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Glorificação de Deus e salvação do homem Perspectivas litúrgicas do Vaticano II Pe. Dr. Françoá Costa* A liturgia é, na vida da Igreja, um espaço vital que, quando posto em análise, suscita discussões praticamente intermináveis. Mas não é só o diálogo teológico que se “esquenta” quando o assunto é liturgia, a mesma vida litúrgica da Igreja foi e continua sendo um campo no qual as opiniões querem fazer-se ouvir, inclusive através de certo fundamentalismo. A meu ver, as controvérsias no campo litúrgico surgem de duas tendências que são, ao mesmo tempo, opostas e extremas: por um lado, o rubricismo litúrgico, por outro, o relaxamento litúrgico. Mas, qual é a raiz mais profunda desses debates tão “animados”? Creio que podemos fazer uma analogia com o coração, órgão sensível, complexo e do qual depende grande parte da nossa vitalidade. Pois bem, a liturgia é o coração da Igreja: nela celebramos a fé e através dela descobrimos a fé da Igreja, conforme o antigo adágio lex orandi lex credendi, isto é, “a lei da oração é a lei da fé”. O Catecismo explica esse adágio da seguinte maneira: “a Igreja traduz em sua profissão de fé aquilo que expressa em sua oração” 1 . Definitivamente, não se pode mexer no coração arbitrariamente; caso contrário, se caminho rumo à morte. Todos nós estamos de acordo que a reforma litúrgica que o Concílio Vaticano II realizou e favoreceu em toda a Igreja foi expressão da ação do Espírito Santo que dinamiza constantemente a mesma Igreja. Contudo, é fato que nem todos entenderam o espírito dessa reforma. O cardeal Roger Etchegaray, ao prefaciar o clássico livro de Jean Corbon, “A fonte da liturgia”, escrevia que “algumas vezes os animadores dessa renovação orientam os seus esforços apenas para as modalidades da celebração e não nos ajudam verdadeiramente a penetrar no mistério litúrgico” 2 . O objetivo das páginas que seguem é aprofundar um pouco mais na Constituição sobre a Sagrada Liturgia do Concílio Vaticano II sob a perspectiva do “mistério litúrgico”, cujos objetivos não são outros senão a glorificação de Deus e a salvação do homem. Contudo, não são objetivos extrínsecos ao mistério do culto cristão, ao contrário, eles são ínsitos à toda celebração e neles se realiza essa dupla realidade que, na economia da salvação, encontram-se sempre inseparavelmente entrelaçadas, como unidas estão as * Pe. Françoá COSTA é doutor em teologia pela Univesidade de Navarra (Espanha) e professor na Faculdade Católica de Anápolis nos cursos de Filosofia e Teologia. 1 CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, nº 1124, Petrópolis: Vozes, 1998, 9ª ed., 317. A partir de agora será citado como Cat. 2 Roger ETCHEGARAY, Prefácio, em Jean CORBON, A fonte da liturgia, Lisboa: Paulinas, 1999, 5.

Glorificacao de deus e salvacao do homem perspectivas liturgicas do vaticano ii

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Glorificação de Deus e salvação do homem

Perspectivas litúrgicas do Vaticano II

Pe. Dr. Françoá Costa*

A liturgia é, na vida da Igreja, um espaço vital que, quando posto em análise, suscita discussões praticamente intermináveis. Mas não é só o diálogo teológico que se “esquenta” quando o assunto é liturgia, a mesma vida litúrgica da Igreja foi e continua sendo um campo no qual as opiniões querem fazer-se ouvir, inclusive através de certo fundamentalismo. A meu ver, as controvérsias no campo litúrgico surgem de duas tendências que são, ao mesmo tempo, opostas e extremas: por um lado, o rubricismo litúrgico, por outro, o relaxamento litúrgico.

Mas, qual é a raiz mais profunda desses debates tão “animados”? Creio que podemos fazer uma analogia com o coração, órgão sensível, complexo e do qual depende grande parte da nossa vitalidade. Pois bem, a liturgia é o coração da Igreja: nela celebramos a fé e através dela descobrimos a fé da Igreja, conforme o antigo adágio lex orandi lex credendi, isto é, “a lei da oração é a lei da fé”. O Catecismo explica esse adágio da seguinte maneira: “a Igreja traduz em sua profissão de fé aquilo que expressa em sua oração”1. Definitivamente, não se pode mexer no coração arbitrariamente; caso contrário, se caminho rumo à morte.

