Gestão de conflitos

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  • Gesto e Resoluo de Conflitos

    Desenvolvido Por Anabela Fernandes

    FVform Formao Profissional

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  • Anabela Fernandes

    2Gesto e Resoluo de Conflitos

    Curso: Gesto e Resoluo de Conflitos

    Destinatrios: Activos

    Mdulo: I Factores responsveis pela gnese de conflitos

    II Mecanismos desencadeadores do conflito

    III Consequncias da estratgia de defesa /ataque

    IV Tcnicas de resoluo de conflitos

    V A escuta activa e a resoluo de conflitos

    VI Estudo de casos

    Carga Horria: 50 Horas

    Incio: 22/10/2008

    Termo: 04/03/2009

    Elaborado por: Anabela Fernandes

    Entidade: FVform Formao Profissional

    FICHA TCNICA

  • Anabela Fernandes

    3Gesto e Resoluo de Conflitos

    OBJECTIVOS DO CURSO ..................................................................................................................................... 4

    INTRODUO .................................................................................................................................................... 5

    1 Factores responsveis pela gnese de conflitos ....................................................................................... 6

    1.1 Definio de gesto de conflitos ............................................................................................................ 6

    1.2 Natureza do conflito ............................................................................................................................... 6

    1.3 Funcionalidade do conflito ..................................................................................................................... 7

    1.4 Evoluo da situao conflitual .............................................................................................................. 7

    1.5 Resultado das situaes conflituais ....................................................................................................... 9

    2. Mecanismos desencadeadores de conflitos ......................................................................................... 10

    2.1 Interdependncia de funes .............................................................................................................. 10

    2.2 Indefinio de procedimentos ............................................................................................................. 10

    2.3 Mudana ............................................................................................................................................... 11

    3. Consequncias das estratgias Defesa/Ataque .................................................................................... 13

    4. Tcnicas de Resoluo de Conflitos ................................................................................................. 15

    4.1 Postura a adoptar enquanto parte integrante do conflito .................................................................. 15

    4.2 Atitudes adoptadas enquanto chefia ................................................................................................... 17

    4.2.1 Resoluo de Conflitos Tcnicas Aconselhveis ............................................................................. 20

    4.2.2 Resoluo de Conflitos Maneira Errada ......................................................................................... 21

    5. A escuta Activa e a Resoluo de Conflitos .......................................................................................... 23

    5.1 Caractersticas da Escuta Activa ........................................................................................................... 23

    5.2 A Importncia da Comunicao na Resoluo de Conflitos ................................................................. 28

    ESTILOS COMUNICACIONAIS ...................................................................................................................... 35

    Bibliografia....................................................................................................................................................... 36

    NDICE

  • Anabela Fernandes

    4Gesto e Resoluo de Conflitos

    No final do mdulo dever ser capaz de: Objectivos gerais:

    Reconhecer e minimizar os factores desencadeantes de conflitos.

    Enunciar as consequncias da postura adoptada.

    Enunciar as principais tcnicas de resoluo de conflitos.

    Solucionar potenciais situaes de conflito.

    Objectivos especficos:

    Identificar os principais factores responsveis pela gnese dos conflitos.

    Reconhecer e minimizar os factores desencadeantes de conflitos.

    Enunciar as consequncias da postura adoptada.

    Enunciar as principais tcnicas de resoluo de conflitos.

    Solucionar potenciais situaes de conflito.

    Gerir e resolver conflitos simulados no contexto real da empresa.

    OBJECTIVOS DO CURSO

  • Anabela Fernandes

    5Gesto e Resoluo de Conflitos

    Este manual destina-se a apoiar a consolidao de conhecimentos e a servir de guia dos formandos

    do curso de Gesto e Resoluo de conflitos. Deve ser lido aps a frequncia da aco de forma a verificar

    o grau de conhecimentos adquiridos, podendo desta forma o leitor efectuar uma autoavaliao dos

    conhecimentos adquiridos e rever as principais problemticas abordadas com a frequncia da aco.

    Os principais benefcios com a leitura deste manual so a aquisio por parte dos formandos de

    vrias ferramentas, tais como a optimizao da comunicao, a deteco e minimizao de situaes

    geradoras de conflito, o conhecimento das diferentes tcnicas de resoluo de conflitos e a sua utilizao

    de acordo com potenciais situaes de conflito, o conhecimento dos benefcios e das consequncias do

    uso de determinada tcnica e da postura que a pessoa adoptou, assim como as ferramentas para uma

    correcta resoluo de conflitos com o grupo de pessoas com quem trabalham diariamente.

    Sempre que forem propostas actividades prticas no deve avanar na leitura antes da resoluo

    das mesmas, de forma a optimizar o tempo dispensado e facilitar o desenvolvimento/actualizao de

    competncias e conhecimentos.

    INTRODUO

  • Anabela Fernandes

    6Gesto e Resoluo de Conflitos

    1.1 Definio de gesto de conflitos Conflito: do latim c o n f l i t u ; luta, embate; guerra; desavena, discrdia. Situao em que h

    tendncia para a ocorrncia de respostas incompatveis ou antagnicas, dentro do indivduo, grupo ou

    organizao.

    H muitos tipos de conflitos: raciais, econmicos, militares, sociais, de classe, laborais, etc.

    Para Robbins (1979) conflito o processo que se inicia quando uma das partes se apercebe que a

    outra est ou vai afect-la negativamente, em assuntos do seu interesse ou que lhe so particularmente

    importantes.

    Para Ferreira (1989) conflito o elemento bsico determinante da aco dramtica, a qual se desenvolve

    em funo da oposio e luta entre diferentes foras.

    A verdade que todos ns estamos em conflito com os outros. A maior parte das vezes somos

    muito prticos a resolv-los ou so to corriqueiros e fazem parte da vida, que no damos por eles.

    O importante distinguir os conflitos que resolvemos facilmente dos que se podem tornar graves.

    Acabar ou eliminar um conflito no requer grande conhecimento das suas causas. No entanto, gerir um

    conflito exige, j, que se saiba o mximo sobre ele, principalmente numa organizao onde as pessoas so

    profissionais capazes e motivadas e, onde so tratadas de forma muito flexvel.

    As pessoas em conflito tm de ser identificadas, as causas descobertas e os sintomas registados

    atempadamente. Para gerir uma situao conflitual necessrio tacto e sensibilidade, jogo de cintura,

    embora isso por si s no d resultados que agradem a todas as partes. Nesse caso, devero ser utilizados

    diferentes procedimentos que ajudem a resolver o conflito. A gesto de conflitos tem vindo a assumir uma

    importncia relevante nas organizaes.

    Gesto de conflitos consiste na implementao das estratgias mais adequadas para se lidar com

    cada tipo de situaes/conflitos.

    1.2 Natureza do conflito O conflito surge devido s diferentes formas de interpretao de factos, valores, objectivos, o que

    consideramos certo ou errado, justo ou injusto.

    Nas organizaes pode ocorrer quando se tenta conciliar os objectivos da empresa com a

    satisfao e necessidades das pessoas que l trabalham.

    H uma srie de factores que so subjacentes, ou esto ligados, natureza do conflito, so eles:

    1 Informao: se duas ou mais pessoas no tm a mesma informao sobre determinado

    acontecimento/assunto, normal que tenham diferentes vises sobre esse mesmo

    acontecimento/assunto.

    2 Personalidade: as pessoas tm personalidades diferentes, feitios e humores diferentes e portanto,

    reagem de modo diferente a uma mesma situao.

    1 Factores responsveis pela gnese de conflitos

  • Anabela Fernandes

    7Gesto e Resoluo de Conflitos

    3 Percepo: est relacionada com a forma como o indivduo interpreta os acontecimentos que os

    rodeiam. (Jogo Dinmica da ordem).

    4 Status: o papel que uma pessoa tem na organizao, pode levar as pessoas a tomar decises que de

    outro modo no tomariam. Pode ser a diferena entre receber uma ordem ou orientao de um

    colega e de um chefe.

    1.3 Funcionalidade do conflito Quando se fala em conflito tendemos, na maioria das vezes, a formar uma ideia negativa e

    assustadora. Com a proximidade de um conflito vemos o nosso bem-estar fsico e psquicos ameaados.

    Agimos de determinada maneira para conseguirmos o que pretendemos o que provoca na outra parte

    uma reaco e, assim sucessivamente. muito importante, ter uma viso alargada do conflito e no o

    associar, constantemente, ao ambiente laboral ou a um conflito especfico, que h, presentemente no

    trabalho.

    Ns no devemos ter medo do conflito, porm, devemos reconhecer que existe um modo

    construtivo de proceder em tais momentos. Na diferena em se tratar o conflito pode estar o sinal do

    saudvel, uma profecia do progresso (Follet, 1991).

    Opinies e vises diferentes podem transformar-se em possibilidades de aprendizagem e

    enriquecimento, em termos pessoais, profissionais e organizacionais. H 3 maneiras de encarar o conflito:

    a positiva, v o que o conflito pode trazer de benfico; a negativa, encara o conflito como algo prejudicial,

    a evitar a todo o custo; e a equilibrada, atravs de uma atitude positiva tenta-se chegar a um equilbrio

    entre as duas anteriores. Pretende reduzir a ambiguidade e o conflito no trabalho.

    1.4 Evoluo da situao conflitual Os conflitos vo ocorrer sempre. Acontecimentos que colidem com os interesses individuais de

    cada um, diferenas de opinio Por mais que se desenvolvam esforos para o eliminar, no podemos

    cont-lo.

