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Gestão de Segurança de Barragens de Mineração FIEMG, Novembro 2014 Paulo Franca

Gestão de segurança de barragens de mineração - 24 de novembro

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Page 1: Gestão de segurança de barragens de mineração - 24 de novembro

Gestão de Segurança de Barragens de Mineração

FIEMG, Novembro 2014

Paulo Franca

Page 2: Gestão de segurança de barragens de mineração - 24 de novembro

Tópicos

• Sistema de gestão – conceitos fundamentais

• Oportunidades/ pontos a serem considerados

Page 3: Gestão de segurança de barragens de mineração - 24 de novembro

Tamanho do problema

• A cada ±30 anos : Volume de rejeitos aumenta ~10 vezes; altura das barragens aumenta ~ 2 vezes

– Altura máx. barragens em 1900 ~ 30 m

– Altura máx. barragens em 1930’s ~ 60 m

– Altura máx. barragens em 1960’s ~ 120 m

– Altura máx. barragens em 2000’s ~ 240 m

– Altura máx. barragens em 2030’s ~ 480 m?

– Altura máx. barragens em 2060’s ~1000 m?

Robertson 2013

Page 4: Gestão de segurança de barragens de mineração - 24 de novembro

Riscos

• Risco= Probabilidade x Consequência

– Probabilidade – “tem relação com altura”

– Consequência – “tem relação com volume”

• Risco a cada 30 anos aumenta 2 x 10 = 20 vezes

Robertson 2013

Page 5: Gestão de segurança de barragens de mineração - 24 de novembro

Azam & Li, 2010

Rupturas de Barragens

Page 6: Gestão de segurança de barragens de mineração - 24 de novembro

Impacto Econômico

Imperial Mine -Mount Polley

Page 7: Gestão de segurança de barragens de mineração - 24 de novembro

Questões essenciais

Como cuidar do “acervo de barragens”?

Como lidar com o contínuo aumento da

geração de rejeitos e, por consequência, da

contínua necessidade de barragens?

Page 8: Gestão de segurança de barragens de mineração - 24 de novembro

Gestão de barragens •Conceito: parte integrante do sistema de gerenciamento da mina; compreende toda a política, documentação, planos, procedimentos e sistemas necessários a garantir que riscos à segurança, saúde, meio ambiente, financeiros sejam minimizados, durante todo o ciclo de vida da barragem.

Projeto

Construção

Operação

Desativação

tempo

Fontes: A Guide to the Management of Tailings Facilities - Canadá

Guidelines for Development of TMMP - Austrália

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Sistemas de gestão de barragens

• Filosofia de trabalho

• Planejamento

• Estrutura de pessoal qualificada

• Critérios de contratação/elaboração de projetos

• Controle/acompanhamento da construção

• Controle de operação do sistema de disposição de rejeitos

• Programa de monitoramento/inspeções

• Programa de auditorias/avaliação de segurança

• Plano de atendimento a emergências

• Critérios de desativação

Page 10: Gestão de segurança de barragens de mineração - 24 de novembro

Filosofia de trabalho

• Utilização das melhores técnicas de engenharia disponíveis, assegurando a qualidade das obras, a manutenção da qualidade ambiental e a segurança, pessoal e patrimonial;

• Uso de equipe própria de especialistas em constante interação com empresas de projeto e assessorados por consultores internacionais;

• Contratar empresas de projeto e construção de capacidade técnica comprovada, buscando excelência nos projetos e na execução das obras.

Page 11: Gestão de segurança de barragens de mineração - 24 de novembro

Planejamento

Obtenção da

Licença de

Operação

Execuçã

o da

Obra

Contrataçã

o da Obra

Obtenção

da Licença

de

Instalação

Elaboração

do

PCA

Contratação

do PCA

Realização

da

Supressão

de

Vegetação

Obtenção da

Autorização

de Supressão

de Vegetação

Elaboração dos

Estudos

Hidrológicos

Obtenção da

Licença

Prévia

Elaboração

do EIA-RIMA

Contratação

do EIA-

RIMA, do

Inventário

Florestal e

dos Estudos

Hidrológicos

Contratação do

Projeto

Básico/Executivo

Elaboração

do Projeto

Conceitual

Contratação

do Projeto

Conceitual

Aquisiçã

o de

Área

Seleção

de Site

t

Elaboração do

Projeto

Básico/Executivo

Etapas de Contratação – SUPRIMENTOS

Etapas de Elaboração - CONSULTORIAS

Etapas de Obtenção de Licenças – ORGÃOS AMBIENTAIS

Etapa de Aquisição

1380

1590

840

1500

690

720

480 36

0

240

600

240

2970 2250 2070 1710

1830

3000

180

720 180 360 120

600 360

90

120

900

720

210

120

360

120 120 120

120

120

Atividade

80

60

Término da Atividade (dias)

