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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA ______ VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL DA COMARCA DE GOIÂNIA-GO. O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, por intermédio da Promotora de Justiça que a esta subscreve, titular da 90ª Promotoria de Justiça de Goiânia, no uso de suas atribuições constitucionais, e com fulcro nos artigos 129, inciso III, da Constituição Federal, artigo 5º, inciso I e artigo 3º, ambos da Lei Federal 7.347/85, artigo 25, inciso IV, alínea “a” da Lei Federal 8.625/93, no artigo 46, inciso VI, alínea “a”, da Lei Complementar Estadual n. 25/98 e Lei 8.429/92, vem perante Vossa Excelência propor AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA observado o rito ordinário e disposições especiais previstas na Lei 8.429/92, em desfavor de ANTÔNIO FALEIROS FILHO, brasileiro, natural de Estrela do Sul/MG, casado, médico, filho de Valdete Rocha Faleiros e Antônio Faleiros de Aguiar, nascido aos 12/01/1948, RG nº. 2001732 SSP/GO, CPF nº. 118.971.206-72, residente na Rua T-38, nº 609, apto. 1100, Edifício Avignon, Setor Bueno, Goiânia/GO, CEP 74.223-042, telefone: (62) 99957-5926; pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos. MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS - 90ª Promotoria de Justiça Rua 23, esq. com a Av. Fued José Sebba, Qd. 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala 342, CEP 74.805-100, Goiânia - Goiás 1 Processo: 5573053.57.2018.8.09.0051 Usuário: Fabiana Lemes Zamalloa do Prado - Data: 14/03/2019 18:11:18 GOIÂNIA - 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL Ação Civil de Improbidade Administrativa ( Lei 8.429/92 ) Valor: R$ 467.744,30 | Classificador: AGUARDANDO DECURSO DE PRAZO Tribunal de Justiça do Estado de Goiás Documento Assinado e Publicado Digitalmente em 30/11/2018 18:18:24 Assinado por FABIANA LEMES ZAMALLOA DO PRADO Validação pelo código: 10433569509298931, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

GOIÂNIA - 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL ......2019/03/15  · BRITO , que, ao ser ouvida durante as investigações escla receu: [ ] que não foi levado em consideração

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  • EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DI REITO DA ______

    VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL DA COMARCA DE GOIÂ NIA-GO.

    O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS , por

    intermédio da Promotora de Justiça que a esta subscreve, titular da 90ª Promotoria de Justiça

    de Goiânia, no uso de suas atribuições constitucionais, e com fulcro nos artigos 129, inciso III,

    da Constituição Federal, artigo 5º, inciso I e artigo 3º, ambos da Lei Federal 7.347/85, artigo

    25, inciso IV, alínea “a” da Lei Federal 8.625/93, no artigo 46, inciso VI, alínea “a”, da Lei

    Complementar Estadual n. 25/98 e Lei 8.429/92, vem perante Vossa Excelência propor

    AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTR ATIVA

    observado o rito ordinário e disposições especiais previstas na Lei 8.429/92, em desfavor de

    ANTÔNIO FALEIROS FILHO, brasileiro, natural de Estrela do

    Sul/MG, casado, médico, filho de Valdete Rocha Faleiros e Antônio Faleiros de Aguiar,

    nascido aos 12/01/1948, RG nº. 2001732 SSP/GO, CPF nº. 118.971.206-72, residente na Rua

    T-38, nº 609, apto. 1100, Edifício Avignon, Setor Bueno, Goiânia/GO, CEP 74.223-042,

    telefone: (62) 99957-5926;

    pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos.

    MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS - 90ª Promotoria de JustiçaRua 23, esq. com a Av. Fued José Sebba, Qd. 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala 342, CEP 74.805-100, Goiânia - Goiás

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    Processo: 5573053.57.2018.8.09.0051

    Usuário: Fabiana Lemes Zamalloa do Prado - Data: 14/03/2019 18:11:18

    GOIÂNIA - 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL

    Ação Civil de Improbidade Administrativa ( Lei 8.429/92 )

    Valor: R$ 467.744,30 | Classificador: AGUARDANDO DECURSO DE PRAZO

    Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 30/11/2018 18:18:24Assinado por FABIANA LEMES ZAMALLOA DO PRADOValidação pelo código: 10433569509298931, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

  • 1. DO OBJETO DA PRESENTE AÇÃO

    Objetiva o MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE

    GOIÁS, com o exercício do poder de ação, a aplicação de sanções previstas na Lei 8.429/92

    ao réu ANTÔNIO FALEIROS FILHO , pela prática de atos de improbidade administrativa

    previstos no artigo 10, caput, inciso X e artigo 11, caput, todos da Lei 8.429/92, os quais

    violaram princípios regentes da Administração Pública e causaram dano material ao erário no

    valor de R$ R$ 467.744,30 (quatrocentos e sessenta e sete mil, setecentos e quarenta e

    quatro reais e trinta centavos), valor esse atualizado monetariamente e acrescido dos juros

    legais até 29 de novembro de 2018.

    2. DOS FATOS

    Após a edição da Lei Federal 9.637/98 e da Lei Estadual

    15.503/2005, o Estado de Goiás, por meio do então Secretário de Estado da Saúde

    ANTÔNIO FALEIROS FILHO, no ano de 2011, tomou a decisão de transferir a gerência de

    hospitais estaduais para organizações sociais, por meio de contratos de gestão (anexo I e II).

    Tal decisão, à época, foi tomada em desacordo com a Resolução

    nº 223 de 08 de maio de 1997 do Conselho Nacional de Saúde e sem a participação do

    Conselho Estadual de Saúde, o qual, inclusive, por meio da Resolução 008/2011, deliberou

    pela suspensão dos processos de transferência de gerência das unidades de saúde para

    organizações sociais. Entretanto, a decisão do Conselho Estadual de Saúde não foi

    homologada pelo Secretário Estadual de Saúde (anexo III).

    Segundo consta do despacho 087/2012 SUNAS/SES-GO,

    lançado nos autos do processo nº 201100010013921, relativo ao chamamento público

    005/2011, deflagrado para a escolha de organização social para a gerência do HGG – Hospital

    Geral de Goiânia –, do despacho 120/11 SUNAS/SES-GO, lançado nos autos do processo nº

    MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS - 90ª Promotoria de JustiçaRua 23, esq. com a Av. Fued José Sebba, Qd. 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala 342, CEP 74.805-100, Goiânia - Goiás

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    Processo: 5573053.57.2018.8.09.0051

    Usuário: Fabiana Lemes Zamalloa do Prado - Data: 14/03/2019 18:11:18

    GOIÂNIA - 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL

    Ação Civil de Improbidade Administrativa ( Lei 8.429/92 )

    Valor: R$ 467.744,30 | Classificador: AGUARDANDO DECURSO DE PRAZO

    Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 30/11/2018 18:18:24Assinado por FABIANA LEMES ZAMALLOA DO PRADOValidação pelo código: 10433569509298931, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

  • 2011000100017259, relativo ao chamamento público 001/2012, deflagrado para a escolha de

    organização social para a gerência do HUGO – Hospital de Urgências de Goiânia -, do

    despacho 122/2011 SUNAS/SES-GO, lançado nos autos do processo nº 201100010017260,

    relativo ao chamamento público 002/2012, deflagrado para a escolha de organização social

    para a gerência do HDT – Hospital de Doenças Tropicais – e do despacho 113/2011, lançado

    nos autos do processo nº 201100010015037, relativo ao chamamento público 003/2012,

    deflagrado para a escolha de organização social para a gerência do HMI – Hospital Materno-

    Infantil – a decisão de transferência da gerência de hospitais públicos no âmbito do Estado de

    Goiás orientou-se a partir de paradigmas apartados do tradicional modelo burocrático de

    administração da SES/GO, com o objetivo de sanar as deficiências do modelo, marcado por

    disfunções como: “processos pouco orientados aos usuários cidadãos, excesso de

    papelório, estrutura organizacional pouco orientada à gestão por resultado, excesso de

    etapas no trâmite processual, principalmente nos processos de aquisição e falta de

    qualificação profissional para as ações de gerenciamento e administração” (anexo II).

    Sustentou, ainda o Estado de Goiás, a necessidade de a SES/GO

    cumprir sua missão de coordenação da política estadual de saúde, promoção de sua

    implementação e permanente avaliação, a fim de garantir o desenvolvimento de ações e

    serviços que respeitassem os princípios do SUS, com a participação de seus usuários e que

    contribuíssem para a melhoria da qualidade de vida da população do Estado de Goiás (anexo

    II).

    Por fim, concluiu que a contratação de uma OS para o

    gerenciamento do HGG, do HUGO, do HDT e do HMI efetivada por valores aproximados aos

    já praticados pelo Estado, conforme Planilha de Acompanhamento das Despesas Ocorridas no

    Ano de 2010 com estimativa anual de manutenção de equipamentos médicos hospitalares –,

    aliada a uma gestão eficiente e eficaz, propiciaria economicidade e por consequência a

    vantajosidade esperada pela Administração Pública (anexo II).

