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GOIÁS ESCOTEIR O INFORMATIVO REGIONAL | EDIÇÃO ESPECIAL E stávamos meia hora atrasados para o en- contro marcado no apartamento da 1ª Avenida. Tocamos a campainha e fomos re- cebidos pelo César, pela Ilvia, e pelo Marce- lo, que também escolheu aquele dia 22 de março para uma visita; pela Xuxu, cachorri- nha da família, nós fomos mais que bem re- cebidos: fomos festejados entre lambidas e saltos de alegria. Ela exibia uma delicada co- leira, com uma pequena plaquinha redonda, parecida com aquelas que aparecem nos fil- mes, e nas quais os donos podem gravar o nome escolhido para o cão. Exibia também um pêlo brilhoso e macio. Diante de um elo- gio dirigido àquela cachorrinha tão simpática e bem cuidada, César nos explicou: “era um dos ‘xodós’ da Iracema”. E como descobrirí- amos com o decorrer da conversa, Xuxu era mesmo somente um entre os diversos “xo- dós” que Iracema generosamente acolheu ao longo de sua vida. Logo depois que nos acomodamos em uma mesa da sala, antes mesmo que come- çássemos a nossa conversa, o telefone tocou. Era uma amiga da família. Ela falou dos seus sentimentos, de suas saudades e de sua pron- tidão. Depois que desligou, César nos esclare- ceu: “era uma das ‘filhas’ da Iracema”. Ele en- tão explicou que sua esposa tinha uma porção de “filhos adotivos”, pessoas que a admira- vam, bem como pessoas que um dia precisa- ram de auxílio e receberam dela o que faltava: a jovem que morou em sua casa para terminar os estudos; a mocinha que, criada somente pelo pai, precisou de alguém para orientar no dia da primeira menstruação; o rapaz que ne- cessitou de um conselho sobre a nova namo- rada. Foi certamente por isso que pelos menos outros três telefonemas parecidos insurgiram naquela noite, o que nos lembrava, a cada to- que, o quanto Iracema era querida. Em cima da mesa já nos aguardava algu- mas folhas de papel que continham mensa- gens e homenagens dedicadas à Iracema, as quais, com grande freqüência, passaram a chegar ao e-mail da família. Desta coletâ- nea, grande parte dos remetentes eram membros do Movimento Escoteiro, inclusi- ve residentes em diversas partes do país. Di- ante destas folhas, portanto, ora seguran- do-as com cuidado, ora colocando-as dis- tantes de suas mãos, César começou a nos contar a trajetória escoteira de Iracema, co- mo que na tentativa de demonstrar, entre outras coisas, alguns dos motivos que expli- cassem a comoção e as saudades expressas por tantos escoteiros. Enquanto ele reme- morava alguns fatos, eu me lembrava da fo- tografia que tinha visto pouco antes: nela, um casal elegantemente trajado mostrava muito orgulho por ser parte da fraternidade escoteira: era o atuante par Oliveira! Com a mesma alegria e com o mesmo or- gulho exibidos naquela fotografia que, para mim, pareceu tão marcante, César começou a sua narrativa. Primeiro ele nos contou que Ira- cema, antes de pertencer ao escotismo, parti- cipou de um grupo de bandeirantes que exis- tia em sua cidade, João Pessoa, capital do es- tado da Paraíba, no qual ela entrou com ape- nas dez anos de idade e onde permaneceu até os dezesseis, tendo que se afastar por motivos de saúde. E foi enquanto membro deste gru- po de bandeirantes que ela se tornou assídua leitora do Jornal O Guia, produzido pelo Gru- po Escoteiro Guia Lopes, do Rio Grande do Sul, hábito que permitiu que, certo dia, lesse a carta enviada por um escoteiro morador de Goiânia, com quem começou a se correspon- der quase que diariamente. Enamorados pelas palavras, César e Iracema decidiram se conhe- cer pessoalmente. Depois de percorrer muitos quilômetros de ônibus, em uma viagem bastante cansativa, Uma conversa sobre Iracema: SAUDADES , ALEGRIAS , E MAIS SAUDADES Álbum de Família

Goiás Escoteiro - Ed. Especial

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Ed Especial para homenagear uma grande chefe do escotismo goiano.

