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Anais do II Seminário dos Cursos de Ciências Sociais Aplicadas do Campus de Campo Mourão da
Universidade Estadual do Paraná,Campo Mourão - PR, 25-27 de outubro de 2016. v. 1.
p. 000-000
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ISSN 2447-6285
GESTÃO DA QUALIDADE: APLICAÇÃO DO PROGRAMA 10 S EM UMA
PEQUENA INDÚSTRIA MADEIREIRA LOCALIZADA NO MUNICÍPIO DE
CAMPO MOURÃO - PARANÁ
KÁTIA GISLAINE TSUJIGUCHI ITO
Bacharel em Administração
JOSIMARI DE BRITO MORIGI
Mestre em Sociedade e Desenvolvimento
Universidade Estadual do Paraná – Campus de Campo Mourão
RESUMO - O objetivo deste estudo é verificar qual a influência e as vantagens que a aplicação de um programa
de 10S em uma pequena empresa madeireira perfaz na qualidade de suas atividades, bem como, utilizar deste
modelo aplicado como uma estratégia para diferenciar e acentuar a competitividade da mesma, com destaque na
melhoria das condições de trabalho, resultando em melhoria da produtividade e qualidade nos processos como
um todo. Este trabalho se divide em três partes básicas: preparação, implantação e manutenção. Pretende-se
mostrar, ao longo do artigo, uma análise dos pontos positivos da implantação do sistema 10S, bem como é
possível utilizá-lo como uma ferramenta de inovação tecnológica importante na manutenção de um ambiente
saudável, crescimento organizacional e desenvolvimento sustentável. A justificativa centra seus argumentos na
possibilidade de provocar intervenções mais efetivas se houver conhecimento sistematizado sobre a influência
que este modelo de gestão pode proporcionar à mesma.
Palavras-chave: Gestão, Planejamento, Estratégia, Qualidade.
ABSTRACT - The objective of this study is to assess the influence and the advantages that the application of a
10S program in a small timber company makes up the quality of their activities and, using this model applied as
a strategy to differentiate and enhance the competitiveness of the same, with emphasis on improving working
conditions, resulting in improved productivity and quality in the process as a whole. This work is divided into
three basic parts: preparation, implementation and maintenance. It is intended to show, throughout the article, an
analysis of the strengths of the implementation of 10S system, and you can use it as a major technological
innovation tool in maintaining a healthy environment, organizational growth and sustainable development. The
case centered their arguments on the possibility of causing more effective interventions if systematic knowledge
about the influence that this management model can provide the same.
Keywords: Management, Planning, Strategy, Quality.
INTRODUÇÃO
Na atualidade existe muita preocupação por parte dos administradores em manter um
ambiente empresarial de qualidade e que favoreça o alcance dos objetivos organizacionais.
Nesse sentido, vale destacar que o gerenciamento da qualidade tem uma abrangência muito
maior do que a simples garantia de qualidade do produto ou serviço, constituindo desse modo
uma maneira de gerenciar os processos da empresa, visando assegurar completa satisfação do
cliente, tanto interna como externamente. Assim, é impossível não reconhecer que a qualidade
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se transformou em ferramenta competitiva para todas as organizações. Neste contexto, gerir
eficazmente uma empresa implica conciliar conhecimento teórico à prática diária. Para tanto,
faz-se necessário selecionar a estratégia adequada para cada realidade organizacional,
tornando-se um desafio ao administrador.
É importante destacar que este estudo teve por objetivo realizar a implantação de um
programa de 10S em uma Madeireira no município de Campo Mourão, demonstrando a
influência e as vantagens deste sistema na referida empresa. Para a consecução deste objetivo,
foram delineados os objetivos específicos que compreendem: diagnosticar a realidade
organizacional relacionando os aspectos de controle da qualidade em todas as atividades e
processos da empresa; elaborar um programa de gestão da qualidade baseado no programa
10S; e, iniciar a aplicação deste modelo de gestão da qualidade na empresa.
Considerando o caráter deste estudo, a justificativa consiste em demonstrar a
importância da gestão da qualidade, buscando conciliar a teoria à pratica cotidiana das
empresas, a fim de contribuir para a melhoria no desempenho da empresa. Para a
concretização do estudo a metodologia é caracterizada com pesquisa aplicada, na pesquisa
descritiva e estudo de caso. Considerada como descritiva a partir da pesquisa bibliográfica em
diversas fontes como livros, revistas e materiais disponíveis na internet, entre outros.
Caracterizada por estudo de caso, por pesquisa in loco com coleta de dados e aplicação em
uma empresa madeireira no município de Campo Mourão.
Nas organizações são perceptíveis, que a implantação dos processos de planejamento,
organização, direção e controle, pode-se obter resultados mais eficientes e produtos com
maior qualidade ao consumidor. Assim, focar este trabalho na área de qualidade torna-o uma
ferramenta importante na gestão da empresa escolhida para o estudo.
GESTÃO DA QUALIDADE
A qualidade está em pauta na vida das pessoas e nas empresas atualmente. Sendo
relacionada às percepções que o indivíduo tem do ambiente à sua volta, aplicando em seu
cotidiano. Conforme Silva (1996) disseminou-se pelo mundo uma filosofia empresarial de
trabalho que incorporou posturas necessárias à sobrevivência das empresas, que envolve
aspectos como planejamento, produtividade, organização, redução de desperdícios e
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envolvendo os colaboradores da empresa. Mas apesar de muito comentada, a qualidade,
muitas vezes não foi incorporada ao bem ou serviço por muitas empresas. Essa dicotomia
entre o falar e o agir gerou muita insatisfação do consumidor, permitindo as empresas
concorrentes, por sua vez mais preocupadas com sistemas, que permitissem proporcionar
maior qualidade a seus produtos e/ou serviços, se destacassem no mercado.
Qualidade está relacionada às características, ao que se espera de algo, sendo este um
ambiente, um produto ou um serviço. Para Ishikawa (1993), qualidade significa desenvolver,
projetar, produzir e comercializar produto ou serviços, englobando a este, economia de
produção, utilidade e satisfação do consumidor. Todavia, para que a qualidade almejada seja
obtida faz-se necessário planejamento organizacional, envolvendo todas as áreas da empresa,
desde o nível operacional ao estratégico e envolvendo a participação dos colaboradores
(funcionários, gerência, stakeholders.).
Neste sentido, Garvin (1992) reitera que a qualidade existe há milênios, mas
recentemente foi descoberta como função gerencial, sendo reconhecida e valorizada como
essencial para o sucesso estratégico da empresa. A fim de ter a qualidade como uma estratégia
organizacional, muitos modelos de gestão desta foram criados, como o TQC - Total Quality
Control.
Conforme discorre Silva (1996), o sistema integrado de gestão criado a partir do
princípio da Qualidade recebeu, no Japão, o nome de Total Quality Control - TQC e nos
Estados Unidos o nome de Total Quality Management – TQM. No Brasil, o sistema
equivalente recebeu o nome genérico de Gestão pela Qualidade Total – GQT, embora nomes
específicos tenham sido adaptados à necessidade de cada organização.
Para este segundo mesmo autor, o termo ‘Total’ significa participação de todos, dentro
da estrutura da empresa, de maneira contínua e sistemática. Já o termo ‘Qualidade’ refere-se
que cada componente da empresa garante a qualidade de sua tarefa para satisfazer ao
próximo, por isso a avaliação é realizada por terceiros. E, o ‘Controle’ significa estabelecer
processos que permitam obter somente bons resultados, efetuando serviço correto com baixo
custo, identificando e corrigindo possíveis desvios e/ou problemas, de modo a evitar novos
acontecimentos (OISHI, 1995).
A fim de disseminar a filosofia da qualidade e realizar a TQC ou como é conhecida
popularmente, Gestão da Qualidade Total, dentro das organizações muitas ferramentas foram
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criadas. São ferramentas o Círculo de Controle da Qualidade (CQC) e os Sensos da Qualidade
(5S e 10S). Conforme Mizuno (1993), as ferramentas da qualidade são capazes de
proporcionar eficácia quando bem utilizadas pela empresa, embora necessitem de técnicas
especiais de utilização.
Círculo de Controle da Qualidade (CCQ)
Para Maximiano (2000), o criador dos Círculos da Qualidade foi Ishikawa. Os
Círculos da Qualidade referem-se a um programa em que um grupo de voluntários de um
mesmo setor ou área de trabalho se reúnem periodicamente para analisar a situação atual da
empresa de forma setorial, diagnosticando os problemas estavam comprometendo a qualidade
do ambiente organizacional e a eficiência, nos processos, atividades e nos produtos e
propondo possíveis soluções de forma conjunta.
Neste sentido, conforme explana Ishikawa (1993), no Círculo de Controle da
Qualidade, a finalidade do pequeno grupo de pessoas consiste em executar atividades de
controle de qualidade. Este grupo atua na empresa constantemente em atividades de controle
de qualidade, havendo participação de todos os membros. As ideias básicas das atividades do
CCQ são contribuir para melhorar e desenvolver integralmente as capacidades humanas, por
meio do respeito a todos e da criação de um local de trabalho agradável.
Porém, para que haja sucesso na implementação do CCQ há preceitos a serem
respeitados na condução das atividades (ISHIKAWA, 1993): os funcionários devem estar
dispostos a desenvolver suas capacidades, buscar autodesenvolvimento; deve haver regras a
serem seguidas, embora as atividades não devam ser impostas, ou seja, deve haver condições
para a existência de voluntarismo – esta é chave para o sucesso; realização de atividades em
grupo; envolvimento de todos os membros da organização; utilização das técnicas de Controle
da Qualidade; atividades devem estar estreitamente ligadas; atividades devem ser mantidas
constantemente, não podendo ser abandonadas; deve haver busca pelo desenvolvimento
mútuo, por meio de discussão entre círculos de controle de qualidade; deve haver busca pela
originalidade e criatividade; faz-se necessário que haja consciência da qualidade, dos
problemas e do melhoramento.
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Então, o Círculo de Controle da Qualidade (CQC) tem como premissa a colaboração
dos funcionários da empresa em busca da qualidade para a empresa e para os funcionários
harmonicamente.
Sensos da Qualidade
Os consumidores desejam a cada dia obter a satisfação máxima de suas necessidades,
assim a redução contínua dos custos, a produtividade e a melhoria da qualidade tem mostrado
que são essenciais para as organizações se manterem em operação.
Na maioria das empresas, antes de implementar um programa de qualidade total faz-se
necessário “colocar a casa em ordem”, sendo este o primeiro passo para se alcançar uma nova
concepção de gestão e, conseguir um padrão superior de funcionamento (SILVA, 1996).
Neste contexto, o sistema 10S, elaborado a partir do programa 5S, desponta como uma
importante ferramenta de gestão a favor das empresas e também de seus clientes, internos e
externos.
Cinco Sensos da Qualidade: 5S
O sistema Cinco Sensos da Qualidade, chamado de 5S, tem como finalidade despertar
a responsabilidade coletiva da empresa, sendo implantado com o objetivo específico de
melhorar as condições de trabalho e criar o ambiente da qualidade (SILVA, 1996).
Ribeiro (1994) afirma que o programa dos sensos não foi elaborado para empresas que
necessitam solucionar conflitos, mas para aquelas que necessitam de instrumentos que sirvam
como base para o alcance da qualidade total.
Segundo Silva (1996, p.22):
O programa 5S originou-se na década de 50, em empresas japonesas. Seu objetivo
consistia em eliminar o trabalho forçado, ou seja, introduzia a ideia de qualidade
como um hábito e não como mero ato, a partir de cinco palavras japonesas: seiri,
seiton, seisou, seiketsu e shitsuke (SILVA, 1996, P.22).
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De acordo com Ribeiro (1994), a palavra Seiri significa organizar, separar as coisas
necessárias das desnecessárias, descartando aquelas que deixaram de ser úteis para aquele
ambiente.
Seiton significa o Senso de Ordenação e é bastante semelhante ao Senso de Utilização.
A ordenação facilita a utilização, reduzindo o tempo de busca de itens. Sendo assim, a
ordenação segue atrás da seleção de itens desnecessários (SILVA, 1996). Ordenar significa
identificar o item desnecessário, padronizar o seu uso e sua guarda para que todos sigam o seu
procedimento, sabendo usar quando necessário e guardando no mesmo local, da mesma forma
como encontrou. Os resultados iniciais desse senso são: identificação e localização rápida e
segura dos materiais; redução significativa de horas perdidas com acidentes, principalmente
quando se altera o layout para uma facilitação e ordenação de móveis e equipamentos
(OLIVEIRA, 1998).
Seisou consiste em limpar, eliminar a sujeira, inspecionando com o intuito de
descobrir e atacar fontes de problemas. A limpeza deve ser encarada como uma oportunidade
de inspeção e de reconhecimento do ambiente. Para tanto, é de fundamental importância que a
limpeza seja feita pelo próprio usuário do ambiente, ou pelo operador da máquina ou
equipamento (RIBEIRO, 1994).
Já SeiKetsu para Oishi (1995), possibilita criar uma condição favorável para garantir
que o ambiente de trabalho não se torne agressivo e fique livre de poluentes, mantendo boas
condições sanitárias nas áreas comuns. Ribeiro (1994) esclarece que este senso consiste em
manter o asseio, conservar a higiene, tendo o cuidado para que os estágios de organização,
ordem e limpeza já alcançados, não retrocedam. Isto ocorre por meio da padronização de
hábitos, normas e procedimentos.
E Shitsuke, significa disciplina, ou seja, cumprir rigorosamente normas e tudo o que
for estabelecido pelo grupo. A disciplina consiste em um sinal de respeito ao próximo. Sendo
assim, se fosse possível desenvolver nas pessoas apenas o senso de autodisciplina não seria
necessário fazer referências ao desenvolvimento dos outros sensos (SILVA, 1996).
A fim de complementar o significado de 5S, Oishi (1995) afirma que os quatro
primeiros termos se referem a materiais, sendo eles: Seiri, separar os necessários dos
desnecessários; Seiton, manutenção dos itens necessários sob controle - localização visual;
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Seisou, tornar limpo o ambiente; Seiketsu, conservação do ambiente limpo. E o quinto termo
se refere a pessoas, Shitsuke, que significa aprendizagem de coisas corretas.
Neste sentido, Silva (1996) ressalta que a essência e os objetivos do 5S variam de
empresa para empresa. Em empresas brasileiras, por exemplo, a essência é a autodisciplina,
enquanto em empresas japonesas, a essência é a fé (crença), sendo que em ambas, a finalidade
é melhorar o desempenho da empresa e os resultados.
Dez Sensos da Qualidade - 10S
O sistema 10S foi elaborado a partir do sistema 5S. Sua proposta busca conscientizar a
todos de que é possível avançar na qualidade do ambiente da empresa. A implantação pode
ser realizada pelo programa 5S, em seguida acrescentando-se o 10S, ou diretamente partindo
para o segundo.
O programa 10S é uma proposta que visa reeducar as pessoas, recuperar valores,
buscar a melhoria nos ambientes, aumentar a produtividade, não descuidar da saúde
e segurança, modernizar as organizações, e acima de tudo, buscar a conscientização
das pessoas para práticas de cidadania (MATOS, 2008, p. 01).
Os sensos que compõem o 10S são os mesmo que compõem o 5S (seiri, seiton, seisou,
seiketsu e shitsuke), acrescidos de shikare yaro, shido, setsuyaku, shisei rinri e sekinin shakai.
O shikare yaro, sexto senso, é o senso de determinação de união. Implica na participação da
alta direção da empresa em parceria com todos os funcionários (ZIMMER; KLEIN, 2007).
Para isso é necessária transparência na gestão, visando melhorar a motivação dos
funcionários, desenvolver lideranças positivas e melhorar o fluxo de comunicação.
O sétimo senso, chamado Shido, baseia-se no treinamento profissional e na educação
do ser humano. Por isso, conforme Zimmer e Klein (2007), ao incentivar e promover a
capacitação do funcionário, a empresa estará qualificando sua mão-de-obra e engrandecendo-
a como ser humano, o que pode torná-la mais criativa e mais produtiva. As autoras esclarecem
que, o oitavo senso conhecido como Setsuyaku, define as práticas voltadas para a economia e
o combate ao desperdício, resultando em redução de custos e aumento na produtividade. Ao
estimular os funcionários a criar alternativas para a redução de perdas de materiais e serviços,
o trabalho realizado passa a ter maior qualidade.
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O nono senso é voltado para o cultivo de princípios morais e éticos sendo chamado de
Shisei rinri. “Ter ética é ser capaz de voltar esforços para objetivos mais nobres e importantes
da Unidade” (da empresa) (ZIMMER; KLEIN, 2007, p. 14). Referem-se a padrões de conduta
e postura propícia ao que é considerado correto para com os colegas e para com o trabalho
realizado.
Sekinin shakai, constitui o décimo senso e o mais difundido no Brasil – é o senso que
cultiva a Responsabilidade Social. Este senso, segundo Zimmer e Klein (2007), volta-se para
a prática do compromisso da empresa e das pessoas que dela fazem parte, para com a
sociedade. Significa além do pagamento de impostos e tributos e do cumprimento da
legislação, abrangendo trabalhos voluntários em benefício coletivo.
A avaliação do sistema 10S é semelhante ao sistema 5S, a qual um avaliador é
escolhido de dentro do setor e outro externo ao setor, e são analisados aspectos importantes
que caracterizam a eficácia do programa, com base na característica e objetivo de cada senso.
Por isso, segundo Zimmer e Klein (2007), o programa é calcado em uma filosofia de práticas
simples, exige fundamentalmente o comprometimento de todos. Por isso, cria condições para
a promoção do crescimento contínuo das pessoas, em um processo de aperfeiçoamento
constante da rotina de trabalho diário e por consequência, da melhoria de qualidade de vida.
Implantação do Programa 10S
Segundo Zimmer e Klein (2007), o programa 10S trata-se de uma importante ferramenta para
a promoção e melhoria do ambiente de trabalho, pois proporciona condições para mudança
comportamental de hábitos e atitudes. Permite, portanto, a criação de um ambiente limpo,
organizado e mais saudável, onde o cliente interno possa se sentir bem consigo mesmo e com
os demais. E ainda, segundo as autoras, como o “programa visa à melhoria do ambiente de
trabalho, físico, lógico e mental” (2007, p. 03), atua por meio da educação das pessoas, para a
observação crítica de sua realidade e atuação frente ao desperdício, a desorganização, a sujeira
e a outros fatores que acarretam doenças, conflitos e má qualidade nos produtos e/ou serviços
ofertados aos clientes externos.
A implantação do programa 10S, segundo Vieira Filho (2003), deve ser
cuidadosamente iniciada. Primeiramente a alta direção deve reunir os funcionários efetivos e
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mostrar o programa, sua essência e suas vantagens. Deve ser eleito um responsável (líder)
para cada setor e definido um cronograma para cada senso. Os envolvidos deverão estar
cientes de que caberá ao coordenador geral e aos coordenadores de setor o cumprimento do
cronograma, a definição de uma área para o descarte, a promoção de visitas a todos os setores,
visando verificar se algo descartado pode ser útil para seu setor. Caberá também aos
coordenadores manter os envolvidos motivados e mobilizados durante toda implantação.
Como afirma Ribeiro (1994), o registro fotográfico e/ou filmagem tem fundamental
importância durante o processo de implantação, pois evidencia onde está havendo melhora,
além de motivar a equipe rumo ao objetivo e incentivar outras áreas que ainda não
deflagraram o processo. Também se faz fundamental definir o dia da “grande limpeza”, que
marca o início do programa 10S, de modo a não provocar transtorno em nenhuma área,
prevendo atividades que possam ainda estar pendentes. Assim, por se tratar de um evento de
grande importância, o planejamento do dia é fundamental, adquirindo os materiais necessários
(como materiais de limpeza, de proteção individual, lixeiras, dentre outros). Deve-se gerar
expectativa a todos, sendo publicado o dia em cartazes, em quadro de aviso, em jornais
internos e onde mais for possível (RIBEIRO, 1994).
No dia anterior deve-se esclarecer aos envolvidos como será o dia da limpeza. Na
abertura oficial o representante da direção deverá incentivar e motivar a todos e delimitar as
áreas com coordenadores em cada setor, com a preocupação de uma boa avaliação (RIBEIRO,
1994).
Paladini (2006) chama a atenção aos exemplos de casos de empresas brasileiras que
obtiveram sucesso ao implantar o programa 5S. A Companhia Vale do Rio Doce, atual Vale,
com o programa conseguiu identificar cerca de 8 milhões de dólares em bens patrimoniais e
pequenos itens de consumo em excesso em seus armários, almoxarifados e instalações
industriais. E, a Albrás com a implantação do programa 5S obteve número significativo no
combate a acidentes do trabalho: em determinado setor da empresa no período de um ano, o
número de acidentes decresceu de 147 para 0.
Com o programa 10S estes benefícios podem ser potencializados, pois ao abordar
aspectos comportamentais, permite complementar a “arrumação da casa”.
Neste contexto, Zimmer e Klein (2007, p. 16) e o Sindvendas (SINDVENDAS, s.d., p.
01), apresentam os seguintes mandamentos para implementação do Programa 10S: I. Ficarei
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com o estritamente necessário; II. Definirei um lugar para cada coisa; III. Manterei cada coisa
no seu lugar; IV. Manterei tudo limpo e em condições de uso; V. Combaterei todas as causas
de sujeira; VI. Identificarei toda a situação de risco; VII. Trabalharei com segurança; VIII.
Questionarei toda norma ou padrão até entendê-lo; IX. Procurarei formas de melhorar meu
trabalho; X. Honrarei todos os compromissos.
Os “dez mandamentos” apresentados acima constituem um instrumento para a
divulgação do programa, pois se apresentam de fácil compreensão e podem ajudar a recordar
como o trabalho diário deve ser desenvolvido. A ser colocado em cartaz, em local de fácil
visualização pelos funcionários.
Contudo, há que se ressaltar que para alcançar bons resultados com a implantação do
programa 10S, a empresa deve incentivar seus funcionários no cumprimento do programa,
estimulando-os com palestras, vídeos e reuniões, mostrando-os as vantagens que o mesmo
pode oferecer à eles próprios e à empresa.
METODOLOGIA
A pesquisa e suas técnicas constituem-se em uma oportunidade de aprendizagem pela
aquisição e troca de conhecimentos. A metodologia para realização deste estudo, para Gil
(2008) é caracterizada como pesquisa aplicada, realizada de acordo com seus objetivos por
meio de pesquisa descritiva e com estudo de caso.
A partir dos objetivos, a pesquisa descritiva, segundo Oliveira Netto (2006) refere-se
ao estudo, análise, registro e interpretação dos fatos, visando descrever como ocorreu a
pesquisa e os resultados obtidos, comparando os fundamentos teóricos com a realidade
observada na empresa. A pesquisa descritiva foi realizada por meio da coleta de dados em
pesquisa bibliográfica, entrevista e observação.
A pesquisa bibliográfica, segundo Marconi e Lakatos (2002) é elaborada a partir de
material já publicado constituído de um apanhado de pesquisas realizadas. Esta foi realizada
em fontes secundárias, que são livros, artigos, revistas e material publicado na internet.
Já a entrevista, para Ruiz (2011) consiste no diálogo com o objetivo de obter de
determinada pessoa dados relevantes para a pesquisa. A entrevista ocorreu de maneira
informal com o proprietário e com funcionários da empresa por meio de questionário não
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estruturado com 12 questões, embasado nos princípios e fundamentos do programa de sensos,
com o objetivo de avaliar o conhecimento e comportamento dos mesmos quanto ao programa
10S. Utilizou-se deste recurso, para que os dados pertinentes ao estudo fossem decisivos para
a conclusão da pesquisa (PÁDUA, 2005). Também foi realizado outro instrumento, a
observação não participante. Para Marconi e Lakatos (2010) esta consiste na técnica utilizada
para conseguir informações utilizando-se dos sentidos, não consistindo em apenas ver e ouvir,
mas também examinar determinados aspectos da realidade.
ESTUDO DE CASO: MADEIREIRA SANTA MARIA
Dados Informacionais
A Madeireira Santa Maria foi fundada em 1997, sendo uma pequena empresa familiar
localizada no município de Campo Mourão - Paraná.
A empresa iniciou suas vendas com madeiras oriundas do Estado de Mato Grosso,
como Cedrinho, Cambará, Itaúba, Canelão, Champanhe, Garapeira, Timbúri, Ipê, Cedro Rosa,
Angelim, Angelim Pedra, dentre outras. A partir das quais passou a proporcionar maior
variedade, enriquecendo seus estoques com madeiras existentes no Estado do Paraná, tais
como Pinheirão, Pinho/Pinheiro (oriundo de reflorestamento), Pinus, Grevilha, Imbúia e
Eucalipto.
Atualmente as diversas variedades de madeiras utilizadas, são advindas do Estado do
Mato Grosso, em função de altos preços e de sua escassez. Já as madeiras do Estado do
Paraná apresentam custos mais baixos e são mais fáceis de serem adquiridas, pela grande
quantidade em oferta, embora tenham influência no custo alto.
Os clientes da Madeireira se mostram sempre dispostos a comprar madeiras de alta
qualidade, mesmo com custo mais elevados, ou seja, prezam pela qualidade. Para tanto, a
compra de madeiras pela empresa costuma ser realizada após a análise criteriosa do produto,
para que não apresente qualidade inadequada. São considerados na compra critérios como:
presença de buracos, tonalidade, deformações e grau de umidade da madeira. Como garantia
da procedência das madeiras, a empresa somente efetiva a compra se as mesmas forem
certificadas pela DOF – Declaração de Origem Florestal, emitida pelo IBAMA, órgão
responsável pela fiscalização da origem de madeiras.
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Embora as madeiras adquiridas pela empresa já estejam serradas, muitas vezes se faz
necessário desdobramento e/ou beneficiamento, processo este desenvolvido dentro da própria
empresa por pessoas treinadas e qualificadas. A manutenção das atividades operacionais,
elaboração dos pedidos e controle de estoque é de responsabilidade do Gerente de Produção,
que encaminha as tarefas aos operários. Estes, por sua vez, organizam os estoques e cuidam
das máquinas, para que estejam prontas para o uso quando se fizer necessário. O referido
gerente elabora relatórios sobre estoques, ou seja, elabora pedidos de compra de madeira com
o intuito de administrar as necessidades de reposição de estoque.
As madeiras em estoque apresentam diversos tamanhos (comprimento, largura e
espessura), sendo separadas quando possível em lotes, de modo a serem acomodadas de
maneira adequada. Quanto mais adequado for o armazenamento, menos espaço o estoque
ocupará, possibilitando melhor controle de armazenagem e maior qualidade ao produto. A
empresa oferta produtos oriundos de vários fornecedores. Quando as madeiras chegam à
empresa são descarregadas e gradeadas (empilhadas) em local de fácil colocação, onde
permanecem até estarem secas, ou seja, adequadas à venda.
Aplicação dos Sensos
Para realização da aplicação da gestão da qualidade na empresa foi utilizado os sensos.
Este processo foi efetivado após a realização de um diagnóstico e análise da situação atual em
todas as áreas da empresa, merecendo destaque os processos produtivos, para posteriormente
ser realizado um programa de qualidade e aplicação da técnica escolhida: 10S.
Para a aplicação dos sensos foram definidos dois responsáveis já que a empresa é de
pequeno porte e possui poucos funcionários. Um coordenador para o processo de implantação
e um supervisor. Os quais serão os líderes formais na implantação e continuidade do
programa 10S e da melhoria na qualidade dos trabalhos, produtos e serviços oferecidos.
No processo produtivo a empresa está operando sem utilizar normas no processo de
controle e de armazenagem de produtos, sem o uso de medidas de segurança aos funcionários
e com desperdício de produtos. Tais situações têm acarretado transtornos diversos e prejuízos
à mesma. O armazenamento, por exemplo, costuma ser realizado de forma inadequada, pois
não há planejamento para armazenagem adequada de cada tipo de madeira.
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No momento da chegada da madeira, a mesma é descarregada e em seguida
empilhada, o que provoca demora na procura de madeiras no momento da venda. Outro
problema gerado pela armazenagem inadequada se refere à colocação de madeiras com
tamanho e espessura diferentes juntas em mesmo local.
Em relação ao uso de equipamentos de proteção individual – EPI, embora, o uso de
equipamentos de segurança seja orientado pela empresa, os funcionários os usam apenas por
certo período, sendo deixados logo em seguida. Ou seja, os funcionários não respeitam as
orientações da empresa e se tornam suscetíveis a acidentes de trabalho. Sendo uma falha da
empresa também a cobrança rígida no uso de tais equipamentos. O uso de EPIs traz benefício
para a empresa, pois reduzirá a possibilidade de possíveis acidentes e afastamentos de
funcionários e também aos funcionários, que evitarão ou reduzirão acidentes de trabalho, e
prejuízo à sua saúde.
Foi possível constatar que a maioria dos entrevistados conhece o programa 5S, mas
ainda não conheciam o programa 10S. Embora conhecessem os sensos adicionais, que
compõem o 10S como aspectos isolados. Os entrevistados se dispuseram a mudar suas
práticas para melhoria de seu trabalho, pois apesar de o ambiente de trabalho ser considerado
agradável, eles acreditam que ainda pode ser melhorado. Foi possível perceber com a
pesquisa que há grande desperdício na empresa, conforme relatado pela maioria dos
entrevistados. Os mesmos relataram que o ambiente de trabalho não está sempre limpo. Todos
os funcionários concordaram que os produtos são encontrados com facilidade. E, quanto às
normas da empresa, identificou-se que apenas 50% dos funcionários acreditam que as mesmas
estão sendo cumpridas.
As atividades foram iniciadas com a implantação dos sensos Seiri, Seiton e Seisou,
enquanto que os sensos Seiketsu e Shitsuke, por demandarem mais tempo para serem
implantados completamente, foram apenas demonstrados ao proprietário, com apoio de
material explicativo. Já os sensos Shikari yaro, Setsuyaku, Shisei rinri e Sekinin shakai foram
parcialmente implantados, sendo iniciados com a exposição de seus princípios e importância
aos funcionários e ao proprietário e algumas sugestões foram colhidas e eleitas como
comportamento a ser seguido pela equipe. Quanto ao senso Shido, o proprietário se
comprometeu a buscar alternativas de treinamento externo para os funcionários,
especialmente relacionados ao setor produtivo e administrativo da empresa. Assim, foram
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criadas condições para que o proprietário seja capaz de prosseguir com o trabalho, permitindo
que a empresa possa usufruir de melhoras em seu desempenho, oferecendo aos clientes
produtos com qualidade. A seguir são descritas a aplicação dos sensos.
Seiri (organização)
No setor produtivo foram identificados equipamentos, ferramentas e materiais
necessários e desnecessários, separando-se os que têm utilidade e os que não têm utilidade
para os processos e atividades. Além da identificação, foi realizada também a separação de
objetos. Os objetos diversos atualmente em desuso tais como peças, materiais defeituosos,
jornais velhos, blocos de papéis colocados dentro ou sobre os armários, foram separados.
Já os objetos particulares e utilizados administrativamente, tais como papéis foram
armazenados em armários e objetos estranhos mantidos junto a extintores, entradas e saídas
foram retirados. Os aparelhos e equipamentos enferrujados, que estavam dentro ou fora do
prédio da empresa foram separados e descartados. O coordenador e a supervisora do processo
de implantação na empresa acompanharam o descarte de material, preliminarmente orientados
para que não houvesse descarte de algo útil ou de objetos necessários.
O trabalho realizado com a implantação deste primeiro senso obteve uma aceitação
muito boa por parte dos funcionários da empresa. Sendo, portanto, necessário um trabalho de
conscientização da importância de eliminar os objetos desnecessários, com os devidos
cuidados e providências visando evitar problemas ao meio ambiente.
Seiton (arrumação)
A arrumação consistiu em colocar os objetos em lugares visíveis, com identificação do
que, quanto e para que irão ser utilizados. Por meio da reorganização do layout do setor
produtivo da empresa foram planejados os locais mais adequados para a localização dos
equipamentos, de modo a facilitar o uso durante as atividades diárias.
Os objetos semelhantes foram guardados em mesmo local, expondo visualmente todos
os pontos críticos, tais como locais perigosos, partes das máquinas que exigem atenção
especial e foi tomado cuidado para que a organização do layout permita que comunicação seja
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fácil e rápida. E, para evitar que o mesmo objeto tenha vários nomes e para ajudar a todos os
funcionários a entenderem igualmente os assuntos em comum foi padronizada nomenclatura
aos produtos.
As madeiras que já estavam para ser beneficiadas no dia ficam arrumadas, ou seja, já
ficam disponíveis em lugar de fácil acesso para facilitar o trabalho do operador do
equipamento. A Figura 1 mostra um ambiente antes e depois da implantação do senso de
arrumação.
Figura 1 – Exemplo da implantação do SEITON (arrumação).
Fonte: elaboração das autoras.
Seisou (limpeza)
O ambiente de armazenamento foi limpo e organizado, contribuindo para melhor
visualização de todos os itens. Foi realizado o descarte de todos os objetos inúteis e foi
realizada a limpeza nas máquinas e no ambiente externo (área externa da empresa). Também
foram retirados resíduos, materiais de sucatas, pregos, folhas e galhos secos, equipamentos de
utilidade sujos.
Em todos os ambientes foram verificadas as condições de limpeza e conservação das
paredes, do teto, do piso, das máquinas, dos móveis e utensílios. Os mesmos foram
criteriosamente avaliados para verificar se estavam limpos, ou seja, se estavam isentos de
poeira, cavaco (estilha ou lasca de madeira), óleo, graxa, entre outros. A Figura 2 mostra a
diferença do ambiente da Madeireira antes e depois da implantação do senso de limpeza.
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Figura 2 – Exemplo da implantação do SEISOU (limpeza).
Fonte: elaboração das autoras.
Para melhorar a aparência dos ambientes, foram indicadas ao proprietário algumas
sugestões: pintura das instalações externas e identificação dos setores (com o uso de placas).
A implantação do senso da limpeza foi concluída com a definição dos responsáveis pela
limpeza de cada área. No entanto, como a busca pela qualidade exige esforço constante,
algumas ações foram despendidas para que o processo continue com o decorrer do tempo, tais
como: a criação de tabelas de rodízio estabelecendo o tempo diário de limpeza de 5 minutos;
o treinamento dos operadores para que sejam capazes de realizar inspeções detalhadas durante
a limpeza; a distribuição de recipientes de coleta de lixo e a criação de áreas-modelo na
empresa que deverão estar sempre limpas. Deste modo, foi estabelecida a rotina padrão de
limpeza, determinando a frequência e a forma de execução necessária para colocá-la em
prática.
Durante a implantação dos três primeiros sensos houve excelente aceitação do
programa e grande envolvimento de todos, tanto do proprietário que ofereceu apoio, quanto
dos funcionários que aceitaram e contribuíram em efetivar a mudança, concordando com as
sugestões apresentadas pelos autores.
A seguir são apresentados os últimos sensos, shikare yaro, shido, setsuyaku, shisei
rinri e sekinin shakai, que não serão implantados no momento por demandarem mais tempo,
mas que foram recomendados ao proprietário da madeireira.
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Seiketsu (higiene e saúde)
O senso de higiene e saúde se refere ao resultado obtido com a prática dos três sensos
anteriores, reforçada de providências rotineiras e habituais, saúde pessoal e segurança no
trabalho (VIEIRA FILHO, 2003).
Este senso para ser implantado requer: trabalho para manter e melhorar os sensos
anteriores; mapeamento e eliminação sistemática de situações inseguras; manutenção de
excelentes condições de higiene em banheiros e cozinha; garantia que todos os seus
dependentes usufruirão de material educativo sobre saúde em geral; promoção de atividades
rápidas para restauração do equilíbrio físico, mental e emocional e distribuição de tarefas de
forma racional, de modo que elas sejam efetuadas naturalmente, mesmo que em ritmo forte.
Dentre as contribuições decorrentes da implantação do referido senso, estão a
eliminação de problemas de operação, tais como: operários invadindo passagens ao trabalhar,
deixando ferramentas no chão; quadro de avisos desordenado, sem critérios de uso o que torna
difícil a leitura dos avisos de emergência.
Shitsuke (autodisciplina)
A razão pela qual não foi possível implantar o senso de autodisciplina se deve o fato
de que este senso demanda mais tempo para a sua implantação que os anteriores. O referido
senso é adquirido ao longo do tempo, por meio da criação de hábito das pessoas. Para
implantar este senso deve-se estimular na área produtiva, o hábito para cumprimento de regras
e procedimentos especificados para satisfazer aos clientes e na área administrativa, o hábito
de cumprimento dos procedimentos determinados pela empresa.
Segundo Vieira Filho (2003, p. 33) “A autodisciplina visa tornar rotineiros os
procedimentos anteriores, e através da prática, todos incorporarão as regras criadas para seu
próprio bem-estar e o bom funcionamento da organização”.
Para a implantação do senso de autodisciplina deve ser realizada mudança no ambiente
físico (classificar, ordenar, limpar, que são os primeiros sensos) e então melhorias poderão ser
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observadas no ambiente social, tais como, ambiente agradável e seguro, empatia (que
significa colocar-se no lugar do outro).
Empecilhos à implantação e manutenção dos sensos, em especial do Shitsuke, são
comumente relacionados a problemas relacionados à desordem em organizar ou método e a
desordem por comportamento humano, como por exemplo: colocação de objetos pessoais em
lugares impróprios; papéis colocados em desordem em qualquer lugar; materiais utilizados em
lugares impróprios; colocação desordenada de objetos sobre a mesa. Todavia solucionar
problemas desta natureza requer a participação dos membros, determinando os problemas,
traçando e tomando as providências necessárias.
Shikari yaro (senso de determinação e união)
O senso de determinação de união deve ser aplicado buscando-se identificar sugestões
e expectativas dos funcionários e promover ações de sensibilização (ZIMMER; KLEIN,
2007). Para aplicá-lo, convém observar e considerar sugestões e expectativas dos
funcionários. Implantar uma caixa de sugestões pode ser útil para formar um banco de ideias e
manter o anonimato e a sensibilização da equipe. Problemas de implementação podem estar
relacionados à resistência por parte dos envolvidos, mas com empenho da direção este
problema poderá ser superado.
Dentre as principais vantagens estão o aumento da confiança e do comprometimento
dos funcionários e melhoria nas relações pessoais. Pode ser observar também maior
proximidade da diretoria com os colaboradores e revelação de talentos (SINDVENDAS, s.d.).
Shido (senso de treinamento)
O senso do treinamento pode ser aplicado de modo a identificar necessidades de
capacitação, promover educação e treinamento dos funcionários, cultivar capacidades
humanas e trabalhadores potenciais (ZIMMER; KLEIN, 2007).
Assim, podem-se proporcionar condições para que o funcionário obtenha maior
empregabilidade, torne-se mais produtivo e possa desenvolver potenciais talentos. A empresa
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pode, com este senso, alcançar no futuro maior campo de atuação, possuir maior facilidade de
adoção de novas tecnologias, usufruir de maior motivação dos funcionários para com o
trabalho, desenvolver possíveis talentos, obter ganhos financeiros reais a partir do aumento da
produtividade.
Na atualidade, o ser humano deve ser considerado o maior valor que a empresa possui,
pois é através dele que os objetivos serão atingidos (SINDVENDAS, s.d.).
Setsuyaku (senso de economia e combate ao desperdício)
O setsuyaku, senso da economia e do combate ao desperdício, para ser aplicado requer
a definição de responsáveis por área/setor, identificação de pontos de desperdício,
estabelecimento de metas de redução, educação e treinamento dos funcionários e
monitoramento e avaliação dos resultados obtidos.
Cabe ressaltar, na aplicação deste senso, a necessidade de consciência de todos os
envolvidos em criar alternativas de redução de perdas materiais e de serviços.
Com este senso pode-se obter economia por área/setor, redução de retrabalho,
preservação do meio ambiente com redução do impacto ambiental e reeducação de práticas de
aquisição de materiais (ZIMMER; KLEIN, 2007).
Shisei rinri (senso dos princípios morais e éticos)
A aplicação do senso de princípios morais e éticos deve ocorrer por meio da definição
de responsáveis por área, da internalização de código de ética, da missão, visão e valores da
empresa (ZIMMER; KLEIN, 2007).
Faz-se necessário também definir padrões de conduta e internalizar em todos os
funcionários os pressupostos do planejamento estratégico da empresa (SINDVENDAS, s.d.).
Com este senso, os funcionários podem se tornar mais comprometidos com os
resultados esperados, procurando agir com ética perante a empresa, clientes externos e
fornecedores.
Sekinin shakai (senso da responsabilidade social)
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Segundo Zimmer e Klein (2007), a aplicação do senso de responsabilidade social
também requer definição de responsáveis por área, definição de responsabilidade social e de
objetivos e metas a serem cumpridos, e implantação de ações passíveis de serem realizadas,
por meio de plano de ação, com a participação das pessoas.
Com a responsabilidade social, pode-se obter melhoria das imagens pessoal e
institucional, maior produtividade dos funcionários, participação no desenvolvimento
socioeconômico da sociedade (ZIMMER; KLEIN, 2007). Pode-se ainda obter maior
conscientização dos funcionários quanto a problemas e necessidades sociais, preservação
ambiental, transparência nas ações, alcance de maior visibilidade não apenas para a empresa,
mas também para o funcionário e maior aproximação da empresa do meio social em que ela
está inserida.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De modo geral, pode-se concluir que o Sistema ou Programa 10S não deve ser
considerado uma atividade temporária. Os sensos que dele fazem parte devem ser
compreendidos, incorporados e devidamente praticados (ZIMMER; KLEIN, 2007). Assim, a
empresa terá condições de melhorar seu ambiente de trabalho, aumentando sua produtividade
e oferecendo produtos e/ou serviços com maior qualidade.
A implantação do Programa 10S foi iniciada, sendo efetivada a aplicação dos três
primeiros sensos (Seiri, Seiton e Seisou). Os demais sensos (Seiketsu, Shitsuke, Shikari yaro,
Shido, Setsuyaku, Shisei rinri e Sekinin shakai) foram explicados ao proprietário, que se
interessou e se comprometeu em continuar a aplicação. Para isso, juntamente com ele foram
discutidas estratégias de implantação e foi sugerida a colocação de cartaz, em local visível,
dos Mandamentos do Programa 10S. Foi possível perceber que a direção da madeireira se
interessou no assunto, demonstrando uma aceitação positiva. O proprietário ainda buscou
compreender como o programa poderia ser completamente implantado e como poderia
constituir uma atividade contínua no dia a dia da empresa.
Quanto aos funcionários, a aceitação foi boa. Previamente foi realizada pesquisa junto
aos mesmos, para conhecer a realidade, as potencialidades e limitações da empresa, na
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perspectiva de cada funcionário. Com a pesquisa, que foi realizada por meio de conversa
informal, buscou-se compreender o conhecimento dos empregados sobre o programa.
Constatou-se que uma pequena parte dos integrantes da empresa não conhecia o programa
10S, outra pequena parte conhecia apenas o programa 5S e apenas dois já ouviram falar sobre
o assunto.
Quanto ao desperdício no local de trabalho, que foi outro ponto abordado, metade das
pessoas entrevistadas respondeu que há desperdício de materiais no local de trabalho, um
funcionário respondeu que há somente em alguns lugares e a maior parte das pessoas
respondeu que não há desperdício no local de trabalho. Em relação a encontrar com
facilidade o que se procura na empresa, todos os funcionários afirmaram encontrar o que
precisam com facilidade. Os materiais desnecessários no local de trabalho foram apontados
como existentes, por apenas dois empregados, enquanto a maioria afirmou que os mesmos
não existem na empresa.
Com relação à existência de limpeza no local de trabalho, ao serem indagados, metade
dos empregados responderam não existir, um quarto dos empregados responderam existir em
alguns lugares e mais um quarto respondeu existir em todos os ambientes. Com relação à
agradabilidade dos ambientes de trabalho na empresa, todos confirmaram a existência.
Quanto a cumprir rigorosamente as normas da empresa, metade dos empregados
respondeu afirmativamente, enquanto dois responderam negativamente e os demais
afirmaram que as normas são cumpridas parcialmente. Ao finalizar a pesquisa, a indagação se
referia a aceitação e disposição dos funcionários a se submeterem a mudança no estilo de vida
e de trabalho com o intuito de alcançar melhorias. Apenas 3 dos entrevistados afirmou ser
contrário a mudanças, enquanto os demais afirmaram ser favoráveis.
Na implantação dos três primeiros sensos, o empenho de todos os envolvidos foi
bastante satisfatório, pois todos se interessaram em entender as instruções e contribuíram para
o cumprimento das mesmas. O resultado do estudo foi bastante significativo, sendo
facilmente identificada mudança no ambiente da empresa e no clima organizacional.
À medida que os funcionários estão devidamente informados a respeito das tarefas e
atribuições que devem desenvolver, passam a ter condições de trabalhar de maneira mais
produtiva e de modo a contribuir com o desenvolvimento e a busca pelo sucesso da empresa.
Tal clareza e coerência no desempenho das atividades diárias evitam o acúmulo de funções e
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o surgimento de conflitos, contribuindo para que o público externo tenha a respeito da
empresa uma imagem de organização, credibilidade e segurança. Assim, a qualidade pode ser
identificada nos processos de trabalho, no relacionamento entre funcionários e entre
funcionários e clientes, mas principalmente nos produtos e/ou serviços ofertados pela
empresa.
Com a efetivação do Programa 10S a empresa poderá usufruir de significativos
benefícios, tais como, redução de desperdício de material e de tempo, organização do layout,
armazenamento adequado das madeiras, maior limpeza e organização do ambiente
organizacional, dentre outros. Como resultado da mudança estimulada pela implantação do
referido programa, a cultura da empresa também pode ser influenciada, ao passo que esta seja
implementada de maneira constante nas atividades. Poderá também haver maior envolvimento
com a comunidade, a partir do senso Sekinin shakai (responsabilidade social).
Percebe-se neste contexto, que o programa 10S constitui-se poderosa ferramenta a
favor da Madeireira e a qualquer empresa que deseje potencializar a qualidade de suas
atividades, produtos e/ou serviços. Este programa pode, também, ocasionar melhoria na
qualidade dos produtos e/ou serviços ofertados pela empresa. Sendo este o primeiro passo
para uma certificação da ISO 9000 e vale ressaltar que uma empresa certificada pela ISO
9000 possui grande prestígio em termos de qualidade.
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GESTÃO DE PEQUENAS ORGANIZAÇÕES: O PAPEL DA CONSULTORIA DE
ADMINISTRAÇÃO GERAL
JOSIMARI DE BRITO MORIGI
Mestre em Sociedade e Desenvolvimento
Universidade Estadual do Paraná – Campus de Campo Mourão
CRISTIANO MOLINARI BISPO
Doutor em Administração
Universidade Estadual do Paraná – Campus de Campo Mourão
RESUMO - Ao se analisar o cenário empresarial brasileiro, evidencia-se a predominância de micro e pequenas
empresas (MPEs), as quais desempenham um papel fundamental na economia de nosso País, e tem apresentado
uma crescente demanda de serviços que lhes forneçam um suporte à sua gestão. Nesse sentido, o presente artigo
tem por objetivo tecer considerações sobre a importância da consultoria de administração geral no âmbito das
micro e pequenas empresas, destacando nesse contexto um relato sobre o processo de consultoria desenvolvido
numa pequena empresa comercial do interior do Paraná. Para atingir o objetivo da pesquisa realizou-se em
primeira instância a pesquisa bibliográfica e posteriormente, fez-se o diagnóstico a respeito do desempenho dos
setores que integram a empresa escolhida, bem como as sugestões/recomendações de melhorias propostas para a
mesma.
Palavras-chave: Consultoria Empresarial, Administração Geral, Pequenas Organizações.
ABSTRACT - When analyzing the Brazilian business scenario, highlights the predominance of micro and small
enterprises (MSEs), which play a key role in the economy of our country, and has shown a growing demand for
services that provide them with a support to their management. In this sense, this article aims to comment on the
importance of general management consulting within the micro and small businesses, emphasizing in this
context a report on the consultation process developed in a small company of the interior of Paraná. To achieve
the objective of the research was conducted in the first instance the literature and later was made the diagnosis of
the performance of the sectors that make up the chosen company and the suggestions / recommendations for
improvements proposed for the same.
Keywords: Business Consulting, General Management, Small Organizations.
INTRODUÇÃO
Ao se analisar o cenário empresarial brasileiro, evidencia-se a predominância de micro
e pequenas empresas (MPEs), as quais desempenham um papel fundamental na economia de
nosso País, e tem apresentado uma crescente demanda de serviços que lhes forneçam um
suporte à sua gestão, tais como, os serviços de consultoria organizacional, os quais se
caracterizam pela realização de um processo de diagnose empresarial, buscado identificar as
forças e as fraquezas da organização, bem como propor certas recomendações para que a
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mesma possa melhorar seu desempenho para se manter e se sobressair no mercado em tempos
em que a competitividade é muito elevada. E que as estatísticas denotam que a mortalidade de
micro e pequenas empresas é muito alta, principalmente, nos primeiros anos de vida dos
empreendimentos.
O exercício da gestão em pequenas organizações certamente apresenta características
distintas desse mesmo exercício em comparação com o contexto de organizações de maior
porte. A burocratização dos processos torna-se um exemplo elucidativo dessas diferenças.
Embora não se queira determinar cabalmente como cada tipo de organização funciona quanto
ao seu porte, não é difícil encontrar indícios suficientes para acreditar que as organizações
menores em geral são marcadas pela desburocratização dos processos ao passo que as grandes
organizações, até mesmo por necessidade, acabam por vezes até mesmo exagerando nesse
contraponto.
Embora pareça fazer sentido que as pequenas organizações tenham uma gestão mais
desburocratizada em comparação com as instituições maiores, há de se convir que o excesso
de (des)burocratização tende a ser nocivo. O porte da organização, entretanto, mostra-se
apenas como um elemento que contribui nesse contexto. A questão central, certamente,
refere-se à complexidade do negócio, embora não se possa negar, em geral, que o porte e a
complexidade caminham de mãos dadas. Assim, o equilíbrio da burocratização dos processos
frente à complexidade da organização torna-se um expediente importante de maneira a
assegurar o controle necessário sem prejudicar a fluidez da gestão.
A consultoria de administração geral, especificamente no contexto das pequenas
organizações, revela-se, portanto, como um processo importante para auxiliá-las a encontrar
este equilíbrio, entre a simplicidade e a profissionalização, entre o improviso e a
padronização, enfim, entre a desburocratização e a burocratização.
Assim, o objetivo do presente estudo é estabelecer uma reflexão intelectual sobre a
gestão de pequenas organizações, especialmente no tocante à padronização de processos, e o
papel que a consultoria de administração geral pode exercer nesse contexto, fazendo-se uso,
para isso, de um relato de caso de uma pequena empresa comercial do interior do Paraná.
Com a finalidade de melhor apresentar os resultados obtidos, este artigo apresenta em
primeira instância o amparo analítico para o estudo, contemplando os principais conceitos que
articulam este texto, principalmente no que tange a consultoria empresarial e as Micro e
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Pequenas Empresas (MPEs). Em seguida, há um recorte balizando a investigação do presente
estudo para abordar um relato de caso de uma pequena empresa comercial. Por fim, são
tecidas as considerações finais do artigo.
CONSULTORIA EMPRESARIAL E A GESTÃO EFICIENTE
Vale mencionar que o processo de gestão empresarial possui importância significativa
dentro das organizações e tem como desígnio, fazer com que os recursos ali empregados
possam ser utilizados de maneira correta para que se possa atingir determinado objetivo.
Conforme explana Maximiano (2010), a administração é um processo responsável
pela tomada de decisão sobre objetivos a serem alcançados e também sobre a utilização de
recursos. Este processo abrange cinco principais tipos de decisões, os quais são:
planejamento, organização, liderança, execução e controle. Seguindo esta linha de raciocínio,
percebe-se que o processo de administrar possui grande complexidade, visto que envolve o
futuro de qualquer organização. Portanto, se a tomada de decisões não for desenvolvida de
forma correta, seu bom andamento estará sendo prejudicado, por isso a importância de se
conhecer e ter o domínio das técnicas e funções de administrar.
Em um mundo cada vez mais competitivo as empresas necessitam estar bem
preparadas para ofertar os melhores produtos e serviços aos seus clientes. Uma das formas de
mensurar se de fato a empresa vem desempenhando um bom trabalho, atendendo
satisfatoriamente seus clientes, é por meio da avaliação da eficiência e eficácia
organizacional. Lembrando que por meio da eficácia pode-se verificar se a empresa está
cumprindo seus objetivos; ao passo que por meio da eficiência, pode-se analisar se a empresa
está utilizando seus recursos da melhor forma possível, ou seja, otimizando seus recursos e
produzindo com maior economia. Em síntese, a administração tem a função de assegurar que
a empresa trabalhe com eficiência e com eficácia.
O processo de consultoria se apresenta como uma atividade complementar à gestão
empresarial, uma vez que possibilita mediante uma análise criteriosa de todas as áreas da
empresa, o apontamento de possíveis alternativas a serem empregadas para solucionar
eventuais problemas e aperfeiçoar processos que já estejam dando certo, isto é, a consultoria
serve de auxílio para os gestores nas tomadas de decisões estratégicas, que possam repercutir
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de forma direta nos resultados atuais e futuros da organização. Percebe-se, portanto, que a
consultoria empresarial está ligada diretamente à gestão de negócios, e atualmente, representa
uma das áreas mais promissoras.
Segundo Institute of Management Consultantis apud Crocco e Guttmann (2010, p. 7)
consultoria é:
O serviço prestado por uma pessoa ou grupo de pessoas, independente e
qualificadas para a identificação e investigação de problemas que digam respeito a
política, organização e procedimentos e métodos, de forma a recomendarem a ação
adequada e proporcionarem auxílio na implantação dessas recomendações.
Para Oliveira (2007), a consultoria representa um processo interativo de um agente de
mudança externo à empresa, o qual assume a responsabilidade de auxiliar seus gestores e
demais profissionais, na tomada de decisão, porém, não tendo o controle direto da situação.
Segundo Rosa (2002, p. 186), a consultoria trata-se de um serviço, que “por natureza
baseia-se na prestação de um conselho, num método de diagnosticar um problema ou
oportunidade para pensar e agir num modelo de ajuda para delinear alternativas e apoiar
decisões”.
Já Orlickas (1998, p. 22) descreve que consultoria é “o fornecimento de determinada
prestação de serviço, em geral por um profissional muito qualificado e conhecedor do tema,
provido de remuneração por hora ou por projeto, para um determinado cliente”.
Contribuindo com o exposto, Block (1991, p. 2) enfatiza que consultoria é qualquer
tipo de ação tomada em relação a um determinado sistema do qual o consultor não faz parte e
que esse sistema existe independente do consultor. O referido autor descreve o consultor
como sendo, “a pessoa que está em posição de ter alguma influência sobre um indivíduo, um
grupo ou uma organização, mas que não tem poder direto para produzir mudanças programas
de implementação”.
Conforme destaca Rosa (2002), a consultoria pode ser prestada através de um
processo, no qual o consultor induz seus clientes ao entendimento de questões relevantes
relacionadas à determinado assunto, pesquisando e selecionando opções, avaliando riscos e
vantagens, definindo o caminho a ser tomado ou conclusão que possa ser tirada. Salienta-se
que, a atuação do consultor pode ser como “consultor de processo”, quando ele adota a
postura de facilitador, sem impor modelos nem forçar direcionamentos. Contudo, quando o
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consultor domina determinado assunto e ajuda seu cliente no diagnóstico ou na solução de
uma necessidade, sua atuação caracteriza-se como “consultor de conteúdo”. Ressalta-se que
muito embora, existem consultores que tendem mais para um destes tipos de atuação, a
grande maioria atua nas duas formas.
De modo geral, compreende-se que a função do consultor na prestação de serviços é a
de desenvolver um diagnóstico sobre a empresa, e fornecer informações relevantes para
reflexão e criar um clima de apoio para a conscientização dos gestores, influenciando-os na
decisão de implementar determinadas mudanças. Nesse sentido, o consultor,
independentemente de ser externo ou interno à organização, deve ser um agente de mudança
na empresa em que atua. Para tanto, precisa estar comprometido com o serviço aos seus
clientes e a todos que sejam direta ou indiretamente influenciados pelo seu trabalho. Em
suma, entende-se por agente de mudança, a pessoa que conduz ou guia o processo de
mudança em uma situação organizacional. Ou seja, é aquele indivíduo que inicia o processo e
contribuiu para que a mudança ocorra de fato. Destarte, o verdadeiro trabalho de consultoria
consiste em saber transformar o suporte prestado num processo que favoreça de forma
gradativa a autonomia e a aprendizagem (ROSA, 2002).
Conforme supracitado, existem duas modalidades de consultoria: a externa e a interna.
Na concepção de Oliveira (2007, p. 47), entende-se por consultoria externa: “o processo
interativo de um agente de mudanças externo à empresa, o qual assume a responsabilidade de
auxiliar os executivos e profissionais da referida empresa nas tomadas de decisões, não tendo,
entretanto, o controle direto da situação”.
Segundo o referido autor, existem vantagens e desvantagens na contratação da
consultoria externa. Dentre as vantagens estão: maior experiência, por realizar o mesmo
serviço em diversas empresas; maior aceitação nos escalões superiores da empresa-cliente
(geralmente quem o contrata é a alta administração); poder correr riscos; maior
imparcialidade, por não estar envolvido nas rotinas da empresa-cliente. Já as principais
desvantagens deste tipo de consultoria são: menor conhecimento das informalidades da
empresa-cliente; não possuir poder formal, devido a não pertencer à estrutura hierárquica da
empresa-cliente; menor acesso informal a pessoas e grupos; não ter presença diária.
No que tange à consultoria interna, vale frisar que conforme explana Block (2001),
esta é caracterizada pela presença de um consultor interno, o qual geralmente fica situado
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numa parte da organização, o qual possui uma certa autonomia uma vez que está incluso
numa parte da hierarquia e está inserido nas políticas atuais da organização. Desse modo, o
consultor atua como um agente facilitador, orientado para dar suporte às áreas da organização.
Para Orlickas (1998), é comum que o consultor interno seja um funcionário da
empresa com perfil generalista de sua área de atuação, atuando como um elo entre o cliente
interno e a gerência ou direção da área. A mesma autora acrescenta ainda que um dos maiores
objetivos da consultoria interna é aprovisionar a organização de informações descentralizadas,
tornando mais ágil e facilitado o fluxo de comunicação e informações, deixando-o mais
eficiente.
De acordo com Oliveira (2007), como o consultor interno faz parte do quadro de
colaboradores da empresa, sua presença na organização é diária. E isto pode gerar algumas
vantagens, pois por conta de sua presença assídua, o consultor interno acaba possuindo maior
acesso às pessoas, maior conhecimento dos aspectos informais da empresa, podendo ainda
participar efetivamente da avaliação e do controle do processo intrínseco ao trabalho efetuado
e, de certa forma, acaba também possuindo poder informal.
Dentre as vantagens da consultoria interna o autor supracitado, destaca: o maior
conhecimento dos aspectos informais da empresa, por ser funcionário da mesma; presença
diária; maior acesso a pessoas e grupos da mesma, por fazer parte da equipe; participação
efetiva na avaliação e no controle do processo inerente ao trabalho efetuado; ter poder de
informar, devido maior interação com as pessoas e os grupos da mesma. Já as principais
desvantagens da consultoria interna, são: menor aceitação nos escalões superiores da empresa;
possuir menos experiência e menor liberdade de dizer e fazer as coisas.
