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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CCSA - Centro de Ciências Sociais e Aplicadas Mestrado Profissional em Administração do Desenvolvimento de Negócios Gestão de Inventário de Materiais Ricardo Kaltenbacher de Oliveira Patrício São Paulo 2019

Gestão de Inventário de Materiais

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

CCSA - Centro de Ciências Sociais e Aplicadas

Mestrado Profissional em Administração do Desenvolvimento de Negócios

Gestão de Inventário de Materiais

Ricardo Kaltenbacher de Oliveira Patrício

São Paulo

2019

Ricardo Kaltenbacher de Oliveira Patrício

Gestão de Inventário de Materiais

Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso de Mestrado

Profissional em Administração do Desenvolvimento de

Negócios, para a obtenção do título de Mestre em

Administração do Desenvolvimento de Negócios da

Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Orientador: Prof. Dr. Marcos Antônio Franklin

São Paulo

2019

P314g Patricio, Ricardo Kaltenbacher de Oliveira. Gestão de inventário de materiais / Ricardo Kaltenbacher de Oliveira Patricio. 67 f. : il. ; 30 cm Dissertação (Mestrado Profissional em Administração do Desenvolvimento de Negócios) – Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2019. Orientador: Prof. Dr. Marcos Antônio Franklin. Bibliografia: f. 62-64 1. Gestão de inventário. 2. Inovação. 3. Logística e tecnologia. I. Franklin, Marcos Antônio, orientador. II. Título. CDD 658.7

Bibliotecário Responsável: Aline Amarante Pereira – CRB 8/9549

Reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie

Professor Dr. Benedito Guimarães Aguiar Neto

Decano de Pesquisa e Pós-Graduação

Professora Dra. Maria Cristina Triguero Veloz Teixeira

Diretor do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas

Professor Dr. Adilson Aderito, da Silva

Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Administração de

Empresas

Professor Dr. Reynaldo Cavalheiro Marcondes

AGRADECIMENTOS

Agradeço à DEUS, fonte de toda sabedoria, pela força e coragem que me concedeu,

permanecendo ao meu lado em toda esta jornada de aprendizagem.

Agradeço à Universidade Presbiteriana Mackenzie, ao Professor Dr. Reynando

Cavalheiro Marcondes e a todos os professores pertencentes ao Programa do Curso de Mestrado

Profissional em Administração do Desenvolvimento de Negócios.

Ao Professor e Orientador Dr. Marcos Antônio Franklin, pela amizade, paciência e

compreensão durante toda a esta jornada dentro e fora do campus.

Aos Professores Dr. Alberto de Medeiros Jr e Jabra Haber por participarem da banca de

qualificação e contribuírem brilhantemente, com recomendações e experiências práticas de

referências teóricas e práticas, que contribuíram com a evolução deste trabalho.

À minha amada esposa Barbara Mariana, por todo amor, carinho e apoio durante esta

jornada, me incentivando a prosseguir nos momentos mais difíceis;

Aos colegas do curso que me possibilitaram, com o compartilhamento de suas

experiências profissionais, conhecer novas tendências e possibilidades de mercado, despertando

sonhos e oportunidades.

RESUMO

Este trabalho de conclusão, de acordo com a abordagem e metodologia para a

elaboração de trabalhos práticos e aplicados elaborado por Marcondes, Miguel,

Franklin e Perez (2017) descreveu a resolução de problema na gestão de materiais

em uma operação logística em uma empresa de embalagens com alta complexidade

e escala de produção, com itens exclusivos, onde o seu diferencial reside no

atendimento de grandes players que tem concorrência entre si. Essa condição revela

um ponto sensível na gestão do inventário da empresa onde foi identificado desvios

nos controles de contagem de inventário, na organização, layout, ferramentas de

mensuração e definições de tecnologias. Desta forma, foi realizado um

mapeamento da operação e elaborado um plano com propostas de soluções para o

problema, afim de corrigir as falhas que levam as não conformidades do controle

de materiais. As ações tiveram como foco o modelo de gestão dos materiais,

pedidos, distribuição física, modelo de contagens e lógica de validação de

transações. Foi considerado o uso de inovação com aplicação tecnológica, como

RFID, WMS e VANT, bem como a aplicação de capacitação, aprimoramento

profissional as equipes operacionais, além de premiação, reconhecimento e

implantação de uma visão sistêmica de processo. Durante o processo de inovação e

construção do trabalho de conclusão foi realizada visita “em campo” para a

validação e captação de depoimento técnico para o embasamento dos conceitos que

nortearam as propostas apresentadas. Desta forma, a experiência adquirida neste

trabalho poderá ser compartilhada e replicada, afim da sua aplicabilidade futura,

servindo como base para as decisões de outras empresas dos mesmos ou diferentes

segmentos.

Palavras-chave: Gestão de Inventário, Inovação, Logística e Tecnologia

ABSTRAC

This final project, according to the approach and methodology for the development

of practical and applied work prepared by Marcondes, Michael, Franklin and Perez

(2017) describes the problem solving in materials management in a logistics

operation in a packaging company with high complexity and scale of production,

with exclusive items from competing customers. Were identified fails in the

inventory count controls, organization, layout, measurement tools, and technology

definitions. In this way, a mapping of the operation was carried out and a plan was

drawn up with proposals for solutions to the problem, in order to correct the

failures that lead to the nonconformities of the material control. The actions have

focused on the management model of the materials, applications, physical

distribution, counts model and transaction validation logic. It was also considered

technology implementation alternatives, such as RFID, WMS and UAVs as well as

the application of training, professional development operational teams, and awards,

recognition and implementation of a systemic process. During the process of

innovation and construction of the final Project, a visit was made "in the field" for

the validation and technical testimony funding for the foundation of the concepts

that guided the proposals. In this way, the experience acquired in this work can be

shared and replicated, for its future applicability, serving as the basis for the

decisions of other companies of the same or different segments.

Keywords: Inventory Management, Innovation, Logistics and Technology

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 12

1.1. Situação Problema ........................................................................................................ 12

1.2. Antecedentes ................................................................................................................. 13

1.3. Solução Adotada .......................................................................................................... 13

1.4. Objetivo do Trabalho ................................................................................................... 13

2. CONTEXTO E A REALIDADE INVESTIGADA ....................................................... 14

2.1. A Empresa, o Negócio e o Mercado ........................................................................... 14

2.1.1. Os Concorrentes e o Mercado ................................................................................. 15

2.1.2. Tamanho Econômico do Setor................................................................................. 23

2.2. Contexto Histórico ....................................................................................................... 24

2.2.1. Produção Física ......................................................................................................... 24

2.2.2. Empregos Gerados .................................................................................................... 27

2.2.3. Exportações ............................................................................................................... 27

2.2.4. Importações ................................................................................................................ 28

3. ENTENDIMENTO DO PROBLEMA ............................................................................ 29

3.1. Importância da gestão do inventário de materiais ..................................................... 29

3.2. Falha no processo e suas consequências .................................................................... 31

4. DIAGNÓSTICO DO PROBLEMA ................................................................................ 33

4.1. Problema Tratado ......................................................................................................... 33

4.2. Mapeamento da Situação ............................................................................................. 33

4.2.1. Diagrama de Causa e Efeito .................................................................................... 33

4.2.2. Análise SWOT .......................................................................................................... 35

4.2.3. Análise das Informações Obtidas ............................................................................ 37

5. PROPOSTAS DE SOLUÇÃO DO PROBLEMA .......................................................... 40

5.1. Métodos de Gestão de Inventário ............................................................................... 40

5.2. Alternativas Tecnológicas ........................................................................................... 42

5.2.1. RFID - Radio Frequency Indentification .................................................................. 42

5.2.1.1. Visita Técnica em Campo .................................................................................... 44

5.2.1.2. Considerações da Visita Técnica ......................................................................... 47

5.2.2 WMS (Warehouse Management System) .................................................................. 47

5.2.3 VANT- Veículo Aéreos Não Tripulado ....................................................................... 48

5.3. Recursos Humanos ....................................................................................................... 50

6. PLANO DE AÇÕES ........................................................................................................ 50

6.1. Métodos de Gestão de Inventário ............................................................................... 51

6.1.1. Matriz de Avaliação de Risco e de Investimentos Necessários ............................ 52

6.2. Alternativas Tecnológicas ........................................................................................... 53

6.2.1. Matriz de Avaliação de Risco e de Investimentos ................................................. 54

6.3. Recursos Humanos ....................................................................................................... 55

6.3.1. Matriz de Avaliação de Risco e de Investimento ................................................... 56

7. INTERVENÇÃO ............................................................................................................. 58

7.1. Métodos de Gestão de Inventário ............................................................................... 59

7.2. Alternativas Tecnológicas ........................................................................................... 59

7.3. Recursos Humanos ....................................................................................................... 59

8. AVALIAÇÃO .................................................................................................................. 60

8.1. Gráfico de Acurácia de Inventário .............................................................................. 60

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONTRIBUIÇÕES .................................................... 61

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ........................................................................ 62

11. APÊNDICE ................................................................................................................... 64

LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Mapa Global dos Associados – IPG ............................................................................. 15

Figura 2- Cadeia Produtiva da Embalagem .................................................................................. 16

Figura 3- Cadeia de Distribuição .................................................................................................. 17

Figura 4 - Sustentabilidade Organizacional .................................................................................. 21

Figura 5- Ciclo de Vida do Produto – CVP .................................................................................. 21

Figura 6- Valor Bruto da Produção por Segmento – Em bilhões de reais (R$) e % de

participação.................................................................................................................................... 24

Figura 7- Produção Física de Embalagem .................................................................................... 25

Figura 8 - Embalagem e Indústria Geral – Taxas Anuais de Crescimento (%)............................. 26

Figura 9 - Empregos Gerados e % Comparativo .......................................................................... 27

Figura 10 - Evolução das Exportações por Categoria – Em milhares de dólares.......................... 28

Figura 11 - Evolução das Importações por Categoria – Em milhares de dólares.......................... 29

Figura 12 - Diagrama de Ishikawa – Processo Logístico ............................................................. 34

Figura 13 - Análise SWOT ........................................................................................................... 36

Figura 14- Acurácia do Inventário % e o Número Médio de Contagens por Dia ........................ 38

Figura 15: Mecanismo de Energia / Comunicação de Campo Próximo para Tags RFID .............43

Figura 16: VANT – Veículo Aéreo Não Tripulado .......................................................................49

Figura 17- Acurácia do Inventário % e o Número Médio de Contagens por Dia - 2019.............. 61

LISTA DE TABELA

Tabela 1- Valor Bruto da Produção – Em bilhões de reais (R$) .................................................. 23

Tabela 2 - Produção Física - % em Relação a Igual Período do Ano Anterior............................. 25

Tabela 3- Consumo - % Comparativo por Segmento Industrial................................................... 26

Tabela 4 – Proposta de Implantação de Métodos Gestão de Inventário....................................... 51

Tabela 5 – Matriz de Avaliação de Risco de Implantação de Métodos Gestão de

Inventário....................................................................................................................................... 52

Tabela 6 – Proposta de Implantação de Alternativas Tecnológicas ............................................. 53

Tabela 7 – Matriz de Avaliação de Risco de Implantação de Alternativas Tecnológicas ............ 54

Tabela 8 – Orçamentos para a Contratação e Implementação das Alternativas

Tecnológicas ................................................................................................................................. 55

Tabela 9 – Proposta de Implantação de Gestão de Recursos Humanos ....................................... 56

Tabela 10 – Matriz de Avaliação de Risco de Implantação de Alternativas na gestão dos Recursos

Humanos........................................................................................................................................ 57

Tabela 11 – Orçamentos para a Contratação e Implementação das Alternativas na Gestão dos

Recursos Humanos ....................................................................................................................... 58

12

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho foi desenvolvido com base na metodologia de trabalhos práticos que foca

a solução de problemas empresariais e o aproveitamento de oportunidades (PSPE/AO). A

proposta deste trabalho consiste em identificar os pontos críticos que geram problemas que

impedem o aproveitamento de oportunidades (PSPE) segundo Marcondes, Miguel, Franklin e

Perez (2017).

Para tanto, este trabalho visou analisar e propor sugestões na gestão de inventário em

uma operação logística de uma empresa do setor de embalagens. De forma mais específica o

trabalho de conclusão buscou solucionar os problemas das falhas operacionais e consequentes

perdas financeiras no processo de controle de estoque, estudando e aplicando metodologias

que possam trazer os resultados esperados pela empresa.