    O importante conhec-los, saber qual a sua amplitude e saber se esto preparados para lidar

    com eles. Existem vrios tipos de conflitos e a sua identificao pode ajudar a detectar a estratgia mais

    adequada para administr-lo. Dependendo da importncia que se d ao conflito, ignorando-o ou

    reprimindo-o, este pode crescer e agravar-se. Porm, quando reconhecido pode ser resolvido de forma

    positiva, podem ser mudados hbitos e pode estimular a busca de resultados mais positivos. Alguns dos

    sintomas da existncia de conflito mais comuns so:

    Deteriorao dos padres de trabalho;

    Discusses;

    Fuga ao contacto social;

    Tenso no ar;

    Um vocabulrio de ns e eles;

    Demasiada delicadeza e formalismo;

    Olhar o relgio;

    Falta de moral.

  • Anabela Fernandes

    8Gesto e Resoluo de Conflitos

    Contudo, nem todos estes fenmenos so necessariamente sintomas de um conflito. Um conflito tem uma evoluo, no surge do nada, passa por diferentes fases ou nveis, do mais ligeiro ao mais grave.

    O modelo apresentado aplica-se a qualquer tipo de conflito.

    NVEL 1 - DISCUSSO

    Estdio inicial do conflito.

    Racional, aberto e objectivo.

    NVEL 2 - DEBATE

    As pessoas fazem generalizaes.

    Demonstram padres de comportamento.

    A objectividade menor.

    NVEL 3 - FAANHAS

    Falta de confiana pelas partes no caminho ou alternativa escolhida por uma delas.

    NVEL 4 IMAGENS FIXAS

    Imagens preconcebidas quanto outra parte, fruto de experincias anteriores ou preconceitos.

    NVEL 5 LOSS OF FACE (CARA NO CHO)

    Tipo fico neste conflito at ao fim, custe o que custar.

    Gera dificuldade para que uma das partes se retire.

    NVEL 6 - ESTRATGIAS

    Surgem ameaas e punies.

    A comunicao fica mais afectada e dificultada.

    NVEL 7 FALTA DE HUMANIDADE

    Comportamentos destrutivos.

    Os sentimentos so postos de lado.

    NVEL 8 ATAQUE DE NERVOS

    Necessidade de se proteger e preservar.

    A motivao principal o ataque.

    NVEL 9 ATAQUES GENERALIZADOS

    Chega-se a vias de fato.

    A nica alternativa a derrota de um dos envolvidos. (Jogo Soluo de problemas).

  • Anabela Fernandes

    9Gesto e Resoluo de Conflitos

    Quanto maior for o nvel que o conflito atinja, maior ser a dificuldade para solucion-lo. Se o conflito

    ignorado ou reprimido, ele tende a crescer e a agravar-se. Porm, se ele reconhecido e so tomadas

    aces construtivas, ento ele pode ser resolvido mais facilmente, podendo inclusive tornar-se uma fora

    positiva para a mudana.

    1.5 Resultado das situaes conflituais A abordagem actual ao conflito positiva. O conflito encarado como um factor de mudana,

    como um factor de mudana e como um estimulador criatividade e inovao.

    A abordagem tradicional o oposto. algo negativo, assustador, a evitar. Tanto uma como outra

    so aceitveis e ambas referem aspectos positivos e negativos do conflito.

    Os resultados do conflito podem traduzir-se em melhoria do desempenho, sendo benfico e

    funcional para o grupo ou podem levar a actuaes que diminuam a eficcia e levam desagregao do

    grupo, sendo aqui prejudiciais e disfuncionais para o grupo. O quadro seguinte mostra os aspectos

    positivos e negativos que podem advir de uma situao conflitual.

    Diminui as interaces positivas.

    Suscita comportamentos retaliatrios e

    irresponsveis.

    Baixa a qualidade das decises.

    Decrscimo nos nveis de satisfao.

    Reduz o empenho organizacional.

    Reduz a coeso no grupo.

    Perda de recursos, energia e tempo.

    Gera motivao e energia.

    Facilita a inovao, a mudana e a

    adaptao.

    Torna o clima na organizao mais

    entusiasmante.

    Reduz a preguia social.

    Melhora a qualidade das decises, pelo

    confronto de ideias.

    Aumenta a coeso interna do grupo.

    Liberta tenses.

    Aborde os conflitos de esprito aberto. Aceite que voc tambm tem sentimentos que podem

    toldar ou influenciar o seu juzo. Ns olhamos o conflito de um modo pessoal e intuitivo. O nosso instinto

    diz-nos muito mas por vezes induz-nos em erro e isso, quando olhamos para um conflito, traduz-se na

    frase:

    SE olharmos o conflito com ideias preconcebidas, s vamos observar que de facto aconteceu o que

    tnhamos registado inicialmente.

    Primeiro procure os sinais e depois tente avaliar a causa. (jogo Exerccio de Viso)

    SE PROCURAR ALGUMA COISA, ENCONTRA.

  • Anabela Fernandes

    10Gesto e Resoluo de Conflitos

    Os mecanismos desencadeantes de conflitos que vamos abordar so 3:

    1 Interdependncia de funes.

    2 Indefinio de procedimentos.

    3 Mudana.

    2.1 Interdependncia de funes Quando o trabalho de uma pessoa est dependente de outra pode levar ocorrncia de conflitos,

    porque o ritmo de trabalho, a metodologia e as prioridades de cada pessoa d ao trabalho diferem. Por ex.

    O departamento comercial pressiona a produo para realizar pequenas sries, para assim baixar os

    nveis de stocks de produtos acabados, mas a produo reclama visto que assim no consegue obter

    eficincia.

    Este tipo de situaes tanto pior quanto: maior for o nmero de actividades num grupo que

    possam ser afectadas por outros e vice-versa; menos definidas estiverem as regras que estruturam estes

    relacionamentos e menor for a semelhana de percepes no que respeita misso da empresa.

    Como a interdependncia de funes uma constante em todas as organizaes, importante ter

    em conta:

    Os princpios de coexistncia.

    Fomentar a comunicao.

    Definir funes e limites de cada rea.

    Potenciar a cooperao.

    Criar laos de comprometimento entre os elementos e a misso empresa.

    2.2 Indefinio de procedimentos Quando h indefinio das tarefas e se instala a ambiguidade, ocorrem diferentes interpretaes.

    Regra geral, interpretamos as atitudes dos outros numa perspectiva diferente da nossa. Isto , quando nos

    pedem para fazer algo e recusamos, alegamos que temos o nosso trabalho e este mais importante.

    No entanto, se outra pessoa tem essa atitude para connosco, pensamos que ela tem m vontade e

    no quer fazer o trabalho suplementar. Em casos extremos, consideramos essa pessoa m colega e

    egosta. Outras vezes, as situaes so mal estruturadas ou encaminhadas, havendo necessidade de uma

    terceira pessoa intervir, normalmente a chefia.

    Este tipo de atitude pode gerar conflitos ou agrav-los, porque a chefia pode favorecer uma das

    partes com a sua deciso, surgindo comentrios de que esta injusta e tem preferncias.

    EXEMPLO:

    2. Mecanismos desencadeadores de conflitos

  • Anabela Fernandes

    11Gesto e Resoluo de Conflitos

    A Elsa e a Cristina ficaram encarregues de iniciar uma aco de formao. Para isso, tinham de

    fazer a sesso de abertura.

    A Elsa, tcnica de formao h pouco tempo, no tinha vontade para o fazer e disse Cristina

    que isso no fazia parte das suas funes.

    A Cristina, administrativa, considerava essa tarefa muito para alm das suas funes, dado que o

    grupo era de recm - licenciados.

    Foram adiando o incio da formao espera que a Coordenadora, de baixa, voltasse e fizesse a

    sesso de abertura.

    O Director, que tinha dado ordens para a aco iniciar o quanto antes, ficou surpreendido quando

    percebeu que esta no tinha comeado. Apurou o porqu da situao e pediu a outro coordenador para o

    fazer.

    Elas assistiram sesso e tiveram de intervir porque o coordenador no inteirado de todo o

    processo. Ficaram bastante aborrecidas, porque concluram que teriam feito um trabalho melhor.

    - O problema tinha sido a Elisa no ter tomado a iniciativa de fazer a sesso, visto ser tcnica de formao

    p e n s a v a a C r i s t i n a .

    - O problema era a Cristina ser teimosa e no querer falar, aquilo s para embirrar porque aps a

    primeira sesso, era ela que iria falar com os formandos todos os dias p e n s a v a a E l i s a .

    Se a coordenadora tivesse indigitado uma delas para a tarefa, embora pudessem discordar da

    escolha, no personalizariam o conflito.

    Este tipo de conflito surge na maioria das vezes quando h tarefas pouco definidas, quando as

    pessoas no sabem muito bem o que lhes compete fazer. Esta situao acontece bastante em empresas

    que crescem rapidamente, onde h polivalncia de funes.

    Contudo, h que respeitar os limites que os separam dos outros, caso contrrio, a pginas tantas,

    esto vrias pessoas a fazer a mesma coisa e outras tarefas ficam por fazer. Se juntarmos a isso, um chefe

    pouco directivo, temos cenrio para a ecloso do conflito.

