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JOSÉ DE OLIVEIRA MENDES GESTÃO ECONÔMICA E FINANCEIRA DE COOPERATIVA DE CRÉDITO 1

Gestão Econômica e Financeira de Cooperativa de Crédito

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JOSÉ DE OLIVEIRA MENDES

GESTÃO ECONÔMICA E FINANCEIRA

DE

COOPERATIVA DE CRÉDITO

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Glossário

Activity Based Costing – Custo Baseado em Atividade.

Atividade econômica da cooperativa – É aquela suficientemente capaz de remunerar seu próprio capital. Em verdade, a atividade econômica de uma cooperativa deve remunerar seu capital e ainda superar acréscimo, como se despesa fosse, de valor relativo ao Custo de Oportunidade, ou seja, da melhor remuneração que teria em outro negócio, além cobrir os seus próprios custos operacionais.

Ativo Circulante – Parte do ativo que reúne valores suscetíveis de movimentação. Trata-se, por conseguinte, das disponibilidades, dos direitos realizáveis no decorrer do exercício social subseqüente e das aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte.

Ativo Não Circulante – Composto pelo realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado (imobilizações em curso; instalações, móveis e equipamentos) e intangível.

Balanço Patrimonial (BP) – Também denominado de Balanço Geral, é obtido à vista das informações constantes do Balancete de Verificação. Dessa forma, para se obter um Balanço Patrimonial, atribui-se aos componentes patrimoniais ativos, as contas patrimoniais as contas com saldos devedores e aos componentes patrimoniais passivos, as contas com saldos credores.

Define-se como Balanço Patrimonial à demonstração financeira que representa a posição patrimonial e financeira de uma empresa em uma determinada data.

Break Even Point – Ponto de Equilíbrio.

Business Plan – Plano de Negócios.

Capital de Giro (CDG) – É a parcela de recursos próprios, disponíveis na empresa para que esta efetue as aplicações necessárias ao seu desenvolvimento operacional.

Coeteris paribus – Expressão latina, utilizada pela Economia com o significado de “tudo o mais permanece constante”, isto é, havendo uma variável, as expressões de valores ou quantidades permanecem invariáveis.

Cut off – utilizada na contabilidade para referir-se a corte de inventário, ou seja, o dia a que se refere o inventário, dentre outros eventos operacionais.

Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) – Também chamada de Demonstração de Lucros e Perdas. Essa demonstração inclui a apuração do resultado bruto e do resultado líquido. Oferece um grande número de dados para análise.

Demonstração de Lucros e Prejuízos Acumulados (DLPAc) – Trata-se de um peça que acompanha as demonstrações do balanço do exercício e que visa evidenciar ocorrências havidas com os resultados.

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Demonstração dos fluxos de caixa (DFC) – Instrumento contábil que demonstra o resultado final de tesouraria, após os diversos estágios de fluxos de caixa, partindo do lucro operacional, tais como: fluxo de caixa operacional, fluxo de caixa após o resultado financeiro e imposto de renda, fluxo e caixa antes da decisão de investimento e fluxo de caixa antes da decisão de distribuição, para posteriormente se chegar ao fluxo de tesouraria.

Demonstrações financeiras - devem ser complementadas, para melhor esclarecimento e compreensão do ocorrido durante o exercício social, com notas explicativas, quadros analíticos, gráficos ou mesmo outras demonstrações contábeis necessárias para um perfeito entendimento.

Depósitos - Decorrem da prática, dos associados, ou terceiros, de entregar valores ao caixa da Cooperativa, registrando-os e formando, assim, os saldos de Conta Corrente dos Associados (ou terceiros).

Despesas Antecipadas - Referem-se principalmente aos prêmios de seguros necessários à operacionalização com o dinheiro.

Escrituração - Deve ser uma prática realizada em obediência à legislação vigente e aos princípios de contabilidade geralmente aceitos, mantidos na empresa e em cuja prática devem ser observados os métodos ou critérios contábeis uniformemente praticados ao longo do tempo, objetivando registrar as mutações patrimoniais, segundo o regime de competência.

Float – período de tempo em que um recurso passa na posse de uma instituição financeira, antes de ser creditado a quem de direito.

Full Cost – Custeio Pleno.

Fundos Geradores de Operações – FGO - A origem de recursos podem, muitas vezes, indicar a existência de custos financeiros a serem cobertos com a atividade operacional da cooperativa. Não podemos esquecer que esses fundos ou recursos, entretanto, são também necessários ao funcionamento da cooperativa.

Hardware – equipamentos/periféricos de informática.

In loco – expressão latina que significa no local.

Interest – Taxa de juros.

Lacto sensu – amplo sentido.

Link – Ligação.

Marketing – é uma tarefa de inserir o produto no mercado, quer seja criando, promovendo ou fornecendo bens e serviços a clientes, pessoas físicas ou jurídicas.

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Markup – grandeza a ser definida e agregada ao preço do produto, de acordo com o estágio do produto em seu ciclo de vida, seu papel estratégico no mercado e o lucro que o empresário deseja obter.

Outros Créditos – Trata-se dos diversos adiantamentos e os devedores diversos.

Operações de Crédito – É originado da aplicação do dinheiro de depósito em concessões de crédito pessoal, adiantamento a depositante e cheque especial, deduzidas as devidas provisões para crédito de liquidação duvidosa.

Outros Valores e Bens - Envolve o material em estoque.

Outras Obrigações - (envolvendo obrigações por cobrança e arrecadação tributária, obrigações sociais e estatutárias, obrigações fiscais e previdenciárias e provisões para pagamentos)

Passivo –

Circulante – Também denominado de Passivo Exigível a Curto Prazo. Representa o valor de todas as obrigações da empresa, inclusive financiamentos para aquisição de diretos de ativo permanente, quando exigível no decorrer do exercício subseqüente.

Não Circulante – Envolve as contas relativas ao Exigível a Longo Prazo e, por sua vez, representam dívidas vencíveis em período maior que um ano e, geralmente, referem-se a financiamentos.

Patrimônio Líquido (PL):

Capital – É uma conta do Passivo porque representa a Origem, ou ainda, de onde surgiram os valores do Ativo (ou parte deles, quando há dívidas com terceiros).Do ponto de vista qualitativo é um conjunto ou sistema de bens, créditos, débitos e investimentos vários que se destinam à obtenção de novos bens, créditos, débitos e investimentos vários que vêem a aumentar o referido sistema.Do ponto de vista quantitativo é um fundo de valores aplicados para a obtenção do lucro.

Reservas de Capital – São reservas destinadas a aumento de capital, ágio recebidos na colocação de ações ou debêntures, doação e subvenções, além de correção monetária do capital.

Reserva de Reavaliação – Reserva que se originou de reavaliação dos valores do ativo.

Reserva de Lucros – São as apropriações de lucros.

Return On investiment – Retorno sobre o Investimento.

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Permanente (Ativo) –

Investimentos – Pode-se definir como aplicação de valores. Conforme terminologia legal, como investimentos classificam-se as participações permanentes em outras sociedades e os direitos de qualquer natureza, não classificados no ativo circulante e que não se destinem à manutenção da atividade da companhia ou empresa.

Imobilizado – Aqui são classificados todos os direitos que tenham por objeto bens destinados à manutenção das atividades da companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive os de propriedade industriam ou comercial.

Diferido – Expressão que significa valores das aplicações em despesas que participarão da formação do resultado de diversos exercícios, inclusive juros pagos ou creditados a acionistas, durante o período de organização ou precedente às operações sociais.

Realizável a longo prazo – Compreende os valores que só poderão ser convertidos em moedas, após o exercício social corrente, ou seja, no exercício seguinte.

Sine qua non - expressão latina significando “sem a qual não”.

Spread – diferença entre uma taxa de um valor tomado a juros, junto ao Banco que dá suporte à cooperativa, por exemplo, e os juros efetivamente cobrados do cooperado.

Stakeholders – são todos aqueles envolvidos com uma instituição (cooperativa), seus empregados, diretoria, conselhos, associados, fornecedores e clientes externos.

Tesouraria – (T) – Trata-se dos bens patrimoniais representados pelo dinheiro existente em caixa e bancos mais os elementos do capital circulante que rapidamente podem ser transformados em numerário.

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SUMÁRIO

DEDICATÓRIA............................................................................................................................................................10

PREFÁCIO....................................................................................................................................................................11

CONSIDERAÇÕES INICIAIS....................................................................................................................................13

CAPÍTULO I – DE ONDE VEM O DINHEIRO DE UM SISTEMA ECONÔMICO...........................................18

1. FLUXOS FINANCEIROS NO SISTEMA ECONÔMICO...................................................................................18

1.1 O ENFOQUE DA DETERMINAÇÃO DA RENDA NACIONAL......................................................................................181.2 O ENFOQUE DA APLICAÇÃO DA RENDA NACIONAL.............................................................................................20

CAPÍTULO II – ANÁLISE ESTRUTURAL DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS..................................22

1. ATOS E FATOS REGISTRADOS NA CONTABILIDADE E INSTRUMENTOS DE REGISTRO..............23

1.1 BALANÇO PATRIMONIAL (BP)..............................................................................................................................231.2 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO (DRE)..................................................................................241.3 DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA E DO VALOR ADICIONADO....................................................................24

CAPÍTULO III – DESENVOLVIMENTO DA ANÁLISE DO BALANÇO PATRIMONIAL/BALANCETE.. .24

1. INFORMAÇÕES MÍNIMAS PARA UM RELATÓRIO DE ANÁLISE.............................................................26

1.1 O ÍNDICE...............................................................................................................................................................271.2 OBJETIVO DA ANÁLISE.........................................................................................................................................271.3 INFORMAÇÕES E DADOS BÁSICOS......................................................................................................................271.4 INDICADORES SELECIONADOS.............................................................................................................................271.5 PLANILHA DE INFORMAÇÕES/CONCLUSÕES ESPECÍFICAS.................................................................................271.6 CONCLUSÕES GERAIS..........................................................................................................................................271.7 ANEXOS.................................................................................................................................................................28

2. A ANÁLISE DO BALANÇO PATRIMONIAL/BALANCETE DE VERIFICAÇÃO.......................................28

2.1 ANÁLISE HORIZONTAL..........................................................................................................................................282.2 ANÁLISE VERTICAL...............................................................................................................................................28

3. EXERCITANDO A ANÁLISE HORIZONTAL E VERTICAL..........................................................................28

3.1 ANÁLISE HORIZONTAL (AH) DAS DISPONIBILIDADES:.........................................................................................293.2 ANÁLISE VERTICAL (AV) DO ATIVO:....................................................................................................................29

4. CÁLCULO DO VALOR DO PATRIMÔNIO DE REFERÊNCIA EXIGÍVEL.................................................29

4.1 TOTAL DE FATOR DE RISCO................................................................................................................................30a) Disponibilidades..................................................................................................................................................31b) Relações Interfinanceiras e Interdependências..................................................................................................31c) Operações de Crédito..........................................................................................................................................32d) Provisão para Operações de Crédito com Liquidação Duvidosa......................................................................32e) Outros Créditos...................................................................................................................................................33f) Outros Valores e Bens..........................................................................................................................................34

4.2 PATRIMÔNIO LÍQUIDO AJUSTADO (PLA).............................................................................................................344.3 ÍNDICE DO ATIVO PONDERADO PELO RISCO – APR, ATUAL (APURAÇÃO DO RISCO).....................................344.4 FATOR DO ATIVO PONDERADO PELO RISCO – APR..........................................................................................354.5 PATRIMÔNIO DE REFERÊNCIA EXIGIDO (PRE)...................................................................................................354.6 EXIGÊNCIA DE CAPITAL (EC)...............................................................................................................................35

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5. PRINCIPAIS ORIGENS DOS RECURSOS PARA OPERAÇÃO COM O CRÉDITO....................................35

6. INDICADORES ECONÔMICO-FINANCEIROS................................................................................................36

6.1 ÍNDICE QUE REFLETE O NÍVEL DO COMPROMETIMENTO DO CAPITAL PRÓPRIO DA COOPERATIVA, EM RELAÇÃO AO CAPITAL DE TERCEIROS (ENDIVIDAMENTO):........................................................................................36

6.1.2 Participação do Capital de Terceiros – PCT.................................................................................................366.2 ÍNDICE QUE REFLETE O NÍVEL DAS IMOBILIZAÇÕES DA COOPERATIVA:.............................................................36

6.2.1 Índice de Imobilizações – Im..........................................................................................................................376.3 ÍNDICES QUE REFLETEM A CAPACIDADE DA COOPERATIVA EM QUITAR SEUS COMPROMISSOS:......................37

6.3.1 Liquidez imediata – LI....................................................................................................................................376.3.2 Liquidez Corrente – LC..................................................................................................................................386.3.3 Liquidez Seca – LS..........................................................................................................................................38

6.4 ÍNDICES INDICATIVOS DE MARGENS:...................................................................................................................396.4.1 Margem Operacional Bruta – MOB...............................................................................................................396.4.3 Margem Operacional Líquida – MOL............................................................................................................39

6.5 TAXAS DE RENTABILIDADE:..................................................................................................................................406.5.1 Rentabilidade do Capital................................................................................................................................406.5.2 Lucro Líquido (LL) sobre o Patrimônio Líquido Ajustado (PLA)..................................................................436.5.3 Giro sobre o Ativo..........................................................................................................................................436.5.4 Retorno sobre o Ativo (RSA) – Também chamado de Retorno Sobre Investimento (RSI) ou de “Return On Investiment” (ROI)..................................................................................................................................................44

7. CONTROLE E ADMINISTRAÇÃO DA CARTEIRA:........................................................................................44

7.1 PRAZO MÉDIO DE RECEBIMENTO DE CRÉDITOS (PMRC).................................................................................447.2 PRAZO MÉDIO DE PARTICIPAÇÃO DOS DEPÓSITOS (PMPD)............................................................................45

ESTUDO DE CASO – APLICAÇÃO DAS FÓRMULAS VISTAS E RELATIVAS AOS ÍNDICES ECONÔMICO-FINANCEIROS..................................................................................................................................46

CAPÍTULO IV – O CAPITAL PRÓPRIO E O CAPITAL DE TERCEIROS – INSTRUMENTOS DE ORIGEM DE RECURSOS...........................................................................................................................................50

1. FORMAÇÃO DO CAPITAL CIRCULANTE.......................................................................................................50

1.1 - O CAPITAL PRÓPRIO..........................................................................................................................................501.1.1 Custo do Capital Próprio...............................................................................................................................50

1.2 O CAPITAL DE TERCEIROS....................................................................................................................................51a) Depósitos à vista.................................................................................................................................................51b) Depósitos a prazo................................................................................................................................................54c) Empréstimos tomados para suprimento de caixa ou financiamentos.................................................................55

2. CÁLCULO DA TAXA DE JUROS, INTERNA, DA COOPERATIVA.................................................................................55

ESTUDO DE CASO – ANÁLISE DOS DEPÓSITOS EXISTENTES NA COOPERATIVA, OS ENCAIXES EXISTENTES E A TAXA MÉDIA DE JUROS PRATICADA................................................................................57

CAPÍTULO V – ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO (CDG), CAPITAL DE GIRO LÍQUIDO (CDGL) OU CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO (CCL)......................................................................................59

1. APLICAÇÃO DE RECURSOS NO ATIVO CIRCULANTE...............................................................................60

1.1 - EM ESTOQUES....................................................................................................................................................601.2 - EM CRÉDITOS.....................................................................................................................................................601.3 - RELAÇÕES INTERDEPENDENTES.......................................................................................................................601.4 - OUTRAS OBRIGAÇÕES.......................................................................................................................................61

2. FONTES OPERACIONAIS DE CAPITAL DE GIRO LÍQUIDO.......................................................................63

ESTUDO DE CASO: A COOPERATIVA DE CRÉDITO “JUROS BAIXOS” APRESENTOU AO FINAL DE UM PERÍODO OS SEGUINTES VALORES EM SEU BALANCETE PATRIMONIAL:...................................64

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CAPÍTULO VI – ANÁLISE DAS NECESIDADES LÍQUIDAS DE CAPITAL DE GIRO..................................69

1. DIMENSIONAMENTO DO CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO OU CAPITAL DE GIRO LÍQUIDO....69

2. RECLASSIFICAÇÃO DO BALANÇO (OU BALANCETE)...............................................................................70

3) CÁLCULO DA NECESSIDADE LÍQUIDA DE CAPITAL DE GIRO (NLCG):..............................................71

4) CÁLCULO DA TESOURARIA..............................................................................................................................73

5) CÁLCULO DO CAPITAL DE GIRO - CDG........................................................................................................75

ESTUDO DE CASO – A COOPERATIVA DE ECONOMIA E CRÉDITO MÚTUO DOS HORTIFRUTIGRANJEIROS DO VALE DO RIO DAS HORTAS, APÓS UM DETERMINADO PERÍODO DE FUNCIONAMENTO, APRESENTOU O SEGUINTE BALANCETE MENSAL:..........................................77

CAPÍTULO VII – UMA ANÁLISE DOS PRINCIPAIS PRODUTOS DA COOPERATIVA..............................90

1. CONSIDERAÇÕES GERAIS E NATUREZA DOS PRODUTOS......................................................................90

2. O DETALHAMENTO DAS CONTAS DE RENDAS............................................................................................91

3. TRANSFORMAÇÃO DOS PRODUTOS EM UMA MESMA UNIDADE.........................................................93

3.1 O CÁLCULO DO PREÇO MÉDIO DOS PRODUTOS.................................................................................................953.2 O RETORNO DO PREÇO MÉDIO DOS PRODUTOS AO PREÇO UNITÁRIO INDIVIDUAL........................................96

CAPÍTULO VIII - ANÁLISE DE CUSTOS E RESULTADOS E DE INDICADORES DO NÍVEL DE EXPANSÃO DO NEGÓCIO........................................................................................................................................98

1. COMPETIÇÃO NOS NEGÓCIOS.........................................................................................................................98

2. MISSÃO A SER CUMPRIDA..................................................................................................................................99

3. OBTENÇÃO DE SOBRAS (LUCRO).....................................................................................................................99

3.1 O LUCRO CONTÁBIL E O LUCRO ECONÔMICO..................................................................................................100

4. CUSTO DE OPORTUNIDADE.............................................................................................................................100

5. GASTOS...................................................................................................................................................................101

A) COM INVESTIMENTOS...........................................................................................................................................101B) COM CONSUMO....................................................................................................................................................101C) CUSTOS DIRETOS.................................................................................................................................................102D) CUSTOS INDIRETOS..............................................................................................................................................102

6. MÉTODOS DE CUSTEIO.....................................................................................................................................103

6.1 CUSTEIO POR ABSORÇÃO..................................................................................................................................1036.2 CUSTEIO DIRETO/VARIÁVEL, OU AINDA CUSTEIO PARCIAL,............................................................................1036.3 CUSTEIO PELO MÉTODO ABC (ACTIVITY BASED COSTING)............................................................................106

7. CONSTRUÇÃO DO MODELO ECONÔMICO DE ANÁLISE DE CUSTOS/RESULTADOS....................106

ESTUDO DE CASO – A COOPERATIVA DE CRÉDITO DO VALE DA PROMISSÃO APÓS O FINAL DE EXERCÍCIO APRESENTOU OS SEGUINTES DADOS.......................................................................................110

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CAPÍTULO IX – A REPRESENTATIVIDADE DAS RECEITAS E DAS SOBRAS....................................122

1. DEMONSTRAÇÃO MATEMÁTICA...................................................................................................................122

A ELABORAÇÃO DA FÓRMULA DUPONT...................................................................................................................122

CAPÍTULO X – OUTROS INDICADORES IMPORTANTES.............................................................................128

1. CONCEITOS...........................................................................................................................................................128

- PONTO DE EQUILÍBRIO (BREAK EVEN POINT);.....................................................................................................128- MARGEM DE SEGURANÇA......................................................................................................................................128- ALAVANCAGEM OPERACIONAL................................................................................................................................128

2. O CÁLCULO DO PONTO DE EQUILÍBRIO - PE (BREAK EVEN POINT – BEP).....................................128

3. CÁLCULO DA MARGEM DE SEGURANÇA...................................................................................................129

4. CÁLCULO DA ALAVANCAGEM OPERACIONAL........................................................................................130

ESTUDO DE CASO – COOPERATIVA DE CRÉDITO MÚTUO DOS EMPREGADOS NA INDÚSTRIA RECICLA TUDO LTDA............................................................................................................................................135

CAPÍTULO XI – PROCEDIMENTOS RELATIVOS À TRILOGIA: CUSTO – VOLUME – LUCRO, COM A AMPLIAÇÃO DOS NEGÓCIOS DA COOPERATIVA DE CRÉDITO..............................................................140

1. AMPLIAÇÃO DE MERCADOS COM MEIOS PRÓPRIOS OU DE TERCEIROS......................................140

2. COMPARAÇÃO DE CUSTOS ENTE UM PAC E UM COCOOP...................................................................142

3. OS CUSTOS RESULTANTES DA AMPLIAÇÃO DO VOLUME DE NEGÓCIOS.......................................143

4. O DRE COMO INSTRUMENTO DE ANÁLISE FINANCEIRA......................................................................144

5. O QUE DEVE ESTAR ESTABELECIDO NA MISSÃO DA COOPERATIVA..............................................145

6. AS SOBRAS (LUCRO) COMO OBJETIVO E OS CUSTOS COMO OBJETO DE CONTROLE...............146

7. UM REFORÇO SOBRE MÉTODOS DE CUSTEIO..........................................................................................147

7.1 CUSTEIO POR ABSORÇÃO:.................................................................................................................................1477.2 MÉTODO DO CUSTEIO DIRETO/VARIÁVEL.........................................................................................................1487.3 CUSTEIO PELO MÉTODO ABC (ACTIVITY BASED COSTING)............................................................................154

ESTUTO DE CASO – A EXPANSÃO DA COOPERATIVA DE CRÉDITO MÚTUO DOS EMPREGADOS DA EMPRESAS VITORIOSAS S.A.........................................................................................................................157

REFERÊNCIAS...........................................................................................................................................................165

LIVROS:...................................................................................................................................................................165FITAS DE VIDEO:...................................................................................................................................................165APOSTILAS:............................................................................................................................................................166LEGISLAÇÃO:.........................................................................................................................................................166

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DEDICATÓRIA

Este trabalho é dedicado, primeiro à minha esposa, que muito tem influenciado em minhas ações, através de incentivos continuadamente

dados a mim.Dedico-o ainda aos meus filhos: Glauce e César Augusto

– Arquitetos – e Victor Hugo – Contador e Auditor – como incentivo aos mesmos

na produção de trabalhos técnico-científicos

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PREFÁCIO

O capital cultural do autor o credencia para palmilhar pelos campos das ciências econômicas, contábeis, matemáticas e administrativas. A sua formação universitária, aliada às atividades didáticas, às práticas desenvolvidas no setor público municipal e estadual, bem assim no segmento empresarial, máxime na área do cooperativismo, juntamente com a atuação de Conselheiro Fiscal em organização privada e Conselheiro do Conselho Regional de Economia de Mato Grosso, se completam nesse patrimônio de conhecimentos.

Ao aglutinar numa obra estudos sobre o sistema cooperativo, a economia, a contabilidade, as finanças e a administração o autor demonstra conhecer a teoria e a prática da Gestão Econômica e Financeira de Cooperativa de Crédito, título da obra voltado ao Cooperativismo de Crédito, cujo teor enriquece a bibliografia existente e se transforma em riquíssimas aulas para servidores, supervisores, gestores, dirigentes, conselheiros e diretores do segmento hoje tido como ‘banco’ no rol das instituições integrantes do Sistema Financeiro Nacional.

Qualifica-se, então, as Cooperativas de Crédito como instituições financeiras constituídas sob a legislação cooperativista. Elas objetivam a prestação de serviços financeiros aos associados, tais como a captação de depósitos a vista e a prazo, concessão de créditos, cheques, cobrança, custódia, pagamentos e recebimentos por conta de terceiros, além de outras operações especificadas na legislação em vigor. Funciona como um banco do cooperado.

Essa tipologia de entidade cooperativa já é centenária e trata-se de um importante instrumento de desenvolvimento de muitas economias mundiais. Podem ser citadas: a Alemanha, os Estados Unidos da América do Norte, países da União Européia, os quais tiveram e tem oferecido suporte financeiro para os setores produtivos via desse segmento. O Brasil se integra nesse quadro com a criação da primeira cooperativa de crédito em Minas Gerais e a seguir no Rio Grande do Sul, onde se expandiu sobremaneira, havendo hoje em todas as Unidades Federativas.

É a obra destinada a esse cooperativismo de crédito, com especificidade aos fluxos financeiros no sistema econômico. Ao tratar da análise estrutural das demonstrações contábeis enfatiza forma da Contabilidade das Instituições Financeiras preconizadas pelo Banco Central do Brasil. No desenvolvimento dos itens da Análise das Demonstrações Contábeis, além do Balanço Patrimonial, evidencia o Balancete como instrumento de trabalho para acompanhar e administrar mensalmente os negócios da organização; demonstra como realizar a análise horizontal e a análise vertical; registra as origens dos recursos para as operações de crédito e apresenta os

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indicadores econômicos e financeiros para entendimento dos elementos qualitativos divulgados na contabilidade.

A estrutura dos capitais complementa-se com a administração e análise das necessidades do capital de giro. Especifica as rendas para obtenção do cálculo do preço médio dos produtos oferecidos aos cooperados; com a análise dos custos e resultados evidencia os níveis de expansão dos negócios, com vistas à administração da cooperativa.

Os estudos de casos inseridos nos capítulos são peças demonstrativas dos aspectos econômicos, contábeis, administrativos e financeiros para a gestão das cooperativas de crédito.

Por fim, cabe recomendar a utilização do conteúdo da obra por diretores, conselheiros, dirigentes, gestores, supervisores e servidores no quotidiano com vistas a defender os interesses econômicos e proporcionar, em sua missão social, o bem estar e a promoção social dos cooperados.

Professor e Contador MS. Ivan Echeverria

Titular Imortal da Cátedra nº. 175, da Academia Nacional de Economia.

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A germinação e o desenvolvimento do cooperativismo começaram desde o século XVIII e, cem anos depois, em Rochdale, Inglaterra onde alguns artesãos se reuniram e formaram uma cooperativa, formulando também os princípios que serviram de base para a Doutrina Cooperativista atual.

Conforme preconizado pelos artesãos, o cooperativismo tem dois objetivos fundamentais, quais sejam:

1º. – A Cooperativa deve sempre defender os interesses econômicos dos cooperados. Desta forma pode-se esperar que dentre esses interesses está o de crescimento da instituição, podendo proporcionar, aos associados, à medida do crescimento, novas formas de benefícios.

2º. – A Cooperativa deve ter sempre uma Missão Social, procurando a promoção social, para o bem estar dos cooperados. Isto passa por uma boa remuneração dos investimentos em capital, gerando solidez necessária para o desenvolvimento dos negócios, assim como a instituição de convênios e promoções sócio-culturais que venham a favorecer tanto ao associado como à sua família.

Lembrando ainda a cooperativa de Rochdale e, dentro dos princípios acima enunciados, diz-se ser a Cooperativa formada por um círculo de pessoas, reunidas em torno de um mesmo objetivo e promovendo um esforço comum, ainda que esse grupamento de pessoas possa tomar dimensões indefinidamente grandes pela adesão de novos cooperados. Difere, portanto, a cooperativa das demais sociedades empresariais tendo em vista ser pressuposto daquela, a cooperação e desta, a competição.

A Cooperativa e a sociedade empresarial são, portanto, diametralmente opostas em objetivos, não se correlacionando.

O sistema cooperativo evoluiu e passou a gerar também oportunidades de trabalho, incrementar o sistema produtivo e, em conseqüência, aumentar a produção, contribuindo, na praça em que atua e sob certas circunstâncias, no processo de regulação dos preços no mercado. Com isso, a Cooperativa passou a influenciar também na sociedade como um todo, a gerar novos produtos, a proporcionar um maior giro do dinheiro na economia, causando com suas atividades, reflexos na sociedade aproximando cooperativismo e sociedade que antes apenas se tangenciavam.

Interessante se faz ressaltar os aspectos de Governança Empresarial na Cooperativa de Crédito. Esta, em geral, é formada por associados que investem seus recursos, às vezes parcos, mas de forma continuada passando a representar valores e

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volumes de negócios crescentes ao longo do tempo com a junção de bons resultados financeiros alcançados e de preferência de forma continuada.

O domínio de mercado de grandes empresas motivou a discussão sobre ética e o papel social das organizações. Coloca-se então a seguinte indagação: As organizações empresariais produtivas devem atender aos interesses de ganhos apenas dos acionistas (ou associados) ou devem atender ainda aos interesses de grupos vinculados a elas, os stakeholders, compostos pelos seus empregados, fornecedores, clientes em geral, a sociedade da qual fazem parte, ao poder público e outros os quais, de alguma forma têm relação de negócios.

Em outubro de 2003, o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa – IBGC emitiu o seguinte conceito de Governança Corporativa, revisado:

Governança Corporativa é o sistema pelo qual as sociedades são dirigidas e monitoradas, envolvendo os relacionamentos entre Acionistas/Cotistas, Conselho de Administração, Diretoria, Auditoria Independente e Conselho Fiscal. As boas práticas de governança corporativa têm a finalidade de aumentar o valor da sociedade, facilitar seu acesso ao capital e contribuir para a sua perenidade.

Já a Bolsa de Valores de São Paulo - Bovespa, em 2000, havia apresentado o seguinte conceito:

Governança Corporativa é o nome dado ao sistema de gestão das relações entre os acionistas, majoritários e minoritários, o Conselho de Administração, os auditores externos independentes e a diretoria da empresa.

A primeira conceituação preocupa-se, dentre outros stakeholders, com a sociedade, o que não acontece com o segundo conceito no qual a única preocupação com envolvidos externos é com os auditores independentes.

Quanto a Comissão de Valores Imobiliários - CVM emitiu o seguinte conceito:

O conjunto de práticas que têm por finalidade otimizar o desempenho de uma companhia ao proteger todas as partes interessadas, tais como, investidores, empregados e credores, facilitando o acesso ao capital. A análise das práticas de governança corporativa aplicados ao mercado de capitais envolve, principalmente: transparência, equidade de tratamento dos acionistas e prestação de contas.

As Cooperativas de Crédito, no Brasil, ainda estão com áreas de atuação bastante restritas, algumas já ensaiaram alguma expansão dentro do Estado onde se localiza, mas tudo dependendo ainda de muitos fatores tais como estruturais, objetivos, gerenciamento, orientação, estratégia e muitos outros fatores. Dessa forma, as fronteiras organizacionais, apesar das restrições legais a que estão subjugadas, conseguem sempre visualizar um meio de se conseguir alguma expansão.

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Entretanto, situando-se em uma estrutura, a mais ideal possível, para atender aos interesses dos nossos Cooperados, tem-se que, cooperativas grandes ou não devem sempre atinar para um modelo de gestão que contempla o seguinte:

a) Não ter uma “escada” com muitos degraus em sua organização interna, ou seja, ter em mente sempre a redução de barreiras verticais, que certamente ocorre, com muita freqüência, quando se tem um nível hierárquico com muitas gerências intermediárias;

b) Igualmente, o modelo funcional também cria barreiras horizontais, sendo ideal a Gestão por Processos, devendo levar em consideração a formalização de cargos e funções (para atender à legislação brasileira) com atribuições extensivas ao âmbito do Processo;

c) A Cooperativa de Crédito, dentro dos padrões atuais de controle monetário, fixados pelo Banco Central do Brasil – BCB (ou BACEN) deve ter sempre bons relacionamentos com os bancos em geral. Entre outros relacionamentos necessários, a cooperativa poderá vir a ter necessidade de abrir uma conta corrente em qualquer um deles em localidades onde passe a efetuar recolhimento do dinheiro em caixa, transferindo-o para outras localidades através de: Documento de Ordem de Crédito – DOC (para valores inferiores a cinco mil reais) e Transferência Eletrônica Disponível – TED (para valores superiores a R$ 4.999,99). Eventualmente, não se descarta a possibilidade da Cooperativa fazer, com os bancos, algumas operações de crédito rápido, para cobrir possíveis déficits de caixa ocasionados por motivos diversos. Essa aproximação com a concorrência, se define como eliminação de barreiras externas.

d) Uma outra barreira a ser transposta é a geográfica e que ocorre no momento em que a Cooperativa se expande para outras localidades.

Delimitada a abrangência geográfica, estabelecida a operacionalização por processos e enxugada a estrutura da Cooperativa, fica patente um sistema de Governança leve e eficaz, onde a Diretoria deve estar a par de todos os acontecimentos e o Conselho de Administração muito bem informado, além de melhor facilidade de atuação do Conselho Fiscal ante a rápida identificação, na estrutura, dos serviços e locais onde se executam as tarefas que se pretender auditar.

“Nem tudo são flores”, em qualquer ramo de atividade e, portanto, no cooperativismo também existem suas “situações problemas” a serem resolvidas.

Levemos em consideração ainda o que se constitui uma situação problema. Se tivermos um carro estacionado na garagem, ótimo se este fato, em si, não se constituir um problema; mas se o mesmo estiver parado quando deveria estar funcionando, isto sim é um problema e requer solução, no mínimo do envio desse carro a uma oficina. Paralelamente, as folhas de outono, caídas das plantas não querem dizer nada, economicamente, a não ser que esse fato esteja agregado a uma situação problema, localizada em uma agropecuária e que venha a causar, em detrimento disso, queda na produtividade agrícola.

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Por outro lado, constitui-se ainda em problema, a falta de mercado para uma economia com excesso de produção ou que esta seja insuficiente para o abastecimento do interno, bem como o mau funcionamento de uma empresa com grandes montantes de recursos disponíveis ou uma situação de inadimplemento de uma empresa desprovida de Capital de Giro.

Analogamente, o fato de se ter conhecimento de tópico como: proposta de um esquema para desenvolvimento metodológico de análise do balanço patrimonial de Cooperativas de Crédito, estes não se constituem, por si só e efetivamente, em Problema, mas ao serem desenvolvidos de forma metodológica passam a se constituírem em um instrumento de análise. Disto resulta, portanto, um problema a ser resolvido, qual seja, o desenvolvimento de forma metódica desses tópicos que vão, por certo, se constituir em um grande benefício aos dirigentes de Cooperativas de Crédito.

Apesar da análise em questão poder ser empregada tanto para cooperativas (ou empresas em geral), de grande, médio ou pequeno porte, para as que visam ou não sobra (lucro), este trabalho analítico e de pesquisa visa um enfoque especial às Cooperativas de Crédito.

Em cada capítulo deste livro foi procurado relatar experiências vividas dentro do cooperativismo, bem como conhecimentos científicos obtidos em cursos de graduação em Economia, pós-graduação lacto sensu, em Finanças de Empresas, Controladoria e Auditoria; Organização, Sistemas e Métodos; MBA em Administração de Cooperativas, bem com em curso de pós-graduação stricto sensu de Mestrado em Gestão Financeira de Empresas.

O Capítulo I trata, portanto, do fluxo do dinheiro na economia e de como procede seu ingresso na empresa.

O Capítulo II mostra as estruturas das principais demonstrações contábeis utilizadas no presente trabalho e a indicação das mesmas como instrumento de análise.

O Capítulo III contém a forma de análise aplicada, com as demonstrações de cálculo dos diversos índices trabalhados.

O Capítulo IV traz a indicação dos valores com os quais as cooperativas trabalham, com origem no capital próprio e de terceiros, quer de contribuições sucessivas efetuadas pelos associados quer na forma de empréstimos obtidos.

