273

Click here to load reader

Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

Ao mesmo tempo em que recebe-mos uma enxurrada de notícias que expõem questões sociais e ambientais preocupantes para o Brasil – como a fome no Nordeste ou o desmatamento na Amazônia –, também recebemos informações sobre ações socioambientais significativas, que têm fomentan-do a cidadania e a esperança do povo brasileiro por mudanças.

Nesse contexto, Gestão socioambiental no Brasil emerge como instrumento de reflexão e de práticas a ser utilizado em salas de aula e em ambientes organi-zacionais públicos e privados. Além disso, contribui para nos sentirmos aptos a argumentar sobre temas de domínio impres-cindível neste século XXI: responsabilidade social, civilidade, e individualismo, coletivismos e sustentabilidade.

Assinado por quem tem autoridade no assunto, este livro apresenta subsídios para a atividade de gestão voltada para as práticas socioambientais e nos capacita para atuar com consciência socioambiental na comunidade em que estamos inseridos.

Atualizações nas questões relativas à legislação ambiental.

Inserção de destaques para facilitar a visualização dos assuntos.

Infográficos para facilitar a compreensão.

Estudo de caso.

O que há de novo nesta edição:

Rodrigo Bertégestão socioam

biental no brasil

Rodrigo Berté

Uma análise ecocêntrica

2a e d i ç ã o

gestãosocioambientalno brasil

Page 2: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

g e s t ã o s o c i o a m b i e n t a l n o B r a s i l

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 3: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

O selo DIALÓGICA da Editora Ibpex faz referência às publicações que privilegiam uma linguagem na qual o autor dialoga com o leitor por meio de recursos textuais e visuais, o que torna o conteúdo muito mais dinâmico. São livros que criam um ambiente de interação com o leitor – seu universo cultural, social e de elaboração de conheci mentos –, possibilitando um real processo de interlocução para que a comunicação se efetive.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 4: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

g e s t ã o s o c i o a m b i e n t a l n o B r a s i l

Rodrigo Berté

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 5: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

Av. Vicente Machado, 317 – 14º andar – Centro

CEP 80420-010 – Curitiba – PR – Brasil

Fone: (41) 2103-7306

www.editoraibpex.com.br

[email protected]

Conselho editorialDr. Ivo José Both (presidente)

Dr.ª Elena Godoy

Dr. Nelson Luís Dias

Dr. Ulf Gregor Baranow

Editor-chefeLindsay Azambuja

Editor-assistenteAriadne Nunes Wenger

Editor de arteRaphael Bernadelli

CopidesqueSandra Regina Klippel

Preparação de originaisJassany Omura

CapaJoão Leviski Alves

Fotografia da capaMinden Pictures/Latinstock

Projeto gráficoBruno Palma e Silva

DiagramaçãoFernando Zanoni Szytko

IconografiaDanielle Scholtz

Berté, Rodrigo Gestão socioambiental no Brasil [livro eletrônico] / Rodrigo Berté. – Curitiba: Ibpex, 2012. – (Série Desenvolvimento Sustentável).2 MB ; PDF

Bibliografia. ISBN 978-85-417-0000-9

1. Desenvolvimento sustentável 2. Empresas – Responsabilidade social 3. Gestão ambiental 4. Meio ambiente 5. Proteção ambiental 6. Responsabilidade ambiental I. Título. II. Série.

12-14672 CDD-304.20981

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

1ª edição, 2012.

Índices para catálogo sistemático:1. Brasil: Gestão socioambiental: Sociologia 304.20981

Informamos que é de inteira

responsabilidade do autor a emissão de

conceitos.

Nenhuma parte desta publicação poderá ser

reproduzida por qualquer meio ou forma sem

a prévia autorização da Editora Ibpex.

A violação dos direitos autorais é crime

estabelecido na Lei nº 9.610/1998 e punido

pelo art. 184 do Código Penal.

Esta obra é utilizada como material didátido

nos cursos oferecidos pelo Grupo Uninter.

Foi feito o depósito legal. Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 6: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

s u m á r i o

Apresentação, 13Como aproveitar ao máximo este livro, 15

c a p í t u l o 1 Ecologia e meio ambiente, 19Ecologia, meio ambiente e natureza, 22 ~ As políticas de gestão das

empresas brasileiras em relação ao meio ambiente, 28

c a p í t u l o 2 A gestão ambiental e a responsabilidade social, 37Dimensões da gestão, 40 ~ A variável ambiental e o seu

enfrentamento, 43 ~ Meio social, 49 ~ Gestão socioambiental como

mediação de conflitos, 57

c a p í t u l o 3 Uma prática de gestão participativa, 67A necessidade dos processos educativos para gestores, 69 ~ Fatores

complicadores para a gestão ambiental, 70 ~ Problemas e conflitos

ambientais, 71 ~ Estudo de um problema ambiental e do processo de

socialização de sua existência, 76

c a p í t u l o 4 A multidisciplinaridade na gestão ambiental, 95Mecanismos multidisciplinares de defesa ambiental, 98 ~ Vulnerabilidade

ambiental, 108

c a p í t u l o 5 Impactos ambientais, 119Impacto ambiental: procedimentos e regulamentações, 122 ~

Como reconhecer os impactos, 132

c a p í t u l o 6 Instrumentos de proteção ao meio ambiente, 141Meio ambiente: uma retrospectiva histórica brasileira, 144 ~ As propostas

ambientalistas na virada do século, 155 ~ Licenciamento ambiental, 158

Gestão ambiental em áreas urbanas, 165

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 7: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

c a p í t u l o 7 Soluções para áreas degradadas com passivos ambientais, 173Definição legal e caracterização de áreas degradadas, 175 ~ Tratamento de

passivos ambientais, 177 ~ Gerenciamento de resíduos, 180

c a p í t u l o 8 Certificação e responsabilidade social, 189A série ISO, 191 ~ Órgãos acreditadores e certificadores, 196

Referências, 219Respostas, 263Sobre o autor, 269

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 8: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

d e d i c a t ó r i a

Dedico esta obra, primeiramente, a Deus, Pai de infinita bondade, Arquiteto do universo. Ao meu pai, Otávio Berté

(in memoriam), por ter dedicado sua vida a seus filhos e à educação deles. À minha mãe, Irde Araldi Berté, às minhas irmãs Luciane e Emanuele, e ao meu cunhado Pedro (Neco).

Aos meus sobrinhos, André Berté Busnelo (in memoriam), Maria Clara e Emanuel. Ao meu “filhotinho”, Rinco, que fez minha

vida melhorar muito.À justiça conquistada. A verdade sobre o acidente que levou à

morte do meu pai foi restabelecida e as inverdades sobre os fatos vieram à tona. Creio que agora ele descansa em paz.

Também dedico este livro ao meu tio e padrinho Luiz Kohl, que tem sido importante na minha vida. Empresário de sucesso, ele é

um espelho de bons exemplos.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 9: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 10: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

A g r a d e c i m e n t o s

Agradeço aos meus amigos e colaboradores da Universidade Livre de Proteção à Biodiversidade (Unibio), os quais sempre estiveram presentes nas horas mais difíceis. Aos amigos que ganhei na Petrobras em Santa Catarina, no Paraná e no Rio Grande do Sul. À minha afilhada, Letícia Kososki Rocha.

Aos amigos do Grupo Educacional Uninter, especialmente à família Picler (senhores Gabriel, Wilson e Edimilson) e

ao professor Moacyr Paranhos Filho, exemplo de incansável dedicação à instituição. À Direção Executiva do Grupo

Educacional Uninter, por acreditar nas minhas ações que justificam a gestão socioambiental nas nossas instituições de

ensino superior.À Coordenação da Educação a Distância e Presencial, aos

coordenadores de curso e aos professores, em especial ao professor Dr. Osvaldo Vieira do Nascimento, nosso

diretor, e aos coordenadores-gerais do ensino presencial e a distância, professores Benhur Etelberto Gaio e Luiz Roberto

Dias de Macedo.Nestes agradecimentos, dedico menção especial à nossa

editora-chefe, sra. Lindsay Azambuja, por acreditar no meu trabalho e por dar-me a oportunidade para tornar públicas as minhas ideias. Agradeço, em particular, à sra. Sandra Regina Klippel, que me mostrou o melhor caminho a seguir nas belas

páginas de meu livro, pois eu concebia o texto apenas sob o ponto de vista de quem escreve, sem o olhar do leitor, e ela, com

simplicidade, humildade e coerência, ajudou-me a fazer desta uma obra inteligível para todos. Estendo esses agradecimentos

aos demais participantes da equipe da Editora Ibpex.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 11: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 12: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

11

P r e f á c i o

F o i c o m m u i t a s a t i s f a ç ã o e a l e g r i a q u e r e c e b i o h o n r o s o convite do professor Dr. Rodrigo Berté para elaborar o prefácio do seu excelente e oportuno livro sobre gestão socioambiental no Brasil. Digo excelente e oportuno porque atende com qualidade de conteúdo – este baseado em uma perspectiva inovadora – e clareza comunicativa à necessidade de informação e de formação em uma área essencial neste século: a da gestão ambiental.

Devo confessar que, ao ler seu texto, pude estabelecer relações com outros aspectos do conhecimento, entre eles os provenientes da física, a qual nos ensina que a dinâmica se caracteriza pela movimentação de corpos, isolados no espaço ou em conjunto. O fato é que essa movimentação de corpos quase sempre forma sistemas simples ou complexos de movimento, como é o caso tanto dos sistemas micro (átomos) quanto dos macro (planetários). A consciência dessa dinâmica nano/micro ou macro/cósmica levou milhares de anos e de sucessivas gerações para ser construída e se estabelecer na mente humana como um valor e, até mesmo, como um fator de sobrevivência da espécie, e é esse valor de civilidade o ponto que destaco nesta obra. Lembro, ainda, que ao processo de construção desse conhecimento e, sobretudo, de fixação desse valor, cuja importância alcança o nível da sobrevivência humana, chamamos de educação.

Tomando como base o mesmo ponto de vista físico, indivíduos e organiza-ções são também sistemas dinâmicos complexos, uma vez que, tanto um como o outro – e, por via de consequência, ambos –, são construídos, estabelecidos, habitados, produzidos e movidos por seres humanos, o que traz igualmente im-portantes valores de civilidade e de sobrevivência. Assim, mais uma vez surgem a educação e a gestão como processos construtivos de toda essa teia de complexi-dade organizacional em que a espécie humana se engendrou a partir da evolução e da construção de sua consciência socioambiental, individual e coletiva.

É nesse contexto que a obra Gestão socioambiental no Brasil – com a auto-ridade de quem conhece as peculiaridades do meio ambiente, como o profes-sor Rodrigo Berté – discute problemas relacionados à gestão ambiental, tendo como foco principal a questão da responsabilidade social, aplicando conceitos universais ao tema da formação de uma consciência crítica sobre as questões de

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 13: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

12

meio ambiente e de sustentabilidade*, no que diz respeito ao desenvolvimento de todas as suas facetas, ou seja, nos contextos social, geográfico, econômico e político, tendo como alvo principal a problemática brasileira.

Outro aspecto de singular importância, presente no trabalho do professor Berté, é que não se trata de uma mera discussão teórica, mas sim de um texto objetivo e denso de praticidade, característica de quem viveu e vive os proble-mas relacionados ao meio ambiente no contexto da responsabilidade social em nosso país. Com isso, a obra levanta problemas fundamentais e traz ferramentas importantes para o diagnóstico e para a atuação efetiva no que se refere tanto à legislação como às práticas de gestão ambiental. Aliás, o autor não esconde em momento algum a sua vocação inata de educador voltado para a prática da cátedra, ao inserir um modelo de projeto para o desenvolvimento de tais atividades e, até mesmo, uma descrição objetiva de procedimentos.

Também é necessário realçar os aspectos didáticos agregados à maneira como os temas são tratados e apresentados, assim como a clareza da linguagem, o que possibilita um fácil entendimento, sem, no entanto, cair ou sequer resvalar em nada que pareça simplório. A distribuição dos capítulos e de seus temas deixa nítida uma grande intencionalidade de organizá-los de forma racional e, ao mesmo tempo, um sutil planejamento do processo epistemológico do ato de aprender. Sem sombra de dúvida, é um trabalho que visa à conscientização sobre a importância da temática ambiental e da responsabilidade individual, social e coletiva de todos nós, bem como à capacitação de indivíduos para atuar, intervindo e agindo com conhecimento técnico e científico, com competência gerencial e, sobretudo, com plena responsabilidade social.

Como conclusão, podemos dizer que a comunidade acadêmica está de parabéns por esta obra, assim como todos nós, que nos tornamos realmente mais enriquecidos. O professor Rodrigo Berté nos deu mais este tesouro para que possamos assumir, cada vez com maior comprometimento, as nossas res-ponsabilidades na gestão socioambiental deste nosso Brasil.

Prof. Dr. Osvaldo Vieira do Nascimento

* Sustentabilidade: o termo, quando relacionado à questão do desenvolvimento, significa a racionalização adequada dos recursos do patrimônio natural, am-biental e cultural, em harmonia com a sobrevivência humana e com o bem-estar social, não apenas na atualidade, mas principalmente visando às gerações futuras. Observação: as notas de rodapé que dizem respeito à terminologia ambiental foram elaboradas com sustentação nas obras dos seguintes autores: Goldim (2011), Odum (1983), Rede Brasileira de Informação Ambiental (2011) e CIMM (2011).

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 14: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

13

A p r e s e n t a ç ã o

A n o s s a c i v i l i z a ç ã o, n o q u e s e r e f e r e à t r a j e t ó r i a d e ocupação e de exploração do planeta, encontra-se em um momento crucial, pois a Terra emite sinais de alarme que indicam evidências de esgotamento da sua capacidade de suporte para as atividades humanas. Nessa conjuntura, torna-se urgente reexaminarmos e redimensionarmos os projetos de crescimento econômico, com base na perspectiva do desenvolvimento humano e da con-servação ambiental. Esse é um desafio que se apresenta para todas as culturas do século XXI, e é dentro desse cenário que esta obra busca identificar os meca-nismos da gestão ambiental brasileira, suas implicações e responsabilidade social.

Com esse objetivo, a temática do livro foi dividida em oito capítulos, cada um com exercícios propostos, por meio dos quais pretendemos levar o aluno dos cursos de tecnologia (ou os respectivos profissionais) às praxes empresariais, formando uma corrente de responsabilidade socioambiental. Inclusive, apresen-tamos nos apêndices um resumo da legislação ambiental pertinente aos processos licenciatórios, conforme a vocação e a demanda das organizações, para que o leitor tenha acesso aos subsídios que legitimam essas atividades.

Temos, assim, a premissa de colaborar para o processo de conscientização e de internalização de novas concepções de desenvolvimento, processo que deve considerar a sustentabilidade, tanto nas atividades produtivas como nos proce-dimentos habituais dos cidadãos, uma vez que ela se impõe como condição de governabilidade para todas as nações. Além disso, considerando a necessidade de formarmos um grande grupo de pensadores com visão protecionista na defesa do meio ambiente, a qual chamamos de tutela ambiental, cada capítulo tem um momento de reflexão em que são abordados temas locais e da sociedade em geral.

Com essa postura, buscamos oferecer instrumentos para sensibilizar os em-preendedores no sentido de atingirem essa gestão, que caracteriza a empresa socialmente justa e ambientalmente responsável. A finalidade de tudo isso é buscar a tão almejada qualidade de vida, garantindo, desse modo, a sobrevi-vência da raça humana e dos demais seres que integram a biosfera, a esfera da vida, no planeta. Para a execução de uma tarefa desse porte, é indispensável a atuação da gestão ambiental e da responsabilidade social, a que chamamos de gestão socioambiental (conforme abordagem civilizatória que detalhamos ao longo do texto). Considerando que a gestão ambiental tem como objetivo analisar

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 15: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

14

a questão ambiental, fazemos, com base na interação entre os meios social e físico-natural, a identificação dos principais aspectos da gestão ambiental no Brasil, bem como suas implicações. Nesse contexto, buscaremos o entendimento do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), do pacto federativo relativo às atribuições estatais e, principalmente, da ampla discussão que se dá com a sociedade civil organizada.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 16: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

C o m o a p r o v e i t a r a o m á x i m o e s t e l i v r o

Este livro traz alguns recursos que visam enriquecer o seu aprendizado, facilitar a compreensão dos conteúdos e tornar a leitura mais dinâmica. São ferramentas projetadas de acordo com a natureza dos temas que vamos examinar. Veja a seguir como esses recursos se encontram distribuídos no projeto gráfico da obra.

C o n t e ú d o s d o c a p í t u l o

Logo na abertura do capítulo, você fica conhecendo os conteúdos que serão abordados.

A p ó s o e s t u d o d e s t e c a p í t u l o , v o c ê s e r á c a p a z d e :

Você também é informado a respeito das compe-tências que irá desenvolver mediante o estudo do capítulo.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 17: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

E s t u d o s d e c a s o

Nesta seção, serão apresentados relatos referentes a situações que se vinculam aos conteúdos abordados no capítulo.

S í n t e s e

Você dispõe, ao final de cada ca-pítulo, de uma síntese que retoma resumidamente os principais con-ceitos estudados.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 18: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

Q u e s t õ e s p a r a r e f l e x ã o

Nesta seção, você será estimu-lado a refletir sobre os temas do capítulo por meio de questões dissertativas.

61

aumentando de tamanho nas duas últimas décadas, devemos reconhecer que ainda permanece uma visão pré-ambientalista e pré-sustentabilista, em parte pela falta de uma internalização dessa cultura institucional nova e também por-que o modelo de administração atual é menos profissional e mais político. Os ministérios, assim como as secretarias, tanto nos governos estaduais como nos municipais, são loteamentos políticos. Há, portanto, uma necessidade urgente de se alterar essa conjuntura. A reforma não ensejou o novo pacto federativo. O que observamos são ainda desenhos precários. As áreas da gestão ambiental e da responsabilidade social ainda explicitam essa incompletude do pacto mais do que outras, pois têm como vocação a ordenação do território e do desenvolvimento.

Q u e s t õ e s p a r a r e f l e x ã o

1. Você já observou quais são os recursos ambientais específicos da sua região? Faça um levantamento e verifique as condições em que se encontram esses recursos.

2. Você conhece comunidades da sua região que sofreram impactos ambien-tais? Você sabe a razão desses impactos? Existem unidades de conservação na região onde você vive ou trabalha? Você lembra quais são? Sabe quais são os órgãos públicos responsáveis por elas?

Q u e s t õ e s p a r a r e v i s ã o

1. Considerando que são as práticas do meio social que determinam a natureza dos problemas ambientais, os quais, como resultado, afligem a humanidade, o que se revela necessário nesse contexto em relação à área da gestão?

2. A concepção de que homem e a natureza encontram-se no mesmo nível e, portanto, as suas relações e inter-relações são igualitárias, corresponde à visão do biocentrismo. Justifique.

3. Os técnicos dos órgãos públicos convivem com uma série de dificuldades para agir no cumprimento da legislação ambiental. Por que isso ocorre?i. Embora sempre exista vontade política dos governantes, as dificulda-

des são crônicas.ii. Os técnicos convivem com dificuldades, como falta de equipes técnicas

adequadas, recursos financeiros escassos e instalações precárias, falta de acesso a informações e, muitas vezes, falta de apoio da chefia, entre outros obstáculos.

iii. A falta de condições de trabalho é crônica.iv. Há, inclusive, a falta de vontade política dos governantes.

Q u e s t õ e s p a r a r e v i s ã o

Esta seção engloba questões per-tinentes aos conteúdos tratados, divididas em exercícios abertos e fechados.

P e r g u n t a s & r e s p o s t a s

Nesta seção, o autor responde a dú-vidas frequentes relacionadas aos conteúdos do capítulo.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 19: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

C o n s u l t a n d o a l e g i s l a ç ã o

Esta seção destaca textos legais que regulam os assuntos aborda-dos em cada capítulo.

P a r a s a b e r m a i s

Para propiciar o aprofundamento sobre os temas explorados, são in-dicadas outras obras de relevância.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 20: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

c a p í t u l o 1

Ecologia e meio ambiente

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 21: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

C o n t e ú d o s d o c a p í t u l o :

• Conceituação de ecologia; • Relação entre as concepções de ecologia, natureza e ambiente; • Conceituação de meio ambiente; • As empresas brasileiras e o meio ambiente.

A p ó s o e s t u d o d e s t e c a p í t u l o , v o c ê s e r á c a p a z d e :

• fazer a relação entre as concepções de meio ambiente, ecologia e natureza; • diferenciar a visão antropocêntrica da visão biocêntrica da natureza; • visualizar as interações entre as políticas ambientais e as concepções que

as validam; • atentar para a importância da variável ambiental na gestão organizacional.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 22: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

21

N o p a s s a d o , a e c o l o g i a r e s u m i a - s e a o e s t u d o d a n a t u -reza, uma espécie de história natural, que se inspirava em trabalhos de grandes observadores e pesquisadores do século XIX. Classificada pelo zoólogo alemão Ernst Haeckel como um ramo das ciências biológicas, foi proposta pela primeira vez em 1869 e tendo como finalidade estudar as relações entre os organismos vivos e seus ambientes.

Sendo um vocábulo derivado do grego oikos, que significa “casa”, e logos, que significa “estudo”, conforme Odum (1983), a ecologia é o estudo do lugar onde se vive. Esse estudo inclui todos os organismos contidos na biosfera, ou seja, a esfera da vida. Assim, onde houver vida, há biosfera, e onde há biosfera, encontra-se a ecologia. Trata-se do estudo da “casa”, das interações entre os seres vivos em um ambiente que evolui no tempo e no espaço e com os padrões que o próprio meio proporciona para essa evolução.

No entanto, com o passar do tempo, percebeu-se a necessidade de ampliar esses estudos, apesar do arcabouço de informações dos naturalistas e das dis-cussões em torno da nova matéria. Assim, no início do século passado, por volta de 1925, surgiu a ecologia das comunidades, considerando a necessidade de se estudar as espécies* por grupos ou comunidades, e não apenas por indivíduos. O estudo da “casa” deveria ser ampliado e percebido no meio em que os seres vivos se relacionam e onde ocorrem as interações entre as mesmas espécies, e também levar em conta as diferenças entre as populações e as comunidades. Tal interação era chamada de comunidade biológica ou comunidade de vida.

Paralelamente a esse estudo que tem como foco as comunidades, houve e há a necessidade de estudarmos espécie por espécie. Isso porque existem os riscos parasitológicos, além de precisarmos de informações para os órgãos de saúde

* Espécie: compõe-se de indivíduos semelhantes em todos ou na maioria de seus ca-racteres estruturais e funcionais, que se reproduzem sexuada ou assexuadamente e constituem uma linhagem filogenética distinta. É uma categoria da classificação biológica subordinada imediatamente ao gênero ou ao subgênero, sendo a menor população natural considerada suficientemente diferente de outras para merecer um nome e da qual se assume ou se prova que permanecerá diferente, apesar de eventuais intercruzamentos com espécies aparentadas.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 23: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

22

pública, como as pesquisas sanitárias relacionadas à prevenção de doenças e à prevenção antiparasitária.

No entanto, conforme já foi dito, permanece a necessidade de estudarmos o conjunto, as diferentes espécies e a influência que elas têm sobre o meio. É importante o estudo por população, ainda que, pelo novo conceito de ecologia, devamos considerar como base o meio em que os seres vivos – as florestas, os animais, as bactérias, os fungos e as algas, entre outros – estão inseridos. É com base nessas relações de interação dos seres vivos (incluindo o ser humano) e os espaços (com todas as suas classificações e abrangências) por eles ocupados que surge o conceito de meio ambiente.

1 . 1 E c o l o g i a , m e i o a m b i e n t e e n a t u r e z a

A e c o l o g i a , d e a c o r d o c o m J o l l i v e t e P a v é ( 1 9 9 6 ) , c o m o foi proposta, deve ser repensada. Para esses autores, conceito de meio ambiente deve ser “talvez mesmo reinventado, mas não refeito. Devemos nos apoiar sobre a base de saberes e de técnicas já acumuladas, bem como numa identificação e numa definição mais precisa possível sobre o que entendemos exatamente como meio ambiente” (Jollivet; Pavé, 1996, p. 55). Assim, poderemos definir ecologia de forma coerente e, de fato, significativa.

Aliás, Medina (1989) declarou ser meio ambiente uma expressão polissêmica (uma palavra que apresenta uma gama variada de significados) que vem sendo desenvolvida, ampliada e construída ao longo da evolução do pensamento am-biental, bem como das demais ciências, não se restringindo, portanto, a uma determinada área do saber. E você verá, ao longo deste e de outros estudos que venha a fazer, que são múltiplos os saberes que se interligam nesse contexto, como os relacionados às ciências biológicas, químicas, físicas, tecnológicas e sociológicas.

A palavra ambiente tem sua origem no latim – ambiens, significando “que rodeia”. Já a expressão meio ambiente é definida por vários autores de diferentes maneiras, das quais julgamos oportuno mencionar algumas para o entendimento mais amplo do assunto:

• conforme Ricklefs (1996), meio ambiente é “a circunvizinhança de um organismo, incluindo as plantas, os animais e os microorganismos com os quais ele interage”. Nesse caso, o autor identifica a comunidade bioló-gica, na qual os seres vivos realizam uma interação com o meio – plantas, animais e todos os organismos vivos;

• por sua vez, Morán (1990) classifica o meio ambiente em mundo biótico e abiótico:

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 24: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

23

• o primeiro – mundo biótico – está relacionado à vida e pertence aos seres vivos, às comunidades e às populações, o que inclui a biosfera, isto é, as plantas, os animais, as bactérias, os fungos; ou seja, os organismos vivos de um ecossistema*, de uma região ou de um espaço geográfico.

• no segundo – mundo abiótico –, não existem organismos vivos; ele é inerte, sem ação e impróprio para viver: é o ambiente físico-químico;

• o meio ambiente também pode ser definido como uma unidade bió-tica de maior expressão geográfica, compreendendo várias comunida-des em diferentes estágios de evolução, os componentes necessários para a manutenção da vida e suas inter-relações com o meio. De acordo com Mello (2006, p. 96),

o meio ambiente é um objeto complexo, que pode ser estudado pelas Ciências Naturais (físicas, químicas, biológicas), mas, quando é visto pelo ângulo das relações que as sociedades humanas estabelecem com os sistemas** “naturais”, passa a ter outro conjunto de premissas e de conceitos básicos. [grifo nosso];

• para Batalha (1987), meio ambiente é o “conjunto de todas as condi-ções e influências externas que afetam a vida e o desenvolvimento de um organismo”.

Essas definições são de caráter biológico, referindo-se ao meio ambiente sem estabelecer um vínculo de interação do homem como parte integrante desse meio. Já as relações entre comunidade biológica e homem como organismo vivo podem ser definidas como a esfera da vida: onde houver vida, existe a biosfera; onde há a biosfera, existe uma integração entre todos os seres que a compõem.

Consultando a legislação • A Lei Federal n. 6.938, de 31 de agosto de 1981 (com várias alterações em sua

redação dadas por leis posteriores), que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente no Brasil, define a expressão meio ambiente como “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas” (Brasil, 1981b).

* No tópico “Indicadores de vulnerabilidade”, você encontra mais informações sobre ecossistemas.

** Sistema: grupo de componentes que se inter-relacionam de tal forma que as mudanças de um podem afetar alguns ou todos os demais componentes.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 25: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

24

É uma definição de caráter amplo, pois em nenhum momento o homem que integra esse meio faz parte do referido conceito.

• Já na Lei n. 5.793, de 16 de outubro de 1980, do Estado de Santa Catarina, que dispõe sobre a proteção e a melhoria da qualidade ambiental, encontramos uma lacuna para as relações entre o meio, o homem e a sociedade, quando, por exem-plo, em seu artigo 2º, parágrafos I e II, a referida lei afirma que:

I – meio ambiente é a interação de fatores químicos e biológicos que con-dicionam a existência de seres vivos e de recursos naturais* e culturais;

II – degradação da qualidade ambiental é a alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de energia ou de substâncias sólidas, líquidas e gasosas, ou combi-nação de elementos produzidos por atividades humanas ou delas decor-rentes, em níveis capazes de, direta ou indiretamente:a. prejudicar a saúde, a segurança e o bem-estar da população;b. criar condições adversas às atividades sociais e econômicas;c. ocasionar danos relevantes à flora, à fauna e outros recursos naturais.

(Brasil, 1980c, grifo nosso)Citamos essa legislação como exemplo de posturas em que o ser humano é considerado parte do meio ambiente.

Também destacamos, nesse contexto de definições, que meio ambiente e natureza constituem outra relação que deve ser esclarecida.

A conceituação rigorosa e inflexível de meio ambiente o define apenas como “sinônimo de natureza”. Mas o que é natureza? Segundo Houaiss, Villar e Franco (2001), natureza diz respeito ao conjunto de elementos do mundo natural, tal como os mares, as montanhas, as árvores e os animais. Portanto, o meio ambiente, entendido como sinônimo de natureza, não abrange o componente humano.

Logo, nessa concepção, existe um distanciamento entre homem e natureza. Assim como nos conceitos citados anteriormente e por força de lei (Lei Federal n. 6.938/1981), o ser humano se dissocia do meio ambiente, o que constitui uma inverdade. Tal pensamento é oriundo do modelo positivista: o antropocen-trismo. No entanto, no que diz respeito à matéria em estudo, contraditoriamente, o positivismo, ao dissociar o homem do meio, dá origem à visão que coloca a natureza – e não o homem – em uma posição de centralidade.

* Recursos: são aspectos do ambiente natural que facilitam a satisfação das necessi-dades humanas e o alcance dos objetivos sociais; é qualquer coisa que seja útil para algo. Os recursos naturais, em sentido amplo, são bens procedentes da natureza não transformada pelo homem, entre os quais se incluem o ar, a água, a paisagem e a vida selvagem, e que são capazes de satisfazer as necessidades humanas.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 26: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

25

Contudo, podemos inferir, se partirmos do princípio de que o homem integra o meio – o que corresponde a uma nova ordem, isto é, à visão do biocentrismo, na qual ser humano e natureza estão no mesmo nível de in-terações e de modificações –, que a natureza, o homem no meio social e a utilização dos recursos naturais estão em um mesmo patamar.

Portanto, na visão biocêntrica, todos esses três conjuntos de elementos relaciona-dos são colocados no mesmo nível. Saímos, assim, da concepção de meio ambiente somente como unidade biótica e/ou abiótica para chegar à concepção de um meio ambiente multidimensional – que trata dos múltiplos aspectos e é abrangente.

Nessa conjuntura de teorias e de fatos, o que você pode observar na confi-guração da paisagem* do país é que os resultados ocasionados pela degradação dos recursos naturais e dos ecossistemas já são fatos concretos, provocando o que se convencionou chamar de crise ambiental. Deparamo-nos, então, com a necessidade urgente de reverter essa situação provocada pela sociedade.

Figura 1.1 – A esfera da vida

Pan

ther

med

ia

Bio

sfe

ra .

Biosfera . Biosfera . Biosfera . Biosfera . Biosfera . Biosfera . B

iosfera . Biosfera . Biosfera . Biosfera . Biosfera .

Bio

sfera

. B

iosf

era

. B

iosf

era

.

* Paisagem: é o sistema geográfico formado pela influência dos processos naturais e das atividades antrópicas, e configurado na escala da percepção humana.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 27: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

26

Perguntas e respostasFalamos anteriormente em crise ambiental, e você pôde observar que no texto da lei se fala em qualidade ambiental; provavelmente essas são expressões que você conhece dos mais variados meios de comunicação (TV, jornais e revistas). No entanto, você já ponderou sobre o que é a qualidade ambiental? Quais fatores estão inseridos nessa concepção?Podemos definir a qualidade ambiental como o conjunto de características biofísicas ou químicas que tornam determinado meio ou produto adequado ao uso pelos seres vivos. É a capacidade relativa que determinado meio ambiente apresenta para satisfazer as necessidades e os desejos de um indivíduo e da so-ciedade como um todo. Assim, são parâmetros de qualidade ambiental a serem avaliados: a) o saneamento ambiental – disponibilidade, contaminação e qua-lidade da água, efluentes locais, ar e conforto térmico; b) a estética ambiental

– beleza dos elementos naturais e antropogênicos; c) o tratamento de resíduos domésticos e industriais – reciclagem e instalações operacionais; d) os valo-res culturais da relação homem-meio ambiente – grau de cultura ecológica, apreciação social da percepção ambiental, respeito a normas e regras.Diante desse panorama, você considera que já tem elementos para observar e estabelecer parâmetros da crise ambiental? Vamos ampliar nossas observações e estudos para realizarmos essa reflexão?

Nesse contexto, uma nova concepção, a concepção sistêmica, vem sobre-pujar a anterior (antropocêntrica).

Ao aplicarmos esse novo paradigma às relações do homem com o meio am-biente, é importante destacar que a concepção sistêmica refere-se ao “resultado de processos de origem natural, não humana, e de ações antrópicas; estas últi-mas adquirem uma importância considerável, pelo fato de interagirem com os processos naturais a ponto de conseguirem alterar suas tendências profundas” (Jollivet; Pavé, 1996).

Um fato que exemplifica apropriadamente esse processo de alterações a que se referem Jollivet e Pavé (1996) é o “efeito estufa”, o qual resulta dos danos provocados na atmosfera por ações antrópicas. Nesse sentido, destacamos que um conceito amplo de meio ambiente, no qual estão incluídos os constituintes da natureza, além da humanidade e de toda a trama de relações estabelecidas a partir das inte-rações que surgem de tal contato, foi proposto em 1977, na Conferência de Tbilisi*.

* A Conferência de Tbilisi, realizada em 1977 pela Unesco, foi a primeira confe-rência intergovernamental sobre educação ambiental, representando um marco para a educação ambiental.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 28: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

27

1 . 1 . 1 A conce pção s i s t êmica de me io ambient e

D i a n t e d a c o m p l e x i d a d e d o s f a t o r e s e x p o s t o s e d a dificuldade em definirmos meio ambiente, a nossa proposição, neste estudo, é a de optarmos pela conceituação sistêmica de meio ambiente, ou seja, consi-derarmos “as relações existentes entre o comportamento dos elementos da natureza (físicos, químicos e biológicos) com o homem (como núcleo fami-liar) e sociedade (estrutura política social e econômica)” (Hardt; Lopes, 1990).

Assim, passamos a visualizar um processo de interdependência entre subsiste-mas da natureza (de caráter químico, físico e biológico) e destes com o subsistema social-humano. Resumindo, podemos dizer que é essa sequência de operações, com suas inter-relações e sucessivas conexões, que compõem o meio ambiente.

Nesse cenário, duas características, de acordo com Capra (1982), são peculiares aos subsistemas que formam o meio ambiente:

• a natureza intrinsecamente dinâmica – as relações não são estáticas ou rígidas, mas flexíveis e em permanente transformação;

• as relações simbióticas – significa que são mutuamente vantajosas para os parceiros associados, ou seja, animais e plantas desenvolvem-se em uma relação de competição e de mútua dependência. Isso explica o fato de, mui-tas vezes, aparecerem sinais de descontrole se o sistema sofrer perturbações.

Podemos dizer, novamente recorrendo a Hardt e Lopes (1990) – mais espe-cificamente aos estudos destes (interpretação e síntese de resultados em estudos e relatórios de impacto ambiental), divulgados em 1990 – que o meio ambiente, com base em uma visão integral e de forma mais detalhada, pode ser con-ceituado como o resultado da combinação dinâmica dos subsistemas bio-lógico, físico-químico e social-humano. Tais subsistemas, em determinada porção do espaço, do tempo e do momento social, formam um conjunto único e indissociável.

Perguntas e respostasAntes de continuarmos o nosso estudo sobre os conceitos de meio ambiente, fazemos a você uma pergunta sobre algo fundamental, que se encontra em toda a estrutura desta obra: Você sabe o que é impacto ambiental?A Resolução Conama n. 001, de 18 de março de 1986, define impacto am-biental como:

qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio am-biente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das ativi-dades humanas que, direta ou indiretamente, afetam:I – a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 29: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

28

II – as atividades sociais e econômicas; III – a biota[*]; IV – as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;V – a qualidade dos recursos ambientais. (Brasil, 1986c)

Retomaremos essa abordagem mais adiante.

1 . 2 A s p o l í t i c a s d e g e s t ã o d a s e m p r e s a s b r a s i l e i r a s e m r e l a ç ã o a o m e i o a m b i e n t e

C o n s i d e r a n d o e s s a c o n c e p ç ã o d e m e i o a m b i e n t e c o m o um conjunto único e indissociável, chegamos à compreensão de que a herança sociocultural da sociedade de um determinado espaço natural deve ser con-siderada no âmbito dessas relações. E, com base nessa perspectiva, existe a necessidade de concebermos a natureza de uma forma em que não lhe seja atribuído apenas um valor instrumental ou de uso, pois, como diz Unger (1991),

“ela tem valor real em si mesma, pelo fato de existir – é o valor de existência, traduzido como benefício sem consumo”. A compreensão e a aplicação dessa concepção permitem o desenvolvimento sustentável, de modo que homem e natureza sejam preservados.

No entanto, nas empresas de nosso país, a incorporação da variável am-biental ainda é realizada basicamente por meio da fiscalização das instituições públicas ambientais e da pressão ecológica e social proveniente dos âmbitos nacional e internacional.

Perguntas e respostasO que é variável ambiental?Na mesma proporção em que a população se conscientiza da importância de preservar o meio ambiente, de evitar e/ou corrigir sua degradação, aumenta a necessidade de as organizações incluírem essa nova variável – que é a mensura-ção do impacto ambiental – em seus planejamentos estratégicos. É a exigência por produtos ecologicamente corretos; mas que produtos são esses? A inclusão da variável ambiental no processo de produção caracteriza os produtos com selo verde ou selo ambiental, ou, ainda, aqueles que, além de serem elaborados com materiais ecologicamente corretos, apresentam um processo de fabricação que provoca o menor dano possível ao sistema ambiental da Terra.

* Biota: conjunto de plantas e de animais de uma determinada região ou província biogeográfica. Ex.: biota amazônica. É o conjunto de seres vivos que habitam um determinado ambiente ecológico, em estreita correspondência ou relação com as características físicas, químicas e biológicas desse ambiente.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 30: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

29

A inclusão da variável ambiental no sistema de gestão de uma organização pode ser realizada pela implantação do Total Quality Environmental Management (TQEM), como veremos no capítulo que trata das certificações e do uso das séries ISO.Nesse processo, caso a liderança empresarial queira estabelecer as propostas de desenvolvimento sustentável como ponto de partida, já terá um direcio-namento: a Agenda 21.

Nesse cenário, observamos que algumas indústrias já se adequaram à proposta de trabalhar e se relacionar com o meio ambiente dentro de uma perspectiva sustentável. Contudo, em sua grande maioria, as empresas brasileiras agem de forma pouco consciente e pouco responsável em relação aos problemas ambien-tais. Por que isso ocorre?

Se você observar, verá que uma proporção relativamente grande de empre-sários considera utópica a ideia de que é possível obter crescimento econômico juntamente com a proteção do meio ambiente. Dessa forma, observamos nor-malmente que a prática ambiental restringe-se ao cumprimento das normas de poluição e aos relatórios de impactos ambientais (Maimon, 1992).

No entanto, nesse processo gradativo de assimilação das necessidades pre-mentes de novas soluções ambientais para a preservação, inclusive da espécie humana, já é possível observar mudanças, como comenta Schmidheiny (1992). Assim, nesse cenário, embora a assimilação das novas demandas ambientais seja gradativa e lenta, encontramos um número crescente de empresas incor-porando a variável ambiental a seus modelos de gestão. São empresas que percebem economia e vantagens competitivas nessa postura.

P a r a s a b e r m a i s

Agenda 21*

Um dos principais resultados da [Conferência] Rio-92, a Agenda 21 é o plano de ação da Organização das Nações Unidas para o início do século XXI. Em 1992, os países-membros presentes no Rio de Janeiro comprometeram-se em pautar suas políticas econômicas, sociais e ambientais com base no conceito do desenvolvi-mento sustentável, segundo o qual se procura atender às necessidades das gerações presentes sem comprometer as possibilidades de as gerações futuras também verem atendidas as suas. Para isso, define em 40 capítulos 2.500 recomendações e responsabilidades a curto, médio e longo prazos.Fonte: Rio+10 Brasil, 2008.

* Você pode acessar a Agenda 21 na íntegra no site da Ecol News. Disponível em: <http://www.

ecolnews.com.br/agenda21>.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 31: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

30

1 . 2 . 1 Prát i ca s t e cno l óg i ca s e ambienta i s cont emporâneas

N e s s e u n i v e r s o d e n o v o s p a r a d i g m a s , o b s e r v a m o s q u e práticas tecnológicas e ambientais contemporâneas ou vanguardistas podem gerar uma interação positiva entre empresas, natureza e meio social. Ademais, desse processo podem surgir soluções, como a transformação de resíduos* em novas oportunidades de negócios, em vez de serem tratados como dejetos poluidores.

Para que esse processo seja implantado, o ser humano deve atentar para alguns fatores, como:

• a gestão dos ciclos de vida dos produtos; • a reciclagem.

Esses fatores, por sua vez, devem ser analisados sob o prisma de um novo processo mercadológico, a logística reversa. Isso significa que o desenvolvi-mento pode:

• utilizar tecnologias limpas; • realizar a troca de materiais e de processos poluentes** por outros, com

índices de poluição menores.

A adequação a essas condições tem como resultado um instrumental para atingir a meta de índice zero de poluição, pois, dessa maneira, as empresas tra-balham com a prevenção da poluição. No entanto, para que isso seja realizado efetivamente, devem ser agregados novos conceitos aos processos de gestão das empresas, como a ecoeficiência e o princípio da precaução.

• Conceito de ecoeficiência – expressa uma postura de gestão cujo obje-tivo é a sustentabilidade. Originou-se em uma publicação do Conselho Mundial de Negócios para o Desenvolvimento Sustentável (em inglês, Word Business Council for Sustainable Development – Schmidheiny, 1992), que o define como a “entrega de bens e serviços com preços competitivos que satisfaçam as necessidades humanas e tragam qualidade de vida, reduzindo progressivamente impactos ambientais dos bens e serviços, através de todo o ciclo de vida, em linha com a capacidade estimada da Terra em suportar”.

Entre os aspectos que caracterizam uma gestão nos moldes da ecoeficiência, encontram-se:

* Resíduo: material ou resto de material cujo proprietário ou produtor não mais o considera com valor suficiente para conservá-lo.

** Poluente: qualquer forma de matéria ou energia que interfira prejudicialmente nos usos preponderantes das águas, do ar e do solo.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 32: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

31

• a diminuição do consumo de materiais e de energia nos processos de produção de bens e de serviços;

• a diminuição da disseminação de matérias tóxicas; • o aumento das atividades de reciclagem dos vários tipos de materiais

descartados; • a maximização do aproveitamento sustentável dos recursos disponi-

bilizados pela natureza; • o aumento do tempo de uso dos produtos; • a incorporação do fator valor aos bens e aos serviços.

• Princípio da precaução – consta na Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ONU, 1992, p. 4): “Com o fim de proteger o meio ambiente, [...] Quando houver ameaça de danos graves ou irreversíveis, a ausência de certeza científica absoluta não será utilizada como razão para o adiamento de medidas economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental”. Assim, esse princípio, formalmente criado na Conferência Rio-92, refere-se a uma garantia contra os potenciais riscos a que o meio ambiente encontra-se suscetível, os quais, entretanto, ainda não são conhecidos ou identificados. Esse princípio afirma que, na ausência de certeza científica formal, a existência de um risco de um dano sério ou irre-versível requer a implementação de medidas que possam prever esse dano.

Outro aspecto essencial para a efetiva instauração de uma política ambiental sustentável é o de que o sistema de mercados também deve incorporar esses valores aos sistemas de preços dos produtos. Dessa forma, existe a necessidade de fixar os preços de forma que reflitam os custos do meio ambiente, o que significa in-serir ou computar as externalidades. Estas, conforme esclarecimento de Maimon (1996), referem-se “aos danos ambientais causados por alguma atividade a terceiros”.

Salientamos a questão das externalidades porque a economia tradicional não incorpora esses danos ambientais na elaboração e na fixação de preços dos produtos advindos de empreendimentos privados. Contudo, se você observar em seu entorno, talvez encontre algumas empresas ou produtos que estejam inseridos nessa nova concepção.

Sobre essa questão, Schmidheiny (1992) diz ser necessária uma nova relação, fundamentada na cooperação tecnológica. Esse processo deve ser estimulado e as-sumir tal proporção que envolva governos, universidades, empresas, empregadores, empregados, fornecedores, consumidores e grupos de cidadãos. Além disso, de-vemos atentar, dentro do paradigma da sustentabilidade, para aspectos como:

• a questão energética; • a gestão da água; • a agricultura; • a exploração florestal.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 33: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

32

Nesse contexto, ressaltamos a importância da criação do Business Council for Sustainable Delevopment (BCSD), ou Conselho de Negócio para o Desenvolvimento Sustentável, no final de 1990, por um grupo de líderes em-presariais mundiais, o qual discute temas fundamentais para o processo de implantação do desenvolvimento sustentável, tais como:

• o valor estratégico do conceito de desenvolvimento sustentável na gestão empresarial;

• a educação para a sustentabilidade; • a produção e o consumo sustentáveis; • as parcerias envolvendo governo, empresas e sociedade civil.

É nesse cenário que a gestão socioambiental busca instaurar-se como mo-dus operandi para incluir e implantar novas formas de pensar a ecologia, o meio ambiente, o ser humano, a sociedade e as múltiplas inter-relações resultantes da compreensão da interdependência que existe entre todos os seres, fatos e universos.

S í n t e s e

A f i n a l , o q u e s i g n i f i c a a g e s t ã o s o c i o a m b i e n t a l e qual o seu significado para a sociedade? Esse é o tema que fundamenta e per-corre toda esta obra. Podemos dizer que todos os temas que abordaremos na sequência são aspectos da gestão socioambiental. Ela envolve procedimentos técnico-administrativos, mas é de fundamental importância entender que so-mente se torna viável de fato quando é assimilada e compreende a vida a partir de sua pluralidade, dos sistemas, dos ciclos, das intersecções, do movimento conjunto dos universos de práticas e de saberes. Portanto, ao concluirmos esse traçado inicial do estudo que faremos nesta obra, em um percurso no qual fomos buscar os passos (os fatos) e os parâmetros que foram trazidos ao século XXI, sob o signo da gestão socioambiental, devemos ressaltar que a maioria dos países desenvolvidos permanecem fiéis a seus padrões tecnológicos de produção e de consumo, o que ocasiona uma forte pressão consumista e provoca o desgaste dos recursos naturais, enquanto a maioria da população dos países em desenvolvi-mento encontra-se carente das necessidades mínimas e básicas. Nesse contexto, as empresas passam a ter enormes responsabilidades, em um processo de gestão que não poderá se dissociar das premissas de inserção na coletividade, ao mesmo tempo respondendo pela condição de sobrevivência das futuras gerações e não apenas pela preservação* de ambientes isolados ou de espécies específicas.

* Preservação: é a proteção rigorosa de determinadas áreas e de recursos naturais considerados de grande valor como patrimônio ecológico ou paisagístico. Não se admite qualquer intervenção humana no local protegido.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 34: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

33

Q u e s t õ e s p a r a r e f l e x ã o

1. O que você considera necessário para que haja uma efetiva reformulação nos processos de produção, consumo e preservação ambiental?

2. Estamos constantemente ouvindo ou lendo informações sobre o efeito estufa, sobre o caos previsível do clima na Terra. Obviamente, é necessá-rio filtrar e buscar mais conhecimento sobre o assunto. No entanto, uma coisa é certa: estamos enfrentando os efeitos de processos poluidores da nossa civilização. Nesse contexto, como você pode ler em texto do site Portal Vegetariano Natureba:

o metano, gás do efeito estufa, responde por um terço do aquecimento do planeta. A sua capacidade de reter calor na atmosfera é 23 vezes maior que a do gás carbônico. Cerca de 28% das emissões mundiais desse gás vêm da pecuária. O gado envia milhões de toneladas anuais de metano para a atmosfera (ruminação, fermentação intestinal, es-terco). O metano também é liberado na queima de gás natural, em campos de arroz inundados, em aterros e lixões (decomposição de resí-duos orgânicos), no esgoto, na queima do carvão e de material vegetal, entre outros. O metano permanece ativo na atmosfera por 12 anos.Segundo relatório da FAO (nov. 2006), a pecuária prejudica mais o am-biente que os carros. (Portal Vegetariano Natureba, 2011, grifo do original)

O referido site, além da preocupação planetária, advoga a causa vegetariana como parte da solução para o problema. Você concorda com isso? A alimenta-ção vegetariana é uma alternativa para diminuir a poluição? Já pensou sobre o desperdício (lixões produzindo metano)? Já pensou sobre a falta de cuidado com o meio ambiente (lixos depositados nos mais diversos espaços, provocando toda sorte de interferência no ambiente)?

Q u e s t õ e s p a r a r e v i s ã o

1. De forma resumida, como você definiria a visão biocêntrica do meio ambiente?

2. Qual o principal fator que não está relacionado à conscientização ambien-tal, mas que tornou a inclusão da variável ambiental uma necessidade nas políticas de gestão das organizações?

3. Leia atentamente as afirmativas a seguir e assinale “V” quando forem verdadeiras e “F” quando forem falsas:( ) A realidade e/ou concepção da qual advém o conceito de meio ambiente

compreende o espaço em que os seres vivos estão inseridos, as florestas, os animais, as bactérias, os fungos e as algas, entre outros.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 35: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

34

( ) As interações entre as mesmas espécies constituem o que se denomina de comunidade biológica ou comunidade da vida.

( ) Assim como não existem diferenças entre as populações e as comu-nidades, não existe, de acordo com o critério da ecologia das comu-nidades, a necessidade de se estudar as espécies por grupos – basta o estudo por indivíduos.

( ) O fato de as relações não serem estáticas ou rígidas, mas flexíveis e em permanente transformação, corresponde à característica dinâmica dos subsistemas que formam o meio ambiente.

A sequência correta é:a. V, F, V, F.b. V, V, V, F.c. V, V, F, V.d. F, V, F, V.

4. Assinale a alternativa correta: Com base na opinião de Jollivet e Pavé (1996) relacionada à ecologia, po-

demos dizer que:a. ecologia é o estudo da relação dos seres vivos entre si e com o meio

em que vivem.b. a ecologia, uma vez inserida na concepção de meio ambiente, deve ter

seu conceito reinventado.c. ecologia é o estudo das relações do homem com seu meio moral, social

e econômico.d. a ecologia trata dos aspectos referentes à natureza, esta compreendida

como herança sociocultural da sociedade.

5. O conceito de meio ambiente passou por várias reformulações, em um processo de abrangência gradativa. Nas assertivas a seguir, assinale “V” (verdadeiro) e “F” (falso), considerando que esses conceitos são de caráter biológico:( ) Meio ambiente é a comunidade biológica na qual os seres vivos pro-

movem uma interação com o meio, ou seja, as plantas, os animais e todos os organismos vivos.

( ) O meio ambiente compreende o mundo biótico e abiótico: um é rela-tivo à vida e pertence aos seres vivos, às comunidades e às populações; o outro, aos aspectos físico-químicos.

( ) Meio ambiente é o meio físico, químico e biológico de qualquer orga-nismo, vivo ou não.

6. A Lei Federal n. 6.938/1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente no Brasil, define a expressão meio ambiente como “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica,

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 36: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

35

que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. Considerando esse parâmetro legal, assinale a única alternativa correta: a. O meio ambiente foi considerado como um espaço em que se estabe-

lece um vínculo de interação do ser humano como parte integrante desse meio.

b. A biosfera foi definida como o elemento que estabelece uma integração entre todos os seres que a compõem.

c. O ser humano, embora tenha vida, não foi inserido no conceito de meio ambiente.

d. O meio ambiente pode ser conceituado como o resultado da combi-nação dinâmica dos subsistemas biológico, físico-químico e social-hu-mano que, em determinada porção do espaço, tempo e momento social, compõem um conjunto único e indissociável.

7. Nas afirmativas a seguir, assinale “V” para as verdadeiras e “F” para as falsas. Quando afirmamos que o resultado das ações antrópicas é muito mais

abrangente e drástico que aquele somente de origem natural, pois o ser humano tem condições de alterar as tendências da natureza, estamos:( ) considerando o homem como parte integrante do meio ambiente.( ) incluindo os constituintes da natureza, além da humanidade e toda a

trama de relações estabelecidas a partir das interações que resultam de tais contatos como elementos constitutivos do meio ambiente.

( ) optando pela concepção sistêmica de meio ambiente.( ) inferindo uma situação própria da concepção antropocêntrica.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 37: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 38: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

c a p í t u l o 2

A gestão ambiental e a responsabilidade social

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 39: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

C o n t e ú d o s d o c a p í t u l o :

• Concepção sistêmica de meio ambiente; • Variável ambiental; • Concepção de gestão socioambiental; • Dimensões da gestão socioambiental.

A p ó s o e s t u d o d e s t e c a p í t u l o , v o c ê s e r á c a p a z d e :

• compreender os princípios da gestão socioambiental; • estabelecer paradigmas de abordagens ecológicas dos processos de gestão; • identificar os fatores que provocam impacto ambiental; • identificar as bases legais que fundamentam a inclusão da variável

ambiental nas atividades de gestão.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 40: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

39

S e v o c ê e x a m i n a r c e r t o s a s p e c t o s r e l e v a n t e s d a p r o -blemática ambiental, do ponto de vista da relação sociedade-natureza, terá a oportunidade de analisar a questão ambiental baseada na interação entre os meios social e físico-natural, com uma abordagem e uma visão holística e sis-têmica de mundo.

Essa visão requer que a gestão ambiental e a responsabilidade social mostrem à sociedade suas correlações. Nesse processo, alguns procedimentos são impor-tantes para os atores sociais, os quais, após as discussões de assuntos como os apresentados nesta obra, devem comprometer-se com a manutenção e com a melhoria do meio ambiente. Nesse cenário:

• os ambientalistas devem consolidar as conquistas e conferir maior consis-tência às propostas, tanto técnica como politicamente – o pragmatismo continua;

• os técnicos e os gestores governamentais devem integrar as políticas am-bientais de gestão às outras áreas políticas e administrativas dos governos – devem atuar nas interfaces;

• os empresários têm as tarefas de buscar a ecoeficiência e de utilizar os pa-drões ambientais como incentivos às estratégias de competitividade, bem como de enfrentar os desafios das pequenas e médias empresas e alertar para uma política ambiental e de responsabilidade social;

• os pesquisadores, por meio dos centros de pesquisa e das universidades, devem produzir o conhecimento e as tecnologias que o desenvolvimento sustentável requer e, desse modo, formar quadros técnicos;

• os parlamentares, no âmbito governamental, têm a obrigação de defen-der os interesses nacionais nessa área e de garantir as institucionalidades conquistadas, bem como de responder às demandas da sociedade;

• os movimentos sociais devem comprometer-se com o combate à pobreza e com a promoção do desenvolvimento socialmente justo e ecologicamente equilibrado, isto é, praticar a justiça ambiental.

Responsabilidade social é isso: o envolvimento de todas as pessoas e de todos os setores na gestão ambiental. Aliás, considerando o fato de ser complicado e até mesmo impossível viver sem os outros elementos do meio, estamos falando de decisões que influenciam grandemente a qualidade de vida da raça humana. No caso específico desta obra, o foco é a população brasileira e/ou o espaço

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 41: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

40

físico do Estado brasileiro. No entanto, é importante observarmos que as ações realizadas no nosso país têm reflexo nos demais espaços geográficos e sociais do planeta (e vice-versa), uma vez que a natureza é intercomunicante, tenhamos ou não a visão holística e sistêmica do processo ambiental.

Perguntas e respostasO que significa uma abordagem e/ou uma visão holística e sistêmica?Se você consultar o Dicionário Houaiss de língua portuguesa, irá encontrar o termo holismo, substantivo do qual deriva o adjetivo holística, cujo significado é o seguinte: “no campo das ciências humanas e naturais, abordagem que prioriza o entendimento integral dos fenômenos, em oposição ao procedimento analítico em que seus componentes são tomados isoladamente [Por ex., a abordagem so-ciológica que parte da sociedade global e não do indivíduo.]” (Houaiss; Villar; Franco, 2001).Contudo, ao atribuirmos a concepção sistêmica à visão ambiental, estamos con-siderando que o meio ambiente é constituído por um grupo de componentes que se inter-relacionam de tal forma que as mudanças de um podem afetar alguns ou todos os demais componentes. Nesse contexto, é oportuno recorrermos à definição de Boff, citado por Nigro (2011, p. 23), segundo a qual “sistema significa um conjunto articulado de inter-retro-relacionamentos entre partes constituindo um todo orgânico. Ele é mais do que as próprias partes, um sistema dinâmico sempre buscando seu equilíbrio e se autorregulando permanentemente”. E, assim como Nigro (2011) afirma que “a concepção sistêmica da vida percebe a mente e a consciência como processos, e não como coisas”, o mesmo podemos dizer em relação à gestão ambiental, pois “refere-se à técnica dos sistemas com-plexos”. Nessa concepção, sistemas são considerados “[estruturas que se organi-zam] [...] com base em conjuntos de unidades inter-relacionáveis por dois eixos básicos: o eixo das que podem ser agrupadas e classificadas pelas características semelhantes que possuem; e o eixo das que se distribuem em dependência hie-rárquica ou arranjo funcional” (Houaiss; Villar; Franco, 2001).

2 . 1 D i m e n s õ e s d a g e s t ã o

S e c o n s i d e r a r m o s a s c o n c e p ç õ e s v i s t a s n o t ó p i c o anterior, a partir do momento que optarmos por inserir a variável ambiental no processo de gestão de uma organização, é interessante observar que ela se interliga às demais, como, por exemplo, as variáveis econômica, tecnológica, competitiva, cultural, demográfica, sociocultural e político-legal.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 42: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

41

Além disso, esse sistema complexo constitui-se no que denominamos de meio ambiente, que é o cenário, ou melhor, a realidade na qual se desenrola a vida da organização e de todos os interessados e envolvidos com ela (denominados na linguagem administrativa de stakeholders). Nascimento, Lemos e Mello (2008, p. 19), com base em uma visão relativa à gestão de negócios, referem-se a esse contexto, dizendo que

A gestão socioambiental estratégica (GSE) de uma organização consiste na inserção da variável socioambiental ao longo de todo o processo gerencial de planejar, organizar, dirigir e controlar, utili-zando-se das funções que compõem esse processo gerencial, bem como das interações que ocorrem no ecossistema do mercado, visando a atingir seus objetivos e metas da forma mais sustentável possível.

Como você pode perceber, nessa incorporação da variável ambiental ao pro-cesso de gestão, obviamente há a absorção do princípio da sustentabilidade. Este, por sua vez, pela concepção sistêmica em que está inserido, agrega ao gerencia-mento, além de fatores ambientais com seus possíveis impactos, também fatores sociais, econômicos, político-institucionais, de informação e de conhecimento (histórico, cultural e tecnológico).

Portanto, existe a necessidade de especificarmos, baseados na Agenda 21 (Ecol News, 2011), os aspectos pontuais dessas dimensões, quando incorpora-dos em um projeto ou planejamento organizacional, para então descrevermos o contexto ambiental.

• Aspectos de responsabilidade da gestão que são caracterizados pela dimensão social: • reduzir as desigualdades entre as pessoas situadas nos diferentes ní-

veis de renda; • combater a pobreza; • promover a seguridade social; • criar e prestigiar atividades educacionais e culturais de estímulo à

sustentabilidade; • promover ações que visam ao bem-estar da comunidade.

• Aspectos de responsabilidade da gestão que são caracterizados pela dimensão econômica: • transformar padrões de produção e de consumo; • inserir a organização no espaço competitivo; • promover a geração de empregos e de renda; • gerar condições de acesso à habitação.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 43: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

42

• Aspectos de responsabilidade da gestão que são caracterizados pela dimensão político-institucional da organização: • tomar decisões que permitam a integração entre meio ambiente e

desenvolvimento; • estabelecer instrumentos reguladores e de descentralização da gestão; • estimular a cooperação, os trabalhos em parceria, as atitudes que vi-

sem ao desenvolvimento sustentável e à democratização das decisões. • Aspectos de responsabilidade da gestão que são caracterizados pela

dimensão da informação e do conhecimento: • promover oportunidades de capacitação e de conscientização para

desenvolver a sustentabilidade na organização e em seu entorno; • disponibilizar a difusão e a transferência de tecnologia na organização,

participando do desenvolvimento tecnológico de modo cooperativo; • promover o acesso à informação adequada para as tomadas de decisão; • desenvolver ações que propiciem a geração, a absorção, a adaptação e

a inovação do conhecimento.

Você pode concretizar todos esses aspectos no âmbito de uma organização, como também pode considerá-los no âmbito regional, nacional ou mundial. Se pesquisar na Agenda Global 21, verá que esse documento estabeleceu quatro objetivos irradiadores das ações por um planeta sustentável, que, em princípio, são os estímulos da gestão socioambiental. Esses quatro objetivos são:

1. reduzir pela metade a proporção das pessoas que não têm acesso à água potável ou ao saneamento* básico até 2015;

2. recuperar as áreas pesqueiras até 2015;3. reduzir a perda da biodiversidade até 2010;4. estabelecer um cronograma de ações de modo que se possa usar e pro-

duzir produtos químicos que não agridam a saúde humana e o ambiente natural até 2020.

Essas são, com certeza, metas ambiciosas e exigem de cada país um esforço conjunto de seus órgãos estatais e empresas privadas. No Brasil, todo o processo é desenviolvido pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), pois envolve polí-ticas públicas de orientação, de fiscalização e de estímulo à prática de ações que atendam a essa proposta ecológica ou ambientalista.

* Saneamento: controle de todos os fatores do meio físico do homem que exercem ou podem exercer efeito nocivo sobre seu bem-estar físico, mental ou social.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 44: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

43

Consultando a legislaçãoAs competências do MMA, definidas na Lei n. 10.683, de 28 de maio de 2003 (Brasil, 2003a), e mantidas pelo Decreto n. 6.101, de 26 de abril de 2007 (Brasil, 2007a), estão em sintonia com os objetivos vistos. Senão, vejamos:

Capítulo IDa natureza e competênciaArt. 1º O Ministério do Meio Ambiente, órgão da administração pública federal direta, tem como área de competência os seguintes assuntos:I – política nacional do meio ambiente e dos recursos hídricos;II – política de preservação, conservação e utilização sustentável de ecossistemas, e biodiversidade e florestas;III – proposição de estratégias, mecanismos e instrumentos econômicos e sociais para a melhoria da qualidade ambiental e o uso sustentável dos recursos naturais;IV – políticas para a integração do meio ambiente e produção;V – políticas e programas ambientais para a Amazônia Legal; eVI – zoneamento* ecológico-econômico.

Uma questão que nos leva a sérias ponderações é a terceira meta da Agenda Global 21: reduzir a perda da biodiversidade até 2010. Esse ano já chegou, já passou e, considerando o que ocorre em nosso país, podemos dizer que atin-gimos essa meta? Quais são os reais indicadores da biodiversidade? Você está informado a respeito?

2 . 2 A v a r i á v e l a m b i e n t a l e o s e u e n f r e n t a m e n t o

A s p r o p o s t a s , o s o b j e t i v o s e a s m e t a s t r a ç a d a s s ã o promissores; no entanto, diariamente os trabalhadores de órgãos de gestão am-biental (prefeituras, órgãos estaduais e municipais de meio ambiente, e o Ibama), bem como os militantes de entidades da sociedade civil que atuam na área (ONGs ambientalistas, movimentos sociais, associações comunitárias, entidades de classes etc.), costumam tomar conhecimento de agressões e de ameaças ao meio ambiente.

Nesse contexto, é importante destacarmos que de várias formas e de várias fontes chegam denúncias e informações de:

* Zoneamento: é a divisão de um território de acordo com os critérios e normas de uso e as formas de ocupação do solo.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 45: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

44

• desmatamentos ilegais; • aterramentos de manguezais; • derramamentos de óleo no mar; • pesca predatória; • tráfico de animais silvestres; • lixões; • lançamento de esgoto doméstico e industrial sem tratamento no mar e

nos rios; • destruição das nascentes; • funcionamento de empreendimentos potencialmente poluidores sem

licença ambiental.

