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GESTÃO DOS SISTEMAS E INSTITUIÇÕES DE ENSINO Huagner Cardoso da Silva Maria Nadurce da Silva PEDAGOGIA 5º PERÍODO

Gestão Dos Sistemas de Ensino Unimontes

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5°período de pedagogia

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GESTÃO DOS SISTEMAS E

INSTITUIÇÕES DE ENSINO

Huagner Cardoso da SilvaMaria Nadurce da Silva

PEDAGOGIA5º PERÍODO

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GESTÃO DOS SISTEMAS E INSTITUIÇÕES DE ENSINO

Huagner Cardoso da SilvaMaria Nadurce da Silva

Montes Claros - MG, 2011

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Copyright ©: Universidade Estadual de Montes Claros

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS - UNIMONTES

2011Proibida a reprodução total ou parcial.

Os infratores serão processados na forma da lei.

EDITORA UNIMONTESCampus Universitário Professor Darcy Ribeiro

s/n - Vila Mauricéia - Montes Claros (MG)Caixa Postal: 126 - CEP: 39.401-089

Correio eletrônico: [email protected] - Telefone: (38) 3229-8214

Catalogação: Biblioteca Central Professor Antônio Jorge - UnimontesFicha Catalográfica:

REITORJoão dos Reis Canela

VICE-REITORMaria Ivete Soares de Almeida

DIRETOR DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÕESGiulliano Vieira Mota

CONSELHO EDITORIALMaria Cleonice Souto de FreitasRosivaldo Antônio GonçalvesSílvio Fernando Guimarães de CarvalhoWanderlino Arruda

REVISÃO DE LÍNGUA PORTUGUESAArlete Ribeiro Nepomuceno

REVISÃO TÉCNICAKaren Tôrres Corrêa Lafetá de Almeida

PROJETO GRÁFICOAlcino Franco de Moura JúniorAndréia Santos Dias

EDITORAÇÃO E PRODUÇÃOAna Lúcia Cardoso PereiraAndréia Santos DiasClésio Robert Almeida CaldeiraDébora Tôrres Corrêa Lafetá de AlmeidaDiego Wander Pereira NobreJéssica Luiza de AlbuquerqueKarina Carvalho de AlmeidaPatrícia Fernanda Heliodoro dos SantosRogério Santos BrantSânzio Mendonça HenriquesTatiane Fernandes PinheiroTátylla Aparecida Pimenta FariaVinícius Antônio Alencar Batista

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Ministro da EducaçãoFernando Haddad

Secretário de Educação a DistânciaCarlos Eduardo Bielschowsky

Coordenador Geral da Universidade Aberta do BrasilCelso José da Costa

Governador do Estado de Minas GeraisAntônio Augusto Junho Anastasia

Vice-Governador do Estado de Minas GeraisAlberto Pinto Coelho

Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino SuperiorAlberto Duque Portugal

Reitor da Universidade Estadual de Montes Claros - UnimontesJoão dos Reis Canela

Vice-Reitora da UnimontesMaria Ivete Soares de Almeida

Pró-Reitora de EnsinoAnete Marília Pereira

Coordenadora da UAB/UnimontesMaria Ângela Lopes Dumont Macedo

Coordenadora Adjunta da UAB/UnimontesBetânia Maria Araújo Passos

Chefe do Departamento de EducaçãoMaria Cristina Freire Barbosa

Chefe do Departamento de Estágios e Práticas EscolaresDayse Magna Santos Moura

Chefe do Departamento de Métodos e Técnicas EducacionaisFrancely Aparecida dos Santos

Coordenadora do Curso de Pedagogia a DistânciaMaria Narduce da Silva

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AUTORES

Huagner Cardoso da Silva

Graduado em Pedagogia pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), Especialista em Docência para Educação Profissional e Mestre em Educação pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Atualmente, é professor do Departamento de Estágios e Práticas Escolares da Unimontes.

Maria Nadurce da Silva

Graduada em Pedagogia pela Fundação Norte Mineira de Ensino Superior (FUNM), Especialista em Sociologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Especialista em Metodologia e Epistemologia da Pesquisa pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) e Mestre em Educação pela Universidade Católica de Brasília (UCB). Atualmente, é professora do Departamento de Educação da Unimontes.

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SUMÁRIO

Apresentação .............................................................................................................................9

Unidade 1: Teorias da administrção aplicada à educação ........................................................... 13

Introdução ........................................................................................................................... 13

1.1 Teorias gerais da administração na educação ................................................................... 13

1.2 Teorias clássicas da administração: administrção cintífica ................................................. 15

1.3 Teorias novas da administração ........................................................................................ 18

1.4 Teoria comportamental organizacional: abordagem comportamental ............................... 23

1.5 Teoria das decisões integração dos objetivos organizacionais e individuais. ..................... 23

Referências .......................................................................................................................... 23

Unidade 2: A gestão dos sistemas de ensino de órgãos educacionais ........................................... 24

2.1 Fundamentos da gestão escolar ....................................................................................... 24

2.2 Modelos de gestão da educação ...................................................................................... 38

2.3 Especificidade da organização educacional ...................................................................... 42

2.4 Realidades da organização e administração escolar.......................................................... 44

Referências .......................................................................................................................... 47

Unidade 3: As políticas e a construção do trabalho coletivo na escola ......................................... 49

3.1 O projeto pedagógico como elemento norteador as ações político-pedagógicas da

Escola ....................................................................................................................................51

3.2 Projeto político pedagógico (PPP): o papel da equipe pedagógica no desenvolvimento

de uma proposta educacional participativa ............................................................................ 53

3.3 Descentralização da gestão educacional ......................................................................... 55

3.4 Gestão democrática: compartilhamento de responsabilidades no interior das escolas ...... 57

Referências .......................................................................................................................... 59

Unidade 4: A escola como organizadora do processo ................................................................ 60

4.1 A escola como grupo instituído ........................................................................................ 61

4.2 Fundamentos sociológicos e filosóficos da escola ............................................................. 67

4.3 Aspectos formais e informais da organização escolar ........................................................ 70

4.4 Gestão da escola: atividades fundamentais do diretor ..................................................... 74

Referências .......................................................................................................................... 80

Resumo .................................................................................................................................83

Referências básicas, complementares e suplementares .......................................................... 87

Atividades de aprendizagem - AA ......................................................................................... 91

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APRESENTAÇÃO

Caro (a) acadêmico (a):

No caderno de História da Educação, você refletiu, por exemplo, sobre o processo de construção do nosso sistema educacional e sua evolução no Brasil. Já no caderno de Política Educacional Brasileira, você refletiu, entre outras coisas, sobre o papel da educação como direito social do cidadão e discutiu como a escola cumpre esse papel através das ações dos agentes educativos. Agora, chegou a hora de falarmos especificamente do papel da gestão da educação neste processo. Assim, neste caderno, propomo-nos a discutir sobre isso.

Pretendemos que, com este estudo, você possa se apropriar de um referencial teórico que inclua os fundamentos das dimensões administrativas, financeiras e pedagógicas da gestão escolar, mediante leituras compartilhadas, estudos orientados, pesquisas e apresentações em forma de seminários.

Neste caderno, você será chamado a refletir sobre a dimensão da gestão da educação e, para isso, os textos aqui apresentados abordarão as questões fundamentais da gestão dos sistemas e as instituições de ensino num debate atual. Discutiremos não só teorias da administração, como também problemas e desafios colocados para a gestão da educação pública.

Para atingir os objetivos propostos, os textos versarão sobre as teorias da administração e inspeção aplicadas à educação, a gestão dos sistemas educacionais na edificação dos espaços escolares, as políticas de construção do trabalho coletivo na escola e as relações dela com a sociedade civil. Por fim, abordaremos sobre a escola como organizadora do processo educativo.

Nessa medida, os conteúdos deste caderno poderão instrumentalizar você para que possa identificar princípios que orientam a gestão democrática, assim como os desafios que se apresentam neste campo. Os seminários temáticos poderão contribuir de forma significativa para suas reflexões e para ampliar os conhecimentos adquiridos com a leitura dos textos apresentados neste caderno. Considerando o aspecto instrumental, veja como este caderno poderá oferecer-lhe contribuições importantes. Esperamos que você pense o processo administrativo como um complexo de fatores variáveis, e não como um conjunto de técnicas específicas.

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Assim sendo, ao final deste estudo, você deverá ser capaz de:

• Compreender as concepções que fundamentam a Administração Escolar;

• Descrever a função social da escola, sua relação com o Estado e a sociedade focalizando as questões de poder e participação compartilhada;

• Identificar os aspectos fundamentais da organização e funcionamento das organizações escolares a partir dos determinantes legais e/ou informais como expressão da realidade sociopolíticocultural;

• Reconhecer a importância da gestão democrática como forma de garantir a participação da comunidade no processo decisório da escola;

• Situar a problemática da administração escolar frente à natureza do trabalho pedagógico;

• Identificar as atuações do gestor de escola e de sistema em relação aos diversos papéis que desempenha na instituição educacional.

Não deixe de participar efetivamente dos fóruns! Para isso, leia as unidades propostas neste caderno! Os fóruns representam uma reflexão, bem como um excelente momento para você tirar dúvidas com o professor formador e o seu tutor a distância. Não perca essa oportunidade! Lembre-se de que, com essa participação, você poderá garantir seu sucesso na disciplina.

Na sequência, na Unidade I, buscaremos refletir sobre as teorias da administração aplicadas à educação: conceitos de administração e escolas teóricas à luz das teorias da administração em geral, a fim de depois apresentar particularidades das teorias da administração para a situação escolar. Para tanto, discutiremos sobre a administração científica, a escola estruturalista, a administração neoclássica e a teoria organizacional, a escola das relações humanas, a escola comportamental e a teoria moderna da administração e organização. Vale ressaltar que, nesta unidade, desenvolveremos argumentos relativos a três ordens diferentes de problemas: natureza da ação administrativa, tendência à associação de critérios de valor na definição da ação ou comportamento administrativo e a especificidade das organizações educativas.

Na unidade II, apresentaremos uma discussão sobre a gestão/administração dos sistemas educacionais na edificação dos espaços escolares. Nessa unidade, você vai estudar, especificamente, sobre a administração/organização escolar, refletindo sobre conceitos de gestão/administração, modelos de gestão, a escola como sistema social, identificando os aspectos formais e informais da administração/organização escolar. Aqui você será chamado a refletir sobre o problema da mudança na gestão/organização escolar, observando a organização e administração do ensino de 1º e 2º graus, em suas diversas particularidades, como: objetivos do ensino, planejamento, política educacional, clientela atendida, serviços de coordenação e gestão interna, articulação dos serviços da escola com

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órgãos centrais, problemas de planejamento geral e as relações da escola com o ambiente.

Na unidade III, discutiremos sobre as políticas de construção do trabalho coletivo na escola e as relações dela com a sociedade civil, na qual falaremos mais especificamente sobre a avaliação do rendimento escolar como instrumento de gestão educacional, a administração escolar como elemento de transformação social. Abordaremos, ainda, sobre os órgãos colegiados e seus processos decisórios, discorrendo, ligeiramente, sobre a gestão dos recursos financeiros, sobre a gestão da qualidade no sistema e instituição de ensino.

Na unidade IV, discutiremos sobre a escola como organizadora do processo educativo, abordando a gestão administrativa da escola e apontando as competências necessárias para exercer o papel de diretor de escola, os elementos do processo organizacional, como, por exemplo, a comunicação, o comportamento grupal e intergrupal e a construção do Projeto Político-Pedagógico da escola como instrumento de democratização das relações no interior da escola. Além disso, trataremos de questões inerentes ao papel da escola: sua estrutura, sua organização e suas finalidades, bem como a necessidade de uma agenda de ações previstas para o diretor de escola.

Ao final deste estudo, você verá que discutir sobre a gestão/administração da educação, seja desenvolvida nos sistemas, seja nas escolas, implica refletir, também, sobre as políticas de educação. Isso se deve ao fato de que há uma estreita ligação entre elas, pois a gestão transforma metas e objetivos educacionais em ações, dando concretude às direções traçadas pelas políticas educativas. Assim sendo, embora neste caderno pretendamos discutir a gestão da educação propriamente dita, as discussões sobre políticas educacionais, Sociologia da Educação e História da Educação surgirão naturalmente como suporte às reflexões apresentadas remetendo a leituras e a discussões realizadas neste curso. Um excelente trabalho!

Os autores

Ementa

Teorias da administração aplicadas à educação. A gestão dos sistemas de ensino de órgãos educacionais. As políticas e a construção do trabalho coletivo na escola e as relações dela com a sociedade civil. A escola como organizadora do processo educativo.

Objetivos da disciplina

Objetivo Geral:

Assegurar, aos acadêmicos, oportunidade para discussão sobre as teorias da administração aplicadas à educação e gestão dos sistemas e

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Instituições de ensino de órgãos educacionais, levando-os a identificar os principais elementos e características da gestão/administração da educação.

Objetivos específicos:

• Identificar as influências das teorias da administração no contexto da gestão educacional;

• Caracterizar a gestão burocrática à luz das teorias de administração;

• Identificar diferenças entre a organização educacional e as demais organizações;

• Enunciar os elementos que compõe a administração/gestão da educação;

• Compreender a atividade educacional nas diferentes formas de gestão educacional: na organização do trabalho pedagógico escolar, no planejamento, execução e avaliação de propostas pedagógicas da escola nos processos educativos;

• Estabelecer as fases do processo de decisão racional na gestão da educação, analisados por Simon;

• Discutir, criticamente, as tendências atuais de gestão escolar, suas principais características, fundamentos, princípios e funções;

• Identificar recursos de eficiência e eficácia na gestão da educação;

• Identificar as dimensões da gestão educacional;

• Conceituar gestão burocrática e gestão democrática;

• Identificar os componentes burocráticos do sistema escolar na gestão da educação;

• Identificar e descrever as competências do administrador escolar;

• Diferenciar práxis criadora de práxis reiterativa na administração/gestão da escola;

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UNIDADE 1TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO APLICADAS À EDUCAÇÃO

INTRODUÇÃO

Vamos começar esta discussão com a seguinte pergunta: O que é uma teoria? Acreditamos que você ligeiramente recorreu aos conceitos criados em outras disciplinas estudadas neste curso. Mesmo assim, convidamo-lo (a) a pensar no conceito proposto por Zimbardo (1970, apud MAXIMIANO, 2007): uma teoria é uma representação abstrata do que se percebe como realidade. Você pode dizer ainda que uma teoria é um conjunto de afirmações ou regras feitas para enquadrar alguma parte do mundo real. Porém, é preciso que você saiba que há teorias que propõem recomendações, soluções para problemas ou decisões que devem ser tomadas em certas situações. Vamos lá! Pense agora mais um pouco: o que seria então a Teoria Geral da Administração, doravante TGA? Para entrarmos nas discussões sobre as teorias da administração aplicadas à educação, é preciso rever alguns pontos básicos ligados à administração fundamentados em estudos realizados por autores sobre esta temática.

Há que se destacar que, ao longo deste caderno, procuraremos definir Gestão e Administração à luz das teorias da administração, vinculando-as a função do administrador a partir das exigências colocadas pela organização da educação. Assim sendo, as teorias da administração aqui apresentadas buscarão uma associação com os dados da prática desenvolvida na gestão da educação, de modo a permitir uma análise do que é usualmente feito, possibilitando a você fazer uma crítica dos antigos modos de proceder a gestão da educação com os modelos hoje recomendados. Esperamos que, por meio deste estudo, você também possa realizar uma analogia da organização escolar com as demais organizações sem, contudo, desconsiderar a especificidade do objetivo educacional, de tal modo que você possa identificar os elementos comuns à ação administrativa, em qualquer tipo de organização, à luz destas teorias.

1.1 TEORIAS GERAIS DA ADMINISTRAÇÃO NA EDUCAÇÃO

Você perceberá, à medida que realizar este estudo, que a administração aplicada à educação fundamenta-se na pretensa universalidade dos princípios da Administração Empresarial, os quais são tidos como princípios administrativos das organizações de modo geral. Perceberá, também, que a aplicação dos princípios da administração na educação determina que sua organização assuma diversos propósitos. Aqui você precisa entender que Administração e Gestão são conceitos que demandam uma relação, mas que cada um desses conceitos oferece sua problemática particular que nos remeterá ao exame de esquemas gerais

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O que é teoria ? o que elas propõem?
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e que nos orientará para os estudos dessas expressões. Nesse contexto, perguntamos: há princípios, normas e regras de ação que possam ser aplicados às mais diversas situações de administração e gestão? Para buscar responder a essa pergunta e ao mesmo tempo compreender estas expressões, buscaremos suporte nas teorias chamadas “clássicas” e em outras chamadas teorias “novas” acompanhando as ideias de seus criadores. Vamos começar? Observe a figura que se segue. Talvez você já conheça alguns destes rostos. O que essas imagens lhe sugerem ?

Figura 1: Criadores das teorias da administraçãoFonte: http://www.ecnsoft.net/wp-content/uploads/2009/08/Teoria-Geral-da-Admi-nistracao-UNIRIO.pdf. Acesso em: 15/01/2011

Observe que, ao apresentar as teorias da administração, buscaremos uma associação com os elementos da prática desenvolvida na gestão da educação, de modo a permitir que você faça uma análise crítica do que é usualmente feito, comparando com os antigos modos de proceder a gestão da educação. Assim, esperamos que você faça uma analogia da organização escolar com as demais organizações sem, contudo, desconsiderar a especificidade do objetivo educacional, de tal modo que possa realizar as leituras propostas identificando os elementos comuns à ação administrativa, em qualquer tipo de organização, principalmente nas instituições educacionais.

Vamos responder à pergunta proposta na introdução desta unidade? Considerando as abordagens de Maximiano (2007), TGA é como o corpo de conhecimentos a respeito das organizações e do processo de administrá-las. O autor ainda nos diz que ela é formada por princípios, proposições e técnicas em permanente elaboração. Acreditamos que, agora, você já pode concluir que Teoria, em Administração, significa um conjunto de conhecimentos organizados, produzidos pela experiência prática das organizações.

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1.2 TEORIAS CLÁSSICAS DA ADMINISTRAÇÃO: ADMINISTRÇÃO CINTÍFICA

Nas teorias chamadas clássicas, o pressuposto fundamental da administração é o poder motivador que uma estrutura formal por si mesma impunha a uma organização de fato. Veja que as teorias clássicas da administração se dividem principalmente em duas ideias: a de Taylor e a de Fayol. Uma salienta a importância da divisão de tarefas através da observação das atividades físicas dos trabalhadores; a outra destaca as vantagens de maior discriminação entre os problemas de execução direta dos serviços pelos trabalhadores e os de sua coordenação, mediante órgãos de gestão especializados, chamados de departamentalização. (LOURENÇO FILHO, 2007, p. 50). Atenção! Pois muitos precursores construíram o que veio a ser classificado como abordagem clássica, entre os quais, os mais importantes, para este estudo, foram Taylor, Fayol, Ford e Weber.

Vejamos agora um pouco sobre estas teorias que auxiliarão você no entendimento sobre a gestão da educação no Brasil. Leia com atenção os textos apresentados e procure refletir sobre suas implicações na administração das escolas públicas brasileiras, principalmente nas escolas de sua localidade!

a) Teoria clássica de Fayol (1841-1925)

O inglês Henri Fayol, partindo de uma ampla noção de eficiência, fundamentada na ideia de que a racionalização do trabalho deveria compreender todas as partes e funções de uma empresa, buscando velar pela sua unidade construtiva, defendia a tendência chamada de departamentalização. Fayol acreditava que isso seria necessário para atender às exigências de continuidade e desenvolvimento das empresas, assim como do processo de organização social que elas representavam. Fayol focou sua atenção na estrutura da empresa e definiu a Administração como “previsão, organização, comando, coordenação e controle”. Podemos dizer, também, que Fayol, em sua teoria, indicava algumas funções que considerava capitais de administração, entre elas: prever, organizar, comandar, coordenar e controlar. Veja que estas funções, por sua vez, sugerem ações como: a definição de objetivos e programas, a reunião de elementos pessoais e materiais necessários à produção, a articulação de esforços no sentido do progresso material e moral de cada empreendimento e, ainda, a articulação geral que seria realizada por órgãos centrais de direção e fiscalização. (LOURENÇO FILHO, 2007, p. 51). Quando você analisar a proposta de gestão da educação, nos moldes que hoje é colocado, verá que muitas destas ações estão presentes de forma bastante original.