    Entretanto, conforme se pode extrair dos processos de

    chamamento público que culminaram com a contratação de organizações sociais para o

    MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS - 90ª Promotoria de JustiçaRua 23, esq. com a Av. Fued José Sebba, Qd. 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala 342, CEP 74.805-100, Goiânia - Goiás

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    Processo: 5573053.57.2018.8.09.0051

    Usuário: Fabiana Lemes Zamalloa do Prado - Data: 14/03/2019 18:11:18

    GOIÂNIA - 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL

    Ação Civil de Improbidade Administrativa ( Lei 8.429/92 )

    Valor: R$ 467.744,30 | Classificador: AGUARDANDO DECURSO DE PRAZO

    Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 30/11/2018 18:18:24Assinado por FABIANA LEMES ZAMALLOA DO PRADOValidação pelo código: 10433569509298931, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

  • gerenciamento do HGG – Hospital Geral de Goiânia (contrato de gestão 024/2012), HUGO –

    Hospital de Urgências de Goiânia (contrato de gestão 064/2012), HDT – Hospital de Doenças

    Tropicais Dr. Anuar Auad (contrato de gestão 091/2012), HMI – Hospital Materno Infantil

    (contrato de gestão 132/2012) (anexo II), não foram realizados estudos acerca do custo dos

    serviços prestados nas unidades hospitalares como forma de nortear o valor das

    contratações. O critério para o estabelecimento do valor dos contratos foi o valor gasto

    pelo Estado de Goiás no ano de 2010 com as referidas unidades de saúde e a capacidade

    instalada de cada hospital.

    É dizer: sem nenhum planejamento, o Estado de Goiás

    transferiu para as organizações sociais os equipamentos públicos de saúde em sua totalidade, a

    integralidade da prestação dos serviços, mediante o repasse do valor que despendeu com cada

    hospital no ano de 2010, sem efetivar nenhum estudo sobre o efetivo custo do serviço,

    especialmente diante do fato de que a gestão seria realizada pela iniciativa privada a

    qual, pela maior maleabilidade nas relações contratuais, teria, em tese, melhores

    condições de prestar os serviços, com custo mais reduzido, o que foi, inclusive, uma das

    justificativas para a transferência da gestão.

    Esse fato, além de comprovado por todos documentos

    acostados, em especial, os processos de chamamento público que culminaram com a

    contratação de organizações sociais para a gerência do HGG, do HUGO, do HDT e do HMI,

    foi confirmada pela então Superintendente da SUNAS, MARIA CECÍLIA MARTINS

    BRITO , que, ao ser ouvida durante as investigações esclareceu:

    […] que não foi levado em consideração na celebração dos contratos degestão hoje vigentes o custo efetivo dos serviços prestados pela OS e“comprados pelo Estado”, mas o que o Estado gastou no ano emreferência, sem uma análise de correlação entre o custo e serviço; que adeclarante reconhece que o modelo adotado, baseado em metas, podelevar a uma demanda reprimida; que essa é uma preocupação da SES,um aspecto em discussão para as renovações contratuais; que o fato dealgumas unidades de saúde, dentre estas as maiores do Estado, teremsido transferidas para a gerência de OS pode agravar o problema dedemanda reprimida, que pode vir a ocorrer em razão do modelo demetas estabelecido nos contratos […]. (ICP fls. 1236/1239).

    Sem maior planejamento e sem maiores estudos, especialmente

    MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS - 90ª Promotoria de JustiçaRua 23, esq. com a Av. Fued José Sebba, Qd. 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala 342, CEP 74.805-100, Goiânia - Goiás

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    Processo: 5573053.57.2018.8.09.0051

    Usuário: Fabiana Lemes Zamalloa do Prado - Data: 14/03/2019 18:11:18

    GOIÂNIA - 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL

    Ação Civil de Improbidade Administrativa ( Lei 8.429/92 )

    Valor: R$ 467.744,30 | Classificador: AGUARDANDO DECURSO DE PRAZO

    Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 30/11/2018 18:18:24Assinado por FABIANA LEMES ZAMALLOA DO PRADOValidação pelo código: 10433569509298931, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

  • sobre o custo dos serviços prestados, o Estado de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da

    Saúde, titularizada, à época, pelo réu ANTÔNIO FALEIROS FILHO , deflagrou vários

    processos de chamamento público para a transferência da gestão dos hospitais públicos

    estaduais.

    O primeiro deles, deu-se no ano primeiro semestre de 2011, tão

    logo o réu ANTÔNIO FALEIROS FILHO assumiu a Secretaria de Estado da Saúde, após a

    eleição do então Governador do Estado Marconi Perillo, quando, por meio do chamamento

    público 001/2011, o Estado de Goiás deflagrou processo para a escolha de organização social

    para o gerenciamento, operacionalização e execução de ações e serviços de saúde no Hospital

    de Urgências de Aparecida de Goiânia – HUAPA. Entretanto, o contrato não foi celebrado

    em razão do atendimento, pelo Estado de Goiás, de recomendação do Ministério Público do

    Estado de Goiás, diante da inidoneidade da entidade escolhida – SALUTE SOCIALE –

    conforme apurado em Inquérito Civil Público instaurado na 90ª Promotoria de Justiça (anexo

    IV).

    Diante da falta de êxito da contratação, posteriormente, já no

    ano de 2012, foi deflagrado novo chamamento público de nº 004/2012, a fim de escolher nova

    organização social para o gerenciamento, operacionalização e execução das ações e serviços

    de saúde do HUAPA – Hospital de Urgências de Aparecida de Goiânia. Após muitos

    questionamentos judiciais, os quais levaram, inclusive, a suspensão do processo de

    chamamento público, no ano de 2013, foi celebrado o Contrato de Gestão 002/2013, com o

    IGH – Instituto de Gestão e Humanização (anexo V).

    Ainda no ano de 2011 e no primeiro semestre de 2012, foram

    deflagrados os chamamentos públicos para a transferência da gestão do HGG, do HUGO, do

    HDT e do HMI, conforme chamamentos públicos de nº 005/2011, 001/2012, 002/2012 e

    003/2012. A transferência da gestão dos referidos hospitais deu-se por meio dos Contratos de

    Gestão de nº 24/2012, 64/2012, 91/2012 e 131/2012, todos celebrados no primeiro semestre

    de 2012 (anexo II).

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    Processo: 5573053.57.2018.8.09.0051

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    Valor: R$ 467.744,30 | Classificador: AGUARDANDO DECURSO DE PRAZO

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  • Conforme se verifica pela documentação acostada, todos os

    contratos, a pretexto de formar um vínculo de cooperação com a Administração Pública,

    foram celebrados para a transferência total das ações e serviços de saúde prestados nos

    referidos hospitais estaduais, para a iniciativa privada. Por meio dos contratos de gestão, o

    Estado de Goiás, por intermédio do réu ANTÔNIO FALEIROS FILHO, transferiu a

    gerência dos hospitais estaduais para as organizações sociais, bem como todo o equipamento

    público para a prestação dos serviços, incluindo bens imóveis, móveis e parte do pessoal. Os

    serviços “comprados” da organização social foram previamente quantificados no contrato

    de gestão e previamente pagos, independentemente de sua efetiva execução no montante

    contratado.

    Apesar de previamente paga uma quantidade fixa de serviços, se

    a organização social não cumprisse a meta proposta no plano de metas, conforme anexos dos

    contratos de gestão, seria retido, após o prazo de seis meses (prazo previsto para avaliação

    das metas e indicadores – cláusula 6.9 do contrato 024/2012, 064/2012, 091/2012 e 132/2012

    apenas 20% do valor da parcela mensal, nos períodos subsequentes, ainda que o

    quantitativo de serviços não prestados ultrapassasse o percentual de 20%.

    É dizer: mesmo que a OS cumprisse, por exemplo, 50% das

    metas estabelecidas, receberia 80% do valor da parcela mensal. Após 06 (seis) meses, seria

    descontado o valor de 20% de cada parcela mensal, pelo descumprimento das metas. Em

    resumo: os serviços eram pagos em quantidade fixa, mas prestados de forma variável, dentro

    de um conceito de “metas”. Ademais, as metas são estabelecidas levando em conta apenas a

    quantidade de serviços prestados e sua complexidade a partir de um critério objetivo. Não

    levavam em consideração as peculiaridades de cada procedimento realizado, sua

    complexidade, variável de acordo com cada paciente atendido e suas condições clínicas. Ou

    seja, a meta seria considerada alcançada desde que prestada uma quantidade X de serviços,

    dentro de cada categoria de serviço contratado, fossem eles muito ou pouco complexos,

    fossem eles mais ou menos onerosos.

    Esse modelo de contrato e de contraprestação, apesar das

    MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS - 90ª Promotoria de JustiçaRua 23, esq. com a Av. Fued José Sebba, Qd. 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala 342, CEP 74.805-100, Goiânia - Goiás

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    Processo: 5573053.57.2018.8.09.0051

    Usuário: Fabiana Lemes Zamalloa do Prado - Data: 14/03/2019 18:11:18

    GOIÂNIA - 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL

    Ação Civil de Improbidade Administrativa ( Lei 8.429/92 )

    Valor: R$ 467.744,30 | Classificador: AGUARDANDO DECURSO DE PRAZO

    Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 30/11/2018 18:18:24Assinado por FABIANA LEMES ZAMALLOA DO PRADOValidação pelo código: 10433569509298931, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

  • alterações ocorridas ao longo da execução dos contratos de gestão, permanece em sua

    essência.

    No que concerne ao pessoal, apesar de o Estado de Goiás dispor

    de quadro próprio de profissionais da saúde, selecionados por concurso público que

    aguardavam, inclusive, nomeação1, os contratos previam a possibilidade de as organizações

    sociais contratarem 50% dos empregados, de forma direta, por meio de contrato regido pelas

    regras celetistas, portanto sem concurso público, conforme previsto no artigo 37, inciso II, da

    Constituição Federal e de despenderem, para pagamento de pessoal, 60% do valor do contrato.

    Em razão dessa cláusula contratual, muitos servidores públicos

    foram removidos das unidades de saúde em que as OS assumiram a gerência, para a sua

    substituição por profissionais contratados diretamente, pelo regime celetista. Em consequência

    e por dispor a Secretaria de Estado de Saúde de um quadro próprio de servidores, tais

    servidores foram alocados em unidades em que as vagas já estavam preenchidas, o que

    resultou na permanência de servidores nas unidades de saúde ainda sob a gestão direta do

    Estado, sem que prestassem o serviço para o qual foram contratados por concurso público,

    perambulando pelos corredores da unidade de saúde, em razão da ausência de necessidade da

    mão-de-obra e de espaço físico para a prestação dos serviços em tais unidades. Essa situação é

    objeto de investigação nos autos da ACP de Registro Projudi nº 232170.08.2013.8.09.0051,

    em tramitação na 4ª Vara da Fazenda Pública Estadual (anexo VI).