Essas são algumas das situações, mas há outras ocorrências que colocam em risco a integridade dos ecossistemas e interferem de forma negativa na qua-lidade de vida das populações localizadas em ambientes assim impactados ou degradados.

2 . 2 . 1 Dif i cu ldades para cumpr ir a l eg i s l a ção ambienta l

H á c a s o s e m q u e o s p r ó p r i o s t r a b a l h a d o r e s o b s e r v a m as agressões ao meio ambiente no percurso diário de casa para o trabalho. Muitas vezes, surge um sentimento de angústia e de impotência dos cidadãos (técnicos ou não) diante das dificuldades e do tamanho dos problemas.

Os técnicos ambientais dos órgãos públicos convivem com uma série de di-ficuldades para cumprir a legislação ambiental. São obstáculos de toda ordem, que vão desde a falta crônica de condições de trabalho (meios materiais, equipe técnica adequada, recursos financeiros, instalações, acesso às informações técni-cas, apoio da chefia etc.) até a ausência pura e simples de vontade política dos governantes para tornar esses órgãos presentes e atuantes na realidade social.

Apesar de todos os esforços para vencerem as barreiras e “brigarem para tra-balhar”, muitas vezes esses técnicos são rotulados de “corruptos”, “perseguidores dos ‘pequenos’” (com comentários do tipo “eles não mexem com os grandes”),

“incompetentes”, “omissos” e “descomprometidos” com a causa ambiental. Diante disso, sentem-se incompreendidos e injustiçados, principalmente pelas críticas aos órgãos ambientais, os quais, em muitos casos, não levam em consideração as dificuldades e os esforços dos seus servidores. Um discurso comum no meio é: “de tanto apanhar, em certas horas a vontade é de desistir”.

Por outro lado, quando esses técnicos atuam em entidades da sociedade civil, deparam-se, em muitos casos:

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 46: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

45

• com a omissão, a incapacidade e, às vezes, a conivência dos órgãos públicos; ou

• com a indiferença, a incompreensão e o desinteresse de parte da po-pulação diante das ameaças e das agressões ao meio ambiente.

Como se não bastasse, há situações em que as autarquias também não se entendem: é o chamado jogo de empurra. Isso significa que determinado órgão, quando cobrado para tomar providência em relação a determinado fato, diz que tal assunto é de competência de outro órgão; este, por sua vez, discordando ou alegando falta de condições, “passa o problema para frente”, “senta em cima”, ou ainda, “devolve a batata quente” ao remetente. Enquanto isso, nada se resolve – o agressor continua levando vantagem e a degradação ambiental continua cres-cendo cada vez mais.

O mais complicado, nessa conjuntura, é que existem muitos problemas ambien-tais cuja solução exige a participação de vários segmentos do setor público. É o caso de várias questões envolvendo as áreas costeiras, as quais demandam a in-terferência da Secretaria de Patrimônio da União (responsável pela gestão dos terrenos da Marinha), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama (responsável pela gestão ambiental dos bens da União) e do órgão estadual de meio ambiente, quando a infração se der em área fora da jurisdição das intituições citadas.

Entretanto, nos órgãos públicos há servidores profundamente comprometi-dos com a causa ambiental, e na sociedade civil existem muitas entidades que, mesmo reconhecendo as fragilidades, as limitações e os defeitos do nosso serviço público, lutam por seu fortalecimento e buscam trabalhar em parceria, deixando de lado a competição.

Perguntas e respostasAs ações compartilhadas são comuns?Você provavelmente já percebeu que as questões aqui abordadas evidenciam a complexidade da problemática ambiental, e pode vir a pensar: “Isso é muito bom e muito bonito, mas muito difícil de acontecer na realidade”. Sobre isso, não há dúvida. Entretanto, também sabemos que em muitos lugares a parceria poder

Os técnicos ambientais dos órgãos públicos convivem com uma série de dificuldades para cumprir a legislação ambiental. São obstáculos de toda ordem, que vão desde a falta crônica de condições de trabalho [...] até a ausência pura e simples de vontade política dos governantes para tornar esses órgãos presentes e atuantes na realidade social.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 47: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

46

público-sociedade civil acontece. O que procuramos evidenciar é o caminho de busca por formas participativas de contribuir para os processos de gestão ambien-tal, em que a sociedade civil e os órgãos públicos trabalhem preferencialmente em ações compartilhadas e a partir de objetivos comuns.

Com isso, não é possível pensarmos, em meio a uma sociedade democrática, na prática da gestão ambiental sem a presença do Estado e da sociedade civil. Daí vem a convicção de que, no terreno da gestão ambiental, Poder Público e sociedade civil não se opõem, mas se complementam.

No entanto, um trabalho dessa natureza não acontece em um passe de mágica, assim como não há receitas prontas para sua realização. Sua efetivação exige das pessoas e das organizações envolvidas: objetivos comuns, compromisso com a causa ambiental, transparência, humildade e posturas negociadoras. Todos esses fatores podem ser considerados condições necessárias para “início de conversa”. Entretanto, mesmo que essas condições estejam estabelecidas, deve-se considerar ainda a necessidade daqueles profissionais diretamente envolvidos nos trabalhos. São pessoas que precisam, necessariamente, de conhecimentos e de habilidades para realizarem a tão sonhada parceria Poder Público – sociedade civil.

2 . 2 . 2 A questão ambienta l

C o n s i d e r a m o s , n o c e n á r i o q u e a c a b a m o s d e e s b o ç a r , que, na “busca por formas” eficientes (que respondam às expectativas da socie-dade), o primeiro passo é o enfrentamento, a delimitação do problema, ou melhor dizendo, suas interligações. Afinal, qual é a questão ambiental? Sobre isso, é bastante ilustrativa a história contada por Morin, citado por Quintas (2000b):

Era uma vez um grão de onde cresceu uma árvore que foi abatida por um lenhador e cortada numa serração. Um marceneiro trabalhou-a a um vendedor de móveis. O móvel foi decorar um apartamento e, mais tarde, deitaram-no fora. Foi apanhado por outras pessoas que o venderam numa feira. O móvel estava lá no adeleiro, foi comprado barato e, finalmente, houve quem o partisse para fazer lenha. O móvel transformou-se em chama, fumo e cinzas.

O autor citado reclama para si – na condição de sujeito –, diante dos fatos, que lhe seja facultada a oportunidade de reflexão, de pensar sobre o processo que levou à sequência narrativa, dizendo: “Eu quero ter o direito de refletir sobre esta história, sobre o grão que se transforma em árvore que se torna móvel e acaba no fogo, sem ser lenhador, marceneiro, vendedor, que não veem senão um segmento da história” (Quintas, 2000b).

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 48: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

47

Esse posicionamento – ou desejo – do autor corresponde diretamente a seu modo de pensar a “questão ambiental” como a define Quintas (1992): de que ela se refere aos diferentes modos pelos quais a sociedade se relaciona com o meio físico-natural ao longo dos tempos. Sobre isso, deve-se destacar, acompanhando a justificativa dada por Quintas para essa assertiva, alguns aspectos básicos da relação do ser humano com o meio físico-natural:

• o ser humano sempre dependeu do meio físico-natural para sua sobrevivência;

• ao longo de sua história, a humanidade contou sempre com o auxílio do meio físico-natural;

• o uso do meio físico-natural e as alterações decorrentes desse uso como fator fundamental e essencial, para a sobrevivência dos seres humanos, remonta às origens destes no planeta.

Logo, podemos relacionar o tratamento dado à questão ambiental em diferentes momentos ou espaços da história com base em modelos de ges-tão ambiental. Esses modelos revelam as mudanças radicais de diversas visões, conforme visto no Capítulo 1, pelas quais passaram o se humano e a natureza:

• uma vem do antropocentrismo, ou seja, o ser humano como ser supremo sobre as demais espécies e seres do planeta;

• a outra – na qual fundamentamos esta obra – é uma visão fundamen-tada no biocentrismo; nesta, o ser humano e a natureza encontram-se no mesmo nível, pois suas relações e inter-relações são igualitárias. Isso comprova a afirmação de Quintas (1992), quando o autor diz ser o meio ambiente o resultante, aquilo que emerge dessas relações, tanto dos seres entre si como destes com o meio físico-natural. Assim, o meio ambiente agrega o trabalho do ser humano para ser construído e reconstruído e, portanto, para ter existência concreta como a conhecemos hoje.

É evidente que o meio ambiente passou e passa continuamente por trans-formações de ordem físico-natural e também humana. Por exemplo, as cidades e as metrópoles são consideradas ecossistemas artificiais, ou seja, criados pelo homem, mas não deixam de ser locais de interações do homem com a natureza, mesmo que modificada.

Esse meio físico-natural, abordado por Quintas (1992), comprova o fato de que a gestão ambiental não é um problema de administração das relações do homem com a natureza, mas um processo de constantes mudanças nos pa-radigmas socioambientais, os quais necessitam urgentemente de uma ruptura para provocar modificações nos processos de gestão.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 49: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

48

2 . 2 . 3 O homem natura l e soc ia l

O m e i o n a t u r a l e o m e i o s o c i a l s ã o f a c e s d e u m a m e s m a moeda, na concepção de Quintas e Gualda (1995), e, desse modo, indissociáveis. Os referidos autores consideram o homem como parte integrante da natureza e também um ser social; logo:

detentor de conhecimentos e valores socialmente produzidos ao longo do processo histórico, tem [consequentemente] ele o poder de atuar permanentemente sobre sua base natural de sustentação (material e espiritual), alterando suas propriedades, e sobre o meio social provo-cando modificações em sua dinâmica. (Quintas; Gualda; 1995, p. 26)

Assim, o fator que distingue esse ser simultaneamente social e integrante da natureza é o conhecimento, ferramenta que lhe permite modificar a ordem socioambiental. Isso se realiza por meio de um processo em que o sujeito opera a transformação dos valores e das competências, integrando-os ao meio ambiente e modificando este conforme a sua – do sujeito – própria necessidade.

Sobre essa interação, Quintas e Gualda (1995) afirmam que, ao se construir e reconstruir o meio ambiente, sob a ação do homem, são criadas e recriadas novas formas de relacionamento deste com a natureza e com a própria sociedade. Os autores destacam o fato de que é na dinâmica dessas relações que o ser humano: desenvolve a criação e a produção de bens materiais, estabelece valores e modos de pensar, promove percepções de mundo e elabora interações com a natureza e com os outros seres humanos. Esse panorama, por sua vez, constitui o patrimônio cultural* construído pela humanidade ao longo de sua história.

Os autores advertem ainda sobre a concepção de que a questão ambiental diz respeito apenas à relação sociedade-natureza, afirmando não ser ela suficiente para direcionar um processo de análise e de reflexão que permita a compreensão desse relacionamento em toda a sua complexidade. Assim, no que diz respeito a essa relação, a descrição de um panorama possível de ser compreendido em suas inter-relações pressupõe pré-requisitos elucidativos ou concepções balizadoras:

• o primeiro requisito encontra-se na postura de assumir que, nesse con-texto, a construção do conhecimento é realizada sob a ótica dos pro-cessos ocorridos na sociedade, e não no meio físico-natural;

• o segundo requisito elucidativo refere-se à compreensão do significado do primeiro, ou seja, ao fato de ser necessário analisar o processo sob a

* Patrimônio cultural: é o conjunto de bens materiais, culturais, simbólicos e espiri-tuais de uma sociedade, nos quais se incluem os conjuntos urbanos, arquitetônicos e os sítios de valor histórico, paisagístico, arqueológico, paleontológico e científico.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 50: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

49

ótica da sociedade como um todo, pois, em decorrência desse fator, a chave do entendimento da problemática ambiental encontra-se no mundo da cultura;

• a terceira concepção norteadora diz respeito à compreensão de que, em-bora a chave esteja no mundo da cultura, o conhecimento do meio físico-natural é extremamente importante, pois possibilita que se verifi-quem as implicações da ação do ser humano no meio natural e o seu reflexo nesse próprio meio e no meio social, uma vez que estes são indissociáveis.

O que se infere desse panorama é que as práticas do meio social tam-bém contribuem para determinar a natureza dos problemas ambientais, os quais, no retorno e como resultado, afligem a humanidade. Todos esses elementos compõem a conjuntura que produz a necessidade da prática da gestão socioambiental.

2 . 3 M e i o s o c i a l

O s a s p e c t o s v i s t o s p e r m i t e m - n o s c o n c l u i r q u e a s p r á -ticas do meio social constituem-se fatores provocadores das mudanças (positivas ou negativas) na qualidade do meio ambiente. Portanto, é necessário entendermos certas noções sobre o meio social. Para isso, é preciso olhá-lo “por dentro”, o que significa integrar-se no processo, observar e absorver o movimento da sociedade com todas as suas variáveis – ou seja, contextualizar-se.

2 . 3 . 1 Aspec tos he te rogêneos

A o c o l o c a r m o s o f o c o n o c o n t e x t o p r á t i c o d a v i d a , l o g o descobrimos que o meio social não é homogêneo. Assim, da mesma maneira que nos referimos à biodiversidade, quando o tema é o ambiente físico-natural, também é legítimo atentarmos para a sociodiversidade, a fim de caracterizar o meio social.

• Sociodiversidade é um conceito cuja abrangência vai desde a concepção ecológica até as concepções baseadas em mecanismos de adaptação cultural: • a concepção ecológica refere-se a situações em que as funções, as

atividades ou os papéis são assimilados com o objetivo de proporcio-nar a fixação ou a permanência de uma espécie ou de uma população;

• as concepções baseadas em mecanismos de adaptação cultural referem-se a procedimentos de seleção e de elaboração de estratégias com fundamentação cultural, possibilitando a atuação das comunida-des humanas sobre os recursos do meio ambiente. Isso é realizado de maneira a conservar as formas tradicionais de interação entre o homem

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 51: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

50

e o meio, portanto, preservando a cultura dos variados povos existentes, em determinadas regiões ou mesmo no planeta como um todo.

No enfrentamento das questões ambientais, é importante refletirmos sobre esses conceitos, pois eles se encontram interligados nas ações que buscam con-cretizar a inclusão das variáveis ambiental e social nos programas de gestão, como você poderá observar ao longo deste nosso estudo e na vida prática.

Perguntas e respostasVocê poderia resumir o significado de sociodiversidade?Resumindo, o termo sociodiversidade compreende aspectos de adaptação do ser humano à paisagem física e de como esta interfere nas organizações sociais, bem como aspectos referentes a distintas manifestações culturais forjadas pela ação humana em diferentes ecossistemas. Logo, socio + diversidade = sociodiversidade, isto é, a diversidade das culturas sociais.

Hete rogene idade organizac ional : a soc iodive rsidade

Esse meio social a que nos referimos, que envolve todas essas interligações relativas à sociodiversidade, se observado pela ótica da organização, possibilita que encon-tremos os seus atores na esfera da sociedade civil e do Estado, os quais passam a ter existência com base em variados motivos. Entre eles:

• interesses; • valores; • necessidades; • aspirações; • ocupação do mesmo território.

Nessa conjuntura socioambiental, é interessante atentarmos para a visão que o economista indiano Vinod Thomas, ex-diretor do Banco Mundial em Brasília, expressa em seu livro O Brasil visto por dentro: o desenvolvimento em uma terra de contrastes, a qual podemos conferir em uma matéria publicada por Léo (2005) e que se resume em: a importância de se pensar o desenvolvimento econômico sem se perder de vista os aspectos socioambientais.

O Brasil não pode perder sua chanceÉ justo que as discussões sobre desenvolvimento se concentrem no tema do crescimento econômico, mas “também é importante se concentrar nos as-pectos mais amplos da qualidade de vida, que incluem educação básica, saúde, água, saneamento, habitação e um meio ambiente limpo”, preconiza o econo-mista, que considera indispensável incluir uma parcela maior da população

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 52: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

51

no processo produtivo, se o Brasil quiser crescer 7% ao ano. “Desse modo, os programas sociais eficazes não serão apenas bons complementos para o cres-cimento, mas também contribuirão para o desenvolvimento”, avisa.Fonte: Léo, 2005.

Nesse cenário, observamos que Thomas prognosticava para o Brasil um crescimento promissor de 7% ao ano, em 2005; no entanto, nosso país apresen-tou o diminuto índice de 2,3% naquele ano, ficando à frente apenas do Haiti, na América Latina, enquanto países como Argentina e Venezuela atingiram percentuais na casa dos 9%.

Aqui, ocorre-nos uma pergunta: Será que o meio social não recebeu as inferên-cias de que precisaria, como preconizou o autor, para atingir um índice melhor? Devemos nos lembrar de que os atores sociais que interagem nessa conjuntura fazem parte da sociedade civil ou da esfera estatal.

Na sociedade civil, encontram-se, como atores sociais:

• sindicatos de trabalhadores e de patrões; • federações de trabalhadores e de patrões; • centrais sindicais; • partidos políticos; • grupos organizados por gênero (mulheres), por geração (terceira idade,

jovens) e por etnia (negros, índios, descendentes de imigrantes etc.); • associações de moradores, de profissionais, de produtores, assistenciais etc.; • congregações religiosas católicas, evangélicas, espíritas, de candomblé e

de umbanda etc.; • clubes; • blocos carnavalescos e escolas de samba; • entidades ambientalistas; • cooperativas e empresas rurais, comerciais, industriais etc.; • bancos; • comunidades de determinadas localidades (como ruas, povoados, vilas,

bairros etc.) sem organização formal; • movimentos sociais e outras formas criadas pelos atores sociais para se

agruparem e agirem no mundo real.

Na esfera estatal, os atores sociais são instâncias dos poderes públicos, assim constituídos:

• Executivo – União, estados, Distrito Federal e municípios; • Legislativo – Câmara dos Deputados, Senado Federal, assembleias legis-

lativas e câmaras de vereadores; • Judiciário – Federal e Estadual.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 53: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

52

No Poder Executivo, encontram-se os órgãos que compõem as administra-ções públicas federal, estadual e municipal (ministérios, secretarias, institutos, fundações, autarquias, empresas públicas, ministérios públicos etc.), das quais fazem parte os integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama, estabelecido pela Lei Federal n. 6.938/1981). Esse sistema tem como órgãos exe-cutores o Ibama e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, conforme redação do Decreto n. 6.792, de 10 de março de 2009 (Brasil, 2009a).

Consultando a legislaçãoVocê que está interessado em compreender as orientações e as determinações legais do Programa Nacional do Meio Ambiente (PNMA), pode informar-se acessando os seguintes sites:

• BRASIL.Lein.6.938,de31deagostode1981.Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 2 set. 1981. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6938.htm>. Acesso em: 1º set. 2011.

Neste site, você encontrará a referida lei com suas respectivas alterações e acrés-cimos, o que lhe permitirá ver o esboço jurídico da gestão ambiental.

• BRASIL.Decreton.99.274,de6dejunhode1990.Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 7 jun. 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/antigos/d99274.htm>. Acesso em: 1º set. 2011.

Neste site, você encontrará, entre outras informações, os dados da estrutura do Sistema Nacional do Meio Ambiente.

• BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. O ministério. Organograma. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/secex_instituicao/_imagens/88_10122008013203.jpg>. Acesso em: 24 ago. 2011.

Nesse site você encontrará a disposição hierárquica dos órgãos do MMA, de acordo com o Decreto n. 6.101/2007.

O Sisnama é – de acordo com o Decreto n. 99.274/1990 (Brasil, 1990d), que regulamenta a Lei n. 6.938/1981 (Brasil, 1981b) e as alterações introduzidas pelo Decreto n. 6.792/2009 – constituído pelos órgãos e entidades da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, bem como pelas fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e pela melhoria da qualidade ambiental.

Nessa estrutura, encontramos:

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 54: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

53

• o órgão superior – o Conselho de Governo; • o órgão consultivo e deliberativo – o Conselho Nacional do Meio

Ambiente (Conama); • o órgão central – o Ministério do Meio Ambiente (MMA); • órgãos executores – o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos

Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio);

• órgãos seccionais: • os órgãos ou as entidades da administração pública federal direta e

indireta; • as fundações instituídas pelo Poder Público cujas atividades estejam

associadas às de proteção da qualidade ambiental ou àquelas de dis-ciplinamento do uso de recursos ambientais;

• os órgãos e as entidades estaduais responsáveis pela execução de pro-gramas e projetos, pelo controle e pela fiscalização de atividades ca-pazes de provocar a degradação ambiental;

• órgãos locais – os órgãos ou as entidades municipais responsáveis pelo controle e pela fiscalização das atividades referidas no item anterior, nas suas respectivas jurisdições.

Para saber maisVocê já ouviu falar do Instituto Chico Mendes? O professor Antonio Silvio Hendges, no portal EcoDebate (Hendges, 2010), esclareceu que o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) é uma autarquia federal vinculada ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), responsável pela administração das unidades federais de conservação, pela execução de pes-quisas e pela proteção e conservação da biodiversidade brasileira.Essa instituição executa as ações da política nacional de Unidades de Conservação (UCs), propõe, implanta, gerencia, protege, fiscaliza e monitora as UCs instituídas pela União e as políticas de uso sustentável dos recursos naturais renováveis e de apoio ao extrativismo e às populações tradicionais nas UCs federais de uso sustentável, bem como exerce o poder de polícia ambien-tal para a proteção das UCs federais. Foi criado por um desmembramento do Ibama, pela Lei n. 11.516, de 28 de agosto de 2007 (Brasil, 2007i).No universo da esfera estatal, é preciso lembrar ainda da existência dos ministérios públicos (o Federal, os dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios), pois eles têm desempenhado um papel fundamental na proteção do meio ambiente do país.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 55: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

54

Figura 2.1 – Organograma do Ministério do Meio Ambiente (Decreto n. 6.101/2007)

Órgãos de assistência direta e imediata ao ministro de Estado

Órgãos específicos singulares

Departamento de fomento ao desen-

volvimento sustentável

Departamento de Políticas

para Combate ao

Desmatamento

Departamento de

Articulações de Ações da Amazônia

Departamento de Economia

e Meio Ambiente

Órgãos colegiados

Entidades vinculadas

GabineteAssessoria

de Assuntos Internacionais

Consultoria Jurídica

Ministro do Estado

Departamento de Gestão

Estratégica

Secretaria Executiva

Departamento de Apoio ao

Conama

Subsecretaria de Planejamento Orçamento e

Administração

Secretaria de

Mudanças Climáticas

e Qualidade Ambiental

Secretaria de Biodiver- sidade e Floresta

Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente

Urbano

Secretaria de Extrativismo e

Desenvolvimento Rural Sustentável

Secretaria de Articulação

Institucional e Cidadania Ambiental

Serviço florestal

brasileiro

Conselho Nacional de Meio

Ambiente Conama

Conselho nacional da Amazônia

legal Conamaz

Conselho de Gestão do

Patrimônio Genético

Conselho Nacional

de Recursos Hídricos CNRH

Conselho Deliberativo

do Fundo Nacional do Meio

Ambiente

Comissão de Gestão

de Florestas Públicas

Comissão Nacional

de Florestas Conaflor

Instituto Brasileiro do Meio

Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis Ibama (AUTARQUIA)

Instituto Chico Mendes de

Conservação da Biodiversidade INSTITUTO

CHICO MENDES (AUTARQUIA)

Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro JBRJ

(AUTARQUIA)

Agência Nacional de Águas ANA

(AUTARQUIA)

Campanha de Desenvolvimento de Barcarena Codebar

(EMPRESA PÚBLICA)

Fonte: Brasil, 2011f.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 56: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

55

Aliás, um fato que expõe de forma clara essa situação, por ser amplamente di-vulgado, é o julgamento da questão da reserva Raposa Serra do Sol, uma disputa de terras entre índios e colonos de Roraima, como você pode acompanhar na notícia da Agência Estado transcrita a seguir.

STF começa a julgar disputa na Raposa Serra do SolDistantes fisicamente dos conflitos entre índios e arrozeiros em Roraima por causa da reserva Raposa Serra do Sol, os 11 ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) começam a decidir hoje [27 ago. 2008] a extensão e o formato da reserva indígena. Cientes da situação de tensão na área, os ministros do STF tentam costurar uma decisão que não desagrade muito aos índios e também aos arrozeiros que se instalaram na região. [...] Além de resolver o problema da demarcação da reserva Raposa Serra do Sol, o julgamento servirá de base para outros processos que tramitam no STF há anos. Três ministros do Supremo já disseram que o tribunal deverá definir uma regra geral para as demarcações. Atualmente, tramitam no STF nada menos que 144 processos sobre terras indígenas. Esses processos discutem a posse de terras cujo tamanho total não é conhecido por autoridades dos órgãos envol-vidos no debate – Supremo, Ministério Público, Advocacia-Geral da União (AGU) e Fundação Nacional do Índio (Funai). Algumas dessas autoridades deverão falar durante o julgamento de hoje. O advogado-geral da União, José Antonio Dias Toffoli, vai defender a demarcação contínua da Raposa Serra do Sol. Segundo a Advocacia-Geral da União, mesmo com a demarcação da terra indígena, será preservada a economia do Estado. Fonte: STF começa..., 2008.

Hete rogene idade do meio soc ia l : os conf l i tos soc ia i s e po l í t i cos

O u t r o f a t o r q u e f i c a e v i d e n c i a d o n o r e l a t o a n t e r i o r (reserva Raposa Serra do Sol) são os conflitos sociais e políticos que envolvem o enfrentamento de questões relativas ao meio ambiente, considerando a visão sistêmica da referida concepção. Aliás, uma evidência da heterogeneidade do meio social, segundo Santos (2003), são os conflitos sociais e políticos que ocorrem no cotidiano.

Os autores Bobbio, Matteucci e Pasquino (1992) afirmam que os conflitos (sociais e políticos) são formas de interação entre indivíduos, grupos, organiza-ções e coletividades, que implicam choques para o acesso e para a distribuição de recursos escassos.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 57: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

56

Isso decorre do fato de que, na tomada de decisões, percebemos que a sociedade, de forma geral, produz conflitos baseados em interesses pessoais, os quais eventualmente se tornam coletivos. É evidente que, quando a sociedade é organizada com fundamento em preceitos democráticos, prevalece o interesse da maioria, o qual dependerá de fatos motivadores, como uma eleição ou uma grande obra com vários impactos ambientais, por exemplo.

Nessa perspectiva, conforme Santos (2003), “todo conflito tem como objeto a disputa de algum tipo de recurso escasso”:

• no caso de uma eleição – exemplo de um conflito político –, as organiza-ções (partidos políticos) interagem disputando “recursos escassos” (ou, em uma linguagem da dinâmica social, cargos públicos altamente seletivos) nessa esfera, como os cargos de presidente da República, de governador do estado, de prefeito do município, de deputado etc.;

• nas situações de conflitos fronteiriços entre dois países, a disputa é, geralmente, pelo controle do território, e a interação entre eles pode se efetivar por via pacífica (negociação) ou por meio da violência (guerra);

• em campeonatos esportivos, como de vôlei, lutas de boxe, olimpíadas ou mesmo em partidas de futebol, os recursos escassos em disputa são títulos, medalhas, classificações etc.

Em regra, o controle dos recursos escassos está associado ao poder, à riqueza e ao prestígio.

Também na área ambiental, a ideia de conflito está associada ao controle de recursos que, hoje sabemos, são limitados e não podem ser usados indiscrimi-nadamente. Destacamos esse fato, pois o uso intensivo dos recursos ambientais tem provocado tanto a sua escassez quanto o comprometimento da qualidade ambiental. Essa situação tem suscitado uma série de campanhas que têm como objetivo motivar a sociedade a evitar o desperdício – estamos na era:

• do “reutilizar”; • do “reciclar”; • do “dar destinação adequada”; • do “evitar certos consumos” – de sacolas plásticas, do abuso de água e luz etc.; • do “identificar os produtos que possibilitam uma melhor qualidade de vida”.

Outro aspecto importante a ser considerado, de acordo com Santos (2003), quando analisamos os conflitos sociais e políticos, “é ter em mente que eles são inerentes à própria existência do meio social”. Por isso, não se tem notícia de uma sociedade sem conflitos. A respeito dessa condição, Quintas (2004, p. 17) acrescenta que “a sociedade não é lugar da harmonia, mas, sobretudo, o lugar dos conflitos e confrontos que ocorrem em suas diferentes esferas (da política, da economia, das relações sociais, dos valores etc.)”.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 58: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

57

Aliás, para Bobbio, Matteucci e Pasquino (1992), “um conflito social e polí-tico pode ser suprimido, isto é, bloqueado em sua expressão pela força, coerci-tivamente, como é o caso de muitos sistemas autoritários e totalitários, exceto o caso em que se reapresente com redobrada intensidade num segundo tempo”. No entanto, os mesmos autores alertam para o fato de que a “supressão” é rela-tivamente rara. Da mesma forma, a completa resolução dos conflitos socioam-bientais é praticamente impossível, pois os fatores que os desencadearam (causas, tensões e contrastes), os que estão no início dos desentendimentos, dificilmente são solucionados. Isso significa que, quase por definição, um conflito social não pode ser resolvido em toda sua extensão.

Assim, visto que não podemos acabar com conflitos no meio social, “o processo ou a tentativa mais frequente é o proceder à regulamentação dos conflitos, isto é, à formulação de regras aceitas pelos participantes, que estabelecem determinados limites aos conflitos” (Bobbio; Matteucci; Pasquino, 1992).

O que observamos nesse procedimento é uma estratégia de regulamentação das formas de manifestação dos conflitos, com a finalidade de torná-los menos destrutivos para os envolvidos, e não o seu fim. Aparentemente, isso pode suge-rir uma ideia de simplicidade na resolução dos problemas; contudo, não é isso o que ocorre, pois “o ponto crucial é que as regras devem ser aceitas por todos os participantes e, se mudadas, devem ser mudadas por recíproco acordo” (Bobbio; Matteucci; Pasquino, 1992). E, como sabemos, isso não é fácil.

No entanto, “quando um conflito se desenvolve segundo regras aceitas, sancio-nadas e observadas, há a sua institucionalização” (Bobbio; Matteucci; Pasquino, 1992). Dessa concepção, decorre que os processos de disputa (como vimos no caso da reserva Raposa Terra do Sol) pelo uso e pelo acesso aos recursos ambientais situam-se no âmbito dos conflitos institucionalizados, quando acontecem dentro das regras estabelecidas na legislação ambiental.

2 . 4 G e s t ã o s o c i o a m b i e n t a l c o m o m e d i a ç ã o d e c o n f l i t o s

O b v i a m e n t e , o c o n f l i t o é a p e n a s u m a d a s p o s s í v e i s formas de interação entre indivíduos, grupos, organizações e coletividades. Outra forma possível de interação é a cooperação. Nesse contexto, a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988*, em seu art. 225, ao consagrar o meio ambiente ecologicamente equilibrado como direito de todos, bem de uso co-

* Na sequência do texto, utilizaremos apenas o termo Constituição, sempre que nos referirmos à Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Para consultar o texto constitucional na íntegra, acesse: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao.htm>.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 59: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

58

mum e essencial à sadia qualidade de vida, atribuiu a responsabilidade de sua preservação e defesa não apenas ao Poder Público, mas também à coletividade. Em suma, a Constituição visa assegurar o direito à qualidade de vida da geração presente sem comprometer o da(s) geração(ões) futura(s).

Entretanto, mesmo conferindo também à coletividade a obrigação de prote-ger o meio ambiente, segundo Brinckmann (1997), a Constituição fez do Poder Público o principal responsável pela garantia a todos os brasileiros do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.

Consultando a legislaçãoA Constituição define como obrigação do Poder Público sete incumbências para que ele assegure a efetividade do direito ao meio ambiente equilibrado:

I – preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo* ecológico das espécies e ecossistemas;II – preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; III – definir, em todas as unidades da Federação, espaços terri-toriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;IV – exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou ativi-dade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;V – controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; VI – promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente;

* Manejo: aplicação de medidas para a utilização dos ecossistemas, naturais ou artificiais, fundamentada em teorias ecológicas sólidas, de modo a prevenir o esgotamento e a manter, da melhor maneira possível, as comunidades vegetais e/ou animais como fontes úteis de produtos biológicos para a espécie humana e manancial de conhecimento científico ou área de lazer. O manejo é dito de flora, de fauna ou de solo quando a ênfase é dada aos recursos vegetais, animais ou ao solo (Aciesp, 1987).

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 60: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

59

VII – proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais à crueldade. (Brasil, 1988a)

Todavia, a mesma sociedade ou coletividade que tem – ou deveria ter – direito a viver em um ambiente que lhe proporcione uma sadia qualidade de vida, por outro lado, necessita usar os recursos ambientais para saciar suas necessidades básicas. E, como sabemos, não é possível ter uma vida digna e saudável sem o atendimento dessas necessidades.

Sobre essa questão, encontramos a opinião manifestada por Quintas (2004). Para o referido autor, na vida prática, o processo de apropriação e de uso dos recursos ambientais não acontece de forma tranquila. Existem interesses e con-flitos (potenciais ou explícitos) entre os atores sociais que atuam de alguma forma sobre os meios físico-naturais e os meios construídos, visando ao seu controle ou à sua defesa e proteção, conforme determina a Constituição.

Uma relação de conflito entre os atores da sociedade pode se estabele-cer a partir de um processo de degradação ambiental – quando, então, a qualidade de vida é comprometida.

Nesse cenário, e por ser o principal responsável pela proteção ambiental no Brasil, cabe ao Poder Público, por meio de suas diferentes esferas, intervir nesse processo. Essa intervenção deve ter o objetivo de evitar que os interesses de deter-minados atores sociais (madeireiros, empresários de construção civil, industriais, agricultores, moradores etc.) provoquem alterações no meio ambiente, sob pena de colocar em risco a qualidade de vida da população. Nessa situação, o direito explicitado na Constituição, em seu art. 225, garante o restabelecimento do meio ambiente degradado, evitando os conflitos entre sociedade e Poder Público; este último funciona, nesse caso, como gestor da qualidade de vida.

A respeito dessa função de “gestor da qualidade de vida” atribuída ao Poder Público, Quintas (2004, p. 6) a justifica, dizendo que:

o Poder Público, como principal mediador deste processo, é detentor de poderes estabelecidos na legislação que lhe permitem promover desde o ordenamento e controle do uso dos recursos ambientais, inclusive articulando instrumentos de comando e controle com instrumentos econômicos, até a reparação e mesmo a prisão de indivíduos respon-sabilizados pela prática de danos ambientais. Neste sentido, o Poder Público estabelece padrões de qualidade ambiental, avalia impactos ambientais, licencia e revisa atividades efetiva e potencialmente po-luidoras, disciplina a ocupação do território e o uso de recursos natu-rais, cria e gerencia áreas protegidas, obriga a recuperação do dano

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 61: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

60

ambiental pelo agente causador, e promove o monitoramento, a fisca-lização, a pesquisa, a educação ambiental e outras ações necessárias ao cumprimento da sua função mediadora. [grifo nosso]

Esse exercício de poder e de direitos contemplados foram atribuídos ao Poder Público na gestão ambiental. Realizá-los requer uma visão estratégica e planejada; considerando isso, estratégia e planejamento devem ter como intuito preservar e condicionar, o que significa:

• preservar, cada vez mais, as áreas protegidas; • condicionar, nos casos de infração e de penalidades ambientais, a imediata

reparação do dano pelo infrator.

Somente dessa maneira será efetivado e garantido o direito que a sociedade tem a um ambiente ecologicamente equilibrado.

No entanto, de acordo com Quintas (2004), observamos uma assimetria no poder de decidir e de intervir nos processos pertinentes a tal direito (seja de transformação ou de preservação ambiental), tanto no âmbito do ambiente físico-natural como no do ambiente construído.

Esse processo não funcional se estabelece como consequência de uma conexão direta com o uso do poder e de suas influências. Sabemos – podemos até dizer que é conhecimento de domínio público – que os detentores de poder outorgam custos e benefícios diferenciados, de acordo com os diferentes espaços sociais e geográficos. Isso ocorre pelo fato de determinados atores sociais possuírem, “por serem detentores de poder econômico ou de poderes outorgados pela sociedade, por meio de suas ações, capacidade variada de influenciar direta ou indireta-mente na transformação (de modo positivo ou negativo) da qualidade do meio ambiental” (Quintas, 2004, p. 6).

Nessa condição, ou com esse papel, encontram-se, principalmente:

• empresários – exprimindo o poder do capital; • políticos – representando o poder de legislar; • juízes – espelhando o poder de condenar, de absolver etc.; • Ministério Público – simbolizando o poder de investigar e de acusar; • dirigentes de órgãos ambientais – representando o poder de embargar,

de licenciar, de multar etc.; • jornalistas e professores – expressando o poder de influenciar a forma-

ção da opinião pública; • agências estatais de desenvolvimento – representando o poder de fi-

nanciamento e de construção de infraestrutura.

Devemos destacar que, além desses, existem “outros atores sociais cujos atos podem ter grande repercussão na qualidade ambiental e consequentemente na

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 62: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

61

qualidade de vida das populações” (Quintas, 2004, p. 6). O que fizemos foi des-crever os mais expressivos ou mais constantes desses atores.

Acreditamos que somente com os atores sociais – sociedade civil organizada e Poder Público – assumindo o exercício pleno da cidadania (garantia dada pelo direito constitucional), como gestores do meio ambiente e exercendo o poder de denunciar, de opinar e de julgar (poder estatal), é que conseguiremos garantir que o meio ambiente não seja violado em seus direitos constitutivos.

Nesse panorama, o problema se encontra, de acordo com Quintas (2004, p. 7), no fato de que “estes atores, ao tomarem suas decisões, nem sempre levam em conta os interesses e as necessidades das diferentes camadas sociais direta ou indiretamente afetadas. As decisões tomadas podem representar benefícios para uns e prejuízos para outros”.

Assim, se trouxermos essa concepção, por exemplo, para a prática empresarial, muitas vezes uma atividade ou empresa que, embora gere lucros para alguns e demonstre ser altamente desejável por um grupo ou uma camada da população, pode ao mesmo tempo ocasionar perda para outros, tornando-a inaceitável. Na área ambiental, essa constatação é muito comum, pois, segundo Quintas (2000b, p. 7):

um determinado empreendimento pode representar lucro para em-presários, emprego para trabalhadores, conforto pessoal para mora-dores de certas áreas, votos para políticos, aumento de arrecadação para Governos, melhoria da qualidade de vida para parte da popu-lação e, ao mesmo tempo, implicar prejuízo para outros empresá-rios, desemprego para outros trabalhadores, perda de propriedade, empobrecimento dos habitantes da região, ameaça à biodiversidade, erosão*, poluição atmosférica e hídrica, desagregação social e outros problemas que caracterizam a degradação ambiental.

O quadro descrito por Quintas (2000b), por si só, justifica a necessidade de associarmos a gestão ambiental à gestão social – em outras palavras, a gestão socioambiental.

Nesse tipo de caso, como o relatado, a sociedade civil deve ter pleno acesso às informações de empreendimentos com vistas às causas e às consequências de sua instalação, sendo que a mera desculpa de geração de emprego poderá, no futuro, criar dificuldades. Conforme o empreendimento – se, por exemplo, for potencialmente poluidor –, poderá sofrer penalização do Poder Público e gerar o problema social do desemprego, além dos prejuízos já provocados por sua instalação.

* Erosão: consiste no desprendimento da superfície do solo pela ação do vento, da água e, muitas vezes, intensificado pelas práticas humanas de retirada da vegetação.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 63: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

62

Essas situações demonstram o quanto é importante que a sociedade esta-beleça fóruns permanentes de discussões temáticas sobre o seu entorno e suas inter-relações com o meio. Aliás, segundo Quintas (2004, p. 7),

a prática da gestão ambiental não é neutra. O Estado, ao assumir determinada postura diante de um problema ambiental, está de fato definindo quem ficará, na sociedade e no país, com os custos, e quem ficará com os benefícios advindos da ação antrópica (ativida-des socioeconômicas ou as ações provocadas pelo ser humano) sobre o meio, seja ele físico, natural ou construído. [grifo nosso]

Daí vem a importância de se praticar uma gestão ambiental participativa. Somente assim será possível avaliarmos os custos e os benefícios de forma transparente.

Para saber maisFizemos um percurso de fundamentações sob uma perspectiva ecológica das questões ambientais. No entanto, se você quiser fazer uma leitura ou um estudo sobre a gestão socioambiental do ponto de vista de estudiosos ligados às áreas da economia e da administração, com certeza enriquecerá seus conhe-cimentos. Uma obra interessante é a de Nascimento, Lemos e Mello, indicada a seguir, na qual os autores fazem uma abordagem bastante útil com base na perspectiva de gerenciamento estratégico:NASCIMENTO, L. F.; LEMOS, A. D. da C.; MELLO, M. C. A. de. Gestão socio-

ambiental estratégica. Porto Alegre: Bookman, 2008.

S í n t e s e

E n t e n d e m o s q u e o p r o c e s s o d e g e s t ã o a m b i e n t a l , m a i s especificamente de gestão socioambiental, aqui abordado, possa denominar-se

“ecologização” da administração pública. No entanto, embora esta venha aumen-tando de tamanho nas duas últimas décadas, devemos reconhecer que ainda permanece uma visão pré-ambientalista e pré-sustentabilista, em parte pela falta de uma internalização dessa cultura institucional nova e também porque o mo-delo de administração atual é menos profissional e mais político. Os ministérios, assim como as secretarias, tanto nos governos estaduais como nos municipais, são loteamentos políticos. Há, portanto, uma necessidade urgente de se alterar essa conjuntura. A reforma não ensejou o novo pacto federativo. O que observamos são ainda desenhos precários. As áreas da gestão ambiental e da responsabilidade social ainda explicitam essa incompletude do pacto mais do que outras, pois têm como vocação a ordenação do território e do desenvolvimento.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 64: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

63

Q u e s t õ e s p a r a r e f l e x ã o

1. Você já observou quais são os recursos ambientais específicos da sua região? Faça um levantamento e verifique as condições em que se encontram esses recursos.

2. Você conhece comunidades da sua região que sofreram impactos ambien-tais? Você sabe a razão desses impactos? Existem unidades de conservação na região onde você vive ou trabalha? Você lembra quais são? Sabe quais são os órgãos públicos responsáveis por elas?

Q u e s t õ e s p a r a r e v i s ã o

1. Considerando que são as práticas do meio social que determinam a natureza dos problemas ambientais, os quais, como resultado, afligem a humanidade, o que se revela necessário nesse contexto em relação à área da gestão?

2. A concepção de que ser humano e a natureza encontram-se no mesmo nível e, portanto, as suas relações e inter-relações são igualitárias, corresponde à visão do biocentrismo. Justifique.

3. Os técnicos dos órgãos públicos convivem com uma série de dificuldades para agir no cumprimento da legislação ambiental. Por que isso ocorre?i. Embora sempre exista vontade política dos governantes, as dificulda-

des são crônicas.ii. Os técnicos convivem com dificuldades, como falta de equipes técnicas

adequadas, recursos financeiros escassos e instalações precárias, falta de acesso a informações e, muitas vezes, falta de apoio da chefia, entre outros obstáculos.

iii. A falta de condições de trabalho é crônica.iv. Há, inclusive, a falta de vontade política dos governantes.

Assinale a alternativa que indica as afirmativas corretas:a. I e III.b. I, II e IV.c. II, III e IV.d. I e IV.

4. Os órgãos de gestão ambiental e os militantes de entidades da sociedade civil que atuam na área são as pessoas que normalmente tomam conhe-cimento das denúncias de agressão à natureza. Considerando esse fato, assinale “V” (verdadeiro) e “F” (falso) para as afirmações a seguir:( ) As prefeituras, os órgãos estaduais e municipais de meio ambiente,

o Ibama e a Agenda 21 fazem parte dos órgãos de gestão ambiental.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 65: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

64

( ) As ONGs ambientalistas, os movimentos sociais, as associações co-munitárias, as entidades de classe, entre outras, fazem parte das or-ganizações não governamentais.

( ) As denúncias e as informações de desmatamentos ilegais, aterramen-tos de manguezais, derramamentos de óleo no mar, pesca predatória, tráfico de animais silvestres, lixões, lançamento de esgoto doméstico e industrial sem tratamento no mar e nos rios, destruição das nascen-tes, funcionamento de empreendimentos potencialmente poluidores sem licença ambiental e outras ocorrências sempre são comunicadas à polícia militar ou civil.

( ) Empreendimentos potencialmente poluidores sem licença ambiental colocam em risco a integridade dos ecossistemas e interferem nega-tivamente na qualidade de vida das populações que vivem no local onde eles ocorrem.

5. Com base na gestão ambiental e na responsabilidade social, assinale as assertivas corretas:a. A necessidade de se praticar a gestão ambiental surgiu da constatação

de ser a natureza dos problemas ambientais decorrente das práticas do meio social que afligem a humanidade.

b. Na esfera estatal, os atores sociais são instâncias dos poderes públicos, como o Executivo, que compreende a União, os estados, o Senado Federal, os municípios e as Câmaras de Vereadores.

c. A sociedade é um lugar de harmonia, com conflitos e confrontos que ocorrem em diferentes esferas.

d. O poder de decidir e de intervir para modificar ou preservar o am-biente (físico, natural ou construído), bem como os benefícios e os custos consequentes de tais procedimentos, estão distribuídos de modo assimétrico, tanto em relação ao espaço social quanto ao geográfico.

6. Classifique as questões de acordo com os tópicos a seguir:a. Questão ambiental.b. Meio social.c. Gestão ambiental como mediação de conflitos.

( ) A união entre ser humano e meio físico-natural resulta no próprio meio ambiente.

( ) Para entender é preciso dar uma olhada “por dentro”, descobrindo assim que não é homogêneo.

( ) Como não se pode acabar com os conflitos, o processo ou a tentativa mais frequente é proceder à regulamentação.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 66: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

65

( ) Realização de mediação de interesses e conflitos entre atores sociais cuja atuação se faz sobre o meio físico-natural.

( ) Produz mudanças tanto positivas como negativas na qualidade do meio ambiente.

( ) A Constituição de 1988 fez do Poder Público o principal responsável pela garantia, a todos os brasileiros, do direito ao meio ambiente eco-logicamente equilibrado.

( ) Diferença de métodos em que a sociedade, ao longo do tempo, interage com o meio físico-natural.

( ) Não é neutra, mas sim participativa, pois somente dessa maneira é possível avaliar custos e benefícios de forma transparente.

( ) Um processo de análise e reflexão para possibilitar a compreensão de tal situação deve ir além da concepção da relação sociedade-natureza.

Assinale a sequência correta:a. b, b, b, c, b, c, a, c, a.b. a, b, b, c, b, c, a, c, a.c. a, b, b, c, a, c, a, c, a.d. a, b, b, c, a, c, a, c, b.

p

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 67: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 68: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

c a p í t u l o 3

Uma prática de gestão participativa

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 69: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

C o n t e ú d o s d o c a p í t u l o :

• Concepções de problema e de conflito ambiental; • Abordagem de um problema ambiental sob a perspectiva da gestão

participativa.

A p ó s o e s t u d o d e s t e c a p í t u l o , v o c ê s e r á c a p a z d e :

• identificar um problema ambiental; • reconhecer um conflito ambiental; • organizar a socialização de um problema ambiental; • relacionar os paradigmas da gestão participativa com a pesquisa-ação.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 70: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

69

C o m o v i m o s n o s c a p í t u l o s a n t e r i o r e s , a o r g a n i z a ç ã o do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) visa orientar a participação da sociedade civil e das demais esferas do Poder Público na resolução das questões ambientais. No entanto, precisamos estar atentos para o fato de que a gestão par-ticipativa, relacionada com as questões ambientais, vai muito além de discussões, dos fóruns sociais ou do meio acadêmico. Nesse processo de democratização das decisões e de transparência dos atos e fatos, surge a necessidade de uma mudança nos paradigmas, o que significa buscar a mobilização com a finalidade de se alcançar objetivos nas diferentes esferas do poder. É considerando essa ne-cessidade que este estudo objetiva validar a proposta do processo experimental, processo no qual, a partir do exame de uma situação-problema, devemos apontar suas causas e consequências para restabelecer o ambiente degradado por meio da mobilização da sociedade.

3 . 1 A n e c e s s i d a d e d o s p r o c e s s o s e d u c a t i v o s p a r a g e s t o r e s

E m r a z ã o d a c o m p l e x i d a d e d a q u e s t ã o a m b i e n t a l , existe a necessidade de os processos educativos proporcionarem condições para as pessoas adquirirem conhecimentos e habilidades, e desenvolverem atitudes a fim de intervir de forma participativa em processos decisórios que implicam a alteração, para melhor ou pior, da qualidade ambiental.

Com esse objetivo, a realização de atividades educativas programadas para gestores ambientais deve oferecer instrumentos que facilitem a caracte-rização de um problema ambiental e o envolvimento de outras pessoas na sua discussão, pois, com base em um problema ambiental observado, é possível:

• verificar e reconhecer os principais atores sociais envolvidos, bem como suas formas de organização;

• relacionar os efeitos sobre o meio físico-natural que ameaçam a qualidade de vida dos grupos sociais afetados;

• conhecer o posicionamento da comunidade envolvida ou afetada; • distinguir os aspectos da legislação ambiental federal relacionados ao

problema, e as possibilidades de sua utilização pelo órgão ambiental e por organizações da sociedade civil;

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 71: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

70

• aplicar procedimentos que facilitem a participação dos diferentes segmen-tos sociais no estudo do problema, bem como na difusão dos resultados encontrados.

O ideal é realizar uma atividade educativa como essa em grupo (colegas dos diferentes órgãos ambientais que atuam no local, e de ONGs, se existirem), para que, desde o início, haja a possibilidade da socialização dos resultados. Caso não seja possível, a tarefa pode ser cumprida individualmente. Enfatizamos esse processo, pois, provavelmente, no seu dia a dia, o gestor ambiental irá lidar com a maioria dos conteúdos abordados aqui. O que faremos ao longo deste estudo será uma sistematização, ou seja, a elaboração de uma forma mais clara para que você possa visualizar o problema como um todo. Aliás, facilitar a compreensão para o gestor possibilita o envolvimento de outras pessoas no estudo do problema.

Vamos fazer uma breve retomada de aspectos referentes à pesquisa ambiental, apenas para subsidiar o entendimento do estudo que iremos propor na sequência.

3 . 2 F a t o r e s c o m p l i c a d o r e s p a r a a g e s t ã o a m b i e n t a l

Q u e m a t u a n a á r e a a m b i e n t a l s a b e q u e v á r i o s s ã o o s fatores que podem interferir e complicar um processo de gestão ambiental. Entre eles, destacam-se:

• a dificuldade das pessoas em visualizar as causas e as consequências relacionadas à ação humana no meio ambiente;

• a crença de que os recursos naturais são infinitos; • a sensação de impotência diante das questões ambientais.

A respeito do primeiro fator elencado, a não visualização de causas e con-sequências, Quintas (2000a, p. 12) explica que:

o processo de contaminação de um rio, por exemplo, pode estar distante das comunidades afetadas, espacialmente (os objetos são lançados a vários quilômetros rio acima) e temporalmente (come-çou há muitos anos, e ninguém lembra quando). O processo pode, também, não apresentar um efeito visível (a água não muda de sabor e de cor, mas pode estar contaminada por metal pesado, por exemplo) e nem imediato sobre o organismo humano (ninguém morre na mesma hora ao beber a água).

Nesse cenário, o segundo fator complicador apontado, a crença na pereni-dade dos recursos, permite verificar que são vários os exemplos que a nossa cultura apresenta, entre eles:

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 72: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

71

• este rio jamais vai secar (dito em relação a um grande rio)! • uma floresta tão imensa não vai acabar! • os peixes continuarão abundantes todos os anos!

Isso ocorre até que a realidade mostre o contrário, ou seja, até que fique vi-sível que a floresta está ficando cada vez mais distante, que o volume das águas está diminuindo e que os peixes estão desaparecendo. Dessa forma, a postura do “sou igual a São Tomé, só acredito vendo” provoca um imenso desafio para a educação ambiental: a necessidade de desenvolver, na nossa sociedade, atitudes preventivas diante das questões ambientais.

A última dificuldade apontada, a sensação de impotência das pessoas diante das questões ambientais, também se tornou um fator preocupante; seu reflexo está presente em uma vasta gama de situações comprometedoras, como, por exemplo, na ocupação desordenada de áreas litorâneas, a qual, por sua vez, provoca destruição de dunas*, aterramento de mangues, expulsão de comunidades e privatização de praias. Esse tipo de processo envolve, comumente, interesses de grandes grupos econômicos e/ou políticos. A atuação desses atores sociais com poder e respon-sáveis pela degradação daquele ambiente faz o indivíduo, o cidadão afetado pelas ocupações desordenadas, sentir-se “pequeno”. Essa sensação é perfeitamente com-preensível, mas, se não houver uma mudança de atitude por parte da população, todo o processo de gestão ambiental fica comprometido ou mesmo inviabilizado.

3 . 3 P r o b l e m a s e c o n f l i t o s a m b i e n t a i s

C o m o o b j e t i v o d e e l u c i d a r o s p r o c e s s o s d e a p r o p r i a -ção e de usos dos recursos ambientais, é possível observar que estes sempre en-volvem: os interesses da coletividade (cuja defesa é obrigação do Poder Público) e outros interesses específicos de determinados atores sociais. Estes últimos, no entanto, mesmo quando legítimos, nem sempre estão em conformidade com os da coletividade.

Nessas situações, tais atores sociais podem possuir grande capacidade para influir, a seu favor, nas decisões dos órgãos de meio ambiente, sobre a destinação dos recursos ambientais. Eles fazem isso ou pela via da pressão política direta, ou por meio da divulgação à sociedade sobre a importância econômica e social do seu empreendimento (a geração de empregos é um dos argumentos mais fortes) ou, ainda, pelas duas formas.

* Dunas: são montes de areia móvel depositada pelos ventos nas planícies areno-sas do litoral. A ação contínua e multidirecional dos ventos provoca constante movimento das dunas, assim como mudanças de forma e tamanho, sendo então chamadas de dunas móveis ou ativas.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 73: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

72

Além disso, como vimos anteriormente, a disputa pelo controle de qualquer recurso escasso é própria da natureza da sociedade. Por conseguinte, o órgão de meio ambiente, no exercício de sua competência mediadora, deve proporcionar condições para que os diferentes atores sociais envolvidos tenham a oportunidade de expor a outros atores e ao conjunto da sociedade os argumentos que fundamen-tam a posição de cada um quanto à destinação dos recursos ambientais em disputa. As audiências públicas surgem como um elemento de transição entre os conflitos gerados e a autonomia de cada cidadão participativo, o que promove a cidadania.

Entretanto, entre os envolvidos, existem aqueles que dispõem de conhecimentos e habilidades sobre a problemática em discussão (os empreendedores, por exemplo), o que lhes permite argumentar a seu favor com melhor fundamentação ou com argumentos mais convincentes. Ao mesmo tempo, há outros que, apesar de afe-tados pelas decisões (por exemplo, comunidades costeiras, no caso da construção de um porto), não têm acesso aos conhecimentos e às habilidades necessárias para poderem defender seus interesses. Em muitas situações, caso tais interesses sejam contrariados, esse fato ameaça a própria sobrevivência da comunidade envolvida.

A experiência dos educadores tem mostrado que uma ferramenta importante para se compreender a complexidade da questão ambiental é o estudo de caso. Esse “caso”, por sua vez, pode ser:

• um problema; • um conflito; ou • uma potencialidade ambiental.

Nesta obra, abordaremos especificamente a análise de problemas ambien-tais. Entretanto, os roteiros adotados para o estudo de problemas e para a so-cialização de seu resultado poderão, com algumas adaptações, serem utilizados no estudo de conflitos e de potencialidades ambientais.

Perguntas e respostasAfinal, o que é um problema ou conflito ambiental?

O termo problema, no nosso dia a dia, assume vários significados:

• quando alguém fala de um problema financeiro, em geral está se referindo a fatos como falta de dinheiro, dificuldades para pagar contas etc.;

• da mesma forma, se uma pessoa fala de um problema de saúde, pode estar querendo transmitir a ideia de risco ou ameaça (“essa doença pode deixar fulano sem condições de andar pelo resto da vida”), de dano temporário ou permanente ao organismo (“tal enfermidade deixou fulano com o pulmão comprometido para o resto da vida”; “a fratura deixou sicrano sem poder usar a mão direita por uns tempos” etc.);

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 74: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

73

• há também casos em que o termo está associado ao desafio de realizar uma tarefa prática (o problema da construção de uma ponte), além de inúmeros outros sentidos.

Recorrendo ao Dicionário Houaiss da língua portuguesa, encontramos para o termo conflito o significado de “profunda falta de entendimento entre duas ou mais partes” (Houaiss; Villar; Franco, 2001). Por extensão, na área administra-tiva, ele se refere à “contestação recíproca entre autoridades pelo mesmo direito, competência ou atribuição”.Contudo, essas são afirmações genéricas. O que nós chamaremos, aqui, de problema ou conflito ambiental? Existe(m) diferença(s) entre os dois?Trataremos dessa questão na sequência.

3 . 3 . 1 O enfoque de probl ema ambienta l

C o m o s o m o s p e s s o a s e n v o l v i d a s c o m o c a m p o d a g e s -tão do meio ambiente, quando usamos a expressão problema ambiental, tam-bém atribuímos a ela vários sentidos. Ao mencioná-la, podemos estar nos referindo às:

• dificuldades – o problema da fiscalização em alto-mar; • carências – o problema da falta de embarcações para fiscalizar em

alto-mar; • tarefas práticas – o problema da criação de uma unidade de conservação.

No entanto, devemos estar cientes de que esses são apenas alguns significa-dos, pois existem muitos outros. Conforme Carvalho e Scotto (1995), problema ambiental refere-se àquelas “situações onde há riscos e/ou dano social/ambiental, mas não há nenhum tipo de reação por parte dos atingidos ou de outros atores da sociedade civil face ao problema”.

De acordo com essa concepção, encontramos como problemas ambientais:

• a ameaça ou a extinção de espécies da fauna e da flora; • os lixões; • o uso de agrotóxicos; • os desmatamentos; • a contaminação de praias, rios e águas subterrâneas por metais pesados,

chorume*, esgotos domésticos e industriais, agrotóxicos etc.;

* Chorume: líquido produzido pela decomposição de substâncias contidas nos resíduos orgânicos, que tem como características a cor escura, o mau cheiro e a elevada demanda bioquímica de oxigênio (DBO).

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 75: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

74

• a poluição do ar; além de outras formas de poluição.

É interessante refletirmos sobre o fato de que, embora os problemas admi-nistrativos dos órgãos ambientais (falta de pessoal, de recursos materiais e fi-nanceiros etc.) influenciem negativamente na qualidade ambiental, eles não são considerados problemas ambientais.

Assim, além de ser uma situação na qual observamos dano e/ou risco à qua-lidade de vida das pessoas – em decor-rência da ação de atores sociais sobre os meios físico-natural e/ou construído –, o problema ambiental caracteriza-se também pela inexistência de qualquer tipo de reação ou ação modificadora por parte dos atingidos ou de outros ato-res sociais. Tem-se a constatação de sua presença – o fato problema –, mas não ocorre uma transformação da realidade constatada.

Nesse cenário, segundo Carvalho e Scotto (1995),

são frequentes os casos onde existe apenas uma construção técnico-científica do problema [, por exemplo,] – exames de laborató-rio concluem que o rio está contaminado por metais pesados. Outras vezes, há sugestões de solução ou de encaminhamento para uma ação de governo, ou seja, uma política ambiental”. Evidentemente, atividades desse tipo não podem ser caracterizadas como uma ação contrária (reação) àquela que está provocando o risco e/ou o dano ao meio ambiente. Foi apenas uma análise que comprovou, que documentou, a existência do fato.

Verificamos essa postura, a de encarar a situação como problema ambiental, por exemplo: quando o esgoto a céu aberto, no espaço que um dia foi ocupado por um rio, transforma-se em um fato tão banal no cotidiano da comunidade que as pessoas passam a aceitar o seu mau cheiro, o seu mau aspecto e o risco de contaminação por doenças transmitidas por vetores diversos, como algo “normal”. Nesse tipo de situação, observamos que o fato de o rio contaminado ser uma realidade, parece que não incomoda, não interessa e não sensibiliza as pessoas.

3 . 3 . 2 O conf l i t o ambienta l

O c o n f l i t o a m b i e n t a l é a q u i e n t e n d i d o , s e g u n d o Carvalho e Scotto (1995), como “aquelas situações onde há confronto de

[...] embora os problemas administrativos dos órgãos ambientais (falta de pessoal, de recursos materiais e financeiros etc.) influenciem negativamente na qualidade ambiental, eles não são considerados problemas ambientais.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 76: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

75

interesses representados por diferentes atores sociais, em torno da utilização e/ou gestão do meio ambiente”, diferente-mente do que acontece na concepção de problema ambiental. Nesse caso, tem-se reação dos atores sociais diante de uma situação; eles reagem em defesa dos seus interesses, o que significa uma atitude participativa e consciente pela utilização e/ou pela gestão dos recursos ambientais.

Encontramos no conflito ambiental situações como as de:

• moradores que se organizam para evitar a reativação de um aterro sanitário ou a construção de um incinerador de lixo pela prefeitura;

• pescadores que contestam o período de defeso decretado pelo Ibama e exigem participar da elaboração da portaria referente ao evento;

• grupos ambientalistas que se mobilizam para contestar a construção de uma hidrelétrica ou de uma estrada;

• grandes fazendeiros de soja que lutam pela construção de uma hidrovia que vai facilitar o escoamento de sua produção;

• outros atores sociais que se organizam para lutarem por seus interesses ou de sua coletividade.

Um caso significativo nesse contexto foi o dos seringueiros do Acre, que, nos anos 1970, impediram a transformação da floresta em pastagens (em defesa de sua potenciali dade) e conseguiram a criação de reservas extrativistas por parte do Governo Federal.

Podemos dizer que muitos conflitos ambientais envolvem um problema am-biental, mas nem todo problema ambiental envolve um conflito. Como você pôde perceber, um conflito ocorre quando atores sociais tomam consciência de um dano e/ou risco ao meio ambiente e, assim, mobilizam-se e agem no sentido de interromper ou eliminar o problema ambiental.

Estabelecida as diferenças entre conflito e problema ambiental, vamos pra-ticar, a seguir, o modo de proceder à análise deste último e de envolver o maior número de pessoas na sua discussão. A ideia é que as pessoas, durante o processo de estudo do problema ambiental, percebam os danos e/ou riscos e se sintam motivadas a participar do encaminhamento das soluções. Assim, ao partirmos do exame de um problema ambiental, esperamos atingir o estágio de conflito ambiental institucionalizado.

Você poderá observar que, em muitos casos, é necessário que aconteça uma situação de conflito explícito na sociedade civil, entre atores que representam interesses coletivos e atores que defendem interesses privados para, somente então,

Podemos dizer que muitos conflitos ambientais envolvem um problema ambiental, mas nem todo problema ambiental envolve um conflito.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 77: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

76

o Poder Público perceber a existência de um dano e/ou risco ao meio ambiente e tomar as providências cabíveis.

3 . 4 E s t u d o d e u m p r o b l e m a a m b i e n t a l e d o p r o c e s s o d e s o c i a l i z a ç ã o d e s u a e x i s t ê n c i a

N e s t a o b r a , d e s e n v o l v e m o s o p r e s e n t e e s t u d o d e c a s o com base em uma situação-problema idealizada (imaginária) e elaborada com objetivos didáticos. Obviamente, a situação vivida é mais complexa do que a situa- ção pensada. Entretanto, isso não invalida o exercício, que, embora não explore toda a riqueza da complexidade do mundo, não deixa de fornecer elementos importantes para a prática de uma gestão ambiental que pretende ter na ação da cidadania o antídoto ao clientelismo político, à corrupção, ao descompromisso e a muitos outros males que afetam o nosso serviço público.

Escolhemos para o estudo um caso prático, um fato bastante comum, embora desconhecido por muitos, que causa graves danos ao meio ambiente: a destina-ção inadequada do óleo lubrificante queimado. Esse é o fato. Utilizaremos uma matéria, publicada em 1999, na Folha do Meio Ambiente, de Brasília, como suporte expositivo desse fato. Ou seja, o relato do caso, para maior veracidade, fica por conta do texto da referida publicação, transcrito a seguir*.