    2.3 Mudana Ocorre porque o meio exterior est em constante evoluo, tanto dentro como fora da

    organizao, e porque o ser humano uma criatura de hbitos e, como tal, quando h mudana afloram

    sentimentos de medo e incerteza, de perder o que j foi adquirido.

    Dentro e fora da organizao surgem muitas situaes em que h mudanas. Estas vo desde os

    prprios indivduos, a novos produtos, novos regulamentos, nova legislao.

    Como a organizao um sistema complexo, no qual todas as partes se afectam mutuamente,

    uma mudana importante em qualquer sector da organizao afecta especialmente a funo de pessoal.

    Por exemplo: um novo computador no local de trabalho afecta a formao, as descries de cargos

    e a qualidade de vida no trabalho. O crescimento da empresa, afecta o planeamento de carreiras, o

    emprego em si, o desenvolvimento do empregado, etc.

  • Anabela Fernandes

    12Gesto e Resoluo de Conflitos

    Novas prticas perturbam o trabalho, o que por sua vez pode reduzir temporariamente a

    motivao.

    As pessoas so afectadas pela mudana de modo diferente. Umas tero benefcios, outros

    prejuzos. As pessoas envolvidas na mudana sofrem sempre custos psicolgicos (tenso, ansiedade,

    esforo) que os deixam afectados emocionalmente. Uma mudana indesejvel pode produzir tenso, mas,

    do mesmo modo, uma mudana desejvel, como uma promoo, tambm pode causar stress

    (desenvolvimento de novas aptides, novos contactos, novas amizades, etc.)

    Ora quando as pessoas se opem mudana haver com certeza o aparecimento de conflitos. Por

    exemplo: O gerente de escritrio de uma empresa reorganizou os departamentos e mudou a Mariana

    para outro departamento num andar diferente do prdio. A mudana foi razovel, contudo Mariana

    resistiu fortemente pois pertencia a um grupo com fortes laos informais, no se departamento, e no se

    queria afastar deles.

    Quando um conflito relacionado com mudana h sempre um declnio da cooperao. Um bom

    exemplo, na nossa sociedade foi a mudana na avaliao dos professores. No foi bem recebida por parte

    deles, o que gerou uma forte oposio mudana e um declnio entre as relaes deles com a Ministra de

    Educao.

    Para que uma mudana tenha sucesso, preciso:

    1 Planeamento cuidadoso,

    2 Envolvimento do pessoal, que deve comprometer-se desde o incio no planeamento.

    Enquanto as pessoas se adaptam s mudanas, estas esto sujeitas a crticas e a fracassos. S ao

    fim de algum tempo, quando a eficincia e o trabalho de grupo for restaurado, que a mudana produzir

    resultados favorveis.

  • Anabela Fernandes

    13Gesto e Resoluo de Conflitos

    Num confronto directo entre duas foras, a conquista de uma vantagem para uma das partes

    implica sempre uma desvantagem para o outro. No h meio-termo. Ou se ganha ou se perde. Ou se ataca

    ou se defende.

    A forma, o contedo e a oportunidade so essenciais para se conseguir desenvolver esta

    estratgia. Assim como, o tempo e a oportunidade, tambm, so determinantes.

    ATAQUE

    Muitas das iniciativas que se levam a cabo tm como principal objectivo condicionar o

    comportamento do adversrio. uma estratgia de ataque.

    A estratgia de ataque que aposta no desgaste de um adversrio tende a alongar-se. Um dos

    oponentes lana uma crtica ou uma acusao (forma de ataque) abrindo assim, um precedente. Vai ter de

    apresentar uma proposta alternativa e positiva. Primeiro diz-se o que est mal e depois apontam-se

    caminhos alternativos.

    DEFESA

    Numa estratgia de defesa, uma reaco frequente lanar novas polmicas. Mensagens que

    despistam a questo essencial e provocam rudo. A um ataque responde-se com outro ataque. Pretende-

    se condicionar o adversrio e, evitar que a critica negativa efectuada anteriormente continue no ar.

    Numa estratgia de defesa, na maioria das vezes, o objectivo reduzir os estragos efectuados pelo

    ataque do nosso oponente.

    A situao mais difcil quando se obrigado a abandonar a luta. uma opo que tem de ser

    assumida com frontalidade e muito rapidamente, para evitar um desgaste acentuado.

    Outra forma de se tentar minorar os estragos : negar, explicar ou pedir desculpa. Se a opo for

    negar a acusao de que se alvo, utilizam-se argumentos bem evidentes e que no deixem qualquer

    margem para dvidas. Se possvel recorre-se a testemunhos, para dar credibilidade argumentao.

    Outra oportunidade dar uma outra verso dos acontecimentos. O resultado varia de acordo com

    a interpretao que os outros fazem.

    Outro recurso de defesa o pedido de desculpas. uma forma eficaz que resulta apenas uma vez.

    Se for repetida, perde credibilidade. Tambm no resulta se anteriormente se negaram as acusaes.

    Significa que mentiu.

    Ainda numa estratgia de defesa, pode-se recorrer ao contra-ataque tenta-se anular o efeito da

    acusao de que se alvo em ataque ao adversrio.

    Em concluso, o ataque a inteno positiva, a defesa a negativa - o primeiro quer eliminar o

    adversrio, o segundo quer manter a sua posio.

    3. Consequncias das estratgias Defesa/Ataque

  • Anabela Fernandes

    14Gesto e Resoluo de Conflitos

    Este tipo de estratgia em que um ganha e o outro perde assenta num relacionamento de

    desconfiana entre as partes. Por isso, o processo de negociao depender muito das relaes de poder

    entre os dois.

    Se a pessoa, grupo ou entidade que se pretende atacar muito conhecida e popular, o ataque tem

    de ser muito bem preparado e fundamentado. Erros no so permitidos. Caso contrrio o ataque vira-se

    contra ns. No entanto, quando o outro lado no muito popular tem que se ter cuidado com os ataques

    que se fazem, o contedo tem de ser cuidadosamente estudado, porque seno o nosso ataque pode vir a

    beneficiar o nosso oponente.

    Este tipo de estratgia pode tornar-se muito longo e s resulta num nico vencedor. O outro sai

    vencido. uma estratgia que exige muita preparao, esforo criatividade e bons argumentos de ambas

    as partes, acabando em frustrao e derrota para um deles.

    Os debates polticos so um excelente exemplo de utilizao da estratgia de ataque/defesa.

  • Anabela Fernandes

    15Gesto e Resoluo de Conflitos

    4.1 Postura a adoptar enquanto parte integrante do conflito Enquanto parte integrante do conflito h, segundo Hampton (1991), cinco modos, ou melhor cinco

    estratgias diferentes de resolver os conflitos.

    As estratgias seguintes esto estruturadas de acordo com duas dimenses diferentes:

    1. Afirmao Pessoal: grau em que pretendemos satisfazer as nossas necessidades/interesses.

    2. Cooperao: grau em que queremos satisfazer as necessidades/interesses da outra parte.

    ALTA

    AFIRMAO PESSOAL

    BAIXA COOPERAO ALTA

    1. EVITAMENTO

    O conflito no assumido, a sua existncia negada. A parte no satisfaz os seus interesses nem os

    dos outros.

    Esta estratgia contraproducente, porque s adia o conflito no o resolve. Pode ser interpretada

    como indiferena e gerar sentimentos de desvalorizao. Quando adoptada por ambas as partes gera-se

    um impasse, levando frustrao e a uma maior tenso entre as partes.

    Pode ser til e positiva quando:

    A questo pouco importante em relao a outras.

    No possvel satisfazer as prprias necessidades e interesses.

    Os prejuzos ultrapassam os benefcios.

    COMPETIO

    COLABORAO

    COMPROMISSO

    EVITAMENTO

    ACOMODAO

    4. Tcnicas de Resoluo de Conflitos

    ESTRATGIA

    Atitude ou posicionamento assumido por cada interveniente, na situao conflitual.

  • Anabela Fernandes

    16Gesto e Resoluo de Conflitos

    H necessidade de acalmar e ter uma nova perspectiva.

    Outros podem resolver os conflitos mais eficazmente.

    2. ACOMODAO

    A pessoa procura satisfazer as necessidades e interesses da outra parte, custa das prprias. Resulta

    da grande motivao do indivduo em cooperar com os outros, a par com a relativa falta de afirmao

    pessoal.

    O indivduo diminui o esforo de fazer frente ao problema, provocando a reduo da criatividade na

    resoluo do mesmo.

    Esta atitude gera impotncia e perda de influncia junto dos outros.

    Pode ser til, quando:

    O prprio v que no tem razo.

    As questes so mais importantes para a outra parte e para si.

    Faculta crditos sociais para questes posteriores.

    Minimiza perdas, em situaes de fracasso.

    Faculta harmonia e estabilidade.

    Se pretende evitar um mal maior.

    3. COMPETIO

    Esta estratgia consiste em satisfazer os prprios interesses custa da dos outros. O indivduo

    pretende vingar a sua posio.

    uma atitude caracterstica das pessoas afirmativas, directivas e que tm apetncia pelo poder.

    Pode, tambm, ser resultado de um estado de frustrao, devido ao fracasso de uma outra estratgia.

    frequente ambas as partes usarem esta estratgia, mas no inevitvel que se mantenham sempre

    ou por longo tempo nesta estratgia.

    Desvantagens:

    uma soluo temporria.

    Os objectivos so alcanados custa da outra parte.

    H um bloqueio de solues alternativas desmotivadora.