    Essa situação, além de evidenciar a falta de planejamento com

    que procedeu o Estado de Goiás, por meio do réu ANTÔNIO FALEIROS FILHO , sem

    dúvida, gerou sérios prejuízos ao erário, porquanto o Estado de Goiás dispunha de pessoal

    suficiente, contratado por concurso público, para a prestação de serviços nas unidades de

    saúde transferidas paras as organizações sociais e, não obstante, essa mão-de-obra foi

    subutilizada e substituída por outra, contratada, pelo regime celetista, com recursos dos

    contratos de gestão, pelas OS.

    1 No ano de 2010 foi homologado concurso público para os quadros de profissionais da saúde da Secretaria Estadual deSaúde. Inclusive, foi proposta pelo Ministério Público do Estado de Goiás, por intermédio da Promotora de Justiça titular da89ª Promotoria de Justiça de Goiânia, ação civil pública objetivando a nomeação dos aprovados no concurso públicorealizado pela Secretaria de Estado da Saúde no ano de 2010, a qual tramitou na 2ª Vara da Fazenda Pública Estadual, nº deprotocolo 201202266392.

    MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS - 90ª Promotoria de JustiçaRua 23, esq. com a Av. Fued José Sebba, Qd. 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala 342, CEP 74.805-100, Goiânia - Goiás

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    Processo: 5573053.57.2018.8.09.0051

    Usuário: Fabiana Lemes Zamalloa do Prado - Data: 14/03/2019 18:11:18

    GOIÂNIA - 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL

    Ação Civil de Improbidade Administrativa ( Lei 8.429/92 )

    Valor: R$ 467.744,30 | Classificador: AGUARDANDO DECURSO DE PRAZO

    Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 30/11/2018 18:18:24Assinado por FABIANA LEMES ZAMALLOA DO PRADOValidação pelo código: 10433569509298931, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

  • Frustrada a primeira tentativa de transferência da gestão do

    HUAPA – Hospital de Urgências de Aparecida de Goiânia -, a Secretaria de Estado da Saúde

    deixou a unidade chegar ao caos, o que levou ao fechamento da unidade para atendimentos de

    urgência e emergência, conforme se vê pela reportagem de “O Popular”, de 03/10/2012

    (anexo VII).

    Segundo noticiado, a mencionada falta de abastecimento levou a

    unidade hospitalar ao colapso, provocando a escassez de toda ordem de medicamentos,

    insumos, materiais, inclusive copos plásticos, papel higiênico, papel toalha e outros produtos e

    serviços essenciais à prestação de serviços de saúde.

    A fim de materializar a situação noticiada, foi realizada uma

    vistoria no HUAPA pelo CRM (Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás) e, aos

    19/06/2012, foi enviada, ao Ministério Público, cópia dos relatórios de vistoria de nº 119/2012

    e de nº 120/2012 (anexo VIII).

    Conforme se extrai do Relatório de Vistoria 119/2012 e

    120/2012 realizada pelo CREMEGO, aos 30/05/2012, identificaram várias outras deficiências,

    quais sejam: desabastecimento do hospital em medicamentos e insumos (segundo consta 85%

    dos medicamentos do hospital estavam em falta), suspensão de internação em 04 (quatro)

    leitos de UTI, por falta de equipamentos, falta de manutenção de outros equipamentos do

    hospital, tais como monitores multiparamétricos, respiradores, oxímetros de pulso; falta de

    equipamentos como bomba de infusão, cateter de acesso venoso central, kits para pressão

    arterial e outros, falta de materiais, tais como capotes esterilizados, máscaras, gorros, ataduras

    para gesso e algodão ortopédico, órteses e próteses, falta de médicos, falta de funcionamento

    de serviços essenciais tais como o de lavanderia e outros. (anexo VIII).

    Inclusive, no dia 26/05/2012, foi determinada pelo Dr.

    Deusdedith Vaz, a suspensão de atendimentos em UTI e dos leitos da unidade, em razão da

    falta de medicamentos e insumos básicos, tais como solução fisiológica, luvas estéreis,

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  • seringas, relacionados no documento que inaugura o anexo IX.

    Após a realização dessas vistorias, no dia 24/07/2012, foi

    realizada nova vistoria, quando constatou-se que muitas das deficiências apontadas nas

    vistorias anteriores foram sanadas e reabastecido o hospital, que seria assumido por uma

    organização social dali a uma semana. As providências adotadas foram relatadas pela Diretora

    Interina do HUAPA, aos 25.07.2012, por meio do Ofício 097/2012 HUAPA. (anexo IX).

    Por meio dos documentos que foram acostados aos Ofício

    097/2012 HUAPA, da lavra da Diretora Interina do HUAPA Célia Ricardo de Souza,

    constata-se que, ao longo do ano de 2011, bem como no primeiro semestre de 2012, a situação

    de desabastecimento, estoques críticos e deficiências foi comunicada pelos órgãos internos do

    hospital à Diretoria, bem como reiteradas foram as solicitações de abastecimento e

    providências para a adequação dos serviços (anexo IX).

    Todas essas informações, em conjunto com as constatações in

    loco que foram realizadas pelo CREMEGO evidenciaram uma gama de irregularidades na

    prestação do serviço de saúde, bem como as mais diversas deficiências enfrentadas pelo

    HUAPA, decorrentes da ausência de insumos, medicamentos e serviços essenciais, em razão

    do completo abandono ao qual foi relegada a unidade de saúde pela SES.

    Objetivando verificar se SES dispunha de recursos suficientes à

    manutenção dos hospitais, foram requisitadas à SEGPLAN informações acerca dos recursos

    orçamentários destinados a SES. Por meio do ofício nº 867/2012-GAB, a SEGPLAN

    informou, aos 18/06/2012, que foi autorizado o orçamento de R$ 1.032.685.000,00 em 2011 e

    R$ 1.115.021.000,00 em 2012 para a SES, a quem, como gestora do Sistema de Saúde,

    competia o abastecimento das unidades de saúde, inclusive do HUAPA (anexo X).

    A SES, por sua vez, informou que o desabastecimento do

    HUAPA estava diretamente relacionado a dificuldade de conclusão dos processos licitatórios

    (Ofício 288/2012-SGPF/SES – anexo X). Entretanto, os elementos de convicção coligidos

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  • evidenciaram que, em verdade, o desabastecimento da unidade de saúde, no ponto crítico em

    que chegou, deu-se em razão da falta de planejamento da SES na complexa tarefa de

    transferência do hospital da gestão pública para a gestão privada e da falta de adoção de

    providências que garantissem que a transferência se desse sem prejuízo dos serviços de saúde

    e sem prejuízos ao erário.

    Conforme resultou apurado nos autos de investigação, o

    desabastecimento do HUAPA, mais especificamente, deu-se em razão do fato de que, diante

    da expectativa de ser a sua gerência transferida para organização social, a SES retirou o

    referido hospital e suas necessidades dos processos de licitação e compras realizados pela

    SES. Entretanto, em razão das questões jurídicas que envolveram o processo de contratação,

    tanto na primeira tentativa de contratação, com o acatamento pela SES, da recomendação de

    não celebração do contrato de gestão com a SALUTE SOCIALE, como no segundo

    chamamento público deflagrado (chamamento público 004/2012), que ficou suspenso,

    temporariamente, por decisão judicial, a efetiva transferência da gestão do HUAPA

    procrastinou-se, sem que a SES dispusesse de materiais, insumos e serviços ao atendimento da

    demanda até que se desse a efetiva transferência.

    Em declarações prestadas nesta Promotoria de Justiça, a

    Diretora-Geral do HUAPA CÉLIA RICARDO DE SOUZA esclareceu:

    [...]que a unidade se encontrava bastante desabastecida, havia muitos problemas comos servidores, em razão do distanciamento dos servidores com a direção do hospital edescontentamento em razão da decisão do governo estadual de transferir a gerênciapara as OS; havia falta de médicos e essa falta ainda permanece até hoje (em menorquantitativo); que a declarante então fez as solicitações necessárias para a SES, hajavista que a unidade não tem autonomia para a aquisição de produtos e celebração decontratos para a manutenção de equipamentos; que a declarante procurou se inteirardas razões pelas quais os processos de licitação não haviam sido concluídos e tentouagilizar essa conclusão; que em algumas situações a declarante teve êxito naagilização; que os problemas nessas situações eram morosidade na prolação de umdespacho em algum órgão de controle; falta de entendimento quanto à descrição doproduto; que a maioria dos entraves, a declarante pode constatar, decorria dedivergências ou demora na PGE e na Advocacia Setorial; que também odesabastecimento do HUAPA deveu-se à circunstância de ter sido retirada aunidade de um processo de licitação ou ter sido cancelado o processo de licitaçãopara a aquisição de produtos para a unidade, porque, anteriormente, já haviasido transferida a gerência para as OS; [...] que a situação de desabastecimentopiorou com a transferência dos demais hospitais estaduais para as OS, porquantohavia um intercâmbio de produtos e serviços entre os hospitais; que atualmenteisso não é mais possível e como praticamente todos os hospitais já estão sob aadministração de OS, ficou o HUAPA ilhado; que atualmente há um deficit de mais

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    Processo: 5573053.57.2018.8.09.0051