A Teoria Clássica é, portanto, uma corrente iniciada por Fayol (1916) para o tratamento da administração como ciência na formatação

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Nota
Fayol fundamentava-se na ideia de racionalização do trabalho,defendia a tendencia chamada compartimentalização,focou sua atenção na estrutura da empresa.Sua teoria indicava algumas funções que considerava capitais de administração. prever,organizar,comandar ,coordenar e controlar.
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e na estruturação das organizações. Essa corrente dava ênfase na estrutura da organização enfocando a organização formal, os princípios gerais da administração e as funções do administrador. Fayol em sua teoria da administração estabeleceu 14 princípios (MAXIMIANO, 2007) que consideramos relevantes apresentar neste estudo. Portanto, leia com bastante atenção, pois eles ajudarão a você no entendimento da gestão escolar que será discutida na Unidade II deste caderno:

1. divisão do trabalho, com especialização das tarefas e trabalhadores para maior eficiência;

2. autoridade e responsabilidade, direito de dar ordens e esperar obediência, com responsabilidade;

3. disciplina, obediência a regras claras e justas, com punição às infrações;

4. unidade de comando, cada empregado com apenas um chefe;

5. unidade de direção, todas as unidades da organização buscando os mesmos objetivos gerais;

6. subordinação do interesse individual ao geral, os interesses da organização têm precedência sobre os dos empregados;

7. remuneração justa do pessoal, tanto para o empregado como para a organização;

8. centralização, concentração da autoridade no topo da organização;

9. cadeia de comando, uma linha de comando e comunicação, do alto até a base;

10. ordem, pessoas e materiais nas posições em que são necessários e eficientes - “um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar”;

11. equidade, com tratamento justo a todo o pessoal;

12. estabilidade do pessoal, a rotatividade é prejudicial à eficiência da organização;

13. iniciativa, os funcionários devem ser incentivados a propor melhorias;

14. espírito de equipe, deve haver harmonia entre o pessoal para o trabalho em grupo.

b) Teoria clássica de Taylor (1856-1915): administração científica

Vamos agora analisar a teoria clássica da administração proposta por Taylor. Observe que a teoria elaborada pelo norte-americano Frederick Taylor constitui-se na análise metódica do trabalho industrial, na cronometragem dos movimentos elementares de cada operação e formas de sua coordenação, a ser realizada de modo direto por chefes de turma e indireto por contramestres e técnicos, encarregados da manutenção dos

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equipamentos, máquinas e ferramentas, e suprimento da matéria-prima. Veja que Taylor desenvolveu a Teoria da Administração chamada de teoria científica buscando um maior desenvolvimento econômico, tanto para as empresas como para os empregados, resumindo-a como Ciência. Segundo as ideias de Taylor, a Ciência seria utilizada para a identificação da melhor maneira de realizar uma tarefa, envolvendo desde estudos de tempos e movimentos até o desenvolvimento de ferramentas e equipamentos mais adequados. Nessa teoria, o conceito de eficiência correspondia ao de “produção por unidade de esforço”, ou seja, rendimento mecânico. Podemos dizer que a teoria de Taylor está relacionada à produção em série, mediante a divisão e especialização minuciosa das tarefas atribuídas ao trabalhador (LOURENÇO FILHO, 2007, p. 50-51).

Na visão proposta por Taylor, a “Administração Científica” se ocupa em buscar a maneira pela qual uma tarefa pode ser mais realizada e entende que o interesse do empregado no trabalho decorre do seu interesse pelo ganho que daí advém, ou seja, considera o trabalhador como um homem econômico, voltado para a satisfação material. Nesse contexto, pode se dizer que a “Administração Científica” tem de se ocupar do processo de trabalho e do treinamento dos operários. Na sequência, vamos agora discutir um pouco sobre essa teoria no contexto da administração educacional.

1.2.1 Abordagem clássica: influência da teoria da administração científica na educação

Administração Científica é uma corrente iniciada por Taylor (1903), a qual considera a administração uma ciência aplicada na racionalização e no planejamento das atividades operacionais, dando ênfase nas tarefas e enfocando a racionalização do trabalho. Essa teoria está assentada nos fundamentos da organização e do controle dos processos de trabalho, expressos pela instituição da gerência científica, sendo também assumida como um dos elementos fundantes da gestão escolar.

Assim é que estudos de tempo e movimento constituem uma ilustração desta abordagem científica da administração. Neles são considerados os movimentos necessários aos trabalhadores mais habilidosos para que realizem as tarefas que lhes são confiadas no menor tempo possível; porém, esses movimentos que devem ser precisos são ensinados aos outros trabalhadores. O aspecto principal da função administrativa na escola clássica de administração era a ênfase na produção, pois esta tem procurado racionalizar a produção industrial e a administração, descobrindo e sugerindo a aplicação dos mais eficientes métodos de trabalho na gestão.

Podemos dizer que o aspecto principal da função administrativa na escola clássica de administração era a ênfase na produção, pois esta, como você pode observar, tem procurado racionalizar a produção industrial e

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a administração, descobrindo sugerindo a aplicação dos mais eficientes métodos de trabalho na gestão.

1.3 TEORIAS NOVAS DA ADMINISTRAÇÃO

Estas teorias, ao contrário das teorias clássicas cujas decisões se dão por certos escalões da hierarquia forma, ocorrem em todos os níveis e, ainda, na pessoa de cada trabalhador em particular.

1.3.1 Teorias das Relações Humanas: abordagem humanística da administração

A Teoria das Relações Humanas (1932) foi uma corrente iniciada com a experiência de Hawthorne, a qual combatia os pressupostos clássicos através da ênfase nas pessoas e nas relações humanas e defendia a integração das pessoas nos grupos sociais e a satisfação das necessidades individuais com ênfase nas pessoas, enfocando organização informal, motivação, liderança, comunicação e dinâmica de grupo.

A teoria humanística da administração propõe conhecer as atividades e sentimentos dos trabalhadores e estudar a formação de grupos na instituição. Podemos dizer que as três principais caraterísticas desses modelos são:

1. O ser humano não pode ser reduzido a um ser cujo corportamento é simples e mecânico;

2. O homem é, ao mesmo tempo, guiado pelo sistema social e pelas demandas de ordem biológica;

3. Todos os homens possuem necessidades de segurança, afeto, aprovação social, prestígio e auto-realização.

A abordagem humanística crescia paralelamente ao modelo burocrático de Max Weber (1864-1920), com seu estruturalismo organizacional e princípios comportamentais rígidos. A empresa é uma organização social composta por diversos grupos sociais informais, que definem suas regras de comportamento, suas recompensas e punições sociais, seus objetivos, seus valores, suas crenças e suas expectativas. Os indivíduos, dentro das organizações, participam de grupos sociais e mantêm constante interação social. Veja que nesta abordagem denominam-se relações humanas as ações e atitudes desenvolvidas pelos contatos entre pessoas e grupos. A compreensão da natureza dessas relações permite ao administrador obter melhores resultados no seu trabalho administrativo.

A auto-realização só se torna uma necessidade efetiva quando as necessidades básicas de sobrevivência do ser humano estão relativamente satisfeitas. No ambiente empresarial, essas necessidades também se manifestam e podem ser satisfeitas com medidas adequadas levando o trabalhador a ser mais feliz no trabalho ao mesmo tempo em que aumenta

Você pode ampliar seus conhecimentos sobre a teoria

estruturalista através da leitura dos trabalhos de Max Weber

sobre as “burocracias” e os estudos de Peter Blau sobre as

“organizações formais”.

Gerência científica: A gerência científica, como é chamada,

significa um empenho no sentido de aplicar os métodos

da ciência aos problemas complexos e crescentes do

controle do trabalho nas empresas capitalistas em rápida expansão. (BRAVERMAN,1987,

p. 82-83)

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o retorno do seu trabalho para a empresa, que é máximo quando ele está

procurando realizar todo seu potencial. De forma semelhante, vamos

encontrar no meio educacional, pois estamos lidando com seres humanos e

suas necessidades básicas são as mesmas em qualquer que seja a instituição

em que trabalham. Assim sendo, certamente, o conhecimento dessa teoria

contribuirá muito na elaboração de uma proposta de um trabalho efetivo

na gestão da educação.

Desse modo, a partir da Escola de Relações Humanas, novas

tendências se desenvolveram nos estudos da administração, sendo todas

orientadas por informações das ciências Sociais e suas aplicações ao

estudo das organizações. Nessa teoria, a preocupação central da função

administrativa passou a ser com os processos de produção, em relação

aos quais exercem um papel preponderante os fatores psicossociais

determinantes do comportamento produtivo.

1.3.2 Teoria Burocrática: abordagem estruturalista

A teoria estruturalista é uma corrente baseada na sociologia

organizacional que procura consolidar e expandir os horizontes da

administração. Essa corrente dá ênfase na estrutura da organização

enfocando múltipla abordagem: organização formal e informal, análise

intraorganizacional e interorganizacional, ou seja, a organização formal

burocrática e a racionalidade organizacional. A Teoria da Burocracia é

uma corrente baseada nos trabalhos de Max Weber (1909) e descreve as

características do modelo burocrático de organização. O precursor desse

estudo foi o sociólogo e filósofo alemão Max Weber, que lançou bases

de um estudo objetivo da burocracia como forma social genérica. Na

burocracia, como sistema social, Weber viu o exemplo característico da

possibilidade de racionalizar as relações humanas. Essa teoria estruturalista

se baseia em alguns princípios como: formalização, divisão do trabalho,

hierarquia, competência técnica e meritocracia.

Nesse contexto, os estruturalistas veem a organização como uma

grande e complexa unidade em que interagem muitos grupos sociais,

pois, mesmo que muitos interesses individuais sejam compartilhados

pelos membros dos grupos, existem alguns que não são compatíveis,

gerando conflitos no interior das escolas. Podemos dizer aqui que a Escola

Estruturalista pode ser entendida como a tentativa de englobar aspectos

importantes de duas grandes escolas de administração, que em muitos

aspectos assumem posturas diametralmente opostas: a Escola Clássica e a

das Relações Humanas. Nessa abordagem, considerando alguns aspectos

gerais, é preciso considerar como importante um sistema hierárquico

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Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

de caráter formal, pois o sistema burocrático considera um conjunto de

relações entre postos hierárquicos.

Você observou que o enfoque estruturalista da administração preocupa-se primordialmente com os aspectos estruturais da organização? Isso mesmo, embora este considere fundamental o ajustamento, e não a sujeição à estrutura. Veja que nesta abordagem a não compatibilização dos interesses individuais dos elementos envolvidos no processo educativo com os objetivos da organização revela-se através de conflitos ou tensões que devem ser encarados pelo administrador como um ponto de referência para se compreender a necessidade de ajustamentos estruturais urgentes na organização.

Observaremos, aqui, que, na interpretação estruturalista da gestão, o aumento da racionalidade nas organizações modernas não ocorreu na mesma proporção que o aumento de satisfação ou felicidade do trabalhador, gerando um desequilíbrio de duas ordens de necessidades: do homem como ser humano e da função que ele exerce no ambiente de trabalho. Acreditam que, à medida que não ocorre o ajustamento entre a racionalidade e a satisfação do trabalhador, sendo este insatisfatório para o indivíduo, resulta na alienação do sujeito em relação à organização e seus objetivos e, nesse caso, a função do administrador consistirá, essencialmente, em evitar, ou pelo menos reduzir, a alienação deste, procurando garantir a eficiência da organização.

Para Weber, a burocracia é a organização eficiente por excelência e, para conseguir essa eficiência, ela precisa detalhar antecipadamente e em detalhes como as coisas deverão ser feitas. Podemos dizer que Weber define a organização burocrática pela ênfase na precisão, velocidade, clareza, regularidade, confiabilidade e eficiência, com a criação de uma divisão rígida de tarefas, supervisão hierárquica, regras e regulamentos detalhados. Em seus estudos, Weber identificou diversos fatores que favorecem o desenvolvimento da burocracia, entre os quais se destacam:

• a economia monetária, com a racionalização das transações econômicas, eliminando os pagamentos em espécie;

• o aumento da complexidade das tarefas administrativas;

• a maior eficiência da administração burocrática;

• o desenvolvimento tecnológico;

• a necessidade crescente de previsibilidade.

Podemos então dizer que, para Weber, a burocracia é a organização eficiente por excelência, em virtude do caráter legal das normas, previamente definidas por escrito, determinando a sua maneira de funcionar. Nesse sentido, você verá que a burocracia é uma estrutura social racionalmente organizada, as normas e regulamentos são legais porque conferem às pessoas investidas da autoridade um poder de coação sobre os subordinados, os meios coercitivos são capazes de impor a disciplina e

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Gestão dos Sistemas e Instituições de Ensino UAB/Unimontes

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as normas e regulamentos são escritos para assegurar uma interpretação sistemática e unívoca.

Nesse viés, pensa-se que esforços são economizados e possibilitam, dentro da organização, a padronização: do caráter formal das comunicações, formuladas e registradas por escrito, permitindo a comprovação e documentação de todas as ações; do caráter racional e divisão do trabalho, em que cada membro da organização tem seu cargo, funções, competências e responsabilidades; da impessoalidade nas relações, pois o poder de cada pessoa deriva do cargo que ocupa; da hierarquia da autoridade, de acordo com os cargos, em que cada cargo inferior está sob a direção de um posto superior; das rotinas padronizadas, com regras e normas técnicas para o desempenho de cada cargo, que limitam a ação dos seus ocupantes; da competência técnica e meritocracia, em que a admissão, transferência e promoção dos funcionários são baseadas no mérito e na competência técnica - critérios válidos para toda a organização -, e não em preferências pessoais; da especialização da administração, separada da propriedade; da profissionalização dos participantes, em que funcionário é um especialista assalariado; da previsibilidade do funcionamento, pois, como cada funcionário age de acordo com as normas, os resultados podem ser previstos.

Veja que, na burocracia como sistema social, Weber viu o exemplo característico da possibilidade de racionalizar as relações humanas. Nessa abordagem, levando-se em conta alguns aspectos gerais, é preciso considerar como importante um sistema hierárquico de caráter formal, uma vez que, como você percebeu, o sistema burocrático considera um conjunto de relações entre postos hierárquicos.

Você pode também perceber que o enfoque estruturalista da administração preocupa-se primordialmente com os aspectos estruturais da organização, embora considere fundamental o ajustamento, e não a sujeição à estrutura. Nessa abordagem, a não compatibilização dos interesses individuais dos elementos envolvidos no processo educativo com os objetivos da organização revela-se através de conflitos ou tensões que devem ser encarados pelo administrador como um ponto de referência para se compreender a necessidade de ajustamentos estruturais urgentes na organização.

1.3.3 Escola Estruturalista

O Estruturalismo se revela como uma síntese das Escolas Clássica e de Relações Humanas. Observe que os estruturalistas veem a organização como uma grande e complexa unidade em que interagem muitos grupos sociais. A Escola Estruturalista pode ser entendida como a tentativa de englobar aspectos importantes de duas grandes escolas de Administração

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Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

que, em muitos aspectos, assumem posturas diametralmente opostas: a Escola Clássica e a das Relações Humanas.

É conveniente chamamos a sua atenção para a interpretação estruturalista da gestão, pois nela o aumento da racionalidade, nas organizações modernas, não ocorreu na mesma proporção que o aumento de satisfação ou felicidade do trabalhador, gerando um desequilíbrio de duas ordens de necessidades: do homem como ser humano e da função que exerce no ambiente de trabalho. Os adeptos dessa teoria acreditam que não ocorreu o ajustamento entre a racionalidade e a satisfação do trabalhador, sendo este insatisfatório para o indivíduo. Esse processo resulta na alienação do sujeito em relação à organização e aos seus objetivos. Nesse caso, a função do administrador consistirá, essencialmente, em evitar, ou pelo menos reduzir, a alienação do sujeito, procurando garantir a eficiência da organização.

A abordagem estruturalista da Administração supera as abordagens clássica e comportamental, apresentando um enfoque mais completo, da estrutura e das pessoas. O precursor desse estudo foi o sociólogo e filósofo alemão Max Weber, que lançou bases de um estudo objetivo da burocracia como forma social genérica, pois Max Weber (1864-1920), também considerado participante da abordagem estruturalista, preocupou-se com a hierarquia de pessoas na organização, defendendo os critérios de mérito para contratação e promoção, com papéis precisamente definidos para cada cargo, no denominado “Modelo Burocrático”. Consideramos válido que, após estes estudos, você registre também que, no estudo da Administração, os autores Fayol, Follett e Barnard foram os principais personagens a enfatizar os aspectos da qualidade total e da produção enxuta de bens e serviços.

Você pode observar que essas teorias atuam nas mais diversas organizações. Embora sejam idealizadas em cenários industriais e empresarias, alcançaram a educação transformando a prática administrativa nas escolas. Porém, você também precisa entender que os conceitos clássicos da administração, embora importantes para orientar o trabalho dos administradores escolares, são insuficientes, pois é preciso que se levem em conta especificidades e complexidades das escolas para que sejam atingidos os objetivos maiores da educação como formadora de cidadãos plenos para a democracia.

É a elaboração das teorias da Administração no bojo do capitalismo que determina a sua aplicação generalizada na maior parte das organizações, cujos padrões de eficiência, racionalização, produtividade são determinados, também, pelo próprio modo de produção capitalista (FÉLIX, 1986, p. 76).

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Gestão dos Sistemas e Instituições de Ensino UAB/Unimontes

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1.4 TEORIA COMPORTAMENTAL ORGANIZACIONAL: ABORDAGEM COMPORTAMENTAL

Teoria do Comportamento Organizacional é uma corrente baseada na psicologia organizacional que redimensiona e atualiza os conceitos da Teoria das Relações Humanas com ênfase nas pessoas, enfocando os estilos de administração.

1.5 TEORIA DAS DECISÕES INTEGRAÇÃO DOS OBJETIVOS ORGANIZACIONAIS E INDIVIDUAIS.

Nessa medida, a abordagem comportamental da administração deu ênfase aos aspectos da liderança e da motivação no comportamento produtivo, tendo como um dos seus representantes o cientista social australiano George Elton Mayo (1880-1949). Essa teoria assenta em novas proposições acerca da motivação humana, em que o administrador precisava dominar os mecanismos motivacionais para poder dirigir adequadamente as pessoas. Mayo defendia o empregado com necessidades sociais no local de trabalho, a necessidade de grupos informais e o lado humano na organização.

Assim, a abordagem comportamental questiona a hipótese do homem econômico, que busca maximizar sua remuneração, apresentando em seu lugar o “homem social”, motivado por recompensas e sanções sociais, que pode sacrificar ganhos financeiros em prol da aceitação por um grupo. Nessa abordagem, os aspectos emocionais do comportamento humano, não planejados ou mesmo aparentemente irracionais, passam a merecer atenção.

CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração. 6. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000.

FÉLIX, M. F. C. Administração Escolar: um problema educativo ou empresarial. 3. ed. São Paulo: Cortez A/A, 1986.

LOURENÇO FILHO, M. B. Organização e administração escolar: curso básico. 8. ed. Brasília - DF: Inep/MEC, 2007.

