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GESTÃO DE EFLUENTES E RESÍDUOS NA INDÚSTRIA DE PETRÓLEO E GÁS Brasília-DF.

Gestão de Efluentes e Resíduos Na Indústria de Petróleo e Gás

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GESTÃO DE EFLUENTES E RESÍDUOS NA INDÚSTRIA DE PETRÓLEO E GÁS

Brasília-DF.

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Elaboração

Fernanda Franz Mendonça

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ..................................................................................................................................... 5

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA ................................................................................. 6

INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................... 8

UNIDADE I

IMPACTOS AMBIENTAIS CAuSAdOS PElA INdÚSTRIA dE PETRÓlEO E GÁS .......................................................... 11

CAPÍTULO 1

PRINCIPAIS ORGANISMOS PRESENTES NA ÁGuA: BACTéRIAS, AlGAS, PROTOzOÁRIOS, fuNGOS, ROTífEROS

E OuTROS .............................................................................................................................. 13

CAPÍTULO 2

TRATAMENTO CONvENCIONAl dE RESíduOS E AlGuMAS vARIANTES ................................................... 15

CAPÍTULO 3

TRATAMENTO PRIMÁRIO, SECuNdÁRIO E TERCIÁRIO ......................................................................... 16

CAPÍTULO 4

TRATAMENTO AERÓBIO E ANAERÓBIO EM PETRÓlEO E GÁS ............................................................... 19

CAPÍTULO 5

lAGOAS dE ESTABIlIzAçãO ........................................................................................................ 23

CAPÍTULO 6

CONTROlE MICROBIOlÓGICO: CONCEITOS E fENôMENOS ENvOlvIdOS ................................................ 28

UNIDADE II

CONTROlE dE RESíduOS dE PETRÓlEO E GÁS ............................................................................................ 31

CAPÍTULO 7

PROCESSOS dE dESINfECçãO .................................................................................................... 33

CAPÍTULO 8

MINIMIzAçãO dA GERAçãO dE RESíduOS dE EfluENTES EM PETRÓlEO E GÁS ..................................... 36

UNIDADE III

TRATAMENTO dE RESíduOS dE PETRÓlEO E GÁS ......................................................................................... 41

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CAPÍTULO 9

lEGISlAçãO BÁSICA SOBRE RESíduOS E EfluENTES ....................................................................... 43

CAPÍTULO 10

ASPECTOS lEGAIS SOBRE POluIçãO AMBIENTAl EM AMBIENTE dE PETRÓlEO E GÁS .............................. 63

CAPÍTULO 11

PARâMETROS PARA lANçAMENTOS dE RESíduOS NAS INSTAlAçõES dE PETRÓlEO E GÁS ...................... 67

CAPÍTULO 12

CARACTERIzAçãO E ENSAIOS dE TRATABIlIdAdE PARA dESPEjOS INduSTRIAIS ..................................... 71

CAPÍTULO 13

TRATAMENTO dE ÁGuAS RESIduÁRIAS dE INTERESSE ...................................................................... 73

PARA (NÃO) FINALIZAR ......................................................................................................................... 75

REFERêNCIAS ..................................................................................................................................... 77

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APRESENTAÇÃO

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

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ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Pensamentos inseridos no Caderno, para provocar a reflexão sobre a prática da disciplina.

Para refletir

Questões inseridas para estimulá-lo a pensar a respeito do assunto proposto. Registre sua visão sem se preocupar com o conteúdo do texto. O importante é verificar seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. É fundamental que você reflita sobre as questões propostas. Elas são o ponto de partida de nosso trabalho.

Textos para leitura complementar

Novos textos, trechos de textos referenciais, conceitos de dicionários, exemplos e sugestões, para lhe apresentar novas visões sobre o tema abordado no texto básico.

abc

Sintetizando e enriquecendo nossas informações

Espaço para você, aluno, fazer uma síntese dos textos e enriquecê-los com sua contribuição pessoal.

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Sugestão de leituras, filmes, sites e pesquisas

Aprofundamento das discussões.

Praticando

Atividades sugeridas, no decorrer das leituras, com o objetivo pedagógico de fortalecer o processo de aprendizagem.

Para (não) finalizar

Texto, ao final do Caderno, com a intenção de instigá-lo a prosseguir com a reflexão.

Referências

Bibliografia consultada na elaboração do Caderno.

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INTRODUÇÃO

Atualmente uma das grandes preocupações mundiais é a escassez da água. A possibilidade concreta começa a se tornar uma ameaça ao desenvolvimento econômico e social e à estabilidade política mundial, levando a disputas pelo uso num futuro não muito distante. Em nosso país isso pode ser notado com o advento da Lei das Águas, Lei no 9.433/1997.

Enquanto isso, a indústria petrolífera vem mudando em relação às questões ambientais. Na atividade de produção de petróleo, uma das principais preocupações ambientais é a água. A sua produção representa a grande maioria dos resíduos associados à produção de óleo e gás.

Esta disciplina pretende tratar sobre assuntos inerentes à Gestão de Efluentes e Resíduos na Indústria de Petróleo e Gás buscando, também, atualizar o aluno sobre os principais temas que têm circulado no âmbito acadêmico e profissional sobre a aplicabilidade ambiental no mercado do petróleo e derivados.

.

Leia o que o professor Júlio Cesar, na Revista Negócios Offshore, apresenta sobre:

Resíduo industrial: o que fazer com ele?

A correta destinação das sobras industriais é um procedimento obrigatório para empresas que desejam cumprir a legislação ambiental

Segundo a legislação ambiental a coleta, o armazenamento, o transporte e a disposição final de qualquer resíduo gerado, seja este poluente, perigoso, nocivo, tóxico ou não, se sujeitarão as Leis e ao Processo de Licenciamento perante o órgão ambiental competente, segundo o artigo 1o da Lei RJ no 3.007/1998.

Considera-se resíduo toda matéria ou substância no estado sólido, líquido, ou gasoso; podendo ser poluente ou potencialmente poluente. Ele é uma sobra de processo como: tinta, trapo, pincel, macacão com óleo/graxa, embalagens e outros.

Os artigos 4o e 5o da mesma Lei determinam que compete ao gerador a responsabilidade pelos resíduos produzidos, compreendendo todas as etapas, desde o acondicionamento, coleta, armazenamento, tratamento até a destinação final. Além disso, a terceirização desses tipos de serviços não isenta de responsabilidade o gerador, pelos danos que vierem a ser causados, bem como os responsáveis pelo serviço terceirizado, mesmo existindo algum contrato assinado para esse fim. O gerador sempre será o responsável pelo seu resíduo até a sua destinação final.

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Vale ressaltar que a recuperação de áreas degradadas pela ação da disposição de resíduos também é de inteira competência técnica e financeira da fonte geradora. No entanto, caso haja a impossibilidade de identificação desse gerador, por ele ter mudado do local ou ter cessado as suas atividades, o ex-proprietário da terra (ou o atual proprietário que a alugou) será responsabilizado pela degradação causada.

Segundo o órgão ambiental, nenhum tipo de resíduo pode ser armazenado (nem de forma temporária) diretamente no solo, sendo esse o caso de sucatas metálicas. Estas têm que ser acondicionadas em tambores ou caçambas com tampa, para não haver acúmulo de água, visando à prevenção da dengue e de outras pragas.

“No Estado do Rio de Janeiro, o acondicionamento, coleta, transporte, tratamento e disposição final dos resíduos sólidos processar-se-ão em condições que não tragam malefícios ou inconvenientes à saúde, ao bem-estar público e ao meio ambiente” (Lei RJ no 4.191/2003). E para garantir o controle ambiental, das atividades das empresas, elas são obrigadas a cadastrarem–se junto ao órgão estadual, para fins de inventário dos resíduos gerados.

Como classificar o resíduo entre perigoso e não perigoso?

A ABNT 10.004 classifica o resíduo como perigoso ou não perigoso, dependendo de ser tóxico, inflamável, patogênico (causador de doença) ou corrosivo. Essa classificação é feita através de um laudo emitido por um laboratório credenciado pela Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (Feema). Os resíduos serão classificados como: Classe I (perigoso), Classe IIa (semi-inerte) e Classe IIb (inerte). Esse procedimento se faz necessário para que seja dada a correta destinação final.

Exemplos:

Classe I (perigosos): Borras de Tinta, Graxa, Óleos: Sobras e Embalagens Produtos Químicos em geral; Macacões, Trapos e Toalhas contaminadas com Óleos, Tintas e Graxas.

Classe IIa (semi-inertes): Papel, Papelão, Plástico (não contaminado com Produtos Químicos).

Classe IIb (inertes): Madeira, Pedra e Areia (essas não contaminadas com produtos químicos) e Metal(sucata metálica ferrosa ou não ferrosa).

Como armazenar resíduos corretamente no canteiro?

O Resíduo terá de ser colocado em embalagem impermeável (para os sólidos), preferencialmente, poderá ser um tambor de 200 litros com tampa, em pallets (para ficar elevado do piso), com identificação externa, e em tanques de contenção (para os líquidos), devidamente protegidos da chuva. Nunca armazená-los diretamente no chão ou em recipiente destampado.

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Como destinar os resíduos corretamente?

Dependendo de sua classificação (em I, IIa ou IIb), podem ser destinados para aterros sanitários ou industriais, coprocessamento em fornos de cimento, incineração e a reciclagem. É importante lembrar, tanto a empresa transportadora quando a receptora terão de apresentar: licença de operação da Feema, e também o credenciamento no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e dependendo do tipo e classificação do resíduo a ser destinado deve-se apresentar a certificação junto a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e caso o resíduo tenha algum grau de radioatividade será necessária uma Certificação junto a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).

Outro fator relevante é que os aterros sanitários municipais (que recebem resíduos domésticos) não estão autorizados á receber resíduos industriais, mesmo que eles sejam classificados como classe IIa ou classe IIb. Salvo se esse aterro obtiver uma licença de operação, junto ao órgão ambiental, onde esteja descriminado que ele passa a ser considerado um “Aterro Industrial Classe IIa e IIb”. Fora essa exceção, na utilização inadequada, tanto o gerador como o receptor incorrerão na Lei de Crimes Ambientais, no 9.605/98 no art. 60.

Esse procedimento também se aplica ao resíduo de estabelecimentos de saúde, que não pode ser destinado juntamente com o resíduo doméstico. Segundo a legislação, ele tem de ser inertizado (descontaminado) para, em seguida, ser disposto em aterro licenciado pelo órgão ambiental para esse fim, como dita a Resolução CONAMA no 358/2005 e a RDC-306, que é uma diretriz técnica da ANVISA.

O primeiro passo, para a correta destinação de resíduos deve ser dado através de contato com a secretaria municipal de Meio Ambiente que juntamente com a Feema irá classificar e orientar os procedimentos cabíveis.

Objetivos

» Conhecer os principais impactos ambientais da indústria de refino de petróleo e gás.

» Distinguir os impactos sobre o meio físico, gerados pela poluição do ar, da água e do solo.

» Identificar os impactos substanciais e cuidados especiais pertinentes a refinarias.

» Diferenciar características físico-químicas de águas e efluentes.

» Conhecer medidas de carga poluidora.

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UNIDADE IIMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELA INDÚSTRIA DE PETRÓLEO E GÁS

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CAPÍTULO 1 Principais organismos presentes na água: bactérias, algas, protozoários, fungos, rotíferos e outros

Podemos afirmar que o micro-organismo encontra-se em praticamente todos os lugares da natureza. No ar, na água (mares, rios, lagos e água subterrânea) e no solo. Eles podem ser encontrados em maiores quantidades em lugares onde existe grande quantidade de alimentos (matéria orgânica e inorgânica), umidade e temperatura apropriada para que possam crescer e se reproduzir.

Na degradação biológica, as bactérias decompõem o petróleo em substâncias mais simples. Essas bactérias são extraídas do amido do milho, vivendo enquanto houver petróleo para degradar.

Estudos revelam que para digerir 1 litro de petróleo, as bactérias consomem o oxigênio de 327 litros de água, o que agrava o risco de asfixia do mar. Para que ocorra o sucesso desse processo, é necessária a intervenção de dois fatores: a temperatura da água e a presença de oxigênio e nutrientes. A dispersão também contribui para essa operação.

A biodegradação do petróleo por populações naturais de micro-organismos representa um dos mecanismos primários pelo qual os compostos poluentes são eliminados do meio ambiente. Alguns compostos do petróleo são facilmente evaporados ou biodegradados, como os hidrocarbonetos. O petróleo contém hidrocarbonetos que variam da simples molécula, como o metano, a moléculas com alto peso molecular. Os diferentes componentes do petróleo são usualmente agrupados em frações, dependendo de suas propriedades químicas e físicas. A capacidade da degradação dos hidrocarbonetos presente no petróleo é apresentada por diversos gêneros microbianos, principalmente bactérias e fungos1.

Os hidrocarbonetos, presentes no petróleo servem como fonte de carbono para o desenvolvimento de micro-organismos. No quadro 1, serão apresentadas as principais características dos organismos encontrados na água.

Quadro 1. Características dos Organismos encontrados na água

OrganismOs CaraCterístiCas

BactériasQuanto à respiração: podem ser aeróbias (usam oxigênio) ou anaeróbias (ausência de oxigênio). Quanto à nutrição: obtêm seu alimento de matéria orgânica morta, animal ou vegetal, e são chamadas de saprófitos

Protozoários Podem se locomover por meio de pseudópodos, flagelos e cílios.

fungos Nos ambientes aquáticos são encontrados os Hyphomycetes, importantes na decomposição do material vegetal morto, e geralmente presentes em folhas e ramos de árvores que caem na água.

AlgasAs algas são abundantes tanto em águas doces quanto em águas salgadas. Como organismos fotoautotróficos são encontrados na zona eufótica (com incidência de luz) dos corpos de água.

