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GESTÃO EM PROPRIEDADES RURAIS EM TRANSIÇÃO AGROECOLÓGICA NOS MUNICÍPIOS DE SÃO CARLOS E ÁGUAS DE CHAPECÓ - SC MANAGEMENT IN RURAL PROPERTIES IN AGROECOLOGY TRANSITION IN THE CITIES OF SÃO CARLOS AND ÁGUAS DE CHAPECO - SC Grupo de Pesquisa: economia e gestão no agronegócio SILVA 1 , V. K.; ZONIN 2 ,V.J.; Resumo A agricultura orgânica ganha espaço cada vez maior na agricultura familiar, tornando-se uma alternativa aos sistemas convencionais de produção, o que possibilita maior valor agregado, em pouca área de terra. Entretanto, tanto em grandes como em pequenas empresas, adotar um sistema de gestão pode oferecer maior controle e segurança do empreendimento como um todo, no setor produtivo e econômico, o que justifica o presente trabalho. Assim, objetivou-se a aplicação e análise de uma ferramenta de gestão em cinco propriedades rurais familiares, localizadas no interior dos municípios de São Carlos e Águas de Chapecó - SC e, que tenham dentre suas atividades produtivas, a agricultura orgânica, verificando-se o desempenho econômico das mesmas. Utilizando-se o estudo de casos, com caráter qualitativo e quantitativo. As propriedades analisadas apresentaram diversificada composição de renda e conduta administrativa entre elas e também entre as atividades produtivas inseridas em cada propriedade individualmente, o que gerou distintos resultados econômicos. Palavras-chave: agricultura orgânica; gestão; agricultura familiar. Abstract Organic agriculture is gaining more space in familiar agriculture, making it an alternative to conventional production systems, enabling greater added value, in small land area. However, both large and small companies, to adopt a management system can offer more control and security of the whole enterprise, in the production and economic sector, which justifies the present study. So then, the objective is the application and analysis of a management tool in five family farms, located within the cities of São Carlos and Águas de Chapecó - SC which have among their productives activities the organic farming, verifying the economic performance of the same. Using the case study, with qualitative and quantitative carater. The analyzed farms showed diversified income composition and administrative conduct among them and also among their productive activities which was insert in each one farm, which generated different economic results. 1 Graduanda em Agronomia, Bolsista CNPq/ Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS, Chapecó SC 2 Doutor em Agronegócios – Prof. Desenvolvimento e Socioeconomia - Agronomia, UFFS, Chapecó SC. João Pessoa - PB, 26 a 29 de julho de 2015 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

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GESTÃO EM PROPRIEDADES RURAIS EM TRANSIÇÃO AGROECOLÓGICANOS MUNICÍPIOS DE SÃO CARLOS E ÁGUAS DE CHAPECÓ - SC

MANAGEMENT IN RURAL PROPERTIES IN AGROECOLOGY TRANSITION INTHE CITIES OF SÃO CARLOS AND ÁGUAS DE CHAPECO - SC

Grupo de Pesquisa: economia e gestão no agronegócio

SILVA1, V. K.; ZONIN2,V.J.;

ResumoA agricultura orgânica ganha espaço cada vez maior na agricultura familiar, tornando-se umaalternativa aos sistemas convencionais de produção, o que possibilita maior valor agregado,em pouca área de terra. Entretanto, tanto em grandes como em pequenas empresas, adotar umsistema de gestão pode oferecer maior controle e segurança do empreendimento como umtodo, no setor produtivo e econômico, o que justifica o presente trabalho. Assim, objetivou-sea aplicação e análise de uma ferramenta de gestão em cinco propriedades rurais familiares,localizadas no interior dos municípios de São Carlos e Águas de Chapecó - SC e, que tenhamdentre suas atividades produtivas, a agricultura orgânica, verificando-se o desempenhoeconômico das mesmas. Utilizando-se o estudo de casos, com caráter qualitativo equantitativo. As propriedades analisadas apresentaram diversificada composição de renda econduta administrativa entre elas e também entre as atividades produtivas inseridas em cadapropriedade individualmente, o que gerou distintos resultados econômicos.

Palavras-chave: agricultura orgânica; gestão; agricultura familiar.

