações considera necessário introduzir ao níveldas organizações, ou mesmo ao nível do Ministério daSaúde, para evitar o abandono da profissão na área dasTecnologias da Saúde ?

Não me parece que o “abandono” das profissões das áreas dasTecnologias da Saúde seja superior ao que acontece noutrasprofissões, nomeadamente em Enfermagem. Na maioria doscasos que conheço, o “abandono” das Tecnologias a que se re-fere não é acompanhado do “abandono” da área da saúde, oque até pode significar algo de muito interessante para as Tec-nologias… Embora não tenha dados estatísticos para sustentaro que acabei de dizer, parece-me que este fenómeno não cons-titui motivo de preocupação para as Tecnologias da Saúde.

Creio, no entanto, que estas situações surgem mais como re-sultado da necessidade de desenvolvimento pessoal e profissio-nal do que por insatisfação com o exercício das profissões. Éclaro que a insatisfação é um dos factores que pode contribuirpara a decisão de mudar de profissão, mas parece-me dema-siado simplista considerar que a alteração das condicionantesorganizacionais, por si só, sem se considerar outras variáveis,possa evitar ou anular essa possibilidade.

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Depoimento

cado de trabalho apresentava. Tratando-se, na sua grandemaioria, de profissões fortemente orientadas para a vertentetécnológica, é também de sublinhar a importância atribuídapelo ensino à componente relacional, tão importante para a hu-manização na área da saúde, que se traduz pela introdução evalorização de matérias relacionadas as Ciências Sociais e Hu-manas. Neste percurso de amadurecimento e melhoria contí-nua, responsável pelo progressivo reconhecimento social destasprofissões, não posso deixar de referir ainda a significativa me-lhoria do corpo docente das Escolas, que é, em meu entender,o factor crítico de sucesso de um processo de ensino-aprendi-zagem dinâmico e ajustado à realidade.

Estamos, portanto, a falar de profissionais de saúde com habili-tações académicas ao nível da licenciatura ou superior, com gran-des responsabilidades no âmbito do diagnóstico e da terapêutica,que gerem recursos com um considerável peso financeiro nos or-çamentos das instituições e que, em resultado disso, se consti-tuem como actores importantes no processo de construção deuma ordem negociada que concilie os diferentes horizontes pro-fissionais e que gere mais benefícios para todos, sobretudo paraos doentes. Isto é particularmente importante no actual contex-to, que se pretende de mudança, em que o envolvimento de to-dos os profissionais é imprescindível para a concretização e, so-bretudo, consolidação das alterações a introduzir.

Qual a sua opinião sobre esta Publicação?

Quero felicitar o grupo de profissionais que “gerou” a ideia edesenvolveu este projecto, que tem, na minha opinião, o gran-de mérito de envolver todas as profissões das Tecnologias daSaúde e de incluir no seu público-alvo todos os profissionais desaúde. Considero que esta iniciativa, que associa Gestão, Ciên-cia e Inovação, vem preencher um espaço de divulgação e par-tilha de conhecimento na área das Tecnologias, o que é funda-mental para a dinâmica das profissões e organizações. ■

Mesmo nos casos em que surge insatisfação em relação ao con-texto organizacional, não creio que essa seja a força propulso-ra principal para a mudança de profissão, que requer um in-vestimento pessoal intenso e prolongado no tempo no que àformação diz respeito. Parece-me que a mudança de organiza-ção é, nestes casos, a solução encontrada mais frequentemente.Por isso, a satisfação profissional, enquanto indicador da qua-lidade organizacional e força motriz de atitudes e comporta-mentos proactivos, é um aspecto que deve ser amplamente va-lorizado pelas instituições.

No que respeita às alterações a introduzir, na minha perspecti-va, elas são as mesmas que são necessárias para outras profis-sões e para as instituições em geral e que consistem, no seu es-sencial em desenvolver e potenciar as mais valias doenvolvimento dos profissionais no processo de evolução e trans-formação das instituições, da sua participação na procura desoluções inovadoras, de uma comunicação interna eficaz, deplanos de formação que respondam às necessidades das pessoase das organizações, da promoção de uma cultura de responsa-bilidade, da abertura para integrar a diversidade de conheci-mento, do reconhecimento do mérito individual…

Se pudesse voltar atrás no tempo, tornaria a fazer o Cur-so de Radiologia?

Não sou capaz de lhe responder com honestidade porque o meuraciocínio seria feito à luz do quadro de referência actual e nãodaquele que efectivamente teria se voltasse atrás e estivesse aconcorrer ao ensino superior com 19 ou 20 anos.

Como vê a situação profissional dos Técnicos de Diag-nóstico e Terapêutica na actualidade?

Os Técnicos de Diagnóstico e Terapêutica têm vindo a afirmar-se pela competência, conquistando no universo da saúde umespaço de interacção que é seu por direito próprio. Prevalecemalgumas dificuldades no quotidiano, que estão relacionadas noseu essencial com uma mudança de mentalidades que, apesarde incontornável, não tem acontecido ao ritmo desejável, o quegera por vezes algum desconforto e desmotivação. Penso, noentanto, que isto será progressivamente superado pois actual-mente ninguém põe em causa o papel fundamental que os Téc-nicos desempenham nas equipas de saúde.

Para o processo evolutivo referido contribuíram inúmeros fac-tores, de entre os quais se destaca a convergência de esforçosno sentido de tornar o ensino das tecnologias da saúde maisexigente e abrangente e, portanto, mais qualificante. O acele-rado desenvolvimento científico e tecnológico a que assistimosnas últimas décadas constituíu um enorme desafio a que as Es-colas das Tecnologias souberam responder, adaptando e me-lhorando os seus curricula, desenvolvendo formação pós-gra-duada, interagindo com outras instituições, etc, de forma queos profissionais pudessem responder às necessidades que o mer-

Depoimento

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Opinião

Quero começar por dar os parabéns e desejar as maiores felicidades àequipa que, com esforço e dedicação, levou a bom porto este projecto,tornando-o numa realidade.

Onde param as Tecnologias da Saúde?

GracianoPaulo

Presidente da associação dos Técnicos deRadiologia, Radioterapia e Medicina Nuclear

Professor da ESTeSCoimbra

Falar sobre as tecnologias da saúde no novo enquadramento do SNS é para mimmuito difícil. Porquê? Porque alguém se esqueceu delas, ou pelo menos não lhes qui-seram dar oportunidade ou então …!

O nome “Tecnologias da Saúde” também não ajuda muito. O cidadão comum ao ou-vi-lo fica com ideia de equipamento, máquinas, electrónica, mas na realidade tratam-se de 18 profissões, perfeitamente definidas e regulamentadas por lei, exercidas porprofissionais licenciados, altamente qualificados e diferenciados, que dedicam as suasvidas a cuidar e a tratar pessoas e cuja formação é, reconhecidamente, consideradade referência no espaço europeu.

Não posso iniciar a reflexão sobre o papel destas profissões no novo enquadramentodo SNS sem falar no estado do seu ensino.

Até meio da década de 90 existiam 3 Escolas Superiores Públicas (Lisboa, Porto e Coim-bra) e uma do sector particular e cooperativo (Escola Superior de Saúde do Alcoitão).Os cursos funcionavam bem de acordo com as necessidades do país e os alunos que op-tavam por esta área de ensino tinham normalmente trabalho assegurado.

Ouve-se com bastante frequência dizer que faltam médicos e enfermeiros no sistema(questão que me vou abster de comentar) mas curiosamente é ao nível das designa-das Tecnologias da Saúde que surgem escolas e cursos espalhadas por todo o país, deforma completamente anárquica e cujos processos de autorização de abertura são nomínimo estranhos, para não lhe chamar outra coisa.

Para que se possa perceber a dimensão do caos a que se chegou (e porque este é umfenómeno inédito em todo o mundo) em 10 anos passamos de 4 escolas para 22. Nal-gumas áreas, como por exemplo na radiologia, em 10 anos crescemos de 90 vagasanuais para 500! De 3 cursos passamos a 12! Na fisioterapia entram neste momen-to cerca de 800 alunos por ano.

Poderão perguntar – mas então ninguém chamou à atenção das autoridades compe-tentes? Claro que sim. Serviu de alguma coisa? Claro que não.

Enquanto a lógica de financiamento do Ensino Superior for “o dinheiro segue o alu-no”, vai haver sempre escolas (mesmo sem competência e docentes qualificados naárea) a propor e a conseguir a abertura de mais cursos das tecnologias da saúde, numassalto claro a jovens desinformados, ansiosos por um ter um curso que julgam virum dia a dar-lhes emprego.

Temos então um paradoxo. O mesmo Estado que aprova cursos das tecnologias dasaúde, sem nenhum tipo de regras ou planeamento alimentando o sonho de centenasde jovens, implementa reformas no sector da saúde sem se preocupar com eles. Quedesperdício!

Já sei que estão a pensar que estou a defender o controlo absoluto das profissões de for-

conheço nenhum preâmbulo dos normativos jurídicos quenorteiam os destinos da saúde que não contenham pelo me-nos um desses princípios. Acontece no entanto que os mes-mos não passam do preâmbulo já que se esvanecem suave-mente pelo seu articulado.

Em todos os programas de Governo aparece a frase “colo-car o cidadão no centro do sistema” e no entanto cada vezse faz menos para atingir esse objectivo. Continuamos comum sistema centrado nos hospitais, orientado na sua quasetotalidade para o tratamento e muito pouco para a preven-ção e promoção da saúde.

É a este nível que acho dever entrar em acção o primeiro“esquadrão” das profissões das tecnologias da saúde. Nãohá referência no plano nacional de saúde nem nos normati-vos que regulam os novos centros de saúde da obrigatorie-dade da inclusão nos seus quadros de audiologistas, higie-nistas orais, técnicos de saúde ambietal, ortoptistas entreoutros.

É sabido e reconhecido por todos que o paradigma do exer-cício da medicina mudou radicalmente nos últimos anos. Oconceito de estetoscópio é hoje diferente. A pressão para oexercício de uma prática defensiva é constante. Não faz porisso sentido que se aposte apenas em equipas de saúde comum médico, enfermeiro e administrativo.

Os “estetoscópios” de hoje na prestação de cuidados são osprofissionais das tecnologias da saúde.

Para o exercício de uma medicina de proximidade em ple-

ma a haver 0% de desemprego nesta área. Não! Até sou a fa-vor de algum desemprego. Faz bem e aumenta a qualidadedos recursos. Sou é contra o sub emprego, isto é, encharcar omercado de profissionais, desvalorizando-os e fazendo dimi-nuir o custo da sua mão-de-obra. É de facto mais barato, masquem sofre é o cidadão que perde qualidade na prestação doscuidados de saúde que necessita.

Feito este enquadramento sucinto mas factual acerca do en-sino, vamos então tentar perceber qual o papel reservado aestas profissões na actual reforma do sistema de saúde.

Sendo um fervoroso defensor da necessidade de mudar osistema e de achar importante flexibilizar e agilizar os mo-delos de gestão das unidades públicas prestadoras dos cui-dados de saúde, não posso no entanto concordar com a des-regulação que afecta a prestação.

Um sistema misto, que se confunde entre a prestação públi-ca e privada, baralhado por um sector convencionado nãofiscalizado e com o particular e cooperativo a ajudar à fes-ta, falamos num “mercado” que vale 9,6% do PIB. Comodiria alguém que em tempos nos governou – “é só fazer ascontas”.

Trata-se por isso de um mercado muito apetecível, sujeito afortes pressões e alvo permanente dos lobbies que ninguémvê, mas de que existem já não há dúvidas.