O óleo e o mico: o triste fim do lubrificante queimado

O s ó l e o s l u b r i f i c a n t e s b á s i c o s s ã o o b t i d o s d i r e t a -mente a partir do petróleo bruto ou então são reciclados a partir de óleos já usados, aos quais adicionam-se obrigatoriamente, [sic] aditivos especiais, altamente poluentes (antioxidantes, anticorrosivos, dispersantes, antidesgas-tantes, antiespumantes, reguladores de viscosidade etc.). Quando utilizados, contaminam-se ainda mais com poluentes diversos, como metais pesados, por exemplo. Portanto, quando se dirige um carro, caminhão, ônibus, não se está lançando apenas gases e até fumaça (particulados) no ambiente, mas utilizando, passivamente, poluentes altamente tóxicos na lubrificação forçada das peças metálicas do motor. Essas peças fatalmente se desgastam, somando então mais contaminantes perigosos aos componentes dos aditivos.

* O referido texto, a partir deste ponto até o início da Seção 3.4.1, foi extraído com adaptações da obra de Berté (2007).

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 78: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

77

Esse óleo contaminado (“óleo vencido”), importante recurso econômico para uma nação e não um lixo qualquer, que você substitui por “óleo novo” (rerrefinando ou não), tem três destinos bem diversos. Um deles é a queima, geralmente descontrolada, em caldeiras industriais, podendo dar a sua contri-buição negativa à atmosfera (5 litros podem conter até 20 gramas de chumbo). O outro é o econômico e ecologicamente correto, o rerrefino. Por fim, o outro tipo de destino é o simples descarte no meio ambiente, tremendo desperdício.

Só para se ter uma noção quantitativa do problema, que normalmente escapa até ao mais fanático “ecólogo de passeata”, a Petrobras, através de seu relatório “Rerrefino de óleos no Brasil” [busca através deste apontar a reuti-lização dos óleos inservíveis]. Araújo (1992) aponta uma situação dramática, [estimando em números redondos a destinação dos óleos inservíveis]. [Do total] disponível no Brasil, somente 1/3 é coletado, contra mais de 2/3 em países civilizados. A Alemanha coleta quase todo o seu óleo usado.

O agravante dessa situação fica, portanto, por conta do volume não coletado para o processamento do rerrefino, conforme determina a legislação. Segundo estudos e dados disponíveis no Sindicato Nacional da Indústria do Rerrefino de Óleos Minerais, o volume não coletado é mais de 246 milhões de litros [...].

Fonte: Custódio, 1999.

Como podemos deduzir do artigo de Custódio, a destinação inadequada do óleo lubrificante queimado é um problema ambiental presente no nosso dia a dia, ainda que poucas pessoas – provavelmente somente os especialistas – conheçam e/ou entendam a sua gravidade.

Por ser usado nos automóveis de todos os tipos, o óleo lubrificante queimado é um elemento que apenas se torna visível para a pessoa quando ela vai a um posto de gasolina e faz a troca de óleo.

Nessa hora, quando é retirado do motor pelo funcionário do posto, raramente alguém pergunta para onde vai aquele “óleo vencido” que não tem mais utilidade.

Como todas as pessoas que têm carro, muitos de nós vamos periodica-mente a um posto de gasolina fazer a troca de óleo. Será que antes de lermos a matéria de Custódio, já havíamos nos perguntado para onde vai o óleo queimado e qual o seu efeito sobre o meio ambiente?

O caso

A g o r a q u e t o m a m o s c o n h e c i m e n t o d e s t a r e a l i d a d e ( a destinação inadequada do óleo queimado), vamos imaginar que o artigo que

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 79: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

78

lemos tenha provocado o interesse de um de-terminado grupo de pessoas. Vamos supor que esse grupo seja composto por três jo-vens estudantes do ensino médio que, após lerem a matéria da Folha do Meio Ambiente, ficaram preocupados com o destino dado pelos postos de gasolina do seu município

ao “óleo vencido”, recolhido quando fazem a troca de óleo dos automóveis. Diante disso, os referidos estudantes resolveram tomar uma atitude.

Para acompanharmos os fatos a partir de então, iremos:

• primeiramente, contextualizar a situação, descrevendo um espaço geo-gráfico (utilizaremos um fato fictício para fins didáticos, mas que poderia acontecer em várias regiões do nosso país);

• posteriormente, desenvolver a narrativa dos fatos relacionados à movi-mentação e à organização da comunidade para o enfrentamento da degra-dação ambiental provocada pela destinação inadequada do óleo queimado.

i. Descrição do município

• O município imaginário, onde residem os tais jovens, está situado na área litorânea, e em seu território há uma grande extensão de praias margeadas por coqueirais e vegetação* de mata atlântica, inclusive próximo ao perímetro urbano. Em várias dessas praias, encontram-se pequenos núcleos populacionais, que vivem da atividade pesqueira e da lavoura de subsistência.

• A sede do município está localizada na margem de um rio que desem-boca no mar. Na foz** desse rio, forma-se um extenso manguezal, onde está instalada uma comunidade com cerca de 500 habitantes, os quais vivem basicamente da pesca e da cata dos caranguejos.

• Por estar localizado na área do Projeto de Desenvolvimento Turístico do Estado, o município foi incluído entre aqueles beneficiados com a implantação de saneamento básico (abastecimento de água e rede de esgoto), coleta de lixo e obras de infraestrutura viária (pavimentação de ruas, iluminação pública, construção de calçadões na beira do rio,

* Vegetação: é o conjunto de espécies vegetais que se associam sob condições ambien-tais idênticas, para se constituírem em florestas (conjunto de indivíduos vegetais com forma de árvore), campos (conjunto de indivíduos com forma de grama) etc.

** Foz (desaguadouro): boca de descarga de um rio. O desaguamento de um rio pode ocorrer no mar, em uma lagoa ou mesmo em outro rio. A foz de um rio pode ser classificada como estuário ou como delta.

Será que antes de lermos a matéria de Custódio, já havíamos nos perguntado para onde vai o óleo queimado e qual o seu efeito sobre o meio ambiente?

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 80: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

79

de acesso às praias e à rodovia litorânea etc.), construções de hospital e de postos de saúde.

• Após a ligação com a rodovia litorânea, a comunicação, por via terrestre, do município com a capital e com o resto do país tornou-se mais fácil. Com a estrada, foi criada uma linha de ônibus diária entre a sede do município e a capital, permitindo que uma viagem, que anteriormente demorava até dois dias, seja realizada atualmente em oito horas.

• Com o asfalto, cresceu consideravelmente o fluxo turístico, que quase duplicou a população do município na época de “alta estação”.

• Com o turismo, a economia local, principalmente na alta estação, tornou-se bastante dinâmica. Nesse processo, surgiram hotéis, pou-sadas, loteamentos para residências de praia, bares, quiosques e várias outras atividades econômicas até então desconhecidas na cidade.

• Com o turismo, também aumentou o número de postos de gasolina na sede do município e nas suas redondezas.

ii. Socialização do problemaConversando sobre o problema da destinação do óleo queimado, os jovens se perguntaram, preocupados: “O que fazer?” Em virtude do descritivo do município, é fácil perceber que havia uma grande quantidade de óleo queimado circulando na região. Entre suas indagações, encontravam-se:

• Qual seria a condição poluidora desse resíduo na região? • “Deixar pra lá” ou procurar alguma autoridade? • Se sim, qual autoridade? O Ibama, o delegado de polícia, o juiz, o

promotor, o prefeito ou o órgão de meio ambiente do município ou do estado?

Alguém lembrou que não existia um órgão de meio ambiente municipal, e que as representações do órgão estadual e do Ibama ficavam na capital, a cerca de 600 quilômetros de distância. Os jovens resolveram, então, antes de qualquer outra ação, procurar professores do colégio que, em suas aulas, tinham mostrado preocupação com o meio ambiente. Os professores de Química, de Biologia, de História e de Geografia se interessaram pelo problema – pois também não tinham “se tocado” – e entraram na discussão sobre o que fazer e por onde começar. Depois de uma longa conversa, o grupo – agora com a participação dos professores que aderiram à causa – concluiu que não adiantaria procurar as autoridades antes de saberem como “a coisa” acontecia por ali, e tomaram como ponto de partida a indagação: Por onde começar?Porém, outro dilema surgiu: Como fazer algo, se todos tinham pouco tempo para se dedicar à causa? Os jovens estudavam, ajudavam seus

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 81: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

80

pais; os professores davam aulas em dois turnos e tinham família. O grupo combinou que, primeiramente, todos procurariam indagar nos postos de gasolina do município (dez, aproximadamente), “da forma mais natural possível”, o que eles faziam com o “óleo vencido” depois da troca.Eles assim fizeram e constataram que:

• todos os postos jogavam o óleo queimado no rio, diretamente ou pela rede de esgoto pluvial;

• a maioria não sabia que o óleo poderia ser vendido na capital para ser refinado novamente nem tinha noção do risco que ele representa para a saúde das pessoas e para o ambiente;

• um único dono de posto conhecia a possibilidade de vender o óleo vencido para ser refinado e reutilizado, porém, achava que a pouca quantidade coletada semanalmente (200 litros em média) não dava para pagar o valor do frete do transporte por caminhão-tanque; e

• não havia lugar para armazenar mais do que 300 litros de óleo e, por isso, tinha de fazer seu despejo no rio todas as semanas.

Com os dados levantados, o grupo resolveu atrair mais pessoas para discutir o problema. Ficou acertado que cada um tentaria trazer o máximo de amigos para uma reunião, no final de semana, na qual os jovens fariam uma apresentação sobre o que, até então, sabiam sobre o problema.

iii. Linha de açãoNa reunião, além dos quatro professores e dos três jovens, compareceram dez estudantes, entre moças e rapazes. Após a apresentação dos dados publicados na Folha do Meio Ambiente e da informação sobre o modo como é feito o descarte do óleo pelos postos de gasolina do município, o grupo passou a discutir uma linha de ação para conseguir interromper o processo de contaminação das águas do rio. Os professores sugeriram que fosse feito um estudo desse caso, com a realização de uma análise da situação, sendo esta a mais detalhada possível. Porém, foi consenso no grupo que o estudo seria um meio, um instrumento, para a elaboração coletiva do conhecimento sobre o problema e sua solução, não apenas o resultado do trabalho do grupo ali formado.Por isso, previram a realização das duas tarefas iniciais, deixando a definição das demais para o futuro, quando teriam a participação de outros atores sociais, isto é, de um grupo maior de munícipes:

• na execução da primeira tarefa, tentariam identificar os atores so-ciais diretamente atingidos pelo problema, a forma como eles eram afetados, a situação deles em termos de organização e, ainda, os riscos e/ou danos visíveis sobre o meio físico natural;

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 82: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

81

• na segunda tarefa, o desafio seria encontrar estratégias para envolver esses atores no processo de busca de soluções para o problema.

iv. A açãoPrimeira tarefa1º passo: Identificação dos atores sociais diretamente afetadosNessa fase do processo, o grupo concentrou todo o esforço para obter as melhores respostas possíveis para perguntas como:

• Quem são os afetados pelo descarte do óleo queimado? Como vivem? Onde vivem? De que vivem? De que modo o problema ameaça a sua qualidade de vida (saúde, economia, renda, lazer etc.)?

• Essas pessoas estão formalmente organizadas? Estão iniciando ou reiniciando algum tipo de organização formal?

• Mesmo não possuindo organização formal, elas apresentam outros ti-pos de formação (grupos de oração, rodas de samba, grupos de dominó, grupo de elaboração e conserto de instrumentos de trabalho, grupo responsável pela festa de padroeiro ou da padroeira etc.)?

2º passo: Caracterização do ator social diretamente afetadoRealizada a primeira atividade (o levantamento de dados), da primeira fase do trabalho, passaram para a segunda atividade: discutiram o que caracterizaria um ator social como diretamente afetado pelo lançamento do óleo queimado no rio.Nessa análise, surgiram várias hipóteses (opiniões):

• alguns sugeriram que sofreriam os efeitos do descarte de óleo todas as pessoas que usassem de alguma forma o rio em locais abaixo (jusante) do ponto de lançamento do óleo, como as praias e o manguezal da foz;

• outros ponderaram que esse critério não diferenciava, por exemplo, quem tomava banho esporadicamente no rio ou nas praias dos que consumiam diariamente a água, os peixes, os caranguejos e as ostras;

• havia, ainda, o caso dos que consumiam os produtos pesqueiros even-tualmente (turistas, por exemplo) e aqueles que dependiam da sua ex-tração para sobreviver (alimentando-se deles e/ou comercializando-os).

Por fim, os participantes chegaram ao consenso de que os atores sociais diretamente afetados eram os que, em decorrência do descarte do óleo queimado no rio, tivessem sua saúde (pelo uso constante dos produtos contaminados) e/ou sua situação econômica sob ameaça.Com esse critério, excluíram da condição de ator social diretamente afetado pela situação em foco:

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 83: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

82

• os usuários de água encanada, pois a captação é realizada acima dos pontos de lançamento;

• os eventuais frequentadores das praias e consumidores dos produtos pesqueiros obtidos no mangue e em outros pontos da foz do rio.

Definidos os aspectos que caracterizavam o ator social diretamente afetado, o grupo decidiu identificar os locais de lançamento do óleo queimado (partindo do ponto de descarte mais distante da foz, desceram o rio até ela) e, ainda, visitar a comunidade situada na sua desembocadura.

3ª passo: Identificação dos riscos, dos danos visíveis e da organização da comunidadeEm conversas com vários moradores da comunidade da foz do rio, o grupo ficou sabendo que, de vez em quando, os pescadores observavam peixes e caranguejos mortos, manchas de óleo na água e árvores do mangue com

“cara de que estavam morrendo”. Eles também comentaram que, às vezes, notavam um gosto “esquisito” nas ostras, nos caranguejos e nos peixes.Disseram ainda que, na época “de muito turista”, apareciam mais caranguejos e ostras com gosto esquisito. Várias vezes os donos dos quiosques (que compram peixe, caranguejos e ostras dos pescadores) se queixaram de que, ao cozinharem caranguejos e ostras, notaram óleo na água e um gosto ruim neles. Por conta disso:

• esses comerciantes ameaçaram comprar peixes, caranguejos e ostras em outros municípios, mesmo sabendo que seriam mais caros;

• os pescadores passaram a pescar cada vez mais longe da foz (“Demora mais e é muito arriscado com nossos barcos pequenos”, dizem eles); e

• os catadores cada vez entram mais mangue adentro (o que cansa muito e demora mais).

Perguntados a partir de quando começaram a notar essas mudanças, vários moradores disseram que “foi de uns anos para cá”. No entanto, o médico do posto de saúde do povoado, que atende duas vezes por semana, apesar de já ter ouvido comentários sobre o assunto, não observara nenhuma doença na população que pudesse associar ao consumo de alimentos contaminados com óleo queimado.O grupo visitou também o padre, que desenvolve, no salão paroquial, várias atividades com idosos, casais, mulheres e jovens. Ele disse já ter ouvido comentários sobre o problema, mas não tinha noção de sua gravidade. Dispôs-se de pronto a colaborar com o grupo na mobilização dos moradores, oferecendo, inclusive, o salão paroquial para as reuniões de discussão da situação.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 84: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

83

Retornando à sede do município, os jovens se dividiram em dois grupos e visitaram os donos das pousadas e dos quiosques situados nas praias urbanas. Todos se mostraram preocupados quando ficaram sabendo do problema. Lembraram ter ouvido turistas e moradores comentarem que se sujaram de óleo enquanto tomavam banho nas praias próximas do núcleo urbano. Entretanto, não desconfiando da verdadeira razão, atribuíam a presença do óleo aos navios que, de vez em quando, viam no horizonte. Os comerciantes também comentaram que essa devia ser a causa de, às vezes, encontrarem óleo na água onde os caranguejos e as ostras eram cozidos.O grupo não detectou qualquer tipo de organização formal entre os moradores da comunidade, e entre os donos de quiosques e de pousadas. Também não observou qualquer processo indicativo de início ou reinício de organização desses atores sociais.

Segunda tarefa1º passo: Estratégia para o envolvimento dos atores sociais diretamente afetadosApós conhecer os atores sociais diretamente afetados, o grupo (estudantes e professores) discutiu qual seria a melhor estratégia para o envolvimento daqueles nas próximas etapas do trabalho. Todos concordaram que, caso os atores sociais diretamente atingidos pelo óleo queimado não se motivassem a defender seus interesses, ficaria muito difícil sensibilizar outros atores para participarem da busca de uma solução para o problema.Os estudantes e professores planejaram, levando em conta a diferença existente entre o grupo de comerciantes (donos de pousadas e de quiosques) e a comunidade de pescadores, fazer reuniões distintas:

• uma na cidade, com o pessoal das pousadas e dos quiosques; • outra no salão paroquial, com os moradores da foz do rio.

Além disso, optaram por, antes de marcar das reuniões, fazer uma consulta rápida a alguns donos de quiosques e de pousadas e ao padre da comunidade de pescadores sobre o dia e o horário mais conveniente para os participantes.Com relação ao grupo de comerciantes, foi solicitado que alguns deles sugerissem o local e ajudassem na divulgação da reunião, visitando as pousadas e os quiosques em conjunto com alguns estudantes e professores em seus horários disponíveis. O grupo de professores e de estudantes tinha clareza de que, sendo um trabalho voluntário, sua execução teria de ser feita de acordo com a disponibilidade de horário de todos os envolvidos (inclusive eles próprios).

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 85: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

84

No caso da comunidade da desembocadura do rio, combinaram que, parte do grupo, em conjunto com o padre, visitaria, no domingo (dia de folga dos pescadores), as casas de pessoas cujas opiniões são respeitadas na comunidade. O padre também se prontificou a avisar sobre a reunião durante a missa.

2º passo: Formação do “grupão”Os comerciantes elegeram cinco pessoas (entre donos de pousadas e de quiosques) e os moradores da comunidade de pescadores escolheram dez (pensando em se revezarem) para integrarem ao grupo de estudantes e de professores, formando o que eles chamaram de “grupão”. Essas pessoas, além de atuarem no “grupão”, deveriam manter seu grupo de origem informado sobre todas as atividades programadas e mobilizado para participar da realização delas.

As atividades do “grupão”A primeira tarefa do “grupão” foi definir os próximos passos:

• Conversar com os donos dos postos de gasolina. Todos concordavam sobre a importância desse diálogo. A opinião geral era de que esses empresários, apesar de responsáveis diretos pelo problema, não tinham consciência da gravidade de seus atos.

• Expor o problema ao promotor de justiça, ao juiz de direito e ao pre-feito do município, visto não haver na região um órgão que tratasse especificamente do meio ambiente, ao qual pudessem recorrer.

• Resolveram, inclusive, conversar com o representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no município, para que a entidade propor-cionasse assessoramento sobre os aspectos legais da questão durante os encontros com os donos dos postos e com as autoridades. No encontro com os advogados da OAB, ficou claro que tanto os postos quanto a prefeitura estavam descumprindo a legislação ambiental.

Consultando a legislaçãoNesse contexto, se aplicada a lei, os postos poderiam ser enquadrados em artigos da Lei Federal n. 6.938/1981 (Brasil, 1981b) e da Lei Federal n. 9.605/1998 (Brasil, 1998e), conforme explicitaremos.

Art. 14 da Lei Federal n. 6.938/1981:Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e mu-nicipal, o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores:

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 86: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

85

I – à multa simples ou diária, nos valores correspondentes, no mínimo, a 10 (dez) e, no máximo, a 1.000 (mil) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional – ORTNs, agravada em casos de reincidência específica, conforme dispuser o regulamento, vedada a sua cobrança pela União se já tiver sido aplicada pelo Estado, Distrito Federal, Territórios ou pelos Municípios. [...]IV – à suspensão de sua atividade.§1º Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente de existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e terceiros, efetuados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal por danos causados ao meio ambiente.Art. 54 da Lei n. 9.605/1998:Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam re-sultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora:Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.[...]§2º Se o crime:[...]IV – dificultar ou impedir o uso público das praias;V – ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos:Pena – reclusão, de um a cinco anos.Verificaram, também, que os postos estavam descumprindo a Resolução Conama 009/1993 (Brasil, 1993f) que estabelece, entre outros:Art. 3º Ficam proibidos:I – quaisquer descartes de óleos usados em solos, águas superficiais, subterrâneas, no mar territorial e em sistemas de esgoto ou evacuação de águas residuais;II – qualquer forma de eliminação de óleos usados que provoque contaminação atmosférica superior ao nível estabelecido na legislação sobre proteção ao ar at-mosférico (Pronar).[...]Art. 10. Obrigações dos receptores de óleos usados:I – alienar o óleo lubrificante contaminado ou regenerável exclusivamente para o coletor ou rerrefinador autorizado;II – divulgar, em local visível ao consumidor, a destinação disciplinada nesta Resolução, indicando a obrigatoriedade do retorno dos óleos lubrificantes usados e locais de recebimentos;

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 87: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

86

III – colocar, no prazo de 60 (sessenta) dias, a partir a publicação desta Resolução, à disposição de sua própria clientela, instalações ou sistemas, próprios ou de tercei-ros, para troca de óleos lubrificantes e armazenagem de óleos lubrificantes usados;IV – reter e armazenar os óleos usados de forma segura, em lugar acessível à coleta, em recipientes adequados e resistentes a vazamentos, no caso de instala-ções próprias.

Já a prefeitura, como órgão responsável pelo “licenciamento ambiental de em-preendimentos e atividades de impacto ambiental local”, segundo o art. 6º da Resolução Conama n. 237/1997 (Brasil, 1997g), no caso dos postos de gasolina, deveria ter exigido deles, como “receptores de óleos lubrificantes”, o cumpri-mento dos arts. 3º e 10, citados anteriormente. O prefeito, por ter se omitido (a prefeitura não tem órgão de meio ambiente), pode ser enquadrado na Lei dos Crimes Ambientais, que estabelece, em seu art. 68: “Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental: Pena – detenção, de um a três anos, e multa”.

A segunda tarefa do “grupão” foi realizar as reuniões e encaminha-mentos do problema levantado.

No âmbito do Ministério Público:

• O grupo, acrescido por representantes da OAB, teve um encontro com o representante do Ministério Público Estadual (promotor de justiça), em que expôs todo o problema e suas consequências para a qualidade ambiental. O promotor explicou que, como se tratava de dano ao meio ambiente, o Ministério Público (MP) poderia propor uma ação civil pública que, pela Lei n. 7.347/1985 (Brasil, 1985), art. 3º, “poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer”.

• Na situação exposta, o MP poderia, desde logo, propor uma ação cau-telar na própria comarca, objetivando interromper as atividades dos postos até que se provasse que tinham resolvido a questão, conforme determina a Resolução Conama n. 009/1993.

No âmbito da prefeitura:

• De posse das informações coletadas, o grupo foi conversar com o pre-feito, chamando a atenção para a importância de a prefeitura se envolver na solução do problema, considerando que cabe a ela o licenciamento ambiental para o funcionamento dos postos de gasolina.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 88: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

87

• Na ocasião, o prefeito esclareceu que não tinha ideia da gravidade do problema do descarte do óleo queimado e, muito menos, que cabia à prefeitura a responsabilidade pelo licenciamento ambiental para fun-cionamento de postos de gasolina. Ele pensava que a prefeitura tinha obrigação apenas de conceder os alvarás de construção e de funciona-mento, de acordo com o Plano Diretor do Município.

• O prefeito declarou que estava disposto a tomar todas as providências de responsabilidade da prefeitura; entretanto, antes de aplicar a legis-lação, declarou que gostaria de buscar uma solução negociada com os proprietários de postos, com a participação de todos os envolvidos e afetados.

• Ficou acertado que ele convocaria os donos de postos para uma reu-nião na prefeitura, juntamente com o “grupão”, a OAB e o MP, com o objetivo de solucionar a questão da forma mais rápida possível.

No âmbito das conclusões:Após o encontro com o prefeito, o “grupão”, em conjunto com a OAB, realizaou uma avaliação das atividades e concluiu que era hora de fazer uma “prestação de contas” aos comerciantes afetados e aos moradores da comunidade da foz do rio, e também discutir os próximos encaminhamentos.

Na ocasião, levantaram-se indagações, como as seguintes:

• O que será exigido dos donos dos postos? • Como nós (Poder Público e sociedade civil) nos organizamos para

evitar outros problemas ambientais? • Que atividades devem ser desenvolvidas para que a preocupação com

o meio ambiente não seja passageira? • Que outros atores sociais nas esferas da sociedade civil e do Estado de-

vem ser envolvidos nessa nova fase para se ampliar e se manter, perma-nentemente, a discussão sobre a problemática ambiental do município?

• Como aproveitar o momento para fazer isso?

Nesse estágio do processo, o “grupão” estava com um problema ambiental constatado, bem como se encontravam definidas as ações que poderiam surgir na sequência. Essas ações visualizadas como os próximos passos após o levantamento do problema provavelmente se enquadram no conceito de conflito ambiental, pois representam a ação transformadora da situação.No entanto, em consonância com a proposta desta obra, vamos acompanhar o fato só até aqui, uma vez que ele já cumpriu seu objetivo, ou seja, possibilitou o estudo de um caso prático, demonstrando certos

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 89: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

88

procedimentos que podem facilitar o trabalho, no sentido de instaurar processos participativos de gestão ambiental.

3 . 4 . 1 Conside raçõe s sobre o proce sso de e studo

A p r á t i c a q u e f o i d e s c r i t a n e s t e e s t u d o c o n f i g u r a o processo denominado de educação no processo de gestão ambiental, ou educação ambiental, ou educação ambiental na gestão do meio ambiente. Tais métodos são aplicados com a finalidade de proporcionar condições para a produção e a aquisi-ção de conhecimentos e de habilidades, bem como desenvolver atitudes, visando à participação individual e coletiva. Essa participação deve estar presente na gestão do uso dos recursos ambientais e, da mesma forma, na concepção e na aplicação de decisões que afetam a qualidade dos meios físico-natural e social.

Para saber maisVocê poderá aprofundar e ampliar conceitos, princípios e metodologias (pes-quisa-ação, pesquisa-participante etc.) em obras específicas que abordam esses temas, pois tais conhecimentos são necessários para o desenvolvimento de pro-cessos educativos em comunidades de diferentes contextos culturais no Brasil. Com esse propósito, sugerimos a leitura de duas obras:

MORIN, A. Pesquisa-ação integral e sistêmica: uma antropopedagogia renovada.

Rio de Janeiro: DP&A, 2004.

EL ANDALOUSSI, K. Pesquisas-ações: ciências, desenvolvimento, democracia. São

Carlos: EdUFSCAR, 2004. Sinopse.

A importância da temática dessas obras soma-se ao entendimento de que:

Todo projeto de pesquisa-ação pressupõe uma forte interação com atores. Esse postulado, hoje, tende a tornar-se mais aceito de que no passado, em função da generalização do trabalho em parceria. Um importante avanço na sistematização da pesquisa-ação, tal como a concebe o autor, consiste precisamente na proble-matização dos papéis dos parceiros e no aprofundamento do próprio conceito de parceria. Isto é fundamental para pensar os processos e relacionamentos que ocorrem na pesquisa-ação e, ao mesmo tempo, para ampliar a habilidade e a ca-pacidade de gestão por parte dos responsáveis de projetos. (El Andaloussi, 2004)

A preocupação, no sentido de desenvolver tais capacitações, justifica-se plenamente, pois a complexidade do exercício ou da prática da educação no processo de gestão ambiental exige profissionais especialmente habilitados para esse fim. Além disso, ao falarmos em educação no processo de gestão

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 90: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

89

ambiental, estamos nos referindo a uma prática que, inspirada nas Orientações da Conferência de Tbilisi, vem se propagando no espaço da gestão ambiental desenvolvida pelo Ibama.

Nesse documento (Orientações da Conferência de Tbilisi), foi definido que a educação ambiental se constitui em “uma dimensão dada ao conteúdo e à prática da educação, orientada para a resolução dos problemas concretos do meio ambiente por meio de enfoques interdisciplinares e de uma participação ativa e responsável de cada indivíduo e da sociedade” (Brasil, 1997b).

O propósito da pesquisa ambiental no âmbito das atividades de gestão

C a b e , a g o r a , u m e s c l a r e c i m e n t o e p i s t e m o l ó g i c o . C o m o vimos no início deste nosso estudo, as concepções sobre ecologia e meio am-biente foram agregando novos significados à medida em que o homem foi ampliando sua visão e modificando suas compreensões. Logo, a aplicação des-ses saberes à pesquisa ambiental (inserida no contexto da gestão ambiental) também se fez e se faz de forma progressiva e com contínuas alterações e/ou reformulações em seus métodos e práticas. Sobre isso, encontramos nas publi-cações de Sato e Santos (2003, p. 265) um quadro (adaptado de Cantrel, 1996) que nos oferece uma síntese interessante sobre tal processo. Vamos transcrevê-

-lo parcialmente, ou seja, apenas o propósito da pesquisa.

Quadro 3.1 – Propósitos da pesquisa em educação ambiental

Pressupostos Positivismo Construtivismo Sócioconstrutivismo

Propósito dapesquisa

Descoberta de leis que expliquem a realidade, permitindo controle e generalização.

Compreensão e emancipação dos atores e interpretação das estruturas sociais.

Emancipação dos atores sociais, através das críticas das desigualdades (práxis para a transformação).

Sempre que realizarmos uma pesquisa, devemos ter um propósito como pano de fundo do foco no problema ou conflito (o fato em si).

Além disso, como encontramos na síntese-quadro dos autores, existem ou-tros pressupostos que sofrem modificações em função de nossa compreensão e concepção filosófica e metodológica. Assim, quando formos realizar uma pesquisa ambiental, inclusive para que possamos inseri-la adequadamente nas propostas de gestão ambiental, devemos deixar claros aspectos como:

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 91: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

90

• a ontologia – nossa visão sobre a realidade a ser pesquisada; • a epistemologia que iremos aplicar – espécie de conhecimento, modelos

e métodos de pesquisa; • a finalidade – relação estabelecida entre o pesquisador ou pesquisadores

e a descoberta.

Vamos lembrar, então, que realizamos um estudo de caso sob a perspectiva da gestão participativa, a qual traz em seu bojo a pesquisa participativa, a pesquisa com fun-damentações epistemológicas e ontológicas provenientes do construtivismo, do sociocons-trutivismo, do pós-construtivismo, e oriunda da visão biocêntrica, da abordagem sob a ótica dos sistemas complexos. Procuramos deixar expressa essa opção desde o início, bem como o fato de não ser o escopo desta obra fazer uma resenha filosófica; no entanto, esbar-ramos em diversas teorias, às quais fizemos alusão, pois o saber é resultado da tessitura de inúmeros saberes.

Sobre a atualização das concepções sobre meio ambiente e gestão socioambiental, Sato

e Santos (2003, p. 264) inter-relacionam os saberes de diversos estudiosos e concluem de forma bastante útil para ampliarmos a abrangência de nossa visão:

Na vertente pós-estruturalista, Gough (1996), Cheney (1989), Grün (2002) e Sato e Passos (2002) consideram que os objetos, os elementos e os significados constituem a compreensão da realidade, através da narrativa biorregional e na perspectiva biocêntrica. O biorregiona-lismo nasce da ruptura do sistema “eu-mundo” para uma estrutura mais complexa do “eu-outr@-mundo”, ou seja, nossa relação não é direta com a natureza, mas mediatizada pelos complexos sistemas da sociedade. É uma vertente que tenta a conjugação entre a sociedade e a natureza; no diálogo necessário entre os diversos conhecimentos existentes, mergulhando a racionalidade na emoção; na necessidade da compreensão das ciências que estudam as partes, com as ciências que estudam o todo e as suas partes; e sobretudo no resgate da ética, solidariedade e coletivismo como alternativas possíveis para alcan-çarmos uma humanidade mais responsável. (Toledo, 2000)

Nesse documento (Orientações da Conferência de Tbilisi), foi definido que a educação ambiental se constitui em “uma dimensão dada ao conteúdo e à prática da educação, orientada para a resolução dos problemas concretos do meio ambiente por meio de enfoques interdisciplinares e de uma participação ativa e responsável de cada indivíduo e da sociedade” (Brasil, 1997b).

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 92: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

91

Nesse cenário – o da educação –, é habitual encontrarmos em documentos oficiais, nacionais e internacionais, inclusive na lei que dispõe sobre a Política Nacional de Educação Ambiental, a denominação de educação ambiental não for-mal (para processos educativos praticados fora do currículo escolar), bem como de educação ambiental formal. O que podemos dizer sobre isso?

Acreditamos que “definir a galinha como a ave que não é pato não diz nada sobre ela”, pois podemos saber tudo sobre patos, mas, por essa definição, conti-nuamos não sabendo nada sobre galinhas. Do mesmo modo, podemos adquirir vários conhecimentos sobre a educação ambiental formal, mas continuarmos ignorando o que qualifica a chamada educação ambiental não formal. Por essa razão de ordem prática, e em concordância com a assertiva de que “negar o que um objeto é não significa afirmar o que ele é”, optamos pela linha de conceitua- ção dos educadores do Ibama, o que implica considerar a prática da educação am-biental a partir do espaço em que ela se produz – o da gestão ambiental –, sem nos atermos a questões relativas às concepções de educação formal ou não formal.

S í n t e s e

A m o b i l i z a ç ã o s o c i a l t e m g a n h a d o e s p a ç o n o s c o n s e -lhos municipais, estaduais e federais. É a garantia do pleno exercício de cidadania, na qual grupos organizados encontram soluções para os problemas comuns, de ordem coletiva e não individual. Nesse contexto, surgem os conselhos do meio ambiente em que, a exemplo do Conama, há a efetiva participação da sociedade na elaboração de resoluções que buscam melhor qualidade de vida. Sobretudo os governos que se dizem populares não podem deixar de usar plenamente os mecanismos de participação popular e de transparência que estão disponíveis. Com o objetivo de ilustrar esses processos, elaboramos um exemplo para estudo: a luta de uma comunidade contra a destinação inadequada de óleo combustível lubrificante queimado. Esse caso evidencia exatamente uma prática de gestão participativa para diagnosticar um problema ambiental, cuja sequência seria naturalmente a instauração do conflito e suas respectivas ações transformadoras.

Q u e s t õ e s p a r a r e f l e x ã o

C o m o p r o p ó s i t o d e p r o v o c a r a s u a r e f l e x ã o , v a m o s ilustrar com fatos o paradigma de gestão ambiental apresentado nesta obra. Assim, transcrevemos um trecho de uma publicação do MMA, Caminhos para a sustentabilidade (Brasil, 2009b, p. 42).

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 93: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

92

Ministério Público e promotorias de meio ambienteO ordenamento legal sofreu profundas mudanças nos estados da Amazônia Legal, devido aos projetos e ações do PPG7/SPRN. As parcerias levaram a uma aproximação entre Oemas, Ministério Público e organizações da so-ciedade civil e essas parcerias fortaleceram instituições como os núcleos de meio ambiente dos ministérios públicos estaduais, e as unidades de polícias especializadas em questões ambientais. A descentralização do Ministério Público incluiu nos mecanismos legais de negociação com o poder local os Termos de Ajustamento de Conduta (TACs), que possibilitam ao município condições para negociar a solução de passivos ambientais e adequação aos preceitos legais vigentes. Diversos ministérios públicos estaduais, em parti-cular aqueles envolvidos nas ações de implementação dos PGAIs, passaram a atuar em parceria com os Oemas e polícias, adotando Termos de Correção de Conduta, instrumentos similares aos TACs como primeira alternativa para a correção de atividades.Em Mato Grosso, as novas práticas de gestão participativa e compartilhada contribuíram para a criação do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa do Meio Ambiente, no âmbito do Ministério Público Estadual. Essa nova estrutura foi complementada com três promotorias de Defesa do Meio Ambiente, para atender Cuiabá e dez polos administrativos no interior do Estado. Um resultado relevante foi a criação do Fórum do Ministério Público de Meio Ambiente da Amazônia, uma rede de articula-ção interinstitucional que reúne os ministérios públicos dos nove estados da Amazônia Legal e tem como objetivo o apoio mútuo para desenvolvimento organizacional, capacitação e mobilização e para ampliar o alcance da atua-ção da organização no cumprimento da sua missão de defesa jurídica do meio ambiente, em ação conjunta ou separadamente.Fonte: Brasil, 2009b, p. 42.

Como você pode ver, aí está devidamente documentada a substancial parti-cipação do Ministério Público na gestão ambiental.

1. Como você encara esse tipo de participação? Considera que existem as-pectos fundamentais para tal envolvimento? Justifique sua resposta.

2. Da mesma forma, nessa mudança de paradigmas, você considera que os demais órgãos do Poder Público e da sociedade civil devem se integrar nesse processo de forma progressiva?

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 94: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

93

Q u e s t õ e s p a r a r e v i s ã o

1. O que diferencia um conflito ambiental de um problema ambiental?

2. Quando afirmamos que neste capítulo realizamos um estudo de caso sob a perspectiva da gestão participativa, que espécie de pesquisa aplicamos?

3. Em razão da complexidade ambiental, existe a necessidade de os pro-cessos educativos proporcionarem condições para as pessoas adqui-rirem conhecimentos, habilidades e desenvolverem atitudes para que possam intervir de forma participativa nos processos decisórios. Após a realização das atividades programadas, os indivíduos passam a do-minar um instrumental que facilita a caracterização de um problema ambiental e o envolvimento de outras pessoas na sua discussão. Isso quer dizer que, em relação a um problema ambiental observado, o indivíduo deve:i. identificar os principais atores sociais envolvidos e suas formas de

identificação.ii. relacionar os efeitos sobre o meio físico-natural como ameaça direta

à qualidade cultural e de lazer dos grupos afetados.iii. identificar o posicionamento dos atores sociais envolvidos e afetados.iv. aplicar procedimentos que facilitem a participação dos diferentes ato-

res sociais no seu estudo, bem como na difusão dos resultados.

Com base nas proposições anteriores, podemos afirmar que:a. somente as alternativas I e II estão corretas.b. somente a alternativa IV é correta.c. somente a alternativa II é incorreta.d. somente a alternativa IV é incorreta.

4. Ao falarmos em educação no processo de gestão ambiental, estamos nos referindo a uma prática inspirada:a. nas orientações da Conferência de Tbilisi.b. nas orientações da Agenda 21.c. nas orientações da Conferência de Estocolmo.d. nas orientações do Relatório de Subsídios Técnicos para a Elaboração

do Relatório Nacional do Brasil para a Rio-92.

5. Complete as lacunas com os termos apropriados e em seguida marque a alternativa que fornece a sequência correta.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 95: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

94

A técnica de estudar um caso prático para o entendimento de um problema ou conflito ambiental, quando da capacitação de pessoas para a gestão socioambiental, corresponde ao processo denominado de educação no processo de gestão ambiental, ou educação ambiental, ou educação ambiental na gestão do meio ambiente. Aplicam-se tais métodos com o , de proporcionar condições para e de e , bem como para desenvolver , visando à participação individual e coletiva. Essa participação deve estar presente na gestão do dos recursos ambientais, e da mesma forma na concepção e na aplicação de decisões que afetam a qualidade dos meios físico-natural e social.a. uso, conhecimentos, habilidades, produção, aquisição, objetivo,

atitudes.b. objetivo, atitudes, uso, conhecimentos, habilidades, produção, aquisição.c. objetivo, produção, aquisição, conhecimentos, habilidades, atitudes,

uso.d. uso, produção, aquisição, conhecimentos, habilidades, atitudes,

objetivo.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 96: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

95

c a p í t u l o 4

A multidisciplinaridade na gestão ambientalNe

nhum

a par

te de

sta pu

blica

ção p

oder

á ser

repr

oduz

ida po

r qua

lquer

meio

ou fo

rma s

em a

prév

ia au

toriza

ção d

a Edit

ora I

bpex

. A vi

olaçã

o dos

dire

itos a

utora

is é c

rime e

stabe

lecido

na Le

i nº 9

.610/1

998 e

punid

o pelo

art. 1

84 do

Cód

igo P

enal.

Page 97: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

C o n t e ú d o s d o c a p í t u l o :

• O aspecto multidisciplinar da gestão ambiental; • A influência da perspectiva biocêntrica e ecocêntrica na gestão ambiental; • A abordagem geossistêmica e a vulnerabilidade ambiental.

A p ó s o e s t u d o d e s t e c a p í t u l o , v o c ê s e r á c a p a z d e :

• compreender a importância da geotecnia ambiental nos processos de gestão;

• ampliar as interligações entre disciplinas para gerir os procedimentos de defesa ambiental;

• definir geossistema e ecossistema; • aplicar fundamentos do pensamento contemporâneo, como o biocen-

trismo e o ecocentrismo, na gerência ambiental; • localizar as situações de aplicabilidade da geologia* ambiental; • identificar os indicadores de vulnerabilidade ambiental.

* Geologia: abrange o conhecimento da estrutura terrestre e dos seus processos, bem como da origem mineral dos solos.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 98: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

97

O s i n s t r u m e n t o s d e d e f e s a a m b i e n t a l , q u e t ê m c o m o objetivo estabelecer um elo entre o meio ambiente degradado e a sua reparação, compreendem técnicas e mecanismos aplicados nas diferentes áreas do conhe-cimento, integrando diferentes conteúdos de forma pluridisciplinar, como se destaca nos vários enfoques dos capítulos desta obra. Nesse âmbito, é necessário, por exemplo, aprender, entre outros assuntos, sobre elementos do conhecimento técnico e metodológico dos indicadores de vulnerabilidade, bem como saber manejá-los em determinadas avaliações nas tomadas de decisão.

Portanto, podemos considerar que, além da capacidade administrativa e da fundamentação sociológica e filosófica, o gestor deve agregar ao processo de ges-tão (ato ou efeito de gerir) os conhecimentos da geotecnia ambiental, em que estão incluídos conhecimentos biológicos, físicos e antrópicos*.

Consideramos oportuno salientar que abordar a multidisciplinaridade na gestão ambiental é um fator relativo à tomada de consciência, pois estamos tratando, neste livro, de uma atividade administrativa – a gestão – que agrega, necessariamente, conhecimentos vários, por meio da contribuição de profissio-nais de outras esferas que não a da administração.

Esclarecemos isso porque, nesta obra, o enfoque central é a gerência ambien-tal e esta é a administração voltada para o enfrentamento das questões relacio-nadas com o meio ambiente, o que, por sua vez, implica abordar as conexões que se estabelecem com áreas diversas das tecnologias e das ciências, bem como com os parâmetros advindos da legisla-ção ambiental. A multidisciplinaridade, portanto, é um tema que não se esgota neste capítulo, mas que perpassa toda a obra, embora esta também não o esgote.

Contudo, a gestão gerencia, enquanto as ferramentas são oriundas das mais variadas áreas do conhecimento.

* Antrópico: relativo ou pertencente ao homem ou ao seu período de existência na Terra; concernente à ação do homem. No contexto do tema meio ambiente, o termo é adotado para se referir aos fatores sociais, econômicos e culturais.

Além da capacidade administrativa e da fundamentação sociológica e filosófica, o gestor deve agregar ao processo de gestão (ato ou efeito de gerir) os conhecimentos da geotecnia ambiental, em que estão incluídos conhecimentos biológicos, físicos e antrópicos. Ne

nhum

a par

te de

sta pu

blica

ção p

oder

á ser

repr

oduz

ida po

r qua

lquer

meio

ou fo

rma s

em a

prév

ia au

toriza

ção d

a Edit

ora I

bpex

. A vi

olaçã

o dos

dire

itos a

utora

is é c

rime e

stabe

lecido

na Le

i nº 9

.610/1

998 e

punid

o pelo

art. 1

84 do

Cód

igo P

enal.

Page 99: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

98

4 . 1 M e c a n i s m o s m u l t i d i s c i p l i n a r e s d e d e f e s a a m b i e n t a l

A c o m b i n a ç ã o e n t r e a c o n d i ç ã o d e a m e a ç a d e a c i d e n t e (probabilidade física) à exposição de uma comunidade (estrutura social) e sua condição de vulnerabilidade (os possíveis danos a que está sujeita a comunidade) caracteriza-se como risco na perspectiva ambiental. Diante desse cenário, você pode deduzir que realmente são necessários conhecimentos múltiplos para a gestão ambiental, pois faz parte de sua área de estudo prevenir e/ou sanar acidentes ambientais.

Podemos contextualizar esse cenário de atuação multidisciplinar em relação às interligações estabele-cidas com base em diversas discipli-nas, como a Geologia, por exemplo. Esta é uma das áreas de conheci-mentos fundamentais para que o gestor possa realizar um trabalho de gerência de um determinado meio ambiente, pois a interligação da ge-ologia ambiental (necessária nesse processo) faz-se principalmente com

os campos da geologia de engenharia, da geologia econômica (no que se refere aos recursos minerais) e dos processos geológicos. Só nesse exemplo de conexões encontramos cinco disciplinas, considerando que as quatro aqui citadas (todas da Geologia) colocam-se em função da gestão ambiental. Agora, você pode imagi-nar quantas interligações poderá fazer e quantas disciplinas poderá enumerar, se considerar os demais conhecimentos necessários para a gestão ambiental.

Perguntas e respostasVocê já havia pensado na possibilidade de os conhecimentos geológicos fa-zerem parte da gestão ambiental? Afinal, gestionar significa gerir, gerenciar. E o que significa geologia?O termo geologia, de acordo com o Dicionário Houaiss da língua portuguesa, tem a concepção de “ciência que estuda a origem, história, vida e estrutura da Terra” (Houaiss; Villar; Franco, 2001) e, também, a de “conjuntos de terrenos, rochas e fenômenos de que trata essa ciência”. Nesse âmbito das definições, ao nos re-ferirmos à geologia aplicada, estamos especificando-a e caracterizando-a como aquela que integra o conhecimento geológico para a solução de problemas. É nessa concepção que iremos inserir a geologia ambiental na gestão ambiental.

Consideramos oportuno salientar que abordar a multidisciplinaridade na gestão ambiental é um fator relativo à tomada de consciência, pois estamos tratando, neste livro, de uma atividade administrativa – a gestão – que agrega, necessariamente, conhecimentos vários, por meio da contribuição de profissionais de outras esferas que não a da administração.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 100: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

99

4 . 1 . 1 Contr ibuição da geo log ia ambienta l à ge stão

E x i s t e m v á r i a s d e f i n i ç õ e s p a r a e s s e r a m o d a g e o l o g i a , mas vamos nos pautar pela concepção de Flawn (1970), para quem a geologia ambiental é o ramo da ecologia que versa sobre as relações entre o homem e seu habitat* geológico. Ela se concentra em estudos e práticas cujo foco está nos problemas do homem com o uso da terra e a consequente reação da terra a tais ações antrópicas.

É importante, para entendermos a aplicação desses ramos da geologia no ce-nário brasileiro, abrirmos um parêntese para acompanhar a trajetória histórica da geologia aplicada. Foi na década de 1930 que se instaurou a prática metodo-lógica da geologia aplicada, por meio do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), cujas atividades eram centradas na construção civil: materiais de construção, boçorocas**, escorregamentos. Em 1967, foi criada a Associação Paulista de Geologia Aplicada (APGA), a qual, em 1974, por ocasião do 2º Congresso Internacional de Geologia de Engenharia, transformou-se em Associação Brasileira de Geologia de Engenharia (ABGE). Portanto, foi nesse período, nas décadas de 1960 e 1970, que ocorreu a consolidação da geologia aplicada em nosso país, em razão das atividades de construção de barragens e de obras viárias de grande porte. Nos anos de 1980, embora tenha existido a retração nos processos de construção de grandes obras de engenharia, avolu-maram-se as preocupações com os impactos ambientais, o que intensificou os trabalhos de geologia ambiental, sendo que essa demanda foi estimulada por determinações legais, como quando se estabeleceu a exigência de estudos de impacto ambiental, ou seja, da utilização do EIA/Rima, promulgadas pelo Conama, assunto sobre o qual iremos discorrer na sequência deste estudo.

E como podemos analisar o meio ambiente, por exemplo, utilizando a geologia? Em que situações isso ocorre?

Esse aspecto específico, entre as inúmeras ciências que contribuem para a nossa análise, tem uma área de abrangência que compreende:

• os fenômenos geológicos naturais que afetam o meio ambiente – tectonismo, vulcanismo, abalos sísmicos, variação do nível do mar;

• a interferência do homem em acidentes ambientais naturais – escor-regamentos de solo, erosão e enchentes.

* Habitat: local ou ambiente onde um organismo normalmente vive.** Boçoroca: sinônimo de voçoroca, isto é, “escavação no solo ou rocha decomposta

causada pela erosão do lençol de escoamento de águas pluviais” (Houais; Villar; Franco, 2001).

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 101: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

100

4 . 1 . 2 Como são ut i l izadas a s c i ênc ia s apl i cadas na prát i ca ambienta l

C o n s i d e r a n d o a s á r e a s d o c o n h e c i m e n t o q u e s e c a r a c -terizam como aplicadas e que se inserem na prática, na solução de problemas, é lógico perguntarmos: Como esses conhecimentos são aplicados? Como são utilizados? Em relação a isso, temos uma extensa área de abrangência, pois podemos observar tal uso em situações como as de:

• análise do meio ambiente; • estudo de infiltração de contaminantes pelo solo e pela interação solo-

-contaminante, bem como os efeitos oriundos desse processo, no com-portamento mecânico do solo (análise desse processo em solos tropicais, por exemplo);

• estudo de tecnologias de disposição de resíduos sólidos; • análise de opções de monitoração e remediação de solos contamina-

dos, como, por exemplo, técnicas de estabilização físico-química e de biorremediação.

Esse uso é um quadro de aplicação da geotecnia ambiental. Ele apresenta diferentes técnicas utilizadas como instrumentos de defesa do meio ambiente na gestão ambiental. Esse é um cenário no qual outra disciplina, a Geofísica, ganhou visibilidade com o seu emprego e desempenho na exploração do petróleo, não se restringindo, no entanto, a esse campo de uso. Trata-se de um domínio técnico – no qual se agregam a geotecnia, a sondagem e a geoquímica – extre-mamente importante em várias especificidades, operando por meio de:

• sondagem por radar; • processos sísmicos; • processos de indução geoelétricos.

No entanto, devemos estar cientes quanto ao fato de que a capacitação para utilizar tais ferramentas (geotecnia ambiental) não se encontra somente na conscientização da necessidade de se preservar ou recuperar o meio ambiente; ela passa por conhecimentos técnicos, pelo entendimento de aspectos básicos, como as concepções de ecossistema e de geossistema.

Os ecossistemas compreendem áreas específicas, constituídas por clima, solo e comunidades de plantas e animais, bem como pela inter-relação entre essas partes, de modo a permitir que o sistema funcione como um todo.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 102: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

101

Quando falamos em geossistema, estamos nos referindo à combinação de determinada superfície de um geoma (rocha, ar, água) e de uma biocenose* (conjunto de organismos em interação em um mesmo biótipo**; comunidade), bem como considerando que as suas estruturas e o seu funcionamento sofrem fortes variações interanuais. Corresponde, portanto, o geossistema à visão sis-têmica na geografia física.

Nessa conjuntura, conforme Beroutchachvili e Bertrand (1978), geossistema é “um conceito territorial, uma unidade espacial bem delimitada e analisada numa escala dada: o geossistema é bem mais amplo que o ecossistema que vem a ser, assim, uma parte do sistema geográfico natural”. Essa é uma discussão que você pode ampliar, e à qual pode agregar diferentes opiniões.

No estudo de tal enfoque, faremos um breve parêntese para analisar o que sejam essas duas concepções (ecossistema e geossistema). Assim, buscamos ampliar nossa visão multidisciplinar da gestão socioambiental.

4 . 1 . 3 Contr ibuiçõe s do e studo dos ecossi s temas

E s s e s s i s t e m a s n ã o s ã o f e c h a d o s . E m b o r a d i f e r e n t e s , eles compartilham elementos com outros ecossistemas pela própria condição de fazerem parte de um todo (biosfera***). Por exemplo: sementes que podem ser levadas de uma região para outra, animais que atravessam os espaços geográficos, nutrientes contidos no solo e distribuídos em várias áreas, bem como a água, o sol, a chuva etc.

É importante destacarmos que a delimitação de um ecossistema depende do nível de estudo que estivermos realizando. Lembramos ainda, conforme o infográfico, que é a reunião de todos os ecossistemas que constituem a biosfera.

* Biocenose: conjunto de seres vivos (animais, plantas e micro-organismos) dentro de um mesmo ambiente (biótopo) e em equilíbrio dinâmico. É o mesmo que comunidade biológica ou biótica.

** Biótipo: conjunto de características fundamentais, comuns ou semelhantes, de grupos de indivíduos.

*** Biosfera: bios vem do grego e significa “vida”. A biosfera abrange certo espaço acima e abaixo da superfície do planeta. Segundo o Dicionário Houaiss de língua portuguesa, é o conjunto de todas as partes do planeta Terra onde existe ou pode existir vida, e que abrange regiões da litosfera, da hidrosfera e da atmosfera; é a chamada ecosfera. Também pode ser definida como o conjunto de seres vivos existentes na superfície terrestre; parte sólida e líquida da Terra e de sua atmosfera onde é possível a vida. Sistema integrado de organismos (vivos e seus suportes), compreendendo a atmosfera circundante e o interior da Terra onde possa existir qualquer forma de vida. Por fim, é a área de vida do planeta.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 103: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

102

Ecossistema é, portanto, uma fração da biosfera possível de ser estudada ou analisada, de forma isolada. Nesse cenário, podemos dizer que um pân-tano, um lago ou um trecho de Mata Atlântica constituem-se em ecossistemas distintos. Isso, de forma sucinta, significa que naqueles espaços geográficos existe uma diversidade – um conjunto – própria de seres vivos que se relacionam entre si, constituindo o processo de manutenção daquele meio.

Figura 4.1 – Os níveis de organização na ecologia

1. Biosfera2. Ecossistema3. Comunidades4. Populações5. Indivíduos6. Sistemas de órgãos7. Órgãos8. Tecidos9. Células10. Organelas11. Moléculas

11

10

98

7

6

54

32

1

Equilíbrio nos ecossistemas

A p r o d u ç ã o d e u m s i s t e m a a m b i e n t a l p o r u n i d a d e d e tempo é proporcional à quantidade (massa) de matéria disponível, à quantidade de energia necessária para a transformação e, visto que a fonte de matérias-primas é esgotável, à sua taxa de renovação. Nesse processo, os principais agentes de influência são:

• a energética da produção primária (organismos autótrofos); • o equilíbrio térmico e hídrico;

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 104: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

103

• o armazenamento de energia (húmus*); • a energia da produção secundária (matéria orgânica por heterótrofos**); • a interação de autótrofos*** e heterótrofos (transferência de nutrientes).

Devemos considerar, nessa dinâmica de equilíbrio dos ecossistemas, além dos fatores de influência, também os chamados significados de estabilidade: constância, persistência, inércia, elasticidade, amplitude, ciclo e trajetória. Essas caracterís-ticas são determinantes fundamentais nos processos dos sistemas ambientais, na sua fixação e na sua evolução:

• Constância – ausência de mudanças nos parâmetros do sistema ambiental, como, por exemplo, no número de espécies, na composição taxonômica, na estrutura em tipos biológicos de uma comunidade, ou em alguma ca-racterística do ambiente físico.

• Persistência – tempo (prazo) de sobrevivência de um sistema ambiental ou de alguns de seus componentes. Nesse sentido, uma população poderia ser considerada mais “estável” que outra se o tempo médio (persistência) até a sua extinção for maior, por exemplo.

• Inércia – capacidade de um sistema ambiental para resistir às pertur-bações externas. Nessas condições, as mudanças podem medir-se em vários parâmetros ou variáveis, que incluem todas as características da estabilidade aqui mencionadas. Na estrutura da rede trófica****, mudanças iguais na abundância de uma das espécies produzem mudanças distintas (caracterizando a capacidade inercial destas) nas abundâncias das demais, (similar à flexibilidade).

* Húmus: produto da decomposição microbiana e química dos detritos orgânicos, cuja composição química é muito variável. Atua, em geral, como ácido orgânico bivalente com cerca de 60% de H, 3% de N e 2% de S, P, Ca, Fe e K e outros elementos. Quando quase saturado de Ca (cálcio), constitui terras ricas. Solúvel, em grande parte, em hidróxidos alcalinos, mas insolúvel em hidróxidos alca-lino-terrosos e em ácidos.

** Heterótrofo: organismo que necessita, no meio em que vive, de compostos orgâ-nicos para sua nutrição.

*** Autótrofo: diz-se de organismo autotrófico (vegetal autotrófico), que é capaz de produzir seu próprio alimento a partir de compostos inorgânicos e com a utili-zação de uma fonte de energia.

**** Rede trófica: é o conjunto formado por várias cadeias tróficas que, por força de suas estruturas, naturezas e disposições no ecossistema, sobrepõem-se e interligam-se parcialmente, apresentando-se como uma trama sem início nem fim, em razão de sua complicada aparência, imposta pelas relações entre seus níveis tróficos.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 105: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

104

• Elasticidade – velocidade com a qual um sistema ambiental retorna a seu estado anterior após uma perturbação. Existe, em nível formal, a possi-bilidade de comparar elasticidade de uma maneira quantitativa (modelos matemáticos).

• Amplitude – superfície sobre a qual um sistema ambiental é estável. Um sistema tem uma amplitude elevada se puder alterar consideravelmente seu estado prévio e retornar a ele. Esse processo tem sido descrito, muitas vezes, como estabilidade global e é de particular interesse para vários pro-blemas ecológicos aplicados, como perícia e auditoria ambiental.

• Estabilidade cíclica – propriedade de um sistema ambiental de realizar ciclos ou oscilar ao redor de algum ponto ou zona central de determinado sistema. Alguns importantes processos de interação ecológica, notavel-mente os sistemas predador-presa, têm essa propriedade, que se tem de-nominado ciclo limite estável.

• Estabilidade de trajetória – propriedade de um sistema ambiental de al-terar algum ponto ou zona final, apesar das diferenças no ponto de partida. Esse é o significado de estabilidade durante a sucessão ecológica, na qual se pode alcançar um único estágio-clímax a partir de vários pontos de partida.

Afinal, que leis e sistemas operam nesse processo? Por exemplo: nesse pa-norama, o da continuidade da vida, um fato que chama a atenção da humanidade é o aquecimento global. Por meio dele, percebemos a mudança climática, em re-lação aos efeitos dos organismos da fauna e da flora, principalmente com a redução dos seus habitats e seus processos de ex-tinção. Nesse caso, o aquecimento global age como mecanismo de persistência junto ao ecossistema. Isso significa que, apesar dessa tamanha crise ambiental, as es-pécies procuram sobreviver mesmo em severas condições ambientais. Você já pensou sobre isso?

4 . 1 . 4 Contr ibuiçõe s da abordagem geossi s têmica

A a p l i c a ç ã o d a t e o r i a d o s s i s t e m a s à g e o g r a f i a f í s i c a deu origem à abordagem do geossistema. Nesse contexto, aplica-se a definição

Com

stoc

k

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 106: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

105

de Bertrand (1971), segundo a qual, o meio é “o resultado da combinação dinâmica, portanto instável, de elementos físicos, biológicos e antrópicos que, ao reagir uns em relação aos outros, fazem da paisagem um conjunto único e indivisível em evo-lução perpétua”. O que isso significa? Principalmente que a concepção de ação antrópica foi aglutinada, acrescentada, ao conceito inicial de complexo territorial natural, pois este compreende apenas aspectos correspondentes à geologia, ao clima, à geomorfologia, à pedalogia e à capacidade da biótica (flora e fauna naturais).

Nesse contexto, também é importante ficar claro, de acordo com Dias e Santos (2007), que, “na análise geossistêmica, o geossistema é uma categoria de sistemas territoriais regido por leis naturais, modificados ou não pelas ações antrópicas” [grifo nosso].

Aqui, é importante fazermos um parêntese para melhor entendermos o pa-pel epistemológico de geossistema. A teoria geral dos sistemas de Bertalanffy (desenvolvida nos anos 1950) teve repercussão em todas as áreas de estudos, e a geografia não ficou imune à influência desse tipo de análise. Jean Tricart, ao realizar a “classificação ecodinâmica dos meios ambientes”, reconheceu o papel da teoria sistêmica no âmbito da geografia. Em 1977, ele declarou que o “conceito de sistema é, atualmente, o melhor instrumento lógico de que dispomos para estudar os problemas do meio ambiente” (Tricart, 1977, p. 17).

Equilíbrio biogeocenótico

O q u e o b s e r v a m o s n o e q u i l í b r i o b i o g e o c e n ó t i c o é a atividade geomorfológica e biogeocenótica na composição diferenciada das pai-sagens naturais e construídas. A formação dessas áreas ou geossistemas não ocorre, portanto, ao acaso: é determinada por aspectos oriundos tanto das deci-sões humanas quanto das leis da natureza. As diferenciações decorrentes dessas influências (humanas e do meio físico-natural) podem ocorrer, algumas vezes, de forma repentina e bem definida; outras vezes, acontecem gradualmente.

Neste último caso (modo gradual), ocorrem espaços de transição com graus de variações de certas características, possibilitando que surjam áreas de transição entre duas comunidades vizinhas, as quais se fixam como novos espaços definidos – diferenciados ou mistos – do seu meio ambiente de origem, como, por exemplo, entre uma floresta e uma pradaria (os espaços formados dessa forma chamam-se ecótonos). Isso torna possível a inserção, dentro da mesma unidade elementar (área em transição), tanto de uma clareira de pastagens como de um campo agrícola ou de uma mancha florestal – variações que, de modo gradual, modificam a paisagem.

Nesse âmbito, as inter-relações entre produtores e consumidores estão de-terminadas por seu número, pela efetividade com que a energia é aproveitada pelos níveis tróficos inferiores, pela velocidade de renovação das populações

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 107: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

106

dominantes, pela capacidade dos produtores de renovar a produção consumida e pela relação entre a energia que se necessita para a manutenção e a que se encontra disponível para a produção nas espécies dominantes das distintas cadeias tróficas*.

O panorama descrito nos permite inferir que, nesse processo de equilíbrio biogeocenótico, no qual prevalece a visão biocêntrica, englobando homem e na-tureza, existem vários agentes de influência. Entre eles, destacam-se:

• as diferenças entre biomas; • a influência das flutuações da população; • a influência dos consumidores sobre a produção primária; • as diferenças entre a ação dos consumidores homeotérmicos** e dos

pecilotérmicos.

Portanto, ao realizarmos a análise de uma área territorial, devemos observar suas origens, influências biofísicas, funcionais e estéticas. A ótica contemporâ-nea privilegia essa ética multidimensional, uma vez que o panorama terrestre não é uniforme e se estruturar com base em relações pluralísticas que situam, delineiam e distinguem um determinado geossistema.

Para saber maisSe você quiser aprofundar seu conhecimento sobre a visão sistêmica e a concei-tuação teórica e metodológica do geossistema, seria interessante ler os seguintes textos:

TROPPMAIR, H. Biogeografia e meio ambiente. 7. ed. Rio Claro: Ed. da Unesp, 2007.

TROPPMAIR, H.; GALINA, M. H. Geossistemas. Mercator. Revista de Geografia

da Universidade Federal do Ceará, ano 5, n. 10, 2006. Disponível em: <http://www.

mercator.ufc.br/index.php/mercator/article/viewFile/69/44>. Acesso em: 1º set. 2011.

4 . 1 . 5 As contr ibuiçõe s do pensamento contemporâneo para a ge stão ambienta l

A s s i m , e m e r g i n d o d e s u c e s s i v o s p o s i c i o n a m e n t o s e m relação ao meio ambiente (concernentes ao pensamento dominante em cada época

* Cadeias tróficas: também chamadas de cadeias alimentares, são representadas pela consecução das relações alimentares de um grupo de organismos por outros, o que forma níveis tróficos englobando os produtores, os consumidores e os decompositores.