Vale enfatizar que para um determinado colaborar de uma determinada empresa atuar
como consultor interno, ele precisa apresentar um conjunto de competências, dentre as quais
estão: ser um agente de mudanças; estar comprometido com os resultados; estar inteirado dos
acontecimentos internacionais e da situação da organização; mostrar racionalidade e isenção;
ter um bom nível de cultura geral; conhecer sua área de atuação; agregar conhecimentos; ter
facilidade de diálogo e relacionamento; estabelecer uma relação de confiança; ter perfil
negociador; colocar ênfase nas pessoas; ter comportamento ético; ter perfil inovador; ter
disposição para assumir riscos; ter senioridade (experiência) e equilíbrio; ter pensamento
estratégico; saber compartilhar responsabilidade; perceber e lidar com sentimentos; propor
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ações que possam ir à raiz do problema; saber lidar com resistências, entre outras
(ORLICKAS, 1998, p. 58).
Além das competências acima elencadas, o consultor interno precisa ter o domínio de
conhecimentos científicos relativos ao processo de gestão empresarial, sendo que tais
conhecimentos precisam ser constantemente atualizados. Dentro desse contexto, Leite et al.
(2005), acrescentam que os conhecimentos do consultor interno devem compreender as áreas
do comportamento organizacional e gestão de pessoas, além de teorias de liderança, gestão
estratégica, arquitetura organizacional, gestão de custos e qualidade, psicologia da
aprendizagem e didática, gestão de projetos, metodologia de pesquisa, estatística e legislação
trabalhista. Ademais, os consultores internos também precisam ser conhecedores de
ferramentas de informática, como softwares para edição de textos, planilhas e gráficos.
Também é de grande valia que o profissional desenvolva o domínio de línguas estrangeiras.
Na seção seguinte desta artigo, são tecidas considerações acerca das Micro e Pequenas
Empresas, elencando fatores importantes, tais como os principais critérios de definição do
porte das empresas, as principais características do mercado empresarial para empresas do
referido porte, suas principais contribuições para o desenvolvimento econômico do país ou de
uma determinada região, e os principais entraves que tais empresas enfrentam e que podem
prejudicar a sua estabilidade no mercado, e muitas vezes, até mesmo levar a falência do
negócio; dentre outras informações necessárias.
MICRO E PEQUENAS EMPRESAS - MPEs
De acordo com o Artigo 6º da Lei n.º 4.137, de 10/09/1962 pode-se definir empresa
como “toda organização de natureza civil ou mercantil destinada à exploração por pessoa
física ou jurídica de qualquer atividade com fins lucrativos".
Segundo os dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas –
Sebrae (2015), no Brasil existem atualmente 6,4 milhões de estabelecimentos. Desse total,
99% são micro e pequenas empresas (MPEs), as quais geram quase 15 milhões de empregos
formais. Lembrando que a definição de MPE pode ser feita de diversas formas, sendo duas
delas as mais utilizadas: pelo número de pessoas ocupadas na empresa ou pela receita
auferida. Sendo que são classificadas como microempresas aquelas nas atividades de serviços
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e comércio com até 9 pessoas ocupadas, e como pequena empresa as que tinham entre 10 e 49
pessoas ocupadas; na atividade industrial, são microempresas aquelas com até 19 pessoas
ocupadas, e pequenas empresas entre 20 e 99 pessoas ocupadas, conforme evidencia o quadro
a seguir.
Quadro 1: Critérios de classificação do porte das empresas por pessoas ocupadas.
Fonte: Sebrae (2015).
Já considerando o critério receita anual auferida, Sebrae (2006) destaca que a definição
que tem sido mais adotada para as MPEs é aquela mencionada na Lei Geral para Micro e
Pequenas Empresas de 2006 que determina serem microempresas aquelas que têm um
faturamento de, no máximo, R$ 360 mil anual. Enquanto que as pequenas empresas, são
aquelas que faturam de R$ 360 mil a R$ 3,6 milhões por ano.
Por sua significativa representatividade no cenário brasileiro, as MPEs têm
representado importante papel na geração de empregos e de renda, até mesmo em regiões
brasileiras que apresentam baixas taxas de desenvolvimento econômico. Conforme destaca o
Sebrae (2006), tal fato é decorrente da saturação nos grandes centros econômicos, sobretudo,
na região Sudeste, o que acabou desincentivando a abertura de novos negócios nesta região, e
por outro lado, incentivando a abertura de novos negócios nas regiões, Norte, Nordeste e
Centro-Oeste, consideradas celeiros oportunidades para o desenvolvimento econômico.
O principal elemento motivador para a abertura de MPEs, é a vontade de ter o negócio
próprio, aumentando, cada vez mais, sua importância na economia brasileira e mundial. No
entanto, para que as MPEs consigam se desenvolver e se estabilizar no mercado é importante
que seus gestores/administradores tenham uma visão mais ampla do empreendimento e
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também do mercado, principalmente porque o índice de mortalidade de micro e pequenas
empresas é muito alto, sobretudo, nos primeiros anos. Nesse contexto, vale salientar que
conforme evidencia os dados apresentados pelo Sebrae (2013), cerca de 30% das micro e
pequenas empresas fecham suas portas antes do terceiro ano de vida, especialmente em
consequência da falta de planejamento na abertura do negócio, falta de
informações/conhecimentos do empresariado sobre o empreendimento, má administração e
maus investimentos, dentre outros fatores.
Complementando o exposto, a Rede Paranaense de Tecnologia e Inovação – Reparte
(2013), pontua outros fatores que podem contribuir para o índice elevado de mortalidade de
empresas, os quais são: as dificuldades burocráticas, que incluem uma legislação complexa,
exigente e que origina altos custos burocráticos, tributários, de produção e comercialização,
além das complexidades concorrenciais para os micro e pequenos empresários que atuam em
mercados oligopolizados, onde empresas de grande porte determinam prazos e condições de
pagamentos para a aquisição de produtos e fornecimento de insumos. Além disso, há o
entrave das altas taxas de juros sobre os empréstimos, superiores às que pagam as grandes
empresas, bem como as exigências dos emprestadores por garantias reais, que na maioria das
vezes os micros e pequenos empresários não podem oferecer, deixando-os sem acesso ao
crédito.
Dentro desse contexto, Chiavenato (2008), destaca que a mortalidade prematura de
MPEs ocorre em razão de diversos fatores, dentre os quais:
Quadro 2: As causas mais comuns de falhas nos negócios.
Inexperiência
72%
Incompetência do empreendedor, falta de experiência de campo, falta de
experiência profissional e experiência desequilibrada.
Fator econômico
20%
Lucros insuficientes, juros elevados, perda de mercado, mercado consumidor
restrito, nenhuma viabilidade futura.
Venda insuficiente
11%
Fraca competitividade, recessão econômica, vendas insuficientes, dificuldades de
estoques.
Despesa excessiva
8%
Dívidas e cargas demasiadas, despesas operacionais.
Outras causas
3%
Negligência, capital insuficiente, clientes insatisfeitos, fraudes, ativos
insuficientes.
Fonte: Adaptado de Chiavenato (2008).
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Outro fator preponderante na sobrevivência ou mortalidade de empreendimentos é o
ramo de atividade, uma vez que alguns segmentos podem ser prejudicados em face de
instabilidades econômicas, crises e outros fatores que independam da gestão mais eficaz do
micro e pequeno empresário. Outro fator que pode colocar em risco a condução eficiente da
gestão de micro e pequenos negócios, no entendimento de César (2002), é a confusão
existente entre os negócios da empresa e as contas pessoais e familiares do empresário.
Contribuindo com as discussões anteriores, Geus (1999), afirma que o sucesso e a
longevidade de um empreendimento são resultados da combinação dos seguintes fatores: a)
ter sensibilidade ao meio ambiente: isso significa a capacidade que a MPE possui em aprender
a se adequar ao ambiente em que está inserida; b) coesão e identidade: refere-se aos elementos
sobre a capacidade nata da empresa e empreendedor em formar uma comunidade e uma
identidade própria; c) tolerância a seu corolário. A MPE precisa possuir a capacidade de
constituir relacionamentos duradouros e construtivos com as demais empresas, dentro e fora
de si; d) conservadorismo financeiro: este fator é a capacidade que a MPE apresenta de ter
efetividade de governar a si, o negócio e a evolução no mercado.
Visando disponibilizar apoio às MPEs diversas entidades foram criadas ao longo das
últimas décadas. Nesse ínterim, Dolabella (1999) assevera que a iniciativa em oferecer apoio
para as MPEs surgiu durante a década de 1980, tendo como marco principal, a criação da
Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos de Tecnologias
Avançadas (ANPROTEC). Com a criação de tal entidade, constatou-se que as atividades das
MPEs no cenário nacional foram acelerando substancialmente e, com o passar do tempo,
foram surgindo várias parcerias que ofereceram o mesmo apoio, como o Serviço Brasileiro de
Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq) e a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP).
Apesar da existência destas e de outras entidades que prestam suporte às MPEs, a
grande maioria dos micro e pequenos empreendedores ainda passam por diversos percalços
no processo de gerenciamento de seus negócios. Contudo, algumas conseguem se sobressair
às adversidades e desempenham seu papel no contexto econômico e social, como produtoras
de bens finais ou prestadoras de serviços, e geradora de empregos e renda.
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Com a pretensão de contribuir para o adequado gerenciamento dos negócios, criou-se
o processo de consultoria empresarial, o qual pode possibilitar um novo horizonte para as
MPEs, dando proeminência para as tendências econômicas, mercadológicas e
organizacionais. Uma vez que, o processo de consultoria visa incentivar tais empreendimentos
a assumirem uma postura de readequação seguindo logicamente as exigências do mercado.
Ressalta-se que, muito embora a consultoria seja uma atividade de grande importância dentro
das organizações, pois permite que por meio de uma análise de dados por ela gerados, possa
se discutir e direcionar os rumos que a empresa deve seguir, observando-se as tendências
econômicas, mercadológicas e organizacionais. Não é sua função a tomada de decisões, pois
essa é uma tarefa para os executivos e gestores da empresa.
Todavia, o pressuposto é de com o suporte da consultoria, os gestores ficam mais bem
informados sobre as operações da empresa sob sua responsabilidade, e desta forma, estão em
posição de vantagem para aproveitar as ações positivas ligadas ao ambiente interno e externo
da organização, que podem contribuir para assegurar a o desenvolvimento e a continuidade da
organização no mercado.
Contudo, os gestores/administradores precisam ter certos cuidados na hora de
contratar uma consultoria externa, especialmente quando a empresa cliente for uma MPE.
Dentre os cuidados que se deve ter, estão: verificar a qualificação dos profissionais que irão
prestar a consultoria, principalmente através dos serviços já realizados em outras empresas, e,
a adequação do conteúdo e metodologia ao porte da empresa e ao seu ramo de negócios. Tais
fatores precisam ser analisados com minúcia para que este investimento que o gestor está
realizando não venha a transformar-se em mais um dispêndio e reforçar as resistências às
necessárias transformações. No entendimento de Azevedo (2001), as principais qualidades
que tornam o consultor um bom profissional, estão relacionadas com as suas habilidades de
negociador, a sua capacidade de ouvir mais do que falar, a capacidade de identificar onde
estão situados os problemas da empresa, ter conduta ética, ter percepção para identificar
problemas, verificar quais são as causas dos problemas identificados e propor alternativas
viáveis para a solução dos mesmos.
Na sequência, são expostas as principais considerações acerca de um estudo de caso
desenvolvido, abordando o processo de consultoria em administração geral em uma pequena
empresa comercial situada no interior do Paraná.
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RELATO DE CASO
A empresa escolhida para o relato de caso sobre a consultoria empresarial na área de
administração geral é uma empresa comercial de pequeno porte, situada no interior do Paraná
e emprega aproximadamente 10 funcionários e é administrada por um de seus sócios-
proprietários. Com 41 anos de existência, esta empresa tem como atividade econômica
primária o comércio varejista de artigos de papelaria e de material de escritório, contudo, nos
últimos anos também está atuando no ramo da comunicação visual, produzindo e
comercializando adesivos personalizados.
É importante destacar que o processo de consultoria organizacional foi realizado
durante a prática do Estágio Supervisionado em Administração Geral, no qual foi possível
analisar com maior ênfase as seguintes áreas da empresa: estrutura organizacional,
administração de recursos humanos, administração mercadológica, administração da produção
e de materiais e administração financeira. Dentro destas áreas funcionais, primou-se analisar
aquilo que a empresa já estava desenvolvendo e quais os resultados ela estava apresentando
com tais ações, também buscou-se identificar possíveis problemas de gerenciamento da
empresa, e propor soluções/recomendações para saná-los.
Durante o levantamento de dados na empresa foi possível verificar que ela não possui
uma estrutura organizacional definida, porém existe a divisão das tarefas em dois setores, os
quais são: setor de vendas e atendimento e setor de produção. Sendo que cada setor fica
responsável por suas tarefas e ambos estão sob a supervisão do administrador geral. Nesse
sentido, pode-se dizer que há uma hierarquia dentro da empresa. Salienta-se que a
proximidade entre o gestor e seus subordinados e o próprio porte da empresa acabam dando
margem à informalidade. Além disso, a informalidade acaba de certa forma tornado favorável
o surgimento de um sentimento de liberdade e familiaridade entre o gestor e os funcionários.
Vale destacar que a ausência de uma estrutura formal não tem resultado em prejuízos
para a organização, visto que o gestor tem uma boa relação com seus funcionários e por se
tratar de uma empresa pequena o processo administrativo da mesma não é interferido de
maneira prejudicial pela ausência de tal estrutura. Entretanto, o excesso de informalidade ou a
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frequência com que a mesma ocorre, pode vir a ser prejudicial no futuro, especialmente se o
empresário vier a expandir a organização.
Salienta-se ainda que o excesso de informalidade no processo de comunicação e nos
processos da gráfica pode ocasionar distorções ou divergências de informações, especialmente
no que diz respeito ao repasse de informações, ordens e especificações por parte do gestor aos
seus funcionários, relacionadas a solicitação de realização de determinadas atividades ou
sobre as regras da empresa que devem ser seguidas.
Visando contribuir no desenvolvimento organizacional da empresa, sugere-se que a
mesma procure estabelecer uma estrutura organizacional formal, uma vez que, quando a
estrutura organizacional é estabelecida de maneira adequada, ela pode proporcionar para a
empresa os seguintes benefícios: 1) Identificação das tarefas necessárias ao alcance dos
objetivos estabelecidos pela organização; 2) Organização mais eficiente das funções e
feedback aos gestores e funcionários; 3) Medidas de desempenho compatíveis com os
objetivos da organização.
Desse modo, torna-se necessário que a empresa especifique de maneira mais clara as
relações de autoridade e subordinação, de modo a evitar a ocorrência de eventuais conflitos
entre os setores da empresa. Além do mais, deve-se considerar o fato de que em decorrência
do excesso de informalidade podem ocorrer resistências quanto às ordens, bem como
alteração das mesmas, ou ainda o cumprimento de tarefas e funções de forma diferenciada da
desejada.
Recomenda-se ainda a redução no excesso de informalidade no processo de
comunicação e processos da gráfica, com o intuito de evitar a ocorrência de distorções ou
divergências nas informações ou no cumprimento de tarefas. Para tanto, sugere-se que o
empresário adote no cotidiano um processo mais formalizado de repasse de informações sobre
as tarefas que os funcionários devem realizar, isso poderia ser realizado mediante um quadro
de avisos atualizado rotineiramente, para que todos os funcionários possam ter conhecimento
das informações repassadas pelo gestor. Além disso, sugere-se que após a conclusão das
tarefas solicitadas, os funcionários repassem um feedback ao gestor da empresa, dando a
confirmação que tais tarefas foram realizadas conforme sua solicitação. Ademais, no setor de
gráfica poderia ser adotado um procedimento em que após o cliente efetivar o pedido de
confecção de determinado produto, e a arte do mesmo ser finalizada pelos funcionários do
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setor, a mesma deve ser enviada para a aprovação prévia do cliente, ou seja, somente após a
aprovação por parte do cliente, seria confeccionado o produto, evitando assim erros e
insatisfação do cliente. Sendo que a arte poderia ser enviada por e-mail ou o próprio cliente
poderia ir até a gráfica para conferir a arte antes da produção.
Constatou-se que a empresa em análise não possui organograma formalizado e todos
os funcionários são subordinados ao administrador geral. Com a atual divisão dos cargos e
funções da empresa, percebeu-se ainda que a centralização hierárquica da empresa acaba
acarretando uma sobrecarga ao administrador geral, pois todas as decisões são centralizadas a
ele e os procedimentos dentro da organização são por ele repassados a seus subordinados.
Com a atual divisão encontrada na empresa verifica-se que com o passar do tempo,
esta característica poderá ser prejudicial a gestão, pois como todas as decisões estão
centralizadas ao administrador geral, isso acaba gerando uma sobrecarga de funções e em sua
ausência as tomadas de decisões ficarão interrompidas.
Observando a estrutura e necessidades da empresa sugere-se a elaboração de um
organograma formal, gerando assim distribuição adequada de funções, facilitando o fluxo de
informação e a comunicação dentro da empresa, criando uniformidade de cargos e permitindo
maior visualização das necessidades de mudanças organizacionais e de crescimento da
empresa.
Recomenda-se que o administrador geral contrate um auxiliar administrativo e
repassasse para ele a responsabilidade de executar as atividades rotineiras, ficando assim mais
disponível para desempenhar com maior eficiência as atividades peculiares de um
administrador. Ao conversar com o empresário para saber qual de seus funcionários teria o
perfil mais adequado para ocupar o cargo de auxiliar administrativo, ele relatou que o seu
filho que trabalha no setor de gráfica da empresa seria a pessoa mais indicada, pois além de
ser uma pessoa de sua confiança, está por dentro dos procedimentos de rotina da empresa,
pois trabalha na mesma há vários anos.
Visando contribuir para a melhor definição das atividades inerentes aos cargos
existentes na empresa foi elaborada uma proposta de reestruturação das funções que poderão
ser executadas na referida empresa. Nesse sentido, sugere-se que seja implantada e
apresentada aos colaboradores da referida empresa a descrição de cargos e funções, para que
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os mesmos tomem conhecimento de todas as atividades que devem desempenhar dentro de
seus cargos.
Como a estrutura organizacional da empresa em questão apresenta predominância de
autoridade hierárquica e funcional, existe o cumprimento da autoridade de acordo com a
hierarquia da organização. Como a autoridade nesta empresa é estabelecida pela função
exercida, portanto a mesma está baseada no modelo de autoridade funcional. Observou-se que
a autoridade está presente de maneira informal, sendo exercida da função mais alta para as
funções mais baixas. Nesse contexto, a hierarquia é representada formalmente por um dos
proprietários da empresa que ocupa o cargo de administrador geral e em seguida é
representada pelos setores de gráfica e de vendas. Tal organização tem se mostrado eficiente,
pois como se trata de uma empresa de pequeno porte, mesmo que a autoridade aconteça de
maneira informal, a mesma não ocasiona problemas que coloquem em risco o bom
desempenho da empresa.
A comunicação no âmbito geral desta empresa ocorre entre os dois setores
organizacionais, sempre com interação entre os funcionários. A comunicação em cada setor
geralmente ocorre de forma verbal e flui normalmente. Salienta-se ainda que esta
informalidade no processo de comunicação pode acarretar distorções ou perdas de dados e
informações importantes, o que pode acabar resultando em prejuízos para a empresa.
Constatou-se que o número de funcionários para o setor de vendas e atendimento e
para o setor de gráfica tem se mostrado adequado para o desenvolvimento das atividades da
empresa, exceto no período que antecede o período escolar, quando as vendas se tornam mais
intensas e o empresário precisa contratar alguns funcionários temporários para o setor.
Analisou-se que as metas estabelecidas pelo gestor para o setor de vendas são
condizentes com o histórico de vendas no mesmo período do ano anterior, porém em relação
ao cumprimento destas metas observou-se que este setor não possui gratificações pelo alcance
destas metas, diferentemente do setor de produção. Os funcionários responsáveis pelas vendas
contam apenas com comissões sobre os produtos vendidos. Já o setor responsável pela
produção conta com comissões das vendas dos produtos e ainda conta com gratificações
quando as metas estabelecidas são alcançadas. Esta iniciativa por parte do gestor cria uma
motivação a mais para os funcionários deste setor maximizarem seus esforços, buscando
desempenhar um trabalho de qualidade e com maior eficiência.
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Visando contribuir para um melhor desempenho dos funcionários do setor de vendas,
sugere-se que o gestor também lhes ofereça gratificações no alcance das metas estabelecidas.
Nesse contexto, destaca-se que as metas do setor de vendas também podem ser definidas com
base na quantidade de vendas obtidas no ano anterior. Assim, quando um determinado
funcionário do setor alcançar a meta estabelecida pelo gestor, ele receberá uma gratificação
em dinheiro. Destarte, os funcionários deste setor terão um incentivo maior para obterem um
melhor desempenho nos cargos que ocupam.
Ressalta-se que muito embora não haja formalização da análise e descrição de cargos
na organização, o gestor procura adotar alguns critérios no momento da contratação dos
funcionários, levando em consideração as tarefas que compõem os cargos, com a pretensão de
identificar os candidatos com o perfil mais adequado para ocupá-los. Sendo que para os
candidatos do setor de gráfica é exigido o curso de Corel Draw, enquanto que para a
contratação de funcionários para o setor de vendas, o empresário analisa primeiramente os
currículos dos candidatos, considerando a experiência profissional dos mesmos e
posteriormente, seleciona alguns candidatos para a realização de um teste que consiste na
resolução de questões envolvendo o dia-a-dia do setor de vendas e questões matemáticas.
Aqueles que tiverem bom desempenho neste teste são escolhidos para trabalhar na empresa.
É importante destacar que a empresa analisada não possui um departamento
responsável pelos assuntos ligados à área de recursos humanos. Dessa forma, a contratação de
novos funcionários é realizada diretamente pelo gestor e tem como requisito a indicação de
funcionários que já trabalham na empresa e/ou também o recebimento e a análise de
currículos para verificar quais são as experiências e aptidões dos candidatos. Após a análise
dos currículos é feita uma triagem e são selecionados alguns candidatos para comparecerem à
uma entrevista informal. Em seguida é realizado um teste, e faz-se a escolha do candidato que
o gestor julgou ter o maior potencial para a ocupação do cargo. Após a admissão do
funcionário o gestor passa as instruções básicas a respeito das atividades a serem
desempenhadas, sendo que as informações repassadas se referem ao funcionamento do
departamento no qual o funcionário irá trabalhar. Apesar da empresa não ter um programa de
treinamento, os novos funcionários conseguem obter bom aproveitamento do aprendizado
oferecido pelos funcionários que já trabalham no setor de gráfica e de vendas, uma vez que as
atividades desenvolvidas são rotineiras e de fácil execução.
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Destaca-se ainda que, após ter o conhecimento de suas atividades, o novo funcionário
começa a desempenhar suas funções com a supervisão do gestor. Dessa forma, cabe ao recém
contratado a iniciativa e a responsabilidade de aprender rapidamente as suas atribuições e
buscar alcançar de forma contínua o aperfeiçoamento de seu trabalho. Nesse sentido, o
aprendizado dos novos funcionários com relação às atividades que devem desempenhar no
seu cargo, geralmente vem da prática, da observação e até mesmo do auxílio dos funcionários
que já trabalham há mais tempo na empresa.
Vale destacar que a ausência de um setor específico para a área de recursos humanos
não se apresenta como um problema, haja vista que, por se tratar de uma empresa de pequeno
porte, situada em uma cidade pequena, muitas vezes o gerente geral acaba contratando
pessoas que ele já conhece para trabalhar na empresa. Além disso, mesmo quando contrata
pessoas desconhecidas o processo informal adotado para selecionar, entrevistar e avaliar os
candidatos, tem se mostrado satisfatório, visto que no processo de seleção dos candidatos, são
considerados alguns critérios relacionados às atividades que compõe cada cargo e também as
responsabilidades que os mesmos demandam de seus ocupantes, bem como o perfil dos
candidatos para verificar os mais competentes para ocupá-los.
A partir dos dados obtidos na empresa, percebeu-se que a mesma não adotou um
método formal de avaliação de cargos, contudo, percebeu-se que esta prática não tem
ocasionado prejuízos para a empresa, pois ao avaliar informalmente seus funcionários, o
administrador geral considera as exigências do cargo que cada um deles ocupa, levando em
consideração as habilidades que possuem, sua experiência profissional, seu nível de
conhecimento em informática etc. E os funcionários que trabalham atualmente na empresa
tem desenvolvido da maneira esperada as atividades relacionadas ao cargo que ocupam.
Todavia, destaca-se que a ausência de um plano detalhado de avaliação de cargos,
pode prejudicar a empresa, no sentido de que o administrador geral não possui um plano que
lhe dê suporte na elaboração de planos de salários e de incentivos, e isto, pode implicar na
ausência de diferenciais de salários e conseguintemente, no aumento na rotatividade de
funcionários ou na baixa produtividade dos mesmos e ainda pode prejudicar a administração
de pessoal, o que também influencia o próprio desempenho da empresa.
Sugere-se que o administrador geral elabore um plano de avaliação de cargos e
procure avaliá-lo continuamente, visando à manutenção de seu equilíbrio. Ademais,
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recomenda-se que no momento da avaliação, além do desempenho dos funcionários, seja
levado em consideração a realidade do cargo no mercado, funções, salários, requisitos
exigidos e benefícios. Buscando identificar se estes estão de acordo com as demais empresas
do mesmo ramo, desta forma poderá se realizar uma avaliação mais completa, demostrando a
verdadeira realidade de cada cargo.
Ademais, destaca-se que o processo de avaliação de desempenho realizado pelo
gestor, pode ocasionar distorções na avaliação dos funcionários, no qual um pode ser avaliado
de uma forma e outro funcionário de oura forma, já que não existe um critério a ser seguido.
Portanto, sugere-se que seja implantado um sistema de avaliação de desempenho. Destaca-se
ainda que independente do modelo de avaliação de desempenho a ser adotado, é de suma
importância que o empresário sempre dê um feedback aos funcionários avaliados, destacando
os pontos fortes e pontos fracos dos mesmos, para que assim eles possam saber o que eles
estão desenvolvendo corretamente e também saber o que eles precisam aperfeiçoar para que
possam crescer profissionalmente.
Analisou-se que a empresa conta um processo de recrutamento que envolve tanto a
divulgação por meio de seus clientes, como também por meio da agência do trabalhador do
Município onde a empresa está situada, que divulga em seu site as ofertas de vagas de
emprego e realiza anúncios nas rádios locais, ofertando as vagas. Com a divulgação das vagas
de emprego a empresa tem alcançado um grande público, já que verificou o elevado número
de recebimento de currículos entregues na própria empresa e também na agência do
trabalhador.
Conforme supracitado, a seleção de novos funcionários ocorre por meio da análise dos
currículos, levando em conta experiências profissionais, cursos profissionalizantes e
referências. A seleção também conta com a realização de entrevistas do gestor com os
candidatos, por fim o gestor solicita ao candidato que realize um teste composto por questões
relacionadas ao dia-a-dia do setor de vendas e questões matemáticas. Com estes métodos de
recrutamento a empresa tem obtido bons resultados em relação ao número de candidatos às
vagas, consequentemente isto acarretará em grande disponibilidade de candidatos para
seleção, principalmente no período de maior demanda, período este que antecede a volta às
aulas. Portanto, sugere-se que a empresa dê continuidade ao processo de recrutamento e
seleção que tem desenvolvido.
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Constatou-se que a empresa vem trabalhando com grande variedade de marcas e
preços que integram o mix de produtos que ela possui, proporcionando a seus clientes várias
opções de produtos, marcas, preços e qualidade. Entretanto, percebeu-se que há uma falta de
estrutura e equipamentos adequados para atender os clientes em relação aos pedidos de
produção de cartões de visita acima de 100 unidades, o que acaba resultando da perda de
vendas para seus concorrentes. Além disso, há pouco aproveitamento da máquina utilizada na
produção de crachás em PVC (Policloreto de Vinila), pois além da utilização desta máquina
para a produção de crachás, a mesma também poderia ser utilizada na produção de cartões de
visita em PVC. Portanto, recomenda-se que a empresa amplie o processo de produção de
cartões de visitas, adquirindo os equipamentos necessários para que ela mesma possa estar os
confeccionando em quantidades maiores. Sugere-se também que a empresa passe a utilizar,
para a produção de cartões de visitas em PVC, a máquina que ela já utiliza para a produção de
crachás em PVC, pois assim a empresa poderá ter mais um diferencial na oferta de produtos
aos seus clientes.
Muito embora sejam realizados investimentos em propagandas de divulgação da
empresa, constatou-se que há pouca divulgação da existência dos serviços da gráfica o que faz
com que muitas pessoas que necessitam de tais serviços desconheçam a existência do mesmo
nesta empresa, e acabam indo buscar os serviços de gráfica nas empresas concorrentes
situadas em cidades vizinhas. Nesse sentido, sugere-se que sejam feitos investimentos para
divulgação dos serviços de gráfica prestados pela empresa tanto por meio do site da empresa
como também através das redes sociais, o que exige baixos investimentos financeiros e
possibilita o alcance de um número maior de pessoas.
Recomenda-se que a empresa busque parcerias com escolas do município e da região,
com intuito de aumentar o número de vendas tanto para as escolas, como também para os seus
alunos. A parceria funcionaria da seguinte forma, a empresa entraria em contato com a
direção das escolas e ofereceria a elas uma parceria ofertando menores preços na compra de
materiais escolares que são utilizados para desenvolver suas atividades administrativas e
pedagógicas. Além dos descontos a empresa poderia oferecer a confecção das listas de
materiais escolares exigidos pela escola aos alunos, no qual a mesma iria conter a relação de
materiais que serão utilizados pelos alunos durante o ano letivo. Estas listas seriam
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confeccionadas pela própria empresa no setor de gráfica e seriam repassadas às escolas sem
custo algum.
Constatou-se que o controle de qualidade dos produtos da gráfica é de
responsabilidade dos próprios funcionários. De acordo com o relato do gestor, após todo o
procedimento de recebimento do pedido do cliente, é feita a criação da arte e posteriormente é
realizada a impressão, seja dos adesivos, faixas, banners, entre outros. Quando é detectado
pelos funcionários responsáveis alguma falha ou defeito no produto, é imediatamente
comunicado a ele, então, se for o caso, providenciará a revisão ou conserto do equipamento
que esteja prejudicando o trabalho. Caso tenha ocorrido falha no processo, ou mesmo na
criação da arte, o trabalho é refeito para que o cliente receba o produto com qualidade. Além
disso, o próprio gestor costuma supervisionar os trabalhos desenvolvidos pelos funcionários
da gráfica para verificar se os serviços de impressão estão sendo feitos com a qualidade
almejada, para não causar problemas com os clientes, especialmente no que diz respeito a
satisfação dos mesmos com relação aos serviços adquiridos.
A sugestão para a empresa é que a mesma dê continuidade aos procedimentos
adotados no controle de qualidade de produção, o qual ocorre de forma informal por
intermédio dos próprios funcionários do setor, pois a mesma vem obtendo bons resultados
trabalhando desta forma. Diante do relato do gestor constatou-se que quase não há problemas
com a qualidade dos produtos. Porém, conforme supracitado, recomenda-se que a empresa
adote um processo que inclua um roteiro seguindo padrões para o controle de qualidade,
abrangendo os seguintes aspectos: o cliente solicita a criação da arte aos funcionários da
gráfica, os mesmos realizam o trabalho, repassam para o cliente o resultado e este verifica se
está de acordo com o esperado, e somente após a aprovação da arte pelo cliente que ela
seguirá para o processo de confecção do adesivo ou banner. Desta forma a possibilidade de
erros e do produto não ficar conforme a expectativa do cliente, diminui significativamente.
Verificou-se que a empresa possui o controle de estoque em seu sistema de
informação, desse modo, no momento que é lançado a nota fiscal, a quantidade de produtos é
informada ao controle de estoque. Porém, de acordo com o gestor ainda há divergências e
falhas no controle de estoques, pois no momento da venda muitos produtos não são lançados
no sistema, e isso acaba mascarando a real quantidade de produtos existentes no estoque.
Como possível solução para este problema, sugere-se que o empresário continue a utilizar o
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sistema de informação da empresa como suporte para a realização do controle de estoques,
porém, recomenda-se que ele adote um inventário periódico, no qual se estabeleça um maior
controle sobre as vendas, de modo a lançar no sistema de informação todas as vendas
realizadas diariamente na empresa, visando deixar o controle de estoque mais eficiente, para
evitar eventuais problemas de falta de produtos para a comercialização ou outros transtornos
relacionados. Para tanto, é de fundamental importância que os funcionários recebam
treinamentos que os capacitem e os deixem habituados a realizar o lançamento de todas as
vendas realizas no sistema de informações.
No que tange à área de administração financeira, destaca-se que ao analisar a política
de cobranças adotada pela empresa e o seu fluxo de caixa não foi encontrado nenhum fator
que demandasse sugestões de melhorias. Nesse sentido, apenas sugeriu-se que o empresário
continue trabalhando desta maneira com relação à administração financeira.
Como não se teve acesso aos dados referentes ao desempenho financeiro da empresa,
destaca-se que não foi possível analisar o mesmo e propor sugestões e/ou recomendações.
Contudo, o gestor relatou que o desempenho financeiro da empresa tem se mostrado
satisfatório.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De modo geral, conclui-se que o processo de consultoria empresarial pode
proporcionar diversas contribuições para a gestão organizacional, sobretudo, por permitir que
o consultor enquanto analista situacional, seja ele interno ou externo à organização, realize um
diagnóstico geral sobre a empresa, buscando analisar seus pontos fortes e fracos, bem como
identificar problemas e propor soluções plausíveis para os mesmos.
Os recursos organizacionais formam o ciclo administrativo e são, portanto, recursos
fundamentais para que se atinjam a eficiência e a eficácia nas empresas. Contudo, para que
tais recursos sejam empregados da maneira correta, é necessário que se tenha um
administrador ou um conjunto de administradores, responsáveis por elaborar e aplicar um
planejamento adequado e atingir os objetivos organizacionais, ou seja, desenvolver o controle
e a direção dos recursos disponíveis pela organização. Quando não há a possibilidade desse
processo ser concebido pela própria organização, a mesma tem como alternativa a utilização
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de outras opções, tais como a consultoria empresarial, a qual está ligada a área de gestão de
negócios, e nos últimos anos, vem sendo considerada uma das áreas mais promissoras no
mundo dos negócios.
A partir das considerações abordadas neste estudo, pode-se constatar que o processo
de consultoria empresarial tem gerado muitas contribuições para as MPEs, especialmente,
para que empresas destes portes consigam aperfeiçoar seus processos, sobreviver às
dificuldades que lhes são impostas, conquistar seu espaço no mercado, que apresenta-se cada
vez mais competitivo, e consiga fidelizar seus clientes e obter uma boa rentabilidade
financeira, e também contribuir para o desenvolvimento econômico da região onde está
inserida, especialmente através da oferta de produtos e serviços de qualidade, e através da
geração de empregos e de renda.
Por meio da realização do Estágio Supervisionado em Administração Geral, teve-se a
oportunidade de se realizar o processo de consultoria empresarial na pequena empresa
comercial abordada neste artigo. Apesar do pouco tempo disponível para a realização, tal
atividade possibilitou a oportunidade de aplicar os conhecimentos teóricos aprendidos na
universidade com a prática vivenciada naquela organização, contribuindo ainda mais para a
preparação profissional, sobretudo, levando-se em consideração que atualmente o mercado de
negócios que busca pelos serviços de consultorias, está exigindo cada vez mais profissionais
capacitados.
Pelo fato do presente estudo ter sido realizado na área de administração geral, este
apresenta algumas limitações, visto que todas as áreas da empresa foram analisadas em um
curto espaço de tempo, o que acabou obrigando o direcionamento das análises somente os
pontos principais de cada área, deixando assim, uma lacuna para que no futuro outros
pesquisadores possam dar continuidade a este estudo realizado na empresa, tendo por base os
resultados preliminares apresentados no presente artigo.
REFERÊNCIAS
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pequenas empresas. Goiânia: SEBRAE, 2001.
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ORIENTAÇÃO EMPREENDEDORA E ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO:
DESENVOLVIMENTOS TEÓRICOS E POSSÍVEIS RELACIONAMENTOS
CRISTIANO MOLINARI BISPO
Administrador, Doutor em Administração
Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR
RESUMO - O presente estudo consubstancia-se por meio da concatenação da orientação para o mercado à
orientação empreendedora. Diante deste contexto, o objetivo do estudo é explorar as possíveis relações que os
construtos de orientação para o mercado e de orientação empreendedora estabelecem entre si bem como com
outras variáveis. A partir da revisão da literatura pertinente aos construtos, o estudo desenvolve-se por meio de
meta-análise de relações já observadas na academia em artigos publicados em língua inglesa disponibilizados no
Portal de Periódicos da CAPES/MEC. Este encaminhamento incumbe-se de viabilizar a compreensão do estado
da arte da produção científica que relaciona os construtos nominados e ensejar uma reflexão intelectual sobre
possíveis relacionamentos ainda não observados. Sendo assim, espera-se que esta discussão possa fazer surgir
proposições relevantes e justificáveis a serem aplicadas em trabalhos posteriores de natureza teórico-empírica.
Palavras-chave: Orientação empreendedora, Orientação para o mercado, Orientações estratégicas, Meta-análise.
ABSTRACT - This paper focuses on the concatenation of market orientation to entrepreneurial orientation.
Given this context, the aim of the study is to explore possible relationships that market orientation and
entrepreneurial orientation constructs establish with each other and with other variables. Considering the
literature review about the nominated constructs, the study is developed through meta-analysis of relationships
already observed in the academy in articles published in English available on a brazilian repository called ‘Portal
de Periódicos CAPES/MEC’. This process enables the understanding of the scientific production state-of-the-art
relating nominated constructs and gives rise to an intellectual analysis on possible not observed relationships.
Therefore, it’s expected that this discussion can bring up relevant and justifiable propositions to be applied in
later studies, especially with empirical approaches.
Keywords: Entrepreneurial orientation, Market orientation, Strategic orientations, meta-analysis.
1. INTRODUÇÃO
Tanto a orientação empreendedora – entrepreneurial orientation (EO) quanto a
orientação para o mercado – market orientation (MO), assim doravante denominadas, têm
sido amplamente investigadas. Este reconhecimento faz surgir a necessidade de se proceder à
observação das relações que estes construtos estabelecem, tanto entre si, quanto em relação a
outras variáveis utilizadas. De acordo com Miles e Arnold (1991), estas duas orientações não
abordam o mesmo comportamento, embora pareçam ser inter-relacionadas. Baker e Sinkula
(2009) pontuam que enquanto a MO reflete o grau com que o planejamento estratégico das
empresas é dirigido pela inteligência do cliente e dos competidores, a EO reflete o grau com
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que os objetivos de crescimento das empresas é guiado pela identificação e aproveitamento de
oportunidades de mercado não exploradas.
1.1 Tema e problema
Desse modo, percebe-se na literatura da área que os construtos abordados guardam
certa inter-relação, embora tenham suas próprias especificidades. Neste sentido, Zeithaml e
Zeithaml (1984) chegam a postular que as duas orientações representam a mesma filosofia
empresarial. Diferentemente, embora Miles e Arnold (1991) apresentem indícios de que os
construtos de EO e de MO sejam correlacionados, o que está de acordo com os pressupostos
de Morris e Paul (1987), os mesmos não os assumem como construtos que representem a
mesma filosofia de negócios. Davis, Morris e Allen (1991), por sua vez, pontuam que a
intersecção entre os construtos dá-se sobre a criação de valor. Stevenson e Gumpert (1985),
com um ponto de vista de dependência, já apontam que a MO apresenta-se como um primeiro
passo necessário ao empreendedorismo diante do processo de identificação de oportunidades.
Assim, observa-se um significativo debate da inter-relação desses construtos na literatura da
área.
Tendo em vista a profusão de estudos publicados sobre cada tema e as possíveis
relações que estes construtos podem estabelecer entre si bem como com outras variáveis,
torna-se importante que se proceda à averiguação das discussões já realizadas. Reconhecendo
que a maioria dos estudos são publicados em língua inglesa, a observação das publicações
disponíveis no Portal de Periódicos da CAPES/MEC mostra-se como um repositório que
viabiliza esta investigação.
Desta forma, um encaminhamento metodológico meta-analítico apresenta-se coerente
para a consecução desta investigação. Isto permite que se revele o status atual das pesquisas
que abordam simultaneamente os construtos de EO e de MO, de modo que se possam
evidenciar dois aspectos distintos, quais sejam as relações já tecidas entre os construtos bem
como relações estabelecidas destes construtos com variáveis adicionais.
No que se refere às relações entre os dois construtos nominados, alguns pontos podem
ser investigados, como o tipo de relação entre os mesmos bem como o posicionamento de
cada um. Quanto ao tipo de relação, podem ser citadas as relações de associação e de
dependência, além das variáveis poderem ser utilizadas como itens mediadores e
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moderadores. Quanto ao posicionamento de cada construto, a discussão envolve a
especificação de qual dos dois precede o outro.
Já no que tange às relações com outras variáveis, tal investigação organiza-se em três
momentos. O primeiro deles exige a especificação de quais variáveis foram investigadas
juntamente com os construtos já nominados. O segundo momento refere-se ao
posicionamento destas variáveis adicionais, seja como antecedente ou consequente. O terceiro
e último momento define o tipo de relação adotada nos estudos selecionados (associação ou
dependência).
Outro ponto importante que demonstra o encaminhamento utilizado pela academia
para explorar os assuntos refere-se ao método utilizado. A observação deste ponto pode
auxiliar a compreensão do estado da arte das discussões efetuadas até o momento na
comunidade científica.
Estando preliminarmente apresentados o tema, o objeto e o método que
fundamentalmente consubstanciam este estudo, tem-se, portanto, o seguinte problema de
pesquisa: “Quanto aos construtos de EO e de MO, quais são as relações já observadas entre si
e diante de outras variáveis abordadas em estudos nos últimos 10 anos?”
1.2 Objetivos
O objetivo geral do estudo é explorar as possíveis relações que os construtos de EO e
de MO têm apresentado entre si bem como com outras variáveis em estudos publicados nos
últimos 10 anos.
Especificamente, do objetivo geral apresentado desdobram-se os seguintes objetivos
específicos organizados para viabilizar o desenvolvimento do estudo:
a) Retratar a literatura pertinente acerca dos estudos seminais sobre os construtos de
EO e de MO.
b) Formar uma base de dados de artigos publicados em língua inglesa disponíveis no
Portal de Periódicos da CAPES/MEC que abordem concomitantemente os dois
construtos especificados.
c) Verificar os relacionamentos que os construtos nomeados têm apresentado entre si.
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d) Identificar possíveis variáveis adicionais abordadas nos artigos selecionados que
utilizem também a EO e a MO em seus problemas de pesquisa.
e) Verificar os relacionamentos que os construtos nomeados têm apresentado com as
demais variáveis identificadas.
f) Classificar os artigos selecionados na base de dados quanto ao método,
especificamente no que se refere à natureza teórica ou teórico-empírica.
g) Verificar o objeto de pesquisa abordado nos estudos selecionados de natureza
teórico-empírica.
h) Verificar como os artigos selecionados distribuem-se diante dos periódicos
consultados de modo a possibilitar a investigação da concentração das publicações.
i) Retratar o estado da arte da produção científica que relaciona simultaneamente a
EO e a MO de modo a orientar consecutivamente o desenvolvimento de estudos de
natureza teórico-empírica.
1.3 Justificativa
De forma geral, o estudo permite a construção de um quadro panorâmico composto de
elementos com características metodológicas que favoreça a compreensão do
encaminhamento que está sendo construído pela área sob análise. Este conhecimento, aliados
a outros trabalhos, auxiliam a compreensão da história recente da área de forma a viabilizar
uma apreciação mais sistematizada que possa, inclusive, prover insumos relevantes para
delinear objetivos para o desenvolvimento do campo. É certo que a história não deve
simplesmente ser transplantada para o futuro, entretanto, o destaque das concentrações e
movimentações ao longo do tempo oferecem à própria academia insights sobre que aspectos
devem ser incentivados ou questionados, de forma a buscar permanentemente o maior
reconhecimento e fortalecimento do campo de estudo dentro do escopo da ciência social
aplicada, e desta, por consequência, no universo científico geral. Esclarece-se que o que acaba
de ser exposto não se configura como uma tentativa de estabelecer um protocolo de conteúdo
sobre o qual a comunidade acadêmica deve se reportar, mesmo porque esta postura
sequestraria a imparcialidade necessária ao exercício do pesquisador.
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Sobre este aspecto da imparcialidade, essencialmente no que se refere aos valores do
autor, Figueiras (1973), sob a hipótese da impossibilidade da pura imparcialidade diante dos
fatos, advoga a favor de sua explicitação e justificação, de forma que as conclusões sejam
lidas consoante ao quadro axiológico incorporado pelo pesquisador. Procedimento análogo
pode também ser recomendado na definição do quadro epistemológico do estudo, que
inclusive relaciona-se com a questão que acaba de ser exposta. Para este último caso,
verificam-se as discussões inclusas na obra organizada (e concebida em alguns capítulos) de
Lakatos e Musgrave (1979).
A investigação do desempenho das organizações tem sido permanentemente realizada
dentro dos estudos de administração. Especificamente quanto aos construtos de EO e de MO,
tem-se percebido na academia a tentativa de se estabelecer esta conexão. Ademais, a natureza
desta realização tem também sido abordada, posicionando os construtos nominados
simultaneamente diante do desempenho de forma a captar efeitos indiretos que eventualmente
possam se fazer presentes. Assim sendo, a construção de um quadro panorâmico que sumarize
as principais contribuições neste sentido mostra-se como um expediente salutar a fim de se
revelar de que forma estas relações têm sido estudadas pela academia, além de evidenciar
também possíveis relações que os construtos possam fazer com outras variáveis. Este
encaminhamento visa contribuir para que pesquisas futuras, principalmente de natureza
teórico-empírica, sejam elaboradas e conduzidas a partir de uma visão mais organizada dos
esforços já previamente envidados.
Desta forma, advoga-se sobre a importância de se conduzir este estudo essencialmente
por captar a direção com que a pesquisa tem sido desenvolvida acerca de dois temas
proficuamente investigados pela comunidade acadêmica. Além disso, reforça-se esta assertiva
diante das intersecções e peculiaridades dos construtos propostos para esta investigação, que
têm sido objeto de discussões pontuais na literatura da área. Este tipo de pesquisa, portanto,
além de estabelecer um quadro panorâmico descritivo da área sob análise, também atinge
orientações normativas, não no sentido de ditar o modo com que os estudos serão
desenvolvidos, mas sim no sentido de prestar orientações sobre possíveis caminhos a serem
seguidos consecutivamente.
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2. Os Conceitos de Orientação Empreendedora e de Orientação para o Mercado
2.1 O conceito de orientação empreendedora
A profissionalização das organizações conciliada à cada vez mais intensa exigibilidade
dos mais diversos stakeholders tornam a condução dos negócios um expediente que demanda
muita atenção quanto aos alinhamentos necessários para tornar e manter um adequado nível
de competitividade e desempenho. Ademais, em muitas organizações este alinhamento
apresenta certa perecibilidade, consubstanciando um ambiente dinâmico e eventualmente até
mesmo hostil. Nesse ínterim, surge o conceito de EO, como um conceito relacionado à
inovação com vistas a compreender a competência de uma organização em identificar e
aproveitar oportunidades de negócios não exploradas.
A EO representa as políticas e as práticas que proveem uma base para as decisões e as
ações empreendedoras. Assim sendo, de acordo com Rauch et al. (2009), a EO deve ser vista
como os processos de decisão estratégica empreendedora que os principais tomadores de
decisão utilizam para fixar os propósitos organizacionais, sustentar sua visão e criar vantagem
competitiva. De acordo com os autores, portanto, as dimensões da EO podem ser derivadas da
revisão e integração das literaturas de estratégia e de empreendedorismo, das quais se pode
evidenciar as contribuições de Covin e Slevin (1991), Miller (1983), Miller e Friesen (1978) e
Venkatraman (1989).
De acordo com a visão de Miller (1983), o construto de EO consiste de três
dimensões, as quais têm sido amplamente utilizadas na academia, quais sejam: inovatividade,
assunção de risco e proatividade. Lumpkin e Dess (1996), por sua vez, acrescentaram duas
dimensões adicionais ao construto, tomando como base o trabalho de Miller (1983), além de
levarem em consideração demais pesquisas importantes já conduzidas. Estas dimensões
adicionais propostas pelos autores envolvem a agressividade competitiva e a autonomia.
Ancorando-se na ótica de Rauch et al. (2009) sobre os construtos propostos e iniciando
a discussão sobre as dimensões originalmente propostas por Miller (1983), esclarece-se que a
inovatividade refere-se à predisposição em se engajar na criatividade e experimentação a
partir da introdução de novos produtos e serviços bem como por meio da liderança
tecnológica através de pesquisa e desenvolvimento em novos processos. A assunção de riscos
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envolve ações que vislumbram o desconhecido, utilizando recursos significativos em
empreendimentos inclusos em ambientes incertos. A proatividade, por sua vez, envolve a
procura por oportunidades a partir de uma abordagem prospectiva de introdução de novos
produtos e serviços que estejam à frente da concorrência, antecipando demandas futuras.
Quanto aos construtos adicionais sugeridos por Lumpkin e Dess (1996), explica-se que a
agressividade competitiva revela-se como a intensidade do esforço de uma empresa para
superar rivais e é caracterizada por uma forte postura ofensiva ou por respostas agressivas a
ameaças competitivas. Finalmente, a autonomia refere-se às ações independentes realizadas
por líderes ou de grupos empreendedores direcionadas à materialização de novos negócios. O
Quadro 1 apresenta os principais construtos de orientação empreendedora.
Quadro 1 - Principais conceitos de orientação empreendedora (EO)
Autores Construto
Miller (1983)
Inovatividade
Assunção de risco
Proatividade
Lumpkin e Dess (1996)
Inovatividade
Assunção de risco
Proatividade
Agressividade competitiva
Autonomia
Fonte: Organizado pelo autor com base em Miller (1983) e Lumpkin e Dess (1996).
2.2 O conceito de orientação para o mercado
A atenção que as organizações têm precisado dar aos seus stakeholders,
principalmente clientes e competidores, tem se mostrado certamente cada mais maior. A
importância do alinhamento da organização ao seu mercado demarca esta característica, o que
enaltece o crescente dinamismo presente na atividade de gestão. A negligência no
reconhecimento desta necessidade de ajuste pode eventualmente impossibilitar ou ao menos
dificultar o desenvolvimento de um posicionamento estratégico que sustente vantagem
competitiva. Surge, então, o conceito de MO, como um conceito que, conforme já
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apresentado na introdução, reflete o grau com que o planejamento estratégico das empresas é
dirigido pela inteligência do cliente e dos competidores (BAKER; SINKULA, 2009).
O início das discussões sobre o conceito de orientação para o mercado, conforme
Tomaskova (2007) e Narver e Slater (1998), pode ser atribuída às contribuições de Drucker
(1946, 1954), que utilizou como exemplo desta abordagem a General Electric. Entretanto,
nota-se um ressurgimento desta concepção nos estudos publicados na década de 1990, nos
quais ganharam notoriedade os trabalhos de Kohli e Jaworski (1990) e de Narver e Slater
(1990). Estas abordagens trouxeram à academia a ideia de que a MO deve ser vista como a
implementação do conceito de marketing.
Especificamente no tocante à abordagem de Kohli e Jaworski (1990), a MO pode ser
definida como geração de inteligência de mercado por toda a organização a respeito das
necessidades presentes e futuras das necessidades dos clientes, a disseminação desta
inteligência entre os departamentos e a consequente e necessária capacidade de resposta da
organização a esta inteligência gerada e disseminada. Assim sendo, Kohli e Jaworski (1990)
trabalham a questão da inteligência de mercado para a construção de seu conceito de MO.
Diferentemente, Narver e Slater (1990) abordam o comportamento cultural para a
elaboração de seu conceito sobre a MO, desdobrando a discussão em componentes
comportamentais e critérios de decisão. Os componentes comportamentais abrangem a
orientação para o cliente, a orientação para o competidor e a coordenação interfuncional. Por
sua vez, os critérios de decisão propostos pelos autores envolvem o foco de longo prazo e a
lucratividade. Essencialmente, Narver e Slater (1998) apregoam que a MO é uma cultura de
negócios na qual todos os empregados são comprometidos para a contínua criação de valor
superior aos clientes. O Quadro 2 sumariza a apresentação dos principais construtos de MO.
Quadro 2 - Principais conceitos de orientação para o mercado (MO)
Autores Construto
Kohli e Jaworski (1990)
Geração de inteligência competitiva
Disseminação dessa inteligência
Capacidade de resposta da organização
Narver e Slater (1990) Comportamentais
Orientação para o cliente
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Orientação para o competidor
Coordenação interfuncional
Critérios de decisão
Foco de longo prazo
Lucratividade
Fonte: Organizado pelo autor com base em Kohli e Jaworski (1990) e Narver e Slater (1990).
Entretanto, conforme compilação realizada por Tomaskova (2007) sobre a literatura da
área, diversos aspectos sobre a MO têm sido investigados, tais como: inteligência de mercado;
comportamento cultural; marketing estratégico; orientação para o cliente; coordenação
interfuncional e motivação; stakeholders.
3. MÉTODO
Os trabalhos de natureza meta-analítica oferecem uma possibilidade de análise de
determinadas características da produção científica de certa área de conhecimento. Agregado
a este propósito, destaca-se a inclusão do caráter longitudinal que a pesquisa desta ordem
viabiliza de forma a possibilitar a compreensão dos movimentos que a academia tem
realizado, ao menos em relação ao objeto de análise selecionado para averiguação.
O primeiro passo para a consecução deste estudo reside sobre o aprimoramento da
fundamentação teórica, especificamente sobre os construtos de EO e de MO. Este exercício
credencia ao pesquisador condições adequadas ao posterior exame dos artigos a serem
selecionados, de forma que a extração das informações relevantes seja realizada
adequadamente.
A próxima etapa reside exatamente sobre os critérios a serem utilizados para se
realizar a consulta dos artigos para a composição da base de dados de estudos. Para este
trabalho, fixa-se a adoção da língua inglesa como padrão, utilizando, portanto, os termos
‘entrepreneurial orientation’ e ‘market orientation’, dada a profusão das publicações com
esses termos. Neste ínterim, nota-se que mesmo as publicações realizadas em outras línguas
costumeiramente incluem abstracts redigidos em língua inglesa.
Como a pesquisa dirige-se à discussão das relações existentes entre os construtos e das
relações que os mesmos estabelecem com outras variáveis, pretende-se selecionar os artigos
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publicados nos últimos 10 anos que apresentem os termos ‘entrepreneurial orientation’ e
‘market orientation’ simultaneamente nos respectivos abstracts, fazendo o uso de aspas em
cada termo para que os artigos retornados pela consulta sejam adequados ao propósito do
presente estudo.
Para a realização da consulta, elege-se como principal fonte de informações a base
assinada do Portal de Periódicos da CAPES/MEC pela Pontifícia Universidade Católica do
Paraná, a qual o autor desta pesquisa tem acesso por ter realizado em tal instituição seus
estudos de mestrado e de doutoramento. Nota-se que, como fonte suplementar de
informações, a base de dados do ProQuest também foi utilizada, além do próprio buscador
Google.
Quanto aos critérios utilizados para realizar a busca, adotou-se como padrão de
consulta o aparecimento dos termos ‘entrepreneurial’, ‘market’ e ‘orientation’,
independentemente da base utilizada. Com exceção do Google, os termos deveriam constar no
título ou no abstract. No caso do Google, apenas as duas primeiras páginas retornadas foram
utilizadas, uma vez que os resultados a partir da terceira página já começaram a se mostrar
menos relacionados com os objetivos da pesquisa, o que demonstra certa saturação.
Excluindo-se os arquivos redundantes e trabalhando apenas com os textos publicados a partir
de 2005, constituiu-se, portanto, a primeira base de artigos a ser analisada. Este trabalho de
seleção resultou em um total de 56 estudos.
O resultado retornado pelo procedimento descrito de consulta ao acervo disponível
gera, portanto, uma base de dados para posterior análise. Antes, porém, de se proceder ao
escrutínio dos artigos, torna-se importante diagnosticar se algum artigo retornado pela
consulta não se encaixa aos propósitos da pesquisa. Este trabalho que se desenvolveu por
meio de uma análise mais meticulosa do conteúdo de cada artigo previamente selecionado
viabilizou a consolidação da base de dados final a ser considerada para os propósitos desta
pesquisa, culminando com 30 estudos. Deve ser exposto que estes estudos não foram citados e
referenciados neste estudo por questões de espaço, a não ser quando comentários específicos
atinentes aos mesmos foram realizados.
Com a base de artigos formada, chega-se ao momento de se proceder ao escrutínio dos
mesmos, de forma a extrair os dados necessários ao cumprimento dos objetivos propostos.
Para a realização desta tarefa, torna-se necessário tabular os dados contendo os dados dos
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artigos examinados, de forma a possibilitar a sumarização das informações consecutivamente.
Estes dados envolvem aspectos tais como: nome do periódico; tipo de relação trabalhada em
relação aos construtos de EO e de MO, tais como associação, dependência, moderação e
mediação; especificação das variáveis adicionais utilizadas nos artigos consultados; a relação
que as variáveis adicionais estabelecem; o objeto de pesquisa; o método utilizado pelos
estudos, especificamente no tocante à natureza teórica ou teórico-empírica.
Com a tabulação consolidada, viabiliza-se, portanto, a sumarização das informações a
serem analisadas para que se consiga estabelecer um quadro panorâmico dos caminhos que a
pesquisa recente tem seguido diante do tema abordado, envolvendo os tipos de relações
investigadas entre os construtos e diante de variáveis adicionais, os objetos de estudos
abordados bem como os métodos utilizados.
4. RESULTADOS
Conforme já apresentado, dos 56 estudos preliminarmente selecionados pelos métodos
descritos de busca, 30 trabalhos consolidaram a base de dados final a ser analisada. Os demais
26 textos foram excluídos da base de dados por razões de inadequação dos mesmos aos
objetos da presente pesquisa, sendo dois motivos os mais recorrentes. O principal motivo de
exclusão é o fato de certos estudos não abordarem simultaneamente e de maneira clara os dois
construtos selecionados para o desenvolvimento da pesquisa, ou seja, MO e EO. O outro
motivo relevante encontrado para a exclusão foi a impossibilidade de se identificar
adequadamente o veículo de publicação. Na sequência, portanto, apresentam-se os principais
resultados obtidos por meio da tabulação dos artigos selecionados diante dos critérios que se
seguem, como autoria dos estudos, veículos de publicação, métodos utilizados, objeto dos
estudos e variáveis utilizadas.