As reformas assentam sempre em princípios nobres: dimi-nuir a despesa; melhorar o acesso; diminuir as assimetrias;obter ganhos em saúde, melhorar a eficiência, etc, etc.. Não

Opinião

no é necessário e obrigatório que o clínico geral tenha deimediato acesso a respostas do tipo: tem fractura ou não;tem ou não pneumonia; tem ou não dilatação do aparelhourinário superior; o doente está ou não a fazer um enfarte;enfim uma panóplia de informação relevante para a sua to-mada de decisão que poderá evitar deslocar um doente cen-tenas de quilómetros por estradas pouco aconselháveis atépara pessoas saudáveis.

Concordando com o princípio do Sr. Ministro de não sereconomicamente sustentável continuar a manter SAP’s aber-tos que em média atendem menos de um doente por perío-do nocturno. Torna-se então obrigatório dotar os centros desaúde de meios para que possa ministrar cuidados de saú-de, com o mínimo de qualidade, nos períodos em que se en-contra em funcionamento normal.

É fundamental integrar em todos os centros de saúde técni-cos radiologistas, fisioterapeutas, cardiopneumologistas, téc-nicos de análises clínicas e os demais profissionais das tec-nologias da saúde. Assim resolveríamos o problema do Sr.Ministro que diz não querer gastar menos mas sim gastarmelhor. Aproveite Sr. Ministro que o povo agradece.

Não é admissível que em pleno sec XXI com as auto-estra-das da informação em pleno (e as estradas normais más)um contribuinte tenha de esperar meses por um exame dediagnóstico e depois seja obrigado a deslocar-se centenas dequilómetros para o fazer.

É sabido que a prescrição de exames de diagnóstico e de te-rapêutica não tem acompanhado a evolução tecnológica.Vários estudos apontam para o facto de se prescrever emdemasia e de forma desadequada tanto nos centros de saú-de como nos serviços de urgência. É urgente (e necessário)a implementação de critérios de prescrição para cada situa-

ção clínica, sendo a este nível fundamental a intervençãodos profissionais das tecnologias da saúde, em estreita cola-boração com os clínicos. Esta sinergia entre profissões ser-viria os propósitos do Sr. Ministro: reduzir custos e melho-rar a prestação de cuidados e iria de encontro às pretensõesdos utentes uma vez que reduziria, de forma considerável,os gastos com taxas moderadoras de exames e tratamentosdesnecessários.

Nalguns casos, como por exemplo na radiologia, o estabele-cimento desses critérios permitiria reduzir a quantidade deradiação X a que os utentes são expostos, em exames fre-quentemente desnecessários, algo a que por determinaçãoeuropeia e nacional estamos obrigados.

Claro que alguns poderão achar utópico. Mas tentem, vãover que não custa nada.

Quero agora apenas dar conta de que tudo o que atrás foireferido não resulta de nenhuma alucinação pessoal mas deapenas querer que a lei seja cumprida. Senão vejamos:

Decreto-lei 564/99 de 21 de Dezembro

preâmbulo: O presente diploma visa dotar a carreira detécnico de diagnóstico e terapêutica de um estatuto que me-lhor evidencie o papel dos profissionais no sistema de saú-de, como agentes indispensáveis para a melhoria da quali-dade e eficácia da prestação de cuidados de saúde … e aum desempenho profissional que releva de crescente com-plexidade e responsabilidade.

Artigo 3º: A carreira de técnico de diagnóstico e terapêuti-ca enquadra um conjunto de profissionais detentores de for-mação especializada de nível superior;

No desenvolvimento das suas funções, os técnicos de diag-nóstico e terapêutica actuam em conformidade com a indi-cação clínica, pré-diagnóstico, diagnóstico e processo de in-vestigação ou identificação, cabendo-lhes conceber,planear, organizar, aplicar e avaliar o processo de trabalhono âmbito da respectiva profissão, com o objectivo da pro-moção da saúde, da prevenção, do diagnóstico, do trata-mento, da reabilitação e da reinserção.

Para concluir apenas o relato fantástico de algo que meaconteceu. Certo dia fui convidado para visitar uma novaunidade hospitalar pública que estava prestes a abrir e quehoje se encontra a trabalhar a 30%. Espantado com o ele-vado nível tecnológico do equipamento instalado (clara-mente desajustado para a região) perguntei ao Director dainstituição que me acompanhava como tinha conseguido di-nheiro e autorização para aquilo tudo ao que respondeu: -Ai o Sr. não sabe? Para os amigos tudo; para os inimigosnada; para os outros cumpra-se a Lei.

Não peço muito, apenas que se cumpra a Lei. ■

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Opinião

Com a segunda maior aquisição na história da Siemens AG, a SiemensMedical Solutions tornou-se a primeira empresa de diagnóstico comuma abordagem holística ao sector dos cuidados de saúde

Novos Clientes,Novos Mercados

A Siemens Medical Solutions (MED) é mundialmente conhecida como líder nas áreas daimagiologia e terapia, assim como da tecnologia de informação clínica. Agora, a MED es-tá a expandir a sua posição no mercado crescente do diagnóstico in-vitro, aumentando oseu portefólio na medicina molecular. Com a aquisição da Bayer Diagnostics e da Diag-nostic Products Corporation, a MED sobe para o terceiro lugar no mercado de diagnósti-cos in-vitro (IVD). Assim, a MED está prestes a tornar-se a primeira empresa de diagnós-tico no sector dos cuidados de saúde, que oferece o completo portefólio de testes clínicosin-vitro e in-vivo – a partir de uma única fonte.

Atraentes oportunidades de crescimento

O IVD (testes laboratoriais) é considerado um mercado crescente. Os testes laboratoriaissão uma parte essencial dos cuidados clínicos actuais e são frequentemente utilizados pa-ra uma avaliação inicial de possíveis doenças, infecções, alergias ou do desequilíbrio me-tabólico. Os presentes desenvolvimentos demográficos levam a concluir, que a procura detestes de laboratório comuns irá aumentar, assim como de ensaios inovadores, tais comoanálises de genes a nível molecular. Quer tenha sido para análises dos níveis de açúcar nosangue, de colesterol, anticorpos ou um vírus, praticamente todos nós tivemos, a dada al-tura, que retirar sangue para análises de laboratório.

CTI Molecular Imaging

Tendo o diagnóstico in-vivo como um dos três pilares base da medicina molecular, a MEDjá reforçou a sua posição no ano passado através da aquisição da CTI Molecular Imaging,Inc., sedeada em Knoxville, Tennessee, EUA. A CTI era um prestador de produtos e ser-viços líder da tecnologia de Tomografia por Emissão de Positrões (PET), incluindo siste-mas PET que podem ser usados para diagnosticar cancro, doenças cardíacas, doenças neu-rológicas, como o Alzheimer, assim como o fornecimento de meios de contraste necessáriospara aquisições com PET.

Diagnostic Products Corporation

Fundada há 35 anos, a DPC tem hoje representação em 155 países de todo o mundo. Sen-do um líder global no imunodiagnóstico, a DPC fornece analisadores e testes automatiza-dos para medição de hormonas, medicamentos, proteínas e outras substâncias médicas im-portantes. Estes testes ajudam os médicos a detectar e gerir doenças do coração, dos ossose da tiróide; doenças do metabolismo e de reprodução; alergias, anemias, cancros, diabe-tes e doenças infecciosas; e medicamentos terapêuticos e abuso de medicamentos.

Ciência e Tecnologia

Bayer Diagnostics

Também a Bayer Diagnostics desenvolve, fabrica e vende testesdiagnósticos para exames sanguíneos e de outros fluidos corpo-rais.

Este ramo da indústria oferece um abrangente espectro de diag-nósticos in-vitro, por exemplo para o controlo terapêutico deuma variedade de doenças, incluindo doenças cardiovasculares,doenças renais, infecções e cancros.

Novo Contexto para o Quicklab

As aquisições da DPC e da Bayer Diagnostics estão a criar am-biente para a própria inovação da Siemens, o Quicklab, que foipremiado em 2004 com o Prémio do Futuro Alemão. O Quic-klab é um biochip electrónico, com o tamanho de um cartão decrédito usual, incluindo um leitor que se assemelha a um com-putador portátil. O sistema diagnóstico apresenta todas as fun-ções relevantes dum laboratório bioquímico. É utilizado paraanálises de ADN em consultórios médicos e laboratórios clínicos.No futuro, o mini laboratório examinará automaticamente asamostras de sangue e de outros fluidos corporais, para analisara informação genética de vírus, bactérias e células corporais.

O novo número três

As duas aquisições transformarão a MED no número três a ní-vel mundial no mercado IVD, após a Roche e a Abbott, e nonúmero dois no segmento do imunodiagnóstico. Adicionalmen-te, a MED abre o segmento do diagnóstico molecular, que se en-contra em célere crescimento, com auxílio da análise de genes(teste de ácidos nucleicos).

Avançar com este passo ousado é consistente com a estratégiada MED, de se tornar o fornecedor líder duma solução integra-da e de crescer para alcançar a primeira ou segunda posição emtodos os segmentos do mercado. Espera-se, que a combinaçãoda DPC e da Bayer Diagnostics resultará em sinergias e novospotenciais de crescimento.

Através das aquisições da CTI, DPC e da Bayer Diagnostics, aMED irá comercializar inovações adicionais que ajudarão nota-velmente a melhorar a qualidade dos cuidados de saúde atravésda prevenção, assim como de soluções de diagnóstico precoce,específico e eficiente.

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Ciência e Tecnologia

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Normas

Com a finalidade de normalizar os artigos propostos bem como salvaguardar critérios de rigor científi-co, execução gráfica e interesse dos leitores, torna-se necessária a definição de procedimentos uniformi-zados para a publicação de trabalhos.

Normas parapublicação de trabalhosI. Procedimento Científico de selecção

1. Serão aceites os temas que se enquadrem no âmbito desta publicação, dando-se preferência aos artigos de conteúdo inovador e de par-ticular actualidade.

2. Os trabalhos originais propostos e considerados no âmbito da revista poderão assumir o formato de casos, revisões bibliográficas, arti-gos de investigação e de opinião/reflexão, editoriais, ou outros com interesse para os leitores.

3. Os artigos serão submetidos a revisão científica e revisão editorial (de acordo com o estilo da revista), podendo deste processo resultartrês situações:

• Não-aceitação de trabalhos que não cumpram os critérios previamente definidos;

• Reenvio dos trabalhos para reformulação;

• Aceitação

4. Os artigos enviados para publicação ficarão na propriedade editorial da revista e não serão devolvidos mesmo que não seja aceite a suapublicação.

5. Será requerida pelo conselho científico, uma sinopse curricular dos autores em que conste: identificação, morada, grau académico, pro-fissão, local de trabalho, telefone e endereço electrónico (1pág.)

6. O envio de um trabalho implica um compromisso por parte dos autores da publicação na revista, sendo todas as declarações constan-tes nos artigos da exclusiva responsabilidade dos autores.

7. Qualquer texto deve preservar a confidencialidade e respeitar os princípios éticos.

8. Assumindo a consistência de conteúdos por edição, o Conselho Científico não pode prever a data de publicação.

9. Será da prioridade aos artigos cujos candidatos sejam assinantes da revista.

II. Apresentação e estruturação de Trabalhos

1. Os trabalhos devem ser redigidos em português ou inglês, no formato Word, letra tipo Arial, tamanho 12 e a espaço e meio.

2. A extensão máxima deverá estar compreendida entre 2500 a 3000 palavras ou 13000 a 15000 caracteres, incluindo espaços, figuras,tabelas, quadros, gráficos, notas, bibliografia e fotografias.

3. Na primeira página e depois do título do trabalho, deverá constar a identificação de todos os autores (máximo 5) de acordo com o for-mato seguinte:

Título do trabalho

Autor 1(1,2) ; Autor 2(2,1) ; Autor 3(1) (1)- Instituição (2)- Instituição

4. Os trabalhos deverão respeitar a estrutura que deve incluir no início o resumo em português e inglês, as palavras-chave (max.6) e aintrodução, e no final a conclusão/ões. Os artigos de investigação deverão incluir seguidamente ao resumo e palavras-chave, os mate-riais e métodos utilizados, resultados e conclusões.