Todos nós estamos de acordo que a reforma litúrgica que o Concílio Vaticano II realizou e favoreceu em toda a Igreja foi expressão da ação do Espírito Santo que dinamiza constantemente a mesma Igreja. Contudo, é fato que nem todos entenderam o espírito dessa reforma. O cardeal Roger Etchegaray, ao prefaciar o clássico livro de Jean Corbon, “A fonte da liturgia”, escrevia que “algumas vezes os animadores dessa renovação orientam os seus esforços apenas para as modalidades da celebração e não nos ajudam verdadeiramente a penetrar no mistério litúrgico”2.

O objetivo das páginas que seguem é aprofundar um pouco mais na Constituição sobre a Sagrada Liturgia do Concílio Vaticano II sob a perspectiva do “mistério litúrgico”, cujos objetivos não são outros senão a glorificação de Deus e a salvação do homem. Contudo, não são objetivos extrínsecos ao mistério do culto cristão, ao contrário, eles são ínsitos à toda celebração e neles se realiza essa dupla realidade que, na economia da salvação, encontram-se sempre inseparavelmente entrelaçadas, como unidas estão as * Pe. Françoá COSTA é doutor em teologia pela Univesidade de Navarra (Espanha) e professor na Faculdade Católica de Anápolis nos cursos de Filosofia e Teologia. 1 CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, nº 1124, Petrópolis: Vozes, 1998, 9ª ed., 317. A partir de agora será citado como Cat. 2 Roger ETCHEGARAY, Prefácio, em Jean CORBON, A fonte da liturgia, Lisboa: Paulinas, 1999, 5.

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duas caras de uma moeda. Penso que tal perspectiva nos afastará de uma polêmica superficial e nos fará adentrar naquele fundamento teológico que ajudará a superar tanto o rubricismo quanto o relaxamento em matéria litúrgica.

1. O Mistério celebrado

“Encontro-te, ó Cristo, nos teus mistérios”3. Essa alusiva frase de Santo Ambrósio serve para que adentremos no mysterium liturgicum através do qual se torna célebre o

Mistério cristão. Mas, qual é o Mistério cristão? É o Mistério Pascal, dado que toda a vida de Cristo encaminha-se à Páscoa. O Mistério Pascal de Cristo é a sua Paixão, Morte e Ressurreição. Mas o que é que nos salva senão Cristo e os Mistérios de sua carne? Toda a vida de Cristo é salvadora, e toda ela encaminha-se ao ápice: o Mistério Pascal. Contudo, nenhum de nós esteve fisicamente presente ao Mistério Pascal de Cristo, que é justamente o que nos salva. Temos aqui um problema: se não estivemos lá presentes, em contato com Cristo e sua Obra, como seremos salvos? Cristo com o seu poder – virtute sua – pode alcançar-nos e salvar-nos, como de fato o fez e continua a fazer: alcança-nos e salva-nos com o seu poder e com o seu amor, o Espírito Santo. Não obstante, através dos Sacramentos, máxime da Eucaristia, somos tocados pelos mistérios salvadores do Senhor, ele vai fazendo com que em nós torne-se uma realidade a redenção subjetiva, que é a aceitação individual, pessoal, da redenção objetiva (a obra de Cristo: sua Paixão, Morte e Glorificação). Fala-se aqui, então, de uma Redenção subjetiva maravilhosamente eficaz, já que falamos dela enquanto ela torna-se realidade em nós através dos Sacramentos. Cristo salva-nos coletivamente (na assembleia reunida) e individualmente (como indivíduo que se encontra presente ao Mistério).

Ao colocar tanta ênfase no Mistério em matéria litúrgica, não há como não recordar a figura de Odo Casel. Para esse “padre” da teologia litúrgica contemporânea o mysterium Christi é o centro da vida litúrgica. Contudo, mistério deve ser entendido como uma ação sagrada e cultual na qual se atualiza, por meio de um rito, o mistério da salvação, que é Cristo mesmo, com tudo o que ele é, fez e disse. Na primeira metade do século passado, Casel insistia que todos os sacramentos são, de fato, mistérios, porque através deles a Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo se atualizam em nós de maneira mística, isto é, misteriosa, através dos sinais sacramentais4.