Fonte: A Autora (2012)

1 Adaptado de <http://www.bio-ideias.com/2010/07/voce-sabia-que-as-bacterias-e-fungos.html>.

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Segundo Marco A. Salsalobre et al., um requisito considerado importante e, muitas vezes esquecido por todos, é a questão da qualidade da água ingerida pelo animal. Cerca de 80% de todas as doenças que afetam homens e animais, nos países em desenvolvimento, são provenientes da água de má qualidade.Toda água deve estar isenta de contaminantes químicos e biológicos. Podemos citar como contaminantes biológicos patogênicos: bactérias, vírus, protozoários e helmintos. Eles utilizam a água como veículo, que quando ingerida, causam danos ao organismo do animal. O Quadro 2 apresenta os principais agentes infecciosos encontrados na água.

Quadro 2. Maiores agentes infecciosos encontrados em água contaminada

Fonte: Geldreich (1990)

Para Marco, todos os patógenos encontrados na água merecem considerável atenção, pois podem causar desordens gastrointestinais, infecções em órgãos respiratórios, pele, ouvido, olhos e trato urinário. Estudos revelam que a exposição a patógenos oportunistas em ambiente ao ar livre pode ocorrer através de inalação de spray dos efluentes de esgotos e também pelo contato corporal com água contaminada para consumo ou para irrigação. Os patógenos também podem ser transmitidos por contato direto com os animais, com suas fezes, ou uma pessoa para outra. Outra forma de contraí-los é através de fontes de água para consumo, como poços e mananciais.

Uma doença que acomete principalmente roedores e outros animais silvestres ( mas que afeta também o homem e diversos animas domésticos), é a leptospirose. Ela tem como principal meio de propagação a urina dos animais contaminados, que em contato com o meio (exemplo: água e alimentos) irá contaminar outros animais. As leptóspiras podem sobreviver no ambiente até semanas ou meses, dependendo das condições do ambiente, mas são bactérias sensíveis aos desinfetantes e à exposição de luz solar direta, sendo rapidamente mortas pelo hipoclorito de sódio, presentes na água sanitária.

A presença de bactérias coliformes, dentre as quais a Escherichia coli, serve como indicador da contaminação da água por micro-organismos.

UNIDADE I | Impactos ambIentaIs causados pela IndústrIa de petróleo e gás

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CAPÍTULO 2Tratamento convencional de resíduos e algumas variantes

As atividades de extração do petróleo resultam em efluentes que podem ser tratados mediante alguns processos. Esses processos utilizam métodos físico-químicos tais como os separadores por gravidade ou flotação por ar dissolvido, ou ainda através da degradação biológica. O Quadro 3 faz uma comparação entre as características dos tipos de tratamentos existentes.

Quadro 3. Tratamentos para resíduos de petróleo

tratamentO CaraCterístiCas autOres

Físico Químico Flotação por ar dissolvido Galil e Wolf 2001

Físico Químico seguido de biológico aeróbico

Micro filtração por membranas reator air lift Campos et.al., 1004

Físico Químico seguido de biológico aeróbico

Floculação e flotoação por ar dissolvido Galil et. al. 1998

Biológico aeróbico Reatores aerados Ururahy 1998

Biológico anaeróbico Reator de fluxo ascendente e leito fixo Mendonça 2002

Fonte: Thais Barros (2009)

A biodegradação de compostos orgânicos representa o mais importante mecanismo de eliminação de hidrocarbonetos poluentes do meio ambiente (LEAHY & COLWELL 1990). A biodegradação de hidrocarbonetos depende da estrutura química do composto. Além disso, depende também da capacidade metabólica, da composição da comunidade microbiana e da adaptação aos hidrocarbonetos presentes no resíduo.

O processo biológico tem a função de proporcionar uma solução promissora para o tratamento dos resíduos oriundos da extração do petróleo. Tais processos, por sua vez, utilizam os organismos que proliferam na água ou no solo, aperfeiçoando o tratamento e os custos.

Segundo Rosato (1997), as tecnologias de tratamento de águas residuárias são consideradas o aperfeiçoamento do processo de depuração da natureza. Elas buscam maior capacidade de absorção, com o mínimo de recursos em instalações e operação, e melhor qualidade do efluente lançado.

Já o processo de landfarming aproveita a ação de micro-organismos do solo para a degradação de componentes existentes no resíduo do petróleo. Esse método é amplamente utilizado na Europa e nos Estados Unidos, pois apresenta eficiência de biodegradação dos hidrocarbonetos e baixo custo operacional.

Os processos anaeróbicos e aeróbicos são os principais tipos de tratamento biológico utilizados. Os primeiros independem do oxigênio e os segundos os utilizam para os micro-organismos.

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CAPÍTULO 3Tratamento primário, secundário e terciário

O funcionamento de uma Estação de Tratamento de Efluente (ETE) compreende basicamente as seguintes etapas:

» Pré-tratamento (gradeamento e desarenação);

» Tratamento primário (floculação e sedimentação);

» Tratamento secundário (processos biológicos de oxidação);

» Tratamento do lodo;

» Tratamento terciário (polimento da água).

O pré-tratamento

O pré-tratamento é constituído por processos físicos. Nesta etapa, é realizada a remoção dos materiais que se encontram em suspensão, através da utilização de grelhas e de crivos grossos (gradeamento), e também a separação da água residual das areias a partir da utilização de canais de areia (desarenação).

Gradeamento: nesta etapa são retirados os de sólidos grosseiros. O material de dimensões maiores do que o espaçamento entre as barras é retido. Existem várias grades:

» Grades grosseiras (espaços de 5,0 a 10,0 cm);

» Grades médias (espaços entre 2,0 a 4,0 cm);

» Grades finas (entre 1,0 e 2,0 cm).

Estas grades têm o objetivo de reter o material sólido grosseiro em suspensão no efluente.

As principais finalidades do gradeamento são:

» Proteção dos dispositivos de transporte dos efluentes (bombas e tubulações);

» Proteção das unidades de tratamento subsequentes;

» Proteção dos corpos receptores.

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» Desarenação: nesta etapa ocorre a remoção da areia por sedimentação. Tem o seguinte princípio de funcionamento: os grãos de areia, devido às suas maiores dimensões e densidade, vão para o fundo do tanque, enquanto a matéria orgânica, de sedimentação bem mais lenta, permanece em suspensão, seguindo para as unidades seguintes.

A remoção de areia tem as seguintes finalidades:

» Evitar abrasão nos equipamentos e tubulações.

» Eliminar ou reduzir a possibilidade de obstrução em tubulações, tanques, orifícios, sifões.

» Facilitar o transporte do líquido, principalmente a transferência de lodo, em suas diversas fases.

Tratamento primário

Constituído unicamente por processos físico-químicos. Nessa etapa ocorre a equalização e neutralização da carga do efluente com início em um tanque de equalização e adição de produtos químicos. Seguidamente, ocorre a separação de partículas líquidas ou sólidas através de processos de floculação e sedimentação, utilizando floculadores e decautador (sedimentador primário).

» Floculação: consiste na adição de produtos químicos que promovem a aglutinação e o agrupamento das partículas a serem removidas, tornando o peso especifico delas maiores que o da água, facilitando a decantação.

» Decantação Primária: consiste na separação sólida (lodo) do líquido (efluente bruto) por meio da sedimentação das partículas sólidas.

» Peneira Rotativa: as peneiras podem substituir o sistema de gradeamento ou serem colocadas em substituição aos decantadores primários, com a finalidade de separar sólidos com granulometria superior à dimensão dos furos da tela. O fluxo atravessa o cilindro de gradeamento em movimento, de dentro para fora.

Tratamento secundário

Nesse tratamento ocorre a remoção da matéria orgânica, por meio de reações bioquímicas. Esses processos podem ser:

» Aeróbios: simulam o processo natural de decomposição, com eficiência no tratamento de partículas finas em suspensão. Nesse processo, o oxigênio é obtido por aeração mecânica (agitação) ou por insuflação de ar.

» Anaeróbios: consistem na estabilização de resíduos feita pela ação de micro- -organismos, na ausência de ar ou oxigênio elementar. O tratamento pode ser referido como fermentação mecânica.

Impactos ambIentaIs causados pela IndústrIa de petróleo e gás | UNIDADE I

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No tratamento secundário, a matéria passa pelos seguintes passos:

» Tanque de Aeração: no qual ocorre a remoção da matéria orgânica, efetuada por reações bioquímicas, realizadas por micro-organismos aeróbios (bactérias, protozoários, fungos etc.).

» Decantação Secundária e Retorno do Lodo: nesta etapa ocorre a clarificação do efluente e o retorno do lodo. Os decantadores secundários são os responsáveis pela separação dos sólidos em suspensão presentes no tanque de aeração, permitindo a saída de um efluente clarificado, e pela sedimentação dos sólidos em suspensão no fundo do decantador, permitindo o retorno do lodo em concentração mais elevada.

» Elevatória do Lodo Excedente (Descarte do Lodo): nessa etapa acontece o descarte do lodo excedente. Os sólidos suspensos são descartados do sistema para que este permaneça em equilíbrio (produção de sólidos = descarte de sólidos). O lodo excedente extraído do sistema é dirigido para a seção de tratamento de lodo.

Tratamento terciário

Pode ser empregado com a finalidade de conseguir remoções adicionais de poluentes em águas residuárias, antes de sua descarga no corpo receptor e/ ou para recirculação em sistema fechado. Essa operação é também chamada de “polimento”.

Os processos de tratamento terciário são muito diversificados em função das necessidades de cada indústria.

UNIDADE I | Impactos ambIentaIs causados pela IndústrIa de petróleo e gás

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CAPÍTULO 4Tratamento aeróbio e anaeróbio em petróleo e gás

No processo aeróbio, os micro-organismos, mediante processos oxidativos, degradam as substâncias orgânicas, que são assimiladas como “alimento” e fonte de energia. É um processo secundário, que tem a finalidade da remoção da carga orgânica solúvel e somente em pequena parte a carga orgânica em suspensão. (FORD et al., 1980; SURAMPALLI et al., 1997)

Nesse tipo de sistema, os micro-organismos, através da oxidação, convertem substratos complexos a dióxido de carbono, água, nitratos, sulfatos (CAO et al., 2002).

O Quadro 4 mostra alguns tipos de bactérias e protozoários encontrados em sistemas aeróbios.

Quadro 4. Micro-organismos presentes nos sistemas aeróbios.

Fonte: Adaptado de VAZOLLER et al., 1989.

O Quadro 5 apresenta os principais gêneros de bactérias encontradas nos sistemas de lodos ativados com suas respectivas funções.

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Quadro 5. Principais gêneros de bactérias em lodos ativados

Fonte: HORAN, 1990.

Podemos afirmar que o tratamento biológico aeróbio é um processo complexo. Nele os micro-organismos são induzidos a se alimentarem de substratos diferentes como a gasolina e compostos de petróleo, com a presença de oxigênio no meio.

Segundo Campos (2003), em um ambiente aeróbio, o material orgânico é mineralizado pelo oxidante para compostos inorgânicos, principalmente dióxido de carbono e água.

Estudos de biodegradabilidade aeróbia de óleo lubrificante na proporção de 0,5%, misturado com esgoto sanitário foram realizados (GERMANO et al., 2005). Esses estudos mostraram que o sistema composto de dois reatores aeróbios com capacidade unitária de 5,0 litros apresenta eficiências de remoção de DQO de 90 e 74% (respectivamente para concentrações de 0,5 e 1% de óleo na preparação do substrato).

Foram realizados também, estudos com reatores contínuos de bancada, anaeróbio e aeróbio tratando efluente do separador de água e óleo de resíduos de petróleo. Foram apresentados uma eficiência de remoção de DQO com tempo de detenção de 10 horas, de 90% no reator aeróbio (MENDONÇA, 2004).

Os estudos realizados por Silva et al. (2005) apresentaram resultados de eficiência de 73% na remoção de DQO para uma mistura de 50% resíduo de água de lavagem e 50% esgoto sanitário. Estes testes foram realizados em reatores em batelada sequencial, de bancada, sendo um aeróbio e outro anaeróbio, para degradação de resíduos oriundos de tanques de óleo diesel.

Lopes et al. (2004) estudaram o óleo lubrificante, derivado da indústria de petróleo, em conjunto com esgoto sanitário através de biodegradabilidade em reator aeróbio. Verificaram que com a aplicação de 0,5% de óleo diluído em cada 4 litros de esgoto sanitário, o sistema manteve seu desempenho praticamente estável, ou seja, com remoção de DQO de 96% para um tempo de operação de 10 dias.

O processo anaeróbio é considerado um processo natural. Consiste na ação dos micro-organismos produzirem uma fermentação estável e autorreguladora. Conforme Mosey (1983) essa fermentação tem a finalidade de conversão da matéria orgânica complexa em metano, gás carbônico, água, gás sulfídrico e amônia. A grande vantagem de um processo anaeróbio é o fato da massa microbiana desenvolvida ser bastante diversificada, sendo capaz de adaptar-se a diferentes tipos de resíduos, sem grandes exigências nutricionais.

UNIDADE I | Impactos ambIentaIs causados pela IndústrIa de petróleo e gás

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Segundo Mc Carty (1996), o processo anaeróbio pode ser dividido em fases distintas subdivididas em rotas assim definidas:

» Hidrólise: é a decomposição da matéria orgânica em moléculas orgânicas solúveis. Há utilização de água para que ocorra a quebra das pontes químicas entre as substâncias.

» Acidogênese: é a decomposição química dos carboidratos através de enzimas ou bactérias presentes na ausência de oxigênio, formando ácidos graxos voláteis de cadeia longa.

» Acetogênese: os produtos da fermentação são convertidos em acetato, hidrogênio e dióxido de carbono através da bactérias acetogênicas.

» Metano gênese: o gás metano é formado a partir do acetato, hidrogênio e CO2.

A Figura 1 mostra as fases de um processo anaeróbio:

Figura 1. Rotas metabólicas da digestão anaeróbiaFonte: Adaptado de Speece (1996)

O interesse em relação ao tratamento anaeróbio tem crescido significativamente nos últimas décadas, promovendo novas informações acerca da otimização das unidades de tratamento biológico no processo de degradação por esse meio para diferentes tipos de resíduos (SARTI et al., 2005).

Na degradação de hidrocarbonetos de petróleo, o processo anaeróbio tem apresentado resultados promissores. Apresenta vantagens em relação ao processo aeróbio, como não necessitar de adição de oxigênio e utilizar uma maior variedade de aceptores de elétrons. Para Campos (2004) trata-se de um processo simples, que depende das condições ambientais dos reatores, permitindo o controle da população microbiana que deve ser diversificada e estável.