4.1 Autoria dos estudos
No que se refere à autoria dos estudos, não se percebe concentração de estudos na base
de textos selecionados. Sobre este aspecto, poucos casos puderam ser identificados com
reincidência de autoria. Especificamente no caso do primeiro autor, não se constatou nenhum
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caso de reincidência, ou seja, em que uma mesma pessoa tenha assinado como primeiro autor
mais de um estudo da amostra selecionada.
4.2 Veículos de publicação
Quanto ao veículo de publicação dos estudos, também não se observou concentração.
Apenas três periódicos apareceram na amostra mais de uma vez, com dois estudos para o
Asian Social Science, dois textos para o International Journal of Entrepreneurship and Small
Business e três textos para o Journal of Small Business Management. Cada texto
remanescente foi publicado em veículo distinto, o que mostra claramente que os estudos, pelo
menos no que se refere à base de dados selecionada, não estão concentrados em um mesmo
veículo de publicação.
4.3 Métodos utilizados
Quanto ao método utilizado nos estudos, dos 30 trabalhos, 26 deles, ou seja, 86,7%,
utilizam para o seu desenvolvimento abordagens quantitativas. Por outro lado, apenas 2
trabalhos utilizaram-se de dados qualitativos, embora estes mesmos textos também tenham
utilizado ferramentas quantitativas para a sua consecução, consubstanciando um
enquadramento qualiquantitativo. Assim sendo, tem-se um total de 25 estudos que podem ser
classificados como teórico-empíricos, uma vez que dos 26 trabalhos que utilizaram
ferramentas quantitativas para a sua elaboração, 1 deles se desenvolve por meio de meta-
análise de resultados empíricos de estudos já publicados. Os 4 estudos remanescentes
apresentam abordagens teóricas, 1 deles como revisão sistemática da literatura e os 3 demais
como ensaios teóricos que desenvolvem uma reflexão intelectual com apresentação de
proposições de pesquisa. Dentre os 25 estudos teórico-empíricos, que trabalharam com
aplicação de questionários com tratamento quantitativo, apenas 2 utilizaram-se de um
enquadramento longitudinal de coleta de dados, sendo que apenas 1 deles o fez de maneira
exclusiva.
4.4 Objeto dos estudos
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Quanto ao objeto selecionado para a condução dos estudos selecionados, dentre os 25
trabalhos de natureza teórico-empírica, 8 mostraram um recorte intencional voltado para
organizações de pequeno e médio porte, ou seja, 32,0% destes 25 estudos. Nota-se também
que, dentre estes 25 estudos, apenas 2 deles trabalharam especificamente com organizações
sem fins lucrativos.
Abordando outro aspecto do objeto de investigação, os estudos da amostra não
apresentaram significativa concentração geográfica. Dos 25 estudos teórico-empíricos, apenas
4 trabalharam com organizações dos Estados Unidos, sendo 3 deles de forma exclusiva. A
Suécia aparece em seguida com 3 estudos, sendo 2 de maneira exclusiva. Finalmente, a
Coréia do Sul e a Indonésia aparecem com 2 estudos cada. Cada trabalho remanescente
contou com um objeto de 1 país diferente, entre África do Sul, Austrália, Brasil, China,
Europa (não foi identificado o país especificamente), Israel, Finlândia, França, Gana, Irã,
Iraque, México, Paquistão, Reino Unido e Taiwan.
Ainda sobre o objeto dos estudos analisados, dos 25 trabalhos teórico-empíricos,
apenas 1 deles trabalhou com apenas uma única organização, pois o nível a análise focou o
comportamento individual. Dos 24 estudos remanescentes, apenas 3 deles adotaram amostras
com menos de 100 organizações (12,5%). Com amostra entre 100 e 199 casos foram
constatados 4 estudos (16,7%). Os estudos com amostra entre 200 e 299 organizações
formaram a classe com maior número de estudos, 12 trabalhos, ou seja, 50,0%. Finalmente, 5
estudos (20,8%) com 300 ou mais casos para a composição da amostra foram observados nos
estudos analisados.
4.5 Variáveis utilizadas
Como já anteriormente apresentado, 25 trabalhos puderam ser classificados como
estudos teórico-empíricos. Destes trabalhos, 2 deles foram desenvolvidos por meio de
abordagens correlacionais. Assim sendo, os demais 23 textos estudaram algum tipo de relação
de dependência entre as variáveis utilizadas. Para viabilizar a análise, foi consolidado um
repositório das variáveis utilizadas nos 25 estudos selecionados de natureza teórico-empírica.
Esse processo culminou com um banco de dados com 87 registros de 20 variáveis diferentes
utilizadas nesses 25 estudos (vide Tabela 1). Na sequência, estas variáveis foram classificadas
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em várias categorias, quais sejam: associação, dependente, independente, mediadora e
moderadora.
Tabela 1 - Análise a partir da classificação da variável
Classificação Variável Regis-
tros
% sobre
subtotal do
grupo
Subtotal do
grupo
% sobre
total
Associação Orientação empreendedora 2 50,0%
4 4,6% Orientação para o mercado 2 50,0%
Dependente
Capacidade de inovação tecnológica 1 4,3%
23 26,4%
Cidadania corporativa 1 4,3%
Desempenho 17 73,9%
Inovação 3 13,0%
Orientação para a tecnologia 1 4,3%
Independente
Sistema de recompensas de marketing 1 2,3%
43 49,4%
Orientação para o mercado 18 41,9%
Orientação para o aprendizado 1 2,3%
Orientação empreendedora 18 41,9%
Estratégia de negócios 1 2,3%
Clima de trabalho 1 2,3%
Capacidades tecnológicas 1 2,3%
Capacidades gerenciais 1 2,3%
Capacidade de absorção 1 2,3%
Mediadora
Capacidade de prospecção e exploração 1 16,7%
6 6,9% Inovação organizacional 1 16,7%
Orientação para o mercado 4 66,7%
Moderadora
Acesso a capital financeiro 1 9,1%
11 12,6%
Influência do depto. de marketing 1 9,1%
Intensidade competitiva 1 9,1%
Orientação empreendedora 5 45,5%
Orientação para o mercado 1 9,1%
Rede de negócios 1 9,1%
Rede social 1 9,1%
Total 87 87 100,0%
Fonte: Organizado pelo autor a partir da amostra de estudos selecionados.
A primeira abordagem diante desse banco de dados foi agrupar as variáveis quanto ao
tipo de relação. Destas 87 variáveis, 43 foram classificadas como independentes, ou seja,
49,4% do total, 23 como dependentes (26,4%), 11 moderadoras (12,6%), 6 mediadoras (6,9%)
e 2 como associação (4,6%). Em relação às variáveis independentes, tanto para a EO quanto
para a MO foram contados 18 registros em cada (41,9% da categoria independente). As
demais variáveis apareceram apenas uma vez, sendo elas: sistema de recompensas de
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marketing, orientação para o aprendizado, estratégia de negócios, clima de trabalho,
capacidades tecnológicas, capacidades gerenciais e capacidade de absorção.
Passando para a categoria das variáveis dependentes, 23 registros foram contados
(26,4% do total). Dentro dessa categoria, a variável que concentrou os registros foi o
desempenho, com 17 registros (73,9%) da categoria. A inovação apareceu em seguida com 3
registros. As demais variáveis tiveram apenas 1 registro cada, sendo elas: capacidade de
inovação tecnológica, cidadania corporativa e orientação para a tecnologia.
A próxima categoria que mais apareceu foi a moderadora, com o registro de 11 casos.
Nessa categoria a EO apareceu em destaque com 5 registros. As demais variáveis tiveram
apenas 1 registro cada, sendo elas: acesso a capital financeiro, influência do departamento de
marketing, intensidade competitiva, MO, rede de negócios e rede social.
Em seguida tem-se a categoria das variáveis mediadoras. Este grupo contou com
apenas 6 registros (6,9% do total). Destes registros, 4 deles se referiram à MO. Para as
variáveis denominadas de capacidade de prospecção e exploração e de inovação
organizacional apenas 1 registro foi aferido para cada. Nota-se, neste ponto, que não houve
registro da EO como variável mediadora.
Encerrando a classificação aparece a categoria das variáveis que estabeleceram relação
de associação, com o registro de apenas 4 casos (4,6% do total), sendo 2 registros para a EO e
2 registros para a MO.
Alternativamente, outra abordagem de organização dos 87 registros foi utilizada,
trabalhando como unidade de análise o nome de cada uma das 20 variáveis. O foco aqui se
consolidou sobre as duas variáveis de interesse do presente estudo, ou seja, EO e MO. No que
se refere à EO, foram contados 25 registros (28,7% do total), dos quais 18 foram classificados
como independente (72,0% do grupo), 5 como moderadora (20,0%) e 2 como associação
(8,0%). Quanto à MO, anotaram-se igualmente 25 registros (28,7% do total), sendo 18
classificados como independente (72,0% do grupo), 4 como mediadora (16,0%), 2 como
associação (8,0%) e 1 como moderadora (4,0%). Destaque também pôde ser percebido sobre
o desempenho, como já relatado, com 17 registros classificados como dependente, ou seja,
19,5% do total. Estes 17 registros referem-se a exatamente 17 estudos, que representam
68,0% dos 25 trabalhos teórico-empíricos. Vale destacar, entretanto, que os construtos de
desempenho utilizados variam nos estudos. A inovação aparece em seguida com 4 registros, 3
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como dependente e 1 como mediadora. As demais variáveis contaram com apenas 1 registro
cada, não ensejando comentários adicionais.
5. Discussão
Conforme apresentado nas seções 4.1 e 4.2, a produção dos trabalhos analisados não
se mostrou concentrada sobre determinados autores tampouco sobre periódicos específicos.
Dessa forma, mesmo que não se tenha observado grande quantidade de estudos que tenham
abordado os construtos de EO e de MO simultaneamente, a produção que a presente pesquisa
oportunizou conhecer mostra-se significativamente dispersa, mostrando que a preocupação
sobre suas distinções e complementaridades não é exclusiva ou concentrada sobre certas
pessoas ou veículos de publicação.
Quanto ao método empregado pelos estudos selecionados, conforme seção 4.3,
percebe-se claramente que os trabalhos que incorporam simultaneamente os construtos de EO
e de MO, em geral, são desenvolvidos de maneira teórico-empírica, com corte transversal,
viabilizados por meio de aplicação de questionários com o consequente tratamento
quantitativo dos dados. A concentração de estudos conforme o enquadramento metodológico
apresentado, portanto, permite detectar espaço para que outros esforços de pesquisa sejam
desenvolvidos, principalmente do ponto de vista qualitativo, de modo a analisar com mais
profundidade casos característicos específicos acerca da relação entre os construtos de EO e
de MO.
No que se refere ao objeto dos textos selecionados, conforme seção 4.4, observa-se
que os estudos teórico-empíricos mostraram uma caracterização geral de desconcentrada e
ampla diversidade geográfica e setorial, com cerca de 1/3 dos mesmos apresentando interesse
específico em pequenas e médias organizações, contanto com uma amostra média de 217,1
organizações, com desvio padrão de 84,8. Sobre ao estudo de pequenas e médias
organizações, considera-se este interesse significativo pelo fato de que nos demais trabalhos
teórico-empíricos, empresas com este enquadramento também podem ter sido estudadas, mas
sem que se tivesse estabelecido esta restrição a priori.
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Finalmente, chega-se à questão principal de analisar as variáveis utilizadas, conforme
seção 4.5. Surge, nesse contexto, como elementos relevantes, as variáveis de EO, MO e
desempenho diante das classificações como independentes, dependentes, moderadoras e
mediadoras.
Nota-se, conforme apresentado na seção anterior, que os construtos de EO e de MO
foram posicionados na maior parte dos estudos como variáveis independentes.
Especificamente quanto à EO, cinco registros foram anotados de utilização como variável
moderadora. Percebe-se, assim, relativo interesse em analisar de que forma a EO interfere na
relação entre outras variáveis, normalmente, entre MO e desempenho. Entretanto, como não
se contam muitos casos, mais pesquisas cabem nesse contexto para explorar esta questão com
mais profundidade.
Diferentemente, não se notou registro do emprego da EO como variável mediadora,
mas quatro casos foram contatos dessa classificação para a MO. Isso demonstra algum
interesse em posicionar a MO como uma variável que, ao mesmo tempo em que recebe
impacto de outros elementos, também exerce influência sobre outros itens, geralmente,
recebendo influência da EO e influenciando o desempenho. Tem-se, assim, alguns indícios,
embora ainda tímidos, do posicionamento da EO como uma variável antecedente da MO.
Por sua vez, os 17 trabalhos que utilizam o desempenho, conforme apresentado na
seção 4.5, invariavelmente o posicionam como variável dependente e o mensuram, em geral,
de forma genérica. Exemplificando, percebe-se que 13 desses 17 estudos abordam o
desempenho das organizações de tal forma, ou seja, abordando o desempenho em termos
financeiros, em relação ao crescimento, em comparação aos competidores etc. Os demais 4
trabalhos utilizaram medidas mais específicas de desempenho, sendo que 3 deles envolveram
o desempenho no desenvolvimento de novos produtos e 1 o desempenho de marketing da
organização. Esta caracterização, portanto, pode servir de inspiração para que novos trabalhos
sejam desenvolvidos com a utilização de medidas de desempenho mais específicas.
Tentando realizar uma interpretação da teoria com alguns indícios observados nesta
pesquisa, observa-se, em relação ao próprio construto, uma forte ligação do conceito de EO
com a inovação. Consequentemente, o conceito sob análise acaba estabelecendo um forte
relacionamento com a assunção de risco que as organizações estão dispostas a assumir. Tendo
em vista a aceleração das mudanças cada vez mais presente na competição entre as
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organizações, este conceito parece não apenas estar envolvido no momento de se criar uma
nova empresa, mas também parece estar relacionado com o quotidiano da gestão. Esta
conduta certamente se incumbe de evitar a própria obsolescência das organizações de forma a
não apenas torná-las, mas mantê-las competitivas para conseguirem aferir um desempenho
adequado ao investimento realizado. A visão do mercado surge neste contexto como um
elemento potencialmente relevante para viabilizar esta gestão dinâmica simplesmente por
incorporar a perspectiva do cliente e dos competidores na condução da gestão.
Nesse contexto, conforme Baker e Sinkula (2009), nota-se que embora a capacidade
de se ajustar ao mercado seja relevante para direcionar o planejamento estratégico de uma
organização, percebe-se como algo também potencialmente importante a capacidade de
identificação e aproveitamento de oportunidades de mercado não exploradas, o que faz
emergir novamente o conceito de EO. Assim, tem-se alguns indícios que se mostram
suficientes para acreditar que os conceitos de EO e de MO tenham relação importante, seja
entre eles, seja diante de outros conceitos relevantes, seja diante do próprio desempenho das
organizações. Sente-se, assim, uma possível relação conceitual entre os construtos que,
mesmo que apresentem alguma correlação, também certamente guardam suas
particularidades. Sobretudo, observa-se que ao passo que o conceito de MO se refira mais
estritamente ao encaixe entre a organização e seu mercado, o conceito de EO parece se
concatenar mais fortemente com a perspectiva de crescimento por meio da inovação. Estes
argumentos, em conjunto, trazem indícios que demonstram o potencial de interferência que
estes conceitos, isolados ou em conjunto, têm sobre o desempenho das organizações.
Nesse sentido, parece ser importante que mais estudos como os de Roskos e Klandt
(2006, 2007) sejam desenvolvidos, que buscam esclarecer os construtos de EO e de MO, bem
como de suas inter-relações. Especificamente sobre os estudos desse autores, medidas
revisadas dos trabalhos de Kohli, Jaworski e Kumar (1993), Covin e Slevin (1986, 1991) e
Lumpkin e Dess (1996) foram utilizadas. Suas conclusões apontaram que a EO é um
construto multidimensional com quatro construtos distintos: proatividade, assunção de risco,
agressividade competitiva e inovatividade da companhia. Por sua vez, seus estudos mostraram
que MO é um construto unidimensional com cinco dimensões: geração de inteligência no
macroambiente, geração de inteligência no microambiente, geração de inteligência sobre
consumidores, disseminação de inteligência e responsividade. Assim sendo, estudos dessa
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natureza podem ser importantes, tanto para o aprimoramento dos próprios construtos, como
para desvendar as nuances dos possíveis relacionamentos entre os mesmos bem como diante
de outras variáveis de interesse.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Avalia-se que o estudo atinge seus objetivos por apresentar o conceito de EO bem
como sua evolução e relação com outros conceitos, especialmente o de MO e o de
desempenho. A meta-análise dos trabalhos selecionados permitiu a observação sistemática
dos tipos de relações testadas nos estudos, dos objetos de interesse, dos métodos utilizados e
das variáveis adicionais utilizadas em conjunto com a EO e a MO. Isto permitiu a
consolidação de um panorama geral dos movimentos da academia. Este esforço, por sua vez,
auxilia na compreensão do estado da arte em relação aos conceitos, o que pode facilitar o
processo de tomada de decisões sobre possíveis estudos futuros. Carências detectadas no
presente estudo residem sobre trabalhos qualitativos e que trabalhem com medidas de
desempenho mais específicas.
Quanto ao conteúdo dos construtos, cabem, em tempo, algumas considerações acerca
do artigo de Vieira e Zancan (2011), que busca atualizar o conceito de MO, fazendo com que
a incorporação da atenção ao mercado não seja meramente reativa. Nesse estudo, Vieira e
Zancan (2011, p. 482), apoiam-se em Jaworski, Kohli e Sahay (2000) para enfatizar que o
histórico de pesquisa tem realmente apresentado uma interpretação desbalanceada, fazendo
com que o construto de MO tenha sido tomado com sinônimo de uma simples orientação para
o cliente, embora não tenha sido essa a intenção que o originou. O artigo de Chen, Li e Evans
(2012), que compôs a amostra de artigos analisados, também pode ser utilizado para este fim,
pois desdobrou o conceito de MO em duas perspectivas, quais sejam, market-driving e
market-driven. Finalmente, e longe de encerrar essa discussão, Zortea, Darroch e Matear
(2003) apregoam que é mais provável que uma empresa com orientação empreendedora dirija
e molde os mercados do que uma empresa que é predominantemente orientada para o
mercado, o que estaria, respectivamente, relacionado aos termos market-driving e market-
driven.
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A formação da base de artigos para posterior análise revelou que, embora haja grande
profusão de artigos publicados, tanto de EO quando de MO, e que, como já salientado, há
várias declarações na literatura relacionando os dois conceitos, não se percebeu grande
quantidade de estudos que efetivamente tivesse investigado esta relação, tanto do ponto de
vista teórico quanto prático. Ao mesmo tempo em que esta situação pode ter trazido certa
frustração a priori, percebe-se, entretanto, uma grande oportunidade para investigações
futuras, haja vista a ausência de um grande repositório de estudos que incluam os conceitos de
EO e MO simultaneamente, principalmente do ponto de vista teórico-empírico. A importância
disso reside no fato de que as declarações de relacionamento entre os conceitos encontradas
na literatura (ver Grinstein, 2008) abordam tanto possíveis intersecções quanto distinções
entre os conceitos de EO e MO. Além disso, são encontrados na literatura, inclusive, outros
conceitos que incorporam os elementos de EO e de MO, como, por exemplo, o conceito de
marketing empreendedor (entrepreneurial marketing), de empreendedorismo estratégico
(strategic entrepreneurship) e de orientação estratégica (strategic orientation). Especificando
este último conceito, de acordo com Hakala (2015), o conceito de orientação estratégica tem
sido comumente utilizado para descrever diferentes construtos como EO, MO, orientação
para o aprendizado (learning orientation) e orientação para a tecnologia (technology
orientation).
Nesse sentido, o trabalho de Hakala (2011) parece ser adequado para explicar o
convívio de tantas abordagens diferentes. Esse estudo analisa a literatura que trabalhou várias
abordagens estratégicas simultaneamente, culminando com a apresentação de três diferentes
abordagens para lidar com diferentes orientações simultaneamente: a sequencial, a de
alternativas e a complementária, ou seja, orientações como sequências em desenvolvimento,
orientações como alternativas para escolher e orientações como padrões complementares. Em
ensaio mais recente (HAKALA, 2015) o conceito de orientação de estratégia empreendedora
– entrepreneurial strategic orientation – é apresentado como uma orientação
multidimensional de capacidades dinâmicas. Para isso, o conceito inclui dimensões
complementares de exploração empreendedora, aprendizado estratégico, administração de
recursos e posicionamento de mercado. Sobretudo, o autor conclui que, em um mundo
multipolar e em competição contra empresas que dominam abordagens múltiplas, não é
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adequado que a direção de uma companhia seja baseada em apenas uma filosofia, seja
recursos, posições de mercado, aprendizado ou ações empreendedoras.
Tem-se, portanto, um retrato analítico da produção científica que incorpora os
conceitos de EO e de MO bem como das relações que esses conceitos estabelecem diante de
outros elementos. Mesmo diante das limitações que o próprio encaminhamento metodológico
meta-analítico naturalmente traz, percebe-se a importância da condução desse tipo de estudo.
Sobretudo, verifica-se que muito ainda pode ser pesquisado sobre orientações estratégicas,
especialmente, EO e MO, seja refinando os construtos, seja analisando possíveis relações
entre os mesmos, seja vislumbrando conexões com outras variáveis de interesse, tanto
antecedentes como consequentes.
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VARIÁVEIS E DIMENSÕES DO MARKETING DE RELACIONAMENTO:
POSSIBILIDADES DE INTERVENÇÃO DIANTE DO PORTE DAS
ORGANIZAÇÕES
HELENA DA GLÓRIA VALARINI FERREIRA
Acadêmica em Administração
Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR
ISABELA MARÇAL COLTRO GARCIA
Acadêmica em Administração
Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR
CRISTIANO MOLINARI BISPO
Administrador, Doutor em Administração
Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR
RESUMO - O marketing de relacionamento é uma ferramenta que busca direcionar as ações da organização
para suprir às expectativas dos clientes, sendo este um processo contínuo de assimilação e concepção de novos
valores e formas de comunicação, podendo obter, a partir dele, o compartilhamento mútuo de vantagens. A
discussão do marketing de relacionamento é desdobrada em variáveis que explicam o construto e dimensões que
vislumbram possibilidades de análise. Este artigo discute a postura das pequenas e grandes organizações nesse
contexto a partir das prescrições da literatura dominante a respeito do tema. O artigo analisa os diversos fatores
que diferenciam a gestão das organizações de pequeno e de grande porte, sobretudo no que diz respeito a sua
cultura, a sua estratégia e a suas operações. O estudo sugere algumas proposições posicionando o aspecto
estratégico como elemento principal na discussão entre o porte das organizações e a efetividade do marketing de
relacionamento.
Palavras-chave: Marketing de relacionamento, Porte organizacional, Cultura organizacional, Estratégia.
ABSTRACT - Relationship marketing is a tool that seeks to focus the organization's actions to meet the
expectations of customers, which is a continuous process of assimilation and development of new values and
forms of communication, enabling possible mutual sharing of benefits. The relationship marketing discussion is
split into variables that explain the construct and dimensions in order to provide analysis possibilities. This
article discusses the behavior of small and large organizations in this context using the dominant literature
review on this subject. The paper analyzes the various factors that differentiate the management of small and
large organizations, particularly with regard to their culture, their strategy and their operations. The study
suggests some propositions positioning the strategic aspect as the main element in the discussion between the
size of the organizations and the effectiveness of relationship marketing.
Keywords: Relationship marketing, organizational size, Organizational culture, Strategy.
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1. INTRODUÇÃO
O presente estudo trabalha com a elaboração de um framework que pode ser utilizado
para a análise do marketing de relacionamento, seja do ponto de vista acadêmico, seja do
ponto de vista de intervenção gerencial. O marketing de relacionamento é um conceito
relevante a ser considerado pelas organizações, pois como afirma Zenone (2007), consiste em
um processo constante, que tem o intuito de desenvolver novos valores com cada cliente
individualmente e de compartilhar vantagens mútuas a longo prazo.
Diante desse contexto, o objetivo deste estudo é estabelecer uma reflexão intelectual
sobre o marketing de relacionamento diante de um conjunto de cinco variáveis a serem
consideradas quanto ao construto, de três dimensões distintas de observação e do porte das
organizações, com o fim de sugerir algumas proposições a serem utilizadas para fins
acadêmicos e gerenciais.
O presente artigo apresenta o marketing de relacionamento no contexto das grandes e
pequenas organizações, explorando suas diferenças, limitações e formas de driblar cada
limitação através das estratégias, já que o porte de uma organização torna-se uma significativa
condição para a forma que se sucederá sua gestão.
Neste sentido, é importante esclarecer que a definição de marketing no Brasil,
conforme Shimoyama e Zela (2002), encontra-se ainda intensivamente descentrada e, por
vezes, é considerada como a venda de mercadorias realizada de qualquer modo ou como uma
forma de influenciar os indivíduos a adquirem ou consumirem um bem desnecessário. Este
fato se sucede devido aos primórdios da aplicação do marketing no Brasil ter ocorrido em
meio a uma economia formada por monopólios e oligopólios na década de 60. Assim, torna-
se importante desenvolver trabalhos que estudem o conteúdo dos próprios construtos
subjacentes ao marketing, no caso o marketing de relacionamento, bem que que abordem
questões relacionadas que podem ser úteis para o desenvolvimento teórico bem como para a
intervenção práticas em organizações de diferentes portes.
Na sequência do artigo, será discorrido respectivamente a respeito das variáveis do
marketing de relacionamento e suas dimensões. No que concerne às variáveis, as mesmas
estão diretamente vinculadas com a percepção dos clientes com relação às práticas adotadas
pela organização quanto ao tema. Por sua vez, as dimensões consistem em como isso vem
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sendo desenvolvido dentro da mesma, seja porque estas práticas já fazem parte da sua cultura,
seja porque ela oferece meios para a sua operação ou porque ela realiza estratégias para
desenvolver seus pontos fracos. Em seguida, o estudo aborda o marketing de relacionamento
com o estabelecimento de algumas distinções quanto ao contexto das grandes e das pequenas
organizações. Estas reflexões dão suporte para que sejam elaboradas algumas proposições
referente a esse tema, as quais exploram o nível cultural, estratégico e operacional da
aplicação do marketing de relacionamento diante do porte das organizações.
2. CONCEITO DE MARKETING DE RELACIONAMENTO
O marketing de relacionamento consiste em um processo constante, que tem o intuito
de desenvolver novos valores com cada cliente individualmente e de compartilhar vantagens
mútuas a longo prazo (ZENONE, 2007).
Segundo Swift (2001), durante um longo período de tempo, as organizações
mantiveram, na medida do possível, relacionamentos presenciais com seus clientes. No
entanto, atualmente, com a alta globalização e avanços tecnológicos, aliados ao grande
volume de pessoas e organizações, conhecer efetivamente os clientes tornou-se um grande
desafio. O marketing de relacionamento surgiu como forma de amenizar esse obstáculo.
Originado na década de 1970, o marketing de relacionamento se iniciou devido à
compreensão da importância de se aprimorar as transações comercias entre as organizações e
os consumidores. Este novo segmento se tornou essencial para uma relação bem sucedida e de
longo prazo no que diz respeito ao vínculo de troca comercial de bens e serviços
(McKENNA, 1993).
Considerando que o marketing mix (4 P’s) não possui muitos elementos atrativos, o
marketing de relacionamento surgiu como uma forma de suprir esta limitação atrativa.
Contudo, para sua plena execução, é essencial que haja envolvimento de todos os setores da
organização, visto que a implementação do conceito requer a existência de uma cultura
organizacional direcionada para o relacionamento.
Implantar o marketing de relacionamento significa direcionar todas as ações da
organização para suprir às expectativas dos clientes, o que representa para ela dedicação
individualizada no que diz respeito ao relacionamento entre ambos, sendo eles internos ou
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externos. Esta dedicação individualizada possibilita para a organização a coleta de
informações para que a mesma possa tratar de forma diferenciada cada cliente. Este é um
processo contínuo de assimilação e concepção de novos valores e novas formas de
comunicação, podendo obter, a partir dele, o compartilhamento mútuo de vantagens.
2.1 Variáveis do marketing de relacionamento
Conforme Zeithaml e Bitner (2003), pesquisas realizadas acerca do assunto indicam
que a percepção dos clientes a respeito da qualidade não é unidimensional, mas julgada com
base em diversos fatores. Esta pesquisa especificamente apontou as cinco variáveis mais
relevantes: a confiabilidade, a responsividade, a segurança, a empatia e a tangibilidade.
Normalmente, as organizações não utilizam somente uma variável como forma de mostrar
qualidade, mas as utilizam de maneira combinada. Contudo, cabe ressaltar que tais variáveis
podem sofrer alterações de grau conforme são influenciadas pela cultura em que a
organização e o cliente estão inseridos. No quadro a seguir, são apresentadas tais variáveis:
Quadro 1 - Variáveis da qualidade do serviço e/ou produto
Variável Descrição
Confiabilidade Capacidade de fornecer o serviço ou produto anunciado de
maneira confiável e precisa.
Responsividade Disposição de amparar o cliente e fornecer o serviço ou o
produto instantaneamente.
Segurança Capacidade de transparecer confiança e certeza, através do
conhecimento e da cortesia dos colaboradores.
Empatia Atenção individual concedida a cada cliente
Tangibilidade
Aspecto exterior das instalações físicas, das máquinas e
equipamentos, dos colaboradores e dos meios de
comunicação.
Fonte: Adaptado de Zeithaml e Bitner (2003).
Ainda conforme os autores, confiabilidade diz respeito ao cumprimento das promessas
preestabelecidas ao cliente, de maneira autêntica e precisa em relação às atividades envolvidas
para a execução do produto ou serviço. Sendo assim, a confiabilidade é considerada uma das
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variáveis de grande importância na definição da qualidade do produto ou serviço ofertado, já
que os clientes almejam organizações que mantenham suas promessas, especialmente as
pertinentes à efetivação e aos principais atributos do produto ou serviço. Neste sentido, toda
organização precisa estar ciente das expectativas dos clientes quanto a esta variável, para não
desapontar os mesmos.
Os autores ainda salientam que a responsividade consiste na vontade e disposição em
amparar o cliente, oferecendo ao mesmo de imediato o serviço ou o produto solicitado. Além
disso, a responsividade ressalta a atenção e a prontidão em atender aos pedidos dos clientes,
com seus questionamentos, queixas ou dificuldades. Para obter vantagem nesta variável, é
preciso que a organização conheça todo processo para execução do produto ou serviço e o
tratamento de solicitações de acordo com as perspectivas de cada cliente. Neste sentido, para
que a organização se destaque na variável responsividade é preciso que a mesma possua um
número apropriado de colaboradores no departamento de atendimento ao cliente, além de
profissionais capacitados em frente aos demais departamentos que expressem competência de
resposta.
Zeithaml e Bitner (2003) afirmam que a segurança tem sua importância elevada
quando se trata de serviços ou produtos que envolvam a percepção por parte do cliente de um
alto risco ou de um alto grau de insegurança quanto sua própria capacidade de qualificar os
resultados. Um modo que pode ser utilizado pela organização para materializar essa segurança
é por meio da construção de uma base sólida de confiança e fidelidade entre os colaboradores
e cada um de seus respectivos clientes.
De acordo com os autores, a empatia se refere ao zelo e à atenção personalizada para
com cada cliente. A essência dessa variável consiste na mensagem que é transmitida através
de um serviço personalizado, em que os clientes, além de serem considerados como especiais,
têm também suas necessidades compreendidas. Este fato é justamente o esperado pelos
mesmos: se sentirem importantes e compreendidos. Neste sentido, cabe ressaltar que
organizações de pequeno porte possuem maior possibilidade de conhecer especialmente cada
cliente por seus próprios nomes, construindo relacionamentos mais sólidos propiciados por
essa personalização do conhecimento mais aprofundado a respeito dos mesmos.
A tangibilidade representa o aspecto físico dos elementos que compõem a
organização. É nesta representação física que os clientes, sobretudo os novos, irão se basear
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para realizar suas avaliações pessoais acerca da qualidade. Alguns setores da economia e, em
especial, algumas organizações, se utilizam dessa variável de modo a enfatizá-la e apresentar
um espaço receptivo ao cliente, aprimorando assim sua imagem (ZEITHAML; BITNER,
2003).
2.2 Dimensões do marketing de relacionamento
D’Angelo, Schneider e Larán (2006) afirmam que, para que uma organização adote o
marketing de relacionamento, ela deve demonstrar-se madura, em outros termos, deve
apresentar o comprometimento com alguns princípios, seguindo sua ordem de importância,
são eles: a cultura organizacional, a estratégia organizacional e a operação, respectivamente,
conforme apresentado no Quadro 2.
Segundo os autores, a cultura organizacional é uma dimensão que abrange as crenças,
os valores, os conhecimentos, as habilidades e os recursos diversos que refletem nas diretrizes
estratégicas, sejam elas formalizadas ou não e que influenciam na configuração dos recursos
necessários para a implementação e operação do marketing de relacionamento.
D’Angelo, Schneider e Larán (2006) afirmam que, no que diz respeito à cultura
organizacional, é necessário que a organização possua um modelo mental e compreenda que
ela existe para atender as necessidades e desejos de seus clientes, de modo a satisfazê-los.
Este modelo mental, por sua vez, deve permear as ações da organização e fornecer o
entendimento do que é a essência do seu negócio, tornando-a comprometida com a contínua
criação de valor ao cliente e minimizando as discrepâncias entre o que ela oferece e o que o
cliente deseja.
Quadro 2 - Dimensões do marketing de relacionamento
Variável Descrição
Cultura Organizacional
Modelo mental que permeia toda a organização, fornecendo o
entendimento do que é, em essência, o negócio da
organização.
Estratégia Organizacional Plano que direciona a elaboração e a implementação das ações
de marketing de relacionamento.
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Operação Adoção dos recursos necessários à implementação do marketing
de relacionamento.
Fonte: Adaptado de D’Angelo, Schneider e Larán (2006).
Já no que diz respeito a estratégia organizacional, os autores salientam que, em um
primeiro momento, é necessário que a organização avalie a viabilidade no mercado da
implantação do marketing de relacionamento. Uma vez que o mercado apresente esta
viabilidade, é fundamental que ela identifique os produtos e clientes que justifiquem a adoção
de ações de relacionamento. Para se elaborar e implementar estratégias de marketing de
relacionamento, torna-se necessário que a organização conheça o comportamento de seus
clientes e compreenda como seus produtos e serviços são adquiridos e usados, para que deste
modo ela identifique o que é valor para o cliente e as melhores formas para se criá-lo. Após
concretizado o relacionamento individual, é fundamental que este seja monitorado e
estimulado no decorrer do tempo e que a organização seja organizada pelos relacionamentos e
não por seus produtos e funções.
A operação, por fim, necessita de quatro pilares para sua sustentação, respectivamente:
a adoção de processos que possibilitem a efetivação de algumas ações de relacionamento, a
configuração de uma infraestrutura adequada para amparar e garantir a operacionalização
destas ações, a adoção de ferramentas de análise que permitam organizar e distribuir as
informações mais significativas a respeito dos clientes e das ações de marketing da
organização e, por fim, a utilização de métricas que possibilitem um acompanhamento do
desempenho do negócio (D’ANGELO; SCHNEIDER; LARÁN, 2006).
Portanto, estas três dimensões refletem diretamente no sucesso da organização, uma
vez que a cultura representa o ideal e o comprometimento com alguns princípios, que servirão
de base para elaboração de estratégias e que dirão respeito à escolha e à configuração dos
recursos necessários para sua efetiva operação.
3. O MARKETING DE RELACIONAMENTO NO CONTEXTO DAS GRANDES E
PEQUENAS ORGANIZAÇÕES
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Em um primeiro momento, cabe salientar que o gerenciamento das organizações
demanda a atenção de diversos aspectos imprescindíveis para que se obtenha um bom
desempenho. É importante salientar que o porte de uma organização torna-se, nesse contexto,
uma significativa condição para delinear a forma que se sucederá sua gestão, impactando,
portanto, no estilo de gestão a ser adotado.
Neste sentido, Donaldson e Joffe (2014) afirmam que a estrutura da organização e,
consequentemente, seu gerenciamento se tornam mais complexos à medida que seu porte
aumenta. Os autores salientam ainda que quanto maior for a estrutura da organização, mais
níveis hierárquicos ela terá, além de ser caracterizada por possuir o processo decisório mais
descentralizado, departamentos mais funcionais e maior necessidade de profissionais
especializados. À medida que a organização cresce, é necessário que seu gestor delegue uma
maior quantidade de decisões e responsabilidades aos cargos de níveis mais inferiores, e os
colaboradores que ocupam esses cargos agirão guiados por suas descrições, políticas, normas
e procedimentos operacionais. No caso de uma organização de pequeno porte, a maior parte
das decisões de maior relevância é adotada pelo seu gestor principal.
É importante salientar ainda que um dos principais motivos para que as decisões e,
consequentemente, a responsabilidade sejam mais descentralizadas nas organizações de
grande porte é a presença da divisão em departamentos, em que cada departamento possui um
especialista para liderá-lo. Tal característica normalmente não está presente em organizações
de pequeno porte, uma vez que não são subdivididas em departamentos. A velocidade com
que estas decisões são tomadas também é distinta conforme o porte da organização, sendo que
as organizações de pequeno porte tendem a tomar as decisões mais rapidamente, pois,
normalmente elas são dirigidas por um só gestor, não necessitando ser compartilhada entre
gestores de diferentes departamentos, como no caso das organizações de grande porte.
Outro fator que pode se revelar de forma significativamente distinta entre pequenas e
grandes organizações é a disponibilidade de recursos financeiros. Ross et al. (2015) salientam
que organizações de grande porte geralmente possuem orçamento de capital mais amplo, se
comparadas às organizações de pequeno porte. Os autores afirmam que isso decorre do fato
de que as organizações de grande porte possuem mais recursos financeiros e podem ainda
contratar colaboradores mais qualificados. Além de possuir maior aporte financeiro, as
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organizações de grande porte ainda possuem o hábito de utilizar ferramentas de análises de
investimentos, como os métodos de TIR, VPL e payback.
Neste sentido, é importante salientar ainda que outra diferença expressiva no que
concerne aos recursos financeiros é a disponibilidade dos mesmos para serem aplicados na
realização de diferentes tipos de projetos. As organizações de grande porte possuem valores
mais amplos que podem ser designados para essas finalidades, já as organizações de pequeno
porte, em contrapartida, possuem recursos mais limitados para se investir nestas mesmas
esferas.
Martins (2014) afirma que existem ainda, além dos fatores quantitativos, outros
elementos qualitativos que caracterizam e diferenciam as organizações de grande e de
pequeno porte, como por exemplo, a essência do negócio, a estrutura organizacional, o estilo
de gestão, o modo como a empresa é organizada e como é dirigida, o perfil de seus gestores,
os métodos utilizados para a adoção de decisões e a forma como se comportam diante do
ambiente externo.
Contudo, cabe salientar que organizações de ambos os portes estão inseridas em um
ambiente muitas vezes percebido pelos dirigentes como turbulento, o que demanda uma busca
incessante para se manter no mercado, tendo em vista a concorrência acirrada. Silva e Pereira
(2004) afirmam que as organizações têm atuado em um ambiente cada vez mais complexo e
turbulento, caracterizado por recorrentes transformações nas esferas econômica, financeira,
política e cultural. Neste ambiente marcado pelo alto nível de competitividade, faz-se
necessário que as mesmas encontrem alternativas que possibilitem sua garantia no mercado
para alcançar o sucesso almejado. Nesse sentido, o marketing de relacionamento pode ser
visto com uma ferramenta capaz de conduzi-las ao alcance de melhores resultados através do
desenvolvimento de relacionamentos a longo prazo com seus clientes.
A primeira etapa para a adoção do marketing de relacionamento, conforme as três
dimensões mencionadas anteriormente, é o compromisso firme com o propósito fundamental
de que a organização existe para atender seus clientes. Esta etapa é de fácil implementação,
sobretudo em organizações de pequeno porte, uma vez que, por possuir menos colaboradores,
a cultura acaba sendo incorporada mais facilmente por todos e há também maior aproximação
direta com seus gestores. Deste modo, se o foco no relacionamento com o cliente faz parte da
cultura da organização, essa concepção será mais facilmente incorporada pelos colaboradores,
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inclusive os novos, e há ainda maior possibilidade de o gestor avaliar constantemente por toda
organização a implementação e o desempenho do marketing de relacionamento.
Em contrapartida, as organizações de grande porte tendem a apresentar maior
dificuldade de incorporar a cultura do foco no relacionamento com o cliente, sobretudo
devido ao número de colaboradores e a dispersão dos mesmos, que podem estar em diferentes
áreas territoriais. Neste sentido, D’Angelo, Schneider e Larán (2006) salientam ainda que a
implementação do marketing de relacionamento exige profundas mudanças culturais. Porém,
nas organizações de grande porte há ainda um imediatismo de resultado, mas, as mudanças
culturais exigem um tempo relativamente grande, visto que é necessário ainda um
rompimento com os paradigmas atuais.
O distanciamento dos gestores de seus subordinados pode ser outro fator que dificulta
a incorporação do foco no relacionamento com o cliente, uma vez que a presença do gestor
pode não ser constante, e pode ainda haver a presença de outros atores organizacionais, como
os encarregados, por exemplo, que podem não ter incorporado a cultura do relacionamento
com o cliente e causar em seus subordinados o distanciamento deste propósito fundamental do
marketing de relacionamento.
Se a cultura para o relacionamento não estiver solidificada na organização, todo e
qualquer esforço financeiro terá maior possibilidade de não trazer os resultados esperados. Se
a ênfase da organização estiver direcionada para os produtos e não para os clientes, as suas
estratégias e suas operações estarão direcionadas no mesmo sentido. D’Angelo, Schneider e
Larán (2006) afirmam que uma maneira de se certificar que a cultura da organização está
direcionada para os relacionamentos, é por meio das métricas de avaliação. Neste caso, as
organizações deveriam incluir em suas métricas a manutenção de clientes e o
desenvolvimento gradual de relacionamentos. Se métricas dessa natureza permearem toda a
organização, instaura-se assim a possibilidade de se fortalecer o comprometimento e o
engajamento da cultura organizacional direcionada ao marketing de relacionamento.
Se por um lado a incorporação da cultura é mais dispendiosa nas organizações de
grande porte, por outro é mais simples do ponto de vista das operações, já que estas
instituições possuem recursos suficientes para se investir nesse propósito, disponibilizando-os
e dando o suporte necessário para garantir a operacionalização das ações. Nas organizações de
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pequeno porte, em contrapartida, os recursos são mais limitados, o que dificulta a
operacionalização do marketing de relacionamento.
Contudo, D’Angelo, Schneider e Larán (2006) enfatizam que a presença de um
suporte operacional não deve servir de base para tentativas de implementar o marketing de
relacionamento, pois, desta maneira, as tentativas tenderão a não serem bem-sucedidas. É
necessário ter a consciência de que, embora a organização não adote com profundidade as
premissas do marketing de relacionamento, é um equívoco se ignorar os aspectos culturais e
estratégicos.
De acordo com Gray, Densten e Sarros (2003), o tamanho da organização realmente
importa no que se refere à cultura organizacional. A pesquisa desses autores envolveu
organizações australianas de vários tamanhos com uma grande amostra (1918 casos). Foi
observado que executivos de pequenas, médias e grandes organizações têm percepções
diferentes quanto à cultura de suas organizações. Especificamente, os resultados indicaram
que as organizações pequenas, ou seja, com menos de 100 empregados, mostraram-se
significativamente mais competitivas, inovadoras e orientadas para o desempenho do que as
organizações de médio e grande porte.
O trabalho de Nazarian e Atkinson (2015), por sua vez, alinha-se a este
reconhecimento, embora com enquadramento metodológico distinto. Nesse estudo, os autores
detectaram um papel moderador do tamanho da organização no relacionamento entre a cultura
organizacional e a efetividade organizacional.
Ainda sobre esta questão, vale citar o estudo de Amah e Nwuche (2013), cujos
resultados apontaram que o tamanho da organização é significativamente relacionado à
cultura corporativa e à efetividade organizacional. As conclusões do estudo, com teor
normativo, preconiza que as organizações deveriam ter um comportamento híbrido
envolvendo as características de pequenas e grandes empresas. Os autores sugerem que este
comportamento deveria combinar os recursos das grandes corporações à simplicidade e à
flexibilidade das pequenas organizações.
É importante salientar ainda que o processo de avaliação de desempenho do marketing
de relacionamento também se distingue no caso de organizações de pequeno e de grande
porte. As organizações de pequeno porte possuem menos recursos disponíveis para ser
direcionados para essa finalidade, mas, contudo, o gestor tem a possibilidade de realizar um
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acompanhamento mais aprofundado para se verificar se o processo de implementação do
marketing de relacionamento está seguindo as diretrizes estabelecidas, caso não esteja, podem
ser realizadas as correções necessárias nesse processo. Em contrapartida, as organizações de
grande porte têm recursos suficientes para empregar nesta finalidade, mas seu processo de
avaliação de desempenho é mais dispendioso, uma vez que o processo decisório não é tão
ágil, o que dificulta também as possíveis correções desse processo.
4. DESENVOLVIMENTO DAS PROPOSIÇÕES
A apresentação de algumas distinções na condução da gestão entre grandes e pequenas
organizações, sejam vantagens ou limitações, estabelece-se o suporte para a inserção do nível
estratégico de análise, o qual é enfatizado nestes estudo para o desenvolvimento das
proposições que se seguem. A estratégia pode ser vislumbrada como um meio de reparar a
ausência, ainda que parcial, da cultura organizacional do foco no cliente no caso das
organizações de grande porte ou da operacionalização no caso das organizações de pequeno
porte. No caso das organizações de grande porte, sugere-se que a estratégia pode útil por
permitir o entendimento de boas práticas para viabilizar o aprimoramento da dimensão
cultural. Já no caso das organizações de pequeno porte, propõe-se que a estratégia pode ser
um meio para o direcionamento consciente dos esforços no sentido de viabilizar a dimensão
operacional.
Entretanto, a inserção do nível estratégico neste estudo posiciona-se de maneira
distinta em relação ao porte das organizações, enfatizando o papel da estratégia deliberada
para as pequenas organizações e da estratégia emergente para as grandes organizações. Isso
demanda uma caracterização adequada do ponto de vista teórico quanto a essas diferentes
concepções de estratégia.
A estratégia deliberada pressupõe que a mesma é pensada a priori e implementada a
posteriori. Pode-se resgatar de Andrews (1996) a ideia de que a ação deve ser produto da
razão. Ademais, é colocada sobre a responsabilidade do estrategista a elaboração da estratégia
para que a mesma possa ser depois implementada.
Entretanto, o conceito de estratégia sob a ótica de Andrews (2001) já está, em grande
parte, incorporado por Ansoff (1965), o qual impõe ao conceito aspectos mais detalhados de
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planejamento, ou seja, passando do informal para o formal. Outro marco importante sobre a
estratégia deliberada relaciona-se à estratégia competitiva em indústrias, a qual implica em
análise detalhada do ambiente em que a empresa está inserida para que, assim, possa-se
concatenar os aspectos internos àqueles externos (PORTER, 1985).
Assim, percebe-se vários aspectos abordados sobre a estratégia deliberada, mas que
convergem no sentido de que existe a necessidade de proceder a uma análise prévia. Isto
caracteriza o processo deliberado, que se impõe de modo que somente após este estágio
possa-se implementar as ações definidas. Este argumento configura uma situação com distinta
separação do pensamento da ação (MINTZBERG, 1989).
Na medida em que a estratégia puramente deliberada possibilita o controle máximo, a
estratégia puramente emergente acarreta controle zero, o que dá espaço ao aprendizado. Isto
porque a estratégia emergente é mostrada por Mintzberg (1989) e Mintzberg, Ahlstrand e
Lampel (2000) como um padrão ou conformidade de ação sem que tenha havido a intenção
explícita para tal. Assim, a estratégia emergente é considerada um padrão de ação que não foi
planejado anteriormente, ou seja, sem que tenha havido uma intenção explícita. Nestes
moldes, Mintzberg (1989) argui que o trabalho das mãos não pode ser dissociado do trabalho
da mente. Isto explica sua argumentação de que nenhuma estratégia é puramente deliberada
ou puramente emergente. Os atributos deliberados podem não ser implementados tal qual
foram concebidos, e os motivos podem ser plurais, como resistência oriunda da cultura
organizacional, dificuldades de implementação, carência da observação prévia de variáveis
importantes, além, é claro, de contingências que dificilmente podem ser previstas. Assim,
percebe-se que as pessoas que estão na base da organização também podem participar do
processo de formação (e não de formulação) de estratégia, ou seja, consequentemente podem
influenciar, distorcer e resistir a orientações de cunho top-down.
Contextualizando estas explicações à luz dos objetivos desse estudo, D’Angelo,
Schneider e Larán (2006) afirmam que são diversos os fatores que dificultam a
implementação de estratégias de marketing de relacionamento, sendo que a principal delas
consiste no foco do curto prazo. As estratégias de marketing de relacionamento normalmente
estão pautadas em metas momentâneas e imediatistas, desprezando um horizonte de tempo
mais longo e duradouro.
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Os autores salientam ainda que diversas organizações cometem o equívoco de
quererem rentabilizar o cliente momentaneamente por desconhecer se a médio ou longo prazo
ele ainda efetuará suas transações com a mesma. Em outros casos, não se dá a necessária
atenção ao relacionamento devido o vendedor estar focado, sobretudo, no cumprimento das
metas de vendas ou de serviços prestados. Desta maneira, fica evidente que toda organização
precisa substituir suas metas momentâneas por estratégias que criarão vantagens de longo
prazo.
Estes equívocos podem gerar significativas consequências que ferem ainda os
preceitos do marketing de relacionamento. A principal e imediata consequência consiste no
distanciamento dos clientes, o pode impactar ainda na percepção que os mesmos possuem
sobre a geração de valor da organização.
Tendo em vista essas observações, tem-se, portanto, a especificação de um contexto
que possibilita a construção de algumas proposições a serem consideradas. Essas proposições
têm a incumbência de suscitar reflexões posteriores, podendo ser utilizadas como fatores
instigantes para a consecução de pesquisas acadêmicas bem como para possibilitar
intervenções diferenciadas de gestão. Na sequência, finalmente, quatro proposições são
construídas, as quais relacionam o marketing de relacionamento, a estratégia e o porte das
organizações:
Proposição 1: Organizações de pequeno porte tendem a ter um relacionamento,
embora não sistematizado, mais desenvolvido com os clientes do ponto de vista cultural, não
havendo muitas vezes o suporte operacional adequado para o seu aprimoramento.
Proposição 2: Organizações de maior porte tendem a apresentar um suporte
operacional adequado para a manutenção do marketing de relacionamento, mas que muitas
vezes acaba não sendo incutido na cultura da organização.
Proposição 3: Sugere-se que o nível estratégico de análise pode ser especialmente útil
para o desenvolvimento do marketing de relacionamento no contexto das pequenas empresas
por favorecer o direcionamento conscientemente dos esforços, ou seja, do ponto de vista
deliberado, viabilizando o desenvolvimento da dimensão operacional.
Proposição 4: Sugere-se que o nível estratégico de análise pode ser especialmente útil
para o desenvolvimento do marketing de relacionamento no contexto das grandes empresas
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por favorecer o reconhecimento de práticas produtivas, ou seja, do ponto de vista emergente,
viabilizando o desenvolvimento da dimensão cultural.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O atual cenário marcado por frequentes transformações nas esferas econômica,
financeira, política e cultural, considerando ainda a crescente concorrência, faz com que as
organizações necessitem buscar meios que possibilitem a sua permanência e o sucesso de seu
negócio. Neste sentido, o marketing de relacionamento surge como uma possibilidade de
conduzi-las ao alcance de melhores resultados, obtidos a partir do desenvolvimento de
relacionamentos consolidados com seus clientes, podendo, desta maneira, obter vantagens
mútuas.
Nesta perspectiva, conclui-se que para a adoção do marketing de relacionamento é
necessário, em um primeiro momento, considerar que as organizações de pequeno e de grande
porte atuam de maneira distinta, devido a suas diferentes possibilidades e limitações. Os
principais fatores que se diferenciam conforme o porte da organização consistem em seus
recursos financeiros, na velocidade na adoção de decisões, no seu estilo de gestão e nas
avaliações de desempenho.
Estes fatores, por sua vez, refletem na cultura, na estratégia e nas operações da
organização, no que diz respeito ao foco no relacionamento com o cliente. Nesta perspectiva,
pode-se notar que organizações de pequeno porte tendem a possuir maior direcionamento
cultural, ainda que não sistematizado, para os relacionamentos com seus clientes. Contudo,
devido sobretudo a suas limitações financeiras, não dispõem de recursos para a
operacionalização do marketing de relacionamento. Já as organizações de grande porte, em
contrapartida, tendem a não possuir um direcionamento cultural voltado para o
relacionamento com os clientes, contudo, possuem um suporte operacional mais adequado
para a manutenção do marketing de relacionamento. Neste sentido, as organizações de grande
e de pequeno porte podem se servir da dimensão estratégica como um meio de superar essas
limitações.
Além disso, deve-se estar atento à maneira com que a perspectiva do cliente é
considerada com o intuito de tornar a organização orientada para o mercado. Nesse sentido,
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Vieira e Zancan (2011) buscam atualizar o próprio conceito de orientação para o mercado,
fazendo com que a incorporação da atenção ao mercado não seja meramente reativa. Nesse
estudo, Vieira e Zancan (2011, p. 482), apoiam-se em Jaworski, Kohli e Sahay (2000) para
enfatizar que o histórico de pesquisa tem realmente apresentado uma interpretação
desbalanceada, fazendo com que o construto de orientação para o mercado tenha sido tomado
com sinônimo de uma simples orientação para o cliente, embora não tenha sido essa a
intenção que o originou. O artigo de Chen, Li e Evans (2012), por sua vez, também pode ser
utilizado para este fim, pois desdobrou o conceito de orientação para o mercado em duas
perspectivas, quais sejam, market-driving e market-driven, o que significa, respectivamente,
uma postura dirigida pelo mercado e uma postura que procura moldar os mercados.
Finalmente, e longe de encerrar essa discussão, Zortea, Darroch e Matear (2003) apregoam
que é mais provável que uma empresa com orientação empreendedora dirija e molde os
mercados do que uma empresa que é predominantemente orientada para o mercado, o que
estaria, respectivamente, relacionado aos termos market-driving e market-driven. Tem-se,
portanto, um conjunto de variáveis relevantes que podem ser incorporadas em pesquisas
futuras que se conectem com o conceito de marketing de relacionamento. Assim, considera-se
que este estudo cumpre seus objetivos ao estabelecer uma reflexão sobre o assunto e prover
subsídios para pesquisas futuras por meio das proposições apresentadas.
Finalmente, é importante salientar ainda que este presente estudo apresenta como
principal limitação o fato se tratar apenas de um ensaio teórico com algumas proposições.
Nesse sentido, quanto às pesquisas futuras, há a possibilidade de se promover estudos práticos
pertinentes ao marketing de relacionamento no contexto das pequenas e grandes organizações,
visando, inclusive, superar as limitações pertinentes ao porte da organização, conforme
apresentado no decorrer do texto.
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A CRISE MUNDIAL DE 2008 E ADOÇÃO DE POLÍTICAS ECONÔMICAS PELO
GOVERNO BRASILEIRO
CRISTINA MAGIROSKI
Graduanda do curso de Administração
Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR
MARLON JULIANO DE ALMEIDA
Bacharel em Ciências Econômicas
Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR
ADALBERTO DIAS DE SOUZA
Mestre e Doutor em Administração, Doutor em Geografia
Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR
MARCOS JUNIO FERREIRA DE JESUS
Administrador, Doutorando FGV/EAESP
Universidade Estadual do Paraná - UNESPAR
RESUMO – O cenário econômico mundial, desde 2008, tem enfrentado um conturbado período financeiro, o
qual vem intensificando a necessidade dos países em intervir, por meio de políticas econômicas, no contexto de
suas economias. Nesse sentido, o presente trabalho tem por objetivo demonstrar como o Brasil foi capaz de
superar os desajustes econômicos apresentados neste período, a partir de instrumentos de política econômica,
viabilizando, de certa forma, que os reflexos da então crise, repercutissem de forma menos intensa no cenário
econômico nacional. Para tanto, a metodologia utilizada caracteriza-se como análise estatística descritiva, sendo
ainda inseridos dados identificados como de fontes secundárias, os quais, obtidos através de registros históricos e
estatísticos. Os resultados encontrados demonstram que as medidas adotadas pelo governo brasileiro no período
crítico propiciaram um crescimento consideravelmente elevado para vários setores que desde então vem
rompendo marcas históricas de vendas dentro deste setor.
Palavras-chave: Crise internacional, Intervencionismo Governamental, Políticas econômicas.
ABSTRACT - The global economic scenario, since 2008, has faced a troubled financial period, which has
intensified the need for countries to intervene through economic policies in the context of their economies. In
this sense, this work aims to show how Brazil was able to overcome the economic imbalances in this period,
from economic policy instruments, enabling, in a way, that then the consequences the crisis reverberate less
intense the national economic scenario. Therefore, the methodology used is characterized as descriptive
statistical analysis, and also inserted identifiable data from secondary sources, which obtained through historical
and statistical records. The results show that the measures adopted by the Brazilian government in the critical
period provided a considerably high growth in several sectors since then has been breaking historic brands sales
within this sector.
Keywords: International Crisis, Interventionism Government, Economic Politics.
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1. INTRODUÇÃO
Segundo Faria (2008) ao longo de todo o século VII, VIII e inicio do século XIX, o que
prevaleceu foi o pensamento liberal, o qual se constitui num sistema político econômico
baseado na liberdade individual, do ponto de vista econômico, político, intelectual e estatal.
Tendo como principais representantes Adam Smith, David Ricardo dentre outros, o
liberalismo se fortaleceu em meados do século XIX, a partir da crença na automaticidade do
pleno emprego por parte de seus seguidores. Arraigava-se cada vez mais tal ideia, ate porque,
sempre que ocorriam perturbações na trajetória da economia, surgiam forças endógenas que
faziam com que a economia retornasse a um estado de crescimento relativamente estável.
Esta crença era sintetizada pela Lei de Mercado de Say – Mill, fundamentada no
argumento de que “a oferta cria a sua própria procura”. Constituía-se em uma doutrina que
negava a possibilidade de deficiência da demanda agregada e do equilíbrio de subemprego.
Contudo, esta crença foi seriamente abalada pelos acontecimentos dos anos de 1930. A
economia mundial avançava para a pior depressão econômica de sua história e o desemprego
alastrava-se por toda parte e não havia mais como sustentar uma teoria que recomendava o
“Laisse Faire – Deixe-se fazer, deixe-se passar, o mundo vai por si só”.
Em 1936, John Maynard Keynes apresentaria uma das maiores contribuições da
história, a formação do pensamento econômico, intitulada: A Teoria Geral do emprego, do
Juro e da moeda, a qual apresentava novas formas de pensar e agir, formas modeladas e mais
paradigmas estabelecidos (Hunt, 2005).
As ideias de Keynes serviram de influência a macroeconomia moderna. Ele defendeu
uma política econômica de Estado Intervencionista, que pudesse abrandar os efeitos adversos
da Grande Depressão.