1.1. Situação Problema

De acordo com Tidd, Bessant e Pavitt (2008), em um ambiente incerto, onde surgem

novas tecnologias, como exemplo, a todo tempo, é preciso que as empresas tenham rotinas

alternativas para lidar com a incerteza e o dinamismo. Desta forma, empresas nos dias atuais

sempre buscam por maior eficiência em seus processos e na entrega de produtos e serviços

com maior valor agregado aos seus clientes.

À vista disso, segundo Hitt, Ireland e Hoskisson (2008) uma vantagem competitiva

ocorre quando uma empresa implementa uma estratégia que os concorrentes não conseguem

copiar ou acham custosa demais para imitar. Por consequência, as profundas transformações

que têm afetado nas últimas décadas a sociedade mundial, afetam também as organizações a

partir do estabelecimento de complexas demandas de clientes, sob a pressão de uma

competição intensificada.

Deste modo, assim como outros setores de negócios, a indústria de embalagens tem

passado por mudanças nos últimos anos, desde a entrada de novos concorrentes, de maiores

expectativas em relação aos produtos entregues e também como de prazos cada vez mais

apertados para a conclusão dos projetos. Para Barney e Hesterly (2011) uma empresa possui

vantagem competitiva quando é capaz de gerar maior valor econômico do que empresas rivais.

O valor econômico é a diferença entre os benefícios percebidos ganhos por um cliente que

compra produtos ou serviços de uma empresa e o custo econômico desses produtos ou

serviços.

13

1.2. Antecedentes

A eficácia na gestão dos inventários nas empresas tem grande importância para o fluxo

de materiais em seus mais diferentes níveis, onde deve garantir o correto atendimento aos seus

clientes sem que haja desperdícios e estoques excedentes ao longo da cadeia.

Pode-se afirmar que, um dos principais propósitos de um sistema de informação de

inventário é coletar e manter os dados em acurácia em todos os níveis da empresa, clientes,

governo e demais partes interessadas ao negócio, com o objetivo de suportar as mais diversas

tomadas de decisões, nos mais diferentes os níveis - estratégico ao operacional (Ballou, 2001).

1.3. Solução Adotada

As sugestões de soluções que podem ser adotadas neste trabalho, são baseadas nos

resultados identificados durante o processo de diagnóstico e análise, mapeando assim as

causas das falhas ocorridas durante o processo operacional de contagem física de inventário

que potencializam os problemas de falta de material para atendimento ao cliente final.

O aprimoramento e desenvolvimento da acuracidade na gestão do inventário de

materiais é fundamental para que os materiais sejam armazenados em seu endereçamento

correto, evitando falta de matérias primas, produtos em estoque e consequente ruptura no

atendimento dos clientes, elevando assim a competitividade da empresa no seu mercado de

atuação. Atualmente a acuracidade na gestão de inventário é importante e deve ser colocado

como prioridade para os supervisores, gerentes e diretores de qualquer empresa que busque

atingir o objetivo de eficiência operacional (Oliveira, Lope & Buri, 2011).

1.4. Objetivo do Trabalho

O objetivo deste trabalho é apresentar uma análise do atual processo de gestão de

inventário em uma operação logística de uma empresa do setor de embalagens, bem como

propor soluções para as possíveis falhas operacionais de inventário físico que, potencializam

os problemas de falta de material para atendimento aos clientes internos e finais.

14

2. CONTEXTO E A REALIDADE INVESTIGADA

2.1. A Empresa, o Negócio e o Mercado

A empresa escolhida para o desenvolvimento e resolução do problema foi o Grupo

Brasil (nome fictício).

O Grupo Brasil, é uma empresa dedicada ao desenvolvimento e produção de

embalagens de papel cartão e rótulos, com mais de 85 anos de história. O parque industrial

principal está localizado na região da grande São Paulo, sendo que a empresa possui além

deste, outras três unidades instaladas estrategicamente dentro de clientes de grande volume de

negócios.

Atualmente com cerca de 1.000 funcionários diretos, o Grupo Brasil é conhecido pelo

conhecimento técnico e competência tecnológica na execução de projetos e soluções de

embalagens em parcerias com seus clientes e fornecedores, produzindo embalagens

exclusivas e com alto nível técnico, aplicando muitas vezes o desenvolvimento único e sob

medida para as demandas especificadas de cada um dos seus clientes.

Cabe ressaltar que, a empresa é atualmente a única indústria brasileira de embalagens

certificada e membro participante do IPG – International Packing Group - grupo de afiliação

global de empresas líderes na produção de embalagens em papel cartão, conforme é possível

observar no mapa da Figura 1.

Os membros do IPG – International Packing Group, possuem um propósito comum

de compartilhamento do conhecimento, reunindo-se anualmente para trocar informações

técnicas, de inovação, desenvolvimento e metodologia de produção, onde a exposição dos

padrões de desempenho de classe mundial ocorre por meio de visitas a plantas de fabricação,

além de benchmarking entre seus próprios membros, para o melhor entendimento político-

social com o foco no sucesso de forma crescente entre os membros (IPG, 2018).

15

Figura 1: Mapa Global dos Associados – IPG.

Fonte: IPG (2018)

2.1.1. Os Concorrentes e o Mercado

Segundo a ABRE – Associação Brasileira de Embalagens (2018), embalagem é um

recipiente ou envoltura que armazena produtos temporariamente, individualmente ou

agrupando unidades, tendo como principal função protegê-lo e estender o seu prazo de vida

(shelf life), viabilizando sua distribuição, identificação e consumo.

A ABRE (2018) entende que a embalagem se tornou ferramenta necessária para

atender à sociedade em suas necessidades de alimentação, saúde, conveniência,

disponibilizando produtos com segurança e informação para o bem-estar das pessoas,

possibilitando a acessibilidade a produtos frágeis, perecíveis, de alto ou baixo valor agregado.

A embalagem possibilita ainda o desenvolvimento de novos produtos e de diferentes

formas de preparo com o uso dos eletrodomésticos. A percepção relacionada a função da

embalagem muda de acordo com o segmento da cadeia produtiva como pode ser verificado na

Figura 2.

16

Figura 2: Cadeia Produtiva da Embalagem.

Fonte: Relatório do Comitê - ABRE (2018)

Frente ao ambiente de mercado cada vez mais competitivo, a embalagem torna-se

estratégica para a competitividade dos negócios no quesito eficiência de envase, distribuição e

venda, pois conforme Porter (1996) a essência da estratégia está em escolher como realizar

atividades de forma diferente das dos rivais, caso contrário a estratégia é nada mais o que um

slogan de marketing que não resiste à concorrência.

Na avaliação da Associação Brasileira de Embalagens – ABRE (2018) frente ao

crescimento populacional do planeta, a embalagem torna-se essencial para otimizar o

aproveitamento dos alimentos e insumos demandados pela sociedade, reduzindo deste modo o

desperdício global. De forma complementar, a embalagem reflete a cultura de uma sociedade

e o estágio de desenvolvimento econômico social de uma nação.

Adicionalmente a ABRE (2018) afirma que a embalagem deve ser desenvolvida

observando-se os seguintes aspectos:

➢ Aspectos técnicos de produção e funcionalidade.

➢ Aspectos regulatórios de legislação e certificações.

➢ Aspectos estéticos.

➢ Aspectos ambientais.

➢ Aspectos mercadológicos e econômicos.

17

Ao investir em uma boa embalagem tem-se um ganho em toda a cadeia de produção,

distribuição, venda e consumo do produto. Ballou (2001) explica que a cadeia de suprimentos

como demostrado na Figura 3, é o conjunto de atividades funcionais (transportes, controle de

estoque, etc.) que se repetem inúmeras vezes ao longo de uma cadeia de distribuição pelo qual

matérias-primas (como as embalagens), vão sendo utilizadas para a conversão e produção de

produtos acabados, aos quais se agrega valor ao consumidor.

Figura 3: Cadeia de Distribuição.

Fonte: Ballou (2001)

Ballou (2001) expõe ainda, que a fonte de matéria prima, a fábrica e os pontos de

vendas não estão localizados no mesmo ponto geográfico e o canal de distribuição representa

a sequência das fases da manufatura. As atividades logísticas muitas vezes ocorrem antes de

um produto chegar ao mercado e ao final, estas mesmas atividades logísticas voltam a se

repetir mais uma vez quando os produtos usados são reciclados e voltam ao canal de

distribuição.

Complementarmente Simchi-levi, Kaminsky e Simchi-levi (2003) afirmam que a

eficiência logística deve girar em torno da integração entre fornecedores, fabricantes,

depósitos e armazéns, abrangendo as atividades nos diversos níveis, iniciando no nível

estratégico, passando pelo tático e finalizando no operacional.

18

No campo rural, por exemplo, as embalagens permitem que frutas sejam colhidas em

estágio mais maduro e com melhor sabor, garantindo sua integridade no processo de

distribuição. De acordo com Novaes (2007), o processo de distribuição de produtos e

mercadorias deve ter como meta ideal, levar os produtos certos, para os lugares certos, no

momento certo, como o nível de serviço desejado e pelo menor custo possível.

Na indústria, a embalagem, favorece a centralização de polos produtivos, a eficiência

produtiva de armazenamento, de distribuição, de identificação e rastreabilidade. Já no varejo

as embalagens permitem, a devida exposição dos produtos com segurança e atratividade.

Nesse sentido, Bernardino, Pacanowski, Khoury e Reis (2004) afirmam que os varejistas são

os responsáveis pelo atendimento direto aos consumidores e devem colocar os produtos e

serviços ao alcance deles para melhor satisfazê-los. Kotler e Armstrong (1999) explicam que

um varejista realiza suas vendas basicamente em pequenas quantidades, sendo que o varejo

engloba todas as atividades de venda de bens ou serviços diretamente para os consumidores

finais, para uso pessoal, não relacionados a negócios, onde desta forma a embalagem atua

como meio de exposição.

Por fim, tem-se o consumidor final, que segundo Kotler e Keller (2012), tem o poder

de escolher entre diferentes ofertas considerando qual parecer proporcionar o maior valor.

Onde desta forma, a embalagem torna-se um facilitador pois proporciona o acesso ao produto,

ingredientes, informações nutricionais, evidências do produto não estar violado, conveniência

e segurança no manuseio, entre outras.

Kotler e Keller (2012) afirmam que valor é um conceito central de marketing e é a

relação entre a somatória dos benefícios tangíveis e intangíveis proporcionados pelo produto.

Neste contexto a embalagem é a somatória dos custos financeiros e emocionais envolvidos na

sua aquisição, onde as percepções de valor aumentam com a qualidade e o serviço, mas

diminuem com o preço.

O consumidor, conforme pesquisa realizada pela ABRE (2018), é influenciado no

momento da compra pela embalagem. É a embalagem que deve transmitir em apenas 3

segundos, a qualidade do produto, os seus diferenciais e cativar o consumidor para pegá-lo em

suas mãos e colocá-lo em seu carrinho de compras. O consumidor é influenciado de diferentes

maneiras. Os homens levam em consideração, prioritariamente, elementos racionais como

quantidade, preço e forma de uso do produto.

As mulheres são mais sucessíveis aos apelos emocionais, onde se faz necessário

trabalhar apelos subjetivos no design da embalagem. Já o público infantil é atraído por cores e

elementos lúdicos, enquanto por fim, os idosos buscam facilidades para a leitura, abertura e

19

manuseio. No final, a satisfação deve segundo Kotler e Keller (2012), refletir os julgamentos

comparativos de uma pessoa ou grupo sobre o desempenho percebido de um produto em

relação as suas expectativas. Se o desempenho não atingir as expectativas, o cliente fica

decepcionado. Se o desempenho alcançar as expectativas, o cliente fica satisfeito e, por fim,

se o desempenho superar as expectativas, o cliente fica encantado.

Kotler e Armstrong (1999) afirmam que, uma embalagem inovadora pode dar a

empresa uma vantagem sobre os seus concorrentes, sendo que inversamente, as embalagens

com design pobre podem causar problemas para os consumidores, gerando perdas de vendas

para a empresa. Desenvolver uma boa embalagem para um novo produto requer muitas

decisões, incluindo elementos específicos como tamanho, materiais, cor, texto e marca, sendo

que estes elementos precisam funcionar em conjunto e de forma harmônica, a fim de apoiar o

posicionamento do produto e sua estratégia de marketing.

Kotler e Armstrong (1999), concluem que a embalagem deve ser coerente com a

propaganda, preço e distribuição do produto, precisando ser avaliada regularmente, pois ao

longo do tempo os consumidores mudam suas preferências. De acordo com a ABRE (2018),

antigamente o design de uma embalagem mantinha-se inalterada durante aproximadamente 15

anos, mas com o avanço tecnológico e mudança das preferências dos consumidores as

empresas devem reavaliar suas embalagens a cada dois ou três anos.