O Capítulo V enfoca as formas de aplicação dos recursos existentes no Ativo Circulante e sistema de cálculo do Capital Circulante Líquido e do Capital de Giro, bem como suas origens.

O Capítulo VI trata da obtenção de dados sobre as Necessidades Líquidas de Capital de Giro existentes na cooperativa e do dimensionamento do Capital de Giro para operacionalização do empreendimento.

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O Capítulo VII empreende uma análise dos principais produtos trabalhados por uma cooperativa de crédito, bem como a fórmula de cálculo do Preço Unitário para cada um deles.

O Capítulo VIII dá uma visão geral de análise de custos em uma cooperativa e da aplicação de índices que demonstrem o nível de expansão/retração do negócio.

O Capítulo IX apresenta métodos de determinação de índices relacionados com a receita da cooperativa e sua representatividade ante o capital utilizado.

O Capítulo X faz uma demonstração de importantes índices de análise da situação operacional da cooperativa, demonstrando o ponto de equilíbrio entre receitas e despesas, o nível de afastamento, do equilíbrio, em que se está operando com o resultado atual obtido, além do nível de alavancagem empreendido.

O Capítulo XI ressalta a trilogia Custo – Volume – Lucro, a possibilidade de ampliação de mercado com atendimento a possíveis associados, a um baixo custo, estabelecimento de Missão para a cooperativa, de obtenção de sobras como condição sine qua non para a sobrevivência e um reforço sobre os métodos de custeios.

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CAPÍTULO I – DE ONDE VEM O DINHEIRO DE UM SISTEMA ECONÔMICO

1. FLUXOS FINANCEIROS NO SISTEMA ECONÔMICO

Em um sistema econômico simplificado, onde só existissem dois setores da economia, poder-se-ia, para efeito de observação do direcionamento dos fluxos de dinheiro e de bens e serviços, enfocar os seguintes aspectos:

1) Nessa economia, as famílias, como as menores unidades orçamentárias da sociedade, são as detentoras dos fatores de produção (terra, capital, força de trabalho e capacidade gerencial) e, as mesmas, empregam esses fatores nos processos produtivos, ou seja, nas empresas.

2) As empresas adquirem esses fatores de produção, produzem bens e serviços,

remuneram famílias pelos fatores de produção utilizados e vendem às famílias, os bens e serviços produzidos.

As famílias, ante as condições acima, recebem remuneração pelos fatores de

produção cedidos às empresas e destinam parte dessa remuneração ao consumo de bens e serviços e parte para poupança.

Com isso, toda a remuneração recebida, que podemos, no modelo, chamar de renda nacional (Y), tem a seguinte destinação: parte para consumo de bens e serviços finais (C) e parte para poupança nacional privada (S).

1.1 O enfoque da determinação da Renda Nacional

A equação que definirá, portanto, a renda nacional será expressa da seguinte maneira:

Y = C + S

Por outro lado, os bens e serviços produzidos pelas empresas e ofertados no mercado (Yo), constituem-se na demanda agregada desse mercado simplificado (Yd), sendo que parte desses bens e serviços são destinados ao consumo final, ou seja, consumo de famílias (C) e parte são destinados a investimentos (I). Dentro dos investimentos e considerados como tal, econtram-se os estoques formados por falta de demanda do total dos produtos (bens e serviços) ou devido a estratégia dos empresários em formar estoques necessários para atender ao hiato de tempo existente entre o fluxo continuado da demanda e o período necessário para elaboração do produto.

Com isso, a equação que exprime o fluxo de bens e serviços produzidos e ofertados, nessa economia, fica assim expressa:

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Yo = C + I

Levando-se em consideração que todos os bens e serviços produzidos nessa economia são consumidos ou destinados a investimentos (Yd), tem-se que:

Yo = Yd e, também, Yd = C + I

Por outro lado se toda a renda gerada (Y) é aplicada, parte em consumo (C) e parte em poupança (S), teremos aí verificado uma igualdade que poderá ser expressa, matematicamente, pela seguinte equação:

Y = Yd

Ou, considerando:

Y = C + S e Yd = C + I,

Tem-se:

C + S = C + I

Ou ainda resolvendo essa equação resulta: S = I

Essa poupança formada, sendo igual aos investimentos efetuados nas empresas, também chamado de investimento nacional privado, pode ser constatada no mercado produtivo e financeiro, com certa facilidade, observando a natureza das origens dos recursos que entram e são utilizados nas empresas e a origem do capital próprio que forma o seu patrimônio líquido (PL).

Os recursos podem entrar nas empresas, tanto pelo exigível como pela formação de capital e são oriundos, conforme legislação brasileira, tanto do mercado financeiro como de outras empresas, formando holding (Sociedade Limitada ou Sociedade por Ações, criada para participar de outras empresas como sócia ou acionista, passando a controlá-la) ou coligada (de conformidade com o artigo 1097 do Código Civil Brasileiro, consideram-se coligadas as sociedades que, em suas relações de capital são controladas, filiadas, ou de simples participação no capital e ainda, conforme art. 1099 do mesmo Código, diz-se coligada ou filiada a sociedade de cujo capital outra sociedade participa com dez por cento ou mais, do capital da outra, sem controlá-la), como também podem ser formados por investimentos de pessoa física, a exemplo das cooperativas, apesar destas também poder ser constituídas por pessoas jurídicas (cooperativas de lojistas, por exemplo).

Considerando-se, para ilustração, uma economia sem governo, é possível representar graficamente, conforme ilustração abaixo, todo o desenvolvimento operacional desse mercado, considerando uma economia de livre concorrência, sem governo.

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Yd = C + I Yo = C + I

No equilíbrio: Yd = Yo = Y

Y = C + S

Ilustração 1 - Representação gráfica do fluxo de produtos, recursos produtivos e do dinheiro.

Legenda:= Fluxo de bens e serviços.= Fluxo de dinheiro.

O fluxo de dinheiro nas empresas, conforme ilustração acima, tem origem tanto pela remuneração dos produtos demandados pelas famílias (bens ou serviços adquiridos), como pela injeção de recursos, na forma de capital, por aplicação da poupança por parte de famílias, podendo ainda este ocorrer por financiamento da atividade produtiva. É nesta última, que se depara com as instituições financeiras, onde estão inclusas as cooperativas de crédito.

1.2 O enfoque da aplicação da Renda Nacional

Grandes expressões financeiras, dentro do cooperativismo, ainda são poucas, mormente no Brasil, entretanto, as pequenas cooperativas, quando trabalham em alinhamento (parceria) com empresas, estão propiciando a estas, pequenos adiantamentos, pequenos financiamentos de curtíssimo prazo, além de serviços inestimáveis de arrecadação de seus recebíveis, endosso em seus contratos de empréstimos e de aquisição de bens e serviços em contratos de grande monta.

Essa parceria entre empresa e cooperativa e saudável e conveniente para ambas. Uma boa contrapartida da empresa para com a cooperativa é o pagamento de seus empregados através desta última. Entretanto, uma cooperativa, em relação a um Banco, sente mais a saída da folha de pagamento de uma empresa, devido ao seu pequeno volume de negócios (estudado no Capítulo XI), podendo ser causa de grandes problemas com inadimplências dos cooperados.

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Utilização dos Recursos

Produtivos no Processo de

Produção

RECURSOS PRODUTIVOS:- Terra- Capital - Trabalho- Capacidade

Gerencial

NEGOCIAÇÃO DE PRODUTOS

NEGOCIAÇÃO DE FATORES

FAMÍLIAS EMPRESAS

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Um fato não pode, verdadeiramente, sair da mente dos diretores administradores dessas cooperativas: é que elas são exatamente de crédito e como tal devem ser operacionalizadas, correndo os riscos necessários, os quais devem sempre ser minimizados através de amarrações cabíveis, visando o retorno do dinheiro aplicado.

10 6

1 2 4 7 8 9 10-A

5 12 6 5

(11)

3

11

Ilustração 2 – Representação gráfica da aplicação da poupança gerada na economia.Fonte: Autor.

Legenda dos fluxos financeiros acima:

Código Descrição1 Parcela de Consumo da renda.2 Parte poupada (não consumida) da renda nacional.3 Aplicação direta de famílias, no capital de uma empresa.4 Aplicação no mercado financeiro, através de seus instrumentos

como caderneta de poupança, CDB, fundos, etc.5 Aplicação poupança de famílias/ associados, em outras empresas.6 Empréstimo de uma instituição financeira à empresa.7 Subscrição de capital social de uma empresa por uma instituição

Financeira, onde se inclui as cooperativas de créditos.8 Empréstimo ou subscrição de capital em outras empresas.9 Aplicação de outras empresas no mercado financeiro.

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RENDA NACIONALY = C + S

CO

NS

UM

O (

C)

PO

UPA

A (

S)

COOPERATIVA DE CRÉDITO

PASSIVO CIRCULANTE

(Fontes de recursos)

PASSIVO NÃO CIRCULANTE

Exigível a Longo Prazo

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

(Capital Próprio)

FAM

ÍLIA

S /

AS

SO

CIA

DO

S

OUTRAS EMPRESAS /

COOPERATIVAS

MERCADO FINANCERIO E DE CAPITAIS

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10 Underwriting de capital: Um banco (ou cooperativa de crédito) capta poupança no mercado para aplicá-la em créditos: bônus, títulos, commercial papers, debêntures de empresas.

11 Subscrição de capital social da cooperativa, pelos associados.12 Empréstimo entre empresas/cooperativas, através de contrato de

mútuo.

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CAPÍTULO II – ANÁLISE ESTRUTURAL DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

1. Atos e fatos registrados na contabilidade e instrumentos de registro.

Para se efetuar uma análise de uma das demonstrações financeiras, necessário se torna um razoável embasamento teórico-prático para que se possa tirar conclusões e indicações dos melhores caminhos a serem palmilhados, na consecução dos objetivos definidos para a empresa, mediante estratégias específicas para o seu crescimento e o desenvolvimento econômico e financeiro.

De certa forma, todas as informações acumuladas e processadas, no decorrer do exercício, pela contabilidade, são comunicadas aos usuários desta, por intermédio das demonstrações financeiras.

A lei determina que ao cabo de um exercício fiscal (social), devem ser elaboradas as demonstrações financeiras de forma a exprimir com clareza a situação patrimonial e financeira da empresa, bem como as mutações ocorridas durante esse exercício.

Uma análise gerencial inicia-se pelos Atos e Fatos registrados pela Contabilidade e as peças que condensam registros finais de cada período são, para efeito do presente trabalho, as seguintes:

- O Balanço Patrimonial e Balancete de Verificação, um dos objetos do nosso estudo.

- O Demonstrativo de Resultados do Exercício (DRE).

- Demonstração dos Fluxos de Caixa e (antes, Demonstrativo de Origem e Aplicação de Recursos, alterado pela Lei 11.638/2007).

- Se companhia aberta, demonstração do valor adicionado.

1.1 Balanço Patrimonial (BP)

– Também denominado de Balanço Geral, é obtido à vista das informações constantes de Balancetes de Verificação. Dessa forma, para se obter um Balanço Patrimonial, atribui-se aos componentes patrimoniais ativos, as contas patrimoniais as contas com saldos devedores e aos componentes patrimoniais passivos, as contas com saldos credores.

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O Balanço Patrimonial, como peça exigida pela lei 6.404/76, é processada ao final de cada exercício fiscal ou período pré-determinado por autoridade controladora competente, como é o caso das Instituições Financeiras em que o Banco Central do Brasil exige as demonstrações contábeis definam períodos de apuração de resultados, de seis em seis meses. Esse instrumento, segundo Marion (1985: p. 43), “demonstra a saúde financeira da empresa” e contém todas as contas patrimoniais em ordem decrescente de liquidez.

O Balancete, também chamado de balancete de verificação, tem a mesma estrutura de componentes do Balanço Patrimonial e é a forma de se demonstrar a saúde da empresa, em períodos mais curtos, ou seja, mensalmente. Este instrumento é igualmente exigido das instituições financeiras controladas pelo Banco Central do Brasil, recebendo-os com data previamente agendada.

1.2 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)

– Também chamada de Demonstração de Sobras (Lucros) e Prejuízos (Perdas). Essa demonstração inclui a apuração do resultado bruto e do resultado líquido. Oferece um maior número de dados para análise.

1.3 Demonstração do Fluxo de Caixa e do Valor Adicionado.

– De conformidade com a Lei 11.638/2007, que alterou, dentre outros, o art. 176 da Lei 6.404/1976, traz como novidade a extinção do Demonstrativo de Origem e Aplicação de Recursos – DOAR e, em seu lugar, a exigência do que trata os incisos:

I – demonstração dos fluxos de caixa – as alterações ocorridas, durante o exercício, no saldo de caixa e equivalentes de caixa, segregando-se essas alterações em, no mínimo, 3 (três) fluxos:

        a) das operações;

        b) dos financiamentos; e

        c) dos investimentos;

II – demonstração do valor adicionado – o valor da riqueza gerada pela companhia, a sua distribuição entre os elementos que contribuíram para a geração dessa riqueza, tais como empregados, financiadores, acionistas, governo e outros, bem como a parcela da riqueza não distribuída.

As demonstrações financeiras devem ser complementadas, para melhor esclarecimento e compreensão do ocorrido durante o exercício social, com notas explicativas, quadros analíticos, gráficos ou mesmo outras demonstrações contábeis necessárias para um perfeito entendimento.

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CAPÍTULO III – DESENVOLVIMENTO DA ANÁLISE DO BALANÇO PATRIMONIAL/BALANCETE.

Tem-se aqui uma preocupação definitiva em não se ater especificamente aos indicadores econômico-financeiros calculados a partir do Balanço Patrimonial, mas sim, em analisar a capacidade operacional da cooperativa (empresa) em gerar riquezas suficientes e que lhe dê a rentabilidade esperada pelos seus Associados (ou quotistas e acionistas).

Uma análise completa deve levar em conta, tanto as informações internas oriundas da contabilidade, da área comercial, financeira e da área responsável pelo planejamento estratégico dos negócios, que possivelmente será a Diretoria Executiva, em conjunto com o Conselho de Administração, ouvido o Conselho Fiscal, de preferência, mas também considerará fatores e informações externas, tais como dimensões de sua área de atuação, possibilidades de ampliação do negócio, fontes de obtenção de recursos, necessidades dos associados em termos de produtos e negócios, concorrência de outras instituições financeiras como as do micro créditos, legislação, normas e pareceres das instituições controladoras como o Banco Central do Brasil e a própria Central a qual está vinculada a cooperativa.

Com relação às informações contidas no Balanço Patrimonial/Balancete de verificação, podemos dizer que está composto de duas partes distintas. A primeira a parte cujas informações estão colocadas do lado esquerdo, estão posicionadas todas as Aplicações de Recursos efetuadas na cooperativa e a segunda, trata-se das informações colocadas na direita da estrutura do Balanço/ Balancete e que demonstra a estrutura das Origens dos Recursos veiculados dentro da instituição.

Abaixo, a estrutura de um Balanço Patrimonial/Balancete de Verificação, para se iniciar uma demonstração de análise:

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Ilustração 3 – Balancete de Verificação dos meses de Janeiro e fevereiro de X1 – Desenvolvido nos moldes da Lei 6.404/1976, alterada pela Lei 11.638/2007 e pela MP 449/2008.Fonte das informações de valores: O Autor

Observa-se que a apresentação da Receita e Despesa, no Passivo Não Circulante, é apenas uma maneira de facilitar as formas de análise, expondo mais informações além das exigências oficiais de apresentação do Balanço.

Ao se analisar um demonstrativo contábil como o balanço (ou o balancete) patrimonial, entende-se que essa análise deve ser suficientemente clara e evidenciar dados confiáveis de uma contabilidade bem dirigida da qual o analista, através de determinação de índices gerais, possa obter conhecimentos: em primeiro lugar, sobre a real representatividade das informações apresentadas e depois sobre quais acontecimentos internos e externos à cooperativa (empresa) contribuíram para os resultados alcançados.

1. Informações mínimas para um relatório de análise.

Um relatório de análise econômico-financeira de uma cooperativa pode ser estruturado da seguinte maneira:

– Índice;

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– Objetivo da Análise;– Informações e Dados Básicos;– Indicadores Selecionados;– Planilha de Informações - Conclusões Específicas;– Conclusões Gerais;– Anexos (Quadros, Tabelas, Gráficos, etc.)

1.1 O Índice

Para expressão de uma boa organização do trabalho, este deverá conter um índice bem organizado onde qualquer pessoa à qual for dirigido o trabalho possa obter informação da localização de cada assunto pelo qual interessar de imediato. Esse índice deve ainda ressaltar títulos de assuntos em destaque ou que deverá chamar a atenção em caso da necessidade de tomada rápida de decisão.

1.2 Objetivo da Análise

A análise deverá ser corriqueira, ou periódica, pois a evolução da cooperativa deve ser acompanhada par e passo, assim como todas as vezes que surgir alguma dúvida sobre o comportamento ou resultado das informações e/ou das pessoas envolvidas no processo. Dessa forma pode-se classificar a análise, conforme acima como periódica e especifica. De qualquer forma, essa classificação já serve para orientar a enumeração dos objetivos a serem atingidos com a análise proposta.

1.3 Informações e Dados Básicos

Para dar idéia às pessoas para as quais se destinam o Relatório de Análise do nível de aprofundamento da análise, necessário se torna informar o conteúdo do caminho palmilhado na análise, a totalidade dos documentos analisados e todas as informações extras conseguidas para composição desse trabalho de análise.

1.4 Indicadores Selecionados

Dependendo dos objetivos definidos para o trabalho, escolhe-se também os indicadores a serem utilizados/calculados. Em caso de uma análise periódica, sugere-se tornar praxe a utilização de uma quantidade maior possível de indicadores para que não se tenha como conseqüência da relegação de alguns deles, a não observação de ocorrências importantes dentro da cooperativa.

1.5 Planilha de Informações/Conclusões Específicas

Dentro de um trabalho de análise, o analista tem a priori, definido os seus objetivos e, com isso, há necessidade de se priorizar as respostas aos questionamentos

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implícitos naqueles, assim como algumas particularidades que julgar necessário fazer detalhamento e ressalte no trabalho apresentado.

1.6 Conclusões Gerais

A opinião formal do analista financeiro é muito importante para as conclusões a serem tomadas posteriormente pela Diretoria Executiva quer isoladamente, quer em conjunto com o Conselho de Administração, dependendo das complexidades dos acontecimentos.

1.7 Anexos

Todo relatório é composto de um relato descritivo bem como de demonstrações numéricas, gráficas, fotos, etc. que complementam e demonstram a origem ou o porquê das conclusões apresentadas, comprovando-as de certo modo.

2. A Análise do Balanço Patrimonial/Balancete de Verificação

Vale ressaltar que analisar resultados por intermédio de índices nos parece uma preocupação com uma situação muito particular em determinado período. Com certeza isto nos faz perceber a necessidade de uma visão mais globalizada, ou seja, a de indicar como a cooperativa (empresa) evoluiu nesse período, bem como, quanto cada item de controle analisado, representa no total geral ou parcial, conforme se pretende analisar.

Na análise do Balanço Patrimonial ou Balancete de Verificação, pode-se relacionar as seguintes formas de análises: Análise Horizontal e Análise Vertical.

2.1 Análise Horizontal

A análise horizontal demonstra a tendência do índice analisado, ocorrida de um período para outro, traduzindo dessa maneira o aspecto dinâmico da análise, o seu comportamento no período em observação.

2.2 Análise Vertical

Esta análise é feita entre contas e o total das mesmas ou se uma seqüência, informando, portanto o total de participação de cada uma delas, no contexto geral. Por outro lado, comparando esses resultados, entre períodos, pode-se concluir pelas tendências e evoluções dos elementos analisados.

Um Elenco de Contas compõe-se de contas e subcontas, daí a possibilidade de se analisar também qual o nível ou percentual de participação de cada subconta no total da conta. Essa análise se caracteriza como estática, uma vez que relaciona valores que

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expressam apenas um momento; entretanto, é muito importante, por exemplo, saber quanto o valor do aluguel pago representa no total das despesas administrativas.

3. Exercitando a Análise Horizontal e Vertical

3.1 Análise Horizontal (AH) das disponibilidades:

Período X0: R$ 2.000.000,00 Período X1: R$ 2.400.000,00

AH = [( 2.400.000,00 – 2.000.000,00) -1] = 0,2 ou 20 % se multiplicar por 100. 2.000.000,00

A Análise Vertical, dentro de cada demonstrativo contábil tem-se blocos de contas e a Análise Vertical serve para mostrar a participação de cada componentedo bloco, no todo.

Como exemplo tem o Ativo, como um bloco de contas, que é composto de: Ativo Circulante e o Ativo Não Circulante, este último composto por Realizável a Longo Prazo, investimentos, imobilizado e intangível. Essa análise pode demonstrar qual a proporção de cada um desses componentes, no total do Ativo, facilitando a análise, por exemplo, do nível de imobilizações efetuadas entre todas as aplicações do Ativo.

3.2 Análise Vertical (AV) do Ativo:

Contas: Período X0 AV(%) Período X1 AV(%)Ativo Circulante R$ 2.000.000,00 46,52 R$ 2.400.000,00 47,06Ativo Não CirculanteRealizável a Longo Prazo R$ 1.500.000,00 34,88 R$ 1.820.000,00 35,69Imobilizado R$ 800.000,00 18,60 R$ 880.000,00 17,25TOTAL DO ATIVO R$ 4.300.000,00 100,00 R$ 5.100.000,00 100,00

O resultado da Analise Vertical acima é processado da seguinte maneira: Considera-se 100% o total do Ativo que foi caracterizado como o grupo de contas a ser analisado, após isto, relaciona-se cada conta a esse total e o resultado é multiplicado por 100 para se ter o valor obtido, em percentual.

No caso em questão, o Ativo permanente representa apenas 17,25 % do total das aplicações em ativos e, dependendo do tipo de negócios, esse resultado pode ser ótimo, bom ou ruim. A princípio se observa que a cooperativa sendo uma instituição financeira, cuja matéria prima de trabalho é o dinheiro líquido, quanto mais houver aplicações sem retorno, significa que está havendo empate de capital, reduzindo o montante aplicado no processo produtivo.

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4. Cálculo do valor do Patrimônio de Referência Exigível

Consiste em verificar se a cooperativa tem, em seu Patrimônio Líquido Ajustado (Patrimônio apurado com o Balancete de Verificação, representando o capital próprio), um valor suficiente para cobrir o percentual definido pelo Banco Central como suficiente para cobertura do risco que representa o Capital Circulante aplicado em contas do Ativo e relativo à atividade operacional da cooperativa. Aponta-se na ilustração abaixo, os elementos necessários e método de cálculo do Patrimônio de Referência Exigível.

Ilustração 4 – Cálculo do PRE – Patrimônio de Referência Exigido e da Exigência de Capital (EC).

Vale observar que o capital requerido, antes denominado de Patrimônio Líquido Exigido – PLE, passou a ser dado como Patrimônio de Referência Exigido – PRE, por força da Resolução nº. 3.490, de 29 de agosto de 2007, expedida pelo Banco Central do Brasil - BCB. Esta Resolução aprimora a estrutura regulamentar do montante de capital a ser mantido pelas instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo próprio BCB.

Para as cooperativas de pequeno porte e que não possuam exposição cambial, é

facultada a apuração do PRE, apenas com base em Parcela referente às exposições ponderadas por fator de ponderação de risco - OEPR, a elas atribuído e Parcelas referentes ao risco operacional - POPR.

De qualquer forma, o administrador financeiro da cooperativa deve estar familiarizado com a Circular 3.360, de 12.07.2007, expedida pelo Banco Central do Brasil – BCB e as orientações que se sucederem para não deixar passar despercebidas quaisquer possíveis alterações necessárias nos controles.

4.1 Total de Fator de Risco

Trata-se do volume de recursos do Ativo Circulante, expressos nas contas relacionadas abaixo, das Instituições Financeiras, dentre elas as Cooperativas de Crédito, o qual apresenta, por se tratarem de aplicações de recursos, risco das operações que as envolvem.

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Neste cálculo levamos em conta como fator de risco, todo o volume de recursos de posse da Instituição Financeira (Cooperativa de Crédito) e retratado nas contas abaixo, definidas pela Circular 1273, de 29 de dezembro de 1987, do Banco Central do Brasil, a qual tornou obrigatória a adoção do Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional – COSIF, são elas:

a) - Disponibilidades;b) - Relações Interfinanceiras;c) - Operações de Crédito;d) - Provisão para Operações de Crédito com Liquidação Duvidosa;e) - Outros Créditos ef) - Outros Valores e Bens.

a) Disponibilidades

Englobam todo o dinheiro existente em caixa, tesourarias e bancos. Considerando que todo balanço/balancete é processado em uma data previamente definida para o “cut off” (corte), em algumas cooperativas, dependendo da estrutura, poderão ou não ter a figura da tesouraria. Caso tenha os dois, o Caixa Geral será a soma dos valores não depositados existentes nessas estruturas. Muitas vezes os valores não depositados poderão estar apenas nas tesourarias, outras vezes, além dos valores nas tesourarias, poderão ter pequenos valores destinados a troco, nos caixas.

O administrador financeiro deve estar sempre atento caso seus caixas ou suas tesourarias estiverem com crescentes estoques de valores. Há possibilidade de que esses recursos estarem sendo desviados e, por conseqüência, não depositados e utilizados fora do contexto da cooperativa, por apropriação indébita do tesoureiro responsável pelo depósito desses valores.

Necessário se torna verificar a existência de ocorrências de registros das dificuldades por ventura encontradas para efetuar depósitos. Pode acontecer de se ter, um dia ou outro, problemas com transportes de valores, por questões principalmente de horários da coleta destes, pode acontecer ainda ocorrer necessidade de maior volume de dinheiro em caixa para fazer troco durante a operacionalização das atividades dos caixas, ou outra justificativa plausível por não se ter efetuado os depósitos necessários.

Além disso, vale ainda ressaltar, por questão de segurança, não se deve ter nem muito dinheiro em tesouraria, dentro ou fora do expediente, e muito menos em caixa visto que os mesmos ficam à mercê da observação pública.

b) Relações Interfinanceiras e Interdependências

Retratam os valores de terceiros obtidos conforme relação de contas abaixo:

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b.1 Serviço de Compensação de Cheques e Outros Papéis – Trata-se dos registros dos cheques e outros papéis compensáveis, enviados ou não alcançaram a sessão de troca da Câmara de Compensação (Sistema de Liquidação), para tal fim.

b.2 Créditos Vinculados/Obrigações Vinculadas – Informa-se nesta conta todos os depósitos centralizados (depósito na central de cooperativas/Banco ao qual a cooperativa está vinculada), compulsórios ou vinculados a operações especiais, os quais são registrados pelos seus respectivos valores e atualizados segundo sua movimentação.

Neste caso, estamos considerando que a cooperativa não dispõe de valores em moedas estrangeiras, depositados no Banco Central/Banco controlador, com rendimentos periódicos.

b.3 Repasses Interfinanceiros – Nesta subseção de contas, são registrados os créditos não repassados de instituições com as quais se mantém contrato de prestação de serviços, devendo ser contabilizados por natureza dos recursos, conforme normas contábeis em vigor e segundo as características de cada operação contratada.

b.4 Relações com Correspondentes – Os correspondentes cooperativos (ou bancários), prestam serviços para a cooperativa e a movimentação financeira gera depósitos ou saldos não depositados por restrição imputada pelo horário de atendimento bancário.

b.5 Recursos em Trânsito de Terceiros – São recursos cujo processamento do crédito correspondente a terceiros encontra-se em processamento interno, dentro das diversas dependências da cooperativa, ou seja, não foi possível processar no mesmo dia da solicitação. Estão inclusos nesta subseção:

b.5.1 Ordens de Pagamento – São documentos oriundos de outra cooperativa de crédito ou de uma instituição bancária que geram valores a serem creditados em contas correntes previamente autorizadas;

b.5.2 Cobranças de papéis de terceiros – Está relacionado aos boletos emitidos por bancos conveniados com o banco ao qual a cooperativa está vinculada ou papéis de convênios próprios.

b.5.3 Recebimentos, também de valores para terceiros – refere-se aos valores, cujo recebimento tem a anuência de contrato ou outro documento autorizativo.

b.5.4 Pagamentos por conta de terceiros – Assim como outras entidades autorizam recebimentos, podem também fazê-lo pelos mesmos meios, as autorizações de pagamentos.

b.6 Transferências Internas de Recursos – São movimentações internas de recursos entre dependências e departamentos e que na ocasião da execução dos

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lançamentos correspondentes não representem alterações nas posições de direitos ou obrigações em relação a terceiros.

c) Operações de Crédito

– Compõe-se de valores aplicados no crédito em geral, tais como: Crédito Pessoal, Cheque Especial, Descontos de Cheques, Adiantamentos a Depositantes, Cartão de Crédito, Ordem de Crédito, e outras que a Direção da cooperativa instituir.

d) Provisão para Operações de Crédito com Liquidação Duvidosa

- Trata-se de provisionamento necessário para fazer face às inadimplências de associados, quanto ao pagamento de seus débitos junto à cooperativa e esta provisão é necessária para a reserva recursos destinados ao giro do negócio. Conforme Resolução nº. 2682, do Banco Central do Brasil – BCB, artigo 6º incisos de I a VII, essa provisão deve ser constituída mensalmente, não podendo ser inferior a soma decorrente da aplicação dos percentuais listados abaixo e sem prejuízo ainda da responsabilidade dos administradores das instituições pela constituição de provisão em montantes suficientes para fazer face a perdas prováveis na realização dos créditos.

i) 0,5% (cinco décimos por cento) sobre o valor das operações classificadas como de risco nível A;ii) 1% (um por cento) sobre o valor das operações classificadas como de risco nível B;iv) 3% (três por cento) sobre o valor das operações classificadas como de risco nível C;v) 10% (dez por cento) sobre o valor das operações classificados como de risco nível D;vi) 30% (trinta por cento) sobre o valor das operações classificados como de risco nível E;vii) 50% (cinqüenta por cento) sobre o valor das operações classificados como de risco nível F;viii) 70% (setenta por cento) sobre o valor das operações classificados como de risco nível G;ix) 100% (cem por cento) sobre o valor das operações classificadas como de risco nível H.

Por se tratar de um item de elevada importância dentro do necessário controle financeiro da cooperativa, ressalta-se ainda que a Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa deve ser constituída sobre o valor contábil dos créditos mediante registro a débito da conta de DESPESAS DE PROVISÕES OPERACIONAIS e a crédito da adequada conta de provisão para operações de crédito. No caso de insuficiência, reajusta-se o saldo das contas de provisão a débito da conta de despesa. No caso de excesso, reajusta-se o saldo das contas de provisão a crédito da conta de despesa, para os valores provisionados no período, ou a crédito de REVERSAO DE PROVISOES

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OPERACIONAIS, se já transitados em balanço. Informação esta veiculada na Carta-Circular 2.899, item 12 – III do Banco Central do Brasil.

e) Outros Créditos

- O subgrupo Outros Créditos deve registrar, nos subtítulos abaixo, por nome de devedores, todos os valores dos créditos da cooperativa, junto a seus clientes, não enquadrados nas contas descritas nos itens anteriores. Compõe-se dos seguintes desdobramentos, cujos títulos são auto-explicativos:

e.1 Avais e Fianças Honrados;e.2 Câmbio;e.3 Rendas a Receber;e.4 Negociação e Intermediação de Valores;e.5 Créditos Específicos;e.6 Operações Especiais;e.7 Valores Específicos;e.8 Diversos;e.9 Provisão para Outros Créditos.

f) Outros Valores e Bens

- Este subgrupo de contas compõe-se do seguinte desdobramento de contas:f.1 Participações Societárias - Aquisições de ações e cotas de capital de empresa

de interesse sócio-econômico da região.f.2 Bens Não de Uso Próprio - Os bens não de uso próprio classificam-se no Ativo

Circulante e não se sujeitam a depreciação ou reavaliação.f.3 Material em Estoque - Os materiais adquiridos para uso ou consumo corrente,

tais como: material de escritório em geral, peças de reposição e, também, bens de consumo duráveis, até o limite permitido pela legislação fiscal, ou de vida útil inferior a um ano, devem ser contabilizados em MATERIAL EM ESTOQUE, ou levados diretamente a resultado a débito de DESPESAS DE MATERIAL.

f.4 Valores em Moedas Estrangeiras (caso as tiver) - As cédulas e moedas estrangeiras de propriedade da cooperativa contabilizam-se em DISPONIBILIDADES DE MOEDAS ESTRANGEIRAS e DISPONIBILIDADES DE MOEDAS ESTRANGEIRAS - TAXAS FLUTUANTES.

f.5 Despesas Antecipadas - São classificadas como despesas antecipadas as aplicações de recursos cujos benefícios ou prestação de serviços à cooperativa ocorrerão em períodos seguintes.

f.6 Mercadorias - Conta Própria - Integram o subgrupo MERCADORIAS - CONTA PRÓPRIA aquelas que forem adquiridas no mercado físico, em bolsas de mercadorias ou futuros.

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f.7 Provisão para Desvalorização de Outros Valores e Bens – Nesta conta, a cooperativa deve proceder a avaliação dos valores e bens, observando definidos na Circular 1273 do Banco Central do Brasil – BCB.

4.2 Patrimônio Líquido Ajustado (PLA)

– Os períodos para verificação da operacionalização da Cooperativa de Crédito são encerrados ao final de cada mês, assim como o são também em outras empresas. Dessa forma, são elaborados os balancetes de verificação em cada término de mês e apurado o resultado. Quando esse resultado é imediatamente incluso no Patrimônio Líquido do mês em referência, este passa a ser considerado como PLA, ou seja, Patrimônio Líquido Ajustado.

4.3 Índice do Ativo Ponderado pelo Risco – APR, atual (Apuração do Risco).

– Trata-se do Total do Fator de Risco (soma do Ativo Ponderado pelo Risco) dividido pelo Patrimônio Líquido Ajustado. Esse índice informa quantas vezes os valores contidos nas rubricas constantes do Fator de Risco, representam do Patrimônio Líquido Ajustado. Esse índice, nas cooperativas com patrimônio líquido negativo, ele será também negativo.

4.4 Fator do Ativo Ponderado pelo Risco – APR.

– Esse é o fator que define o Patrimônio de Referência Exigido – PRE. Atualmente, esse fator está prefixado em 0,11 e significa dizer que o mínimo exigido de Patrimônio da Cooperativa, para desenvolver, normalmente, suas operações, é de 11 % do Total de Fator do Ativo Ponderado pelo Risco, compreendendo às contas de - Disponibilidades; Relações Interfinanceiras; Operações de Crédito; Provisão para Operações de Crédito com Liquidação Duvidosa; Outros Créditos e de Outros Valores e Bens.

4.5 Patrimônio de Referência Exigido (PRE)

– Demonstra o nível do Patrimônio Líquido da cooperativa em relação ao mínimo que a mesma precisa manter para fazer face às aplicações de curto prazo existentes. Deve ser obtido tomando-se o Total do Fator de Risco, representado pelo Total do Ativo Ponderado pelo Risco (ver item 4.1, desta seqüência), multiplicado por Fator do Ativo ponderado pelo Risco – APR, atualmente definido em 0,11 pelo Banco Central do Brasil – BCB.