AbstractOrganic agriculture is gaining more space in familiar agriculture, making it an alternative toconventional production systems, enabling greater added value, in small land area. However,both large and small companies, to adopt a management system can offer more control andsecurity of the whole enterprise, in the production and economic sector, which justifies thepresent study. So then, the objective is the application and analysis of a management tool infive family farms, located within the cities of São Carlos and Águas de Chapecó - SC whichhave among their productives activities the organic farming, verifying the economicperformance of the same. Using the case study, with qualitative and quantitative carater. Theanalyzed farms showed diversified income composition and administrative conduct amongthem and also among their productive activities which was insert in each one farm, whichgenerated different economic results.

1 Graduanda em Agronomia, Bolsista CNPq/ Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS, Chapecó SC2 Doutor em Agronegócios – Prof. Desenvolvimento e Socioeconomia - Agronomia, UFFS, Chapecó SC.

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Keys words: organic agriculture; management; familiar agriculture.

1. Introdução

Este artigo é parte de um Trabalho de Conclusão de Curso de Agronomia intitulado"Gestão em Propriedades Rurais em Transição Agroecológica nos Municípios de São Carlose Águas de Chapecó - SC", aprovado pela Universidade Federal da Fronteira Sul - UFFS,tendo como objetivo principal do trabalho, investigar a composição da renda e a viabilidadesocioeconômica, em diferentes unidades de produção agrícola, que utilizem dentro de suasestratégias produtivas, a produção orgânica não certificada e a comercialização semi-diretaaos consumidores na região de São Carlos e Águas de Chapecó - SC.

Considera-se que existem diversas formas pelas quais os processos de gestão ocorremnas propriedades, sendo mais ou menos relevantes, usuais, conforme o rigor atribuído aosprocessos de controle das atividades produtivas nas unidades de produção. Por isso, empropriedades que atuam com atividades mais concentradas (característico na agriculturafamiliar) constatou-se nesses casos a existência de poucos elementos de gestão, comoplanilhas e assistência contábil e comercial (BATALHA, 2012).

Tendo em vista a importância que as ferramentas de gestão têm, para o bomdesenvolvimento da propriedade rural e que ainda são ignoradas ou ineficientes em umsistema produtivo, estima-se ser de suma importância a introdução de ferramentas dinâmicas ede simples uso, para auxiliar o produtor a controlar e manejar sua propriedade e tomardecisões mais precisas, que possuam maior garantia de sucesso em seu empreendimento.

Neste sentido, estima-se que a agricultura orgânica, mesmo quando praticada de formamais intensiva ou concentrada, não deixa de ser uma importante atividade para os agricultoresfamiliares, tanto na formação e agregação de renda, quanto ao modelo de vida que este tipo deatividade oferece. Compreende-se esta atividade como formadora de rendas complementares aoutras atividades transcorridas nas unidades produtivas e vice-versa, as quais somadas noconjunto requerem modelos de controle e gestão, para o sucesso dos empreendimentosfamiliares.

Entende-se que as propriedades que possuem maior diferenciação de produção, dentreelas a produção orgânica e comercialização organizada, possuem maior renda, ou ainda,rendas diversificadas e complementares dentro das propriedades, o que pode conferirmelhores desempenhos econômicos nas mesmas.

Entretanto, a partir da problemática exposta faz-se necessário as perguntas: Quais sãoos principais elementos e atividades que compõem a formação de renda em unidades deprodução agrícola, que atuam com produção e comercialização de produtos orgânicos? Ainda,como se pode compreender o processo de viabilidade econômica e social destesempreendimentos, a partir das atividades diferenciadas que praticam?

A escolha desse tema de pesquisa parte-se do pressuposto de que existem poucostrabalhos realizados com tema gestão em pequenas propriedades rurais que apresentam comouma das atividades a produção orgânica de alimentos, podemos citar o artigo de Batalha,Buainain & Filho, (2005) intitulado "Tecnologia de gestão e agricultura familiar" falandosobre a importância que ferramentas de gestão têm em uma propriedade rural, enfatizando aagricultura familiar.