MAXIMIANO, A. C. Teoria geral da administração: da revolução urbana à revolução digital. Atlas, 2004.

______. Introdução à Administração. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

SANDER, B. Gestão da educação na América latina: construção e reconstrução do conhecimento. Campinas, São Paulo: Autores Associados, 1995.

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24

Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

Nesta unidade, você deverá identificar sistema de ensino e situar,

criticamente, as tendências de gestão/administração de sistema e de ensino

de órgãos educacionais, atentando-se para principais características,

fundamentos, princípios e funções. Buscaremos, aqui, caracterizar a

gestão da educação segundo os princípios da administração, iniciando

por sua generalidade para, em seguida, configurar a sua especificidade

na situação escolar. Para isso, apresentaremos os pressupostos da

administração que viabilizam a gestão da educação, iniciando pela análise

dos paradigmas da administração e suas implicações na gestão de sistema

e instituições de ensino, bem como as competências do diretor na visão

de alguns pesquisadores sobre a gestão da escola, chegando à discussão

da organização escolar, na qual será enfatizada a gestão democrática do

sistema público de ensino.

Após este estudo, você observará também que a visão dos teóricos

da administração tem correspondência na realidade concreta da sociedade

capitalista, em que a administração encontra, na organização, seu próprio

objeto de estudo. Verá que nesse contexto encontra-se “a escola que, assim

como as outras organizações, precisa ser administrada e tem na figura do

diretor o responsável pelas ações desenvolvidas em seu interior” (PARO,

2001, p.17).

Você deve observar que o complexo de processos envolvidos na

gestão educacional compreende as atividades específicas de planejamento,

organização, gerenciamento, avaliação de resultados, aplicação de recursos

e prestação de contas, fazendo com que a gestão do ensino siga prioridades

estabelecidas para educação, diferindo das demais formas de gestão, como

a empresarial.

Começando essa discussão, podemos dizer que um sistema

educacional, conforme preconiza a literatura, é composto e interligado por

diversos órgãos, ou seja, secretaria de educação e seus setores, conselhos

educacionais, escolas, etc. Observe, a partir desse conceito, que um

sistema, composto por organizações educacionais, setores e unidades

escolares, requer e pressupõe que haja algum tipo de interatividade e inter-

relação entre eles.

2.1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO ESCOLAR

A administração é uma prática milenar, porém a administração

moderna tem sua origem nos países desenvolvidos da Europa e da América

do Norte, onde foi concebida como instrumento para organizar e coordenar

Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

Paradigma é o conjunto de ideias que permite formular

ou aceitar determinados padrões ou modelos de ação

social que representa uma visão de mundo, uma filosofia

social, um sistema de ideias construídas e adotadas por determinado grupo social.

Diz respeito a ideias e valores assumidos coletivamente,

de forma consciente ou inconscientemente.

Organização são atividades desenvolvidas no sentido

de relacionar os elementos materiais e humanos de uma determinada situação, a fim

de se conseguir o melhor resultado.

UNIDADE 2A GESTÃO DOS SISTEMAS DE ENSINO DE ÓRGÃOS EDUCACIONAIS

KELLY
Realce
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Gestão dos Sistemas e Instituições de Ensino UAB/Unimontes

25

a prestação dos serviços públicos e a crescente atividade produtiva no

mundo dos negócios (BORDIGNON; GRACINDO, 2001, p. 148). Porém,

Fayol, Follett e Barnard foram os principais personagens a enfatizar os

aspectos para uma definição de administração e o papel dos gerentes. Os

questionamentos que se seguem nortearão as nossas reflexões.

Que estruturas de pensamento subjazem aos processos de gestão

e administração da educação no Brasil?

Que concepções, conceitos e princípios estão presentes na gestão

educacional dos sistemas e das escolas?

Considerando o que estudamos na unidade I e a análise dos

modelos de gestão apresentados nesta unidade, vamos responder às

questões propostas. Começamos por dizer que a lógica assumida pelas

reformas estruturais que a educação pública vai vivenciar no Brasil em

todos os âmbitos (administrativo, financeiro, pedagógico) e níveis (básico

e superior) tem um mesmo ponto de origem e que os conceitos de

produtividade, eficácia, excelência e eficiência foram importados das teorias

administrativas que você estudou na unidade I deste caderno. Podemos

também afirmar que na educação, especialmente na Administração

Escolar, observa-se a transposição de teorias e modelos de organização e

administração empresariais e burocráticos para a escola e que os debates

e críticas dos especialistas na década de 1990 não foram capazes de evitar

que as tendências mais recentes em administração educacional e, mesmo

as direções tomadas pelas políticas públicas para a gestão da educação,

resgatassem as teorias administrativas como teorias políticas.

Veja então que os fundamentos em que se apóia a administração

da educação provêm de outras ciências e estão sujeitos a mudanças, que

determinarão alterações na concepção da função administrativa, que, por

sua vez, acarretam mudanças nos papéis do gestor educacional. No estudo

da primeira unidade, você observou que o termo gestão tem suas origens

nas teorias da administração empresarial.

Observe, também, que a teoria administrativa que influenciou a

gestão educacional no Brasil na década de 1960 foi baseada nos princípios

do enfoque organizacional da administração científica e gerencial de Taylor

e Fayol. Ao discutir sobre a Administração, a preocupação central de Taylor

era com o controle do trabalhador:

Está claro, então, na maioria dos casos, que um tipo de ho-mem é necessário para planejar e outro tipo diferente para executar o trabalho. O homem, cuja especialidade sob a administração científica é planejar, verifica inevitavelmente que o trabalho pode ser feito melhor e mais economica-mente mediante a divisão do trabalho ... (TAYLOR, apud PARO, 2001, p. 64).

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Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

Figura 2: Sistema educacional brasileiroFonte: http://andersonnocepe.blogspot.com/2008_05_01_archive.html. Acesso em: 15/01/2011

Veja que, com base na doutrina de Fayol, chegamos à formulação teórica que identifica a escola como uma grande empresa e estuda uma administração que seja aplicável à escola como a qualquer outra empresa. Observe que, para Fayol, a administração, tendo em vista a complexidade dos empreendimentos humanos e o jogo de interesses daí advindos, funda-se em três elementos básicos:

• na racionalização do trabalho;

• na divisão do trabalho;

• no interesse no trato pela administração.

Paro (2001), diante da necessidade de se promoverem a eficiência e a produtividade da escola, sendo esta entendida como uma organização, pautou-se na consecução de seus objetivos por procedimentos administrativos análogos àqueles que alcançaram êxito na situação empresarial. Nesse contexto, a administração escolar fundamenta-se na pretensa universalidade dos princípios da administração adotados na empresa capitalista.

Para os modernos teóricos da Administração, a sociedade se apresenta como um enorme conjunto de instituições que realizam tarefas sociais determinadas. Em virtude da com-plexidade das tarefas, da escassez dos recursos disponíveis, da multiplicidade de objetivos a serem perseguidos e do grande número de trabalhadores envolvidos, assume-se a absoluta necessidade de que esses trabalhadores tenham suas ações coordenadas e controladas por pessoas ou ór-gãos com funções chamadas administrativas. Essa visão dos teóricos da Administração tem correspondência na reali-dade concreta da sociedade capitalista ... (PARO, 2001, p. 17).

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Observe que, na perspectiva da teoria da administração proposta por Fayol, a administração é tomada como uma solução natural aos riscos causados pela divisão do trabalho, podendo definir-se como o processo para melhor conduzir os grupos humanos que operam em tarefas divididas para alcançar um objetivo comum. Então, vejamos como as propostas de gestão ocorreram e ainda permeiam não só o Brasil, como também o fazer administrativo em nossos sistemas educacionais.

A gestão da educação no Brasil iniciou-se com a administração da educação baseada nos princípios da administração clássica que prioriza o enfoque organizacional na administração, ou seja, com a predominância da técnica. “... na predominância dos técnicos que adotam soluções racionais para resolver problemas administrativos, em detrimento de seus aspectos humanos e sociopolíticos” (SANDER, 1982, p. 15).

É importante, porém, que você observe que a gestão da educação no Brasil também seguiu os princípios da teoria comportamental. Como você observou na primeira unidade, o enfoque comportamental na gestão da educação teve suas bases teóricas nas ciências do comportamento, tendo sua principal característica nas teorias de administração adotadas e havendo a forte presença dos fundamentos da Psicologia e da Sociologia que exercia grande influência no fazer da gestão escolar. Em seguida, surgiu o enfoque sociológico que utilizou das ciências sociais na elaboração de sua proposta administrativa:

... a eficiência da administração se determina primordial-mente pela atuação de variáveis políticas, sociológicas e antropológicas e apenas secundariamente pela atuação de variáveis jurídicas e técnicas (SANDER, 1982, p. 21).

Na análise da literatura você poderá observar que o conceito de gestão, assim como o de administração, é usado ora como literatura, ora como sinônimos, ora como termos distintos. Algumas vezes o termo gestão é apresentado para denominar um processo dentro da ação administrativa, outras vezes seu uso denotará a intenção de politizar a ação administrativa e em outras situações gestão apresenta-se como sinônimo de gerência. Contudo, você perceberá que, na maioria das vezes, o termo gestão aparecerá como alternativa para o processo político-administrativo da educação. É preciso, no entanto, que você entenda que a gestão dos sistemas e instituições de ensino supõe uma filosofia e uma política diretoras pré-estabelecidas pelas políticas educacionais.

Em nossas discussões, o termo gestão assumirá o caráter científico e o sentido de processo político-administrativo por meio do qual a prática social da educação é organizada, orientada e viabilizada. Ao longo do estudo, você descobrirá que a administração da educação pode ser vista, tanto na teoria quanto na prática, como dois campos que se interpenetram, ou seja, de um lado acontece a racionalização do trabalho e de outro a

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Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

coordenação deste. Chiavenato (2000) afirma que administração é o processo de planejar, organizar, liderar e controlar o trabalho dos membros da organização e usar todos os recursos disponíveis da organização para alcançar objetivos estabelecidos.

Figura3: Gestão: uma construção coletivaFonte: http://servicosocialescolar.blogspot.com/ . Acesso em: 15/01/2011

Observe que a gestão do sistema de ensino constitui-se, essencialmente, como um processo de articulação para o desenvolvimento da proposta político-pedagógica das escolas públicas, assunto que será mais bem discutido na terceira unidade deste caderno. Porém, é importante que você entenda que esse processo de gestão se fundamenta e é conduzido segundo uma determinada concepção de educação e de sociedade e, também, que ele não ocorre de forma neutra e descontextualizada. Assim sendo, é preciso compreender que pensar um processo administrativo da educação significa definir um projeto de cidadania e atribuir uma finalidade à escola que seja coerente com esse projeto.

Chamamos sua atenção para retornar as leituras realizadas no caderno didático de Política Educacional Brasileira, em que você observou que o processo administrativo inclui determinação de objetivos, garantia de recursos, determinação de política de ação, padrões de serviço, distribuição de recursos em conformidade com o plano de trabalho, manutenção da operacionalização de forma a produzir a quantidade e qualidade desejada de serviços e ainda avaliação e contabilidade para uso dos recursos financeiros destinados à educação. No estudo sobre a gestão da educação, é preciso, também, recuperar o caráter instrumental da administração, pois,

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Gestão dos Sistemas e Instituições de Ensino UAB/Unimontes

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segundo Paro (2001, p. 123), ele é de suma importância para o exame da atividade administrativa em nossas escolas, uma vez que apenas através dessa perspectiva será possível conceber uma administração escolar voltada para a transformação social. Porém, não abordaremos apenas seu caráter técnico, pois a administração desenvolvida em nossos sistemas educacionais é também pautada em outros aspectos que consideramos relevantes para uma gestão democrática da educação, em que é imprescindível considerar também os determinantes econômicos e sociais.

Segundo Félix (1984, p. 81), à medida que a prática da administração escolar for tratada do ponto de vista puramente técnico, serão omitidas as suas articulações com as estruturas socioeconômicas e políticas. Com certeza, isso obscurecerá a análise dos condicionantes da educação dos quais fazem parte as normas técnico-administrativas propostas para o funcionamento do sistema escolar. Sander (1995, p. 55), por sua vez, objetivando a realização de uma análise da administração da educação, propõe uma divisão em quatro dimensões articuladas dialeticamente:

• dimensão econômica;

• dimensão pedagógica;

• dimensão política;

• dimensão cultural.

Segundo o autor, para cada uma dessas dimensões analíticas há, respectivamente, um critério de desempenho administrativo: eficiência, eficácia, efetividade e relevância.

Figura 4: Dimensões da gestão escolarFonte: http://criandoecopiandosempre.blogspot.com/2010_09_01_archive.html Acesso em: 15/01/2011

Você poderá ampliar seus conhecimentos sobre esta

temática fazendo a leitura do livro Gestão da Educação na

América Latina, de Benno Sander (1995).

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Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

2.1.1 Dimensões da gestão educacional segundo Sander

Propomos aqui uma ligeira análise das quatro dimensões da gestão da educação proposta por Benno Sander (1995, p. 59-66):

a) Dimensão econômica

A dimensão econômica da gestão da educação, como já é possível observar pelo uso do termo, envolve: recursos financeiros e materiais, estrutura, normas burocráticas e mecanismos de coordenação e comunicação. Nessa dimensão, a administração da educação prevê e controla os recursos, organiza estruturalmente a instituição, fixa papéis e cargos, divide o trabalho, determina como o trabalho deve ser realizado e por que tipo de incumbências e estabelece, ainda, normas de ação. O critério definidor da dimensão econômica é a eficiência na utilização dos recursos e instrumentos tecnológicos sob o império da lógica econômica.

b) Dimensão pedagógica

A dimensão pedagógica da administração da educação se refere ao conjunto de princípios, cenários e técnicas educacionais intrinsecamente comprometidas com a consecução eficaz dos objetivos do sistema educacional e de suas escolas. Podemos dizer que a dimensão pedagógica da administração da educação se relaciona com as demais dimensões, oferecendo elementos e instrumentos necessários para a consecução eficaz dos objetivos da educação. Observe que o estudo da dimensão pedagógica da administração da educação fundamenta-se numa ampla gama de contribuições disciplinares, em que a Filosofia e a Ciência Política impõem-se como disciplinas centrais para este estudo, pois o sistema educacional, mais do que um plano pedagógico, deve encerrar uma filosofia e uma estratégia política.

c) Dimensão política

A dimensão política da administração da educação engloba as estratégias de ação organizada dos participantes do sistema educacional e das escolas. A importância dessa dimensão se encontra nas responsabilidades específicas do sistema educacional e de suas escolas para com a sociedade. Essa importância se deve ao fato de que os aspectos envolvidos na administração da educação, associados à dimensão cultural e à dimensão pedagógica, são fortemente influenciados pelas variáveis externas. Observe que essa dimensão política da administração da educação busca a efetividade, critério essencialmente político, de acordo com o qual o sistema educacional deverá atender às necessidades e às demandas sociais

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Gestão dos Sistemas e Instituições de Ensino UAB/Unimontes

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da comunidade a qual pertence. Assim sendo, a administração da educação será tanto mais efetiva quanto maior for sua capacidade estratégica para atender às necessidades sociais e às demandas políticas da comunidade em que o sistema educacional estiver inserido.

d) Dimensão cultural

A dimensão cultural da administração da educação envolve valores e características filosóficas, antropológicas, biopsíquicas e sociais das pessoas que participam do sistema educacional e de sua comunidade. Veja que a característica básica desta dimensão é a visão de totalidade que lhe permite abarcar os mais variados aspectos da vida humana e que, à luz dessa perspectiva global, cabe à administração da educação coordenar a ação das pessoas e grupos que participam, direta ou indiretamente, no processo educacional. Nessa perspectiva, você pode observar que a relevância cultural é o critério básico de um paradigma de administração da educação comprometido com a promoção da qualidade de vida e do desenvolvimento humano.

Assim, a administração da educação somente será considerada relevante à medida que oferecer condições propícias para promover a qualidade de vida humana no sistema educacional, nas escolas e na sociedade como um todo. Observe que a Antropologia, a Filosofia, a Psicologia e a Sociologia são ciências que oferecem bases teóricas para se compreender a dimensão cultural da administração da educação, portanto, das organizações e da burocracia da relação entre pessoas e organizações e entre organizações e a sociedade, assim como de outros temas sociológicos, tendo implicações evidentes para a administração de sistemas e de instituições de ensino.

2.1.2 Elementos da administração escolar

Observe que os elementos da administração escolar são os mesmos estabelecidos por Fayol para a administração em geral, com algumas substituições como, por exemplo: a previsão por planejamento. Porém, como já falamos anteriormente, a administração escolar tem suas especificidades que devem ser resguardadas, pois, apesar das semelhanças, há diferenças significativas na prática. Agora, com base nas nossas discussões, cite os elementos da administração escolar. Vamos lá!

Com certeza, você citou como elementos da administração escolar na atual concepção de gestão escolar, entre outros: planejamento, organização, assistência à execução do planejamento, avaliação dos resultados e relatório. Nessa medida, vamos aprofundar um pouco mais nosso conhecimento sobre esse assunto para que possamos compreendê-lo melhor. Vejamos:

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Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

a) Planejamento: Para elaborar o planejamento, o gestor deve

partir do conhecimento da realidade na qual o processo educativo se

desenvolverá, isto é, do conhecimento da comunidade escolar do seu

entorno. Para essa efetivação, é preciso que se realize uma coleta de

informações significativas desta realidade e a seguir se faça a análise e

interpretação delas, transformando-as em subsídio ao planejamento que

resultará no documento denominado projeto político-pedagógico da

escola.

b) Organização: Denominamos organização o ato de compor a

estrutura da escola como instituição, como, por exemplo, a seleção de

pessoal capaz de desempenhar satisfatoriamente as tarefas propostas.

Para se realizar uma boa administração, o gestor deve estabelecer

claramente as funções e as atribuições de cada funcionário, estabelecendo

as relações hierárquicas, bem como o regimento escolar e normas de

funcionamento interno da escola. Além disso, tomar providências quanto

aos recursos físicos, materiais e financeiros que garantam o êxito das

ações desenvolvidas pela escola. Nas escolas públicas, a estrutura do

sistema educacional já é estabelecida. Qualquer alteração que venha a ser

proposta pela escola deve acontecer através de seu colegiado e necessita

de aprovação dos órgãos competentes. Com relação à seleção de pessoal,

é realizada por meio de concurso público e suas atribuições já fazem parte

de estatutos da categoria. Porém, na estruturação da instituição escolar,

é preciso superar a ruptura existente entre quem faz a escola e quem se

beneficia de seus serviços. Em outras palavras, é a prática da administração

democrática que abre espaços à participação da comunidade escolar na

discussão dos problemas do sistema ou da unidade escolar integrando-os

na ação.

c) Assistência à execução: O diretor deve sempre verificar se todos

os recursos necessários estão disponíveis, antes de iniciar a execução da

atividade educativa, para possibilitar aos executores, funcionários da escola,

o pleno desenvolvimento de suas atribuições sem prejuízos dos serviços

prestados por eles. Durante a execução, o diretor deve ter uma postura

de acompanhamento, apoio e cobrança, bem como de coordenação de

esforços, visando ao alcance dos objetivos propostos pela escola.

d) Avaliação dos resultados: Esta etapa se realiza através da

observação das ações visando a verificar se realmente são coerentes

com os objetivos propostos, dirigem-se aos objetivos estabelecidos e

até que ponto estes objetivos estão sendo alcançados. Deve ocorrer em

termos quantitativos e qualitativos. Em termos quantitativos, devem ser

considerados: o número total de matrículas, a frequência dos alunos e dos

funcionários, o rendimento escolar dos alunos, o índice de evasão escolar

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Gestão dos Sistemas e Instituições de Ensino UAB/Unimontes

33

e de repetência dos alunos. Em termos qualitativos, a avaliação deverá

traduzir na credibilidade que a ação educativa adquire no meio social em

que se desenvolve em face à satisfação das necessidades e das expectativas da comunidade atendida.

e) Relatório: O diretor escolar deve elaborar, anualmente, o relatório, que é um documento em que devem constar as atividades planejadas e realizadas na escola. Deve registrar as atividades realizadas com êxito, as que tiveram de ser modificadas no decorrer do processo, com as justificativas das suas alterações, e, também, registrar as atividades que não puderam ser realizadas, assim como os seus fatores dificultadores.