5. O conteúdo do resumo não deve ser superior a 300 palavras incluindo: Objectivos e enquadramento, conteúdo principal, conclusões epontos de maior relevância a salientar.

6. As referências bibliográficas devem cumprir as directivas da APA (American Psicology Association).

7. Todos os trabalhos deverão mencionar a data da sua conclusão e submissão.

III. Envio de Trabalhos

1. Os trabalhos poderão ser enviados por correio electrónico (com aviso de leitura) para [email protected]

Ficha de Assinatura para o ano 2007*

PROFISSIONAIS, ESTUDANTES E OUTROS INTERESSADOS

Nome

Data de nascimento ____/____/______ BI nº. _______________________

Morada

Localidade______________________________ Cód. Postal ____ - ____ ___________________

Telem. _______________ Tel. ______________ E-mail___________________________

Nº. Contribuinte

Profissão

Grau Académico

INSTITUIÇÔESNome

Morada

Localidade______________________________ Cód. Postal ____ - ____ ___________________

Telem. _______________ Tel. ______________ E-mail___________________________

Nº. Contribuinte

Contacto/Função

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Tecnologias da Saúde - Gestão, Ciência e Inovação(4 números por ano)

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ResumoBiochips estão, via nanotecnologia, na base de novas ferramentas que irão revolucionar apesquisa científica e as aplicações biomédicas. A detecção de compostos biológicos e quí-micos é crucial a várias áreas da saúde e às ciências da vida, desde o diagnóstico de doen-ças à descoberta e ao rastreio de novos fármacos. Assim, o desenvolvimento de novos en-genhos que possibilitem análises directas e rápidas destes compostos, terá um impactosignificativo na espécie humana. O NSS1 é um desses engenhos em desenvolvimento. Osseus conceitos principais foram inspirados noutros engenhos em desenvolvimento em la-boratórios estrangeiros. No entanto este engenho tem algumas visões que o poderão tornarúnico, se e quando for demonstrado eficiente podendo rapidamente evoluir para a cons-trução de um modelo mais avançado.

AbstractBiochips are now via nanotechnology on the edge of an onset of new tools that will revo-lutionize scientific research and biomedical appliances. Detection of biological and chemi-cal species is central to many areas of healthcare and the life sciences, ranging from un-covering and diagnosing disease to the discovery and screening of new drug molecules.Hence, the development of new devices that enable direct, sensitive, and rapid analysis ofthese species could impact humankind in significant ways. The NSS1 is such a developingdevice. Its principal concepts were inspired in other devices also being developed at thepresent time in foreign laboratories. Yet it has some inventive visions making it unique thatif or when proved to be efficient could rapidly lead to the construction of a more advan-ced device.

Nanotecnologia e o Admirável Mundo Novo dos Biochips

Filipe LuigRibeiro

A miniaturização extrema da(s) tecnologia(s) permite uma interacção entre pessoas e má-quinas de uma forma que é impossível através das actuais tecnologias macroscópicas. Irpara além da microelectrónica significa muito mais do que apenas encolher os componen-tes 10 a 1000 vezes. Envolve uma mudança paradigmática na forma como arranjamos erearranjamos as coisas mas também envolve regras científicas diferentes das da física clás-sica.

Micro e nanoelectrónica compreendem três níveis organizacionais. O primeiro é geralmen-te o transístor ou o seu nanoequivalente. Em microelectrónica, os transístores são feitos deum semicondutor, tal como silíco dopado, que é manipulado para alternar entre o estadocondutor e o não-condutor. Em nanoelectrónica, os transístores (para fazerem o mesmopapel de alternância de condutividade) poderiam ser moléculas orgânicas ou estruturasinorgânicas à nanoescala. O Segundo nível é o da interconexão – para realizar operaçõeslógicas existem fios que ligam os transístores. Em microelectrónica, estes são fios metálicosdezenas de microns de largura depositados no silício, sendo que na nanoelectrónica, estesseriam represantados pelos nanotubos (actualmente em franco desenvolvimento). O últi-mo nível desta arquitectura é a forma geral como os transístores estão interligados paraque em última análise o circuito possa ser ligado a um computador ou outro sistema e ope-rar independentemente dos detalhes dos níveis inferiores.

dutividade na ordem dos milhões. Outras moléculas com me-lhores propriedades semicondutoras estão a ser estudadas. Char-les M. Lieber e a sua equipa da Universidade de Harvard ex-ploram os nanotubos de carbono com 1.4 nm de diâmetro. Estesfios à nanoescala, transportam muito mais corrente, átomo aátomo, do que vulgares fios metálicos, funcionando como exce-lente interconexão, mas têm ainda a vantagem de poderem fun-cionar como componentes, ou seja como pequenos transístores.Estes nanowires são dopados com impurezas para adicionar ouremover electrões resultando assim em semicondutores tipo n(excesso de electrões) e tipo p (excesso de buracos).

Estes semicondutores podem muito bem vir a ser os novos de-tectores ultrasensitivos state-of-the-art para uma vasta gama decompostos biológicos. A equipa do Lieber converteu estes na-nowire FET (transístores de efeito de campo) em sensores mo-dificando as suas superfícies com receptores moleculares. Pro-teínas e ácidos nucleicos são macromoléculas biológicaselectricamente carregadas em soluções aquosas e como tal po-dem ser detectadas através de nanobiosensores com receptoresapropriados ligados à sua superfície activa.

O nanosensor é parte integrante de um engenho composto porvários componentes. Uma dessas partes e que corresponde áque-

A passagem da micro à nanoelectrónica acontecerá de forma na-tural nos próximos tempos e provavelmente irá acompanharuma passagem também conceptual do top-down para o bottom-up. Top-Down é a metodologia que de alguma forma se podereconhecer em quase tudo o que é construído à macro-escalaonde os materiais são moldados de cima para baixo como o no-me do conceito indica. Bottom-Up representa a metodologia porexcelência da Era das nanotecnologias. Construír de dentro pa-ra fora, do micro para o macro ou de baixo para cima, permi-te construír ao invés de moldar, criando assim exactamente oque se pretende e tendo como expoente máximo a fabricação apartir da manipulação dos átomos per se. Parece cada vez maisclaro que a manipulação atómica de estruturas moleculares or-gânicas pode abrir caminho para um novo tipo de engenhos dotipo transístor. Os nanobiochips.

Nas Universidades de Yale, Rice e California, foi demonstradoque milhares de moléculas juntas podem transportar electrõesde um eléctrodo para outro. Cada molécula com meio nm delargura e um a dois nm em altura. Foi também demonstradoque estes clusters de moléculas se podiam comportar como in-terruptores on/off e portanto poderiam vir a ser úteis para usarem memórias de computadores. Este mecanismo interruptormolecular envolve muito provavelmente reacções deoxidação/redução nas quais os electrões vão variando de posi-ção. Na posição ‘on’, estes clusters moleculares chegam a con-duzir a electricidade até 1000 vezes mais que na posição ‘off’,o que para já ainda é um rácio baixo comparado com o de umtípico transístor semicondutor capaz de fazer variar a sua con-

Investigação e Ensino

Nano-Bio-Sensor-Devices The richness of the nanoworld will change the macroworld.C.M.Lieber.

Esquema do mecanismo do nanowire da equipa de C.M. Lieber.Após a ligação de partículas virais aos receptores especificos, acondutância varia como indicado no gráfico á direita. Assim que ovírus se desliga dos receptores à superfície do chip – a condutân-cia volta aos valores ‘normais’.

la que porventura será definitivamente uma das mais críticas,diz respeito ao casamento biofísico do mundo orgânico com oinorgânico, do vivo com o não vivo – a funcionalização. Esta foiprovada possível em amostras de micro-filmes ou se preferir-mos, nano-filmes de dióxido de silício, de espessuras ínfimas(filmes de SiO2 de 2,5 nm). Utilizou-se uma sequência nucleo-tídica aleatória comercial (no caso um oligo de 18pb) e portan-to para o efeito - um pedaço de DNA, para ligar à superfície dochip. Existem algumas camadas químicas entre o DNA e aamostra inicial de silício precisamente para estabelecer essa pon-te entre um e o outro mundo. Moléculas do chip de silício têmque se fazer ligar às biomoléculas. Após a experimentação de di-ferentes espessuras de amostras funcionalizáveis, usando diver-sos métodos de detecção (Fluorescence and Atomic Force Mi-croscopy) e através de um leque de diferentes análises (AverageRoughness, Ra analysis and Power Spectral Density, PSDanalysis) demonstrou-se a silanização – logo a funcionalizaçãodos filmes extremamente finos.

Este postulado (funcionalização da superfície do chip) motivoua concepção e construção de um sensor de camadas muito finas– NSS1, nano-sheet-sensor1. Uma vez fabricado, submeteu-se oNSS1 a um conjunto de testes conducentes à caracterização dassuas propriedades e comportamento eléctrico. A informação domundo exterior é informaticamente tratada e funciona atravésde um sinal eléctrico que é obtido pela presença ou ausência dedeterminadas moléculas postas em contacto com a superfície dochip. Sequencialmente foram testadas várias soluções (soluçõesde pHs diferentes, soluções-tampão e soluções contendo DNA)

para então estabelecer o comportamento típico do chip. Uma vez estabelecida esta estrutura e assegurada uma lineari-dade do sinal eléctrico na resposta à amostra em contacto coma superfície modificada do chip, pode-se pensar em explorar vá-rias estratégias para especificar o sensor afim de o tornar numdetector capaz de, por exemplo, reconhecer partículas virais, di-reccionando o chip para o diagnóstico de vírus como o VIH. Ho-je em dia ainda são precisas algumas boas horas, muita instru-mentação e maquinaria, laboratórios inteiros e muitos recursostécnicos humanos dirigidos para esse fim bem como muito di-nheiro envolvido só para detectar um vírus. Isso é algo que iráacabar brevemente com a nanotecnologia. O próprio conceito dolab-on-a-chip (todo um laboratório integrado num chip) apro-xima-se exponencialmente da realidade. Mas Imaginemos então,na realidade actual, uma situação de condutância de electrici-dade sempre que existirem as moléculas do vírus e na sua au-sência a falta desse mesmo sinal eléctrico como no caso do con-ceito nanowire do Lieber acima descrito ou simplesmente umsinal eléctrico sempre diferente e específico para cada situação.Este sinal será electronicamente processado e com a ajuda deum pc detectado. É também em termos práticos uma aproxi-mação temporal tendencialmente no limite para um t=0. Umdos grandes objectivos será o de fazer uma detecção e portantoum diagnóstico em tempo real, i.e., o mais on-line possível. As-sim, o futuro ideal poderá passar por colocar um pouco de so-ro no chip e este nos indicar a presença ou não do vírus atravésda corrente eléctrica que atravessa o sensor. Mas esse dia aindaestá relativamente longe. No entanto o progresso desta área é ta-manho que se poderá tratar de um dia à distância de anos. En-genhos como estes – acarretam grandes repercussões económi-cas e irão certamente pôr em cheque a indústria dabiotecnologia como actualmente funciona. Dentro de uma dúziade anos (ou pouco mais) iremos provavelmente assistir ao nas-cimento dos primeiros nano-assemblers e com eles estaremospela primeira vez em condições de realmente manipular a ma-téria na sua original e natural concepção. Ir-se-ão manipularátomos um a um e portanto também tudo o que eles constituem.E eles constituem tudo. Nessa altura estaremos de facto em con-dições de viver no admirável mundo novo da nano-bio-enge-nharia.

Referências

CHARLES M.LIEBER (2002) “Understanding Nanotechnology– The Incredible Shrinking Circuit” Scientific American WarnerBooks, New York, 92-102.

FERNANDO PATOLSKY et al (2004) “Electrical detection ofsingle viruses” PNAS vol. 101 no. 39, 14017-14022.