** Consumidores homeotérmicos: consumidores de temperatura constante, independentemente da temperatura ambiente.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 108: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

107

da civilização), os quais Siqueira (2002) classifica em sete períodos distintos, che-gamos ao século XXI, ainda buscando, em muitos lugares, fazer valer a visão biocêntrica ao mesmo tempo em que avançamos para a visão ecocêntrica. O processo evolutivo desses dois modos de pensar a problemática ética-ambiental fica bem definido na caracterização do sexto e do sétimo períodos, conforme delineado por Siqueira (2002, p. 15-17):

O sexto momento é o “biocêntrico”, surge no final do século XIX e evolui através do século XX, sua marca está na valorização da vida, nos aspectos evolutivos dos organismos vivos e no extraordinário avanço das ciências da vida, como a genética e seus processos de clonagem, por exemplo.O sétimo e último momento é o “ecocêntrico”, é um novo momento na cultura ocidental, está em construção, sua preocupação é com o meio ambiente e as questões sociais, desde a escala micro até a escala macro da problemática ambiental e social do planeta Terra. O eco-centrismo vai tentar articular os inúmeros fragmentos do fenômeno da globalização atual, o ecocentrismo é um processo de construção de valores éticos, para a construção de uma cidadania, apesar de seu processo global, ele age no local, no regional. [grifo nosso]

Nesse contexto, partindo da valorização da vida, surgem novas perspectivas, novos parâmetros que fundamentam a gestão ambiental na busca por um equi-líbrio entre, de um lado, a preservação de traços socioambientais particulares e regionais e, de outro, o processo de interação global.

Isso faz com que a humanidade, a começar por aqueles que estão envolvidos nos procedimentos de gestão ambiental, busque novos valores éticos. É o que se denominou de ética multidimensional, sobre a qual provavelmente muito ainda está para ser construído, mas cujas bases já estão lançadas:

• visão sistêmica do meio ambiente; • redirecionamento dos focos econômico, social e político (com processos

mais justos e igualitários), privilegiando o desenvolvimento sustentável; • novos conceitos científicos; • observação e respeito às inter-relações e às interdependências; • menor consumo de recursos naturais; • desenvolvimento de tecnologias adaptadas aos ecossistemas e às regiões

específicas; • implantação da gestão ambiental participativa e da educação ambiental.

Obviamente, embora tenhamos destacado a gestão e a educação ambiental, bem como o desenvolvimento sustentável, a implantação de tais processos só é

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 109: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

108

possível se observarmos os demais aspectos que envolvem a complexa teia das estruturas socioambientais pela perspectiva da valorização da vida, como a entendemos aqui: visão biocêntrica e não antropocêntrica, enquanto cami-nhamos, como já foi dito, para a construção do ecocentrismo.

4 . 2 Vu l n e r a b i l i d a d e a m b i e n t a l

To d o s o s a s p e c t o s l e v a n t a d o s e a n a l i s a d o s n o s i t e n s anteriores justificam-se em função da vulnerabilidade ambiental. Esta pode ser analisada por meio da observação e da mensuração da pressão das atividades humanas sobre o meio ambiente ou sobre o ecossistema local (atividades que comprometem a estabilidade natural), bem como pelas condições da própria natureza. Nesses procedimentos, utilizando-se de ferramentas de análise, como os vários aspectos de intervenção do conhecimento a que já nos referimos, os técnicos poderão chegar a conclusões referentes aos danos ambientais causados por um determinado empreendimento.

Nesse cenário, as pressões sobre o meio ambiente (considerando especifica-mente os fatores provocados pela ação humana) que provocam a vulnerabilidade ambiental são:

• a pressão industrial; • a pressão agrícola; • a pressão urbana.

O que existe de comum a esses três aspectos de pressão sobre o meio é a ação antrópica, a qual pode causar impactos ou resultar em desastres ambientais.

Na interligação desses três fatores que podem desencadear a vulnerabilidade do meio ambiente, podemos observar a degradação do potencial agrícola de várias regiões. Nessa degradação, percebemos o efeito dos constantes processos erosivos negativos, como a construção urbana, ou mesmo de indústrias, em terras com condições próprias para a agricultura. Outras situações constatadas nesse cenário são as de obras que acabam por interferir nos ecossistemas, ao abranger extensas regiões, e as de uso indevido de determinados agrotóxicos ou de formas erradas de manejo agrícola. Aliás, você já deve ter ouvido falar sobre a desertificação da Amazônia motivada pelo mau uso do solo. É algo para refletirmos.

Nessa conjuntura em que encontramos a vulnerabilidade ambiental versus as atividades antrópicas, um dos mais graves problemas a ser solucionado é o das águas residuais. Os esgotos, tanto de origem doméstica como indus-trial, são, em sua quase totalidade, lançados nas águas dos rios. Um exemplo bem característico de tal situação é a do rio Tietê, em São Paulo, com o seu elevado grau de poluição. No entanto, infelizmente, em outros lugares do país a

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 110: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

109

situação não é diferente. Grande parte dos municípios e das indústrias do país não apresentam solução para esse problema, pois “estações de tratamento de águas residuais” em perfeito funcionamento, devidamente adequadas, não se veem com frequência; pelo contrário, elas são, por assim dizer, quase utópicas. Enquanto isso, os rios estão sendo mortos (afetados em seu equilíbrio natural) e com eles a vida que lhes é própria com todas as suas interligações (ecossistema).

4 . 2 . 1 Indicadore s de vu lne rabi l idade

Para avaliar a condição de vulnerabilidade de determinado ambiente, exis-tem vários indicadores, que são classificados em:

• indicadores de sensibilidade do solo; • indicadores de sensibilidade do clima e da atmosfera; • indicadores de sensibilidade de águas interiores*; • indicadores de sensibilidade da vegetação; • indicadores de sensibilidade da fauna.

Sustentando-nos em Araujo et al. (2005), devemos nos ater, de modo mais aprofundado, em cada um desses indicadores, conforme demonstramos a seguir.

Indicadores de sensibilidade do solo

É c o n s e n s o c o n s i d e r a r m o s q u e o s i n d i c a d o r e s d e s e n -sibilidade do solo constituem conjunto de dados que fornecem a condição para avaliar a situação de determinado terreno, no que concerne à sua situa- ção em questões básicas: espessura ou profundidade do solo, textura, estrutura, capacidade de retenção hídrica e de infiltração, erodibilidade** e drenabilidade. Essas condições constituir-se-ão em fatores que autorizam ou restringem prá-ticas específicas, a saber:

• espessura ou profundidade do solo – constitui-se em fator que facilita, inibe ou impede o desenvolvimento das raízes das plantas;

• textura – representa um fator que irá determinar o uso ou o não uso do solo para fins agrícolas;

• estrutura – apresenta fatores relativos às condições de armazenamento e de filtração da água no subsolo;

* Águas interiores: também chamadas de águas territoriais, dizem respeito à presença da água no litoral, como baías, portos, abras, recôncavos, estuários, enseadas, assemelhadas aos lagos e rios.

** Erodibilidade: suscetibilidade de um solo à erosão.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 111: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

110

• capacidade de retenção hídrica e de infiltração – define a condição de se desenvolver, ou não, culturas cíclicas ou perenes;

• erodibibilidade e drenalidade – informa os fatores de condições dos usos que são associados ao indicador estrutura.

Indicadores de sensibilidade do clima e da atmosfera

O s i n d i c a d o r e s d e s e n s i b i l i d a d e c l i m á t i c a , s e a o r i g e m dos danos estiver em ações provocadas pelo homem, podem ser agrupados em dois tipos:

• o de sensibilidade aos componentes físicos; e • o de sensibilidade em relação à constituição da atmosfera.

No entanto, há ocasiões em que os dois tipos de sensibilidade estão intrinse-camente associados. Assim, uma alteração na composição química atmosférica pode modificar o clima; em situação oposta, uma alteração em algum elemento físico do clima pode mudar a composição atmosférica. Nesse contexto, os indi-cadores se expressam em aspectos como:

• estabilidade do microclima* – depende dos ciclos diurnos da tempe-ratura, da umidade, da radiação solar, dos ventos, dos balanços de água e de energia etc.;

• estabilidade do ciclo hidrológico** e do clima regional – está ligada a mudanças nos padrões das chuvas, dos ventos, da temperatura, da umi-dade, da duração das estações etc.;

• equilíbrio do sistema florestal – depende da manutenção da vegetação; • estabilidade da composição da atmosfera – está sujeita a queimadas,

inversão térmica, efeito estufa, concentração de poluentes etc.

Nesse sentido, o Quadro 4.1, que apresentamos a seguir, oferece uma visua- lização objetiva da relação entre os componentes naturais e os indicadores de sensibilidade de estado do clima e da atmosfera, constituindo-se em um padrão interessante e importante para uma análise técnica, considerando a situação aqui abordada.

* Microclima: clima local em um espaço muito reduzido ou micro-habitat. Pode-se considerar como um microclima as condições existentes no interior de uma ca-verna, por exemplo.

** Ciclo hidrológico: movimento da água pelo ecossistema. Esse ciclo depende da capacidade de a água estar presente nas formas líquida e gasosa. O ciclo tem quatro fases: evaporação, condensação, precipitação e deflúvio.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 112: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

111

Quadro 4.1 – Exemplos de indicadores de estado do clima e da atmosfera

Componente natural

Indicadores Observações

Microclima

Ciclos diurnos de temperatura, umidade, radiação solar, ventos; balanços de água e energia; temperatura e umidade do solo (até um metro de profundidade).

A temperatura da superfície é o melhor indicador, devido à praticidade de obtenção.

Ciclo hidrológico e do clima regional

Padrões (espaciais e temporais) das chuvas, ventos, temperatura, umidade; alteração na frequência da ocorrência de extremos e na duração da estação seca.

As vazões dos grandes rios são os melhores indicadores, porque integram a precipitação***** de enormes extensões.

Sistema florestal

Vegetação nas áreas de transição entre os biomas* ou entre as expressões vegetais do mesmo bioma do indivíduo (fenologia**, taxa fotossintética***, produtividade, estratégia de reprodução, suscetibilidade a doenças e perda de variedade genética) e na comunidade (mudanças na fisionomia****, perda ou substituição de espécies, invasão de espécies exóticas, perdas de extratos e mudança no índice de área foliar).

* Bioma: amplo conjunto de ecossistemas terrestres caracterizados por tipos de vegeta-ção fisionomicamente semelhantes. No Brasil, existem os seguintes grandes biomas: floresta amazônica, floresta atlântica, cerrado, caatinga, floresta de araucária, cam-pos e zonas de transição (Pantanal e zona costeira). O termo bioma é usado para denominar um grande sistema biológico ou ecossistema de proporções regionais e até subcontinentais (caracteriza-se pela existência de um tipo específico).

** Fenologia: estudo das características que se referem às datas, nas diversas fases de cultivo do arroz – data de emergência, de floração, de emissão de panícula e de ciclo.

*** Taxa fotossintética: intensidade do processo de fotossíntese que a planta realiza.**** Fisionomia: feições características no aspecto de uma comunidade vegetal.

***** Precipitação: queda de água meteórica em estado líquido ou sólido.

(continua)Ne

nhum

a par

te de

sta pu

blica

ção p

oder

á ser

repr

oduz

ida po

r qua

lquer

meio

ou fo

rma s

em a

prév

ia au

toriza

ção d

a Edit

ora I

bpex

. A vi

olaçã

o dos

dire

itos a

utora

is é c

rime e

stabe

lecido

na Le

i nº 9

.610/1

998 e

punid

o pelo

art. 1

84 do

Cód

igo P

enal.

Page 113: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

112

Componente natural

Indicadores Observações

Composição da atmosfera

Quantificação de queimadas (focos, área, biomassa******); frequência e altura das inversões térmicas; concentrações de poluentes na atmosfera: Hg vapor, CO2, CO, O3, CH4, H2O, NO, SO2, H2S, hidrocarbonetos, agrotóxicos, material particulado.

A quantificação das queimadas, seja em área total ou em quantidade de biomassa envolvida nos processos de combustão, é o indicador mais óbvio da qualidade do ar em relação à emissão de poluentes pelas queimadas.

Fonte: Araujo et al., 2005, p. 14.

Indicadores de sensibilidade de águas interiores

A d e s e s t a b i l i z a ç ã o d o s e c o s s i s t e m a s a q u á t i c o s t e m s e mostrado um fator corriqueiro, em consequência de várias atividades do ser humano, constituindo-se em um fato divulgado e conhecido. No entanto, em uma análise técnica da qualidade das águas, devemos considerar que os aspec-tos analisados são complexos e exclusivos de cada situação. Devemos, pois, levar em consideração a região ou microrregião em sua singularidade e seus fatores biogeoquímicos. Na análise da sensibilidade de águas interiores, os principais indicadores dos danos resultantes dos usos antrópicos são:

• poluição por salinidade; • poluição tóxica – metais pesados, organoclorados* e outros defensivos

agrícolas, óleos e graxas, fenóis** etc.;

* Organoclorados: inseticidas orgânicos sintéticos que contêm, em suas moléculas, átomos de cloro, de carbono e de hidrogênio. Exemplos: DDT, Aldrin e Dieldrin.

** Fenóis: grupo de compostos aromáticos, com um grupo hidroxila ligado dire-tamente ao núcleo benzênico. Eles são altamente tóxicos aos organismos vivos ou durante a ingestão do iodo. Não obstante, em determinadas condições, eles podem ser decompostos por tratamento biológico.

****** Biomassa: conjunto constituído pelos componentes bióticos de um ecossistema.

(Quadro 4.1 – conclusão)

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 114: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

113

• poluição orgânica – eutrofização*, coliformes fecais e totais, cor, turbidez; • poluição por sólidos dissolvidos ou em suspensão – descarga sólida, sólidos

suspensos e dissolvidos, mudanças hidráulicas e na morfometria dos rios.

Considerando que as atividades humanas responsáveis por esses tipos de da-nos são, entre outras, a silvicultura, a pecuária, a agricultura, a mineração, as obras de infraestrutura e as construções urbanas e industriais, torna-se fácil perceber a complexidade da situação, pois tais empreendimentos são necessários para a sobrevivência. No entanto, devemos destacar que, justamente por isso, a gestão ambiental se impõe como fator de relevância para o equilíbrio socioambiental.

Nesse tipo de gestão, o que se busca são as possibilidades de controle, o en-frentamento do problema para se encontrar as soluções, como: práticas adequa-das na agricultura e no manejo pastoril; controle ambiental dos garimpos e da erosão; adoção de novas tecnologias adequadas à preservação do meio ambiente; tratamento de resíduos; planejamento do desenvolvimento das áreas urbanas; estudos de impacto ambiental, entre outros.

Indicadores de sensibilidade da vegetação

O s l i m i t e s d e t o l e r â n c i a d a v e g e t a ç ã o à s a l t e r a ç õ e s ou às interferências desordenadas nas características de seu meio físico são in-dicados por aspectos como:

• a mudança no padrão fenológico; • a taxa de fotossíntese; • a produtividade; • a estratégia reprodutiva; • o aumento da suscetibilidade a doenças; • as perdas de estratos**;

* Eutrofização: aumento da concentração de nutrientes na água natural, doce ou salgada, decorrente de um processo de intensificação do fornecimento ou de produção de nutrientes (principalmente nitratos e fosfatos), o que acelera o cres-cimento de algas e de formas mais desenvolvidas de vegetais e a deterioração da qualidade da água. Esse processo, quando provocado pelo lançamento de águas residuárias, ou dos afluentes do seu tratamento, em um lago, constitui um dos principais problemas no gerenciamento dos recursos hídricos.

** Estrato: possui características idênticas às reservas biológicas, mas permite alterações antrópicas, com finalidade de pesquisa ou outras atividades, em até 10% da sua área, desde que não coloque em perigo a sobrevivência das espécies ali existentes.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 115: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

114

• a mudança completa na fisionomia; • a mudança na cobertura.

Nesse cenário, a desestabi-lização do ecossistema de uma área ou região (biota) pode de-correr de consequências de or-dem direta ou indireta das ações inadequadas do ser humano no meio físico-natural. O desequilí-brio, provocado dessa forma, traz consigo, entre outros aspectos: a perda da biodiversidade; altera-

ções na distribuição da temperatura; a proliferação de pragas e de doenças; o desenvolvimento de espécies exóticas (ou espécies invasoras, que destroem as es-pécies nativas); a ativação e a dinamização de processos erosivos; a contaminação de aquíferos; o assoreamento de cursos de água; a deterioração das condições de fertilidade dos solos e as voçorocas.

Indicadores de sensibilidade da fauna

Q u a n d o r e a l i z a m o s u m a a n á l i s e t é c n i c a d o s i n d i c a -dores da sensibilidade da fauna, existem procedimentos que provocam alterações no meio físico-natural desta.

Nesses processos, devemos considerar escalas de mensuração temporal e espa-cial, nas quais, necessariamente, ocorre a interferência de aspectos da vegetação presente. Entre os indicadores que são utilizados para detectar as condições de qualidade da fauna, destacamos:

• o tamanho e a distribuição espacial da população; • a probabilidade de desastres naturais; • o número de espécies; • as estruturas de cadeias alimentares/nível trófico*; • o tempo de existência da comunidade; • as taxas de extinção de espécies; • o potencial reprodutivo.

Quando falamos de fauna, estamos nos referindo aos mais diversos portes das espécies, com variados períodos de vida (variação relativa à diversidade de

* Nível trófico: posição ocupada por um organismo na cadeia alimentar (produtor primário, decompositor, entre outros).

Considerando que as atividades humanas responsáveis por esses tipos de danos são, entre outras, a silvicultura, a pecuária, a agricultura, a mineração, as obras de infraestrutura e as construções urbanas e industriais, torna-se fácil perceber a complexidade da situação, pois tais empreendimentos são necessários para a sobrevivência.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 116: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

115

espécies). Isso significa que uma análise dos fatores desestabilizadores desse pro-cesso é complexa, pois são inúmeros os fatores que influenciam a sensibilidade das espécies e das comunidades. Ressalta-se o fato de a sensibilidade da fauna à ação antrópica refletir-se, principalmente, no fator população: alterações na composição, na extinção em uma determinada região ou no aumento da população de uma espécie específica.

Você já observou como ocorre a urbanização em nosso país? Considerando os fatores e os indicadores analisados até aqui, e se observamos nosso entorno, a resposta parece unânime: de forma desordenada, principalmente nas regiões metropolitanas das capitais.

Nesse contexto, claramente a questão da vulnerabilidade am-biental torna-se crítica, pois, com o crescimento populacional, as áreas preservadas, ou seja, os ambientes de reprodução de animais e uma quan-tidade significativa de organismos florestais sofrem a supressão provo-cada pela ação antrópica sem plane-jamento por parte do Poder Público, que em determinadas ocasiões é o próprio motivador desses processos. Portanto, este se constitui em um mo-mento propício para refletir sobre os dados, os enfrentamentos necessários, bem como as perspectivas socioambientais a que estamos expostos.

S í n t e s e

A p r e s s ã o d a s a t i v i d a d e s h u m a n a s s o b r e o m e i o a m -biente atinge a vulnerabilidade ambiental, a qual, por sua vez, exerce influên-cia nas relações entre populações e organismos da fauna e da flora e provoca a degradação ambiental. Nesse contexto, uma das alternativas destacadas para a verificação do nível de degradação ambiental é a adoção de indicadores de vul-nerabilidade, os quais possibilitam que autoridades e técnicos possam avaliar e buscar soluções para os problemas ambientais. Assim, por meio dos instrumentos de defesa do ambiente na gestão ambiental, lançamos a base fundamental deste estudo, ou seja, técnicas e métodos para a avaliação do ecossistema ou de uma determinada área. Consideramos tal abordagem extremamente importante, pois, com o avanço significativo da tecnologia, encontramos uma série de instrumentos

Lev

endu

la

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 117: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

116

que podem medir o impacto ambiental e, ao mesmo tempo, encontrar signifi-cados para a sua vulnerabilidade e/ou estabilidade. Por outro lado, os desastres ambientais comprovam que o modelo de exploração do meio ambiente que o homem adotou deve ser repensado. As agressões são constantes e, por isso, ne-cessitamos conhecer e estabelecer mecanismos para a recuperação dos ambientes degradados, o que implica uma abordagem ou atuação multidisciplinar. Essa é uma necessidade concreta e urgente.

Q u e s t õ e s p a r a r e f l e x ã o

C o n s i d e r a n d o o s d o i s t r e c h o s d e d o c u m e n t o s d e o r i e n -tação da administração pública, transcritos a seguir, o que nós já discutimos até aqui, a sua observação do local em que vive e o que você tem de informações sobre a realidade de diversas regiões do país, reflita sobre o que ocorre no nosso meio em relação à gestão ambiental.

A Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental (SNSA)

A Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental (SNSA) tem como meta promover um significativo avanço, no menor prazo possível, rumo à universalização do abastecimento de água potável, esgota-mento sanitário (coleta, tratamento e destinação final), gestão de resíduos sólidos urbanos (coleta, tratamento e disposição final), além do adequado manejo de águas pluviais urbanas, com o consequente controle de enchentes. (Brasil, 2011b)

No manual do Programa Nacional de Capacitação de Gestores Ambientais, consta que:

B. Gerir quer dizer administrar, dirigir, manter determinada situa-ção ou processo sob controle para obter o melhor resultado. Realizar a gestão do meio ambiente significa executar uma série de ações, de forma encadeada e articulada, que resultem em:

• maior consciência sobre as consequências da atuação humana sobre o ambiente; e

• adoção de práticas e de comportamentos que melhorem essa atuação. (Ceará, 2011, grifo nosso)

1. Você já observou se essa preocupação com o saneamento é traduzida por fatos objetivos, por ações? E mais, você considera que tais medidas de suporte urbano e de conscientização educacional implicam atividades multidisciplinares?

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 118: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

117

2. Especificamente sobre o manejo das “águas pluviais urbanas”, qual é a sua opinião? Você acredita que elas sejam fatores importantes para prevenir os aspectos vulneráveis de um determinado local? E para as enchentes, quais medidas você proporia?

Q u e s t õ e s p a r a r e v i s ã o

1. Geologia ambiental é o ramo da ecologia que trata das relações entre o ser humano e seu habitat geológico; ela se ocupa, por exemplo, dos problemas do homem com o uso da Terra – e a reação da Terra a esse uso. A geologia ambiental inclui os ramos tradicionais da geologia de engenharia e da geologia econômica, ou uma pequena parte desta última, referente aos recursos minerais. Você pode relatar algumas situações em que podemos utilizar a geologia para analisar o meio ambiente?

2. A vulnerabilidade ambiental pode ser analisada com base na pressão das atividades humanas sobre o meio físico-natural. Nesse contexto, relacione quais são os indicadores de vulnerabilidade.

3. Em relação aos indicadores da sensibilidade do clima e da atmosfera, as-sinale “V” para as proposições verdadeiras e “F” para as falsas:( ) Estabilidade do microclima (ciclos diurnos de temperatura, umidade,

radiação solar, ventos, balanços de água e energia etc.).( ) Estabilidade dos recursos não renováveis.( ) Estabilidade do ciclo hidrológico e da temperatura média do globo

terrestre (mudança nos padrões das chuvas, dos ventos, da tempera-tura, da umidade etc.).

( ) Estabilidade da composição da atmosfera (queimadas, inversão térmica, efeito estufa, concentração de poluentes etc.).

( ) Equilíbrio do sistema de sustentabilidade espacial e econômica.

A sequência correta é:a. V, F, F, V, F.b. F, F, V, V, F.c. V, F, V, F, V.d. F, V, F, V, F.

4. No que se refere aos significados de estabilidade, podemos dizer que:i. Constância é a ausência de mudanças nos parâmetros do sistema

ambiental, como, por exemplo, caça predatória, destruição de habitats e ação de novos predadores e competidores.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 119: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

118

ii. Amplitude é a velocidade com a qual um sistema ambiental retorna a seu estado anterior após uma perturbação, podendo ser comparada a modelos matemáticos.

iii. Estabilidade cíclica é a propriedade que tem um sistema ambiental para alterar algum ponto ou zona final, apesar das diferenças no ponto de partida.

iv. Persistência consiste na capacidade que um sistema ambiental tem para resistir às perturbações externas.

Com base nas informações anteriores, podemos dizer que:a. somente as afirmativas I e II estão corretas.b. somente as afirmativas II e III estão corretas.c. somente as afirmativas I e IV estão corretas.d. Nenhuma das alternativas anteriores.

5. Assinale as alternativas corretas.a. A gestão ambiental se impõe como fator de relevância para o equilíbrio

socioambiental.b. O ecocentrismo é um processo de construção de valores éticos, para a

construção da cidadania, e o conflito de tal abordagem reside no fato de seu processo agir apenas no nível global.

c. Com base na valorização da vida, surgem novas perspectivas, novos parâmetros que fundamentam a gestão ambiental, na busca por um equilíbrio entre, de um lado, a preservação de traços socioambientais particulares e regionais e, de outro, o processo de interação global.

d. A gerência ambiental caracteriza a administração voltada para o en-frentamento das questões relacionadas com o meio ambiente, o que, por sua vez, implica abordar as conexões que se estabelecem com áreas diversas das tecnologias e das ciências, bem como com os parâmetros advindos da legislação ambiental.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 120: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

119

c a p í t u l o 5

Impactos ambientais

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 121: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

C o n t e ú d o s d o c a p í t u l o :

• A concepção de AIA, EIA e Rima; • A fundamentação legal da aplicação da AIA, do EIA e da elaboração do

Rima; • Ferramentas para realização do EIA e da AIA.

A p ó s o e s t u d o d e s t e c a p í t u l o , v o c ê s e r á c a p a z d e :

• conhecer a fundamentação legal que viabiliza a gestão socioambiental; • definir o que é o AIA, o EIA e o Rima, no âmbito da gestão ambiental; • identificar a área de aplicação desses instrumentos de avaliação, de estudo

e de elaboração de pareceres sobre o meio; • identificar a necessidade de projetos multidisciplinares para a gestão

ambiental; • descrever as áreas de utilização e os procedimentos necessários para os

estudos e avaliação ambiental; • definir o impacto ambiental, os indicadores, os bioindicadores e os mé-

todos geofísicos; • caracterizar os impactos ambientais; • elaborar um Rima.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 122: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

121

O s i m p a c t o s a m b i e n t a i s s ã o o c a s i o n a d o s p o r c h o q u e s de interesses diretos ou indiretos, envolvendo o homem e a natureza. Esses con-frontos são classificados como positivos ou negativos, diretos ou indiretos, oca-sionais ou permanentes, locais ou globais. Nesse embate, desmatamentos, quei-madas, erosão, aumento ou redução da camada de ozônio*, efeito estufa, inversão térmica e poluição são as consequências mais graves. Diante desse quadro, surge a necessidade de estudarmos, conhecermos e aplicarmos determinados princí-pios, técnicas e também recorrer a dispositivos legais para a efetividade da gestão ambiental (Estudo Prévio de Impacto Ambiental – EIA, Avaliação de Impacto Ambiental – AIA, Relatório de Impacto Ambiental – Rima e outros). Por essa razão, esses aspectos devem ser abordados pela perspectiva da representação do fenômeno dos impactos ambientais relacionados a diversas áreas de estudo.

A aplicação da política ambiental, no Brasil, encontra-se essencialmente baseada em dispositivos legais.

Consultando a legislaçãoNo Brasil, o gestor ambiental encontra na Resolução Conama n. 001/1986 (Brasil, 1986c) o parâmetro legal que indica a forma de avaliar o impacto am-biental, expressão cujo conceito é apresentado nessa mesma resolução:

Art. 1º Para efeito desta Resolução, considera-se impacto ambiental qualquer alte-ração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam:

I – a saúde, a segurança e o bem-estar da população;II – as atividades sociais e econômicas;

* Ozônio: é uma variedade de oxigênio composta por três átomos. Apresenta-se sob a forma de um gás azulado e de odor acre, que ocorre naturalmente na atmosfera, a 22 quilômetros do solo. Esse “filtro” protege o planeta contra a ação direta dos raios solares, garantindo, assim, a vida na superfície terrestre. A destruição do ozônio pela emissão de clorofluorocarboneto (CFC) afeta a camada, que diminui ao ritmo de 4% por década, aumentando a radiação dos raios UVA e UVB, responsáveis pelos dois tipos de câncer de pele mais comuns: os carcinomas baso e espinocelular. Calcula-se que 900 mil casos dessa doença tenham surgido no Brasil nos últimos anos.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 123: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

122

III – a biota;IV – as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;V – a qualidade dos recursos ambientais.

5 . 1 I m p a c t o a m b i e n t a l : p r o c e d i m e n t o s e r e g u l a m e n t a ç õ e s

C o m o o b j e t i v o d e e l u c i d a r m o s a o p e r a c i o n a l i z a ç ã o dos procedimentos estabelecidos para organizar a gestão ambiental, vamos fazer algumas inferências em relação ao uso e à finalidade de alguns instrumentos reguladores, pois toda atividade poluidora, ou que apresente a possibilidade de sê-lo, necessita de autorização da autoridade ambiental competente para se estabelecer. Por esse motivo, apresentamos um breve resumo dos principais do-cumentos inseridos no processo de estudo de impacto ambiental.

Figura 5.1 – Documentos de estudo do impacto ambiental

Relatório de Impacto de VizinhançaEstudo de Impacto de Vizinhança

A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA): foi instituída pela Lei Federal n. 6.938/1981 (Brasil, 1981b), que estabeleceu a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) e definiu, em seu art. 9º, alínea III, a AIA como um de seus instrumentos. A sua regulamentação deu-se por meio Decreto n. 99.274/1990, que designou como finalidade prática desse instrumento o seu uso pelos sistemas de licenciamento de atividades poluidoras ou modificadoras do meio ambiente, bem como as atividades ligadas às entidades ambientais dos governos estaduais (Brasil, 1990d).

O Estudo de Impacto Ambiental (EIA): estão englobadas nesse estudo várias atividades de cunho técnico e científico, como o diagnóstico ambiental,

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 124: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

123

a identificação de fatores impactantes, a previsão e a medição de impactos, além da interpretação e da valoração de dados em relação a atividades impactantes, bem como a indicação de ações amenizadoras por meio de programas de moni-toração de tais atividades. Inserem-se, portanto, no âmbito do EIA, os estudos indicativos das modificações que possam ser causadas por um projeto (obra ou atividade) sobre as características socioeconômicas e biofísicas do meio ambiente de forma significativa, ou seja, que tenha um potencial de degradação considerável.

O Relatório de Impactos Ambientais (Rima): constitui-se em um documento do processo de Avaliação do Impacto Ambiental (AIA) e deve esclarecer todos os elementos do estudo (EIA), de modo que possam ser utili-zados na tomada de decisões e divulgados para o público em geral (em especial, para a comunidade afetada). O Rima formaliza as conclusões do EIA, devendo conter a discussão dos impactos positivos e negativos.

Os EIAs e os respectivos Rimas servem para estabelecer a avaliação de im-pacto ambiental como preconizado na AIA. Estes são instrumentos de política ambiental formados por um conjunto de procedimentos que tem como objetivo assegurar o desenvolvimento de projetos. Faz parte do processo de otimizar as decisões, de proporcionar uma retroalimentação contínua entre as conclusões e a concepção da proposta (projeto, programa, plano ou política).

Nesse contexto das avaliações ambientais com os instrumentos propostos pelo EIA/Rima, devemos ter em mente quais são os impactos ambientais de um empreendimento, bem como o seu significado, considerando o que diz a Resolução do Conama n. 001/1986, em seu art. 1º, conforme citação no início deste capítulo; devemos, portanto, levar em conta as características ali apresentadas.

A abrangência do EIA deve considerar os processos biogeoquímicos como transformadores da crosta terrestre (duração, forma, extensão, causas, conse-quências etc.), dentro do uso e da apropriação dos espaços urbano e rural pelas atividades humanas.

5 . 1 . 1 Aval ia ção de Impacto Ambienta l (AIA)

C o m o j á f o i d i t o , a A I A s u r g i u n o B r a s i l c o m o a d -vento da Lei Federal n. 6.938/1981, que criou a PNMA, que, por sua vez, dispõe sobre os fins e os mecanismos de formulação e de aplicação dessas políticas. Nesse período, ainda não estava muito claro para os empreendedores o funcionamento e a aplicação dos dispositivos legais em relação aos impactos e aos empreendi-mentos que se sujeitam a essa lei. Com o tempo, outras ferramentas de caráter legal foram adequando-se ao modelo de desenvolvimento adotado, e as normas ambientais foram ampliadas com:

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 125: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

124

• a Resolução do Conama n. 001/1986 – que estabelece diretrizes, con-forme declara no preâmbulo do documento: “Considerando a necessidade de se estabelecerem as definições, as responsabilidades, os critérios básicos e as diretrizes gerais para uso e implementação da Avaliação de Impacto Ambiental como um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente”. Portanto, constitui-se em um manual da AIA;

• a Resolução do Conama n. 237/1997 – que elabora uma lista de empreen-dimentos em relação à licença ambiental, pois revisa procedimentos e crité-rios, incorpora instrumentos de gestão ambiental, regulamenta, estabelece competências e se manifesta em relação à necessidade de “ação integrada” entre os órgãos do Sisnama na execução da PNMA (Brasil, 1997g);

• a Resolução Sema n. 031/1998 (Estado do Paraná) – que estabelece normas para a licença ambiental no que se refere a empreendimentos mi-nerários, ou seja, licença prévia, de instalação, de operação e de renovação de licença de operação (também outros estados dispõem de resoluções similares) (Brasil, 1998i).

Além disso, foram criados, nas esferas governamentais (federal, estadual e municipal), processos de instrumentalização para o licenciamento ambiental (iniciativa privada), bem como procedimentos estatísticos.

5 . 1 . 2 Leg i s la ção brasi l e ira e ge stão ambienta l

F o i e m f u n ç ã o d a s e x i g ê n c i a s p r o v e n i e n t e s d e ó r g ã o s financiadores internacionais que se instituiu a AIA no Brasil (acompanhando a tendência mundial da década de 1980); esse instrumento, portanto, não repre-sentava uma postura de conscientização em relação aos fatores ambientais. Mais tarde, ela passou a compor as informações fornecidas aos sistemas de licencia-mento ambiental e, posteriormente, foi incorporada à PNMA na sua execução.

Os marcos fundamentais da legislação ambiental no Brasil foram:

1. Decreto n. 73.030/1973 (Brasil, 1973) – criou a Secretaria Especial do Meio Ambiente (Sema – não confundir com as secretarias estaduais do meio ambiente com a mesma sigla).

2. Lei n. 6.803/1980 (Brasil, 1980b) – instituiu o zoneamento industrial e incorporou a avaliação de impacto ambiental ao licenciamento industrial.

3. Lei n. 6.938/1981 (Brasil, 1981b) – instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA).

4. Decreto n. 88.351/1983 (Brasil, 1983b) – regulamentou a Lei n. 6.938/1981.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 126: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

125

5. Lei n. 7.347/1985 (Brasil, 1985) – importante instrumento na socialização da gestão ambiental, ela instituiu a ação civil pública contra os danos ao meio ambiente.

6. Resolução Conama n. 001/1986 – regulamentou e disciplinou a avaliação de impactos ambientais.

7. Constituição Federal de 1988 (Brasil, 1988a) – dedicou um capítulo (art. 225, parágrafo 1º, inciso IV) ao meio ambiente, no qual determina que o Poder Público deve exigir, na forma da lei, para a instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade.

8. Decreto n. 99.274/1990 (Brasil, 1990d) – novo regulamento que abrangeu as Leis n. 6.902/1981 (Brasil, 1981a) e n. 6.938/1981 (Brasil, 1981b), as quais definem os parâmetros para a criação de estações ecológicas e áreas de proteção ambiental e direcionam a Política Nacional do Meio Ambiente, respectivamente.

9. Criação do Ministério do Meio Ambiente (MMA) pela Lei n. 8.490/1992 (Brasil, 1992) – o qual passou por sucessivas alterações no nome e no âm-bito das competências e das estruturas organizacionais.

10. Decreto n. 6.101/2007 (Brasil, 2007a) – estabeleceu a atual estrutura re-gimental, a natureza e as competências do MMA.

Consultando a legislaçãoA Resolução Conama n. 001/1986 contém os elementos básicos dos EIA/Rima. De acordo com seu art. 5º, o EIA deve:

I – Contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização de projeto, confrontando-as com a hipótese de não execução do projeto;II – Identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais gerados nas fases de implantação e operação da atividade;III – Definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afetada pelos impactos, denominada “área de influência do projeto”, con-siderando, em todos os casos, a bacia hidrográfica* na qual se localiza;IV – Considerar os planos e programas governamentais, propostos e em implantação na área de influência do projeto, e sua compatibilidade.

No seu art. 6°, consta que o EIA desenvolverá, no mínimo, as atividades técni-cas que listamos a seguir:

* Bacia hidrográfica: área de terra drenada por um determinado curso d’água e seus tributários, e que é limitada perifericamente pelos divisores de água.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 127: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

126

I – Diagnóstico ambiental* da área de influência do projeto, completa descrição e análise dos recursos ambientais e suas interações, tal como existem, de modo a caracterizar a situação ambiental da área, antes da implantação do projeto, considerando: a. o meio físico – o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos

minerais, a topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos d’água, o regime hidrológico, as correntes marinhas, as correntes atmosféricas;

b. o meio biológico e os ecossistemas naturais – a fauna e a flora, des-tacando as espécies indicadoras da qualidade ambiental, de valor científico e econômico, raras e ameaçadas de extinção e as áreas de preservação permanente;

c. o meio socioeconômico – o uso e ocupação do solo, os usos da água e a socioeconomia, destacando os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, as relações de dependência en-tre a sociedade local, os recursos ambientais e a potencial utilização futura desses recursos.

II – Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, através de identificação, previsão da magnitude e interpretação da im-portância dos prováveis impactos relevantes, discriminando: os impactos positivos e negativos (benéficos e adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazos, temporários e permanentes; seu grau de rever-sibilidade; suas propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e benefícios sociais.

III – Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre elas os equipamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando a eficiência de cada uma delas.

IV – Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento (os impactos positivos e negativos, indicando os fatores e parâmetros a serem considerados).

A análise atenta desses dois artigos nos fornece um panorama abrangente, ao mesmo tempo em que faz uma descrição detalhada dos aspectos envolvidos no EIA e cuja aplicação é imprescindível para a gestão socioambiental. Por exemplo: a construção de uma usina hidrelétrica, que, além de alterar o ecossistema local, promove um aumento de algas (estas funcionam como bioindicadores), pois a massa biológica que ficou submersa com o enchimento do lago causa a redução

* Diagnóstico ambiental: consiste no conhecimento e na interpretação da interação e da dinâmica do estado ambiental em uma determinada área, relacionando-o aos fatores abióticos, bióticos e antrópicos.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 128: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

127

do oxigênio e o aumento de temperatura da água, o que aumenta, consequen-temente, a população desses organismos. É um impacto visível, porém pode ser mitigável, ou seja, existem mecanismos técnicos para minimizar o nível desse impacto. Nesse contexto, a aplicação dos procedimentos do EIA, bem como da elaboração da Rima, constituem-se em instrumentos viabilizadores da gestão socioambiental.

5 . 1 . 3 Classi f i cação dos impactos

A c l a s s i f i c a ç ã o d o s i m p a c t o s a m b i e n t a i s d e v e c o n t e m -plar aspectos ecológicos, sociais, culturais e econômicos, considerando os pres-supostos da sustentabilidade. Nesse contexto, impactos sobre os elementos so-cioeconômicos do meio ambiente são, geralmente, identificados como:

• desapropriações; • situação populacional; • núcleos populacionais; • atividades econômicas; • infraestrutura regional; • saúde pública; • educação; • recreação e lazer; • patrimônio paisagístico, cultural, histórico e arquitetônico.

Devemos destacar que, durante esse processo de classificação e de identi-ficação dos impactos ambientais, surge a necessidade de nos valermos do uso dos documentos já elencados, relacionados ao EIA; no entanto, quando da elabo-ração de documentos para o estudo dos impactos ambientais, existem situações em que eles se tornam inadequados, porque apresentam características que os desclassificam. Alguns exemplos são os documentos viciosos, os sem conteúdo científico ou, ainda, os com informações escassas:

• Documentos viciosos – trazem informações distorcidas, em razão de interesses financeiros da consultoria, a qual mantém acordo com o em-preendedor; sendo assim, o documento perde a imparcialidade própria de uma análise técnica e científica, pois os dados irão favorecer o empreen-dedor em detrimento do meio ambiente.

• Documentos sem conteúdo científico (sem dados primários) – são produzidos pela denominada indústria de Rimas. Nesses documentos, constam apenas dados secundários (muitas vezes não relacionados) sobre o empreendimento e o meio ambiente.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 129: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

128

• Documentos com informação insuficiente – desconexas, evasivas e sem abrangência, as informações sobre o empreendimento e o meio ambiente neles contidas não preenchem todos os requisitos, pois são insuficientes. Revelam falta de capacitação técnica da equipe e/ou recursos insuficientes para a realização das pesquisas, das análises e dos estudos.

Salientamos o fato de que os documentos são os mesmos, o que os torna ade-quados ou inadequados são os processos ou os procedimentos durante sua elabo-ração. Se no processo de elaboração forem observados os princípios éticos e cien-tíficos, os documentos (relatórios e análises) serão adequados para a classificação e a identificação dos impactos ambientais.

5 . 1 . 4 Diag nóst i co ambienta l

O d i a g n ó s t i c o a m b i e n t a l é r e a l i z a d o c o m b a s e n a a n á -lise da totalidade de dados do Rima; podemos também dizer que ele ocorre após a avaliação de todas as variáveis do geossistema estudado. Assim, abrange:

• a descrição e a análise dos componentes de um ambiente, bem como as suas interligações, relatando a condição ambiental da área de influência;

• as variáveis sujeitas a impactos, diretos ou indiretos, cujos efeitos sejam altamente expressivos em função de atividades, quer seja no planejamento, na implantação, na operacionalização ou, ainda, na desativação destas;

• a apresentação de um quadro de informações cartográficas em escalas compatíveis, utilizando, em sua elaboração, dados ambientais (físicos, biológicos, sociais, econômicos e culturais), e orientando os métodos pró-prios para a análise desses processos com o propósito de caracterizar as inter-relações estabelecidas entre os elementos integrantes da biota (abióticos e antrópicos) do sistema a ser atingido pela obra ou atividade;

• a identificação das tendências evolutivas dos fatores mais importantes para caracterizar a interferência (impacto).

Nesse processo, fazemos a caracterização do meio físico pelas condições ex-pressas pelo clima e pelas condições meteorológicas da área potencialmente utili-zada do empreendimento, bem como pela qualidade do ar e dos níveis de ruídos na região, além das características geológicas e dos recursos hídricos (bacia hidro-gráfica, hidrogeologia, oceanografia física, qualidade do uso da água, entre outros).

Já a caracterização do meio biológico ocorre pela observância da caracte-rização e análise dos ecossistemas terrestres, aquáticos e de transição da área de influência do empreendimento; pela descrição da cobertura vegetal, do mapea-mento temático, dos indicadores da qualidade do ar, da umidade e da perturbação

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 130: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

129

do solo; bem como pela descrição geral das inter-relações fauna-flora; além do inventário de espécies por ecossistema, seus sítios de reprodução, territórios e áreas de ocorrência.

O meio antrópico é caracterizado, no processo do diagnóstico ambiental, por vários fatores e implica uma complexidade própria da atividade humana. Entre os aspectos indicativos e descritivos desse meio, encontra-se:

• distribuição, densidade e dinâmica populacional, mapa de localização das aglomerações urbanas e rurais, taxa de crescimento demográfico;

• aspectos do uso e de ocupação do solo, e estrutura fundiária (zoneamento); • quadro referencial do nível de vida; • dados sobre a estrutura produtiva e de serviços; • organização social da área de influência.

Uma vez ciente de tais caracterizações, para a elaboração do diagnóstico, a aná-lise dos impactos ambientais segue uma série de procedimentos, quais sejam:

• identificação, valoração e interpretação dos prováveis impactos ambientais nas fases de planejamento, implantação, operação e desativação, sobre os meios físicos, biológicos e antrópicos;

• avaliação dos impactos: diretos e indiretos; benéficos e adversos; tem-porários, permanentes e cíclicos; imediatos e de médio e longo prazo; reversíveis e irreversíveis; locais e estratégicos;

• dimensionamento da magnitude, da abrangência e da interpretação da importância de cada um dos impactos.

O resultado dessa análise, seguindo os passos apresentados, resulta no documento denominado Prognóstico da qualidade ambiental da área de influência, o qual possibilita a prescrição de medidas mitigadoras e de procedimentos para os impactos.

As medidas mitigadoras devem explicitar os procedimentos que visam mini-mizar os impactos adversos quanto:

• à natureza (preventiva ou corretiva); • à fase do empreendimento; • aos fatores ambientais (físico, biológico ou socioeconômico); • ao prazo de permanência (curto, médio ou longo); • ao responsável pela medida (empreendedor, Poder Público e outros).

Esses processos de minimização dos impactos ambientais, para serem efetivos, devem ser monitorados. As medidas que permitem esse monito-ramento são:

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 131: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

130

• indicação e justificativa dos parâmetros selecionados para avaliação dos impactos;

• análise de rede de amostragem, dimensionamento e distribuição espacial; • uso de métodos de coleta e análise de amostras, parâmetros e periodização; • elaboração e observação do quadro da evolução dos impactos ambientais,

considerando as fases do empreendimento.

Não devemos nos esquecer, nesse processo de pesquisa e de avaliação, da importância de se buscar informações referentes ao Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) e ao Relatório de Impacto de Vizinhança (Rivi), determinado pelo Estatuto das Cidades (Lei n. 10.257/2001). Aqueles instrumentos (estudo e documento) não são de caráter obrigatório, mas são necessários em empreendi-mentos onde haja uma comunidade atingida diretamente pelos aspectos neles levantados e relatados.

5 . 1 . 5 Re latór io de Impacto Ambienta l (Rima)

O R i m a é o r e s u l t a d o d e t o d a s a s p e s q u i s a s e d i s c u s s õ e s técnicas encontradas no EIA, obedecendo ao disposto na Resolução Conama n. 001/1986. No texto do art. 9º dessa resolução, são definidos a finalidade e o conteúdo do Rima.

Consultando a legislaçãoArt. 9º [...] O Rima deve conter, no mínimo:

I – Os objetivos e justificativas do projeto, sua relação e compatibilidade com as políticas setoriais, planos e programas governamentais;

II – A descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais, especificando para cada um deles, nas fases de construção e operação, a área de influência, as matérias-primas, e mão de obra, as fontes de ener-gia, os processos e técnica operacionais, os prováveis efluentes, emissões, resíduos de energia, os empregos diretos e indiretos a serem gerados;

III – A síntese dos resultados dos estudos de diagnósticos ambiental da área de influência do projeto;

IV – A descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação e operação da atividade, considerando o projeto, suas alternativas, os hori-zontes de tempo de incidência dos impactos e indicando os métodos, técnicas e critérios adotados para sua identificação, quantificação e interpretação;

V – A caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência, comparando as diferentes situações da adoção do projeto e suas alterna-tivas, bem como com a hipótese de sua não realização;

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 132: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

131

VI – A descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em relação aos impactos negativos, mencionando aqueles que não pude-ram ser evitados, e o grau de alteração esperado;

VII – O programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos; VIII – Recomendação quanto à alternativa mais favorável (conclusões

e comentários de ordem geral).

Além disso, deve constar no relatório a composição da equipe técnica res-ponsável pela sua elaboração: nome, título e registro profissional. E, no tocante aos elementos constitutivos do texto, no parágrafo único do art. 9º fornece uma importante explicação da forma de estruturação prevista para o Rima.

Consultando a legislaçãoResolução Conama n. 001/1986, art. 9º, parágrafo único:

O RIMA deve ser apresentado de forma objetiva e adequada à sua compreensão. As informações devem ser traduzidas em linguagem acessível, ilustradas por ma-pas, cartas, quadros, gráficos e demais técnicas de comunicação visual, de modo que se possam entender as vantagens e desvantagens do projeto, bem como todas as consequências ambientais de sua implantação.

Já no art. 11 da referida resolução, são definidos os critérios éticos e de publi-cação do relatório:

Respeitado o sigilo industrial, assim solicitando e demonstrando pelo in-teressado, o RIMA será acessível ao público. Suas cópias permanecerão à disposição dos interessados, nos centros de documentação ou bibliotecas da SEMA e do órgão estadual de controle ambiental correspondente, in-clusive o período de análise técnica.

Como você pode deduzir, pela riqueza de detalhes, esse relatório constitui-se no documento que registrará, ou seja, espelhará os levantamentos e as análises realizados na área de instalação de determinado projeto. Apresenta a sua via-bilidade e as correções necessárias, bem como as condições ambientais atuais e futuras, oriundas da instalação de tal projeto, o que pode significar a recomen-dação para a sua não instalação.

Para saber maisSe você estiver envolvido com as práticas da gestão ambiental, é interessante acessar o site do Conama. Lá encontram-se todas as resoluções deste órgão,

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 133: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

132

inclusive as de 2011. Essa leitura é importante, pois irá mantê-lo atualizado e fornecer detalhes técnicos fundamentais do processo.BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Conama. Resoluções. Disponível em: <http://

www.mma.gov.br/port/conama/legiano.cfm?codlegitipo=3>. Acesso em: 1º set. 2011.

5 . 2 C o m o r e c o n h e c e r o s i m p a c t o s

S e r á q u e p o d e m o s r e c o n h e c e r o s i m p a c t o s a m b i e n t a i s sem que sejam conhecidos os processos que os produziram? Que processos são esses? E, afinal, quais são os seus elementos constituintes?

Embora reconheçamos que seja difícil conceituar os impactos ambientais provocados por um projeto (âmbito da ação antrópica), destacamos que, de acordo com Bolea (citado por La Rovère, 2001), são eles “a diferença entre a situa- ção do meio ambiente (natural e social) futuro, modificado pela realização de um projeto, e a situação do meio ambiente futuro tal como teria evoluído sem o projeto”, por nos parecer esta definição concisa e aplicável.

Podemos dizer que os elementos constituintes dos impactos ambien-tais são:

• relações dinâmicas entre os processos sociais e ecológicos; • estrutura dos indicadores de primeiro nível (origem direta), de segundo

e de terceiro níveis (origem indireta); • aspectos ecológicos e socioeconômicos.

Nesse contexto, entre as alternativas de análise para avaliar as condições do meio, sugerimos a utilização de bioindicadores de poluição, os quais são organismos vivos que reagem em ambientes poluídos ou degradados, possibili-tando a verificação do impacto ambiental, sua magnitude e amplitude, e podem confirmar ou não o dano ambiental.

Quando falamos de indicadores ambientais, estamos nos referindo a fatores que decorrem de “estatísticas selecionadas que representam ou resumem alguns aspectos do estado do meio ambiente, dos recursos naturais e de atividades hu-manas relacionadas” (Brasil, 2011d).

5 . 2 . 1 Bio indicadore s

O s b i o i n d i c a d o r e s ( o r g a n i s m o s , o u c o m u n i d a d e d e organismos) constituem-se em importante ferramenta nos processos de ava-liação ambiental, pois, uma vez que reagem perante as alterações do meio onde estão inseridos com a modificação de suas atividades vitais normais e/ou de sua composição química, eles possibilitam a elaboração de conclusões a respeito das condições ambientais.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 134: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

133

O uso de bioindicadores permite verificar várias condições referentes ao ambiente analisado. Entre elas:

• a verificação do impacto da poluição, pois somente bioindicadores con-seguem provar que um determinado poluente, ou mistura de poluentes, realmente provoca um determinado efeito;

• a integração de todos os fatores endógenos* de uma planta que podem influenciar a resposta à poluição, como o estágio de desenvolvimento e a idade dessa planta, a resistência de espécies e variedades, possibilitando a delimitação de populações de risco;

• a integração de todos os fatores externos, como condições climáticas e edáficas**, a ocorrência de outros poluentes ao mesmo tempo ou a concor-rência entre espécies, características que viabilizam a avaliação de efeitos sinérgicos e aditivos;

• a detecção de estresse crônico por níveis baixos de poluição atuando por períodos prolongados.

Em função das características apresentadas, ou seja, por serem indicativos bio-lógicos de uma determinada condição ambiental, os bioindicadores são aptos a:

• provar o impacto da poluição sobre um ecossistema; • fornecer informações sobre as causas de efeitos observados no ecossistema; • demonstrar a distribuição espacial e temporal do impacto; • fornecer dados sobre um potencial risco para a flora, a fauna e a popula-

ção humana.

Os bioindicadores, em razão dessas propriedades, representam uma dentre as várias ferramentas úteis para você implantar um sistema de ges-tão ambiental. Nesse âmbito, considerando ainda a importância de se manter a estabilidade do meio ambiente e diante da série de agressões às quais esse mesmo meio está sujeito, é possível definir as principais áreas de utilização desses indi-cadores ambientais. Entre elas, destacam-se:

• o monitoramento de fontes de emissão*** singulares; • o controle da eficiência de medidas técnicas para a redução de emissões; • as redes de monitoramento regionais, nacionais e internacionais em áreas

urbanas e industriais; • o monitoramento global e em áreas remotas;

* Endógeno: proveniente do interior ou produzido pelo interior.** Edáfico: relativo ao solo.*** Emissão: lançamento de descargas na atmosfera.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 135: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

134

• os estudos de impactos ambientais (EIA); • o controle da qualidade do ar dentro de moradias e de instalações

industriais.

No âmbito das pesquisas e projetos, devemos destacar que há exemplos de estudos com bioindicadores nativos ou tradicionalmente cultivados na América do Sul. No entanto, há muito a ser realizado em relação aos impactos ambientais com a utilização desses indicadores em pesquisas e projetos, como:

• melhorar o intercâmbio de grupos de trabalho; • criar um banco de dados relativo ao impacto da poluição e à sensibilidade

versus a resistência de espécies nativas e/ou cultivadas; • intensificar os estudos experimentais, incluindo estudos de campo.

Para esses procedimentos de avaliação ambiental, consideramos três grupos de organismos: os de apontadores e indicadores ecológicos, os de testes e os de monitores:

1. Organismos apontadores e indicadores ecológicos – indicam o im-pacto da poluição pelas mudanças no tamanho de sua população ou por sua existência ou desaparecimento sob certas condições ambientais. Isso acontece, por exemplo, com as algas, que, em ambientes poluídos, podem aumentar de quantidade.

2. Organismos testes – são indicadores cuja característica principal é a de serem altamente padronizados, utilizados em testes (bioensaios) em labo-ratórios toxicológicos e ecotoxicológicos, tais como a Daphnia, a Lemna e a Tradescantia, que são utilizados em testes de toxicidade.

3. Organismos monitores (biomonitores) – mostram, qualitativa e quan-titativamente, o impacto da poluição ambiental sobre os organismos vivos. São utilizados para o monitoramento da qualidade do ar ou da água, como, por exemplo, musgos, liquens, trevos, entre outros, pois esses organismos perdem aspectos de qualidade, bem como podem reduzir ou aumentar o seu número ou mesmo extinguirem-se em ambientes poluídos. Os liquens, quando em ambientes urbanos, podem ser completamente extintos pelos gases poluentes despejados no ar.

Existe, na área da gestão ambiental, a necessidade de a gerência realizar projetos multidisciplinares (contando com biólogos, químicos, geofísicos etc.) nos quais haja a cooperação entre os pesquisadores, projetos de pesquisas do acompanhamento do desenvolvimento industrial e urbano para estabelecer pa-râmetros de sensibilidade do meio, da percepção e da reação dos bioindicadores.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 136: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

135

5 . 2 . 2 Métodos geof í s i cos

N e s s e c e n á r i o m u l t i d i s c i p l i n a r d a t e c n o l o g i a c o m o instrumento de suporte para o enfrentamento dos impactos ambientais, a geofísica ambiental também constitui-se em uma ferramenta respeitada, princi-palmente, na elaboração de estudos e diagnósticos. Nesse trabalho, ela é utilizada em várias situações, como nas investigações confirmatórias, nas investigações de passivos ambientais e nas averiguações dos níveis de contaminação dos solos. Os objetivos desses procedimentos consiste em verificar, entre outros:

• a resistência à penetração oferecida pelo solo; • o atrito lateral e a permeabilidade do subsolo; • o nível do lençol freático; • a pressão de infiltração de um líquido no subsolo.

A notoriedade dos métodos geofísicos na área ambiental deve-se também ao fato de essa tecnologia, e o seu manejo, estarem em sintonia com pressupostos fundamentais da gestão ambiental, bem como da visão biocêntrica. Isso porque utiliza procedimentos que, além de possibilitarem ações em tempo redu-zido, são não invasivos, limpos e não produzem resíduos.

Em relação a esses atributos, podemos observar que as características dos equipamentos utilizados constituem-se em fatores que possibilitam tais resul-tados operacionais. Em geral, eles são portáteis, leves e apresentam alta produ-tividade e grande resolução; consequentemente, o impacto ambiental é mínimo quando do uso dos métodos geofísicos nas questões ambientais.

S í n t e s e

P a r a c o n h e c e r o i m p a c t o a m b i e n t a l e a s u a p r o p o r c i o -nalidade, devemos entender seus mecanismos causadores; assim, um dos proce-dimentos adotados é a avaliação preliminar. A partir da AIA, o profissional terá um instrumento de avaliação no qual poderá estabelecer a duração, a forma, a extensão, a causa e as consequências de tais impactos sobre o meio ambiente e as atividades humanas. O conhecimento desses fatores possibilita definir estraté-gias para a recuperação ambiental de áreas impactadas. Nesse sentido, podemos observar que os impactos ambientais ocorrem pelo confronto direto ou indireto entre o ser humano e a natureza. Assim, percebemos que inúmeros empreendi-mentos possuem impactos significativos.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 137: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

136

Q u e s t õ e s p a r a r e f l e x ã o

C r i s t i n a Á v i l a ( 2 0 1 1 ) i n f o r m a , n o t e x t o I n v e n t á r i o v a i indicar fontes de emissões por poluentes orgânicos persistentes, entre outras coisas, que:

A queima de lixo ou de pneus a céu aberto causa mais do que a poluição do ar. Esses tipos de combustão geram dioxinas e furanos – substâncias que provocam doenças como o câncer nas pessoas e também afetam a vida silvestre. A preocupação é internacional e está explícita na Convenção de Estocolmo, que trata dos Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs) e já foi ratificada pelo Brasil. [...]Além da queima de pneus e lixo, esses poluentes provêm de vá-rios meios, como, por exemplo, da produção de cimento e de pa-pel. Persistentes, são capazes de entrar na cadeia alimentar sem se degradar. Isso significa que podem passar de uma planta para o animal que a come.Uma pesquisa realizada em dez cidades do País, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em 2001, constatou ní-veis acima da média aceitável de dioxinas e furanos no leite de mães em Cubatão, Curitiba, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Índices próximos à média foram encontrados em Caapora (PB), Belém (PA), São Paulo (SP) e Fortaleza. Níveis mais baixos ficaram em Brasília (DF) e Recife (PE).Dioxinas e furanos são produzidos de modo involuntário, com a combinação de carbono, oxigênio, hidrogênio, cloro, em tempera-turas abaixo de 800°C (para se ter uma ideia, um forno doméstico chega a 300°C). Produzem-se inclusive em processos de aquecimento e resfriamento. As substâncias viajam pelo planeta, por meio e cor-rentes de ar, rios ou oceanos. Já foram encontradas em animais que vivem em ambientes teoricamente livres de poluição, como ursos no Ártico e pinguins do Polo Sul. [...]Como o tema abrange outras áreas além da ambiental, foi criado um grupo interinstitucional que vai avaliar o texto do inventário a ser apresentado pelo MMA em maio. Representantes de áreas como saúde, indústria, comércio, ciência, trabalho e agricultura vão se encontrar na sede do próprio ministério. Eles terão a companhia de Heidelore Fiedler, especialista que faz parte do secretariado da Convenção de Estocolmo. [...]

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 138: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

137

1. Se você considerar, como vimos em nosso estudo, que entre os elementos constituintes dos impactos ambientais encontramos as relações dinâmicas entre os processos sociais e ecológicos, e os aspectos ecológicos e socioeco-nômicos, pode dizer que nos fatos relatados tais fatores estão presentes? Você já detectou a presença dessas interações em alguma situação do ambiente em que, vive ou já havia pensado sobre isso?

2. Também verificamos que entre os elementos constituintes dos impactos ambientais, devemos detectar a estrutura dos indicadores de origem di-reta e de origem indireta. No presente relato de Ávila (2011), eles são um fato. Isso fica claro quando a autora se refere à série de consequências desencadeada pela queima de pneus. Como relatado, além da poluição do ar (indicadores de origem direta), várias outras contaminações de origem indireta, por exemplo, a comprovação da presença de dioxinas e de furanos no leite de mães (origem indireta) de várias regiões de nosso país. Você já observou ou teve informações de fatos análogos a esse? Como você vê o enfrentamento de tais situações? Na sua opinião, a nossa legislação está sendo devidamente aplicada? Justifique sua resposta.

Q u e s t õ e s p a r a r e v i s ã o

1. Defina impacto ambiental de acordo com a Resolução do Conama n. 001/1986.

2. Quais são os principais textos da legislação ambiental no Brasil que de-terminaram a aplicação da AIA?

3. Segundo a Resolução Conama n. 001/1986, art. 6°, o EIA realiza deter-minadas atividades. Assinale “V” para as proposições verdadeiras e “F” para as falsas:( ) Desenvolve análises dos impactos ambientais do projeto e de suas

alternativas, por meio da identificação, da previsão da magnitude e da interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes, discriminando os impactos positivos e negativos, diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazos, temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e dos benefícios sociais.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 139: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

138

( ) Elabora o programa de acompanhamento e monitoramento dos im-pactos positivos e negativos, indicando os fatores e os parâmetros a serem considerados.

( ) Define as medidas mitigadoras dos impactos positivos, avaliando a deficiência.

( ) Considera que, antes do projeto, é importante atentar para o meio físico (o subsolo, o ar, o clima etc.), o meio biológico e os ecossistemas naturais (a fauna, a flora) e o meio sociocultural (lazer, teatro etc.).

( ) Realiza o diagnóstico ambiental da área de influência do projeto.

Assinale a sequência correta:

a. V, V, F, F, V.b. V, V, F, V, F.c. V, F, V, F, V.d. F, V, F, F, V.

4. Considerando o uso de bioindicadores, verifique a veracidade das afir-mações a seguir.i. Permite verificar o impacto da poluição: somente bioindicadores conse-

guem provar que um determinado poluente ou a mistura de poluentes realmente provoca efeito.

ii. Consegue fornecer dados somente sobre riscos à população humana.iii. Consegue integrar todos os fatores externos, como condições climáti-

cas e edáficas, a ocorrência de outros poluentes ao mesmo tempo ou a concorrência entre espécies, características que viabilizam a avaliação de efeitos sinérgicos e aditivos.

iv. Consegue integrar todos os fatores endógenos da planta que podem ou não influenciar a resposta da poluição, como, por exemplo, os estágios de desenvolvimento e a idade desta.

v. Consegue integrar determinados fatores endógenos da planta que po-dem influenciar a resposta da poluição, como, por exemplo, os estágios de desenvolvimento e a idade desta etc.

vi. Permite demonstrar dados espaciais e temporais do impacto.

Após a análise da veracidade, podemos afirmar que:

a. somente as alternativas II e V estão corretas.b. somente as alternativas I, II, IV e VI estão corretas.c. somente as alternativas I, III, IV e VI estão corretas.d. somente as alternativas III e IV estão corretas.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 140: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

139

5. Assinale a(s) alternativa(s) correta(s) sobre o estudo de impacto ambiental.i. O diagnóstico ambiental deve conter a descrição e a análise dos fatores

ambientais e de suas interações.ii. As informações cartográficas do diagnóstico ambiental não necessitam

de escalas compatíveis.iii. A caracterização do meio físico deve conter o clima e as condições

meteorológicas da área potencialmente utilizada do empreendimento; qualidade do ar e níveis de ruídos na região; abundância relativa e absoluta de espécies, e descrição do forrageamento ótimo.

iv. A caracterização do meio biológico deve distinguir e analisar os ecos-sistemas terrestres, aquáticos e de transição da área de influência do empreendimento.

v. Dados sobre a estrutura produtiva e de serviços estão diretamente relacionados com a caracterização do meio antrópico.

vi. O resultado da análise dos impactos ambientais gera o Prognóstico da qualidade ambiental da área de influência.

Assinale a sequência correta:

a. II, IV, V, VI. b. I, IV, V, VI. c. II, III, IV, V. d. III, IV, V, VI.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 141: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 142: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

c a p í t u l o 6

Instrumentos de proteção ao meio ambiente

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 143: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

C o n t e ú d o s d o c a p í t u l o :

• Aspectos fundamentais da proteção ambiental; • Evolução histórica da gestão ambiental no Brasil; • Licenciamento ambiental e sua função preservacionista; • Instrumentos multidisciplinares da gestão urbana.