Prazo de Execução da Atividade (dias)

20 Inicio da Atividade (dias)

Caminho Crítico

240 120

2070 1710 1590 1500 0

600

480 360

2250

2820

600

780 1470 240

120

120

420

1590

Contratação

da

Supressão 90

1380

1470

Obtenção

da

Outorga

1080

720

360

Elaboração

do

Inventário

Florestal

780

180

600

Simulador de Licenciamento

Page 12: Gestão de segurança de barragens de mineração - 24 de novembro

Estrutura de Pessoal

Diretor de Operações

Gerente de Planejamento

Gerente de Meio

Ambiente

Gerente de Engenharia

Gerente de Usina

Geotecnia

Mina A Mina B Mina C

Geotecnia

Meio Ambiente

Engenharia

Page 13: Gestão de segurança de barragens de mineração - 24 de novembro

Equipe Especializada • As empresas procuram ter equipes especializadas, formadas

por profissionais com pós-graduação (especialização, mestrado);

• É importante a interação entre as áreas e presença de consultores externos.

Engenharias

e Planejamento

Geotecnia

&

Hidrogeologia

Meio

Ambiente

Meio Ambiente

Geotecnia

&

Hidrogeologiaa

Engenharias

e Planejamento

Trabalho em Equipe

Page 14: Gestão de segurança de barragens de mineração - 24 de novembro

Critérios de contratação e elaboração de projetos

• Seleção de projetista com base em experiência profissional;

• Interação constante projetista x equipe técnica durante elaboração do projeto => definição de critérios;

• Projetista da barragem inicial é mantido nas fases de alteamento, se possível;

• Projetista acompanha execução;

• Aporte tecnológico.

Page 15: Gestão de segurança de barragens de mineração - 24 de novembro

Controle de construção

• Contratação de empresas de construção idôneas e de comprovada experiência;

• Supervisão da construção por empresas de gerenciamento de obra/ controle tecnológico;

• Presença constante do projetista na obra;

• Atendimento aos critérios construtivos;

• Registro da construção e relatórios de “as-built”

Page 16: Gestão de segurança de barragens de mineração - 24 de novembro

Controle de operação

Plano de Contingências Internas de Barragens

Auditorias Externas

Manual de Operação de Barragens

Monitoramento e Inspeções

Equipe Técnica Especialista

Meio-Ambiente

Segurança

Qualidade

Economia

Gestão da Informação

Page 17: Gestão de segurança de barragens de mineração - 24 de novembro

Manual de Operação • Cada barragem deve ter seu Manual de Operação que estabelece

os procedimentos para operação, manutenção, monitoramento e inspeções de segurança. A estrutura mínima é:

– Introdução e Objetivos

– Ficha Técnica da Barragem

– Descrição Geral do Sistema

– Definição de Atribuições e Responsabilidades

– Bases para Operação do Sistema

– Monitoramento e Manutenção do Sistema

– Registros da Operação da Barragem

– Relatórios de Incidentes

– Plano de Contingência e Responsabilidades

– Divulgação e Treinamento sobre o Manual de Operação

– Documentos de Referência

Page 18: Gestão de segurança de barragens de mineração - 24 de novembro

Planejamento da disposição

Page 19: Gestão de segurança de barragens de mineração - 24 de novembro
Page 20: Gestão de segurança de barragens de mineração - 24 de novembro

Monitoramento

Page 21: Gestão de segurança de barragens de mineração - 24 de novembro

Plano de instrumentação

• Deve prever todas as fases da vida da barragem: –projeto inclui arranjo, especificações de instalação, valores de controle;

• Plano de operação da instrumentação incluindo as frequências das leituras nas diversas fases da vida e durante possíveis eventos excepcionais; –

• Plano de observações visuais e inspeções in situ;

• Plano de análise e interpretação do comportamento da obra com base nos resultados da instrumentação e das inspeções visuais.