4.6 Exigência de Capital (EC)

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– Calcula-se esse valor, subtraindo o valor do Patrimônio Líquido Atualizado, do Patrimônio de Referência Exigido. Se o resultado for negativo, significa que a cooperativa necessita daquele valor para complementar seu Patrimônio de Referência Exigido, se o resultado for positivo, significa que a cooperativa tem um Patrimônio Líquido Atualizado maior que o Exigido.

5. Principais origens dos recursos para operação com o crédito

5.1 - Capital próprio (aquele registrado no Patrimônio Líquido, descontadas as aplicações já efetuadas, quer em Ativo Permanente e em Realizável a Longo Prazo, quer em centralização obrigatória de recursos como depósito compulsório ou outra aplicação que restrinja seu uso, se necessário, em atividade operacional);

5.2 - Recursos de depósito a prazo (depósitos dos associados cuja análise das condições contratuais para se tornarem líquidos, disponíveis, deve ser levada em consideração para se ter uma idéia do quanto desse valor pode ser aplicado no crédito e por quanto tempo);

5.3 - Recursos de outras instituições financeiras (oriundo de empréstimos por intermédio da Central e Bancos do sistema, ou tomados de outros Bancos com os quais a cooperativa mantém relações financeiras);

5.4 - Recursos de depósitos à vista que são todos os depósitos dos associados da cooperativa que podem ser requeridos a qualquer momento. Trata-se de recursos cuja utilização em crédito é muito perigosa dada a grande volatilidade do mesmo, deve-se trabalhar a média dos dias de maiores requisições (saques) desses valores, utilizando média diária desses dias e mesmo assim, utilizando apenas parcialmente essa média, na razão de no máximo 80 % da referida média, ficando os outros 20 % como margem de segurança.

A centralização de recursos, no percentual mínimo requerido, é uma necessidade para garantia, em parte, da saúde financeira da cooperativa, além do que se trata de fonte geradora de novos recursos, uma vez que é remunerada. Alguns administradores têm criticado a centralização compulsória de recursos, por reduzir a capacidade de realização de negócios, entretanto é um ‘mal necessário’, porque além da garantia parcial que representa, ainda evita a possibilidade dos gestores ‘afoitos’ levarem a cooperativa à falta de encaixes.

6. Indicadores Econômico-Financeiros

Dentro das contas evidenciadas no Balancete e/ou Balanço Patrimonial, podemos

efetuar diversas análises, através de cálculo de índices. Desses podemos destacar os seguintes índices econômico-financeiros:

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6.1 Índice que reflete o nível do comprometimento do Capital Próprio da cooperativa, em relação ao Capital de Terceiros (endividamento):

6.1.2 Participação do Capital de Terceiros – PCT.

– É um índice que informa quanto do Patrimônio Líquido está comprometido com endividamento da cooperativa (empresa).

Está representado pela fórmula:

PCT = CT x 100 PL

Legenda,

PCT = Participação do Capital de Terceiros;CT = Capital de Terceiros;PL = Patrimônio Líquido.

6.2 Índice que reflete o nível das imobilizações da cooperativa:

6.2.1 Índice de Imobilizações – Im.

– Esse índice retrata a participação do montante do Ativo Permanente no Patrimônio Líquido, índice este cobrado mensalmente pelo Banco Central do Brasil – BCB. Em uma instituição financeira, o principal fator de produção é o dinheiro, em espécie e, desta forma, imobilizar não é um bom negócio, a não ser que se tratar de minimização de risco (segurança), fazer parte de uma grande jogada de marketing, demonstrando solidez e objetivando ampliar o Patrimônio Líquido via novas inversões de capital, pelos associados já existentes ou novos.

O índice de imobilizações é assim calculado:

Im = ANC - RLP x 100PL

Legenda,

Im = Índice de Imobilizações;ANC = Ativo Não Circulante;RLP = Realizável a Longo Prazo;

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PL = Patrimônio Líquido.

6.3 Índices que refletem a capacidade da cooperativa em quitar seus compromissos:

6.3.1 Liquidez imediata – LI.

– relaciona o valor do disponível com o passivo circulante, demonstrando a capacidade de pagamento dos débitos de curto prazo com apenas as disponibilidades da empresa (cooperativa).

Disponível

LI = Passivo Circulante

Legenda,

LI = Liquidez ImediataDisponível = Soma das disponibilidades da cooperativa, ou seja, o

que ela tem em tesourarias e bancos.Passivo Circulante = Tomado do Balanço Patrimonial, no grupo de igual

denominação.

6.3.2 Liquidez Corrente – LC.

– Abarca todo o Ativo Circulante, relacionando-o com o Passivo Circulante. Sob o ponto de vista analítico é importante analisar a capacidade da cooperativa em saldar seus compromissos. Para isso, como já foi visto anteriormente, pode-se calcular o Índice de Liquidez Corrente (LC), fazendo o seguinte cálculo:

LC = ACPC

Legenda,

LC = Índice de Liquidez Corrente;AC = Ativo Circulante;PC = Passivo Circulante.

Isto nos remete a quanto do valor do Ativo Circulante temos para cobrir as obrigações evidenciadas no Passivo Circulante.

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6.3.3 Liquidez Seca – LS.

– Tem semelhança com o índice anterior, apenas com a retirada do Estoque, do Ativo Circulante, Tendo em vista que nas cooperativas de crédito, os estoques não são relevantes, este índice pode ser desprezado. Não é praxe da cooperativa formar estoques internos de material, mas conta-se com a disponibilidade destes, na praça, a qualquer momento cuja utilização se fizer necessária uma vez que a grande maioria do consumo interno trata-se de material de escritório.

Abre-se aqui, ainda, um parênteses para dizer que a cooperativa (empresa) pode contar com fornecimento de material (de expediente) de que precisa, bastando para tanto celebrar contrato de fornecimento com um ou mais fornecedores, por tempo determinado, depois de realizada tomada de preços na praça local ou fora dela, se for o caso. Em vista disso não vislumbra nenhuma necessidade de se formar estoques, empatando Capital de Giro muito importante para realização dos negócios.

O Índice de Liquidez Seca é representado pela fórmula:

LS = AC - EPC

Legenda,

LS = Índice de Liquidez Seca;AC = Ativo Circulante;E = Estoque;PC = Passivo Circulante.

6.4 Índices indicativos de Margens:

6.4.1 Margem Operacional Bruta – MOB.

– Indica a participação do Lucro Bruto, resultado da subtração do Custo dos Produtos (Serviços) Vendidos da Receita Bruta, no método do Custeio por Absorção (método oficial para o fisco) e, depois, dividindo-se o primeiro pelo último.

MOB = LB Rec

Legenda,

MOB = Margem Operacional BrutaLB = Lucro BrutoRec = Total das vendas de produtos da cooperativa, no período.

6.4.2 Margem Operacional – MO.

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Page 40: Gestão Econômica e Financeira de Cooperativa de Crédito

– Obtido relacionando o Lucro Operacional com as Receitas obtidas.

MO = LOReceitas

Legenda,

LO = Lucro OperacionalReceitas = Total das vendas de produtos da cooperativa, no período.

6.4.3 Margem Operacional Líquida – MOL.

– Relaciona o Lucro Líquido com o total das Receitas. É um índice que mede, sobremaneira, se a cooperativa (empresa) teve, no período (exercício), rentabilidade que comparada com rentabilidade de outras cooperativas (empresas), ou na falta do conhecimento da realidade de outras cooperativas (empresas), com a inflação adicionada à taxa média dos juros praticada pelo mercado, adicionando-se ainda a perspectiva de retorno esperada. O resultado obtido, mediante aspirações da Diretoria, pode ser tido ou não como satisfatório.

MOL = LLReceitas

Legenda,

MOL = Margem Operacional Líquida;LL = Lucro Líquido;Receitas = Total das vendas de produtos da cooperativa, no período.

6.5 Taxas de Rentabilidade:

6.5.1 Rentabilidade do Capital

– É observada relacionando o Lucro Líquido do período (exercício), com o Capital Social da cooperativa (empresa).

Qualquer empreendimento no setor produtivo deve ter rentabilidade superior à taxa de juros do mercado, com alguma compensação extra, justificada pelo emprego do trabalho intelectual dos dirigentes (a Capacidade de Gerenciamento que, no entender de

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vários autores, trata-se de mais um dos Fatores de Produção ou Recursos Produtivos) e pela escolha e risco de participação no negócio.

Acima da taxa de juros, cada gerente financeiro pode avaliar, mediante o conhecimento da capacidade do mercado em absorver margens operacionais mais vantajosas, e pelo nível de preços dos produtos (bens e serviços), pelo volume possível de negócios, pela capacidade de absorção da quantidade ofertada de produtos e pela demanda existente no mercado.

A Rentabilidade do Capital não pode ser, portanto, abaixo da taxa de juros praticada pelo mercado, nem como parte de uma estratégia temporária de marketing. Neste caso, o produtor, ao invés de perder seu tempo com o setor produtivo deveria aplicar o seu rico dinheirinho no mercado financeiro que estaria ganhando o equivalente à taxa de juros do mercado, sem necessitar de fazer esforços com o trabalho, “queimando fosfato”, por nada.

A Rentabilidade do Capital é dada relacionando-se o Lucro Líquido auferido no período (exercício), com Capital Social existente, de acordo com a fórmula que se segue:

RC = LLCS

Legenda,

RC = Rentabilidade do Capital;LL = Lucro Líquido;CS = Capital Social.

Observa-se que, para a contabilidade, parte do capital subscrito aplicado em imóvel, por exemplo, não é exigida, previamente a remuneração do referido valor aplicado. Em economia, além de se exigir remuneração particular para esse valor, previamente, exige-se ainda uma lucratividade mínima necessária para a permanência da empresa no mercado.

Conforme exemplos acima, o analista, após verificação do Resultado Líquido do Exercício (ou Lucro Líquido), através do instrumento contábil denominado de Demonstração do Resultado do Exercício – DRE deve acrescer, como se despesa fossem, nessa peça contábil: a) os valores correspondentes à correção monetária do capital próprio e b) a parcela de Lucro Necessário para destinação aos Fundos Estatutários, para só então, apresentar o resultado final da lucratividade, denominado, se positivo, de Lucros Extraordinários ou Lucros Econômicos.

Utilizando do método do Custo Variável efetua-se a seguinte formulação:

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6.5.2 Lucro Líquido (LL) sobre o Patrimônio Líquido Ajustado (PLA)

– Representa o quanto, cada unidade monetária do Patrimônio Líquido foi responsável pela geração daquela fração do Lucro Líquido. Nos casos em que a cooperativa (empresa) encontra-se em uma situação deficitária, com prejuízos acumulados, o Patrimônio Líquido Ajustado poderá ser menor que o Capital Social registrado e, neste caso, se a cooperativa volta a ter lucro, quanto maior for o percentual deste sobre o patrimônio líquido ajustado, menor será o tempo de sua recuperação financeira.

Em situação inversa, ou seja, quando a cooperativa tiver sobras acumuladas, o percentual de Lucro líquido sobre o PLA deverá ser sempre maior que a taxa de juros do mercado, para justificar a permanência no negócio. Caso contrário, a cooperativa (empresa) deveria fechar as portas e seus associados efetuarem aplicações das suas parcelas de capital, em outras instituições financeiras (bancos), tendo a mesma rentabilidade e sem os riscos do negócio.

Assim se expressa a fórmula do enunciado acima:

LL s/PLA = LL x 100PLA

Legenda,

LL = Lucro Líquido;

PLA = Patrimônio Líquido Ajustado.

6.5.3 Giro sobre o Ativo

– Indica quantas vezes o Ativo está contido no volume total das Receitas, de forma que essa relação expressa, por conseguinte, em trocadilho, quantas vezes o valor da Receita supera o valor do Ativo, dando, conseqüentemente, a quantidade de vezes em que o Ativo girou, no período (exercício).

Podemos constatar esse giro com a seguinte fórmula:

GA = Receitas AT

Legenda,

GA = Giro sobre o Ativo

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Receitas = Total das vendas de produtos da cooperativa, no período.AT = Ativo Total - Do Balanço Patrimonial/Balancete de Verificação.

6.5.4 Retorno sobre o Ativo (RSA) – Também chamado de Retorno Sobre Investimento (RSI) ou de “Return On Investiment” (ROI)

– Resulta da multiplicação da Margem Operacional Líquida pelo Giro do Ativo. Isso, deduzindo pelas fórmulas que compõem cada um dos componentes acima, implica em dizer que o resultado obtido refere a proporção do Lucro Líquido, sobre o montante dos Investimentos empregados no empreendimento (cooperativa) representado pelo total do Ativo, resultando na seguinte fórmula:

RSA, RSI ou ROI = MOL x Giro do Ativo.

Essa fórmula, quando efetuada as devidas deduções, resulta na seguinte:

RSA, RSI OU ROI = LL x Receitas.Receitas Ativo

Simplificando teremos,

RSA = LLAtivo

7. Controle e administração da Carteira:

7.1 Prazo Médio de Recebimento de Créditos (PMRC)

– É um valioso índice a ser considerado, quer quando a disponibilidade se torna reduzida, comprometendo a centralização de recursos (depósitos dos recursos líquidos), quer pela iminência prevista de baixa do volume de recursos a serem transacionados no(s) período(s) seguinte(s). Destaca-se ainda que ante a uma alta expectativa inflacionária, as operações de crédito devem ser feitas com previsão de retorno em um espaço de tempo mais curto.

Para tanto se utiliza da seguinte fórmula:

PMRC = Operações de Crédito x 30 diasReceitas de Crédito

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Legenda,

PMRC = Prazo Médio de Retorno de CréditosOperações de Crédito = É a soma dos montantes contidos nas contas:

Títulos e Valores Mobiliários Relações Interfinanceiras Operações de Crédito (-) Operações de Crédito de Liquidação

Duvidosa Outros Créditos Outros Valores e Bens

Receitas de Crédito = Total de receitas dos diversos tipos de créditos,no período.

Principais Receitas de Crédito = Rendas de Crédito Pessoal,Rendas de Financiamentos,Rendas de Cheque Especial,Rendas de Cartão de Crédito,Rendas de Adiantamento a Depositante.

7.2 Prazo Médio de Participação dos Depósitos (PMPD)

– Este índice tem uma importância vital para se ter, em média o retorno do capital exigido pelos depositantes e, conseqüentemente, a precaução de utilização de parte desse valor em período pertinente à indicação do índice.

Sua fórmula de cálculo é a seguinte:

PMPD = Depósitos totais x 30 diasTotal de Operações (Realizáveis a Curto Prazo)

Legenda,

PMPD = Prazo Médio de Participação dos DepósitosDepósitos Totais = Somatório de todos os tipos de depósitosTotal de Operações= Trata-se da soma dos montantes contidos nas contas:

Títulos e Valores Mobiliários Relações Interfinanceiras Operações de Crédito (-) Operações de Crédito de Liquidação

Duvidosa Outros Créditos Outros Valores e Bens

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ESTUDO DE CASO – Aplicação das fórmulas vistas e relativas aos índices Econômico-financeiros.

Composição dos Indicadores

Com base em informações contidas na Ilustração III – Balanço Patrimonial, o qual informa os resultados alcançados em dois períodos consecutivos, da Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Empregados Vinculados às Instituições “Dinheiro Sólido”, calcular os índices econômico-financeiros da cooperativa em questão, nos dois períodos demonstrados, esboçando uma análise simplificada dos mesmos.

Observa-se que os cálculos dos índices econômico-financeiros citados anteriormente, podem ser apresentados em forma de tabela, conforme abaixo, contendo sucintamente todos eles,

Ilustração 4 – Índices Econômico-financeiros.Fonte dos dados: O Autor

Interpretação dos indicadores.

Analisando os dados acima, conclui-se, em poucas palavras, o seguinte:

1) - Participação do Capital de Terceiro (Endividamento) – a Cooperativa está aumentando o seu nível de endividamento, ou seja, está aumentando a participação de capital de terceiros na empresa. Esse índice não pode ser analisado isoladamente, pois com capital de terceiros também se ganha dinheiro. Necessário se faz analisar, em conjunto, o custo desse capital com a taxa de retorno obtida. Caso esta última seja maior significa que o capital de terceiro é benéfico dentro da cooperativa.

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Endividamento % = CT/PL x 100

Legenda,

CT = Capital de TerceirosPL = Patrimônio Líquido

2) - Imobilizações – A administração da Cooperativa está reduzindo as suas imobilizações. Diga-se de passagem, que o índice máximo permitido para imobilização das cooperativas, pelo Banco Central do Brasil – BCB, é de 50 % do Patrimônio Líquido Ajustado (PLA).

Imobilização % = (ANC – RLP)/PL x 100

Legenda,

ANP = Ativo Não CirculanteRLP = Realizável a Longo PrazoPL = Patrimônio Líquido

3) - A Liquidez Corrente e Liquidez Seca têm por diferença entre si, o estoque. Tendo em vista que este último, na Cooperativa, é formado apenas de material de escritório e algumas peças de reposição para equipamentos de processamento de dados (Hardware), os estoques não deverão ter valores elevados e caso isto aconteça, fica patente algum procedimento incorreto. No caso em questão, os dois índices são semelhantes, pois o valor dos estoques (conta Almoxarifado) deve ser irrisório.

Liquidez Corrente (LC) = AC/PC

Legenda,

AC = Ativo CirculantePC = Passivo Circulante

Liquidez Seca (LS) = (AC – E)/PC

Legenda,

AC = Ativo CirculanteE = EstoquePC = Passivo Circulante

4) - Margem Operacional Líquida (Rentabilidade) é calculada relacionando o Lucro Líquido com a Receita Total, dado em percentual. No caso em análise, a rentabilidade no primeiro período foi de 14,18 % e no segundo período foi de 19,80 %. Essa rentabilidade, apesar de crescente de um período para o outro, é satisfatória? Considerando um sistema inflacionário da Economia, da ordem de 6% a.a., a rentabilidade nos dois períodos se sobrepôs à inflação em algo da ordem de 100 % a

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pouco mais de 200 % desta. Com a rentabilidade nunca se deve estar contente com o resultado obtido pois a melhor rentabilidade para os negócios econômico-financeiros é a máxima possível de ser obtida (maximização de rendimentos - lucros).

Margem Operacional Líquida (MOL) % = LL/Receitas x 100

Legenda,

LL = Lucro Líquido

5) - Lucro Sobre o Patrimônio Líquido, cujo cálculo é efetuado dividindo o Lucro Líquido pelo Patrimônio Líquido Ajustado. Sendo este último a expressão do Capital Próprio empregado no empreendimento (na Cooperativa), aqui também se espera uma rentabilidade possível, cada vez melhor, baseada nos objetivos traçados pelo Planejamento Estratégico dos Negócios. Um capital, ao ser empregado no mercado financeiro, tem uma rentabilidade mesmo sem o seu proprietário necessite fazer muito esforço, entretanto, ao empregá-lo no processo produtivo (na constituição de um empreendimento produtivo qualquer, podendo ser a própria cooperativa), esse capital deve render mais do que no mercado financeiro tendo em vista uma série de fatores tais como: risco da atividade, esforço empresarial empregado no processo, necessidade de expansões futuras do negócio, dentre outros objetivos preconizados pela gestão do negócio.

Lucro Líquido (LL) sobre Patrimônio Líquido (PL) % = LL/PL x 100

6) - Giro sobre o Ativo – GA, obtido através da relação entre a Receita Total – RT e o Ativo Total – AT, mostra a proporção do volume de recursos retornados à cooperativa, em relação ao total dos investimentos efetuados. O volume de recursos também define a lucratividade uma vez que em um produto com demanda elástica, ou seja, cuja quantidade negociada corresponde um percentual maior de variação que a atratividade proporcionada, que pode ser uma redução de preço do mesmo, É sabido que o preço do capital é o juro, portanto, uma pequena redução percentual na taxa deste pode proporcionar um percentual maior na demanda do crédito, por exemplo.

GA = RT / AT

7) - Retorno sobre o Ativo – RSA, caracterizado pela relação entre a Margem Operacional Líquida – MOL e o Giro sobre o Ativo – GA, isto vem a evidenciar a margem de lucro sobre os investimentos efetuados que podem ser representados também em percentual.

RSA = MOL / GA

8) - Prazo Médio de Recebimento de Crédito, calculado com a multiplicação do montante das Operações de Crédito por 30 (trinta) dias, dividindo-se pelo montante das Receitas (Receita Total – RT). Com isso obtemos, em média, por quanto tempo (em dias) estamos emprestando o dinheiro da Cooperativa. Esse instrumento serve também para analisar se não se está promovendo um longo prazo para retorno do Capital de

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Giro da Cooperativa, correndo riscos de uma inadimplência coletiva causar sérios problemas futuros. Essa inadimplência coletiva, na cooperativa, é muito fácil de acontecer, pois ela geralmente opera com associados de uma mesma classe ou categoria de trabalhadores e uma retirada do crédito da folha de pagamento, na cooperativa, de forma brusca, sem um planejamento a longo prazo, causa, com certeza, grandes transtornos nos recebimentos dos créditos dados aos associados. No caso em análise, observamos que a cooperativa vem reduzindo seu prazo médio de recebimento de créditos, proporcionando assim uma maior liquidez imediata.

Prazo Médio de Recebimento de Crédito (PMRC) = Operações de Créditos x 30 dias/Receitas de Crédito

9) - Prazo Médio de Participação dos Depósitos (Curto Prazo – exercício fiscal), cujo cálculo é feito tomando o montante dos depósitos, multiplicando-os por 30 (trinta) dias e dividindo pelas contas Realizáveis em Curto Prazo, obtendo, em média, o tempo em dias em que os depositantes vão requerer seus depósitos.

Prazo Médio de Participação dos Depósitos (PMPD) = Total dos Depósitos x 30 dias/Realizável a Curto Prazo

Observa-se ainda que esse cálculo possa ser feito com o total dos depósitos, conforme acima ou particularmente com cada um dos diversos tipos de depósitos existentes quando se pretende atentar para particularidades.

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CAPÍTULO IV – O CAPITAL PRÓPRIO E O CAPITAL DE TERCEIROS – INSTRUMENTOS DE ORIGEM DE RECURSOS

1. Formação do Capital Circulante

O Capital Circulante para proporcionar o giro dos negócios em uma instituição financeira, tal como na Cooperativa de Crédito é fundamental para o desempenho de suas finalidades, assim como em qualquer empresa.

Para a formação desse Capital Circulante, têm-se duas origens principais:

1.1 - O Capital Próprio O Capital Próprio constitui do montante investido na empresa (cooperativa) pelos

seus sócios-proprietários (os cooperados) quando da formação da mesma ou em aporte de recursos posteriores que no caso das cooperativas de crédito é feito através de uma capitalização mensal fixa, definida previamente nos estatutos.

Trata-se de uma fonte de recursos mais barata para a cooperativa. Entretanto, a contabilidade não adota critério de remuneração desses recursos e essa remuneração, acaba por conta da cooperativa ter ou não lucro ao final do exercício e este ser ainda destinado, conforme decidido em Assembléia Geral Ordinária – AGO, aos seus associados, como remuneração do capital investido.

Economicamente, entretanto, essa remuneração deve ser feita mediante uma definição do percentual requerido e cobrado do resultado líquido obtido, para só então se pensar em lucro econômico. Esta colocação será objeto de estudos no capítulo dedicado ao desenvolvimento do Modelo Econômico Descritivo (DRE Econômico).

1.1.1 Custo do Capital Próprio

Com relação ao Capital próprio, pensa erradamente quem julga que este não tem custo. O seu custo se compõe do seguinte:

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a) - Cobertura da inflação do período – todo dinheiro que não estiver aplicado em algum processo que obtenha rendimentos, está perdendo, pelo menos para a inflação;

b) - Cobertura de rentabilidade com aplicações financeiras - caso esses recursos fossem aplicados diretamente em outra instituição financeira, em poupança, prazo fixo ou outra aplicação qualquer, sem a preocupação de aplicá-lo no processo produtivo, como é o caso da aplicação de capital na constituição de uma cooperativa, esses recursos estariam obtendo rendimentos sem que o seu proprietário tivesse nenhum trabalho adicional. Veria trinta dias correr por mês, após o que buscaria seus rendimentos.

c) - Cobertura de rentabilidade prometida, aos associados e constante dos estatutos e/ou do regimento interno da cooperativa – é uma promessa feita aos associados de que, anualmente suas aplicações renderão aquele percentual mínimo.

d) - Cobertura de um percentual destinado para formação de um fundo para novos investimentos com os quais a cooperativa pode realizar seu crescimento econômico – toda empresa, para objetivar o crescimento, tem que se preocupar com recursos para tal.

Em todo negócio da iniciativa privada, deve-se pensar em procurar a maximização de lucros, dentro dos parâmetros do mercado para negócios cooperativos. Isto demonstra possibilidade de oferecer, além das remunerações acima referenciadas, um patamar de retorno para o capital investido, mais elevado do que o prometido e/ou oficializado, observando, contudo, os padrões de juros praticados pelas demais cooperativas para esse retorno não se tornar um expoente indesejável.

A maximização de lucros, entretanto, deve ser trabalhada via redução de custos e despesas, principalmente aplicando tecnologia (processo) com alto retorno garantido, correspondentes cooperativos, os quais substituem uma agência formal, por exemplo. Essas informações são ainda importantes para a formação da taxa de juros interna da cooperativa.

1.2 O capital de terceiros.

a) Depósitos à vista

Em uma instituição financeira, os recursos líquidos (dinheiro) para incremento dos

negócios têm origem, em parte, nos depósitos à vista, voluntários, efetuados pelos associados, constituindo-se em recursos de terceiros sem custo para a instituição e, pelo contrário, esses depósitos, quando efetuados no Banco ao qual a cooperativa está vinculada, através de sua Central, ele produz rendimentos importantes. Ressalta-se ainda a existência dos depósitos a prazo que se distinguem do primeiro, por serem remunerados de acordo com contrato entre a cooperativa e o cooperado, por um prazo determinado e a juros pré ou pós-fixados.

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Colocando o ponto de vista de que na cooperativa de crédito o seu principal produto de negociação é o próprio dinheiro, advém daí a necessidade de se ter um “Capital Líquido” (disponível) maior do que nas empresas de outros gêneros, uma vez que a mercadoria a ser vendida na instituição financeira é o próprio dinheiro.

A instituição financeira tem, porém uma capacidade de aumentar seus volumes de negócios, além dos valores existentes em caixa, quer de capital próprio, quer de terceiros por depósitos a vista ou a prazo. Chamamos a isto de “criação de moeda”.

Os cooperados, ao fazerem seus depósitos à vista, esperam a devolução dos mesmos, pela cooperativa, no momento em que necessitarem desses recursos. Essa necessidade do saque dos depósitos efetuado, pelo cooperado, entretanto, ocorre normalmente por intermédio da utilização de cheques e ainda de forma parcelada, São os que retiram o dinheiro de uma vez. Dessa forma, havendo cooperados fazendo depósitos e saques todos os dias, haverá sempre um valor médio de depósitos em caixa, o qual, parcimoniosamente poderá ser utilizado ressalvado a garantia do sistema, no percentual de 30 % dos valores movimentados a serem depositada compulsoriamente, no Banco a cujo sistema a Cooperativa está vinculada.

Os depósitos a prazo também terão o mesmo tratamento. Com isso, conclui-se pela necessidade de se estar sempre à procura de aumentar o número de associados, quer para fomentar as operações de depósitos à vista ou a prazo objetivando ter um volume maior de recursos disponíveis para aplicação, como também para possibilitar o aumento das operações de crédito de várias naturezas como: empréstimos, pequenos financiamentos e cheques especiais.

É importante ainda ressaltar que quando um cooperado faz um depósito, a cooperativa, contabilmente pelo método das partidas dobradas, cria um encaixe, a saber:

ATIVO PASSIVOEncaixe 100 Depósitos 100

Deve-se sempre levar em conta a necessidade de se analisar e acompanhar, par e passo, qual o percentual de exigência do dinheiro depositado, dia a dia para o caso dos depósitos à vista, pois esse percentual, a cooperativa terá que manter em caixa valor correspondente para atender à demanda de moeda para fins transacionais.

Considerando as exigências de saques diários serem de 20 % do valor dos depósitos, por exemplo, (um percentual relativamente alto se o número de associados for grande e baixo se o número de associados for pequeno), considerando ainda a existência do encaixe acima, de R$100,00, mantidos pela cooperativa, significa dizer que essa cooperativa tem condições de honrar os saques requeridos pelos seus associados, em até 5 (cinco) vezes 20 % de R$100,00.

Ou ainda, para um total de depósitos de R$100,00, com exigência de saques de apenas 20% desse valor, a cooperativa necessita manter em caixa, apenas o valor líquido de R$20,00.

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Valor do encaixe (disponibilidade) exigido = 0,20 x 100,00 = R$ 20,00

A disponibilidade acima será, portanto necessária para um volume de depósitos igual a R$ 500,00, ou seja:

R$20,00 atende a um depósito de R$100,00,

ou seja

R$100,00 = 5 vezes (valor do depósito em relação ao encaixe)R$20,00

Portanto, a exigência de R$ 100,00 em caixa (disponível) é para um Depósito Total = 5 x R$ 100,00 = R$ 500,00.

Em vistas disso, a mesma cooperativa poderá emprestar, a vários associados, depositando em suas respectivas contas correntes, até o valor de R$ 400,00, fazendo a mesma promessa de pagar os depósitos sempre que os depositantes o exigir, tendo em vista a disponibilidade mantida de 20 % do total de depósitos, ou seja, R$ 100,00 (0,20 x R$ 500,00). Assim, a contabilização dessa afirmativa passa a ser expressa, através do demonstrativo da movimentação abaixo, de contas do Ativo e do Passivo:

ATIVO PASSIVO

Encaixe 100Depósito inicial 100

Empréstimo para Cooperado A 200Depósito do Cooperado A 200

Empréstimo para Cooperado B 200 Depósito do Cooperado B 200

TOTAL ATIVO 500 TOTAL PASSIVO 500

Ilustração 5 – Exemplo de contas do Ativo e do Passivo, após Operações de Créditos.Fonte: O Autor

Ressalta-se ainda a necessidade imprescindível de manutenção diária de controle. Para tanto, a relação encaixes/depósitos (RED) deve estar sempre atualizada e será sempre igual ao percentual dos depósitos requeridos para saques.

Exemplificando e, ao mesmo tampo, formalizando a forma de controle aventada acima, podemos considerar como “RED” o percentual da relação encaixes/depósitos:

RED = Total dos encaixes (disponibilidades) x 100%

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Total dos depósitos.

Com esta medida para se ter conhecimento das variações na mudança de comportamento dos associados, quanto a exigência de liquidez dos seus depósitos, há necessidade de se fazer, periodicamente, o cálculo para atualização das Exigências de Saques, o qual exprime o Encaixe necessário a ser mantido, a saber:

Exigência de Saque = Saques Efetuados no Período x 100(Encaixe a ser mantido) Total dos Depósitos

Importante é observar que como Total de Depósitos, das equações acima, deve-se levar em conta, também, os vencimentos dos Depósitos à Prazo, citados a seguir. Em se tratando do movimento global de uma cooperativa, todo valor arrecadado para terceiros, após cumprimento do float, além de outros compromissos assumidos que envolvam pagamentos, deverão ser acrescidos no Total dos Depósitos e, seus repasses, como saques efetuados, ou simplesmente efetuar os cálculos de disponibilidades para tal, em separado.

b) Depósitos a prazo

Em uma cooperativa de crédito, muitas vezes, para se concorrer com a taxa de juros pagas pelos bancos, no depósito a prazo, há necessidade de se proporcionar vantagens adicionais, atrativas para esses depósitos, pelo menos até que os associados acostumem a essa prática. Tais vantagens podem ser escolhidas dentre as seguintes:

b.1 Depósitos premiados – Trata-se de sorteio de algum prêmio aos associados que fizerem depósitos a prazo na cooperativa, estabelecendo o período mínimo para tal. Dessa prática decorrerão suas variações, dependendo da criatividade da Diretoria da cooperativa.

b.2 Remuneração extra, fixa – Trata-se de um valor extra, estipulado por faixa de depósito efetuado, a saber: de R$ 500,00 a R$ 999,00 depositados, o associado terá creditado ao final de cada mês de vigência do contrato por prazo determinado, além dos juros contratados, o valor de R$ 2,50. Esse valor corresponde a 0,5 % do limite mínimo e corresponde ainda a 0,25 % do valor máximo da faixa acima. Idêntico critério poderá ser utilizado para faixas superiores de depósitos, além de se esperar a criatividade da Diretoria e às condições de obtenção de “spread” compensatório para se efetuar as variações possíveis dessa técnica para atração de recursos. Adotando-se uma remuneração em percentual, o valor final crescerá e, portanto se tornará mais atraente à medida que cresce o valor depositado.

b.3 Pagamento de taxa de juros maiores que as dos bancos – É mais uma prática que pode ser adotada, entretanto tem o inconveniente do crescimento do custo do dinheiro e a cooperativa, para ter uma maior eficiência econômica, deve primar por reduzir outros custos internos, minimizando-os sem, contudo afetar a qualidade mínima necessária ao bom atendimento aos associados.

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c) Empréstimos tomados para suprimento de caixa ou financiamentos

A cooperativa deve inicialmente, procurar recursos internamente, por meio de depósitos, à vista ou a prazo, sem deixar de lado a possibilidade de ampliação da capitalização. Caso esse recurso não seja suficiente para atender ao Volume de Negócios potencial, existente, esta pode se socorrer junto a Cooperativa Central à qual estiver vinculada, promovendo operação de empréstimo junto ao Banco do sistema que lhe dá suporte.

Todo empréstimo contraído, pela cooperativa, deve ser objeto de um planejamento estratégico inicial, cuja aplicação é imediata. Não se deve tomar empréstimo, via Central ou de qualquer outro modo, se não houver possibilidade de aplicação imediata. Todo empréstimo contratado, começa a correr juros à partir do dia em que houve o crédito e o intervalo entre a tomada e a aplicação, não há retorno compensatório.

O “spread” para cada aplicação deve ser bem calculado para que todas as operações venham a cobrir custos e as remunerações previstas como custos econômicos.

2. Cálculo da taxa de juros, interna, da cooperativa.

2.1 Taxa de juros mensais (i) = taxa da inflação mensal (TIM) + taxa correspondente ao Custo do Dinheiro (CD), que deverá ser sempre igual aos juros pagos nos depósitos a prazo + rentabilidade prometida aos associados (RP) + percentual para fundo de investimentos (FI) + “spread” relativo a taxa de lucratividade (TL) aquela efetivamente possível, objetivando o beneficio aos associados com juros finais abaixo do mercado (importante ressalte quando se trata de cooperativismo), mas que vise a maximização de lucros (ML). Ante essa possibilidade, ou seja, a utilização e prática de taxa de juros menores em relação ao mercado deve-se primar por uma escolha de uma taxa não tão reduzida a ponto de começar uma avalanche de associado para o crédito, endividando-se ao máximo ou mesmo alguns deles tomando empréstimos para atender uma demanda, não sua, mas de familiares e parentes em geral.

A taxa de juros da cooperativa deve estar, sempre e de preferência abaixo do mercado para ocorrer a possibilidade de oferta de alguma vantagem competitiva para os associados que são os proprietários da mesma, entretanto essas vantagens não devem ser tão baixa a ponto de reduzir a capacidade da cooperativa de obter retorno econômico.

Com esse conceito sob a formulação matemática, podemos afirmar que o fato de se estar procurando dar vantagens financeiras com juros abaixo do ofertado pelo mercado, não significa estabelecer uma taxa de juros em um patamar inconseqüente, sem nenhum fundamento objetivo, mas sim, baixo o menos possível.