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A agricultura orgânica ganhou espaço não só na preferência do consumidor, mastambém entre as atividades produtivas de pequenas propriedades rurais familiares. Mesmonão possuindo grandes áreas de terra e produção em escala é possível acessar os mercados eter viabilidade econômica. Os produtos orgânicos atingem um grupo seleto de consumidoresque no âmbito geral, estão dispostos a pagar mais pelo produto, diferentemente dascommotidies agrícolas. Também há a possibilidade de diversificar a produção, garantindoestabilidade de renda para o ano todo (CAMPANHOLA; VALARINI, 2001).

A comercialização direta sem certificação permite que o produtor comercialize seusprodutos em feiras, ou diretamente ao consumidor, ainda em programas do governo comomerenda escolar e CONAB, porém não a terceiros como supermercados, restaurantes, hotéis,entre outros estabelecimentos que exigem um processo de certificação. Obtendo acertificação, ele poderá comercializar seus produtos para um campo mais amplo, não só emfeiras, mas também a setores terceirizados (MAPA, 2014).

De acordo com (Conejero; Serra; Neves, 2007), "os agricultores ligados a associações egrupos de movimentos sociais são responsáveis por 70% da produção orgânica brasileira, commaior expressão na Região Sul do país". No sul do Brasil a agricultura familiar está presentede forma mais expressiva do que nas demais regiões do Brasil.

Para Buainain (2005) a relação do agricultor familiar com o trabalho só parasubsistência, e que não acompanha a tecnologia e a economia está longe da realidade, nosúltimos dez anos a agricultura familiar passou a ganhar mais força com o decorrer do tempo,onde foram implantados programas como o PRONAF pelo governo brasileiro, esses hojefazem parte importante na economia do país.

Utilizando o software Rural Pro como ferramenta de gestão, buscou-se com essetrabalho identificar a importância da gestão rural nas propriedades familiares orgânicas dasregiões em questão, para que fosse possível constatar os distintos meios de gestão daspropriedades e a influência que esta tem na renda agrícola final desses produtores.

2. Referencial Teórico

2.1 A Agricultura Familiar no Brasil

A diversificação da agricultura familiar no Brasil está associada à formação dosgrupos ao longo da história, às heranças culturais diversificadas, às diferentes experiênciasprofissionais e particulares dos indivíduos, bem como a disponibilidade de recursos naturais,capital humano e social entre outros. De acordo com Buainain (2005), no Brasil a agriculturafamiliar é muito diversificada, incluindo famílias inseridas no moderno agronegócio e nooutro extremo, famílias que exploram minifúndios e vivem em condições abaixo da linha dapobreza.

Ainda fazendo referência às colocações de Buainan, sobre a agricultura familiarbrasileira, o mesmo relaciona a grande diferenciação entre as famílias às diferentes inserçõesde grupos em regiões e espaços agrários diferentes. Aliado a isso o acesso ao mercado, ascondições socioeconômicas dos produtores e as políticas públicas contribuem para ampliarainda mais às diferenças entre os agricultores familiares no Brasil. O autor acredita quedevido a tantas diferenças não deveria ser tratados esses diversos grupos com características

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de inserção socioeconômicas tão distintas partindo do mesmo ponto de vista: que considera osagricultores familiares todos aqueles que utilizarem mão de obra familiar. Todas essasdiferenciações devem ser levadas em conta.

O reconhecimento da diferenciação é um ponto chave para a reflexão sobre desen-volvimento da agricultura familiar em geral e sobre as potencialidades da introduçãoda agricultura alternativa como estratégia de desenvolvimento. (BUAINAIN, 2005).

2.2. A Agricultura Orgânica no Brasil

Segundo Altiere (1989), a agroecologia enfoca as relações ecológicas no campo, ainteração com o homem, com suas ações pautadas na sua cultura, nos seus hábitos e tradições.Implica também na idéia de que é através da compreensão desses processos e relações, que osagroecossistemas podem ser direcionados para produzir melhor, com menos insumosexternos, menor impacto ambiental e social e maior sustentabilidade.

No Brasil, essas práticas agroecológicas começam a se popularizar a partir da décadade 70 tornando o mercado dos produtos orgânicos um dos ramos que mais cresce nos últimosanos. Surgem e se disseminam assim, no Brasil, alternativas que visam à sustentabilidade deagroecossistema (BUAINAIN, 2005).