Para a ABRE (2018), nos dias de hoje a embalagem é um componente obrigatório e

decisivo para a prática comercial dos produtos. Mas mais do que isso, é uma ferramenta que

viabiliza o atendimento da população global quanto à sua alimentação, saúde e bem-estar.

A embalagem viabiliza a dinâmica global de produção e consumo, possibilitando a

conservação dos produtos e a sua distribuição, tornando os mais diferentes produtos

acessíveis por pessoas ao redor de todo o planeta. Ao mesmo tempo, viabiliza a economia

global em sua dinâmica de produção regionalizada e otimizada, buscando a eficiência e a

sustentabilidade dos processos industriais.

Ao tomar decisões sobre embalagens, as empresas devem também considerar a

crescente preocupação com os problemas ambientais ligados a esta dimensão do produto,

tomando decisões que atendam tanto aos interesses da sociedade, dos consumidores, e os seus

próprios, assumindo a responsabilidade pelos custos ambientais.

Savitz e Weber (2007) consideram que uma empresa sustentável é aquela que além de

gerar lucro para os acionistas, protege o meio ambiente e melhora a vida das pessoas com

quem mantém interações. Tal conceito está calcado sobre os seguintes pressupostos:

20

sustentabilidade econômica (gerar lucros), sustentabilidade ambiental (proteger o meio

ambiente) e sustentabilidade social (melhorar a vida dos cidadãos).

Para Santos (2015) para uma sociedade permanecer existindo, um dos fatores

relevantes é a sua sustentabilidade, que consiste em criar condições para um processo ser

realizado ou, para alguém ou algo existir. A sustentabilidade é composta por um “triple botton

line” – Savitz e Weber (2014), formado por aspectos ambientais, sociais e econômicos.

Como é possível observar na Figura 4, a sustentabilidade organizacional se dá por

meio da intersecção dos três aspectos – Ambiental, Econômico e Social. Uma empresa deve

preocupar-se com o impacto ambiental do seu processo produtivo, bem como com o impacto

da utilização de recursos por seus colaboradores, das suas instalações e da forma que a

comunidade em que está inserida está se desenvolvendo, enfim, com o conjunto em que está

relacionada.

No aspecto econômico esse processo ocorre ao realizar estudos para o uso de recursos

necessários para o seu negócio, estudos com projeções econômicas (financeiras ou

mercadológicas) e, estudos de aspectos básicos da empresa, como de tributação, de

comportamento do mercado e outros fundamentos de gestão. Já no aspecto social, as empresas

devem desenvolver ações que incentivem o convívio harmônico entre os funcionários,

fornecedores, clientes e outros membros da comunidade interna e externa, bem como criar

políticas internas e externas justas com transparência e ética (Santos, 2015).

Como exemplo, Franklin et al. (2018), identificaram que ações como reciclagem e

compostagem dos resíduos orgânicos diminuem as quantidades de resíduos destinados a

aterros sanitários e, apresentam uma reação positiva quando associado aos serviços do varejo,

pois ações sustentáveis têm grande impacto na percepção do cliente.

21

Figura 4: Sustentabilidade Organizacional

Fonte: Santos (2015) - Baseado em: Savitz e Weber (2007); Dyllick e Hockerts

(2002) e Elkington (1999).

Ao mesmo tempo, a sustentabilidade dos processos produtivos e do final de ciclo de

vida do produto passa a ser chave para o sucesso de um produto. Kotler e Armstrong (1999)

ressaltam que nem todos os produtos passam por todos os estágios de ciclo de vida (CVP) que

é apresentado na Figura 5.

Figura 5: Ciclo de Vida do Produto – CVP.

Fonte: Kotler e Armstrong (1999)

22

Alguns são introduzidos ao mercado e acabam rapidamente, já outros mantêm-se no

estágio de maturidade por longo tempo. Alguns entram no estágio de declínio e são então

reciclados, e retornam para o estágio de crescimento por meio de intensa promoção e

reposicionamento.

Assim, o lançamento constante de novos produtos é uma estratégia das organizações,

para alcançar o sucesso e garantir um ciclo de vida mais duradouro. Em contrapartida, alguns

produtos têm uma aceitação tão grande pelo mercado que podem passar logo do estágio de

introdução para a maturidade. Ainda segundo Kotler e Armstrong (1999), outros produtos

podem passar da fase da maturidade para um crescimento lento, afastando-se do estágio de

declínio por certo tempo. Segundo a ABRE (2018) para o consumidor, o produto e a

embalagem confundem-se como um único elemento e, devem estar em plena sintonia com os

valores da sociedade e parâmetros globais do mercado, fazendo com que a embalagem passe a

ser, cada vez mais, o elemento de competitividade que congrega em si diferentes interfaces,

tantos em ganhos operacionais, logísticos e ambientais, como também sociais e comerciais.

O resultado da soma destes fatores é o aumento de receita financeira, do aumento do

número de empregos diretos tanto internamente na empresa quanto também no ponto-de-

venda, do aumento dos empregos indiretos e, do aumento da arrecadação de tributos e a

adição de uma real expectativa de exportação. A fabricação de uma embalagem deve reunir

setores em sintonia e precisão com suas atividades, olhando para o consumidor como grande

influenciador dos novos padrões de consumo e comunicação, alavancados pelas tecnologias

de acessibilidade, internet e redes sociais.

Grandes mercados de embalagens despontam ao redor do mundo, mostrando o seu

crescimento tecnológico e o Brasil, faz parte do cenário mundial de negócios, tendo acesso às

novas tendências de gerenciamento de projetos e sendo, referência também no

desenvolvimento de novas tecnologias. Destaca-se a aplicação do design às embalagens

visando agregar valor real ao produto, reduzir custos no processo produtivo, ganhar amplitude

durante a distribuição, tempo de venda nas prateleiras, facilidades de manuseio, clareza nas

informações, e consequentemente maior competitividade (ABRE, 2018).

23

2.1.2. Tamanho Econômico do Setor

O exclusivo estudo macroeconômico da indústria brasileira de embalagem, realizado

pelo IBRE - Instituto Brasileiro de Economia em conjunto com a FGV- Fundação Getúlio

Vargas para a ABRE (2018), demonstra que o valor bruto da produção física de embalagens

atingiu o montante de R$ 71,5 bilhões no ano de 2017, representando um aumento de

aproximadamente 5,1% em relação aos R$ 68 bilhões alcançados em 2016, como é

apresentado na Tabela 1. Mundialmente o setor de embalagens movimenta mais de US$ 500

bilhões, representando, entre 1% e 2,5% do PIB de cada país.

Tabela 1: Valor Bruto da Produção – Em bilhões de reais (R$)

Ano Valor Bruto da Produção % PIB

2010 42,80 1,10

2011 45,00 1,03

2012 47,20 0,98

2013 51,50 0,97

2014 57,70 1,00

2015 59,00 1,01

2016 68,00 1,03

2017 71,50 1,02

Fonte: ABRE (2018)

Os materiais plásticos possuem a maior fatia de participação no valor total da

produção, correspondendo a 38,85% do total, seguido de perto pelo setor de embalagens

celulósicas com 34,09% (somados os setores de papelão ondulado com 17,36%, cartolina e

papel cartão com 11,57% e papel com 5,16%), metálicas com 18,15%, vidro com 4,44%,

têxteis para embalagens com 2,53% e madeira com 1,95%, conforme revelado na distribuição

da Figura 6.

24

Figura 6: Valor Bruto da Produção por Segmento – Em bilhões de reais (R$) e % de

participação.

Fonte: ABRE (2018)

2.2. Contexto Histórico

2.2.1. Produção Física

Após três anos de resultados desfavoráveis do setor, a produção da indústria de

embalagem apresentou um crescimento de 1,96% em 2017, conforme é possível observar na

Figura 7.

25

Figura 7: Produção Física de Embalagem.

Fonte: ABRE (2018)

O resultado demonstra a influência da indústria geral no setor de embalagens, pois o

crescimento industrial gera uma relação direta de crescimento no setor de embalagens. A

projeção de crescimento do setor de embalagens no ano de 2018 é de 2,96% na produção

física.

Segundo a ABRE (2018) das cinco classes de embalagem, quatro registraram

crescimento em 2017, sendo que as embalagens de vidro tiveram o maior crescimento

(3,39%), seguidas por embalagens de plástico (3,37%), papel/papelão/cartão (2,99%) e

madeira (0,56%). A única exceção de crescimento, firam as embalagens metálicas que

apresentaram uma retração de -3,92% como é demostrado na Tabela 2.

Tabela 2: Produção Física - % em Relação a Igual Período do Ano Anterior.

Peso 2016 2017

Total 100,0 -4,29 1,96

Madeira 1,4 -7,28 0,56

Papel, Papelão e Cartão 40,5 -2,91 2,99

Plástico 35,0 -8,17 3,37

Vidro 8,0 -2,16 3,39

Metal 15,1 -0,63 -3,92

Fonte: ABRE (2018)

26

Também segundo a ABRE (2018), todos os grandes usuários de embalagens

apresentaram recuperação na produção em 2017 conforme é possível verificar na Tabela 3.

Este aumento no consumo impactou positivamente os resultados do setor de embalagens no

mesmo período.

Tabela 3: Consumo - % Comparativo por Segmento Industrial.

Principais Industrias Usuárias 2016 2017

Alimentos 0,55 1,07

Bebidas -3,09 0,83

Fumo -21,75 20,37

Vestuário e acessórios -5,80 3,45

Couro e calçados -1,26 1,34

Farmacêuticos -1,69 5,31

Sabões, detergentes, produtos de limpeza, cosméticos e higiene -1,26 2,24

Informática, eletrônicos e óticos -13,94 19,61

Eletrodomésticos -7,15 3,37

Fonte: ABRE (2018)

Apesar do setor de embalagens ser impactado diretamente pelos resultados da

indústria, suas variações de crescimento e retração são mais amenas do que em comparação

com a da indústria em geral, conforme demonstrado pela Figura 8 (ABRE, 2018).

Figura 8: Embalagem e Indústria Geral – Taxas Anuais de Crescimento (%).

Fonte: ABRE (2018)

27

2.2.2. Empregos Gerados

A ABRE (2018) afirma que o nível de emprego na indústria atingiu 218.146 postos de

trabalho em dezembro de 2017, contingente que é 1,11% superior ao mesmo mês em 2016,

conforme apresentado na Figura 9. A indústria de plásticos é a que mais emprega, totalizando,

em dezembro de 2017, 115.558 empregos formais, correspondendo a 52,97% do total de

postos de trabalho do setor.

Em seguida vem papelão ondulado com 32.355 funcionários (14,83%), papel com

21.659 (9,93%), metálicas com 17.720 (8,12%), madeira com 13.475 (6,18%), cartolina e

papel cartão com 9.685 (4,44%) e vidro com 7.694 (3,53%).

175,8

187,6

198,9197,1

204,6

220,3

224,6226,6

228,6 227,3

220,8

215,7218,1

4,55%

6,71%6,02%

-0,90%

3,81%

7,70%

1,95%

0,89% 0,88%

-0,57%

-2,86%-2,31%

1,11%

-7,0%

-5,0%

-3,0%

-1,0%

1,0%

3,0%

5,0%

7,0%

9,0%

150

160

170

180

190

200

210

220

230

240

2.005 2.006 2.007 2.008 2.009 2.010 2.011 2.012 2.013 2.014 2.015 2.016 2.017

%

Em M

ilhar

es

Título do Eixo

Nº de Empregos Variação A.A

Figura 9: Empregos Gerados e % Comparativo.

Fonte: ABRE (2018)

2.2.3. Exportações

Segundo a ABRE (2018) as exportações diretas do setor de embalagem em 2017

tiveram um faturamento de US$ 544 milhões, valor que representa um crescimento de 10,67%

em relação ao ano de 2016. As embalagens plásticas correspondem a 39,80% do total

exportado, seguidas pelas metálicas com 35,67% na segunda colocação. Já as embalagens de

28

papel, cartão e papelão ficaram no terceiro lugar, correspondendo a 19,26% do total exportado,

seguidas por embalagens de vidro (3,90%) e madeira (1,37%), conforme é possível verificar

na Figura 10.

Já em relação ao crescimento de exportações por segmento, o setor de embalagens

metálicas lidera com acréscimo de 22,67% no valor total exportado em 2017, seguido por

embalagens plásticas (12,80%) e de vidro (11,74%). Já os setores de embalagens de madeira e

de papel/papelão tiveram um decréscimo de -31,76% e -6,03%, respectivamente (ABRE,

2018).

Figura 10: Evolução das Exportações por Categoria – Em milhares de dólares.