2.1.3 Paradigma multidimensional da administração da educação: competências do administrador

Para compreensão do paradigma multidimensional da administração da educação, faz-se necessário discutir a questão da competência do diretor escolar no enfoque de dois pesquisadores que defendem a necessidade da competência profissional do diretor como condição sine qua non para o sucesso da educação oferecida pela escola pública.

Na sequência, você deverá observar que Sander (1995), nos termos do paradigma multidimensional da administração da educação, no qual ele defende a eleição e preparação de administradores educacionais, leva em consideração quatro tipos de competência: econômica, pedagógica, política e cultural, o que condiz com as dimensões apresentadas (SANDER, 1995, p. 68-69).

a) Competência econômica do administrador

A competência econômica do administrador da educação será definida em termos de sua eficiência para maximinizar a captação e utilização dos recursos econômicos e financeiros e dos elementos técnicos e materiais para a consecução dos objetivos do sistema educacional e de suas escolas.

b) Competência pedagógica do administrador

A competência pedagógica refletirá sobre a eficácia do administrador para formular objetivos educacionais e desenhar cenários e meios pedagógicos para sua consecução.

c) Competência política do administrador

A competência política define o talento do administrador para perceber o ambiente externo e sua influência sobre o sistema educacional, revelando sua efetividade para adotar estratégias de ação organizada para a satisfação das necessidades de demandas sociais e políticas da comunidade e seu sistema educacional.

d) Competência cultural do administrador

Sine qua non é uma expressão latina muito utilizada no

meio jurídico que quer dizer condição indispensável,

essencial,

Competência é uma palavra do senso comum utilizada para designar uma pessoa

qualificada para realizar alguma coisa. No dicionário Aurélio, temos que se refere

à capacidade para resolver qualquer assunto, aptidão (...)

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34

Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

A competência cultural do administrador revelará sua capacidade para conceber soluções e sua capacidade de liderança para implantá-las. Observe que essas discussões nos reportam a um ditado popular muito comum no meio educacional: “a escola tem a cara do diretor”. Assim sendo, podemos dizer, também, que a administração escolar é a força ou o fracasso da organização da escola, Contribuindo, portanto, para o sucesso ou fracasso da escola. Nesse sentido, a estratégia para a excelência dos serviços desenvolvidos na educação depende da filosofia e do compromisso da administração. Com base nesses princípios, o gestor educacional deve ter forte liderança, ter plena consciência de si e do sentido de sua função, deve, acima de tudo, sentir a grandeza de seu trabalho e ter a capacidade de executá-lo com perfeição.

2.1.4 Acerte no alvo: competências do diretor

Um diretor competente precisa ser capaz de envolver todos os membros de sua equipe de trabalho numa administração que considere o contexto político, social e econômico no qual estão inseridos, a escola, os professores, os funcionários administrativos, os alunos e os pais. Para tanto, é preciso que o diretor seja capaz de identificar como se dá a interação entre esse contexto e as atividades e objetivos da escola, seja capaz de identificar as características das pessoas que trabalham na escola e seja capaz de identificar os recursos materiais, financeiros e humanos de que dispõe para a gestão da escola.

Figura 5: Acertar no alvo: competências do diretorFonte: http://www.jornalalobrasilia.com.br/blogs/?IdBlog=20&Ano=2009 Acesso em: 15/01/2011

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Gestão dos Sistemas e Instituições de Ensino UAB/Unimontes

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Então! Você já percebeu que na gestão da educação é preciso que

o gestor tenha competência técnica, competência política e competência

humana? Mas o que isso quer dizer?

Leia o texto que se segue e reflita sobre o significado dessas

competências no fazer do gestor escolar.

Competências do diretor

(Retirado do texto Exercícios de direção – Competências, de José

Leão Marinho Falcão Filho – Revista Amae Educando, nº 223, out./1971,

p. 11 -16)

A administração escolar no Brasil, tanto na sua prática como

na sua fundamentação teórica, sempre foi fortemente influenciada por

dois aspectos: conceitos de administração, apresentado neste caderno

nas unidades I e II, e teorias da administração. A escola somente poderá

desempenhar bem o seu papel na sociedade se contar com profissionais

efetivamente competentes, entre os quais destacaremos aqui o diretor, pois

este é considerado peça fundamental para uma eficiente administração da

escola. Porém, para que haja uma administração eficiente da escola, faz-se

necessário que o diretor da escola possua determinadas competências que

o ajudarão a desempenhar seu papel na instituição.

O diretor para ser considerado competente é preciso atentar

para alguns aspectos considerados relevantes na administração/gestão da

educação: primeiro, consideramos a necessidade de que tenha o domínio

de um saber que lhe permita desempenhar as funções que lhes são

designadas; em segundo lugar, que tenha uma visão integrada e articulada

dos aspectos relevantes de sua prática, sem desconsiderar o entendimento

das múltiplas relações entre os vários aspectos da escola; em terceiro lugar,

o diretor precisa ter a compreensão das relações entre o seu preparo

técnico, a organização da escola e os resultados de sua ação gestora. Não se

esqueça também da necessidade de que tenha uma percepção abrangente

das relações entre a escola e a comunidade.

Nesse caminho, o professor Leão, buscando trazer uma melhor

explicação do que vem a ser a competência profissional do diretor e sua

possível operacionalização na formação e prática do gestor, divide-a em

três outras competências: a técnica, a política e a humana, asseverando

que a integração dessas últimas resultará na competência profissional do

diretor.

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Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

Figura 6: As três competências do diretor Fonte: http://portaldosudeste.com/blogdomamede/?p=13019 Acesso em: 15/01/2011

a) Competência técnica do diretor

A competência técnica do diretor supõe compreensão e proficiência em métodos, processos, procedimentos, técnicas de organização do trabalho, tomada de decisão e solução de problemas. Ela pressupõe conhecimento de toda a legislação que trata dos direitos e obrigações dos profissionais que compõem o quadro de pessoal da escola, tanto dos docentes quanto dos administrativos, envolve o conhecimento das matrizes curriculares que definem a estrutura e o ensino de 1º e 2º graus. Exige, também, o conhecimento de técnicas e princípios utilizados na elaboração de planejamentos, o conhecimento de processos de avaliação e controle das atividades administrativas e pedagógicas. Também faz parte desse conjunto o conhecimento de métodos e técnicas para elaboração de horários de aula, elaboração de calendários e planos de ensino. Ela inclui, também, a necessidade de conhecimentos sobre administração de material, arquivos, escrituração escolar e contabilidade. Pressupõe, também, o domínio de técnicas de recrutamento, seleção, treinamento e avaliação de pessoal. Assim sendo, podemos dizer que ela exige que o diretor tenha conhecimentos dos principais determinantes técnicos que contribuem para o desenvolvimento e a melhoria do processo de ensino/aprendizagem.

b) Competência política

A competência política exige que o diretor tenha conhecimento de como os determinantes de ordem política, social e econômica contribuem, ou não, para que o processo ensino/aprendizagem, desenvolvido pela

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Gestão dos Sistemas e Instituições de Ensino UAB/Unimontes

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escola, alcance seus objetivos. Essa competência foi também defendida por Benno Sander (1995) na sua discussão sobre a gestão da educação na América Latina, já apresentada nesta unidade.

Partindo do princípio de que o sistema educacional esta inserido em uma sociedade permeada e dependente de um sistema político, social e econômico, teremos que a competência política do diretor, que exige dele através de seu saber e de sua prática, cumpra seu papel contribuindo para a correção das distorções e das injustiças que estão presentes na sociedade. Para esse fazer político, o diretor deverá compreender que a escola e todos os que nela trabalham e estudam são interdependentes, em relação uns aos outros e em relação à sociedade. Essa percepção deverá também levar o diretor a entender que a escola é, antes de tudo, um projeto coletivo de trabalho que tem objetivos a realizar e que somente serão alcançados com a participação efetiva de todos os seus membros. Perceba aqui os propósitos de uma gestão democrática da escola que serão mais bem discutidos na unidade III deste caderno.

É preciso que você entenda que a competência política do diretor também implica a sua capacidade em procurar prever as consequências futuras dos acontecimentos políticos, sociais e econômicos no interior da escola. Veja que acontecimentos na sociedade, de ordem política ou econômica, interferem no nível das relações interpessoais entre diretor, professores, alunos, especialistas, pais e outros funcionários da escola. O diretor, utilizando-se de sua competência política, deverá ser capaz de entender como e por que se dão as interações no interior da escola, compreendendo, também, suas consequências em relação aos interesses da sociedade, da educação, da escola e de todos os seus componentes.

Entenda que, a partir da análise e compreensão de todas essas influências e interações, o diretor, considerado politicamente competente, deverá ter a capacidade de elaborar e desenvolver, com a participação de todos os segmentos da escola, estratégias de ação que levem em conta a realidade política, econômica e social de onde a escola se encontra inserida. Assim sendo, diante de novas situações ocorridas no interior da escola, o diretor competente, sob o ponto de vista político, deverá ser capaz de, à luz da realidade política, social e econômica, gerar com seus colaboradores, numa concepção democrática, novas estratégias com ações capazes de tornar esses novos fatos ou situações benéficas à escola e a seus integrantes.

c) Competência humana

Partindo do princípio que na gestão democrática da escola todo o trabalho deverá ser desenvolvido em equipe, é preciso entender que, para o diretor realizar um trabalho de equipe eficaz e construtivo na escola,

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Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

é preciso desfrutar de um clima relacional e afetivo que favoreça e faça emergir as atitudes positivas de seus membros.

Nesse contexto, chamamos sua atenção sobre a necessidade da competência humana do diretor, assim como de sua responsabilidade em manter um bom clima organizacional na escola, pois ele interfere consideravelmente no sucesso das atividades desenvolvidas na escola. A competência humana exige do diretor habilidades para motivar e desenvolver atitudes favoráveis ao trabalho dentro dos objetivos propostos pela escola. Ela implica, acima de tudo, o conhecimento e domínio, por parte do diretor, da dinâmica de grupos, além de uma preocupação constante com as necessidades humanas, assim como uma preocupação com o desenvolvimento das pessoas que trabalham na escola.

Portanto, a competência humana do diretor pressupõe a sua capacidade de trabalhar eficaz e eficientemente, em situação individual e em situações coletivas. Para isso, ele precisa ter uma compreensão empática e consideração positiva incondicional com seus colaboradores. A compreensão empática refere-se à capacidade do diretor em colocar-se no lugar do outro buscando entender a sua reação, os seus sentimentos e suas emoções. Por sua vez, ter consideração positiva incondicional implica ter capacidade de trabalhar com as pessoas de seu grupo que, no caso da escola, envolve: especialistas, professores, funcionários administrativos, alunos, pais. Essa consideração deve ocorrer mesmo quando o diretor não se sentir identificado nem devotar afetividade por algum destes membros. Nesse viés, podemos dizer que o diretor competente, sob o ponto de vista da competência humana, trabalhará para criar na escola um clima organizacional que favoreça a concretização do projeto educativo dela. Reflita sobre esta pergunta:

Todas essa competências são necessárias, a todo momento, na administração da escola?

2.2 MODELOS DE GESTÃO DA EDUCAÇÃO

Como você pode observar nos estudos das teorias da administração, até bem pouco tempo a administração das organizações educacionais aconteciam sob o paradigma empresarial. Sob esse enfoque, a gestão da educação assumiu o modelo burocrático, em que a eficiência e eficácia ocupam lugar de destaque nas questões gerenciais, sobrepondo a especificidade da organização educacional (BORDIGNON; GRACINDO, 2001, p. 161). Veja que na era da revolução industrial havia a necessidade de preparação da mão de obra para as fábricas. Esse fato veio acompanhado da necessidade de uma educação em massa da população tirando a educação do domínio familiar. O sistema educacional enfatizou a formação de hábitos de obediência, pontualidade e trabalho repetitivo, comuns ao modelo burocrático de administração. (ALVIN TOFLER, apud BORDGNON, 2001, p. 142).

Leia o artigo sobre Clima organizacional em escolas de

1º e 2º graus, de José Leão. Revista AMAE Educando, n.

179, maio/1986.

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2.2.1 Modelo burocrático de gestão

Agora, você já pode concluir que o modelo burocrático de gestão tem sua origem nas teorias clássica e científica da administração e que a administração burocrática desempenha uma mediação normativa e enfatiza a eficácia dos atos administrativos, incorporando as remodelagens das teorias mais recentes, cujo eixo é baseado no poder central de superintendência, delegação e distribuição de tarefas, mantida a unidade de comando e os controles, em que o sujeito é considerado poder e o objetivo é a subordinação (BORDIGNON; GRACINDO, 2001, p. 162).

Observe que, nesse modelo de gestão, as rotinas são fundamentais, que o risco deve ser reduzido ao mínimo e que os conflitos, resultantes das relações entre os sujeitos, é indispensável e devem ser “controlados” pela autoridade do diretor. Nesse caso, nesse modelo de gestão, poderemos dizer que os meios se sobrepõem aos fins.

Nesse modelo, o aluno é considerado o objetivo, mas, como usuário, ele é objeto e, por isso, deverá moldar-se aos paradigmas de quem concebe a ação ou comanda a organização, mesmo que ela seja uma escola. Veja que, embora seja atribuída à escola a finalidade de construir fundamentalmente cidadania, o que equivale à busca da emancipação do cidadão, a ação educacional acaba se dando na verticalidade das relações, num eixo de autoridade-obediência.

Observe, também, que, nesse modelo, os organogramas se apresentam de forma piramidal, em cujo topo está o poder e em cuja base, o dever. Nessa pirâmide, os sujeitos (os alunos) estão situados na base, assim como as escolas ocupam a base do nível dos sistemas, seja estadual, seja municipal. Por sua vez, os espaços físicos da escola são compartimentalizados em tamanhos e segregações que materializam o poder e burocratizam as relações. Assim sendo, o gestor, num modelo burocrático de gestão, tem seu perfil definido pelos princípios da autoridade e competência técnica, comprometido apenas com a eficiência da organização (sistema ou escola), muitas vezes situando-se como dono delas e das vontades dos que dela participam (BORDIGNON; GRACINDO, 2001, p. 162).

Nesse modelo, não há projeto, nem objetivos, e sim rotinas. Portanto, não haverá desafios, nem vitórias, o conhecimento produzido é segmentado tanto nas funções técnicas quanto nas docentes e o processo de interação dos atores, agentes educacionais, constituirá em mero discurso, fazendo com que a escola, num modelo burocrático, se reproduza, produzindo súditos, o que, como você já estudou, não condiz com o pensamento atual de educação, assim como de sua oferta, ou seja, com uma proposta de escola cidadã e democrática defendida no Brasil.

Podemos aqui dizer que não é a existência de uma liderança formal forte que vai assegurar o alcance dos objetivos, com sucesso, de

Burocracia, numa visão mais refinada de Weber,

é a organização que eleva ao máximo a eficiência em

administração, quaisquer que sejam suas características

formais, ou como um método institucionalizado de

organização de conduta social no interesse da eficiência

administrativa.(Weber, apud BLAU, 1976, p.

161).

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uma organização, nesse caso da escola, pois isso poderá ocorrer desde que se instale a cooperação entre os líderes formais e informais. Porém, em se tratando da gestão da educação, a questão do controle surge como uma necessidade, uma vez que as organizações não podem esperar que a maioria dos agentes educacionais interiorize suas obrigações cumprindo voluntariamente seus compromissos. É preciso acompanhamento e incentivo constante por parte do administrador.

Observe que as principais características de uma estrutura burocrática, segundo Weber (apud BLAU, 1976, p. 150-153), são:

a) as atividades regulares necessárias às finalidades da organização são distribuídas de maneira fixa. A divisão, nítida, do trabalho torna possível empregar apenas pessoas especializadas em cada posição determinada tornando cada uma delas responsável pela eficaz realização de seus deveres.

b) a organização dos cargos segue o princípio da hierarquia e cada funcionário desta hierarquia administrativa é responsável, perante seu superior, pelas decisões e ações de seus subordinados, assim como pelas suas próprias decisões.

c) as operações são orientadas por um sistema, coerente, de regras abstratas e consistem na aplicação dessas regras a casos particulares. Esse sistema de normas é destinado a assegurar uniformidade na organização de cada tarefa, independentemente do número de pessoas envolvidas na sua realização. As regras e regulamentos definem, explicitamente, a responsabilidade de cada membro da organização, assim como as relações entre eles. As obrigações burocráticas distribuem-se quanto à complexidade de um a outro desses extremos.

d) o funcionário considerado ideal desempenha o seu cargo com espírito de impessoalidade formalista, isto é, desprovido de ódio ou paixão, consequentemente, sem afeição ou entusiasmo. Para que os padrões racionais direcionem as atividades sem a interferência de privilégios, considerações pessoais não devem prevalecer dentro da organização, ou seja, o diretor deve dispensar um tratamento imparcial entre seus membros, pois entende-se que a exclusão de considerações pessoais dos subordinados constitui em pré-requisito para a imparcialidade, bem como para a eficiência dos serviços prestados.

e) o emprego na organização burocrática é baseado em qualificações técnicas e é protegido contra a demissão arbitrária. No âmbito da escola, poderíamos dizer que ele vale para a distribuição de funções e serviços. O emprego, nessa organização, constitui uma carreira. Há um sistema de promoções de acordo com a antiguidade no emprego ou no rendimento no trabalho, ou ambos.

Essa estrutura burocrática resolve o problema, caracteristicamente organizacional, de elevar ao máximo a eficiência da organização e não

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apenas a dos indivíduos. Assim, para que um indivíduo trabalhe com eficiência, nos princípios da burocracia, ele terá de possuir as habilidades necessárias à função que pretende exercer e deverá aplicá-las racional e vigorosamente, ou seja, cada membro da instituição deverá ter as habilidades necessárias para a realização das tarefas que lhes são confiadas. Observe que este é o propósito da especialização e do emprego com base em qualificações técnicas.

Aliada a esse modelo, a política de pessoal deve permitir aos empregados segurança em seu emprego e previsão de progressos na carreira para fiel execução dos deveres. Tal política desencoraja as tentativas de que os funcionários tentem impressionar seus superiores pela introdução de inovações que podem pôr em risco a eficácia da organização. Nesse sentido, as políticas de pessoal, que cultivam a lealdade à organização e que proporcionam a promoção com base no mérito, desempenham bem essa função.

2.2.2 Modelo democrático de gestão: a escola cidadã

Numa revisão da literatura, pertinente e recente, você poderá observar que elas têm situado a gestão da educação como uma questão política e técnica, buscando identificá-la na especificidade da função pública da escola e no seu papel na construção da cidadania destacando o modelo democrático de gestão da escola. Nelas, você verá que no modelo democrático de gestão o poder está no todo e é feito de processos dinâmicos construídos coletivamente pelo conhecimento e pela afetividade. Nesse contexto, apresenta-se a chamada escola cidadã. A escola cidadã, ao contrário, do que você possa imaginar, não se configura como um espaço de permissividade, sem estratégias e sem direção, mas sim como um espaço organizado, com objetivos, estratégias e direção. Nesse modelo, o espaço é ocupado por pessoas, papéis e responsabilidades distintas, o gestor é o coordenador, possui conhecimento técnico e percepção política, porém não é mais o dono do fazer, mas sim é o animador dos processos que permeiam o fazer educacional, é o mediador das vontades e de seus conflitos.