Ele por sua vez iniciou uma revolução do pensamento econômico ao se opor às ideias
da economia neoclássica, que defendiam mercados livres. Para Keynes, os governos poderiam
utilizar de políticas medidas Fiscais, Monetárias, Creditícias e Cambiais como instrumentos
de ajustes econômicos.
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O objetivo de Keynes não era de modo algum destruir o sistema capitalista de
produção, mas sim, defender a intervenção do estado na economia de forma a proteger e
aperfeiçoá-lo de modo a unir o interesse social do Estado com a livre iniciativa Privada.
2. POLÍTICAS ECONÔMICAS
Compreende-se política econômica como as ações tomadas pelo governo, que, se
apropriando de instrumentos econômicos, buscam atingir determinados objetivos
macroeconômicos. Inicialmente, o papel do governo é o de zelar pelos interesses e pelo bem-
estar dos indivíduos de forma geral.
Walsh (2003) retrata sobre a existência da política econômica, a qual sempre estivera
no centro da teoria macroeconômica, afinal, nasce em um período onde se buscava entender
as causas da grande depressão ainda na década de 1930 e assim desenvolver políticas que
levasse ao seu fim.
Em um mercado extremamente dinâmico, face às perturbações, os formuladores das
políticas econômicas tentam garantir um sucesso no seu patamar de produto potencial e
também na estabilidade econômica.
Rosseti (2000) salienta o importante papel dos governos Federais, Estaduais e
Municipais dentro da economia de uma nação. Para o autor, as principais funções do setor
público destacam-se em quatro áreas de grande abrangência, a saber: reguladora, provedora
de bens e serviços, redistributiva e estabilizadora. A fusão dessas quatro funções básicas do
governo possibilita um bom funcionamento do sistema econômico, viabilizando, assim, um
bom resultado.
Cabe destacar a importância da função de estabilizar e controlar os grandes agregados
econômicos, os quais, dentro dessa função do setor público, se dividem em: taxa de juros,
crescimento econômico, nível de preços, taxa de desemprego, taxa de cambio, etc. No
entanto, para que se alcancem tais objetivos de forma eficaz, o governo utiliza um conjunto de
políticas e instrumentos, dentre os quais se destacam as políticas monetária, fiscal e cambial.
2.1 Instrumentos da política monetária
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A política monetária consiste no controle dos instrumentos de política econômica
visando determinar o comportamento dos agregados monetários (LEITE, 1994).
Brito (2004) em resumo, descreve a política monetária como um conjunto de medidas
adotadas pelo governo, visando à adequação do principal meio de pagamento disponível às
necessidades da economia do país, tendo, como principal executor, o Banco Central, o qual é
encarregado da emissão de moedas, regulação do crédito, da manutenção do padrão
monetário, do controle de câmbio e de disciplinar o mercado financeiro.
Leite (1994) defende ainda o objetivo desta política que é o de controlar a demanda e
assim conter a inflação.
Evidentemente, a opção entre esses tipos de objetivos deve ser feita à luz das necessidades da
conjuntura econômica do país, e requer a coordenação racional dos instrumentos de política monetária
e fiscal a fim de evitar a divergência dos seus efeitos e assegurar o atingimento dos objetivos
colimados (LEITE, 1994, pg.217).
Hillbrecht (1999) é mais específico e aponta como objetivos da política monetária a
estabilidade de preços, da taxa de juros, do sistema financeiro, elevado nível de emprego,
crescimento econômico e a estabilidade do mercado cambial.
Leite (1994) relata ainda o processo pelo qual a política monetária age sobre as
variáveis macroeconômicas, sendo chamado de “mecanismos de transmissão de política
monetária”. Tais mecanismos se resumem a duas fases distintas: a) a ligação entre as variáveis
instrumentais e as variáveis políticas; e b) a ligação entre as variáveis de política monetária e
os objetivos finais.
É importante lembrar ainda, o conjunto de instrumentos introduzido por Keynes, onde
Brito (2004) descreve como sendo um conjunto de instrumentos para controle de oferta
monetária, a saber: as emissões, os depósitos compulsórios, as operações do mercado aberto
(open market), o redesconto, os empréstimos de liquidez, a internalização de moeda
internacional, os financiamentos de longo prazo, o crédito para o custeio dos governos
estaduais, o crédito para custeio agrícola e ainda a fixação dos juros básicos da economia.
Tais variáveis podem ser aplicadas pelo governo de forma restritiva ou expansionista a fim de
que se alcancem objetivos macroeconômicos.
Assim, as variáveis políticas ou de controle monetário podem ser classificados de duas
formas: agregados monetários que são os níveis das diversas definições da quantidade de
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moeda e as condições de mercado que podem ser representadas pelas taxas de juros de curto e
longo prazo, pela disponibilidade de crédito ou pelo conceito de liquidez real, associado ainda
a relação da oferta monetária e o nível do produto nacional bruto.
A política monetária tende a afetar os níveis reais da taxa de juros nominal, a oferta de
moeda e a taxa média de inflação da economia (WALSH, 2003). Alguns aspectos da política
monetária funcionam assim como estabilizadores automáticos, contribuindo para tornar a
economia mais estável. Porém, como no caso da política fiscal, as políticas monetárias podem
ser aplicadas de forma mais ativa para que se alcance diversos objetivos macroeconômicos.
Leite (1994) descreve ainda sobre uma preferência aos agregados monetários por parte
de alguns economistas da linha monetarista, pelo fato de enfatizarem o efeito das variações da
quantidade de moeda sobre o dispêndio agregado e sobre a inflação. Por outro lado, os
economistas de ideologia keynesiana aderem sua preferência pelo controle das condições de
mercado, pois acreditam destacar mais o efeito da taxa de juros e do crédito sobre os níveis
dos investimentos, do emprego e da atividade econômica.
É possível perceber, como exemplo real disto, a interferência da política monetária em
um simples controle de crédito, em que o governo por sua vez se apropria de tal política com
o intuito de aumentar ou diminuir o dinheiro em circulação na economia, propiciando ainda
aos bancos condições também de aumentarem ou diminuírem suas capacidades de
empréstimos, o que de certa forma acarretaria numa fomentação ou desaceleração
generalizada no mercado.
2.2 Instrumentos de política fiscal
A desestabilização da economia força o reajustamento dos níveis da produção, fazendo
com que o governo, no intuito de reduzir os efeitos negativos desses problemas, deva tentar
promover a estabilização econômica através de variações controladas no seu dispêndio ou
tributações. Tais modificações dos gastos públicos e da tributação são denominadas de
Política Fiscal. (LEITE, 1994)
Martins e Jorge (2013) expõem que a política fiscal exerce influência sobre a
demanda agregada por diversos canais, seja de forma direta (por meio dos impostos e gastos e
transferências correntes e investimentos públicos) ou de forma indireta (através do efeito
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multiplicador sobre o consumo e o investimento privados). Desta maneira, pode-se dizer que
a política fiscal pode influenciar o crescimento econômico, a curto ou longo prazo, levando a
mudanças estruturais por meio de seus efeitos sobre os investimentos.
Nesse sentido, a política fiscal pode ser compreendida como a atuação direta do
governo na arrecadação de impostos e seus gastos, ou seja, no controle de suas receitas e
despesas, sendo que, à medida que opera sobre o sistema de tributação determinam também,
alterações nas despesas do setor privado. Cabe destacar que a política fiscal se divide em duas
grandes partes: a política fiscal expansionista e a restritiva.
A política fiscal contracionista/restritiva em período de inflação ocasionada devia o
excesso de demanda, os agentes responsáveis pelo direcionamento da política econômica
podem fazer uso de instrumentos de combate à inflação (aumento da taxa de juros, contenção
de gastos do governo, etc.) ou pode ser expansionista objetivando a manutenção ou aceleração
o crescimento econômico. (LANZANA 2002 e VASCONCELLOS 2004).
Nas palavras de Moreira e Carvalho Júnior (2013) é o conjunto de operações que estão
relacionadas aos dispêndios do Estado e aos recursos que este obtém para o financiamento dos
mesmos e à influência que tais gastos e receitas exercem sobre a contração ou expansão da
atividade econômica. Além de servir como controlador de distúrbios, a política fiscal é
empregada sistematicamente para promover o controle da atividade econômica.
Em se tratando de gastos públicos, o grandioso poder da política fiscal quanto à
estabilização da renda e do emprego, em curto prazo, é percebido quando usado com
moderação e eficiência na construção da infraestrutura econômica e no fornecimento de
serviços públicos à coletividade. Nesse sentido, os gastos do governo afetam de forma
positiva dentro do sistema econômico, pois quanto maiores forem os gastos públicos, maiores
serão os investimentos, produzindo assim, um aumento múltiplo na renda nacional.
Assim, se a economia apresentar tendência para a queda no nível de atividade, o
governo pode estimulá-la por meio do corte de impostos e/ou elevação dos gastos públicos.
2.3 Política cambial
Pode-se definir a política cambial como constituída pela administração das taxas de
câmbio, pelo controle das operações cambiais, tendo como objetivo central o mercado externo
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no sentido de manter equalizado o poder de compra do país em relação aos outros com os
quais ele mantenha contato (ESCÓSSIA, 2006).
Assim como todo preço, a taxa de câmbio é basicamente determinada pela “Lei da
oferta e da procura”. Se a procura é maior que a oferta, o preço do dólar, em reais, sobe. Se a
oferta é maior que a procura, consequentemente, o preço cai. São vários os fatores que podem
influenciar a oferta e a demanda por dólares, daí a dificuldade que os economistas têm em
prever o comportamento da taxa de câmbio.
O Banco Central é quem define o que os economistas chamam de política ou regime
cambial. Existem duas políticas extremas.
A primeira, chamada de política de câmbio fixo, que é uma taxa com que os países se
comprometem a manter o mesmo poder de paridade, comprometendo-se o Banco Central a
satisfazer qualquer oferta ou demanda por dólares que o mercado possa necessitar, isto é, o
Banco Central entra no mercado de câmbio e diz que, para ele, o dólar vale dois e trinta
centavos (2,30R$/US$), e garante a compra ou venda de qualquer quantidade de dólares que o
mercado oferta a esse preço. Neste caso o dólar fica parado em 2,30 R$/US$, porque o Banco
Central anula, comprando ou vendendo dólares, qualquer seja a pressão de aumento ou queda
de seu preço. A principal vantagem da taxa de câmbio fixo está na integração dos mercados
internacionais em uma rede de mercados conexos, que não têm incerteza e nem são
especulativos.
Segundo o autor, o outro tipo de política cambial é definido pela ausência do Banco
Central no mercado de câmbio. As taxas flutuam livremente, respondendo aos efeitos da
oferta e da procura. Temos, neste caso, o regime de câmbio flutuante, o qual possibilita o
equilíbrio contínuo do balanço de pagamento. Quando um país, através do seu Banco Central,
faz opção por um regime de câmbio fixo ou flutuante, é de suma importância que se tenha
uma noção distinta do valor correto do câmbio para a economia naquele momento. O
conhecimento desse valor autointitulado pelos economistas de câmbio de equilíbrio é o
referencial que pode definir o sucesso de um regime de câmbio fixo, ou mesmo o bom
funcionamento de um regime de câmbio flutuante.
3. CRISE FINANCEIRA DE 2008: BREVES CONSIDERAÇÕES
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Conforme Faria (2009) o começo da crise econômica internacional teria ocorrido ainda
em meados de 2001, com o furo da “bolha da internet”, no intuito de proteção aos
investidores, quando o então presidente do Banco Central norte-americano, Alan Greenspan,
decide direcionar os investidores para o setor imobiliário.
Tal postura fez com que fosse adotada uma política de taxas de juros muito baixas e de
redução das despesas financeiras, induzindo assim os intermediários financeiros e imobiliários
a incitar uma clientela a investir em imóveis, principalmente através das agencias financeiras
Fannie Mae e da Freddie Mac, que já vinham crescendo muito, desde que diferentes governos
dos Estados Unidos as usaram para financiar casas às classes menos favorecidas
financeiramente. O governo por sua vez garantiu os investimentos feitos por essas duas
empresas. Dessa forma, bancos de vários países do mundo, atraídos pelas garantias do
governo, acabaram emprestando dinheiro a imobiliárias através de Fannie Mae e da Freddie
Mac, que estavam autorizadas a captar empréstimos em qualquer lugar do mundo.
Foi assim criado o sistema das hipotecas subprimes, empréstimos hipotecários de alto
risco e de taxa variável concedidos às famílias tidas como frágeis financeiramente. Na
realidade, eram financiamentos de casas, muitas vezes conjugados com a emissão de cartões
de crédito, concedidos às famílias que os bancos sabiam de antemão não ter renda familiar
suficiente para poder arcar com suas prestações.
Conforme representado pelo Gráfico 1, o qual demonstra a oscilação do mercado
imobiliário americano em períodos que antecederam a crise, como também nos períodos
durante e pós-crise econômica, durante os de 2003 a 2006, houve crescimento do mercado
imobiliário americano, sendo que, se manteve estável até meados de 2007, quando assume
considerável queda em 2008, resultado da bolha imobiliária, voltando a se normalizar em
2009, quando adquire uma posição estável frente ao mercado.
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Gráfico 1: Índice nacional de preços dos imóveis residenciais dos Estados Unidos, janeiro de 2000 a
junho de 2010 (jan./2000 = 100)
Fonte: IPEADATA 2010
Num seguinte passo, os bancos que criaram essas hipotecas criaram também
derivativos negociáveis no mercado financeiro, instrumentos sofisticados para transformá-las
em títulos livremente negociáveis, que passaram a ser vendidos para outros bancos,
instituições financeiras, companhias de seguros e fundos de pensão pelo mundo afora. Por
uma razão que se desconhecia, as agências mundiais de crédito deram a chancela de AAA – a
mais alta- a esses títulos.
Quando a Reserva Federal em 2005 aumentou a taxa de juros para tentar reduzir a
inflação, desregulou-se a máquina; o preço dos imóveis caiu, tornando impossível seu
refinanciamento para os clientes tidos como ninjas, que se tornaram inadimplentes em massa,
e esses títulos derivativos se tornaram impossíveis de ser negociados, a qualquer preço, o que
desencadeou um efeito dominó, fazendo balançar o sistema bancário internacional, a partir de
agosto de 2007.
Já no segundo semestre de 2008, após a falência de inúmeras instituições bancárias e
não bancárias, em especial o banco de investimentos Lehman Brothers, a desconfiança dos
investidores no sistema financeiro se propaga e resulta em movimentos de pânico em esfera
global, atingindo o mercado de ações, de moedas de derivativos e de empréstimos,
ocasionando uma queda brusca dos PIB’s em âmbito global, conforme representado pelo
Gráfico 2.
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Gráfico 2: PIB mundial e comércio global
Fonte: FMI (apud Banco Central do Brasil)
O PIB mundial durante os anos de 2001 a 2006 apresentou um relevante crescimento,
em contra partida, os períodos de 2007 a 2009, com a retração do comércio internacional,
devido à crise que assolava toda a economia mundial, seus resultados se demonstraram
totalmente fragilizados.
A partir de então, foi possível perceber plena insegurança financeira, a qual ocasionou
a necessidade dos investidores reposicionarem suas carteiras, ou seja, venderem suas carteiras
de ativos mais arriscados e assim, desencadearem quedas acentuadas em seus preços e
também nas moedas mais fracas. Tal movimento teve por objetivo a busca por maior liquidez,
o que provocou uma fuga para o dólar, a despeito de Wall Street ser até então um dos
epicentros da atual crise.
De acordo Acioly et al (2011), a crise sistêmica deste período ampliou a desconfiança
entre as instituições financeiras, o que acarretou num bloqueio do fluxo de recursos nos
mercados interbancários, estimados até então em US$ 23,2 trilhões em março de 2008 pelo
Bank for International Settlements (BIS). Como resultado, as taxas de juros vieram a subir
abruptamente, instaurando uma tendência de contrações dos empréstimos bancários, deixando
assim as pequenas e médias instituições financeiras ameaçadas por saques e cortes nas suas
linhas de crédito.
Mesmo que os primeiros sintomas da crise tenham surgido ainda no primeiro semestre
de 2008, no caso dos países em desenvolvimento, esta começa a se alastrar apenas em meados
de setembro, pois, somente após a falência do Lehman Brothers, é que se pode observar o
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transbordamento generalizado para tais países. Sabe-se, entretanto, que nem mesmo aqueles
com políticas econômicas consideradas sustentáveis se mantiveram intactos.
Assim, para agravar ainda mais o cenário de incertezas nos sistemas financeiros,
primeiramente devido à contração da demanda mundial de bens e serviços, e em seguida em
decorrência da retração efetiva da economia global, ocorreu uma contaminação das cotações
das commodities agrícolas, minerais, e de energia, as quais, exportadas pelos países em
desenvolvimento, como Rússia, México, Nigéria e Brasil, dentre outros, tiveram ainda como
consequência, grande depreciação em suas moedas.
Ainda segundo a autora, o efeito – contagio da crise, veio ocorrer a partir do momento
em que a maioria dos governos dos países em desenvolvimento acionaram um conjunto de
iniciativas a fim de abrandar a depreciação de suas moedas e impactos sobre os sistemas
financeiros domésticos. É possível salientar ainda, que foi realizado, por parte dos países em
desenvolvimento, um conjunto de medidas monetárias e fiscais anticíclicas, contrariamente ao
padrão de políticas econômicas adotadas em situações pregressas de instabilidade cambial e
financeira. Lembrando que, em tais crises precedentes, a adoção de políticas restritivas,
defendida pelos seus governos, tinha como objetivo, a reconquista da credibilidade dos
mercados financeiros, a qual seria uma precondição para se obter o retorno dos fluxos de
capitais externos.
No entanto, as alternativas de políticas disponíveis para que os países emergentes
ampliassem seus raios de manobras através de uma gestão macroeconômica, com o intuito de
se atingir níveis mais elevados de emprego e progresso social, não foram suficientes para
torná-los imunes aos riscos sistêmicos inerentes à globalização financeira e as finanças de
mercado. Cabe ressaltar ainda que, na América Latina e na Ásia, os regimes cambiais
administrados até então (fixo ou bandas cambiais), se provam totalmente suscetíveis à
apreciação da taxa de câmbio real e também a ataques especulativos, passíveis a cederem
lugar a regimes de câmbio flutuante e com graus diferenciados de intervenções, ou seja, são
substituídos por um sistema intermediário onde a presença dos bancos centrais constitui as
regras e não as exceções.
4. METODOLOGIA
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No desenvolvimento de trabalhos científicos, a metodologia da pesquisa adotada é
fundamental para a estruturação e validação de seus fundamentos e resultados.
O método consiste, de acordo com Gil (2007), nos artifícios intelectuais e técnicos
adotados para a busca do conhecimento. Ainda segundo o autor, as técnicas de
direcionamento para entendimento, partem do conjunto de preceitos e/ou processos
utilizando-se de uma ciência, tornando-se favorável a prática que emprega habilidade na
aplicação dessas normas ou preceitos.
Para a estruturação metodológica desta pesquisa foi utilizado para sua caracterização
às classificações contidas em Gil (2007) onde está relacionado o método (dedutivo), quanto
ao intuito (pesquisa aplicada), níveis de pesquisa (descritiva), análise e interpretação dos
dados (análise estatística descritiva). Em relação aos levantamentos de dados, tal pesquisa
incidiu de fontes secundárias.
Nesta pesquisa utilizou-se o método dedutivo, o qual segundo Gil (2007) é a forma
mais apropriada para o alcance da verdade, onde se extrai do universal para o específico,
tendo como resultado conclusões totalmente formais, acreditando-se ainda ser o processo
mais apropriado para pesquisas de âmbito econômico, sendo adotado ainda por clássicos,
resultando em inúmeras explicações para fatos dentro da economia.
Quanto à finalidade, a mesma está caracterizada como pesquisa aplicada, onde de
acordo com Gil (2007), objetiva a geração de conhecimentos para explicações práticas
conduzidas a solução de problemas específicos.
No âmbito de níveis de pesquisas é possível compreender que o presente estudo tem
cunho descritivo. Gil (2007) relata que a pesquisa descritiva tem entre suas intenções
primordiais, estabelecer relações entre variáveis e propiciar o levantamento de opiniões e
atitudes. Além disto, a pesquisa descritiva oportuniza o deslocamento da simples identificação
para a existência de relações entre variáveis, possibilitando determinar a natureza dessa
relação.
A análise de interpretação dos dados foi a estatística descritiva, a qual oferece
condições para entender alguns objetivos fundamentais, entre elas, identificação da força e
direção das variáveis estudadas, ou seja, a partir dos dados levantados, os quais são
formatados em gráficos e tabelas, torna-se possível a descrição e a interpretação das variáveis
correspondentes ao período de análise do presente trabalho.
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E quanto ao tipo de levantamento de dados, estes foram realizados por meio de fontes
secundárias, originárias, por exemplo, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e Ministério da Fazenda, as quais
são obtidas através de estudos sobre registros históricos, e estatísticos, sendo os mesmos
consistidos na elaboração de terceiros.
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1 O Brasil e os reflexos da crise de 2008
No Brasil os grandes impactos da crise mundial sobre as taxas de câmbio caracterizam
indícios de que o mercado nacional não esteve imune aos movimentos de maior exposição em
operações especulativas, as quais distinguem ainda as estruturas de financiamentos globais
nos anos que antecederam 2008 (ACIOLY et al, 2001). Pode-se ainda complementar que tais
evidências sinalizam a existência de um processo interno de dimensões plenamente
desconhecidas e com real potencial de desencadear um quadro de total fragilidade sistêmica.
Os relatos das explicações para a emergência desse processo passam pela plena
compreensão de três momentos distintos vividos pela economia brasileira durante os anos que
antecedem a crise.
Em um primeiro momento anterior ao pico de instabilidade financeira internacional, o
país exibe um cenário de elevado otimismo com as atividades econômicas aquecidas,
simultaneamente ao quadro de relativa euforia no campo financeiro, legitimado pelas
sucessivas valorizações do índice da Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA). Tal período
abre espaço para uma expansão de transações especulativas, onde se envolvem grandes
corporações empresariais, bancos nacionais e internacionais.
Num segundo momento, assiste-se a ruptura das expectativas otimistas do período
anterior, isto devido à quebra do banco Lehman Brothers. Assim, a disseminação imediata do
pânico é somada ao pessimismo na economia justificada pela incerteza tanto sobre o grau de
alavancagem do sistema financeiro como também sobre os participantes envolvidos em tais
operações.
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Num terceiro ponto, observa-se uma ligeira reversão do cenário negativo, isto devido
às intervenções das autoridades econômicas, as quais estimuladas por novas valorizações no
ambiente financeiro e também pelo retorno das expectativas otimistas já observadas no
primeiro momento.
5.2 As Ações do governo brasileiro para reduzir os efeitos da crise
A partir do último quadrimestre de 2008, o Brasil passou a sentir mais fortemente os
impactos da crise, onde o governo, por sua vez, praticou várias medidas a fim de reduzir seus
efeitos, sendo que, tais ações tiveram o intuito de abranger áreas de âmbito monetário,
creditícia, cambial e fiscal, visando assim estabelecer condições favoráveis para um período
de tão grande turbulência.
Nas áreas fiscal, monetária e creditícia, o governo brasileiro adotou tanto medidas
gerais quanto ações específicas voltadas aos setores atingidos pela atual crise. Na área
cambial, com o intuito de reduzir a volatilidade do preço do dólar e diminuir impactos da crise
sobre o câmbio, o governo assumiu uma postura mais ofensiva, desenvolvendo leilões de
dólares, redução integral da alíquota do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), em
operações de câmbio, e operações com o Federal Reserve (Banco Central Americano), o qual
disponibilizou para o Brasil conta em dólares para assim garantir um nível mínimo de liquidez
no mercado cambial e assim se manter entre as economias mais estáveis do complexo de
países emergentes.
Nesse sentido, ainda em outubro de 2008, acreditava-se numa possível redução de
retirada de capital estrangeiro do país, sendo que, em novembro deste mesmo ano, devido ao
retorno de capitais internacionais, foi possível constatar que o Brasil se recuperaria de
maneira relativamente rápida aos efeitos da crise, aumentando devidamente a confiança dos
investidores na economia brasileira, a qual no momento de conflito econômico apresentou
inflação controlada, dívida externa líquida negativa e a relação dívida pública e Produto
Interno Bruto (PIB) completamente estável.
Seguindo no mesmo intuito de contensão da crise internacional, em outubro de 2009, o
governo brasileiro, devido ao retorno de capitais externos ao país, instituiu uma alíquota de
2% para o IOF incidente na entrada de capitais externos designados as aplicações em ativos
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de renda fixa e variáveis no Brasil, com o intuito de reduzir a demasiada valorização do real
frente ao dólar.
Como medidas de contenção à crise, o governo brasileiro intensificou seus programas
de aceleração de desenvolvimento, os chamados PAC’s 1 e 2. Assim, é visível o aumento de
seus gastos, com o intuito de garantir o sucesso no desenvolvimento, como exemplos desses
programas encontram-se: Bolsa Família, Fome Zero, Primeiro emprego, Minha casa minha
Vida, Programa contra mortalidade infantil, apoio a Educação – ProUni, Bolsa Atleta, entre
outros.
O governo brasileiro ainda praticou ações para propiciar estímulo ao comércio
exterior, haja vista que o reflexo da crise também teria afetado as exportações brasileiras, as
quais demonstraram fortes quedas a partir de julho de 2008. No entanto, a partir de março de
2009, devido boa parte das reservas internacionais terem sido destinadas a fim de facilitar as
linhas de crédito aos exportadores, observa-se uma surpreendente recuperação do volume de
exportações, embora inferior ao ano anterior.
Gráfico 3: Exportação e Importação Brasileira (US$ milhões)
Fonte: Ministério da Fazenda (2011)
O Gráfico 3 apresenta o volume de importações e exportações referente aos anos que
antecedem o período crítico e pós-crise, demonstrando que, durante os meses de dezembro de
2008 à junho de 2009, houve forte queda tanto nas importações quanto nas exportações
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brasileiras, sendo que, a partir de dezembro de 2009, tais variáveis apresentaram um
crescimento.
Nesse sentido, com o intuito de abrandar a crise, é possível ainda destacar várias ações
monetárias e creditícias que viriam possibilitar um aumento de liquidez na economia
brasileira, contribuindo assim, para uma diminuição da taxa de juros real em 2009, ou seja,
pode-se citar a redução dos depósitos compulsórios do sistema bancário e o aumento da oferta
de crédito. Além destas, também fora adotada medidas para evitar problemas de liquidez nas
instituições financeiras nacionais. O Banco Central, no entanto, disponibilizou R$ 24 bilhões
pra os grandes bancos a fim de comprar a carteira de clientes dos bancos com menor estrutura,
os quais apresentavam problemas de liquidez e de solvência. No mais, o Banco do Brasil e
Caixa Econômica Federal foram autorizados a comprar ações e participações de instituições
financeiras nacionais.
Agora, quanto a Política Fiscal, o governo a tratou de forma distinta, pois as medidas
tomadas anti-crise, como redução de tributos e aumentos de gastos governamentais, vieram a
resultar numa redução do superávit primário da União, onde a proporção do PIB caiu de
2,45% para 1,29% de 2008 para 2009. No entanto, o déficit nominal da União, comparado ao
PIB, cresceu de 0,69% em 2008 para 3,44% em 2009.
Tais fatos só foram alcançados após o governo brasileiro aceitar a recomendação do
Fundo Monetário Internacional (FMI) para controle da crise, promovendo, para tanto, uma
série de medidas de estímulo fiscal. Chamados de instrumentos fiscais anticíclicos, o governo
lançou então, a redução das alíquotas de tributos com acento extrafiscal, conhecidos como IPI
e IOF.
Em especial a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados, o IPI, ocasionou
um aquecimento nas vendas e, consequentemente, na produção, evitando quedas acentuadas
no nível de emprego. Tal redução teve duração inicial breve, partindo de dezembro de 2008
com o encerramento previsto para março de 2009, vindo a ser prorrogada para mais um ano.
No entanto, alguns meses que antecederam o primeiro encerramento das reduções, as vendas
de produtos alcançados com tais medidas obtiveram aumentos expressivos, como é o caso dos
eletrodomésticos da linha branca, materiais para construção, automóveis e caminhões novos.
Se não houvesse tal medida, as quedas nas vendas em geral seriam catastróficas, em especial a
redução nas vendas de veículos novos, o qual certamente proporcionaria uma acentuada baixa
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nas arrecadações dos estados e municípios, pois o volume dos impostos sobre a Propriedade
de Veículos Automotores (IPVA) tenderia a ser significativamente menor.
Gráfico 4: Produção brasileira de auto/veículos de 2005 a 2010
Fonte: IPEADATA (2011)
Conforme o gráfico 4, a produção brasileira de auto/veículos apresentou uma certa
estabilidade, com tendência ao crescimento. No entanto, percebe-se que em meados de 2008,
a crescente produção passa a sofrer com os reflexos da então crise internacional, reduzindo
assim, sua produção de forma significativa. Todavia, na medida em que o governo brasileiro
identifica o declínio na produção deste setor, o mesmo passa a aplicar um pacote de medidas,
como a redução do IPI, a qual viabilizou o reaquecimento da produção automobilística,
mediante o incentivo à demanda interna, possibilitando o imediato crescimento, atingindo
patamares semelhantes aos anteriores da crise.
Ainda é possível estimar que tal redução do IPI possibilitou a manutenção de
aproximadamente 60 mil empregos diretos e indiretos, o que propiciou uma aceleração no
consumo doméstico puncionando a economia brasileira para longe de uma possível recessão e
ainda fazendo acreditar em um importante crescimento econômico.
No entanto o Brasil, por sua vez, demonstrou regular crescimento durante os anos de
2009 e 2010, tendo saído da marca de -0,6% em 2009 e alcançando a incrível marca de 7,5%
em 2010, conforme o gráfico demonstrado abaixo:
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Gráfico 5: Variação percentual do PIB brasileiro, no período de 2005 a 2010
Fonte: IPEADATA (2011)
Portanto, os resultados alcançados através das medidas já mencionadas, propiciaram
uma visível aceleração do desenvolvimento econômico brasileiro, possibilitando um
aquecimento em vários setores da economia.
Abaixo segue uma ligeira comparação de períodos que antecederam a crise, somados as
ações adotadas pelo governo, e por fim os resultados dessas medidas.
Quadro 3: Principais medidas estímulo adotadas pelo governo brasileiro
SETOR CRISE AÇÃO DO GOVERNO RESULTADOS
Construção
Civil
Queda da produção
industrial de insumos da
construção civil, de
outubro de 2009 a
fevereiro de 2010.
Aumento de R$7 milhões
para R$25 milhões no
limite de empréstimos
para compra de materiais
de construção,
estimulando o consumo
do setor.
Aumento da produção
industrial de insumos da
construção civil.
Veículos
Queda das vendas reais
de veículos,
motocicletas, nacionais a
partir de Julho.
Aumento da oferta de
crédito para os setores.
Redução do IPI para
carros 1.0, e IOF para
financiamentos para
Tendência de aumento
nas vendas de veículos e
motocicletas, de janeiro a
outubro de 2009.
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motocicletas.
Agricultura
Queda na produção de
maquinas agrícolas a
partir de outubro de
2008.
Antecipação de crédito de
R$5 bilhões para
financiamento das Safras
agrícolas.
Aumento do volume
produzido propiciando
valores competitivos.
Linha
Branca
Queda das vendas no
varejo durante os meses
de outubro a dezembro.
Redução do IPI para a
linha de fogões,
geladeiras, lavadoras e
tanques.
Disponibilização de R$2
bilhões de crédito para
fomento do setor.
Aumento das vendas, e
conquista de recorde no
ano de 2009.
Fonte: Ministério da Fazenda (2011)
O que se percebe através dos dados é que após todas essas considerações e medidas
adotadas pelo governo brasileiro, o mesmo coopera de forma direta e precisa para uma
redução do impacto da crise mundial em sua economia, o que, por sua vez, tem proporcionado
ao sistema econômico, uma condição real e sustentável de crescimento e desenvolvimento,
sobressaindo-se a outras economias de âmbito global, despertando ainda mais interesses
destes em designar mais recursos para uma economia totalmente favorável para novos
investimentos e resultados.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho traz a conhecimento dados referentes à crise de 2008, originada
nos Estados Unidos, devido ao crescimento exacerbado do mercado imobiliário, o qual viria a
gerar uma incrível bolha econômica, vindo a repercutir em toda a economia mundial,
inclusive no Brasil.
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No entanto, a economia brasileira já precavida de tal circunstância, tem a iniciativa de
aplicação de políticas econômicas importantes. Mas em especial é possível observar o papel
das políticas monetária, fiscal e cambial, extremamente propícias para o então período, uma
vez que, tais medidas realizadas em determinados setores resultaram numa fuga estratégica do
então período recessivo.
Sabe-se, porém, que toda medida aplicada tende a acarretar resultados, podendo ser
eles considerados positivos ou negativos. No caso da economia brasileira, as medidas
adotadas no período, em especial a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados, o IPI,
o que somada com as facilidades de crédito, propiciaram um crescimento consideravelmente
elevado para vários setores, como por exemplo, o automobilístico, que desde então vem
rompendo marcas históricas de vendas dentro do setor. Assim, é possível destacar que com o
aumento na produção de veículos automotores, cresce também o valor arrecadado do Imposto
sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), verba esta direcionada para a
manutenção de estradas e rodovias do país, gerando assim, um crescimento no número de
trabalhadores empregados para atender tal necessidade.
Outra necessidade a ser suprida foi a demanda das fábricas em atender o aquecimento
generalizado que se espalhou em boa parte do mercado brasileiro, o qual por sua vez resulta
em um efeito dominó, onde aumenta-se número de empregados, propiciando aumento do
poder de compra dos mesmos, e assim, condiciona a outros setores também serem
beneficiados de forma direta, o que por sua vez é denominado pelos economistas de efeito
multiplicador.
Nesse sentido, o Brasil, apesar de não ter ficado imune aos efeitos da crise
internacional, apresentou um bom desempenho em comparação a vários países, em termos de
atividade econômica, pois respondeu bem ao choque adverso da contração da liquidez
internacional e da recessão mundial.
Tal foi a resposta brasileira frente à crise econômica global, que o desempenho bem-
sucedido da atividade econômica interna foi acompanhado de melhorias gerais nas condições
sociais, como a queda na pobreza e melhoria na distribuição de renda do país.
Assim, cabe destacar que o desafio para o Brasil, naquele momento, era garantir que a
recuperação da crise fosse sustentável e que as taxas de crescimento econômico
permanecessem fortes a médio e longo prazo. Para tanto, embora o país apresente muitos
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setores de ponta, era necessário que aumentasse as suas taxas de investimento, melhorando
assim sua estrutura física e social, a fim de sustentar e desenvolver determinados setores,
afastando-se assim das exportações de commodities para o crescimento econômico.
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ESTRATÉGIA DE MELHORIA DA QUALIDADE DE VIDA NA REGIÃO CENTRAL
DO ESTADO DO PARANÁ POR MEIO DO INSTRUMENTO DO MARCO LÓGICO
MARCELO ALEXANDRE CORDEIRO
Administrador, Mestre em Desenvolvimento Econômico
Faculdade Integrado de Campo Mourão
MARCELO GELINSKI MACHADO
Matemático, Mestre em Desenvolvimento Econômico
Unicentro, Guarapuava
RESUMO - O presente artigo aborda o problema da diferença da qualidade de vida dado os indicadores sociais
e verifica a atual situação do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e a posição ocupada pelo estado do
Paraná em relação aos estados, do Rio Grande do Sul e Santa Catarina na primeira década do presente século.
Apresenta uma análise dos índices utilizados para determinação do Índice de Desenvolvimento Humano, na
qual, tais indicadores refletem a situação em que se encontram indivíduos de uma sociedade. O objetivo
principal deste estudo é verificar as causas e efeitos do IDH dos municípios da região central do estado do
Paraná, bem como realizar uma comparação com os índices dos demais estados do Sul do país. Os dados para
pesquisa foram coletados no ATLAS do Desenvolvimento Humano (publicação de 2007) e a análise foi
realizada por meio de utilização do instrumento denominado Marco Lógico. O estudo demonstrou que as
principais ações a serem tomadas dizem respeito basicamente à formação de mão-de-obra especializada, fomento
a atividade econômica e geração de empregos. As alternativas para o alcance destes resultados foram definidas
como a necessidade de organização da sociedade que além de constituírem associações e cooperativa para
fortalecimento da atividade econômica, podem cobrar investimento e incentivos, além de buscar
aperfeiçoamento técnico para melhor desempenho das atividades propostas.
Palavras-chaves: Índice Desenvolvimento Humano, Qualidade de Vida e Marco Lógico.
ABSTRACT - This paper addresses the problem of the difference in quality of life given the social indicators
and checks the current situation of the Human Development Index (HDI) and the position occupied by the state
of Paraná in relation to the states of Rio Grande do Sul and Santa Catarina in the first decade of this century. It
presents an analysis of the indices used to calculate the Human Development Index, in which, such indicators
show how the individuals are in a society. The aim of this study is to investigate the causes and effects of the
HDI of the central region cities of the state of Paraná, and make a comparison with the rates of other states in the
South. Data for the survey were collected in the Atlas of Human Development (published 2007) and the analysis
was performed by using the instrument called Logical Framework. The study showed that the main actions to be
taken are related primarily to the formation of skilled labor, fostering economic activity and job creation. The
alternatives to achieve these results were defined as the need for organization of society, which in addition to
form associations and cooperatives to strengthen economic activity, may charge investment and incentives, in
addition to seeking technical improvement for better performance of the proposed activities.
Key words: Index Human Development, Quality of Life and Logical Landmark.
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1. INTRODUÇÃO
O presente artigo tem como tema a qualidade de vida e sua distinção de medidas
diante do método de avaliação de IDHs. Entretanto o foco do artigo está fundamentado na
metodologia do marco lógico, e explica o funcionamento desta metodologia e sua inserção no
processo de qualidade de vida.
O problema central abordado neste artigo é a análise da condição de desenvolvimento
humano diante dos índices de crescimento dos níveis de longevidade (expectativa de vida),
nível educacional (escolaridade) e nível de vida (renda per capita). Entretanto são verificados
outros questionamentos que mostram ser esta uma situação que mostra certa disparidade entre
os estados do Sul do Brasil em relação ao IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), assim,
algumas variáveis são analisadas e destacadas no decorrer do texto.
Com o objetivo de analisar a qualidade de vida no estado do Paraná em análise
comparativa aos demais estados do Sul, leva-se em consideração o método do marco lógico
que considera como meio de informação índices e indicadores sociais, de modo que por meio
de tabelas e gráficos apurem-se critérios de análises de possíveis causas e efeitos e
possivelmente apontem para possíveis soluções denominadas aqui como meios e fins.
Destaca-se também a política social adotada frente às diversas variações no âmbito
regional, verificando a ausência de uma política mais eficaz quanto à qualidade de vida e
desenvolvimento sócio-econômico.
Assim, apontam-se as causas e efeitos em torno do IDH do estado do Paraná
observando alguns índices que apresentam notável disparidade e com isso afetam
consideravelmente o IDH.
Os procedimentos metodológicos utilizados para desenvolvimento deste artigo
configuram-se no levantamento documental e bibliográfico relacionado ao objetivo desta
pesquisa, ou seja, em dados obtidos a partir de livros, revistas especializadas, artigos e textos
para discussão.
O trabalho está dividido em quatro seções, verificando-se na primeira seção a
introdução, na segunda seção uma revisão teórica conceitual sobre o tema qualidade de vida e
uma abordagem do método do marco lógico, na seqüência serão analisadas as causas e efeitos
diante do IDH do estado do Paraná diante dos demais estados do Sul, com a construção da
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árvore e a matriz do marco lógico, também diante da análise busca-se dentro da mesma
metodologia meios e fins para uma melhora e possível nivelamento dos IDHs, e por fim na
última seção apresentaremos as conclusões do estudo.
2. QUALIDADE DE VIDA E MARCO LÓGICO
Esta seção tem como abordagem a revisão teórica do tema Qualidade de Vida, porém,
serão enfatizados alguns critérios e índices adotados para determinar o Índice de
Desenvolvimento Humano, seja de um município, estado ou região. Faz-se a apresentação de
alguns índices através de tabelas, gráficos e mapas obtidos através do Atlas de
Desenvolvimento Humano, com a finalidade de observar de modo prático valores referentes
principalmente aos estados da região Sul e da ferramenta Marco Lógico que será utilizada
como estratégia na busca do aumento da qualidade de vida.
2.1 Qualidade de Vida
A noção de qualidade de vida tem uma visão humana, ou seja, atinge o grau de
satisfação de um ser no meio ao qual está inserido, seja no meio social, familiar ou na própria
condição de obter conforto e bem-estar. No entanto, este tema é muito abrangente, de
inúmeras delimitações e definições. Segundo Lima (2006, p. 03):
A qualidade de vida dos seres humanos está intimamente relacionada com a
satisfação de cada elemento de uma comunidade (aqui entendida como
qualquer grupo social cujos membros habitam uma região determinada, têm
um mesmo governo e estão irmanados por uma mesma herança cultural e
histórica) e desta como um núcleo pertencente a um conjunto maior, até
mesmo globalizado. A satisfação dos indivíduos é manifestada pelo grau de
contentamento, pela alegria de viver, resultante da realização dos seus
anseios, desde os mais simples aos mais complexos.
Deste modo se observa a relação existente entre o meio histórico, cultural e social, pois
cada um desses elementos tem participação e particularidades relacionadas a qualidade de
vida, assim sendo, a menção da qualidade de vida está relacionada ao bem-estar das classes
mais abastadas e a passagem de um nível a outro superior.
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Portanto, há um estreito relativismo do termo qualidade de vida ao sistema cultural e
desenvolvimento mundial ao longo do tempo. Entretanto, qualidade de vida está ligada
intimamente à satisfação e realização das necessidades humanas mais elementares, tais como,
habitação, trabalho, educação, alimentação, saúde e lazer, tais elementos assumem caráter
material em relação ao bem-estar e realização do ser humano.
A qualidade de vida é um tema relativamente novo diante dos objetivos econômicos,
ou seja, os longos anos de busca pelo crescimento econômico deixaram de lado aspectos
qualitativos, efeitos e conseqüências futuras em relação ao meio ambiente.
A partir da confirmação por parte da comunidade científica mundial que o processo de
industrialização em todo o mundo estaria causando uma deterioração gradual do meio
ambiente, em todos os cantos do planeta, em virtude de uma exploração voraz dos recursos
naturais, acarretando uma quase exaustão de boa parte desses recursos necessários à produção
industrial e à acumulação de renda, surgiram as preocupações com a produção industrial
(LIMA, 2006).
Nos anos sessenta começaram a surgir questionamentos aos meios para se obter
qualidade de vida, ou seja, a relação do ser humano ao ambiente em que vive, toda
manutenção de meios consumistas e a exploração do meio ambiente, o alto grau predatório e
poluição. Muitos economistas passaram a dedicar maior atenção à qualidade de vida e os
problemas advindos do crescimento econômico, deste modo se passaram a buscar um
crescimento econômico e qualidade de vida sustentável.
Em meados da década de sessenta desenvolvem-se teorias e trabalhos e algumas
mudanças na visão neoclássica e keynesiana, sendo assim muitos estudiosos passaram a
observar os custos da alta produção e consumismo em vista a qualidade de vida.
No entanto, alguns índices e critérios passaram a ser adotados desde então para se
definir de maneira mais apropriada a qualidade de vida. Segundo Roura (2006, p. 266):
Debe tenerse en cuenta que la vertiente de la calidad de vida vinculada con
los servicios sociales tenía ya prévios enlaces sólidos en el denominado
Estado del Bienstar, destacando especialmente las actuaciones públicas em
materia de educación y sanidad.
Entretanto, segundo o autor, a medida de qualidade de vida abrange outros aspectos
além de educação e saúde. Leva-se em conta emprego e qualidade do trabalho, qualidade de
bens e serviços consumidos, meio ambiente e uso do tempo (lazer e cultura).
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Todavia qualidade de vida leva em conta todas as condições de vida do indivíduo e em
conseqüência define-se uma estratégia de controle e desenvolvimento sustentável de modo a
satisfazer as necessidades atuais sem comprometer gerações futuras e a capacidade de suprir
tais necessidades. Ou seja, a busca desenfreada pela qualidade de vida ou até mesmo um
consumismo desenfreado pode acarretar custos significativos às gerações futuras.
Roura (2006) coloca que, a política de qualidade de vida tem por finalidade fazer
frente aos custos do crescimento, deste modo satisfazer as necessidades funcionais básicas do
indivíduo.
O estudo e levantamento da qualidade de vida tornam-se um dos maiores desafios,
haja vista o grande crescimento populacional e crescimento tecnológico dado a crescente
depredação do meio ambiente, ou seja, crescimento econômico e melhora da qualidade de
vida de forma ampla e simétrica.
2.2 Indicadores de Qualidade de Vida
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é o método mais conhecido e utilizado,
foi desenvolvido e elaborado pelo Programa das Nações Unidas (PNUD) com a finalidade de
análises de desenvolvimento de aspectos econômicos como nível de renda, PIB e emprego
serem analisados pelo aspecto de meios sociais e culturais. Portanto, para a análise e definição
desse índice levam-se em conta outros indicadores. Segundo Lima (2006, p. 46):
O IDH tem a particularidade de, na sua avaliação, considerar aspectos mais
abrangentes da população, pois leva em conta os aspectos econômicos e
outras características sociais, culturais e políticas que influenciam a qualidade
da vida humana. Esta é a razão pela qual o IDH é interpretado como um
índice de avaliação da qualidade da vida humana. Naturalmente, ele pode
servir como um indicador inicial e de modo extremamente generalizado,
possibilitando uma estimativa pela associação do desenvolvimento com a
qualidade de vida das populações em apreciação.
Todavia a determinação do IDH e sua metodologia se baseiam em indicadores sociais,
com a finalidade plena de medir os padrões e mudança na qualidade de vida. Os indicadores
sociais são representados a partir de estudos estatísticos e representam assim fenômenos
sociais ocorridos numa determinada região (município, estado e país) em um determinado
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período. Ou seja, são demonstrativos relacionados a levantamentos feitos a partir de censos,
amostras e registros em repartições públicas.
Entretanto, um grande problema em relação aos indicadores sociais é a confiabilidade
das informações obtidas, ou seja, a veracidade e a metodologia implantada são questionáveis.
Porém, sua principal finalidade é assinalar quanto aos principais políticas sociais a serem
adotadas bem como sua eficiência.
Um dos principais problemas segundo Roura (2006) está em definir e delimitar quais
os principais indicadores sociais que formam o bem-estar e a qualidade de vida. Segundo a
Organização das Nações Unidas (ONU), está delimitado o campo de estudos para definição
da qualidade de vida segundo nove temas: saúde, consumo de alimentos e nutrição, educação,
emprego e condições de trabalho, habitação, seguro social, vestido, lazer e liberdade humana.
Segundo cita Roura (2006) tem-se alguns indicadores relacionados a cada um dos itens
anteriores:
- Indicadores de consumo (energia);
- Indicadores de equipamento material (número de televisores);
- Indicadores culturais (número de estudantes);
- Indicadores de sanidade e saúde (expectativa de vida);
- Indicadores de infra-estrutura (água tratada).
Diante dos possíveis indicadores, é dada maior ênfase ao IDH criado pela ONU, pois é
um indicador sintético da qualidade de vida e apresenta de forma simplificada. É a média
simples de três níveis: longevidade (expectativa de vida), nível educacional (escolaridade) e
nível de vida (renda per capita). Ou seja, soma os três níveis e divide por três. Sendo assim:
3
RjEjLjIDHj , onde j representa uma região qualquer. (1)
Deste modo estas variáveis atingem valores máximos e mínimos, e tem utilidade como
base para apurar os diversos índices em especial o IDH. Pois representam elementos
fundamentais para a qualidade de vida humana.
Quadro 01- Componentes do Índice de Desenvolvimento Humano
Índice geral Índice específico Valores máximos e mínimos
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Longevidade Esperança de vida ao nascer 25 a 85 anos.
Nível educacional
2/3 alfabetizados
1/3 matrículas (Todos níveis)
0 a 100%
Nível de vida
PIB
Renda per capita
100 a 40.000 dólares
Fonte: ROURA, 2006
Segundo critérios adotados pela ONU (Organização das Nações Unidas), levam-se em
consideração em seu Relatório de Desenvolvimento Humano três indicadores que delimitam a
qualidade de vida, são expectativa de vida, escolaridade e renda per capita. Porém, são
considerados insuficientes para tal determinação necessitando de uma quantidade maior de
elementos para avaliar a qualidade de vida.
O indicador de longevidade ou expectativa de vida, está relacionado a esperança de
vida ao nascer, ou seja, mostra a quantidade de anos que uma pessoa tem ao nascer em uma
determinada região (município, estado ou país). Necessariamente tal indicador está atrelado a
saúde e índices de mortalidade.
O indicador de nível educacional ou escolaridade, para determinação do IDH leva em
consideração dois indicadores que são o número de alfabetizados e número de matriculados
em qualquer nível de ensino (fundamental, médio e superior).
O indicador de nível de vida ou renda per capita, é determinada com base na renda
per capita de uma região (município, estado ou país), ou seja, divisão de todas as riquezas
pelo número de habitantes.
No entanto, apesar a imprecisão de alguns critérios e indicadores adotados, o IDH
mostra ser uma metodologia viável quanto a indicador da qualidade de vida e informações nos
mais variados aspectos da qualidade e desenvolvimento humano.
2.2 Metodologia do Marco Lógico
Esta seção abrange o foco central deste trabalho, em que enfatiza os valores obtidos
referente ao IDH do Paraná. A priori faz-se uma apresentação e revisão teórica do método do
Marco Lógico e a posteriori um levantamento estratégico de meios de se obter uma melhora
dos índices do Paraná em relação aos demais estados da região Sul do Brasil.
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O método do marco lógico é um instrumento que foi desenvolvido em meados dos
anos 70. Envolvem em sua estruturação métodos de análises e estruturação de resultados,
formando um sistema de programação de objetivos, determinando causas e efeitos,
verificando possíveis decisões a serem definidas e alcançadas.
A estrutura do marco lógico assume um caráter de análise crítica de fatores e a
viabilidade de instrumentos que buscam delimitar atividades de modo a precisar objetivos e
resultados possíveis.
No entanto, permite uma estruturação e averiguação de projetos e políticas adotadas,
levando a reflexão e formulando meios e instrumentos destinados a melhorias de planos e
execuções de programas. Todavia para se obter resultados relativamente satisfatórios há a
necessidade de dispor de dados confiáveis para análise, sendo que os objetivos a serem
alcançados podem ser adequados quanto aos problemas detectados.
Em suma, é um conjunto de conceitos e métodos que através de uma representação
matricial apresenta aspectos importantes para possíveis intervenções. Representa-se de forma
lógica e sistemática os objetivos, resultados e atividades em relação as causas e efeitos em
torno de um problema.
3. ANÁLISE DA QUALIDADE DE VIDA NO ESTADO DO PARANÁ
Iremos analisar o nível de qualidade de vida no estado do Paraná a fim de comparar
com os demais estados da região do Brasil, através do Indicador comumente utilizado e
demonstrado acima, o Índice de Desenvolvimento Humano e de seus fatores: longevidade,
nível de escolaridade e renda.
A região Sul do país é a que possuI um dos IDHs mais alto do Brasil que é de 0,808%
em que os três estados membros apresentam um IDH médio entre os primeiros dez dentre
todos os estados do Brasil, sendo Santa Catarina o estado que apresenta o segundo maior
índice mais elevado, Rio Grande do Sul o quarto e o Paraná o sexto.
Dentre a região Sul, o estado do Paraná, mesmo sua capital possuindo um IDH
relativamente alto (10º da região sul – 0,856), é o que apresenta o IDH Médio, bem como os
IDHs de longevidade, nível educacional e nível de renda mais baixos, os quais podem ser
demonstrados no quadro a seguir.
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Quadro 02 - Índice de Desenvolvimento Região Sul e Estados Membros
Região Sul* PR RS SC
IDH – Médio 0,808 0,787 0,814 0,822
IDH - Longevidade 0,781 0,747 0,785 0,811
IDH – Educação 0,896 0,879 0,904 0,906
IDH – Renda 0,747 0,736 0,754 0,750
Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, 2000 / *Média calculada pelos autores.
Na figura 01, observam-se as regiões com menor IDH, representada na cor vermelha.
É possível verificar que a região central do estado apresenta tal concentração.
Figura 1: Mapa comparação IDH Região Sul. Fonte: Atlas IDH – 2000.
As principais cidades do estado do Paraná em nível populacional e de atividade
econômica estão distribuídas entre 04 mesorregiões e possuem uma IDH-médio mais alto que
o do estado e da região sul do país, diferenciando-se dos números apresentados acima. Dentre
elas se destacam Curitiba, Londrina, Maringá, Ponta Grossa e Cascavel, em que pode-se
verificar a seguir.
Quadro 03 - Principais Municípios do Estado do Paraná
População % PIB Estado Mesorregião IDH-médio
Curitiba 1.587.315 17,2 Metropolitana 0,856
Londrina 433.369 4,4 Norte Central 0,824
Maringá 283.978 2,95 Norte Central 0,841
Ponta Grossa 266.683 3,42 Centro Oriental 0,804
Fonte: Desenvolvida pelos autores com dados do Atlas IDH 2000 e IPARDES 2006.
O índice médio de IDH do Paraná é alcançado devido às demais regiões do estado e os
municípios menores. Dentre os 20 municípios que apresentam o Índice de Desenvolvimento
Humano mais baixo no Sul do país, 17 estão localizados no estado do Paraná, em que sua
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maioria (13) se encontram na região central do estado, o qual pode ser visualizado de melhor
forma no quadro 04.
Quadro 04 - 20 Menores IDH Municipal da Região Sul
Município IDH
Ortigueira (PR) 0,620
Doutor Ulysses (PR) 0,627
Mato Rico (PR) 0,640
Imbaú (PR) 0,646
Reserva (PR) 0,646
Laranjal (PR) 0,651
Guaraqueçaba (PR) 0,659
Santa Maria do Oeste (PR) 0,662
Rosário do Ivaí (PR) 0,664
Ventania (PR) 0,665
Benjamin Constant do Sul (RS) 0,666
Cândido de Abreu (PR) 0,667
Rio Bonito do Iguaçu (PR) 0,669
Redentora (RS) 0,669
Palmital (PR) 0,670
Rio Branco do Ivaí (PR) 0,670
Godoy Moreira (PR) 0,672
São Jerônimo da Serra (PR) 0,674
Lagoão (RS) 0,674
Curiúva (PR) 0,675
Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, 2000.
A figura a seguir também demonstra a região com maior número de municípios
com o IDH baixo.
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Figura 2. Mapa - 20 Menores IDH Municipal da Região Sul. FONTES: Atlas IDH – 2000.
Em âmbito estadual, dos 399 municípios, os que apresentam IDH mais baixo se
somam na região central aos que apresentam menores níveis do Sul do país. Vide figura 3.
Figura 3. Mapa menores 30 IDHs do Estado do Paraná. Fonte: Atlas IDH – 2000.
As regiões do estado do Paraná apresentadas, são compostas por municípios com
média populacional baixa entre 3.500 a 25.500 habitantes e que possui como atividade básica
econômica a agricultura, em que em algumas áreas o cultivo acontece sem grande tecnologia,
além de pouca atividade industrial. O nível educacional é abaixo da média do estado (0,879).
Há também pouca estrutura na área da saúde em que apresenta baixo índice de expectativa de
vida, além de segurança que também contribui para o fator de longevidade. Estes fatos podem
ser analisados no quadro a seguir.
Quadro 05 - População e piores IDHs do estado do Paraná e Região sul
Município IDH-
Médio
IDH-
Educação
IDH-
Longevidade
IDH-
Renda População
Ortigueira (PR) 0,620 0,687 0,608 0,566 25.216
Doutor Ulysses (PR) 0,627 0,721 0,644 0,516 6.003
Mato Rico (PR) 0,640 0,778 0,594 0,548 4.496
Imbaú (PR) 0,646 0,704 0,630 0,604 9.474
Reserva (PR) 0,646 0,702 0,632 0,603 23.977
Laranjal (PR) 0,651 0,732 0,670 0,551 7.121
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Guaraqueçaba (PR) 0,659 0,760 0,663 0,553 8.288
Santa Maria do Oeste (PR) 0,662 0,775 0,670 0,540 13.639
Rosário do Ivaí (PR) 0,664 0,756 0,652 0,584 6.585
Ventania (PR) 0,665 0,741 0,630 0,625 8.024
Cândido de Abreu (PR) 0,667 0,742 0,702 0,556 18.795
Rio Bonito do Iguaçu (PR) 0,669 0,759 0,675 0,573 13.791
Palmital (PR) 0,670 0,787 0,619 0,604 16.958
Rio Branco do Ivaí (PR) 0,670 0,752 0,702 0,557 3.758
Godoy Moreira (PR) 0,672 0,739 0,702 0,575 3.836
São Jerônimo da Serra (PR) 0,674 0,745 0,680 0,598 11.750
Mariluz (PR) 0,675 0,776 0,639 0,609 10.296
Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, 2000.
Verifica-se pelo quadro demonstrado, o baixo nível de renda dos 17 municípios mais
pobres do estado e da região sul, se tornando este um fator importante e preocupante, pois é o
que apresenta níveis mais baixos entre todos os apresentados, contribuindo de grande forma a
queda do Índice de Desenvolvimento Humano do estado do Paraná.
Quadro 06 - Nível e procedência da renda dos 17 municípios do Paraná com IDH baixo
Município
% renda
proveniente de
rendimentos do
trabalho
% renda
proveniente de
transferências
governamentais
% de pessoas com
mais de 50% da
renda -
transferências
governamentais
Renda per Capita
Ortigueira (PR) 57,63 20,12 18,28 116,04
Doutor Ulysses (PR) 64,68 14,98 14,78 86
Mato Rico (PR) 58,81 12,45 11,5 103,89
Imbaú (PR) 62,25 19,27 18,68 145,41
Reserva (PR) 60,09 15,42 14,42 144,96
Laranjal (PR) 68,25 8,74 8,13 105,86
Guaraqueçaba (PR) 67,88 17,55 17,72 107,13
Santa Maria do Oeste (PR) 71,73 14,39 12,79 99,21
Rosário do Ivaí (PR) 62,29 18,9 17,88 129,13
Ventania (PR) 69,76 15,63 13,7 164,72
Cândido de Abreu (PR) 65,43 14,28 14,69 108,75
Rio Bonito do Iguaçu (PR) 75,75 9,03 8,59 120,77
Palmital (PR) 70,49 11,53 9,73 145,07
Rio Branco do Ivaí (PR) 63,66 17,03 16,38 109,45
Godoy Moreira (PR) 49,47 14,92 13,63 122,49
São Jerônimo da Serra (PR) 67,94 16,07 14,94 140,67
Curiúva (PR) 70,92 18,6 17,13 133,36
Diamante do Sul (PR) 63,21 14,44 14,04 125,54
Itaperuçu (PR) 64,45 14,9 13,57 133,47
Mariluz (PR) 67,39 16,73 14,89 149,53
Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, 2000.
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No quadro 05 é possível verificar que lém de uma renda per capita baixa, parte dela,
nestes municípios depende basicamente de transferências do Governo Estadual e federal,
senda esta uma média de 16,75%.