Ao realizarmos a nossa leitura da Constituição sobre a Sagrada Liturgia, a Sacrosanctum Concilium, encontraremos muitas semelhanças com essas ideias

3 AMBRÓSIO DE MILÃO, Apologia Prophetae David I, 58. 4 Cf. Odo CASEL, El misterio del culto cristiano, San Sebastián: Dinor, 1953, 62-63.

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caselianas, especialmente quando o Concílio afirma que “a liturgia, com efeito, mediante a qual, especialmente no divino sacrifício da eucaristia, “se atua a obra da nossa redenção” contribui sumamente para que os fiéis exprimam em suas vidas e manifestem aos outros o mistério de Cristo e a genuína natureza da verdadeira Igreja”5. Algo semelhante encontraremos no Catecismo da Igreja Católica ao tratar os sacramentos sob o prisma da assim chamada “Economia Sacramental”, que “consiste na comunicação (ou dispensação) dos frutos do Mistério Pascal de Cristo na celebração da liturgia “sacramental” da Igreja”6. Os frutos do Mistério Pascal são-nos comunicados quando o mesmo Mistério Pascal faz-se presente nos Sacramentos. Nestes há uma verdadeira atualização dos Mistérios de Cristo no “hoje” de nossa história, de tal maneira que a eternidade irrompe no tempo e o tempo entra na eternidade, por assim dizer. O “sursum corda – corações ao alto” que o sacerdote diz na celebração eucarística é um verdadeiro convite para ir ao céu por alguns instantes.

Diz ainda o Catecismo que “a liturgia cristã não somente recorda os acontecimentos que nos salvaram, como também os atualiza, torna-os presentes. O mistério pascal de Cristo é celebrado, não é repetido; o que se repete são as celebrações; em cada uma delas sobrevém a efusão do Espírito Santo que atualiza o único mistério”7. Uma aplicação imediata do que foi dito à Eucaristia nos fará afirmar a mesma coisa: nela não se repete o Mistério Pascal, mas se atualiza; a Missa é atualização, não a repetição, do mesmo e único sacrifício salvador. A efusão do Espírito Santo na Missa e as palavras da consagração atualizam em primeiro lugar o mistério de Cristo através dos sinais sacramentais, transformando as substâncias do pão e do vinho no Corpo e no Sangue do Senhor. Mas o Espírito Santo também atualiza o mistério de Cristo em nós: de fato, na celebração eucarística há uma segunda epíclese que frequentemente passa despercebida: “(...) concedei que (...) sejamos repletos do Espírito Santo e nos tornemos em Cristo um só corpo e um só espírito” (Oração Eucarística III). O mesmo Espírito que eucaristizou os dons do pão e do vinho nos eucaritiza para que sejamos “um só corpo e um só espírito” e, em definitiva, para que sejamos cada vez mais outros cristos, o mesmo Cristo.

Encontramo-nos numa ótica profundamente misteriosa. É justamente essa visão mistérica que vai dominar a teologia litúrgica do Concílio Vaticano II. Nesse sentido, as palavras de Matias Augé podem ajudar a uma melhor compreensão do que queremos dizer: “ao sublinhar as sucessivas fases do plano salvífico de Deus, a Sacrosanctum Concilium afirma que elas foram realizadas em Cristo e por Cristo “especialmente por meio do mistério pascal da sua bem-aventurada Paixão, Ressurreição da morte e Ascensão gloriosa” (n. 5). Com essa afirmação a Páscoa de Cristo, ou seja, a realidade da redenção operada por Cristo (reconciliação do homem com Deus e perfeita glorificação

5 Constituição SACROSANCTUM CONCILIUM sobre a Sagrada Liturgia, nº 2, em DOCUMENTOS DO CONCÍLIO ECUMÊNICO VATICANO II, SP: Paulus, 2011, 5ª ed., 33-34. A partir de agora será citada como SC. 6 Cat. 1076. 7 Cat. 1104.

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de Deus), é colocada não só no centro da história da salvação, mas também no centro da liturgia da Igreja”8.