Esse paradigma de escola cidadã concebe uma gestão democrática da educação pública em que esta deverá estar comprometida com a inclusão social, fundamentada no modelo cognitivo/afetivo, deverá possuir clareza de propósitos e deverá estar subordinada aos interesses dos cidadãos a que serve, ou seja, da comunidade em que está inserida. Veja que os processos decisórios, nesse modelo, são participativos e dinâmicos, as ações implementadas são transparentes e suas propostas são construídas coletivamente com a participação de todos os envolvidos no processo educativo da escola, principalmente com a participação efetiva dos pais e dos alunos.

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Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

Figura 7: Escola cidadãFonte: http://cedmundo.blogspot.com/2010/09/gestao-administrativa-escolar.html Acesso em: 15/01/2011

Veja que a gestão democrática da escola vai além das rotinas administrativas, busca identificar as necessidades da comunidade, faz a negociação de propósitos e apresenta definição clara de objetivos e das estratégias de ação, que são apresentados em seu projeto político-pedagógico. A administração faz a coordenação e acompanhamento das decisões, tomadas no interior da escola, pactuadas, ou seja, com a participação de todos os segmentos que compõem a comunidade escolar. Assim sendo, a gestão educacional democrática engloba um conjunto de elementos que a diferem da administração tradicional: a descentralização administrativo-financeira e pedagógica, a constituição e funcionamento de colegiados e a participação de diferentes segmentos consultivos e deliberativos. Observe que, na gestão democrática da educação, as decisões tomadas por outros indivíduos, elementos ou grupos, pertencentes à comunidade escolar e educacional afetam também o comportamento dos administradores, tendo também, por esse motivo, importância social.

2.3 ESPECIFICIDADE DA ORGANIZAÇÃO EDUCACIONAL

Para falarmos sobre a especificidade da organização educacional, será preciso identificar em que aspectos ela é diferente das demais organizações. Podemos dizer que essa especificidade é determinada pelos fatores que a caracterizam e a tornam singular, isto é, a organização educacional é distinta das demais organizações sociais, principalmente pela sua finalidade. Esses fatores são: estrutura pedagógica, relações internas e

Leia mais sobre gestão democrática da escola. Visite

o sítio: http://cedmundo.blogspot.

com/2010/09/gestao-administrativa-escolar.html

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Gestão dos Sistemas e Instituições de Ensino UAB/Unimontes

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externas que advêm dessa estrutura, além de observar sua produção que é bastante distinta da maioria das organizações.

Figura 8: Gestão compartilhada Fonte http://laurindasilva.blogspot.com/Acesso em: 18/01/2011

Veja que gerir os sistemas de ensino, assim como as escolas,

é, essencialmente, administrar em diferentes níveis a elaboração e o

acompanhamento do projeto de qualidade da educação que se deseja,

ou seja, acompanhar uma proposta educacional, fundamentada num

paradigma de homem e sociedade. Em se tratando da gestão da educação,

não se deve esquecer de que sua especificidade deverá ser identificada

a partir da leitura das demandas da sociedade, observando os espaços

abertos na nova legislação (LDB nº 9394/96), já estudada anteriormente.

Nessa perspectiva, a gestão dos sistemas de educação requer

um enfoque que implique trabalhar decisões a respeito do rumo futuro,

fundamentando-se na finalidade da educação e nos limites e possibilidades

do momento histórico social em que a comunidade educacional está

inserida. Assim sendo, faz-se necessário que o gestor faça uma boa análise

das propostas educacionais, que deverão estar presente nos planos estadual

ou municipal de educação, antes de encaminhar a elaboração do projeto

político-pedagógico da escola, pois são elas que apontarão a direção, o

sentido da prática social da educação que se desenvolverá em todos os

níveis de educação que serão oferecidos pela escola.

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Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

Figura 9: Todos podem participarFonte: http://programaviajandonaleitura.blogspot.com/Acesso em: 18/01/2011

2.4 REALIDADES DA ORGANIZAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

Um aspecto que consideramos importante observar, no que diz respeito à organização da administração da educação, discutido na teoria estruturalista, estudada na primeira unidade deste caderno, é o lugar do conhecimento e sua utilização na organização do sistema educacional no Brasil. Observamos em nossas instituições educacionais, inclusive nas escolas, que a maioria dos indivíduos preparados não ocupa posições elevadas na instituição, ao contrário, ocupam posições intermediárias, ou seja, compõem o grupo de especialistas. Vimos na concepção estruturalista dois tipos de autoridade, a do conhecimento e a administrativa, e que elas não são idênticas e, muito menos compatíveis, pelo fato de que a autoridade administrativa é considerada impessoal e transferível, enquanto a autoridade do conhecimento é considerada pessoal e intransferível.

Figura 10: Organograma administrativo da escolaFonte:http://estagiocewk.pbworks.com/w/page/11257812/Organiza%C3%A7%C3%A3o-Formal-da-Escola . Acesso em: 18/01/2011

Visite o sítio que se segue e saiba mais sobre organização e

a estrutura da escolahttp://estagiocewk.pbworks.

com/w/page/11257812/Organiza%C3%A7%C3%A3o-

Formal-da-Escola

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Gestão dos Sistemas e Instituições de Ensino UAB/Unimontes

45

Ao observar a estrutura hierárquica dos nossos sistemas

educacionais, assim como das nossas escolas, expresso no organograma

(figura 10), você poderá constatar facilmente a presença dessa teoria no

sistema educacional brasileiro.

A análise das teorias da administração, estudada na primeira

unidade, permite-nos perceber que a administração escolar, no contexto

atual, é produto de uma longa evolução histórica que traz a marca das

contradições sociais, bem como dos interesses políticos defendidos pela

sociedade. Assim sendo, podemos afirmar que a administração defendida

hoje nos sistemas de ensino é considerada, principalmente, como a

utilização racional de recursos para a realização dos fins educacionais,

como observou Paro (2001, p. 18). Para você entender melhor essa

questão, propomos definir melhor o significado da expressão “uso racional

de recursos”, utilizada pelos autores na gestão atual do nosso sistema

educacional. A palavra racional vem do latin ratio, que quer dizer razão.

Assim, utilizar racionalmente os recursos deve ser entendido como utilizá-

los com a razão, ou seja, utilizá-los para o fim determinado, contanto que

este emprego se dê de maneira econômica. Portanto, são duas dimensões

tratadas no uso dos recursos destinados à educação: adequação aos fins e

uso racional.

A primeira está relacionada à adequação aos fins, que seja

selecionado, entre os meios disponíveis, aqueles que melhor atendam à (s)

atividade (s) a serem desenvolvidas pela escola, objetivando o atendimento

dos fins educacionais (PARO, 2001, p. 19). A segunda está relacionada à

utilização racional dos recursos, ou seja, a dimensão econômica indica o

emprego dos recursos que envolvem os elementos materiais, tais como:

ferramentas, instrumentos, máquinas, e conceptuais que consistem nos

conhecimentos e técnicas que o homem acumula historicamente, ligados

aos objetivos a serem alcançados (PARO, 2001, p. 19-21). De acordo com

o autor, a utilização racional de recursos, na gestão da educação, deve

incluir, além dos elementos materiais e conceptuais, o emprego econômico

e a devida adequação aos fins propostos. Aqui também convidamo-lo (a) a

refletir sobre a práxis criadora e a práxis reiterativa na gestão/administração

da educação, pois segundo Vázquez (1997, apud PARO, 2001, p. 26),

em toda atividade humana encontra-se presente a consciência. Em toda

práxis, entendida como uma atividade material, transformadora e ajustada

a objetivos, intervem a consciência do homem. Segundo o autor, essa

consciência se faz presente de modo mais acentuado na práxis criadora,

embora esteja presente também, de modo mais ameno, na práxis

reiterativa ou imitativa.

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Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

Figura 11: Inovando a gestão escolarFonte: http://servicosocialescolar.blogspot.com/ Acesso em: 18/01/2011

Partindo do princípio que criar implica a idealização e objetivação de algo novo, podemos dizer que, na práxis criadora, há uma unidade indissolúvel na atividade da consciência humana (o subjetivo, o interior) e da realização do projeto pelo homem (o objetivo, o exterior), em que a produção do objeto ideal é inseparável da produção do objeto real, material; em outras, criar implica a idealização e objetivação de algo novo. Observe que a práxis criadora é determinante, porque ela permite ao homem enfrentar novas necessidades, ou seja, novas situações. Assim, podemos inferir que, em termos de atividade administrativa da educação, melhor se adapta um nível de administração apoiado na invenção. Ou seja, na descoberta de novos procedimentos e caminhos para se alcançarem os objetivos traçados pela política educacional vigente.

A práxis reiterativa ou imitativa, por sua vez, caracteriza-se por sua repetibilidade, ou seja, a lei que rege o processo de realização da administração já é conhecida, constituindo o objeto real em simples duplicação ou cópia do objeto ideal. A prática reiterativa tem sua realização de forma rotinizada e mecânica, ou seja, a práxis reiterativa ou imitativa constitui-se da repetição de um processo e de resultados alcançados por uma práxis criadora anterior. Um aspecto positivo dessa práxis se encontra no fato de que ela pode ampliar e multiplicar a práxis criadora.

Vale defender que muitas soluções encontradas para os problemas educacionais têm sempre, no tempo, certa esfera de validade, justificando sua generalização e reutilização. Podemos dizer que a reutilização de uma prática se justifica enquanto a realidade não reclama uma nova criação. Um aspecto negativo da práxis reiterativa está no fato que, na maioria das vezes, barra as possibilidades de novas criações por parte dos gestores (PARO, 2001, p. 26-27). Podemos dizer que uma administração criadora precisa ser pensada em termos de relevância, propondo soluções e descobrindo novas alternativas que atendam às reais necessidades da educação popular. Por sua vez, a administração reiterativa encontra sua aplicação na repetição de procedimentos que, uma vez criados, não têm porque não serem repetidos e aplicados em situações semelhantes (Ibidem, p. 28).

Karl Marx (1818-1883) chama de práxis a atividade que

assume a forma pioneira do trabalho e depois se diversifica.

Para isso, é necessário entender que teoria e prática estão totalmente ligadas, pois

a práxis não é toda e qualquer atividade prática, mas é a

atividade de quem faz escolhas conscientes, necessitando, para

isso, de teoria.Práxis é toda atividade

material, transformadora e ajustada a objetivos propostos.

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Gestão dos Sistemas e Instituições de Ensino UAB/Unimontes

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Para combater uma postura extremamente burocrática da gestão educacional nas reuniões que ocorrem na escola e garantir que esta aconteça numa perspectiva de uma gestão democrática, alguns cuidados se fazem necessários durante a realização das reuniões pedagógicas. Entre eles, destacam-se:

- acompanhar atentamente as reflexões, relatos, discussões;

- velar para que a pauta da reunião seja cumprida, alertando o grupo quando ele estiver se desviando do assunto ou quando alguém estiver monopolizando a palavra;

- velar pelo respeito ao colega que está se expondo, incentivando a tolerância para com a diferença.

Veja que os princípios básicos da Administração Pública estão consubstanciados em várias regras de observância permanente e obrigatória para um bom diretor de escola pública. O princípio da impessoalidade é o que exige que o ato administrativo seja praticado sempre com finalidade pública, impedindo o administrador de buscar outro objetivo ou de praticá-lo no interesse próprio, ou de terceiros. Defendemos aqui que o gestor adote em sua prática as duas práxis, a criadora e a reiterativa, que considere os princípios da gestão democrática no seu fazer cotidiano e direcione a escola com eficiência e eficácia para que esta atinja, com sucesso, seus objetivos, que realmente atue nos princípios de uma escola cidadã.

BLAU, P. Componentes burocráticos do sistema escolar. In: FORACCHI. M.; PEREIRA, L. Educação e Sociedade. 6. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional,1976.

BORDIGNON, G.; GRACINDO, R. V. Gestão da educação: município e escola. In: FERREIRA, N. S. e AGUIAR, M. A. (org.). Gestão da Educação: impasses, perspectivas e compromissos. São Paulo: Cortez, 2001.

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FÉLIX, M. F. C. Administração Escolar: um problema educativo ou empresarial? São Paulo: Cortez/Autores associados, 1984.

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PARO, V. H. Administração escolar: introdução crítica. 10. ed. São Paulo: Cortez, 2001.

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_____. Gestão da educação na América latina: construção e reconstrução do conhecimento. Campinas, São Paulo: Autores Associados, 1995.

Page 49: Gestão Dos Sistemas de Ensino Unimontes

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UNIDADE 3AS POLÍTICAS E A CONSTRUÇÃO DO TRABALHO COLETIVO NA ESCOLA

A luta pela educação básica trouxe desde a sua origem a concepção de democratização como acesso universal. Na concepção liberal clássica a educação, entre outros, é considerada serviço essencial que cabe ao Estado garantir a todos os seus cidadãos e, por essa razão, figura como política pública. Entre os anos de 1910 e 1920, imprimiu-se à educação o caráter de uma questão nacional. O marco institucional dessa nova fase da educação brasileira é a criação do Ministério da Educação e Saúde em 1930. A partir desse ministério, foi instituído o Conselho Nacional de Educação e o Conselho Consultivo do Ensino Comercial, responsáveis pelo estabelecimento das diretrizes nacionais para os ensinos primário, secundário, superior e técnico-profissional. A constituição de 1934 estabeleceu a responsabilidade da União como instância responsável pelo planejamento nacional da educação em todos os níveis definindo também sua competência na coordenação e fiscalização da execução desse planejamento (FERREIRA; AGUIAR, 2001, p. 31).

Nos anos 90, a luta pela democratização do ensino assume, no âmbito da educação básica, o caráter da qualidade, da busca da permanência e da conclusão da escolaridade como um direito social. A luta pela universalização do ensino levou à defesa da gestão democrática da educação pública, porém, por considerar a crise educacional como uma questão de natureza administrativa, o Estado atribuiu relativa centralidade à gestão da escola na formulação de políticas públicas para a educação básica. Porém, nesse mesmo contexto, o movimento social, por considerar o caráter excludente da escola resultante da frequente repetência e a expressão do autoritarismo da estrutura escolar, passou a reivindicar maior democracia na gestão da educação, fatores que favoreceram a luta pela democratização da educação básica com a defesa do direito à escolarização para todos paralelamente à defesa de maior participação da comunidade na gestão da escola. Essas reivindicações acabaram sendo contempladas na Constituição Federal de 1988 (FERREIRA; AGUIAR, 2001).

Que paradigma garantirá a gestão democrática da escola, cujos fundamentos são a autonomia, a participação e a emancipação?

Primeiramente, você deve perceber a necessidade de superação das relações de verticalidade na administração escolar. Deve sugerir o estabelecimento de relações que ressaltem a dimensão do coletivo e, assim, dizer que o novo paradigma, que fundamenta a nova concepção de educação e sua prática social, não permite que o poder se situe em níveis hierárquicos, mas sim que se distribua nas diferentes esferas de responsabilidade, garantindo relações interpessoais mais rasas entre os sujeitos iguais e, ao mesmo tempo diferentes, ou seja, entre todos os segmentos que compõem a comunidade escolar. Nesse contexto, o poder

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Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

decisório da escola precisa de novas estruturas para ser viabilizado, ou seja,

deverá ser desenvolvido com base em colegiados consultivos e deliberativos.

Ressalta-se, porém, que essa nova concepção organizacional da escola não

diminuirá a importância e autoridade dos gestores educacionais.

Para garantir que uma escola seja verdadeiramente democrática, é

preciso considerar ainda dois outros elementos:

a) a criação de estruturas e processos democráticos pelos quais a

vida escolar realiza-se, representada pela participação geral nas questões

administrativas e políticas, pelo planejamento cooperativo na escola

e na sala de aula, pelo atendimento a preocupações, às expectativas e

aos interesses coletivos e pela posição firme contra o racismo, a injustiça,

o poder centralizado, a pobreza e a quaisquer formas de exclusão e

desigualdade presentes na escola e na sociedade;

b) o desenvolvimento de um currículo que ofereça experiências

democráticas aos estudantes, cujas características são expressas pela ênfase

na ampliação das informações; garantia aos que têm opinião diferente, do

direito de se fazerem ouvir; construção social do conhecimento; formação de

leitores críticos da realidade; inclusão de um processo criativo de ampliação

dos valores democráticos; inclusão de experiências de aprendizado

organizado em torno da problematização e do questionamento.

... no que diz respeito às modalidades de decisão, a regra fundamental da democracia é a regra da maioria, ou seja, a regra à qual são consideradas decisões coletivas – e, portan-to, vinculatórias para todo o grupo – as decisões aprovadas ao menos pela maioria daqueles a quem compete tomar a decisão (BOBBIO, 2000, p. 31).

O trabalho pedagógico é um trabalho coletivo. Com isso, numa

escola democrática, o trabalho dos profissionais da educação deve ser

realizado coletivamente, ou seja, não se trata de ações individuais de cada

professor ou especialista, mas de um trabalho integrado em que todos os

profissionais da escola atuam conjuntamente. Para que esse trabalho seja

viabilizado, é preciso que o gestor busque garantir o espaço e o tempo

necessários para que os agentes educativos possam realizar reuniões

periódicas de planejamento e acompanhamento do processo educativo.

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3.1 O PROJETO PEDAGÓGICO COMO ELEMENTO NORTEADOR DAS AÇÕES POLÍTICO-PEDAGÓGICAS DA ESCOLA

O artigo 12 da Lei 9394/96 (LDBEN) estabelece a autonomia da escola em elaborar e executar a sua proposta pedagógica. Nesse sentido, o Projeto Político-Pedagógico (doravante PPP) traz para a escola a possibilidade de autocrítica e reorganização do trabalho em função de diminuir os efeitos da divisão do trabalho, da fragmentação e do controle burocrático. Nessa perspectiva, o PPP caracteriza-se essencialmente como um plano global da instituição, elaborado a partir de um processo de planejamento participativo, um documento que articula a participação de todos os envolvidos com a realidade da escola (pais, professores, alunos, funcionários, representantes da comunidade) e, ainda, como uma estratégia de gestão democrática.

Os diretores participativos baseiam-se no conceito da auto-ridade compartilhada, por meio da qual o poder é delegado a representantes da comunidade escolar e as responsabili-dades são assumidas em conjunto (LUCK et al, 2000, p.19).

Figura 12: Todos juntos por uma educação de qualidadeFonte: http://senhorinhaglb.blogspot.com/2010/04/plano-diretor-da--educacao-religiosa.html . Acesso em: 18/01/2011

O PPP explicita os fundamentos teóricos metodológicos, os objetivos, o tipo de organização e as formas de implementação e avaliação da escola. Assim, o PPP da escola aponta o rumo, a direção para os compromissos estabelecidos coletivamente pelos membros da comunidade escolar, portanto construí-lo, executá-lo e avaliá-lo é tarefa da escola. Considerando que o PPP da escola é uma ação intencional, com sentido explícito e construído coletivamente é também um projeto

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Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

político, pois está intimamente articulado ao compromisso sociopolítico e com os interesses da comunidade escolar. Podemos dizer que ele é político no sentido do compromisso com a formação do cidadão para um tipo determinado de sociedade.

Segundo Saviani (1983, p. 93), a dimensão política se cumpre à medida que ela se realiza como prática especificamente pedagógica. Vejamos qual é a dimensão pedagógica e a que se refere Saviani (1983). Nessa dimensão, reside a possibilidade da efetivação da intencionalidade da escola, que é a formação do cidadão participativo, responsável, comprometido, crítico e criativo. Para o autor, é pedagógico no sentido de definir as ações educativas e as características necessárias às escolas de cumprirem seus propósitos e sua intencionalidade.