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Entre os reatores anaeróbios de última geração, os mais utilizados no Brasil são os UASB (Upflow Anaerobic Sludge Blanket), que foram criados na Holanda na década de 1970. Esses reatores possuem habilidade em reter altas concentrações de biomassa, ligadas a alta velocidade de fluxo e grande produção de biogás (LETTINGA, 1995; SCHIMIDT; BELZER, 1984). Estão sendo utilizados em indústrias onde os processos produtivos geram águas residuárias de difícil degradação. Esse fato, ocorre devido às características de retenção da biomassa, possibilidade de produção de gás, facilidade de controle operacional e possibilidade de operação com elevadas concentrações de carga orgânica (SRINIVASAN; BONVIN, 2007).

Foi utilizado o reator UASB para tratamento de efluente de separador de água e óleo (SAO), do terminal de armazenamento da BR Distribuidora, Suape/PE. Os resultados apresentaram eficiências na remoção de DQO, em torno de 90% poucos problemas operacionais, indicando a viabilidade do tratamento anaeróbio para resíduos de terminais de armazenamento de derivados de petróleo (MENDONÇA et al., 2004).

O Reator Horizontal Anaeróbio de Leito Fixo (RHALF) e reator em batelada sequencial anaeróbio (RBSAn), também têm sido usados no tratamento de resíduos de petróleo

Nardi et al. (2006) utilizaram o reator RHALF para degradação de BTEX e verificaram que eficiências de remoção de matéria orgânica de 96% a 99% e eficiências de remoção de BTEX de 75% a 99% foram alcançadas no reator com tempo de detenção de 11,4 h.

Silva (2006) desenvolveu estudo utilizando RSBAn, que apresentou eficiência de 65%, na degradação de resíduos de petróleo (águas de produção) em conjunto com esgoto sanitário sintético, demonstrando uma alternativa bastante viável, visto a capacidade de adaptação da biomassa ao resíduo tratado.

(Adaptado do texto de Thais Tonim de Barros: Degradação biológica de água de produção de petróleo utilizando reatores em bateladas sequenciais).

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CAPÍTULO 5lagoas de estabilização

Definimos como lagoas de estabilização sistemas de tratamento biológico onde a estabilização da matéria orgânica é realizada pela oxidação bacteriológica (oxidação aeróbia ou fermentação anaeróbia) ou ainda pela redução fotossintética das algas.

As lagoas de estabilização têm como principal objetivo a remoção de matéria orgânica carbonácea.

As lagoas de estabilização consistem no processo da retenção dos esgotos por um período de tempo longo o suficiente para que os processos naturais de estabilização da matéria orgânica se desenvolvam (Von Sperling, 2005). Devem constituir um eficiente sistema para eliminação de organismos patogênicos. Também atuam na remoção de nitrogênio e de fósforo.

Os sistemas de lagoas de estabilização constituem-se na forma mais simples para tratamento de esgotos, apresentando diversas variantes com diferentes níveis de simplicidade operacional e requisitos de área.

Os principais sistemas que compõem as lagoas de estabilização são:

» Lagoas Facultativas;

» Lagoas Anaeróbias (Lagoas Facultativas);

» Lagoas Aeradas Facultativas;

» Lagoas Aeradas de Mistura Completa (Lagoas de Decantação);

» Lagoa de Maturação.

Constituem aspectos relevantes às Condições Brasileiras:

» Disponibilidade de área;

» Clima favorável (temperatura e insolação);

» Operação simples;

» Pouca mecanização.

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Figura 2. Lagoas de EstabilizaçãoFonte: Autor Desconhecido

O Quadro 6 apresenta uma descrição sucinta das lagoas de estabilização.

Quadro 6. lagoas de Estabilização

sistemas DesCriçãO

Lagoa Facultativa

DBO solúvel e finamente particulada.

Estabilizada aerobiamente por bactérias dispersas no meio líquido.

DBO suspensa tende a sedimentar, sendo estabilizada anaerobiamente por bactérias no fundo da lagoa.

O oxigênio requerido pelas bactérias aeróbias é fornecido pelas algas, através da fotossíntese.

Lagoa Anaeróbia/

Lagoa Facultativa

DBO em torno de 50 % estabilizada na lagoa anaeróbia (mais profunda e com menor volume).

DBO remanescente é removida na lagoa facultativa.

Ocupa uma área inferior ao de uma lagoa facultativa única.

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sistemas DesCriçãO

Lagoa Aerada /

Facultativa

DBO são similares aos de uma lagoa facultativa.

Oxigênio é fornecido por aeradores mecânicos,

Grande parte dos sólidos do esgoto e da biomassa sedimentada, é decomposta anaerobiamente no fundo

Lagoa Aerada de Mistura Completa/

Lagoa Decantação

A energia introduzida é elevada.

A decorrente maior concentração de bactérias no meio líquido aumenta a eficiência do sistema na remoção de DBO.

Volume inferior ao de uma lagoa aerada facultativa.

Efluente contém elevados teores de sólidos (bactérias).

O lodo da lagoa de decantação deve ser removido em períodos de poucos anos.

Lagoa Maturação

Objetivo principal da lagoa de maturação é a remoção de patogênicos.

Predominam condições ambientais adversas para os patogênicos (como radiação ultravioleta, elevado pH, elevado OD, temperatura mais baixa que a do corpo humano, falta de nutrientes e predação por outros organismos).

Constituem um pós-tratamento de processos que objetivem a remoção da DBO.

A eficiência na remoção de coliformes é bastante elevada.

Fonte: Autor Desconhecido

Figura 3. Lagoas de EstabilizaçãoFonte: Autor Desconhecido

O Quadro 7 mostra as principais características, por parâmetro, das lagoas de estabilização.

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Quadro 7. lagoas de Estabilização

Fonte: Autor Desconhecido

Figura 4. ETE – Lagoas de Estabilização – Lins – SPFonte: Autor Desconhecido

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Figura 5. ETE – Lagoas de Estabilização – Lins – SPFonte: Autor Desconhecido

(Adaptado do texto da Universidade Federal de Santa Maria – Lagoas de estabilização)

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CAPÍTULO 6Controle microbiológico: conceitos e fenômenos envolvidos

A diversidade de micro-organismos capazes de biodegradar poluentes como o óleo e produzir metabólitos como os biossurfactantes é grande e pouco conhecida. Dependendo do hábitat, estima-se que apenas menos de 0,1% e no máximo 10% das espécies microbianas existentes foram descobertas e nomeadas.

Krepsky et al. (2003) demonstraram em seus estudos a degradação de óleo Árabe Leve por Bacillus spp na APA de Guapimirim, localizado no estado do Rio de Janeiro.

Os principais gêneros de bactérias capazes de degradar compostos do petróleo, segundo Wetler-Tonini et al. (2010) são:

» Acidovorans,

» Acinetobacter,

» Agrobacterium,

» Alcaligenes,

» Aeromonas,

» Arthrobacter,

» Beijemickia,

» Burkholderia,

» Bacillus,

» Comomonas,

» Corynebacterium,

» Cycloclasticus,

» Flavobacterium,

» Gordonia,

» Microbacterium,

» Moraxella,

» Mycobacterium,

» Micrococcus,

» Neptunomonas,

» Nocardia,

» Paracoccus,

» Pasteurella,

» Polaromonas,

» Pseudomonas,

» Ralstonia,

» Rhodococcus,

» Sphingomonas,

» Stenotrophomonas,

» Streptomyce

» Vibrio.

Segundo Zhou et al., (2009), a diversidade e o tamanho da população do micro-organismos degradadores, estão relacionados com o grau e o tipo de contaminação, no entanto em manguezais ainda são pouco conhecidos.

De uma maneira geral, os micro-organismos, exigem condições favoráveis para seu crescimento, o que torna algumas matérias-primas livres de contaminação ou, pelo contrário, muito susceptíveis.

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Podemos afirmar que estas últimas vêm se tornando um substrato para o crescimento microbiano. Elas podem ser utilizadas como fonte de carboidratos, proteínas, aminoácidos, vitaminas, sais orgânicos, água, entre outros.

Geralmente os micro-organismos crescem em pH neutro ou próximo da neutralidade, havendo efeito inibitório em pH inferior a 4 ou superior a 10.

Vale lembrar que outro fator essencial para o crescimento microbiano é a atividade de água, que representa a quantidade de água livre disponível para ser utilizada pelos micro-organismos.

Para ORTH (1993), muitas vezes a água presente pode estar indisponível, a exemplo da água de cristalização ou de hidratação. Materiais hidrofílicos, como a hidroxipropilmetilcelulose (HPMC ou hipromelose) podem incorporar água, tornando-a indisponível aos micro-organismos.

Produtos com baixo teor de água, assim como óleos, ceras e parafinas apresentam baixo risco de contaminação microbiana. Da mesma forma, álcoois, ésteres e ácidos graxos são matérias-primas pouco prováveis de apresentarem contaminação, mesmo porque algumas apresentam atividade antimicrobiana.

Matérias-primas que receberam pequenos ou nenhum tratamento físico ou químico podem apresentar um grau mais elevado de contaminação microbiológica, do que matérias-primas que foram submetidas a processos para reduzir a carga microbiana.

O Quadro 8 mostra uma tabela de classificação das matérias-primas em graus de risco de contaminação.

Quadro 8. Graus de risco de contaminação das matérias-primas

risCO CaraCterístiCas exemplOs

ZeroNão apresentam risco de contaminação microbiana e não necessitam ser analisados. São incompatíveis com o crescimento microbiano por apresentarem pHs extremos ou por inativarem os micro-organismos, atuando na sua membrana e/ou na sua parede celular

Ácidos, álcalis e álcoois

1

Representam um risco muito reduzido de contaminação. Não apresentam históricos de contaminação e não suportam o crescimento de micro-organismos por serem uma fonte pobre de nutrientes, por possuírem atividade de água muito reduzida, ou pela propriedade antimicrobiana que apresentam.

Lipídeos anidros, óleos minerais, ésteres e ácido esteárico.

2

Materiais que apresentam risco baixo de contaminação. O nível de contaminação microbiana nessas matérias-primas é baixo (<1000 UFC/g ou ml) e não apresentam histórico de risco de contaminação com micro-organismos patogênicos. Quando diluídos com água, esses materiais podem favorecer o crescimento microbiano.

Glicerina, sorbitol a 83%

3

Apresentam risco moderado de contaminação, pois podem promover o crescimento microbiano caso sistemas de preservação adequados não sejam utilizados. Recomenda-se que cada lote recebido desses materiais seja testado quanto à qualidade microbiológica.

Surfactantes aquosos (lauril sulfato de amônio), proteínas em solução, pós-provenientes de processos que utilizaram uma ou mais etapas aquosas na sua obtenção (colágeno hidrolisado

4São as aquosas, as quais fornecem condições de crescimento favorável aos micro- -organismos. Esses materiais precisam ser amostrados frequentemente para o registro contínuo de sua qualidade.

Água purificada

Fonte: ORTH (1993).

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CAPÍTULO 7Processos de desinfecção

Nas refinarias as águas residuais de petróleo são submetidas aos seguintes tipos de tratamentos sucessivos: pré-tratamento nas próprias refinarias, tratamento físico, tratamento químico, tratamento biológico e tratamento de clarificação ou afuição.

» Pré-tratamento na instalação da Refinaria

Os métodos considerados como os mais importantes para controle do processo incluem:

› operações de extração e recuperação das águas ácidas;

› neutralização de águas alcalinas (contendo soda cáustica);

› tratamento das águas de lastro;

› recuperação de fugas de óleo;

› controle da temperatura.

A utilização dessas práticas permite diminuir as cargas poluentes do efluente à entrada da estação de tratamento das águas residuais e melhorar a eficiência do sistema.

» Tratamento físico

É a primeira etapa de tratamento numa estação de tratamento de águas residuais das refinarias onde é realizada a separação física de materiais insolúveis ou imiscíveis na água. Nesta etapa, ocorre a redução da carência bioquímica de oxigênio (CBO5), carência química de oxigênio (CQO) e, por algumas vezes, fenóis. Inclui as seguintes operações: gradagem, trituração, separação gravítica de matérias em suspensão e remoção de óleos e gorduras e escumas.

» Tratamento químico

Engloba processos de neutralização, oxidação-redução e coagulação-precipitação.

A neutralização tem a finalidade de controlar o pH em correntes altamente ácidas ou alcalinas. [...] A coagulação-precipitação deve ser aplicada a determinadas correntes do processo, sendo a sua validação aferida por meio de ensaios à escala laboratorial ou à escala piloto.

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» Tratamento biológico

Após o pré-tratamento e o tratamento primário, as águas residuais são conduzidas ao tratamento biológico, se forem biodegradáveis e não apresentarem quaisquer produtos tóxicos. O efluente final, à saída do decantador secundário, poderá ser descarregado diretamente no meio receptor, ou afinado num sistema terciário em função da sua qualidade, das exigências do meio receptor e da sua reutilização.

» Tratamento terciário

O tratamento terciário de efluentes nas refinarias de petróleo, também designado por clarificação ou afinação, permite remover compostos orgânicos refratários e pequenas quantidades de fenóis que não foram eliminados nos processos de tratamento biológico.

» Tratamento de lamas

As lamas produzidas nos tratamentos primários e secundários (nesse caso, normalmente, lamas ativadas) poderão, ou não, ser sujeitas a tratamento posterior face às suas características e ao destino final.

Tratamento das águas residuais em uma refinaria

A eficiência do tratamento das águas residuais é diretamente proporcional à taxa de remoção de poluentes obtida para uma eficiência completa. O processo de remoção dos poluentes é definido em função de sua concentração nas águas residuais e como consequência são estabelecidos por três tipos de sistemas:

» Sistemas de águas oleosas;

» Sistemas de águas limpas;

» Sistemas de águas muito contaminadas ou águas de processo.

Existem alguns métodos para o controle do processo e incluem as seguintes operações:

» Extração e recuperação das águas ácidas;

» Neutralização de águas alcalinas (contendo soda cáustica);

» Tratamento das águas de lastro;

» Recuperação de fugas de óleo;

» Controle da temperatura.