Filipe Luig Ribeiro (2006) “Conception and construction of areal-time nanobiosensorchip – towards the achievement of anano-viral-sensor” tese de mestrado FE-UCP / INESC-MN.

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Investigação e Ensino

Rumo à obtenção de um nanobiosensor para diagnóstico em tem-po real: NSS1 (NanoSheetSensor1)

Na fotografia, em cima, o NSS1 é ainda um protótipo ligado a umpicoamperímetro para medir as correntes que o atravessam. Estasvariam consoante a amostra depositada em contacto com a super-fície do chip. No caso de haver linearidade e especificidade na res-posta eléctrica, estas poderão ser um indicador da natureza daamostra a estudar rumo ao diagnósico precoce.

* Licenciado em Biologia (92-97) FCULß Estágio com bolsa UE em Virologia (Herpes HHV8) na Alemanha (97) VIK® Pós-Graduação em Mi-crobiologia Médica (98) UNL© Bolseiro em Epidemiologia Molecular do HIV-1 no departamento de Biologia Molecular (98) IHMT™ Técnico Su-perior de Saúde no Laboratório de Virologia (99-02) HSMd Mestrado com concepção e construção de um nanobiosensor (02-06) INESC-MNf

Tese em Nano-Bio-Engenharia “Conception and construction of a real-time nanobiosensorchip – towards the achievement of a nano-viral-sen-sor” (02-06) FE-UCP/INESC-MNp Técnico Superior de Saúde no Laboratório Biologia Molecular (02-06) IPS-LxW

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Conjunto de gráficos (microscopia de força atómica – AFM) que demonstra a funcionalização das amostras de dióxido de silício de 25Å(2,5nm) de espessura. Na 1ª e 2ª sequências é visível a ligação do DNA às amostras tanto no corte 3D (1ªfila) como na vista de topo (2ªfila). Nos gráficos em baixo à esquerda (Ra analysis) a barra mais alta corresponde à rugosidade da amostra (1184 pm = 1.2 nm) con-tendo DNA que é claramente superior à das restantes (controlo 0.1 nm – 1ª barra à esquerda) e no da direita, a análise das frequênciasde cada amostra (PSD analysis) mostra claramente 4 frequências diferentes para as 4 situações diferentes desde o controlo (curva-azulescuro) até ao DNA (curva-azul claro). Todas as análises juntas favorecem a ideia de que o DNA se encontra ligado à superfície e que afuncionalização ocorreu com sucesso.

Resumo

A importância do estudo da exposição ocupacional a poluentes nos parquesde estacionamento subterrâneos da Grande Lisboa deve-se à existência detrabalhadores em permanência nestes locais e ao facto destes poderem estarexpostos a elevadas concentrações de poluentes. Este estudo centrou-se naavaliação da percepção dos operadores de parque sobre a sua exposição apoluentes no seu local de trabalho através da realização de um questionárioe na avaliação da exposição ocupacional a poluentes derivados do processode combustão automóvel nos parques de estacionamento subterrâneos. Foiutilizado um equipamento específico de monitorização (BABUC A/C). Pos-teriormente, comparou-se os dados obtidos com valores estipulados emorientações nacionais e internacionais. Assim, foram seleccionados quatroparques de estacionamento subterrâneos, abrangendo no total trinta opera-dores de parque. A comparação dos dados obtidos com os valores limites deexposição, demonstram que as concentrações de todos os poluentes são infe-riores aos respectivos VLE-MP definidos na NP 1796:2004, mas, tendo emconsideração VLE-MP definido pela Organização Mundial de Saúde, cons-tata-se que a concentração média de monóxido de carbono num dos parques(Parque A) foi de 10,6 ppm, sendo superior em 0,6 ppm ao VLE-MP de 10ppm. A maioria dos operadores de parque consideram a qualidade do ar doseu local de trabalho como pouco ou mesmo não satisfatória, à excepção dosinquiridos do Parque D. A opinião dos operadores do Parque D poderá es-tar relacionada com o facto de estes considerarem a ventilação no seu localde trabalho suficiente, ao contrário dos operadores dos restantes parques.

Exposição Ocupacional a Poluentes nos Parques de Estacionamento Subterrâneosda Grande Lisboa

Nelson Gonçalves*, Nuno Gaspar*e Rui Sequeira*

Susana Viegas**,

Paula Albuquerque** e

Mário Castro***

Escola Superior de Tecnologia daSaúde de Lisboa

Palavras-Chave

Parque de Estacionamento Subterrâneo; Monóxido de Carbono; Combustão Auto-móvel; Exposição Ocupacional; Operador de Parque.

Introdução

Nos nossos dias, a importância que o ambiente tem na saúde das populações é reco-nhecida por todos. A comunidade tem preocupações com os efeitos da poluição do arna sua saúde, mas não está igualmente sensibilizada para os riscos associados à po-luição do ar interior dos locais de trabalho.

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Na sociedade actual, o Homem passa um considerável pe-ríodo de tempo no seu local trabalho, que poderá traduzir-se, consoante o tipo de trabalho, numa exposição a agentesquímicos, físicos e biológicos.

O aumento do crescimento industrial, ordenamento do ter-ritório, e do parque automóvel, traduz-se num aumento sig-nificativo de Parques de Estacionamento Subterrâneos(PES) e a consequente procura e utilização destes.

Face ao exposto, torna-se importante referir que os agentesquímicos são considerados como o principal factor de de-gradação do ar nestes locais, devido à maioritária produçãoe formação de poluentes pela combustão incompleta dosveículos automóveis. (1)

Embora, tenham sido realizados alguns estudos em outrospaíses sobre a qualidade do ar em PES, a situação em Por-tugal não se encontra estudada.

No estudo realizado por Chaloulakou et al. (2), foi aborda-da a exposição ocupacional dos operadores de parque, nu-ma amostra de seis PES, onde se efectuaram monitorizaçõesaleatórias ao monóxido de carbono (CO), tendo-se verifica-do valores superiores aos limites de exposição de curta du-ração e de média ponderada.

Assim, a monitorização ambiental permite avaliar a exposi-ção dos operadores de parque e verificar se está de acordocom os padrões considerados aceitáveis, tendo em conta osvalores de referência ou legislação específica, detectando as-sim se existe uma situação de risco para a sua saúde.

Estes valores de referência são propostos por vários orga-nismos internacionais, dos quais se destacam a OrganizaçãoMundial de Saúde (OMS), National Institute for Occupatio-nal Safety and Health (NIOSH), American Society of Hea-ting, Refrigerating and Air Conditioning Engineers (AS-HRAE) e American Conference of Governmental IndustrialHygienists (ACGIH).

As actividades desenvolvidas pelos operadores de parque es-tão relacionadas com o controlo do funcionamento dos PESe com o atendimento ao público. Ambas as actividades sãoefectuadas no interior da cabine de parque embora, pon-tualmente, estas podem ser efectuadas no exterior da cabi-ne, próximo das rampas de acesso ou junto das máquinasde pagamento automático.

1.1 Processo de Combustão Automóvel

O processo de combustão do motor automóvel não é “per-feito” e, por diversas razões a referida combustão é incom-pleta originando a formação de monóxido de carbono (CO),dióxido de carbono (CO2), óxidos de azoto (NOx), dióxidode enxofre (SO2), compostos orgânicos voláteis (COV´s) epartículas (PM). (3)

O tipo e a quantidade de poluentes emitidos pelos veículos

a motor, dependem das características dos combustíveis esão influenciados por diversos parâmetros, entre os quais, otipo e características do motor, a velocidade do motor, o mo-do de condução, a temperatura ambiente, manutenção doveículo e a idade do veículo.

Os gases de exaustão dos automóveis influenciam a atmos-fera laboral das cabines dos PES, expondo os operadores deparque a diversos poluentes, nomeadamente CO, NOx, SO2e COV´s. Contudo, devido à baixa velocidade dos veículosnestes locais, estes trabalhadores, encontram-se principal-mente expostos ao CO e a COV’s.

Face a isto e tendo em consideração o tipo de tráfego veri-ficado nos PES alvo do estudo, optou-se por abordar commaior ênfase, as características e efeitos na saúde da expo-sição ao CO.

1.2 Efeitos do Monóxido de Carbono na Saúde

O CO é um gás tóxico, incolor, inodoro e insípido, sendo quea exposição individual a este é muito variada, dependendodo tipo de actividade desenvolvida pela pessoa e o tempodespendido para esta, o local onde se desenrola a activida-de (microambientes, por exemplo, PES) e a proximidade àsfontes de CO. (4)

A medição da dose biológica que melhor reflecte as respos-tas biológicas observáveis e os efeitos negativos na saúde éa concentração de COHb, expressa em percentagem de Hbactiva disponível, representando a percentagem da potencialsaturação da Hb. Este nível de COHb no sangue pode serutilizado como parâmetro biológico, designado por Indica-dor Biológico de Exposição (IBE). (4)

Os principais grupos de risco à exposição a CO são as pes-soas com doenças cardiovasculares, pessoas com anemia eoutras doenças sanguíneas, pessoas com doenças pulmona-res crónicas, grávidas e crianças. (4)

1.3 Objectivos da Investigação

O presente estudo apresenta como objectivo geral, avaliar aexposição ocupacional dos operadores de parque a poluen-tes derivados da combustão incompleta de automóveis. As-sim, com a realização deste estudo pretendeu-se:

Avaliar quantitativamente as concentrações dos poluentesem estudo na cabine dos PES seleccionados para a amostra;

Comparar os dados obtidos nas avaliações quantitativas dospoluentes com os valores estipulados em orientações nacio-nais e internacionais;

Avaliar a percepção dos operadores de parque em relação àsua exposição a poluentes no seu local de trabalho.

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3. Resultados

3.1 Avaliação Quantitativa dos Poluentes

Foram realizadas medições nos quatro parques pertencentesà amostra em estudo. Estas, representam o pior cenário deocupação normal de cada parque, visto terem sido efectua-das nos dias e horas de maior tráfego dos respectivos par-ques, pelo que puderam ser extrapoladas para exposiçõesdiárias de 8 horas de trabalho numa semana de 40 horas,por forma a ser possível a comparação com os VLE-MP.

Durante o período de avaliação no Parque A (figura 1), aconcentração de CO não oscilou significativamente, porém,verificou-se um ligeiro aumento entre as 15h25m e as16h20, com um pico máximo de concentração na ordem dos13,8 ppm às 15h56m. É de referir que, por razões técnicas,não foi possível efectuar a avaliação quantitativa do po-luente NO2 neste Parque de Estacionamento.

Figura 1. Concentrações de CO, NO e SO2 no Parque A.

Conforme se pode constatar pela análise da figura 2, as con-centrações de CO no Parque B, oscilaram entre 1,6 e 8,7 ppm,tendo-se registado picos significativos às 12h20m, 13h45m e16h20m. Em relação às concentrações mínimas de CO regis-tadas, estas verificaram-se às 14h53m e 15h25m.

Figura 2. Concentrações de CO, NO, NO2 e SO2 no Parque B.

2. Metodologia

Desenvolveu-se um estudo de investigação do nível I, explora-tório-descritivo, cuja finalidade é caracterizar e descrever o fe-nómeno em estudo.

A amostra seleccionada foi composta por quatro PES situadosna Grande Lisboa com cabine de parque, nos quais existamoperadores de parque que executavam funções em permanên-cia.

No contexto deste estudo foram seleccionados e aplicados doismétodos de recolha de dados. O principal instrumento de re-colha de dados foi o equipamento portátil e de leitura directa,BABUC A/C com as respectivas sondas de concentração de ga-ses, utilizado para a medição dos principais poluentes do am-biente laboral dos operadores de parque.