Conforme Capanhola e Valerini (2001), existem diversas vantagens na agriculturaorgânica para o agricultor. Podendo ser destacada aqui a sua viabilidade de aplicação empequenas e grandes áreas o que possibilita produção em escalas menores podendo sercomercializada em feiras livres especializadas (feiras de produtores orgânicos). Outravantagem apontada é o favorecimento e a diversificação produtiva num mesmoestabelecimento, bem como a existência de mais mão-de-obra gerando empregos, a menordependência de insumos externos, a eliminação do uso de agrotóxicos, maior biodiversidadedo solo, maior vida útil dos produtos no período pós-colheita e a adoção mais fácil para osagricultores que não utilizam as tecnologias da agricultura moderna.

Além disso, a produção orgânica tem permitido uma redução importante nos de custosde produção. Diferentemente do que acontece com a agricultura industrial, pois na agriculturaalternativa a substituição de insumos químicos por orgânicos e o uso de práticasagroecológicas possibilita uma redução efetiva do custo unitário de produção. Dessa forma,mesmo que a produtividade caia, a queda nos custos compensa a redução da produção.

Ainda fazendo referência ao autor citado, a agricultura orgânica no Brasil constitui-seem boa alternativa de renda para os agricultores familiares, mas não é capaz de solucionar oproblema do acesso da população de baixa renda a alimentos mais saudáveis. Por conta disso,o principal desafio dos movimentos da agricultura orgânica é transformar esse mercado emoferta de produtos para consumo em massa.

2.3 Gestão na Agricultura Familiar

De acordo com Donatti (1999), a empresa familiar apresenta vários problemas deordem gerencial. É necessária toda uma reestruturação de ordem administrativa gerencial para

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que as empresas familiares encontrem alternativas viáveis para sobreviver no mercadoglobalizado.

Batalha (2012), destaca que algumas propriedades modernas ocorre uma ampliação nopotencial de organização e gestão dos produtores. Especialmente nesses casos os empresáriostêm uma visão abrangente do seu negócio e estabelecem limites e regras para cada atividadede produção e para sua devida comercialização. Já na maioria das propriedades rurais doBrasil, especialmente os minifúndios essa realidade é diferente, pois nessas propriedadesobserva-se pouco ou nenhum controle das contas havendo um baixo o nível de gestão dapequena propriedade.

Vários fatores vão interferir no funcionamento dos empreendimentos rurais. Dentreeles, pode-se citar: a escolha do que será produzido, as tecnologias a serrem utilizadas e avenda de produtos. Por necessitar de uma diversificada gama de decisões. Torna-se necessárioo gerenciamento nos empreendimentos rurais incluindo aqui as propriedades familiares(LOURENZANI, 2006).

3. Metodologia

3.1 O Estudo de CasoComo método da pesquisa elege-se o estudo de casos, cujo caráter é qualitativo e

quantitativo ao mesmo tempo, tendo a pesquisa uma abordagem mista, visando uma análisedescritiva e comparativa dos casos. De acordo com Cruz (2013) as abordagens qualitativas equantitativas não se excluem, enquanto a quantitativa busca indicadores e tendênciasobserváveis, a qualitativa busca os valores, crenças e atitudes. 3.2 Local da Pesquisa

A pesquisa orientou-se pela entrevista in loco a cinco famílias de agricultores, cujaseleção ocorreu a partir de indicações dos escritórios da EPAGRI dos municípios de SãoCarlos e Águas de Chapecó - SC, seguindo critério de tempo de experiências na atividadeprodutiva agrícola e de origem familiar, produção de produtos orgânicos, mesmo que nãosejam certificados e acessibilidade nas propriedades. 3.3 Coletas de Dados

Foram aplicados questionários, em sua maior parte com perguntas fechadas e osmesmos posteriormente analisados estatisticamente pelo software gratuito de administraçãorural (Rural Pro) versão 2013, desenvolvido pela EMATER DF. O programa gera análiseeconômica das propriedades e entre estas. Desta forma torna-se possível a análise do ponto devista qualitativo e quantitativo, dentro das propriedades e entre as propriedades a seremanalisadas e entrevistadas.