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Ou seja,

i = TIM + CD + RP + FI + TL

Legenda,

i = Taxa de juros mensais (i de interest) TIM = Taxa da Inflação MensalCD = Custo do Dinheiro, que deverá ser sempre igual aos juros pagos

nos depósitos a prazo RP = Rentabilidade Prometida aos associadosFI = Percentual para Fundo de InvestimentosTL = “spread” relativo a Taxa de Lucratividade planejada

Na prática e utilizando dados mensais fictícios, pode-se obter o seguinte

resultado:

TIM = 0,6 % CD = 1,2 %RP = 0,5 %FI = 0,5 %TL = 1,0 %SOMA = 3,8 %

Esse somatório pode parecer elevado à primeira vista, mas se for observado que as taxas de juros da cooperativa poderão ser compostas da seguinte forma:

Crédito Pessoal = 2,0 %Hot Money = 4,0 % (duas vezes o crédito pessoal)Cheque especial = 7,0 % (Três vezes e meia o crédito pessoal)Inadimplência = 12,0 % (Seis vezes o crédito pessoal)

Se fizermos uma ponderação para as taxas acima, pelo percentual que cada uma representa na receita da cooperativa, em função de resultados obtidos pela cooperativa utilizada aqui como exemplo, podemos obter taxas como as seguintes:

Origem da Receita Valor AV %Crédito Pessoal 157.000 65Hot Money 29.000 12Cheque especial 42.000 17Inadimplência 14.000 6SOMA 242.000 100

Com os percentuais acima, obtidos pela Análise Vertical (AV), pode-se fazer a ponderação necessária:

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i = (2 x 65) + (4 x 12) + (7 x 17) + (12 x 6)65 + 12 + 17 + 6

donde,

i = 130 + 48 + 119 + 72 = 369 = 3,7 % 65 + 12 + 17 + 6 100

Portanto a taxa de juros média praticada por essa cooperativa é ainda menor que os 3,8 % da soma de taxas pretendidas feitas anteriormente, devendo, para alcançar o objetivo proposto, reduzir o custo do dinheiro e/ou majorar as taxas de juros cobradas.

ESTUDO DE CASO – Análise dos depósitos existentes na cooperativa, os encaixes existentes e a taxa média de juros praticada.

A Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos empregados na empresa Paga Bem Ltda., ao final do período X1 realizou os seguintes valores de receitas, conforme constam das contas abaixo:

Origem da Receita ValorCrédito Pessoal 165.000Hot Money 32.000Cheque especial 44.000Inadimplência 21.000

O planejamento para obtenção de cobertura da remuneração desejada dos recursos empregados no crédito, obedece aos seguintes percentuais:

TIM = 0,55 % CD = 1,05 %RP = 0,50 %FI = 0,60 %TL = 0,80%

Necessita-se analisar o processo e verificar se há Lucro Econômico (lucro após dedução de todas as destinações desejadas).

DESENVOLVIMENTO DO EXERCÍCIO:

Em primeiro lugar, deve-se fazer uma Análise Vertical (AV) das receitas obtidas com crédito, da seguinte maneira:

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Origem da Receita Valor AV (%)Crédito Pessoal 165.000 62,98 Hot Money 32.000 12,21 Cheque especial 44.000 16,79 Inadimplência 21.000 8,02 SOMA 262.000 100,00

Em segundo lugar, deve-se tomar o critério de formação das taxas de juros para os diversos tipos de créditos com os quais a cooperativa trabalha.

Crédito Pessoal = 2,0 %Hot Money = 4,0 % (duas vezes o crédito pessoal)Cheque especial = 7,0 % (Três vezes e meia o crédito pessoal)Inadimplência = 12,0 % (Seis vezes o crédito pessoal)

Em terceiro lugar deve ser feita uma ponderação entre as taxas encontradas com a Análise Vertical das receitas auferidas com créditos e as taxas praticadas com os diversos tipos de crédito para encontrar a taxa de juros mensais.

i = TIM + CD + RP + FI + TL

ou seja,

i = (2 x 62,98) + (4 x 12,21) + (7 x 16,79) + (12 x 8,02)62,98 + 23,66 + 16,79 + 8,02

i = 125,96 + 48,84 + 117,53 + 96,24100,00

i = 388,57100,00

i = 3,89%

Considerando que a taxa de juros esperada é a seguinte:

TIM = 0,55 % CD = 1,05 %RP = 0,50 %FI = 0,60 %TL = 0,80%SOMA = 3,50 %

A cooperativa está operando com um “spread“ extra de 3,9 % - 3,50% = 0,34 %, portanto maximizando lucro e obtendo Lucro Econômico (LE).

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CAPÍTULO V – ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO (CDG), CAPITAL DE GIRO LÍQUIDO (CDGL) ou CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO (CCL)

A administração do Capital de Giro (CDG) diz respeito a um trabalho, a ser exercido constantemente. Para uma instituição financeira é muito importante o não exagero nas imobilizações, mantendo o mínimo indispensável em investimentos em Ativo Permanente. Uma imobilização excessiva, em primeiro lugar, reduzirá o Patrimônio Líquido Exigível, que tem um mínimo estabelecido pelo Banco Central do Brasil e, em segundo lugar porque a imobilização requer aplicação de recursos os quais teriam melhor rentabilidade se aplicado na atividade fim da cooperativa, ou seja, crédito. É preciso sempre lembrar que a Matéria Prima de uma Instituição Financeira é o dinheiro líquido. Há necessidade, portanto, de se trabalhar sempre com um bem elaborado planejamento de aplicação de recursos, destinando estes às aplicações com possibilidades reais de retorno.

Existem, entretanto, situações que às vezes fogem do planejado, pois dependem de fatores externos como Conjuntura Econômica local, do estado, do país ou do mundo, ou ainda de fatores como perdas de garantias dos créditos e um bom exemplo disso é a resolução da empresa à qual cooperativa é vinculada, de retirar a folha de pagamento de seus empregados da cooperativa.

Pode-se, portanto, os itens acima como os principais elementos a ser considerados para se programar a manutenção de um volume adequado de Capital de Giro.

Assim é estudado, fundamentalmente, o nível adequado de imobilização que, conforme o Banco Central do Brasil, não deve ultrapassar 50% do Patrimônio Líquido Ajustado, mês a mês.

Por outro lado, vale lembrar que o Capital de Giro ou Capital de Giro Próprio, oriundo da capitalização dos associados, é apenas uma parte dos recursos empregados na operacionalização dos produtos da cooperativa, tais como: crédito pessoal, consignações e cheque especial. A outra parte refere-se aos recursos de associados (depósitos à vista ou a prazo e outras aplicações); de terceiros (empréstimos obtidos junto a Cooperativa Central/Banco à qual a cooperativa está vinculada, ou ainda utilização de recursos de Relações Interdependentes, de conformidade com a média de tempo em que os recursos de arrecadação ficam na posse de uma instituição financeira, no caso, cooperativa de crédito, antes de serem repassados - float).

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O Capital Circulante Líquido (CCL) é obtido subtraindo o Ativo Circulante do Passivo Circulante. Para melhor entendimento vejamos as contas desses itens do Balanço Patrimonial ou do Balancete de Verificação.

1. Aplicação de recursos no Ativo Circulante

1.1 - Em estoques

Quanto a esse aspecto, deve-se levar em conta que os estoques, nas cooperativas, normalmente não são preocupantes visto que se tratam apenas de material de expediente e, às vezes, algumas peças de reposição, principalmente de equipamentos de informática (hardware);

1.2 - Em créditos

A carteira de crédito dado a cooperados, essa sim deve ser muito bem lastreada por cadastros bem elaborados e completos, de forma que ao se efetuar uma operação de crédito, esta deve ser calçada informações precisas de cadastro, além de atualizadas. Além disto, necessário se faz o processo conter garantias reais tais como garantias hipotecárias, notas promissórias com avais de associados com bons históricos de movimentação financeira e cujo desconto em folha de pagamento não ultrapasse os 30% do rendimento total.

Deve-se também ter como preocupação a estrutura dos passivos correntes dos quais se destacam os depósitos, em geral, que devem ter um tratamento especial, conforme vimos no capítulo anterior, sempre com a preocupação de que os créditos, por empréstimos, efetuados, não ultrapassem o valor do encaixe, atualizado, cuja manutenção se faz extremamente necessária.

1.3 - Relações Interdependentes

Estas demonstram o quanto de dinheiro arrecadado de terceiros a cooperativa tem em mãos e deve ser responsabilidade desta, gerar recursos suficientes para manutenção do encaixe imprescindível para proporcionar o retorno desses valores a seus proprietários. Para tanto, as Obrigações por Empréstimos, cuja capacidade de pagamento já foi analisada pela administração da cooperativa antes de serem tomados, devem ainda ser objetos de avaliação periódica sobre a consecução real dessa capacidade de pagamentos, na operação do dia a dia da cooperativa, nunca esquecendo dos valores que deverão ser disponibilizados para honrar os pagamentos de suas prestações.

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1.4 - Outras Obrigações

Inclui-se em Outras Obrigações, a Cobrança e Arrecadação de Tributos caracterizando-se como uma conta com a qual se deve preocupar muito visto que nela estão inseridos os tributos em geral a serem recolhidos pela cooperativa e uma boa administração de tributos devidos gera um palco de despreocupações futuras.

As demais contas, Obrigações Sociais e Estatutárias, Fiscais e Previdenciárias, Diversas, todas têm as suas peculiaridades e tratamentos já dado normalmente pela contabilidade.

Dessa forma, a adequada administração dos recursos de curto prazo na estrutura financeira das cooperativas torna-se de suma importância para viabilizar financeiramente os negócios. Contribui para a formação do retorno econômico do investimento realizado, por meio da geração de valores para os associados, em primeiro lugar e para todos os demais stakeholders (todos aqueles envolvidos com a cooperativa, seus empregados, associados, fornecedores, clientes externos, e demais pessoas, de alguma forma, envolvidas com a instituição.).

Uma administração inadequada do capital de giro resulta normalmente em sérios problemas financeiros, com falta de recursos para empregar nas operações de crédito, na garantia dos níveis de crédito pré-aprovados como cheques especiais e nos repasses devidos às empresas para as quais se presta serviços de arrecadação.

Conforme já relatamos acima, os elementos de giro encontram-se no Ativo Circulante e no Passivo Circulante e são assim formados:

O cálculo do Capital Circulante Líquido e Capital de Giro

Devemos alertar para o fato de que existem duas formas de calcular o Capital de Giro, a saber:

a) Capital de Giro Líquido (CGL), também chamado de Capital Circulante Líquido (CCL) que é a diferença entre o Ativo Circulante (AC) e o Passivo Circulante (PC), ou matematicamente é igual à seguinte expressão:

CGL = CCL = AC – PC

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Ilustração 6 - Contas envolvidas no cálculo do Capital de Giro Líquido

Com relação ao Capital de Giro Líquido (ou Capital Circulante Líquido), espera-se ser o resultado da operação demonstrada anteriormente sempre positivo, mas em caso de ser negativo, isto demonstra que a cooperativa tem compromissos com terceiros, maiores do que os valores aplicados no Ativo Circulante.

b) Capital de Giro Próprio (CGP) ou simplesmente Capital de Giro (CDG) retrata a diferença entre o Patrimônio Líquido Ajustado (PLA) e o Ativo Não Circulante (ANC), deduzindo o Realizável a Longo Prazo (RLP). Com isto podemos dizer que o Capital de Giro Próprio é exatamente o montante do capital próprio da cooperativa, não investido em Imobilizações e não investido também em operações de longo prazo, mas simplesmente reservado para as operações do Ativo Circulante.

Matematicamente o Capital de Giro Próprio é assim expresso:

CGP = CDG = PLA – (ANC – RLP)

Por dedução da fórmula acima, podemos dizer que se o resultado exprimir um Capital de Giro negativo, isso pode representar necessidade da cooperativa se valer de recursos de terceiros para bancar aplicações em imobilizações, pois esta absorveu todo seu capital próprio e mais uma parcela de capital de terceiros e está em desacordo com normas do Banco Central.

Ilustração 7 – Contas envolvidas no cálculo do Capital de Giro

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Observa-se que a diferença entre o Capital de Giro Próprio e o Capital Circulante Líquido envolve o Realizável a Longo Prazo (parte do atual Ativo Não Circulante), se houver. Caso este não exista, os dois se igualam (CDG = CCL).

2. Fontes operacionais de Capital de Giro Líquido

As fontes operacionais de Capital de Giro Líquido podem ou não ter custos explícitos. Isto quer dizer que os depósitos à vista não são remunerados pela cooperativa, só o são os depósitos a prazo, assim como também o capital próprio tem sua remuneração expressa no estatuto da cooperativa em artigos onde se define o quanto deverá ser remunerado o capital do associado ao cabo de cada exercício.

São, portanto, consideradas como fontes de Capital de Giro, todas as contas do Passivo Circulante, além, é claro, das contas do Patrimônio Líquido. Entretanto, as cooperativas, dependendo da demanda por crédito dos associados, podem não estarem em condições de se financiarem apenas com as atividades operacionais e necessitam, pois de Fontes Financeiras de Capital de Giro.

Estas fontes, em primeira instância e com uma taxa de juros sempre mais barata, é representada pelos recursos disponibilizados pelo Banco ao qual a cooperativa está vinculada e com a intermediação de sua Cooperativa Central. Esses recursos são realmente mais acessíveis e com juros módicos para que a cooperativa se organize financeiramente e também ofereça créditos a seus associados, além das condições permitidas por seu Capital de Giro Próprio.

A necessidade de se tomar recursos para capital de giro deve ter uma avaliação muito criteriosa e deve ainda ser objeto de um plano estratégico desenvolvido para cada tipo de aplicação (dentro da mesma estratégia de créditos, ou seja, crédito objetivando adiantamento do 13º salário aos empregados da empresa à qual a cooperativa está vinculada; crédito para adiantamento de devolução de IRPF – Imposto de Renda Pessoa Física; crédito para custeio de safra agrícola, dentre outras possibilidades a serem exploradas pela Diretoria). Para tanto, um bom gerenciamento deve dar especial enfoque e importância para as garantias de retorno desse dinheiro, pois ao tomá-lo emprestado e utilizá-lo na aplicação definida, este poderá se tornar uma armadilha em vez de solução, por conta de possíveis descasamentos entre os prazos de retorno e pagamento.

Deve-se levar em consideração o prazo entre a tomada de empréstimo, junto ao Banco e a efetiva oferta do crédito, o qual deve ser o menor possível. A melhor prática é providenciar com antecedência os contratos e demais documentações necessárias ao fornecimento de crédito, de forma que ao ser comunicada a liberação do empréstimo, pela Cooperativa Central, a singular já faça imediatamente os créditos correspondentes, nas conta de seus associados, cujos contratos já se encontram aprovados, a priori, pela Comissão de Crédito.

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ESTUDO DE CASO: A Cooperativa de Crédito “JUROS BAIXOS” apresentou ao final de um período os seguintes valores em seu balancete patrimonial:

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Ilustração 8 – Exemplo de Balanço PatrimonialFonte dos dados informados: O Autor

NOTA: O Valor Principal dos Créditos, Retornados – VPCR no mês de janeiro/X1, foi de R$ 326.107,00 (total das parcelas relativas ao principal, sem os juros) e no mês de fevereiro/X1 e de R$ 389.425,00.

Com os valores encontrados através do balancete acima, pede-se:1 – Calcular e analisar o Capital Circulante Líquido e o Capital de Giro Próprio;2 – Informar se há alguma conta que pelo seu montante pode oferecer, no futuro,

algum problema ou risco.3 – Considerando que a Diretoria da Cooperativa, em conjunto com o Conselho

de Administração resolveu adquirir um imóvel para sua sede própria, no valor de R$ 880.000,00, quais as implicações daí decorrentes?

SOLUÇÃO PARA AS QUESTÕES APRESENTADAS:

Como primeira observação, denota-se que a cooperativa não tem nada registrado no longo prazo. Dessa forma, vamos obter os seguintes resultados para o Capital de Giro:

Respondendo à primeira questão têm-se os seguintes cálculos:

Cálculo do Capital de Giro Líquido ou Capital Circulante Líquido:

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Mês de janeiro/X1:

CGL = CCL = AC – PC = 9.864.394 - 9.021.978 = 842.416

Mês de fevereiro/X1:

CGL = CCL= AC – PC = 11.755.205 – 10.762.095 = 993.110

Cálculo do Capital de Giro Próprio:

Mês de janeiro/X1:

CDG = PLA – (ANC – RLP) = 1.532.808 – 690.392 – 0 = 842.416

Mês de fevereiro/X1:

CDG = PLA – (ANC – RLP) = 1.647.341 – 654.231 – 0 = 993.110

Fica, portanto, patente que o CGL e o CDG são iguais tendo em vista a ausência de atividades operacionais de longo prazo.

Respondendo à segunda questão e apenas com uma rápida olhada nas contas do Ativo e do Passivo circulantes, tem-se o seguinte:

1 – Ao se efetuar a soma do Capital de Giro Próprio (calculado acima) com os depósitos a prazo, do exercício de janeiro/X1 (da Ilustração VIII), tem-se um montante de R$ 1.066.641. Este valor representa tão somente 13,40 % do total de depósitos a vista (contidos na mesma Ilustração).

Todos os outros valores estão, portanto, comprometidos. Faz-se, então uma análise bastante acurada da exigibilidade dos depósitos à vista, conforme tratado em capítulo anterior, calculando o percentual da relação encaixes/depósitos. Com isso torna-se possível verificar as condições de uso, ou não, de parte do montante do capital de giro ainda existente.

Certamente o resultado desse cálculo vai demonstrar a impossibilidade da cooperativa em continuar expondo sua carteira ao risco, pelo pressuposto de que possa haver aumento de exigibilidade dos depósitos à vista. Decorrente disto, a cooperativa não terá dinheiro suficiente para atender a uma demanda por liquidez (por moeda) crescente.

Para obtenção dessa relação encaixe/depósitos, torna-se preciso calcular, inicialmente, o valor do encaixe (disponibilidade) necessário, o qual é efetuado multiplicando-se o percentual dos saques realizados, no período, pelo valor total dos depósitos à vista existentes na ocasião em que se estiver efetuando o referido cálculo (Ver Capítulo IV).

Encaixe (Disponível) necessário = % de saques x depósitos à vista.

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A equação acima leva em conta que as demais exigências de disponibilidade serão calculadas em separado e com a mesma formulação.

2 – Deve ser analisado o Prazo Médio de Retorno da carteira de créditos e a manutenção deste, em uma média de tempo tido como relativamente curto, proporcionará maior rotatividade para o Capital de Giro Líquido ou Capital Circulante Líquido. Essa medida proporcionará ainda o aumento do giro dos créditos, ou seja, a possibilidade de concessão de novos créditos com menor tempo de retorno (menores prazos), a fim de poder atender a um número maior de aplicações nessa carteira. Com essa prática, proporciona-se um risco menor com retorno mais rápido.

3 – A cooperativa está precisando estimular os depósitos a prazo com campanhas internas de modo a ter disponibilidades de recursos com maiores prazos de retorno.

Quanto a terceira questão, fica demonstrado que ao imobilizar mais uma parte do capital próprio, a Diretoria estará reduzindo ainda mais o seu Capital de Giro Próprio, passando dos atuais R$ 993.110, para (R$ 993.110 – R$ 880.000,00 = R$ 113.110) um valor muito pequeno para o porte da cooperativa e isto estará colocando em maior risco ainda a possibilidade da cooperativa não ter como cumprir suas obrigações com a demanda de moeda para fins transacionais, de seus cooperados.

Como a cooperativa tem mais de R$ 9 milhões em depósitos à vista, fica fácil de imaginar o que ocorrerá na seqüência, caso esses depósitos venham ser exigidos por alguma desconfiança.

Dessa forma, a Diretoria dever, em curto prazo, procurar formas de aporte de recursos, preferencialmente próprios ou de terceiros caso seja tomado em longo prazo e com alguma carência para se iniciar pagamento das parcelas, somente após essas medidas poderá pensar em executar seus planos de imobilização, no curto prazo.

Para melhor embasamento, calcula-se, conforme exposto no capítulo III, o prazo médio do retorno da carteira de crédito, da seguinte maneira:

Prazo Médio de Retorno do Crédito (PMRC) == Operações de Crédito x 30 dias/Receitas de Crédito

Ou seja,

Período janeiro/X1:

PMRC = (1.585.696 x 30)/ 260.037

= 47.570.880 / 260.037

= 183 dias

Transformando em meses = 183 / 30

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= 6 meses e três dias.

Período fevereiro/X1:

PMRC = (1.893.579 X 30)/ 389.425 = 56.807.370/ 389.425

= 146 dias

Transformando em meses = 146/ 30

= 4 meses e 26 dias

Para ter uma idéia média de como fazer para se ter um valor médio de retorno por período, faz-se o seguinte:

Período janeiro/X1:

Operações de Crédito / meses necessários para retorno do montante =

= 1.585.696 / 6 = 264.282,67 (valor médio do retorno por mês).

Ou seja, o retorno possível da carteira, no Período X1 é da ordem de R$ 264 mil por mês.

Período fevereiro/X1:

Operações de Crédito / meses necessários para retorno do montante =

= 1.893.579 / 5 (semelhante a 4 meses e 26 dias)

= 378.515,80 (valor médio do retorno por mês).

Portanto, este último é o valor que a Diretoria pode contar como retorno médio por mês, nas condições dos contratos atuais, salientando as medidas já tomadas para redução do prazo de retorno.

Para redução ainda maior do retorno dos valores em carteira, há necessidade de se continuar a oferecer contratos de menor tempo, 90 dias, por exemplo.

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CAPÍTULO VI – ANÁLISE DAS NECESIDADES LÍQUIDAS DE CAPITAL DE GIRO

1. Dimensionamento do Capital Circulante Líquido ou Capital de Giro Líquido

Outra coisa muito importante a ser considerada é o dimensionamento do Capital de Giro Líquido (CGL ou CCL), para o sucesso dos negócios uma vez que a tomada de crédito de terceiros vai ainda influenciar diretamente na liquidez e na rentabilidade da cooperativa.

O volume do Capital de Giro Líquido dimensionado deve ser determinado, levando-se em consideração diversas variáveis, tais como:

- Montante da Carteira de Crédito, - Prazos operacionais (retornos) inerentes ao principal negócio da cooperativa, - Políticas de crédito bem definidas e ajustadas à classe econômica de

associados da cooperativa,- Sazonalidades da demanda por créditos,

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- Fatores cíclicos da economia, - Políticas praticadas pela rede bancária, - Outros fatores que possam influenciar no volume do Capital de Giro Líquido.

Dessa forma o melhor e mais eficiente indicador que permite de maneira mais fácil conhecer e avaliar a estrutura financeira da cooperativa, no Curto Prazo, é mais conhecido por Necessidade Líquida de Capital de Giro (NLDCG).

Algumas considerações a serem feitas com relação ao Capital de Giro Líquido (CGL) ou Capital Circulante Líquido (CCL):Operações de aumento do CGL:

- Lucros apurados com a operação da cooperativa;- Aumento do Capital por novos aportes dos associados;- Empréstimos obtidos com melhores prazos de pagamento;- Vendas de bens do Ativo Permanente;- Transformação parte do Ativo não Circulante (Realizável a Longo Prazo) em

Ativo Circulante, ou seja, convertendo os resultados antes esperados para longo prazo, em curto prazo.

Operações para redução do CGL :- Distribuição de dividendos;- Investimentos em ativos permanentes;- Antecipação de pagamentos de longo prazo;- Transformação do Passivo não Circulante (Exigível em longo prazo) em Passivo

Circulante, ou seja, em curto prazo.

2. Reclassificação do Balanço (ou Balancete)

Para obtermos uma análise mais conclusiva da capacidade operacional da empresa, efetua-se uma separação das contas ligadas diretamente ao processo produtivo da cooperativa (produção de serviços financeiros) das contas com disponibilidade efetiva, no lado do Ativo e dos valores tomados de terceiros ou de sócios, e aquelas que podemos chamá-las de “as Outras Contas”.

Com isso obteremos a seguinte Reclassificação do Balanço (ou do Balancete) Patrimonial:

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Ilustração 9 – RECLASSIFICAÇÃO DO BALANÇO (OU DO BALANCETE)Fonte dos valores apontados: O Autor

Com essa reclassificação, podemos calcular, com maior facilidade, as variáveis-chaves para análise financeira da cooperativa, a saber:

3) Cálculo da Necessidade Líquida de Capital de Giro (NLCG):

NLCG = Aplicações de Capital de Giro (-) Fontes de Capital de Giro (Terceiros)

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Contas ligadas diretamente ao processo produtivo da cooperativa.

Valores disponíveis

Outras contas

Contas ligadas diretamente ao processo produtivo cooperativa.

Outros Valores de terceiros

Longo Prazo

Patrimônio Líquido contas

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Faz-se observar, no cálculo da Necessidade Líquida de Capital de Giro, a indicação da necessidade de cobertura total de recursos de terceiros, pela geração de novos recursos próprios através da atividade operacional, pelo incremento na capitalização ou ainda pela obtenção de resultados positivos.

Por outro lado, há de se considerar que parte dos depósitos a prazo e à vista, é utilizada na operação com créditos. Dessa forma, uma Necessidade Líquida (premente) de Capital de Giro (NLCG), teria que descontar essa parcela.

Período março X0:

NLCG = 4.424.717 – 6.646.810 = -2.222.093

A cooperativa está trabalhando com uma Necessidade Líquida de Capital de Giro – NLCG, da ordem de R$ 2,2 milhões. Observa-se que neste cálculo não se levou em consideração o volume de recursos de depósitos, com os quais se está trabalhando.

Fatores positivos:

- Aplicações em Capital de Giro e parte dos depostos utilizados na operacionalização da atividade fim da cooperativa.

Fatores negativos:

- Fontes de Capital de Giro, as quais devem ser cobertas visto que se referem a capital de terceiros na cooperativa e uma possível corrida, dos associados, para se obter liquidez dos seus depósitos.

Período abril X0:

NLCG = 4.506.015 – 8.288.777 = -3.782.762

A cooperativa está trabalhando com uma Necessidade Líquida de Capital de Giro – NLCG, da ordem de R$ 3,8 milhões. Nesse contexto, não se considerou a parcela dos depósitos disponíveis para utilização na atividade fim da cooperativa.

Essa necessidade de capital de giro se deve como pode ser observado, pela composição da formulação, ao aumento do capital de terceiro e utilização do mesmo. Não é uma coisa ruim, pois o capital de terceiro ao qual não se paga juros (exemplificando: depósitos à vista e arrecadação de valores, com float para pagamento), constitui-se em uma fonte de recurso barato, necessitando, entretanto, de muito controle.

Fatores positivos:

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- Aplicações em Capital de Giro com aumento do volume de depósitos indicando grande confiança dos cooperados em sua cooperativa.

Fatores negativos:

- Fontes de Capital de Giro aumentadas requerendo mais controle e mais dedicação dos gestores à observação do comportamento de seus associados, buscando a todo momento, manter essa credibilidade existente.

Com o resultado do exercício acima (abril X0), observa-se a utilização, pela

cooperativa, cada vez mais, de recursos oriundos de terceiros. Com a pequena redução do Ativo Não Circulante, implica a existência de algum controle sobre o mesmo, pela Diretoria. O que realmente vem aumentando é a participação do capital de terceiros, no processo de oferta de créditos pela cooperativa. Por outro lado preocupa muito a redução dos Recursos Próprios. Isto não é ainda de todo ruim se os valores utilizados não tiverem incidência de juros, ou se pelo menos permitem um spread vantajoso.

Entretanto, há necessidade de se ter um bom controle sobre a exigência de encaixes financeiros para fazer face a liquidez e honrar os pagamentos que se fizerem necessários. Além disso, está na hora de se fazer nova chamada de capital e dar continuidade à redução gradativa das concessões efetuadas a título de Outros Créditos.

4) Cálculo da Tesouraria.

Utilizando ainda as informações do Balancete (ou do Balanço) reclassificado, podemos calcular como estão os recursos existentes em Tesouraria:

T (Tesouraria) = Outras Contas do Ativo Circulante (-) Outras Contas do Passivo Circulante

Ou seja,

Período março X0:

T = 3.268.236 – 182.664 = 3.085.572

Período abril X0:

T = 4.767.936 – 165.494,00 = 4.602.442

A princípio, a tesouraria cobre tranquilamente a necessidade de capital de giro, cobrindo ainda a disponibilidade de valores para atender outros compromissos como, folha de pagamento, pequenas compras de material de escritório necessárias para o dia a dia, pequenas manutenções de máquinas e equipamento, dentre outras necessidades de liquidez.

Os valores líquidos apresentados em Tesouraria não dão margem a se conceder financiamentos ou empréstimos de grandes valores e a muitos cooperados devido à

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formação da Tesouraria ter como componente maior a Conta Relações Interfinanceiras, indicando um pequeno descompasso de liquidez, devendo ser regularizado.

Em uma análise mais acurada da Tesouraria (T), observa-se o seguinte:

Aos valores acima, subtrai-se o montante das “Relações Interfinanceiras”, para se ter idéia do montante de recursos de terceiros, empregados em empréstimos / financiamentos e que podem ser cobertos, de imediato.

“T” para Cobertura de recursos de terceiros = Tesouraria – Relações Interfinanceiras

Período março X0:

“T” para Cobertura de recursos de terceiros = 3.085.572 – 1.137.126 = 1.948.446 Período abril (X0):

“T” para Cobertura de recursos de terceiros = 4.602.442 – 2.057.685 = 2.544.757

Dessa forma a Tesouraria tem mantido, para fazer face a outras necessidades de liquidez exigida para diversas obrigações, os recursos acima, apresentados a seguir em percentuais:

“T” para Cobertura de recursos de terceiros (em %) = “T”Fontes de CDG

Período março (X0):

“T” para Cobertura de recursos de terceiros (em %) = 1.948.446,00 =6.622.049,00

= 0,2942 ou, 29,42%.

Período abril X0:

“T” para Cobertura de recursos de terceiros (em %) = 2.544.757,00 =

8.288.777,00= 0,3070 ou 30,7%

Essa cooperativa está mantendo uma situação de Tesouraria não muito confortável com apenas cerca de 30 % de recursos para fazer face à necessidade de liquidez imediata de depósitos, por exemplo. Na verdade, é possível trabalhar dessa maneira, um tanto apertado em relação a controles, pois o administrador está contando que deverá ter sempre em volume de depósitos o montante de recursos necessários para atender à liquidez requerida no mês.

O pequeno aumento de percentual experimentado é resultante de boas medidas tomadas pela Diretoria. Essa relação, entretanto, deve ser monitorada e aumentada até um percentual no qual não se vislumbra instância de risco.

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5) Cálculo do Capital de Giro - CDG.

O cálculo do Capital de Giro (CDG) representa o quanto do capital próprio supera o valor aplicado em imobilizações e o volume de negócios a serem liquidados no Longo Prazo. Ressaltando-se, mais uma vez que o Banco Central do Brasil – BCB delimita uma aplicação máxima de 50 % do Patrimônio Líquido Ajustado – PLA. Esta recomendação de limite para as imobilizações é plenamente justificável visto ser a mercadoria ou produto de venda de uma instituição financeira ser o dinheiro líquido e não em aquisição de bens. Desta forma, quanto mais se imobiliza, menos dinheiro se tem para aplicar em créditos.

Há ainda a possibilidade de a instituição estar trabalhando com um volume muito grande de capital de terceiros a ponto de comprometimento do Ativo Circulante e todo ou parte do Ativo Permanente. Nesse ponto, a instituição já deverá estar notificada pelo Banco Central pelo não cumprimento da relação PL/AP.

A seguir, gráfico que representa a relação normal que define o Capital de Giro.

Ilustração 10 – DEMONSTRAÇÃO GRÁFICA DO BALANÇO PATRIMONIALFonte: Alterações propostas pela Lei 11.638/07 e MP 449/08 à Lei 6.404/76.

CDG = Patrimônio Líquido (PL) – Ativo Não Circulante (ANC) – Realizável a Longo Prazo (RLP).

O Capital de Giro Próprio é um valor que a cooperativa, ou qualquer empresa deve ter para fazer face às operações do dia a dia. Caso não o tenha, ou o que tem é insuficiente à demanda por dinheiro, deve apelar para financiamentos de Capital de Giro, de forma que, não tendo o capital de giro próprio, tenha pelo menos o Capital de Circulante Liquido ou Capital de Giro Líquido.

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ATIVO PASSIVOCIRCULANTE CIRCULANTE

PASSIVO NÃO CIRCULANTE

Capital de Giro

ATIVO NÃO PATRIMÔNIOCIRCULANTE LÍQUIDO Real. a L. PrazoInvestimentosImobilizadoIntangível

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Considerando os dados da Ilustração IX – Reclassificação do Balanço (ou do Balancete), pode-se calcular o valor do Capital de Giro, nessa cooperativa, nos dois períodos evidenciados.

Período março X0:

CDG = 1.358.632,00 – 470.392,00 – 0 = 888.240,00

% que o CGD representa do PLA = CDG x 100PLA

% do ANC sem o RLP, em relação ao PLA = 888.240,00 x 100 = 0,6538 x 100 = 1.358.632,00

= 65,38 %. Período abril X0:

CDG = 1.253.912,00 – 434.232,00 – 0 = 819.680,00

% que o CDG representa do PLA = CDG x 100PLA

% do ANC sem o RLP, em relação ao PLA = 819.680,00 x 100 = 0,6537 x 100 = 1.253.912,00

= 65,37 %.

Esta cooperativa está mantendo um percentual muito bom de Capital de Giro Próprio, implicando dizer que não está imobilizando em excesso.

ESTUDO DE CASO – A Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Hortifrutigranjeiros do Vale do Rio das Hortas, após um determinado período de funcionamento, apresentou o seguinte Balancete mensal:

ATIVO

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Ilustração 11 – Balancete patrimonial em dois períodos seguidos.Fonte dos valores utilizados: O Autor

PASSIVO

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Ilustração 11 - A – Balancete patrimonial em dois períodos seguidos.Fonte dos valores utilizados: O Autor

Com os dados do Balancete acima, pede-se um breve comentário sobre a situação atual da cooperativa e suas condições para dar continuidade às suas atividades, mediante os cálculos abaixo:

1) Calcular o Patrimônio Líquido Exigível para essa cooperativa;2) Levantar os Índices Econômicos;3) Fazer a Análise Vertical e Horizontal das contas;4) Elaborar a análise das Necessidades de Capital de Giro, efetuando a

reclassificação do Balancete;5) Analisar a disponibilidade de Capital de Giro.

DESENVOLVIMENTO:

1) Com relação a questão 1, vale ressaltar quais as contas que compõem o fator de risco:

- Disponibilidades;- Relações Interfinanceiras;- Operações de Crédito;- Provisão para Operações de Crédito com Liquidação Duvidosa;- Outros Créditos e- Outros Valores e Bens.

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Sabe-se também, conforme informado anteriormente que o Fator de APR é definido pelo Banco Central do Brasil em 11 %.

Dessa forma já temos as informações necessárias para os cálculos que sintetizaremos no quadro abaixo:

Ilustração 12 – Cálculo do PRE, da Exigência de Capital e das Imobilizações Efetuadas (Capítulo III).