As avaliações efectuadas tiveram como período de amostragemos respectivos períodos de maior tráfego (entradas/saídas) deautomóveis nos PES em estudo, que possuíam três critérios tem-porais de selecção (semana, dia e período do dia) definidos atra-vés dos dados fornecidos pelos respectivos PES da amostra.

As avaliações efectuadas, podem ser classificadas segundo asua localização como colheitas de vizinhança, visto que o equi-pamento de avaliação de qualidade do ar, se encontra instala-do num ponto fixo da área de trabalho em estudo, com as son-das de concentração de gases situadas o mais próximo possíveldo trabalhador, de forma a colher a amostra na sua zona res-piratória.

Foram tidos em consideração, os valores limites de exposição(VLE) estipulados na Norma Portuguesa (NP) 1796:2004, osquais se baseiam nas linhas orientadoras da ACGIH, e aindao VLE estabelecido pela OMS, no caso específico do CO.

Quadro 1. Contaminantes avaliados no estudo da Exposição Ocu-pacional nos Parques de Estacionamento Subterrâneos.

Contaminantes VLE - MP Fonte

Monóxido de Azoto (NO) 50 ppm NP 1796: 2004

Dióxido de Azoto (NO2) 3 ppm NP 1796: 2004

Dióxido de Enxofre (SO2) 2 ppm NP 1796: 2004

Monóxido de Carbono (CO) 25 ppm 10 ppm 1 NP 1796: 2004;

OMS

Fonte: Norma Portuguesa 1796:20; Air Quality Guidelines for Europe,World Health Organization Regional Office for Europe. (5)

O outro instrumento de recolha de dados utilizado foi umquestionário, com o objectivo de avaliar a percepção dosoperadores de parque sobre a sua exposição a poluentes noseu posto de trabalho, assim como se estes se encontramsensibilizados para esta problemática.

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A concentração de CO na atmosfera da cabine do Parque C(figura 3) registou, durante o período de medição, três pi-cos significativos aos quais se seguiram descidas acentuadas,salientando-se o período entre as 12h45m e as 14h onde severificou uma descida da concentração máxima de CO paraa concentração mínima, encontradas durante o período demedição.

Figura 3. Concentrações de CO, NO, NO2 e SO2 no Parque C.

Relativamente à oscilação temporal da concentração de COna atmosfera da cabine do Parque D (figura 4) evidencia-seque durante o período das 17h11m às 19h03m, os valoresde CO variam entre 0,8 e 1,4 ppm. Após este período, re-gistou-se um decréscimo nos valores de CO até ao final doperíodo de medição.

Figura 4. Concentrações de CO, NO, NO2 e SO2 no Parque D.

Como se pode constatar pelas figuras 1, 2, 3 e 4, referentes àsmedições efectuadas nos PES da amostra em estudo, verifica-se que o poluente com maior expressão no ambiente laboraldos operadores de parque é o CO, sendo que as concentraçõesde NO, NO2 e SO2, apresentam valores residuais.

3.2 Questionário

Dos 30 questionários entregues, apenas 1 não foi respondi-do, sendo que os 29 respondidos foram considerados comoválidos. A amostra é composta na maioria por operadores desexo masculino (20 indivíduos), verificando-se uma distri-buição por idade entre os 21 e 35 anos.

A maioria dos operadores de parque encontra-se em perma-nência no seu local de trabalho entre as 8 e 9 horas de tra-balho, sendo que 21 dos operadores (72 %) não efectuamtrabalhos por turnos.

Relativamente à opinião dos operadores de parque em rela-ção à qualidade do ar no seu local de trabalho (figura 5),pode-se verificar na figura 9 que a maioria das opiniões dosoperadores de parque se situa entre o satisfaz pouco e nãosatisfaz (86%), com excepção do Parque D, onde os opera-dores classificam a qualidade do ar como satisfatória.

Figura 5. Distribuição da Amostra pela Variável “Opinião dos Ope-radores de Parque em Relação à Qualidade do Ar no seu Local deTrabalho”.

Quando questionados sobre a influência da qualidade do arna sua saúde, a opinião dos operadores de parque revelou-se expressiva, visto apenas 2 operadores considerarem que aqualidade do ar não tem influência na saúde dos operado-res de parque.

Com vista a caracterizar a variável “queixas de saúde ousintomas atribuídos à qualidade do ar no seu posto de tra-balho”, dos 27 operadores de parque que responderam, po-de-se referir que os operadores dos parques B, C e D atri-buem à qualidade do ar no seu posto de trabalho algumasdas suas queixas de saúde ou sintomas, enquanto que noParque A, todos os inquiridos não atribuem queixas de saú-de ou sintomas à qualidade do ar no seu local de trabalho.

Quanto à variável “principais poluentes nos PES”, dos 18operadores de parque que responderam, pode-se afirmarque todos os inquiridos consideram o CO como um poluen-te existente no seu ambiente de trabalho. Foram ainda con-

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No Parque D, apesar de o sistema de ventilação do parquenão ser o mais correcto, este apresentou as concentrações deCO mais baixas, visto que a cabine de parque possui um sis-tema ventilação mecânico, nomeadamente insuflação, o quepode levar a uma diminuição das concentração de CO pordiluição.

A insuflação de ar novo na cabine de parque surge como umdos principais factores que podem influenciar a concentra-ção de poluentes no interior da mesma, visto que os valoresmais elevados de poluentes se registaram nos parques cujacabine não possuía insuflação mecânica de ar novo, nomea-damente os Parques A e B.

Outro factor que pode influenciar a concentração de po-luentes no interior da cabine de parque, principalmente aconcentração de CO, é o facto de alguns operadores fuma-rem no interior da mesma, o que significa um acréscimo naprodução de CO, em particular. Esta prática deve ser evita-da no interior da cabine, devendo ser efectuada em localadequado no exterior do parque.

Um estudo efectuado por J. Burnett et al. (1) refere que onível médio de COHb na população geral de não-fumadoresé de 1,2 -1,5% e em fumadores cerca de 3-4%, mas em fu-madores bastante activos pode exceder os 10%. Assim, alémde influenciar as concentrações de CO no interior da cabinede parque, os hábitos tabágicos dos operadores de parqueaumentam significativamente o nível de COHb no sangue,constituindo um factor de risco na exposição ao CO.

Relativamente aos efeitos para saúde dos operadores de par-que, não é possível retirar ilações sobre o NO, NO2 e SO2 eos seus possíveis efeitos na saúde destes. Contudo, em rela-ção aos possíveis efeitos para a saúde da exposição a CO nosoperadores, podem ser realizadas algumas considerações so-bre as concentrações de CO obtidas nos PES em estudo.

De acordo com a OMS, o valor de COHb previsto (mediçãoindirecta) no sangue devido a uma exposição de 8 horasdiárias de 10 ppm de CO é de 1,5 %. Este valor é referen-te a trabalhos sedentários, encontrando-se abaixo do inter-valo de 2,5-3% de COHb definido pelo Modelo de Coburn,Forster e Kane (CFK) para populações não fumadoras,abaixo do qual não se consideram a existência de efeitos ad-versos para a saúde.

No presente estudo, apenas o Parque A apresentou umaconcentração média superior ao valor de referência definidopela OMS de 10 ppm, pelo que os operadores do Parque Apodem apresentar níveis de COHb na ordem dos 1,5% e, nocaso de indivíduos com patologias cardiovasculares, estespodem manifestar alguns sintomas. Nos restantes parques,as concentrações médias foram inferiores a 10 ppm, consi-derando-se que os operadores destes parques não apresen-tam níveis de COHb fora dos parâmetros normais endóge-nos do organismo (0,5-1% de COHb). (1)

Porém, devido à susceptibilidade individual, uma pequena

siderados por alguns operadores de parque a existência dechumbo (Pb), ozono (O3), vapor de água (H2O) e SO2 noseu ambiente de trabalho.

Quando questionados sobre a ventilação do seu local de tra-balho, os operadores do Parque D consideram como sufi-ciente a ventilação do seu local de trabalho, enquanto quenos restantes parques é considerada como insuficiente.

4. Discussão dos Resultados

A comparação dos dados obtidos, nas avaliações quantitati-vas realizadas, com os VLE constantes na Norma Portugue-sa 1796:2004 demonstraram que as concentrações de todosos poluentes se encontram abaixo dos respectivos VLE-MPdefinidos na referida norma. Contudo, a OMS define umVLE-MP mais restrito para o CO, no sentido de permitir aprevenção de valores de COHb superiores a 2,5-3% em po-pulações não fumadoras, enquanto o VLE-MP de 25 ppmapresentado pela ACGIH aponta para a prevenção de valo-res de COHb superiores a 3-5 %. (1)

Em concordância com o estudo realizado por J. Burnett etal. (1) e tendo em consideração o VLE-MP definido pelaOMS, constatou-se que a concentração média de CO no Par-que A foi 10, 6 ppm, sendo assim superior 0,6 ppm aos 10ppm definidos para uma exposição de 8 horas diárias.

Um dos principais factores que influenciam as concentra-ções de poluentes no interior dos PES é o tráfego diário deveículos, isto é as entradas e saídas de veículos do parque.Tendo em consideração o tráfego diário de cada PES daamostra, seria de prever que as concentrações de CO maiselevadas fossem encontradas nos Parques B e C, visto apre-sentarem, aproximadamente, um tráfego diário de 2 mil veí-culos automóveis. No entanto, as concentrações de CO maiselevadas foram medidas nos Parques A e B, possivelmentedevido às respectivas cabines de parque não possuírem sis-tema de ventilação mecânico, nomeadamente a insuflaçãode ar novo.

Uma vez que os poluentes NO, NO2 e SO2 revelaram, atra-vés das medições efectuadas nos PES em estudo, concentra-ções que não possibilitam uma análise, tendo em considera-ção as características do PES em estudo e os possíveisefeitos na saúde dos operadores de parque, opta-se por fo-car esta interpretação de resultados apenas no CO.

Deste modo, comparando as concentrações médias e máxi-mas de CO nos Parques A e B constata-se que apesar de terum tráfego diário superior ao do Parque A, o Parque Bapresenta valores de CO inferiores, sendo a localização dacabine uma das possíveis razões para justificar esta diferen-ça. O facto da cabine do Parque B se encontrar junto à ram-pa de acesso permite uma circulação de ar nessa zona, de-vido à entrada de ar exterior.

Investigação e Ensino

percentagem de indivíduos poderá sentir desconforto deri-vado da exposição a concentrações de poluentes iguais ouinferiores ao respectivo VLE.

Para além deste aspecto, considerando o turno de trabalho,os operadores que asseguram os turnos de maior tráfego eocupação do parque estão, igualmente, expostos a concen-trações (médias e máximas) de CO mais elevadas do que osoperadores que asseguram os turnos de menor tráfego e ocu-pação, visto existir uma menor produção de CO nestes últi-mos.

Os efeitos da exposição ao CO poderão ser agravados devi-do factores de saúde individuais pré-existentes, como porexemplo doenças cardiovasculares, anemia e outras doençassanguíneas, doenças pulmonares crónicas e gravidez, peloque todos estes aspectos deverão ser tidos em consideraçãona admissão de novos operadores de parque e na vigilânciamédica dos mesmos.

A maioria dos operadores considerou que a qualidade do arno seu local de trabalho influencia o seu estado de saúde,embora os inquiridos do Parque A não associem qualquerqueixa de saúde ou sintoma à qualidade do ar no seu localde trabalho e apesar deste parque apresentar as concentra-ções de poluentes mais elevadas.

No que concerne ao conhecimento dos poluentes existentesno local de trabalho, 62% admitem conhecê-los, contudo,este conhecimento não foi evidenciado na questão seguinteonde se solicitou a identificação dos mesmos. A totalidadedestes seleccionou o CO como um dos principais poluentesnos PES, podendo esta selecção dever-se à existência de sis-temas de detecção de CO nos mesmos.