4. Resultados e Discussão

4.1 Descrição Geral da Propriedade A

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A propriedade A, localizada no município de São Carlos SC, Linha São João possui12,3 ha no total, sendo 5 ha ocupados com lavoura de milho, 0,5 ha de mandioca, 0,10 haocupados com hortaliças, 1 ha de pomar, 2 ha de pastagem e 3,7 ha de mata nativa.

Quanto às construções e benfeitorias, possuem cinco galpões de madeira e alvenaria(misto), com área de 100m² cada, destinados a alocação dos animais da propriedade emaquinários. Possuem um trator de pequeno porte e um carro para passeio e transporte dosprodutos para a comercialização. No que se refere aos animais, à propriedade possui duzentasaves de postura e três bovinos de leite. Cerca de 20% da comercialização dos produtos édestinada á merenda escolar e a outra parte é destinada ao comércio direto a clientes dosmunicípios de São Carlos e Águas de Chapecó - SC e também.

4.1.1 Análise Geral da propriedade A

A partir da análise geral da propriedade A, desenvolvida pelo programa Rural Pro, épossível constatar alguns pontos relevantes da propriedade. Inicialmente, do ponto de vista dacomposição das receitas, pode-se perceber que a principal atividade econômica é a pecuáriacom 55,64% da participação da receita, seguido da produção de milho verde 19,36%,horticultura 15,12%, fruticultura 5,91% e mandioca 3,96%, respectivamente.

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De modo geral, pode-se constatar que as figuras referentes às receitas e despesas dapropriedade A mostram um saldo positivo no final do ano de R$ 69.907, 42, o que gera umarenda média de R$ 5.750,61 mensal, já descontadas as depreciações de máquinas,equipamentos, construções e animais, identificados na tabela como custos fixos, sendo umcálculo que no geral não é realizado pelos agricultores. Também se observou que nenhumadas atividades econômicas tem sua despesa excedendo a receita, mostrando que as atividadesprodutivas, bem como o tempo utilizado na forma da mão de obra são bem administradas,pois nesta propriedade as atividades produtivas possuem uma gestão individualizada e todaselas contribuem com a renda da propriedade.

No geral, é uma propriedade que mantém suas atividades produtivas a custos variáveisrelativamente baixos, utilizam mão de obra exclusivamente familiar, agregam valor aoproduto e ainda, comercializam seus produtos a consumidores que são clientes, garantindomaior segurança de venda, esses clientes também estão dispostos a pagar um valor mais caropelo produto, pelo fato de que o processo produtivo dos produtos de hortifruti é feito demaneira mais natural, sem a utilização de agrotóxicos e com o mínimo possível de adubosquímicos. Ainda, observa-se “certa” comodidade pelo fato de que os consumidores nãoprecisam se deslocar de suas casas até um local de compra desses produtos, pois o produtor selocomove até suas casas sempre nos mesmos dias da semana e nos mesmos horários,estabelecendo-se assim uma relação de confiança e credibilidade no sistema utilizado.

4.2 Descrição Geral da Propriedade B

A propriedade B, localizada no município de Águas de Chapecó SC, Linha Gramado,possui 2,5 ha no total, sendo 1,9 ha ocupados com lavoura de milho, 0,35 ha ocupados comhorticultura, 0,15 de pomar e 0,10 ha ocupados com melão e melancia.

Quanto às construções existentes na propriedade, há um galpão de madeira, com áreade 30m², destinado a alocação dos animais. A família possui um veículo de passeio, utilizadoinclusive para o transporte dos produtos agrícolas. A propriedade ainda possui três bovinos deleite da raça Jersey, um novilho e vinte e cinco aves de postura. O produto principal daatividade pecuária, destinada a comercialização in natura é o queijo do tipo colonial. Acomercialização dos produtos é realizada em feiras, nos municípios de Águas de Chapecó eChapecó - SC, além da comercialização em restaurantes e mercados da região.