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  • ou menos 20% a 30% dos itens necessários ao funcionamento do hospital; […] SES,diante da falta de êxito na conclusão do chamamento público em razão de decisãojudicial e diante da alegada dificuldade de abastecimento e de manutenção dosequipamentos médico-hospitalares da unidade, decidiu desativar, em carátertemporário, parte das atividades do HUAPA; que foram suspensos osatendimentos de urgência e emergência, UTI, sala de reanimação, endoscopias ecirurgias, conforme Ofício n.º 015/2012 – GEDUS/SUNAS/SES-GO, de 20 deagosto de 2012; [...] que não foi deflagrado processo de licitação para a renovaçãodo contrato do gás antes que expirasse o contrato anterior; que esse processosomente foi deflagrado após o término do prazo do contrato anterior; [...] que omaior problema com relação aos equipamentos é a ausência de contrato demanutenção preventiva e corretiva; que dos insumos e medicamentos solicitados,alguns foram atendidos; mas com relação à manutenção de equipamentos, asituação permanece inalterada; que os equipamentos de imagenologia eram um dosgrandes problemas da unidade; com a celebração do contrato de gestão com a FIDI,estes problemas foram solucionados […]. (anexo XI)

    No mesmo sentido, foram os esclarecimentos prestados por

    MARIA CECÍLIA MARTINS BRITO , então Superintendente de Gerenciamento de

    Unidades Assistenciais de Saúde, ao ser ouvida durante as investigações:

    [...] que quem antecedeu a declarante no exercício do cargo foi FlávioAugusto Curado; […] que atualmente Flávio Augusto ocupa o cargo deAssessor de Gestão de Parcerias com as Organizações Sociais – AGPOS; [...]que o HUAPA foi a primeira unidade de saúde a ser preparada para atransferência de gerência às OS; que não obstante isso, em razão dasdenúncias que surgiram em torno da OS que foi escolhida para agerência do HUAPA – Salute Sociale –, a gerência do HUAPA não foitransferida naquela oportunidade; que como havia já um processo dechamamento público concluído, não foi o HUAPA contemplado emprocessos licitatórios para a aquisição de medicamentos e insumos; quecomo a transferência da gerência não foi possível e o HUAPApermaneceu sob a administração estatal, começaram a surgir osproblemas de desabastecimento, haja vista que novos processos delicitação tiveram de ser deflagrados para o abastecimento da unidade[…]; que afirma que por ocasião da decisão de transferência da gerênciado HUAPA para as OS, tomada no início do ano de 2011, o HUAPA foiretirado de vários processos de licitação que estavam em andamento enão colocado em alguns que se iniciaram; […] que não foi levado emconsideração na celebração dos contratos de gestão hoje vigentes o custoefetivo dos serviços prestados pela OS e “comprados pelo Estado”, mas “oque o Estado gastou no ano em referência”, sem uma análise de correlaçãoentre o custo e serviço; que a declarante reconhece que o modelo adotado,baseado em metas, pode levar a uma demanda reprimida; que essa é umapreocupação da SES, um aspecto em discussão para as renovaçõescontratuais; que o fato de algumas unidades de saúde, dentre estas as maioresdo Estado, terem sido transferidas para a gerência de OS pode agravar oproblema de demanda reprimida, que pode vir a ocorrer em razão do modelode metas estabelecido nos contratos [...] (anexo XI)

    Na mesma linha, Deusdedith Vaz, então Coordenador de UTI do

    HUAPA, informou:

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    Ação Civil de Improbidade Administrativa ( Lei 8.429/92 )

    Valor: R$ 467.744,30 | Classificador: AGUARDANDO DECURSO DE PRAZO

    Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 30/11/2018 18:18:24Assinado por FABIANA LEMES ZAMALLOA DO PRADOValidação pelo código: 10433569509298931, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

  • [...] que após esse problema de pessoal, a UTI passou por sérios problemas defalta de manutenção técnica, preventiva, corretiva e de substituição deequipamentos; que os contratos de manutenção técnica foram vencendo apartir do início do ano de 2011; entretanto, em razão da expectativa da SESde transferência da gerência das unidades de saúde para as OS, nãotomou providência para a renovação de tais contratos; que em razão dafalta de êxito na transferência e permanecido a gerência com a SES, ficouo HUAPA desprovido da manutenção necessária dos equipamentos quepossui; que com a falta de manutenção dos equipamentos, estescomeçaram a apresentar defeitos ou mesmo a se tornar inoperantes, oque levou à desativação de leitos da UTI; que diante da possibilidade deexpiração dos contratos de manutenção e da ciência de que o processolicitatório para a contratação é moroso, a SES deveria tomarprovidências com mais tempo para evitar que houvesse interrupção naprestação de manutenção; que diante do problema instalado, a SESargumentava que isso seria temporário, porque as OS assumiriam agerência das unidades; que, não tendo havido êxito na transferência dagerência, o problema se agravou, porque não havia mais tempo suficientepara a realização de processo licitatório; que embora a maioria da gerênciados hospitais públicos estaduais já tenha sido passada para as OS, o Estadocontinua realizando processos de licitação, não só de compras de insumos emedicamentos, mas também de manutenção de equipamentos; querecentemente foi aprovada a lei que disciplina o Fundo Estadual de Saúde,que possibilitará maior agilização nas compras realizadas; entretanto, essasolução veio exatamente no momento em que o Estado já haviatransferido a gerência das unidades para as OS; […] assevera que no anode 2009 e 2010 o HUAPA foi plenamente abastecido, não somente pormeio da SES, mas também por meio do fundo rotativo; que os recursos dofundo rotativo eram utilizados de forma mais livre, entretanto sempre ematuação emergencial e atendia às necessidades do hospital; […] que osproblemas de falta de manutenção e falta de abastecimento começaram asurgir no ano de 2011 […]. (anexo XI).

    Como se vê, a SES, no ano de 2011, após tomar a decisão de

    transferir para organizações sociais a gerência de hospitais públicos estaduais, estancou a

    aquisição de medicamentos, insumos, bem como a celebração de contratos para a manutenção

    preventiva e corretiva de equipamentos do HUAPA, na expectativa de que gestão da referida

    unidade de saúde, a primeira escolhida para a transferência da gestão, fosse assumida por uma

    organização social.

    Entretanto, em razão dos entraves jurídicos enfrentados, o

    efetivo trespasse da gestão procrastinou-se, o que levou a situação de total de

    desabastecimento da unidade hospitalar e dos sérios problemas detectados pelo CRM, durante

    as inspeções realizadas, as quais levaram, inclusive, a interdição parcial da unidade.

    Apesar disso, apurou-se que, no ano de 2013, quando grande

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    Processo: 5573053.57.2018.8.09.0051

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  • parte da gestão das unidades de saúde já havia sido transferida para organizações sociais,

    grande quantidade de medicamentos foram incinerados pela SES, em razão da perda do prazo

    de validade (anexo XII).

    Isso porque os medicamentos que se encontravam em estoque,

    desde o ano de 2011, não foram utilizados pelas unidades de saúde até que sua gestão fosse

    transferida para as organizações sociais e, com o trespasse da gestão, não foram adotadas pelo

    réu ANTÔNIO FALEIROS FILHO providências para que esses medicamentos fossem

    recebidos pelas organizações sociais, mediante abatimento dos valores contratuais, por falta de

    ausência de previsão contratual.

    Conforme informação prestada pelo Departamento de Vigilância

    Sanitária no complexo de almoxarifados da Coordenação de Controle de Estoque da SES,

    relativa aos medicamentos desperdiçados, descartados, inutilizados em decorrência da

    expiração da data de validade por compra excessiva ou não dispensação adequada, esse o

    quantitativo de medicamentos incinerados no ano de 2013 (anexo XII – ICP 201300206986 –

    fls. 37/40 e 45/50):

    Data Montante incinerado19.04.2013 756 kg17.05.2013 581,4 kg03.06.2013 514 kg22.08.2013 500 kg

    Total: 2.351,4kg

    Com as informações, foram apresentados os comprovantes de

    coleta para inutilização de produtos, em razão de estarem com prazo de validade expirado ou

    avariados, situação que se mostrou alarmante diante do grande vulto de medicamentos e

    materiais hospitalares incinerados/inutilizados, que, frise-se, totalizaram 2.351,4kg (dois mil,

    trezentos e cinquenta e um quilos e quatrocentos gramas).

    A partir dos documentos encaminhados, pode-se constatar que

    entre janeiro a agosto de 2013, 33 (trinta e três) tipos de medicamentos foram incinerados

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    Processo: 5573053.57.2018.8.09.0051

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  • após terem os prazos de validade expirados, muito embora pudessem ter sido repassados para

    as unidades de saúde cuja gerência foi trespassada para organizações sociais, inclusive o

    HUAPA, providência essa que se revelava necessária para a continuidade dos serviços e para

    evitar prejuízos para o Estado, diante da complexa transição que se efetivava.

    Tal situação evidenciou, mais uma vez, a total falta de

    planejamento com que procedeu o réu ANTÔNIO FALEIROS FILHO , na decisão de

    transferir para organizações sociais a gestão dos hospitais públicos estaduais.

    Para melhor visualização, as informações relativas à incineração

    dos medicamentos foram organizadas no quadro abaixo, elaborado por meio das informações

    constantes às fls. 46/50 dos autos de ICP 201300206986 (anexo XII):

    Medicamentos

    Quantidadetotal adquirida

    no Lote

    ValorUnitário em

    R$

    Lote QuantidadeIncinerada

    Valor domedicamentoincinerado em

    R$Biperideno

    2mg750 0,05 0565349 285 14,25

    Cefalotina 1g 74.100 1,20 7401539 29.840 35.808,00Cefazolina 1g 55.950 1,19 7401600 25.345 30.160,55

    Atracúrio2,5mg/ml-

    10ml

    2.875 3,68 1880023 1.679 6.178,72

    Sais pararehidratação

    oral

    5.450 0,21 11A703 479 100,59

    Sais pararehidratação

    oral

    19.550 0,21 11A704 12.835 2.695,35

    Sais pararehidratação

    oral

    10.850 0,21 11A702 1.778 373,38

    Adenosina6mg Amp.