A p ó s o e s t u d o d e s t e c a p í t u l o , v o c ê s e r á c a p a z d e :

• entender a importância dos fatores legais, constitucionais e sociais que instrumentalizam a gestão ambiental;

• conhecer a trajetória histórica do nosso PNMA; • visualizar o conjunto de medidas que provocaram os procedimentos de

proteção ambiental; • identificar a necessidade e os passos do licenciamento ambiental; • compreender a importância da gestão ambiental urbana pelo viés da sus-

tentabilidade para a proteção ao meio ambiente.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 144: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

143

A base para a gestão ambiental encontra--se agregada aos dispositivos legais (leis, decretos, resoluções) e às políticas públi-cas. É nesse contexto que vamos encontrar os instrumentos de normatização e de orien-tação quanto à proteção ao meio ambiente. Constatamos, por exemplo, que com o ad-vento da PNMA, pela Lei n. 6.938/1981 (Brasil, 1981b), houve um avanço no sis-tema de gestão ambiental, sendo observado, naquele período, o crescimento em importância e em consistência da atuação estatal na proteção ao meio ambiente. Enquanto isso, com a Constituição de 1988 (Brasil, 1988a), houve uma mudança na cultura jurídica ambiental e a necessidade de se colocar em prática os ins-trumentos de proteção ao meio ambiente por meio de procedimentos expressos nos documentos legais.

Conferiu-se, assim, a ênfase ao licenciamento ambiental, instrumento que, até então, não era uma prática comum em todos os estados da Federação. Foi nesse contexto que os aspectos da gestão ambiental passaram a ser pensados e respeitados. Devemos ainda atentar para o fato de que, com o crescimento po-pulacional, existiu e existe a necessidade de se estabelecer mecanismos para o ordenamento urbano, como instrumento de proteção ao meio ambiente.

Segundo Souza (2000), “A gestão ambiental encontra na legislação, na po-lítica ambiental e em seus instrumentos e na participação da sociedade suas ferramentas de ação”. Logo, tudo o que foi discutido até agora se constitui em fundamentos ou instrumentos de proteção ao meio ambiente, partindo-se dos pressupostos do desenvolvimento sustentável.

Se você considerar esses fatores modificadores que comentamos nos pará-grafos anteriores, como o avanço no sistema de gestão ambiental, a nova cultura jurídica ambiental, a necessidade de mecanismos para o ordenamento urbano sus-tentável e a participação da sociedade, torna-se claro que o gestor deve conhecer:

• a prática do licenciamento ambiental nas esferas da União, dos estados e dos municípios;

• os princípios de legalidade e de autuação dos órgãos ambientais; e • os aspectos da gestão ambiental urbana.

“A gestão ambiental encontra na legislação, na política ambiental e em seus instrumentos e na participação da sociedade suas ferramentas de ação”.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 145: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

144

Para você se situar nos conceitos e paradigmas dos instrumentos de gestão ambiental inseridos em um contexto de desenvolvimento sustentável, “o plane-jamento da ocupação do espaço geográfico deve basear-se no reconhecimento das potencialidades e fragilidades dos fatores físicos, biológicos e antrópicos que compõem o meio ambiente ante as características e especialidades das ati-vidades a serem acomodadas” (Souza, 2000, p. 17). Além disso, deve considerar que estamos tratando da construção ou da desconstrução de um espaço onde o ser humano está inserido.

6 . 1 M e i o a m b i e n t e : u m a r e t r o s p e c t i v a h i s t ó r i c a b r a s i l e i r a

C o n s i d e r a m o s q u e , c o m o g e s t o r e s , n a t e n t a t i v a d e entendermos as questões ambientais em nosso país, é importante fazermos uma retrospectiva do desenvolvimento dos aspectos político-econômicos da sociedade brasileira. Dessa forma, poderemos analisar, com mais detalhes, os fatos e os fatores, tanto de degradação como de preservação do meio ambiente em nosso país.

6 . 1 . 1 O prote sto dos inte l ec tuai s

A d e g r a d a ç ã o a m b i e n t a l * , d e a c o r d o c o m e s t u d o a p r e -sentado por Pádua (1999), foi objeto de preocupação da intelectualidade bra-sileira. Prova disso é que, a partir de 1780, os protestos se tornaram firmes, constituindo-se em atitudes de crítica ambiental que permearam a história do Brasil. Entre esses intelectuais ativistas, encontramos: Baltazar da Silva Lisboa e Manuel Ferreira da Câmara Bittencourt e Sá, na Bahia; José Severiano Maciel da Costa, no Rio de Janeiro; Manuel Arruda da Câmara, em Pernambuco; José Vieira Couto e José Gregório de Morais Navarro, em Minas Gerais; Antônio Rodrigues Veloso de Oliveira, no Maranhão; e José Bonifácio de Andrada e Silva, em São Paulo.

Entre 1786 e 1888, Pádua (1999) esclarece que foram produzidos 150 textos, preparados por 38 autores brasileiros, que denunciavam e debatiam os danos ambientais ocorridos no Brasil. Por exemplo, o baiano Baltazar S. Lisboa publi-cou o Discurso histórico, político e econômico dos progressos e estado atual da filosofia natural portuguesa, acompanhado de algumas reflexões sobre o estado do Brasil, no

* Degradação ambiental: termo usado para designar alterações adversas, resultantes da atividade humana no ambiente e que podem causar desequilí-brio e destruição, parcial ou total, dos ecossistemas.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 146: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

145

qual relata que a agricultura era desenvolvida no país da forma mais miserável que possamos imaginar. As técnicas que, na época, já haviam sido desenvolvidas, como o uso do arado, entre outras, eram desconhecidas no território nacional e, concomi-tante a isso, era grande a quantidade de lenha consumida pelas fornalhas de açúcar.

É preciso ressaltar que, naquela época, as denúncias sobre danos ambientais eram feitas responsabilizando-se o atraso tecnológico pela degradação ou des-truição da natureza. Nesse processo, observamos que a importância do meio natural era avaliada com base na concepção do valor instrumental dos seus recursos.

6 . 1 . 2 Os pe r íodos re pub l i canos

P r i m e i r a m e n t e , e n f o c a r e m o s a n o s s a o b s e r v a ç ã o c o m base nos fatores que provocaram a degradação ambiental no Primeiro Período Republicano ou Primeira República, que se estendeu de 1889 a 1930. As ca-racterísticas que predominaram nessa fase foram:

• o crescimento e a ampla propagação do setor agrícola; • a preponderância de extensos latifúndios; • o predomínio do cultivo de um só produto (monoculturas).

No entanto, esse ambiente latifundiário, da República Velha, no qual ocorria o cultivo concentrado em uma única espécie, sofreu um choque com a Revolução de 1930, que marcou o início do Segundo Período Republicano ou República Nova.

Naquela ocasião, inúmeras mudanças políticas, sociais e econômicas foram introduzidas no país, o que representou um estímulo ao desenvolvimento in-dustrial, embora o apoio de fato às indústrias de base só tenha sido fomentado a partir de 1937, com a institucionalização do Estado Novo.

Entre as consequências dessa expansão industrial, podemos mencionar o surgimento da(o):

• Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), fundada em 1941, na região de Volta Redonda, no Rio de Janeiro;

• Serviço Social da Indústria (Sesi), criado em 1942; • Serviço Nacional da Aprendizagem Industrial (Senai), criado em 1943.

Tanto o Senai como o Sesi foram criados com a finalidade de promover a formação de mão de obra para o setor industrial.

Após essa primeira fase de desenvolvimento industrial, outro momento mar-cante foi o da redemocratização do país, em 1946. Implantou-se, naquela ocasião, um programa de modernização industrial e urbana no Brasil. Essa

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 147: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

146

condição assumiu proporções verdadeiramente transformadoras no período compreendido entre os anos de 1951 e 1961; portanto, foi uma década caracteri-zada por inúmeras mudanças.

É nesse cenário progressista que se insere o governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961), identificado pelo lema “Cinquenta anos de progresso em cinco anos de governo”. No plano de desenvolvimento de seu governo, o chamado Plano de Metas, constam como objetivos prioritários o desenvolvimento dos setores de energia, transporte, alimentação, indústria de base e educação.

O resultado principal desse projeto foi a construção de estradas e de usinas hidrelétricas. Além disso, criou-se a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), expandiu-se o polo automobilístico e de eletrodomésticos do ABC paulista e construiu-se a cidade que passou a ser a nova capital da nação, Brasília, no Planalto Central, inaugurada em 21 de abril de 1960.

Essa movimentação e interligação de forças e de ideias tornaram aquele pe-ríodo um marco para a sociedade brasileira. Especificamente no período com-preendido entre 1960 e 1969, foram editados documentos cuja repercussão quanto aos fatos relativos à questão ambiental foram marcantes. São eles:

• o Estatuto da Terra, pela Lei Federal n. 4.504/1964 (Brasil, 1964), cujo objetivo foi “a execução da Reforma Agrária e a promoção de Política Agrícola”, no qual consta a possibilidade de desapropriação de áreas para a implantação de reservas florestais;

• o Novo Código Florestal, pela Lei Federal n. 4.771/1965 (Brasil, 1965b), que, entre outros aspectos, trata do desmatamento e da exploração das matas nativas;

• a Política Nacional de Saneamento, que resultou de leis e decretos criados no período compreendido entre os anos de 1965 e 1969 e que, posteriormente, mais especificamente em 1976, foi a base geradora do Programa de Saneamento Ambiental.

Como você pode constatar por meio desses marcos relativos ao meio ambiente em nossa história, assim como a degradação ambiental não é recente, a preocu-pação com a degradação ambiental no Brasil também não o é. Nesse contexto, em 1965, o presidente Humberto de Alencar Castelo Branco, analisando o avanço da migração da Região Sul para o Centro-Oeste e, consequentemente, para o Norte, promulgou a Lei Federal n. 4.771/1965, que instituiu o então denominado novo Código Florestal Brasileiro (que substituiu o de 1934).

Houve, na ocasião (1965), o estímulo à referida migração pela necessidade de ocupação da Amazônia; no entanto, além das questões de soberania, a preocupa-ção do governante era com a devastação de florestas tropicais e, consequentemente,

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 148: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

147

com os problemas ambientais futuros. Essa lei, um princípio legal com mais de 40 anos, é utilizada pelos órgãos ambientais na atualidade.

A propósito, neste início do terceiro milênio, são inúmeras as discussões no Congresso Nacional, com o objetivo de alterar essa lei. Há os que veem nela amarras para o desenvolvimento e outros que a consideram um dos instrumentos de salvaguarda não só das florestas, mas também da própria territorialidade da nação. Aliás, é uma das controvérsias que tem originado choques governamentais, como você deve ter acompanhado pela imprensa nos últimos meses.

Consultando a legislaçãoCódigos Florestais Brasileiros:

1. 1934 – Primeiro Código Florestal Brasileiro – Decreto n. 23.793/1934 (Brasil, 1934a):a. Objetivo – estatizar as fontes de energia disponíveis. Estabeleceu

regras de proteção e de uso das florestas com o propósito básico de salvaguardar os solos, as águas e os mercados de madeira. Na época, o carvão era a principal fonte de energia.

b. Estratégia de preservação das fontes de energia do governo Vargas.2. 1965 – Segundo Código Florestal Brasileiro – Lei n. 4.771/1965:

a. Objetivo – viabilizar a ocupação da Amazônia. Quem explorasse uma determinada área, tornava-se responsável pela preservação de florestas de uma certa área indicada por percentuais de acordo com a região.

b. Estratégia de defesa do território nacional do governo Castelo Branco.

c. Alterações – foi atualizado e modificado com revogações e inserções feitas principalmente pela Medida Provisória n. 2.166-67/2001 (Brasil, 2001e), no governo de Fernando Henrique Cardoso.

3. 2010/2011 – Terceiro Código Florestal Brasileiro – ainda em discussão, apresenta pontos polêmicos introduzidos pelo relator, o Deputado Aldo Rebelo.

6 . 1 . 3 A evo lução da que stão ambienta l e o pro je to Brasi l Grande Potênc ia

E m 1 9 6 9 , a p r e s i d ê n c i a d o p a í s p a s s o u à s m ã o s d o General Emílio Garrastazu Médici. A sociedade brasileira passara por profundas modificações advindas de um processo político que implantou o sistema ditato-rial e o projeto Brasil Grande Potência. Naquele período, o desenvolvimento caracterizou-se pelo crescimento econômico a qualquer custo, incluindo-se, nesses custos, a forma predatória.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 149: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

148

Passou a haver um total descaso com preocupações preservacionistas. Entre as atitudes reveladoras desse descaso, está o fato de não se exigirem equipamen-tos antipoluentes para as atividades destacadamente poluidoras. A postura era deixar para mais tarde a solução para os possíveis danos ao meio ambiente.

Nessa mentalidade, conforme esclarecido por Maimon (1992), havia um total desinteresse pelas questões do meio ambiente. Além disso, os recursos naturais eram considerados abundantes e inesgotáveis. Concomitantemente a essa con-cepção, a situação foi agravada pela cultura da exploração predatória, própria da mentalidade do lucro fácil – a qual não considera os prejuízos causados nos aspectos social, econômico e ecológico de uma comunidade ou de toda a humani-dade –, que herdamos da época do Brasil Colônia e permaneceu como substrato imediatista para as ações da República.

Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente (Unced)

C o m o r e s u l t a d o d e s s a v i s ã o , n a C o n f e r ê n c i a d a s Nações Unidas sobre o Meio Ambiente (Unced), realizada em Estocolmo, na Suécia, no ano de 1972, o governo brasileiro assumiu uma posição desenvol-vimentista. Argumentaram os representantes do país que a preocupação com aspectos relativos à proteção ambiental serviria aos propósitos dos países ricos no sentido de impedir a expansão das indústrias dos países em desenvolvimento e, assim, bloquear os processos de crescimento. Na ocasião, os países subdesen-volvidos foram liderados pelo Brasil no intento da não aprovação das propostas de crescimento zero. Essas propostas foram elaboradas e defendidas pelo Clube de Roma e constavam do relatório O limite do crescimento.

Perguntas e respostasQual o contexto de O limite do crescimento ou Relatório Meadows?Este relatório, conforme nos informa Ferreira (2011), em seu artigo Economia ecológica, causou grande impacto, pois, ao apontar um cenário catastrófico, no qual não seria possível continuar infinitamente com o crescimento econômico, uma vez que este levava ao esgotamento dos recursos ambientais, apresentou como solução o “crescimento zero”. O que isso significava? De forma resumida, podemos dizer que propunha que fossem reduzidas as taxas de natalidade e os índices de crescimento nos países em desenvolvimento. Sob a perspectiva dessa análise, considerada “neomalthusiana”, a explosão demográfica era a grande vilã da civilização. No entanto, os críticos da proposta apontam para o fato de que ela assinalava para a manutenção ou preservação dos negócios, e não do ecossistema. O fato é que se confrontava de

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 150: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

149

forma acintosa com as posições desenvolvimentistas do “direito ao crescimento”, que era a tese defendida pelas nações do mundo em desenvolvimento.Essa declaração polêmica foi amplamente discutida na Conferência da Unced (Estocolmo, 1972), onde foi proposto o “ecodesenvolvimento”, cujo sustentáculo é a ideia de que o desenvolvimento econômico e a preservação ambiental são passíveis de coexistir ou de serem harmonizáveis, pois são interdependentes na geração do progresso econômico. Tal debate continuou ardoroso na primeira reunião do Conselho Administrativo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), realizado em Genebra, em junho de 1973.

Nessa conferência, o chefe da missão brasileira foi o General Costa Cavalcanti (ministro do Interior, na época), o qual repetia como slogan (de acordo com a sua conveniência) a frase que fora dita pela primeira-ministra da Índia, Indira Ghandi: “A pior poluição é da miséria”. Argumentava que, para combater a mi-séria, deveríamos buscar um crescimento econômico maior, ou seja, conforme destaca Zucca (1991), o propósito era tornar o Brasil uma potência no cenário internacional.

Essa postura, como você pode deduzir, era resultante da política do projeto Brasil Grande Potência. E foi esse projeto que, posteriormente, em 1973, resul-tou no ambicioso empreendimento energético, envolvendo Brasil e Paraguai, que criou a empresa binacional de Itaipu. Esta foi construída no rio Paraná, na fronteira entre os dois países, e é considerada a maior hidrelétrica do mundo em extensão (comprimento da barragem) e em volume de energia gerada.

Criação da Secretaria Especial do Meio Ambiente (Sema)

O a m b i c i o n a d o c r e s c i m e n t o e c o n ô m i c o d a q u e l e p e r í o - do, conforme os estudos de Viola (1987) e Maimon (1992), foi considerado incom-patível com a harmonia ambiental. Até então não havia uma política de controle ambiental* no país. Contudo, em 1973, conforme o esclarecimento de Monteiro (1981), principalmente em função da repercussão negativa que teve a posição desenvolvimentista do Estado brasileiro na Conferência de Estocolmo, e contra-pondo-se aos objetivos dos ambientalistas, o presidente Geisel criou a Secretaria Especial do Meio Ambiente (Sema). Esta era vinculada ao Ministério do Interior, sendo seu titular, na ocasião, o Dr. Paulo Nogueira Neto. Posteriormente, a Sema, foi extinta pela Lei n. 7.735/1989 (Brasil, 1989a), que criou o Instituto Brasileiro

* Controle ambiental: é a atividade que exerce a orientação, a correção, a fisca-lização e o monitoramento sobre as ações referentes à utilização dos recursos ambientais, de acordo com as técnicas administrativas e as leis em vigor.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 151: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

150

do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). As atribuições em matéria ambiental pertencem atualmente ao Ministério do Meio Ambiente.

Com base nos estudos de Monteiro (1981), podemos concluir que eram duas as linhas básicas de ação dessa secretaria:

a. conservar o meio ambiente, considerando a utilização de um modo racional na apropriação e no uso dos recursos naturais;

b. preservar, no sentido de intocabilidade (de biomas, por exemplo).

A Sema tinha como propósito fazer com que fossem respeitadas e cumpridas normas ambientais de algumas instituições internacionais. Posteriormente, como vimos, foi extinta.

Viola (1987) esclarece que os empréstimos designados para obras públicas só eram liberados quando tais exigências eram atendidas. É importante que se diga, de acordo com a opinião de Monteiro (1981) e de Dias (1993), que, embora tenha sido constituída com a finalidade de exercer o papel de uma agência de controle da poluição, a secretaria estabeleceu programas de estações ecológicas e deixou os fundamentos para as leis ambientais; portanto, os atos que estabeleceram o res-peito às normas internacionais relativas ao meio ambiente foram de fundamental importância para o desenvolvimento do pensamento ecológico no Brasil.

Nesse ínterim, agências estaduais de meio ambiente foram sucessivamente criadas nas regiões Sul e Sudeste. Destacamos, por exemplo, a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), que aplicou normas de insti-tuições internacionais em relação a problemas de excesso de poluição industrial, embora tenha atuado no quesito licenciamento ambiental apenas a partir do início dos anos 1980 (Viola, 1987).

Em 1973, outro fator que agravou o descaso ecológico foram os dois choques mundiais provocados pela crise do petróleo, os quais fizeram com que o Brasil investisse na busca de alternativas energéticas. Isso seria altamente salutar para o país, afirma Maimon (1992), se os programas desenvolvidos nessa área, como a expansão de hidrelétricas e o Programa Pró-Álcool, não estivessem empenhados apenas na busca de mais uma economia de divisas, sem preocupação com os im-pactos ambientais que tais empreendimentos poderiam produzir.

Alguns fatos devem ser destacados para que possamos compreender melhor as questões ambientais no Brasil naquele período:

• os projetos do Pró-Álcool provocaram a diminuição na poluição do ar nas cidades e nos polos industriais, apesar de produzirem um alto índice de poluentes nos locais de produção;

• o processo de geração de energia nuclear, introduzido no Brasil em 1975, com o objetivo de suprir as necessidades energéticas do país, não alcançou o sucesso esperado, representando somente 1% da geração total de energia elétrica;

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 152: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

151

• ainda no ano de 1975, o Brasil constou em editorial da revista científica Science como uma reserva mundial de energia, uma região capaz de ofe-recer fontes de energia alternativa; também destacou-se a importância que deveria ser dada à preservação e à produção dos recursos naturais do país (Maimon, 1992).

Em 1975, a questão ambiental ainda era tratada de forma pontual na esfera do governo. No entanto, a introdução da temática ambiental no II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) trouxe a abordagem de três linhas de ação importantes para a evolução do processo de gestão ambiental:

• política ambiental na área urbana e definição de áreas críticas de poluição; • política de preservação de recursos naturais; • política de proteção à saúde humana.

Consequentemente, como analisa Maimon (1992), a aprovação da implanta-ção de projetos industriais ficou sujeita à observância de normas antipoluidoras.

6.1.4 A questão ambiental brasileira nas décadas de 1980 e 1990

U m m a r c o e s s e n c i a l n e s s a p r o g r e s s ã o d e f a t o s r u m o a uma política ambiental foi, em 1981 (governo do Presidente João Figueiredo), a entrada em vigor da Lei Federal n. 6.938/1981 (já abordada neste estudo), que estabeleceu a Política Nacional de Meio Ambiente.

O objetivo dessa política, conforme exposto no art. 2º da lei, era a:

• preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeco-nômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana [...] (Brasil, 1981).

Considerando o meio ambiente um patrimônio público, é do entendimento da lei que este deve ser necessariamente assegurado e protegido, uma vez que seu uso é coletivo. Assim, atendendo aos parâmetros legais e à diretiva governa-mental, bem como à consciência ambiental daquele período, foi criado o Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama). O seu propósito era:

• integrar e coordenar a política ambiental nacional; e • compatibilizar a atuação municipal, estadual e federal.

Também foi criado, na ocasião, o Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama). Entre os aspectos organizacionais relacionados à questão ambiental de maior expressão que resultaram da criação do Sisnama e do Conama, encon-tramos a diretiva que estabeleceu o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 153: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

152

respectivo Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente (Rima), pela Resolução Conama n. 001/1986 (Brasil, 1986c).

É importante observarmos novamente que a legislação ambiental brasileira, embora seja uma das mais completas do mundo, apresenta um caráter excessiva-mente biótipo (grupos com a mesma estrutura), pois não inclui explicitamente o ser humano na sua conceituação de meio ambiente, apenas implicitamente, em alguns casos.

Contudo, não devemos nos enganar com essa sua completude, pois, quanto à sua aplicabilidade e implementação, os fatos chegam a ser constrangedores, em função de fatores como:

• o quadro de pessoal nas agências estaduais de controle de poluição é reduzido;

• as políticas dos municípios, estados e do país como um todo não apre-sentam uma coordenação inter e intragovernamental, embora tenhamos o Sisnama;

• por último, a falta de recursos financeiros.

Nesse contexto, a adoção, por parte do Banco Mundial, de uma política que estabeleceu como pré-condição (a partir de setembro de 1988), para liberar financiamentos de obras para países em desenvolvimento, a apresentação de estudos de impactos ambientais, teve um efeito enorme na sociedade brasileira, minimizando os problemas ambientais do país. A aplicação dessa condição, no Brasil, causou maior efeito no setor elétrico e na mineração, como bem observou Maimon (1992).

No entanto, em outubro de 1988, um fato trágico – o assas-sinato, em Xapuri, no Acre, de Chico Mendes, ambientalista que lutava por um projeto de desen-volvimento conhecido como re-serva extrativista – foi fator pre-ponderante para a manifestação de inúmeros protestos por parte da comunidade internacional em

relação à negligência do governo brasileiro no que diz respeito ao desmatamento da Floresta Amazônica.

Isso se explica pelo fato de Chico Mendes ser reconhecido internacionalmente por sua luta em favor de ações de sustentabilidade do meio ambiente, pois ganhara o Prêmio Global 500, outorgado pelo Pnuma para pessoas que contribuem com as causas ambientais.

É importante observarmos novamente que a legislação ambiental brasileira, embora seja uma das mais completas do mundo, apresenta um caráter excessivamente biótipo (grupos com a mesma estrutura), pois não inclui explicitamente o ser humano na sua conceituação de meio ambiente, apenas implicitamente, em alguns casos.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 154: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

153

Perguntas e respostasO que é o Projeto Reserva Extrativista?

A reserva extrativista é a reforma agrária dos seringueiros. É o reconhecimento de áreas de floresta, ocupadas tradicionalmente por seringueiros e outros extrati-vistas, como áreas de domínio da união, com usufruto exclusivo dos seringueiros organizados em cooperativas ou associações. Nas reservas extrativistas, não há títulos individuais de propriedade. Nelas serão respeitadas a cultura e as formas tradicionais de organização e de trabalho dos seringueiros, que continuarão a realizar a extração de produtos de valor comercial como a borracha, a castanha e muitos outros, bem como a caça e a pesca não predatória, juntamente com pequenos roçados de subsistência em harmonia com a regeneração da mata. As reservas extrativistas não serão áreas inviáveis economicamente: garantida a floresta, os seringueiros organizados aumentarão a produtividade, introduzindo inovações tecnológicas adequadas. Além disso, darão continuidade à criação de escolas, postos de saúde e cooperativas geridas por seringueiros.A reserva extrativista não é apenas a reforma agrária dos seringueiros, mas tam-bém uma forma de preservação da natureza pelos que dela dependem, e uma alternativa econômica para a Amazônia. (Silva, 2011)

A criação de programas e institutos de políticas ambientais, bem como a fusão de outros pelo presidente José Sarney, nos últimos anos da década de 1980, constituíram-se em medidas visando à execução de políticas e diretrizes ambientais, esclarece Maimon (1992). Foram eles:

• o Programa Nossa Natureza; • o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis

(Ibama), resultado da fusão da Secretaria Especial do Meio Ambiente (Sema), da Superintendência do Desenvolvimento da Pesca (Sudepe), da Superintendência do Desenvolvimento da Borracha (Sudhevea) e do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF);

• a Divisão de Educação Ambiental, criada dentro do Ibama.

Nesse período, o Brasil passou por movimentos de pressão internacional em razão de sua contraditória política social, bem como por ser apontado como um dos grandes responsáveis pelo “efeito estufa”, o qual, em muitos casos, é provo-cado pelo aumento do desmatamento e pelas queimadas.

Esses fatores relacionados com a política externa, ainda segundo Maimon (1992), fizeram com que o governo Collor, no intuito de obter apoio internacional, estabelecesse como um dos eixos da política externa do Brasil o desenvolvimento

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 155: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

154

sustentável. Dentro desse paradigma, criou-se a Secretaria Nacional de Meio Ambiente (em 1990) e entregou-se a sua coordenação ao engenheiro agrônomo José Lutzemberger.

No seu governo, Fernando Collor de Mello também lutou para que o Brasil sediasse a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (também conhecida como Rio-92 ou Eco-92), que foi realizada na cidade do Rio de Janeiro. Sediar tal congresso foi muito significativo, pois a finalidade desse encontro era formular uma nova política ambiental mundial.

Assim, embora não se possa dizer que esse presidente tenha implantado uma política ambiental como era seu projeto, é justo reconhecermos que legou à nação três documentos fundamentais no que diz respeito à questão ambiental:

• o Programa Nacional de Meio Ambiente; • o Projeto de Reconstrução Nacional; e • os Subsídios Técnicos para a Elaboração do Relatório Nacional do Brasil

para a Rio-92.

A abrangência e as ações básicas relativas a tais documentos podem ser resu-midas, baseando-nos em Maimom (1992), nos seguintes pontos:

• Programa Nacional de Meio Ambiente – foi financiado pelo Banco Mundial e executado pelo Ibama. O seu objetivo era fortalecer a proteção das áreas de conservação e proteger ecossistemas já ameaçados, como o Pantanal Mato-Grossense, a Mata Atlântica e a costa brasileira, entre outros. Além disso, tinha a responsabilidade de reestruturar o Ibama.

• Projeto de Reconstrução Nacional – esse projeto abarcou as propostas de desenvolvimento sustentável sob a ótica do Relatório Brundtland*, ou seja, enfocou os conflitos ou resoluções ligadas aos ecossistemas naturais, à preservação da biodiversidade e à exploração racional das espécies nativas e exóticas. Além disso, demonstrou que o modelo de crescimento adotado nas décadas anteriores a 1990 foi a causa da degradação ambiental no Brasil. Assim, apesar de, na prática, ter sido inviabilizada a implantação do projeto de reconstrução, em razão das trocas na equipe econômica do governo ocorridas na ocasião, o projeto trouxe elementos que subsidiaram

* Produzido pela Comissão Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento (em 1987), esse relatório recomendou a realização de uma conferência mundial para orientar as questões ambientais, resultando na Rio-92. O seu nome deve-se ao fato de a comissão ser presidida pela primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 156: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

155

as futuras tratativas do assunto ambiental, bem como uma conscientização relativa à gestão ambiental.

• Subsídios Técnicos para a Elaboração do Relatório Nacional do Brasil para a Rio-92 – esse documento foi produzido pela Comissão Interministerial para a Preparação da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Cima). É constituído por uma introdução (intitulada “O desafio do desenvolvimento sustentável”) e mais seis capítulos, cujos títulos indicam o teor do estudo:

• “Desenvolvimento brasileiro e suas implicações socioambientais”; • “Evolução da política ambiental”; • “Situação atual dos grandes biomas brasileiros”; • “Realidade socioambiental brasileira e os problemas globais”; • “Dimensões básicas de um novo estilo de desenvolvimento”; • “O meio ambiente e as negociações internacionais”.

Efetivamente, sediar a Rio-92 foi um desafio para o Brasil, principalmente pelo fato de o governo e de significativa parcela da sociedade brasileira, naquela ocasião, somarem suas forças na defesa da necessidade do crescimento econô-mico e do respeito à soberania nacional para discutir questões ambientais, sem considerar o ambiente como o todo planetário.

Outro fator de destaque nos anos 1990 foi a criação do Ministério do Meio Ambiente, pela lei sancionada em 19 novembro de 1992, sobre a qual já discor-remos anteriormente.

6 . 2 A s p r o p o s t a s a m b i e n t a l i s t a s n a v i r a d a d o s é c u l o

A g e s t ã o a m b i e n t a l n o B r a s i l c o n t i n u a e m d i s c u s s ã o , com avanços e recuos; no entanto, as questões ambientais encontram-se cada vez mais interligadas com as questões e as políticas públicas. Por exemplo, no ano 2000 foi criado o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), pela Lei n. 9.985/2000 (Brasil, 2000g). Este dispositivo legal orienta a criação, a implantação e a gestão de unidades de conservação em todo o ter-ritório nacional.

Trata-se, sem dúvida, de um instrumento legal de grande valia para os ges-tores, principalmente para a gestão pública, uma vez que nele estão previstas categorias diversas de proteção, as quais são agregadas em dois grupos distintos:

• Unidades de proteção integral – estações ecológicas, reservas biológicas, parques nacionais, monumentos naturais e refúgios silvestres.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 157: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

156

• Unidades de uso sustentável – áreas de proteção ambiental, áreas de relevante interesse ecológico, florestas nacionais, reservas extrativistas, reservas de fauna, reservas de desenvolvimento sustentável e reservas particular do patrimônio natural.

Consultando a legislaçãoLei n. 9.985/2000Art. 4o O SNUC tem os seguintes objetivos:

I – contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais;

II – proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional;

III – contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas naturais;

IV – promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais; V – promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da

natureza* no processo de desenvolvimento; VI – proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica; VII – proteger as características relevantes de natureza geológica, geo-

morfológica, espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural; VIII – proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos; IX – recuperar ou restaurar ecossistemas degradados; X – proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica,

estudos e monitoramento ambiental; XI – valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica; XII – favorecer condições e promover a educação e interpretação ambien-

tal, a recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico; XIII – proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações

tradicionais, respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e promovendo-as social e economicamente. (Brasil, 2000g)

Ainda em 2002, foi instituída a Política Nacional da Biodiversidade, pelo Decreto n. 4.339/2002 (Brasil, 2002e), cuja ação em relação à biodiversidade ocorre nas seguintes áreas:

* Conservação da natureza: é o uso equilibrado e autossustentado dos recursos naturais. É a manutenção do equilíbrio ecológico natural por meio de técnicas adequadas de manejo. O conceito de conservação é distinto do conceito de preser-vação, porque implica a interferência do homem para assegurar a manutenção das espécies ou dos ecossistemas.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 158: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

157

• do conhecimento; • da conservação; • da utilização sustentável de seus componentes; • do monitoramento, avaliação, prevenção e mitigação de impactos.

Esse documento foi um dos resultados mais expressivos das discussões da Eco-92 e continua orientando os projetos de proteção ao meio ambiente. Nesse âmbito, temos a atuação do Programa Nacional da Biodiversidade (Probio) e da Comissão Nacional da Biodiversidade (Conabio).

No ano de 2011, foi editada a Resolução Conama n. 429/2011 (Brasil, 2011g), que dispõe sobre a metodologia de recuperação das Áreas de Preservação Permanente (APPs), que são instrumentos importantes para a gestão ambien-tal no que concerne à preservação.

Para saber maisAo nos dedicarmos à gestão ambiental, é necessário que estejamos em constante atualização e, por isso, recomendamos que você acesse os seguintes sites:

• BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Conama. Resoluções. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/legiano1.cfm?codlegitipo=3&ano=2010>. Acesso em: 5 set. 2011.

Nesse endereço, você encontrará as sucessivas resoluções do Conama com ca-racterização e metodologias para a aplicação das políticas ambientais e para o uso dos instrumentos de proteção e de recuperação do meio ambiente.

• BRASIL. Ministério do Meio ambiente. Assessoria de Comunicação. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=ascom. noticiaMMA&idEstrutura=8&codigo=6585>. Acesso em: 5 set. 2011.

Nesse endereço, você se manterá em constante atualização no que se refere às políticas e aos programas ambientais; também conhecerá todas as publicações do MMA.

• DIAS, B. F. S. et al. (Org.). Comissão Nacional de Biodiversidade: Conabio 5 anos (2003-2008). Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2008. (Série Biodiversidade, 32). Disponível em: <http://www.mma.gov.br/estruturas /chm/_arquivos/livro_conabio_completo.pdf>. Acesso em: 5 set. 2011.

Leia o livro Conabio 5 Anos, um relato sobre a atuação dessa comissão no período de 2003 a 2008. Ele apresenta fatos e estratégias que oferecem uma visão das políticas ambientais em nosso país e, consequentemente, subsídios para a sua atuação nessa área de gestão.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 159: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

158

6 . 3 L i c e n c i a m e n t o a m b i e n t a l

O l i c e n c i a m e n t o a m b i e n t a l é u m a o b r i g a ç ã o l e g a l q u e deve anteceder a instalação de qualquer empreendimento ou atividade que possa poluir ou degradar o meio ambiente, constituindo-se em instrumento, procedi-mento ou estratégia substancial para a gestão ambiental e para a proteção ao meio ambiente.

Nesse contexto, a Resolução Conama n. 237/1997 (Brasil, 1997g) é o dis-positivo legal básico. Essa resolução tem como objetivo a revisão do sistema de licenciamento ambiental e, por finalidade, ser um instrumento normatizador da gestão ambiental da PNMA, estando fundamentada na Lei n. 6.938/1981 e nas Resoluções Conama n. 001/1986 e n. 011/1994 (Brasil, 1994). No Estado do Paraná, por exemplo, recebe fundamentação local na Resolução Sema n. 031/1998 (Brasil, 1998i), regulamentada pelo Decreto n. 99.274/1990 (Brasil, 1990d).

6 . 3 . 1 Competênc ias

C o m o i n s t r u m e n t o n o r m a l i z a d o r d a g e s t ã o a m b i e n t a l da PNMA, a Resolução Conama n. 001/1986 estabeleceu as áreas de competência dos órgãos administrativos, dos procedimentos e das leis agregadas. Dividiu a competência para emitir o licenciamento ambiental, segundo a abrangência ter-ritorial dos empreendimentos, entre o Ibama, o órgão ambiental de cada estado e o de cada município, da seguinte forma:

• Órgão ambiental federal – ao Ibama cabe licenciar empreendimentos localizados conjuntamente no Brasil e em país limítrofe, no mar territo-rial, na plataforma continental, na zona econômica exclusiva, em terras indígenas ou em unidade de conservação* do domínio da União.

• Órgão ambiental estadual – a ele cabe licenciar empreendimentos lo-calizados ou desenvolvidos em mais de um município ou em unidades de conservação de domínio estadual ou do Distrito Federal, florestas e demais formas de preservação permanente.

* Unidade de conservação: é uma área natural pública, delimitada com fins de prote-ção ambiental; pode ser de uso direto e indireto, conforme grau de manipulação de seus recursos permitido pela legislação, definida em nível nacional, estadual ou municipal (Ex.: parque nacional, estadual ou municipal; estação ecológica; reserva florestal etc.). São áreas destinadas a guardar e proteger amostras significativas dos ambientes naturais, da biodiversidade genética, das ciências e de sítios históricos ou culturais, relacionadas a objetivos ecológicos, culturais e econômicos.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 160: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

159

• Órgão ambiental municipal – quando for o caso, a ele cabe emitir o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades de impacto ambiental local e daquelas que lhe forem delegadas pelo estado por ins-trumento legal ou convênio.

No que se refere ao licenciamento ambiental, é a Resolução Conama n. 237/1997 que define a competência dos procedimentos e atos administrati-vos, bem como dos estudos pertinentes.

Consultando a legislaçãoVejamos o que diz o texto da referida resolução (Conama n. 237/1997) sobre o licenciamento ambiental:

Art. 1º Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes definições: I – Licenciamento Ambiental: procedimento administrativo pelo qual o

órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou da-quelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso.

II – Licença Ambiental: ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente estabelece as condições, restrições e medidas de controle am-biental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental.

III – Estudos Ambientais: são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio para a análise da licença requerida, tais como: relatório ambien-tal, plano e projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar de risco.

IV – Impacto Ambiental Regional: é todo e qualquer impacto ambiental que afete diretamente (área de influência direta do projeto), no todo ou em parte, o território de dois ou mais Estados.

Art. 2º A localização, construção, instalação, ampliação, modificação e operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos am-bientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras, bem como

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 161: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

160

os empreendimentos capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento do órgão ambiental com-petente, sem prejuízo de outras licenças legalmente exigíveis.[...]§ 2º caberá ao órgão ambiental competente definir os critérios de exigi-bilidade, o detalhamento e a complementação do Anexo I, levando em consideração as especificidades, os riscos ambientais, o porte e outras características do empreendimento ou atividade.[...]Art. 8º O Poder Público, no exercício de sua competência de controle, ex-pedirá as seguintes licenças:

I – Licença Prévia (LP) – concedida na fase preliminar do planeja-mento do empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisi-tos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação;

II – Licença de Instalação (LI) – autoriza a instalação do empreendi-mento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambien-tal e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante;

III – Licença de Operação (LO) – autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação. [...]Art. 11 Os estudos necessários ao processo de licenciamento deverão ser realizados por profissionais habilitados, às expensas do empreendedor.Parágrafo único – O empreendedor e os profissionais que subscrevem os estudos previstos no “caput” deste artigo serão responsáveis pelas informa-ções apresentadas, sujeitando-se às sanções administrativas, civis e penais. [...]Art. 18 O órgão ambiental competente estabelecerá os prazos de validade de cada tipo de licença, especificando-os no respectivo documento, levando em consideração os seguintes aspectos:

I – O prazo de validade da Licença Prévia (LP) deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo cronograma de elaboração dos planos, programas e projetos relativos ao empreendimento ou atividade, não podendo ser su-perior a 5 (cinco) anos.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 162: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

161

II – O prazo de validade da Licença de Instalação (LI) deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo cronograma de instalação do empreendimento ou atividade, não podendo ser superior a 6 (seis) anos.

III – O prazo de validade da Licença de Operação (LO) deverá considerar os planos de controle ambiental e será de, no mínimo, 4 (quatro) anos e, no máximo, 10 (dez) anos. [...]Art. 20 Os entes federados, para exercerem suas competências licencia-tórias, deverão ter implementado os Conselhos de Meio Ambiente, com caráter deliberativo e participação social e possuir em seus quadros ou a sua disposição, profissionais legalmente habilitados.

O que vimos no texto da Resolução Conama n. 237/1997 são os requisitos e as orientações fundamentais para se proceder a uma licença ambiental. Entretanto, nesse cenário, é importante lembrar que, antes de qualquer processo de licencia-mento ambiental, o empreendedor deve, junto ao município onde será instalado seu empreendimento, buscar a Anuência Ambiental Municipal. A referida anuência é um documento obrigatório no processo de licenciamento. No âmbito municipal, a licença também deve obedecer às leis e aos procedimentos próprios dessa instância administrativa, a saber:

• as leis – orgânica, orçamentária, de uso e ocupação do solo, de parcela-mento do solo;

• o plano diretor de desenvolvimento urbano; e • os códigos – tributário, de obras, de posturas e de saúde.

No tocante à Secretaria do Meio Ambiente do município, esta deve autorizar o empreendimento se não houver qualquer impedimento, no caso da avaliação do plano diretor.

6 . 3 . 2 Exemplo de l eg i s l a ção e stadual para l i cenc iamento ambienta l

N o â m b i t o d o s e s t a d o s d a F e d e r a ç ã o , c o n f o r m e p r e v ê a resolução que estamos abordando (Conama n. 237/1997), o órgão ambiental estadual (Secretarias de Meio Ambiente ou congêneres) tem como responsabi-lidade a realização de procedimentos para viabilizar o licenciamento, bem como a emissão de licença. Para contextualizar essa operacionalização, transcrevere-mos alguns artigos da legislação que dispõe sobre o licenciamento ambiental no Estado do Paraná, ou seja, a Resolução Sema n. 031/1998 (Brasil, 1998i).

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 163: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

162

Das Disposições Gerais sobre Licenciamento e Autorização Ambiental de Atividades Poluidoras, Degradadoras e/ou Modificadoras do Meio AmbienteArt. 76 – A localização, construção, instalação, ampliação, modi-ficação e operação de empreendimentos, atividades ou obras utili-zadoras de recursos ambientais no Estado do Paraná consideradas efetiva e/ou potencialmente poluidoras e/ou degradadoras, bem como os empreendimentos capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento ou au-torização ambiental do IAP e quando couber, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, sem prejuízo de outras licenças legalmente exigíveis.Seção I Do Licenciamento Ambiental Prévio – L.P.Art. 77 – A licença prévia de empreendimentos, atividades ou obras, potencial ou efetivamente poluidoras, degradadoras e/ou modifica-doras do meio ambiente, a ser requerido na fase preliminar do pla-nejamento do empreendimento, atividade ou obra, tem por objetivo:1. aprovar a localização e a concepção do empreendimento, ativi-dade ou obra;2. atestar a viabilidade ambiental do empreendimento, atividade ou obra;3. estabelecer os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases da implantação do empreendimento, atividade ou obra, respeitados os planos federal, estadual e/ou municipal de uso do solo;4. suprir o requerente com parâmetros para lançamento de efluen-tes líquidos, resíduos sólidos, emissões gasosas e sonoras no meio ambiente, adequados aos níveis de tolerância estabelecidos para a área requerida e para a tipologia do empreendimento, atividade ou obra; e 5. exigir a apresentação de propostas de medidas de controle am-biental em função dos impactos ambientais que serão causados pela implantação do empreendimento, atividade ou obra.Art. 78 – A licença prévia não autoriza o início da implantação do empreendimento, atividade ou obra requerida.Art. 79 – A licença prévia para empreendimentos, obras e ati-vidades consideradas efetiva ou potencialmente causadoras de significativa degradação do meio ambiente dependerá de prévio

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 164: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

163

Estudo de Impacto Ambiental e respectivo Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA), ao qual dar-se-á publicidade, garantida a realização de audiências públicas, quando couber, de acordo com a regulamentação.Parágrafo único – O IAP, dentro de seu limite de competência, ve-rificando que a atividade ou empreendimento não é potencialmente causador de significativa degradação e/ou modificação do meio ambiente, definirá os estudos ambientais pertinentes ao respectivo processo de licenciamento.Art. 80 – O IAP poderá exigir, quando da análise do requerimento de licença prévia ou a qualquer tempo, a apresentação de Análise de Risco nos casos de desenvolvimento de pesquisas, difusão, aplicação, transferência e implantação de tecnologia potencialmente perigosa, em especial ligadas a zootecnia, biotecnologia, genética e energia nuclear, assim como a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco à vida, à qualidade de vida e ao meio ambiente.Art. 81 – A licença prévia não permite renovação. Vencido o prazo de validade da mesma, sem que tenha sido solicitada a Licença de Instalação, o procedimento administrativo será arquivado e o re-querente deve solicitar nova licença prévia considerando eventuais mudanças das condições ambientais da região onde se requer a instalação do empreendimento, atividade ou obra.Seção IIDo Licenciamento Ambiental de Instalação – L.I.Art. 82 – A licença de instalação deve ser requerida quando da elaboração do projeto do empreendimento, atividade ou obra, con-tendo as medidas de controle ambiental, podendo ser renovada. Esta licença autoriza a implantação do empreendimento, atividade ou obra, mas não seu funcionamento, e tem por objetivo:1. aprovar as especificações constantes dos planos, programas e pro-jetos apresentados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes da qual constituem motivo determinante; e 2. autorizar o início da implantação do empreendimento, atividade ou obra, bem como fixar os eventos das obras de implantação dos sistemas de controle ambiental sujeitos a inspeção do IAP.Art. 83 – A licença de instalação deve ser aplicada aos empreendi-mentos, atividades ou obras licenciadas previamente mediante LP.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 165: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

164

Art. 84 – Durante a execução das obras de instalação das medidas e/ou dos sistemas de controle ambiental, o IAP poderá exigir dos empreendedores, comunicados informando a conclusão das etapas sujeitas ao seu controle, e do término das obras.Art. 85 – O requerente deve solicitar renovação da licença de insta-lação, toda vez que a instalação do empreendimento for se prolongar por prazo superior ao fixado na licença, e dentro do seu prazo de validade. O não cumprimento deste requisito sujeitará o requerente às penalidades previstas na Legislação Ambiental.Seção IIIDo Licenciamento Ambiental de Operação – L.O.Art. 86 – A licença de operação deve ser requerida antes do início efetivo das operações, e se destina a autorizar a operação do em-preendimento, atividade ou obra, após a verificação do efetivo cum-primento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação.Art. 87 – Quando do requerimento de renovação de Licença de Operação, independente do porte do empreendimento, será exigida a apresentação dos Relatórios Periódicos dos trabalhos de controle e/ou recuperação ambiental, devidamente assinados pelo técnico responsável, desenvolvidos segundo o Plano de Controle Ambiental, Projeto Básico Ambiental, Projeto de Sistema de Controle Ambiental ou EIA/RIMA aprovado.

Resumindo, para que se proceda ao licenciamento, devem ser analisadas as competências e as abrangências dos dispositivos previstos em documentos impor-tantes, como: a Lei n. 6.938/1981; o Decreto n. 88.351/1983; a Resolução Conama n. 001/1986; a Resolução Conama n. 237/1997, bem como as legislações estaduais e municipais, conforme já visto e que exemplificamos com a do Estado do Paraná.

Alguns estados da Federação avançaram no sentido de descentralizar o licen-ciamento, tornando o processo mais rápido e transparente. No entanto, quando nos referimos ao licenciamento, não podemos deixar de falar que este é também uma fonte de arrecadação para os estados e, por isso, eles têm dificuldades de submeter-se a esse novo paradigma. Para os empreendedores, a queixa maior é a morosidade no processo, pois quem investe tem necessidade de recuperar, no menor tempo possível, o seu capital, e não se pode aceitar que um processo de licenciamento fique “engavetado” por quase dois anos até que seja aprovada uma licença de operação.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 166: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

165

6 . 4 G e s t ã o a m b i e n t a l e m á r e a s u r b a n a s

N e s s a c o n j u n t u r a o r g a n i z a c i o n a l e d e c o n s c i ê n c i a a m -bientalista (biocêntrica e/ou ecocêntrica), as cidades e as metrópoles devem repensar os modelos adotados no passado, pois o expressivo aumento popula-cional requer a construção de novos modelos, os quais sejam eficientes na absor-ção das presentes circunstâncias socioambientais e que promovam a integração das regiões metropolitanas com as cidades, preservando e recuperando o meio ambiente. Esses novos modelos passam a ser instrumentos de proteção ao meio ambiente, dentro da perspectiva apresentada nesta obra.

Essa integração, por sua vez, requer malhas viárias, ordena-mento e planejamento dos lotea-mentos, destinação adequada do lixo produzido e um modelo de desenvolvimento que promova a responsabilidade social nas esferas governamentais e nos diferentes setores da sociedade.

Para saber maisNIGRO, C. (In)sustentabilidade urbana. 2. ed. Curitiba: Ibpex, 2011. No prelo.Para você ampliar seus conhecimentos sobre os processos de ocupação urbana e de sustentabilidade, é interessante ler o livro do arquiteto e professor Carlos Nigro, no qual você encontrará uma discussão sobre a urbanização em torno de três eixos temáticos “o ambiente urbano sob o enfoque sistêmico; a sustenta-bilidade com suas dimensões e variáveis analíticas; e, a proposição de possíveis caminhos para a gestão da sustentabilidade urbana” (Nigro, 2011, p. 6).

6 . 4 . 1 O saneamento ambienta l

N e s t e â m b i t o , a d q u i r e m f u n d a m e n t a l i m p o r t â n c i a o s programas de saneamento ambiental. Atualmente, eles são regidos pela Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental (SNSA), ligada ao Ministério das Cidades (MC), que estabelece políticas públicas de saneamento – atuando, em alguns casos, em conjunto com o Ministério da Integração Nacional (MI), com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), com o Ministério da Saúde (MS) e com a Fundação Nacional da Saúde (Funasa) –, e determina as áreas de res-ponsabilidade dos governos federal, estadual e municipal.

[...] para que se proceda ao licenciamento, devem ser analisadas as competências e as abrangências dos dispositivos previstos em documentos importantes [...].

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 167: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

166

As competências dos programas de saneamento ambiental são distribuídas em três âmbitos:

• abastecimento de água e esgotamento sanitário; • saneamento rural; e • escoamento de resíduos sólidos e urbanos.

Além disso, as formas de atuação abrangem:

• os recursos; • as formas de seleção de propostas; e • a operacionalização dos programas.

Nessa conjuntura, e considerando o quadro geral fornecido pelos programas e ações de saneamento – que consta no documento Programas da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental: Ministério das Cidades (2003-2006) –, de acordo com Scherer (2008), os programas abrangem:

• o abastecimento de água; • o esgotamento sanitário; • o saneamento integrado; • o manejo de resíduos sólidos (incluindo os da construção e demolição) e

o de águas pluviais; • o desenvolvimento institucional; • a preservação e a recuperação de mananciais; • os estudos de projetos.

É possível percebermos a amplitude do significado dessas ações – se de fato forem efetivas e aplicadas com seriedade – para o meio ambiente se observarmos que, por exemplo, no bojo do “manejo de resíduos sólidos urbanos” são:

• estabelecidas ações de desativação de lixões, paralelamente à implan-tação de unidades de disposição final (aterros sanitários ou aterros con-trolados); e

• criadas atividades e locais de infraestrutura para coleta seletiva de lixo (onde atuam os catadores) e unidades de tratamento deste (os centros de triagem e de compostagem).

Além disso, também são criadas unidades de transferência intermediária (as chamadas estações de transbordo) e dos sistemas de acondicionamento, coleta e transporte de resíduos ou de lixo.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 168: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

167

6 . 4 . 2 A geo log ia como fe r ramenta de supor te (conhec imento) para a ge stão ambienta l urbana

D i a n t e d i s s o , d e v e m s e r a t e n d i d a s a l g u m a s q u e s t õ e s importantes na área urbana. Nesse cenário – além da integração de dados mul-tidisciplinares, da prevenção e do monitoramento ambiental, dos recursos renováveis* e da legislação ambiental – destacamos os aspectos relacionados à geologia urbana, como: águas superficiais e subterrâneas, bacias hidrográficas, aterros sanitários, poluição da água, solo e ar, geologia e saúde pública e riscos geológicos.

É fácil percebermos, nesse contexto, quão essenciais são as ciências geológicas para compreender, preservar e recuperar o equilíbrio e as complexas interações do sistema terrestre na área urbana, tornando-se esses conhecimentos eficazes e imprescindíveis para o delineamento e a execução da gestão ambiental.

O conhecimento dessa área do saber permite várias interações, como o seu uso no planejamento e no ordenamento territorial, no estudo de riscos geológicos, na avaliação dos impactos ambientais, na determinação de riscos de contaminação** de águas subterrâneas, entre outras.

O uso da geologia no planejamento e no ordenamento territorial é ca-racterizado nos seguintes procedimentos:

• metodológicos de estudo de ordenamento territorial; • de intervenção da geologia no ordenamento territorial; • de ocupação territorial e do ambiente; • de zoneamento ambiental; • de zoneamento ecológico-econômico.

No processo de conscientização dos riscos geológicos, necessário em razão dos múltiplos danos causados tanto ao ser humano como aos bens materiais, provocando insegurança e confusão, a geologia serve de suporte para importan-tes estudos, como:

* Recursos renováveis: bens naturais destinados às múltiplas atividades dos se-res humanos e cuja disponibilidade futura é reversível com o uso, sempre que se utilizem técnicas de manejo em que a taxa de consumo não exceda a capaci-dade de reposição do meio. Um recurso renovável pode se autorrenovar em um nível constante, porque se recicla rapidamente (água) ou porque está vivo e pode propagar-se ou ser propagado (organismos e ecossistemas).

** Contaminação: introdução no meio ambiente (água, ar, solo ou alimentos) de orga-nismos patogênicos, de substâncias tóxicas ou radioativas em concentrações nocivas à saúde dos seres humanos. Um caso particular de contaminação é a poluição.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 169: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

168

• a classificação de riscos ambientais; • a identificação de riscos e perigos geológicos naturais; • o reconhecimento de riscos e perigos humanos; • a observação e a caracterização de acidentes e riscos; • a prevenção de acidentes.

Ainda na linha de investigação das geociências, constitui-se em ferramenta que propicia a avaliação de impactos ambientais, contribuindo para:

• diagnósticos e prognósticos ambientais; • métodos de avaliação de impactos ambientais; • estudos de impactos ambientais; • relatórios de impactos sobre o meio.

Outro setor da gestão ambiental em que podemos aplicar a geologia é nos processos de utilização dos espaços subterrâneos. Dessa forma, essa ciência é utilizada na determinação de riscos de contaminação de águas subterrâneas, como nos processos e técnicas de definição:

• do comportamento dos contaminantes em superfície; • dos riscos de contaminação; • da estratégia e contaminação de riscos; • da classificação das atividades contaminantes; • da caracterização da vulnerabilidade do aquífero.

A integração desses dados aos demais saberes multidisciplinares da gestão ambiental permite a compreensão de diferentes problemas e o emprego de uma metodologia específica de mitigação, reestruturação e planejamento do ambiente urbano. Isso porque o reconhecimento da geodiversidade, bem como o conheci-mento da dinâmica da evolução dos fatores geológicos, aos quais a humanidade está vinculada em seu processo de uso e de ocupação do espaço territorial, permi-tem a implantação de estruturas de adequação do homem ao meio físico-natural. Nesses processos, os instrumentos mais aplicados à geologia ambiental são: o sistema de informações e de geoprocessamento, o sensoriamento remoto, a fo-togrametria* e a cartografia.

O que podemos observar é que a urbanização deve ser realizada conside-rando-se as características geológicas dos terrenos; da mesma forma, deve ocorrer a implantação de infraestrutura, como, por exemplo, a pavimentação e a dre-nagem das águas pluviais. Quando não ocorre esse processo, ou seja, quando

* Fotogrametria: método de levantamento topográfico mediante a fotografia.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 170: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

169

os fatores geológicos não são avaliados e respeitados, normalmente acontecem acidentes geológicos, como a erosão acelerada, áreas urbanas com riscos de ou com efetivo afundamento, alagamento e inundações, entre outros.

S í n t e s e

C o n f o r m e a A g e n d a 2 1 ( B r a s i l , 2 0 0 0 i ) , “ a s o c i e d a d e brasileira não poderá avançar em direção ao desenvolvimento se não discutir, clara e corajosamente, seus problemas, para, em seguida, estabelecer os pactos necessários. Somente a sociedade tem legitimidade para mediar os conflitos e construir os indispensáveis consensos”. Avaliar e planejar o meio ambiente ur-bano tornou-se um desafio, tanto para o Poder Público como para a sociedade civil organizada. Contudo, almejar a qualidade de vida baseando-se em boas práticas de planejamento urbano, torna possível desenvolver o meio ambiente sem agredi-lo. Aliás, é inerente à gestão ambiental a análise e a caracterização do ambiente, o planejamento de ações de proteção e a aplicação dessas medidas. Esses dados, integrados a informações sociais, econômicas, culturais, arquite-tônicas e de saúde pública, permitem o emprego de uma metodologia específica (conforme visto) de mitigação, de reestruturação e de planejamento do ambiente urbano. Nesse contexto, podemos dizer, avaliando nossa trajetória histórica, que o Brasil, em termos de gestão ambiental, avançou muito, principalmente, no que diz respeito aos diplomas legais. Temos atualmente um importante conjunto de leis e instrumentos de defesa ambiental, embora as ações e as fiscalizações ainda não sejam compatíveis com a dimensão territorial do país.

Q u e s t õ e s p a r a r e f l e x ã o

1. Você já refletiu sobre o quanto a ação antrópica pode acelerar dinâmicas de acidentes geológicos urbanos? Você já havia pensado no fato de que, para construir uma cidade, o ser humano necessita de matérias-primas minerais, mas também está exposto e sofre a determinação das condições e dos processos geológicos atuantes naquela área? Na sua região já ocor-reram acidentes geológicos urbanos?

2. Na obra (In)sustentabilidade urbana, encontramos uma observação que consideramos oportuna destacar. Nela, o arquiteto Carlos Nigro (2011, p. 10, grifo nosso), citando Barros, esclarece que:

O desenho urbano pode ser definido como uma atividade multidis-ciplinar, interessada tanto no processo de transformação da forma urbana quanto no espaço resultante de tal processo. Combinando

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 171: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

170

questões técnicas, sociais e estéticas, projetistas urbanos atuam em todas as escalas do desenvolvimento socioespacial. Em poucas pala-vras, desenho urbano é a arte de fazer lugares para as pessoas. [grifo nosso]

Você já havia pensado sobre isso? Refletindo sobre o que se encontra expresso nessa citação, você considera que há a necessidade de o gestor de empresas e/ou de cidades conhecer os pressupostos, as técnicas e os objetivos da gestão socioambiental?

Q u e s t õ e s p a r a r e v i s ã o

1. Depois das considerações e das informações apresentadas, podemos inferir que a análise multidisciplinar é a integração de dados que permite a com-preensão de diferentes problemas e o emprego de metodologia específica, de reestruturação e de planejamento do ambiente urbano. Da mesma forma, podemos concluir que, para se ter um ordenamento urbano eficiente, existe a necessidade de se identificar algumas importantes questões, como a legis-lação ambiental, os riscos geológicos, a prevenção e o monitoramento am-biental. Nesse contexto, utilizamos, entre outros recursos, a fotogrametria, a cartografia, o sensoriamento remoto, que são algumas das ferramentas ou saberes aplicados à geologia ambiental. Nesse processo, você saberia dizer o que analisamos com o uso dos saberes, entre outros, da geologia, na determinação de riscos de contaminação de água?

2. Quais são os dois eixos a que está vinculada de forma histórica a gestão ambiental no Brasil?

3. Sobre o licenciamento, podemos afirmar que:i. configura a obrigação de o empreendedor executar o projeto da maneira

que este foi aprovado pelo órgão ambiental. Logo, quaisquer altera-ções posteriores devem ser necessariamente submetidas à análise do órgão ambiental.

ii. obras civis, rodovias, ferrovias, hidrovias, barragens e diques, canais para drenagem, retificação de rios necessitam de licenciamento.

iii. conforme a Resolução Sema n. 031/1998, a licença prévia não permite renovação. Vencido seu prazo de validade, sem que tenha sido solicitada a licença de instalação, o procedimento administrativo será arquivado.

iv. segundo a Resolução Conama n. 237/1997, estudos ambientais são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos relacionados à loca-lização, à instalação, à operação e à ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado com subsídio para a análise da licença requerida.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 172: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

171

Considerando essas afirmações, podemos dizer que:

a. somente as afirmativas I e IV são corretas.b. somente as afirmativas I, II e IV estão corretas.c. somente as afirmativas I, II e III estão corretas.d. todas as afirmativas estão corretas.

4. Ao apontar um cenário catastrófico, no qual não seria possível continuar indefinidamente com o crescimento econômico, uma vez que este levaria ao esgotamento dos recursos ambientais, apresentou-se como solução o

“crescimento zero”. Nesse trecho, estamos falando da(o):a. Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente (Unced),

realizada em Estocolmo, na Suécia, no ano de 1972.b. Relatório Meadows.c. Projeto Brasil Grande Potência.d. Relatório de subsídios para a instalação da Rio-92.

5. Leia com atenção as afirmativas a seguir e marque a(s) correta(s).a. Sistemas de informações e geoprocessamento são instrumentos apli-

cados à geologia ambiental.b. Para a avaliação de impactos ambientais, existe a necessidade de se

determinar os diagnósticos e os prognósticos ambientais, e elaborar o relatório de impactos ambientais.

c. Existe a necessidade do estudo de algumas questões importantes para a área urbana, como: aterros sanitários, poluição da água, solo e ar, riscos geológicos, entre outros.

d. Com o crescimento desordenado da população, não há necessidade de se identificar os riscos geológicos.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 173: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 174: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

c a p í t u l o 7

Soluções para áreas degradadas com passivos ambientaisNe

nhum

a par

te de

sta pu

blica

ção p

oder

á ser

repr

oduz

ida po

r qua

lquer

meio

ou fo

rma s

em a

prév

ia au

toriza

ção d

a Edit

ora I

bpex

. A vi

olaçã

o dos

dire

itos a

utora

is é c

rime e

stabe

lecido

na Le

i nº 9

.610/1

998 e

punid

o pelo

art. 1

84 do

Cód

igo P

enal.

Page 175: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

C o n t e ú d o s d o c a p í t u l o :

• Características das áreas degradadas; • Fatores necessários para elaboração de um Plano de Recuperação de Área

Degradada (Prad); • A importância do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS)

para a gestão ambiental.

A p ó s o e s t u d o d e s t e c a p í t u l o , v o c ê s e r á c a p a z d e :

• identificar os fatores que caracterizam uma área degradada; • conhecer os parâmetros legais que definem uma área como degradada,

constituindo assim um passivo ambiental*; • elaborar um Prad; • utilizar a ferramenta de gestão ambiental denominada PGRS.

* Passivo ambiental: quantificação financeira dos danos causados ao meio ambiente ou dos gastos necessários para o ajustamento da unidade aos padrões ambien-tais; resultado econômico das empresas, passível de ser sacrificado em função da preservação, da recuperação e da proteção do meio ambiente.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 176: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

175

N o â m b i t o d e a ç ã o d a g e s t ã o a m b i e n t a l , e x i s t e m situações em que os instrumentos de proteção ambiental são aplicados em áreas degradadas, com passivos ambientais. Não se trata, nesse caso, de um processo de prevenção, mas sim de recuperação. Essas condições são próprias de am-bientes que já foram utilizados, ou que ainda estão em uso, e que possuem impactos ambientais significativos. Um exemplo claro é a aquisição por al-guém de uma propriedade rural que possui um processo erosivo. Nesse caso, o novo proprietário tem a obrigação de assumir o passivo ambiental, o qual deve ser recuperado conforme projeto técnico aprovado pelo órgão ambiental. É uma obrigação legal, sendo que a reparação do dano ou do passivo correrá por conta de quem atualmente é o proprietário da área.