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GOIÁS ESCOTEIROINFORMATIVO REGIONAL | EDIÇÃO ESPECIAL

E stávamos meia hora atrasados para o en-contro marcado no apartamento da 1ª

Avenida. Tocamos a campainha e fomos re-cebidos pelo César, pela Ilvia, e pelo Marce-lo, que também escolheu aquele dia 22 demarço para uma visita; pela Xuxu, cachorri-nha da família, nós fomos mais que bem re-cebidos: fomos festejados entre lambidas esaltos de alegria. Ela exibia uma delicada co-leira, com uma pequena plaquinha redonda,parecida com aquelas que aparecem nos fil-mes, e nas quais os donos podem gravar onome escolhido para o cão. Exibia tambémum pêlo brilhoso e macio. Diante de um elo-gio dirigido àquela cachorrinha tão simpáticae bem cuidada, César nos explicou: “era umdos ‘xodós’ da Iracema”. E como descobrirí-amos com o decorrer da conversa, Xuxu eramesmo somente um entre os diversos “xo-dós” que Iracema generosamente acolheuao longo de sua vida.

Logo depois que nos acomodamos emuma mesa da sala, antes mesmo que come-çássemos a nossa conversa, o telefone tocou.Era uma amiga da família. Ela falou dos seussentimentos, de suas saudades e de sua pron-tidão. Depois que desligou, César nos esclare-ceu: “era uma das ‘filhas’ da Iracema”. Ele en-tão explicou que sua esposa tinha uma porçãode “filhos adotivos”, pessoas que a admira-vam, bem como pessoas que um dia precisa-ram de auxílio e receberam dela o que faltava:a jovem que morou em sua casa para terminaros estudos; a mocinha que, criada somentepelo pai, precisou de alguém para orientar nodia da primeira menstruação; o rapaz que ne-cessitou de um conselho sobre a nova namo-rada. Foi certamente por isso que pelos menosoutros três telefonemas parecidos insurgiramnaquela noite, o que nos lembrava, a cada to-que, o quanto Iracema era querida.

Em cima da mesa já nos aguardava algu-

mas folhas de papel que continham mensa-gens e homenagens dedicadas à Iracema, asquais, com grande freqüência, passaram achegar ao e-mail da família. Desta coletâ-nea, grande parte dos remetentes erammembros do Movimento Escoteiro, inclusi-ve residentes em diversas partes do país. Di-ante destas folhas, portanto, ora seguran-do-as com cuidado, ora colocando-as dis-tantes de suas mãos, César começou a noscontar a trajetória escoteira de Iracema, co-mo que na tentativa de demonstrar, entreoutras coisas, alguns dos motivos que expli-cassem a comoção e as saudades expressaspor tantos escoteiros. Enquanto ele reme-morava alguns fatos, eu me lembrava da fo-tografia que tinha visto pouco antes: nela,um casal elegantemente trajado mostravamuito orgulho por ser parte da fraternidadeescoteira: era o atuante par Oliveira!

Com a mesma alegria e com o mesmo or-

gulho exibidos naquela fotografia que, paramim, pareceu tão marcante, César começou asua narrativa. Primeiro ele nos contou que Ira-cema, antes de pertencer ao escotismo, parti-cipou de um grupo de bandeirantes que exis-tia em sua cidade, João Pessoa, capital do es-tado da Paraíba, no qual ela entrou com ape-nas dez anos de idade e onde permaneceu atéos dezesseis, tendo que se afastar por motivosde saúde. E foi enquanto membro deste gru-po de bandeirantes que ela se tornou assídualeitora do Jornal O Guia, produzido pelo Gru-po Escoteiro Guia Lopes, do Rio Grande doSul, hábito que permitiu que, certo dia, lesse acarta enviada por um escoteiro morador deGoiânia, com quem começou a se correspon-der quase que diariamente. Enamorados pelaspalavras, César e Iracema decidiram se conhe-cer pessoalmente.