    2ml

    700 10,85 BC-001/11

    649 7.041,65

    AmidoHidroxietílico

    840 22,19 74EC0890 522 11.583,18

    RingerLactato 500ml

    690 1,39 74EG2683HDS

    10 13,90

    ÁcidoAcetilsalicílic

    o 100mg

    17.000 0,01 0656803 1.010 10,10

    MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS - 90ª Promotoria de JustiçaRua 23, esq. com a Av. Fued José Sebba, Qd. 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala 342, CEP 74.805-100, Goiânia - Goiás

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    GOIÂNIA - 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL

    Ação Civil de Improbidade Administrativa ( Lei 8.429/92 )

    Valor: R$ 467.744,30 | Classificador: AGUARDANDO DECURSO DE PRAZO

    Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 30/11/2018 18:18:24Assinado por FABIANA LEMES ZAMALLOA DO PRADOValidação pelo código: 10433569509298931, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

  • comp.Solução

    Glicose 25%10ml

    46240 0,11 AOO14/CO167

    29268 3219,48

    Pentoxifilina20mg/ml -

    5ml

    2500 1,84 1117923 --- ---

    Hidrocortisona 500mg

    15.540 1,98 7004845 11.018 21.815,64

    SurfactantePulmonar Sol.Intraqueal/intr

    abronqueal

    246 1113,60 122085A 22 24499,20

    Adenosina3mg/ml

    150 11,35 11B03692 39 442,65

    Adenosina3mg/ml

    500 11,35 11E02552 445 5050,75

    Cefoxatimapó sol. Inj 1g

    360 10,88 970017 320 3481,60

    Amoxicilina +Ácido

    Clavulânicopó sol. Inj 1g

    2450 3,06 Z711004-ProtegeGoiás

    2370 7252,20

    Bicarbonatode Sódio sol.Inj. 1Meq/mlou 8,4% 10ml

    24800 0,39 BKV 5648 2202,72

    Bisacodil 5mg 5100 0,09 1104195 3774 339,66Escopolamina20mg/ml 1ml

    16600 0,37 H07711 15430 5709,10

    Ciprofloxacino 400mg sol.

    P/ infusão200ml

    1516 13 0000046549

    372 4836

    Ciprofloxacino sol. Inj.

    200Mg/100ml

    5000 3,50 11234601 3140 10990

    Dexametasona creme 0,1%mg tubo 10g

    8100 0,49 KF0088 474 232,26

    Tiamina300mg comp.

    2500 0,08 0479/11 800 64

    Betametasonasol. Inj6mg/ml

    2025 4,69 1110834/1112587/10

    046440

    2 9,38

    Aciclovir200mg

    8550 0,07 11F03F 5 0,35

    Bupivacaína0,5% - 20ml

    200 3,30 1108058 66 217,80

    Clindamicina150mg/ml

    14000 0,85 0790022 6100 5158

    MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS - 90ª Promotoria de JustiçaRua 23, esq. com a Av. Fued José Sebba, Qd. 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala 342, CEP 74.805-100, Goiânia - Goiás

    15

    Processo: 5573053.57.2018.8.09.0051

    Usuário: Fabiana Lemes Zamalloa do Prado - Data: 14/03/2019 18:11:18

    GOIÂNIA - 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL

    Ação Civil de Improbidade Administrativa ( Lei 8.429/92 )

    Valor: R$ 467.744,30 | Classificador: AGUARDANDO DECURSO DE PRAZO

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  • 2mlDexametason

    a 4mg/ml2,5ml inj.

    15650 0,38 1170302 13616 5174,08

    Dopamina sol.Inj. 5Mg/ml

    6150 0,63 11080785 394 248,22

    Metilprednisolona 125mg

    650 4,54 1440100/1440101

    365 1657,10

    Norepinefrina2mg/ml

    19400 1,28 1160301 940 1203,20

    Octreotida0,1mg/ml 1ml

    1140 21,33 JKK2870A

    590 12584,70

    Cefradoxilasuspensão oral50mg/ml fr.

    100Ml

    36 270139 15 240

    TOTAL EMR$

    210.607,76

    O Coordenador de Administração de Estoques NILSON

    ANTÔNIO DE OLIVEIRA, ao ser ouvido pelo Ministério Público, relatou não ter

    conhecimento sobre quais motivos ensejaram a não utilização dos medicamentos e a ausência

    de repasses para as organizações sociais. Destacou, ainda que:

    [...] sabe que houve tratativas entre OS e Estado de Goiás, para soluçãodo problema dos medicamentos adquiridos pela Secretaria Estadual deSaúde e a recusa das OS em utilizá-los. Soube informalmente que oproblema era que as OS pleiteavam que os medicamentos fossem doadospara as Unidades de Saúde. Informa que os detalhes dessa tratativa, bemcomo os resultados que levaram a perda dos medicamentos são dedomínio do Secretário Estadual de Saúde à época. (anexo XI) – grifou-se.

    A situação foi devidamente comunicada às autoridades

    superiores, por NILSON ANTÔNIO DE OLIVEIRA, por meio da qual informou à Gerência

    de Compras e Administração de Estoque (GECAE):

    A Coordenação de Administração de Estoques/COAE, mais uma vez vemexternar a grande preocupação com os produtos adquiridos paraatender a demanda das Unidades Assistenciais de Saúde da SES-GO quenão estão sendo retirados e que permanecem armazenados nessealmoxarifado. Vale lembrar que esta situação teve seu início a partir do momento emque as Unidades Assistenciais: HGG, HUGO, HMI e HDT passaram aintegrar o quadro das Unidades de Saúde geridas pelas OS.

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    Processo: 5573053.57.2018.8.09.0051

    Usuário: Fabiana Lemes Zamalloa do Prado - Data: 14/03/2019 18:11:18

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    Ação Civil de Improbidade Administrativa ( Lei 8.429/92 )

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    Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 30/11/2018 18:18:24Assinado por FABIANA LEMES ZAMALLOA DO PRADOValidação pelo código: 10433569509298931, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

  • As referidas Unidades acima mencionadas, possuíam metas de retiradasmensais dos produtos. Ao serem repassadas para as OS, nenhuma metadestinada ao abastecimento das mesmas foram retiradas, ficando todo omaterial adquirido, estocado aguardando por decisões das autoridadescompetentes, quanto ao destino dos mesmos.Para agravar ainda mais a situação o HUAPA integrou ao grupo dasOS, assim, deixou de efetuar suas retiradas. Em que pese todos os esforços desta Coordenação e também desta Gerência,na busca de dispensação às Unidades Assistenciais/Hospitalares sob gerênciae/ou a outras Unidades que atenda exclusivamente usuários do SUS, devidoao grande volume que antes era demandado pelas Unidades supracitadas.A não dispensação destes produtos em tempo hábil, acarretará emprejuízo.Considerando todos entraves, inclusive as várias comunicações sobre ofato às áreas responsáveis pela demanda desses produtos, feitas tantopor esta Coordenação, quanto por essa Gerência, continuamosaguardando solução para a questão, lembrando que, vários produtosestão com a data de validade expirando nos próximos meses – grifou-se.(anexo XII – ICP 201300206986 – fls. 2443/2444)

    Contudo, providências não foram adotadas para o efetivo

    consumo dos medicamentos, os quais acabaram por ser incinerados no ano de 2013, por

    vencimento do prazo de validade, e que poderiam ter sido utilizados, inclusive pelo HUAPA,

    no período de sua crise de abastecimento, bem como pelos demais hospitais, tanto antes como

    depois do trespasse da gestão para as organizações sociais, tivesse havido o adequado

    planejamento e a necessária previsão contratual de aproveitamento dos medicamentos.

    Relativamente ao HUAPA, os documentos encaminhados pela

    SES, sobre os medicamentos solicitados mensalmente, no período de 01/01/2011 a

    30/06/2012 e autorizados (anexo X), evidenciam que muitos dos medicamentos incinerados

    foram solicitados pelo HUAPA no período e não foi autorizada a entrega pelo estoque ou esta

    foi autorizada em quantitativo menor.

    A tabela abaixo faz o cotejo entre os medicamentos solicitados e

    dispensados pela SES e os incinerados, conforme informação da SES:

    MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS - 90ª Promotoria de JustiçaRua 23, esq. com a Av. Fued José Sebba, Qd. 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala 342, CEP 74.805-100, Goiânia - Goiás

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    Processo: 5573053.57.2018.8.09.0051

    Usuário: Fabiana Lemes Zamalloa do Prado - Data: 14/03/2019 18:11:18

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    Ação Civil de Improbidade Administrativa ( Lei 8.429/92 )

    Valor: R$ 467.744,30 | Classificador: AGUARDANDO DECURSO DE PRAZO

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  • Período Medicamentos solicitados pelo HUAPA Quantidadesolicitada