Os números e comentários acima são imprescindíveis para demonstrar e analisar o
problema em questão: O baixo Índice de Desenvolvimento Humano do Estado do Paraná em
relação a região sul do Brasil. Este problema tem como fundamentos causais o baixo índice de
desenvolvimento do nível educacional, do baixo nível de renda e da baixa expectativa de vida
e que traz conseqüências à economia como o aumento da pobreza, redução da mão de obra e
desemprego, que influem na qualidade de vida da população.
Utilizando-se a metodologia do Marco Lógico definiremos as causas e suas origens e
os efeitos decorrentes do problema especificado, a fim de criarmos estratégias de melhoria da
qualidade de vida através do aumento do IDH do estado do Paraná nas regiões apresentadas,
com o foco na busca por alternativas da resolução do problema principal encontrado, o do
nível de renda. Na seqüência, serão apresentadas a árvore do problema, os meios e fins para
alcançar o objetivo proposto, além da análise das alternativas e a estrutura analítica do
projeto.
3.1 Causas do Problema
Baixo IDH no Estado do Paraná
Baixa Renda per Capita
- Falta de Mão-de-obra especializada;
- Má distribuição da renda.
Baixo nível educacionalBaixa Longevidade
- Sistema de saúde ineficiente;
- Baixa Atividade de prevenção;
- Baixa Segurança;
- Baixa qualidade dos professores;
- Baixos salários da educação;
- Alta evasão.
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3.2 Efeitos do Problema
3.3 A Árvore do Problema
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3.4 Meios para alcançar o Objetivo
Alto IDH no Estado do Paraná
Alta Renda per capita
- Mão-de-obra especializada;
- Melhor distribuição da renda;
Alto nível educacional Alta Longevidade
- Sistema de saúde eficiente;
- Alta atividade de prevenção;
- Baixa Segurança
- Alto salário do setor educação;
- Alto qualidade professores;
- Baixa evasão;
3.5 Fins do Objetivo
3.6 A Árvore de objetivos
O intuito da aplicação do instrumento Marco Lógico neste estudo é aumentar o índice
de IDH do Estado do Paraná, atacando suas principais causas na tentativa de minimizar seus
efeitos. Conforme apresentado acima, os meios para alcance do objetivo proposto é o aumento
dos índices de longevidade, educação e renda das regiões apresentadas por meio da melhoria
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do sistema de saneamento e saúde, diminuição da violência, melhor distribuição da renda,
capacitação da mão de obra, aumento de salários e qualidade na educação.
Entre os índices representados, o que apresenta nível mais baixo nos municípios e
regiões destacadas é o do IDH – Renda, em que desta forma foca-se a estratégia para o
aumento do IDH – Médio do Estado do Paraná.
3.7 Análise das Alternativas
As alternativas a serem utilizadas a fim de alcançar o objetivo proposto de aumento do
nível de IDH da região central do estado são baseadas em estratégias para a melhoria da
renda, que traz resposta mais rápidas que os demais fatores, além de ser contribuir para o
aumento dos mesmos. Seguem as alternativas demonstradas em forma estrutural:
Mao de Obra Especializada
Melhor distribuição da renda
Capacitação Criação de EmpregosOrganização Sociedade
Para aumento do IDH-Renda da região delimitada é necessário a inserção de novas
atividades com intuito de absorver a mão de obra, na qual deve ser preparada. As novas
atividades industriais e comercias podem ser atraídas com investimento e incentivos. Deve se
também incentivar e oferecer benefícios aos membros da comunidade para formação de
cooperativas a fim de melhor sua produtividade e renda e este processo é facilitado quando
possui uma sociedade organizada e bem dirigida.
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3.8 Estrutura Analítica do Projeto
Quadro 07 – Apresentação da Estrutura Analítica do Projeto com base no Instrumento do Marco Lógico
Lógica Intervenção Indicadores Meios verificação Hipóteses
Objetivos
Globais
Aumento do IDH no
estado
Aumento do IDH
médio em 4% do
estado em 05 anos
Medição IBGE – IDH
região sul e estados;
Aumento dos 03
fatores em
decorrência do
aumento de renda
Objetivos
Específicos
Aumento da renda per
capita na região central
do estado
Aumento do IDH –
Renda da região
central do estado
(0,787)
Medição do nível de
consumo;
Aumento da
qualidade de vida
da população
Resultados
Aumento atividade
econômica
Relação comercial
entre a região
M.O especializada M.O capacitada para
desenvolver novas
atividades
Medição por
contratações e
consumo;
Crescimento e
Desenvolvimento
da região central
do estado;
Criação de empregos Empregos gerados
com novas
atividades
absorvendo a M.O
Atividades
Organização da
sociedade
Abertura Associação
comercial e de
bairros;
Cooperativas de
produtos agrícolas;
Criação de cooperativas Implantação de
cursos técnicos via
Senac e Senai;
Medição através de
sócios e matrículas e
por novos
investimentos;
Manutenção das
atividades
propostas e
aperfeiçoamento;
Novos cursos e
treinamentos
Instalação Industrial
e comercial;
Incentivos para
instalação de Indústrias
Fonte: Os Autores, 2009.
3.9 Estrutura do Marco Lógico
Por meio do instrumento “Marco Lógico”, foi possível desenhar ao caminho ideal na
busca do aumento do IDH do estado do Paraná, que pode ser apresentado na estrutura final,
apresentada a seguir.
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Aumento do IDH Renda na região central do estado
M.O Especializada
Cursos e treinamentos técnicos
(Sebrae, Senac e Senai)
Criação de EmpregosAumento Atividade
Econômica
Criação de direções de comunidade
Associação dos comerciantes e produtores
Formação de cooperativas
Incentivos fiscais (Estado e Municípios)
Financimento para Investimento
(BNDS, Governo Estadual)
Aumento IDH - Médio no Estado do Paraná
Entre as principais ações necessárias, destaca-se o aumento da atividade econômica da
região central do estado, sendo esta a que apresenta menor IDH. O caminho para este
incremento inicia-se por meio da especialização da Mao de obra e criação de empregos. Os
demais pontos que compõem o IDH serão influenciados geração de renda.
4. CONCLUSÕES
Os três fatores que compõem o Índice de Desenvolvimento Humano são importantes
para a busca e manutenção da qualidade de vida. No caso apresentado nota-se que dentre os
fatores influenciadores, o primordial é o fator Renda, pois este apresenta números muito
baixos em relação ao estado e a região sul do país e que afeta os demais fatores: longevidade e
educação. Verifica-se então a necessidade de ações para o aumento da renda da região que
deve influenciar no aumento do índice médio do estado. O estudo demonstra que as principais
ações a serem tomadas dizem respeito basicamente à formação de mão-de-obra especializada,
fomento a atividade econômica e geração de empregos. As alternativas para o alcance destes
resultados foram definidas como a necessidade de organização da sociedade, que além de
constituírem associações e cooperativa para fortalecimento da atividade econômica, podem
cobrar investimento e incentivos, além de buscar aperfeiçoamento técnico para melhor
desempenho das atividades propostas.
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O estudo diagnosticou e apresentou importantes informações sobre o baixo IDH da
região central do estado, bem como apresenta as ações necessárias para melhoria do
desenvolvimento regional. O mesmo também servirá como base para novas pesquisas
relacionadas ao tema de desenvolvimento econômico no estado do Paraná.
REFERÊNCIAS
COOPERAZIONE ITALIANA. Gestão do cliclo do Projeto: Programa alta formação de
quadros dirigentes dos países do Mercosul.
IBGE. INSTITURO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Produto Interno
Bruto dos Municípios (1999-2002). Disponível em http://www.ibge.gov.br. Acesso em 04 de
Agosto de 2007.
IPARDES. INSTITUTO PARANAENSE DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E
SOCIAL. Índice de Desenvolvimento Humano segundo os municípios do Paraná
(1991/2000). Disponível em http://www.ipardes.gov.br. Acesso em 04 de Agosto de 2007.
LIMA, R. F. P. Espacialização dos Índices de Desenvolvimento Humano – IDH por
cartogramas corocromáticos estatísticos estatísticos. Tese de Doutorado apresentado ao
Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção e Sistemas da UFSC. Julho, 2006.
ORTEGÓN, et al. Metodologia del Marco Lógico para la planificación, el segmiento y la
evaluación de proyectos y programas. ILPES. Santiago: Julio, 2005.
PNUD. PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DAS NAÇÕES UNIDAS. Atlas do
Desenvolvimento Humano. Disponível em http://www.pnud.org.br. Acesso 04 de Agosto de
2007.
ROURA, R. Política Econômica. Espanha: McGraw Hill, 2006.
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O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA NO PARANÁ: CARACTERÍSTICAS E
MECANISMOS DE CONTROLE
MARCOS JUNIO FERREIRA DE JESUS
Administrador, Doutorando em Administração Pública FGV/EAESP
Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR
MARCELO DE OLIVEIRA LIMA
Administrador, Especialista em Administração
Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR
KERLA MATTIELLO
Contadora, Doutoranda em Administração Pública FGV/EAESP
Universidade Estadual de Maringá – UEM
ADALBERTO DIAS DE SOUZA
Administrador, Mestre e Doutor em Administração
Doutor em Geografia
Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR
Resumo: O objetivo desse estudo é discutir as características e os mecanismos de controle do Programa Bolsa
Família (PBF) e mostrar em que moldes da administração pública gerencial o Programa se encaixa. Por meio de
pesquisa exploratória, se propõe examinar se: o PBF no Paraná apresenta, discricionariedade (gestão
descentralizada) e mecanismos de controle que auxiliam no cumprimento de sua proposta. Os resultados obtidos
mostram como o Índice de Gestão Descentralizada Municipal (IGD-M) contribui para que os municípios
busquem, de forma continuada, aprimorar a gestão do PBF, e indicam que a cobertura do PBF para as famílias
paranaenses em situação de pobreza é a pior entre os estados brasileiros. Dessa forma, fica claramente definido
que o PBF se encaixa nos moldes de um moderno modelo de gestão pública, com mecanismos de controle que
priorizam a gestão descentralizada e compartilhada de controle social, mas que ainda precisa ser melhor gerido.
Palavras-chave: Programa Bolsa Família; Características; Mecanismos de Controle e Gestão Descentralizada
Municipal.
Abstract: The aim of this study is to discuss the characteristics and the Bolsa Família Program control
mechanisms (PBF) and show what form of public administration management the program fits. Through
exploratory research aims to examine whether: the PBF in Paraná presents discretion (decentralized
management) and control mechanisms that assist in fulfilling its proposal. The results show how the
Decentralized Management Index - Municipal IGD-M contributes to the municipalities seek, continuously,
improve the management of PBF, and indicate that the coverage of the PBF for Paraná families in poverty is the
worst among Brazilian states. Thus, clearly defined it is that the PBF fits the mold of a modern model of public
management, with control mechanisms that prioritize decentralized and shared management of social control, but
still needs to be better managed.
Keywords: Family Grant Program; Characteristics; Control mechanisms and City Decentralized Management.
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1. INTRODUÇÃO
O Programa Bolsa Família (PBF) do governo federal brasileiro ainda é um tema que
desperta interesse para a realização de debates que procuram promover o entendimento sobre
o modo como programas sociais são geridos pela administração pública.
Programas sociais são um desafio para a gestão pública contemporânea
(CAVALCANTE, 2011). As falhas de alguns programas em suas estruturas de gestão e
controle, são os fatores mais impactantes e os que geram mais críticas. Talvez, pelo pouco
conhecimento que se tem de suas características e de seus mecanismos de controle. Mas, um
outro fator que tem movido muitas críticas, diz respeito ao fato de o Bolsa Família encontrar-
se inserido em um contexto que se pode dizer ainda de transição, da administração pública
burocrática para a administração pública gerencial. Os princípios dessa administração
trouxeram noções (principalmente) de controle para os recursos e para as ações públicas,
noções essas que até então eram desconhecidas na administração pública, pelos tipos de
gestão até então exercidos. (MELGAREJO, 2011).
Na contemporaneidade, apesar de se constituir no principal programa de
transferência condicionada de renda do governo federal brasileiro, o PBF ainda desperta
polêmicas. Algumas são devido ao modo como o programa vem sendo operacionalizado.
Outras, positivas, giram em torno das boas razões para defendê-lo. A que parece melhor é o
fato de o mesmo ser especialmente importante quando o propósito é promover a inserção
social e garantir cidadania a todos, reduzindo a pobreza e a desigualdade.
Segundo Coutinho (2013), o governo federal procurou incluir as cidades brasileiras
na participação, na avaliação e na fiscalização do PBF, na medida em que possibilitou e
favoreceu o controle social.
Em 2006, o governo Federal ao decidir adotar uma medida para controlar a qualidade
da gestão do PBF, criou junto ao Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), o Índice de
Gestão Descentralizada (IGD) com o objetivo de avaliar a qualidade da gestão municipal,
vinculando o repasse financeiro de acordo com a gestão, e definiu que, quanto melhor a
gestão, maior o repasse de recursos. (BRAMBILLA, 2015).
No Paraná, a cobertura do PBF para as famílias paranaenses em situação de pobreza
é a pior entre os estados brasileiros (MDS, 2014), somente 78% de famílias pobres estão
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sendo beneficiadas no Paraná. Já no país, a cobertura ultrapassa 100%, ou seja, existem mais
famílias sendo beneficiadas pelo PBF do que a estimativa de famílias pobres, segundo os
dados do MDS (2014).
Estes dados levam a refletir sobre as razões dessa baixa cobertura no estado do
Paraná, bem como, motivam a discutir as características e os mecanismos de controle no PBF
paranaense para mostrar em que moldes da administração pública gerencial o Programa se
encaixa.
Para o alcance desse objetivo se faz necessário examinar por meio de pesquisa
exploratória, o seguinte problema: O Programa Bolsa Família do Paraná apresenta
características, discricionariedade (gestão descentralizada) e mecanismos de controle que
auxiliam no cumprimento de sua proposta?
As características do PBF são particularmente percebidas pela articulação entre a
gestão do PBF e as áreas de saúde e educação, caracterizada como o conjunto de ações
coordenadas entre os Governos Federal, estadual, municipal e do Distrito Federal, com o
apoio das Instâncias de Controle Social, visando ao acompanhamento periódico dos
compromissos assumidos pelas famílias e pelo poder público do PBF; a discricionariedade,
agora é entendida como gestão descentralizada, aquela em que a União, os estados, o Distrito
Federal e os municípios atuem de forma corresponsável e cooperativa para implementação do
Bolsa Família e do Cadastro Único; já os mecanismos de controle podem ser entendidos no
âmbito dos programas de cunho social, como é o caso do PBF, como aqueles de instância de
controle social, ou seja, aqueles instituídos para contribuir para sua atuação efetiva. (BRASIL,
2014).
O trabalho se encontra estruturado em três partes: a primeira parte é de caráter
predominantemente teórico e visa a compreensão das características, do grau de
discricionariedade (gestão descentralizada) e dos mecanismos de controle do PBF. A segunda
parte visa apresentar os procedimentos metodológicos adotados para atender ao objetivo
proposto. A terceira parte apresenta a importância assumida pelo PBF nos 25 maiores
municípios do Paraná, a partir da inserção do IGD-M.
Por fim, espera-se gerar informações para auxiliar nos debates necessários à
promoção da melhoria da qualidade do PBF.
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2. CARACTERÍSTICAS E MECANISMOS DE CONTROLE REFERENTES AO
PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA
No contexto do PBF as características presentes em três dimensões (administrativas,
econômica e social), são em razão da gestão do Programa ser descentralizada e compartilhada.
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, compartilham responsabilidades e
trabalham em conjunto para corrigir possíveis falhas, procurando aperfeiçoar, ampliar e
fiscalizar a execução do Programa. A forma de adesão voluntária dos municípios, estados e do
Distrito Federal caracteriza a gestão descentralizada e compartilhada do Bolsa Família.
A descentralização ocorre por meio da conjugação de esforços entre os entes
federados, observada a intersetorialidade, a participação comunitária e o controle social.
Logo, a gestão do PBF formalmente se fundamenta no processo de descentralização e
democratização, assim como as mais consolidadas políticas sociais no Brasil, educação e
saúde, de acordo com o Decreto nº 5.209 de 17 de setembro de 2004, em seu Art. 11.
(BRASIL, 2004).
A descentralização quando ocorre em caráter estritamente político inclui a
transferência de poder e autonomia ao ente subnacional, o que implica na existência de
assembleias legislativas regionais e estrutura tributária própria; e quando ocorre em direção à
gestão, consiste na delegação de funções no processo de implementação e execução das
políticas públicas (ABRUCIO, apud FLEURY, 2006). Portanto, o caráter político e de gestão
que molda o PBF vai ao encontro da discricionariedade (liberdade de gestão) presente no
programa, agora, voltada para a gestão descentralizada.
O modelo de gestão do PBF se constitui no sistema de avaliação e monitoramento
dos programas sociais e das políticas do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS).
(PAES-SOUSA; VAITSMAN, 2007). Esse modelo de gestão se insere no contexto da
descentralização, mas incorpora princípios de autonomia e interdependência.
Para Cavalcante (2011), a implementação e a gestão do PBF vão além da pura
descentralização, ao incorporar princípios caros às redes de políticas públicas. O Bolsa
Família possui uma configuração de inúmeros atores com diversos interesses, mas um
objetivo comum: combater a pobreza no País. Esses atores se articulam de formas distintas,
seja ela intragovernamental, entre entes federados ou com a sociedade civil, criando relações
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que ultrapassam o pressuposto da simples hierarquia. O modelo do programa exalta a
autonomia ao mesmo tempo em que valoriza a característica de interdependência entre os
atores responsáveis pela sua gestão. (CAVALCANTE, 2011).
Dessa forma, percebe-se na unificação de programas sociais no Brasil, a redução da
burocracia e de seus “custos excessivos, bem como outras ineficiências típicas da
administração de programas tão amplos e variados em um país de dimensão continental”.
(BRASIL, 2003).
A respeito do PBF de um modo geral, vale ressaltar que além da unificação de quatro
programas de transferência de renda (Bolsa Escola, Bolsa-alimentação, Programa Cartão
Alimentação e Auxílio-Gás), há que se avançar, e muito, no aparato metodológico-
conceitual”, e “nos mecanismos democráticos de controle social dos gastos públicos”,
(BRASIL, 2003), de modo que os recursos não se percam pelos caminhos da burocracia e,
muito menos pelas distorções na execução de políticas públicas. A unificação, tende a
melhorar a gestão e aumentar a efetividade do gasto social.
Os mecanismos de controle burocrático no âmbito dos programas de cunho social,
como é o caso do PBF são imprescindíveis para que os meios atinjam os seus fins, isto é, para
que os recursos públicos cumpram realmente com o objetivo proposto pelo programa, que é
auxiliar e capacitar as famílias de modo que os beneficiários consigam superar a situação de
vulnerabilidade e pobreza. (COHN; FONSECA, 2004).
Já os mecanismos de controle social apropriados para o cumprimento de objetivos,
presentes no PBF, contam com: “mecanismos de controlo burocrático; mecanismos
coercitivos de manutenção e de transformação social”. (MACHADO-DA-SILVA;
GONÇALVES, 1999, p. 226).
No caso da sociedade brasileira, a forte tradição patrimonialista associada aos longos
períodos autoritários durante o seu processo de formação sociocultural têm conferido especial
destaque aos mecanismos coercitivos de manutenção e de transformação social.
(MACHADO-DA-SILVA; GONÇALVES, 1999, p. 226). A normatização criada em torno do
PBF pelo MDS funciona como um mecanismo de controle burocrático. A Caixa Econômica
Federal (CEF) força as secretarias municipais a se adequarem ao seu padrão de
funcionamento, e a tradição autoritária e centralizadora da sociedade brasileira força a
existência de mecanismos coercitivos.
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Como se sabe, o PBF tem sido implementado em parceria entre a CEF e as
Prefeituras. A rede formada entre esses atores possivelmente tem estimulado a “incorporação
de regras socialmente aceitas”, para favorecer seu funcionamento (MACHADO-DA-SILVA;
FONSECA, 1993, p. 44), e o MDS desenvolve e utiliza mecanismos de controle e
acompanhamento, de forma a garantir a boa focalização do PBF e o pleno cumprimento dos
requisitos legais, o que confere ao Programa, a formação de mecanismos coercitivos de
manutenção e transformação social.
2.1 A gestão descentralizada do Programa Bolsa Família (PBF)
Para compreender como a descentralização e a corresponsabilidade entre a União, os
estados, municípios e Distrito Federal se concretizam no PBF, se faz necessário deixar claro
que o PBF foi estruturado com base no compartilhamento das responsabilidades entre os três
níveis de governo. Compartilhar responsabilidades, entre diferentes governos, é o que
viabiliza o Programa.
Seus princípios de gestão descentralizada e gestão compartilhada tornam estados,
municípios e Distrito Federal parceiros efetivos do Governo Federal, corresponsáveis pela
formulação, implementação e controle do PBF.
Para acompanhamento do desempenho do PBF nos municípios, foi criado o Índice de
Gestão Descentralizada (IGD), “que combina integridade, qualidade e atualização das
informações constantes do CadÚnico e informações sobre o cumprimento das
condicionalidades da área de educação e de saúde”. (MONTEIRO et al., 2010a, p. 1).
Ao aderirem ao PBF, estados, municípios e o Distrito Federal assumem
compromissos específicos relacionados ao Programa. Esses compromissos são traduzidos em
atribuições, segundo o Decreto nº 5.209/2004, e são regulamentados pela Portaria GM/MDS
nº 246/2005, no caso dos municípios e do Distrito Federal, e pelas Portarias Gestão Municipal
GM/MDS nº 256/2010, no caso dos estados. Por meio dessas atribuições, pode-se observar o
modo como a gestão descentralizada e compartilhada do PBF e Cadastro Único são efetivadas
e executadas. (BRASIL, 2014).
Para o gerenciamento do PBF em âmbito local é preciso que o gestor municipal –
principal interlocutor do município com a gestão federal e estadual do PBF, e responsável por
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promover a articulação necessária para o bom andamento das ações intergovernamentais, em
conjunto com o coordenador estadual, assumam a interlocução entre o governo do estado, o
MDS e os municípios de seu território para a plena implementação do PBF. (BRASIL, 2014).
Os municípios, para gerir o Bolsa Família e o Cadastro Único, precisam mostrar bom
desempenho da gestão de ambos, uma vez que o repasse de recursos financeiros está
condicionado de acordo com seu desempenho.
O Índice de Gestão Descentralizada Municipal (IGD-M) tem contribuído
significativamente para a melhoria da Gestão Municipal do Programa, tanto em ações de
cadastramento das famílias, como no acompanhamento das condicionalidades e no apoio ao
controle social do PBF, uma vez que estimula a busca de qualidade de Gestão pelos
municípios.
O IGD-M permite a avaliação da gestão em seus aspectos fundamentais e embasa o
apoio financeiro aos municípios. Este instrumento, serve tanto para “medir” a qualidade das
ações realizadas, refletindo o desempenho de cada gestão municipal, como para incentivar o
alcance de melhores resultados. (BRASIL, 2014).
A Portaria nº 754/2010 estabeleceu critérios, procedimentos, sistemáticas de cálculo
e parâmetros para identificar o IGD-M de cada município e repassar recursos financeiros
àqueles que alcancem os índices mínimos estabelecidos. (BRASIL, 2010).
O IGD-M varia de 0 (zero) a 1 (um) e será calculado pela multiplicação de quatro
fatores: 1. Fator de operação do PBF; 2. Fator de adesão ao Sistema Único de Assistência
Social (SUAS); 3. Fator de informação da apresentação da comprovação de gastos dos
recursos do IGD-M; 4. Fator de informação da aprovação total da comprovação de gastos dos
recursos do IGD-M pelo Conselho Municipal de Assistência Social.
Ao Fator de operação do PBF, o resultado da média de quatro taxas: Taxa de
Cobertura Qualificada de Cadastros (TCQC); Taxa de Atualização Cadastral (TAC); Taxa de
Acompanhamento da Frequência Escolar (TAFE); Taxa de Acompanhamento da Agenda de
Saúde (TAAS), deve alcançar o índice mínimo de 0,20 e a média das taxas deve ser igual ou
superior a 0,55. Caso o município não obtenha esses índices mínimos, não terá direito ao
repasse de recursos do IGD-M.
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Ao Fator de adesão ao SUAS, ao município de adesão, de acordo com a Norma
Operacional Básica do SUAS (NOB/SUAS), é atribuído valor 1 (um) se aderiu, ou 0 (zero) se
não aderiu.
O Fator de informação da apresentação da comprovação de gastos dos recursos do
IGD-M: indica se o gestor do Fundo Municipal de Assistência de Saúde (FMAS) registrou no
SuasWeb a comprovação de gastos ao Conselho Municipal de Assistência Social. Este fator
recebe o valor 1 (um), se o município realizou o registro; ou 0 (zero), se não realizou.
O Fator de informação da aprovação total da comprovação de gastos dos recursos do
IGD-M pelo Conselho Municipal de Assistência Social: indica se este colegiado registrou no
SuasWeb a aprovação integral das contas apresentadas pelo gestor do Fundo Municipal de
Assistência Social. É atribuído o valor 1 (um), se o Conselho aprovou totalmente, ou 0 (zero)
se não aprovou, ou aprovou parcialmente.
O PBF parte do entendimento da pobreza como um fenômeno multidimensional. Por
isso, seu enfrentamento deve unir a transferência de renda ao acesso a outros direitos sociais
básicos e a outras iniciativas que ampliem a capacidade das famílias de superar a condição de
pobreza e vulnerabilidades. (BRASIL, 2014).
Para concluir, pode-se dizer que as ações entre Cadastro Único e o PBF contribuem
para a estruturação e execução das funções do SUAS, ao mesmo tempo em que este Sistema
reforça a materialização e permite o fortalecimento do Bolsa Família como forma intersetorial
de combate à pobreza. (BRASIL, 2014).
3. METODOLOGIA
Nesta segunda parte, a proposta do trabalho é apresentar os procedimentos
metodológicos adotados para atender ao objetivo proposto. De acordo com Vergara (1998, p.
45), uma pesquisa pode ser classificada quanto aos fins e quanto aos meios. Quanto aos fins,
esta pesquisa pode ser classificada como descritiva, porque visa descrever o Programa Bolsa
Família, expondo sobre as características e os mecanismos de controle, despertando o
interesse para a realização de debates que procuram promover o entendimento sobre o modo
como programas sociais são geridos pela administração pública.
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Quanto aos meios, esta pesquisa é classificada como documental, porque foram
consultados documentos institucionais coletados de informações e publicações do Governo
Federal-Ministério Desenvolvimento Social e Combate à Fome – Programa Bolsa
Família/IGD e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para compor os dados
secundários utilizados na pesquisa.
Estes procedimentos de coleta de dados, são adequados para um estudo do tipo
exploratório, cuja finalidade é mostrar uma situação específica representada por uma unidade
de análise que é o PBF. A abordagem é quantitativa e qualitativa, porque a verificação do
controle do PBF envolve os esforços utilizados e os resultados obtidos em relação aos
objetivos do Programa. Vergara (1998) e Richardson et al. (1999) explicam que a abordagem
quantitativa é frequentemente utilizada quando se quer descobrir relações entre variáveis,
investigando associação de causalidades entre fenômenos. A pesquisa qualitativa é justificada
como forma adequada de se entender a natureza de um fenômeno social.
Na impossibilidade de fazer um estudo que envolvesse todos os municípios do
Estado do Paraná, optou-se por coletar os dados em 25 municípios do Estado do Paraná. A
seleção desses municípios se justifica pela representatividade (tamanho), pela semelhança na
estrutura administrativa pública. A amostra representa a importância que o Programa tem
junto a um conjunto significativo de beneficiários do PBF.
A coleta de dados consistiu na obtenção do número de famílias beneficiadas com o
PBF e dos subíndices que compõe o Fator de Operação do IGD (validação de cadastros, de
atualização de cadastro, de condicionalidade da saúde e de condicionalidade da educação),
que foram obtidos do sítio do MDS (www.mds.gov.br). Esses subindicadores, assim como o
IGD geral, variam de 0 a 1, e quanto mais próximo de 1 melhor é o atendimento do
procedimento em análise. Também foram coletados do site do IBGE o tamanho territorial dos
municípios e seu percentual de urbanização.
Isso implica dizer que existem regiões com maior concentração de famílias
beneficiárias do que outras. Porém, cada município, devido as ações adotadas no setor de
saúde e educação não alcançam o mesmo ritmo de expansão do PBF, o que faz com os
resultados alcançados pelos governos locais, sejam tão diferentes. Neste contexto, busca-se na
próxima parte do estudo mostrar como o IGD-M contribui para que os municípios busquem,
de forma continuada, aprimorar a Gestão do PBF e do Cadastro Único, executando com
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qualidade e eficiência as ações expressas no Decreto nº 5.209, de 17 de setembro de 2004, e
na Portaria GM/MDS nº 754, de 20 de outubro de 2010.
4. O IGD-M NOS MUNICÍPIOS PARANAENSES E O PBF
Nesta terceira parte, a proposta do trabalho é apresentar alguns dados referentes ao
Bolsa Família e mostrar em que moldes o programa se encaixa. Para essa finalidade 25
municípios do estado do Paraná foram selecionados para servir como referência e análise ao
debate proposto.
Os quadros foram criados com os dados gerados nas fontes indicadas. E são
analisados por meio de pesquisas teóricas realizadas sobre o Programa.
A propósito, a pesquisa realizada nos 25 maiores municípios paranaenses, toma por
base os dados disponíveis no sítio do MDS, e são referentes ao ano de 2015.
Segundo o art. 3º da Portaria 10 GM/MDS nº 754, de 20 de outubro de 2010, o IGD-
M é calculado pela multiplicação de 4 fatores. O primeiro fator corresponde às taxas
apresentadas no quadro 1.
O quadro 1 – Taxas de Cadastros (TCQC e TAC) e Condicionamentos (TAFE e TAAS)
Taxa Descrição
TCQC - Taxa de Cobertura Qualificada de
Cadastros
É calculada pela divisão do número de cadastros válidos
de famílias com perfil Cadastro Único, no município, pela
quantidade de famílias estimadas como público alvo do
Cadastro Único no Município.
TAC - Taxa de Atualização Cadastral É calculada pela divisão do número de cadastros válidos
de famílias com perfil Cadastro Único no município
atualizados nos últimos dois anos, pelo número de
cadastros válidos com perfil Cadastro Único no
Município.
TAFE - Taxa de Acompanhamento da Frequência
Escolar
É calculada pela divisão do número de crianças e
adolescentes pertencentes às famílias beneficiárias do
PBF no município, com informações de frequência
escolar, pelo número total de crianças e adolescentes
pertencentes a famílias beneficiárias do PBF no
município.
TAAS - Taxa de Acompanhamento da Agenda de
Saúde
É calculada pela divisão do número de famílias
beneficiárias com perfil saúde no município com
informações de acompanhamento de condicionalidades de
saúde, pelo número total de famílias com perfil saúde no
município.
Fonte: Elaborado pelo autor a partir de BRASIL (2014, p. 19-20).
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Resumindo: O Fator I - é o cálculo das taxas de cadastros e condicionamentos.
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TAAS TAFE TAC TCQC
No quadro 2 são apresentados os fatores II, III e IV que compõem o cálculo do
repasse do IDG-M.
Quadro 2 – Fatores de composição do IDG-M (Fator I, II e III)
Fator Descrição
Fator II é o Fator de adesão ao Sistema Único de
Assistência Social (SUAS);
Expressa se o município aderiu ao SUAS, de acordo com
a Norma Operacional Básica (NOB/ SUAS).
Fator III é o Fator de informação da apresentação
da comprovação de gastos dos recursos do IGD-M;
Indica se o gestor do FMAS lançou no sistema
informatizado do MDS (SuasWeb) a comprovação de
gastos ao CMAS.
Fator IV é o Fator de informação da aprovação
total da comprovação de gastos dos recursos do
IGD-M pelo CMAS;
Indica se o referido Conselho registrou no SuasWeb a
aprovação integral das contas apresentadas pelo gestor do
FMAS.
Fonte: Elaborado pelo autor a partir de BRASIL (2014, p. 20).
O quadro 3 apresenta de maneira sintetizada os fatores de composição do IGD-M e
sua pontuação para que o repasse ocorra.
Quadro 3 – Quadro Sintético do IGD-M
Fator Condição Valor
I
As Taxas TCQC, TAC, TAFE, TAAS superiores a 0,20 e resultado Fator
I (IGD-M) superior 0,55.
O Próprio
IGD-M As Taxas TCQC, TAC, TAFE, TAAS inferiores a 0,20 e resultado Fator I
(IGD-M) inferior 0,55.
II
Aderiu a SUAS 1
Não aderiu ao SUAS 0
III
Informou no SuasWeb a comprovação dos gastos do IGD-M. 1
Não Informou no SuasWeb a comprovação dos gastos do IGD-M. 0
IV
CMAS informou na SuasWeb a aprovação total dos gastos do IGD-M. 1
CMAS não informou na SuasWeb a aprovação total dos gastos do IGD-
M.
0
Fonte: BRASIL (2014, p. 24).
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Assim a fórmula final do IGD-M é:
IGD-M = Fator (I) x Fator (II) x Fator (III) x Fator (IV) = (Total)
Para calcular o valor dos recursos que devem ser transferido aos municípios, alguns
passos devem ser seguidos, como:
1º Passo:
Multiplicar o IGD-M por R$ 3,25 para cada cadastro válido e atualizado.
Exemplo: Suponhamos que o município “A” apresente 20 mil famílias na estimativa
de pobreza (perfil Cadastro Único), das quais apenas 7.166 correspondem a
cadastros válidos e atualizados.
Teremos: IGD-M x R$ 3,25 x 7.166 = R$ 16.069,76
2º Passo:
O município “A”, hipoteticamente, registrou no Sicon o processo de
acompanhamento de todas as famílias beneficiárias em situação de descumprimento
de condicionalidades. Tem direito, portanto, ao acréscimo de 3%, que, sobre o
montante de R$ 16.069,76, corresponde a R$ 482,09.
O município “A” também atualizou, nos últimos meses, todos os dados da Gestão
Municipal no SIGPBF. Logo, tem direito a mais 2% (R$ 321,41).
Portanto o valor transferido será: R$ 16.069,76 + R$ 482,09 + R$ 321,49 = R$
16.873,25. (BRASIL, 2014, p. 27-28).
Segundo a portaria GM/MDS nº 754/2010, o direito a receber 3% (três por cento) do
valor apurado no Fator de Operação (Fator 1), é proporcional ao acompanhamento das
famílias beneficiadas em situação de descumprimento de condicionalidades, que estejam em
processo de acompanhamento familiar. Portanto, se o munícipio consegue acompanhar 100%
das famílias, ele recebe 3%, se acompanha 50% dessas famílias, recebe 1,5%, e assim por
diante.
Caso o município “A” cumprisse todos os quesitos relativos aos incentivos
financeiros, o valor do IGD-M teria um acréscimo de 10% em seu valor final.
Como observado, os municípios são remunerados conforme seu Índice de Gestão
Descentralizada (IGD). Cabe aos gestores municipais do Programa administrar, em seu próprio
município, a transferência de renda às famílias beneficiárias.
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Com base no indicador obtido (conforme quadro 3), o MDS repassa recursos a cada
município, com a finalidade de incentivar a qualidade da gestão do Programa em nível local e
dar condições para que os municípios realizem as ações sob sua responsabilidade.
No quadro 4 são apresentados os dados de 2015, coletados por esse pesquisador,
sobre o montante do repasse de recursos pelo IGD-M, aos municípios paranaenses
selecionados para essa pesquisa, indicam que os municípios deixam de utilizar parte do
recurso repassado mensalmente.
Quadro 4 - Repasse de Recursos pelo IGD-M, 2015.
Municípios 2015
Teto de Repasse
do IGD-M
Total de Repasse do IGD-
M
Mensalmente aos
Munícipios
Valor deixado de ser arrecado
do IGD-M pelo município no
período 2015
01 Curitiba R$ 252.387,85 R$ 126.358,98 R$ 1.512.346,40
02 Londrina R$ 96.868,20 R$ 62.551,52 R$ 411.800,28
03 Maringá R$ 44.029,70 R$ 27.245,93 R$ 201.405,24
04 Ponta Grossa R$ 83.601,38 R$ 44.002,87 R$ 475.182,12
05 Cascavel R$ 56.967,63 R$ 23.189,55 R$ 405.336,96
06 São José dos Pinhais R$ 52.048,43 R$ 29.732,98 R$ 267.785,40
07 Foz do Iguaçu R$ 81.123,90 R$ 39.317,38 R$ 501.678,24
08 Colombo R$ 50.525,48 R$ 22.500,45 R$ 336.300,36
09 Guarapuava R$ 57.611,13 R$ 34.179,80 R$ 281.175,96
10 Paranaguá R$ 40.969,50 R$ 15.346,01 R$ 307.481,88
11 Araucária R$ 24.274,25 R$ 13.614,89 R$ 127.912,32
12 Toledo R$ 24.274,25 R$ 9.373,11 R$ 178.813,68
13 Apucarana R$ 24.016,85 R$ 15.829,51 R$ 98.248,08
14 Pinhais R$ 26.526,50 R$ 16.843,78 R$ 116.192,64
15 Campo Largo R$ 27.938,63 R$ 7.520,60 R$ 245.556,36
16 Arapongas R$ 20.334,60 R$ 12.013,24 R$ 99.856,32
17 Almirante Tamandaré R$ 28.950,35 R$ 10.722,61 R$ 218.732,88
18 Umuarama R$ 22.704,83 R$ 11.515,34 R$ 134.321,88
19 Piraquara R$ 29.032,58 R$ 19.169,29 R$ 118.359,48
20 Cambé R$ 22.554,68 R$ 13.324,77 R$ 110.758,92
21 Campo Mourão R$ 23.108,80 R$ 18.127,29 R$ 59.778.12
22 Fazenda Rio Grande R$ 23.705,83 R$ 15.419,56 R$ 96.027,24
23 Sarandi R$ 25.421,83 R$ 7.415,41 R$ 216.077,04
24 Paranavaí R$ 17.274,40 R$ 13.092,01 R$ 50.188,68
25 Francisco Beltrão R$ 16.495,05 R$ 11.532,90 R$ 59.545,80
Fonte: Elaborado pelo autor.
Constata-se que há recursos disponíveis que ainda não estão sendo aplicados pelos
gestores municipais em sua totalidade. O teto de repasse do IGD-M em 2015, para todos os 25
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municípios, não está sendo 100% aplicado. Isso pode estar ocorrendo em razão de a gestão do
Programa Bolsa Família não apresentar um bom desempenho.
Analisando o montante de recursos entregue e o montante de recursos gastos,
percebemos que há uma fragilidade na gestão municipal e uma falha na alocação de recursos
do PBF. O valor que não é arrecadado pelo município, apresenta deficiências administrativas
dos escassos recursos colocados à disposição dos municípios, e mostra também que esse
montante poderia ser investido para melhorar a situação dos beneficiários do PBF.
Para alcançar melhores resultados na gestão do Programa, é necessário que os
gestores municipais adotem práticas que melhorem a eficiência de utilização desses recursos.
Observamos que a importância assumida pelo PBF no Estado do Paraná, em parte, se
deve em razão de sua gestão ficar à cargo do próprio município. Assim, percebemos que de
modo particular, a participação e o controle social no PBF, em especial nos municípios
dotados de menor capacidade administrativa, dependem significativamente de mecanismos de
promoção da equidade (CHAVES; MONTEIRO; SUCUPIRA, 2007). Nesse sentido, através
do fornecimento de uma transferência de renda às parcelas muito pobres desses municípios, o
Bolsa Família, deve gerar bem-estar para seus beneficiários, produzir e manter mecanismos
de promoção da cidadania.
Contudo, se o repasse dos recursos do PBF não for bem administrado, ou seja,
utilizado de modo eficiente, sempre haverá uma parcela de beneficiários do Bolsa Família que
ficará prejudicada. As deficiências na administração municipal dos recursos disponíveis,
assim como as carências da população destinatária ainda se traduzem em um baixo impacto
na situação de bem estar preconizado pelo PBF.
Todo o exposto neste estudo exige que se pense não apenas no desenho das políticas,
mas também em sua gestão, ou melhor, na melhoria da eficiência da utilização do
financiamento disponível no passado recente e com o impacto que foi alcançado.
5. CONCLUSÃO
O Programa Bolsa Família pode servir de exemplo para análises sobre os modos
como os programas sociais no País vêm sendo operacionalizados. A existência de
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mecanismos controle dos programas sociais que envolvem um volume importante de recursos
orçamentários são imprescindíveis, na contemporaneidade.
Programas sociais são sempre criticados, na maioria das vezes, em suas estruturas de
gestão e controle. Por essa razão, a avaliação de programas sociais tem um papel importante
na gestão pública, pois contribui para o melhor desempenho de sua gestão.
Portanto, analisando as características e os mecanismos de controle do PBF podemos
concluir que desde sua criação, o Bolsa Família tem se destacado positivamente,
principalmente no combate à pobreza e a desigualdade social. Porém, nos moldes de um
moderno modelo de gestão pública, em que a finalidade é atacar uma das dimensões do
problema - a renda, sentimos ainda, a necessidade de melhorar as práticas de gestão, de
aumentar a capacidade de gestão desses municípios, principalmente no quesito avaliação e
monitoramento dos recursos sociais – tal como em qualquer outro campo –, esses recursos
podem ser utilizados com mais ou menos eficiência e, consequentemente, produzir efeitos
diferentes nos beneficiários.
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ANÁLISE DA SATISFAÇÃO DE CLIENTES: UM ESTUDO NO CENTRO DE
BELEZA ESPAÇO FELL
TAINARA BANDEIRA DE LEMOS
Acadêmica de Administração
Faculdade Integrado de Campo Mourão
CRISTIANE MARQUES DE MELLO
Doutora em Administração
Faculdade Integrado de Campo Mourão
RESUMO - A pesquisa em estudo apresentou como objetivo a análise de satisfação de clientes do centro de
beleza Espaço Fell com o intuito de avaliar a empresa a partir da visão dos clientes. Para o desenvolvimento do
estudo foi utilizado como instrumento de coleta de dados um questionário direcionado a clientes que
frequentaram a empresa no período de 27/08/16 a 05/09/2016, contando então com 21 questionários
respondidos. A partir dos dados coletados foi possível diagnosticar que o ponto fraco da empresa é a falta de
horários disponíveis, e seu ponto forte é a qualidade dos serviços oferecidos, no qual as clientes se sentem
seguras com as profissionais. Sendo assim, para a empresa aumentar o nível de satisfação de suas clientes, seria
necessário aumentar a equipe para que elas não migrem até os concorrentes, garantindo sua fidelização.
Palavras-chave: Satisfação de cliente, Fidelização, Qualidade, Centro de beleza.
ABSTRACT - The research study had the aim of analyzing satisfaction beauty center clients Space Fell in order
to assess the company from the customer view. To develop the study was used as a tool for data collection a
questionnaire intended for customers who attended the company in the period from 27.08.2016 to 05.09.2016,
then counting on 21 questionnaires. From the collected data it was possible to diagnose the weak point of the
company is the lack of available time, and your strong point is the quality of services, in which customers feel
secure with the professionals. Thus, for the company to increase its customer satisfaction level, it would be
necessary to increase the staff so that they do not migrate to competitors, ensuring their loyalty.
Keywords: Customer satisfaction, Loyalty, Quality, Beauty center.
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1. INTRODUÇÃO
Na busca pelo bem-estar e por uma melhor qualidade de vida, as pessoas procuram cada vez
mais serviços direcionados à área da beleza, o que faz com que esse mercado cresça
gradativamente de modo constante. Com isso, os profissionais vão em busca de qualificações
para garantir uma prestação de serviço de qualidade e um diferencial diante de seus
concorrentes. Porém, com profissionais mais atualizados e com o aumento no número de
concorrentes, é difícil manter-se em destaque.
Diante deste cenário, é necessário um diferencial para conquistar clientes, garantir sua
satisfação e torna-los fiéis à empresa.
Um bom nível de relacionamento com o cliente é o caminho mais adequado para
conhecer suas necessidades e expectativas, para então desenvolver estratégias que garantam
sua satisfação, posto que, um consumidor satisfeito dissemina informações positivas para
outras pessoas. Por isso, a manutenção da satisfação de clientes pode ser considerada um
importante instrumento de marketing, utilizado para a empresa garantir (em parte) a
fidelização e se tornar mais competitiva no mercado.
Uma forma de a empresa identificar a satisfação de seus clientes, é por meio da realização de
uma pesquisa, capaz de identificar se a empresa está entregando aos consumidores o que eles
desejam, se eles estão totalmente satisfeitos não vão procurar por seus concorrentes. A
realização de uma pesquisa junto aos clientes, possibilita a identificação de pontos fortes e
fracos de uma organização.
Conhecendo a importância desse tipo de pesquisa, o presente trabalho propõe como
objetivo principal avaliar o nível de satisfação dos clientes do Centro de Beleza Espaço Fell.
Os resultados do presente estudo podem contribuir, de modo prático, para melhorar a
gestão da empresa, e direcionar os esforços de modo mais adequado na elaboração de ações
estratégicas, visando aumentar sua competitividade perante o mercado no qual atua.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
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Nesta seção foram abordados assuntos teóricos relevantes para o desenvolvimento do
tema central do trabalho. Inicialmente apresenta-se uma visão sobre o comportamento do
consumidor, em seguida estudou-se o relacionamento da empresa com o cliente, e por último
foi abordada a satisfação do cliente com foco na qualidade e no preço.
2.1 Comportamento do consumidor
A necessidade do entendimento do comportamento de compra é obrigatória para
empresas que quiserem sobreviver e progredir, é um estudo de como as pessoas (individuais
ou grupos) escolhem, compram, usam e descartam bens/serviços para satisfazer suas
necessidades. Este comportamento deve ser entendido, pelos profissionais de marketing, tanto
na teoria quanto na prática (KOTLER; KELLER, 2012).
Estudar o comportamento de compra do consumidor é essencial, pois fornece uma
compreensão de como planejar produtos/serviços que melhor satisfaça as necessidades do
consumidor (FERRELL; HARTLINE, 2009). E ainda, este estudo proporciona à empresa e
seus profissionais de marketing o desenvolvimento de estratégias visando melhor atender seus
clientes, transformando suas necessidades em satisfação (SCHINAIDER; FAGUNDES;
SCHINAIDER, 2016). Portanto, é fundamental que as empresas conheçam os atributos que
os consumidores consideram importantes no momento de decidir a compra, pois só assim
poderão agregar características e benefícios que serão percebidos e valorizados pelos
consumidores (MEDEIROS; CRUZ, 2006).
O processo de decisão de compra é cognitivo, no qual o consumidor tem uma percepção
de necessidade por meio de uma propaganda ou anúncio, mentalmente ele retém as
informações para uma avaliação e procura mais informações com outro fabricante ou com
amigos. Para alguns, o processo ocorre através de uma comparação detalhada das
características do produto, no qual será selecionado aquele que mais se aproxima dos
objetivos do consumidor, ou seja, só compram após uma cautelosa avaliação, e para outros a
compra é impulsiva, na qual compram muitos para experimentar e depois descartam para
adquirir as novidades (BAKER, 2005).
De acordo com Kotler e Keller (2012) o comportamento de compra do consumidor é
influenciado por dois grupos. O primeiro grupo é o de características dos fatores: culturais,
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sociais e pessoais. E o segundo grupo são os fatores psicológicos: motivação, percepção,
aprendizagem e memória. Veremos a seguir o conceito de cada um deles segundo os autores.
1) Características de fatores culturais, sociais e pessoais:
a) Fatores culturais: este é o fator que exerce maior influência, pois abrange a cultura, a
subcultura e a classe social. A cultura é o principal determinante, pois uma pessoa cresce sob
influência da família e exposta a valores. Ela se divide em subculturas que é a identificação e
socialização mais específica de uma pessoa, como a religião, a região geográfica, grupo racial,
entre outros. As classes sociais são divisões hierárquicas da sociedade de acordo com seus
valores, elas apresentam as nítidas preferências por produtos ou marcas de acordo com cada
classe.
b) Fatores sociais: este fator abrange a família, os amigos e o papel social/status. São os
grupos de referência que exercem influência direta na atitude de uma pessoa, como por
exemplo, a família na qual marido e mulher decidem juntos as compras de alto valor, como
um carro ou uma viagem. Os amigos e colegas de trabalho também apresentam influência
direta, pois são pessoas do convívio do consumidor. O papel social e status seria um grupo em
que o consumidor participa, por exemplo um clube.
c) Fatores pessoais: este fator abrange a idade, ocupação, personalidade, autoimagem, estilo
de vida e valores, ou seja, são as características pessoais de cada indivíduo. E também faz
parte deste fator os episódios cruciais na vida, como por exemplo o nascimento de filhos,
divórcio, doença, mudança de carreira, aposentadoria, entre outros.
2) Fatores psicológicos:
a) Motivação: a motivação surge da necessidade psicológica, portanto, uma necessidade
passa a ser um motivo quando alcança um grau de intensidade suficiente que leve uma pessoa
a agir.
b) Percepção: é a maneira que a pessoa vai agir de acordo com sua percepção da situação. No
marketing, a percepção afeta o comportamento real do consumidor, portanto, as percepções
são mais importantes do que a realidade.
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c) Aprendizagem: as pessoas aprendem quando agem, e a aprendizagem é a mudança do
comportamento como resultado da experiência.
d) Memória: todas as informações já vistas pelo consumidor, ou experiência já vivida pelo
mesmo, ficará guardada na memória. A memória de curto prazo é limitada e temporária, e a
de longo prazo é permanente e ilimitada. Portanto, o marketing deve garantir que sua marca
seja mantida na memória do consumidor.
Sendo que, o grupo dos fatores psicológicos desempenha um papel fundamental na
decisão de compra, e as empresas inteligentes tentam entender plenamente o processo com
toda a experiência de aprendizagem, a escolha, o uso, e inclusive o descarte do produto feito
pelo cliente. Portanto, uma pesquisa de todos esses fatores ajudará a empresa a conhecer seus
clientes, fornecendo sugestões sobre como atingi-los (KOTLER; KELLER, 2012).
Entre as ofertas no mercado, o consumidor escolhe a que parece lhe proporcionar
maior valor, este valor é a combinação de qualidade e preço (KOTLER; KELLER, 2012). E
ainda, os consumidores são mais influenciados por avaliações transmitidas por outros
consumidores do que por propagandas ou anúncios (BAKER, 2005).
Estudar o comportamento do cliente é primordial para uma empresa sobreviver no
mercado, é através deste estudo que se compreende o que leva o consumidor a adquirir seu
produto ou de seu concorrente. É o primeiro passo na conquista de fidelização de cliente, o
segundo passo é o desenvolvimento de um relacionamento com o mesmo.
2.2 Relacionamento e conexão com os clientes
No passado, as empresas prestavam pouca atenção na necessidade do consumidor, já
na economia contemporânea a ênfase é desenvolver estratégias que mantenha o consumidor
por um longo tempo, para isso as empresas desenvolvem relacionamentos com os clientes
criando conexão que envolva acordos de longo prazo satisfatórios para ambos, promovendo a
confiança do cliente com a empresa, que conseguirá desenvolver maior compreensão das
necessidades deles. O desenvolvimento dos relacionamentos com o consumidor é uma das
melhores maneiras de proteger a empresa contra a concorrência e contra o rápido ritmo das
mudanças do mercado (FERRELL; HARTLINE, 2009). O processo de desenvolvimento de
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relacionamento não é rápido, demanda um período significativo de tempo e esforços da
empresa. Ela ocorre, geralmente, por pressão do ambiente que a empresa está inserida, um
exemplo é a perda de mercado, no qual há necessidade de fidelização para melhorar sua
competitividade (MARTINS; KNIESS; ROCHA, 2015).
As empresas têm usado informações detalhadas sobre cada cliente para construir
relacionamentos sólidos de longo prazo e maximizar sua fidelidade, pois, assim a empresa
consegue oferecer um atendimento de qualidade um produto customizado e uma oferta
específica para clientes individuais com base no que sabe sobre cada um deles, permitindo aos
funcionários criar um forte laço com o cliente ao personalizar relacionamentos (KOTLER;
KELLER, 2012). Ferrell e Hartline (2009), ressaltam que por meio do relacionamento com os
clientes, a empresa consegue conhecer suas expectativas, necessidades, motivações e
comportamentos, e, com esse conhecimento, é possível desenvolver estratégias de marketing
que garantam a satisfação do cliente, o que irá mantê-lo por um longo prazo.
Criar o relacionamento envolve retenção, fidelidade, compromisso, mutualidade,
reciprocidade, vínculos e, principalmente, a confiança, que é essencial para este processo que
só será bem-sucedido se os objetivos de ambas as partes forem alcançados, no qual a empresa
busca garantir fidelidade, enquanto o cliente busca minimizar riscos (BAKER, 2005). O
relacionamento privilegia a interação com o cliente, tendo como meta desenvolver um
conjunto de valores que o induzirão à satisfação e a longevidade com a empresa, a qual trará
benefícios mútuos (MADRUGA, 2004).
Para Baker (2005) nem todos os clientes são lucrativos como clientes de
relacionamento, pois alguns relacionamentos exigirão aprimoramento contínuo para serem
mantidos, por isso, primeiramente, é preciso fazer um gerenciamento para identificar o
potencial de cada cliente. Já para Blackwell, Miniard e Engel (2005) reter consumidores é
mais barato do que atrair novos. Kotler e Keller (2012) concordam, pois afirmam que uma
empresa tem um custo cinco vezes maior para atrair um novo cliente do que manter os já
existentes.
Portanto, desenvolver o relacionamento com o cliente é conhecer suas expectativas e
necessidades, esse entendimento permite à empresa desenvolver estratégias que garantam a
satisfação do cliente, pois, a chave para reter clientes está totalmente ligada à sua satisfação.
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2.3 Satisfação do cliente
Estudos sobre a satisfação do cliente têm concentrado parte considerável dos esforços
dos profissionais de marketing, tanto de órgãos governamentais, como das organizações
privadas (SPINA; GIRALDI; OLIVEIRA, 2013).
A satisfação do cliente é uma meta para as empresas que são centradas no cliente, é
uma ferramenta de marketing, pois muitos consumidores vão para a internet expressar suas
opiniões para o restante do mundo, seja para espalhar reclamações ou elogios (KOTLER;
KELLER, 2012). A satisfação é a influência necessária para o consumidor repetir a compra,
ela garante a fidelidade do cliente, garantir fidelidade devido a satisfação é um dos maiores
ativos que a empresa pode desenvolver (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005).
De modo geral, a satisfação é o prazer ou decepção do cliente, que vem do resultado da
comparação entre o desempenho do produto e a expectativa do comprador. Com relação a um
produto, se o desempenho não alcançar as expectativas o comprador ficará insatisfeito, se
alcançar ele ficará satisfeito, e se for além das expectativas ele ficará encantado. E, com
relação a um serviço, os clientes comparam o serviço percebido com o serviço esperado,
então se o serviço percebido não atender as expectativas do esperado o cliente ficará
insatisfeito. Um alto nível de satisfação faz com que o cliente fique encantado e ele passa a
criar um vínculo emocional com a empresa (KOTLER; KELLER, 2012).
De acordo com Ferrell e Hartline (2009) o nível de satisfação é compreendido com o
grau em que um produto ou serviço atende as expectativas do consumidor, os quais
apresentam diferentes tipos de expectativas, conforme mostra o quadro abaixo.
Tipo de expectativa Situações Variação
Expectativas ideais
Compras altamente envolventes;
Ocasiões especiais;
Eventos exclusivos
Alta (desejada)
Baixa (adequada)
Expectativas
normativas
Comparações de compra;
Juízo de valor
Expectativas com
base na experiência
Situações frequente de compra;
Fidelidade à marca
Quadro 1 – Variação das expectativas do consumidor
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Expectativas
mínimas toleráveis
Compras estimuladas pelo preço;
Compras de baixo envolvimento
A alta variação é a expectativa desejada, o que os consumidores querem, e a baixa
variação é a expectativa adequada, o que os consumidores estão dispostos a aceitar. Portanto,
as expectativas podem variar de acordo com a situação, por exemplo, quando a necessidade é
muito grande a expectativa é muito alta, como em uma festa de casamento na qual o
consumidor exigirá muito das empresas envolvidas (FERRELL; HARTLINE, 2009).
Ainda para os autores Ferrell e Hartline (2009) o nível de satisfação pode estar
relacionado ao grau de tolerância do desempenho, no qual pode ocorrer:
a) Fascínio do consumidor: é quando o desempenho ultrapassa a expectativa desejada.
b) Satisfação do consumidor: é quando o desempenho fica dentro da zona de tolerância, ou
seja, entre a expectativa desejada e a adequada.
c) Insatisfação do consumidor: é quando o desempenho fica abaixo da expectativa
adequada.
Essa expectativa se forma com base em compras anteriores, em recomendações de
amigos, e em informações de anúncios e propaganda. Se a propaganda criar altas expectativas
o comprador ficará desapontado, e por outro lado, se as expectativas forem muito baixas não
atrairão compradores suficientes. As empresas mais bem-sucedidas elevam as expectativas,
pois encontram uma maneira de garantir um desempenho superior do produto, e as empresas
prestadoras de serviços criam benefícios que surpreendam o cliente (KOTLER; KELLER,
2012). A satisfação depende de como o consumidor espera que seja o produto, então as
empresas devem ter cuidado e não deixar que eles esperem demais para que não acabem
ficando insatisfeitos, e se ele esperar muito pouco pode acabar não apreciando o produto,
passar pela linha que separa o prometer muito do prometer pouco é um dos maiores desafios
para os profissionais do marketing (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005).
Para complementar pode-se dizer, que haverá satisfação de compra caso a empresa
entregue valor ao consumidor atendendo suas expectativas (MADRUGA, 2004). Empresas
inteligentes ao avaliarem a satisfação do cliente identificam os valores que a moldam e
Fonte: Ferrell; Hartline (2009, p. 388).
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modificam suas ações de marketing para melhores resultados, pois esse é o segredo para retê-
los (KOTLER; KELLER, 2012).
Diante do exposto, entende-se que a satisfação do cliente depende do desempenho do
produto ou serviço com relação às suas expectativas, as quais variam de acordo com a
situação. Para o consumidor o grau de satisfação está relacionado ao valor do produto ou
serviço e este conceito de valor envolve a qualidade e o preço, os quais veremos a seguir.
2.3.1 Qualidade
Em um cenário com crescente importância da qualidade, é necessário empreender
esforços para seu estudo, bem como da satisfação, já que qualidade e satisfação, que não são
sinônimos, estão fortemente relacionadas (SPINA; GIRALDI; OLIVEIRA, 2013).
A qualidade é o conjunto dos atributos e características de um produto que afetam a
capacidade de satisfazer as necessidades do consumidor, ou seja, enquanto o produto atender
às expectativas do cliente a empresa estará fornecendo qualidade, ela é “claramente a chave
para a criação de valor e para a satisfação do cliente” (KOTLER; KELLER, 2012, p. 138).