2. Perspectiva histórico-salvífica e eternidade de Deus

Os números 5 a 13 da Constituição sobre a Sagrada Liturgia do Vaticano II tratam a natureza da liturgia e sua importância na vida da Igreja. Talvez sejam os números mais densamente teológicos do texto da Sacrosanctum Concilium9. Numa perspectiva claramente histórico-salvífica, trata aquelas dimensões que são essenciais na liturgia: glorificação de Deus e santificação (divinização) dos homens. Em efeito, depois de anunciar a vontade salvífica universal de Deus, o Concílio cita Hb 1,1 que lembras as distintas ações e palavras de Deus durante toda a história do povo de Israel. Ao chegar ao momento mais alto da historia salutis, veio Cristo e nos salvou. Esta salvação é redenção e divinização, visa o bem do homem em toda a sua integridade, mas foi também perfeita glorificação de Deus.

Quanto à salvação do homem, trata-se de algo teologicamente necessário: o ser humano sempre necessita ser salvado, também na nossa época (algo evidente, mas que é preciso ser recordado!). Quanto à glorificação de Deus, logicamente não se trata de uma necessidade: Deus não precisa criar o homem nem salvá-lo com a finalidade de que lhe dê glória. Contudo, é justo que o ser humano glorifique a Deus; este fim só pode ser perfeitamente alcançado em Cristo. O Concílio deixa bem claras essas duas realidades ao afirmar que “em Cristo “deu-se o perfeito cumprimento da nossa reconciliação com Deus e nos foi comunicado a plenitude do culto divino”10.

Na perspectiva histórico-salvífica, a Sacrosanctum Concilium nos recorda que “a obra da redenção humana e da perfeita glorificação de Deus”11 começa com as mirabilia Dei realizadas em favor do Povo de Israel, chega à sua plenitude em Cristo e se faz presente na Igreja, pois pela liturgia se leva a efeito a salvação que o Esposo (Cristo) realizou em favor de sua Esposa (Igreja). Toda a liturgia é um diálogo sem interrupção entre Cristo (vox Sponsi) e a Igreja (vox Sponsae) em favor do gênero humano.

Estamos a trabalhar, portanto, com dois conceitos centrais, por um lado com o conteúdo da ação litúrgica – a história da salvação cuja plenitude é Cristo, máxime o seu Mistério Pascal – e o fim de tal ação: salvação do homem e glória de Deus.

8 Cf. Matias AUGÉ, Liturgia – história, celebração, teologia, espiritualidade. Tradução de Comercindo B. Dalla Costa. São Paulo: Ave Maria, 1996, 65. 9 Cf. Matias AUGÉ, Liturgia – história, celebração, teologia, espiritualidade, op. cit., 60. 10 SC, 5. 11 SC, 5.

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Na liturgia da Igreja dão-se, portanto, essas duas realidades que não são contraditórias: antropocentrismo e teocentrismo cristão. Uma primeira conclusão que nós podemos tirar dessas considerações é que não se pode ver a liturgia como uma espécie de jogo oposto entre Deus e o homem, muito ao contrário: na liturgia, Deus e o homem se encontram. A participação nos divinos mistérios através das ações litúrgicas da Igreja não deve ser vista como algo a ser feito por pessoas que não têm o que fazer. Orar a Deus não é perder tempo, mas – como dizia São João Maria Vianney – “a mais bela profissão do homem sobre a terra é rezar e amar”. Oramos a Deus, como cidadãos do céu, para construir, como cidadãos da terra, sem deixar de sermos cidadãos do céu, um mundo mais justo e mais fraterno. O opus liturgicum deve levar-nos à liturgia operum.

A Constituição conciliar afirma que a humanidade de Jesus – na unidade da pessoa do Verbo – é instrumento de nossa salvação e que nela “nos foi comunicada a plenitude do culto divino”. A salvação operada por Cristo – continua Sacrosanctum Concilium – teve o seu prelúdio, a sua plenitude e a sua atualização12. O prelúdio seria a atuação de Deus nos tempos do Antigo Testamento, a plenitude é o próprio Cristo e sua ação salvadora, a atualização do mistério de Cristo acontece através dos ritos litúrgicos da Igreja.

Nesse sentido, Jean Daniélou, famoso teólogo francês que conheceu de perto o movimento litúrgico, afirmava que a liturgia cristã deve ser estudada com o método intrabíblico que contempla o fato cristão fundamental da ação de Deus na história que constitui a historia salutis. Para esse autor, os sacramentos são intervenções atuais de Deus como foram as grandes obras realizadas pelo mesmo Deus na Antiga e na Nova Aliança. É preciso, portanto, conhecer quais são essas obras de Deus para compreender o conteúdo dos ritos sacramentais13. Mas, a proposição contrária também é verdadeira: podemos ir dos ritos sacramentais ao conhecimento das grandes atuações de Deus, pois, como dizia esse mesmo autor, a liturgia tem um horizonte amplo ao recapitular toda a historia da salvação, inclusive a criação de todas as coisas (vertente cósmica da opus liturgicum da Igreja)14.