    O conflito no desaparece, fica latente.

    til quando:

    preciso uma aco rpida e determinada (P.ex. situao de emergncia).

    As questes so vitais para a Instituio.

    necessrio proteger os que ficaram prejudicados, em situaes de cooperao.

    Contudo, em situaes de conflito extremas, a chefia ter de usar de alguma autoridade e

    assertividade, para impor os interesses da Instituio que representa.

    4. COMPROMISSO

    H a utilizao moderada tanto da cooperao como da afirmao pessoal. Cada parte concebe

    metade, para obter outra metade, o c o r t a r a m a a a o m e i o .

  • Anabela Fernandes

    17Gesto e Resoluo de Conflitos

    Os opositores apenas satisfazem uma parte das suas necessidades e interesses. Esta atitude pode levar

    a solues pouco criativas e a reaces de regateio. A soluo obtida no final uma justia mais aparente

    que real.

    Pode ser til quando:

    As questes so pouco importantes.

    As partes tm poder equivalente e objectivos exclusivos.

    Se pretendem ganhos temporrios, com vista a questes mais complexas.

    No h tempo para solues mais criativas.

    5. COLABORAO

    H o uso da afirmao pessoal com uma elevada cooperao, satisfazendo-se, assim, os interesses dos

    opositores.

    Esta estratgia exige muito tempo e energia dos intervenientes. Os esforos tero de estar centrados

    nos interesses de ambas as partes. A criatividade ocupa aqui um lugar importante.

    Exemplo:

    Duas pessoas disputam a posse de uma laranja, nenhuma delas se satisfaz com uma soluo de

    compromisso (ficar cada um com metade). Ao serem apuradas as necessidades de ambas as partes,

    verificou-se que um dos intervenientes s estava interessado na casca da laranja, para confeccionar um

    doce, enquanto outro queria a parte restante, para fazer sumo. Deste modo, foi fcil satisfazer na

    totalidade os interesses das duas partes, pois no eram antagnicos.

    importante nesta estratgia fazer uma boa gesto das emoes e sentimentos que interferem no

    relacionamento.

    A utilizao eficaz desta estratgia requer muito treino, criatividade e desenvolvimento pessoal,

    atravs da assertividade.

    Independentemente dos aspectos negativos existentes nas diferentes estratgias, h que salientar

    que nenhuma delas de excluir partida, pois o uso de cada uma delas depende da situao em causa ou

    conflito a resolver. Num grupo, o mesmo indivduo pode utilizar diferentes estratgias.

    4.2 Atitudes adoptadas enquanto chefia

    O lder aquele que influi no grupo mais do que o grupo influi nele.

    O comportamento de liderar envolve mltiplas funes tais como planificar, informar, avaliar,

    controlar, motivar, recuperar, punir, etc. Contudo, liderar , essencialmente, orientar o grupo, as pessoas

    em direco a determinados objectivos ou metas.

    A liderana um fenmeno de influncia interpessoal exercida em determinada situao atravs do

    processo de comunicao humana, com vista realizao de determinados objectivos.

    As funes do lder ou chefia so:

    Apoiar em situaes de desnimo.

  • Anabela Fernandes

    18Gesto e Resoluo de Conflitos

    Coordenar e conciliar as relaes intergrupais.

    Gerir conflitos

    Estimular a colaborao.

    Em relao ao lder consideram-se 3 estilos de comportamento. Referem-se ao que o lder faz e como

    o faz. So eles:

    1. Estilo Autoritrio.

    2. Estilo Democrtico.

    3. Estilo Liberal ou Laissez Faire.

    ESTILO AUTORITRIO

    o lder que fixa as directrizes, sem qualquer participao do grupo. A aco centrada no lder :

    poder de deciso, aco e avaliao.

    O lder tem uma atitude directiva quanto ao contedo e forma: ele que determina as

    providncias e as tcnicas para a execuo das tarefas, uma de cada vez, medida que so necessrias

    para o grupo.

    O lder determina qual a tarefa que cada um deve executar e qual o seu companheiro de trabalho.

    Ele dominador e pessoal nos seus elogios e crticas ao trabalho dos seus subordinados. Vigia

    comportamentos secundrios em relao tarefa e perturba emocionalmente o outro. Tem um feedback

    reduzido e a partilha de experincias reduzida.

    Efeitos no grupo:

    O grupo revela uma grande tenso, frustrao, agressividade, ausncia de espontaneidade e

    iniciativa. No existe amizade.

    O trabalho s se desenvolve na presena do lder. Quando este se ausenta, o grupo produz pouco e

    tende a expandir os sentimentos recalcados, agredindo-se e tornando-se indisciplinados.

    H uma grande dificuldade em sentir satisfao em relao s actividades, pois estas so-lhe

    impostas, embora aparentem gostar do que fazem.

    ESTILO DEMOCRTICO

    H uma atitude no directiva quanto ao contedo e, uma atitude no-directiva quanto gesto,

    permitindo a expresso, circulao e troca de ideias, ou seja, as directrizes so debatidas e decididas pelo

    grupo, sendo o papel do lder o de assistir, moderar e estimular.

    o grupo que esboa as providncias e as tcnicas para atingir para atingir os objectivos,

    solicitando o aconselhamento e aprovao do lder, quando necessrio, sugerindo este, duas ou mais

    alternativas para o grupo escolher e se orientar. As tarefas ganham uma nova dimenso medida que vo

    sendo debatidas.

    O grupo decide a deciso das tarefas e o seu companheiro de trabalho.

  • Anabela Fernandes

    19Gesto e Resoluo de Conflitos

    O lder procura ser um membro igual aos outros do grupo, e encarregando-se das tarefas que

    esto directamente dependentes da sua aco. objectivo e quando critica ou avalia, limita-se aos factos,

    recorrendo redundncia no sentido de precisar as suas intervenes.

    Efeitos no grupo:

    H o desenvolvimento de amizade entre os vrios membros do grupo, o lder e os subordinados

    desenvolvem comunicaes espontneas, francas e cordiais.

    O trabalho desenvolve-se a um ritmo seguro e suave, mesmo na ausncia do lder. H um clima de

    satisfao pessoal.

    O grupo respeita os objectivos definidos e demonstra interesse pelo trabalho, devido ao facto de

    se rever nas decises tomadas.

    H maior criatividade, espontaneidade e tolerncia s frustraes.

    ESTILO LIBERAL LAISSEZ-FAIRE

    O lder demonstra uma atitude no directiva quanto ao contedo e forma.

    H liberdade completa para o grupo tomar as decises que entende, sem a participao ou

    interveno do lder. Este s participa quando solicitado.

    Os membros do grupo intervm aleatoriamente, em qualquer altura.

    O grupo decide as tarefas a fazer e os seus companheiros.

    O lder no regula nem avalia o recorrer dos acontecimentos e no intervm em situao de

    conflito.

    Efeitos no grupo:

    Os membros do grupo, apesar de terem uma participao intensa, no produzem

    satisfatoriamente, no atingindo os objectivos propostos, levando a um sentimento de desmotivao.

    Na ausncia do lder h um total abandono do trabalho, falando-se mais de problemas pessoais do

    que de assuntos relativos ao trabalho.

    As tarefas desenvolvem-se ao acaso, com oscilaes e perde-se muito tempo com discusses que

    perturbam o trabalho, provocam desordem e descoordenao.

    No grupo h um crescendo de inimizades e invejas, individualismo agressivo e pouco respeito pelo

    lder, existindo conflitos.

    Caractersticas de um bom lder:

    Proporcionar desafios com significado e que apelem experincia.

    Ser amigo, socivel e conciliador.

    Saber escutar e ser emptico.

    No hesitar, ser firme e decidido. SER ASSERTIVO.

  • Anabela Fernandes

    20Gesto e Resoluo de Conflitos

    Saber admitir os seus erros.

    Procurar que todos o entendam (feedback).

    Aplicar mais os reforos positivos e evitar as punies.

    No mostrar insatisfao aberta ou rancor.

    Cumprir as regras e os procedimentos.

    Utilizar um discurso inteligvel, conveniente e persuasivo.

    DAR O EXEMPLO.

    Atributos para a escolha do lder:

    Idade.

    Prestgio/origem social.

    Aparncia/altura.

    Competncia no trabalho.

    Capacidade de aco e7ou afirmao.

    Nvel intelectual/cultura geral/fluncia verbal.

    Estatuto econmico.

    Maturidade afectiva.

    Adaptabilidade a contextos diversificados.

    Jogo Grande Artista

    4.2.1 Resoluo de Conflitos Tcnicas Aconselhveis

    A melhor estratgia a curto prazo de resolver um conflito e continuar o trabalho no bom caminho,

    sem pr o problema na prateleira ou exacerb-lo, passa por seguir os seguintes passos:

    1 INTERVIR

    Informe que est a par da situao e que vai tomar alguma atitude (encontrar uma soluo).

    2 SEPARAR

    Diga a ambas as partes para se afastarem. No deixe que ningum se sinta vexado. Se o conflito for

    distncia, e no cara a cara, deixe claro que tem de acabar imediatamente e que tem de haver

    trguas enquanto se procura entendimento.

    3 OUVIR E ESCUTAR

    este o centro da resoluo de conflitos. Explique para que interveio, o que viu e que quer que as

    partes se entendam.