Segundo Gadotti (1996), o Projeto Político-Pedagógico da escola precisa ser entendido como uma maneira de situar-se num horizonte de possibilidades, a partir de respostas a perguntas tais como: “que educação se quer, que tipo de cidadão se deseja e para que projeto de sociedade?” (GADOTTI, 1996, p. 42). Veiga (2001, p. 13), acrescenta dizendo que o PPP da escola ao se constituir em um processo democrático de decisões preocupa-se em instaurar uma forma de organização do trabalho pedagógico que busque superar as relações competitivas e autoritárias no interior das escolas rompendo com a rotina do mando impessoal e racionalizado da burocracia que permeavam as relações no interior das escolas. Padilha (2002), por sua vez, ao afirmar que a construção do PPP da escola exige a definição de princípios, estratégias concretas e trabalho coletivo, apresenta sete princípios para operacionalização dele:

1. afirmar que esta construção deve fundamentar-se numa concepção de planejamento e defende a concepção dialógica de orientação freiriana;

2. deve levar em conta que o objetivo principal da escola é o atendimento, com qualidade, do aluno;

3. avaliar objetivamente as necessidades e expectativas de todos os segmentos que compõem a comunidade escolar;

4. considera que este deve estar sempre suscetível a mudanças necessárias à sua concretização;

5. proporcionar a melhoria da organização administrativa, pedagógica e financeira da escola;

6. considerar ações de curto, médio e longo prazos;

7. prever a avaliação periódica das ações para redimensionamento das propostas contempladas.

Padilha (2002) também apresenta sugestões de passos a seguir para a elaboração do PPP da escola, conforme descritos abaixo:

a) estabelecimento de um marco referencial, que deve ser traduzido por algumas perguntas orientadoras: Quais são as utopias que

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nos movem neste mundo? Como entendemos o mundo em que vivemos? Qual o retrato da escola que temos? Qual escola idealizamos?

b) após a definição do marco referencial que sintetizou as utopias e sonhos da equipe da escola, o grupo deve confrontá-lo com a realidade da escola. Para essa realização, é necessário que se faça a avaliação dos resultados do ano anterior, que tenha uma definição do auto-retrato da escola e a definição dos compromissos a serem assumidos voltados a mudar o retrato desenhado, ou seja, a definição do que será feito na escola.

Assim, Padilha (2002) apresenta cinco etapas que considera básicas para o processo de construção do PPP da escola:

1. discussão do marco referencial;

2. conhecimento da realidade da escola e do seu entorno;

3. definição dos objetivos a serem alcançados;

4. indicação das ações que se pretende desenvolver para alcançar os objetivos;

5. avaliação constante do trabalho desenvolvido.

Alguns elementos devem constar no registro documental do PPP, entre eles:

a) nome do projeto,

b) histórico da escola;

c) justificativa do projeto;

d) objetivos gerais e específicos;

e) metas a serem alcançadas (curto, médio e longo prazos);

f) desenvolvimento metodológico;

g) recursos (materiais e humanos);

h) cronograma de execução;

i) avaliação.

3.2 PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO (PPP): O PAPEL DA EQUIPE PEDAGÓGICA NO DESENVOLVIMENTO DE UMA PROPOSTA EDUCACIONAL PARTICIPATIVA

De quem é a responsabilidade da construção do PPP da escola?

Em organizações democraticamente administradas, os funcionários estão envolvidos no estabelecimento dos objetivos que serão perseguidos pela instituição, na solução dos problemas enfrentados pela escola, no estabelecimento e manutenção de padrões de desempenho das ações desenvolvidas e nas tomadas de decisões. Uma gestão participativa envolve, além dos professores e outros funcionários da escola, os pais, os alunos e qualquer outro representante da comunidade que esteja interessado na escola e na melhoria do processo pedagógico desenvolvido por ela, pois, numa gestão democrática, o PPP não é responsabilidade apenas da direção

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Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

da escola. A autonomia e a participação, pressupostos do projeto político-

pedagógico da escola, não se limitará a simples declaração de princípios

consignados em alguns documentos, pois sua presença precisa ser sentida

no Colegiado Escolar, na escolha do livro didático, no planejamento de

ensino, na organização dos eventos culturais, nas atividades cívicas e

esportiva, entre outras atividades desenvolvidas pela escola.

Com certeza, você percebeu que a abordagem participativa na

gestão escolar demanda maior participação de todos os interessados no

processo decisório da escola, não é? Todos os segmentos deverão ser

envolvidos também na realização das tarefas de gestão, devendo o diretor

basear-se no conceito da autoridade compartilhada, por meio da qual

haverá delegação de poderes a representantes da comunidade escolar e as

responsabilidades serão assumidas em conjunto. Assim sendo, o processo

participativo visa a envolver todas as pessoas da instituição escolar na busca

comum e na responsabilidade pelo sucesso da instituição. É preciso que

você perceba que a força transformadora de uma escola está em seu corpo

docente, com o auxílio e apoio da direção e dos outros servidores da escola.

É importante que todos os segmentos da comunidade escolar assumam o

compromisso participativo na escola, envolvendo-se nas atividades por ela

desenvolvidas, tornando-se responsáveis pela realização do PPP dela, com

o diretor na liderança e direcionamento do processo.

Figura 13: O diretor não faz a escola sozinhoFonte: http://alexandre-silva.com/2010/09/qual-o-melhor-estilo-de--lideranca/ Acesso em: 18/01/2011

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3.3 DESCENTRALIZAÇÃO DA GESTÃO EDUCACIONAL

Na gestão democrática, é fundamental que os membros da comunidade escolar apresentem e debatam suas ideias de forma a construir coletivamente as prioridades, fundamentais às tomadas de decisão sobre as ações a serem desenvolvidas pela escola, pois a construção coletiva da organização da escola faz-se na prática, quando se tomam decisões sobre todo o PPP a ser desenvolvido.

Gadotti (1995, p. 202) afirma que a descentralização e a autonomia da escola caminham juntas, que a luta pela autonomia da escola insere-se numa luta maior pela autonomia no seio da própria sociedade e que, portanto, a descentralização é uma luta dentro do instituído, contra o instituído, para instituir outra posição. O autor ainda diz que a eficácia dessa luta depende muito da ousadia de cada escola em experimentar o novo caminho de construção da confiança na escola e na capacidade de ela resolver seus problemas por ela mesma.

Percebe-se através destas discussões que a descentralização supõe rupturas com o presente e elaboração de promessas para o futuro e são essas promessas que estarão contempladas no projeto da escola. Podemos assim dizer que as promessas apresentadas no PPP tornam visíveis o campo de ação possível, comprometendo todos os agentes educativos da escola. Porém, para que a escola acompanhe o processo de mudança, apoiada nos princípio da gestão democrática, é preciso apoiar-se na sociedade, por meio da criação de uma esfera pública de decisão não estatal, pois a escola pública precisa ser uma escola em rede de colaboração solidária em todos os níveis, local e regional.

3.3.1 Colegiado escolar

A abordagem participativa na gestão escolar demanda maior participação de todos os membros da comunidade escolar, interessados no processo decisório da escola, por meio de suas representações, envolvendo-os também na realização das diversas tarefas de gestão na escola. Deve-se entender que no interior da escola existe o Colegiado que é um órgão da comunidade escolar. O Colegiado é o espaço institucional para o diálogo e a troca de experiência entre o diretor e os representantes dos diferentes segmentos da comunidade escolar. É também um órgão consultivo, deliberativo e fiscalizador das questões técnico-pedagógicas e administrativo-financeiras da escola. É um caminho para a construção de uma escola pública participativa e democrática, que também resguarda os princípios legais e constitucionais do sistema educacional. O Colegiado é um órgão coletivo de análise, que busca a solução dos problemas, superando práticas autoritárias e centralizadoras, possibilitando a gestão participativa da escola que contribuem para o aprimoramento do projeto pedagógico e a melhoria da qualidade da educação.

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Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

Observe que as funções do Colegiado compreendem as decisões

relativas às diretrizes pedagógicas, administrativas e financeira, contidas na

proposta pedagógica da escola e são de caráter deliberativo. O Colegiado

deve ser presidido pelo diretor da unidade de ensino e é composto por

servidores da escola, alunos (com idade superior a 16 anos), pais dos

alunos e por representantes da comunidade na qual a escola está inserida.

A seguir, vamos abordar as funções do colegiado:

a) consultivas - funções referente à emissão de pareceres sobre

questões problemáticas das ações pedagógicas, administrativas e financeiras

da escola;

b) deliberativas - funções de caráter decisório em relação às

diretrizes e linhas de ação que serão desenvolvidas na escola.

O Colegiado da escola também poderá admitir a participação

de pessoas integrantes da comunidade escolar em suas reuniões com

direito a voz, mas sem direito a voto. A Resolução da SEE nº 1.059, de

22 de fevereiro de 2008, dispõe sobre a estrutura e o funcionamento do

Colegiado Escolar na rede estadual de ensino de Minas Gerais e cita as

competências do colegiado.

3.3.1.1 O diretor não faz a escola sozinho: o papel do Colegiado

É no trabalho compartilhado que o diretor realiza sua missão de líder, no que esse conceito tem de mais moderno e atual, e o colegiado é o grande parceiro do diretor na gestão da escola. Existem algumas competências necessárias à implementação do Colegiado Escolar dentro da unidade de ensino, entre as quais podemos destacar: ampliar os níveis de participação comunitária na análise dos projetos e no acompanhamento das atividades da escola, de forma a estabelecer novas relações de compromisso, parceria, promover o fortalecimento e a modernização dos processos de gestão da escola, através de sua autonomia técnico¬-pedagógica e administrativo-financeira, e a participação efetiva da comunidade escolar no processo educacional; acompanhar a execução dos recursos financeiros gerados pela escola, apresentando sugestões para sua aplicação; integrar a escola e a comunidade; analisar os resultados da avaliação externa da escola, propondo alternativas para melhoria do desempenho dos professores, alunos, direção, pais e funcionários; participar da elaboração, acompanhamento e avaliação do PPP e o Plano de Desenvolvimento da Escola ¬ (PDE); propor atividades cívicas, artísticas, desportivas e recreativas que facilitem integração entre alunos, pais e professores no interesse da ação educativa; viabilizar apoios e parcerias, objetivando o desenvolvimento da Unidade Escolar; analisar as prestações de contas referentes a todos os recursos financeiros gerados pela Escola; atuar como conselho de alimentação escolar, no cumprimento, entre outros; avaliar

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a escola, propondo melhorias e ajustes, necessários; elaborar e garantir o cumprimento do cronograma de reuniões anuais, entre outras.

Segundo Fonseca et al (2004, p. 40), o PDE assinala uma ênfase na “escola com foco no aluno”. Na opinião dos autores, no processo de construção do PDE, a escola é considerada a responsável pela melhoria da qualidade de ensino e a gestão fica fortalecida, uma vez que fica garantida a autonomia da escola.

Figura 14: Plano de desenvolvimento da Escola- PDEFonte: http://continentalcultural.blogspot.com/2009/11/o-que-e-e--pra-que-serve-um-conselho.html . Acesso em: 18/01/2011

3.4 GESTÃO DEMOCRÁTICA: COMPARTILHAMENTO DE RESPONSABILIDADES NO INTERIOR DAS ESCOLAS

No contexto da gestão democrática, é preciso que todos assumam o compromisso com o coletivo, deixando de ser uma ação apenas no discurso. Esse processo é um desafio que deve ser enfrentado pelos gestores na busca de uma construção cotidiana através ao rompimento do autoritarismo, da hierarquização e outras formas impositivas de controle do trabalho escolar.

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Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

Figura 15: Participação da comunidade na gestão escolarFonte: http://ntenav-profuncionario.blogspot.com/2009_08_01_archive.html Acesso em: 22/01/2011

A democracia supõe e nutre a diversidade dos interesses, assim como a diversidade de ideias favorece a relação rica e complexa indivíduo/sociedade. Diante dos estudos realizados, você pode agora concluir que a gestão democrática da escola consiste na mediação intersubjetiva, a coordenação e acompanhamento de decisões pactuadas. Portanto, a gestão democrática da educação é hoje um valor já consagrado no Brasil e no mundo. No Brasil, a Lei 9394/96 em seu artigo 14 estabelece que “os sistemas de ensino definirão as normas de gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios:

I - participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola;

II - participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes.

O artigo 15 prescreve “os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica [...] progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro público”.

Assim, a gestão da educação é concebida como um processo político-administrativo contextualizado, através do qual a prática social da educação é organizada, orientada e viabilizada. Você pode observar que a gestão participativa pressupõe ideia de participação, do trabalho associado de pessoas: analisando situações, decidindo sobre seu encaminhamento e agindo sobre elas em conjunto. Nessa perspectiva, a gestão democrática da educação deve ser entendida como uma forma regular e significante de envolvimento dos funcionários de uma organização no seu processo decisório, desde o estabelecimento de objetivos, a solução de problemas, a manutenção de padrões de desempenho, garantindo que sua organização atenda adequadamente às necessidades do cliente.

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ALONSO, M. O papel do diretor na administração escolar. 2 ed. Rio de Janeiro: Difel:Educ. São Paulo:, 1978.

BOBBIO, N. O futuro da democracia. 7. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000.

BRASIL. Lei nº 9.394, de 20.12.1996, Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. In: Diário Oficial da União. Ano CXXXIV, n.º 248, de 23 de 12.1996, p. 27.833- 27.8d I, 1996.

BRAVERMAN, H. Trabalho e capital monopolista: a degradação do trabalho no século XX. 3 ed. Rio de Janeiro: LTC – Livros Técnicos e Científicos, 1987.

GANDIN, D. A prática do planejamento participativo: na educação e em outras instituições, grupos e movimento dos campos cultural, social, político, religioso e governamental. Petrópolis: Vozes, 1994.

PADILHA, P. R. Planejamento dialógico: como construir o projeto político-pedagógico da escola. São Paulo: Editora Cortez, 2002.

VEIGA, I. P. A. (org.). Projeto político-pedagógico da escola: uma construção possível. 12. ed. Campinas- São Paulo: Papirus, 1995.

______; RESENDE, L. M. G. de. (org.). Escola: espaço do projeto político-pedagógico. 6. ed. Campinas - São Paulo: Papirus, 1998.

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Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

Nesta unidade, convidamo-lo (a) para refletir sobre a origem da

escola como instituição de ensino. A escola teria surgido pela necessidade

de organizações que se encarregassem da iniciação da aprendizagem?

Figura 16: A escola como organizadora do processo educativo.Fonte: http://thiagopeixoto.com.br/admin/?cat=4&paged=6 Acesso em: 22/01/2011

Ou teria sido criada para se responsabilizar pela transmissão

de habilidades de ler e escrever? Anísio Teixeira um dos nossos grandes

pensadores da educação brasileira afirmava:

Educação é função natural pela qual a sociedade trans-mite a sua herança de costumes e hábitos, capacidade e aspirações aos que nela ingressam para a continuarem. A educação escolar é um dos modos pelo qual se exerce tal função. Na escola ela se faz dirigida e intencional. Obedece a planos. Gradua-se. Distribui-se inteligentemente (TEIXEI-RA, 1997, p. 41).

Para Anísio Teixeira, o principal problema brasileiro de educação

era o direcionamento de nossas escolas, pois defendia o importante papel

da escola na construção social. Assim sendo, o gestor como seu principal

representante deve zelar para que ela cumpra esta função com qualidade.

Pedagogia Caderno Didático - 5º PeríodoUNIDADE 4A ESCOLA COMO ORGANIZADORA DO PROCESSO

EDUCATIVO

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Figura 17: Leitura e escrita: uma necessidade de todosFonte: http://thiagopeixoto.com.br/admin/?cat=4&paged=6 Acesso em: 22/01/2011

O que seria a escola sob o ponto de vista organizacional? Seria criada para preservação da cultura social? Pretendemos que após este estudo você possa responder a essas e outras perguntas que surgirem ao longo desse estudo. Sugerimos que, nessa tentativa, você procure associar estas leituras com as já realizadas em outras disciplinas. Também esperamos que o oriente quanto à importância da formação acadêmica para uma boa atuação na gestão da educação.

4.1 A ESCOLA COMO GRUPO INSTITUÍDO

Esperamos que você já possa apresentar um conceito de escola sob o ponto de vista da organização. Para isso, apresentamos os textos que se seguem e buscamos primeiro o conceito estabelecido por Falcão Filho (1992).

Escola é um sistema social resultante da interação de uma pluralidade de agentes individuais (professores, especia-listas, diretor, alunos, funcionários,...), cujas relações recí-procas são mutuamente orientadas, isto é, são definidas e transmitias por um sistema de expectativas culturalmente estruturadas e compartilhadas (SILVA, apud FALCÃO FI-LHO, 1992, p. 15).

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Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

Figura 18: Todos pela educaçãoFonte: http://katiadiehl.blogspot.com/ Acesso em: 22/01/2011

Como já vimos, a especificidade da organização educacional é determinada pelos fatores que a caracterizam e a tornam singular, distinta das demais organizações sociais. Os fatores que determinam essa especificidade são sua finalidade, sua estrutura pedagógica, as relações internas e externas que advêm dessa estrutura e sua produção.

Se tentássemos responder à pergunta se a escola teria surgido pela necessidade de organizações que se encarregassem da iniciação da aprendizagem com a finalidade de preparar mão de obra para vários setores de atividades econômicas, certamente, você perceberia certa relação com a finalidade de transmissão de conhecimentos práticos aos elementos da sociedade, ou seja, à formação de trabalhadores.

Figura 19: Educação e trabalhoFonte: http://www.abahianews.com.br/2010/10/13/ Acesso em: 22/01/2011

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Se, por outro lado, focássemos que ela teria surgido objetivando as atividades religiosas você poderia entender a escola como uma organização que tivesse como principal função a formação sacerdotal. Observe que na disciplina História da Educação esta era uma das intenções da educação proposta e desenvolvida pelos jesuítas no Brasil, mais precisamente no período da colonização do Brasil. Nesta disciplina você observou que a escola, no Brasil, era dirigida e organizada pelos jesuítas e sua principal finalidade era a de preparação de novos sacerdotes, embora trouxesse também uma preocupação com a catequização dos índios. Isso quer dizer que sua principal finalidade era preparar para a vida eclesiástica, ou seja, formar novos padres.

Se tentarmos conceituar escola como responsável pela transmissão de habilidades de ler e escrever a todos da população, diríamos que a escola surgiu com a finalidade de ensinar a leitura e a escrita para possibilitar a todos os segmentos da sociedade o acesso ao conhecimento letrado. Observe que, através desses questionamentos, existem diferentes hipóteses para explicar o aparecimento da escola como organização nas sociedades modernas. Sabe-se que a escola surgiu quando a humanidade atingiu certo grau de desenvolvimentos. Diríamos que esse é um sentido pragmático e utilitário da educação. Isso você pode constatar com os estudos já realizados neste Curso. Considerando essas discussões, podemos inferir que a escola foi criada, assim como outras organizações, para prestar serviços à comunidade, ou seja, para assegurar a realização de uma função social, qual seja a educação formal.

No início da educação no Brasil, você observou que a escola atendia apenas às camadas mais privilegiadas da sociedade, porém, com o passar do tempo, a escola passou a adquirir um novo significado decorrente do aparecimento de novas condições sociais, políticas e econômicas, despontando como uma instituição necessária a todos os grupos sociais. Diríamos que neste momento a escola se vê solicitada por grandes massas da população que veem na escola um meio que lhes possibilita a ascensão econômica e social.