Fonte: ABRE (2018)

2.2.4. Importações

Segundo a ABRE (2018) as importações tiveram um crescimento de 5,87% no ano de

2017 na comparação com o ano anterior de 2016, movimentando um total US$ 527,3 milhões.

O setor de plásticos corresponde a 57,80% do total importado, seguido por embalagens

metálicas (18,19%), vidro (13,52%), papel/papelão (10,37%), e madeira (0,12%), conforme é

possível verificar na Figura 11.

29

Em relação ao desempenho de importações por segmento, todas as classes

apresentaram crescimento, sendo que as embalagens de madeira apresentaram o maior

acréscimo correspondendo a 117,18%, seguidas por embalagens de vidro (16,49%), metálicas

(5,30%), papel/papelão (4,63%) e plástico (3,93%).

Figura 11: Evolução das Importações por Categoria – Em milhares de dólares.

Fonte: ABRE (2018).

3. ENTENDIMENTO DO PROBLEMA

3.1. Importância da gestão do inventário de materiais

Mediante a relevância do mercado de embalagens como foi mencionado anteriormente,

a gestão dos materiais se revela fundamental para a rentabilidade de qualquer negócio.

Contudo, a execução desta gestão em nível operacional se torna um problema, pois qualquer

falha impacta diretamente no resultado da produção, financeiro e de atendimento ao cliente.

Segundo Ballou (2001) estoques são pilhas de matérias-primas, insumos, componentes,

produtos em processo e produtos acabados que são alocados em numerosos pontos por todos

30

os canais logísticos e de produção da empresa, tendo como principais motivos melhorar o

nível de serviço junto aos clientes, bem como de economias de custos derivados indiretamente

dele.

Para Slack, Chambers, Harland, Harrison e Johnston (1997), o estoque é definido

como a acumulação armazenada de recursos materiais em um sistema de transformação onde,

os materiais apresentam diferentes importâncias devido ao seu uso na indústria, além de ter

diferenças na frequência com que as operações os estocam. Deve-se considerar também que

independente de qual o seja o inventário armazenado, ou onde ele está posicionado na

operação, ele existirá porque existe uma diferença de ritmo ou de taxa entre o fornecimento e

demanda.

Para Simchi-levi, Kaminsky e Simchi-levi (2003) gerenciar estoques em cadeias de

suprimento complexas é geralmente uma tarefa muito difícil e pode ter um impacto

significativo no nível de serviço ao cliente e nos custos globais da organização.

Se o fornecimento de qualquer item ocorresse exatamente quando fosse demandado, o

item nunca geraria estoque, contudo quando a taxa de fornecimento excede a taxa de demanda,

o estoque aumenta; quando a taxa de demanda excede a taxa de fornecimento o estoque

diminui. O ponto obvio a ressaltar é que se uma indústria fizer esforços para casar as taxas de

fornecimento e de demanda, acontecerá uma redução em seus níveis de estoque (Slack et al.,

1997).

Em complemento uma cadeira de suprimentos normalmente consiste de fornecedores

e fabricantes, os quais transformam matérias-primas em produtos acabados, e de centros de

distribuição e depósitos, a partir dos quais os produtos acabados são distribuídos para os seus

clientes (Simch-levi et al., 2003).

O processo de gestão, tem como base, o processo de contagem de estoque, onde é

executado em sua forma mais básica por meio da conferência do produto existente

fisicamente em uma determinada localização e, posteriormente feita a verificação se a

informação capturada está em acuracidade com os registros contábeis e sistêmicos (caso a

organização utilize) e, deve ser realizado de forma a auditar e corrigir possíveis falhas.

Para Slack et al. (1997) os registros de estoque devem ser precisos e atualizados. As

falhas ocorrem e, os estoques podem ser desviados ou mesmo perecer, de modo que os

registros de estoque nunca irão refletir exatamente o que há fisicamente em estoque em uma

empresa devido as inúmeras movimentações na cadeia de distribuição.

Assim as contagens de inventário são realizadas para disponibilizar, praticamente em

tempo real e com acurácia determinada, a posição dos estoques nos mais diferentes locais para

31

as diversas partes interessadas (clientes, fornecedores, departamentos internos da própria

organização, governo, etc.). O correto acesso a informação com a acurácia adequada é

utilizado para as devidas e mais variadas tomadas de decisões.

Muitas empresas investem em equipes dedicadas para esta atividade a fim de atingir

dois objetivos:

1) De mensurar o nível de acurácia da informação dos estoques

disponíveis e suas localizações;

2) Corrigir os desvios identificados, à medida que a contagem é realizada.

Segundo Slack et al. (1997) os controles rotativos de inventário consistem em verificar

se a localização e o nível físico de estoque de determinado item coincidem com o registro

informatizado adotado pela empresa. Uma das principais implicações na falha de acurácia nos

registros de estoque são faltas de materiais nos estoques, o que leva a reprogramações da

produção resultando em ineficiências diretas de produtividade e, possivelmente em falha no

atendimento dos pedidos de clientes.

Para Martins (2008) as divergências identificadas são classificadas como “perdas

anormais”, e deixam de fazer parte do custo do produto, sendo tratadas assim como perdas do

período por serem aleatórias e involuntárias. A contagem física dos estoques poderá ser

realizada uma vez por ano, quando do encerramento do exercício fiscal ou; todos os dias no

critério de processo de inventário cíclico, sendo este último o mais recomendado pois

apresenta a vantagem de se identificar erros de lançamento em tempo de se verificar a origem

do problema e adotar medidas corretivas.

As divergências são lançadas diretamente no resultado da empresa, sem serem

incorporarem aos produtos. Só deixam de ser tratadas desta forma se forem de um valor muito

pequeno e devido a essa irrelevância, em nada influenciarem na avaliação dos estoques ou no

resultado final do exercício.

3.2. Falha no processo e suas consequências

A manutenção da informação dos estoques demanda uma estrutura de pessoal,

equipamentos, escritório, entre outras, para a execução operacional das contagens.

Ballou (2001) afirma que auditorias de estoque são essenciais, contudo proceder a uma

contagem física de todos os itens em um estoque pode consumir muito tempo e interromper as

32

operações de uma empresa. Como uma alternativa a contagem de todos os itens uma vez por

ano, apenas alguns itens serão contados em um período determinado, com períodos de

contagem sendo efetuados durante todo o ano. A frequência com que um item é contado pode

ser ajustado de acordo com a sua importância, determinando deste modo uma contagem

cíclica, permitindo assim dispersar os custos e a carga de trabalho operacional das contagens

de final de ano, provocando menos interrupções nas operações de uma empresa.

Segundo Fitzsimmons e Fitzsimmons (2000) existem relevantes custos em um sistema

de estoque, sendo que o desempenho é geralmente medido por seu custo médio anual. Os

custos relevantes a serem considerados incluem os custos de manutenção, de pedido, de falta

de produtos e o custo de compra dos itens.

O custo de manutenção do estoque tem relação direta com o número de itens. Já o

custo de oportunidade está associado com o capital investido e é, o maior componente do

custo de manutenção. Outros componentes são os custos de seguro, de obsolescência, de

deterioração e o custo de manuseio direto.

Fitzsimmons e Fitzsimmons (2000) afirmam também que o custo de falta de produto

varia diretamente com o número de unidades ausentes no estoque, e esse custo inclui a

margem de uma venda perdida, bem como a perda potencial de futuras vendas.

O processo de verificação dos estoques ocorre de forma manual e dependente de uma

equipe de funcionários qualificada e com conhecimento técnico específico, consistindo em

verificar se a localização e os respectivos níveis dos estoques de um determinado item

coincidem com o registro no computador – (Slack et al. 1997).

O processo se desenvolve quando uma determinada equipe vai fisicamente até o

estoque, selecionar o local a ser inventariado, capturar as informações via coletor de dados ou

manualmente preenchendo fichas de inventário específicas. Após esta etapa, é realizado o

confronto das informações.

Quando uma diferença é encontrada, é necessário fazer novamente a atividade de

auditoria e verificação, por meio de uma segunda ou até terceira contagem a fim de se obter,

com absoluta certeza a informação correta. Após esta etapa o registro do sistema contábil

deve ser atualizado para refletir a realidade.

Desta forma, o trabalho de conclusão teve como objetivo identificar as causas das

falhas no processo de gestão do inventário de materiais e propor possíveis alternativas para a

correção destas falhas, a fim de aumentar a produtividade no processo de auditória e

contagem de inventário com o foco no incremento da confiabilidade no sistema de gestão

logística uma empresa do setor de embalagens.

33

4. DIAGNÓSTICO DO PROBLEMA

4.1. Problema Tratado

Com a definição do problema a ser tratado, o processo de gestão de inventário em uma

operação logística de uma empresa do setor de embalagens passará por uma avaliação com

coleta de dados para mapear em quais momentos ocorrem as não conformidades que tem

apresentado falhas, permitido com que etapas avancem sem a devida assertividade.

De acordo com Marcondes et al. (2017), a coleta de dados é o levantamento de tudo

aquilo que tenha a ver com o problema, e toma a forma qualitativa ou quantitativa. As suas

fontes podem ser de diferentes naturezas, uma vez que as coletas de dados qualitativas

envolvem os relatos de experiências com gestão, tecnologias, fatos internos, histórias, como

as coisas são feitas, sentimentos, emoções, processos, estruturas, decisões, liderança, conflito,

enfim tudo aquilo que tem a ver com a vida das pessoas na empresa.

4.2. Mapeamento da Situação

Como foi apresentada, a gestão dos materiais se demostra fundamental para a

rentabilidade em um negócio principalmente, no segmento de embalagens. Contudo, a

execução desta gestão em nível operacional se torna um problema, pois qualquer falha

impacta diretamente no resultado de produção, financeiro e de atendimento ao cliente.

A seguir, serão apresentados os resultados das análises realizadas por intermédio da

aplicação de ferramentas gerenciais estratégicas.

4.2.1. Diagrama de Causa e Efeito

De acordo com Araújo (2001) o diagrama de causa e efeito, conhecido também como

“espinha-de-peixe” ou gráfico de Ishikawa é uma representação gráfica de relacionamento

entre um efeito (problema) e sua causa potencial, que auxilia a estimular o raciocínio sobre

determinado tema. O gráfico documenta o nível de entendimento acerca de um ponto de

problema, e fornece uma estrutura para que se expanda a compreensão a respeito.

34

Pelo diagrama de Ishikawa e de sua análise, é possível verificar as possíveis causas

das falhas de acurácia no controle de inventário conforme demonstrado na Figura 12.

Figura 12: Diagrama de Ishikawa – Processo Logístico.

Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

Nota-se que as prováveis causas contêm relações significativas entre si, como por

exemplo o layout de armazenagem e o % de falhas.

De acordo com Campos (2014) um layout pode trazer consequências desastrosas caso

não seja realizado um estudo minucioso dos sistemas de informações, da distribuição de

móveis, dos equipamentos e das pessoas pelo espaço disponível. Considera também que, o

layout físico acaba por influenciar na produtividade e motivação das equipes, gerando maior

ou menor eficiência no trabalho.

Para Slack et al. (1997) definir o arranjo físico é decidir onde colocar todas as

instalações, máquinas, equipamentos e pessoal, determinando a maneira segundo a qual os

recursos transformados – materiais, informação e clientes – fluem por meio da operação.

Francischini e Gurgel (2002) o % de falhas está para associado ao número de falhas de

inventário com a confiabilidade dos estoques (físicos versus contábeis), pois segundo os

autores, ambos podem de forma direta gerar faturamentos indevidos com consequente

35

insatisfação de clientes, bem como prejuízos com vencimento de prazos de validade dos

produtos em estoque.

Ainda, segundo esses autores, o objetivo do inventario físico é propiciar a verificação

periódica da exatidão dos registros contábeis para avaliar o lucro e transferir para o resultado

as diferenças apuradas. Além de verificar a veracidade do resultado apurado, a aderência dos

números físicos aos números de controle contábil, é uma condição fundamental para a

manutenção do sistema de gestão industrial. Outra provável relação ocorre entre a área de

armazenagem e a qualificação e experiência da equipe.

Francischini e Gurgel (2002) afirmam que as áreas de armazenagem devem ser

administradas com um rigoroso e minucioso sistema de organização e ordem, pois a melhor

ordem sempre resultará em maior consistência dos registros de estoque. A área de

armazenagem também convive com a necessidade de ocupação volumétrica e a necessidade

de acessibilidade de todos os itens armazenados e, quando se maximiza a ocupação

volumétrica, isso obriga a fazer concessão à acessibilidade.