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4.2.1 Análise Geral da propriedade B

A partir da análise geral da propriedade B, pode-se constatar referente às receitas, quea principal atividade econômica é a horticultura com 87% da participação da receita, seguidopela fruticultura com 7,6% e pecuária 5,04% respectivamente. Os produtos de maiorparticipação na receita de hortaliças são a alface, tomate e melancia, correspondente a15,93%, 14,60% e 10,27% respectivamente, que compõe a receita de hortaliças.

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Constata-se que a distribuição das terras, por atividades produtivas não correspondeproporcionalmente à sua participação na composição de renda na propriedade. Assim, acultura do milho ocupa a maior área de terra correspondendo a 76%, mas não se constituicomo fonte de renda direta na propriedade, sendo este destinado á produção de leite, a qualcorresponde à atividade com menor participação na receita desta propriedade.

Essa propriedade apresenta a maior parte da composição de sua renda baseada nahortifruticultura, supondo assim, uma baixa diversidade de renda, cujo motivo principal pode

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estar associado à pouca área de terra disponível. Ainda referindo-se às receitas, observou-seque pecuária é a atividade econômica que contribui na formação da renda familiar, por meioda venda de queijo tipo colonial (R$ 3.315,00), enquanto a produção de ovos e leite édestinada apenas para consumo próprio (não comercializados), pressupõe-se desta forma queeste fato possa representar pouca exploração da atividade pecuária, em termos de agregaçãode renda. Neste sentido, novamente pode-se considerar que o principal elemento limitantedisto está ligado à falta de domínio na área de comercialização dos produtos in natura, alémda baixa área de terra disponível na propriedade.

Com relação às despesas, percebe-se que os custos de produção na horticultura sãomaiores, representam um valor médio alto, correspondente a R$ 39.060,00 ao ano, associadosprincipalmente a compra de mudas (R$ 37.500,00), além dos demais custos como sementes,sombrite e insumos. Logo, é na aquisição de mudas que se concentra a maior parte dasdespesas, na forma de custos de produção, esses custos conferem um maior equilíbrio entrereceitas e despesas, conseqüentemente isso diminui a disponibilidade financeira anual(sobras).

Considerando o valor da renda média mensal, estima-se que este seja um valorrelativamente baixo, levando também em conta a divisão dessa renda por quatro pessoas, asquais constituem a família. Nesse sentido, destaca-se a informação de que dois dos integrantesda família possuem trabalho assalariado na cidade, constata-se então que no caso dessapropriedade a agricultura e pecuária não são as únicas fontes de renda da família.

4.3 Descrição Geral da Propriedade C

A propriedade C está localizada no município de São Carlos - SC, Linha São José,possui 6,20 ha divididos em 2 ha ocupados por lavoura de milho, 1 ha de mata nativa, 3 ha depastagem e 0,2 ha de pomar.

O principal produto dessa propriedade é a mandioca, sua produção é efetuada de formaassociada com outros produtores da região responsáveis por todo o processo de produção.Estes produtores levam a produção até a propriedade estudada nesse trabalho, que éresponsável apenas pelo processo de descasque, lavagem e embalagem, seguido dacomercialização aos mercados próximos da região. O lucro da venda de mandioca é divididoem 60% para a propriedade C e 40% entre os demais produtores associados à estratégia decomercialização, os quais no conjunto totalizam 9 há produzidos. A propriedade ainda temsua renda composta pela venda de leite, já a produção proveniente da fruticultura não écomercializada.

Quanto às construções existentes na propriedade, possuem um galpão de madeira ealvenaria (misto), com área de 84m², destinado a alocação dos animais e uma sala dearmazenamento, limpeza e embalagens da produção de mandioca. Quanto aos veículos,possuem duas caminhonetes para passeio e transporte de produtos para a comercialização.Ainda, possui sete bovinos de leite e oito novilhas da raça Holandesa, sendo que o produtocomercializado proveniente da pecuária é apenas o leite. A comercialização da mandioca éfeita em mercados e feiras de municípios vizinhos, sendo eles Águas de Chapecó, São Carlos,Pinhalzinho, Cunhataí, Saudades, Planalto Alegre e Chapecó - SC.