Page 22: Gestão de segurança de barragens de mineração - 24 de novembro

Gestão de Riscos Auditoria Independente/ Avaliação de Segurança

Periodicidade: • Barragens Classe III: Anual • Barragens Classe II: A cada dois anos • Barragens Classe I: A cada três anos

• Além deste programa, considerar inspeções rotineiras • Mais do que uma obrigação legal, é uma oportunidade para rever práticas, reforçar os pontos fortes e acionar os ALERTAS quando necessário

Page 23: Gestão de segurança de barragens de mineração - 24 de novembro

23 Projetos de Barragens da Vale – Setembro,

2009

Page 24: Gestão de segurança de barragens de mineração - 24 de novembro
Page 25: Gestão de segurança de barragens de mineração - 24 de novembro

Plano de Contingência

Atribuições e Responsabilidades

Atribuição

(O que?)

Responsável *

(Quem?)

Ação

(Como?)

Operação e

manutenção diária

da barragem

Equipe: Operação e Manutenção Supervisionar os trabalhos de operação e manutenção.

Gestão da barragem Equipes de Geotecnia, Meio-

Ambiente, Operação/Manutenção

das Usinas e Infra-

estrutura/Manutenção Civil

Fazer inspeções visuais periódicas e monitoramento

contínuo dos instrumentos instalados na barragem

conforme indicado no Manual de Operação da barragem.

Comunicação de

ocorrências e

anomalias

Cumprir o indicado no Manual de Operação da barragem

e no PCIB conforme classificação do risco.

Tomada de decisão Gerentes Analisar os dados e fatos, ponderando as melhores e

mais seguras opções mitigadoras do(s) problema(s).

Page 26: Gestão de segurança de barragens de mineração - 24 de novembro

Plano de Atendimento a Emergências

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0 500 1000 1500850

900

950

1000

1050

1100

Station (m)

Ele

vatio

n (

m)

Legend

NA

Ground

Ineff

Bank Sta

.08 .035

.08

0 500 1000 1500850

900

950

1000

1050

1100

Station (m)

Ele

vatio

n (

m)

Legend

NA

Ground

Ineff

Bank Sta

.08 .035

.08

0 500 1000 1500850

900

950

1000

1050

1100

Station (m)

Ele

vatio

n (

m)

Legend

NA

Ground

Ineff

Bank Sta

.08 .035

.08

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1

Percentual do Tempo

Perc

en

tual

de A

bert

ura

da B

rech

a

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1

Percentual do Tempo

Perc

en

tual

de A

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da B

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0

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0,9

1

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1

Perc

en

tual

de A

bert

ura

da B

rech

a

Dam Break

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Page 29: Gestão de segurança de barragens de mineração - 24 de novembro

Critérios de Desativação

Descaracterização

• Eliminação do lago com preenchimento do volume residual com estéril /

solo;

• Eliminação da barragem e dos sedimentos depositados (retirada de todo o

maciço e limpeza do reservatório);

• Transformação da barragem em pilha de estéril.

Adequação

• Redimensionamento do vertedor para vazões decamilenares ou de PMP

(precipitação máxima provável) ou elevação do free board;

• Adequação do maciço para permitir galgamento;

• Manutenção do lago e consequentemente da instrumentação e do

monitoramento hídrico por tempo indeterminado;

Page 30: Gestão de segurança de barragens de mineração - 24 de novembro

Critérios de desativação

•Eventos extremos

– MCE - máximo sismo possível

– PMP - precipitação máxima provável

•Forças perpétuas

– adoção de Fator de Segurança compatível

– performance dos materiais de construção

– monitoramento/manutenção longo prazo

30

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Consolidação

Projetos de Barragens da Vale –

Setembro, 2009 31

Page 32: Gestão de segurança de barragens de mineração - 24 de novembro
Page 33: Gestão de segurança de barragens de mineração - 24 de novembro

What is missing?