Em relação à atualização do Mistério de Cristo na sagrada Liturgia, as afirmações de Jean Corbon continuam sendo de grande interesse15. Depois de lamentar-se o

12 SC, 5-6. 13 Cf. Jean DANIÉLOU, Histoire de Salut et formation liturgique, « Maison-Dieu »78 (1964) 22-25. 14 Cf. IDEM, Le mystère liturgique, intervention actuelle de Dieu dans l’histoire, « Maison-Dieu »79 (1964) 35-39. 15 Na compreensão atual da teologia litúrgica, não podemos esquecer a importância que teve o teólogo alemão Odo Casel (1886-1948) e o seu famoso livro “O mistério do culto cristão”. Para este autor, o Mysterium Christi é o centro de toda a vida litúrgica. Neste contexto, mistério é uma ação sagrada e cultual na qual se atualiza, por meio de um rito, o mistério da salvação que não é outro senão Cristo e sua obra redentora. São de Casel as seguintes considerações: “Desde que Cristo deixa de estar visivelmente entre nós, ‘o que era visível em Cristo – como diz Gregório Magno – passou aos mistérios’. A sua pessoa, suas ações salvadoras e o influxo da sua graça encontram-se nos mistérios do culto, como diz Ambrósio: “encontro-te e te sinto vivo nos teus mistérios” (cf. Odo CASEL, El misterio del culto cristiano, op. cit., 46).

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desconhecimento do mistério da Ascensão de Jesus Cristo aos céus, o autor de Liturgie de source afirma que a subida de Cristo aos céus é “uma viragem decisiva, o final de qualquer coisa a que não devemos fugir, o fim de um relacionamento com Jesus ainda muito exterior, mas sobretudo o começar duma relação de fé, totalmente nova, de um tempo novo: a liturgia dos últimos tempos”16.

A fonte da liturgia é o Pai, mas enquanto a humanidade de Cristo não sai gloriosa do sepulcro não há liturgia, já que a liturgia eterna da qual nós participamos aqui na terra é o próprio Corpo glorificado de Jesus, culto perfeito que o Pai recebe e através do qual santifica os seres humanos e atrai a criação na sua totalidade. Considerando a Ascensão como “o espaço novo da liturgia”, o autor utiliza a imagem do “rio de vida que saía do trono de Deus e do Cordeiro” (Ap 22,1) para explicar que esse rio flui e reflui. O Pai, fonte da liturgia, fez brotar de si mesmo um rio de salvação através da humanidade do seu Filho. Jesus Cristo, morto e ressuscitado, no seu movimento ascensional faz refluir o rio ao encontro do Pai. O Filho encarnado leva consigo, na sua humanidade gloriosa, toda a criação. Esse refluxo do rio crístico é de uma “correnteza” extraordinariamente forte, sendo ao mesmo tempo portadora da máxima glorificação do Pai e consumadora da salvação dos seres humanos: “o acontecimento da história aí está, no coração da Trindade, e, doravante, um com o Pai, Ele torna-se fonte”. O Pai, ao contemplar o regresso do Filho, acompanhado de toda a humanidade e de toda a criação, alegra-se e faz jorrar essa alegria – pela ação do Espírito Santo – rumo a toda à humanidade. Isto é, o Pai partilha o Filho no Espírito Santo; o efeito dessa partilha é a liturgia celebrada aqui na terra como participação da liturgia celeste, que é a fontal17.

Como não encontrar nessas considerações o eco daquelas palavras sobre a liturgia celeste da Sacrosanctum Concilium?

“Na liturgia da terra nós participamos, saboreando-a já, da liturgia celeste, que se celebra na cidade santa de Jerusalém, para a qual nos encaminhamos como peregrinos, onde o Cristo está sentado à direita de Deus, qual ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo; com toda a milícia do exército celeste entoamos um hino de glória ao Senhor e, venerando a memória dos santos, esperamos fazer parte da sociedade deles; esperamos pelo salvador, nosso Senhor Jesus Cristo, até que ele, nossa vida se manifeste, e nós apareceremos com ele na glória”18.