    Quantidadeautorizada

    Quantidadeincinerada

    01.01.2011a

    31.03.2011

    Aciclovir 200mg 120 0 5

    Ácido Acetilsalicílico 100mg comp. 6.600 0 1.010

    Bicarbonato de Sódio sol. Inj. 1Meq/ml ou8,4% 10ml

    450 0 5.648

    Biperideno 2mg 50 0 285

    Dexametasona creme 0,1% mg tubo 10g 12 0 474

    Escopolamina 20mg/ml 1ml 3900 0 15.430

    Bupivacaína 0,5% - 20ml 65 60 66

    Dexametasona 4mg/ml 2,5ml inj. - 700 350 13.616

    Solução Glicose 25% 10ml 700 400 29.268

    01.04.2011a

    30.06.2011

    Ácido Acetilsalicílico 100mg comp. - 6.600 0 1.010

    Biperideno 2mg 30 0 285

    Bupivacaína 0,5% - 20ml 60 0 66

    Cefalotina 1g 400 0 29.840

    Cefazolina 1g - 700 0 25.345

    Tiamina 300mg comp. 400 130 800

    01.07.2011a

    30.09.2011

    - Aciclovir 200ml 40 0 5

    Adenosina 3mg/ml 15 0 650

    Bupivacaína 0,5% - 20ml 25 0 66

    Ácido Acetilsalicílico 100mg comp. 6600 4400 1.010

    Bicarbonato de Sódio sol. Inj. 1Meq/ml ou8,4% 10ml

    750 300 5.648

    01.10.2011a

    31.12.2011

    Bupivacaína 0,5% 95 0 66

    Octreotida 0,1mg/ml 1m 645 70 590

    Tiamina 300mg comp. 300 170 800

    01.01.2012a

    31.03.2012

    Bupivacaína 0,5% - 20ml - 50 50 0 66

    Betametasona sol. Inj 6mg/ml 16 0 2

    Bicarbonato de Sódio sol. Inj. 1Meq/ml ou8,4% 10ml

    800 0 5.648

    Bupivacaína 0,5% - 20ml 50 0 66

    Aciclovir 200mg 50 45 5

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    Processo: 5573053.57.2018.8.09.0051

    Usuário: Fabiana Lemes Zamalloa do Prado - Data: 14/03/2019 18:11:18

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  • Biperideno 2mg 50 30 285

    Octreotida 0,1mg/ml 1m - 460 193 590

    Tiamina 300mg comp. 160 80 800

    01.04.2012a

    13.06.2012

    Betametasona sol. Inj 6mg/ml - 8 8 0 2

    Bupivacaína 0,5% - 20ml 15 0 66

    Ora, com exceção dos medicamentos Aciclovir 200mg (nos

    períodos de 01.01.2011 a 31.03.2011; 01.07.2011 a 30.09.2011 e01.01.2012 a 31.03.201);

    Ácido Acetilsalicílico 100mg comp. (nos períodos de 01.01.2011 a 31.03.2011 e 01.04.2011

    a 30.06.2011) e Betametasona sol. Inj 6mg/ml (nos períodos de 01.01.2012 a 31.03.2012 e

    01.04.2012 a 13.06.2012), os demais medicamentos supramencionados, cujas demandas do

    HUAPA não foram supridas ou supridas parcialmente, poderiam ter sido atendidas pelo

    estoque da SES.

    Assim, ao se confrontarem os dados, resulta evidente que

    muitos dos medicamentos que foram incinerados constam no rol de medicamentos solicitados

    para o abastecimento do HUAPA, o que demonstra, muito além da total ineficiência da gestão

    do réu ANTÔNIO FALEIROS FILHO no abastecimento das unidades de saúde, a forma não

    planejada e lesiva com que conduziu o processo de transferência de gestão dos hospitais

    públicos estaduais para organizações sociais.

    A corroborar esse fato, verifica-se, pela estimativa de consumo

    da farmácia do HUAPA, para o mês seguinte (janeiro de 2012) elaborada em dezembro de

    2011 (anexo IX – ICP fls. 376/380), que muitos dos medicamentos que se encontravam em

    estoque, que foram incinerados por falta de uso e vencimento do prazo de validade,

    encontravam-se na relação de medicamentos a serem consumidos pela referida unidade

    hospitalar.

    No quadro abaixo, seguem os medicamentos que poderiam ter

    sido fornecidos ao HUAPA, conforme relação elaborada pela farmácia do HUAPA (anexo IX

    - ICP fls. 376/380):

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    Processo: 5573053.57.2018.8.09.0051

    Usuário: Fabiana Lemes Zamalloa do Prado - Data: 14/03/2019 18:11:18

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  • ITEM QUANTIDADE

    NECESSÁRIA

    QUANTIDADE

    INCINERADAAmido Hidroxietílico 3 522Amoxicilina + Ácido Clavulânico pó sol.

    Inj 1g

    40 2.370

    Atracúrio 2,5mg/ml-10ml 80 1.679Bicarbonato de Sódio sol. Inj. 1Meq/ml

    ou 8,4% 10ml

    150 5.648

    Bupivacaína 0,5% - 20ml 25 66Cefazolina 1g não informado 25.345Octreotida 0,1mg/ml 1ml 100 590

    O mesmo ocorreu na estimativa de consumo de 2 (dois) meses

    para o ano de 2012 (anexo IX - ICP fls. 411/415):

    ITEM QUANTIDADE

    NECESSÁRIA

    QUANTIDADE

    INCINERADAÁcido Acetilsalicílico 100mg comp 1590 1.010Sais para rehidratação oral 5 15.092Atracúrio 2,5mg/ml-10ml 110 1.679

    Pelos relatórios demonstrativos de estoque do mês de

    maio/2012, encaminhados pela farmacêutica do HUAPA, Isabela Netto do Carmo, CRF/GO

    2.150, foi possível constatar, por exemplo, que, naquele período, o estoque de Bicarbonato de

    Sódio sol. Inj. 1Meq/ml ou 8,4% 10ml e Dexametasona creme 0,1% mg tubo 10g eram

    insuficientes (anexo IX - ICP - fls. 854\855).

    As informações enviadas pelo HUAPA , acerca dos

    medicamentos que se encontravam com estoque insuficiente aos 26/06/2012, mais uma vez

    demonstram a identidade entre alguns dos medicamentos faltantes na unidade hospitalar e o

    estoque cujo prazo de validade expirou e que foi incinerado pela Secretaria de Saúde do

    Estado de Goiás no ano de 2013, todos em quantidade suficiente para o abastecimento da

    entidade hospitalar (anexo IX – ICP fls. 954/955):

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    Processo: 5573053.57.2018.8.09.0051

    Usuário: Fabiana Lemes Zamalloa do Prado - Data: 14/03/2019 18:11:18

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  • ITEM QUANTIDADE

    NECESSÁRIA

    QUANTIDADE

    INCINERADABicarbonato de Sódio sol. Inj. 1Meq/ml ou 8,4%

    10ml

    160 5.648

    Bupivacaína 0,5% - 20ml 15 66Dexametasona creme 0,1% mg tubo 10g 2 474

    No curso da investigação foram ouvidos ANTÔNIO

    FALEIROS FILHO, ARMANDO ZAFALÃO JÚNIOR, FLÁVIO AUGUSTO CURADO

    MORAES, MARIA CECÍLIA MARTINS BRITO, MARIA DAS GRAÇ AS RIBEIRO e

    OLDAIR MARINHO DA FONSECA que, devidamente notificados, comparecerem a 90ª

    Promotoria de Justiça para prestar esclarecimentos (anexo XI – termos de declaração,

    audiências gravadas e degravações):

    ANTÔNIO FALEIROS FILHO , que foi Secretário da Saúde

    do Estado de Goiás entre 01º.01.2011 a 31.12.2013, ao ser perguntado sobre os motivos que

    levaram ao desabastecimento do HUAPA respondeu que:

    [...] quando eu fui do governo do Alcídes Rodrigues, criou-se um tal deCENTRAC?, que é a Central de Contas, aí tiraram os técnicos para podercompor esse CENTRAC e a secretaria não mais comprava, quem compravaera o CENTRAC. Aí a secretaria, é claro, perdeu os técnicos que maistinham conhecimento a respeito de compras. Aí o que aconteceu, asecretária à época, ela optou, ao invés de se insurgir contra isso, elaoptou por passar a responsabilidade de compra para os fundos rotativos.Aí o que aconteceu, pra se ter uma ideia, em 2008, 2009, 2010, foi umcrescendo, que eu tenho a documentação, se a senhora quiser eu te mostro,foi um crescendo de gastos do fundo rotativo, ilegalmente, a senhora sabemuito bem que naquela época, desculpa não sei se a senhora pode lembrardisso, mas naquela época o teto de comprar com o fundo rotativo era de R$8.000,00 (oito mil reais) por ano. Tinha produtos, por exemplo que eramcomprados R$8.000,00 (oito mil reais) por dia, tamanha a irregularidade,mas veja, o montante de recursos repassados do fundo rotativo chegou a R$24.000.000,00 (vinte e quatro milhões) em 2010. Quando assumi em 2011, jáhavia uma denúncia quanto a irregularidades do fundo rotativo e do governoMarconi Perillo resolveu parar com o fundo, pelo menos dar e colocar umlimite previsível e legal. E aí nós fizemos inúmeras reuniões na secretariapara mostrar pros diretores os riscos que todos estavam correndo e esse riscoconcretizou-se porque o próprio Ministério Público, que fui eu que denuncieido fundo rotativo. O Ministério Público investigou com aquela campanha defundo corrosivo e todos os diretores estão sendo denunciados justamente porcompra ilegal. Então o que aconteceu, a Secretária de Saúde àquela épocalavou as mãos, deixou por conta dos vendedores? Quando nós assumimos, e

    MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS - 90ª Promotoria de JustiçaRua 23, esq. com a Av. Fued José Sebba, Qd. 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala 342, CEP 74.805-100, Goiânia - Goiás

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    Processo: 5573053.57.2018.8.09.0051

    Usuário: Fabiana Lemes Zamalloa do Prado - Data: 14/03/2019 18:11:18

    GOIÂNIA - 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL

    Ação Civil de Improbidade Administrativa ( Lei 8.429/92 )

    Valor: R$ 467.744,30 | Classificador: AGUARDANDO DECURSO DE PRAZO

    Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 30/11/2018 18:18:24Assinado por FABIANA LEMES ZAMALLOA DO PRADOValidação pelo código: 10433569509298931, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