Depois de percorrer muitos quilômetros deônibus, em uma viagem bastante cansativa,

Uma conversa sobre Iracema:

SAUDADES, ALEGRIAS, E MAIS SAUDADES

Álbum de Família

César passou as festividades de final de ano nacompanhia de Iracema, que, em seguida,também o visitou. E eles se casaram somentetrês meses depois do primeiro encontro, eapós trocarem muitas e muitas correspondên-cias. Nesse exato momento, absorta em meuspróprios pensamentos, conclui: estavam sepa-rados por quilômetros de distância, mas uni-dos não apenas pelo sentimento um pelo ou-tro, como também pelo amor ao escotismo, eisso bastava. Em seguida, inspirada pelo ro-mance que, em minha opinião, se faz dignode cinema, me peguei refletindo sobre o mo-do como as escolhas da vida pessoal influen-ciam em instâncias que extrapolam o privati-vo, pois, para a sorte de todo o escotismo go-iano, foi Iracema quem mudou de sua cidadepara morar com o marido em Goiânia.

E, sem sombra de dúvidas, todo o escotis-mo goiano se beneficiou diante de seu inten-so protagonismo e doação. César nos explicouque ela primeiramente exerceu um importan-te papel no Grupo Escoteiro Goyaz, tanto naparte administrativa, quando emprestou aogrupo sua grande capacidade de organização,quanto junto aos jovens, tendo começado en-quanto chefe de lobinhos, ao lado da Zita, emais tarde liderado a abertura da tropa esco-teira, da tropa de seniores e da tropa de guias.Ficou conhecida pela sua grande habilidadeno lido com os pais dos escoteiros, os quais elasabiamente envolvia nas atividades e respon-sabilidades do grupo, bem como pelo seugrande interesse em estar em estreito contatocom os jovens, motivo pelo qual costumavavisitar suas casas, também no intuito de co-

nhecer a família e a realidade de cada um. Era,pois, uma educadora por excelência!

Para muito além dos limites do Grupo Es-coteiro, César apontou que Iracema tambématuou e contribuiu para o escotismo em níveisregional e nacional. Durante seis anos conse-cutivos ela exerceu o importante cargo de Co-missária Regional, em uma época que mulhe-res não assumiam cargos desta magnitude,bem como se tornou uma das idealizadoras eumas das grandes lideranças do processo deco-educação, que primava pela abertura doescotismo para a participação das meninas,pois antes elas só podiam freqüentar gruposde bandeirantes. Aprovado o projeto experi-mental, o Grupo Goyaz, juntamente com on-ze outros grupos brasileiros, foi escolhido paratestar a viabilidade da co-educação. Iracemaconcordou em chefiar a abertura de uma alca-téia feminina, cujo sucesso permitiu que ela,nos anos seguintes, inaugurasse uma tropa deescoteiras e outra tropa de guias.

Foi ainda uma importante protagonistana área de Gestão de Adultos. César lembrouque ela ministrou cursos de formação de diri-gentes e escotistas em todo o país, exceto nosestados de Roraima e Amapá, bem como in-tegrou a equipe de redação das apostilas usa-das nesses mesmos cursos. Possuía uma bibli-oteca de livros escoteiros completa, todos elescuidadosamente lidos, o que, associado a suaformação em Pedagogia, certamente contri-buiu para que desempenhasse com tamanhamaestria as tarefas a que se propôs. Inclusive,César nos contou que Iracema iniciou suagraduação depois de casada e optou pelo

curso de Pedagogia justamente porque acre-ditava que ele pudesse auxiliar em sua atua-ção no âmbito do Movimento Escoteiro. Eladedicou, portanto, importantes escolhas desua vida ao escotismo, reconhecidas e recebi-das de muito bom grado.