Já a qualificação e experiência da equipe sempre foi considerada fundamental para o

sucesso de uma empresa, contudo para Fitzsimmons e Fitzsimmons (2000), os grandes ganhos

de produtividade vieram da substituição do esforço humano pela tecnologia, como

equipamentos, máquinas e sistemas inovadores.

Operações com processos repetitivos e rotineiros estão recebendo aplicações e

dispositivo de automação, onde os trabalhadores precisarão de habilidades mais sofisticadas

para programar, operar e manter os sistemas automatizados. Prevê-se ainda que a equipe será

demandada por mais flexibilidade neste tema, pois as novas tecnologias modificam a natureza

do trabalho e, complementarmente demandarão habilidades mais sofisticadas para programar,

operar e manter os sistemas automatizados operando e atualizados.

4.2.2. Análise SWOT

A análise SWOT é uma das ferramentas que consiste na análise do ambiente externo

oportunidades e ameaças) e do ambiente interno (forças e fraquezas), bem como sua relação,

para proporcionar melhora do desempenho frente as ameaças que podem afetá-la

adversamente, bem como frente às suas oportunidades. Esta ferramenta está relacionada à

identificação e à satisfação das necessidades do mercado, e da entrega da satisfação desejada

com mais eficiência que os concorrentes, visando a lucratividade da empresa.

36

De acordo com Kotler e Armstrong (1999) administrar uma empresa já seria bastante

difícil mesmo se lidasse apenas com variáveis controláveis, mas uma empresa opera em um

complexo ambiente, com influência de forças incontroláveis as quais ela tem que se adaptar.

Como o ambiente produz ameaças e oportunidades, a empresa deve analisá-los com cuidado

para poder evitar as ameaças e tirar partido das oportunidades.

A Figura 13 apresenta a análise SWOT da empresa em que se identificam as forças e

as fraquezas do ambiente interno à organização, bem como as oportunidades e as ameaças

referentes ao ambiente externo à organização. Pode-se notar que a empresa possui fatores

fortes, como por exemplo, preços competitivos e qualidade em seus produtos que estão

diretamente ligados à estratégia de negócios. Já a tradição e comprometimento de seus

funcionários foram construídos e firmados ao longo do tempo e, fortalecem o seu

posicionamento perante os concorrentes no mercado.

Fatores Positivos Fatores Negativos

Forças Fraquezas

* Preço Competitivo

* Tradição

* Qualidade

* Comprometimento de seus

funcionários

Ameaças Oportunidades

* Alta competitividade do Mercado* Expansão do Parque Industrial

Fabril

* Baixa alternativa de fornecedores

nacionais

* Retomada do crescimento

econômico

* Barreiras alfandegarias de

importação

* Crescimento do consumo de

embalagens sustentáveis

*Sistema de Informação em

Desenvolvimento

Ex

tern

oIn

tern

o

Figura 13: Análise SWOT.

Fonte: Elaborado pelo autor (2018)

37

A empresa possui também grandes oportunidades em criar um maior espaço no

mercado com o crescimento do consumo de embalagens sustentáveis e de menor impacto ao

meio ambiente.

Isso vem sendo um fator positivo para a empresa, contudo o processo de

implementação de um sistema de informação ainda em desenvolvimento para um maior

controle da produção, solidifica a necessidade de acurácia a fim de aumentar competitividade

da empresa no mercado de atuação, caracterizando-se neste momento como uma fraqueza a

ser trabalhada.

A alta competitividade do mercado, baixas alternativas de fornecedores e barreiras

alfandegárias de importação de materiais primas, são ameaças que precisam ser monitoradas,

a fim de não comprometer o desempenho da empresa pois, segundo Porter (1989), um fator

determinante na competitividade é o poder de negociação com fornecedores que interfere no

desenvolvimento de produtos com valor agregado e na oferta de produtos com baixo custo.

De acordo com Montarani, Andrade, Pereira, Ricca, Portel e Benedetti (2008), os

efeitos causados por falhas na integração da cadeia de suprimentos parecem ser mais

perniciosos para os custos das operações de uma determinada empresa que para seus

fornecedores.

Quando a integração é maior, há um aumento na disposição dos fornecedores em

auxiliar no desenvolvimento de novas necessidades de customização e busca na solução de

problemas, a fim que estas demandas sejam atendidas sem que haja prejuízo ao desempenho

operacional de ambas as partes, além, é claro, de não se perder o controle de custos de forma

adequada.

Por fim, os fornecedores ainda têm grande preocupação em relação aos custos de

recuperação de falhas e do controle dos estoques de produtos que apresentam desvio de

qualidade, pois caso sejam enviados aos clientes podem representar aumentando no número

de devoluções e desgaste não relação junto aos clientes (Montarani, et al. 2008).

4.2.3. Análise das Informações Obtidas

Segundo Marcondes et al. (2017), o processo de diagnóstico deve indicar as fontes

utilizadas para o suporte a solução do problema ou aproveitamento da oportunidade de

mercado, descrevendo o processo e o uso de técnicas para o levantamento de dados e

informação.

38

Desta forma, foi realizada a coleta de dados relacionados ao diagnóstico do problema

relacionado à execução das contagens de inventário para disponibilizar, praticamente em

tempo real e com acurácia mínima necessária, a posição dos estoques aos mais diferentes

locais de uso e partes interessadas como, por exemplo, clientes, fornecedores, departamentos

internos da própria organização, governo, etc. e, conforme também já citado no tópico número

três – “Entendimento do Problema” e que está demonstrada na Figura 14.

Figura 14: Acurácia do Inventário % e o Número Médio de Contagens por Dia.

Fonte: Elaborado pelo autor (2018)

De acordo com Ballou (2001), auditorias de estoque são essenciais no sistema de

gestão de inventário, pois uma contagem física dos materiais, de tempo em tempos, determina

o verdadeiro nível de todos os itens de produtos, fornecendo maior acuracidade nos níveis de

estoque.

Algumas empresas podem suspender as operações anualmente enquanto a contagem

dos itens é feita, entretanto uma alternativa à contagem de todos os itens uma vez por ano,

apenas alguns itens serão cotados em um período determinado, com períodos de contagem

sendo efetuados durante o ano. Este processo de contagem cíclica dispensa a carga de

auditoria durante o ano e provoca menos interrupções nas operações.

Graeml e Peinado (2007) definem que o índice de acuracidade dos estoques, trata-se

de um indicador que traduz o percentual de itens sem necessidade de ajuste de quantidade

39

resultante de conferências de inventário físico, ao ponto que inventário físico vai comparar a

quantidade constante nos registros de estoque do sistema, com a quantidade real contada de

material no estoque físico.

As diferenças encontradas vão implicar em ajustes de estoques de acordo com as

regras contábeis e legislação tributária vigente. A aderência dos números físicos aos números

indicados pelo controle é uma condição fundamental para a gestão da empresa.

Lee (2006), afirma que a acurácia do inventário na localização (ILA-Inventory

Location Accuracy, ou Acurácia do Local Inventário) é uma medida de como os registros de

estoque oficiais se aproximam do inventário físico.

Esta medida resultando em um percentual (%) de acuracidade entre a situação física

identificada e sua correspondente do sistema contábil da empresa.

Ainda segundo Lee (2006) a apuração da acuracidade é obtida por meio da seguinte

equação e critérios:

Número de registros corretos

Número de registros verificados = X 100Acurácia (%)

Para uma localização ser considerado como “em acurácia”, um registro deve atender a

cinco critérios:

1. O local no registro contábil deve corresponder ao local físico.

2. O item no registro contábil deve corresponder ao item físico.

3. A quantidade no registro contábil deve corresponder à quantidade física.

4. O lote de produção no registro contábil deve corresponder ao lote de

produção físico.

5. O número do palete no registro contábil deve corresponder ao número

do palete físico.

A fórmula se aplica ao estoque como um todo e pode ser usada para calcular a

precisão da contagem do ciclo de um dia, semana, mês ou mesmo outro período de tempo,

bem como também de uma auditoria geral anual.

Conforme é possível observar na Figura 14, o percentual de acuracidade entre os

meses de março a setembro de 2018 apresenta um desempenho próximo a meta estabelecida

pela gestão de logística e que foi definida por intermédio de benchmarking do mercado,

40

contudo o número de posições verificadas está a quem da meta também determinada em todos

os meses conforme é possível constatar também na Figura 14.

Cabe destacar, que esta situação pode reduzir a representatividade do indicador, pois

não cobre o número mínimo de registros de contagem médias diárias definidas pela gestão

logística que são de 250 diferentes locais, e que tem como objetivo cobrir todos os locais de

armazenamento de materiais disponíveis em um período de um (1) mês, podendo assim

impactar no nível de confiança do indicador que tem como meta 98,5% de acurácia.

5. PROPOSTAS DE SOLUÇÃO DO PROBLEMA

Neste item, são detalhas as propostas de solução para o problema no processo de

gestão de inventário em uma operação logística de uma empresa do setor de embalagens, onde

conforme detalhado anteriormente apresenta um nível satisfatório de acuracidade em relação a

outros setores da economia, contudo baixo no ambiente de produto fabricado sob encomenda

ou, se comprado, comprado sob encomenda, pois cada trabalho gera como resultado um

produto exclusivo.

As propostas a seguir são guiadas por três critérios: (1) Métodos de Gestão do

Inventário; (2) Alternativas Tecnológicas e (3) Recursos Humanos, que serão detalhas como

se segue:

5.1. Métodos de Gestão de Inventário

A manutenção de estoques é uma tarefa onerosa, mas necessária para qualquer

empresa. De acordo com Gaither e Frazier (2001), além da importância estratégica de prover

estoques de produtos acabados com o objetivo de que o nível de serviço ao cliente seja

melhorado através do rápido embarque dos pedidos, as empresas mantem estoque para reduzir

outros custos de operação, como por exemplo:

✓ Custo de emissão do pedido: Se refere ao custo para processar o pedido de

compra, expedir e fazer a contabilidade da operação;

✓ Custo do Stockout: Reduzir a “zero” os níveis de estoque de produtos

acabados, podem gerar perdas de venda e insatisfação em clientes. Já no que se

refere a matérias-primas, o custo se dá nas interrupções na produção;

41

✓ Custo de aquisição: Comprar lotes maiores pode aumentar os estoques de

matérias-primas, mas os custos unitários podem ser menores por causa dos

descontos por quantidade e dos menores custos de frete e manuseio de

materiais.

✓ Custos da qualidade na partida: Está relacionado ao custo de partida pela

primeira vez de um lote de produção e o risco de produção de materiais

defeituosos.

Já Krajewski, Ritzman e Malhotra (2009), relatam que independentemente do sistema

de estoque e uso, sendo esses sistemas de reposição opcional ou sistema de estoque base, a

acurácia do registro é crucial para o seu êxito.

Um dos métodos possíveis para atingir os níveis de acuracidade necessárias para

manter a competitividade da organização é de atribuir a funcionários específicos a

responsabilidade de receber, armazenar e distribuir os materiais, a fim de relatar com exatidão

cada transação.

Outro método possível é o de manter o estoque em local separado, com acesso restrito

(em casos específicos até trancado), para impedir movimentações sem autorização ou sem

registro. Esse método também tem como objetivo proteger a empresa contra armazenamentos

acidentais de estoques recebidos recentemente em locais errados, onde podem ficar perdido

por períodos longos de tempo.

Ainda segundo Krajewski et al. (2009), o controle da acurácia por meio de contagem

cíclica é um terceiro método, por meio do qual o pessoal do armazém conta fisicamente uma

porcentagem pequena do número total de produtos todos os dias, corrigindo de imediato os

erros que são identificados. Os materiais da categoria “A” são contados com maior frequência.

Um método final, para processos com sistemas computadorizados, é o de fazer

verificações de erro de lógica em cada transação relatada e investigar a fundo quaisquer

discrepâncias, que podem incluir: (1) recebimentos reais quando nenhum recebimento está

programado; (2) desembolsos que excedem o equilíbrio do estoque disponível corrente; e (3)

recebimentos com um número de lote incorreto (ou inexistente).

Esses métodos podem manter a acurácia dos registros de estoque dentro de limites

aceitáveis, tendo um benefício secundário de evitar custos extras de contagens de estoque de

fim de ano se os registros se mostrarem suficientemente precisos.

42

Em tempo, de acordo com Ballou (2001), se o tempo de entrega dos materiais aos

clientes e a demanda pudessem ser previstos com 100% de acurácia, nenhum estoque seria

necessário.

5.2. Alternativas Tecnológicas

Um critério relevante para a execução dos processos de atendimento de pedidos é a

acurácia da informação em relação à quantidade e a localização dos estoques.