16 Jean CORBON, A fonte da liturgia, Lisboa: Paulinas, 1999, 42. 17 IDEM, A fonte da liturgia, op. cit., 43-49. O Kyrios morto e ressuscitado “realiza continuamente a única liturgia, a pascal, existente no mundo para arrancá-lo da morte e lhe comunicar a vida divina da qual ele é pleno: Per ipsum cum ipso et in ipso. Sendo assim, nada de extraordinário que a realidade mistério pascal no próprio Cristo e em nós seja fortemente acentuada na constituição sobre a liturgia do Concílio Vaticano II. Urge readquirir coma antiga Igreja o sentido sintético, sagrado, mistérico, pascal dos eventos da salvação e da sua “celebração” em nós, sabendo ver e viver o seu centro concreto e universal: Cristo morto e ressuscitado” (Cipriano VAGAGGINI, O sentido teológico da liturgia. Tradução de Francisco Figueiredo de Moraes. São Paulo: Loyola, 2009, 246). 18 SC, 8.

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A liturgia é uma realidade que brota da Fonte e cuja história presente na eternidade é o próprio Mistério Pascal de Jesus Cristo. Nesta perspectiva, fica fácil entender aquilo que o então cardeal Joseph Ratzinger escrevia no seu “Espírito da Liturgia” de que o culto público da Igreja é a entrada de Deus no nosso mundo, deixando-se encontrar e realizando a verdadeira libertação. Assim sendo, quando mais os sacerdotes e os demais fiéis se entreguem a esse Deus que se entrega, tanto mais a liturgia será mais nova, mais verdadeira e mais pessoal19.

A Igreja manifestou que a sua vocação é a celebração do louvor de Deus, aqui na terra como antecipação, no céu, como plenitude. Nesse sentido, é interessante notar que a primeira constituição do Concílio é sobre a Sagrada Liturgia, isto é: o mais importante é a adoração a Deus. A visão do Vaticano II é que nós saboreamos antecipadamente a liturgia celeste ao entoarmos os hinos da glória do Senhor esperando fazer parte da sociedade dos santos. É preciso reconhecer agradecidos que nós só podemos saborear esse “fluxo-refluxo” que existe na comunhão trinitária porque o Pai, a quem é dada toda a honra e toda a glória no Filho pelo Espírito Santo, quis partilhar as suas inefáveis alegrias num desbordar que forma o rio da liturgia. Esse rio flui do Pai – por Cristo no Espírito – e reflui ao Pai – também por Cristo no Espírito Santo – levando consigo numa correnteza de energia e de amor todo o nosso ser e todo o fruto das nossas mãos. Na liturgia, Deus se encontra conosco e nós nos encontramos com ele; ele faz a sua obra, e nós, ao recebermos a sua ação recriadora, lhe ofertamos as nossas ações. Na ação litúrgica, pressupondo a ação de Deus, cabem todas as ações humanas.

Nós, como membros da Igreja, estamos destinados ao louvor de Deus, ao culto divino. O texto de Ef 1,11-14 nos dá umas pistas para vermos essa realidade passo a passo, aí se diz que:

• fomos escolhidos; • para servirmos à celebração de sua glória; • ouvimos a Palavra da verdade; • fomos selados com o Espírito Santo; • Deus adquiriu-nos para o louvor da sua glória.

Ser escolhidos para o louvor da glória de Deus implica salvação e glorificação. Deus, na sua infinita misericórdia, quis tornar possível a necessidade salvífica que nós temos de entrar em contato com o Mistério Pascal. A liturgia possibilita a entrada no Santuário celeste. Somente quando tivermos total acesso a esse Santuário da vida íntima de Deus se consumirá a nossa salvação e glorificaremos para sempre o Deus uno e trino. A partir da salvação realizada por Cristo, tudo está transpassado pela glória de Deus e encontra a sua ponte visível de contato com a eternidade através dos ritos sacramentais que a Igreja realiza.