  • aí fala-se nessa denúncia aí de que nós ficamos de repassar recursos doHUAPA, primeiro, assim, não é só o HUAPA, se ela citou o CREMEGO, oCREMEGO quase que fechou todos os hospitais, não só o HUAPA, o HDTchegou a fechar, o HDT chegou a ser interditado porque não tinha comocomprar. A coisa era de tamanha monta a procrastinação do Estado queera o seguinte, o governo Marconi acabou com o CENTRAQ e passou ascontas para a secretaria e a secretaria não tinha expertise, conclusão,todos os processos lá não andavam. Quando nós resolvemos normatizaro fundo rotativo, eu abri imediatamente 27 (vinte e sete) processos decompras para abastecer os hospitais. Esse negócio foi andando, e euaflito, indo atrás. Quando chegou com 03 (três meses) que os processosnão andavam, eu criei uma força tarefa para ver se impulsionava essesprocessos, mas comecei a acionar o governo também, porque o governotem que dar uma solução. E aí o que acontecia, desses 27 processos olhebem o absurdo, a emergência que quando chegou com 06 (seis) mesesdesse processo, veio a CGE e deu uma declaração de que 06 (seis) mesesnão justificava mais a emergência. E cancelou os 27 processos. Então oque era grave, emergencial se tornou... – grifou-se. (anexo XI – audiênciadegravada)

    Ao ser indagado especificamente acerca dos medicamentos que

    foram incinerados no ano de 2013, não deu nenhuma resposta apta a esclarecer o porquê de

    haver medicamentos em estoque e, ao mesmo tempo, se encontrar o HUAPA desabastecido:

    PROMOTORA : […] No ano de 2013, foram incinerados uma quantidadeenorme de medicamentos da Secretaria de Saúde por vencimento do prazo devalidade, muitos, dois mil e tantos não sei quantos kilos de remédios. Essesremédios, segundo as inspeções que foram feitas, deram entradas naSecretaria, no almoxarifado da secretaria no ano de 2011, venceu no ano de2013 e foram incinerados. O senhor tomou conhecimento desse fato?

    ANTÔNIO : Olha eu não estou com muita clareza para te relatar tudo,porque passou muito tempo, não fui eu que comprei e uma das coisas quenós procuramos corrigir foi exatamente isso. O que acontecia na época,os gestores dos hospitais por saberem que era difícil receber remédiocentralizado na secretaria, se eles precisavam de 100, eles já pediam 500,para justamente ficar com estoque e não faltar. Isso era muito comumacontecer. Então veja bem, Isso provavelmente, resumidamente, não vouentrar em detalhes que eu não me lembro de todos os detalhes, posso atédepois pesquisar e se for necessário te informar, mas na realidade é oseguinte, tinha muito produto que vencia por falta de uso porque oshospitais pediam em excesso. Nossas compras, foram sempre feitas comuma comissão que a gente criou para exatamente coibir esse tipo decoisa que era muito frequente, então você fazia compra baseado no gastoque o hospital tinha e comparando com o pedido que o gestor fazia.Então isso, a meu ver, foi solucionado, mas no passado existia e tanto é quecomo a senhora falou foram incinerados no início da minha gestão, masjustamente pela questão de medicamentos comprados..

    PROMOTORA: Eles foram incinerados em 2013, no final da sua gestãoe segundo a notícia eles entraram no almoxarifado em 2011.

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    Ação Civil de Improbidade Administrativa ( Lei 8.429/92 )

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  • ANTÔNIO : 2011, em que o almoxarifado fora comprado provavelmenteanteriormente do que a mim. Isso que eu tô falando para a senhora, mas oque eu posso transmitir é de que havia essa mania de se comprar em excesso,prevendo que quando você fosse comprovar mais iria demorar a chegar,então para se precaver eles compravam quantidade maior.

    PROMOTORA : Certo. Se havia essa prática, porque então que faltouabastecimento para os hospitais?

    ANTÔNIO : Porque alguns produtos eram comprados em excesso eoutros não. Tô falando que alguns gestores faziam essa prática, nemtodos faziam. O problema é falta de planejamento, também, queantigamente não tinha costume de fazer estoque mínimo. Os controleshospitalares eram muito precários, sempre foram muito precários.Então quando se comprava, a pessoa queria comprar era tudo de umavez pra ficar abastecido “eternamente”, vamos dizer assim entre aspas.Na realidade as compras eram feitas propositadamente em algunsgestores da maior e poderiam ficar desprevenidos.

    PROMOTORA: Mas no HUAPA, o desabastecimento era muito grande.

    ANTÔNIO: Em todos, desculpa, em todos.

    PROMOTORA : E assim, mesmo com esse quantitativo enorme demedicamentos sobressalentes, se a prática era essa de pedir mais, eles pediammais de tudo.

    ANTÔNIO : Não. Eu disse para senhora, (inaudível) que eu vou repetir aquipara a senhora. Eu não estou com muita clareza das respostas que eu deisobre esse episódio para a senhora, porque faz muito tempo. Segunda coisa,uns gestores faziam isso. A senhora pode observar o seguinte, eu citei agoramesmo o seguinte, nós tínhamos compras de mais de 5.000 tipos de produtosdiferentes, quantos foram incinerados? Não passa de algumas dezenas, sei láquantos foram. Então por exemplo, eu to dizendo não o quantitativo, mas simqualidade, o que foi incinerado. Eu não sei quais foram e a quantidade quefoi e qual a característica, qual o tipo de produto que era

    […]

    PROMOTORA : Não são muito, são poucos, mas eu detectei aqui algunsitens que estavam em falta no HUAPA e que existiam na Secretaria eforam inclusive incinerados. Poucos, mas existiam.

    ANTÔNIO : Bom, aí nesse caso eu acho que tinha que ver um processode iniciativa em cima do almoxarifado que estava escondendomedicamento, porque isso não tem cabimento. Não tem como umsecretário ir lá pra ver que tá faltando ou se tá sobrando medicamentos. Temque ter uma estrutura administrativa e se houve isso, a meu ver, é umdesleixo muito grande de quem tava la fiscalizando ou, as vezes, até dopróprio gestor que não fez o pedido para a SES. Pois a SES é demandada. Eunão acredito que isso aí tenha acontecida, mas pode ser, ou o gestor nãopediu ou o cara que libera, vamos dizer assim, não tomou a liberdade deliberar produto que ele tinha, isso eu não sei por que, qual o motivo deleesconder isso aí, porque incinerar, só se for maldade, que eu não acredito.

    […]

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  • PROMOTORA : Não, é pra eu tirar né? Tá, com relação aos contratos comOS. Quando foi feita os contratos com a OS, a Secretaria de Saúde tinha umaquantidade significativa de medicamentos em estoque, que inclusiveperderam o prazo de validade e foram incinerados. Por qual razão, essesmedicamentos não foram transferidos para a OS, já que eles faziam parte dopatrimônio da secretara de saúde e haviam adquiridos para os hospitais queestavam sendo transferidos para o OS. Por que esse medicamento nãoforam transferidos, passados para os hospitais já em gestão das OS eabatido o valor do contrato?

    ANTÔNIO : Primeiro que era ilegal, eu passar uma coisa depois deassinado o contrato seria ilegal. Segunda coisa é o seguinte, eu reputoque esse problema aí é pontual, que alguém ou que lá não pediu antes depassar para a OS ou que alguém não liberou, isso aí eradesconhecimento, nós ficamos sabendo da necessidade de incinerardepois de vencido. Como que eu vou passar medicamento vencido para aOrganização Social? Não tem como. Então foi incinerado porque estavavencido.

    PROMOTORA : Não, eles venceram em 2013, a transferência ocorreu,paulatinamente, em 2012. EM 2012, os medicamentos ainda estavam e,segundo a notícia, as OS se recusavam em receber esses medicamentos

    […]

    PROMOTORA: Porque assim, a questão, a secretaria sabia que tinha oestoque, sabia que assim como tinha algum dos contratos em vigor quealguns foram absorvidos pela OS e outros não.

    ANTÔNIO : A senhora pode falar o seguinte, a secretaria tomouconhecimento disso aqui quando foi avisada. A gente não tem como ter umconhecimento disso aí.

    PROMOTORA : Não, eu não estou dizendo do que foi incinerado. Eu digoassim, no momento que fora feito a transferência de gestão a secretariatinha medicamentos em seu estoque, não ia precisar mais daquelaquantidade?

    ANTÔNIO : Ia, claro que ia.

    PROMOTORA : Por conta da transferência, os medicamentos foramadquiridos para suprir uma necessidade de 8 hospitais.

    ANTÔNIO : Tá, mas por exemplo, o HUAPA, antes do governo de repassaro HUAPA, nós tínhamos um ernestina lá em Pirenópolis, nós tínhamosmaternidade em Nossa Senhora de Lourdes, nós tínhamos o Hospital ColôniaSanta Marta, qual é o outro que nós tínhamos? Nós tínhamos outros hospitaisque poderiam ser supridos por esses medicamentos. Problema erajustamente a gente saber que havia um estoque dessa maneira, que nãoera informatizado, diga-se de passagem, nunca foi, a secretaria ela foiextremamente sucateada, a secretaria não tem um prédio alto parapoder fazer a ampliação de serviços, até para ligar o computador nóstínhamos dificuldade por causa de energia.

    PROMOTORA: E esse controle de estoque era feito como?

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  • ANTÔNIO : Sinceramente na mão. Era tudo feito..

    PROMOTORA : Manual?

    ANTÔNIO: Manual.

    PROMOTORA: Mas tinha órgãos para isso? Tinha encarregados disso?

    ANTÔNIO: Claro. Lógico. Toda a estrutura da secretaria de saúde. Asecretaria de saúde era uma secretaria muito pesada, ela tem estruturapra tudo. Né, é? GESUP? é almoxarifado até a (inaudível).