Atualmente, o método de coleta de dados utilizado no Grupo Brasil é por meio de

registros manuais em formulários. As anotações são realizadas e em determinado momento do

processo de trabalho é inserido mediante de digitação no sistema ERP (Enterprise Resource

Planning ou Sistema Integrado de Gestão Empresarial).

Segundo Lima et al. (2010), sendo a informação um bem que agrega valor a uma

empresa ou a um indivíduo, é de suma importância fazer uso de recursos de TI (tecnologia da

informação) de maneira apropriada, além disso, é importante que as empresas façam das

informações um diferencial competitivo e busquem soluções que tragam bons resultados para

a empresa e que tenham o menor custo possível.

Dessa maneira, serão abordados como alternativas os seguintes recursos tecnológicos:

RFID, WMS e o VANT - Veículo Aéreos Não Tripulado, que serão apresentados a seguir.

5.2.1. RFID - Radio Frequency Indentification

Para Krajewski et al. (2009), um requisito importante para a execução dos processos

de atendimento de pedido é a informação precisa em relação a quantidade e a localização dos

estoques, e a RFID (Radio Frequency Indentification - Identificação por radiofrequência) é

um método utilizado para identificar produtos por meio de uso de sinais de rádio a partir de

uma etiqueta anexa a um produto. Essa etiqueta armazena informações sobre o produto e

envia sinais a um dispositivo que pode ler as informações e até mesmo gravar novas

informações nela.

O princípio utilizado é de indução magnética, sendo a base entre o leitor e uma

etiqueta. Um leitor passa uma corrente quando do ato da leitura, resultando em um campo

magnético. Segundo Want (2006) se você colocar uma etiqueta que incorpora este campo,

uma tensão alternada aparecerá em seu interior alimentando o chip de etiqueta.

43

Etiquetas que usam acoplamento de campo próximo enviam dados de volta ao leitor

usando a modulação de carga. Como qualquer corrente extraída da etiqueta dará origem a seu

próprio pequeno campo magnético, conforme demonstrado na Figura 15.

Figura 15: Mecanismo de Energia / Comunicação de Campo Próximo para Tags

RFID.

Fonte: WANT (2006, pag. 29)

Os dados das etiquetas podem ser transmitidos via rádio de um lugar a outro por meio

de redes de EPC (Eletronic Product Code – código eletrônico de produto) e pela internet,

tornando teoricamente possível identificar de exclusivo cada item que a empresa fabrica e

rastreá-lo até que a etiqueta seja destruída.

No uso prático, as etiquetas de RFID aplicadas em caixas e paletes, serão lidas quando

o estoque entrar no estoque, bem quando essas caixas e paletes. Podem-se usar os dados para

tirar conclusões sobre os níveis de estoque de um determinado cliente, ou mesmo para

calcular se um determinado item está em excesso no estoque ou se ele está parado no estoque

44

por muito tempo. Os dados também podem ajudar os fornecedores a verificar níveis de

estoque, bem como reduzir as perdas por furtos.

Krajewski et al. (2009), destacam que uma sincronização completa de dados usando

padrões da indústria para a operação logística é crítica, pois é fator de sucesso para assegurar

que informações precisas e coerentes sejam trocadas entre os elos da cadeia de suprimentos.

5.2.1.1. Visita Técnica em Campo

Com a finalidade de verificar o emprego da tecnologia RFID, foi identificada a

oportunidade de se realizar de uma visita técnica em campo de forma a se capturar evidências

reais da tecnologia na prática. A visita deveria ser em local onde a aplicação da tecnologia

tenha apresentado resultados consideráveis ao ambiente operacional, com histórico

mensurável de participantes presentes para a coleta das suas avaliações e posterior análise em

comparação ao problema vivenciado na Grupo Brasil.

A definição do local a ser visitado se deu levando em considerações os seguintes

critérios:

1. Criticidade em relação a acuracidade da gestão de materiais e inventário entre a

Grupo Brasil e o local ser visitado;

2. Complexidade operacional equivalente;

3. Disponibilidade dos principais gestores para a coleta dos dados, custos e

histórico;

4. E por fim, se possível proximidade física, para o alinhamento das agendas de

todos.

Desta forma foi organizada uma visita técnica na Estação Aduaneira do Interior

(EADI) Aurora, na cidade de Sorocaba no interior do estado de São Paulo. A escolha do local

se deu devido a semelhanças operacionais da operação logística acima descrita, bem com a

disponibilidade de a alta gestão estar disponível para nos receber e apresentar os seus dados e

depoimentos acerca da tecnologia de RFID.

A visita ocorreu em 26/03/2019 e teve como objetivo verificar o processo de gestão

de inventario de materiais e o uso de tecnologia adotada por eles para o aprimoramento do

gerenciamento e controle da acurácia em uma operação logística.

Nessa visita foram utilizadas duas técnicas de coleta de dados. A entrevista e a

observação. A entrevista segundo Lakatos (2011), é um instrumento por excelência da

45

investigação social que, quando bem feito, se torna superior a outros sistemas de obtenção de

dados. Seu objetivo principal é a obtenção de informações do entrevistado, sobre

determinado assunto ou problema. Já a observação de acordo com Ferreira, Torrecilha e

Machado (2012, p. 13) “a observação pode ser uma destas técnicas alternativas, que pode ser

usada tanto em conjunto com a entrevista quanto com outras técnicas. ” Nesse sentido, pode

enriquecer as entrevistas e pode possibilitar aspectos das pesquisas qualitativas.

A visita teve seu início com a recepção do Gerente Geral do EADI o Sr. Luis Pigatti

que apresentou a operação do EADI, explicando que o EADI se trata de um terminal privado

alfandegado de uso público, que a empresa é detentora de concessão obtida mediante licitação

pública realizada pela Receita Federal, e autorizada a operar os regimes aduaneiros na

importação e exportação. Explicou ainda, que um entreposto aduaneiro é um provedor de

soluções logísticas integradas em quatro setores:

- Armazém Alfandegado.

- Alfandegado com Anuência da Anvisa

- Armazém Geral.

- Transportes.

Foi passado também, que o EADI – Aurora é uma empresa dotada de grande e

avançada estrutura, logística e tecnologia e está em operação desde 2000 e faz parte de uma

grande corporação empresarial especializada em transporte, terminais de cargas e

condomínios industriais.

Coube ao Gerente Operacional o Sr. Fernando Sanches, funcionário desde 2006

informando que o Armazém possui capacidade de armazenar 10.000 paletes, que processa

800 processos (de importação e exportação) por mês e que atualmente possui um acurácia de

inventário de 99,9% nas movimentações de armazenagem e 100% nos processos de

carregamentos e expedição aos clientes. No que se refere a gestão e controle de materiais, o Sr.

Fernando afirmou que caminho até chegar a este nível de acuracidade foi longo e de muito

trabalho. Relatou que o processo se iniciou em 2006, onde os processos eram realizados por

meio de registro manual sem suporte de qualquer sistema eletrônico de gerenciamento

eletrônico.

O gerente Fernando citou como exemplo que; um processo de carregamento de um

veículo para atendimento ao cliente, demandava em média três horas, pois em muitas vezes os

materiais não eram localizados no armazém. Nesta época alguns funcionários com mais

46

experiência, eram denominados como “Heróis”, pois devido ao tempo de serviço na função,

conseguiam identificar e localizar os materiais perdidos com maior facilidade.

Este processo foi alterado em 2010 com a aquisição do sistema de Gerenciamento do

armazém – WMS da empresa INFOR (https://www.infor.com/products/supply-chain-

management/cloudsuite-warehouse-management) pelo EADI - Aurora, sendo este o mais

completo e definido pelo Gerente Fernando como uma verdadeira “Ferrari” em analogia com

um automóvel.

O sistema apresenta gestão por meio do RFID (Radio-Frequency IDentification), onde

o WMS (Warehouse Management System) gerenciava e rastreava o material, indicando

inclusive automaticamente onde cada material recebido deveria ser armazenado e endereçado.

O sistema também realizava o gerenciamento das janelas de recebimento e a programação de

separação e preparação das cargas.

Contudo, na prática o sistema apresentou várias falhas ao longo dos três anos que foi

utilizado. Conforme informado pelo Sr. Fernando, o sistema com RFID apresentava um custo

elevado de manutenção (não foi apresentado o valor nominal ou percentual devido à questão

de confidencialidade) e várias falhas em seu funcionamento, sendo a principal falha citada por

ele, era a indicação de locais de armazenamento já ocupados, onde o operador de

empilhadeira era impossibilitado de realizar a armazenagem física, gerando assim desvio de

inventario físico versus sistema. Segundo o Sr. Fernando a acurácia de inventário na época era

de apenas 93,0%.

Após três anos de uso; o sistema com RFID fornecido pela INFOR - Empresa global

especializada em softwares para empresas em mercados específicos da indústria com sua sede

em Nova York, e mais de 68.000 clientes (https://www.infor.com/about); foi substituído por

outro sistema WMS de maior simplicidade.

Em 2013 o sistema escolhido foi o da empresa ALCIS (https://www.alcis.com.br/),

empresa também especializada em softwares, e que teve um investimento aproximadamente

R$ 300.000,00, foi implementado na operação do EADI conforme foi informado pelo Sr.

Fernando.

O sistema da empresa ALCIS - Empresa 100% brasileira e com foco no

desenvolvimento de soluções de tecnologia (https://www.alcis.com.br/grupo-alcis/) é o

sistema atualmente utilizado no EADI - Aurora, apresenta menos recursos tecnológicos em

comparação ao sistema anterior, como por exemplo, o uso de etiquetas com códigos de barra

unidimensional no local de etiquetas com RFID, contudo segundo o gerente Fernando, o

47

sistema tem maior aderência a operação de recebimento, armazenamento e expedição, o que

segundo a sua avaliação resultou em uma melhora na operação de uma forma geral.

Ao final, foi informado que seria um diferencial, se o sistema de gestão de armazéns –

WMS tivesse a disposição à localização “on-line” dos materiais em forma de mapa e,

superaria a expectativa se a informação estivesse disponível para consulta via celular e com a

imagem do produto – como, por exemplo, uma foto.

5.2.1.2. Considerações da Visita Técnica

Durante a visita técnica, foi possível verificar que a empresa visitada, EADI - Aurora

apresenta alta organização, limpeza e layout ajustado à operação existente, o que facilita e

vem ao encontro a necessidade da acuracidade e produtividade necessária para o atendimento

do mercado de atuação.

Contudo foi evidenciado, por intermédio dos relatos recebidos pelos entrevistados e as

observações feitas durante a visita, que o sistema com RFID não apresentou o resultado

esperado na gestão da operação logística de recebimento, armazenagem e expedição. As

causas expostas não são conclusivas, mas expressam as avaliações dos profissionais que

vivenciaram a experiência “in loco”, em sua implementação, uso e substituição.

Ao final, pode-se entender que a tecnologia de RFID apresenta vantagens

incontestáveis, contudo a sua modelagem na aplicação de controle de estoque deve ser

realizada com um mapeamento completo e sistêmico, levando em consideração o layout físico

do armazém, fluxo de matérias, capacidade técnica dos funcionários e os custos totais

envolvidos.

5.2.2 WMS (Warehouse Management System)

Durante a visita técnica, foi possível verificar que a empresa, EADI - Aurora utilizava

um sistema de gerenciamento do armazém (WMS) responsável pelo gerenciamento da

operação do armazém.

Segundo Ballou (2001) o principal propósito de coletar, manter e manipular os dados

dentro da empresa é tomar decisões, abrangendo desde o estratégico até o operacional, sendo

que com disponibilidade de computadores de alta velocidade, que possuem alta capacidade de

armazenagem de dados cada vez maior, os procedimentos em torno do manuseio de dados

tornaram-se mais estruturados.

48

O WMS é um sistema de gestão integrada de armazéns, que operacionaliza de forma

otimizada todas as atividades e seu fluxo de informações dentro do processo de armazenagem.

Essas atividades incluem recebimento, inspeção, endereçamento, estocagem, separação,

embalagem, carregamento, expedição, emissão de documentos, inventário, administração de

paletes entre outras, que, agindo de forma integrada, atendem às necessidades logísticas,

evitando falhas e maximizando a produtividade dos recursos disponíveis.

5.2.3 VANT- Veículo Aéreos Não Tripulado

Nos últimos anos, cada vez mais os VANTs - veículos aéreos não-tripulados,

conhecidos também como drones, são utilizados em várias para aplicações comerciais e

indústrias. Estes tipos de aeronaves são controlados à distância por meios eletrônicos e

computacionais, sob a supervisão de humanos, ou mesmo sem a sua intervenção, por meio de

Controladores Lógicos Programáveis (CLP).