19 Cf. Joseph RATZINGER, El espíritu de la liturgia, una introducción, Madrid: Cristiandad, 2001, 193.

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3. A beleza de Deus na liturgia

Assim como o Mistério (Acontecimento “Cristo”) cavou um buraco no muro da história penetrando-a totalmente e salvando o ser humano (fluxo), da mesma maneira o Mistério celebrado (Liturgia) cavou um buraco na eternidade (refluxo) conduzindo os nossos louvores às eternas moradas. É também através da liturgia que a beleza entra nesse nosso mundo atual dando-lhe sentido. É famosa a frase de Dostoievsky, no seu romance “O Idiota”: “a beleza salvará o mundo”. João Paulo II, depois de citar essa frase do escritor russo afirma que “a beleza é chave do mistério e apelo ao transcendente”20. Há também aqui um duplo movimento: a beleza do Mistério entra na nossa história trazendo a glória de Deus e salvando-nos e tudo o que é belo apresenta-se como vestígio ou até mesmo semelhança de Deus.

Ao receber a beleza de Deus nesse mundo através da liturgia, as nossas celebrações deveriam ser belas refletindo dessa maneira a beleza que irradia nos Tabernáculos eternos, na Jerusalém celeste na qual moraremos um dia. O Concílio Vaticano II expressou também e de maneira sintética a beleza da liturgia quando disse que as nossas celebrações devem resplandecer de “nobre simplicidade”21: uma nobreza que é simples e uma simplicidade que é nobre. Sem dúvida, uma expressão que deixa vislumbrar algo da beleza de Deus: infinitamente nobre, infinitamente simples.

Nesse sentido, é interessante observar a descrição que um filósofo italiano, Alessandro Baricco, faz com o objetivo de mostrar que é importante criar certos limites: “Imagine só: um piano. As teclas começam. As teclas acabam. Você sabe que existe oitenta e oito, sobre isso ninguém pode enganá-lo. Não são infinitas (...), mas com essas teclas é infinita a música que você pode criar. Elas são oitenta e oito. (...) Eu gosto disso. É fácil viver com isso. mas se (...) diante de você estende-se um teclado com milhões de teclas, milhões e trilhões de teclas que nunca acabam e que nunca terminam e se esse teclado é infinito... Se esse teclado é infinito, então nesse teclado não há uma música que você possa tocar. Você se sentou no banquinho errado: esse é piano que Deus toca”22.

Gutiérrez-Martín cita o texto de Baricco para fundamentar a necessidade de observar a forma litúrgica com os seus ritos sublinhando que deve ser assim por que, por um lado toda experiência humana é limitada frente ao insondável mistério do Deus uno e

20 Cf. Fiódor DOSTOIÉVSKY, O Idiota. Tradução de José Geraldo Vieria. São Paulo: Martin Claret, 2012, 2ª ed., 3ª reimpressão, 423. Cf. JOÃO PAULO II, Carta aos artistas, 1999, nº 16: http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/letters/1999/documents/hf_jp-ii_let_23041999_artists_po.html consultada no dia 18/05/2012. 21 SC, 34. 22 Cf. Alessandro BARICCO, Novecento: um monólogo, em José Luis GUTIÉRREZ-MARTÍN, Forma, liturgia y nihilismo. Em torno al cincuenta aniversario del Concilio Vaticano II, “Scripta Theologia 3/43 (2011) 720.

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trino, e, por outro, neste mundo é necessário uma mediação “delimitada” e bem definida, as “oitenta e oito teclas” do piano, para participar de maneira finita da música infinita de Deus. A forma litúrgica é consequência não somente da experiência de Deus que o homem pode ter, mas do mistério mesmo da encarnação, através do qual Deus mesmo quis “circunscrever-se” através da humanidade do seu Filho. Desta maneira, Gutiérrez-Martín concluía que a celebração ritual do culto é o confim necessário para que a Igreja possa oferecer ao Pai, neste mundo, a obra salvadora, e a glória que, depois da consumação pascal, o seu Filho amado, Cristo, lhe apresenta eternamente nos céus23.

O que foi dito anteriormente tem muitas consequências práticas à hora de viver a liturgia, especialmente a Eucaristia, que é um sacramento “fonte-fim”. Sem dúvida, poderíamos aplicar à eucaristia aquelas palavras que o Concílio aplica à liturgia em geral: a eucaristia “é o cimo para o qual se dirige a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, a fonte donde emana toda a sua força”24. À hora de preparar a celebração da eucaristia, será muito importante ter presente tanto as dimensões cristocêntricas quanto aquelas que são antropocêntricas, lembrando que as primeiras tem primazia em relação às segundas: é Cristo quem salva o homem e dá ao Pai no Espírito a perfeita glória. Cristo é, portanto, o centro de toda ação litúrgica. “Com razão, a liturgia é considerada como exercício da função sacerdotal de Cristo”. Neste sentido, há pouco tempo, Julián Lopez Martín, bispo de León (Espanha), novamente fazia notar a importância do sentido de mistério que devemos ter em relação à liturgia se quisermos celebrá-la com arte. Com outras palavras, a participação ativa será fruto de uma autêntica arte celebrativa que tenha em conta o Mistério de Cristo que dá glória a Deus e salva os homens25.