Desde antes desta conversa, e depois de-la muito mais que outrora, Iracema se tor-nou, para mim, sinônimo de grandeza: gran-de escotista, grande mãe, grande esposa,grande mulher. Esta grandeza toda, claro,ocupava grandes espaços, principalmente nocoração das pessoas que conviveram com

ela, de modo que sua partida para o GrandeAcampamento só poderia deixar muitos va-zios. Então me lembrei de uma fala do Césarque em muito expressa essa grandeza, capazde ocupar tantos e tantos espaços: “ela adi-vinhava até os nossos pensamentos”. Perce-bo, deste modo, que ela foi sempre um gran-de ser humano, em tempo absolutamente in-tegral, para além do dito e do pensado, bemcomo dona de um enorme coração, onde ca-biam muitos “xodós”, inclusive os lobinhos elobinhas, escoteiros e escoteiras, seniores eguias que, desde sempre, poderão usufruirdo seu importante legado.

Depois de pelo menos duas horas, decidi-mos ir embora: já tínhamos informações sufi-cientes. Segurei o meu pequeno bloco de ano-tações com o sentimento de privilégio, poispor meio dele, lendo e relendo o que conseguiregistrar, podia me sentir próxima daquelapessoa ímpar e, quem sabe, aprender com ela.Nos levantamos da mesa, trocamos mais al-guns “dedos de prosa”, e nos despedimos.Xuxu, mais uma vez, marcou sua presença aospulos: parecia não querer que fôssemos em-bora. Ilvia e César nos acompanharam até oelevador e, por alguns segundos, ficamos emsilêncio. Poderia ela ler nossos pensamentosagora? Quando entramos no elevador aindapude ouvir o latido da Xuxu: acho que já esta-va cansada de despedidas. Enquanto desciaaté o térreo revi aquela foto do casal em mi-nha mente: é daquele jeito que todos nóssempre nos lembraremos da Cema.

Clarissa Ulhoa

Iracema (de camisa amarela) preparando comida mateira durante acampamento

Iracema em viagem ao Peru

Fotos: Álbum de Família

Concentrada durante o Seminário Nacional de Gestão de Adultos em Bento Gonçaves - RS

Iracema e César em visita a Machu Pichu

Iracema e sua querida XuxuDia em que César recebeu o Tapir de Prata

Iracema junto com as primeiras escoteiras do G.E. Goyáz.

Entre elas sua filha Ílvia (4ª da direita para a esquerda)

A Iracema era uma daquelas pessoas cujasimples presença nos alegrava e fazia bem.

Saber que ela estaria nos CongressosEscoteiros Nacionais era um dos fatores quenos incentivava a ir.

Gostava muito de conversar com ela e decontar com sua palavra amiga.

Ela já nos faz muita falta.Mas tal como a água, que flui sem obstácu-

los e tem a capacidade de subir ao céu e tornar-se nuvem para, depois, voltar a ser água denovo, Iracema está entre nós, como as neblinase garoas que tocam nossos rostos.”

Rubem Tadeu Cordeiro Perlingeiro Celso Ferreira Filho

Amiga, às vezes nossa vitória é termos lu-tado. Este fim é um recomeço e não uma der-rota. Alguns recomeçam mais cedo, outrosmais tarde. Sei que você é tão especial que te-nho certeza que já está de longe nos ilumi-nando com a mesma doçura e determinaçãoque nos iluminava por aqui. Aqui já sinto faltado abraço, da voz, do sorriso, de um mimo, da

foto que não tirei. Mas tenho certeza e fé deque nossa amizade e nosso carinho não temfim, e que estaremos sempre juntos, em co-munhão de luz e amor.Amiga Iracema, estaremos sempre juntos!Obrigado por ser tão especial!”