A qualidade é o nível de superioridade de bens ou serviços da empresa, ela é relativa,
pois só pode ser julgada quando o produto for comparado ao dos concorrentes, e neste caso se
o produto for inferior, a empresa terá poucas chances de sucesso. A qualidade de produtos
envolve a sua durabilidade, estilo, conforto, facilidade para ser utilizado, e adequação para
uma necessidade específica. Já a qualidade de serviços envolve a habilidade dos funcionários,
confiança e tempo de duração, pelo fato de serviços serem tão ligados ao consumidor as
empresas se esforçam diariamente para manter a qualidade (FERRELL; HARTLINE, 2009).
Para Kotler e Keller (2012), nas empresas prestadoras de serviços, a qualidade vai ser
identificada sempre que o serviço for prestado, portanto, uma entrega impecável é
fundamental para a empresa. Os autores destacam algumas recomendações para melhorar a
qualidade dos serviços oferecidos:
a) Ouvir: entender o que os clientes realmente querem, aprendendo sobre suas expectativas.
b) Confiabilidade: entregar o serviço de modo confiável e exatamente como foi prometido.
Deve ser prioridade, é o item mais importante da qualidade.
c) Reparação: estimular o cliente quando ocorrer um problema e resolve-lo.
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d) Surpreender: criar benefícios que ultrapassem a expectativa do cliente.
e) Trabalho em equipe: isso permite que a empresa atinja seus objetivos, motivando
funcionários e desenvolvendo suas habilidades.
f) Empatia: atenção individualização ao cliente.
A qualidade percebida pelo cliente são as características capazes de satisfazer as
necessidades do mesmo, e o sucesso de uma empresa está totalmente ligado a qualidade
fornecida em seus produtos ou serviços.
2.3.2 Preço
Para os compradores o preço é o que será dado em troca de um produto ou serviço, no
qual, dependerá do valor percebido pelo cliente com relação ao produto (FERRELL;
HARTLINE, 2009).
Um cliente satisfeito se mantém fiel por mais tempo, ele compra mais conforme o
lançamento de novos produtos ou aperfeiçoamentos, ele fala bem da empresa e dá menos
atenção aos concorrentes, podendo ficar até menos sensível ao preço, porém com a crise
econômica os consumidores mudaram seus hábitos, passando a comprar somente o necessário
com preço mais baixo e evitando o supérfluo (KOTLER; KELLER, 2012).
A capacidade de pagar está totalmente ligada à restrição orçamentária, na qual essa
capacidade é definida pela renda disponível que reflete o tipo e quantidade de compra que um
cliente pode fazer em determinado período, para isso ser superado as empresas oferecem à
seus clientes condições diferenciadas de pagamentos, como prazos de créditos sem juros
(BAKER, 2005).
Para Kotler e Keller (2012) muitos acreditam que os consumidores são seguidores de
preços, ou seja, a decisão de compra se baseia em como o consumidor considera o verdadeiro
preço, e não no preço definido pela empresa. E, existem três tópicos relacionados ao preço:
a) Preço de referência: os consumidores comparam preços ao avaliar as opções de compra.
O profissional de marketing aponta o alto preço de um concorrente.
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b) Inferências preço-qualidade: os consumidores usam o preço como indicação da
qualidade. Quando é apresentado ao consumidor informações da qualidade o preço se torna
menos significativo, e quando essas informações não existem o preço é o principal indicador.
c) Preço de efeito psicológico: é o preço de número quebrado, os preços terminados em 9 dão
a impressão de barato e isso atrai o consumidor.
A partir dessa discussão, entende-se que a satisfação do cliente envolve o preço do
produto ou serviço devido a sua capacidade de pagamento, que atualmente estão mais
restritas, e por isso, empresas estão diferenciando as formas de pagamento para não serem tão
afetas pela crise econômica.
3. METODOLOGIA
Para a realização deste trabalho foi utilizada a pesquisa exploratória e a descritiva, que
teve como instrumento de coleta de dados, um questionário de natureza predominantemente
quantitativa.
A pesquisa exploratória consiste em descobrir ideias e gerar hipóteses precisas para
um estudo aprofundado, ela pode ser utilizada para diversos fins, como identificar alternativas
de ação, formular ou definir um problema com maior precisão, e estabelecer critérios para a
abordagem do problema (HONORATO, 2004). A pesquisa descritiva, é aquela na qual
ocorre a análise, a interpretação e a classificação dos fatos sem interferência do pesquisador
(CIRIBELLI, 2003), bem como a descrição das características do fenômeno investigado.
A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário com 8 questões, com
clientes que frequentaram a empresa no período de 27/08/2016 a 05/09/2016, totalizando 21
respondentes.
Para facilitar a análise, foram elaborados gráficos a partir dos dados coletados por
meio dos questionários, que serão apresentados na seção seguinte.
4. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
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Nesta seção foi descrita a análise de satisfação de clientes do Centro de Beleza Espaço
Fell, iniciando pela apresentação da empresa.
4.1 Apresentação da empresa em estudo
O Centro de Beleza Espaço Fell foi inaugurado, na cidade de Campo Mourão/PR, em
novembro de 2012 contando apenas com serviços capilares. Mas em janeiro de 2016 a
empresa foi reinaugurada e ampliou a variedade de serviços oferecidos, disponibilizando para
suas clientes existentes, e futuras clientes, serviços de manicure/pedicure e procedimentos
estéticos, tendo uma profissional para cada área. E, ainda, a empresa passou a oferecer uma
estrutura completa para noivas com pacotes exclusivos.
Na sequência será apresentada a análise dos dados da presente pesquisa. Para melhor
elucidação dos resultados, foram utilizados gráficos.
4.2 Análise dos Dados
O questionário utilizado para a pesquisa foi composto por 8 questões (ver anexo),
sendo a última aberta para sugestões. Então, com base no questionário foi possível verificar
que a distribuição da faixa etária, dos quais 100% são mulheres, foi composta da seguinte
forma:
Até 20 anos: 19,05%
21 a 30 anos: 42,86%
31 a 40 anos: 23,81%
41 a 50 anos: 4,76%
51 anos ou mais: 9,52%
Percebe-se que a empresa atende com maior frequência clientes de 21 a 40 anos,
totalizando um pouco mais de 66%.
A frequência em que as clientes utilizam os serviços oferecidos pela empresa são:
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Semanalmente: 33,33%
Quinzenalmente: 33,33%
Mensalmente: 19,05
Eventualmente/Datas comemorativas: 28,57%
Dentre essas clientes, 9,52% utilizam os serviços quinzenalmente e eventualmente, e
4,76% utilizam semanalmente e eventualmente.
Dos serviços disponibilizados os mais utilizados são:
Cabeleireira: 52,38%
Manicure/pedicure: 47,62%
Procedimentos estéticos: 19,05%
Um percentual de 14,29% utiliza os serviços capilares e manicure/pedicure, e 4,76%
das clientes utilizam manicure/pedicure e procedimentos estéticos.
No que se refere especificamente à satisfação das clientes, serão apresentados gráficos
separados por categoria, sendo: ambiente, acessibilidade e qualidade do atendimento.
Iniciamos a apresentação dos resultados no gráfico 1, enfatizando a satisfação das clientes em
relação ao ambiente.
Na categoria ambiente, no geral, as clientes estão muito satisfeitas. No quesito
estrutura 80,95% estão completamente satisfeitas, pois avaliaram a estrutura como sendo
Gráfico 1 – Ambiente
Fonte: Dados da pesquisa
80,95
66,67 66,67 66,67
80,95
14,29
28,57 33,33 28,57 19,05
4,76 4,76 0 4,76 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
20
40
60
80
100
Estrutura Limpeza/higiene Conforto Segurança Privacidade
Excelente Muito bom Bom Regular Ruim
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excelente, 14,26% assinalaram a opção muito bom, ressaltando que todas são clientes de
serviços capilares, e apenas 4,76% avaliou como sendo bom (cliente dos serviços de
manicure/pedicure). Os quesitos limpeza/higiene e segurança tiveram a mesma avaliação,
sendo que 66,67% das clientes atribuíram o quesito excelente, e 33,33%, não estão
completamente satisfeitas. Com relação ao conforto, 66,67% das clientes avaliaram como
sendo excelente, e o restante, 33,33%, respondeu que é muito bom. Com relação à privacidade
80,95% das clientes acham excelente, e o restante, 19,05%, acham muito bom. As clientes
menos satisfeitas são, na sua maioria, clientes dos procedimentos estéticos.
Portanto, com relação ao ambiente, o quesito mais bem avaliado foi a privacidade,
seguido da estrutura.
O gráfico 2 apresenta os resultados da avaliação do critério acessibilidade.
Na categoria acessibilidade, a facilidade para contatar o salão apresentou um
percentual de 85,71% de clientes completamente satisfeitas, pois avaliaram o quesito como
sendo excelente, e o restante, 14,29%, avaliou como sendo muito bom. Com relação ao
retorno das chamadas, 76,19% avaliaram como excelente, e o restante, 23,81%, avaliaram
como sendo muito bom. No quesito disponibilidade de horários 61,9% das clientes acham
excelente, 23,81% acham muito bom, e o restante, 14,29% acham bom, portanto, 38,10% das
clientes não estão completamente satisfeitas com a disponibilidade de horários, sendo elas a
grande maioria de serviços capilares. Com relação aos dias de funcionamento 80,95% estão
completamente satisfeitas, pois na sua maioria as clientes avaliaram como sendo excelente, e
Gráfico 2 – Acessibilidade
Fonte: Dados da pesquisa
85,71 76,19 61,9
80,95 71,43
14,29 23,81 23,81 19,05 23,81
0 0 14,29
0 4,76 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
20
40
60
80
100
Facilidade para
contatar o salão
Retorno de
chamadas
Disponibilidade de
horários
Dias de
funcionamento
Localização
Excelente Muito bom Bom Regular Ruim
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19,05% avaliou como sendo bom. No quesito localização 71,43% das clientes avaliou como
sendo excelente, 23,81% como sendo muito bom, e 4,76% como sendo bom.
Portanto, com relação à acessibilidade, as clientes estão mais satisfeitas com a
facilidade para contatar o salão, e estão menos satisfeitas com a disponibilidade de horários.
No gráfico 3 são apresentados os resultados referentes ao grau de satisfação das
clientes quanto ao atendimento recebido pelos profissionais da empresa.
A última categoria, qualidade de atendimento, teve como melhor avaliado o quesito
serviço de qualidade e também a segurança que a profissional passa para a cliente, tendo eles
85,71% das clientes satisfeitas, pois avaliaram como sendo excelente, e 14,29% acham muito
bom, sendo que, os serviços capilares são os que apresentam um maior grau de satisfação no
atendimento em geral. Com relação ao tempo de espera para atendimento 76,19% das clientes
avaliaram como excelente, 19,05% avaliaram como muito bom e 4,76%, apenas uma cliente,
avaliou como sendo bom. Um percentual de 76,19% disse que a duração do atendimento é
excelente e o restante, 23,81%, acha muito bom. Com relação à profissional esclarecer todas
as dúvidas, um percentual de 80,95% acha excelente e 19,05% assinalou a opção muito bom.
Sendo assim, esta categoria foi a melhor avaliada mostrando que, com relação ao
atendimento, as clientes estão bem satisfeitas.
Nas 3 categorias 42,86% das clientes estão completamente satisfeitas em todos os
quesitos avaliados. Porém, mais da metade, 57,47% acham que em alguns quesitos a empresa
deve melhorar para alcançar um nível excelente. Ainda assim, 100% das respondentes
disseram que indicariam a empresa para amiga(o)s e familiares.
Gráfico 3 – Qualidade do atendimento
76,19 76,19 80,95 85,71 85,71
19,05 23,81 19,05 14,29 14,29 4,76 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
020406080
100
Tempo de espera
para atendimento
Duração do
atendimento é
suficiente
Profissional
esclarece todas as
dúvidas
Se sente segura
com a profissional
Serviço de
qualidade
Excelente Muito bom Bom Regular Ruim
Fonte: Dados da pesquisa
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Com relação ao preço, 38,09% das clientes acham barato, e a mesma quantidade acha
acessível, e 23,81% disseram que os serviços caros. Com relação à fidelização, 66,67% já
optarem por outra empresa, em seguida estão relacionadas as justificativas.
Das clientes que já optaram por outra empresa, 85,71% foi devido à falta de horário
para atendimento e apenas 14,29% foi por outros motivos que não justificaram quais. A
grande maioria das clientes que optaram por outra empresa utilizam os serviços capilares.
4.3 Resultados
A maioria das clientes que frequentaram a empresa no período da pesquisa possuem
entre 21 e 40 anos. E, a maioria utilizam os serviços capilares.
Para analisar a satisfação das clientes o questionário foi dividido em 3 categorias:
ambiente, acessibilidade e qualidade do atendimento. Na qual, 42,86% das respondentes estão
completamente satisfeitas, e 57,47% acham que a empresa não está excelente em alguns
quesitos.
Na categoria ambiente, no geral, as clientes estão muito satisfeitas, principalmente
com relação à privacidade que foi o quesito mais bem avaliado de todos os outros na
categoria. O quesito com menor avaliação foi limpeza/higiene e segurança. Na categoria
acessibilidade, no geral, as clientes, estão satisfeitas, principalmente com a facilidade de
entrar em contato com o salão. Porém, 38,10% das clientes não estão totalmente satisfeitas
com a disponibilidade de horários. A última categoria, qualidade de atendimento, teve como
Gráfico 4 – Motivo de optarem por outra empresa
Fonte: Dados da pesquisa
0 0 0
85,71
14,29
0
20
40
60
80
100
Preço do
concorrente é
mais acessível
Os produtos
utilizados pelo
concorrente são
de melhor
qualidade
Foi melhor
atendida em
outro
estabelecimento
Falta de horário Outros
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melhor avaliado o quesito serviço de qualidade e também a segurança que a profissional passa
para a cliente. Esta categoria foi a melhor avaliada. Então, com relação ao atendimento as
clientes estão mais satisfeitas.
Após analisar as categorias, apresentam-se outros fatores importantes como o preço,
que no geral está de acordo com a concorrência pois apenas 23,81% das clientes acham caro,
porém, o preço não é o diferencial apresentado pela empresa. E, também, a variedade dos
serviços oferecidos, no qual 76,19% das clientes acham excelente, estando completamente
satisfeitas, e apenas 23,81% acha muito bom, não estando completamente satisfeitas.
Portanto, após toda a análise foi possível diagnosticar que o ponto a ser melhorado na
empresa é a falta de horário, o que se justifica na categoria acessibilidade, e também na
questão em que 85,71% das clientes que já optaram por outra empresa foi devido à falta de
horários. E, o ponto mais forte da empresa é o serviço de qualidade em que todas as
profissionais exercem, pois, foi o quesito mais bem avaliado de todas as categorias, no qual,
as clientes se sentem seguras com as profissionais.
5. CONCLUSÕES
Com base na pesquisa realizada e nos fundamentos teóricos do estudo, pode-se
concluir que a satisfação está diretamente relacionada ao conceito que o cliente tem de valor,
pois eles maximizam o valor, criando uma expectativa e agindo com base nela.
A satisfação do cliente depende do desempenho do serviço com relação às suas
expectativas. As empresas devem assegurar que atendam às expectativas para os clientes
terem um alto nível de satisfação e criarem fidelidade com a empresa, conforme apontam
Kotler e Keller (2012) e Ferrell e Hartline (2009).
Com relação à pesquisa realizada para o Centro de Beleza Espaço Fell, pode-se
concluir que, no geral, a maioria das clientes estão satisfeitas em todos os aspectos.
Principalmente nos aspectos relacionados à qualidade do atendimento, com foco maior na
qualidade dos serviços executados por todas as profissionais.
Por fim, o objetivo do trabalho foi alcançado por meio da pesquisa. Um ponto a
melhorar na empresa é a disponibilidade de horários, no qual, clientes migram para os
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concorrentes por não encontrarem horário disponível no Espaço Fell. Sendo assim, para
fidelizar suas clientes é recomendável o aumento da equipe garantindo a disponibilidade de
horários para garantir a satisfação e, consequentemente, a fidelização de suas clientes.
Como limitação do estudo, aponta-se o fato da coleta de dados ter sido realizada em
um curto espaço de tempo. Sugere-se que em uma pesquisa futura, a aplicação dos
questionários tenha um tempo maior de durabilidade, a fim de que uma quantidade maior de
clientes seja atingida.
REFERÊNCIAS
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BLACKWELL, Roger. D.; MINIARD, Paul. W.; ENGEL, James, F. Comportamento do
Consumidor. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005.
CIRIBELLI, Marilda Corrêa. Como elaborar uma dissertação de mestrado através da
pesquisa científica. Rio de Janeiro: 7Letras, 2003.
FERRELL O. C.; HARTLINE D. Michael. Estratégia de marketing. 4. ed. São Paulo:
Cengage Learning, 2009.
HONORATO, Gilson. Conhecendo o marketing. 1. ed. Barueri, SP: Manole, 2004.
KOTLER, Philip; KELLER, K. Lane. Administração de marketing. 14. ed. São Paulo:
Pearson Education do Brasil, 2012.
MADRUGA, Roberto. Guia de implementação de marketing de relacionamento e CRM.
São Paulo: Atlas, 2004.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia
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MARTINS, Cibele Barsalini; KNIESS, Claudia Terezinha; ROCHA, Rudimar Antunes da.
Um estudo sobre o uso de ferramentas de gestão do marketing de relacionamento com o
cliente. Revista Brasileira de Marketing - ReMark. v. 14, n. 1. jan/mar 2015. Disponível
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MEDEIROS, Janine Fleith de; CRUZ ,Cassiana Maris Lima. Comportamento do consumidor:
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SCHINAIDER, A. Daiana; FAGUNDES, P. de M.; SCHINAIDER, A. Daniela.
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dimensoes-da-_10147.pdf>. Acesso em: 02 set 2016.
FATORES QUE INFLUENCIAM A ROTATIDADE DE PESSOAL EM UM
GRUPO VAREJISTA DO PARANÁ
YEDA MARIA PEREIRA PAVÃO
Doutora em Administração e Turismo
Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI
BRUNO RAFAEL MARIOTI
Mestrando em Administração
Universidade Estadual de Maringá - UEM
CRISLAINE ALICE PEREIRA ZULIN
Especialista em Gestão de Pessoas e Inteligência Competitiva
Faculdade Integrado
RESUMO - O progresso e a permanência de uma organização diante de um mercado competitivo dependem de
sua capacidade de selecionar, treinar e posicionar no presente, as pessoas com potencial para atuar no futuro. O
setor varejista sofre com a rotatividade de pessoal (turnover), assim, este estudo culmina em analisar os fatores
que influenciam na rotatividade de pessoal em uma das unidades que integram um grupo varejista do Paraná, de
forma a identificar os motivos que levam ao desligamento voluntário do pessoal, bem como, as causas. Neste
sentido, os resultados revelaram que além da obtenção de parâmetros de caráter teórico-empíricos, há relevância
da sua articulação com a organização, objeto do estudo, indicando ainda, que há muito a ser pesquisado acerca
do assunto. Ademais, a rotatividade neste setor demonstrou que sofre influência principalmente dos fatores
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relacionados ao desenvolvimento de pessoal, relacionamento entre as pessoas, além de fatores ligados a
remuneração e benefícios.
Palavras-chave: Mercado Competitivo, Setor Varejista, Desligamento, Turnover.
ABSTRACT - The progress and the permanence of an organization on a competitive market depend on its ability
to select, train and position in this, people with the potential to act in the future. The retail sector suffers from
staff turnover, so this study culminates in analyzing the factors that influence staff turnover in one of the units
that are part of a retailer group of Paraná, in order to identify the reasons that lead to shutdown volunteer staff as
well as the causes. In this sense, the results revealed that in addition to obtaining theoretical and empirical
character parameters, there is relevance of its relationship with the organization, the object of study, indicating
also that there is much to be researched on the subject. Moreover, the turnover in this sector has shown that is
influenced mainly from factors related to the development of personal relationships between people, as well as
factors related to compensation and benefits.
Keywords: Competitive Market , Retail Sector, Shutdown, Turnover.
1. INTRODUÇÃO
Realizou-se em Campo Mourão, centro-oeste do estado do Paraná, dentro da ideia de
que o seguimento do varejo sofre com a dificuldade de reter mão-de-obra, um estudo sobre a
rotatividade de pessoal em um dos supermercados da cidade, com pesquisa específica em um
dos departamentos da rede, cujo objetivo foi o de identificar os fatores que influenciam a
rotatividade de pessoal neste.
O estudo se realizou inicialmente com o desenvolvimento do trabalho de conclusão do
curso superior de Administração da Universidade Estadual do Paraná, campus de Campo
Mourão.
A pesquisa procurou enfocar a falta de pessoal especializado e capacitado para atuar
nas diversas funções, percebendo assim, à necessidade de políticas de Recursos Humanos
para a fixação do colaborador na empresa, visando melhor desenvolvimento dos processos,
satisfação do empregado, interesse de novos colaboradores, gerindo assim as causas desta
patologia.
Dessa forma, ela teve três objetivos centrais:
- Diagnosticar a Administração de Recursos Humanos da empresa.
- Levantar informações junto aos funcionários do departamento de frente de caixa, sobre a
satisfação de trabalhar em uma das unidades da rede, bem como a perspectiva acerca da
empresa.
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;
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- A partir de resultados obtidos com a aplicação de questionários, identificar os fatores
motivacionais presentes e desenvolvidos na empresa em estudo.
Este artigo é um breve resumo dos resultados e propostas dos pesquisadores, e tem
como objetivo não somente divulgar um trabalho realizado, como também atentar que diante
de um mercado cada vez mais competitivo, volátil, e de aparentes mudanças econômicas e
tecnológicas, torna-se essencial que as organizações estejam atentas à busca pela qualidade de
seus produtos e serviços como um diferencial competitivo.
2. CONTEXTO E REALIDADE INVESTIGADA
O grupo de estudo da pesquisa atua no setor varejista há mais de 30 anos, atendendo
clientes da cidade de Campo Mourão, Cianorte e Ivaiporã, contando com seis filiais. Os
supermercados da rede possuem os mesmos objetivos, quanto a estimativas de vendas,
variedades de produtos, reposição, preços e atendimento.
O condicionante fator humano no supermercado, embora possua um grande número de
colaboradores e por deixar explicita a importância dos mesmos para a organização, isso não
fora comprovado totalmente em práticas e ações. Esse fato se comprova a partir da
inexistência de benefícios, como: convênios médicos, odontológico, associações recreativas,
políticas salariais e plano de carreiras, dados estes obtidos em pesquisa com os colaboradores.
A percepção da centralização das principais responsabilidades relativas a recrutar,
selecionar, contratar, integrar, treinar, demitir e cuidar de questões trabalhistas evidencia-se
prejudicial ao desempenho destas atividades e compromete os objetivos da administração de
Recursos Humanos conforme Ribeiro (2006) determina.
A rotatividade de pessoal é o principal problema da organização de estudo, no que
tange os recursos humanos, por ser este o fator que desencadeia a necessidade de contratação
e originar a outro problema organizacional que é a escassez de mão-de-obra.
A unidade de estudo da pesquisa conta com em torno 180 colaboradores diretos, destes
40 funcionários são do setor de frente de caixa, onde fora identificado o maior índice de
rotatividade da filial.
A rotatividade de colaboradores no supermercado, veio por impactar no atendimento,
pelo fato da demora nas filas pela falta de colaboradores e também conseguinte da falta de
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capacitação dos colaboradores novos, por não possuir conhecimento ou perfil adequado ao
cargo.
3. DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO/PROBLEMA
Atualmente o setor varejista vem enfrentando um grave problema no que tange
estabelecerem relacionamentos de longo prazo com seus colaboradores, eclodindo no
aumento do índice de rotatividade de pessoal. Uma pesquisa realizada pela Associação
Brasileira de Supermercados (2012) traçou um perfil das áreas responsáveis pela evasão da
mão de obra nos supermercados, sendo a frente de caixa a mais preocupante, representando
47,2% da rotatividade, seguida pelo açougue e entregas, que registram respectivamente
margens de 25,5% e 13%. Em seguida, estão os setores de frios/laticínios e
padaria/confeitaria, ambos com 10,6%, hortifrúti, 9,3% e limpeza/manutenção com 8,7%. As
demais áreas somam 9,3% de rotatividade.
A rede estudada não dispunha até 2013 (ano em que o estudo foi realizado) de dados,
nem de meios para identificação das causas que permitissem medir e compreender seus
índices de turnover, de modo a proporcionar uma análise da real situação estabelecida. Visto
que conforme o departamento de Recursos Humanos a evasão de mão de obra instaura um
agravante ao desenvolvimento da organização.
Como cumprimento ao desenvolvimento do trabalho de conclusão de curso para a
obtenção do título de bacharel em Administração, e como forma de propor melhorias à
empresa, foi realizado um estudo, envolvendo inicialmente apenas um supermercado que
compõe a rede, oferecendo, não só dados, mas análises interpretativas do fenômeno da
rotatividade de mão de obra, o que possibilitou uma abordagem científica acerca da situação
dos recursos humanos da empresa, através da reflexão sobre a problemática encontrada.
Especificamente o estudo se empenhou em:
1. Analisar qualitativamente e quantitativamente a rotatividade de mão de obra em um
dos supermercados que compõe a organização, determinando num período de 20 (vinte)
meses o comportamento dos índices de rotatividade;
2. Identificar os fatores que influenciam a rotatividade de pessoal, tendo por amostra o
departamento de frente de caixa;
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3. Traçar um perfil de empresa ideal, a partir da identificação dos fatores motivacionais
presentes e desenvolvidos na empresa;
4. Sugerir e/ou recomendar melhorias para a política de pessoal.
O estudo foi realizado inicialmente na rede como um todo, no que tange à sua
estrutura organizacional. Considerando que este relato trata especificamente sobre a área de
Recursos Humanos, delimitou-se analisar apenas uma unidade que integra a rede, sendo a
amostra da pesquisa, uma filial localizada no município de Campo Mourão – PR.
Como estratégia de pesquisa, trata-se de um estudo de caso realizado em uma
organização identificada por conveniência de acesso e por disponibilidade de participação, na
qual para atingir os objetivos propostos e considerando a natureza da pesquisa, utilizou-se o
delineamento de análise, de caráter qualitativo. Sendo o delineamento temporal referente à
avaliação de corte transversal (RICHARDSON, 1999).
O estudo utilizou-se ainda, do método quantitativo de forma a evidenciar através das
descrições uma melhor visão e compreensão do contexto do problema. (MALHOTRA, 2001).
Quanto à coleta de dados, esta se deu a partir de entrevistas semiestruturadas aplicadas aos
níveis tático e operacional, bem como da observação livre, pois conforme afirma Richardson
(1999), uma fonte primária é aquela que estabelece relação física direta com os fatos
analisados, caracterizando assim, registros de experiência vivenciada. Os dados secundários
conforme Mattar (2000) consistem naqueles já disponíveis na literatura e em dados coletados
diretamente com a organização. Quanto à operacionalização da coleta de dados, utilizou-se da
aplicação de questionário adaptado conforme trabalho realizado por Pelissari, et al. (2011),
composto por perguntas abertas e fechadas, aplicado aos funcionários que compõe a frente de
caixa da unidade em estudo, de forma direta e com concordância dos mesmos. O estudo
utiliza-se da amostragem não probabilística por conveniência junto aos funcionários da área
envolvida na pesquisa, na qual o pesquisador não conhece a probabilidade de determinado
indivíduo vir a ser selecionado como parte da amostra (REA e PARKER, 2000).
A aplicação do questionário se deu entre os dias 19 e 21 de setembro de 2013,
utilizando-se de uma amostra de 24 operadoras de caixa, e 16 empacotadores, totalizando 40
funcionários. Considerando o tratamento dos dados, este ocorreu mediante utilização do
software Microsoft Excel, além de análise documental e de conteúdo complementando com a
utilização da técnica de triangulação (TRIVIÑOS, 1987). A triangulação para YIN (2001,
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p.104) refere-se a “[...] coleta de dados para os estudos de caso baseada em muitas fontes de
evidências”. No intuito de buscar informações que são vitais para o desenvolvimento do
trabalho, de forma a estabelecer parâmetros para a análise, logo à obtenção de resultados
significativos, que permitam a interpretação correta e a proposição de inferências acerca dos
objetivos estabelecidos.
4. ANÁLISE DA SITUAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
A partir do levantamento dos desligamentos e das admissões de funcionários ocorridas
entre Janeiro/2012 e Agosto/2013, constataram-se variações bastante significativas nos
índices de turnover da empresa. Destaque aos meses de Junho/2012 à Abril/2013 que
demonstraram grande instabilidade nos índices, e permitiram inferir que a empresa possui
deficiência em manter seus funcionários em atividade, conforme demonstra a Figura 1. De
acordo com Lacombe e Heilborn (2008), uma organização que possui alto índice de
rotatividade, pode indicar problemas relacionados às políticas de gestão de recursos humanos,
bem como ao descontentamento por parte dos funcionários, em virtudes de fatores que devem
ser investigados, como demonstrado no decorrer do trabalho.
Figura 1. Os Índices de Rotatividade em Janeiro/2012 à Agosto/2013. Fonte: Dados da pesquisa, 2013.
7,14 7,94
6,87
3,46
7,14 7,21
14,05
7,27
11,25
16,88
5,47 4,69
8,4
10,22
5,84
10,27
5,19 6,25
4,38
6,43
Rotatividade - 2012/2013
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Os resultados mensurados na Figura 1, pode-se identificar que a organização ao
perceber a evolução da rotatividade, implementou ações estratégicas para promover a
retenção de seus funcionários, destacando aqui a implantação nos meses a partir de
Maio/2013, de um benefício à remuneração, sendo refletido pela queda e estabilidade dos
índices da rotatividade, que não sofreram oscilações consideráveis.
As informações colhidas junto ao nível tático da empresa demonstraram o que a
Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) afirmou em 2012, ao se dirigir ao assunto
como um dos principais desafios do setor supermercadista. A luz dessa menção, concluiu-se
que na empresa em questão, o turnover é o fator desencadeador de vários outros problemas,
principalmente os relacionados à escassez de mão-de-obra, custos envolvidos nos processos
de recrutamento, seleção e contratação e posteriormente no desligamento do funcionário.
Com base nos resultados demonstrados na Figura 1, e considerando a necessidade de
entender o(s) por que(s) da evasão dos funcionários, a partir da aplicação de entrevista e
pesquisa exploratória tornou-se possível a construção de hipóteses que nortearam a pesquisa:
- As ações motivadoras existentes e praticadas pela administração são falhas e insuficientes,
ao passo que os funcionários não evidenciam meios para crescimento pessoal e profissional,
buscando como solução, o mercado de trabalho, logo o desligamento da empresa;
- Considerando que a cultura organizacional abrange questões relacionadas principalmente a
valores e crenças (DAFT 2012), há influência da cultura organizacional da empresa em
relação aos impactos estabelecidos e sobre as relações cotidianas entre os funcionários (nível
operacional) e a administração (nível tático e estratégico).
- As questões relacionadas à remuneração e ausência de benefícios juntamente com as
condições físicas de trabalho, podem contribuir com a insatisfação para com a empresa,
resultando na evasão do funcionário.
Desta forma, considerando a análise do problema e utilizando de teorias científicas
como meio de não levar o trabalho ao empirismo abstrato, têm-se abaixo os dados decorrentes
da aplicação de um questionário, no objetivo de enfocar a problemática do turnover, sob a
visão dos empregados em relação aos principais fatores que os mesmos consideram
motivadores e preponderantes para que surja a vontade de sair da empresa, bem como o que
eles esperam da empresa considerando fatores motivacionais a permanecerem trabalhando na
organização.
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A Tabela 1 apresenta o grau de satisfação dos funcionários em relação às
oportunidades oferecidas pela empresa para o desenvolvimento de novas competências. Dos
entrevistados 40% estão satisfeitos enquanto 60% estão insatisfeitos.
Tabela 1- Grau de satisfação considerando o desenvolvimento de novas competências
Fa* Fr* %
Muito Satisfeito 0 0
Insatisfeito 5 12,5
Pouco Satisfeito 7 17,5
Satisfeito 16 40
Muito Insatisfeito 12 30
TOTAL 40 100%
Nota. Fa = Frequência absoluta Fr = Frequência relativa. a Para análise agrupou-se os resultados como: Satisfeitos (Muito Satisfeito e Satisfeito) e Insatisfeitos
(Insatisfeito, Pouco Satisfeito e Muito Insatisfeito).
A existência de oportunidades de desenvolvimento ou promoção, considerando as
competências dos funcionários, se desenvolve de maneira seleta. Os funcionários que
possuem maior facilidade de aprendizagem e por isso se destacam, são tomados como
referência, consequentemente, assumem maiores responsabilidades no cargo ao qual exerce,
além de ser visto como opção para possíveis promoções.
Os índices obtidos a partir da aplicação do questionário demonstraram que essa prática
é motivo de insatisfação para os funcionários, podendo ser explicada, pela inexistência de um
programa que abranja de forma geral, todos os possíveis perfis profissionais existentes na
empresa, convergindo com Chiavenato (2006) sobre a importância do desenvolvimento por
habilidades.
Assim, pode-se inferir que o desenvolvimento de novas competências influencia na
rotatividade de pessoal da empresa, por representar um fator motivador. E esse aspecto está
aliado ao que a empresa pode oferecer como meios de desenvolvimento, além de propiciar um
contínuo desenvolvimento pessoal e profissional. E dessa forma, demonstra interesse no
aprendizado de seu funcionário, esperando que o mesmo retribua com um serviço eficiente e
seja um meio de alcance a seus objetivos.
Tabela 2 - Perspectiva de crescimento na empresa
Fa* Fr* %
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Nunca 1 2,5
Quase Nunca 4 10
Quase Sempre 15 37,5
Sempre 20 50
TOTAL 40 100%
Nota. Fa = Frequência absoluta Fr = Frequência relativa.
Percebe-se de acordo com o percentual de satisfação (87,5%) que os funcionários
veem na empresa oportunidades de crescimento, embora quando perguntado, sintam-se
insatisfeitos com os meios utilizados para a promoção de pessoal. Ao buscar informações de
quais são os fatores motivadores considerados pelos funcionários, e consequentemente
responsáveis pela permanência na empresa, obteve-se os percentuais representados na Figura
2, a seguir:
Figura 2. Fatores Motivacionais. Fonte: Dados da pesquisa, 2013.
Evidencia-se que a existência de um Plano de Carreira inserido na cultura
organizacional da empresa seria o fator que mais motivaria os funcionários a permanecerem
em atividade.
Dessa forma, é possível perceber, que existe a intenção e a vontade por parte dos
funcionários em estabelecerem maior vínculo profissional à empresa. Ou seja, existe uma
Plano de Carreira
23%
Beneficios
15%
Salários
20% Relacionamento
com chefes e
demais
funcionarios
22%
Condições no
ambiente de
trabalho
11%
Localidade
9%
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expectativa de crescimento dentro da organização em estudo, conforme a Tabela 2, onde um
plano de carreira poderá ser uma ponte ao alcance desses objetivos, convergindo com o que
afirma Chiavenato (2006).
Outro fator de grande representatividade na motivação segundo os resultados consiste
no relacionamento estabelecido entre chefes e demais funcionários, no qual 22% apontaram se
sentir motivados quando existe um bom relacionamento com os demais.
Para analisar esse fator, é necessário resgatar o clima organizacional presente na
unidade, a cerca desse aspecto, por não ser foco do estudo, esse assunto não será aprofundado.
Ressalta-se apenas, que este é percebido em como os funcionários interagem e como se dá o
tratamento entre os mesmos bem como entre os superiores.
Ao analisar a cultura organizacional da empresa, percebe-se notoriamente a influência
de valores familiares, caracterizado pelas relações informais entre os funcionários e entre a
diretoria. Neste contexto, é comum a ocorrência de conflitos em decorrência das diferentes
formas de pensar e agir, e em decorrência de discordância de valores e regras estabelecidos
pelos fundadores, e também pelo não aculturamento organizacional.
As questões conflituosas entre as pessoas poderão ocasionar um clima organizacional
que requer acompanhamento pelos seus gestores, o que é corroborado por Chiavenato (2006)
na qual uma organização que possui um clima organizacional favorável entre seus integrantes,
consegue estabelecer relações de satisfação, de interesse e de colaboração entre os
funcionários. Assim, manter um relacionamento cordial, moldado com respeito e empatia,
seria um fator motivador de grande influencia a permanência na empresa, o que converge com
Chiavenato (2006) ao relacionar o clima organizacional com a motivação existente nas
organizações.
Considerando os salários como fator motivador, 20% dos funcionários avaliam
importante para a permanência na empresa, enquanto que 15% apontaram os benefícios como
fator principal. É possível perceber, que diante desses percentuais, para os funcionários da
filial estudada, a remuneração (salários e benefícios) não constitui fatores preponderantes,
para assegurar a permanência na empresa.
Os resultados revelaram também, que os benefícios poderão melhorar a visão que os
funcionários possuem da empresa. E assim, criar uma motivação e um fator de influência para
que o mesmo não busque no mercado de trabalho outras oportunidades, como se pode
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perceber na Figura 1, em relação à diminuição da rotatividade no mês de em virtude do vale
compra. Sob essa perspectiva analítica, a percepção de Chiavenato (2006) coaduna com esse
predomínio, ao tratar os benefícios como uma solução para as causas de insatisfação.
Neste sentido, buscou-se identificar quais outros benefícios contribuiriam de forma
direta para a manutenção dos funcionários na empresa, e os resultados revelaram três grupos
de benefícios, quais sejam:
Benefícios Assistenciais: Plano de Saúde e Cesta-Básica, além de aumento do vale-
refeição.
Benefícios Recreativos: Associação.
Benefícios Supletivos: Distribuição de lanche, principalmente em dias de muito fluxo,
e um espaço para descanso no ambiente de trabalho.
Em suma, conforme demonstra a Figura 2, o fator condições de trabalho e localidade
representam 11% e 9% e são considerados fatores motivadores para a permanência na
empresa.
A Tabela 3 demonstra que um clima favorável, é fator responsável pela permanência
na empresa, sendo esta a opinião de 100% dos funcionários analisados. Entretanto, há que se
ressaltar que o clima organizacional, não foi aprofundado por não ser o foco deste estudo.
Tabela 3 - O Clima Organizacional favorável é um fator de permanência na empresa?
Fa* Fr* %
Sim 40 100
Não 0 0
TOTAL 40 100%
Nota. Fa = Frequência absoluta Fr = Frequência relativa.
Conforme observa Chiavenato (2006), o clima organizacional está diretamente
relacionado ao nível motivacional dos funcionários.
A luz dessa premissa, e ao considerar que todos os funcionários estão de acordo que
um clima organizacional favorável, é importante tanto para a motivação quanto para a
permanência na empresa, pode-se inferir que este é um fator que deve ser tratado com maior
atenção, por resultar da cultura organizacional e como afirma Souza (2011) serem refletidos a
partir da aceitação aos valores, costumes, politicas e propósitos que moldam as organizações.
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Tabela 4 - Grau de satisfação com a carga horária
Fa* Fr* %
Sim 13 32,5
Não 27 67,5
TOTAL 40 100%
Nota. Fa = Frequência absoluta Fr = Frequência relativa.
A partir dos resultados, percebe-se que 67,5% estão insatisfeitos com o horário de
trabalho enquanto que 32,5% se sentem satisfeitos com sua carga horária. Por se tratar de um
segmento que exige uma carga horária elevada e inflexível quando se trata principalmente,
das horas trabalhadas no sábado, pode-se inferir que a insatisfação neste fator se dê em
relação a este fato.
A carga horária exercida pelos funcionários da frente de caixa é de 7h20min diárias, de
segunda a sábado. Aos sábados há um acréscimo de 2 (duas) horas extras, conforme o
Sindicato dos Empregados no Comércio de Campo Mourão (SINDECAM). Esse acréscimo
representa uma elevação na jornada de trabalho. E conforme levantado na entrevista com a
gerente de RH, consiste em um dos maiores questionamentos por parte dos funcionários, e por
consequência motivo para desligamento da empresa.
No transcorrer da análise e diante dos resultados obtidos por meio dos questionários
aplicados à frente de caixa da unidade, foram identificados alguns problemas que contribuem
e justificam, conforme demonstra os dados, a rotatividade de pessoal na empresa. Aos quais
se apresentam:
Em relação às políticas de recursos humanos, as mesmas não demonstram eficiência,
podendo concluir que corresponde a uma das hipóteses levantadas no trabalho. No que tange
o treinamento e o aperfeiçoamento contínuo dos funcionários, não existe um programa
padronizado e definido para transferir os conhecimentos necessários ao desempenho nos
cargos, bem como programas de aperfeiçoamento aos funcionários mais antigos da empresa;
Outro problema identificado, diz respeito às oportunidades de crescimento na empresa,
uma vez, que não existem programas que visem o crescimento profissional e pessoal dos
funcionários. Como demonstrado na Figura 2, um dos fatores que mais motivam os
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funcionários à permanecerem na empresa se refere ao plano de carreira, sendo este também
inexistente na empresa;
Considerando as condições disponíveis para os horários de almoço e lanche, percebeu-
se que atualmente não satisfazem as necessidades dos funcionários;
Em relação à remuneração e os benefícios oferecidos, pode-se perceber que os
mesmos são poucos e não incentivam os funcionários a permanecerem na empresa;
Outro problema identificado trata-se da carga horária dos sábados, sendo referido
pelos funcionários que a mesma é muito elevada, o que acaba por desmotiva-los incentivando
a procura por outros empregos;
Considerando a cultura e o clima organizacional, nota-se que não existem ações que
visem o aculturamento perante os funcionários, inexistindo atividades que promovam o bom
relacionamento entre os integrantes da empresa bem como o envolvimento familiar.
4.1 Sugestões e/ou recomendações
Diante dos problemas detectados a partir das informações obtidas com os funcionários
da frente de caixa da unidade pesquisada, quanto aos fatores que influenciam a rotatividade de
pessoal, apresenta-se a seguir, algumas sugestões e/ou recomendações, as quais têm a
finalidade de contribuir com a manutenção e retenção dos funcionários.
As políticas de Recursos Humanos não são entendidas pelos colaboradores da
empresa, e parte deles tão pouco entende do que se trata. Definir as políticas de Recursos
Humanos e fazer com que o funcionário perceba o que realmente a empresa espera dele é de
grande importância. Sob essa perspectiva, sugere-se que as políticas do departamento sejam
definidas claramente, e expostas ao funcionário logo no início do processo de contratação,
para que ele esteja ciente dos processos da loja em que trabalhará, bem como dos seus direitos
e deveres.
Em se tratando do treinamento, recomenda-se que seja realizado de forma a abranger
todas as atividades, podendo ser estendido de acordo com o grau de aprendizado dos
colaboradores, dando ênfase principalmente na formação contínua e programas de
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reciclagens, de modo a incentivar e motivar o funcionário a adquirir e aperfeiçoar seus
conhecimentos, aumentando por sua vez sua satisfação em fazer parte da empresa.
Recomenda-se que as oportunidades de crescimento profissional sejam expostas de
maneira clara para os funcionários, isso acontece por meio de um plano de carreira de fácil
acesso para estes. Sugere-se que a empresa determine seu plano de carreira para os
colaboradores com mais de um ano de empresa. O funcionário que tenha completado o
período base de um ano poderá escolher o curso específico da área de interesse,
desenvolvendo habilidades para posteriormente e na abertura de vaga, poder estar
preenchendo essa vaga. A sugestão do plano de carreira, proposta neste trabalho, foi
desenvolvida no sentido de valorizar a capacitação dos colaboradores, permitindo que a
empresa tenha dentro de seu quadro de funcionários, pessoas especializadas, capazes de atuar
em diferentes áreas e funções, e consiga também através da promoção interna satisfazer as
necessidades de mão de obra.
Na questão remuneração, recomenda-se que seja criado um plano de cargos e salários.
O incentivo por meio de benefício é um fator que motiva os funcionários a permanecerem na
empresa, e como demonstrado na Figura 2, evidencia-se a necessidade de maiores benefícios
junto à remuneração. Dessa forma, recomenda-se a priori benefícios como plano de saúde e
associação recreativa. Para a implantação desses benefícios, sugere-se, complementarmente,
que o funcionário participe com uma pequena percentagem no pagamento (definida pela
diretoria a descontar no holerite mensal).
Em relação à carga horária dos sábados, pode-se melhorar com a retirada das duas
horas extras permitidas por lei e que são cumpridas neste dia. Para que isso aconteça,
recomenda-se um quadro de funcionários de trinta operadores de caixa, para que todos façam
somente a carga horária padrão estabelecido, de sete horas e vinte minutos por dia.
A integração da família do funcionário na empresa é a estratégia que incentiva o bom
relacionamento entre ambos. Com o envolvimento da família com a empresa, esse
relacionamento poderá auxiliar no fortalecimento dessa aliança, e agir como um fator
incentivador quando da decisão relacionada à vontade do funcionário para não se desligar da
empresa, ou seja, pela atenção oferecida ao funcionário e sua família.
Neste sentido, recomenda-se uma confraternização anual, realizado por cada loja que
integra o grupo varejista com a presença da família dos funcionários, e que este seja um
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evento agradável, planejado e esperado pela família destes. Eventos periódicos com fins
sociais, que demonstrem o envolvimento dos funcionários e seus familiares, são sugestões de
feedback positivo a ser demonstrados no encontro anual.
Fazer com que os colaboradores encontrem a felicidade, e a valorização, em suas
funções, é uma tarefa diária, assim, sugere-se que seja trabalhado junto aos encarregados de
setor, qual o clima organizacional que a empresa espera, e que eles tenham em mente a
cultura da empresa e o que a empresa preza traduzido na missão e valores. Dessa forma, todos
os colaboradores tenderão a trabalhar de acordo com as normativas da empresa, e focados nos
mesmos objetivos.
5. CONCLUSÃO E CONTRIBUIÇÕES TECNOLÓGICA/SOCIAL
Inicialmente, há que se destacar que as considerações deste estudo, se fundamentaram
principalmente em dois aspectos relevantes para um trabalho dessa natureza, ou seja, a
articulação vivenciada e sustentada entre a teoria e a prática.
Assim, pode-se inferir que cada vez mais, há necessidade de valorizar os recursos
humanos, e se faz crucial para a manutenção dos funcionários nas organizações, vez que reter
bons funcionários se torna cada vez mais difícil. O colaborador precisa saber o seu valor
diante a empresa, assim como é notória a importância das pessoas nas organizações. E esse
aspecto converge com Chiavenato (2006) ao mencionar, que acerca das políticas de recursos
humanos, as organizações conseguem atingir seus objetivos.
O ramo varejista, especificamente os supermercados, possuem peculiaridades quanto a
atrair mão de obra, não sendo tão atrativo como as demais áreas, em virtude principalmente da
inflexibilidade e elevada carga horária (ABRAS, 2012). Diante desse fato, percebe-se que o
grande desafio é demonstrar que neste setor é possível o desenvolvimento de carreira, e tornar
o trabalho em supermercados uma opção e não um preenchimento de uma necessidade
temporária.
Neste sentido, a Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS, 2012) destaca que
as áreas responsáveis pela maior evasão de mão de obra neste ramo, a frente de caixa é a mais
preocupante, representando 47,2% da rotatividade, seguida pelo açougue e entregas, que
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registram respectivamente margens de 25,5% e 13%.
E nesse ínterim, o objetivo geral que norteou esta pesquisa foi à identificação dos
fatores que influenciam na rotatividade de pessoal em uma unidade de um grupo varejista de
Campo mourão. A partir do pressuposto de que as implicações nos índices de rotatividade
permitem levantar quais os possíveis motivos que resultam na evasão de mão de obra.
Ademais esta pesquisa permitiu a partir da percepção dos funcionários envolvidos, traçar um
perfil acerca da gestão do recurso humano da empresa. E como resultado este estudo de caso
revelou implicações descritas na sequência, associadas diretamente aos fatores da
rotatividade.
A rotatividade de pessoal não consiste em uma causa, mas sim numa patologia
empresarial, que poderá impactar nos resultados financeiros e também nas operações do setor
em estudo. Sob esse enfoque Pomi, (2007) retrata ao considerar que a má gestão
administrativa, relacionada aos fatores externos e/ou internos, condicionam as atitudes e os
comportamentos dos funcionários.
Desta forma, a partir da investigação empírica e do diagnóstico realizados junto à
frente de caixa da organização permitiu-se identificar que os fatores que influenciam na
rotatividade dessa área, estão relacionados a três pontos cruciais - perspectiva de crescimento,
relacionamento, salários e benefícios - descritos a seguir:
Perspectiva de crescimento: Os resultados que sustentam essa inferência
podem ser visualizados tomando como parâmetro a Tabela 1, na qual 60% dos entrevistados
demonstraram insatisfação quanto ao desenvolvimento de novas competências, bem como a
insatisfação no que tange as ações de formação e aperfeiçoamento.
Diante disso, é possível perceber, que as oportunidades de crescimento profissional
possuem grandes influências sobre a evasão de funcionários da frente de caixa, uma vez
mencionado, que o aperfeiçoamento contínuo dos funcionários é fator motivacional e
influenciador em sua permanência na empresa. A pesquisa demonstrou ainda que para os
entrevistados a existência de um Plano de Carreira seria fator motivador principal, denotando
novamente na influência das oportunidades de crescimento sobre a rotatividade. É importante
destacar ainda, que embora possa denotar um descontentamento, a maioria (87,5%) dos
funcionários vê perspectiva de crescimento junto à empresa, demonstrando interesse em
manter vínculos profissionais com a mesma.
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Relacionamentos: Conforme evidenciado na Figura 2, para os entrevistados, as
questões que envolvem relacionamentos com os demais integrantes da empresa e a frente de
caixa em si, corresponde à um fator direto na rotatividade, considerando neste ponto, a
influência do clima organizacional, embora não sendo foco do estudo, este demonstrou,
conforme Tabela 3, ser preponderante para a permanência na empresa.
Salários e Benefícios: Em relação a estes fatores, a pesquisa possibilitou identificar
que ambos possuem forte influência na rotatividade. Embora considerado menos motivador
(15%) em relação aos Salários (20%), percebe-se, que a existência de benefícios proporciona
a retenção dos funcionários na empresa, podendo corresponder a uma medida simples e
menos cara, se considerado a um aumento salarial, conforme demonstra a Figura 1, no mês de
Maio/2013, no qual a rotatividade teve uma queda considerável, representando 5,19%.
Os resultados revelaram que a provável queda na rotatividade, coincidiu com a
implantação de um vale compras implantando no mesmo período (Maio/2013), reafirmando
que os benefícios impactam diretamente na motivação dos funcionários, logo, na permanência
na empresa.
Conforme os entrevistados, a inexistência de benefícios, como Plano de Saúde, Cesta
Básica, e a criação de uma Associação, são fatores desmotivadores, que resultam na busca de
empresas que os ofereçam. Um ponto relevante que merece destaque refere-se à insatisfação,
ou ainda, à falta de ações que promovam o envolvimento familiar dos funcionários em
atividades fora do ambiente de trabalho - confraternizações - como meio de estreitar os laços
efetivos, e aculturar a empresa perante os funcionários e seus familiares.
O estudo demonstrou ainda, que um dos fatores obtidos na pesquisa está relacionado à
carga horária exercida nos sábados. Ou seja, conforme os entrevistados, a mesma é muito
elevada e a falta da distribuição de lanches nesses dias, são motivos de descontentamento,
permitido a inferência de que a busca por empregos que não trabalhem aos sábados e
domingos, ou que tenham uma carga horária menos elevada e mais flexível, influencia no
desligamento dos funcionários na empresa.
Durante a realização da pesquisa e após os resultados, foi perceptível a importância de
ações de valorização e motivação dos funcionários, como forma de evitar a evasão de
profissionais, e garantir a qualidade e a produtividade no executar das atividades. Assim
como, intensificar a importância da participação do departamento de Recursos Humanos, na
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identificação dos motivos que levam os funcionários a se desligarem da empresa, e no
desenvolvimento de meios que garantam funcionários satisfeitos, alocados de acordo com
suas capacidades e que representem para ambos, meios para atingir seus objetivos.
Recomenda-se como pesquisa futura, o estudo desses fatores não apenas no setor
varejista de supermercados, mas em âmbito geral, no sentido de identificar a origem desses
fatores e os aspectos subjetivos ligados a eles. Ademais, esses resultados não poderão ser
generalizados a outros contextos do mesmo segmento, por concentrarem-se em um estudo
específico de caso, porém as informações levantadas podem e devem servir de alavancagem
para a continua pesquisa cientifica, visando o conhecimento e a busca por soluções a
problemas que venham afetar não apenas os setores econômicos, mas a sociedade como um
todo, em aspectos sociais e políticos.
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PROGRAMA BOM NEGÓCIO PARANÁ: CAPACITAÇÃO EMPRESARIAL
E APOIO AO EMPREENDEDORISMO
JÉSSICA RODRIGUES DOS SANTOS
Graduanda em Administração
Universidade Estadual do Paraná- UNESPAR
CLAUDEMILSON SANTIAGO MIRANDA
Bacharel em Ciências Econômicas, Especialista em Consultoria Empresarial
Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR
DOUGLAS DOS SANTOS ALMEIDA
Administrador, Mestrando em Marketing
Universidade Estadual de Maringá- UEM
JOÃO CARLOS LEONELLO
Economista, Doutor em Serviço Social
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho- UNESP
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YEDA MARIA PEREIRA PAVÃO
Administradora, Doutora em Administração
Universidade do Vali do Itajaí-UNIVALI
RESUMO - A presente pesquisa visa avaliar o grau de aplicabilidade dos módulos ministrados no curso de
treinamento e orientação empresarial nas cidades de Jussara, Goioerê e Mamborê, desenvolvido pelo Programa
Bom Negócio Paraná, pertencente ao Núcleo de Apoio ao Empreendedorismo da UNESPAR (Campus de
Campo Mourão), vinculado ao Programa Universidade Sem Fronteiras (USF/SETI). Desse modo, o
delineamento de dados do estudo caracterizou-se como abordagem qualitativa, classificada em explicativa e
participante, utilizando-se de material bibliográfico. Por meio da aplicação de questionários pode-se concluir que
os parâmetros utilizados foram significativos no contexto das cidades avaliadas, culminando na aceitação do
conteúdo programático dos módulos organizados pelo programa. Para tanto, pretende-se contribuir
cientificamente com a disseminação do assunto na academia científica, bem como, subsidiar os processos
teóricos e práticos da gestão de micro, pequeno, médio e informais empreendimentos da Mesorregião Centro
Ocidental do Paraná.
Palavras-chave: Desenvolvimento Regional, Empreendedorismo, Visão Empreendedora, Treinamento
Empresarial.
ABSTRACT – The present study aims to assess the degree of applicability of the modules taught in the training
course and business orientation in cities of Jussara, Goioerê and Mamborê developed by the Program Good
Paraná Business, part of the Center for Support to Entrepreneurship of UNESPAR (Campus Campo Mourão),
linked to the Programa Universidade Sem Fronteiras (USF / SETI). Thus, the study data design was
characterized as a qualitative approach, ranked explanatory and participatory, using bibliographic material.
Through questionnaires may conclude that the parameters used were significant in the context of cities
evaluated, culminating acceptance of the program content of the program modules organized. Therefore, intend
to contribute scientifically to the dissemination of the subject in the scientific academy, as well as support the
theoretical and practical processes of micro management, small, medium and informal enterprises in the
Mesorregião Centro Ocidental do Paraná.
Keywords: Regional development, Entrepreneurship, Entrepreneurial vision, Corporate Training.
1. INTRODUÇÃO
A globalização tem provocado diversas transformações nas empresas brasileiras
principalmente a partir da década de 90, quando houve uma abertura de mercado no país,
onde, o empreendedorismo tem impulsionado a criação de várias modalidades de negócios,
gerando consequentemente, uma demanda por capacitação empresarial para o atual ou futuro
empresário.
Nesse cenário, as micro e pequenas empresas despertam interesse com uma nova
dimensão da competitividade global por sua flexibilidade de ação, pelo seu potencial de
complementaridade com as grandes empresas e por sua capacidade de geração de empregos
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(VILLELA, 1994). Neste contexto, os empresários devem dominar características
empreendedoras para conseguirem agir conforme a dinâmica mercadológica atual.
Dolabela (2003, p.25) menciona que “para que todos tirem proveito do crescimento
econômico, é preciso alterar os fluxos e caminho da renda, da riqueza e do conhecimento por
meio de investimentos na formação de capital humano”, e complementa com a inserção do
capital social e da capacitação para construir democracia e cooperação.
De acordo com Pavão et al. (2016, p. 2) “é fundamental que os empresários participem
de treinamentos com a finalidade de buscar o conhecimento, e realizarem investimentos
viáveis nos seus negócios, colaborando para o desenvolvimento da economia local”.
Tendo em vista o atendimento às necessidades atuais e impulsionar o desenvolvimento
regional, o Programa Bom Negócio Paraná, visa “promover a capacitação gratuita para micro
e pequenos empresários, além de orientá-los a conseguirem financiamentos a juros reduzidos,
para investirem na ampliação e modernização em suas empresas” (Pavão et al.,2016, p. 2).
Assim, a presente pesquisa foi realizada pela equipe do Núcleo de Apoio de
Empreendedorismo da UNESPAR - Campus de Campo Mourão, vinculado ao Programa Bom
Negócio Paraná, Universidade Sem Fronteiras (USF/SETI) onde foi aplicado um curso de
capacitação a micro, pequenos, médios e informais empresários nas cidades de Jussara
Goioerê, e Mamborê nos meses de julho e agosto de 2014.
A partir das considerações feitas ao longo do trabalho, verificou-se que o objetivo, a
aplicabilidade no empreendimento dos módulos ministrados no curso de capacitação
empresarial do Programa Bom Negócio Paraná foi satisfatoriamente alcançado.
Todavia, é interessante ressaltar que para a maioria dos empresários o curso de
capacitação empresarial do Programa Bom Negócio possibilitou-lhes o alcance de uma visão
empreendedora, com projeções de melhoria e ampliações sobre os negócios, reforçando a
importância dos conteúdos repassados sobre gestão empresarial e capacitação empreendedora
de forma estruturada entre os módulos.
A estrutura desse estudo foi delineada a partir dessa introdução, seguida das seguintes
etapas: (a) referencial teórico, para evidenciar o embasamento utilizado neste estudo, (b)
metodologia necessária para a operacionalização da pesquisa; (c) resultados obtidos a partir
das evidências detectadas; (d) e as considerações finais com o intuito em destacar as
revelações encontradas, e, (e) referências bibliográficas que pautaram o estudo.
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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Empreendedorismo: Evoluções Históricas e Abordagens Teóricas
O entendimento para averiguar a identidade social do empreendedor, suas atitudes e
comportamentos, tem sido alguns dos motivos que demandou o crescimento de encontros e
eventos científicos que discutem trabalhos referentes à área de empreendedorismo, como
exemplos: EGEPE, ENANPAD, além de eventos internacionais.
Nesse sentido, o campo responsável por pesquisas dessa área está se fortalecendo e
estruturando-se de tal forma, que procura respostas e opções diante das situações relacionadas
a este agente inovador, que modifica o ambiente e possibilita novas estratégias diante do
contexto social e organizacional (NASSIF et al., 2010).