Relativamente à opinião sobre a ventilação no local de tra-balho, a maioria dos operadores dos Parques A, B e C con-sideram-na insuficiente, ao contrário dos operadores do Par-que D que a consideram suficiente. A opinião dosoperadores do Parque A e B pode-se dever ao facto de nãoexistir um sistema de ventilação mecânico, enquanto que aopinião dos operadores do Parque C pode ainda reflectir aopinião sobre as antigas condições.

Saliente-se que, a avaliação da percepção dos operadores deparque em relação à sua exposição a poluentes no seu localde trabalho, pode apresentar viés, visto que diversos facto-res como os anos de serviço, a cultura e escolaridade dos in-quiridos (variáveis não estudadas) podem ter influenciado ainterpretação do questionário.

5. Considerações Finais

A insuflação de ar novo deve ser garantida tendo em contavários aspectos dos quais se destacam, a dimensão da cabi-ne, o número de trabalhadores que permanecem em simul-tâneo no interior da mesma, a posição da conduta de insu-

flação relativamente ao pé direito da cabine, o respectivocaudal de insuflação e local de tomada de ar novo no exte-rior.

O dimensionamento do sistema de ventilação da cabine de-ve assegurar a compensação das entradas de ar do parquepara o interior da cabine ficando assim em sobrepressão(pressão positiva), que em termos práticos não permite umaentrada significativa de ar poluído na cabine.

Contudo, devido a aspectos económicos e ao facto de se ve-rificar a entrada e saída de trabalhadores da cabine de par-que, a insuflação de ar novo poderá ser comprometida, pe-lo que esta deve ser realizada de forma a abranger, nomínimo, os períodos de maior tráfego esperados. Estes pe-ríodos podem ser estabelecidos através da análise estatísticados dados referentes à ocupação diária do respectivo par-que, no sentido de prever as flutuações de tráfego automó-vel no mesmo.

É recomendável a instalação, nas cabines dos Parques A eB, de mecanismos de insuflação de ar novo e nas cabinesdos Parques C e D os mecanismos de insuflação existentesdevem ser melhorados de forma a garantir, no mínimo,30m3/h por cada trabalhador, conforme o disposto no arti-go 10º do Decreto-Lei n.º 243/86 de 20 de Agosto.

A tomada de ar no exterior deve ser localizada de forma aevitar a contaminação do ar insuflado na cabine, principal-mente devido à proximidade a áreas de tráfego intenso.Contudo, as tomadas de ar dos Parques C e D não cumpremos requisitos exigíveis, visto se encontrarem abaixo do níveldo solo. No Parque C, a tomada de ar situa-se nas escadasde acesso ao parque, enquanto no Parque D esta situa-se narampa de saída do mesmo.

Torna-se então pertinente a aplicação de medidas colectivasde controlo de riscos profissionais, em especial, medidas deorganização de trabalho, com o objectivo de diminuir o tem-po de exposição a concentrações elevadas de CO. Deste mo-do, a criação e a aplicação de um plano de rotatividade dosoperadores de parque relativamente ao turno de trabalho eao parque onde desenvolvem a actividade poderá contribuirpara uma redução na exposição ao CO, e consequentemen-te, minimizar os potenciais efeitos adversos para a saúde daexposição continua a CO.

A vigilância médica dos operadores de parque deve prever aavaliação da exposição interna (vigilância biológica) atravésde indicadores biológicos de exposição (IBE), pelo que estesparâmetros biológicos que traduzem a dose absorvida de COdeverão ser englobados nos exames médicos de Medicina deTrabalho (admissão, periódicos e ocasionais).

Confrontando os dados obtidos nas medições com a opiniãodos operadores de parque em relação à sua exposição a po-luentes no seu local de trabalho, é perceptível que nos PESonde os valores encontrados foram mais elevados (ParquesA e B) a maioria dos respectivos operadores a classificaram

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Investigação e Ensino

CHALOULAKOU, A.; DUCI, A.; SPYRELLIS, N. – Exposure toCarbon Monoxide in Enclosed Multi Level Parking Garage in Cen-tral Athens Urban Area. In «Indoor and Built Environment» vol.11: 191-201. Athens: National Technical University of Athens,2002

WORKING GROUP ON AIR QUALITY OBJECTIVES AND GUI-DELINES – National Ambient Air Quality Objectives for CarbonMonoxide: Desirable, Acceptable and Tolerable Levels. Canada:Canadian Environmental Protection Act, 1994. ISBN 0-662-25642-5

KEY, M. [et al.] – Occupational Exposure to Carbon Monoxide. 2ªed. Washington D.C.: National Institute for Occupational Safetyand Health, 1972.

U.S. ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY – Sources ofIndoor Air Pollution. Washington: Environmental ProtectionAgency, 1994. (Consult. 22 Nov. 2004) Disponível naWWW:<URL:http://www.epa.gov

* Finalistas do Curso Superior de Saúde Ambiental da Escola Su-perior de Tecnologia da Saúde de Lisboa (2004/2005).

** Docentes da Área Científica de Saúde Ambiental da Escola Su-perior de Tecnologia da Saúde de Lisboa.

*** Médico de Saúde Pública, Docente da Área Científica de Saú-de Pública da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa.

(1) Este valor, definido pela Organização Mundial de Saúde, ébaseado na fórmula de Coburn e permite a prevenção de valoresde COHb superiores a 2,5-3% em populações não fumadoras.

como pouco ou mesmo não satisfatória. Deste modo, consi-dera-se que a maioria dos operadores inquiridos considerama qualidade do ar do seu local de trabalho como pouco oumesmo não satisfatória, à excepção dos inquiridos do Par-que D. Esta situação deve-se principalmente ao facto deconsiderarem a ventilação no seu local de trabalho insufi-ciente, ao contrário dos operadores do Parque D que a con-sideram suficiente.

6. BibliografiaBURNETT, J. [et al.] – Criteria for air quality in enclosed carparks. Hong Kong: S.n., 1997.

PAPAKONSTANTINOU, K. [et al.] – Air quality in an under-ground garage: computational and experimental investigation ofventilation effectiveness. Greece: Elsevier Science B.V., 2003.

U.S. DEPARTMENT OF HEALTH, EDUCATION, AND WELFA-RE – Control Techniques for Carbon Monoxide, Nitrogen Oxide,and Hydrocarbon Emissions From Mobile Sources. WashingtonD.C.: U.S. Department Of Health, Education, and Welfare, 1970.

REINHOLD, V. – Environmental Toxicants: Human Exposuresand Their Health Effects. New York: Morton Lippmann, 1992.ISBN 0-442-00549-0

THEAKSTON, F. [et al.] – Air Quality Guidelines for Europe. 2ªed. Copenhagen: World Health Organization Regional Office forEurope, 2000. ISBN 1358 3

Investigação e Ensino

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Estatutos

Estatutos da SociedadePortuguesa deTecnologias da Saúde

CAPITULO I

Denominação, sede, objecto e competência

Artigo 1ºA associação adopta o nome de Sociedade Portuguesa de Tecnologias da Saúde, adiante de-signada abreviadamente por SPtecnosaúde.

Artigo 2ºA associação tem a sua sede social em Lisboa, no Largo D. Estefânia nº 6 A, freguesia de S. Jor-ge de Arroios, 1000-126 Lisboa

Artigo 3º1. A associação tem por fins actividades de “Representação dos profissionais das tecnologias dasaúde, seus associados através da defesa dos seus interesses científicos, sociais e morais; desenvol-vimento e apoio à formação, divulgação e colaboração com outras associações profissionais”.2. No exercício da sua actividade a associação deve:a) Proceder à intransigente defesa dos interesses científicos, sociais e morais dos seus sócios;b) Representar os sócios;c) Dar parecer sobre todos os assuntos relacionados com a prestação de cuidados, a investigaçãoe o ensino das áreas de intervenção dos seus sócios;d) Desenvolver e apoiar a formação dos seus sócios;e) Dar parecer e participar na elaboração dos actos normativos dos sócios;f) Promover com regularidade eventos nacionais e internacionais, onde serão tratados assuntos deinteresse para o progresso das ciências em qualquer dos ramos da actividade dos sócios;g) Colaborar, quando julgar oportuno e sempre que para isso for solicitada, com as entidades ofi-ciais visando a melhoria da prática de todas as profissões que representa, formulando os parece-res técnicos que lhe sejam pedidos, actuando por todos os outros meios apropriados e julgadosconvenientes;h) Promover o estudo e divulgação de medidas de defesa individual, profissional e colectiva, con-tra o risco do exercício das profissões dos sócios;i) Colaborar com as associações das diversas profissões a fim de estimular as actividades científi-co-profissionais dos seus sócios;j) Editar a Revista Tecnologias da Saúde – Gestão, Ciência e Inovação, como forma de difusão dotrabalho desenvolvido pelo conjunto de todos os profissionais;l) Criar a editora da SPtecnosaúde com o objectivo de editar livros e/ou outras publicações.

Artigo 4ºA SPtecnosaúde na prossecução dos seus objectivos deve, ainda:a) Promover e fomentar o estabelecimento de relações científicas e profissionais entre todos os sec-tores das Tecnologias da Saúde e dos seus sócios;b) Dar parecer, quando solicitado ou entender pertinente, sobre todos os assuntos científicos, pro-fissionais, sociais e organizacionais relacionados com o exercício das profissões dos sócios;c) Organizar reuniões científicas para apresentação e discussão de trabalhos realizados no domí-nio das áreas profissionais dos sócios;d) Promover, organizar, apoiar e eventualmente coordenar formação e outras iniciativas que con-tribuam para a dinamização e aprofundamento das áreas profissionais dos sócios;e) Criar e dinamizar secções, delegações ou outras formas de representação que directa ou indi-rectamente possam interessar aos sócios;

- Patrocinadores;- Efectivos.

Artigo 8ºa1. São associados honorários as pessoas singulares, nacionais ou es-trangeiras, de reconhecido e inegável mérito científico ou outro.2. A admissão como associado honorário faz-se por proposta da di-recção que deve ser aprovada pela assembleia geral, por maioria dedois terços dos associados presentes.

Artigo 9º1. Os associados institucionais são as pessoas singulares ou colectivas,nacionais ou estrangeiras, que tenham manifestado o interesse deaderir à associação e contribuam para a realização dos objectivos quea associação se propõe realizar.2. Compete à direcção a admissão dos associados institucionais.

Artigo 10ºOs associados patrocinadores são entidades públicas ou privadas ad-mitidas pela associação, que como tal pretendam patrocinar e/ouapoiar logística e financeiramente as actividades desenvolvidas pelaSPtecnosaúde.

Artigo 11º1. Associados efectivos são as pessoas singulares, nacionais ou es-trangeiras, detentoras das profissões referidas no número 2 do artigo6º destes estatutos e formalmente reconhecidas, que se proponhamcolaborar na concretização dos objectivos da associação. 2. Poderão ser admitidos como associados efectivos:a) Profissionais possuidores de habilitação reconhecida na área dasTecnologias da Saúde;b) Licenciados em qualquer área que se tenham distinguido pela suaactividade profissional ou científica com contributos reconhecidos pa-ra a área da Saúde.3. A admissão como associado efectivo depende da apresentação deuma proposta, subscrita pelo próprio e por dois associados efectivosno pleno gozo dos seus direitos e depende da sua aprovação pela as-sembleia geral, por maioria absoluta (De natureza imperativa por im-posição do nº 2 do artº 175º do Código Civil,) dos votos dos associa-dos presentes, competindo à direcção, no prazo de trinta dias,comunicar essa aprovação.

Artigo 12ºSão direitos dos associados efectivos e institucionais: a) Participar e votar nas assembleias gerais;b) Eleger e ser eleitos para os corpos sociais e integrar comissões ougrupos de trabalho;c) Requerer a convocação da assembleia geral, nos termos dos pre-sentes estatutos.