4.3.1 Análise Geral da propriedade C

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Pode-se constatar que a propriedade C tem a maior participação da receita (67,82%)referente ao comércio de mandioca, seguido da pecuária de leite (32,18%). A mandioca temum preço médio de R$ 2,75 ao kilo e gera grande receita (R$ 79.200,00) a essa propriedade.As despesas que essa cultura gera permanecem basicamente nos custos referentes àembalagem, armazenagem e transporte, já que os custos com a produção não são deresponsabilidade do produtor. No entanto, é uma atividade que exige grande dispêndio demão-de-obra, motivo pelo qual se pretende, no ano seguinte, diminuir a comercialização.

A estratégia produtiva é outro fator que merece consideração, pois sendo umapropriedade rural que não participa do processo de produção do seu produto de comércio(mandioca), pelo motivo de não possuir área de terra e mão de obra disponível para o cultivodessa cultura, mesmo assim consegue-se, incluir-la em suas atividades econômicas, apenaspela etapa de comercialização e obter um considerável retorno financeiro. Logo, estima-seque baseado nessa estratégia, é possível identificar nessa propriedade um bom gerenciamentoda mesma. Ainda, possui uma gama maior de pontos de comércio, ou seja, a mandioca évendida em diversos municípios; assim, esta estratégia também contribui para a agregação derenda da propriedade.

Por fim, tem-se a disponibilidade financeira (sobras) anual no valor de R$ 48.701,77,calculando-se a média mensal, se tem o valor de R$ 4.058,48, como renda agrícola. Supõe-seque este valor represente um bom retorno econômico para esta propriedade, levando em contaaspectos como não possuir grande área de terra e a composição da mão de obra ser resumidapraticamente a duas pessoas. Portanto, esta é uma propriedade que, apesar da carência emmão de obra terceirizada, procura a potencialização da produção da pecuária leiteirainvestindo um maior valor nos animais, através de genética e manejo. Ainda, planeja-sefuturamente adquirir maior número de hectares de terra para a expansão da pecuária leiteira.

4.4 Descrição Geral da Propriedade D

A propriedade D está localizada no município de São Carlos SC, Linha Aguinhas,possui 10,2 ha no total, sendo 3 ha ocupados com lavoura de milho, 0,2 ha ocupados comhorticultura, 4 ha de pastagem natural, e 3 ha de mata nativa.

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Quanto as construções, possuem três galpões de madeira e alvenaria (misto), com áreade 100m², destinado a alocação dos animais e veículos. Possuem um trator de pequeno portepara atividades gerais e um micro trator de rabeta, marca Tobata com uma carreta destinada àprodução das hortaliças e utilizada para transporte pessoal internamente na propriedade.Quanto aos animais, possuem seis bovinos de leite, além de cem aves de postura. Os produtosprovenientes da pecuária comercializados são leite e ovos, além destes produtos, é produzidoqueijo in natura do tipo colonial, mas apenas para o consumo da família.

4.4.1 Análise Geral da propriedade D

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Se considerado o somatório da receita entre a pecuária de leite e de postura, essasapresentam a participação na receita equivalente a 50,37%, seguido da horticultura que possui49,43%. Assim, percebe-se que há uma certa homogeneidade entre a participação nas receitasdas atividades econômicas da propriedade.

Tendo em vista que essa propriedade não possui despesas muito altas com a produção,tanto com horticultura como pecuária e, consegue ter uma boa produtividade das culturas dehorta, uma vez que realiza o plantio das mesmas culturas, mais que uma vez durante o ano,consequentemente aumentando a produção anual. Então, presume-se que o baixo valor dedisponibilidade financeira da propriedade (R$ 6.107,39), que equivale à R$ 558,44 mensais,tem relação ao baixo valor da receita. Este fato pode estar relacionado à demanda decomercialização dos produtos não ser tão expressiva. Assim, mesmo obtendo uma boaprodutividade das culturas, isso pode contribuir sistematicamente para a diminuição do valorda receita.

4.5 Descrição Geral da Propriedade E

A propriedade E está localizada no município de São Carlos SC, Linha São João,possui 30,38 ha no total, sendo 18 ha ocupados com lavoura de milho, 0,38 ha ocupados comhorticultura, 8 ha de pastagem, e 4 ha de mata nativa.