• Oportunidades de melhoria

• Pontos para debate

Page 34: Gestão de segurança de barragens de mineração - 24 de novembro

Contratação de Projeto

• Usualmente definido pela área de suprimentos das empresas => “menor preço”;

• Concorrências não necessariamente observam complexidade do problema x qualificação da empresa;

• Corpo técnico da empresa tem pouca gestão sobre a contratação – não há filtros suficientes;

• Diversos projetistas ao longo da vida útil da barragem

Page 35: Gestão de segurança de barragens de mineração - 24 de novembro

Operação

• Indefinição sobre quem cuida da barragem – usina, geotecnia, meio ambiente, engenharia;

• Operação da barragem interage com operação da mina/usina ou são áreas “estanques”?;

• Exemplo: barragem ciclonada

Page 36: Gestão de segurança de barragens de mineração - 24 de novembro

Controle de operação

Projetos de Barragens da Vale –

Setembro, 2009 36

Lançamento de Rejeito

Page 37: Gestão de segurança de barragens de mineração - 24 de novembro

Operação

• Orçamento insuficiente, contratação das obras próximo ao período chuvoso, ausência de acompanhamento técnico;

• Mudança da característica dos rejeitos ao longo do

tempo - planejamento da disposição acompanhou?

• Aporte de sedimentos da bacia além do previsto (ou não previsto).

Page 38: Gestão de segurança de barragens de mineração - 24 de novembro

Gestão

• Documentação incompleta/ falta de arquivo

técnico;

• Fluxo de informação incompleto – real dimensão

dos problemas não chega aos “ouvidos

corretos”

• Mudança de cultura com aquisições/ take over

Page 39: Gestão de segurança de barragens de mineração - 24 de novembro

Gestão

• Oportunidade – Engenheiro de Registros (EoR)

– Responsável por acompanhamento de todos os estágios da barragem (projetos, construção, operação, monitoramento, auditorias);

– Profissional qualificado, com definição de atribuições, responsabilidades e autonomia;

– Elo de comunicação alta direção da empresa – nível de operação;

– Interação constante com projetistas.

Page 40: Gestão de segurança de barragens de mineração - 24 de novembro

Auditorias/ Inspeção de Segurança

• A escolha dos auditores é feita de forma criteriosa?

• Os relatórios de auditoria são realmente observados (no sentido de detecção e mitigação de riscos) ou elaborados somente para atender a legislação ?

• Compliance x Commitment!

Page 41: Gestão de segurança de barragens de mineração - 24 de novembro

Gestão de Riscos

• Estamos considerando TODOS os riscos envolvidos?

• Processos geotécnicos são controlados pela Lei de Murphy!

Page 42: Gestão de segurança de barragens de mineração - 24 de novembro
Page 43: Gestão de segurança de barragens de mineração - 24 de novembro
Page 44: Gestão de segurança de barragens de mineração - 24 de novembro

Matatchewan

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Page 46: Gestão de segurança de barragens de mineração - 24 de novembro
Page 47: Gestão de segurança de barragens de mineração - 24 de novembro
Page 48: Gestão de segurança de barragens de mineração - 24 de novembro

Mito: “Operamos por muito tempo sem acidentes,

segurança está comprovada”

Page 49: Gestão de segurança de barragens de mineração - 24 de novembro

Inovação tecnológica – benefício ou problema?

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Page 51: Gestão de segurança de barragens de mineração - 24 de novembro

THINK AGAIN!

Page 52: Gestão de segurança de barragens de mineração - 24 de novembro

O que se vislumbra num futuro (próximo)?

• Crescente dificuldade de licenciamento de novas barragens ou de alteamento de barragens existentes para manter a produção;

• Teores metálicos cada vez mais baixos nas minas, que exige maior manuseio para a mesma escala de produção;

• Alto CAPEX de novas barragens

Page 53: Gestão de segurança de barragens de mineração - 24 de novembro

Qual a nossa saída?

• Reaproveitamento de rejeitos

• Uso de tecnologias alternativas

• Co-disposição e/ou disposição conjunta

• Sequenciamento de lavra visando permitir o uso de cavas exauridas

• Maior aproveitamento no processo (recuperação)

• Investimento constante em gestão!

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Encerramento

• A barragem que apresenta melhor custo-benefício é aquela que não rompe