Nos estudos realizados, percebemos que a educação escolar realiza sua finalidade tanto na dimensão individual como na dimensão social, daí a importância em se analisar os fundamentos filosóficos e sociais da escola. Na dimensão individual podemos dizer que a escola tem sua finalidade definida pela Filosofia da Educação, que direciona a ação educativa, por meio de reflexões dos seus problemas, de forma global e profunda, momento em que o educador identifica a finalidade da ação educativa. Na dimensão social podemos dizer que a escola tem sua finalidade definida pela Sociologia da Educação, situando a educação num tempo e num espaço social. Na História da Educação aprendemos que a educação formalizada se instaurou e se desenvolve no espaço escolar. No Brasil, isso aconteceu principalmente nas escolas públicas.

As atividades são suplementares na medida

em que os objetivos e metas da escola só se concretizam a partir da realização de um

conjunto de atividades distintas que se viabiliza através das

ações desenvolvidas por agentes individuais. Atividades

complementares são aquelas desenvolvidas por determinado

agente individual, exige a participação de outro ou

de outras atividades para se transformar numa ação única na concretização do objetivo

da escola (FALCÃO FILHO, 1992, p. 15).

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Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

Figura 20: Educação escolarFonte: http://www.unerj.br/blogbiblioteca/?p=3704 Acesso em: 24/01/2011

Na disciplina Política de Educação Brasileira, notamos que a

escola, como sistema social, tem como objetivo principal contribuir para a

formação e o desenvolvimento de seus alunos, a partir das necessidades e

aspirações de cada um e de seus pais e, em segundo lugar, ela tem o dever de

contribuir, através de suas atividades, para a melhoria da qualidade de vida

das pessoas e da sociedade. Assim, a escola se caracteriza por constituir-se

em atividades complementares e suplementares desenvolvidas pelo corpo

docente, discente e técnico administrativo que compõem a escola, ou seja,

por um grupo organizado de agentes educativos que tem como princípio

fazer educação (FALCÃO FILHO, 1992, p. 15).

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Figura 21: A escola construtora do grupo socialFonte: http://augustodefranco.locaweb.com.br/cartas_comments.php?id=299_0_2_0_C Acesso em: 24/01/2011

Sabemos que a escola consiste num grupo social com uma composição e organização definida. Com uma estrutura composta por um grupo hierarquizado, porém que trabalha de forma compartilhada e democrática. Assim, sua existência depende essencialmente das atividades associadas de seus agentes educativos, dos alunos e dos pais e tem como função principal a educação, embora seja também dever da família, conforme prevê o artigo 205 da nossa Constituição Federal de 1988, “a educação, direito de todos e dever do estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade”.

Ferreira (2003), citando Kauchakje, diz que a escola pode ser compreendida, de forma geral, como uma instituição no âmbito da implementação de políticas públicas educacionais para a garantia de um dos direitos sociais, a educação. Dessa forma, ela está perpassada por conflitos de interesses relacionados ao mundo do trabalho, à apropriação e ao usufruto dos bens culturais e materiais socialmente produzidos. A busca da escola pelas massas ocorreu tanto pela necessidade pessoal de capacitação para o trabalho como pela vontade de ocupar uma posição social, como resultado de uma conquista. Porém, hoje a escola existe como um direito da população em adquirir os bens e serviços por ela prestados. Dessa forma, a escola torna-se necessária como instrumento de ação e controle social, bem como elemento de formação e orientação do indivíduo para o desempenho de diferentes papéis diante da sociedade.

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Pedagogia Caderno Didático - 5º Período

Figura 22: Escola como instrumento de ação e controle socialFonte: http://teologiaegraca.blogspot.com/2009/07/o-curriculo-necessario-da-mistifica-cao.html . Acesso em: 24/01/2011

No Brasil, a maioria das escolas é institucionalizada, no entanto

conserva certo grau de autonomia interna, previsto na Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional - LDB nº 9.394/96:

Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão de-mocrática do ensino público na educação, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios (artigo 14).

Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de ges-tão financeira, observadas as normas gerais de direito finan-ceiro público (artigo 15).

Além de estabelecer a autonomia das instituições escolares, a Lei

9.394/96 estabelece no seu artigo 32 que o Ensino Fundamental tem como

objetivo a formação básica do cidadão, mediante:

• o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como

meio básico o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;

• a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político,

da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade;

• o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em

vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes

e valores;

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• o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social.

É importante que a escola desenvolva, nessa etapa da Educação Básica, práticas educativas que valorizem a contextualização das atividades; que favoreçam a educação em valores; que estimulem as descobertas e pesquisas e que incentivem o diálogo intercultural. O conhecimento do gestor da educação dessas questões permite que ele cumpra corretamente seu papel junto aos órgãos e instituições de ensino.

4.2 FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS E FILOSÓFICOS DA ESCOLA

Diante das discussões realizadas, você já percebeu que a escola desempenha três funções principais. A primeira consiste em apresentar dados considerados importantes para a sociedade. A segunda é a de estimular certas atitudes consideradas úteis para a aprendizagem e também consideradas valiosas para a formação integral do homem, ou seja, para o “amadurecimento” do aluno como pessoa, para que esteja pronto para atuar em sua vida presente e futura. A terceira função seria ajudar a preparar o aluno para o exercício futuro de uma profissão, ou seja, a preparação para o trabalho e exercício da cidadania (PEREIRA, 1976, p. 130).

... qualquer que seja a leitura, a captação, a tentativa de or-ganização operacionalização do fenômeno educativo, isso sempre se fará com base em uma determinada visão de homem, de mundo, dentro e em função de uma realidade social específica (SILVA, 1988, p. 69).

4.2.1 Fundamentos sociológicos da escola

Vimos que a cultura é transmitida pelas gerações adultas às mais novas de forma a garantir a preservação cultural. Nas gerações primitivas, essa transmissão ocorria pela simples convivência entre as gerações e, às vezes, por um elemento determinado e escolhido pelas famílias. Com o tempo, a visão da escola foi se modificando para atender às mudanças sociais. Hoje, como os conhecimentos a serem transmitidos não são do domínio de todos e devido ao seu grande volume, essa transmissão cultural só será viável por meio de instituições organizadas que denominamos escolas.

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Figura 23: Construção social da escolaFonte:http://escoladeredes.ning.com/group/experimentoars?commentId=2384710%3AComment%3A54239 . Acesso em: 24/01/2011

Podemos dizer que a escola é hoje considerada a instituição pela

qual é transmitida a herança social e, ao mesmo tempo, é a responsável

pelo desenvolvimento de novos conhecimentos. Porém, sua ação

não se limita apenas a isso, pois tem também a função de promover o

desenvolvimento global da personalidade do aluno, capacitando-o para

um bom desempenho social. Como essas funções são desempenhadas na

prática educativa? Qual o papel da gestão no cumprimento desta função?

Essas perguntas você deverá responder a elas após o estudo dessa unidade.

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Figura 24: O papel da escola e a gestão escolarFonte: http://www.colegiokriaebrinca.com/v1/ . Acesso em: 24/01/2011

Sem dúvida, a escola tem o papel social de promover o bem-estar físico, social e espiritual da comunidade, produzindo cultura e prestando serviços, pois a comunidade tem expectativas em relação ao trabalho da escola. Porém, o gestor precisa saber que essas expectativas devem ser identificadas na comunidade e devem ser o ponto de partida para a fixação dos objetivos do trabalho pedagógico desenvolvido pela escola. Na elaboração dos objetivos educacionais, o gestor não pode se esquecer de que estes são produtos de uma época e de uma sociedade e que, como tal, devem ser encarados e propostos. Nesse contexto, a comunidade tem influência significativa na elaboração do currículo da escola, devendo preservar a sua participação através de um processo de construção coletiva; daí a proposição da gestão democrática da escola pública.

Como demonstrado, as escolas devem se organizar na busca da efetividade do processo ensino/aprendizagem, da gestão, da adequação do ambiente escolar, dos recursos humanos e do envolvimento dos pais e da comunidade. A escola organizada e estruturada, nessa perspectiva, apresenta, entre outras, as seguintes características:

• o trabalho da equipe da escola, em particular dos professores, deve ser sistematicamente avaliado;

• os pais devem participar das atividades desenvolvidas pela escola, acompanhando e sugerindo atividades que tragam melhorias à escola como um todo;

• a comunidade escolar deve apresentar programas especiais cuidadosamente organizados;

• a escola deve contemplar ações voltadas para os alunos com problemas de aprendizagem e outras dificuldades.

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Com isso, as escolas públicas vivem hoje tempos difíceis e expõem novos perfis de sujeitos que dela participam. As políticas educativas têm proposto reinventar a escola, ressaltando que tal reinvenção implicaria o desenho de novas formas de utilização de seus tempos e espaços, uma nova organização dos saberes e/ou conhecimentos, bem como das relações de poder, entre outras transformações. Assim, o gestor precisa estar atento para o fato de que um novo formato escolar tenderia a valorizar a escola como um espaço que garante a igualdade de oportunidades, respeita as diferenças e prioriza:

• a circulação de diferentes conhecimentos e culturas;

• os conhecimentos específicos dos professores;

• os saberes cotidianos dos educandos.

4.2.2 Fundamentos filosóficos da escola

A escola é um espaço no qual se processa a educação em seu aspecto formal, ocorre a comunicação educativa num processo de interação entre quem ensina e quem aprende. A educação é a ação e, como tal, justifica-se através de uma finalidade, sendo a Filosofia da Educação que direciona esta ação educativa, pois é por meio de uma reflexão sistemática, global e profunda dos problemas da educação que o educador/gestor identifica a finalidade da ação educativa. A partir da análise dos fundamentos filosóficos, a finalidade da educação é satisfazer as necessidades e as expectativas do homem. Assim, ao selecionar os conhecimentos que pretende contemplar na proposta pedagógica da escola, o diretor e sua equipe não podem deixar de considerar o aspecto sociológico e filosófico da educação.

4.3 ASPECTOS FORMAIS E INFORMAIS DA ORGANIZAÇÃO ESCOLAR

Para melhor entendimento da escola como organização, precisamos descrevê-la em seus aspectos formais e informais, isto é, segundo as prescrições que faz aos indivíduos quanto às exigências de trabalho ou função (aspecto formal) e segundo os aspectos sociais que se desenvolvem naturalmente por força da natureza social do homem (aspecto informal). Almejando compreender esses aspectos, passamos a abordá-los separadamente.

4.3.1 Aspectos formais da organização escolar

Para se descrever a escola em seus aspectos formais, é preciso observar o tipo de atividade da sua função geral: o objetivo geral da escola e, consequentemente, o lugar e as atribuições específicas dos indivíduos

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que nela trabalham ou estudam, tendo em vista a consecução dos objetivos propostos, pois a escola possui uma função social (política) importante no processo de formação do indivíduo. Entre os elementos que constituem o trabalho de formação que a escola realiza com o indivíduo, pode-se citar:

• sua formação para exercer a cidadania;

• modificação negativa do seu comportamento;

• sua conscientização para que possa compreender o mundo pela leitura correta da realidade;

• sua conscientização para compreender a realidade pela ótica da subordinação.

Figura 25: Estrutura formal da escolaFonte: http://pt-br.paperblog.com/a-escola-possivel-de-miguel-arroyo-27826/ Acesso em: 24/01/2011

Observe que faz parte da estrutura formal da escola as leis e regulamentos, os recursos humanos (diretores, professores, especialistas, secretários), funcionários administrativos (serviços gerais, porteiros, auxiliares...) e os recursos materiais (dependências físicas, mobiliário e equipamento didático-pedagógico), que constituem exigências da sociedade criadora e mantenedora da escola. Para a concretização dos seus fins, a escola deve contar com recursos materiais, humanos e financeiros. Na estrutura material da escola, deve ser considerado o prédio que deverá oferecer as condições adequadas a um bom trabalho educativo. Ela deve possuir: salas de aula amplas, refeitório, biblioteca, auditório,

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pátio de recreação, quadra esportiva, instalações sanitárias, mobiliário e equipamentos didáticos. Tudo isso faz parte da estrutura formal de uma escola.

Figura 26: Educação uma questão nacionalFonte: http://thiagopeixoto.com.br/admin/?p=2596 Acesso em: 24/01/2011

Além dos aspectos materiais e econômicos, a organização formal da escola é composta por todas as determinações decorrentes de uma estrutura racional-legal que estabelece as bases de funcionamento da escola através da definição dos papéis e atribuição de funções específicas aos membros do corpo docente, administrativo e discente (contemplados nas leis e normas educacionais e ainda no regimento de cada escola).

Ressaltamos que a LDB n. 9394/96 possibilita diversas formas de organização para a escola e elas devem ser de conhecimento do administrador escolar. Entre elas, temos a organização da educação em séries e em ciclos. Como a organização em série faz parte da formação acadêmica e está presente na maioria das nossas escolas públicas de primeiro grau, destacaremos a organização em ciclos. A adoção do sistema de ciclos exige da sociedade uma nova concepção de escola, pois implica alterações radicais, tais como:

• reorganizar o tempo e o espaço da escola e da sala de aula;

• construir uma nova relação entre professor e aluno e entre este e o conhecimento;

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• repensar o currículo, a didática e a avaliação, transformando as relações entre escola e família.

A organização em ciclos implica, para a escola, diversas mudanças, entre elas:

• nas relações espaço-temporais;

• nas dimensões curriculares;

• nas práticas e concepções de avaliação;

• nas relações hierárquicas no interior da escola;

• nas dinâmicas de gestão da educação.

Para a implementação do sistema de ciclos, tanto nas redes de ensino quanto nas escolas, devem-se considerar os processos em que:

• a heterogeneidade das turmas seja entendida como uma força motriz da aprendizagem;

• os avanços contínuos sejam condição para que os tempos e os ritmos de aprendizagem sejam considerados;

• a avaliação torne-se um mecanismo investigativo acerca das aprendizagens realizadas.

4.3.2 Aspectos informais da organização escolar

O aspecto informal da escola está relacionado à natureza social do homem, ou seja, o aspecto informal da escola esta relacionado à condição humana do sujeito ou à sua personalidade como forma de compensar as limitações impostas pela organização formal que contraria esta condição humana, própria do ser, assim como a sua personalidade.

Apesar de a escola procurar definir formalmente as funções e papéis de seus agentes, estabelecendo programas de atividades a serem desempenhadas, também prevê as possíveis interações entre os indivíduos e a natureza humana e não se adapta inteiramente aos padrões pré-estabelecidos. Ainda que a estrutura hierárquica e funcional seja montada para garantir o funcionamento da escola de forma organizada, haverá sempre um conjunto de atividades e de relações, que corresponde ao desenvolvimento do comportamento social dos membros dos grupos que compõem a comunidade escolar, que não são previstas oficialmente pela organização.

Para saber mais, leia sobre A estrutura da escola de Antonio

Cândido In Luiz Pereira e Maria Alice Foracchi, Educação

e sociedade (p.107).

FORACCHI. M.; PEREIRA, L. Educação e Sociedade. 6. ed.

São Paulo: Companhia Editora Nacional,1976.

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Figura 27: Aspectos informais da escolaFonte http://pt-br.paperblog.com/a-escola-possivel-de-miguel-arroyo-27826/ Acesso em: 27/01/2011

Além da estrutura formal da escola, existe no seu interior uma estrutura informal em que nos deparamos com um conjunto de relações diversas, sob diferentes formas, por exemplo, os grupos de estudos, culturais ou recreativos, formados só de professores, de alunos, de outros segmentos da comunidade escolar, ou de agrupamentos diferenciados desses membros. Com isso, o diretor/gestor deve estar atento ao desenvolvimento da rede de relações informais no interior da escola, pois esta poderá condicionar o comportamento dos educandos e dos demais membros da organização interferindo no seu sucesso. Dessa forma, os mecanismos que sustentam a organização informal, dentro da escola, são: a liderança, as normas e as sanções, devendo, portanto, o diretor ter pleno conhecimento delas para atuar com eficácia na administração da escola.

4.4 GESTÃO DA ESCOLA: ATIVIDADES FUNDAMENTAIS DO DIRETOR

Você observou que a gestão dos sistemas de ensino constitui-se, essencialmente, como um processo de articulação para o desenvolvimento das propostas político-pedagógicas das escolas. Observou, também, que esse processo se fundamenta e é conduzido segundo uma determinada concepção de educação e de sociedade. Isso nos leva agora a iniciar essas discussões falando dos pressupostos fundamentais da gestão escolar. É preciso que você observe com atenção que os pressupostos que fundamentam a organização das propostas pedagógicas das escolas se constituem a partir da análise dos paradigmas educacionais, da definição de organização escolar e da visão que se tem da finalidade da escola como construtora da cidadania. Saiba que as decisões dos administradores são tomadas para afetar não seu próprio comportamento, mas, principalmente, o comportamento de outrem.

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Você observou na terceira unidade a gestão, responsabilidade principal da direção da escola, tem como função administrar o PPP da escola, as pessoas que constituem a comunidade escolar e os aspectos físicos e financeiros da organização escolar. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB – Lei 9.394/96), em seu artigo 14, estabelece que o “sucesso” do processo e do projeto pedagógico é fruto de uma reflexão coletiva e que sua adequação aos interesses e às necessidades dos diferentes grupos de alunos definirá a qualidade de ensino e o espaço necessário à construção do conhecimento e da cidadania. Nesse sentido, podemos reafirmar que o PPP da escola é um processo democrático que orienta o caminho concreto de melhoria da qualidade do ensino, permitindo o aprofundamento da construção consciente da identidade do coletivo da escola e o crescimento pessoal e profissional dos educadores, promovendo também mudanças organizacionais na instituição escolar. Reiteramos que o PPP da escola cria possibilidades de resistência às burocracias, à hierarquização dos poderes de decisão e aos efeitos fragmentários da divisão do trabalho que adentram a escola e ainda que este é um diferenciador na organização das atividades da escola que busca a superação da alienação docente e espaço de negociação e explicitação da intencionalidade educativa.

Dessa forma, a prática de construção de um PPP deve estar amparada por concepções teóricas sólidas, o que supõe o aperfeiçoamento e a formação de seus agentes (funcionários e professores) e direção da comunidade educativa. Acreditamos que só assim serão rompidas as resistências em relação a novas práticas educativas. Os agentes educativos devem sentir-se atraídos por essa proposta, terão, pois, uma postura comprometida e responsável. Para que a proposta seja efetiva, é necessário que todos os membros da instituição escolar compreendam o seu papel numa postura comprometida e responsável.

Na gestão da escola, existem algumas atividades que são consideradas fundamentais ao processo de controle das ações administrativas, entre elas:

• o estabelecimento de padrões de controle;

• o acompanhamento da execução;

• a adoção de medidas corretivas.

4.4.1 Administração da educação: instrumentos para a gestão escolar

Você viu através das discussões apresentadas neste caderno que é o gestor quem tem a responsabilidade principal quanto à consecução eficaz da política educacional do sistema de ensino, assim como o desenvolvimento pleno dos objetivos educacionais propostos. O gestor cumprirá seu papel organizando, dinamizando e coordenando todos os esforços, além de controlar todos os recursos, humanos e materiais,

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colocados à sua disposição. O desempenho dos agentes educativos e a qualidade do processo ensino/aprendizagem estão ligados ao desempenho do diretor.

Na administração escolar, as escolhas e tomadas de decisões devem ser exercidos com fundamentos em informações, de fontes variadas, além de resultarem da interpretação refletida da realidade escolar e social onde a escola está inserida. O exercício das funções de direção, necessariamente, pressupõe relações lógicas entre os fins a obter e os meios disponíveis, tudo analisado sob a perspectiva da eficácia e da eficiência.

A eficácia da administração preocupa-se essencialmente com a consecução dos objetivos intrinsecamente educa-cionais, estando dessa forma, estreitamente vinculada aos aspectos pedagógicos (FALCÃO FILHO, 2007, p. 56).