Artigo 13ºSão deveres dos associados:a) Agir em conformidade com os interesses da SPtecnosaúde;b) Observar as disposições estatutárias e regulamentares e as delibe-rações dos órgãos sociais;c) Comparecer às reuniões para que forem convocados;d) Colaborar nas actividades promovidas pela associação;e) Pagar pontualmente a jóia e quotas que vierem a ser fixadas pelaassembleia geral;f) Aceitar todos os cargos para que forem eleitos ou convidados ex-cepto os casos devidamente justificados, estes últimos, a decidir emassembleia geral;

f) Promover e assegurar uma informação permanente e fundamenta-da, acerca dos diversos aspectos de âmbito profissional;g) Criar e dinamizar grupos de trabalho para estudo e resolução deproblemas específicos;h) Participar ou fazer-se representar em congressos ou outras mani-festações de índole nacional ou internacional, onde se discutam pro-jectos que se prendam com as áreas profissionais dos sócios;i) Cooperar com as associações estrangeiras congéneres, podendo fi-liar-se e participar como membro dessas organizações, desde que osseus fins não se revelem contrários aos princípios consagrados nestesestatutos;j) Editar em papel ou em suporte informático, documentos informa-tivos, estudos, informação científica e opiniões referentes aos fins eactividades da associação e difundi-los pelos meios considerados ade-quados;l) Cooperar com as entidades oficiais e da tutela no sentido de ga-rantir processos de auto regulação que assegurem o controlo e a qua-lidade da actividade destes profissionais.

CAPITULO II

Dos Sócios

Artigo 5ºA SPtecnosaúde tem como associadas fundadoras as seguintes pes-soas singulares:Ana Maria Lopes Beato – Técnica de Neurofisiologia;Cristina Maria dos Santos Almeida – Técnica de Radiologia;Maria do Céu Gomes Mendes Lopes Leitão – Técnica de Análises Clí-nicas e Saúde Pública;Maria Margarida do Carmo Pinto Ribeiro – Técnica de Radiologia.

Artigo 6º1. Podem ser membros da associação as pessoas singulares ou colecti-vas, estas públicas ou privadas, qualquer que seja a nacionalidade deumas e de outras, que desejem colaborar na realização do objecto sociale que, nos termos do presente estatuto, sejam admitidos como tal.2. Consideram-se como profissões dos sócios:Técnico de Análises Clínicas e Saúde Pública;Técnico de Anatomia Patológica Citológica e TanatológicaTécnico de Audiologia;Técnico de Cardiopneumologia;Dietista;Técnico de Farmácia;Fisioterapeuta;Higienista Oral;Técnico de Medicina Nuclear;Técnico de Neurofisiologia;Ortoptista;Ortoprotésico;Técnico de Prótese Dentária;Técnico de Radiologia;Técnico de Radioterapia;Terapeuta da Fala;Terapeuta Ocupacional;Técnico de Saúde Ambiental.

Artigo 7ºNa SPtecnosaúde poderão existir quatro categorias de sócios:- Honorários;- Institucionais;

Estatutos

g) Exercer, com zelo e diligência, as funções que lhes sejam cometi-das;

Artigo 14ºa) Os associados efectivos e institucionais ficam obrigados ao paga-mento de uma quota anual, de montante a fixar pela assembleia ge-ral, a qual deverá ser paga até ao final do primeiro trimestre de ca-da ano.b) Os associados honorários ficam abrangidos pelos mesmos direitose deveres dos sócios efectivos e institucionais, sem prejuízo do dis-posto no artigo 12º dos presentes estatutos, estando, no entanto, isen-tos do pagamento de quota e jóia.

Artigo 15ºA qualidade de associado é intransmissível entre vivos ou por mor-te.

Artigo 16º1. Perdem a qualidade de associados:a) Os que tenham praticado actos contrários aos objectivos da asso-ciação ou susceptíveis de afectar o seu prestígio;b) Os que não cumpram as deliberações de qualquer dos órgãos daassociação;c) Os que pedirem a exoneração;2. Os associados referidos nas alíneas anteriores deste número nãopoderão ser readmitidos.3.A exclusão de associado compete à assembleia geral, devendo a de-liberação ser tomada por votação secreta e por maioria de dois ter-ços de votos dos associados presentes.

Artigo 17º1. Poderá ser suspenso qualquer associado que tenha o pagamento dequotizações em mora superior a um ano e os que não observem asalíneas a), b), d) e g) do artigo 13º destes estatutos.2.A suspensão é da competência da direcção, a qual deve dar conhe-cimento da mesma ao presidente da assembleia geral e ao associadosuspenso através de carta, fax ou correio electrónico.3. Será sempre assegurado ao associado o direito de ser ouvido. Pa-ra o efeito, será informado da decisão da direcção pelo menos um mêsantes da Assembleia-Geral ser marcada.4. Os associados referidos no número um deste artigo poderão reto-mar os seus direitos depois da regularização das quotas em atraso,após parecer da direcção.

Artigo 18ºO associado que, por qualquer forma, deixar de pertencer à associa-ção, não tem direito a reaver as quotizações que haja pago ou os do-nativos que haja prestado.

CAPITULO III

Dos Órgãos Sociais

Artigo 19º1. Os Órgãos da associação são a assembleia geral, a direcção e o con-selho fiscal.2. A duração do mandato dos membros dos órgãos sociais é de trêsanos só podendo ser reeleitos, para o exercício da mesma função, pa-ra dois mandatos consecutivos.3. Os candidatos às eleições para titulares dos diversos órgãos sociais

deverão constituir-se numa lista eleitoral única, com um programa deacção e submeter-se ao sufrágio eleitoral secreto.4. A eleição dos membros dos corpos sociais far-se-á de acordo comos presentes estatutos.5. Cabe à mesa da assembleia geral a interpretação e decisão sobreeventuais omissões em relação ao processo eleitoral, podendo sempre,se assim o entender, submeter quaisquer pareceres à apreciação daassembleia geral.

Artigo 20ºFaltando definitivamente algum membro de qualquer órgão da asso-ciação pode proceder-se à sua substituição nos termos seguintes:a) Pela chamada de suplentes, se existirem;b) Por eleição de novo membro, até ao termo do mandato em curso.

CAPITULO IV

Da Assembleia-Geral

Artigo 21º1. A assembleia geral é constituída por todos associados fundadores,honorários, efectivos e institucionais, no pleno uso dos seus direitos,admitidos até à data da realização da assembleia.2. A assembleia não pode deliberar, em primeira convocação, sem apresença de metade, pelo menos, dos associados.3. A Assembleia é dirigida pela respectiva mesa que se compõe de umPresidente e de dois Secretários.4. Só os associados efectivos e institucionais têm direito de voto.

Artigo 22ºCompete à assembleia geral deliberar sobre todas as matérias nãocompreendidas nas atribuições legais ou estatutárias dos outros ór-gãos e necessariamente:a) Aprovar as linhas fundamentais de actuação da associação;b) Eleger e destituir os titulares dos órgãos da associação;c) Fixar o montante das quotas, sob proposta da direcção, ficandodesde já fixado que para o primeiro ano o montante da quota será devinte e cinco euros;d) A apreciação e votação do relatório da gestão, as contas do exer-cício, incluindo o balanço, relativos a cada ano civil, bem como o pla-no de actividades e o orçamento anuais, bem como dos pareceres doconselho fiscal relativos aos mesmos;e) A alteração dos estatutos;f) A extinção da associação e a autorização para esta demandar osdirectores por factos praticados no exercício do cargo.

Artigo 23º1. A assembleia geral reúne ordinariamente, duas vezes no ano eextraordinariamente sempre que necessário.2. A assembleia geral reúne-se ordinariamente até trinta e um deMarço de cada ano para discutir e votar o relatório da gestão e ascontas do exercício, incluindo o balanço e o respectivo parecer doconselho fiscal, relativos ao exercício do ano anterior e até trinta e umde Dezembro para apreciar e votar o plano de actividades e o orça-mento para o ano seguinte, bem como para a eleição dos titulares doórgão social quando for caso disso.3. A assembleia geral reúne-se extraordinariamente sempre que forconvocada pelo presidente da respectiva mesa, por iniciativa própria,a requerimento de um grupo de associados não inferior a vinte e cin-co, ou a pedido da direcção ou do conselho fiscal.4. A assembleia geral é convocada por meio de aviso postal, expedi-

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Estatutos

Artigo 30ºA direcção reunirá, no mínimo, três vezes por ano, convocada pelorespectivo presidente, considerando-se válidas as reuniões com a pre-sença da maioria dos seus membros, devendo as deliberações ser to-madas pela maioria dos votos dos titulares presentes, tendo o presi-dente, além do seu voto, direito a voto de desempate.

CAPITULO VI

Do Conselho Fiscal

Artº 31ºO Conselho Fiscal é composto por três membros: um presidente e doisvogais.

Artº 32ºCompete ao Conselho Fiscal: a) Emitir parecer sobre o relatório, balanço e contas, plano de activida-des e orçamento elaborados anualmente pela direcção, bem como sobrequaisquer outros assuntos de natureza financeira que sejam submetidosà sua consideração pela assembleia geral ou pela direcção;b) Verificar a escrituração e as contas da associação sempre que o en-tenda conveniente, pedir informações e solicitar todos os esclareci-mentos que entender à direcção;c) Assegurar que as actividades da associação são desempenhadas norespeito pela lei;d) Apresentar um relatório anual sobre a sua actividade de fiscaliza-ção;e) Requerer a convocação da assembleia geral.

CAPITULO VII

Das Receitas

Artigo 33º1. As receitas ordinárias da SPtecnosaúde são constituídas pelas quo-tas e jóias dos sócios.2. O valor das jóias e quotas são fixados bienalmente em assembleiageral sob proposta da direcção.3. As receitas extraordinárias são constituídas por subsídios, doações,patrocínios, legados, heranças, venda de publicações e outras de qual-quer natureza que lhe sejam concedidas, desde que aceites por deli-beração da direcção.4. A forma de cobrança das receitas será fixada pela direcção.

Artigo 34ºAs receitas da associação são destinadas:a) Ao pagamento de despesas de organização e funcionamento;b) À aquisição de bens, serviços ou direitos;c) À constituição de fundos que venham a ser criados por propostada direcção, aprovada em assembleia geral;d) À realização das despesas necessárias à prossecução dos fins da as-sociação.

CAPITULO VIII

Das Eleições

Artigo 35ºA assembleia geral eleitoral é constituída por todos os associados quetenham as suas quotas em dia à data da marcação das eleições.

do para cada um dos associados com a antecedência mínima de trin-ta dias; no aviso indicar-se-á o dia, hora e local da reunião e a res-pectiva ordem do dia. 5. Não estando presentes a maioria dos associados efectivos e institu-cionais na data e horas marcadas, a assembleia geral reunirá uma ho-ra depois com qualquer número de associados, contanto que issoconste do aviso convocatório.

Artigo 24º1. Salvo o disposto nos números seguintes, as deliberações são toma-das por maioria absoluta de votos dos associados efectivos e institu-cionais presentes.2. As deliberações sobre alterações dos estatutos exigem o voto favo-rável de três quartos do número dos associados efectivos e institucio-nais presentes.3. As deliberações sobre a dissolução ou prorrogação da associaçãorequerem o voto favorável de três quartos de todos os associados efec-tivos e institucionais.

Artigo 25º1. Compete ao presidente da mesa da assembleia geral:a) Convocar as assembleias gerais;b) Dirigir as assembleias gerais;c) Organizar as eleições para os corpos sociais da associação;d) Dar posse aos membros eleitos para os corpos sociais da associa-ção.2. Nas suas faltas ou impedimentos os membros da mesa da assem-bleia geral são substituídos por quem para o efeito for eleito pela as-sembleia geral, terminando o seu mandato no termo da reunião.

CAPITULO V

Da Direcção

Artigo 26ºA direcção da associação é constituída por cinco membros: um pre-sidente, um vice-presidente, um secretário-geral, um tesoureiro e umvogal.