A implementação dessas práticas permite diminuir as cargas poluentes do efluente à entrada da estação de tratamento das águas residuais e melhorar a eficiência do sistema.

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Processos avançados

O processo avançado no sistema de tratamento das águas residuais da refinaria engloba as seguintes etapas sucessivas.

Fase líquida

» Pré-tratamento, que inclui:

› Remoção prévia de óleo e lamas nos pré-separadores;

› Elevação dos efluentes dos pré-separadores;

› Retenção de caudais excedentários nas bacias de tempestade;

› Elevação para o circuito de tratamento;

› Separação de óleos nos PPIs (Parallel-Plates-Interceptor).

» Tratamento físico-químico, que envolve:

› Neutralização e oxidação dos sulfuretos;

› Coagulação floculação química e a flutuação.

» Tratamento biológico por lamas ativadas (média carga): em que o efluente sofre um arejamento mecânico e em seguida é decantado.

» Tratamento com vistas à reutilização dos efluentes, que envolve:

› Cloragem;

› Filtração;

› Arejamento mecânico de efluentes.

Fase sólida (lamas)

» Espessamento de lamas: As lamas produzidas são elevadas para o espessador de lamas que irá realizar a sua concentração e homogeneização de modo a reduzir os caudais a eliminar. Depois de espessadas, as lamas são removidas por uma empresa especializada em processamento de lamas. Passam por um processo de desidratação e são depositadas em contentores. As águas do processo de desidratação são encaminhadas para novo circuito de tratamento.

Óleos

» Recuperação de óleo: o óleo é enviado, depois do condicionamento adequado, para a armazenagem de petróleo bruto, ou seja, é encaminhado para o circuito de recuperação de hidrocarbonetos slops.

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CAPÍTULO 8Minimização da geração de resíduos de efluentes em petróleo e gás

Segundo Collares, atualmente tem-se observado uma grande variação na geração dos despejos líquidos, tanto em termos quantitativos quanto qualitativos. A variabilidade dos efluentes gerados nas refinarias depende, portanto, das características do petróleo processado, o que vem dificultando o estabelecimento de uma composição típica, sendo esse o principal desafio enfrentado na operação de estações de tratamento.

Como são grandes consumidoras de água, e não sendo a água incorporada ao produto, as refinarias de petróleo são também grandes geradoras de efluentes hídricos.

Grande parte dos descartes das refinarias é gerada no próprio sistema de tratamento, tanto da água quanto dos efluentes e as quantidades de efluentes líquidos geradas apresentam certa proporcionalidade com a capacidade de processamento.

A Tabela 1 revela dados obtidos em um estudo realizado em meados de 2002. Os dados revelam os volumes de petróleo processado naquele ano.

Tabela 1. Geração de Efluentes das refinarias 2002

reFinaria anO 2002

iníCiO Da ativiDaDe

prOCessaDO (m3)

prOCessaDO (m3/D)

eFluentes (m3/D)

eFluente óleO

Lubnor 1966 339.735 930 749 0,805

Reman 1957 2.605.558 7.139 3.543 0,496

Recap 1954 2.496.513 6.840 2.787 0,407

Repar 1977 11.093.622 30.393 8.064 0,265

Refap 1968 6.113.408 16.749 7.149 0,427

Revap 1980 11.290.633 30.933 10.970 0,355

Regap 1968 7.243.645 19.845 7.585 0,382

Rlam 1950 11.730.311 32.138 13.834 0,283

Rpbc 1955 8.868.567 24.297 25.918 1,067

Reduc 1961 11.181.325 30.634 25.749 0,841

Replan 1972 18.783.493 51.461 12.995 0,253

Fonte: PETROBRAS e ANP (2003).

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Tem-se observado uma melhora sensível na relação efluente/óleo processado. Esse resultado é fruto de melhorias implementadas durante projetos de modernização nos últimos anos.

Os efluentes aquosos das refinarias de petróleo apresentam uma grande diversidade de poluentes incluindo óleo, fenóis, sulfetos, sólidos dissolvidos, sólidos suspensos, metais etc.

As tecnologias de tratamento e controle existentes incluem tanto o tratamento do efluente final, denominado end-of-pipe, e o pré-tratamento interno ao processo, in-plant. Os pré-tratamentos mais utilizados e importantes são a retificação ou estripagem (arraste) com vapor de correntes de águas para eliminação de amônia e sulfetos, a oxidação e a neutralização de correntes cáusticas oriundas do tratamento para especificação de produtos combustíveis.

Os tratamentos de fim de linha são geralmente feitos em duas etapas:

» Primária para retirada de óleo livre e sólidas sedimentáveis. Consiste na separação do óleo, água e sólidos em estágios, utilizando um separador API, um interceptor de placas corrugadas ou outro tipo de separador. O efluente atravessa o separador em baixa velocidade para permitir a flotação do óleo que é retirado da superfície por um sistema de skimming enquanto os sólidos sedimentados no fundo são também raspados para retirada do sistema

» Secundária para materiais emulsionados e dissolvidos na corrente aquosa. Compreende a coagulação química, flotação a ar e processos biológicos tais como, lagoas de oxidação, filtros biológicos, processos de lodo ativado, bacias de aeração. A mais recente é o processos com membranas. No processo por membranas, o óleo é dissolvido.

A quantidade de efluente a ser tratada depende fundamentalmente de práticas internas do processo. Algumas práticas internas reduzem a vazão dos efluentes para o sistema de tratamento:

» Práticas de reúso: que envolvem a água de algum processo em outro processo, como exemplo a utilização do condensado das torres de stripper para makeup das dessalgadoras, ou ainda, a utilização do blowndown de caldeiras de alta pressão na alimentação das caldeiras de baixa pressão.

» Sistemas de reciclo que usam a água mais de uma vez para o mesmo propósito, como, por exemplo, o uso do vapor condensado na reposição das caldeiras e torres de resfriamento. A redução ou eliminação de uma corrente de efluente permite que processos end-of-pipe sejam menores e mais econômicos.

Minimização de efluentes através do reúso da água

O reúso de água é o processo pelo qual a água é reutilizada a partir de diversas tecnologias. Vários são os instrumentos, mecanismos e tecnologias a serem empregados no trato dessa questão.

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Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 1973), o reúso da água é classificado mediante os seguintes conceitos.

» Reúso indireto: a água já usada, uma ou mais vezes em alguma atividade doméstica ou industrial, é descarregada nas águas superficiais ou subterrâneas e utilizada novamente a jusante.

» Reúso direto: é o uso planejado e deliberado de esgotos tratados em certas finalidades como irrigação, uso industrial, recarga de aquífero e água potável.

» Reciclo interno: é o reúso da água internamente a instalações industriais. Tem como objetivo a economia de água e o controle da poluição.

O seguinte fluxograma, desenvolvido por Veolia-USFilters, apresenta as etapas possíveis para reúso de água na indústria de petróleo.

Figura 6. Sequência de reúso proposta pela VeoliaFonte: Collares (20040

As etapas desse tratamento podem ser realizadas por tecnologias, como segue.

» Remoção de óleo e graxa: Separadores API, Filtro Shell, Separador de Precipitação Contínua, Ultrafiltros Poliméricos, Microfiltro Cerâmico, Flotação Ar Dissolvido, Flotação Ar Induzido.

» Remoção inorgânica: Clarificador de contato de sólidos, Separador Lamella, Separador Polimérico, Precipitação, Oxidação/Reducão.

» Tratamento biológico: Estripagem Ar/Vapor, Tratamento Anaeróbico, Filtro Biológico, Biodiscos rotativos, Lodos Ativados, Sistema de Tratamento de Efluentes

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PACT, Nitrificação/Denitrificação, Ultrafiltração Polimérica, Adsorção com carvão, Sistema de remoção Clerify.

» Tratamento terciário: Filtração de meios múltiplos, Filtração ascendente, Filtração com carvão, Filtração de areia por gravidade, Filtração polimérica, Filtração cerâmica, Ultrafiltração, Clarificador por adsorção, Filtração com cartuchos, Filtros de mangas.

» Pré-tratamento para desmineralização: Troca iônica seletiva, Abrandamento, Adsorvedores poliméricos, Desinfecção, Remoção desinfetante, Antiscalants, Modificação de pH, Radiação Ultravioleta, Degaseificação.

» Desmineralização: Osmose Reversa, Troca Iônica, Evaporação, Deionização Contínua, Nanofiltração.

» Concentração da salmora: Recompressão Mecânica, Cristalizador Evaporador, Concentrador de Salmora, Circulação Forçada.

» Manipulação de sólidos: Adensamento por gravidade, Filtro de Correia, Filtro Prensa, Secador de Lodo, Sistema de regeneração de ar úmido.

De maneira geral, processos unitários podem ser acrescentados sucessivamente, formando sistemas de tratamento que irão obter graus de depuração cada vez maiores e uma melhor qualidade para o efluente.

Processos de tratamento e disposição final dos lodos

Atualmente, o lodo orgânico é o principal subproduto do tratamento de esgotos. Segundo Luduvice (1995), o lodo pode conter qualquer produto que tenha sido utilizado em áreas de drenagem em Estações de Tratamento de Esgotos (ETE) onde foi produzido.

A constituição do lodo de esgoto é muito variável. Pode ser um resíduo sólido com alto teor de matéria orgânica, geralmente separado da fase liquida por processos de floculação ou decantação (METCALF; EDDY, 2003).

A produção de lodo proveniente de esgoto pode atingir valores muito altos, sendo necessário buscar soluções para o tratamento correto para esses resíduos, e suas possíveis aplicações no ambiente.

Os esgotos urbano-industriais são considerados uma grande fonte poluidora do meio ambiente. Para controlar essa fonte poluidora, é necessário o tratamento correto do subproduto denominado lodo de esgoto, que deve ser disposto de forma adequada, evitando possíveis problemas tanto para o ambiente como para a saúde publica.

Infelizmente, a grande maioria dos projetos de tratamento de esgoto não prevê um destino final para o lodo produzido. Ela é apenas considerada uma etapa problemática dentro do processo operacional das estações de tratamento.

Controle de resíduos de petróleo e gás | UNIDADE II

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Segundo estudos realizados por Andreoli et al. (2001), cerca de 90% do lodo produzido no mundo tem sua disposição final por meio de dois processos principais que são a disposição em aterros sanitários e o uso agrícola. Existem também, outros métodos conhecido que são a de disposição oceânica, a disposição superficial e a incineração.

Para Andreolli (1997), o lodo tem a função de promover redução do potencial patogênico dos agentes presentes no material, aumentando seu grau de estabilização, como também reduzindo os problemas potenciais da geração de odor, da atração de vetores, além de riscos de recontaminação.

Ainda, segundo Andreoli (1997), devem ser levados em conta não apenas os aspectos econômicos, mas, principalmente, os possíveis impactos ambientais para a definição de alternativas para disposição final do lodo de esgoto.

O Quadro 9 apresenta as principais características dos processos finais aplicados ao lodo.

Quadro 9. Principais características dos processos de tratamento do lodo

prOCessO CaraCterístiCas

IncineraçãoUtiliza a decomposição térmica através da oxidação, torna o resíduo menos volumoso, menos tóxico e converte os gases ou resíduos incombustíveis.

Disposição OceânicaRepresenta cerca de 6% dos biossólidos produzidos nos Estados Unidos e na Europa, sendo que atualmente vem sendo substituída pelo uso agrícola.

Disposição SuperficialOcorre através do espalhamento do lodo em grandes áreas, para que ocorra sua oxidação, porém existem problemas ambientais relacionados a odor, presença de vetores, lixiviação e contaminação do lençol freático com elementos traço e nutrientes.

Aterro SanitárioDepende da localização em áreas próximas aos centros urbanos onde o lodo é produzido.

O terreno deve ter características especiais de impermeabilização, de disponibilidade de argila, isolamento ambiental com referência a setores e condições geomorfológicas.

Uso agrícolaÉ constituído por uma forma de descarte ambientalmente adequada desse resíduo, sendo usado para recuperação de solos com possibilidades de retorno econômico positivo para a atividade agrícola

Fonte: A Autora (2012)

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UNIDADE IIITRATAMENTO DE RESÍDUOS DE PETRÓLEO E GÁS

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CAPÍTULO 9legislação básica sobre resíduos e efluentes

Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998

Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.

O Presidente da República.

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Capítulo I

Disposições Gerais

Art. 1o (VETADO)

Art. 2o Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la.

Art. 3o As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício de sua entidade.

Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato.

Art. 4o Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente.

Art. 5o (VETADO)

Capítulo II

Da Aplicação da Pena

Art. 6o Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade competente observará:

I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas consequências para a saúde pública e para o meio ambiente;

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II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental;

III - a situação econômica do infrator, no caso de multa.

Art. 7o As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade quando:

I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa de liberdade inferior a quatro anos;

II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias do crime indicar que a substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do crime.

Parágrafo único. As penas restritivas de direitos a que se refere este artigo terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída.

Art. 8o As penas restritas de direito são:

I - prestação de serviços à comunidade;

II - interdição temporária de direitos;

III - suspensão parcial ou total de atividades;

IV - prestação pecuniária;

V - recolhimento domiciliar.

Art. 9o A prestação de serviços à comunidade consiste na atribuição ao condenado de tarefas gratuitas junto a parques e jardins públicos e unidade conservação e, no caso de dano da coisa particular, pública ou tombada, na restauração desta, se possível.

Art. 10. As penas de interdição temporária de direito são a proibição de o condenado contratar com o Poder Público, de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios, bem como participar de licitações, pelo prazo de cinco anos, no caso de crimes dolosos, e de três anos, no de crimes culposos.

Art. 11. A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às prescrições legais.

Art. 12. A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vitima ou à entidade pública ou privada com fim social, de importância, fixada pelo juiz, não inferior a um salário mínimo nem superior a trezentos e sessenta salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual reparação civil a que for condenado o infrator.

Art. 13. O recolhimento domiciliar baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado, que deverá, sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer atividade autorizada, permanecendo recolhido nos dias e horários de folga em residência ou em qualquer local destinado a sua moradia habitual, conforme estabelecido na sentença condenatória.