Comentários:

A cooperativa em questão tem um Patrimônio Líquido Ajustado – PLA maior do que o Patrimônio de Referência Exigido – PRE em:

- Período março de X0;

PLA = 1.143.695 x 100 = 142,57%PRE 802.225

- Período abril deX0;

PLA = 1.245.155 x 100 = 127,56%PRE 976.135

Ou seja, o PLA excede o PRE em 42,57%, no primeiro período e 27,56% no segundo período. O aumento do Patrimônio de Referência Exigido deve-se sobremaneira ao aumento do volume dos depósitos à vista. O importante é que a cooperativa tem um PRE positivo e está cobrindo grande parte do total de risco.

2) Para os cálculos dos indicadores econômicos, será feito uso das fórmulas utilizadas, cujos resultados serão apresentados de forma sintetizada, no quadro abaixo:

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Dentre os dados necessários para obtenção dos resultados, destaca-se a necessidade de lembrar que a participação de capital de terceiro se localiza no Passivo Circulante. A cooperativa não tendo valores de Longo Prazo, a nossa análise se restringe ao Curto Prazo.

Ilustração 13 – Indicadores Econômicos e Financeiros

Legenda da Ilustração acima:

CT = Capital de TerceirosPL = Patrimônio LíquidoANC-RLP = Ativo Não Circulante menos Realizável a Longo PrazoAC = Ativo CirculantePC = Passivo CirculanteAC-E = Ativo Circulante menos EstoqueLL = Lucro LíquidoMOL = Margem Operacional Líquida

Comentários:

- Com relação ao Capital de Terceiros, ou seja, o endividamento da cooperativa vale ressaltar que os depósitos, apesar de serem efetuados por associados, tratam-se de obrigações da cooperativa para com estes e isto caracteriza, portanto, a existência de operacionalização com capital de terceiro, da ordem de 600% em relação aos recursos próprios existentes.

Esse percentual indica também grande confiança depositada pelos cooperados, na sua cooperativa e em sua administração o que pesa ainda mais a responsabilidade de seus dirigentes em manter essa relação em estrito controle.

- Quanto às imobilizações, a cooperativa vem mantendo-se dentro do índice desejado, inferior a 50% do Patrimônio Líquido Ajustado.

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- O Índice de Liquidez Corrente aponta que a cooperativa tem R$ 1,10 para cada R$ 1,00 de obrigações com terceiros no Curto Prazo.

- O Índice de Liquidez Seca, por se tratar de uma instituição financeira, o valor do Estoque pouco representa, pois é composto, quase que exclusivamente, de material para escritório. Em vistas disso, não difere muito do Índice de Liquidez Corrente.

- Considerando o trabalho com um balancete, refletir a análise do resultado de um mês, considera-se razoável a Margem Operacional Líquida e Lucro sobre o Patrimônio Líquido, uma vez que do período “Março de X0” para o período “Abril de X0”, houve a preocupação da administração da cooperativa com a maximização da lucratividade, cujo resultado de Margem obtida, foi bastante eficiente.

- A combinação da Margem Operacional Líquida com o Giro sobre o Ativo, produzindo o Retorno sobre o Ativo - RSA, este último também chamado de Retorno sobre Investimentos (RSI) ou Return on Investiment (ROI), demonstra que a cooperativa está no caminho certo. Para tanto basta observar a obtenção, no último período, de um retorno sobre os investimentos efetuados, de 1,61% do valor das Aplicações de Recursos efetuadas até então.

- Os créditos tiveram retornos reduzidos da média de 68 dias para 38 dias, aumentando giro do negócio.

- Os compromissos no Curto Prazo, tiveram uma variação de 32 para 33 dias e podem ser melhorados incentivando aos cooperados efetuarem depósitos com prazos maiores, bastando para isto a apresentação de um plano com incentivos para essa prática.

3) Análise Horizontal e Vertical do Balancete.

Esta análise é feita considerando o período inicial como base e calculando, percentualmente, quanto foi a variação em relação ao período seguinte, a saber, conforme ilustração abaixo:

Análise:

3.1 – Vertical – Maiores variações obtidas:

Conta % em março X0 % em abril X0 DiferençaOperações de Crédito 26 21 -5Disponibilidades 24 27 +3Outros Créditos 25 23 -2Relações Interfinanceiras 15 22 +7

Essa análise mostra que as maiores concentrações aplicados de recursos estão no ativo circulante, e isto é o realmente esperado. Esses recursos estão ainda muito bem distribuídos e trabalhados, uma vez que, de um período para outro, fica patente certa constância nas aplicações. Entretanto, de forma um pouco preocupante, vê-se que

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a principal atividade rentável da cooperativa está em redução e a disponibilidade em aumento, portanto, tornar líquido o dinheiro será uma coisa boa apenas se a administração se contentar com o rendimento da centralização do dinheiro, pois a maximização dos lucros só ocorrerá com aplicação de recursos em atividades operacionais.

Há, no entanto, necessidade de verificar se a redução do montante das operações de créditos foi uma atividade programada ou se se trata de redução da demanda por crédito. Pela análise se depara com recursos em disponibilidades que podem ser aproveitados para as atividades de créditos, mas é necessário saber se a Diretoria não lhe está reservando outra destinação.

3.2 – Horizontal – Variações obtidas:

Conta % de Variação de março p/abril XoOperações de Crédito c/Liquidação Duvidosa +94Relações Interfinanceiras +81Bancos +62Intangível -44Despesas Antecipadas -42

Das contas acima, a única variação não muito bem vinda é o crescimento do valor da conta de provisionamento para Operações de Crédito com Liquidação Duvidosa. Com o crescimento da carteira é de se esperar que isto aconteça em valor absoluto, mas não é interessante o crescimento em percentual.

Os dados apurados indicam ainda uma redução na conta Operações de Crédito e uma redução concomitante do volume de recursos aplicados na conta Outros Créditos o que pode significar medidas tomadas pela Diretoria para conter o aumento exacerbado da conta de Provisão para Operações de Crédito com Liquidação Duvidosa.

Esse fato requer uma demanda de pesquisas acerca de acontecimentos que estão motivando o aumento da inadimplência dos associados e esta deve ser trabalhada com urgência, no sentido da recuperação dos créditos em inadimplemento.

Direcionando agora o enfoque para a Análise Vertical e Horizontal do Passivo:

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Ilustração 11 – A – Balancete – Parte Passivo (REPETIÇÃO DA ILUSTRAÇÃO)Fonte dos valores utilizados: O Autor

3.3 – Análise Vertical – Maiores variações obtidas:

Conta % em março X0 % em abril X1 DiferençaDepósitos à Vista 72 73 +1Capital Social 11 10 -1

Apresentamos aqui, duas contas com resultados relevantes. A análise destas, mostra ser o montante dos depósitos à vista bastante expressivo, denotando ainda uma grande segurança no empreendimento por parte dos associados. Necessidade há de se efetuar um estudo para verificação da possibilidade de reversão de uma parte, pelo menos, desses depósitos à vista em depósitos a prazo, objetivando oferecer uma maior tranqüilidade operacional desse montante de recursos aplicados no Ativo Circulante, sob diversas formas. Por outro lado, apesar do risco de trabalhar com um volume expressivo de depósitos à vista, a rentabilidade também é maior por se tratar de aplicação de recursos sem nenhum custo, em atividade rentável como o crédito.

Mesmo nas boas condições com que se depara a cooperativa, nunca se deve esquecer da necessidade de se ficar amiúde, calculando e observando as tendências da demanda de recursos líquidos para fins transacionais, por parte dos associados.

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O Capital Social teve um aumento inferior ao dos Depósitos à vista e isto motivou uma redução de sua representatividade, no contexto geral do Passivo.

Um aumento crescente dos Depósitos à vista demonstra a existência de recursos sem aplicação ainda definida, na posse dos associados e, nesse caso, recomenda-se a utilização de programas de capitalização voluntária, objetivando a aplicação desses recursos líquidos em mais longo prazo, pela capitalização.

3.4 – Análise Horizontal – Variações obtidas:

Conta % de Variação de março/X0 p/abril/X0Resultado do Exercício +165Fiscais e Previdenciárias +70Diversas +46Cobrança e Arrecadação de Tributos -11Obrigações por Empréstimos -9

Um bom destaque, não observado na Análise Vertical, tendo em vista o aumento quase que proporcional do Passivo Total, foi o Resultado do Exercício com um crescimento de 165 %, no período.

Seguem-se as contas de Obrigações Fiscais e Previdenciárias bem como as Obrigações Diversas, que pela própria aglutinação de outras contas em seu bojo, deve-se verificar seus detalhamentos e causas dessas variações, com a Contabilidade da cooperativa e/ou em seu Departamento de Pessoal. A princípio suspeita-se de aumento do quadro de empregados e, para tanto, recomenda-se uma análise da estrutura da cooperativa, pela reclassificação do Custeio pelo Método ABC, a ser tratado em capítulo posterior a este.

Boas informações são obtidas ainda com a análise das contas Cobrança e Arrecadação de Tributos e de Obrigações por Empréstimos, ambas com redução do seu montante, significando que a cooperativa vem cumprindo suas obrigações, no sentido de pagar as parcelas vencidas, reduzindo o montante dessas contas as quais também representam parcelas de recursos de terceiros na empresa.

4 – Análise das Necessidades de Capital de Giro, efetuando a reclassificação do Balancete;

Essa informação demonstra o quanto se a cooperativa está necessitando ou não de incremento do seu capital de giro.

Para se obter essa informação, necessário se faz elaborar uma Reclassificação do Balanço ou Balancete, como se segue:

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Ilustração 14 – A e B – Reclassificação de BalancetesFonte das informações: O Autor

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4.1 – Com os dados do Balancete acima, reclassificado, pode-se efetuar o cálculo da Necessidade Líquida de Capital de Giro (NLCG), utilizando a fórmula para tal:

NLCG = Aplicações de Capital de Giro (-) Fontes de Capital de Giro Líquido

Período março X0:

NLCG = 4.024.717 – 6.436.986 = -2.412.269

O resultado apresentado demonstra que nesse período a Necessidade Líquida de Capital de Giro dessa Cooperativa ultrapassa o valor de R$ 2,4 milhões e que os recursos de terceiros estão financiando, sobremaneira, as aplicações, em particular os recursos dos Associados captados como Depósitos à Vista. Este recurso, faz a diferença e faz com que a cooperativa tenha Capital de Giro suficiente para os seus negócios.

Período abril X0:

NLCG = 4.106.015 – 7.897.533 = -3.791.518

Também neste período, a cooperativa tem Capital de Giro suficiente para a operacionalização de seus negócios, com uma vantagem de mais de R$ 3,7 milhões de recursos para garantia de riscos.

Considerando ainda o grande incremento havido na conta de Depósitos, vale analisar, quanto desse aumento, em percentual, foi destinado à Aplicação de Capital de Giro – Atividades Produtivas -, ou seja, na atividade fim da cooperativa. Para tanto, calcula-se o que se denomina de Proporção de uso de recursos, calculados como se segue.

Proporção de uso de recursos = Variação das Aplicações de Capital de Giro LíquidoVariação das Fontes de Capital de Giro Líquido

Proporção de uso de recursos = 4.106.015 – 4.024.717 = 81.898 = 7.897.533 – 6.436.986 1.460.547

= 0,0561 ou 5,61 %

O resultado apresentado indica a utilização apenas de 5,61% da variação dos recursos de Depósitos, em Aplicação de Capital de Giro. Esse resultado pode ser decorrente de medida da Diretoria da cooperativa em não entrar muito na conta de depósitos, mantendo encaixe maior, situação esta que pode ser comprovada ao analisarmos o grande aumento de Outras Contas do Ativo Circulante.

4.2 – Cálculo da Tesouraria.

Utilizando as informações do Balancete reclassificado, calcula-se como estão os recursos existentes em Tesouraria:

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Fórmula:T (Tesouraria) = Outras Contas do Ativo Circulante (-) Outras Contas do Passivo

Circulante

Período março X0:

T = 3.268.236 – 182.664 = 3.085.572

Período abril Xo

T = 4.767.936 – 165.494 = 4.602.442

Comparando os resultados dessa T (Tesouraria), obtidos, verifica-se que a Necessidade Líquida de Capital de Giro para fazer face ao resultado obtido apenas com as contas vinculadas diretamente com o processo produtivo, está sendo garantida com boa margem de segurança, através do montante que a cooperativa mantém em disponibilidades. Entretanto, vale ainda observar o resultado reservado por uma análise mais acurada da Tesouraria, como se segue.

Os valores acima contêm recursos da conta “Relações Interfinanceiras (RI)”, que dependem do processamento da câmara de compensação, portanto apurado com um prazo de um dia. Além disso, a cooperativa fica à mercê do volume de cheques devolvidos, não compensados, caracterizando-se como um recurso cujo total não é muito confiável e disponível de imediato.

Retirando esses valores da Tesouraria (T) tem-se:

T (Tesouraria)- Relações Interfinanceiras (RI) = T – RI

Período março X0:

T – RI = 3.085.572 – 1.137.126 = 1.948.446

Período abril X0:

T – RI = 4.602.442 – 2.057.685 = 2.544.757

Mesmo assim, a cooperativa ainda se encontra com uma Tesouraria saudável, sem necessidade de se preocupar, de momento com Capital de Giro, podendo a Diretoria, preocupar-se com outros assuntos, não esquecendo, entretanto, do acompanhamento necessário da liquidez requerida pelos associados depositantes, através de análise periódica do volume de saques.

Outra preocupação constante da Diretoria da cooperativa deve estar sempre enfocada para os depósitos oriundos de arrecadação de valores. Estes têm período de float – período de tempo que o dinheiro arrecadado fica em depósito na cooperativa, até que seja repassado - muitas vezes pequeno (dois ou três dias) e precisa ter controle da dos valores a serem disponibilizados para os repasses efetuados diariamente, após o cumprimento do período em depósito. Essa situação deve ser bem analisada pela Diretoria da Cooperativa, no sentido de que os avanços na utilização de valores da conta de Depósitos sejam contidos ao ponto de manter em disponibilidade, recursos de

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repasses mais um limite do máximo valor histórico de saques diários dos associados, de preferência com um acréscimo de segurança em torno de 20 %.

A utilização desses valores relativos ao “float” de arrecadações, é uma estratégia de alto risco e que deve ser monitorada diariamente.

Riscos à parte, a Tesouraria da cooperativa em análise, tem mantido encaixes suficientes para fazer face a uma possível necessidade de liquidez dos depósitos (como obrigações de maior vulto) e outras obrigações. Abaixo a situação de Tesouraria, apresentada em percentuais.

“T” para Cobertura de recursos de terceiros (em %) = “T” x 100Fontes de CDG

Período março (X0):

“T” para Cobertura de recursos de terceiros (em %) = 3.085.572,00 =6.436.986,00

= 0,4794 ou 47,94% Período abril X0:“T” para Cobertura de recursos de terceiros (em %) = 4.602.442,00 =

7.897.533,00= 0,5828 ou 58,28 %.

Essa cooperativa está mantendo uma situação de Tesouraria bastante confortável

porquanto, no período março/X0 tem 47,94% e no período abril/X0, 58,28% de recursos para fazer face, de imediato, a necessidade de liquidez de depósitos, por exemplo.

Observa-se que no período de abril/X0 houve um aumento dos encaixes de Tesouraria e isto tem proporcionado uma situação confortável perante os depósitos, quer de associados, quer de arrecadação.

5 – Análise da disponibilidade de Capital de Giro.

Para essa análise, é pertinente se começar pelo cálculo do Capital de Giro Líquido (CGL) ou Capital Circulante Líquido (CCL).

CGL = CCL = AC – PC

Período março de X0:

CGL = 7.292.953 – 6.619.650 = 673.303

Período abril de X0:

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CGL = 8.873.981 – 8.063.027 = 810.954

Conforme outras análises anteriores, conclui-se que o aumento do Capital de Giro Líquido (CGL) ou Capital Circulante Líquido (CCL), do período março de X0 para o período abril de X0, deve-se principalmente ao aumento do volume dos depósitos à vista.

Tendo e vista a não existência de recursos de longo prazo, o Capital de Giro Líquido é igual ao Capital de Giro Próprio.

Ante ao montante das Necessidades Líquidas de Capital de Giro (NLCDG), fica patente, notório e axiomático, que a cooperativa como qualquer outra instituição financeira, tem seus negócios, produtos calcados em financiamentos de capital de terceiros. Com nenhum custo como o caso dos depósitos em que o associado paga até a manutenção da conta corrente ou com baixo custo como o caso dos depósitos a prazo, cuja diferença entre a remuneração deste e sua aplicação, deve gerar um “spread” com vantagem suficiente para cobrir custos operacionais, custos econômicos e “markup” desejado, conforme capítulo seguinte.

CAPÍTULO VII – UMA ANÁLISE DOS PRINCIPAIS PRODUTOS DA COOPERATIVA

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1. Considerações gerais e natureza dos produtos

Uma cooperativa de crédito não é uma instituição financeira bancária, no sentido amplo, entretanto, produz em sua atividade operacional, vários produtos similares aos dos bancos, para atender, principalmente, à grande família de cooperados.

Certos produtos que, nos bancos são criados para atendimento ao público em geral, na cooperativa são exclusivamente para atendimento ao cooperado. Desses destaca-se a abertura de conta corrente e qualquer atividade de crédito. Existe ainda a possibilidade de a cooperativa celebrar convênio com a empresa à qual os seus cooperados encontram-se vinculados e prestar esse mesmo serviço específico, extensivos a outro público, devendo, para tanto, fazer distinção no tratamento contábil dessas operações, o que for operacionalizado com os cooperados não é tributado, os demais, sim.

Cita-se ainda como possibilidade de receitas, a arrecadação de faturas de energia elétrica, de água, de telefone, etc., cujos convênios são celebrados pelo banco que dá suporte ao sistema cooperativo e, como deve haver uma cooperação intrínseca no relacionamento intercooperativo, esses convênios são estendidos a todas as cooperativas filiadas e controladas pela Cooperativa Central. O tratamento contábil deverá ser feito conforme citado anteriormente.

Dentre as naturezas de produtos retro citados, cabe ressaltar os seguintes:

- Adiantamento a Depositantes- Aplicação em Fundos de Investimentos- Aplicações Financeiras- Crédito Pessoal- Depósitos Bancários- Descontos de Títulos- Financiamentos- Ingressos de Depósitos- Rendas de Cobrança- Rendas de Outros Serviços- Rendas de Receitas Operacionais

Como é de se notar, cada um desses produtos tem a sua unidade (quantidade unitária) própria, ficando um tanto difícil trabalhar com todas elas, concomitantemente, visto que o resultado não teria uma expressão monetária definida, considerando tratar-se de unidades diversas.

Ante a essa diversidade de unidades de produtos (ressaltando que ao citar a expressão “produtos” sempre estaremos nos referindo a bens e serviços), há necessidade de se efetuar uma simplificação necessária e, portanto, a unidade mais adequada nessa hora é trabalhar com a quantidade de itens desses produtos.

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2. O detalhamento das contas de Rendas

De posse de um relatório em que estão expressas as receitas por item de produto, podemos ainda observar, em cada um deles, a quantidade de unidade obtida com a operacionalização dos trabalhos do dia a dia, conforme demonstra a tabela abaixo.

Vale ressaltar ainda que, quer em seu montante total, quer no total por item, ou no total por unidade de produto, esses valores indicam quais os principais produtos trabalhados na cooperativa, principalmente se os ordenarmos por ordem decrescente de valores, demonstrando dessa maneira, quais produtos são os expoentes na formação da receita total da instituição.

Ilustração 15 – Principais rendas de uma cooperativaFonte dos valores: O Autor

NOTA: * - As quantidades relativas às Rendas de Cobranças, Rendas de Outros Serviços e Rendas de Receitas Operacionais, são descritas em unidades de serviços executados e cobrados/arrecadados (papéis, n.º de operações, por exemplo: para cada conta corrente, ao final do mês é cobrada uma taxa de manutenção, somando tantas operações quanto for o n.º de contas correntes, em seguida, multiplicando-se esse total pelo valor unitário cobrado, deduz-se a receita), as demais quantidades referem-se aos valores em moeda corrente aplicados e a quantidade de operações necessárias para produzi-los.

Assim sendo, o preço unitário do dinheiro é o percentual relativo à taxa de juros (i) cobrada e a renda daí resultante decorre da aplicação de fórmula específica de capitalização composta.

Custo do dinheiro = Capital emprestado x (1 + i)n

Reiterando que ‘i’ é a taxa de juros e ‘n’ é o número de meses que o capital permanecerá emprestado. Obviamente que os empréstimos tomados, normalmente têm

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sistema de amortização mensal e, dessa forma tem também sua fórmula específica, mas não cabe aqui fazer demonstrações de matemática financeira, apesar de o autor ser Tutor, dentre outras, da disciplina de Gestão Financeira do Curso de MBA – Manegement Business Administration da UFMT-INEPAD.

Para outras rubricas como: “Rendas de Cobranças”, “Rendas de Outros Serviços” e “Rendas de Receitas Operacionais”, a unidade, conforme já relatado acima, refere-se à quantidade de serviços utilizados no processo de obtenção da receita, a saber:

- A quantidade relativa à “Rendas de Cobranças” é exposta em unidades de documentos arrecadados/cobrados;

- A quantidade relativa a “Rendas de Outros Serviços” refere-se à quantidade de operações realizadas nessa rubrica e

- A quantidade relacionada com as “Rendas de Receitas Operacionais” refere-se também a quantidade de serviços executados na operacionalização destes.

Os ingressos acima são desdobrados nas seguintes receitas (foram excluídos os ressarcimentos e contas de natureza semelhante):

RENDAS DE ADIANTAMENTO A DEPOSITANTES- Rendas de Adiantamento a Depositantes

EMPRÉSTIMOS- Empréstimos em Cheque Especial- Empréstimo por C.A.C.- Rendas de Empréstimos em inadimplência.

FINANCIAMENTOS- Rendas de Financiamentos em Crédito Rotativo – Carteira de Crédito

APLICAÇÕES EM FUNDOS DE INVESTIMENTOS- Rendas de Aplicações em F.A.F.

RENDAS DE COBRANÇAS/ARRECADAÇÃO- Rendas de Tarifas de Arrecadação- Rendas de Cobranças – Fichas de Compensação

RENDAS DE OUTROS SERVIÇOS- Rendas sobre Convênios- Taxa de Ficha de COMPE- Taxa Serviços C/C- Taxa Cheque Menor (R$ 20,00)

RENDAS DE OUTRAS RECEITAS OPERACIONAIS- Taxa Devolução de Cheque- Taxa de Manutenção de Contas- Taxa de Emissão de DOC- Taxa de Emissão TED/SPB- Receita de Anuidade de Cartão de Crédito- Receita de Anuidade de Cartão de Débito- Receita de Intercâmbio de Cartão de Crédito

INGRESSOS DE DEPÓSITOS- Ingressos de Depósitos Intercooperativos

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O trabalho com informações de unidades em R$, em % e em unidades de serviços, efetuado apenas com unidade de itens não dificulta a análise do resultado, apenas simplifica a operação, uma vez que se tenha uma noção de rendimento quer por R$ 1,00 aplicado, quer por 1 (uma) unidade de conta arrecadada.

O resultado do trabalho relativo ao presente capítulo é de se chegar ao lucro econômico quer por R$ 1,00 aplicado, quer por unidade de serviço executado ou de cobrança efetuada ou ainda por taxa de juros aplicada a um montante que resulte em rendimento para a instituição (receita bruta), conforme fica patente na demonstração do item que se segue.

3. Transformação dos produtos em uma mesma unidade

Há ainda a possibilidade de se detalhar ainda mais os rendimentos, dentro do Plano de Contas das Instituições do Sistema Financeiro Nacional - COSIF, da forma como efetuada abaixo, onde se expressa a unidade de operacionalização do produto pela quantidade de operações realizadas para obtenção de cada um deles.

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Ilustração 16 – Principais produtos de uma cooperativaFonte dos valores: O Autor

A quantidade por produto é pois calculada dividindo-se a Receita correspondente pelo seu preço unitário. Dessa forma, a quantidade de produto fica em uma mesma unidade para todos, ou seja, Reais divididos por Reais, o resultado é uma unidade denominada de quantidade (q).

O Preço Unitário, da tabela acima está apresentado por item de produto. .

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3.1 O cálculo do Preço Médio dos produtos

Para definição do Preço Médio por item toma-se as grandezas de valores correspondentes às receitas, totalizando-as e dividindo pelo número de itens de receita existente, assim:

Pm = ∑ RT ∑ q

Donde que,

Pm = Preço Médio dos Produtos.RT = Receita Total proporcionada por todos os itens operacionalizados.q = Quantidade Total das Operações efetuadas

Considerando ainda que P x q = Receita Total (RT), sendo “q” a quantidade de operações efetuadas, podemos escrever a equação acima como:

Pm = ∑ P x q∑ q

Donde que,

Pm = Preço Médio dos Produtos.P = Preço unitário de cada produto.q = Quantidade de operações efetuadas na obtenção do produto.

Observa-se ainda que a RT = RT1 + RT2 + RT3 + ... + RTn

Ou seja,

Pm = 2.692 + 57.345 + 750 + 2.691 + 223.576 + 9.512,05 + 10.291,36 + 53.16022.492 + 1.428.126 +16.667 + 179.400 + 279.470 + 5.734 + 1.723 + 4.431

Pm = 360.024,41 = R$ 0,19 1.938.043

Obs.: Essa transformação ganha importância maior quando utilizada em programação de aplicativos (programas de computador) por promover uma simplificação de lógica de programação.

O resultado acima se refere a receita média, por unidade de operação efetuada no sentido de obtenção da receita, ou melhor, em média, quanto a cooperativa recebe por uma unidade de serviço prestado e/ou na venda de cada produto.

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A transformação dos montantes de receitas de diversos produtos em um preço unitário único (receita por unidade produzida) é de muito proveito para simplificação da elaboração de um Planejamento Estratégico de Longo Prazo. As cooperativas de créditos, fundamentadas em possibilidades de crescimento da demanda por produtos, dada a capacidade embrionária do mercado desta e apesar de suas limitações de atuação, terão sempre um espaço a mais a ser explorado e conquistado.

Além disso, este trabalho demonstra com grande enfoque, as possibilidades de se manipular um Custo Médio de Longo Prazo (CMeLP) para grandes quantidades de itens de produtos trabalhados, tornando os cálculos e, portanto, reduzindo as probabilidades de erros.

Entretanto a análise que se vem demonstrando em termos de receitas médias por

item (ou preço unitário) se completa com a análise elaborada no capítulo seguinte (análise de custos), cujo processo de cálculo aqui utilizado, deverá ser observado naquela oportunidade.

3.2 O retorno do Preço Médio dos Produtos ao Preço Unitário Individual

Ao executar cálculos que resultem em variação do preço unitário, para calcular o correspondente preço de cada produto, basta utilizar o critério de proporcionalidade dessa variação, por exemplo:

Caso o preço unitário encontrado (Preço Médio dos Produtos – Pm) se altere de R$ 0,19 para R$ 0,25, a variação foi de:

R$ 0,25 – R$ 0,19 = 0,3158 ou 31,58 %R$ 0,19

Conforme se observa, basta aplicar nos preços originais o acréscimo do percentual acima para a obtenção do novo preço corrigido, como se os cálculos tivessem sido elaborados com cada um dos itens, individualmente, daí a vantagem enorme desta simplificação.

Caso se queira imputar a alteração verificada no preço médio de Rendas de Cobranças/Arrecadação (R$ 0,80), basta usar de razões e proporções, obtendo-se idêntico valor com a utilização do critério de proporcionalidade como se segue:

R$ 0,19 = R$ 0,80R$ 0,25 R$ X,00

Logo,

R$ X,00 = R$ 0,25 x R$ 0,80 = R$ 1,05R$ 0,19

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A mesma correção pode ser obtida por intermédio da aplicação pura e simples do percentual de 31,58 % ao preço de R$ 0,80, a saber:

R$ 0,80 x 1,3158 = R$ 1,05

Observação: Para trabalhar com o percentual de 31,58 %, este foi dividido por 100, transformando-o um número índice e acrescentado 1 (um) inteiro. Esta unidade dada de acréscimo representa o valor original ou 100% deste. A parte decimal do índice representa, portanto, o quanto será acrescido ao valor tomado inicialmente, no caso R$ 0,80, ou melhor dizendo, o quanto representa a sua variação.

Será apresentado um estudo de caso, no próximo capítulo, envolvendo os assuntos deste e do próximo capítulo.

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CAPÍTULO VIII - ANÁLISE DE CUSTOS E RESULTADOS E DE INDICADORES DO NÍVEL DE EXPANSÃO DO NEGÓCIO.

As cooperativas de crédito, assim como qualquer empresa, convivem em um ambiente empresarial e, esse ambiente é sempre marcado por:

1. Competição nos negócios

– Provavelmente alguém poderá dizer que a cooperativa tem uma característica de atendimento a apenas um grupo específico de pessoas pertencentes a um único seguimento de trabalho ou de uma atividade qualquer e, portanto não tem concorrência. Ledo engano, pois a mesma sofre concorrência de outras instituições financeiras, de forma mais veemente na medida em que ela começa a crescer e monopolizar os serviços financeiros daquele seguimento representados por empresas do grupo de atividades o qual é abrangido pela cooperativa e, principalmente se esse grupo tem tamanho representativo em termos de negócios.

Uma das formas de concorrência direta dos bancos para com as cooperativas é exigindo das empresas o depósito dos salários de seu quadro de pessoal, naquele banco, Essa medida torna, de forma impositiva, os cooperados correntistas do banco, este lhes proporciona, de início, as vantagens de créditos mais fáceis, obtidos até por terminais de pronto atendimento.

As novas contas cooperados, garantidas pelos salários nelas depositados, tiram

qualquer risco de inadimplência para os bancos restando à cooperativa amargar com os inadimplementos de cooperado mais afoitos por créditos.

Essa medida tem feito algumas cooperativas amargarem grandes volumes de inadimplências de seus próprios associados quando estes, ao receberem seus salários pelos bancos e com a facilidade para obtenção de créditos oferecidas, não retornam nenhuma parcela desses salários para a sua cooperativa. Esta, portanto, fica com prejuízos constantes, com altos provisionamentos na conta “Provisão de Crédito de Liquidação Duvidosa”, cujas taxas têm um crescimento quase geométrico enquanto o banco logra ficar com a garantia absoluta de retorno dos créditos efetuados aos funcionários da empresa, associados da cooperativa, por meio do desconto direto em conta corrente, no dia do crédito do salário.

Uma forma de atenuar essa concorrência seria permitir que a empresa também fosse associada da cooperativa, podendo efetuar suas transações financeiras de pequeno e/médio porte, de conformidade com o capital de giro da cooperativa.

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Nesse ambiente competitivo há necessidade de que a cooperativa haja de forma profissional, pois a sua sobrevivência depende de boa eficácia no desenvolvimento de suas atividades.

2. Missão a ser cumprida

– Neste caso, por se tratar de cooperativas de crédito, pode-se ainda pensar que suas missões se restringem ao bem estar econômico e financeiro do associado. Mais uma vez incorre em erro quem assim pensa, pois a cooperativa como uma empresa, deverá ainda estender essa satisfação de forma bem mais ampla, ou seja, para os stakeholders (todos aqueles que têm alguma relação direta com a cooperativa), quais sejam seus cooperados, cooperativários (empregados associados), seus dirigentes, fornecedores e clientes de arrecadação de boletos, não cooperados mas que procuram a cooperativa para efetuar seus pagamentos, quer por proximidade do trabalho, da residência ou por conhecimento com algum dos associados ou cooperativários. Por certo, todos, uníssonos, devem estar satisfeitos com a cooperativa e com as realizações alcançadas por esta.

Além disso, a cooperativa precisa gerar sobras (lucros) necessárias não só para a remuneração do capital dos associados, fator este incluso nos estatutos, como também como condição “sine qua non” para os reinvestimentos necessários, ao se objetivar continuidade do negócio.

Observa-se que tanto sob o aspecto conceitual como sob o aspecto da prática contábil, a sobra (o lucro) é o resultado entre o que se obteve de receita, subtraindo-se desta os custos praticados.

Dessa forma:

LT = RT - CT

Ou seja,

Lucro Total (LT) é igual à Receita Total menos o Custo Total. Dessa forma podemos, portanto, conceituar o Lucro como realmente o que sobrou da receita depois de retirado o valor do custo. O Lucro é, portanto, a realização de uma Sobra.

3. Obtenção de sobras (lucro)

– Obtém-se a sobra (lucro), conforme acima, subtraindo da receita total os gastos efetuados no período. O lucro torna-se, por conseguinte, um resultado, uma sobra ou um resíduo.

Após a análise do comportamento operacional da cooperativa no período em questão, constatando a lucratividade e sendo esse resultado distribuído aos cooperados,

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estes se tornam um consumidor em potencial do mercado que o cerca, injetando através do consumo efetuado nesse mercado, o valor correspondente à sua Propensão Marginal a Consumir (PMC).

A cooperativa, com os lucros retidos, terá possibilidades de reinvestimentos, quer na aquisição de bens de capital, ampliando seu mercado, estendendo suas atividades para captar maior número de associados, ou melhorando as instalações existentes ou ainda investindo em capital de giro, proporcionando capacidade de realização de maior volume de negócios entre seus associados.

3.1 O Lucro Contábil e o Lucro Econômico

Distingue-se o Lucro Contábil (ou Lucro Líquido), como a sobra encontrada no Demonstrativo de Resultado do Exercício, uma das peças das demonstrações contábeis, inserido logo após o lançamento da dedução do imposto de renda.

Dizemos ser Lucro Econômico àquele que a cooperativa obterá, ao suplantar as deduções estatutárias, a remuneração para os administradores (participação específica para gestores, nos lucros) e a melhor alternativa de investimento que encontraria no mercado, para o total do capital próprio empregado, caso não escolhesse fundar a cooperativa. Pode-se ainda verificar com isso, ser a primeira sobra (lucro) maior que a segunda, pois, a desta última, foi subtraído também, como se despesa fosse, um valor equivalente à melhor remuneração dos recursos próprios aplicados na cooperativa, com rentabilidade tal ou mais do que o administrador poderia obter se empregasse esses recursos em outro setor da atividade econômica.

O Lucro (sobra) encontrado após fechamento de um período, com esse nível de remuneração, é um valor denominado de “Lucro Puro” ou “Lucro Econômico”. Um lucro com essa composição, torna-se fácil verificar que a parte a ser distribuída é aquela relativa à melhor remuneração possível para o capital próprio, ou mais cautelosamente, parte dela. O restante das sobras é de bom alvitre ser destinado à formação de fundos legais e também alguns fundos instituídos pela cooperativa, bem como para os reinvestimentos necessários ao aumento do volume de recursos transacionados com consequente aumento da quantidade de negócios realizados entre os cooperados.

4. Custo de Oportunidade

Estabelecidas as diversas alternativas de destinação das sobras, a cooperativa carece de um planejamento estratégico de longo prazo de suas atividades, objetivando realizar a melhor alternativa de aplicação dessas sobras por ela geradas, de forma a distinguir também a melhor alternativa para de Custo de Oportunidades.

As alternativas escolhidas para aplicação de recursos não podem servir apenas de um instrumento que redunde em algum contentamento extemporâneo dos cooperados e cooperativários por uma distribuição polpuda de sobra. Essas sobras ou parte delas se reaplicadas na atividade produtiva poderiam gerar maior volume de

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recursos ainda (crescendo o Bolo), e os cooperados optando por essa reaplicação de recursos na cooperativa, estão promovendo um Custo de Oportunidade, na busca de melhores rendimentos futuros (um Bolo maior pode ser cortado em fatias maiores).