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Referente às construções existentes na propriedade, possuem três galpões de madeira ealvenaria (misto), destinado a alocação dos animais e veículos, e três estufas onde se cultiva otomate e pepino. Quanto aos maquinários e veículos possuem um trator de médio porte, doiscarros pequenos e uma carreta para o transporte das hortaliças para a comercialização. Quantoaos animais possuem 35 bovinos de leite. O produto proveniente da pecuária comercializado éo leite, ainda é produzido queijo do tipo colonial, apenas para o consumo próprio da família.

4.5.1 Análise Geral da propriedade E

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Pode-se verificar, conforme a análise geral da propriedade, que a maior participaçãona receita é atribuído a pecuária de leite 87,34% do total, o restante equivalente à 12,66% éatribuído a horticultura. Ainda referente às receitas, constatou-se que o número de animais e aalta produtividade de leite destes, que rendem em média, cerca de 21 litro/dia/animal, permiteo comércio do produto em grande volume, fazendo com que a pecuária leiteira se torne aatividade econômica que tem a maior participação na receita da propriedade.

Ao final da análise obtém-se a disponibilidade financeira (sobras) anual representandoum valor de R$ 62.697,58, se calculado a média mensal têm-se o valor de R$ 5.224,79descontando-se já as depreciações de máquinas, equipamentos, construções e animais, cálculoeste que geralmente é ignorado pelos agricultores.

5. Considerações Finais

Inicialmente torna-se relevante considerar que uma importante limitação identificadaem quase todas as propriedades estudadas, exceto a propriedade B, diz respeito à escassez damão de obra, fator que limita o aumento da produção em si. E, em razão da força de trabalhoser predominantemente familiar, isto contribui conseqüentemente para a diminuição das

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despesas nas propriedades. Destaca-se ainda neste ponto, a dificuldade de se encontrar mão deobra terceirizada na região, mesmo eventualmente. Logo, pode-se afirmar que o fator mão deobra, constitui-se como um dos maiores entraves na atualidade, no sentido de potencializarestes modos de produção, a partir da análise das propriedades estudadas nesse trabalho.

As composições das rendas das propriedades constatadas nesse trabalho estãobaseadas, em sua maior parte, em atividades econômicas como pecuária de leite, avicultura depostura, horticultura, fruticultura e lavoura de mandioca, o que demonstra que a composiçãoda renda é na maior parte dos casos diversificada entre as propriedades. Constatando-se ainda,dentro da análise desenvolvida, a presença expressiva da produção orgânica, embora nãocertificada.

Os pontos de comercialização das propriedades são em sua maioria, basicamente osmesmos, constituem-se basicamente por feiras, mercados, restaurantes, residências familiarese merenda escolar; todos em regiões próximas e apenas explorados de forma diferenciada:algumas propriedades optam por direcionar mais ao comércio em mercados (pequenos emédios) e outras ao comércio diretamente nas residências dos consumidores.

Referente aos elementos de gestão observados nas propriedades percebeu-se que háum controle manual na forma de cadernos, bloco de anotações, onde se faz os registrosreferentes às receitas e despesas; esse controle é feito semanalmente ou mensalmente, porém,observou-se a falta de controle referente aos dados da produção, como por exemplo, aquantidade produzida, quantidade colhida e, eventualmente perdida durante o processoprodutivo, além da falta de registro sistemático e organizado de dados de colheita, em todas aspropriedades entrevistadas.

Constata-se finalmente que a produção orgânica não ocorre na integralidade, dentrodas propriedades, por esta razão preferiu-se a denominação de produtores orgânicos nãocertificados, pois parte da produção ocorre de forma “orgânica” e parte não. Mas foi possívela percepção e o entendimento de que esta dinâmica produtiva potencializa a construção destesmercados acessados, pelo conjunto dos entrevistados.

Por fim, considera-se finalmente que os objetivos do estudo foram alcançados e oprograma Rural Pro permitiu uma análise mais aprofundada para entender as diversidadessocioeconômicas das propriedades analisadas, servindo como importante ferramenta deanálise e gestão no meio rural.

Recomenda-se como trabalhos futuros o aprofundamentos dos aspectos ambientais,igualmente importantes, mas não aprofundado neste trabalho.

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