    Tenha cuidado com a forma como comunica. No pergunte se h um problema, diga-lhes que h

    (comunique) mas, convide-os a unir-se para o resolver (resoluo do problema). Ambos os lados

    devem ter igual tempo para falar, e que os dois falem mais que voc.

    Deixe bem claro quando convida a fazer sugestes, de que no um convite para ser recusado de

    nimo leve.

    Deixe que cada um descreva a situao, como a vem.

    Use as tcnicas de aprofundamento e da sondagem para obter mais informao.

    Por exemplo:

  • Anabela Fernandes

    21Gesto e Resoluo de Conflitos

    Bom, claro que sente algum antagonismo em relao Jlia, mas se vamos resolver isto precisamos

    de saber qual a sua opinio sobre as coisas. No estou procura de vencedores nem vencidos.

    Vamos ouvir a sua verso. Depois a Jlia dar a dela.

    Lembre-se que as partes em conflito so que precisam de saber o que cada uma pensa. Garanta que

    elas apercebem.

    Neutralize comentrios irrelevantes. No acuse ningum sobre as tcticas usadas. Faa as partes

    construrem uma lista de possveis comportamentos e suas consequncias. Afaste-as do pomo da

    discrdia, faa-as ver que h outras opes que podem responder s necessidades de ambos.

    Quando atingirem uma soluo, assegure-se de que ambos a compreenderam e chegaram a acordo.

    Lembre que o acordo to importante como a soluo.

    4 EXPLICAR

    Resuma o acordo e explique o que pode fazer para ajudar. Nunca prometa nada que no pode

    cumprir.

    5 CONSULTAR

    Aceite conselhos de colegas. Podem ter passado por algo semelhante.

    Procure as aprovaes que precisar para a soluo. Atenha-se aos factos. No subestime ou exagere

    o conflito.

    6 ACOMPANHAR

    Acompanhe o cumprimento do acordo. Se vir que vai ser quebrado, interfira antes de haver danos

    graves.

    Se necessrio passe novamente por todas as etapas. (actividade)

    4.2.2 Resoluo de Conflitos Maneira Errada

    Independentemente da razo do conflito, as boas relaes e a boa comunicao entre o pessoal

    sero muito benficas para manter os conflitos ao mnimo. No entanto, h sempre alguns que escapam e

    acabam por adquirir propores destrutivas.

    Que fazer com eles? As fases de harmonia, coerncia pacfica, tenso e diferenas explcitas j

    tero passado. A tentao para resolver os conflitos de forma rpida e fcil muito grande, mas no a

    melhor.

    De seguida sero expostas algumas reaces muito comuns, mas de modo geral mal aceites,

    resoluo de conflitos:

    Coaco: ameaar, bater na mesa. As pessoas reagiro de modo diferente a isto, mas o conflito

    no ficar resolvido. Tenta-se resolver os sintomas em vez das causas. Por vezes pode at

    incentivar mtodos mais insidiosos e destrutivos de promover o conflito.

    Apelar: apela-se ao melhor da natureza dos intervenientes para pararem de tornar a convivncia

    um do outro e dos colegas desagradvel. No entanto, mesmo que concordem o conflito no se

    resolve, fica apenas enterrado. Este mtodo demonstra fraqueza na gesto e pode fazer

    ricochete.

  • Anabela Fernandes

    22Gesto e Resoluo de Conflitos

    Arbitrar: dar o bolo a uma ou a outra parte das pessoas ou grupo em conflito, ou dividi-lo sua

    maneira. uma reaco perigosa e prematura. importante estar certo dos argumentos que vai

    utilizar, principalmente quando informa o que perdeu. A sua capacidade de comunicao

    essencial. A maior parte das vezes h razo e falta dela de ambos os lados e, nesse caso, uma

    reaco destas perigosa e sem imaginao e, uma perda de oportunidade de tirar proveito

    mtuo.

    Adiamento: adiar enfrentar o conflito espera que ele se resolva sozinho ou desaparea. Isso s

    piorar a situao. O conflito pode at afastar-se mas, pode, tambm, voltar mais agravado.

    Resgate: acaba com o conflito cedendo a uma ou a ambas as partes noutra questo. P.ex:

    prometendo s partes novas responsabilidades, que aumentem o seu estatuto na empresa; ou

    gastando dinheiro desnecessrio em equipamento, mas que apreciado pelas partes. Esta atitude

    no granjeia respeito e passa rapidamente a chantagem, com as exigncias a aumentar.

    Actividade.

  • Anabela Fernandes

    23Gesto e Resoluo de Conflitos

    5.1 Caractersticas da Escuta Activa

    COMUNICAR :

    Do latim c o m u ni

    c a r e

    p r e m c o m u m ;

    e n t r a r e m r e l a o c o m

    Enviar / receber, transmitir, ouvir, ilustrar, contagiar, participar, dar a conhecer / compreender,

    unir, tornar comum.

    Tr o c a d e i d e i a s , s e n t i m e n t o s , e x p e r i n c i a s e n t r e p e s s o a s q u e c o n h e c e m o s i g n i f i c a d o d a q u i l o q u e s e

    d i z e d o q u e s e f a z

    To d o o c o m p o r t a m e n t o / a t i t u d e q u e r e s u l t a n u m a t r o c a d e s i g n i f i c a d o s

    Para comunicar: necessrio ouvir, falar, emitir e receber mensagens, sejam elas verbais, gestuais ou

    escritas.

    ELEMENTOS DA COMUNICAO

    38

    EmissorReceptor

    Canal

    Mensagem

    Contexto

    Feedback

    Emissor: aquele que envia a mensagem.

    Receptor: aquele que recebe a mensagem.

    Mensagem: conjunto de informao que circula do emissor para o receptor.

    Canal: via ou meio de transmisso da mensagem (ar, papel, telefone, etc.).

    5. A escuta Activa e a Resoluo de Conflitos

  • Anabela Fernandes

    24Gesto e Resoluo de Conflitos

    Feedback: informao de retorno ao emissor, sobre o efeito que a mensagem est a causar no receptor e

    sobre as condies de recepo da mensagem.

    Contexto: conjunto de variveis do meio e da relao que vo influenciar a comunicao.

    Assim, ao elaborar uma mensagem o emissor deve certificar-se que transmite uma mensagem

    clara e compreensvel e, que o receptor possui as capacidades necessrias para a compreender.

    Todo o comportamento comunicao e como tal, o modo como nos relacionamos com os outros,

    a maior ou menor eficcia do nosso relacionamento depende, em grande parte, da nossa capacidade de

    comunicar.

    A optimizao da comunicao, no mbito do saber ouvir, passa necessariamente pela utilizao

    da escuta activa.

    Escutar activamente significa no s saber ouvir o outro mas tambm fornecer-lhe informao que

    demonstre o nosso interesse pela comunicao e contedos por ele transmitidos. A escuta activa encoraja

    os outros a continuar a falar, ao mesmo tempo que transmite o que est a compreender. H feedback.

    Para conseguir ler com preciso o feedback fornecido pelo interlocutor, a pessoa deve investir e

    treinar-se na observao dos comportamentos manifestados pelas outras pessoas, nomeadamente os

    indcios de ateno, compreenso e mudana de atitude da outra pessoa.

    INDCIOS DE ATENO Olha para si, quando voc fala.

    Faz perguntas sobre o assunto que lhe expe.

    INDCIOS DE COMPREENSO Faz perguntas de acordo com o

    que lhe est a ser explicado.

    Apresenta comportamentos de

    acordo com as suas

    expectativas.

    INDCIOS DE MUDANA DE

    ATITUDE

    Altera a distncia que o separa de si.

    Altera a postura e as expresses faciais.

    Altera o tom de voz.

    Sathr, Olson e Whitney afirmam que ouvimos metade do que dito, prestamos ateno a metade

    do que ouvimos e lembramo-nos de metade do que prestamos ateno. Ou seja, ouvimos o que queremos

    ouvir e vemos o que queremos ver. Da que, a mensagem percebida por ns muitas vezes

    completamente diferente daquela que o emissor desejava transmitir.

    EXEMPLO:

  • Anabela Fernandes

    25Gesto e Resoluo de Conflitos

    A comunicao no funcionou nesta interaco. A me fez uma escuta rpida e respondeu

    situao erradamente, gerando um conflito com o pai, pois no escutou o filho at ao fim.

    A escuta activa consiste no receptor transmitir ao emissor a sua compreenso da mensagem. Desta

    forma, o emissor sabe se est a conseguir passar a mensagem correcta.

    EXEMPLO:

    Estou cansada!

  • Anabela Fernandes

    26Gesto e Resoluo de Conflitos

    Queres ir para casa? (escuta activa)

    Nem por isso, mas se calhar melhor descansarmos um pouco.

    Ento queres sentar-te um pouco? (escuta activa)

    Sim!

    As pessoas escutam de modo diferente umas das outras. Existem 6 maneiras diferentes de escuta:

    O Q U E D I T O O Q U E E U E S C U T O T I P O S D E E S C U T A R E S U L T A D O S

    ALTERNATIVA

    Escuto o que me interessa, o

    que me diz respeito.

    RPIDA

    Escuto o incio.

    Interpreto.

    Preparo a minha resposta.

    BASE DE MAL-ENTENDIDOS E

    CONFLITOS

    RETARDADOR

    No estou concentrado.

    Penso noutras coisas.

    Escuto o final.

    VAZIA

    Penso noutras coisas.

    O outro no me interessa.