Os associados que investiram suas economias na capitalização da cooperativa, têm, portanto, nesse valor, um Custo de Oportunidade relativo à decisão tomada em aplicar na entidade um valor que poderia estar proporcionando um rendimento diverso caso o tivesse aplicado em outra alternativa de negócio, talvez até mais segura.

Por Custo de Oportunidade devemos entender, portanto, ao custo de se abrir mão de destinar certo valor para Manutenção de Capital de Giro – CDG ou para ampliação da Carteira de Crédito ou ainda para uma outra aplicação qualquer, empregando-o em um novo empreendimento, objeto de reformas no planejamento estratégico de ações.

5. Gastos

Todas as empresas, em geral, têm uma preocupação de grande importância que é aquela com seus gastos. Como gastos subentendem-se a todos os dispêndios de recursos realizados em compra, em geral de bens e/ou serviços. Dessa forma distinguem-se dois tipos de gastos:

a) Com Investimentos

Referindo-se a aquisição de Bens de Capital, ou seja, aqueles Bens de Consumo Duráveis que aplicados no processo produtivo da instituição, ou seja, são os “bens de produção produzidos”.

b) Com Consumo

Compreende as aquisições de Bens ou Serviços a serrem consumidos durante o processo de produção (atividade operacional) quer com sua utilização imediata quer por incorporação do mesmo ao(s) produto(s), gerando, em conseqüência, despesas e custos.

De qualquer forma, essa classificação é feita para o que chamamos de Curto

Prazo, vez que a Longo Prazo, todos os bens em geral, são consumidos, portanto, no longo prazo todo produto (bem ou serviço) é consumido e, portanto todo o gasto é consumo.

Ressalta-se, ainda, que dentro de qualquer processo produtivo (empresa), tem-se dois tipos de gastos:

b.1) na implantação (instalação) do processo (aqui podemos definir processo como a atividade empresarial/produtiva) e

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b.2) os gastos posteriores com o desenvolvimento desse processo.

No primeiro caso, quando se está instalando o processo, ou seja, quando se está implantando a empresa, uma cooperativa de crédito, por exemplo, todos os gastos, indistintamente, efetuados nessa instalação são considerados investimento e, posteriormente, quando da operação do processo instalado (cooperativa montada) os gastos efetuados dentro do processo tem duas conotações:

c) Custos Diretos

São gastos efetuados com fatores produtivos empregados diretamente no processo de produção, quer com aqueles que se incorporam ao produto ou modifica o seu estado ou com aqueles que estão à disposição direta do processo produtivo, executam o processo, mas não são responsáveis diretos pela quantidade produzida.

São, portanto fatores de duas naturezas:

c.1) Aqueles possíveis de serem identificados com a quantidade do produto, ou seja, a utilização desses fatores é zero se nada for produzido e crescerá proporcionalmente ao volume da produção alcançada, sendo, portanto também chamados de Custos Variáveis. Como exemplo pode-se citar o volume de recursos disponíveis no capital de giro que se caracteriza como um fator variável, pois à medida que se disponibiliza maior volume de recursos, há possibilidade de se realizar um volume também maior de negócios, a exemplo do crédito pessoal;

c.2) Aqueles que executam o processo, mas não são responsáveis diretos pela quantidade produzida, são as máquinas, equipamentos, iluminação do espaço físico, refrigeração do ambiente, segurança das instalações de produção, etc., estes são chamados de custos fixos diretos.

d) Custos indiretos

São aqueles que se relacionam ao apoio e gerenciamento dado ao processo produtivo e demais atividades concernentes ao relacionamento da instituição com os “stakeholders”. Esses custos, na apuração do resultado, são rateados ao produto tendo em vista que não têm relação direta com ele e são denominados de custos e despesas fixas gerais e administrativas.

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Custos? Despesas? Que confusão!

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Ilustração 17 – Preocupação com CustosFonte: Apostila de Gestão Financeira do Curso de Desenvolvimento Regional Sustentável (DRS) – UFMT/INEPAD.

6. Métodos de Custeio

6.1 Método do Custeio por Absorção;6.2 Método do Custeio Direto/Variável e6.3 Método ABC – Activity Based Costing ou Custo Baseado em Atividade.

6.1 Custeio por Absorção

O Método de Custeio por Absorção imputa ao produto todos os custos diretos de fabricação, sejam eles de qualquer natureza, fixos ou variáveis, igualmente assacados ao produto sob a forma de rateio.

Trata-se do método adotado oficialmente e o único aceito pela legislação tributária, tendo em vista ser adotado pela regras contábeis societárias em vigor.

Para efeito do presente trabalho, será feito enfoque maior e mais detalhado acerca dos dois outros métodos de custeios, pois serão apenas esses os objetos de estudo deste trabalho de gestão.

6.2 Custeio Direto/Variável, ou ainda Custeio Parcial,

Para melhor conceituação e entendimento de custos fixos e variáveis, demonstra-se abaixo um sistema base para o setor produtivo, ou seja, um processo produtivo de uma empresa qualquer e em particular no caso deste livro, uma cooperativa de crédito.

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Entradas Processo Saídas

Matéria Prima Produto

Custo Variável Custos Fixos Custo Variável (Custo Proporcional ao Faturamento)Ilustração 18 – O Processo ProdutivoFonte: O Autor

Com a ilustração acima, fica patente serem os custos obtidos dentro do processo produtivo conforme evidenciado, custos diretos e têm as seguintes classificações;

a) Custo Fixo Direto – tratando-se daqueles que advêm do uso de fatores de produção empregados na estrutura do negócio (instalações, móveis máquinas e equipamentos, etc.) e, portanto são fixos, pois independente da quantidade produzida, ou de produzir, haverá necessidade de se dar manutenção a esses fatores empregados. Isto significa dizer ainda que ao se montar (estruturar) qualquer negócio, independentemente de se iniciar o processo produtivo, os custos fixos já existem.

b) Custo Variável – esse custo retrata do montante de gastos com todos os fatores produtivos ligados diretamente ao produto, quer em seu processo produtivo, quer no sistema de vendas empregado. Dessa forma, podemos classificar esses custos em duas outras classes distintas:

Custo de Formação do Produto (CFP), a exemplo da matéria prima que irá compô-lo ou participar dessa composição em proporções iguais à quantidade produzida, a mão-de-obra envolvida diretamente na produção, bem como todos os insumos utilizados na composição montagem e formação do produto (bens ou serviços) e,

Custo Proporcional ao Faturamento da empresa/cooperativa (CPF) a exemplo dos impostos sobre o faturamento, fretes para entregas do produto, seguros efetuados sobre o transporte de valores, embalagens, etc., influenciando, estes, no custo do produto, de forma proporcional à quantidade produzida, ou seja, quanto mais se produz mais se aumenta esses custos.

Ficam, portanto, os Custos Variáveis divididos em: Custos de Formação do Produto (CFP), ocorrendo por ocasião do processo produtivo e Custos Proporcionais ao Faturamento (CPF), ocorrendo após a realização desse processo.

A fórmula matemática para esse conceito será expressa da seguinte maneira:

CV = CFP + CPF

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Processamento do Produto

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Já os Custos Fixos que podem ser denominados de:

a) Diretos são representados pelos gastos com a manutenção de toda a estrutura responsável pelo processo de produção da empresa (um Posto de Atendimento ao Cooperado – PAC é uma estrutura de produção) e

b) Gerais que são aqueles representados pela manutenção da administração da instituição (cooperativa), sendo que neste último custo pode também ser denominado de Despesas Fixas Gerais e Administrativas.

Apenas por questão de generalização da terminologia “custos” é que se diz Custos Fixos Gerais para os custos que compreendem as despesas administrativas e Custos Fixos Diretos para os custos fixos do processo produtivo.

Dessa forma, para melhor esclarecimento das particularidades dos custos e despesas enfocadas acima, evidencia-se novamente a reclassificação como se segue:

a) dos Custos Fixos que no processo de produção são chamados de Custos Fixos Diretos (CFD) e

b) na Administração Central são chamados de Despesas Fixas Gerais (DFG).

Existem, na cooperativa (empresa), conotações, conforme entendimentos diversos de custos e das despesas, em todo o processo produtivo e, portanto, para satisfazer aos conceitos em geral, emanados sobre o assunto, será feito neste trabalho a citação freqüente de custos e despesas variáveis, custos e despesas fixas.

Diz-se ainda que uma cooperativa de crédito tem ‘suas agências’ (filiais) denominadas de PAC’s (Postos de Atendimento aos Cooperados). Dessa forma, para efeito de controle e apuração de resultado, no geral e nas partes (cooperativa, como um todo e os PAC’s, no particular), considera-se, portanto, a existência destas agências, como processos produtivos participantes de outro mercado (bairros ou cidades diferentes).

Assim, considera-se a cooperativa com sua unidade de produção que é o atendimento ao crédito e aos demais serviços de balcão, seus PAC’s e também seus caixas eletrônicos como unidades de atendimento, conforme ilustração seguinte:

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Ilustração 19 – Demonstração de agências e mercados da cooperativa.Fonte: O Autor

Consideramos, portanto, a existência de uma estrutura de Administração Central, uma estrutura de processamento dos produtos que é a Agência Central, Diversas estruturas de PAC’s, bem como diversas estruturas de Caixas Eletrônicos.

6.3 Custeio pelo Método ABC (Activity Based Costing)

O Método de Custeio ABC, reporta as despesas a cada atividade, dentro da empresa, geradora de gastos, necessários para desenvolvimento/apoio do processo de produção. Para melhor enfoque e especificidade, este método terá um detalhamento de estudos, no Capítulo XI.

7. Construção do Modelo Econômico de análise de custos/resultados

Considerando uma Cooperativa de Crédito com apenas uma Agência Central de Atendimento, um PAC e um Caixa Eletrônico (CE), podemos assim montar a estrutura de custos/resultados:

Central PAC CERTB RTB RTB( -) CPF* ( -) CPF ( -) CPF(=) RTL (=) RTL (=) RTL(-) CFP* (-) CFP (-) CFP

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Cooperativa

(Adm. Central)

Agência Central

PAC 1

PAC 2

Caixa Eletrônico

Mercado I

Mercado II

Mercado III

Mercado IV

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(=) MBC (=) MBC (=) MBC * Reitera-se que Custo Variável (CV) = Custo de Formação do Produto (CFP) +

Custo Proporcional ao Faturamento (CPF).

Este é o primeiro estágio da apuração do resultado, para no qual se destaca a seguinte legenda:

RTB = Receita Total BrutaCPF = Custo Proporcional ao FaturamentoRTL = Receita Total LíquidaCFP = Custo de Formação do Produto MBC = Margem Bruta de Contribuição

Obtém assim, o primeiro resultado a ser considerado e analisado, o qual pode ser trabalhado pela economia de escala: aprimoramento de técnicas de trabalho, motivação de pessoal, obtenção de material necessário ao processo a um custo menor e aumento da quantidade de cada produto, tornando os custos fixos unitários minimizados (isto pode ser conseguido simplesmente com a apresentação de um trabalho eficiente e regular ou, com persistência, redundando em aumento do quadro de associados).

As Margens Brutas de Contribuições – MBC’s apresentadas logo acima mostram o resultado obtido após o desconto dos Custos Proporcionais ao Faturamento e dos demais Custos Variáveis, em cada processo produtivo evidenciado.

Será efetuada uma demonstração numérica no Estudo de Caso que se segue.

Por outro lado, observa-se pelo seu comportamento que tanto os Custos Diretamente Proporcionais ao Faturamento (CPF) como os Custos de Formação do Produto (CFP), são todos, na verdade, simplesmente Custos Variáveis (CV) e a expressão do demonstrativo de resultado poder-se-ia ser representada da seguinte forma:

RT – CV = MBC,

ou seja,

Receita Total menos os Custos Variáveis demonstrariam o primeiro estágio do resultado alcançado pela cooperativa, denominado de Margem Bruta de Contribuição.

Dando seqüência à análise de resultados retiramos os Custos Fixos Diretos, obtendo assim um resultado relativo a cada processo produtivo, como se segue:

CooperativaAgência Central PAC CE(=) MBC (=) MBC (=) MBC(- ) CFD (- ) CFD (- ) CFD(=) MSBC (=) MSBC (=) MSBC

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Legenda,

MBC = Margem Bruta de ContribuiçãoCFD = Custos Fixos Diretos (ligados ao processo de produção de

serviços financeiros – que é o produto da cooperativa)MSBC = Margem Semi-Bruta de Contribuição

Neste estágio, deduzimos os Custos Fixos Diretos (CFD) para obter outro estágio de resultados que é denominado de Margem Semi-Bruta de Contribuição (MSBC).

Muitas vezes os fatores de produção que geram os Custos Fixos Diretos (CFD) são utilizados de forma conjunta, por exemplo, a segurança e a iluminação de um PAC e a do Caixa Eletrônico (CE) nele existente, pois ambos estão instalados em um único local. Dessa forma, os custos oriundos desses fatores empregados conjuntamente poderão ser calculados por rateio do total de cada um deles, proporcional ao volume de negócios em cada unidade produtiva (PAC ou CE).

Em se tratando de uma cooperativa com um PAC e um CE, com utilização de fatores comuns, conforme relatado acima, a MSBC poderá ser obtida também somando-se as MBC’s de cada um dessas unidades produtivas e subtraindo o total de CFD’s, obtendo a MSBC que se refere ao conjunto das unidades analisadas.

Com esse resultado teremos descontado da receita total de todos os custos do processo de produção, ou seja, podemos definir quanto nos está custando manter cada processo (Agência Central, Posto de Atendimento aos Cooperados (PAC), Caixa Eletrônico (CE), Correspondente, etc.) e o resultado que cada um está apresentando, em termos de resultado, para a cooperativa.

Em se tratando de Custos Fixos Diretos (CFD) perfeitamente separados por processo produtivo, pode-se obter o resultado seguinte que é a Margem Semi-Bruta de Contribuição, da seguinte maneira:

CooperativaAgência Central PAC CE (=) MSBC (=) MSBC (=) MSBC (-) CFD (-) CFD (-) CFD (=) MSBC (=) MSBC (=) MSBC

Ou,

CooperativaAgência Central PAC CE (=) MSBC + (=) MSBC + (=) MSBC(=) MSBC Total(-) CFD Total(=) MSBC

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Este último para o caso de não se operar com rateio do CFD e preferir trabalhar com esse custo, pelo seu total.

Obtém-se com isto a margem oferecida por cada unidade produtiva após o período considerado, podendo daí se ter uma análise da performance de cada uma delas.

Passo seguinte será a obtenção do Lucro Operacional, deduzindo do último resultado, ou seja, da Margem Semi-Bruta de Contribuição (MSBC), os Custos Fixos Gerais ou Despesas Gerais Administrativas.

Para a consecução desse objetivo, deve-se inicialmente somar os valores correspondentes às MSBC’s, do qual se fará a subtração supra mencionada:

CooperativaAgência Central PAC CE(=) MSBC + (=) MSBC + (=) MSBC(=) MSBC total

(-) DFG(=) Lucro Operacional (LO)

Obs.: MSBC total = Soma das Margens Semi Brutas de Contribuição, da Agência Central, do PAC e do CE.

Deduzidos os Custos Fixos Gerais - aqueles realizados na Administração Central – obterem-se o resultado operacional da cooperativa de crédito. Caso a cooperativa não tenha Receitas ou Despesas não operacionais e não tenha atividade não cooperativa que a predispõe ao pagamento do IRPJ – Imposto de Renda de Pessoa Jurídica, esse será, portanto, o resultado esperado de forma contábil. Entretanto, economicamente, há necessidade de se subtrair desse resultado o seguinte:

Cooperativa(=) Lucro Operacional (LO)(-) Custo de oportunidade oferecida pelas aplicações no mercado (CO).(=) Lucro Econômico (LE).

Como Custo de Oportunidade entende-se o lucro normal esperado com o planejamento estratégico de longo prazo, dentro do processo produtivo, “Cooperativa de Crédito” e a melhor aplicação que se poderia obter, no mercado. A diferença obtida se configura em Lucro Econômico.

A contabilidade não remunera os bens de capital, em qualquer empresa, tão

somente desconta a depreciação, objetivando que a empresa possa substituir-los após desgaste. Caso seja colocado em aluguel um determinado bem de capital, próprio (instalações, máquinas, etc.), destes se obtém remuneração dada pelo valor de aluguel no qual, e certamente, estará incluso a depreciação do mesmo mais a remuneração

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desejada. Se o bem for próprio da empresa, a contabilidade não reconhece aluguel, mas tão somente a depreciação.

Estrategicamente não se deve pensar apenas em adquirir um bem de capital e simplesmente reservar recursos para substituí-lo no futuro, mas se deve também pensar em fazer rendas, à parte, sobre esse capital próprio, pois ele teria uma remuneração em qualquer outra aplicação alternativa em que fosse empregado. A isso também se chama de “Custo de Oportunidade”.

Por outro lado, a cooperativa pode estar operando com lucro contábil e o Banco Central estar satisfeito, mas ao término do exercício, do ano fiscal, os associados poderão não estar satisfeitos visto que o empreendimento poderá não atender ao anseio pela distribuição de sobras (lucros) em nível das determinações estatutárias e, ainda, manter recursos para novos investimentos.

Então esse aluguel deverá constar como despesa econômica e ser também subtraído do Lucro Líquido contábil para compor um fundo de reinvestimento.

O Lucro Econômico, portanto, como valor remanescente após a composição dos fundos estatutários e de reinvestimentos, deverá ser o objetivo principal de todo empreendimento.

No caso específico da cooperativa, deverão ser incluídas no custo econômico as remunerações estatutárias previstas, de forma que uma eventual sobra ou Lucro Econômico seja totalmente revertido ao processo, ou seja, à própria cooperativa.

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Estudo de caso – A Cooperativa de Crédito do Vale da Promissão após o final de exercício apresentou os seguintes resultados.

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Ilustração 20 – Receita da Agência CentralFonte dos valores: O Autor

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Ilustração 21 – Receita do Posto de Atendimento ao Cooperado I – PAC IFonte dos valores: O Autor

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Ilustração 22 – Receita do Posto de Atendimento ao Cooperado II – PAC IIFonte dos Valores: O Autor

A Análise Vertical indica qual o percentual que cada produto individualizado, representa do custo médio total.

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Essa informação servirá para quando se desenvolver um planejamento estratégico, fazendo a adequação dos custos à receita total, com os percentuais obtidos na Análise Vertical pode-se calcular os ajustes necessários em cada item, em termos de custos, bastando para tanto aplicar o percentual de variação do Custo Total, em cada item. Caso os custos forem trabalhados por item, utiliza-se o percentual de expansão ou retração destes, para se obter a variação correspondente, no Custo Total.

Resumo dos totais de Receitas das Unidades Operacionais:Agência Central = 393.832,49

PAC I = 295.374,37

PAC II = 209.910,28

TOTAL = 899.117,14

O Preço Unitário Único, ou seja, o preço médio unitário calculado por item de produto trabalhado pela cooperativa, demonstrados nos quadros de Receitas anteriores e conforme capítulo anterior fica sendo tão somente o resultado do quociente entre a Receita Total proporcionada em cada unidade de atendimento, pelo total de itens trabalhados pela cooperativa (Operações realizadas), como se segue:

Ilustração 23 – Cálculo do Preço Total (unitário)Fonte: O Autor

A soma dos preços unitários acima passa a se constituir em Receita Total por unidade produzida, em todas as dependências da cooperativa.

O quadro acima é o resumo do cálculo já efetuado em cada quadro de Receita da Agência Central e dos Postos de Atendimento aos Cooperados I e II, constituindo-se na divisão do Total dos Rendimentos pelo Total das Operações.

Os custos e despesas (valores estes informados e que na contabilidade da cooperativa devem ser obtidos do Demonstrativo de Resultado de Exercício, pela classificação deles) comportaram-se conforme o quadro seguinte:

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Ilustração 24 – Demonstração de Custos por setor operacionalFonte: O Autor

Legenda,CPF = Custos Proporcionais ao FaturamentoCFP = Custos de Formação do ProdutoCFD = Custo Fixo DiretoCFG = Custos Fixos Gerais

Relembrando sempre que Custo Variável é composto pelos Custos Proporcionais ao Faturamento – CPF somados aos Custos de Formação do Produto – CFP.

Outras informações:Capital social da cooperativa = R$ 1.286.435,80Remuneração anual prevista em estatuto = 12% ao ano.Remuneração no mercado financeiro (valor acima de R$ 500.000,00) = 1,8 % ao

mês, valor estipulado para efeito deste exercício.

Desenvolvimento,

Primeiramente deve-se procurar montar o Modelo Econômico de demonstração dos resultados.

Demonstrativo de Resultado de Exercício – DRE (Período X0)

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Ilustração 25 – Demonstrativo de Resultado Econômico do Exercício (DREE).Fonte: O Autor

Observa-se que a cooperativa em questão não tem empréstimos/financiamentos de terceiros e sua atividade operacional é estritamente com seus associados, não havendo exigência de tributação do resultado.

Legenda:RTB = Receita Total BrutaCPF = Custos Proporcionais ao FaturamentoRTL = Receita Total LíquidaCFP = Custo de Formação do ProdutoMBC = Margem Bruta de ContribuiçãoCFD = Custo Fixo DiretoMSBC= Margem Semi-Bruta de ContribuiçãoCFG = Custos Fixo Gerais (Administração)LO = Lucro OperacionalRCP = Remuneração do Capital PróprioCO = Custo de OportunidadeLE = Lucro Econômico

Obs.: A Remuneração do Capital Próprio – RCP, no valor de R$ 154.372,30 foi obtido calculando-se a remuneração devida aos associados, pelo estatuto, de 12 % sobre o capital de R$ 1.286.435,80 e o Custo de Oportunidade – CO, no valor de R$ 23.155,84 foi calculado também sobre capital com o percentual de 1,8 %, como a melhor remuneração a ser obtida fora do processo produtivo.

O resultado econômico é, portanto, de apenas R$ 54.575,60. Com esse valor e com o total das Receitas apuradas anteriormente e compostas pela soma dos

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rendimentos dos quadros de Receitas apresentados, totalizando R$ 899.117,14, pode-se calcular o Retorno Efetivo.

% Lucro Econômico sobre Receitas = 54.575,60 = 0,0607 ou 6,07%.899.117,14

Onde,

LE = Rentabilidade Econômica do Empreendimento (Cooperativa)RTB

Observa-se que contabilmente o Lucro Operacional foi de:

% Lucro Operacional sobre vendas =

= 232.103,74 = 0,2581 ou 25,81%.899.117,14

Existe, portanto, uma grande diferença entre ter lucros e maximizá-los, procurando cobrir com os resultados obtidos, todas as opções de aplicação que por ventura surgirem.

Cálculo do retorno por item de produto trabalhado.

Em primeiro lugar tomam-se os custos unitários médios, dos itens trabalhados pela cooperativa de crédito, conforme calculado anteriormente, listando-os abaixo, juntamente com os totais das Operações verificadas nos quadros de Receitas.

Ilustração 26 – Cálculo do Preço Total do Produto e da Quantidade Total.Fonte: O Autor

Tomam-se ainda os valores dos custos informados,

Ilustração 27 – Total dos Custos por setor operacionalFonte: O Autor

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Divide-se as informações do quadro de custos, logo acima, pelo total das quantidades do primeiro (R$ 5.172.142,00), resultando;

Custos Unitários dos produtos

Ilustração 28 – Custos Unitários por setor operacionalFonte: O Autor

Obs.: Os custos da Agência Central são divididos pelo total das Operações efetuadas pela cooperativa, com objetivo de se ter um custo unitário único com o qual pode-se elaborar projeções de preços, por exemplo, podendo se ter a qualquer momento uma correspondência desses preços projetados, bastando para tal utilizar do critério de proporcionalidade. Em elaboração de aplicativos para Sistemas, isto facilita, sobremaneira a montagem de programas.

Desenvolvendo o modelo econômico conforme já demonstrado, tem-se:

Demonstrativo de Resultado do Exercício – Por Unidade média produzida.

Ilustração 29 – Demonstrativo de Resultado Econômico do Exercício, por unidade.Fonte: O Autor

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A participação dos custos econômicos denominados de Retorno sobre o Capital Próprio – RCP e Custo de Oportunidade – CO, deve ser calculada a partir do quociente entre os valores de cada uma dessas rubricas e o total das operações efetuadas, conforme apuração dos demais custos unitários, a saber:

Obtém-se, da seguinte forma:

Retorno sobre o Capital Próprio - RCP x 3 = RCP p/UnidadeOperações (Quantidades de Produtos)

154.372,30 x 3 = 0,090 = RCP p/un.2.266.571 + 1699.928 + 1.205.643

Custo de Oportunidade - CO x 3 = CO p/ UnidadeOperações (Quantidades de Produtos)

23.155,84 x 3 = 0,01343 = CO p/un.2.266.571 + 1699.928 + 1.205.643

O resultado econômico (LE = Lucro Econômico), por unidade é, portanto, de R$ 0,032, para cada R$ 1,00 aplicado ou ainda R$ 0,032 para cada conta cobrada ou serviço executado. Isto em termos de percentual da receita representa:

LE (%) = % Lucro Econômico sobre Receitas = 0,032 x 100 = 6,13%.RT 0,522

Observa-se que contabilmente o Lucro Operacional foi de:

LO (%) = % Lucro Operacional sobre vendas = 0,135 x 100 = 25,86%.RT (=vendas) 0,522

O resultado acima apresenta uma pequena diferença daquele obtido com os valores totais (0,06% no retorno do Lucro Econômico e de 0,05% no retorno do Lucro Operacional), devido à parte centesimal trabalhada com aproximação. Indica ainda o lucro econômico e operacional, médio unitário para cada item de produto trabalhado pela cooperativa, isto é, por unidade de produto.

Ao se trabalhar com Planilhas de Cálculos, deve-se utilizar os valores encontrados, sem aproximação e com, pelo menos, seis casas após a vírgula, para se obter semelhanças nos resultados finais.

Na aplicação dos dados obtidos no Planejamento Estratégico de Longo Prazo, com um único produto ponderado, temos:

Lucro Econômico = R$ 0,032 de Lucro Econômico, por unidade de produto.

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Receita Bruta Total = R$ 0,522 de Receita Total obtida por unidade de produto.

Custo Econômico Total = R$ 0,103 custo econômico por unidade.

Custo Total Contábil (Custo Operacional) = R$ 0,387 custo contábil por unidade.

Dessa forma, os custos a serem trabalhados, no sentido de se procurar reduzí-los, serão os custos contábeis. Os custos econômicos aconselham-se apenas seguir os preços de mercado para o dinheiro e os custos da remuneração da Capacidade Empresarial dos Administradores (participação extra nos resultados), além dos custos econômicos já definidos nos estatutos (como provisões para constituição de fundos e custo de remuneração do capital aplicado na cooperativa).

Além das medidas de minimização dos custos, deve-se ter sempre em mente as perspectivas de ampliação das receitas, através de lançamento de novos produtos; ampliação de mercado, instalando novos PAC’s ou ainda em locais onde se encontrem cooperados em potencial com dificuldades de acesso à cooperativa, contratando correspondentes; campanhas para atrair novos associados bem como campanhas de premiação pela utilização dos produtos da cooperativa.

Coloca-se ainda em questão, no presente trabalho, a sugestão de “DISTRIBUIÇÃO DAS SOBRAS”, ou como comumente se usa a distribuição de lucros, após a apuração dos resultados. A Remuneração do Capital Próprio (RCP) deduzida na apuração do Lucro Econômico não quer dizer que será o valor a ser distribuído para os associados, mas sim quanto se convencionou ser a melhor remuneração esperada para o capital aplicado.

O resultado a ser distribuído, na verdade, deverá ser o Lucro Econômico ou parte deste, depois de provido todos os fundos legais e outros fundos constituídos em Assembléia Geral.

Os recursos que, no DRE acima, constituem “Custos Econômicos”, deverão permanecer na cooperativa e reaplicados sob a forma de reinvestimentos, quer em projetos de expansão como também na criação de um fundo de reserva de contingências para quaisquer eventualidades em caso de exercícios pouco favoráveis e decorrentes de diversos fatores tais como: causas fortuitas, quer de origem interna como inadimplência em grande escala quer de origem externa como problemas com outras cooperativas do setor, uma vez que a cooperativa ao fazer parte de um sistema cooperativo, está sujeita à participação financeira para cobrir rombos e/ou falências de congêneres do mesmo sistema, até que se apure, juridicamente as responsabilidades.

Ao Conselho de Administração e à Diretoria Executiva caberá tomar a decisão que julgar mais acertada.

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Vale aqui ressaltar, diante da situação enfocada no segundo parágrafo anterior, que a direção da cooperativa deve sempre estar cobrando posicionamento de sua Central, quanto a situação econômico-financeira das cooperativas que fazem parte do mesmo grupo, objetivando não ser pego de surpresa com desajuste financeiro de qualquer uma delas.

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CAPÍTULO IX – A REPRESENTATIVIDADE DAS RECEITAS E DAS SOBRAS

1. Demonstração matemática

Uma forma de se obter um nível de representatividade, das receitas é mediante cálculo muito simples como o cálculo de percentuais que a receita de cada item representa da Receita Total (Análise Vertical – AV de uma tabela de receitas).

Os cálculos em questão poderão ser demonstrados da seguinte maneira:

PRIx = RTx

RT Legenda,

PRIx = Participação da Receita Individual do item “x”;RTx = Receita Total do item “x”;RT = Receita Total (soma das receitas de todos os itens).

A elaboração da Fórmula Dupont

Um critério para apresentação da representatividade das sobras foi desenvolvido pela “fórmula Dupont” (Contabilidad de Gestión, Professor Osmar Coronado, curso Máster Universitário em Administración de Empresas Y Finanzas – Universidad de Extremadura – ES, abril/2001) que define o Retorno Sobre o Investimento – RSI, do inglês Return On Investiment – ROI” ou ainda, Retorno Sobre o Ativo, a qual, à partir da Margem Líquida define a representatividade do resultado, em relação à Receita Total e do Giro Sobre o Ativo, representando o coeficiente entre a Receita Total e o Ativo Total. Os valores para esse cálculo são retirados do Balanço Patrimonial e do Demonstrativo de Resultado de Exercício – DRE, elaborados pela contabilidade, conforme se segue:

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Ilustração 30 – Balanço Patrimonial do Exercício de 200X.Fonte dos Valores: O Autor

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Ilustração 31 – Demonstrativo de Resultado do Exercício (DRE) – Custeio por AbsorçãoFonte dos Valores: O Autor

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O DRE, acima, é o modelo elaborado pela contabilidade e, obviamente, pelo Método do Custeio por Absorção que é o método admitido pela Receita Federal.

Outro Método de Custeio:

Ilustração 32– Demonstrativo de Resultado do Exercício – Método do Custeio Variável.Fonte dos Valores: O Autor

Com as informações do DRE e do Balanço Patrimonial da Cooperativa, para esse período pode-se construir a Fórmula Dupont, conforme demonstração a seguir:

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Ilustração 33 – Fórmula DUPONTFonte: Apostila de Contabilidad de Gestión do Curso Máster Universitário em Administración Y Finanzas – Universidad de Extremadura ES – abril de 2001.

Os resultados obtidos estão calculados em percentual.

O resultado apresentado indica, ao analisar inicialmente a Margem Líquida (resultado da relação Lucro Operacional Líquido sobre Receitas) que esta apresentou um percentual de 29,71%, retorno este bastante interessante se analisado

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individualmente. Entretanto, verificando o Giro Sobre o Ativo (GSA), este aconteceu, no exercício apenas 0,05 vezes (este cálculo não está em percentual, mas em quantidade de rotações). Tendo em vista o Ativo Não Circulante ser muito pequeno e que a Receita obtida representa apenas 5 % do Ativo Total, pode-se esperar que, com um revisão de planejamento de gestão, conseguir-se-á melhores resultados pois o Ativo Circulante dá condições para isso.

O Retorno Sobre Investimento – RSI de apenas 1,34 % pode ser alcançado com aplicações no mercado financeiro, não necessitando de grandes esforços dentro do processo produtivo, ou seja, a cooperativa está sendo, nesse momento, um negócio com rentabilidade muito baixa, ante ao volume de aplicação de recursos apresentado. Entretanto, por se tratar de cooperativa, a sua Diretoria deve com urgência fazer uma análise dos objetivos desta, objetivando beneficiar os associados com produtos de preços mais acessíveis, mas sem que isso implique em um baixo retorno de rentabilidade.

De qualquer forma, deve-se elaborar um planejamento estratégico, revendo as taxas cobradas, expansão do volume de negócios, os custos em geral e, enfim, repensar o investimento.

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CAPÍTULO X – OUTROS INDICADORES IMPORTANTES.

1. Conceitos

De singular importância para análise da situação operacional da cooperativa são os indicadores abaixo discriminados:

- Ponto de Equilíbrio (Break Even Point);

Em qualquer ramo de negócio, a empresa tem um ponto de equilíbrio entre Receita e Despesa. Nesse ponto elas se igualam, sendo, portanto um ponto crítico no negócio, ou seja, acima dele se obtém lucro e abaixo dele se obtém prejuízo.

- Margem de Segurança

A Margem de Segurança mostra o quanto se está distante do Ponto de Equilíbrio. O Gestor, por certo, estará com menores preocupações quanto ao volume de produção e de negócios quanto mais distante, do Ponto de Equilíbrio, a entidade estiver produzindo. Caso essa produção esteja na proximidade do mesmo, deve-se apressar em trabalhar o marketing de forma a expandir os negócios, em primeira mão e, de imediato, se iniciar a elaboração e execução de um Planejamento Estratégico de Longo Prazo que priorize a expansão de mercado e de produtos e, com certeza, procurar obter redução de custos.

- Alavancagem operacional

A Alavancagem Operacional é um processo que define estratégias para a expansão dos negócios na cooperativa (empresa), direcionando os passos do administrador para as medidas a serem tomadas e que proporcionam melhores conseqüências e resultados.

2. O cálculo do Ponto de Equilíbrio - PE (Break Even Point – BEP)

O Ponto de equilíbrio refere-se à quantidade produzida exatamente no ponto em que a Receita Total (RT) se iguala ao Custo Total (CT).

Para se calcular o PE ou BEP existem duas maneiras e há necessidade de se obter, primeiramente o índice de participação da Margem Bruta de Contribuição (MBC), na Receita Total Bruta (RTB). É necessário ainda se ter conhecimento do Custo Variável Médio (CVM) constituindo-se da soma do Custo Proporcional ao Faturamento (CPF)

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mais o Custo de Formação do Produto (CFP), dividido pelo total de produtos produzidos, além de se ter conhecimento do Preço (P) desse produto, como se segue:

Índice do MBC = MBCRTB

CVM = CPF + CFPOperações (Total de Produtos)

Em seguida, calcula-se o BEP, da seguinte forma:

BEP = CFTÍndice do MBC

Caso se tenha a informação e queira utilizar, a outra fórmula é como se segue:

BEP = CFTP – CVM

Lembrando que CFT é o Custo Fixo Total, P é o Preço do produto e CVM é o custo variável médio, formado pela soma dos Custos Proporcionais ao Faturamento – CPF e dos Custos de Formação do Produto – CFP, dividido pelo total das Operações (quantidade total de produtos).

3. Cálculo da Margem de Segurança.

A Margem de Segurança é o índice calculado, em valor da receita total, em termos de resultados alcançados ou ainda em quantidade produzida e que demonstra o distanciamento que a produção alcançou do Ponto de Equilíbrio (PE). Com isso, esse índice oferece um instrumento de grande importância para que a alta administração da cooperativa observe a necessidade de implemento de medidas para aumento do volume (quantidade) de operações (negócios) realizadas com os associados, no período seguinte.