O empreendedorismo, segundo Dolabela (2003), significa fazer algo diferente,
modificar a situação atual, e buscar, de forma constante, novas oportunidades de negócio, com
foco na inovação e criação de valor. Também tem suas raízes no intercâmbio e comércio entre
os primeiros indivíduos da sociedade organizada. Porém o seu crescimento do
empreendedorismo no Ocidente só ocorreu entre 1700 a 1900, quando os mercados
econômicos evoluíram.
Dessa forma, a capacidade de empreender se espalhou pelo continente e permitiu o
surgimento de novas maneiras da sociedade se organizar, sendo o motivo que despertou
interesse nos cientistas em estudar o fenômeno.
Com o novo advento o empreendedorismo o comércio se fortaleceu favorecendo o
crescimento das cidades, que antes estavam estagnadas pelo sistema feudal, onde os produtos
eram inacessíveis pelas altas taxas, e a população tinha acesso restrito à propriedade
(DORNELAS, 2005).
O empreendedorismo evoluiu com a sociedade passando por três eras. A primeira era é
a econômica (1870-1940), onde ganhou destaque a contribuição da escola Austríaca, que
destacou que para compreender o empreendedorismo é necessário um esclarecimento entre o
empresário e a empresa (VERGA; SILVA, 2014).
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Segundo Cassis e Minoglou (2005) citado por Verga e Silva (2014) a Era das Ciências
Sociais (1940-1970) teve como característica o interesse dos profissionais das áreas de
psicologia e ciências sociais, em estudar a personalidade dos empreendedores. A terceira Era
dos Estudos de Gestão a partir de (1970), tornou o termo empreendedorismo dominante na
sociedade, com as mudanças políticas, econômicas e tecnológicas.
De acordo com Dornelas (2005), o século XVII foi marcado pela aproximação entre o
empreendedor e o governo para realizar algum tipo de serviço ou fornecer produtos. Nesse
contexto, surgem os primeiros indícios de assumir um risco, visto que os preços eram
prefixados, assim qualquer lucro ou prejuízo era de responsabilidade do empreendedor.
No século XVIII o empreendedorismo ganha força devido à industrialização que
ocorria no mundo. Já nos séculos XIX e XX, os empreendedores começaram a ser
confundidos com os gerentes e administradores. Dornelas (2005) destaca que o empreendedor
tem algo a mais, características extras que diferenciam do administrador tradicional.
O avanço tecnológico contribuiu fortemente para o aumento de empreendedores.
Diante do fato, o momento atual é considerado a era do empreendedorismo, onde os
empreendedores podem destacar-se, desde que consigam eliminar barreiras comerciais,
culturais, diminuir distâncias, desenvolvendo e aprimorando conceitos econômicos,
promovendo novas relações de trabalho, geração de emprego e renda, resultando em uma
perspectiva produtiva e sustentável para a sociedade (DORNELAS, 2005).
Diante disso, Drucker (1986) corrobora que empreendedorismo é uma disciplina, e que
há uma diferença entre ser empresário ou ser empreendedor, pois para ele, “os
empreendedores inovam” (DRUCKER, 1986, p. 39), “tentam criar valor e fazer uma
contribuição” (DRUCKER, 1986, p. 45).
A isso, Filion (1999) destaca que na década de 1980 esta área acabou adentrando em
grande parte nas ciências em geral. O autor adotou medidas para que a área de
empreendedorismo não se tornasse “um dos principais pontos de aglutinamento das ciências
humanas”, sendo que a área tem atraído estudiosos de diversos campos do conhecimento,
principalmente das ciências sociais aplicadas (FILION, 1999, p. 12).
Do mesmo modo, Filho et al., (2013) se baseiam em McClelland para entender o
porquê de algumas pessoas se tornarem empreendedoras e outras não, apontando que o autor
se voltava para um lado mais psicológico, ligado à realização. Para ele, inclusive, essa força
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de realização estaria ligada ao próprio desenvolvimento econômico. Algumas das
características apontadas por McClelland associadas ao empreendedor seriam: autoconfiança,
determinação, criatividade, otimismo, visão de futuro, abertura a incertezas, coragem e
liderança (FERREIRA, 2012).
Como denotam Souza et al (2010, p.42),” o empreendedorismo é estudado por
economistas, psicólogos e sociólogos”. Complementam ainda que “empreendedorismo ou
espírito empreendedor (entrepreneurship) é um processo pelo qual os indivíduos procuram
oportunidades, satisfazendo necessidades e desejos por meio da inovação, sem levar em conta
os recursos que controlam no momento” (SOUZA; TRINDADE; FREIRE, 2010, p. 43).
No Brasil o empreendedorismo ganhou força a partir dos anos 90, com entidades como
o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) que fornece apoio
para futuros e atuais empresários na resolução de assuntos ligados a gestão da empresa.
De acordo com Fontenele (2000) esse novo cenário onde o foco passou a ser o
incentivo da criação de novos empreendedores, seja por programas governamentais ou pelas
instituições de ensino, que passaram a se dedicar em abrir novos cursos e matérias especificas
de empreendedorismo, transformando a realidade do Brasil que passou a gerar novas
oportunidades no mercado e maior desenvolvimento econômico.
Dornelas (2005) ressalta que, o empreendedorismo por oportunidade vem ganhando
destaque no país, promovendo cada vez mais o desenvolvimento do país. Nesse sentido
Machado (2013) menciona Hansen, Shrader e Monllor (2011, p. 292) segundo o qual “uma
oportunidade é uma situação na qual empreendedores criam novos meios para fins desejados”.
Em contrapartida, o empreendedorismo por necessidade que se define como o
indivíduo que inicia o empreendimento como autônomo por não possuir melhores opções de
ocupação, abrindo um negócio a fim de gerar renda para si e sua família. Assim, Machado
(2013) aponta que o empreendedorismo por oportunidade está acima do empreendedorismo
por necessidade, porque nesse aspecto o empreendedor consegue informações e condições
mais garantidas para abrir um negócio.
Nesse sentido, de acordo com a Pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM)
Brasil 2013, que tem o propósito de medir o papel do empreendedorismo no desenvolvimento
do país, analisou que no Brasil os empreendedores por oportunidade alcançam o percentual de
71,3%, um aumento expressivo, em relação a 2002, que foi de 69,2%.
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Porém, mesmo com números otimistas empreendedores precisam aprender a praticar a
inovação sistêmica, que pode ser definida como a busca deliberada e organizada de mudanças,
que oferecem inovação econômica ou social. Além disso, é importante que o empreendedor
saiba qual o significado do termo oportunidade, antes de começar a elaboração do plano de
negócios. (DRUCKER, 1986).
A isso, Dornellas (2005) destaca que não basta uma economia com altas taxas de
atividades empreendedoras, é necessário também garantir a longevidade das empresas criadas,
que geralmente são as micro e pequenas empresas. Visto que a longevidade dessas empresas
está ameaçada em decorrência de fatores como: instabilidade do mercado brasileiro, crise
econômica, falta de preparo técnico, dificuldade de captação de recursos a baixo custo,
dificuldade em sincronizar o caixa da empresa, falta de clientes, concorrência acirrada,
problemas legais, entre outros. Uma alternativa para manter a longevidade, expansão dos
empreendimentos e auxiliar o empreendedor na resolução destes problemas acima citados é a
capacitação e treinamento empresarial.
Portanto, podemos concluir que essas empresas precisam de ações especiais para
continuarem atuantes no mercado gerando empregos e desenvolvimento na região aonde
encontram-se instaladas.
Neste quesito, a capacitação empreendedora pode ser uma opção para os empresários
obterem recursos intelectuais e tecnológicos, provenientes de bases estruturadas inovadoras,
com a intenção de fornecer condições para manter e prosperar os pequenos empreendimentos
e a caminharem em consonância ao crescimento sustentável.
2.2 O Programa Bom Negócio Paraná: Apoio a Micros, Pequenos, Médios e Informais
Empreendedores.
No Brasil, de acordo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
(SEBRAE, 2015), grande parte da classe empresarial (97%) é composta por micro e pequenas
empresas e apenas 3% são consideradas de porte médio e grande.
Diante disso, as micro e pequenas empresas são responsáveis por aproximadamente 1
milhão de empregos, com carteira assinada. Sua participação no PIB do país é representada
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por 20%, o que revela a importância das pequenas organizações planejarem-se para
investimentos em treinamentos.
Tratando-se de pequena empresa, nos primeiros anos de existência a sua sobrevivência
é crucial para definir o sucesso ou fracasso do negócio.
Dessa forma, o empreendedor deve estar preparado para as incertezas e desafios que o
mercado proporciona, instruído de competências necessárias para o uso de ferramentas
gerenciais efetivas que permitem o controle de atividades, além de proporcionar a
rentabilidade financeira necessária.
Uma confirmação destes apontamentos é a pesquisa Causa Mortis, elaborada pelo
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), que avaliou o sucesso
e o fracasso empresarial, nos primeiros cinco anos de existência, de 2.800 empresas, com
registro de abertura entre 2007 a 2011, no munícipio de São Paulo. Entre os resultados
apresentados, os principais motivos que levam as empresas a fecharem é a falta de
planejamento prévio, falta de gestão empresarial e a ausência de comportamento
empreendedor (SEBRAE, 2014).
Para tanto, a fim de atender essa significativa demanda e minimizar a mortalidade das
micro e pequenas empresas, o Governo do Estado, diante da identificação de uma demanda
crescente lançou o Programa Bom Negócio Paraná e o Banco do Empreendedor, “com o
objetivo de fortalecer o desenvolvimento das micro, pequenas empresas, buscando a inserção
dos empreendedores no setor formal da economia, bem como o surgimento de novos
negócios” (FOMENTO PARANÁ, 2012, p.16).
O Programa Bom Negócio foi criado em 2005 na cidade de Curitiba, sendo uma
extensão do Programa Linhão do Emprego que teve início em 1997 pela Prefeitura do
Município, tendo como objetivo, implementar infraestrutura aos empreendedores, buscando
dessa forma alternativas para viabilização do desenvolvimento, crescimento econômico,
igualdade social e sustentabilidade ambiental.
No Estado, a responsabilidade do programa é da Agência de Fomento Paraná do
Banco do Empreendedor, e da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI),
em parcerias com Agência de Fomento Paraná e Banco do Empreendedor. A partir da
crescente demanda de oferta de treinamento e orientação empresarial, o governo do Estado,
através da SETI, possibilitou a adesão que juntamente com as Universidades Estaduais que
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definem uma equipe para a coordenação desse programa em suas respectivas regiões, no qual
a mesma busca o apoio de Prefeituras Municipais e organizações representativas da classe
empresarial e das comunidades empreendedoras para colaborar na execução das práticas do
Programa em sua localidade.
Sob esse enfoque, justifica-se que “Esse Programa tem abrangência estadual, envolve
a coordenação e a articulação de diversas ações e programas de agentes públicos e privados,
caracterizado como um Plano de Governo, que tem como eixos principais a capacitação, o
crédito com as menores taxas do Brasil e a assessoria empresarial” (FOMENTO PARANÁ,
2012, p.16). Assim a metodologia utilizada na capacitação consiste em:
Reproduzir na sala de aula a forma como o empreendedor aprende na realidade, em
sua empresa: solucionando problemas, trabalhando e criando sob pressão,
interagindo com os pares e outras pessoas, promovendo trocas com o ambiente,
aproveitando oportunidades, copiando outros empreendedores, aprendendo com os
próprios erros (FOMENTO PARANÁ, 2012, p.16).
Segundo Lopes (2010) é possível uma formação empreendedora apresentar o uso
intenso de metodologias de ensino que permitem aprender na prática, e se caracteriza por isso,
pois o indivíduo se depara com eventos críticos que o forçam a pensar de maneira diferente,
buscando saídas e alternativas, ou seja, aprendendo com a experiência, com o processo.
Em suma, um programa de capacitação empresarial eficaz reforça aos participantes o
hábito de praticar constantemente as características empreendedoras, de forma que consigam
fazer uma análise das suas atitudes na gestão da empresa, repensar suas atitudes práticas
gerenciais, avaliação individual e coletiva do desempenho nas atividades. E assim, possam
verificar o que precisa melhorar e o que está adequado, além de visualizar as oportunidades
oferecidas pelo mercado competitivo.
Portanto, o empresário tem a possibilidade de aprender, revisar e/ou melhorar noções
sobre gestão de negócios, gestão comercial, gestão de pessoas, gestão financeira e gestão
estratégica, entre outros conteúdos voltados para o empreendedorismo.
3. METODOLOGIA
A metodologia da pesquisa foi desenvolvida a partir de análises com abordagem
predominante qualitativa (RICHARDSON, 1999) e de recursos estatísticos quantitativos de
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natureza exploratória. De acordo com Houaiss (2004), o método de pesquisa é um processo
organizado, lógico e sistemático, de instrução e investigação, que deve ser elaborado seguindo
uma metodologia definida e especifica de organização das ideias.
O levantamento dos dados ocorreu de forma participativa com a aplicação de 51
questionários de pesquisa pós-curso, aplicados pelos integrantes do núcleo da UNESPAR,
campus de Campo Mourão a todos os participantes que concluíram o curso de capacitação.
A pesquisa participativa (PP) de acordo a formulação de Brandão e Steck (2006, p.
12), é um “repertório múltiplo e diferenciado de experiências de criação coletiva de
conhecimentos destinados a superar a oposição sujeito/objeto no interior de processos que
geram saberes e na sequência de ações que aspiram gerar transformações”, possibilitando uma
avaliação interna do estudo que está sendo desenvolvido.
Ademais, o presente trabalho teve por objetivo analisar o grau de aplicabilidade no
empreendimento, dos módulos ministrados aos participantes no curso de capacitação
empresarial do Programa Bom Negócio Paraná (PBNP), e a visão empreendedora alcançada
após o curso, como forma de incentivá-los a colocarem em prática a teoria aprendida em sala
de aula. O curso contém cinco módulos da área da administração, sendo: gestão de negócios,
gestão comercial, gestão financeira, gestão de pessoas e gestão estratégica.
As turmas eram formadas por micro, pequenos, médios e informais empreendedores
no ano de 2015 das cidades de Jussara (12), Goioerê (12) e Mamborê (27) – PR, no qual as
cidades mencionadas contavam apenas com uma (1) turma, com idade mínima de 16 anos.
Para contribuir com a pesquisa, houve um levantamento bibliográfico a partir de
consulta a livros e artigos científicos na área de empreendedorismo e afins. A principal
vantagem da pesquisa bibliográfica é o fato de permitir ao pesquisados uma cobertura mais
ampla do que ele poderia pesquisar diretamente (CHIZZOTTI, 2001).
Desta forma, foi possível realizar um estudo exploratório a respeito do aprendizado
proporcionado aos alunos do curso, que, como denota Gil (2007):
As pesquisas exploratórias têm como principal finalidade desenvolver, esclarecer e
modificar conceitos e ideias, tendo em vista a formulação de problemas mais
precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores. De todos os tipos de
pesquisa, estas são as que apresentam menor rigidez no planejamento.
Habitualmente envolvem levantamento bibliográfico e documental, entrevistas não
padronizadas e estudos de caso. Procedimentos de amostragem e técnicas
quantitativas de coleta de dados não são costumeiramente aplicados nestas pesquisas
(GIL, 2007, p 46).
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Para tanto, a pesquisa independente, têm como âncora a literatura existente na área:
livros, artigos de periódicos nacionais e publicações por meio eletrônico (digital) ou impresso
e questionário aplicados pelos autores do presente estudo.
4 ANÁLISE DE DADOS E RESULTADOS ALCANÇADOS NA PESQUISA.
Com base na coleta de dados, houve a aplicação de 51 questionários nas turmas de
Jussara, Goioerê e Mamborê, as quais eram compostas por empresários, empregados e
autônomos de diversos segmentos, como, de prestação de serviços, agricultura, comércio e
indústria.
A respeito do parâmetro que avaliou o grau de aplicabilidade de cada módulo para as
empresas, dos 51 alunos que responderam os questionários, de 18 a 31 avaliaram como
totalmente aplicáveis em seus empreendimentos. Na proporção de 11 a 23 alunos, a avaliação
foi considerada positiva e parcial à aplicação dos módulos. Entre 4 a 5 alunos avaliaram que
não foi possível colocar em prática os conhecimentos adquiridos e apenas 1 aluno considerou
o conteúdo de um módulo como não aplicável. Para finalizar, 2 a 6 alunos não responderam
sobre a aplicabilidade dos módulos no empreendimento.
Assim, pode-se notar que os módulos estudados e avaliados pelos participantes,
evidenciaram que a maioria, de 35% a 47%, conseguiu contextualizar o conhecimento
assimilado para a realidade empresarial, uma vez que houve a compreensão que as disciplinas
podem ofertar mecanismos para encontrar a solução de problemas gerenciais, de acordo com
a particularidade de cada organização.
Quanto à análise de dados, houve a elaboração de planilhas específicas desenvolvidas
no software Microsoft Office Excel e representadas em gráficos no decorrer do estudo, como
apresenta a Figura 1, que demonstra a avaliação do grau de aplicabilidade dos módulos
ministrados no curso.
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Figura 1 – Avaliação de Aplicabilidade do Curso. Fonte: Os autores, 2015.
No questionário o aluno pode fazer uma projeção de como ele espera a empresa para
os próximos três anos. Uma parte expressiva, 45 alunos, almeja a empresa ampliada com mais
funcionários e com maior rentabilidade, enquanto 5 consideram como estável, sem alterações
em relação a situação atual e 1 aluno projeta uma redução, sem expansão e com menos
funcionários.
Os resultados da Figura 2 estão condizentes e correlacionados com os primeiros
parâmetros analisados na Figura 1, pois 88% dos participantes, afirmam que o curso de
capacitação empresarial possibilitou-lhes uma perspectiva empreendedora, com projeções de
melhoria e ampliações sobre os negócios, reforçando a importância da instrução repassada
sobre gestão empresarial de forma estruturada e ajustada entre os módulos.
Assim, como os conteúdos são considerados fundamentais e há um cenário otimista no
futuro da organização. De acordo com os participantes, haverá um estímulo no
desenvolvimento local das cidades pesquisadas, além da expansão das pequenas empresas,
pois, colabora na promoção de emprego e renda, além de melhorar a qualidade de vida dos
habitantes dessas localidades.
Nesse sentido, o Programa Bom Negócio Paraná tem contribuído significativamente
para a capacitação em gestão empresarial do público atendido.
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Figura 2 - Visão da Empresa Após o Curso. Fonte: Os autores, 2015.
5. CONCLUSÕES
A nova gestão empreendedora que se molda nos mercados globalizados, é agregar
satisfação aos consumidores e todo público envolvido, conhecendo o comportamento dos
clientes, analisando de forma eficaz seus concorrentes, traçando os pontos fortes e fracos do
ramo de atividade, fazendo uma análise do ambiente interno e externo da empresa, além de
reforçar junto aos envolvidos na organização, a liderança e motivação.
Assim, pode-se concluir, que o objetivo de analisar o grau de aplicabilidade no
empreendimento dos módulos ministrados no curso de capacitação empresarial do Programa
Bom Negócio Paraná, desenvolvido pelo Núcleo de Apoio de Empreendedorismo da
UNESPAR - Campus de Campo Mourão, vinculado ao respectivo Programa (USF/SETI), foi
satisfatoriamente alcançado.
Os resultados obtidos com a pesquisa demonstraram que a maioria dos respondentes
avaliaram como totalmente aplicáveis os módulos em seu empreendimento.
Sob esse enfoque, pode-se concluir que os parâmetros utilizados na pesquisa foram
significativos no contexto das cidades avaliadas, culminando na aceitação do conteúdo
programático dos módulos organizados pelo Programa Bom Negócio Paraná.
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As contribuições proporcionadas por grupos profissionais de consultoria e capacitação
gerencial aos empresários vão além dos benefícios no empreendimento, uma vez que,
promove a geração de emprego e renda, desenvolvimento econômico e social, melhoria da
qualidade de vida da população localizada na cidade e região. Ademais, essa dimensão
analítica converge com os preceitos apresentados por Dornelas (2005) sobre a longevidade da
organização e sua sustentabilidade no mercado competitivo.
Os empreendedores considerados de sucesso são referências e estímulo para outros
que buscam alcançar êxito nas suas empresas.
Nesse ensejo, a capacitação empreendedora orienta e motiva os empresários na criação
de empresas estruturadas e duradouras. De fato, o ensino de empreendedorismo contribui
significativamente na formação de melhores empresários, empresas sustentáveis e
consequentemente na geração de riqueza ao país.
Dessa forma, é interessante ressaltar que, para a maioria dos empresários o curso de
capacitação empresarial do Programa Bom Negócio possibilitou-lhes o alcance de uma visão
empreendedora, com projeções de melhoria e ampliações sobre os negócios, reforçando a
importância dos conteúdos repassados sobre gestão empresarial e capacitação empreendedora
de forma estruturada entre os módulos.
Neste ínterim, o Programa Bom Negócio do núcleo da UNESPAR, campus de Campo
Mourão tem o intuito de expandir o projeto para toda a região dos Municípios que integram
Mesorregião Centro Ocidental do Paraná, melhorando a gestão dos empresários, focando no
desenvolvimento dos mesmos, capacitando e orientando cada um em sua atividade no
empreendimento, dando uma visão mais ampla do negócio, almejando a expansão com
exatidão, eficiência e eficácia.
Futuras pesquisas podem explorar ainda mais o ensino voltado ao empreendedorismo
em outros contextos organizacionais. Além disso, outros estudos podem explorar o impacto
da capacitação empreendedora no desempenho humano e financeiro da empresa a fim de
averiguar de forma científica, a importância dessa metodologia para as organizações,
principalmente as pequenas e médias empresas.
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SUCESSÃO FAMILIAR NAS PROPRIEDADES RURAIS VINCULADAS À
ASSOCIAÇÃO DE BOA ESPERANÇA DE PRODUTORES DE LEITE
PATRICIA GROTTI SCHEBELESKI
Administradora, Mestre em Administração
Universidade Estadual de Maringá - UEM
MARCOS SCHEBELESKI
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Administrador, Mestre em Administração
Universidade Estadual de Maringá - UEM
RESUMO - A produção rural oriunda da propriedade familiar no estado do Paraná tem grande
representatividade comercial e social e, por conseqüência, a sucessão nestas propriedades desperta preocupação.
Algumas características próprias da empresa familiar são importantes para um entendimento de sua essência e de
seu funcionamento; e dados estatísticos revelam a importância dessa categoria de empresa na economia. O
presente trabalho tem por objetivo estudar aspectos inerentes ao processo de sucessão familiar da propriedade
rural dos produtores de leite da ABEPROL, no Paraná. Os procedimentos metodológicos consistem em
entrevistas com os produtores de leite e posterior análise. Essa pesquisa focou na visão do patriarca da família,
em sua opinião quanto a sucessão da propriedade familiar e após as análises das entrevistas realizadas pode-se
perceber que os produtores preferem que seus filhos estudem para encontrarem outra atividade profissional (e
alguns já estão fazendo isso), principalmente quando se trata de filhas mulheres.
Palavras-chave: Sucessão, Empresa Familiar, Agricultura Familiar, Leite.
ABSTRACT - The rural family production in Paraná has commercial representation and so there is concern
about the succession of these properties. Some characteristics of the family business are important to an
understanding of its essence and its operation and statistics show the importance of family businesses in the
economy. This work aims to study aspects related to family succession process of rural property of the
ABEPROL milk producers in Parana. The methodological procedures consist of interviews with producers of
milk and subsequent analysis. This research focused on family patriarch's vision in his mind about the succession
of the family property and after the analysis of the interviews can be seen that producers prefer their children to
study to find another source of income (and some are already doing this), especially when it comes to women
daughters.
Keywords: Succession, Family Businesses, Family Agriculture Milk.
1. INTRODUÇÃO
A produção primária, englobando todos os setores da agricultura bem como seus elos
da cadeia de suprimentos, tem grande importância comercial e social para o Brasil, pois
representa grande parte do movimento econômico e da geração de riquezas, fato que se deve à
imensa extensão territorial que é dedicada a essa atividade, como também aos excelentes
níveis de produtividade que são alcançados com a constante evolução das tecnologias
empregadas nas atividades inerentes ao setor. O último CENSO (IBGE, 2010) publicado
mostra que 21,57% da população total paranaense tem 50 anos ou mais e considerando-se
apenas a população rural esse percentual vai para 23,4%, conforme Tabela 1. Ou seja, a
população rural está envelhecendo e há uma preocupação aparente de quem dará continuidade
aos trabalhos desenvolvidos na propriedade rural, visto que na maioria das vezes os filhos,
possíveis sucessores, vão estudar nas grandes cidades e poucos voltam para as zonas rurais
(CRYSTHIAN, 2011; EBERHARD, 2013).
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Tabela 1 – Idade da população Paranaense
População urbana 8.913.241 85,3%
População rural 1.531.284 14,7%
Total 10.444.526 100%
População total com 50 anos ou mais 2.253.528 21,57% em relação a população
total do PR
População rural com 50 anos ou mais 358.200 23,4% em relação a população
total rural
População urbana com 50 anos ou mais 1.895.326 21,26% em relação a população
total urbana
Fonte: CENSO, IBGE, 2010.
Nesse contexto, ao lado da notória importância das propriedades rurais para a
economia local, está a condução da sucessão da administração das mesmas, ou seja, a
passagem da gestão das propriedades de uma geração para a outra hereditariamente.
Em se tratando das discussões sobre sucessão familiar podem ser considerados alguns
aspectos, tais como: a relação da baixa escolaridade e instrução técnica dos envolvidos no
processo de sucessão com o trabalho no campo executado por eles; a forma como o patriarca
adquiriu a propriedade; a aptidão para a administração do negócio agrícola dos possíveis
sucessores e a preferência dos sucedidos em programar a sucessão para os descendentes do
sexo masculino.
Nesse contexto apresentado, propõe-se nesse trabalho a investigação do seguinte
problema de pesquisa: Quais os aspectos inerentes ao processo de sucessão familiar da
propriedade rural dos produtores de leite da ABEPROL – Associação de Boa Esperança de
Produtores de Leite?
Como objetivo geral, tem-se:
• Estudar aspectos inerentes ao processo de sucessão familiar da propriedade
rural dos produtores de leite da ABEPROL.
Como objetivos específicos têm-se:
• Selecionar propriedades dos produtores de leite da ABEPROL possam ser
consideradas como empresa familiar.
• Investigar a aceitação dos patriarcas produtores de leite da ABEPROL em
passarem a gestão aos filhos e filhas.
• Investigar o entendimento do patriarca quanto à intenção dos filhos e filhas em
assumir a propriedade.
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2. PRODUÇÃO DE LEITE
Da produção brasileira de leite de 2013 e de 2014 o Paraná contribuiu com 12,7% e
12,9%, respectivamente, ficando em 3º lugar no ranking de produção nacional, precedido de
Minas Gerais e Rio Grande do Sul (IBGE/Pesquisa da Pecuária Municipal, 2014), conforme
pode-se observar na Tabela 2. O Relatório resumido do Valor Bruto da Produção (VBP)
Agrícola Paranaense em 2015 (SEAB/DERAL, 2015) mostra a produção de leite em 4º lugar
no ranking, conforme Tabela 3.
O produto leite está entre as três culturas nas quais a agricultura familiar tem mais
participação, estando atrás da mandioca e do feijão, e da produção total do Brasil, 58%
provém da agricultura familiar, conforme dados do CENSO Agropecuário de 2006 (IBGE,
2010).
De acordo com Fernandes et al. (2007, p. 25) “as bacias leiteiras se formaram com
maior intensidade na década de 1950, com o propósito de atender ao mercado de
consumidores das cidades”, por isso eram em maior quantidade, relativamente pequenas e
próximas às cidades, isso em todos os estados brasileiros. Já em 1975 a configuração das
regiões mais importantes na atividade leiteira era semelhante às áreas mais urbanizadas do
País (FERNANDES et al., 2007).
Tabela 2 – Evolução da produção de leite nos principais estados
Estado
Volume de produção (mil litros) % crescimento de
2012 para 2014
%total da
produção nacional
2014 2012 2013 2014
Minas Gerais 8.905.984 9.309.165 9.367.470 5,2 26,6
Rio Grande do Sul 4.049.487 4.508.518 4.684.960 15,7 13,3
Paraná 3.968.506 4.347.493 4.532.614 14,2 12,9
Total Brasil 32.304.421 34.255.236 35.174.271 8,9
Fonte: IBGE/Pesquisa da Pecuária Municipal, 2014.
Tabela 3 – Evolução do Valor Bruto da Produção Paranaense 2014 e 2015
Segmento VBP (R$ Bilhões) Variação
(%)
Participação
(%) 2014 2015
Soja 15,98 17,32 8 22
Frango – corte 10,87 12,19 12 16
Milho 5,60 6,42 15 8
Leite Bovino 4,88 4,46 -9 6
Fonte: SEAB/DERAL, 2015
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O aumento e mudança de localidade das regiões produtoras de leite ocorreram devido
a “mudanças no perfil de consumo do leite”, que passou do tipo pasteurizado para o UHT,
além das alterações na demanda de derivados e na logística de distribuição dos produtos
(FERNANDES et al., 2007, p. 15).
Essas alterações de consumo podem ter como causa, entre outros fatores, o aumento
de renda da população, dado que uma renda mais elevada tende a deslocar o consumo em
direção aos produtos mais elaborados, com maior valor agregado. O aumento da participação
da mulher no mercado de trabalho (LOURENZANI, 2005) pode, também, acarretar em maior
poder aquisitivo da população, também reforça esse deslocamento do consumo.
Três bacias têm destaque na produção de leite no Estado do Paraná: a região Centro-
Oriental, que exibe uma situação consolidada, e as regiões Oeste e Sudoeste, que apresentam
crescimento significativo da produção e da produtividade além de avanços importantes na
adoção de tecnologias (IPARDES, 2010). As três regiões juntas concentram 48,5% dos
produtores de leite do Estado e 53% da produção estadual de leite (IPARDES, 2010). A
Figura 1 e a Figura 2 mostram a quantidade de produção de leite no Paraná nos anos de 2010
e 2014. As escalas das duas figuras são diferentes, o que acarreta uma falsa noção de pouca
modificação das áreas que mais produzem leite no Paraná, mas fazendo-se uma análise mais
minuciosa e tomando por base outros relatórios do IPARDES pode-se perceber um aumento
na produção das referidas regiões.
A Figura 1 e a Figura 2 realçam os dados encontrados por Fernandes et al. (2007, p.
23) de que as análises apontam para um deslocamento da produção de leite rumo à oeste,
“com as bacias leiteiras afastando-se, de forma genérica, das regiões metropolitanas,
deslocando-se para áreas de ocupação mais recentes pela agricultura” e especificamente nos
estados do Sul a produção leiteira estabiliza-se sobre “regiões típicas de propriedades
familiares de imigração alemã, italiana e holandesa”.
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Figura 1 - Produção de Leite no Paraná no ano de 2010. Fonte: IPARDES, 2016.
Figura 2 - Produção de Leite no Estado do Paraná no ano de 2014. Fonte: IPARDES, 2016.
Quanto ao tipo de produtores do estado, há grande diversidade entre eles. Produtores
de grandes volumes de leite, os quais são responsáveis pela maior parte da produção do
estado, dividem o mercado com pequenos produtores caracterizados por rebanhos reduzidos,
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sem melhoramento genético e com baixa tecnologia no processo produtivo (IPARDES, 2009,
2010).
Nesse contexto de alteração do padrão de consumo e deslocamento das áreas
produtoras, este trabalho se justifica pela importância em se compreender os fenômenos e as
peculiaridades que ocorrem em sistemas agroindustriais como o do leite e por ser este produto
de suma importância econômica para os produtores da região escolhida.
As áreas destacadas pelo círculo vermelho nos mapas apresentados na Figuras 1 e
Figura 2, referem-se à região onde encontram-se os produtores de leite objeto deste estudo.
3. EMPRESA FAMILAIR
As empresas familiares representam entre 65% e 80% das empresas no mundo e pelo
menos 80% das empresas brasileiras legalmente constituídas (FLORES JR e GRISCI, 2010).
Por isso os crescentes estudos sobre as empresas familiares têm mostrado a importância das
mesmas para a economia mundial.
Não há uma definição exata do que é empresa familiar. No quadro 01 descreve-se um
apanhado de conceituações e algumas características da empresa familiar:
Quadro 1 – Conceituação e características da Empresa Familiar
Autor e ano Conceitos e características
Bernhoeft (1991) Possui origem e história vinculada a uma família, mantém membros da família na
administração dos negócios. Comporta aspectos familiares. Empresa familiar refere-se
mais ao estilo com que a empresa é administrada, do que somente ao fato de seu capital
pertencer a uma ou mais famílias.
Vidigal (1996) Todas as empresas, menos as criadas pelo governo, na origem, tiveram um fundador ou
um pequeno grupo de fundadores, que eram seus donos. As ações ou as cotas da empresa
seriam provavelmente herdadas por seus filhos. Praticamente todas as empresas em sua
origem são familiares.
Lodi
(1998)
Empresa em que a consideração da sucessão da diretoria está ligada ao fator hereditário e
onde os valores institucionais identificam-se com o sobrenome do fundador.
Silva et al. (1999) Estabelece que a organização deve reunir, simultaneamente, as seguintes características: a
família deve possuir propriedade sobre a empresa, podendo assumir propriedade total,
propriedade majoritária ou controle minoritário; a família deve influenciar a gestão
estratégica da empresa; os valores da empresa são influenciados ou identificados com
família; a família determina o processo sucessório da empresa.
Leone (2005) Considera três vertentes: empresa iniciada por um membro da família, membros da
família participantes da propriedade e/ou direção e valores institucionais identificando-se
com a figura do fundador ou da fundadora.
Davis
(2007)
Controlada por uma única família, da qual dois ou mais de seus membros têm influência
preponderante na direção do negócio, mediante cargos gerenciais/de governança, direitos
de propriedade e relações familiares.
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Fonte: Adaptado de: FREIE et al., 2010; FLORES JR e GRISCI 2010; MACHADO in CARRIERI et al., 2008.
Com esse quadro pode-se observar algumas reflexões em torno da evolução do
conceito no que tange a propriedade da empresa estar entre pessoas que mantém laços de
afetividade familiar. A conceituação também prosseguiu com a tendência da sucessão estar
ligada à hereditariedade da família.
Pode-se dizer que há similaridades entre a empresa familiar e a agricultura familiar,
porém em vários aspectos possuem diferenças significativas (CHEMIN e AHLERT, 2010), a
seguir será apresentada uma breve explanação do que a literatura traz sobre o que é a
agricultura familiar, suas características e peculiaridades.
3.1 Agricultura Familiar
Encontra-se na literatura uma conceituação de propriedade agrícola como sendo “uma
unidade econômica na qual o produtor rural desenvolve um sistema de produção, tendo em
vista a viabilização de uma renda para sua manutenção” (BLUM, 2001, p. 93). Quando se fala
especificamente de propriedades rurais o conceito de empresa familiar deve, segundo Blum
(2001, p. 62), “ser modificado e ampliado devido às peculiaridades inerentes à agricultura”.
Uma característica da agricultura familiar reside no fato de os pais (marido e esposa)
administrarem as propriedades e misturarem questões da propriedade com questões
particulares da família (JUCHEM et al., 2005). Para Wanderley (1996, p. 1) a agricultura
familiar deve ser entendida como “aquela em que a família, ao mesmo tempo em que é
proprietária dos meios de produção, assume o trabalho no estabelecimento produtivo”. O
autor (1996, p. 1) continua dizendo que é importante fixar que este caráter familiar não é
simplesmente um detalhe superficial e descritivo: “o fato de uma estrutura produtiva associar
família - produção - trabalho tem consequências fundamentais para a forma como ela age
econômica e socialmente”, fato que pode interferir também nos processos inerentes à sucessão
da administração nesse tipo de empresa rural.
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4. SUCESSÃO
A complexidade da empresa familiar, conforme Lescura et al. (2010, p. 2), é
enunciada principalmente no processo sucessório no qual representa a transposição de um
sonho, de um projeto de vida construído pelo progenitor, que deposita no seu futuro herdeiro a
responsabilidade de perpetuar o empreendimento, seja ele no meio urbano ou rural.
Para Freire et al. (2010, p. 715) a sucessão é vista como um “processo de oxigenação
da gestão”, além de ser um dos aspectos cruciais para a sobrevivência das empresas,
independente do ramo de atuação. É considerada por alguns autores como um rito de
transferência do poder, do capital e do conhecimento. Segundo Brumer e Anjos (2008, p. 12)
a sucessão na propriedade pode ser entendida como um momento (crítico) nas relações de
reciprocidade entre pai, filhos e filhas. Lima et al. (2008, p. 131) citam Lody (1978) o qual
ressalta que os herdeiros não reproduzem as características do fundador, o que pode resultar
em dificuldades para os negócios no futuro, tais como, mudança ou imposição abrupta de uma
nova cultura organizacional, alteração de rumos estratégicos e até a relação com o ambiente
Além de ser importante, a sucessão é um processo delicado em razão das diferenças de
percepção entre sucessor e sucedido (GRZYBOVSKI, 2002, in LESCURA et al., 2010, p. 5).
Segundo Silvestro et al. (2001, p.27) a gradual passagem das responsabilidades de uma
geração para a outra é mais importante do que o exato momento de transferências jurídica dos
bens da família. Os autores (2001, p. 74) ressaltam que a passagem das responsabilidades da
gestão da propriedade ocorre em um processo de transição em que os pais gradativamente
passam as tarefas aos filhos.
Silvestro et al. (2001, p. 100) trazem que o processo de sucessão na agricultura
familiar não é objeto de planejamento sistemático por parte da família. Continuam eles (2001,
p. 100) dizendo que a dificuldade deste quadro se amplia com a falta de preparo educacional
dos filhos que vão assumir a propriedade. Esse problema é comum entre os produtores rurais,
a falta de instrução formal dificulta a assimilação de tecnologias (BLUM, 2001, p. 84). Para
Silvestro et al. (2001, p. 29) o baixo nível de educação dos filhos reduz fortemente suas
chances de inserção no mercado de trabalho urbano, restando-lhes apenas o trabalho na
propriedade rural.
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4.1 Sucessão versus Gênero
Neste processo de socialização profissional no meio rural, há diferenças entre homens
e mulheres, elas normalmente são “poupadas” ou “excluídas” da atividade agrícola principal,
sendo-lhes reservadas atividades consideradas como “domésticas” (BRUMER & ANJOS,
2008, p. 9). Para Brumer et al. (2008, p. 1) as mulheres só herdam a propriedade quando são
filhas únicas, quando apenas há filhas mulheres, ou quando o(s) filho(s) homem(s) não
quer(em) assumir a direção da mesma.
Conforme Brumer e Anjos (2008, p. 13) as mulheres, ao mesmo tempo em que não
são reconhecidas como prováveis herdeiras da unidade produtiva, entram nesta atividade
através do casamento, ou seja, vão morar e trabalhar na propriedade do marido, sucessor em
outra propriedade. Segundo Brumer e Anjos (2008, p. 13) essa exclusão das mulheres na
sucessão da propriedade pode ser corresponde à uma estratégia de herança onde “somente um
filho é escolhido ou fica como sucessor enquanto os outros são encaminhados ao êxodo da
atividade agrícola ou à migração para outras terras”. Nesse processo, o mais comum de se
observar é que o filho escolhido como sucessor é o filho mais velho.
5. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este trabalho tem caráter descritivo e exploratório. Conforme Vergara (2003) é
descritivo, pois visa expor características de determinado fenômeno, no caso a sucessão
familiar, bem como estabelecer correlações entre as variáveis encontradas, além disso, é
exploratório por haver pouco conhecimento abrangendo aspectos específicos da sucessão
familiar nas propriedades rurais (VERGARA, 2003, p. 47). Corroborando com a autora,
Richardson (1999) diz que a pesquisa se caracteriza como sendo descritiva ao se propor a
descrever as características do fenômeno em seu contexto. Ainda quanto às pesquisas
descritivas, Gil (1999) afirma que têm como objetivo primordial a descrição das
características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de
relações entre as variáveis.
A natureza dessa pesquisa é predominantemente qualitativa onde, segundo Richardson
(1999), não se emprega um instrumental estatístico com base do processo de análise de um
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problema. Não se pretende numerar ou medir unidades ou categorias homogêneas. Segundo
ainda o mesmo autor (1999, p. 79), a abordagem qualitativa de um problema, além de ser uma
opção do investigador, justifica-se, sobretudo, por ser uma forma adequada para entender a
natureza de um fenômeno social.
Outrossim, segundo Minayo (1993) a pesquisa qualitativa responde a questões muito
particulares, se preocupando, no âmbito das ciências sociais, com um nível de realidade que
não pode ser quantificado, assim, trabalhando com a compreensão dos fenômenos (desejos,
crenças, valores e atitudes), e não com a manipulação e operacionalização de variáveis.
Para a realização desse trabalho foi selecionada a região do município de Boa
Esperança, no centro-oeste do estado do Paraná, conforme destaque em vermelho nas Figuras
1 e 2. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas com os produtores rurais da
ABEPROL.
Quanto a análise dos dados coletados, foi utilizado a técnica de análise de conteúdo,
que segundo Bardin (1977), consiste num conjunto de técnicas de análise das comunicações,
que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens e
tem como intenção a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção (ou
eventualmente, de recepção), inferência esta que recorre a indicadores (quantitativos ou não).
Para selecionar as propriedades rurais que podem ser consideradas como empresa
familiar, foi utilizada a definição disposta pela Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006, que
considera como agricultor familiar ou empreendedor familiar rural aquele que pratica
atividades no meio rural, atendendo, simultaneamente, aos seguintes requisitos:
“I - não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos fiscais; II -
utilize predominantemente mão-de-obra da própria família nas atividades
econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento; III - tenha renda familiar
predominantemente originada de atividades econômicas vinculadas ao próprio
estabelecimento ou empreendimento; IV - dirija seu estabelecimento ou
empreendimento com sua família” (BRASIL, Lei nº 11.326/06).
Cada município brasileiro possui uma quantidade diferente de hectares para
quantificar um módulo fiscal, no município de Boa Esperança e região um módulo fiscal
corresponde a 20 hectares (INCRA, 2013).
Ao todo são 140 produtores de leite (em outubro/2014) na ABEPROL, distribuídos
pelos municípios de Boa Esperança, Janiópolis, Moreira Sales, Goioerê e Tuneiras do Oeste,
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mas essa quantidade pode variar, pois às vezes há alguns produtores que aderem e outros que
se desligam da associação, visto que durante o ano há variação considerável do preço do leite
nos períodos de entre safra, fazendo com que o produtor possa procurar outra forma de vender
a produção que não seja por meio da associação. A região dos municípios que fazem parte da
ABEPROL está demarcada em vermelho na Figura 1 e Figura 2, tendo produzido em 2014
pelo menos 5.350.000 litros de leite em cada um dos municípios, o que demonstra a
importância do produto para a região.
Para a realização das entrevistas foram selecionados oito produtores (amostra por
conveniência, todos da cidade de Boa Esperança) que se encaixavam no perfil descrito
anteriormente pela Lei 11.326/06, que pudessem ser considerados como agricultor familiar ou
empresa familiar rural.
6. DISCUSSÃO
A seguir far-se-á uma descrição e concomitante análise dos dados obtidos nas
entrevistas. Os produtores respondentes têm entre 36 e 59 anos de idade e cursaram até no
máximo o ensino médio completo, conforme apresentado no Quadro 1.
Quadro1 – Idade versus Escolaridade dos respondentes
Respondente Idade Escolaridade
E1 43 Ensino Médio Completo
E2 51 Ensino Médio Completo
E3 36 Ensino Médio Completo
E4 47 Ensino Médio Completo
E5 47 Ensino Médio Completo
E6 59 Ensino Médio Incompleto
E7 59 Ensino Fundamental Incompleto
E8 51 Ensino Médio Incompleto
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
Os dados obtidos nas entrevistas reforçam os dados do CENSO 2010, no que tange a
intensificação da preocupação com a sucessão das propriedades, uma vez que, conforme
demonstrado no Quadro 1, metade dos respondentes tem mais de 50 anos
O tamanho das propriedades varia entre 4,84 e 20 hectares, todos os produtores
utilizam predominantemente mão-de-obra da própria família nas atividades desenvolvidas na
propriedade, a renda familiar provém da venda do leite e alguns são produtores de soja e/ou
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milho, ou seja, todos os entrevistados estão enquadradas na definição de empresa familiar
rural encontrada na Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006.
Com relação aos filhos e filhas dos entrevistados, alguns ainda são crianças e
adolescentes com idade entre 4 e 15 anos, correspondendo a 27% dos descendentes. Estes
estão cursando a escola normalmente e na série correspondente a sua idade. Todos os
produtores, independente da idade dos descendentes, mencionaram que incentivam os filhos e
filhas a estudarem, principalmente as filhas, como pode-se perceber nesses trechos das
entrevistas:
E5 “Sim [incentivo a estudar], por ser mulher, essa vida do campo não vai servir”.
E3 “[...] eu acho que é o melhor caminho”.
No total há 15 filhos e filhas dos produtores entrevistados. Dos filhos e filhas maiores
de 16 anos, que corresponde a 73% do total, apenas 36% possuem escolaridade
correspondente com a idade e sendo metade homens e metade mulheres. Os outros filhos e
filhas, 63% dos maiores de 16 anos, possuem escolaridade incompatível com a idade, ou seja,
cursaram até no máximo o ensino médio e têm entre 17 e 30 anos. Destes, seis são homens e
apenas uma mulher que tem 26 anos, mas já é casada e reside e trabalha na cidade.
Para a seguinte questão da entrevista: “Algum de seus filhos e filhas trabalha na
propriedade? Desde Quando?” Todos os respondentes têm ao menos um filho (homem)
trabalhando na propriedade, as filhas (mulheres) ou já casaram, moram e trabalham na cidade
ou ainda são pequenas, mas nenhum respondente tem filhas trabalhando nas propriedades.
Essas duas informações, idade/escolaridade e filhas mulheres não trabalhando na
propriedade, corroboram com Brumer e Anjos (2008) já citados neste trabalho.
Quanto ao desejo do patriarca de que algum dos filhos e filhas assuma a administração
da propriedade, os respondentes estavam divididos metade respondeu que sim e metade que
não, mas os que têm filhas responderam firmemente que não querem que elas assumam, como
por exemplo, o respondente E5 relatou “Não [desejo], pra mulher é mais pesado”, numa
referência ao fato do trabalho no campo exigir maior esforço físico do trabalhador.
Dos filhos maiores de 16 anos que ainda não trabalham na propriedade, nenhum
pretende começar a trabalhar, e metade dos respondentes relatou que os filhos homens que
trabalham na propriedade demonstram intenção em assumir a administração da mesma.
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7 CONCLUSÕES
O assunto sucessão familiar é complexo principalmente quando trata de sucessão da
empresa rural. Muitos aspectos estão envolvidos nesse assunto, tais como, escolaridade e sexo
do sucessor, que normalmente são homens com baixa escolaridade.
Pode-se perceber a partir das respostas dos produtores, que todos incentivam seus
filhos e filhas a estudar, mesmo assim, metade dos respondentes deseja que seus sucessores
assumam as atividades ligadas à gerência da propriedade.
Por outro lado, a outra metade dos respondentes não deseja passar a gerência da
propriedade aos sucessores, principalmente quando se trata das filhas. Estes respondentes
relatam preferir que seus filhos e filhas encontrem outra fonte de renda que não seja tão árdua
fisicamente quanto o trabalho do campo e alguns já estão fazendo isso.
Para uma análise mais aprofundada do assunto sucessão tratado aqui, uma pesquisa
futura poderia ser realizada com os possíveis sucessores, com o intuito de verificar os mesmos
aspectos aqui mencionados, porém sob o olhar de quem poderá um dia assumir a
administração da propriedade familiar. Outro ponto importante que pode ser estudado é a
relação entre o tamanho da propriedade rural familiar e a sucessão, pois por vezes a
propriedade não comporta divisões entre os herdeiros visto que o tamanho máximo da
propriedade rural familiar é de quatro módulos fiscais, ou seja, para a região estudada, no
máximo 20 hectares.
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A VIABILIDADE SOCIAL E ECONÔMICA DE PEQUENOS MUNICÍPIOS,
FRENTE AOS PRESSUPOSTOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
ADALBERTO DIAS DE SOUZA
Administrador, Mestre e Doutor em Administração,
Doutor em Geografia
Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR
CRISTINA MAGIROSKI
Graduanda em Administração
Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR
RESUMO - Este trabalho tem como objetivo analisar a viabilidade social e econômica de pequenos municípios
da Mesorregião Centro-Ocidental Paranaense como espaços sociais para os cidadãos, procurando também
enfocar os mesmos como institucionalização da escala local de poder. Abordamos municípios desta mesorregião,
no intuito de demonstrar e analisar as implicações do processo de emancipação político-administrativa ocorrida
em cada um deles. Utilizamos referencial teórico das áreas da Gestão Pública e Geografia Humana e coletamos
dados primários por meio da aplicação de questionários e entrevistas realizadas com pioneiros, gestores públicos
e outros cidadãos nos municípios de Luiziana e Rancho Alegre d’Oeste. Os resultados indicaram a relevância das
emancipações municipais para as localidades estudadas, pois demonstraram que houve melhorias dos serviços e
equipamentos públicos disponibilizados à população, proporcionando evolução no desempenho socioeconômico,
na configuração espacial e consolidando a criação de novos espaços sociais nestes municípios, contribuindo
assim também para o avanço da mesorregião.
Palavras-chave: Viabilidade municipal, Governo Local, Desenvolvimento Regional do Paraná.
ABSTRACT - This work aims to analyze the social and economic viability of small towns of West-Central
Mesoregion Paranaense as social spaces for citizens, also seeking the same focus as institutionalization of the
local power range. Municipalities this approach mesoregion in order to demonstrate and analyze the implications
of the political-administrative emancipation process that took place in each of them. We use theoretical areas of
Public Management and Human Geography and collect primary data through questionnaires and interviews with
pioneers, public officials and other citizens in the municipalities of Luiziana and Rancho Alegre d'Oeste. The
results indicated the importance of municipal emancipations to the sites studied, as demonstrated that there were
improvements in public services and equipment provided to the population, providing trends in socio-economic
performance in the spatial configuration and consolidating the creation of new social spaces in these
municipalities, thus also contributing to advance the mesoregion.
Keywords: Municipal viability, Local Government, Regional Development of Paraná.
1. INTRODUÇÃO
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Atualmente no cenário mundial o Brasil se destaca, dentre outros fatores, pelo seu
amplo território. Com uma superfície total de 8.547.403 km², é considerado o quinto país do
mundo em extensão territorial. No entanto a distribuição populacional não se dá de forma
homogênea, pois grande parte da população brasileira está concentrada nas proximidades da
região litorânea, particularmente nas grandes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Porto
Alegre, Salvador e Recife e nas demais capitais dos estados brasileiros. O restante do
território nacional apresenta uma distribuição populacional mais dispersa. Tal característica é
de certa forma, herança do processo de colonização realizado por Portugal.
Ao longo da história do País, foram estabelecidas algumas medidas para uma melhor
organização do território, bem como sua administração política, econômica e territorial, com o
intuito de estruturar o planejamento, a gestão, a operação e o controle do território nacional.
Dentre estas medidas pode-se citar a formação de estados federados e criação de municípios.
Os municípios são elementos que integram a estrutura dos estados brasileiros e, como tal,
necessitam ser estudados e entendidos desde o início das emancipações municipais no País.
O termo município tem uma história remota ligada ao Império Romano, que dominou
vastos territórios na antiguidade. As cidades conquistadas pelo império eram divididas em
colônias e municípios. Sendo que eram considerados municípios todas as cidades habitadas
por pessoas não originárias de Roma, mas que detinham todas ou parte das vantagens que os
cidadãos romanos tinham direito. Estas cidades eram regidas por leis próprias e pelos
costumes, já as colônias estavam submetidas à legislação de Roma (BRAGA, 2008).
Magalhães (2007) ressalta que no Brasil, o surgimento do primeiro município não está
relacionado a um processo de organização de um povo em torno de uma determinada
comunidade, com a finalidade de melhorias locais, mas foi a vontade e a necessidade régia
que elaboraram o conselho nacional. Ou seja, foi Portugal que definiu a primeira legislação
relacionada à criação de municípios no Brasil colônia, com a pretensão de melhor organizar a
povoação do território de sua colônia.
O processo de emancipação político-administrativa dos municípios brasileiros teve seu
início por volta da década de 1930, momento da implantação de inúmeras mudanças no
âmbito da política, da economia e na sociedade nacional. Segundo Magalhães (2007), neste
período as Emancipações Municipais não foram muito intensas, porém a partir da década de
1950 intensificou o número de municípios no país. Todavia, durante as décadas de 1970 e
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1980, os governos militares restringiram a criação de novos municípios. Contudo, após o fim
do regime militar, as emancipações voltaram a se intensificar.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2012), o
número de municípios no Brasil se elevou significativamente nos últimos trinta anos,
passando de 3.391 em 1980, para 5.570 no ano de 2013. Bremaeker (2001) salienta que,
muito se discute sobre a emancipação de novos municípios no Brasil, havendo quase uma
unanimidade nos meios técnicos, acadêmico, político e da mídia, contra tal processo, devido a
crença na inviabilidade do mesmo. Segundo ele, a principal alegação diz respeito à
inviabilidade financeira da grande maioria desses novos municípios e do custo que
representam para o País.
Cabe salientar que, muitas são as causas que levam os distritos a buscar sua
emancipação política, segundo Bremaeker (1993), destacando-se dentre as quais: os interesses
político-eleitoreiros, voltados para a obtenção de votos por parte dos defensores da
emancipação; o descaso distritos de serviços básicos como saneamento, postos de saúde,
iluminação pública, energia elétrica e habitação; ou ainda, contrapondo-se a essa visão
anterior, a existência de uma forte atividade econômica local e uma infra-estrutura de serviços
tão satisfatória que já não se justifica a subordinação desse distrito ao governo do município a
que pertence e para a qual contribui com recursos próprios.
No entanto salientamos que no Brasil, com a promulgação da Constituição Federal em
1988 (CF 1988) e, posteriormente, com a edição da Emenda Constitucional nº 15 de 1996 (EC
nº 15/96), foram estabelecidos novos quesitos menos rigorosos no tocante à criação de novos
municípios, e o papel sobre a regulação das emancipações ficou sob a responsabilidade da
esfera estadual legislar sobre a regulamentação das emancipações, por meio de leis
complementares. Ademais, este foi um dos mecanismos institucionais que acendeu as
condições favoráveis para a recente onda emancipacionista e, ainda, determinou o seu ritmo
diferenciado por estado, dado as peculiaridades de cada região do País.
Neste sentido, atualmente encontra-se em tramitação no Senado Federal, um projeto
de lei que pleiteia e defende a criação de, aproximadamente, 200 novos municípios no País.
Esta temática tem gerado posicionamentos antagônicos. De modo geral, há quem defende a
criação de novos municípios e há também aqueles que são contra tal processo, pois entendem
que a criação de muitos municípios, tal como propõe esse projeto de lei em questão, pode
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provocar impactos nas finanças públicas, redução na capacidade de investimentos públicos,
tendo em vista o aumento das despesas com legisladores e funcionalismo em geral. E ainda
pode prejudicar o desenvolvimento do município que perde algum distrito com o
desmembramento. Contudo, vale frisar que alguns benefícios podem ser originados da criação
de novos municípios, tais como: redução das desigualdades regionais, maior presença do
poder público, maior oferta de serviços públicos, crescimento na geração de empregos, maior
perspectiva de desenvolvimento, entre outros benefícios.
Salientamos ainda que, muitas vezes, o incentivo à multiplicação de municípios está
concatenado aos interesses de uma minoria interessada somente no aumento do montante de
transferências recebidas quando os municípios se dividem. E geralmente o interesse se
estende também para a multiplicação de cargos políticos e empregos públicos a serem
ocupados.
Também é importante ressaltar que, a autonomia política deve ter como pré-condição
a obtenção da autonomia financeira. Nesse sentido, espera-se que um distrito ou parte de um
município busque a sua emancipação, visando a formação de um novo município,
somente quando sua população tiver crescido em proporção suficiente para justificar uma
administração autônoma. Ademais, tal crescimento deve ser acompanhado pela capacidade de
arrecadação local de impostos.
Com o propósito de investigar as implicações e perspectivas do processo de
emancipação político-administrativa, nos municípios de Luiziana e Rancho Alegre d’Oeste
(RAO), foi estruturada a partir de Lakatos e Marconi (1991) a presente pesquisa em três fases,
a saber: revisão bibliográfica, investigação e caracterização dos municípios que compõem a
amostra do estudo.
A pesquisa foi realizada em dois pequenos municípios da Mesorregião Centro-
Ocidental do Estado do Paraná. A escolha das localidades ocorreu em função da
considerável quantidade de pequenos municípios que integram a população de municípios
emancipados no Brasil e no estado do Paraná, no período de 1988 a 1996.
A pesquisa utilizou um delineamento do tipo levantamento, de caráter exploratório,
qualitativo e relacional, uma vez que se procurará estabelecer relações entre as variáveis em
estudo. Foi utilizado o delineamento transversal, uma vez que serão verificadas as
implicações e perspectivas do processo de emancipações político-administrativas em
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municípios da Mesorregião Centro-Ocidental do Estado do Paraná, em determinado ponto no
tempo: no caso, o período de estudo considerado será de 1988 a 2016.
Na realização deste trabalho pretendeu-se optar pelo estudo comparativo de casos, pois
quando o estudo envolve dois ou mais sujeitos, duas ou mais instituições, pode-se falar em
casos múltiplos. Mesmo considerando-se que tanto o estudo de caso como o estudo
comparativo de casos segue a mesma metodologia, o segundo mostra-se mais eficaz, à medida
que, ao envolver mais de uma localidade ou organização, quando analisadas amplamente,
garante maior validade para as relações sugeridas. (LAKATOS e MARCONI, 1991).
A pesquisa utilizou entrevistas e questionários semi-estruturados para proceder ao
levantamento de dados empíricos. O estudo é também caracterizado como exploratório, por
não ser possível generalizar seus resultados para todos os municípios emancipados
recentemente no Brasil.
Para o levantamento de dados primários nas localidades optamos por um
procedimento de cunho qualitativo, o qual foi viabilizado por meio de entrevistas com
pioneiros e cidadãos ligados a política local. Assim realizamos sessenta entrevistas, sendo
trinta em Luiziana e trinta em Rancho Alegre d’Oeste.
A partir dessa temática apresentada de forma genérica para o município, o presente
estudo se propõe a debater o tema, tomando por referência os municípios a Mesorregião
Centro-Ocidental do Paraná. Tendo em vista a intenção de contribuir para um tema ao mesmo
tempo, significativo e complexo, adotaremos neste estudo a perspectiva da sociedade que vive
nas áreas influenciadas pelo processo emancipatório.
Assim, nos propomos a verificar de que maneira as emancipações distritais e a criação de
novos municípios são vistas pela comunidade local e analisar a viabilidade de pequenos municípios
como novos espaços sociais e políticos para os cidadãos residentes nestas localidades.
Entendemos que este estudo se justifica pela necessidade de se debater o tema emancipações
municipais, considerando que o mesmo possui relação direta ou indireta com a vida dos cidadãos
brasileiros.