    PROMOTORA: O senhor reputa a quê ou a quem esses medicamentosterem perdido o prazo de validade sem a utilização adequada?

    ANTÔNIO: Bom, nós temos uma superintendência, que provavelmentenão seja diretamente responsável até no nível no superior, além desuperintendência nós temos gerência e além da gerência nós temos umapessoa que toma conta do almoxarifado. Eu reputo que alguém do nívelde almoxarifado com o diretor de hospital é que cometeu esse equívoco,só posso entender assim. Porque ou o diretor do hospital não pediu osmedicamentos, ou esse cara que recebeu o pedido e não entregou. Comoé que pode sobrar tanto medicamento assim? Não tem outra explicação,porquê se não o gerente do almoxarifado saberia, repassaria para ogerente da área específica e para a superintendência, então tudo isso ébem pesado – grifou-se.(anexo XI – audiência degravada)

    Ainda, ao ser questionado acerca do dever de repasse de

    medicamentos na iminência de vencer, ANTÔNIO FALEIROS FILHO declarou sua ciência

    sobre o assunto, apesar de, em sua gestão, ter ocorrido o enorme desperdício aqui apurado:

    […] PROMOTORA: O senhor tinha conhecimento dessa, certamentetinha, né, porque o senhor além de secretário é médico, é, da resolução175/2013 da comissão intergestores bipartite, que prevê o repasse àssecretarias de saúde para evitar perdas de data de validade? O senhortinha conhecimento disso?

    ANTÔNIO: Tinha.

    PROMOTORA : E assim, como que eram feitos…

    ANTÔNIO : O que eu não tinha conhecimento era que tinha medicamentosprestes de vencer. Claro, que se eu pudesse doar para qualquer entidadefilantrópica antes de vencer, mas depois que eu tomei conhecimento de quehavia vencido, eu ia passar? E muita gente queria, e muita gente até..

    PROMOTORA: O senhor teve conhecimento só depois que isso venceu?

    ANTÔNIO: Só depois que venceu. Precisava de incinerar, que eu recebium memorando dizendo que precisava de incinerar. Aliás nem sei se foiverbal ou se não foi, isso aí eu não me lembro, mas que eu tomei

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  • conhecimento foi só depois de autorizar que pediram autorização paraincinerar.

    PROMOTORA: Não houve nenhuma comunicação prévia de que issoestava na iminência de vencer, que deveria ser tomado algumaprovidência de encaminhamento para uma das unidades de saúde…

    ANTÔNIO: Se houve, foi tomada, porque nada chegava ao meu gabinetesem eu tomar uma decisão. Se chegou, foi tomada. – grifou-se.(anexo XI– audiência degravada)

    Apesar de o réu ANTÔNIO FALEIROS FILHO alegar

    desconhecimento da existência de medicamentos na iminência de vencer ou tentar atribuir a

    responsabilidade pela perda dos medicamentos aos servidores subalternos do almoxarifado,

    certo é que era de sua ciência (ou pelo menos deveria ser) de que a SES, enquanto gestora de

    unidades de saúde que até então era, tinha estoque de medicamentos para abastecer as

    unidades e que, quando tomou a decisão de trespassar para organizações sociais a gerência de

    unidades estaduais de saúde, deveria ter realizado todos os levantamentos necessários, bem

    como adotado todas as providências indispensáveis para que essa transferência de gestão se

    desse de modo gradual, sem atropelos e de forma não lesiva ao patrimônio público,

    especialmente diante do fato de que a opção pelo gerenciamento por organizações sociais

    objetivava, principalmente, maior eficiência e economicidade.

    ARMANDO ZAFALÃO JÚNIOR que, à época dos fatos, era

    assistente administrativo na Superintendência Executiva da SES2, ao ser questionado sobre a

    existência de medicamentos em estoque na SES, enquanto várias unidades hospitalares se

    encontravam desabastecidas, bem como sobre o fato de haver medicamentos em estoque que

    são de uso comum de vários hospitais, esclareceu o seguinte:

    ARMANDO : Cada unidade de saúde ela tem um perfil de atendimento,e de acordo com esse atendimento ela tem uma demanda paramedicamento, o medicamento ou produto ou qualquer insumo deunidade de urgência ou emergência como HUAPA, ele não é o mesmoutilizado, ao não ser alguns genéricos, a não ser como dipironas, aquelesusados para qualquer tipo de agravo ou doença, mas os que são compradosno hospital de demandas de urgência e emergência ele não serve por exemplopara HMI Hospital Materno infantil, ele não serve para o hospital geral,porque não são atendimentos de urgência, aquelas especialidades tanto é queo paciente do HUGO não e atendido no HGG, não e atendido no HMI, OU

    2 Conforme termo de declarações iniciou o exercício das funções do cargo aos 02 de janeiro de 2012.

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  • HDT, são perfis diferentes, então mesmo que eu tivesse o produto lá, queestive prestes a vencer eu não podia entregar em outra unidade que nãoteria perfil, teria que entregar na unidade, ele e específico da urgência eemergência.

    PROMOTORA : Mas existem produtos, medicamentos e insumos aquique são assim, essenciais para qualquer unidade de saúde, como porexemplo, sais para reidratação oral, solução glicose, ácido acetil salicílico, eeu aqui eu não sou farmacêutica, mas tem uma série de medicamentos aquique não são… bicarbonato de sódio, são, são medicamentos que não não,são essenciais penso, a qualquer unidade de saúde porque qualquer pessoausaria que ...

    ARMANDO: Tem medicamentos por exemplo usuais.

    PROMOTORA : Usuais, certo, e esses medicamentos, eles foramincinerados por quantidade relevante, por exemplo sal para hidrataçãooral, de um lote 19.550 foram incinerados 12.535.

    ARMANDO : Eu não tem essas informações o por que, mas pode serlevantado, mas agora a gente tem que ver, se havia demanda para ele,[...]nesse caso aí eu ano sei te informar por hora, se houve isso mesmo se nãohouve e porque que foi incinerado.

    PROMOTORA : E que expirou o prazo de validade?

    ARMANDO : Tá, mas eu não sei qual o motivo que ele ficou lá, porque temque existir uma demanda da unidade, eu não posso fazer assim o tá vencendoaqui, e você vai usar isso de qualquer jeito, e incinerar lá, eu tenho que teresse cuidado, e, teria que fazer um levantamento para saber a época que foiisso? O que, que levou a isso? Acontecer isso, se já tinha organização socialporque que não pegou o produto?

    PROMOTORA : Exato isso e uma questão que eu ia perguntar ao senhor.

    ARMANDO : Ai, nos corremos atrás e… tentando repassar para as OS,mas as OS em alguns produtos, não sei se foi o caso desse, mas algunsprodutos ela mudou a apresentação, como é que fala, e, não éapresentação, e o tipo de medicamento, que era antigo e não se usavamais por causa de alguns agravos de doenças e comprando uns de qualidademelhor de eficacia melhor, comprovadamente melhor, ela passou a adquiriraquele produto, ai que, que nos corremos atrás, compactuamos com osmunicípios e fizemos a doação de possível em outras unidades do sistemaúnico de saúde para atender o SUS, e via município, o usuário.

    PROMOTORA : Isso foi feito, foram feito as doações para municípios?

    ARMANDO : Foram feitas muitas doações, alias fizemos muitas doaçõespara municípios.. – grifou-se.(anexo XI – audiência degravada)

    Além disso, ARMANDO ZAFALÃO JÚNIOR declarou que

    comunicava a área responsável (SUNAS) quando havia medicamentos por vencer o prazo de

    validade, contudo, não soube precisar quais providências foram tomadas – ou se alguma

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  • providência foi tomada – quanto aos medicamentos que foram incinerados em 2013:

    ARMANDO : A partir do momento, em que os estoques não baixavam ecorriam o risco de perder medicamento, não só medicamento ou qualqueroutro insumos, eu comunicava a área responsável pelo controle das OS,do controle de gestão, informava, oh, esses estoques estão altos, não hádemanda pelas nossas unidades que estão geridos pela OS, nos precisamosfazer uso desses medicamentos, ou insumos, ou antes que vença o produto.

    PROMOTORA: Em 2013 o senhor chegou a fazer essa comunicaçãorelativamente sobre esses medicamentos?

    ARMANDO: Cheguei a fazer.

    PROMOTORA : Para quem o senhor fez?

    ARMANDO: Para superintendência, na época era superintendência dasunidades assistenciais, acho que era SUNAS.

    PROMOTORA : Era SUNAS. E qual foi, a providência, quem era a ou oou a superintendente?

    ARMANDO: Na época eu não me lembro, mas isso tem registro isso efácil de conseguir, isso em 2013 – grifou-se.(anexo XI – audiênciadegravada)

    FLÁVIO AUGUSTO CURADO MORAES, que foi

    Superintende da SUNAS, de 02 de janeiro de 2011 até 09 de maio de 2012, narrou que a

    responsabilidade pela aquisição de medicamentos e controle de estoques era da Gerência e

    Administração de Estoques e que a SUNAS apenas intermediava a relação entre a SES e as

    unidades de saúde:

    PROMOTORA: Certo. O senhor também não acompanhava a questão daslicitações. Não era atribuição da SUNAS?

    FLÁVIO: Não era atribuição da SUNAS.

    PROMOTORA: Mas era atribuição da SUNAS o controle daquilo que jáestava adquirido e sua distribuição para as unidades.

    FLÁVIO: Existia a Gerência e Administração de Estoques também dessaGPF e ela que é responsável por esse controle. As unidades fazia...

    PROMOTORA: Gerência?

    FLÁVIO: Gerência de Administração de Compras e Administração deEstoques. Hoje ela mudou de nome ela chama GALAC que