Altamiro Vilhena

Falar da Iracema é tarefa fácil, foiuma pessoa meiga, singela, semprepronta para servir a causa do MovimentoEscoteiro. Conheci a Iracema no Jambo-ree de Fortaleza, em 2003, quandoatuou como operadora de caixa. A partirde então sempre esteve conosco em to-dos os Jamborees, muito prestativa, cola-boradora fiel. Afora os Jamborees nosencontrávamos sempre nos CongressosEscoteiros. Enfim, sentiremos muita faltada Iracema, mas nosso consolo é a certe-za de que ela descansa em paz!”

Difícil falar da Iracema em poucas pala-vras. Posso dizer que ela sempre foi um exem-plo de mulher que lutou muito e levava os va-lores aprendidos no Movimento Escoteiro emcada momento de sua vida, nos diferentes lo-cais onde estava. Acampamentos, Seminários,Indabas... Ela sempre esteve presente defen-dendo suas idéias, seu ponto de vista, buscan-do fazer o escotismo do jeito certo e cada vezmelhor para nossos jovens. Sua preocupaçãocom os jovens era tão grande, que se envolvianas discussões a nível nacional, buscando

sempre o melhor. Lembro-me com carinhodos primeiros cursos que participei, nos quaisela sempre estava presente na equipe de for-madores, repassando tudo o que sabia para osoutros adultos que ali estavam. Iracema, pramim, é um exemplo de mulher guerreira, ba-talhadora e que não se deixou abater pelas di-ficuldades que encontrou pela vida, lutandosempre pelos seus ideais. Um exemplo de vi-da a ser seguido”

No último dia 28, foi anun-ciado na lista de e-mails doGrupo Escoteiro Goyáz quesêniors, guias e chefes pre-tendem rebatizar a tropacom o nome Tropa SêniorIracema Bezerra Oliveira,em homenagem aos gran-des serviços prestados porela não apenas à tropa, co-mo também ao escotismo em nível regional enacional. Para tanto, o assunto já foi aprovadoem Assembléia de Tropa e em Corte de Hon-ra, de modo que no momento estão providen-ciando os encaminhamentos finais para que amudança possa ser inaugurada oficialmente.

Ao concluir o seu e-mail, oassistente Marcus Vinícius,mais conhecido como Mar-cão, afirmou com carinho:“isso é o mínimo que pode-mos fazer para lembrar des-sa pessoa tão querida eamada, e que tive o imensoprazer de conhecer, partilharum pouco de sua vida e

aprender, aprender e aprender”. Pouco antesdesta homenagem ser anunciada, uma outrajá estava em voga: a sala da Gestão de Adultosda Região Escoteira de Goiás também foi bati-zada com o nome da querida chefe Iracema.Homenagens mais do que justas!

Dayanna Cristine

Saudades de todo o Brasil ...

Tropa Sênior Iracema Bezerra Oliveira

Fotos: Álbum de Família

Região Escoteira de Goiás e Tropa Sênior do

Grupo Escoteiro Goyaz homenageiam Iracema

Goiás Escoteiro | Região Escoteira de Goiás | Rua 74 n. 271, Centro. Goiânia/GO | Fonefax: (62) 3092-3700 | www.uebgo.org.br | [email protected] | Responsável: Comissão Regional de Imagem e Comunicação - CRIC

Alessandro Garcia Vieira | Diretor deMétodos Educativos - Diretoria ExecutivaNacional - UEB

Onome é fruto de um anagrama dapalavra AMÉRICA, criado por Jo-

sé de Alencar para intitular o consagra-do romance homônimo.

Ela não poderia ter sido batizada comoutro antropônimo, pois a sua contribui-ção para tornar o mundo melhor — se-guindo a orientação de Baden-Powell —tem a dimensão da América!

Iracema, que há décadas contribuíapara a transformação da sociedade porintermédio de seu trabalho abnegado evoluntário, foi protagonista de inúme-ras ações no âmbito do Grupo Escotei-ro Goyaz, da Região Escoteira de Goiáse da União dos Escoteiros do Brasil.