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Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena:

I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente;

II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano, ou limitação significativa da degradação ambiental causada;

III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação ambiental;

IV - colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle ambiental.

Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:

I - reincidência nos crimes de natureza ambiental;

II - ter o agente cometido a infração:

a) para obter vantagem pecuniária;

b) coagindo outrem para a execução material da infração;

c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio ambiente;

d) concorrendo para danos à propriedade alheia;

e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial de uso;

f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos;

g) em período de defeso à fauna;

h) em domingos ou feriados;

i) à noite;

j) em épocas de seca ou inundações;

l) no interior do espaço territorial especialmente protegido;

m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais;

n) mediante fraude ou abuso de confiança;

o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental;

p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas públicas ou beneficiada por incentivos fiscais;

q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades competentes;

r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções.

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Art. 16. Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão condicional da pena pode ser aplicada nos casos de condenação a pena privativa de liberdade não superior a três anos.

Art. 17. A verificação da reparação a que se refere o § 2o do art. 78 do Código Penal será feita mediante laudo de reparação do dano ambiental, e as condições a serem impostas pelo juiz deverão relacionar-se com a proteção ao meio ambiente.

A redação do § 2o do art. 78 é a seguinte:

“Se o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, e se as circunstâncias do art. 59 deste Código lhe forem inteiramente favoráveis, o juiz poderá substituir a exigência do parágrafo anterior pelas seguintes condições, aplicadas cumulativamente:

a) proibição de frequentar determinados lugares;

b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz;

c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades.

A redação do art. 59 é a seguinte: “Art. 59. O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:

I - as penas aplicáveis, dentre as cominadas;

II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;

III - a substituição da pena privativa de liberdade, por outra espécie de pena, se cabível.”

Art. 18. A multa será calculada segundo os critérios do Código Penal; se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no valor máximo, poderá ser aumentada até três vezes, tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida.

Art. 19. A perícia de constatação do dano ambiental, sempre que possível, fixará o montante do prejuízo causado para efeitos de prestação de fiança e cálculo de multa.

Parágrafo único. A perícia produzida no inquérito civil ou no juízo cível poderá ser aproveitada no processo penal, instaurando-se o contraditório.

Art. 20. A sentença penal condenatória, sempre que possível, fixará o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido ou pelo meio ambientes.

Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá efetuar-se pelo valor fixado nos termos do caput, sem prejuízo da liquidação para apuração do dano efetivamente sofrido.

Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente às pessoas jurídicas, de acordo com o disposto no art. 3o, são:

I - multa;

II - restritivas de direitos;

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III - prestação de serviços à comunidade.

Art. 22. As penas restritivas de direito da pessoa jurídica são:

I - suspensão parcial ou total de atividades;

II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade;

III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações.

§ 1o A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às disposições legais ou regulamentares, relativas à proteção do meio ambiente.

§ 2o A interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra ou atividade estiver funcionando sem a devida autorização, ou em desacordo com a concedida, ou com violação de disposição legal ou regulamentar.

§ 3o A proibição de contratar com o Poder Público e dele obter subsídios, subvenções ou doações não poderá exceder o prazo de dez anos.

Art. 23. A prestação de serviços à comunidade pela pessoa jurídica consistirá em:

I - custeio de programas e de projetos ambientais;

II - execução de obras de recuperação de áreas degradadas;

III - manutenção de espaços públicos;

IV - contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas.

Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a prática de crime definido nesta Lei terá decretada sua liquidação forçada, seu patrimônio será considerado instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional.

Capítulo III

Da Apreensão do Produto e do Instrumento de Infração Administrativa ou de Crime

Art. 25. Verificada a infração, serão apreendidos seus produtos e instrumentos, lavrando-se os respectivos autos.

§ 1o Os animais serão libertados em seu habitat ou entregues a jardins zoológicos, fundações ou entidades assemelhadas, desde que fiquem sob a responsabilidade de técnicos habilitados.

§ 2o Tratando-se de produtos perecíveis ou madeiras, serão estes avaliados e doados a instituições científicas, hospitalares, penais e outras com fins beneficentes.

§ 3o Os produtos e subprodutos da fauna não perecíveis serão destruídos ou doados a instituições científicas, culturais ou educacionais.

§ 4o Os instrumentos utilizados na prática da infração serão vendidos, garantida a sua descaracterização através da reciclagem.

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Capítulo IV

Da Ação e do Processo Penal

Art. 26. Nas infrações penais previstas nesta Lei, a ação penal é pública incondicionada.

Parágrafo único. (VETADO)

Art. 27. Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa, prevista no art. 76 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, somente poderá ser formulada desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 da mesma lei, salvo em caso de comprovada impossibilidade.

A redação dos arts. 74 e 76 é a seguinte, respectivamente:

“Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente.

Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação.

Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.

§ 1o Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a metade.

§ 2o Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:

I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva;

II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo;

III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida.

§ 3o Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à apreciação do Juiz.

§ 4o Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o Juiz aplicará a pena restritiva de direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo registrada apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos.

§ 5o Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação referida no artigo 82 desta Lei.

(A redação do art. 82 é a seguinte: “Art. 82 Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá apelação, que poderá ser julgada por turma composta de três Juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado.

§ 1o A apelação será interposta no prazo de dez dias, contados da ciência da sentença pelo Ministério Público, pelo réu e seu defensor, por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente.

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§ 2o. O recorrido será intimado para oferecer resposta escrita no prazo de dez dias.

§ 3o. As partes poderão requerer a transcrição da gravação da fita magnética a que alude o § 3o do artigo 65 desta Lei.

(A redação do § 3o do art. 65 é a seguinte: “3o Serão objeto de registro escrito exclusivamente os atos havidos por especiais. Os atos realizados em audiência de instrução e julgamento poderão ser gravados em fita magnética ou equivalente.”)

§ 4o As partes serão intimadas da data da sessão de julgamento pela imprensa.

§ 5o Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a súmula do julgamento servirá de acórdão.

§ 6o A imposição da sanção de que trata o § 4o deste artigo não constará de certidão de antecedentes criminais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis, cabendo aos interessados propor ação cabível no juízo cível.”

Art. 28. As disposições do art. 89 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, aplicam-se aos crimes de menor potencial ofensivo definidos nesta Lei, com as seguintes modificações:

I - a declaração de extinção de punibilidade, de que trata o § 5o do artigo referido no caput, dependerá de laudo de constatação de reparação do dano ambiental, ressalvada a impossibilidade prevista no inciso I do § 1o do mesmo artigo;

II - na hipótese de o laudo de constatação comprovar não ter sido completa a reparação, o prazo de suspensão do processo será prorrogado, até o período máximo previsto no artigo referido no caput, acrescido de mais um ano, com suspensão do prazo da prescrição;

Ill - no período de prorrogação, não se aplicarão as condições dos incisos II, III e IV do § 1o do artigo mencionado no caput;

IV - findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à lavratura de novo laudo de constatação de reparação do dano ambiental, podendo, conforme seu resultado, ser novamente prorrogado o período de suspensão, até o máximo previsto no inciso II deste artigo, observado o disposto no inciso III;

V - esgotado o prazo máximo de prorrogação, a declaração de extinção de punibilidade dependerá de laudo de constatação que comprove ter o acusado tomado as providências necessárias à reparação integral do dano.

“A redação do art. 89 é a seguinte:

Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (artigo 77 do Código Penal).

A redação do art. 77 do Código Penal, é a seguinte: “Art. 77. A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) anos a 4 (quatro) anos, desde que:

I - o condenado não seja reincidente em crime doloso;

II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício;

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III - não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código.

§ 1o A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do benefício.

§ 2o A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 4 (quatro) anos, poderá ser suspensa, por 4 (quatro) a 6 (seis) anos, desde que o condenado seja maior de 70 (setenta) anos de idade”.

§ 1o Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes condições:

I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;

II - proibição de frequentar determinados lugares;

III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz;

IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades.

§ 2o O Juiz poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado.

§ 3o A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser processado por outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano.

§ 4o A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por contravenção, ou descumprir qualquer outra condição imposta.

§ 5o Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a punibilidade.

§ 6o Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do processo.

§ 7o Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste artigo, o processo prosseguirá em seus ulteriores termos.

Capítulo V

Dos Crimes contra o Meio Ambiente

Seção I

Dos Crimes contra a Fauna

Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida:

Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa.

§ 1o Incorre nas mesmas penas:

I - quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo com a obtida;

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II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural;

III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente.

§ 2o No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada ameaçada de extinção, pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.

§ 3o São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras.

§ 4o A pena é aumentada de metade, se o crime é praticado:

I - contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, ainda que somente no local da infração;

II - em período proibido à caça;

III - durante a noite;

IV - com abuso de licença;

V - em unidade de conservação;

VI - com emprego de métodos ou instrumentos capazes de provocar destruição em massa.

§ 5o A pena é aumentada até o triplo, se o crime decorre do exercício de caça profissional.

§ 6o As disposições deste artigo não se aplicam aos atos de pesca.

Art. 30. Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios e répteis em bruto, sem a autorização da autoridade ambiental competente.

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Art. 31. Introduzir espécime animal no País, sem parecer técnico oficial favorável e licença expedida por autoridade competente:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

§ 1o Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.

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§ 2o A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.

Art. 33. Provocar, pela emissão de efluentes ou carreamento de materiais, o perecimento de espécimes da fauna aquática existentes em rios, lagos, açudes, lagoas, baías ou águas jurisdicionais brasileiras:

Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas cumulativamente.

Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas:

I - quem causa degradação em viveiros, açudes ou estações de aquicultura de domínio público;

II - quem explora campos naturais de invertebrados aquáticos e algas, sem licença, permissão ou autorização da autoridade competente;

III - quem fundeia embarcações ou lança detritos de qualquer natureza sobre bancos de moluscos ou corais, devidamente demarcados em carta náutica.

Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgão competente:

Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem:

I - pesca espécies que devam ser preservadas ou espécimes com tamanhos inferiores aos permitidos;

II - pesca quantidades superiores às permitidas, ou mediante a utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não permitidos;

III - transporta, comercializa, beneficia ou industrializa espécimes provenientes da coleta, apanha e pesca proibidas.

Art. 35. Pescar mediante a utilização de:

I - explosivos ou substâncias que, em contato com a água, produzam efeito semelhante;

II - substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela autoridade competente:

Pena - reclusão de um a cinco anos.

Art. 36. Para os efeitos desta Lei, considera-se pesca todo ato tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar espécimes dos grupos dos peixes, crustáceos, moluscos e vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de aproveitamento econômico ressalvadas as espécies ameaçadas de extinção, constantes nas listas oficiais de fauna e da flora.

Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando realizado:

I - em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família;

II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destruidora de animais, desde que legal e expressamente autorizado pela autoridade competente;

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53

Ill - (VETADO)

IV - por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão competente.

Seção II

Dos Crimes contra a Flora

Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção:

Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.

Art. 39. Cortar árvores em floresta considerada de preservação permanente, sem permissão da autoridade competente:

Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Art. 40. Causar dano direto ou indireto às Unidades de Conservação e às áreas de que trata o art. 27 do Decreto 99.274. de 6 de junho de 1990, independentemente de sua localização:

Pena - reclusão, de um a cinco anos.

§ 1o Entende-se por Unidades de Conservação de Proteção Integral as Estações Ecológicas, as reservas biológicas, os Parques Nacionais, os Monumentos Naturais e os Refúgios de Vida Silvestre.

§ 2o A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de extinção no interior das Unidades de Conservação será considerada circunstância agravante para a fixação da pena.

§ 3o Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.

A redação do art. 27 do Decreto no 99.274/90 é a seguinte:

“Art. 27. Nas áreas circundantes das Unidade de Conservação, num raio de dez quilômetros, qualquer atividade que possa afetar a biota ficará subordinada às normas do Conama”.

Art. 41. Provocar incêndio em mata ou floresta:

Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa.

Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de detenção de seis meses a um ano, e multa.

Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano:

Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Art. 43. (VETADO)

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Art. 44. Extrair de florestas de domínio público ou consideradas de preservação permanente, sem prévia autorização, pedra, areia, cal ou qualquer espécie de minerais:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Art. 45. Cortar ou transformar em carvão madeira de lei, assim classificada por ato do Poder Público, para fins industriais, energéticos ou para qualquer outra exploração, econômica ou não, em desacordo com as determinações legais:

Pena - reclusão, de um a dois anos, e multa.

Art. 46. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais, madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do vendedor, outorgada pela autoridade competente, e sem munir-se da via que deverá acompanhar o produto até o final beneficiamento:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, tem em depósito, transporta ou guarda madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem licença válida para todo o tempo da viagem ou do armazenamento, outorgada pela autoridade competente.

Art. 47. (VETADO)

Art. 48. Impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas e demais formas de vegetação:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Art. 49. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada alheia:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Parágrafo único. No crime culposo, a pena é de um a seis meses, ou multa.

Art. 50. Destruir ou danificar florestas nativas ou plantadas ou vegetação fixadora de dunas, protetora de mangue, objeto de especial preservação:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

§ 1o Não é crime a conduta praticada quando necessária à subistência imediata pessoal ao agente ou de sua família.

§2o Se a área explorada por superior a 1.000 ha (mil hectares) a pena será aumentada de 1 (um) ano por milhar de hectare.

Art. 51. Comercializar motosserra ou utilizá-la em florestas e nas demais formas de vegetação, sem licença ou registro da autoridade competente:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

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Art. 52. Penetrar em Unidades de Conservação conduzindo substâncias ou instrumentos próprios para caça ou para exploração de produtos ou subprodutos florestais, sem licença da autoridade competente:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Art. 53. Nos crimes previstos nesta Seção, a pena é aumentada de um sexto a um terço se:

I - do fato resulta a diminuição de águas naturais, a erosão do solo ou a modificação do regime climático;

II - o crime é cometido:

a) no período de queda das sementes;

b) no período de formação de vegetações;

c) contra espécies raras ou ameaçadas de extinção, ainda que a ameaça ocorra somente no local da infração;

d) em época de seca ou inundação;

e) durante a noite, em domingo ou feriado.