7 . 1 D e f i n i ç ã o l e g a l e c a r a c t e r i z a ç ã o d e á r e a s d e g r a d a d a s

Á r e a s d e g r a d a d a s s ã o á r e a s q u e p r o d u z e m r i s c o s p a r a o bem-estar da coletividade, segundo a avaliação tecnicamente respaldada das autoridades competentes, o que é motivado por apresentarem deposições anti-gas, sítios contaminados (áreas industriais abandonadas), aterros de resíduos sem sistema de impermeabilização (substâncias nocivas) e áreas suspeitas de contaminação.

Como reconhecer as condições que caracterizam uma área degradada?

• Deposições antigas – são considerados sistemas abertos, aterros ou deposições abandonadas, nas quais foram depositados resíduos.

• Sítios contaminados – em regra, são áreas industriais fechadas ou aban-donadas nas quais foram usadas substâncias nocivas ensacadas, engarrafa-das, produzidas ou tratadas, como postos de combustíveis, galvanizadoras, indústrias processadoras de metais e indústrias químicas.

• Aterros de resíduos – contêm substâncias perigosas, que apresentam uma ou várias características físico-químicas tóxicas ao organismo humano e ao meio ambiente, como as mutagênicas, cancerígenas, infecciosas etc.

• Áreas suspeitas de contaminação – deposições antigas e áreas indus-triais ainda em operação ou fechadas, que possam colocar em risco o bem-estar da coletividade.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 177: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

176

E como podemos identificar tais características? Por meio dos efeitos, como, por exemplo, a redução da qualidade da água, os danos sofridos pela vegetação e pelos animais ou, em casos mais graves, o surgimento de doenças ou mesmo a morte de pessoas que vivem no local e em seu entorno. Nessas situações de degradação ambiental, as fontes poluidoras geralmente são: percolação*, per-colação liniforme** e entradas difusas, entre outras.

A percolação localmente concentrada de poluentes ocorre em:

• deposições antigas problemáticas (lixões e aterros não controlados etc.); • aterros sanitários com vazamentos; • fossas, bacias de decantação; • áreas industriais (armazenamento e manipulação impróprios de subs-

tâncias perigosas); • locais de acidentes no transporte de substâncias perigosas.

A percolação liniforme de substâncias acontece por meio de:

• infiltração de rios e riachos; • infiltração de efluentes líquidos em sistemas de canalização com

vazamentos; • decoação das águas das ruas.

As entradas difusas de substâncias em áreas externas, por meio da per-colação, ocorrem como consequência de:

• adubação excessiva de áreas agricultáveis; • aplicação imprópria de defensivos agrícolas e pesticidas; • entradas de substâncias da atmosfera, carregadas pela precipitação.

Outros fatores de poluição que produzem degradação ambiental ocorrem quando da infiltração de lagoas e de bacias de armazenamento, bem como da entrada direta – ou retirada – de calor por meio de poços.

Esses processos poluidores provocam emissões e outros efeitos que constituem três grupos:

* Percolação: movimento descendente de água através do perfil do solo, por ação da gravidade, especialmente em solo saturado ou próximo à saturação, com gra-dientes hidráulicos da ordem de 1,0 ou menos. Graças ao lento movimento de penetração da água nas camadas do solo, forma-se o lençol freático. No entanto, a percolação transporta também elementos nocivos, como os poluentes das águas e dos solos.

** Percolação liniforme: percolação não uniforme, que ocorre em diferentes locais no solo.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 178: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

177

• os de materiais suspensos e diluídos na água subterrânea, de infiltração e de superfície;

• os de gases nocivos, substâncias voláteis e poeira; • os de deslizamentos, assentamentos, corrosão etc.

A propagação de tais materiais, nesses ambientes, ocorre por meio de águas de superfície, águas subterrâneas, ar, solo e subsolo.

As substâncias são classificadas de acordo com o seu estado físico em:

• substâncias dissolvidas (com dispersão molecular, iônica ou coloidal); • substâncias em suspensão; • substâncias emulsionadas (líquidos não solúveis na água).

No que diz respeito ao comportamento de deposição e de degradação dessas substâncias, elas podem ser classificadas em substâncias perseverantes, per-sistentes ou refratárias, quimicamente degradáveis ou, ainda, em substâncias biodegradáveis.

Consultando a legislaçãoNo processo de caracterização das áreas degradadas, é necessário que você faça uma análise que considere os parâmetros estabelecidos:

• na Lei n. 6.938/1981 (Brasil, 1981b), art. 4°: “A Política Nacional do Meio Ambiente visará: [...] VII – à imposição, ao poluidor e ao predador, da obri-gação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da con-tribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos”;

• no Decreto n. 97.632/1989 (Brasil, 1989a), art. 1º: “Os empreendimentos que se destinem à exploração de recursos minerais deverão, quando da apresen-tação do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e do Relatório de Impacto Ambiental (Rima), submeter à aprovação do órgão ambiental competente um plano de recuperação de área degradada;

• no mesmo Decreto (n. 97.632), art. 2º: “Para efeito deste Decreto são conside-rados como degradação os processos resultantes dos danos ao meio ambiente, pelos quais se perdem ou se reduzem algumas de suas propriedades, tais como a qualidade ou capacidade produtiva dos recursos ambientais”.

7 . 2 Tr a t a m e n t o d e p a s s i v o s a m b i e n t a i s

A g o r a q u e j á a n a l i s a m o s e c a r a c t e r i z a m o s o s f a t o r e s que definem os passivos ambientais, passamos ao seu tratamento. Os passivos ambientais, herdados ou não de proprietários anteriores, devem ser recupe-rados com técnicas que restabelecerão o ambiente degradado. Esse processo

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 179: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

178

é condicionado à lei, para a apresentação de um plano de recuperação de área degradada sob a responsabilidade técnica de um profissional habilitado, o qual deve emitir a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), atendendo o dis-posto no Decreto n. 97.632/1989, art. 3°: “A recuperação deverá ter por objetivo o retorno do sítio degradado a uma forma de utilização, de acordo com um plano preestabelecido para uso do solo, visando à obtenção de uma estabilidade do meio ambiente”. Para isso, devemos usar o Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (Prad), como veremos a seguir*.

7 . 2 . 1 Plano de Recuperação de Áreas Deg radadas (Prad)

T r a t a - s e d e u m i n s t r u m e n t o d e g e s t ã o a m b i e n t a l (prescrito legalmente), cuja aplicabilidade ocorre nas atividades relacionadas a desmatamentos, terraplenagem, exploração de jazidas de empréstimos, entre outras. Embora ele seja usado em áreas degradadas resultantes de atividades relacionadas à agricultura, à pecuária, à mineração, à construção de rodovias etc., enfocaremos, principalmente, as questões pertinentes à degradação am-biental urbana.

A necessidade de implantação do Prad surge, muitas vezes, em função de levantamentos como do passivo ambiental, do EIA, de planos de zoneamento ambiental ou de levantamentos para planos de um sistema de gestão ambiental.

Observamos, segundo Salvador e Miranda (2008), que o desenvolvimento de um Prad requer as seguintes atividades:

• inspeção ambiental da área a ser reabilitada; • documentação fotográfica dos itens de passivo identificados; • identificação dos processos de transformação ambiental que deram origem

aos itens de passivo identificados; • caracterização ambiental dos itens de passivo e de seus processos

causadores; • hierarquização dos itens de passivo, em termos de sua representatividade,

assim como de seus processos causadores; • estabelecimento de medidas corretivas e preventivas para cumprir com

as necessidades de reabilitação ambiental da área; • orçamentação das medidas.

* Apresentamos, na sequência, um estudo de caso – a experiência bem-sucedida de um projeto de política de gestão ambiental visando à recuperação de uma área, proteção a remanescentes da Mata Atlântica e, ao atendimento a princípios de educação ambiental, além do propósito de suprir certas necessidades da população.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 180: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

179

Em função da localização e da identificação do espaço onde é realizado um Prad, esse programa pode compreender o levantamento histórico de toda a área e, igualmente, do caso individual. Nessa situação, deve ficar claro que os objetivos dos levantamentos são:

• inventariar o maior número possível de áreas suspeitas de contaminação; • fazer uma primeira estimativa do potencial de riscos; • realizar a listagem de todos os dados disponíveis; • estabelecer uma estimativa mais profunda do potencial de riscos.

Diagnóstico ambiental para avaliação de periculosidade

P a r a r e a l i z a r m o s u m p r o g r a m a d e r e c u p e r a ç ã o a m -biental, é necessário fazer um diagnóstico e uma classificação da situação do espaço geográfico em foco. Nesse processo, é realizada a avaliação da peri- culosidade, que consta das seguintes etapas:

• avaliação inicial; • investigações técnicas preliminares; • investigações técnicas e analíticas principais; • avaliação final da localização.

O objetivo desses procedimentos é fornecer subsídios para:

• a decisão sobre o procedimento posterior; • a análise das camadas do solo, lençol freático, direção e velocidade do

fluxo das águas subterrâneas, primeira estimativa dos possíveis poluentes; • a delimitação dos focos de danos, quanto aos seus parâmetros e à sua

localização; • a recomendação de medidas para afastar os riscos.

Esse processo de diagnóstico e classificação compreende a descrição da condição topográfica, da suscetibilidade dos solos de superfície à erosão, da localização de rejeitos, enfim, das relações entre a geologia e a geomorfologia do espaço analisado. Além disso, permite a identificação e a caracterização dos ecossistemas do local, bem como dos mananciais hídricos e das áreas protegidas (áreas de reserva legal, de propriedades rurais etc.).

Depois dessa análise e da explanação sobre os vários fatores químicos, bioló-gicos e sociais pertinentes aos problemas ambientais, é importante refletirmos

A necessidade de implantação do Prad surge, muitas vezes, em função de levantamentos como do passivo ambiental, do EIA, de planos de zoneamento ambiental ou de levantamentos para planos de um sistema de gestão ambiental.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 181: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

180

sobre a resultante contábil do contexto de degradação ambiental, por meio da ação antrópica, o chamado passivo ambiental.

Figura 7.1 - Exemplo da degradação ambiental

Para saber maisBERTÉ, R.; RAZZOLINI FILHO, E. O reverso da logística e as questões ambientais no Brasil. Curitiba: Ibpex, 2009.Nessa obra de Berté e Razzolini Filho, você encontrará conceitos e práticas sobre logística reversa e algumas ferramentas de uso nesses processos. Por meio de uma abordagem que combina a questão ambientalista com o paradigma do desenvolvi-mento sustentável, apresentamos os tipos de canais reversos mais usuais existentes no Brasil, com base na classificação dos bens pela ótica de sua descartabilidade, e sobre a questão da reciclagem dentro de uma visão da logística reversa.

7 . 3 G e r e n c i a m e n t o d e r e s í d u o s

N o c e n á r i o d a g e s t ã o a m b i e n t a l , a s á r e a s u r b a n a s r e -velam a necessidade de planos de estudo e de levantamento, os quais permi-tam a avaliação dos efeitos ambientais, bem como as respectivas medidas e as necessárias adequações dos empreendimentos à legislação vigente. Nesse pano-rama de passivos ambientais, uma ferramenta que tem se mostrado bastante útil para os gestores do âmbito privado e público é o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS).

Devemos destacar que materiais em estado sólido ou semissólido que resul-tam das diversas atividades humanas (industrial, doméstica, hospitalar, comer-cial, agrícola, de serviços, de varrição etc.) e que, para determinado estágio ou processo, não têm mais utilização viável, são chamados de resíduos.

Ingi

mag

e

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 182: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

181

No âmbito da gestão ambiental, esclarece Medeiros (2002) que um subsídio interessante para o controle dos procedimentos relacionados à destinação e ao tratamento de resíduos é justamente o PGRS. Esse documento orienta-se pelos princípios da não geração e/ou da minimização da geração de resíduos. A ela-boração do PGRS é de responsabilidade da pessoa que produz os resíduos, e o plano deve ser apresentado para análise do órgão ambiental a fim de ser aprovado.

Deve fazer parte de seu conteúdo a discriminação de ações relativas ao manejo dos resíduos, entre elas:

• minimização na produção; • segregação; • acondicionamento; • identificação; • coleta e transporte (interno e externo); • armazenamento (temporário e externo); • tratamento (interno e externo); • destino final.

A legislação em que se fun-damenta um PGRS é basica-mente a das resoluções que ire-mos relacionar, além das leis ambientais de cada estado da Federação e municípios, no âmbito de suas respectivas abrangências, bem como as NBRs e portarias. Medeiros (2002) compilou uma relação de itens nesse âmbito, conforme mencionamos a seguir, que você precisa conhecer para elaborar um PGRS.

Resoluções do Conama:

• Resolução Conama n. 283/2001 (Brasil, 2001j) – dispõe sobre o tratamento e a destinação final dos resíduos dos serviços de saúde;

• Resolução Conama n. 275/2001 (Brasil, 2001h) – estabelece a simbologia dos resíduos por meio do código de cores;

• Resolução Conama n. 005/1993 (Brasil, 1993d) – prescreve normas em rela-ção aos resíduos sólidos oriundos de serviços de saúde, portos, aeroportos, terminais ferroviários e rodoviários; nessa elaboração de determinações, levou-se em consideração a necessidade de preservar a saúde pública e a qualidade do meio ambiente; além disso, as ações preventivas são menos onerosas e minimizam os danos à saúde pública e ao meio ambiente;

Devemos destacar que materiais em estado sólido ou semissólido que resultam das diversas atividades humanas (industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços, de varrição etc.) e que, para determinado estágio ou processo, não têm mais utilização viável, são chamados de resíduos.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 183: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

182

• Resolução Conama n. 009/1993 (Brasil, 1993f) – estabelece determina-ções sobre uso, reciclagem, destinação e rerrefino de óleos lubrificantes, considerando, nesse contexto, que a reciclagem é instrumento prioritário para a gestão ambiental;

• Resolução Conama n. 006/1988 (Brasil, 1988c) – define ações em relação à produção de resíduos nas atividades industriais, considerando, entre outros fatores, a ausência de informações sobre os tipos e destinos dos resíduos gerados no parque industrial do país; e que, para a elaboração de diretrizes nacionais visando ao controle dos resíduos perigosos, é es-sencial a realização de um inventário dos resíduos industriais produzidos e/ou existentes no país.

Padrões de normatização (NBRs):

• NBR 7500/2005 – normas para o transporte de produtos perigosos; • NBR 7500/2000 – símbolos de risco e manuseio para o transporte e o

armazenamento de materiais; • NBR 8285/1996 – parâmetros para o preenchimento da ficha de emergência; • NBR 13463/1995 – classificação para a coleta de resíduos sólidos; • NBR 13221/1994 – procedimentos para o transporte de resíduos; • NBR 12807/1993 – terminologia para resíduos dos serviços de saúde. • NBR 12235/1992 – armazenamento de resíduos sólidos perigosos; • NBR 11175/1990 – incineração de resíduos sólidos perigosos, e padrões

de desempenho; • NBR 11174/1989 – definições de armazenamento de resíduos de classes II

(não inertes) e III (inertes); • NBR 12235/1987 – procedimentos para o armazenamento de resíduos

sólidos perigosos; • NBR 10157/1987 – critérios para projetos, construção e manuseio de ater-

ros para destinação de resíduos perigosos; • NBR 10007/1987 – procedimentos para amostragem de resíduos; • NBR 10006/1987 – procedimentos para a solubilização de resíduos; • NBR 10005/1987 – procedimentos para a lixiviação de resíduos; • NBR 10004/1987 – classificação dos resíduos sólidos; • NBR 8286/1987 – simbologia de uso para o transporte rodoviário de

produtos perigosos; • NBR 8418/1983 – normas para a apresentação de projetos de aterros para

resíduos industriais perigosos; • NBR 7504/1983 – características e dimensões de envelopes para o trans-

porte de cargas perigosas;

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 184: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

183

• NBR 7503/1983 – ficha de emergência para cargas perigosas; • NBR 7501/1983 – transporte de cargas perigosas.

Portarias:

• Portaria Inmetro n. 221/1991 (Brasil, 1991a) – estabelece parâmetros para aprovação do regulamento técnico e a inspeção em equipamentos destinados ao transporte de produtos perigosos a granel, os quais não estão inseridos em outros regulamentos.

• Decreto Federal n. 96.044/1988 (Brasil, 1988b) – estabelece regulamento para o transporte rodoviário de produtos perigosos.

• Portaria Ministerial n. 53/1979 (Brasil, 1979) – estabelece a destinação e parâmetros para o tratamento de resíduos.

O controverso, nesse movimento de adequação à política ambiental, é que as empresas, dentro dos princípios da globalização, promovem parcerias e ter-ceirizam as operações de “estações de tratamento de efluentes industriais”. Ao utilizarem essa estratégia operacional, transferem a responsabilidade em re-lação ao gerenciamento de resíduos para empresas e pessoal da área técnica (biólogos, engenheiros químicos e administradores) especializados em resolver problemas de produção, de transporte e de destinação final de resíduos indus-triais perigosos.

7 . 3 . 1 Proce ssos de t ratamento de re síduos

C o n s i d e r a n d o t o d o s o s f a t o r e s e x p o s t o s , a f i n a l , o que encontramos de objetivo em nosso país no que se refere à gestão am-biental quanto ao uso dos processos de tratamento de resíduos? Embora não seja, ainda, um processo totalmente satisfatório, existem iniciativas de gerencia-mento e tratamento de resíduos na busca pela redução dos impactos ambientais causados por solos contaminados como resultado da ação antrópica, entre eles: saneamento de solos contaminados, desumidificação, recuperação de solventes, pirólise, compostagem e incineração. A identificação dessas condições de re-cuperação ambiental ocorre pelos seguintes procedimentos:

• Saneamento de solos contaminados – os solos contaminados com hi-drocarbonetos (gasolina, querosene, óleo diesel, álcool, óleos e graxas diversos) existentes em todos os postos de abastecimento de combustíveis licenciados até os anos recentes, uma vez identificados os vazamentos e contaminações pelos órgãos de meio ambiente estaduais, e aplicada a legis-lação, devem ser saneados, como remediação pelo dano ambiental causado.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 185: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

184

• Desumidificação – procedimento no qual é usado um equipamento de desumidificação, que retira água em até 100% de diversas soluções orgâni-cas e inorgânicas. É o caso da desumidificação de lodos galvânicos úmidos gerados nas estações de tratamento de efluentes de sistemas de eletrode-posição de metais. Quanto menos água esses resíduos contiverem, mais estáveis permanecerão e mais fácil será tratá-los. Um desses tratamentos é a deposição em aterro sanitário* especial licenciado.

• Recuperação de solventes – processo que promove a recuperação de solventes, evitando assim que sejam lançados ao meio ambiente. Esses resíduos perigosos estão disponíveis em indústrias que manipulam tintas, plásticos, moldes etc.

• Pirólise – processo de tratamento do lixo por meio do fogo, em que ocorre a transformação por aquecimento de uma mistura ou composto orgânico em outra substância. Vários fatores recomendam esse processo, como: • o tratamento e a destinação final do lixo, sendo esse processo energe-

ticamente autossustentável, não necessita de energia externa; • a decomposição química por calor na ausência de oxigênio; forma que

apresenta um balanço energético positivo, pois produz mais energia do que consome;

• o reator pirolítico é alimentado por resíduos, o que significa que sua fonte de combustão pode ser proveniente do lixo doméstico ou do processamento de plásticos e industriais.

• Compostagem – esse tratamento de resíduos de origem animal ou vegetal (estrume, folhas, papel e restos de comida, entre outros) constitui-se em um processo biológico de decomposição de matéria orgânica. O produto final da compostagem pode ser considerado um enriquecedor do solo ou adubo, pois pode ser aplicado ao solo para melhorar as suas características, sem que haja contaminação do meio ambiente.

• Incineração – entre os processos de destinação do lixo urbano, a incine-ração apresenta-se como uma alternativa razoável, pois, por meio de altas temperaturas (combustão controlada), o lixo é destruído, ocasionando a redução de volume e de peso; no entanto, esse processo sempre gera um

* Aterro sanitário: processo de disposição dos resíduos sólidos na terra, sem causar mo-léstias nem perigo à saúde pública ou à segurança sanitária. Consiste na utilização de métodos de engenharia para confinar os despejos na menor área possível, reduzi-los a um volume mínimo e cobri-los com uma capa de terra diariamente, ao final da jornada de trabalho ou em períodos mais frequentes, conforme seja necessário.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 186: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

185

resíduo, o qual pode ser em torno de até 20% do volume inicial, a ser de-positado em um aterro sanitário.

Como podemos observar, al-ternativas existem, e as empresas, principalmente as que produzem resíduos, vêm buscando, com o passar dos anos, tecnologias apli-cadas ao tratamento e à destina-ção final de todos os elementos ge-rados a pelo processo produtivo. Nesse contexto, como já comen-tamos, é comum que essas empresas terceirizem os serviços. Ao proceder assim, elas alegam que não é possível possuir uma estação de tratamento de efluentes, pois, além do alto custo, não existem profissionais adequados para operá-la e monitorá-la. Outro “gargalo” nesse processo é o custo da tecnologia, fator que cada vez mais provoca a opção por tratamentos alternativos.

No Brasil, a consciência ambiental para se dar a destinação adequada aos resíduos veio por força de lei. Existem casos em que a própria empresa, com o objetivo de fazer um marketing verde, opta por destinar adequadamente o seu lixo, sem que haja exigências do órgão ambiental.

S í n t e s e

N o B r a s i l , e m f u n ç ã o d o m o d e l o d e d e s e n v o l v i m e n t o adotado no passado não prever técnicas e mecanismos protecionistas do meio ambiente, ficou claro que herdamos um passivo ambiental significativo. Cabe à geração presente estabelecer condicionantes para tornar eficiente a atuação dos órgãos ambientais na defesa do meio ambiente e, por conseguinte, na aplicação da lei no tocante a seus infratores. Um avanço importante foi a criação e a apli-cação do Prad, o qual constitui uma ferramenta para reduzir o passivo ambiental por meio de programas de restabelecimento dos ambientes degradados, o que implica a realização de diagnóstico ambiental para a avaliação de periculosidade, bem como o processo de gerenciamento de resíduos.

Q u e s t õ e s p a r a r e f l e x ã o

1. Em todos os postos de combustíveis licenciados até os anos recentes, os solos estão contaminados com hidrocarbonetos (gasolina, querosene, óleo

No Brasil, a consciência ambiental para se dar a destinação adequada aos resíduos veio por força de lei. Existem casos em que a própria empresa, com o objetivo de fazer um marketing verde, opta por destinar adequadamente o seu lixo, sem que haja exigências do órgão ambiental.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 187: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

186

diesel, álcool, óleos e graxas diversos). Uma vez que os órgãos ambientais estaduais identificam os vazamentos e as contaminações, estes devem ser saneados, como remediação pelo dano ambiental causado. Como você já deve estar ciente, a lei determina um ressarcimento, seja por meio da re-cuperação de ambientes, seja por meio de compensações para a sociedade. No entanto, existe uma forte corrente ambientalista, baseada em dados e no bom senso, que apregoa a necessidade de as empresas investirem na prevenção da degradação ambiental, o que pode ser feito se apostarem em tecnologias de contenção ou de eliminação dos processos poluidores. Na sua opinião, você considera essa uma solução prática? Ou os planos de recuperação ainda são mais viáveis?

2. Será interessante, agora, refletirmos sobre o Plano de Recuperação de Área Degradada e relacioná-lo com a degradação ambiental provocada pelos resíduos sólidos, principalmente na área urbana. Assim, poderemos avaliar a importância, ou não, de as empresas públicas e privadas elaborarem um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos. Aliás, a definição do lixo como elemento inservível tem sido objeto de discussão, uma vez que, em-bora se trate de algo descartável para uns (os que dele se desvencilharam), pode, para outros, tornar-se matéria-prima quando de sua utilização em um novo produto ou processo. Assim, o procedimento de reaproveitar o lixo torna-se um convite para refletir sobre o conceito clássico de resíduos sólidos. Deparamo-nos, pois, com uma reflexão filosófica: afinal, sob essa perspectiva, o lixo só poderia ser conceituado como tal quando ninguém mais reivindicasse o material descartado para uma nova utilização. Você já havia pensado sobre isso? Esse fato argumenta a favor do uso do PGRS como instrumento de gestão ambiental? Você conhece alguma empresa pública ou privada, em sua região, que faça uso desse tipo de plano?

Q u e s t õ e s p a r a r e v i s ã o

1. Os resíduos perigosos (Classe I) são aqueles que apresentam como características: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade ou patogenicidade. Essa condição faz que representem riscos à saúde pública, provocando aumento da mortalidade ou da morbidade, ou ainda efeitos nefastos ao meio ambiente quando manuseados ou dis-postos de maneira inapropriada. Um tipo de lixo perigoso (Classe I), que causa sérios danos ao meio ambiente, são as lâmpadas fluorescentes. Elas contêm mercúrio, elemento tóxico para o sistema nervoso humano

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 188: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

187

(inalado ou ingerido, pode causar vários problemas fisiológicos). Logo, quando essas lâmpadas são quebradas, queimadas ou enterradas em aterros sanitários, elas liberam mercúrio (na atmosfera e no solo), o qual gera uma “bioacumulação”. Isso significa, por exemplo, que suas con-centrações são aumentadas nos tecidos dos peixes, tornando-os menos saudáveis, ou mesmo perigosos, se forem consumidos frequentemente. Nesse processo, um dado alarmante é o fato de as mulheres grávidas, ao se alimentarem de peixes contaminados, transferirem o mercúrio para os fetos, os quais são particularmente sensíveis aos seus efeitos tóxicos. No entanto, a acumulação do mercúrio nos tecidos de espécies usadas na alimentação humana não se restringe aos peixes; o mercúrio tam-bém pode contaminar outras espécies selvagens, como marrecos, aves aquáticas e outros animais. Considerando seus conhecimentos e o que foi relatado neste estudo, como você define substâncias nocivas, quando falamos de contaminação do meio ambiente?

2. Quando o processo de construção, de restauração ou de manutenção de um projeto apresentar falhas capazes de provocar danos ambientais em sua área de influência direta, ele ocasiona o que se denomina passivo am-biental. Nessas situações, que documento é exigido para a recuperação ambiental? Justifique sua resposta.

3. Leia com atenção as alternativas a seguir e assinale as corretas.a. Conforme a Lei n. 6.938/1981, art. 1º, os empreendimentos que se desti-

nam à exploração de recursos minerais deverão submeter à aprovação do órgão competente um plano de recuperação de área degradada.

b. Quando adquire uma propriedade degradada, uma pessoa tem a obri-gação de assumir o passivo ambiental, o qual deverá ser recuperado.

c. Não são consideradas fontes de poluição: fossas, bacias de decantação, aterros sanitários com vazamentos.

d. De acordo com o Decreto n. 97.632/1989, arts. 2º e 3º, são considerados como degradação os processos resultantes dos danos ao meio ambiente, pelos quais são perdidas ou reduzidas algumas de suas propriedades.

4. Leia e analise a veracidade das informações que seguem em relação à degradação ambiental.i. A percolação pode ocorrer por meio da infiltração de rios e riachos,

efluentes líquidos de canalização com vazamentos e percolação da água das ruas.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 189: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

188

ii. As substâncias no estado físico podem ser: dissolvidas, emulsionadas e em suspensão.

iii. Identificam-se como efeitos de contaminação a redução da qualidade da água e os danos sofridos por animais e vegetais.

Com base nas informações lidas, podemos afirmar que:a. somente as afirmativas I e II são corretas.b. somente as afirmativas II e III são corretas.c. somente a afirmativa III é correta.d. todas as afirmativas estão corretas.

5. De acordo com o Plano de Recuperação de Área Degradada (Prad), assinale a(s) alternativa(s) correta(s).a. O Prad identifica os processos de transformação ambiental.b. O Prad hierarquiza os itens de passivo, em termos de sua representa-

tividade, assim como de seus processos causadores.c. Não há necessidade de investigações técnicas preliminares e técnicas

analíticas principais.d. Esse plano estabelece medidas corretivas e preventivas para cumprir

as necessidades de reabilitação ambiental da área.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 190: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

189

c a p í t u l o 8

Certificação e responsabilidade socialNe

nhum

a par

te de

sta pu

blica

ção p

oder

á ser

repr

oduz

ida po

r qua

lquer

meio

ou fo

rma s

em a

prév

ia au

toriza

ção d

a Edit

ora I

bpex

. A vi

olaçã

o dos

dire

itos a

utora

is é c

rime e

stabe

lecido

na Le

i nº 9

.610/1

998 e

punid

o pelo

art. 1

84 do

Cód

igo P

enal.

Page 191: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

C o n t e ú d o s d o c a p í t u l o :

• O contexto da série ISO 14000 na gestão ambiental; • A ISO 26000 e seus reflexos na gestão socioambiental; • O ambiente de certificações e rotulagem ambiental.

A p ó s o e s t u d o d e s t e c a p í t u l o , v o c ê s e r á c a p a z d e :

• descrever as etapas de desenvolvimento do Sistema de Gestão Ambiental (SGA) nas organizações;

• reconhecer as etapas de documentação na implantação de uma SGA na organização;

• identificar as temáticas centrais da ISO 26000; • destacar os determinações de cunho ambientalista da ISO 26000; • distinguir os objetivos da rotulagem ambiental; • reconhecer a diferença entre normas e certificações.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 192: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

191

A c e r t i f i c a ç ã o e a r o t u l a g e m a m b i e n t a i s n ã o s ã o o b r i -gatórias, pois não existe determinação legal que obrigue as organizações a busca-rem a certificação. Ela vem sendo construída de forma transparente e participa-tiva; contudo, nenhuma organização realiza a certificação de apenas um tipo de qualidade. Entre tais tipos de qualidade temos, por exemplo, a série ISO 9000, a qual normatiza itens como materiais, processos, produtos e serviços, entre outros. Por sua vez, a série ISO 14000 refere-se ao gerenciamento ambiental, portanto, ela irá nos interessar especialmente neste capítulo, além da nova ISO 26000/2010 (diretrizes sobre responsabilidade social e sustentabili-dade). Nesse mesmo contexto, temos ainda as determinações dos padrões de responsabilidade social, cujas definições e abrangências encontramos na NBR 16001/2004 (responsabilidade social, sistema da gestão, requisitos) – esta com revisão já prevista – e na SA 8000/2008 (responsabilidade social).

8 . 1 A s é r i e I S O

A I n t e r n a t i o n a l O r g a n i z a t i o n f o r S t a n d a r d i z a t i o n ( I S O ) é um órgão que tem como objetivo elaborar e aprovar normas técnicas interna-cionais. A ISO foi criada em 1947, tem sede na cidade de Genebra, na Suíça, e congrega mais de 150 países-membros.

Perguntas e respostasO que significa ISO?O termo ISO é muito usado como antepositivo, e vem do grego isos, que significa

“igualdade”, “padronização”; porém, é também muito comum utilizá-lo como re-ferência ao órgão elaborador das normas, nos livros e na linguagem empresarial.

A seguir, listamos algumas etapas do desenvolvimento do Sistema de Gestão Ambiental (SGA) nas empresas, ou seja, de um sistema de gerenciamento que considera os possíveis danos causados ao meio ambiente por atividades de produ-ção, bem como aqueles causados por produtos que sejam colocados à disposição do mercado. Cronologicamente, os acontecimentos se deram nesta sequência:

• 1991 – foi decidido pelo órgão responsável pela emissão de normas na Inglaterra que as de gestão ambiental deveriam ser independentes das

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 193: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

192

normas de gestão de qualidade. Algumas empresas passaram a adotar a norma inglesa BS 7750. Inicia-se também um estudo para emitir a série ISO.

• 1992 – devido a pressões dos Estados Unidos, o Japão e o Brasil consideraram pertinente que a norma ISO não deveria exigir um sistema muito rígido, mas deveria levar em conside-ração as diferenças regionais e nacionais, além de não criar barreiras ao comércio. Assim, a norma ISO não seguiu as prescrições da norma BS 7750.

• 1993 – 170 empresas participaram de um plano-piloto para avaliar essa norma de gestão ambiental, 140 das quais implantaram a norma por completo.

• 1994 – a norma foi editada com o formato atual. • 1996 – é emitida a série ISO 14000 no Brasil, sendo esta a versão válida

até o momento.

Dentro da série ISO 14000, somente as normas ISO 14001 (Sistema de gestão ambiental – especificações e diretrizes para uso) e ISO 14040 (Análise do ciclo de vida – princípios gerais) são passíveis de certificação.

As demais normas auxiliares são:

• ISO 14004 – Sistemas de gestão ambiental – diretrizes gerais; • ISO 14010 – Guias para auditoria ambiental – diretrizes gerais; • ISO 14011 – Diretrizes para auditoria ambiental e procedimentos para

auditorias; • ISO 14012 – Diretrizes para auditoria ambiental – critérios de qualifi-

cação de auditores; • ISO 14020 – Rotulagem ambiental; • ISO 14021 – Rotulagem ambiental – termos e definições; • ISO 14023 – Rotulagem ambiental – testes e metodologias de verificação; • ISO 14031 – Avaliação da performance ambiental; • ISO 14032 – Avaliação da performance ambiental dos sistemas de

operadores; • ISO 14041 – Análise do ciclo de vida – inventário; • ISO 14042 – Análise do ciclo de vida – análise dos impactos; • ISO 14043 – Análise do ciclo de vida – migração dos impactos. • ISO 26000/2010 – editada em dezembro de 2010, é o resultado do tra-

balho de cinco anos da ABNT e do Instituto Sueco de Normalização

Dentro da série ISO 14000, somente as normas ISO 14001 (Sistema de gestão ambiental – especificações e diretrizes para uso) e ISO 14040 (Análise do ciclo de vida – princípios gerais) são passíveis de certificação.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 194: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

193

(Swedish Standards Institute – SIS). Seus temas centrais são: governança organizacional, direitos humanos, práticas trabalhista, meio ambiente, práticas operacionais justas, questões dos consumidores, envolvimento com a comunidade e seu desenvolvimento.

Para saber mais

• STADLER, A. (Org.). Empreendedorismo e responsabilidade social. Curitiba: Ibpex, 2011.

• A temática da responsabilidade social está presente em todas as áreas de gestão. Por isso, é interessante que você leia o livro de Adriano Stadler; nele, você encontrará uma abordagem com fundamentação e práticas da área de negócios sobre a nossa responsabilidade em relação ao meio ambiente.

• ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 16001: responsa-bilidade social: sistema da gestão: requisitos. Rio de Janeiro, 2004. Disponível em: <http://portal.mj.gov.br/corde/arquivos/ABNT/nbr16001.pdf>. Acesso em: 5 set. 2011.

Outra fonte de consulta para sua atuação como gestor é a ABNT NBR 16001/2004.

• GRÜNINGER, B.; OLIVEIRA, F I. Normas e certificações: padrões para a responsabilidade social de empresas. 2002. Disponível em: <http://www.ethos.org.br/_Uniethos/Documents/texto_Beat_Gruninger.pdf>. Acesso em: 22 jul. 2011.

Um texto fundamental no âmbito da aplicação dos modelos de responsabilidade social empresarial é esse artigo, de autoria de Beat Grüninger e Fabiana Ikeda de Oliveira.

8 . 1 . 1 A questão ambienta l na ISO 26000

A o a b o r d a r a r e s p o n s a b i l i d a d e s o c i a l d a s o r g a n i z a ç õ e s , a ISO 26000 estabelece entre seus eixos a “questão ambiental” e também o “en-volvimento da organização com a comunidade e seu desenvolvimento”. Apenas a inclusão desses dois temas de responsabilidade no âmbito organizacional já estabelece um paradigma claro da importância da gestão socioambiental, cujos detalhes estamos discutindo ao longo de todo este estudo. Sendo assim, vamos tornar esse enfoque multidimensional e interdisciplinar de gestão organiza-cional visual? Acompanhe a ideia de intersecção de temáticas no infográfico a seguir.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 195: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

194

Figura 8.1 – A gestão ambiental e a ISO 26000

1. Questões dos consumidores

2. Direitos humanos

3. Envolvimentos com a comunidade e seu desenvolvimento

4. Práticas operacionais justas

5. Meio ambiente

6. Práticas trabalhistas

7. Governança organizacional

Fot

os: I

ngim

age/

Júlio

C. d

a C

osta

Sou

za/

Pho

tos t

o G

o/ R

icar

do A

zour

ey

A ISO 26000 (ABNT, 2010)* é uma norma de diretrizes. No entanto, é im-portante para que você elabore e aplique programas de gestão socioambiental, pois, embora não seja uma norma de sistema de gestão nem um dispositivo para fins de certificação ou para uso regulatório ou contratual, no que se refere à gestão socioambiental ela traz recomendações fundamentais e ferramentas atuais para os gestores. A norma recomenda que as organizações obedeçam às leis e aos regulamentos desse setor e também assumam o ônus ambiental pro-vocado por suas atividades. Quando falamos em atividades, estamos incluindo os produtos, os serviços e as ações decorrentes delas. Outro fator importante é a

* As informações sobre a ISO 26000 são oriundas do texto da própria norma, a qual você pode consultar no site: <http://www.iso26000qsp.org/2010/12/ conheca-iso-26000-em-portugues-versao.html>.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 196: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

195

Figura 8.1 – A gestão ambiental e a ISO 26000

1. Questões dos consumidores

2. Direitos humanos

3. Envolvimentos com a comunidade e seu desenvolvimento

4. Práticas operacionais justas

5. Meio ambiente

6. Práticas trabalhistas

7. Governança organizacional

Fot

os: I

ngim

age/

Júlio

C. d

a C

osta

Sou

za/

Pho

tos t

o G

o/ R

icar

do A

zour

ey

A ISO 26000 (ABNT, 2010)* é uma norma de diretrizes. No entanto, é im-portante para que você elabore e aplique programas de gestão socioambiental, pois, embora não seja uma norma de sistema de gestão nem um dispositivo para fins de certificação ou para uso regulatório ou contratual, no que se refere à gestão socioambiental ela traz recomendações fundamentais e ferramentas atuais para os gestores. A norma recomenda que as organizações obedeçam às leis e aos regulamentos desse setor e também assumam o ônus ambiental pro-vocado por suas atividades. Quando falamos em atividades, estamos incluindo os produtos, os serviços e as ações decorrentes delas. Outro fator importante é a

* As informações sobre a ISO 26000 são oriundas do texto da própria norma, a qual você pode consultar no site: <http://www.iso26000qsp.org/2010/12/ conheca-iso-26000-em-portugues-versao.html>.

recomendação para que as empresas assumam a responsabilidade, considerando não apenas áreas rurais e urbanas, mas sim o meio ambiente como um todo.

A recomendação expressa dessa norma é de que as organizações atuem com o objetivo de melhorar seu desempenho, bem como o desempenho de todos que estejam sob seu controle ou área de influência. Nesse processo, faz menção:

• à abordagem preventiva (inspirada na Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento), no sentido de se evitar a degradação am-biental e/ou danos à saúde dos seres humanos;

• à gestão de risco ambiental, recomendando programas cujo objetivo seja mitigar o ônus ambiental de suas atividades por meio da informação e cons-cientização da comunidade, avaliação e redução dos impactos ambientais;

• à dívida da organização poluidora; nesse contexto, recomenda o uso do princípio de que o poluidor deve pagar pela poluição para, assim, motivar ações de prevenção em vez de mitigação (a questão da poluição é exausti-vamente detalhada na referida norma).

A norma recomenda, para a gestão ambiental das organizações, algumas abordagens e estratégias:

• foco no ciclo da vida; • avaliação de impacto ambiental; • produção mais limpa e ecoeficiência; • abordagem de sistema de produto-serviço - “tais sistemas poderão redu-

zir o uso de materiais, separar a receita dos fluxos de materiais e envolver partes interessadas na promoção de uma maior responsabilidade do pro-dutor ao longo do ciclo de vida do produto e do serviço que o acompanha” (ABNT, 2010);

• uso de tecnologias e práticas ambientalmente sólidas (inspirada na Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento);

• práticas de compras sustentáveis.

A norma também trata detalhadamente:

• da prevenção da poluição e de fatores agregados; • do uso sustentável de recursos, quesito em que localiza como foco ou áreas

para melhoria: a eficiência energética, a conservação e o acesso à água, a eficiência no uso de materiais;

• da mitigação e da adaptação às mudanças climáticas; • da proteção e da restauração de habitats naturais, foco no qual destaca: a

valorização, a proteção e a restauração dos serviços de ecossistemas; a pro-teção da biodiversidade; o uso sustentável do solo e dos recursos naturais; o estímulo ao desenvolvimento urbano e rural ambientalmente favorável.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 197: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

196

É interessante você observar, em suas atividades de gestão, que tanto as nor-mas (incluindo as ISOs e as NBRs) como as certificações fazem parte do contexto de gerenciamento estratégico da responsabilidade social empresarial. Nesse processo, o paradigma básico que norteia a gestão está vinculado a valores como transparência, ética e diálogo. Ou seja, objetiva-se um ambiente organizacional onde exista o devido respeito a todas as partes envolvidas ou impactadas pela empresa, assim estabelecendo relações justas e amistosas entre elas.

Nesse sentido, Grüninger e Oliveira (2002, p. 1) esclarecem que:

Normas e certificações na área da Responsabilidade Social Empresarial vêm sendo desenvolvidas para que empresas possam responder a desa-fios como ampliação de responsabilidades, exigência de transparência, perenidade em longo prazo e concorrência acirrada, trazidos pela nova realidade em que vivemos.

Estamos falando de normas e de certificações dentro de um mesmo con-texto, o da gestão, mas o que diferencia uma da outra? Ou não há diferenças, e uma subentende a outra? Como declaram os autores anteriormente citados:

“Na área de responsabilidade social, as normas e certificações vêm atender a uma demanda crescente por transparência e prestação de contas, fundamentais para qualquer processo de gestão socialmente responsável” (Grüninger; Oliveira, 2002, p. 2). Assim como as normas, as certificações são padrões (procedimentos, práti-cas, especificações) de aceitação generalizada. No entanto, enquanto as normas permanecem apenas como padrões, as certificações atribuem atestados de conformidade aos padrões seguidos por determinada organização. Assim, estas últimas têm um aspecto avaliativo e de referência.

8 . 2 Ó r g ã o s a c r e d i t a d o r e s e c e r t i f i c a d o r e s

O s ó r g ã o s a c r e d i t a d o r e s s ã o a u d i t a d o s e a p r o v a d o s pela ISO. Cada país possui um órgão acreditador, cujo objetivo é auditar e aprovar os órgãos certificadores. Os órgãos certificadores, que são auditados e aprova-dos pelo órgão acreditador de seu país de origem, têm o objetivo de auditar, de recomendar o certificado e de realizar as auditorias de manutenção nas empresas interessadas.

Normalmente, um certificado tem validade de três anos, e as auditorias de manutenção são realizadas em intervalos de seis meses a um ano. Quando um órgão certificador aprova o sistema de gestão ambiental de uma empresa, ela passa a ter o direito de uso do logotipo do organismo certificador. Porém, esse logotipo pode ser utilizado apenas nos materiais de divulgação da empresa e não na em-balagem dos produtos, porque o sistema é que está certificado e não o produto.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 198: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

197

Existem casos, como, por exemplo, o da Fundação Abrinq, que é uma empresa parceira do órgão certificador e que recebe o certificado “Amigo da criança” nos seus produtos. O selo, então, passa a fazer parte da embalagem.

A estrutura internacional para a avaliação (auditorias externas) de Sistemas de Gestão Ambiental (SGA) funciona conforme apresentado no Quadro 8.1.

Quadro 8.1 – Organismos de certificação

ISO

AcreditadoresInmetro (Brasil)

Ukas (Inglaterra)

TGA (Alemanha)

Outros

CertificadoresABNT Tecpar

BVQI Lloyd’s register

Germanischer Lloyd Brtüv

Outros

Fonte: Andrade; Araújo; Lazari, 2008.

Nesse processo, a hierarquia clássica para a documentação na implantação de um sistema de gestão ambiental, ou SGA, constitui-se de:

• manual da qualidade e meio ambiente – contém a política de qualidade e a política ambiental;

• procedimentos – definem o que deve ser feito e os responsáveis pertinentes; • instruções de trabalho – detalham os trabalhos específicos; • registros – demonstram as atividades executadas.

Na implantação de um SGA na empresa, o importante é que todos os inte-grantes da organização façam parte desse processo. Não é apenas um processo ou um procedimento elaborado por cientistas, mas por toda a força de trabalho, e os colaboradores da organização devem fazer parte da implantação daquele. É fundamental que, na implantação de um SGA na empresa, os colaboradores sejam sensibilizados para o que isso significa, para a importância desse processo, levando em conta que o próximo passo será a certificação, ou seja, a acreditação.

8 . 2 . 1 Rotu lagem ambienta l no proce sso de de senvolv imento sustentáve l

A r o t u l a g e m e s t a b e l e c e u m a c a r a c t e r i z a ç ã o , c u j o objetivo é comunicar ao consumidor um aspecto diferencial do produto. No caso da rotulagem ambiental, ela expressa, por meio de um selo, a consciência ecológica da empresa ou marca certificadora.

Assim, o que observamos no processo de desenvolvimento sustentável é o mer-cado atuando como instrumento, e a empresa privada como setor estratégico. Em

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 199: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

198

relação a essa situação, o MMA entende que é indispensável reconhecer o papel das forças econômicas e sociais como interlocutoras com prerrogativas especiais, bem como a necessidade de sua atuação no delineamento e na determinação das políticas para cada região, para assim chegarmos ao desenvolvimento sustentável. Portanto, torna-se imprescindível estabelecer e conservar fóruns de discussão e de negociação entre os representantes dos interesses ambientais e econômicos.

Nessa conjuntura de práticas e ideologias, a política ambiental, no Brasil, tem-se mantido sobre dois pilares, sendo que:

• um visa monitorar, fiscalizar e multar os empreendimentos econômicos que violam a legislação ambiental;

• e o outro visa impulsionar modificações nos padrões tecnológicos, bem como motivar a sociedade a assumir atividades sustentáveis que favoreçam e beneficiem a valorização econômica dos recursos naturais.

Com essa postura, obtivemos avanços significativos na conduta da classe em-presarial quanto ao desempenho ambiental. No entanto, o conceito de prestação de contas das empresas, com relação aos seus impactos sobre o meio ambiente, ainda requer um salto de qualidade, principalmente no que diz respeito à verifi-cação de seu desempenho ambiental para, então, atingirmos o terceiro pilar – o da superação de eventuais conflitos de interesse, estabelecendo critérios para preservação da biodiversidade quanto ao seu habitat e à sua abundância.

Essa postura de transparência das atividades produtivas deve fundamentar o modelo de desenvolvimento para o futuro. Esse modelo deve propiciar o crescimento, a expansão de empregos de qualidade, o aumento da produtividade, o surgimento de novos nichos de mercado e a melhoria da qualidade de vida.

No entanto, esse modelo é inviável sem o engajamento ativo do empresa-riado, e é fundamental que as empresas brasileiras assumam o seu papel e a sua responsabilidade no processo de desenvolvimento sustentável. Segundo Braga e Miranda (2001), nesse contexto,

A rotulagem ambiental surge como uma das facetas do processo pelo qual a proteção ao ambiente se converte num valor social. De fato, o aumento da consciência ambiental a que se assiste, nos últimos anos, tem sido acompanhado por efeitos nos mercados consumidores de produtos e serviços. Estes efeitos têm com frequência se apresentado na direção de uma crescente demanda por informação, da parte dos consumidores, sobre os aspectos ambientais envolvidos na produção, fator que cada vez mais tem influenciado sua decisão de compra.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 200: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

199

Como você pode deduzir, agregar valor social ao produto tornou-se um ins-trumento dos mais persuasivos para o empresariado aderir às propostas preser-vacionistas. É nesse sentido que a norma internacional ISO 14020 estabelece que a rotulagem e as declarações ambientais forneçam informações sobre um produto ou serviço quanto a seu caráter ambiental global, a um aspecto ambiental específico ou a qualquer número desses aspectos. Assim, compradores ou po-tenciais compradores podem utilizar essa informação na escolha de produtos ou serviços que desejem. Eles farão isso se baseando em considerações ambientais ou de outra ordem.

É nesse cenário de opções por produtos ecologicamente corretos que o for-necedor do produto ou do serviço espera que o rótulo ou a declaração ambiental seja efetivo para influenciar a decisão de compra. Se o rótulo ou a declaração ambiental tiver esse efeito, pode aumentar a participação do produto ou do ser-viço certificado no mercado.

Você já pensou o que isso poderá provocar em um mercado altamente compe-titivo como o nosso? Isso fará com que outros fornecedores busquem atender aos parâme-tros estipulados para uma pro-dução pelo viés das políticas de sustentabilidade, e assim habi-litar seus produtos ou serviços a utilizar os rótulos ou as declarações ambientais. Esse fato terá como resultado a redução dos efeitos ambientais negativos, provocados por determinada catego-ria de bens ou serviços colocados à disposição do consumidor. Essa foi a lógica que estimulou o desenvolvimento da rotulagem ambiental e, conforme Braga e Miranda (2001), embora seja recente, “a rotulagem é hoje uma realidade em rápida evolução em todos os mercados e vem sendo implementada tanto nas economias desenvolvidas quanto nas economias emergentes e nos demais países em desenvolvimento”.

Ainda segundo os mesmos estudiosos, a rotulagem ambiental procura, com base na informação acerca dos aspectos ambientais de produtos e serviços (cre-ditada e verificável), estimular a demanda por produtos que provoquem menor dano ao ambiente, incentivando assim o desenvolvimento de uma melhoria ambiental contínua, impulsionada pelas forças de mercado.

A rotulagem ambiental procura, com base na informação acerca dos aspectos ambientais de produtos e serviços (creditada e verificável), estimular a demanda por produtos que provoquem menor dano ao ambiente, incentivando assim o desenvolvimento de uma melhoria ambiental contínua, impulsionada pelas forças de mercado.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 201: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

200

Objetivos da rotulagem ambiental

O s r ó t u l o s a m b i e n t a i s , d e a c o r d o c o m B r a g a e M i r a n d a (2001), consistem em uma moderna ferramenta de mercado, necessariamente voluntária, utilizada para alcançarmos diversos objetivos ambientais e tecnoló-gicos, dentre os quais estão:

• Proteger o ambiente – os programas de rótulos ambientais pretendem influenciar as decisões dos consumidores de modo a encorajar a fabri-cação e o consumo de produtos menos agressivos ao ambiente. Desse modo, a rotulagem ambiental tem sido empregada como instrumento de política, baseada no mercado, para promover a melhoria e a defesa do meio ambiente.

• Encorajar a inovação ambientalmente saudável na indústria – os pro-gramas podem proporcionar o incentivo mercadológico para as empresas introduzirem tecnologias inovadoras, saudáveis do ponto de vista ambien-tal, bem como posições de liderança em relação aos aspectos ambientais.

• Desenvolver a consciência ambiental dos consumidores – por se tratar de um meio idôneo e confiável para conferir visibilidade no mer-cado aos produtos ou serviços preferíveis do ponto de vista ambiental, os rótulos ambientais são um dos instrumentos mais eficazes para esse fim.

Uma apreciação desses objetivos explica a crescente importância dos rótu-los ambientais, já consagrados na Agenda 21, debatida na Rio-92, como um dos mecanismos positivos de incentivo para uma evolução da indústria na direção de tecnologias e processos ambientalmente mais corretos, impulsionada pelo mercado.

O selo ABNT – Qualidade Ambiental representa um exemplo de rotulagem ambiental de um produto certificado desde a matéria-prima, passando pela pro-dução e utilização, até o descarte final. É importante reiterar que a natureza da rotulagem ambiental é voluntária: não existe, no Brasil, obrigação por força de lei.

No caso de uma empresa almejar a rotulagem ambiental, a ABNT – Qualidade Ambiental possui uma comissão de certificação composta por representantes dos comitês brasileiros de normalização: Comitê Técnico de Certificação, Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção, Confederação Nacional do Comércio, Confederação Nacional da Indústria, Instituto Brasil – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Ministério da Justiça, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Ministério do Meio Ambiente, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), os quais são res-ponsáveis pelo processo de certificação.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 202: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

201

Consultando a legislaçãoA aplicação de quaisquer normas ou certificações, quando nos referimos à gestão socioambiental, deve estar em harmonia com a legislação ambiental brasileira, o que significa obedecer às determinações da Constituição, da Política Nacional do Meio Ambiente, da Lei de Crimes Ambientais e das Resoluções do Conama.Na Lei n. 9.605/1998 (Brasil, 1998e), em seu Capítulo 5, constam aqueles que são arrolados como crimes contra o meio ambiente, que são classificados em:Seção I – Dos Crimes contra a FaunaSeção II – Dos Crimes contra a FloraSeção III – Da Poluição e outros Crimes Ambientais Seção IV– Dos Crimes contra o Ordenamento Urbano e o Patrimônio CulturalSeção V – Dos Crimes contra a Administração AmbientalEntre os inúmeros artigos que especificam as situações de crimes e as respectivas penalidades, destacamos como exemplo o art. 54 da Seção III:

Art. 54 – Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resul-tem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora: [...]

Como você pode aferir, pelo que foi visto em relação às certificações, a organi-zação que for responsável por qualquer um desses crimes não poderá receber certificação ambiental.

Estudo de casoCom o objetivo de contextualizarmos e oferecermos exemplos práticos da apli-cação dos fatores de gestão socioambiental apresentados neste estudo, trouxe-mos o “passo a passo” de uma experiência bem-sucedida: trata-se do Projeto Ecológico Cinturão Verde, aplicado pela Política de Gestão Ambiental e Responsabilidade Social da Petrobras Transporte S.A. (Transpetro).Projeto Ecológico Cinturão Verde: oficinas de desenvolvimento cultural e capacitação comunitária.

Histórico

A Transpetro é uma subsidiária integral do Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras) e foi constituída em 12 de junho de 1998, em atendimento ao art. 65 da Lei n. 9.478/1997 (Brasil, 1997d), que reestruturou o setor, para atuar no transporte e na armazenagem de granéis, petróleo e seus derivados de gás natural, por meio de dutos e navios, e na operação de terminais. Entre as unidades da Transpetro,

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 203: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

202

instaladas no Estado de Santa Catarina, encontra-se o Terminal Aquaviário de São Francisco do Sul (Tefran), em operação desde 1976.Construído de acordo com os mais avançados padrões de engenharia, com aten-ção especial para a segurança operacional e para a proteção ao meio ambiente, o Tefran tem a função de receber petróleo bruto, armazená-lo e transferi-lo para a Refinaria Presidente Getúlio Vagas, localizada em Araucária, no Paraná, por meio do Oleoduto Santa Catarina-Paraná (Ospar). O terminal possui capacidade para armazenar 478 mil metros cúbicos de petróleo. O Ospar possui 118 km de extensão e vazão de até 1.500 m3 por hora.No cumprimento de sua missão de “transportar petróleo, derivados e álcoois”, a Transpetro tem como compromisso satisfazer as necessidades de seus clientes com qualidade, competitividade e rentabilidade, procurando prevenir os pos-síveis impactos adversos e diminuir os riscos de suas atividades, preservando o meio ambiente e promovendo a segurança e a saúde. Dessa forma, a política de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS) tem como objetivo, entre outros:

• educar, capacitar e comprometer empregados com as questões de SMS, en-volvendo fornecedores, comunidades, órgãos competentes e demais partes interessadas;

• assegurar a sustentabilidade de projetos, de empreendimentos e de produtos ao longo do seu ciclo de vida, considerando impactos e benefícios em suas dimensões econômica, ambiental e social;

• zelar pela segurança das comunidades onde atua, bem como mantê-las in-formadas sobre os impactos e/ou riscos eventualmente decorrentes de suas atividades.

A gestão da Petrobras considera que toda empresa deve ser socialmente respon-sável, pois está inserida em um ambiente social no qual influi e do qual recebe influência e, para ser sustentável, deve buscar em suas decisões, processos e produ-tos – incessante e permanentemente – a ecoeficiência e a responsabilidade social.Portanto, cumprindo sua Política de Qualidade, Segurança, Meio Ambiente e Saúde, alinhada com as Diretrizes Corporativas de SMS do Sistema Petrobras, a Transpetro concretizou mais um empreendimento com foco na responsabilidade social e na preservação ambiental. Assim, com vistas a aumentar a margem de segurança no Terminal Aquaviário de São Francisco do Sul, em Santa Catarina, a Transpetro adquiriu, no ano de 2002, uma área de 70.000 m², adjacente ao terminal, composta por 56 casas e 174 lotes, onde desenvolve um projeto baseado em valores ambientais e sociais.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 204: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

203

Estrutura e desenvolvimento do projeto

1. Objetivos

Conhecendo as características do local e as condições de vida da comunidade residente nas proximidades, a Transpetro decidiu pelo desenvolvimento de um projeto que compreendesse a recuperação da área, protegesse um terreno remanescente de Mata Atlântica, atendesse aos princípios da edu-cação ambiental e, principalmente, suprisse determinadas necessidades da população. Por meio desse projeto, a Transpetro espera contribuir com a disseminação de valores educativos, ampliar suas relações com a comunidade e, dessa forma, promover a melhoria das condições sociais e ambientais.

2. Avaliação ambiental

O Tefran está localizado na praia de Ubatuba, na Ilha de São Francisco do Sul, norte de Santa Catarina. Essa região constitui uma área relevante, no nível estadual, no que diz respeito a seu potencial ecológico. No entanto, a crescente ocupação humana desordenada no município, desencadeada princi-palmente pelo desenvolvimento da atividade turística e consequente especulação imobiliária, gera problemas ambientais que ameaçam a manutenção de espécies animais e vegetais, o que é um agravante dos problemas sociais.A partir da metade da década passada, a área de entorno do terminal passou por esse processo e, ao longo de suas cercas, diversas construções unifamiliares foram construídas. O loteamento da área, bem como a construção das residências, provocou a supressão de remanescentes florestais e, ao mesmo tempo, passou a representar um fator negativo à segurança na operação do Tefran.A área adquirida, apesar de bastante degradada, era passível de recuperação e abrangia um remanescente florestal de Mata Atlântica de planície costeira, com exemplares da fauna e da flora ainda protegidos. As condições ambientais apresentadas, bem como a intenção em atender e beneficiar a comunidade* do entorno levaram à idealização do Projeto Ecológico Cinturão Verde, que teve como premissas:

• aumentar a margem de segurança do terminal, de maneira a evitar a ocorrência de acidentes e/ou assegurar a minimização de seus efeitos;

• garantir a proteção de um remanescente de Mata Atlântica, ameaçado pela rápida urbanização do balneário;

* Comunidade: conjunto de populações concorrentes e que usualmente interagem de forma organizada.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 205: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

204

• recuperar áreas degradadas, por meio da aplicação de técnicas de revegetação; • estimular a prática de atitudes corretas em relação ao meio ambiente, por

meio da implantação de um programa de educação ambiental, junto aos empregados e à comunidade;

• ampliar as relações com a comunidade do entorno, contribuindo para a dis-seminação de valores educativos e para o desenvolvimento social e econômico.

3. Escolha de proposta para o projeto

Como parte dos lotes adquiridos (35 mil metros quadrados) compunham uma área de Mata Atlântica em bom estado de conservação, optou-se pela trans-formação do terreno em um espaço destinado à comunidade, que fosse mais valorizado do ponto de vista ambiental e social. Nesse contexto, considerando que a educação ambiental é a base para uma atuação proativa em defesa do meio ambiente e que a conservação* do meio ambiente está estritamente ligada à manutenção da qualidade de vida, tomou-se a iniciativa de seu fortalecimento por meio da recuperação e da estruturação do local, de maneira a desenvolver um programa educativo:

• foram apresentadas várias propostas de implantação e implementação do projeto ecológico e, entre os projetos analisados, a referida empresa optou pelo da Unibio, uma organização não governamental, entidade de direito privado, fundamentada nas ações que buscam a proteção do meio ambiente e os interesses difusos lesados, com sede nacional no município de Fazenda Rio Grande, região metropolitana de Curitiba;

• sua proposta foi elaborada para atender à comunidade com programas de educação ambiental, tendo como público-alvo alunos do ensino fundamen-tal e médio das escolas próximas ao Tefran, assim como para desenvolver programas de pesquisa e treinamento.

* Conservação: 1. Desenvolvimento de ações de proteção dos recursos naturais para determinado uso. 2. Sistema flexível ou conjunto de diretrizes planejadas para o manejo e a utilização sustentada dos recursos naturais, em um nível ótimo de rendimento e de preservação da diversidade biológica. 3. Uso racional de qualquer recurso da natureza por meio de medidas que assegurem a sua renovação ou au-tossustentação, podendo ser efetuada a utilização econômica dos recursos naturais. 4. Gestão do uso dos recursos da biosfera pelo ser humano, de forma que produza o maior benefício sustentado para as gerações atuais, mas que mantenha sua po-tencialidade para satisfazer as necessidades e as aspirações das gerações futuras (CIMM, 2011).

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 206: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

205

4. A implantação e implementação do Projeto Ecológico Cinturão Verde

Com base em avaliações realizadas na área, onde foram levantadas as suas caracte-rísticas naturais, e também as necessidades e expectativas da comunidade do en-torno, a Unibio estruturou o Projeto Ecológico Cinturão Verde, compreendendo:

• o atendimento à comunidade com programas de educação ambiental para alunos da educação básica das escolas próximas e visitantes;

• o desenvolvimento de programas de pesquisa e de treinamento, propondo obras como o Museu de Zoobotânica, casa de recepção, trilhas ecológicas, horto e estufa, plantio de espécies vegetais nativas da Mata Atlântica;

• implantação de uma horta comunitária, com o objetivo de complementar a alimentação e a renda das comunidades vizinhas;

• produção de material de divulgação, descrevendo aspectos do estudo fitos-sociológico realizado.

4.1 Infraestrutura

As obras foram iniciadas em outubro de 2003; nessa data, das casas existentes no local, 54 já haviam sido demolidas.

I. Descritivo das atividades

a. TrilhasVisando atender às atividades de educação e de interpretação ambiental, foram construídos 520 metros de trilhas elevadas, com madeira certificada provinda de reflorestamento*. Parte da trilha (350 metros) passa em meio à mata fechada, no remanescente florestal mais bem conservado, com vegetação secundária**. O restante do percurso foi construído ao longo da área, pas-sando por vegetação primária*** e reflorestamentos. As trilhas são o principal instrumento das atividades interpretativas; nelas o visitante pode entrar em contato direto com a ambiente e conhecer aspectos da mata local.Com base no estudo fitossociológico realizado pela equipe da Unibio, foram colocadas placas ao longo de toda a trilha, identificando e caracterizando

* Reflorestamento: replantio da floresta derrubada anteriormente com espécies nativas; restauração da cobertura vegetal arbórea original de uma área degradada.

** Vegetação secundária: é aquela resultante da regeneração das plantas, após a destruição ou a retirada total da vegetação primária (vegetação original).

*** Vegetação primária: vegetação que evolui sob as condições ambientais reinantes, sem sofrer qualquer interferência do ser humano.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 207: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

206

exemplares de árvores nativas da região, além de outras relacionadas à fauna característica da Floresta Atlântica.

b. Casa de recepçãoA casa de recepção possui 70 metros quadrados e resultou da reforma de uma das casas que existiam no local. Dispõe de banheiros, cozinha e sala com cadeiras e material audiovisual, e funciona como um espaço para o re-passe de informações sobre o projeto e também para a realização de eventos e atividades de treinamento.

c. Museu de Zoobotânica Engenheiro Altair VilellaO museu também foi estruturado com a reforma de uma das residências adquiridas. No museu, encontram-se exposições sobre a flora e a fauna locais. Um banco de germoplasma reúne variedades da flora nacional, expondo-se vegetais manipulados por meio da técnica da micropropagação, cultura de células, microestacas, meristemas, embriões somáticos etc., em condições assépticas. Estão ainda em exposição animais taxidermizados (empalhados), além de uma coleção de borboletas e outros insetos. Esse espaço visa com-plementar a atividade de interpretação ambiental.

d. Horto florestal e estufaO horto florestal e a estufa foram construídos com a finalidade de suprir as necessidades de recuperação vegetal das áreas degradadas do Cinturão Verde, bem como promover o plantio de árvores, por meio da distribuição de mudas aos visitantes, à comunidade e a instituições interessadas. A capacidade de produção anual é de 20 mil essências nativas.

e. RevegetaçãoComo parte da área já havia sido bastante degradada, demos início ao pro-cesso de revegetação. Mais de quatro mil mudas de espécies nativas, in-cluindo frutíferas, foram plantadas em diversos locais do Cinturão Verde e especialmente naqueles onde, anteriormente ao projeto, existiam residências. Destacamos o plantio de 235 mudas de Pau-Brasil, produzidas por meio da técnica da micropropagação.

f. Horta comunitáriaA horta comunitária possui 400m², sendo composta por 33 canteiros (dimen-sões: 14m x 2m), que foram distribuídos entre associações de moradores e outras instituições representativas do entorno. As sementes, as ferramentas e os insumos para o primeiro plantio foram doados pela Transpetro. Os alimentos são produzidos de forma orgânica e se transformam em merenda para escolas da comunidade e em renda para os participantes.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 208: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

207

II. Obras de edificação e custos

As obras de edificação foram realizadas pela Engenharia Ieteg/IETR/CMDSPR, que é o serviço de engenharia responsável pelas obras no âmbito da empresa, junto à equipe da Unibio.Os recursos financeiros para o projeto foram aplicados em duas etapas. Na pri-meira, o custo foi de R$ 180.000,00 (cento e oitenta mil reais); na segunda, de R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais), perfazendo um total aplicado de R$ 420.000,00 (quatrocentos e vinte mil reais), incluindo todas as obras edifica-das, funcionários contratados, mão de obra local e aquisição de equipamentos.