Iracema teve forte atuação nas pri-meiras experiências de co-educação doEscotismo no Brasil, sendo responsávelpela criação de Seções femininas dosRamos Lobinho, Escoteiro e Sênior noGrupo Escoteiro Goyaz, um dos dozeGrupos selecionados pela UEB na épo-ca para trilhar o caminho, atualmenteconsolidado, de movimento de educa-ção não-formal misto.

Atualmente, dentre outras tarefas,Iracema estava dedicada à reformula-ção do material de Formação para Es-cotistas e Dirigentes, integrando aEquipe Nacional de Gestão de Adultosda Diretoria de Métodos Educativos daUEB. Seu entusiasmo e dedicação eramcontagiantes e a sua memória estarásempre a nos animar.

Que todos saibam que foi uma vidabem vivida, de quem não só passoupela vida, mas tocou outras tantas vi-das e cumpriu a missão de contribuirpara uma sociedade mais justa e maisfraterna.

Iracema era dessas pessoas quefazem diferença e que, portanto, fa-zem falta ...

César e Ilvia, recebam o nossoabraço fraterno. Estamos irmanadosem oração, rogando a Deus que pro-veja o necessário conforto neste mo-mento de dor.

Na manhã de hoje, 2 de março de2011, Iracema Bezerra Oliveira partiupara o “Grande Acampamento” e porlá será recebida com festa pelos com-panheiros que a antecederam.

Nós permanecemos com a saudadee professamos a gratidão, o reconheci-mento e a homenagem dos Escoteirosdo Brasil.

Hoje partiu IRACEMA . . . Mulher forte e frágil, encrenqueira eapaziguadora, enfática e doce,

amiga e companheira para qualquer ho-ra, seja um bate papo, uma fofoca, umapiada, um desabafo...

Tive a sorte de conhecê-la no Grupo Es-coteiro Goyaz como Akelá da primeira alca-téia feminina do estado de Goiás, e, poste-riormente, chefe tanto da primeira Tropa deGuias quanto da Tropa Escoteira. Incansávellutadora pela presença das garotas no Mo-vimento Escoteiro, altamente combatida noinício da década de 80, inicialmente inclusi-ve pelo seu marido. Foi a coordenadora detodo o processo experimental nos anos 80 egrande defensora das seções mistas já no fi-nal da década de 90. E a história nos mos-trou que estava certa e garotos e garotashoje convivem harmoniosamente no Movi-mento Escoteiro.

Iracema com seu jeito de sempre ajudara quem precisou, solicitando ou não, tevegrande atuação nos vários Grupos Escotei-ros da Região de Goiás, orientando, visi-tando, dando pitacos, seja nos antigos es-tágios ou como assessora pessoal. Váriossão os escotistas e dirigentes de Goiás quedevem parte ou toda, como eu, sua forma-ção escoteira a ela. No que se refere à For-mação de Adultos, que talvez tenha sidosua principal paixão dentro do MovimentoEscoteiro, ela foi nossa primeira DCIM (Di-retora de Curso de Insígnia da Madeira),apesar de todas as funções que exerceudentro do Escotismo Brasileiro, principal-mente nos últimos anos, contribuindo nareformulação das Diretrizes Nacionais deAdultos e manuais de cursos de formação.

Pessoa de conversa fácil com qualquerum, sempre estava a disposição para aju-dar, mesmo que ela não pudesse, arruma-va alguém que o fizesse. Fui "vítima" des-ta obs-tinação em ajudar e agradeço eter-namente a toda a família escoteira queatravés dela me ajudou num momentomuito difícil de minha vida.

Enfim, Iracema na sua fragilidade e pe-quenez de uma nordestina arraigada emGoiás e filha do Brasil, deixa uma grandesaudade e vazio em nossos corações, masao mesmo tempo sabemos que cumpriu du-rante sua vida o que nosso fundador nospreceituou “Deixe o mundo um pouco me-lhor do que você encontrou”.