    CONTNUA

    ESTOU EM ESCUTA

    AUTENTICA.

    O outro sente-se bem.

    ACTIVA

    Estou em escuta autntica e

    manifesto interesse pela

    mensagem do outro.

    Compreendo a realidade do meu

    interlocutor.

  • Anabela Fernandes

    27Gesto e Resoluo de Conflitos

    As melhores ocasies para se recorrer escuta activa so quando no estamos certos de ter

    compreendido o emissor ou quando transmitida uma mensagem fortemente emocional, ou seja quando

    o emissor indica de alguma forma que a mensagem importante.

    Quando utilizamos a escuta activa estamos a enviar um sinal ao emissor de que confiamos nele,

    que damos importncia s suas palavras e de que o estamos a ouvir. Isto faz com que em troca, o emissor

    se sinta mais confiante e tenha prazer em estar com o receptor.

    A escuta activa encoraja os outros a conversar, pois ao sentirem interesse pelas suas palavras e

    que no os criticamos, ficam mais vontade para continuar a abrir-se perante ns.

    Existem, contudo, erros que devem ser evitados quando realizamos a escuta activa, pois acabam

    por ser obstculos comunicao:

    ORDENAR: Quando dizemos s pessoas o que fazer, deixamos de escutar o que tem a dizer.

    ROTULAR: Nossos pr-julgamentos podem rotular as pessoas e isso limitar a nossa escuta.

    ANALISAR: preocupados em analisar pela nossa perspectiva, compreendemos menos o outro.

    MORALIZAR: quando estamos preocupados em dar lies de moral, no poderemos ouvir.

    CENSURAR: esta atitude provavelmente bloquear a comunicao.

    CULPAR: esta atitude de julgamento um obstculo escuta.

    PREOCUPAO COM A IMAGEM: vai dificultar o ouvir.

    A escuta activa muito til quando estamos perante uma discusso ou conflito e pretendemos ter a

    certeza que o outro compreendeu a nossa mensagem. Da que seja importante, numa situao destas, que

    qualquer um deve, aps o outro falar, dizer que o compreendeu.

    Desta forma, possvel ultrapassar as falhas de comunicao que muitas vezes surgem quando as

    discusses esto ao rubro.

    A capacidade de escuta activa imprescindvel para a resoluo de conflitos. No entanto, a sua prtica

    difcil, atendendo tendncia natural que temos para nos centrarmos em ns prprios. Da a

    importncia do treino desta capacidade.

    Como praticar a escuta activa?

    Demonstre aceitao e empatia.

    No interrompa nem complete as frases.

    Fique consciente da sua linguagem corporal.

    Procure entender antes de ser entendido.

    Mostre reconhecimento pelo valor nico da pessoa e da sua mensagem.

    Comente e resuma.

    Suspenda os seus julgamentos.

    Faa perguntas apreciativas, no assuma que entendeu.

    Respeite o silncio, no pressione nem apure.

    Jogo Smbolos da sua equipa de trabalho.

  • Anabela Fernandes

    28Gesto e Resoluo de Conflitos

    5.2 A Importncia da Comunicao na Resoluo de Conflitos A comunicao ocupa quase toda a totalidade do nosso tempo e todo o comportamento humano

    essencialmente comunicao.

    Em todas as situaes comunicamos, seno por palavras, comunicamos por gestos, atitudes, etc.

    Por exemplo: Um conjunto de pessoas numa sala de espera de um consultrio mdico, mesmo em silncio

    est a comunicar pela linguagem no verbal (calma, sofrimento, preocupao, impacincia).

    A comunicao um misto de mensagens verbais e no verbais que podem actuar em consonncia

    ou em dissonncia com a mensagem que se pretende transmitir.

    Comunicao: o estabelecimento de uma relao em que as aces, pensamentos, sentimentos

    e intenes de uma pessoa desencadeiam respostas de outra ou outras pessoas.

    Comunicar , portanto, procurar uma resposta no receptor. A comunicao um instrumento

    social que faculta a interaco humana.

    Interaco: existe interaco entre uma ou mais pessoas quando o comportamento de uma afecta

    e afectado pelo comportamento da outra.

    Assim, numa situao de interaco, por ex., entre uma auxiliar e um cliente, as verbalizaes, os

    silncios, as aces ou a inaco de um dos intervenientes a auxiliar e o cliente no podem deixar de

    influenciar o outro e este no pode deixar de responder a esta influncia.

    Saber gerir o processo de comunicao em que participante fundamental. Para ser mais eficaz

    na sua comunicao com os clientes ou colegas de trabalho, os intervenientes devem optimizar ou

    melhorar o seu desempenho, privilegiando os aspectos apresentados em seguida:

    Comportamento verbal;

    Comportamento no verbal;

    Empatia;

    Atitudes de comunicao.

    1. Comportamento Verbal

    Quando utilizamos as palavras estamos a utilizar a linguagem verbal.

    A linguagem verbal pode assumir a forma oral (dilogo, rdio, televiso, telefone) ou a forma escrita

    (livros, cartas, jornais, cartazes, etc.)

    A linguagem verbal est condicionada capacidade de expresso dos respectivos interlocutores, pois

    cada pessoa tem uma capacidade de expresso que lhe prpria em funo das caractersticas de

    personalidade e do seu nvel sociocultural. Est, tambm, condicionada s circunstncias do contexto em

    que a comunicao ocorre: tempo, lugar, grupo, etc.

    A linguagem verbal deve ser familiar e precisa, acessvel e persuasiva e, deve, acima de tudo, transmitir

    segurana e apoio aos interlocutores.

  • Anabela Fernandes

    29Gesto e Resoluo de Conflitos

    Por isso, deve utilizar uma imagem ao mesmo tempo profissional, mostrando que sabe o que est a

    fazer, e familiar, mostrando ateno, interesse e carinho, utilizando uma linguagem verbal convincente,

    acompanhada de uma linguagem no verbal que a reforce e acompanhe.

    2. Comportamentos No Verbais

    A comunicao no verbal constituda por gestos, expresses de rosto, movimentos de corpo,

    localizao e movimentaes no espao (aproximaes/afastamento) e tambm pelo modo como

    verbalizamos: tom de voz, ritmo do discurso oral, acentuao de frases e palavras e pausas ou silncios.

    At comunicamos pelo trazemos vestido e calado.

    Ao utilizarmos a linguagem no verbal temos como objectivo apoiar, completar e substituir a

    comunicao verbal. Estudos realizados mostram que os gestos, a atitude, a postura e a aparncia

    provocam uma influncia de 55% no receptor, o tom de voz de 38%, enquanto que as palavras influenciam

    uns meros 7%.

    O impacto da comunicao no verbal nos relacionamentos humanos evidente. Enquanto que a

    linguagem verbal utilizada para transmitir informaes, a no verbal est especializada na transmisso de

    sentimentos e emoes.

    Assim, os comportamentos no verbais so mais espontneos, mais verdadeiros e mais difceis de ser

    controlados, podendo facilmente trair a pessoa.

    Da, ser importantes estarem atentos ao comportamento verbal e no verbal, tanto nosso com o dos

    outros e, tambm, incongruncia ou contradio entre a linguagem verbal e no verbal, porque quando

    a linguagem verbal no corresponde linguagem no verbal, o receptor tem de decidir a qual dos dois

    comportamentos vai responder. Geralmente, decide-se pelo no-verbal.

    Para uma boa utilizao da linguagem no verbal muito importante haver um grande conhecimento

    pessoal e autocontrolo. (Jogo das Aparncias)

    3. Empatia

    Para melhor compreender o pblico com que interage e poder adoptar em relao a eles a melhor

    atitude possvel, torna-se indispensvel a utilizao da Empatia.

    EMPATIA: caracterstica intrinsecamente humana, que consiste na capacidade de nos colocarmos no

    ponto de vista do interlocutor adoptarmos o seu quadro de referncia a fim de melhor

    compreendermos o significado e a afectividade da sua comunicao.

    O quadro de referncia do outro o seu modo de percepcionar e compreender a realidade em que se

    enquadra. Na prtica, o comportamento emptico consiste em demonstrar que se est a ouvir e a

    compreender a outra pessoa. P. Ex, o que ela est a pensar ou a sentir.

    A empatia implica 3 atitudes:

    1. Descentrar-se, i.., abandonar o esprito crtico e as defesas;

    2. Implicar-se, fazer um esforo por entrar no universo do receptor;

    3. Ficar de fora, i.., guardar neutralidade em relao ao receptor.

  • Anabela Fernandes

    30Gesto e Resoluo de Conflitos

    O recurso empatia de grande utilidade quando h necessidade de impor ou aplicar algum

    regulamento ou tem de recusar algo ao cliente ou resolver algum conflito, pois espera-se que o

    profissional consiga colocar-se no lugar do outro, para compreender os sentimentos deste, no sentido de o

    ajudar a gerir a sua frustrao.

    importante no confundir empatia com simpatia. Esta implica a identificao ou adeso s ideias e

    sentimentos do outro, com investimentos afectivo-emocionais, em determinado grau.

    Em jeito de concluso podemos dizer que a empatia vem de mos dadas com a escuta activa, uma

    complementa e optimiza a outra, sendo ambas essenciais resoluo de problemas e conflitos.

    (Jogo Chapu dos medos).