Outro autor espanhol, Félix Maria Arocena, dá uma definição de ars celebrandi que vai à questão mais profunda, isto é, à atitude espiritual do celebrante. Segundo Arocena, ars celebrandi é a expressão do caminho de fé que segue, como consequência, o espírito de quem modera a celebração26. Reconhecer a grandeza de Deus (Deo gloria) e receber a salvação de Deus (salus hominis) são, na economia da salvação, duas caras de uma mesma moeda. Receber, na fé, a salvação e celebrá-la na liturgia são duas realidades que vão sempre unidas na sagrada liturgia. O moderador da celebração, isto é, o sacerdote, presidirá a celebração com arte se ele souber que o primeiro agente é Deus, é ele quem faz a sua arte, a sua obra de beleza. É preciso recordar e voltar sobre esse tema frequentemente: a liturgia é obra de Deus a favor dos homens.

23 Cf. José Luis GUTIÉRREZ-MARTÍN, Forma, liturgia y nihilismo. Em torno al cincuenta aniversario del Concilio Vaticano II, “Scripta Theologia 3/43 (2011) 720-721. 24 SC, 10. 25 Julián LÓPEZ MARTÍN, Actualidad de la constitución “Sacrosanctum Concilium” del Concilio Vaticano II, “Scripta Theologia 3/43 (2011) 692. O mesmo autor observa que tanto o Sínodo de 2005 quanto o Papa Bento XVI convidaram com insistência a entrarmos novamente no caráter sagrado do mistério eucarístico e, por extensão, de toda a liturgia como uma ação santa (cf. Id.). 26 Cf. Félix María AROCENA, El linguaje simbólico de la liturgia, “Scripta Theologica” 1/43 (2001) 113-114.

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A arte celebrativa, nesse sentido, não é a mera obediência a um conjunto de regras, de rubricas, mas é uma realidade que tem uma raiz muito mais profunda: a atitude espiritual do celebrante. Contudo, continuam sendo importantes as “oitenta e oito teclas” através das quais se toca, pela mediação da Igreja, o mistério de Deus na sua vida íntima de comunhão e amor. Já que “ninguém jamais viu Deus”, devemos aproveitar porque “o Filho único, que está no seio do Pai” o revelou (Jo 1,18) e continua a fazer-se presente em cada celebração litúrgica. Para encontrar-nos a nós mesmos, organizemos um almoço, um jantar, um momento qualquer de diversão; para encontrarmos a Deus, celebremos os divinos mistérios na sagrada liturgia.

Para terminar, não gostaria de omitir um fato conhecido por todos e ao qual é preciso estar atentos: existe um novo movimento litúrgico chefiado por Joseph Ratzinger, o cardeal Malcom Ranjith, Mons. Nicola Bux, entre outros. As palavras do então cardeal Ratzinger no prólogo do seu “Espírito da Liturgia” foi um dos momentos mais importantes desse movimento: assim como Romano Guardini, na primeira metade do século XX, favoreceu o descobrimento da beleza da liturgia, de maneira semelhante Ratzinger queria favorecer um novo movimento litúrgico, um movimento rumo à liturgia que nos leve a uma celebração adequada, tanto interna quanto externamente27. Nicolas Bux foi mais longe e titulou um dos seus livros “A reforma de Bento XVI – a liturgia entre a inovação e a tradição28. Onde vai para esse novo movimento? A meu ver, a melhor contribuição será a de ajudar-nos a celebrar a liturgia como o que ela é: mistério de Deus que se faz acessível salvando-nos e dando glória à Trindade Santíssima.

27 Cf. Joseph RATZINGER, El espíritu de la liturgia, una introducción, op. cit., 2001, 30. 28 Cf. Nicola BUX, La riforma di Benedetto XVI – la liturgia tra innovazione e tradizione, Pieme, 2009, 2ª ed.

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