Seção III

Da Poluição e outros Crimes Ambientais

Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

§ 1o Se o crime é culposo:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

§ 2o Se o crime:

I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação humana;

II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, dos habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da população;

III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento público de água de uma comunidade;

IV - dificultar ou impedir o uso público das praias;

V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos:

Pena - reclusão, de um a cinco anos.

§ 3o Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior quem deixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade competente, medidas de precaução em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível.

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Art. 55. Executar pesquisa lavra ou extração de recursos minerais sem a competente autorização, permissão, concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem deixa de recuperar a área pesquisada ou explorada, nos ternos da autorização, permissão, licença, concessão ou determinação do órgão competente.

Art. 56. Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

§ 1o Nas mesmas penas incorre quem:

I - abandona os produtos ou substâncias referidos no caput ou os tuliza em desacordo com as normas ambientais ou de segurança;

II - manipula, acondiciona, armazena, coleta, transporta, reutiliza, recicla ou dá destinação final a resíduos perigosos de forma diversa da estabelecida em lei ou regulamento.

§ 2o Se o produto ou a substância for nuclear ou radioativa, a pena é aumentada de um sexto a um terço.

§ 3o Se o crime é culposo:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Art. 57. (VETADO)

Art. 58. Nos crimes dolosos previstos nesta Seção, as penas serão aumentadas:

I - de um sexto a um terço, se resulta dano irreversível à flora ou ao meio ambiente em geral;

II - de um terço até a metade, se resulta lesão corporal de natureza grave em outrem;

III - até o dobro, se resultar a morte de outrem.

Parágrafo único. As penalidades previstas neste artigo somente serão aplicadas se do fato não resultar crime mais grave.

Art. 59. (VETADO)

Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente

Art. 61. Disseminar doença ou praga ou espécies que possam causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora ou aos ecossistemas:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

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Seção IV

Dos Crimes contra o Ordenamento Urbano e o Patrimônio Cultural

Art. 62. Destruir, inutilizar ou deteriorar:

I - bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial;

II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação científica ou similar protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena é de seis meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa.

Art. 63. Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou local especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial, em razão de seu valor paisagístico, ecológico, turístico, artístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade competente ou em desacordo com a concedida:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Art. 64. Promover construção em solo não edificável, ou no seu entorno, assim considerado em razão de seu valor paisagístico, ecológico, artístico, turístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade competente ou em desacordo com a concedida:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Art. 65. Pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano:

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.

§ 1o Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em virtude do seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a pena é de 6 (seis) meses a 1 (um) ano de detenção e multa.

§ 2o Não constitui crime a prática de grafite realizada com o objetivo de valorizar o patrimônio público ou privado mediante manifestação artística, desde que consentida pelo proprietário e, quando couber, pelo locatário ou arrendatário do bem privado e, no caso de bem público, com a autorização do órgão competente e a observância das posturas municipais e das normas editadas pelos órgãos governamentais responsáveis pela preservação e conservação do patrimônio histórico e artístico nacional.

Seção V

Dos Crimes contra a Administração Ambiental

Art. 66. Fazer o funcionário público afirmação falsa ou enganosa, omitir a verdade, sonegar informações ou dados técnico-científicos em procedimentos de autorização ou de licenciamento ambiental:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

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Art. 67. Conceder o funcionário público licença, autorização ou permissão em desacordo com as normas, ambientais, para as atividades, obras ou serviços cuja realização depende de ato autorizativo do Poder Público:

Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses a um ano de detenção,sem prejuízo da multa.

Art. 68. Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental:

Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses a um ano, sem prejuízo da multa.

Art. 69 - A. Elaborar ou apresentar, no licenciamento, concessão florestal ou qualquer outro procedimento administrativo, estudo, laudo ou relatório ambiental total ou parcialmente falso ou enganoso, inclusive por omissão:

Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.

§ 1o Se o crime é culposo:

Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.

§ 2o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se há dano significativo ao meio ambiente, em decorrência do uso da informação falsa, incompleta ou enganosa.

Capítulo VIDa Infração Administrativa

Art. 70. Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente.

§ 1o São autoridades competentes para lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo administrativo os funcionários de órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA, designados para as atividades de fiscalização, bem como os agentes das Capitanias dos Portos, do Ministério da Marinha.

§ 2o Qualquer pessoa, constatando infração ambiental, poderá dirigir representação às autoridades relacionadas no artigo anterior, para efeito do exercício do seu poder de polícia.

§ 3o A autoridade ambiental que tiver conhecimento de infração ambiental é obrigada a promover a sua apuração imediata, mediante processo administrativo próprio, sob pena de corresponsabilidade.

§ 4o As infrações ambientais são apuradas em processo administrativo próprio, assegurado o direito de ampla defesa e o contraditório, observadas as disposições desta Lei.

Art. 71. O processo administrativo para apuração de infração ambiental deve observar os seguintes prazos máximos:

I - vinte dias para o infrator oferecer defesa ou impugnação contra o auto de infração,contados da data da ciência da autuação;

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II - trinta dias para a autoridade competente julgar o auto de infração, contados da data da sua lavratura apresentada ou não a defesa ou impugnação;

III - vinte dias para o infrator recorrer da decisão condenatória à instância superior do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, ou à Diretoria de Portos e Costas, do Ministério da Marinha de acordo com o tipo de autuação;

IV - cinco dias para o pagamento de multa, contados da data do recebimento da notificação.

Art. 72. As infrações administrativas são punidas com as seguintes sanções, observado o disposto no art. 6o:

I - advertência;

II - multa simples;

III - multa diária;

IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração;

V - destruição ou inutilização do produto;

VI - suspensão de venda e fabricação do produto;

VII - embargo de obra ou atividade;

XIIII - demolição de obra;

IX - suspensão parcial ou total das atividades;

X - (VETADO)

XI - restritiva de direitos.

§ 1o Se o infrator cometer, simultaneamente, duas ou mais infrações, ser-lhe-ão aplicadas, cumulativamente, as sanções a elas cominadas.

§ 2o A advertência será aplicada pela inobservância das disposições desta Lei e da legislação em vigor, ou de preceitos regulamentares, sem prejuízo das demais sanções previstas neste artigo.

§ 3o A multa simples será aplicada sempre que o agente, por negligência ou dolo:

I - advertido por irregularidades que tenham sido praticadas, deixar de saná-las, no prazo assinalado por órgão competente do SISNAMA ou pela Capitania dos Portos, do Ministério da Marinha,

II - opuser embaraço à fiscalização dos órgãos do SISNAMA ou da Capitania dos Portos, do Ministério da Marinha.

§ 4o A multa simples pode ser convertida em serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente.

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§ 5o A multa diária será aplicada sempre que o cometimento da infração se prolongar no tempo.

§ 6o A apreensão e destruição referidas nos incisos IV e V do caput obedecerão ao disposto no art. 25 desta Lei.

§ 7o As sanções indicadas nos incisos VI a IX do caput serão aplicadas quando o produto, a obra, a atividade ou o estabelecimento não estiverem obedecendo às prescrições legais ou regulamentares.

§ 8o As sanções restritivas de direito são:

I - suspensão de registro, licença ou autorização;

II - cancelamento de registro, licença ou autorização;

III – perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais;

IV - perda ou suspensão da participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito;

V - proibição de contratar com a Administração Pública, pelo período de até três anos.

Art. 73. Os valores arrecadados em pagamento de multas por infração ambiental serão revertidos ao Fundo Nacional do Meio Ambiente, criado pela Lei no 7.797, de 10 de julho de 1989, Fundo Naval, criado pelo Decreto no 20.923, de 8 de janeiro de 1932, fundos estaduais ou municipais de meio ambiente, ou correlatos, conforme dispuser o órgão arrecadador.

Art. 74. A multa terá por base a unidade, hectare, metro cúbico, quilograma ou outra medida pertinente, de acordo com o objeto jurídico lesado.

Art. 75. O valor da multa de que trata este Capitulo será fixado no regulamento desta Lei e corrigido periodicamente, com base nos índices estabelecidos na legislação pertinente, sendo o mínimo de R$ 50,00 (cinquenta reais) e o máximo de R$50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais).

Art. 76. O pagamento de multa imposta pelos Estados, Municípios, Distrito Federal ou Territórios substitui a multa federal na mesma hipótese de incidência.

Capítulo VII

Da Cooperação Internacional para a Preservação do Meio Ambiente

Art. 77. Resguardados a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes, o Governo brasileiro prestará no que concerne ao meio ambiente, a necessária cooperação a outro país, sem qualquer ônus, quando solicitado para:

I - produção de prova;

II - exame de objetos e lugares;

Ill - informações sobre pessoas e coisas;

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IV - presença temporária da pessoa presa, cujas declarações tenham relevância para a decisão de uma causa;

V - outras formas de assistência permitidas pela legislação em vigor ou pelos tratados de que o Brasil seja parte.

§ 1o A solicitação de que trata este inciso será dirigida ao Ministério da Justiça, que a remeterá, quando necessário, ao órgão judiciário competente para decidir a seu respeito, ou a encaminhará à autoridade capaz de atendê-la.

§ 2o A solicitação deverá conter:

I - o nome e a qualificação da autoridade solicitante;

II - o objeto e o motivo de sua formulação;

III - a descrição sumária do procedimento em curso no país solicitante;

IV - a especificação da assistência solicitada;

V - a documentação indispensável ao seu esclarecimento, quando for o caso.

Art. 78. Para a consecução dos fins visados nesta Lei e especialmente para a reciprocidade da cooperação internacional, deve ser mantido sistema de comunicações apto a facilitar o intercâmbio rápido e seguro de informações com órgãos de outros países.

Capítulo VIII

Disposições Finais

Art. 79. Aplicam-se subsidiariamente a esta Lei as disposições do Código Penal e do Código de Processo Penal.

Art. 79-A. Para o cumprimento do disposto nesta Lei, os órgãos ambientais integrantes do SISNAMA, responsáveis pela execução de programas e projetos e pelo controle e fiscalização dos estabelecimentos e das atividades suscetíveis de degradarem a qualidade ambiental, ficam autorizados a celebrar, com força de título executivo extrajudicial, termo de compromisso com pessoas físicas ou jurídicas responsáveis pela construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente poluidores1.

§ 1o O termo de compromisso a que se refere este artigo destinar-se-á, exclusivamente, a permitir que as pessoas físicas e jurídicas mencionadas no caput possam promover as necessárias correções de suas atividades, para o atendimento das exigências impostas pelas autoridades ambientais competentes, sendo obrigatório que o respectivo instrumento disponha sobre:

I - o nome, a qualificação e o endereço das partes compromissadas e dos respectivos representantes legais;

II - o prazo de vigência do compromisso, que, em função da complexidade das obrigações nele fixadas, poderá variar entre o mínimo de noventa dias e o máximo de três anos, com possibilidade de prorrogação por igual período;

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III - a descrição detalhada de seu objeto, o valor do investimento previsto e o cronograma físico de execução e de implantação das obras e serviços exigidos, com metas trimestrais a serem atingidas;

IV - as multas que podem ser aplicadas à pessoa física ou jurídica compromissada e os casos de rescisão, em decorrência do não cumprimento das obrigações nele pactuadas;

V - o valor da multa de que trata o inciso anterior não poderá ser superior ao valor do investimento previsto;

VI - o foro competente para dirimir litígios entre as partes.

§ 2o No tocante aos empreendimentos em curso até o dia 30 de março de 1998, envolvendo construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente poluidores, a assinatura do termo de compromisso deverá ser requerida pelas pessoas físicas e jurídicas interessadas, até o dia 31 de dezembro de 1998, mediante requerimento escrito protocolizado junto aos órgãos competentes do SISNAMA, devendo ser firmado pelo dirigente máximo do estabelecimento.

§ 3o Da data da protocolização do requerimento previsto no parágrafo anterior e enquanto perdurar a vigência do correspondente termo de compromisso, ficarão suspensas, em relação aos fatos que deram causa à celebração do instrumento, a aplicação de sanções administrativas contra a pessoa física ou jurídica que o houver firmado.

§ 4o A celebração do termo de compromisso de que trata este artigo não impede a execução de eventuais multas aplicadas antes da protocolização do requerimento.

§ 5o Considera-se rescindido de pleno direito o termo de compromisso, quando descumprida qualquer de suas cláusulas, ressalvado o caso fortuito ou de força maior.

§ 6o O termo de compromisso deverá ser firmado em até noventa dias, contados da protocolização do requerimento.

§ 7o O requerimento de celebração do termo de compromisso deverá conter as informações necessárias à verificação da sua viabilidade técnica e jurídica, sob pena de indeferimento do plano.

§ 8o Sob pena de ineficácia, os termos de compromisso deverão ser publicados no órgão oficial competente, mediante extrato.

Art. 80. O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de noventa dias a contar de sua publicação.

Art. 81. (VETADO)

Art. 82. Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, 12 de fevereiro de 1998; 177o da Indepedência e 110o da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDODO

Gustavo Krause

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CAPÍTULO 10Aspectos legais sobre poluição ambiental em ambiente de petróleo e gás

De acordo com Geruza de Oliveira (2000), a poluição por petróleo pode ser causada por qualquer derramamento de petróleo bruto ou de seus produtos refinados.

Um derramamento em terra pode ocorrer de muitas formas, mas os maiores eventos envolvem geralmente ruptura de um oleoduto ou explosão de poços. As causas de ruptura de oleodutos são diversas, elas incluem equipamento de bombeamento danificado, terremotos, sabotagens, derramamento de petróleo deliberado como ocorrido na Guerra do Golfo, entre outras. A quantidade de petróleo total de óleo derramado de oleodutos não é ainda quantificada em muitas partes do mundo. Por causa do grande disseminado uso de sensores e mecanismos de interrupção de seções de oleodutos, eventos individuais são muito menores que os que ocorrem individualmente, derramados pelos super tanques oceânicos ou por explosões de plataformas fora da costa. Porque a dispersão do óleo derramado na terra é mais restrita na terra do que na água , derramamentos terrestres usualmente afetam áreas localizadas ( ao menos que o óleo derramado alcance um curso de água).