Segundo o LALT – Laboratório de Aprendizagem em logística e Transportes (2019), a

busca pela melhoria da eficiência das operações logísticas está sempre em pauta nas grandes

empresas. Assim, a logística e suas operações são totalmente passíveis de obter os benefícios

com uso destes veículos, pois estes permitem a realização de tarefas diárias com maior

acurácia e qualidade, reduzindo inclusive o que tange o desgaste físico e fadiga dos

colaboradores, melhorando assim, a produtividade em geral.

Esse tipo de aeronaves surgiu na década de 1960, restrito ao uso militar, para o

reconhecimento de terrenos que permitindo uma visão aérea. Na década de 1970, Israel

desenvolveu uma série VANTs destinadas especificamente à vigilância e ao escotismo. Já

durante os anos 1980, seu uso possibilitou efetuar operações bélicas onde não havia a

necessidade de colocar uma vida humana em risco. E por fim em 2006, com a liberação para o

uso civil, diversas aplicações industriais e de serviço surgem, como por exemplo, nos campos

de infraestrutura, energia, agricultura, construção civil, proteção do meio ambiente, segurança

pública e privada; e também logística.

Heutger e Kückelhaus (2014), destacam que a aplicação de VANTs no setor logístico

seja ela na indústria ou na prestação de serviços ainda está em um estágio muito inicial, visto

inclusive estas aplicações como visionários e futuristas por muitos.

49

Sugere-se que os VANTs possam ser capazes de navegar por um armazém, encontrar

objetos logísticos e realizar uma contagem de inventário. Desta forma a informação recolhida

pelo VANT por ser transmitida ao sistema de gestão ou WMS (Warehouse Management

System) por meio de interfaces e ondas de rádio frequência conforme é possível verificar na

Figura 16. Isso permite a transferência direta de informações relacionadas ao contexto

selecionadas, tendo como intenção inspirar e desencadear discussão sobre aos ganhos de

produtividade e acuracidade do sistema logístico.

Figura 16: VANT – Veículo Aéreo Não Tripulado.

Fonte: Heutger e Kückelhaus (2014, pag.18).

Heutger e Kückelhaus (2014), afirmam também que o uso dos VANTS pode-se ser

classificado em quatro categorias:

1. Primeiro e último quilômetro de entrega urbanas;

2. Entrega em áreas rurais,

3. Vigilância de infraestrutura e processos;

4. Intralogística.

50

5.3. Recursos Humanos

Criar equipes de trabalho eficientes significa muito mais do que reunir trabalhadores e

de acordo com Gaither e Frazier (2001), formar equipes exige treinamento em eficiência de

equipe, resolução de conflitos, mediação do desempenho da equipe e sistema de motivação.

Uma característica poderosa das equipes de trabalho eficiente é que elas podem concentra-se

em processos em vez de departamentos.

Deve-se entender que a especialização da mão de obra se refere ao número de tarefas

que um trabalhador executa. Um trabalhado altamente especializado é aquele em que o

trabalhador executa repetitivamente somente uma estreita variedade de atividades, como por

exemplo, realizar a contagem de inventário de um determinado material para a verificação da

sua acurácia. Por outro lado, um trabalhado que não é muito especializado, seria aquele em

que o trabalhador faz uma variedade de tarefas durante o dia.

Simch-levi et al. (2003) afirmam que embora ser possível encontrar trabalhadores

apropriados para os níveis de tecnologia disponíveis em cada empresa, frequentemente é

difícil encontrar profissionais treinados em logística e familiarizados com técnicas modernas

em países de Terceiro Mundo, o que torna o treinamento especialmente necessário para o

sucesso da organização.

Por fim para Fitzsimmons e Fitzsimmons (2000), com uma estratégia organizacional,

trabalhar como uma equipe se torna uma norma, e a atenção é focalizada em servir o cliente,

ao invés de simplesmente realizar tarefa. Desta forma, o papel da gerencia sofre uma

transformação, passando da tradicional supervisão ou verificação para treinador e construtor

de equipes.

6. PLANO DE AÇÕES

De acordo com Marcondes et al. (2017), como toda melhoria implica em mudanças, o

plano de ação é necessário para dar disciplina e racionalidade ao processo, tendo em vista que

este está sempre sujeito a fatores imponderáveis e restritivos, especialmente os de natureza

político cultural do ambiente, comuns em mudanças organizacionais.

Assim, serão expostos nas tabelas com os planos de ações seguindo o modelo de

Marcondes et al. (2017), preenchidos a partir das propostas de solução e recomendações

levantadas no capítulo anterior. Será apresentado às ações necessárias, como a proposta deve

51

ser implementada, quem vai liderá-la, quem participará, qual o prazo, onde as atividades

devem ser desenvolvidas e os seus custos.

Por fim, deve-se considerar que a existência do plano de ação não garante que a sua

realização seja confirmada de forma plena. As decisões precisam estar ancoradas e alinhadas

com a direção da empresa, pois as ações sempre dependem do contexto financeiro, político,

social e psicológico em que estão inseridas.

6.1. Métodos de Gestão de Inventário

De acordo com a Tabela 4, é possível verificar as ações para a implementação da

proposta de plano de ação no que se refere aos métodos de gestão de inventário citados no

item 5.1.

Tabela 4: Proposta de Implantação de Métodos Gestão de

Inventário

Fonte: Elaborado pelo autor (2019).

52

6.1.1. Matriz de Avaliação de Risco e de Investimentos Necessários

Segundo Marcondes et al. (2017), toda a implantação de plano de ação para mudança

envolve riscos e custos e/ou investimentos, sendo que estes devem ser avaliados

antecipadamente para cada ação proposta, de maneira a garantir a eficiência dos resultados.

Caso o risco de alguma solução proposta não compense os seus benefícios, esta deve ser

modificada ou abandonada.

Existem muitos riscos no caminho da inovação, portanto a gestão de risco deve ser um

facilitador e não um inibidor do processo de inovação. Para Ross, Westerfield e Jaffe (2008),

o retorno esperado de um ativo está positivamente relacionado a seu risco. Ou seja, os

indivíduos aplicarão num ativo com risco somente se seu retorno esperado compensar seu

risco. Desta forma a gestão do risco permite compreender as incertezas, classificando a suas

probabilidades e impactos, permitindo desenvolver ações preventivas para evitar as ameaças e

aproveitar as oportunidades.

Abaixo, é possível observar a Tabela 5 com a matriz de Avaliação de Risco de

Implantação de Métodos Gestão de Inventário.

Tabela 5: Matriz de Avaliação de Risco de Implantação de Métodos Gestão de

Inventário

Fonte: Elaborado pelo autor (2019).

53

Conforme, informado na proposta de implantação de métodos gestão de inventário não

haverá investimentos ou custos adicionais para a implementação do plano de ações das

propostas dos métodos de gestão de inventário, considerando que as ações serão realizadas

por áreas cujos funcionários são contratados, com carga horário de trabalho estabelecida que

podem apoiar as ações identificadas.

6.2. Alternativas Tecnológicas

As ações para se implementar as alternativas tecnológicas serão apresentadas aos

Sócio Presidente e ao Sócio Diretor Industrial, paras os devidos esclarecimentos, validações e

analise de aderência e alinhamento ao plano estratégico previsto da empresa, gerando como

resultado a aprovação ou não dos recursos e investimentos necessários para implementação e

roll-out. De acordo com a Tabela 6, pode-se verificar os passos de implementação no que se

refere aos métodos de gestão de inventário citados no item 5.2.

Tabela 6: Proposta de Implantação de Alternativas Tecnológicas

Fonte: Elaborado pelo autor (2019).

54

6.2.1. Matriz de Avaliação de Risco e de Investimentos

Neste item, é possível observar a Tabela 7 com a matriz de avaliação de risco para a

implantação de alternativas tecnológicas.

Tabela 7: Matriz de Avaliação de Risco de Implantação de Alternativas

Tecnológicas

Fonte: Elaborado pelo autor (2019).

É possível observar na Tabela 7 que os maiores riscos estão ligados a pouca

experiência com as alternativas tecnológicas ou a falta de recursos para implementação e

execução da solução. Neste sentido o levantamento dos custos e investimentos se mostra

fundamental para a devida avaliação e análise de viabilidade.

Na Tabela 8 é apresentado os orçamentos iniciais para a contratação e implementação

de cada uma das alternativas tecnológicas, sendo que estes custos são iniciais e precisarão ser

revisados, aumentando o número de fornecedores de atuação nacional e exterior. Deve-se

ainda avaliar parcerias de solução no que se tange a execução de testes pilotos, em uma menor

amostra de da operação.

55

Tabela 8: Orçamentos para a Contratação e Implementação das Alternativas

Tecnológicas.

Fonte: Elaborado pelo autor (2019).

6.3. Recursos Humanos

De acordo com a Tabela 9, é possível verificar as ações para a implementação da

proposta de plano de ação no que se refere a gestão dos recursos humanos citados no item 5.3.

56

Tabela 9: Proposta de Implantação de Gestão de Recursos

Humanos

Fonte: Elaborado pelo autor (2019).

6.3.1. Matriz de Avaliação de Risco e de Investimento

Neste item, é possível observar a Tabela 10 com a matriz de avaliação de risco para a

implantação de alternativas na gestão dos recursos humanos.

57

Tabela 10: Matriz de Avaliação de Risco de Implantação de Alternativas na gestão dos

Recurso Humanos.

Fonte: Elaborado pelo autor (2019).

É possível observar na Tabela 10, que em relação a probabilidade, os riscos se

enquadram em baixo ou médio, sendo estas também as classificações para os impactos.

Já de acordo com a Tabela 11 é os investimentos identificados para a implantação das

alterações na gestão de recursos humanos pode ser considerado baixo diante do impacto

positivo proporcionado a melhora na gestão do inventário de materiais da empresa.

Os valores identificados e atualizados até o momento seguem na Tabela 11.

58

Tabela 11: Orçamentos para a Contratação e Implementação das Alternativas na Gestão dos

Recursos Humanos.

Fonte: Elaborado pelo autor (2019).

7. INTERVENÇÃO

De acordo com Marcondes et al. (2017), o processo de intervenção por se tratar de

algo que mexe com o conforto das pessoas, existe uma certeza: há sempre baixa ou grande

resistência à mudança, seja ela localizada ou generalizada e para que a mudança seja efetiva, é

preciso estabelecer uma estratégia que conquiste as pessoas sobre a necessidade de sua

efetivação, de maneira a reduzir ou superar grande parte das resistências, já que anulá-las é

impraticável.

Neste sentido foi alinhado com os sócios-diretores que as ações que não tivessem

custos e/ou investimento ou se este fosse classificado como baixo, as gerências de Logística,

RH e T.I estavam autorizados a seguir com a implantação conforme prazos informados nas

tabelas do item 6 – Plano de Ações.

Em relação as ações, onde os custo e/ou investimento fossem avaliados como médio

ou alto, deveriam ser apresentados em reunião formal para o corpo diretivo e gerencial, afim

de se avaliar a aderência ao plano estratégico da empresa. Essas ações também precisaram ser

sequenciadas em relação a lista de investimentos mapeados no plano diretor da empresa, bem

59

como também entrar no processo de rodadas de negociação junto aos fornecedores e parceiros

de soluções a fim de se buscar reduções dos custos e/ou investimentos.

7.1. Métodos de Gestão de Inventário

Devido aos baixos custos de investimento e prazos de implantação de curta duração, as

ações definas na Tabela 4 foram aprovadas e estão sendo implantadas com o suporte das áreas

envolvidas.

Foi realizada reuniões com a equipe operacional, baixa liderança (líderes de processo

de encarregados) e média liderança (supervisão) para a apresentação das ações e do plano de

implantação.

7.2. Alternativas Tecnológicas

Já em relação a implantação das alternativas tecnologias, devido aos altos valores de

investimento identificados na Tabela 8 e riscos classificados entre médio e altos apresentados

na Tabela 7; a intervenção deverá ser avaliada em apresentação para os sócios, presidente e

diretor industrial, afim de se avaliar a viabilidade de implantação e alinhamento das ações

com a estratégia corporativa de curto, médio e longo prazo.

Deve-se levar em consideração possíveis negociações comerciais junto aos

fornecedores e parceiros de solução das ferramentas apontadas nas ações na Tabela 6, onde

deverão ser conduzidas pela equipe de compras e T.I, visto a maior expertise e capacidade

técnica de conciliação os diversos interesses econômicos, afim de buscar as melhores

propostas financeiras e de prestação de serviço possível.