Essa margem é calculada da seguinte maneira:

MS = RTB - RTBe RTB

Onde,

MS = Margem de SegurançaRTB = Receita Total BrutaRTBe = Receita Total Bruta no ponto de equilíbrio.

Obs.: Após o cálculo do Ponto de Equilíbrio e este representando a quantidade de equilíbrio, basta multiplicar esta pelo Preço Unitário Médio do Produto, obtido conforme

130

Page 131: Gestão Econômica e Financeira de Cooperativa de Crédito

cálculo demonstrado no Capítulo anterior, uma vez que Receita Total (RT) é igual ao Preço (P) multiplicado pela quantidade produzida (q).

Por outro lado, em termos de resultados, a margem de segurança pode ser assim calculada.

MS = q x MBCunit – qe x MBCunit = MBC - CDF = RESq x MBCunit MBC MBC

Onde,

MS = Margem se Segurançaq = Quantidade produzidaqe = Quantidade no ponto de equilíbrioMBCunit = Margem Bruta de Contribuição UnitáriaCFD = Custo Fixo DiretoRES = Resultado seguinte, no modelo econômico, ou seja, MSBC.

Para se calcular a Margem de Segurança à partir da quantidade produzida (no caso da cooperativa, pela quantidade de Operações efetuadas – soma de todos os serviços efetuados – saques, depósitos, recebimentos, manutenção de contas e pagamentos em geral), utiliza-se a seguinte fórmula:

MS = q – qe q

Donde que,

MS = Margem de Segurançaq = Quantidade produzidaqe = Quantidade produzida no ponto de equilíbrio (é a mesma utilizada no

cálculo anterior)

4. Cálculo da Alavancagem Operacional

Considera-se por Alavancagem Operacional à relação percentual entre a variação do resultado obtido e o percentual de variação do Volume de Vendas (em R$), ou seja, do Volume da Receita Total. Fazendo uma redução do resultado, em face ao do conceito acima, podemos ainda dizer que Alavancagem Operacional indica qual o nível de variação do resultado alcançado, em percentual, para cada 1% de variação da Receita Total (Volume de Vendas).

Portanto, usando da engenhosidade da demonstração gráfica, o que facilita bem mais a compreensão, podendo-se demonstrar o seguinte:

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Page 132: Gestão Econômica e Financeira de Cooperativa de Crédito

∆ MBC “Z”

Ilustração 34 – Demonstração do Resultado da Alavancagem Operacional.Fonte: Brunstein, Israel – Economia de Empresas – pág. 144.

Legenda:MBC = Margem Bruta de Contribuição.CFD = Custo Fixo Direto,RES = Resultado.

∆ = Variação

Observando o gráfico acima, pode-se verificar que um acréscimo qualquer da MBC de cada um dos produtos, desde que Caeteris Paribus (expressão latina que em economia indica a fixação de todos os outros fatores e ou valores, tornando-os constantes) o CFD permaneça constante, o acréscimo na margem resulta em igual acréscimo no resultado.

Exemplo:MBC = R$ 2.000,00 + R$ 200,00 = R$ 2.200,00CFD = R$ 1.000,00 = R$ 1.000,00RES = R$ 1.000,00 + R$ 200,00 = R$ 1.200,00

Como foi demonstrado, no exemplo acima, o acréscimo no resultado ficou exatamente igual ao acréscimo da margem bruta. Isto nos demonstra que um esforço de vendas de maior quantidade de produto (expansão do crédito em geral, aumento de algumas tarifas de serviços, etc.), a um Custo Fixo Constante resultará em um resultado (margem) igual ao esforço pelo aumento da margem.

Em um Planejamento Estratégico, e a cooperativa possuindo ainda recursos ociosos, maximizará seus rendimentos com a aplicação destes visto não ter aumento de Custos Fixos Diretos. Isto quer dizer ainda, que a manutenção da estrutura de um Posto de Atendimento ao Cooperado (PAC), já existente, já se encontram implícitos todos os Custos Fixos Diretos (CFD) e um aumento da quantidade de operações do mesmo terá influência, praticamente apenas nos Custos Variáveis.

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Apuração do Resultado de “Y” Apuração do Resultado de “Z”

CFD “Z”

RES “Z”

MBC “Z”

∆ MBC “Z” ∆ RES “Z”

MBC “Y” CDF “Y”

RES “Y”

∆ MBC “Y” ∆ RES “Y”

Page 133: Gestão Econômica e Financeira de Cooperativa de Crédito

Por outro lado, o gráfico logo acima, representa a variação do MBC dos dois produtos, iguais, apesar dos resultados alcançados serem diferentes. Aquele produto com menor resultado tem a relação MBC/RES, maior que a relação efetiva do outro.

Produto “Y”RES = R$ 1.000,00∆ RES = R$ 200,00% ∆ RES = R$ 200,00 / R$ 1.000,00 = 0,20 ou 20 %

Produto “Z”RES = R$ 500,00∆ RES = R$ 200,00% ∆ RES = R$ 200,00 / R$ 500,00 = 0,40 ou 40 %

Com efeito, menor resultado R$ 500,00 representa maior percentual de variação, ou seja, 40%. Por outro lado, um produto com a mesma Margem Bruta de Contribuição (MBC), apresentado Custo Fixos diferentes terão, por certo, resultados diferentes, perfazendo um Resultado maior aquele que tiver um Custo Fixo menor. Dessa forma fica patente a necessidade de muito controle sobre os Custos Fixos os quais representam como o processo produtivo está montado, se com grande, médio ou pequeno aparato. Aqueles mais pomposos em seus negócios terão tendências a instalarem processos produtivos com maior Custo.

Verificando a variação percentual do resultado do Produto “Z”, verifica-se ser esta exatamente o dobro da variação percentual do Produto “Y”. Em se tratando de MBC’s de cooperativas diferentes, a administração desta última foi mais profícua no desempenho operacional, fazendo o resultado apresentado, de um período para outro, apresentar uma melhor performance. O mesmo pode ser dito caso essa análise se referir a dois produtos da mesma cooperativa: a gestão na produção de um é melhor a do outro ou as circunstâncias para se promover a expansão de um estão mais favoráveis que as do outro.

Admite-se, conforme já evidenciado em capítulo anterior, que a variação positiva do resultado, depende de:

- Aumento das Vendas (RT);- Redução dos Custos Proporcionais ao Faturamento;- Redução de Custos de Formação do Produto, os dois primeiros compondo o

Custo Variável;- Redução dos Custos Fixos Gerais - Administrativos.

Dessa forma, se a cooperativa estiver trabalhando com capacidade ociosidade de fatores de produção e experimentar um aumento da Receita Total, simplesmente por aumento de Operações, podendo ser esta também por ampliação do quadro de Associados, fará com que ocorra um aumento proporcional dos Custos Variáveis. Desde que não ocorra o fator “economia de escala” e permanecendo todos os Custos Fixos constantes, considerando ainda tanto o Custo Variável, como a Receita Total como funções lineares, o resultado variará na mesma proporção da variação da receita total.

133

Page 134: Gestão Econômica e Financeira de Cooperativa de Crédito

Se ocorrer do aumento do nível de produção, por alguma forma vir a proporcionar economias de escala (com redução de Custos Variáveis), o resultado será maior que a variação experimentada pela receita, indicando que houve redução de Custos Diretos.

Demonstração Gráfica.

Receita/Custos RT

CT

RES

MBC

CV CFT

CV CF

CFT

0 Quantidade (q)

Ilustração 35 – Demonstração gráfica do aumento do Resultado pela variação da produçãoFonte: O Autor

Legenda,q = Quantidade produzidaqe = Quantidade produzida no Ponto de Equilíbrio (PE)∆q = Variação da quantidade produzidaCFT = Custo Fixo Total (Custo Fixo Direto - CFD mais Custos Fixo Gerais - CFG)MBC = Margem Bruta de ContribuiçãoRES = Resultado apresentado∆RES = Variação do ResultadoCT = Custo Total = Custo Variável (CV) + Custo Fixo Total (CFFT)CV = Custo Variável = Custos Proporcionais ao Faturamento (CPF) + Custos

de Formação do Produto (CFP)

134

q + ∆qqqe

RES ∆ RES

Page 135: Gestão Econômica e Financeira de Cooperativa de Crédito

Considerando agora que o resultado do setor produtivo da cooperativa, excluindo-se a administração geral, é igual à Margem Bruta de Contribuição menos o Custo Fixo Direto, ou seja,

RES = MBC – CFT

Essa fórmula pode ainda ser escrita de outra maneira, como se segue:

RES = q x MBCunit – CFT

Devido ao Custo Fixo Total não ter variação, é certo que

∆RES = ∆q x MBCunit

Aplicando agora o conceito de Grau de Alavancagem Operacional (GAO), ou seja:

GAO = Variação % do resultado (%∆RES)Variação % da quantidade produzida/vendida (%∆q)

Com a expressão acima, chega-se ao seguinte:GAO = ∆RES /RES

∆q / q

∆q x MBCunitq x MBCunit - CFD

GAO =∆q q

Na divisão de duas frações, resolve-se conservando a fração do numerador e multiplicando esta pela fração do denominador, invertida, como se segue:

GAO = ∆q x MBCunit x q simplificando apenas o ∆q, tem-se,q x MBCunit – CFD ∆q

GAO = q x MBCunit = MBCq x MBCunit – CFD RES

Logo, a fórmula acima pode também ser escrita da seguinte forma:

GAO = MBCRES

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Page 136: Gestão Econômica e Financeira de Cooperativa de Crédito

ESTUDO DE CASO – Cooperativa de Crédito Mútuo dos Empregados na Indústria RECICLA TUDO Ltda.

A cooperativa obteve, em dois exercícios seguidos, os resultados abaixo discriminados:

Exercício X0 Exercício X1

Receita Operacional Bruta 579.607,81 700.427,30Custo Variável 285.202,61 322.982,41Custo Fixo Direto 81.486,46 92.280,69Custos Fixos Gerais 40.743,23 46.140,35Custo Fixo Total 122.229,69 138.421,04Custo Total 407.432,30 461.403,45Sobras Líquidas 172.175,51 239.023,85

A Quantidade Total Produzida conforme calculada no Capítulo VII, representa a soma das quantidades de cada produto obtidas pela divisão da Receita total pelo Preço Unitário daquele e as quantidades informadas são:

q = 1.013.300 e 1.224.523, respectivamente

A Quantidade de Equilíbrio pode ser calculada, dividindo-se a Receita Total Bruta de equilíbrio pelo Preço Médio - PM dos produtos, dessa forma obtém-se:

PM = RTB = 579.607,81 e 700.427,30q 1.013.300 1.224.523

PM = 0,572 e 0,572, mantidos os preços nos dois exercícios.

Calculando o Ponto de Equilíbrio por um dos resultados do Modelo Econômico (DRE com demonstração de Lucro Econômico ou Lucro Puro), a Margem Bruta de Contribuição, a quantidade de equilíbrio terá que ser calculada também em função do valor desta.

Com as informações acima, pede-se calcular:

1) O Ponto de Equilíbrio2) A Margem de Segurança3) O Grau de Alavancagem Operacional

DESENVOLVIMENTO

Para o cálculo do Ponto de Equilíbrio - PE (Break Even Point - BEP) há necessidade de se encontrar primeiro resultado após a retirada dos Custos Variáveis,

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Page 137: Gestão Econômica e Financeira de Cooperativa de Crédito

que é a Margem Bruta de Contribuição - MBC. Assim sendo, utilizando as fórmulas abaixo:

Índice do MBC = MBCRTB

Onde,MBC = Margem Bruta de ContribuiçãoRTB = Receita Total Bruta

Cálculo do Break Even Point - BEP pelo Índice do MBC:

BEP = CFTÍndice do MBC

Onde,CFT = Custo Fixo Total

Cálculo do BEP pelo Preço e Custos Variável Médio:

BEP = CFTP – CVM

Obtenção do MBC:Exercício X0 Exercício X1

Receita Total Bruta (RTB) = 579.607,81 700.427,30

(-) Custo Variável (CV) = 285.202,61 322.982,41(=) Margem Bruta Operacional (MBC) = 294.405,20 377.444,89

Obtenção do Índice da MBC:

Exercício X0 Exercício X1

Índice do MBC = MBC = 294.405,20 377.444,89RTB = 579.607,81 700.427,30

Exercício X0 Exercício X1

Índice do MBC = 0,50794 0,53888

Cálculo da receita de equilíbrio que designa o Ponto de Equilíbrio ou Break Even Point – BEP pelo Índice da Margem Bruta de Contribuição – Índice de MBC:

Exercício X0 Exercício X1

BEP = CFT = 122.229,69 138.421,04Índice de MBC 0,50794 0,53888

Exercício X0 Exercício X1

BEP = 240.638,05 e 256.868,02

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Page 138: Gestão Econômica e Financeira de Cooperativa de Crédito

NOTA: O Ponto de Equilíbrio, representado pela Receita Total Bruta de equilíbrio (RTBe) e pela quantidade de equilíbrio, se verifica no momento em que a cooperativa está produzindo certa quantidade de produtos cuja Receita correspondente se equipara, em valor, com o total dos Custos realizados até então.

O Ponto de Equilíbrio ou o Break Even Point, em termos de Receita, ocorreu, no Exercício X0, com a Receita de R$ 240.638,05 e, no Exercício de X1, ocorreu com a Receita de R$ 256.872,79. Nesse ponto, a Receita cobriu o Custo Fixo Total e o Custo Variável até esse nível de produção. Estes resultados

Para cálculo da quantidade de equilíbrio (qe), à partir da Receita Total Bruta de equilíbrio, basta dividir essa Receita pelo Preço Médio do produto, como se segue:

Em primeiro lugar tem-se:

RTB = P x q

Logo,

q = RTBq

Isto posto, considerando quantidade de equilíbrio = qe, tem-se:

qe = RTBe = 240.638,05 e 256.868,02PM 0,572 0,572

Onde,

qe = 420.696 e 449.070

Cálculo da Margem de Segurança

Exercício X0 Exercício X1

MS = RTB – RTBe = 579.607,81 – 240.638,05 e 700.427,30 – 256.868,02 RTB 579.607,81 700.427,30

Onde,MS = Margem de SegurançaRTB = Receita Total BrutaRTBe = Receita Total Bruta no ponto de equilíbrio.

Exercício X0 Exercício X1

MS = 0,5848 e 0,6333

Ou,Exercício X0 Exercício X1

MS = 58,48% e 63,33%

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Page 139: Gestão Econômica e Financeira de Cooperativa de Crédito

Esses percentuais indicam que a cooperativa está com boa Margem de Segurança e de um Exercício para o outro ainda aumentou um pouco mais essa margem.

Calculando a Margem de Segurança através da quantidade produzida, tem-se o seguinte resultado:

Exercício X0 Exercício X1

MS = q – qe = 1.013.300 – 420.696 1.224.523 – 449.070 q 1.013.300 1.224.523

Donde que,

MS = Margem de Segurançaq = Quantidade produzidaqe = Quantidade produzida no ponto de equilíbrio

Exercício X0 Exercício X1

MS = 0,5848 0,6333

Ou,

Exercício X0 Exercício X1

MS = 58,48% 63,33%

Os dois resultados anteriores, da Margem de Segurança, indicam que a cooperativa está operando bem além do Ponto de Equilíbrio, com um distanciamento de 58,48% no período X0 e de 63,33%, no período X1. Nota-se ainda que a cooperativa está ampliando, a cada período a sua Margem de Segurança.

O cálculo do Grau de Alavancagem Operacional (GAO)

GAO = Variação % do resultado (RES)Variação % da quantidade produzida/vendida (q)

Conforme desenvolvida no Capítulo X, a fórmula para cálculo do Grau de Alavancagem Operacional (GAO), é a seguinte:

GAO = MBCRES

Isto posto,

Exercício X0 Exercício X1

GAO = 294.405,20 = 377.444,89172.175,51 239.023,85

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Page 140: Gestão Econômica e Financeira de Cooperativa de Crédito

GAO = 1,7099 ou 1,5791

Considerando as variações das Margens Brutas de Contribuição (MBC) do período X1 para o período X2, esta foi de 28,21% (∆MBC/MBC x 100), enquanto a variação do Resultado (∆RES/RES x 100) foi de 38,83%. Isto comprova que uma variação no MBC, para maior ou para menor, gera uma variação do Resultado, proporcionalmente maior (para mais ou para menos), considerando-se a não utilização completa do potencial dos fatores de produção (recursos produtivos), fixos, ocorrida normalmente – Desemprego de Fatores de Produção.

A Alavancagem Operacional informa o quanto de Margem Bruta de Contribuição a cooperativa dispôs, no período, para fazer face ao Custo Fixo Total. Este pode-se constatar, experimentou uma variação menor que a da Margem Bruta de Contribuição.

Cálculo do GAO – Grau de Alavancagem, pela MBC – Margem Bruta de Contribuição e pelo RES – Resultado Operacional.

Cálculo da Margem Bruta de Contribuição:

Exercício X0 Exercício X1

Receita Operacional Bruta 579.607,81 700.427,30(-) Custo Variável 285.202,61 322.982,41(=) Margem Bruta de Contribuição 294.405,20 377.444,89

Cálculo do Grau de Alavancagem Operacional

Exercício X0 Exercício X1

GAO = MBC = 294.405,20 377.444,89RES 172.175,51 239.023,85

Exercício X0 Exercício X1

GAO = 1,7099 1,5791

O Grau de Alavancagem acima, demonstra a Margem Bruta de Contribuição, no primeiro período, representa 171% do Resultado obtido e no segundo período, essa Margem de Contribuição cai para 158%. Esses números, em períodos subseqüentes, indicam que a alavancagem da cooperativa está em ligeiro declínio.

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CAPÍTULO XI – PROCEDIMENTOS RELATIVOS À TRILOGIA: CUSTO – VOLUME – LUCRO, COM A AMPLIAÇÃO DOS NEGÓCIOS DA COOPERATIVA DE CRÉDITO.

1. Ampliação de mercados com meios próprios ou de terceiros

Uma cooperativa com um bom trabalho de gestão pode dispor de atendimento a seus associados em diversas agências localizadas nos bairros da cidade, onde está situada também a sua sede. Tais filiais podem se localizar também em outras cidades e até com um número relativamente pequeno de empregados para os quais não compensa a criação de um PAC – Posto de Atendimento ao Cooperado. Com um Planejamento Estratégico bem elaborado e com muita perspicácia e certeza de mercado pode a cooperativa realizar a ampliação sua produção, programando a abertura de:

- PAC’s;- Caixas Eletrônicos (CE) e- Terceirização de serviços – Correspondentes Cooperativos (COCOOP’s).

Com essas medidas ela estará promovendo um aumento do volume de negócios, e ampliando com certa moderação, seus custos fixos.

A cooperativa deve, entretanto, dentro do Planejamento efetuado, pesquisar qual o volume de negócios possível de alcançar e em qual tempo, de forma que a estimativa da receita supere a estimativa das despesas, ou seja, a receita total estimada seja superior àquela definida como a do Ponto de Equilíbrio (Break Even Point – EP).

A instalação de PAC’s, substitui plenamente uma agência convencional, distinguindo-se desta última apenas pelo seu porte. O PAC é um tanto oneroso e para justificar sua existência, deverá ter um movimento inicial que supere no mínimo, o Ponto de Equilíbrio. Na verdade um PAC deve funcionar como uma agência normal e os cooperados deverão estar cientes de sua existência (com trabalho de marketing, direto e interno ao meio) e dos produtos oferecidos e passíveis de serem obtidos ali, de forma que todos aqueles que desejem alguma coisa da cooperativa, para lá se dirijam.

Com isto, os Custos Fixos vão ser ampliados, mas devido ao aumento da Receita Total, o PAC poderá ser perfeitamente viável, caso a quantidade de produtos operacionalizada e o volume da Receita Total, ultrapasse o novo Ponto de Equilíbrio de produção da Cooperativa.

A cooperativa também poderá optar por instalar Caixas Eletrônicos - CE. Como fazer a opção entre PAC e CE? Não é tão simples assim porque para instalação de um Caixa Eletrônico também há necessidade de se ter rentabilidade suficiente para cobrir custos de manutenção da máquina (eletromecânica), das instalações onde vai ficar o CE (aluguel, luz, segurança), do transporte de valores. Como podemos observar, não fica muito barato. Entretanto, um Caixa Eletrônico deve ser instalado em locais onde se faz

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necessário a operacionalização, pelos associados, em horários diferentes do expediente bancário.

Observa-se que nas duas opções anteriores, a movimentação requerida deve render receitas suficientes para cobrir custos elevados, tanto de manutenção de um PAC como de um CE.

A Resolução n.º. 3.110, de 31 de julho de 2003, do CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL – (CMN), alterada pela Resolução 3.156, de 17 de dezembro de 2003, deu a possibilidade de se obter redução dos custos, através da terceirização de serviços do , Sistema Financeiro Nacional, nesses instrumentos legais denominado de “contratação de correspondentes no País”. Neste trabalho e em função dos bancos terem denominado de “Correspondentes Bancários - COBAN”, reportando às cooperativas utilizaremos a designação de Correspondentes Cooperativos ou COCOOP’s.

As grandes empresas empenhadas no fornecimento de produtos ou na prestação

de bons serviços em todos os rincões desta grande nação têm suas filiais, escritórios ou serviços terceirizados nos mais longínquos recantos do País. Esses “braços” das empresas não têm grande quantidade de funcionários para justificar a presença física de uma nova cooperativa, cujos associados são funcionários daquelas ou de empresas que lhes prestem serviços continuados. Implantar um PAC na localidade para atender a esses cooperados em potencial, não se justifica quer pelo alto custo de manutenção do mesmo, quer por não se prever retorno suficiente para fazer face a esses custos.

Desta forma, utilizando do disposto no art. 1º da Resolução 3.110, alterado pela Resolução 3.156, fica autorizado às cooperativas de crédito como instituições financeiras autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil, a constituírem também seus Correspondentes Cooperativos. Isto dá oportunidade às mesmas de associar e atender a esses empregados residentes em pequenas localidades e operando em pequenas filiais, escritórios de representação da empresa ou ainda em empresas terceirizados.

Neste caso, a agregação de custos ao custo total da cooperativa, será mínima, pois um correspondente bancário (ou correspondente cooperativo), por mais improdutivo, representa um custo total mínimo se relacionado ao custo de um PAC.

A margem de lucro (sobra), para esse tipo de serviço terceirizado (correspondentes cooperativos), é bem maior, e se a manutenção do software utilizado, for paga para a empresa proprietária por unidade de serviço prestado, os custos daí oriundos serão exclusivamente de software, bobina de papel e manutenção do equipamento (esporádica).

Isto, na prática significa: se produzir tem custo senão não tem. Na verdade a manutenção de máquina fica maior se tiver grande movimentação e aí, haverá, certamente, rentabilidade necessária para mantê-la.

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2. Comparação de custos ente um PAC e um COCOOP.

A título de exemplificação de custos, veremos os cálculos abaixo. Considerando um PAC, operando com os seguintes custos:

CPF = R$ 17.485,00CFP = R$ 102.270,00CFT = R$ 17.045,00SOMA= R$ 136.800,00

Legenda:CPF = Custos Proporcionais ao Faturamento (Custos Variáveis não

realizadas juntamente com a produção – Tributos e Marketing premiado, como exemplo).

CFP = Custo de Formação do Produto, aquele realizado com o processo de produção dos produtos.

CFT = Custos Fixos Totais, estão relacionados à manutenção dos bens de capital e a serviços, dentro das agências (local de produção) que não fazem parte na composição do produto (Iluminação de fachada, corredores, segurança, dentre outros), além de serviços de controle e gerenciamento administrativos da administração central da cooperativa.

Considerando ainda que ao utilizar do sistema de média de quantidades ponderadas, desenvolvida anteriormente, o custo unitário médio de cada produto do PAC em questão, é de R$ 0,76 por unidade de produto (de reais aplicados, de serviços executados ou de documentos cobrados), dada à média ponderada dos mesmos totalizarem 180.000 unidades.

Quantidade de produtos/serviços= 136.800,00 = 180.000 unidades. 0,76

Considerando que o Custo Total de certa quantidade de Correspondentes Cooperativos, necessários para se atingir a mesma quantidade de produto produzida pelo PAC é de R$ 63.000,00 perfazendo um custo unitário por procedimento da ordem de R$ 0,35, ou seja:

Custo médio unitário do produto, no COCOOP = 63.000,00 = R$ 0,35 180.000

Esse custo unitário tem a seguinte sugestão de proposta de composição:- R$ 0,15 pagos ao COCOOP (pessoa jurídica contratada como correspondente).- R$ 0,08 pagos, por autenticação, ao proprietário do software.- R$ 0,12 pagos pela manutenção da máquina e pelo material utilizado.

Comparados com o custo anterior do PAC que é de R$ 0,76, conclui-se, neste caso, que os correspondentes cooperativos representam um custo menos da metade do custo do PAC. Uma vez que o correspondente representa serviços terceirizados, os

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Page 144: Gestão Econômica e Financeira de Cooperativa de Crédito

custos, na quase totalidade passam a ser variável, ou seja, os custos são proporcionais ao faturamento do correspondente.

A diferença de custo é, portanto, notória e não se vê motivos para deixar de atender associados de recantos longínquos ou mesmo de bairros mais distantes do centro da cidade.

As instituições financeiras, em geral, inclusas as Cooperativas de Crédito, conforme Art. 2 da Resolução 3.156, não podem contratar correspondentes cuja atividade principal ou única seja a de prestação de serviços relativos aos incisos I e II da Resolução 3.110, os correspondentes devem ter outra atividade principal (mercados, lojas em geral, padarias, dentre outras).

O atendimento aos Associados implica em abertura de novas contas e suas movimentações. Os serviços deverão, portanto, ser terceirizados para empresas comerciais e/ou prestadoras de serviços, já estabelecidas. Para essas empresas, o rendimento desse trabalho será apenas um “plus” a mais em sua receita que compensará, no mínimo, o pagamento do salário do empregado lotado em seu caixa.

3. Os custos resultantes da ampliação do volume de negócios

As ampliações dos serviços, por qualquer um dos meios acima, em locais diferentes da Sede, têm, portanto, um acréscimo de Custos Fixos. A contratação de software específico para cada caso, eliminará ou não incluirá custo com a mão-de-obra e, pelo volume de produção alcançada, em quantidade bem maior que aquela a ser alcançada em um sistema manual ou em um sistema sem tivesse link (ligação) com a Contabilidade e, portanto, processada manualmente.

PRT

Novo CT

CT

Novo Custo Fixo CV

Custo Variável

Custo Fixo

Novo Custo FixoCusto Variável

CustoFixo

0 qe0 qe1 q

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Page 145: Gestão Econômica e Financeira de Cooperativa de Crédito

Ilustração 36 – Demonstração gráfica de Inovação Tecnológica com aumento de custos.Fonte: O Autor.

No gráfico acima, considerando os preços dos produtos sempre constantes, observamos dois pontos de equilíbrio:

- O primeiro (qe0) é o equilíbrio da Receita Total e Custo Total, inicial, antes de se desenvolver o Plano de ampliação dos negócios.

- O segundo (qe1) é o equilíbrio da Receita Total e Custo Total, após a ampliação dos negócios.

Fica patente que a ampliação do Custo Fixo Total faz objetivando o aumento de Lucros (Sobras), deve necessariamente trazer um aumento do volume de negócios (associação de mais cooperados), traduzida em aumento da Receita Total, necessária para cobrir esse acréscimo nos custos e a diferença entre eles, resulta em sobras (lucro). Pode-se ganhar ampliando os negócios dessa maneira, entretanto, deverá ser muito bem estudado o mercado a fim de que não se faça investimentos em um local sem retorno suficiente para a cobertura de custos.

Para um Planejamento Estratégico bem elaborado e bem consistente, deve-se levar em conta ainda que a ampliação de qualquer negócio significa alocar mais custos a um determinado produto ou a uma linha destes, a determinadas atividades que envolvem o sistema produtivo ou a um ou mais setores e/ou áreas da empresa.

4. O DRE como instrumento de análise financeira

Um instrumento do qual o analista financeiro se vale para avaliar resultados e fazer estimativas, é sem dúvida o Demonstrativo de Resultado do Exercício – DRE. Entretanto, há necessidade de se levar em consideração, para efeito dessa análise, o seguinte:

a) Ambiente empresarial – A empresa competitiva vive sempre um ambiente de concorrência, quer seja para obtenção da mão-de-obra melhor qualificada, quer para melhorar também a qualidade do capital (capital tido como recursos de produção, produzido) ou ainda na obtenção de matéria prima de melhor qualidade e mais barata.

Em geral, prima-se pela obtenção de recursos produtivos de qualidade e a um menor custo. Deve-se ainda levar em consideração que a cooperativa também entra em concorrência para obtenção de clientes (Cooperados) uma vez que estes são também clientes em potencial dos bancos, assim como para obtenção de mais mercados, enfim concorrência em todas as suas atividades.

b) Competição – Nesse ambiente de concorrência, a cooperativa tem que ser competitiva, em todos os aspectos citados anteriormente. O marketing premiado tem

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sido uma prática de atração de associados e demonstração de competitividade, quando são oferecidas vantagens aos associados para efetuarem seus depósitos ou capitalização, na cooperativa, ao invés de fazê-lo em outras instituições. A cooperativa deve ser aguerrida nesse aspecto, utilizando de criatividade.

c) Missão – Deve estabelecer como missão o enfrentamento de toda a adversidade encontrada e com competência, independente de não possuir grandes quantidades de recursos disponíveis. Uma Missão bem definida serve de estímulo a todos os stakeholders da cooperativa.

5. O que deve estar estabelecido na Missão da cooperativa

5.1A geração de riquezas ocorridas no momento em que se adiciona valor aos produtos;

5.2A qualidade dos produtos que devem ser objeto de marketing necessário e evidenciado em qualquer anotação e/ou comunicação feita aos cooperados e ao público em geral;

5.3Atendimento individualizado de cooperados subentendendo-se também o slogan criado para diferenciação, no mercado, da cooperativa (distinção, ex.: “Aquela com rentabilidade certa”) e aquele criado para fixar o chamamento para algum produto diferenciado, por exemplo, ”O crédito mais acessível e no valor que você precisa”;

5.4 Geração de emprego e de renda, para todos os stakeholders envolvendo, desta forma, a sociedade da qual faz parte;

5.5 O papel social é feito desde a satisfação dos cooperados com produtos que atendam às suas necessidades mais prementes e com menores custos, dos empregados (cooperativários) com remuneração equivalente àquela oferecida pelo mercado e pelo conjunto dos “stakeholders” com convênios os quais beneficiam aos associados, empregados e às próprias empresas conveniadas que também estão ampliando seus negócios.

Estes aspectos enfocados, além de serem sociais são também constitucionais, conforme artigo 170 da Constituição Federal de 1988, cuja redação é a seguinte:

“Art. 170. A ordem econômica fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:

I – soberania nacional;II – propriedade privada;III – função social da propriedade;IV – livre concorrência;V – defesa do consumidor;VI – defesa do meio ambiente;VII – redução das desigualdades regionais e sociais;

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VIII – busca do pleno emprego;IX – tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob

as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País.”

6. As sobras (lucro) como objetivo e os custos como objeto de controle

6.1 Sobras (Lucros) – Não só o sobra deve ser objetivado, mas também a sua maximização, por intermédio de atividades que não vão sobrecarregar os associados com custos de serviços muito elevados, relembrando ser a cooperativa uma empresa como outra qualquer e como tal deve objetivar sobras mesmo porque terá, para sua sobrevivência, necessidade de produzir recursos para reinvestimentos.

6.2 Custo de oportunidade – Dentre as diversas opções existentes para se efetuar criação/supressão de produtos para atender às necessidades dos próprios associados, deve-se escolher aquelas com menor custo de oportunidade, com melhor utilidade para os associados e/ou maior rentabilidade.

Em face a essas considerações, é de suma importância o conceito de sobra, refletindo a diferença entre os benefícios obtidos subtraídos dos recursos consumidos. Com esse conceito, pode-se esperar que toda a atividade econômica tenha, por objetivo, alguma rentabilidade pelos seguintes motivos:

a) As sobras (lucro) garantem a continuidade do negócio, por proporcionar a possibilidade de reinvestimentos, tanto para ampliação do volume dos negócios como para melhoria da tecnologia empregada nas diversas atividades exercidas.

b) Dar oportunidade de remuneração do capital investido, a níveis considerados satisfatórios pelos associados.

c) A sobra (lucro) ainda é a remuneração do fator de produção chamado Capacidade Gerencial e com isso, pode-se avaliar a gestão da Diretoria Executiva e do Conselho de Administração.

Entretanto, para se obter o lucro, é necessário que sejam bem administrados os custos e, para tanto, contamos com diferentes métodos de custeio, os quais serão vistos a seguir, bem como as suas aplicações.

Os custos podem ser classificados em duas categorias: Custeio Parcial e Custeio Pleno ou Full Cost.

No Custeio Parcial são alocados ao produto, apenas o custo a ele ligado diretamente, quer sejam Custos Variáveis, quer sejam Custos Fixos. Por este motivo, o método é denominado de Custo Direto.

No Custeio Pleno todos os custos são alocados ao produto, quer sejam diretos ou indiretos. Este último entra no custo do produto através de um critério de rateio. Nesta

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categoria de custeio encontram-se destacados, dentre outros, os métodos de Custeio por Absorção e Custeio Baseado em Atividade (Custeio ABC).

7. Um reforço sobre Métodos de custeio

Os métodos de custeio acima, o Custeio Direto ou Custeio Variável é empregado para usuários interno e muito eficaz para se tomar decisões de Curto Prazo. O método do Custeio por Absorção é empregado para usuários externos e é o único aceito pela Legislação Tributária. O método do Custeio Baseado em Atividades (Custeio ABC) é empregado para usuários internos e serve para se tomar decisões de Longo Prazo.

7.1 Custeio por Absorção:

Utilizando o plano de contas referendado pelo Banco Central do Brasil, pode-se elaborar o Demonstrativo de Resultado do Exercício sob o método do Custeio por Absorção, o único método aceito pela legislação tributária brasileira e é, portanto o método utilizado para as demonstrações de resultados oficial e fica assim constituído:

Receitas(-) Custo dos Produtos Vendidos

Depósitos a prazoObrigações por empréstimos e repasses.

(=) Lucro bruto(-) Despesas Administrativas

Água, energia elétrica e gás;Aluguéis;Comunicação;Honorários;Manutenção e conservação de Bens;Materiais;Pessoal – Benefícios;Pessoal – Encargos sociais;Pessoal – Proventos;Pessoal – Treinamentos;Processamento de dados;Promoção e relações públicas;Propaganda e publicidade;Publicações;Seguros;Serviços do Sistema Financeiro;Vigilantes;Seguros;Serviço do Sistema Financeiro;Serviço de Terceiros;Vigilantes;Serviços técnicos especializados;

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Transporte;Tributárias;Viagens no País;Outras Despesas Administrativas:Depreciação;Provisão para crédito de liquidação duvidosa;Outras despesas operacionais.