Segundo Falcão Filho (2007, p. 55), no paradigma da eficiência o administrador, no exercício de suas funções, deverá preocupar-se, prioritariamente, com os meios a serem utilizados no desenvolvimento das atividades administrativas. Os meios aqui considerados são os procedimentos e recursos materiais, financeiros e humanos disponíveis na escola, a serem usados em consonância com o caráter efetivo e relevante que deve caracterizar as ações dos gestores. Para isso, “os meios considerados mais indicados precisam ser devidamente planejados e organizados a fim de assegurar a otimização da utilização dos recursos disponíveis” (FALCÃO FILHO, 2007, p. 55).

Cada administrador tem a sua própria personalidade, sua inteligência, cultura geral e formação profissional, capacidade de estabelecer relações pessoais, sua dinâmica emocional, atributos em função dos quais serão interpretados os trabalhos a executar. No entanto, a gestão da educação precisa atuar dentro de um marco legal e normativo para não cometer irregularidades, porém não deve se deixar paralisar pelos aspectos formais. “Da legislação pode ser deduzidas um rol das atribuições legais do diretor” (VALERIEN, 20001, p. 13). O autor faz um alerta:

Para que possa fazer respeitar a legislação, o diretor de es-cola deve conhecê-la perfeitamente. O conhecimento das leis, decretos, portaria, instruções e regulamentos permitem ao diretor encontrar respostas para uma grande quantida-de de questões práticas: processos individuais, registros e fichários, requerimentos, contabilidade, relatórios, etc. (VA-LERIEN, 2001, p. 13).

Ressaltamos que o regimento escolar é um documento que traduz e aplica as orientações gerais sobre o funcionamento da escola para a realidade local. Assim, o regimento escolar pode ser visto como a “lei da escola”. Esse documento é um dos mais importantes para orientar as relações entre alunos, professores, funcionários e pais, sendo um dos principais marcos de referência do trabalho do diretor. Observe que, com

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o objetivo de desempenhar bem o seu papel, o diretor assume uma série de funções, de natureza administrativa e pedagógica, conforme descrito abaixo.

a) Atividades de natureza administrativa

Podemos apontar como atividades de natureza administrativa, entre outras:

• a organização e articulação de todos os segmentos que compõem a escola;

• o controle dos recursos materiais e financeiros da escola; a articulação e controle dos recursos humanos e articulação da escola com a comunidade;

• articulação com o nível superior de administração do sistema educacional;

• supervisão e orientação a todos os elementos, componentes da comunidade escolar, a quem são delegadas responsabilidades no âmbito da unidade escolar (FALCÃO FILHO, 2007).

b) Atividades de natureza pedagógica

O gestor escolar exerce não só atividades relativas ao processo organizacional, como também função social e pedagógica (LIBÂNEO, 2008). Assim, o caráter pedagógico da ação administrativa escolar consiste na formulação de objetivos sociopolíticos e educativos e na criação de formas de viabilizar, organizativa e metodologicamente, a educação. A gestão de natureza pedagógica propõe avaliar o esforço da escola na atualização e enriquecimento do seu currículo, pela adoção de processos criativos e inovadores, levando em conta os resultados de avaliação dos alunos e o trabalho dos professores com a proposta pedagógica da escola. Podemos apontar como atividades de natureza pedagógica, sob a responsabilidade direta do diretor, entre outras:

• a dinamização e assistência aos agentes educativos da escola, para que eles desempenhem suas funções condizentes com os objetivos e princípios educacionais propostos;

• promoção de um sistema de ação integrado e cooperativo;

• manutenção de um processo de comunicação claro e aberto entre os elementos da comunidade escolar e entre a escola e a comunidade;

• acompanhamento, avaliação, estimulação à inovação e melhoria do processo educacional desenvolvido na escola.

Nesse contexto, podemos afirmar que o gestor escolar deve ser um profissional com consciência crítica do trabalho que desenvolve e que realize planejamentos, através de ações participativas e coletivas, em que

Eficiência é a forma correta de utilização, pelo gestor, dos

recursos disponíveis. Eficácia é a capacidade das

pessoas e das instituições de alcançarem os objetivos e as metas com as quais se

comprometeram ou que a elas foram propostas ou confiadas

(FALCÃO FILHO, 2007, p. 55-56).

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a avaliação dos resultados envolva todos os responsáveis pelo processo de ensino. Tal forma de gerir poderá possibilitar uma permanente reflexão sobre as metas da escola como instituição de ensino comprometida com os resultados da aprendizagem.

Figura 28: Liderança e gestão escolarFonte: http://philipealves.com.br/blog/tag/lideranca/ Acesso em: 28/01/2011

Para liderar a escola com eficácia, sugerimos que o diretor inclua, no seu planejamento, ações diárias, semanais, mensais e anuais. Como por exemplo, observar a ausência de professores, funcionários e alunos para providenciar substituições, no caso de professores, e atividades alternativas para os alunos.

O diretor deve desempenhar seu papel de forma democrática e participativa como mediador, coordenador e facilitador das ações desenvolvidas no interior da escola. Lembramos a importância de o diretor ouvir alunos, professores e pais. Com a finalidade de ajudá-lo na organização de um planejamento de gestão escolar, listaremos algumas atividades que consideramos também inerentes ao fazer administrativo do diretor de escola:

• Participar da reunião de apresentação dos projetos que serão desenvolvidos na escola;

• Apresentar os projetos propostos sugeridos pela administração central à equipe técnico-pedagógico da escola para leitura, análise e discussão junto ao corpo docente;

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• Comunicar a adesão da escola aos projetos propostos;

• Reunir os pais e os alunos para a socialização das ações dos projetos propostos;

• Mobilizar o pessoal a ser envolvido nas ações dos projetos da escola;

• Identificar as prioridades e estabelecer metas a serem alcançadas no âmbito escolar;

• Levantar as necessidades de infraestrutura da escola para contemplação de ações no projeto político-pedagógico da escola;

• Estabelecer relações e contatos com as equipes dos órgãos centrais, das instituições parceiras e órgãos afins, através de reuniões periódicas de planejamento, acompanhamento e avaliação;

• Oferecer apoio técnico para a execução das ações dos projetos da escola;

• Coparticipar com a equipe técnica dos projetos da elaboração de relatórios sobre o desenvolvimento das ações dos projetos e outras atividades desenvolvidas na escola;

• Sugerir e executar ações que aperfeiçoem o desenvolvimento das ações desenvolvidas na escola;

• Participar ativa e regularmente das atividades realizadas na escola;

• Acompanhar, em articulação com o coordenador pedagógico, o desenvolvimento das ações dos projetos da escola;

• Discutir com a equipe escolar e pais dos alunos os produtos dos projetos desenvolvidos na escola;

• Participar dos seminários de integração dos projetos e, quando convocado, participar de assembleias e fóruns de parceiros da escola.

Observe que algumas das atividades propostas somente poderão ser realizadas diretamente pelo diretor, porém algumas delas podem ser delegadas para outros funcionários da escola. Além do PPP da escola, o diretor precisa atentar-se para a necessidade da elaboração do PDE, pois ele é considerado um instrumento de gestão que objetiva a orientação das escolas no que concerne ao planejamento, à execução e à avaliação das atividades da instituição escolar e que deve ser elaborado de modo participativo por toda comunidade escolar.

c) Atividades com os alunos

De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, os dirigentes de estabelecimentos de ensino devem comunicar ao conselho tutelar, entre outros, os casos de: elevados níveis de repetência, maus-tratos envolvendo os alunos, reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar.

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4.4.2 A gestão e o Plano Nacional de Educação

No caderno de Política Educacional, você estudou sobre o Plano Nacional de Educação e viu que ele foi aprovado pela Lei 10.172, de 9 de janeiro de 2001, o qual indica, entre os objetivos e metas da gestão, o estabelecimento, nos Estados, em cinco anos, com a colaboração técnica e financeira da União, de um programa de avaliação de desempenho que atinja, pelo menos, todas as escolas com mais de 50 alunos no ensino fundamental e médio e, nos Municípios, em cinco anos, de programas de acompanhamento e avaliação dos estabelecimentos de educação infantil. Isso consolida o princípio de que a escola de educação básica tem necessidade de se autoavaliar e de ser avaliada externamente devido ao caráter público de suas ações. Como seu custeio e resultados afetam toda a sociedade, a escola deve ser avaliada em termos de sua eficácia social e da eficiência de seu funcionamento. Observe que isso se refere ao desenvolvimento da cultura da avaliação institucional. Vale aqui dizer que a avaliação institucional preocupa-se essencialmente com os resultados das ações educativas da escola, em particular os relativos a ensinar e aprender, realizando processos autoavaliadores, geradores da crítica institucional e fiadores da construção coletiva, devendo o diretor acompanhar todo esse processo.

Diante do estudo realizado, você pode concluir que a escola deve ser um dos principais locus de aprendizagem e de apropriação/produção do conhecimento sistematizado, devendo o diretor zelar pelo cumprimento das funções da escola, com qualidade. Nesse sentido, pode-se dizer que a contribuição da escola, para a democratização do ensino escolar, está expressa, principalmente, em expandir a educação para todos por intermédio de conteúdos universais e que a gestão da educação é a ligação principal entre a escola e a sociedade.

FALCÃO FILHO, J. L. M. Exercícios de direção. In: Revista AMAE Educando, n. 223, out./1991, p. 11-16.

______. Gestão compartilhada. In: Revista Brasileira de Administração da Educação. ANPAE, Brasília, v. 8, n 2, p. 9-33, jul./dez. 1992.

¬¬¬¬¬¬______. Coordenador Pedagógico. In: Revista Presença Pedagógica, v. 13, n. 75, 2007, p. 48-58.

PEREIRA, L.; FORACHI, M. Educação e sociedade. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1976.

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SILVA, S. A. I. Valores em educação. Petrópolis: Vozes, 1988.

VALERIEN, J.; DIAS, J. A. Gestão da escola fundamental: subsídios para análise de aperfeiçoamento. 7. ed. São Paulo: Cortez, 2001.

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RESUMO

Resumindo a unidade I

Nesta unidade, vimos que a administração aplicada à educação fundamenta-se na universalidade dos princípios da Administração Empresarial e que, nas teorias chamadas clássicas, o pressuposto fundamental da administração é o poder motivador que uma estrutura formal por si mesma impunha a uma organização. Vimos, também, que as teorias clássicas da administração se dividem principalmente em duas ideias: a de Taylor e a de Fayol. A teoria defendida por Taylor fala da importância da divisão de tarefas, através da observação das atividades físicas dos trabalhadores, na qual a administração científica se ocupa em buscar a maneira pela qual uma tarefa pode ser melhor realizada. Já a teoria defendida por Fayol destaca as vantagens de maior discriminação entre os problemas de execução direta dos serviços pelos trabalhadores e os de sua coordenação, mediante órgãos de gestão especializados, chamados departamentalização. Fayol focou sua atenção na estrutura da empresa e definiu a administração como previsão, organização, comando, coordenação e controle. Vimos, também, que o aspecto principal da função administrativa na escola clássica de administração era a ênfase na produção. A teoria da burocracia é uma corrente baseada nos trabalhos de Max Weber, e a teoria estruturalista se baseia em alguns princípios como: formalização, divisão do trabalho, hierarquia, competência técnica e meritocracia. A abordagem comportamental da administração deu ênfase aos aspectos da liderança e da motivação no comportamento produtivo.

Resumindo a Unidade II

Nesta unidade, enfocamos que a administração é uma prática milenar, mas que a administração moderna tem sua origem nos países desenvolvidos da Europa e da América do Norte, onde foi concebida, e que um sistema educacional é composto e interligado por diversos órgãos: secretaria de educação e seus setores, conselhos educacionais, escolas. A gestão da educação no Brasil iniciou-se com a administração da educação baseada nos princípios da administração clássica que prioriza o enfoque organizacional na administração, mas também seguiu os princípios da teoria comportamental. O modelo burocrático de gestão tem sua origem nas teorias clássica e científica da administração. Nele, as rotinas são fundamentais, o risco deve ser reduzido ao mínimo e os conflitos, resultantes das relações entre os sujeitos, são indispensáveis e

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devem ser controlados pela autoridade do diretor. A administração tem correspondência na realidade concreta da sociedade capitalista, em que o complexo de processos envolvidos na gestão educacional compreende as atividades específicas de planejamento, organização, gerenciamento, avaliação de resultados, aplicação de recursos e prestação de contas. Para uma gestão democrática da educação, é imprescindível considerar também os determinantes econômicos e sociais. O paradigma de escola cidadã concebe uma gestão democrática da educação pública que deverá estar comprometida com a inclusão social, fundamentada no modelo cognitivo/afetivo que deverá possuir clareza de propósitos e ainda estar subordinada aos interesses dos cidadãos a que serve. Para se realizar uma boa administração, o gestor deve estabelecer claramente as funções e as atribuições de cada funcionário, estabelecendo as relações hierárquicas, e um diretor competente precisa ser capaz de envolver todos os membros de sua equipe de trabalho numa administração que considere: o contexto político, social e econômico no qual estão inseridos. Vimos, também, que na gestão da educação é preciso que o gestor tenha: competência técnica, competência política e competência humana.

Resumindo a unidade III

Nesta unidade, vimos que a luta pela educação básica trouxe desde a sua origem a concepção de democratização como acesso universal e que, nos anos 1990, a luta pela democratização do ensino assume, no âmbito da educação básica, o caráter da qualidade, da busca da permanência e da conclusão da escolaridade como um direito social. Na gestão da educação, há uma necessidade de superação das relações de verticalidade na administração escolar, sugerindo o estabelecimento de relações que ressaltem a dimensão do coletivo e o poder decisório da escola. Numa escola democrática, o trabalho dos profissionais da educação deve ser realizado coletivamente. A abordagem participativa na gestão escolar demanda maior participação de todos os membros da comunidade escolar, interessados no processo decisório da escola e que uma gestão participativa envolve, além dos professores e outros funcionários da escola, os pais, os alunos, entre outros representantes da comunidade que estejam interessados na escola e na melhoria do processo pedagógico desenvolvido por ela. Na gestão democrática, é fundamental que os membros da comunidade escolar apresentem e debatam suas ideias de forma a construir coletivamente as prioridades, fundamentais às tomadas de decisão sobre as ações a serem desenvolvidas pela escola, e que é no trabalho compartilhado que o diretor realiza sua missão de líder. O Colegiado é o espaço institucional para o diálogo e para a troca de experiência entre o diretor e os representantes dos diferentes segmentos da comunidade escolar, e a democracia supõe e nutre a diversidade dos interesses, assim como a diversidade de idéias, favorecendo uma relação rica e complexa, indivíduo/sociedade. Vimos,

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também, que a gestão da educação é concebida como um processo político-administrativo contextualizado, através do qual a prática social da educação é organizada, orientada e viabilizada.

Resumindo a unidade IV

Nesta unidade, vimos que a escola consiste num grupo social com uma composição e organização definida, que a educação escolar realiza sua finalidade tanto na dimensão individual como na dimensão social e que a especificidade da organização educacional é determinada pelos fatores que a caracterizam e a tornam singular, distinta das demais organizações sociais. Vimos que a busca da escola pelas massas ocorreu tanto pela necessidade pessoal de capacitação para o trabalho como pela vontade de ocupar uma posição social e que a escola torna-se necessária como instrumento de ação e controle social, bem como elemento de formação e orientação do indivíduo para o desempenho de diferentes papéis diante da sociedade. A escola tem o papel social de promover o bem-estar físico, social e espiritual da comunidade, produzindo cultura e prestando serviços, e o gestor precisa estar atento para o fato de que um novo formato escolar tenderia a valorizar a escola como um espaço que garante a igualdade de oportunidades, respeita as diferenças e prioriza a circulação de diferentes conhecimentos e culturas. A escola é um espaço no qual se processa a educação em seu aspecto formal onde a comunicação educativa ocorre num processo de interação entre quem ensina e quem aprende. Vimos também que dentre os elementos que constituem o trabalho de formação que a escola realiza com o indivíduo pode-se citar entre sua formação para exercer a cidadania; a modificação do seu comportamento assim como sua conscientização para que possa compreender o mundo pela leitura correta da realidade. Para a concretização dos seus fins, a escola deve contar com recursos materiais, humanos e financeiros e, apesar da escola procurar definir formalmente, as funções e papéis de seus agentes, ela também prevê as possíveis interações entre os indivíduos, a natureza humana. Os s mecanismos que sustentam a organização informal, dentro da escola, são: a liderança, as normas e as sanções. O gestor escolar exerce atividades relativas ao processo organizacional e, também, função social e pedagógica. O caráter pedagógico da ação administrativa escolar consiste na formulação de objetivos sociopolíticos, e o diretor deve desempenhar seu papel de forma democrática e participativa, como mediador, coordenador e facilitador das ações desenvolvidas no interior da escola.

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ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM

AA

1) Com base nos estudos realizados cite os elementos considerados comuns à ação administrativa, em qualquer tipo de organização.

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2) Caracterize o modelo de gestão democrática destacando suas principais características.

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3) Segundo Paro (2008), a análise da estrutura e do funcionamento da escola fundamental democrática pode amparar- se em dois princípios: o técnico e o político. O princípio técnico corresponde:

a) ( ) à utilização racional de recursos para a concretização da intencionalidade educativa, o que implica coerência entre meios e fins, tanto na dimensão individual quanto na social.

b) ( ) à postura ética dos sujeitos envolvidos na relação pedagógica, postura que repercute nas formas de organização do poder e da autoridade na gestão da escola.

c) ( ) ao ordenamento organizacional que propicie a motivação interna dos agentes, para que sejam criadas condições democráticas da educação.

d) ( ) à formação continuada de professores, a fim de que viabilizem a adoção de práticas educacionais comprometidas com a transformação da realidade social.

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4) Segundo Vasconcellos (2000), para tornar menor o sofrimento de toda a comunidade escolar, nas mais específicas dimensões da escola (comunitárias e administrativas, além da pedagógica), até as mais gerais (políticas, culturais, econômicas etc.), a função do PPP é de justamente...

a) ( ) criar condições de ações exigidas pelo poder público.

b) ( ) ajudar a resolver problemas, a transformar a prática.

c) ( ) definir as competências dos profissionais da educação.

d) ( ) dimensionar o trabalho da escola tradicional.

5) Em que consiste o caráter pedagógico da ação administrativa escolar?

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6) Cite pelo menos cinco atividades de natureza pedagógica sob a responsabilidade direta do diretor escolar.

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7) Com base nas discussões apresentadas na unidade II, elabore sua concepção de gestão escolar.

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8) Na compreensão de Paro (2008), a gestão democrática demanda que a direção seja exercida por um colegiado, do qual o diretor é o presidente. Marque a contribuição dessa forma de gestão para o alcance dos objetivos democráticos da educação.

a) ( ) adotar práticas bem-intencionadas que possibilitem ao gestor escolar agir em nome da comunidade sem ouvir as pessoas e os grupos favorecidos com o processo.

b) ( ) construir uma autonomia administrativa por meio de regras compartilhadas, a fim de que se estabeleçam os limites necessários à concretização da própria democracia.

c) ( ) legitimar as decisões anteriormente alinhavadas por docentes e técnicos da escola e definir critérios para a aplicação de recursos financeiros disponíveis.

d) ( ) superar a direção monocrática da escola pública, dissolvendo a hierarquia autoritária vigente, de modo que as atividades meio e fim não contradigam a característica democrática do ato educativo.

9) Cite algumas funções consideradas próprias de uma administração eficiente, eficaz e dinâmica:

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10) Visite uma escola do seu município e elabore seu organograma, após a visita faça a análise do organograma fundamentando-se nas teorias da administração estudadas na primeira unidade deste caderno. (Atenção! Ao enviar essa atividade, coloque anexo o organograma da escola visitada).

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