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2. O MUNICÍPIO BRASILEIRO NA ATUALIDADE, O PROCESSO DE
CENTRALIZAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO DO ESTADO NACIONAL E AS
NOVAS EMANCIPAÇÕES MUNICIPAIS
Relacionado à temática emancipação municipal, as pesquisas e debates acadêmicos,
políticos e sociais, acerca de mecanismos e ações que permitam e ajudem a melhorar os
espaços de vivência e convivência das pessoas, têm sido uma preocupação constante e
contemporânea em todo mundo. No Brasil, as preocupações com este tema estão permeando a
agenda de gestores públicos e pesquisadores, e feito parte da vida cotidiana dos cidadãos
comuns, em vários municípios brasileiros.
A melhoria dos espaços de convivência para as pessoas e, por consequência a melhoria
da condição de vida dos cidadãos, deveria ser, senão o principal motivador, uma das
principais forças motivadoras de todas as ações políticas, realizadas pelos gestores públicos
nos municípios e nas demais escalas de governo no Brasil, pois, entendemos que, mesmo
tendo parte de suas atividades inerentes a vida em sociedade no espaço geográfico, planejada,
organizada e conduzida pela política administrativa em escala nacional é nos municípios que
as pessoas vivem e realizam a maior parte de suas atividades cotidianas, podendo ainda ser o
município considerado também como a dimensão espacial em que no cotidiano pode ser
acionada como espaço político.
A necessidade e importância de se aprofundar e aprimorar o debate sobre as
emancipações municipais e sobre o município no Brasil são salientadas por vários
pesquisadores, dentre os quais Castro (2005), com base em três aspectos: primeiro, por ser o
município um recorte federativo com importante grau de autonomia; segundo, por se tratar de
uma escala política, constituindo-se em distrito eleitoral formal para prefeitos e vereadores e,
informal para as demais eleições realizadas no Brasil; e, terceiro, porque é no município onde
as pessoas habitam, exercendo seus direitos e deveres como cidadãos, sendo também o local
onde buscamos grande parte dos serviços públicos aos quais temos direitos.
Assim, entendemos que o município deve ser foco de esforços permanentes, por parte
de seus gestores e também de pesquisadores, visando sua evolução e aprimoramento,
enquanto espaço de trabalho, sobrevivência e convivência humana. Enfim, como espaço
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social. Quando nos referimos desse modo ao município é essa a motivação que permeia este
trabalho – a dimensão humana e social nesta espacialidade.
No intuito de se desenvolver ações que ajudem a melhorar a condição de vida dos
cidadãos, a emancipação de distritos elevando-os ao patamar de município, parece ter sido
uma das saídas encontradas e utilizadas por algumas lideranças políticas, em muitas
localidades brasileiras e, por consequência, também no estado do Paraná. Apesar de muitas
vezes as motivações serem alheias a finalidade de melhorar a vida da sociedade local, esse
resultado tem aparecido como parte do processo.
Conforme mencionamos as estatísticas oficiais brasileiras dão conta que o número de
municípios no Brasil se elevou significativamente nos últimos trinta anos. Bremaeker (2001)
salienta que, muito se discute sobre a emancipação de novos municípios no Brasil, havendo
quase uma unanimidade nos meios técnicos, acadêmico, político e da mídia contra tal
processo, pelo fato de muitos acreditarem na inviabilidade do mesmo. Segundo ele, a
principal alegação diz respeito à inviabilidade financeira da grande maioria desses novos
municípios e do custo que representam para o País.
Entretanto, ao que parece ao se proceder a uma análise mais aprofundada do assunto é
que, sob uma ótica macro, até é possível justificar, em parte, o ponto de vista da inviabilidade
financeira. No entanto, salienta Bremaeker (2001), numa ótica micro, ou seja, da comunidade
diretamente interessada no processo emancipatório do distrito, estudos recentes levam a
conclusões diametralmente opostas.
Destarte, muitos são os debates atuais em torno da temática da instituição município e
de novas emancipações, havendo quem as condene, mas também, muitos que as defendem.
No entanto, ao procedermos também a uma leitura sobre os possíveis fatores que
influenciam o processo emancipatório de distritos em municípios, observamos que diversas
são as causas que levam os distritos a buscar sua emancipação política, segundo Bremaeker
(1993), destacando-se dentre as quais: os interesses político-eleitoreiros, voltados para a
obtenção de votos por parte dos defensores da emancipação; o descaso por parte da
administração do município de origem, que muitas vezes priva seus distritos de serviços
básicos como saneamento, postos de saúde, iluminação pública, energia elétrica e habitação;
ou ainda, contrapondo-se a essa visão anterior, a existência de uma forte atividade econômica
local e uma infra-estrutura de serviços tão satisfatória que já não se justifica a subordinação
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desse distrito ao governo do município a que pertence e para o qual contribui com recursos
próprios. Havemos de considerar ainda, o fator extensão territorial de alguns municípios
brasileiros, o que segundo alguns estudos é apontada, como sendo um dos fatores
influenciadores da busca pelo processo de emancipação político administrativo de vários
distritos.
Para Braga e Pateis (2003), há que se considerar que surgem problemas decorrentes da
criação de novos municípios no Brasil. Segundo os autores, as causas que normalmente levam
ao processo de emancipação municipal, têm se demonstrado complexas, envolvendo, na
maioria das vezes, interesses políticos e econômicos, os quais nem sempre convergem no
sentido do desenvolvimento urbano ou da melhoria das condições de vida da população do
novo município.
Porém, precisamos considerar que existe uma quantidade significativa de
pesquisadores sobre o tema emancipação municipal, que defende esse processo, baseado em
argumentos relevantes, tais como: alocação de recursos a disposição do novo município,
possibilidade de melhoria do acesso a saúde, educação e transporte, dentre outros.
Dentre os diversos pesquisadores que defendem o processo emancipatório municipal,
como fator de facilitação ao acesso dos equipamentos e serviços públicos citamos o trabalho
de Luis Roque Klering, pesquisador e professor da Escola de Administração da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, pesquisador que estuda e analisa o tema há vários anos, o qual
foi para nós, um dos inspiradores deste estudo. Isto porque ao estudar os pequenos municípios
no Rio Grande do Sul, os resultados obtidos pelo autor ao longo desse trabalho, mostraram
que o processo de emancipação municipal tem apresentado avanço social (KLERING, 2008).
No que concerne ao município contemporâneo acreditamos ser necessário, ao contrário
do que podem imaginar alguns, deixar claro que não podemos enunciar uma definição de
município, posto que, como todos os fenômenos da vida orgânica dos povos, não se esgota
nos limites de uma síntese, e também, não se confunde com a ideia de cidade e/ou território.
No Brasil, João de Azevedo Carneiro Maia (1820-1902) jurista, escritor e historiador é
considerado o Pai do Municipalismo Brasileiro. O município já fora há muito compreendido
por Maia (1883, p. 77) como “uma forma de actividade social agitando-se em tão larga
esphera de relações moraes e políticas, que não é possivel definil-o”. O município não
abrange somente os aspectos políticos, econômicos e sociais, mas os ultrapassa, pois
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compreende também o espaço social, entendido aqui como o espaço físico, portanto
geográfico, onde se manifestam e ocorrem as relações sociais, entre as instituições
formalizadas naquele espaço e seus indivíduos, bem como, entre os agentes que habitam tal
espaço social. Além do mais, o espaço é social porque “contém [...], as relações sociais de
reprodução [...] e as relações de produção [...], portanto, as funções sociais hierarquizadas”
(LEFEBVRE, 2006, p. 35). Então, podemos ser diretos e sucintamente afirmar que o espaço
habitado pelo homem, é o espaço geográfico, do qual aqui ressaltados sua dimensão social e
por isso nos referimos a espaço social.
O espaço por sua vez, cenário material e objetivo das relações sociais, no contexto da
experiência de indivíduos cognoscentes organizados em sociedade, é em certa medida,
construído e produzido, intersubjetivamente como: a nação, a região, o município. Em cada
escala territorial é possível percebermos, que na verdade, existe uma materialidade repleta de
valores, um referencial para orientação cotidiana. O que nos leva a Sánchez (1991, p. 61) ao
pontuar que cada espaço social produz e organiza diferentemente os fatores que o definem
como sociedade. Assim, argumenta: “[...] se articulará y jerarquizará el territorio de acuerdo
con la estructura social que lo ocupe; o se adecuará la circulación de los restantes factores,
tanto los materiales y productivos, como los de difusión ideológica, cultural y científica [...].
Então, sob o ponto de vista jurídico e político administrativo, de acordo com a CF 1988,
município é um ente federado e também uma divisão administrativa dentro de um estado
federado, ente este que é regido por lei orgânica própria. Sob este aspecto, conforme rege a
Carta Magna de 1988, o município é reconhecido como ente federativo, reforçado em suas
atribuições, prerrogativas e autonomia.
Já sob o ponto de vista social entendemos o município como sendo o espaço
geográfico onde pode se materializar as relações de poder entre a municipalidade e os
cidadãos da localidade, bem como, as relações sociais entre os indivíduos que habitam este
espaço.
Desta maneira, podemos considerar na realidade brasileira que o município, como parte do
Estado Nacional transportado para a escala local, tem o papel de estabelecer a regulação da vida local
e inserir aquela localidade na rede federativa, dando visibilidade e representatividade política ao
grupo, diante do quadro nacional.
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No entanto, o período que antecede a CF 1988 é marcado por um longo tempo de
centralização e descentralização do estado nacional em relação aos demais entes federados, a fim de
conquistar mais autonomia para aos estados e também municípios. Com a CF 1988, a democracia
surge de forma mais clara devido à presença de uma constituição democrática, em que a sociedade
civil reconhece as instituições políticas e se predispõe a participar (LIMANA, 1999).
Após 1988, os municípios passaram a ser considerados, de forma mais explicita como
entes federados, em que se torna possível compreendê-los como componentes da estrutura
federalista brasileira sendo também entidade política dotada de autonomia administrativa.
Desta maneira, o município obtém autonomia para agir livremente no que tange a
administração local e política, administrando com mais independência e prestando contas ao
seu Estado Federado e à União, seguindo para isso, critérios estabelecidos em legislação
específica (GABRIEL, 2010).
CIGOLINI (2009) nos expõe que, a partir da última constituição, o município foi
forçado a assumir cada vez mais funções de estado como, por exemplo, legislar sobre os
assuntos de interesse da comunidade, organizar e prestar os serviços públicos, dentre outros.
À partir da CF 1988 é perceptível a descentralização do poder central do estado nacional,
tanto em aspectos administrativos quanto políticos, haja vista que ao conceder a possibilidade
do município tomar suas próprias decisões, também lhes atribuiu parte das responsabilidades
antes pertencentes ao Estado Federado e à União.
Ao descentralizar poderes e atribuições, por meio da inclusão do município como ente
federado podemos perceber também a presença da democracia, pois ao considerá-la como
forma de governo em que a participação do povo é essencial, há a necessidade de se
intensificar a descentralização das decisões que podem afetar a população local, mesmo
quando se trata de receitas e gastos públicos, pois quanto mais próximo do povo estiver o
poder decisório, mais facilitado também será o processo de identificação de suas preferências
(TAVARES, 2009).
Nesse sentido, a descentralização do poder por parte da União concedeu ao povo, a
oportunidade de exercer maior controle dos cidadãos, em relação às pessoas que os
representam, diferente do processo de alta centralização que elaboraria e implantaria políticas
públicas voltadas para seu interesse.
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Ao verificarmos que a CF 1988 ampliou direitos e atribuições ao ente município,
alguns observamos também que alguns autores passam a debater o adequado entendimento
acerca deste novo ente federado e como ele pode ser de fato caracterizado. Para CORRALO
(2006) há quatro maneiras de se compreender o fenômeno municipal: como uma criação
espontânea e, portanto, histórica; como uma tendência centralizadora; como uma associação
natural que pode ocorrer em todos os povos ou como fenômeno econômico.
TAVARES (2009) ressalta que os municípios são os entes federados mais próximos
do povo, com capacidade de absorver as necessidades locais e atendê-las de modo satisfatório,
criando condições para que a população participe tanto na elaboração quanto na implantação
das leis. Cabe, mais uma vez ressaltar que foi na CF 1988 que se concedeu aos municípios,
tais condições para atuarem como entes participantes da federação:
O fato é que a Constituição de 1988 consagrou formalmente os municípios como
entes federados, mas negou a eles algumas das características inerentes aos membros
de uma federação [...] Dessa forma, o Estado brasileiro passou a ter uma forma de
federalismo que inclui um terceiro nível de ente federado, com competências
definidas pela Constituição Federal, mas com relações administrativas subordinadas
aos Estados-membros (TAVARES, 2009, p.38).
A descentralização do poder apesar de ser favorável ao desenvolvimento e aumentar a
repartição tributária, contribuiu para que o crescimento do número de municípios gerasse
considerável dependência dos repasses financeiros da União, pois uma significativa parcela de
tais municípios, ainda necessita adquirir autonomia financeira para proporcionar melhorias
satisfatórias na concessão de serviços públicos e também de desenvolvimento da localidade
de modo geral.
Entretanto, de uma maneira geral a descentralização foi positiva para que os
municípios conseguissem se emancipar além de conquistar a relativa autonomia para legislar
de modo satisfatório em prol dos interesses de seus moradores.
Ainda no que diz respeito ao binômio centralização-descentralização do estado
nacional, nas ações político-administrativas, em relação aos entes federativos, não podemos
deixar de considerar que o papel político exercido pelos municípios, no decorrer da história
nacional, tem mostrado que eles não significam necessariamente descentralização de poder,
nem são sinônimo ou reflexo da democracia, pois ao longo do tempo, em muito casos, os
municípios tem exercido apenas o papel de agentes operacionais de políticas públicas,
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implementadas por outras escalas governamentais, principalmente da União. A exemplo disto
podemos citar a operacionalização do Sistema Único de Saúde (SUS) do Ministério da Saúde
e da Política Nacional de Assistência Social (PNAS) do Ministério do Desenvolvimento
Social.
Sobre esse binômio ainda é importante considerar que o papel da escala local na vida
do cidadão, também precisa ser verificado mais amplamente, pois conforme Vainer (2001), no
Brasil pensar que a escala local é solução para as questões municipais, reduz os problemas a
uma dimensão puramente gestionária. Há que se ver, por exemplo, que o município representa
o Estado Nacional e é por isso, mas não somente, que pode ser considerado frágil o discurso
segundo o qual é no município que as pessoas vivem, onde se constrói a política e a
democracia, pois muitas das garantias básicas dos cidadãos, como por exemplo, o acesso à
saúde, salienta o autor, são articuladas e viabilizadas pelas diversas escalas que compõem o
conjunto do território. Neste caso, o estado federativo e a própria federação e, não
necessariamente pelo ente municipal. E assim, por tais motivos, salienta Favero (2004), o
processo emancipatório no Brasil continua a ser questionado sob diversos enfoques.
Devido a tais questionamentos, dentre outros fatores, a Emenda Constitucional no.
15/1996 embora estabelecida sob o regime democrático tem toda a sua fundamentação
baseada nos municípios como ordem administrativa e não política. Tendo sido promulgada
num momento em que a própria política vigente pensava o Estado com forte ênfase
administrativa, esta Emenda Constitucional foi motivada pela necessidade de maior
regulamentação para criação de novos municípios. Como desdobramento da mesma, tem se
debatido a introdução de critérios rigorosos para a criação de novos municípios acrescidos da
exigência do Estudo de Viabilidade Municipal (EVM).
É importante salientarmos que como após a CF 1988, os municípios foram declarados entes
federativos, ampliando sua autonomia política, administrativa e financeira, essa mudança foi
significativa para que os então distritos que se emanciparam e se tornaram municípios, fossem capazes
de ofertar ou melhorar a oferta de serviços públicos aos cidadãos destas localidades, pois, em muitos
casos, tais serviços eram oferecidos com precariedade ou mesmo não oferecidos. Assim, a
emancipação proporcionou avanços e contribuiu para o desenvolvimento local em vários pequenos
municípios brasileiros. Assim, no que tange a arrecadação municipal, os novos municípios passaram a
participar da divisão dos recursos oriundos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).
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O FPM foi instituído na Emenda Constitucional nº18, de 1965, emenda feita à Constituição
Federal de 1946. Até então, sua distribuição se dava apenas com base na população do município
(FPM, 2013). Logo após, em 1967, com o advento da CF 1967, os municípios passaram a receber 10%
do montante total do FPM, sendo esse índice aumentado com o surgimento da CF de 1988, na qual o
percentual destinado aos municípios aumentou gradativamente de 17% a 22,5%. Sua criação baseia-se
na necessidade de reduzir as disparidades econômicas entre os estados e os municípios brasileiros
(SANTOS e SANTOS, 2014).
Desta forma, como a descentralização favoreceu a criação de novos municípios, o
critério de repartição do FPM pela União, também contribuiu para que isso fosse possível e,
ao mesmo tempo, concedeu sustentação econômica aos novos entes federativos, o que
discutiremos a seguir.
2.1. O Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e as emancipações distritais
O Fundo de Participação dos Municípios (FPM) é uma das fontes de receita
redistributiva de ordem constitucional da União para os municípios:
O FPM está previsto no art. 159, I, b e d, da Constituição Federal. Esses dispositivos
determinam que 23,5% da arrecadação, pela União, dos impostos de renda (IR) e
sobre produtos industrializados (IPI) sejam destinados ao FPM. Trata-se, portanto,
de partilhar a receita de impostos específicos e não a receita da União como um
todo. (MENDES, MIRANDA & COSIO, 2008, P. 30)
Desta maneira, alguns pesquisadores defendem a ideia que uma expressiva parcela de
distritos brasileiros é impulsionada pelas lideranças políticas locais para se emancipar, na
expectativa de receber recursos do FPM a fim de que o novo município possa se instalar e se
manter em funcionamento. De acordo com critérios estabelecidos pela União, os recursos do
FPM são divididos em três partes (conforme quadro abaixo), sendo que 10% do total
arrecadado é distribuído entre os municípios que são capitais, 86,% são destinados aos
municípios que não são capitais, e 3,6% são uma reserva acessória a participação dos
municípios mais populosos do País.
Quadro 1: Segmentação dos recursos do FPM por tipo de município.
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FPM (Entes Federados) Percentual a receber
Capitais 10%
Interior (pequenos municípios) 86,4%
Reserva 3,6%
Fonte: STN (2013)
A origem do FPM remonta à CF de 1946, quando 100% do imposto de renda eram
destinados para fazer essa distribuição de recursos aos municípios, sendo que naquela época o
critério estabelecia que a divisão fosse feita em partes iguais. Do total dos repasses, 50% dos
recursos deveriam ser gastos em função da atividade agrícola (STN, 2012). A Emenda
Constitucional de 1965 feita à CF de 1946 deu início ao processo de descentralização do
Imposto de Renda (IR) e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), resultando em um
FPM composto por 10% do IPI e IR. Posteriormente, a CF 1988 ratificou FPM aumentando
para 22,5% a arrecadação líquida dos impostos acima citados.
Atualmente, consideramos importante ressaltar que uma grande parcela dos
municípios pequenos e emancipados nos últimos 25 anos depende de recursos financeiros
oriundos da União e do Estado para disponibilizar serviços públicos à população, sendo que
parte desses recursos provém de transferências estaduais e federais como o FPM.
Assim exposto, adiante analisaremos os resultados dos dados coletados sobre a
emancipação dos municípios em estudo, ressaltando aspectos que conduziram à autonomia
administrativa e financeira, assim como as implicações positivas e limitantes de tal processo.
2.2. Análise e discussão dos dados coletados: implicações da emancipação político-
administrativa nos municípios pesquisados
O processo de emancipação municipal ocorrido em Luiziana em Rancho Alegre
d’Oeste (RAO) foi viabilizado por meio da combinação de diversos fatores que possibilitaram
a busca pela autonomia, destacando-se dentre eles: desenvolvimento econômico, extensão
territorial do município de origem, motivos políticos, expectativa por melhorias na
infraestrutura e serviços públicos em geral, autonomia política e administrativa e busca por
progresso.
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Dentre os fatores que motivaram a busca pela emancipação em Luiziana, podemos
argumentar que os mais relevantes foram a busca por desenvolvimento econômico, a melhoria
da infraestrutura e serviços, a extensão territorial do município sede, motivos de ordem
política, autonomia política e administrativa além da busca por progresso, conforme
observamos na Tabela 1.
Já no município de Rancho Alegre d’Oeste, emancipado em 1993, os motivos que
impulsionaram o processo emancipatório foram a expectativa de melhorias na infraestrutura e
serviços do local e alcance de autonomia política e administrativa, o que também podemos
observar pelo percentual de respostas atribuído pelos pesquisados à cada fator, conforme
Tabela 1.
Tabela 1 - Fatores que influenciaram a emancipação de Luiziana e Rancho Alegre d’Oeste
Fatores que influenciaram a emancipação do
município
Luiziana RAO
% Sim % Não % Sim % Não
1. Quantitativo populacional 84,60 15,40 77 23
2. Desenvolvimento econômico 100 0 93 7
3. Extensão territorial do município de origem 100 0 37 63
4. Motivos políticos 100 0 90 10
5. Expectativa de melhorias na infraestrutura e
serviços 100 0 100 0
6. Descaso por parte do município de origem 83,60 16,40 63 37
7. Busca pela construção de sua identidade 81,80 18,20 90 10
8. Alcançar autonomia política e administrativa 100 0 100 0
9. Busca por progresso 100 0 87 13
10. Município com mais de um distrito 45,40 54,60 80 20
11. Outros fatores 18,10 81,90 7 93 Fonte: Organizado pelos autores (2016)
Como podemos observar a busca por autonomia política e administrativa em Luiziana
em RAO foi apontada por 100% dos moradores, caracterizando-se assim como um dos fatores
que mais influenciaram na busca por emancipação, isso porque historicamente no Brasil,
significativa parte dos moradores de distritos sofre ou reclama da má administração que
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precede do município sede. A partir disso compreende-se que: “A principal causa de
emancipações vem da inadequação do modelo político administrativo local brasileiro às
condições e realidade do interior do Brasil” (SCUSSEL, 1998).
Compreendemos que nos municípios estudados, assim como nos demais municípios
que pleitearam a emancipação nos últimos anos, a busca por uma administração mais justa e
compatível com a realidade do município é algo imprescindível na formação de um espaço
geográfico independente e capaz de assegurar constante e intensa busca pelo progresso da
localidade.
Outro aspecto que segundos os respondentes (100%) motivou o pleito
emancipacionista em ambos os municípios, foi a busca por melhorias na infraestrutura local e
na prestação de serviços à população, pois entende a população que sendo dependente do
município sede é quase certo que os recursos financeiros recebidos por repasses de verbas
serão destinados ao atendimento de necessidades urgentes e/ou prioritárias na sede e, em
havendo sobras de recursos, posteriormente destinados aos distritos. Tais fatores são
considerados altamente relevantes para a população pesquisada em Luiziana e RAO, pois,
segundo os moradores, os mesmos são de grande importância para a melhoria da qualidade de
vida dos cidadãos, bem como, para o desenvolvimento do próprio município.
Diante dos fatos que motivaram a emancipação em cada município pesquisado, os
entrevistados elencaram os principais avanços obtidos pela população local, em decorrência
deste processo. Primeiramente, em Luiziana a maioria dos serviços públicos obteve
melhorias, tendo apresentado grandes avanços em diversos setores, dentre os quais
destacamos os setores da saúde e da educação. Em RAO também houve melhorias, mas não
tão profundas quanto as que ocorreram em Luiziana, pois alguns setores como o saneamento
básico e o tratamento de resíduos sólidos não apresentaram mudanças significativas,
conforme demonstramos na Tabela 2.
Tabela 2 - Melhorias decorrentes da emancipação em Luiziana e Rancho Alegre d’Oeste
Setores/áreas do município onde, segundo os
entrevistados, houve melhorias após a
emancipação
Luiziana RAO
% Sim % Não % Sim % Não
1. Educação 100 0 97 3
2. Habitação 100 0 100 0
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3. Infraestrutura 100 0 100 0
4. Limpeza pública 100 0 97 3
5. Malha viária rural 100 0 100 0
6. Malha viária urbana 100 0 97 3
7. Rede de água 81,80 18,20 97 3
8. Saneamento básico 100 0 37 63
9. Saúde pública 100 0 97 3
10. Segurança 100 0 67 33
11. Tratamento de resíduos sólidos 72,70 27,30 37 63
12. Urbanização pública 100,00 0,00 87 13
13. Outros 27,20 72,80 17 83
MÉDIA 90,90% - 79,23% - Fonte: Elaborado pelos autores (2016)
Constatamos que um dos setores que passou por mudanças muito importantes em
Luiziana foi o da educação, para o qual todos os entrevistados (100%) apontaram melhorias,
tais como melhor atendimento nas séries iniciais e avaliações e acompanhamento periódico do
quadro docente, juntamente com uma gestão mais próxima e valorização dos servidores da
área. Em RAO a educação também obteve grande avanço, segundo 97% dos entrevistados,
sendo que o ensino fundamental e médio foi melhorado, principalmente por não haver mais
necessidade de deslocamento dos estudantes para outro município. Também salientaram que
em RAO a educação especial e o transporte para a APAE, além da sala de recursos para
Deficiência Auditiva (DA), Deficiência Mental (DM), Deficiência Visual (DV) e Transtorno
do Espectro Autista (TEA), tem recebido atenção especial.
Além desses pontos, também ocorreram investimentos em capacitação de professores
e para melhorias físicas na escola, sendo que atualmente a Prefeitura Municipal adquiriu um
terreno de 36.000M² para construção de uma nova escola municipal. Desta maneira,
entendemos que o município tem dedicado atenção especial à educação, no intuito a fim de
contribuir com o futuro de seus moradores, principalmente os mais jovens.
Nesse contexto o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), medida
composta por três indicadores de três dimensões do desenvolvimento humano (longevidade,
educação e renda) do município também melhorou nos dois municípios. Em Luiziana
constatamos que esse índice aumentou, pois conforme IPARDES (2016) em 1991 o mesmo
era de 0,346, tendo passado para 0,668 em 2010. A elevação do IDHM revela que as
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mudanças ocorridas na localidade contribuíram para o desenvolvimento da mesma.
Observamos ainda que em RAO, o aumento do IDHM também apresentou significativa
melhoria, passando de 0,394 em 1991, para 0,704 em 2010, conforme Ipardes (2056). A
melhoria do IDHM nestes municípios indica que a emancipação dos mesmos foi importante,
não somente para a área da educação, mas também para outras áreas do município que
contribuem para a obtenção de avanços sociais e econômicos.
A área da habitação popular também apresentou mudanças positivas, segundo os
pesquisados. Essas mudanças foram grandes em RAO, pois, no município houve a
implantação de uma política habitacional compatível com os diversos tipos de renda,
utilizando para isso, recursos próprios do município. Ainda neste município, segundo Ipardes
(2010 e 2015), o número de habitações cresceu de 628 em 2000, para 792 em 2010. Tal
mudança é decorrente das melhorias advindas da emancipação e da administração local que
investiu nesta área. Em Luiziana as melhorias os avanços na área da habitação popular
também contribuíram para o desenvolvimento do município para a melhoria da qualidade de
vida da população.
No tocante a infraestrutura dos municípios estudados, a mesma recebeu melhorias
importantes, viabilizadas pela aquisição de equipamentos, construção de escolas e bibliotecas,
pavimentação asfáltica. Essas melhorias, segundo os entrevistados, estão sendo executadas
nas áreas urbanas e rurais do município, no intuito de se proporcionar serviços eficientes e de
qualidade à população.
No que diz respeito a área rural foram apontadas melhorias em Luiziana e RAO, as
quais, segundo os pesquisados foram obtidas à partir da construção de poços artesianos
comunitários para utilização pelos agricultores, pela construção de aviários e tanques para
piscicultura, cascalhamento e manutenção das estradas rurais, e construção e manutenção de
microbacias. Além disso, as pontes que dão acesso à área urbana foram revitalizadas, sendo
que as que se encontravam em condições de conservação precárias, foram substituídas. Tais
melhorias, algumas delas realizadas com recursos do município e outras em parcerias com o
governo estadual e/ou federal, tem contribuído para a obtenção de avanços significativos nesta
área. Tais avanços visam, sobretudo, proporcionar à população destas localidades, melhorias
no acesso a área urbana dos municípios e facilitar o escoamento da produção agrícola.
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Outro setor que obteve avanços significativos foi o da saúde pública que, em RAO,
dentre outras melhorias, conquistou a reforma de uma antiga Unidade Básica de Saúde (UBS)
e a construção de uma nova UBS para atender a população do município, com programas para
recém-nascidos, para diabéticos e para realização de assistência pré-natal, além de contratação
de Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e mais duas equipes do Programa Saúde da Família
(PSF). Também foram adquiridas duas novas ambulâncias, as quais foram colocadas a
disposição da população local, visando melhorar o pronto atendimento de saúde aos
moradores de RAO.
Assim, ao fazermos uma avaliação das melhorias decorrentes da emancipação nas
localidades pesquisadas observamos que a Média % de respostas Sim, em Luiziana (90,7%) é
maior que em RAO (79,23%), revelando que possivelmente as melhorias não foram
igualitárias nos municípios pesquisados, devido, possivelmente, ao fato de que os mesmos
apresentam histórias distintas, com características singulares e foram motivados a buscar não
somente a autonomia pela emancipação, mas também o desenvolvimento social e econômico
por diferentes razões. No entanto é importante salientar que a emancipação não significa
ausência de problemas e dificuldades para o novo município, pois mesmo após a obtenção de
várias melhorias, ainda há muito a se fazer em ambas, mas não somente, nas localidades
estudadas, assunto este que trataremos a seguir.
2.3 Dificuldades persistentes após a emancipação dos municípios
Após a emancipação dos municípios Luiziana e RAO diversas melhorias podem ser
verificadas, as quais também foram mencionadas pelos pesquisados. No entanto, mesmo após
um período de avanços significativos constatamos que ainda há muito por se fazer a fim de
beneficiar a população local, por meio do fornecimento de serviços boa qualidade e em escala
suficiente para o bom atendimento a todos os que necessitam.
Os moradores de Luiziana ainda apontam necessidade de melhorias na oferta de postos
de trabalho, a fim de minimizar as dificuldades financeiras enfrentadas por diversos de seus
cidadãos, devido ao fato de que o desenvolvimento da economia local está baseada,
essencialmente, na produção agrícola e comércio de bens de consumo.
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Em RAO, a situação também é bastante similar, pois a falta de emprego é uma das
dificuldades mais citadas pelos pesquisados, juntamente com a falta de moradias adequadas às
pessoas carentes e a falta de transporte regular que possibilite o deslocamento para outros
municípios da região, quando necessário.
Em Luiziana, as mudanças também foram positivas, no entanto a população de ambos
os municípios dizem que se faz necessário a construção de um hospital para garantir maior
agilidade e resolutividade nos atendimentos, principalmente em casos que requerem
atendimento especializado.
Em geral, as dificuldades persistentes nos municípios de Luiziana e RAO são comuns
à quase todos os pequenos municípios, recém-emancipados ou não, tanto no Paraná, quanto
em estados brasileiros, os quais, por possuírem receitas pequenas advindas das arrecadações
próprias e dependerem muito de transferências estaduais de federais, como o FPM, acabam
limitados e se desenvolvendo aquém das expectativas de seus cidadãos e dos gestores
públicos.
3 CONCLUSÕES
A partir deste estudo podemos fazer algumas considerações a respeito da emancipação
e seus desdobramentos, nos municípios que fizeram parte do recorte territorial da pesquisa.
Primeiramente, podemos afirmar que ambos os municípios apresentaram avanços após
a emancipação, no que diz respeito a sua estrutura física e disponibilização de equipamentos e
serviços públicos, gerando, consequentemente, melhorias nas condições de vida de toda a
população, além de melhorar a paisagem urbana e as condições da área rural, em ambas as
localidades.
No entanto, é importante destacarmos que Luiziana e Rancho Alegre d’Oeste são
municípios pequenos, com receita própria, mas ao mesmo tempo insuficiente para arcar com
todas as despesas necessárias para manter um município em pleno funcionamento e prestar
assistência adequada aos seus moradores.
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Ademais, como já foi destacado ao longo do estudo, ainda persistem dificuldades após
a emancipação, as quais, no entanto, se comparadas ao período anterior, nos permite dizer que
muito já foi melhorado em decorrência da emancipação e que os problemas que ainda
persistem podem ser minimizados mediante a adequada atuação da gestão municipal,
juntamente com a participação da população na tomada de decisões.
No que tange a este estudo, ressaltamos que apesar das dificuldades encontradas, em
relação ao acesso as informações sobre os municípios pesquisados, devido ao fato de ainda
serem pequenos e não possuírem pesquisas a respeito dos mesmos, os objetivos propostos
foram atingidos. Porém, apesar dos objetivos terem sido cumpridos, salientamos que muitos
questionamentos foram surgindo ao longo do estudo, nos dando a certeza de não termos
esgotado o tema e abrindo possibilidades para realização de outras pesquisas nesta área, pois a
execução deste estudo possibilitou formular outros questionamentos, relacionados, por
exemplo, a situação atual de distritos não emancipados no Brasil, pequenos municípios que se
emanciparam, mas que o processo não trouxe reflexos positivos para a localidade, dentre
outros.
Assim, entendemos não ser suficiente apenas analisar a emancipação municipal como
um processo de alavancagem para o desenvolvimento local, pois acreditamos ser necessário
também entendê-lo como uma maneira expressiva de avaliar a condição social de vida local,
uma vez que neste processo para a real consolidação da autonomia política e administrativa há
outros debates envolvidos que podem atingir dimensões maiores do que as que foram
abordadas neste estudo. Tais dimensões não abrangem apenas os aspectos sociais, políticos e
administrativos do município, sendo muito ampla e, normalmente, vinculado a outros fatores
que podem ou não contribuir para o crescimento e desenvolvimento do novo município.
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AS CONCEPÇÕES CONTEMPORÂNEAS ACERCA DAS RELAÇÕES DE
TRABALHO: AS INSTÂNCIAS DA ORGANIZAÇÃO DO PROCESSO DE
TRABALHO E DAS POLÍTICAS DE RECURSOS HUMANOS
ADALBERTO DIAS DE SOUZA
Administrador, Mestre e Doutor em Administração e em Geografia,
Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR
MARCOS JUNIO FERREIRA DE JESUS
Administrador, Doutorando FGV/EAESP
Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR
CRISTINA MAGIROSKI
Graduanda em Administração
Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR
OMAR MATHEUS GALAFASSI DIAS DE SOUZA
Bacharel em Direito
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Faculdade Integrado – CIES, Campo Mourão – PR, Brasil
CERES AMERICA RIBAS
Pedagoga, Mestre em Educação UFSC
Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR
RESUMO - O objetivo deste estudo teórico é delinear o estado da arte sobre a temática “relações de trabalho”,
no tocante as instâncias da organização do processo de trabalho e das políticas de recursos humanos. Para tanto,
o texto traz um resgate histórico sobre trabalho e sociedade, enfocando aspectos relacionado a evolução do
trabalho humano em sociedade, desde as sociedades primitivas até o trabalho na sociedade industrial. Por fim,
trazemos à cena discussões acerca das instâncias das relações de trabalho, enfocando principalmente a instância
da organização do processo de trabalho e das políticas de recursos humanos. A contextualização do presente
trabalho se dá a partir da discussão de pontos fundamentais para a compreensão do esquema conceitual que
sustenta a investigação atual sobre relações de trabalho no ambiente empresarial.
Palavras-chave: Relações de Trabalho, Gestão Empresarial, Gestão de Recursos Humanos.
ABSTRACT - The aim of this theoretical study is to outline the state of the art on the theme "work
relationships", concerning the organization of the bodies of the work process and human resource policies. For
this, the text presents a historical about work and society, focusing on aspects related to the evolution of human
labor in society, from primitive societies to work in industrial society. Finally, we bring to the scene discussions
about the instances of labor relations, focusing mainly on the instance of the work organization and human
resource policies. Contextualizing this work starts from the discussion of key points to understanding the
conceptual framework that sustains the current research on labor relations in the business environment.
Keywords: Work relationships, Business Management, Human Resource Management.
1. INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas o mundo, e particularmente o Brasil, vêm passando por um
processo de mudanças aceleradas em todos os aspectos: político, econômico, social e
tecnológico. (MACHADO, 2000). Esse processo de evolução tem gerado alterações
substanciais na maneira de as organizações administrarem todos os seus recursos e,
principalmente, seus recursos humanos. Por força das circunstâncias, os administradores
obrigam-se a rever suas atitudes e comportamentos, no tocante às relações entre a organização
e seus trabalhadores. Com ênfase, o estudo das relações industriais (relações de trabalho),
passou a ser visto com maior importância, já após o fim da segunda guerra mundial. (EBOLI,
1993).
Neste sentido, a gestão de pessoas nas organizações, tem exigido cada vez mais dos
administradores, conhecimentos e habilidades suficientes para levar as pessoas a obterem os
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resultados esperados pelas organizações e, ao mesmo tempo, a satisfação dos seus anseios
pessoais. Assim, o administrador de uma organização passa a ser, segundo PALMEIRA
(1999), o responsável máximo pela gestão das pessoas na organização.
Palmeira (1999) salienta que as pessoas transformam as organizações em entidades
sociais e assim, um grupo de pessoas adequadamente motivado e compartilhando valores e
atitudes, pode demonstrar um comprometimento para com a qualidade e excelência na
organização. Entretanto, para que isso realmente aconteça é necessária a adequada
compreensão e condução por parte dos administradores, das relações entre os indivíduos que
compõem esse grupo de trabalho e sua organização. Assim, as relações de trabalho passam a
ter, uma importância fundamental no processo de gestão de pessoas nas organizações.
As relações de trabalho são consideradas o sinônimo perfeito da relação capital-
trabalho. Entretanto, em algumas circunstâncias tais relações são reduzidas à dimensão
jurídico-legal das relações trabalhistas; noutras são tratadas no âmbito das relações
interpessoais na situação de trabalho. No Brasil, as pesquisas mais recentes sobre relações de
trabalho, resgataram a necessidade de se conhecer e conceituar adequadamente, os padrões de
relação do trabalho. Fleury e Fischer (1987). Segundo as autoras, o estudo dos padrões de
relações do trabalho, vigentes em determinado contexto econômicos, constituem uma
importante categoria de análise sociológica.
As relações de trabalho são também uma forma de relacionamento social, que
expressam características da sociedade mais ampla. Assim, a pesquisa sobre o assunto, deve
contemplar também o espaço social onde tais relações ocorrem, levando-se a refletir sobre
algumas de suas principais instâncias: a organização do processo de trabalho e as políticas de
recursos humanos. (FISCHER, 1987).
A autora enfatiza que as pesquisas que abordam o relacionamento entre o capital e o
trabalho em determinada situação ou segmento organizacional, frequentemente tendem a
menosprezar a instância das relações de trabalho, que identifica as características e diretrizes
de ação das políticas de administração de recursos humanos. Outro aspecto à ser analisado
para compreensão do modo como se verificam as relações de trabalho numa realidade
concreta, são as formas utilizadas para definição da organização do processo de trabalho na
empresa.
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Assim, conforme a autora as relações de trabalho são também uma forma de
relacionamento social, que expressam características da sociedade mais ampla. Assim, a
pesquisa sobre o assunto, deve contemplar também o espaço social onde tais relações
ocorrem, levando-se a refletir sobre algumas de suas principais instâncias: a organização do
processo de trabalho e as políticas de recursos humanos.
2. TRABALHO E SOCIEDADE
O trabalho tem evoluído ao longo da própria história do homem, passando por fases
distintas e formas peculiares de organização, de acordo com o contexto e momento histórico
que o homem tem vivido (SIEBRA, 2000).
No princípio o homem era nômade, desprovido de qualquer espécie de trabalho
estruturado. Utilizava abrigos naturais, alimentava-se de plantas e pequenos animais que
caçava (SIEBRA 2000).
Yunes (2001) acrescenta que, com o advento da fabricação de artefatos através da
descoberta de técnicas de manipulação da natureza é que houve uma progressiva divisão
social entre homens e mulheres, e depois entre homens e homens, formando grupos por
afinidades e objetivos.
Somente após a criação de ferramentas com paus e pedras é que surgiu a agricultura, o
primeiro trabalho humano com o objetivo de produzir alimentos e prover o sustento da
família. Com o passar dos tempos, o trabalho gera excedente, surgem proprietários que têm a
seu dispor escravos, servos e camponeses. (SIEBRA, 2000).
Entre os anos 3000 a.C. e o século V d.C. é que houve uma certa especialização da
organização social, com o surgimento de grandes civilizações (Hebreus, Chineses, Egípcios,
Cretenses, Fenícios, Gregos e Romanos), através do domínio cada vez maior de novas
técnicas de transformação da natureza. Nessa época havia especialização do trabalho e
definição de funções, como reis, soldados, artesãos, sacerdotes, camponeses e escravos
(YUNES, 2001).
Na época do feudalismo, entre os séculos V e XV, onde houve a queda do império
romano, o aumento do poder da Igreja e as cruzadas. A nobreza e o clero constituíam as
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classes governantes. Controlavam a terra e o poder que dela provinha. A Igreja prestava ajuda
espiritual, enquanto a nobreza, proteção militar. Em troca, exigiam pagamento das classes
trabalhadoras, em forma de cultivo das terras (YUNES, 2001).
Nessa época, final da Idade Média, as relações de trabalho eram pautadas nas
necessidades dos feudos e na apropriação da terra. Iniciava o comércio e a cultura, houve o
êxodo rural e o surgimento de uma nova classe social – a burguesia (YUNES, 2001).
Com o advento da Reforma Protestante, o trabalho foi fortalecido como a chave da
vida. Manter-se por meio dele era um modo de servir a Deus. As profissões passaram a ser
vistas como fruto de uma vocação, e o trabalho, o caminho religioso para a salvação. Para a
ética do trabalho protestante de Martinho Lutero, trabalhar de forma árdua, diligente e
abnegada, equivale a cultivar a virtude (HUBERMAN, 1981).
Pode-se deduzir que, na medida em que as instituições comerciais e fabris passaram a
se apropriar dessa nova motivação para o trabalho, gerou-se um novo paradigma, cujo foco
seria a venda do trabalho em forma de emprego (YUNES, 2001).
O tempo passa; o trabalho agrícola, antes manual, passa a ser mecanizado, tendo no
auxílio das máquinas fator importante para a produção. Este momento coincide com a
chamada revolução industrial e, portanto, com a intervenção das máquinas, tornando-se esta a
característica da nova sociedade emergente, a sociedade industrial (SIEBRA, 2000).
De acordo com Yunes (2001), as relações de trabalho nesse período eram pautadas no
capital e na propriedade privada dos meios de produção. Havia predominância do Estado, de
regimes totalitários.
O trabalho na sociedade industrial tem características bem particulares e este se
constitui o período de maiores avanços e também o mais questionável em termos de
organização do trabalho, condições nas indústrias e tratamento ao homem trabalhador. O
homem começa a trabalhar em grandes fábricas e o seu trabalho antes artesanal, passa a ser
mecanizado. Com a utilização da força das máquinas o trabalho sofre uma mudança essencial,
sofre um processo que se torna conhecido como divisão do trabalho (SIEBRA, 2000). É o
princípio da Administração Científica, que será analisada mais detalhadamente nos itens
seguintes.
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2.1 Relações de Trabalho
Com o objetivo de relacionar as relações de trabalho com o comprometimento
organizacional dos trabalhadores, procura-se inicialmente conceituar o referencial teórico para
uma posterior análise. De acordo com Eboli (1993), ao conceituar e diagnosticar os padrões
de relações de trabalho, em suas várias instâncias definidoras, tem-se uma clara visão de quais
são os elementos fundamentais característicos destas relações, que podem ser equacionados,
do ponto de vista empresarial, visando um gerenciamento adequado do problema, ou seja, de
que forma as relações de trabalho afetam e/ou interagem com o comprometimento
organizacional do trabalhador na empresa.
A questão das relações de trabalho tem se revelado como um dos assuntos mais
polêmicos e desafiadores para a vida das organizações na atualidade (EBOLI, 1993).
Conforme Weber (1991), as relações de trabalho nascem das relações sociais de
produção, constituindo a forma particular de interação entre agentes sociais, que ocupam
posições opostas e complementares no processo produtivo: trabalhadores e empregadores.
As relações de trabalho são assim, determinadas pelas relações sociais, econômicas e
políticas da sociedade como um todo, e expressam relações de poder entre os agentes sociais
em interação (FLEURY, 1986).
Siqueira (1991) esclarece sobre relações de trabalho, quando salienta que estas não
têm sua explicação limitada aos locais de trabalho, mas depende também de outras variáveis,
em nível da sociedade na qual se inserem, dentre essas a tecnologia, o mercado de trabalho e o
grau de organização dos trabalhadores. A autora propõe um enfoque onde supera as visões
reducionistas e simplistas do conceito de relações de trabalho, significando então o conjunto
de relações que se estabelecem na e para a realização do trabalho no interior da organização.
Os recursos humanos – valor de uso para a gerência – são um dos muitos aspectos dessas
relações.
As Relações de Trabalho são definidas como a forma particular de relacionamento
verificado entre os agentes sociais que ocupam papéis opostos e complementares no processo
de produção econômica: os trabalhadores que detém a força de trabalho capaz de transformar
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matérias primas em objetos socialmente úteis, adicionando-lhes valor de uso; e os
empregadores, que detém os meios para realizar esse processo (FLEURY e FISCHER, 1987).
Nas últimas décadas, vários países vêm passando por um processo de mudanças
aceleradas em todos os aspectos: político, econômico, social, tecnológico, processo este que
gerou e vem gerando alterações substanciais na maneira das organizações administrarem seus
recursos humanos. Por força das circunstâncias, os gestores organizacionais, também se veem
obrigados a rever suas atitudes e comportamentos, no tocante às relações de trabalho (EBOLI,
1993).
Na concepção de Fleury (1992), não se deve pretender aprender o conceito de relações
de trabalho, apenas como reprodução do antagonismo estrutural entre classes sociais. As
formas que estas relações assumem em situações determinadas de trabalho, pressupõem as
relações de dominação de uma classe sobre a outra, mas se concretizam em tipos de
dominação específicos. O que se pretende neste estudo é analisar as relações de trabalho
contemplando suas instâncias definidoras, o que é, segundo Fleury, fundamental à
compreensão de como são definidos os padrões de relações de trabalho no interior das
organizações.
2.1.1 A Instância das Políticas de Recursos Humanos
De acordo com Albuquerque, citado por Furtado (1997), até a década de 1980 as
organizações empresariais colocavam a administração de recursos humanos em segundo
plano, observando pouca ou nenhuma participação deste assunto, entre as preocupações
estratégicas da hierarquia superior. Furtado (op. cit.) acrescenta ainda que atualmente, um dos
desafios da administração de recursos humanos é a necessidade premente de incorporação de
conhecimentos sobre o comportamento dos empregados e sobre as novas técnicas que
viabilizam a sua utilização.
Fischer (1992) salienta que é na realidade da situação do trabalho que ficam explícitas
as políticas de recursos humanos adotadas pela organização, muitas vezes imperceptíveis no
discurso e nas intervenções que as direcionam e explicam.
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As políticas de recursos humanos, nos textos de Administração, são definidas como
diretrizes de ação, que orientam o desempenho do trabalhador para atingir os objetivos da
empresa. Elas exprimem a filosofia da empresa com referência à captação de mão-de-obra
(política de recrutamento e seleção), desenvolvimento (políticas de treinamento,
desenvolvimento, carreiras e sucessões), compensação (políticas de cargos e salários),
manutenção (políticas de benefícios, de higiene e segurança no trabalho) e relações
trabalhistas (políticas de relacionamento com os sindicatos e mecanismos representativos dos
trabalhadores) (FLEURY, 1986; PAGÈS et al., 1987).
Tratando especificamente de saúde e segurança no trabalho, Chanlat (1996) considera
que o método de gestão (ou política) em matéria de saúde e segurança do trabalho, não difere
da política geral adotada pela organização, ou seja, uma organização bem gerida, respeitosa
com seu pessoal, terá uma boa política de saúde e segurança no trabalho.
A elaboração das políticas de recursos humanos deve estar vinculada ao planejamento
estratégico da empresa, transformando os seus objetivos em diretrizes, que por sua vez, são
traduzidos em práticas organizacionais concretas. Esta é, segundo Fleury (1986), a lógica que
norteia o processo de formulação das políticas de recursos humanos, na perspectiva dos
administradores.
Em um estudo realizado por Max Pagès e seus colaboradores (PAGÈS et al., 1987), o
autor procura demonstrar como as práticas desenvolvidas pelas políticas de pessoal revelam
um sistema construído de forma quase perfeita, para ocultar as contradições inerentes às
relações de trabalho, principalmente no que se refere aos jogos de força em oposição. As
políticas de pessoal, na colocação desses autores, objetivam primordialmente integrar o
indivíduo à empresa, oferecendo uma série de vantagens que funcionam como elementos
mediadores, que se interpõe entre os objetivos da organização e a percepção das restrições por
parte dos trabalhadores.
O tema trabalho tem sido tratado de forma limitada nas últimas décadas e, na maior
parte das vezes, está restrito ao funcionamento do mercado de trabalho e a situação entre a
oferta e a demanda de mão-de-obra. Vivemos uma época de profundas transformações, de
incertezas e instabilidades, onde o risco do desemprego é fantasma frequente e presente no
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dia-a-dia dos trabalhadores. Eventualmente, fatores assim geram conflitos nas organizações
(POCHMANN, 1999).
Pesquisando as estratégias organizacionais para regulamentação do conflito no
trabalho, e seguindo a mesma linha teórica de Pagès, Melo (1992) observa que estas
estratégias apresentam os seguintes objetivos:
Individualizar as relações entre o trabalhador e a organização;
Reduzir o conflito às relações de autoridade no posto de trabalho;
Reduzir o conflito ao nível do relacionamento interpessoal;
Definir sistemas institucionais, formais para regulação do conflito e sistemas não
institucionais, informais.
Entre os sistemas formais, a autora distingue o sistema institucional legal (a legislação
trabalhista e demais instâncias em nível de aparato do Estado) e o sistema formal de gestão de
recursos humanos das empresas. Entre os sistemas informais, a autora pesquisou o uso de
estratégias participativas pelas empresas, como Círculos de Controle de Qualidade – CQQ,
Comissão Interna para Prevenção de Acidentes - CIPA e Conselho de Representantes dos
Empregados - CRE, como meios informais de regulação do conflito nas relações de trabalho.
(MELO, 1992).
Segundo Fleury (1986) é nesse processo de mediação que as políticas de recursos
humanos se configuram como instância definidora dos padrões de relações de trabalho.
Conforme Zylberstajn (1993), esses padrões vivem em constante mutação. É claro que
as coisas não deverão mudar rapidamente, pois no Brasil as transições sempre soam mais
lentas e suaves. Mas é inegável que se caminha para a definição de novos padrões de relações
de trabalho. A tendência, segundo o autor é de que haverá muito mais negociação sendo,
portanto, necessários muitos árbitros e mediadores. Os interesses que gravitam em torno dos
complexos industriais, estarão envolvidos em um tipo de negociação cooperativa permanente,
para que todos possam sobreviver nesse novo mundo competitivo.
E o contrato coletivo de trabalho é uma proposta concreta de alguns setores do
movimento sindical para construir um novo modelo de relações de trabalho no Brasil. Se
adotado, implicará profundas mudanças nas relações de trabalho, a começar por suas
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estruturas, passando por seus processos e chegando aos resultados. Em relação a estrutura da
negociação, a única certeza que se pode ter é a de que deverá haver uma instância de
negociação direta entre a empresa e seus empregados. O resultado mais importante do
contrato coletivo seria a modificação nos procedimentos de demissão. A discussão em torno
do contrato coletivo é útil, quando nos obriga a refletir acerca das relações de trabalho atuais
no Brasil (ZYLBERSTAJN, 1992).
Quanto ao conflito, Pastore e Zylberstajn (1988) partem do pressuposto de que o
mesmo é inerente às relações de trabalho, mas os interesses das partes e da coletividade
demandam a resolução de cada impasse que comprometa o exercício daqueles interesses. Os
autores ainda afirmam que a análise comparativa dos vários sistemas de relações de trabalho
dos países industrializados tem permitido aos especialistas alcançarem conclusões como:
As características básicas dos sistemas de relações de trabalho, uma vez
estabelecidas, tendem a persistir por muito tempo;
As mudanças que ocorrem são graduais e raramente assumem caráter
revolucionário de inversão de suas características fundamentais;
Os mecanismos centralizados de resolução de conflitos são a lei e a negociação
setorial a nível nacional, caracterizam nitidamente os sistemas europeus, enquanto
que os Estados Unidos, desde sua origem, persistem utilizando os mecanismos ao
nível local da empresa;
A tentativa de associar salários à produtividade tem induzido negociações cada
vez mais descentralizadas, e ao mesmo tempo, a elevação do nível educacional
dos trabalhadores manuais, tende a induzir um maior desejo de participação nas
decisões em nível da empresa.
Apesar dos tipos de sistemas descritos acima desenvolverem ajustes e adaptações, eles
mantêm um traço comum: caminham para permitir às partes resolverem por si mesmas a
maioria dos seus conflitos. São sistemas de resolução de conflitos, com alto nível de
participação das partes. No caso do Brasil, é quase o inverso: historicamente, o Governo,
temendo o conflito entre as partes, promoveu um sistema de relações de trabalho que limita a
negociação, reduz a autonomia dos sindicatos, tira a disputa das mãos dos empregados e
empregadores o mais rapidamente possível, remetendo-a a Justiça do Trabalho. Ao integrar as
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partes à máquina do estado, o Governo transformou-as em extensões do aparelho burocrático
e reduziu ao mínimo o espaço para a negociação direta (PASTORE & ZYLBERSTAJN,
1988).
Souza (1985) esclarece que o regime sindicalista tem procurado, desde o início do
processo de abertura democrática do país, encontrar caminhos para implantar um sistema de
relações industriais de trabalho, onde os conflitos possam ser resolvidos fora do aparelho do
Estado.
Porém, o quadro legal brasileiro ainda é bastante rudimentar, no que tange às regras e
estímulos à negociação, e sofisticado no que se refere à definição de procedimentos judiciais
de resolução de impasses. De modo geral, a negociação praticada no Brasil é ainda
caracterizada por encontros fortuitos, rápidos, pouco formalizados que – na maior parte das
vezes – desembocam em convenções de acordos com poucas cláusulas que não chegam a
constituir uma “bíblia” para a administração dos interesses de trabalhadores e empresários e
dos próprios conflitos. A verdadeira “bíblia” ainda é a CLT. Isso faz com que as partes,
acostumadas ao legalismo, demandem tanto das soluções legalistas a respeito de salários,
emprego, jornada de trabalho, descanso, férias, etc, quando na maioria das sociedades
industriais contemporâneas, tudo isso passou a ser conteúdo da negociação e do contrato
coletivo de trabalho (PASTORE & ZYLBERSTAJN, 1988).
Fischer (1992) ressalta que, além de fazer a interface entre o quadro político da
sociedade, o qual contém o jogo das forças sociais e o quadro interno de reprodução desse
jogo ao nível da organização, a política de recursos humanos, tem a função explícita de ceder
o espaço, na qual as relações de trabalho vão adquirir a sua expressão real e concreta. Fruto
das formas de dominação, subordinação e resistência, vigentes numa determinada situação
concreta, os padrões de relações do trabalho observáveis são, também e concomitantemente, o
produto das diretrizes administrativas, elaboradas para manter e controlar o trabalhador e o
ato de trabalhar, no sentido orientado pelas metas que a organização pretende atingir.
Portanto, esclarece Fischer, fatores como as condições de desenvolvimento,
estagnação ou recessão econômica, assim como as especificidades do processo de trabalho e
da composição da mão-de-obra, ou ainda as características de organização dos trabalhadores
ao nível da empresa ou do movimento sindical, influenciam significativamente no modo como
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são definidas as práticas para manter, controlar e relacionar-se com o contingente de homens,
ocupados nas atividades cotidianas de trabalho. (op. cit.).
No entanto, a participação do homem, através de seu trabalho junto às organizações,
evidencia a sua importância como agente de transformação. Nesse sentido, o homem passa a
assumir claramente seu papel de precursor da modernização. Sendo âncora deste processo, o
elemento humano expressa sua contribuição através de seu trabalho, sua forma de pensar e
suas atitudes (MARKOSKI, 2000).
"As Relações de Trabalho e a Inovação Tecnológica", são discutidas à partir de um
estudo realizado na gerência de sistemas de produção de jornais de uma empresa de
comunicações, objetivando identificar e analisar os impactos da adoção de novas tecnologias
de produção e da definição de novas áreas de atuação, sobre as relações de trabalho. Segundo
os autores, a adoção de novas tecnologias de produção é encarada como fator positivo,
necessário e inadiável (ANSALONI & ÉSTHER, 1999).
Com relação à importância do estudo do pensamento humano e sua evolução, o
mesmo é analisado por Markoski (2000), no artigo "Agente de Modernidade nas
Organizações", com o intuito de se obter um entendimento do homem e sua trajetória das
organizações ao longo do tempo.
Ainda há de se considerar também, os efeitos que o advento “globalização” tem
ocasionado sobre as relações de trabalho. Esta temática é discutida por Macedo (200.) no
artigo “As relações de trabalho na era da Globalização”, onde a mesma contextualiza as
relações de trabalho, frente a esta nova realidade, apresentando sua evolução histórica.
Aborda também o trabalho como fator importante na formação da identidade e também no
processo de inclusão/exclusão social. Discute ainda, os impactos da globalização nas relações
de trabalho e na sociedade.
Por fim, neste sentido há o entendimento por parte de alguns teóricos da
administração, que a globalização poderá ocasionar a médio longo prazo, mudanças
significativas nas relações de trabalho empresariais.
Neste sentido, podemos perceber que a globalização já tem provocado mudanças no
mundo do trabalho. Trata-se de uma realidade avançada em alguns setores, ainda que atrasada
em outros. Entretanto, ao que tudo indica, tais avanços serão inevitáveis. Trata-se, portanto de
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uma nova maneira de pensar o trabalho, o emprego, a remuneração e o que se entende por
força de trabalho.
3. CONCLUSÕES
Sem a pretensão de esgotar o assunto, a partir dessas discussões a respeito do tema,
parece ser possível estabelecer um marco teórico sobre a importância do entendimento por
parte dos administradores, a respeito das relações de trabalho no processo de gestão
empresarial, principalmente no que tange as instâncias da organizacão do processo de trabalho
e das políticas de recursos humanos. No entanto para a concretização de tais possibilidades
entendemos ser necessário o atendimento a algumas considerações.
Primeiramente, considera-se importante a ampliação da investigação sobre as relações
de trabalho visando o entendimento sobre as influências da mesma sobre fatores importantes
para o desempenho organizacional.
Em segundo lugar por se tratar do primeiro estudo teórico que desenvolvemos sobre o
tema, esperamos poder retomá-lo, aprofundá-lo e enriquecê-lo, não somente para o
conhecimento acadêmico, mas principalmente com o intuito de proporcionar uma
contribuição significativa sobre “relações de trabalho” e, como tais relações influenciam
outras variáveis do processo de gestão empresarial, dentre elas as variáveis “motivação de
indivíduos no ambiente de trabalho” e “comprometimento organizacional de trabalhadores”.
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