7.3. Recursos Humanos

Em relação à implantação das alternativas de gestão dos recursos humanos, as ações

apontadas na Tabela 9 apresentam uma variação entre custos de implantação ente baixo,

médio e alto, bem como prazos de implantação menores (praticamente imediato) e outros

mais longos.

No que tange a avaliação dos riscos, pode-se verificar na Tabela 10 que a

probabilidade das ações de implantação se enquadram entre baixo e médio, e onde os seus

impactos também são classificados com baixo e médios.

60

De acordo com o alinhamento realizado com os sócios-diretores as ações com custos

e/ou investimentos baixo, foram autorizadas e estão em processo de implantação, onde já se

pode iniciar o processo de avaliação dos resultados.

8. AVALIAÇÃO

De acordo com Marcondes et al. (2017), a avaliação do PSPE/AO tem a finalidade de

verificar a eficácia dos resultados obtidos em relação aos esperados e a eficiência dos

procedimentos adotados na sua execução. Deve ser conduzido com vistas a propiciar um

aprendizado relevante quanto à efetiva solução dos problemas na empresa. As avaliações

parciais, contudo, devem ocorrer ao longo do trabalho, durante e após cada fase, não

precisando se restringir à do seu encerramento.

Como apontado no item anterior, devido a necessidade de aprovação das ações com

custos e/ou investimentos médios e altos, a avaliação apurada se deu de forma parcial e com o

cronograma adaptado.

8.1. Gráfico de Acurácia de Inventário

O processo de gestão de inventário em uma operação logística de uma empresa do

setor de embalagens passou por uma avaliação com coleta de dados para mapear os momentos

onde não conformidades ocorriam, gerando falhas na gestão do inventário de materiais, que

conforme apresentado na Figura 14 anteriormente a acurácia de inventário se apresentava

abaixo da meta estabelecida de 98,5%.

Apesar de não ter ocorrido à implantação de todas as ações indicadas no item 5 –

Propostas de Solução do Problema, devido a necessidade de aprovação dos sócios presidente

e diretor industrial, as ações sem custo ou com baixo investimento, como por exemplo as

relacionadas as dos métodos de gestão de inventário já foram implantadas e apontam para um

melhor desempenho conforme é possível constatar na Figura 17, onde a acurácia percentual

vem apresentando um incremente pequeno, contudo constante mês após mês, demostrando

uma melhora considerável na qualidade da operação. No entanto, a diferença apresentada

reside nos grandes players e na concorrência entre eles. Essa condição revela um ponto

sensível na gestão do inventário da empresa.

61

Figura 17: Acurácia do Inventário % e o Número Médio de Contagens por Dia - 2019.

Fonte: Elaborado pelo autor (2018)

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONTRIBUIÇÕES

Como foi apresentada, a gestão dos materiais em uma operação logística se demostra

fundamental para a rentabilidade em qualquer negócio independentemente do seu setor

econômico, contudo toma um destaque ainda maior quando executada em uma empresa do

setor de embalagens de produção dedicada.

Esta situação de relevância ocorre devido à complexidade na escala das produções e

do abastecimento dos clientes, visto a variedade de itens, artes exclusivas e validade ligada a

ações promocionais e de uso único e individual.

A fim de se identificar propostas de soluções, se buscou auxílio no meio acadêmico

para colocar “luz” no problema de falha na acuracidade na gestão de materiais.

O meio acadêmico contribuiu no entendimento, diagnóstico, contextualização,

entendimento e formatação da estrutura de resolução do problema, gerando um plano de ação

para a correção das falhas na gestão do inventário de materiais, empregando a inovação nas

propostas de soluções, com o objetivo de elevar e consolidar a acuracidade dos materiais.

Conclui-se que a experiência adquirida neste trabalho, poderá ser compartilhada e

servir como base para decisões de outras empresas de segmentos similares ou mesmo

62

diferentes no que tange a aplicabilidade na gestão de materiais, a fim de gerar aprimoramento

dos resultados de inventários logísticos.

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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11. APÊNDICE

RELATÓRIO DE VISITA TÉCNICA

Mestrado Profissional em Administração do Desenvolvimento de Negócios – Universidade

Presbiteriana Mackenzie

EADI - Aurora

Empresa Visitada: EADI – Aurora

Contato: Luis Pigatti, Rafael e Fernando Sanches

Site: http://www.eadiaurora.com.br/index.php/pt/

Data da Visita: 26/03/19

Objetivo da Visita: Conhecer o processo de Gestão de Inventário de

Materiais e as ferramentas de tecnologia utilizadas.

Participantes

Mackenzie:

Prof. Dr. Marcos Antonio Franklin

Aluno do Mestrado: Ricardo Kaltenbacher O.

Patricio

Participantes

EADI Aurora:

Luis Pigatti

Fernando Sanches

Rafael

Relatório

A visita técnica se deu na Estação Aduaneira do Interior (EADI) Aurora localiza a

sua sede a Rodovia Senador José Ermírio de Moraes, s/n - Iporanga, na cidade de Sorocaba

no interior do estado de São Paulo. Essa visita teve como objetivo a ida ao campo para a

65

verificação do processo de gestão de inventario de materiais e o uso de tecnologias adotada

por eles para o aprimoramento do gerenciamento e controle da acurácia em uma operação

logística.

A visita foi realizada no dia 26/03/2019, sendo que inicialmente eu, Aluno do

Mestrado Profissional Mestrado Profissional em Administração do Desenvolvimento de

Negócios Ricardo Kaltenbacher O. Patricio em companhia do Prof. Marcos A. Franklin,

nos apresentamos no início do dia na portaria de controle de acesso para anunciar a nossa

chegada e posterior liberação do acesso às dependências internas da empresa.

Após a nosso cadastramento e entrada, fomos até a recepção interna da empresa onde

fomos recebidos pelo Gerente Geral do EADI o Sr. Luis Pigatti que após cumprimentos de

“boas vindas”, iniciou a reunião nos apresentando um overview da operação do EADI,

explicando que o EADI se trata de um terminal privado alfandegado de uso público, que a

empresa é detentora de concessão obtida mediante licitação pública realizada pela Receita

Federal, e autorizada a operar os regimes aduaneiros na importação e exportação.

Explicou ainda que um entreposto aduaneiro é um provedor de soluções logísticas

integradas em quatro setores:

- Armazém Alfandegado.

- Alfandegado com Anuência da Anvisa

- Armazém Geral.

- Transportes.

Passou-nos também que o EADI – Aurora é uma empresa dotada de grande e

avançada estrutura, logística e tecnologia e está em operação desde 2000 e faz parte de uma

grande corporação empresarial especializada em transporte, terminais de cargas e

condomínios industriais.

Em relação ao posicionamento e estratégia de mercado, fomos informados que após

a adoção do processo de OEA sigla para Operador Econômico Autorizado, introduzido

pela normativa da Receita federal em 2.105, onde este concede tratamento diferenciado as

empresas importadoras como por exemplo simplificação e agilidade nos procedimentos

aduaneiros no País e no exterior; o mercado de atuação do EADI foi reduzido e muito mais

competitivo, onde os custos operacionais e de gestão de inventário se tornaram decisivos na

manutenção da base de clientes, bem como na aquisição de novos.

Após a reunião inicial, nos foi proporcionado uma visita pelas instalações

administrativas do EADI, sendo esta conduzida pelo Sr. Rafael - RH. Ele nos apresentou as

áreas destinadas aos funcionários da Receita Federal, Anvisa e dos Despachantes

Aduaneiros, sendo estes atores fundamentais para o atendimento dos clientes do EADI –

Aurora.

Ao final fomos conduzidos até área do armazém, sendo este o cenário principal da

operação logística do EADI. Na chegada, fomos orientados a seguir as normas de segurança

e de gestão patrimonial e conduzidos até o Gerente Operacional o Sr. Fernando Sanches,

funcionário desde 2.006 e que gentilmente nos recebeu em seu escritório e mesa.

O gerente Fernando, informou que o Armazém possui capacidade de armazenar

10.000 paletes, que processa 800 processos (de importação e exportação) por mês e que

atualmente possui um acurácia de inventário de 99,9% nas movimentações de

armazenagem e 100% nos processos de carregamentos e expedição aos clientes. No que se

refere a gestão e controle de materiais, o Sr. Fernando afirmou que caminho até chegar a

este nível de acuracidade foi longo e de muito trabalho.

Ele nos relatou que o processo se iniciou em 2.006, onde todos os processos eram

realizados por meio de registro manual sem suporte de qualquer sistema eletrônico de

66

gerenciamento eletrônico. O gerente Fernando citou como exemplo que; um processo de

carregamento de um veículo para atendimento ao cliente, demandava em média 3 horas,

pois em muitas vezes os materiais não eram localizados no armazém. Nesta época alguns

funcionários com mais experiência, eram denominados como “Heróis”, pois devido ao

tempo de serviço na função, conseguiam identificar e localizar os materiais perdidos com

maior facilidade.

Este processo foi alterado em 2.010 com a aquisição do sistema de Gerenciamento

do armazém – WMS da empresa INFOR (https://www.infor.com/products/supply-chain-

management/cloudsuite-warehouse-management) pelo EADI - Aurora, sendo este o mais

completo e definido pelo Gerente Fernando como uma verdadeira “Ferrari” em analogia

com um automóvel.

O sistema apresenta gestão por meio do RFID (Radio-Frequency IDentification),

onde o WMS (Warehouse Management System) gerenciava e rastreava o material,

indicando inclusive automaticamente onde cada material recebido deveria ser armazenado e

endereçado. O sistema também realizava o gerenciamento das janelas de recebimento e a

programação de separação e preparação das cargas.

Contudo, na prática o sistema apresentou várias falhas ao longo dos 3 anos que foi

utilizado. Conforme informado pelo Sr. Fernando, o sistema com RFID apresentava um

custo elevado de manutenção (não foi apresentado o valor nominal ou percentual devido a

questão de confidencialidade); e várias falhas em seu funcionamento, sendo a principal

falha citada por ele, era a indicação de locais de armazenamento já ocupados, onde o

operador de empilhadeira era impossibilitado de realizar a armazenagem física, gerando

assim desvio de inventario físico X sistema. Segundo o Sr. Fernando a acurácia de

inventário na época era de apenas 93,0%.

Após três anos de uso; o sistema com RFID fornecido pela INFOR - Empresa global

especializada em softwares para empresas em mercados específicos da indústria com sua

sede em Nova York, e mais de 68.000 clientes (https://www.infor.com/about); foi

substituído por outro sistema WMS de maior simplicidade.

Em 2.013 o sistema escolhido foi o da empresa ALCIS (https://www.alcis.com.br/),

empresa também especializada em softwares, e que teve um investimento aproximadamente

R$ 300.000,00, foi implementado na operação do EADI conforme nos foi informado pelo

Sr. Fernando.

O sistema da empresa ALCIS - Empresa 100% brasileira e com foco no

desenvolvimento de soluções de tecnologia (https://www.alcis.com.br/grupo-alcis/) é o

sistema atualmente utilizado no EADI - Aurora, apresenta menos recursos tecnológicos em

comparação ao sistema anterior, como por exemplo, o uso de etiquetas com códigos de

barra unidimensional no local de etiquetas com RFID, contudo segundo o gerente

Fernando, o sistema tem maior aderência a operação de recebimento, armazenamento e

expedição, o que segundo a sua avaliação resultou em uma melhora na operação de uma

forma geral.

Além do sistema, atualmente a operação do EADI - Aurora, possui 4 funcionários

dedicados exclusivamente ao processo de contagem de inventário de materiais e mais 8

funcionários alocados em atividades de “prevenção de perdas”. A fim de se ter autonomia

nas atividades estes 12 funcionários respondem diretamente ao Gerente Geral Luis Pigatii.

Ao final, nos foi informado que seria um diferencial, se o sistema de gestão de

armazéns – WMS tivesse a disposição a localização “on line” dos materiais em forma de

mapa e, superaria a expectativa se a informação estivesse disponível para consulta via

celular e com a imagem do produto – como, por exemplo, a foto.

Considerações

67

Durante a visita técnica, foi possível verificar que a empresa visitada, EADI - Aurora

apresenta alta organização, limpeza e layout ajustado a operação existe, o que facilita e vem

de encontro a necessidade da acuracidade e produtividade necessária para mercado de

atuação.

Contudo foi evidenciado, por intermédio dos relatos recebidos pelos entrevistados e

as observações feitas durante a visita, que o sistema com RFID não apresentou o resultado

esperado na gestão da operação logística de recebimento, armazenagem e expedição. As

causas expostas não são conclusivas, mas expressam as avaliações dos profissionais que

vivenciaram a experiência “in loco”, em sua implementação, uso e substituição.