    4. Atitudes de Comunicao

    O modo como entendemos e reagimos s mensagens de outra pessoa, depende muito das intenes

    que atribumos s suas palavras e gestos.

    por isso que tentamos descobrir as intenes do nosso emissor observando o que ele diz, como diz e

    porqu. Reagimos s suas atitudes de comunicao.

    Atitudes de comunicao so todas as palavras ou actos que revelam, de forma explcita ou

    implcita, as intenes em relao ao interlocutor. As intenes percebidas pelo interlocutor

    determinam a maneira como ir reagir.

    Um psiclogo norte-americano, Lyman Porter, classificou as atitudes de comunicao que utilizamos

    nas relaes com os outros. Quando comunicamos podemos utilizar seis atitudes principais:

    1. Avaliao.

    2. Orientao.

    3. Apoio.

    4. Interpretao.

    5. Explorao.

    6. Compreenso emptica.

    ATITUDE DE AVALIAO

    Consiste em emitir (clara ou implicitamente) um juzo de valor acerca do comportamento

    manifestado pelo interlocutor.

    Acho que ests no bom caminho

    No devia ter feito isso

    Continua assim que logo vs o que te acontece

    Esta atitude encerra uma inteno de controlo, ainda que pouco consciente, do comportamento

    do interlocutor. O juzo de valor recai sempre sobre algo que o outro disse ou fez. Assim, quem utiliza esta

    atitude impor-se como modelo, colocando o outro em segundo lugar.

  • Anabela Fernandes

    31Gesto e Resoluo de Conflitos

    No entanto, em alguns casos a atitude avaliativa recebida com agrado, sobretudo se o

    interlocutor sente a necessidade de ser avaliado, encarando a avaliao como justa e sincera, e acha que o

    interlocutor tem capacidade para o fazer.

    Efeitos da atitude de avaliao no receptor:

    Se o receptor sente necessidade de ser avaliado e a avaliao vai no sentido do que ele espera e

    deseja, as suas reaces sero, provavelmente:

    Sentimentos de satisfao, alvio ou orgulho

    Sentimentos de segurana e tranquilidade

    Reconhecimento em relao ao avaliador.

    Se o receptor est tenso e no quer ser avaliado, no reconhece esse direito ao emissor e

    provavelmente, as suas reaces sero:

    Ficar defesa em relao ao interlocutor

    Inibio

    Choque

    Contestao, indignao e revolta

    Aumento de tenso

    Aumento da agressividade em relao ao interlocutor.

    As atitudes de avaliao devem ser utilizadas com cuidado, pois podem provocar reaces positivas ou

    negativas no receptor. Antes de as utilizar o emissor deve perceber bem o estado psicolgico do receptor e

    obter um feedback favorvel para o efeito.

    ATITUDE DE ORIENTAO

    Cale-se e faa o que lhe digo

    Deve fazer isto at ao fim

    No seu lugar eu faria

    A utilizao desta atitude implica o controlo do comportamento do receptor, indicando-lhe a

    forma mais adequada de se comportar. H aqui a tentativa de criar sentimentos de dependncia no

    segundo interlocutor.

    Podem dar-se orientaes sob a forma de ordens, com base na autoridade ou sob a forma de

    conselhos ou sugestes.

    Efeitos da atitude de orientao no receptor:

    Se o receptor tem a necessidade de ser orientado, se a orientao pertinente, realista e sincera,

    as reaces sero:

  • Anabela Fernandes

    32Gesto e Resoluo de Conflitos

    Sentimentos de satisfao e reconhecimento

    Sentimentos de segurana e confiana

    Optimismo

    Aumento da dependncia.

    Se o receptor no reconhece no emissor a capacidade de o orientar, ou acha as orientaes lesivas,

    pouco sinceras, as suas reaces sero:

    Desconfiana

    Inibio e defesa

    Contestao, indignao e revolta

    Sensao de estar a ser manipulado

    Aumento da tenso e da agressividade

    ATITUDE DE APOIO

    Consiste na resposta simptica que acima de tudo visa criar um clima de relacionamento

    afectuoso e concordante, entre o emissor e o receptor.

    Deixe l, tenha calma

    No se preocupe, tudo se vai resolver

    Tambm j passei por isso.

    Mais do que controlar, esta atitude procura atenuar o impacto de algumas situaes e fortalecer o

    clima positivo entre os interlocutores. Em algumas situaes, embora sempre com um sentido intrnseco

    positivo, esta atitude revelar-se- negativa para a comunicao, principalmente se o outro interlocutor se

    aperceber do seu desinteresse, ou no houver uma inteno verdadeira de apoiar.

    Efeitos da atitude de apoio no receptor:

    Se o receptor quer apoio e, este lhe parece sincero e desinteressado, as suas reaces sero:

    Sentimentos de alvio e segurana

    Sentimentos de satisfao e reconhecimento

    Aumento da dependncia.

    Se o receptor no quer o apoio, ento as reaces sero:

    Desconfiana

    Recusa do apoio e revolta

    Afirmao da independncia pessoal

  • Anabela Fernandes

    33Gesto e Resoluo de Conflitos

    Aumento da tenso e agressividade.

    Esta atitude tambm tem um carcter desnivelante, requerendo algum cuidado.

    ATITUDE DE INTERPRETAO

    Consiste em explicitar ao interlocutor as razes que se julga estarem subjacentes ao seu

    comportamento.

    Isso cansao, andas a trabalhar demais

    Pensa que mais inteligente que os outros

    Tens tido sempre quem te ajude

    Nesta atitude h sempre um juzo subjectivo sobre as causas ou motivos que esto por detrs do

    comportamento do nosso interlocutor. Distingue-se da avaliao por no se centrar no que o outro diz ou

    fez, mas procurar pr a nu as razes que o levaram a dizer ou fazer o que disse ou fez.

    Efeitos da atitude de interpretao no receptor:

    Se o receptor tem a necessidade de conhecer as causas do seu comportamento, as suas reaces

    sero:

    Aceitao e satisfao

    Reconhecimento e admirao pelo emissor.

    Se o emissor no quer que o seu comportamento seja interpretado, as suas reaces sero:

    Sentimentos de incompreenso e descrena

    Rejeio, acompanhada da necessidade de esclarecimento e debate

    Surpresa, choque, preocupao

    Aumento da agressividade

    Reaces depressivas.

    ATITUDE DE EXPLORAO

    Consiste em pedir informaes sobre o que foi expresso pelo nosso emissor ou sobre a situao

    em presena.

    O que quer dizer com?

    Pode explicar melhor esse aspecto?

    Ao utilizar esta atitude revela-se ao interlocutor a necessidade de receber uma informao,

    mostrando-se interessado e desejando compreender aquilo que ele diz ou faz.

    Desde que correctamente utilizada, de forma clara e a pedir unicamente um pedido de

    informao, contribui para clarificar a comunicao e aprofundar a compreenso dos contextos vividos ou

    sentidos pelo outro.

  • Anabela Fernandes

    34Gesto e Resoluo de Conflitos

    No envolve qualquer desnivelamento em relao ao outro, antes lhe atribui um papel importante na

    comunicao.

    No entanto, se utilizada de forma incorrecta, esta atitude pode levar a um impacto negativo no

    receptor.

    Efeitos da atitude de explorao no receptor:

    Se o receptor necessita de ajuda para expor o seu problema, se necessita de sentir o interesse e a

    teno de outros para os problemas que o preocupam, as reaces sero:

    Aumentar a capacidade de anlise do problema e de percepo clara do problema ou da situao

    Aproximar os dois interlocutores e aumentar a profundidade da comunicao

    Sentimento de que se est a ser objecto de interesse por parte de outro

    Sentimentos de reconhecimento e satisfao.

    Se o emissor interpreta a atitude exploratria como curiosidade ilegtima, as reaces sero:

    Agressividade

    Defesa ou corte na comunicao

    Indignao e revolta.

    ATITUDE DE COMPREENSO EMPTICA

    Consiste em clarificar as palavras e os actos do nosso interlocutor, com o fim de confirmar ou

    estruturar aquilo que pensou ou sentiu.

    No seu entender o problema

    Em sntese, temos estado a abordar

    Esta atitude pode servir para explicitar o sentimento ou a preocupao central do interlocutor,

    situar o comportamento no tempo, relativizar a situao, assegurar o retorno da comunicao atravs da

    formulao de uma pergunte.

    Com esta atitude centramo-nos no interlocutor, procurando compreend-lo, ao nvel das palavras

    e sentimentos, para alm do que expresso na comunicao.

    Efeitos da atitude compreenso emptica no receptor:

    Se o receptor tem a necessidade de clarificar as suas ideias, sentimentos ou actos, as suas reaces

    sero:

    Sentir-se compreendido e aceite

    Perceber mais claramente os seus sentimentos

    Perceber e aceitar mais claramente as situaes e o modo como foram vividas e experimentadas.

  • Anabela Fernandes

    35Gesto e Resoluo de Conflitos

    Contudo, se o receptor entende que o querem substituir nas suas ideias, que o esto a avaliar e

    interpretar ento podero ocorrer as mesmas reaces que ocorreram em relao s atitudes de

    avaliao, interpretao e apoio.

    A maior dificuldade desta atitude consiste em obter-se o treino necessrio para a utilizar de forma

    correcta, sincera e consequente, sem deixar que se misture com outras atitudes anteriormente descritas.

    Em concluso, a utilidade ou adequao de cada uma das seis atitudes de comunicao

    apresentadas depende do contexto da situao.