Em comparação às inserções antropogênicas de petróleo nos oceanos, a produção natural de hidrocarbonetos não petrolíferos por plâncton marinho tem sido estimado em 26 milhões de toneladas por ano ou quase de quatro a oito vezes mais do que às inserções de hidrocarbonetos do petróleo. Esses hidrocarbonetos biogênicos são um importante componente de retorno de concentração de hidrocarbonetos no ambiente marinho, mas são bem dispersos e não devem ser considerados como uma importante fonte de poluição marinha. As inserções restantes são antropogênicas, exceto para uma não conhecida fração de depósitos de hidrocarbonetos atmosféricos que devem ser originados de emissões de vegetação terrestre e de outras fontes naturais.

As contaminações antropogênicas advêm de refinarias e de outros efluentes costais importantes em causas locais, causando poluição crônica nas cidades costeiras em volta do mundo. As descargas de reservatórios, navios, da exploração fora da costa e das plataformas de produção são essencialmente episódicas e ocorrem como derramamentos e descargas de vários tamanhos.

É impossível prever a localização e magnitude de qualquer derramamento acidental de petróleo. Como esperado derramamentos de tanques são mais frequentes em áreas costeiras do que em áreas do mar mais viajadas.

Alguns exemplos de derramamentos desastrosos:

» Torrey Canion em 1967 no sul da Inglaterra com quase 117 mil toneladas derramadas;

» Arrow em 1970 em Nova Scotia 11 mil toneladas derramadas;

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» Metula no Estreito de Magalhães em 1973 cinquenta e três mil toneladas;

» Argo Merchant em 1976 em Massachusets 26 mil toneladas;

» Amoco Cadiz em 1978 no Canal inglês 230 mil toneladas;

» Exxon Valdez no Sul do Alaska 35 mil toneladas;

» Braer em 1993 nas ilhas Schettland na Escócia 84 mil toneladas.

Em 2000 no Brasil especificamente no estado do Rio de janeiro, (onde foram derramados 1,2 milhão de litros de óleo de um dos 14 dutos que ligam a refinaria Duque de Caxias, na baixada Fluminense ,ao terminal da Ilha D’água , na Ilha do Governador.

Acidentes massivos têm também ocorrido de plataformas distantes da costa. A explosão de Santa Bárbara em 1969 no Sul da Califórnia é um desses acontecimentos.

O petróleo tem também sido derramado devido a estratégias de Guerra por deliberadas ações de ataques de tanques de guerra. Como ocorrido na segunda Guerra Mundial e na guerra Irã Iraque de 1981-1987, em 1983 o Iraque atacou 5 reservatórios e três poços de produção causando um derramamento massivo no Golfo Pérsico . O maior acidente marinho ocorreu durante a Guerra do golfo de 1991, quando o Iraque forçou o derramamento de 0,8 milhões de toneladas de petróleo bruto de muitos tanques.

É importante enfatizar que o tamanho do derramamento não necessariamente nos mostra sobre o seu potencial de causar danos. Um pequeno acidente pode causar sérios danos a um ambiente de grande sensibilidade. Além disso, o tipo de produto do petróleo pode afetar a gravidade do dano ecológico. As mais importantes considerações devem ser feitas ao grau de toxicidade e a persistência ambiental dos materiais derramados.

Descargas operacionais de lavagens de tanques de óleo também são uma fonte frequente de derramamentos marinhos, embora a importância dessa fonte tenha decrescido. Esta fonte de poluição esta associada com a prática de enchimento de tanques com água do mar após a entrega da carga de petróleo ou de um produto refinado e a descarga do óleo no mar quando o navio viaja para pegar sua próxima carga.

Óleo nos mangues

Os mangues que se encontram próximos a costa podem ser impactados por óleo de refinarias ou terminais ou por óleo de derramamentos distantes da costa. Com isso, algumas plantas nativas e predominantes apresentam grande tolerância ao óleo. Segundo estudos, este fato pode acontecer devido aos efeitos indiretos dos nutrientes associados com a vigorosa atividade dos micróbios que frequentemente ocorrem no solo com óleo, um efeito microclimático relacionado com os solos escuros e quentes e uma ação como a hormonal de alguns hidrocarbonetos. Como conclusão, o melhor tratamento seria manter a vegetação com os hidrocarbonetos e não lavá-la, pois o tratamento aumentará o dano. Algumas espécies encontradas nos mangue são sensíveis ao óleo, mas o ecossistema é elástico. As comunidades de plantas responderam ao stress decorrente da poluição experimental com uma transformação na composição das espécies, mas não necessariamente com decréscimo em produtividade ou biomassa.

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A poluição crônica provocada pelo petróleo

Nas proximidades das refinarias de petróleo, ou terminais de reservatório, pode estar sujeito a poluição crônica pelo petróleo, devido a frequentes derramamentos e de contínuas descargas de processos de efluentes contaminados.

Essa poluição também associada com as cidades, onde hidrocarbonetos são frequentemente associados com descargas de tempestades ou esgotos sanitários. As exposições a diversos tipos de hidrocarbonetos e alguns outros poluentes aparecem onde os efluentes de fontes industriais e municipais são descarregados em águas naturais. Em alguns casos doenças cancerosas e não cancerosas de peixes e mariscos tem sido observados em habitats cronicamente contaminados.

Derramamentos natural de óleo

Associada com as infiltrações de materiais está uma vigorosa comunidade de bactérias adaptada com a oxidação de hidrocarbonetos do petróleo. De fato algumas plantas crescem vigorosas quando em contato com o microclima quente da superfície escura.

Derramamentos de petròleo na terra

Atualmente, os efeitos potenciais do derramamento de óleo de oleodutos na terra parecem ser relativamente moderados. Ainda existem danos causados à vegetação, mas a extensão espacial será relativamente restrita.

Muitas plantas do Ártico têm a habilidade de sobreviver à exposição do óleo e invadir habitats danificados por óleo. Já nos ambientes frios a microflora é capaz de oxidar hidrocarbonetos derramados. Através da ocorrência da evaporação, após o derramamento essa atividade microbiana vai progressivamente remover o óleo derramado do ambiente.

As principais consequências ambientais de derramamentos de petróleo resultantes de exploração fora da costa e da atividade de produção no Ártico são muito mais problemáticas e potencialmente catastróficas. Podemos destacar as seguintes razões como principais para essa conclusão.

» Por causa das condições físicas e climáticas operando no Ártico há muito risco de derramamentos de petróleo causados por falhas de equipamentos ou erro humano.

» Com uma explosão da perfuradora ou plataforma de produção no oceano Ártico o óleo pode permanecer não contido por muitos anos por causa da cobertura de gelo.

» A limpeza do óleo derramado será muito dificultada no rigoroso ambiente marinho do ártico.

» O óleo não será evaporado e diluído facilmente e a biodegradação será muito lenta. Como resultado, a quantidade não será reduzida e tampouco os seus efeitos tóxicos.

» Mortalidade dos mamíferos e pássaros que se reúnem neste local.

» A redução de algumas espécies do Ártico irá causar um grande dano a cadeia alimentar.

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» A recuperação do ecossistema devastado será muito lento, o que acarretará um continuamento dos efeitos tóxicos.

Efeitos de poluentes de petróleo nas plantas e animais

A contaminação de ecossistemas terrestre afeta não somente a microbiota do solo, mas também a macro comunidade residente. Os resultados dos efeitos deletérios do óleo são muito acentuados na flora. Alguns exemplos dos efeitos causados são:

» Em plantas: os danos são mais acentuados. Ocorrem nas partes mais sensíveis das plantas, como as raízes. Os efeitos são menores nas partes de madeira de árvores e arbustos. Efeitos indiretos incluem a falta de oxigênio no solo e consequente redução de micro-organismos: Os micro-organismos que degradam petróleo competem com as plantas por nutrientes minerais. Derramamentos de baixa escala podem algumas vezes atuar privilegiando o crescimento de algumas plantas, isso se deve pela ação como hormônio de componentes do petróleo. Os efeitos dependem do tipo de vegetação presente na área afetada.

» Em animais: por causa do alto teor de conteúdo lipídico e das taxas metabólicas, os animais do solo são provavelmente mais sensíveis do que as raízes das plantas. O óleo exerce um grande efeito sobre a respiração dos animais. Um efeito indireto sobre os animais é a exaustão de oxigênio no ar do solo por causa da degradação microbiana. Mais estudos deverão ser feitos para se esclarecer os danos causados às populações animais afetadas por derramamentos de petróleo.

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CAPÍTULO 11Parâmetros para lançamentos de resíduos nas instalações de petróleo e gás

Devido ao enorme potencial poluidor de sua atividade, o refino do petróleo deve ser conduzido com extrema precaução ambiental. É imprescindível a construção de chaminés, filtros e demais mecanismos para o controle de poluição atmosférica.

O tratamento do petróleo bruto dá origem a resíduos oleosos que merecem atenção especial devido ao impacto ambiental que podem gerar, mesmo que sejam adotadas tecnologias e modelos gerenciais que priorizem a proteção ao meio ambiente. Os efluentes líquidos do refino devem ser tratados por tecnologias que envolvam processos físicos, químicos e biológicos, garantindo assim maior eficácia no controle da poluição hídrica gerada durante a produção de derivados.

Em relação aos resíduos sólidos, as refinarias, devem possuir ou estimular a criação de programas de minimização de resíduos baseados no conceito dos 3Rs, ou seja, através de redução na fonte, do reaproveitamento e da reciclagem. O reaproveitamento, evidencia a potencialidade da logística reversa que é aplicada à gestão dos resíduos sólidos produzidos nas refinarias. Alguns desses resíduos são passiveis de comercialização com indústrias (de outros segmentos) que os utilizarão como insumos de produção. Já para resíduos que não poderão ser aproveitados por nenhuma destas alternativas, devem ser adotadas tecnologias de tratamento que sejam viáveis economicamente e aceitáveis ambientalmente, para posterior acondicionamento em aterros industriais, onde terão suas características físico-químicas perigosas controladas e monitoradas, com o objetivo principal de proteger o meio ambiente.

A geração de resíduos nas refinarias tem origem, principalmente, nas etapas de produção de derivados, porém, também há geração de um percentual considerável durante o transporte do petróleo por entre planta industrial, durante o funcionamento da estação de tratamento de efluentes etc. Cabe ressaltar que nem todos os resíduos gerados durante o processo de refino apresentam características potencialmente perigosas ao meio ambiente.

As características de periculosidade desses resíduos dependem do tipo de petróleo utilizado, da tecnologia de refino adotada e do derivado que fora produzido (gasolina, querosene, diesel etc.).

Inicialmente, cabe destacar que os constituintes inorgânicos típicos desses resíduos incluem elementos químicos tóxicos, tais como arsênio, cádmio, cromo, chumbo, bário, mercúrio, selênio e prata.

Compostos orgânicos tais como as bifenilas policloradas (BPCs), hidrocarbonetos halogenados e hidrocarbonetos poliaromáticos (HPAs) também são comumente encontrados na composição química desses resíduos (MARIANO, 2001, p. 125).

Os processos de refino e as características do óleo cru são os responsáveis por grande parte das características perigosas presentes nos resíduos a serem geridos. Isso ocorre, princialmente, pela falta de

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fiscalização e conhecimento do poder público e órgãos ambientais que não exigem padrões mais rigorosos no preenchimento e verificação das informações contidas no inventário de resíduos, documento que as empresas devem apresentar anualmente.

Segue a classificação proposta pela NBR 67 10004 para os resíduos perigosos oriundos das atividades de refino do petróleo.

Quadro 9. Resíduos sólidos perigosos gerados em refinarias de petróleo

Fonte: Adaptado da NBR 10.004 Resíduos sólidos – Classificação 2004.

Tratamento de despejos tóxicos e recalcitrantes

Os poluentes orgânicos recalcitrantes (conhecidos como persistentes) são compostos químicos que possuem alta massa molar e alta hidrofobicidade, podendo ser ou não tóxicos. Apresentam volatilidade moderada ou muito baixa. Além destas características, um dos principais impactos ao meio ambiente está relacionado à resistência à degradação e à tendência ao acúmulo no meio onde são lançados.

A grande maioria desses poluentes é originada no refino de petróleo, na manufatura de produtos químicos, em indústrias carboníferas, de processamento têxtil e papeleiras, na utilização de óleos para transporte e aquecimento, pesticidas, inseticidas, herbicidas, fertilizantes e detergentes, além dos efluentes de plantas de tratamento de água residuária, lançamento de rejeitos perigosos e derramamentos acidentais (OLLIS et al., 1989).

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A persistência desses compostos gera vários problemas ambientais. O seu lançamento no ecossistema aquático, por exemplo, pode causar problemas como o bioacúmulo na camada lipídica de alguns organismos e, devido ao elevado nível de toxicidade, pode levar à morte destes. Estes compostos afetam a vida de vários organismos e podemos afirmar que, na grande maioria, são também prejudiciais à saúde do homem.

Outro problema encontrado é de poluição visual causado por compostos coloridos como os corantes, bem como a possibilidade de eutrofização, relacionadas a um meio aquático pobre em oxigênio e rico em matéria orgânica, podendo se transformar num mangue.

Segundo Wahlstrom (1997 apud ZIMMERMAN et al., 2000), o transporte destes compostos para regiões remotas, onde nunca foram usados, já é motivo de grande preocupação. O lançamento destes compostos nos corpos d’água acaba afetando também a sociedade, pois, com o desenvolvimento da agricultura e da indústria, frequentemente, se observa a contaminação de águas superficiais e do lençol freático por várias classes de compostos orgânicos, podendo citar solventes orgânicos voláteis, dioxinas, dibenzofuranos, pesticidas e clorofenóis (HOFFAN et al., 1995), sendo a maioria tóxica e recalcitrante, reduzindo a disponibilidade de água para consumo.

Os efluentes industriais têm origem nas águas utilizadas na área de processos e/ou utilidades industriais. Sua caracterização está ligada à natureza da indústria, das matérias-primas que são processadas, das etapas de transformação utilizadas no processo, da incorporação de substâncias indesejáveis à água (como dissolventes, soluentes, pigmentos, óleos etc.) do porte da indústria e do modelo de gestão empregado.