(=) Receita Operacional Líquida. (+/-) Receita (Despesa) Financeira.(=) Resultado Operacional.(+/-) Receita (Despesa) não Operacional.(=) Resultado antes do IR e da Contribuição Social.(-) IR e contribuição Social.(=) Resultado Líquido do Exercício.(+-) Receitas/Despesas Financeiras(=) Lucro Antes do Imposto de Renda (LAIR)(-) Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ)(=) Lucro Líquido a Disposição da AGO(-) Montante de Juros e Correção Monetária que o Capital Próprio e de Terceiros receberia em outra melhor aplicação do mercado.(-) Reinvestimentos (Custo/Benefício).(=) Lucro Puro ou Lucro Econômico (LE)

7.2 Método do Custeio Direto/Variável

Esse método de custeio prevê a atribuição de custos denominados de diretos e variáveis uma vez que a quantidade dos recursos utilizados tem proporcionalidade com a quantidade de produtos produzidos (ou serviços executados). Prevê também a separação dos custos de fatores fixos utilizados diretamente no processo de produção, daqueles custos e despesas administrativas, gerais, não ligadas diretamente com a produção.

Além disso, na execução das atividades de crédito e outros serviços a associados, essa operação é isenta de impostos.

Dessa forma, separam-se os Custos Variáveis em: Custos e Despesas Proporcionais ao Faturamento (CPF) e empregados diretamente na comercialização de cada produto criado na cooperativa ou Custo de Formação do Produto (CFP), tratando-se daquele cujos elementos integrantes fazem parte da composição/formação do produto, isto é quanto mais se produz mais se tem custo, forma pela qual essas duas subdivisões de custos são denominadas de Custo Variável (CV).

No primeiro caso, a título de exemplos, pode-se enumerar as seguintes atividades que geram Custos Proporcionais ao Faturamento (CPF):

a) Depósito a Prazob) Obrigações por empréstimos e repasses

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c) Seguros de valores;d) Promoção e relações públicas;e) Propaganda e Publicidade;f) Tributárias;

a) Depósito a Prazo – Ao efetuar um depósito a Prazo Fixo, o associado adquire o direito a uma remuneração por aquele depósito, no período contratado. Trata-se de juros e correção monetária a serem pagos pela cooperativa ao associado, pelo uso do dinheiro naquele período em que o associado se compromete em não retirar o dinheiro colocado em depósito, ou seja, este ficará à disposição da cooperativa.

b) Obrigações por empréstimos – relacionadas com os valores de taxas e juros pagos pelo montante tomado de empréstimo, na central ou em outra instituição, objetivando atender à demanda de recursos da carteira de empréstimos internos, por insuficiência do Capital de Giro Próprio, da Cooperativa.

Essa prática de tomar empréstimos para reaplicação na carteira interna é salutar, desde que esse processo se revista de estudo prévio da capacidade de endividamento dos associados e, principalmente, se há garantias reais para o retorno do capital. Essas garantias podem ser: o desconto em folha de pagamento dos associados, efetuado pela empresa à qual a cooperativa esteja vinculada, ou o débito em conta no ato de creditar o pagamento do associado, caso a cooperativa efetue o pagamento dos salários, autorizado pela empresa bem como a hipoteca de bens.

Por outro lado justificamos a colocação desse item como DPF (Despesas Proporcionais ao Faturamento), uma vez que o faturamento (juros cobrados na aplicação do dinheiro) é efetuado em cima dos valores aplicados e os juros pagos são também cobrados em cima do mesmo valor, tomados emprestado.

c) Seguro de Valores – O dinheiro, transportado no dia a dia, é o principal produto comercializado pela cooperativa e o valor do seguro cobrado é proporcional ao montante da circulação deste e seu depósito regular em um Banco ao qual a cooperativa está vinculada (mantém conta corrente), auxilia ao Banco Central do Brasil no processo de controle da moeda em circulação..

d) Promoção e Relações Públicas – Necessárias para se tonificar os negócios, tornando a cooperativa conhecida e participativa em seu ambiente de atuação, promovendo a real inclusão social da mesma no contexto de seus associados e da sociedade em geral, permitindo assim a ampliação dos seus negócios.

Vale ressaltar que uma boa participação da cooperativa no contexto social, trará, com certeza, aumento no volume de negócios, na proporção dessa participação.

e) Propaganda e Publicidade – envolve, juntamente com a Promoção e Relações Públicas o trabalho de marketing necessário ao crescimento e desenvolvimento das atividades da empresa. Para frisar a importância do marketing, apresentamos o seguinte conceito sobre o assunto, de Philip Kotler: “O marketing é normalmente visto como a

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tarefa de criar, promover e fornecer bens e serviços a clientes individuais e empresariais”.

f) Tributárias – As operações com associados são isentas de impostos. Entretanto, a cooperativa pode estar fortemente encontra-se inserida na sociedade e, muitas vezes envolvida com empresas das quais os associados fazem parte, passando, em conseqüência, a executar algumas tarefas para não cooperados, como arrecadação de contas/boletos e isso, gerará impostos diretos no produto relativo a serviço de arrecadação. Como exemplo de tributos os quais passam a ser devidos tem-se o ISSQN pago pela arrecadação de faturas/boletos de terceiros, não associados, FINSOCIAL e PIS, nas mesmas condições assim como é devido também o IRPJ para o lucro auferido desses serviços.

Esses impostos estão, portanto, classificados como Custos Proporcionais ao Faturamento – CPF e são deduzidos da Receita Bruta (RB) para obtenção da Receita Líquida (RL).

Ou seja,

RL = RB – DPF

No Segundo caso, ou seja, com relação ao Custo de Formação do Produto – CFP, este é formado por gastos considerados como custos diretos/variáveis e são deduzidos da Receita Líquida para formar a Margem Bruta de Contribuição (MBC).

Abaixo, algumas exemplificações de contas pertencentes a este bloco de Custos de Formação do Produto (CFP), tratando-se de Recursos Produtivos utilizados nas áreas de atendimento ao cooperado:

i) Pessoal utilizado nos PAC’s e área comercial;ii) Provisão para crédito de liquidação duvidosa;iii) Comunicação;iv) Manutenção e Conservação de Bens utilizados no processo produtivo;v) Despesas de Publicação;vi) Serviço do Sistema Financeiro;vii) Material;viii) Pessoal – Treinamento;ix) Despesas de Depósitos a Prazo;

i) Pessoal utilizado nos PAC’s e área comercial – Os empregados utilizados nessas áreas têm seu trabalho ligado diretamente à operacionalização da atividade principal da cooperativa (área produtiva), ou seja, seu trabalho é responsável pela produção da cooperativa e esta será tanto maior quanto for o esforço desse pessoal no processo. Portanto, o volume do crédito, da arrecadação, dos produtos em geral gerados no período depende da quantidade de trabalho descendida por esse pessoal.

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ii) Provisão para crédito de liquidação duvidosa – tratando-se de uma garantia patrimonial, refletida em ajuste financeiro do custo, com influência direta nos resultados, que permitem a garantia de minimização dos efeitos nocivos do risco da carteira.

Conforme orientação do COSIF, os critérios padronizados para cálculo do valor a ser lançado na conta Provisão para Crédito de Liquidação Duvidosa – PCLD são os seguintes:

a) Pelo número de dias de atraso das parcelas:

Ilustração 37 – Percentuais incidentes sobre o Valor da Carteira Vigente.Fonte: Site do Banco Central do Brasil, link de Cooperativas de Crédito.

b) Pelo valor da perda média dos últimos 24 meses:

PCLD = (VCVA * (VPM / VCVM))

Legenda:VCVA = Valor da Carteira Vigente AtualVPM = Valor da Perda Média dos últimos 24 mesesVCVM = Valor da Carteira Vigente Média dos últimos 24 meses

Para que se efetue o lançamento correspondente da perda na contabilidade, o critério utilizado será o seguinte:

Toma-se o valor relativo a toda operação com uma ou mais parcelas vencidas a

mais de 180 dias, ou seja, todo saldo em aberto com esse prazo de inadimplência e o mesmo deve ser lançado como perda e simultaneamente lançados também nas contas respectivas contas de compensação, mesmo quando o empréstimo ainda tenha parcelas não vencidas. Não deve haver qualquer tipo de correção em operações lançadas como perdas nas contas de compensação.

iii) Comunicação – A operacionalização de cada PAC – Posto de Atendimento ao Cooperado necessita de envio de documentos e/ou informações diversas, diariamente e

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estas são feitas, normalmente por meios de comunicação convencionais a exemplo da utilização dos serviços dos Correios.

iv) Serviço do Sistema Financeiro. – Neste item incluem-se todos os valores (tarifas) cobrados pelas instituições financeiras que dão suporte ao serviço cooperativo de crédito. Especialmente o Banco do Sistema Cooperativo (BANSICRED e BANCOOB), ou outro no qual a cooperativa deposite seu dinheiro do movimento operacional do dia a dia, a exemplo do Banco do Brasil que cobra tarifa pelos depósitos nele efetuados, diariamente.

v) Material – Quanto a este item, deve-se levar em conta que se trata do material de escritório utilizado diretamente pelos PAC’s e pela gerência comercial, onde acontece o processo produtivo da cooperativa.

vi) Pessoal – Treinamento – Aprimoramento ou reciclagem de conhecimentos do pessoal ligado diretamente aos Postos de Atendimento ao Cooperado e ligados à gerência comercial. Seu resultado reflete diretamente na variação da produtividade da cooperativa, também é colocado neste grupo de Custo Variável.

vii) Depósitos a Prazo – Essa parte dos custos é paga sobre o principal produto de uma instituição financeira: o dinheiro. O aumento desse gasto subentende um maior volume de dinheiro captado dos associados e empregado no sistema de crédito da cooperativa, ou seja, implica em aumento do produto (dinheiro) operacionalizado dentro do sistema.

Portanto,

RL – CV = MBC

Onde,RL = Receita Líquida.CV = Custo Variável (soma do Custo Proporcional do Faturamento e do Custo de

Formação do Produto).MBC = Margem Bruta de Contribuição.

A Margem Bruta de Contribuição (MBC) é o primeiro resultado obtido e trabalhado

pelo analista financeiro e representa, portanto, quando voltado à individualidade do por produto, o ganho com a produção e com a venda deste, na proporção ou volume exato de sua obtenção.

Na seqüência, continuando a montagem do DRE – pelo método do Custo Variável faz-se a dedução, da Margem Bruta de Contribuição, do Custo Fixo Direto, ou seja, do custo de manutenção dos Bens, Móveis e Máquinas empregados diretamente como suporte da produção, ou melhor, nas Agências, PAC’s, Caixas Eletrônicos (CE’s) ou em postos Terceirizados, utilizando-se do seguinte processo:

MSBC = MBC - CFD

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LegendaMSBC = Margem Semi Bruta de ContribuiçãoMBC = Margem Bruta de ContribuiçãoCFD = Custo Fixo Direto

Como Custo Fixo Direto pode-se exemplificar as seguintes contas:

- Despesas de água, energia elétrica e gás.- Aluguéis das instalações (Agências, PAC’s, CE’s ou Terceirizados)- Comunicação- Honorários da Diretoria- Manutenção e Conservação de Bens- Materiais- Pessoal – Benefício- Pessoal – Encargo Social- Pessoal – Treinamento- Serviços de Terceiros- Serviços de Terceiros- Vigilantes- Depreciação

As contas acima, são auto explicativas, o que vale ressaltar aqui é apenas que os gastos com essas contas devem se referir apenas àqueles efetuados na administração dos locais considerados de produção (Agências, PAC’s, CE’s ou Terceirizados).

Obtidos esses custos, procede-se como se segue, subtraindo os CFD’s, do MBC, para obtenção da MSBC:

MBC(-) CFD(=) MSBC

Legenda,MBC = Margem Bruta de ContribuiçãoCFD = Custo Fixo DiretoMSBC= Margem Semi Bruta de Contribuição

Com isso, concluem-se os resultados apresentados por unidade produtiva dentro de uma mesma cooperativa (Agências, PAC’s, CE’s ou Postos Terceirizados – COOCOP’s).

Ato contínuo parte-se para o cálculo do resultado operacional da cooperativa, deduzindo-se da Margem Semi Bruta de Contribuição (MSBC), Os Custos Fixos Gerais (CFG), da Cooperativa.

MSBC(-) CFG(=) LO

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Legenda,MSBC = Margem Semi Bruta de ContribuiçãoCFG = Custos Fixos GeraisLO = Lucro Operacional (LO) ou Resultado Operacional (RL) ou

ainda, Sobra Operacional (SO)

Com isso fica demonstrado o sistema de cálculo do DRE, pelo Método do Custeio Direto/Variável. A complementação para se chegar ao Lucro Puro (LP) ou Lucro Econômico (LE) basta seguir a orientação da forma esquemática abaixo:

Demonstrativo de Resultado do Exercício pelo Método do Custeio Direto/Variável:

RB = Receita Bruta(-) CPF = Custo Proporcional ao Faturamento(=) RL = Receita Líquida(-) CFP = Custo de Formação do Produto(=) MBC = Margem Bruta de Contribuição(-) CFD = Custo Fixo Direto(=) MSBC = Margem Semi Bruta de Contribuição(-) CFG = Custo Fixo Geral(=) LO = Lucro Operacional(+-) R/D Financeiras = Receitas/Despesas Financeiras(=) LAIR = Lucro Antes do Imposto de Renda(-) IRPJ = Imposto de Renda Pessoa Jurídica(=) LL = Lucro Líquido (Sobra Líquida)(-) DE = Despesas Econômicas(=) LE = Lucro Econômico ou Lucro Puro

7.3 Custeio pelo Método ABC (Activity Based Costing)

Trata-se de um processo de custeio que apura os custos indiretos da produção, por intermédio da identificação das atividades geradoras desses custos. Tem como objetivo principal, chegar aos detalhes mais precisos do custo unitário do produto. Seu pressuposto é que os custos são antes discriminados dentro de cada atividade que os gera, para depois serem alocados aos produtos, cujos processos produtivos são desenvolvidos mediante a execução dessas atividades.

Normalmente não intervém nos custos diretos dos produtos, seu foco está na distribuição dos custos indiretos pelas diversas atividades que os geram.

O criador do método, professor Robert Kaplan, diz ser falsa a premissa utilizada pelo método do custeio por absorção, uma vez que os custos indiretos também têm variação proporcional com o volume de produção e, de acordo com o efeito que esses custos provocam nas atividades produtivas, Kaplan (ATKINSON e KAPLAN, 2000) classificou-os em:

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a) Custos Indiretos orientados a volume – Trata-se daqueles custos indiretos que têm sua variação dentro de uma proporção da quantidade de produto elaborado, ou seja, tem também proporcionalidade por unidade produzida.

b) Custos indiretos que variam por lote de produção e não por unidade de produto. Pode-se dar exemplo da quantidade de formulários de Contratos e outros papéis emitidos para cada grupo de financiamentos específicos, tais como, adiantamento de 13º salário, adiantamento do Imposto de Renda, campanha de capitalização, etc.

c) Custos indiretos que variam com o produto e não com o lote ou com a unidade do mesmo. Trata-se de custos indiretos que existem porque se criou aquele produto, ou seja, porque o produto existe ou ainda qualquer atividade que de criação e manutenção específica dessa atividade pela existência do produto. Exemplo: Reunião de Diretores e/ou Gerentes para criar um novo produto e as atividades posteriores para mantê-lo.

d) Custos indiretos voltados para o cliente – são aqueles gerados pelas atividades para obter ou cativar os clientes, ou seja, atividades voltadas para o bom relacionamento com o cooperado (cliente).

e) Custos indiretos para sustentação da organização – Inclui neste item aqueles custos representados pela estrutura operacional e administrativa da cooperativa. Como exemplo bem característico pode-se citar a Depreciação de Móveis, Máquinas e Utensílios, parte dessa estrutura de produção de serviços financeiros e benefícios outros aos cooperados, tais como alguns convênios que venham a facilitar a atividade sócio-cultural desses.

O foco e o desmembramento do custo indireto têm importância cada vez mais relevante porque os mesmos podem variar de 30 a 70% dos custos totais de produção.

A seguir é apresentado um esquema gráfico de alguns custos indiretos e suas influência em um ou mais produtos:

APURAÇÃO DE CUSTOS INDIRETOS

Atividade 1

ComunicaçõesProduto “A”

Atividade 2

Manutenção CentralProduto “B’

Atividade 3

Combustível e LubrificantesProduto “C”

Mais “n” Atividades

“n” Produtos

Distribuição de valores dos custos indiretos de cada Atividade, para os produtos:

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ATIVIDADE IDENTIFICADA PELO DISTRIBUIÇÃO DE CUSTOS DAS MÉTODO “ABC” ATIVIDADES PARA OS PRODUTOS(Activity Based Costing) Produto A Produto B Produto CAtividade 1 – Comunicações 2.500 3.000 2.500Atividade 2 – Manutenção Central 1.500 2.000Atividade 3 – Combustível e Lubrificantes 1.000 1.500TOTAL 5.000 5.000 4.000

Apuração dos Custos e Lucros Unitários

Itens Produto A Produto B Produto C1 – Receita Bruta Total 19.000 25.000 19.0002 – Custos Diretos ou Variáveis (CV) 9.000 10.000 11.0003 – Margem Bruta de Contribuição (MBC) 10.000 15.000 8.0003 – Custos Indiretos ou Custos Fixos Diretos(CFD – identificados pelo ABC) 5.000 5.000 4.0004 – Margem Semi Bruta de Contribuição(MSBC). 5.000 10.000 4.0005 – Custos Fixos Gerais(CFG) 3.000 4.000 5.0006 – Lucro Operacional (LO) ou Sobra 2.000 6.000 (1.000)

Cálculo do Lucro por Unidade de Produto:7 – Custo Total de Produção (CT = CV + CFD + CFG) 17.000 19.000 20.0008 – Quantidade Produzida/Vendida (q) 10.000 15.200 12.5009 – Custo Unitário dos Produtos (7/8) 1,70 1,25 1,6010 – Lucro por Unidade de Produto (6/8) 0,20 0,39 (0,08)

No exemplo acima, o ‘Produto C’ está, de acordo com o método de custeio ABC, dando prejuízo, pois sua Receita não cobre os Custos Diretos (Variáveis) e os Custos Indiretos alocados a ele pelos custos que representam as Atividades vinculadas às necessidades emanadas do seu processo de produção.

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ESTUTO DE CASO – A expansão da Cooperativa de Crédito Mútuo dos empregados da Empresas Vitoriosas S.A.

Pequeno Histórico

A Empresa Vitoriosa opera nos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia. A Administração Central da empresa se localiza em Cuiabá-MT e possui as filiais abaixo relacionadas:

Em Goiás:- Goiânia- Anápolis

Em Mato Grosso:- Cuiabá,- Primavera do Leste,- Barra do Garças,- Rondonópolis,- Guiratinga,- Cáceres,- Tangará da Serra,- Sinop- Sorriso

Em Mato Grosso do Sul- Campo Grande- Corumbá- Três Lagoas- Aquidauana

Em Rondônia:- Porto Velho- Vilhena

A cooperativa possui sua sede em Cuiabá, onde, além do atendimento em sua central possui mais quatro PAC’s – Postos de Atendimento ao Cooperado. Pelo resultado alcançado no último trimestre tem-se a seguinte expectativa de investimentos:

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Ilustração 38 – Demonstrativo de Resultado do Exercício – Método do Custo VariávelFonte das Informações: O Autor.

Com as informações acima, elaborar um Plano Estratégico (sintético) de Investimentos na expansão do negócio, procurando demonstrar sucintamente, quais atos e fatos necessários para o estabelecimento do atendimento aos cooperados de todas as localidades informadas anteriormente.

DESENVOLVIMENTO

Para se ter um trabalho de análise completo, necessário para tomada de decisões quanto à expansão da Cooperativa em questão, há necessidade de se elaborar um

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Plano de Trabalho que possibilite a visualização da “Situação Problema” ao “Resultado Esperado”

Para tanto, far-se-á, em seguida, um esboço desse Plano de Trabalho.

Planejamento estratégico de ampliação de negócios

P L A N O D E N E G Ó C I O S (Business Plan) – Esboço/Resumo

Objetivo

Desenvolver estratégia de expansão da cooperativa, para atendimento a todos os empregados da Cooperativa dos Empregados da Empresa Vitoriosa S.A., lotados nas localidades anteriormente referidas.

Com base nos recursos disponíveis, estabelecer a melhor forma de fazê-lo, com maior rapidez e menor custo.

Área de atuação

Estados de Mato Grosso (Cuiabá; Primavera do Leste; Barra do Garças; Rondonópolis; Guiratinga; Cáceres; Tangará da Serra; Sinop; Sorriso), de Goiás (Goiânia; Anápolis), em Mato Grosso do Sul (Campo Grande; Corumbá; Três Lagoas; Aquidauana), em Rondônia (Porto Velho; Vilhena)

Resumo Executivo do Plano/Meios já avaliados

Foi elaborado, inicialmente, um estudo prévio acerca das várias alternativas de implantação de estruturas com instalações que venham a atender, convenientemente aos anseios dos funcionários da cooperativa. A proposta a ter analisados os custos de implantação e de manutenção, com menor tempo para operacionalização, tendo em vista o uso de estruturas já prontas, escolhida foi o sistema de Correspondente Cooperativo – COCOOP. A vantagem prévia, estabelecida, recai, portanto, em utilização de uma estrutura já existente do correspondente e sem ônus, pagando-lhe apenas pela execução dos serviços, manutenção de máquinas, atendimento técnico operacional em tempo integral (full time) e fornecimento de material necessário.

Visão e Missão da Cooperativa

VISÃO

A Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Empregados nas Empresas Vitoriosas S.A. – COOPERVI será, em dois anos, a maior cooperativa de crédito do Brasil, dispondo de todos os produtos permitidos para operacionalização em uma cooperativa.

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MISSÃO

A COOPERVI deverá atender a todos os empregados da empresa à qual está vinculada, com produtos financeiros de toda ordem, juros bastante acessíveis com presteza e qualidade, onde quer que os mesmos estejam sediados, fomentando ainda a satisfação do associado por intermédio de bons resultados.

A Estratégica a ser adotada

As decisões estratégicas tomadas em estudos preliminares, conforme já foram relatadas, culminaram pela escolha da estrutura de terceirização de serviços mediante a utilização de Correspondentes Cooperativos.

As vantagens pré-definidas foram as seguintes:- O Público alvo a ser assediado para contratação como Correspondentes, será

os mercadinhos, em geral, as panificadoras, as lojas de material para construção, de eletrodomésticos, de roupas, etc., todas com estruturas operacionais já implantadas, necessitando apenas de um “plus” de receita para ajudar em seu custeio, principalmente do seu pessoal de caixa;

- Haverá necessidade de apenas um empregado, treinado para tal fim, para cada região/estado, onde entrará em contato com o público alvo acima definido para contratação. Essa premissa se prende ao fato da necessidade de não acelerar muito o processo uma vez que poderá haver limitações financeiras;

- O Treinamento da equipe de assédio às empresas a serem terceirizadas, deverá compor de disciplinas como:

a) Princípios do Cooperativismo de Crédito, com a qual terá informações de como funciona uma cooperativa de crédito, suas limitações, abrangênicas e possibilidades legais de atuação;

b) Relações Humanas, onde aprenderá, dentre outras coisas, as principais técnicas de abordagens das pessoas, envolvendo conhecimentos e distinção do humor das pessoas, dotando o empregado de capacidade de recuo quando o abordado apresentar-se com algum transtorno de humor e retorno em horário mais propício;

c) Estratégias de Negócios, possibilitando a possibilidade de visualização daqueles com capacidade ou não de desenvolver negócios para a cooperativa em que nível, etc.;

- Devido aos gastos com investimentos em software, equipamentos, material, com combustível, manutenção de veículos e diárias para as viagens dos empregados encarregados de implantar os correspondentes cooperativos, há necessidade de se definir, em função dos resultados mensais, o volume de gastos a serem realizados por mês. Tal definição será visto no Plano Financeiro a ser abordado posteriormente;

- Os empregados encarregados da implantação dos correspondentes cooperativos, terão em seus salários, uma parte fixa e uma parte relativa a gratificação pela quantidade de correspondentes contratados, cuja documentação estiver completa e as pesquisas sobre a idoneidade do correspondente for checada por empregado destacado para essa finalidade;

- Além do contrato de prestação de serviços, o correspondente deverá emitir ainda uma carta de fiança, com garantias reais, para o caso de surgir algum problema de repasses de valores, total ou parcial, por parte do correspondente;

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- Os empregados encarregados da implantação dos correspondentes cooperativos receberão um celular, cada um, com o qual manterá contato freqüente com o Diretor ou o Gerente encarregado da ampliação dos negócios.

Observa-se que as estratégias acima sugeridas, devem ser aplicadas, guardadas as proporções das cooperativas interessadas. Há, no mínimo, uns cem números de combinações de atividades para atender, com o custo mais adequado, às pequenas, médias e grandes cooperativas.

Metodologia

- Será estudado, juntamente com a Central de Cooperativas à qual a COOPERVI pertence, a interligação, ao sistema em operação, de um número previsto de terminais de operação dos correspondentes.

- Serão adquiridas, após análises de potencialidades, no mercado nacional, as máquinas receptor-transmissoras de dados e de registro (chancela) dessas operações que operarão como um PAC para os associados da cooperativa.

- Os empregados responsáveis pela implantação dos correspondentes cooperativos, serão inicialmente treinados e avaliados quanto ao desempenho esperado de cada um.

- Concomitante ao treinamento do pessoal deverá ser processada a aquisição dos veículos econômicos e adequados, necessários ao trabalho. A utilização de viaturas próprias da cooperativa dará aos empregados maior mobilidade em suas atividades e maior facilidade de acessos às localidades onde desenvolverão seus trabalhos. Caso o tempo de realização dessas atividades possa ser mais elastecido, o acesso dos empregados pode ser efetuado via transportes coletivos de passageiros, quer por via terrestre quer por via aérea em localidades mais distantes.

- Será elaborado, na ocasião do início da implantação dos correspondentes, um plano de direcionamento das atividades, dependendo, no momento, das necessidades mais prementes.

- Os empregados ao abordar uma empresa “alvo”, deverão antes verificar com a vizinhança/clientela da mesma, qual o comportamento/relacionamento do seu proprietário com seus clientes, verificando ainda se a empresa não tem títulos protestados e/ou nome inscrito no cadastro de inadimplentes – SERASA, CADIN, etc.

- Feita a verificação acima e havendo concordância do proprietário, emite-se o contrato com as devidas assinaturas dos signatários e de duas testemunhas; elabora-se a carta de fiança com a especificação das garantias reais (bens e direitos transferíveis); cartão de assinatura para controle da cooperativa em documentos onde a assinatura do correspondente se fizer necessária; especificação do Banco com o qual será operacionalizada a transferência de valores entre ambas as partes, abertura da respectiva conta corrente, pela cooperativa, caso não a tenha, devendo esta ser mencionada no próprio contrato, com indicação do nome do Banco, nº. da agência e nº. da conta.

- Instalação de máquinas e treinamento do correspondente cooperativo, na forma de operacionalização do sistema. Observa-se que somente após a concretização dos preceitos do item anterior é que as providências deste item poderão ser efetuadas.

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O Planejamento Financeiro de Execução

Para a implantação do Projeto relativo a este Plano de Ações Estratégicas, necessário se faz a obtenção dos seguintes recursos:

Recursos Humanos

- Quatro empregados com cursos de nível de terceiro grau, completos – custo mensal:

o Salários R$ 1.200,00 x 4 empregados = R$ 4.800,00o Gratificações R$ 100,00 x 80 correspondentes = R$ 8.000,00o Diárias R$ 80,00 x 22 dias úteis = R$ 1.760,00o TOTAL = R$ 14.560,00

Observa-se que a previsão de contratação de correspondentes é de 80 (oitenta), por mês e a gratificação dada ao funcionário por cada correspondente contratado é de R$ 100,00.

Recursos Materiais

- Serão necessários os seguintes materiais e equipamentos:o Uma Linha Telefônica, sem custo para a cooperativa por se

tratar da linha utilizada pela empresa à qual está vinculada;o Aquisição de software, sem valor inicial tendo em vista que o

pagamento será por unidade de procedimentos efetuados.o Leitora óptica R$ 200,00 * 80 = R$ 1.600,00o Transmissão/

Recepção dados R$ 1.200,00 x 80 = R$ 96.000,00o Autenticadora R$ 1.800,00 x 80 = R$ 144.000,00o Bobinas de papel R$ 2,50 x 80 = R$ 200,00o TOTAL = R$ 240.200,00

Programação dos Recursos Financeiros

- Recursos para o investimento inicialNo primeiro mês:

o Pessoal (por mês) R$ 14.560,00o Materiais e equipamentos (três parcelas) R$ 80.067,00o SOMA R$ 94.627,00

No segundo mês:o Pessoal (por mês) R$ 14.560,00o Materiais e equipamentos (2ª parcela) R$ 80.067,00o SOMA R$ 94.627,00

No terceiro mês

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o Pessoal (por mês) R$ 14.560,00o Materiais e equipamentos (3ª parcela) R$ 80.067,00o SOMA R$ 94.627,00

- Recursos para manutenção do sistema

Observa-se que o Banco ao qual a cooperativa está vinculada (BANSICRED OU BANCOOB), mantém convênios de arrecadação com as maiores empresas nacionais e multinacionais, disponibilizando esses convênios para as cooperativas operarem com seus associados, dependentes e cooperativários. Além disso, a cooperativa pode fazer convênios de recebimentos com outras empresas locais, o que se consistiria em um serviço a mais prestado ao seu associado.

Por outro lado, a cooperativa estando presente em todos os locais de atuação da empresa à qual está vinculada, poderá também efetuar um convênio próprio com essa empresa, passando a ser seu arrecadador, com a vantagem de proceder a baixa do respectivo boleto/conta, com maior rapidez, uma vez que sua Diretoria e Conselhos são compostos por empregados daquela. Isto se constituirá por certo, em um diferencial para o fomento da arrecadação da cooperativa.

Necessidades no primeiro mêso Procedimentos e Receitas previstos (Média por corresp.).

1. Associados 80 a R$ 0,40 = R$ 32,002. Outros 400 a R$ 0,90 = R$ 360,003. SOMA = R$ 392,00

o Custo Total unitário, por procedimento R$ 0,40o Total de custo, no mês: 480 x R$ 0,40 = R$ 192,00o SOBRA DO MÊS R$ 200,00

Necessidades no segundo mêso Procedimentos e Receitas previstos (Média por corresp.).

4. Associados 800 a R$ 0,40 = R$ 320,005. Outros 4.000 a R$ 0,90 = R$ 3.600,006. SOMA = R$ 3.920,00

o Custo Total unitário, por procedimento R$ 0,40o Total de custo, no mês 4.800 x R$ 0,40 = R$ 1.920,00o SOBRA DO MÊS R$ 2.000,00

Necessidades no terceiro mêso Procedimentos e Receitas previstos (Média por corresp.).

7. Associados 1.800 a R$ 0,40 = R$ 720,008. Outros 10.200 a R$ 0,90 = R$ 9.180,009. SOMA = R$ 9.900,00

o Custo Total unitário, por procedimento R$ 0,40o Total custo, no mês 12.000 x R$ 0,40 = R$ 4.800,00

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o SOBRA DO MÊS R$ 4.380,00

Necessidades no quarto mês

o Procedimentos e Receitas previstos (Média por corresp.). 10. Associados 2.400 a R$ 0,40 = R$ 960,0011. Outros 24.00 a R$ 0,90 = R$ 21.600,0012. SOMA = R$ 22.560,00

o Custo Total unitário, por procedimento R$ 0,40o Total custo, no mês 26.400 x R$ 0,40 = R$ 10.560,00o SOBRA DO MÊS R$ 12.000,00

- Retorno mensal da cooperativa, antes do investimento.

Conforme quadro apresentado no início do estudo de caso, o retorno médio mensal do trimestre apresentado ao final deste foi de R$ 84.698,11, razão pela qual a cooperativa, com o resultado acumulado do trimestre pode perfeitamente se empenhar nesta proposta de investimentos.

Observa-se ainda que à partir do quarto mês não mais há necessidade de cobrar essa tarifa do associado, passando a cobrar apenas a taxa de manutenção de conta normal.

Faz-se necessário observar ainda que em proporções menores também se pode implantar os correspondentes cooperativos, bastando para tal, observar a proporcionalidade dos custos pertinentes os quais deverão estar em um patamar bem mais reduzido do que este apresentado no presente estudo de caso.

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REFERÊNCIAS

LIVROS:

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HORNGREN, CHARLES, Introdução à Contabilidade Gerencial. Rio de Janeiro, LTC, 2000.

LEMES JUNIOR, ANTÔNIO BARBOSA; RIGO, CLÁUDIO MIESSA e CHEROBIM, ANA PAULA, ISSO SZABP – Administração Financeira – Princípios, Fundamentos e Práticas Brasileiras – Aplicações e Casos Nacionais. Rio de Janeiro, Campus, 2002.

BRUNSTEIN, ISRAEL - Economia de Empresas Gestão Econômica de Negócios – Editora Atlas, São Paulo, 2005.

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KOTLER, PHILIP – Administração de Marketing – Edição Novo Milênio, São Paulo, Prentice Hall, 2000.

MARCELO, JOSÉ LUIS MIRALLES; GOENECHEA, BORJAS ENCINAS; FERNÁNDEZ-AGUADO, PILAR GÓMEZ e QUIRÓS, MARIA DEL MAR MIRALLES – Matemática de las Operaciones Financieras – Problemas Resueltos. Badajoz – Extremadura – ES, Instituto de Ciências de la Educación (I.C.E.), 1999.

VINCE, RALPH – Cálculo e Análise de Riscos no Mercado Financeiro – Como Negociar no Mercado Financeiro de Futuros, Opções e Ações Sob um Conjunto de Regras e Suposições Altamente Subjetivas e Ser Muito Bem-Sucedido, São Paulo, Makron Books, 1999.

SANTI FILHO, ARMANDO DE e OLINQUEVITCH, JOSÉ LEÔNIDAS – Análise de Balanços para Controle Gerencial – São Paulo, Atlas, 1993.

FITAS DE VIDEO:

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SUMA ECONÔMNICA – Como Calcular Custos, Break-Evens e Margens de Contribuição. São Paulo, www.suma.com.br.

SUMA ECONÔMICA – Curso de Finanças em Vídeo – Break-Even e Alavancagem, São Paulo, www.suma.com.br.

SUMA ECONÔMICA – Estratégias de Preços – São Paulo, www.suma.com.br.

SUMA ECONÔMICA – Gestão Pelo Caixa – São Paulo, www.suma.com.br.

SUMA ECONÔMICA – Administração do Tempo – Para maior Produtividade Gerencial e Pessoal - São Paulo, www.suma.com.br.

SUMA ECONÔMICA – Estratégias Vencedoras – São Paulo, www.suma.com.br.

APOSTILAS:

INEPAD – INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA EM EDUCAÇÃO / UNB – UNIVERSIDADE NACIONAL DE BRASÍLIA – Gestão Financeira, Brasília 2007.

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS - CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO EMPRESARIAL DE COOPERATIVAS – MBA em Plano de Negócios (Business Plan), 2002.FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS – CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE EMPRESARIAL DE COOPERATIVA – Contabilidade e Gestão de Custos em Cooperativas – Rodrigues, José Antônio, 2002.

FAPESP – IPCA – FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO DE SÃO PAULO – Análisis de Estados Financieros, Curitiba, 2001.

FAPESP – IPCA – FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO DE SÃO PAULO – Finanças Sistemas y Productos Financieros, Curitiba, 2001.

LEGISLAÇÃO:

Resolução nº. 3.490, do Banco Central do Brasil – BCB, de 29 de agosto de 2007.Resolução nº. 2682, do Banco Central do Brasil – BCB, artigo 6º incisos de I a VII.Circular 1273 do Banco Central do Brasil – BCB.

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