4.2 Proposta científica do projeto: tecnologia aplicada

Segundo o Instituto de Biotecnologia Aplicada à Agroprecuária da Universidade Federal de Viçosa (Bioagro/UFV) e a Empresa Nacional de Pesquisa Agropecuária (Embrapa, 2002), com a possibilidade da clonagem vegetal de plantas a partir de células somáticas, tornou-se realidade a teoria da “totipotência”, que postula que os seres vivos têm de regenerar seus corpos inteiros a partir de células únicas. Optamos, então, pela técnica da clonagem in vitro de plantas e mediante a cultura de tecidos. No Projeto Ecológico Cinturão Verde, fundamentamos a totipotência como caracterização das plantas para as futuras gerações. Para que isso se tornasse realidade no projeto, optamos pela desfragmentação do DNA das plantas encontradas e catalogadas pelo estudo fitossociológico da área e do entorno. Nesse caso, a regeneração dos tecidos vegetais, via organogênese ou embriogênese somática, foi o processo encontrado para a recuperação da área.De acordo com o Bioagro/UFV e a Embrapa (2002), propomos a produção de algumas culturas, que pressupõem o cultivo de plantas ou partes de plantas (ex-plantes) em meio apropriado e asséptico, sob condições de temperatura, umidade, fotoperíodo e irradiância em sala de crescimento. O processo engloba, portanto, as técnicas de cultivo de células, tecidos ou órgãos. Todo o material é manuseado em condições assépticas em câmaras de fluxo laminar. Estas têm se mostrado de enorme importância prática na propagação de espécies de interesse agroflorestal, e também é conhecida por micropropagação.Para o Bioagro/UFV e a Embrapa (2002), a micropropagação é a modalidade que mais se tem difundido e encontrado aplicações comprovadas, e tem se con-centrado na produção de plantas, possibilitando a sua rápida reprodução, em períodos de tempo e espaço reduzido. Devemos ter sempre claro que a micropro-pagação mantém a identidade genética do material propagado, não introduzindo nenhuma variabilidade genética.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 209: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

208

Utilizamos também a biotecnologia no cultivo dos vegetais do Cinturão Verde, salientando que a área que corresponde ao projeto era um local urbanizado e necessitava de tecnologias para sua recuperação em curto espaço de tempo. Sendo assim, uma importante contribuição da cultura de tecidos é a conservação de recursos genéticos in vitro, estabelecendo os chamados bancos de germoplasma, que é o caso das espécies que se encontram no Museu de Zoobotânica.Por meio da tecnologia científica do projeto, produzimos, até a presente data, 8.656 espécies de vegetação nativa da Mata Atlântica, contribuindo, assim, para a preservação de parte desse grande ecossistema, tão ameaçado pela exploração irracional dos recursos naturais.

4.3 Educação ambiental

Todas as instalações implementadas no projeto são ferramentas para o desenvol-vimento das atividades de educação ambiental que, segundo Wood e Wood (1990), têm a meta de melhorar o manejo dos recursos naturais e reduzir os danos ao meio ambiente, buscando: (1) fomentar a consciência sobre o valor dos recursos naturais e dos processos ecológicos que os mantêm; (2) mostrar à população o que ameaça o bem-estar do meio ambiente e como contribuir para melhorar o seu manejo; (3) incentivar a população a fazer o possível para melhorar o manejo do meio ambiente.Para o delineamento das ações de educação ambiental na área do projeto, anali-samos três aspectos: os problemas específicos a serem tratados e a formulação de possíveis soluções; o público-alvo e suas necessidades; e os objetivos ou resultados esperados para cada público. Com base nesses fatores, elaboramos as mensagens a serem transmitidas a esse público e realizamos a seleção das atividades, dos meios e dos métodos a serem utilizados na sua transmissão*.O objetivo do programa educativo é o aporte de conhecimentos e a orientação dos visitantes, levando-os, por meio da sensibilização, a assumirem os comporta-mentos esperados. Com base nesse objetivo, elencamos temas específicos a serem desenvolvidos, fazendo uso de meios interpretativos, como palestras, publicações, painéis, exposições, trilha guiada e atividades lúdicas.O projeto, desde a data de sua inauguração, em junho de 2004, já recebeu cerca de seis mil visitantes, de 52 instituições, entre escolas, universidades e empresas privadas que participaram de atividades de educação ambiental e/ou de eventos nas instalações do projeto.

* Transmissão: transferência, por um agente etiológico animado, de uma fonte primá-ria de infecção para um novo hospedeiro. Compreende três fases: vias de eliminação, de transmissão e de penetração. Divide-se, ainda, em transmissão direta e indireta.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 210: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

209

Tabela 8.1 – Número de visitantes

Período Visitantes

Jan./dez. 2004 1.280

Jan./dez. 2005 3.035

Jan./dez. 2006 2.505

Jan./dez. 2007 2.211

Jan./dez. 2008 2.479

Jan./dez. 2009 2.199

TOTAL 13.709

fonte: Unibio Brasil, 2012.

Gráfico 8.1 – Evolução das atividades de visitação

2009

2008

2007

2006

2005

2004

0 500 1.000 1.500 2.000 2.500 3.000 3.500

perí

odo

nº de visitantes

fonte: Unibio Brasil, 2012.

4.4 Horta comunitária

Com o objetivo de ampliar as relações com a comunidade do entorno e contribuir para seu desenvolvimento social e econômico, implantamos, na área do Projeto Cinturão Verde, uma horta comunitária.Em uma área de 400m², 33 canteiros são cultivados por instituições locais, quais sejam: a Escola de Educação Básica Professor Nicola Baptista, a Escola Básica Municipal Ida Beatriz B. de Camargo, o Centro Municipal de Educação Infantil Mundo Encantado, o Lar Espírita Francisco de Assis e a Associação de Moradores do Lago Azul.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 211: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

210

Desde o início do projeto, promovemos (representantes da Unibio e empregados da Transpetro) diversas reuniões com a comunidade. À equipe do projeto coube a coordenação e a orientação dos participantes, dando-lhes a tarefa de se organi-zarem e produzirem os alimentos da forma que pensassem ser mais viável. Para isso, a empresa realiza reuniões nas quais o funcionamento da horta é avaliado, e também disponibiliza um técnico agrícola que auxilia nas questões de cultivo.Mais de mil pessoas já foram beneficiadas com os alimentos da horta comuni-tária. As próprias instituições, como a Associação de Moradores do Lago Azul e o Lar Espírita Francisco de Assis, têm realizado doações organizadas para as famílias cadastradas.A horta comunitária também se destaca como um instrumento didático-peda-gógico. Desde outubro de 2004, as instituições de ensino participantes da horta comunitária desenvolvem projetos pedagógicos que estabelecem o conhecimento interdisciplinar e estimulam seus alunos à mudança de hábitos alimentares, por meio da inclusão dos alimentos na merenda escolar.Semanalmente, comparecem à horta 120 alunos da Escola Básica Municipal do Majorca, da Escola de Educação Básica Professor Nicola Baptista e do Centro Municipal de Educação Infantil Mundo Encantado, para desenvolver atividades de cultivo e colher vegetais que enriquecem a merenda escolar.

I. Projeto Horta Viva

Buscando estimular a continuidade das ações pedagógicas na horta comunitária e reconhecer o mérito das escolas no desenvolvimento dessas atividades, lança-mos, no dia 9 de junho de 2006, o Projeto Horta Viva. Ele acompanha e pontua as práticas de cultivo nos canteiros e premiará aquelas que alcançarem melhor produção de vegetais.As avaliações de cada canteiro são realizadas semanalmente, de acordo com os seguintes critérios: preparo do solo, adubação, controle de pragas, irrigação, or-ganização e trabalho em equipe. Os critérios de avaliação estão sendo aplicados desde o dia 24 de maio de 2006. Serão premiados todos os alunos das turmas que atingirem pontuação maior ou igual a 7 (sete), como média entre todos os critérios analisados. Todos os participantes do canteiro que obtiverem os melhores resultados, a serem definidos por uma comissão específica, receberão premiação exclusiva.

4.5 Oficinas de desenvolvimento cultural e de capacitação comunitária

Com o objetivo de capacitar a comunidade em diferentes ações de desenvolvi-mento cultural, a Transpetro, por meio do Projeto Ecológico Cinturão Verde, iniciou, no ano de 2008, as oficinas culturais com os seguintes temas:

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 212: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

211

• educação ambiental; • ecoturismo*; • fantoches com material reciclado, para a formação da brinquedoteca nas

escolas e nas associações de moradores; • formação de lideranças por meio da capacitação comunitária.

Os participantes têm 10 horas-aula em cada oficina, que foram distribuídas em horas teóricas/metodológicas e atividades práticas. Foram utilizados meios inter-pretativos, como palestras, atividades lúdicas, trilhas guiadas, painéis, exposições e publicações a exemplo do levantamento fitossociológico (a caracterização local da vegetação) e da cartilha para colorir Educando e brincando com o Cinturão Verde.Esperamos que, com o desenvolvimento cultural comunitário, os cidadãos envolvam-se e participem ativamente de todas as ações que buscam cons-truir um mundo melhor e a tão almejada qualidade de vida.

5. Resumo das atividades do projeto

A iniciativa de implantar a área verde foi estimular a conscientização ambiental e reforçar o compromisso social da empresa para com a comunidade. O Projeto Ecológico Cinturão Verde, além de garantir a preservação de uma área da Mata Atlântica ainda intocada e o reflorestamento de uma área antes urbanizada, possibilita ainda a manutenção de algumas espécies animais ameaçadas pela rápida urbanização do balneário.

6. Resultados do projeto

Esse projeto tem grande importância não só pelo valor ecológico e educacional, como também pelos resultados na ampliação da qualidade de vida dos envolvidos, empregados contratados, empregados da Transpetro e comunidade em geral. A proteção ambiental, aliada à segurança operacional e à promoção da qualidade, proporcionadas pelo Projeto Ecológico Cinturão Verde, reforça o compromisso da Transpetro com a responsabilidade social, ambiental e cultural:

I. A partir das ações ambientais e comunitárias, a Transpetro criou e está desenvolvendo as oficinas de desenvolvimento cultural e de capacitação co-munitária, com a finalidade de capacitar a comunidade, visando ao pleno

* Ecoturismo: variante do turismo convencional destinada a aprofundar os conhe-cimentos e aprimorar a sensibilidade dos seres humanos na defesa das belezas cênicas, da vida selvagem e dos recursos naturais, bem como contribuir para a redução dos impactos culturais entre as diversas comunidades antrópicas de uma determinada região.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 213: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

212

desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho, buscando a tão almejada qualidade de vida.

II. Entre novembro de 2003 e junho de 2004, diversas obras e ações foram rea-lizadas para que o projeto ecológico fosse implementado. Foram construídas trilhas elevadas, casa de recepção de visitantes e museu de zoobotânica, além de um horto florestal e uma estufa para produção de mudas. O projeto tam-bém previu a implementação de uma horta comunitária, tendo como objetivos levar melhorias à comunidade do entorno e estreitar as relações da estatal com os moradores da área. Com o término das obras, no dia 4 de junho de 2004, o Projeto Ecológico Cinturão Verde foi inaugurado, dando início à realização das ações propostas e descritas nos itens anteriores.

III. O local teve parte de sua área revegetada e recebeu infraestrutura para a recepção de visitantes, além de uma horta comunitária. Em dois anos de realização, quase 6 mil pessoas já participaram das atividades de educação e interpretação ambiental. Atualmente, cinco instituições participam da horta comunitária e mais de mil pessoas já foram beneficiadas com seus produtos.

a. Prêmios recebidos • ADVB 2004 – Melhor projeto de responsabilidade social do sul do país; • ADVB 2005 – Melhor projeto ambiental do sul do país; • ADVB 2006 – Melhor projeto de desenvolvimento cultural do sul do país; • Prêmio Petrobras de Saúde, Meio Ambiente e Segurança (SMS) – Rio de

Janeiro, 2006; • Prêmio Petrobras Engenharia – São Paulo, 2004; • Top Social ADVB – Rio de Janeiro, 2005.

b. Comunidades atendidas • Escolas públicas municipais de São Francisco do Sul (SC); • Lar espírita; • Centro Municipal de Educação Infantil Mundo Encantado – Majorca (SC); • Associação de Moradores do Lago Azul – Bairro Majorca – São Francisco

do Sul (SC); • Escola Básica Municipal Ida Beatriz Brunato de Camargo; • Escola de Educação Básica Professor Nicola Baptista; • Estudantes de universidades de todo o país, pesquisadores, escolas, turistas

e comunidades vizinhas ao terminal da Transpetro.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 214: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

213

S í n t e s e

A o c o n q u i s t a r u m s e l o d e c e r t i f i c a ç ã o o u u m r ó t u l o , surge a necessidade de a organização avançar para uma sequência, ou seja, esse é um processo permanente que, após iniciado, não tem fim. A sociedade e os consumidores estão cada vez mais exigentes, e as organizações que pretendem crescer e avançar em tecnologia e no mercado devem, passo a passo, buscar cer-tificações. Especificamente no que se refere à rotulagem ambiental, encontramos várias normas auxiliares, incluídas na série ISO 14000, que abrangem objetivos da gestão ambiental; todavia, somente a ISO 14001 e a ISO 14040 direcionam os processos para a certificação. Essa certificação, como vimos, caracteriza-se como resultado da aplicação de normas e padrões aceitos internacionalmente e ratificados no Brasil. A adoção dessas práticas nos procedimentos de gestão tem se baseado pelo tripé da sustentabilidade: os fatores ambientais, sociais e econômicos. Com isso, podemos encontrar, além de extensa literatura ambiental e de gestão, as diretrizes e os requisitos expressos principalmente na ISO 26000 e na NBR 16001.

Q u e s t õ e s p a r a r e f l e x ã o

1. Ao lermos a reportagem da Folha de S. Paulo, do dia 9 de abril de 2011, Cineastas lançam olhar sobre debate ambiental na TV, identificamos alguns marcos significativos dos espaços que a gestão socioambiental começa a ocupar em nossa sociedade. O autor da reportagem, Brendler (2001), diz que foi Ana Dip (produtora de cinema e de programas de televisão) quem teve, há quatro anos, a ideia de produzir um programa de TV sobre socioambientalismo, com o objetivo de conscientizar a população sobre o assunto. Podemos ver o resultado no programa Somos 1 Só, que é trans-mitido pelo canal SescTV, constituído por oito episódios. Cada episódio é dirigido por um cineasta diferente; portanto, são oito cineastas envolvi-dos, além de vários atores. O programa contou ainda com a participação de especialistas nas diferentes áreas abordadas, como, por exemplo, o antropólogo Eduardo Viveiros. Você considera, assim como a produtora Ana Dip, que a população necessita de esclarecimentos sobre a importância da gestão socio-ambiental? Devemos considerar a participação de especialistas de várias áreas do conhecimento para a elaboração dos episódios como característica de uma visão sistêmica e multidisciplinar inerente à gestão socioambiental? Você considera essa uma proposta válida? É importante pensar sobre isso?

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 215: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

214

Podemos afirmar que essa é uma postura que se insere nos paradigmas participativos inerentes à gestão socioambiental, mas o importante é você pensar sobre o assunto e produzir sua própria argumentação.

2. O Aquífero Guarani, com 70% de sua área em território brasileiro (839.800 km quadrados), abrange também áreas da Argentina, do Paraguai e do Uruguai (somando essas três: 355.700 de quilômetros quadrados). Esse grande reservatório de águas subterrâneas, em torno de 1,2 milhão de quilômetros quadrados, com uma média de 40 trilhões de metros cúbicos de água armazenada, também enfrenta problemas com as ações antrópicas. Segundo relatório da Embrapa – Meio Ambiente, de 18 de abril de 2011 (Brasil, 2011a):

A alimentação do Aquífero se dá por dois mecanismos: a) infiltração direta das águas de chuva nas áreas de recarga direta; e b) infiltração vertical ao longo de descontinuidades nas áreas de confinamento, num processo mais lento. As áreas de recarga direta são regiões onde o Aquífero Guarani encontra-se mais vulnerável. O mal (sic) uso das terras localizadas nessas áreas pode, portanto, comprometer a qualidade da água. Esse cenário mostra a neces-sidade de cuidados especiais quanto ao manejo dessas áreas, em particular quanto à disposição de produtos tóxicos, lixo urbano, rejeitos industriais e aplicação de agrotóxicos no solo. A gestão sustentável do Aquífero Guarani depende, pois, da identificação e controle das fontes de poluição em toda sua extensão, não só nas áreas confinadas, mas também e, principalmente, nas áreas de recarga direta.

Você considera procedente essa preocupação da Embrapa com a preser-vação da qualidade da água do aquífero? E se as organizações privadas e estatais das regiões do Aquífero Guarani seguissem as orientações da ISO 16001 e 26000, além das determinações das NBRs 14001, 14010, 14011, 14012, 14020, 14021, 14023, 14031, 14032, 14041, 14042 e 14043, estaríamos correndo o perigo de contaminação dessas águas? Qual a sua opinião sobre o assunto?

Q u e s t õ e s p a r a r e v i s ã o

1. A ISO 26000 aborda a responsabilidade social nas organizações e esta-belece sete temas centrais. Quais são eles?

2. Qual a documentação necessária para a implantação de um sistema de gestão ambiental (SGA) em uma organização?

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 216: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

215

3. Marque “V” para as proposições verdadeiras e “F” para as falsas, quanto às definições e aos termos técnicos na gestão ambiental no setor empresarial:( ) Com a finalidade de evitar a repetição da causa que tenha determinado

uma não conformidade, um defeito ou outra situação indesejável, na gestão ambiental, utilizamos a chamada ação corretiva.

( ) A avaliação do desempenho ambiental refere-se à mensuração dos ele-mentos de atividades, produtos ou serviços de uma empresa, que in-teragem com o meio ambiente.

( ) Degradação ambiental é a expressão utilizada para qualificar os pro-cessos resultantes dos danos ao meio ambiente, pelos quais se perdem ou se reduzem algumas de suas propriedades, como a qualidade ou a capacidade produtiva de recursos ambientais.

( ) Quando falamos em ativo ambiental, estamos nos referindo a um re-paro ou um ajuste relacionado à resolução de uma não conformidade existente.

( ) Definimos como desenvolvimento sustentável o processo de mudanças, no qual a extração dos recursos, o gerenciamento dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e as modificações insti-tucionais se harmonizam e fortalecem o potencial atual e vindouro, com o propósito de atender às necessidades e às aspirações humanas.

A sequência correta é:a. V, F, V, F, V.b. F, V, F, V, F.c. V, F, V, F, F.d. V, V, F, V, F.

4. As definições que transcrevemos a seguir referem-se à rotulagem ambiental. Avalie-as quanto à sua veracidade:I. A rotulagem ambiental surge como uma das facetas do processo pelo

qual a proteção ao ambiente se converte em valor econômico.II. Os efeitos nos mercados consumidores de produtos e de serviços têm

aumentado a consciência ambiental nos últimos anos.III. As declarações ambientais fornecem informações sobre um produto

ou serviços em termos de seu caráter ambiental global.Iv. A rotulagem é uma realidade em uma lenta evolução, e só está sendo

implementada nas economias emergentes.v. A rotulagem significa um ato de estímulo à melhoria contínua da ges-

tão ambiental em sua área econômica, pois encoraja a demanda por produtos que provocam efeitos negativos menores ao ambiente.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 217: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

216

Com base nessas informações, podemos dizer que:a. somente as afirmativas I e IV estão corretas.b. somente as afirmativas I e III estão corretas.c. somente as afirmativas II e III estão corretas.d. somente as afirmativas III e IV estão incorretas.

5. Quando se refere ao meio ambiente, a norma ISO 26000 trata minuciosamente: I. da proteção e da restauração de habitats naturais.II. da prevenção da poluição e de fatores agregados.III. do uso sustentável de recursos.Iv. da mitigação e da adaptação às mudanças climáticas.Assinale a afirmativa correta:a. Somente a II e III estão corretas.b. Somente a I e IV estão corretas.c. Todas estão corretas.d. Todas estão incorretas.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 218: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

217

p a r a c o n c l u i r . . .

D u r a n t e e s t e e s t u d o , t i v e m o s a o p o r t u n i d a d e d e destacar vários fatores sociais, ambientais, legais e técnicos que se agregam à gestão socioambiental. Argumentamos com fatos inseridos no contexto bra-sileiro e com recortes práticos de ciências aplicadas, que um gestor nesta área deve conhecer. Ele necessariamente deve ter uma postura de busca por soluções multidisciplinares e visão sistêmica nas tomadas de decisões.

Fizemos isso porque a questão ambiental adquiriu uma dimensão adequada à importância da problemática, mas enfrenta ainda certas dificuldades que são intrínsecas aos próprios conceitos que foram sendo desenvolvidos, como, por exemplo, o de desenvolvimento sustentável, que passou a existir a partir do relatório Nosso futuro comum, de 1987, apresentado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, e amplamente discutido na Conferência Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92). Esse conceito é im-portante, mas de uma complexidade operacional muito grande, já que a questão relativa ao ambiente, com base na gestão ambiental, tem de sair do seu campo, de sua especialidade, e buscar a compreensão de conflitos sociais que envolvam o desenvolvimento econômico, as políticas públicas, as questões de etnia e de gênero. Ele exige assim um leque de competências, e qualquer iniciativa se torna um grande desafio.

Percebemos, nesse contexto, que a gestão ambiental passou por uma profunda modificação: a percepção da inter-relação entre ambiente e sociedade, ou seja, a conservação ambiental passou a significar não apenas a criação de parques e de reservas. Isso representou uma novidade e implicou o aumento da importância da questão social urbana. Ninguém mais pode fazer do meio ambiente ou da gestão ambiental apenas um uso ou fim, mas esta deve traduzir-se no binômio gestão social e ambiental.

Essa preocupação socioambiental arrefeceu as suas investidas em 2002, no sentido de fazer oposição ideológica ao empresariado, fato que se deveu, em grande parte, à própria atitude desse setor, o qual vem respondendo positiva-mente à demanda ambiental e procurando se adequar. Isso, em parte, se deve ao fato de existir uma crescente convicção de que o mercado é um dos entes estratégicos de mudança.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 219: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

218

A convivência entre diferentes atores e, até mesmo, as negociações, que vão se tornando rotineiras nas dezenas de conselhos em que a sociedade civil tem assento, vai suavizando antigas hostilidades e mostrando que em todos os seto-res sociais existem aliados. Podemos citar, como exemplo, os trabalhadores da Amazônia, entre os quais se encontram desde o pequeno agricultor até o ma-deireiro e o extrativista. Já no centro-sul do Brasil, constituiu-se outra vertente ambientalista: uma vertente urbana que congrega povo, intelectuais e cientistas. No entanto, as periferias das cidades, embora sofram um alto impacto de de-gradação ambiental, têm uma população que ainda não consegue se mobilizar, pois não consegue relacionar as doenças à má qualidade da água, às enchentes, aos problemas de desmatamentos, entre outros.

Por fim, permanece a consciência de que deveremos estabelecer padrões de qualidade ambiental, integrar as políticas públicas e privadas às de desenvol-vimento socioambiental, garantindo a tão almejada qualidade de vida para as presentes e futuras gerações.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 220: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

219

r e f e r ê n c i a s

ABBAGNANO, N. Dicionário de filosofia. São Paulo: M. Fontes, 1998.

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. ISO 26000: diretrizes sobre

responsabilidade social. 12 set. 2010. Disponível em: <http://www.iso26000qsp.

org/2010/12/conheca-iso-26000-em-portugues-versao.html>. Acesso em: 21 jul. 2011.

ACIESP – Academia de Ciências do Estado de São Paulo. Glossário de Ecologia. São

Paulo: Aciesp, 1987.

AGUIAR, R. A. Direito do meio ambiente e participação popular. Brasília: Ibama,

1996.

ANDRADE, E. P.; ARAUJO, L. F. R.; LAZARI, R. F. Ações de avaliação e

monitoramento das verificações metrológicas executadas pela RBMLQ.

Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/producaointelectual/obras_

intelectuais/198_obraIntelectual.pdf>. Acesso em: 14 nov. 2008.

ARAUJO, G. H. de S. et al. Seleção de indicadores de estado e avaliação de

sensibilidade dos sistemas naturais às ações antrópicas. Rio de Janeiro: Cetem/

MCT, 2005. (Série Gestão e Planejamento Ambiental). Disponível em: <http://www.

cetem.gov.br/publicacao/series_sgpa/sgpa-02.pdf>. Acesso em: 27 jul. 2011.

ÁVILA, C. Inventário vai indicar fontes de emissões por poluentes orgânicos

persistentes. Brasília: Ministério do Meio Ambiente. 29 mar. 2011. Disponível em:

<http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=ascom.noticiaMMA&idEstrutura=8

&codigo=6585>. Acesso em: 5 abr. 2011.

BATALHA, B. L. Glossário de engenharia ambiental. Rio de Janeiro: Empresas

Nucleares Brasileiras, 1987.

BBC Brasil. Marina Silva pede demissão do Ministério do Meio Ambiente.

Disponível em: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/

story/2008/05/080513_marinademissao_ac.shtml>. Acesso em: 19 ago. 2008.

BEAT, G.; OLIVEIRA, F. I. Normas e certificações: padrões para responsabilidade

social de empresas. São Paulo: Instituto Ethos, 2002. p. 1. Disponível em: <http://

www.ethos.org.br/_Uniethos/Documents/texto_Beat_Gruninger.pdf>. Acesso em:

21 jul. 2011.

BEROUTCHACHVILI, N. L.; BERTRAND, G. Le géosystème ou système

territorial naturel. Toulose: Revue Géographique des Pyrénés et du sud-ouest, 1978.

p. 167-180.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 221: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

220

BERTÉ, R. Gestão ambiental e responsabilidade social corporativa nas

organizações. Curitiba: Ibpex, 2007.

BERTÉ, R.; RAZZOLINI FILHO, E. O reverso da logística e as questões

ambientais no Brasil. Curitiba: Ibpex, 2009.

BERTRAND, G. Paisagem e geografia física global: esboço metodológico. Cadernos de

Ciências da Terra, São Paulo, n. 18, p. 1-27, 1971.

BOBBIO, N.; MATTEUCCI, N.; PASQUINO, G. Dicionário de política. 4. ed.

Brasília: Ed. da UnB, 1992.

BRAGA, A. S.; MIRANDA, L. C. (Org.). Comércio e meio ambiente: uma agenda

positiva para o desenvolvimento sustentável. Brasília: Ministério do Meio Ambiente;

Secretaria do Desenvolvimento Sustentável, 2001.

BRANDÃO, C. R. Pesquisa participante. São Paulo: Brasiliense, 1981.

BRASIL. Constituição (1988). Diário Oficial da União, Brasília, 5 out. 1988a. Disponível

em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao.htm>. Acesso

em: 28 ago. 2007.

_____. Decreto de 7 de julho de 1999. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília,

7 jul. 1999a. Disponível em: <http://www.camara.gov.br/sileg/integras/444649.pdf>.

Acesso em: 21 jul. 2011.

_____. Decreto n. 750, de 10 de fevereiro de 1993. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 11 fev. 1993a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/decreto/1990-1994/d750.htm>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Decreto n. 2.018, de 1º de outubro de 1996. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 2 out. 1996a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/decreto/d2018.htm>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Decreto n. 2.120, de 13 de janeiro de 1997. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 14 jan. 1997a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/decreto/D2120.htm>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Decreto n. 2.350, de 15 de outubro de 1997. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 16 out. 1997b. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/decreto/1997/D2350.htm>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Decreto n. 2.652, de 1º de julho de 1998. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 2 jul. 1998a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/decreto/D2652.htm>. Acesso em: 21 jul. 2011.

_____. Decreto n. 2.657, de 3 de julho de 1998. Diário Oficial da União, Poder Executivo,

Brasília, 6 jul. 1998b. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/

d2657.htm>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Decreto n. 2.679, de 17 de julho de 1998. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 20 jul. 1998c. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/decreto/d2679.htm>. Acesso em: 21 jul. 2011.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 222: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

221

_____. Decreto n. 2.699, de 30 de julho de 1998. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 31 jul. 1998d. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/decreto/D2699.htm>. Acesso em: 21 jul. 2011.

____. Decreto n. 3.179, de 21 de setembro de 1999. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 22 set. 1999b. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/decreto/D3179.htm>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Decreto n. 3.515, de 20 de junho de 2000. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 21 jun. 2000a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/decreto/D3515.htm>. Acesso em: 21 jul. 2011.

_____. Decreto n. 3.550, de 27 de julho de 2000. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 28 jul. 2000b. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/decreto/D3550.htmAcesso em: 20 jul. 2011.

_____. Decreto n. 3.665, de 20 de novembro de 2000. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 21 nov. 2000c. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/decreto/D3665.htm>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Decreto n. 3.919, de 14 de setembro de 2001. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 17 set. 2001a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/decreto/2001/D3919.htm>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Decreto n. 4.074, de 4 de janeiro de 2002. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 8 jan. 2002a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/decreto/2002/d4074.htm>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Decreto n. 4.097, de 23 de janeiro de 2002. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 24 jan. 2002b. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/decreto/2002/d4097.htm>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Decreto n. 4.136, de 20 de fevereiro de 2002. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 21 fev. 2002c. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/decreto/2002/d4136.htm>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Decreto n. 4.339, de 22 de agosto de 2002. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 23 ago. 2002d. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/decreto/2002/D4339.htm>. Acesso em: 19 jul. 2011.

_____. Decreto n. 4.340, de 22 de agosto de 2002. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 23 ago. 2002e. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/decreto/2002/d4340.htm>. Acesso em: 19 jul. 2011.

_____. Decreto n. 6.101, de 26 de abril de 2007. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 27 abr. 2007a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6101.htm>. Acesso em: 19 jul. 2011.

_____. Decreto n. 6.514, de 22 de julho de 2008. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 23 jul. 2008. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Decreto/D6514.htm>. Acesso em: 20 jul. 2011.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 223: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

222

_____. Decreto n. 6.792, de 10 de março de 2009. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 11 mar. 2009a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Decreto/D6792.htm>. Acesso em: 19 jul. 2011.

_____. Decreto n. 23.793, de 23 de janeiro de 1934. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 24 jan. 1934a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/decreto/1930-1949/d23793.htm>. Acesso em: 22 jul. 2011.

_____. Decreto n. 24.643, de 10 de julho de 1934. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 27 jul. 1934b. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/decreto/d24643.htm>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Decreto n. 62.934, de 2 de julho de 1968. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 5 jul. 1968a. Disponível em: <http://www6.senado.gov.br/

legislacao/ListaPublicacoes.action?id=118255&tipoDocumento=DEC&tipoTexto=

PUB>. Acesso em: 20 jul. 2011.

____. Decreto n. 73.030, de 30 de outubro de 1973. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 30 out. 1973a. Disponível em: <http://www6.senado.gov.br/

legislacao/ListaPublicacoes.action?id=202556&tipoDocumento=DEC&tipoTexto=

PUB>. Acesso em: 21 jul. 2011.

_____. Decreto n. 76.389, de 3 de outubro de 1975. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 6 out. 1975a. Disponível em: <http://www6.senado.gov.br/

legislacao/ListaPublicacoes.action?id=122990&tipoDocumento=DEC&tipoTexto=

PUB>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Decreto n. 79.367, de 9 de março de 1977. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 10 mar. 1977a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/decreto/1970-1979/D79367.htm>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Decreto n. 79.437, de 28 de março de 1977. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 29 mar. 1977b. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/decreto/1970-1979/D79437.htm>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Decreto n. 88.351, de 1º de junho de 1983. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 3 jun. 1983a. Disponível em: <http://www6.senado.gov.br/

legislacao/ListaNormas.action?numero=88351&tipo_norma=DEC&data=19830601&

link=s>. Acesso em: 19 jul. 2008.

_____. Decreto n. 88.821, de 6 de outubro de 1983. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 7 out. 1983b. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/decreto/antigos/D88821.htm>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Decreto n. 92.804, de 20 de junho de 1986. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 23 jun. 1986a. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/decreto/1980-1989/1985-1987/d92804.htm>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Decreto n. 93.413, de 15 de outubro de 1986. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 16 out. 1986b. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/decreto/1980-1989/D93413.htm>. Acesso em: 19 jul. 2011.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 224: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

223

_____. Decreto n. 96.044, de 18 de maio de 1988. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 19 maio 1988b. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/decreto/antigos/d96044.htm>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Decreto n. 97.632, de 10 de abril de 1989. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 12 abr. 1989a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil/

decreto/1980-1989/D97632.htm>. Acesso em: 11 mar. 2008.

_____. Decreto n. 98.812, de 9 de janeiro de 1990. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 10 jan. 1990a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/decreto/1990-1994/D98812.htm>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Decreto n. 98.816, de 11 de janeiro de 1990. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 12 jan. 1990b. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/decreto/Antigos/D98816.htm>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Decreto n. 98.973, de 21 de fevereiro de 1990. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 22 fev. 1990c. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/decreto/Antigos/D98973.htm>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Decreto n. 99.274, de 6 de junho de 1990. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 7 jun. 1990d. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/decreto/antigos/d99274.htm>. Acesso em: 19 jul. 2011.

_____. Decreto n. 99.280, de 6 de junho de 1990. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 7 de jun. 1990e. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/decreto/1990-1994/d99280.htm>. Acesso em: 21 jul. 2011.

_____. Decreto n. 99.556, de 1º de outubro de 1990. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 2 out. 1990f. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/decreto/1990-1994/D99556.htm>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Decreto-Lei n. 25, de 30 de novembro de 1937. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 6 dez. 1937. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/decreto-lei/del0025.htm>. Acesso em: 21 jul. 2011.

_____. Decreto-Lei n. 227, de 28 de fevereiro de 1967. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 28 fev. 1967a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/Decreto-Lei/Del0227.htm>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Decreto-Lei n. 1.413, de 14 de agosto de 1975. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 14 ago. 1975b. Disponível em: <http://www2.camara.gov.br/legin/

fed/declei/1970-1979/decreto-lei-1413-14-agosto-1975-378171-publicacaooriginal-1-pe.

html>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Decreto-Lei n. 1.810, de 23 de outubro de 1980. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 24 out. 1980a. Disponível em: <http://www6.senado.gov.br/

legislacao/ListaNormas.action?numero=1810&tipo_norma=DEL&data=19801023&li

nk=s>. Acesso em: 19 jul. 2011.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 225: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

224

_____. Decreto-Lei n. 2.063, de 6 de outubro de 1983. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 7 out. 1983c. Disponível em: <http://www6.senado.gov.br/

legislacao/ListaPublicacoes.action?id=128377&tipoDocumento=DEL&tipoTexto=

PUB>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Decreto-Lei n. 3.688, de 3 de outubro de 1941. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 3 out. 1941. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/Decreto-Lei/Del3688.htm >. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Decreto-Lei n. 4.146, de 4 de março de 1942. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 31 dez. 1942. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/Decreto-Lei/1937-1946/Del4146.htm>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Lei n. 3.071, de 1º de janeiro de 1916. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,

Brasília, 2 jan. 1916. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/Leis/

L3071.htm>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Lei n. 3.924, de 26 de julho de 1961. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,

Brasília, 27 jul. 1961. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-

1969/L3924.htm>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Lei n. 4.118, de 27 de agosto de 1962. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,

Brasília, 27 ago. 1962. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/

L4118.htm>. Acesso em: 19 jul. 2011.

_____. Lei n. 4.504, de 30 de novembro de 1964. Diário Oficial da União, Poder

Legislativo, Brasília, 31 nov. 1964. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/Leis/L4504.htm>. Acesso em: 9 dez. 2008.

_____. Lei n. 4.717, de 29 de junho de 1965. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,

Brasília, 5 jul. 1965a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4717.

htm>. Acesso em 20 jul. 2011.

_____. Lei n. 4.771, de 15 de setembro de 1965. Diário Oficial da União, Poder

Legislativo, Brasília, 16 set. 1965b. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/Leis/L4771.htm>. Acesso em: 9 dez. 2008.

_____. Lei n. 5.197, de 3 de janeiro de 1967. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,

Brasília, 5 jan. 1967b. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/

l5197.htm>. Acesso em: 19 jul. 2011.

_____. Lei n. 6.453, de 17 de outubro de 1977. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,

Brasília, 18 out. 1977c. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/

L6453.htm>. Acesso em 19 jul. 2011.

_____. Lei n. 6.803, de 2 de julho de 1980. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,

Brasília, 3 jul. 1980b. Disponível em: <http://www6.senado.gov.br/legislacao/

ListaPublicacoes.action?id=126083&tipoDocumento=LEI&tipoTexto=PUB>.

Acesso em: 20 jul. 2011.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 226: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

225

_____. Lei n. 6.902, de 27 de abril de 1981. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,

Brasília, 28 abr. 1981a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/

L6902.htm>. Acesso em: 25 ago. 2011.

_____. Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,

Brasília, 2 set. 1981b. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/

L6938.htm>. Acesso em: 28 ago. 2007.

_____. Lei n. 7.347, de 24 de julho de 1985. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,

Brasília, 25 jul. 1985. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil/LEIS/

L7347orig.htm>. Acesso em: 11 mar. 2008.

_____. Lei n. 7.735, de 22 de fevereiro de 1989. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,

Brasília, 23 fev. 1989b. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/

l7735.htm>. Acesso em: 22 jul. 2011.

_____. Lei n. 7.802, de 11 de julho de 1989. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,

Brasília, 12 jul. 1989c. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/

l7802.htm>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Lei n. 7.804, 18 de julho de 1989. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,

Brasília, 20 jul. 1989d. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/

l7804.htm>. Acesso em: 19 jul. 2011.

_____. Lei n. 7.805, de 18 de julho de 1989. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,

Brasília, 11 out. 1989e. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/

L7805.htm>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Lei n. 8.490, de 19 de novembro de 1992. Diário Oficial da União, Poder

Legislativo, Brasília, 19 nov. 1992. Disponível em: <http://www6.senado.gov.br/

legislacao/ListaPublicacoes.action?id=102438&tipoDocumento=LEI&tipoTexto=

PUB>. Acesso em: 19 jul. 2011.

_____. Lei n. 8.974, de 5 de janeiro de 1995. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,

Brasília, 6 jan. 1995a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/

l8974.htm>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Lei n. 9.017, de 30 de março de 1995. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,

Brasília, 31 mar. 1995b. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/

leis/L9017.htm>. Acesso em: 19 jul. 2011.

_____. Lei n. 9.055, de 1º de junho de 1995. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,

Brasília, 2 jun. 1995c. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/

L9055.htm>. Acesso em: 19 jul. 2011.

_____. Lei n. 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,

Brasília, 9 jan. 1997c. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/

l9433.htm>. Acesso em 20 jul. 2011.

_____. Lei n. 9.478, 6 de agosto de 1997. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,

Brasília, 7 ago. 1997d. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/

l9478.htm>. Acesso em: 22 jul. 2011.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 227: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

226

_____. Lei n. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Diário Oficial da União, Poder

Legislativo, Brasília, 13 fev. 1998e. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil/

leis/L9605.htm>. Acesso em: 11 mar. 2008.

_____. Lei n. 9.966, de 28 de abril de 2000. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,

Brasília, 29 abr. 2000d. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/

L9966.htm>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Lei n. 9.765, de 17 de dezembro de 1998. Diário Oficial da União, Poder

Legislativo, Brasília, 18 dez. 1998f. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/Leis/L9765.htm>. Acesso em: 19 jul. 2011.

_____. Lei n. 9.795, de 27 de abril de 1999, Diário Oficial da União, Poder Legislativo,

Brasília, 28 abr. 1999c. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/

l9795.htm>. Acesso em: 19 jul. 2011.

_____. Lei n. 9.974, de 6 de junho de 2000, Diário Oficial da União, Poder Legislativo,

Brasília, 7 jun. 2000e. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/

L9974.htm>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Lei n. 9.984, de 17 de julho de 2000, Diário Oficial da União, Poder Legislativo,

Brasília, 18 jul. 2000f. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/

l9984.htm>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Lei n. 9.985, de 18 de julho de 2000. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,

Brasília, 19 jul. 2000g. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/

l9985.htm>. Acesso em 19 jul. 2011.

_____. Lei n. 10.165, de 27 de dezembro de 2000. Diário Oficial da União, Poder

Legislativo, Brasília, 28 dez. 2000h. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/leis/L10165.htm>. Acesso em: 19 jul. 2011.

_____. Lei n. 10.257, de 10 de julho de 2001. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,

Brasília, 11 jul. 2001b. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/

leis_2001/l10257.htm>. Acesso em: 19 jul. 2011.

_____. Lei n. 10.410, de 11 de janeiro de 2002. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,

Brasília, 14 jan. 2002f. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/

leis/2002/L10410.htm>. Acesso em: 19 jul. 2011.

_____. Lei n. 10.683, de 28 de maio de 2003. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,

Brasília, 29 maio 2003a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/

leis/2003/L10.683.htm>. Acesso em: 25 ago. 2011.

_____. Lei n. 11.428, de 22 de dezembro de 2006. Diário Oficial da União, Poder

Legislativo, Brasília, 26 dez. 2006. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11428.htm>. Acesso em: 19 jul. 2011.

_____. Lei n. 11.516, de 28 de agosto de 2007. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,

Brasília, 29 ago. 2007b. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_

ato2007-2010/2007/lei/l11516.htm>. Acesso em 19 jul. 2011.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 228: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

227

_____. Medida Provisória n. 2.152-2, de 1º de junho de 2001. Diário Oficial da União,

Poder Legislativo, Brasília, 4 jun. 2001c. Disponível em: <https://www.planalto.gov.

br/ccivil_03/MPV/Antigas_2001/2152-2.htm>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Medida Provisória n. 2.163-41, de 23 de agosto de 2001. Diário Oficial da União,

Poder Legislativo, Brasília, 24 ago. 2001d. Disponível em: <http://www.planalto.gov.

br/ccivil_03/mpv/2163-41.htm>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Medida Provisória n. 2.166-67, de 24 de agosto de 2001. Diário Oficial da União,

Poder Legislativo, Brasília, 25 ago. 2001e. Disponível em: <http://www.planalto.gov.

br/ccivil_03/mpv/2166-67.htm>. Acesso em: 22 jul. 2011.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Aquífero Guarani.

Embrapa. Disponível em: <http://www.cnpma.embrapa.br/projetos/index.

php3?sec=guara>. Acesso em: 22 jul. 2011a.

BRASIL. Ministério da Cultura. IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e

Artístico Nacional. Portaria n. 230, de 17 de dezembro de 2002. Diário Oficial da

União, Brasília, 18 dez. 2002g. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/portal/

baixaFcdAnexo.do?id=337>. Acesso em: 21 jul. 2011.

BRASIL. Ministério das Cidades. Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental.

Brasília, 2011b. Disponível em: <http://www.cidades.gov.br/index.php?option=com_

content&view=section&layout=blog&id=6&Itemid=57>. Acesso em: 3 ago. 2011.

BRASIL. Ministério das Relações Exteriores. Imagens do Brasil. Disponível em: <http://

www.dc.mre.gov.br/imagens-e-textos/imagens-do-brasil/fauna/alta-fauna09.jpg/

image_view_fullscreen>. Acesso em: 26 jul. 2011c.

BRASIL. Ministério de Minas e Energia. ANEEL – Agência Nacional de Energia

Elétrica. Resolução n. 456, de 29 de novembro de 2000i. Diário Oficial da União,

Poder Executivo, Brasília, Disponível em: <http://www.aneel.gov.br/cedoc/

res2000456.pdf>. Acesso em: 20 jul. 2011.

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Portaria

Inmetro n. 221, de 30 de setembro de 1991a. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, Disponível em: <http://www.antt.gov.br/legislacao/PPerigosos/

Nacional/Por221-91-INMETRO.pdf>. Acesso em: 21 jul. 2011.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional de Recursos Hídricos.

Resolução n. 016, de 8 de maio de 2001. Diário Oficial da União, Poder Executivo,

Brasília, 14 maio. 2001f. Disponível em: <http://www.cnrh.gov.br/sitio/index.

php?option=com_content&view=article&id=14>. Acesso em 20 jul. 2011.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Departamento de Cidadania e

Responsabilidade Socioambiental Agenda 21 brasileira: bases para discussão.

Brasília, 2000j. Mimeografado.

_____. Agenda 21 brasileira. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/sitio/index.

php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=18>. Acesso em: 26 jul. 2011d.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 229: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

228

_____. Departamento de Gestão Estratégica. Indicadores ambientais. Disponível em:

<http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=219>.

Acesso em: 5 abr. 2011e.

_____. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis.

Diretrizes para operacionalização do Programa Nacional de Educação

Ambiental. Brasília, 1997e.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. O Ministério. Organograma. Disponível em:

<http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=88&id

Conteudo=8297&idMenu=8841>. Acesso em: 24 ago. 2011f.

_____. Programa piloto para proteção das florestas tropicais. Caminhos para a

sustentabilidade. Brasília, 2009b, p. 42. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/

estruturas/168/_publicacao/168_publicacao15102009043958.pdf>. Acesso em: 19 jul.

2011.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Resolução Conama n. 001, de 23 de janeiro de

1986. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, 17 fev. 1986c. Disponível

em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186.html>. Acesso em: 20

jul. 2011.

_____. Resolução Conama n. 001, de 8 de março de 1990. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 2 abr. 1990g. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/

conama/res/res90/res0190.html>. Acesso em: 19 jul. 2011.

_____. Resolução Conama n. 001, de 16 de fevereiro de 1993. Diário Oficial da União,

Poder Executivo, Brasília, 15 fev. 1993b. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/

port/conama/legiabre.cfm?codlegi=124>. Acesso em: 19 jul. 2011.

_____. Resolução Conama n. 002, de 8 de março de 1990. Diário Oficial da União,

Poder Executivo, Brasília, 2 abr. 1990h. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/

port/conama/res/res90/res0290.html>. Acesso em: 19 jul. 2011.

_____. Resolução Conama n. 002, de 22 de agosto de 1991. Diário Oficial da União,

Poder Executivo, Brasília, 20 set. 1991b. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/

port/conama/legiabre.cfm?codlegi=116>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Resolução Conama n. 002, de 15 de junho de 1993. Diário Oficial da União,

Poder Executivo, Brasília, 15 fev. 1993c. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/

port/conama/legiabre.cfm?codlegi=125>. Acesso em: 19 jul. 2011.

_____. Resolução Conama n. 005, de 15 de junho de 1989. Diário Oficial da União,

Poder Executivo, Brasília, 25 ago. 1989f. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/

port/conama/legiabre.cfm?codlegi=81>. Acesso em: 19 jul. 2011.

_____. Resolução Conama n. 005, de 5 de agosto de 1993. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 31 ago. 1993d. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/

conama/res/res93/res0593.html>. Acesso em: 20 jul. 2011.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 230: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

229

_____. Resolução Conama n. 006, de 15 de junho de 1988. Diário Oficial da União,

Poder Executivo, Brasília, 16 nov. 1988c. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/

port/conama/legiabre.cfm?codlegi=70>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Resolução Conama n. 007, de 16 de setembro de 1987. Diário Oficial da União,

Poder Executivo, Brasília, 22 out. 1987a. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/

port/conama/legiabre.cfm?codlegi=58>. Acesso em: 19 jul. 2011.

_____. Resolução Conama n. 008, de 6 de dezembro de 1990. Diário Oficial da União,

Poder Executivo, Brasília, 28 dez. 1990i. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/

port/conama/res/res90/res0890.html>. Acesso em: 19 jul. 2011.

_____. Resolução Conama n. 008, de 31 de agosto de 1993. Diário Oficial da União,

Poder Executivo, Brasília, 31 dez. 1993e. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/

port/conama/res/res93/res0893.html>. Acesso em: 19 jul. 2011.

_____. Resolução Conama n. 009, de 6 de dezembro de 1990. Diário Oficial da União,

Poder Executivo, Brasília, 28 dez. 1990j. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/

port/conama/legiabre.cfm?codlegi=106>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Resolução Conama n. 009, de 31 de agosto de 1993. Diário Oficial da União,

Poder Executivo, Brasília, 1º out. 1993f. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/

port/conama/res/res93/res0993.html>. Acesso em: 11 mar. 2008.

_____. Resolução Conama n. 010, de 6 de dezembro de 1990. Diário Oficial da União,

Poder Executivo, Brasília. 28 dez. 1990k. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/

port/conama/legiabre.cfm?codlegi=107>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Resolução Conama n. 011, de 18 de março de 1986. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 2 maio 1986d. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/

conama/legiabre.cfm?codlegi=34>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Resolução Conama n. 011, de 4 de maio de 1994. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 19 maio 1994. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/

conama/legiabre.cfm?codlegi=152>. Acesso em: 11 mar. 2008.

_____. Resolução Conama n. 018, de 24 de outubro de 1996. Diário Oficial da União,

Poder Executivo, Brasília, 7 nov. 1996b. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/

port/conama/legiabre.cfm?codlegi=210>. Acesso em: 19 jul. 2011.

_____. Resolução Conama n. 019, de 24 de outubro de 1996. Diário Oficial da União,

Poder Executivo, Brasília, 7 nov. 1996c. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/

port/conama/legiabre.cfm?codlegi=218>. Acesso em: 19 jul. 2011.

_____. Resolução Conama n. 020, de 18 de julho de 1986. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 30 jul 1986e. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/

conama/res/res86/res2086.html>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Resolução Conama n. 023, de 12 de dezembro de 1996. Diário Oficial da União,

Poder Executivo, Brasília, 20 jan. 1997f. Disponível em: <www.mma.gov.br/port/

conama/res/res96/res2396.doc>. Acesso em: 20 jul. 2011.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 231: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

230

_____. Resolução Conama n. 235, de 7 de janeiro de 1998. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 9 jan. 1998g. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/

conama/legiabre.cfm?codlegi=235>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Resolução Conama n. 237, de 19 de dezembro de 1997. Diário Oficial da União,

Poder Executivo, Brasília, 22 dez. 1997g. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/

port/conama/res/res97/res23797.html>. Acesso em: 11 mar. 2008.

_____. Resolução Conama n. 244, de 16 de outubro de 1998. Diário Oficial da União,

Poder Executivo, Brasília, 19 out. 1998h. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/

port/conama/legiabre.cfm?codlegi=244>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Resolução Conama n. 251, de 7 de janeiro de 1999. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 12 jan. 1999d. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/

conama/res/res99/res25199.html>. Acesso em: 19 jul. 2011.

_____. Resolução Conama n. 257, de 30 de junho de 1999. Diário Oficial da União,

Poder Executivo, Brasília, 22 jul. 1999e. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/

port/conama/res/res99/res25799.html>. Acesso em: 19 jul. 2011.

_____. Resolução Conama n. 258, de 26 de agosto de 1999. Diário Oficial da União,

Poder Executivo, Brasília, 2 dez. 1999f. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/

port/conama/res/res99/res25899.html>. Acesso em: 19 jul. 2011.

_____. Resolução Conama n. 263, de 12 de novembro de 1999. Diário Oficial da União,

Poder Executivo, Brasília, 22 dez. 1999g. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/

port/conama/res/res99/res26399.html>. Acesso em: 19 jul. 2011.

_____. Resolução Conama n. 267, de 14 de setembro de 2000. Diário Oficial da União,

Poder Executivo, Brasília, 11 dez. 2000k. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/

port/conama/res/res00/res26700.html>. Acesso em: 21 jul. 2011.

_____. Resolução Conama n. 273, de 29 de novembro de 2000. Diário Oficial da União,

Poder Executivo, Brasília, 8 jan 2001g. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/

port/conama/res/res00/res27300.html>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Resolução Conama n. 275, de 25 de abril de 2001. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 19 jun. 2001h. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/

conama/res/res01/res27501.html>. Acesso em: 21 jul. 2011.

_____. Resolução Conama n. 279, de 27 de junho de 2001. Diário Oficial da União,

Poder Executivo, Brasília, 29 jun. 2001i. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/

port/conama/res/res01/res27901.html>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Resolução Conama n. 283, de 12 de julho de 2001. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 1º out. 2001j. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/

conama/res/res01/res28301.html>. Acesso em: 21 jul. 2011.

_____. Resolução Conama n. 297, de 26 de fevereiro de 2002. Diário Oficial da União,

Poder Executivo, Brasília, 15 mar. 2002h. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/

port/conama/legiabre.cfm?codlegi=294>. Acesso em: 19 jul. 2011.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 232: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

231

_____. Resolução Conama n. 305, de 12 de junho de 2002. Diário Oficial da União,

Poder Executivo, Brasília, 4 jul. 2002i. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/

port/conama/res/res02/res30502.html>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Resolução Conama n. 315, de 29 de outubro de 2002. Diário Oficial da União,

Poder Executivo, Brasília, 20 nov. 2002j. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/

port/conama/legiabre.cfm?codlegi=337>. Acesso em: 19 jul. 2011.

_____. Resolução Conama n. 316, de 29 de outubro de 2002. Diário Oficial da União,

Poder Executivo, Brasília, 20 nov. 2002k. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/

port/conama/res/res02/res31602.html>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Resolução Conama n. 319, de 4 de dezembro de 2002. Diário Oficial da União,

Poder Executivo, Brasília, 19 dez. 2002l. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/

port/conama/res/res02/res31902.xml>. Acesso em: 20 jul. 2011.

______. Resolução Conama n. 323, de 25 de abril de 2003. Diário Oficial da União,

Poder Executivo, Brasília, 30 abr. 2003b. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/

port/conama/legiabre.cfm?codlegi=345>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Resolução Conama n. 324, de 25 de abril de 2003. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 30 abr. 2003c. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/

conama/legiabre.cfm?codlegi=346>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Resolução Conama n. 325, de 25 de abril de 2003. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 30 abr. 2003d. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/

conama/legiabre.cfm?codlegi=347>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Resolução Conama n. 326, de 25 de abril de 2003. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 30 abr. 2003e. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/

conama/legiabre.cfm?codlegi=348>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Resolução Conama n. 327, de 25 de abril de 2003. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 30 abr. 2003f. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/

conama/legiabre.cfm?codlegi=349>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Resolução Conama n. 328, de 25 de abril de 2003. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 30 abr. 2003g. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/

conama/legiabre.cfm?codlegi=350>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Resolução Conama n. 329, de 25 de abril de 2003. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 30 abr. 2003h. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/

conama/legiabre.cfm?codlegi=351>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Resolução Conama n. 330, de 25 de abril de 2003. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 30 abr. 2003i. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/

conama/res/res03/res33003.xml>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Resolução Conama n. 331, de 25 de abril de 2003. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 30 abr. 2003j. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/

conama/legiabre.cfm?codlegi=353>. Acesso em: 20 jul. 2011.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 233: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

232

_____. Resolução Conama n. 332, de 25 de abril de 2003. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 30 abr. 2003k. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/

conama/legiabre.cfm?codlegi=354>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Resolução Conama n. 333, de 25 de abril de 2003. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 2 maio 2003l. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/

conama/legiabre.cfm?codlegi=355>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Resolução Conama n. 334, de 3 de abril de 2003. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, 19 maio 2003m. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/

conama/res/res03/res33403.xml>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Resolução Conama n. 340, de 25 de setembro de 2003. Diário Oficial da União,

Poder Executivo, Brasília, 3 nov. 2003n. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/

port/conama/res/res03/res34003.xml>. Acesso em: 21 jul. 2011.

_____. Resolução Conama n. 341, de 25 de setembro de 2003. Diário Oficial da União,

Poder Executivo, Brasília, 3 nov. 2003o. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/

port/conama/res/res03/res34103.xml>. Acesso em: 20 jul. 2011.

_____. Resolução Conama n. 342, de 25 de setembro de 2003. Diário Oficial da União,

Poder Executivo, Brasília, 10 dez. 2003p. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/

port/conama/res/res03/res34203.xml>. Acesso em: 19 jul. 2011.

_____. Resolução Conama n. 429, de 28 de fevereiro de 2011. Diário Oficial da União,

Poder Executivo, Brasília, 2 mar. 2011g. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/

port/conama/legiabre.cfm?codlegi=644>. Acesso em: 19 jul. 2011.

BRASIL. Senado Federal do Brasil. Senadora Marina Silva. Chico Mendes: aliança dos

povos da floresta. Disponível em: <http://www.senado.gov.br/senadores/senador/

marinasi/alianca_povos.asp>. Acesso em: 27 jul. 2011h.

BRENDLER, G. Cineastas lançam olhar sobre debate ambiental na TV. Folha.com, 4

abr. 2011. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/900169-cineastas-

lancam-olhar-sobre-debate-ambiental-na-tv.shtml>. Acesso em: 21 jul. 2011.

BRINCKMANN, W. E. Educação ambiental: ética e cotidiano. Santa Cruz do Sul:

Edunisc, 1997.

CAJAZEIRA, J. E. R. ISO 14001: manual de implantação. Rio de Janeiro: Qualitymark,

1997.

CALLISTO, M.; FRANÇA, J. S. Bioindicadores de qualidade de água: transmissão de

metodologias para o ensino fundamental e médio. In: CONGRESSO BRASILEIRO

DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA, 2., 2004, Belo Horizonte. Anais... Belo

Horizonte: Ed. da UFMG, 2004.

CANTRELL, D. C. Paradigmas alternativos para la investigación sobre educación

ambiental. In: MRAZEK, R. Paradigmas alternativos de investigación en

educación ambiental. Guadalajara: Universidad de Guadalajara; Asociación

Norteamericana de Educación Ambiental; Secretaría de Medio Ambiente, Recursos

Naturales y Pesca, 1996. p. 97-123.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 234: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

233

CAPRA, F. O ponto de mutação. São Paulo: Cultrix, 1982.

CARVALHO, I.; SCOTTO, G. Conflitos socioambientais no Brasil. Rio de Janeiro:

Ibase, 1995.

CEARÁ. Governo do Estado. CONPAM – Conselho de Políticas e Gestão do Meio

Ambiente. Programa Nacional de Capacitação de Gestores Ambientais.

Disponível em: <http://www.conpam.ce.gov.br/categoria1/pnc/documentos/

DireitoMeio%20Ambiente.pdf>. Acesso em: 31 mar. 2011.

CIMM – Centro de Informação Metal Mecânica. Dicionário meio ambiente.

Disponível em: <http://www.cimm.com.br/portal/verbetes/listar_letra_ma>.

Acesso em: 5 set. 2011.

CUSTÓDIO, F. N. O óleo e o mico: o triste fim do lubrificante queimado. Folha do

Meio Ambiente, Brasília, Cultura Viva, ano 10, n. 99, nov. 1999.

DEAN, W. A ferro e fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira. São

Paulo: Companhia das Letras, 1996.

DIAS, B. F. S. et al. (Org.). Comissão Nacional de Biodiversidade: Conabio 5 anos

(2003-2008). Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2008. (Série Biodiversidade,

v. 32). Disponível em: <http://200.144.189.54/dados/pdf/_comissaonacionaldebiodiv.

arquivopdf.pdf>. Acesso em: 15 jul. 2011.

DIAS, G. F. Educação ambiental: princípios e práticas. São Paulo: Gaia, 1993.

DIAS, J.; SANTOS, L. A paisagem e o geossistema como possibilidade de leitura da

expressão do espaço socioambiental rural. Confins: Revista Franco-Brasileira de

Geografia, n. 1, 2. sem. 2007. Disponível em: <http://confins.revues.org/10>. Acesso

em: 31 ago. 2008.

DIAS NETO, J.; DORNELLES, L. D. C. Diagnóstico da pesca marítima no Brasil.

Brasília: Ibama, 1996.

DIEGUES, A. C. Populações tradicionais em unidades de conservação: o mito

moderno da natureza intocada. São Paulo: USP/Nupaub, 1993.

ECOL NEWS. Dicionário ambiental. Disponível em: <http://www.ecolnews.com.br/

dicionarioambiental/index.htm>. Acesso em: 5 set. 2011.

EL ANDALOUSSI, K. Pesquisas-ações: ciências, desenvolvimento, democracia. São

Carlos: EdUFSCAR, 2004.

ESTEVA, J. Educación popular ambiental en América Latina. México: Repec/Ceaal,

1994.

ESTEVA, J.; REYES, J. Manual del promotor y educador ambiental para el

desarrollo sustentable. Cidade do México: Pnuma/Semarnap, 1998.

EUGÊNIA, M. Agenda 21: roteiro para a construção da sustentabilidade do planeta.

Fortaleza: Associação Civil Alternativa Terrazul, 2005. Disponível em: <http://www.

terrazul.m2014.net/spip.php?article95>. Acesso em: 5 set. 2011.

FERREIRA, R. C. Economia ecológica. Disponível em: <http://www.cenedcursos.com.

br/index2.php?option=com_content&do_pdf=1&id=302>. Acesso em: 5 set. 2011.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 235: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

234

FLAWN, P. T. Environmental Geology: Conservation, Land-Use Planning, and

Resource Management. New York: Harper & Row, 1970.

FOLHA DO MEIO AMBIENTE. Disponível em: <http://www.folhadomeio.com.br/

publix/fma/folha/2011/07/>. Acesso em: 22 jul. 2011.

FRANKENBERG, C.; RAYA-RODRIGUEZ, M. T.; CANTELLI, M. Gerenciamento

de resíduos e certificação ambiental. Porto Alegre: Edipucrs, 2000.

FREIRE, P. Ação cultural para liberdade e outros escritos. Rio de Janeiro: Paz e Terra,

1976.

_____. Extensão ou comunicação? Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1975a.

_____. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1975b.

GADOTTI, M.; TORRES, C. A. Educação popular: utopia latino-americana. São Paulo:

Cortez; Edusp, 1994.

GAJARDO, M. Pesquisa participante na América Latina. São Paulo: Brasiliense, 1986.

GOLDIM, J. R. Bioética e ética na ciência: o princípio da precaução. Disponível em:

<http://www.ufrgs.br/bioetica/precau.htm>. Acesso em: 5 set. 2011.

GRÜNINGER, B.; OLIVEIRA, F I. Normas e certificações: padrões para a

responsabilidade social de empresas. 2002. Disponível em: <http://www.ethos.org.br/_

Uniethos/Documents/texto_Beat_Gruninger.pdf>. Acesso em: 22 jul. 2011.

HARDT, L. P. A.; LOPES, J. A. V. Interpretação e síntese de resultados em estudos

e relatórios de impacto ambiental. In: SEMINÁRIO SOBRE AVALIAÇÃO E

RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL, 1., 1990, Curitiba. Anais... Curitiba:

FPFF/UFPR, 1990. p. 162-167.

HENDGES, A. S. Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA. Ecodebate:

cidadania & meio ambiente, 19 nov. 2010. Disponível em: <http://www.ecodebate.com.

br/2010/11/19/saiba-mais-sistema-nacional-do-meio-ambiente-%E2%80%93-sisnama-arti

go-de-antonio-silvio-hendges/>. Acesso em: 26 jul. 2011.

HOUAISS, A.; VILLAR, M. de S.; FRANCO, F. M. Dicionário eletrônico Houaiss da

língua portuguesa. São Paulo: Objetiva, 2001. Versão 1.0. CD-ROM.

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis.

Educação ambiental: as grandes orientações de Tbilisi. Brasília, 1997.

JAPIASSU, H.; MARCONDES, D. Dicionário básico de filosofia. Rio de Janeiro: J.

Zahar, 1991.