Os efluentes em uma refinaria são divididos em diversas correntes, de acordo com suas características, com a finalidade de proporcionar maior economia e efetividade ao seu tratamento.

Novato et al. (2006) afirmam que as principais fontes de geração de efluentes oriundos de processos de refino são:

» Transferência e Estocagem do Óleo Cru e dos Derivados

Neste processo, a produção de um poço de petróleo se constitui numa mistura de óleo, água e gás natural. Apesar da separação da água do óleo durante o transporte, parte da água de fundo se acumula durante a estocagem. Essa água fica então, com um alto conteúdo de matéria orgânica.

» Dessalinização do Óleo Cru

Este processo gera uma lama de dessalgação e uma corrente quente de efluentes, que normalmente é enviada para a estação de tratamento de efluentes.

Os efluentes gerados nesta etapa de dessalinização do óleo cru possuem alta DBO, alta DQO, óleo livre e emulsionado, amônia, fenóis, sólidos em suspensão e altos teores de cloreto.

» Fracionamento – colunas atmosférica e a vácuo

Na etapa de destilação, os efluentes são gerados no topo dos fracionadores. Os condensadores barométricos, que são equipamentos utilizados para promover

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a redução da pressão na destilação a vácuo, também geram efluentes que contém emulsões de óleo em água muito estáveis, ácidos inorgânicos, sulfetos, hidrocarbonetos, amônia, coque, sais inorgânicos, fenóis e salinidade.

» Extração de aromáticos de óleos lubrificantes

O processo de desaromatização a fenol em óleos básicos tem a função de corrigir o índice de viscosidade (IV). No processo de purificação do solvente (fenol) ocorre a separação do solvente da fase aquosa. Qualquer descontrole operacional pode gerar um efluente com alta concentração de fenol.

» Craqueamento Catalítico

Os efluentes são gerados nos retificadores a vapor e nos topos das fracionadoras. Essa é uma das etapas que produz maior quantidade de efluente alcalino, que possui altas DBO e DQO, teor de óleo, sulfetos, amônia, compostos nitrogenados, cianetos, fenóis e tiofenos.

» Coqueamento

É considerado um efluente altamente alcalino, contém sulfetos, amônia, sólidos em suspensão e tem alta DQO.

» Hidrotratamento

Os efluentes são gerados principalmente nos vasos acumuladores das fracionadoras e nas retificadoras a vapor. Contêm sulfetos e amônia, podendo também conter fenóis. São tratados em estações de tratamento de efluentes nas próprias refinarias. Após o término desse processo, ou são devolvidos a corpos receptores, ou são enviados para estações de tratamento de efluentes públicas, variando de acordo com a legislação local vigente.

Dois sistemas são utilizados no tratamento das correntes de efluentes industriais de uma refinaria:

» Esgotadoras de água ácida são empregadas nas unidades de processo para o pré--tratamento das águas contendo alta concentração de H2S e amônia. Essas águas são tratadas diretamente nas unidades de processo em que são geradas, pois são altamente nocivas à saúde humana.

» Estações de tratamento de efluentes industriais tratam todas as águas contaminadas pelos processos industriais da refinaria. Os fatores locais como o clima, critérios de disposição, espaço disponível e outras considerações podem influenciar tipos diferentes de processos de tratamento dessas águas para chegar a um nível de tratamento adequado para o efluente final.

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CAPÍTULO 12Caracterização e ensaios de tratabilidade para despejos industriais

O Environmental Protection Agency (EPA) define tratamento de um resíduo perigoso compreende como sendo: um método, que provoque mudanças de caráter físico ou biológico da composição desse resíduo, transformando-o em resíduo não perigoso, seguro para o transporte, adequado para reutilização, armazenamento, ou que lhe reduza o volume.

O tratamento destes resíduos pode ocorrer de quatro formas distintas, conforme aponta Mariano (2001), mediante:

» conversão dos constituintes agressivos presentes nos resíduos em formas menos perigosas ou solúveis;

» destruição química dos produtos indesejáveis;

» separação, dos constituintes perigosos, com a consequente redução do volume a ser disposto;

» alteração da estrutura química de determinados produtos, tornando mais fácil a sua assimilação ambiental.

Esses processos ocorrem por métodos físicos, térmicos, químicos ou biológicos.

Com o objetivo de se identificar os despejos industriais, veja, a seguir, as características dos resíduos industriais.

» Caracterízação dos resíduos industriais: um dos conceitos principais acerca da identificação de resíduos industriais é a sua capacidade intrínseca de liberação de poluentes. Está diretamente relacionado ás características físicas do resíduo, que determinarão a sua forma de migração pelo meio ambiente.

» Identificação e classificação dos resíduos industriais: Para identificar os resíduos industriais, é preciso que seja feita uma classificação correta dos mesmos, para assim definir o tratamento e a destinação final mais adequada.

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Segundo Ritter (2006, p. 6 a 8), algumas etapas preliminares devem ser cumpridas para que a eficiência desta classificação seja garantida:

1a Etapa: Identificação da origem e caracterização dos resíduos: consiste na análise do processo que permite identificar, dentre outras coisas, a tipologia do resíduo, as matérias-primas utilizadas, os produtos gerados e os pontos de geração do resíduo, bem como a composição, a quantidade e a qualidade destes resíduos.

2a Etapa: Análise laboratorial dos resíduos: análises laboratoriais são realizadas com o intuito de avaliar as possíveis características perigosas dos resíduos (inflamabilidade, corrosividade, patogenicidade e reatividade).

3a Etapa: Classificação dos resíduos industriais: os resíduos resultantes dos processos industriais, inclusive os líquidos que por suas características peculiares, não podem ser lançados na rede de esgoto ou em corpos.

O Quadro 10 apresenta uma classificação dos resíduos sólidos.

Quadro 10. Classificação de resíduos sólidos

Fonte: Adaptado da NBR 10.004 Resíduos sólidos – Classificação 2004, p. 3.

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CAPÍTULO 13Tratamento de águas residuárias de interesse

Existem dois grandes tipos de águas residuais as domésticas e as industriais.

» As águas domésticas: são geralmente resultantes da actividade habitacional. Podem ser águas fecais ou negras e saponáceas. Dentro deste tipo de classe pode-se ainda considerar:

› águas residuais turísticas, com características sazonais podem apresentar menor ou maior carga poluente conforme provêm de estabelecimentos hoteleiros isolados ou de complexos turísticos importantes;

› águas residuais pluviais que são provenientes da precipitação atmosférica. A sua carga poluente pode ser muito superior à das águas residuais domésticas.

» As águas residuais industriais: provenientes das descargas de diversos estabelecimentos. As suas características são em função do tipo e do processo de produção.

Os processos de tratamento de águas residuárias são classificados em:

» Processos químicos: conseguidos através de aplicação de produtos químicos ou de reações e interações químicas, tais como: coagulação, correção de pH (neutralização), equalização (homogeneização), precipitação, oxidação, redução, adsorção, troca iônica, eletro diálise, desinfecção etc.

» Processos físicos: em que se aplicam fenômenos de natureza física, tais como: gradeamento, peneiramento, sedimentação, floculação, decantação, filtração, osmose reversa, resfriamento etc.

» Processos biológicos: conseguidos através de atividades biológicas ou bioquímicas. Os processos biológicos podem ser aeróbio ou anaeróbios, tais como: lodos ativados, lagoas de estabilização, lagoas aeradas, filtros biológicos, biodiscos, reatores anaeróbios etc.

No sistema de tratamento de águas residuárias, o conjunto de processos unitários de tratamento de águas residuárias funcionam de forma organizada. Tem o objetivo de remover poluentes (impurezas, contaminantes, energia etc.) devendo atender a condições e padrões de lançamento em corpos d’água e

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de qualidade das águas receptoras conforme sua classe, as condições para reúso ou lançamento no solo através de infiltração, para irrigação de culturas etc.

O Quadro 11 e a Figura 7, a seguir, mostram as principais características das águas residuárias.

Quadro 11. Características das Águas Residuárias

parâmetrOs DesCriçãO

Temperatura

Ligeiramente superior à da água de abastecimento.

Variação conforme as estações do ano (mais estável que a temperatura do ar.

Influência na atividade microbiana.

Influência na solubilidade dos gases.

Influência na viscosidade do líquido.

CorEsgoto fresco: ligeiramente cinza

Esgoto séptico: cinza escuro ou preto

Odor

Esgoto fresco: odor oleoso, relativamente desagradável.

Esgoto séptico: odor fétido, devido ao gás sulfídrico e a outros produtos da decomposição.

Despejos industriais: odores característicos

Turbidez

Causada por uma grande variedade de sólidos em suspensão

Esgotos mais frescos ou mais concentrados: geralmente maior

turbidez

Fonte: Apud Aparecida Carvalho (2008)

Figura 7. Características das Águas Residuárias

Fonte: Apud Aparecida Carvalho (2008)

PARA (NÃO) FINALIZAR |

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PARA (NÃO) FINALIZAR

Estamos concluindo uma etapa de nossos estudos. Não finalizamos nossos conhecimentos sobre o controle ambiental no setor de petróleo e gás, tema muito vasto, que possui várias dimensões, a dimensão técnica, a econômica, a social e também uma dimensão político-institucional. Dessa forma, muitas pesquisas e estudos ainda precisam e podem ser feitos no sentido de se ampliar sua compreensão e viabilizar sua aplicação, de forma a se alcançar o máximo possíve de benefícios.

Tudo o que vimos até agora foi apenas um estímulo para uma longa jornada que está por vir, não podendo ser considerado um estudo estático a respeito da interação da indústria do petróleo e o meio ambiente, mas um processo de avaliação por meio do qual a proteção ambiental e o desenvolviemnto sustentável devem ser considerados. Esperamos ter concorrido para sua reflexão sobre as vantagens desses conhecimentos.

Nesse sentido, lembre-se de que o assunto não termina aqui. Há muito o que aprender. O que foi visto nesta etapa é um caminho apontando para fontes inesgotáveis de estudos e experimentações. Caminhe sempre rumo à descoberta. Dessa forma, seus horizontes se ampliarão e, consequentemente, seu desempenho profissional.

Desejamos-lhe sucesso.

Resíduos e Meio Ambiente

Das operações de tratamento do petróleo resultam resíduos oleosos que, mesmo em pequenas quantidades, recebem cuidados.

Disponível: <http://ambientes.ambientebrasil.com.br/energia/ petroleo.html?tag=Energia>. Acesso 5 de junho de 2012.

O primeiro impacto da exploração do petróleo ocorre quando do estudo sísmico. Esse estudo permite a identificação de estruturas do subsolo, e seu princípio tem como base a velocidade de propagação do som e suas reflexões nas diversas camadas do subsolo. Em terra os dados sísmicos são coletados por meio de uma rede de microfones no solo, que receberão o retorno das ondas sonoras provocadas por explosões efetuadas na superfície. São abertas trilhas para a colocação dos microfones, instalados acampamentos e provocadas explosões para a emissão das ondas sonoras. No caso do mar, essas explosões são efetuadas em navios com canhões de ar comprimido, com o arraste de microfones na superfície da água.

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Junto com toda a produção de petróleo, existe uma produção de água, cuja quantidade dependerá das características dos mecanismos naturais ou artificiais de produção, e das características de composição das rochas reservatórios. Essa água produzida da rocha reservatório, é identificada pela sua salinidade e composição destes sais, normalmente sias de magnésio e estrôncio.

Para manter as condições de pressão na rocha reservatório (fundamentais para a migração do petróleo para os poços, pode ser efetuada uma operação de injeção de água nas camadas inferiores da rocha reservatório, e ou gás nas camadas superiores). Para impedir a precipitação de sais nos poros das rochas no subsolo, muitas vezes são utilizados produtos químicos que são injetados no subsolo, o que implica na existência desses produtos nas localidades de produção, e seus cuidados relativos a sua presença no meio ambiente. Cuidados especiais devem ser tomados com o descarte dessas águas produzidas.

Durante a perfuração de poços de petróleo, usa-se um fluído de perfuração, cuja composição química induz a comportamentos físico-químicos desejados, para permitir um equilíbrio entre as pressões das formações e a pressão dentro dos poços. Esse equilíbrio é fundamental impedindo que o fluído de perfuração invada a formação de petróleo danificando a capacidade produtiva do poço, bem como impedindo que o reservatório de petróleo possa produzir de forma descontrolada para dentro do poço, provocando o que é chamado de kick de óleo ou gás. Para o controle desses fluídos de perfuração são usados aditivos à lama de perfuração, normalmente baritina e outras argilas. É de fundamental importância que esses fluídos e produtos sejam devidamente armazenados e manipulados, evitando com isso um impacto ecológico localizado.

Também para análise das formações atravessadas pelo poço perfurado utilizam-se ferramentas de perfilagem radioativas e todo o cuidado tanto com os fluídos utilizados para amortecimento dos poços como com a manipulação, transporte e armazenagem dessas ferramentas, deve ser tomado.

Das operações de tratamento do petróleo resultam resíduos oleosos que, mesmo em pequenas quantidades, recebem cuidados. Inovações tecnológicas vem permitindo a reutilização de efluentes líquidos resultantes das operações de produção.

Os cuidados no refino, são muito importantes. As refinarias tem desenvolvido sistemas de tratamento para todos os efluentes.

Chaminés, filtros e outros dispositivos evitam a emissão de gases, vapores e poeiras para a atmosfera; unidades de recuperação retiram o enxofre dos gases, cuja queima produziria dióxido de enxofre, um dos principais poluentes dos centros urbanos.

Os despejos líquidos são tratados por meio de processos físico-químicos e biológicos. Além de minimizar a geração de resíduos sólidos, as refinarias realizam coleta seletiva, que permite a reciclagem para utilização própria ou a venda a terceiros.

O resíduo não reciclado é tratado em unidades de recuperação de óleo e de biodegradação natural, onde micro-organismos dos solos degradam os resíduos oleosos. Outros resíduos sólidos são enclausurados em aterros industriais constantemente controlados e monitorados.

As refinarias vêm sendo renovadas para processar petróleos brasileiros com baixo teor de enxofre, que dão origem a combustíveis menos poluentes.

Redação Ambiente Brasil

PARA (NÃO) FINALIZAR |

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REFERÊNCIAS |