César, Ilvia e Tainan, Henri e demais fa-miliares, a Região Escoteira de Goiás deixanossas profundas condolências. Desejamosque se reconfortem na brilhante vida queIracema teve e no legado deixado por ela eprincipalmente no Movimento Escoteiro.

Asley Stecca SteindorffDiretor Presidente - União dos Escoteiros do Brasil - Região de Goiás

Caro chefe César e Família Oliveira,No último sábado, o Grupo Escoteiro Tocan-tins fez um arriamento conjunto, no qual fize-mos um ato em lembrança à chefe Iracema.Agradecemos toda a ajuda que ela nos deuem nossa formação escoteira e de caráter, ex-plicamos quem ela foi e sua grande luta emprol do escotismo no Brasil. Por fim, fizemosuma palma escoteira em sua homenagem.

Quem foi membro juvenil da chefe Irace-

ma lembra que o comando de debandar delaera todo especial. Ela tinha o costume de co-locar o pezinho direito torto a frente, e ficáva-mos esperando para nos divertir com a cena.Assim sendo, a nossa Tropa Escoteira, de ma-neira carinhosa, fez um debandar ao estilo Ira-cema. Sei que isso não é nada perto do queela fez por muitos de nós, mas é uma manei-ra de demonstrar nossa saudade dessa mu-lher”.

Michel de Melo Cardoso, Lyvia Vasconcelos de Melo Baptista e Rogério Ramos Lima

Durante mais de 30 anos muitas históri-as de vida se confundem ou se fundem coma história do Movimento Escoteiro. Digomais de 30 anos, pois é o período que co-nheço e que vivencio. E foi neste períodoque conheci a Iracema. Fizemos cursos jun-tas, casamos, tivemos filhos, dirigimos cur-sos, amamos a vida, amamos as pessoas, eseguimos sempre em frente.

Mas chegou um momento que situaçõesadversas nos deixaram afastadas fisicamente,mas continuávamos as nossas lutas pessoais,profissionais, familiares e escoteiras.

Novamente nos juntamos, e trabalhamosmuito, reunimos pessoas, estudamos, analisa-mos, viajamos, estivemos em muitos lugares econversamos muito. Daí, saíram novos docu-

mentos, apostilas, conteúdos, seminários, reu-niões e mais reuniões.

Chegou um dia que o corpo da Iracema fi-cou exausto, e uma grave doença se instalou.Ela lutou, não deixou que isso a abalasse, nemsua família, nem seus amigos e amigas, nin-guém deveria parar. Ela foi buscar ajuda, pes-quisou, foi atrás da cura, sem cessar. Lutou, foicorajosa até o último momento, mas a doen-ça acabou vencendo. Mas ela nos deixou mui-tas e muitas lições. Eu aprendi cada uma delase espero que mesmo fisicamente longe, elaesteja sempre por perto para nos orientar.

Vá com Deus e, de alguma forma, fi-que perto.”

Carmen Barreira

Rosemary Miranda.

Cema, a menina dos olhos de Deus! Pa-lavras não bastam para homenageá-la. Obra preciosa que Deus criou e revestiu commuitas qualidades, uma grande pessoa queadmiro. Poderia ficar horas falando dos nos-sos 28 anos de amizade, grande amiga. Elafoi a minha primeira chefe no escotismo!Eu não tinha família em Goiânia e me lem-bro do melhor Natal da minha vida: quandoela me levou para a casa da familia do Che-fe César. Corações de ouro.

Uma pessoa amada, a dor é muita, equando passar se transformará em sauda-de. Agora, precisamos nos lembrar dosmomentos de felicidade e tudo que apren-demos com ela.

Sempre estará presente na minha vida eno meu coração, agradeço a Deus porque aCema fez parte da minha história, semprevou te amar, amigamana!”

G.E

. To

cant

ins