JOLLIVET, M.; PAVÉ, A. O meio ambiente: questões e perspectivas para a pesquisa.

In: VIEIRA, P. F.; WEBER, J. (Org.). Gestão de recursos naturais renováveis e

desenvolvimento: novos desafios para a pesquisa ambiental. São Paulo: Cortez, 1996.

p. 53-112.

LA ROVERE, E. L. Instrumentos de planejamento e gestão ambiental para a

Amazônia, cerrado e pantanal: demandas e propostas – metodologia de avaliação de

impacto ambiental. Brasília: Ibama, 2001. (Série Meio Ambiente em Debate, 37).

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 236: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

235

LÉO, S. Brasil não pode perder sua chance. Jornal Valor Econômico, 8 dez. 2005.

Disponível em: <http://www.worldbank.org/oed/dge/brazil/valor.pdf>. Acesso em:

5 set. 2011.

MADUREIRA, M. S. P. Educação ambiental não formal em unidades de

conservação federal na zona costeira brasileira: uma análise crítica. Brasília:

Ibama, 1997.

MAIMON, D. Ensaios sobre a economia do meio ambiente. Rio de Janeiro: Aped,

1992.

_____. Passaporte verde: gestão ambiental e competitividade. Rio de Janeiro:

Qualitymark, 1996.

_____. Passo a passo da ISO 14000 para implantação nas pequenas e médias

empresas. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1999.

MARTINIC, S. Reflexión crítica de la educación popular: una mirada de los

participantes. In: DAM, A. V.; OOIJENS, J.; PETER, G. Educación popular en

America Latina: la teoría en la práctica. Cidade do México: Ceso, 1988.

MEDEIROS, C. Instruções para a elaboração do Plano de Gerenciamento de

Resíduos Sólidos – PGRS. 2002. Disponível em: <http://www.derba.ba.gov.br/

download/meioambiente/4.pdf>. Acesso em: 5 set. 2011.

MEDINA, N. M. Relaciones históricas entre sociedad, ambiente y educación.

Montevidéu: CIPFE, 1989. (Apuentes de Educación Ambiental, v. 4).

MELLO, L. M. de. O formalismo entre os discursos das diferentes ecologias. 175 f.

Tese (Doutorado em Meio Ambiente e Desenvolvimento) – Universidade Federal do

Paraná, Curitiba, 2006.

MONTEIRO, C. A. F. A questão ambiental no Brasil: 1960/1980. São Paulo:

USP-Igeog, 1981.

MONTORO, T. Comunicação e mobilização social. Brasília: Ed. da UnB, 1996. v. 1.

MORÁN, E. F. A ecologia humana das populações da Amazônia. Rio de Janeiro:

Vozes, 1990.

MOREIRA, I. V. D. Vocabulário básico de meio ambiente. Rio de Janeiro: Feema/

Petrobrás, 1990.

MORIN, A. Pesquisa-ação integral e sistêmica: uma antropopedagogia renovada. Rio

de Janeiro: DP&A, 2004.

NASCIMENTO, F. N.; LEMOS, A. D. da C.; MELLO, M. C. A. de. Gestão

socioambiental estratégica. Porto Alegre: Bookman, 2008.

NIGRO, C. D. (In)sustentabilidade urbana. Curitiba: Ibpex, 2011.

ODUM, E. P. Ecologia. Rio de Janeiro: Guanabara, 1983.

OLIVEIRA, E. M. Educação ambiental: uma possível abordagem. Brasília: Ibama, 1996.

ONU – Organização das Nações Unidas. Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento. Nosso futuro comum. 2. ed. Rio de Janeiro: Fundação Getulio

Vargas, 1991.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 237: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

236

_____. Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Rio de Janeiro, 1992.

Disponível em: <http://www.ufpa.br/npadc/gpeea/DocsEA/DeclaraRioMA.pdf>.

Acesso em: 21 jul. 2011.

PÁDUA, J. A. Dois séculos de crítica ambiental no Brasil. Ciência Hoje, São Paulo, v. 26,

n. 156, p. 42-48, dez. 1999.

PARANÁ. Governo do Estado. Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos

Hídricos. Instituto Ambiental do Paraná. Resolução n. 031, de 24 de agosto de 1998.

Diário Oficial [do] Estado do Paraná, Curitiba, 2 set. 1998. Disponível em: <http://

www.iap.pr.gov.br/arquivos/File/pdf/res_031_98.pdf>. Acesso em: 5 set. 2011.

PINHEIRO, S.; NASR, N. Y.; LUZ, D. A. A agricultura ecológica e a máfia dos

agrotóxicos no Brasil. Rio de Janeiro: Edição do autor, 1998.

PORTAL VEGETARIANO NATUREBA. A poluição do ar e o desequilíbrio do

clima. Disponível em: <http://www.natureba.com.br/aquecimento-global.htm>.

Acesso em: 26 jul. 2011.

QUINTAS, J. S. A questão ambiental: um pouco de história não faz mal a ninguém.

Brasília: Ibama, 1992.

_____. Educação ambiental e mobilização social. Brasília: Ibama, 2000a.

_____. Educação no processo de gestão ambiental: uma proposta de educação

ambiental transformadora e emancipatória. Brasília: Ibama, 2004. Disponível em:

<http://homologa.ambiente.sp.gov.br/EA/adm/admarqs/Jose_S_Quintas.pdf>.

Acesso em: 5 set. 2011.

_____. Pensando e praticando: a educação no processo de gestão ambiental. Brasília:

Ibama, 2000b.

QUINTAS, J. S.; GOMES, P. M.; UEMA, E. E. Pensando e praticando a educação

no processo de gestão ambiental: uma concepção pedagógica e metodológica para a

prática da educação ambiental no licenciamento. Brasília: Ibama, 2005.

QUINTAS, J. S.; GUALDA, M. J. A formação do educador para atuar no processo

de gestão ambiental. Brasília: Ibama, 1995. (Série Meio Ambiente em Debate).

REDE BRASILEIRA DE INFORMAÇÃO AMBIENTAL. Dicionário do JMA.

Disponível em: <http://www.jornaldomeioambiente.com.br/REBIA-OSC/

dicionario-ambiental.html>. Acesso em: 5 set. 2011.

RICKLEFS, R. E. A economia da natureza. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,

1996.

RIO+10 Brasil. Saiba mais sobre o vocabulário da Rio +10: Agenda 21. Disponível em:

<http://www.ana.gov.br/AcoesAdministrativas/RelatorioGestao/Rio10/Riomaisdez/

index.php.40.html>. Acesso em: 5 set. 2011.

ROCHA, A. J. A.; NAVES, M. A.; SOUZA, J. C. Guia do meio ambiente: coletânea

de temas. Brasília: Tablóide, 1992.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 238: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

237

SALVADOR, A. R. F.; MIRANDA, J. de S. Recuperação de áreas degradadas.

TecHoje. jul. 2008. Disponível em: <http://www.ietec.com.br/site/techoje/categoria/

detalhe_artigo/180>. Acesso em: 5 set. 2011.

SANTA CATARINA. Ministério Público. Lei n. 5.793, de 16 de outubro de 1980. Diário

Oficial [do] Estado de Santa Catarina, Florianópolis, SC, 16 out. 1980. Disponível

em: <http://www.mp.sc.gov.br/legisla/est_leidec/lei_estadual/1970_1993/le5793_80.

htm>. Acesso em: 19 jul. 2011.

_____. Portaria Ministerial n. 53, de 1º de março de 1979. Diário Oficial Diário Oficial

[do] Estado de Santa Catarina, Florianópolis, SC, 1º mar. 1979. Disponível em:

<http://www.mp.sc.gov.br/legisla/fed_ato_port_res/portaria/1950_1979/pf053_79.

htm>. Acesso em: 21 jul. 2011.

SANTOS, B. S. Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade. São Paulo:

Cortez, 1996.

SANTOS, L. C. S. Implantação da Linha de Distribuição Prado: Caraíva e conflitos

socioambientais. 160 f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Sustentável) –

Universidade de Brasília, Brasília, 2003.

SATO, M.; SANTOS, J. E. Tendências nas pesquisas em educação ambiental. In:

NOAL, F.; BARCELOS, V. (Org.). Educação ambiental e cidadania: cenários

brasileiros. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2003. p. 253-283.

SCHERER, C. E. Programas da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental:

Ministério das Cidades (2003-2006). Disponível em: <http://www.ensp.fiocruz.br/

eventos_novo/dados/arq4606.ppt#37>. Acesso em: 24 out. 2008.

SCHMIDHEINY, S. Mudando o rumo. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas,

1992.

SCHERER-WARREN, I.; KRISCHKE, P. J. Uma revolução no cotidiano? Os novos

movimentos sociais na América Latina. São Paulo: Brasiliense, 1987.

SILVA, M. Reserva extrativista. Disponível em: <http://www.senado.gov.br/senadores/

senador/marinasi/alianca_povos.asp>. Acesso em: 4 nov. 2011.

SIQUEIRA, J. C. Ética e meio ambiente. São Paulo: Loyola, 2002.

SOUZA, M. P. de. Instrumentos de gestão ambiental: fundamentos e prática. São

Paulo: Ed. R. Costa, 2000.

STADLER, A. (Org.). Empreendedorismo e responsabilidade social. Curitiba: Ibpex,

2011.

STF começa a julgar disputa na Raposa Serra do Sol. O Estado de São Paulo, 27 ago.

2008. Disponível em: <http://www.estadao.com.br/geral/not_ger231657,0.htm>.

Acesso em: 5 set. 2011.

TAYRA, F. O conceito do desenvolvimento sustentável. Disponível em: <http://www.

semasa.sp.gov.br/admin/biblioteca/docs/doc/conceitodesenvsustent.doc>. Acesso

em: 13 nov. 2008.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 239: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

238

THIOLLENT M. J.; GUIMARÃES R. M.; BRANCO A. L. C. BEMPPE – Boletim

Eletrônico de Metodologia para Projetos de Pesquisa e Extensão. n. 5, jun. 2004.

SEMPE – Rio de Janeiro. Disponível em: <http://www.itoi.ufrj.br/sempe/

bemppe-n5.pdf>. Acesso em: 19 jul. 2011.

TOLEDO, V. Universidad y sustentabilidade sustentable: uma proposta para el nuevo

milenio. Topicos de Educación Ambiental, v. 2, n. 5, p. 7-20, 2000.

TORO, J. B.; WERNECK, N. M. D. Mobilização social: um modo de construir a

democracia e participação. Brasília: Abeas; Unicef, 1997.

TRICART, J. Ecodinâmica. Rio de Janeiro: IBGE/Supren, 1977.

TROPPMAIR, H. Biogeografia e meio ambiente. 6. ed. Rio Claro: Edição do Autor,

Unesp, 2007.

TROPPMAIR, H.; GALINA, M. H. Geossistemas. Mercator: Revista de Geografia

da Universidade Federal do Ceará, ano 5, n. 10, 2006. Disponível em: <http://www.

mercator.ufc.br/index.php/mercator/article/viewFile/69/44>. Acesso em: 1º set. 2011.

UNGER, N. O encantamento do humano: ecologia e espiritualidade. São Paulo:

Loyola, 1991.

UNIÃO INTERNACIONAL PARA A CONSERVAÇÃO DA NATUREZA.

Cuidando do planeta Terra: uma estratégia para o futuro da vida. São Paulo:

Pnuma/WWF, 1991.

UNIBIO BRASIL. Projeto Ecológico Cinturão Verde. Disponível em: <http://

unibiobrasil.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=49:projeto-

ecologico-cinturao-verde-equipe-atual-rodrigo-berte-coordenador-geral-do-projeto-r

odrigo-fernando-schultz-administrador-luiz-gustavo-marzollo-especialista-em-ea-da

uto-j-da-silveira-sociologo-daiane-mendes-de-lara-secretaria-eds&catid=3:novos-proj

etos&Itemid=30>. Acesso em: 03 maio 2012.

VIEZZER, M. L.; OVALLES. O manual latino-americano de educação ambiental.

São Paulo: Gaia, 1995.

VIOLA, E. O movimento ecológico no Brasil (1974-1986). In: PÁDUA, J. A. (Org.).

Ecologia e política no Brasil. Rio de Janeiro: Espaço e Tempo; Iuperj, 1987.

VITERBO JUNIOR, E. Sistema integrado de gestão ambiental. São Paulo:

Aquariana, 1998.

WILSON, E. O. Biodiversidade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.

WOOD, D. S.; WOOD, D. W. et al. Como planificar un programa de educación

ambiental. World Resources Institute, U. S. Fish and Wildlife Service.1990.

ZUCCA, A. J. O direito da terra: rumo a um direito internacional ambiental efetivo.

Rio de Janeiro: Qualitymark, 1991.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 240: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

239

a p ê n d i c e

Resumo de legislação ambiental aplicada à gestão ambiental*

Leis aprovadas na Câmara dos Deputados e no Senado Federal

1 – C a r á t e r g e r a l

Const i tuição Fede ra l

Art. 225 e seguintes – Dispõem sobre o meio ambiente.

Lei Fede ra l n . 11.428/2006 (Brasi l , 2006)

Dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa do bioma Mata Atlântica e dá outras providências.

Lei Fede ra l n . 10.410/2002 (Brasi l , 2002f )

Cria e disciplina a carreira de especialista em meio ambiente.

Lei Fede ra l n . 10.257/2001 (Brasi l , 2001b)

Regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição Federal, estabelecendo dire-trizes gerais da política urbana – Estatuto da Cidade. O aspecto mais relevante introduzido por essa lei é o instituto do Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV), que visa contemplar os efeitos positivos e negativos do empreendimento ou atividade quanto à qualidade de vida da população residente na área e suas proximidades.

* Para obter informações sobre leis, medidas provisórias e decretos, acesse o site: <http://www.planalto.gov.br>, e para informações sobre resoluções da Conama, acesse o site: <http://www.mma.gov.br/Conama>.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 241: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

240

Lei Fede ra l n . 10.165/2000 (Brasi l , 2000h)

Institui a Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental (TCFA) e a Taxa de Vistoria. Acresce os arts. 17-A a 17-O, à Lei Federal n. 6.938/1981 (Brasil, 1981).

Lei Fede ra l n . 9.985/2000 (Brasi l , 2000g)

Regulamenta o art. 225 da Constituição Federal do Brasil e institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (Snuc).

Lei Fede ra l n . 9.795/1999 (Brasi l , 1999c)

Dispõe sobre educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências.

Lei Fede ra l n . 9.017/1995 (Brasi l , 1995b)

Estabelece normas de controle e fiscalização sobre produtos e insumos quími-cos que possam ser destinados à elaboração da cocaína em suas diversas formas e de outras substâncias entorpecentes ou que determinem dependência física ou psíquica.

Lei Fede ra l n . 7.804/1989 (Brasi l , 1989d)

Altera a redação de alguns dispositivos das Leis n. 6.803/1980 (Brasil, 1980a) e n. 6.938/1981 (Brasil, 1981). Altera, na Lei n. 6.938/1981, o art. 1º; inciso V do art. 3º; os incisos I a VI do art. 6º; o art. 7º e seus parágrafos; o inciso II do art. 8º; os incisos VI, X, XI e XII do art. 9º; o art. 10 e seu parágrafo 4º; o art. 15 e seus parágrafos; o art. 17 e seus incisos I e II; revoga o art. 16 e inclui o art. 19. Substitui, na Lei n. 6.803/1981 e na Lei n. 6.938/1981, a sigla Sema por Ibama.

Decre to Fede ra l n . 93.413/1986 (Brasi l 1986b)

Promulga a Convenção 148 da Organização Internacional do Trabalho, re-ferente à proteção dos trabalhadores contra os riscos profissionais devidos à contaminação do ar, ao ruído e à vibração no local de trabalho.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 242: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

241

Lei Fede ra l n . 6 .938/1981 (Brasi l , 1981b)

Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins, mecanismos de formulação, aplicação e estrutura do Sisnama.

Lei Fede ra l n . 5.197/1967 (Brasi l , 1967 b)

Dispõe sobre a proteção à fauna e dá outras providências.

Decre to Fede ra l n . 4.340/2002 (Brasi l , 2002e)

Regulamenta arts. da Lei n. 9.985/2000, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (Snuc), e dá outras providências.

Decre to Fede ra l n . 4.340/2002

Regulamenta o art. 55 da Lei n. 9.895/2000, estipulando que as unidades de conservação e as áreas protegidas criadas em data anterior à Lei n. 9.985/2000, e que não pertençam às categorias nela previstas, serão reavaliadas pelo Ibama, visando a ajustá-las à referida lei.

Decre to Fede ra l n . 3.665/2000 (Brasi l , 2000c)

Dá nova redação ao regulamento para fiscalização de produtos controlados pelo Exército. Tem por finalidade estabelecer as normas necessárias para a correta fiscalização das atividades exercidas por pessoas físicas e jurídicas, que envolvem produtos controlados pelo Ministério do Exército.

Decre to Fede ra l n . 2 .657/1998 (Brasi l , 1998b)

Promulga a Convenção Internacional n. 170 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), relativa à segurança na utilização de produtos químicos no trabalho.

Decre to Fede ra l n . 2 .120/1997 (Brasi l , 1997a)

Dá nova redação aos arts. 5º, 6º, 10 e 11 do Decreto Federal n. 99.274/1990 (Brasil, 1990f), alterando a estrutura e o sistema administrativo do Conama.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 243: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

242

Decre to Fede ra l n . 2 .018/1996 (Brasi l , 1996a)

Regulamenta a Lei n. 9.294/1996, dispondo sobre o uso e a propaganda de produtos fumígenos não proibidos em lei, derivados ou não do tabaco, de be-bidas alcoólicas, de medicamentos e terapias e de defensivos agrícolas. Revoga os arts. 42 a 44 do Decreto n. 98.816/1990, que dispunha sobre a propaganda comercial de agrotóxicos.

Decre to Fede ra l n . 750/1993 (Brasi l , 1996a)

Dispõe sobre o corte, a exploração e a supressão de vegetação primária ou os estágios de regeneração da Mata Atlântica.

Decre to Fede ra l n . 99.274/1990 (Brasi l , 1990d)

Regulamenta as Leis Federais n. 6.902/1981 (Brasil, 1981a) e n. 6.938/1981 (Brasil, 1981b), por meio da instituição da estrutura do Sisnama, cria o Conama e estabelece a obrigatoriedade do licenciamento ambiental e apresentação de EIA/Rima, quando necessário. Em sua segunda parte, institui os procedimentos para implantação das Estações Ecológicas e das Áreas de Proteção Ambiental (APAs).

Resoluçõe s Conama n . 323 a 333/2003 (Brasi l , 2003b)

Institui câmaras técnicas relacionadas a biodiversidade, fauna e recursos pesqueiros (323); Florestas e atividades agrossilvopastoris (324); Atividades mi-nerárias, energéticas e de infraestrutura (325); Gestão territorial e biomas (326); Educação ambiental (327); Economia e meio ambiente (328); Assuntos jurídicos (329); Saúde, saneamento ambiental e gestão de resíduos (330); Unidades de con-servação e demais areas protegidas (331); Assuntos internacionais (332); Controle e qualidade ambiental (333).

Resolução Conama n . 319/2002 (Brasi l , 2002l)

Dá nova redação a dispositivos da Resolução Conama n. 273/2000 (Brasil, 2001g), que dispõe sobre prevenção e controle da poluição em postos de com-bustíveis e serviços.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 244: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

243

Resolução Conama n . 316/2002 (Brasi l , 2001g)

Dispõe sobre procedimentos e critérios para o funcionamento de sistemas de tratamento térmico de resíduos.

Resolução Conama n . 273/2000 (Brasi l , 2001g)

Estabelece que a localização, construção, instalação, modificação, ampliação e operação de postos revendedores, postos de abastecimento, instalações de sistemas retalhistas e postos flutuantes de combustíveis dependerão de prévio licenciamento do órgão ambiental competente.

Resolução Conama n . 237/1997 (Brasi l , 1997g)

Efetiva a utilização do sistema de licenciamento como instrumento de gestão ambiental, instituído pela Política Nacional do Meio Ambiente.

Resolução Conama n . 001/1986 (Brasi l , 1986c)

Institui e regulamenta o EIA/Rima como instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente. Estabelece, no art. 2º, as atividades que são obrigadas a apre-sentar perante ao órgão ambiental competente os devidos EIA/Rima.

Resolução Conama n . 011/1986 (Brasi l , 1986d)

Altera o inciso XVI e acrescenta o inciso XVII ao art. 2º da Resolução Conama 001/1986, que dispõem sobre a utilização de carvão vegetal em quanti-dade superior a dez toneladas por dia e projetos agropecuários que contemplem área acima de 1.000 ha, ou quando se tratar de áreas significativas em termos percentuais ou de importância sob o ponto de vista ambiental.

2 – P r o p r i e d a d e / Z o n e a m e n t o / I n d ú s t r i a s

Le i Fede ra l n . 6 .803/1980 (Brasi l , 1980b)

Estabelece que as zonas destinadas às instalações de indústrias serão definidas em esquema de zoneamento urbano (ZEI, Zupi e ZUD), aprovado por lei, que compatibilize as atividades industriais com proteção ambiental.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 245: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

244

Decre to Fede ra l n . 76.389/1975 (Brasi l , 1975a)

Regulamenta o Decreto-Lei n. 1.413/1975 (Brasil, 1975a) (art. 8º alterado pelo Decreto n. 85.206/1980).

Decre to-Le i n . 1.413/1975 (Brasi l , 1975b)

As indústrias instaladas ou a se instalarem em território nacional são obriga-das a promover as medidas necessárias para prevenir ou corrigir os inconvenientes e prejuízos da poluição e da contaminação do meio ambiente.

Lei Fede ra l n . 3.071/1916 (Brasi l , 1916)

Código Civil – art. 554 (uso nocivo da propriedade).

Resolução Conama n . 341/2003 (Brasi l , 2003o)

Dispõe sobre critérios para a caracterização de atividades ou empreendi-mentos turísticos sustentáveis como de interesse social para fins de ocupação de dunas originalmente desprovidas de vegetação, na zona costeira.

Resolução Conama n . 235/1998 (Brasi l , 1998g) e n . 24 4/1998 (Brasi l , 1998h)

Ambas alteram o Anexo 10 da Resolução Conama n. 23/1996, que dispõe sobre resíduos perigosos Classe I, de importação proibida.

Resolução Conama n . 023/1996 (Brasi l , 1997f )

Regulamenta a importação e exportação de resíduos industriais e proíbe a importação de resíduos da Classe I (alterada pela Resolução Conama n. 235/1998). Define resíduos perigosos Classe I, resíduos não inertes Classe II e resíduos inertes Classe III.

Resolução Conama n . 005/1993 (Brasi l , 1993d)

Dispõe sobre os procedimentos mínimos para o gerenciamento de resíduos sólidos ou lixo, com vistas a preservar a saúde pública e a qualidade do meio ambiente.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 246: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

245

Resolução Conama n . 006/1988 (Brasi l , 1988c)

Determina que as indústrias enquadradas no art. 2º apresentem ao órgão de controle ambiental estadual inventário de seus resíduos, contendo informa-ções referentes à geração, característica e destino final destes (cf. Anexo I desta resolução). Nesses termos, impõe às entidades públicas e/ou privadas, quando possuírem estoque de agrotóxicos ou materiais e/ou equipamentos contami-nados com PCBs, a entrega de inventário desses estoques ao órgão de controle ambiental estadual (cf. arts. 3º e 4º desta resolução).

3 – P r o c e s s u a l

Le i Fede ra l n . 7.347/1985 (Brasi l , 1985)

Disciplina a Ação Civil Pública de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, his-tórico, turístico e paisagístico.

Lei Fede ra l n . 4.717/1965 (Brasi l , 1965a)

Regula a ação popular. Instrumento consagrado na Constituição Federal, legitima qualquer cidadão para pleitear a anulação ou a declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio público da União, estado, Distrito Federal e mu-nicípios ou de entidade que o Estado participe.

4 – A g r o t ó x i c o s

Le i Fede ra l n . 9.974/2000 (Brasi l , 2000e)

Altera, na Lei Federal n. 7.802/1989 (Brasil, 1989c), o art. 6º; o caput e a alínea “d” do inciso II do art. 7º; o caput e as alíneas “b”, “c” e “e” do art. 14; art. 15; e acresce o art. 12A e parágrafo único ao art. 19.

Decre to Fede ra l n . 3.550/2000 (Brasi l , 2000b)

Altera os arts. 33, 38, 41, 45, 48, 58 e 72 e acresce os arts. 33-A, 33-B, 33-C, 33-D, 33-E, 33-F, 33-G, 33-H, 119-A, 119-B e 119-C ao Decreto Federal n. 98.816/1990 (Brasil, 1990b).

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 247: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

246

Decre to Fede ra l n . 4.074/2002 (Brasi l , 2002a)

Regulamenta a Lei n. 7.802/1989 e dá outras providências.

Decre to Fede ra l n . 98 .816/1990

Regulamenta a Lei Federal n. 7.802/1989, estabelecendo, entre outras, defini-ções das palavras empregadas na referida norma, bem como a competência dos Ministérios da Agricultura, da Saúde e do Interior, na aplicação da lei. Institui o instrumento do registro do produto, que deverá ser feito no órgão federal competente, bem como o registro das pessoas físicas ou jurídicas que prestem serviços na aplicação, ou que produzam, comercializem, importem ou exportem agrotóxicos, que deverá ser feito em órgão estadual competente. Regula a em-balagem e rotulagem dos produtos agrotóxicos, bem como a destinação final do produto e da embalagem, armazenamento e transporte destes. Regula, ainda, o procedimento do receituário, bem como as sanções administrativas aplicáveis ao descumprimento das normas estabelecidas neste regulamento.

Lei Fede ra l n . 7.802/1989

Dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotu-lagem, o transporte e armazenamento, a comercialização, a propaganda comer-cial, a utilização, a importação, a exportação, a destinação final dos resíduos das embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências.

Resolução Conama n . 334/2003 (Brasi l , 2003m)

Dispõe sobre os procedimentos de licenciamento ambiental de estabeleci-mentos destinados ao recebimento de embalagens vazias de agrotóxicos.

5 – M i n e r a ç ã o

Decre to Fede ra l n . 2 .350/1997 (Brasi l , 1997 b)

Regulamenta a Lei Federal n. 9.055/1995 (Brasil, 1995c), limitando a extração, industrialização, utilização, comercialização e transporte de asbesto/amianto à variedade crisotila, sendo que sua importação somente será efetuada após auto-rização do Departamento Nacional de Produção Mineral.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 248: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

247

Decre to Fede ra l n . 98 .812/1990 (Brasi l , 1990a)

Regulamenta a Lei n. 7.805/1989 (Brasil, 1989e).

Lei Fede ra l n . 7.805/1989

Altera o Código de Minas, criando o regime de permissão de lavra garimpeira, isto é, o aproveitamento imediato de jazimento mineral, independentemente de prévios trabalhos de pesquisa.

Decre to Fede ra l n . 97.632/1989 (Brasi l , 1989a)

Regulamenta o art. 2º, inciso VIII, da Lei Federal n. 6.938/1981 (Brasil, 1981b), obrigando o empreendedor minerário a apresentar, ao órgão ambiental compe-tente, plano de recuperação de área degradada.

Decre to-Le i n . 227/1967 (Brasi l , 1967a)

Institui o Código de Minas.

Decre to Fede ra l n . 62 .934/1968 (Brasi l , 1968)

Regulamenta o Código de Minas.

Resolução Conama n . 009/1990 (Brasi l , 1990 j)

Estabelece normas para o licenciamento ambiental de extração mineral – Classes I, III, IV, V, VI, VII, VIII e IX.

Resolução Conama n . 010/1990 (Brasi l , 1990k)

Estabelece normas para o licenciamento ambiental de extração mineral – Classe II.

6 – O r g a n i s m o s G e n e t i c a m e n t e M o d i f i c a d o s ( Tr a n s g ê n i c o s )

Le i Fede ra l n . 8 .974/1995 (Brasi l ,1995a)

Regulamenta os incisos II e V do parágrafo 1º do art. 225, da Constituição Federal. Estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização no uso das

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 249: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

248

técnicas de engenharia genética na construção, cultivo, manipulação, transporte, comercialização, consumo, liberação e descarte de Organismo Geneticamente Modificado (OGM), visando à proteção da vida, da saúde do ser humano, dos animais e das plantas, bem como do meio ambiente.

Resolução Conama n . 305/2002 (Brasi l , 2002i)

Dispõe sobre Licenciamento Ambiental, Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto no Meio Ambiente de atividades e empreendimentos com OGM e seus derivados.

7 – R e c u r s o s h í d r i c o s *

Le i Fede ra l n . 9.984/2000 (Brasi l , 2000f )

Dispõe sobre a criação da Agência Nacional de Águas (ANA), entidade federal de implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e de coor-denação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, e dá outras providências.

Lei Fede ra l n . 9.433/1997 (Brasi l , 1997c)

Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, que tem por escopo a utili-zação racional e integrada dos recursos hídricos, com vistas ao desenvolvimento sustentável. Cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos integrado pelos Comitês de Bacias Hidrográficas, entre outros, responsáveis pelo estabelecimento dos mecanismos de cobrança pelo uso dos recursos hídricos.

Decre to Fede ra l n . 79.367/1977 (Brasi l , 1977a)

Dispõe sobre o padrão de potabilidade da água.

Decre to Fede ra l n . 24.643/1934 (Brasi l , 1934b)

Institui o Código de Águas, estabelecendo definições e regras gerais sobre o uso da água no território nacional.

* Numa determinada bacia, a quantidade de águas superficiais ou subterrâneas disponível para uso.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 250: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

249

Resolução CNR H n . 016/2001 (Brasi l , 2001f )

O Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) estabelece critérios gerais para a outorga de direito de uso de recursos hídricos.

Resolução Conama n . 020/1986 (Brasi l , 1986e)

Dispõe sobre a classificação das águas doces, salobras e salinas, visando as-segurar seus usos preponderantes, bem como sobre limites e condições de lan-çamento para efluentes líquidos.

8 – C r i m e s a m b i e n t a i s

Le i Fede ra l n . 9.605/1998 (Brasi l , 1998e)

Dispõe sobre as sanções penais e administrativas, derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.

Decre to Fede ra l n . 6 .514/2008 (Brasi l , 2008)

Dispõe sobre as infrações e sanções administrativas ao meio ambiente, es-tabelece o processo administrativo federal para apuração dessas infrações e dá outras providências.

Decre to Fede ra l n . 3.919/2001 (Brasi l , 2001a)

Acresce o art. 47-A ao Decreto n. 3.179/1999 (Brasil, 1999b), estabelecendo multa de R$ 400,00 (quatrocentos reais) a quem importar pneu usado ou re-formado. Incorre nessa mesma pena quem comercializa, transporta, armazena, guarda ou mantém em depósito pneu usado ou reformado, importado nessas condições.

Decre to Fede ra l n . 3.179/1999

Dispõe sobre a especificação das sanções aplicáveis às condutas e atividades lesivas ao meio ambiente.

Decre to-Le i n . 3.688/1941 (Brasi l , 1941)

Dispõe sobre a Lei de Contravenções Penais – art. 42 (perturbação do tra-balho ou do sossego alheio).

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 251: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

250

Medida Prov i sór ia n . 2 .163- 41/2001 (Brasi l , 2001d)

Acrescentam dispositivos à Lei n. 9.605/1998 (Brasil, 1998e). De acordo com essa medida, os órgãos ambientais integrantes do Sisnama ficam autorizados a celebrar, com força de título executivo extrajudicial, termo de compromisso com pessoas físicas ou jurídicas responsáveis pela construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades consideradas efetiva ou po-tencialmente poluidoras.

9 – Ó l e o s l u b r i f i c a n t e s

Decre to Fede ra l n . 4.136/2002 (Brasi l , 2002c)

Dispõe sobre a especificação das sanções aplicáveis às infrações às regras de prevenção, controle e fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional, pre-vista na Lei n. 9.966/2000.

Lei Fede ra l n . 9.966/2000 (Brasi l , 2000d)

Dispõe sobre a prevenção, o controle e a fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional, e dá outras providências.

Decre to Fede ra l n . 79.437/1977 (Brasi l , 1977 b)

Promulga a Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil, em da-nos causados por poluição resultante de fugas ou descargas de óleo proveniente de navios.

Resolução Conama n . 009/1993 (Brasi l , 1993f )

Estabelece que todo óleo lubrificante, usado ou contaminado, será obriga-toriamente recolhido e terá uma destinação adequada, de forma a não afetar negativamente o meio ambiente.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 252: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

251

1 0 – E n e r g i a e l é t r i c a

Medida Prov i sór ia n . 2 .152-2/2001 (Brasi l , 2001c)

Cria e instala a Câmara de Gestão da Crise de Energia Elétrica (CGE) do Conselho do Governo, estabelece diretrizes para programas de enfrentamento da crise de energia elétrica. Medida Provisória é mensalmente reeditada.

Resolução Anee l n . 456/2000 (Brasi l , 2000i)

Estabelece, de forma atualizada e consolidada, as condições gerais de for-necimento de energia elétrica a serem observadas tanto pelas concessionárias e permissionárias quanto pelos consumidores.

Resolução Conama n . 279/2001 (Brasi l , 2001i)

Institui, tendo em vista a crise energética, o licenciamento ambiental simpli-ficado para os empreendimentos energéticos com pequeno potencial de impacto ambiental.

1 1 – Tr a n s p o r t e s

Decre to Fede ra l n . 4.097/2002 (Brasi l , 2002b)

Altera a redação dos arts. 7º e 19º dos regulamentos para os transportes rodoviá- rio e ferroviário de produtos perigosos, aprovados pelos Decretos n. 96.044/1988 (Brasil, 1988b) e n. 98.973/1990 (Brasil, 1990c).

Decre to Fede ra l n . 98 .973/1990

Aprova o regulamento para o transporte ferroviário de produtos perigosos e dá outras providências.

Decre to Fede ra l n . 96.04 4/1988

Aprova o regulamento para o transporte rodoviário de produtos perigosos e dá outras providências.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 253: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

252

Decre to Fede ra l n . 92 .804/1986 (Brasi l , 1986a)

Altera o Decreto Federal n. 88.821/1983 (Brasil, 1983a). Refere-se à conversão de multa em advertência.

Decre to-Le i n . 2 .063/1983 (Brasi l , 1983c)

Estabelece multas a serem aplicadas por infração à regulamentação para execução do serviço de transporte rodoviário de produtos perigosos, e dá outras providências.

Decre to Fede ra l n . 88 .821/1983 (Brasi l , 1983a)

Aprova o regulamento para execução do serviço de transporte rodoviá rio de cargas ou produtos perigosos e dá outras providências.

Resolução Conama n . 002/1991 (Brasi l , 1991b)

Determina que as cargas deterioradas, contaminadas, fora de especificação ou abandonadas serão tratadas como potenciais fontes de risco para o meio ambiente, sendo que o importador, o transportador, o embarcador ou o agente que as represente, responderão solidariamente pelas ações de prevenção, con-trole, tratamento e disposição final dos resíduos gerados por essas cargas, salvo previsão específica de responsabilidade em contrato.

1 2 – P a t r i m ô n i o n a t u r a l , h i s t ó r i c o e a r t í s t i c o

Le i Fede ra l n . 3.924/1961 (Brasi l , 1961)

Dispõe sobre monumentos arqueológicos e pré-históricos.

Decre to Fede ra l n . 99.556/1990 (Brasi l , 1990f )

Dispõe sobre a proteção das cavidades naturais subterrâneas existentes no território nacional.

Decre to-Le i n . 4.146/1942 (Brasi l , 1942)

Dispõe sobre a proteção dos depósitos fossilíferos.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 254: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

253

Decre to-Le i n . 25/1937 (Brasi l , 1937)

Organiza a proteção do patrimônio histórico* e artístico nacional.

Por tar ia IPHAN n . 230/2002 (Brasi l , 2002g)

Compatibiliza a preservação do patrimônio arqueológico com os licencia-mentos ambientais.

1 3 – P r o t e ç ã o d a c a m a d a d e o z ô n i o * *

Decre to Fede ra l n . 2 .679/1998 (Brasi l , 1998c)

Promulgam as emendas ao Protocolo de Montreal sobre substâncias que destroem a camada de ozônio, assinadas em Copenhague, em 25 de novembro de 1992.

Decre to Fede ra l n . 2 .699/1998 (Brasi l , 1998d)

Promulga a emenda do Protocolo de Montreal sobre substâncias que destroem a camada de ozônio, assinada em Londres, em 29 de junho de 1990.

* Patrimônio histórico: é a parte do patrimônio cultural que compreende as edifi-cações, os monumentos, os espaços públicos, o acervo documental e bibliográfico, o complexo artístico de uma comunidade. Pelo Decreto-Lei n. 25, de 30 de novembro de 1937, que organiza o Sphan, patrimônio histórico e artístico é definido como:

“O conjunto de bens móveis e imóveis, existentes no país e cuja conservação seja de interesse público quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnológico, bibliográfico ou artístico”.

** Camada de ozônio: Sua destruição ocorre pela reação química entre a estratos-fera e as substâncias provenientes de emissões de fontes antropogênicas, sendo os principais consumidores de ozônio os clorofluorcarbonos (CFC) e halógenos. Destes, o principal agente na destruição da camada de ozônio é o clorofluorcar-bono, que se acumula na troposfera e, numa lenta e gradual migração, que pode demorar anos, atinge a atmosfera e, nessa região, pela alta energia da radiação ultravioleta do sol, libera átomos de cloro (fotodissociação). Estes irão reagir com o ozônio e reduzir o oxigênio molecular, destruindo, assim, a camada de ozônio.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 255: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

254

Decre to Fede ra l n . 99.280/1990 (Brasi l , 1990e)

Promulga a Convenção de Viena para a proteção da camada de ozônio e do Protocolo de Montreal sobre substâncias que a destroem.

Resolução Conama n . 340/2003 (Brasi l , 2003n)

Dispõe sobre a utilização de cilindros para o envasamento de gases que des-troem a camada de ozônio e dá outras providências.

Resolução Conama n . 267/2000 (Brasi l , 2000k)

Proíbe, em todo o território nacional, a utilização das substâncias controla-das, especificadas nos Anexos A e B (por exemplo: gases CFCs) do Protocolo de Montreal sobre substâncias que destroem a camada de ozônio, e incluídas no Anexo dessa Resolução, dos sistemas, equipamentos, instalações e produtos novos, nacionais e importados.

1 4 – M u d a n ç a s c l i m á t i c a s

Decre to Fede ra l n . 3.515/2000 (Brasi l , 2000a)

Cria o Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas.

Decre to Fede ra l n . 7/1999 – Pre sidenc ia l (Brasi l , 1999a)

Cria a Comissão Interministerial de Mudanças Climáticas.

Decre to Fede ra l n . 2 .652/1998 (Brasi l , 1998a)

Promulga a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (CQMC) que visa mitigar as emissões de gases causadores do efeito estufa.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 256: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

255

Reconhece a mudança do clima* da Terra e que os seus efeitos negativos são uma preocupação comum da humanidade.

1 5 – P o l u i ç ã o a t m o s f é r i c a

Reso lução Conama n . 342/2003 (Brasi l , 2003p)

Estabelece novos limites para emissões de gases poluentes por ciclomotores, motociclos e veículos similares novos, em observância à Resolução n. 297/2002, e dá outras providências.

Resolução Conama n . 315/2002 (Brasi l , 2002j)

Dispõe sobre a nova etapa do Programa de Controle de Emissões Veiculares (Proconve).

Resolução Conama n . 297/2002 (Brasi l , 2002h)

Estabelece os limites para emissões de gases poluentes por ciclomotores, mo-tociclos e veículos similares novos.

Resolução Conama n . 251/1999 (Brasi l , 1999d)

Dispõe sobre limites máximos de emissão de veículos automotores do ciclo diesel.

Resolução Conama n . 018/1996 (Brasi l , 1996b)

Dispõe sobre a instituição do Programa de Controle da Poluição do ar por veículos automotores (Proconve).

* Clima: 1. Elementos constituintes do clima: insolação, precipitação, temperatura, umidade, ventos. 2. Os estudos climáticos podem ser realizados em três níveis: a) Macroclima: abrange as grandes regiões e zonas climáticas da terra (Região Mediterrânea, Região Polar, Região Equatorial); b) Mesoclima: é o clima geral modificado de forma local por diversos aspectos como relevo, altitude, urbaniza-ção etc. (Clima urbano, clima litorâneo, clima de montanha, clima de fundo de vale); c) Microclima: ocorre em condições muito restritas em ambientes limitados (microclima florestal, microclima de cultivos, microclima de encostas etc.).

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 257: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

256

Resolução Conama n . 008/1993 (Brasi l , 1993e)

Estabelece os limites máximos de emissão de poluentes para os motores destinados a veículos pesados novos, nacionais e importados.

Resolução Conama n . 008/1990 (Brasi l , 1990i)

Estabelece limites máximos de emissão de poluentes do ar, a nível nacional, para processo de combustão externa em fontes novas fixas de poluição.

Estabelece padrões de qualidade do ar para controle de poluentes atmosfé-ricos. Define as classes de qualidade do ar, bem como as quantidades máximas permitidas em cada uma.

Resolução Conama n . 005/1989 (Brasi l , 1989f )

Institui o Programa Nacional de Controle da Qualidade do Ar (Pronar), como um dos instrumentos básicos da gestão ambiental para proteção da saúde e bem-estar das populações e melhoria da qualidade de vida, com objetivo de permitir o desenvolvimento econômico do país de forma ambientalmente se-gura, pela limitação dos níveis de emissão de poluentes por fontes de poluição atmosférica. Define classificação de uso de áreas em:

Classe I – áreas de preservação (qualidade do ar o mais próximo possível do verificado sem intervenção humana).

Classe II – limitada pelo padrão secundário de qualidade do ar.Classe III – qualidade do ar limitada pelo padrão primário.

1 6 – P o l u i ç ã o s o n o r a

Reso lução Conama n . 002/1993 (Brasi l , 1993c)

Estabelece limites máximos de ruído com veículos em aceleração e na condi-ção parado, para motocicletas, motonetas, triciclos, ciclomotores, bicicletas com motor auxiliar e veículos assemelhados, nacionais ou importados.

Resolução Conama n . 001/1993 (Brasi l , 1993b)

Estabelece limites máximos de ruído com veículos em aceleração e na condição parado, para os veículos automotores nacionais e importados, exceto motocicletas, motonetas, ciclomotores, bicicletas com motor auxiliar e veículos assemelhados.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 258: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

257

Resolução Conama n . 002/1990 (Brasi l , 1990h)

Institui, em caráter nacional, o Programa Silêncio, visando controlar o ruído excessivo que possa interferir na saúde e no bem-estar da população.

Resolução Conama n . 001/1990 (Brasi l , 1990g)

Dispõe sobre a emissão de ruídos, em decorrência de quaisquer atividades industriais, comerciais, sociais e residenciais.

1 7 – A m i a n t o

Reso lução Conama n . 019/1996 (Brasi l , 1996c)

Define procedimentos operacionais para implicação da impressão sobre as peças que contém amianto (asbestos).

Lei Fede ra l n . 9.055/1995 (Brasi l , 1995c)

Disciplina a extração, industrialização, utilização, comercialização e trans-porte de asbesto/amianto e dos produtos que o contenham, bem como das fibras naturais e artificiais, de qualquer origem, utilizadas para o mesmo fim.

Resolução Conama n . 007/1987 (Brasi l , 1987a)

Estabelece normas para regulamentação do uso do amianto (asbesto), obri-gando os fabricantes a imprimir, em cada peça destes, os seguintes dizeres, em características bem visíveis: “Cuidado! Este produto contém fibras de amianto. Evite a geração de poeira. Respirar poeira de amianto pode prejudicar gravemente a saúde. O perigo é maior para os fumantes”.

1 8 – N u c l e a r

Le i Fede ra l n . 9.765/1998 (Brasi l , 1988f )

Institui a Taxa de Licenciamento, Controle e Fiscalização (TLC) de mate-riais nucleares e radioativos e suas instalações. Constitui fato gerador da TLC o exercício do poder de polícia legalmente atribuído ao Conselho Nacional de Energia Nuclear sobre as atividades relacionadas à posse, ao uso ou à guarda de material radioativo ou nuclear.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 259: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

258

Decre to-Le i n . 1.810/1980 (Brasi l , 1980a)

Dispõe sobre a construção de usinas nucleoelétricas.

Lei Fede ra l n . 6 .453/1977 (Brasi l , 1977c)

Dispõe sobre a responsabilidade civil por danos nucleares e a responsabilidade criminal por atos relacionados a atividades nucleares.

Lei Fede ra l n . 4.118/1962 (Brasi l , 1962)

Dispõe sobre a Política Nacional de Energia Nuclear e sobre a criação da Comissão Nacional da Energia Nuclear (Cnem).

1 9 – M a t e r i a i s i n s e r v í v e i s

Reso lução Conama n . 263/1999 (Brasi l , 1997g)

Inclui o inciso IV ao art. 6º da Resolução Conama n. 257/1999 (Brasil, 1999e).

Resolução Conama n . 258/1999 (Brasi l , 1999f )

Institui o sistema de destinação de pneus inservíveis.

Resolução Conama n . 257/1999 (Brasi l , 1999e)

Institui o sistema e destinação de pilhas e baterias inservíveis.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 260: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

259

g l o s s á r i o

D e f i n i ç õ e s d i r e c i o n a d a s à á r e a e m p r e s a r i a l

Ação corretiva: ação que tem como objetivo eliminar as causas de uma não conformidade, de um defeito ou de outra condição indesejável, com a finalidade de impedir a sua repetição.

Ação preventiva: ação que tem como objetivo eliminar as causas de uma não conformidade, de um defeito ou de outra condição indesejável, com a finalidade de impedir a sua ocorrência.

Aspecto ambiental: componente de atividades, produtos ou serviços de uma organização, que podem intercomunicar-se ou influenciar o meio ambiente.

Ativo ambiental: bens ambientais da empresa.Auditoria ambiental: verificação sistemática, documentada, objetiva e pe-

riódica, realizada na empresa por entidade regulamentada, com o objetivo de determinar seu nível de conformidade com a legislação vigente, avaliar a eficácia do sistema de gestão ambiental existente e os riscos provenientes de materiais e de práticas regulamentadas ou não.

Avaliação do desempenho ambiental: ferramenta de gestão que auxilia a empresa a identificar e melhorar seu desempenho ambiental, mediante processo de medição, análise, registro e comunicação, segundo critérios acordados pelo gerente.

Avaliação do impacto ambiental: procedimento que visa estimular a tomada de decisões no que se refere aos possíveis efeitos dos projetos de investimentos sobre a qualidade ambiental e a produtividade dos recursos naturais. É um instrumento para recolher e organizar os dados que os planejadores necessitam para validar os projetos com fundamentação ambiental.

Certificação/rotulagem: procedimento pelo qual um organismo certificador confere garantia, por escrito, de que o produto, processo, serviço e/ou sistema de gestão está em conformidade com as exigências de uma norma específica.

Ciclo de vida: corresponde aos estágios consecutivos e inter-relacionados dos estágios de um sistema de produtos, desde a aquisição da matéria-prima até a sua disposição final.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 261: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

260

Correção: refere-se a um reparo, a um ajuste, e está relacionada à resolução de uma não conformidade existente.

Degradação ambiental: designação que qualifica os processos oriundos dos danos provocados ao meio ambiente. Processos nos quais ocorre a perda de algumas de suas propriedades, como a qualidade ou a capacidade produtiva dos recursos ambientais.

Desenvolvimento sustentável: “Processo de transformação no qual a explo-ração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e as mudanças institucionais se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações humanas” (ONU, 1991, p. 10).

Eco-business: produtos e serviços cuja demanda aumenta com a difusão da consciência ecológica. Incluem-se no eco-business as indústrias de equipamentos de depuração, as empresas de serviços de despoluição do ar e das águas, de reci-clagem de lixo, de controle de resíduos, e uma extensa lista de produtos que são vendidos com base em sua imagem ecológica.

Impacto ambiental: alterações das características físicas do meio ambiente provocadas por atividades, produtos ou serviços de uma empresa, quer sejam benéficas ou maléficas.

Legislação ambiental: conjunto de regulamentos jurídicos especificamente voltados às atividades que afetam a qualidade do meio ambiente.

Meio ambiente: espaço onde uma organização atua, incluindo o ar, a água, a terra, os recursos naturais, a flora, a fauna, os homens e suas inter-relações. Esse espaço abrange, no contexto, desde o interior da organização até o exterior (compreendendo o sistema global).

Melhoria contínua: processo de intensificação do sistema de gestão ambien-tal, de modo a alcançar melhoras no desempenho ambiental da organização, de acordo com sua política ambiental.

Meta ambiental: requisito detalhado do desempenho, quantificável quando possível, e aplicável às partes da organização, decorrentes dos objetivos ambien-tais que deve ser alcançados.

Monitoramento: Indicação precisa e periódica, em um processo contínuo, da quantidade de poluentes ou de contaminação radioativa que existe no meio ambiente.

Não conformidade: é o não atendimento a um requisito especificado. É um termo utilizado no âmbito do processo de auditoria e de certificação.

Normas ambientais: regulamentos ou leis estabelecidos para padronizar as ações: regras, modelos, paradigmas, formas de agir.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 262: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

261

Objetivo ambiental: propósito estabelecido pela empresa, cuja característica básica é ser passível de realização e de quantificação. Corresponde ao resultado ambiental global almejado, sendo a sua fundamentação oriunda da política am-biental da empresa e dos impactos ambientais relevantes para o meio ambiente.

ONG: sigla de organização não governamental e sem fins lucrativos.Padrões de qualidade ambiental: condições limitantes de qualidade am-

biental, muitas vezes expressos em termos numéricos, usualmente estabelecidos por lei e sob jurisdição específica, para a proteção da saúde e do bem-estar dos seres humanos.

Passivo ambiental: valor (resultado econômico das empresas) que pode ser utilizado para preservação, recuperação e proteção do meio ambiente.

Poluição ambiental: “adição, por fonte natural ou humana, de qualquer substância estranha ao ar, água ou solo, em tais quantidades que tornem este recurso impróprio para uso específico ou estabelecido. Presença de matéria ou energia, cuja natureza, localização e quantidade produzam efeitos ambientais indesejáveis” (Ecol News, 2008).

Prevenção de poluição: utilização de mecanismos como reciclagem, trata-mentos, mudança de processos, controle e uso eficiente de recursos, bem como a substituição de materiais (práticas que diminuem ou controlam a poluição) para reduzir os impactos ambientais prejudiciais, aumentar a eficiência da gestão ambiental e reduzir os custos socioeconômicos.

Qualidade ambiental: é o estado do ar, da água, do solo e dos ecossistemas em relação aos efeitos da ação humana.

Regulamento ambiental: é realizado por atos administrativos sancionados por decretos, os quais discriminam os mandamentos legais ou providenciam normas para situações ainda não disciplinadas por lei.

Relatório de impacto ambiental: é o documento que descreve os resultados dos estudos técnicos e científicos. Faz parte do processo de avaliação do impacto ambiental e deve apresentar os dados esclarecedores da proposta em análise. Essas informações devem ser divulgadas e examinadas pelas categorias sociais interessadas, bem como pelas instituições envolvidas na tomada de decisões.

Relatório de não conformidade: documento no qual são registradas as infor-mações relativas a não conformidades. Utiliza-se muito na forma abreviada, RNC.

Risco ambiental: produto que resulta da probabilidade de ocorrência de um evento indesejável e a magnitude do dano por ele causado ao meio ambiente. Também pode ser definido pela razão entre o perigo e as medidas mitigadoras.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 263: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 264: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

263

r e s p o s t a s

Capítu l o 1

Questões para reflexão

1. Há os que defendem que deve existir o engajamento de todos os empre-sários no processo de gestão ambiental. Isso implica uma administra-ção que priorize a sustentabilidade, pois, de acordo com Schmidheiny (1992), é urgente reconhecer que “não pode haver desenvolvimento econômico sem que ele seja sustentável”.

2. Trata-se de sua opinião, portanto, é uma resposta pessoal. No entanto, você deve fundamentá-la em estudos e em fatos.

Questões para revisão

1. É a visão oriunda da concepção de que o meio compreende a natureza, o ser humano, o meio social e a utilização dos recursos naturais.

2. A variável ambiental está sendo incorporada aos modelos de ges-tão, por razões de ordem econômica e pelas vantagens competitivas advindas dessa postura.

3. c4. b5. V, V, F6. c7. V, V, V, F

Capítu l o 2

Questões para reflexão

1. Além de componentes naturais como a água doce, o ar e o solo, existem outros recursos ambientais que funcionam como base material para atividades econômicas (pesca, maricultura, turismo, transformação de produtos florestais, cerâmica, artesanato etc.) na área de sua atuação.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 265: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

264

Refletir sobre a importância deles para o ser humano é fator de con-textualização e de inserção no meio com responsabilidade.

2. É comum, quando pensamos em impactos ambientais, lembrarmos daqueles amplamente divulgados pela mídia; no entanto, costumei-ramente vemos aqueles que estão bem próximos e dos quais, muitas vezes, não tomamos conhecimento ou, quando cientes de sua existência, não refletimos sobre eles. Isso nos leva a propor uma reflexão: você escreva o que sabe em relação a essas perguntas e avalie se deve ou não se atualizar em relação ao seu entorno.

Questões para revisão

1. Essa conjuntura faz surgir a necessidade da prática da gestão ambiental e, nesse contexto, o conhecimento do meio físico-natural é extrema-mente importante, pois possibilita verificar as implicações da ação do ser humano no meio natural, bem como o seu reflexo no próprio meio e no meio social. Alia-se a isso o conhecimento dos aspectos próprios da cultura local e a relação sociedade-natureza.

2. Com base em modelos de gestão ambiental que revelam mudanças radi-cais de múltiplas visões pelas quais passam o homem e a natureza, con-siderando a visão biocêntrica, a gestão ambiental não é um problema de administração das relações do homem com a natureza, mas um processo de constante mudança nos paradoxos socioambientais. O biocentrismo trouxe novas perspectivas para a gestão ambiental, pois considera o meio ambiente como o resultante, aquilo que emerge das relações, tanto dos seres entre si (incluindo o homem) como com o meio físico-natural.

3. c4. F, V, F, V5. b6. d

Capítu l o 3

Questões para reflexão

1. Trata-se de sua opinião, portanto, é uma resposta pessoal. No entanto, você deve fundamentá-la em estudos e em fatos.

2. Como discutimos anteriormente, a visão que temos na atualidade so-bre a gestão ambiental é a visão sistêmica, e estamos em um período

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 266: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

265

histórico em que as ciências se voltam para o entendimento, a aplicação e a leitura de mundo baseando-se na teoria da complexidade.

Questões para revisão

1. O problema ambiental caracteriza-se pela constatação e pela cons-cientização da existência de um dano ao meio ambiente; é uma etapa de análise e de conclusão. Já o conflito ambiental caracteriza-se pela mobilização dos atores sociais em um processo de interrupção ou eli-minação do problema ambiental. É uma etapa de ação transformadora.

2. Em um estudo de caso sob a perspectiva da gestão participativa, apli-camos a pesquisa participativa, que se realiza com fundamentações epistemológicas e ontológicas oriundas do construtivismo, do socio-construtivismo, do pós-construtivismo, da visão biocêntrica e de uma abordagem que considera a ótica dos sistemas complexos.

3. c4. a5. c

Capítu l o 4

Questões para reflexão

1. Trata-se de sua opinião, portanto, é uma resposta pessoal. No entanto, você deve fundamentá-la em estudos e em fatos.

2. Trata-se de sua opinião, portanto, é uma resposta pessoal. No entanto, você deve fundamentá-la em estudos e em fatos.

Questões para revisão

1. No caso de fenômenos geológicos, como o tectonismo e o vulcanismo, os abalos sísmicos e as variações do nível do mar; na interferência do homem em acidentes ambientais naturais, como o escorregamento de solo, a erosão e as enchentes; no uso de tecnologias de disposição de resíduos sólidos.

2. Indicadores de sensibilidade do solo, do clima e da atmosfera, da fauna, de águas interiores, da vegetação.

3. a4. d5. a, c, d

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 267: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

266

Capítu l o 5

Questões para revisão

1. Impacto ambiental é qualquer alteração das propriedades físicas, quí-micas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da popula-ção, as atividades sociais e econômicas, a biota, as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais.

2. Decreto n. 73.030/1973; Lei n. 6.803/1980; Lei n. 6.938/1981; Decreto n. 88.351/1983; Lei n. 7.347/1985; Resolução Conama n. 001/1986; Constituição Federal de 1988; Decreto n. 99.274/1990; Lei n. 8.490/1992; Decreto n. 6.101/2007.

3. a4. c5. b

Capítu l o 6

Questões para reflexão

1. O fato é que alagamentos e inundações (tão comuns em várias cidades) muitas vezes são provocados pela ocupação de planícies fluviais, pela ausência ou inadequação do sistema de drenagem e pelo estrangula-mento de canais, bem como quando areia, argila e materiais de em-préstimo são lavados em espaços territoriais urbanos, o que ocasiona processos erosivos, assoreamentos e agressão da paisagem.

2. Se desenho urbano “é a arte de fazer lugares para as pessoas”, ao fazer, participar e partilhar da composição de tal desenho existe a neces-sidade, portanto, de o gestor, tanto de uma empresa como de uma cidade, conhecer: a prática do licenciamento ambiental nas esferas da União, dos estados e dos municípios; os princípios de legalidade e de autuação dos órgãos ambientais; bem como, aspectos da gestão am-biental urbana. Estes, acreditamos, são aspectos que nenhum gestor, de qualquer âmbito de atuação, pode desconhecer.

Questões para revisão

1. Analisamos o comportamento dos contaminantes, os riscos de conta-minação e a estratégia e contaminação de risco.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 268: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

267

2. A gestão socioambiental está historicamente vinculada aos dispositivos legais (leis, decretos, resoluções) e às políticas públicas.

3. c4. b5. a, b, c

Capítu l o 7

Questões para reflexão

1. Trata-se de sua opinião, portanto, é uma resposta pessoal. No entanto, você deve fundamentá-la em estudos e em fatos.

2. Trata-se de sua opinião, portanto, é uma resposta pessoal. No entanto, você deve fundamentá-la em estudos e em fatos.

Questões para revisão

1. Substâncias nocivas são aquelas que apresentam uma ou várias caracte-rísticas tóxicas ao organismo humano e ao meio ambiente.

2. O Prad é exigido como instrumento técnico que visa subsidiar o licen-ciamento ou a renovação, bem como recuperar o passivo ambiental.

3. a, b, d4. d5. a, b, d

Capítu l o 8

Questões para reflexão

1. Trata-se de sua opinião, portanto, é uma resposta pessoal. No entanto, você deve fundamentá-la em estudos e em fatos.

2. Trata-se de sua opinião, portanto, é uma resposta pessoal. No entanto, você deve fundamentá-la em estudos e em fatos.

Questões para revisãoa. Os temas centrais da ISO 26000 são: governança organizacional, di-

reitos humanos, práticas trabalhista, meio ambiente, práticas ope-racionais justas, questões dos consumidores, envolvimento com a comunidade e seu desenvolvimento.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 269: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

268

b. Nesse processo, temos como documentos: o manual da qualidade e meio ambiente (que contém a política de qualidade e a política ambien-tal); os procedimentos (que definem o que deve ser feito e quem são os responsáveis); as instruções de trabalho (que detalham os trabalhos específicos); e os registros (que demonstram as atividades executadas).

c. ad. de. c

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 270: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

269

s o b r e o a u t o r

R o d r i g o B e r t é n a s c e u e m C o l o r a d o ( R S ) , o n d e p a s s o u a maior parte de sua adolescência. Na juventude, mudou-se com a família para Santa Rosa (RS). Graduou-se bacharel em Ciências Biológicas (1998) pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e especializou-se em Biotecnologia e Educação Ambiental (1998) pela Fundação Universidade de Brasília (Fubra-DF) e em Clonagem Vegetal (2003) pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Realizou na Escola Superior de Balear, situada na Espanha, o MBA em Sustentabilidade e Certificação de Produto Modelo União Europeia. É dou-tor em Meio Ambiente (2002) pela UFPR e pós-doutor na área de Ciência e Tecnologia Marinha pela Universidade de León, Espanha. Além disso, é pós--doutorando em Educação pela Universidade Nacional de La Matanza, conve-niada com a Universidade de La Sapiencia Itália.

Morou durante sete anos no Estado do Mato Grosso do Sul, onde exerceu o magistério em escolas públicas e privadas; desenvolveu vários trabalhos com co-munidades ribeirinhas (no Pantanal) e de fiscalização ambiental; foi concursado da Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul (UEMS); realizou projetos na área de educação ambiental na escola particular Santa Teresa, em Coxim; foi perito do Ministério Público Estadual, função esta que exerceu também no Estado do Rio Grande do Sul.

Foi secretário do Meio Ambiente na Região Metropolitana de Curitiba (PR), no município de Fazenda Rio Grande, professor de pós-graduação no Instituto Brasileiro de Pós-Graduação e Extensão (Ibpex) e do Instituto Superior de Formação Continuada (Infoco), e de graduação na Faculdade de Tecnologia Internacional (Fatec Internacional) e, ainda, membro de banca de mestrado da Universidade da Região de Joinville (Univille-SC).

Foi professor da rede estadual de ensino nos cursos pós-médio em meio ambiente e segurança no trabalho e escreveu várias obras na área de educa-ção ambiental e inventários de biodiversidade. Elaborou e coordenou o projeto Educar e Transformar, em convênio com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) do Ministério da Educação (MEC), na área de vulne-rabilidade social. Coordenou também a implantação da horta comunitária no programa Fome Zero da Petrobras e do Governo Federal e integra o grupo in-ternacional de avaliações de catástrofes ambientais globais.

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 271: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

270

Atualmente, é coordenador-geral do Departamento Acadêmico de Engenharia, Saúde e Meio Ambiente do Grupo Educacional Uninter na modalidade EAD e de pós-graduação dos cursos na área de Gestão Ambiental; consultor da Petrobras Transporte S.A. (Transpetro) na unidade de São Francisco do Sul (SC). É também consultor da gestão de processos no corporativo do Grupo Educacional Uninter nos processos de gestão ambiental. Coordena desde 2009 o projeto Escolas Sustentáveis junto ao Instituto Camargo Corrêa - ICC na rede municipal de educação do município de Curitiba-PR. Integra o Fórum Social do Mercado Comum do Sul (Mercosul) e é membro do parlamento mundial das organizações não governamentais na Organização das Nações Unidas (ONU).

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 272: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

Nenh

uma p

arte

desta

publi

caçã

o pod

erá s

er re

prod

uzida

por q

ualqu

er m

eio ou

form

a sem

a pr

évia

autor

izaçã

o da E

ditor

a Ibp

ex. A

viola

ção d

os di

reito

s auto

rais

é crim

e esta

belec

ido na

Lei n

º 9.61

0/199

8 e pu

nido p

elo ar

t. 184

do C

ódigo

Pen

al.

Page 273: Gestao Socioambiental No Brasil - Ibpex Digital

Ao mesmo tempo em que recebe-mos uma enxurrada de notícias que expõem questões sociais e ambientais preocupantes para o Brasil – como a fome no Nordeste ou o desmatamento na Amazônia –, também recebemos informações sobre ações socioambientais significativas, que têm fomentan-do a cidadania e a esperança do povo brasileiro por mudanças.

Nesse contexto, Gestão socioambiental no Brasil emerge como instrumento de reflexão e de práticas a ser utilizado em salas de aula e em ambientes organi-zacionais públicos e privados. Além disso, contribui para nos sentirmos aptos a argumentar sobre temas de domínio impres-cindível neste século XXI: responsabilidade social, civilidade, e individualismo, coletivismos e sustentabilidade.

Assinado por quem tem autoridade no assunto, este livro apresenta subsídios para a atividade de gestão voltada para as práticas socioambientais e nos capacita para atuar com consciência socioambiental na comunidade em que estamos inseridos.

Atualizações nas questões relativas à legislação ambiental.

Inserção de destaques para facilitar a visualização dos assuntos.

Infográficos para facilitar a compreensão.

Estudo de caso.

O que há de novo nesta edição:

Rodrigo Bertégestão socioam

biental no brasil

Rodrigo Berté

Uma análise ecocêntrica

2a e d i ç ã o

gestãosocioambientalno brasil