    No entanto, podemos afirmar que determinadas atitudes so, em princpio, facilitadoras da

    comunicao, pois so no-directivas, aproximam os intervenientes e estimulam a interaco.

    Deste modo, evitam o conflito interpessoal. Estas atitudes so: apoio, explorao e compreenso

    emptica.

    As restantes atitudes avaliao, interpretao e orientao pelo contrrio, so directivas,

    desniveladoras, no facilitadoras da comunicao, pelo facto de criarem barreiras entre o emissor e o

    receptor.

    ESTILOS COMUNICACIONAIS

    Quando as pessoas comunicam nem todas se comportam da mesma forma. Umas so mais

    agressivas, outras mais passivas, algumas so mais manipuladoras e outras mais assertivas.

    A maneira como as pessoas se relacionam atravs da comunicao, constitui o seu estilo

    comunicacional. Dos quatro estilos habitualmente identificados agressivo, passivo, manipulador e

    assertivo, alguns facilitam a comunicao e outros tornam-na menos eficaz.

    Todas as pessoas, nas suas relaes, utilizam uma mistura dos quatro estilos. Contudo, existe um

    estilo predominante e que convm identificar de forma a podermos gerir o nosso relacionamento.

    Cada estilo eficaz em funo da situao onde aplicado, mas, quando utilizado

    indiscriminadamente, pode originar problemas graves ao nvel da comunicao.

    ESTILO AGRESSIVO

    A pessoa que com frequncia utiliza o estilo agressivo para comunicar:

    Age como se fosse intocvel e no cometesse erros.

    Tem uma grande necessidade de se mostrar superior aos outros e, por isso excessivamente

    crtico e reivindicativo.

    Atribui sempre aos outros o que de mau ou desagradvel acontece.

    Tenta sempre ganhar e dominar ainda que para isso tenha que humilhar ou agredir (fsica ou

    psicologicamente).

    Ignora e desvaloriza sistematicamente o que os outros dizem ou fazem.

  • Anabela Fernandes

    36Gesto e Resoluo de Conflitos

    Sinais do agressivo:

    Fala alto e interrompe.

    No ouve com ateno o que os outros exprimem.

    sarcstico.

    Tem exploses emocionais.

    hostil e no coopera.

    Utiliza demasiado a palavra EU.

    No olha directamente para o interlocutor.

    Manifesta um sorriso irnico e expresses faciais de desprezo ou de desaprovao.

    Consequncias do comportamento agressivo:

    O agressivo desgasta psicologicamente as pessoas que o rodeiam.

    Ao tentar desvalorizar o que os outros dizem ou fazem, no favorece o estabelecimento de

    relaes interpessoais saudveis e sinceras.

    Ao pensar que sempre ganhador atravs do seu mtodo, no entende que, se o fosse, no

    necessitaria de ser agressivo.

    O agressivo torna-se um cego no seu meio porque evitam falar-lhe de uma forma sincera e

    verdadeira.

    C a u s a s g e r a d o r a s d o c o m p o r t a m e n t o a g r e s s i v o :

    Sentimentos de vulnerabilidade e de medo e falta de autoconfiana.

    Incapacidade de lidar com a frustrao.

    Desejo de vingana.

    Reaco a uma situao geradora de stress.

    Reaco pontual a uma passividade constante.

    ESTILO PASSIVO

    Tem dificuldade em defender os seus interesses e em dizer o que pensa ou sente.

    Tem muita dificuldade em dizer no quando lhe pedem alguma coisa.

    Raramente est em desacordo e evita o conflito a todo o custo.

    No sendo capaz de alcanar os seus objectivos, acaba por ficar com sentimentos de culpa.

  • Anabela Fernandes

    37Gesto e Resoluo de Conflitos

    Sente-se incompreendido e diminudo face aos outros, acha o que o que diz no tem interesse.

    Quando lhe colocado um desafio, desiste facilmente perante os obstculos.

    Em vez de se afirmar, afasta-se ou submete-se sem agir.

    tmido e silencioso.

    Sinais do passivo:

    Fala pouco.

    Ri as unhas.

    Exprime um riso medroso e uma voz trmula.

    Mexe frequentemente os ps.

    Est frequentemente ansioso.

    Consequncias do comportamento do passivo:

    Dada a dificuldade em se afirmar, os outros no chegam a ter um real conhecimento dos seus

    interesses/necessidades, o que prejudica a comunicao com os demais.

    Porque no diz aquilo que pensa, quando se sente injustiado, vai guardando sempre sentimentos

    de ressentimento e rancor o que no facilita em nada a comunicao.

    C a u s a s g e r a d o r a s d o c o m p o r t a m e n t o p a s s i v o :

    Educao severa com um nmero elevado de frustraes.

    Baixo auto conceito e baixa auto-estima.

    Falsa representao da realidade e m interpretao das relaes de poder. Imagina os outros com mais

    poder do que na realidade tm.

    ESTILO MANIPULADOR

    No enfrenta as situaes de forma directa, preferindo fazer interpretaes pessoais.

    Assume-se frequentemente como uma pessoa indispensvel, embora no assuma frontalmente as

    suas responsabilidades.

    Prefere atingir os seus objectivos agindo por interpostas pessoas.

    Os seus propsitos raramente so expostos com clareza e frontalidade. Utiliza a simulao, nega

    factos e inventa histrias.

    No se ope claramente aquilo que no lhe agrada, prefere utilizar o humor, a ironia e a caricatura

    para desvalorizar os outros.

  • Anabela Fernandes

    38Gesto e Resoluo de Conflitos

    Assume muitas vezes o papel de vtima fazendo chantagem emocional para atingir os seus

    objectivos.

    hbil em criar conflitos manipulando a informao. Fala por meias palavras e introduz rumores

    do diz-que-disse.

    Sinais do manipulador:

    Emprega frequentemente o ns em vez do eu (falemos francamente).

    Oferece os seus talentos na presena de pblicos difceis.

    Apresenta-se sempre cheio de boas intenes.

    Apresenta-se quase sempre como um til intermedirio.

    Consequncias do comportamento manipulador:

    Ao no se envolver directamente nos acontecimentos e ao descartar-se das responsabilidades, cria

    barreiras comunicao interpessoal.

    O manipulador perde a sua credibilidade medida que os seus truques vo sendo descobertos.

    Uma vez descoberto, o manipulador tende a vingar-se dos outros e, se tem poder, utiliza-o para

    isso.

    C a u s a s g e r a d o r a s d a m a n i p u l a o :

    Acreditar que no se pode confiar nos outros e de que o comportamento indirecto mais eficaz do

    que o comportamento face a face, directo e franco.

    Ter aprendido, atravs da educao, que a manipulao era a nica forma de se atingirem

    objectivos.

    ESTILO ASSERTIVO

    Entende-se por assertividade a capacidade de se afirmar por palavras e por actos o que se pensa,

    o que se quer e o que se sente, com calma e sem agressividade, dando, ao mesmo tempo, espao ao

    outro para se afirmar, aquilo que pensa, aquilo que sente e o que quer.

    A pessoa que utiliza o estilo assertivo:

    capaz de exprimir, de forma aberta e franca, as suas ideias, os seus interesses e os seus

    sentimentos.

    verdadeiro consigo mesmo e com os outros. No dissimula os seus sentimentos, sendo coerente

    entre aquilo que pensa e aquilo que diz e entre aquilo que diz e aquilo que faz.

    A relao com os outros baseia-se na confiana e na lealdade e no na ameaa, no domnio ou na

    chantagem.

  • Anabela Fernandes

    39Gesto e Resoluo de Conflitos

    Quando em desacordo, negoceia na base de objectivos precisos procurando satisfazer interesses

    mtuos e atingir compromissos realistas.

    Ser assertivo implica:

    Ter conscincia dos seus sentimentos, desejos e opinies.

    Possuir confiana em si prprio.

    Exercer o direito de exprimir aquilo que se pensa, aquilo que se sente e aquilo que se quer,

    respeitando o direito dos outros se exprimirem de igual para igual.

    Consequncias da assertividade:

    Desperta nos outros uma atitude semelhante favorecendo uma boa comunicao.

    Equilbrio psicolgico.

    Bom clima nas suas relaes interpessoais.

    Lembra-te, comportamento gera comportamento.

    A escolha est em ti.

    D o exemplo.

  • Anabela Fernandes

    40Gesto e Resoluo de Conflitos

    5. A escuta Activa e a Resoluo de Conflitos

    FRAGA, Lus Adolfo, traduo. 1995. L

    i d e r a r e n e g o c i a r c o n f l i t o s . Mem Martins: CETOP.

    KEENAN, Kate. 2000. D i c a s t e i s p a r a n e g o c i a r . Lisboa: Texto Editora.

    PINTO, Avelino, et al.2003. I n t e r a g i r : t c n i c a s d e a n i m a o . Porto: Salesianas.

    ROQUE, Francisco. 2003. R e l a e s c o m o p b l i c o e g e s t o d e c o n f l i t o s . Coimbra: Centro de Estudos e Formao Autrquica.

    SEIJO, Juan Carlos Torrego. 2003. M e d i a o d e C o n f l i t o s e m I n s t i t u i e s E d u c a t i v a s . Lisboa: Edies Asa, 1 Edio.

    STUART, Roderick R. 2000. J o g o s p a r a f o r m a d o r e s : d e s e n v o l v i m e n t o d e e q u i p a s . Lisboa: Monitor.

    Bibliografia