Artº 27ºCompete à direcção gerir a associação e representá-la, em juízo e fo-ra dele, activa e passivamente, incumbindo-lhe designadamente:a) Elaborar anualmente o relatório da gestão, o balanço e as contasde exercício, bem como o plano de actividades e o orçamento;b) Assegurar a organização e o funcionamento da associação;c)Angariar incentivos para as actividades destinadas à concretizaçãodos objectivos da associação.

Artigo 28ºA associação obriga-se validamente nas seguintes condições:a) Pelas assinaturas conjuntas do presidente e do vice-presidente, dopresidente e do secretário-geral, do presidente e do tesoureiro, do vi-ce-presidente e do secretário-geral ou do secretário-geral e do tesou-reiro.b) Pela assinatura de dois membros da direcção em actos de mero ex-pediente, entendendo-se como tais os que não determinem para a as-sociação responsabilidade obrigacional.

Artigo 29ºA direcção definirá e atribuirá, em reunião formal aos vários mem-bros, as funções que lhes competem.

Estatutos

Artigo 36ºA organização do processo eleitoral compete à mesa da assembleia ge-ral, que nomeadamente deve:a) Marcar a data das eleições;b) Convocar a assembleia geral eleitoral;c) Organizar os Cadernos de Recenseamento;d) Apreciar as reclamações aos Cadernos de Recenseamento;e) Receber, apreciar e divulgar as candidaturas;f) Promover a distribuição dos boletins de voto e tudo quanto fornecessário ao exercício do direito de voto;g) Coordenar a constituição e funcionamento das mesas de votoque funcionarão nas cidades de Lisboa, Porto e Coimbra.

Artigo 37º1. As eleições devem ser marcadas com um mínimo de trinta dias deantecedência.2. A publicidade da data e locais das eleições deverá ser feita atravésde uma circular enviada aos associados.

Artigo 38ºDo Voto

1. O voto é secreto e será entregue ao presidente da mesa de voto, do-brado em quatro, com a face impressa voltada para dentro.2. É permitido o voto por procuração.3. É permitido o voto por correspondência aos associdos que nãoexerçam ou não se encontrem nos locais onde funciona a assembleiaeleitoral, desde que:a) A lista esteja dobrada em quatro, e contida em subscrito indivi-dual fechado;b) Do referido sobrescrito conste o nome completo do sócio bem le-gível e a sua assinatura;c) Este sobrescrito seja introduzido noutro, também individual, en-dereçado ao presidente da mesa da assembleia geral eleitoral, por cor-reio registado.

Artigo 39º1. A apresentação de candidaturas consiste na entrega à mesa da as-sembleia geral das listas contendo a identificação dos membros a ele-ger, acompanhadas de um termo individual ou colectivo de aceitaçãode candidatura, bem como do respectivo programa.2. As listas de candidaturas para a direcção, mesa da assembleia ge-ral e conselho fiscal, terão de ser subscritas por, pelo menos dez porcento dos associados no pleno gozo dos seus direitos estatutários.3. A direcção poderá apresentar uma lista sem necessidade de sersubscrita pelos associados.4. A apresentação das listas de candidatura será feita até vinte diasantes da data do acto eleitoral.5. Serão asseguradas iguais oportunidades a todas as listas concor-rentes.

Artigo 40ºComissão de Fiscalização Eleitoral

Será constituída uma Comissão de Fiscalização Eleitoral compostapelo presidente da mesa da assembleia geral e por um representantede cada uma das listas concorrentes.

Artigo 41ºCompetência da Comissão de Fiscalização Eleitoral1. Verificar a regularidade das candidaturas.2. Elaborar relatórios de eventuais irregularidades.3. Distribuir igualmente pelas diferentes listas, os diversos meios pos-tos à disposição das campanhas eleitorais.

4. Proceder ao apuramento dos votos e redacção das respectivas ac-tas.

Artigo 42º1. Logo que a votação tenha terminado proceder-se-á ao apura-mento final.2. Considerar-se-á eleita a lista que obtiver maior número de votos.

Artigo 43º1. Pode ser interposto recurso com fundamento em irregularidades doacto eleitoral o qual deverá ser apresentado à mesa da assembleia ge-ral até três dias após o encerramento da assembleia eleitoral.2. A decisão da mesa da assembleia geral será comunicada aos re-correntes por escrito no prazo de dez dias.3. Da decisão da mesa da assembleia geral cabe recurso, no prazo deoito dias para a assembleia geral que deverá reunir nos quarenta diassubsequentes, e que decidirá em última instância.

Artigo 44ºO presidente da mesa da assembleia geral cessante conferirá posse aoscorpos gerentes eleitos.

CAPITULO IX

Da Representação e Consulta

Artigo 45º1. Cabe ao presidente da direcção representar oficialmente a SPtec-nosaúde.2. Para obrigar a SPtecnosaúde é necessária a intervenção de doismembros da direcção, sendo um, sempre, o presidente ou quem ex-pressamente o substitua.3. A direcção poderá nomear associados efectivos como representan-tes oficiais da SPtecnosaúde junto de qualquer organização oficialportuguesa ou internacional, sociedade congénere, comissão ou insti-tuição de que faça ou venha a fazer parte, consultada a Secção res-pectiva.

Artigo 46º1. A Comissão Consultiva será constituída pelos antigos presidentesda direcção da SPtecnosaúde e pelos presidentes da mesa da assem-bleia geral, do conselho fiscal e da direcção em exercício.2. Aos trabalhos da Comissão Consultiva presidirá o antigo presiden-te com o número de sócio mais baixo.3. A Comissão Consultiva dará parecer sobre todos os problemas quelhe sejam postos pelos presidentes da assembleia geral, do conselhofiscal ou da direcção.

CAPITULO X

Das Secções e Comissões

Artigo 47ºDas Secções

1. Dada a crescente diversificação das profissões e ciências dos sócios,e no intuito de aumentar a participação destes na vida da associação,seja qual for a área a que se dediquem com vista a promover a for-mação e o progresso em cada uma dessas áreas profissionais, serãoconsideradas as seguintes Secções:a) Saúde;b) Gestão;

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Estatutos

CAPITULO XII

Dos Congressos e Bolsas de Investigação / Projectos Artigo 53º

Do Congresso

1. A direcção procurará promover a realização dum Congresso Na-cional de dois em dois anos.

2. A direcção poderá delegar numa Comissão Organizadora a reali-zação do congresso ou constituir-se ela própria nessa comissão. Noprimeiro caso, o secretário-geral do Congresso será indicado pelo pre-sidente da Comissão Organizadora.

Artigo 54ºDas Bolsas de Investigação/ Projectos

1. A direcção promoverá a atribuição de bolsas de investigação/ pro-jectos de matérias de reconhecido interesse para as ciências das áreasprofissionais dos associados, no país e no estrangeiro.2. A direcção procurará conseguir que a concessão de bolsas de in-vestigação por entidades estranhas à SPtecnosaúde se faça sob pré-vio parecer desta.

CAPITULO XIII

Da Alteração aos Estatutos

Artigo 55ºDa Alteração dos Estatutos

1. Os Estatutos da SPtecnosaúde só podem ser alterados por delibe-ração da assembleia geral extraordinária convocada expressamentepara esse efeito.2. Os estatutos deverão ser revistos de cinco em cinco anos, sob pro-posta da direcção.3. Pode ser convocada a assembleia geral para revisão dos estatutos,por proposta da direcção ou de, pelo menos, um terço dos associadosefectivos.4. As alterações propostas serão enviadas a todos os associados efec-tivos e institucionais quinze dias antes da assembleia geral convoca-da extraordinariamente com essa finalidade.

CAPITULO XIV

Da Dissolução da Sociedade

Artigo 56ºDa Dissolução

1. A dissolução só pode ser deliberada em assembleia geral extraor-dinária convocada especialmente para esse fim.2. Aprovada a dissolução da SPtecnosaúde a assembleia geral ex-traordinária deliberará igualmente sobre o destino do património daSPtecnosaúde, o qual deverá ser entregue a organizações de benefi-cência ou de previdência, sem prejuízo das disposições legais de na-tureza imperativa.

c) Ensino;d) Investigação;e) Tecnologia2. Por proposta da direcção da SPtecnosaúde, aprovada pela as-sembleia geral, poderão ser criadas outras.

Artigo 48º1. Cada secção da SPtecnosaúde será orientada por um coordenadore pelo menos um vogal.2. Os coordenadores e o vogal das secções serão associados efectivos,eleitos pelos associados que integram a respectiva secção e serão em-possados pela direcção da SPtecnosaúde para o período do seu man-dato.

Artigo 49º1. A direcção poderá constituir, pelo período do seu mandato, comis-sões especiais para estudo de assuntos de interesse para a SPtecno-saúde ou para levar a cabo determinados trabalhos, nomeadamente:a) Comissão de ensino responsável por cursos pós-graduados e outrosprogramas de formação para diferentes profissões;b) Comissão de redacção responsável pela redacção da revista, rela-tórios de conferências e reuniões científicas;c) Comissão responsável pela editora da SPtecnosaúde.

2. Cada comissão será orientada por um Director e pelo menos umVogal escolhido pela Direcção da SPtecnosaúde.

CAPITULO XI

Das Reuniões Científicas da Revista e EditoraArtigo 50º

Das Reuniões Científicas

1. A direcção coordenará, em colaboração com as secções, o planea-mento das reuniões científicas.2. Deverão ser realizadas reuniões científicas em datas e locais a de-cidir pela direcção, que poderá, quando for justificado, cobrar inscri-ção para participação.3. O programa de cada reunião científica será fixado pela Direcção,ouvidas as secções respectivas.

Artigo 51ºDa Revista

1. Cabe à direcção fazer publicar trimestralmente a revista da SPtec-nosaúde.2. As despesas com a publicação deverão sair das receitas próprias darevista e supletivamente das da SPtecnosaúde.

Artigo 52ºDa Editora

1. Cabe à comissão da editora fazer editar livros e outras publica-ções das áreas científicas e de interesse profissional dos sócios. 2. A Direcção organizará um arquivo digital que poderá ser utilizadocom fins didácticos.

Estatutos

A agenda visa fornecer informações sobre eventos programados na área dasdiversas profissões dos leitores. Com o propósito de melhorar a utilidade desteespaço, envie-nos atempadamente informação sobre os eventos programadosna área da sua profissão para que os possamos divulgar.

Agenda

Dezembro

9 a 12 48th Annual Meeting of American Orlando, Florida, EUA www.hematology.orgSociety of Haematology

15 Conversas de Fim de Tarde [email protected]"A Monitorização da Prestação de Cuidados

Diferenciados como Base de Avaliação de Resultados"

Janeiro

11 a 13 V Encontro Nacional da ESTeSL Lisboa [email protected]

18 a 19 Actualizações em Oncologia 2007 Coimbra 239 721478; Fax: 239 721478 [email protected];

25 a 28 8º Congresso Português de Endocrinologia e a 58ª Reunião Anual da SPEDM Porto www.acropole-servicos.pt/eventos/8cne.htm

Fevereiro

9 a 11 III Congresso das Ciências e Tecnologias da Saúde Covilhã [email protected]“Choque tecnológico da Saúde”

Março

9 a 13 The Annual meeting of the European Society of Radiology Viena / Austria www.ecr.org

9 a 10 Simpósio Científico Comemorativo dos 15 anos da UCIGE Coimbra 239 701517; Fax: 239 701517

16 a 17 Otoneuro 2007 Coimbra 239 827089; [email protected]; www.otoneuro.pt

Abril

19 a 21 “I Congresso de Análises Clínicas e Saúde Pública do INSA Porto”, Porto www.insarj.pt/site/insa_home_00.asp

18 a 21 Curso Pós-Graduado de Radiologia Osteoarticular e de Intervenção Lisboa [email protected]

Agenda